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<p>MANUAL CASEIRO</p><p>1</p><p>too</p><p>Direito ambiental para</p><p>Delegado de Polícia</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>2</p><p>O meio ambiente, assim entendido como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,</p><p>química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (artigo 3º, I, da Lei 6.938/81), foi</p><p>preocupação de nossos legisladores originários constitucionais, que dedicaram capítulo específico da CF/88 –</p><p>“Do Meio Ambiente” (artigos 225 e seguintes).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>3</p><p>Direito Ambiental para</p><p>Delegado de Polícia Civil</p><p>Sumário</p><p>1. Fontes do Direito Ambiental ............................................................................................................................... 4</p><p>2. Princípios do Direito Ambiental........................................................................................................................ 11</p><p>3. O Meio Ambiente na Constituição de 1988 ...................................................................................................... 42</p><p>4. Responsabilidade por Dano Ambiental ............................................................................................................ 64</p><p>5. Responsabilidade Civil por Dano Ambiental .................................................................................................... 64</p><p>6. Responsabilidade Administrativa por Dano Ambiental ................................................................................... 70</p><p>7. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC ........................................................... 76</p><p>8. Código Florestal ................................................................................................................................................ 94</p><p>9. Licenciamento Ambiental................................................................................................................................ 107</p><p>10. Crimes Ambientais ....................................................................................................................................... 116</p><p>11. Política Nacional de Meio Ambiente ........................................................................................................... 129</p><p>12. Mineração e Meio Ambiente ....................................................................................................................... 137</p><p>13. Dos índios ..................................................................................................................................................... 143</p><p>14. Política Urbana ............................................................................................................................................ 145</p><p>15. Atualidades no Direito Ambiental ............................................................................................................... 149</p><p>16. Já Caiu em PROVA de Delegado .................................................................................................................... 161</p><p>17. Jurisprudência sobre o Tema ........................................................................................................................... 177</p><p>18. Bibliografia ....................................................................................................................................................... 185</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>4</p><p>Direito Ambiental para</p><p>Delegado de Polícia Civil</p><p>Por Natália Oliveira – Idealizadora do @manualcaseiro</p><p>e Bruna Penteado.</p><p>- Leitura da Legislação:</p><p>Prezado aluno, nas provas de Delegado a disciplina de Direito Ambiental, em regra, cobra o texto da</p><p>legislação. Dessa forma, reforçamos a importância da leitura da lei seca, bem como, o estudo atencioso de todos os</p><p>artigos destacados neste material.</p><p>Certamente a disciplina de D. Ambiental não é a sua preferida, tudo bem, também não é a minha, mas</p><p>vamos estudar com afinco ainda maior, são as disciplinas denominadas de “secundárias” que tem separado os bons</p><p>candidatos dos bons candidatos aprovados.</p><p>Vamos Juntos!</p><p>1. Fontes do Direito Ambiental</p><p>Esquematizando</p><p>Fontes Materiais: estão relacionados a acontecimentos no</p><p>mundo, por exemplo: Desastre de Minamata no Japão em 1959</p><p>em que ocorreu envenenamento por mercúrio a fauna e flora.</p><p>Derramamento e petróleo na costa da Inglaterra em 1967 –</p><p>Torrey Canyon. Caso Amoco Cadiz, derramamento de petróleo</p><p>na costa da França em 1978. Acidente de Chernobyl na</p><p>Ucrânia em 1986. Acidente no Alasca com o petroleiro Exxon</p><p>Valdez em 1989.</p><p>Fontes Formais: são várias, podemos apontar os documentos</p><p>oficiais, tratados internacionais etc., como, por exemplo:</p><p>Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano</p><p>em 1972; Eco 92 (em que foram elaborados documentos como:</p><p>Convenção sobre a Diversidade Biológica, Convenção sobre</p><p>Mudanças do Clima, Declaração de Princípios sobre o uso das</p><p>Florestas, Declarações do Rio e Agenda 21); Conferencia das</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>5</p><p>Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em 2012</p><p>(Rio +20. Destaque para o incentivo a utilização de</p><p>instrumentos econômicos de proteção ambiental. Exemplos:</p><p>Servidão ambiental, Pagamento por serviços ambientais</p><p>(proteção de nascentes com recebimento de incentivos), Seguro</p><p>ambiental (no caso de acidentes) e Extrafiscalidade).</p><p>Fontes Materiais</p><p> Minamata – Japão: desastre ocorrido no início da década de 50, por volta de 1952, mas que teve grande</p><p>repercussão no ano de 1959. Na época não havia normas sobre Direito Ambiental e Proteção do Meio</p><p>Ambiente e, as empresas tinham como prática corriqueira descartar seus rejeitos diretamente no mar</p><p>(especificamente nesse caso, os rejeitos descartados eram de Mercúrio) e ‘caíam’ direto na Baía de</p><p>Minamata localizada no Japão. Consequentemente, devido ao descarte dos resíduos na Baía os peixes</p><p>daquela região foram os primeiros a serem contaminados, na sequência os gatos da região também</p><p>sofreram com a contaminação haja vista que se alimentavam dos peixes da Baía. Por fim, e</p><p>inevitavelmente a contaminação por Mercúrio chegou aos pescadores, causando muitas mortes assim como</p><p>ensejou vários nascimentos de crianças com má formação.</p><p>Essa grande e histórica contaminação de Minamata ganhou grande repercussão no mundo inteiro e no</p><p>influenciou as primeiras movimentações populares no sentido de clamar por normas de proteção ao Meio</p><p>Ambiente foi em decorrência desse desastre.</p><p>Torrey Canyon – Inglaterra: Torrey Canyon trata-se do nome do Petroleiro causador do grande</p><p>derramamento de petróleo na costa da Inglaterra nos ocorrido nos idos de 1967. Tal evento, além do grande</p><p>dano ambiental demostrou o quanto as autoridades dos países naquela época estavam despreparados para</p><p>situações como essa. Diante das circunstâncias e despreparo das autoridades públicas, além da falta de</p><p>boias que impedissem que o petróleo se espalhasse pelo mar, a opção encontrada na época foi o</p><p>bombardeiro dos navios para que os mesmo queimassem (já que estavam cheios de petróleo) e assim,</p><p>durante a combustão eliminassem também o petróleo derramado. Ocorre que, apesar de amenizar os</p><p>impactos causados nas aguas marítimas</p><p>Trabalha com</p><p>a certeza do dano, de modo a minorá-lo ou</p><p>evitá-lo.</p><p>trabalha com situações controversas, riscos incertos e</p><p>potenciais. São atividades que normalmente decorrem</p><p>de inovação tecnológica. A dúvida sempre deve militar</p><p>em favor do meio-ambiente. In dubio pro natura.</p><p>certeza científica. INCERTEZA CIENTÍFICA.</p><p>Já CAIU. Ano: 2012 Banca: MPE-MT Órgão: MPE-MT Prova: MPE-MT - 2012 - MPE-MT -</p><p>Promotor de Justiça. Qual princípio impõe ao autor potencial a obrigação de provar, com anterioridade,</p><p>mesmo diante da ausência de certeza científica do dano, que a sua ação não causará danos ao ambiente?</p><p>A. Da precaução</p><p>B. Do poluidor - pagador</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>31</p><p>C. Da prevenção</p><p>D. Da equidade intergeracional</p><p>E. Da informação</p><p>Gabarito: A – da precaução. Se não há certeza cientifica, estaremos diante da incidência do princípio da</p><p>precaução.</p><p> Princípio do Poluidor-Pagador</p><p>Conforme explica o Professor Fabiano Melo, o princípio do poluidor-pagador é um princípio de natureza</p><p>econômica, cautelar e preventiva, que compreende a internalização dos custos ambientais, que devem ser</p><p>suportados pelo empreendedor, afastando-os da coletividade.</p><p>Segundo Cristiane Derani, o princípio do poluidor-pagador “visa à internalização dos custos relativos</p><p>externos da deterioração ambiental (…). Pela aplicação desse princípio, impõe-se ao “sujeito econômico”</p><p>(produtor, consumidor, transportador), que nesta relação pode causar um problema ambiental, arcar com os custos</p><p>da diminuição ou afastamento do dano”.</p><p>Conforme o Princípio 16 da Declaração do Rio (1992), “as autoridades nacionais devem procurar</p><p>promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem</p><p>segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse</p><p>público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais”.</p><p>Na legislação infraconstitucional, o princípio está expresso no inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/1981, ao</p><p>se afigurar na Política Nacional do Meio Ambiente como objetivo que vise “à imposição, ao poluidor e ao</p><p>predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados (…)”.</p><p>Sobre o presente princípio podemos fazer a seguinte leitura: quem polui deverá pagar, ou seja, aquele que</p><p>poluir deverá arcar com todos os danos causados e se possível a sua recuperação. Todavia, a leitura inversa (quem</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>32</p><p>paga pode poluir) não deve prosperar, fez que poluir é um ilícito ambiental e, obviamente não podemos ter um</p><p>princípio jurídico autorizando a realização deu ilícito mediante pagamento.</p><p>Observe então que temos 02 acepções/interpretações relacionadas a esse princípio:</p><p> a primeira é a ideia de reparação, que se funda na premissa de quem causa o dano tem a obrigação</p><p>de reparar.</p><p> a segunda ideia por sua vez é a de pagar para que seja evitado o dano. (aqui não se confunde com o</p><p>princípio da prevenção).</p><p>Veremos ainda no Direito Econômico Ambiental e até mesmo em provas de Direito Ambiental a seguinte</p><p>expressão “Internalizar as externalidades negativas”.</p><p>Mas o que seria isso? Visando facilitar o entendimento explicaremos a expressão através do seguinte</p><p>exemplo:</p><p>Exemplo: imaginemos um determinado estabelecimento que deveria possuir em suas instalações um</p><p>filtro em suas chaminés, visando que a poluição oriunda das atividades da indústria se espalhasse no</p><p>ar. Ocorre que o proprietário da indústria não colocou os filtros e toda a fumaça juntamente com</p><p>fuligem que são emitidas pelas chaminés vão em direção à lavanderia de roupa localizada ao lado da</p><p>fábrica, sujando todas as peças de roupas que a lavanderia lava e estende em sua propriedade.</p><p>Analisando o aspecto econômico, o que aquela Lavanderia deverá fazer?</p><p>Para que não tenha prejudicada sua atividade no que diz respeito à qualidade da prestação de seu</p><p>serviço e não haja reclamações por parte de seus clientes a lavanderia deverá lavar todas as peças que</p><p>ficaram sujas novamente em decorrência da fumaça emitida pela da fábrica vizinha.</p><p>Vejam que a “solução” encontrada causa à lavanderia um custo adicional que ela não deu causa.</p><p>Utilizando o mesmo exemplo, imaginemos agora que nas proximidades da fábrica temos um bairro</p><p>residencial, e assim como ocorre na Lavandeira, toda a fumaça com fuligem liberadas pelas chaminés</p><p>chegam as residências dos moradores próximos, e inclusive na residência de uma criança que possui</p><p>sérios problemas respiratórios. Após a instalação da fabrica na região os problemas dessa criança</p><p>passam a se agravar ainda mais.</p><p>Quais os prejuízos causados a família?</p><p>Novamente analisando a situação sobre prisma do aspecto econômico, temos que os pais dessa criança</p><p>em decorrência de várias internações e aquisição de medicamentos, passarão a ter uma despesa que</p><p>não lhes pertence, ou seja, que não deram causa.</p><p>Observamos diante das situações apresentadas como exemplo que a empresa que está poluindo todo o</p><p>ambiente próximo a região (poluição esta que se dá devido à ausência de instalação de filtros em suas</p><p>chaminés) não está dividindo os lucros oriundos dos de sua produção, mas os prejuízos sim. Isso</p><p>ocorre quando verificamos que determinada empresa ou atividade socializa com todos aqueles que</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>33</p><p>estão ao seu redor somente as despesas (prejuízos), quando na verdade deveria arcar com todos esses</p><p>gastos causados pela negligencia em não aderir medidas de proteção ambiental.</p><p>Como podemos visualizar esse pagamento por parte da empresa?</p><p>Instalando filtros antipoluentes. A empresa deve internalizar essa despesa (gasto) em seu próprio custo</p><p>de produção.</p><p>Vejam que diante do exemplo dado, foi possível se observar a SOCIALIZAÇÃO DE DESPESAS OU</p><p>PREJUÍZOS causados exclusivamente pela atividade empreendedora, com demais pessoas que não deveriam</p><p>suportar tais consequências.</p><p>Todos esses gastos e custos decorrentes da poluição - que o pai está tendo com seu filho, que a lavanderia</p><p>está tendo na nova lavagem das peças – denominamos de “Externalidades Negativas”. Trata-se de um prejuízo</p><p>sofrido e suportado por quem está fora do processo produtivo causador de prejuízos. Na contramão temos como</p><p>manobra de amenizar tais impactos a “Internalização das Externalidades Negativas” que é exatamente o fato da</p><p>empresa que está causando prejuízos ambientais e financeiros a outrem, internalizar no seu próprio custo de</p><p>produção as externalidades negativas.</p><p>Essa é a ideia do Principio Poluidor-Pagador, pagar para evitar que o dano aconteça (como por exemplo,</p><p>instalação de filtros na empresa), para evitar as externalidades negativas. E se por acaso a empresa não instalar os</p><p>filtros e com isso causar danos a terceiros deverá reparar tais danos.</p><p>(Temos com isso nesse princípio 02 (duas) acepções: prevenir e reparar, uma complementando a outra).</p><p>Como que esse princípio do Poluidor-Pagador aparece na Constituição Federal de 1988?</p><p>Podemos encontrar o referido princípio no Art. 225, §2º e §3º.</p><p>Art. 225 da CF:</p><p>(...)</p><p>§ 2º Aquele que explorar recursos minerais FICA OBRIGADO A RECUPERAR O MEIO AMBIENTE</p><p>DEGRADADO, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas</p><p>ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos</p><p>causados</p><p>Questão de Prova – Princípio do Poluidor Pagador – Assinale F ou V – Magistratura Federal: O</p><p>Princípio do Poluidor-Pagador amplamente</p><p>reconhecido no Direito Ambiental está única e</p><p>exclusivamente direcionado para a reparação do dano ambiental.</p><p>Alternativa Falsa – não podemos relacionar ao Princípio do Poluidor-Pagador somente a reparação do dano,</p><p>mas também temos que o vincular a ideida de prevenção.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>34</p><p>A orientação do Princípio do Poluidor-Pagador é pela internalização das externalidades ambientais</p><p>negativas nas atividades potencialmente poluidoras buscando evitar a socialização do ônus e a</p><p>privatização dos bônus.</p><p>Alternativa Verdadeira é exatamente o que nos quer transmitir o referido princípio.</p><p> Princípio do Usuário-Pagador</p><p>Quem é que paga?</p><p>Quem é o usuário?</p><p>Nesse princípio temos que quem irá realizar o pagamento será aquele que estiver utilizando recursos escassos.</p><p>O melhor exemplo que temos para esse princípio é a água.</p><p>Mas como assim pagar para usar a água?</p><p>Nós já temos em nossa lei de Politica Nacional de Recursos Hídricos Lei 9.433/97 (que será abordada</p><p>posteriormente) expressamente em seu artigo 1º, inciso II que a água é um recurso natural limitado, dotado de</p><p>valor econômico.</p><p>Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:</p><p>I - a água é um bem de domínio público;</p><p>II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;</p><p>Vejam que a lei coloca expressamente que água possui valor econômico e, mais a frente em seus incisos</p><p>explica que o valor econômico inserido ocorre devido sua escassez, visando evitar o desperdício, deixando claro a</p><p>interpretação de que quanto se valorar a água, de forma mais racional iremos usá-la.</p><p>É importante sabermos que essa lei não é aplicada de forma individual, mas sim para grandes volumes de</p><p>água. Os Comitês de Bacias Hidrográficas previsto na lei 9.433/97 já cobram pelo uso da água para desvios de</p><p>grandes volumes, como por exemplo, nas empresas que usam grandes quantidades de água para resfriar caldeiras,</p><p>etc., e com isso, pelo fato de ter que pagar pelo uso água consumida, tais empresas se obrigam a reutilizar o</p><p>máximo que podem os recursos hídricos.</p><p>Para que possamos diferenciar o Princípio do Usuário-Pagador do anteriormente estudado (Poluído-</p><p>Pagador) devemos nos lembrar de que o Poluidor-Pagador está mais ligado ao ilícito ambiental, a um dano</p><p>ambiental. Já no caso do Usuário-Pagador, não temos nenhum ato ilícito, vez que o consumo de água nada tem</p><p>de ilegal, contudo diante da escassez seu uso é cobrado.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>35</p><p>É um princípio mais amplo, chegando a englobar o princípio do poluidor-pagador. Segundo o referido</p><p>princípio, todos aqueles que se utilizam dos bens da natureza, devem pagar por eles, havendo degradação ou não,</p><p>já que os bens naturais possuem economicidade.</p><p>Saliente-se que é um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente “a imposição, ao poluidor e ao</p><p>predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização</p><p>de recursos ambientais com fins econômicos”, nos moldes do inciso VII, do artigo 4.º, da Lei 6.938/1981.</p><p> Princípio da Cooperação entre os Povos</p><p>Podemos fazer um link do referido princípio com:</p><p>- o Art. 4º, IX da CF/88;</p><p>- o Princípio 2 da Declaração do Rio de Janeiro de 2012</p><p>- o Principio da Ubiquidade;</p><p>O Princípio da cooperação entre os povos é muito importante em matéria de Direito Ambiental</p><p>Internacional, e citamos como exemplo o efeito estufa e aquecimento global.</p><p>Para compreender a dinâmica do princípio imaginemos a emissão de gases de efeito estufa pelo Brasil oriundos</p><p>da queima de madeira ilegal, entre outros.</p><p>Na sequência fazemos o seguinte questionamento:</p><p>Teremos esse efeito estufa ocorrendo somente em cima do território Brasileiro?</p><p>Logicamente não, pois o impacto e reflexo ambiental poderá ser sentido em outros locais do planeta.</p><p>Exatamente por esse motivo temos a questão do Princípio da Ubiquidade, que tem o sentido de onipresença do</p><p>impacto negativo ao meio ambiente, ou seja, dos efeitos gerais.</p><p>Em tempo frisamos: “poluição não reconhece, nem respeita fronteira política”.</p><p>Percebe-se que de nada adianta somente determinado país adotar medidas de proteção ambiental se o país</p><p>vizinho não os adotar. Por esse motivo existe a necessidade de que todos os povos atuem de forma a cooperar com</p><p>um meio ambiente equilibrado, estudando e aplicando medidas de prevenção e proteção.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>36</p><p> Princípio da Informação</p><p>O direito de acesso à informação é uma das principais prerrogativas para a efetivação do Estado Democrático</p><p>de Direito. No direito ambiental isso não seria diferente. A informação é essencial para a proteção do meio</p><p>ambiente e por zelar pela saúde da coletividade.</p><p>Em tempo, ressaltamos as considerações do Princípio 10 da Declaração do Rio (1992),</p><p>“(…) no nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de</p><p>que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em</p><p>suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar</p><p>e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos (…)”.</p><p>A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), no inciso V do art. 4º, igualmente relaciona a</p><p>informação ambiental como um de seus objetivos, que visa “(…) à divulgação de dados e informações ambientais</p><p>e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do</p><p>equilíbrio ecológico”.</p><p>Nessa linha, destacamos o Princípio da Informação e sua base no art. 5º, XXXIII da CF/88:</p><p>Art.5º da CF/88</p><p>XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de</p><p>interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas</p><p>aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei</p><p>nº 12.527, de 2011)</p><p>Temos mencionado na respectiva norma o direito à informação de interesse particular ou coletivo. Sendo</p><p>assim, o Meio Ambiente como se trata de Direito Difuso, entra nessa coletividade de forma mais ampla, a fim de</p><p>que todos tenham acesso às informações em matéria ambiental.</p><p>Devemos lembrar ainda que o art. 225, §1º, IV da CF, traz um exemplo recorrente em provas de Direito</p><p>Ambiental, que se trata do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (E.P.I.A).</p><p>Art.225, §1º, IV da CF/88</p><p>IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa</p><p>degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;</p><p>Consagra-se na norma que coletividade tem direito ao acesso de informações de modo que possa conhecer o</p><p>impacto que determinado empreendimento irá causar. Para isso, quando o empreendedor apresenta o Estudo</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>37</p><p>Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) ao órgão ambiental, dá-se a este a característica da publicidade, assim</p><p>qualquer pessoa que tiver interesse poderá ter acesso a esse documento, até mesmo para que possa participar do</p><p>processo de licenciamento, audiências públicas, etc.</p><p> Princípio da Obrigatoriedade de atuação (ou intervenção) estatal</p><p>O presente princípio possui correspondência com o art. 225, caput a CF/88, vez que este último menciona o</p><p>dever do Poder Público e da coletividade em defender e preservar o meio ambiente</p><p>para as presentes e futuras</p><p>gerações.</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e</p><p>essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e</p><p>preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>Verifica-se no artigo supra, a natureza indisponível do Meio Ambiente, na qual o Estado tem que atuar em</p><p>sua proteção, não cabendo a ele analisar discricionariamente quando e o que vai proteger.</p><p>Sobre as formas de defesa do meio ambiente o Poder Público possui vários instrumentos que viabilizam</p><p>essa proteção, como o Poder de Polícia e a Extrafiscalidade.</p><p>- Poder de Polícia – (Fiscalização, Multa, por exemplo, temos também o próprio procedimento de licenciamento</p><p>ambiental que seria um poder de policia preventivo, etc..);</p><p>- Extrafiscalidade – aumento e diminuição de tributos visando a preservação do Meio Ambiente;</p><p> Princípio da Participação Comunitária (ou democrática)</p><p>Diante do direito de acesso às informações ambientais, faz-se necessário franquear instrumentos de</p><p>participação comunitária no processo de formulação das políticas públicas ambientais. Em vez da submissão às</p><p>decisões prontas, é preciso que o cidadão participe do debate, da formulação, da execução e da fiscalização das</p><p>políticas públicas ambientais, em contribuição à democracia participativa.</p><p>Dispõe a Declaração do Rio (1992) em seu Princípio 10:</p><p>“(…) Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as</p><p>informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e</p><p>administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos”.</p><p>O tema assim como principio anterior também vem trabalhado no art. 225, caput da CF/88, quando o artigo</p><p>este faz menção ao dever da coletividade em relação à proteção e defesa do Meio Ambiente.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>38</p><p>Dica de PROVA – Muitas provas costumam colocar que é dever do Estado e faculdade da</p><p>coletividade a defesa e proteção do Meio Ambiente. CUIDADO! O candidato deve ser lembrar que</p><p>assim como o Estado a coletividade tem o dever de zelar pela Meio Ambiente, dever este previsto</p><p>expressamente na Constituição, sendo, portanto, uma obrigação e não uma faculdade.</p><p>Assim, como citamos, para o Estado podemos mencionar alguns instrumentos a serem utilizados pela</p><p>coletividade visando à proteção e preservação do Meio Ambiente:</p><p>- Ação Popular Ambiental – (art. 5º, LXXIII da CF/88) – qualquer cidadão pode ajuizar uma Ação</p><p>Popular em defesa do Meio Ambiente;</p><p>- Iniciativa de Lei – Art. 14, I, II e III da CF/88;</p><p>- Audiências Públicas (temos como uma das etapas do licenciamento ambiental). Momento no qual</p><p>a sociedade é chamada a participar, analisar o estudo prévio de impacto ambiental e levantar</p><p>questionamentos sobre o empreendimento, antes mesmo que ele começar a funcionar. São debates</p><p>muito importantes para que sejam ouvidas as manifestações e apresentações de dúvidas e sugestões</p><p>que podem a depender da pertinência até funcionar como condicionante para que o empreendimento</p><p>venha a se concretizar.</p><p>Vale lembrar que o principio da Participação Comunitária trabalha juntamente com o principio da</p><p>obrigatoriedade da atuação anteriormente mencionada. Na verdade os princípios se complementam, vez que o</p><p>Poder Público tem instrumentos de atuação em matéria ambiental e a sociedade também.</p><p>Em termos gerais, a participação comunitária se desdobra em três aspectos:</p><p> Esfera administrativa;</p><p> Esfera legislativa;</p><p> Esfera judicial.</p><p>Na esfera administrativa, o princípio se manifesta por meio de audiências e consultas públicas; com a</p><p>participação em órgãos colegiados (conselhos de meio ambiente); e no exercício do direito de petição aos órgãos</p><p>públicos ambientais.</p><p>Na esfera legislativa, aplicam-se os instrumentos clássicos elencados no art. 14 da Constituição Federal, a</p><p>saber: plebiscito, referendo e iniciativa popular de projeto de lei.</p><p>A participação na esfera judicial, observada a legitimidade para a propositura, ocorre por meio das ações</p><p>constitucionais, tais como mandado de segurança individual ou coletivo, a ação popular, o mandado de injunção.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>39</p><p> Princípio da Educação Ambiental</p><p>Inicialmente, cumpre compreendermos o conceito de Educação Ambiental.</p><p>Entende-se como Educação Ambiental :</p><p>“(…) os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores</p><p>sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação</p><p>do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua</p><p>sustentabilidade” (art. 1º, Lei nº 9.795/1999).</p><p>Além disso, a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo</p><p>estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e</p><p>não formal.</p><p>O princípio em comento funciona na verdade como uma regra bem clara no art. 225 da CF/88, mas as provas</p><p>costumam cobrar como princípio, estando mais especificamente no art. 225, §1º,VI da CF/88.</p><p>Art. 225, §1º, VI da CF/88:</p><p>VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a</p><p>preservação do meio ambiente;</p><p>Perceba-se que o Principio da Educação Ambiental funciona como base para o Princípio da Participação ou</p><p>Democrático. Só vai haver participação se primeiro houver a educação ambiental, nesse sentido, para que</p><p>possamos colocar em pratica e exercer o principio da participação é fundamental que a sociedade tenha acesso à</p><p>educação ambiental, educação esta que está expressamente prevista na Carta Magna e é dever do Estado.</p><p> Princípio da Função Socioambiental da propriedade</p><p>Com base no presente princípio, o art. 170, III da CF/88, dispõe que a propriedade deve cumprir a sua função</p><p>social, juntamente com sua função socioambiental, ou seja, sendo produtiva, mas igualmente respeitando as áreas</p><p>ambientalmente protegidas.</p><p>Dessa forma, é necessário consignar que a função social não limita o direito de propriedade. Ao reverso, a</p><p>função social é elemento essencial interno da propriedade, um conteúdo do direito de propriedade. Só se deve falar</p><p>em propriedade no ordenamento jurídico como função social.</p><p>A expressão “função socioambiental” nada mais é que a função social da propriedade com ênfase em seu</p><p>aspecto ambiental.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>40</p><p>A função socioambiental da propriedade urbana, no bojo constitucional, assenta-se no § 2º do art. 182 da</p><p>CF, enquanto a função socioambiental da propriedade rural é estabelecida no art. 186 da CF.</p><p>Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme</p><p>diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da</p><p>cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de</p><p>2016)</p><p>§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de</p><p>ordenação da cidade expressas no plano diretor.</p><p>Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios</p><p>e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:</p><p>I - aproveitamento racional e adequado;</p><p>II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;</p><p>III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;</p><p>IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.</p><p>Em síntese, o uso da propriedade,</p><p>urbana ou rural, somente se legitima com o cumprimento da função</p><p>socioambiental. Os critérios para o cumprimento da função social da propriedade urbana encontram-se no plano</p><p>diretor municipal (art. 182, § 2º) enquanto o da função social da propriedade rural está no art. 186 da</p><p>Constituição Federal.</p><p> Princípio da Vedação do retrocesso ecológico</p><p>O princípio da vedação ao retrocesso ambiental, que encontra fundamento na Declaração do Rio - quando</p><p>prescreve a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do meio ambiente - prevê que as normas</p><p>ambientais não devem ser flexibilizadas, sob pena de comprometer as conquistas até então alcançadas pela</p><p>legislação ambiental. Assim, tal princípio aponta que as leis ambientais deverão assumir caráter cada vez mais</p><p>protetivo.</p><p>Trata-se de um princípio que vem sendo muito debatido com relação à decisão do STF sobre Código Florestal</p><p>e sua constitucionalidade. O princípio como o próprio nome diz traz a ideia de que é vedada, ou seja, proibido a</p><p>diminuição da proteção ambiental, com isso seria impossível retroceder em matéria de direito ambiental.</p><p>A discussão envolvendo o Código Florestal foi a seguinte:</p><p>Atualmente a lei 12.651/12 é o nosso atual Código Florestal e para tanto revogou expressamente a Lei</p><p>4.771/65 (Código Florestal anterior). Ocorre que, a lei nova datada de 2012 é menos protetiva do</p><p>Meio Ambiente em alguns de seus artigos. Nesse contexto, observando a situação o Ministério</p><p>Público ajuizou algumas ações baseando-se no princípio da vedação ao retrocesso ecológico, alegando</p><p>entre outros pontos que o nível de proteção ambiental conquistado desde 1965 deveria ser mantido,</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>41</p><p>não podendo assim, lei nova diminuir essa proteção ambiental, devendo a norma posterior ser</p><p>considerada pela Suprema Corte como inconstitucional.</p><p>Todavia, o STF decidiu que em relação vigência e constitucionalidade do novo Código Florestal não seria</p><p>aplicado o princípio da vedação ao retrocesso ecológico, declarando ainda que todos os artigos pontuados pelas</p><p>ações seriam constitucionais, fundamentando sua decisão e alegando que, se o Poder Judiciário engessasse a</p><p>atuação do Poder Legislativo restaria caracterizada nítida invasão de um poder sobre o outro.</p><p> Princípio do Protetor-recebedor</p><p>O protetor-recebedor foi positivado com a Lei nº 12.305/2010, que o cristalizou como um dos princípios da</p><p>Política Nacional de Resíduos Sólidos.</p><p>Enquanto o princípio do usuário-pagador estabelece o pagamento pelo uso dos recursos naturais com fins</p><p>econômicos, o princípio do protetor-recebedor concede aos agentes que optam por medidas de proteção ao meio</p><p>ambiente benefícios econômicos, fiscais ou tributários.</p><p>Graças à adoção de práticas de preservação ambiental, esses agentes, sejam pessoas físicas ou jurídicas,</p><p>renunciam ao uso dos recursos naturais em benefício de toda a coletividade. Por essa razão, estabeleceu-se a</p><p>compensação econômica.</p><p>Nas palavras de Maurício Andrés Ribeiro:</p><p>“Trata-se de um fundamento da ação ambiental que pode ser considerado o avesso do</p><p>conhecido princípio usuário-pagador, que postula que aquele que usa um determinado</p><p>recurso da natureza pague por tal utilização. Para que serve sua aplicação? Serve para</p><p>implementar a justiça econômica, valorizando os serviços ambientais prestados</p><p>generosamente por uma população ou sociedade, e remunerando economicamente essa</p><p>prestação de serviços porque, se tem valor econômico, é justo que se receba por ela. A</p><p>prática desse princípio estimula a preservação e incentiva economicamente quem protege</p><p>uma área, ao deixar de utilizar os recursos de que poderia dispor”.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>42</p><p>O princípio traz à tona a ideia de incentivar economicamente aquele que proteger o Meio Ambiente, nesse</p><p>sentido, aqueles que protegerem o Meio Ambiente poderão ter uma compensação e gozar de benefícios concedidos</p><p>pelo Poder Público, através dos instrumentos de econômicos de proteção ambiental que foram muito reforçados na</p><p>Conferência Rio+20.</p><p>3. O Meio Ambiente na Constituição de 1988</p><p>A Constituição de 1988 é a primeira a destinar um capítulo próprio ao meio ambiente (Título VIII, Capítulo</p><p>VI). Contemplou um conjunto de comandos, obrigações e instrumentos para a efetivação do meio ambiente</p><p>ecologicamente equilibrado, como dever do Poder Público e da coletividade.</p><p>O Meio Ambiente é tratado em nossa Bíblia Política no capítulo que se inicia a partir do artigo 225 e é um</p><p>tema muito cobrado em provas.</p><p>Vejamos:</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e</p><p>essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e</p><p>preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:</p><p>I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e</p><p>ecossistemas; (Regulamento)</p><p>II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades</p><p>dedicadas à pesquisa e manipulação de material</p><p>genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)</p><p>III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem</p><p>especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada</p><p>qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua</p><p>proteção; (Regulamento)</p><p>IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa</p><p>degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará</p><p>publicidade; (Regulamento)</p><p>V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem</p><p>risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)</p><p>VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a</p><p>preservação do meio ambiente;</p><p>VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função</p><p>ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>43</p><p>§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de</p><p>acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas</p><p>ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos</p><p>causados.</p><p>§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a</p><p>Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que</p><p>assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos</p><p>naturais. (Regulamento) (Regulamento)</p><p>§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,</p><p>necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.</p><p>§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que</p><p>não poderão ser instaladas.</p><p>§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as</p><p>práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art.</p><p>215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio</p><p>cultural</p><p>brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais</p><p>envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)</p><p>Observação: quando falamos em Meio Ambiente e DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, não</p><p>podemos nos esquecer de outros artigos que tratam do tema, como por exemplo, o art. 170, previsto no Título VII</p><p>da Ordem Econômica e Financeira e fala sobre os princípios gerais da atividade econômica. Vejamos:</p><p>“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por</p><p>fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes</p><p>tópicos.</p><p>I - soberania nacional;</p><p>II - propriedade privada;</p><p>III - função social da propriedade;</p><p>IV - livre concorrência;</p><p>V - defesa do consumidor;</p><p>VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental</p><p>dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 42, de 19.12.2003)</p><p>VII - redução das desigualdades regionais e sociais;</p><p>VIII - busca do pleno emprego;</p><p>IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que</p><p>tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)”</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>44</p><p>Vejam que quando analisamos em conjunto a propriedade privada e a função social da propriedade os</p><p>autores de Constitucional e Ambiental falam que podemos perceber claramente a ideia do desenvolvimento</p><p>sustentável. (lembrar aqui dos 03 pilares mencionados anteriormente: econômico, ambiental e social).</p><p>Ao realizar a leitura atenta dos diapositivos legais verifica-se que o Código Florestal assim como as demais</p><p>leis ambientais não desapropriam os proprietários de suas propriedades, mas tão somente estabelecem limites a</p><p>utilização dessa área, limites estes que devem ser respeitados, sobre pena de sanção.</p><p>Com isso percebemos que o legislador constitucional e infraconstitucional, ao trazerem limitações aos</p><p>proprietários buscam proteger um bem que é de todos, e não somente daquele que tem a propriedade. Temos</p><p>configurado aqui a presença dos Direitos Difusos, ou seja, de toda a coletividade.</p><p>Além dos incisos II e III do art. 170 da CF/88, não podemos nos esquecer do inciso que trata da defesa do</p><p>meio ambiente. O mais interessante é que a Defesa do Meio Ambiente aparece como um dos princípios num</p><p>capítulo que trata da Ordem Econômica e Financeira. Diante dessa disposição estrutural da norma a leitura que</p><p>deve ser feita é que a Constituição vem a harmonizar esses valores e pilares do desenvolvimento sustentável,</p><p>visando desenvolvimento econômico, mas com sustentabilidade e proteção do meio ambiente.</p><p>Dica de PROVA – Lembre-se então da Defesa do Meio Ambiente como um Principio da</p><p>Ordem Econômica, previsto no art. 170 da CF/88. (Essa afirmação já foi cobrada várias vezes em</p><p>provas).</p><p>Além do artigo 170, temos também o artigo 186 da CF/88 que trata da propriedade rural, mencionado a</p><p>questão inerente à função social.</p><p>Art. 186. A FUNÇÃO SOCIAL É CUMPRIDA QUANDO a propriedade rural ATENDE,</p><p>SIMULTANEAMENTE, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes</p><p>requisitos:</p><p>I - aproveitamento racional e adequado;</p><p>II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;</p><p>III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;</p><p>IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.</p><p>Analisando o presente artigo, podemos perceber que em seu inciso I temos a vertente econômica, no inciso</p><p>II a vertente ambiental e no inciso III temos a vertente social. Nesse aspecto a propriedade somente cumpre sua</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>45</p><p>função social quando atende a esses 03 requisitos: econômico, ambiental e social. (exatamente os três pilares do</p><p>desenvolvimento sustentável).</p><p>Analisados os artigos acima, podemos finalmente trabalhar com o art. 225 da CF/88:</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO, bem de uso</p><p>comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever</p><p>de defendê-lo e preservá- lo para AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES.</p><p>Vejam que os pontos em destaque nos remetem novamente aos 03 pilares do desenvolvimento sustentável,</p><p>e que a expressão “presentes e futuras gerações” traz a ideia de equidade intergeracional, termo que vem sendo</p><p>muito utilizado pelo STF em alguns julgados, fazendo referência à equidade entre gerações.</p><p>Já CAIU. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: CESPE - 2017 - PC-GO - Delegado de</p><p>Polícia Substituto. No que concerne à Constituição Federal de 1988 (CF) e ao meio ambiente, assinale a opção</p><p>correta.</p><p>A. Entende-se a previsão constitucional de um meio ambiente ecologicamente equilibrado tanto como um direito</p><p>fundamental quanto como um princípio jurídico fundamental que orienta a aplicação das regras legais.</p><p>B. O princípio da livre iniciativa impede que o poder público fiscalize entidades dedicadas à pesquisa e à</p><p>manipulação de material genético.</p><p>C. O estudo prévio de impacto ambiental será dispensado nos casos de obras públicas potencialmente causadoras</p><p>de significativa degradação ambiental quando elas forem declaradas de utilidade pública ou de interesse social.</p><p>D. Os espaços territoriais especialmente protegidos, definidos e criados por lei ambiental, poderão ser suprimidos</p><p>por meio de decreto do chefe do Poder Executivo municipal para permitir a moradia de população de baixa renda</p><p>em área urbana.</p><p>E. A competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas é concorrente</p><p>entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, de modo que a ação administrativa do órgão</p><p>ambiental da União prevalece sobre a ação dos demais entes federativos.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>46</p><p>Gabarito – A.</p><p>Já CAIU. Ano: 2014 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2014 - MPE-SC - Promotor</p><p>de Justiça – Vespertina. Texto associado. Em caso de infração às normas ambientais, a Constituição Federal</p><p>assegura a possibilidade de tripla responsabilização: penal, civil e administrativa.</p><p>Certo</p><p>Errado</p><p>Gabarito – C.</p><p>Já CAIU. Ano: 2006 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público. Na</p><p>Constituição Federal, em matéria ambiental, são expressamente previstos como patrimônio nacional, além da Serra</p><p>do Mar, da Floresta Amazônica brasileira e do Pantanal Mato-Grossense,</p><p>A. a Zona Costeira e a Caatinga.</p><p>B. o Cerrado e a Caatinga.</p><p>C. a Caatinga e a Mata Atlântica.</p><p>D. a Zona Costeira e a Mata Atlântica.</p><p>E. o Cerrado e a Mata-Atlântica.</p><p>3.1 Competências Constitucionais</p><p>Quando falamos de competências constitucionais, lembrando-se do Direito Constitucional, duas competências</p><p>devem ser mencionadas: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA e COMPETÊNCIA MATERIAL (ou Administrativa).</p><p>Entende-se por competência administrativa ou material aquela que determina o campo de atuação político-</p><p>administrativa de cada ente federativo. Em outras palavras, no Direito Ambiental a competência administrativa é</p><p>representada, por exemplo, pelo poder de polícia ambiental, pelo licenciamento ambiental etc.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>47</p><p>A competência legislativa, formal ou legiferante, exercida pelo Poder Legislativo, é a capacidade de editar</p><p>leis. No direito ambiental as discussões mais significativas</p><p>versam sobre a competência material comum da União,</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e a competência legislativa concorrente da União, Estados e</p><p>Distrito Federal (art. 24).</p><p>Observem que se trata de tema de grande importância, seja para a realização de provas e concursos públicos,</p><p>seja na prática. Em tempo mencionamos que caso haja a invasão de Ente Federado na competência de outro Ente</p><p>Federado em questão de matéria legislativa, estaremos diante de inconstitucionalidade. Já na parte de competência</p><p>material (ou Administrativa) teremos as questões ligadas à Licenciamento Ambiental, Poder de Polícia em matéria</p><p>ambiental, entre outros temas.</p><p>3.1.1 Competência Legislativa</p><p>a) Exclusiva: quando é atribuída a um ente federado com exclusão dos demais;</p><p>Exemplo: Art. 25 da CF/88 – Competência Exclusiva do Estado</p><p>Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os</p><p>princípios desta Constituição.</p><p>§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.</p><p>§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,</p><p>na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 5, de 1995)</p><p>§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações</p><p>urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a</p><p>organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.</p><p>b) Privativa: quando caracterizada como própria de um Ente Federado, com possibilidade, no entanto,</p><p>de delegação e de competência suplementar. Vale mencionar que a diferença entre a competência</p><p>exclusiva e privativa, se encontra na possibilidade de delegação da segunda, o que não ocorre com a</p><p>competência exclusiva. Como competências privativas temos as elencadas no art. 22 da CF/88.</p><p>Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:</p><p>(...) inciso I ao XXIX</p><p>c) Concorrente: aqui dois elementos fundamentais: (I) possibilidade de disposição sobre o mesmo</p><p>assunto por mais de uma entidade federativa; (II) primazia da União no que tange à fixação de</p><p>normas gerais.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>48</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre:</p><p>(...) inciso I ao XVI</p><p> Aprofundamento:</p><p>Se todos os Entes legislarem ao mesmo tempo como ficará a organização das leis? Como fica a</p><p>organização legislativa entre os Entes Federados?</p><p>Sempre que falarmos sobre competência concorrente, é de suma importância lembrar que a União estabelece</p><p>normas gerais, podendo posteriormente os Estados e Municípios suplementar essas normas.</p><p>d) Suplementar: poder de formular normas que especifiquem o conteúdo genérico das normas gerais</p><p>ou que supram a ausência ou omissão destas.</p><p>Art. 30. Compete aos MUNICÍPIOS:</p><p>I - legislar sobre assuntos de interesse local;</p><p>II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;</p><p>Art. 24, §2º da CF/88:</p><p>(…)</p><p>§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos</p><p>Estados.</p><p>Quando falamos no art. 24 da Constituição Federal é importante lembrar que a União estabelecerá normas</p><p>gerais. Os Estados por sua vez poderão complementar essa norma geral.</p><p>Segue abaixo provocações interessantes sobre o tema.</p><p>O que ocorre quando não houver norma geral da União sobre determinado tema?</p><p>O Estado poderá legislar sobre os temas em que a União não se manifestou?</p><p>Nesses casos de omissão legislativa da União, “Sim”, o Estado poderá legislar sobre o</p><p>tema e, isso ocorre devido à competência legislativa plena, conforme dispõe artigo 24,§3º</p><p>da CF/88:</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE</p><p>sobre:</p><p>(...)</p><p>§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados EXERCERÃO A COMPETÊNCIA</p><p>LEGISLATIVA PLENA, para atender a suas peculiaridades.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>49</p><p>Se, posteriormente a norma Estadual, a União resolve legislar sobre o tema antes por</p><p>ela não tratado como fica a validade da norma estadual?</p><p>Ainda terá validade?</p><p>Como se proceder nesses casos de lei federal posterior a lei estadual?</p><p>Aqui muito CUIDADO com pegadinha de prova. Muitas pessoas acham que a lei federal</p><p>posterior revoga a lei estadual sobre o mesmo tema, mas prestem atenção, não é isso o</p><p>previsto na Constituição.</p><p>O que temos na verdade é a suspensão da eficácia da norma estadual no que ela for</p><p>contrária a lei federal posterior. (vejamos o §4º do art. 24 da CF/88).</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:</p><p>(...)</p><p>§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa</p><p>plena, para atender a suas peculiaridades.</p><p>§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais SUSPENDE A EFICÁCIA DA LEI</p><p>ESTADUAL, NO QUE LHE FOR CONTRÁRIO.</p><p>Nesse sentido o que temos é a “suspensão da eficácia da lei anterior no que for contraria” e não a sua</p><p>revogação.</p><p>Mas qual seria a diferença entre Suspender a eficácia de uma norma e revogar?</p><p>Quando falamos em revogação a norma revogada sai do mundo jurídico, não existindo</p><p>mais. Quando falamos em suspensão ela ainda existe, contudo não produz efeito.</p><p>O que ocorreria com a norma estadual se esta fosse “revogada” em decorrência de</p><p>norma federal posterior e esta posteriormente fosse revogada? Ela voltaria “valer”?</p><p>NÃO. E isso ocorre porque não temos a chamada repristinação.</p><p>Mas vejam que falamos em SUSPENSÃO DA EFICÁCIA da lei estadual, e não em</p><p>revogação. Sendo assim, fica outro questionamento:</p><p>O que ocorre com a norma estadual que teve sua eficácia suspensa em decorrência de</p><p>norma federal posterior, quando esta ultima é revogada? Ela volta a ter sua eficácia,</p><p>voltaria a “valer”?</p><p>SIM. Ocorrendo a revogação da Lei Federal que suspendeu a eficácia da lei estadual</p><p>anterior, esta volta a ter sua eficácia.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>50</p><p>Dica de PROVA – Cuidado !!!</p><p>É fundamental que ser tenha em mente que as situações de SUSPENSÃO e REVOGAÇÃO</p><p>possuem consequências diferentes.</p><p>Após essa explanação sobre alguns conceitos e classificações relacionadas ao Direito Constitucional, é</p><p>necessário estudarmos aquilo que vem sendo cobrado com frequência em provas de Direito Ambiental: a</p><p>competência para legislar sobre proteção do Meio Ambiente.</p><p>Qual dos tipos de competência legislativa apresentadas é a que será aplicada?</p><p>Exclusiva, Privativa, Concorrente ou Suplementar?</p><p>No que tange a essa competência, podemos afirmar que, no âmbito de matéria afeta ao Direito Ambiental,</p><p>será aplicada a competência legislativa concorrente, conforme dispõe o art. 24, VI da CF/88:</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:</p><p>(..)</p><p>VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção</p><p>do meio ambiente e controle da poluição;</p><p>Dica de PROVA</p><p>Lembrar então que alguns dos Entes Federativos podem legislar sobre a proteção do Meio</p><p>Ambiente.</p><p> QUESTÃO DE PROVA – Pode o município legislar sobre o Meio Ambiente?</p><p>Observem que o Município não aparece no texto do art. 24, “caput” da CF/88, sendo somente</p><p>mencionado pelo constituinte, a União, os Estados e o Distrito Federal.</p><p>Mas ao analisarmos o caso concreto muito de vocês irão conhecer alguma lei municipal sobre o</p><p>meio ambiente, como por exemplo, o uso de sacolas plásticas, entre outros.</p><p>Mas como que o município legisla sobre tal matéria se ele não está elencado no caput do art.</p><p>24 da CF/88?</p><p>Dica de PROVA - Temos então aqui outra dica de prova.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>51</p><p>O município não está elencado no caput do artigo 24 da CF/88, porém está mencionado no art. 30</p><p>do mesmo ordenamento, possuindo, portanto, competência suplementar para tratar de tais matérias.</p><p>Art. 30. Compete aos Municípios:</p><p>I - legislar sobre assuntos de interesse local;</p><p>II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;</p><p>Contudo é importante o candidato verificar com cautela como o assunto está sendo cobrado em provas,</p><p>vejamos:</p><p>- Competência Concorrente – União, Estados e Distrito Federal – art. 24 caput da CF/88;</p><p>- Competência Suplementar – Município – art. 30 da CF/88.</p><p>Dica de PROVA Questão 01 – União, Estados, Distrito Federal e</p><p>Municípios podem legislar sobre proteção do Meio Ambiente com base na</p><p>competência concorrente do art. 24, caput da CF/88. (ERRADA)</p><p>O município não está presente no art. 24 caput da CF/88, é SOMENTE mencionado</p><p>na competência suplementar do art. 30 da CF/88.</p><p>Dica de PROVA Questão 02 – União, Estados, Distrito Federal e</p><p>Municípios podem legislar sobre proteção do Meio Ambiente. (CORRETA)</p><p>Veja que a afirmativa não faz menção expressa a nenhum tipo de competência e</p><p>nenhum artigo de lei. Nesse sentido pode ser considerada uma afirmativa verdadeira.</p><p>3.1.2 Competência Material (ou Administrativa)</p><p>Assim como trabalhamos com a Competência Legislativa, vamos trabalhar agora com a Competência Material,</p><p>e para isso é necessário mencionar que no tocante a essa competência, temos 02 tipos a serem apresentados:</p><p>a) Exclusiva: quando é atribuída a uma entidade com exclusão das demais</p><p>Exemplo: alguns temas no art. 21 da CF/88.</p><p>b) Comum: consiste na atuação conjunta de Entes Federados para a prática de determinados atos,</p><p>sem que a iniciativa de uma venha a macular a competência do outro.</p><p>Exemplo: alguns temas no art. 23 VI e VII da CF/88.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>52</p><p>Dica de PROVA - Atenção a um dos pontos mais cobrados em provas.</p><p> Quem poderá atuar administrativamente em matéria de proteção ambiental?</p><p>Aqui vale uma dica para prova: o que seria melhor ao Meio Ambiente? Que somente</p><p>um Ente legislasse sobre a proteção do Meio Ambiente (competência exclusiva), ou</p><p>que todos os Entes atuem fiscalizando, se fazendo valer do poder de polícia</p><p>(competência comum)?</p><p>Logicamente é mais favorável ao Meio Ambiente que todos possam atuar em sua proteção,</p><p>conforme está previsto no art. 23 da CF/88.</p><p>Esquematizando</p><p>COMPETÊNCIA LEGISLATIVA COMPETÊNCIA MATERIAL (ADMINISTRATIVA)</p><p>Todos os Entes poderão legislar sobre a</p><p>proteção do Meio Ambiente.</p><p>Todos os Entes poderão atuar em proteção do Meio</p><p>Ambiente</p><p>U, E e DF – forma concorrente;</p><p>Municípios – forma suplementar;</p><p>U, E, DF e Municípios – competência comum</p><p>Dica de PROVA – Muito cuidado para não confundir Competência Comum,</p><p>com Competência concorrente.</p><p>Os candidatos devem ter em mente que a competência concorrente é uma competência</p><p>para “legislar sobre”, já a competência comum é uma competência material/administrativa,</p><p>e não legislativa. Sendo assim, por exemplo, não existe competência concorrente comum, o</p><p>que temos é legislativa concorrente. (somente concorrente)</p><p>Ao realizar a leitura da Constituição, como saber se em determinada norma está</p><p>descrito a competência de legislar ou a material/administrativa?</p><p>Quando a Constituição Federal quer tratar da competência legislativa, ela dispõe</p><p>expressamente “legislar sobre”. Noutro vértice, quando a Constituição nada fala em</p><p>determinado artigo ela está sinalizando para a competência matéria.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>53</p><p>Exemplo:</p><p>Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:</p><p>Vale mencionar ainda que quando o art. 23 da CF/88 fala da competência comum entre todos os Entes</p><p>Federados, mais especificamente em seu paragrafo único, ela está falando na verdade do federalismo</p><p>cooperativo, ou seja, da cooperação entre os entes federados para atuação em temas de competência comum.</p><p>Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:</p><p>(...)</p><p>Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os</p><p>Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do</p><p>bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)</p><p>Trata-se de competência material comum repartida entre os entes da federação para o cumprimento de</p><p>tarefas em forma de cooperação. Na leitura podemos ver que leis complementares irão organizar a atuação dos</p><p>entes federados nos termos do artigo 23 da CF/88, e o Meio Ambiente consta do referido artigo como objeto de</p><p>competência comum. Há, portanto a necessidade (determinação constitucional,) de lei complementar ambiental</p><p>para organizar e definir a atuação dos entes federados, e essa lei existe, é a Lei Complementar 140 de 08 de</p><p>dezembro de 2011.</p><p>“Lei Complementar 140, de 08 de dezembro de 2011, que fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do</p><p>caput e do paragrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre União, os Estados, o</p><p>Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum</p><p>relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente e, ao combate a poluição</p><p>em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei n.º 6.938, de 31</p><p>de agosto de 1981”.</p><p>A presente lei é útil principalmente na questão referente ao Licenciamento Ambiental, para que possamos</p><p>saber qual órgão é responsável pelo processo de licenciamento ambiental de determinadas atividades.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>54</p><p>Observação: quando a Constituição Federal menciona que todos os entes podem atuar na competência</p><p>comum do art. 23 caput, isso não significa que eles irão atuar todos ao mesmo tempo. A atuação ocorrerá de</p><p>forma sistemática e organizada, sem que um interfira na competência do outro.</p><p>Exemplo: Quem poderá multar/autuar, uma empresa poluidora? A União, o Estado, ou o Município?</p><p>A resposta é depende. Tudo irá depender do caso concreto apresentado, podendo ser qualquer um dos entes o</p><p>competente para a autuação ou aplicação de multa. Entretanto, independentemente de qual seja ente</p><p>responsável pela aplicação de possível multa, não podemos admitir que uma empresa ou empreendimento</p><p>seja multado/autuado em decorrência do mesmo ilícito ambiental por entes federados de esferas diversas, se</p><p>assim fosse estaríamos diante de verdadeiro bis in idem.</p><p>3.2. Análise do artigo 225 da Constituição Federal – Meio Ambiente.</p><p>CAPÍTULO VI</p><p>DO MEIO AMBIENTE</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e</p><p>essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e</p><p>preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>É de se verificar que temos na CF/88 um capítulo específico tratando do Meio Ambiente, e esse capítulo se</p><p>resume exclusivamente ao artigo 225, contudo o mesmo possui vários incisos e parágrafos que carecem de leitura</p><p>atenta.</p><p>Importante ressaltar que o artigo faz menção à palavra “todos”, o que nos remete</p><p>a natureza difusa do meio</p><p>ambiente, sendo este de interesse de toda a coletividade. Lembramos que a Constituição não proíbe o uso de</p><p>recursos naturais, conforme já mencionado, vez eles podem ser utilizados por todos, contudo de maneira</p><p>equilibrada.</p><p>Outro ponto interessante que o artigo nos traz é que, PRESERVAR E PROTEGER o Meio Ambiente é</p><p>dever do Estado (Princípio da Obrigatoriedade de intervenção estatal) e da coletividade (Princípio da Participação</p><p>ou Democrático).</p><p>No que tange expressão “presentes e futuras gerações” fazemos referencia à da equidade intergeracional,</p><p>que visa a qualidade ambiental não só para as presentes, mas também para as futuras gerações.</p><p>Cumpre ratificar que o Meio Ambiente é classificado como Direito Difuso e de 3ª Geração/Dimensão.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>55</p><p>É preciso nesse momento que analisemos as diferenças e semelhanças entre: interesse coletivo e interesse</p><p>difuso.</p><p>A semelhança entre eles decorre pelo fato de que ambos são interesses transindividuais e vão além do</p><p>interesse do indivíduo, nesse sentido, em um dos polos da relação jurídica temos mais de um interessado.</p><p>Analisando as diferenças entre os interesses, verifica-se que no interesse coletivo temos sujeitos</p><p>determinados ou determináveis, direitos que pertencem a grupo, categorias ou classes. (Ex: Sindicatos, etc).</p><p>Noutro vértice, quando falamos em interesse difuso temos sujeitos indeterminados ou indetermináveis, sendo</p><p>assim o interesse abrange número indeterminável de pessoas. (Ex: Meio Ambiente).</p><p>Sobre Geração, podemos alocar o Meio Ambiente como Direito de 3ª geração, onde temos a coletividade</p><p>em evidência e onde se destaca também os Direitos de Solidariedade e Fraternidade.</p><p>Passamos agora a analisar inciso por inciso do art. 225, contudo é importante que o candidato tenha</p><p>em mente que as normas positivadas na Carta Magna são amplas e muitas vezes serão complementadas por</p><p>legislação infraconstitucional, objetivando regulamentar situações mais especificas.</p><p>§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:</p><p>I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;</p><p>(Regulamento)</p><p>No tocante ao processo ecológico essencial, podemos dizer que este está relacionado com o conceito de meio</p><p>ambiente e a relação existente entre elementos Bióticos e Abióticos. Já o manejo nos remete a utilização racional e</p><p>adequada dos recursos naturais.</p><p>(OBS: No Código Florestal temos o Manejo Florestal Sustentável: que seria, por exemplo, a retirada de</p><p>vegetação de terminado local (que seria utilizado para outros fins), mas de forma organizada e não</p><p>simplesmente realizar o desmatamento de forma desordenada, com o “arrastão” de tratores e correntes, por</p><p>exemplo).</p><p>A par disso é essencial mencionar que a CF/88 não fala somente em manejo florestal sustentável, mas sim de</p><p>manejo ecológico, devendo então a prática da preservação e cuidado ser estendia a todas as áreas ligadas ao meio</p><p>ambiente.</p><p>II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e</p><p>manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento)</p><p>O que integra o patrimônio genético do país?</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>56</p><p>Teríamos a fauna, a flora, o ecossistema, etc. Sobre o tema, temos na legislação nacional ambiental a</p><p>Lei de Biossegurança, Lei 11.105/2005 (que trata da utilização de material genético, da divisão de</p><p>recursos com a população tradicional que sabe como manusear determinado tipo de planta, etc.) e a</p><p>Lei do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – Lei 9.985/2000 (que</p><p>trata das áreas ambientalmente protegidas, parques nacionais, reservas biológicas, reservas</p><p>extrativistas, etc) que seriam 02 exemplos de regulamentam e detalham o inciso II do art. 225 da</p><p>CF/88.</p><p>III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a</p><p>alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que</p><p>justifiquem sua proteção; (Regulamento)</p><p>PONTO MUITO COBRADO EM PROVAS !</p><p>Trata o inciso, da obrigatoriedade de proteção especial de espaços que, pela sua relevância</p><p>ambiental deve ser protegido pelo Poder Público e pela legislação. Exemplos de leis que</p><p>detalham o inciso III do art. 225 da CF/88:</p><p>- Lei 12.651/2012 – Código Florestal</p><p>Exemplo: APP- área de preservação permanente e ARL – área de Reserva Legal</p><p>- Lei 9.985/2000 – Lei SNUC</p><p>Exemplo: Unidades de Conservação</p><p>Obs: As áreas acima são as áreas ambientalmente protegidas mais cobradas nas</p><p>provas de Direito Ambiental, e serão analisadas mais profundamente quando do</p><p>estudo específico das leis mencionadas.</p><p>Questionamento sobre o tema – Pode o Poder Público diminuir o tamanho de uma</p><p>área ambientalmente protegida? Pode o Poder Público suprimir uma área</p><p>ambientalmente protegida?</p><p>De acordo com o inciso II do art. 225 da CF/88, a redução do tamanho de uma área</p><p>ambientalmente protegida é possível, assim como a supressão, contudo, ambas as situações</p><p>deverão ser realizadas somente por meio de Lei, e com a condição de que seja vedada</p><p>qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua</p><p>proteção.</p><p>Lembrando ainda que essa LEI mencionada é a lei em sentido formal, não sendo apta para</p><p>essa supressão ou diminuição de área, medida provisória, decretos, etc.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>57</p><p>Questionamento – A criação/instituição de uma área protegida, como se dá? Pode ser</p><p>realizada através de Decreto (Poder Executivo) ou somente por meio de Lei (Poder</p><p>Legislativo)?</p><p>Diante do seguinte questionamento, temos duas interpretações a serem dadas:</p><p>1ª Interpretação: se a Constituição fala que suprimir e alterar uma área ambientalmente</p><p>protegida é somente através de Lei, a criação de uma área ambientalmente protegida que é</p><p>um ato muito mais importante somente poderia ser feita também através de lei.</p><p>2ª Interpretação: para a segunda interpretação devemos interpretar a Constituição de</p><p>acordo com a proteção do Meio Ambiente, em benefício da proteção deste. Assim sendo,</p><p>quanto mais instrumentos de criação de área protegida melhor para o Meio Ambiente e</p><p>para o interesse difuso. Com isso a criação de área ambientalmente protegida, pode</p><p>realizada sem problemas por meio de Lei, Decreto, etc., vez que é mais benéfico ao Meio</p><p>Ambiente, além do inciso III não vedar ou limitar a criação por meio distinto de lei.</p><p>(adotada). Constituição é silente quanto à forma de criação.</p><p>Obs 1: Todavia, uma vez criada uma Unidade de Conservação Ambiental por Decreto, no</p><p>momento que houver a necessidade de diminuir ou suprimir a respectiva área, deverá se</p><p>realizar através de Lei, vez que assim dispõe expressamente a CF/88 conforme visto.</p><p>Obs 2: temos na Lei SNUC a presença do termo “alterar” para representar a diminuição do</p><p>tamanho de uma unidade de conservação, e “suprimir” como desafetar. (ex: desafetação de</p><p>unidade de conservação).</p><p>IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio</p><p>ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)</p><p>PONTO MUITO COBRADO EM PROVAS !</p><p>O que temos que entender sobre Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA)?</p><p>No procedimento de Licenciamento Ambiental de atividades que irão utilizar recursos naturais</p><p>e que são potencialmente impactantes no meio ambiente, a empresa</p><p>que queria exercer suas</p><p>atividades precisará da autorização estatal, ou seja, do consentimento do Poder Público. Para</p><p>que se tenha esse consentimento é necessário que o empreendedor leve ao conhecimento da</p><p>Administração Pública um estudo prévio, avaliando e apontando quais os impactos ambientais</p><p>poderão ser causados, antes mesmo do inicio de qualquer obra (instalação ou operação).</p><p>O Poder Público irá então analisar o estudo (EPIA) e verificar a viabilidade de autorizar ou não</p><p>a atividade.</p><p>Em linhas gerais o EPIA é extremamente relevante para o Poder Público, vez que possui o</p><p>condão de dar ao órgão ambiental (federal, estadual ou municipal) informações e dados sobre</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>58</p><p>quais serão os impactos do empreendimento no Meio Ambiente. Registra-se ainda que, a partir</p><p>desses estudos, os órgãos ambientais poderão pedir complementações, inserir condicionantes</p><p>nas licenças ambientais, que deverão ser cumpridas pela parte interessada.</p><p>Para que possamos entender o estudo prévio de impacto ambiental é necessário mencionar que</p><p>temos também a chamada Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, todavia esta funciona</p><p>como gênero.</p><p>Explicamos:</p><p>Toda atividade que utilize de recurso natural e que tenha algum impacto sobre o</p><p>meio ambiente deve apresentar uma avaliação de impacto ambiental (AIA). No</p><p>entanto, existem graus diferentes de impacto ambiental, podendo estes ser de grande,</p><p>médio ou pequeno impacto. Diante dessa gradação, temos estudos diferentes para</p><p>cada situação, sendo, portanto os estudos mais complexos destinados a esclarecer e</p><p>apresentar dados sobre atividades de grandes impactos, e os estudos mais</p><p>simplificados para as atividades de pequenos impactos.</p><p>Vejamos:</p><p>- Estudos Ambientais Simplificados;</p><p>- Plano de Recuperação de Área Degradada;</p><p>- Estudo Prévio de Impacto Ambiental;</p><p>- Etc...</p><p>(*observem que o EPIA é uma espécie do gênero Avaliação de Impacto Ambiental).</p><p>Curiosidade:</p><p>Porque o Estudo Prévio de Impacto Ambiental é o estudo de impacto mais cobrado em provas de</p><p>Direito Ambiental?</p><p>Essa frequente cobrança em certames a respeito do EPIA deriva da expressa previsão constitucional do</p><p>referido estudo, além disso, este é utilizado nos casos de atividades de significativo/grande impacto</p><p>ambiental. Vale ainda lembrar que o EPIA não é exigido para todos os tipos de atividades que pretendem ser</p><p>licenciadas, mas tão somente para as atividades de considerável impacto. (estudo mais complexo).</p><p>Curiosidade: Existem estudos de impacto ambiental que demoram mais de um ano para serem concluídos,</p><p>vez que não raras vezes dependem de análises climáticas, cheias de rios, chuvas, sol, etc., além de exigir</p><p>estudos de vários profissionais de diversas áreas. (ex: transposição do Rio São Francisco).</p><p>Outra informação de grande relevância ligada ao EPIA é a questão de sua PUBLICIDADE, fazendo valer o</p><p>Princípio da Informação já estudado, oportunizando que toda sociedade tenha participação. A sociedade só</p><p>poderá participar em matéria ambiental e proteção do meio ambiente se conhecer e tiver acesso às</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>59</p><p>informações, com isso é imprescindível que se dê publicidade a esse estudo prévio de impacto ambiental a</p><p>todos, para possíveis questionamentos e sugestões da comunidade.</p><p>Ainda sobre EPIA, registramos que para que este possa ser compreendido e analisado de forma clara por</p><p>todos, é necessário que seja encaminhado conjuntamente o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental, que é a</p><p>“tradução” do EPIA, ou seja, é a descrição simplificada explicativa do Estudo Prévio de Impacto Ambiental.</p><p>Dica de PROVA – Questão de Prova – Procurador Federal - CESPE</p><p>O estudo de impacto ambiental e o seu relatório rima, são documentos técnicos de</p><p>caráter sigiloso, de forma a impedir dano as empresas concorrentes da obra pública</p><p>em estudo.</p><p>ERRADO. Obviamente que não, vez que a função de tais documentos é justamente dar</p><p>publicidade e acesso a toda a coletividade, assim como ao Poder Público.</p><p>V - CONTROLAR a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a</p><p>qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)</p><p>Muitos autores relacionam esse inciso com o Princípio do Limite. Nesse princípio temos que o Poder</p><p>Público coloca nas normas ambientais a partir de estudos técnicos (limites para poluição, para o impacto na água,</p><p>quantidade de partículas enviadas para o ar, etc..) definindo assim certos padrões de qualidade ambiental e, a partir</p><p>desses limites fiscaliza se as atividades estão dentro desse padrão, cumprindo fixado.</p><p>VI - promover a EDUCAÇÃO AMBIENTAL em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio</p><p>ambiente;</p><p>Trabalha-se o inciso com o chamado Principio da Educação Ambiental.</p><p>Para que haja participação da sociedade no Meio Ambiente (aplicação do Princípio da Participação ou</p><p>Democrático), é necessário que se tenha conhecimento do tema, para tanto é fundamental o acesso à educação</p><p>ambiental em todos os níveis de ensino.</p><p>Vale mencionar ainda que a matéria de Meio Ambiente se aloca de maneira transversal dentro das grades</p><p>escolares, vez que não temos uma matéria especifica de sobre o tema, todavia é inserido dentro de outras matérias,</p><p>podendo aparecer como exemplos, ou como conteúdo específico.</p><p>VII - proteger a FAUNA E A FLORA, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem</p><p>a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)</p><p>INCISO POLÊMICO – ATENÇÃO:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>60</p><p>O respectivo inciso dever ser analisado conjuntamente com o §7º do art. 225 da CF/88 que foi inserido</p><p>recentemente por uma emenda constitucional.</p><p>Temos como exemplo de Lei que regulamenta e detalha o inciso VII, a lei de Crimes Ambientais – Lei</p><p>9.605/98, onde encontramos várias normas penais que dispões sobre crimes ambientais.</p><p>Exemplo: Art. 32 da Lei 9.605/98 – pontua muito bem a situação de vedação da pratica de</p><p>crueldade contra animais.</p><p>Art. 32. PRATICAR ATO DE ABUSO, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou</p><p>domesticados, nativos ou exóticos:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>§ 1º Incorre nas mesmas penas quem REALIZA EXPERIÊNCIA DOLOROSA OU CRUEL EM ANIMAL</p><p>VIVO, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.</p><p>§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.</p><p>Além disso, temos também várias decisões do STF utilizando o inciso VII do art. 225 da CF/88 como</p><p>fundamento legal de suas decisões: declaração de inconstitucionalidade de lei que trata sobre a Briga de Galos;</p><p>famosa Farra do Boi; etc..</p><p>Posicionamentos divergentes</p><p>É, portanto, fundamental observar nessas decisões que temos 02 argumentos</p><p>constitucionais envolvendo a questão:</p><p>- a proteção do Meio Ambiente;</p><p>- a proteção e direito à cultura, previsto no art. 215 e 216 da CF/88 (para aqueles que</p><p>defendem as rinhas de galo, farra do boi e vaquejadas, etc..)</p><p>§ 2º Aquele que explorar RECURSOS MINERAIS fica obrigado a RECUPERAR O MEIO AMBIENTE DEGRADADO, de acordo</p><p>com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.</p><p>Esse inciso está ligado ao principio do Poluidor-Pagador, já mencionado e fala da recuperação do meio</p><p>ambiente degradado e da obrigação daquele que causa o dano em reparar.</p><p>Importante ressaltar a menção expressa dos recursos minerais relativos às atividades de mineração,</p><p>reconhecendo então a Constituição o impacto negativo dessa atividade no Meio</p><p>Ambiente. Por esse motivo no</p><p>momento do licenciamento ambiental de atividades desse tipo, exige-se do empreendimento minerário a</p><p>elaboração do PRAD, documento que traz o plano de recuperação da área degradada.</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções</p><p>PENAIS E ADMINISTRATIVAS, independentemente da obrigação de REPARAR OS DANOS CAUSADOS.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>61</p><p>PONTO MUITO COBRADO EM PROVAS !</p><p>No §3º temos a chamada tríplice responsabilização ambiental, momento no qual temos a responsabilização</p><p>do autor dos danos sujeitando-o as sanções correspondentes na esfera Penal e Administrativa,</p><p>independentemente da reparação dos danos causados (Cível).</p><p>Nesse sentido, a mesma conduta praticada pelo agente infrator pode ser objeto de responsabilização nas três</p><p>esferas mencionadas, não sendo considerado como bis in idem. O que não poderia ocorrer seria a aplicação de</p><p>sanções da mesma esfera por órgãos com competências diferentes. (U, E, DF, ou M).</p><p>§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são</p><p>patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,</p><p>inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.</p><p>Temos destacados os 05 biomas (macrorregiões) previstas na CF/88 como patrimônio nacional. É importante</p><p>mentalizar todos esses 05 biomas, vez que o examinador quando traz questões relacionadas ao tema, sempre tenta</p><p>confundir acrescentando áreas que não fazem parte desse rol.</p><p>Dica de PROVA - Cerrado, Caatinga, Pampas Gaúcho NÃO SÃO mencionados no</p><p>referido parágrafo.</p><p>Dica de PROVA – Questionamento – A Constituição trata os 05 biomas como</p><p>patrimônio nacional, isso seria o mesmo que bens da União?</p><p>Ou seja, Patrimônio Nacional é a mesma coisa que Bem da União?</p><p>O presente questionamento é importante no aspecto prático, isso porque, caso os biomas do</p><p>referido parágrafo sejam considerados como bens da União a competência para processar e</p><p>julgar as demandas envolvendo estes será da Justiça Federal, conforma dispõe art. 109 de</p><p>nossa bíblia política. Noutro vértice, caso não seja considerado como bens da União, as</p><p>demandas serão processadas e julgadas pela Justiça Estadual.</p><p>Não obstante as considerações apontadas é necessário alertar aos candidatos que</p><p>PATRIMÔNIO NACIONAL NÃO É O MESMO QUE BENS DA UNIÃO.</p><p>§ 5º São INDISPONÍVEIS AS TERRAS DEVOLUTAS ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à</p><p>proteção dos ecossistemas naturais.</p><p>O parágrafo 5º carece de um pouco mais de cuidado ao ser analisado, vez que exige alguns domínios sobre</p><p>Direito Administrativo, no tocante as terras devolutas.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>62</p><p>Vamos no presente momento tecer algumas considerações e relembrar alguns ponto de Direito</p><p>Administrativo.</p><p>Classificação de Bens Públicos (Direito Administrativo):</p><p>a) Bens de Uso Comum do Povo: rua, praças, praias, etc.:</p><p>Esses bens são afetados ou desafetados?</p><p>Tem função pública específica ou não?</p><p>São bens afetados, e assim sendo se tornam bens indisponíveis.</p><p>b) Bem de Uso Especial: prédio público, viatura policial, bens que a administração pública se utiliza</p><p>para alcançar seus objetivos.</p><p>Esses bens são afetados ou desafetados?</p><p>Tem função pública específica ou não?</p><p>São bens afetados, e assim sendo se tornam bens indisponíveis.</p><p>c) Bens Dominial ou Dominical: são aqueles bens que não classificamos nem como bem de uso</p><p>comum, nem como bem de uso especial, e que não possuem uma destinação publica específica. Ex:</p><p>sucata de viatura, prédio público abandonado.</p><p>Esses bens são afetados ou desafetados?</p><p>Tem função pública específica ou não?</p><p>Como vimos, trata-se de bens que não possuem mais destinação pública, o que os tornam</p><p>bens desafetados, e se são desafetados são disponíveis.</p><p>(Importante saber que um bem público só se torna disponível depois de desafetado).</p><p>Ainda dentro do Direito Administrativo nos interessa a questão e conceito de terras devolutas, que entram</p><p>justamente nessa ultima classificação de bens públicos (Bens Dominiais ou Dominicais).</p><p>Terras Devolutas (Direito Administrativo):</p><p>- bens dominiais/dominicais;</p><p>- bens desafetados;</p><p>- disponíveis;</p><p>- (poderá pertencer a U, E, DF ou M, mas no caso é aos Estados)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>63</p><p>A CF/88 menciona que algumas terras devolutas possuem função específica de proteção ambiental. Sendo</p><p>assim, quando a CF/88 mencionar que determinada área se classifica como terra devoluta e possui função</p><p>específica, essa passa a ser considerada como bem afetado de uso especial.</p><p>Terras Devolutas (com função de proteção Ambiental):</p><p>Terras devolutas com função de Proteção Ambiental são consideradas bens de uso especial e, portanto,</p><p>áreas afetadas, e indisponíveis. Vale ainda mencionar que essas terras de uso especial, afetadas e</p><p>indisponíveis são bens pertencentes à União.</p><p>Com isso a leitura do respectivo paragrafo traduz-se da seguinte forma:</p><p>As terras devolutas com função de proteção ambiental são indisponíveis, porque passam a ser de uso</p><p>especial e com isso bens da União.</p><p>§ 6º As USINAS que operem com reator NUCLEAR deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser</p><p>instaladas.</p><p>Uma dica dentro de Constitucional e Direito Ambiental é a de que sempre que ouvirmos falar de atividade</p><p>nuclear, lembrem-se do monopólio da União sobre essa atividade, que consta expressamente no art. 177 da CF/88:</p><p>Art. 177. Constituem MONOPÓLIO DA UNIÃO:</p><p>I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;</p><p>II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;</p><p>III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos</p><p>incisos anteriores;</p><p>IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos</p><p>no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de</p><p>qualquer origem;</p><p>V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e</p><p>minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e</p><p>utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput</p><p>do art. 21 desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)</p><p>Lembrando dessa dica fica fácil no momento da prova saber a quem compete definir a localização de reator</p><p>nuclear, ou seja, se compete a União, ao Estado ou ao Município. E, evidentemente estará correta a alternativa que</p><p>contiver a opção União, ou Lei Federal.</p><p>§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, NÃO SE CONSIDERAM CRUÉIS as práticas desportivas</p><p>que utilizem animais, desde que SEJAM MANIFESTAÇÕES CULTURAIS, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,</p><p>registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei</p><p>específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>64</p><p>A novidade no referido paragrafo é que o mesmo fora incluído no art. 225 recentemente através da</p><p>Emenda Constitucional 96 de 2017. Diante do novo dispositivo</p><p>a prática causava uma poluição atmosférica devastadora.</p><p> Amoco Cadiz – França: Na década de 70, em meados de 1978 tivemos outro derramamento de petróleo.</p><p>Tratou-se de 240 mil toneladas de petróleo em contato direto como mar, o que resultou na enorme poluição</p><p>da costa francesa. O evento foi considerado como uma das maiores “marés negra” (expressão utilizada para</p><p>referir-se aos derramamentos de petróleo em mar) da história. Esse desastre também pôde comprovar o</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>6</p><p>quão despreparado o governo francês estava para combater incidentes desse porte, tanto no que diz respeito</p><p>à prevenção quanto na solução de dano.</p><p> Chernobyl – Ucrânia: Acidente nuclear ocorrido em 1986 com grande repercussão diante dos inúmeros</p><p>impactos causados ao meio ambiente e a saúde humana. O desastre ocasionado pela explosão de um dos</p><p>reatores utilizados na indústria nuclear deu-se pela ausência de resfriamento deste, fator suficiente para</p><p>ocasionar um dos mais terríveis desastres ambientais que atingiu a Ucrânia, além de ocasionar</p><p>consequência em outros continentes, como as chuvas ácidas ocorridas no Canadá.</p><p>Nos casos apontados podemos perceber que não raras vezes as consequência e repercussão ambiental não se</p><p>limitam ao país onde ocorreu o desastre, mas também atinge países fronteiriços, ou ainda, em casos mais graves</p><p>até outros continentes. Estudiosos apontaram que as datas desses desastres coincidem muito com algumas</p><p>descobertas cientificas sobre mudanças no Meio Ambiente, como por exemplo:</p><p> Década de 70 o aumento do buraco na camada de ozônio;</p><p> Década de 80 e 90 o aumento do aquecimento global e o efeito estufa; a perda da biodiversidade;</p><p>problemas com recursos hídricos e com a grande quantidade de resíduos, entre outros.</p><p> Exxon Valdez – Alasca: Navio Petroleiro que, após colisão com uma rocha submersa causou grande</p><p>derramamento de petróleo no mar que banha o Alasca, mais precisamente no Estreito Príncipe Willian no</p><p>ano de 1989. Foram nada mais, nada menos que 36 mil toneladas de petróleo bruto que escorreram pelo</p><p>porão do petroleiro se espalhando pelas águas do Alasca, tingindo a bela paisagem branca gela deixando-a</p><p>totalmente negra.</p><p> Sevesso – Itália: Mais precisamente em julho de 1976, ocorreu o rompimento dos tanques de</p><p>armazenagem da indústria química ICMESA, o que ocasionou a liberação de vários quilogramas de</p><p>dioxina TCDD na atmosfera que rapidamente se espalhou pela planície Lombrada, entre Milão e o Lago de</p><p>Como. Devido à contaminação, mais de 3 mil animais morreram e outros 7 mil tiveram que ser</p><p>sacrificados para evitar a entrada da Dioxina na cadeia alimentar. Acredita-se que não tenha havido mortes</p><p>de seres humanos, mas vários sintomas foram registrados em pessoas que tiveram contato diretamente com</p><p>o acidente.</p><p> Cubatão - Brasil: Como exemplo de desastre ambiental tivemos no ano de 1984 um grave problema de</p><p>poluição do ar em Cubatão, devido às indústrias de petróleo, fertilizantes e metais que, exalavam por suas</p><p>chaminés - dia e noite - fumaça altamente tóxica. O incidente causou o nascimento de muitas crianças com</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>7</p><p>graves malformações nos membros e no Sistema Nervoso. Apontada na época pela ONU como a cidade</p><p>mais poluída do mundo Cubatão ficou conhecida como “Vale da Morte”.</p><p>Curiosidade – apenas 10 anos depois, no entanto, Cubatão foi reconhecida na Conferência sobre o Meio</p><p>Ambiente da ONU, ECco-92, como símbolo de recuperação ambiental. Vale mencionar que a recuperação se</p><p>deu graças à imposição de medidas de controle, como instalação de filtros nas chaminés que reduziram a</p><p>emissões de poluentes em 90%.</p><p>Fontes Formais</p><p>Conforme já mencionado, temos como fonte formal do Direito Ambiental os documentos oficiais e os grandes</p><p>tratados internacionais, onde encontramos normas e princípios Ambientais.</p><p>- Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (1972)</p><p>Foi a primeira grande Conferência realizada para tratar de proteção ao Meio Ambiente.</p><p>A primeira coisa a mencionar é que a referida Conferência coincide justamente com das datas mencionadas nas</p><p>fontes materiais, momento no qual tivemos os grandes acidentes e as descobertas científicas, nas décadas de 50,</p><p>60, 70, 80. Os desastres, assim como as muitas descobertas científicas culminaram na grande pressão e</p><p>movimentação popular, o que fez com que esses países se reunissem na Suécia, mais especificamente em</p><p>Estocolmo para discutir normas de proteção ambiental. Era fundamental dar inicio à medidas que pudessem</p><p>preservar e manter o equilíbrio ambiental no mundo.</p><p>A Conferência de Estocolmo pretendeu marcar a inserção dos Estados no âmbito de um debate global sobre o</p><p>meio ambiente no mundo, e ao final dessa Conferência fora firmada a Declaração sobre o Meio Ambiente que</p><p>influenciou na elaboração de normas internas de cada país e, inclusive num capitulo exclusivo dedicado ao Meio</p><p>Ambiente na Constituição de 1988. Além da influência na inserção de capítulo em nossa CF/88, a Conferência</p><p>estimulou também a criação de órgãos ambientais em vários países, como por exemplo, a instituição da Secretaria</p><p>Especial do Meio Ambiente (SEMA) em 1973 que, atualmente é o Ministério do Meio Ambiente, exatamente em</p><p>resposta as grandes críticas sofridas pelo Brasil naquele período.</p><p>Dica de PROVA – É muito importante salientar que a Conferência de Estocolmo é sempre</p><p>muito cobrada em provas de concursos público, sendo essencial o estudo desse evento.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>8</p><p>- Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD (ECO92):</p><p>Vinte anos após a Conferência de Estocolmo tivemos outra grande Conferência relacionada ao Meio Ambiente</p><p>que foi a ECO 92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, momento no qual ficou consolidado o objetivo de</p><p>incentivar o desenvolvimento econômico social em harmônica com a preservação do Meio Ambiente,</p><p>consagrando-se na época a expressão ‘desenvolvimento sustentável’. Vale mencionar que alguns princípios que</p><p>foram tratados em 1972 na Conferência de Estocolmo com o passar do tempo foram trabalhados e discutidos</p><p>sendo em 1992 reafirmados. Além da reafirmação desses princípios tivemos também nessa Conferência a</p><p>elaboração de 05 documentos, os quais consideramos como fontes formais de Direito Ambiental. São eles:</p><p> Convenção sobre Diversidade Biológica;</p><p> Convenção sobre Mudanças do Clima;</p><p> Declaração de Princípios sobre o uso das Florestas;</p><p> Declaração do Rio;</p><p> Agenda 21;</p><p>Percebam que os 03 primeiros documentos são mais específicos, sendo direcionados a Diversidade, Mudança</p><p>do Clima e Uso das Florestas. Registra-se ainda que a Convenção sobre a mudança do clima, deu ensejo ao</p><p>embrião do Protocolo de Kyoto 1 de 1997 que será discutido no momento oportuno.</p><p>Sobre os documentos mencionados podemos ainda afirmar que, talvez o mais conhecido deles seja a Agenda</p><p>212, instrumento que trouxe uma série de ações voltadas para o século 21 e todas elas relacionadas com o</p><p>desenvolvimento sustentável.</p><p>Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – 2012</p><p>A Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorrida em 2012 também se realizou na cidade</p><p>do Rio de Janeiro, e ficou conhecida como RIO +20, fazendo referência a Conferência que havia ocorrido 20 anos</p><p>antes na mesma cidade brasileira.</p><p>1 Protocolo de Kyoto - Países se comprometeram a reduzir emissão de gases. O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os</p><p>países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), firmado</p><p>temos um novo paradigma e devemos aguardar</p><p>para ver como se posicionam os Tribunais Superiores a respeito do tema.</p><p>4. Responsabilidade por Dano Ambiental</p><p>No presente tópico iremos trabalhar com reparação do dano ambiental, além das responsabilidades que</p><p>podem ser impostas ao infrator.</p><p>Necessário se faz mencionar que, são 03 os tipos de responsabilização que podem ser impostas ao infrator</p><p>ambiental: Civil, Penal e Administrativa. (art. 225 da CF/88, §3º - mandado expresso de criminalização).</p><p>Responsabilidade Civil por Dano Ambiental</p><p>Na ideia de responsabilidade Civil temos as seguintes observações a serem feitas:</p><p>- Responsável: origina-se do latim responsus, do verbo respondere (responder, afiançar, prometer, pagar);</p><p>Tal conceituação nos transmite a ideia de reparar, recuperar, compensar ou pagar pelo que fez.</p><p>Nesse sentido na responsabilidade civil será analisado quem será responsabilizado pelo dano ambiental</p><p>causado.</p><p>Em virtude dessas considerações quando falamos em danos ambientais, temos a Lei 9.638/81 (Lei de</p><p>Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA), que foi recepcionada pela CF/88, fazendo em seu art. 4º, VII</p><p>menção a responsabilidade civil ambiental.</p><p>Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:</p><p>VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao</p><p>usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.</p><p>De acordo com a Lei qual seria a primeira opção para o poluidor em matéria de responsabilização</p><p>civil?</p><p>De acordo com a Lei de Politica Nacional de Meio Ambiente – PNMA, a primeira opção do infrator seria a</p><p>recuperação do meio ambiente degradado, vez que estamos diante de Direito Difuso que interessa a toda</p><p>coletividade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>65</p><p>Ocorre que, em algumas situações de danos ambientais, o estado anterior do meio ambiente não pode ser</p><p>reestabelecido, sendo praticamente impossível recuperar a área degradada. Nesses casos, objetivando não deixar o</p><p>infrator sem nenhum tipo de responsabilização a lei traz como segunda opção, a obrigação de indenizar os danos</p><p>causados, que se resume ao pagamento em dinheiro.</p><p>Obs: caso o infrator consiga recuperar integralmente o meio ambiente degradado, não será necessária a</p><p>aplicação da segunda opção de sanção cível. Ou seja, a obrigação de indenizar. No entanto, caso o infrator</p><p>não consiga reparar na totalidade o dano causado, deverá lhe ser imposta a obrigação de indenizar, referente a</p><p>parte que não conseguir reparar.</p><p>Nesse sentido, é possível cumular a recuperação e a indenização, nos casos de recuperação parcial do</p><p>meio ambiente degradado?</p><p>A própria lei traz essa possibilidade quando diz: da obrigação de recuperar E/OU indenizar os danos causados.</p><p>O STJ em alguns de seus julgados confirma a possibilidade de cumulação e fala da reparação integral</p><p>(reparação “integrum”) do meio ambiente degradado. (REsp 1.114. 893 de 2010). Nesse julgado em específico, o</p><p>STJ afirma que para se alcançar a reparação integral do meio ambiente, justifica-se a cumulação dessas obrigações</p><p>(recuperar e indenizar), vez que estamos tratando de um bem indisponível.</p><p>DICA - Interessante dentro dessa temática fazer um “link” com Direito Civil no que tange as</p><p>responsabilidades: contratual e extracontratual.</p><p>Responsabilidade Contratual: aquela que deriva do descumprimento de um contrato. Art.389 do CC.</p><p>Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização</p><p>monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.</p><p>Responsabilidade Extracontratual: disciplina que quem causa um dano à terceiro fica obrigado a repará-lo.</p><p>Art. 186 e 927 do CC .</p><p>Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar</p><p>dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.</p><p>Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.</p><p>Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados</p><p>em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,</p><p>risco para os direitos de outrem.</p><p>Questionamento – Das duas responsabilidades apresentadas, qual irá interessar mais ao Direito</p><p>Ambiental?</p><p>No caso de um dano ambiental a responsabilidade que mais irá interessar o Direito Ambiental, logicamente é a</p><p>responsabilidade extracontratual, vez que em Direito Ambiental o descumprimento de contrato nem sempre gera</p><p>um dano.</p><p>Focando então na Responsabilidade Extracontratual, temos 02 teorias:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>66</p><p> Teoria Subjetiva: dentro dessa Teoria, temos 03 pressupostos que se encontram mais especificamente</p><p>no art. 927 do CC, são eles: o ato ilícito, o dano e o nexo causal.</p><p>Para essa corrente a responsabilidade subjetiva se caracteriza somente nos casos em que fique provada</p><p>a existência de um ato ilícito causador de um dano e que entre estes, haja nexo de causalidade. Vamos</p><p>de maneira superficial à analise dos pressupostos.</p><p>Quando falamos em ato ilícito, estamos diante de dolo (vontade de causar um dano à terceiro) ou culpa</p><p>(ato em decorrência de negligência, imprudência ou imperícia). Já o elemento dano é o elemento</p><p>central da Teoria da Responsabilidade Civil, sendo uma lesão a um bem jurídico protegido pelo</p><p>ordenamento civil constitucional.</p><p>Danos Patrimoniais: dever de INDENIZAR (IN DENE = SEM DANO), que nos remete a ideia de recompensar</p><p>pelo dano causado. Para tanto é necessário tanto em matéria ambiental, quanto em direito civil que reste</p><p>comprovado efetiva ocorrência do dano.</p><p>O terceiro pressuposto, nexo causal, é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada (fato) do</p><p>agente e o dano, e este por sua vez admite algumas excludentes. São elas: Caso Fortuito/Força Maior</p><p>(art. 393, §único CC); Fato exclusivo da Vítima; Fato de Terceiro.</p><p>Tais situações como o próprio nome nos diz, exclui o nexo causal – exclui a relação existente o dano e</p><p>o ato - não sendo possível então responsabilizar o agente infrator, vez que para isso é necessário a</p><p>presença cumulativa dos pressupostos.</p><p> Teoria Objetiva: Antes de adentrarmos na teoria objetiva, relembremos os elementos da teoria</p><p>subjetiva para a melhor compreensão de suas diferenças.</p><p>- Teoria Subjetiva: (Dolo/Culpa; Dano, Nexo Causal)</p><p>- Teoria Objetiva: (Dolo/Culpa; Dano; Nexo Causal)</p><p>Vejam que na Teoria Objetiva não analisamos mais a questão relativa ao Dolo e Culpa, ficando a mesma</p><p>restrita ao Dano e ao Nexo Causal. Com isso, podemos ver que na Teoria Objetiva a responsabilização de</p><p>agente pelo ato praticado torna-se mais rápida já que temos um elemento a menos para se comprovar.</p><p>Nessa toada, temos que a presente teoria é aplicada aos casos em que há necessidade de que o dano seja</p><p>reparado de forma ágil, ocorrendo geralmente em situações que é muito difícil se comprovar dolo ou culpa.</p><p>Exemplo: Transporte Aéreo – Lei que regulamenta o transporte aéreo traz situações da Teoria Objetiva,</p><p>necessitando, portanto, somente de comprovação de Dano + Nexo Causal, podendo assim que comprovada</p><p>tais elementos já indenizar as vítimas.</p><p>A Teoria Objetiva surge então com o objetivo de agilizar a reparação dos danos em situações pontuais.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>67</p><p>DICA - Antes de adentrar na responsabilidade ambiental propriamente dita, fica uma DICA para os</p><p>candidatos lembrarem na hora da prova:</p><p> A Teoria Subjetiva analisa os aspectos subjetivos (Dolo e Culpa).</p><p> A Teoria Objetiva analisa os</p><p>aspectos objetivos (Dano e Nexo).</p><p>Agora, já adentrando na Responsabilidade Civil por Dano Ambiental, fazemos a seguinte</p><p>provocação qual seria a Teoria a ser utilizada?</p><p>Teoria Subjetiva ou Objetiva?</p><p>No que tange a matéria de Direito Ambiental a responsabilidade utilizada é a responsabilidade OBJETIVA.</p><p>Vejamos o que nos traz a legislação pátria:</p><p>Lei 6.938/1981 (LPNMA), Art. 14 paragrafo 1º - Lei de Política Nacional do Meio Ambiente.</p><p>“É o poluidor obrigado, INDEPENDENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, a indenizar e reparar</p><p>os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, efetuados por sua atividade.”</p><p>Obs 1: o Código Civil em seu art. 927, paragrafo único nos diz que haverá a obrigação de reparar o dano</p><p>independentemente da existência de culpa nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente</p><p>desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua natureza risco para os direitos de outrem.</p><p>Obs 2: a CC traz ainda referencia às duas Teorias (Subjetiva e Objetiva), sendo assim elas coexistem, sendo</p><p>aplicada como regra a Teoria Subjetiva, e em casos excepcionais a teoria objetiva. Com isso se a situação do</p><p>caso concreto não tiver lei especifica disciplinando de forma detalhada alguma situação de dano, a regra é a</p><p>aplicação da Teoria Subjetiva (Dolo/Culpa, Dano e Nexo Causal). Já para que se aplique a Teoria Objetiva, o</p><p>fato deve se encaixar em lei especifica e somente nesses casos a exceção é aplicada.</p><p>Outro ponto interessante da Responsabilidade Civil é o seguinte: a norma que irá ser preocupar em punir o</p><p>infrator é a prevista no Direito Penal. O Direito Civil por sua vez (responsabilidade civil) não visa a</p><p>aplicação de punição ao infrator, mas sim busca a reparação o dano. Na Teoria Objetiva essa ideia fica</p><p>ainda mais fácil de ser visualizada, vez que nela não se preocupa com o sujeito (em quem causou o dano)</p><p>ela reforça a ideia de reparação tão somente, o que justifica a desnecessidade de comprovação do elemento</p><p>subjetivo no momento da pratica da conduta.</p><p>Vejam então que para a aplicação da Teoria Objetiva em matéria de Direito Ambiental é necessário a</p><p>previsão em lei, sendo assim, resta perfeitamente correta a afirmativa de que nos casos da Lei 6.938/81</p><p>(LPNMA) devemos aplicar a Teoria Objetiva diante de expressa previsão legal. (“...independente da</p><p>existência de culpa, a indenizar e reparar...”).</p><p>Como consequência, na existência de ação de responsabilidade civil por dano ambiental, deverá o</p><p>advogado da empresa, alegar que não há dano (que o suposto dano, não é um dano em si, mas somente um</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>68</p><p>impacto ambiental e que o mesmo estaria previsto no estudo prévio de impacto ambiental) ou ainda que</p><p>não há nexo causal (que o dano existente imputado a empresa não tem relação com as atividades</p><p>desenvolvidas por esta).</p><p>Obs: Nem todo impacto ambiental é necessariamente um dano.</p><p>Sobre a afirmação acima é prudente recordar a existência de um liame entre o impacto ambiental e o efetivo</p><p>dano ambiental. Impactos ambientais muitas vezes estão previstos no EPIA ou na própria legislação e, não</p><p>são considerados como dano propriamente dito. A justificativa do entendimento se baseia no fato de que toda</p><p>atividade causa certo impacto, mas existe um limite que se pode suporta/tolerar.</p><p>Como se depreende na Teoria Objetiva não interessa ao Direito discutir dolo e culpa, licitude ou ilicitude da</p><p>ação, regularidade ou não das obrigações administrativas da empresa, indústria ou empreendimento. De nada</p><p>adianta em discussão de responsabilidade civil por danos ambientais a parte realizar a comprovação de que a</p><p>empresa possuía licença ambiental regular. Não se discute nessa matéria licitude ou ilicitude da atividade. Se</p><p>houve um dano e há nexo de causalidade com as atividades desenvolvidas, a empresa RESPONDE, devendo</p><p>se limitar a discutir somente dano ou nexo.</p><p>Aprofundamento: Aprofundando um pouco mais, podemos citar algumas decisões do STJ nesse sentido,</p><p>que dizem respeito a duas teorias objetivas: Teoria do Risco Criado e Teoria do Risco Integral. (ambas</p><p>integram a Teoria Objetiva).</p><p>Teoria Objetiva</p><p>- Teoria do Risco Criado: (similar a Teoria do Risco Administrativo do Direito Administrativo)</p><p>As excludentes do nexo causal são admitidas.</p><p>Doutrina minoritária em matéria ambiental</p><p>- Teoria do Risco Integral:</p><p>É uma responsabilidade objetiva agravada;</p><p>Não admite as excludentes do nexo causal;</p><p>Doutrina majoritária em matéria ambiental; (pacificada nos Tribunais STJ)</p><p>(Jurisprudência consolidada no STJ afirmando que a responsabilidade ambiental está baseada na Teoria do</p><p>Risco Integral- exemplo: REsp. 442586)</p><p>Exemplos utilizando as duas teorias:</p><p>Imaginemos o rompimento de uma barragem com rejeitos que causou um grande acidente e impactos no</p><p>meio ambiente e nas cidades próximas. Os advogados alegaram logo após o rompimento da barragem que</p><p>houve um tremor de terra, fato que contribuiu para o rompimento ocorresse.</p><p>(vejam que os advogados da empresa utilizaram como defesa a Teoria do Risco Criado – que admitem as</p><p>excludentes do nexo causal).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>69</p><p>Ocorre que no mesmo exemplo o membro do MP alegou para responsabilizar a Teoria do Risco Integral,</p><p>fundamentando que nas atividades desenvolvidas o risco é integral do empreendedor, não existindo, portanto,</p><p>excludente do nexo causal. Alegou ainda que mesmo havendo o tremor de terra, responde a empresa pelos</p><p>danos ambientais causados, vez que ao decidir instalar sua empresa em determinado ponto o empreendedor</p><p>assume todos os riscos pertinentes a essa escolha.</p><p>Resumindo: a responsabilidade civil no Brasil em decorrência de dano ambiental é Objetiva, baseada na</p><p>Teoria do Risco Integral, não admitindo excludentes do nexo causal. Uma Teoria mais rigorosa, contudo</p><p>mais protetiva do Meio Ambiente.</p><p>Dica de PROVA Questão de Prova – Ministério Público: A responsabilidade</p><p>por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo</p><p>de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do</p><p>ato. Sendo descabida a invocação pela empresa responsável pelo dano de excludente</p><p>de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar.</p><p>CORRETA</p><p>Responsabilidade Solidária</p><p>Lei 6.938/81 – Art.3º.</p><p>Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:</p><p>IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou</p><p>indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;</p><p>Convém mencionar que os Tribunais superiores vêm entendo pela aplicação da responsabilidade solidária,</p><p>sendo o poluidor, no conceito da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, o responsável direito ou</p><p>indireto pelo dano, fator que justifica tal responsabilidade.</p><p>Obs: decisão do STJ</p><p>- Resp 442586 – Já mencionado anteriormente, mas aplica-se também para a solidariedade.</p><p>- Resp 958766</p><p>Como assim responsabilidade solidária em matéria de Direito Ambiental?</p><p>No estudo desse entendimento todos os envolvidos com o dano ambiental respondem pelo dano causado,</p><p>inclusive o responsável indireto pelo dano, podendo a obrigação de reparar ser cobrada de 1, 2, 3,(...) ou de</p><p>todos ao mesmo tempo. A responsabilidade solidária é aplicada visando facilitar a reparação do meio</p><p>ambiente por aqueles que de alguma forma contribuíram para que o dano ocorresse. Lembrando mais uma</p><p>vez que estamos trabalhando com Direito Difuso, Direito este de interesse de toda a coletividade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>70</p><p>Exemplo de responsabilização Direta e Indireta:</p><p>Caso julgado pelo STJ em que determinada Unidade de Conservação da</p><p>Natureza Estadual, foi invadida e teve</p><p>sua vegetação suprimida pelo agente infrator.</p><p>O STJ entendeu que o responsável direto pelo dano era o agente invasor que suprimiu a vegetação, mas o</p><p>Estado membro também era responsável solidariamente diante de sua inércia de fiscalização.</p><p>Vejam que para o Tribunal, a partir do momento que o Estado se fez omisso em seu dever de fiscalizar a área</p><p>ambientalmente protegida, ele também se torna responsável indireto, ou seja, se responsabiliza solidariamente.</p><p>O STJ determinou ainda que se aplicasse ao caso a solidariedade entre os envolvidos, e estaria esta vinculada à</p><p>reponsabilidade direta e indireta, mas a execução por sua vez seria subsidiária. (Responsabilidade Solidária de</p><p>Execução Subsidiária). Explicamos:</p><p>O agente infrator seria o primeiro a ser cobrado/executado (responsável direito, ou seja, daquele que suprimiu a</p><p>vegetação) e, apenas em segundo plano seria invocado a execução por parte de Estado (responsável indireto).</p><p>(Verificando-se de fato a impossibilidade de reparação do dano pelo responsável direito, executar-se-á o</p><p>Estado).</p><p>Decisões importantes do STJ em matéria de Direito Ambiental - Responsabilidade Civil Ambiental</p><p>Jurisprudência em Teses – STJ</p><p> A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo</p><p>de causalidade o fator aglutinante que permite que o riso se integre na unidade do ato, sendo descabida a</p><p>invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para</p><p>afastar sua obrigação.</p><p> Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar na</p><p>reparação integral do meio ambiente.</p><p> Os responsáveis pela degradação ambiental são coobrigados solidários, formando-se, em regra, nas ações</p><p>civis públicas ou coletivas litisconsórcio facultativo.</p><p> Em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de</p><p>cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o</p><p>agravamento do dano causado.</p><p> Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente, não existindo permissão ao proprietário</p><p>ou posseiro para a continuidade de práticas vedadas pelo legislador.</p><p>Responsabilidade Administrativa por Dano Ambiental</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>71</p><p>Poder de Polícia Ambiental. Infrações Administrativas contra o meio ambiente.</p><p>Lembrando-se da parte constitucional (não custa reforçar, vamos pecar pelo excesso) no art. 225, §3º da CF/88</p><p>temos a tríplice responsabilidade em matéria ambiental (Penal, Civil e Administrativa).</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas</p><p>ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos</p><p>causados.</p><p>O primeiro ponto a ser enfrentado a respeito da Responsabilidade Administrativa se origina do seguinte</p><p>questionamento:</p><p>A responsabilidade administrativa em matéria ambiental é Objetiva ou Subjetiva?</p><p>Vimos que a responsabilidade civil em matéria ambiental é objetiva, devendo somente se comprovar o dano e</p><p>o nexo causal, sendo dispensável a existência de dolo ou culpa.</p><p>Em linhas gerais segue visualização sobre as responsabilidades:</p><p>- Responsabilidade Civil – Objetiva – Somente Dano e Nexo Causal</p><p>- Responsabilidade Penal – Subjetiva – Dano, Nexo Causal, Dolo/Culpa</p><p>- Responsabilidade Administrativa* - Subjetiva – Dano, Nexo Causal, Dolo/Culpa</p><p>*Obs: por alguns anos tivemos grandes divergências quanto a qual responsabilidade deveria ser adotada em</p><p>matéria de Direito Ambiental na esfera Administrativa. A celeuma fora resolvida no ano de 2016, quando o</p><p>STJ em uma de suas decisões consolidou que a responsabilidade administrativa deve ser subjetiva, e, o</p><p>argumento usado foi bem interessante. O tribunal considerando que a responsabilidade administrativa se</p><p>aproxima mais da responsabilidade penal que da civil, deveria igualmente ser SUBJETIVA.</p><p>Poder de Polícia em matéria Ambiental</p><p>De acordo com o conceito legal, Poder de Polícia consubstancia:</p><p>(...) a atividade de administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse</p><p>ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público</p><p>concernentes à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e</p><p>do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou</p><p>autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos</p><p>direitos individuais ou coletivos. (Art.78 do Código Tributário Nacional).</p><p>Ressaltamos que em matéria ambiental temos a natureza indisponível do meio ambiente. (ligado ao</p><p>Princípio da Obrigatoriedade à ação/intervenção estatal), com isso salientamos que além das ações fiscalizadoras,</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>72</p><p>também decorrem do poder de polícia os consentimentos estatais, como licenciamento ambiental (Poder de Polícia</p><p>Preventivo).</p><p>Infrações Ambientais e Sanções Administrativas</p><p>As infrações ambientais e sanções administrativas estão previstas na Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais)</p><p>e no Decreto 6.514/08 que dispõe sobre as infrações administrativas ambientais em âmbito federal.</p><p>A infração ambiental de acordo com a Lei 9.605/98 em seu art. 70, caput, representa toda ação ou omissão que</p><p>viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.</p><p>Como características do Poder de Polícia Ambiental podemos mencionar a Autoexeutoriedade e</p><p>Coercibilidade. Ainda sobre responsabilização é sempre importante destacar o Principio da Legalidade estrita em</p><p>matéria administrativa ambiental:</p><p>Determinada conduta, mesmo que causadora de dano ambiental, caso não esteja tipificada nas normas</p><p>de proteção do meio ambiente, não ensejará responsabilidade administrativa ao poluidor. (deve haver</p><p>a tipificação, ou seja, a tipificação administrativa ambiental no Decreto).</p><p>Decreto 6.514/2008 apresenta nos seus artigos 24 a 93 um rol de infrações administrativas ambientais:</p><p>- Das Infrações contra a Fauna: art. 24 a 42</p><p>- Das Infrações contra a Flora: art. 43 a 60 - A</p><p>- Das Infrações relativas à Poluição e outras Infrações Ambientais: art. 61 a 71 - A</p><p>- Das Infrações contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural: art. 72 a 75</p><p>- Das Infrações Administrativas contra Administração Ambiental: art. 76 a 83</p><p>- Das Infrações Cometidas Exclusivamente em Unidades de Conservação: art. 84 a 93</p><p>Obs: os artigos referentes às Infrações contra o Ordenamento Urbano e Patrimônio Cultural nos remete a</p><p>existência de Meio Ambiente: natural, artificial, cultural e do trabalho. (classificação trabalhada no inicio da</p><p>matéria).</p><p>Espécies de Sanções Administrativas</p><p>Lei 9.605/98 – art. 72</p><p>Art. 72. As infrações administrativas SÃO PUNIDAS COM AS SEGUINTES SANÇÕES, observado o</p><p>disposto no art. 6º:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>73</p><p>I - advertência;</p><p>II - multa simples;</p><p>III - multa diária;</p><p>IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos</p><p>ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;</p><p>V - destruição ou inutilização do produto;</p><p>VI - suspensão de venda e fabricação do produto;</p><p>VII - embargo de obra ou atividade;</p><p>VIII - demolição de obra;</p><p>IX - suspensão parcial ou total de atividades;</p><p>X – (VETADO)</p><p>XI - restritiva de direitos.</p><p>Art. 6º Para IMPOSIÇÃO E GRADAÇÃO da penalidade, a autoridade competente observará:</p><p>I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências</p><p>para a saúde pública e</p><p>para o meio ambiente;</p><p>II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;</p><p>III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.</p><p>Advertência</p><p>Trata-se de sanção administrativa repressiva aplicável mediante a lavratura de autor de infração, para as</p><p>infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, garantindo ampla defesa e o contraditório.</p><p>Dica de PROVA A autoridade ambiental pode aplicar diretamente a multa ou</p><p>outra sanção cabível (sem antes advertir)?</p><p>Sim, segundo o art. 4º do Decreto 6.514/08 e o Superior Tribunal de Justiça (REsp.</p><p>131805/RJ 2015).</p><p>Multa Simples</p><p>A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:</p><p>I) Advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por</p><p>órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos do Ministério da Marinha.</p><p>II) Opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitalina dos Portos do Ministério da</p><p>Marinha (art. 72, parágrafo 3º da Lei 9.605/98).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>74</p><p>Destinação dos valores arrecadados com as multas.</p><p>Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do</p><p>Meio Ambiente, instruído pela Lei n 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval criado pelo Decreto n 20.923, de</p><p>08 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão</p><p>arrecadador (art. 73 da Lei 9.605/98).</p><p>ATENÇÃO – Pagamento: Multa x Indenização</p><p>Cuidado! Não confundir Multa Ambiental (da Sanção Administrativa) com a Indenização (da</p><p>Responsabilidade Civil). Quando o Ministério Público ajuíza uma Ação Civil Pública Ambiental com</p><p>reparação de dano contra o poluidor, a indenização ocorrerá se este não conseguir reparar o dano. (observem</p><p>que a prioridade é a reparação do dano).</p><p>Contudo, não havendo a possibilidade de recuperação do dano, o poluidor deverá pagar um valor a titulo de</p><p>indenização, isso na esfera cível. O valor arrecadado com Ação Civil Pública que envolve Direito Difuso é</p><p>destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos que depois será reinvestido em questões ambientais.</p><p>Aqui estamos falando de questões administrativas ambientais, de uma multa ambiental que é</p><p>DIFERENTE de indenização.</p><p>Multa Diária</p><p>A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo, até a sua cessação</p><p>ou até a celebração de termo de compromisso de reparação ou cessação dos danos.</p><p>Apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime ambiental</p><p>Art. 25 da Lei de Crime Ambientais (Lei 9.605/98): os produtos e instrumentos serão apreendidos logo que</p><p>verificada a infração.</p><p>Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos</p><p>autos.</p><p>Demolição de Obra</p><p>A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela autoridade ambiental, após o contraditório e ampla</p><p>defesa, quando:</p><p>I) Verificada a construção de obra em área ambientalmente protegida em desacordo com a legislação</p><p>ambiental;</p><p>II) Quando a obra ou construção realização não atenda as condicionantes da legislação ambiental e não</p><p>seja passível de regularização (art. 19 do Decreto 6.541/08).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>75</p><p>IMPORTANTE !!!</p><p>Regra: A sanção de demolição deve observar os princípios do contraditório e da ampla defesa.</p><p>Exceção: Entretanto, em situações especialíssimas, a demolição pode ser efetivada no ato da fiscalização.</p><p>Trata-se de medida extremada, que só deve ser tomada em caso de irregularidade insanável, de grave risco</p><p>a saúde ou de agravamento de dano ambiental.</p><p>Restritiva de Direitos</p><p>De acordo com o §8º do artigo 72 da Lei 9.605/98, as sanções restritivas de direito são:</p><p>I – suspensão de registro, licença ou autorização;</p><p>II – cancelamento de registro, licença ou autorização;</p><p>III- perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;</p><p>IV – perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;</p><p>IV – proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de ATÉ TRÊS anos. (aqui</p><p>CUIDADO, muitas provas costumam colocar mais de três anos)</p><p>Prescrição Administrativa Ambiental</p><p>Decai em 05 (cinco) anos a ação da administração objetivando apurar a pratica de infrações contra o meio</p><p>ambiente, contada da data da pratica do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada do dia em que esta</p><p>tiver cessado. (art. 21 do Decreto 6.514/08).</p><p>Para os fins de interrupção do prazo decadencial, considera-se iniciada a ação de apuração de infração</p><p>ambiental pela administração com a lavratura do auto de infração. Segundo o art. 22, interrompe-se a prescrição</p><p>(decadência):</p><p>- pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator por qualquer outro meio, inclusive edital;</p><p>- por qualquer ato inequívoco da administração que importe a apuração do fato;</p><p>- pela decisão condenatória recorrível; (art. 21, §1º do Decreto 6.514/08).</p><p>Já o § 2º do artigo 21 do Decreto 6.514/08 dispõe sobre a prescrição intercorrente, (aplicada nos</p><p>Processos Administrativos Federais), ou seja, quando no curso do processo administrativo ele ficou parado.</p><p>Segundo a norma, incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado por mais</p><p>de 03 anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de oficio ou mediante</p><p>requerimento da parte interessada.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>76</p><p>Importante não confundir a prescrição do prazo para a apuração da infração, com a pretensão da pretensão da</p><p>administração pública de promover a execução da multa por infração ambiental.</p><p>Uma vez apurada a infração ambiental e encerrado o processo administrativo de imposição da penalidade,</p><p>passa a fluir o prazo prescricional (também quinquenal) para a execução da multa aplicada ao infrator, uma vez</p><p>que a partir desse momento o crédito já está devidamente constituído. (órgão ambiental terá então até 05 anos para</p><p>executar aquele valor da multa).</p><p>De acordo com a Súmula 467 do STJ, “prescreve em cinco anos, contados do termino do processo</p><p>administrativo, a pretensão da administração pública de promover a execução da multa por infração ambiental”.</p><p>Resumindo os Prazos:</p><p>- 05 anos para apuração da pratica de infração ambiental;</p><p>- 03 anos para prescrição intercorrente;</p><p>- 05 aos para a execução do valor arbitrado como multa;</p><p>5. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC</p><p>Veremos que há 12 tipos de Unidade de Conservação, os Parques Nacionais são exemplo.</p><p> Parque Nacional da Diamantina</p><p>Pela riqueza ambiental da área foi transformada em um Parque Nacional</p><p> Arquipélago de Fernando de Noronha – PE</p><p>Em Fernando de Noronha temos 02 tipos de Unidades de Conservação a</p><p>APA e Parque Nacional Marinho</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>77</p><p>5.1 Regime Jurídico Constitucional</p><p>Art. 225, paragrafo único, III, CF/88.</p><p>III – Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem</p><p>especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada</p><p>qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.</p><p>Sendo assim compete ao Poder Publico criar esses espaços. Os espaços protegidos mais cobrados em</p><p>provas de concurso são:</p><p>- APP – Área de Preservação Permanente; - Lei 12.651/2012</p><p>- ARL – Área de Reserva Legal; - Lei 12.651/2012</p><p>- Unidades de Conservação; - Lei 9.985/2000</p><p>5.2 Unidades de Conservação</p><p>Conceito: art. 2º, I da Lei 9.985/2000 – Lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação.</p><p>Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:</p><p>I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,</p><p>com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de</p><p>conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias</p><p>adequadas de proteção;</p><p>Características naturais relevantes</p><p>Necessidade da presença de riqueza em elementos naturais. Não é qualquer local que será considerado como</p><p>Unidade de Conservação (deverá ser comprovada a riqueza ambiental da área). Para tanto se faz necessário estudo</p><p>técnico da respectiva área, para a verificação da existência de características ambientalmente relevantes.</p><p>Quando o local estiver dentro de área particular o proprietário deverá respeitar todos os limites impostos pelo</p><p>Pode Publico, assim como manter todas as características e riquezas ambientais existentes na área, sob pena de</p><p>desapropriação.</p><p>Legalmente instituído pelo Poder Público</p><p>Existência de meios legais para a realização da criação das Unidades de Conservação, que poderá ser o</p><p>Decreto (Poder Executivo) ou a Lei (Poder Legislativo).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>78</p><p>Limites definidos</p><p>São os limites físicos da área. É preciso delimitar a área de unidade de conservação.</p><p>Classificação: Intensidade da Proteção (tema recorrente nas provas de concursos públicos)</p><p>Classificação do Art. 7º da Lei 9.985/2000:</p><p>Art. 7º As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características</p><p>específicas:</p><p>I - Unidades de Proteção Integral;</p><p>II - Unidades de Uso Sustentável.</p><p>§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o</p><p>uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.</p><p>§ 2º O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o</p><p>uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.</p><p>Veremos na sequencia que temos 05 tipos de Unidades de Proteção Integral e 07 tipos de Unidades de Uso</p><p>Sustentável, perfazendo os 12 tipos de Unidades de Conservação. Diante dessa divisão entre 02 grupos fica fácil</p><p>perceber o grau/intensidade de proteção.</p><p>As Unidades de Proteção Integral são mais protetivas, possuindo uma maior intensidade de proteção que o</p><p>segundo grupo que é composto pelas Unidades de Uso Sustentável.</p><p>1. Unidade de Proteção Integral</p><p>2. Unidades de Uso Sustentável</p><p>1. Unidades de Proteção Integral - Art. 8º da Lei do SNUC</p><p>Art. 8º O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de</p><p>conservação:</p><p>I - Estação Ecológica;</p><p>II - Reserva Biológica;</p><p>III - Parque Nacional;</p><p>IV - Monumento Natural;</p><p>V - Refúgio de Vida Silvestre.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>79</p><p>a) Estação Ecológica – Art. 9º da Lei SNUC</p><p>Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas</p><p>científicas.</p><p>§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus</p><p>limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser</p><p>o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.</p><p>§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da</p><p>unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em</p><p>regulamento.</p><p>§ 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de:</p><p>I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;</p><p>II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;</p><p>III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;</p><p>IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples</p><p>observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no</p><p>máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.</p><p>b) Reserva Biológica – Art. 10 da Lei SNUC</p><p>Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais</p><p>existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as</p><p>medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e</p><p>preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.</p><p>§ 1o A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus</p><p>limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 2o É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento</p><p>específico.</p><p>§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da</p><p>unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em</p><p>regulamento.</p><p>c) Parque Nacional – Art. 11 da Lei SNUC</p><p>Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande</p><p>relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o</p><p>desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a</p><p>natureza e de turismo ecológico.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>80</p><p>§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus</p><p>limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às</p><p>normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.</p><p>§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da</p><p>unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em</p><p>regulamento.</p><p>§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas,</p><p>respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.</p><p>d) Monumento Natural – Art. 12 da Lei SNUC</p><p>Art. 12. O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de</p><p>grande beleza cênica.</p><p>§ 1o O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível</p><p>compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos</p><p>proprietários.</p><p>§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo</p><p>aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade</p><p>para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de</p><p>acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 3o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade,</p><p>às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.</p><p>e) Refúgio da Vida Silvestre – Art. 13 da Lei SNUC</p><p>Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre</p><p>tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram</p><p>condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente</p><p>ou migratória.</p><p>§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível</p><p>compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos</p><p>proprietários.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>81</p><p>§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo</p><p>aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade</p><p>para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada,</p><p>de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às</p><p>normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.</p><p>§ 4o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da</p><p>unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em</p><p>regulamento.</p><p>2. Unidades de Uso Sustentável – Art.14 da Lei do SNUC</p><p>Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de</p><p>conservação:</p><p>I - Área de Proteção Ambiental;</p><p>II - Área de Relevante Interesse Ecológico;</p><p>III - Floresta Nacional;</p><p>IV - Reserva Extrativista;</p><p>V - Reserva de Fauna;</p><p>VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e</p><p>VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.</p><p>a) Área de Proteção Ambiental – Art. 15 da Lei SNUC</p><p>Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação</p><p>humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a</p><p>qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a</p><p>diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos</p><p>recursos naturais.(Regulamento)</p><p>§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.</p><p>§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de</p><p>uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.</p><p>§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público</p><p>serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.</p><p>§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e</p><p>visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>82</p><p>§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua</p><p>administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da</p><p>população residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.</p><p>b) Área de Relevante Interesse Ecológico – Art. 16 da Lei SNUC</p><p>Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou</p><p>nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros</p><p>da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e</p><p>regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da</p><p>natureza.</p><p>§ 1o A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou privadas.</p><p>§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de</p><p>uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico.</p><p>c) Floresta Nacional – Art. 17 da Lei SNUC</p><p>Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e</p><p>tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com</p><p>ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.(Regulamento)</p><p>§ 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus</p><p>limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando</p><p>de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.</p><p>§ 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo</p><p>órgão responsável por sua administração.</p><p>§ 4o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela</p><p>administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em</p><p>regulamento.</p><p>§ 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua</p><p>administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e,</p><p>quando for o caso, das populações tradicionais residentes.</p><p>§ 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada,</p><p>respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.</p><p>d) Reserva Extrativista – Art. 18 da Lei SNUC</p><p>Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja</p><p>subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de</p><p>animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas</p><p>populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.(Regulamento)</p><p>§ 1o A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas</p><p>tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica, sendo que as áreas</p><p>particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 2o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por</p><p>sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e</p><p>das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da</p><p>unidade.</p><p>§ 3o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o</p><p>disposto no Plano de Manejo da área.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>83</p><p>§ 4o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão</p><p>responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas</p><p>previstas em regulamento.</p><p>§ 5o O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo.</p><p>§ 6o São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.</p><p>§ 7o A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações</p><p>especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto</p><p>em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.</p><p>e) Reserva de Fauna – Art. 19 da Lei SNUC</p><p>Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou</p><p>aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo</p><p>econômico sustentável de recursos faunísticos.</p><p>§ 1o A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus</p><p>limites</p><p>devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 2o A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo</p><p>com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração.</p><p>§ 3o É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional.</p><p>§ 4o A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis</p><p>sobre fauna e regulamentos.</p><p>f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável – Art. 20 da Lei SNUC</p><p>Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações tradicionais,</p><p>cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao</p><p>longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na</p><p>proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.(Regulamento)</p><p>§ 1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo</p><p>tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da</p><p>qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar,</p><p>conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas</p><p>populações.</p><p>§ 2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as áreas particulares</p><p>incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>§ 3o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no</p><p>art. 23 desta Lei e em regulamentação específica.</p><p>§ 4o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo</p><p>órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de</p><p>organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em</p><p>regulamento e no ato de criação da unidade.</p><p>§ 5o As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável obedecerão às seguintes</p><p>condições:</p><p>I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo</p><p>com o disposto no Plano de Manejo da área;</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>84</p><p>II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das</p><p>populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão</p><p>responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas</p><p>previstas em regulamento;</p><p>III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; e</p><p>IV - é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a</p><p>substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações</p><p>legais e ao Plano de Manejo da área.</p><p>§ 6o O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de proteção integral,</p><p>de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo</p><p>da unidade.</p><p>g) Reserva Particular – Art. 21 da Lei SNUC</p><p>Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com</p><p>o objetivo de conservar a diversidade biológica. (Regulamento)</p><p>§ 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão</p><p>ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no</p><p>Registro Público de Imóveis.</p><p>§ 2o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se dispuser em</p><p>regulamento:</p><p>I - a pesquisa científica;</p><p>II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais;</p><p>III - (VETADO)</p><p>§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e</p><p>científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de</p><p>Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.</p><p>Dica de PROVA – Decorar ao menos em quais classificações estão inseridas as</p><p>áreas de Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável, vez que os</p><p>examinadores costumam misturar as áreas para confundir o candidato.</p><p>DICAS PARA FACILITAR A MEMORIZAÇÃO – vejam que as reservas são quase todas de uso</p><p>sustentável, temos 04 reservas dentro da Unidade de Uso Sustentável, e somente 01 reserva faz parte da</p><p>Unidade de Proteção Integral (Biológica).</p><p>DICAS PARA FACILITAR A MEMORIZAÇÃO – não confundam Floresta Nacional (Uso Sustentável)</p><p>com Parque Nacional (Proteção Integral), tentem lembrar que Parque é algo mais “formal”, e que floresta tem</p><p>em muitos locais já os parques nem tanto, assim fica mais fácil memorizar.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>85</p><p>DICAS PARA FACILITAR A MEMORIZAÇÃO - outra dica que pode ajudar na hora da prova, é que as</p><p>duas primeiras unidades de proteção integral (Estação Ecológica e Reserva Biológica) são as mais protetivas</p><p>de todas.</p><p>QUADRO DE FIXAÇÃO</p><p>UNIDADES DE PROTEÇAO INTEGRAL UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL</p><p>Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental</p><p>Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico</p><p>Parque Nacional Floresta Nacional</p><p>Momento Natural Reserva Extrativista</p><p>Refúgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna</p><p>Reserva de Desenvolvimento Sustentável</p><p>Reserva particular do Patrimônio Natural</p><p>Dica de PROVA - Marque F ou V:</p><p>Estação Ecológica, Reserva Biológica, Floresta Nacional Monumento Natural e Refúgio</p><p>da Vida Silvestre são todas as categorias de Unidades de Conservação que fazem parte</p><p>do grupo das Unidades de Proteção Integral de acordo com o art. 8º da Lei 9.985/2000.</p><p>ERRADA – Alternativa está errada porque inseriu a Floresta Nacional e retirou o Parque</p><p>Nacional. Vejam que o examinador trocou as áreas visando confundir o candidato.</p><p>Outra questão relevante envolvendo as unidades são as “áreas públicas” e as “áreas particulares”.</p><p>- Exemplo 1: Estação Ecológica – art. 9º da Lei do SNUC</p><p>Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas</p><p>científicas.</p><p>§ 1º A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus</p><p>limites SERÃO DESAPROPRIADAS, de acordo com o que dispõe a lei.</p><p>- Exemplo 2: Monumento Natural – art. 12</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>86</p><p>Art. 12. O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de</p><p>grande beleza cênica.</p><p>§ 1o O Monumento NATURAL PODE SER CONSTITUÍDO POR ÁREAS PARTICULARES, DESDE</p><p>QUE SEJA POSSÍVEL COMPATIBILIZAR OS OBJETIVOS DA UNIDADE COM A UTILIZAÇÃO DA</p><p>TERRA E DOS RECURSOS NATURAIS DO LOCAL PELOS PROPRIETÁRIOS.</p><p>§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo</p><p>aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade</p><p>para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, A ÁREA DEVE SER</p><p>DESAPROPRIADA, DE ACORDO COM O QUE DISPÕE A LEI.</p><p>§ 3o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade,</p><p>às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.</p><p>Dica de PROVA Para se criar uma Unidade de Conservação é necessário</p><p>desapropriar o proprietário? Pode ser instituída em área particular?</p><p>Algumas das unidades dos 12 tipos exigem a desapropriação.</p><p>A própria lei fala que</p><p>determinada unidade será constituída em área de posse e “domínio público” (ou seja, se</p><p>estiver em área de particular deverá ocorrer a desapropriação). Noutro vértice existem</p><p>algumas áreas que não necessitam que haja a desapropriação, podendo ser instituídas em</p><p>área particular.</p><p>Vejam então que no art. 9º da Lei do SNUC a própria lei traz a necessidade de</p><p>desapropriação, em contrapartida no caso do art. 12 da mesma Lei, haverá a necessidade de</p><p>desapropriação somente no caso de incompatibilidade de objetivos.</p><p>Sugestão – Interessante à realização de um quadro comparativo entre as</p><p>unidades pontuadas, destacando quais unidades dependem de desapropriação e quais</p><p>não.</p><p>CUIDADO! Questão de Prova - Muito cuidado com a seguinte afirmação:</p><p>“As Unidades de proteção integral só podem ser criadas em áreas de posse e domínio público”.</p><p>ERRADO. Observe no exemplo dado acima que a Estação Ecológica – art. 9º da Lei SNUC (Unidade de</p><p>Proteção Integral) necessita de desapropriação, contudo o Monumento Natural (Unidade de Proteção</p><p>Integral) previsto no art. 12 da mesma lei, caso haja compatibilidade de objetivos não necessita de</p><p>desapropriação, podendo ser constituída em área particular.</p><p>Dessa forma, não há uma relação entre Unidade de Proteção Integral e desapropriação, deve ser</p><p>analisado cada tipo de unidade de conservação no caso concreto. O simples fato de ser Unidade de Proteção</p><p>Integral não tem o condão de autorizar procedimento de desapropriação.</p><p>Modo de Criação e Modo de Supressão e Alteração das Unidades de Conservação:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>87</p><p>Interessa-nos analisar nesse momento, como poder ser criada uma Unidade de Conservação e, uma vez</p><p>criada se poderá esta ser diminuída ou suprimida.</p><p>Da mesma forma que fizemos com o raciocínio no inicio da matéria com as questões constitucionais, vamos</p><p>aplicar aqui. Vejamos:</p><p>Modo de Criação - Unidades de Conservação Modo de Supressão e Alteração - Unidades de</p><p>Conservação</p><p>CF/88 CF/88</p><p>- Art. 225 §1º, III da CF/88</p><p>- CF/88 nada fala, é silente. Com isso na parte</p><p>constitucional concluímos que poderá ser criada</p><p>então por:</p><p>- Decreto – (Poder Executivo)</p><p>- Lei – (Poder Legislativo)</p><p>Obs: o raciocínio para essa interpretação foi que quando</p><p>maior o numero de instrumentos autorizando a criação, mais</p><p>proteção o Meio Ambiente terá e interessa ao Direito</p><p>Difuso, ou seja, a toda a Coletividade.</p><p>- Art. 225, §1º, III da CF/88</p><p>- poderá ser realizada a supressão e alteração através de Lei</p><p>(Lei no sentido formal – Poder Legislativo)</p><p>Obs: visando dar maior proteção, uma vez criada, a Unidade de</p><p>Conservação somente poderá ser suprimida ou alterada através de Lei.</p><p>LEI SNUC – Lei 9.985/2000 LEI SNUC – Lei 9.985/2000</p><p>- Art. 22, caput da Lei 9.985/2000 - SNUC</p><p>Art. 22. As unidades de conservação são criadas</p><p>por ato do Poder Público.</p><p>- art. 22, §7º da Lei 9.985/2000 - SNUC</p><p>Art. 22, § 7º. A desafetação ou redução dos limites de uma</p><p>unidade de conservação só pode ser feita mediante lei</p><p>específica.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>88</p><p>Obs: está de acordo com a CF/88 ou a Lei deve ser</p><p>considerada inconstitucional?</p><p>A CF/88 como mencionado é silente, nada fala, e a Lei</p><p>SNUC, vem trazendo que a criação poderá se dar através de</p><p>ato do Poder Público, sendo assim, poderá ser feita por Lei</p><p>ou Decreto (ambos são atos do Poder Público), estando de</p><p>acordo com a CF/88.</p><p>Obs: está de acordo com o texto constitucional também.</p><p>A Lei só SNUC somente usa uma terminologia diferente, onde a CF/88</p><p>fala em “supressão”, a Lei do SNUC nos traz a expressão “desafetação”.</p><p>E quando a CF/88 fala em alterar uma área protegida somente através de</p><p>Lei, a Lei do SNUC não usa o termo “alterar”, mas sim o termo</p><p>“diminuição”.</p><p>Análise dos parágrafos do artigo 22 da Lei SNUC</p><p>§ 1º (VETADO)</p><p>§ 2º A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO deve ser precedida de ESTUDOS TÉCNICOS E DE CONSULTA</p><p>PÚBLICA que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em</p><p>regulamento.</p><p>Lembrando que as áreas devem ser criadas em local dotado de características ambientais relevantes, e para</p><p>isso estudos técnicos e Consulta Pública, é uma das formas de se comprovar essa existência.</p><p>Os estudos técnicos irão apontar todas as características da área, e qual tipo de unidade de conservação</p><p>poderá ser criada naquele local.</p><p>No tocante a consulta pública é praticamente permitir a participação da sociedade na criação das unidades</p><p>de conservação, momento no qual poderá ser aberta a palavra para que os membros daquela sociedade possam</p><p>expressar suas opiniões, assim como prestar informações relevantes já que habitam no referido espaço e possuem</p><p>certa familiaridade com os aspectos ambientais existentes.</p><p>§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o PODER PÚBLICO É OBRIGADO A FORNECER INFORMAÇÕES</p><p>ADEQUADAS e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.</p><p>§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica NÃO É OBRIGATÓRIA A CONSULTA de que trata o § 2o deste artigo.</p><p>Aqui atenção para as provas, porque temos uma exceção à regra trazida pelo paragrafo 2º.</p><p>Verifica-se que não são todas as unidades de conservação que deverão, para a sua criação, serem</p><p>precedidas de consulta pública (02 das 12 unidades NÃO PRECISARÃO da consulta pública para que seja</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>89</p><p>realizada a sua criação). Lembramos ainda que, a Estação Ecológica e Reserva Biológica são duas reservas que</p><p>fazem parte da Unidade de Proteção Integral.</p><p>§ 5o As unidades de conservação do GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades</p><p>do grupo de Proteção Integral, por INSTRUMENTO NORMATIVO DO MESMO NÍVEL HIERÁRQUICO do que criou a unidade,</p><p>DESDE QUE OBEDECIDOS OS PROCEDIMENTOS DE CONSULTA ESTABELECIDOS no § 2o deste artigo.</p><p>Aqui encontramos a possibilidade de aumentar a proteção das Unidades de Conservação de Uso</p><p>Sustentável caso necessário, aumento este que poderá ser realizado por meio de instrumento do mesmo nível</p><p>hierárquico. Ou seja, se determinada sede de Uso Sustentável for criada por Decreto, ela poderá ser transformada</p><p>em de Proteção Integral por Decreto também.</p><p>§ 6o A AMPLIAÇÃO DOS LIMITES de uma unidade de conservação, SEM MODIFICAÇÃO DOS SEUS LIMITES ORIGINAIS, exceto</p><p>pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, DESDE QUE</p><p>OBEDECIDOS OS PROCEDIMENTOS DE CONSULTA estabelecidos no § 2o deste artigo.</p><p>Imaginemos que o Poder Público deseja diminuir uma parte de uma área, contudo deseja aumentar</p><p>outra ao lado daquela reduzida. Isso poderá ser feito mediante Decreto?</p><p>NÃO, somente por meio de Lei. A negativa justifica-se porque a Constituição determina que seja por Lei a</p><p>realização de supressão ou alteração de área.</p><p>(lembrar que diminuição somente através de lei, mesmo que haja ao mesmo tempo, no mesmo projeto um</p><p>grande aumento de Unidade de Conservação ao lado – uma coisa não compensa a outra).</p><p>E se a maior riqueza ambiental estiver na parte suprimida?</p><p>Mais um motivo para vermos que o tamanho do aumento de uma área próxima à outra a ser reduzida, não</p><p>autoriza que a redução seja através de Decreto. Para que haja qualquer tipo de redução somente por Lei.</p><p>Imaginemos agora a situação de uma Unidade de Conservação que será ampliada. Isso poderá ser</p><p>feito através de Decreto ou somente por Lei?</p><p>Quando estivermos diante de situação de aumento, devemos</p><p>interpretar como criação e não como</p><p>alteração, podendo então ser realizado através de Decreto do Poder Executivo, seguindo então a linha de raciocínio</p><p>de que, se é para proteger, quanto mais instrumentos tivermos melhor.</p><p>Atentem-se que nesses casos não estaríamos mexendo no limite original da área, mas tão somente agregando</p><p>uma parte ao lado.</p><p>§ 7º A DESAFETAÇÃO OU REDUÇÃO DOS LIMITES de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica.</p><p>O §7º dispensa maiores esclarecimentos, vez que já vimos que para a diminuição ou desafetação, por se</p><p>tratar de menor proteção, ou retirada de proteção ambiental, deve ser somente por meio de Lei.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>90</p><p>Zona de Amortecimento</p><p>Em Direito Ambiental consideramos como Zona de Amortecimento de determinada área o SEU ENTORNO,</p><p>a área em volta de toda a Unidade de Conservação.</p><p>O conceito está previsto no art. 2º, XVIII da Lei do SNUC – Lei 9.985/2000.</p><p>Art. 2º, XVIII da Lei 9.985/2000 - Zona de Amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação,</p><p>onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar</p><p>os impactos negativos sobre a unidade; e</p><p>A finalidade do entorno é amortecer o impacto oriundo do meio externo, impedindo que este se estenda ao</p><p>meio interno da área de conservação. Diante dessa perspectiva visando proteger a Unidade de Conservação</p><p>algumas atividades não poderão ser desenvolvidas dentro dessa zona de amortecimento. Podemos com isso</p><p>afirmar que a zona de amortecimento é uma área que também sofre de certa forma limitação quanto ao uso.</p><p>Art. 25. As unidades de conservação, EXCETO ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E RESERVA</p><p>PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando</p><p>conveniente, corredores ecológicos.(Regulamento)</p><p>APA (Área de Proteção Ambiental) e RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural)</p><p>Não precisam de zona de amortecimento. As áreas do presente tópico resentam o primeiro e último tipo de</p><p>unidade de conservação de Uso Sustentável, sendo a APA o primeiro e RPPN o último tipo.</p><p>§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade ESTABELECERÁ NORMAS ESPECÍFICAS</p><p>regulamentando a OCUPAÇÃO E O USO DOS RECURSOS DA ZONA DE AMORTECIMENTO E DOS</p><p>CORREDORES ECOLÓGICOS de uma unidade de conservação.</p><p>§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de que trata</p><p>o § 1o PODERÃO SER DEFINIDAS NO ATO DE CRIAÇÃO DA UNIDADE OU POSTERIORMENTE.</p><p>O ideal é que fossem elaborados os limites da Zona de Amortecimento no momento da criação da área de</p><p>proteção, contudo como prevê o disposto no §2º do Art. 25 esses limites poderão ser estabelecidos posteriormente</p><p>no plano de manejo.</p><p>Dica de PROVA – JÁ CAIU</p><p>Lembrar que a Zona de Amortecimento não faz parte da Unidade de Conservação, ficando</p><p>essa área do lado de fora, externo da área Unidade de Conservação.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>91</p><p>Plano de Manejo</p><p>Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um PLANO DE MANEJO. (Regulamento)</p><p>§ 1o O PLANO DE MANEJO deve ABRANGER a área da unidade de conservação, sua zona de</p><p>amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida</p><p>econômica e social das comunidades vizinhas.</p><p>§ 2o Na ELABORAÇÃO, ATUALIZAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DAS</p><p>RESERVAS EXTRATIVISTAS, DAS RESERVAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, DAS</p><p>ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de</p><p>Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a AMPLA PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO residente.</p><p>Interessante lembrar aqui do Princípio da Participação.</p><p>§ 3o O PLANO DE MANEJO de uma unidade de conservação deve ser elaborado no PRAZO DE CINCO</p><p>ANOS a partir da data de sua criação.</p><p>Plano de Manejo deve ser criado juntamente com a criação da Unidade de Conservação,</p><p>mas como já mencionado poderá ser elaborado posteriormente, dentro do prazo de 05 anos</p><p>contados a partir da data da criação da Unidade de Conservação.</p><p>§ 4o O PLANO DE MANEJO poderá DISPOR SOBRE as atividades de liberação planejada e cultivo de</p><p>organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das</p><p>demais categorias de unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão técnica da</p><p>Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio sobre: (Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)</p><p>I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres; (Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)</p><p>II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente modificado;</p><p>(Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)</p><p>III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus ancestrais</p><p>diretos e parentes silvestres; e (Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)</p><p>IV - situações de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade. (Incluído pela Lei nº</p><p>11.460, de 2007)</p><p>O conceito do Plano de Manejo vem previsto no art. 2º, XVII da Lei SNUC – Lei 9.985/2000.</p><p>Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:</p><p>(...)</p><p>XVII - PLANO DE MANEJO: DOCUMENTO TÉCNICO mediante o qual, com fundamento nos</p><p>OBJETIVOS GERAIS de uma unidade de conservação, SE ESTABELECE O SEU ZONEAMENTO E AS</p><p>NORMAS QUE DEVEM PRESIDIR O USO DA ÁREA e o manejo dos recursos naturais, inclusive a</p><p>implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;</p><p>Como o Plano de Manejo funciona como regras internas da Unidade de Conservação, toda Unidade de</p><p>Conservação que é criada dever ter seu Plano de Manejo.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>92</p><p>Observação – Plano de Manejo x Zona de Amortecimento – CUIDADO !</p><p>(art. 27, §2º da Lei 9.985/2000)</p><p>Como mencionamos, a Zona de Amortecimento se encontra fora da Unidade de Conservação, e o Plano de</p><p>Manejo da Unidade tem que abordar a Zona de Amortecimento. Portanto, apesar da Zona de</p><p>Amortecimento estar localizada no lado externo da Unidade de Conservação, o Plano de Manejo deve</p><p>contemplar pontos sobre a mesma.</p><p>Compensação Ambiental</p><p>Trata-se de um tema importantíssimo a ser tratado e muito cobrado em provas de Direito Ambiental.</p><p>Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO</p><p>IMPACTO AMBIENTAL*, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com FUNDAMENTO em</p><p>estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a</p><p>implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o</p><p>disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.(Regulamento)</p><p>Significativo impacto ambiental – ou seja, não serão todos os empreendimentos que deverão pagar o valor a</p><p>titulo de compensação, SOMENTE - conforme dispõe em lei - os de significativo impacto.</p><p>Dica de PROVA – Todo o empreendimento de impactos ambientais a serem</p><p>licenciados deve pagar valor a titulo de compensação ambiental.</p><p>ERRADO. Não são todos os empreendimentos, somente os de significativo impacto</p><p>ambiental.</p><p>Como saber então que determinada atividade/empreendimento causará impactos significativos?</p><p>São aqueles que terão que apresentar para o órgão o EIA/RIMA, o Estudo de Impacto Ambiental e o</p><p>Relatório de Impacto Ambiental.</p><p>Art. 36 (...) ... com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório...(...)</p><p>Sendo assim, se o empreendimento deve apresentar o EIA/RIMA é porque é de significativo impacto</p><p>ambiental, e se é de significativo impacto ambiental deve realizar o pagamento de valor</p><p>a titulo de</p><p>compensação.</p><p>§ 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade NÃO PODE SER</p><p>INFERIOR A MEIO POR CENTO DOS CUSTOS TOTAIS previstos para a implantação do</p><p>empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, DE ACORDO COM O</p><p>GRAU DE IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO PELO EMPREENDIMENTO. (Vide ADIN nº 3.378-6,</p><p>de 2008)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>93</p><p>Valor determinado por Lei, e quanto mais impactante a atividade desenvolvida maior o</p><p>valor a ser pago, a título compensação ambiental.</p><p>§ 2º Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas,</p><p>considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser</p><p>contemplada a criação de novas unidades de conservação.</p><p>§ 3º Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o</p><p>licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão</p><p>responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção</p><p>Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo.</p><p>§ 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida em</p><p>unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as</p><p>localizadas na Amazônia Legal. (Incluído pela Lei nº 13.668, de 2018)</p><p>Qual seria a ideia da Compensação Ambiental?</p><p>A Lei do SNUC dispõe que toda atividade de significativo impacto ambiental (ou seja, aquelas mais</p><p>impactantes ao Meio Ambiente), deve no momento do licenciamento ambiental (Licença Prévia, Licença de</p><p>Instalação e Licença de Operação = aos 03 tipos de licença ambiental), bem antes de o empreendimento começar</p><p>(ou seja, no momento da licença prévia e de Instalação), pagar para o órgão ambiental competente valor a ser</p><p>revertido para Unidade de Conservação, áreas de grande relevância ambiental.</p><p>Vale lembrar ainda que o valor deve ser aplicado para a proteção e manutenção das Unidades de</p><p>Conservação de Proteção Integral, áreas de relevância ambiental. Sendo assim, a regra, é a aplicação desse</p><p>dinheiro para a manutenção ou criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral.</p><p>STF e Compensação Ambiental</p><p>Sobre o tema houve um debate no momento da criação dessa Compensação Ambiental, momento no qual o</p><p>STF fora provocado a fim de que analisasse e decidisse se a cobrança a titulo de compensação seria constitucional</p><p>ou não. Os empreendedores e empresários alegavam que não tinham como pagar um valor a titulo de compensação</p><p>ambiental no momento de Licença Prévia e Licença de Instalação já que não havia ocorrido o início do</p><p>funcionamento das atividades. Afirmavam ainda que, caso houvesse danos, esses seriam reparados e indenizados,</p><p>contudo, seria desarrazoado a realização de pagamento sem a existência de qualquer atividade por parte da</p><p>empresa. Seria nítido o caso de inconstitucionalidade.</p><p>Outra alegação girava em torno do percentual de compensação ambiental, que por lei deveria ser de no</p><p>mínimo 0,05% do valor total do empreendimento. O valor não agradava os empreendedores, já que para algumas</p><p>atividades o ideal seria percentual de 0,02% ou 0,03% por exemplo. Diante desse descontentamento os</p><p>empreendedores entendiam que, com a cobrança Estado estaria enriquecendo ilicitamente.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>94</p><p>Compensação Ambiental - Constitucionalidade - STF – ADI 3378/DF</p><p>(Ação Direta de Inconstitucionalidade que já foi muito cobrada em provas, e tem grandes chances de continuar sendo pedida)</p><p>Analisada a celeuma o STF se manifestou, na referida ADI, declinando pela CONSTITUCIONALIDADE da</p><p>cobrança de Compensação Ambiental prevista em lei, conforme artigo 36, §1º da Lei 9.985/2000, afirmando que o</p><p>pagamento é devido e necessário para a conservação e manutenção de unidade de conservação. Aplicou no caso o</p><p>Princípio do Usuário-Pagador, justificando que apesar de não iniciadas as atividades, já se poderia prever que estas</p><p>causariam impactos significativos no meio ambiente, conforme previsto EIA/RIMA.</p><p>Não obstante a interpretação pela constitucionalidade da norma, a Suprema Corte no tocante ao percentual a</p><p>ser cobrado, declinou pela sua inconstitucionalidade, afirmando que quem deveria definir o valor percentual a ser</p><p>pago a titulo de compensação ambiental, seria o órgão ambiental licenciador competente.</p><p>Curiosidade: somente a título de informação o valor na prática que vem sendo cobrado à titulo de</p><p>compensação ambiental, vem variando de 0,2% a 1,1%.</p><p>Atenção: convém notar que essa Compensação Ambiental não tem ligação alguma com o</p><p>dano ambiental. Trata-se de uma compensação baseado no princípio do Usuário-Pagador.</p><p>No caso da existência concreta de dano esse deverá ser reparado e/ou indenizado,</p><p>independentemente do pagamento anterior de qualquer compensação ambiental.</p><p>Lembrem-se estamos diante de institutos diferentes.</p><p>6. Código Florestal</p><p>Outro ponto importantíssimo, e que não pode ser negligenciado pelos candidatos é a Legislação Brasileira</p><p>Florestal. Nessa perspectiva trataremos agora da Lei 12.651/2012, mais conhecida como Código Florestal.</p><p>Áreas Especialmente Protegidas</p><p>A primeira coisa a ser mencionada aos candidatos é que o Código Florestal não trata apenas de proteção</p><p>ambiental, mas sim também da utilização racional das florestas (forma de utilização com proteção).</p><p>Outro ponto a ser destacado é que “Conservação” não quer dizer “imobilização”.</p><p>Diante da possibilidade de exploração, mas visando dar amparo ao Meio Ambiente, afirmamos que o Código</p><p>Florestal dispõe sobre conservação, utilização racional, manejo florestal sustentável, etc., ou seja, autoriza a</p><p>realização de exploração e em contrapartida também se preocupa com que a utilização das florestas ocorra de</p><p>maneira equilibrada e que se possa proteger áreas ambientalmente relevantes, como as APP’s e Reservas Legais.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>95</p><p>Competências Constitucionais: material e legislativa:</p><p>Aqui relembramos aos candidatos que a competência para legislar (Competência Legislativa) sobre floresta é</p><p>concorrente (art. 24 da CF/88), estando, portanto, todos os entes U, E e DF autorizados a lançar mão de sua</p><p>competência legislativa sobre floresta. Os municípios por sua vez possuem essa autorização prevista no art. 30,</p><p>incisos I e II da CF/88.</p><p>Já, no tocante a competência material/administrativa sobre floresta, temos que esta é uma competência</p><p>comum, (art. 23, VI, VII da CF/88), momento no qual a Carta Magna traz que todos os entes federados podem</p><p>atuar administrativamente na proteção destas.</p><p>Dica de PROVA – Questão - Depois do Código Florestal de 2012, no ano de</p><p>2013, um Estado membro resolve legislar criando seu próprio código florestal</p><p>estadual. O referido código é norma constitucional? A princípio seria constitucional,</p><p>vez que a competência é concorrente, podendo todos os entes legislar sobre o tema,</p><p>DESDE que seja respeitada a norma geral da União. Nesse sentido a norma da União seria</p><p>a norma geral (mais ampla) e a norma estadual seria norma complementar, podendo ser</p><p>aplicada se não contraria norma geral.</p><p>Limitações ao Exercício do Direito de Propriedade</p><p>Um tema muito cobrado em provas de concursos sobre Direito Ambiental é o referente às limitações ao</p><p>Direito de Propriedade e sobre isso temos que o próprio Código em seu artigo 2ª traz que a Lei trará limitações ao</p><p>Direito de Propriedade, quando o assunto for áreas ambientalmente relevantes.</p><p>Vejam então que</p><p>com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do</p><p>efeito estufa e o consequente aquecimento global.</p><p>2 Agenda 21 é um plano de ação formulado internacionalmente para ser adotado em escala global, nacional e localmente por</p><p>organizações do sistema das Nações Unidas, pelos governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o</p><p>meio ambiente</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>9</p><p>INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (ECONOMIA VERDE)</p><p>A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, fruto da ECO-92, enuncia em seu</p><p>Princípio 16 que os Estados devem promover a adoção de instrumentos econômicos como iniciativa de proteção</p><p>à integridade do sistema ambiental global. Tais instrumentos podem envolver pagamento, compensação ou</p><p>concessão de benefícios fiscais entre outros e são considerados como uma alternativa eficiente em termos</p><p>econômicos e ambientais, indo além dos mecanismos já existentes na legislação ambiental brasileira. O objetivo</p><p>principal desses instrumentos é incentivar aqueles que ajudam a conservar ou produzir serviços ambientais a</p><p>conduzirem práticas cada vez mais adequadas e que assegurem a conservação e a restauração dos ecossistemas,</p><p>atribuindo à conservação obtida um valor monetário. Como exemplo, podemos citar a Servidão Ambiental; o</p><p>Pagamentos por serviços ambientais; o Seguro Ambiental e a Extrafiscalidade;</p><p>O que seria essa Servidão Ambiental?</p><p>Primeiramente vamos relembrar no Código Ambiental.</p><p>Imaginemos a área de uma propriedade rural, área “A” e que esta deva ter 20% (de vegetação nativa a ser</p><p>protegida) da sua extensão como área de reserva legal, e que seu proprietário além dos 20% deixou 10% a mais</p><p>com área protegida, ficando assim com 30% de sua propriedade com vegetação nativa. Imaginemos noutro</p><p>vértice a existência da propriedade “B” ao lado da propriedade “A”, mas que seu proprietário ao invés de ter</p><p>deixado os 20% de extensão para reserva legal, tenha deixado somente 10%.</p><p>O que a servidão ambiental tem haver com essa situação hipotética apresentada? O que o Código</p><p>Florestal fala a respeito?</p><p>Sobre esses 10% excedentes existentes na propriedade “A”, o proprietário pode instituir uma cota de reserva</p><p>ambiental, ou seja, o proprietário com extensões excedentes de reserva legal poderá deixar uma margem dessa área</p><p>como área de reserva legal negociável com outros proprietários rurais. Sendo assim, no caso dado como</p><p>exemplo o proprietário da área “B” poderá negociar com o proprietário da área “A” essa área de reserva legal</p><p>excedente, para que assim possa completar os 20 % de reserva legal em sua propriedade exigidos por lei.</p><p>Essa situação apresenta um claro exemplo de instrumento econômico de proteção ambiental, vez que faz com a</p><p>situação seja viável para ambas as partes (financeiramente para o proprietário da área “A” e legalmente para o</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>10</p><p>proprietário da área “B”). Além dos benefícios econômico e legal - aproveitado pelos negociantes - temos o meio</p><p>ambiente sendo protegido que é o principal objetivo da medida realizada.</p><p>Pagamento por Serviços Ambientais</p><p>No que diz respeito ao pagamento por serviços ambientais, podemos citar a titulo de exemplo a cidade de</p><p>Extrema no sul de Minas Gerais, onde os proprietários de áreas rurais que protegem suas nascentes (além do que a</p><p>lei exige) são recompensados economicamente por isso.</p><p>Extrema – cidade mineira que contribui no abastecimento algumas cidades de São Paulo</p><p>Vejam que a ideia desse mecanismo se funda na simples dedução de que seria muito mais barato pagar aos</p><p>proprietários pela preservação na fonte de recursos naturais, ou seja, recursos hídricos, do que esperar que possível</p><p>problema de abastecimento se estenda a outras regiões como o Estado de São Paulo, que é abastecido por essas</p><p>nascentes do sul de Minas.</p><p>Vejam que o serviço ambiental de preservação que o produtor rural está prestando é a proteção de</p><p>vegetação, que por sua vez protege os rios (na quantidade e qualidade de água) e que gera ao mesmo tempo</p><p>benefícios econômicos.</p><p>Seguro ambiental</p><p>Seguro Ambiental é nada mais, nada menos que um seguro normal a ser pago para os casos de acidentes</p><p>ambientais ou valor garantido para a reparação do dano causado.</p><p>Extrafiscalidade</p><p>Outro mecanismo adotado e que vem sendo muito cobrado em provas de concursos públicos é a</p><p>Extrafiscalidade, composta pela relação de interdisciplinaridade do Direito Ambiental e Direito Tributário.</p><p>Extrafiscalidade: Para Alexandre Mazza a Extrafiscalidade ou Tributação Indutiva é a utilização do</p><p>tributo para atingir objetivos de ordem social ou politica contemplados no ordenamento jurídico, ou</p><p>seja, sem a finalidade imediatamente arrecadatória.</p><p>Sabemos que o tributo tem a função da fiscalidade, ou seja, arrecadação, contudo não é somente essa a</p><p>função existente. A Extrafiscalidade também pode estar presente no contexto do Direito Ambiental fundando-se</p><p>não ideia de arrecadar, mas sim de direcionar comportamentos. Vejamos:</p><p>Exemplo de direcionamento de comportamento:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>11</p><p>Poder Público implementado uma politica ambiental prevendo a redução de 10% no valor tributo para</p><p>as empresas de determinado ramo tenha em seus equipamentos filtros antipoluentes. Ao instalar o</p><p>referido filtro o empresário terá uma redução no valor do tributo a ser pago, e esse beneficio poderá</p><p>refletir no custo da mercadoria fornecida pela empresa, fazendo assim com que melhore também sua</p><p>capacidade competitiva no mercado do ramo.</p><p>O mesmo ocorre com o ITR (Imposto Territorial Rural). Nas propriedades rurais, as áreas destinadas à</p><p>reserva legal (áreas protegidas) não pagam ITR, fator que incentiva os donos de propriedades rurais a</p><p>regularizem suas propriedade e reservas legais.</p><p>2. Princípios do Direito Ambiental</p><p>Antes de pontuarmos os princípios do Direito Ambiental é necessário que conceituemos o que seria Direito</p><p>Ambiental.</p><p>Conceito de Direito Ambiental</p><p>Poderíamos descrever Meio Ambiente como tudo àquilo que envolve e cerca os seres vivos por todos os</p><p>lados. Todavia, é importante que saibamos o conceito legal de Meio Ambiente e para isso apontamos o previsto no</p><p>art. 3º, I da Lei 6.938/81 – Lei de Política Ambiental de Meio Ambiente, lei esta recepcionada pela Constituição</p><p>Federal de 88 e que traz as seguintes considerações:</p><p>Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:</p><p>I - MEIO AMBIENTE, o conjunto de CONDIÇÕES, LEIS, INFLUÊNCIAS E INTERAÇÕES DE</p><p>ORDEM FÍSICA, QUÍMICA E BIOLÓGICA, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas</p><p>formas;</p><p>O conceito de Meio Ambiente, portanto, deve ser amplo, envolvendo e interconectando os aspectos</p><p>biológicos, físicos, econômicos, sociais e culturais, ou seja, os aspectos que conjuntamente formem o meio</p><p>ambiente.</p><p>Observe que a lei apesar de ser de 1981 é muito inovadora e traz conceituações interessantes, e isso se deve</p><p>as Conferências realizadas anteriormente como a de Estocolmo, que influenciou vários países inclusive o Brasil.</p><p>Questão de Prova - De acordo com a lei 6.938/81 o Meio Ambiente é a interação</p><p>de elementos bióticos e abióticos?</p><p>Correta – De forma sucinta os Bióticos seriam os elementos com vida e Abiótico seriam os</p><p>elementos sem vida e ambos formariam o Meio Ambiente.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>12</p><p>Além do conceito legal é interessante que saibamos que existe uma classificação do Meio Ambiente. Essa</p><p>classificação já vinha sendo trabalhada pela doutrina do Direito Ambiental, mas o STF em uma de</p><p>as propriedades submetidas a essa limitação imposta por lei, obrigam seus proprietários a</p><p>não exercerem em casos específicos seu direito de propriedade. Isso ocorre diante da necessidade de proteção da</p><p>referida área, sendo nesses casos o direito do proprietário preterido em favor do direito da coletividade*, já que</p><p>esta tem direito ao meio ambiente protegido e equilibrado. (Direito Difuso*)</p><p>Exemplo: imaginemos um fazendeiro que deseje criar gado em toda a sua propriedade. Esse proprietário</p><p>poderá explorar suas terras, contudo deverá poupar uma parte que será destinada a APP – Área de</p><p>Preservação Permanente.</p><p>Diante da impossibilidade do uso de suas terras na totalidade, não poderá mesmo que queira ajuizar qualquer</p><p>demanda contra o Estado pleiteando indenização pela restrição ao uso dessa área destinada à APP. Isso</p><p>porque, essa limitação de uso é determinação legal com base constitucional além de ir de encontro com o</p><p>Princípio da função sócio ambiental.</p><p>Esse proprietário, portanto, deverá manter o recurso hídrico protegido no percentual determinado em lei vez</p><p>que não se trata de interesse somente dele, mas de toda sociedade, coletividade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>96</p><p>Em suma não há o que se falar em indenização pela instituição de APP ou Reserva Legal.</p><p>Áreas especialmente protegidas</p><p> No Código Florestal – Lei 12.651/2012 temos 02 áreas ambientalmente relevantes:</p><p>- Área de Preservação Permanente – APP</p><p>- Área de Reserva Lega – RL</p><p> Na Lei SNUC – Lei 9.985/200</p><p>Obs: lembrando ainda que vimos as Unidades de Conservação da Natureza – na Lei 9.985/2000 - SNUC</p><p>Áreas de proteção ambiental mais protegidas:</p><p>- Área de Preservação Permanente – APP – Código Florestal</p><p>- Área de Reserva Lega – RL – Código Florestal</p><p>- Unidades de Conservação da Natureza – Lei SNUC</p><p>Dica de PROVA - Obs: As áreas consideradas APP’s podem ser rurais e urbanas.</p><p>É interessante reforçar essa ideia, porque a área de Reserva Legal engloba somente em</p><p>propriedades rurais.</p><p>- APP – Propriedade rural ou urbana</p><p>- Reserva Legal – Somente propriedade rural</p><p>Modo de instituição e criação de uma APP:</p><p>Temos 02 modos de instituição de APP:</p><p>1. ex vi legis (art. 4º da Lei 12.651/2012)</p><p>2. por ato do Poder Público (art. 6º da Lei 12.651/2012)</p><p>- ex vi legis (art. 4º da Lei 12.651/2012)</p><p>Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:</p><p>(...)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>97</p><p>I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda</p><p>da calha do leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;</p><p>b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;</p><p>c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;</p><p>d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;</p><p>Vejam então que as margens dos rios devem ter vegetação nativa, exatamente para proteger o curso</p><p>d’agua assim como todo o recurso hídrico. Caso não houvesse essa vegetação poderíamos ter</p><p>assoreamento, erosão, etc. A vegetação que compõe as margens é o é conhecida também por mata</p><p>ciliar.</p><p>II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:</p><p>a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa</p><p>marginal será de 50 (cinquenta) metros;</p><p>b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;</p><p>III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento,</p><p>observado o disposto nos §§ 1o e 2o;</p><p>III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos</p><p>d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; (Incluído pela Lei nº</p><p>12.727, de 2012).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>98</p><p>IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água, qualquer que seja a sua situação topográfica, no raio mínimo</p><p>de 50 (cinquenta) metros;</p><p>IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio</p><p>mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).</p><p>IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no</p><p>raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior</p><p>declive;</p><p>VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;</p><p>VII - os manguezais, em toda a sua extensão;</p><p>VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem)</p><p>metros em projeções horizontais;</p><p>IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média</p><p>maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da</p><p>elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho</p><p>d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;</p><p>X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;</p><p>XI - as veredas.</p><p>XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do</p><p>limite do espaço brejoso e encharcado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>99</p><p>XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do</p><p>espaço permanentemente brejoso e encharcado. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>Dica de PROVA - O Código Florestal autoriza a supressão de vegetação em área</p><p>de preservação permanente?</p><p>E a resposta é sim, MAS SOMENTE nos casos excepcionais previstos no art. 8º da Lei</p><p>12.651/2012. O Código autoriza a supressão em vegetação de APP, mas em casos</p><p>excepcionais (art. 8º do Código Florestal), como por exemplo, Utilidade Pública, Interesse</p><p>Social ou de Baixo Impacto Ambiental. (não são cumulativas).</p><p>Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente</p><p>SOMENTE ocorrerá nas hipóteses de UTILIDADE PÚBLICA, DE INTERESSE SOCIAL OU DE</p><p>BAIXO IMPACTO AMBIENTAL previstas nesta Lei.</p><p>Dica de PROVA - O que seria Utilidade Pública Interesse Social ou Baixo</p><p>Impacto Ambiental?</p><p>Utilidade Pública – Art. 3º da Lei 12.651/2012</p><p>VIII - utilidade pública:</p><p>a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;</p><p>b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário,</p><p>inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento,</p><p>gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de</p><p>competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último</p><p>caso, a extração de areia, argila, saibro</p><p>e cascalho; (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) (Vide ADIN</p><p>4937)</p><p>c) atividades e obras de defesa civil;</p><p>d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no</p><p>inciso II deste artigo;</p><p>e) OUTRAS ATIVIDADES SIMILARES devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento</p><p>administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto,</p><p>definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>100</p><p>Interesse Social - art. 3º, IX da Lei 12.651/2012</p><p>IX - interesse social:</p><p>a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate</p><p>e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;</p><p>b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por</p><p>povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não</p><p>prejudique a função ambiental da área;</p><p>c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao</p><p>ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei;</p><p>d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa</p><p>renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho</p><p>de 2009;</p><p>e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para</p><p>projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade;</p><p>f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade</p><p>competente;</p><p>g) OUTRAS ATIVIDADES SIMILARES devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento</p><p>administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em</p><p>ato do Chefe do Poder Executivo federal;</p><p>Baixo Impacto Ambiental – Art. 3º da Lei 12.651/2012</p><p>X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:</p><p>a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de</p><p>um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos</p><p>das atividades de manejo agroflorestal sustentável;</p><p>b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que</p><p>comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber;</p><p>c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;</p><p>d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;</p><p>e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras</p><p>populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço</p><p>próprio dos moradores;</p><p>f) construção e manutenção de cercas na propriedade;</p><p>g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação</p><p>aplicável;</p><p>h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes,</p><p>castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos;</p><p>i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que</p><p>não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área;</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>101</p><p>j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de</p><p>produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem</p><p>prejudiquem a função ambiental da área;</p><p>k) OUTRAS AÇÕES OU ATIVIDADES SIMILARES, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto</p><p>ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio</p><p>Ambiente;</p><p>Observação: existe uma CRÍTICA DA DOUTRINA e dos operadores do direito, com relação às exceções</p><p>existentes no art. 8º da Lei 12.651/2012. A crítica se faz devido à utilização pelo legislador da expressão</p><p>OUTRAS ATIVIDADES SIMILARES, conforme destacamos.</p><p>Vejam que as exceções deveriam ser um rol limitado, determinando casos específicos, todavia a expressão</p><p>outras atividades similares, abre o leque para outras possibilidades. Ou seja, uma lista que tinha que ser</p><p>fechada de exceções, tornou-se uma lista aberta.</p><p>E quem define essas outras atividades similares?</p><p>Às vezes até o próprio Poder Público, que tem interesse na supressão da vegetação. Essa possibilidade é</p><p>também uma situação alvo de criticas pela doutrina ambiental.</p><p>§ 1º A SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO NATIVA PROTETORA de nascentes, dunas e restingas somente</p><p>poderá ser autorizada em caso de UTILIDADE PÚBLICA.</p><p>§ 2º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os</p><p>incisos VI e VII do caput do art. 4o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função</p><p>ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização,</p><p>inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas</p><p>por população de baixa renda.</p><p>§ 3º É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de</p><p>atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de</p><p>acidentes em áreas urbanas.</p><p>§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de</p><p>vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.</p><p>Área de Reserva Lega – RL</p><p>O conceito de Reserva Legal vem disposto no artigo 3º, III da Lei 12.651/2012 – Código Florestal vejamos:</p><p>Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:</p><p>(...)</p><p>III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma PROPRIEDADE ou POSSE RURAL, delimitada nos</p><p>termos do art. 12, com a FUNÇÃO DE ASSEGURAR O USO ECONÔMICO DE MODO SUSTENTÁVEL</p><p>DOS RECURSOS NATURAIS do imóvel rural, AUXILIAR A CONSERVAÇÃO E A REABILITAÇÃO DOS</p><p>PROCESSOS ECOLÓGICOS e PROMOVER A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE, bem como o</p><p>ABRIGO e a PROTEÇÃO de fauna silvestre e da flora nativa;</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>102</p><p>Ao realizar a leitura do respectivo artigo já podemos perceber uma diferença significativa com relação à</p><p>APP – Área de Proteção Permanente. No que diz respeito à área localizada, a Reserva Legal somente engloba</p><p>em seu conceito as áreas localizadas em propriedade ou posse RURAL, não incluindo, portanto, área urbana.</p><p>Outra diferença que pode ser apontada é a possibilidade de USO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL DOS</p><p>RECURSOS NATURAIS nas áreas de Reserva Legal, ou seja, existe a possibilidade de se explorar madeira, por</p><p>exemplo, quando existir autorização do órgão ambiental. Nesse sentido, a área continua sendo uma área</p><p>ambientalmente protegida (área de reserva legal), porém, pode haver exploração econômica dessa área,</p><p>diferentemente da APP que não admite a exploração econômica e a supressão de vegetação poderá ocorrer</p><p>somente nos casos excepcionais previstos no art. 8º da Lei 12.651/2012 (utilidade pública, interesse social e baixo</p><p>impacto).</p><p>O conceito de Reserva Legal nos remete ao artigo 12 do Código Florestal (12.651/2012), e como podemos</p><p>perceber temos um percentual variável.</p><p>Art. 12. TODO IMÓVEL RURAL DEVE MANTER ÁREA COM COBERTURA DE VEGETAÇÃO</p><p>NATIVA, a título de RESERVA LEGAL, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas</p><p>de</p><p>Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel,</p><p>excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de</p><p>2012).</p><p>I - localizado na AMAZÔNIA LEGAL:</p><p>a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de FLORESTAS;</p><p>b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de CERRADO;</p><p>c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de CAMPOS GERAIS;</p><p>II - localizado nas DEMAIS REGIÕES DO PAÍS: 20% (vinte por cento).</p><p>§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo</p><p>Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do</p><p>fracionamento.</p><p>§ 2o O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área de formações florestais, de cerrado ou de</p><p>campos gerais na Amazônia Legal será definido considerando separadamente os índices contidos nas</p><p>alíneas a, b e c do inciso I do caput.</p><p>§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação</p><p>nativa apenas será autorizada pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver</p><p>inserido no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art. 30.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>103</p><p>§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para até 50%</p><p>(cinquenta por cento), para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por</p><p>cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio público e por terras indígenas</p><p>homologadas.</p><p>§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio</p><p>Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver</p><p>Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território</p><p>ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por</p><p>terras indígenas homologadas.</p><p>§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto não estão sujeitos à</p><p>constituição de Reserva Legal.</p><p>§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de</p><p>concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais</p><p>funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de</p><p>transmissão e de distribuição de energia elétrica.</p><p>§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de</p><p>implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.</p><p>Outro ponto importante relacionado à área de reserva legal vem previsto no artigo 15 do Código Florestal</p><p>(12.651/2012). Trata-se de novidade em relação ao Código anterior.</p><p>O que falava o Código anterior de 1965 que foi revogado?</p><p>O Código anterior dispunha que se a propriedade tivesse em sua área uma nascente deveria</p><p>ter ao seu redor área destinada à APP. Havendo mais nascentes outras APP’s deveriam ser</p><p>constituídas e, somado a elas o proprietário deveria ainda destinar mais 20% de área em</p><p>sua propriedade a titulo de reserva legal.</p><p>Observem que de acordo com o Código anterior, não interessava a quantidade de APP’s</p><p>que determinada área possuía, o seu proprietário sempre deveria manter essa vegetação</p><p>protegida e ainda deixar mais 20% a titulo de Reserva Legal.</p><p>Qual a novidade do Código de 2012?</p><p>Mudou-se o entendimento. Muitos entendem que houve uma diminuição de proteção</p><p>ambiental, vez que a nova legislação trouxe em seu artigo 15, conforme veremos abaixo, a</p><p>possibilidade de computar a vegetação de APP, a fim de que se chegue aos 20% de</p><p>Reserva Legal.</p><p>Curiosidade: o artigo 15 da Lei 12.651/2012 foi objeto de Ação Civil Pública ajuizada</p><p>pelo Ministério Público, onde se discutiu a constitucionalidade deste sob a alegação de</p><p>violação ao Princípio da Vedação do Retrocesso.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>104</p><p>Todavia, o STF não aplicou o Princípio da Vedação ao Retrocesso, aos artigos do Código</p><p>Florestal quando provocado, pautando-se no entendimento de que caso se admitisse a</p><p>aplicação do principio, estaria havendo nítida interferência de um Poder sobre o outro.</p><p>Art. 15. SERÁ ADMITIDO O CÔMPUTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE no</p><p>cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que:</p><p>I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo;</p><p>II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do</p><p>proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e</p><p>III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR,</p><p>nos termos desta Lei.</p><p>Sendo assim, temos que no tocante ao art. 15 da Lei 12.651/2012 tivemos nova intenção do legislador. O</p><p>STF quando provocado declinou pela constitucionalidade do dispositivo. (decisão de fevereiro de 2018</p><p>- ADC nº42 e ADIN nº4.901).</p><p>Localização da Reserva Legal dentro da Propriedade</p><p>Dentro da propriedade rural, onde deverá ficar localizada a área de reserva legal?</p><p>Quem definirá a localização da área de reserva legal, será o órgão ambiental competente. O proprietário</p><p>poderá até sugerir local destinado à Reserva Legal, mas dependerá da anuência do órgão ambiental, vez que este é</p><p>o tecnicamente competente para localizar a área de reserva legal dentro de uma propriedade rural.</p><p>Vale lembrar ainda que a APP, vista anteriormente, está diretamente ligada à recursos naturais, sendo assim,</p><p>podemos dizer que existe certa rigidez locacional no que diz respeito a essa área ambientalmente protegida. Ou</p><p>seja, onde se encontra a margem do rio deverá consequentemente existir a APP, não podendo então haver uma</p><p>faculdade na escolha da área, diferentemente da área destinada à reserva legal que não está tão pressa a um recurso</p><p>especifico.</p><p>Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural DEVERÁ LEVAR EM CONSIDERAÇÃO</p><p>OS SEGUINTES ESTUDOS E CRITÉRIOS:</p><p>I - o plano de bacia hidrográfica;</p><p>II - o Zoneamento Ecológico-Econômico</p><p>III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente,</p><p>com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida;</p><p>IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e</p><p>V - as áreas de maior fragilidade ambiental.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>105</p><p>C.A.R. – Cadastro Ambiental Rural</p><p>Outro assunto importante a ser discutido em Direito Ambiental é o tema relacionada ao C.A.R.- Cadastro</p><p>Ambiental Rural, previsto no art. 29 da Lei 12.651/2012 – Código Florestal.</p><p>CAPÍTULO VI</p><p>DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL</p><p>Art. 29. É criado o CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de</p><p>Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, REGISTRO PÚBLICO ELETRÔNICO DE ÂMBITO</p><p>NACIONAL, OBRIGATÓRIO PARA TODOS OS IMÓVEIS RURAIS, com a finalidade de integrar as</p><p>informações ambientais das propriedades e posses rurais, COMPONDO BASE DE DADOS PARA</p><p>CONTROLE, MONITORAMENTO, PLANEJAMENTO AMBIENTAL E ECONÔMICO E COMBATE</p><p>AO DESMATAMENTO.</p><p>Igualmente ao art. 15 do Código Florestal, o art. 29 também é uma novidade legislativa com relação ao Código</p><p>Anterior. A ideia do C.A. R é que ele sirva como um registro público eletrônico de propriedades rurais, e</p><p>consequentemente, quando todas as propriedades rurais estiverem cadastradas possamos ter um acesso mais fácil à</p><p>fiscalização e acompanhamento das áreas ambientalmente protegidas.</p><p>Podemos de forma</p><p>superficial afirmar que o Cadastro Ambiental Rural, C.A.R. funciona num sistema</p><p>declaratório, como ocorre com o Imposto de Renda – I.R., onde o próprio particular insere os dados pertinentes</p><p>solicitados.</p><p>(Caso o proprietário lance informações que não correspondam com a verdade, responderá as consequências</p><p>na esfera pertinente).</p><p>Uma questão que mudou com relação ao C.A.R. e a Reserva Legal vem prevista no art. 18 do Código</p><p>Florestal e trata da averbação. A norma nos traz que a inscrição da propriedade/imóvel no C.A.R. substitui a</p><p>averbação no registro de imóveis.</p><p>Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de</p><p>inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de</p><p>transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei.</p><p>(...)</p><p>§ 4º O REGISTRO DA RESERVA LEGAL NO CAR DESOBRIGA A AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE</p><p>REGISTRO DE IMÓVEIS, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o registro no</p><p>CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.</p><p>(Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>Tínhamos na vigência do Código anterior, quando ainda não existia o Cadastro Ambiental Rural – C.A.R, que</p><p>proprietário deveria averbar a área correspondente à Reserva Legal na matricula do imóvel. Todavia, a partir de</p><p>2012, com o C.A.R. em funcionamento, o artigo 18, §4º do Código Florestal, dispõe que não há mais a</p><p>necessidade de averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel, quando incluída no Cadastro Ambiental</p><p>Rural.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>106</p><p>Reserva Legal Condominial – art. 16 da Lei 12.651/2012</p><p>Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades</p><p>rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel. (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.727, de 2012).</p><p>Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá ser agrupada em</p><p>regime de condomínio entre os adquirentes.</p><p>A reserva legal condominial permite um tipo de compensação de área de reserva legal.</p><p>Exemplo: imaginemos que 02 proprietários rurais “A e B”. O proprietário “A” tem somente 5% de área de</p><p>reserva legal, quando deveria ter 20%. O proprietário “B” por sua vez tem em sua propriedade 35 % de área</p><p>destinada como área de reserva legal. Vejam que, caso haja o acordo entre os proprietários, o quantum de</p><p>área que “sobra” na propriedade “B” poderá ser usada como área de reserva legal propriedade do proprietário</p><p>“A” por meio de condomínio. (Teríamos então a soma de 5% da propriedade “A” com 35% da propriedade</p><p>“B”, o que resultaria em 40% de área de reserva legal, que dividida por duas propriedades, daria a cada</p><p>propriedade o percentual de 20%, conforme exigido por lei).</p><p>Diante de disposição legal fica então autorizada a realização de compensação de áreas de reserva legal por</p><p>meio de condomínio, denominada Reserva Legal Condominial. Todavia, para que possa ser realizado o respectivo</p><p>condomínio as partes deverão cumprir alguns requisitos impostos por lei.</p><p>Requisitos para realização de Reserva Legal Condominial:</p><p>a) Necessidade de que as áreas envolvidas sejam vizinhas; (lembrando que o Código não traz</p><p>expressamente que as propriedades devam ser vizinhas, mas é o que se pressupõe).</p><p>b) Que o percentual legal em cada imóvel seja respeitado; (ou seja, no final das contas cada</p><p>propriedade deverá contar com 20% de área de reserva legal).</p><p>c) Reserva legal condominial deverá ser aprovada pelo órgão ambiental competente;</p><p>d) Que sejam comprovadas as inscrições no C.A.R. referente a todos os imóveis integrantes do</p><p>condomínio. (assim no C.A.R. deve ficar claro que, por exemplo, o proprietário “A” tem somente 5%</p><p>porque os outros 15% estão sendo compensados na propriedade de “B” localizada).</p><p>Observação: deixamos ainda registrado aos candidatos que em matéria ambiental e no Código Florestal é</p><p>muito comum a ocorrência do instituto da compensação.</p><p>No caso da reserva legal condominial nós temos um tipo de compensação de âmbito local, e o Código</p><p>Florestal fala inclusive na possibilidade de compensação de propriedades que não são vizinhas, todavia, a</p><p>denominação não é reserva legal condominial, mas sim compensação ambiental.</p><p>Nesse sentido, poderá sim haver compensação ambiental (e aqui não confundir com reserva condominial),</p><p>mesmo quando as propriedades não sejam vizinhas, DESDE possuam o mesmo bioma.</p><p>De acordo com o STF poderá haver a compensação em áreas com a mesma identidade ecológica.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>107</p><p>Isenção de ITR - APP e Reserva Legal.</p><p>Um último ponto interessante a ser mencionado, é que as áreas ambientalmente protegidas seja APP, seja</p><p>Reserva Legal, NÃO SOFREM A INCIDÊNCIA DE ITR – Imposto Territorial Rural.</p><p>Essa isenção funciona como incentivo econômico para que o proprietário rural mantenha as áreas</p><p>ambientalmente protegidas contidas em sua propriedade, EFETIVAMENTE protegidas.</p><p>Ressaltamos ainda que, caso o proprietário tenha quantidade de área preservada “a mais” que a porcentagem de</p><p>área exigida, seja como APP ou Reserva Legal, esse proprietário terá a isenção do quantum (a mais) protegido e</p><p>não de somente 20%.</p><p>(se a propriedade deveria ter 20% de área como reserva legal, mas possui 30%, terá a isenção em cima dos</p><p>30% e não dos 20% somente. Resumindo, quanto maior a área protegida, maior será a isenção).</p><p>7. Licenciamento Ambiental</p><p>O licenciamento Ambiental em linhas gerais seria o consentimento estatal para o exercício de atividades que</p><p>possam impactar o meio ambiente, na utilização de recursos naturais.</p><p>Para o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, de acordo com o artigo 1º, I, de sua Resolução n.</p><p>237/97 o “Licenciamento Ambiental: é procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente</p><p>licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de</p><p>recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma,</p><p>possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas</p><p>aplicáveis ao caso.”</p><p>Base Legal</p><p> Lei 6.938/81 – Lei de Política Nacional do Meio Ambiente – art. 9º, IV.</p><p>(A Lei de Politica Nacional do Meio Ambiente somente cria o Licenciamento Ambiental e não fala</p><p>mais nada sobre)</p><p> Resolução CONAMA 237/97</p><p>(É de fato a norma que irá trazer todos os regramentos sobre o Licenciamento Ambiental como tipo</p><p>de licenças, prazos de validade, etc., é a Resolução do CONAMA – Conselho Nacional do Meio</p><p>Ambiente).</p><p> Lei Complementar 140/2011</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>108</p><p>Conceito</p><p>Art. 2, I da LC 140/2011.</p><p>PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO destinado a licenciar atividades ou empreendimentos</p><p>utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de</p><p>causar degradação ambiental.</p><p>Importante destacar que o Licenciamento Ambiental tem várias etapas dentro da Administração Pública,</p><p>sendo assim, o empreendedor deve solicitar no órgão ambiental competente a referida licença ambiental, e a partir</p><p>desse momento, abre-se um procedimento administrativo de várias fases. Completadas todas as fases e cumpridos</p><p>todos os requisitos tem-se a concessão do licenciamento.</p><p>Diante do apresentado, é evidente que devemos fazer uma distinção entre Licença Ambiental e</p><p>Licenciamento Ambiental. A Licença é documento autorizador para o exercício da atividade e o Licenciamento</p><p>Ambiental é o procedimento para se conseguir a autorização.</p><p>Licenciamento Ambiental</p><p>A Resolução CONAMA 237/97, no seu Anexo I, apresenta uma LISTA EXEMPLIFICATIVA (e não</p><p>taxativa) de atividades passíveis de licenciamento ambiental.</p><p>Exemplo:</p><p>Extração e tratamento de minerais;</p><p>Indústria de produtos minerais não metálicos;</p><p>Indústria metalúrgica;</p><p>Indústria mecânica;</p><p>Indústria de madeira;</p><p>Indústria de papel e celulose.</p><p>No tocante lista (exemplificativa e não taxativa), há de se ressaltar que o órgão ambiental competente poderá</p><p>pedir a licença de atividade a empreendimento que não conste na lista apresentada no Anexo I da Resolução do</p><p>CONAMA, até porque a lista é datada de 1997, e evidentemente na época não se imaginaria algumas atividades</p><p>hoje realizadas – em decorrência de avanços tecnológicos entre outros.</p><p>Ainda sobre Licenciamento temos abaixo um dos temas mais cobrados em concursos públicos, que são os</p><p>tipos de licença ambiental: Licença Prévia, Licença de Instalação, Licença Operação: – Art. 8º, Resolução</p><p>CONAMA 237/97.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>109</p><p>Licença Prévia (LP) – concedida na Fase Preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade,</p><p>aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e</p><p>condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.</p><p>Viabilidade - Quando o projeto se apresentar inviável ambientalmente já é indeferido de pronto, não</p><p>prosseguindo nas demais fases. Exemplo: Já temos pacificado na Doutrina e Jurisprudência que é inviável</p><p>mineração em Unidade de Conservação de Proteção Integral, com isso, “de cara” o órgão ambiental</p><p>competente poderá indeferir o pedido.</p><p>Condicionantes: nas licenças ambientais é muito comum a existência de condicionantes. Como o próprio</p><p>nome já nos diz tratam-se de condições colocadas pelo órgão ambiental que irá licenciar ao empreendedor no</p><p>caso concreto e de acordo com as características e necessidades. (objetivando que a atividade se torne mais</p><p>adequada).</p><p>Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade, de acordo com as</p><p>especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle</p><p>ambiental e demais condicionantes.</p><p>Quando o empreendedor cumpre as condicionantes impostas anteriormente em sede de licença prévia pelo</p><p>órgão ambiental competente, e consegue a licença de instalação, poderá realizar a instalação de seu</p><p>empreendimento, ou seja, a montar toda a estrutura física.</p><p>Contudo ATENÇÃO: não poderá ainda “funcionar” (iniciar as atividades).</p><p>Vale lembrar que nessa fase o órgão ambiental poderá também impor condicionantes caso entenda</p><p>necessário.</p><p>Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do</p><p>efetivo cumprimento das condicionantes previstas para as licenças anteriores, assim como das medidas de</p><p>controle ambiental e condicionantes determinadas para a fase de operação.</p><p>Da mesma forma que nas fases anteriores a licença para a operação poderá ter imposições de condicionantes</p><p>vinculadas a sua concessão. Após a licença de operação ser concedida, as atividades poderão ser iniciadas.</p><p>Dica de PROVA – É muito comum o examinador tentar confundir o candidato</p><p>alterando os conceitos e objetivos de cada licença, sendo assim, é imprescindível que o</p><p>candidato tenha bem delimitado em mente o que cada licença tem por objetivo e,</p><p>quais as autorizações que são concedidas em cada uma delas.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>110</p><p>Competência para Licenciar - Art. 13 da LC 140/2011</p><p>Art.13 da LC 140/2011</p><p>“Art.13 Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único</p><p>entre federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar”.</p><p>Aqui é importante que nos lembremos das competências constitucionais mencionadas no inicio dos</p><p>estudos, onde tínhamos a competência material ou administrativa (Comum, nos termos do art. 23 da CF/88 –</p><p>U,E,DF e M) e a competência legislativa (concorrente).</p><p>Quando falamos em competência para licenciar, estamos trabalhando com uma competência</p><p>administrativa/material, sendo assim, o candidato deve esquecer a questão de criação de leis, a chamada</p><p>competência legislativa, vez que estamos diante de procedimentos administrativos e autorizadores que não se</p><p>confunde com processo legislativo.</p><p>Dica de PROVA</p><p>Licenciamento ambiental: atuação administrativa dos entes federados.</p><p>Competência Comum: nos termos do art. 23, VI da CF/88 – U, E, DF e M.</p><p>No que diz respeito à competência material/administrativa, todos os entes federativos a princípio tem</p><p>competência para licenciar.</p><p>Licenciamento - Provocações pertinentes sobre o tema:</p><p>Como organizar a atuação dos entes federados no tocante à competência material/administrativa?</p><p>Art.13 da LC 140/2011</p><p>“Art.13 Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por UM ÚNICO</p><p>entre federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar”.</p><p>Diante da leitura do art. 13 da LC 140/2011 como fica a disposição constitucional quanto à</p><p>competência para licenciamento, ou seja, competência administrativa/material?</p><p>A Constituição a principio dispõe que todos podem licenciar, mas no caso concreto temos somente a</p><p>atuação de um ente federado, ou seja, somente um dos entes federados é que realizará o licenciamento de</p><p>determinada atividade, não existindo, portanto, a um “duplo licenciamento”.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>111</p><p>A título de exemplo, podemos citar a transposição do Rio São Francisco, que se trata de uma atividade</p><p>impactante ao Meio Ambiente e, consequentemente carece de licença ambiental para sua realização.</p><p>Quem seria então o ente federativo competente para a realização da licença ambiental nesse caso?</p><p>O ente federado responsável pela concessão de licenciamento ambiental seria a União, tendo em vista que a</p><p>LC 140/2011 dispõe que quando um empreendimento passa por 02 ou mais estados quem será responsável</p><p>pelo licenciamento das atividades será a União.</p><p>Nesse sentido, a cada caso concreto teremos um ente federado competente para a concessão de licença</p><p>ambiental.</p><p>Paragrafo único do art. 23 da CF/88</p><p>“Leis complementares fixarão normas para a COOPERAÇÃO entre a União e os Estados, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito</p><p>nacional.”</p><p>Cooperação: (federalismo cooperativo)</p><p>A par do federalismo cooperativo, Leis Complementares devem organizar a atuação dos entes federados,</p><p>nos termos do art. 23 da CF/88, paragrafo único e, em matéria ambiental temos a Lei Complementar</p><p>140/2011.</p><p>Art. 7º da LC 140/2011</p><p>“São ações administrativas da União:</p><p>XVI promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades</p><p>(...)</p><p>e) Localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;”</p><p>A LC 140/2011 em seu art. 7º nos traz as competências da União no que diz respeito à atuação</p><p>administrativa, no art. 8º as competências as dos Estados, e em seu art. 9º as competências dos municípios.</p><p>Vejam então que no caso de duvidas sobre qual o ente federado será o competente para a realização do</p><p>licenciamento ambiental e sua respectiva licença, deverá o candidato consultar os arts. 7º, 8º e 9º da LC</p><p>140/2011.</p><p>Dica de PROVA – Municípios</p><p>Esclarecemos ainda que os casos de competência administrativa do município</p><p>geralmente ocorrem quando se trata de impactos ambientais locais e,</p><p>obviamente se existir órgão ambiental</p><p>municipal na localidade. Há muitos</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>112</p><p>municípios que não possuem ainda os respectivos órgãos (outro fator que não</p><p>pode ser esquecido pelo candidato). Quando isso ocorrer a competência ficará a</p><p>cargo dos Estados membros.</p><p>Competência Residual dos Estados</p><p>A LC 140/2011, deixou de maneira expressa as competências municipais, as competências da União, e o</p><p>em seu art. 8º pontuou que a competência dos Estados será residual. Nessa toada tudo o que não estiver no art. 7º e</p><p>9º da referida lei será de competência estadual. Dai então a relevância dos órgãos ambientais estaduais.</p><p>Dica de PROVA – competência da União para o licenciamento ambiental -</p><p>atividades desenvolvidas: em fronteiras; em mar territorial, plataforma continental ou zona</p><p>econômica exclusiva; em mais de 02 estados membros; em terras indígenas; em unidades de</p><p>conservação instituídas pela União exceto em APA; com caráter militar; de natureza nuclear</p><p>(lembrando aqui que atividade nuclear é monopólio da União, e está previsto no art. 177 da</p><p>CF/88);</p><p>Vejam que às atividades atribuídas à União são bem específicas. Com isso o candidato</p><p>poderá ser valer do método de exclusão das competências da União e dos municípios</p><p>(interesse local geralmente), restando então a competência Estadual quando o caso não se</p><p>alocar nas demais.</p><p>Relação entre Licenciamento Ambiental e Exercício do Poder de Polícia Ambiental</p><p>Na LC 140/2011 em seu art. 17 caput temos:</p><p>Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um</p><p>empreendimento ou atividade, LAVRAR AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL E INSTAURAR PROCESSO</p><p>ADMINISTRATIVO PARA A APURAÇÃO DE INFRAÇÕES à legislação ambiental cometidas pelo</p><p>empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.</p><p>§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente de</p><p>empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores,</p><p>pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.</p><p>§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que</p><p>tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,</p><p>comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>113</p><p>§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum</p><p>de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou</p><p>utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração</p><p>ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o</p><p>caput.</p><p>Em linhas gerais quem tem competência para licenciar é também o órgão que terá a competência e o dever</p><p>de lavrar o autor de infração ambiental cometido por empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.</p><p>Exemplo: imaginemos que ente (ESTADUAL) é o responsável pelo licenciamento de determinada atividade</p><p>ou empreendimento. Ocorre que as atividades desenvolvidas por esse referido empreendimento causa danos</p><p>ao meio ambiente e o Estado diante dos fatos nada fez, se mantendo INERTE.</p><p>Posteriormente ao realizar fiscalização na região, o IBAMA (órgão da União) verifica que a atividade estava</p><p>irregular e causando danos ambientais. Diante da constatação lavra auto de infração e aplica ao</p><p>empreendimento multa.</p><p>Dica de PROVA</p><p>1º Questionamento – Pode o IBAMA lavrar o auto de infração em decorrência da</p><p>infração ambiental cometida por empreendimento que tem sua licença expedida por</p><p>órgão ambiental estadual?</p><p>SIM, primeiro porque de acordo com art. 23 da CF/88 temos uma competência</p><p>administrativa/material COMUM em matéria ambiental. Em segundo lugar, se o órgão</p><p>estadual que licenciou o referido empreendimento permaneceu inerte, não fiscalizando a</p><p>atividade desempenhada pelo empreendimento, o órgão ambiental da União poderá sem</p><p>problema algum lavrar auto de infração ambiental.</p><p>Teremos nessa situação a presença do federalismo cooperativo, visando à proteção efetiva</p><p>do meio ambiente.</p><p>2º Questionamento – Posteriormente a aplicação de multa referente à lavratura de</p><p>auto de infração ambiental realizada pela União, o Estado membro competente para</p><p>o referido licenciamento, aplica multa no mesmo empreendimento em consequência</p><p>das mesmas infrações. Diante da existência de 02 Autos de Infração Ambiental (União</p><p>e Estado), qual deverá prevalecer?</p><p>O Auto de infração ambiental instaurado primeiro, ou elaborado pelo órgão</p><p>competente do licenciamento?</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>114</p><p>No tocante a prevalência de Auto de Infração Ambiental aplicado por entes federados</p><p>distintos, de acordo com o §3º do art. 17 da LC 140/2011, prevalecerá o Auto de Infração</p><p>elaborado e aplicado pelo Ente competente para o licenciamento ambiental da atividade.</p><p>§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de</p><p>fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou</p><p>utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, PREVALECENDO O AUTO DE</p><p>INFRAÇÃO AMBIENTAL LAVRADO POR ÓRGÃO QUE DETENHA A ATRIBUIÇÃO DE</p><p>LICENCIAMENTO OU AUTORIZAÇÃO A QUE SE REFERE O CAPUT.</p><p>Dica de PROVA - SE LIGA! As licenças Ambientais não são perenes, ou seja, elas</p><p>têm prazos de validade e precisam ser renovadas. Nesse sentido não existe licença</p><p>ambiental com prazo indeterminado.</p><p>Ainda sobre a renovação de licenças é importante o candidato se atentar ao prazo previsto no §4º do artigo</p><p>14 da LC 140/2011.</p><p>Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos processos de</p><p>licenciamento.</p><p>(...)</p><p>§ 4º A RENOVAÇÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS DEVE SER REQUERIDA COM ANTECEDÊNCIA</p><p>MÍNIMA DE 120 (CENTO E VINTE) DIAS DA EXPIRAÇÃO DE SEU PRAZO DE VALIDADE, fixado</p><p>na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão</p><p>ambiental competente.</p><p>No tocante aos prazos é preciso atenção redobrada por parte do empreendedor no que diz respeito à</p><p>renovação de licença ambiental, já que, como dispõe a lei ela precisa ser requerida com antecedência. (120 dias</p><p>antes da expiração).</p><p>A antecedência do prazo é necessária para que o órgão ambiental tenha ciência, antes de conceder a</p><p>renovação, das condições reais e atuais do funcionamento da atividade, assim como de seus impactos no meio</p><p>ambiente, o que demanda de pesquisa in loco, e demais procedimentos.</p><p>A resolução CONAMA 237/97 prevê os prazos das Licenças Ambientais no artigo 18:</p><p>Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença,</p><p>especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:</p><p>I - O prazo de validade da LICENÇA PRÉVIA (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma</p><p>de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, NÃO</p><p>PODENDO SER SUPERIOR A 5 (CINCO) ANOS.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>115</p><p>II - O prazo de validade da LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo</p><p>cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, NÃO PODENDO SER SUPERIOR A 6 (SEIS)</p><p>ANOS.</p><p>III - O prazo de validade DA LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) deverá considerar os planos de controle</p><p>ambiental e será de, no mínimo, 4 (QUATRO) ANOS E, NO MÁXIMO, 10 (DEZ) ANOS.</p><p>LICENÇA PRÉVIA Máximo de 05 ANOS</p><p>LICENÇA DE INSTALAÇÃO Máximo de 06 ANOS</p><p>LICENÇA DE OPERAÇÃO Mínimo de 04 e Maximo 10 ANOS</p><p>Dica de PROVA - É possível modificar, suspender ou cancelar a licença</p><p>ambiental?</p><p>SIM, mas isso ocorrerá em casos excepcionais, tendo em vista a necessidade de se manter</p><p>a segurança jurídica. Essas situações excepcionais estão previstas no art. 19 da Resolução</p><p>237/97 do CONAMA</p><p>Art. 19 – O ÓRGÃO AMBIENTAL COMPETENTE, mediante decisão motivada, PODERÁ MODIFICAR</p><p>OS CONDICIONANTES E AS MEDIDAS DE CONTROLE E ADEQUAÇÃO, SUSPENDER OU</p><p>CANCELAR uma licença expedida, quando ocorrer:</p><p>I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.</p><p>II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.</p><p>III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.</p><p>Crimes Ambientais relacionados à Licença e Licenciamento Ambiental</p><p>O próximo tema a ser trabalhado envolve a questão dos crimes ambientais que estão previstos na Lei</p><p>9.605/98, contudo é necessário mencionar que temos também crimes ambientais relacionados a licenciamento</p><p>ambiental.</p><p>Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional,</p><p>estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, SEM LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO DOS</p><p>ÓRGÃOS AMBIENTAIS COMPETENTES, OU CONTRARIANDO AS NORMAS LEGAIS E</p><p>REGULAMENTARES PERTINENTES:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>116</p><p>Seção V</p><p>Dos Crimes contra a Administração Ambiental</p><p>Art. 66. FAZER O FUNCIONÁRIO PÚBLICO afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar</p><p>informações ou dados técnico-científicos em PROCEDIMENTOS DE AUTORIZAÇÃO OU DE</p><p>LICENCIAMENTO AMBIENTAL:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.</p><p>Art. 67. CONCEDER O FUNCIONÁRIO PÚBLICO licença, AUTORIZAÇÃO OU PERMISSÃO EM</p><p>DESACORDO COM AS NORMAS AMBIENTAIS, para as atividades, obras ou serviços cuja realização</p><p>depende de ato autorizativo do Poder Público:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.</p><p>8. Crimes Ambientais</p><p>O momento agora é de trabalharmos com a tutela penal do Meio Ambiente prevista na Lei 9.605/98. Todavia</p><p>é de suma importância que o candidato não se esqueça, em hipótese alguma: a base constitucional existente, tendo</p><p>em vista que a Constituição Federal nos traz expressamente a responsabilização penal ambiental.</p><p>Fundamento Constitucional – Art. 225, §3º da CF/88.</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e</p><p>essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e</p><p>preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>(...)</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas</p><p>ou jurídicas, a SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS, INDEPENDENTEMENTE DA</p><p>OBRIGAÇÃO DE REPARAR OS DANOS CAUSADOS.</p><p>Relembramos aqui o conteúdo estudado no início deste Manual, quando tratamos da tríplice</p><p>responsabilização ambiental, momento em que vimos que o infrator/poluidor poderá ser responsabilizado, na</p><p>esfera penal, civil e administrativa. Todavia, o que nos interessa nesse momento são as sanções penais.</p><p>Para isso temos a Lei 9.605/98 que regulamenta o artigo 225 da Constituição Federal.</p><p>Obs: o artigo 225,§3º é considerado mandado expresso de criminalização.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>117</p><p>Princípio da Insignificância nos Crimes Ambientais</p><p>Diante da aplicação do principio da insignificância nos crimes ambientais, os Tribunais Superiores já se</p><p>manifestaram no sentido de que há SIM a possibilidade de ser aplicado o referido principio em matéria de crimes</p><p>ambientais, DESDE que respeitados os requisitos abaixo elencados. Lembrando que os requisitos deverão ser</p><p>satisfeitos cumulativamente.</p><p>Satisfação concomitante/cumulativa de 04 requisitos</p><p>a) Mínima ofensividade da conduta do agente</p><p>b) Nenhuma/ausência de periculosidade social da ação;</p><p>c) Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;</p><p>d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada</p><p>(STJ. RHC 58247/RR. Public. Dje. 30/03/2016)</p><p>Aplicação do Princípio da Insignificância</p><p>Denunciado foi acusado de pescar em período de defeso. Entretanto, fora abordado pelos fiscais apenas com</p><p>“linha de mão” sem nenhum espécime da fauna aquática.</p><p>Para o STJ essa conduta não causou perturbação no ecossistema a ponto de reclamar a incidência do direito</p><p>penal, sendo imperioso, portanto, do reconhecimento da atipicidade da conduta perpetrada sendo o recorrente</p><p>tecnicamente primário.</p><p>(STF. RHC 125566/PR. Public. Dje. 28/11/2016)</p><p>(Não) aplicação do Princípio da Insignificância</p><p>Denunciado foi acusado de pescar em período de defeso utilizando-se de rede de pesca de aproximadamente</p><p>70 metros. Para o STF nesse caso, não há como afastar a tipicidade material da conduta tendo em vista que a</p><p>reprovabilidade que recai sobre ela está consubstanciada no fato de que o recorrente ter pescado em período</p><p>proibido, utilizando-se de método capaz de colocar em risco a reprodução de peixes que remonta</p><p>indiscutivelmente na preservação e equilíbrio do ecossistema aquático.</p><p>Princípio da Prevenção e os Crimes de Perigo</p><p>Percebam que a Lei 9.605/98 traz em seus tipos penais muitos “crimes de perigo”, onde a mera</p><p>probabilidade de dano já é considerada como crime ambiental. Com isso podemos perfeitamente relacionar os</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>118</p><p>dispositivos que contenham tais crimes - considerados como de perigo - com o principio da prevenção, que visa</p><p>prevenir a ocorrência de danos ambientais.</p><p>ART. 52. PENETRAR EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO conduzindo substâncias ou instrumentos</p><p>próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade</p><p>competente:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.</p><p>Vejam que o tipo penal não exige “o uso” do instrumento, bastando somente a penetração do agente com</p><p>este (instrumento) em Unidade de Conservação para se caracterizar o crime ambiental. Sendo assim, esses crimes</p><p>de perigo abstrato que encontramos na lei de crimes ambientais são importantíssimos e possuem ligação direta</p><p>com a aplicação do Princípio da Prevenção.</p><p>Responsabilidade Penal das Pessoas Físicas (art. 2º da Lei 9.605/98)</p><p>Art. 2º QUEM, DE QUALQUER FORMA, CONCORRE PARA a prática dos crimes previstos nesta Lei,</p><p>incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o</p><p>membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica,</p><p>que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para</p><p>evitá-la.</p><p>Sobre a responsabilização da Pessoa Física no caso de dano ambiental não há o que se falar muito a respeito.</p><p>Todavia, a grande celeuma gira em torno da Responsabilização (ou não responsabilização) Penal de Pessoa</p><p>Jurídica por dano ambiental.</p><p>Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica (art. 3º da Lei 9.605/98)</p><p>Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto</p><p>nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual,</p><p>ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.</p><p>Parágrafo</p><p>único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-</p><p>autoras ou partícipes do mesmo fato.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>119</p><p>Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica na DOUTRINA</p><p>Candidato, pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime?</p><p>Excelência, a Constituição Federal no art. 225, §3º, anuncia “As condutas e atividades</p><p>consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou</p><p>jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar</p><p>os danos causados”.</p><p>Logo, contemplamos que pessoa jurídica pode configurar como sujeito ativo de crime,</p><p>desde que referente à crimes ambientais.</p><p>Nessa esteira, seguindo o mandado constitucional de criminalização, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes</p><p>Ambientais). Reza seu art. 3º, caput: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e</p><p>penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu</p><p>representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”.</p><p>Não obstante a previsão constitucional e legal acima, a referida indagação é objeto de discussão, suscitando</p><p>entendimentos divergentes entre os operadores do direito. Duas correntes que trabalham com tema.</p><p>1ª Corrente – Pessoa Jurídica não pode cometer crimes (“societas delinquere non potest”): baseada na</p><p>Teoria da Ficção. Para essa corrente a Pessoa Jurídica não poderia figurar no polo passivo de possível ação</p><p>penal. (Teoria da Ficção de Savigny). A presente corrente defende seu entendimento com base em 03</p><p>argumentos:</p><p> A pessoa jurídica é um ente fictício (criado pelo ser humano), sendo assim tal ente não possui vontade</p><p>própria e, não havendo vontade, não age com dolo ou culpa, não havendo, portanto a conduta que é</p><p>exigida no 1º substrato/elemento do crime. (Conduta/resultado/nexo causal e tipicidade);</p><p>(lembrando ainda que no Direito Penal Brasileiro não se admite a Responsabilidade Penal Objetiva).</p><p> As pessoas jurídicas como são fictícias, não possuem capacidade de ação, ou seja, não têm consciência e</p><p>vontade.</p><p> Pessoa jurídica não tem capacidade de culpabilidade e de sanção penal. (a culpabilidade aparece como um</p><p>juízo de censura pessoal que somente o indivíduo possui)</p><p> Pessoa jurídica não tem capacidade de pena. (Princípio da Personalidade da Pena – ao aplicar a pena a PJ</p><p>a pena estaria passando da pessoa do condenado, ferindo um principio constitucional).</p><p> Não há possibilidade física de aplicação de pena em pessoa jurídica, não há como aplicar, por exemplo,</p><p>uma pena privativa de liberdade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>120</p><p>2ª Corrente – Pessoa Jurídica pode cometer crimes: fundamentada na Teoria da Realidade, da</p><p>personalidade real ou orgânica.</p><p> As pessoas jurídicas cometem sim crime ambiental e, a sociedade clama para que ela responda, vez que</p><p>é causadora do dano. Quanto à alegação de ausência de vontade, ela representa a vontade dos</p><p>administradores e sócios.</p><p> As Pessoas Jurídicas são entes reais, com capacidade e vontade própria, agindo sim com dolo ou culpa. (sendo</p><p>assim poderá figurar no polo passivo de uma ação penal). – vontade relacionada aos administradores.</p><p> A Pessoa Jurídica tem capacidade de culpabilidade e de sanção penal. (os autores defendem que essas pessoas</p><p>jurídicas sofrem de culpabilidade social, também chamada de culpa coletiva). – culpa relacionada aos</p><p>administradores. (e a própria lei de crimes ambientais apresenta essas sanções penais para as pessoas jurídicas</p><p>– art. 21, 22,23 da Lei 9.605/98)</p><p> A pessoa jurídica tem sim capacidade de pena. (para a teoria da realidade, quando é atribuído um crime a</p><p>pessoa jurídica, a pena não está indo a pessoa do condenado, não ferindo assim o principio da personalidade da</p><p>pena).</p><p> No tocante a impossibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade à pessoa jurídica, realmente não há</p><p>como realizar essa aplicação, todavia, há outras sanções penais que podem ser aplicadas.</p><p>Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica na JURISPRUDÊNCIA</p><p>Qual é o entendimento dos Tribunais Superiores a respeito da celeuma?</p><p>O STF e STJ adotam a Teoria da Ficção, ou a Teoria da Realidade?</p><p>Tanto o STF (STF. RE 548181/PR), quanto o STJ (Resp. 610114, de dez. 2005) admitem a</p><p>responsabilidade penal da Pessoa Jurídica. Nesse sentido, ambos admitem que a Pessoa Jurídica pode figurar</p><p>no polo passivo de uma ação penal, aplicando então a Teoria da Realidade.</p><p>Nessa linha, corroborando ao exposto, preleciona Cleber Masson:</p><p>A Constituição Federal admitiu a responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes</p><p>contra a ordem econômica e financeira, contra a economia popular e contra o meio</p><p>ambiente, autorizando o legislador ordinário a cominar penas compatíveis com sua</p><p>natureza, independentemente da responsabilidade individual dos seus dirigentes (CF, arts.</p><p>173, § 5.º, e 225, § 3.º).</p><p>Já foi editada a Lei 9.605/1998, no tocante aos crimes contra o meio ambiente, e o seu art.</p><p>3.º, parágrafo único, dispõe expressamente sobre a responsabilização penal da pessoa</p><p>jurídica. O posicionamento atual do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de</p><p>Justiça é pela admissibilidade da responsabilidade penal da pessoa jurídica em todos os</p><p>crimes ambientais, dolosos ou culposos.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>121</p><p>Aprofundamento</p><p>Vale mencionar uma ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO DE 2005 PARA 2013.</p><p>Em 2005 em sua decisão o STJ admitia a responsabilidade penal da pessoa jurídica desde que houvesse a</p><p>dupla imputação.</p><p>Teoria da Dupla Imputação – admitia a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais</p><p>desde que houvesse a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em</p><p>seu benefício.</p><p>Ocorre que em 2013 no Recurso Extraordinário 548181 o Supremo Tribunal Federal afirma que “é</p><p>admissível a condenação de pessoa jurídica pela pratica de crime ambiental, ainda que absolvidas as</p><p>pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela pratica criminosa”</p><p>Para o STF, a teoria da dupla imputação (antes defendida pelo STJ) afronta o parágrafo 3º do art. 225</p><p>da Constituição de 1988.</p><p>Em resumo, podemos entender que ambos os Tribunais admitem que a Pessoa Jurídica pode atuar no polo</p><p>passivo de uma ação penal no caso de crime ambiental, e não mais se aplica a Teoria da Dupla</p><p>Imputação, podendo então, aplicar a pena imposta em sentença condenatória diretamente a pessoa jurídica,</p><p>não sendo necessário aplicar conjuntamente a pessoa física.</p><p>Assim, no novo cenário, temos a seguinte realidade:</p><p>É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais INDEPENDENTEMENTE da</p><p>responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.</p><p>A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA,</p><p>Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR,</p><p>Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).</p><p>Admitindo-se a responsabilidade penal da PJ, a lei dos crimes ambientais exige 02 requisitos cumulativos (art. 3º</p><p>da Lei 9.605/98):</p><p>Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto</p><p>nesta Lei, nos casos em que a INFRAÇÃO SEJA COMETIDA POR DECISÃO DE SEU</p><p>REPRESENTANTE LEGAL OU CONTRATUAL, ou DE SEU ÓRGÃO COLEGIADO, NO INTERESSE</p><p>OU BENEFÍCIO DA SUA ENTIDADE.</p><p>Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-</p><p>autoras ou partícipes do mesmo fato.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>122</p><p>Ou seja, é necessário que CUMULATIVAMENTE:</p><p>a) A infração tenha sido cometida em seu interesse ou benefício;</p><p>b) Seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado.</p><p>CRIMES AMBIENTAIS em espécie</p><p>Diante da entrada em vigor da Lei n.º 9.605, de 13/02/98 (Lei dos Crimes Ambientais), o Brasil deu um</p><p>grande passo legal na proteção do meio ambiente, pois a legislação traz inovações modernas e surpreendentes na</p><p>repreensão aos delitos ambientais.</p><p>Em seus 82 artigos, a referida lei atualiza a legislação esparsa, revogando muitos dispositivos, bem como</p><p>apresentando novas penalidades, reforçando outras existentes e impondo mais agilidade ao julgamento dos crimes,</p><p>com possibilidade de aplicação de institutos dos juizados especiais (art. 27 da Lei n.º 9605/98 c/c. Lei n.º</p><p>9.099/95).</p><p>Ademais, a Lei Ambiental possibilita a corresponsabilidade entre as diversas pessoas que tenham participado</p><p>do delito, sejam executores ou mandantes, o que inclui a pessoa física do diretor, administrador ou membro da</p><p>sociedade com poderes decisórios (art. 2º).</p><p>O art. 3o traz a maior novidade da lei, estabelecendo a responsabilização penal da pessoa jurídica</p><p>independente da pessoa física (“sistema da dupla imputação”). Para isso, é necessário que haja uma decisão</p><p>tomada no âmbito da empresa, e que esta decisão (cujo resultado represente o crime ambiental) tenha se dado no</p><p>interesse ou em benefício da pessoa jurídica.</p><p> Crimes contra a Fauna – arts. 29 a 37;</p><p> Crimes contra a Flora – arts. 38 a 53;</p><p> Poluição e outros crimes ambientais – arts. 54 a 61</p><p> Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural – arts. 62 a 65</p><p> Crimes contra a administração ambiental – arts. 66 a 69-A.</p><p>Questionamento – A inserção pelo legislador dos Crimes contra o Ordenamento</p><p>Urbano e o patrimônio cultural dentro da lei de crimes ambientais é correta? Ou</p><p>deveria o tema estar disposto em lei específica?</p><p>Está correto. Vimos na parte introdutória do Direito Ambiental o conceito de Meio</p><p>Ambiente e sua classificação - Meio Ambiente: Natural, Artificial (urbano), Cultural, do</p><p>Trabalho. Diante da ampla classificação do meio ambiente os crimes relacionados ao</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>123</p><p>ordenamento urbano e o patrimônio cultural, podem perfeitamente serem relacionados ao</p><p>ambiente artificial ou urbano e cultural.</p><p>Antes adentrarmos ao estudo pontual dos crimes ambientais, cumpre compreendermos o que são crimes</p><p>ambientais e qual o bem jurídico tutelado.</p><p>Nessa esteira, entende-se por crime ambiental qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que</p><p>compõem o meio ambiente, i.e., o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física,</p><p>química e biológica, que permite, obriga e rege a vida em todas as suas formas, descritos na legislação pertinente.</p><p>O bem jurídico tutelado pelos crimes previstos na Lei nº 9.605/98 é tanto o meio ambiente como os bens</p><p>jurídicos correlatos a ele. Dada a sua importância, via de regra, não se admitia a incidência do princípio da</p><p>insignificância. Nesse sentido, havia vários julgados negando a possibilidade de incidência desse princípio, já que</p><p>os efeitos de uma determinada lesão ao meio ambiente poderiam vir a aparecer muitos anos depois. Todavia em</p><p>algumas situações os Tribunais conforme já mencionado vêm admitindo sua aplicação.</p><p>Diante das considerações delineadas, passamos ao estudo dos crimes em espécie.</p><p> Crimes contra a Fauna – arts. 29 a 37</p><p>CAPÍTULO V</p><p>DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE</p><p>Seção I</p><p>Dos Crimes contra a Fauna</p><p>Art. 29. MATAR, PERSEGUIR, CAÇAR, APANHAR, UTILIZAR espécimes da FAUNA SILVESTRE,</p><p>nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente,</p><p>ou em desacordo com a obtida:</p><p>Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.</p><p>§ 1º Incorre nas mesmas penas:</p><p>I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;</p><p>II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;</p><p>III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou</p><p>transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e</p><p>objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou</p><p>autorização da autoridade competente.</p><p>§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,</p><p>considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>124</p><p>§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e</p><p>quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro</p><p>dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.</p><p>§ 4º A PENA É AUMENTADA DE METADE, se o crime é praticado:</p><p>I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;</p><p>II - em período proibido à caça;</p><p>III - durante a noite;</p><p>IV - com abuso de licença;</p><p>V - em unidade de conservação;</p><p>VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.</p><p>§ 5º A pena é AUMENTADA ATÉ O TRIPLO, se o crime decorre do EXERCÍCIO DE CAÇA</p><p>PROFISSIONAL.</p><p>§ 6º As disposições deste artigo NÃO SE APLICAM AOS ATOS DE PESCA.</p><p>A primeira observação a ser feita é que o artigo traz em seu caput, menção especifica a fauna silvestre, sendo</p><p>este o bem jurídico protegido. É valido ressaltar que mais para frente o candidato poderá verificar que a lei em seu</p><p>artigo 32 traz a fauna de uma forma mais ampla, ficando então o artigo 29 da Lei 9.605/98 mais restrito à</p><p>determinadas espécimes.</p><p>Outra observação diz respeito ao §4º do mesmo artigo, onde o legislador elencou os casos em que haverá o</p><p>aumento de pena. Sobre as causas de aumento de pena são necessárias algumas considerações:</p><p>- Como saber que determinado animal está em extinção ou é de espécie rara?</p><p>Na referida situação temos a existência de norma penal em branco que precisa ser complementada</p><p>por outra norma jurídica. Nesse caso em especial, temos listagens que são elaboradas pelo IBAMA,</p><p>contendo os animais em extinção, que são atualizadas periodicamente e que servem para nortear a</p><p>aplicação da lei.</p><p>- Crime cometido dentro de Unidade de Conservação</p><p>Não raras vezes, veremos como estudado anteriormente, a ocorrência de crimes cometidos dentro</p><p>de áreas ambientalmente protegidas que resultarão em aumento de pena.</p><p>Em uma comparação novamente com o mencionado artigo 32 da mesma lei temos a seguinte</p><p>previsão legal:</p><p>Art. 32. Praticar ATO DE ABUSO, MAUS-TRATOS, FERIR OU MUTILAR ANIMAIS SILVESTRES,</p><p>DOMÉSTICOS OU DOMESTICADOS, nativos ou exóticos:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>§ 1º Incorre nas MESMAS PENAS quem REALIZA EXPERIÊNCIA DOLOROSA OU CRUEL EM</p><p>ANIMAL VIVO, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>125</p><p>§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.</p><p>Observem que a lei não falou somente em animais silvestres, mas englobou também os animais</p><p>domésticos ou domesticados, o que tornou o um rol mais aberto (amplo).</p><p>Exclusão de Antijuridicidade/Ilicitude</p><p>Outro ponto recorrente em provas encontra-se no Art. 37 da Lei 9.605/98,</p><p>que trata da exclusão da</p><p>antijuridicidade ou ilicitude nos crimes ambientais, onde condutas contrárias ao direito são justificadas pela</p><p>própria lei excluindo o crime.</p><p>Art. 37. NÃO É CRIME o abate de animal, quando realizado:</p><p>I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;</p><p>II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que</p><p>legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;</p><p>III – (VETADO)</p><p>IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.</p><p> Crimes contra a Flora – arts. 38 a 53</p><p>Artigo 40 da Lei 9.605/98 crimes contra Unidades de Conservação:</p><p>Art. 40. Causar DANO DIRETO OU INDIRETO ÀS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO e às áreas de que</p><p>trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, INDEPENDENTEMENTE DE SUA</p><p>LOCALIZAÇÃO:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>Art. 52. PENETRAR EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO CONDUZINDO substâncias ou instrumentos</p><p>próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade</p><p>competente:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.</p><p>No tocante ao art. 52 temos um crime de perigo abstrato (crime considerado consumado mesmo sem a ocorrência</p><p>dano), já que o no direito ambiental aplica-se o principio da prevenção.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>126</p><p> Poluição e outros crimes ambientais – arts. 54 a 61</p><p>Como exemplo de crime de poluição temos a conduta prevista no art. 55 da Lei 9.605/98, que trabalha com</p><p>as atividades de mineração.</p><p>Art. 55. EXECUTAR PESQUISA, LAVRA OU EXTRAÇÃO DE RECURSOS MINERAIS sem a</p><p>COMPETENTE AUTORIZAÇÃO, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos</p><p>termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.</p><p>Quando falamos em mineração, é muito importante lembrar que no tocante a esta atividade temos duas</p><p>situações distintas: a pesquisa e a lavra.</p><p>A pesquisa é aquela atividade inicial em que o empreendedor busca analisar se há recursos minerais, se há</p><p>jazida no subsolo, e se a atividade é viável economicamente. Normalmente o impacto ambiental da pesquisa</p><p>mineral é menor. Todavia se para a realização da pesquisa houver impacto no Meio Ambiente - a depender do grau</p><p>de impacto ambiental que a atividade vai causar - poderá o Público exigir licenciamento ambiental.</p><p>Uma vez localizada a jazida, conhecida a viabilidade econômica, e confirmado o interesse na exploração, o</p><p>interessado deverá solicitar a autorização de Lavra, para a Agência Nacional de Mineração.</p><p>Quando falamos em atividade de mineração, temos 02 tipos de consentimento estatal:</p><p>- Consentimento Econômico: para que o particular possa explorar recursos minerais, que por sua vez é um Bem da União.</p><p>Nesses casos o interessado precisará do consentimento estatal da União, que está ligado ao âmbito econômico. (atualmente quem</p><p>emite a concessão de Lavra é a Agência Nacional de Mineração - ANM) (antes era o Departamento Nacional de Produção</p><p>Mineral - DNPM)</p><p>- Consentimento ambiental: como a mineração é uma atividade impactante do meio ambiente o particular empreendedor além</p><p>do consentimento econômico precisará da Licença Ambiental para que explore a área desejada, que será expedida pelo órgão</p><p>ambiental competente.</p><p>Vejam então que os consentimentos estatais devem caminhar paralelamente.</p><p>Sobre a mineração ainda registramos que o STJ possui decisão sobre esse tema, onde extraímos o seguinte</p><p>raciocínio:</p><p>Caso: Particular começou a explorar recursos minerais sem nenhum dos 02 consentimentos estatais, ou seja,</p><p>nem o consentimento da ANM e sem licença ambiental expedida pelo órgão ambiental competente.</p><p>Diante do caso houve a discussão envolvendo Direito Penal, sobre a existência ou não de concurso de crimes.</p><p>Analisando a celeuma, o STJ decidiu então no REsp. 942326 que tínhamos no caso em questão a</p><p>consumação de 02 crimes diferentes.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>127</p><p>A decisão fundou-se no fato de que o art. 2º da lei 8.176/91 configura Crime Contra A Ordem Econômica;</p><p>e que explorar recurso mineral sem a licença ambiental configura o crime previsto no art.55 da lei de</p><p>crimes ambientais (Lei 9.605/98).</p><p>Seguindo essa lógica, o STJ entendeu pela existência de concurso de crimes, vez que há violação a 02</p><p>bens jurídicos distintos, cometendo o agente infrator delito contra a ordem econômica E contra o meio</p><p>ambiente na forma da Lei 9.605/98 que dispõe sobre os crimes ambientais.</p><p> Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural – arts. 62 a 65</p><p>ART. 65. PICHAR OU POR OUTRO MEIO CONSPURCAR EDIFICAÇÃO OU MONUMENTO URBANO:</p><p>(Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)</p><p>§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico</p><p>ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo</p><p>único pela Lei nº 12.408, de 2011)</p><p>§ 2º NÃO CONSTITUI CRIME A PRÁTICA DE GRAFITE realizada com o objetivo de valorizar o</p><p>patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, DESDE QUE CONSENTIDA PELO</p><p>PROPRIETÁRIO E, QUANDO COUBER, PELO LOCATÁRIO OU ARRENDATÁRIO DO BEM</p><p>PRIVADO E, NO CASO DE BEM PÚBLICO, COM A AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE e</p><p>a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis</p><p>pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº</p><p>12.408, de 2011)</p><p>O art. 65 da Lei 9.605/98 sofreu alteração no ano de 2011, e sua redação anterior previa como crime o ato</p><p>de pichar ou grafitar.</p><p>Analisando o panorama, a pichação e o grafite eram até 2011 considerados como Crimes contra o</p><p>Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural.</p><p>Após 2011 tivemos uma mudança de interpretação quanto ao tema, momento no qual o ato de grafitar</p><p>deixou de ser considerado como crime ambiental, tornando-se expressão de arte contemporânea, sendo, portanto,</p><p>retirado do caput do art. 65 da Lei 9.605/98 e incluído no §1º como expressão artística.</p><p>Como se classificar determinado “desenho” como pichação ou grafite?</p><p>Tendo em vista a presença de questões subjetivas quanto à interpretação dada ao</p><p>“desenho”, o legislador elencou no §2º do art. 65 um critério objetivo para pacificar a</p><p>celeuma. Diante do disposto em lei, quando houver a autorização/consentimento do</p><p>proprietário do imóvel (quando imóvel particular) e a devida autorização do órgão</p><p>competente (quando se tratar de bem público), teremos a pichação, noutro vértice,</p><p>quando ausentes tais autorizações, estaremos diante do tipo penal previsto no art. 65 da lei</p><p>9.605/98. (pichação)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>128</p><p> Crimes contra a Administração Ambiental – arts. 66 a 69-A.</p><p>No tocante aos crimes contra a Administração Pública Ambiental, temos o art.67, como exemplo:</p><p>Art. 67. CONCEDER O FUNCIONÁRIO PÚBLICO LICENÇA, AUTORIZAÇÃO OU PERMISSÃO EM</p><p>DESACORDO COM AS NORMAS AMBIENTAIS, para as atividades, obras ou serviços cuja realização</p><p>depende de ato autorizativo do Poder Público:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.</p><p>Tutela Processual Penal</p><p>Regra geral a competência para processar e julgar é da Justiça Comum (Estadual), mas em</p><p>suas decisões</p><p>veio reforçar a existência de diferentes tipos de meio ambiente.</p><p>Já CAIU. Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de São José dos Campos - SP Prova:</p><p>VUNESP - 2017 - Prefeitura de São José dos Campos - SP – Procurador. Para fins da Política Nacional do</p><p>Meio Ambiente, considera-se:</p><p>A. Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente lancem</p><p>materiais ou energia em desacordo com os padrões sanitários estabelecidos pela lei da Política Nacional do Meio</p><p>Ambiente.</p><p>B. Poluidor, a pessoa física ou jurídica de direito privado, responsável diretamente por ato causador de degradação</p><p>ambiental que implique perda da biodiversidade.</p><p>C. Recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo,</p><p>excluídos os elementos da biosfera, a fauna e a flora.</p><p>D. Degradação do meio ambiente, a alteração propícia dos componentes do meio ambiente.</p><p>E. Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que</p><p>permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.</p><p>Gabarito: E, Art. 3º, I da Lei 6.938/81 – Lei de Política Ambiental de Meio Ambiente.</p><p>Classificação do Meio Ambiente</p><p>Meio Ambiente natural: ou também chamado de físico constituído pelo solo, ar, água, fauna e flora, entre</p><p>outros.</p><p>O meio ambiente natural, ou físico, é constituído pelos recursos naturais, que são invariavelmente</p><p>encontrados na natureza e que podem ser considerados individualmente ou pela correlação recíproca de</p><p>cada um destes elementos com os demais. Por essa conceituação se compreende a atmosfera, as águas</p><p>interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da</p><p>biosfera, a fauna e a flora.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>13</p><p>Os recursos naturais também são classificados em elementos bióticos e abióticos, que são aqueles</p><p>sem vida, como o solo, o subsolo, os recursos hídricos e o ar, e em elementos bióticos, que são aqueles que</p><p>têm vida, a exemplo da fauna e da flora.</p><p>Corroborando ao exposto ainda, Celso Antônio Pacheco Fiorillo (Curso de direito ambiental</p><p>brasileiro) preleciona:</p><p>O meio ambiente natural ou físico é constituído pela atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas</p><p>(inclusive pelo mar territorial), pelo solo, pelo subsolo (inclusive recursos minerais), pela fauna e flora.</p><p>Concentra o fenômeno da homeostase, consistente no equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e meio em que</p><p>vivem. O meio ambiente natural é mediatamente tutelado pelo caput do art. 225 da Constituição Federal e</p><p>imediatamente, v. g., pelo § 1º , I, III e VII, desse mesmo artigo.</p><p>Meio Ambiente Cultural:</p><p>(Art. 215 e 216 da CF) integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e</p><p>turístico.</p><p>O meio ambiente cultural é o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico e</p><p>se constitui tanto de bens de natureza material, a exemplo de construções, lugares, obras de arte, objetos e</p><p>documentos de importância para a cultura, quanto imaterial, a exemplo de idiomas, danças, mitos, cultos</p><p>religiosos e costumes de uma maneira geral. A razão dessa especial proteção é que o ser humano, ao interagir com</p><p>o meio onde vive, independentemente de se tratar de uma região antropizada*ou não, atribui um valor especial a</p><p>determinados locais ou bens, que passam a servir de referência à identidade de um povo ou até de toda a</p><p>humanidade.</p><p>Em geografia e ecologia, a antropização é a conversão de espaços abertos, paisagens e ambientes</p><p>naturais pela ação humana. A erosão antrópica é o processo de ação humana degradando terreno e</p><p>solo</p><p>A matéria é tratada pelos artigos 215 e 216 da Constituição de 1988.</p><p>O Meio Ambiente Cultural pode ser enquadrado como meio ambiente artificial, em se tratando de</p><p>edifícios urbanos e de equipamentos comunitários que são ou estão para ser tombados, também podendo ser</p><p>enquadrado como meio ambiente natural no caso de bens ou paisagens naturais a que se atribua um valor</p><p>diferenciado.</p><p>Embora tenha um objeto bastante amplo, o bem ambiental cultural se distingue por conter ou ser</p><p>necessariamente uma referência à identidade de um povo ou até de toda a humanidade.</p><p>Vejamos os dispositivos constitucionais:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>14</p><p>Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura</p><p>nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.</p><p>§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de</p><p>outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.</p><p>§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos</p><p>étnicos nacionais.</p><p>§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento</p><p>cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela</p><p>Emenda Constitucional nº 48, de 2005)</p><p>I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de</p><p>2005)</p><p>II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)</p><p>III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela</p><p>Emenda Constitucional nº 48, de 2005)</p><p>IV democratização do acesso aos bens de cultura;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)</p><p>V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)</p><p>Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados</p><p>individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes</p><p>grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:</p><p>I - as formas de expressão;</p><p>II - os modos de criar, fazer e viver;</p><p>III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;</p><p>IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-</p><p>culturais;</p><p>V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,</p><p>ecológico e científico.</p><p>§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural</p><p>brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas</p><p>de acautelamento e preservação.</p><p>§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as</p><p>providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.</p><p>§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.</p><p>§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.</p><p>§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos</p><p>quilombos.</p><p>§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco</p><p>décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais,</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>15</p><p>vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional</p><p>nº 42, de 19.12.2003)</p><p>I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,</p><p>de 19.12.2003)</p><p>II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,</p><p>alguns casos</p><p>específicos a competência será deslocada para a Justiça Federal seguindo o que prevê o disposto no art. 109 da</p><p>CF/88 (onde temos temas relacionados a interesses direitos da União). Segue abaixo alguns exemplos:</p><p>Competência da Justiça Federal</p><p> Crime Ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e</p><p>espécimes exóticas ou protegidas por Tratados e Convenções Internacionais (STF. RE 835558/SP) Rel.</p><p>Min. Luiz Fux. Publ. 08.08.2017). – Tráfico Internacional de Animais.</p><p> Pesca predatória no mar territorial ou no entorno de unidade de conservação da natureza;</p><p> Crime contra a Fauna perpetrado em parques nacionais, reservas ecológicas ou áreas sujeitas ao</p><p>domínio eminente da Nação.</p><p> Conduta que ultrapassa os limites de um único estado ou as fronteiras do país.</p><p> Crime de liberação ilegal de organismos geneticamente modificados – OGM no meio ambiente.</p><p>Competência da Justiça Comum</p><p>Crime Ambiental em áreas de Floresta Amazônica Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e</p><p>Zona Costeira. Art. 225, §4º da CF/88 - são áreas consideradas patrimônio Nacional, todavia não se trata de</p><p>Bens da União. Os crimes cometidos dentro dos limites dessas áreas são de competência da Justiça Estadual.</p><p>A denominação Patrimônio Nacional somente quer dizer que as áreas possuem grande relevância ambiental.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>129</p><p>Crime Contra a Fauna</p><p>A Súmula 91 do STJ afirmava que crimes contra a fauna, eram de competência da Justiça Federal. Todavia</p><p>não havia lógica jurídica que justificasse que os crimes cometidos contra a fauna fossem julgados pela Justiça</p><p>Federal, já que não são bens da União.</p><p>Diante da contradição a Súmula 91 STJ fora cancelada, tornando então os crimes cometidos contra a fauna,</p><p>crimes de competência da Justiça Estadual.</p><p>ATENÇÃO: não raras vezes o examinador acaba mencionando a referida sumula, para</p><p>verificar se o candidato está atualizado e ciente de que a mesma foi cancelada.</p><p>9. Política Nacional de Meio Ambiente</p><p>Sobre a Lei 6.938/81 – ressaltamos que é anterior a Constituição Federal de 1988, contudo fora recepcionada</p><p>e traz instrumentos importantíssimos da Politica Nacional do Meio Ambiente, como por exemplo: licenciamento</p><p>ambiental, estudo de impacto ambiental, criação de áreas ambientalmente protegidas. (Lei recorrente em concursos</p><p>públicos).</p><p>Pontos importantes sobre a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente</p><p>Lei de Política Nacional do Meio Ambiente:</p><p>Norma geral sobre proteção ambiental (competência legislativa concorrente: art. 24, VI e VII CF/88).</p><p>Vejam que a competência para legislar é concorrente.</p><p>Objetivos Genéricos: 2º, caput.</p><p> Preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental; (Principio da Preservação e Poluidor-</p><p>Pagador).</p><p> Condições de desenvolvimento socioeconômico;</p><p> Proteção da dignidade da vida humana;</p><p>Objetivos específicos: 4º</p><p> Compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação; (Princípio do</p><p>Desenvolvimento Sustentável).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>130</p><p> A definição de áreas prioritárias de ação governamental; (Princípio da Obrigatoriedade da</p><p>Atuação/Intervenção Estatal)</p><p> Os objetivos genéricos estão relacionados com os princípios ambientais !!!!</p><p>Dica de PROVA - Como que uma lei de 1981, anterior a CF/88 já traz em seu</p><p>bojo princípios de Direito Ambiental tão atuais e que são aplicados até os dias de</p><p>hoje?</p><p>Encontramos a resposta relembrando da Conferência de Estocolmo na Suécia ocorrida ano</p><p>de 1972. A Conferência foi o primeiro grande encontro internacional para se debater sobre</p><p>proteção ao Meio Ambiente, foi naquela época que começaram a se discutir os primeiros</p><p>princípios do Direito Ambiental.</p><p>Dessa forma, influenciado pelas ideias de 1972, o Brasil tem em 1981 a Lei sobre Política</p><p>Nacional de Meio Ambiente, e depois em 1988, um capítulo da Constituição que trata da</p><p>preservação do Meio Ambiente.</p><p>Demais Objetivos:</p><p> Estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de</p><p>recursos ambientais;</p><p> Pesquisas e tecnologias nacionais orientadas para o uso racional dos recursos;</p><p> Divulgação de dados e informações ambientais e a formação de uma consciência pública; (Princípio da</p><p>Informação em matéria ambiental, e Educação Ambiental);</p><p> Preservação e restauração dos recursos ambientais; (Prevenção, Precaução, Poluidor Pagador);</p><p> Obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, a imposição de contribuir pela</p><p>utilização dos recursos (principio do poluidor-pagador e do usuário-pagador).</p><p>Artigo 3º da Lei de Política Nacional de Meio Ambiente:</p><p>Conceitos e Definições</p><p>Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:</p><p>I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e</p><p>biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;</p><p>II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;</p><p>III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:</p><p>a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>131</p><p>b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;</p><p>c) afetem desfavoravelmente a biota;</p><p>d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;</p><p>e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;</p><p>IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou</p><p>indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;</p><p>V - recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar</p><p>territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera.</p><p>V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar</p><p>territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804,</p><p>de 1989)</p><p>Poluidor: Art. 3, IV</p><p>IV - poluidor, a PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA, DE DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO, responsável,</p><p>DIRETA OU INDIRETAMENTE, por atividade causadora de degradação ambiental;</p><p>A lei 6.938/81 nos traz o conceito de quem é considerado poluidor do meio ambiente, e contra quem</p><p>podemos ajuizar ações por degradação e poluição ambiental.</p><p>Exemplos:</p><p>- Fazendeiro que causa dano ambiental em sua propriedade; (Pessoa Física de Direito Privado)</p><p>- Grande Empresa que joga rejeitos, descartando lixo de forma irregular num recursos hídrico, num rio, por</p><p>exemplo; (Pessoa Jurídica de Direito Privado);</p><p>- Município que tem o esgoto a céu aberto; (Pessoa Jurídica de Direito Público)</p><p>Instrumentos da PNMA (art. 9º) – (Muito cobrado em provas !)</p><p>Possuem a finalidade que o próprio nome diz, de instrumentalizar, de fazer aplicar a legislação ambiental. A</p><p>lei traz em seus artigos os objetivos a serem alcançados: desenvolvimento sustentável, a reparação do dano, a</p><p>preservação e proteção do Meio Ambiente, etc.</p><p>Mas como alcançar tais objetivos?</p><p>Com a aplicação de instrumentos.</p><p>Quais são esses instrumentos?</p><p>Os do artigo 9º da Lei.</p><p>DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE</p><p>Art 9º - São INSTRUMENTOS da Política Nacional do Meio Ambiente:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>132</p><p>I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;</p><p>II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)</p><p>III - a avaliação de impactos</p><p>ambientais;</p><p>IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;</p><p>V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados</p><p>para a melhoria da qualidade ambiental;</p><p>VI - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse</p><p>ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal;</p><p>VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e</p><p>municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)</p><p>VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;</p><p>VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;</p><p>IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à</p><p>preservação ou correção da degradação ambiental.</p><p>X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto</p><p>Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº</p><p>7.804, de 1989)</p><p>XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a</p><p>produzí-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)</p><p>XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos</p><p>ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)</p><p>XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.</p><p>Observem que quando falamos no Licenciamento Ambiental (IV) como instrumento de política nacional</p><p>do meio ambiente, é exatamente no sentido de prevenir o dano ambiental. O órgão ambiental irá analisar</p><p>previamente o impacto da atividade, para somente depois licenciar o respectivo empreendimento. Temos o</p><p>exercício do Poder de Polícia Preventivo.</p><p>No inciso VI, verifica-se a ligação com o art. 225, §1º, III da CF/88, e no inciso XI a atuação do</p><p>Princípio da Informação garante que a sociedade e cidadãos tenham acesso às informações sobre o meio</p><p>ambiente e atividades relacionadas ao uso de recursos naturais. (Direito Difuso)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>133</p><p>Considerações de pontos relevantes:</p><p>I – Estabelecimento de Padrão de Qualidade</p><p>Devemos lembrar que não existe uma atividade que tenha 0% de impacto ambiental, vez que todas causam</p><p>algum tipo de impacto. Os próprios cidadãos individualmente já causam impactos ambientais todos os dias, sendo</p><p>assim, é impossível se ter uma atividade de grande porte como em empresas, sem algum tipo impacto na natureza.</p><p>Não obstante a necessidade de prevenção e proteção do meio ambiente devemos registar que há de certa</p><p>forma uma tolerância quanto aos limites de eventuais impactos, justamente porque sabemos que toda a atividade</p><p>causa mudança no meio. Sendo assim, visando equilibrar essa relação entre impacto e grau de tolerância é que o</p><p>legislador limita e gradua as situações envolvendo a atividade no meio ambiente.</p><p>Seguindo essa lógica, e diante da impossibilidade de se causar certos danos, alguns impactos ambientais são</p><p>tolerados, inclusive estando previstos na legislação ambiental – leia-se lícitos e permitidos. Todavia, quando</p><p>houver números acima dos limites determinados por lei ou contrários a esta, estaremos diante de dano ambiental, e</p><p>consequentemente quem o causar estará obrigado a repará-lo e/ou indenizá-lo.</p><p>A par disso, temos um marco orientado pela definição de padrão de qualidade que divide os limites entre o</p><p>impacto ambiental permitido e o dano ambiental. Sua previsão legal encontra-se no inciso I do art. 9º da LPNMA.</p><p>Objetivo – definir os parâmetros aceitáveis para a utilização dos bens naturais;</p><p>Exemplo - Concentração = massa/volume</p><p>Cx: mg/l</p><p>Para o licenciamento da atividade, devem ser observados os padrões de emissão e os</p><p>padrões de qualidade.</p><p>II- Zoneamento Ambiental</p><p>Objetivo – conhecer a vocação ambiental de cada região, através de levantamento geológico da</p><p>comunidade, etc.;</p><p>Trata-se de um estudo mais amplo para se conhecer a vocação AMBIENTAL e ECONÔMICA de uma área,</p><p>e com isso ter acesso se determinado estado da federação tem: recurso mineral, floresta com vegetação nativa a ser</p><p>protegida, recurso hídrico a ser protegido.</p><p>Observem que tais informações somente podem ser colhidas se houver estudo amplo e técnico de cada</p><p>região. É importantíssimo que se tenha esse zoneamento ambiental para subsidiar a decisão dos órgãos ambientais</p><p>no momento do procedimento de licenciamento, assim como na concessão de licença ambiental.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>134</p><p>XIII – Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e</p><p>outros.</p><p>Esses instrumentos econômicos ganham muita força depois da Rio+20 ocorrida em 2012 na cidade do Rio</p><p>de Janeiro - evento que ocorreu para debater questões ambientais e deve como destaque o incentivo a chamada</p><p>“Economia Verde” - instrumentos econômicos de proteção ambiental.</p><p>Quando houver dificuldade de fiscalização e controle das atividades potencialmente degradadoras, verifica-</p><p>se a necessidade de implementação de mecanismos complementares aos tradicionais.</p><p>Utilização de instrumentos econômicos - Extrafiscalidade.</p><p>(além dos instrumentos comuns podemos utilizar de instrumentos relacionados à Tributação para proteção do</p><p>meio ambiente)</p><p>Exemplo de Extrafiscalidade: Governo lança campanha objetivando que população diminua o consumo de</p><p>cigarros, com isso além das campanhas de conscientização, aumenta também os tributos aplicáveis à venda,</p><p>produção e comercialização dos cigarros. Vejam o que aumento no tributo não tem como objetivo principal a</p><p>maior arrecadação de recursos financeiros por parte do Estado, mas sim fazer com que a “alta dos preços”</p><p>diminua o consumo do produto. O objetivo na Extrafiscalidade é incentivar ou desestimular determinados</p><p>comportamentos, conforme necessário.</p><p>Dica de PROVA</p><p>Fiscalidade – finalidade arrecadatória;</p><p>Extrafiscalidade – outras funções diversas da arrecadatória;</p><p>Essas medidas funcionam muito bem em matéria ambiental. Como exemplificação, imaginemos a redução</p><p>de tributos para as empresas que instalarem em suas estruturas filtros antipoluentes. A redução de tributo significa</p><p>sim um beneficio fiscal ao empresário, mas será aproveitada somente àquele empresário que protege, se preocupa</p><p>e realiza medidas voltadas à proteção, prevenção e manutenção do meio ambiente.</p><p>Vários são os instrumentos econômicos de proteção do meio ambiente, o próprio inciso XII traz em seu</p><p>corpo alguns exemplos: concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental, Extrafiscalidade, pagamento</p><p>por serviços ambientais, etc..</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>135</p><p>SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA</p><p>Origem: Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA)</p><p>Decreto 73.030/73 (logo após a Conferência de Estocolmo)</p><p>SISNAMA – Instituído pela Lei 6.938/81 (Art. 6º)</p><p>Finalidade: estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da federação, visando a</p><p>assegurar mecanismos capazes de, eficientemente, implementar a política nacional do meio ambiente.</p><p>O SISNAMA é um conjunto de órgão ambientais, que se ramifica desde a Presidência da República, até</p><p>chegar aos municípios. Toda essa estrutura administrativa forma o SISMANA.</p><p>Dica de PROVA</p><p>ATENÇÃO: O SISNAMA não é um órgão ambiental, não tem como alguém, por exemplo,</p><p>falar que “vai ao SISNAMA” fazer uma denuncia de dano ambiental, não possui estrutura</p><p>física única, e definida, é tão somente o conjunto de todos os órgãos ambientais. Sua</p><p>estrutura está prevista no artigo 6º.</p><p>O Sistema Nacional do Meio Ambiente congrega órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis</p><p>pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, com a seguinte estrutura:</p><p>- Órgão Superior – Conselho de Governo – Assessorar o Presidente da República</p><p>- Órgão Consultivo e Deliberativo – CONAMA – pode criar normas ambientais – competência normativa-</p><p>mas no sentido de detalhar o que uma lei em sentido formal determina. Não se trata de competência</p><p>legislativa (Poder Legislativo), mas tão somente regulamentar – portarias, decretos, resoluções.</p><p>Exemplo: Criação do Licenciamento – Lei 6.938/81, mas a Lei não trata dos prazos das licenças ambientais,</p><p>nem dos tipos de licenças. Quem vem detalhando todos esses pontos é a resolução do CONAMA 237/97 –</p><p>trata-se de norma administrativa que detalha a lei formal.</p><p>(Lembrar – CONAMA não legisla, cria normas que complementam o que a lei institui)</p><p>- Órgão Central – Ministério do Meio Ambiente</p><p>- Órgãos Executores – IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais</p><p>Renováveis</p><p>- Órgãos Executores – ICMB – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 02</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>136</p><p>Temos 02 órgãos executores (IBAMA e ICMB), eles que aplicam e executam a lei</p><p>ambiental. A diferença entre os dois órgãos executores é a matéria de atuação.</p><p>O Instituto Chico Mendes está mais ligado às Unidades de Conservação da Natureza, já o</p><p>IBAMA fica com os outros temas em máteria ambiental.</p><p>(Isso no âmbito federal – IBAMA e Instituto Chico Mendes são autarquias federais).</p><p>Dica de PROVA: O IBAMA é órgão executor do SISNAMA.</p><p>CORRETO</p><p>- Órgãos Seccionais – Estaduais (Geralmente os Estados criam suas Secretarias Estaduais do Meio</p><p>Ambiente por Lei Estadual)</p><p>- Órgãos Locais – Municipais (quando o município cria por lei municipal – lembrando ainda que não são</p><p>todos os municípios que possuem órgão ambiental. Somente haverá órgão ambiental local se o município</p><p>por meio de lei municipal criar o órgão e ter estrutura de atuação de matéria ambiental).</p><p>A partir do momento que os Estados e Municípios criam suas estruturas ambientais por lei elas integram o</p><p>SISNAMA.</p><p>DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE</p><p>Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,</p><p>bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade</p><p>ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:</p><p>I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na</p><p>formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos</p><p>ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)</p><p>II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade</p><p>de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio</p><p>ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões</p><p>compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)</p><p>III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de</p><p>planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes</p><p>governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)</p><p>IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a</p><p>finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas</p><p>para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>137</p><p>IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -</p><p>IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a</p><p>finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio</p><p>ambiente, de acordo com as respectivas competências; (Redação dada pela Lei nº 12.856,</p><p>de 2013)</p><p>V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas,</p><p>projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)</p><p>VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas</p><p>atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)</p><p>10. Mineração e Meio Ambiente</p><p>Da ordem econômica e financeira - Art.176 da CF/88</p><p>Mineração</p><p>Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica</p><p>constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à</p><p>União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.</p><p>§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput"</p><p>deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse</p><p>nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração</p><p>no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se</p><p>desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6,</p><p>de 1995)</p><p>§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que</p><p>dispuser a lei.</p><p>§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas</p><p>neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder</p><p>concedente.</p><p>§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de</p><p>capacidade reduzida.</p><p>Antes de trabalharmos os artigos de lei e os pontos mais cobrados em certames, é interessantes tecermos</p><p>alguns comentários sobre termos peculiares sobre atividade mineradora.</p><p>Jazida – Pode ser definida como um depósito natural de minerais concentrados, tanto na</p><p>superfície quanto no interior da terra. Trata-se de uma concentração local ou massa</p><p>individualizada de uma ou mais substâncias úteis que tenham valore econômico.</p><p>(Depósito concentrado que tenha valor econômico – ainda não explorado)</p><p>Mina – jazida em lavra. Art. 4º do Código de Mineração (Decreto Lei 227/67)</p><p>(quando a jazida está sendo explorada)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>138</p><p>Art. 4º Considera-se JAZIDA toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à</p><p>superficie ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; E MINA, a jazida em lavra, ainda</p><p>que suspensa.</p><p>Lavra – conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da</p><p>jazida, desde a extração das substancias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento</p><p>das mesmas. (art. 36 do Código de Mineração).</p><p>(atividades de exploração das jazidas)</p><p>Art. 36. Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial</p><p>da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas.</p><p>Base Constitucional</p><p>A Constituição Federal define como privativa da União a competência para legislar sobre jazidas, minas,</p><p>outros recursos minerais e metalurgia (art. 22, XII).(Lembrando que recurso mineral é bem da União assim quem</p><p>legisla sobre é a União)</p><p>Fazendo uma relação com o Direito Ambiental, é importante lembrar que para legislar sobre proteção do</p><p>Meio Ambiente temos a competência concorrente, previsto no art. 24 da CF/88, podendo assim todos os entes</p><p>da federação legislar sobre o tema, (município apesar de não ser mencionado expressamente no art. 24, vem</p><p>previsto no art. 30 – não esquecer).</p><p>Não obstante a competência concorrente mencionada cumpre-se ressaltar que, como estamos diante de bem</p><p>de domínio da União, a competência no caso de matéria afeta a jazidas e minas é privativa da União.</p><p>Já quanto à competência material (ou administrativa) aquela para registrar, acompanhar e fiscalizar as</p><p>concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos naturais é comum entre a União, os Estados, o</p><p>Distrito Federal e os Municípios. (art. 23, XI).</p><p>Questionamento - Muitos poderiam questionar por que que a competência nesse caso</p><p>acima é comum se o recurso mineral é da União?</p><p>A competência é comum, porque Estados, DF, e municípios tem interesse na fiscalização</p><p>da atividade de mineração e recebem royalties (CEFEM – Compensação Financeira pela</p><p>Exploração Mineral). Essa compensação financeira realizada é enviada aos Estados, DF, e</p><p>municípios, o que faz com que estes tenham interesse direto na fiscalização da atividade de</p><p>mineração.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>139</p><p>Nesse sentido, a fiscalização (atuação administrativa na atividade de mineração) acaba por</p><p>ser comum a todos entes federados. Noutro vértice a competência para legislar como já</p><p>mencionado é privativa da União.</p><p>Lembrar: Os recursos minerais são bens da União (art. 20, IX da CF/88), ou seja, a</p><p>propriedade mineral submete-se ao regime de dominialidade pública federal. (STF: RE</p><p>140.254-AgR).</p><p>A titularidade dos bens da União não pressupõe monopólio desta para a exploração dos</p><p>recursos minerais. Isso porque, vigora no Brasil o sistema de concessão, segundo o qual</p><p>os bens minerais pertencem à União, que concede aos particulares a sua exploração e</p><p>aproveitamento.</p><p>ATENÇÃO – importante o candidato ficar atento e diferenciar questões que envolvem Direito Ambiental e</p><p>Direito Minerário.</p><p>Qual a competência para legislar: Privativa da União (Mineração) ou Concorrente (Proteção</p><p>Ambiental).</p><p>Após o incidente de 2015 em Mariana, o Estado de Minas Gerais demonstrou a intenção de legislar sobre</p><p>matéria envolvendo mineração e meio ambiental, (inclusive algumas normas administrativas foram criadas).</p><p>Todavia, a intenção principal era de legislar sobre mineração no sentido de impor a proibição do alteamento</p><p>de barragens à montante. Ou seja, impossibilitar o uso o método de ampliar a capacidade de barragem de</p><p>rejeito no sentido “de fora para dentro”, cuja instabilidade é maior.</p><p>Diante da situação ilustrada poderia então o Estado de Minas Gerais legislar sobre o referido tema?</p><p>Estaria o Estado, nesse caso específico, legislando sobre a proteção do Meio Ambiente ou sobre</p><p>Mineração?</p><p>Quando o tema trata da atividade de Mineração temos competência privativa da União, não estando o Estado</p><p>de Minas Gerais legitimado para legislar sobre por meio de lei estadual. Todavia, quando falamos em uma</p><p>técnica específica, visando à proteção ambiental, o Estado pode perfeitamente exercer competência,</p><p>legislando sobre o assunto, vez que estaria atuando em beneficio do Meio Ambiente, não restringindo a</p><p>atividade de mineração em si.</p><p>Vejam que a vedação de uma técnica ou método específico não tem o condão de caracterizar a atuação</p><p>em matéria de mineração, mas tão somente de proteção ambiental.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>140</p><p>Base Constitucional – art. 176 da CF/88</p><p>As jazidas, em lavras ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem</p><p>propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração e aproveitamento, e pertencem a União, garantida</p><p>ao concessionário e propriedade do produto da lavra.</p><p>§ 1º A PESQUISA E A LAVRA DE RECURSOS MINERAIS E O APROVEITAMENTO DOS</p><p>POTENCIAIS a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização</p><p>ou CONCESSÃO DA UNIÃO, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis</p><p>brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições</p><p>específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou TERRAS INDÍGENAS.</p><p>(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)</p><p>A respeito do artigo podemos destacar 03 pontos importantes no §1º do art. 176 da CF/88:</p><p> Autorização de Pesquisa</p><p>A primeira etapa na exploração de recurso mineral é a realização de pesquisa mineral, a fim de se analisar</p><p>o subsolo e verificar ser há jazidas, verificando ainda se esta possui valor econômico, e se é viável a sua</p><p>exploração (viabilidade ambiental e econômica). Para que haja essa pesquisa - tendo em vista que esta</p><p>causa certo impacto – registramos que é necessário consentimento estatal para a sua realização. Geralmente</p><p>a pesquisa mineral é a menos impactante dentre as fases da mineração.</p><p>Aprofundamento: A autorização de pesquisa é concedida mediante alvará de autorização da ANM – ANM</p><p>(antigo Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM) e se configura como titulo minerário que</p><p>outorga o direito de realizar a pesquisa mineral (arts. 2º, II e 7º do Código de Mineração).</p><p>Com a autorização de pesquisa o particular poderá somente realizar pesquisa mineral, não podendo lavrar.</p><p>Como veremos abaixo, para a realização da lavra - atividade mais impactante - o interessado deverá ter em</p><p>mãos a Concessão de lavra. (trata-se de 02 consentimentos estatais distintos).</p><p> Concessão de Lavra</p><p>Após a autorização de pesquisa e já localizada a jazida com interesse econômico, o interessado deverá</p><p>solicitar ao órgão da União a Lavra. É na concessão de Lavra, ou seja, no momento da exploração do</p><p>subsolo, que temos maior impacto ambiental. Obviamente que essas autorizações de cunho econômico,</p><p>como o da ANM – Agência Nacional de Mineração devem caminhar lado a lado com os consentimentos</p><p>estatais voltados a proteção e interesse ambiental, que deverão da mesma forma que a ANM autorizar o</p><p>exercício da atividade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>141</p><p>Aprofundamento: a concessão de lavra depende de portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas</p><p>e Energia e se configura como título minerário de outorga ao titular do direito de lavra. A concessão de</p><p>lavra depende da obtenção de licença de operação (LO)* expedida pelo órgão ambiental competente.</p><p>* Relação com o Direito Ambiental –(LO) – aproximação do Direito Minerário com o Direito Ambiental.</p><p>A concessão de lavra é no aspecto econômico para se explorar um bem da União, mas como essa lavra irá</p><p>consequentemente impactar o meio ambiente, o interessado deverá ter também um consentimento estatal de</p><p>ordem ambiental.</p><p> Mineração em terra indígena</p><p>O tema será aprofundado em tópico posterior, contudo diante da apresentação do referido paragrafo e sua</p><p>leitura, adiantamos a possibilidade da realização de atividades de mineração em terras indígenas, DESDE</p><p>que</p><p>respeitadas às condições específicas dispostas em lei.</p><p>§ 2º - É assegurada PARTICIPAÇÃO AO PROPRIETÁRIO do solo nos resultados da lavra, na forma e no</p><p>valor que dispuser a lei.</p><p>§ 3º A AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA SERÁ SEMPRE POR PRAZO DETERMINADO, e as</p><p>autorizações e concessões previstas neste artigo NÃO PODERÃO SER CEDIDAS OU TRANSFERIDAS,</p><p>TOTAL OU PARCIALMENTE, SEM PRÉVIA ANUÊNCIA DO PODER CONCEDENTE.</p><p>§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de</p><p>capacidade reduzida.</p><p>ANM – Agência Nacional de Mineração</p><p>Compete a União gerir e fiscalizar as atividades de mineração em todo o território nacional, exercendo tais</p><p>funções através da Agência Nacional de Mineração- ANM (antigo Departamento Nacional de Produção Mineral -</p><p>DNPM).</p><p>Faz-se necessária a articulação dos procedimentos e licenciamentos ambientais fornecido pelos órgãos</p><p>ambientais competentes (órgãos federais, estaduais e municipais) e que estes tenham as outorgas de títulos</p><p>minerários concedidos pela ANM.</p><p>ANM e Órgãos Ambientais</p><p>Exemplo: Crime Ambiental (art. 55 da lei 9.605/98)</p><p>Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,</p><p>permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos</p><p>termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>142</p><p>STJ</p><p>PENAL – PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. EXTRAÇÃO DE</p><p>AREIA SEM AUTORIZAÇÃO. LEIS 8.176/91 E 9.605/98. PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS</p><p>DISTINTOS. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. INEXISTÊNCIA.</p><p>1. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, nos arts. 55 da Lei 9.605/98 e 2º, caput, da</p><p>Lei 8.176/91 protegem bens jurídicos distintos, quais sejam, o meio ambiente e a ordem econômica, não</p><p>havendo falar em derrogação da segunda pela primeira, restando ausente o conflito aparente de normas.</p><p>2. Recurso especial conhecido e provido para determinar o prosseguimento da ação penal nos termos da</p><p>denuncia. (STJ, REsp 942326/MS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Dje 13/10/2009).</p><p>De acordo com o julgado do STJ podemos verificar que no caso em tela houve por parte do</p><p>agente a pratica de 02 crimes: um contra a Ordem Econômica e outro contra o Meio</p><p>Ambiente, haja vista a lesão a bens juridicamente distintos. Com isso temos reforçada a</p><p>ideia de que, no que diz respeito mineração, estamos diante de atividade que carece de 02</p><p>tipos de consentimento estatal: o econômico e o ambiental.</p><p>CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais</p><p>(conhecido como Royalties da Mineração)</p><p>Art. 20 da CF/88: (lembrar ainda que o tema poderá ser cobrado dentro da matéria de Direito</p><p>Constitucional)</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DA UNIÃO</p><p>Art. 20. São bens da União:</p><p>(...)</p><p>§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL E AOS MUNICÍPIOS,</p><p>bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo</p><p>ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de OUTROS RECURSOS</p><p>MINERAIS NO RESPECTIVO TERRITÓRIO, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica</p><p>exclusiva, ou COMPENSAÇÃO FINANCEIRA POR ESSA EXPLORAÇÃO.</p><p>Estados, DF e Municípios recebem valores da CFEM, que são pagos pelos empreendimentos minerários, a</p><p>fim de compensá-los em decorrência dos impactos ambientais sobre seus territórios. Aqui, voltamos a explicar que</p><p>embora os recursos minerais sejam bens da União, os impactos causados pela exploração destes, se refletem nos</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios (no local) o que os legitimam a ter interesse pela fiscalização dessas</p><p>atividades exploradoras, assim como receber recursos para compensar os impactos ambientais e sociais sofridos.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>143</p><p>Natureza Jurídica da CFEM</p><p>Julgado do STF</p><p>Primeira Turma do STF (RE 228.800/DF): a natureza jurídica da CFEM, também</p><p>designada “royalt ad valorem” é indenizatória, afastando, assim, a feição de tributo.</p><p>Para o STF a compensação financeira pela exploração de recursos minerais não tem natureza tributária, mas</p><p>sim de caráter indenizatório, vez que sua finalidade é indenizar Estados e Municípios pelos impactos ambientais e</p><p>sociais causados pela mineração.</p><p>“Com respaldo nos princípios constitucionais do desenvolvimento sustentável, da prevenção e da reparação,</p><p>resta unívoco que o objetivo do repasse de percentuais consideráveis da CFEM aos Estados e Municípios é</p><p>compensá-los também em razão dos impactos ambientais e sociais da exploração mineral em seus</p><p>territórios”.</p><p>(THOMÉ. Romeu. Manual de Direito Ambiental. Ed. Juspodivm)</p><p>Uma vez outorgado o título de “licenciamento”, a extração efetiva da substância mineral fica condicionada à</p><p>emissão e a vigência da licença ambiental de operação (LO).</p><p>Munido da Licença de Operação (LO), fica autorizado o empreendedor a efetivar a exploração das</p><p>substâncias minerais. (Lembrando que antes da LO, o interessado deve ter obtido a LP e LI – respectivamente</p><p>Licença Prévia e Licença de Instalação).</p><p>11. Dos índios</p><p>Quando falamos em meio ambiente e sua base constitucional, muitos candidatos e até operadores do Direito</p><p>se limitam a trabalhar somente com questões relacionadas ao art. 225 da CF/88. Ocorre que os artigos 231 e 232,</p><p>do mesmo texto legal, também contém pontos de grande relevância para os estudos afetos ao Direito Ambiental.</p><p>Art. 231. SÃO RECONHECIDOS AOS ÍNDIOS sua organização social, costumes, línguas, crenças e</p><p>tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União</p><p>demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.</p><p>§ 1º São TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS PELOS ÍNDIOS as por eles habitadas em</p><p>caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos</p><p>recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural,</p><p>segundo seus usos, costumes e tradições.</p><p>§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua POSSE PERMANENTE, cabendo-</p><p>lhes o USUFRUTO EXCLUSIVO das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>144</p><p>Terras indígenas são bens da União, contudo os índios possuem sua posse permanente, e usufruto das</p><p>riquezas do solo, rios, lagos.</p><p>§ 3º O APROVEITAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS, incluídos os potenciais energéticos, a</p><p>pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do</p><p>Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos</p><p>resultados da lavra, na forma da lei.</p><p>Possibilidade de mineração em terra indígena, DESDE que sejam cumpridos alguns requisitos:</p><p>- Autorização do Congresso Nacional;</p><p>- “Ouvir” comunidades afetadas;</p><p>- Participação nos resultados da lavra.</p><p>Obs: “OUVIR” – esse ouvir seria somente dar ciências a comunidade indígena OU ter seu</p><p>consentimento para a realização da exploração? – (Convenção 169 da OIT – Organização Internacional</p><p>do Trabalho que dispõe sobre a participação das populações tradicionais indígenas).</p><p>Há posicionamentos divergentes, não estando o tema pacificado na doutrina e jurisprudência. Contudo a</p><p>doutrina majoritária entende que esse ouvir é uma mera consulta, devendo então ser a comunidade</p><p>comunicada, cientificada, e não necessariamente dar consentimento.</p><p>§ 4º As</p><p>terras de que trata este artigo são INALIENÁVEIS E INDISPONÍVEIS, e os direitos sobre elas,</p><p>IMPRESCRITÍVEIS.</p><p>§ 5º É VEDADA A REMOÇÃO DOS GRUPOS INDÍGENAS DE SUAS TERRAS, SALVO, "AD</p><p>REFERENDUM" DO CONGRESSO NACIONAL, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco</p><p>sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido,</p><p>em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.</p><p>§ 6º SÃO NULOS E EXTINTOS, NÃO PRODUZINDO EFEITOS JURÍDICOS, os atos que tenham por</p><p>objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas</p><p>naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, RESSALVADO RELEVANTE INTERESSE</p><p>PÚBLICO DA UNIÃO, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção</p><p>direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da</p><p>ocupação de boa fé.</p><p>§ 7º NÃO SE APLICA às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.(“o Estado favorecerá a</p><p>organização da atividade garimpeira em cooperativas”)</p><p>Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em</p><p>defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.</p><p>A comunidade indígena está intimamente ligada ao meio ambiente e vemos isso claramente quando tratamos</p><p>das Unidades de Conservação. Muitas vezes dentro das Unidades de Conservação habitam grupos indígenas</p><p>tradicionais, contudo, a presença destes não deve ser restringida, pelo contrario, defende-se que se mantenha a</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>145</p><p>população tradicional nessas áreas de Unidade de Conservação, tendo em vista que a própria comunidade indígena</p><p>pode ajudar a proteger o meio ambiente.</p><p>12. Política Urbana</p><p>Política Urbana – art. 182 e 183 da CF/88 – Ponto que vem sendo cobrado com frequências nas</p><p>provas.</p><p>Urbanização: fenômeno mundial atual.</p><p>Meio Ambiental Urbano: conceito legal de meio ambiente é apresentado no art. 3º, I da Lei 6.938/81:</p><p>“Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e</p><p>rege a vida em todas as suas formas.”. (Lei de Política Ambiental do Meio Ambiente).</p><p>A Resolução CONAMA 36/2002, norma posterior à Constituição de 1988, expressamente conceitua meio</p><p>ambiente como sendo o “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica,</p><p>social, cultural e URBANÍSTICA, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (vejam então</p><p>como o conceito é bem mais amplo que o previsto na Lei 6.938/81).</p><p>Classificação do Meio Ambiente – STF – ADI 3.540-MC, Rel. Min.Celso de Mello:</p><p>a) Meio ambiente natural: constituído pelo solo, água, ar, flora, fauna;</p><p>b) Meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e turístico;</p><p>c) Meio ambiente artificial: (arts. 182 e 183 da CF): consubstanciado no conjunto de condições</p><p>(espaço urbano) e equipamentos públicos (ruas, praças, área verdes, etc.).</p><p>d) Meio ambiente do trabalho: relacionado à proteção do homem em seu local de trabalho.</p><p>Meio ambiente artificial:</p><p>(arts. 182 e 183 da CF): consubstanciado no conjunto de condições (espaço urbano) e equipamentos públicos</p><p>(ruas, praças, área verdes, etc.).</p><p>A CF/88 dedica capitulo à politica urbana, onde o PLANO DIRETOR passa a ser o ELEMENTO essencial</p><p>de planejamento.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>146</p><p>Dica de PROVA - quando o assunto for Direito Urbanístico é imprescindível o</p><p>estudo sobre PLANO DIRETOR.</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DA POLÍTICA URBANA</p><p>Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme</p><p>diretrizes gerais fixadas em lei, TEM POR OBJETIVO ORDENAR O PLENO DESENVOLVIMENTO</p><p>DAS FUNÇÕES SOCIAIS DA CIDADE E GARANTIR O BEM- ESTAR de seus habitantes.</p><p>§ 1º O PLANO DIRETOR, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte</p><p>mil habitantes, é o INSTRUMENTO BÁSICO DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO E DE EXPANSÃO</p><p>URBANA.</p><p>§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de</p><p>ordenação da cidade expressas no plano diretor.</p><p>§ 3º As DESAPROPRIAÇÕES DE IMÓVEIS URBANOS serão feitas com PRÉVIA E JUSTA</p><p>INDENIZAÇÃO EM DINHEIRO.</p><p>§ 4º É FACULTADO AO PODER PÚBLICO MUNICIPAL, mediante LEI ESPECÍFICA para área</p><p>incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,</p><p>subutilizado ou não utilizado, QUE PROMOVA SEU ADEQUADO APROVEITAMENTO, sob pena,</p><p>sucessivamente, de:</p><p>I - PARCELAMENTO OU EDIFICAÇÃO COMPULSÓRIOS;</p><p>II - IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA PROGRESSIVO NO</p><p>TEMPO; (IPTU)</p><p>III - DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO MEDIANTE TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA de emissão</p><p>previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,</p><p>iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.</p><p>A Constituição traz no art. 182, §4º, instrumentos de “pressão” para que o proprietário urbano promova a</p><p>adequada utilização do seu imóvel, cumprindo assim sua função social. Caso o proprietário não cumpra a função</p><p>social de forma efetiva, esses três instrumentos previstos em lei poderão ser aplicados sucessivamente.</p><p>PLANO DIRETOR, é o instrumento que direciona o crescimento da cidade, sinalizando</p><p>para que sentidos a cidade pode crescer, se expandir, além de pontuar os locais que</p><p>precisam ser protegidos. É válido ressaltar a importância do Plano Diretor se aproximar das</p><p>diretrizes contidas na Agenda 21 (ECO 92).</p><p>Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco</p><p>anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, ADQUIRIR-</p><p>LHE-Á O DOMÍNIO, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.</p><p>§ 1º O título de DOMÍNIO E A CONCESSÃO DE USO serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a</p><p>ambos, independentemente do estado civil.</p><p>§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>147</p><p>§ 3º Os IMÓVEIS PÚBLICOS NÃO SERÃO ADQUIRIDOS POR USUCAPIÃO.</p><p>Com relação à competência o candidato deve se lembrar que conforme dispõe o art. 24 da CF/88, a</p><p>competência é concorrente da União, Estados e DF para legislar sobre Direito Urbanístico.</p><p>Observação: quando falamos em competência concorrente, a União tem competência para estabelecer</p><p>normas gerais.</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal LEGISLAR CONCORRENTEMENTE sobre:</p><p>I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e URBANÍSTICO;</p><p>E qual é norma geral da União sobre o Meio Ambiente Urbano?</p><p>É o ESTATUTO DA CIDADE – Lei 10.257/2001 que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição</p><p>Federal, estabelecendo diretrizes gerais da politica urbana.</p><p>Dica de PROVA – Quando o certame cobrar Direito Urbanístico de forma mais</p><p>aprofundada, é interessante que seja realizada uma leitura mais atenta do Estatuto</p><p>da Cidade, vez que este possui vários instrumentos que podem ser utilizados para que</p><p>a função social da propriedade urbana seja cumprida.</p><p>Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001</p><p>Visando a aproximação entre o Direito Urbanístico e o Direito Ambiental, o Estatuto da Cidade em seu</p><p>artigo 2º, traz a seguinte norma:</p><p>Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e</p><p>da propriedade urbana, mediante as seguintes DIRETRIZES GERAIS:</p><p>I – garantia do direito</p><p>a CIDADES SUSTENTÁVEIS, entendido como o direito à terra urbana, à moradia,</p><p>ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao</p><p>lazer, para as presentes e futuras gerações;</p><p>Assim como no art. 225 caput da CF, o art. 2º, I do Estatuto da Cidade ao falar das cidades sustentáveis faz</p><p>menção a equidade intergeracional (presentes e futuras gerações).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>148</p><p>Art.2º da Lei 10.257/2001</p><p>(...)</p><p>VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma A EVITAR:</p><p>a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;</p><p>b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;</p><p>c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura</p><p>urbana;</p><p>d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego,</p><p>sem a previsão da infra-estrutura correspondente;</p><p>e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;</p><p>f) a deterioração das áreas urbanizadas;</p><p>g) A POLUIÇÃO E A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL;</p><p>h) a exposição da população a riscos de desastres naturais; (Incluído pela Medida Provisória</p><p>nº 547, de 2011).</p><p>h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012)</p><p>(...)</p><p>XII – PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO do meio ambiente natural e construído, do</p><p>patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;</p><p>Aqui a ligação a todos os princípios ambientais já mencionados. (Prevenção, Precaução, Poluidor-Pagador,</p><p>todos se encaixam no inciso XII). Com isso temos uma aproximação bem clara do Direito Urbanístico com o</p><p>Direito Ambiental.</p><p>Plano Diretor na Lei 10.257/2001</p><p>CAPÍTULO III</p><p>DO PLANO DIRETOR</p><p>Art. 39. A propriedade urbana CUMPRE sua função social QUANDO ATENDE ÀS EXIGÊNCIAS</p><p>FUNDAMENTAIS DE ORDENAÇÃO DA CIDADE EXPRESSAS NO PLANO DIRETOR, assegurando</p><p>o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao</p><p>desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.</p><p>O Plano diretor atua como grande instrumento dentro da política urbana. O art. 40 da Lei 10.257/2001 por</p><p>sua vez traz pontuações claras e autoexplicativas e que não demandam maiores explanações.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>149</p><p>Art. 40. O PLANO DIRETOR, APROVADO POR LEI MUNICIPAL, É O INSTRUMENTO BÁSICO DA</p><p>POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO E EXPANSÃO URBANA.</p><p>§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual,</p><p>as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.</p><p>§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.</p><p>§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.</p><p>§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes</p><p>Legislativo e Executivo municipais garantirão:</p><p>I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações</p><p>representativas dos vários segmentos da comunidade;</p><p>II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;</p><p>III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.</p><p>13. Atualidades no Direito Ambiental</p><p>MUDANÇAS CLIMÁTICAS E POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇAS DE CLIMA.</p><p>Muito se vem falando sobre o Protocolo de Kyoto, aquecimento global, Acordo de Paris, entre outros pactos.</p><p>Evidentemente há uma preocupação com o futuro do meio ambiente, contudo, o aumento da discussão sobre o</p><p>tema, reflete significativamente na inclusão destes em provas e concursos públicos. Sendo assim não podemos</p><p>negligenciar o referido assunto.</p><p>Curiosidade: Protocolo de Kyoto</p><p>Protocolo de Kyoto (Países se comprometeram a reduzir emissão de gases. O Protocolo de Kyoto é</p><p>um acordo internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU),</p><p>firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente</p><p>aquecimento global).</p><p>Aquecimento Global</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>150</p><p>Como introdução é necessário destacar que o até o ano de 1850, o que nos remete a Revolução Industrial,</p><p>temos a emissão de gases poluentes na atmosfera, na quantidade de 280 ppm (partes por milhão) de CO2(um dos</p><p>gases do Efeito Estufa).</p><p>A partir de 1850, exatamente no período que envolveu a Revolução Industrial, temos o aumento</p><p>considerável da utilização de combustível fóssil (Derivados de Petróleo, Diesel, Carvão, etc..), e com isso grande a</p><p>emissão de gases de efeito estufa. (CO2 e Metano são os mais conhecidos).</p><p>Recentemente, dados levantados no ano de 2018 nos apontam que temos 370 ppm (partes por milhão) sendo</p><p>liberados na atmosfera, influenciando diretamente no efeito estufa, o que vem deixando a camada cada vez mais</p><p>espessa.</p><p>Importante mencionar que os gases de efeito estufa, a principio, são necessários para se manter o</p><p>aquecimento no planeta, no entanto, o excesso de sua emissão vem paulatinamente deixando a Terra mais quente o</p><p>que resulta em diversas mudanças climáticas.</p><p>Qual o primeiro efeito a ser causado com o aumento excessivo de temperatura no planeta?</p><p>O derretimento das calotas polares, que, segundo especialistas, influencia diretamente no aumento do nível</p><p>de água dos oceanos, o que deixa em estado de atenção as cidades litorâneas.</p><p>Quais outras mudanças estariam relacionadas?</p><p>Tufões, furacões, eventos extremos que não ocorriam há anos atrás, mas que passam a ocorrer com maior</p><p>frequência em diversos países.</p><p>É preciso insistir no fato de que a concentração de gases de efeito estufa é maléfica. Com isso, diante desse</p><p>problema que vem ao longo dos anos aumentando, tivemos a criação de movimentos internacionais que visam</p><p>reduzir a emissão desses gases.</p><p>Quando falamos no Protocolo de Kyoto, no Acordo de Paris, a tentativa desses instrumentos é sempre de que</p><p>se possa reduzir a emissão de gases de efeito estufa - e ainda, quando possível, retira-lo da atmosfera.</p><p>(As florestas nesse momento desempenham um papel fundamental, vez que as arvores absorvem da</p><p>atmosfera os gases maléficos, retendo em seus troncos as toxinas e com isso liberando somente oxigênio.</p><p>Trabalham como verdadeiras renovadoras de gases).</p><p>Verificaremos mais a frente que o Protocolo de Kyoto, traz uma série de medidas e determinações aos países</p><p>desenvolvidos no sentido de evitar a emissão de gases poluentes na atmosfera, assim como a sua retirada.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>151</p><p>Segue abaixo desenho gráfico que mostra exatamente que o fenômeno do aquecimento global e do efeito</p><p>estufa são causados quase que exclusivamente pelos seres humanos, em decorrência de suas atividades antrópicas.</p><p>(aquelas decorrentes de ações humanas).</p><p>Podemos observar que a temperatura vai aumentando gradualmente durantes os anos, e muitos estudiosos</p><p>fazem correlação desse aumento com a Revolução Industrial. Para esses cientistas, justamente após esse</p><p>período que envolveu a Revolução temos o aumento da temperatura do planeta, em decorrência o aumento da</p><p>emissão de CO2.</p><p>Não obstante aos estudos feitos, e a opinião de grande parte dos cientistas sobre as causas do aquecimento</p><p>global, existe uma minoria que defende que não há uma relação entre aquecimento global e ação humana,</p><p>havendo, portanto, uma variação natural</p><p>da temperatura do planeta.</p><p>Analisando os estudos (e, apesar da divergência existente ocorrer devido o entendimento contrario de uma</p><p>parte minoritária dos cientistas) quando estamos diante de dúvidas no âmbito do Direito Ambiental, é fundamental</p><p>que se aplique do Princípio da Precaução.</p><p>Princípio da Precaução – Princípio 15 da Declaração do Rio 92 – com o fim de proteger o meio ambiente,</p><p>os Estados deverão aplicar amplamente o critério da precaução de acordo com suas capacidades. Quando haja</p><p>perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como</p><p>razão para postergar à adoção de medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente.</p><p>Vejam então que de acordo com o anteriormente explanado, na existência de dúvida no âmbito do meio</p><p>ambiente, é necessário aplicarmos o princípio da precaução, onde atividades poderão ser limitadas ou restringidas,</p><p>não sendo a dúvida motivo para não tomar medidas de prevenção e precaução.</p><p>Uma das medidas que vêm sendo adotada - inclusive mencionada no Acordo de Paris, e demais protocolos -</p><p>é a substituição da matriz energética, tema atualíssimo do Direito Ambiental.</p><p>Como substituição da matriz energética entendemos pela diminuição de combustíveis fósseis (Carvão,</p><p>Petróleo, Diesel, etc..) e o aumento da utilização de energia limpa, chamada “Energia renovável” (solar, eólica,</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>152</p><p>biocombustível – exemplo etanol), isso porque essas últimas não emitem o CO2 na atmosfera e com isso não</p><p>causam problemas como aquecimento global e efeito estufa.</p><p>É exatamente por esse motivo que veremos nos tratados e acordos internacionais, inclusive na legislação</p><p>nacional, o incentivo a substituição da matriz energética, visando evitar ou ao menos minimizar esse problema.</p><p>Para tanto é preciso que todos os países atuem em relação à mudança climática, pois se as medidas forem adotadas</p><p>por somente um grupo de nada adiantará. (relembramos aqui o importante princípio da cooperação entre os povos)</p><p>Conferência do Rio/92 – Princípio 2</p><p>“Os Estados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas e os Princípios da lei internacional, possuem</p><p>o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas ambientais e de</p><p>desenvolvimento, e a responsabilidade de velar para que as atividades realizadas dentro de sua</p><p>jurisdição ou sob seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de zonas que</p><p>estejam fora dos limites da jurisdição nacional.”</p><p>Seguindo a linha de raciocínio do principio 2 da Conferência do Rio/92 todos os países devem caminhar no</p><p>mesmo sentido, objetivando a proteção e manutenção do meio ambiente, adotando medidas que tornem essa meta</p><p>uma realidade.</p><p>Cronologia dos Principais Eventos</p><p> 1979 – Primeira Conferência Mundial sobre o Clima;</p><p> 1988 – Estabelecimento do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima;</p><p> 1990 – Segunda Conferência Mundial sobre o Clima; Assembleia Geral da ONU anuncia negociações de</p><p>uma convenção internacional sobre a mudança do clima; (ONU lança um painel só sobre esse tema).</p><p> 1992 – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92); A</p><p>Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas é aberta para assinaturas.</p><p> 1994 – Entra em vigor a Convenção – Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas.</p><p> 1995 – Realização anual sobre o tema acima. Realização COP1 em Berlim (Alemanha); Adoção de</p><p>Mandatos de Berlim (Berlin Mandates, decisão 1/CP.1) possibilitou a estipulação de limites de emissão de</p><p>GEE.</p><p> 1996 – Realização do COP2 (Conferência das Partes) em Genebra (Suíça); os representantes de 150 países</p><p>reconhecem a responsabilidade do “fato humano” nas mudanças climáticas. Reconhecem ainda a</p><p>necessidade de se fixar “objetivos quantitativos legalmente vinculantes” para limitar a emissão de gases de</p><p>efeito estufa por parte dos países desenvolvidos.</p><p> 1997- Realização da COP3 em Kyoto (Japão); Adotado o Protocolo de Kyoto (decisão 1 CP3).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>153</p><p>Em Berlim no ano de 1995, os países chegaram a conclusão que o ser humano é o principal causador dos</p><p>problemas relativos à emissão de GEE, e firma-se o entendimento de que esse aumento ocorre devido ações</p><p>humanas. Todavia os países envolvidos com as questões ambientais não haviam determinado metas ou medidas</p><p>individualizadas para o combate a poluição do meio ambiente e redução de práticas poluidoras, ou seja, não estava</p><p>quantificado o quantum cada país deveria reduzir de emissão. Dois anos depois a questão seria resolvida.</p><p>Em 1996, com a realização da COP2 os países participantes reafirmam a ocorrência de emissão de GEE em</p><p>decorrência de ações humanas e a necessidade de se fixar objetivos para diminuir essa emissão de gases.</p><p>Posteriormente no ano de 1997, com o Protocolo de Kyoto, ocorrido no Japão tivemos a relação</p><p>(quantificada) de quanto cada país deveria reduzir na emissão de gases de efeito estufa.</p><p>Meta quantitativa do Protocolo de Quioto</p><p>De acordo com o Protocolo, os países do Anexo I (países industrializados/desenvolvidos) se comprometem a</p><p>reduzir significativamente (média de 5% de redução em relação aos níveis de 1990) as emissões globais de seus</p><p>gases responsáveis pelo efeito estufa. Tal redução de acordo com o artigo 3º se dará no período compreendido</p><p>entre 2008 e 2012 (1º período de compromisso).</p><p>Princípio da Responsabilidade Comum, mas diferenciada. (Está expressa no Protocolo)</p><p>Chega-se a conclusão com base no o principio da responsabilidade comum, que os países desenvolvidos</p><p>possuem responsabilidade maior relação à redução de emissão de gases de efeito estufa. Nesse sentido, todos</p><p>possuem a responsabilidade e obrigação de proteger o meio ambiente e consequentemente diminuir a emissão de</p><p>GEE, porém os países industrializados (os que mais contribuem para o aumento do efeito estufa entre outros)</p><p>possuem responsabilidade diferenciada. (Reconhecimento da responsabilidade maior dos países desenvolvidos).</p><p>Por essas razões o Protocolo de Kyoto é obrigatório para os países desenvolvidos (Países anexo I). Os</p><p>países em desenvolvimento por sua vez podem voluntariamente aderir os instrumentos previstos no</p><p>protocolo, porém não estão vinculados.</p><p>Obs: em nosso Código Florestal de 2012 já temos algumas referências ao Protocolo de Kyoto, ou seja, varias</p><p>expressões do Protocolo de Kyoto já foram inseridas em nosso Código Florestal.</p><p>Redução de 5% em relação aos níveis de 1990</p><p>No tocante à redução temos que os países desenvolvidos comprometem-se a igualar ao que emitiam em</p><p>1990, e ainda diminuir a uma média de 5% a emissão desses gases de efeitos estufa para a atmosfera. Para tanto</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>154</p><p>cada país desenvolvido indicou voluntariamente seu percentual, havendo, portanto uma variação de percentual</p><p>entre os países.</p><p>Em que pese o comprometimento dos países do Anexo I, alguns cientistas e estudiosos julgam que tais</p><p>percentuais ainda são muito baixos tendo em vista a amplitude dos impactos causados pelas atividades industriais</p><p>e empreendedoras.</p><p>Sanção – Descumprimento</p><p>Muito se questiona se existe uma sanção a ser aplicada aos países que não cumprirem efetivamente o</p><p>disposto no referido protocolo. Sobre, é válido ressaltar que é muito difícil uma sanção em âmbito internacional e</p><p>o Protocolo nada prevê sobre o assunto.</p><p>Deveres dos países industrializados</p><p>(art. 2º do Protocolo de Kyoto)</p><p>O que os países constantes do Anexo I do Protocolo de Kyoto devem fazer para reduzir as suas</p><p>emissões de gases poluentes e de efeito estufa?</p><p>Segue abaixo algumas medidas:</p><p> Aumento da eficiência energética em setores relevantes da economia nacional;</p><p>(exemplo: tecnologia mais avançada no uso das energias não renováveis até que sejam substituídas pelas</p><p>renováveis, preferência no uso de faixa em via mais rápida de autoestrada quando veiculo tem mais de 01</p><p>pessoa dentro “Carona”– Califórnia tem essa faixa de preferência, incentivando que as pessoas deixem seus</p><p>veículos em casa e andem de carona – eficiência energética).</p><p> Proteção e o aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa</p><p>(...), a promoção de praticas sustentáveis de manejo floresta, florestamento e</p><p>reflorestamento.</p><p>(sumidouro de carbono – sumidouro de gases de efeito estufa: Florestas – lembrando aqui da atividade de</p><p>fotossínteses desempenhada pelas arvores que é vital para o meio ambiente e que retira todo o CO2 da</p><p>atmosfera, transformando-o em oxigênio).</p><p> A pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e o aumento do uso de formas</p><p>novas e renováveis de energia, de tecnologia de sequestro de dióxido de carbono (...);</p><p>(solar, eólica, biocombustível, etc..).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>155</p><p> A redução gradual ou eliminação de imperfeições de mercado, de incentivos</p><p>fiscais, de isenções tributárias e tarifárias e de subsidio. (aqui temos os instrumentos</p><p>econômicos de proteção ambiental, que irão inibir o uso de energia fóssil e incentivar a</p><p>energia renovável) – são medidas de política pública ambiental que os países devem ir</p><p>implementando internamente dentro de seus ordenamentos jurídicos;</p><p> Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, visando à promoção de</p><p>políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa (...);</p><p> A limitação e/ou redução de emissões de metano por meio da recuperação e</p><p>utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na</p><p>distribuição de energia. (os lixões causam muito esse problema de eliminação de gás</p><p>metano – os lixões não proibidos sendo a forma correta de descarte os aterros sanitários e</p><p>ainda o sistema de compostagem).</p><p>MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo</p><p>Art. 12. O objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo deve se assistir às Partes não incluídas no</p><p>Anexo I para que atinjam o desenvolvimento sustentável e contribuam par ao objetivo final da Convenção,</p><p>e assistir às Partes incluídas no Anexo I para que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e</p><p>redução de emissões, assumidos no artigo 3.</p><p>Trata-se de um mecanismo de flexibilização que permite a participação dos países em</p><p>desenvolvimento de forma voluntária.</p><p>Exemplo: Elaboração pelo Brasil (país em desenvolvimento) de projeto de desenvolvimento sustentável</p><p>(que evite a emissão de gases de efeito estufa) – possibilidade de negociação com países desenvolvidos –</p><p>Sistema de Crédito de Carbono.</p><p>Exemplo: No Triângulo Mineiro temos alguns exemplos de biodigestores - de projetos que entraram no</p><p>mercado de crédito de carbono.</p><p>(De forma atécnica e superficial vamos tentar explicar o que vem ocorrendo no Triângulo Mineiro de alguns</p><p>projetos bem sucedidos).</p><p>Encontramos naquela região algumas fazendas de suínos.</p><p>(fezes de suínos emitem muito metano para atmosfera) .</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>156</p><p>Diante da situação as fazendas optaram por concentrar todas as fezes dos suínos em um reservatório e, aquele</p><p>metano que em tese iria para a atmosfera são mantidos numa estufa, impedindo seu contato com o ambiente</p><p>externo. O gás metano retido é utilizado nas próprias fazendas para produzir energia e o excedente pode até</p><p>ser vendido para fazendas vizinhas.</p><p>Tais biodigestores entram como mecanismos de desenvolvimento limpo.</p><p>Assim, esse fazendeiro que comprovar que evitou a emissão de gás metano para a atmosfera correspondente</p><p>a uma quantidade considerável (1 tonelada equivalente – medida prevista no Protocolo de Kyoto), ganha um</p><p>crédito de carbono que poderá negociar com quem ele quiser. (por exemplo, França, que pode não estar</p><p>conseguindo bater sua meta de redução e visa comprar esse 01 credito de carbono, podendo assim chegar</p><p>mais próximo ao percentual que deve cumprir).</p><p>Vejam que no exemplo dado, todos os lados saem ganhando, o fazendeiro com um beneficio financeiro, a</p><p>França ou país que comprar o credito de carbono com o abatimento de suas meta de redução, e o meio</p><p>ambiente com a prevenção ao efeito estufa. (mecanismo econômico de compensação entre países para que</p><p>todos participem do MDL).</p><p>Logicamente, há críticas relacionadas à esses mecanismos, onde algumas pessoas alegam que a redução de</p><p>emissão de gases poluentes deveria ser realizada por todos os países, interpretando que o sistema apresentado é</p><p>uma falácia, vez que não seria o correto haver essa compensação e que ela estaria autorizando poluição do planeta</p><p>através do sistema de compensação.</p><p>Noutro giro, temos também posicionamentos que aprovam o sistema de compensação alegando que, embora</p><p>não seja o ideal é que o temos de mais viável no momento atual.</p><p>Entre críticas e elogios, fato é que com o MDL (mecanismo de flexibilização) os países em desenvolvimento</p><p>podem participar, podem implementar esses projetos inclusive negociando em bolsa de valores.</p><p>Dica de PROVA – o candidato deve se atentar para a lei que existe sobre Política</p><p>Nacional sobre Mudanças de clima. Lei 12.187/2009.</p><p>Lei 12.187/2009 Política Nacional sobre Mudanças do Clima</p><p>(Leitura imprescindível – vem sendo cobrada cada vez mais nos certames, e é uma lei curta, rápida de ler)</p><p>Art. 5º São diretrizes da Política Nacional sobre Mudanças do Clima:</p><p>I – os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do</p><p>Clima, no Protocolo de Quioto e nos demais documentos sobre mudanças do clima dos quais vier a ser</p><p>signatário;</p><p>Art. 9º o mercado Brasileiro de Redução de Emissões – MBRE será operacionalizado em bolsas de</p><p>mercadorias e futuros, bolsas de valores e entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>157</p><p>Valores Mobiliários – CVM, onde se dará a negociação de títulos mobiliários representativo de emissões de</p><p>gases de efeito estufa evitadas certificadas.</p><p>A negociação poderá ocorrer até em forma de bolsa de valores.</p><p>Compromisso nacional voluntário</p><p>Art. 12. Para alcançar os objetivos da PNMC, O PAÍS ADOTARÁ, COMO COMPROMISSO NACIONAL</p><p>VOLUNTÁRIO, AÇÕES DE MITIGAÇÃO DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA, com</p><p>vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e</p><p>nove décimos por cento) suas emissões projetadas até 2020. (Regulamento)</p><p>Parágrafo único. A projeção das emissões para 2020 assim como o detalhamento das ações para alcançar o</p><p>objetivo expresso no caput serão dispostos por decreto, tendo por base o segundo Inventário Brasileiro de</p><p>Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, a</p><p>ser concluído em 2010.</p><p>POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS</p><p>GESTÃO DAS ÁGUAS – antes da Lei 9.433/97</p><p>A gestão das águas limitava-se à gestão de sua quantidade, sem preocupação com sua qualidade, estava</p><p>basicamente condicionada às concessões para aproveitamento hidroelétrico, ou seja, mais voltada às questões</p><p>econômicas.</p><p>Na década de 70 (Conferência de Estocolmo - marco) surge à preocupação com a poluição em geral, e</p><p>particularmente, das águas.</p><p>RECURSOS HÍDRICOS</p><p>Base Constitucional (CR 1988)</p><p> Art. 225 da CF/88</p><p> Águas de domínio da União: art. 20, III</p><p> Potenciais hidroenergéticos: art. 20 VIII;</p><p> Águas de domínio dos Estados:</p><p>art. 26, I;</p><p> Competência comum para o controle da população em todas as suas formas: art. 23,VI; (U,E DF e M)</p><p> Prevê a instituição do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, além da outorga de</p><p>direitos de uso: art. 21, XIX (aqui a base da Constituição para a Lei 9.433/97).</p><p> Aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas (art. 231, §3º; art. 49, inciso XVI).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>158</p><p>Art. 26 Incluem-se entre os bens dos Estados:</p><p>I- As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes (ex: RIOS e CÓRREGOS), emergentes (ex: ÁGUAS</p><p>SUBTERRÂNEAS e NASCENTES) e em depósito (ex: LAGOS, LAGOAS e REPRESAS), ressalvadas,</p><p>neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;</p><p>Art. 20. São bens da União:</p><p>I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;</p><p>II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das</p><p>vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;</p><p>III - os LAGOS, RIOS E QUAISQUER CORRENTES DE ÁGUA em terrenos de seu domínio, ou QUE</p><p>BANHEM MAIS DE UM ESTADO, SIRVAM DE LIMITES COM OUTROS PAÍSES, ou se estendam a</p><p>território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;</p><p>IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas</p><p>oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas</p><p>afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 46, de 2005)</p><p>V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;</p><p>VI - o MAR TERRITORIAL;</p><p>VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;</p><p>VIII - os POTENCIAIS DE ENERGIA HIDRÁULICA;</p><p>Obs: onde quer que se situem: em águas da própria União ou em águas dos Estados. Vide ainda o art.</p><p>21, XII, “b”.</p><p>O potencial de energia é de interesse da União, sendo assim, mesmo se esse potencial se encontre em</p><p>aguas dos Estados será bem da União.</p><p>(atenção então para as possíveis pegadinhas de provas, inclusive em Direito Constitucional)</p><p>IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;</p><p>X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;</p><p>XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.</p><p>LEI 9.433/97 – RECURSOS HÍDRICOS</p><p>Fundamentos (Art. 1)</p><p>TÍTULO I</p><p>DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS</p><p>CAPÍTULO I</p><p>DOS FUNDAMENTOS</p><p>Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes FUNDAMENTOS:</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>159</p><p>I - a água é um bem de DOMÍNIO PÚBLICO;</p><p>II - a água é um recurso natural LIMITADO, DOTADO DE VALOR ECONÔMICO;</p><p>(lembrar aqui do principio do usuário-pagador, onde aquele que usa do recurso escasso paga.. Não confundir</p><p>portanto, com o poluidor-pagador). A ideia da lei 9.433/97 é evitar o desperdício, e o incentivo ao uso</p><p>racional.</p><p>III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o CONSUMO HUMANO E A</p><p>DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS;</p><p>IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o USO MÚLTIPLO DAS ÁGUAS;</p><p>V - a BACIA HIDROGRÁFICA É A UNIDADE TERRITORIAL para implementação da Política Nacional</p><p>de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;</p><p>(Vejam então que não é o Município, não é o Estado, não é a União, mas sim a Bacia Hidrográfica –</p><p>cuidado nesse ponto porque os examinadores gostam de inserir como unidade territorial outras</p><p>expressões).</p><p>VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser DESCENTRALIZADA e contar com A PARTICIPAÇÃO DO</p><p>PODER PÚBLICO, DOS USUÁRIOS E DAS COMUNIDADES.</p><p>(A gestão dos recursos hídricos não é somente do Poder Público, mas também dos usuários e das</p><p>comunidades).</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DOS OBJETIVOS</p><p>Art. 2º São OBJETIVOS da POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS:</p><p>I - assegurar à ATUAL E ÀS FUTURAS GERAÇÕES a necessária disponibilidade de água, em padrões de</p><p>qualidade adequados aos respectivos usos;</p><p>Princípio da equidade intergeracional.</p><p>II - a UTILIZAÇÃO RACIONAL e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com</p><p>vistas ao desenvolvimento sustentável;</p><p>Princípio do Usuário-pagador.</p><p>III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso</p><p>inadequado dos recursos naturais.</p><p>Princípio da Prevenção</p><p>IV - INCENTIVAR E PROMOVER A CAPTAÇÃO, A PRESERVAÇÃO E O APROVEITAMENTO de</p><p>ÁGUAS PLUVIAIS. (Incluído pela Lei nº 13.501, de 2017)</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>160</p><p>Atenção que esse inciso foi inserido recentemente em 2017</p><p>CAPÍTULO III</p><p>DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO</p><p>Art. 3º Constituem DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO da Política Nacional de</p><p>Recursos Hídricos:</p><p>I - a GESTÃO SISTEMÁTICA dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de QUANTIDADE E</p><p>QUALIDADE;</p><p>Muita atenção – vem caindo muito em provas a questão da qualidade e quantidade</p><p>dos recursos hídricos.</p><p>II - a ADEQUAÇÃO da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas,</p><p>econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;</p><p>Vejam aqui a gestão de recursos hídricos levando em consideração vários aspectos,</p><p>inclusive culturais.</p><p>III - a INTEGRAÇÃO da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;</p><p>Ligação entre os temas água e o meio ambiente e devem ser analisados de forma integrada.</p><p>IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos</p><p>REGIONAL, ESTADUAL E NACIONAL;</p><p>Participação dos usuários e dos entes federados.</p><p>V - a ARTICULAÇÃO da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;</p><p>VI - a INTEGRAÇÃO da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.</p><p>É de suma importância deixar registrado no presente manual, que a ideia foi trazer os principais temas do</p><p>Direito Ambiental, desde sua base constitucional até a legislação específica.</p><p>Fundamental se faz ressaltar que não há no ordenamento brasileiro um Código Ambiental específico, com</p><p>toda a legislação concentrada, mas tão somente leis esparsas. Justamente por esse motivo é fundamental que o</p><p>candidato atente-se ao edital e verifique quais leis são pedidas e quais delas vêm sendo mais cobradas no certame</p><p>desejado. Não obstante as observações, a estrutura central do Direito Ambiental Brasileira é a que consta no</p><p>presente documento desenvolvido com dedicação e responsabilidade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>161</p><p>16. Já Caiu em PROVA de Delegado</p><p>1. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia.</p><p>Texto associado: Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a</p><p>exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um</p><p>estado federado. No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade</p><p>econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental</p><p>para o exercício da atividade.</p><p>Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.</p><p>Os sócios Renato e Gabriel responderão na esfera penal pelo crime de funcionamento sem licença ambiental,</p><p>podendo ser condenados a até seis meses de detenção.</p><p>Certo</p><p>Errado</p><p>C. Fundamento – art. 60, Lei n. 9.605/95.</p><p>de 19.12.2003)</p><p>III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.</p><p>Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada</p><p>e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura,</p><p>democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo</p><p>promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.</p><p>Meio Ambiente Artificial:</p><p>(Art. 182, 183 da CF) consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano) e equipamentos públicos</p><p>(ruas, praças, áreas verdes, etc.).</p><p>Assim, temos que são bens criados pelo homem, mas que não integram o patrimônio cultural. Como</p><p>exemplo podemos mencionar os edifícios, as praças as ruas.</p><p>(Art. 182 e 183, da CF/88. Lei nº 10.257/01 - Estatuto da Cidade).</p><p>Observação:</p><p>Grande parte dos impactos ambientais que acontecem atualmente no planeta ocorrem nas cidades, ou seja,</p><p>nos espaços urbanos, e por esse motivo é muito importante que se considere esse espaço artificial como meio</p><p>ambiente.</p><p>Esquematizando</p><p>Meio Ambiente NATURAL Meio Ambiente CULTURAL Meio Ambiente ARTIFICIAL</p><p>Constituído pelos recursos</p><p>naturais e pela correlação</p><p>recíproca de cada um desses</p><p>em relação aos demais.</p><p>Patrimônio histórico, artístico,</p><p>paisagístico, ecológico, científico e</p><p>turístico, constituindo-se tanto de bens</p><p>de natureza material quanto imaterial.</p><p>Constituído ou alterado pelo ser</p><p>humano, é constituído pelos</p><p>edifícios urbanos e pelos</p><p>equipamentos comunitários.</p><p>Atenção!</p><p>Uma observação deve ser feita e serve principalmente de alerta aos candidatos: não se pode confundir Meio</p><p>Ambiente com Biodiversidade. O Meio Ambiente é mais amplo, abrangendo mais elementos com vida e sem</p><p>vida, a Biodiversidade por sua vez está relacionada a elementos com vida.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>16</p><p>Biodiversidade: também conhecida pela expressão diversidade biológica, significa a variabilidade de</p><p>organismos vivos em todas as origens compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos, outros</p><p>sistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de</p><p>espécies, entre espécies e de ecossistemas.</p><p>Princípios do direito ambiental</p><p>Conforme explica o ilustre autor Fabiano Melo (Professor e Doutrinador de Direito Ambiental), o Direito</p><p>Ambiental possui princípios próprios, que norteiam tanto os intérpretes quanto os executores das normas</p><p>ambientais. Nas palavras de Geraldo Ataliba, os princípios são as linhas mestras, as diretrizes magnas, que</p><p>apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e perseguidos pelos poderes constituídos. Para Celso</p><p>Antônio Bandeira de Mello, os princípios são os mandamentos nucleares de determinado sistema, os alicerces;</p><p>conhecê-los é condição essencial para a logicidade e racionalidade do sistema normativo.</p><p>Com efeito, ainda não há uma sistematização principiológica uniforme no direito ambiental. De acordo</p><p>com o marco teórico, há algumas variações na extensão dos princípios, sejam eles explícitos ou implícitos na</p><p>legislação nacional, sejam oriundos de tratados e declarações internacionais. É possível afirmar que há, por vezes,</p><p>uma inflação de princípios, que em seu conjunto representam uma panaceia que mais obscurece do que contribui</p><p>para a consolidação do direito ambiental.</p><p>Nessa esteira, temos vários princípios relacionados ao Direito Ambiental, entretanto, todos eles estão</p><p>ligados a um princípio mais amplo, que os autores costumam chamar de prima princípio, que é o Princípio do</p><p>Desenvolvimento Sustentável.</p><p>A Lei 11.428/2006, que regula o Bioma Mata Atlântica, traz uma série de princípios: função</p><p>socioambiental da propriedade, da equidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da</p><p>transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos</p><p>serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito</p><p>de propriedade.</p><p>Outros princípios ambientais também podem ser encontrados no artigo 3.º, da Lei 12.187/2009, que</p><p>aprovou a Política Nacional sobre Mudança do Clima. São eles: princípios da precaução, da prevenção, da</p><p>participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e das responsabilidades comuns.</p><p>Posteriormente, o artigo 6.º, da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos</p><p>Sólidos, previu os seguintes princípios ambientais: prevenção, precaução, poluidor-pagador, protetor-recebedor, a</p><p>visão sistêmica (na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica,</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>17</p><p>tecnológica e de saúde pública), desenvolvimento sustentável, ecoeficiência (mediante a compatibilização entre o</p><p>fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e</p><p>tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no</p><p>mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta), entre outros.</p><p>Dessa forma, temos que não existe um consenso na doutrina e na jurisprudência quanto aos princípios</p><p>gerais do Direito Ambiental, seja no que diz respeito ao conteúdo, ao número ou à terminologia adotada.</p><p>Por isso, foram selecionados os princípios com maior respaldo constitucional e universalidade, e mais</p><p>exigidos em concursos públicos.</p><p> Princípio do Desenvolvimento Sustentável</p><p>O que seria esse desenvolvimento sustentável tão falado nos dias atuais?</p><p>Tecnicamente dentro da leitura que deve ser feita da Constituição Federal de 1988, temos que desenvolvimento</p><p>sustentável é a ideia de harmonizar o desenvolvimento, normalmente ligada também àquela ideia de crescimento</p><p>econômico. Contudo, apesar de haver a necessidade do crescimento econômico e com isso a utilização de recursos</p><p>naturais, é fundamental que haja também um limite no impacto que essa utilização possa causar ao meio ambiente.</p><p>A ideia de desenvolvimento sustentável não é recente, ela vem sendo trabalhada desde a Conferência de</p><p>Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano realizada no ano de 1972, e visa harmonizar o crescimento</p><p>econômico inerente a nossa sociedade capitalista à sustentabilidade, além da proteção e preservação do meio</p><p>ambiente.</p><p>Temos então nesse princípio 03 pilares fundamentais:</p><p> o crescimento econômico;</p><p> a preservação ambiental;</p><p> e a equidade social</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>18</p><p>Obs: para que possamos entender de forma prática a questão da Equidade Social mencionada acima como</p><p>um dos pilares do desenvolvimento sustentável, apresentamos o seguinte exemplo:</p><p>Exemplo:</p><p>Imaginemos uma siderúrgica funcionando a todo o vapor, desenvolvendo suas atividades, fomentando</p><p>o crescimento econômico da região onde se encontra instalada, mantendo práticas de preservação</p><p>ambiental. Contudo, temos dentro da referida empresa a presença de trabalho escravo e infantil.</p><p>Vejam então que, nos quesitos crescimento econômico e preservação ambiental a siderúrgica</p><p>apresenta-se de forma regular, porém, no que tange a equidade social, não vislumbramos a mesma</p><p>situação haja vista a verificação de trabalho escravo e infantil, o que vai contra a legislação pátria.</p><p>Sendo assim, diante da falta de um dos pilares do principio do desenvolvimento sustentável, não</p><p>podemos considerar que a empresa seja uma empresa que pratica o desenvolvimento sustentável. Não</p><p>há o que se falar no cumprimento</p><p>Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional,</p><p>estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais</p><p>competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.</p><p>2. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia.</p><p>Texto associado. Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a</p><p>exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um</p><p>estado federado. No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade</p><p>econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental</p><p>para o exercício da atividade.</p><p>Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>162</p><p>Conforme a jurisprudência do STF, a empresa em questão não responderá na esfera penal pelo crime de</p><p>funcionamento sem licença ambiental, caso seus sócios, pessoas físicas, sejam absolvidos do mesmo crime.</p><p>Certo</p><p>Errado</p><p>E. Fundamento – Informativo 566 do STJ.</p><p>Candidato é possível a condenação da pessoa jurídica ainda que absolvida a pessoa física? SIM! O STF e o STJ</p><p>atualmente entendem ser possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais</p><p>independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Logo, nota-se que a</p><p>jurisprudência NÃO mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". Nesse sentido, STJ. 6ª Turma. RMS</p><p>39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566).</p><p>Cumpre recordarmos:</p><p>É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais</p><p>INDEPENDENTEMENTE da responsabilização concomitante da pessoa física que agia</p><p>em seu nome.</p><p>A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma.</p><p>RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566).</p><p>STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).</p><p>3. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia.</p><p>Texto associado. Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a</p><p>exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um</p><p>estado federado. No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade</p><p>econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental</p><p>para o exercício da atividade.</p><p>Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.</p><p>A empresa Camarões do Mangue Ltda. e seus sócios responderão objetivamente pela reparação de eventuais danos</p><p>causados à área de manguezal no exercício irregular da atividade durante três anos.</p><p>Certo</p><p>Errado</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>163</p><p>C. Fundamento – Art. 14 da Lei n. 6.938/81 § 1º - responsabilidade é de natureza OBJETIVA, independe de culpa.</p><p>Art. 14 da Lei n. 6.938/81 § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor</p><p>obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e</p><p>a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor</p><p>ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.</p><p>4. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia. Texto</p><p>associado. Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a exploração</p><p>da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um estado federado.</p><p>No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade econômica muito</p><p>lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental para o exercício</p><p>da atividade.</p><p>Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.</p><p>A atividade econômica exercida pela referida empresa é ilegal, sendo vedada pelo Código Florestal a exploração</p><p>econômica da área de manguezal que é uma área de reserva legal.</p><p>Certo</p><p>Errado</p><p>E. Fundamento – art. 4º do Código Florestal.</p><p>Art. 4. Código Florestal: Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas,</p><p>para os efeitos desta Lei: (...) VII - os manguezais, em toda a sua extensão. Assim, trata-se de área de</p><p>preservação permanente e não de reserva legal, como menciona a questão.</p><p>5. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de</p><p>Polícia Federal. Acerca de tráfico ilícito de entorpecentes, crimes contra o meio ambiente, crime de discriminação</p><p>e preconceito e crime contra o consumidor, julgue o próximo item.</p><p>Pessoa jurídica que praticar crime contra o meio ambiente por decisão do seu órgão colegiado e no interesse da</p><p>entidade poderá ser responsabilizada penalmente, embora não fique necessariamente sujeita às mesmas sanções</p><p>aplicadas às pessoas físicas.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>164</p><p>Certo</p><p>Errado</p><p>C. Fundamento – Atualmente, o STJ e o STF adotam a seguinte idéia - É possível a responsabilização penal da</p><p>pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que</p><p>agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS</p><p>39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE</p><p>548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).</p><p>FONTE: https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/e-possivel-responsabilizacao-penal-da.html</p><p>6. Ano: 2018 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia. Diante de</p><p>comunicação apresentada perante a Delegacia de Polícia Civil, denunciando a realização de rinha de galos em</p><p>propriedade rural do município de Cromínia, se está diante de fato</p><p>A. típico e antijurídico, estando o Estado, entretanto, impedido de exercer o jus puniendi, em razão de a rinha de</p><p>galos ser reconhecida, no meio rural brasileiro, como uma prática costumeira.</p><p>B. típico, porém juridicamente válido, desde que haja norma municipal que reconheça a rinha de galos como</p><p>patrimônio cultural imaterial.</p><p>C. atípico, pois a Constituição Federal de 1988 protege expressamente as manifestações culturais que portem</p><p>referência à identidade dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.</p><p>D. atípico, tendo em vista que, tanto a Constituição Federal quanto a Lei de Crimes Ambientais, protegem apenas</p><p>os animais integrantes da fauna silvestre brasileira.</p><p>E. típico e antijurídico, segundo os ditames da Lei de Crimes Ambientais.</p><p>Gabarito E. Fundamento – art. 32 da Lei n. 9.605/95.</p><p>Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,</p><p>nativos ou exóticos:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins</p><p>didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.</p><p>§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>ou existência de todos os pilares idealizados pelo desenvolvimento</p><p>sustentável.</p><p>Nesse sentido, para que haja o desenvolvimento sustentável, é necessária a presença cumulativa dos 03</p><p>pilares mencionados. A falta de qualquer um deles impede classificação de qualquer atividade como atividade</p><p>com desenvolvimento como sustentável. Assim, na interpretação do princípio do desenvolvimento sustentável é</p><p>necessário conjugar o Art. 170 com o art. 225, ambos da CF.</p><p>Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem</p><p>por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os</p><p>seguintes princípios:</p><p>I - soberania nacional;</p><p>II - propriedade privada;</p><p>III - função social da propriedade;</p><p>IV - livre concorrência;</p><p>crescimento</p><p>econômico</p><p>preservação</p><p>ambiental</p><p>equidade</p><p>social</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>19</p><p>V - defesa do consumidor;</p><p>VI - defesa do meio ambiente;</p><p>VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto</p><p>ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)</p><p>VII - redução das desigualdades regionais e sociais;</p><p>VIII - busca do pleno emprego;</p><p>IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.</p><p>IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que</p><p>tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)</p><p>Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,</p><p>independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.</p><p>CAPÍTULO VI</p><p>DO MEIO AMBIENTE</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do</p><p>povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de</p><p>defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:</p><p>I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e</p><p>ecossistemas; (Regulamento)</p><p>II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades</p><p>dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento)</p><p>(Regulamento) (Regulamento)</p><p>III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem</p><p>especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada</p><p>qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;</p><p>(Regulamento)</p><p>IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de</p><p>significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará</p><p>publicidade; (Regulamento)</p><p>V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que</p><p>comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)</p><p>VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a</p><p>preservação do meio ambiente;</p><p>VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua</p><p>função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.</p><p>(Regulamento)</p><p>§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de</p><p>acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>20</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas</p><p>físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os</p><p>danos causados.</p><p>§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e</p><p>a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de</p><p>condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos</p><p>naturais. (Regulamento) (Regulamento)</p><p>§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,</p><p>necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.</p><p>§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem</p><p>o que não poderão ser instaladas.</p><p>§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as</p><p>práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º</p><p>do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do</p><p>patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar</p><p>dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)</p><p>Não obstante, há uma constante tensão entre as atividades econômicas e as normas protetivas do meio</p><p>ambiente. Na impossibilidade de compatibilizá-los, há de se indagar sobre a prevalência das atividades</p><p>econômicas ou do meio ambiente. A resposta é que pela sistemática constitucional as atividades econômicas não</p><p>podem ser exercidas em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente.</p><p>Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal (ADI nº 3.540), a saber:</p><p>“A atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a</p><p>proteção ao meio ambiente. A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses</p><p>empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver</p><p>presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada,</p><p>dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a ‘defesa do meio ambiente, inclusive mediante</p><p>tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de</p><p>elaboração e prestação’ (art. 170, VI, CF)” – Direito Ambiental (Fabiano Melo).</p><p>Curiosidade: O Brasil foi muito criticado quando da produção de etanol (álcool combustível), porque para</p><p>fins de efeito estufa essa produção era ótima, vez que não havia a emissão de gases de efeito estufa para a</p><p>atmosfera, sendo considerada uma excelente fonte de energia. Por outro lado, para a realização dessa</p><p>produção, estava ocorrendo grande supressão de vegetação nativa para a plantação da cana, o que feria uma</p><p>das vertentes.</p><p>Os defensores da Sustentabilidade do Etanol no Brasil alegam que o país possui grande área para a produção</p><p>de cana, ou seja, já possui um quantum ideal para as plantações da matéria prima, e com isso não</p><p>precisariam, para a manutenção da atividade, suprimir vegetação nativa.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>21</p><p>Dica de PROVA – Muito comum elaborarem questões falando da relação homem natureza.</p><p>E diante disso é importante que apresentemos as 03 principais correntes que tratam do tema.</p><p>Relação Homem/Natureza</p><p>Como anteriormente mencionado a temática Homem/Natureza possuem três vertentes que tentam delimitar</p><p>essa relação que ocorre entre o homem e a utilização dos recursos naturais.</p><p>a) Corrente Antropocêntrica Utilitarista: ao desmembrarmos a expressão temos: Antropocêntrica como</p><p>o homem ocupando um lugar central e, Utilitarista referindo-se a utilização exagerada de recursos</p><p>naturais. Nesse prisma</p><p>temos a corrente antropocêntrica utilitarista como uma corrente que enxerga o</p><p>homem como ser que se utiliza demasiadamente dos recursos naturais, buscando somente suprir suas</p><p>necessidades humanas, não se preocupando com a proteção desses recursos.</p><p>Para a corrente a natureza é tratada como principal fonte de recurso para atender prioritariamente as</p><p>necessidades humanas.</p><p>b) Corrente Antropocêntrica protecionista: essa corrente também trabalha com a figura do homem no</p><p>centro da relação, contudo há mais proteção à natureza. Há então um equilíbrio maior, vez que se</p><p>trabalha com o uso racional dos recursos naturais. Essa corrente considera a natureza como um bem</p><p>coletivo essencial.</p><p>c) Corrente Ecocêntrica (Biocêntrica): trata-se da corrente mais cautelosa, vez que quem está no centro</p><p>da relação não é mais o homem e sim a natureza. Além disso, traz a ideia de que a natureza pertence a</p><p>todos os seres vivos e não apenas ao homem.</p><p>Questão de PROVA – Qual das correntes acima apresentadas é a que</p><p>encontramos inseridas na Constituição e Legislações Ambientais?</p><p>A alternativa a ser assinalada nesses casos é a que contenha texto similar a corrente “B”, ou</p><p>seja, “Antropocêntrica Protecionista”.</p><p>Obs.: Apesar de a Constituição Federal adotar a visão antropocêntrica, deve-se ressaltar que se trata de</p><p>ANTROPOCENTRISMO ALARGADO, pois se defende uma posição suficientemente abrangente, a ponto</p><p>de reconhecer a interdependência entre os seres humanos e a natureza.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>22</p><p>Aprofundamento: a corrente Antropocêntrica, fora uma corrente muito utilizada na época da Revolução</p><p>Industrial, momento que havia fartura de recursos e a pratica era o uso desenfreado dos mesmos. O pensamento</p><p>se voltava somente ao crescimento industrial e econômico da sociedade, não se pensando na proteção do meio</p><p>ambiente, além de não haver normas e leis sobre o uso.</p><p>Somente quando o uso excessivo dos recursos naturais começou a causar danos à saúde dos seres humanos é</p><p>que a sociedade se viu na necessidade de se elaborar medidas a respeito.</p><p>Já a corrente Ecocêntrica ou Biocêntrica é uma corrente de extrema cautela, sendo muito rigorosa para o</p><p>modelo econômico mundial que temos hoje, não se adequando então a realidade da sociedade. Seria na verdade</p><p>uma corrente utópica para os dias atuais.</p><p>Vejam que essa base teórica é muito importante inclusive para que se possa entender a Constituição de 1988,</p><p>quando esta fala em EQUILÍBRIO. A CF/88 não proíbe a utilização de recursos naturais, ao contrário autoriza,</p><p>contudo, seu uso deve ser feito com equilíbrio de modo a pensar nas gerações futuras. Nesse passo, é</p><p>importante que se observe que em momento algum a Carta Magna faz menção de que a natureza e seus recursos</p><p>sejam intocáveis, mas adverte que há limites para sua utilização.</p><p> Princípio da Equidade Intergeracional</p><p>Com efeito, o caput do art. 225 da Constituição Federal relaciona o dever de defender e preservar o meio</p><p>ambiente “para as presentes e futuras gerações”. Esse é um dos mais significativos conteúdos do texto</p><p>constitucional, pois estabelece uma responsabilidade ética intergeracional.</p><p>Seria o princípio vinculado à preocupação das gerações atuais com as gerações futuras, de modo que aquelas</p><p>atuem de forma a preservar o meio ambiente para as futuras gerações. Temos então uma relação que zela pela</p><p>manutenção do equilíbrio ambiental entre as gerações.</p><p>Compete à presente geração utilizar os recursos naturais disponíveis sem comprometer a capacidade de suporte</p><p>e sobrevivência das gerações futuras. Em outras palavras, devemos legar aos nossos descendentes um planeta com</p><p>recursos naturais suficientes para a manutenção e desenvolvimento da sua qualidade de vida. Para tanto, é</p><p>fundamental repensar os insustentáveis padrões de consumo e produção dos dias atuais. O acesso dessa geração</p><p>aos recursos naturais não pode representar um risco às gerações que estão por vir.</p><p>Importantíssimo destacarmos que, desde a Declaração de Estocolmo (1972) já se previa a responsabilidade</p><p>com as futuras gerações, conforme consignado em seu Princípio 1: “o homem tem o direito fundamental à</p><p>liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que</p><p>lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>23</p><p>ambiente para as gerações presentes e futuras”. Ou ainda em seu Princípio 2: “Os recursos naturais da terra</p><p>incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais</p><p>devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou</p><p>ordenamento”.</p><p>Não foi diferente com a Declaração do Rio (1992), que reconhece a relevância da solidariedade</p><p>intergeracional: “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda equitativamente às</p><p>necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presentes e futuras” (Princípio 3).</p><p>Desse modo, a importância da solidariedade intergeracional se reflete em temáticas como as mudanças</p><p>climáticas, a imprescritibilidade da reparação do dano ambiental, entre outras. É um princípio recorrente nos</p><p>julgados dos tribunais superiores.</p><p> Princípio do Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa</p><p>humana</p><p>Trata-se de princípio previsto no caput do art. 225 da Constituição Federal, ao dispor que “todos têm direito ao</p><p>meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”.</p><p>Constitui-se no PRINCÍPIO MATRIZ do direito ambiental, que se irradia no âmbito constitucional e</p><p>infraconstitucional como norteador de todo o arcabouço legislativo a respeito. Para Édis Milaré, é o “princípio</p><p>transcendental de todo o ordenamento jurídico ambiental, ostentando o status de verdadeira cláusula pétrea”.</p><p>O Supremo Tribunal Federal, na ADI nº 3.540, dispôs: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o</p><p>gênero humano. Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em</p><p>benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual”.</p><p>A Declaração do Rio (1992) contemplou-o no Princípio 1: “os seres humanos estão no centro das</p><p>preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com</p><p>a natureza”</p><p>Nesse princípio temos que o Meio Ambiente equilibrado está intimamente ligado a outros direitos</p><p>fundamentais, como direito à vida, à saúde, à dignidade da pessoa humana, etc. A partir da Constituição de 1988, o</p><p>meio ambiente equilibrado passa então a ser tratado como um direito fundamental.</p><p>Mas afinal, qual seria a definição de um Meio Ambiente ecologicamente equilibrado?</p><p>Entende-se como o meio ambiente sem poluição, com salubridade e higidez.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>24</p><p>Com o meio ambiente ecologicamente equilibrado pretende-se garantir, em aspectos fundamentais, o direito à</p><p>vida, sobretudo à sadia qualidade de vida, aquela que proporciona a materialização do princípio estruturante do</p><p>sistema jurídico brasileiro: a dignidade da pessoa humana.</p><p>O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é um dos principais direitos fundamentais,</p><p>assente que só é possível efetivar os direitos de primeira dimensão (direitos civis e políticos) e de segunda</p><p>dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais)</p><p>com a existência de um meio ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado (de terceira dimensão).</p><p> Princípio da Prevenção e Princípio da Precaução</p><p>Segundo Paulo Affonso Leme Machado, o vocábulo prevenção, do verbo prevenir, significa agir</p><p>antecipadamente. Essa é, em essência, a conduta inescusável em qualquer política, programa ou atuação que</p><p>albergue as questões ambientais.</p><p>Não é possível conceber o direito ambiental sob uma ótica meramente reparadora, pois esta o tornaria inócuo,</p><p>já que os danos ambientais, em regra, são praticamente irreversíveis, como se vê no desmatamento de uma floresta</p><p>centenária ou na extinção de uma espécie da fauna ou da flora. Sem uma atuação antecipatória não há como evitar</p><p>a ocorrência de danos ambientais. Por essa razão, o Direito Ambiental é eminentemente preventivo.</p><p>Segundo Michel Prieur, “a prevenção consiste em impedir a superveniência de danos ao meio ambiente por</p><p>meio de medidas apropriadas, ditas preventivas, antes da elaboração de um plano ou da realização de uma obra ou</p><p>atividade”.</p><p>O princípio da prevenção é aplicável ao risco conhecido.</p><p>Risco conhecido</p><p>Entende-se por risco conhecido aquele identificado por meio de pesquisas, dados e informações ambientais</p><p>ou ainda porque os impactos são conhecidos em decorrência dos resultados de intervenções anteriores, por</p><p>exemplo, a degradação ambiental causada pela mineração, em que as consequências para o meio ambiente</p><p>são de conhecimento geral. É a partir do risco ou perigo conhecido que se procura adotar medidas</p><p>antecipatórias de mitigação dos possíveis impactos ambientais.</p><p>O princípio da prevenção baseia-se na tendência do Direito Ambiental Internacional em evitar que o dano</p><p>ambiental aconteça já que após sua ocorrência se torna muito difícil trazer o estado anterior que se encontrava a</p><p>vegetação, a flora, fauna, entre outros.</p><p>Dentro do tema temos como objetivo, um ponto em comum entre o princípio da prevenção e da precaução</p><p>que é o de evitar que o dano ambiental se concretize. No tocante a diferença existente entre tais princípios</p><p>mencionamos a questão temporal, ou seja, o momento em que eles devem ser aplicados.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>25</p><p>O principio da prevenção é aplicado quando conhecemos o impacto ambiental de determinada atividade,</p><p>quando já há uma certeza cientifica e Estudo Prévio de Impacto ambiental (E.P.I.A).</p><p>Vale mencionar que no estudo prévio de impacto ambiental, que ocorre no inicio do licenciamento de uma</p><p>atividade, ou seja, antes que ela comece a funcionar, o empreendedor entrega ao órgão ambiental estudo</p><p>delimitando e apontando quais impactos ambientais serão causados com a realização daquela determinada</p><p>atividade, mencionando ainda quais as medidas de proteção ambiental serão adotadas.</p><p>O estudo prévio de impacto ambiental passa a então a ter grande importância vez que propicia aos os órgãos</p><p>ambientais ao analisar o estudo prévio, a possibilidade de exigir de empreendedor a adoção de tecnologia mais</p><p>moderna e que cause menos impacto sobre o meio ambiente.</p><p>QUESTÃO DE PROVA - Qual princípio ambiental está diretamente ligado ao Estudo</p><p>Prévio de Impacto Ambiental?</p><p>Princípio da Prevenção.</p><p>Esquematizando</p><p>Alguns doutrinadores não distinguem o princípio da prevenção e o princípio da precaução. Em que</p><p>pese o entendimento, esses princípios possuem particularidades. Vejamos:</p><p>Princípio da Prevenção Princípio da Precaução</p><p>parte da certeza, da convicção científica. É o</p><p>risco concreto, conhecido, certo. Trabalha com</p><p>a certeza do dano, de modo a minorá-lo ou</p><p>evitá-lo.</p><p>trabalha com situações controversas, riscos incertos e</p><p>potenciais. São atividades que normalmente decorrem</p><p>de inovação tecnológica. A dúvida sempre deve militar</p><p>em favor do meio-ambiente. In dubio pro natura.</p><p>certeza científica. incerteza científica.</p><p>Diante do exposto, é oportuna a diferenciação entre o princípio da prevenção e o princípio da precaução. O</p><p>Princípio da Prevenção se configura a partir do risco ou perigo concreto, conhecido, enquanto o Princípio da</p><p>Precaução aplica-se ao risco ou perigo abstrato, incerto, que ainda não se conhecem os efeitos e consequências.</p><p>Já CAIU. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado</p><p>de Polícia. Conforme previsto na CF, é necessária a realização de estudo prévio de impacto ambiental</p><p>antes da implantação de empreendimentos e de atividades consideradas efetiva ou potencialmente</p><p>causadoras de degradação ambiental, que constitui exigência que atende ao princípio do(a)</p><p>A. prevenção.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>26</p><p>B. poluidor-pagador.</p><p>C. proibição do retrocesso ambiental.</p><p>D. participação comunitária.</p><p>E. usuário-pagador.</p><p>Gabarito: A. Conforme estudado, o princípio ambiental diretamente ligado ao Estudo Prévio de Impacto</p><p>Ambiental é o Princípio da Prevenção.</p><p>Já CAIU. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: FUNIVERSA - 2015 - PC-DF</p><p>- Delegado de Polícia. Acerca dos princípios de direito ambiental, assinale a alternativa correta.</p><p>A. O princípio da prevenção é aplicável ao risco conhecido, ou seja, aquele que já ocorreu anteriormente ou</p><p>cuja identificação é possível por meio de pesquisas e informações ambientais.</p><p>B. O princípio da participação comunitária possui aplicabilidade apenas na esfera administrativa, impondo</p><p>a participação popular na formulação das políticas públicas ambientais desenvolvidas pelos órgãos</p><p>governamentais.</p><p>C. O princípio do desenvolvimento sustentável não tem caráter constitucional, mas encontra assento em</p><p>normas infraconstitucionais que tratam da ocupação racional dos espaços públicos.</p><p>D. O princípio do poluidor-pagador impõe ao empreendedor a responsabilidade subjetiva, ou seja, o dever</p><p>de arcar com os prejuízos que sua atividade cause ao meio ambiente na medida de seu envolvimento direto</p><p>com o dano.</p><p>E. O princípio da precaução refere-se à necessidade de o poder público agir de forma a evitar os riscos que</p><p>são de conhecimento geral, adotando medidas de antecipação por meio de instrumentos como o estudo e o</p><p>relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA).</p><p>Gabarito: A. Conforme estudado, quando falamos de um risco já conhecido, ou seja, em que há certeza</p><p>cientifica, estamos diante do princípio da prevenção.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>27</p><p>Já CAIU. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: MPE-RR Prova: CESPE - 2017 - MPE-RR -</p><p>Promotor de Justiça Substituto. Para a realização de determinada atividade econômica, a pessoa física</p><p>interessada solicitou ao órgão estadual ambiental competente a licença necessária. Entretanto, por ser a</p><p>atividade econômica considerada potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente, o referido</p><p>ente público informou ao interessado da necessidade do prévio estudo de impacto ambiental.</p><p>Na situação apresentada, a realização do referido estudo consagra a aplicação do princípio ambiental</p><p>A. do usuário-pagador.</p><p>B. da precaução.</p><p>C. da prevenção.</p><p>D. do poluidor-pagador.</p><p>Gabarito: C.</p><p> Princípio da Precaução</p><p>O objetivo do presente princípio acaba sendo o mesmo que o do principio anterior, ou seja, evitar que o dano</p><p>ambiental aconteça, mas como já foi visto a diferença entre ambos ocorre quando analisamos o momento em que</p><p>ele é aplicado. O princípio da precaução trabalha no “escuro”, vez que não possui a certeza científica sobre os</p><p>possíveis impactos e reais danos que serão ocasionados no meio ambiente em decorrência da atividade que será</p><p>desenvolvida. Isso ocorre porque a ciência e a tecnologia não conseguem ainda responder e prever em certas</p><p>situações como, por exemplo, qual será o impacto de determinada atividade no meio</p><p>ambiente.</p><p>Exemplo: O.G.M – Organismo Geneticamente Modificado – Transgênico.</p><p>A discussão com relação aos transgênicos ocorre porque temos uma corrente cientifica que afirma que não</p><p>existe problema algum no consumo desses alimentos pelos seres humanos. Todavia, temos outra corrente</p><p>científica afirmando que o consumo desses alimentos resulta em danos ao organismo humano e que somente</p><p>daqui a alguns anos poderemos perceber as consequências do uso de tais produtos.</p><p>Sendo assim, quando estamos diante de correntes que afirmam e apontam dados divergentes de</p><p>determinado assunto podemos chegar à conclusão de que não há uma certeza cientifica a respeito do tema. Nesses</p><p>casos específicos, a ciência no atual estágio de desenvolvimento em que se encontra não consegue responder ainda</p><p>dos possíveis impactos que poderão ocorrer com a autorização da realização de atividade.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>28</p><p>Diante desse aspecto, quando houver a falta de certeza com relação aos dados, informações sobre os danos</p><p>que determinada atividade poderá causar ao Meio Ambiente deve-se aplicar o Princípio da Precaução, visando</p><p>assim desempenhar uma postura mais cautelosa e protegendo de forma mais segura o Meio Ambiente. Nesse</p><p>principio peca-se pelo excesso, e com isso na dúvida não se autoriza: a utilização determinado produto, a</p><p>realização de determinada atividade, isso porque não se sabe a ocorrência ou não de danos ambientais e possível</p><p>reparação.</p><p>Temos uma previsão do Princípio da Precaução no Princípio 15 da Declaração do Rio 923 (ECO 924).</p><p>Ainda como exemplo de Princípio da Precaução, podemos mencionar a radiofrequência de telefonia de</p><p>celular. Para alguns pesquisadores e estudiosos a radiofrequência emitida pelas diversas antenas espalhadas por</p><p>nossas cidades seriam cancerígenas e futuramente todos nós estaríamos enfrentando uma “epidemia” de doenças</p><p>dessa ordem. Noutro giro, outros pesquisadores afirmam que a exposição a tais radiofrequências (que são de níveis</p><p>baixos) não possuem elementos prejudiciais a ponto de gerar tamanha preocupação, não necessitando que o uso de</p><p>aparelhos e a instalação de antenas sejam suspensos. Diante do empasse, o Princípio da Precaução se faz presente</p><p>orientando que a utilização dos aparelhos seja realizada de forma cautelosa, sem exageros.</p><p>Exemplo: Podemos citar os casos da Itália e da Suíça, que possuem leis específicas determinando que</p><p>antenas de celular de radio frequência devam ser instaladas fora de área residência e hospitalar.</p><p>Percebam o uso não foi proibido, mas houve certa restrição/limitaçao e a inicitiva se deu com base na</p><p>aplicação do Princípio da Precaução.</p><p>Princípio da Precaução e ônus da prova: é importante mencionar a questão que envolve o ônus da prova.</p><p>É com base no princípio da precaução que parte da doutrina sustenta a possibilidade de inversão do ônus da</p><p>prova nas demandas ambientais, carreando ao réu (suposto poluidor) a obrigação de provar que a sua</p><p>atividade não é perigosa nem poluidora, em que pese inexistir regra expressa nesse sentido, ao contrário do</p><p>que acontece no Direito do Consumidor. Inclusive, esta tese foi recepcionada pelo STJ no segundo semestre</p><p>de 2009 (REsp 972.902-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 25.08.2009).</p><p>O STJ tem aplicado a inversão do ônus da prova com base no Princípio Ambiental da Precaução.</p><p>Resumidamente na dúvida, com base no Principio da Precaução devemos interromper determinada atividade,</p><p>visando proteger o meio ambiente, e para o STJ caso o empreendedor deseje a manutenção das atividades</p><p>realizadas, competirá a este comprovar que tais atividades não causam danos ao Meio Ambiente ou a saúde</p><p>humana. Caso não consiga comprovar que suas atividades não causam danos e impactos ao meio ambiente,</p><p>3 Princípio 15 - Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento</p><p>“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas</p><p>capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como</p><p>razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.”</p><p>4 http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/agenda21/Declaracao_Rio_Meio_Ambiente_Desenvolvimento.pdf (somente 04</p><p>laudas interessante que realizem a impressão e leitura).</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>29</p><p>ainda estaremos diante de uma situação de incerteza, e diante do Principio da Precaução a atividade deverá</p><p>continuar paralisada. (na dúvida não se libera as atividades).</p><p>Atenção!</p><p>Por fim, especificamente diante dos pontos em comum dos Princípios de Prevenção e Precaução, os</p><p>candidatos devem tomar muito cuido para que não confundam os institutos, lembrando que no Princípio</p><p>da Prevenção estamos diante de certezas científicas e com isso iremos prevenir com a</p><p>obrigatoriedade do uso de medidas certas e determinadas para que a atividade possa ser realizadas</p><p>sem causar impactos ao Meio Ambiente, enquanto no Princípio da Precaução, medidas de limitação,</p><p>suspensão e até restrição poderão ser adotadas justamente pela falta de certeza sobre possíveis</p><p>impactos e danos ambientais que poderão ser irreversíveis.</p><p>Já CAIU. Ano: 2018 Banca: MPE-MS Órgão: MPE-MS Prova: MPE-MS - 2018 - MPE-MS -</p><p>Promotor de Justiça Substituto. Considere as assertivas a seguir:</p><p>I. Uma das facetas do princípio do poluidor-pagador é evitar as externalidades negativas.</p><p>II. Para a maioria da doutrina que faz a diferenciação entre estes dois princípios, o princípio da precaução é</p><p>aplicável aos casos em que os impactos ambientais são conhecidos e devem ser evitados ou mitigados,</p><p>enquanto o princípio da prevenção é aplicável aos casos em que não há certeza científica sobre os riscos e os</p><p>impactos ambientais da atividade a ser exercida.</p><p>III. As Resoluções do CONAMA que tratam de padrões máximos de emissão de poluentes têm por</p><p>fundamento o princípio do limite ou controle.</p><p>IV. O princípio da Ubiquidade é aquele segundo o qual as presentes gerações não podem utilizar os recursos</p><p>ambientais de maneira irracional, de modo a privar as gerações futuras de um ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado.</p><p>V. A cobrança pelo uso da água prevista na Lei de Recursos Hídricos e a compensação ambiental prevista na</p><p>Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação são exemplos de aplicação prática do princípio do</p><p>usuário-pagador.</p><p>Em atenção aos princípios do Direito Ambiental, assinale a alternativa correta:</p><p>A. Todas as assertivas estão corretas.</p><p>B. Somente as assertivas I, III e V estão corretas.</p><p>MANUAL CASEIRO</p><p>30</p><p>C. Somente as assertivas I, II, IV e V estão corretas.</p><p>D. Somente as assertivas II, III, IV e V estão corretas.</p><p>E. Somente as assertivas II, III e IV estão corretas.</p><p>Gabarito: B.</p><p>Já CAIU. Ano: 2014 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2014 - MPE-SC -</p><p>Promotor de Justiça – Vespertina. Texto associado: Admitindo-se a existência de distinção entre os</p><p>princípios da precaução e da prevenção, pode-se afirmar que uma Ação Civil Pública visando a proibição do</p><p>comércio de determinado produto transgênico, sobre o qual ainda paira incerteza científica a respeito das</p><p>conseqüências de seu uso à saúde humana e ao equilíbrio do meio ambiente, estaria fundamentada no</p><p>princípio da prevenção.</p><p>CERTO</p><p>ERRADO</p><p>Gabarito: ERRADO, se há incerteza cientifica incide o princípio da precaução e não da prevenção. Vamos</p><p>recordar?</p><p>Princípio da Prevenção Princípio da Precaução</p><p>parte da certeza, da convicção científica. É o</p><p>risco concreto, conhecido, certo.</p>