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<p>ROTEIRO DE AULA DE DIREITO AGRÁRIO –</p><p>I. FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO</p><p>A legislação que regulamentou o direito de propriedade desde a ocupação dos portugueses até os dias atuais: Lei de Sesmaria, Lei de Terras, Estatuto da Terra.</p><p>II. INTRODUÇÃO DO DIREITO AGRÁRIO</p><p>1. ASPECTOS GERAIS:</p><p>2. CONCEITO: é o ramo das ciências jurídicas que cria conjunto de regras e princípios para regulamentar o acesso e a exploração da terra, fazendo com que esta cumpra com a sua função social e atenda aos demais direitos sociais correlatos.</p><p>Conjunto sistemático de normas jurídicas que visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade.</p><p>Direito Agrário é o conjunto de princípios e normas que, visando imprimir função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença e uso, e disciplinam a prática das explorações agrárias e da conservação dos recursos naturais.</p><p>3. OBJETO:</p><p>“O objeto do direito agrário resulta de toda ação humana orientada no sentido da produção, contando com a participação ativa da natureza, sem descurar da conservação das fontes produtivas naturais”.</p><p>“O objeto do Direito Agrário seriam, assim, os fatos jurídicos que emergem do campo, consequência da atividade agrária, da estrutura agrária, da empresa agrária e da política agrária; o que caracteriza a relação jurídica agrária”.</p><p>Atividade Agrária: a conjunção entre a atividade humana mais a participação ativa da natureza para fins produtivos.</p><p>Fatos jurídicos que emergem do campo</p><p>Relações jurídicas</p><p>Relações econômicas</p><p>Relações sociais</p><p>Relação culturais</p><p>4. FINALIDADES</p><p>Desenvolvimento rural – a partir da qualidade de vida, saúde, educação, crescimento econômico.</p><p>5. NATUREZA JURÍDICA:</p><p>6. AUTONOMIA DO DIREITO AGRÁRIO:</p><p>Autonomia legislativa do direito agrário (estatuto da terra)</p><p>Autonomia Didática: ramo do direito que tem suas próprias diretrizes.</p><p>A Autonomia didática de uma área do conhecimento decorre de sua presença da disciplina como parte do conteúdo obrigatório dos cursos de Direito no Brasil.</p><p>Autonomia Jurisdicional: justiça autonôma/ jurisdição; varas especializadas</p><p>Apesar de não existir uma Justiça especializada para a temática, tal qual como ocorreu com o Direito do</p><p>Trabalho, o art. 126 da Constituição de 1988, com redação dada pela Emenda Constitucional n. 45/2004, determinou aos Tribunais de Justiça a criação de varas especializadas, com competência para questões agrárias, com o objetivo de dirimir conflitos fundiários.</p><p>Alterações no art. 167 da Constituição do Estado do Pará de 1</p><p>Redação original do artigo Redação conforme ECE no 30/2005</p><p>Art. 167. O Tribunal de Justiça designará juízes de entrância</p><p>especial com exclusiva competência para questões agrárias e</p><p>minerarias.</p><p>Art. 167. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça</p><p>proporá a criação de varas especializadas, com competência</p><p>exclusiva para questões agrárias.</p><p>7. PRINCÍPIOS DO DIREITO AGRÁRIO:</p><p>a) Função social da Propriedade Rural</p><p>Interesse coletivo, para que a terra seja instrumento de desenvolvimento. Função social deve garantir o bem estar da sociedade.</p><p>b) Justiça social (Estado Social)</p><p>Garantir direitos sociais básicos. Sentido distributivo. Política para agricultura familiar.</p><p>c) Proteção à pequena propriedade;</p><p>Proteção familiar; desenvolvimento no âmbito local, regional; subsistência.</p><p>d) Menor propriedade possível</p><p>Limitação ao tamanho; mínimo existencial, para produzir e prosperar;</p><p>e) Democratização do acesso à terra;</p><p>Acesso a propriedade.</p><p>f) Supremacia do interesse coletivo;</p><p>Predominância do interesse público sobre o particular, nesse contexto se observam as limitações ao exercício do direito de propriedade, a fim de se alcançar a justiça social e, mais especificamente no caso da região amazônica, pode-se falar em justiça socioambiental em que se constata a necessidade de compatibilização entre o Direito Agrário e os direitos de povos indígenas, comunidades quilombolas e populações tradicionais;</p><p>III. TERRAS PÚBLICAS</p><p>1. ASPECTOS GERAIS:</p><p>não existe terra vaga no brasil/terra de ninguém – é terra pública</p><p>2. CONCEITO</p><p>A Constituição Federal de 1988 estabelece que a destinação das terras públicas deve ser compatibilizada com a reforma agrária e a política agrícola, impondo a utilização destas terras para fins de reforma agrária.</p><p>3. CLASSIFICAÇÃO</p><p>4. AFETAÇÃO E NÃO AFETAÇÃO</p><p>É a afetação do bem a uma finalidade pública que dirá se pode ou não ser objeto de atos possessórios por um particular. A distinção releva, pois nos bens públicos de uso comum do povo e especiais o possuidor não poderá ajuizar ações possessórias, eis que não pode haver posse individualizada de um ou de outro”</p><p>5. CARACTERÍSTICAS</p><p>6. DECISÃO STJ/STF</p><p>Súmula 619/2018 - STJ</p><p>STJ confirma que invasor de terras públicas não tem posse, mas mera detenção: “a ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias”</p><p>7. FINALIDADES:</p><p>1- Reforma agrária</p><p>2- Proteção do meio ambiente: os Estados precisam utilizar suas terras para proteção do meio ambiente, criando reservas, áreas especiais.</p><p>8. ESPÉCIES DE TERRAS PÚBLICAS:</p><p>8.1 – TERRA DEVOLUTA</p><p>a. conceito: A Lei de Terra, em seu o artigo 3o, apresentou a definição de terra devoluta como a terra que não se destinava a um fim público, nem se tinha incorporado ao patrimônio particular. O artigo 10 do mesmo diploma legal determinou que todas as terras de domínio público fossem identificadas.</p><p>Terra de natureza dominical, disponível que não está sendo utilizada pelo poder público, que não está sendo destinada para um uso especial e nem está sob domínio do particular. – sentido formal</p><p>A terra vai ser pública por exclusão. O particular que tem que provar que tem o título. Qualquer ente pode ter, não tem uso específico, poder público que vai definir.</p><p>A Lei nº 601/1.850 (Lei de Terras) definiu o que fosse terra devoluta: “toda a terra que não havia sido destinada a algum uso público e aquela que não havia sido legalmente transferida ao domínio privado”.</p><p>Terra devolutas são terras públicas sem destinação pelo poder público e que em nenhum momento integraram o patrimônio de um particular, ainda que estejam irregularmente sob sua posse. O termo “devoluta” relaciona-se ao conceito de terra devolvida ou a ser devolvida ao Estado.</p><p>b. dominialidade:</p><p>c. destinação</p><p>d. STJ e Usucapião</p><p>não cabe Usucapião de terra pública.</p><p>STJ disse que o Estado deveria provar que a terra é dele, tem que trazer fatos por ser parte de um processo.</p><p>8.2 TERRENO DE MARINHA</p><p>a. Conceito (ART. 2º, DO D.L Nº 9760/46)</p><p>Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:</p><p>a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;</p><p>b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.</p><p>Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano.</p><p>Os "terrenos de marinha" são imóveis de propriedade da União – em alguns casos a propriedade pertence aos Estados e aos Municípios – que são medidos a partir da linha do preamar médio de 1831 até 33 metros para o continente ou para o interior das ilhas costeiras com sede de município. Além das áreas ao longo da costa, também são considerados terrenos de marinha as margens de rios e lagoas que sofrem influência de marés</p><p>b. dominialidade:</p><p>c. Forma de uso</p><p>C.1 FORO e LAUDÊMIO</p><p>O laudêmio é o valor devido a título de compensação à União por esta não exercer o direito de consolidar o domínio pleno sempre que se realize uma transferência onerosa de domínio útil ou promessa de transferência de domínio útil ou da ocupação de imóvel da União.</p><p>Para ficar mais claro, pense que o laudêmio</p><p>funciona como uma espécie de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) que incide na transferência do domínio útil do imóvel.</p><p>o foro é cobrado anualmente pelo uso do imóvel sob regime de aforamento (uma espécie de contrato estabelecido com a União), sendo o responsável o titular do domínio útil.</p><p>C.2 STJ X USUCAPIÃO X TERRENO DE MARINHA</p><p>Apesar de ser possível a ocupação de terrenos de marinha por particulares (que se dá mediante processo administrativo na SPU), a mera ocupação não gera nenhum direito real do ocupante em desfavor da União.</p><p>Assim, para ocupantes, é no todo inviável a usucapião para reconhecimento da propriedade imobiliária. – A Constituição, inclusive, afirma não poderem ser adquiridos por usucapião quaisquer bens públicos (art. 183).</p><p>Uma outra situação é a chamada enfiteuse, que, diferentemente da ocupação, faz com que o particular, mediante contrato com a União, tenha sob o seu poder o domínio útil do terreno de marinha.</p><p>Nesse caso, é possível mover ação de usucapião da faixa de marinha; não contra a União, mas contra o enfiteuta (o particular) que, por razões adversas, deixa de exercer a posse sobre o domínio útil.</p><p>O Superior Tribunal de Justiça segue essa inteligência: “É possível reconhecer a usucapião do domínio útil de bem público sobre o qual tinha sido, anteriormente, instituída enfiteuse, pois, nesta circunstância, existe apenas a substituição do enfiteuta pelo usucapiente, não trazendo qualquer prejuízo ao Estado.”</p><p>IV. IMÓVEL RURAL</p><p>1. CONCEITO (art. 4º, I ET – LEI 4504/64)</p><p>I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;</p><p>o imóvel rural como um prédio rústico de área contínua, qualquer que seja sua localização, que se destine ou possa se destinar à atividade agrária</p><p>apresenta os seguintes elementos caracterizadores do imóvel rural: prédio rustico, área contínua, qualquer localização e destinação voltada para atividades agrárias.</p><p>No que tange a classificação do imóvel rural o Estatuto da Terra destacou quatro elementares: propriedade familiar, minifúndio, latifúndio e empresa rural.</p><p>Todavia, em razão do advento da Constituição Federal de 1988, foram introduzidas no ordenamento jurídico novas classificações: a pequena propriedade, a média propriedade e a propriedade produtiva.</p><p>Com propósito de regular o mandamento constitucional, a Lei no 8.629/1993, em seu art. 4o, inciso I, define pequena propriedade agrária o imóvel rural que tenha área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; e média propriedade, o imóvel rural de dimensão superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais.</p><p>1.1 CTN X E.T X STJ</p><p>o STJ já definiu a questão de que se o imóvel possui destinação agrícola, ainda que esteja em área urbana, o imposto devido é o ITR.</p><p>2. FINALIDADES:</p><p>Nesse caso, a propriedade rural cumpre a sua função social quando permite o bem-estar dos proprietários, trabalhadores e respectivas famílias, mantém níveis satisfatórios de produtividade, conserva os recursos naturais e observa as disposições legais que regulam a justa relação de trabalho (art. 2o, §1o, do Estatuto da Terra).</p><p>3. FUNDAMENTOS:</p><p>4. ESPÉCIES DE IMÓVEL RURAL:</p><p>4.1 PROPRIEDADE FAMILIAR (art. 4º, II)</p><p>a. Conceito:</p><p>"Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;</p><p>é definida no Estatuto da Terra como o imóvel rural que é explorado precipuamente pelo agricultor e sua família, sendo capaz de garantir a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região em acordo ao tipo de exploração, permitindo-se a ajuda eventual de trabalho de terceiros (art. 4o, II, da Lei n° 4.504/64).</p><p>o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros</p><p>b. Finalidades:</p><p>apresenta, o instituto da propriedade familiar é tipicamente agrário e, de extrema importância para o processo de democratização da terra, vez que atende os princípios basilares do Direito Agrário, qual seja, o de viabilizar o acesso ao imóvel rural ao maior número possível de pessoas, principalmente num país como o Brasil, onde há milhões de trabalhadores rurais (os “sem-terra”)</p><p>a propriedade familiar pressupõe a existência dos seguintes elementos:</p><p>1. Exploração direta e pessoal, pelo agricultor e sua família, que lhes absorva toda a força de trabalho;</p><p>2. Área ideal para cada tipo de exploração, conforme a região;</p><p>3. Possibilidade de eventual ajuda de terceiros.</p><p>4.2 EMPRESA RURAL (art. 4º, VI)</p><p>a. Conceito:</p><p>“Empresa Rural” é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo</p><p>empreendimento é a atividade dirigida á exploração econômica e racional do imóvel rural, ou seja, exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial.</p><p>A exploração organizada por pessoa física ou jurídica com fins agrícolas, pecuários ou agroindustriais constitui o conteúdo da atividade da empresa rural.</p><p>Quando o legislador se refere à pessoa física ou jurídica dá-nos a forma da empresa, em outras palavras, empresa individual ou coletiva. Isto quer dizer que a empresa pode ser propriedade de um particular ou de uma sociedade, isto é, o empresário será uma pessoa física ou jurídica que organiza e põe em atividade os fatores de produção agrícola, pecuária, etc.</p><p>b. Finalidades:</p><p>Minifúndio - Imóvel rural de área e possibilidade inferiores às da propriedade familiar. Art. 4o, IV, da Lei n° 4.504/64.</p><p>Latifúndio por Extensão</p><p>O imóvel rural que exceda, na dimensão de sua área agricultável, a seiscentas vezes o módulo médio do imóvel rural ou a seiscentas vezes a área média dos imóveis rurais na respectiva zona.</p><p>Art. 6o, IV, a, do Decreto n° 55.891/65</p><p>5. DIMENSÃO DO IMÓVEL RURAL</p><p>5.1 Módulo Fiscal e Módulo Rural</p><p>Ainda que o legislador não tenha definido diretamente o imóvel rural, o fez de forma indireta, quando, no art. 4o, III, do Estatuto da Terra, determinou como área assim enquadrável aquela que define a “Propriedade Familiar”, e que por sua vez faz remissão aos elementos do inciso anterior, que define “Imóvel Rural”.</p><p>De fato, o que se faz compreender pelo exposto no parágrafo anterior é que, devemos retirar da definição de módulo rural a ideia contida na explicação do conceito de propriedade familiar.</p><p>Como visto, a propriedade familiar é o imóvel rural, utilizado direta e pessoalmente pelo agricultor e sua família, sendo capaz de garantir a subsistência e o progresso social e econômico, com área mínima fixada para cada região e tipo de exploração.</p><p>módulo rural é uma unidade de medida, expressa em hectares, que busca exprimir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições de seu aproveitamento.</p><p>Módulo Rural Unidade de medida, expressa em hectares, que busca exprimir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições de seu aproveitamento.</p><p>Art. 4o, III, da Lei n° 4.504/64</p><p>Módulo Fiscal - Elemento constitutivo de fixação do Imposto Territorial Rural e é estabelecido para cada município em separado, tem por objetivo refletir a área mediana dos módulos rurais dos imóveis rurais de determinado município.</p><p>Art. 50, § 2o, da Lei n°</p><p>4.504/64</p><p>5.2 – Dimensão x STF</p><p>a) pequeno – até 4 módulos fiscais;</p><p>b) médio - de 4 a 15 módulos fiscais;</p><p>c) grande – acima de 15 módulos fiscais.</p><p>O Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) disciplina o uso, ocupação e relações fundiárias no país, ou, conforme seu art. 1º:</p><p>Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.</p><p>• Módulo rural é calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área reflete o tipo de exploração predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização.</p><p>• Módulo fiscal é estabelecido para cada município, e procura refletir a área mediana dos Módulos Rurais dos imóveis rurais do município.</p><p>O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que pequenas propriedades rurais, desde que trabalhadas pela família, não podem ser penhoradas para pagamento de dívidas decorrentes da atividade produtiva.</p><p>A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: “É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno, desde que contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de localização".</p><p>6. Não há divisibilidade do imóvel rural</p><p>Assim, dispôs o Estatuto da Terra que o imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural, porque ela tornar-se-ia antieconômica e quebraria sua destinação social.</p><p>V. POSSE AGRÁRIA</p><p>1. ASPECTOS GERAIS:</p><p>Posse agrária é o exercício direto, contínuo, racional e pacífico de atividades agrárias desempenhadas em gleba de terra rural capaz de dar condições suficientes e necessárias ao seu uso econômico, gerando ao possuidor um poder jurídico de natureza real definitiva com amplas repercussões no Direito, tendo em vista o seu progresso e bem-estar econômico e social.</p><p>2. CONCEITO:</p><p>a posse agrária, diferencia-se pelo aspecto direto, em que o posseiro necessita estar realmente fixado na terra, para nela produzir e retirar o seu sustento</p><p>3. FINALIDADES:</p><p>posse agrária, não há lugar para a chamada posse indireta,</p><p>4. CARACTERÍSTICAS</p><p>· Conteúdo Democrático</p><p>· Exploração - Gerência</p><p>· Poder de Fato x Poder Civil</p><p>· Boa-Fé Pro-Labore</p><p>· Independe do Justo-Título ou do Título</p><p>· Uso Racional e Adequado</p><p>5. Fundamentos legais</p><p>6. Vara Agrária x TJE/PA x Posse Agrária</p><p>Posteriormente, com a Emenda Constitucional de no 45/2004 é que o texto da Carta Magna foi alterado prevendo a possibilidade dos Tribunais dos Estados, criarem varas agrárias.</p><p>Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.</p><p>Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.</p><p>Por sua vez, a Constituição do Estado do Pará de 1989 (artigo 167) e a Lei Complementar no 14/93, estabeleceram a possibilidade de criação de 10 (dez) varas agrárias, ambientais e minerais, atribuindo às mesmas também a competência criminal dos casos decorrentes dos conflitos pela terra. Posteriormente, a Emenda Constitucional n o 30, de 20 de abril de 2005, retirou a competência ambiental mineraria e criminal das varas especializadas, passando assumir apenas as questões relativas à política agrícola, agrária e fundiária e aos registros públicos no que se referirem às áreas rurais.</p><p>Por sua vez, no âmbito da Justiça Federal, em 1987 foi promulgada a Lei n° 7.583 que dispõe sobre organização da primeira instância da mesma, e em seu art. 4a determina que cabe ao Conselho da Justiça Federal especializar varas em matéria de natureza agrária, estabelecendo sua localização, competência e atribuição. Apesar do dispositivo, apenas com a Lei n° 12.011 de 2009 é que foi possível instalar, em Belém, uma vara agrária.</p><p>6.1 vara agrária</p><p>VI. POSSE AGROECOLÓGICA</p><p>1. ASPECTOS GERAIS:</p><p>2. CONCEITO:</p><p>posse agroecológica, onde o fato preponderante é a utilização sustentável da terra, pois para existir a posse é necessária a interação saudável do posseiro com o meio ambiente</p><p>adota a ideia do uso coletivo do imóvel rural e consequentemente dos recursos naturais presentes. Assim, a prática do trabalho familiar, com base no agroextrativismo são características bem significativas e marcantes deste cenário. Também é importante compreender que na posse agroecológica, se materializa pelo somatório sustentável de três conjuntos, a saber, a casa, a roça e a mata ou cerrado ou águas.</p><p>a posse agroecológica caracteriza-se pela sustentabilidade e o bom manejo entre a produção agrária e a preservação do meio ambiente</p><p>TERRITÓRIO X TERRA</p><p>3. CARACTERÍSTICAS:</p><p>POSSE CULTURAL</p><p>POSSE IDENTIDADE / PERSONALIDADE / PERTENCIMENTO</p><p>POSSE ECONÔMICA + PRODUTIVA</p><p>POSSE COLETIVA</p><p>POSSE AMBIENTAL</p><p>4. FUNDAMENTOS</p><p>VI. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL)</p><p>1. ASPECTOS GERAIS</p><p>a função social da propriedade como um poder-dever ou um dever-poder do proprietário de exercer o seu direito de propriedade sobre o bem em conformidade com o fim ou interessecoletivo (ROCHA, 2005, p. 71).</p><p>A funcionalização do direito de propriedade, bem como em outros institutos jurídicos, como o da legitimação de posse, da regularização e da usucapião especial, ainda que de modo sutil, já estiveram consignadas nas Constituições brasileiras de 1934, 1937, 1946 e 1967.</p><p>Nesse caso, a propriedade rural cumpre a sua função social quando permite o bem-estar dos proprietários, trabalhadores e respectivas famílias, mantém níveis satisfatórios de produtividade, conserva os recursos naturais e observa as disposições legais que regulam a justa relação de trabalho (art. 2o, §1o, do Estatuto da Terra).</p><p>Todavia, conforme já ressaltamos, é na Constituição Federal de 1988 que encontramos o verdadeiro coroamento da função social da propriedade, manifestada no art. 5o, incisos XII e XVIII, como cláusula pétrea, alinhavando a propriedade como um direito e a função social como dever inerente a ela</p><p>2. FUNDAMENTOS (CF/88)</p><p>Art. 5º, XXIII → f</p><p>Art. 170, III -</p><p>Art. 186 CF.</p><p>3. REQUISITOS (ART. 186 CF)</p><p>4 requisitos e são concomitantes</p><p>4. PROBLEMÁTICA</p><p>Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: (IMUNIDADE DA PROPRIEDADE RURAL)</p><p>I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;</p><p>II - a propriedade produtiva.</p><p>VII – DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA</p><p>1. Aspecto geral</p><p>2. Conceito:</p><p>3. Finalidades:</p><p>4. Competência:</p><p>5. Manifestação X STF:</p><p>ART. 2º ,</p><p>§6º, §7º E §8º (ACRESCIDOS - 2001).</p><p>§ 6o O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)</p><p>§ 7o Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente identificado como participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça, seqüestro ou manutenção de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em tais situações. (Incluído pela Medida Provisória</p><p>nº 2.183-56, de 2001)</p><p>§ 8o A entidade, a organização, a pessoa jurídica, o movimento ou a sociedade de fato que, de qualquer forma, direta ou indiretamente, auxiliar, colaborar, incentivar, incitar, induzir ou participar de invasão de imóveis rurais ou de bens públicos, ou em conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo, não receberá, a qualquer título, recursos públicos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)</p><p>ADI 2332 / 2001 → DECLARAR INCONSTITUCIONAL OS §§ ACIMA, POIS LIMITAVA O DIREITO DE MANIFESTAÇÃO.</p><p>6. Requisitos para a desapropriação (art. 9ª)</p><p>7. Indenização (art. 12)</p><p>8. Beneficiários (art. 17 )</p><p>VIII – TERRA E TRABALHO ESCRAVO</p><p>Art. 243 CF →</p><p>EC/81 - 2014 → o trabalho escravo foi tratado na CF.</p><p>Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)</p><p>ANÁLOGO → ART. 149 CP</p><p>Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p>