Logo Passei Direto
Buscar

Sistema Nacional de Segurança Pública

User badge image
carlos mendes

em

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>Gestão em Segurança Pública e</p><p>Privada</p><p>Sistema Nacional de Segurança</p><p>Pública</p><p>1</p><p>CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E</p><p>PRIVADA</p><p>SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA</p><p>2</p><p>Sumário</p><p>1. Introdução ............................................................................................................................ 3</p><p>1.1. O Plano Nacional De Segurança Pública No Brasil .............................................. 5</p><p>1.2. Ordem Pública E Segurança Pública ...................................................................... 6</p><p>1.3. Histórico Do Sistema De Segurança Pública No Brasil ....................................... 7</p><p>2. O Sistema Atual De Segurança Pública Brasileiro. .................................................... 13</p><p>2.1. Segurança e Defesa Públicas ................................................................................ 18</p><p>2.2. Violência Social E Criminalidade. .......................................................................... 19</p><p>2.3. Investimentos Em Segurança Pública .................................................................. 20</p><p>3. Estatísticas De Violência Social E Criminalidade Nos Últimos Anos ....................... 22</p><p>3.1. Violência no Trânsito. .............................................................................................. 29</p><p>3.2. Violência contra as Crianças e nas Escolas ........................................................ 31</p><p>4. O Crime E A Segurança Nacional ................................................................................. 34</p><p>4.1. Custos Da Violência Social No Brasil. .................................................................. 36</p><p>4.2. A Funcionalidade Do Sistema De Segurança Pública Brasileiro ...................... 39</p><p>4.3. Política De Segurança Pública ............................................................................... 46</p><p>5. Referências ....................................................................................................................... 59</p><p>3</p><p>1. Introdução</p><p>O Brasil já nasceu sob o estigma da violência, quando os seus</p><p>descobridores promoveram uma colonização exploratória, tentando,</p><p>inicialmente, escravizar os nativos que neste país viviam. Como não</p><p>conseguiram, trouxeram nativos da África para a execução dos serviços de</p><p>extração de madeira e trabalho no campo, transformando-os em escravos.</p><p>Os escravos eram tratados como animais, não tinham direito à cidadania</p><p>e sofriam severos castigos físicos. Foi sob esse clima de início de convivência</p><p>social que o Brasil se desenvolveu, onde os seus reflexos são sentidos até o</p><p>presente momento, em pleno Século XXI.</p><p>Atualmente, a situação em relação à Segurança Pública se tornou tão</p><p>crítica, que a maioria dos brasileiros só se sente segura se estiver com um</p><p>policial ostensivo dentro do raio de sua visão. Os males do comportamento</p><p>vêm sendo ampliados em virtude da violência social, principalmente, por causa</p><p>da impunidade, que se tornou uma espécie de incentivo aos atos contrários à</p><p>boa convivência entre as pessoas. O ser marginal não se preocupa com sua</p><p>ficha criminal, ou seja, não apresenta qualquer preocupação com os processos</p><p>que está respondendo; o que ele não quer é estar em uma prisão, pois isto lhe</p><p>tolhe a liberdade para praticar outros crimes.</p><p>Por muito tempo, e até nos dias atuais, o conceito de Segurança Pública</p><p>vem sendo deturpado, ou seja, a maioria da população tem a idéia de que,</p><p>simplesmente, as Polícias são as principais responsáveis por todos os atos de</p><p>combate e controle da violência social, quando, na verdade, o conceito de</p><p>segurança é muito mais amplo, mesmo porque a polícia é o instrumento que</p><p>afere o grau de civilização de um povo, e que acompanha a sua evolução.</p><p>Conceitualmente, podemos dizer que a Segurança Pública tem dois</p><p>aspectos: o formal, que é restrito e limitado; e o amplo, no qual a educação é o</p><p>ponto fundamental.</p><p>No aspecto formal, a Segurança Pública abriga um conjunto de órgãos</p><p>constituídos legalmente, formando um sistema, que deveria funcionar de forma</p><p>harmônica e totalmente integrado, exercendo as atividades em um ciclo</p><p>completo.</p><p>4</p><p>O Sistema de Segurança Pública, formalmente constituído, é composto</p><p>dos seguintes órgãos:</p><p> Polícias Ostensivas (Preventivas);</p><p> Polícias Investigativas;</p><p> Ministério Público;</p><p> Poder Judiciário; e</p><p> Órgãos Recuperatórios (Penitenciárias, Casas de Detenção e</p><p>Casas de Acolhimento).</p><p>Embora cada um tenha o seu papel específico, as ações deveriam ser</p><p>sequenciadas e as soluções oferecidas com celeridade, de forma a transmitir à</p><p>população a sensação de que o crime e as más ações não compensam. No</p><p>entanto, observa-se que cada órgão cumpre o seu papel de forma praticamente</p><p>individualizada, o que leva o sistema a funcionar de forma precária.</p><p>Seria utopia imaginar-se uma segurança perfeita para um povo, pois os</p><p>conflitos sempre existirão, é um fenômeno natural da convivência humana.</p><p>Neste caso, pode-se afirmar que, na face da terra, nenhum povo conseguiu</p><p>essa perfeição. Porém, o que não se pode admitir, é a situação em que o Brasil</p><p>está submetido atualmente.</p><p>Então, o que seria o ideal para que um povo tenha a sua segurança</p><p>preservada e tenha a sensação de que está em um ambiente sempre</p><p>saudável?</p><p>A solução é simples, passa pela associação da educação e o bom</p><p>funcionamento do sistema formal de Segurança Pública. Para isso, a</p><p>participação do povo é fundamental. O Governo, por si só, não tem condições</p><p>de produzir tudo que é necessário para prover uma segurança perfeita. A</p><p>começar pela família, que a própria população se encarregou de destruir em</p><p>seu conceito. Uma criança má formada em sua família, não conseguirá</p><p>prosseguir bem na escola. A escola, por sua vez, dá prosseguimento à</p><p>educação de berço, associando o aprendizado e a convivência em grandes</p><p>grupos.</p><p>Portanto, não há como se ter segurança em um país, sem que o seu</p><p>povo tenha educação suficiente para promovê-la adequadamente. Se o</p><p>5</p><p>Sistema de Segurança Pública estiver funcionando com perfeição, e falhar a</p><p>educação, a segurança estará comprometida. A droga, por exemplo, só</p><p>sobrevive por que encontra pessoas prontas para consumi-la.</p><p>Assim, pode-se afirmar que o crime deve ser combatido pelo Sistema de</p><p>Segurança Pública legalmente constituído para tal, porém, a violência social,</p><p>além do sistema formal, depende, também, da educação do povo.</p><p>1.1. O Plano Nacional De Segurança Pública No Brasil</p><p>Entre o período de 2000 a 2003, os índices de criminalidade dispararam,</p><p>principalmente, no eixo Rio x São Paulo, notadamente por causa do</p><p>narcotráfico, que causava, na época, uma série de homicídios.</p><p>Diante dessa situação, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de</p><p>Segurança Pública (PNSP), que foi idealizado com base em alguns princípios</p><p>gerais que nortearam o estabelecimento de oito objetivos principais:</p><p> Promover a expansão do respeito às leis e aos direitos humanos;</p><p> Contribuir para a democratização do Sistema de Justiça Criminal;</p><p> Aplicar com rigor e equilíbrio as leis no sistema penitenciário,</p><p>respeitando o direito dos apenados e eliminando suas relações com o</p><p>crime organizado;</p><p> Reduzir a criminalidade e a insegurança pública;</p><p> Controlar o crime organizado e eliminar o poder armado de criminosos</p><p>que impõem sua tirania territorial às comunidades vulneráveis, e a</p><p>expandem sobre crescentes extensões de áreas públicas;</p><p> Bloquear a dinâmica do recrutamento de crianças e adolescentes pelo</p><p>tráfico;</p><p> Ampliar a eficiência policial e reduzir a corrupção e a violência; e</p><p> Valorizar as polícias, reformando-as, promovendo a requalificação dos</p><p>policiais, levando-os a recuperar a confiança popular e reduzindo o risco</p><p>de vida a que estão submetidos.</p><p>O Plano Nacional de Segurança Pública(PNSP) representa um marco</p><p>histórico, pois, estabelece</p><p>tornando impossível promover o julgamento em um tempo</p><p>adequado.</p><p>Existem crimes que não chegam ao julgamento, pois, devido ao atraso</p><p>durante o período processual, chegam a prescrever, tornando impune o</p><p>elemento que o cometeu. Isso dá às vítimas e aos familiares uma grande</p><p>sensação de impunidade e incompetência do Poder Judiciário, ou seja, a</p><p>incapacidade do Estado em prover a justiça.</p><p>No Brasil, diversos crimes passam impunes pelo Poder Judiciário. Na</p><p>verdade, quando se analisa o homicídio, pior de todos os crimes, a quantidade</p><p>de punições é uma, porém, não se pode avaliar a capacidade da Justiça</p><p>apenas por esse crime. Ao se fazer uma avaliação mais minuciosa, há que se</p><p>considerar todas as tipificações criminais e é ai que se observa a grande falha</p><p>dos julgamentos.</p><p>45</p><p>Levando-se em consideração o somatório de todos os crimes, a Justiça</p><p>não chega a 50% de julgamento no tempo adequado. É frustrante saber que o</p><p>nosso Poder Judiciário encontra-se com capacidade reduzida para atender à</p><p>demanda de processos que por lá chegam. Existe no sistema Penitenciário</p><p>Brasileiro um número grande de pessoas presas sem o devido julgamento, o</p><p>que torna, em certos casos, as prisões ilegais. Por isso, os Advogados</p><p>conseguem a libertação dos seus clientes com certa facilidade, gerando</p><p>frustração para o povo.</p><p>Subsistema Penitenciário</p><p>Embora fosse constatado que existem falhas em todo o Sistema de</p><p>Segurança Pública, o Penitenciário é o que se apresenta da forma mais cruel.</p><p>No Subsistema Penitenciário Brasileiro, praticamente, todos os princípios de</p><p>direitos humanos são quebrados. A começar pela quantidade de presos em</p><p>relação ao número de vagas, existem 496.251 presos no Brasil (Penitenciárias</p><p>+ Delegacias de Polícia), tendo apenas 298.275 vagas, redundando em um</p><p>déficit de 197.976. Fazendo uma rápida análise, verifica-se que os presos</p><p>estão amontoados nas diversas prisões pelo Brasil, pois existem muito mais</p><p>pessoas encarceradas do que a capacidade instalada.</p><p>Diversos são os noticiários por toda a mídia, onde relata que o Sistema</p><p>Penitenciário é alvo constante de investidas criminosas, como por exemplo:</p><p>armas e drogas dentro das celas; bandidos que comandam outros meliantes de</p><p>dentro das celas para o cometimento de diversos crimes. Um sistema que não</p><p>é capaz de manter um preso dissociado do ambiente criminal.</p><p>A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, que institui a Lei de Execução</p><p>Penal e Legislação correlata, estabelece que a construção e administração dos</p><p>presídios são da responsabilidade do Governo Federal, dos Governos</p><p>Estaduais e do Distrito Federal.</p><p>Assim estabelece a Lei:</p><p> A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições da sentença</p><p>ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica</p><p>integração social do condenado e do internado;</p><p>46</p><p> Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e</p><p>personalidade, para orientar e individualização da execução penal; e</p><p> A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando</p><p>prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade,</p><p>devendo a assistência ser estendida ao egresso, e será material, à</p><p>saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.</p><p>Estabelece, ainda, a Lei que o condenado à pena privativa de liberdade</p><p>está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.</p><p>4.3. Política De Segurança Pública</p><p>Embora algumas pessoas entendam que Segurança Pública seja função</p><p>única dos Estados Federados, a Constituição Federal de 05 de outubro de</p><p>1988, Art 144, subdivide a responsabilidade entre o governo federal, os</p><p>governos estaduais e municipais, cada qual com seu nível de responsabilidade.</p><p>Ela estabelece as responsabilidades dos órgãos federais, como a Polícia</p><p>Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal, e também,</p><p>dos órgãos estaduais, como as Polícias Militares e as Polícias Civis.</p><p>Acrescenta, ainda, determinadas funções para as prefeituras municipais.</p><p>O Governo Federal, entendendo que a segurança pública necessita de</p><p>uma gestão mais centralizada, sem interferir na missão de cada Estado,</p><p>resolveu implantar uma política nacional de segurança pública e convidou os</p><p>Estados a aderirem, o que ocorreu.</p><p>Assim, o Governo Federal criou o Conselho Nacional de Segurança</p><p>Pública (CONASP), órgão colegiado que tem por finalidade:</p><p> Atuar na formulação de diretrizes e no controle da execução da Política</p><p>Nacional de Segurança Pública;</p><p> Estimular a modernização institucional para o desenvolvimento e a</p><p>promoção intersetorial das políticas de segurança pública;</p><p> Desenvolver estudos e ações visando ao aumento da eficiência na</p><p>execução da Política Nacional de Segurança Pública;</p><p>47</p><p> Propor diretrizes para as ações de Política Nacional de Segurança</p><p>Pública e acompanhar a destinação e aplicação dos recursos a ela</p><p>vinculados;</p><p> Articular e apoiar, sistematicamente, os Conselhos de Segurança</p><p>Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com vistas à</p><p>formulação de diretrizes básicas comuns, e à potencialização do</p><p>exercício das suas atribuições legais e regulamentares;</p><p> Estudar, analisar e sugerir alterações na legislação pertinente;</p><p> Promover a integração entre órgãos de segurança pública federais,</p><p>estaduais, do Distrito Federal e municipais;</p><p> propor a convocação e auxiliar na coordenação das Conferências</p><p>Nacionais de Segurança Pública, e outros processos de participação</p><p>social, e acompanhar o cumprimento das suas deliberações.</p><p>O CONASP tem apresentado uma atuação muito tímida. Para se ter</p><p>uma ideia, somente após cinco anos de criado, é que foi elaborado o seu</p><p>Regimento interno.</p><p>Em 1998, o Governo Federal criou a Secretaria Nacional de Segurança</p><p>Pública (SENASP), que tem por finalidade assessorar o Ministro da Justiça na</p><p>definição e implementação da Política Nacional de Segurança Pública, e em</p><p>todo território nacional, acompanhar as atividades dos órgãos responsáveis</p><p>pela segurança pública, por meio das seguintes ações:</p><p> Desenvolver e apoiar projetos de modernização das instituições policiais</p><p>no País;</p><p> Manter e ampliar o Sistema Nacional de Informações de Justiça e</p><p>Segurança Pública (INFOSEG);</p><p> Efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e operacionais entre os</p><p>serviços policiais;</p><p> Estimular a capacitação dos profissionais da área de segurança pública;</p><p>e</p><p> Realizar estudos, pesquisas e consolidar estatísticas nacionais de</p><p>crimes.</p><p>48</p><p>A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) é responsável</p><p>por promover a qualificação, padronização e integração das ações executadas</p><p>pelas instituições policiais de todo o país, em um contexto caracterizado pela</p><p>autonomia destas organizações.</p><p>A SENASP vem obtendo bons resultados desde a sua criação. Em 2003,</p><p>o Governo Federal, ao verificar a problemática da segurança pública no Brasil,</p><p>criou o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), quando a SENASP se</p><p>consolidou como órgão central de planejamento e execução das ações de</p><p>segurança pública em todo o País.</p><p>Os Gestores das organizações de segurança pública, em todas as</p><p>unidades da federação, passaram a se reunir regularmente para planejar e</p><p>executar as ações por meio dos Gabinetes de Gestão Integrada (GGI).</p><p>A gestão das ações de segurança pública no país passou a contar com</p><p>o apoio de uma série histórica de informações estatísticas coletadas pelo</p><p>Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal</p><p>(SINESPJC).</p><p>SUSP é um sistema criado para articular as ações federais, estaduais e</p><p>municipais na área de segurança pública e da justiça criminal. Essa articulação</p><p>não fere a autonomia dos Estados ou das Polícias Militares e Civis. Não se</p><p>trata de unificação, mas de integração prática.</p><p>O novo estilo de conduzir a segurança pública, pretende evitar que as</p><p>ações sejam pautadas apenas por tragédias, sem</p><p>planejamento nem tempo</p><p>para pensar medidas estratégicas. O objetivo do SUSP é prevenir, criar meios</p><p>para que seja possível analisar a realidade de cada episódio, planejar</p><p>estratégias, identificar quais os métodos e os mecanismos que serão usados.</p><p>O Governo de cada Estado não é obrigado a participar, porém, quando</p><p>aceita, o que ocorre com, praticamente, todos os Governador assina um</p><p>protocolo de intenções com o Ministério da Justiça; dai então, é criado no</p><p>Estado um Comitê de Gestão Integrada, do qual fazem parte o Secretário</p><p>Estadual de Segurança Pública, como Coordenador, e mais os representantes</p><p>da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar, da Polícia</p><p>Civil e das Prefeituras Municipais.</p><p>49</p><p>Estratégia Nacional De Justiça E Segurança Pública (Enasp)</p><p>A ENASP, criada em fevereiro de 2010, por ato do Ministro de Estado da</p><p>Justiça, do Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público e do</p><p>Presidente do Conselho Nacional de Justiça, tem como objetivo planejar e</p><p>implementar a coordenação de ações e metas nas áreas de justiça e</p><p>segurança pública, em âmbito nacional, que exijam a conjugação articulada de</p><p>esforços dos órgãos envolvidos.</p><p>A ENASP reúne representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário, do Ministério Público, da Advocacia Pública e Privada, da Defensoria</p><p>Pública, tanto em âmbito federal quanto estadual, além de outros órgãos que</p><p>precisam ser envolvidos para a concretização das metas.</p><p>Dentre as ações estabelecidas para 2010 e 2011, foram destacadas as</p><p>seguintes:</p><p> Agilizar e obter mais efetividade na apuração, denúncia e julgamento de</p><p>crimes de homicídios;</p><p> Erradicar as carceragens nas delegacias de polícia;</p><p> Criar o cadastro nacional de mandados de prisão, inclusive, provisórias</p><p>e apreensões de adolescentes em conflito com a Lei.</p><p>O Conselho Nacional do Ministério Público apresentou propostas para o</p><p>ENASP, cujo objetivo é agilizar as investigações e os julgamentos dos crimes</p><p>de homicídios. Para tanto, foram fixadas quatro metas:</p><p> Eliminar a subnotificação nos crimes de homicídios;</p><p> Concluir todos os inquéritos e procedimentos que investigam homicídios</p><p>dolosos instaurados até 31 de dezembro de 2007;</p><p> Alcançar a pronúncia em todas as ações penais por crimes de</p><p>homicídios ajuizadas até 31 de dezembro de 2008; e,</p><p> Julgar as ações penais relativas a homicídios dolosos distribuídas até 31</p><p>de dezembro de 2007.</p><p>Inúmeros são os especialistas que, ultimamente, tem apresentado</p><p>estudos sobre a problemática da segurança pública, onde todos se referem à</p><p>educação como a principal causa da situação em que o País se encontra,</p><p>sendo que, a maioria deles, também, deixa a entender que as polícias</p><p>50</p><p>precisam de grandes reformas, como se estas organizações fossem as únicas</p><p>e principais responsáveis pela preservação da ordem pública no Brasil.</p><p>Não há dúvida quanto à primeira assertiva; todo brasileiro tem plena</p><p>convicção que a educação é fundamental para se aperfeiçoar comportamentos,</p><p>tanto a nível individual como coletivamente, origem das grandes</p><p>transformações e de desenvolvimento de uma nação. Um povo educado é um</p><p>povo seguro, quanto à segunda assertiva, não corresponde à realidade, as</p><p>polícias não são as únicas responsáveis, são órgãos integrantes de um todo</p><p>bem maior, do Sistema de Segurança Pública Brasileiro, que tem vários órgãos</p><p>que dele fazem parte: a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia</p><p>Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros</p><p>Militares, Ministério Público, Poder Judiciário e Prefeituras Municipais. Tudo</p><p>isto previsto no arcabouço legal brasileiro, principalmente, Constituição</p><p>Federal.</p><p>O objetivo deste trabalho foi mostrar à população brasileira que o Brasil</p><p>possui um sistema de segurança pública, o que ficou comprovado pelos</p><p>estudos elaborados. No entanto, fica confirmada a hipótese de que esse</p><p>sistema tem problemas de funcionalidade, não sendo eficaz para fazer frente a</p><p>todos os problemas de violência social que assola o País.</p><p>A violência social está em uma onda crescente, desde os mais graves</p><p>crimes, como o homicídio, até um simples acidente de trânsito, passando pelos</p><p>furtos, roubos, contrabando, descaminho, bullying, falsificação de documentos</p><p>e produtos diversos, tráfico de drogas e de armas, a corrupção, tráfico de seres</p><p>humanos, prostituição infantil, a violência doméstica contra as mulheres e as</p><p>crianças, etc. Por mais que o Brasil desenvolva ações de combate à violência</p><p>Social, esta continua crescendo.</p><p>O resultado desta violência é a descrença da população na</p><p>funcionalidade do Sistema de Segurança Pública Brasileiro, o que já motivou o</p><p>surgimento de diversas guardas particulares, gerando as já famosas milícias.</p><p>Ficou comprovado que os órgãos integrantes do Sistema de Segurança Pública</p><p>funcionam de forma dispersa e com pouquíssima integração entre eles, não</p><p>existindo uma sequência das ações. Cada órgão cumpre o seu papel</p><p>constitucional de forma quase que individualizada, por isso, o Governo Federal</p><p>51</p><p>procura assumir a liderança na condução das ações referentes à segurança</p><p>pública no País.</p><p>Por outro lado, foi confirmado que os órgãos estão com graves</p><p>problemas para cumprir de forma satisfatória as suas funções: as Polícias Civis</p><p>e Militares com dificuldades de equipamentos, armamentos e com pessoal mal</p><p>treinado, além de efetivo insuficiente, o que gera a violência policial e pouca</p><p>produção; a Polícia Federal se voltou mais para as atividades investigativas em</p><p>detrimento das atividades preventivas, em virtude do seu efetivo estarem</p><p>totalmente defasado para atender à demanda do País, principalmente, nas</p><p>fronteiras; a polícia Rodoviária Federal com os mesmos problemas de efetivo,</p><p>não consegue fazer a cobertura de todas as rodovias federais; a Polícia</p><p>Ferroviária Federal não existe; o Poder Judiciário não está em todos os</p><p>Municípios Brasileiros, notadamente, nos menores do interior dos Estados, e</p><p>nos outros Municípios, não consegue prover os julgamentos em tempo</p><p>adequado para fazer a justiça necessária, com pouquíssimo efetivo, uma</p><p>queixa permanente dos Juízes Federais e Estaduais.</p><p>Por fim, conclui-se que há necessidade de mudanças de forma geral no</p><p>Sistema de Segurança Pública, bem como, na forma de prover a educação no</p><p>País. O conjunto dessas mudanças, certamente, será o grande propulsor da</p><p>segurança que a população precisa.</p><p>Secretaria Nacional de Segurança Pública</p><p>À Secretaria Nacional de Segurança Pública compete:</p><p>I - assessorar o Ministro de Estado na definição, implementação e</p><p>acompanhamento da Política Nacional de Segurança Pública e dos</p><p>Programas Federais de Prevenção Social e Controle da Violência e</p><p>Criminalidade;</p><p>II - planejar, acompanhar e avaliar a implementação de programas do</p><p>Governo Federal para a área de segurança pública;</p><p>III - elaborar propostas de legislação e regulamentação em assuntos de</p><p>segurança pública, referentes ao setor público e ao setor privado;</p><p>52</p><p>IV - promover a integração dos órgãos de segurança pública;</p><p>V - estimular a modernização e o reaparelhamento dos órgãos de</p><p>segurança pública;</p><p>VI - promover a interface de ações com organismos governamentais e</p><p>não-governamentais, de âmbito nacional e internacional;</p><p>VII - realizar e fomentar estudos e pesquisas voltados para a redução da</p><p>criminalidade e da violência;</p><p>VIII - estimular e propor aos órgãos estaduais e municipais a elaboração</p><p>de planos e programas integrados de segurança pública, objetivando</p><p>controlar ações de organizações criminosas ou fatores específicos</p><p>geradores de criminalidade e violência, bem como estimular ações</p><p>sociais de prevenção da violência e da criminalidade;</p><p>IX - exercer, por seu titular, as funções de Ouvidor-Geral das Polícias</p><p>Federais;</p><p>X - implementar, manter, modernizar e dirigir a Rede de Integração</p><p>Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização -</p><p>Rede Infoseg;</p><p>XI - promover e coordenar as reuniões do Conselho Nacional de</p><p>Segurança Pública;</p><p>XII - incentivar e acompanhar a atuação dos Conselhos Regionais de</p><p>Segurança Pública; e</p><p>XIII - coordenar as atividades da Força Nacional de Segurança Pública.</p><p>53</p><p>Fonte: https://pt.slideshare.net/akopittke/a-experincia-brasileira-em-segurana-pblica</p><p>Novo modelo de segurança pública e desmilitarização das polícias</p><p>A segurança pública é um dos direitos fundamentais previsto na</p><p>Constituição Federal (art. 5º e 144) e proclamado, inclusive, pela Declaração</p><p>Universal dos Direitos Humanos (1948). Entretanto, a falta de segurança tem</p><p>se configurado como um grave problema, indicado, entre outros fatores, pelo</p><p>agravamento da violência letal que atinge, principalmente, a população jovem,</p><p>negra e pobre, do Brasil. As estatísticas sobre taxa de homicídios ilustram esse</p><p>cenário: de um total de 95 países, o Brasil ocupa a 7ª posição, do ranking da</p><p>OMS – Organização Mundial da Saúde com 27,4 homicídios para cada 100 mil</p><p>habitantes; e o 8º lugar em relação à taxa de homicídios de jovens com</p><p>assustadores 54,5 jovens assassinados para cada 100 mil, em 2010 (Prévia do</p><p>Mapa da Violência – 2014).</p><p>54</p><p>Paradoxalmente ao crescimento dos homicídios, o Brasil figura a terceira</p><p>maior população carcerária do planeta composta majoritariamente por jovens</p><p>negros, de baixa renda e escolaridade evidenciando que não se garante a</p><p>segurança pública pelo simples enrijecimento das leis penais e/ou pela</p><p>aplicação de penas restritivas de liberdade.</p><p>Tal problema certamente não é de fácil solução, haja vista à</p><p>complexidade de fatores que estão nele envolvidos. Não há uma única causa</p><p>para o fenômeno criminal e este se associa de inúmeras maneiras a dinâmicas</p><p>sociais também variadas. As causas do aumento do fenômeno estão</p><p>associadas desde ao cruel e persistente quadro de desigualdade social e</p><p>racial, até à impunidade que estimula a prática dos chamados crimes de</p><p>colarinho branco. Independente da sua complexidade, algumas importantes</p><p>questões têm sido levantadas por especialistas e por diversos setores da</p><p>sociedade civil em relação à ineficácia e ineficiência do nosso modelo de</p><p>Segurança Pública, apontando para a urgente necessidade de reformas nesse</p><p>sistema.</p><p>Para mencionar algumas, podem-se elencar a histórica desigualdade no</p><p>acesso à justiça e a seletividade na aplicação das leis, marcadas pela cultura</p><p>da discriminação racial e de classe; a prática da violência policial,</p><p>principalmente dirigida aos jovens negros; a ineficiência do estado em apurar</p><p>com êxito os casos de homicídios dolosos (cerca de apenas 8% deles o são),</p><p>resultando em impunidade para os crimes mais graves; as péssimas condições</p><p>de trabalho e a insatisfação de profissionais da área de segurança pública; a</p><p>fragmentação do sistema que funciona de maneira pouco integrada entre as</p><p>esferas municipal, estadual e federal e também em relação a outros setores de</p><p>políticas sociais; por fim, pode-se destacar ainda a presença expressiva de</p><p>práticas de corrupção dentro do sistema, principalmente, das instituições</p><p>policiais.</p><p>Como se não bastassem todos esses fatores mencionados, há outro que</p><p>merece especial destaque: o nosso modelo de polícia. Esse talvez tenha sido,</p><p>ultimamente, o maior alvo das críticas e reivindicações por parte da sociedade</p><p>civil organizada, interessada no debate sobre a Segurança Pública. A violência</p><p>policial é recorrente e, com as recentes manifestações sociais no Brasil, desde</p><p>junho de 2013, passou a ganhar maior destaque nas mídias, sendo divulgados</p><p>55</p><p>inúmeros casos de abuso de poder e de uso desproporcional da força, quase</p><p>sempre, tendo como vítimas as/os jovens.</p><p>Esse problema também está intimamente ligado ao modelo de</p><p>Segurança Pública. Segundo o artigo 144 da Constituição Federal, as polícias</p><p>militares são forças auxiliares e reserva do Exército, coordenadas e</p><p>controladas por este, enquanto que as secretarias estaduais de segurança</p><p>cumprem a função apenas de orientação e planejamento das mesmas. Isso já</p><p>configura um problema, visto que a função de polícia nada tem a ver com a do</p><p>exército.</p><p>Enquanto este se destina “à defesa da Pátria, à garantia dos poderes</p><p>constitucionais e […] da lei e da ordem (Art.142, CF/88)”, aquela deveria agir,</p><p>principalmente, na segurança e na proteção dos direitos e liberdades</p><p>constitucionais dos cidadãos – quando estes estiverem sendo violados ou na</p><p>iminência de -, prevenindo o crime e utilizando a força de forma comedida e</p><p>apenas quando necessária. Além disso, o caráter militar é originário do exército</p><p>e se funda em princípios como a rígida hierarquia, a exacerbada disciplina, a</p><p>obediência cega e o combate ao inimigo, valores estes que acabam impressos</p><p>no trabalho policial sobre a população.</p><p>A partir daí, a sucessão de equívocos parece não ter fim. É sabida a</p><p>existência de práticas absurdas a que são submetidos os policiais do baixo</p><p>escalão, como, por exemplo, treinamentos desumanos que, às vezes, resultam</p><p>em mortes; as punições severas por motivos torpes como a farda malpassada,</p><p>ou os atrasos. Isso sem contar situações de humilhação, condições de trabalho</p><p>e salários muito ruins, a falta de atendimento psicológico adequado e o veto à</p><p>sindicalização da categoria.</p><p>Outro elemento que tem recebido críticas é a forma como se organizam</p><p>as nossas polícias: em duplo ciclo, em que a polícia militar é responsável pelo</p><p>policiamento ostensivo e preventivo, e a civil pelo investigativo e repressivo.</p><p>Essa dualidade provoca desarticulação e dificulta a gestão e,</p><p>consequentemente, também inviabiliza a implantação de boas políticas</p><p>públicas de segurança.</p><p>Dentre todos os argumentos levantados, é preciso dar destaque à</p><p>dimensão política desse fenômeno: a forma como foi estruturado o nosso</p><p>sistema de Segurança Pública – incluído o modelo de polícia – tem por trás um</p><p>56</p><p>processo histórico, marcado por interesses da elite conservadora e racista. O</p><p>que há em verdade é um processo de criminalização da pobreza</p><p>especialmente do pobre negro que desde o Brasil colônia é tida como elemento</p><p>suspeito. Não têm sido raras denúncias dirigidas a policiais militares sobre</p><p>ações truculentas, de abuso de poder e uso desproporcional da força.</p><p>São incontáveis as violações aos direitos humanos: a prática de tortura,</p><p>de execuções sumárias, arbitrárias e extrajudiciais por agentes de segurança e</p><p>por grupos de extermínio, tanto dentro quanto fora das cadeias escamoteadas</p><p>pelos chamados autos de resistência. O desaparecimento de pessoas em</p><p>abordagens policiais também é recorrente. Em síntese, um quadro grave de</p><p>violações sustentado por tudo o que foi dito, além do frouxo ou ausente</p><p>controle externo direcionado às instituições policiais, sustentado ainda pela</p><p>existência de um sistema de justiça próprio a Justiça Militar que produz</p><p>impunidade já que muitos dos crimes cometidos por PMs não chegam sequer a</p><p>serem investigados.</p><p>Diante de todos esses fatores não é difícil entender porque a Polícia</p><p>Militar e o sistema de Segurança Pública de modo geral são alvos de tantas</p><p>críticas. Trata-se, portanto, de um arranjo político-institucional arcaico e</p><p>conservador que, alimentado pela cultura do preconceito e da discriminação,</p><p>produz um resultado perverso para toda a sociedade, especialmente para os</p><p>Amarildos e as Cláudias, mortos todos os dias pela polícia, nas periferias do</p><p>Brasil. Aliás, a permissividade dos autos de resistência, somada à dificuldade</p><p>de acesso a dados e informações confiáveis sobre violência policial contribuem</p><p>ainda mais para que policiais ajam ilegal e impunemente contra cidadãos,</p><p>principalmente, das camadas populares.</p><p>A partir desse cenário drástico, alguns temas tem conseguido alcançar a</p><p>agenda política, por meio de propostas de emendas</p><p>constitucionais e de leis</p><p>complementares, como o Projeto de Lei 4471/ 2012 e os Projetos de Emendas</p><p>Constitucionais: PEC 432/ 2009; PEC 102/2011 e a PEC 51/ 2013.</p><p>O Projeto de Lei 4471/12 cria regras para a apuração de mortes e lesões</p><p>corporais decorrentes das ações de agentes do Estado e pretende evitar</p><p>abusos cometidos por policiais durante abordagens. Ele prevê alterações no</p><p>Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.689/41) acabando com os “autos de</p><p>resistência”, medida administrativa que autoriza os agentes públicos e seus</p><p>57</p><p>auxiliares a justificarem sem maiores formalidades os meios letais</p><p>“necessários” para atuar contra o suspeito. Entre os pontos principais do texto</p><p>estão a obrigatoriedade da preservação da cena do crime e da realização de</p><p>perícia e coleta de provas imediatas. O projeto também define a abertura de</p><p>inquérito para apuração do caso, veta o transporte de vítimas em confronto</p><p>com agentes, que devem chamar socorro especializado. Por fim, substitui os</p><p>termos “autos de resistência” ou “resistência seguida de morte” por “lesão</p><p>corporal decorrente de intervenção policial” e “morte decorrente de intervenção</p><p>policial”.</p><p>Grosso modo, o PEC 102/ 2011 prevê alteração de dispositivos da</p><p>constituição para permitir aos Estados e à União que criem polícias únicas; e o</p><p>PEC 432/ 2009 propõe a unificação das Polícias Civis e Militares dos Estados e</p><p>do Distrito Federal, dispõe sobre a desmilitarização dos Corpos de Bombeiros e</p><p>confere novas atribuições às Guardas Municipais.</p><p>O PEC 51/2013 altera a Constituição Federal estabelecendo mudanças</p><p>estruturais no modelo de Segurança Pública, entre outras: a desmilitarização</p><p>das polícias; unificação da carreira policial; atuação da polícia por ciclo</p><p>completo, cumprindo o trabalho ostensivo/preventivo e investigativo/repressivo;</p><p>ampliação das responsabilidades em níveis municipal e federal sobre o</p><p>sistema, permitindo, inclusive, mediante a decisão dos estados, a</p><p>municipalização da polícia; a expansão das formas de controle externo e da</p><p>participação da sociedade civil.</p><p>É provável que ainda restem dúvidas acerca de que mudanças devem</p><p>ser operadas, e é certo que o assunto precise ser ainda bastante e</p><p>amplamente discutido por especialistas, profissionais da área e toda a</p><p>sociedade. No entanto, é preciso atentar para a urgência da pauta cujos</p><p>problemas de que trata parecem ter chegado, há muito, a níveis inaceitáveis.</p><p>Por fim, é preciso dar um basta à violência sofrida por jovens em decorrência</p><p>da perversidade desse sistema, o que passa necessariamente pela</p><p>humanização dos agentes de segurança pública.</p><p>58</p><p>Propostas</p><p>• Segurança pública vista sob a perspectiva da garantia de direitos e</p><p>construída com ampla participação social;</p><p>• Formação cidadã e popular dos/as agentes de segurança pública;</p><p>• Fim imediato do sistema de Justiça Militar, devendo os crimes</p><p>cometidos por PMs serem julgados pela Justiça Comum;</p><p>• Investimento em uma ampla estrutura de mediação de conflitos;</p><p>• Fim das parcerias público-privadas para a construção de</p><p>penitenciárias;</p><p>• Adoção de mecanismos de regulação e controle externo das polícias,</p><p>com ampla participação da sociedade civil;</p><p>• Criação de Corregedorias e Ouvidorias externas às instituições</p><p>policiais;</p><p>• Aprovação do Projeto de Lei 4471/12;</p><p>• Desmilitarização das polícias.</p><p>59</p><p>5. Referências</p><p>BRASIL, Constituição (1988), Constituição da República Federativa do</p><p>Brasil,</p><p>promulgada em 05 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 1988.</p><p>BRASIL, Lei nº 7.210; de 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal. 2.</p><p>Ed. Brasília, DF: edição Câmara, 2010.</p><p>BRASIL, Ministério da Justiça. Anuário do Forum Brasileiro de Segurança</p><p>Pública 2010: Pineiros são Paulo-SP, 2010.</p><p>BRASIL, Ministério da Justiça. Programa Nacional de Segurança Pública</p><p>com Cidadania, Brasília, DF, 2010.</p><p>DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL, Sistema</p><p>Integrado de Informações Penitenciárias</p><p>(INFOPEN): Ministério da Justiça, 2010.</p><p>ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico:</p><p>elementos fundamentais. Rio de Janeiro, 2008. V. 1.</p><p>FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio: dicionário de língua</p><p>portuguesa. 8. Ed. Curitiba, PR: [s.n], 2010.</p><p>GERMANO, José Otávio. Na Linha de Frente: reflexões sobre a segurança</p><p>pública. Porto Alegre: AGE, 2006;</p><p>LAZZARINE, Álvaro. Temas de Direito Administrativo.</p><p>2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.</p><p>LIMA, Renato Sérgio de; PAULA, Liana de. Segurança Pública e</p><p>Violência: O Estado está cumprindo seu Papel? São Paulo: Contexto, 2008.</p><p>ROLIM, Marcos. A Síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e</p><p>segurança pública no século XXI, 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.</p><p>VICTORIA, Amália de Barros G. de Sulocki. Segurança Pública e</p><p>Democracia: aspectos constitucionais das políticas públicas de segurança.</p><p>Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007;</p><p>60</p><p>WAISELFISZ, Júlio Jacobo. Mapa da violência 2011: os Jovens do Brasil.</p><p>Brasília, DF: Instituto Sangari/Min. da Justiça, 2010.</p><p>a política de segurança para todo o Brasil, sem</p><p>6</p><p>interferir na autonomia dos Estados. O Governo Federal assume a</p><p>responsabilidade de forma geral, além da que lhe cabe estabelecida pela</p><p>Constituição Federal. Na verdade, havia a necessidade de um trabalho</p><p>integrado,</p><p>1.2. Ordem Pública E Segurança Pública</p><p>Segundo Aurélio Buarque de Holanda, ordem significa, disposição</p><p>metódica; boa disposição; arrumação. De onde derivaram vários termos, como:</p><p>ordem civil, conjunto de leis e princípios que regem os interesses privados;</p><p>ordem política, conjunto de instituições que harmonizam as funções e relações</p><p>internas e externas de um Estado; ordem social, a sociedade estruturada</p><p>econômica e politicamente, como objeto de tutela policial e penal; ordem</p><p>pública, conjunto de instituições e preceitos coagentes destinados a manter o</p><p>bom funcionamento dos serviços públicos, a segurança e a moralidade das</p><p>relações entre particulares, e cuja aplicação não pode, em princípio, ser objeto</p><p>de acordo ou convenção. Já segurança significa ato ou efeito de segurar;</p><p>estado, qualidade ou condição de seguro; condição daquele ou daquilo em que</p><p>se pode confiar; garantia; seguro; assegurar.</p><p>Os estudiosos e doutrinadores, como Álvaro Lazzarini, Victoria-Amália</p><p>de Barros Carvalho G. De Sulocki revelam a enorme dificuldade em definir</p><p>ordem pública, dizendo que os doutrinadores apresentam várias definições.</p><p>Porém estará sempre em torno da ideia de moral, segurança de bens e</p><p>pessoas ou, ainda, ausência de desordem.</p><p>A Escola Superior de Guerra define ordem pública como:</p><p>A situação de tranquilidade e normalidade cuja preservação cabe ao</p><p>Estado, às instituições e aos membros da sociedade, consoante as normas</p><p>jurídicas legalmente estabelecidas.</p><p>(ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2011, V. I).</p><p>Assim, podemos definir que ordem pública é a segurança do bom</p><p>funcionamento dos órgãos públicos e privados, a certeza da aplicação das leis,</p><p>a tranquilidade pública, a manutenção da liberdade de expressão, do direito de</p><p>7</p><p>ir e vir, da garantia dos direitos individuais e coletivos, o livre exercício de culto</p><p>religioso, a aplicação do direito. Portanto, é a garantia da boa ordem, da</p><p>segurança e da salubridade públicas.</p><p>Assim como ordem pública, vários autores definem segurança pública,</p><p>porém, todos voltados para o sentido de conjunto de processos, política, ações</p><p>e estratégias, destinados à garantida da ordem pública.</p><p>A Escola Superior de Guerra assim define a segurança pública:</p><p>A garantia da manutenção da ordem, mediante aplicação do Poder de</p><p>Polícia, prerrogativa do Estado.</p><p>(ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2011, V. I).</p><p>A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece a diferença</p><p>entre segurança pública e ordem pública, quando, no seu Art. 144, define: “A</p><p>segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é</p><p>exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas</p><p>e do patrimônio”.</p><p>Assim, segurança pública e ordem pública são conceitualmente</p><p>diferentes. A primeira se refere à aplicação do Poder de Polícia que tem o</p><p>Estado, para a preservação do segundo, que se traduz como a tranquilidade</p><p>pública, a garantia de que a população tenha condições de viver em um clima</p><p>de paz.</p><p>Portanto, como estabelecido na Constituição Federal, o Brasil vive em</p><p>ordem: ordem econômica, ordem jurídica, ordem política, ordem social, ordem</p><p>legal, etc., e a segurança pública existem exatamente para preservar essa</p><p>ordem.</p><p>A Constituição Brasileira, ainda, prevê em seu Art 142, a convocação</p><p>das Forças Armadas para garantir a Lei e a ordem.</p><p>1.3. Histórico Do Sistema De Segurança Pública No Brasil</p><p>Não se pode estudar a origem do Sistema de Segurança Pública no</p><p>Brasil, sem que haja análise histórica do surgimento da violência social neste</p><p>8</p><p>País, como fato provocador do comportamento atual da sua população e dos</p><p>agentes responsáveis pelo provimento da segurança pública.</p><p>O Brasil é um País que já nasceu sob o estigma da violência, a começar</p><p>pela colonização, a qual se deu por Portugal, com o puro interesse de explorar</p><p>as riquezas da nova terra, tendo por finalidade aumentar ainda mais o poderio</p><p>econômico daquele País. Por mais de 300 anos, o Brasil sobreviveu nessa</p><p>condição, sendo, exclusivamente, explorado em todas as suas riquezas, tanto</p><p>minerais como extração de madeira, sem qualquer interesse em formar uma</p><p>organização estatal ou uma nação. O Brasil se tornou independente em 07 de</p><p>setembro de 1822, portanto, 189 anos, quando o seu povo passou a se</p><p>conscientizar como nação livre. O Brasil tem menos tempo como País</p><p>independente, do que passou como colônia de Portugal.</p><p>Durante o período colonial, os portugueses tentaram escravizar os</p><p>nativos que aqui viviam. Como não conseguiram, trouxeram da África milhares</p><p>de negros, a fim serem empregados na extração de minérios, madeiras e nos</p><p>campos, na produção agropastoril. Desde então, a violência passou a fazer</p><p>parte do cotidiano do Brasil, iniciando-se pelo extermínio de milhares de</p><p>nativos. Em seguida, escravizando os povos africanos, submetendo-os aos</p><p>mais desumanos castigos, além da humilhação da trabalhar sem qualquer</p><p>direito, minimamente, à alimentação. Eram desclassificados, marginalizados,</p><p>numa total exclusão social. Por outro lado, para povoar a nova terra, os</p><p>portugueses, também, trouxeram para cá pessoas da mais baixa qualificação,</p><p>elementos marginalizados em Portugal, como prostitutas e outros.</p><p>Durante a colonização, foram criadas as capitanias hereditárias. Seus</p><p>titulares, os Donatários, tinham poderes quase que absolutos, exercendo seu</p><p>jugo com jurisdição cível e criminal. Assim, o poder político e administrativo da</p><p>colônia foi fragmentado pelos donos das terras, ou seja, em mãos privadas,</p><p>completamente disperso. A segurança era propiciada por grupos de pessoas</p><p>contratadas pelos Donatários, portanto, por mercenários, armados pelos</p><p>senhores das terras, que só conheciam como limites as ordens dos patrões,</p><p>que tinham o poder de vida ou morte em seus domínios.</p><p>Em 1888, a 13 de maio, ocorreu a abolição da escravatura, completando</p><p>em 2011, 123 anos de liberdade.</p><p>9</p><p>Imagina-se que, após a abolição, os negros se tornaram livres, fato que,</p><p>na prática, não ocorreu, pois eles não tinham para onde ir, não tinham terra</p><p>para produzir, não tinham moradia, nem alimento para consumir.</p><p>Consequentemente, muitos continuaram nos engenhos na mesma condição</p><p>anterior. Outros abandonaram os seus senhores e foram viver em guetos,</p><p>formando grandes bolsões de miséria, dai a atual formação social, onde</p><p>existem poucos com tudo ou quase tudo e muitos com pouco ou quase nada.</p><p>As oportunidades para os negros e índios sempre foram reduzidas, escolas,</p><p>trabalho, alimento, terras, moradia, vestuário, etc, tornando esses grupos</p><p>excluídos sociais.</p><p>Com o passar dos tempos, os grandes centros urbanos, devido à</p><p>industrialização e às melhores condições de vida, atraíram milhares de</p><p>pessoas das regiões menos favorecidas, esvaziando os campos e provocando</p><p>o inchaço nas cidades, aumentando ainda mais os bolsões de miséria, pois os</p><p>centros urbanos não tinham capacidade para absorver esse número de</p><p>pessoas que, na verdade, não possuíam estudo ou qualquer qualificação,</p><p>apenas, a maioria, com capacidade para o trabalho braçal. Como</p><p>consequência, surgem os problemas de saúde, educação, desemprego em</p><p>massa, moradia, saneamento básico, corrupção, falta de alimentos para todos:</p><p>a favelização.</p><p>O desequilíbrio social traz consigo um componente perturbador,</p><p>destruidor e desesperador: a violência social. Como revela Victoria- Amálio de</p><p>Barros Carvalho G. de Sulocki: é importante entendermos esse processo</p><p>específico da estruturação do Estado brasileiro, pois que essa formação</p><p>colonial nos legou traços fundamentais presentes até hoje nas práticas sociais,</p><p>econômicas e políticas</p><p>do país.</p><p>Na dispersão do poder político durante a colônia e na formação de</p><p>centros efetivos de poder locais, se encontram os fatores reais do poder, que</p><p>darão a característica básica da organização política do Brasil: a formação</p><p>coronelística oligárquica. A violência inerente às relações escravistas e à</p><p>dominação colonial, agregava-se a violência oficial da atuação das autoridades</p><p>públicas. (VICTORIA, Amália de Barros G. de Sulocki, 2007, p.59).</p><p>10</p><p>Em 1808, com a vinda de D. João VI para o Brasil, a colônia passa a</p><p>viver uma situação totalmente diferenciada. Mudanças estruturais e</p><p>administrativas são, imediatamente, adotadas, como fixar uma determinada</p><p>ordem jurídica, instalar diferentes órgãos públicos, de forma que a Corte</p><p>pudesse se instalar com uma mínima organização possível.</p><p>Um dos serviços que surgiram com a vinda do Rei de Portugal para o</p><p>Brasil foi a organização policial da cidade do Rio de Janeiro, tendo como</p><p>modelo o existente em Portugal. Assim, em abril de 1808, foi criada a</p><p>Intendência Geral da Polícia da Corte e do Estado do Brasil.</p><p>Em 1809, especificamente, no dia 13 de maio, surge a Divisão Militar da</p><p>Guarda Real de Polícia, organização regular, uniformizada, estruturada com</p><p>base na hierarquia e disciplina, dando origem à Polícia Militar dos Estados,</p><p>como vemos na atualidade. Essa organização tinha como encargo prover a</p><p>segurança e a tranquilidade pública da cidade. Desta forma, nasce o primeiro</p><p>órgão encarregado pela segurança pública do Brasil.</p><p>Em 1815, o Brasil é elevado à condição de Reino Unido de Portugal,</p><p>porém, as relações entre os colonizadores e colonizados permaneceram os</p><p>mesmas. Os escravos não eram reconhecidos como habitantes do mesmo</p><p>espaço social, eram totalmente excluídos, a repressão brutal era a praxe contra</p><p>os negros; sendo a polícia formada nesse contexto social.</p><p>A primeira Constituição do Brasil, outorgada em 1824, não tem qualquer</p><p>capítulo ou artigo referente à segurança pública, porém, outorga ao Imperador</p><p>a condição de prover a tudo que for concernente à segurança interna e externa</p><p>do Estado. Portanto, eram concentrados nas mãos do Imperador os poderes</p><p>militar e o policial.</p><p>Nesse período foi criado o Código Criminal do Império, o Código de</p><p>Processo Criminal de Primeira Instância.</p><p>Os crimes foram divididos em três categorias, ou tipificações: crimes</p><p>públicos, que estavam na esfera da segurança nacional e da ordem pública; os</p><p>crimes particulares, praticados contra a pessoa e o patrimônio privado; e os</p><p>crimes policiais, relacionados à ofensa moral e aos bons costumes.</p><p>Com a Proclamação da República, surge a primeira Constituição</p><p>Republicana, onde se define a nova forma de Governo, a Federativa, onde os</p><p>Estados eram autônomos, porém, eram mantidos em união indissolúvel. A</p><p>11</p><p>Constituição de 1891 remete para os Estados a responsabilidade pela</p><p>manutenção da ordem e da segurança públicas, defesa e garantia da liberdade</p><p>e dos direitos dos cidadãos, quer nacionais quer estrangeiros.</p><p>Já previa a Constituição de 1891, a intervenção federal em caso de</p><p>faltarem a qualquer Governo Estadual os meios para reprimir as desordens e a</p><p>capacidade de assegurar a paz. Estabeleceu, também, esta Constituição, que</p><p>os Estados poderiam decretar a organização de uma guarda cívica destinada</p><p>ao policiamento do território local. Com isso, os Governos dos Estados</p><p>passaram a ter forças policiais.</p><p>Em virtude dos problemas advindos do descrédito da república, os</p><p>problemas se agravaram, dando surgimento a vários movimentos sociais.</p><p>Nesse período nasce a Constituição de 1934, quando é criado o Conselho</p><p>Superior de Segurança Nacional, órgão responsável pelos estudos e</p><p>coordenação das questões relativas à segurança nacional.</p><p>Essa Constituição passou para a União a competência privativa de</p><p>legislar sobre a organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais</p><p>dos Estados; passou às Polícias Militares a condição de reserva do Exército,</p><p>em caso de serem mobilizadas ou estiverem a serviço da União. As Polícias</p><p>Militares tinham como competência: a vigilância e garantia da ordem pública;</p><p>garantir o cumprimento da lei, a segurança das instituições e o exercício dos</p><p>poderes constituídos; atender a convocação do Governo Federal em caso de</p><p>guerra externa ou grave comoção intestina.</p><p>Em 1937, é outorgada uma nova Constituição. Nesta Carta Magna</p><p>manteve- se, praticamente, a mesma coisa da anterior: permaneceu a condição</p><p>do Governo Federal de intervir nos Estados para restabelecer a ordem</p><p>gravemente alterada; manteve a situação de somente o Governo Federal</p><p>legislar sobre a organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais</p><p>dos Estados.</p><p>Pela primeira vez, especifica-se numa Constituição a divisão das</p><p>organizações policiais, quando estabelecia que todos os Decretos que</p><p>dispusessem sobre o bem estar, a ordem, a tranquilidade e a segurança</p><p>pública, bem como a fixação do efetivo, armamento, despesa e organização da</p><p>Força Policial (ai se entenda como Polícia Militar), Corpo de Bombeiro, Guarda</p><p>12</p><p>civil e Corporações de natureza semelhante deveriam ser aprovados pelo</p><p>Presidente da República.</p><p>A Constituição de 1946 trás avanços quanto à proteção da liberdade e</p><p>das garantias individuais. Abandonou a nomenclatura forças policiais, só se</p><p>referindo às polícias militares, tanto é que, no seu Art. 5º define:</p><p>Compete à União:</p><p>..........................................................................................</p><p>XV – legislar sobre:</p><p>..........................................................................................</p><p>a) organização, instrução, justiça e garantias das polícias militares e</p><p>condições gerais de sua utilização, pelo Governo Federal nos casos de</p><p>mobilização ou guerra.</p><p>Em 1967, é promulgada uma nova Constituição. Assim como as</p><p>anteriores, a preocupação maior não foi criar organizações voltadas para a</p><p>solução dos problemas de segurança pública, tanto é que não havia citações</p><p>das Polícias Civis. Manter o controle das Polícias Militares era o ponto central</p><p>do Governo Federal. A Constituição de 1967, no seu Art 8º, tinha o seguinte</p><p>dispositivo:</p><p>Art 8º - Compete à União:</p><p>..................................................................</p><p>XVII – Legislar sobre:</p><p>....................................................................</p><p>v) organização, efetivos, instrução e garantia das polícias militares e</p><p>condições gerais de sua convocação, inclusive, mobilização.</p><p>Já no Art 13,parágrafo 4º, estabelecia:</p><p>As polícias militares, instituídas para a manutenção e segurança interna</p><p>nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, e os corpos de bombeiros</p><p>militares, são considerados forças auxiliares e reservas do Exército, não</p><p>podendo os respectivos integrantes perceber retribuição superior à fixada para</p><p>o correspondente posto ou graduação do Exército, absorvidas, por ocasião dos</p><p>futuros aumentos, as diferenças a mais, caso existentes.</p><p>13</p><p>Ampliando o controle das Polícias Militares pela União, foi criada a</p><p>Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), integrante da estrutura do</p><p>Exército, que tinha por objetivo assegurar que essas organizações estavam</p><p>seguindo a doutrina estabelecida pela Força Federal. Na verdade, o comando</p><p>das Polícias Militares não era dos Governadores dos Estados e, sim, do</p><p>Governo Federal, através do Exército Brasileiro. Desta forma, as Polícias</p><p>Militares seguiram rigorosamente o modelo militar, doutrina, emprego, ensino e</p><p>instrução, etc. A doutrina voltada para a segurança pública era irrelevante.</p><p>A Constituição Federal atual, promulgada em 05 de outubro de 1988,</p><p>resultou de uma mudança total da maneira do constituinte enxergar a</p><p>segurança pública no Brasil. Como especificado no ítem 2.3 deste trabalho, a</p><p>Carta Magna de 1988, no seu Artigo 144, combinado com os Artigos referentes</p><p>ao Poder Judiciário, criou</p><p>um verdadeiro sistema de segurança pública.</p><p>A Constituição divide entre o Governo Federal, os Governos Estaduais e</p><p>do Distrito Federal a responsabilidade pela segurança pública, explicitando</p><p>claramente as missões de cada órgão, como Polícia Federal, Polícia</p><p>Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares</p><p>e Corpos de Bombeiros Militares; bem como, do Poder Judiciário; além de</p><p>estender para as Prefeituras as responsabilidades pelo patrimônio próprio e</p><p>criação de Guardas Municipais.</p><p>Como se verifica nesse pequeno levantamento histórico, a segurança</p><p>pública no Brasil só veio a ser direcionada adequadamente para o seu sentido</p><p>próprio a partir de 1988. Antes, tinha o seu sentido misto, ora voltado para a</p><p>defesa do Estado, ora voltado para o combate à violência.</p><p>2. O Sistema Atual De Segurança Pública Brasileiro.</p><p>Segundo Aurélio Buarque de Holanda, a palavra sistema vem do grego</p><p>“systema”, que significa reunião, grupo. Das diversas definições que ele</p><p>apresenta todas voltadas para o mesmo sentido de reunião ou grupos, a que</p><p>melhor satisfaz o propósito deste trabalho é: “disposição das partes ou dos</p><p>elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura</p><p>organizada”.</p><p>14</p><p>Desta forma, o Sistema de Segurança Pública é o conjunto de órgãos,</p><p>dispostos ordenadamente, que tem por objetivo preservar a ordem pública e a</p><p>incolumidade das pessoas e do patrimônio. A Constituição Brasileira, no Título</p><p>V, DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS,</p><p>Capítulo III, Art.144, estabelece que a segurança pública seja exercida através</p><p>dos seguintes órgãos:</p><p> Polícia Federal, a quem cabe apurar as infrações penais contra a ordem</p><p>política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesse da União</p><p>e de suas entidades e empresas públicas, assim como outras infrações</p><p>cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija</p><p>repressão uniforme; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes</p><p>e drogas afins; exercer as funções de polícia marítima, aérea e de</p><p>fronteiras; exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária;</p><p> Polícia Rodoviária Federal, a quem cabe o patrulhamento ostensivo das</p><p>rodovias federais;</p><p> Polícia Ferroviária Federal, a quem cabe o patrulhamento ostensivo das</p><p>ferrovias federais;</p><p> Polícias Civis, que têm as funções de polícia judiciária e a apuração das</p><p>infrações penais;</p><p> Polícias Militares, a quem cabe a polícia ostensiva e a preservação da</p><p>ordem pública;</p><p> e Corpos de Bombeiros Militares, a quem incumbe a execução de</p><p>atividades de defesa civil.</p><p>Incluiu, também, a Constituição Federal, na esfera da segurança pública,</p><p>os Municípios, os quais poderão constituir guardas municipais destinadas à</p><p>proteção dos seus bens, serviços e instalações.</p><p>Verifica-se, assim, que, embora haja um grupo de órgãos voltado para</p><p>um fim específico, a segurança pública, por si só, não forma um sistema</p><p>completo de segurança pública, pois, a Constituinte não lançou no Capítulo V</p><p>da Carta Magna o subsistema judiciário e o subsistema penitenciário. Assim, o</p><p>Art. 144 apresenta, na verdade, uma parte do sistema.</p><p>Um Sistema de Segurança Pública para assim ser chamado, deve ser</p><p>composto dos seguintes subsistemas:</p><p>15</p><p>a) Subsistema Preventivo, composto pelos órgãos encarregados de</p><p>evitar a ocorrência delituosa (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,</p><p>Polícia Ferroviária Federal, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros</p><p>Militares, Guardas Municipais e Órgãos de Controle de Trânsito Urbano);</p><p>b) Subsistema Investigativo, composto pelos órgãos encarregados de</p><p>investigar e esclarecer os fatos criminosos, bem como, identificar o autor</p><p>ou autores (Polícia Federal e Polícias Civis);</p><p>c) Subsistema Judiciário é composto pelos órgãos encarregados da</p><p>denúncia e da fiscalização da aplicação correta das leis (Ministério</p><p>Público), e pelos órgãos encarregados do julgamento das pessoas que</p><p>cometem o ilícito penal (Justiça-Juizes e Tribunais);</p><p>d) Subsistema Recuperatório (Sistema Penitenciário), composto pelos</p><p>órgãos encarregados da recuperação dos condenados, reinserção à</p><p>sociedade das pessoas condenadas e acompanhamento dos egressos.</p><p>No Título IV, DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES, Capítulo III, Do</p><p>Poder Judiciário, e Capítulo IV, Das Funções Essenciais à Justiça, a</p><p>Constituição Federal estabelece as missões da Justiça, dentre elas: processar</p><p>e julgar (Justiça); promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da</p><p>lei (Ministério Público). Assim, como se pode verificar, para efeito de segurança</p><p>pública, o subsistema judiciário está definido na Constituição de 1988. No</p><p>entanto, não estão previstas as cominações legais e a forma de aplicá-las, ou</p><p>seja, as penas que devem ser aplicadas aos infratores das leis. Neste caso,</p><p>esta previsão está no Código Penal Comum, no Código Penal Militar, na Lei de</p><p>Execução Penal e em outras Leis.</p><p>Portanto, o Sistema de Segurança Pública se torna completo, pois,</p><p>desde a prevenção criminal até a aplicação das penas para aqueles que</p><p>cometem infração penal, está prescrito na legislação brasileira.</p><p>Na Carta Magna está prescrita, ainda, a participação das Forças Armadas,</p><p>quando, no Art. 142, define que estas deverão garantir a Lei e a Ordem, em</p><p>caso de convocação por um dos três Poderes da República. Para os deveres</p><p>16</p><p>da segurança pública, a Constituição não excluiu nem o povo, quando firma o</p><p>conceito de que a segurança pública é direito e responsabilidade de todos. A</p><p>inserção das Prefeituras, também, foi prevista no Art. 144, parágrafo 8º, ao</p><p>autorizar a criação de Guardas Municipais com o fim de promover a proteção</p><p>dos bens, serviços e instalações municipais.</p><p>A responsabilidade pelo controle do trânsito urbano foi transferida para</p><p>os Municípios, o que remete definitivamente as prefeituras para a segurança</p><p>pública, pois, sabe-se que o trânsito (movimento de veículos e pedestres nas</p><p>vias públicas) é um dos grandes problemas atuais da sociedade brasileira. O</p><p>Código Brasileiro de Trânsito, inclusive, define os crimes de trânsito. Portanto,</p><p>as prefeituras, também, são responsáveis por um segmento da segurança</p><p>pública.</p><p>Para complementar o Sistema de Segurança Pública, o Governo Federal</p><p>criou o Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP), desde 1990,</p><p>através do Decreto nº 98.938, que foi sofrendo alterações através de outros</p><p>Decretos, chegando ao Decreto de nº 7.413, de 30 de dezembro de 2010.</p><p>O CONASP integra a estrutura básica do Ministério da Justiça, tendo por</p><p>finalidade formular e propor diretrizes para as políticas públicas voltadas à</p><p>promoção da segurança pública, prevenção e repressão à violência e à</p><p>criminalidade, e atuar na sua articulação e controle democrático.</p><p>O Governo Federal, em suas ações voltadas para a segurança pública, através</p><p>do Ministério da Justiça, desenvolveu o Programa Nacional de Segurança</p><p>Pública com Cidadania – PRONASCI. Este programa foi instituído pela Lei</p><p>11.530, de 24 de outubro de 2007, que foi alterada pela Lei 11.707, de 19 de</p><p>junho de 2008.</p><p>Conforme a Lei, o PRONASCI destina-se a articular as ações de</p><p>segurança pública para a prevenção, controle e repressão da criminalidade,</p><p>estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas.</p><p>São diretrizes do PRONASCI:</p><p> Promoção dos direitos humanos, intensificando uma cultura de paz, de</p><p>apoio ao desarmamento e de combate sistemático aos preconceitos de</p><p>gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de diversidade</p><p>cultural;</p><p>17</p><p> Criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias;</p><p> Fortalecimentos dos conselhos tutelares;</p><p> Promoção da segurança e da convivência pacífica;</p><p> Modernização das instituições de segurança pública e do sistema</p><p>prisional;</p><p> Valorização dos profissionais de segurança pública e dos agentes</p><p>penitenciários;</p><p> Ressocialização dos indivíduos que cumprem penas privativas de</p><p>liberdade e egressos do sistema prisional, mediante implementação de</p><p>projetos educativos, esportivos e profissionalizantes;</p><p> Intensificação e ampliação das medidas de enfrentamento do crime</p><p>organizado e da corrupção policial;</p><p> Garantia de acesso à justiça, especialmente nos territórios vulneráveis;</p><p> Garantia, por meio de medidas de urbanização, da recuperação dos</p><p>espaços públicos;</p><p> Observância dos princípios e diretrizes do sistema de gestão</p><p>descentralizados e participativos das políticas sociais e das resoluções</p><p>dos conselhos de políticas sociais e de defesa de direitos afetos ao Pro</p><p>nasci;</p><p> Participação e inclusão em programas capazes de responder, de modo</p><p>consistente e permanente, às demandas das vítimas da criminalidade</p><p>por intermédio de apoio psicológico, jurídico e social;</p><p>18</p><p> Participação de jovens e adolescentes em situação de moradores de rua</p><p>em programas educativos e profissionalizantes com vistas na</p><p>ressocialização e reintegração à família;</p><p> Promoção de estudos, pesquisas e indicadores sobre a violência que</p><p>considerem as dimensões de gênero, étnicas, raciais, geracionais e de</p><p>orientação sexual; e</p><p> Garantia da participação da sociedade civil.</p><p>O Manual Básico da ESG, volume I – Elementos Fundamentais, p. 61, é</p><p>muito claro quando, referindo-se a segurança pública, esclarece:</p><p>2.1. Segurança e Defesa Públicas</p><p>Abrangendo a segurança do homem como ser individual e como ser</p><p>social, os níveis individual e comunitário conformam a Segurança Pública.</p><p>Portanto, este é o conceito reinante, atualmente, no Brasil. Mais do que nunca,</p><p>a segurança pública deve ser voltada para o cidadão como ser individual e ser</p><p>social. A convivência saudável em comunidade é o foco para onde devem ser</p><p>dirigidos os esforços dos governantes em relação à segurança. Todos os</p><p>princípios já estão instituídos na Constituição Federal; necessitando,</p><p>consequentemente, de políticas públicas para o desencadeamento das ações</p><p>visando o atendimento dessa necessidade da população brasileira.</p><p>Atualmente, pode-se observar algumas mudanças importantes na</p><p>aplicação da legislação penal. Muitas pessoas de classes mais ricas têm sido</p><p>condenadas, porém, devido a pressões populares, da mídia e da liberdade que</p><p>tem o Ministério Público para agir. Isto ocorreu, principalmente, a partir da</p><p>Constituição Federal de 1988; porém, ainda falta muito para que o Sistema de</p><p>Segurança Pública Brasileiro seja considerado justo, principalmente, em</p><p>relação ao Subsistema penitenciário, que não tem cumprido sua função de</p><p>recuperar a pessoa que comete crime.</p><p>19</p><p>2.2. Violência Social E Criminalidade.</p><p>No Brasil os termos violência social e criminalidade, praticamente, têm o</p><p>mesmo sentido, porém, existem diferenças não consideradas por aqueles que</p><p>confundem o significado de cada um. Nem sempre a violência social é crime,</p><p>porém, crime é sempre uma violência social.</p><p>A violência social é resultado dos atos sociais que afetam a convivência</p><p>entre as pessoas de uma mesma sociedade, que podem gerar desagregações,</p><p>crimes, sofrimentos, depressão, pobreza, destruição, etc. Exemplo:</p><p> Acidente de trânsito;</p><p> As discussões entre pessoas que não cheguem a gerar desforço</p><p>corporal;</p><p> A falta de condições de alguns hospitais para atendimento de pessoas</p><p>que precisam de socorro imediato;</p><p> Escolas que permitem que alunos assistam aulas sem carteiras, ficando</p><p>em pé ou sentados no chão;</p><p> As filas gigantes nos bancos de pessoas que querem receber seus</p><p>salários depois de um mês de trabalho intenso;</p><p> A fome; a falta de opção de algumas pessoas que são obrigadas a</p><p>buscar seus sustentos no lixo;</p><p> A exposição às doenças graves, como dengue, febre amarela, doenças</p><p>sexualmente transmissíveis (dst);</p><p> O homicídio;</p><p> O suicídio;</p><p> O estupro;</p><p> O roubo;</p><p> O contrabando;</p><p> O tráfico de drogas; o tráfico de armas; o tráfico de mulheres;</p><p> O tráfico de crianças;</p><p> Os grandes bolsões de miséria; a falta de moradias;</p><p> A mendicância;</p><p> O abandono de crianças, que hoje está muito falado na mídia;</p><p>20</p><p> os jogos de azar; a embriaguez;</p><p> A discriminação de todo tipo;</p><p> O atraso injustificado de pagamento de salário;</p><p> A invasão de domicílio; etc.</p><p>Tudo isso revela a violência social que existe no Brasil. A criminalidade é</p><p>resultante de atos claros de violação da lei penal brasileira. Não há crime sem</p><p>lei anterior que o defina. Portanto, para ser considerado crime, o ato tem que</p><p>estar tipificado em lei.</p><p>O arcabouço penal brasileiro define todos os crimes e as penas a serem</p><p>aplicadas a quem os comete. Exemplos de crimes: o homicídio, o roubo, o</p><p>furto, o tráfico de drogas, o tráfico de seres humanos, a falsificação de</p><p>documentos, a corrupção, o contrabando, o descaminho, o tráfico de armas, a</p><p>lesão corporal, a receptação, a falsificação de dinheiro, o estupro, a sedução, a</p><p>invasão de domicílio, etc.</p><p>2.3. Investimentos Em Segurança Pública</p><p>No Brasil, investir em segurança pública se tornou uma necessidade</p><p>sem precedentes, em virtude dos fatos que vem ocorrendo nestes últimos 20</p><p>anos, onde a violência social se tornou tão grande que transformou a</p><p>segurança pública em um bem de primeira necessidade. Tem-se a impressão</p><p>que os homicídios se tornaram rotina na sociedade brasileira. Os números</p><p>revelam essa realidade, como se pode verificar nas estatísticas apresentadas</p><p>neste trabalho.</p><p>Observando a tabela abaixo, verifica-se que a União e todos os Estados</p><p>Federados aumentaram seus investimentos em segurança pública.</p><p>Considerando a relação entre os períodos de 2005 e 2009, alguns Estados</p><p>investiram mais de 100%, como Alagoas, Amapá, Ceará, Maranhão, Rio</p><p>Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. O Governo Federal, sozinho, investiu</p><p>141% em 2009 em relação a 2005, mais que todos os Estados, em</p><p>percentuais.</p><p>O ponto negativo dos investimentos ficou por conta do Estado do Rio de</p><p>Janeiro, que aumentou seus investimentos em segurança pública em apenas</p><p>2% em 2009 em relação a 2005.</p><p>21</p><p>Com referência a números absolutos, o Estado de São Paulo se destaca</p><p>com um investimento de mais de 10 bilhões de reais, ficando o Estado de</p><p>Minas Gerais em segundo lugar. Mais uma vez, o Rio de Janeiro ficou com a</p><p>nota negativa, tendo em vista que, em relação aos períodos de 2006, 2007 e</p><p>2008, reduziu seus investimentos em 2009. Em relação a 2006, reduziu em</p><p>11,64%; em relação a 2007, reduziu em 15,39%, e, em relação a 2008, reduziu</p><p>em 24,57%.</p><p>É importante salientar que o Distrito Federal é beneficiado, tendo em</p><p>vista que a União é responsável pela maioria dos investimentos em segurança</p><p>pública, principalmente, pela folha de pagamento dos órgãos como as Polícias</p><p>Militar e Civil.</p><p>A tabela abaixo não discrimina os gastos por funções, por isso é</p><p>importante destacar que, dos investimentos, a maioria é com salários e</p><p>encargos sociais, em média entre 60 a 85%, a depender de cada Estado. Isso</p><p>desqualifica os investimentos, pois, no final, chega-se à conclusão que o</p><p>incremento é muito pouco, pois a maioria dos recursos não é para a melhoria</p><p>das atividades, mas sim para os salários, o que deveria estar à parte, já que é</p><p>a obrigação mínima de cada governo.</p><p>Na verdade, os investimentos com a melhoria da segurança pública são</p><p>muito pequenos. O que se observa de acréscimo, são, muitas vezes aumentos</p><p>salariais, que são concedidos nas datas base de cada Estado.</p><p>Dos 27 Estados e mais a União, apenas 6 (seis) investem em segurança</p><p>pública mais que 10% do total das despesas (AL, AP, MG, PB, RO e SC).</p><p>Alguns chegam a investir menos que 7% (CE, DF, ES, PI, PR e RR). A União,</p><p>embora tenha aumentado bastante seus investimentos em segurança pública,</p><p>fica com a nota negativa, pois, se mantém abaixo de 1% do total de suas</p><p>despesas.</p><p>Se a União acrescentasse</p><p>mais 1.4% em seus investimentos com</p><p>segurança pública e cada Estado mais 5%, sem envolver os salários, apenas</p><p>em projetos de melhoria do Sistema, com certeza, o brasileiro estaria muito</p><p>mais tranquilo, embora não seja a solução definitiva e sim, uma parte da</p><p>solução geral. Veja a tabela.</p><p>22</p><p>Fonte: Anuários dos Foruns Brasileiros de Segurança Pública de 2008, 2009 e 2010. e Ministério da Justiça.</p><p>3. Estatísticas De Violência Social E Criminalidade Nos Últimos Anos</p><p>Para apresentar as estatísticas referentes à violência social e</p><p>criminalidade no Brasil, serão usados os dados oficiais apresentados pelo</p><p>Ministério da Justiça, como abaixo se pode observar: No período que</p><p>compreende os anos de 1998 a 2008, o número total de homicídios registrados</p><p>pelo Ministério da Justiça em todo o Brasil passou de 41.950 para 50.113, o</p><p>que representa um incremento de 17,8%, levemente superior ao incremento</p><p>populacional do período que, segundo estimativas oficiais, foi de 17,2%.</p><p>(WAISELFISZ, 2011, p.7).</p><p>Entre 1998 a 2008, o número de homicídios no Brasil variou da seguinte</p><p>forma: Tabela 1: Evolução do Número de Homicídios. Brasil, 1998/2008.</p><p>23</p><p>Fonte: Mapa da Violência 2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.</p><p>Observa-se que, entre os anos de 1998 e 2008, houve um acréscimo em</p><p>números absolutos de 8.163 homicídios. Analisando, individualmente, os</p><p>Estados da Federação, incluindo o Distrito Federal, verifica-se que houve uma</p><p>alternância bastante significativa em relação ao crescimento e redução das</p><p>taxas de homicídios; em alguns, as taxas cresceram e em outros houve</p><p>redução, como se pode analisar logo abaixo:</p><p>Fonte: Mapa da Violência 2011- Ministério da Justiça/Instituto Sangari.</p><p>24</p><p>A tabela acima apresenta o ordenamento das UF por taxas de</p><p>homicídios, ou seja, o número de homicídios por grupo de 100 mil habitantes,</p><p>na população total em 1998 e 2008. Da análise feita, observa-se que, embora</p><p>em alguns Estados, como Alagoas, Paraná, Pará, Bahia, Goiás, Paraíba,</p><p>Amazonas, Ceará, Rio Grande do Sul, Sergipe, Rio Grande do Norte,</p><p>Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina, Piauí e Tocantins, as taxas tenham</p><p>crescido e ostentando boa posição na tabela, não significa que estejam bem.</p><p>Pelo contrário, estão muito desconfortáveis, pois, permitiram que a violência</p><p>tivesse crescimento geométrico.</p><p>Em consequência, outros Estados, como Espírito Santo, Pernambuco,</p><p>Amapá, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rondônia, Mato Grosso, Roraima,</p><p>Acre e São Paulo, principalmente, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro,</p><p>conseguiram reduções expressivas, o que significa melhoria nas condições de</p><p>vida das populações locais.</p><p>Resta analisar as razões que levaram, em alguns Estados, as taxas</p><p>terem crescido, e em outros, terem reduzido. No Brasil como um todo, ocorreu</p><p>um fato interessante, para um período de 10 anos. Houve um acréscimo de</p><p>1,9% na taxa de homicídios por 100 mil habitantes. No entanto, no somatório</p><p>das capitais e das Regiões Metropolitanas, essa taxa foi reduzida, enquanto</p><p>que, no somatório das regiões do interior, houve crescimento. Isto significa que</p><p>o interior, antes tido em todo País como região mais tranquila, hoje não</p><p>representa mais essa situação, como se pode verificar na tabela abaixo:</p><p>Fonte: Mapa da Violência 2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.</p><p>Em relação às Capitais dos Estados, ocorreu fato semelhante aos</p><p>Estados. Enquanto em algumas capitais a taxa de homicídios foi reduzida, em</p><p>outras, a taxa cresceu. Em alguns casos, o aumento foi mais que o dobro,</p><p>como Maceió, Salvador, Curitiba, São Luís, Aracaju, Florianópolis. Em outros, a</p><p>25</p><p>redução ocorreu de forma bastante acentuada, como, Rio de Janeiro, Boa</p><p>Vista, São Paulo, como se pode observar na tabela abaixo:</p><p>Fonte: Mapa da violência2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.</p><p>Analisando a tabela abaixo, verifica-se que há uma progressão dos</p><p>homicídios, em relação ao crescimento das idades, ou seja, na medida em que</p><p>a pessoa vai aumentando a idade, os homicídios também vão crescendo,</p><p>atingindo o máximo na faixa etária entre 20 a 24 anos. Porém, a partir da</p><p>próxima faixa etária, dos 25 em diante, o número de homicídios vai</p><p>decrescendo.</p><p>Assim, quanto maior a idade, menor é o número de homicídios. Portanto,</p><p>é nos jovens que se concentram os homicídios. Se estendermos mais um</p><p>pouco, vamos verificar que, entre os 15 a 29 anos, se concentram os números</p><p>mais alarmantes de homicídios. Desta forma, se tem a conclusão que os</p><p>adolescentes e adultos jovens são as maiores vítimas dos homicídios no Brasil.</p><p>26</p><p>Fonte: Mapa da Violência2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari</p><p>A tabela abaixo apresenta a taxa de homicídios por raça. Verifica-se que</p><p>as pessoas negras têm sofrido mais com os homicídios no Brasil. Apenas na</p><p>Região Sul a relação entre os negros e brancos é menor. Dentre todos os</p><p>Estados analisados, o Paraná é o que tem uma taxa de homicídios onde o</p><p>branco morre mais que o negro.</p><p>27</p><p>Fonte: Mapa da Violência 2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.</p><p>Se comparar a relação da tabela das taxas de homicídios por idade com</p><p>a tabela das taxas de homicídios por raças, verificar-se-á que os jovens negros</p><p>são as grandes vítimas dos homicídios no Brasil. Esta situação é bastante</p><p>lógica, uma vez que os homicídios ocorrem em maior quantidade nos bairros</p><p>pobres, como a maioria dos menos favorecidos é de cor negra, em virtude da</p><p>própria história, estes têm sofrido mais.</p><p>28</p><p>A tabela seguinte apresenta o número de homicídios por sexo e a</p><p>diferença em percentual entre o masculino e o feminino. O sexo masculino é a</p><p>grande vítima. A diferença de homicídios entre homens e mulheres é muito</p><p>grande em todos os Estados da Federação; o percentual de homicídios contra</p><p>pessoas do sexo masculino, em quase todos os Estados, ultrapassa a faixa</p><p>dos noventa por cento. Tabela de Homicídios na população Brasileira por</p><p>sexo/ 2008.</p><p>Fonte: Mapa da Violência2011 -Ministério da Justiça/Instituto Sangari.</p><p>Analisando todas as tabelas, conclui-se que as pessoas do sexo</p><p>masculino, na fase da adolescência, são as grandes vítimas dos homicídios no</p><p>Brasil. Esta análise é um dado importante para o planejamento dos Governos</p><p>Estaduais, bem como do Governo Federal, quando da tomada de decisão em</p><p>29</p><p>relação aos homicídios. Como resolver um problema tão grave que atinge a</p><p>população brasileira.</p><p>É certo que a maioria da população dos Estados é constituída pela</p><p>classe mais pobre, a qual não tem uma escolaridade adequada, pouco</p><p>saneamento básico, desemprego, saúde precária. Tudo isso facilita o</p><p>envolvimento dos jovens com o crime, começando pelas drogas.</p><p>A criança pobre, em sua maioria, já nasce em um ambiente de grandes</p><p>dificuldades, sem que os pais tenham condições de lhes oferecer uma</p><p>educação efetiva, pois, estes, também, não tiveram a oportunidade de uma</p><p>educação melhor. Essas crianças são vítimas fáceis dos traficantes e dos</p><p>aliciadores para a prostituição e os abusos. Consequentemente, se tornam as</p><p>maiores vítimas dos homicídios quando chegam à adolescência.</p><p>3.1. Violência no Trânsito.</p><p>Gráfico1 : Mortos em acidentes de trânsito, de 1996 a 2006.</p><p>Fonte: Ministério da Saúde (cópia).</p><p>Gráfico 2: Mortos em acidentes de trânsito por faixa etária, de 1996 a 2006</p><p>30</p><p>Fonte: Ministério da Saúde (cópia).</p><p>Gráfico 3: Internações por acidentes de trânsito, 1998 a 2007</p><p>Fonte: Ministério da Saúde (cópia).</p><p>Os Gráficos acima revelam o tamanho da violência no trânsito que</p><p>atinge o Brasil:</p><p>31</p><p> No primeiro, os acidentes fatais, embora tenham reduzido no período de</p><p>1997 a 2000, voltaram a crescer no período da 2ª parte de 2000 a 2006,</p><p> No último ano analisado na pesquisa. Verifica-se que foram mortos no</p><p>trânsito brasileiro, em 2006, aproximadamente, 36.000</p><p>pessoas;</p><p> No segundo, referente ao número de mortes por faixa etária resultantes</p><p>dos acidentes de trânsito, verifica-se que a maioria das vítimas está</p><p>entre os jovens de 20 a 34 anos;</p><p> No terceiro quadro, referente às internações de vítimas por causa dos</p><p>acidentes de trânsito, revela que, em 2006, foram internadas mais de</p><p>120.000 pessoas, indicando, naturalmente, um alto custo para o Estado</p><p>Brasileiro, embora este último dado não esteja revelado explicitamente.</p><p> Portanto, o custo social e econômico que tem origem nos acidentes de</p><p>trânsito é bastante elevado para o povo brasileiro.</p><p>3.2. Violência contra as Crianças e nas Escolas</p><p>Dentre todos os mapas de violência estudados neste trabalho, os mais</p><p>graves são o das crianças, o das mulheres e o das escolas, pois atingem o que</p><p>há de mais primordial para um estudo de redução da criminalidade e violência</p><p>social, a família e a criança. Em todo Brasil, seja nas Capitais ou nos interiores,</p><p>em qualquer região, a violência nas escolas se tornou um tema de difícil</p><p>solução.</p><p>O principal problema atual das escolas, por incrível que pareça, é o</p><p>tráfico de drogas. Os traficantes encontraram nas crianças e adolescentes um</p><p>meio mais fácil de, não só vender o seu produto de crime, mas, também,</p><p>conseguir mais viciados. Outro problema grave, é a precocidade sexual; a cada</p><p>dia que se passa, o sexo se torna mais banal, não encontrando qualquer</p><p>fronteira. A cada período escolar de um ano, a iniciação sexual atinge crianças</p><p>com idades menores; hoje, inicia-se o sexo com 13 anos, e até com 11, 10 e</p><p>nove anos, em alguns casos.</p><p>O sexo tem facilidade de se associar às drogas e os dois encontram</p><p>facilidades em pessoas integrantes dos grupos de adolescentes e crianças.</p><p>32</p><p>Além da violência das drogas e da sexual, outros tipos podem ser</p><p>observados: o bullying (agressão física ou verbal), atualmente, muito divulgado</p><p>pela imprensa nacional; a discriminação racial velada, mas, perceptível por</p><p>quem a sofre; a discriminação da pobreza, os mais abastados têm condições</p><p>de pagar escolas melhores, enquanto que escolas com maiores problemas,</p><p>geralmente, as públicas, ficam para os mais pobres.</p><p>A Violência no Sistema Carcerário Brasileiro</p><p>Situação no Sistema Carcerário Brasileiro, divulgado em dezembro de</p><p>2010 pelo Ministério da Justiça. Os dados se referem às prisões de homens e</p><p>mulheres, incluindo os presos provisórios. A tabela abaixo mostra a população</p><p>no Sistema Carcerário x número de vagas disponíveis – dez/2010.</p><p>Fonte: Ministério da Justiça.</p><p>33</p><p>Analisando a tabela acima, verifica-se que existem 445.705 presos</p><p>para 281.520 vagas disponíveis, formando um déficit de 164.624 vagas, isto</p><p>sem contar com as prisões nas delegacias em todos os Estados Brasileiros,</p><p>onde existem 50.546 presos, entre homens e mulheres.</p><p>Essa situação das prisões brasileiras vem gerando violência nas</p><p>cadeias; onde os custodiados não têm onde dormir, com alimentação precária,</p><p>falta de higiene, com graves problemas de promiscuidade. É uma violência</p><p>promovida pelo Estado. O Sistema Carcerário Brasileiro faz parte do mapa da</p><p>violência social do Brasil, não há como se desejar a recuperação de um preso</p><p>se a situação permanecer do jeito em que se encontra.</p><p>Outros fatos existem em relação à violência nas prisões brasileiras,</p><p>como, por exemplo, entrada de drogas, armas, celulares e outros objetos não</p><p>permitidos nas celas, gerando o pânico e outros sentimentos entre os</p><p>custodiados.</p><p>Violência no campo</p><p>Fonte: Relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra) – ano 2010.</p><p>A violência no campo não está apenas restrita aos conflitos da terra,</p><p>nem somente na questão ambiental. Os conflitos fazem parte de um todo da</p><p>violência. Hoje, outros tipos de crime, como os furtos, os roubos, os</p><p>sequestros, etc, se estenderam para a zona rural, que eram quase que,</p><p>exclusivamente, das grandes cidades, principalmente, das Capitais.</p><p>34</p><p>4. O Crime E A Segurança Nacional</p><p>De que forma o crime pode afetar a segurança nacional?</p><p>A partir do momento em que começa a colocar em dúvida a capacidade</p><p>dos poderes constituídos em combatê-lo, fazendo com que o povo passe a</p><p>desacreditar em uma solução através do cumprimento das leis vigentes.</p><p>No caso específico do Brasil, no Estado do Rio de Janeiro, o Governo,</p><p>colocando em dúvida a sua capacidade como ente federativo responsável pelo</p><p>combate a criminalidade, solicitou Forças Federais para auxiliar no combate</p><p>aos traficantes em alguns morros da Capital. Essa atitude, embora não esteja</p><p>sendo discutida, demonstrou limitação do Estado carioca naquele tipo de</p><p>combate.</p><p>Por outro lado, existem determinadas práticas criminais que, de tão difícil</p><p>ser o seu combate, põem em dúvida a capacidade do País em promover ações</p><p>de controle e sua extirpação do meio social, com o fim de tranquilizar a</p><p>população, de forma geral. É o caso dos crimes transnacionais, os quais, de</p><p>tão intenso que estão atualmente, chegam a perturbar toda a nação, afetando</p><p>um dos Objetivos Nacionais Fundamentais, a paz social.</p><p>Atualmente, os crimes que mais perturbam a tranquilidade do povo</p><p>brasileiro são, verdadeiramente, aqueles conhecidos como transnacionais,</p><p>sendo o principal deles o narcotráfico, de onde se originam diversos outros</p><p>crimes, como o homicídio, roubos, furtos e outros.</p><p>Dentre os crimes transnacionais, podemos citar os que mais têm</p><p>causado transtornos para o Brasil, além do narcotráfico: o tráfico de armas, o</p><p>contrabando, a lavagem de dinheiro, o tráfico de seres humanos, a prostituição</p><p>internacional, falsificação de produtos, além da corrupção, que tanto tem</p><p>afetado o povo brasileiro.</p><p>O narcotráfico está, praticamente, em todas as nações do planeta. A</p><p>comercialização de drogas tem se constituído numa atividade econômica muito</p><p>rentável para aqueles que cometem esse tipo de crime. A movimentação</p><p>financeira no mundo, com o narcotráfico, gira em torno de U$$ 500 bilhões</p><p>(quinhentos bilhões de dólares); Isso é mais do que o PIB de mais da metade</p><p>35</p><p>dos países do planeta. No caso específico do Brasil, as drogas vem causando,</p><p>não só prejuízos financeiros, mas, principalmente, psicológicos, intrafamiliar</p><p>(destruição de muitas famílias), doenças psicóticas, e outras.</p><p>Os órgãos do Sistema de Segurança do Brasil tem demonstrado</p><p>dificuldade no combate aos crimes transnacionais, principalmente, os que</p><p>ocorrem nas fronteiras, acentuadamente, na Região Norte, devido à extensão</p><p>territorial. O Brasil está inserido no contexto mundial como rota internacional de</p><p>tráfico. Podemos citar, como exemplo, o caminho que percorrem as drogas.</p><p>Após o processo de cultivo e refino, é feita a distribuição e, como se trata de</p><p>uma atividade ilegal, faz-se necessário obter uma infinidade de rotas e</p><p>caminhos.</p><p>O Brasil é uma dessas rotas. Uma grande parte das drogas entra no</p><p>país pela floresta amazônica. Como as fronteiras são pouco monitoradas, não</p><p>existem grandes impedimentos; depois disso, seguem para os portos,</p><p>aeroportos e pistas de pouso clandestinas espalhadas pelo território e, daí são</p><p>enviadas para os grandes centros, em diferentes continentes.</p><p>Quando as drogas chegam aos seus destinos, os grandes traficantes</p><p>realizam a distribuição. O grande volume de dinheiro gerado pelo tráfico deve</p><p>ser transformado em recursos legais, sendo esse processo chamado de</p><p>lavagem de dinheiro, que ocorre através do investimento do recurso financeiro</p><p>em ações, obras de arte, jogos, restaurantes, hotéis e muitas outras atividades.</p><p>No entanto, uma boa parcela fica reservada para dar continuidade às</p><p>atividades ilícitas, como o próprio tráfico, a prostituição, a corrupção, e</p><p>suspeitas do seu emprego para financiar grupos guerrilheiros como as FARC</p><p>(Forças Armadas Revolucionárias).</p><p>A lavagem de dinheiro, em termos simples, se constitui no ato de fazer o</p><p>dinheiro que sai da origem “A” parecer que</p><p>vem da origem “B”, ou seja, o</p><p>criminoso tenta camuflar a fonte ilegal do dinheiro.</p><p>Os criminosos que mais necessitam lavar dinheiro são os traficantes,</p><p>estelionatários, corruptos, membros de quadrilhas, terroristas, golpistas, e</p><p>outros.</p><p>O tráfico de armas é outro crime transnacional que vem causando</p><p>grandes problemas para o Brasil. O Ministério da Justiça divulgou pesquisa</p><p>sobre o mapa do tráfico de armas no Brasil, e, de acordo com os dados</p><p>36</p><p>levantados, quase metade das armas que circulam no Brasil é ilegal, ou seja,</p><p>7,6 milhões de um total de 16 milhões de armas. As pesquisas revelam que o</p><p>Brasil é campeão mundial em números absolutos de mortes causadas por</p><p>armas de fogo, com, aproximadamente, 34.300 homicídios por ano. Outra</p><p>revelação da pesquisa é que, de cada dez armas apreendidas no País, oito são</p><p>de fabricação nacional.</p><p>Das armas de fora, 59,2% vem dos Estados Unidos, 16,7% da</p><p>Argentina, 6,9% da Espanha, 6.4% da Alemanha, e 4.1% da Bélgica. Se o</p><p>brasileiro fizer uma análise detalhada da situação da criminalidade no Brasil,</p><p>vai verificar que a paz social tem sido atingida, pois os crimes, principalmente,</p><p>os homicídios e o tráfico de drogas, afetam diretamente o núcleo das famílias,</p><p>causando, em certos casos, terror.</p><p>Isto sem contar com o emperramento do progresso nacional, pois,</p><p>através da corrupção, do contrabando, da falsificação de produtos nacionais e</p><p>estrangeiros, são desviados e consumidos recursos públicos de toda natureza,</p><p>chegando a cifras gigantescas, que poderiam ser empregadas na saúde, na</p><p>educação, na assistência social, etc.</p><p>Por tudo isso, chega-se à conclusão que determinados tipos criminais,</p><p>quando estão avançando de forma exagerada, como é o caso atual no Brasil,</p><p>atingem a Segurança Nacional, exigindo do Governo Central medidas</p><p>abrangentes e planejamento que envolva toda a nação, além dos órgãos que</p><p>compõem o Sistema de Segurança Pública.</p><p>4.1. Custos Da Violência Social No Brasil.</p><p>O Brasil tem tido prejuízos enormes com a violência social. Não só</p><p>prejuízos financeiros, como na saúde do seu povo, destruição de famílias</p><p>inteiras, no saneamento básico, na construção de escolas, na construção de</p><p>habitações, etc.</p><p>A FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em 2010,</p><p>lançou um relatório sobre a corrupção no Brasil onde, dentre outros, relata os</p><p>prejuízos econômicos que o País tem com esse tipo de crime.</p><p>37</p><p>O relatório revela que o custo médio anual da corrupção no Brasil é de</p><p>R$ 41,5 bilhões a R$ 69.1 bilhões. Isso representa 1.38% a 2.3% do PIB.</p><p>FONTE: RELATÓRIO CORRUPÇÃO: Custos Econômicos e Propostas</p><p>de Combate. FIESP – 2010. Abaixo, seguem algumas tabelas e gráficos que</p><p>demonstram alguns custos que o Brasil tem com a violência social.</p><p>Foram lançados, também, alguns custos que a população tem com a</p><p>promoção da segurança privada. No caso dos seguros, as empresas obtêm</p><p>lucros consideráveis, trazendo prejuízos para quem os contrata.</p><p>Fonte: (i) balanços anuais da violência nas unidades federativas;</p><p>Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 2000 e estimativas populacionais de 2001 a 2005; Pesquisa Nacional por</p><p>Amostra de Domicílios – Pnad; Contas Nacionais; e Pesquisa Anual de Serviços (dados brutos); Ipea - Grupo de</p><p>Estudos de Violência (Cálculos e estima</p><p>38</p><p>Fonte: (i) Ministério da Fazenda - Superintendência de Seguros Privados - Susep/Decon/Geest (dados brutos);</p><p>Enganam-se os que pensam que os custos da violência são</p><p>relacionados somente aos gastos com os sistemas de segurança público e</p><p>privado. Os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, com</p><p>internações por agressão, em 2006, foram de R$ 40 milhões; a despesa com</p><p>as internações das vítimas de acidentes de carro no mesmo ano foi de</p><p>aproximadamente, R$ 117 milhões; os custos totais com a violência no trânsito</p><p>foram da ordem de R$ 28 bilhões em 2008, segundo o Ministério da Saúde.</p><p>As consequências da violência e da criminalidade não se limitam aos</p><p>custos tangíveis para a sociedade. Existem os custos não computados,</p><p>gerados, por exemplo, para familiares de vítimas de homicídios: insônia,</p><p>depressão, lembranças de fatos passados vinculados ao crime, estresse -</p><p>todas estas reações se impõem à vida das pessoas que, de certa maneira,</p><p>foram afetadas por crimes. Os custos nesses casos também são altos, com</p><p>interrupções nas tarefas do trabalho e da educação, dificuldades de</p><p>convivência, problemas na estrutura familiar e desequilíbrio financeiro, entre</p><p>outros.</p><p>Conforme se verifica nas tabelas acima, alguns dados são</p><p>surpreendentes. Em 2005 os gastos com segurança privada atingiram R$</p><p>17,209 bilhões, representando 0,89% do Produto Interno Bruto (PIB) e custo</p><p>per capita de R$ 94,90. Já os gastos com seguros atingiram R$ 14,561 bilhões,</p><p>ou 0,75% do PIB e custo per capita de R$ 80,30. Isto considerando que há uma</p><p>39</p><p>imensa subnotificação da violência social. Ou seja, provavelmente os gastos</p><p>são maiores.</p><p>4.2. A Funcionalidade Do Sistema De Segurança Pública Brasileiro</p><p>No Capítulo 2, foi estudado o sistema atual de segurança público</p><p>brasileiro, quando foi feita uma análise através do tempo, citando como estava</p><p>disposto nas Constituições Brasileiras, até a atualidade. Como está</p><p>sobejamente comprovado, o Brasil possui um Sistema de Segurança Pública,</p><p>complementado por diversas Leis Federais e Constituições Estaduais. Resta</p><p>saber se esse Sistema vem funcionando adequadamente como previsto na</p><p>legislação e se a população brasileira se sente segura ou confia no Sistema</p><p>que possui.</p><p>Foram expostas diversas tabelas e gráficos referentes à violência social</p><p>e à criminalidade no Brasil, onde o crime e os atos violentos não param de</p><p>crescer. Se for observado com cuidado, será verificado que, em determinado</p><p>momento histórico, alguns tipos criminais ou violência sofrem redução, mas,</p><p>em seguida, voltam a crescer. Atualmente, em alguns Estados está havendo</p><p>redução do número de homicídios, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro,</p><p>Pernambuco, Espírito Santo, enquanto que, em alguns outros, está havendo</p><p>um crescimento, a exemplo da Maranhão, Alagoas, Goiás e Paraná.</p><p>Para saber se o Sistema de Segurança Pública está funcionando, é necessário</p><p>responder às seguintes perguntas:</p><p>a) Os órgãos do Sistema funcionam de forma coesa, há sequência de</p><p>procedimentos?</p><p>b) A Polícia Federal consegue policiar as fronteiras brasileiras, a ponto</p><p>de evitar o narcotráfico e o contrabando de armas?</p><p>c) As Polícias Militares de cada Estado conseguem prover a</p><p>tranquilidade necessária, de forma que a população se sinta realmente</p><p>segura?</p><p>40</p><p>d) A Polícia Federal e as Polícias Civis conseguem desvendar a maioria</p><p>dos crimes cometidos, de forma a levar o Poder Judiciário promover um</p><p>julgamento justo daquele que cometeu o ilícito penal?</p><p>e) As penitenciárias brasileiras estão cumprindo o seu papel social, ou</p><p>seja, recuperando e ressocializando o indivíduo que cometeu algum ato</p><p>criminoso?</p><p>f) Os Juízes e Tribunais tem feito os julgamentos no menor prazo</p><p>possível, de forma a fazer justiça no tempo adequado, para que a</p><p>população sinta que a justiça fora feita?</p><p>g) O tráfico de drogas está sendo reduzido no Brasil?</p><p>h) Você se sente seguro andar, a pé, pelas ruas de sua cidade, após a</p><p>meia noite?</p><p>i) As pessoas que estão cumprindo pena nas penitenciárias brasileiras</p><p>estão sendo tratadas de acordo com o prescrito no Art. 5º da</p><p>Constituição Federal? Todos são tratados em obediência aos direitos</p><p>fundamentais da pessoa humana?</p><p>j) O Brasil consegue punir exemplarmente as pessoas que cometem</p><p>atos de corrupção, reavendo os recursos que foram tirados do povo?</p><p>Como as Polícias e a Justiça costumam agir nesses casos? Esses</p><p>órgãos tem apresentado solução para o problema corrupção, que vem</p><p>causando prejuízo à Nação Brasileira?</p><p>Se nós brasileiros não estamos conseguindo responder SIM às</p><p>perguntas acima</p><p>formuladas, pelo menos a um terço delas, alguma coisa está</p><p>errada com o Sistema de Segurança Pública. O Sistema de Segurança Pública</p><p>Brasileiro tem funcionado adequadamente? Ou não funciona?</p><p>O ideal seria que:</p><p> As Polícias Militares conseguissem fazer a prevenção das ocorrências</p><p>criminais em cada Estado Federado, que é o seu papel fundamental;</p><p>41</p><p> As Polícias Civis desvendassem os crimes que ocorrem em cada Estado</p><p>Federado, pelo menos a maioria, o que não ocorre;</p><p> A Polícia Federal conseguisse reduzir a entrada de drogas e armas</p><p>pelas fronteiras Brasileiras através de um policiamento intensivo;</p><p> O Poder Judiciário conseguisse julgar as pessoas que cometessem os</p><p>crimes em tempo adequado, de forma a fazer realmente justiça no</p><p>tempo certo;</p><p> As penitenciárias brasileiras cumprissem o seu papel, qual seja, de</p><p>ressocializar o custodiado; e</p><p> As nossas estradas oferecessem segurança adequada para os viajantes</p><p>e a Polícia Rodoviária conseguisse efetuar o policiamento de forma a</p><p>levar tranquilidade para aqueles que se deslocam de carro de um ponto</p><p>para outro.</p><p>Diante das assertivas acima, chega-se à conclusão que o Sistema de</p><p>Segurança Pública Brasileiro não funciona em sua plenitude. O povo brasileiro</p><p>demonstra grande insatisfação com a questão segurança pública no País. No</p><p>entanto, por não entender o funcionamento do Sistema, ou por ser mal</p><p>informado, credita todas as mazelas da segurança às Polícias Civis e Militares,</p><p>como se estas fossem as responsáveis únicas pelo que vem ocorrendo no</p><p>Brasil. Uma das causas desse errado entendimento é o fato dessas</p><p>organizações estarem na ponta do Sistema.</p><p>Como se fosse uma doença, onde as causas não são combatidas,</p><p>começa-se a aplicar remédios apenas para sanar as dores, porém, depois de</p><p>determinado momento de alívio, as dores retornam e tudo volta ao sofrimento</p><p>anterior e, às vezes, pior, pois se as origens estão intactas. Não é diferente</p><p>com a segurança pública, onde as causas são por demais conhecidas, porém</p><p>de difícil combate.</p><p>Vamos fazer uma pequena análise da funcionalidade do Sistema de</p><p>Segurança Pública Brasileiro, se possível, analisando subsistema por</p><p>subsistema. Como a segurança começa com o Subsistema Preventivo, as</p><p>primeiras análises vão para as Polícias Militares e para a Polícia Federal.</p><p>42</p><p>Polícia Militar</p><p>A atuação preventiva é de grande importância, pois, a presença do</p><p>policial militar de forma ostensiva constitui fator de desestímulo à prática de</p><p>ilícitos penais e garante a preservação da ordem pública, influenciando de</p><p>forma concreta no comportamento dos indivíduos. Caracteriza-se, nesta</p><p>situação, como policia preventiva.</p><p>Quando ocorre o fato delituoso, cabe à Polícia Militar fazer a repressão</p><p>imediata, adotando as providencias que forem cabíveis. Tem por obrigação</p><p>encaminhar as partes, juntamente com provas que possam existir, ao delegado</p><p>da circunscricional competente para dar prosseguimento ao caso. Quando o</p><p>policial militar exerce a repressão imediata, o mesmo está restaurando a ordem</p><p>que foi violada e, para tanto, exerce uma típica ação de polícia repressiva.</p><p>As Polícias Militares, em todo o Brasil, passam por graves problemas,</p><p>principalmente, quando se refere a efetivos e equipamentos. A quantidade de</p><p>crimes cresceu de tal forma, que não existe efetivo capaz de estar em todos os</p><p>lugares ao mesmo tempo, pois, a presença do homem policial é fundamental</p><p>para se evitar o ato criminoso.</p><p>Os equipamentos utilizados pelas organizações policiais para a</p><p>execução de suas atividades se tornaram um problema, não pela sua</p><p>eficiência, mas por causa de sua escassez em uma boa parte das Polícias</p><p>Militares. Sem equipamentos ou com equipamentos em quantidade</p><p>insuficiente, ou obsoletos, se torna difícil a atividade preventiva.</p><p>Como os crimes e os atos de violência social se tornaram muito</p><p>elevados, tanto em sua quantidade como no seu alto grau de agressividade, as</p><p>Polícias Militares não estão conseguindo manter o controle dessa violência,</p><p>não por incompetência, mas, por falta de efetivo suficiente para manter uma</p><p>vigilância eficiente em todos os pontos possíveis de ocorrência de fatos</p><p>delituosos. Um exemplo é o Rio de Janeiro, que tem mais de 500 comunidades</p><p>carentes. Se forem colocadas Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em</p><p>apenas 200 comunidades, em torno de 200 Policiais em cada uma, seria</p><p>necessário um efetivo adicional de, aproximadamente, 40.000 Policiais</p><p>Militares.</p><p>43</p><p>Polícia Federal</p><p>Deveria fazer o ciclo completo de policiamento, porém, tem dificuldade</p><p>para executar as ações preventivas, principalmente, relativas a: tráfico de</p><p>drogas, de armas, de mulheres, de crianças, contrabando, descaminho e</p><p>outros crimes de sua competência. O Brasil não produz cocaína, no entanto,</p><p>esta droga está espalhada por todo o território nacional, além do Brasil fazer</p><p>parte de umas das rotas internacionais do tráfico de drogas.</p><p>Devido às suas ações quase que totalmente voltadas para o setor</p><p>investigativo, uma boa parte da população desconhece o lado preventivo da</p><p>Polícia Federal. Enquanto as Polícias Militares são responsáveis apenas pela</p><p>prevenção e as Polícias Civis pelas investigações, a Polícia Federal é</p><p>responsável pela prevenção e pelas investigações dos crimes de sua</p><p>competência. Mas seu efetivo é muito pequeno, um pouco mais de 11.000</p><p>homens em todo Brasil, o que a torna incapaz de suprir as necessidades</p><p>inerentes às duas funções. Por isso, a dificuldade em combater o tráfico, tanto</p><p>de armas como de drogas nas fronteiras brasileiras, que são muito extensas.</p><p>Mesmo se fosse possível acrescentar o efetivo necessário, o que seria</p><p>um sonho utópico, ainda assim não garantiria a suficiência da prevenção e da</p><p>investigação, em virtude da quantidade de crimes que se comete no país.</p><p>Polícia Civil</p><p>A essência da atribuição da Policia Civil é a atividade de Policia</p><p>Judiciária. Tem por finalidade investigar os delitos que não puderam ser</p><p>evitados pela ação preventiva. As atribuições da Policia Civil correspondem ao</p><p>desenvolvimento das investigações, consubstanciando e formalizando os atos</p><p>no auto de prisão em flagrante ou no inquérito policial.</p><p>Com a ação da Policia Civil em sequência às ações da Policia Militar,</p><p>completa- se o ciclo da polícia e concomitantemente se desenvolve o ciclo da</p><p>persecução criminal, pois a fase investigatória antecede à fase processual.</p><p>A Polícia Civil não demonstra reunir todas as condições de absorver e</p><p>apurar o grande volume de registro de delitos que lhes são encaminhados, pois</p><p>apresenta carências de várias ordens, tais como a falta de pessoal qualificado</p><p>44</p><p>e escassez de recursos materiais. Não consegue desvendar mais que 15% dos</p><p>crimes ocorridos no País. Alguns Estados alcançam índices maiores, outros</p><p>menores, porém, há uma sensação de pouca produção.</p><p>Por outro lado, em todos os Estados brasileiros, as Delegacias se</p><p>transformaram em depósito de presos. Para se ter uma ideia da gravidade do</p><p>problema, em 2010, o Ministério da Justiça publicou em seus dados estatísticos</p><p>que nas delegacias brasileiras existiam 50.546 presos, sendo 43.927 homens e</p><p>6.619 mulheres, no entanto, só existem vagas para 16.753, sendo 15.652 para</p><p>homens e 1.103 para mulheres. Isto significa que nas celas das Polícias Civis</p><p>existe um excedente de presos na ordem de 33.791 pessoas, significando que</p><p>essas pessoas estão amontoadas, em desobediência total aos direitos</p><p>fundamentais do homem.</p><p>Os Policiais Civis deixam de cumprir o seu papel principal, que é de</p><p>investigar os crimes, para cumprir o papel de carcereiros, num total flagrante de</p><p>desvio de função. Os presos pertencem às Secretarias de Justiça dos Estados</p><p>e não às Polícias Civis.</p><p>Poder Judiciário</p><p>No Brasil, cada Juiz tem sob sua responsabilidade milhares de</p><p>processos criminais para solucionar, a cada dia que passa, o volume vai</p><p>aumentando,</p>

Mais conteúdos dessa disciplina