Prévia do material em texto
<p>AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL</p><p>Partido Político Beta, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNP sob nº... e no TSE sob o nº..., endereço eletrônico ..., representado por seu Diretório Nacional, com sede…, vem, por seu advogado infra-assinado..., com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 77, V, do CPC/15, com fundamento no art. 102, § 1º, da CRFB/88 e na Lei nº 9882/99, propor a presente</p><p>ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL</p><p>em face dos arts. 11 e 12 da Lei Orgânica do Município Alfa, pelos motivos a seguir apresentados.</p><p>I - DOS FATOS</p><p>O Prefeito do Município Alfa, preocupado com a adequada conduta no seu mandato, procura o presidente nacional do seu partido político Beta, o qual possui representação no Congresso Nacional, e informa que a Lei Orgânica do Município Alfa, publicada em 30 de maio de 1985, estabelece, no seu Art. 11, diversas condutas como crime de responsabilidade do Prefeito, entre elas o não atendimento, ainda que justificado, a pedido de informações da Câmara Municipal, inclusive com previsão de afastamento imediato do Prefeito a partir da abertura do processo político.</p><p>Informou, também, que a mesma Lei Orgânica, em seu Art. 12, contém previsão que define a competência de processamento e julgamento do Prefeito pelo cometimento de crimes comuns perante Justiça Estadual de primeira instância.</p><p>Por fim, informou que, em razão de disputa política local, houve recente representação oferecida por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar processo de apuração de crime de responsabilidade com fundamento no referido Art. 11 da Lei Orgânica, a qual poderá ser analisada a qualquer momento.</p><p>II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é a ação de controle concentrado eficaz contra ato normativo municipal anterior à Constituição quando não houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade nos termos do art. 1º, inc. I c/c 4º, § 1º, todos da Lei nº 9.882/99.</p><p>Sendo assim, é a ação indicada para combater o ato municipal impugnado, no caso, o Art. 11 e Art. 12 da Lei Orgânica do Município Alfa.</p><p>O Supremo Tribunal Federal é o órgão judicial competente para processar e julgar a</p><p>referida ação, conforme o Art. 102, § 1º, da CRFB/88 c/c o Art. 1º da Lei nº 9.882/99.</p><p>A legitimidade do partido político decorre de sua representação no Congresso Nacional, na forma do Art. 2º, inciso I, da Lei nº 9.882/99 c/c o Art. 103 da CRFB/88.</p><p>Os arts 11 e 12 da Lei Orgânica Municipal são incompatíveis com o atual ordenamento jurídico, pois violou os seguintes preceitos fundamentais da CRFB/88:</p><p>Primeiro, violou o Art. 2º, que trata do princípio da separação de poderes;</p><p>Segundo, violou o Art. 22, inciso I, que trata da competência legislativa exclusiva da União;</p><p>Terceiro, violou o Art. 29, caput e inciso X, que dispõem sobre os municípios e sobre as respectivas leis orgânicas, as quais devem observar os preceitos da Constituição da Republica, especialmente garantindo aos Prefeitos a prerrogativa de foro perante o Tribunal de Justiça em crimes comuns.</p><p>Ademais, a Súmula Vinculante 46 do STF afirma que a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União.</p><p>III - DA MEDIDA CAUTELAR</p><p>A medida cautelar em sede de ADPF está fundamentada no Art. 5º, § 3º da Lei 9.882/99.</p><p>O fumus boni iuris está configurado pela gravidade da lesão a preceitos fundamentais apresentado dos argumentos de mérito acima.</p><p>E o periculum in mora está presente devido ao risco de ineficácia da medida se concedida apenas ao final.</p><p>IV - DOS PEDIDOS</p><p>Ante o exposto, o Partido Beta requer:</p><p>a) que seja concedida a medida cautelar para sustar a eficácia do Art. 11 e, por consequência, suspender o trâmite da representação por crime de responsabilidade oferecida em desfavor do Prefeito, nos termos do art. 5º, § 3º, da Lei 9.882/99;</p><p>b) ao final, o julgamento pela procedência da arguição para declarar a incompatibilidade dos artigos 11 e 12 da Lei Orgânica de 30 de maio de 1985 do Município Alfa com a CRFB/88;</p><p>c) que sejam ouvidos a Câmara do Município Alfa e o Prefeito do Município Alfa, nos termos do art. 5º, § 2º, da Lei 9.882/99;</p><p>d) que seja ouvido o Procurador-Geral da República, nos termos do art. 7º, § único, da Lei 9.882/99;</p><p>e) que sejam juntados os documentos anexos, nos termos do art. 3º, § único, da Lei 9.882/99.</p><p>V - DO VALOR DA CAUSA</p><p>Valor da causa de acordo com o art. 292 do CPC/15.</p><p>Nestes termos,</p><p>Pede deferimento.</p><p>Local... e data…</p><p>Advogado…</p><p>OAB nº...</p>