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<p>1</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A destruição das florestas de mangal em áreas urbanas, como no distrito de Quelimane, reflecte</p><p>um desafio global enfrentado por regiões costeiras que tentam equilibrar o desenvolvimento</p><p>urbano com a conservação ambiental. Os mangais desempenham funções ecológicas</p><p>indispensáveis, como a proteção contra a erosão e a filtragem de poluentes, além de servirem de</p><p>habitat para diversas espécies de flora e fauna. No entanto, o rápido crescimento urbano,</p><p>impulsionado pela necessidade de expandir áreas residenciais e comerciais, tem acelerado a</p><p>degradação dessas áreas. A remoção dos mangais expõe as comunidades costeiras a riscos</p><p>ambientais como o avanço do mar, a erosão costeira e a perda de proteção natural contra ciclones</p><p>e tempestades.</p><p>Além das consequências ambientais, a destruição dos mangais afecta directamente as</p><p>comunidades locais que dependem desses ecossistemas para sua subsistência. Em Quelimane,</p><p>muitas famílias utilizam os recursos dos mangais para actividades como a pesca artesanal, a</p><p>colecta de madeira e a extracção de outros produtos naturais. Com a degradação dos mangais,</p><p>essas comunidades enfrentam a diminuição de sua renda e a insegurança alimentar, uma vez que</p><p>a biodiversidade marinha é gravemente afectada pela destruição do habitat natural. O impacto</p><p>econômico da perda dos mangais agrava as desigualdades sociais, especialmente para as</p><p>populações mais vulneráveis que dependem directamente desses recursos. A destruição dos</p><p>mangais também compromete o papel desses ecossistemas na mitigação de desastres naturais,</p><p>aumentando a vulnerabilidade das áreas urbanas a eventos climáticos extremos. A ausência de</p><p>mangais torna as zonas costeiras mais susceptíveis a inundações, o que pode gerar perdas</p><p>materiais significativas e deslocamento de populações.</p><p>O presente trabalho tem como objetivo avaliar os principais impactos socioambientais resultantes</p><p>da destruição das florestas de mangal em zonas urbanas próximas. Para isso, busca-se</p><p>caracterizar a área de ocorrência do mangal, analisar sua importância ambiental e</p><p>socioeconómica, identificar os impactos ambientais causados pela sua destruição e propor</p><p>medidas de mitigação para reduzir os danos causados por essas práticas.</p><p>2</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>Caracterização e representação geográfica da área de ocorrência</p><p>A floresta de mangal analisada neste estudo está localizada no distrito de Quelimane, uma área</p><p>urbana costeira da Província da Zambézia. Esta região possui uma extensa área de mangal, que</p><p>cobre uma significativa porção do litoral, sendo um ecossistema essencial para a preservação</p><p>ambiental da região e para as comunidades que dependem de seus recursos naturais. A</p><p>localização geográfica estratégica da área sujeita-a à constante pressão urbana, resultando na sua</p><p>degradação devido à expansão da cidade e actividades humanas.</p><p>Importância ambiental e socioeconómica</p><p>Os mangais desempenham um papel essencial na proteção contra a erosão costeira, na</p><p>preservação da biodiversidade e no fornecimento de recursos para as populações locais. Do</p><p>ponto de vista socioeconómico, os mangais são uma fonte de subsistência para muitas famílias,</p><p>que dependem da pesca, da colecta de madeira e de outros produtos naturais para sobreviver.</p><p>Além disso, esses ecossistemas agem como filtros naturais, melhorando a qualidade da água e</p><p>actuando como berçários para várias espécies de peixes e crustáceos.</p><p>Identificação e avaliação de impactos ambientais advindos da sua destruição</p><p>A destruição dos mangais em áreas urbanas tem gerado uma série de impactos ambientais e</p><p>sociais. A perda desses ecossistemas tem contribuído para a degradação da qualidade da água,</p><p>aumento da erosão costeira e perda da biodiversidade. Socialmente, a destruição dos mangais</p><p>afecta directamente as comunidades que dependem desses recursos, aumentando a</p><p>vulnerabilidade econômica e reduzindo as opções de subsistência. Além disso, a perda dos</p><p>mangais compromete a capacidade de mitigação natural contra eventos climáticos extremos,</p><p>como tempestades e ciclones.</p><p>3</p><p>Determinação de medidas de mitigação dos impactos</p><p>Para mitigar os impactos da destruição dos mangais, a implementação de políticas públicas</p><p>robustas é fundamental. Uma das principais medidas é o reflorestamento, que visa restaurar as</p><p>áreas degradadas e recuperar as funções ecológicas dos mangais. Esse processo deve ser</p><p>conduzido de forma científica, utilizando espécies nativas para garantir a biodiversidade e a</p><p>resiliência do ecossistema. Além disso, a criação de zonas de proteção costeira, onde a</p><p>exploração de recursos seja restrita ou controlada, pode ajudar a prevenir a expansão urbana</p><p>desordenada e preservar áreas ecologicamente sensíveis. Essas políticas precisam ser</p><p>acompanhadas de fiscalização eficaz para evitar a invasão e destruição contínua dos mangais.</p><p>Outro aspecto crucial é a conscientização das comunidades locais sobre a importância dos</p><p>mangais para a proteção ambiental e para sua subsistência. Programas de educação ambiental,</p><p>campanhas de sensibilização e o envolvimento directo das comunidades na gestão dos mangais</p><p>podem gerar uma maior valorização desses ecossistemas. Ao entenderem os benefícios que os</p><p>mangais oferecem, como a proteção contra desastres naturais e a preservação de recursos</p><p>pesqueiros, as comunidades estarão mais dispostas a colaborar com as políticas de conservação.</p><p>Assim, a participação comunitária se torna uma aliada na conservação dos mangais, contribuindo</p><p>para a sustentabilidade das acções.</p><p>Por fim, é necessário promover a utilização sustentável dos recursos provenientes dos mangais,</p><p>conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. Isso pode ser feito</p><p>através da implementação de práticas sustentáveis de pesca, colecta de produtos florestais e</p><p>turismo ecológico controlado. Incentivos económicos, como subsídios para actividades de baixo</p><p>impacto ambiental e apoio a negócios locais que utilizam os mangais de forma sustentável,</p><p>podem ajudar a criar uma economia que valorize e preserve esses ecossistemas. Ao garantir que</p><p>a população local tenha uma fonte de renda compatível com a conservação ambiental, a pressão</p><p>sobre os mangais diminui, e seu uso pode ser prolongado sem comprometer as futuras gerações.</p><p>4</p><p>CONCLUSÃO</p><p>A destruição das florestas de mangal em áreas urbanas traz consequências socioambientais</p><p>profundas, afectando tanto os ecossistemas naturais quanto as comunidades que dependem</p><p>desses recursos. A degradação dos mangais compromete a biodiversidade, aumenta a erosão</p><p>costeira e reduz a resiliência das zonas urbanas contra eventos climáticos extremos. O impacto</p><p>nas comunidades locais também é significativo, uma vez que a perda desses ecossistemas afecta</p><p>directamente a subsistência de milhares de pessoas, particularmente em regiões costeiras como</p><p>Quelimane.</p><p>Para lidar com esses desafios, é necessário adoptar uma abordagem integrada que combine</p><p>esforços de conservação, políticas públicas e acções comunitárias. A preservação e restauração</p><p>dos mangais são fundamentais para garantir a sustentabilidade ecológica e econômica das zonas</p><p>urbanas próximas, assegurando que as gerações futuras também possam usufruir dos benefícios</p><p>proporcionados por esses ecossistemas únicos.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>Carvalho, M. S., & Mendes, A. F. (2019). Conservação de ecossistemas costeiros: O caso dos</p><p>mangais em Moçambique. Editora Atlas.</p><p>Oliveira, P. N., & Matos, R. S. (2020). Gestão sustentável de mangais: Desafios e oportunidades</p><p>nas regiões costeiras de Moçambique.</p><p>Silva, L. P. (2018). Mangais e suas funções ecológicas em áreas urbanas. Editora Horizonte.</p>