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<p>Sumário</p><p>PRÁTICAS DE GESTÃO EM SERVIÇOS</p><p>SOCIAIS</p><p>1</p><p>Sumário</p><p>PRÁTICAS DE GESTÃO EM SERVIÇOS SOCIAIS ............................................. 0</p><p>NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................... 2</p><p>1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL ...................... 3</p><p>2. DEFINIÇÃO DE SERVIÇO SOCIAL............................................................. 5</p><p>3. POLÍTICAS SOCIAIS E SERVIÇOS SOCIAL .............................................. 6</p><p>4. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSITÊNCIA SOCIAL ...................................... 8</p><p>4.1 Loas .................................................................................................... 10</p><p>4.2 PNAS ............................................................................................... 11</p><p>4.3 SUAS .................................................................................................. 12</p><p>4.3.1 CRAS ........................................................................................... 13</p><p>4.3.2 CREAS ........................................................................................... 14</p><p>5. O ASSISTENTE SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE ........................... 15</p><p>5.1 Campo de atuação .............................................................................. 18</p><p>6. O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ......... 19</p><p>7. A PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL ........................................................ 23</p><p>8. A GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL: COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES . 28</p><p>9. REFERÊNCIAS: ........................................................................................ 33</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de</p><p>um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade</p><p>capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior.</p><p>O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a</p><p>participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua</p><p>formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos</p><p>científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade,</p><p>transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de</p><p>publicações e/ou outras normas de comunicação.</p><p>Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de</p><p>forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma</p><p>base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência</p><p>no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço</p><p>de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade.</p><p>3</p><p>1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL</p><p>O Serviço Social teve sua origem dentro da Igreja Católica e seus</p><p>fundamentos foram estruturados no final do século XIX e coincidem com o início do</p><p>processo de industrialização e do crescimento da população urbana. No Brasil, a</p><p>história do Serviço Social surgiu na década de 1930, período no qual o país</p><p>passava sérias turbulências, com diversas manifestações da classe trabalhadora,</p><p>que reivindicava por melhores condições de trabalho e justiça social.</p><p>Como confirma Olema Pellizzer:</p><p>“O serviço social nasce no Brasil, na terceira década do século XX, em</p><p>resposta à evolução do capitalismo, sob a influência europeia (em especial sob</p><p>o influxo belga, francês e alemão), como fruto direto de vários setores</p><p>particulares da burguesia fortemente respaldados pela Igreja Católica. Nessa</p><p>década, o Brasil vivia um processo incipiente de industrialização de</p><p>importações, num contexto de capitalismo dependente e agroexportador. No</p><p>período de 1930 a 1935, o governo brasileiro sofre pressões da classe</p><p>trabalhadora, que é então controlada através da criação de organismos</p><p>normatizadores e disciplinares das relações de trabalho, em especial pelo</p><p>Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em meio a pressões populares,</p><p>reassume o governo Getúlio Vargas (1935), cuja opção pelo crescimento</p><p>urbano – industrial fez emergir, na sua gênese capitalista, a Questão Social,</p><p>que também decorre das pressões e dos questionamentos da sociedade da</p><p>época, que passava por grandes transformações, no plano do conhecimento</p><p>científico, sob a influência de Durkheim, Darwin, Marx, Freud e outros.”</p><p>(PELLIZZER, 2008, p. 15).</p><p>Nesse período, a Igreja passou a oferecer uma formação específica para</p><p>moças de famílias tradicionais com intuito de exercer ações sociais. Desta forma,</p><p>surgiu em 1936 a primeira Escola de Serviço Social, em São Paulo, coordenada</p><p>por Albertina Ferreira Ramos e Maria Kiehl, ambas sócias do Centro de Estudos de</p><p>Ação Social, vinculado a Igreja Católica.</p><p>Neste centro eram organizados cursos de qualificação para organizações</p><p>leigas no catolicismo, adequando política e ideologicamente a classe operária,</p><p>nesta perspectiva surgiu o Serviço Social. Em resumo, pode-se dizer, assim, que</p><p>o Serviço Social é nascido por influência direta da Igreja Católica, e a profissão teve</p><p>como suporte filosófico o neotomismo. Em sua primeira fase, intervém no</p><p>4</p><p>aparecimento da questão social, produzida pela relação de trabalho capitalista. O</p><p>surgimento do trabalho livre profundamente marcado pela escravidão coloca a</p><p>força do trabalho como moeda de troca.</p><p>Dessa forma, para Carvalho e Iamamoto, as leis sociais marcam o:</p><p>“[...] deslocamento da questão social de ser apenas a contradição entre</p><p>abençoados e desabençoados pela fortuna, pobres e ricos, ou entre</p><p>dominantes e dominados, para constituir-se, essencialmente, na contradição</p><p>antagônica entre burguesia e proletariado, independentemente do pleno</p><p>amadurecimento das condições necessárias à sua superação”. (CARVALHO;</p><p>IAMAMOTO, 1988, p.129).</p><p>Portanto, o Serviço Social em sua “fase inicial”, é pautado num posicionamento</p><p>moralizador em face das expressões da “questão social”, “captando o homem de</p><p>maneira abstrata e genérica, configurou -se como uma das estratégias concretas de</p><p>disciplinamento e controle da força de trabalho, no processo de expansão do</p><p>capitalismo monopolista.” (FORTI, 2013, p. 99).</p><p>Essa concepção conservadora ignora a estrutura societária, contribuindo para</p><p>obscurecer para os Assistentes Sociais – durante um amplo lapso de tempo – os</p><p>determinantes da “questão social” o que caracterizou uma cultura profissional acrítica,</p><p>sem um horizonte utópico que os impulsionasse para o questionamento e às ações</p><p>consequentes em prol da construção de novos e diferentes rumos em face das</p><p>diretrizes sociais postas e assumidas pela profissão. (FORTI, 2013, p. 99).</p><p>Já nos anos 1940 e 1950, o Serviço Social brasileiro passou a receber grande</p><p>influência norte-americana, sendo muito marcado pelo tecnicismo. Nessas décadas,</p><p>se destacou uma base positivista e funcionalista e sistêmica, que bebia na fonte da</p><p>psicanálise e da sociologia.</p><p>Entre os anos 60 e 70, por sua vez, iniciou-se um movimento de renovação da</p><p>profissão, que buscou a reatualização do tradicionalismo profissional e uma ruptura</p><p>com o conservadorismo, ao passo que, no final da década, em 1979, ocorreu o</p><p>Congresso da Virada, um marco para o Serviço Social no Brasil. Nesse evento, a</p><p>profissão se tornou laica e passou a fazer parte das Ciências Sociais. Já na década</p><p>de 90, o Serviço Social começou</p><p>– v.2 n.2 – 2018.</p><p>BRASIL. Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Sistema Único</p><p>de Assistência Social- SUAS. Brasília, [ca. 201-].</p><p>BRASIL. Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de</p><p>Assistente Social e dá outras providências. Brasília, 1993.</p><p>BRASIL. Secretária Nacional de Assistência Social. Ministério do</p><p>Desenvolvimento do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações</p><p>Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS.</p><p>Gráfica e Editora Brasil LTDA. Brasília, 2011.</p><p>CARDOSO, P. F. G. Ética e projetos profissionais: os diferentes caminhos</p><p>do serviço social no Brasil. São Paulo: Papel Social, 2013.</p><p>CRESS- Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro/7ª Região -</p><p>RJ. Serviço Social. Rio de Janeiro, [ca. 2010].</p><p>DAMASCENO, Heide de Jesus. O papel do Estado nos sistemas de proteção</p><p>social e a importância da política de educação para garantir direitos. Educ. foco,</p><p>Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 323-340, Jan/abr., 2019.</p><p>FORTI, V. Ética, crime e loucura: reflexões sobre a dimensão ética no</p><p>trabalho profissional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013.</p><p>FREITAS, Tais Pereira de. Movimentos Sociais e Serviço Social: debates</p><p>fundamentais. Socied. em Deb. (Pelotas), v. 23, n. 2, p. 76 - 96, jul./dez., 2017.</p><p>34</p><p>GONÇALVES, Maria da Conceição; DAMASCENO, Heide de Jesus.</p><p>Políticas Sociais, Serviço Social e Exercício Profissional. Temporalis, Brasília (DF),</p><p>ano 16, n. 32, jul/dez., 2016.</p><p>HARVEY, David. O novo imperialismo. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2010.</p><p>IFSW- International Federation Of Social Workes. “Global Definition Of Social</p><p>Workes: The following definition was Approved by the IFSW Feneral Meeting and</p><p>the IASSW Feneral Assembly in July 2014”.</p><p>INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Manual Técnico do Serviço</p><p>social. Diretoria de Saúde do Trabalhador- DIRSAT, Março, 2012, p.7.</p><p>MORAES, Carlos Antônio de Souza. Pesquisa em Serviço Social:</p><p>concepções e críticas. Rev. katálysis vol.20 no.3 Florianópolis Sept./Dec. 2017.</p><p>PAULO NETTO, José. Capitalismo monopolista e Serviço Social. 8. ed. São</p><p>Paulo: Cortez, 2011.</p><p>PELLIZER, Olema Palmira. História do serviço Social. Canoas: ULBRA,</p><p>2008.</p><p>SALGADO, Rayoni Ralfh Silva Pereira. In: XXII Encontro de Iniciação</p><p>Científica. XV Encontro de Pós-Graduação. XI Encontro de Extenção Universitária.</p><p>IX Seminário de Estudos do Homem Contemporâneo. Casa Comum: A</p><p>Responsabilidade da Ciência e da Tecnologia. Universidade São Francisco -</p><p>Campus Bragança Paulista, 09-10/mai.,2016. Gestão de Serviços Sociais: novas</p><p>competências profissionais? Instituto Superior de Ciências Aplicadas – ISCA</p><p>Faculdades/Limeira-SP,2016.</p><p>SANTANA; Eline Peixoto de et al. Histórico da Política de Assistência Social:</p><p>uma construção lenta e desafiante, do âmbito das benesses ao campo dos direitos</p><p>sociais. VI Jornada Internacional de Políticas Públicas: O desenvolvimento da crise</p><p>capitalista e a atualização das lutas contra a exploração, a dominação e a</p><p>humilhação, Cidade Universitária da UFMA, São Luís-MA, 20 a 23 ago., 2013.</p><p>35</p><p>SANTOS, Milene Lúcia et al. As Contribuições do Serviço Social na</p><p>Perspectiva de uma Nova Organização de Cultura. Os Princípios Éticos</p><p>Fundamentais do Serviço Social e os Desafios Presente. In: 16º Congresso</p><p>Brasileiro de Assistentes Sociais, Tema: “40 anos da “Virada” do Serviço Social”,</p><p>Brasília (DF, Brasil), 2019.</p><p>SANTOS, Regilaine et al. A política de assistência social no Brasil e os</p><p>sistemas de proteções do sistema único de assistência social (SUAS). Jus Brasil,</p><p>2015.</p><p>SERPA, Virginia et al. Biopolítica e Subjetividades Contemporâneas;</p><p>Assistência social pública brasileira: uma política da autonomia - um dispositivo</p><p>biopolítica. Revista subjetividades, Fortaleza, v. 15, n. 3, dez., 2015.</p><p>SIMÕES, Nanci Lagioto Hespanhol. Autonomia Profissional X Trabalho</p><p>Assalariado: Exercício Profissional Do Assistente Social. 2012. 157 f. Dissertação</p><p>(Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade</p><p>de Serviço Social, Programa de Pós -Graduação em Serviço Social, Juiz de Fora,</p><p>2012.</p><p>SOUSA, Isabel de. Serviço Social em debate: que referenciais genéricos?</p><p>In Lusíada. Intervenção Social, Lisboa, n.º 42/45 (2º semestre de 2013 a 1º</p><p>semestre de 2015).</p><p>TELES, Inalda Maria de Sá Carvalho et al. Gestão da política de assistência</p><p>social: Uma revisão Bibliográfica em relação à vulnerabilidade social. Id on Line</p><p>Rev. Mult. Psic., 2019, vol.13, n.44, p. 1016-1024.</p><p>TINTI, Élide Cristina. Capitalismo, trabalho e formação profissional: dilemas</p><p>do trabalho cotidiano dos assistentes sociais em Ribeirão Preto, São Paulo. 1. ed.</p><p>São Paulo: Editora Unesp; São Paulo: Editora Cultura Acadêmica, 2015, 150 p.</p><p>a tomar grandes dimensões no mundo e no Brasil,</p><p>especialmente em relação a questões sociais e que ferem os direitos da cidadania,</p><p>5</p><p>moral e ética. Com a ampliação de seus campos de atuação, ele passou a atuar no</p><p>chamado terceiro setor, nos conselhos de direitos e a ocupar funções de assessoria.</p><p>Nessa mesma época, devido às mudanças ocorridas tanto na sociedade, quanto na</p><p>categoria, a profissão foi regulamentada pela Lei nº 8662, de 7 de junho de 1993, que</p><p>legitima o Conselho Federal de Serviço Social e os Conselhos Regionais.</p><p>Nos anos 2000, aumentou a discussão em torno da eficiência das políticas</p><p>sociais e do agravo da questão social. Com isso, também cresceu o número de</p><p>cursos de graduação pensando em garantir uma ampliação da categoria do Serviço</p><p>Social, nos mais diversos setores da sociedade.</p><p>A renovação do Serviço Social é, portanto, fruto de um processo histórico que</p><p>possibilita o pluralismo no seio do Serviço Social, ao encontrarmos a diversidade no</p><p>que diz respeito às maneiras de enfrentar a realidade social, de compreender a</p><p>questão social e o próprio Serviço Social. Diversidade teórico-metodológica, ético-</p><p>política e técnico-operativa na profissão: do modo de pensar, fazer e escolher.</p><p>(CARDOSO, 2013, p. 135).</p><p>2. DEFINIÇÃO DE SERVIÇO SOCIAL</p><p>Atualmente, a definição global e mais recente de serviço social, segundo foi</p><p>aprovado pelo comitê Executivo da FIAS e o Conselho da AIESS, em julho de 2014,</p><p>em Melbourne, é a seguinte:</p><p>“Social work is a practive-based profession and na academic discipline that</p><p>promotes social chance and development, social cochesion, and the</p><p>empowerment and liberation of people. Principles of social justice, human</p><p>rights, collective responsibility and respect for diversities are central to social</p><p>work. Underpinned by theories of social work, social sciences, humanities and</p><p>indigenous knowlwdge, social work engages people and structures to address</p><p>loite challenges and enhance welbeing” (ISFW, 2014 apud SOUSA, 2015).</p><p>Como esta proposta, é sublinhado, pela primeira vez, na definição global, que</p><p>o Serviço social é uma profissão e uma área científica. Por outro lado, é recuperada</p><p>a ideia do Serviço social enquanto promotor, e não apenas como facilitador, da</p><p>6</p><p>mudança social e do desenvolvimento, da coesão social, do empowerment e da</p><p>autonomia das pessoas. Relativamente à definição anterior, releva-se a introdução</p><p>de conceitos como o desenvolvimento, a coesão social, a responsabilidade coletiva e</p><p>o respeito pela diversidade. É reiterada a ideia de que o Serviço social está</p><p>profundamente vinculada à justiça social, aos direitos humanos e ao reforço da</p><p>emancipação das pessoas para a promoção do bem-estar (SOUSA, 2015).</p><p>3. POLÍTICAS SOCIAIS E SERVIÇOS SOCIAL</p><p>Consoante os ensinamentos de Damasceno:</p><p>“nos países centrais do sistema capitalista, as políticas sociais e o Serviço</p><p>Social tiveram sua consolidação na fase de intensa acumulação e</p><p>desenvolvimento do Estado interventivo, denominado de “Bem-Estar Social”</p><p>ou “Welfare State”. A partir dos anos de 1970, após o capital vivenciar sua fase</p><p>de “anos dourados”, este modelo se torna “insustentável” aos seus interesses.</p><p>Obviamente essas datas são referências e marcos, não correspondendo a</p><p>“quebrar” históricas, pois esta é processual. Os contextos também não se dão</p><p>da mesma forma em países centrais e periféricos do capital, haja vista seu</p><p>“desenvolvimento desigual e combinado”. (DAMASCENO, 2019, p. 330).</p><p>O capital financeiro ou novo imperialismo é a fase atual do sistema,</p><p>caracterizada pela forte ofensiva do capital ao trabalho, com uma repressão sem</p><p>precedentes.</p><p>Segundo Harvey (2010, p.58), trata-se de um novo tipo de sistema, pois “[...]</p><p>abandonou-se o ouro como base material dos valores monetários e desde então o</p><p>mundo tem tido de conviver com um sistema monetário desmaterializado”.</p><p>As características econômicas da nova fase, de financeirização do capital,</p><p>mascaram sua essência de exploração do trabalho e da existência de classes</p><p>sociais antagônicas. No entanto, não há alterações na natureza desumana desse</p><p>sistema e, socialmente, vivenciamos a barbárie nas relações sociais. Novas</p><p>configurações do Estado se apresentam ante esse novo contexto. Uma importante</p><p>contribuição para entender a atual “decadência do Estado” é apresentada por</p><p>Soares, quando diz:</p><p>7</p><p>“É o avanço do capitalismo, portanto - através do aumento da rivalidade entre</p><p>suas corporações gigantes, ‘solidarizando’ os espaços econômicos nacionais,</p><p>homogeneizando os padrões de produção e consumo e introduzindo</p><p>profundas diferenças sociais nas áreas de penetração recente -, que determina</p><p>a tão propalada decadência do ‘estatismo’. Ou seja, o intenso processo de</p><p>internacionalização dos mercados, dos sistemas produtivos e da tendência à</p><p>unificação monetária e financeira que o acompanharam, levou a uma perda</p><p>considerável da autonomia dos Estados Nacionais, reduzindo o espaço e a</p><p>eficácia de suas políticas econômicas e demonstrando a precarização de suas</p><p>políticas sociais.” (SOARES, 2009, p. 12 apud DAMASCENO, 2019).</p><p>Essa “redução” do Estado significa não apenas alterações de natureza</p><p>econômica, mas redefinições das relações sociais na tentativa de resolver a crise</p><p>do modelo social de acumulação capitalista. Sua configuração de “ajuste</p><p>neoliberal” é usada como estratégia pelo capital na contemporaneidade e inclui:</p><p>“[...] a informalidade no trabalho, o desemprego, o subemprego, a desproteção</p><p>trabalhista e, consequentemente, uma ‘nova’ pobreza. Ao contrário, portanto,</p><p>do que se afirmar, a reprodução em condições críticas de grandes parcelas da</p><p>população faz parte do modelo, não impedindo a reprodução do capital.”</p><p>(SOARES, 2009, p. 12 apud DAMASCENO, 20 19, p. 335).</p><p>Ocorre, então, a funcionalidade da “nova” pobreza e as formas de</p><p>enfrentamento desta ao novo modelo social de acumulação. Ideologicamente,</p><p>torna-se um desafio neste contexto a pós-modernidade, que abrange novas</p><p>formas de fazer ciência e traz consigo um forte neoconservadorismo e valorização</p><p>do individualismo. Nas políticas sociais, essas influências se apresentam</p><p>consoante a:</p><p>“[...] lógica da fragmentação e do curto prazo [...]; o trato com a realidade</p><p>exige apenas conhecimento de pequeno alcance, pois o local se sobrepõe ao</p><p>geral; as prestações sociais são ditadas pelo imediatismo e pela rapidez</p><p>de resultados, geralmente quantitativos e referenciados na renda; o mérito</p><p>desbanca o direito, até mesmo entre os pobres, que se transformam em</p><p>vítimas meritórias da proteção social, por sua situação de penúria; as</p><p>preferências individuais substituem as necessidades sociais na definição das</p><p>políticas; e a história, cujo sentido de totalidade é essencial para se</p><p>pensarem mudanças complexas e de longo prazo, se restringe a</p><p>acontecimentos localizados ou isolados que requerem respostas pontuais.</p><p>(PEREIRA et al., 2010, p. 107- 108 apud GONÇALVES et al., 2016, p. 271).</p><p>Com base nessas concepções, as particularidades das expressões da</p><p>“questão social”, diferenciadas em cada contexto e formação sócio-histórica,</p><p>devem ser compreendidas. Na contemporaneidade, novas expressões da velha e</p><p>mesma “questão social” se apresentam como demandas à intervenção das</p><p>políticas sociais e, por mais que o pensamento conservador aponte alternativas</p><p>8</p><p>para reforma e/ou naturalização da “questão social”, somente a supressão da</p><p>ordem burguesa acarretará o seu fim. (PAULO NETTO, 2011, p. 155-156 apud</p><p>GONÇALVES et al., 2016, p. 271).</p><p>É comum aos profissionais o debate</p><p>sobre o papel do Estado, especialmente</p><p>em tempo de redução de sua intervenção nas expressões da “questão social” e na</p><p>retirada de direitos anteriormente conquistados pelos trabalhadores. No entanto,</p><p>se essa perspectiva crítica de compreender as configurações do Estado,</p><p>associadas diretamente ao sistema capitalista, não estiverem presentes, corre-se</p><p>o risco de dissociar a defesa de direitos à luta de classes, que é a luta por uma</p><p>sociedade justa e igualitária, sem opressão e exploração do trabalho pelo capital.</p><p>De acordo com Paulo Netto, o grau de exploração do trabalho humano e a</p><p>“escassez produzida socialmente”, próprios da ordem burguesia, constituem a</p><p>questão social, que, a cada nova fase do capitalismo, expressam-se de forma</p><p>diferenciada. Para ele, “a caracterização da questão social”, em suas</p><p>manifestações já conhecidas e em suas expressões novas, tem de considerar as</p><p>particularidades histórico-culturais e nacionais”. (PAULO NETTO, 2011).</p><p>E assim, a assistência social passou a ser vista por um novo prisma: a proteção</p><p>socioassistencial – a que faz jus qualquer pessoa que necessitar – ocupa-se das</p><p>fragilidades, vitimizações, vulnerabilidades e contingências que os cidadãos e suas</p><p>famílias enfrentam durante a vida, devendo, em suas ações, produzir aquisições</p><p>materiais, sociais, socioeducativas e desenvolver capacidades, talentos,</p><p>protagonismo e autonomia. (GOIÁS, 2015, p.18-19).</p><p>4. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSITÊNCIA SOCIAL</p><p>Inicialmente, é importante apresentar a definição de políticas públicas trazida</p><p>por Dimenstein (2011), que as tem como:</p><p>“(...) respostas a determinados problemas sociais. São formuladas a partir das</p><p>demandas e tensões gera das na nossa sociedade. Logo, elas são estratégias</p><p>9</p><p>de regulação de relações sociais. Essas estratégias se institucionalizam por</p><p>meio de ações, de programas, de projetos, de regulamentações, de leis, de</p><p>normas, que o Estado desenvolve para administrar de maneira mais equitativa</p><p>os diferentes interesses sociais. Isso indica que as políticas públicas são</p><p>criadas porque igualmente é criada uma demanda de proteção social”</p><p>(DILMESTEIN, 201 1, p. 119 apud TELES et al., 2019, p. 1.019).</p><p>Assim, como reflexo das lutas populares em prol da defesa e efetivação de</p><p>direitos civis e sociais, a Constituição Federal brasileira de 1988 definiu e</p><p>implementou a Seguridade Social, na qual, Assistência Social, Previdência Social</p><p>e Saúde constituem a tríade que sustenta esta política no país (SANTANA et al.,</p><p>2013).</p><p>Desta forma, a partir da Constituição Cidadã de 1988, a Assistência Social,</p><p>é firmada como política pública que deve atender a todos que dela necessitar,</p><p>configurando-se, desta forma, como direito de cidadão e dever do Estado</p><p>(SANTANA et al., 2013).</p><p>Tal direito é ratificado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) nº</p><p>8.742 de 1993 e, pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 2005, que por</p><p>meio de um sistema descentralizado e participativo contribuem na criação de</p><p>medidas que assistem e defendem os cidadãos que se encontram em situação de</p><p>vulnerabilidade social (SANTANA et al., 2013).</p><p>Amparada nos estatutos legais, é instituída a POLÍTICA NACIONAL DE</p><p>ASSISTÊNCIA SOCIAL (PNAS), 2004, que como política pública de direito social</p><p>é assegurada pela Constituição, sistematizada e aprovada a partir do SUAS, e</p><p>normatizada pela LOAS, a qual garante a universalidade dos direitos sociais e o</p><p>acesso aos serviços socioassistenciais, que serão a posteriori, melhor elucidados</p><p>(SANTANA et al., 2013).</p><p>Como política de Estado, a assistência social brasileira organiza-se em</p><p>Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE), que se distinguem</p><p>pela função dos programas, serviços, ações e benefícios. As ações de proteção</p><p>básica são de caráter preventivo, com vistas à diminuição das vulnerabilidades e</p><p>riscos sociais, pautando-se pelos direitos de cidadania. A assistência especial –</p><p>PSB – diz respeito aos serviços oferecidos prioritariamente pelo Centro de</p><p>10</p><p>Referência de Assistência social (CRAS), unidade pública estatal de base territorial,</p><p>que se localiza, em geral, em áreas de maior vulnerabilidade social. A PSE tem por</p><p>objetivo oferecer serviços, programas, ações e benefícios de caráter protetivo,</p><p>quando há iminência ou já ocorreu a violação de direitos (SERPA et al. 2015).</p><p>Na Proteção social Especial de média complexidade, o CREAS – Centro de</p><p>Referência especializada de Assistência social, como integrante do SUAS, constitui</p><p>o polo de referência, coordenador e articulador, responsável pela oferta de</p><p>orientação e apoio especializados e continuados de assistência social a indivíduos</p><p>e famílias com seus direitos violados (...) (MDS, 2011; MDS, 2008; Cruz &</p><p>Guareschi, 2010 apud FREIRE, Mayara Limeira et al. ,2013).</p><p>4.1 Loas</p><p>A Lei 8.742/1993, também conhecida como Lei Orgânica de Assistência social</p><p>(LOAS) foi criada como forma de regulamentar o disposto nos artigos 203 e 204 da</p><p>constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), que dispõe sobre os princípios,</p><p>diretrizes, organizações e gestão, prestação e financiamento da assistência Social</p><p>(SANTOS, et al., 2015).</p><p>O beneficio LOAS tem como pretensão prestar serviços continuados para</p><p>grupos e famílias de baixa renda, sendo um direito fundamental social da estrutura</p><p>do Governo.</p><p>A LOAS, traz um novo significado para a Assistência Social enquanto política</p><p>pública de seguridade, direito do cidadão e dever do Estado e prevê um sistema de</p><p>gestão descentralização e participativo. Cria também o Conselho Nacional de</p><p>Assistência Social, com composição paritária, deliberativo e controlador da política</p><p>de assistência social, para que fossem aplicados os pressupostos da C. F e LOAS;</p><p>Tendo como objetivos, a proteção social, vigilância socioassistencial e defesa de</p><p>direitos. (SANTOS et a l., 2 015).</p><p>A organização da Assistência Social prevê intervenções que podem ser</p><p>caracterizadas como serviços, programas, projetos e benefícios. Entre os</p><p>benefícios ofertados pela LOAS, temos o BPC (Benefício de prestação</p><p>Continuada), que é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com</p><p>11</p><p>deficiência e ao idoso com sessenta e cinco anos ou mais que comprovem não</p><p>possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.</p><p>(SANTOS et al., 2015).</p><p>4.2 PNAS</p><p>Em setembro de 2004, foi aprovada na Reunião Descentralizada e Ampliada</p><p>do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, a Política Nacional de</p><p>Assistência Social – PNAS.</p><p>A Política de Assistência Social estabelece princípios e diretrizes para a</p><p>implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e é resultado de</p><p>amplos debates realizados em todos os Estados e no Distrito Federal durante o ano</p><p>de 2004, a partir de uma proposta preliminar elaborada pela Secretaria Nacional de</p><p>Assistência Social – SNAS/MDS com a participação ativa do CNAS, dando</p><p>cumprimento às de liberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social</p><p>(2003).</p><p>A PNAS expressa a materialidade do conteúdo da Assistência Social e da</p><p>LOAS, criando uma nova matriz para a assistência social, inserida no sistema de</p><p>bem-estar social, compondo o tripé da seguridade social, juntamente com a</p><p>previdência e a saúde. (SERPA et al., 2015). A PNAS busca incorporar as</p><p>demandas presentes na sociedade brasileira, no que tange à responsabilidade</p><p>política, objetivando tornar claras suas diretrizes na efetivação da assistência</p><p>social, como direito de cidadania e responsabilidade do Estado. (MDS, 2005, p.13).</p><p>A gestão proposta por esta Política pauta-se no pacto federativo, no qual</p><p>devem</p><p>ser detalhadas as atribuições e competências dos três níveis de governo na</p><p>provisão das ações socioassistenciais, em conformidade com o preconizado na</p><p>LOAS e NOB1, a partir das indicações e delibe rações das Conferências, dos</p><p>Conselhos e das Comissões de Gestão Compartilhada (Comissões Intergestoras</p><p>Tripartite e Bipartites – CIT e CIB’s), a s quais se constituem em espaços de</p><p>discussão, negociação e pactuação dos instrumentos de gestão e formas de</p><p>operacionalização da Política de Assistência Social. (MDS, 2005, p.13).</p><p>12</p><p>Frente ao desafio de enfrentar a questão social, a descentralização permitiu</p><p>o desenvolvimento de formas inovadoras e criativas na sua implementação, gestão,</p><p>monitoramento, avaliação e informação. No entanto, a compreensão de que a</p><p>gestão democrática vai muito além de inovação gerencial ou de novas tecnologias</p><p>é bastante limitada neste país. A centralização ainda é uma marca a ser superada.</p><p>Junto ao processo de descentralização, a Política Nacional de Assistência Social</p><p>faz diferença no manejo da própria política, significando considerar as</p><p>desigualdades socioterritoriais na sua configuração. (MDS, 2005, p.14).</p><p>A Política Nacional de Assistência Social na perspectiva do Sistema Único</p><p>de Assistência Social ressalta o campo da informação, monitoramento e avaliação,</p><p>salientando que as novas tecnologias da informação e a ampliação das</p><p>possibilidades de comunicação contemporânea têm um significado, um sentido</p><p>técnico e político, podendo e devendo ser consideradas como veios estratégicos</p><p>para uma melhor atuação no tocante às políticas sociais e a nova concepção</p><p>do uso da informação, do monitoramento e da avaliação no campo da política</p><p>de assistência social. (BRASIL, 2005 , p.14).</p><p>4.3 SUAS</p><p>O Sistema Único da Assistência Social - SUAS - é um sistema não</p><p>contributivo, descentralizado e participativo que tem por função a gestão do</p><p>conteúdo específico da Assistência Social no campo da proteção social brasileira.</p><p>Configura-se como o novo reordenamento da Política de Assistência Social na</p><p>perspectiva de promover maior efetividade de suas ações.</p><p>No Sistema Único de Assistência Social, os serviços, programas, projetos e</p><p>benefícios da Assistência Social são reorganizados por níveis de Proteção Social</p><p>Básica e Proteção Social Especial. (MPDFT, [ca. 201-]).</p><p>A Proteção Social Básica tem como objetivo a prevenção, por meio do</p><p>desenvolvimento de potencialidades, aquisições e o fortalecimento de vínculos</p><p>familiares e comunitários. (MPDFT, [ca. 201-]).</p><p>13</p><p>A Proteção Social Especial tem por finalidade proteger de situações de risco</p><p>as famílias e indivíduos cujos direitos tenham sido violados ou que já tenha ocorrido</p><p>rompimento dos laços familiares e comunitários. (MPDFT, [ca. 201-]).</p><p>A unidade executora das ações de Proteção Social Básica é o Centro de</p><p>Referência da Assistência Social - CRAS - e a unidade executora das ações de</p><p>Proteção Social Especial é o Centro de Referência Especializado de Assistência</p><p>Social - CREAS. (MPDFT, [ca. 2010-]). De acordo com Petry (2013):</p><p>“[...] o SUAS tem como objetivos e diretrizes a universalização do sistema; a</p><p>territorialização da rede; a descentralização político administrativa; a</p><p>padronização dos serviços; a integração de objetivos, ações, serviços,</p><p>benefícios, programas e projetos; a proteção social; a substituição do</p><p>paradigma assistencialista e a articulação de ações e competências com os</p><p>demais sistemas de defesa dos direitos humanos, políticas sociais e esferas</p><p>de governo.” (PETRY, 2013, p. 30 e 31 apud SANTOS, 2016).</p><p>4.3.1 CRAS</p><p>O Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) é um equipamento da</p><p>Política de Assistência Social, vinculado a Proteção Social Básica, que busca</p><p>atender os direitos básicos dos usuários dos serviços, para que possam obter o</p><p>mínimo para sua sobrevivência.</p><p>No CRAS “[...] o planejamento baseia-se em uma leitura da realidade e visa</p><p>promover uma mudança na situação encontrada, segundo objetivos estabelecidos</p><p>pela Política Nacional de Assistência Social” (BRASIL, 2009, p.15 apud ALBIERO</p><p>et al, 2019).</p><p>A Lei nº 12.435/2011, por sua vez, dista que CRAS “é a unidade pública</p><p>municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de</p><p>vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços</p><p>socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços,</p><p>programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias.”</p><p>(BRASIL, 2011).</p><p>Conforme Albiero (et al., 2019), o CRAS funciona como um aparelho estatal</p><p>para executar os programas, serviços e projetos sociais:</p><p>14</p><p>“O CRAS é uma unidade de proteção socia l básica do SUA S, que tem por</p><p>objetivo prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais</p><p>nos territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições,</p><p>do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do</p><p>acesso aos direitos de cidadania. Esta unidade pública do SUAS é referência</p><p>para o desenvolvimento de todos os serviços socioassistenciais de proteção</p><p>básica do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, no seu território de</p><p>abrangência. Estes serviços, de caráter preventivo, protetivo e proativo, podem</p><p>ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de espaço físico e</p><p>equipe compatível. Quando desenvolvidos no território do CRAS, por outra</p><p>unidade pública ou entidade de assistência social privada sem fins lucrativos,</p><p>devem ser obrigatoriamente a ele referenciados. A oferta dos serviços no</p><p>CRAS deve ser planejada e depende de um bom conhecimento do território e</p><p>das famílias que nele vivem suas necessidades, potencialidades, bem como</p><p>do mapeamento da ocorrência das situações de risco e de vulnerabilidade</p><p>social e das ofertas já existentes.” (BRASIL, 2009, p.9 apud ALBIERO et al.,</p><p>2019).</p><p>Todo CRAS, obrigatoriamente, desenvolve “[...] a gestão da rede sócio -</p><p>assistencial de proteção social básica do seu território [...]” (BRASIL, 2009, p. 11 apud</p><p>SANTOS, 2016) e oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família</p><p>(PAIF). Em conformidade com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,</p><p>além do PAIF, outros serviços podem ser ofertados ou referenciados ao CRAS.</p><p>O CRAS atua, portanto, na minimização dos fatores de risco no sistema familiar</p><p>e na sua relação com demais sistemas sociais e serviços públicos, através da</p><p>garantia de direitos e acesso a informações. Para isto o profissional precisa ter</p><p>elementos para apreender tanto as relações complexas presentes no contexto de</p><p>vulnerabilidade social associado à violação de direitos, quanto à maneira como esse</p><p>sujeito percebe e vivencia este contexto. (SANTOS, 2016).</p><p>Segundo a NOB/SUAS citada por Souza (2011 apud SANTOS, 2016), as</p><p>principais técnicas utilizadas no CRAS são: a entrevista, a visita domiciliar, o</p><p>acompanhamento individual da família e grupos. Para o autor a entrevista é o</p><p>processo que oferece acolhimento, conhecimento, coleta de dados, orientação,</p><p>acompanhamento e avaliação da família em busca de mudança, e deve basear-se</p><p>em um roteiro, que esteja de acordo com os objetivos do programa.</p><p>4.3.2 CREAS</p><p>Pela definição expressa na Lei nº 1 2.435/2011 (art. 26º-C, §2º), o CREAS</p><p>(Centro de Referência Especializado de Assistência) é:</p><p>15</p><p>“[...] a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou</p><p>regional, destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se</p><p>encontram em situação</p><p>de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou</p><p>contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social</p><p>especial.” (BRASIL, 2011).</p><p>Conforme explanado no caderno de Orientações Técnicas: Centro de</p><p>Referência Especializado de Assistência Social-CREAS, da Secretaria Nacional de</p><p>Assistência Social e do MDS, o papel do CREAS no SUAS define suas competências</p><p>que, de modo geral, compreendem:</p><p>“• ofertar e referenciar serviços especializados de caráter continua do para</p><p>famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de</p><p>direitos, conforme dispõe a Tipificação Nacional de Serviços</p><p>Socioassistenciais;</p><p>• a gestão dos processos de trabalho na Unidade, incluindo a coordenação</p><p>técnica e administrativa da equipe, o planejamento, monitoramento e avaliação</p><p>das ações, a organização e execução direta do trabalho social no âmbito dos</p><p>serviços ofertados, o relacionamento cotidiano com a rede e o registro de</p><p>informações, sem 20 prejuízo das competências do órgão gestor de</p><p>assistência social em relação à Unidade.” (BRASIL, 2011, p.23).</p><p>O papel do CREAS e as competências decorrentes estão consubstanciados</p><p>em um conjunto de leis e normativas que fundamentam e definem a política de</p><p>assistência social e regulam o SUAS. Devem, portanto, ser compreendidos a partir</p><p>da definição do escopo desta política do SUAS, qual seja, afiançar seguranças</p><p>socioassistenciais, na perspectiva da proteção social. (BRASIL, 2011, p. 23).</p><p>5. O ASSISTENTE SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE</p><p>Segundo a Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional – Cofi –</p><p>CFESS (apud CRESS/18ª Região, 2016), a profissão Serviço Social foi</p><p>regulamentada no Brasil em 1957, mas as primeiras escolas de formação</p><p>profissional surgiram a partir de 1936.</p><p>É uma profissão de nível superior e, para exercê-la, é necessário que o</p><p>graduado registre seu diploma no Conselho Regional de Serviço Social – CRESS</p><p>16</p><p>– do Estado onde pretende atuar profissionalmente. A lei que a regulamenta é a nº</p><p>8.662/93.</p><p>Desde seus primórdios aos dias atuais, a profissão tem se redefinido,</p><p>considerando sua inserção na realidade social do Brasil, entendendo que seu</p><p>significado social se expressa pela demanda de atuar nas sequelas da questão</p><p>social brasileira, que, em outros termos, revela-se nas desigualdades sociais e</p><p>econômicas, objeto da atuação profissional, manifestas na pobreza, violência,</p><p>fome, desemprego, carências materiais e existenciais, dentre outras. (CRESS/18ª</p><p>Região, 2016).</p><p>Depreende-se desta forma que a formação do assistente social é de cunho</p><p>humanista, portanto, comprometida com valores que dignificam e respeitam as</p><p>pessoas em suas diferenças e potencialidades, sem discriminação de qualquer</p><p>natureza, tendo construído como projeto ético-político e profissional, referendado</p><p>em seu Código de Ética Profissional, o compromisso com a liberdade, a justiça e a</p><p>democracia. (CRESS/18ª Região, 2016).</p><p>Portanto, a gestão enquanto competência deve ser analisada além das</p><p>questões técnicas, pois competência é, no conceito de Zarifian (1996 apud</p><p>SALGADO, 2016), assumir responsabilidades frente a situações complexas de</p><p>trabalho, ou seja, o profissional necessita ser dinâmico ao lidar com as situações</p><p>adversas e inusitadas.</p><p>Segundo Queiroz (2004 apud SALGADO, 2016), as organizações estão cada</p><p>vez mais interessadas em pessoas que saibam usar sua habilidade e toda sua</p><p>competência em prol do crescimento das mesmas. Somente o conhecimento e os</p><p>diplomas adquiridos ao longo da vida não são suficientes, é preciso colocar em</p><p>prática tudo que se aprendeu.</p><p>Assim, é necessário que os profissionais, independente da área em que</p><p>atuam, analisem suas práticas constantemente, refletindo os impactos das mesmas</p><p>nas tarefas em que se propõem realizar, enfatizando a importância de sua</p><p>interação na convivência com os outros (equipe de trabalho; público atendido e</p><p>sociedade em geral). Torna-se imprescindível construir a sua competência nas</p><p>17</p><p>relações estabelecidas com os demais, não trabalhando com o conhecimento</p><p>técnico isolado ou apenas na execução de tarefas rotineiras, mas articulando-as</p><p>em seu desenvolvimento humano e profissional. (SALGADO, 2016). Para um bom</p><p>relacionamento humano, é necessário saber lidar com o outro (SÁ, 2001 apud</p><p>SALGADO, 2016). As práticas de gestão aliadas às relações humanas tornaram-</p><p>se bastante debatidas atualmente, pois, as pessoas representam a principal</p><p>ferramenta da gestão, do desenvolvimento e crescimento das organizações. Sendo</p><p>assim, faz-se necessário que cada um se torne um agente de transformação de si</p><p>e de sua própria realidade (ROGERS, 1970 apud SALGADO, 2016).</p><p>Acredita-se que o Assistente Social através de sua formação generalista, que</p><p>possibilita o contato com as ciências humanas e sociais, como dito anteriormente,</p><p>possui o domínio de ferramentas necessárias para ser um bom gestor e</p><p>desenvolver-se pessoal e profissionalmente em suas relações com as pessoas.</p><p>(SALGADO, 2016).</p><p>Para tanto, o assistente social deve desenvolver como postura profissional a</p><p>capacidade crítica/reflexiva para compreender a problemática e as pessoas com</p><p>as quais lida, exigindo-se a habilidade para comunicação e expressão oral e</p><p>escrita, articulação política para proceder a encaminhamentos técnico-</p><p>operacionais, sensibilidade no trato com as pessoas, conhecimento teórico,</p><p>capacidade para mobilização e organização. (CRESS/18ª Região, 2016).</p><p>O mercado de trabalho exige do assistente social um novo perfil de</p><p>competências e a questão da educação e da formação acadêmica precisa</p><p>corresponder às exigências dos campos de atuação entre instituições educacionais</p><p>e de formação profissional (1993 apud SALGADO, 2016). É descobrir alternativas</p><p>de ação, captando novas mediações e requalificando o fazer profissional</p><p>(IAMAMOTO, 1997 apud SALGADO, 2016).</p><p>Pensando sobre o perfil profissional do assistente social pode-se dizer que:</p><p>“A formação dos assistentes sociais é um dos eixos fundamentais do projeto</p><p>ético‑político profissional que vem sendo construído e consolidado desde a</p><p>década de 1980. Tem como um de seus marcos a elaboração de novas diretriz</p><p>es curriculares, que buscam um perfil profissional dotado de competência</p><p>18</p><p>teórico‑crítica e técnico‑política, comprometido com valores democráticos e</p><p>ético‑humanistas na defesa de uma nova cidadania coletiva, capaz de</p><p>abranger as dimensões econômicas, políticas e culturais da vida dos</p><p>produtores de riqueza, do conjunto das classes subalternas”. (IAMAMOTO,</p><p>2003, p. 185 apud CISLAGHI, 2011).</p><p>Fleury e Fleury (1995 apud SALGADO, 2016) mencionam que devido ao</p><p>acelerado processo de mudanças por que passam as organizações e as</p><p>sociedades, o processo de aprendizagem se torna cada vez mais indispensável.</p><p>A aprendizagem possibilita o aperfeiçoamento e o desenvolvimento de</p><p>ferramentas que gerenciam as situações apresentadas no cotidiano de trabalho.</p><p>Todavia, várias questões estão relacionadas às configurações do Serviço Social</p><p>enquanto profissão no Brasil, como a pontam Braz e Rodrigues (2013 apud TINTI,</p><p>2015), e que vão além da questão da formação:</p><p>“Há desdobramentos políticos, organizativos, éticos e teóricos que</p><p>repercutiram e repercutem intensamente no Serviço Social brasileiro. Dentre</p><p>eles, destacaríamos [...]: as profundas alterações das bases objetivas da</p><p>profissão, que, por sua vez, envolvem três pontos principais: a precarização</p><p>da formação profissional; o avanço do processo de desregulamentação das</p><p>profissões; e um novo direcionamento dos padrões de intervenção na “questão</p><p>social” através de um processo que, reduzindo a proteção social (e a</p><p>seguridade</p><p>social) à assistência social, podemos chamar de</p><p>“assistencialização”. (p.259)</p><p>5.1 Campo de atuação</p><p>Se engana quem pensa que o profissional de Serviço Social está presente</p><p>apenas nas cadeiras das Secretarias de Assistência Social. Ele pode atuar nos</p><p>mais diversos campos, no setor público, privado, ou ainda em organizações não</p><p>governamentais. No poder público, ajuda a implementar a política de assistência</p><p>social em qualquer uma das áreas que perpassem a garantia de direitos. No setor</p><p>privado, atua prioritariamente na promoção da qualidade de vida do trabalhador e</p><p>em programas de prevenção de riscos sociais das empresas. (CRESS/18ª Região,</p><p>2015).</p><p>O terceiro setor, que engloba as iniciativas da sociedade civil organizada sem</p><p>fins lucrativos, também representam um leque de possibilidades para o profissional</p><p>do serviço social, seja acompanhamento de projetos e ações que buscam defender</p><p>19</p><p>e garantir os direitos da população, seja realizando no atendimento de famílias em</p><p>situação de vulnerabilidade social. (CRESS/18ª Região, 2015).</p><p>De modo geral, as instituições que requisitam o profissional de Serviço</p><p>Social ocupam-se de problemáticas relacionadas a: crianças moradoras de rua,</p><p>em trabalho precoce, com dificuldades familiares ou escolares, sem escola, em</p><p>risco social, com deficiências, sem família, drogadas, internadas, doentes; adultos</p><p>desempregados, drogados, em conflito familiar ou conjugal, aprisionados, em</p><p>conflito nas relações de trabalho, hospitalizados, doentes, organizados em grupos</p><p>de interesses políticos em defesa de direitos, portadores de deficiências; idosos</p><p>asilados, isolados, organizados em centros de convivência, hospitalizados,</p><p>doentes; minorias étnicas e demais expressões da questão social. (CRESS/18ª</p><p>Região, 2016).</p><p>Devido à experiência acumulada no trabalho institucional, o assistente</p><p>social tem-se caracterizado pelo seu interesse, competência e intervenção na</p><p>gestão de políticas públicas e hoje contribuindo efetivamente na construção e</p><p>defesa delas, a exemplo do Sistema Único de Saúde – SUS –, da Lei Orgânica da</p><p>Assistência Social – Loas – e do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA –,</p><p>participando de conselhos municipais, estaduais e nacionais, bem como das</p><p>conferências nos três níveis de governo, onde se traçam as diretrizes gerais de</p><p>execução, controle e avaliação das políticas sociais. (CRESS/18ª Região, 2016).</p><p>6. O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE</p><p>SOCIAL</p><p>A primeira elaboração de um Código de Ética Profissional para a categoria de</p><p>Assistentes Sociais ocorreu em 1947, sendo o mesmo revisto nos anos de 1965 e</p><p>1975. No entanto, tais revisões não implicaram em uma ruptura com as concepções</p><p>filosóficas da elaboração inicial, assentadas no neotomismo. É somente com o Código</p><p>de Ética de 1986 que há uma ruptura com o Serviço Social Tradicional e o com o</p><p>20</p><p>conservadorismo na profissão, e que requeria para o Assistente social um novo papel</p><p>profissional e, portanto, uma formação diferenciada que o qualificasse para realizar</p><p>pesquisas, bem como formular e gerir políticas sociais. “(creio que a formação</p><p>diferenciada não seja só por isso.)” (SIMÕES, 2012).</p><p>Neste sentido, o Código de Ética de 1986 representa um “marco de ruptura</p><p>ética e ideopolítica do Serviço Social com o neotomismo e também com o</p><p>funcionalismo” (Paiva e Sales in Bonetti e outros (1996:175). Tal ruptura com as</p><p>influências tradicionais do Serviço Social se explicita através de novos deveres para</p><p>os Assistentes Sociais, tais como: buscar alterar a correlação de forças no âmbito</p><p>institucional; denunciar as falhas das instituições e a conduta antiética de outros</p><p>profissionais. O Código de 1986, portanto se contrapõe aos Códigos anteriores que</p><p>tinham uma perspectiva de apaziguamento de conflitos e de ajustamento social,</p><p>negando as contradições sociais e as possibilidades de uma intervenção profissional</p><p>crítica. (SIMÕES, 2012).</p><p>Entretanto, houve a necessidade de uma revisão do Código de 1986, na</p><p>medida em que ele apresentou fragilidades em sua operacionalização, sendo ainda</p><p>insuficiente do ponto de vista teórico e metodológico. Foi ineficaz por desconsiderar</p><p>a singularidade do exercício profissional do Assistente social, enfatizando</p><p>excessivamente os aspectos políticos e ideológicos em detrimento dos aspectos</p><p>normativos. (SIMÕES, 2012).</p><p>Segundo Silva (In: Bonetti et al, 2010, p. 144 apud SIMÕES, 2012) no processo</p><p>de reformulação do Código de Ética de 1986, o Conselho Federal de Serviço Social,</p><p>recebeu inúmeras avaliações, por parte dos CRESS apontando as suas lacunas,</p><p>enquanto instrumento de fiscalização. Alguns dirigentes dos CRESS e Agentes</p><p>Fiscais consideraram que o Código se parecia mais com: “uma carta de intenções”,</p><p>com algumas expressões nos seus artigos que são vagas, ambíguas e sem um</p><p>significado mais objetivo”. De acordo com Barroco (2001 apud SIMÕES, 2012) o</p><p>Código de Ética Profissional de 1986 expressa uma concepção de ética mecanicista,</p><p>pois não apreende as mediações, peculiaridades e dinâmicas da ética. Estabelece</p><p>uma vinculação profissional com a classe trabalhadora reproduzindo uma visão tão</p><p>abstrata quanto à dos Códigos de Ética anteriores. Para a autora, os códigos de ética</p><p>21</p><p>devem comprometer-se com valores e não com classes, pois se assim for, pode ficar</p><p>subentendido que a priori, determinada classe é detentora de valores positivos,</p><p>revelando uma visão idealista.</p><p>No atual Código de Ética Profissional elaborado em 1993 foi mantida a mesma</p><p>perspectiva ideológica e os valores contidos no Código anterior, ou seja, “buscar</p><p>fortalecer uma clara identidade profissional articulada com um projeto de sociedade</p><p>mais justa e igualitária” (p.178 apud SIMÕES, 2012), mas, além de constituir-se em</p><p>um instrumento político e educativo, contemplou os aspectos normativo e punitivo.</p><p>Segundo Paiva e Sales (2010 apud SIMÕES, 2012) o atual Código buscou</p><p>traduzir e materializar as diversas situações inerentes ao exercício profissional do</p><p>Assistente social, no intuito de abranger os dilemas éticos, sendo que duas</p><p>preocupações nortearam a sua elaboração: torná-lo um mecanismo concreto de</p><p>defesa da qualidade dos serviços profissionais e fornecer respaldo jurídico à</p><p>profissão.</p><p>O Código de Ética de 1993 apresenta onze princípios ético-profissionais que,</p><p>estando articulados entre si, expressam os valores que a categoria de Assistentes</p><p>sociais elegeu como norteadores do seu exercício profissionais nas diversas relações</p><p>que estabelecem com os usuários, com as instituições empregadoras, com</p><p>profissionais de outras áreas e com entidades da categoria. Em capítulos específicos</p><p>trata também do sigilo profissional e das relações do Assistente social com a justiça,</p><p>estabelecendo os direitos, os deveres e as obrigações do profissional. (SIMÕES,</p><p>2012).</p><p>De acordo com Simões (2012, p.51) a autonomia profissional aparece no atual</p><p>Código de Ética como uma prerrogativa do Assistente social estando diretamente</p><p>assegurado no artigo 2º, alíneas b e h, respectivamente: o “livre exercício das</p><p>atividades inerentes à profissão” e a “ampla autonomia no exercício da profissão, não</p><p>sendo obrigados a prestar serviços profissionais incompatíveis com as suas</p><p>atribuições”. As demais prerrogativas constantes no artigo 2º, que trata dos direitos e</p><p>das responsabilidades gerais do/a Assistente social, mencionadas abaixo, de forma</p><p>22</p><p>menos direta, também visam assegurar a autonomia técnico-profissional do</p><p>assistente social, ou seja,</p><p>a sua expertise:</p><p>“Art. 2º Constituem direitos do/a Assistente social:</p><p>a- Garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, estabelecidas na Lei de</p><p>Regulamentação da Profissão e dos princípios firmados neste código;</p><p>b- Livre exercício das atividades inerentes à Profissão;</p><p>c- Participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais, e na</p><p>formulação e implementação de programas sociais;</p><p>d- Inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação,</p><p>garantindo o sigilo profissional; e – desagravo público por ofensa que atinja a</p><p>sua honra profissional;</p><p>f-aprimoramento profissional de forma de sua especialidade, sobretudo quando se</p><p>tratar de assuntos de interesse da população;</p><p>h- ampla autonomia no exercício da Profissão, não sendo obrigado a prestar</p><p>serviços profissionais incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções;</p><p>i-liberdade na realização de seus estudos e pesquisas e pesquisas, resguardados</p><p>os direitos de participação de indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos”.</p><p>(BRASIL, 1993 apud SIMÕES, 2012).</p><p>Ainda, há algumas Resoluções emitidas pelo Conselho Federal de Serviço</p><p>social – CFESS que regulamentam prerrogativas do Código de Ética Profissional do</p><p>Assistente Social e têm uma significativa importância na medida em que expressam</p><p>a concepção ampliada de fiscalização, os princípios e valores éticos adotados pela</p><p>categoria profissional e, ao mesmo tempo, respaldam juridicamente as ações dos</p><p>profissionais.</p><p>Ao fim, denota-se, que o Código representa a dimensão ética Profissional,</p><p>tendo caráter normativo e jurídico. Delineia parâmetros para o exercício profissional,</p><p>define direitos e deveres dos assistentes sociais, buscando a legitimação social da</p><p>profissão e a garantia da qualidade dos serviços prestados. O Código é expressão da</p><p>renovação e do amadurecimento teórico-político do Serviço Social e evidencia, em</p><p>23</p><p>seus princípios fundamentais, o compromisso ético-político assumido pela categoria.</p><p>(CRESS/7ª Região-RJ, [2010].</p><p>7. A PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL</p><p>A concepção geral de pesquisa que orienta o debate do Serviço Social no</p><p>tempo atual é resultado de um processo de críticas ao conservadorismo profissional,</p><p>que estão presentes nos princípios da organização curricular da ABEPSS de 1996 e</p><p>no perfil profissional delineado por tais diretrizes. (MORAES, 2017).</p><p>A análise desse documento indica que a produção de conhecimentos na</p><p>formação e no trabalho profissional não apenas contribui para o debate teórico -</p><p>metodológico do Serviço Social, mas é reconhecida como fenômeno político e</p><p>estratégico-interventivo. Isso significa que os desdobramentos da produção de</p><p>conhecimentos no Serviço Social não se dissociam dos valores profissionais relativos</p><p>ao projeto de sociedade, articulados à sua materialização por meio da construção de</p><p>intervenções individuais e coletivas qualificadas, que realimentam novas</p><p>possibilidades de desvendar as contradições da sociedade capitalista do século XXI.</p><p>(MORAES, 2017).</p><p>Diante disso, não é surpreendente a afirmação de que a pesquisa para o</p><p>Serviço Social, na atualidade, é entendida como uma atribuição profissional que se</p><p>expressa na formação e no trabalho do assistente social. Na formação profissional</p><p>ela tem sido denominada pesquisa acadêmico-científica, que é realizada na</p><p>graduação e tem a pós-graduação como espaço privilegiado, na tentativa de analisar</p><p>a realidade social e, ao mesmo tempo, responder às exigências das instituições</p><p>financiadoras que avaliam os projetos de pesquisa, e também aquelas (Coordenação</p><p>de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; e Ministério da</p><p>Educação - MEC) que apreciam e recomendam os cursos de graduação e pós-</p><p>graduação. (MORAES, 2017).</p><p>24</p><p>Para associar a pesquisa ao trabalho profissional, o assistente social precisa</p><p>investir em sua capacidade investigativa, por meio de postura e ação, articulando-as</p><p>à construção do hábito de anotação sistemática do fazer profissional. (MORAES,</p><p>2017).</p><p>À medida que o assistente social parte do princípio de que a realidade se</p><p>manifesta em sua aparência e de que é preciso buscar a concretude de cada fato, o</p><p>seu relacionamento com as outras partes que compõem a totalidade do ser social,</p><p>analisando contradições e possibilidades de superação, ele passa a compreender a</p><p>necessidade de estranhar seu cotidiano e entendê-lo como categoria analítica,</p><p>fundamental para conhecer o objeto em seus aspectos gerais e, também, como</p><p>categoria empírica, capaz de denotar as determinações e especificidades que se</p><p>expressam na realidade. (MORAES, 2017).</p><p>Nesse sentido, além de embasarem decisões profissionais e serem</p><p>fundamentais para a construção de sua capacidade argumentativa e seus</p><p>posicionamentos político-interventivos junto a usuários, familiares, profissionais de</p><p>forma geral e gestores, as investigações construídas ao longo do trabalho do</p><p>assistente social também podem indicar a necessidade de o profissional aprofundar</p><p>seus estudos a respeito de aspectos específicos do fenômeno investigado, a fim</p><p>de descortinar suas determinações, expressões, contradições, consequências e os</p><p>desafios vinculados ao contexto particular em que se manifesta, caracterizado por</p><p>aspectos singulares e determinado pela totalidade social. (MORAES, 2017).</p><p>Assim, se a dimensão investigativa se apresenta como uma primeira tentativa</p><p>de aproximação crítica para construção de análises críticas, suas problematizações</p><p>podem indicar a necessidade de aprofundar os estudos referentes às determinadas</p><p>problemáticas. (MORAES, 2017).</p><p>Nessa situação, a pesquisa se apresenta como uma estratégia que, ao ser</p><p>articulada a postura investigativa, pode desvendar questões enigmáticas no trabalho</p><p>profissional. Nesse processo, efetivar o acesso do usuário a um benefício, ao</p><p>atendimento médico, a uma passagem para retornar para sua cidade de origem,</p><p>dentre outros, embora seja importante e caminhe na direção de garantir o que lhe é</p><p>de direito, não é suficiente. Faz-se necessário refletir e construir estratégias para</p><p>25</p><p>compreender as semelhanças e diferenças que existem entre esses usuários; o que</p><p>determina sua busca pelos serviços institucionais para além da finalidade expressa</p><p>na fala imediata do usuário; as regras que estão por detrás das interações de tais</p><p>sujeitos, analisando a importância dessas informações para o trabalho profissional.</p><p>(MORAES, 2017).</p><p>Essas questões, que devem ser constantes durante o trabalho profissional,</p><p>denotam real significado ao valor da dimensão investigativa ao longo do fazer do</p><p>assistente social. No entanto, em muitos momentos, o profissional perceberá que o</p><p>caráter de horizontalidade e permanência da dimensão investigativa também supõe</p><p>processualidade e transitoriedade para intervenções, bem como para reflexões mais</p><p>aprofundadas referentes a aspectos mais específicos da realidade, o que requererá</p><p>planejar sua abordagem teórica por meio do trabalho de pesquisa. (MORAES, 2017).</p><p>Esse planejamento da pesquisa supõe que sua proposta seja sistematizada</p><p>por meio de um projeto que seja reflexivo e convincente em termos de delimitação do</p><p>que se quer pesquisar, os motivos para sua realização, as variáveis que se pretende</p><p>investigar, os objetivos que se intenciona alcançar e a metodologia adotada para se</p><p>aproximar dos sujeitos, mantendo o respeito e a ética necessária à condução do</p><p>trabalho. Além disso, é fundamental que o assistente social recorra à bibliografia</p><p>produzida sobre o assunto na tentativa de lapidar seu olhar e problematizações,</p><p>ampliando seu horizonte de análise. (MORAES, 2017).</p><p>Assim, pode-se dizer que a dimensão investigativa constitui uma primeira</p><p>forma de aproximação crítica para a construção de análises críticas, a pesquisa</p><p>associada ao trabalho profissional avança na aproximação crítica da realidade ao</p><p>particularizar determinados aspectos da realidade de trabalho e ter a possibilidade de</p><p>construção de alianças com outros profissionais no desenvolvimento de suas</p><p>propostas, de se aprofundar os estudos teóricos, direcionar o olhar investigativo</p><p>durante a construção dessas propostas, debater as variáveis encontradas na</p><p>pesquisa bibliográfica e de campo, discutir e analisar as diferentes dimensões</p><p>interpretativas presentes na formação dos profissionais participantes da pesquisa e</p><p>construir análises capazes de enriquecer teórica e subjetivamente profissionais e</p><p>usuários, além de poder proporcionar à instituição possibilidades de ações</p><p>26</p><p>democráticas e pautadas na justiça social. E, embora não deva ser confundida com</p><p>a pesquisa acadêmico-científica, nessas condições, expressa um nível elevado de</p><p>problematização de realidade, capaz de alimentar e indicar novos caminhos à</p><p>pesquisa científica na (re)construção de teorias. (MORAES, 2017).</p><p>Dessa forma, sinalizou-se a necessidade de “plasmar a pesquisa” (BATTINI,</p><p>2009, p. 54 apud MORAES, 2017) na intervenção profissional do assistente social,</p><p>compreendendo que ela pode ser fundamental para romper o academicismo e até a</p><p>unidisciplina no trabalho profissional.</p><p>O indicativo é que o trabalho profissional, no sentido ampliado, tem sido o</p><p>principal fundamento/base para construção do processo de pesquisa em Serviço</p><p>Social (acadêmico-científica e em serviços). Assim, o olhar da investigação e a própria</p><p>sistematização deverão estar presentes em todos os momentos, mesmo naqueles em</p><p>que não se está propondo um trabalho de pesquisa propriamente dito. (MORAES,</p><p>2017).</p><p>É de fundamental importância tomar o processo de produção de</p><p>conhecimentos como elemento de transformação da realidade social, reconhecendo</p><p>o conhecimento como uma das expressões da práxis, como um a das objetivações</p><p>possíveis do trabalho humano. (MORAES, 2017).</p><p>No entanto, nota-se que nem sempre aquilo que o profissional tem a intenção</p><p>de fazer torna-se possível. Portanto, a análise da pesquisa, associada ao trabalho</p><p>profissional, não pode ser reduz ida à exclusiva responsabilização e iniciativa do</p><p>assistente social, visto que existem determinantes que se relacionam à formação</p><p>profissional cada vez mais precária e vinculada à perspectiva mercado lógica; ao</p><p>mercado de trabalho, por meio de vínculos temporários, contratos para atividades</p><p>específicas; às políticas sociais, que têm sofrido novas configurações em que</p><p>predomina a separação entre seus formuladores e executores; ao autoritarismo;</p><p>clientelismo; coronelismo; e à corrupção. Além de mudanças cíclicas em curto período</p><p>de tempo entre gestores de políticas, que implicam compreensões diferenciadas a</p><p>respeito do Serviço Social, desenhando novas demandas institucionais à categoria.</p><p>(MORAES, 2017). Todos estes processos supracitados atingem diretamente o</p><p>trabalho profissional, tentando reduzi-lo aos interesses dominantes, expressos na</p><p>27</p><p>gestão municipal, estadual ou federal, ou no interior de instituições privadas,</p><p>ameaçando o profissional de perda do vínculo empregatício no caso de contrato de</p><p>trabalho, ou de remanejamento para locais distantes e de difícil acesso, em caso de</p><p>profissionais efetivados por meio de concursos públicos. (MORAES, 2017).</p><p>Assim, não raras vezes, é possível identificar que o discurso de valorização da</p><p>pesquisa, presente entre os assistentes sociais, não tem se materializado em seu</p><p>trabalho profissional. As justificativas por parte dos assistentes sociais são muitas e</p><p>se referem, sobretudo, aos processos de precarização do trabalho e da formação</p><p>profissional. (MORAES, 2017).</p><p>Mesmo com essas restrições, é possível deparar-se com situações em que a</p><p>pesquisa é incorporada ao trabalho do assistente social, sobretudo por motivo de</p><p>cursos de especialização. Nesses casos, predomina a compreensão de que pesquisa</p><p>deve ser realizada na academia e que o trabalho é o lugar da ação (MORAES et al,</p><p>2010 apud MORAES, 2017).</p><p>Assim, se por um lado há um discurso de valorização da pesquisa em serviços,</p><p>por outro, majoritariamente, ela não tem sido associada ao trabalho profissional, seja</p><p>por questões ligadas à sua situação de trabalho, marcadas fortemente pela</p><p>precarização, seja por questões vinculadas à formação e à falta do aprimoramento</p><p>profissional constante ou, ainda, por vincular a pesquisa exclusivamente à academia.</p><p>(MORAES, 2017).</p><p>Nesse compasso, associado ao discurso de valorização da pesquisa, o</p><p>profissional, por vezes, articula pequenos e eventuais levantamentos empíricos</p><p>realizados sem planejamento, em seu local de trabalho, ao termo pesquisa,</p><p>construindo um processo de banalização, enfraquecendo o modo como esses</p><p>dados e análises são produzidos, restringindo-a ao empirismo e desvalorizando suas</p><p>possíveis contribuições teóricas e ético-políticas para a intervenção profissional</p><p>(MORAES, 2016b apud MORAES, 2017).</p><p>Com tais considerações, reforça-se a concepção de pesquisa em serviços</p><p>como aquela que se origina de demandas institucionais e/ou de uma preocupação</p><p>28</p><p>ético-política profissional de garantir a qualidade dos serviços prestados à população,</p><p>articulando-se, muitas vezes, a atividades acadêmicas (do profissional e/ou de</p><p>estagiários) e compreendendo que o processo de indagação inacabada -</p><p>desnaturalização dos fenômenos sociais e compreensão de seus determinantes -</p><p>não se alicerça exclusivamente na intenção da ação, mas na construção de</p><p>informações e dados edificados e sistematizados ao longo do trabalho profissional,</p><p>por meio de postura e ação investigativa indissociados da dimensão interventiva.</p><p>(MORAES, 2017).</p><p>Associada ao prazer da descoberta, à autonomia e à liberdade na construção</p><p>de conhecimentos instrumentalizadores da intervenção e encarada como um desafio</p><p>capaz de mobilizar a consciência do próprio profissional, na tentativa do progresso</p><p>intelectual e social, a pesquisa enobrece a experiência humana de conhecer o mundo</p><p>e de capturar o teórico, o histórico e o concreto para ações transformadoras. Assim,</p><p>a pesquisa também é prática política, porque, ao imergir e manter o elo com uma</p><p>realidade em constante movimento, descortina um leque de possibilidades reflexivas</p><p>no interior da categoria profissional para construção de estratégias coletivas de</p><p>superação da situação analisada, além de realimentar novas aproximações e</p><p>sucessivas reflexões e problematizações. (MORAES, 2017).</p><p>8. A GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL: COMPETÊNCIAS E</p><p>ATRIBUIÇÕES</p><p>As competências e atribuições do assistente social estão regulamentadas nos</p><p>arts. 4º e 5º da Lei nº 8.662/93. As competências são qualificações profissionais</p><p>necessárias para prestar serviços, que a lei reconhece, independentemente de</p><p>serem, também, atribuídas aos profissionais de outras categorias. As atribuições</p><p>privativas são exercidas exclusivamente pelo profissional graduado em Serviço</p><p>Social, regularmente inscrito no CRESS. (INSS, 2012).</p><p>29</p><p>A Lei de Regulamentação da Profissão (Lei nº 8.662/93) estabelece no seu</p><p>Artigo 4 como competências da(o) assistente social:</p><p>“Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:</p><p>I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da</p><p>administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações</p><p>populares;</p><p>II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que</p><p>sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade</p><p>civil;</p><p>III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos</p><p>e à população;</p><p>IV - (Vetado);</p><p>V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de</p><p>identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de</p><p>seus direitos;</p><p>VI - Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;</p><p>VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a</p><p>análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;</p><p>VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta</p><p>e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias</p><p>relacionadas no inciso II deste artigo;</p><p>IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada</p><p>às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e</p><p>sociais da coletividade;</p><p>X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de</p><p>Unidade de Serviço Social;</p><p>XI - realizar estudos sócio- econômicos com os usuários para fins de benefícios</p><p>e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta,</p><p>empresas privadas e outras entidades.” (BRASIL, 1993).</p><p>No art. 5 a Lei supracitada apresenta como atribuições privativas da(o)</p><p>Assistente Social:</p><p>“Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:</p><p>I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos,</p><p>pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;</p><p>II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de</p><p>Serviço Social;</p><p>III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e</p><p>indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço</p><p>Social;</p><p>IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e</p><p>pareceres sobre a matéria de Serviço Social;</p><p>V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação</p><p>como pós- graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos</p><p>próprios e adquiridos em c urso de for mação regular;</p><p>VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço</p><p>Social;</p><p>VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de</p><p>graduação e pós-graduação;</p><p>VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de</p><p>pesquisa em Serviço Social;</p><p>30</p><p>IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e c omissões</p><p>julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes</p><p>Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;</p><p>X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados</p><p>sobre assuntos de Serviço Social;</p><p>XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e</p><p>Regionais;</p><p>XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou</p><p>privadas;</p><p>XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira</p><p>em órgãos e entidades representativas da categoria profissional.” (BRASIL,</p><p>1993).</p><p>O Código de Ética Profissional (1993) também apresenta ferramentas</p><p>fundamentais para a atuação profissional do cotidiano, ao colocar como princípios:</p><p>► reconhecimento da liberdade como valor ético central:</p><p>► defesa intransigente dos direitos humanos;</p><p>► ampliação e consolidação da cidadania, com vistas à garantia dos direitos</p><p>civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras;</p><p>► defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização política e</p><p>da riqueza socialmente produzida;</p><p>► posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure</p><p>universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas</p><p>sociais, bem como sua gestão democrática;</p><p>► empenho na eliminação de todas as formas de preconceito;</p><p>► garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais</p><p>democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante</p><p>aprimoramento intelectual;</p><p>► opção por um projeto vinculado ao processo de construção de uma nova</p><p>ordem societária, sem dominação/exploração de classe, etnia e gênero;</p><p>► articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que</p><p>partilhem dos princípios deste código e com a luta geral dos trabalhadores;</p><p>31</p><p>► compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o</p><p>aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;</p><p>► exercício do Serviço Social sem discriminação. Esses instrumentos legais</p><p>são fundamentais para a delimitação das atribuições e competências dos assistentes</p><p>sociais na saúde que serão abordadas a seguir.</p><p>Esses instrumentos legais são fundamentais para a delimitação das atribuições</p><p>e competências dos assistentes sociais.</p><p>Ademais, tem-se que a direção política, o compromisso ético, a leitura crítica</p><p>da realidade para subsidiar a intervenção, assim como o domínio do instrumental</p><p>técnico-operativo são dimensões que se imbricam no que denomina-se competências</p><p>básicas da profissão de assistente social, e que podem ser sintetizadas na seguinte</p><p>forma: competência ético-política, competência teórico-metodológica e competência</p><p>técnico -operativa (FREITAS, 2017).</p><p>A competência teórico-metodológica nas palavras de Guerra (2013 apud</p><p>BONFIM et al., 2018, p. 79) representa a habilidade de conhecer a realidade sendo</p><p>necessário um conhecimento teórico para desvelar a realidade, um método que nos</p><p>guie perante a realidade social compreendendo a forma como os fenômenos se</p><p>manifestam e as mediações que o compõem.</p><p>A competência ético-política está direcionada à capacidade de elencar</p><p>alternativas mediante juízos de valor bem como o direcionamento político das ações</p><p>almejando um fim desejado. (BONFIM et al., 2018, p. 79).</p><p>Em relação a dimensão técnico - operativa, esta não se reduz aos instrumentos</p><p>e técnicas, possuindo outros componentes bem como articula as dimensões teórico -</p><p>metodológica e ético - política para sua operacionalização. Desta forma, a dimensão</p><p>técnica - operativa possui as ações profissionais que representam o fazer profissional</p><p>em si, sendo mais abrangentes e consoantes com as regulamentações profissionais.</p><p>Os procedimentos são o conjunto de atividades que o profissional realiza e os</p><p>instrumentos são os conjuntos de elementos que efetivam a ação (SANTOS et al,</p><p>2013 p. 26 apud BONFIM et al., 2018, p. 79).</p><p>32</p><p>Essas três dimensões são indissociáveis, deixando claro e evitando assim</p><p>concepções equivocadas que constantemente surgem na intervenção profissional</p><p>cotidiana de alguns assistentes sociais que afirmam que a “teoria é diferente da</p><p>prática”. Quando sabemos que ambas andam juntas. (SANTOS, 2019).</p><p>Consideradas essas dimensões, vemos que é fundamental o posicionamento</p><p>político desse profissional Assistente Social em se colocar na linha de frente,</p><p>rompendo com as tradições, outrora fatalistas e messiânicas, fazendo-se necessário</p><p>apreender em sua totalidade o caráter investigativo que tange a profissão. (SANTOS,</p><p>2019).</p><p>33</p><p>9. REFERÊNCIAS:</p><p>BONFIM, Giverson Gonçalves et al. O Trabalho com grupos no Serviço</p><p>Social: Contribuições para a Intervenção Profissional. Caderno Humanidades em</p><p>Perspectivas</p>