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<p>Copyright © 2022, by Beatriz Rosa Pinheiro dos Santos, Ieda Pelógia Martins Damian e</p><p>Taciana Maria Lemes de Luccas</p><p>Direitos Reservados em 2022 por Editora Interciência Ltda.</p><p>Diagramação: Maria de Lourdes de Oliveira</p><p>Revisão Ortográfica: Patricia Mota</p><p>Lara Alves</p><p>Capa: Equipe Interciência</p><p>CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte</p><p>Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios,</p><p>sem autorização por escrito da editora.</p><p>www.editorainterciencia.com.br</p><p>PREFÁCIO</p><p>Ao receber o convite para prefaciar esta obra, senti uma imensa</p><p>satisfação. Primeiro, pelo fato de se tratar de uma coletânea com</p><p>grandes nomes da ciência da informação no Brasil. Pesquisadores</p><p>que se dedicam a fortalecer o campo e contribuir com suas</p><p>pesquisas e publicações para construção de conceitos e métodos, que</p><p>são amplamente debatidos e replicados nas pesquisas brasileiras.</p><p>Segundo, pelo tema do livro, por apresentar a relação da ciência da</p><p>informação com a minha área de formação, que é a administração, o</p><p>que me deixou tranquila e feliz em prefaciar. A administração foi,</p><p>para mim, uma área que abriu muitas portas, mas principalmente a</p><p>da docência, na qual hoje me encontro e com a qual me identifico</p><p>imensamente.</p><p>Dito isso, esta obra traz importante contribuição, pois, sendo uma</p><p>área interdisciplinar, a relação da ciência da informação com a</p><p>administração é facilmente perceptível em quaisquer ambientes nos</p><p>quais a gestão, em sua complexidade, se faça presente. Seja em</p><p>bibliotecas, arquivos, museus ou outros ambientes informacionais,</p><p>quer físicos ou virtuais, faz-se necessário pensar a ciência da</p><p>informação em permanente diálogo com áreas, como a</p><p>administração, que contribuem para a compreensão de fenômenos</p><p>que envolvem a informação relacionada às pessoas, à liderança, à</p><p>tomada de decisão, à comunicação e a tantos outros processos que</p><p>se desenvolvem no ambiente organizacional.</p><p>Nestas páginas, em diferentes capítulos, os leitores poderão</p><p>encontrar elementos que vão contribuir para entender como tratar</p><p>a gestão no âmbito de diferentes instituições, observando a</p><p>informação como objeto central em sua interrelação com os</p><p>processos gerenciais. Assim, os doze capítulos que compõem esta</p><p>coletânea serão úteis a profissionais da informação e a outros</p><p>profissionais que estejam pesquisando ou que tenham a intenção de</p><p>investigar as relações interdisciplinares entre esses dois campos do</p><p>conhecimento, pela visão de quem se dedica aos estudos que</p><p>compreendem a ciência da informação e a administração como</p><p>áreas correlatas.</p><p>No primeiro capítulo, intitulado Mediação, gestão e</p><p>interdisciplinaridade, de autoria de Oswaldo Francisco de Almeida</p><p>Júnior e João Arlindo dos Santos Neto, é apresentada a interrelação</p><p>teórica entre a mediação da informação e a gestão da informação e</p><p>do conhecimento, a partir de uma abordagem interdisciplinar.</p><p>Nesse sentido, os autores apontam para a importância da</p><p>apropriação da informação no contexto das instituições, dentre as</p><p>quais as bibliotecas, além de destacar que a relação entre ciência da</p><p>informação, biblioteconomia e administração tem-se concretizado</p><p>nos Programas de Pós-Graduação, que possuem áreas de</p><p>concentração ou linhas de pesquisas voltadas para a gestão.</p><p>Concluem que essa interdisciplinaridade tem demonstrado maior</p><p>uso de teorias e metodologias de outras áreas na ciência da</p><p>informação do que seu inverso, mesmo que essa condição seja</p><p>considerada temporária.</p><p>No capítulo dois, de autoria de Niembo Maria Daniel e Marta</p><p>Lígia Pomim Valentim, intitulado O papel do profissional contábil</p><p>na mediação da informação voltada à tomada de decisão</p><p>empresarial, vemos novamente a interrelação entre administração,</p><p>ciência da informação, neste caso, com a contabilidade, pois se</p><p>constitui tripé essencial ao processo gerencial em qualquer</p><p>organização pública, privada ou mesmo do terceiro setor. Os autores</p><p>trazem como objetivo apresentar o papel do profissional contábil no</p><p>processo de mediação da informação voltado à tomada de decisão</p><p>gerencial. Interessante notar que os autores classificam o</p><p>profissional contábil como um mediador e um profissional da</p><p>informação, pois é o responsável técnico em processar os fluxos</p><p>informacionais formais, além de orientar a organização quanto à</p><p>qualidade da informação contábil, assim como ajudar os gestores na</p><p>tomada de decisão. Localizam, no universo contábil, a ocorrência de</p><p>fluxos de informação por onde circulam informações variadas que</p><p>servem a diferentes atores que compõem esse processo. Ao</p><p>finalizarem, afirmam que a mediação da informação realizada por</p><p>esses profissionais não pode se efetivar sem estar calcada na ética</p><p>p p</p><p>profissional e na fidedignidade das informações que dão suporte aos</p><p>gestores na tomada de decisão em âmbito organizacional.</p><p>O terceiro capítulo, intitulado Gestão de documentos como</p><p>ferramenta para as rotinas administrativas: o caso das fiscalizações</p><p>governamentais, de autoria de Maria Fabiana Izídio de Almeida,</p><p>Marcia Cristina de Carvalho Pazin Vitoriano e Luciana Davanzo,</p><p>tem como objetivo central debater a gestão de documentos e a sua</p><p>contribuição para o atendimento das fiscalizações governamentais. A</p><p>partir da análise da bibliografia, as autoras apresentam a</p><p>importância da gestão de documentos no apoio às organizações</p><p>privadas, seja no tocante à tomada de decisões, assim como em</p><p>situação de fiscalização por parte dos órgãos governamentais, o que</p><p>reforça a necessidade de investimento dessas organizações para</p><p>promoção de uma eficaz gestão documental.</p><p>No quarto capítulo, Marcia Cristina de Carvalho Pazin Vitoriano</p><p>escreve sobre Centros de memória: produtos a serviço da</p><p>comunicação, da cultura e do conhecimento organizacional, onde</p><p>apresenta e discute sobre produtos elaborados a partir da memória</p><p>organizacional, identificando benefícios relevantes à comunicação, à</p><p>cultura organizacional e à preservação e criação de conhecimento</p><p>técnico especializado. Segundo a autora, há diferenças entre</p><p>memória institucional e memória organizacional, sendo esta última</p><p>relacionada ao registro do conhecimento, à preservação e à gestão</p><p>da informação que pode ser aplicada na gestão organizacional com</p><p>vistas a fortalecer a memória institucional. Por fim, a autora destaca</p><p>que o incentivo à memória organizacional é útil não apenas para</p><p>aprimorar a reputação da organização como suporte ao</p><p>desenvolvimento de uma cultura organizacional, assim como na</p><p>implementação de projetos que visem a promoção da gestão do</p><p>conhecimento, privilegiando o conhecimento acumulado pelas</p><p>pessoas, mas também nos registros que compõem os repositórios</p><p>institucionais.</p><p>O capítulo cinco, intitulado A competência em informação</p><p>(CoInfo) utilizada como instrumento estratégico no desempenho</p><p>dos gestores organizacionais, de autoria de Vanessa Cristina Bissoli</p><p>dos Santos, Cristiana Aparecida Portero Yafushi e Regina Célia</p><p>p g</p><p>Baptista Belluzzo, aborda a utilização da CoInfo no ambiente</p><p>organizacional e seu potencial como instrumento estratégico</p><p>relevante no desempenho das ações de gestão. Ao gerenciar</p><p>recursos tangíveis e intangíveis, vê-se que os gestores empreendem</p><p>tanto a gestão da informação como a gestão do conhecimento no</p><p>ambiente organizacional e, para tanto, os gestores necessitam</p><p>desenvolver novas competências em seus colaboradores para que</p><p>saibam lidar com a informação em um ambiente dinâmico e</p><p>competitivo. Concluem que a CoInfo tem potencial para alavancar o</p><p>desempenho dos gestores e motivar a cultura da aprendizagem</p><p>contínua e significativa em todos os níveis organizacionais.</p><p>No sexto capítulo, de autoria de Sara Barbosa Gazzola e Camila</p><p>Araújo dos Santos, intitulado A competência em informação</p><p>(CoInfo) do profissional contábil como agente mediador da</p><p>informação, as autoras destacam as mudanças na atuação do</p><p>profissional contábil na atualidade, motivadas especialmente pelo</p><p>avanço tecnológico, fato que requer o desenvolvimento da</p><p>competência</p><p>e do conhecimento nas organizações. In:</p><p>ENCONTRO DE PESQUISA EM INFORMAÇÃO E MEDIAÇÃO,</p><p>2. 2015. Anais (...). Marília: UNESP, 2015. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 23 jun. 2020.</p><p>DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Ecologia da informação: por que</p><p>só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São</p><p>Paulo: Futura, 1998.</p><p>FIGUEIREDO, N. M. 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Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 05 fev. 2019.</p><p>PINHEIRO, L. V. R. Ciência da Informação: desdobramentos</p><p>disciplinares interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. In:</p><p>GONZALEZ DE GOMEZ, M. N.; ORRICO, E. G. D. (Org.).</p><p>Políticas de memória e informação: reflexos na organização do</p><p>conhecimento, Natal: EDUFRN, p. 111-141, 2006.</p><p>PINHEIRO, M. M. K. Mediações hibridas para uma gestão da</p><p>informação compartilhada. Informação & Informação, Londrina, v.</p><p>13, n. 1, p. 39-51, jul./dez. 2008. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 22 jan. 2018.</p><p>SANTOS, B. R. P.; DAMIAN, Ieda Pelógia Martins; DEL-MASSA,</p><p>H. C. O. A gestão da informação nas Unidades de Saúde da Família</p><p>com apoio da mediação da informação: uma exploração da</p><p>negociação cultural. In: A MEDICINA NA ERA DA</p><p>INFORMAÇÃO, 4. 2017, Porto. Anais (...). Porto: 2017.</p><p>SANTOS, J. C. Memória organizacional: o valor da informação</p><p>como negócio/commodity. Orientadora: Marta Lígia Pomim Valentim.</p><p>2019. 223 p. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) –</p><p>Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista,</p><p>Marília, 2019. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>22 jun. 2020.</p><p>SANTOS, R. R. Gestão dos dispositivos de comunicação da web</p><p>social: potencializando as atividades de mediação da informação e</p><p>do conhecimento em bibliotecas universitárias brasileiras. 2015. 305</p><p>p. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade</p><p>Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 04 fev. 2018.</p><p>SANTOS NETO, J. A. O estado da arte da mediação da</p><p>informação: uma análise histórica da constituição e</p><p>desenvolvimento dos conceitos. Orientador: Oswaldo Francisco de</p><p>Almeida Júnior. 2019. 460 p. Tese (Doutorado em Ciência da</p><p>Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade</p><p>Estadual Paulista, Marília, 2019. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>22 jun. 2020.</p><p>SANTOS NETO, J. A.; SANTOS, J. C.; NASCIMENTO, N. M.</p><p>Gestión de la información en las revistas de Brasil y Argentina: un</p><p>análisis de la última década. Palabra Clave (La Plata), v. 7, n. 1, p.</p><p>e037-e037, 2017.</p><p>SANTOS NETO, J. A. et alii. Interdisciplinaridade no contexto da</p><p>Ciência da Informação: correntes e questionamentos. Em Questão,</p><p>Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 9-35, jan./abr. 2017. Disponível em:</p><p>. Acesso</p><p>em: 22 jun. 2020.</p><p>SILVA, A. M. S. A informação: da compreensão do fenómeno a</p><p>construção do objecto científico. Porto: CETAC.COM; Edições</p><p>Afrontamento, 2006.</p><p>VALENTIM, M. L. P. Gestão da Informação e Gestão do</p><p>Conhecimento em ambientes organizacionais. Tendências da</p><p>Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, 2008.</p><p>1 “O conhecimento tácito se divide em duas dimensões, sendo: a primeira técnica – know-</p><p>how, e a segunda cognitiva, modelos mentais, cultura que reflete a dimensão humana do</p><p>conhecimento tácito. Por outro lado, o conhecimento explícito é o conhecimento</p><p>externalizado que pode ser registrado em distintos suportes” (SANTOS, 2019).</p><p>2 “(...) local onde ocorre a mediação entre a necessidade informacional do usuário e a</p><p>informação, mediação essa concretizada a partir de todo um trabalho técnico</p><p>desenvolvido por todos os setores da biblioteca” (ALMEIDA JÚNIOR, 2003).</p><p>3 Em 1876, em uma conferência na Filadélfia, intitulada The desirableness of establishing</p><p>personal intercourse and relations between librarians and readers in popular libraries, a ideia de</p><p>serviço de referência foi apresentada (ALMEIDA JÚNIOR, 2003; ARAÚJO, 2014;</p><p>SANTOS NETO, 2019).</p><p>4 Esses dados foram extraídos da tese de Santos Neto (2019), de que constam todas as</p><p>áreas de concentração e linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação na área de</p><p>ciência da informação e afins no Brasil.</p><p>2</p><p>O Papel do Pro�ssional Contábil na Mediação da</p><p>Informação Voltada à Tomada de Decisão</p><p>Empresarial</p><p>Niembo Maria Daniel</p><p>Marta Lígia Pomim Valentim</p><p>2.1 INTRODUÇÃO</p><p>Vivemos em uma era em que o excesso de informação é</p><p>significativo, gerando situações críticas para as pessoas que dela</p><p>dependem. Nesse contexto, o papel do profissional da informação é</p><p>de extrema responsabilidade, pois ele deve ser mediador de</p><p>informações fidedignas e confiáveis. Compreendendo que a</p><p>informação gera conhecimento e que este, por sua vez, não é</p><p>construído isoladamente pelo indivíduo, mas, sim, na relação com</p><p>os outros, no ambiente organizacional, as informações produzidas</p><p>pelo profissional contábil visam não somente a tomada de decisão</p><p>interna mas também propiciam que as organizações respondam de</p><p>maneira eficiente e eficaz às distintas demandas de seus stakeholders.</p><p>Nessa perspectiva, este capítulo pretende apresentar o papel do</p><p>profissional contábil no processo de mediação da informação</p><p>voltado à tomada de decisão gerencial.</p><p>As informações geradas na contabilidade podem ser financeiras,</p><p>econômicas e contábeis. Destaca-se, assim, a complexidade das</p><p>informações que transitam no ambiente contábil das organizações,</p><p>demandando que sejam bem gerenciadas, atendendo legislações,</p><p>normas e princípios aceitos internacionalmente, de modo que</p><p>subsidiem os diferentes usuários em suas tomadas de decisão e</p><p>aplicações tanto no ambiente organizacional quanto nos organismos</p><p>de controle externos à organização.</p><p>O mediador desses tipos de informação são os contadores ou</p><p>cientistas</p><p>contábeis. O profissional contábil pode ser considerado</p><p>um profissional da informação, pois é o responsável técnico em</p><p>processar os fluxos informacionais formais, além de orientar a</p><p>organização quanto à qualidade da informação contábil, exigida</p><p>principalmente pelo fisco e para apuração correta dos resultados</p><p>obtidos pela organização.</p><p>Barboza e Roa (2018) explicam que, com o surgimento do</p><p>comércio, se instala a necessidade de o registro de diferentes</p><p>informações inerentes às transações comerciais, tornando a</p><p>contabilidade mais do que o mero registro das transações realizadas:</p><p>ela torna-se um importante instrumento de gestão. Além disso, com</p><p>o surgimento do mercado de capitais, a contabilidade ganhou maior</p><p>importância, sendo utilizada para a transmissão de informações</p><p>contábeis aos acionistas de modo transparente, confiável, consistente</p><p>e fidedigno. Os autores supracitados acrescentam que a informação</p><p>contábil tem por objetivo o estudo das variações tanto quantitativas</p><p>quanto qualificativas do patrimônio. Conforme mencionado, a</p><p>contabilidade atua com diversos tipos de informações, como a</p><p>informação econômica, financeira, tributária, etc., sendo preparadas</p><p>pelo contador em distintos formatos como, por exemplo, em</p><p>resumos, relatórios, balanços, entre outros, que, por sua vez, são</p><p>disseminados aos gestores ou clientes (no caso de o profissional</p><p>contábil trabalhar por conta própria), auxiliando a tomada de</p><p>decisão e a definição de estratégias de curto, médio e longo prazos.</p><p>2.2 CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE GESTÃO PARA A</p><p>TOMADA DE DECISÃO</p><p>A contabilidade é uma ciência de natureza econômica, cujas</p><p>funções são o registro, o controle, a avaliação, a previsão e a análise</p><p>dos fatos patrimoniais, ocorridos nas unidades econômicas internas,</p><p>com vista à obtenção de informações fundamentais à gestão dessas</p><p>unidades (LOUSÃ, 2009). Além disso, a contabilidade é entendida</p><p>como uma ciência que estuda e controla o patrimônio das</p><p>organizações, visando a demonstração expositiva e a interpretação</p><p>dos fatos ocorridos, com a finalidade de oferecer informações sobre</p><p>a sua composição e variação, bem como sobre o resultado</p><p>econômico decorrente (BORGES et alii, 2014).</p><p>A informação objeto do trabalho da contabilidade pode ser</p><p>dividida em dois tipos (quadro 2.1):</p><p>QUADRO 2.1 Divisão da contabilidade</p><p>Contabilidade Financeira ou Externa Contabilidade Analí�ca ou Industrial</p><p>Informação externa, direcionada aos usuários</p><p>externos para tomada de decisão que tem a ver</p><p>com as obrigações que a organização tem com</p><p>os stakeholders externos. Exemplos: clientes,</p><p>fornecedores, bancos, governo, etc.</p><p>Informação interna, direcionada aos usuários</p><p>internos para tomada de decisão interna à</p><p>organização, a �m de mantê-la no mercado.</p><p>São informações voltadas ao negócio, ou seja,</p><p>aos lucros. Ex.: gestores, acionistas.</p><p>Normalização / Obrigatoriedade / Legalidade</p><p>– Tem caráter obrigatório.</p><p>– Segue a normalização nacional ou</p><p>internacional.</p><p>– Obedece uma periodicidade (anual ou</p><p>semestral).</p><p>– Visa propósitos gerais.</p><p>– Tem um caráter não obrigatório.</p><p>– Não segue parâmetros legais.</p><p>– Visa um propósito parcial e interno.</p><p>Fonte: Adaptado de Borges et alii (2014).</p><p>Barboza e Roa (2018) afirmam que as informações contábeis</p><p>internas são gerenciadas no contexto organizacional, por meio de</p><p>relatórios próprios e de sistemas automatizados. As informações</p><p>disseminadas aos clientes se transformam em conhecimento que,</p><p>por sua vez, subsidia a tomada de decisão e melhora as atividades e</p><p>estratégias da organização. Veja o detalhamento das funções da</p><p>contabilidade (quadro 2.2).</p><p>QUADRO 2.2 Funções da contabilidade</p><p>Funções da</p><p>Contabilidade</p><p>De�nições</p><p>Registro Registra todas as informações geradas no contexto organizacional que são</p><p>voltadas às transações �nanceiras, contábeis, econômicas e patrimoniais.</p><p>Controle Controla a situação �nanceira e econômica da organização.</p><p>Avaliação Avalia o patrimônio da organização e de toda a sua a�vidade.</p><p>Previsão Prevê o futuro da organização, no intuito de manter a situação �nanceira</p><p>estável, prevenir e se preparar para possíveis riscos.</p><p>Análise Analisa os registros da organização, a �m de tomar decisões mais e�cientes.</p><p>Fonte: Adaptado de Lousã (2009).</p><p>Nessa perspectiva, a preparação das informações bem como a</p><p>atuação do profissional contábil estão diretamente relacionadas às</p><p>funções descritas no quadro 2.2 e, por sua vez, as funções de</p><p>controle, avaliação, previsão e análise subsidiam as decisões tomadas</p><p>no âmbito gerencial e estratégico. Sendo assim, o objetivo da</p><p>contabilidade é fornecer informações financeiras e econômicas aos</p><p>diferentes usuários, a fim de que eles tomem decisões eficientes que</p><p>propiciem a continuidade da organização ao longo do tempo.</p><p>Conforme mencionado anteriormente, essas informações são</p><p>preparadas com base em legislações e normas internacionalmente</p><p>aceitas, de maneira que possibilitem a comparabilidade e, assim,</p><p>distintos usuários possam ler e compreender. Para tanto, o</p><p>documento que o profissional contábil deve dominar, além das</p><p>normas, é o denominado plano nacional de contas que, por sua vez,</p><p>é adaptável em cada país.</p><p>A informação contábil pode ser disseminada de diferentes</p><p>formas, mas geralmente é feita por meio de demonstrações</p><p>financeiras, relatórios e outros documentos contábeis, cuja</p><p>periodicidade pode ser diária, semanal, mensal, trimestral,</p><p>semestral e/ou anual, subsidiando a tomada de decisão. Após</p><p>preparadas a partir das funções, normas e características, as</p><p>informações contábeis são apresentadas nos seguintes documentos</p><p>obrigatórios por lei: a) balanço, constituído em uma demonstração</p><p>financeira que espelha a posição financeira da organização em um</p><p>dado período; b) demonstração dos resultados, constituído em um</p><p>documento que demonstra como a organização chegou aos</p><p>resultados (lucro ou prejuízo) obtidos. É importante que a</p><p>informação fornecida aos usuários, por meio dos diversos</p><p>documentos contábeis, tenha recebido um tratamento ético e seja</p><p>dotada de consistência, confiabilidade e fidedignidade para que as</p><p>decisões possam ser tomadas com segurança e sejam de fato</p><p>relevantes e apropriadas para o contexto vivenciado pela</p><p>organização.</p><p>Dantas e Ramos (2018 apud VAEZI et alii, 2016) salientam que a</p><p>satisfação do usuário é fundamental, sendo considerada como um</p><p>indicador importante de avaliação do trabalho do profissional</p><p>contábil e dos instrumentos que utiliza como, por exemplo, os</p><p>sistemas de informação.</p><p>Vale destacar que os usuários se apropriam da mesma informação</p><p>financeira, no entanto, como os interesses são diferenciados, a</p><p>tomada de decisão e a sua aplicação são distintas (quadro 2.3).</p><p>QUADRO 2.3 Os usuários da informação contábil</p><p>Usuários Descrição</p><p>1. Acionistas As decisões tomadas se relacionam aos resultados da organização.</p><p>2. Inves�dores e</p><p>par�cipantes do mercado</p><p>�nanceiro</p><p>As decisões tomadas relacionam-se à atuação dos gestores, ou</p><p>seja, como estão gerenciando as a�vidades e estratégias</p><p>organizacionais.</p><p>3. Ins�tuições �nanceiras Analisam a solvabilidade da organização, a �m de medir se ela tem</p><p>capacidade de fazer retorno dos diversos emprés�mos a conceder.</p><p>4. Fisco (governo) As decisões tomadas relacionam-se ao resultado ob�do pela</p><p>organização no intuito da aplicação tributária.</p><p>5. Clientes Veri�cam se seus pedidos são atendidos em acordo com os</p><p>critérios pré-de�nidos pela organização.</p><p>6. Fornecedores Analisam a capacidade da organização em manter o vínculo</p><p>comercial e se a organização garante o pagamento no tempo</p><p>estabelecido entre ambos.</p><p>7. Público A sociedade veri�ca se há garan�a de desenvolvimento local.</p><p>Fonte: Adaptado de Miranda e Diniz (2014).</p><p>As informações financeiras devem ser compreensíveis aos</p><p>usuários interessados, de modo que possam ajudar a executar e a</p><p>cumprir o planejamento, pois quanto melhores forem as</p><p>informações financeiras, mais claras e decisivas serão as decisões</p><p>tomadas (BARBOZA; ROA, 2019). Embora os usuários tenham</p><p>interesses diferenciados, suas</p><p>decisões impactam o desenvolvimento</p><p>da organização. Por essa razão, se houver inconsistência na</p><p>informação disseminada, ela pode causar situações desastrosas.</p><p>Em termos contábeis, a organização fornece informação a</p><p>distintos usuários que, por sua vez, é representada por códigos,</p><p>visando facilitar o trabalho do contador e possibilitando maior</p><p>compreensão entre esses profissionais. Nesse intuito, elaboram o</p><p>denominado plano geral de contabilidade, mas vale destacar que</p><p>cada país o ajusta à sua realidade. Contudo, para que a informação</p><p>fornecida aos usuários seja relevante, por meio de distintos</p><p>documentos exigidos pela legislação de cada país, é primordial que</p><p>a informação possua as seguintes características (CAMPOS et alii,</p><p>2005):</p><p>1. Relevância: tem a ver com a qualidade da informação que, por</p><p>sua vez, se repercute na tomada de decisão dos usuários,</p><p>ajudando-os na avaliação dos fatos passados, presentes e</p><p>propicie prever o futuro. Por outro lado, uma informação</p><p>relevante possibilita que o contador ou o gestor consiga corrigir</p><p>decisões inadequadas.</p><p>2. Fiabilidade: a informação fornecida aos usuários não pode</p><p>conter erros primários como, por exemplo, de digitação de um</p><p>número, principalmente, quando se trata de dinheiro.</p><p>3. Comparabilidade: a informação fornecida nas demonstrações</p><p>financeiras deve ser susceptível à comparação de um ano ao</p><p>outro. Trata-se exatamente de dados financeiros apresentados</p><p>como, por exemplo, no balanço da organização referente ao</p><p>exercício para outro ou entre organizações.</p><p>As funções apresentadas no quadro 2.3 evidenciam que as</p><p>informações contábeis devem ser claras, seguras e que representem</p><p>a real situação da organização. Portanto, a informação contábil é</p><p>relevante quando é capaz de influenciar as decisões tomadas pelos</p><p>usuários informacionais, tendo em conta as três características</p><p>supracitadas (BOMFIM et alii, 2016).</p><p>2.3 INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO COMO DIFERENCIAL</p><p>COMPETITIVO</p><p>A informação, na era atual, é um recurso fundamental que afeta</p><p>diretamente o processo decisório, pois, por meio da informação, é</p><p>possível gerar conhecimento no contexto organizacional. As</p><p>informações geradas pela contabilidade são pertinentes, uma vez</p><p>que subsidiam os gestores na tomada de decisão voltada ao</p><p>desenvolvimento das atividades cotidianas e ao planejamento de</p><p>estratégias de curto, médio e longo prazos. Sendo assim, isso implica</p><p>a responsabilidade dos profissionais contábeis no que concerne à</p><p>preparação dessas informações, uma vez que qualquer</p><p>inconsistência pode ser fatal na decisão dos gestores. “A única</p><p>certeza é que o uso da informação diminui a insegurança e a</p><p>incerteza do sujeito cognoscente, consequentemente, afeta o</p><p>processo decisório e as estratégias e ações organizacionais”</p><p>(VALENTIM, 2008).</p><p>Entendemos, por outro lado, que é importante a competência em</p><p>informação tanto para o contador quanto para os usuários, pois um</p><p>indivíduo com competência em informação possui conhecimentos,</p><p>habilidades, atitudes e capacidades relacionadas à busca, ao acesso, à</p><p>recuperação, à avaliação, à análise, à comunicação e ao uso</p><p>inteligente, responsável e ético de informações para a construção de</p><p>conhecimento, resolução de problemas, tomada de decisões,</p><p>compreensão da realidade, exercício da cidadania, entre outros</p><p>(SANTOS, 2019). A competência em informação para o profissional</p><p>de contabilidade possibilita que ele gere e dissemine informações</p><p>aos gestores alicerçadas na ética e na responsabilidade e, por sua</p><p>vez, os gestores serão competentes em informação para avaliarem a</p><p>consistência, confiabilidade e fidedignidade da informação recebida.</p><p>Abell et alii (2004) destacam que a competência em informação</p><p>consiste em: a) necessidade de informação; b) recursos disponíveis;</p><p>c) encontrar a informação; d) avaliar os resultados; e) trabalhar com</p><p>os resultados e explorá-los; f) ética e responsabilidade na utilização;</p><p>g) comunicar e compartilhar os resultados; h) gerenciar o que foi</p><p>encontrado.</p><p>Em qualquer setor nos dias de hoje, a competência em</p><p>informação é cada vez mais baseada na capacidade de transformar</p><p>informação em conhecimento, e o conhecimento em decisões e</p><p>ações (LIRA; DUARTE, 2013). Valentim (2008) afirma que a</p><p>informação e o conhecimento são insumos do fazer organizacional e,</p><p>portanto, são fundamentais para o processo decisório. A mesma</p><p>autora, ainda, afirma que não é possível separar informação de</p><p>conhecimento, pois um alimenta o outro. A mediação da informação</p><p>pelo profissional de contabilidade visa a gestão da informação com</p><p>qualidade, a fim de que os gestores criem conhecimentos para</p><p>definir as estratégias da organização.</p><p>A gestão da informação e a gestão do conhecimento entendidas como ações</p><p>complementares, visto que a gestão da informação atua diretamente com os �uxos</p><p>formais da organização; seu foco é o negócio da organização e a sua ação é restrita às</p><p>informações consolidadas em algum tipo de suporte (impresso, eletrônico, digital), ou</p><p>seja, o que está explicitado, e a gestão do conhecimento atua diretamente com os</p><p>�uxos informais da organização; seu foco é o capital intelectual corporativo e a sua</p><p>ação é restrita à cultura e comunicação corporativa, ou seja, o que não está explicitado</p><p>(VALENTIM, 2008).</p><p>Outro elemento importante para que a informação se transforme</p><p>em conhecimento e, assim, possa subsidiar o processo decisório é a</p><p>cultura organizacional, pois, se ela não for adequada, é muito difícil</p><p>gerar conhecimento, uma vez que o comportamento dos sujeitos</p><p>organizacionais não está voltado a isso. A cultura organizacional</p><p>exerce forte influência sobre o desempenho de qualquer tipo de</p><p>organização, pois ela é o alicerce mais significativo para que o</p><p>ambiente possa se adaptar com êxito às mudanças internas e</p><p>externas. Essa importância é determinada por um conjunto de</p><p>elementos, tais como: valores, crenças, ritos, mitos, normas, entre</p><p>outros, que influem no comportamento dos sujeitos organizacionais</p><p>(SANTOS; VALENTIM, 2013). Para Takeuchi e Nonaka (2008),</p><p>tornar o conhecimento pessoal disponível aos outros se constitui em</p><p>atividade central de uma organização criadora de conhecimento e</p><p>deve ser contínuo envolvendo todos os níveis de uma determinada</p><p>organização. “O conhecimento é decorrente da interpretação da</p><p>informação e de sua utilização para gerar novas ideias, resolver</p><p>problemas ou tomar decisões, e existe quando uma informação é</p><p>explicada e suficientemente compreendida por alguém” (LIRA;</p><p>DUARTE, 2013, apud LIRA, 2007).</p><p>Quando a informação é gerenciada de maneira correta, é possível</p><p>organizá-la de modo coerente e lógico, disseminando-a aos</p><p>interessados para que possam usá-la de maneira eficiente e, dessa</p><p>forma, o indivíduo consegue compartilhar seu conhecimento aos</p><p>demais membros da organização, auxiliando na tomada de decisão e</p><p>contribuindo para o desenvolvimento organizacional (BARBOZA;</p><p>ROA, 2018).</p><p>A busca de informação, principalmente de caráter financeiro, em</p><p>um mercado competitivo, constitui-se em diferencial para os</p><p>gestores tomarem decisões que lhes possibilitem manter a</p><p>organização no mercado e, assim, ela possa obter vantagem</p><p>competitiva. Para que a informação seja de fato proveitosa, é</p><p>necessário que o profissional contábil, dotado de competência em</p><p>informação, possa mediá-la eficientemente, a fim de garantir a</p><p>confiabilidade necessária aos gestores da organização.</p><p>2.4 TOMADA DE DECISÃO NO AMBIENTE EMPRESARIAL</p><p>A tomada de decisão faz parte do cotidiano de qualquer pessoa,</p><p>podendo ser de interesse individual ou coletivo. “Nas organizações</p><p>o processo decisório é mais visível por ser constante, além de</p><p>possuir extrema relevância organizacional, visto que uma tomada de</p><p>decisão errada pode ser fatal para a organização, gerando</p><p>transtornos de grande magnitude” (LOUSADA; VALENTIM,</p><p>2008). Uma decisão tomada de maneira inadequada recairá de</p><p>algum modo sobre o profissional responsável pela disseminação da</p><p>informação; sendo assim, o profissional contábil tem expressiva</p><p>responsabilidade no contexto da tomada de decisão, uma vez que as</p><p>informações, contábeis, financeiras e econômicas são extremamente</p><p>importantes para tomadas de decisão estratégicas.</p><p>“O conhecimento sobre a existência de um problema e sobre a</p><p>necessidade de uma decisão depende da percepção da pessoa”, ou</p><p>seja, a tomada de decisão individual está inter-relacionada ao</p><p>comportamento organizacional. A maneira com que as decisões são</p><p>tomadas e a qualidade das decisões depende muito da percepção do</p><p>tomador de decisão (LOUSADA; VALENTIM, 2008, apud</p><p>ROBBINS, 2005). Se existir percepção por parte do indivíduo, a</p><p>informação pode propiciar a geração de conhecimento para quem</p><p>se apropria dela tanto em formato físico, eletrônico ou digital, pois</p><p>não existe informação sem conhecimento e vice-versa.</p><p>A tomada de decisão perpassa todos os setores de uma</p><p>organização e, de acordo com o nível hierárquico, há variações do</p><p>grau de importância, geralmente, as decisões mais relevantes são</p><p>realizadas no nível estratégico, enquanto aquelas mais rotineiras e</p><p>menos comprometedoras são executadas no nível operacional. O</p><p>grau de risco também obedece a esse nível de hierarquia</p><p>(LOUSADA; VALENTIM, 2008).</p><p>Nassif (2013, apud DANTAS; RAMOS, 2018) esclarece que “(...) as</p><p>decisões são centrais, mas é o decisor que deverá fazer o trabalho de</p><p>colocar a organização em um novo patamar de competitividade”.</p><p>No ambiente informacional, não há como tomar uma decisão</p><p>adequada se não houver uma gestão efetiva da informação, por</p><p>meio de sistemas de informação que possam gerenciá-la e</p><p>disponibilizá-la do melhor modo possível, em atendimento às</p><p>necessidades dos usuários da organização.</p><p>2.5 PROFISSIONAL CONTÁBIL E A MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO</p><p>O excesso de informação na atualidade, acompanhado das</p><p>grandes transformações políticas, econômicas, tecnológicas, entre</p><p>outras, exigem que os sujeitos organizacionais se adaptem a esta</p><p>nova realidade, de modo que possam sobreviver e tomarem decisões</p><p>de maneira mais assertiva. Nesse contexto, tratando-se da Era da</p><p>Informação e do Conhecimento, o excesso de informação impõe</p><p>que o usuário da informação saiba fazer escolhas mais adequadas,</p><p>pois vivencia-se um contexto em que existem informações falsas</p><p>(fake news), contrainformação e desinformação em distintos níveis.</p><p>Santos et alii (2019) afirmam que o usuário da informação deve ter</p><p>atenção não apenas em saber apropriar e fazer uso das informações</p><p>que recebe, mas deve principalmente saber distinguir o que é uma</p><p>informação confiável, fidedigna, que supra sua necessidade</p><p>informacional com segurança e que o subsidie na construção e no</p><p>compartilhamento de conhecimento, visando a interação com</p><p>outros sujeitos, ambientes e dispositivos. Os autores supracitados</p><p>destacam que os sujeitos sociais, independentemente das</p><p>caraterísticas que os distinguem, são usuários da informação, pois,</p><p>ao longo da vida, necessitam de informação para desempenharem</p><p>diferentes papéis sociais.</p><p>Partindo da ideia do Guinchat e Menou (1994), em que afirmam</p><p>que o usuário é importante no enriquecimento de qualquer sistema</p><p>de informação, Santos et alii (2019) afirmam que, a partir do</p><p>planejamento, da execução e da avaliação dos serviços/produtos</p><p>realizados em ambientes informacionais que, de fato, atendam às</p><p>necessidades informacionais dos usuários, a fim de se construir</p><p>novos conhecimentos e apoiar na tomada de decisões, é possível</p><p>proporcionar maior efetividade aos sistemas de informação de</p><p>qualquer natureza.</p><p>Almeida Júnior (2015) afirma que o profissional da informação</p><p>medeia a necessidade informacional do usuário e a informação que</p><p>pode suprir essa necessidade do usuário, pois este profissional é</p><p>responsável por planejar, organizar, disseminar de forma a</p><p>selecionar o que, de fato, é relevante, pertinente e útil ao usuário,</p><p>isto é, muita informação não é informação. No momento em que é</p><p>produzida a informação, o mediador a tem de forma implícita, já no</p><p>ato da apropriação e de seu uso, ou seja, o usuário a tem de forma</p><p>explícita criando outras possibilidades para a construção de</p><p>conhecimento. Esse processo de mediação possibilita a inter-relação</p><p>entre o conhecimento e a informação, gerando novo conhecimento,</p><p>e a mediação da informação tem um importante papel nessa</p><p>relação, já que interfere no processo. O profissional da informação é</p><p>um dos responsáveis pelo trabalho com a informação em</p><p>organizações de todos os tipos, portanto, precisa estar consciente da</p><p>importância da mediação (GARCIA; ALMEIDA JÚNIOR;</p><p>VALENTIM, 2011).</p><p>Almeida Júnior (2015) define a mediação da informação como</p><p>sendo a interferência de um profissional no processo de surgimento</p><p>e na identificação da necessidade do usuário e no auxílio e/ou na</p><p>resolução de um problema informacional. Assim, o usuário é o</p><p>elemento central das ações de interferência realizadas pelo</p><p>profissional, cujo objetivo central é apoiar o usuário em seu</p><p>desenvolvimento cognitivo, cultural e social.</p><p>O profissional contábil, como mediador da informação financeira</p><p>e econômica no ambiente organizacional, atua em acordo com a</p><p>legislação e com as normas contábeis vigentes para que a</p><p>informação subsidie a tomada de decisão. Assim, a norma contábil</p><p>tem por objetivo a uniformização dos princípios financeiros e</p><p>econômicos, entre outros aspectos afins de maneira a possibilitar a</p><p>comparabilidade das demonstrações financeiras, fornecendo</p><p>informação confiável para que os usuários tomem suas decisões</p><p>(LOPES et alii, 2016).</p><p>As atividades do contador quanto ao seu exercício são</p><p>regulamentadas em cada país como, por exemplo, em Angola, que é</p><p>regida por meio do Decreto Presidencial nº 232/2010, que aprova o</p><p>estatuto da ordem dos peritos e contadores daquele país. O governo</p><p>angolano considera o exercício da contabilidade como primordial</p><p>para o desenvolvimento político e econômico nacional e para todos</p><p>os agentes econômicos, nos quais inclui o próprio Estado enquanto</p><p>entidade diretamente interessada nas informações financeiras</p><p>produzidas por profissionais atuantes em diferentes organizações.</p><p>No que tange ao estatuto do contador de Angola, evidenciamos os</p><p>deveres do profissional contábil e os deveres com a organização em</p><p>que atua ou presta serviço (quadro 2.4).</p><p>QUADRO 2.4 Deveres do pro�ssional de contabilidade</p><p>Deveres do contabilista Deveres com a organização</p><p>Contribuir para o pres�gio da pro�ssão,</p><p>desempenhando de maneira consciente e</p><p>diligentemente as suas funções, evitando</p><p>qualquer atuação contrária à dignidade.</p><p>a) Executar todas as funções que lhe sejam</p><p>solicitadas e que se enquadrem no âmbito das</p><p>suas competências, desde que não sejam</p><p>contrárias à lei ou às disposições técnicas em</p><p>vigor.</p><p>b) Prestar todas as informações por elas</p><p>solicitadas.</p><p>c) Desempenhar conscienciosa e diligentemente</p><p>as funções.</p><p>Apenas podem aceitar a prestação de serviços</p><p>para os quais tenham capacidade bastante, de</p><p>modo a poderem executá-las de acordo com</p><p>as normais legais e técnicas.</p><p>a) Abster-se de qualquer procedimento que</p><p>ponha em causa en�dades para as quais</p><p>prestam serviços.</p><p>b) Não se servir, em próprio ou de terceiros, de</p><p>fatos de que tome conhecimento durante a</p><p>respec�va prestação de serviços.</p><p>c) Não abandonar, sem jus��car os trabalhos</p><p>que lhe sejam con�ados.</p><p>Fonte: Adaptado do Decreto Presidencial de Angola (2010).</p><p>Gazzola e Woida (2019) apresentam uma abordagem mais</p><p>voltada à realidade brasileira, em que evidenciam:</p><p>Os trabalhos técnicos do pro�ssional contábil contemplam orientações quanto a</p><p>documentações, recuperação da informação, processamento de informações,</p><p>elaboração de livros e Demonstrativos Contábeis, sendo que a �nalização dos trabalhos</p><p>técnicos recebe o aval onde constam o nome, o cadastro de pessoa física e registro</p><p>junto ao Conselho Regional de Contabilidade do pro�ssional contábil. Ou seja, o</p><p>pro�ssional contábil dá fé pública nas informações garantindo a integridade e</p><p>�dedignidade das informações que ocorreram nos �uxos informacionais formais das</p><p>organizações, e responde</p><p>civil e solidariamente a essas informações.</p><p>Em relação às normas, o profissional contábil, no âmbito de sua</p><p>atuação, deve cumprir um código de regras e procedimentos. Desse</p><p>modo, deve obrigatoriamente estar inscrito na ordem dos</p><p>contadores para que lhe seja atribuído o direito de exercer as</p><p>atividades profissionais. Assim, o profissional passa a ser controlado</p><p>pela entidade de tutela, no que se refere às funcionalidades e ao</p><p>cumprimento das regras, pois qualquer anomalia ou erro na</p><p>informação fornecida faz o profissional poder ser responsabilizado</p><p>pelos danos causados. É importante destacar que o profissional</p><p>contábil pode ser um trabalhador que atue autonomamente ou</p><p>mesmo ser um funcionário de uma dada organização.</p><p>Nesse sentido, o contador como mediador exerce função para</p><p>diagnosticar os problemas inerentes à informação contábil,</p><p>financeira e econômica de um determinado ambiente</p><p>organizacional, a fim de alertar aos interessados sobre sua condição</p><p>financeira. O objetivo é ajudá-los para que a organização não tenha</p><p>prejuízo, ou seja, tenha rentabilidade capaz de suprir todas as suas</p><p>obrigações fiscais e os custos inerentes a uma organização. A</p><p>informação deve ser apresentada em suportes de fácil acesso,</p><p>compreensão e uso, de modo que os gestores possam perceber e</p><p>apropriar a informação relevante, a fim de tomarem as devidas</p><p>decisões. Santos et alii (2015) salientam que os mediadores de</p><p>informação devem possibilitar a interação do usuário com os</p><p>diversos dispositivos de informação, envolvendo, desde ambientes</p><p>informacionais, os itens informacionais que integram seus acervos,</p><p>produtos e serviço até a interação com outros usuários que também</p><p>compartilham informações, visando promover conhecimentos e</p><p>experiências.</p><p>Assim, o mediador da informação, como agente que desenvolve ações do</p><p>conhecimento, ao atuar conscientemente no que diz respeito à importância dessas</p><p>ações, poderá fazer interferências, favorecer a socialização e interação entre os</p><p>usuários e lhes proporcionar mais segurança na exposição de suas ideias e experiências,</p><p>o que poderá impulsioná-los a registrar e materializar seus conhecimentos, para que um</p><p>número maior de pessoas tenha acesso a eles (SANTOS et alii, 2019).</p><p>É importante salientar que o contador como mediador da</p><p>informação contábil, financeira e econômica não está restrito aos</p><p>gestores ou proprietários, mas, sim, a todos os stakeholders: clientes,</p><p>governo, fornecedores, sociedade, concorrentes, etc. Significa que a</p><p>informação deve ser gerenciada, de modo a proporcionar a</p><p>socialização da informação a diferentes usuários, para que a</p><p>organização consiga, cada vez mais, progredir e manter-se no</p><p>mercado em que atua.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A sociedade é cada vez mais dinâmica e influenciada por</p><p>constantes transformações políticas, econômicas, tecnológicas e</p><p>sociais que, por sua vez, incidem no processo decisório</p><p>organizacional. Os gestores necessitam de tipos distintos de</p><p>informação, com foco nas informações contábeis, financeiras e</p><p>econômicas, para subsidiarem a tomada de decisão voltada aos</p><p>processos organizacionais dos quais são responsáveis.</p><p>Para tanto, o gerenciamento eficiente das informações contábeis,</p><p>financeiras e econômicas carecem de um mediador competente em</p><p>informação; neste caso, o profissional da informação contábil, cuja</p><p>atuação enfoca as funções de registro, avaliação, controle, previsão e</p><p>análise, visando subsidiar as decisões tomadas no âmbito gerencial e</p><p>estratégico. O objetivo da contabilidade é fornecer informações</p><p>contábeis, financeiras e econômicas aos diferentes usuários, a fim de</p><p>que eles tomem decisões voltadas à continuidade de uma determina</p><p>organização. Os usuários podem ser: acionistas, investidores e</p><p>participantes do mercado financeiro, instituições financeiras, fisco</p><p>(governo), clientes, fornecedores e público em geral.</p><p>Por outo lado, as informações devem ser gerenciadas com base na</p><p>legislação e nas normas internacionalmente aceitas, de maneira a</p><p>possibilitar a comparabilidade para que todos consigam ler e</p><p>compreender. As características obrigatórias da informação mediada</p><p>pelo profissional contábil são: a relevância, a comparabilidade e a</p><p>fiabilidade. Assim, o documento que o profissional contábil deve</p><p>dominar, além das normas, é o denominado plano nacional de</p><p>contas, certamente, adaptável a cada país. A informação contábil é</p><p>transmitida de diferentes modos, mas geralmente é por meio das</p><p>demonstrações financeiras, dos relatórios e de outros documentos</p><p>contábeis, itens importantes para a tomada de decisão. A</p><p>periodicidade desses documentos pode ser diária, semanal, mensal,</p><p>trimestral, semestral e anual.</p><p>As informações geradas pela contabilidade são pertinentes, no</p><p>sentido de que ajudam os gestores na tomada de decisão quanto ao</p><p>planejamento das atividades e das estratégias de atuação no</p><p>mercado. Nesse contexto, há grande responsabilidade imputada aos</p><p>profissionais contábeis no que concerne ao seu gerenciamento, pois</p><p>qualquer erro pode ser fatal para a tomada de decisão dos gestores.</p><p>Valentim (2008) defende que o uso da informação diminui a</p><p>insegurança e a incerteza e afeta o processo decisório e as estratégias</p><p>e ações organizacionais.</p><p>A competência em informação deve ser desenvolvida no</p><p>profissional contábil e nos usuários da informação contábil,</p><p>principalmente, para a construção de conhecimento. A competência</p><p>em informação possibilita que o profissional contábil gere e</p><p>divulgue informações aos gestores de modo ético e responsável e,</p><p>por sua vez, os gestores se apropriam do que é relevante e avaliam a</p><p>veracidade da informação fornecida, propiciando assim a</p><p>construção de conhecimento. Para que haja construção de</p><p>conhecimento, é essencial que seja desenvolvida uma cultura</p><p>informacional adequada aos objetivos da organização.</p><p>É importante salientar que os danos provenientes de uma má</p><p>decisão tomada pelos gestores pode recair ao profissional contábil,</p><p>caso ele tenha sido o profissional disseminador de uma informação</p><p>falsa, inverídica ou inconsistente ou por induzir o tomador de</p><p>decisão ao erro a partir da informação fornecida. Nessa perspectiva,</p><p>a informação deve ser clara, objetiva, compreensível, fidedigna e</p><p>consistente, já que ela pode ser usada no processo decisório.</p><p>Nesse contexto, tratando-se da Era da Informação e do</p><p>Conhecimento, em que há excesso de informação, é essencial que o</p><p>usuário da informação saiba fazer as melhores escolhas, pois existem</p><p>informações falsas, contrainformação e desinformação que atuam de</p><p>modo maléfico no processo decisório. Um elemento importante, na</p><p>atuação do contador, refere-se ao respeito à legislação e às normas</p><p>existentes bem como estar inscrito na ordem dos contadores para</p><p>que lhe seja atribuído o direito de exercer a profissão de maneira</p><p>ética. Em relação ao cumprimento das regras, o profissional é</p><p>controlado pela entidade de tutela, já que qualquer anomalia na</p><p>informação fornecida pode gerar um processo que o responsabilize</p><p>pelos danos causados.</p><p>Dessa maneira, a mediação da informação por parte dos</p><p>profissionais da contabilidade deve ser alicerçada na ética</p><p>profissional, atitude composta por informações que devem ser</p><p>fidedignas, consistentes e pertinentes aos distintos fazeres</p><p>organizacionais, já que as informações subsidiam a tomada de</p><p>decisão de modo seguro e eficaz.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABELL, A. et alii. Alfabetización en información: la definición de</p><p>CILIP (UK). Boletín de la Asociación Andaluza de Bibliotecarios,</p><p>Málaga, n. 77, p. 79-84, dez. 2004. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17</p><p>maio 2020.</p><p>ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Mediação da informação: um conceito</p><p>atualizado. In: BORTOLIN, S.; SANTOS NETO, J. A.; SILVA, R. J.</p><p>(Orgs.). Mediação oral da informação e da leitura. São Paulo:</p><p>ABECIN Editora, 2015.</p><p>ANGOLA. Decreto Presidencial nº 232, de 11 de outubro de 2010.</p><p>Diário da República, I Série, nº 193, 2010.</p><p>BARBOZA, E. L.; ROA, M. M. Fluxo de informação</p><p>no contexto</p><p>contábil. INCID: Revista de Ciência da Informação e</p><p>Documentação, Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, p. 189-214, out. 2018.</p><p>Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 17 maio 2020.</p><p>BOMFIM, P. H. M.; SOUZA, R. F.; ALVES, M. F. A importância dos</p><p>sistemas de informações contábeis aos seus usuários. Revista</p><p>Eletrônica Organizações e Sociedade, Iturama (MG), v. 5, n. 3, p.</p><p>49-60, jan./jun. 2016. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 maio 2020.</p><p>BORGES, A.; RODRIGUES, R.; RODRIGUES, J. A. Elementos de</p><p>contabilidade geral de acordo com o SNC. 26. ed. Lisboa: Áreas,</p><p>2014.</p><p>CAMPOS, A. P.; CARDADEIRO, F.; ESTEVES, M. J. Contabilidade:</p><p>curso tecnológico administração. 2. ed. Lisboa: Plátano, 2005.</p><p>DANTAS, N.; RAMOS, A. S. M. Satisfação de usuários no uso de</p><p>relatórios gerenciais. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA</p><p>EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 19., 2018.</p><p>Londrina: PPGCI/UEL; ANCIB, 2018. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 03 maio 2020.</p><p>GARCIA, C. L. S.; ALMEIDA JÚNIOR, O. F.; VALENTIM, M. L. P.</p><p>O papel da mediação da informação nas universidades. Revista</p><p>EDICIC, v. 1, n. 2, p. 351-359, 2011. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 maio 2020.</p><p>GAZZOLA, S. B.; WOIDA, L. M. A cultura informacional como base</p><p>para a mediação da informação contábil. In: COLÓQUIO EM</p><p>ORGANIZAÇÃO, ACESSO E APROPRIAÇÃO DE INFORMAÇÃO</p><p>E CONHECIMENTO (COAIC), 4., ago. 2019. Anais Eletrônico (...)</p><p>Londrina: UEL/CECA, 2019. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 maio 2020.</p><p>LIRA, S. de L.; DUARTE, E. N. 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São Paulo:</p><p>Polis; Cultura Acadêmica, 2008.</p><p>3</p><p>Gestão de Documentos como Ferramenta para as</p><p>Rotinas Administrativas</p><p>O Caso das Fiscalizações Governamentais</p><p>Maria Fabiana Izídio de Almeida</p><p>Marcia Cristina de Carvalho Pazin Vitoriano</p><p>Luciana Davanzo</p><p>3.1 INTRODUÇÃO</p><p>Entende-se que a complexidade das organizações pode ser</p><p>reconhecida em todos os setores e níveis organizacionais. Isso ocorre</p><p>por meio das rotinas administrativas que abrangem todos os níveis</p><p>operacionais e pelos sujeitos que compõem essas organizações. Cada</p><p>operação gera determinado tipo de documento, que, ao final,</p><p>comprovam e documentam essas operações, logo, precisam ser</p><p>gerenciados, pois são constantemente solicitados e consultados.</p><p>A diversidade e o volume de documentos produzidos e recebidos</p><p>pelas organizações estão diretamente ligados à sua missão, à sua</p><p>visão e ao seu porte, que pode ser pequeno, médio ou grande, ao</p><p>seu volume de faturamento e à sua quantidade de colaboradores,</p><p>também decisivos no volume documental. Gerenciar esses</p><p>documentos de tal modo que, quando solicitados, possam ser</p><p>rapidamente recuperados é fundamental, uma vez que o uso dos</p><p>documentos pode estar atrelado a prazos, que geralmente são</p><p>curtos.</p><p>Esses usos e prazos podem variar de acordo com quem solicita o</p><p>documento; podem ser: clientes internos, externos, auditorias</p><p>internas, auditorias externas e fiscalizações tributárias e trabalhistas,</p><p>entre outras, que são realizadas por órgãos governamentais.</p><p>As fiscalizações podem ocorrer nas três esferas: municipal,</p><p>estadual e federal, dependendo do tipo de atividade, dos tributos e</p><p>encargos recolhidos. Seus prazos costumam ser curtos, e as multas</p><p>podem comprometer, inclusive, o resultado financeiro da</p><p>organização, caso a operação não esteja de acordo e a documentação</p><p>não seja apresentada.</p><p>Com isso, gerir e controlar a documentação são atividades</p><p>primordiais para comprovar as operações realizadas. Essa gestão</p><p>também proporcionará outros benefícios, que vão desde otimização</p><p>de espaço físico, redução de recursos financeiros, uso eficiente,</p><p>eficaz e seguro da documentação, até a contribuição com as tomadas</p><p>de decisões, tornando-as mais ágeis e seguras.</p><p>Diante disso, coloca-se como problema desta pesquisa: qual</p><p>ferramenta, no escopo da ciência da informação, pode contribuir</p><p>com as organizações no momento de uma fiscalização</p><p>governamental? Identificar como a gestão de documentos pode</p><p>contribuir para o atendimento das fiscalizações governamentais é</p><p>objetivo geral deste artigo.</p><p>Para tanto, utilizou-se, para pesquisa bibliográfica, corpus</p><p>documental obtido por meio de levantamento bibliográfico nas</p><p>principais bases de dados das áreas, tais como a Base de Dados em</p><p>Ciência da Informação (BRAPCI), a Biblioteca Digital Brasileira de</p><p>Teses e Dissertações (BDTD) e anais de congresso, tais como o</p><p>Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação</p><p>(ENANCIB).</p><p>Como principal resultado, a gestão de documentos, bem como</p><p>seus benefícios, é apontada como ferramenta capaz de auxiliar de</p><p>modo eficaz as organizações privadas no momento das fiscalizações</p><p>governamentais. Entende-se que a inexistência da gestão de</p><p>documentos pode gerar perda de tempo em relação à localização</p><p>das informações, influenciando de maneira desfavorável os</p><p>resultados gerenciais e financeiros das organizações privadas.</p><p>3.2 INEVITABILIDADE DA GESTÃO DE DOCUMENTOS NAS</p><p>ORGANIZAÇÕES PRIVADAS</p><p>Os documentos arquivísticos fazem parte do cotidiano das</p><p>organizações, ainda que seus produtores não o percebam. Eles</p><p>surgem a partir de atos administrativos, logo, os documentos</p><p>arquivísticos são o meio de formalização e de comunicação das</p><p>rotinas administrativas. Quando não se despender o devido</p><p>tratamento à documentação, seja pela ausência de investimentos</p><p>adequados, de mão de obra especializada, de local de guarda</p><p>apropriado, dentre outros elementos comumente atribuídos aos</p><p>recursos de uma organização, ocorrem dificuldades no</p><p>gerenciamento, controle, armazenamento, acesso e</p><p>consequentemente no uso desses documentos.</p><p>São muitas as situações organizacionais que envolvem a</p><p>necessidade de recuperação de informações, abarcando projetos,</p><p>conferências, auditorias, fiscalizações, dentre</p><p>outros usos, que</p><p>exigem que a documentação seja prontamente disponibilizada. Para</p><p>tanto, a documentação precisa ser mapeada e relacionada aos</p><p>processos geradores desses documentos, reforçando “(...) que os</p><p>arquivos são uma imensa fonte de conhecimento e fazem parte</p><p>tanto dos ativos das empresas como dos Estados” (DELMAS, 2010).</p><p>O reconhecimento de que a documentação, bem como o arquivo,</p><p>precisa ser gerenciada e controlada não ocorre em todos os</p><p>ambientes organizacionais. Essa abordagem é recente, conforme</p><p>aponta (MORENO, 2008):</p><p>Todavia, o reconhecimento da importância dos documentos só foi mais acentuado e</p><p>difundido após a Segunda Guerra Mundial com o conceito de gestão de documentos.</p><p>Esse conceito aparece pós-guerra, quando ocorreu uma explosão documental no</p><p>âmbito das administrações públicas e a consequente necessidade de racionalizar e</p><p>controlar o volume de grandes massas documentais que começaram a ser acumuladas</p><p>nos depósitos.</p><p>Somado a isso, a evolução da ciência da administração em torno</p><p>dos controles das atividades administrativas trouxe para o cerne da</p><p>complexidade os documentos arquivísticos, que “(...) são fontes</p><p>primordiais de informação, pois se constituem em subprodutos e</p><p>instrumentos das atividades institucionais e pessoais” (MORENO,</p><p>2008).</p><p>Com isso, e com uma densa trajetória, a arquivologia vem</p><p>moldando-se tanto em cenário internacional como na conjuntura</p><p>brasileira. Compõe esse avanço, a criação de leis e de cursos de</p><p>arquivologia, – que culmina em mais profissionais –, eventos,</p><p>debates científicos em torno dos desafios da área, dentre outros, que</p><p>visam atender às diferentes demandas institucionais, isso por meio</p><p>da implantação de gestão de documentos.</p><p>A definição de gestão de documentos (GD) representa o avanço</p><p>da arquivologia, visando contribuir para a gestão organizacional do</p><p>ponto de vista do controle do registro das informações e da</p><p>preservação e utilização dos documentos. “Considera-se gestão de</p><p>documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas</p><p>referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e</p><p>arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua</p><p>eliminação ou recolhimento para guarda permanente” (BRASIL,</p><p>1991).</p><p>A gestão de documentos possui etapas complexas, conforme</p><p>segue apresentado na figura 3.1.</p><p>1. Levantar, iden��car e conhecer os documentos de cons�tuição da organização</p><p>2. Iden��car e mapear os processos da organização e �uxos documentais</p><p>3. Analisar funcionalmente a documentação em relação à situação organizacional</p><p>4. Analisar a documentação em relação à legislação vigente</p><p>5. Estabelecer uma polí�ca de Gestão Documental</p><p>6. Elaborar atos administra�vos para reger os �uxos documentais</p><p>7. Elaborar instrumentos arquivís�cos</p><p>8. Garan�r a auten�cidade, a con�abilidade e a consistência dos documentos</p><p>9. Gerenciar a interação dos sistemas de gestão documental</p><p>10. Gerenciar a documentação nas diferentes idades e suporte</p><p>FIGURA 3.1 Etapas da gestão de documentos.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras, baseada em Valen�m (2012).</p><p>A primeira etapa apresentada, na figura 3.1, consiste no</p><p>levantamento dos documentos constitutivos, visando compreender</p><p>os objetivos e a missão da organização, de modo a estabelecer o</p><p>panorama organizacional que será atingido pela gestão de</p><p>documentos. É necessário compreender a organização para</p><p>compreender seus documentos.</p><p>A segunda etapa contempla a identificação e o mapeamento de</p><p>processos da organização e dos seus fluxos documentais, uma vez</p><p>que é a partir desses processos que se produzem documentos. Por</p><p>outro lado, esses documentos trafegam pela organização ao</p><p>cumprirem a missão informacional.</p><p>Após o mapeamento de processos e fluxos, a terceira etapa</p><p>consiste na análise funcional da documentação. Quais funções estão</p><p>representadas em um mesmo documento? Ao cumprir seu fluxo,</p><p>um documento sai de um setor (por exemplo, de recursos</p><p>humanos, no caso de uma relação de pagamentos de salários) e</p><p>segue para outro (no caso, para o financeiro), onde cumprirá seu</p><p>objetivo. Qual é o setor responsável pela guarda e comprovação das</p><p>atividades registradas no documento? Essas questões devem ser</p><p>analisadas.</p><p>Paralelamente, a etapa quatro prevê a análise da documentação</p><p>do ponto de vista legal. Um grande volume de documentos de</p><p>arquivo é preservado por seu valor de prova legal, como no caso de</p><p>fiscalizações governamentais. O que diz a legislação sobre cada um</p><p>desses documentos? Qual é o seu prazo de guarda?</p><p>Essas primeiras quatro etapas provêm do diagnóstico da situação</p><p>documental da organização e possibilitam a realização das próximas</p><p>etapas, de planejamento e execução. A etapa seguinte é uma etapa</p><p>estratégica, com o estabelecimento de uma política de gestão</p><p>documental. A partir da política, é possível realizar a sexta etapa, a</p><p>elaboração de atos administrativos, manuais e regulamentos para</p><p>reger os fluxos documentais.</p><p>Na etapa seguinte, encontra-se o trabalho técnico arquivístico por</p><p>natureza: a elaboração de instrumentos arquivísticos de gestão.</p><p>Trata-se do Plano de Classificação e da Tabela de Temporalidade.</p><p>O Plano de Classificação é o “esquema de distribuição de</p><p>documentos em classes, de acordo com métodos de arquivamento</p><p>específicos, elaborado a partir do estudo das estruturas e funções de</p><p>uma instituição e da análise do arquivo por ela produzido” (Arquivo</p><p>Nacional, 2005).</p><p>A Tabela de Temporalidade é o “instrumento de destinação,</p><p>aprovado por autoridade competente, que determina prazos e</p><p>condições de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento,</p><p>descarte ou eliminação de documentos” (ARQUIVO NACIONAL,</p><p>2005).</p><p>Uma etapa importante, que ocorre em paralelo à criação dos</p><p>instrumentos arquivísticos de gestão, é a garantia de autenticidade,</p><p>confiabilidade e consistência dos documentos. Nos documentos</p><p>convencionais, a existência de procedimentos específicos e o</p><p>estabelecimento de responsabilidades, como assinaturas, por</p><p>exemplo, definiam a autenticidade e a confiabilidade dos</p><p>documentos. Hoje, no ambiente predominantemente digital, esses</p><p>processos foram modificados e dependem fortemente da tecnologia</p><p>da informação.</p><p>A tecnologia da informação aparece também na etapa seguinte, o</p><p>gerenciamento da interação dos sistemas de gestão com os sistemas</p><p>de gestão de documentos, garantindo a produção de documentos</p><p>válidos e facilmente acessíveis durante os processos administrativos.</p><p>A última etapa corresponde a um dos grandes desafios no âmbito</p><p>dos documentos das organizações, a preservação e o gerenciamento</p><p>de documentos que devem ser armazenados por vários anos após</p><p>sua produção. A legislação, principalmente, e os órgãos</p><p>fiscalizadores indicam a necessidade de preservação por longos</p><p>períodos. Se os documentos convencionais, em papel, envolvem</p><p>uma série de dificuldades em sua preservação, também a</p><p>preservação digital constitui-se numa área de atuação específica,</p><p>devendo seguir uma série de parâmetros e modelos sistêmicos que</p><p>garantam a manutenção da autenticidade e integridade dos</p><p>documentos digitais.</p><p>Nota-se, portanto, que a implantação da gestão de documentos é</p><p>formada por vários elementos e aspectos que se complementam e</p><p>que o arquivista precisa dominar os conceitos teóricos, as</p><p>metodologias e as práticas para implantá-la e propiciar os benefícios</p><p>almejados pela organização. A partir disso, e com o envolvimento da</p><p>gestão da organização e dos colaboradores, será possível dispor dos</p><p>benefícios da gestão de documentos.</p><p>g</p><p>Os benefícios da gestão de documentos refletem diretamente no</p><p>atendimento das solicitações de documentação, em destaque o</p><p>atendimento às fiscalizações governamentais, que, sem a gestão de</p><p>documentos, pode desestabilizar setores, a própria organização e</p><p>ainda ser onerosa, trazendo prejuízos capazes de comprometer os</p><p>resultados financeiros da organização. Ressalta-se ainda que a gestão</p><p>de documentos é aplicável a todos os suportes de documentos,</p><p>desde o tradicional papel aos documentos eletrônicos e nato-</p><p>digitais.</p><p>Ao mesmo tempo, a gestão de documentos está intimamente</p><p>relacionada ao estabelecimento de rotinas administrativas que</p><p>possibilitam a realização das operações administrativas e técnicas das</p><p>organizações.</p><p>3.3 ROTINAS ADMINISTRATIVAS</p><p>As organizações privadas são administradas sistematicamente,</p><p>com um setor dependendo do outro para a realização de ações</p><p>gerenciais. Isso envolve os processos, as informações e os</p><p>documentos que circulam e são produzidos e recebidos para</p><p>comprovar determinada atividade. São parte desse complexo</p><p>sistema as rotinas administrativas, que são processos que ocorrem</p><p>de maneira ordenada com o objetivo de contribuir com a execução</p><p>das atividades das organizações privadas.</p><p>As rotinas administrativas são fundamentais para que as</p><p>organizações privadas tenham subsídios para alcançar seus objetivos</p><p>e suas metas. Por essa razão, compõem-se a partir da estruturação</p><p>de técnicas e métodos, visando tornar mais consistentes os processos</p><p>das organizações privadas. A rotina é realizada “(...) para identificar</p><p>um conjunto de ações que tinham como principal preocupação o</p><p>fluxo de papelada dentro das organizações” (CRUZ, 2002, p. 114).</p><p>Para ajudar na consistência das rotinas administrativas, as</p><p>organizações privadas podem utilizar o organograma da empresa,</p><p>os manuais de procedimentos (caso a empresa tenha), e destaca-se a</p><p>relevância de manter a congruência da execução das operações de</p><p>acordo com as políticas e os regulamentos internos.</p><p>Cabe ressaltar que o estabelecimento de rotinas administrativas</p><p>requer planejamento, conhecimento da missão, da visão e dos</p><p>valores da organização, além da atuação de profissionais</p><p>capacitados, pois abrangem atividades em todos os níveis:</p><p>operacional, tático e estratégico.</p><p>A definição de rotinas administrativas está relacionada e tem</p><p>maior efetividade quando a organização privada tem seus processos</p><p>mapeados. O mapeamento de processos propicia:</p><p>• Desenvolver um plano de ação para indicar quais passos</p><p>precisam ser seguidos para melhorar a consistência de uma</p><p>atividade.</p><p>• Investir em capacitação dos colaboradores para garantir um</p><p>fluxo eficaz em relação à execução das atividades.</p><p>• Definir as necessidades e planejar o investimento em</p><p>ferramentas de tecnologia, visando adequar-se às necessidades</p><p>de seu mercado.</p><p>• Avaliar a necessidade de mudanças de sistemas que sustentam</p><p>a execução de seus processos.</p><p>• Conhecer, organizar, gerenciar e controlar sua documentação.</p><p>Há muitas potencialidades a se explorar quando os processos são</p><p>mapeados e as rotinas administrativas são bem delineadas, uma vez</p><p>que a organização passa a ter controle, além dos próprios processos,</p><p>também dos fluxos informacionais e documentais, o que facilita o</p><p>acesso a essa documentação e, consequentemente, proporciona</p><p>agilidade no uso, quando necessário.</p><p>Considerando que, para organizar, criar ferramentas de</p><p>representação e de acesso à informação, é necessário conhecer toda</p><p>a estrutura administrativa, o arquivista deve ter uma visão macro de</p><p>todos os processos, independentemente dos setores que produzam</p><p>documentos, sejam analógicos ou digitais. Esses documentos</p><p>atendem às necessidades internas e externas das organizações, pois,</p><p>quando uma rotina administrativa ou um processo é executado, são</p><p>os documentos que registram, embasam e comprovam essas</p><p>atividades.</p><p>Assim, as rotinas administrativas dão suporte para que as</p><p>organizações funcionem com padrões que propiciem o alcance das</p><p>metas, dos objetivos, logo, são fundamentais para o funcionamento</p><p>das organizações privadas, podendo ser então interpretadas como</p><p>engrenagens que subsidiam o processo de desenvolvimento</p><p>organizacional. Nesse caso, os documentos correspondem à</p><p>materialização dos processos e das rotinas e devem ser tratados</p><p>consistentemente para atendimento das necessidades de gestão</p><p>interna e de solicitações externas, principalmente, no que se</p><p>referem às questões de fiscalização governamental.</p><p>3.4 ATENDIMENTO À FISCALIZAÇÃO GOVERNAMENTAL: AMPARO</p><p>DOCUMENTAL</p><p>As organizações privadas são alvos constantes de fiscalizações por</p><p>órgãos responsáveis pela verificação de erros, fraudes ou qualquer</p><p>outro tipo de divergência em relação às informações. Dentre esses</p><p>órgãos, os mais representativos são:</p><p>a) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).</p><p>b) Receita Federal.</p><p>c) Prefeitura ou Secretarias Municipais.</p><p>d) Estado ou Secretaria da Fazenda do Estado.</p><p>e) Vigilância Sanitária.</p><p>f) Corpo de Bombeiros.</p><p>g) Ministério do Trabalho.</p><p>Compete ao INSS fiscalizar as relações de trabalho e a</p><p>contribuição previdenciária das organizações privadas. Para tal</p><p>comprovação, as organizações privadas precisam apresentar</p><p>documentos como:</p><p>1. Guia de Previdência Social (GPS).</p><p>2. Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à</p><p>Previdência Social (GFIP).</p><p>Para atender às demandas acima, é fundamental que as</p><p>organizações privadas tenham processos de RH, Financeiro e</p><p>Contábil consolidados, e que os documentos gerados de tais</p><p>atividades estejam organizados de maneira que possam ser</p><p>disponibilizados para a fiscalização sem morosidade.</p><p>À Receita Federal cabe a fiscalização da movimentação financeira</p><p>das organizações privadas. Para tal comprovação, os fiscais da</p><p>Receita Federal podem, a partir da verificação do regime de</p><p>apuração da empresa, solicitar uma gama de documentos, a fim de</p><p>verificar se as informações que foram enviadas para a Receita são</p><p>verídicas; são exemplos:</p><p>1. Notas Fiscais emitidas (faturamento).</p><p>2. Comprovantes fiscais (guias de recolhimento de impostos e</p><p>encargos).</p><p>3. Registros financeiros (extratos bancários e relatórios auxiliares</p><p>para verificar a existência ou não de sonegação de impostos).</p><p>4. Verificação das informações pertinentes ao Imposto de Renda</p><p>Pessoa Jurídica (IRPJ).</p><p>Certamente, um dos grandes pesadelos, para as organizações</p><p>privadas, é receber a fiscalização da Receita Federal, porque, em</p><p>casos de divergências de informações, a multa aplicada é alta e pode</p><p>até prejudicar a imagem e a situação financeira da organização.</p><p>Nas prefeituras, a Secretaria da Fazenda do Munícipio tem como</p><p>objetivo fiscalizar os tributos relacionados ao munícipio. Dessa</p><p>maneira, são solicitadas as seguintes comprovações, por exemplo:</p><p>1. Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana</p><p>(IPTU).</p><p>2. Imposto sobre Transmissão de Bens e Serviços (ITBI).</p><p>3. Imposto Sobre Serviços (ISS).</p><p>Principalmente em relação ao ISS, as organizações podem ser</p><p>fiscalizadas para evidenciar se os impostos que foram tomados das</p><p>notas fiscais de serviço foram recolhidos corretamente. Essa</p><p>fiscalização tem por objetivo verificar se a organização deixou de</p><p>recolher o imposto que é repassado para as prefeituras, logo, a</p><p>organização precisa apresentar as guias de recolhimentos e os</p><p>comprovantes de pagamento.</p><p>Nos estados, à Secretaria da Fazenda compete verificar</p><p>informações em relação aos impostos e às taxas estaduais. Assim,</p><p>essa fiscalização se sustenta por meio da verificação em relação ao</p><p>Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS).</p><p>A fiscalização em relação à Vigilância Sanitária é sempre</p><p>relacionada à prevenção de riscos à saúde, considerando produtos</p><p>(medicamentos, alimentos, higiene e limpeza, produtos químicos em</p><p>geral, etc.) e serviços (de saúde, ambientais, lazer entre outros).</p><p>Nesse tipo de fiscalização, são verificadas as condições de higiene</p><p>que são oferecidas pela organização privada.</p><p>E, por fim, o Corpo de Bombeiros tem a finalidade de verificar a</p><p>existência de risco potencial, principalmente, relacionado a</p><p>incêndios e autorizar o funcionamento de edifícios de natureza</p><p>comercial e institucional por meio da emissão do Auto de Vistoria</p><p>do Corpo de Bombeiros (AVCB) e do Certificado de Licença do</p><p>Corpo de Bombeiros (CLCB). Essa fiscalização é valorosa, porque,</p><p>em casos de riscos e/ou perigos, podem ocorrer danos não somente</p><p>aos colaboradores e à organização em si, como também podem</p><p>ocorrer prejuízos em residências</p><p>e estabelecimentos comerciais que</p><p>estejam próximos às organizações.</p><p>Independentemente do tipo de fiscalização, municipal, estadual</p><p>ou federal, as organizações privadas precisam atender de maneira</p><p>adequada às solicitações que são recebidas desses órgãos. Para tanto,</p><p>é necessário recorrer ao arquivo para que a apresentação da</p><p>informação seja realizada. Dessa maneira, nota-se, uma vez mais, a</p><p>função que o arquivo exerce em relação aos atendimentos das</p><p>demandas advindas das fiscalizações.</p><p>Sabe-se que a não apresentação das informações/dos documentos</p><p>solicitados por esses órgãos fiscalizadores podem trazer grandes</p><p>prejuízos financeiros, no caso de aplicação de multas. Por essa razão,</p><p>entende-se que, para que o arquivo possa contribuir com os</p><p>processos fiscalizatórios e com outras tomadas de decisões, ele</p><p>precisa ter infraestrutura adequada, contando com mobiliários</p><p>adequados, com colaboradores qualificados e com estrutura</p><p>tecnológica adequada.</p><p>Como parte dos processos organizacionais, ao executar com</p><p>eficiência os processos atrelados à gestão de documentos, o arquivo</p><p>contribuirá com as metas estabelecidas pela organização, mitigando</p><p>impactos desfavoráveis relacionados ao atendimento de fiscalização</p><p>de qualquer natureza.</p><p>Em estudo anterior, intitulado “Gestão documental e seus</p><p>impactos: uma abordagem nos processos de auditoria” (Almeida,</p><p>2018), com foco nas dificuldades que as empresas de auditorias</p><p>possuem, ao atuar em organizações que não possuem a gestão de</p><p>documentos, foram apontadas as atividades da gestão de</p><p>documentos que sanam ou minimizam esses impactos. Tendo em</p><p>vista as abordagens anteriores sobre a associação da gestão de</p><p>documentos e o atendimento às fiscalizações governamentais,</p><p>prestado pelas organizações privadas, foi possível identificar que as</p><p>atividades da gestão de documentos também apresentam benefícios</p><p>no atendimento de fiscalizações.</p><p>A figura 3.2 demonstra essas relações.</p><p>FIGURA 3.2 Impactos e ações da gestão de documentos e contribuições no atendimento à</p><p>�scalização.</p><p>Fonte: Adaptado de Almeida (2018).</p><p>A carência de gestão de documentos envolve a organização em</p><p>um cenário incerto e inseguro, pois propicia lacunas nos processos</p><p>e, consequentemente, podem ocorrer fraudes, retrabalhos,</p><p>incertezas nas informações apresentadas, desorganização e falta de</p><p>controles dos processos, dentre outros, conforme apontado na</p><p>coluna 1. Essas dificuldades podem ser sanadas com atividades da</p><p>gestão de documentos, como demonstrado na coluna 2, tais como:</p><p>mapeamento de processos, disponibilização de modo ágil da</p><p>documentação, o que acarreta a assertividade da informação, a</p><p>partir do gerenciamento e controle documental.</p><p>A implantação da gestão de documentos, bem como a realização</p><p>de todas as suas atividades, traz como resultado, de acordo com a</p><p>coluna 3, um atendimento à fiscalização com todos os documentos</p><p>apresentados, disponibilização da documentação em tempo hábil</p><p>para arguição e resposta ao fisco e a conclusão da fiscalização sem</p><p>ônus, a partir da emissão do Termo de Encerramento da</p><p>Fiscalização.</p><p>Destaca-se que o sucesso desse processo não se atrela somente à</p><p>entrega da documentação, anteriormente, toda a operação deve ter</p><p>sido realizada de acordo com a legislação vigente.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>As fiscalizações governamentais representam um foco de</p><p>preocupação para todas as organizações privadas. Especialmente, o</p><p>fornecimento de informações consistentes tem representado um</p><p>gargalo no atendimento aos órgãos fiscalizadores, pois a ausência de</p><p>gestão de documentos dificulta a localização de documentos e</p><p>comprovantes de diversas naturezas, o que pode acarretar multas e</p><p>sanções de outras naturezas.</p><p>Como proposto no problema do presente artigo, a implantação</p><p>dos processos de gestão documental, com base na estruturação de</p><p>rotinas administrativas e no mapeamento de processos, configura-se</p><p>em uma ferramenta de gestão organizacional que enfatiza a</p><p>importância da informação registrada, utilizada como prova, para</p><p>atendimento à fiscalização.</p><p>Considerando as etapas da gestão de documentos, o arquivista da</p><p>organização deve ser responsável por mapear os processos</p><p>organizacionais que produzem documentos, visando identificar as</p><p>necessidades informacionais para atendimento às obrigações legais</p><p>ligadas à fiscalização governamental de diversas naturezas. Além</p><p>disso, também é importante estabelecer, dentre as rotinas</p><p>administrativas, aquelas que envolvem informações e documentos e</p><p>garantir a realização das etapas de gestão de documentos,</p><p>especialmente, para aqueles documentos que possuem valor de</p><p>prova legal e fiscal.</p><p>Dessa maneira, a organização privada que possui sua</p><p>documentação organizada, controlada e acessível, sem dúvida, terá</p><p>um processo de fiscalização eficiente e eficaz, sem custos, no que se</p><p>refere à localização e à apresentação de documentos ao Fisco.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, M. I. Gestão documental e seus impactos: uma</p><p>abordagem nos processos de auditoria. 186 f. Dissertação</p><p>(Mestrado) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade</p><p>Estadual Paulista, 2018.</p><p>ARQUIVO NACIONAL. Dicionário brasileiro de terminologia</p><p>arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. Disponível</p><p>em:</p><p>. Acesso em: 06 jul. 2020.</p><p>BRASIL. Lei n</p><p>o</p><p>8.159, de 08 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a</p><p>política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras</p><p>providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 28 jan.1991.</p><p>Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>15 jun. 2020.</p><p>CRUZ, Tadeu. Sistemas, Organização & Métodos: estudo</p><p>Integrado das Novas Tecnologias da Informação à Gerência do</p><p>Conteúdo e do Conhecimento. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.</p><p>DELMAS, B. Arquivos para quê?: textos escolhidos. Tradução:</p><p>Danielle Ardaillon. São Paulo: Instituto Fernando Henrique</p><p>Cardoso, 2010.</p><p>MORENO, Nádina Aparecida. Gestão documental ou gestão de</p><p>documentos: trajetória histórica. In: BARTALO, Linete; MORENO,</p><p>(Orgs.). Gestão em arquivologia: abordagens múltiplas. Londrina:</p><p>EDUEL, 2008.</p><p>4</p><p>Centros de Memória</p><p>Produtos a Serviço da Comunicação, da Cultura e do Conhecimento</p><p>Organizacional</p><p>Marcia Cristina de Carvalho Pazin Vitoriano</p><p>4.1 INTRODUÇÃO</p><p>Nas últimas décadas, os estudos sobre a memória no âmbito das</p><p>organizações têm ganhado um impulso significativo, com base na</p><p>criação de projetos de recuperação e utilização da trajetória</p><p>organizacional, com o objetivo de fortalecer os vínculos</p><p>institucionais.</p><p>Do ponto de vista dos usos possíveis da memória organizacional e</p><p>institucional, a criação de centros de memória (CM) tem sido uma</p><p>ferramenta relevante para a consolidação de sistemas de</p><p>informações organizacionais voltados aos fatos pregressos das</p><p>organizações com o objetivo de utilizar o referencial de</p><p>conhecimento e os valores produzidos em benefício de diversas</p><p>atividades, especialmente, ligadas à comunicação institucional, ao</p><p>fortalecimento da cultura organizacional e como instrumento para</p><p>alavancagem da criação de conhecimento de natureza</p><p>especialmente técnica.</p><p>No contexto das organizações, a memória está relacionada ao</p><p>conceito de “memória coletiva”, que define a memória construída</p><p>no âmbito dos grupos sociais (HALBWACHS, 1990). Se</p><p>considerarmos a organização como “unidades sociais,</p><p>intencionalmente construídas e reconstruídas a fim de atingir</p><p>objetivos específicos” (ETZIONI, 1984), então, entendemos que elas</p><p>também podem criar ou forjar memórias coletivas como qualquer</p><p>outro grupo social. Nesse sentido, “podemos considerar que a</p><p>memória de uma organização é a representação, ou o conjunto de</p><p>representações, que o grupo faz do passado dessa organização, a</p><p>partir dos elementos disponíveis para isso” (VITORIANO, 2012).</p><p>Os centros de memória surgiram no Brasil como uma evolução</p><p>dos centros de documentação histórica, criados, principalmente a</p><p>partir da década de 1970, como entidades de preservação</p><p>de acervo</p><p>e pesquisa no âmbito das universidades, como parte de um</p><p>movimento de valorização do patrimônio histórico nacional</p><p>(CAMARGO, 2003). A partir dos anos 1990, a disseminação das</p><p>iniciativas institucionais ampliou a criação de centro de memória</p><p>por organizações privadas, sejam empresas, associações ou</p><p>fundações.</p><p>Ao mesmo tempo, a adaptação dos conceitos utilizados na área de</p><p>patrimônio cultural para a área da administração apresentou novas</p><p>potencialidades a esse tipo de unidade de informação, no que se</p><p>refere ao seu potencial de uso para a gestão empresarial.</p><p>O objetivo deste artigo é apresentar e discutir produtos</p><p>elaborados a partir da memória organizacional e identificar</p><p>benefícios relevantes à comunicação, à cultura organizacional e à</p><p>preservação e criação de conhecimento técnico especializado. Para</p><p>isso, utiliza uma pesquisa bibliográfica sobre o tema da memória</p><p>organizacional.</p><p>4.2 MEMÓRIA E CENTROS DE MEMÓRIA NAS ORGANIZAÇÕES</p><p>Antes de discutirmos a presença da memória nas organizações do</p><p>ponto de vista da criação de centros de memória, devemos</p><p>diferenciar duas categorias de memória utilizadas em âmbito</p><p>organizacional: a memória institucional e a memória organizacional.</p><p>A memória institucional (MI) tem origem nas discussões das</p><p>ciências humanas sobre a trajetória das organizações e está</p><p>relacionada aos valores sociais do grupo como fonte de legitimidade</p><p>da organização como um todo, a partir do conhecimento e do</p><p>registro de sua trajetória institucional. Como diz Icleia Thiesen</p><p>(2013). “Na perspectiva do tempo, seria o retorno elaborado de</p><p>tudo aquilo que contabilizamos na história como conquistas,</p><p>legados, acontecimentos, mas também vicissitudes, servidões,</p><p>escuridão.” Trata-se de observar cada organização como um todo e</p><p>identificar quais os elementos de sua trajetória são relevantes para</p><p>compor a compreensão do que é e de como se relaciona aquele</p><p>grupo social no tempo.</p><p>A memória organizacional (MO), por outro lado, está relacionada</p><p>ao registro de conhecimento, à preservação e à gestão da</p><p>informação para aplicação na gestão organizacional. Tem origem</p><p>nos estudos de conhecimento organizacional e faz parte da memória</p><p>institucional como um de seus elementos. Podemos defini-la como o</p><p>Acervo de informação, conhecimentos e práticas, agregados e retidos pela organização</p><p>ao longo de sua existência, utilizados para o suporte às suas atividades, seus processos</p><p>decisórios e para a preservação do seu capital intelectual, potencializando a gestão do</p><p>conhecimento (MENEZES, 2006).</p><p>A discussão sobre a memória nas organizações ganhou impulso</p><p>nos anos 1990 e 2000, no âmbito da comunicação organizacional,</p><p>com a criação de uma série de projetos institucionais de valorização</p><p>da memória como elemento de fortalecimento tanto da imagem</p><p>institucional quanto de valorização e fortalecimento da cultura</p><p>organizacional, abordagem que se aproxima fortemente da</p><p>memória institucional.</p><p>Antes disso, os estudiosos da gestão do conhecimento já estavam</p><p>preocupados com a memória organizacional em virtude da</p><p>capacidade de utilizar repositórios informacionais produzidos nesse</p><p>contexto, como mecanismo de compartilhamento do conhecimento</p><p>organizacional acumulado, e de instrumentalizar a construção de</p><p>novos conhecimentos (WALSH; UNGSON, 1991; SASIETA;</p><p>BEPLER; PACHECO, 2011; FREIRE et alii, 2012).</p><p>Nesse sentido, está diretamente associada aos sistemas de</p><p>informação e à gestão da informação e do conhecimento, uma vez</p><p>que é representada por elementos ligados à aquisição, ao</p><p>processamento e ao uso do conhecimento em termos de pesquisa e</p><p>recuperação (WALSH; UNGSON, 1991).</p><p>No Brasil, os usos da memória institucional e da memória</p><p>organizacional caminharam separadamente ao longo dos anos. Na</p><p>maior parte das vezes, projetos de memória organizacional tiveram</p><p>início em projetos e programas de gestão do conhecimento,</p><p>principalmente, nas áreas de engenharia de produção.</p><p>Por outro lado, a memória institucional teve ampla aceitação</p><p>como instrumento de comunicação institucional. Desde a década de</p><p>1990, várias foram as motivações para criação de projetos de</p><p>memória: em função de efemérides, especialmente, aniversários das</p><p>organizações; por decisão da alta direção, especialmente, em</p><p>momentos de transição de poder, onde era necessário identificar</p><p>elementos da cultura organizacional que auxiliassem no processo; e</p><p>em função de projetos especiais de comunicação interna, como</p><p>apoio à valorização ou ao fortalecimento da cultura organizacional.</p><p>Os centros de memória foram um elemento novo surgido no</p><p>mesmo período, a partir da necessidade de reunir e organizar</p><p>documentos para realização desses projetos ou de outras atividades</p><p>dentro das organizações. Herdeiros dos centros de documentação</p><p>histórica criados na década de 1970, o uso organizacional da</p><p>documentação de valor histórico ganhou força a partir da década de</p><p>1990.</p><p>Nos anos 2000, Paulo Nassar (2007) fez uma análise e apresentou</p><p>uma série de experiências de projetos de memória institucional em</p><p>empresas que representavam como finalidade de gestão estratégica</p><p>da comunicação organizacional.</p><p>Ao longo dos anos, essas experiências tiveram avanços e recuos,</p><p>mas permitiram estabelecer alguns parâmetros de atuação que</p><p>resultaram na configuração de um tipo específico de unidade de</p><p>informação, o centro de memória, assim definido:</p><p>O CM é uma área de uma instituição cujo objetivo é reunir, organizar, identi�car,</p><p>conservar e produzir conteúdo e disseminar a documentação histórica para os públicos</p><p>interno e externo. Ecoando os valores das instituições, os CMs geram produtos e</p><p>serviços, dialogando com o campo da gestão do conhecimento, da comunicação e da</p><p>cultura organizacional. ” (ITAÚ CULTURAL, 2013).</p><p>Como dito anteriormente, os elementos da memória institucional</p><p>e da memória organizacional estão presentes nessa definição. A</p><p>aquisição de informação, a produção de conteúdo e a sua</p><p>disseminação estão a serviço tanto do público interno quanto do</p><p>público externo, visando desenvolver ações ligadas à comunicação</p><p>institucional (imagem organizacional), à cultura organizacional e à</p><p>produção de conhecimento em sentido técnico. Ao se consolidar</p><p>como uma área de atuação e não apenas como projetos, passa a</p><p>servir como apoio às áreas técnicas e de Comunicação, Marketing ou</p><p>Recursos Humanos, dependendo do tipo de demanda existente.</p><p>Por outro lado, há várias dificuldades para gerenciar e utilizar a</p><p>memória dentro de uma organização. A cultura do “novo” em</p><p>detrimento do “antigo” tem sido uma constante. O interesse pela</p><p>análise e interpretação dos fatos passados, como mecanismo de</p><p>conhecimento da organização e de seus processos, não é uma</p><p>constante nas organizações brasileiras. Outra dificuldade é a</p><p>dispersão dos acervos e a ausência de políticas de gestão de</p><p>documentos. A base da memória organizacional é a existência de</p><p>repositórios de documentos que possam ser acionados para</p><p>utilização quando necessário. Muitas vezes, a complexidade</p><p>administrativa também é um entrave. A dificuldade em</p><p>compreender a estrutura corporativa em grandes grupos e as suas</p><p>relações impedem a reunião ou a pesquisa de documentos para essa</p><p>finalidade. E, por fim, a mobilidade institucional também pode criar</p><p>inflexões na gestão da memória. Fusões, aquisições, incorporações,</p><p>privatizações, entre outros, mudam a configuração institucional. E</p><p>aí a pergunta “qual memória se deseja preservar?” torna-se difícil de</p><p>responder.</p><p>No Brasil, o caminho para criação dos centros de memória, em</p><p>um primeiro momento, era reunir “documentos interessantes” para</p><p>compor um memorial sem critério de avaliação. Posteriormente, a</p><p>atenção sobre arquivos “especiais”, como o audiovisual e o</p><p>fotográfico, demonstrou as potencialidades desse tipo de</p><p>documento. Fotografias e filmes podem ser um poderoso aliado na</p><p>valorização da cultura organizacional. Em um segundo momento,</p><p>teve início uma fase de compreensão dos documentos como série,</p><p>uma vez que se entendeu a importância</p><p>em informação (CoInfo) por parte desses profissionais.</p><p>Também ressaltam a importância do profissional contábil no</p><p>desenvolvimento estratégico da organização pela natureza das</p><p>informações que têm acesso e que são demandadas pelos gestores</p><p>para promover tanto a construção de planejamentos e estratégias</p><p>como para a tomada de decisão. Elencam conhecimentos,</p><p>habilidades e atitudes necessárias aos profissionais contábeis para</p><p>contribuir com a gestão da informação e reforçam a natureza</p><p>mediadora do trabalho por eles desenvolvido, que visa, em última</p><p>instância, promover a apropriação da informação por parte dos</p><p>diferentes sujeitos com os quais dialogam nas organizações.</p><p>No sétimo capítulo, com o título Aproximações entre processos</p><p>decisórios e a gestão da informação e de conhecimento, a autora</p><p>Elaine da Silva reflete, a partir de análise da literatura, sobre o</p><p>processo decisório e a gestão de informação e de conhecimento</p><p>(GIC) e respectivas aproximações. Na análise das características dos</p><p>modelos decisórios do tipo racional, processual, anárquico e</p><p>político, a autora ressalta que, independentemente do modelo</p><p>adotado, a informação é insumo essencial em qualquer processo</p><p>q q p</p><p>decisório tanto para a definição do problema quanto para a escolha</p><p>de alternativas e a apropriação da informação. Por fim, a autora</p><p>também destaca três modelos de gestão da informação e do</p><p>conhecimento (baseados em Choo, Davenport e Prusak, Valentim)</p><p>concluindo que a estruturação de uma organização, com base em</p><p>processos de gestão da informação e do conhecimento, tende a</p><p>tornar mais seguras, eficientes e assertivas as tomadas de decisões.</p><p>O oitavo capítulo, de autoria de Ieda Pelógia Martins Damian e</p><p>Márcia Regina da Silva, intitulado Da Administração para a ciência</p><p>da informação: aplicação da matriz SWOT em serviços, tem como</p><p>objetivo desenvolver uma análise estratégica do site de uma</p><p>biblioteca universitária brasileira com a intenção de identificar os</p><p>principais pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades</p><p>dos serviços de referência virtuais. Ao realizar o cruzamento entre</p><p>forças e fraquezas, ameaças e oportunidades da Biblioteca Central</p><p>da Universidade de São Paulo campus Ribeirão Preto, São Paulo</p><p>(BCRP/USP), a partir da análise do site da referida biblioteca, as</p><p>autoras concluem que há pontos que precisam ser observados, tais</p><p>como a falta de desenvolvimento e divulgação de ações que não</p><p>devem se restringir a promover o acesso à informação. Finalizam</p><p>trazendo, dentre as oportunidades que podem ser exploradas pela</p><p>biblioteca, o investimento em inovação e modernização da prestação</p><p>do serviço de referência aos usuários em virtude da recente reforma</p><p>e mudança no quadro de gestores da instituição, o que pode</p><p>representar inúmeros benefícios aos usuários dessa unidade.</p><p>O nono capítulo é intitulado Entre a ciência da informação e a</p><p>ciência da administração: a gestão na biblioteca do Centro</p><p>Universitário UNIESP e tem autoria de Rayan Aramís de Brito</p><p>Feitoza, Emeide Nóbrega Duarte, Elaine Cristina de Brito Moreira e</p><p>Cilene Maria Freitas de Almeida. Nesse texto, os autores trazem um</p><p>relato de experiência na biblioteca de um centro universitário na</p><p>cidade de João Pessoa, PB, a fim de apresentar práticas de gestão</p><p>para compreender a relação entre profissionais da informação e</p><p>administradores. Segundo os autores, os primeiros indícios da</p><p>presença do tema gestão na ciência da informação podem ser</p><p>observados nos estudos sobre unidades de informação, que</p><p>q</p><p>evoluíram para outros temas, como a inteligência competitiva e a</p><p>gestão da informação. Ao final, os autores ressaltam a importância</p><p>da relação entre o conhecimento e a prática profissional na atuação</p><p>em unidades de informação.</p><p>No décimo capítulo, Beatriz Rosa Pinheiro dos Santos, Ieda</p><p>Pelógia Martins Damian e Davi Rogerio de Moura Costa abordam</p><p>sobre Gestão estratégica da informação em um observatório de</p><p>cooperativas de créditos: um estudo sob a luz da teoria do</p><p>conhecimento. O objetivo principal nesse texto é propor, sob a ótica</p><p>da teoria do conhecimento, discussões acerca da gestão da</p><p>informação (GI) e da gestão estratégica da informação (GEI) no</p><p>Observatório de Cooperativas de Crédito (OBSCCOP) da</p><p>USP/FFCLR, com a finalidade de potencializar os serviços de</p><p>informação oferecidos por esse observatório. Destacam em sua</p><p>discussão alguns produtos desenvolvidos nesse espaço, tais como:</p><p>RICO (realiza comparações e benchmarking); FOCCO (relatório que</p><p>apresenta dados de outras cooperativas brasileiras); mapa de</p><p>cooperativas (traz o mapeamento de cooperativas feito pelos</p><p>membros do OBSCOOP); guia do estudante (ferramenta de gestão</p><p>estratégica da informação que auxilia na localização de cursos de</p><p>graduação e pós-graduação); agenda de eventos científicos (com</p><p>informações sobre eventos de interesse, assim como anais, nacionais</p><p>e internacionais); biblioteca (oferta arquivos e links de acesso a</p><p>materiais científicos publicados); cursos de curta duração; o MBA</p><p>em gestão (na modalidade presencial e EAD). Ao final, os autores</p><p>concluem ressaltando a relevância da GI e da GEI na formação</p><p>consciente dos sujeitos, caracterizando-se como um diferencial de</p><p>qualquer organização.</p><p>O capítulo onze, intitulado Gerenciamento de riscos estratégicos</p><p>nas MPEs como subsídio à implementação de uma cultura voltada</p><p>à gestão da informação, de autoria de Erick Pacheli Pereira, trata</p><p>sobre a utilização estratégica da informação na tomada de decisão</p><p>elevando o diferencial competitivo das organizações, em especial,</p><p>nas micro e pequenas empresas (MPEs). Segundo o autor, nessas</p><p>empresas, a efetivação da gestão da informação é um desafio,</p><p>considerando-se, em especial, a falta de conhecimento do gestor,</p><p>p g</p><p>além das dificuldades financeiras desse tipo de empresa, o que pode</p><p>impactar diretamente em seu sucesso. Por fim, ressalta que a</p><p>implantação de sistemas de informação nas MPEs deve estar</p><p>atrelada ao planejamento estratégico e deve visar uma gestão da</p><p>informação que agilize os processos organizacionais e auxilie a</p><p>tomada de decisão.</p><p>No capítulo de número onze, Marta Lígia Pomim Valentim traz</p><p>um texto sobre a Inteligência organizacional no contexto do big</p><p>data visando a geração de diferenciais competitivos, onde explica</p><p>a adoção do termo inteligência organizacional em detrimento de</p><p>outros, devido à sua abrangência por lidar tanto com a inteligência</p><p>de negócios como com a inteligência competitiva. Apresenta</p><p>ferramentas de inteligência competitiva, seja para prospecção como</p><p>para exploração de dados, que podem ser adotadas visando ampliar</p><p>a visão das organizações com base em dados que sejam úteis e</p><p>confiáveis. Por fim, a autora alerta que as organizações podem obter</p><p>dados dos seus clientes no ambiente web e, para tanto, devem adotar</p><p>a inteligência organizacional como forma de acessar aquilo que seja</p><p>realmente relevante para a tomada de decisões estratégicas que</p><p>promovam o efetivo crescimento organizacional.</p><p>Vê-se nesses capítulos tantas contribuições relevantes que trazem</p><p>ricas reflexões sobre a relação entre ciência da informação e</p><p>administração e áreas correlatas, como a contabilidade, e que</p><p>podem subsidiar a aplicação dessas metodologias em estudos que</p><p>promovam novas interlocuções entre os campos do conhecimento,</p><p>na observação de velhos e novos fenômenos sociais e</p><p>organizacionais.</p><p>Aspectos como gestão da informação, gestão do conhecimento,</p><p>planejamento e estratégia organizacionais, cultura e memória nas</p><p>organizações, mediação e competência em informação e inteligência</p><p>organizacional, dentre outros, são relevantes no contexto da ciência</p><p>da informação e, nesta coletânea, vimos que vêm sendo explorados</p><p>na relação interdisciplinar com a administração e a contabilidade,</p><p>não apenas no cotejamento de teorias e métodos, mas na construção</p><p>de conhecimento que leve à reflexão, à criticidade, ao</p><p>comportamento ético em ambiente organizacional de modo a</p><p>p g</p><p>refletir o compromisso social da ciência da informação</p><p>de se conhecer a história da</p><p>organização ou de um determinado processo. Nesse momento, esses</p><p>centros passam a atuar como prestadores de serviços, inicialmente,</p><p>para Marketing e Comunicação, e depois também para Recursos</p><p>p g p p</p><p>Humanos e áreas técnicas (engenharias, entre outras), colaborando</p><p>no desenvolvimento de estratégias de pertencimento (internamente)</p><p>e estratégias de imagem (externamente).</p><p>Hoje, sabemos que a composição do acervo de memória de uma</p><p>organização, seja em centros de memória ou em uma unidade</p><p>responsável por essa preservação, contempla documentos em</p><p>sentido amplo, mas principalmente documentos de arquivo,</p><p>normalmente de valor permanente, representativos da missão,</p><p>finalidades e atribuições da organização; o registro da memória dos</p><p>colaboradores e outros atores da vida organizacional, formando</p><p>bancos de entrevistas gravadas em diversos formatos; pesquisa</p><p>temática, coletada externamente com conteúdo sobre a organização</p><p>com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre ela. Normalmente,</p><p>esse acervo terá uma composição seletiva, com base tanto no</p><p>conceito de memória “definido” pela cultura organizacional quanto</p><p>pela utilidade que se pretende dar a ele. Arquivos técnicos,</p><p>normalmente, são utilizados para a memória técnica da organização.</p><p>Arquivos de Marketing e Comunicação para fortalecimento da</p><p>imagem institucional e assim por diante. Ao mesmo tempo, em</p><p>outras organizações, a criação de um repositório de informações</p><p>históricas importantes ao desenvolvimento do trabalho técnico</p><p>(marketing, desenvolvimento de produtos, marcas e patentes, entre</p><p>outros) começou a delinear um novo perfil, mais ligado à memória</p><p>organizacional e à gestão de conhecimento.</p><p>A reunião desse acervo depende de uma política que</p><p>determinará, além da guarda, em um centro de memória ou no</p><p>próprio setor, uso que poderá ser dado a ela. Cabem aí várias</p><p>perguntas. Quais são os documentos representativos da memória da</p><p>organização? Dentre esses, quais documentos têm valor de pesquisa</p><p>compatível com a atividade da organização? Quais documentos</p><p>podem ser recolhidos ao centro de memória sem que isso</p><p>represente um problema administrativo para a área que o produz?</p><p>Com isso, os acervos vão transformando os serviços prestados em</p><p>produtos que poderiam ser disponibilizados a várias áreas,</p><p>apresentadas a seguir.</p><p>4.3 MEMÓRIA COMO PRODUTO ORGANIZACIONAL</p><p>O processo de construção dos produtos de memória caminhou</p><p>paralelamente em duas direções. Durante as décadas de 1980 e</p><p>1990, o início do uso sistemático da memória como instrumento de</p><p>comunicação proporcionou uma alteração na percepção do público</p><p>ligada a questões culturais das empresas. Empresas como Rhodia e</p><p>Citibank utilizaram seu acervo documental para várias atividades</p><p>ligadas à comunicação empresarial e abriram caminho para outras.</p><p>Nessa época, a Rhodia, indústria têxtil, desde 1919 no Brasil, queria</p><p>se aproximar do consumidor final associando a história da marca no</p><p>Brasil à história da moda brasileira. O Citibank, que tinha um</p><p>rótulo depreciativo, junto à mídia e grande parte da sociedade</p><p>organizada brasileira, como “algoz da dívida externa brasileira”,</p><p>passou a dar visibilidade de sua história no país desde 1915, visando</p><p>mudar sua imagem junto ao público (NASSAR, 2007).</p><p>Vários outros casos demonstram a utilização de produtos de</p><p>memória para ações de comunicação interna e valorização da</p><p>cultura organizacional, como a integração de profissionais, o</p><p>desenvolvimento do sentimento de pertencimento junto aos</p><p>colaboradores e a preparação de sucessores para cargos executivos,</p><p>sejam empresas familiares ou como treinamento para novos</p><p>profissionais. Também a comunicação externa, focando a imagem</p><p>corporativa e a reputação institucional, teve grande incremento. E,</p><p>por fim, a gestão do conhecimento, representada principalmente</p><p>nos acervos de memória técnica para desenvolvimento de produtos,</p><p>marketing, marcas e patentes, entre outros.</p><p>Mais recentemente, ao indicar os produtos e serviços de memória</p><p>a partir da experiência de seu centro de memória, o Itaú Cultural</p><p>(2013), que gerencia tanto a memória do instituto quanto a</p><p>memória do Banco Itaú, considera três questões relevantes para a</p><p>definição dos usos da memória pertinentes a cada organização.</p><p>Inicialmente, qual o perfil do centro de memória ou o projeto de</p><p>memória institucional que se pretende. Esse perfil é o que</p><p>determina a natureza dos produtos e serviços a serem</p><p>desenvolvidos. A segunda questão refere-se ao público-alvo que os</p><p>produtos e serviços devem atingir. O público é interno ou externo,</p><p>acadêmico ou corporativo, jovem ou adulto, escolar ou profissional?</p><p>As características particulares de cada público-alvo serão</p><p>determinantes para definir a natureza dos produtos e serviços. Por</p><p>fim, o uso do acervo documental existente na organização para a</p><p>elaboração desses produtos e serviços. O que há de documentação</p><p>disponível? É possível produzir documentos, como entrevistas e</p><p>depoimentos? Há documentos sobre os fundadores ou sobre o</p><p>funcionamento da organização? O acervo existente determina as</p><p>possibilidades de utilização. Essas questões devem ser respondidas</p><p>antes da definição dos produtos para cada uma das áreas de</p><p>atuação, comunicação organizacional, cultura organizacional e</p><p>gestão do conhecimento. Embora todas as áreas de atuação possam</p><p>ser atendidas, não é um processo fácil. Como demonstrado por</p><p>Parrilla, Ogliara e Bittencourt (2017), para o Centro de Memória</p><p>Bunge, e por Costa, Mancebo e Pessôa (2016), para o Espaço de</p><p>Memória da Cervejaria Bohemia, cada organização acaba por</p><p>privilegiar uma área de atuação, muitas vezes, em detrimento das</p><p>demais, mas o processo de preservação de acervo é sempre positivo,</p><p>no sentido da criação de possibilidades para atuação da memória</p><p>organizacional, mesmo que em outro momento.</p><p>4.4 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL</p><p>Do ponto de vista da comunicação organizacional, a memória</p><p>institucional tem sido bastante utilizada como mecanismo de reforço</p><p>da imagem das organizações ao longo do tempo, a denominada</p><p>reputação organizacional,</p><p>É a avaliação geral que os stakeholders fazem sobre uma organização ao longo do</p><p>tempo. Esta avaliação é baseada nas experiências diretas dos stakeholders com a</p><p>organização, em qualquer outra forma de comunicação ou simbolismo que fornece</p><p>informação sobre as ações da organização e/ou comparação com as ações de outras</p><p>organizações rivais (GOTSI; WILSON, 2001 apud THOMAZ, 2006).</p><p>Trata-se, portanto, de estabelecer um relacionamento com</p><p>clientes, sócios, acionistas, fornecedores, entre outros de confiança,</p><p>em que o passado sustenta a perspectiva de futuro. Para Mendes</p><p>(2013), a reputação “sustenta uma história corporativa que não é</p><p>mais do que uma descrição textual estruturada que comunica a</p><p>essência de uma organização a todos os stakeholders, ajudando a</p><p>fortalecer os laços que os ligam, e posicionando-a com sucesso face</p><p>aos seus rivais”, estabelecendo uma identidade duradoura.</p><p>Entende-se que a identidade de uma empresa é o resultado de</p><p>como o público a enxerga por meio das ações de suas diversas áreas</p><p>e porta-vozes. O reflexo dessa identidade se transforma na imagem</p><p>da companhia, sendo que a soma de imagens positivas e negativas,</p><p>ao longo do tempo, constitui a sua reputação. Se a identidade for</p><p>gerada por ações de comunicação que denotam ética, coerência e</p><p>credibilidade, a imagem será positiva. Se as condutas refletirem</p><p>posturas contraditórias e dissonantes, a identidade estará associada</p><p>à desconfiança e, consequentemente, a imagem será negativa</p><p>(SILVA NETO, 2013).</p><p>Goulart (2005) defende que a história de uma organização</p><p>colabora para a criação de valor e na defesa de sua imagem perante</p><p>públicos estratégicos. “A visibilidade aberta pela narrativa histórica</p><p>seria um ingrediente poderoso nos processos de crise e na criação</p><p>de diferencial frente à concorrência”. Poderia, também, reforçar</p><p>vínculos e criar empatia tanto para o público externo quanto para o</p><p>público interno.</p><p>O uso da memória para manutenção da reputação organizacional</p><p>tem várias faces, desde o fortalecimento de missão, visão e valores</p><p>institucionais até o reposicionamento no mercado em momentos de</p><p>mudança ou crise, importantes em Marketing, Publicidade e</p><p>Propaganda. Campanhas de comunicação, com o uso de mídias</p><p>sociais, conteúdo para publicidade e propaganda, livros</p><p>comemorativos, revistas e exposições, são produtos mais tradicionais</p><p>que também podem ser utilizados para outros fins.</p><p>O exemplo da Unilever também evidencia a necessidade de uma nova rede de</p><p>informações para a gestão dos negócios, o que modi�ca a ideia de que conhecer o</p><p>passado seja uma vaga necessidade ou um brilho a mais na imagem institucional. A</p><p>Gessy Lever, ao completar 70 anos de atuação no país, percebeu que não dispunha de</p><p>arquivos ou de informações organizadas sobre sua trajetória. (...) o escopo do trabalho</p><p>considerou tais necessidades e reuniu acervo com documentos internos dispersos e</p><p>outros resgatados fora da empresa; além disso, documentos que não deixaram seu</p><p>local de origem foram referenciados, e tal conjunto gerou um inventário, abrangendo</p><p>as fontes custodiadas e as referenciadas. Paralelamente, foram extraídas informações</p><p>que totalizaram um banco de dados colocado na intranet da empresa, sobre a história</p><p>institucional, as empresas formadoras da Unilever e a trajetória de 20 de suas principais</p><p>marcas por antiguidade e liderança no mercado (GOULART, 2005).</p><p>A abertura da empresa, em circunstâncias específicas, para</p><p>eventos ou visitas guiadas, pode ser uma oportunidade de</p><p>aproximação com esse público. Esse processo pode ocorrer de</p><p>diferentes formas e com objetivos diversos, mas, principalmente,</p><p>nos casos de bens de consumo, nos quais a ligação marca x</p><p>consumidor é direta, e o apelo emocional da memória é sempre</p><p>importante. A visita guiada à Cervejaria Bohemia é um desses</p><p>exemplos (COSTA; MANCEBO; PESSÔA, 2016), assim como a</p><p>visita guiada ao Espaço Memória Itaú, que contempla, além da visita</p><p>ao espaço de memória, também uma visita ao complexo de edifícios</p><p>do banco, com ênfase nas obras de arte ali existentes (ITAÚ</p><p>CULTURAL, 2013).</p><p>4.5 CULTURA ORGANIZACIONAL</p><p>A cultura organizacional também pode se beneficiar da memória</p><p>como uma fonte de conteúdo para utilização em diversos projetos.</p><p>Edgar Schein (2009) define a cultura organizacional como um</p><p>Padrão de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao</p><p>aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e</p><p>que funcionaram su�cientemente bem para ser considerados válidos e, portanto,</p><p>serem ensinados aos novos membros como o modo correto de perceber, pensar e</p><p>sentir em relação a esses problemas.</p><p>Os autores da psicologia organizacional propõem a possibilidade</p><p>de uma leitura do universo simbólico da organização com base na</p><p>leitura histórica. Em um contexto de pesquisa da cultura</p><p>organizacional, as informações registradas em documentos, ao</p><p>serem decodificadas, podem levar à compreensão do contexto</p><p>cultural e da evolução da organização ao longo do tempo (FLEURY,</p><p>2007).</p><p>Ao mesmo tempo, as estratégias de pertencimento, assim como a</p><p>formação e o fortalecimento de lideranças promovidas</p><p>principalmente pelas áreas de gestão de pessoas e comunicação</p><p>interna, podem-se valer dos elementos da cultura organizacional: os</p><p>artefatos, as crenças e os valores, e os pressupostos básicos.</p><p>Assim como o nível dos artefatos contempla as estruturas</p><p>administrativas, os objetos e os processos organizacionais</p><p>contemplam os documentos. Esses artefatos, visíveis para os</p><p>membros, são também responsáveis pela transmissão de crenças e</p><p>valores assumidos pelo grupo e transmitidos por meios de</p><p>comunicação, influenciados pelos mecanismos de liderança</p><p>intrínsecos à gestão administrativa. A linguagem, o vestuário, os</p><p>mitos e heróis, as histórias, os rituais e as cerimônias podem ser</p><p>fortalecidos pelo uso da materialização física desses artefatos: os</p><p>documentos, principalmente, aqueles revestidos de caráter icônico</p><p>(FREITAS, 2007).</p><p>Exposições e livros históricos podem ter essa finalidade. A</p><p>construção da cultura organizacional tem início no nascimento da</p><p>organização. Os participantes da primeira geração – fundadores e</p><p>“pioneiros” – são responsáveis por forjar o caminho da organização</p><p>até constituir seu “conjunto de pressupostos básicos”. O registro das</p><p>histórias acontece primeiro pela reprodução dos relatos orais – num</p><p>processo de construção de narrativas que permanece no imaginário</p><p>da organização. Em um segundo momento, essas narrativas são</p><p>registradas em produtos da “memória”, como os livros</p><p>comemorativos.</p><p>O reforço da cultura, nesse caso, se dá pela reprodução de</p><p>valores, representada por esses fundadores e pioneiros da</p><p>organização. Da mesma forma, a rede de comunicações da</p><p>organização passa a divulgar a cultura, reproduzindo os valores da</p><p>organização em documentos e objetos que deem concretude a eles.</p><p>Nessa categoria, podemos incluir os manuais de integração e os</p><p>brindes. A inclusão de elementos de memória institucional permite</p><p>a elaboração desses valores ao longo do tempo e dá legitimidade a</p><p>eles.</p><p>O mesmo ocorre com os eventos e as cerimônias. De natureza</p><p>ritualística, alguns eventos, como as premiações por desempenho ou</p><p>por antiguidades, podem se beneficiar da memória institucional</p><p>visando associar a atividade laboral ao desenvolvimento da</p><p>organização ao longo do tempo. A produção de materiais de</p><p>divulgação, utilizando documentos históricos, contribui para esse</p><p>processo, assim como as campanhas de comunicação envolvendo a</p><p>memória dos colaboradores. Um exemplo disso é a criação de uma</p><p>campanha com depoimentos breves de membros da organização</p><p>sobre um tema que se quer valorizar durante um evento de</p><p>premiação. O resultado pode ser apresentado como uma exposição,</p><p>num painel fotográfico, ou num documentário audiovisual editando</p><p>todas as contribuições.</p><p>A produção de brindes contemplando a história da organização,</p><p>com a utilização de fotos antigas, também reforça a memória de</p><p>pertencimento do grupo. Esse tipo de estratégia pode ser utilizado</p><p>na produção de kits de integração de novos funcionários (com o</p><p>histórico da organização), material para treinamento e capacitação,</p><p>especialmente na formação de lideranças ou de equipes que atuarão</p><p>diretamente com o público.</p><p>Ao mesmo tempo, os documentos produzidos, resultantes da</p><p>realização dos rituais da organização, tornam-se eles próprios</p><p>artefatos dos valores e das crenças que representam. São usados</p><p>para reproduzir e reforçar a cultura que transmitem na publicação</p><p>em revistas.</p><p>4.6 CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL</p><p>Por fim, a utilização da memória para criação e registro de</p><p>conhecimento está diretamente relacionada ao conceito de memória</p><p>como</p><p>um conjunto de informações e/ou documentos, orgânicos ou não, representativos da</p><p>organização, referenciados sem que haja necessidade de reunir física ou materialmente</p><p>as fontes, apenas captando as informações, identi�cando-as e aos objetos que as</p><p>contém, para que estejam disponíveis ao pesquisador, de maneira coerente e integrada</p><p>(BELLOTTO, 2004).</p><p>Base do conceito de memória organizacional, a utilização de</p><p>documentos e informações produzidos e/ou acumulados pela</p><p>organização, além da realização de pesquisa externa para coleta de</p><p>informações, corresponde a um dos importantes aportes para a</p><p>teoria da gestão do conhecimento. Quando se fala em conhecimento</p><p>organizacional, não se pode ignorar o repertório acumulado de</p><p>conhecimento existente tacitamente nos colaboradores, assim como</p><p>não se pode ignorar o repositório de conhecimento existente em</p><p>documentos de arquivo e informações de pesquisa. O uso da</p><p>memória técnica para geração de conhecimento organizacional tem</p><p>sido objeto de muitos estudos ligados ao conhecimento</p><p>organizacional.</p><p>Em nenhum projeto ou programa de gestão de conhecimento, é</p><p>possível deixar de considerar a importância da manutenção de</p><p>documentos considerados relevantes para</p><p>pesquisa. Nesse sentido,</p><p>os arquivos técnicos ganham uma nova dimensão, de ampliação das</p><p>possibilidades de pesquisa, seja para uso no desenvolvimento de</p><p>produtos, como para o estudo das mais diversas situações que se</p><p>colocam à organização.</p><p>Um caso clássico da literatura, em que o acervo documental foi</p><p>utilizado para recuperar o conhecimento em benefício da produção</p><p>industrial, é o caso da marca Kolynos, de creme dental.</p><p>(...) em meados da década de 1990, a empresa foi comprada por outra companhia</p><p>similar, a Colgate, o que provocou a intervenção do CADE (Conselho de Defesa</p><p>Econômica), órgão que exerce uma �scalização antitruste no país, pois as duas</p><p>empresas juntas detinham mais de 80 % do mercado de produtos de higiene bucal no</p><p>mercado brasileiro. A Kolynos foi obrigada a retirar de circulação sua marca principal e</p><p>colocou-se a necessidade de criar novo produto, com outro nome, outra comunicação</p><p>visual, outra identidade. Nesse momento surgiu a certeza de que era preciso conhecer</p><p>com detalhes a história do principal produto da empresa, Kolynos Super Branco, carro-</p><p>chefe e origem de todas as variantes da carteira institucional. Nesse contexto é que foi</p><p>decidido internamente o trabalho com a memória da empresa. Reuniu-se o acervo</p><p>atinente à marca desde sua entrada no mercado, a trajetória da comunicação, ‘as</p><p>estratégias de marketing, abrangendo itens referentes a propaganda, embalagens,</p><p>patrocínios e sua evolução no tempo. A documentação foi arranjada e descrita. O</p><p>projeto da marca lançada no mercado – Sorriso – levou em consideração a memória de</p><p>Kolynos, cuja identidade sempre esteve por trás do novo lançamento (GOULART, 2005).</p><p>Neste caso, o estudo do caso Kolynos demonstra a necessidade de</p><p>uso do conhecimento organizacional sobre um produto de grande</p><p>importância para um grupo empresarial para reposicionamento do</p><p>produto, sob uma nova marca, de tal modo que esta substituísse a</p><p>primeira e tivesse condições de dar o retorno financeiro e de</p><p>mercado desejado pela empresa.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A utilização da memória como ativo de conhecimento das</p><p>organizações ganhou força a partir dos anos 1980 tanto pela</p><p>percepção da importância da memória como elemento de</p><p>aproximação com o público externo quanto pelo desenvolvimento</p><p>de novas teorias da psicologia organizacional que demonstraram a</p><p>importância da formação de vínculos entre colaboradores e a</p><p>organização. Associado à necessidade de preservação de</p><p>documentos de valor técnico para realização de projetos de criação</p><p>de conhecimento nas mais diversas áreas, os espaços destinados à</p><p>memória organizacional ampliam as possibilidades de arquivos e</p><p>museus empresariais, com vistas à ativação dos processos ligados à</p><p>informação pregressa, como fonte de novas interpretações.</p><p>Configurada em produtos, a memória organizacional se</p><p>estabelece como uma ferramenta que pode atender a diversas</p><p>necessidades das organizações, desde o reposicionamento de marcas</p><p>no mercado, pelo estudo de seu histórico ou pela criação de</p><p>campanhas publicitárias de natureza memorialística, passando pelo</p><p>desenvolvimento de projetos de fortalecimento da cultura</p><p>organizacional, até a implantação de projetos e programas bem-</p><p>sucedidos de gestão de conhecimento.</p><p>Embora existam dificuldades das mais diversas, o potencial de</p><p>uso da memória organizacional demonstra a importância de sua</p><p>preservação e utilização em benefício da gestão organizacional.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BELLOTTO, H. L. Arquivos Permanentes: tratamento</p><p>documental. Rio de Janeiro: FGV, 2004.</p><p>CAMARGO, C. Centros de documentação e pesquisa histórica: uma</p><p>trajetória de três décadas. In: CPDOC 30 anos. Rio de Janeiro:</p><p>Editora FGV/CPDOC, 2003. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 21 jun. 2020.</p><p>COSTA, A. S. M; MANCEBO, R. C.; PESSÔA, L. A. G. P. Museus</p><p>Corporativos Estratégicos: Uma Análise do Espaço de Memória da</p><p>Cervejaria Bohemia. Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 11, n. 2,</p><p>p. 100-117, maio/ago. 2016. Disponível em:</p><p>. Acesso</p><p>em: 21 jun. 2020.</p><p>ETZIONI, A. Organizações modernas. 5. ed. São Paulo: Pioneira,</p><p>1984.</p><p>FLEURY, M. T. L. O desvendar a cultura de uma organização –</p><p>uma discussão metodológica. In: FLEURY, Maria Tereza Leme;</p><p>FISCHER, Rosa Maria (Org.). Cultura e poder nas organizações.</p><p>São Paulo: Atlas, 2007.</p><p>FREIRE, P. S. et alii. Memória organizacional e seu papel na gestão</p><p>do conhecimento. Revista de Ciência da Administração, v. 14, n.</p><p>33, p. 41-51, ago. 2012. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 16 jul. 2020.</p><p>FREITAS, M. E. Cultura organizacional e seus elementos. In:</p><p>Cultura Organizacional: evolução e crítica. São Paulo: Cengage</p><p>Learning, 2007.</p><p>GOULART, S. Patrimônio documental e história institucional. São</p><p>Paulo: ARQ-SP, 2005.</p><p>HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Editora Revista</p><p>dos Tribunais, 1990.</p><p>INSTITUTO ITAÚ CULTURAL. Centros de memória: manual</p><p>básico de implantação. São Paulo: Instituto Itaú Cultura, 2013.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 10 jun.</p><p>2020.</p><p>MENDES, A. M. Reputação organizacional e Relações Públicas:</p><p>contributos para o esclarecimento da hierarquia entre os conceitos.</p><p>Comunicação Pública, v. 8. n. 13, p. 25-39, 2013. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 jul. 2020.</p><p>MENEZES, E. M. Estruturação da memória organizacional de uma</p><p>instituição em iminência de evasão de especialistas: Um estudo de</p><p>caso da CONAB. Dissertação – Universidade Católica de Brasília,</p><p>Brasília, 2006. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 10 jun. 2020.</p><p>NASSAR, P. Relações públicas: a construção da responsabilidade</p><p>histórica e o resgate da memória institucional das organizações. São</p><p>Caetano do Sul: Difusão Editora/Senac Editora, 2007.</p><p>PARRILLA, F. A; OGLIARA, M. B. J .P. Potencialidades e desafios</p><p>na articulação entre a memória e a aprendizagem organizacional: o</p><p>Centro de Memória Bunge. REGE – Revista de Gestão, v. 24, p.</p><p>325-335, 2017. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>10 jun. 2020.</p><p>SASIETA, H. A. M.; BEPPLER, F. D; PACHECO, R. C. S. A</p><p>memória organizacional no contexto da Engenharia do</p><p>conhecimento. DataGramaZero, v. 12, n. 3, ago. 2011. Disponível</p><p>em: . Acesso em:</p><p>10 jul. 2020.</p><p>SCHEIN, E. H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo:</p><p>Atlas, 2009.</p><p>THIESEN, I. Memória institucional. João Pessoa: UFPB, 2013.</p><p>VITORIANO, M. C. C. P. Obrigação, controle e memória: aspectos</p><p>legais, técnicos e culturais da produção documental de organizações</p><p>privadas. Tese de Doutorado, São Paulo: FFLCH/USP, 2012.</p><p>Disponível em:</p><p>p</p><p>. Acesso em: 17 jul. 2020.</p><p>WALSH, J. P; UNGSON, G. R. Organizational Memory. The</p><p>Academy of Management Review, v. 16, n. 1, p. 57-91, jan. 1991.</p><p>Disponível em</p><p>. Acesso em: 12 jul.</p><p>2020.</p><p>5</p><p>A Competência em Informação (CoInfo) Utilizada</p><p>como Instrumento Estratégico no Desempenho</p><p>dos Gestores Organizacionais</p><p>Vanessa Cristina Bissoli dos Santos</p><p>Cristiana Aparecida Portero Yafushi</p><p>Regina Célia Baptista Belluzzo</p><p>5.1 INTRODUÇÃO</p><p>No contexto contemporâneo vivenciado pela sociedade, a era</p><p>digital destaca-se como fomentadora no uso da informação e do</p><p>conhecimento como elementos essenciais no comportamento das</p><p>pessoas, no desempenho organizacional e na necessidade de se</p><p>apropriar de competências cada vez mais estratégicas para alavancar</p><p>a performance nos ambientes de negócios, seja de empresas, de bens</p><p>ou serviços.</p><p>A percepção dessa nova realidade faz com que os indivíduos</p><p>tenham um pensar</p><p>“mais crítico” e compreendam que, individual</p><p>ou coletivamente, o desenvolvimento de novas competências é</p><p>importante para o desenrolar de suas carreiras e,</p><p>consequentemente, para o crescimento de sua organização,</p><p>principalmente para os que detêm cargos em área de gestão. Essa</p><p>dualidade (indivíduo e organização), norteada pela competência em</p><p>informação (CoInfo), promove inovação, maior produtividade,</p><p>maior qualidade, preço justo de mercado, crescimento,</p><p>flexibilidade, construção de conhecimento e tomadas de decisões</p><p>assertivas voltadas às necessidades dos clientes internos e externos.</p><p>Dessa maneira, quando os gestores se apropriam da CoInfo, em</p><p>seus ambientes organizacionais, replicam esse instrumento</p><p>transformador, norteando suas ações no enfrentamento cada vez</p><p>mais acirrado da competividade de maneira hábil e inteligente.</p><p>p g</p><p>Nesse âmbito, a seguinte questão central é proposta: como a</p><p>CoInfo pode ser utilizada enquanto instrumento estratégico no</p><p>desempenho dos gestores organizacionais? Cabe salientar que é de</p><p>suma importância compreender a temática “Competência em</p><p>Informação” não apenas para propiciar reflexões e discussões</p><p>acerca dos elementos que compõem esse instrumento estratégico</p><p>mas também por ser um tema reconhecido internacionalmente,</p><p>possibilitando novos comportamentos exigidos pela Indústria 4.0.</p><p>Este termo foi utilizado pela primeira vez em 2011, na Feira de</p><p>Hanover, Alemanha, para definir o que seria a Quarta Revolução</p><p>Industrial (DRATH; HORCH, 2014), vindo após três revoluções</p><p>que resultaram da mecanização, da eletricidade e das tecnologias da</p><p>informação. Trata-se de uma revolução dos processos de</p><p>manufatura, tendo por base, entre outras tecnologias, os Sistemas</p><p>Ciber-Físicos (equipamentos com capacidade de integrar seu corpo</p><p>físico ao mundo virtual, com capacidade de representar seu estado a</p><p>partir da coleta de informações em tempo real, e tomar decisões</p><p>autônomas) e a Internet das Coisas (faz uso da disponibilidade cada</p><p>vez maior de infraestrutura de comunicação para formar grandes</p><p>redes, conectando os mais diversos objetos de nosso cotidiano), o</p><p>que traz consigo maior complexidade no tratamento, na</p><p>organização e na necessidade de inovação dos processos produtivos,</p><p>a fim de se obter produtos e serviços personalizados a preços</p><p>competitivos.</p><p>5.2 COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO</p><p>Para que as organizações possam continuar a manter-se</p><p>competitivas na atualidade, elas necessitam ter, em seu quadro</p><p>funcional, gestores que compreendam o quão relevante é o seu</p><p>constante desenvolvimento, principalmente, para lidar com as</p><p>informações que recebem diariamente e que precisam ser</p><p>decodificadas para que possam ser utilizadas estrategicamente pela</p><p>organização. Essas informações, que advêm de inúmeras fontes e de</p><p>inúmeros meios, são cada dia mais complexas e demandam do</p><p>gestor domínio de habilidades e competências para lidar e</p><p>congregar informações de cunho social, político, econômico,</p><p>tecnológico e cultural. Esse domínio, para atender tais exigências,</p><p>perpassa o que chamamos de competência em informação (CoInfo).</p><p>Essa competência faz parte da área da ciência da informação (CI),</p><p>sendo que, inicialmente, começou a ser estudada nos anos 1970, nos</p><p>EUA, no arcabouço da biblioteconomia (com o termo Information</p><p>Literacy) e, hoje, tem estreita inter-relação com outras áreas, tais</p><p>como administração, direito, educação, entre outras, que têm, na</p><p>informação, seu aliado estratégico para o alcance de seus resultados.</p><p>Assim, partindo dessas elucubrações, alcança-se uma definição</p><p>sobre a CoInfo visando permitir a compreensão da importância</p><p>dessa competência junto aos processos contínuos de aprendizagem</p><p>que os gestores precisam dominar. Desse modo, um conceito que</p><p>abarca essas premissas foi definido, em 1989, pela American Library</p><p>Association (ALA), a qual descreveu que a competência em</p><p>informação possibilita ao indivíduo:</p><p>(...) ser capaz de reconhecer quando uma informação é necessária e deve ter a</p><p>habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação.... Resumindo, as</p><p>pessoas competentes em informação são aquelas que aprenderam a aprender. Elas</p><p>sabem como aprender, pois, sabem como o conhecimento é organizado, como</p><p>encontrar a informação e como usá-la de modo que outras pessoas aprendam a partir</p><p>dela (ALA, 1989).</p><p>Essa conceituação, quando aplicada à área de gestão nas</p><p>organizações, significa que, desenvolvendo a CoInfo, o gestor</p><p>poderá construir habilidades para:</p><p>• Reconhecer que a informação é o insumo ao qual ele precisa</p><p>agregar atributos, tais como: precisão, sinergia e confiança, e</p><p>usá-lo como base em suas tomadas de decisão.</p><p>• Especificar quais são as suas necessidades de informação.</p><p>• Criar estratégias e questionamentos que o ajudem a identificar</p><p>as fontes que poderão ser potenciais e até adequadas para</p><p>alcançar suas necessidades de informação.</p><p>• Compreender como acessar essas fontes e utilizar a tecnologia</p><p>de busca para acessá-las no time adequado.</p><p>• Realizar validações quanto às informações captadas,</p><p>organizando aquelas que serão úteis para sua necessidade.</p><p>• Checar, dentre as informações encontradas, aquelas que</p><p>atendem a princípios éticos e legais e que não possam denegrir</p><p>a sua imagem nem da organização ao serem utilizadas e</p><p>divulgadas.</p><p>• Ponderar sobre as informações encontradas e o que, com o</p><p>novo conhecimento, se pode extrair delas.</p><p>• Fazer uso da informação para resolver seu problema inicial de</p><p>informação, mas, com pensamento crítico e reflexivo sobre o</p><p>uso dessa experiência, reconhecendo-a como um modelo</p><p>relacional experimentado e que trouxe algum aprendizado ou</p><p>outros benefícios com o uso da informação no seu dia a dia no</p><p>âmbito organizacional.</p><p>A CoInfo tem o intuito de promover o desenvolvimento de</p><p>habilidades que favoreçam aos gestores adquirirem percepção para</p><p>aprendizagem autônoma, fornecendo-lhes a capacidade para</p><p>resolver problemas de informação que irão lhe auxiliar não só no</p><p>ambiente organizacional mas que lhes será útil e passível de</p><p>utilização e aplicação em quaisquer aspectos da vida quando houver</p><p>uma necessidade de informação. Essa premissa suscita um aprender</p><p>a aprender de maneira constante, significativa ao longo de toda a</p><p>vida profissional, educacional ou pessoal, tendo em mente sempre</p><p>tais preceitos.</p><p>5.3 ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL COMO NORTEADORA DE</p><p>DESEMPENHO</p><p>As organizações buscam implementar ações, planos e metas</p><p>estipulando objetivos que se integram e vão sendo compilados</p><p>abrangendo as decisões diariamente. Esse processo contínuo almeja</p><p>atingir, na prática, tudo o que foi planejado. Neste âmago, cabe</p><p>conceituar planejamento como um processo que busca atingir os</p><p>resultados mediante a análise e a identificação de elementos</p><p>abstratos que foram pensados e colocados em prática para</p><p>transformar em realidade o que foi idealizado (FERENCE;</p><p>THURMAN, 2012).</p><p>O planejamento faz parte de todas as áreas, independentemente</p><p>do seu ramo de atuação, requerendo estratégias para se atingir o</p><p>que foi programado, delineado e esboçado. O gerenciamento</p><p>estratégico, oriundo de um contexto que envolve todo um escopo</p><p>produtivo, comercial e operacional das organizações, permeia uma</p><p>simbiose que envolve todos os recursos: humanos, financeiros,</p><p>estruturais, mercadológico e físicos. Transpõe o ambiente</p><p>demográfico, resultando em novas adequações exigentes nesta</p><p>sociedade da informação e do conhecimento, baseada nas</p><p>tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDIC).</p><p>Nesse aspecto, gerenciar todos os recursos (tangíveis e</p><p>intangíveis) existentes no ambiente organizacional também implica</p><p>gerenciar a informação, o conhecimento e a construir novos</p><p>conhecimentos que vão ao encontro desse panorama vivenciado e</p><p>imposto pelas novas necessidades dos clientes, tanto no âmbito</p><p>interno como no externo, mas que só são possíveis mediante o uso</p><p>da estratégia organizacional que se caracteriza por um “conjunto</p><p>integral de compromissos, decisões e ações exigidos para uma</p><p>empresa criar valor e obter retornos superiores aos de seus</p><p>concorrentes” (HOSKISSON et alii, 2009).</p><p>Além disso, a estratégia organizacional compreende conhecer</p><p>todos os envolvidos no âmbito organizacional, seja no contexto</p><p>interno ou no externo, analisar, investigar, diagnosticar, avaliar e</p><p>implementar ações efetivas que resultem na reflexão profunda dos</p><p>cenários vivenciados, da realidade da empresa, dos avanços</p><p>tecnológicos, dos recursos disponíveis, da capacidade e das</p><p>competências adquiridas, das oportunidades de mercado, das</p><p>diversificações necessárias e dos stakeholders que perfazem esse</p><p>ambiente.</p><p>Os desafios são inúmeros para as organizações; romper esse véu</p><p>tênue da competitividade é a finalidade das organizações que se</p><p>munem de estratégias cada vez mais eficazes, como o</p><p>desenvolvimento e a implementação de novas competências capazes</p><p>de indicar a trajetória correta para o alcance de diferenciais</p><p>competitivos, proporcionando equilíbrio e harmonia entre</p><p>gerenciamento, capacidade, recursos, ética, potencialidade e</p><p>g p p</p><p>praticidade, difundindo a possibilidade de melhor desempenho e</p><p>transformando processos, operações e ações em fluxos contínuos de</p><p>informações e conhecimentos, agregando valor no domínio de</p><p>mercado. Em contrapartida, “a capacidade de inventar novos</p><p>setores e reinventar os antigos é um pré-requisito para chegar</p><p>primeiro ao futuro e uma pré-condição para permanecer na frente”</p><p>(HAMEL; PRAHALAD, 1995).</p><p>Apresentar as condições necessárias se readaptando,</p><p>reconstruindo, transformando, inovando e reagindo</p><p>antecipadamente, prevendo as mudanças, tendências e oscilações do</p><p>mercado é um papel fundamental que os gestores das organizações</p><p>devem considerar continuamente para não impactar no</p><p>desempenho das empresas e em seus resultados. A projeção das</p><p>oportunidades deve estar pautada nas informações e nos</p><p>conhecimentos que transmutam e propiciam soluções únicas que</p><p>garantem ações gerenciais inteligentes, conscientes e críticas ao</p><p>processo dos fenômenos das ideias e da sua complexidade,</p><p>proporcionando também autonomia e empoderamento nas decisões</p><p>e no desempenho almejado.</p><p>Nessa perspectiva, Abbad (1999), e Sonnentag e Frese (2002)</p><p>conceituam desempenho à efetivação de ações que atinjam os</p><p>resultados com eficiência e eficácia, readequando-se ao contexto</p><p>empregado. Os gestores, enquanto protagonistas na elaboração de</p><p>adoção de estratégias, também são responsáveis pela gestão do</p><p>desempenho organizacional.</p><p>Identificar quais são as competências ausentes em seus</p><p>colaboradores, promovendo a devida capacitação, o</p><p>desenvolvimento de novas habilidades e competências, requer um</p><p>olhar mais apurado dos tomadores de decisão, fato esse que,</p><p>quando não gerenciado adequadamente, levará a organização a</p><p>perder espaço no mercado competitivo, impactando em sua</p><p>atuação, no reconhecimento da sociedade e dos próprios clientes,</p><p>lesando sua imagem e reputação.</p><p>Os gestores obtêm essa percepção das necessidades de novas</p><p>competências, de novas capacitações, de novos conhecimentos, de</p><p>novos treinamentos e do desenvolvimento de novas habilidades de</p><p>seus colaboradores quando estes também apresentam competências</p><p>suficiente para compreender e avaliar as necessidades de seus</p><p>membros organizacionais e criam políticas organizacionais com</p><p>métodos e técnicas que visam suprir essas deficiências individuais e</p><p>coletivas, reinventando, diante das dificuldades, ações que</p><p>contribuem para que seus colaboradores se tornem ainda mais</p><p>produtivos, mas, além disso, que sejam autossuficientes em seu</p><p>desenvolvimento ao longo da vida.</p><p>A competência em informação surge como instrumento</p><p>fomentador de todo esse contexto, influenciando não só a</p><p>percepção por parte dos gestores que se apropriam dessa</p><p>competência mas integrando estratégia e desempenho nos</p><p>ambientes organizacionais. Esse profissional se tornará um</p><p>colaborador mais crítico, inteligente e motivado, gerindo suas</p><p>competências em concordância com a missão, a visão e os valores</p><p>organizacionais alicerçados em práticas e processos</p><p>interdependentes de fluxos de informação e de construção de novos</p><p>conhecimentos, patrocinando as tomadas de decisões e as pessoas</p><p>que perfazem esse ambiente mutável.</p><p>5.4 COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO SOB A ÓTICA DA ESTRATÉGIA NO</p><p>AMBIENTE ORGANIZACIONAL</p><p>As organizações vivenciam abruptas mudanças tecnológicas,</p><p>econômicas, culturais e comportamentais diante da Revolução 4.0</p><p>ou 4</p><p>a</p><p>Revolução Industrial. Diante da dinâmica frenética</p><p>apresentada pelo panorama atual, as empresas buscam adquirir</p><p>novas competências que propiciem a obtenção de vantagens</p><p>competitivas que contribuem para uma nova postura, atitudes,</p><p>criatividade, inovações, desempenho e ações estratégicas no</p><p>contexto organizacional. A competência em informação (CoInfo)</p><p>traz essa nova roupagem organizacional apresentada na figura 5.1.</p><p>FIGURA 5.1 Principais estratégias de desempenho sob a ó�ca da CoInfo.</p><p>Fonte: Adaptado de Belluzzo (2007) e Dutra (2017).</p><p>A figura 5.1 propicia conhecer as principais estratégias de</p><p>desempenho sob a ótica da CoInfo. Ao se apropriar da CoInfo, os</p><p>gestores possibilitam a integração de dados, informação,</p><p>conhecimentos, fluxos informacionais, tecnologias, comunicação e</p><p>pessoas em todo o seu processo e em suas atividades, contribuindo</p><p>para que as políticas institucionais, o planejamento, as metas, os</p><p>objetivos e a análise ambiental sejam assertivas e orientadas para</p><p>tomadas de decisões estratégicas. Todo esse escopo é possível por</p><p>meio do desenvolvimento e da implementação da CoInfo em todas</p><p>as áreas organizacionais, resultando em ações orientadas para o</p><p>compartilhamento de informações e construção de novos</p><p>conhecimentos organizacionais.</p><p>À medida que os gestores internalizam a CoInfo em suas</p><p>habilidades, atitudes e ações, esses profissionais irão consciente e</p><p>inconscientemente fazer uso dos cinco padrões de CoInfo</p><p>elaborados por Belluzzo (2007), com base em padrões e indicadores</p><p>de caráter internacional:</p><p>a) Padrão 1: a pessoa competente em informação determina a</p><p>natureza e a extensão da necessidade de informação.</p><p>b) Padrão 2: a pessoa competente em informação acessa a</p><p>informação necessária com efetividade.</p><p>c) Padrão 3: a pessoa competente em informação avalia</p><p>criticamente a informação e as suas fontes.</p><p>d) Padrão 4: a pessoa competente em informação,</p><p>individualmente ou como membro de um grupo, usa a</p><p>informação com efetividade para alcançar um objetivo/obter</p><p>um resultado.</p><p>e) Padrão 5: a pessoa competente em informação compreende as</p><p>questões econômicas, legais e sociais da ambiência do uso da</p><p>informação e acessa e usa a informação ética e legalmente.</p><p>Nessa perspectiva, quanto maior for o domínio da CoInfo em</p><p>suas atividades, maior também será o resultado obtido pela</p><p>organização em suas negociações, redução de custos,</p><p>maximização de resultados, dispêndio de tempo, eliminação de</p><p>falhas, agilidade, criatividade, flexibilidade, inovação e alta</p><p>performance.</p><p>Diante disso, o impacto indicado por Dutra (2017) sobre toda a</p><p>organização (equipe, processo e escopo), carteira de clientes de</p><p>pequeno, médio e grande portes (complexidade) e</p><p>segmentos/regiões e/ou grupo de distribuidores será efetivo e</p><p>inteligente, uma vez que integra as principais estratégias de</p><p>desempenho adotadas pelos gestores:</p><p>a) define táticas organizacionais, traça tendências e cenários</p><p>(nacional e internacional);</p><p>b) define estratégias e/ou projetos/programas corporativos;</p><p>c) influencia, propõe e/ou define diretrizes;</p><p>d) formula cenários;</p><p>e) articula informações de caráter estratégico;</p><p>f) analisa e prevê cenários;</p><p>g) articula informações de caráter tático-operacional;</p><p>h) consolida e estrutura informações que envolvem outros</p><p>processos e outras atividades;</p><p>i) dissemina e organiza conhecimento;</p><p>j) influencia as estratégias da organização e as traduz em</p><p>diretrizes da área.</p><p>Dessa maneira, o profissional e gestor competente em informação</p><p>reconhece o valor da informação e compreende</p><p>ou a criação de</p><p>novos processos que colaborem para que os fluxos informacionais se</p><p>tornem mais robustos e assertivos para serem utilizados nas tomadas</p><p>de decisão da organização. Tais práticas da CoInfo, quando</p><p>implementadas e alinhadas aos valores, à visão e à cultura da</p><p>organização, sobressaem-se e alcançam todos os níveis</p><p>organizacionais, levando a instituição a uma conduta de</p><p>aprendizagem significativa, com decisões e ações mais rápidas e</p><p>seguras, permitindo com isso ser reconhecida por todos os</p><p>stakeholders que interagem com a organização. E isso é o que se</p><p>considera uma vantagem competitiva sustentável.</p><p>Desse modo, a CoInfo permite que os gestores se apropriem</p><p>dessa competência de lidar com a informação, utilizando-a para</p><p>definir estratégias, traçar cenários, descrever planos e metas factíveis</p><p>que permitam dirimir os impactos que possam proporcionar</p><p>resultados desfavoráveis para a organização. Essas ações acontecem</p><p>à medida que os gestores, por meio da CoInfo, obtêm um senso</p><p>crítico mais acurado junto às suas tomadas de decisão.</p><p>Portanto, a CoInfo é um recurso benéfico e de cunho estratégico</p><p>no cenário de atuação dos gestores, bem como de toda a</p><p>organização, pois a sua ascensão permite a criação de uma postura</p><p>coletiva de compartilhamento, uso e disseminação do conhecimento</p><p>em todo o ambiente organizacional, levando a uma maior eficiência</p><p>operacional e ao reconhecimento de novas oportunidades de</p><p>negócios. Logo, entende-se que a organização possuidora de</p><p>gestores com habilidades para a resolução de problemas críticos,</p><p>que saibam e compreendam como encontrar, avaliar e usar</p><p>informações para solucionar questões ligadas ao trabalho, ao</p><p>planejamento estratégico e a minimizar os impactos de maneira</p><p>objetiva, sagaz e ética, além de ao final ser capaz de transmitir todo</p><p>esse conhecimento, levará as organizações a serem perenes e</p><p>flexíveis às mudanças, mesmo atuando em um ambiente</p><p>caracterizado por constante mutação e maior complexidade.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABBAD, G. Um modelo integrado de avaliação de impacto do</p><p>treinamento no trabalho. 1999. Tese (Doutorado em Psicologia) –</p><p>Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito</p><p>Federal, 1999.</p><p>ALYRIO, R. D. Metodologia científica. PPGEN: UFRRJ, 2008.</p><p>AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION. Report of the presidential</p><p>committee on information literacy: final report. Chicago: ALA,</p><p>1989. Disponível em:</p><p>. Acesso</p><p>em: 21 abr. 2020.</p><p>ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-</p><p>graduação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.</p><p>BELLUZZO, R. C. B. Construção de mapas: desenvolvendo</p><p>competências em informação e comunicação 2. ed. Bauru: Cá Entre</p><p>Nós, 2007.</p><p>CERVO, A. L.; BERVIAN, A. Metodologia científica. 5. ed. São</p><p>Paulo: Prentice Hall, 2002.</p><p>DRATH, R.; HORCH, A. Industrie 4.0: hit or hype? IEEE</p><p>Industrial Electronics Magazine, v. 8, n. 2, p. 56-58, 2014.</p><p>DUTRA, J. S. Competências: conceitos, instrumentos e</p><p>experiências. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017.</p><p>FERENCE, T. P.; THURMAN, P. W. Estratégia. Tradução: Silvio</p><p>Antunha. São Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,</p><p>1995.</p><p>HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Competindo pelo futuro:</p><p>estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os</p><p>mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995.</p><p>HOSKISSON, R. E. et alii. Estratégia competitiva. São Paulo:</p><p>Cengage Learning, 2009.</p><p>SONNENTAG, S.; FRESE, M. Performance concepts and</p><p>performance theory. In: SONNENTAG, S. (Org.). Psychological</p><p>management of individual performance. Chichester, UK: John</p><p>Wiley & Sons, p. 3-25, 2002.</p><p>VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em</p><p>administração. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>6</p><p>A Competência em Informação (CoInfo) do</p><p>Pro�ssional Contábil como Agente Mediador da</p><p>Informação</p><p>Sara Barbosa Gazzola</p><p>Camila Araújo dos Santos</p><p>6.1 INTRODUÇÃO</p><p>Uma profissão milenar que resiste ao tempo. A profissão contábil</p><p>é resiliente e acompanha os avanços tecnológicos advindos da</p><p>sociedade da informação e do conhecimento. O aprimoramento das</p><p>técnicas e o prestígio do profissional contábil tornam-se notórios,</p><p>causados pela sua evolução que, outrora, era denominado “guarda-</p><p>livros” e “despachante” e, atualmente, é reconhecido como gestor</p><p>da informação.</p><p>Em decorrência dos efeitos da sociedade da informação e do</p><p>conhecimento, quando houve um volume crescente de informações</p><p>disponíveis em fontes impressas e eletrônicas, tornou-se</p><p>exponencial a atualização profissional em uma constância nunca</p><p>imaginável.</p><p>Os trabalhos do profissional contador, demasiadamente</p><p>burocráticos e excessivamente manuais, deram lugar à gestão de</p><p>dados de arquivos magnéticos. Os equipamentos rudimentares e</p><p>arcaicos foram substituídos por computadores altamente velozes</p><p>para garantir o manejo, o tratamento e a segurança das</p><p>informações. Devido a esse fato, os demonstrativos contábeis</p><p>ganham mais notoriedade à medida que subsidiam os processos</p><p>decisórios das organizações do que, simploriamente, satisfazer as</p><p>necessidades informacionais do fisco.</p><p>Frente a esse cenário, apresenta-se, neste trabalho, a competência</p><p>em informação desejável ao profissional contábil em sua atuação</p><p>como mediador das informações contábeis.</p><p>6.2 COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E ATITUDES DO PROFISSIONAL</p><p>CONTÁBIL</p><p>Marion (2018) define a ciência contábil como um “(...)</p><p>instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a</p><p>tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e</p><p>sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões.” A</p><p>ciência contábil é uma ciência social que tem a informação como</p><p>insumo de seus trabalhos. Ela é a responsável por capturar,</p><p>registrar, processar, evidenciar e divulgar essas informações para</p><p>que seus usuários, internos e externos, possam tomar ciência e</p><p>decisões.</p><p>Vale destacar que o profissional contábil compartilha os</p><p>demonstrativos contábeis com seus potenciais usuários internos e</p><p>externos, os principais indivíduos que fazem uso dessas informações</p><p>para subsidiar seus processos decisórios. Os usuários das</p><p>informações contábeis podem ser divididos em dois polos de</p><p>localização:</p><p>(...) (a) usuários internos e; (b) usuários externos. Isto é, os usuários que estariam</p><p>diretamente vinculados a partir do ambiente em que se localizam, como</p><p>administradores e empregados, e aqueles que estariam vinculados externamente à</p><p>entidade, participando dela ou não. Nesse último caso, podemos citar o governo e seus</p><p>órgãos, seus investidores e seus credores, por exemplo (MACÊDO et alii, 2008).</p><p>Os registros contábeis formam a memória informacional que</p><p>evidencia a saúde patrimonial e financeira das organizações. Todas</p><p>as organizações brasileiras, exceto os microempreendedores, têm a</p><p>obrigatoriedade de manter seus registros contábeis em dia,</p><p>conforme determinam as legislações fiscais e as normas</p><p>internacionais de contabilidade. Cabe ressaltar que essa exigência</p><p>legal visa atender às necessidades informacionais do fisco brasileiro,</p><p>que acompanha, em tempo real, todas as operações contábeis, fiscais</p><p>e trabalhistas que as empresas realizam.</p><p>O responsável técnico em realizar essas operações é o profissional</p><p>contábil, bacharel em ciências contábeis e habilitado por meio de</p><p>um exame de suficiência para ser possuidor de um registro junto ao</p><p>Conselho Regional de Contabilidade (CRC). O profissional contábil</p><p>tem a responsabilidade técnica, civil e criminal de realizar os</p><p>afazeres conforme as determinações legais, sob a possibilidade de</p><p>sofrer penalidades em casos de omissão ou até mesmo de fraudes</p><p>informacionais. Portanto, esse profissional possui responsabilidade</p><p>solidária com os empresários ao elaborar os demonstrativos</p><p>contábeis que geram informações para os usuários.</p><p>Em face dessa realidade, verifica-se que esse profissional deve ser</p><p>polivalente e suficientemente competente para se manter atuante no</p><p>mundo do trabalho. Kreutzfeld et alii. (2018) esclarecem que</p><p>o</p><p>mercado de trabalho é altamente concorrido e, portanto, o</p><p>indivíduo deve possuir conhecimentos, habilidades e atitudes, pois</p><p>“(...) não basta apenas saber, e saber fazer (conhecimentos e</p><p>habilidades) e sim, superar os desafios propostos neste mundo de</p><p>mudanças (atitudes).”</p><p>De acordo com Avona, Bigi e Bigi (2014), a competência é</p><p>entendida como a capacidade do indivíduo “(...) para colocar em</p><p>prática um determinado conhecimento adquirido. A partir desta</p><p>capacidade, então, o sujeito é capaz de tomar decisões por si,</p><p>deixando de executar ações mecanizadas ou de imitar (...).” Para</p><p>Kreutzfeld et alii. (2018), a competência é a “(...) junção de</p><p>conhecimentos com habilidades e atitudes que possam auxiliar ao</p><p>fazer qualquer trabalho.”</p><p>Conforme os estudos de Kreutzfeld et alii. (2018), com base em</p><p>Vieira (2002), as competências podem ser elencadas em knowledge,</p><p>know-how and attitudes (conhecimentos, habilidades e atitudes), nas</p><p>quais a junção das iniciais das traduções dessas palavras para o</p><p>português originou a sigla CHA. O CHA é imprescindível para a</p><p>realização de qualquer tarefa, sendo que o conhecimento está</p><p>vinculado à parte intelectual, a habilidade está vinculada à</p><p>capacidade de promover ações a partir do conhecimento adquirido</p><p>e a atitude refere-se à maneira de agir conforme as situações,</p><p>geralmente, para resolver problemas.</p><p>g p p</p><p>Nesse mesmo sentido, Ferreira et alii (2019) definem o</p><p>conhecimento como a habilidade do indivíduo de adquirir novas</p><p>capacidades e novas competências, já a habilidade consiste em saber</p><p>fazer as coisas, de forma que o indivíduo possa aplicar todo o seu</p><p>conjunto de conhecimento, e a atitude refere-se às ações proativas</p><p>que o indivíduo realiza, sem precisar receber ordens de alguém,</p><p>pautado na iniciativa para poder fazer, reunindo todo o seu</p><p>conhecimento e todas as suas habilidades para querer fazer.</p><p>Em virtude das discussões expostas, considera-se relevante</p><p>pontuar os conhecimentos, as habilidades e as atitudes do</p><p>profissional contábil frente às demandas do mundo do trabalho,</p><p>conforme apresentado no quadro 6.1.</p><p>QUADRO 6.1 CHA do pro�ssional contábil atuante no mercado de trabalho</p><p>Conhecimentos (C) Habilidades (H) A�tudes (A)</p><p>Amplo conhecimento da</p><p>gestão da informação nas</p><p>empresas que serão</p><p>registrados pela ciência</p><p>contábil</p><p>Manuseio das TIC que incluem so�wares</p><p>contábeis, programas governamentais</p><p>para entrega de obrigações acessórias,</p><p>gestão e importação de dados de arquivos</p><p>magné�cos e demais artefatos</p><p>tecnológicos</p><p>Cria�vidade</p><p>Profundo saber jurídico de</p><p>legislações contábeis, �scais</p><p>e trabalhistas e suas</p><p>alterações</p><p>Liderança Boa memória</p><p>Experiência na área de</p><p>atuação</p><p>Comunicação Concentração</p><p>Educação con�nuada para</p><p>se manter atualizado</p><p>Trabalho em equipe É�ca</p><p>Conhecer as técnicas das</p><p>ro�nas de escrituração</p><p>Visão sistêmica Compar�lhamento</p><p>das informações</p><p>Noções de gestão</p><p>empresarial sobre o</p><p>funcionamento das</p><p>organizações</p><p>Gestão da informação contábil-�nanceira Mediação da</p><p>informação contábil-</p><p>�nanceira</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Os conhecimentos, as habilidades e as atitudes (CHA), elencados</p><p>no quadro 6.1, enfatizam um perfil integrado de competências</p><p>necessário para a consecução eficiente e eficaz das funções e das</p><p>responsabilidades intrínsecas ao profissional contador. Por lidar</p><p>constantemente com a gestão das informações, é imprescindível que</p><p>o contador possua a competência em informação (CoInfo).</p><p>6.3 A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO (COINFO) DO PROFISSIONAL</p><p>CONTÁBIL</p><p>A competência em informação emergiu no cenário marcado pelo</p><p>aumento do contingente informacional decorrente da evolução das</p><p>TIC, condição que deu início às discussões sobre a necessidade de as</p><p>pessoas manterem-se atualizadas.</p><p>5</p><p>Meneses Placeres (2008) aponta</p><p>que a CoInfo</p><p>(...) surgiu desde a década dos anos 1970 na infosfera como uma das práticas</p><p>pro�ssionais que respondem diretamente às demandas dos cenários socioculturais das</p><p>sociedades complexas, caracterizadas pela articulação de múltiplos discursos sobre a</p><p>informação e sua relação com o funcionamento destas sociedades, o crescimento</p><p>econômico, a mudança social, e todo ele estritamente vinculado com a expansão das</p><p>tecnologias de informação e comunicação (TIC), entre outros fatores.</p><p>No Brasil, a CoInfo teve como precursores as pesquisadoras</p><p>Caregnato (2000), Dudziak (2001), Hatsbach (2002), Campello</p><p>(2003), e Belluzzo (2004; 2018) esclarece que a competência em</p><p>informação é reconhecida, em âmbito nacional, pela sigla CoInfo,</p><p>referendada como uma das recomendações na Carta de Marília em</p><p>2014.</p><p>A CoInfo consiste em um “(...) conjunto de habilidades</p><p>indispensáveis ao indivíduo para reconhecer quando uma</p><p>informação é necessária e ter habilidades para localizá-la, avaliá-la e</p><p>usá-la eficazmente” (FURTADO, ALCARÁ, 2015). Para Santos</p><p>(2017), a CoInfo é</p><p>(...) um processo de desenvolvimento/aprimoramento de competências, habilidades e</p><p>atitudes que permite aos indivíduos buscarem, recuperarem, organizarem, avaliarem,</p><p>comunicarem e utilizarem a informação de forma inteligente, ética, prática e crítica</p><p>para a compreensão e intervenção de seu entorno, resolução de problemas e tomada</p><p>de decisões para geração e construção do conhecimento.</p><p>Na visão de Belluzzo (2018), a CoInfo</p><p>(...) também é reconhecida como uma competência essencial para o desempenho no</p><p>trabalho, uma vez que a coleta de informações, manipulação e aplicação são atividades-</p><p>chave nas organizações. Aqueles que não tiverem boas habilidades de informação</p><p>serão marginalizados na vida privada e pública, incluindo problemas de</p><p>empregabilidade.</p><p>A literatura sobre CoInfo apresenta diversos padrões (ACRL,</p><p>2000; BELLUZZO, 2007; BUNDY, 2004; IFLA, 2007; etc.) e</p><p>frameworks (ACRL, 2016; 2017; SANTOS, 2017) relativos ao uso</p><p>inteligente, ético e responsável da informação que servem como</p><p>referenciais/guias para profissionais mapearem as competências e</p><p>delinearem ações e estratégias para o</p><p>desenvolvimento/aprimoramento e institucionalização dessa</p><p>competência em indivíduos e instituições. Esses padrões e frameworks</p><p>não devem ser considerados como uma série de requisitos</p><p>obrigatórios que constituem um perfil “correto” de CoInfo, uma vez</p><p>que essa competência, enquanto processo, objetiva</p><p>aprimorar/desenvolver nos indivíduos a “(...) ativação de conexões,</p><p>reflexões, avaliações, interpolações, de saberes múltiplos, de agir e</p><p>intervir de maneira prática, a partir de aprendizados, para a</p><p>compreensão e intervenção crítica de uma situação” (SANTOS,</p><p>2017).</p><p>Com base em padrões internacionais, Belluzzo (2007) elaborou</p><p>padrões e indicadores de desempenho adaptados à realidade</p><p>brasileira, cujo objetivo é mapear, aprimorar e desenvolver a CoInfo</p><p>nos indivíduos, conforme apresentado no quadro 6.2.</p><p>Mediante o contexto apresentado sobre a temática CoInfo,</p><p>determina-se que o profissional contábil deve possuir os atributos da</p><p>CoInfo para lidar com o manejo das informações que são</p><p>capturadas nos ambientes informacionais das organizações, possuir</p><p>conhecimentos aprofundados nas legislações que regem as práticas</p><p>contábeis, demonstrar habilidades para o manuseio das tecnologias</p><p>de informação e comunicação (TIC) que são utilizadas para o</p><p>processamento dos dados e das informações, ter desenvoltura</p><p>técnica para registrar e processar as informações para gerar os</p><p>demonstrativos contábeis para, enfim, compartilhá-los com seus</p><p>potenciais usuários.</p><p>QUADRO 6.2 Padrões de CoInfo de Belluzzo (2007)</p><p>Padrão Indicadores de Desempenho</p><p>Padrão 1 – A pessoa competente em informação</p><p>determina a natureza e a extensão da necessidade</p><p>de informação.</p><p>1.1 De�ne e reconhece a necessidade de</p><p>informação.</p><p>1.2 Iden��ca uma variedade de �pos e</p><p>formatos de fontes de informação</p><p>potenciais.</p><p>1.3 Considera os custos e bene�cios da</p><p>aquisição da informação necessária.</p><p>Padrão 2 – A pessoa competente em informação</p><p>acessa a informação necessária com efe�vidade.</p><p>2.1 Seleciona os métodos mais apropriados</p><p>de busca e/ou sistemas de recuperação da</p><p>informação para</p><p>acessar a informação</p><p>necessária.</p><p>2.2 Constrói e implementa estratégias de</p><p>busca delineadas com efe�vidade.</p><p>2.3. Busca a informação via eletrônica ou</p><p>com pessoas u�lizando uma variedade de</p><p>métodos.</p><p>2.4 A pessoa competente em informação</p><p>retrabalha e melhora a estratégia de busca</p><p>quando necessário.</p><p>2.5 A pessoa competente em informação</p><p>extrai, registra e gerencia a informação e</p><p>suas fontes.</p><p>Padrão 3 – A pessoa competente em informação</p><p>avalia cri�camente a informação e as suas fontes.</p><p>3.1 Demonstra conhecimento da maior parte</p><p>das ideias da informação ob�da.</p><p>3.2 Ar�cula e aplica critérios de avaliação</p><p>para a informação e as fontes.</p><p>3.3 Compara o novo conhecimento com o</p><p>conhecimento anterior para determinar o</p><p>valor agregado, as contradições ou outra</p><p>caracterís�ca da informação.</p><p>Padrão 4 – A pessoa competente em informação,</p><p>individualmente ou como membro de um grupo,</p><p>4.1 É capaz de sinte�zar a informação para</p><p>desenvolver ou completar um projeto.</p><p>usa a informação com efe�vidade para alcançar</p><p>um obje�vo/obter um resultado.</p><p>4.2 Comunica os resultados do projeto com</p><p>efe�vidade.</p><p>Padrão 5 – A pessoa competente em informação</p><p>compreende as questões econômicas, legais e</p><p>sociais da ambiência do uso da informação e</p><p>acessa e usa a informação é�ca e legalmente.</p><p>5.1 Demonstra compreensão sobre as</p><p>questões legais, é�cas e socioeconômicas</p><p>que envolvem a informação, a</p><p>comunicação e a tecnologia.</p><p>5.2 Cumpre as leis, os regulamentos, as</p><p>polí�cas ins�tucionais e as normas</p><p>relacionadas ao acesso e ao uso das fontes</p><p>de informação.</p><p>5.3 Indica as fontes nas comunicações do</p><p>produto ou resultados.</p><p>Fonte: Belluzzo (2007, p. 95-111).</p><p>Com o intuito de melhor exprimir a CoInfo do profissional</p><p>contábil, utilizaram-se os padrões e indicadores de Belluzzo (2007)</p><p>para traçar a transversalidade dessa competência com o perfil do</p><p>contador no que se refere à gestão e ao uso inteligente, ético e</p><p>responsável da informação contábil, conforme apresentado no</p><p>quadro 6.3.</p><p>QUADRO 6.3 Competência em informação (CoInfo) do pro�ssional contábil</p><p>Padrões Indicadores</p><p>1) O pro�ssional contábil</p><p>competente em informação</p><p>determina a natureza e a</p><p>extensão da necessidade de</p><p>informação.</p><p>De�ne e reconhece as necessidades de informação nos</p><p>ambientes informacionais que serão registrados pela ciência</p><p>contábil. Para tanto:</p><p>– Usa fontes de informação gerais ou especí�cas para</p><p>aumentar o seu conhecimento sobre a situação que</p><p>necessita solucionar.</p><p>– Iden��ca conceitos que representam a informação que</p><p>necessita para solucionar problemas e tomar decisões.</p><p>– Iden��ca o propósito e o �po de informação a que se</p><p>des�nam as fontes referentes a sua necessidade.</p><p>– Determina um plano exequível e um cronograma adequado</p><p>para a obtenção da informação necessária aos seus</p><p>interesses.</p><p>2) O pro�ssional contábil</p><p>competente em informação</p><p>acessa a informação necessária</p><p>Busca a informação via eletrônica ou com pessoas u�lizando</p><p>uma variedade de métodos para garan�r as caracterís�cas</p><p>qualita�vas da informação contábil. Para tanto:</p><p>com efe�vidade. – Seleciona os métodos mais apropriados de busca para</p><p>acessar a informação que necessita.</p><p>– Seleciona apropriadamente os sistemas de recuperação da</p><p>informação para pesquisar o problema/tópico baseando-se</p><p>na abrangência, no conteúdo e na organização da</p><p>informação.</p><p>– Solicita ajuda para pesquisar em fontes eletrônicas e/ou</p><p>impressas.</p><p>– Iden��ca palavras-chave, frases, sinônimos e termos</p><p>relacionados com a informação de que necessita.</p><p>– Usa vários sistemas de recuperação da informação em uma</p><p>variedade de formatos.</p><p>– U�liza serviços on-line ou pessoas especializadas disponíveis</p><p>na ins�tuição para recuperar a informação necessária.</p><p>– Avalia a quan�dade, a qualidade e a relevância dos</p><p>resultados da pesquisa para determinar sistemas</p><p>alterna�vos de recuperação da informação ou métodos de</p><p>pesquisa que ainda precisam ser usados.</p><p>– Iden��ca lacunas na informação necessária em face dos</p><p>resultados da pesquisa.</p><p>– Revisa as estratégias de busca u�lizadas, caso necessário,</p><p>para obter mais informação; demonstra compreender como</p><p>organizar e tratar a informação ob�da.</p><p>3) O pro�ssional contábil</p><p>competente em informação</p><p>avalia cri�camente a informação</p><p>e as suas fontes.</p><p>Demonstra conhecimento da maior parte das ideias da</p><p>informação ob�da pela assessoria prestada às organizações;</p><p>ar�cula e aplica critérios de avaliação para a informação e as</p><p>fontes para realizar os registros tempes�vamente; compara o</p><p>novo conhecimento com o conhecimento anterior para</p><p>determinar o valor agregado, contradições ou outra</p><p>caracterís�ca da informação para registrar a veracidade dos</p><p>fatos nos registros contábeis. Para tanto:</p><p>– Seleciona a informação relevante baseado na compreensão</p><p>das ideias con�das nas fontes de informação.</p><p>– Examina e compara a informação de várias fontes para</p><p>avaliar a sua con�abilidade, validade, precisão, autoridade,</p><p>atualidade e ponto de vista ou tendências.</p><p>– Demonstra compreensão da necessidade de veri�car a</p><p>precisão e a completeza de dados ou fatos.</p><p>– Determina se a informação ob�da é su�ciente e adequada</p><p>ou se é necessário obter mais informação.</p><p>– Seleciona a informação que traz evidências para o</p><p>problema/tópico de pesquisa ou outra informação</p><p>necessária.</p><p>4) O pro�ssional contábil</p><p>competente em informação usa</p><p>a informação com efe�vidade</p><p>para alcançar um obje�vo/obter</p><p>um resultado.</p><p>É capaz de sinte�zar a informação, para desenvolver ou</p><p>completar um projeto, ao compar�lhar as informações</p><p>contábeis com os potenciais usuários. Para tanto:</p><p>– É capaz de sinte�zar a informação recuperada para resolver</p><p>seu problema.</p><p>– Organiza a informação, u�lizando esquemas ou estruturas</p><p>diversas.</p><p>– Comunica os resultados do projeto com efe�vidade.</p><p>5) O pro�ssional contábil</p><p>competente em informação</p><p>compreende as questões</p><p>econômicas, legais e sociais da</p><p>ambiência do uso da informação</p><p>e acessa e usa a informação</p><p>é�ca e legalmente.</p><p>Demonstra compreensão sobre as questões legais, é�cas e</p><p>socioeconômicas que envolvem a informação, a comunicação</p><p>e a tecnologia pautando seus afazeres técnicos conforme</p><p>determinam as legislações vigentes. Para tanto:</p><p>– De�ne e iden��ca plágio.</p><p>– Demonstra conhecer as polí�cas ins�tucionais sobre o</p><p>plágio e os direitos autorais.</p><p>– Demonstra conhecimento do que é plágio e como não o</p><p>u�lizar em suas comunicações.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>A CoInfo contribui para que a informação contábil seja relevante,</p><p>aquela que é capaz de “(...) fazer a diferença no processo de tomada</p><p>de decisão de seus usuários, não se limitando no acréscimo ou</p><p>decréscimo de uma área específica, mas evidenciando o processo</p><p>contábil como um todo” (ANDRADE; OLIVEIRA, 2017).</p><p>Ao internalizar as competências da CoInfo, o profissional contábil</p><p>tem a criticidade necessária para que a gestão da informação seja</p><p>efetiva: a CoInfo torna-se um diferencial competitivo para esse</p><p>profissional, que passa de um mero “processador de dados” e</p><p>“prestador de contas” para um gestor de informação que soluciona</p><p>problemas e toma decisões de maneira analítica, crítica, holística e</p><p>minuciosa, mediando as informações contábeis com eficiência e</p><p>eficácia aos potenciais usuários.</p><p>6.4 O PROFISSIONAL CONTÁBIL COMO AGENTE MEDIADOR DA</p><p>INFORMAÇÃO</p><p>A mediação da informação, na perspectiva da ciência da</p><p>informação, é toda ação de interferência “(...) realizada pelo</p><p>profissional da informação, direta ou indireta; consciente ou</p><p>inconsciente, singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia</p><p>a apropriação da informação que satisfaça, plena ou parcialmente,</p><p>uma necessidade informacional” (ALMEIDA JUNIOR, 2009).</p><p>Nesse mesmo sentido, Santos Neto (2014) esclarece que a</p><p>mediação “(...) não é passiva, ela é intencional, ainda que não seja</p><p>de modo consciente. A mediação caracteriza-se por ser colaborativa,</p><p>participativa e potencialmente transformadora.”</p><p>A informação é mediada para que seja apropriada pelo indivíduo,</p><p>pois a apropriação “(...) pressupõe uma alteração, uma</p><p>transformação, uma modificação do conhecimento” (ALMEIDA</p><p>JUNIOR, 2007).</p><p>A apropriação da informação é uma atividade</p><p>intrínseca ao ser, na qual o indivíduo passa a atribuir significado</p><p>para esclarecer dúvidas, possibilita novas descobertas, estimulando a</p><p>busca constante por novas informações (OLIVEIRA, 2015).</p><p>Mediante o exposto, compreende-se que o profissional contábil,</p><p>enquanto gestor competente da informação, é um profissional</p><p>mediador, visto que ele lida, organiza, processa e divulga as</p><p>informações contábeis para seus usuários. A figura 6.1 demonstra a</p><p>área de atuação do profissional contábil: é possível observar que ele</p><p>empenha atividades que permeiam a coleta, o registro e o</p><p>processamento de dados para emitir relatórios com informações de</p><p>qualidade aos seus usuários:</p><p>FIGURA 6.1 Área de atuação do contador.</p><p>Fonte: Iudícibus, Marion e Faria (2018).</p><p>A ação de mediação não deve ser reduzida, tão somente, ao ato</p><p>de o contador repassar a informação para cumprir uma solicitação</p><p>do usuário ou uma exigência legal com o fisco. A mediação do</p><p>profissional contábil deve pautar-se na apropriação da informação</p><p>pelo usuário, ou seja, deve considerar se o usuário compreendeu e</p><p>internalizou as informações contábeis para fazer uso significativo e</p><p>inteligente em suas tomadas de decisões e resolução de problemas.</p><p>O quadro 6.4 tem por objetivo demonstrar as necessidades</p><p>informacionais dos potenciais usuários da informação contábil e as</p><p>ações mediadoras do profissional contábil no compartilhamento dos</p><p>demonstrativos contábeis.</p><p>QUADRO 6.4 Potenciais usuários da informação contábil e o papel do pro�ssional contábil como</p><p>agente mediador</p><p>Potenciais Usuários da</p><p>Informação Contábil</p><p>Presentes nos</p><p>Demonstra�vos</p><p>Necessidades</p><p>Informacionais que</p><p>Subsidiam os Processos</p><p>Decisórios</p><p>A�tudes Mediadoras do Pro�ssional</p><p>Contábil</p><p>Sócios e Gestores Saber se a organização teve</p><p>lucro ou prejuízo para tomar</p><p>decisões de �nanciamentos,</p><p>endividamento ou</p><p>inves�mentos.</p><p>Atribui-se a esse usuário o maior</p><p>potencial de uso da informação</p><p>contábil. Portanto, o</p><p>compar�lhamento deve provocar</p><p>constantemente a apropriação dessas</p><p>informações para que esses usuários</p><p>possam fazer uso ao elaborar</p><p>estratégias e tomar decisão.</p><p>Ins�tuições Financeiras Saber sobre a saúde</p><p>�nanceira da organização</p><p>para tomar decisão quanto à</p><p>possibilidade de</p><p>emprés�mos e</p><p>�nanciamentos.</p><p>A mediação para esse usuário</p><p>compreende o compar�lhamento dos</p><p>demonstra�vos contábeis e eventuais</p><p>prestações de contas.</p><p>Colaboradores Saber sobre a estabilidade</p><p>�nanceira da organização</p><p>para pagar os salários e</p><p>gerar novos empregos.</p><p>Os demonstra�vos contábeis das</p><p>sociedades empresárias, em geral,</p><p>são sigilosos, com exceção das</p><p>exceções societárias que devem</p><p>tornar públicas suas demonstrações,</p><p>condição em que é importante que a</p><p>organização transpareça sua real</p><p>capacidade de pagamento do seu</p><p>corpo funcional e de encargos</p><p>trabalhistas.</p><p>Fornecedores/Clientes Saber sobre a capacidade de</p><p>honrar seus compromissos</p><p>com terceiros, no caso de</p><p>fornecedores, e, para os</p><p>clientes, interessa saber</p><p>sobre a capacidade da</p><p>con�nuidade dos negócios</p><p>para �rmar contratos de</p><p>vendas.</p><p>A mediação para esse usuário</p><p>compreende o compar�lhamento dos</p><p>demonstra�vos contábeis.</p><p>Governo Saber sobre as apurações</p><p>dos impostos e acompanhar</p><p>os pagamentos devidos.</p><p>Esse é o maior usuário das</p><p>informações contábeis e o</p><p>compar�lhamento sempre é feito de</p><p>forma eletrônica e periodicamente,</p><p>além de atender às �scalizações</p><p>quando requerido.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).</p><p>Conforme elucidado no quadro 6.4, os sócios e os gestores,</p><p>definidos como usuários internos, se beneficiam das ações</p><p>mediadoras e competentes do profissional contábil, visto que eles</p><p>não são profundos sabedores que interpretam as informações</p><p>contidas nos demonstrativos contábeis. O usuário governo é o que</p><p>mais faz uso dessas informações, cuja necessidade informacional é</p><p>de cunho fiscalizatório. Aos demais usuários demonstrados, as ações</p><p>mediadoras consistem no compartilhamento e nas eventuais</p><p>explanações para o saneamento de dúvidas.</p><p>Frente às ações de mediação do profissional contábil, fica</p><p>evidente que ele deve ter as competências, habilidades e atitudes da</p><p>CoInfo internalizadas, visto que essa competência é “(...) um</p><p>processo que tem por finalidade desenvolver competências e</p><p>habilidades informacionais para aprimorar o pensamento crítico e</p><p>analítico das pessoas em relação ao universo informacional”</p><p>(BELLUZZO; SANTOS; ALMEIDA JUNIOR, 2014, p. 61). A</p><p>Figura 6.2</p><p>6</p><p>ilustra essa prerrogativa:</p><p>FIGURA 6.2 CoInfo e mediação do pro�ssional contábil.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).</p><p>Compreende-se que a CoInfo desenvolve competências,</p><p>habilidades e atitudes críticas no profissional contábil contribuindo</p><p>para que ele medeie as informações contábeis para seus usuários</p><p>com qualidade e efetividade.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A informação sempre foi e será um recurso básico para o</p><p>desenvolvimento em qualquer campo do conhecimento e da</p><p>atividade humana. Na área de ciências contábeis, o uso inteligente</p><p>das informações contábeis é um diferencial elementar para os</p><p>processos decisórios.</p><p>Ao longo da discussão apresentada neste capítulo, evidenciou-se</p><p>que o profissional contábil é um agente mediador, pois ele é o</p><p>responsável por coletar, mensurar, registrar e sumarizar</p><p>informações econômicas em formato de relatórios e comunicados a</p><p>seus usuários potenciais para que todos, conjuntamente, possam</p><p>tomar decisões.</p><p>Enquanto agente mediador, o profissional contábil deve possuir a</p><p>competência em informação (CoInfo) para que tenha as condições</p><p>p p q</p><p>necessárias e efetivas de reconhecer suas necessidades</p><p>informacionais, de buscar, localizar, avaliar, comunicar e utilizar, de</p><p>maneira inteligente, ética e responsável, as informações contábeis</p><p>para tomar decisões assertivas e solucionar problemas coerentes às</p><p>necessidades de seus usuários.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA JUNIOR, O. F. Mediação da informação e múltiplas</p><p>linguagens. Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação,</p><p>Brasília, v. 2, n. 1, p. 89-103, 2009.</p><p>. Leitura, mediação e apropriação da informação. In:</p><p>SANTOS, J. P. (org.). A leitura como prática pedagógica na</p><p>formação do profissional da informação. Rio de Janeiro: Fundação</p><p>Biblioteca Nacional, p. 33-45, 2007.</p><p>ANDRADE, P. H. T.; OLIVEIRA, A. S. Qualidade da informação</p><p>contábil em micro e pequenas empresas: uma investigação sobre a</p><p>óptica de gestores. REMIPE – Revista de Micro e Pequenas</p><p>Empresas e Empreendedorismo da Fatec Osasco, Osasco, v. 3, n. 2,</p><p>p. 259-278, 2017. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 25 abr. 2020.</p><p>ASSOCIATION OF COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES.</p><p>Framework for information literacy for higher education. Chicago:</p><p>ACRL, 2016. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 05 set. 2017.</p><p>. Global perspectives on information literacy: fostering a</p><p>dialogue for international understanding. Chicago: ACRL, 2017.</p><p>Disponível em:</p><p>. Acesso em: 05 set.</p><p>2017.</p><p>AVONA, M.; BIGI, E. A.; BIGI, G. C. N. Gestão de competências:</p><p>os impactos sobre as organizações e as pessoas. Revista de</p><p>Administração do Unisal, v. 4, n. 6, p. 01-14, 2014. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 18 maio 2020.</p><p>BELLUZZO, R. C. B.; SANTOS, C. A.; ALMEIDA JÚNIOR, O. F. A</p><p>competência em informação e sua avaliação sob a ótica da mediação</p><p>da informação: reflexões e aproximações teóricas. Revista</p><p>Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 60-77,</p><p>maio/ago. 2014. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 22 abr. 2020.</p><p>BELLUZZO, R. C. B. Construção de mapas: desenvolvendo</p><p>competências em informação e comunicação. 2. ed. Bauru: Cá Entre</p><p>Nós, 2007. Disponível em:</p><p>na sociedade</p><p>contemporânea.</p><p>Dito isso, desejo a todas e todos uma excelente leitura, e que esta</p><p>obra seja um guia para profissionais da informação e pesquisadores</p><p>que adentram ao universo rico e vasto da gestão!</p><p>Aracaju/SE, 12 de agosto de 2021</p><p>Prof</p><p>a</p><p>Dr</p><p>a</p><p>Martha Suzana Cabral Nunes</p><p>Presidenta da Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação – Abecin</p><p>(Gestão 2019-2022)</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Toda prática administrativa exige o contato com a informação,</p><p>seja para realizar treinamentos e capacitações, seja para se preparar</p><p>para tomar decisões, seja para reduzir custos, seja para estabelecer</p><p>planos para promoção da empresa ou melhoria do setor, seja para</p><p>vender mais, seja para aprender a lidar melhor com os funcionários,</p><p>seja para ser um profissional mais potente. A informação está</p><p>concentrada no ambiente organizacional nos mais variados formatos</p><p>e, quando ela não está, você precisa encontrá-la sempre.</p><p>Ainda sobre a informação, ela é o principal recurso responsável</p><p>por aumentar o capital intelectual das organizações, porque, sem</p><p>informação, não há conhecimento e, sem conhecimento, não há</p><p>memória organizacional, não há eficiência nos processos, não há</p><p>eficácia nos lucros e, portanto, há a morte lenta dos profissionais e</p><p>da empresa em que esses estão inseridos. É claro que, durante a</p><p>leitura deste livro, você vai compreender o porquê de a informação</p><p>ser tão importante para a geração do conhecimento e,</p><p>principalmente, aprender como essa informação e esse</p><p>conhecimento podem ser gerenciados, isto é, como você pode</p><p>trabalhar melhor com a informação e com o conhecimento com o</p><p>qual você lida e/ou almeja todos os dias.</p><p>A ciência da informação é um campo científico muito amplo,</p><p>interdisciplinar e necessário, principalmente, porque lida com o</p><p>tratamento de informações pontuais e usuais nos mais variados</p><p>caminhos e contextos. A ciência da informação facilita a leitura de</p><p>mundo, leitura que poderia ser feita por toda a sociedade, mas que</p><p>se limita muito a uma rede de pesquisadores e docentes da área e</p><p>pouco se populariza nas empresas, na vida das pessoas e nas casas</p><p>dos cidadãos. Como temos muito pesquisadores da área da ciência</p><p>da informação que têm como base a formação nas áreas envolvidas</p><p>com a ciência da administração, essas últimas se potencializam por</p><p>meio das funções da primeira.</p><p>Inclusive, temos um grupo de trabalho (GT), intitulado GT-4</p><p>Gestão da informação e do conhecimento, no principal evento</p><p>nacional da área da ciência da informação, denominado Encontro</p><p>Nacional de Pesquisa e Ciência da Informação (ENANCIB),</p><p>voltado a pesquisas que envolvem: gestão da informação, gestão do</p><p>conhecimento, inteligência competitiva organizacional, gestão da</p><p>inovação, aprendizagem organizacional, cultura informacional nas</p><p>organizações, entre outros, ou seja, estudos constituídos por esses</p><p>profissionais que perpassam nas entrelinhas interdisciplinares entre</p><p>ciência da informação e administração e, portanto, que buscam</p><p>refletir e elevar a ciência da informação como construtora de uma</p><p>administração mais ativa e preparada para lidar com a inovação,</p><p>com a informação e com o conhecimento.</p><p>Administradores, gestores, empreendedores e empresários</p><p>necessitam compreender quais das suas práticas são necessárias à</p><p>sociedade. Para isso, devem diferenciar informação de</p><p>desinformação, notícias verdadeiras de notícias falsas e,</p><p>principalmente, como, por que e com que tipo de informações estão</p><p>lidando, produzindo, compartilhando, organizando, processando,</p><p>armazenando e utilizando. É essencialmente necessária a atuação</p><p>ética, equilibrada, social, inteligente e sustentável desses</p><p>profissionais, de suas empresas e/ou das empresas em que atuam.</p><p>Como gerenciar informação e conhecimento para tomadas de</p><p>decisões assertivas e inteligentes? Como encontrar a informação que</p><p>necessito? Como transformar informação em conhecimento? Como</p><p>ter uma empresa consciente e lucrativa mediante o uso da</p><p>informação e do conhecimento? Como utilizar a informação e meu</p><p>conhecimento para ser um profissional social, econômica e</p><p>ambientalmente sustentável? Como ser um(a) gestor(a) ou</p><p>administrador(a) do presente e do futuro?</p><p>As respostas? Estarão com você após a leitura deste livro.</p><p>Sumário</p><p>Capa</p><p>Prefácio</p><p>Introdução</p><p>1</p><p>Mediação, Gestão e Interdisciplinaridade (Oswaldo Francisco</p><p>de Almeida Júnior, João Arlindo dos Santos Neto)</p><p>1.1 Introdução</p><p>1.2 Informação e Conhecimento</p><p>1.3 Mediação da Informação</p><p>1.4 Gestão da Informação e do Conhecimento</p><p>1.5 Interdisciplinaridade</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>2</p><p>O Papel do Profissional Contábil na Mediação da Informação</p><p>Voltada à Tomada de Decisão Empresarial (Niembo Maria</p><p>Daniel, Marta Lígia Pomim Valentim)</p><p>2.1 Introdução</p><p>2.2 Contabilidade como Ferramenta de Gestão para a</p><p>Tomada de Decisão</p><p>2.3 Informação e Conhecimento como Diferencial</p><p>Competitivo</p><p>2.4 Tomada de Decisão no Ambiente Empresarial</p><p>2.5 Profissional Contábil e a Mediação da Informação</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>3</p><p>Gestão de Documentos como Ferramenta para as Rotinas</p><p>Administrativas</p><p>O Caso das Fiscalizações Governamentais (Maria Fabiana</p><p>Izídio de Almeida, Marcia Cristina de Carvalho Pazin</p><p>Vitoriano, Luciana Davanzo)</p><p>3.1 Introdução</p><p>3.2 Inevitabilidade da Gestão de Documentos nas</p><p>Organizações Privadas</p><p>3.3 Rotinas Administrativas</p><p>3.4 Atendimento à Fiscalização Governamental: amparo</p><p>documental</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>4</p><p>Centros de Memória</p><p>Produtos a Serviço da Comunicação, da Cultura e do</p><p>Conhecimento Organizacional (Marcia Cristina de Carvalho</p><p>Pazin Vitoriano)</p><p>4.1 Introdução</p><p>4.2 Memória e Centros de Memória nas Organizações</p><p>4.3 Memória como Produto Organizacional</p><p>4.4 Comunicação Organizacional</p><p>4.5 Cultura Organizacional</p><p>4.6 Conhecimento Organizacional</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>5</p><p>A Competência em Informação (CoInfo) Utilizada como</p><p>Instrumento Estratégico no Desempenho dos Gestores</p><p>Organizacionais (Vanessa Cristina Bissoli dos Santos,</p><p>Cristiana Aparecida Portero Yafushi, Regina Célia Baptista</p><p>Belluzzo)</p><p>5.1 Introdução</p><p>5.2 Competência em Informação</p><p>5.3 Estratégia Organizacional como Norteadora de</p><p>Desempenho</p><p>5.4 Competência em Informação sob a Ótica da</p><p>Estratégia no Ambiente Organizacional</p><p>5.5 Métodos</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>6</p><p>A Competência em Informação (CoInfo) do Profissional</p><p>Contábil como Agente Mediador da Informação (Sara Barbosa</p><p>Gazzola, Camila Araújo dos Santos)</p><p>6.1 Introdução</p><p>6.2 Competências, Habilidades e Atitudes do Profissional</p><p>Contábil</p><p>6.3 A Competência em Informação (CoInfo) do</p><p>Profissional Contábil</p><p>6.4 O Profissional Contábil como Agente Mediador da</p><p>Informação</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>7</p><p>Aproximações entre Processos Decisórios e a Gestão de</p><p>Informação e de Conhecimento (Elaine da Silva)</p><p>7.1 Introdução</p><p>7.2 Tomada de Decisão</p><p>7.2.1 Modelo Racional</p><p>7.2.2 Modelo Processual</p><p>7.2.3 Modelo Anárquico</p><p>7.2.4 Modelo Político</p><p>7.3 Modelos de Gestão da Informação e do</p><p>Conhecimento</p><p>7.3.1 Três Arenas de Uso da Informação</p><p>7.3.2 Passos para o Gerenciamento da Informação</p><p>7.3.3 Atividades-base da Gestão da Informação e da</p><p>Gestão do Conhecimento</p><p>7.4 Aproximações entre Processo Decisório e Gestão de</p><p>Informação e de Conhecimento</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>8</p><p>Da Administração para a Ciência da Informação</p><p>Aplicação da Matriz Swot em Serviços (Ieda Pelógia Martins</p><p>Damian, Márcia Regina da Silva)</p><p>8.1 Introdução</p><p>8.2 Serviços de Referência Virtual</p><p>8.3 Análise Estratégica dos Serviços de Referência</p><p>Virtuais</p><p>8.4 Resultados: apresentação e discussão</p><p>8.4.1 Oportunidades x Pontos Fortes</p><p>8.4.2 Oportunidades x Pontos Fracos</p><p>8.4.3 Oportunidades x Ameaças</p><p>8.4.4 Ameaças x Pontos Fortes</p><p>8.4.5 Ameaças x Pontos Fracos</p><p>8.4.6 Pontos Fortes x Pontos Fracos</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>9</p><p>Entre a Ciência da Informação e a Ciência da Administração</p><p>A Gestão na Biblioteca do Centro Universitário Uniesp</p><p>(Rayan Aramís de Brito Feitoza, Emeide Nóbrega Duarte,</p><p>Elaine Cristina de Brito Moreira, Cilene Maria Freitas de</p><p>Almeida)</p><p>9.1 Introdução</p><p>9.2 Ciência da Informação</p><p>Mapas-Regina-Belluzzo-2007.pdf>. Acesso em: 01 maio 2020.</p><p>BUNDY, A. Australian and New Zealand information literacy</p><p>framework: principles, standards and practice. 2. ed. 2004.</p><p>Disponível em:</p><p>. Acesso em: 22 mar. 2020.</p><p>FERREIRA, M. M. M. G. et alii. Conhecimento, habilidades e</p><p>atitudes (CHA) e gestão por competências: um estudo de caso na</p><p>faculdade da Amazônia. Brazilian Journal of Development,</p><p>Curitiba, v. 5, n. 12, p. 31 950-31 965, dez. 2019. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 23 abr. 2020.</p><p>FURTADO, R. L.; ALCARÁ, A. R. Desenvolvimento e formação de</p><p>competência em informação: um mapeamento de modelos, padrões</p><p>e documentos. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM</p><p>CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 16., 2015, João Pessoa. Anais</p><p>eletrônicos (...). João Pessoa: ANCIB, 2015. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 29 abr. 2020.</p><p>INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY</p><p>ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. Guidelines on</p><p>information literacy for lifelong learning. México: IFLA, 2007.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 14 jun.</p><p>2016.</p><p>IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; FARIA, A. Ce. Introdução à teoria</p><p>da contabilidade: para graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>KREUTZFELD, M. et alii. Percepção de discentes e docentes de</p><p>Ciências Contábeis de uma Instituição de Ensino Superior Pública</p><p>sobre conhecimentos, habilidades e atitudes no processo de ensino-</p><p>aprendizagem. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROGRAMAS</p><p>DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 12., 2018,</p><p>João Pessoa. Anais eletrônicos (...). João Pessoa: ANPCONT, 2018.</p><p>MACÊDO, J. M. A. et alii. Informação contábil: usuário interno,</p><p>externo e o conflito distributivo. Revista de Contabilidade do</p><p>Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, Rio de Janeiro, v. 13, n.</p><p>3, 2008.</p><p>MARION, J. C. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas,</p><p>2018.</p><p>MENESES PLACERES, G. La evaluación en la alfabetización</p><p>informacional en el contexto de la educación superior:</p><p>aproximación teórica. Biblios, n. 31, p. 1-11, 2008. Disponível em:</p><p>.</p><p>OLIVEIRA, H. C. C. A mediação em projetos de incentivo à</p><p>leitura: a apropriação da informação para construção do</p><p>conhecimento e do pensamento crítico. 2015. 171 f. Dissertação</p><p>(Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e</p><p>Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília, 2015.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2020.</p><p>SANTOS, C. A. Competência em Informação na formação básica</p><p>dos estudantes da Educação Profissional e Tecnológica. 2017. 286</p><p>f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade</p><p>Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências,</p><p>Marília, 2017. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 24 abr. 2020.</p><p>SANTOS NETO, J. A. Mediação Implícita da Informação no</p><p>discurso dos bibliotecários da Biblioteca Central da Universidade</p><p>Estadual de Londrina (UEL). 2014. 193 f. Dissertação (Mestrado</p><p>em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências da</p><p>Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília, 2014. Disponível</p><p>em: . Acesso em: 23 abr. 2020.</p><p>UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA; UNIVERSIDADE DE</p><p>BRASÍLIA; INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM</p><p>CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Carta de Marília sobre Competência</p><p>em Informação. 2014. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 24 set. 2019.</p><p>5 No artigo científico intitulado “Information literacy: princípios, filosofia e prática”</p><p>(2003), a autora Adriana Elisabeth Dudziak relata, com mais detalhes, o histórico da</p><p>CoInfo. Disponível em: . Acesso em: 04 jun.</p><p>2020.</p><p>6 A figura “Área de atuação do contador” ao centro da figura 6.2 é de autoria de</p><p>Iudícibus, Marion e Faria (2018). O restante da inter-relação foi feito pelas autoras do</p><p>presente capítulo.</p><p>7</p><p>Aproximações entre Processos Decisórios e a</p><p>Gestão de Informação e de Conhecimento</p><p>Elaine da Silva</p><p>7.1 INTRODUÇÃO</p><p>Toda ação, seja ela individual, organizacional, nacional ou global,</p><p>precede uma decisão, e todo processo decisório é baseado em</p><p>informação e conhecimento, mesmo que de maneira inconsciente.</p><p>Assim, a ação de um indivíduo vestir determinada roupa, em um</p><p>dia específico, precede uma tomada de decisão acerca da roupa a</p><p>ser vestida. Essa escolha é feita a partir de informações sobre o</p><p>clima, sobre as roupas que estão limpas e disponíveis, e sobre o</p><p>evento ou compromisso do dia, se irá a um parque, a uma reunião</p><p>de trabalho ou a uma festa. Essas informações em conjunto com</p><p>conhecimentos prévios do indivíduo possibilitam que seja tomada a</p><p>decisão sobre qual vestimenta é a mais adequada. Em contexto</p><p>organizacional, passar a produzir um novo produto, por exemplo, é</p><p>uma ação resultante de uma decisão da organização, subsidiada por</p><p>informações acerca do mercado, de fornecedores e da capacidade</p><p>produtiva que, aliadas ao repertório de conhecimento do gestor, se</p><p>constituirão em subsídios para a tomada de decisão. Da mesma</p><p>maneira, em contexto nacional, a implantação de políticas públicas</p><p>nacionais e globais deve também ser subsidiada por informações. A</p><p>adoção ou não do isolamento social na ocasião da pandemia de</p><p>Covid-19 em 2020, por exemplo, em cada uma das nações, deve ter</p><p>sido decorrente de um processo decisório baseado no conhecimento</p><p>de seus dirigentes, e em informações acerca da velocidade de</p><p>contágio, na capacidade hospitalar implantada no país e em</p><p>informações oriundas das experiências de outras nações. Enfim,</p><p>toda tomada de decisão baseia-se em conhecimento e informação.</p><p>Como pode ser observado, a tomada de decisão é uma constante</p><p>em nossas vidas. No contexto organizacional, que se constitui no</p><p>foco de atenção deste capítulo, processos decisórios permeiam os</p><p>níveis estratégico, tático e operacional, sendo que a complexidade</p><p>das decisões é correspondente aos níveis respectivos. Ou seja, no</p><p>nível estratégico, encontram-se as decisões de maior complexidade;</p><p>no nível tático, aquelas de média complexidade; e, no nível</p><p>operacional, as decisões tendem a ser menos complexas, porque se</p><p>amparam em procedimentos, instruções de trabalho e orientações</p><p>resultantes de tomadas de decisão dos níveis estratégico e tático.</p><p>A pergunta que se apresenta é: como tomar decisões acertadas,</p><p>em concordância com missão e visão, objetivos e metas da</p><p>organização, considerando que organizações são sistemas abertos,</p><p>em constante mudança, que influenciam e são influenciados pelo</p><p>contexto em que se inserem?</p><p>Partindo do pressuposto de que toda tomada de decisão deve ser</p><p>subsidiada por informação, defende-se que a implantação de</p><p>processos estruturados, para a gestão de informação e para a gestão</p><p>de conhecimento, é fundamental para o processo decisório.</p><p>Nessa perspectiva, o objetivo desta pesquisa consiste em refletir</p><p>sobre o processo decisório e a gestão de informação e de</p><p>conhecimento (GIC), e respectivas aproximações. Para tanto, a</p><p>partir de análise de literatura, modelos de tomada de decisão e</p><p>gestão de informação e de conhecimento foram selecionados e são</p><p>apresentados. Ressalta-se que os modelos apresentados não</p><p>constituem a totalidade de modelos existentes, mas, sim, exemplos</p><p>consistentes para amparar a reflexão acerca das temáticas e suas</p><p>aproximações.</p><p>Além desta seção introdutória, o presente</p><p>capítulo dedica as</p><p>seções seguintes a modelos de tomada de decisão; modelos de</p><p>gestão de informação e de conhecimento; aproximações entre as</p><p>temáticas apresentadas e considerações finais.</p><p>7.2 TOMADA DE DECISÃO</p><p>Estudos e debates sobre processo decisório e tomada de decisão</p><p>têm sido objeto de atenção e se intensificado em contextos</p><p>organizacional e acadêmico nas últimas décadas, período em que se</p><p>observa a necessidade de as organizações tomarem decisões</p><p>acertadas e com agilidade em momentos de incerteza. No contexto</p><p>organizacional, que se constitui enfoque deste capítulo, a análise de</p><p>modelos de tomada de decisão pode contribuir sobremaneira para a</p><p>ação de gestores, contribuindo para a compreensão acerca da</p><p>estrutura organizacional e as complexas relações inerentes ao</p><p>contexto. De acordo com Choo (2006), é possível destacar quatro</p><p>modelos de processos decisórios, como veremos a seguir.</p><p>7.2.1 Modelo Racional</p><p>Altamente estruturado e sistematizado com procedimentos</p><p>predefinidos que buscam responder a questões, como qual é o</p><p>problema, quais são as alternativas e respectivas vantagens e</p><p>desvantagens e qual é o padrão observado em situações similares.</p><p>O modelo racional estrutura-se da seguinte maneira: detecção do</p><p>problema; coleta e análise de informações; identificação de</p><p>alternativas; escolha de alternativas e consecução dos objetivos.</p><p>Stoner e Freeman (1992) destacam que o processo decisório não se</p><p>encerra com a escolha da decisão, porquanto é preciso que aconteça</p><p>o acompanhamento da escolha implantada, analisando os resultados</p><p>obtidos. Choo (2006) também alerta que uma escolha totalmente</p><p>racional exige a identificação e análise de todas as alternativas</p><p>existentes, situação identificada na literatura como praticamente</p><p>impossível, posto que é bastante difícil que o tomador de decisão</p><p>tenha condições de reunir todas as informações sobre todas as</p><p>variáveis possíveis. Diante da situação, Robbins (2005) apresenta o</p><p>termo “racionada limitada”, que se concentra em aspectos essenciais</p><p>dos problemas, o que se julga importante, e não o problema em</p><p>toda a sua complexidade.</p><p>7.2.2 Modelo Processual</p><p>Exemplificado por Mintzberg Raisinghani e Théorêt (1973) não</p><p>tem a pretensão de reunir e analisar todas as alternativas possíveis</p><p>para um processo decisório, centra-se em elucidar fases e fatores</p><p>dinâmicos que estruturam e impactam o processo decisório. De</p><p>acordo com este modelo, o processo decisório se inicia com a fase de</p><p>identificação do objeto da tomada de decisão, integra rotinas de</p><p>reconhecimento de problemas e oportunidades e necessidade de</p><p>informação e rotinas de diagnóstico para compreender relações</p><p>causais relevantes. A próxima fase, de desenvolvimento, contempla</p><p>rotinas de busca de informação interna e externa para subsidiar a</p><p>tomada de decisão e rotinas de criação de solução, que pode ser</p><p>customizada, única alternativa, totalmente desenvolvida para a</p><p>situação, ou convencional, que consiste em seleções entre múltiplas</p><p>alternativas. A fase seguinte é a de seleção, que inclui rotinas de</p><p>sondagem, eliminando o que não é factível e reduzindo o número</p><p>de alternativas, rotinas de avaliação e escolha, que utilizam</p><p>julgamento, barganha ou análise para chegar a uma escolha, e</p><p>rotinas de autorização, que definem os meios para que a decisão seja</p><p>implantada.</p><p>As decisões são ainda vulneráveis a fatores, como interrupções</p><p>por desacordos internos ou forças externas; adiamentos promovidos</p><p>pelos executivos; adiamentos de feedback das fases em andamento;</p><p>ciclos para compreensão de alternativas; ou ciclos de fracasso,</p><p>quando não são encontradas alternativas satisfatórias.</p><p>Além das rotinas próprias de cada fase, tem-se as rotinas de apoio</p><p>à decisão e que perpassam todo o processo decisório. São elas:</p><p>• Rotinas de controle: determinam prazos, participantes,</p><p>recursos, etc.</p><p>• Rotinas de comunicação: atreladas às rotinas de busca,</p><p>enfocam também a disseminação da informação às partes</p><p>interessadas.</p><p>• Rotinas políticas: compreendem barganhas para negociar</p><p>acordos mutuamente vantajosos, persuasão para convencer</p><p>alguém a mudar de opinião, cooptação para prevenir</p><p>resistências.</p><p>No modelo processual, qualquer decisão envolve, minimamente,</p><p>a rotina de reconhecimento e a rotina de avaliação e escolha. É</p><p>interessante que um processo decisório organizacional contemple</p><p>sempre a fase de desenvolvimento, com as rotinas de busca e</p><p>criação. É a fase que costuma consumir mais tempo e mais recursos,</p><p>no entanto, é também a que possibilita mais confiabilidade e</p><p>consistência ao processo decisório, evitando decisões empíricas e</p><p>pautadas apenas em insights do decisor.</p><p>7.2.3 Modelo Anárquico</p><p>Como o próprio nome indica, o modelo anárquico não segue</p><p>nenhum tipo de estrutura. As preferências usadas na tomada de</p><p>decisão são indefinidas e não sistematizadas. Os autores Cohen,</p><p>March e Oslen (1972) fazem um paralelo desse modelo com uma</p><p>lata de lixo, onde problemas e soluções são atirados e podem se</p><p>encontrar ou não ocasionalmente.</p><p>O modelo anárquico é característico de organizações em que nem</p><p>mesmo os processos e os procedimentos são definidos e entendidos</p><p>por seus membros, por consequência, configura-se por usar</p><p>preferências mal-definidas e incoerentes.</p><p>Embora o modelo anárquico possa parecer improdutivo (...) não é disfuncional, porque</p><p>pode gerar decisões sob condições incertas e con�ituosas, quando os objetivos são</p><p>ambíguos, os problemas não são bem compreendidos e os que tomam decisões</p><p>dedicam tempo e energia variáveis aos problemas (CHOO, 2006).</p><p>7.2.4 Modelo Político</p><p>Modelo centrado na influência que agentes envolvidos (agentes</p><p>políticos) exercem sobre a escolha da alternativa. De acordo com</p><p>Allison (1971), relaciona-se ao poder que cada indivíduo envolvido</p><p>exerce no âmbito organizacional.</p><p>Ações e decisões são resultado da barganha entre os envolvidos e</p><p>os respectivos interesses, como um jogo de interesses, e podem ser</p><p>analisadas a partir das perguntas: Quem são os jogadores? Quais as</p><p>posições dos jogadores? Qual é a influência de cada jogador? Como</p><p>a posição, a influência e os movimentos de cada jogador combinam-</p><p>se para gerar decisões e ações?</p><p>No modelo político, escolhas são feitas mais devido a equilíbrios</p><p>de poder do que por argumentação lógica.</p><p>Independente do modelo adotado para a tomada de decisão,</p><p>alguns fatores são essenciais: a clareza na definição dos objetivos ou</p><p>ambiguidade; a incerteza e a quantidade de informação envolvidas</p><p>no processo decisório; a extensão ou a intensidade no que tange à</p><p>busca por informação; e o uso da informação (quadro 7.1).</p><p>QUADRO 7.1 Caracterís�cas dos modelos decisórios</p><p>Ambiente Organizacional Busca, Acesso e Uso de Informação</p><p>Modelo Ambiguidade de</p><p>obje�vos</p><p>Incerteza ou</p><p>complexidade</p><p>técnica</p><p>Extensão ou intensidade Controle ou</p><p>orientação de uso</p><p>Racional BAIXA BAIXA BAIXA BAIXA</p><p>Clareza e</p><p>concordância de</p><p>obje�vos.</p><p>Controlada por</p><p>regras, ro�nas e</p><p>programas de</p><p>desempenho.</p><p>Problema�zada.</p><p>Rela�vamente extensa,</p><p>mas limitada às</p><p>proximidades dos</p><p>sintomas.</p><p>Controlado, guiado</p><p>por selecionar</p><p>alterna�va</p><p>sa�sfatória.</p><p>Processual BAIXA ALTA ALTA ALTA</p><p>Consenso,</p><p>orientado por</p><p>obje�vos.</p><p>Opções e soluções</p><p>alterna�vas,</p><p>processo dinâmico</p><p>e aberto.</p><p>Intensa, múl�pla,</p><p>repe��va.</p><p>Concentrado, visa</p><p>uma solução</p><p>pronta ou</p><p>customizada.</p><p>Anárquico ALTA ALTA BAIXA BAIXA</p><p>Obje�vos</p><p>ambíguos,</p><p>dependentes da</p><p>ocasião.</p><p>Processos para</p><p>a�ngir os obje�vos</p><p>obscuros.</p><p>Aleatória. Soluções</p><p>alterna�vas sem relação</p><p>com os problemas.</p><p>Soluções por acaso,</p><p>decisões por fuga</p><p>ou inadvertência.</p><p>Polí�co ALTA BAIXA ALTA ALTA</p><p>Posições e</p><p>in�uências</p><p>diferentes,</p><p>obje�vos e</p><p>interesses</p><p>con�itantes.</p><p>Apoiada na certeza</p><p>sobre abordagens e</p><p>resultados</p><p>preferidos.</p><p>Sele�va, orientada para</p><p>opções que con�rmem</p><p>a preferida.</p><p>Fortemente</p><p>controlado para</p><p>jus��car o</p><p>resultado desejado.</p><p>Fonte: Elaborado pela autora em 2020 e embasado por CHOO (2006).</p><p>Qualquer que seja o modelo adotado para a tomada de decisão,</p><p>observa-se a necessidade de informação</p><p>para estruturar o problema,</p><p>que geralmente determina os tipos e o conteúdo das informações</p><p>necessárias à tomada de decisão; para definir preferências e</p><p>selecionar regras; e para identificar alternativas viáveis e suas</p><p>consequências. Em complemento, é necessário delimitar a extensão</p><p>da busca, assim como definir estratégias e ferramentas para</p><p>proporcionar o uso e a apropriação da informação de maneira</p><p>eficaz e eficiente nos processos decisórios.</p><p>A análise de modelos de tomada de decisão ratifica que</p><p>informação é elemento fundamental em processos decisórios. Por</p><p>conseguinte, é acertado afirmar que processos estruturados de</p><p>gestão da informação e do conhecimento devem ser inseridos nas</p><p>organizações que desejam manter-se e desenvolver-se em contextos</p><p>dinâmicos e complexos. Nessa perspectiva, conhecer modelos de</p><p>gestão da informação e do conhecimento (GIC) se confirma como</p><p>necessário, razão pela qual se constitui tema da próxima seção.</p><p>7.3 MODELOS DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO</p><p>A preocupação com a gestão da informação e do conhecimento</p><p>(GIC) e a elaboração de modelos respectivos surge na década de</p><p>1990, em um contexto em que, como afirmou Drucker (1993), “(...)</p><p>o recurso básico para a economia e os meios de produção não seria</p><p>mais o capital, nem recursos naturais, nem força de trabalho, mas</p><p>sim o conhecimento.”</p><p>Um ponto primordial que deve ser destacado no que tange à GIC</p><p>é que esta contempla processos conectados e complementares,</p><p>porém, distintos, sendo a gestão de informação (GI) dedicada aos</p><p>fluxos formais de informação e a gestão de conhecimento (GC)</p><p>dedicada aos fluxos informais.</p><p>Ao longo das últimas décadas, autores vêm se dedicando a</p><p>estabelecer modelos para GI (MCGEE; PRUSAK, 1994;</p><p>DAVENPORT; PRUSAK, 1998; BEAL, 2004; VALENTIM, 2004;</p><p>CHOO, 2006) e para GC (STOLLENWERK, 2001; TERRA, 2001;</p><p>PROBST; RAUB; ROMHARDT, 2002; ROSSATO, 2002;</p><p>VALENTIM, 2004; TAKEUCHI; NONAKA, 2008) com o intuito de</p><p>apresentar e ou elucidar quais processos, etapas ou fases</p><p>compreendem a gestão desses elementos (informação e</p><p>conhecimento). Santos e Valentim (2014) esclarecem que os modelos</p><p>de GI se preocupam, sobretudo, com o ciclo de vida da informação,</p><p>e os modelos de GC demonstram as atividades que “(...) merecem a</p><p>atenção das organizações, principalmente, no que tange aos fluxos</p><p>informais e que são determinantes para propiciar a dinâmica entre</p><p>conhecimento tácito e explícito” (SANTOS; VALENTIM, 2014).</p><p>Entre os modelos para GIC existentes, foram selecionados, no</p><p>âmbito deste trabalho: “As três Arenas de Uso da Informação”,</p><p>modelo apresentado por Choo (2006); “Processos de</p><p>Gerenciamento da Informação”, apresentados por Davenport e</p><p>Prusak (1998); e as “Atividades Base de Gestão da Informação e</p><p>Gestão do Conhecimento”, elencadas por Valentim (2004). A seleção</p><p>dos modelos é amparada na amplitude de escopo e na credibilidade,</p><p>considerados fontes basilares em uma ampla gama de estudos</p><p>relacionados à GIC. Entretanto, ressalta-se que os modelos</p><p>apresentados não constituem regras ou padrões a serem</p><p>implementados, tampouco que representem modelos superiores</p><p>frente a outros não detalhados no âmbito desta pesquisa.</p><p>7.3.1 Três Arenas de Uso da Informação</p><p>Choo (2006) defende que a criação e o uso da informação</p><p>desempenham papel estratégico no crescimento e na capacidade de</p><p>adaptação das organizações. Para esse autor, “(...) sem uma clara</p><p>compreensão dos processos organizacionais e humanos pelos quais a</p><p>informação se transforma em percepção, conhecimento e ação, as</p><p>empresas não são capazes de perceber a importância de suas fontes</p><p>e tecnologias de informação” (CHOO, 2006). Nessa perspectiva, o</p><p>autor entende que a organização usa estrategicamente a informação</p><p>em três arenas, como se descreve a seguir:</p><p>a) Criação de significado</p><p>Dar sentido às mudanças do ambiente externo constitui o foco</p><p>desta arena. Um contexto como o atual, caracterizado pelo intenso</p><p>dinamismo, requer constante atenção aos relacionamentos externos,</p><p>pois “(...) as mensagens e sinais de ocorrências e tendências no</p><p>ambiente externo são invariavelmente ambíguos e sujeitos a</p><p>múltiplas interpretações” (CHOO, 2006), porquanto é preciso</p><p>reconhecer e interpretar as mudanças mais significativas. A criação</p><p>de significado tem como produto a redução de incertezas e</p><p>ambiguidades acerca do ambiente externo. “(...) A ambiguidade é</p><p>reduzida por executivos e outros membros da organização que</p><p>discutem exaustivamente as informações ambíguas e conseguem</p><p>chegar a uma interpretação comum do ambiente externo” (CHOO,</p><p>2006).</p><p>b) Construção do conhecimento</p><p>Criar, organizar e processar a informação visando a geração de</p><p>novos conhecimentos por meio da aprendizagem. “(...) Novos</p><p>conhecimentos permitem à organização desenvolver novas</p><p>capacidades, criar novos produtos e serviços, aperfeiçoar os já</p><p>existentes e melhorar os processos organizacionais” (CHOO, 2006).</p><p>A construção de conhecimento é importante em ambientes</p><p>organizacionais, especialmente aqueles voltados a geração e gestão</p><p>da inovação, porque atua na conversão do “(...) conhecimento tácito,</p><p>pessoal, em conhecimento explícito, capaz de promover a inovação</p><p>e o desenvolvimento de novos produtos” (CHOO, 2006). A arena</p><p>construção do conhecimento de Choo resgata o processo SECI de</p><p>conversão do conhecimento, preconizado por Nonaka e Takeuchi</p><p>(2008), que discutem os quatro modos de conversão de</p><p>conhecimento tácito em conhecimento explícito e vice-versa,</p><p>considerando que o produto do processo de criação do</p><p>conhecimento constitui:</p><p> O aprendizado de novas competências – por meio de</p><p>observação e capacitações propiciadas pela socialização –</p><p>favorece a conversão do conhecimento tácito em conhecimento</p><p>explícito.</p><p> Diálogo ou reflexão coletiva (por meio da utilização de</p><p>metáforas, analogias e modelos) em que o conhecimento tácito</p><p>é convertido em conhecimento explícito, caracterizando a</p><p>exteriorização, atividade fundamental nas fases de criação</p><p>conceitual e desenvolvimento de um novo produto, processo</p><p>ou método.</p><p> Reunião de conhecimentos explícitos provenientes de várias</p><p>fontes pela combinação; conversão de conhecimento explícito</p><p>em conhecimento explícito.</p><p> Incorporação de conhecimento explícito ao repertório de</p><p>conhecimento tácito pelos indivíduos, na forma de modelos</p><p>mentais ou rotinas de ação, ocorre por meio da internalização,</p><p>que consiste na conversão de conhecimento explícito em</p><p>conhecimento tácito.</p><p>c) Tomada de decisão</p><p>Buscar e avaliar informação estrategicamente para a ação</p><p>racional em processos decisórios para que estes sejam embasados</p><p>em informações sobre alternativas plausíveis, resultados prováveis e</p><p>respectivos impactos dos resultados para a organização se</p><p>constituem no foco desta arena. É importante porque “(...) toda a</p><p>ação da empresa é provocada por uma decisão, e toda decisão é um</p><p>compromisso para a ação” (CHOO, 2006), logo, os processos</p><p>decisórios não podem ancorar-se em políticas, interesses,</p><p>experiências prévias e feeling; é essencial que informações internas</p><p>e/ou externas relacionadas à tomada de decisão sejam utilizadas.</p><p>São próprias do processo decisório premissas que orientem as</p><p>decisões e rotinas e que guiem o comportamento individual na</p><p>tomada de decisão, posto que “(...) o modelo de tomada de decisões</p><p>vê a organização como um sistema decisório racional” (CHOO,</p><p>2006, p. 46), no qual os decisores analisam as alternativas e avaliam</p><p>as consequências embasados no resultado do que foi construído nas</p><p>arenas “Criação de Significado” e “Construção de Conhecimento”.</p><p>“Como os indivíduos são limitados por sua capacidade de processar</p><p>informações, rotinas que orientam a busca de alternativas e a</p><p>tomada de decisões simplificam o processo decisório” (CHOO,</p><p>2006).</p><p>Segundo Choo (2006), a atuação eficiente nas três arenas –</p><p>criação de significado, construção de conhecimento e tomada de</p><p>decisão – propicia à organização agir com inteligência, criatividade</p><p>e, até mesmo, esperteza, o que resulta</p><p>em melhores condições de se</p><p>manter e se desenvolver em mercados altamente competitivos. A</p><p>organização baseia suas ações em uma compreensão correta do</p><p>ambiente e de suas necessidades, e gerencia seus recursos e</p><p>processos de informação, o que possibilita uma necessária e eficiente</p><p>adaptabilidade frente às constantes mudanças do atual contexto,</p><p>além de uma atuação orientada à aprendizagem mobilizadora de</p><p>seus membros para a geração de inovação, e focada em</p><p>conhecimento para ações racionais e decisivas.</p><p>As três arenas ou modos de utilização da informação são</p><p>complementares e interdependentes. Ambientes interpretados, por</p><p>meio da criação de significado, motivam e orientam o processo de</p><p>construção do conhecimento. “Uma visão clara do que a</p><p>organização é e deseja para seu ramo de negócios, seu mercado ou</p><p>sua comunidade ajudará a estabelecer uma agenda de</p><p>aprendizagem e construção do conhecimento” (CHOO, 2006), esse</p><p>novo conhecimento subsidia o processo decisório e, por</p><p>consequência, a geração de inovação.</p><p>7.3.2 Passos para o Gerenciamento da Informação</p><p>De acordo com Davenport e Prusak (1998), o gerenciamento da</p><p>informação é, a exemplo de outros processos organizacionais,</p><p>constituído por subprocessos passíveis de aperfeiçoamento ou</p><p>transformação. De modo específico, trata-se de um conjunto</p><p>estruturado de atividades que se distribuem nos subprocessos ou</p><p>passos descritos a seguir:</p><p>Passo 1: Determinação de exigências da informação</p><p>Diz respeito à maneira como os sujeitos organizacionais percebem</p><p>seu o ambiente informacional, considerando demandas nas</p><p>perspectivas política, psicológica, cultural e estratégica. Busca</p><p>determinar quais informações estruturadas e não estruturadas,</p><p>formais e informais são necessárias para monitorar e subsidiar os</p><p>fatores essenciais para o desenvolvimento das atividades dos sujeitos</p><p>organizacionais.</p><p>Passo 2: Obtenção de informações</p><p>Compreende um sistema contínuo que engloba “(...) exploração</p><p>do ambiente informacional; classificação da informação em uma</p><p>estrutura pertinente; formatação e estruturação das informações”</p><p>(DAVENPORT, 1998). A exploração eficaz depende da combinação</p><p>das abordagens automatizada e humana para coletar e sintetizar</p><p>informações, que poderão ser classificadas em categorias específicas.</p><p>A informação obtida e classificada é então formatada e estruturada.</p><p>O modo mais comum de estruturação é por meio de documentos,</p><p>que podem ser em forma de texto, eletrônico ou audiovisual, entre</p><p>outros formatos.</p><p>Passo 3: Distribuição da informação</p><p>Envolve a ligação do sujeito com a informação que necessita.</p><p>Pode privilegiar a procura por parte do usuário, partindo do</p><p>pressuposto de que este é capacitado para avaliar o quer e necessita</p><p>em termos de informação, considerando que “(...) os usuários</p><p>devem ser estimulados a procurá-la e obtê-la, sem ser receptores</p><p>passivos dos dados que outra pessoa considera importantes”</p><p>(DAVENPORT; PRUSAK, 1998) ou a estratégia de divulgação em</p><p>que “(...) alguns provedores decidem que tipo de informação deve</p><p>ser distribuída e a quem” (DAVENPORT; PRUSAK, 1998), com o</p><p>argumento de que as pessoas não saberiam buscar aquilo que</p><p>desconhecem. Há ainda a adoção das estratégias de distribuição por</p><p>divulgação e procura de maneira combinada.</p><p>Passo 4: Utilização da informação</p><p>O quarto passo possui um alto grau de subjetividade, posto que o</p><p>modo como um sujeito organizacional se apropria da informação</p><p>depende de seus conhecimentos prévios e sua motivação para tal.</p><p>Davenport e Pruzak (1998) acreditam que a organização pode se</p><p>valer de algumas estratégias promotoras da utilização de</p><p>informação, tais como: estimativas de acesso; ações simbólicas como</p><p>reconhecimento, recompensas e prêmios concedidos em</p><p>decorrência de ideias ou propostas de inovação; contextos</p><p>institucionais, como apresentação de relatórios diversos em</p><p>reuniões; e avaliações de desempenho para promover a utilização</p><p>da informação.</p><p>7.3.3 Atividades-base da Gestão da Informação e da Gestão do</p><p>Conhecimento</p><p>Buscando proporcionar maior clareza no que tange a aspectos</p><p>inerentes à GI e à GC, Valentim (2004) apresenta uma</p><p>sistematização que evidencia âmbito, objeto e atividades-base de</p><p>cada uma das abordagens (quadro 7.2). Ao relacionar um conjunto</p><p>de atividades próprias de cada abordagem de gestão, a autora</p><p>confere concretude aos processos de GIC, que podem claramente</p><p>ser identificados nas atividades-base.</p><p>A sistematização apresentada por Valentim (2004) evidencia as</p><p>especificidades e as convergências entre GI e GC, auxilia na</p><p>compreensão de como estruturar subprocessos de GI, tais como:</p><p>determinação de exigências, obtenção, distribuição e utilização da</p><p>informação; e propicia vislumbrar as atividades próprias dos</p><p>processos de GI e GC necessários para a atuação nas três arenas de</p><p>Choo (2006).</p><p>QUADRO 7.2 A�vidades-base da gestão da informação e da gestão do conhecimento</p><p>Gestão da Informação Gestão do Conhecimento</p><p>Âmbito: �uxos informais Âmbito: �uxos informais</p><p>Objeto: conhecimento explícito Objeto: conhecimento tácito</p><p>A�vidades-Base A�vidades-Base</p><p> Iden��car demandas e necessidades de</p><p>informação.</p><p> Mapear e reconhecer �uxos formais.</p><p> Iden��car demandas e necessidades de</p><p>conhecimento.</p><p> Mapear e reconhecer �uxos informais.</p><p> Desenvolver a cultura organizacional posi�va</p><p>em relação ao compar�lhamento/ à</p><p>socialização de informação.</p><p> Proporcionar a comunicação informacional de</p><p>forma e�ciente, u�lizando tecnologias de</p><p>informação e comunicação.</p><p> Prospectar e monitorar informações.</p><p> Coletar, selecionar e �ltrar informações.</p><p> Tratar, analisar, organizar, armazenar</p><p>informações, u�lizando tecnologias de</p><p>informação e comunicação.</p><p> Desenvolver sistemas corpora�vos de</p><p>diferentes naturezas, visando o</p><p>compar�lhamento e o uso de informação.</p><p> Elaborar produtos e serviços informacionais.</p><p>Fixar normas e padrões de sistema�zação da</p><p>informação.</p><p> Retroalimentar o ciclo.</p><p> Desenvolver a cultura organizacional posi�va</p><p>em relação ao compar�lhamento/ à</p><p>socialização de conhecimento.</p><p> Proporcionar a comunicação informacional de</p><p>forma e�ciente, u�lizando tecnologias de</p><p>informação e comunicação.</p><p> Criar espaços cria�vos dentro da corporação.</p><p> Desenvolver competências e habilidades</p><p>voltadas ao negócio da organização.</p><p> Criar mecanismos de captação de</p><p>conhecimento, gerado por diferentes pessoas</p><p>da organização.</p><p> Desenvolver sistemas corpora�vos de</p><p>diferentes naturezas, visando o</p><p>compar�lhamento e o uso de conhecimento.</p><p> Fixar normas e padrões de sistema�zação de</p><p>conhecimento.</p><p> Retroalimentar o ciclo.</p><p>Fonte: Valen�m (2004).</p><p>7.4 APROXIMAÇÕES ENTRE PROCESSO DECISÓRIO E GESTÃO DE</p><p>INFORMAÇÃO E DE CONHECIMENTO</p><p>Informações e conhecimento se constituem em elementos</p><p>fundamentais para o sucesso das organizações, por conseguinte</p><p>devem ser objeto de gestão, porquanto é preciso que sejam</p><p>implantados processos sistematizados para que esses elementos</p><p>fundamentais nas organizações sejam adequadamente geridos e</p><p>utilizados. Processos estruturados de GIC promovem a criação de</p><p>significado, interpretando informações internas e externas; a</p><p>construção de conhecimento, que subsidia a geração de inovações e</p><p>o desenvolvimento de competências; e proporcionam aos gestores</p><p>elementos para tomadas de decisão guiadas por rotinas, regras e</p><p>princípios heurísticos pessoais que simplificam e legitimam suas</p><p>ações (CHOO, 2006), proporcionando que o processo decisório seja</p><p>assertivo e eficiente.</p><p>Como já observado neste capítulo, GI e GC não são temas</p><p>recentes na literatura e nas organizações, o modelo de Davenport e</p><p>Prusak, por exemplo, data da década de 1990. Entretanto o que se</p><p>observa é que, mesmo reconhecendo a importância dos recursos</p><p>informação e conhecimento para a gestão e, por consequência, para</p><p>processos decisórios, muitas organizações ainda não mantêm</p><p>processos estruturados para a gestão de informação e de</p><p>conhecimento (SILVA, 2013).</p><p>A presença ou ausência de processos de GIC na organização</p><p>seguramente impacta nos processos</p><p>decisórios. Do ponto de vista da</p><p>GI, ainda que, em alguns contextos, persista a sensação de que, a</p><p>partir dos avanços das tecnologias de informação e comunicação</p><p>(TIC), as informações necessárias para processos decisórios estão</p><p>acessíveis e serão automaticamente utilizadas, a explosão</p><p>informacional, na verdade, fez com que processo decisório se</p><p>tornasse ainda mais desafiador para o gestor (ARAÚJO, 2019); isso</p><p>porque, como observado no modelo racional de tomada de decisão,</p><p>é praticamente impossível analisar a totalidade de informações</p><p>acerca das alternativas para a tomada de decisão. É nessa</p><p>perspectiva que processos de sistematização da informação, tais</p><p>como coleta, seleção, tratamento e organização da informação,</p><p>proporcionam ao decisor a segurança para acessar e se apropriar de</p><p>informações verdadeiramente relevantes para seu processo</p><p>decisório. Do ponto de vista da GC, atividades básicas (Valentim</p><p>2004), tais como: a identificação de demandas de conhecimento dos</p><p>decisores, o desenvolvimento de competências e habilidades</p><p>voltadas ao negócio, a criação de espaços criativos, e o</p><p>desenvolvimento de sistemas voltados ao compartilhamento e uso</p><p>de conhecimento contribuem para evitar que decisões sejam</p><p>tomadas sob a influência de elementos puramente subjetivos (LAIA,</p><p>2002; ARAÚJO, 2019).</p><p>Destaca-se também que a percepção do valor da gestão de</p><p>informação e conhecimento para o processo decisório requer o</p><p>desenvolvimento de uma cultura organizacional voltada ao</p><p>compartilhamento e à socialização de informação e de</p><p>conhecimento, isso porque, como alertou Simon (1972), a</p><p>deficiência não está na oferta de informação, mas, sim, na atenção</p><p>que lhe é dedicada e, por conseguinte, na capacidade de</p><p>apropriação, criação de significado e geração de conhecimento.</p><p>p p g g</p><p>Uma cultura organizacional voltada à informação e ao</p><p>conhecimento contribui também para o sucesso do mapeamento de</p><p>fluxos formais e informais de informação e conhecimento e para a</p><p>criação e implantação de mecanismos de captação e</p><p>compartilhamento de conhecimento gerado na organização e fora</p><p>dela.</p><p>A importância da GIC é ratificada com a análise das</p><p>características dos modelos de tomada de decisão, tanto as</p><p>relacionadas ao ambiente organizacional quanto aquelas voltadas às</p><p>questões de busca, acesso e uso de informação, porquanto, em todos</p><p>os modelos de tomada de decisão, foi possível observar que</p><p>informação e conhecimento são decisivos para a tomada de decisão,</p><p>independente do modelo adotado.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A proposta deste capítulo consistiu em promover a reflexão sobre</p><p>as aproximações possíveis e necessárias entre processos decisórios e</p><p>processos de gestão de informação e de conhecimento. Obviamente,</p><p>não se constituem em temáticas novas, no entanto, ainda se</p><p>observam relatos de gestores que se sentem inseguros ou</p><p>pressionados ao decidir ou que tomadas de decisão são centradas</p><p>apenas em impressões, sentimentos e percepções do gestor.</p><p>Nessa perspectiva, buscou-se evidenciar que decisões subsidiadas</p><p>por informação e conhecimento tendem a ser mais seguras e</p><p>eficientes. Em complemento, em contextos dinâmicos, como os</p><p>organizacionais, e frente à extensão do volume de informações da</p><p>atualidade, processos estruturados de GIC são fundamentais para</p><p>que decisores tenham condições de interpretar informações, criar</p><p>conhecimento e tomar decisões de maneira assertiva e eficiente.</p><p>Os modelos de GIC aqui apresentados foram escolhidos com o</p><p>intuito de evidenciar conceito, função e principais processos e</p><p>atividades da GIC, propiciando que, a partir do exposto, gestores</p><p>tenham condições de avaliar projetos, sistemas, estratégias e</p><p>ferramentas para GIC aplicáveis a cada realidade.</p><p>Enfim, espera-se que este trabalho possa lançar luz às</p><p>convergências entre a gestão de informação e de conhecimento, que</p><p>se constitui em uma das áreas focais da ciência da informação, e os</p><p>processos decisórios, mormente foco de atenção de administradores;</p><p>evidenciando, assim, a pertinência e a relevância de essas áreas</p><p>atuarem de maneira integrada e colaborativa.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALLISON, G. T. Essence of decision: explaining the Cuban missile</p><p>crisis. Boston: Harper Collins, 1971.</p><p>ARAÚJO, E. P. O. Tomada de decisão organizacional: analisando o</p><p>uso de informação por gestores pela via simbólica. Perspectivas em</p><p>Ciência da Informação, v. 24, n. 4, p. 156-170, 2019. Disponível</p><p>em: . Acesso</p><p>em: 14 maio 2020.</p><p>BEAL, A. Gestão estratégica da informação: como transformar a</p><p>informação e a tecnologia da informação em fatores de crescimento</p><p>e de alto desempenho nas organizações. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as</p><p>organizações usam a informação para criar significado, construir</p><p>conhecimentos e tomar decisões. 2. ed. São Paulo: Editora SENAC,</p><p>2006.</p><p>COHEN, M. D.; MARCH, J. G.; OLSEN. A garbage can model of</p><p>organizational choice. Administrative Science Quarterly, Ithaca</p><p>(NY), v. 17, n. 1, p. 1-25, 1972.</p><p>DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Ecologia da informação: por que</p><p>só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São</p><p>Paulo: Futura, 1998.</p><p>LAIA, M. M. Comportamento de busca de informações de gerentes</p><p>e técnicos em uma instituição governamental: um estudo de caso.</p><p>Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Universidade</p><p>Federal de Minas Gerais, 2002.</p><p>LOUSADA, Mariana; POMIM VALENTIM, Marta Lígia. Modelos</p><p>de tomada de decisão e sua relação com a informação orgânica.</p><p>Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 16, n.</p><p>1, p. 147-164, 2011. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 09 maio</p><p>2020.</p><p>MCGEE, J.; PRUSAK, L. Gerenciamento estratégico da</p><p>informação: aumente a competitividade e eficiência de sua empresa</p><p>utilizando a informação como uma ferramenta estratégica. Rio de</p><p>Janeiro: Elsevier, 1994.</p><p>MINTZBERG, H.; RAISINGHANI, D.; THÉORÊT, A. The</p><p>structure of “unstructured” decision processes. 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Gestão da informação para a tomada de decisão em</p><p>uma instituição de ensino superior privada: a experiência das</p><p>faculdades integradas da união educacional do Planalto Central</p><p>(FACIPLAC/DF). RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e</p><p>Ciência da Informação, 15 (1), p. 53-81, 2017. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 12 jul.</p><p>2020.</p><p>SIMON, H. Comportamento administrativo: estudo dos processos</p><p>decisórios nas organizações administrativas. Rio de Janeiro:</p><p>Fundação Getulio Vargas,1979.</p><p>STOLLENWERK, M F. L. Gestão do conhecimãento: conceitos e</p><p>modelos. In: TARAPANOFF, K. (Org.). Inteligência organizacional</p><p>e competitiva. Brasília: Editora UnB, p.143-163, 2001.</p><p>STONER, L. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1992.</p><p>TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Porto</p><p>Alegre: Bookman, 2008.</p><p>TERRA, J. C. C. Gestão do conhecimento: o grande desafio</p><p>empresarial. 3. ed. São Paulo: Negócio, 2001.</p><p>VALENTIM, M. L. P. Gestão</p><p>da informação e gestão do</p><p>conhecimento: especificidades e convergências. Londrina:</p><p>Infohome, 2004. Disponível em:</p><p>. Acesso</p><p>em: 20 ago. 2013.</p><p>8</p><p>Da Administração para a Ciência da Informação</p><p>Aplicação da Matriz Swot em Serviços</p><p>Ieda Pelógia Martins Damian</p><p>Márcia Regina da Silva</p><p>8.1 INTRODUÇÃO</p><p>A flexibilidade da comunicação, a redução de custos e a</p><p>possibilidade de troca instantânea de grandes quantidades de</p><p>informação são características da Internet que podem ser</p><p>exploradas em prol do oferecimento de serviços de referência</p><p>virtuais (SRV). Pereira e Brenha (2011) definiram o SRV como tudo</p><p>o que se faz tradicionalmente, há séculos, no atendimento ao</p><p>usuário da biblioteca universitária, com a agregação de valores das</p><p>tecnologias que foram surgindo diante da biblioteconomia moderna.</p><p>Ao realizarem uma análise do SRV, Carvalho e Lucas (2005)</p><p>verificaram uma crescente tendência da adaptação de serviços e</p><p>produtos de referência de ambientes tradicionais para ambientes</p><p>virtuais. As autoras ressaltaram que buscar meios virtuais para</p><p>atender de maneira mais adequada as necessidades de informação</p><p>do usuário é, de modo dinâmico, a forma mais efetiva de</p><p>disponibilizar informação.</p><p>Este trabalho faz uso dos conceitos de serviços e da matriz SWOT</p><p>para desenvolver uma análise estratégica do site de uma biblioteca</p><p>universitária brasileira com a intenção de identificar os principais</p><p>pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as oportunidades dos</p><p>serviços de referência virtuais.</p><p>A SWOT procura definir estratégias com o objetivo de manter e</p><p>ampliar os pontos fortes da organização e reduzir os riscos</p><p>decorrentes dos pontos fracos, aproveitando, desta maneira, as</p><p>oportunidades e procurando reduzir as ameaças. Para Sorensen,</p><p>Engström e Engström (2004), a SWOT é uma metodologia de fácil</p><p>utilização, que fornece uma importante visão panorâmica do</p><p>ambiente e identifica áreas com problemas e, ainda, procura</p><p>incentivar a aprendizagem sobre a situação por meio de uma</p><p>reflexão do que pode ser realizado.</p><p>Em pesquisa anterior (DAMIAN; SILVA, 2017), com o mesmo</p><p>direcionamento, foi analisado o site da Biblioteca Central da</p><p>Universidade de São Paulo campus Ribeirão Preto, São Paulo</p><p>(BCRP/USP). Essa biblioteca faz parte da Agência USP de Gestão da</p><p>Informação Acadêmica (AGUIA), que dá continuidade às atividades</p><p>anteriormente desenvolvidas pelo Sistema Integrado de Bibliotecas</p><p>(SIBiUSP). A AGUIA se estabelece como o “órgão da Universidade</p><p>responsável por alinhar a gestão da informação, da produção</p><p>intelectual e das bibliotecas aos objetivos estratégicos da instituição”</p><p>(AGUIA, 2020). Este órgão é composto por um conjunto de 48</p><p>bibliotecas vinculadas a unidades de ensino e pesquisa, museus,</p><p>hospitais e institutos especializados da USP. Os resultados desta</p><p>pesquisa apontaram tanto pontos fortes como pontos fracos na</p><p>análise estratégica realizada no site da BCRP.</p><p>Este trabalho tem o objetivo de construir uma matriz SWOT a</p><p>partir da análise estratégica dos SRVs da BCRP desenvolvida por</p><p>Damian e Silva (2017). A BCRP, diferentemente das outras</p><p>bibliotecas da Agência, atende todas as áreas abrangidas pelos</p><p>cursos oferecidos no campus da USP de Ribeirão Preto, composta</p><p>por um acervo de aproximadamente 198 700 itens. Recentemente,</p><p>a biblioteca alterou o quadro de gestores, além disso, está passando</p><p>por uma grande reforma, em suas instalações, que busca</p><p>modernizar o espaço. Este momento tornar-se propício para o</p><p>desenvolvimento desta pesquisa, uma vez que, tendo as</p><p>dependências físicas mais restritas por causa da reforma, deve</p><p>investir na comunicação e no oferecimento de serviços por meio do</p><p>SRV, e deve buscar maior comunicação com os usuários que estão</p><p>mais familiarizados com a utilização de serviços on-line.</p><p>8.2 SERVIÇOS DE REFERÊNCIA VIRTUAL</p><p>Segundo Vargo e Lusch (2004), os serviços consistem na aplicação</p><p>de competências especializadas por meio de atos, processos e</p><p>desempenhos para o benefício da própria ou de outra entidade.</p><p>Para Torres Jr., Miyake e Pereira (2006), o conceito de serviço diz</p><p>respeito aos benefícios e à utilidade oferecidas ao usuário, o que</p><p>compreende a descrição de como as necessidades dos usuários serão</p><p>satisfeitas.</p><p>Zeithaml (1981) ressalta que, devido às suas especificidades, a</p><p>maioria dos serviços não pode ser contada, mensurada,</p><p>inventariada, testada e verificada e, devido à sua intangibilidade, as</p><p>organizações podem encontrar dificuldades para entender como os</p><p>usuários percebem e avaliam a qualidade do serviço. Parasuraman,</p><p>Azeitam e Berry (1985) complementam que outra característica dos</p><p>serviços a ser considerada é que sua produção e seu consumo,</p><p>muitas vezes, são inseparáveis.</p><p>As características dos serviços são, de acordo com Pinto (2006),</p><p>fatores críticos para o contexto eletrônico, e as transações realizadas</p><p>neste meio podem ser facilitadas ou restringidas não só pelas</p><p>características físicas dos produtos, mas também pelas características</p><p>específicas dos serviços, como a intangibilidade, a inseparabilidade,</p><p>a acessibilidade, a customização e o grau de interação. Em relação</p><p>aos benefícios dos serviços on-line, Italiano et alii (2010) destacam a</p><p>sua disponibilidade de acesso 24 horas, durante sete dias por</p><p>semana, contribuindo para o acesso à informação e a eliminação de</p><p>barreiras geográficas.</p><p>A Library American Association (2017) define os serviços de</p><p>referência como consultas de informação que os profissionais da</p><p>biblioteca recomendam, interpretam, avaliam e/ou utilizam recursos</p><p>de informação para auxiliar de modo efetivo os usuários a</p><p>satisfazerem suas necessidades de informação por meio de uma</p><p>série de atividades que envolvem a criação, a gestão e a avaliação de</p><p>informações ou de investigação de recursos, ferramentas e serviços.</p><p>Já o SRV pode ser definido como um serviço de referência iniciado</p><p>em um contexto eletrônico, frequentemente em tempo real, onde os</p><p>usuários fazem uso de recursos tecnológicos para se comunicarem</p><p>com os profissionais de referência, sem a necessidade de estarem</p><p>p</p><p>fisicamente presentes (AMERICAN LIBRARIES ASSOCIATION,</p><p>2017).</p><p>O SRV, para Marcondes, Mendonça e Carvalho (2006),</p><p>representa uma evolução dos serviços bibliotecários via Internet,</p><p>que se beneficia com as facilidades disponibilizadas pela tecnologia,</p><p>favorecendo a recuperação da informação.</p><p>As vantagens oferecidas pelo SRV, segundo Carvalho e Lucas</p><p>(2005), devem-se ao fato de que as fontes de informação virtuais se</p><p>atualizam mais rapidamente, demandam menor mão de obra e não</p><p>necessitam de espaço físico para o armazenamento e a recuperação</p><p>da informação por parte dos usuários e dos bibliotecários. Accart</p><p>(2012) destaca os seguintes benefícios do SRV: poder ser acessado</p><p>em todos os lugares e a todo instante; ser, na maioria das vezes, um</p><p>serviço gratuito; garantir a proteção dos dados e das informações;</p><p>orientar para fontes de informação confiáveis; e oferecer um serviço</p><p>personalizado e de qualidade.</p><p>Apesar dos importantes benefícios que podem ser usufruídos por</p><p>meio do oferecimento de SRV, Silva e Beutten Müller (2006)</p><p>ressaltaram que a falta de um bibliotecário de referência virtual e de</p><p>estratégias de promoções e marketing insuficientes podem</p><p>inviabilizar a execução de um SRV de excelência.</p><p>A utilização das tecnologias de informação e comunicação, na</p><p>prestação dos serviços de referência, conforme observou Souza</p><p>(2007), agiliza o fluxo de informação, e pode ocorrer de forma</p><p>assíncrona e síncrona. Na forma assíncrona, os usuários enviam</p><p>uma consulta e a resposta é fornecida posteriormente. Já na forma</p><p>síncrona, os usuários e o bibliotecário se comunicam em tempo real.</p><p>Os principais recursos tecnológicos utilizados para a</p><p>disponibilização dos SRVs, segundo Arellano (2001) e Pessoa e</p><p>Cunha (2007), são: correio eletrônico, chat, telefone,</p><p>videoconferência e pergunte ao bibliotecário/ask a librarian.</p><p>Vieira, Lazzarin e Brito (2008) traçaram um</p><p>panorama sobre os</p><p>SRVs oferecidos pelas bibliotecas de universidades federais</p><p>brasileiras e destacaram que a capacitação e a orientação no uso da</p><p>biblioteca são constantes em todas as bibliotecas pesquisadas, assim</p><p>como o uso do e-mail; já os fóruns de discussão não eram presenças</p><p>j p</p><p>constantes e programas como “Pergunte ao Bibliotecário”, comuns</p><p>em bibliotecas estrangeiras, não foram identificados na pesquisa.</p><p>Para Collier e Bienstock (2006), é essencial que os gestores de</p><p>organizações com presença na Web compreendam como os usuários</p><p>percebem a qualidade do serviço eletrônico para que possam</p><p>entender o que valorizam em uma transação de serviço on-line.</p><p>Conforme Peters (2018), embora algumas pesquisas sobre SRV</p><p>indiquem que os alunos valorizam esses serviços e acabam os</p><p>recomendando para os colegas, há outras pesquisas que denotam a</p><p>falta de interesse entre os alunos na utilização de serviços de</p><p>referência virtual.</p><p>Peters (2018) apresenta um estudo realizado na biblioteca da</p><p>Central Michigan University (CMU), o qual analisa o impacto da</p><p>mudança de aulas presenciais para aulas on-line na frequência e no</p><p>uso da biblioteca. As bibliotecas universitárias podem contribuir de</p><p>forma efetiva com os docentes na experiência de aprendizado on-</p><p>line. No caso das bibliotecas da CMU, os bibliotecários se engajaram</p><p>em várias iniciativas projetadas para aumentar a presença da</p><p>biblioteca nas aulas on-line, além de realizarem um trabalho de</p><p>marketing junto aos administradores das instituições, assumindo</p><p>papel de protagonistas por sua longa experiência em atender</p><p>também alunos de forma remota, não presencial.</p><p>Embora o SRV em bibliotecas universitárias não seja recente, é</p><p>importante que haja avaliação constante de seus direcionamentos,</p><p>de forma a buscar a melhoria e aumentar a participação dos</p><p>estudantes. Para tanto, é importante fazer uso de ferramentas de</p><p>análises estratégicas como a SWOT, conceito apresentado a seguir.</p><p>8.3 ANÁLISE ESTRATÉGICA DOS SERVIÇOS DE REFERÊNCIA VIRTUAIS</p><p>A palavra SWOT é, de acordo com Dias (2006), um acrônimo</p><p>formado pelas palavras inglesas: Strengths (forças), Weaknesses</p><p>(fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), onde</p><p>as forças e fraquezas representam as variáveis internas que podem</p><p>ser controladas pela organização, enquanto as oportunidades e</p><p>ameaças são decorrentes de variáveis externas, que não se</p><p>encontram diretamente sob o controle das organizações, mas sobre</p><p>as quais podem, em alguns casos, exercer certa influência.</p><p>A aplicação da análise SWOT, segundo Rauch (2007), ocorre por</p><p>meio de uma matriz que contém os quatro fatores (pontos fortes,</p><p>pontos fracos, oportunidades e ameaças). A análise SWOT é uma</p><p>ferramenta muito utilizada para a análise de ambientes internos e</p><p>externos, com o intuito de alcançar uma abordagem sistemática e</p><p>oferecer um importante apoio para situações de tomada de decisão</p><p>(ABDI; AZADEGAN-MEHR; GHAZINOORY, 2011).</p><p>Em relação aos benefícios da análise SWOT, Sorensen, Engström</p><p>e Engström (2004) ressaltaram que é uma metodologia fácil de ser</p><p>utilizada, que fornece uma importante visão panorâmica do</p><p>ambiente e identifica áreas com problemas, além de incentivar a</p><p>aprendizagem sobre a situação e a reflexão do que pode ser feito. As</p><p>vantagens da matriz SWOT, destacadas por Capuano (2008), foram</p><p>simplicidade, baixo custo relativo de aplicação, flexibilidade,</p><p>capacidade de integração da informação e estímulo à colaboração de</p><p>todas as áreas da organização para sua consecução.</p><p>Diante do exposto, é possível verificar o potencial da análise</p><p>SWOT que, por meio da identificação dos pontos fortes, fracos,</p><p>oportunidades e ameaças, pode dar importantes contribuições para</p><p>a melhoria do serviço de referência virtual. É com este propósito</p><p>que essa ferramenta foi utilizada neste estudo: identificar os pontos</p><p>fortes, os fracos, as ameaças e as oportunidades do site escolhido, a</p><p>fim de que os resultados possam contribuir com a gestão estratégica</p><p>de SRV.</p><p>8.4 RESULTADOS: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO</p><p>Como destacado anteriormente, o site escolhido para a análise</p><p>SWOT foi o da Biblioteca Central da USP de Ribeirão Preto</p><p>(BCRP/USP). Esta análise foi realizada a partir da avaliação do site</p><p>por três sujeitos: uma bibliotecária que não atua na BCRP, um</p><p>docente da USP e um pesquisador que desconhecia o site da BCRP.</p><p>Antes de iniciarem suas análises, os sujeitos receberam as devidas</p><p>orientações sobre o objetivo deste estudo e sobre a ferramenta de</p><p>análise estratégica SWOT.</p><p>As avaliações foram realizadas isoladamente, de modo que cada</p><p>sujeito preencheu uma planilha contendo dois campos referentes à</p><p>análise SWOT (pontos fortes e pontos fracos). Os campos</p><p>oportunidades e ameaças foram elaborados pelas autoras deste</p><p>trabalho com base nas respostas dos três sujeitos da pesquisa.</p><p>As percepções dos três sujeitos em relação aos pontos fortes e aos</p><p>fracos, juntamente com as análises das oportunidades e ameaças</p><p>realizadas pelas pesquisadoras, foram codificadas e apresentadas no</p><p>quadro 8.1.</p><p>QUADRO 8.1 Codi�cação dos pontos fortes, dos pontos fracos, das oportunidades e das ameaças do</p><p>SRV da BCRP/USP</p><p>Pontos Fortes (Fo) Oportunidades (Op)</p><p>• Fo1: gama de informações disponibilizada</p><p>• Fo2: opção de “Busca Integrada”</p><p>• Fo3: informações sobre os serviços</p><p>disponibilizados pela biblioteca</p><p>• Fo4: links com acesso rápido aos serviços mais</p><p>procurados</p><p>• Fo5: serviços realizados diretamente pelo site</p><p>• Fo6: opção “Novidades do Acervo”</p><p>• Fo7: acesso a diversos canais de comunicação</p><p>da BCRP</p><p>• Fo8: o conteúdo re�ete o obje�vo do site</p><p>• Fo9: velocidade de acesso</p><p>• Fo10: o site oferecia boa disponibilidade</p><p>• Op1: maior divulgação do site da biblioteca</p><p>e dos serviços disponibilizados</p><p>• Op2: inclusão de meios de comunicação</p><p>entre a biblioteca e seus usuários</p><p>• Op3: alterar o nome do menu “Dedalus”</p><p>• Op4: as ferramentas de buscas (Dedalus,</p><p>SIBi) deveriam ser uni�cadas</p><p>• Op5: as opções do menu “Portais de</p><p>Pesquisa” deveriam ser uni�cadas</p><p>• Op6: u�lizar recursos tecnológicos para</p><p>atrair a atenção dos usuários</p><p>• Op7: disponibilizar a opção “Dicas de</p><p>Busca”</p><p>• Op8: disponibilizar a polí�ca de</p><p>privacidade e/ou segurança dos dados</p><p>• Op9: disponibilizar outras opções de</p><p>comunicação</p><p>Pontos Fracos (Fr) Ameaças (Am)</p><p>• Fr1: di�culdade de buscar o site da biblioteca</p><p>pelo fato de ser uma biblioteca central</p><p>• Fr2: ausência de recursos que podem atrair a</p><p>atenção do usuário</p><p>• Fr3: “Fale Conosco” com link para o aplica�vo</p><p>• Am1: não u�lizar recursos que mo�vem o</p><p>usuário a u�lizar o site</p><p>• Am2: não fazer pesquisa de sa�sfação</p><p>especí�ca sobre o site</p><p>• Am3: falta de divulgação e promoção dos</p><p>Outlook</p><p>• Fr4: Nome da opção de busca é pouco intui�vo</p><p>• Fr5: disponibiliza três opções de busca, mas</p><p>duas direcionam ao mesmo aplica�vo</p><p>• Fr6: nomes conceituais das opções do “Portais</p><p>de Pesquisa”</p><p>• Fr7: estar o�cialmente disponível apenas em</p><p>português</p><p>• Fr8: sobreposição de fotos nas opções dos</p><p>menus</p><p>serviços oferecidos</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Após essa codificação, foram identificados os pontos fortes, os</p><p>pontos fracos, as oportunidades e as ameaças que estavam fora do</p><p>escopo do trabalho ou que se repetiam. Dessa forma, observou-se</p><p>que Fo9, Fo10 e Fr8 referem-se a aspectos técnicos, e o Op9 é muito</p><p>semelhante ao Op2, sendo retirados da análise. Após a exclusão dos</p><p>pontos citados, foi construída a Matriz SWOT representada no</p><p>quadro 8.2.</p><p>QUADRO 8.2 Matriz SWOT do SRV da BCRP/USP</p><p>Oportunidades (Op) (externas) Ameaças (Am) (externas)</p><p>• Op1: maior divulgação do site da biblioteca</p><p>e dos serviços disponibilizados</p><p>• Op2: inclusão de meios de comunicação</p><p>entre a biblioteca e seus usuários</p><p>• Op3: alterar o nome do menu “Dedalus”</p><p>• Op4: as ferramentas de buscas deveriam ser</p><p>uni�cadas</p><p>• Op5: as opções do menu “Portais de</p><p>Pesquisa” deveriam ser uni�cadas</p><p>• Op6: u�lizar recursos tecnológicos para</p><p>atrair a atenção dos usuários</p><p>• Op7: disponibilizar a opção “Dicas de Busca”</p><p>• Op8: disponibilizar a polí�ca de privacidade</p><p>e/ou segurança dos dados</p><p>• Am1: não u�lizar recursos que mo�vem o</p><p>usuário a u�lizar o site</p><p>• Am2: não fazer pesquisa de sa�sfação</p><p>especí�ca sobre o site</p><p>• Am3: falta de divulgação e promoção dos</p><p>serviços oferecidos</p><p>Pontos Fortes (Fo) (internas) Pontos Fracos (Fr) (internas)</p><p>• Fo1: gama de informações disponibilizada</p><p>• Fo2: opção de “Busca Integrada”</p><p>• Fr1: di�culdade de buscar o site da biblioteca</p><p>(biblioteca central)</p><p>• Fo3: informações sobre os serviços</p><p>disponibilizados pela biblioteca</p><p>• Fo4: links com acesso rápido aos serviços</p><p>mais procurados</p><p>• Fo5: serviços realizados diretamente pelo</p><p>site</p><p>• Fo6: opção “Novidades do Acervo”</p><p>• Fo7: acesso a diversos canais de</p><p>comunicação da BCRP</p><p>• Fo8: o conteúdo re�ete o obje�vo do site</p><p>• Fr2: ausência de recursos que podem atrair a</p><p>atenção do usuário</p><p>• Fr3: “Fale Conosco” com link para o aplica�vo</p><p>Outlook</p><p>• Fr4: nome da opção de busca é pouco</p><p>intui�vo</p><p>• Fr5: disponibiliza três opções de busca, mas</p><p>duas direcionam ao mesmo aplica�vo</p><p>• Fr6: nomes conceituais das opções do “Portais</p><p>de Pesquisa”</p><p>• Fr7: estar o�cialmente disponível apenas em</p><p>português</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>O quadro 8.2 foi utilizado para a identificar os relacionamentos</p><p>considerados fortes ou fracos. Observou-se se há relação de</p><p>influência entre os pontos. Para isso, foram realizados cruzamentos,</p><p>a partir da aplicação da técnica da planilha e matriz SWOT, que visa</p><p>analisar as relações entre as forças, fraquezas, oportunidade e</p><p>ameaças, que, quando inter-relacionadas, permitem selecionar as</p><p>principais ideias de iniciativas para os planos de ação. Os</p><p>relacionamentos foram categorizados com os numerais (0) – sem</p><p>relação, (1) – média relação e (2) – alta relação, representando a</p><p>existência ou não de relações entre os fatores forças, fraquezas,</p><p>oportunidades e ameaças (FUNDAÇÃO NACIONAL DA</p><p>QUALIDADE, 2008).</p><p>A seguir serão descritos os relacionamentos entre os pontos que</p><p>foram analisados como fortes, ou seja, aqueles categorizados como</p><p>2, de alta relação.</p><p>8.4.1 Oportunidades x Pontos Fortes</p><p>Após o relacionamento entre oportunidades e pontos fortes, tem-</p><p>se como oportunidades a possibilidade de a BCRP investir na</p><p>inclusão de meios de comunicação entre a biblioteca e seus usuários</p><p>(Op2); de fazer maior divulgação do site da biblioteca e dos serviços</p><p>disponibilizados (Op1); de utilizar recursos tecnológicos para atrair</p><p>a atenção dos usuários (Op6); e de disponibilizar a opção “Dicas de</p><p>Busca” (Op7). Essas iniciativas podem ser aproveitadas por meio de</p><p>facilidades já apresentadas, como pontos fortes e como</p><p>disponibilizar uma gama de informações de “Busca Integrada”</p><p>(Fo2); de informações sobre os serviços realizados pela biblioteca</p><p>(Fo3), de links com acesso rápido aos serviços mais procurados (Fo4),</p><p>de serviços realizados diretamente pelo site (Fo5), da opção</p><p>“Novidades do Acervo” (Fo6).</p><p>Destaca-se também como oportunidade a possiblidade de unificar</p><p>as ferramentas de buscas (Dedalus, SIBi) (Op4) e as opções do</p><p>menu “Portais de Pesquisa” (Op5). Essa oportunidade pode ser</p><p>concretizada aproveitando o fato de o site já disponibilizar a opção</p><p>de “Busca Integrada” (Fo2).</p><p>A oportunidade de disponibilizar a política de privacidade e/ou</p><p>segurança dos dados (Op8) faz sentido quando o site apresenta,</p><p>como ponto forte, um conteúdo que reflete seu objetivo (Fo8).</p><p>8.4.2 Oportunidades x Pontos Fracos</p><p>Os pontos fracos, indicados como a dificuldade de buscar o site da</p><p>biblioteca (biblioteca central) (Fr1) e o fato de o nome da opção de</p><p>busca ser pouco intuitivo (Fr4), poderiam ser minimizados, se a</p><p>oportunidade de aumentar a divulgação do site da biblioteca e dos</p><p>serviços disponibilizados (Op1) fosse colocada em prática.</p><p>As questões caracterizadas como pontos fracos, como a opção</p><p>“Fale Conosco” dispor de link que direciona para o aplicativo</p><p>Outlook (Fr3); do nome da opção de busca ser pouco intuitiva (Fr4);</p><p>e da utilização de nomes conceituais nas opções do “Portais de</p><p>Pesquisa” (Fr6), poderiam ser suplantadas por meio da</p><p>oportunidade de incluir meios de comunicação entre a biblioteca e</p><p>seus usuários (Op2).</p><p>Seguindo essa linha de raciocínio, o quadro 8.3 traz os pontos</p><p>fracos que poderiam ser minimizados, se as correspondentes</p><p>oportunidades fossem aproveitadas.</p><p>QUADRO 8.3 Relacionamento entre Pontos Fracos e Oportunidades dos SRV da BCRP/USP</p><p>Pontos Fracos Oportunidades</p><p>Ausência de recursos que podem atrair a atenção U�lizar recursos tecnológicos para atrair a</p><p>do usuário (Fr2) atenção dos usuários (Op6)</p><p>Disponibiliza três opções de busca, mas duas</p><p>direcionam ao mesmo aplica�vo (Fr5)</p><p>As ferramentas de buscas deveriam ser</p><p>uni�cadas (Op4)</p><p>As opções do menu “Portais de Pesquisa”</p><p>deveriam ser uni�cadas (Op5)</p><p>Disponibilizar a opção “Dicas de Busca” (Op7)</p><p>Nomes conceituais das opções dos “Portais de</p><p>Pesquisa” (Fr6)</p><p>As ferramentas de buscas deveriam ser</p><p>uni�cadas (Op4)</p><p>As opções do menu “Portais de Pesquisa”</p><p>deveriam ser uni�cadas (Op5)</p><p>Disponibilizar a opção “Dicas de Busca” (Op7)</p><p>Nome da opção de busca é pouco intui�vo (Fr4) Alterar o nome do menu “Dedalus” (Op3)</p><p>As ferramentas de buscas deveriam ser</p><p>uni�cadas (Op4)</p><p>As opções do menu “Portais de Pesquisa”</p><p>deveriam ser uni�cadas (Op5)</p><p>Disponibilizar a opção “Dicas de Busca” (Op7)</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>8.4.3 Oportunidades x Ameaças</p><p>A ameaça que pode advir da não utilização de recursos que</p><p>motivem o usuário a utilizar o site da biblioteca (Am1) poderia ser</p><p>sanada por meio do aproveitamento das oportunidades de incluir</p><p>meios de comunicação entre a biblioteca e seus usuários (Op2) e de</p><p>utilizar recursos tecnológicos para atrair a atenção dos usuários</p><p>(Op6), além disso, essa mesma oportunidade pode minimizar a</p><p>ameaça causada pela falta de recursos tecnológicos que podem</p><p>atrair a atenção dos usuários (Am1).</p><p>8.4.4 Ameaças x Pontos Fortes</p><p>As ameaças que o site pode sofrer por não utilizar recursos que</p><p>motivem os usuários a utilizarem o site (Am1) e pela falta de</p><p>divulgação e promoção dos serviços oferecidos (Am3) podem ser</p><p>minimizadas por meio dos pontos fortes apresentados, como</p><p>disponibilizar uma gama de informações (Fo1); de “Busca</p><p>Integrada” (Fo1); de informações sobre os serviços realizados pela</p><p>biblioteca (Fo3); de links com acesso rápido aos serviços mais</p><p>procurados (Fo4); de serviços realizados diretamente pelo site (Fo5);</p><p>da opção “Novidades do Acervo” (Fo6); de acesso a diversos canais</p><p>de comunicação da BCRP (Fo7); e do conteúdo refletir o objetivo do</p><p>site (Fo8).</p><p>8.4.5 Ameaças x Pontos Fracos</p><p>A ameaça que o site pode sofrer por não utilizar recursos que</p><p>motivem o usuário a utilizar o site (Am1) pode-se tornar real devido</p><p>à ausência de recursos que possam atrair a atenção do usuário (Fr2).</p><p>A ameaça que o site pode sofrer por não fazer pesquisa de satisfação</p><p>específica sobre o site (Am 2) pode ser potencializado pela</p><p>dificuldade de buscar o site da biblioteca (biblioteca central) (Fr1);</p><p>pela ausência de recursos que possam atrair a atenção do usuário</p><p>(Fr2); pelo nome da opção de busca ser pouco intuitivo (Fr4); por</p><p>disponibilizar três opções de busca, sendo que duas direcionam ao</p><p>mesmo aplicativo (Fr5); pelo uso de nomes conceituais das opções</p><p>do “Portais de Pesquisa” (Fr6); e pelo site estar oficialmente</p><p>disponível apenas em português (Fr7).</p><p>Os problemas que podem surgir por conta da falta de divulgação</p><p>e promoção dos serviços oferecidos (Am3) podem ser agravados</p><p>pela dificuldade que os usuários têm de buscar o site da biblioteca</p><p>(Fr1), uma vez que se trata de uma biblioteca central que atende a</p><p>diversas unidades de ensino e pesquisa.</p><p>8.4.6 Pontos Fortes x Pontos Fracos</p><p>Os pontos fortes apresentados pelo site da BCRP devem ser</p><p>utilizados para minimizar os pontos fracos apresentados, conforme</p><p>demonstra o quadro 8.4.</p><p>QUADRO 8.4 Relacionamento entre Pontos Fortes e Pontos Fracos dos SRV da BCRP/USP</p><p>Pontos Fortes Pontos Fracos</p><p>Opção de “Busca Integrada” (Fo2) Nome da opção de busca é pouco intui�vo (Fr4)</p><p>Disponibiliza três</p><p>opções de busca, mas duas</p><p>direcionam ao mesmo aplica�vo (Fr5)</p><p>Nomes conceituais das opções do “Portais de</p><p>Pesquisa” (Fr6)</p><p>Informações sobre os serviços</p><p>disponibilizados pela biblioteca (Fo3)</p><p>Nome da opção de busca é pouco intui�vo (Fr4)</p><p>Disponibiliza três opções de busca, mas duas</p><p>direcionam ao mesmo aplica�vo (Fr5)</p><p>Nomes conceituais das opções do menu “Portais</p><p>de Pesquisa” (Fr6)</p><p>Serviços realizados diretamente pelo site</p><p>(Fo5)</p><p>Ausência de recursos que podem atrair a atenção</p><p>do usuário (Fr2)</p><p>Opção “Novidades do Acervo” (Fo6) Ausência de recursos que podem atrair a atenção</p><p>do usuário (Fr2)</p><p>Acesso a diversos canais de comunicação da</p><p>BCRP (Fo7)</p><p>Ausência de recursos que podem atrair a atenção</p><p>do usuário (Fr2)</p><p>“Fale Conosco” com link para o aplica�vo Outlook</p><p>(Fr3)</p><p>O conteúdo re�ete o obje�vo do site (Fo8) Ausência de recursos que podem atrair a atenção</p><p>do usuário (Fr2)</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>De acordo com o levantamento bibliográfico realizado por este</p><p>estudo, foi possível verificar que conceitos e ferramentas muito</p><p>utilizados na área da administração, como é o caso de serviços e da</p><p>Matriz SWOT, podem ser apropriados e utilizados também no</p><p>campo da ciência da informação.</p><p>O SRV representa uma importante oportunidade de inovar e</p><p>modernizar a prestação do serviço de referência, além de oferecer</p><p>outros benefícios, como agilidade, aumento da satisfação e da</p><p>interação com o usuário das bibliotecas universitárias.</p><p>Para usufruir desses benefícios, alguns fatores, que podem</p><p>dificultar o progresso deste serviço, precisam ser superados, como é</p><p>o caso da falta de desenvolvimento e divulgação de ações que não</p><p>devem se restringir a promover o acesso à informação. Essas ações</p><p>devem abranger atividades, como o incentivo à leitura e a promoção</p><p>de eventos sociais, que possam atrair a atenção de usuários que</p><p>necessitam, além de recursos tecnológicos, de uma interface</p><p>mediadora e de aprendizagem com uma unidade de informação.</p><p>Diante desse contexto, uma ferramenta de análise, tal como a</p><p>utilizada neste estudo, pode-se tornar um importante instrumento</p><p>estratégico na indicação de soluções que se proponham a</p><p>aperfeiçoar as novas formas de interação com os usuários das</p><p>bibliotecas universitárias.</p><p>Além da aplicação no site de uma biblioteca específica, este</p><p>trabalho teve a intenção de demonstrar que a SWOT é uma</p><p>ferramenta de fácil aplicação para os gestores de bibliotecas</p><p>universitárias. Este modelo contribui para a obtenção de</p><p>indicadores que podem servir como parâmetros ao bibliotecário</p><p>para o aperfeiçoamento de SRVs e, assim, contribuir efetivamente</p><p>para suprir as necessidades de informações de usuários e/ou</p><p>pesquisadores.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABDI, M.; AZADEGAN-MEHR, M.; GHAZINOORY, S. SWOT</p><p>methodology: a state-of-the-art review for the past, a framework for</p><p>the future. Journal of Business Economics and Management, v. 12,</p><p>n. 1, mar. 2011.</p><p>ACCART, J. P. Serviço de referência: do presencial ao virtual.</p><p>Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2012.</p><p>AGUIA (AGÊNCIA USP DE GESTÃO DE INFORMAÇÃO</p><p>ACADÊMICA). 2020. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 14 abr.</p><p>2020.</p><p>AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION. Reference and User</p><p>Services Association. Guidelines for Implementing and</p><p>Maintaining Virtual References. 2017. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 29 maio 2014.</p><p>. 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InCID: Revista</p><p>de Ciência da Informação e Documentação, v. 7, n. 2, p. 118-135, 07</p><p>out. 2016.</p><p>DIAS, C. A. Método de avaliação de programas de governo</p><p>eletrônico sob a ótica do cidadão-cliente: uma aplicação no</p><p>contexto brasileiro. Tese (Doutorado em Ciência da Informação),</p><p>Universidade de Brasília, Brasília, 2006.</p><p>FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE – FNQ. Cadernos</p><p>compromisso com a excelência: estratégias e planos. Fundação</p><p>Nacional da Qualidade, 2008. (Série Cadernos Compromisso com</p><p>Excelência). Disponível em:</p><p>p</p><p>. Acesso em: 19 mar. 2020.</p><p>MARCONDES, C. H.; MENDONÇA, M. A.; CARVALHO, S. M.</p><p>Serviço via web em bibliotecas universitárias brasileiras.</p><p>Perspectivas em Ciência da Informação, v. 11, n. 2, p. 174-186,</p><p>maio/ago. 2006.</p><p>NTALIANI, M. et alii. Agricultural e-government services: An</p><p>implementation framework and case study. 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O composto mercadológico para Web (Modelo 4S):</p><p>um estudo de caso em uma instituição financeira brasileira. 2006.</p><p>154 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia,</p><p>Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de</p><p>São Paulo, Ribeirão Preto, 2006.</p><p>RAUCH, P. SWOT analyses and SWOT strategy formulation for</p><p>forest owner cooperations in Austria. European Journal of Forest</p><p>Research, v. 126, n. 3, p. 413-420, jul. 2007.</p><p>p j</p><p>SILVA, A. K. A.; BEUTTENMÜLLER, Z. F. O serviço de referência</p><p>online nas bibliotecas virtuais da região nordeste. Pesquisa</p><p>Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia, v. 1, n. 1,</p><p>2006.</p><p>SORENSEN, L.; ENGSTRÖM, V. R.; ENGSTRÖM, E. Using soft</p><p>OR in a small company: the case of Kirby. European Journal of</p><p>Operational Research, v. 152, n. 3, p. 555-570, fev. 2004.</p><p>SOUZA, B. A. 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Anais</p><p>eletrônicos... São Paulo, CBBU, 2008.</p><p>ZEITHAML, V. A. How Consumer Evaluation Processes Differ</p><p>between Goods and Services. Marketing of Services, Chicago, p.</p><p>186-190, 1981.</p><p>9</p><p>Entre a Ciência da Informação e a Ciência da</p><p>Administração</p><p>A Gestão na Biblioteca do Centro Universitário Uniesp</p><p>Rayan Aramís de Brito Feitoza</p><p>Emeide Nóbrega Duarte</p><p>Elaine Cristina de Brito Moreira</p><p>Cilene Maria Freitas de Almeida</p><p>9.1 INTRODUÇÃO</p><p>Os estudos sobre as práticas de gestão em ambientes</p><p>organizacionais, em seus respectivos setores, estão cada vez mais</p><p>relacionados com informação e conhecimento. Nesse sentido, a</p><p>relação dialógica entre a ciência da informação e a ciência da</p><p>administração vem ganhando espaços tanto nas questões</p><p>interdisciplinares como nos sentidos transdisciplinares no espaço</p><p>científico. Além disso, vêm apresentando resultados ou produtos</p><p>que possibilitem aos(as) profissionais da informação e aos(as)</p><p>administradores(as) adotar a gestão, a informação e o conhecimento</p><p>como elementos que possam constituir as práticas administrativas</p><p>ou organizacionais.</p><p>Este capítulo aborda uma narrativa/relato de experiência de uma</p><p>prática profissional de ambiente de informação, mais</p><p>especificamente em uma biblioteca de um centro universitário da</p><p>cidade de João Pessoa, na Paraíba. Isso possibilitou a visualização,</p><p>em um caso, das contribuições dos estudos de gestão no âmbito da</p><p>ciência da informação, juntamente, com as funções administrativas</p><p>abordadas no campo da ciência da administração.</p><p>A gestão em bibliotecas universitárias é um assunto bastante</p><p>abrangente, encantador, complexo e, ao mesmo tempo, desafiador.</p><p>As práticas gerenciais contribuem para satisfação da</p><p>organização/administração, ao compreender a importância da</p><p>informação e do conhecimento, como também para o lado</p><p>profissional ao atingirem os objetivos almejados. Diante dessa</p><p>perspectiva, a abordagem da gestão da informação e do</p><p>conhecimento é peça fundamental no âmbito de gestão de</p><p>bibliotecas do segmento universitário.</p><p>Segundo Leite e Souza (2017), “Gestão da Informação e do</p><p>Conhecimento corresponde a um conjunto de estratégias que</p><p>possibilita a identificação das necessidades de informação, a busca, o</p><p>uso e o seu compartilhamento”. Neste contexto, corroborando com</p><p>os autores, a gestão está diretamente ligada ao saber utilizar e</p><p>adotar adequadamente o planejamento estratégico e a vantagem</p><p>competitiva, dando ênfase aos suportes tecnológicos, como modelo</p><p>de gestão, que dá condições ao gestor de gerenciar de maneira</p><p>eficaz e eficiente, levando em consideração as funções de uma</p><p>administração.</p><p>O modelo de gestão precisa estar atrelado aos suportes</p><p>tecnológicos e ao elemento humano como condicionante de</p><p>processos nas organizações e, até mesmo, das unidades de</p><p>informações, como as bibliotecas universitárias (SANTOS;</p><p>DUARTE, 2017). Neste cenário, narrar/relatar a experiência na</p><p>gestão de bibliotecas universitárias é uma forma de apresentar a</p><p>comunidade científica e, de modo geral, as diversas facetas que</p><p>compõem o gerenciamento e a administração de um centro de</p><p>informação.</p><p>A partir desse pressuposto, o profissional da informação, no</p><p>contexto da administração, é o facilitador nos recursos necessários</p><p>para atender às necessidades da comunidade, contribuindo para a</p><p>construção do conhecimento e o aumento da produção cultural e</p><p>intelectual no contexto das organizações aprendentes (AMARAL;</p><p>FREIRE, 2015).</p><p>Com o objetivo de apresentar práticas de gestão em uma</p><p>biblioteca universitária, com vistas a uma compreensão da relação</p><p>entre os profissionais da informação e administradores ou até</p><p>mesmo demonstrar como a ciência da informação contribui com o</p><p>saber e fazer na prática administrativa, este capítulo foca no</p><p>p p</p><p>estabelecimento da práxis entre as duas áreas de conhecimento, a</p><p>partir de uma narrativa/relato de experiência.</p><p>Metodologicamente, este relato caracteriza-se como descritivo por</p><p>apresentar os principais fenômenos informacionais e de</p><p>conhecimento no contexto gerencial e/ou administrativo em uma</p><p>biblioteca de um centro universitário, descrevendo as principais</p><p>características, ações e práticas. Possui uma abordagem qualitativa,</p><p>por não mensurar dados estatísticos e tomar como fonte de coleta</p><p>uma narrativa de uma trajetória profissional, além de apresentar</p><p>atividades de um desempenho como gestora. É, também, um estudo</p><p>de caso por apresentar um recorte de espaço e de tempo na</p><p>biblioteca do Centro Universitário UNIESP.</p><p>Após essas notas introdutórias, o capítulo apresenta uma reflexão</p><p>teórica sobre a questão interdisciplinar entre a ciência da</p><p>informação e a ciência da administração, onde são destacados os</p><p>principais pontos teóricos desse diálogo disciplinar e a evolução dos</p><p>estudos que ratificam a importância de uma área para outra.</p><p>Posteriormente, são apresentadas informações sobre o Centro</p><p>Universitário UNIESP e a biblioteca, a narrativa da trajetória</p><p>profissional da gestora desta unidade de informação e as principais</p><p>práticas relatadas por ela. E, finalmente, apresentamos as principais</p><p>considerações que chegamos neste estudo, no que diz respeito à</p><p>práxis da ciência da informação e administração na gestão de</p><p>bibliotecas de uma organização.</p><p>9.2 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E SUA INTERDISCIPLINARIDADE COM A</p><p>CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO</p><p>Os estudos direcionados ao contexto da indústria da informação,</p><p>a partir de componentes diversos, como produtos, serviços, redes e</p><p>sistemas com relações teórico-metodológicas desenvolvidas por</p><p>diferentes áreas de conhecimento e da sociedade, vêm se aliando ao</p><p>campo científico da ciência da informação (SILVA; SOUZA, 2017).</p><p>Isso corrobora para que os pesquisadores desta área investiguem</p><p>seus fundamentos, suas origens e suas relações disciplinares,</p><p>buscando entender as possíveis características que a permeiam.</p><p>A ciência da informação é uma ciência interdisciplinar desde sua</p><p>ascensão enquanto campo científico, como apresentam Borko</p><p>(1968), ao conceituar a área e apontar as relações com outras</p><p>disciplinas, Saracevic (1996), ao caracterizá-la como uma ciência</p><p>interdisciplinar por natureza, e Barreto (2008), ao explicar a</p><p>necessidade de a informação ser contextualizada a partir das</p><p>relações com o conhecimento.</p><p>Santos (2017), ao abordar as questões disciplinares da ciência,</p><p>apresenta os tipos e as perspectivas da disciplina e disciplinaridade,</p><p>e uma reflexão sobre os aspectos multi, inter e transdisciplinaridade</p><p>com autores clássicos e contemporâneos, como Pombo (2004),</p><p>Japiassu (1976), entre outros. Este último expressa que:</p><p>(...) “disciplina” tem o mesmo sentido que “ciência”. E “disciplinaridade” signi�ca</p><p>exploração cientí�ca especializada de determinado domínio homogêneo de estudo,</p><p>isto é, o conjunto organizado e sistemático de conhecimentos que apresentam</p><p>características próprias nos planos de ensino, da formação, dos métodos e das</p><p>matérias; esta exploração consiste em fazer surgir novos conhecimentos que</p><p>substituem os antigos (JAPIASSU, 1976).</p><p>Nesse sentido, a ciência da informação é um campo que passa por</p><p>transformações simultâneas, o que ocasiona transformações em suas</p><p>pesquisas, levando em consideração a complexidade que seu objeto</p><p>de estudo possui em relação a outras disciplinas. Gerlin e Simeão</p><p>(2017, p. 7) pontuam que “o objeto de estudo dessa ciência – a</p><p>informação – acaba constituindo-se como um fenômeno que está</p><p>relacionado a todos os campos do conhecimento científico.”</p><p>As ciências do pós-guerra, como é o caso da ciência da</p><p>informação, surgiram, evoluíram e são realizadas, em sua maioria,</p><p>por experiências que favorecem a relação com diferentes saberes. A</p><p>aproximação de áreas, disciplinas e especialidades tornou-se</p><p>necessária no sentido de elucidar questões ou a solução de</p><p>problemas complexos enfrentados pela sociedade atual (BICALHO;</p><p>OLIVEIRA, 2008; BICALHO, 2011).</p><p>A administração, como ciência que estuda os aspectos gerenciais</p><p>em empresas</p><p>e sua Interdisciplinaridade</p><p>com a Ciência da Administração</p><p>9.3 Centro Universitário UNIESP</p><p>9.4 Das Primeiras Experiências à Atuação na Gestão da</p><p>Biblioteca do UNIESP: breve narrativa</p><p>9.5 Práticas Adotadas na Gestão da Biblioteca Padre</p><p>Joaquim Colaço Dourado – Centro Universitário</p><p>UNIESP</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>10</p><p>Gestão Estratégica da Informação em um Observatório de</p><p>Cooperativas de Créditos</p><p>Um Estudo sob à Luz da Teoria do Conhecimento (Beatriz</p><p>Rosa Pinheiro dos Santos, Ieda Pelógia Martins Damian, Davi</p><p>Rogerio de Moura Costa)</p><p>10.1 Introdução</p><p>10.2 Teoria do Conhecimento e a Sociedade da</p><p>Informação</p><p>10.3 Gestão da Informação e Gestão Estratégica da</p><p>Informação</p><p>10.4 Resultados e Discussões</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>11</p><p>Gerenciamento de Riscos Estratégicos nas MPEs como</p><p>Subsídio à Implementação de uma Cultura Voltada à Gestão</p><p>da Informação (Erick Pacheli Pereira)</p><p>11.1 Introdução</p><p>11.2 Riscos estratégicos</p><p>11.3 Gerenciamento de Riscos</p><p>11.4 Gerenciamento de Riscos em MPEs</p><p>11.5 Pontos de Contatos entre a Gestão da Informação e</p><p>o Gerenciamento de Risco</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>12</p><p>Inteligência Organizacional no Contexto do Big Data Visando</p><p>a Geração de Diferenciais Competitivos (Marta Lígia Pomim</p><p>Valentim)</p><p>12.1 Inteligência Organizacional</p><p>12.2 Big Data</p><p>12.3 Reflexões sobre Distintos Contextos</p><p>Considerações Finais</p><p>Referências</p><p>Sobre os Autores</p><p>Contracapa</p><p>1</p><p>Mediação, Gestão e Interdisciplinaridade</p><p>Oswaldo Francisco de Almeida Júnior</p><p>João Arlindo dos Santos Neto</p><p>1.1 INTRODUÇÃO</p><p>A concepção de conhecimento pode ser entendida a partir de</p><p>uma metáfora: o final do dia, o lusco-fusco, o entardecer. Muito do</p><p>conhecimento vive na escuridão, e outra parte está presente na luz.</p><p>No entanto, a outra parte tem sua existência entre a escuridão e a</p><p>luz, como ocorre com o crepúsculo do dia (e o surgir da noite). O</p><p>conhecimento, é bom alertar, não é fixo, estático, ao contrário, é</p><p>dinâmico e se altera a cada momento, a cada situação vivenciada, a</p><p>cada olhar do sujeito para o mundo, a cada som ouvido, a cada livro</p><p>lido, a cada alimento saboreado, a cada toque em algo ou em</p><p>alguém. O que estava na escuridão, repentinamente, pode mudar</p><p>de lado e se iluminar total ou parcialmente. Nosso conhecimento</p><p>não é controlado por nós. Pode ser construído individualmente,</p><p>embora sempre na relação que temos com o mundo e com os</p><p>outros. Ele é construído pela nossa interferência no mundo e pela</p><p>interferência do mundo em nós. Assim como o homem é</p><p>dependente do mundo e dos outros para existir, o conhecimento</p><p>também possui essa mesma dependência. As mudanças no</p><p>conhecimento individual se dão pelas informações, calcadas na</p><p>leitura de mundo.</p><p>Partindo da ideia de conhecimento exposta acima, acreditamos</p><p>que a distinção entre conhecimento tácito e explícito, presente na</p><p>literatura especializada da área (NONAKA; TAKEUCHI, 1997), em</p><p>especial do segmento da gestão da informação e do conhecimento,</p><p>deve ser reavaliada. Defendemos que há mais distinções, além das</p><p>indicadas acima. Temos um conhecimento tácito e outro explícito e</p><p>nada entre eles? Não há relações entre eles que possam ser</p><p>entendidas como formas diferentes de conhecimento? Em nosso</p><p>pensamento, existe o entardecer, a mescla entre o dia e a noite, uma</p><p>mescla que não se dá em um único momento, mas paulatinamente,</p><p>vagarosamente, pouco a pouco. Outras formas de conhecimento</p><p>estão implícitas nesse crepúsculo.</p><p>As informações apenas são apropriadas a partir de leituras, quer</p><p>seja da palavra escrita, da imagem fixa, da imagem em movimento e</p><p>do som. Nessas leituras, estão incluídas as leituras dos outros – de</p><p>maneira abstrata e física, esta última vinculada à comunicação não</p><p>verbal –, a leitura do oral, a leitura do mundo.</p><p>A apropriação da informação, via leituras, muda o conhecimento.</p><p>Talvez a palavra mais apropriada seja “desestabiliza” as certezas, as</p><p>verdades sustentadas pela crença no entendimento de mundo</p><p>ditada e quase imposta pelo conhecimento.</p><p>A partir do exposto, evidenciamos que este capítulo tem como</p><p>objetivo discutir a inter-relação teórica entre a mediação da</p><p>informação e a gestão da informação e do conhecimento a partir de</p><p>uma abordagem interdisciplinar. Esperamos com essa comunicação</p><p>que os profissionais tanto do campo da administração como da</p><p>ciência da informação (CI) vislumbrem de modo ampliado o quanto</p><p>o movimento interdisciplinar entre as subáreas da gestão e da</p><p>mediação pode contribuir para uma “gestão inteligente”. Assim</p><p>sendo, estruturamos o texto nas seguintes seções: informação e</p><p>conhecimento; mediação da informação; gestão da informação e do</p><p>conhecimento; interdisciplinaridade; e considerações finais.</p><p>1.2 INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO</p><p>A informação e o conhecimento são elementos interdependentes</p><p>e cruciais para diferentes contextos, seja no acadêmico, profissional</p><p>ou pessoal. No âmbito acadêmico-científico, lida-se com a</p><p>informação científica e com o conhecimento científico (ambos</p><p>apropriados e construídos a partir do conhecimento de mundo e</p><p>das experiências vivenciadas pelos sujeitos). Nesse contexto, é</p><p>comum supervalorizar a informação registrada e as fontes de</p><p>informação que veiculam nos fluxos formais da comunicação</p><p>científica. No âmbito profissional, ainda que também se lide com os</p><p>elementos indicados anteriormente, acreditamos que outros tipos de</p><p>informação e conhecimento são valorados. Esses, muitas vezes,</p><p>considerados como ativos intangíveis no cenário organizacional,</p><p>advém de outras fontes e outros fluxos de comunicação (formais e</p><p>informais). “Portanto, a informação e o conhecimento passam a ser</p><p>elementos-chave, cujas problemáticas afetam sobremaneira a</p><p>atuação organizacional” (VALENTIM, 2008). Do ponto de vista da</p><p>gestão, no cenário acadêmico, os fluxos e as fontes de informação</p><p>estão amplamente difundidos e possuem uma gestão estruturada e</p><p>formalizada. No âmbito profissional, por sua vez, nem sempre tais</p><p>elementos são gerenciados de modo inteligente. É com este intuito,</p><p>também, que a área da gestão da informação e do conhecimento</p><p>procura fundamentar e nortear os processos gerenciais e decisórios</p><p>nas organizações.</p><p>Entendemos a informação, acompanhando Almeida Junior</p><p>(2019), como sendo</p><p>(...) uma construção, elaborada em um processo, constituída de ações, elementos,</p><p>interferências, situações, interesses, embates e memórias, gerada pela explicitação de</p><p>segmentos de conhecimentos e que, em um continuum, durante seu ciclo de vida,</p><p>recebe signi�cados e tende a criar con�itos nos conhecimentos e certezas</p><p>supostamente constituídos.</p><p>A informação, portanto, é uma construção gerada no</p><p>conhecimento de um sujeito – que pode ser chamado de produtor,</p><p>embora sua construção esteja atrelada a outras construções de</p><p>outros infindos sujeitos. A literatura especializada da área afirma</p><p>que o conhecimento explícito, quando exteriorizado, transforma-se</p><p>em informação. Entendemos que tal exteriorização gera uma</p><p>informação em potência, uma informação base – que chamamos de</p><p>“protoinformação” (ALMEIDA JUNIOR, 2009) – que não será a</p><p>mesma quando, e se, apropriada por um sujeito. A cada momento</p><p>de vida da informação, ela recebe significados e, em pontos de</p><p>bifurcações, se recria, se transforma em outras ou novas</p><p>informações. Esses pontos de bifurcações podem ser, por exemplo, a</p><p>veiculação da informação por mídias diferentes – sendo que cada</p><p>uma delas tem uma linguagem diferente e impacta na apropriação</p><p>de diferentes maneiras de sujeito para sujeito –; espaços em que a</p><p>informação é armazenada; os inúmeros tipos de mediadores; o</p><p>contexto em que ela está sendo disseminada, etc. São momentos de</p><p>significados, mas que não atingem a mesma informação base;</p><p>atingem informações alteradas nas bifurcações. Temos, assim, um</p><p>leque em que a informação base vai se transformando em</p><p>informações diferentes existentes nas fronteiras do leque – ou do</p><p>alcance que a informação primária vai atingindo.</p><p>O conhecimento, a partir desse olhar, vale ressaltar, vai além do</p><p>“tácito” e “explícito”.</p><p>ou organizações públicas, apresenta aproximações</p><p>teóricas e práticas com a ciência da informação. Isso porque os</p><p>problemas informacionais existentes no interior da organização</p><p>passaram a ser tratados com novas condutas de gestão, como o</p><p>gerenciamento da informação e do conhecimento, além de outras</p><p>práticas.</p><p>Isso se deve às teorias da administração que foram surgindo ao</p><p>longo do tempo, como: clássica – nas tarefas e na estrutura</p><p>organizacional; relações humanas – nas pessoas; neoclássica –</p><p>tarefas, pessoas e estrutura; burocracia – estrutura organizacional;</p><p>estruturalista – na estrutura e no ambiente; comportamental –</p><p>pessoas e ambiente; sistemas – no ambiente; contingencial –</p><p>ambiente, tecnologia, sem desprezar as tarefas, as pessoas e a</p><p>estrutura; enfoques teóricos pós-contingenciais (CHIAVENATO,</p><p>2014).</p><p>Com a evolução da teoria administrativa e com as novas eras ou</p><p>ondas da sociedade, as organizações passaram a investir e lucrar na</p><p>produção e no gerenciamento da informação e do conhecimento.</p><p>Logo, elas precisam de ações dinamizadas, práticas para</p><p>gerenciamento, organização, acesso e uso desses insumos.</p><p>Compreendendo esses aspectos, podemos considerar que,</p><p>enquanto a administração apresenta os aspectos teóricos e práticos</p><p>da gestão organizacional, a ciência da informação apresenta teorias</p><p>e métodos com relação aos problemas de informação e</p><p>conhecimento.</p><p>A gestão na administração é uma atividade responsável pela</p><p>eficiência e eficácia de uma organização. Por meio delas,</p><p>desenvolvem-se ações que garantem a continuidade e o sucesso da</p><p>organização. O processo de gestão deve assegurar que a dinâmica</p><p>das decisões tomadas na empresa conduza-a efetivamente ao</p><p>cumprimento de sua missão, garantindo-lhe a adaptabilidade e o</p><p>equilíbrio necessário para sua continuidade.</p><p>Enquanto função, a gestão constrói e perpetua marcas fortes</p><p>desejadas; atrai e retém talentos; faz com que a organização seja</p><p>admirada; ajuda a alcançar os objetivos organizacionais e pessoais;</p><p>requer conhecimentos, habilidades, informação, criatividade para</p><p>gerenciar os recursos financeiros, materiais, humanos e</p><p>informacionais que estão, cada dia, tomando maiores dimensões nas</p><p>organizações, garantindo a sobrevivência da organização. A</p><p>g g g</p><p>atividade de gestão é fundamental para os setores, como unidades</p><p>de informação ou qualquer outro tipo de organização.</p><p>Os fazeres administrativos utilizam informações e conhecimentos</p><p>que precisam ser gerenciados e organizados da melhor maneira</p><p>possível, por isso, a gestão da informação e a gestão do</p><p>conhecimento são processos importantes e necessários para o</p><p>desenvolvimento das atividades de toda e qualquer organização. O</p><p>contexto organizacional e informacional requer atividades comuns</p><p>que vão desde o planejamento estratégico até o controle</p><p>operacional, assim como enfoques que dizem respeito à política, à</p><p>economia, à cognição, à estratégia, ao gerenciamento e ao social.</p><p>Autores, como Borko (1968) e Saracevic (1996), explicam o</p><p>encontro entre a ciência da informação e a ciência administrativa,</p><p>tecendo considerações que se expõem na efetiva gestão dos recursos</p><p>informacionais no ambiente organizacional. Contudo, a</p><p>administração e a ciência da informação se inter-relacionam pela</p><p>sua efetividade na construção da comunicação humana, do</p><p>conhecimento, dos registros do conhecimento, da informação, das</p><p>necessidades de informação e dos usos da informação no contexto</p><p>social, institucional, individual e tecnológico (SARACEVIC, 1996).</p><p>A presença da gestão na ciência da informação começa a partir de</p><p>estudos voltados para a administração em unidades de informação e</p><p>foi evoluindo com estudos voltados para inteligência competitiva,</p><p>gestão da informação, entre outros. Duarte et alii (2020a)</p><p>apresentam uma síntese sobre os registros da relação entre a ciência</p><p>da informação e a ciência da administração e da evolução desses</p><p>estudos, demonstrados no quadro 9.1.</p><p>QUADRO 9.1 Evolução dos registros da relação entre a ciência da informação e a ciência da</p><p>administração</p><p>Autores(as) Contribuições</p><p>Pinheiro</p><p>(2006)</p><p>Aponta novas disciplinas que surgiram, em meados da década de 1990 na ciência</p><p>da informação, voltadas para informação estratégica. A par�r daí, registra-se a</p><p>aproximação entre a ciência da informação com a ciência da administração, pela</p><p>u�lização de conceitos comuns, como gestão do conhecimento e inteligência</p><p>compe��va.</p><p>González de</p><p>Gómez</p><p>(2001;2002)</p><p>Aborda uma discussão a respeito da epistemologia da ciência da informação e</p><p>apresenta um quadro sinté�co, denominado “O conhecimento como objeto dos</p><p>saberes humanís�cos e especializados”, reunindo diversas áreas do</p><p>conhecimento com suas respec�vas conexões disciplinares, incluindo a ciência</p><p>da administração. Em 2002, publica o ar�go “Novos cenários polí�cos para a</p><p>informação”, incluindo uma revisão do conceito de “governança”, tomando como</p><p>base o conceito de regime de informação.</p><p>Choo (2003) Publica o livro in�tulado Organizações do conhecimento: como as organizações</p><p>usam a informação para criar signi�cado, construir conhecimento e tomar</p><p>decisões. O autor inclusive propõe, com bases na administração, o seu modelo</p><p>de gerenciamento da informação, denominando administração da informação.</p><p>Pinheiro</p><p>(2004)</p><p>Publica um ar�go destacando que a informação tem muitas propriedades</p><p>associadas, sendo que a relevância é uma das mais importantes, considerando</p><p>que o obje�vo de todo sistema, toda rede ou todo centro de informação ou</p><p>serviço de informação é prestar informação relevante com conteúdo signi�ca�vo</p><p>para os usuários.</p><p>Tarapano�</p><p>(2006)</p><p>Em sua obra sobre inteligência, informação e conhecimento, patrocinado pela</p><p>UNESCO/IBICT, reúne capítulos de vários especialistas nacionais e internacionais,</p><p>cons�tuindo-se em uma abordagem intera�va entre várias áreas, inclusive entre</p><p>a ciência da informação e a ciência da administração. Segundo a autora, o intuito</p><p>é fazer a ponte entre a academia e a prá�ca, ao servir de orientação para</p><p>u�lização da informação, do conhecimento e da inteligência nas organizações.</p><p>Melo e Araújo</p><p>(2007)</p><p>Publicaram um ar�go, no periódico Perspec�va em Ciência da Informação,</p><p>relacionando a competência informacional com a gestão do conhecimento, no</p><p>contexto da sociedade da informação, concluindo que uma alicerça a outra, pois</p><p>se inter-relacionam constantemente.</p><p>Barbosa</p><p>(2008)</p><p>Considera a crescente importância da informação e do conhecimento para as</p><p>organizações contemporâneas, no sen�do de que tem merecido, cada vez mais,</p><p>a atenção dos gestores, pro�ssionais e pesquisadores; apresenta à comunidade</p><p>interessada um ar�go in�tulado Gestão da informação e do conhecimento:</p><p>origens, polêmicas e perspec�vas.</p><p>Marteleto</p><p>(2009)</p><p>Registra que a Associação Nacional de Ciência da Informação, no Brasil, em 2004,</p><p>apresentou sugestões ao IV Plano Nacional de Pós-graduação. A�rmando que “A</p><p>Ciência da Informação não se defronta com as questões de relacionamentos</p><p>entre a pós-graduação e o setor produ�vo e polí�ca industrial, talvez pelo caráter</p><p>historicamente público e estatal. No entanto, o diálogo entre a pesquisa e o setor</p><p>produ�vo começa a permear o campo no momento em que há uma nova</p><p>recon�guração das questões do conhecimento e da informação e suas técnicas e</p><p>metodologias de gestão.”</p><p>Liberatore e</p><p>Herrero-</p><p>Solana (2013)</p><p>Veri�caram que, entre as 53 temá�cas relacionadas com a ciência da informação</p><p>com frequências mais altas, destacam-se, entre as 11 mais incidentes, a gestão</p><p>do conhecimento; em terceira posição, está a gestão da informação, e a</p><p>inteligência compe��va, em 11a.</p><p>Fonte: Adaptado de Duarte et alii (2020a).</p><p>Esse panorama apresentado por Duarte et alii (2020a) nos faz</p><p>refletir que a gestão, no contexto da ciência da informação no</p><p>Brasil, vem crescendo exponencialmente. Isso também pode ser</p><p>refletido até em denominações Programas de Pós-Graduação em</p><p>Gestão da Informação ou do Conhecimento e até mesmo nas áreas</p><p>de concentração e linhas de pesquisa da área (DUARTE et alii,</p><p>2020b).</p><p>Quanto aos programas,</p><p>podem ser citados o Programa de Pós-</p><p>Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento da</p><p>Universidade Federal de Minas Gerais; o Programa de Pós-</p><p>Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da</p><p>Universidade Federal do Rio Grande no Norte; o Programa de Pós-</p><p>Graduação em Sistemas e Gestão do Conhecimento da</p><p>Universidade FUMEC, entre outros programas no contexto da</p><p>ciência da informação.</p><p>Isso pode ratificar que a gestão da informação e do</p><p>conhecimento, oriunda dos campos administrativo e das</p><p>engenharias, é uma subárea apresentada por Araújo (2014), quando</p><p>apresenta a evolução dos estudos em relação à interdisciplinaridade</p><p>da ciência da informação, ao identificar seis subáreas da ciência da</p><p>informação.</p><p>Essa relação dialógica também acontece por meio da cultura</p><p>informacional apresentada por Santos (2017); a autora realiza sua</p><p>pesquisa teórica e prática ao abordar a evolução dos conceitos de</p><p>cultura e cultura informacional, além de recuperar um considerável</p><p>número de trabalhos no âmbito da produção de pesquisas de teses e</p><p>dissertações desenvolvidas no campo da ciência da informação.</p><p>A cultura informacional faz parte da cultura organizacional e está</p><p>alicerçada ou serve como base para o desenvolvimento de diversas</p><p>práticas ou estratégias para as condutas de gestão da informação e</p><p>do conhecimento. Sem uma cultura favorável, grandes serão as</p><p>barreiras e insuficiências na qualidade dos serviços e da execução de</p><p>planos de gestão organizacional.</p><p>Nesse sentido, a interdisciplinaridade entre a ciência da</p><p>informação e administração também pode ser reconhecida por</p><p>estudos de cultura informacional, conforme Santos (2017), ao</p><p>analisar de que maneira a interdisciplinaridade está sendo</p><p>concebida em relação ao conceito de cultura informacional.</p><p>Evidenciou-se que as diferentes modalidades da ciência da</p><p>informação em estudar este fenômeno, entrelaçando com a</p><p>informação e o conhecimento sob uma variação enfoques, resultou</p><p>em novas perspectivas teóricas e metodológicas, sendo que estas</p><p>representam as contribuições por parte deste campo. Constatou-se</p><p>que a relação recíproca ocorre, principalmente, em relação ao</p><p>campo científico da administração.</p><p>Araújo (2017) apresenta um panorama das tendências temáticas</p><p>na área da ciência da informação no Brasil e ratifica que a cultura</p><p>organizacional é um tema que vem sendo pesquisado e de interesse</p><p>por parte de pesquisadores, o que ratifica ainda mais os laços</p><p>interdisciplinares desta área com a administração.</p><p>Contudo, para Alves e Duarte (2015), o principal ponto de</p><p>intersecção entre a ciência da informação e a ciência da</p><p>administração está no objetivo de compreender o objeto e a</p><p>aplicação da informação nos contextos organizacionais ou em</p><p>centros de documentação e informação.</p><p>No entanto, além de ter a informação materializada como</p><p>principal elo entre essa interdisciplinaridade, o conhecimento,</p><p>enquanto fenômeno presente nos sujeitos informacionais, também</p><p>pode servir como ponto de intersecção, tendo em vista que as</p><p>condutas de gestão, presentes nas pesquisas da ciência da</p><p>informação, também legitimam o elo entre as duas áreas em</p><p>destaque.</p><p>Santos et alii (2019), ao realizar uma pesquisa com foco na relação</p><p>interdisciplinar entre ciência da informação e administração,</p><p>constatam a expressiva quantidade de material que aponta a</p><p>p q q p</p><p>interdisciplinaridade entre a ciência da informação e a</p><p>administração tanto em âmbito nacional como internacional, pois</p><p>em média foram produzidas 42 pesquisas por ano nessas temáticas,</p><p>mais precisamente quase quatro trabalhos por mês no Brasil.</p><p>Enquanto, no contexto mundial, foram produzidos</p><p>aproximadamente 12 200 trabalhos por ano nos últimos dez anos,</p><p>uma média de pouco mais de 1 000 pesquisas por mês.</p><p>Isso de fato comprovaria a forte corrente interdisciplinar entre as</p><p>áreas da administração e da ciência da informação, todavia, há de se</p><p>considerar que muitas dessas pesquisas não estão realmente restritas</p><p>à gestão da informação e da documentação nos ambientes</p><p>organizacionais ou à união entre os campos da administração e da</p><p>ciência da informação (SANTOS et alii, 2019).</p><p>Os aspectos teóricos, encontrados na literatura científica da</p><p>“gestão” do campo da ciência da informação, denotam uma</p><p>variedade de temáticas, como: gestão da informação, gestão do</p><p>conhecimento, cultura informacional e organizacional, inteligência</p><p>competitiva, competência em informação, memória organizacional,</p><p>aprendizagem organizacional, big data, curadoria de dados no</p><p>contexto organizacional, entre outros.</p><p>Contudo, quanto aos aspectos profissionais, Santos et alii (2019)</p><p>apontam a interligação funcional que vigora na prática e em</p><p>atributos que, minuciosamente, definem os caminhos de intersecção</p><p>dessas duas ciências. O aspecto interdisciplinar entre a ciência da</p><p>informação e a administração ocorre de maneira ampla e efetiva,</p><p>gera valor informacional e produtivo para as organizações, sendo o</p><p>elo que constitui matéria-prima para informar e administrar.</p><p>9.3 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIESP</p><p>De acordo com os planos e as políticas institucionais (Biblioteca</p><p>Padre Joaquim Colaço Dourado, 2019a), o Centro Universitário</p><p>UNIESP é uma Instituição de Ensino Superior (IES) da rede</p><p>privada e é composta de cursos de graduação, tecnológico e pós-</p><p>graduação, distribuídos nas áreas de Ciências Sociais, Humanas,</p><p>Engenharia, Saúde e Tecnologia. Tem como missão oferecer uma</p><p>educação de qualidade e o desenvolvimento profissional da</p><p>comunidade acadêmica. O UNIESP objetiva desenvolver atividades</p><p>de ensino, pesquisa e extensão para proporcionar o</p><p>desenvolvimento educacional, científico e tecnológico.</p><p>Diante desse cenário, o UNIESP possui uma biblioteca que está</p><p>sempre buscando alcançar a qualidade no meio acadêmico e</p><p>informacional, tornando-se um centro de informação voltado para a</p><p>comunidade científica, profissional, social e tecnológica. Dessa</p><p>forma, proporciona, por meio da gestão e competência de seus</p><p>colaboradores, a orientação necessária para utilização dos serviços e</p><p>suportes informacionais por parte dos usuários.</p><p>Criada em 1998, a biblioteca vem constituindo apoio e suporte</p><p>aos planos e programas acadêmicos, com o objetivo de estimular, na</p><p>comunidade acadêmica, o ensino, a pesquisa e a extensão. A cada</p><p>ano, juntamente com a instituição, vem crescendo</p><p>consideravelmente, buscando sempre a qualidade, em termo de</p><p>estrutura e informação. Atualmente, conta com uma área fixa de</p><p>aproximadamente 2 216 m², distribuídos entre ambientes para</p><p>estudo, acervo e setores, agregando salas para estudo individual e</p><p>em grupo, sala de leitura, sala de periódicos e laboratório de</p><p>pesquisa virtual. Seu acervo é composto por diversos suportes</p><p>informacionais, incluindo bibliotecas virtuais e bases de dados de</p><p>periódicos eletrônicos.</p><p>O acesso é livre a toda comunidade acadêmica e conta com uma</p><p>política de desenvolvimento e atualização das coleções.</p><p>Semestralmente, seu acervo é atualizado conforme o perfil e as</p><p>necessidades da comunidade acadêmica, sempre seguindo os</p><p>critérios dos instrumentos do Ministério da Educação. Possui</p><p>atendimento especializado por profissionais bibliotecários e</p><p>auxiliares técnico-administrativos que são atualizados</p><p>constantemente para prestar um excelente serviço, facilitando a</p><p>consulta aos produtos e à utilização dos serviços. Em 2015, a</p><p>biblioteca recebeu o nome de Biblioteca Padre Joaquim Colaço</p><p>Dourado, fazendo uma homenagem póstuma ao irmão da</p><p>mantenedora, que deixou valiosas contribuições no meio acadêmico.</p><p>O gerenciamento da biblioteca busca contribuir para a sua</p><p>missão, como disseminadora da informação, por meio de coleta de</p><p>dados, tratamento, registro e preservação, utilizando diversos</p><p>recursos e suportes informacionais. Um dos pontos relevantes para</p><p>a gestão é o avanço tecnológico no meio informacional, que busca a</p><p>multiplicidade de fontes de informação como forma de planejar e</p><p>tomar decisão. Dessa forma, viabiliza o acesso, a recuperação e a</p><p>disseminação</p><p>da informação (Biblioteca Padre Joaquim Colaço</p><p>Dourado, 2019a).</p><p>9.4 DAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS À ATUAÇÃO NA GESTÃO DA</p><p>BIBLIOTECA DO UNIESP: BREVE NARRATIVA</p><p>As gestões de pessoas, de informação e de conhecimento são</p><p>tarefas muito complexas, desafiadoras, mas também envolventes e</p><p>encantadoras. Pessoas não alcançam a gestão sabendo de tudo, é</p><p>preciso uma vida inteira de muito aprendizado, muita dedicação e</p><p>superação.</p><p>A gestão, em bibliotecas universitárias, nos proporciona um</p><p>aprendizado ímpar, pois uma biblioteca é um órgão concentrado em</p><p>outro órgão, ou seja, uma instituição instalada dentro de outra</p><p>instituição. Existem diversos eixos a serem trabalhados –</p><p>priorizando o pessoal, onde é preciso preparar bem e qualificar –</p><p>utilizando as inteligências múltiplas para que cada um se</p><p>complemente. Posteriormente, trabalham-se os diversos</p><p>mecanismos que irão favorecer o acesso das comunidades interna e</p><p>externa aos produtos, recursos e serviços, tais como: financeiro,</p><p>aquisição, coleta, tratamento e disseminação da informação.</p><p>Durante a gestão, é possível descobrir a cada desafio das</p><p>bibliotecas, especificamente, as bibliotecas universitárias, pois estão</p><p>interligadas a todas as áreas do conhecimento e, para isso, é preciso</p><p>conhecer bem as áreas, daí a importância de trabalhar também com</p><p>uma equipe diversificada, que irá compartilhar informação e,</p><p>consequentemente, agregar na construção do conhecimento.</p><p>A experiência na biblioteca do UNIESP como gestora trouxe uma</p><p>bagagem de anos de muito aprendizado, de erros e acertos. Foi</p><p>vivenciado um constante processo de aprendizagem, que se iniciou</p><p>com a primeira gestora, uma vez que ela já preparava sua equipe</p><p>para o presente e para o futuro. A partir da gestão dela, foi</p><p>percebido e aprendido que conhecimento e informação não se</p><p>guardam, mas se compartilham, pois cada um tem o seu lugar no</p><p>meio profissional, e isso gera competências para a construção do</p><p>intelecto de pessoas e de um mundo melhor.</p><p>Para a administradora/gestora da Biblioteca do UNIESP, essa</p><p>experiência possibilitou aprender o que era ser bibliotecária. Ainda</p><p>quando era apenas estudante, aprendia-se como gerenciar, tratar a</p><p>informação, divulgar, lidar com pessoas de diversas características e</p><p>diferentes personalidades, principalmente como não desapontar um</p><p>usuário por falta de informação, pois, quando ele busca informação,</p><p>está buscando conhecimento e qualificação, e os</p><p>bibliotecários/gestores são coautores e corresponsáveis nesse</p><p>processo de construção na vida do outro.</p><p>Ao iniciar como estagiária no UNIESP, após o término da bolsa</p><p>de pesquisa no Programa Institucional de Iniciação Científica da</p><p>Universidade Federal da Paraíba (PIBIC/UFPB), que também</p><p>contribuiu consideravelmente para a experiência atual da</p><p>bibliotecária na administração/gestão desse tipo de unidade</p><p>informacional, e acreditando que a academia é fundamental para</p><p>esse processo, iniciou-se o ciclo de vínculo efetivo como auxiliar de</p><p>biblioteca e, posteriormente, assistente de biblioteca com cargo de</p><p>nível adjunto no gerenciamento da biblioteca. Após quase nove</p><p>anos, veio a proposta para trabalhar em uma faculdade e, mesmo</p><p>estando em situação estabilizada institucionalmente, era necessário</p><p>conhecer outras realidades e conquistar novos horizontes, a fim de</p><p>adquirir mais conhecimentos e experiências, apostando neste novo</p><p>desafio.</p><p>Cinco meses depois, houve um convite para trabalhar em uma</p><p>instituição que estava chegando à cidade de João Pessoa/PB,</p><p>também na administração da biblioteca, o que levou a alçar voos</p><p>mais altos, por ser uma instituição que tinha sua matriz em outro</p><p>estado e que proporcionou uma maior proximidade com os diversos</p><p>tipos de gestão nas instituições e maior aprendizagem em todos os</p><p>p g p g</p><p>aspectos que essa prática aborda, a saber: participação de</p><p>treinamentos, cursos; inserção em outros projetos; realização de</p><p>viagens profissionais.</p><p>A atuação na profissão nessa instituição durou sete anos,</p><p>findando com o convite para retornar ao UNIESP como gestora da</p><p>biblioteca, possibilitando a volta para “casa”, após um longo</p><p>caminho percorrido na busca de conhecimentos e experiências</p><p>inovadoras. Muitos foram os desafios, mas todos contribuíram para</p><p>o crescimento como pessoa e como profissional, salientando-se que</p><p>esse processo de construção é contínuo.</p><p>Paralelo ao tempo de experiência profissional, acrescentou-se ao</p><p>currículo o curso de especialização em Gestão de Unidades de</p><p>Informação e o Mestrado Profissional em Gestão nas Organizações</p><p>Aprendentes, todos pela Universidade Federal da Paraíba, além de</p><p>participação em eventos, congressos e grupos de pesquisa e</p><p>extensão. Nesse sentido, a gestora da Biblioteca do UNIESP sempre</p><p>buscou não se “desligar” da universidade por considerar que o</p><p>processo de aprendizado é contínuo.</p><p>O retorno ao Centro Universitário UNIESP proporcionou um</p><p>sentimento de gratidão pelo reconhecimento como profissional e</p><p>pela confiança depositada nos trabalhos realizados nessa trajetória.</p><p>A partir de então, foi possível acompanhar mudanças significativas</p><p>na instituição e na biblioteca, que ratificam a ideia de que nunca</p><p>estamos esgotados em conhecimento, pois foram desenvolvidos mais</p><p>aprendizados no tocante a administrar/gerir uma unidade de</p><p>informação que buscava cada vez mais inovação. Esse fato fez com</p><p>que a Biblioteca do UNIESP passasse a ter um status quo de destaque</p><p>entre as bibliotecas do estado, devido à construção de tantos anos e</p><p>à colaboração de muitos bibliotecários, e da equipe em geral, ao</p><p>apoio e reconhecimento por parte dos gestores e da comunidade</p><p>acadêmica, entre professores e alunos.</p><p>Percebe-se que o sonho idealizado foi sendo realizado</p><p>gradativamente, pois, à medida que a gestora se desenvolvia</p><p>profissionalmente, a biblioteca evoluía junto no que se refere à</p><p>estrutura, ao conteúdo e às necessidades informacionais por parte</p><p>dos usuários, levando a gestora a adquirir mais experiências e a</p><p>g q p</p><p>buscar novos desafios, pois a biblioteca universitária é um</p><p>organismo vivo que está sempre em mutação, qualificação,</p><p>modernização e inovação.</p><p>9.5 PRÁTICAS ADOTADAS NA GESTÃO DA BIBLIOTECA PADRE</p><p>JOAQUIM COLAÇO DOURADO – CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIESP</p><p>Primeiramente, a partir do plano de gestão (Biblioteca Padre</p><p>Joaquim Colaço Dourado, 2019a), foi preciso dar início a</p><p>atualizações constantes, para acompanhar os avanços informacional</p><p>e tecnológico acelerados, obedecendo ao Plano de Desenvolvimento</p><p>Institucional e Regimento Interno, que tinha como instrumentos e</p><p>pontos de partida e apoio: o Regulamento da Biblioteca, a Política</p><p>de Desenvolvimento e Manutenção das Coleções, a Infraestrutura,</p><p>os Relatórios, os Projetos e a Política de Serviços. Todo o acervo de</p><p>documentos administrativos foi construído em conjunto com a</p><p>equipe e com base nesses documentos específicos mencionados</p><p>desde a sua fundação. Além desses instrumentos de gestão, são</p><p>realizados periodicamente treinamentos com os colaboradores,</p><p>especificamente os recém-contratados.</p><p>Em consonância com a gestão geral da instituição, estão inseridos</p><p>elementos condicionantes decisórios, tais como: a informatização e</p><p>automatização da biblioteca, o apoio técnico-administrativo, o apoio</p><p>acadêmico em termos de material bibliográfico, o espaço físico, os</p><p>serviços oferecidos, a expansão das coleções, o acompanhamento</p><p>nas avaliações externas e internas, buscando sempre melhorias com</p><p>base nos relatórios apresentados pelos órgãos e colegiados.</p><p>Para tanto, é importante traçar os objetivos, o funcionamento, a</p><p>estrutura, a organização administrativa, os recursos e os serviços. A</p><p>Política de Serviços e Infraestrutura da Biblioteca foi criada para ser</p><p>o modelo de gestão que documenta toda a estrutura física e</p><p>administrativa, apresentando seus produtos e serviços de forma</p><p>abrangente e detalhada.</p><p>A elaboração de relatórios constando estatísticas, planilhas</p><p>orçamentárias, ações realizadas, entre outros pontos abordados,</p><p>auxilia na avaliação das potencialidades</p><p>e fragilidades para possíveis</p><p>melhorias, controle de demandas e conhecimento do cenário em</p><p>âmbito geral. Para tanto, são elaborados periodicamente projetos</p><p>dando visibilidade à biblioteca e às atividades de toda a equipe.</p><p>Com o crescimento e a existência de diversas visitas regulatórias</p><p>do Ministério da Educação, a organização sentiu a necessidade de</p><p>criar um plano de inovação, no qual foi possível relatar e planejar</p><p>todas as ações e os serviços inovadores que a biblioteca implanta</p><p>semestralmente utilizando novas práticas para construção do</p><p>conhecimento e o seu consequente compartilhamento.</p><p>O bibliotecário, como profissional da informação, precisa</p><p>reinventar-se conforme a evolução do tempo. É necessário sair do</p><p>tradicional e ir para a atualidade – e agora mais do que nunca, pois</p><p>foi “exigido” que o gestor bibliotecário, como as demais áreas de</p><p>atuação, reinvente-se para enfrentar a pandemia da Covid-19,</p><p>desafiando um novo cenário de mudança abrupta e mundial. Como</p><p>ponto de suporte e parceria, ninguém mais adequado do que a</p><p>comunidade docente para contribuir com o desenvolvimento</p><p>intelectual e profissional dos alunos, em termos de ensino e pesquisa</p><p>na produção científica, dando suporte para utilização de</p><p>metodologias ativas em sala de aula, quando percebemos que este</p><p>espaço também configura a biblioteca.</p><p>A gestão e o tratamento da informação, trabalhados de forma</p><p>eficaz e consequentemente eficiente, colaboram para a construção</p><p>do mundo, estando a biblioteca inserida em um processo em rede</p><p>que inclui conteúdo, docentes e alunos, dinamizando assim as</p><p>pesquisas acadêmicas e a ciência com base no perfil do usuário.</p><p>Entendendo como inovador, a biblioteca do UNIESP busca ir</p><p>muito além das estantes e do ambiente de leitura, procurando</p><p>sempre despertar no usuário motivações, tais como: a criatividade, o</p><p>pensamento cognitivo, o raciocínio lógico e estratégico e a</p><p>participação na funcionalidade dos serviços a eles oferecidos,</p><p>incluindo outras motivações, como o incentivo ao uso de tecnologia</p><p>e modernização, disponibilizando ambientes bem mais acolhedores,</p><p>dinâmicos e atrativos, a fim de estimular a leitura e a pesquisa,</p><p>pensando sempre na inclusão social, além de serviços diversificados</p><p>e espaço aberto para a cultura.</p><p>p p</p><p>Isso se atribui à administração da biblioteca, que continua com</p><p>uma cultura voltada para a inovação, acompanhando sempre o que</p><p>a sociedade vem criando a cada tempo, articulando muitas</p><p>novidades que ainda estão em fase de planejamento e</p><p>implementação. Nessa perspectiva, será apresentada uma síntese</p><p>(quadro 9.2) das atividades que foram e são adotadas pela</p><p>administração dessa unidade de informação, possibilitando uma</p><p>ampla visão do que a bibliotecária tem realizado enquanto</p><p>profissional da informação e gestora desse espaço, considerando as</p><p>funções da administração.</p><p>Compreendendo exemplos das principais práticas realizadas na</p><p>biblioteca em questão, percebe-se que as funções administrativas</p><p>propostas por Fayol (2003) são presentes na realidade da Biblioteca</p><p>do UNIESP. Conforme pode ser observados na síntese, na fase de</p><p>planejamento, a gestora traça algumas ações que potencializam a</p><p>inovação da unidade informacional, desde objetivos e missão à</p><p>estrutura e aos processos. No que diz respeito à organização, são</p><p>observadas algumas ações que ratificam a aproximação da ciência da</p><p>informação com a área administrativa, envolvendo o tratamento da</p><p>informação, a organização de base de dados para atender às</p><p>necessidades informacionais do processo de gestão da informação</p><p>para os usuários, além de documentar e registrar sua memória</p><p>organizacional.</p><p>Diante das atividades desempenhadas da função de direção, o</p><p>foco se dá nas informações automatizadas para um maior fluxo</p><p>informacional pensando nos usuários, contando com o apoio do</p><p>“corpo” técnico-administrativo. Percebem-se traços culturais, como a</p><p>valorização das pessoas em meio às diversas personalidades,</p><p>instigando que o conhecimento seja socializado e, assim, construído</p><p>o aprendizado coletivo. Nesse sentido, essa função preconiza ações</p><p>de gestão de informação e de gestão do conhecimento, mesmo que</p><p>sejam, inclusive, de forma indireta e com pessoas fora do corpo</p><p>administrativo, ou seja, usuários externos.</p><p>QUADRO 9.2 A�vidades como gestora da Biblioteca do UNIESP</p><p>Funções da A�vidades Realizadas</p><p>Administração</p><p>Planejamento Elabora plano de gestão, criado desde a sua fundação, incluindo plano de</p><p>inovação, no qual é possível relatar e planejar todas as ações e os serviços</p><p>inovadores que a biblioteca implanta semestralmente. Nesses planos, traça os</p><p>obje�vos, o funcionamento, a estrutura, a organização administra�va, os</p><p>recursos, os serviços e os processos em rede.</p><p>Organização Procura gerenciar o tratamento da informação e realiza pesquisas acadêmicas,</p><p>com base no per�l do usuário, para divulgação dos serviços.</p><p>A Polí�ca de Serviços e Infraestrutura da Biblioteca foi criada para ser o modelo</p><p>de gestão que documenta toda a estrutura �sica e administra�va, apresentando</p><p>seus produtos e serviços de forma abrangente e detalhada.</p><p>Direção Em consonância com a gestão geral da ins�tuição, estão inseridas a</p><p>informa�zação e a automa�zação da biblioteca, além do apoio técnico-</p><p>administra�vo e do apoio acadêmico em termos de material bibliográ�co, o</p><p>espaço �sico, os serviços oferecidos, a expansão das coleções e o</p><p>acompanhamento nas avaliações externas e internas. Ao lidar com pessoas de</p><p>diversas caracterís�cas de personalidade, procura instruir que conhecimento e</p><p>informação não se guardam, mas se compar�lham, pois cada um tem o seu</p><p>lugar no meio pro�ssional e isso gera competências para a construção do</p><p>intelecto de pessoas e de um mundo melhor. Elabora periodicamente projetos</p><p>dando visibilidade à biblioteca e às a�vidades de toda equipe.</p><p>Controle Da elaboração de relatórios, constam esta�s�cas, planilhas orçamentárias,</p><p>ações realizadas, entre outros pontos abordados, para auxiliar na avaliação das</p><p>potencialidades e fragilidades para possíveis melhorias.</p><p>Fonte: Dados da narra�va/relato de experiência (2020).</p><p>Quando se fala na função controle no seio administrativo,</p><p>consideramos um fator primordial nas organizações, a saber: a</p><p>avaliação e/ou auditoria dos serviços, das ações e dos planejamentos</p><p>traçados pela organização. Nesse caso, a gestão da Biblioteca do</p><p>UNIESP elabora relatórios com os principais dados e/ou</p><p>informações a terem tratamentos inovadores em futuras ações e</p><p>projetos, o que pode ser considerado como parte da memória</p><p>organizacional ou corporativa. Essas ações servem para que lições</p><p>sejam aprendidas com fatos e acontecimentos passados, ou seja, isso</p><p>pode ser considerado uma das ações que a gestão do conhecimento</p><p>preconiza.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Este capítulo configura-se como uma narrativa ou um relato das</p><p>experiências da bibliotecária/gestora de uma unidade de informação</p><p>de um centro universitário na cidade de João Pessoa, na Paraíba.</p><p>Buscamos abordar as práticas de gestão/administração, com o</p><p>intuito de tornar evidente a relação entre os profissionais da</p><p>informação no campo da ciência da informação e administradores e,</p><p>também, as contribuições entre o saber e o fazer na prática</p><p>administrativa.</p><p>Ressaltamos as relações disciplinares entre as duas áreas de</p><p>conhecimento abordadas, ratificando que elas não se isolam, mas se</p><p>complementam e contribuem com o processo das novas condutas de</p><p>gerenciamento no âmbito organizacional, empresarial, institucional,</p><p>entre outros. Essa práxis pôde ser observada a partir das ações que</p><p>são realizadas na biblioteca universitária narrada.</p><p>Conforme a síntese das principais práticas realizadas pela gestora,</p><p>que é profissional da informação e possui pós-graduação em</p><p>organizações aprendentes, verificamos a ênfase dada nas ações de</p><p>gestão da informação e gestão do conhecimento. Isso possibilita a</p><p>compreensão entre o saber e o fazer, a prática da ciência da</p><p>informação por meio da sua subárea de gestão com a área de</p><p>administração.</p><p>Apesar de se tratar de um caso em específico, esta</p><p>narrativa/experiência corrobora com a prática profissional,</p><p>inclusive, de administradores(as) possibilitarem uma cultura de</p><p>aprendizagem, por meio do uso intensivo da informação, para gerar</p><p>conhecimento nos ambientes organizacionais. Para esses</p><p>profissionais, a gestão pode estar em diversas práticas</p><p>organizacionais, no entanto, compreender o fluxo de informações</p><p>formais e informais e construir políticas de gerenciamento das</p><p>informações e de conhecimentos são competências, de forma</p><p>parceira e integrada, de ambas as áreas: ciência da informação e</p><p>ciência da administração.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVES, C. A.; DUARTE, E. N. A relação entre a Ciência da</p><p>Informação e a Ciência da Administração. Transinformação, v. 27,</p><p>n. 1, p. 37-46, jan./abr. 2015. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 30 abr. 2020.</p><p>AMARAL, M. R.; FREIRE, G. H. A. Disseminação seletiva de</p><p>informações no contexto das organizações aprendentes e a</p><p>importância do seu desenvolvimento em bibliotecas universitárias.</p><p>Revista do Mestrado Profissional Gestão em Organizações</p><p>Aprendentes, João Pessoa, v. 3, n. 2, p. 69-93, 2014. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 16 jun. 2020.</p><p>ARAÚJO, C. A. A. Teorias e tendências contemporâneas da ciência</p><p>da informação. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n. 2, p. 9-34,</p><p>jul./dez. 2017. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 01 maio 2020.</p><p>. Fundamentos da Ciência da Informação: correntes teóricas e</p><p>o conceito de informação. Perspectivas em Gestão &</p><p>Conhecimento, João Pessoa, v. 4, n. 1, p. 57-79, jan./jun. 2014.</p><p>Disponível em:</p><p>. Acesso em: 01 maio 2020</p><p>BIBLIOTECA PADRE JOAQUIM COLAÇO DOURADO. Plano de</p><p>Expansão, atualização e manutenção do acervo. Cabedelo, PB:</p><p>UNIESP, 2019.</p><p>. Política de Serviços e Infraestrutura da Biblioteca.</p><p>Cabedelo, PB: UNIESP, 2019.</p><p>BICALHO, L. M. Interações disciplinares presentes na pesquisa em</p><p>ciência da informação. Transinformação, Campinas, v. 23, n. 2, p.</p><p>113-126, maio/ago. 2011. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 29 maio 2020.</p><p>BICALHO, L. M.; OLIVEIRA, M. As relações interdisciplinares</p><p>refletidas na área da Ciência da Informação. São Paulo. In:</p><p>ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA</p><p>INFORMAÇÃO. 9., 2008, São Paulo. Anais (...). São Paulo:</p><p>Universidade de São Paulo, 2008.</p><p>BORKO, H. Information Science: What is it?. Journal of the</p><p>Association for Information Science and Technology, v. 19, n. 1, p.</p><p>3-5, 1968.</p><p>CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos: os novos</p><p>horizontes em administração. 3. ed., Barueri: Manole, 2014.</p><p>DUARTE, E. N. et alii. O cenário das disciplinas com foco em gestão</p><p>no ensino de pós-graduação em Ciência da informação UFPB. In:</p><p>DUARTE, E. N. et alii. Componentes curriculares do eixo temático</p><p>Gestão na pós-graduação em Ciência da Informação no Brasil,</p><p>Espanha e Portugal. João Pessoa: Editora da UFPB, 2020a.</p><p>DUARTE, E. N. et alii. Conteúdos emergentes da Gestão da</p><p>Informação e do Conhecimento nos cursos de pós-graduação em</p><p>Ciência da Informação no Brasil. Perspectivas em gestão &</p><p>conhecimento, João Pessoa, v. 10, n. especial, p. 176-200, 24 mar.</p><p>2020b. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 30 maio 2020.</p><p>FAYOL, H. Administração geral e industrial. São Paulo, Atlas,</p><p>2003.</p><p>GERLIN, M. N. M.; SIMEÃO, E. L. M. S. Transgressões no campo</p><p>da Ciência da Informação: abordagens de uma prática científica e</p><p>permanente. Em Questão, Porto Alegre, v. 23, n. 2, p. 1-29, 2017.</p><p>Disponível em:</p><p>. Acesso</p><p>em: 18 maio 2020.</p><p>JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de</p><p>Janeiro: Imago, 1976.</p><p>LEITE, J. S. G.; SOUZA, E. D. S. Gestão da informação e do</p><p>conhecimento nas organizações: condicionantes das propriedades</p><p>g p p</p><p>gerais da informação. In: DUARTE, Emeide Nóbrega; PAIVA,</p><p>Simone Bastos; SILVA, Alzira Karla Araújo (Org.). Múltiplas</p><p>abordagens da gestão da informação e do conhecimento no</p><p>contexto acadêmico da Ciência da Informação, João Pessoa:</p><p>Editora da UFPB, 2014. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 16 jun. 2020.</p><p>POMBO, Olga. Interdisciplinaridade: ambições e limites. Lisboa:</p><p>Relógio d’Água, 2004.</p><p>SANTOS, C. D. Ciência da Informação e interdisciplinaridade:</p><p>interconexões com a cultura informacional. 2017. 262 f. Tese</p><p>(Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da</p><p>Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade</p><p>Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Marília, 2017.</p><p>SANTOS, B. R. P. et alii. Análise da produção científica mediante a</p><p>interdisciplinaridade entre a ciência da informação e a</p><p>administração nos ambientes organizacionais. RICI: R.Ibero-amer.</p><p>Ci. Inf., Brasília, v. 12, n. 1, p. 233-250, jan./abr. 2019. Disponível</p><p>em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 29 abr. 2020.</p><p>SANTOS, R. R.; DUARTE, E. N. Gestão da informação e do</p><p>conhecimento para o uso do espaço virtual das bibliotecas</p><p>universitárias brasileiras. In: DUARTE, Emeide Nóbrega; PAIVA,</p><p>Simone Bastos; SILVA, Alzira Karla Araújo (Org.). Múltiplas</p><p>abordagens da gestão da informação e do conhecimento no</p><p>contexto acadêmico da Ciência da Informação, João Pessoa:</p><p>Editora da UFPB, 2014. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 16 jun. 2020.</p><p>SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e</p><p>relações. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte,</p><p>v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 27 abr. 2020.</p><p>SILVA, E. B. F.; SOUZA, E. D. A formação da autoria na produção</p><p>colaborativa na Ciência da Informação do Brasil. In: ENCONTRO</p><p>NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO,</p><p>18., 2017, Marília. Anais (...) Marília, UNESP, 2017.</p><p>10</p><p>Gestão Estratégica da Informação em um</p><p>Observatório de Cooperativas de Créditos</p><p>Um Estudo sob à Luz da Teoria do Conhecimento</p><p>Beatriz Rosa Pinheiro dos Santos</p><p>Ieda Pelógia Martins Damian</p><p>Davi Rogerio de Moura Costa</p><p>10.1 INTRODUÇÃO</p><p>A informação, é capaz de salvar a sociedade e o mundo do que</p><p>não é informação, mas que finge ser e prejudica todo o processo de</p><p>desenvolvimento e de ação do verdadeiro e do que é certo ou do</p><p>que se tem por certo e verdadeiro. A informação é contra a</p><p>desinformação, e esta última é construída por dados moldados sem</p><p>fundamentação e boa intenção. Nesse trecho, há de se pensar que</p><p>informação é poesia, sentimento, expressão, comunicação,</p><p>organização, mediação, representação, produção, coleção,</p><p>compartilhamento, utilização, e verdadeiramente os são. Todavia,</p><p>mais do que tudo isso, informação transforma-se em conhecimento,</p><p>mas para isso deve passar por um processo de gerenciamento em</p><p>etapas relacionadas entre si, a que chamamos de “gestão da</p><p>informação”, que por este estudo vamos conhecer.</p><p>Segundo Valentim (2004), a gestão da informação é formada por</p><p>estratégias relacionadas a identificar as necessidades informacionais</p><p>e a mapear os fluxos formais de informação nos diferentes</p><p>ambientes organizacionais, assim como sua coleta, filtragem, análise,</p><p>organização, armazenagem e disseminação. Em sua pesquisa,</p><p>Martins (2014) afirma que a gestão da informação é mais do que</p><p>apenas um processo, é um campo científico que vai além do</p><p>universo organizacional, porque possui características</p><p>multidisciplinares, com práticas oriundas de outros campos</p><p>científicos.</p><p>Neste estudo, vamos abordar a importância de se trabalhar com</p><p>a</p><p>valorização da informação e da gestão da informação nos</p><p>observatórios de cooperativas de créditos. Os pesquisadores que vos</p><p>escrevem pretendem desenvolver um estudo que une a teoria e a</p><p>prática da gestão da informação nesses ambientes, comprovando a</p><p>citação que assume a gestão da informação como um processo</p><p>interdisciplinar, multidisciplinar e até transdisciplinar, e que</p><p>concomitantemente torna cada vez mais densas as relações</p><p>estabelecidas pelas áreas: administração e ciência da informação. A</p><p>justificativa? Será vista no decorrer do estudo.</p><p>Afinal, quais são as maneiras de se colocar em prática o processo</p><p>de gestão da informação (GI) e gestão estratégica da informação</p><p>(GEI)? Como os aspectos da teoria do conhecimento estão</p><p>intrinsicamente envolvidos no processo de GI e GEI? De que</p><p>maneira o observatório de cooperativas de crédito (OBSCCOP) da</p><p>USP/FFCLRP aplicou e desenvolveu gestão das informações, como</p><p>processo de melhoria dos seus serviços? Essas são as perguntas</p><p>norteadoras da pesquisa e que deram luz ao objetivo geral: propor,</p><p>sob a ótica da teoria do conhecimento, discussões acerca da GI e</p><p>GEI no OBSCCOP, a fim de potencializar os serviços de informação</p><p>oferecidos por esse observatório.</p><p>Como metodologia, é uma pesquisa de natureza qualitativa,</p><p>caracterizada como descritiva-exploratória e de cunho teórico.</p><p>Adota uma revisão bibliográfica que, de acordo com Marconi e</p><p>Lakatos (2013), propicia a consulta e a reflexão sobre diferentes</p><p>pesquisas em diferentes fontes de informação. Dessa maneira, essa</p><p>consulta foi realizada, principalmente, mediante a busca de livros</p><p>das áreas da administração (gestão), filosofia e ciência da</p><p>informação.</p><p>Sendo assim, todo o material levantado foi importante para a</p><p>discussão e reflexão dos conceitos envolvidos na pesquisa, tais quais</p><p>sobre teoria do conhecimento, pensamento complexo, gestão da</p><p>informação e gestão estratégica da informação dentro do contexto</p><p>dos observatórios de cooperativas de crédito.</p><p>p</p><p>Presume-se que falar que a gestão da informação é importante</p><p>para os ambientes organizacionais já está demasiadamente</p><p>fastidioso, todavia, é uma verdade já comprovada em diversas</p><p>pesquisas científicas. A diferença, e o que motivou o</p><p>desenvolvimento desta pesquisa, é que dificilmente encontramos</p><p>pesquisas que direcionam a gestão da informação em ambientes tão</p><p>específicos como este a que estamos direcionando. O OBSCCOP da</p><p>USP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto)</p><p>reúne uma série de profissionais, entre eles professores e estudantes</p><p>de diversos cursos, tais quais: Sistemas de Informação; Economia e</p><p>Controladoria Empresarial; Controladoria e Contabilidade; Ciências</p><p>Econômicas; Biblioteconomia e Administração, que buscam juntos</p><p>gerar conhecimento sobre as cooperativas que atuam nos setores</p><p>agropecuário e financeiro. Pois bem, diante de uma pré-sondagem</p><p>científica, já se constatou que esse observatório desenvolveu algumas</p><p>ferramentas que representam a aplicação da gestão da informação.</p><p>Diante disso, a principal justificativa para o desenvolvimento deste</p><p>estudo é justamente poder analisar como esse ambiente está</p><p>trabalhando com a gestão da informação, mediante reflexões mais</p><p>avançadas e elevar os benefícios e a bagagem da gestão da</p><p>informação, altamente necessária em um ambiente cuja principal</p><p>missão está na geração do conhecimento.</p><p>10.2 TEORIA DO CONHECIMENTO E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO</p><p>Abordar alguns aspectos da essência do conhecimento, mediante</p><p>os ensinamentos da teoria do conhecimento, certamente, configura-</p><p>se em uma prática interessante para se compreender a relevância da</p><p>informação e até mesmo da sua gestão. Além disso, trazer as</p><p>definições e as características contextuais da chamada sociedade da</p><p>informação se justifica por demonstrar que não há como as áreas do</p><p>conhecimento se desvencilharem dos processos relacionados à</p><p>organização e à gestão da informação e do conhecimento, que, por</p><p>sua vez, são processos dominados pelo campo da ciência da</p><p>informação, que, desde os seus primórdios, defende a importância</p><p>da inter, multi e transdisciplinaridade entre as áreas do</p><p>conhecimento.</p><p>Francis Bacon, em seus escritos, determina que a palavra</p><p>“informação” significa o mesmo que “inteligência”. Portanto, o peso</p><p>de trabalhar com a informação é muito grande, uma vez que a</p><p>inteligência é o que move a sociedade e o mundo. Ao mesmo tempo,</p><p>(...) A cada geração técnica será reavivado o discurso salvador sobre a promessa de</p><p>concórdia universal, de democracia descentralizada, de justiça social e de prosperidade</p><p>geral. A cada vez, também, se veri�cará a amnésia em relação à tecnologia anterior. Do</p><p>telégrafo ótico ao cabo submarino, do telefone à Internet, passando pela</p><p>radiotelevisão, todos esses meios destinados a transcender a trama espácio-temporal</p><p>do tecido social renovarão o mito das descobertas com a ágora da Ática (MATTELART,</p><p>2002).</p><p>Sempre se carrega um discurso inclusivo das tecnologias</p><p>desenvolvidas, ou seja, toda tecnologia parece revolucionar e trazer</p><p>soluções para toda a sociedade ou grande parte dela, mas, ao</p><p>mesmo tempo, também há sempre um esquecimento daquilo que já</p><p>existiu, que antecedeu ao que hoje é novo, mas que também já foi</p><p>solucionador de problemas. Logo, não se atribui valor à inteligência</p><p>ou ao caminho da inteligência e é nessa atitude que se residem</p><p>problemas relativos à construção do conhecimento, uma vez que,</p><p>para criar novas soluções, é preciso se apoiar ao que já se tem</p><p>materializado dentro do processo de descobertas e criação.</p><p>A sociedade da informação é um termo que foi colocado</p><p>mediante a forte expressão do capitalismo nas sociedades</p><p>capitalistas e ascendentes a esse sistema de governo. Com a forte</p><p>influência produtiva da indústria tecnológica e comunicativa,</p><p>tornou-se natural que o termo sociedade da informação viesse a ser</p><p>abordado com mais frequência nas escolas e universidades.</p><p>Portanto, essa sociedade é basicamente caracterizada pela produção</p><p>exacerbada de informação e de conhecimento nos espectros</p><p>políticos, sociais, educativos e econômicos, e tende a estimular o</p><p>gerenciamento dessa produção, a fim de proteger os próprios</p><p>indivíduos que atuam nessa sociedade, que são peças desse processo</p><p>produtivo informacional.</p><p>Para Mattelart (2002), “(...) a noção de sociedade global da</p><p>informação é resultado de uma construção geopolítica. (...) A ideia</p><p>de uma sociedade regida pela informação está, por assim dizer,</p><p>inscrita no código genético do projeto de sociedade inspirado pela</p><p>mística do número.” Portanto, isso demonstra que o termo</p><p>“sociedade da informação” foi uma maneira de enfatizar que</p><p>precisávamos olhar para o período pós-industrial com mais cuidado</p><p>e perceber que outros recursos deveriam ser gerenciados e</p><p>explorados, recursos que são matéria-prima da revolução</p><p>tecnológica: dados, informação e conhecimento.</p><p>Concomitantemente, o autor nos aproxima a revelação de que então</p><p>essa sociedade sempre existiu, bem como toda essa relevância dos</p><p>recursos supracitados, e a diferença é que, na era industrial,</p><p>estavam nas entrelinhas e na base da máquina capitalista, e agora</p><p>são combustíveis dessa máquina.</p><p>Sobre isso vale citar as palavras de Masuda (1980):</p><p>a base dessa sociedade será a produção de valores informacionais, intangíveis, em</p><p>substituição aos valores tangíveis, em que prevalece a indústria do conhecimento,</p><p>quaternária, expandindo-se a partir de uma economia sinérgica e da utilização</p><p>compartilhada dos bens. A sociedade da informação será [...] uma comunidade</p><p>voluntária, voltada ao benefício social.</p><p>Na sociedade da informação, os aspectos relativistas e subjetivistas</p><p>são importantes, pois o seu maior objetivo é agregar e estimular a</p><p>criação do conhecimento. Quando são colocadas imposições com</p><p>relação ao que deve ser comunicado e ao que não deve ser</p><p>comunicado dentro de um contexto educativo, universitário e</p><p>organizacional, geralmente bloqueios relacionados à construção do</p><p>conhecimento também estão sendo impostos.</p><p>A citação de Masuda (1968) é exemplo de que estudar as</p><p>características da sociedade da informação torna-se uma ação</p><p>necessária a toda empresa e/ou organização, isso porque os valores</p><p>informacionais que estão presentes na produção dessa sociedade</p><p>também estão adotando valores sociais e todo o trabalho que é</p><p>desenvolvido dentro do espectro organizacional e empresarial</p><p>levará consigo a missão de retornar benefícios à sociedade.</p><p>Para explicar o conhecimento, o dualismo que relaciona o sujeito</p><p>e o objeto como aspectos pertencentes à essência do conhecimento</p><p>deve ser explicado, bem como a relação entre o dual empirismo e</p><p>racionalismo que explicam a origem do conhecimento. Para Hessen</p><p>(1999), a teoria do conhecimento busca explicar de uma maneira</p><p>filosófica o conhecimento humano. Para tanto, sobre a dualidade</p><p>que explica o que compreende o conhecimento humano, Hessen</p><p>(1999) afirma:</p><p>Sujeito e objeto não se esgotam em seu ser um para o outro, mas têm, além disso, um</p><p>ser em si. No objeto, este ser em si consiste naquilo que ainda é desconhecido. No</p><p>sujeito, consiste naquilo que ele é além de sujeito que conhece. Além de conhecer, ele</p><p>também está apto a sentir e a querer. Assim, enquanto o objeto cessa de ser objeto</p><p>quando se depara da correlação, o sujeito apenas deixa de ser sujeito cognoscente.</p><p>Assim como a correlação entre sujeito e objeto só não é dissolúvel no interior do</p><p>conhecimento, ela também só não é reversível enquanto relação de conhecimento. Em</p><p>si mesma, uma reversão é perfeitamente possível. Ela ocorre de fato, na ação, pois</p><p>nesse caso não é objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que determina o objeto.</p><p>Basicamente, a teoria do conhecimento torna explícita o</p><p>confronto de ideias relativas à origem do conhecimento, sua</p><p>essência, suas possibilidades de ser e estar nos mais variados lugares</p><p>e então o que é o conhecimento do conhecimento. Portanto, é um</p><p>tema importante de ser citado e revisado, pois, enquanto você</p><p>aprende sobre o conhecimento do conhecimento você naturalmente</p><p>compreende melhor como funciona essa máquina chamada</p><p>“mundo”, ou seja, é interessante, porque é possível enxergar melhor</p><p>como se dão as relações sociais, culturais, educacionais, intelectuais,</p><p>etc. É claro que seria uma hipérbole dizer que quem estudar e</p><p>compreender a teoria do conhecimento compreenderá o mundo,</p><p>mas ao menos esse indivíduo irá além da compreensão mediana da</p><p>maioria, porque esse estudo e essa compreensão farão com que ele</p><p>se aproxime da sociedade atual e das suas exigências quanto à</p><p>valorização, à produção, à organização e ao gerenciamento da</p><p>informação para boas tomadas de decisões, por exemplo.</p><p>A relação sujeito e objeto é uma das correntes mais abordadas</p><p>para se compreender a teoria do conhecimento e os pontos de vista</p><p>epistemológicos, racionalismo e empirismo, que são o cerne dessa</p><p>teoria. Segundo Hessen (1999), o racionalismo valoriza o</p><p>pensamento racional como o maior responsável pelo conhecimento</p><p>humano, ou seja, o conhecimento já é estabelecido pelo universo</p><p>por meio das leis e validades universais e, desde pequenos,</p><p>aprendemos que as coisas são o que são e como são, sem indagações.</p><p>Por outro lado, o empirismo não concorda com o ponto de vista</p><p>epistemológico racionalista e afirma que a origem do conhecimento</p><p>humano está nas experiências e na prática diária que fazem com</p><p>que o indivíduo aprenda e tenha o poder de conhecer, aprender e</p><p>contestar, ou seja, o indivíduo pode ir além da razão e desenvolver</p><p>para si diferentes tipos de conhecimento baseando-se no seu dia a</p><p>dia. No empirismo, Hessen (1999) explica que, quando nascemos,</p><p>somos uma “tábula rasa” totalmente vazia de informação e,</p><p>portanto, conhecimento, e que todos os conceitos aprendidos que</p><p>vão enriquecer essa tábula provém das experiências passadas,</p><p>enquanto, no racionalismo, a ideia é de que já nascemos com</p><p>conceitos empregados em nosso DNA.</p><p>Essa dualidade, que vai de encontro a outra, é significativa para</p><p>falarmos um pouco sobre a relação entre sujeito-objeto que</p><p>representa o cerne da teoria do conhecimento, principalmente,</p><p>quando o intuito é discutir sobre sua origem. No livro de Hessen</p><p>(1999), o autor revela que o sujeito somente adquire conhecimento</p><p>quando se relaciona com algum objeto que irá de alguma forma</p><p>oferecer algum tipo de informação a esse sujeito, que, por sua vez,</p><p>dentro de um processo cognitivo interno, irá aprender o que esse</p><p>objeto deixa em exposição. O sujeito é a representação do ser</p><p>humano, e o objeto é a representação das coisas; e é curioso falar</p><p>“coisas”, porque mais parece uma palavra usada quando não se tem</p><p>um vocabulário mais aguçado, mas, em verdade, por aqui,</p><p>realmente a palavra “coisas” é a que representa melhor a palavra</p><p>“objeto”.</p><p>Pois bem, dentro dessa reflexão entre a relação sujeito-objeto, é</p><p>libertador inferir que essa relação também pode se desdobrar entre</p><p>sujeito-objeto-sujeito e sujeito-sujeito, uma vez que eu aprendo de</p><p>acordo com o objeto, mas existe uma troca nessa relação, e,</p><p>portanto, o sujeito também recebe do objeto no processo final de</p><p>p j j p</p><p>aquisição de conhecimento e um sujeito não necessariamente</p><p>aprende apenas mediante o seu contato com as coisas, mas</p><p>mediante a relação estabelecida com outro sujeito.</p><p>Enfim, é claro que a teoria do conhecimento provoca e acende</p><p>um desejo de refletir mais e mais sobre a origem e a essência do</p><p>conhecimento, mas o intuito desta seção dentro deste artigo foi o de</p><p>tocar o leitor com relação à importância da informação, da</p><p>organização dessa informação e da sensibilidade das relações entre</p><p>os seres humanos, informação, trabalho e objetos (coisas) e,</p><p>concomitantemente, melhorar o processo exploratório que visa a</p><p>proposição de diretrizes para gestão da informação no universo de</p><p>pesquisa abordado.</p><p>10.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E GESTÃO ESTRATÉGICA DA</p><p>INFORMAÇÃO</p><p>Para abordar o conceito de gestão estratégica da informação, é</p><p>importante antes contextualizar o conceito de gestão da informação,</p><p>que não necessariamente são iguais. A gestão da informação é um</p><p>processo dotado de ações sistêmicas e que busca compreender as</p><p>necessidades de informações dos indivíduos de uma organização, a</p><p>fim de propor as informações exatas que vão solucionar tipos de</p><p>problemas organizacionais (SIQUEIRA, 2005). Para o autor, essa</p><p>disponibilização de informações exatas e fidedignas deve acontecer</p><p>de maneira muito estruturada e detalhista, ou seja, os indivíduos</p><p>que trabalham com a gestão da informação devem conhecer os</p><p>detalhes de cada etapa desse processo, a fim de que a informação</p><p>utilizada para uma atividade-fim seja de fato eficiente.</p><p>Siqueira (2005) realiza uma comparação e afirma com veemência</p><p>que gestão da informação não é engenharia, uma vez que os</p><p>processos oriundos da engenharia trabalham com previsibilidade,</p><p>análises técnicas, prazos e procedimentos rígidos, e a gestão da</p><p>informação possui como foco o trabalho com o conhecimento</p><p>humano e organizacional, que se voltam aos eventos subjetivos,</p><p>mutáveis, sentimentais, tradicionais e sociais, ou seja: “Enquanto as</p><p>engenharias se preocupam com a economia em escala, o foco da</p><p>informação e dos sistemas de informações é (ou pelo menos deveria</p><p>ser) a individualização da solução final” (SIQUEIRA, 2005). Então,</p><p>como diz Siqueira (2005), um gestor de informação deve estar</p><p>munido de compreensões acerca do conhecimento e sua origem, do</p><p>conhecimento e sua importância, do conhecimento e sua essência, e</p><p>outrora de compreensões voltadas aos conceitos abstratos, à</p><p>organização e ao tratamento de informações sem valor que, aliada a</p><p>conhecimentos tácitos valorosos, é capaz de sofrer boas</p><p>transformações.</p><p>Enfim, é possível validar essa ideia de Siqueira (2005), se fizermos</p><p>uma relação com dois pensamentos de Edgar Morin. O primeiro</p><p>deles é oriundo do livro O método – o conhecimento do</p><p>conhecimento, que diz assim:</p><p>As competências e atividades cognitivas humanas necessitam de um aparelho</p><p>cognitivo, o cérebro, que é uma formidável máquina</p><p>bio-físico-química; essa necessita</p><p>da existência biológica de um indivíduo; as aptidões cognitivas humanas só podem</p><p>desenvolver-se no seio de uma cultura que produziu, conservou, transmitiu uma</p><p>linguagem, uma lógica, um capital de saberes, critérios de verdade. É nesse quadro que</p><p>o espírito humano elabora e organiza o seu conhecimento utilizando os meios culturais</p><p>disponíveis. En�m, em toda a história humana, a atividade cognitiva interagiu de modo</p><p>ao mesmo tempo complementar e antagônico com a ética, o mito, a religião, a política;</p><p>o poder, com frequência, controlou o saber para controlar o poder do saber (MORIN,</p><p>1999).</p><p>Mediante esse pensamento de Morin (1999), será que o</p><p>conhecimento não pode mesmo ser controlado e gerenciado?</p><p>Estamos a todo tempo gerenciando e controlando o conhecimento</p><p>do outro, principalmente pelo poder da política e da religião, de</p><p>crenças, de mitos, de um sistema forte que nos condiciona a</p><p>aprender da forma que julgam sem ideal, a agir de uma forma que</p><p>querem e, portanto, a conhecer o que querem. Assim, ao relacionar</p><p>com a ideia de Siqueira (2005), pode-se dizer que o conhecimento é</p><p>imprevisível e as relações voltadas ao gerenciamento de informações</p><p>também são, todavia, tanto a informação como o conhecimento são</p><p>controlados mesmo antes de não existir, pois suas maneiras de</p><p>produção estão associadas à gestão do conhecimento tácito.</p><p>Por exemplo, em uma empresa, o conhecimento costuma ser</p><p>gerido e controlado constantemente ou, pelo menos, deveria. Um</p><p>gestor pode impor que tipo de conhecimento ele quer que seja</p><p>aprendido, que seja colocado em prática e, assim, ele vai incentivar</p><p>medidas que vão resultar no tipo de conhecimento que ele</p><p>necessita.</p><p>O segundo pensamento de Edgar Morin, que gostaria de</p><p>relacionar com a ideia de Siqueira (2005), encontra-se presente no</p><p>livro Introdução ao pensamento complexo. O autor afirma que se</p><p>deve entender a complexidade como um “(...) tecido de</p><p>acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações,</p><p>acasos, que constituem nosso mundo fenomênico” (MORIN, 2007).</p><p>Assim, é possível inferir que o contexto de pensamento complexo</p><p>está relacionado com os processos de gestão da informação e gestão</p><p>do conhecimento, uma vez que esses são moldados pelas interações</p><p>de saberes, de novas formas de agir e adquirir conhecimento, de</p><p>visualizar a informação e de quebras de paradigmas que atribuem</p><p>aos indivíduos um novo olhar para o mundo e formas mais intensas</p><p>e conectadas para se viver nesse mesmo mundo. Essas são</p><p>características intrínsecas dos processos de gestão da informação e</p><p>gestão do conhecimento bem como do próprio pensamento</p><p>complexo de Morin (2007). Mas agora seguiremos para mais</p><p>conceitos e pensamentos sobre o processo de gestão da informação</p><p>até chegarmos à gestão estratégica da informação.</p><p>Segundo Davenport (2002), a gestão da informação inclui três</p><p>pilares que são imprescindíveis para o sucesso dos resultados da sua</p><p>aplicação e que comprovam que o processo de gestão da informação</p><p>não se limita à gestão de infraestrutura de TI e de sistemas de</p><p>informação. Para o autor (2002), o processo de gestão da</p><p>informação está voltado à valorização do comportamento</p><p>informacional dos sujeitos organizacionais, da cultura informacional</p><p>e organizacional e de uma equipe estruturada e preparada para</p><p>lidar com os objetos: informação e conhecimento.</p><p>De acordo com Siqueira (2005), a informação somente pode ser</p><p>considerada valorosa quando dá condições para a empresa perceber</p><p>e aproveitar oportunidades que surgem nas entrelinhas</p><p>p p q g</p><p>organizacionais e quando coloca em evidência os problemas e as</p><p>ameaças que possam surgir no dia a dia de trabalho. Por exemplo,</p><p>em uma sociedade competitiva, ter informações sobre cada detalhe</p><p>da empresa, seus clientes, mercado e concorrência torna-se vital</p><p>para o sucesso das atividades e é por isso que as organizações estão</p><p>adotando cada vez mais os serviços de consultorias, treinamentos e</p><p>capacitações direcionadas à gestão da informação e à gestão</p><p>estratégica da informação, basta analisarmos a evolução desse</p><p>recurso “informação” no universo organizacional e empresarial,</p><p>conforme apresentado no quadro 10.1.</p><p>QUADRO 10.1 A evolução da informação nas organizações</p><p>Período Conceito de Informação Importância</p><p>Anos 1950 Requisito burocrá�co necessário Redução do custo de processamento de</p><p>muitos papéis.</p><p>Anos 1960 e</p><p>1970</p><p>Suporte aos propósitos gerais Auxiliar no gerenciamento de diversas tarefas</p><p>da organização.</p><p>Anos 1970 e</p><p>1980</p><p>Controle do gerenciamento da</p><p>organização</p><p>Auxiliar e acelerar os processos de tomada de</p><p>decisão.</p><p>Anos 1990 Vantagem compe��va Garan�r a sobrevivência e a prosperidade da</p><p>organização.</p><p>Fonte: Siqueira (2005).</p><p>Por meio desse quadro, é possível analisar com clareza como a</p><p>informação configura-se atualmente um recurso de suma</p><p>importância para o sucesso das organizações e concomitantemente é</p><p>um quadro com informações que indiretamente solicita a</p><p>explanação dos diferentes usos e tipos de informações existentes.</p><p>Nesse caso, podemos trazer, para esse referencial teórico e</p><p>discussão, os conceitos de informação como processo, como</p><p>conhecimento e como coisa de Buckland (1991).</p><p>Para Buckland (1991), a informação como processo refere-se à</p><p>ação de dar uma informação ou ser informado, ou seja, é a</p><p>informação ainda presente na mente, com a perspectiva de ser</p><p>transferida. A informação como conhecimento é o resultado dessa</p><p>ação, é a própria informação que foi transferida após ser processada</p><p>e, por último, a informação como coisa é todo objeto que se torna</p><p>informativo, que atribui significado a algo ou alguém, isso é</p><p>informação como coisa. Fazendo referência ao quadro 10.1 citado</p><p>acima, pode-se dizer que, até os anos 1970, as organizações lidavam</p><p>com a informação como processo e a partir desta época aos dias de</p><p>hoje lidam diretamente com a informação como conhecimento e</p><p>indiretamente com a informação como coisa. Isso porque a</p><p>informação como coisa exige reflexão e um processo de esforço</p><p>cognitivo muito maior em perceber detalhes, objetos,</p><p>acontecimentos, etc. que são informativos e que contribuem para a</p><p>tomada de decisões ou execução de atividades, por exemplo.</p><p>Mesmo assim, Rascão (2006), em seu livro Da Gestão Estratégica</p><p>à Gestão Estratégica da Informação, afirma que o processo de</p><p>gestão da informação está mais interessado na ação da informação</p><p>como processo e da informação como construção social. Até se pode</p><p>concordar com a afirmação do autor, se pensarmos que a</p><p>informação como processo é a informação que está para ser</p><p>transferida, mas que se encontra em tratamento dentro do cérebro</p><p>humano e que então necessita de aportes teóricos filosóficos e sociais</p><p>que sejam base para esse processo cognitivo da informação que é</p><p>trabalhada na mente humana antes de ser transferida e</p><p>transformada em informação como conhecimento. Por assim, um</p><p>processo de gestão da informação e de gestão estratégica de</p><p>informação somente pode ser considerado eficiente e eficaz se</p><p>estiverem claramente conscientes e aplicados os três usos da</p><p>informação: como processo, conhecimento e coisa.</p><p>Para Beal (2008), a gestão estratégica da informação se divide em</p><p>etapas relacionadas ao conceito de planejamento estratégico natural</p><p>de um processo administrativo, essas etapas são:</p><p>(i) planejamento;</p><p>(ii) execução;</p><p>(iii) avaliação e ação corretiva.</p><p>A etapa referente ao planejamento busca o desenvolvimento de</p><p>estratégias corporativas alinhadas às informacionais e tecnológicas; a</p><p>etapa de execução formula estratégias de informação e de</p><p>tecnologia da informação, a fim de manter os sistemas de</p><p>informação, a infraestrutura de TI e as competências informacionais</p><p>da equipe de TI bem alinhadas; e a etapa de avaliação e ação</p><p>corretiva é aquela em que a organização utiliza um sistema de</p><p>avaliação que verifica o desempenho das estratégias executadas, ou</p><p>seja, se as informações que estão sendo armazenadas, organizadas,</p><p>tratadas e transferidas estão solucionando</p><p>problemas e aumentando</p><p>o grau de eficiência das atividades da organização.</p><p>Segundo a autora supracitada (2008), as organizações são</p><p>analisadas sob as perspectivas situacional e permanente, e o</p><p>processo de gestão da informação está adequado à perspectiva</p><p>permanente de coleta, tratamento, organização e disponibilização da</p><p>informação. Enfim, todos esses processos de gestão da informação</p><p>devem acontecer periodicamente no ambiente organizacional,</p><p>diferente da gestão estratégica da informação, que adota uma</p><p>perspectiva situacional, em que o foco é a informação voltada aos</p><p>objetivos estratégicos, a um plano específico dentro de uma meta</p><p>específica que a organização queira alcançar. Logo, a gestão da</p><p>informação é a base para as atividades e tomadas de decisões</p><p>corriqueiras, e a gestão estratégica da informação é uma extensão</p><p>da primeira, utilizada para casos específicos e metas organizacionais</p><p>a médio e longo prazos.</p><p>10.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES</p><p>Com base no material bibliográfico consultado, especialmente</p><p>voltado à teoria do conhecimento e seus princípios básicos e</p><p>relacionados com a sociedade da informação e do conhecimento,</p><p>nesta seção realiza-se uma discussão norteada pelas seguintes</p><p>perguntas: quais são as relações estabelecidas entre os produtos e</p><p>serviços de informação do OBSCOOP, a gestão da informação e a</p><p>gestão estratégica da informação? E com a teoria do conhecimento?</p><p>Mediante os aspectos de livre-interpretação acerca dessa teoria e</p><p>acerca da gestão da informação, como é possível melhorar tais</p><p>produtos e serviços de informação?</p><p>Enfim, abre-se aqui um campo de diálogo entre os pesquisadores</p><p>e os leitores e concomitantemente um processo de autoescrita dos</p><p>próprios autores com relação a essa necessidade de lutar por uma</p><p>gestão da informação no âmbito do empresariado muito mais</p><p>consciente e filosófica, muito mais estratégica e reflexiva e que então</p><p>busque um capitalismo mais humanizado, se é que isso seja possível.</p><p>Mas, então, vamos tentar.</p><p>O Observatório de Cooperativas de Crédito (OBSCCOP) da</p><p>Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e</p><p>Letras da USP de Ribeirão Preto (USP/FFCLRP), descreve-se como</p><p>uma rede de pesquisadores que tem como missão gerar</p><p>conhecimento sobre as cooperativas atuantes nos setores</p><p>agropecuário e financeiro. Segundo as informações contidas no site</p><p>do OBSCCOP, o grupo, que por sua vez é formado por</p><p>pesquisadores de diversas áreas, procura estudar estruturas e</p><p>mecanismos de governança, modelos de gestão utilizados e seus</p><p>impactos gerados nos ambientes organizacionais. Geralmente, os</p><p>resultados desses estudos, que são transformados em pesquisas, são</p><p>divulgados e materializados em relatórios técnicos e artigos</p><p>científicos.</p><p>Além das pesquisas que são difundidas em eventos e periódicos</p><p>científicos, o observatório conta com alguns serviços que</p><p>anteriormente não eram divulgados ou bem sintetizados no site, ou</p><p>seja, esses serviços não eram acessíveis. Diante dessa situação, os</p><p>pesquisadores resolveram gerenciar todos os serviços que eram</p><p>desenvolvidos por eles e disponibilizá-los de maneira sintética e</p><p>eficiente aos seus clientes e demais interessados.</p><p>Antes de iniciarmos uma discussão sobre melhorias que podem</p><p>ser feitas no OBSCCOP com relação ao processo de gestão da</p><p>informação, por meio de uma relação estabelecida com alguns dos</p><p>principais aspectos da teoria do conhecimento, serão expostos</p><p>alguns detalhes dos produtos e serviços informacionais</p><p>desenvolvidos pelo observatório e que caracterizam, de certa</p><p>maneira, o processo de gestão da informação sendo colocado em</p><p>prática (figura 10.1).</p><p>FIGURA 10.1 Produtos e serviços de informação: RICO.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2020).</p><p>O RICO é um produto que foi desenvolvido para dar suporte à</p><p>tomada de decisões dos gestores da cooperativa. Possibilita a</p><p>realização de comparações com organizações similares e de</p><p>benchmarkings preestabelecidas. Por exemplo, os bancos comerciais</p><p>no caso das cooperativas de crédito. A relação desse produto com a</p><p>gestão estratégica da informação se dá pela eficiência do produto</p><p>em reunir uma série de tipos de informações que podem ser</p><p>essenciais para determinada tomada de decisão. Nesse caso, são</p><p>diversos filtros e informações pré-selecionadas que vão direcionar as</p><p>empresas na realização dos seus serviços e, na maioria das vezes,</p><p>essas informações concatenadas nesse produto são desconhecidas</p><p>pelos usuários ou pelo menos pouco utilizáveis.</p><p>Todavia, algumas críticas podem e devem ser feitas para melhoria</p><p>desse produto, como, por exemplo, a localização do botão “gerar</p><p>relatório (PDF)”, que, do ponto de vista arquitetônico da</p><p>informação, não se dispõe com praticidade. É preciso seguir a</p><p>logicidade, e esse botão deve estar depois de todos os filtros, ou seja,</p><p>quando o indivíduo estabelecer todos os filtros necessários para</p><p>busca das informações, é que deve aparecer aos seus olhos o</p><p>gerador do relatório contendo essas informações. Além disso, para</p><p>um iniciante manusear com eficácia esse produto e conseguir</p><p>melhores resultados com o seu uso, é imprescindível que o grupo</p><p>desenvolva um vídeo explicativo contendo um tutorial para uso</p><p>efetivo do produto, isso porque todos os filtros são dotados de</p><p>termos específicos e sem orientação de informação, os acessos</p><p>tendem a cair, principalmente em tempos de imediatismo e de</p><p>tecnologias facilitadoras, os usuários buscam praticidade e fácil</p><p>entendimento e, se isso não se coloca de maneira explícita, esses</p><p>naturalmente deixarão de serem usuários.</p><p>Na teoria do conhecimento, são analisadas de modo constante as</p><p>fontes do conhecimento, sua origem e seu envolvimento com as</p><p>ideias, o pensamento, as sensações, os objetos, os sujeitos e as</p><p>experiências (ARAÚJO, 2012). Além disso, segundo Hessen (1999),</p><p>muitas discussões são feitas com base na necessidade de o indivíduo</p><p>conhecer a realidade e se ela contribui para a geração do</p><p>conhecimento e se o conhecimento construído é sempre uma</p><p>verdade, ou seja, muitas reflexões acerca do fenômeno</p><p>“conhecimento” são feitas e é inegável a importância que existe em</p><p>estabelecer uma relação entre a gestão estratégica da informação e a</p><p>teoria do conhecimento, principalmente, porque o processo de</p><p>construção do conhecimento envolve os recursos “dado” e</p><p>“informação”, que são abordados como matérias-primas desse</p><p>recurso.</p><p>Com relação ao idealismo de Platão, abordado nos escritos sobre</p><p>a teoria do conhecimento, o ato de conhecer encontra-se moldado</p><p>na recordação e na fixação das coisas e dos objetos, e não</p><p>propriamente pela sensação e variedade deles, uma vez que tudo</p><p>aquilo que muda constantemente e que não tem o mínimo de</p><p>estabilidade não leva ao conhecimento e sim à confusão do ser</p><p>cognoscente, enquanto o que tenho preestabelecido como verdade é</p><p>capaz de fazer aprender e gerar conhecimento sobre aquilo. O</p><p>idealismo platônico revolve enfatizar que, antes de se materializar</p><p>em um corpo, a alma já se encontra no papel de aprendiz e que, ao</p><p>nascer, passa por um processo de esquecimento que apenas se</p><p>recupera no decorrer da sua vida e que, então, suas ações diárias</p><p>são diálogos consigo mesma na busca constante por recordações e</p><p>reaprendizagens (ARAÚJO, 2012).</p><p>Com isso, ao saber que o produto “RICO” propicia suporte às</p><p>cooperativas, oferecendo diversos tipos de informações de outras</p><p>p p</p><p>organizações e pensando pelo princípio do idealismo, é possível</p><p>dizer que existe o risco desses indicadores e informações não serem</p><p>todos tidos como verdadeiros e relevantes para determinada</p><p>situação que esteja a par de ser resolvida, aliás, esses indicadores</p><p>foram estabelecidos por quem? Qual é a origem desses indicadores,</p><p>e por que justamente esses indicadores foram escolhidos para</p><p>estarem dispostos? Realmente são necessários e estão contribuindo</p><p>para o ato de recordação e construção de conhecimento dos</p><p>usuários? Qual é o meu perfil de usuários? Será que tomam</p><p>absolutamente todos os retornos de busca como verdade? Existe um</p><p>diálogo</p><p>entre esse usuário e quem está contribuindo para</p><p>conhecimento pela recordação? Enfim, durante as discussões,</p><p>consideramos importante a proposição dessas questões, uma vez</p><p>que abrem um espaço para a reflexão e o aprimoramento das</p><p>práticas de gestão das informações que estão sendo trabalhadas no</p><p>contexto desse produto (figura 10.2).</p><p>FIGURA 10.2 Produtos e serviços de informação: FOCCO.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2020).</p><p>A Fotografia Consolidada do Cooperativismo (FOCCO) é um</p><p>relatório que visa apresentar a evolução dos dados agregados das</p><p>cooperativas brasileiras estudadas no âmbito do observatório em</p><p>questão.</p><p>O mesmo que se descreve acerca do produto “RICO” se aplica ao</p><p>“FOCCO”. O que é categoria plena, clássica, capital e empréstimo?</p><p>Quais são as vantagens da visualização em barra? Quais são as</p><p>vantagens da visualização em linha? Por que a comparação entre os</p><p>estados e entre as regiões é considerada importante e no que isso</p><p>agrega às empresas e às cooperativas? Além disso, a disposição do</p><p>botão “consolidar” deveria estar disponível depois de todos os</p><p>filtros, pois é a última ação relacionada à busca das informações</p><p>necessárias. Por essas inferências, é possível ressaltar que trabalhar</p><p>com gestão da informação é se preocupar principalmente com três</p><p>princípios básicos:</p><p>(I) a informação necessita ser real, fidedigna, profunda e</p><p>preparada construir e resolver situações;</p><p>(II) a informação necessita ser alimentada e alicerçada pela</p><p>relação ambígua da complexidade e do cartesianismo;</p><p>(III) a informação necessita ser acessada, e o caminho para esse</p><p>acesso deve ser o mais claro possível.</p><p>Com esses princípios, o processo geral da gestão da informação se</p><p>desenvolve e começa a fazer parte da consciência de quem aplica a</p><p>gestão da informação e do usuário que recebe as positividades dessa</p><p>aplicação.</p><p>Portanto, uma gestão da informação efetiva, bem aplicada e</p><p>fundamentada é capaz de modificar a relação do homem com a</p><p>informação e contribuir para um processo de conscientização sobre</p><p>a importância e a potência de uma informação no mundo de hoje, e</p><p>é claro que isso pode ser ótimo como pode ser péssimo, pois, ao</p><p>perceber a importância de uma informação gerenciada e que o seu</p><p>acesso e uso trazem consequências visíveis, um ser humano pode</p><p>utilizar aportes da gestão estratégica da informação para exterminar</p><p>o seu povo, como pode utilizar para salvar e elevar seu estado de</p><p>evolução.</p><p>O realismo de Aristóteles acredita que o conhecimento se constrói</p><p>mediante o estabelecimento de relação entre o indivíduo e suas</p><p>próprias experiências, e que essas são as responsáveis pela</p><p>existência do ser e do conhecer (HESSEN, 1999). Para Aristóteles, o</p><p>conhecimento se constrói por milhares de modelos de</p><p>aprendizagens, e não por apenas um, uma vez que esse modelo</p><p>passa pela consciência e ação humana, e os seres humanos vivem em</p><p>constantes mutações e são diversos, diferentes e únicos.</p><p>Mesmo partindo dessa opinião, com base no pensamento realista,</p><p>o homem costuma criar seu próprio conhecimento a partir de</p><p>recordações e situações semelhantes vividas no passado e durante o</p><p>seu caminhar, todavia, apenas semelhantes e não iguais. Nesse caso,</p><p>a semelhança entre as situações já se torna suficiente para o homem</p><p>criar diversos tipos de conhecimento distintos, mesmo partindo de</p><p>situações parecidas (HESSEN, 1999).</p><p>Fundamentando-se no realismo aristotélico, é possível inferir que</p><p>o desenvolvimento de um produto que visa disponibilizar</p><p>informações materializadas em relatórios é uma prática tecnológica</p><p>que induz à produção do conhecimento organizacional, uma vez</p><p>que, quando acessados, esses relatórios podem auxiliar na resolução</p><p>de alguma situação problemática parecida e servir como uma</p><p>espécie de meta a ser alcançada pela cooperativa que acessou, por</p><p>exemplo. Dessa forma, a gestão e a disponibilização de relatórios são</p><p>objetos resultantes da filosofia realista enraizada na sociedade.</p><p>FIGURA 10.3 Produtos e serviços de informação: MAPA.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2020).</p><p>O mapa de cooperativas foi uma maneira de armazenar e</p><p>disponibilizar todo o mapeamento de cooperativas que é feito pelos</p><p>membros do observatório, ou seja, a partir desse mapa, o indivíduo</p><p>pode identificar e localizar as cooperativas de créditos mais</p><p>próximas e de próprio interesse. O produto “mapa de cooperativas”</p><p>pode ser considerado um bom exemplo de gestão da informação e</p><p>até de gestão estratégica de informação, uma vez que reúne a</p><p>quantidade de cooperativas de crédito e cooperativas de agro de</p><p>maneira impecável, com um gráfico bem exemplificado e filtros de</p><p>busca fáceis de serem utilizados (figura 10.3).</p><p>A gestão estratégica da informação está na divulgação das</p><p>informações primárias dessas cooperativas, como nome, endereço,</p><p>e-mail e telefone. Nesse caso, a organização dessas informações em</p><p>um só produto pode otimizar os serviços do observatório e</p><p>demonstrar o sério serviço de mapeamento informacional que ele</p><p>faz com relação ao universo que propõe trabalhar: cooperativas de</p><p>crédito e agronegócio. Além disso, contribui para o fortalecimento</p><p>da rede nacional de cooperativas de crédito e agronegócio e sua</p><p>popularização.</p><p>Por isso, para a confecção desse produto, utilizaram-se aportes da</p><p>gestão da informação, já que trabalha com a identificação primária</p><p>das necessidades informacionais de um grupo, com o mapeamento</p><p>de informações, prospecção, monitoramento, coleta, seleção,</p><p>filtragem, análise, organização e armazenamento de informações, a</p><p>fim de propiciar serviços informacionais de qualidade aos</p><p>interessados. E, então, utilizaram-se aportes da gestão estratégica da</p><p>informação, porque todas essas etapas foram e estão sendo</p><p>trabalhadas com um propósito maior do que apenas aplicar gestão</p><p>da informação para proporcionar benefícios aos usuários dos</p><p>serviços do observatório, mas principalmente para divulgar a</p><p>importância do observatório e consequentemente a busca por</p><p>retornos financeiros mais significativos.</p><p>Os mapas sempre tiveram um papel relevante na sociedade e são</p><p>utilizados desde os primórdios dos tempos, principalmente, nos</p><p>processos de descobertas de terras e civilizatórios. Então, a</p><p>construção de mapas sempre estará associada aos registros, a dados,</p><p>à informação e ao conhecimento, e este último como resultado da</p><p>utilização dos mapas. Sobre a importância dos registros no livro</p><p>Discurso do Método, René Descartes expõe a seguinte passagem:</p><p>“(...) Fui nutrido nas letras desde a infância, e por me haver</p><p>persuadido de que, por meio delas, se podia adquirir um</p><p>p q p p q</p><p>conhecimento claro e seguro de tudo o que é útil à vida, sentia</p><p>extraordinário desejo de aprendê-las” (DESCARTES, 1979).</p><p>Portanto, para conhecer, é preciso tocar palavras, sejam elas</p><p>expostas no modo tácito, sejam no modo explícito.</p><p>A proposição dos mapas de cooperativas espalhadas pelo</p><p>território brasileiro configura-se uma ação contextualizada pelo ato</p><p>de guiar indivíduos na construção do conhecimento como processo-</p><p>fim e no acesso à informação como processo-início. Dificilmente</p><p>mapas são contestados, uma vez que sua representação é tida como</p><p>confiável e verdadeira, ou seja, registros em formato de mapas</p><p>representam conhecimento claro e seguro.</p><p>Nesse contexto, a predominância e o poder dos mapas, mediante</p><p>a razão de ser verdadeiro ou não, ocorrem por meio do</p><p>racionalismo cartesiano, em que o conhecimento somente é</p><p>recebido como verdadeiro por alguém quando a ideia que deu</p><p>origem a esse conhecimento deteve clareza e distinção (CAMPOS,</p><p>1959; HESSEN, 1999). Portanto, parte do processo de gestão</p><p>estratégica da informação encontra-se na elaboração de mapas que</p><p>apresentem informações acerca de um assunto interessante para</p><p>determinado público, sempre lembrando que a assimilação da</p><p>informação contribui diretamente na elaboração do conhecimento</p><p>(DE SORDI, 2015).</p><p>FIGURA 10.4 Produtos e serviços de informação: Guia do “Estudante”.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2020).</p><p>Motivados em levar informação de caráter</p><p>1</p><p>Além disso, o conhecimento do indivíduo é</p><p>dinâmico, com mudanças constantes. Santos (2019) também destaca</p><p>a dinamicidade do conhecimento do sujeito a partir da “Espiral do</p><p>Conhecimento” de Nonaka e Takeuchi (1997).</p><p>Há um outro elemento que deve ser apresentado agora. Como a</p><p>memória, que não pode prescindir do esquecimento, o</p><p>conhecimento também vive em constante relação – talvez melhor</p><p>dizer, em constante embate – com o desconhecido. O desconhecido</p><p>está vinculado ao conhecimento do sujeito, uma vez que são, os dois,</p><p>imbricados. Quanto maior o conhecimento de alguém – e ele se</p><p>amplia a cada instante –, maiores são as fronteiras com o</p><p>desconhecido, ou seja, mais questões fazemos ao mundo e a nós</p><p>mesmos a partir dos novos saberes. Um conhecimento recém-</p><p>apropriado abre possibilidades diferenciadas de questionamentos.</p><p>Havendo uma relação entre conhecimento e desconhecido, e</p><p>sendo a construção do conhecimento individual, mas dependente</p><p>do envolvimento com o mundo e com os outros, o conhecimento do</p><p>sujeito não deve ser entendido apenas como algo armazenado,</p><p>guardado nos labirintos do cérebro, calado e quieto esperando para</p><p>atender um chamado e, nesse momento, abrindo seu conteúdo para</p><p>que o sujeito dele faça uso. Qual é o lugar em que o conhecimento</p><p>se acomoda? A gestão da informação e do conhecimento lida apenas</p><p>com o conhecimento tácito e explícito? Pergunta semelhante pode</p><p>ser feita para a informação: o ciclo de vida dela se acaba no</p><p>momento em que é apropriada e se dilui no conhecimento do</p><p>indivíduo? Ou ela permanece interferindo, alterada, mesmo à</p><p>revelia dos desejos do sujeito?</p><p>É a partir das ideias que fundamentam a mediação da informação</p><p>que podemos formular questões como as acima expostas. E é</p><p>também com base nessas concepções que ampliamos as</p><p>preocupações históricas tanto da biblioteconomia como da CI e,</p><p>mais especificamente neste capítulo, preocupações contemporâneas</p><p>de algumas vertentes da administração.</p><p>A recuperação da informação, por exemplo, não é o final último</p><p>dos interesses da biblioteconomia e CI. Desde seus primórdios, a</p><p>primeira tinha como foco a preservação da informação e do</p><p>conhecimento e, em igual medida, o encontro e a entrega de</p><p>informações que atendem a uma necessidade, um interesse e um</p><p>desejo informacional. O acesso ao material representava o fim de</p><p>todos os fazeres das bibliotecas. O objetivo final da biblioteca, a</p><p>partir da mediação da informação, tem como norte não mais o</p><p>acesso ao material, mas a apropriação da informação, plasmada no</p><p>documento. Isso implica uma grande transformação, até mesmo</p><p>epistemológica, da biblioteconomia.</p><p>O emprego do termo “uso” nessas áreas sempre foi, e ainda é,</p><p>muito presente. Defendemos, no entanto, que a informação não é</p><p>usada, utilizada por quem se apropria dela, pois essa situação</p><p>implicaria criar um momento isolado, desconectado de todo o</p><p>contexto e dissociado da história de vida dos que estão envolvidos.</p><p>O uso da informação, concepção muito aceita – e pouco discutida –</p><p>na área, desconsidera que, no momento do processo de mediação,</p><p>estão presentes vários personagens e todos eles carregam seus</p><p>acervos de conhecimento e de experiências (embora, reiterando,</p><p>esses termos existem de maneira integrada), seus interesses, suas</p><p>ideologias e dão à informação negociada significados nem sempre</p><p>iguais. Ou melhor, quase nunca dão significados idênticos.</p><p>Preferimos, e valorizamos, o termo apropriação “(...) este mais</p><p>abrangente e condizente com a real interação entre sujeito e</p><p>informação” (SANTOS NETO, 2019).</p><p>Seguindo esse modo de pensar, defendemos que o sujeito que se</p><p>apropria da informação não faz uso dela, mas faz uso do seu</p><p>p p</p><p>conhecimento alterado, modificado pela informação. Após</p><p>discorrermos brevemente algumas facetas sobre a informação e o</p><p>conhecimento, apresentamos na próxima seção as concepções que</p><p>circundam a mediação da informação.</p><p>1.3 MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO</p><p>Na história das bibliotecas, elas foram constituídas para atender a</p><p>uma demanda, qual seja, a preservação do conhecimento humano.</p><p>As demandas vão se alterando, mas sempre tendo como núcleo a</p><p>necessidade dos que detêm o poder, de manter registrado o que é</p><p>considerado por eles como verdade, o que é do interesse deles. A</p><p>história oficial também faz parte do que é preservado.</p><p>O que não faz parte dos interesses dos que financiam as</p><p>bibliotecas ou os espaços de armazenamento de materiais não deve</p><p>ser incorporado aos acervos e, para isso, formas, explícitas ou não,</p><p>são criadas. O mesmo ocorre ainda hoje. A exigência da norma</p><p>padrão, da língua culta, para a inclusão e aceitação de um material a</p><p>ser incorporado ao acervo, determina a exclusão de toda a</p><p>produção de boa parte, ou da maioria, da sociedade. A coleção,</p><p>assim, representa a produção de uma pequena parcela dessa</p><p>sociedade, parcela essa para a qual é oferecida a oportunidade de</p><p>manter e disseminar suas ideias, seus olhares e seus entendimentos</p><p>de mundo.</p><p>As bibliotecas sempre estiveram ao lado dos excludentes,</p><p>reproduzindo as formas que impõem a manutenção da mesma</p><p>estrutura de classes e alimentando a existência de privilégios, a</p><p>partir da distinção do conhecimento (técnico e científico, entendidos</p><p>como pertencentes às classes excludentes) e o saber popular, quase</p><p>sempre desconsiderado.</p><p>O foco das ações e dos fazeres das bibliotecas estiveram voltados,</p><p>com maior ênfase, para técnicas que viabilizassem a adequada</p><p>preservação. Esse período ficou conhecido pelo “paradigma</p><p>custodial”, por sua vertente historicista, patrimonialista e tecnicista</p><p>(MALHEIRO; RIBEIRO, 2011; SILVA, 2006). O acesso, quando</p><p>permitido, era regido por regras, normas e procedimentos rígidos.</p><p>Os momentos compreendidos como marcos teóricos são aqueles em</p><p>que surgem ferramentas, instrumentos e técnicas de organização</p><p>dos materiais.</p><p>Apenas no final do século XIX, há uma preocupação direcionada</p><p>para os usuários – entendidos de maneira mais abrangente do que o</p><p>público restrito que frequentava as bibliotecas. Denominado</p><p>“paradigma pós-custodial”, esse outro período não emerge com o</p><p>objetivo de desprezar as concepções e defesas postuladas no</p><p>anterior, mas desloca-se a atenção para outro foco: o usuário, a</p><p>difusão e o amplo acesso. Araújo (p. 158, 2014) enfatiza ainda que</p><p>“Pensar no pós-custodial não significa negligenciar a importância de</p><p>se constituírem coleções, acervos, fundos; o pós-custodial não é uma</p><p>negação da custódia, é um prolongamento dela.”</p><p>Os estudos voltados para o atendimento de usuários apontaram</p><p>para um espaço denominado serviço de referência.</p><p>2</p><p>Samuel Sweet</p><p>Green, considerado o pai do serviço de atendimento ao público nas</p><p>bibliotecas, uma vez que é dele a primeira proposta</p><p>3</p><p>de serviço de</p><p>referência, representa um dos marcos da história das bibliotecas e</p><p>da biblioteconomia (FIGUEIREDO, 1992). Mas sua proposta estava</p><p>sendo gerada entre os que atuavam na área e nas demandas</p><p>provenientes da sociedade de então. Green sistematiza os debates e</p><p>as discussões da época, mesmo sendo eles oriundos de uma parcela</p><p>diminuta dos que estudavam a área.</p><p>As ideias propostas por S. Green repercutiram no âmbito da</p><p>biblioteconomia em todo o mundo, mas de maneira muito vagarosa.</p><p>Os recursos, para que novas concepções fossem conhecidas,</p><p>assimiladas e implantadas, eram poucos e possuíam uma dinâmica</p><p>de disseminação que levava anos para que alcançasse os possíveis</p><p>interessados. No Brasil, essas ideias demoraram a chegar ao</p><p>conhecimento dos bibliotecários e, mesmo hoje, a quantidade de</p><p>bibliotecas que possuem um espaço estruturado para atendimento</p><p>aos usuários é pequena.</p><p>O campo da biblioteconomia e da CI, entendido como núcleo</p><p>duro (entendimento esse com o qual não compartilhamos), a</p><p>organização e a representação da informação e do conhecimento</p><p>exacerba, em muitos momentos, a importância da técnica, de forma</p><p>a identificá-las como a concretização do objeto da área.</p><p>Organizar sem disseminar é algo inócuo, sem sentido, ou melhor,</p><p>possui</p><p>motivador e que</p><p>provoque o crescimento das pessoas e certa facilidade em suas</p><p>escolhas intelectuais e de formação, o grupo do OBSCCOP criou o</p><p>produto “Guia do ‘Estudante’”, que é interessante e necessário. O</p><p>mesmo possui como intuito auxiliar os interessados em encontrar</p><p>cursos de graduação ou pós-graduação cadastrados no MEC, assim</p><p>como a localização desses cursos e demais informações consideradas</p><p>relevantes. Por exemplo, se o curso é presencial ou a distância, etc.</p><p>(figura 10.4).</p><p>O produto “Guia do Estudante” também é uma prática de gestão</p><p>estratégica da informação, que possui como intuito compartilhar</p><p>informações sobre cursos na área do cooperativismo de crédito e</p><p>agronegócios em todo o Brasil. Os filtros de busca utilizados é que</p><p>demonstram o teor estratégico desse produto informacional, uma</p><p>vez que a divulgação desses cursos também considera o contexto das</p><p>universidades privadas, além das públicas, e obviamente existe um</p><p>propósito de crescimento financeiro sobre essa ação.</p><p>Com isso, é possível dizer que a gestão da informação e a</p><p>consequente construção do conhecimento possuem forte teor</p><p>estratégico capitalista na modalidade neoliberal. O neoliberalismo</p><p>perpassa pela condição estabelecida no século atual em que dar e</p><p>receber informação e conhecimento são construções humanas livre</p><p>e atreladas à busca do “construa o seu melhor, seja o melhor que</p><p>possa ser”, ou seja, do ponto de vista crítico e filosófico, a sociedade</p><p>da informação é uma sociedade extremamente neoliberal que</p><p>romantiza a construção e a gestão da informação e do conhecimento</p><p>em prol do fortalecimento do sistema capitalista. E por aqui estamos</p><p>apenas abrindo um campo de diálogo sem julgamentos, apenas</p><p>reflexões e constatações baseadas no científico e nas escritas</p><p>filosóficas de Hessen (1999).</p><p>FIGURA 10.5 Produtos e serviços de informação: agenda de eventos cien��cos.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2019).</p><p>A agenda de eventos científicos busca propiciar informações</p><p>sobre congressos, encontros, seminários e workshops nacionais e</p><p>internacionais da área, indicando local, data, objetivo, e informa</p><p>como o interessado pode participar. Sempre que possível, para</p><p>facilidade de manuseio e mais informações, disponibiliza os links</p><p>para acesso ao Anais do Eventos (figura 10.5).</p><p>A disponibilização de links, para acesso aos trabalhos publicados</p><p>nos eventos da área, deve ser considerada uma boa prática de</p><p>difusão do conhecimento e compartilhamento de informações. Do</p><p>ponto de vista da gestão da informação, é importante a divulgação</p><p>de eventos científicos nacionais e internacionais, bem como as</p><p>pesquisas que são oriundas desses eventos, pois provoca</p><p>naturalmente uma união necessária do ambiente acadêmico com o</p><p>ambiente empresarial e cooperativista, e que contribui para a</p><p>otimização dos serviços das cooperativas. Se temos pesquisas sendo</p><p>desenvolvidas, elas necessitam serem tocadas e utilizadas por</p><p>alguém.</p><p>A divulgação de eventos científicos também é uma espécie de</p><p>ponto de partida para o estabelecimento de relações entre sujeitos,</p><p>objetos e pesquisas, e concomitantemente abertura de campos</p><p>experimentais. Para Araújo (2012), na teoria do conhecimento, o</p><p>empirismo é uma famosa vertente que detém muitos seguidores que</p><p>acreditam verdadeiramente nas suas colocações, que, por sua vez, se</p><p>baseiam na afirmação de que a experiência com o mundo sensível é</p><p>o principal caminho para origem do conhecimento.</p><p>Segundo Hessen (1999), o conhecimento surge por meio da</p><p>experiência do indivíduo com os sentidos do mundo cósmico e</p><p>físico. Portanto, a interação baseada na observação, na visão e no</p><p>contato em tempo real com outros indivíduos e objetos representa-</p><p>se como o principal processo de geração do conhecimento.</p><p>Nesse contexto, é possível afirmar que um produto informacional</p><p>que possui como missão divulgar informações sobre eventos</p><p>científicos está automaticamente contribuindo para esse processo de</p><p>elaboração do conhecimento, uma vez que o simples ato de</p><p>disponibilizar informações que facilitam a participação de sujeitos</p><p>em eventos científicos já cumpre o papel de motivação e indução à</p><p>busca de conhecimento e ao estabelecimento de relações intelectuais</p><p>e interpessoais. Geralmente, o principal intuito de um evento</p><p>científico é justamente reunir pessoas para discutir pesquisas e</p><p>ideias e, ao mesmo tempo, contribuir para firmação de parcerias</p><p>entre esses pares.</p><p>FIGURA 10.6 Produtos e serviços de informação: biblioteca.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2020).</p><p>A biblioteca é um repositório on-line que reúne arquivos ou links</p><p>para acesso a artigos acadêmicos, teses, dissertações e boletins</p><p>estatísticos gerados por pesquisadores do observatório ou coletados</p><p>externamente, ou seja, toda pesquisa que possua maior relevância</p><p>para a área, mesmo que não seja oriunda do trabalho dos membros</p><p>e pesquisadores do grupo, costuma ser adicionada a esse repositório</p><p>(figura 10.6).</p><p>A existência de um repositório digital com artigos científicos,</p><p>teses e dissertações e resenhas de livros é interessante e necessária,</p><p>se pensarmos na importância de fundir o ambiente acadêmico de</p><p>pesquisa com o ambiente empresarial. Todavia, a arquitetura desse</p><p>repositório encontra-se fragilizada, uma vez que muitos filtros (links)</p><p>direcionam para a página de busca geral e não são necessários, pois</p><p>causam confusão no usuário e a impressão de que não há aplicação</p><p>de uma gestão da informação efetiva nesse ponto. Sugere-se apenas</p><p>um link explicando a importância do repositório e descrevendo a</p><p>sua funcionalidade, e um outro link de busca que englobe os artigos</p><p>acadêmicos, as resenhas de livros, as revistas acadêmicas, as teses e</p><p>as dissertações e os working papers.</p><p>Além disso, cabe enfatizar que, ao explorar esse produto de</p><p>informação do OBSCCOP, percebe-se a falta de material e,</p><p>portanto, de atualização da página. Além disso, é interessante dar</p><p>destaque aos trabalhos que são oriundos dos pesquisadores do</p><p>observatório, pois contribui para divulgação dos pesquisadores e do</p><p>grupo e exalta a importância deles para o mercado e para a</p><p>sociedade. Logo, foi possível constatar que não há aportes da gestão</p><p>estratégica da informação na confecção do repositório do</p><p>OBSCCOP, mesmo sendo mais uma ótima iniciativa para difusão da</p><p>ciência.</p><p>Com base na teoria do conhecimento e no viés do empirismo</p><p>inglês de Francis Bacon e John Locke, o conhecimento surge</p><p>principalmente das sensações, mas também da percepção, do</p><p>pensamento, da crença e do raciocínio (HESSEN, 1999). Nesse caso,</p><p>a disposição de livros e artigos científicos é uma tarefa que contribui</p><p>com todos esses processos, que são fontes de conhecimento, uma vez</p><p>que a leitura propicia sensações, pensamentos, reflexão e</p><p>aprimoramento de crenças e raciocínio.</p><p>Obviamente, as sensações que surgem, por meio da leitura, não</p><p>estão no campo da prática dos escritos que são lidos, mas motivam e</p><p>preparam o terreno dos pensamentos e das ideias com base na</p><p>reflexão do que e como o conhecimento registrado pode ser</p><p>q g p</p><p>representado e colocado em prática. Por isso, infere-se que a</p><p>construção do conhecimento está na experimentação teórica que</p><p>deve anteceder à prática.</p><p>FIGURA 10.7 Produtos e serviços de informação: curso de curta duração.</p><p>Fonte: Website OBSCCOP (2020).</p><p>O OBSCOOP oferece cursos de curta duração sobre finanças e</p><p>governança em cooperativas de crédito e cooperativas</p><p>agropecuárias, que geralmente possuem uma carga horária de até</p><p>60 horas e são destinados a executivos e/ou prestadores de serviços</p><p>para as cooperativas dos ramos agropecuário, crédito e saúde</p><p>(figura 10.7).</p><p>Quanto à divulgação dos cursos de curta duração, sugere-se que</p><p>seja disposto no site a ementa dos cursos bem como valores e</p><p>formulário para inscrição on-line dos interessados. Além disso, um</p><p>espaço para que usuários e clientes possam indicar suas</p><p>necessidades informacionais e de formação para a área bem como os</p><p>problemas que possam estar enfrentando no dia a dia da</p><p>cooperativa. Essa prática é importante,</p><p>um sentido quando voltado para atender a interesses não</p><p>especificamente da área. Muitas das técnicas utilizadas na área</p><p>preocupam-se apenas com a organização e dirigem pouca</p><p>importância ao usuário. Norteadas apenas para a organização, as</p><p>bibliotecas apontam seu olhar para o próprio acervo, para a própria</p><p>estrutura de documentos, dando importância exagerada para a</p><p>preservação.</p><p>Para ser aceito na área, o serviço de referência foi estruturado</p><p>como técnicas a serem adotadas e implantadas como maneiras de</p><p>atendimento e como procedimentos para satisfazer necessidades</p><p>informacionais. Assim, desde seus primórdios, ele foi idealizado, a</p><p>partir de metodologias de atendimento, incluindo, posteriormente,</p><p>estudos sobre problemas e obstáculos para concretização dos fazeres</p><p>do bibliotecário. Dentre tais procedimentos que podem ser</p><p>encontrados na literatura, destacamos alguns autores, como Galvin</p><p>(1971), Grogan (1995), Macedo (1990), Figueiredo (1992), Mangas</p><p>(2007) e Accart (2012).</p><p>A ideia de recuperação da informação, apresentada</p><p>anteriormente e identificada com o mero acesso aos documentos,</p><p>está sendo por nós criticada, pois credita ao bibliotecário ou a</p><p>qualquer funcionário da biblioteca que exerce esse papel um fazer</p><p>limitado a entrega de materiais ou a possibilitar a relação do usuário</p><p>com documentos – entendidos por muitos como informação – que</p><p>atendem, ou pretensamente atendem, a uma necessidade</p><p>informacional. Essa concepção é fortemente atrelada à ideia de</p><p>ponte, em que o bibliotecário permite a passagem/o deslocamento</p><p>da informação até o usuário. Todavia, refutamos também essa ideia,</p><p>visto que ela se enquadra mais nos princípios da Teoria Matemática</p><p>da Comunicação de Shannon e Weaver, em que a mediação é</p><p>compreendida como um canal de comunicação, onde o seu papel é</p><p>entendido no sentido estático, como “ponte”, e o objetivo é levar a</p><p>informação de um lugar para o outro. Acreditamos que a mediação</p><p>vai além do sentido estático e neutro que exerce a ponte.</p><p>q p</p><p>Discussões teóricas ou que abrangessem os interesses, as</p><p>necessidades e os desejos dos usuários passaram ao largo das</p><p>preocupações dos pesquisadores e estudiosos do tema.</p><p>Além do atendimento ao usuário, com uma preocupação dirigida</p><p>à apropriação da informação – contrapondo-se aos discursos que</p><p>advogavam o final de suas atribuições à recuperação da informação,</p><p>ou dos documentos melhor dizendo –, também o olhar voltado à</p><p>informação é incluído tardiamente nos interesses da área ou das</p><p>áreas. Nas bibliotecas públicas, por exemplo, a responsabilidade</p><p>informacional surge no final dos anos 1960 e começo dos anos 1970,</p><p>coincidindo com o nascimento formal da ciência da informação.</p><p>A informação, assim, é inserida na área da biblioteconomia e se</p><p>faz protagonista de estudos e pesquisas há pouco mais de 50 anos.</p><p>Nessa área, ainda hoje, há uma dificuldade em separar informação,</p><p>mais abstrata, dos suportes físicos, em especial, do livro. Por sua vez,</p><p>a concepção de informação presente na origem da CI está vinculada</p><p>à matemática, conforme apontado anteriormente, e está voltada, em</p><p>uma primeira instância, para ela mesma.</p><p>A mediação da informação surge, inicialmente, como um espaço</p><p>de discussão mais teórico do serviço de referência. Mais: trazendo</p><p>uma preocupação com o usuário e tornando-o núcleo desse, em</p><p>tese, novo segmento. A abrangência do âmbito da mediação da</p><p>informação incorpora os fazeres tanto do serviço-fim como dos</p><p>serviços-meio da biblioteca e, nessa abrangência, aporta, em todos</p><p>eles, o olhar norteador para o usuário, uma concepção de</p><p>informação menos objetiva e uma opção por caminhos mais sociais.</p><p>A partir desse olhar, os estudos voltados para a mediação</p><p>ampliam seu foco, isto é, considera-se a informação – até então</p><p>compreendida como objeto da CI – mas também o sujeito,</p><p>reconhecendo sua individualidade e seu papel imprescindível nos</p><p>processos de apropriação da informação ou de bens da cultura</p><p>(ALMEIDA JÚNIOR, 2008; ARAÚJO, 2014; NUNES;</p><p>CAVALCANTE, 2017). Sendo assim, seria interessante aos</p><p>investigadores da mediação compreender não só como a informação</p><p>se desloca e/ou chega até o usuário mas também as implicações e</p><p>decorrências desse processo contínuo e complexo.</p><p>p p</p><p>O conceito de mediação da informação aqui utilizado é o de</p><p>Almeida Junior (2015b), que a entende como</p><p>Toda ação de interferência – realizada em um processo, por um pro�ssional da</p><p>informação e na ambiência de equipamentos informacionais –, direta ou indireta;</p><p>consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a</p><p>apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea,</p><p>uma necessidade informacional, gerando con�itos e novas necessidades</p><p>informacionais.</p><p>A ação de interferência se contrapõe às posições passivas e</p><p>voltadas para o interior das bibliotecas e das discussões das áreas da</p><p>biblioteconomia e da CI. A interferência – para se distinguir da</p><p>manipulação, da imposição de ideias, mesmo que não consciente –</p><p>exige um conhecimento do usuário pertencente a uma comunidade</p><p>específica, aquela em cujo espaço a biblioteca ou qualquer tipo de</p><p>equipamento informacional está inserido.</p><p>A concepção de processo está explicitada nesse conceito, uma vez</p><p>que a mediação não é um ato realizado em um momento, em que</p><p>estão presentes apenas o mediador, o usuário e a informação. Ao</p><p>contrário, além de outros vários personagens, a informação carrega</p><p>seu ciclo de vida para a mediação, incluindo sua produção e os</p><p>vários significados que foi recebendo; o mediador e o usuário</p><p>carregam consigo seus acervos de conhecimento, incluindo, claro, as</p><p>experiências de vida, uma vez que tais acervos são partes do</p><p>processo de mediação e interferirão nele.</p><p>Alguns outros aspectos do conceito já foram analisados por nós</p><p>em outros textos, mas aqui destacamos a apropriação; a geração de</p><p>conflitos; a satisfação informacional momentânea; e a consciência e</p><p>inconsciência tanto na geração da informação como na apropriação</p><p>dela.</p><p>Esse último item é importante quando analisamos duas formas</p><p>com as quais os mediadores atuam no âmbito da mediação da</p><p>informação. Essas formas foram inicialmente identificadas como</p><p>dimensões da mediação, mas, agora, preferimos chamá-las de</p><p>aspectos das bases de ação da mediação. A primeira delas</p><p>(...) é intrínseca ao fazer do pro�ssional da informação, quer atuando ele no</p><p>atendimento ao público (mediação explícita da informação), quer atuando nos serviços</p><p>internos, também chamados de serviços meios (mediação implícita da informação). A</p><p>mediação nesse caso é inerente ao fazer. Ela está presente, independente da vontade</p><p>do pro�ssional. Esse pro�ssional veicula ideias, conceitos, concepções, valores de</p><p>maneira consciente e inconsciente. Nesta dimensão da mediação, o pro�ssional pode</p><p>controlar muito do que dissemina, do que veicula, mas há um componente inconsciente</p><p>sobre o qual ele não possui controle. As palavras escolhidas para comunicar algo; a</p><p>forma de estruturá-las; posturas físicas; a organização do acervo; o sistema escolhido</p><p>para estruturar os documentos; a arquitetura do prédio onde atua; possuem todas,</p><p>uma ampla parcela de inconsciente (ALMEIDA JUNIOR, 2015a).</p><p>A esse aspecto, como pode ser apreendido na citação, podemos</p><p>denominá-lo mediação intrínseca da informação. Por outro lado, o</p><p>segundo aspecto, aqui denominado mediação explícita da</p><p>informação, foi assim definido por Almeida Junior (2015a):</p><p>(...) quando organizamos serviços, estruturamos o atendimento, propomos ações de</p><p>educação de usuários etc., estamos dentro de outra dimensão da mediação da</p><p>informação, mais clara, mais consciente (embora também tenha muito de</p><p>inconsciente), mais palpável, um pouco mais controlável. (...) Esta segunda dimensão</p><p>identi�ca-se com a disseminação da informação. No entanto, a ideia de mediação da</p><p>informação é mais abrangente que a da disseminação, uma vez que esta nunca se</p><p>interessou com a apropriação da informação, atendo-se ao acesso físico do documento</p><p>pelo usuário.</p><p>Assim, a disseminação da informação está mais relacionada com a</p><p>transferência da informação do que com a mediação da informação.</p><p>A mediação da informação está presente em todos os fazeres, em</p><p>todas as ações, em todas as atividades desenvolvidas e acontecidas</p><p>no âmbito dos equipamentos informacionais. Isso implica a</p><p>existência da mediação da informação tanto nos trabalhos realizados</p><p>no serviço de referência, no atendimento ao público, como nos</p><p>serviços de organização da informação, comumente chamados de</p><p>serviços técnicos. Mas devem ser eles diferenciados, principalmente,</p><p>a partir da relação de cada um com os usuários.</p><p>Os serviços que atuam diretamente com os usuários estão sob a</p><p>designação de mediação explícita da informação. Os outros serviços</p><p>que não têm contato constante e direto com os usuários, por sua</p><p>vez, são identificados como mediação implícita da informação.</p><p>Essa distinção é importante, pois o foco da continuação deste</p><p>texto se volta para a gestão da informação e do conhecimento nos</p><p>equipamentos informacionais e demais organizações. Uma vez que o</p><p>contato direto com o público não é uma necessidade imprescindível</p><p>para que os trabalhos nesses serviços ocorram, esse espaço do fazer</p><p>dos profissionais da informação, oriundos da biblioteconomia, CI ou</p><p>administração, será entendido como parte da mediação implícita da</p><p>informação.</p><p>Os fazeres da gestão, da organização, da administração das</p><p>organizações, dos equipamentos informacionais e dos sistemas de</p><p>informação têm, como todos os outros serviços-meio, o objetivo de</p><p>dar condições para que o usuário possa se apropriar de informações</p><p>que atendam momentaneamente seus interesses, suas necessidades</p><p>e seus desejos informacionais. Assim, esses trabalhos devem ter uma</p><p>preocupação com a mediação da informação, em especial, com seus</p><p>aspectos implícitos. Não podem prescindir de atentar para os</p><p>aspectos implícitos e explícitos da mediação da informação, já que</p><p>os dois aspectos estão presentes no bojo dos trabalhos realizados.</p><p>Assim sendo, a próxima seção destina-se a uma temática</p><p>amplamente discutida na CI, tecnologia da informação, engenharia</p><p>de produção e, também, na administração.</p><p>1.4 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO</p><p>Os processos de gestão da informação e do conhecimento são</p><p>inerentes às organizações de distintas naturezas, sejam elas do ramo</p><p>informacional/cultural ou mercadológico/empresarial/industrial,</p><p>prestadoras de serviços ou produtos/bens. Valentim (2008) destaca</p><p>que “As organizações são um dos principais núcleos da sociedade</p><p>contemporânea, no sentido de que elas sustentam os fluxos sociais,</p><p>econômicos, políticos, tecnológicos etc., inerentes ao mundo atual.”</p><p>Por desempenhar fundamental papel no bojo social, as</p><p>organizações carecem de uma gestão efetiva e inteligente.</p><p>Complexas por natureza, as organizações lidam com elementos</p><p>também complexos: sujeitos, cultura, informação, conhecimento,</p><p>dentre outros. Na CI, há um foro privilegiado de discussão em que</p><p>pesquisadores e estudantes em nível de pós-graduação relatam</p><p>anualmente seus resultados de pesquisa em andamento e</p><p>finalizadas; é o grupo de trabalho (GT 4) da Associação Nacional de</p><p>Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação no Brasil</p><p>(ANCIB).</p><p>Ao analisar também os programas de pós-graduação em ciência</p><p>da informação e áreas afins no Brasil, identificamos as áreas de</p><p>concentração e as linhas de pesquisa com os termos “gestão”,</p><p>“gestão da informação” e/ou “gestão do conhecimento”,</p><p>4</p><p>conforme</p><p>o quadro 1.1.</p><p>QUADRO 1.1 Programas de pós-graduação na CI com ênfase em gestão</p><p>PPG/IES Áreas de Concentração e Linhas de Pesquisa</p><p>PPGCI UFRJ/IBICT Informação e Mediações Sociais e Tecnológicas para o Conhecimento</p><p>1) Comunicação, Organização e Gestão da Informação e do Conhecimento</p><p>2) Con�gurações Socioculturais, Polí�cas e Econômicas da Informação</p><p>PPGCI/UFMG Informação, Mediações e Cultura</p><p>1) Memória Social, Patrimônio e Produção do Conhecimento</p><p>2) Polí�cas Públicas e Organização da Informação</p><p>3) Usuários, Gestão do Conhecimento e Prá�cas Informacionais</p><p>PPG-GOC/UFMG Representação do Conhecimento</p><p>1) Arquitetura & Organização do Conhecimento (AOC)</p><p>2) Gestão & Tecnologia (GET)</p><p>PPGCINF/UNB Gestão da Informação</p><p>1) Organização da Informação</p><p>2) Comunicação e Mediação da Informação</p><p>PPGCI/UNESP Informação, Tecnologia e Conhecimento</p><p>1) Informação e Tecnologia</p><p>2) Produção e Organização da Informação</p><p>3) Gestão, Mediação e Uso da Informação</p><p>PPGCI/UFSC Gestão da Informação</p><p>1) Organização, Representação e Mediação da Informação e do</p><p>Conhecimento</p><p>2) Informação, Gestão e Tecnologia</p><p>PPGCI/USP Cultura e Informação</p><p>1) Apropriação Social da Informação</p><p>2) Gestão de Disposi�vos de Informação</p><p>3) Organização da Informação e do Conhecimento</p><p>PPGCI/MPGI/USP Organização, Mediação e Circulação da Informação</p><p>1) Mediação Cultural</p><p>2) Gestão de Unidades de Informação</p><p>3) Organização do Conhecimento</p><p>PPGCI/UFPB Informação, Conhecimento e Sociedade</p><p>1) Informação, Memória e Sociedade</p><p>2) Organização, Acesso e Uso da Informação</p><p>3) É�ca, Gestão e Polí�cas de Informação</p><p>PPG-GDA/UNIRIO Gestão de Arquivos na Arquivologia Contemporânea</p><p>1) Arquivos, Arquivologia e Sociedade</p><p>2) Gestão da Informação Arquivís�ca</p><p>PPGINFO/UDESC Gestão da Informação</p><p>1) Gestão de Unidades de Informação</p><p>2) Informação, Memória e Sociedade</p><p>PPGIC/UFRN Informação e Conhecimento na Sociedade Contemporânea</p><p>1) Gestão da Informação e do Conhecimento</p><p>PPGCI/UFC Representação e Mediação da Informação e do Conhecimento</p><p>1) Representação da Informação e do Conhecimento e Tecnologia</p><p>2) Mediação e Gestão da Informação e do Conhecimento</p><p>PPGCI/UFS</p><p>(FUFSE)</p><p>Gestão da Informação e do Conhecimento e Sociedade</p><p>1) Informação, Sociedade e Cultura</p><p>2) Produção, Organização e Comunicação da Informação</p><p>PPGCI/UFPA Gestão da Informação e do Conhecimento</p><p>1) Mediação e Uso da Informação</p><p>2) Organização da Informação</p><p>Fonte: Dados da pesquisa (2020).</p><p>Os programas recuperados pela plataforma sucupira e aqueles</p><p>indicados pela Ancib totalizam 27 programas de 22 instituições. No</p><p>total, são 30 áreas de concentração e 67 linhas de pesquisa. Desses</p><p>números, 6 áreas de concentração dos programas analisados</p><p>inserem a gestão em seus nomes e 12 apresentam linhas de pesquisa</p><p>com os termos “gestão”, “gestão da informação” e/ou “gestão do</p><p>conhecimento”. Desses programas, destacamos o PPGCI/UNESP e o</p><p>PPGCI/UFC em que uma de suas linhas de pesquisa congrega as</p><p>duas temáticas discutidas neste capítulo: gestão e mediação. Esse</p><p>panorama demonstra a inserção da temática no contexto da pós-</p><p>graduação no país.</p><p>A gestão da informação (GI) é um processo gerencial. A coleta de</p><p>informações não pode ser interrompida, deve haver um sistema de</p><p>aquisição contínuo em diferentes segmentos, considerando todo o</p><p>ambiente informacional, classificando as informações em uma</p><p>estrutura relevante, levando em consideração seu formato e sua</p><p>estrutura (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Valentim (2008)</p><p>compreende a gestão da informação (GI) como</p><p>(...) um conjunto de atividades que visa: obter um diagnóstico das necessidades</p><p>informacionais; mapear os �uxos formais de informação nos vários setores da</p><p>organização; prospectar, coletar, �ltrar, monitorar, disseminar informações de</p><p>diferentes naturezas; e elaborar serviços e produtos informacionais, objetivando apoiar</p><p>o desenvolvimento das atividades/tarefas cotidianas e o processo decisório (...)</p><p>A GI permitirá que os gestores planejem estratégias para agregar</p><p>valor à informação, transformando-a em conhecimento necessário</p><p>para o sucesso das organizações. O processo de GI “(...) no es algo que</p><p>posee linealidad sino que, por lo contrario, consiste en algo dinámico y debe</p><p>ser capaz de percibir las necesidades y los flujos informacionales. Así, la</p><p>información es un recurso estratégico que, cuando es gestionada por medio de</p><p>la GI, subsidia la toma de decisión” (SANTOS NETO; SANTOS;</p><p>NASCIMENTO, 2017).</p><p>A gestão do conhecimento (GC), por outro lado, refere-se a um</p><p>conglomerado de processos e fazeres que almeja:</p><p>(...) trabalhar a cultura organizacional/informacional e a comunicação</p><p>organizacional/informacional em ambientes organizacionais, no intuito de propiciar um</p><p>ambiente positivo em relação à criação/geração, aquisição/apreensão,</p><p>compartilhamento/socialização e uso/utilização de conhecimento, bem como mapear</p><p>os �uxos informais (redes) existentes nesses espaços, com o objetivo de formalizá-los,</p><p>na medida do possível, a �m de transformar o conhecimento gerado pelos indivíduos</p><p>(tácito) em informação (explícito), de modo a subsidiar a geração de idéias, a solução</p><p>de problemas e o processo decisório em âmbito organizacional (VALENTIM, 2008).</p><p>A GC permite o aprendizado e o compartilhamento de</p><p>conhecimentos entre os sujeitos, subsidia a tomada de decisão,</p><p>reduz custos e riscos, agrega valor à organização, lida com os fluxos</p><p>informais e possui como objeto o conhecimento tácito (SANTOS,</p><p>2019).</p><p>Valentim (2008) ressalta que o conceito de gestão do</p><p>conhecimento não é consenso na área de CI e que existem duas</p><p>correntes distintas: uma que considera a GC conforme indicado</p><p>anteriormente e outra que não acredita ser possível gerenciar a</p><p>mente humana, local onde se reside o conhecimento. No entanto,</p><p>assim como a referida autora, entendemos que a GC não consiste na</p><p>“gestão da mente humana”. Além de lidar com dois tipos de</p><p>conhecimento, tácito e explícito, compreendemos que outro tipo de</p><p>conhecimento permeia também a GC, aquele que está em meio à</p><p>penumbra e ao crepúsculo, ou seja, entre o conhecimento tácito e o</p><p>explícito, temos outros tipos e graus de conhecimento.</p><p>Santos Neto, Santos e Nascimento (2017) destacam que é muito</p><p>comum a confusão e associação entre as temáticas, no entanto,</p><p>esclarecem que “La GI y la GC actúan en los flujos informacionales de la</p><p>organización. El flujo se divide en dos, flujo informacional informal o no</p><p>estructurado, que es donde actúa la GC, y el flujo informacional formal o</p><p>estructurado, que es donde actúa la GI.”</p><p>Encontramos, na literatura da CI, também algumas pesquisas que</p><p>aproximaram as temáticas mediação e gestão: Pinheiro (2008)</p><p>discute formas de mediação para gestão da informação em</p><p>organizações e compreende que essas mediações são dependentes</p><p>de linguagens e formações simbólicas; Lopes e Valentim (2009)</p><p>apresentam alguns modelos de gestão do conhecimento e o quanto</p><p>a mediação pode interferir na tomada de decisão dos acionistas e</p><p>investidores das empresas de capital aberto com nível de governo</p><p>corporativo; Coelho, Santos e Valentim (2015) abordam a</p><p>importância da inter-relação entre a gestão da informação e do</p><p>conhecimento e mediação da informação com foco nas estratégias</p><p>organizacionais em busca da competitividade; Jotta e Barbosa</p><p>(2015) discutem a gestão da informação e a mediação científica das</p><p>coleções dos museus de ciência e tecnologia, com o intuito de</p><p>investigar como essas práticas são realizadas para que os usuários</p><p>compreendam os processos de desenvolvimento científico e</p><p>tecnológico, bem como entender como se dá a produção científica</p><p>no Brasil; Santos (2015) aborda como a gestão da informação e do</p><p>conhecimento pode contribuir para melhorar as atividades de</p><p>p p</p><p>mediação da informação nos dispositivos da web social</p><p>disponibilizadas pelas bibliotecas universitárias; Santos, Damian e</p><p>Del-Massa (2017) investigam a possibilidade de inserir a gestão da</p><p>informação nas práticas de trabalho das unidades de saúde da</p><p>família, destacando a negociação cultural como possível estratégia</p><p>de mediação da informação.</p><p>A partir dessas pesquisas, fica evidente que esforços vêm sendo</p><p>realizados com o objetivo de integrar as áreas da gestão e da</p><p>mediação tanto em nível prático quanto em teórico. Além disso,</p><p>identificamos que esses trabalhos situam a gestão e a mediação em</p><p>distintos contextos e cenários, seja no âmbito de organizações do</p><p>mundo do trabalho, empresarial, seja em unidades e equipamentos</p><p>informacionais. Acreditamos, portanto, que o estabelecimento</p><p>dessas relações se dá por conta de um movimento interdisciplinar,</p><p>tema por nós discutido na próxima seção.</p><p>1.5 INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>O conhecimento, em nosso entendimento, é único e está</p><p>segmentado para que seja mais bem estudado. Pensar o</p><p>conhecimento como um todo é tarefa praticamente impossível e, em</p><p>vista disso, ele foi segmentado, e cada segmento. subdividido. Essa</p><p>segmentação pode ser observada a partir da disciplinarização do</p><p>conhecimento que aparece claramente nas tabelas de área do</p><p>conhecimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico</p><p>e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de</p><p>Pessoal de Nível Superior (CAPES), demais agências de fomento e,</p><p>inclusive, na departamentalização dos cursos de graduação e pós-</p><p>graduação nas universidades, nas faculdades e nos centros de</p><p>pesquisa. Essa divisão pode ser vista física e geograficamente,</p><p>quando os centros de estudo ou prédios alocam determinados</p><p>cursos de determinadas áreas em um espaço e não em outro.</p><p>Ressaltamos, porém, que tal divisão não se dá sempre da mesma</p><p>forma nas instituições de ensino.</p><p>Além do exposto, os motivos para tal segmentação e suas</p><p>subdivisões, foram sendo ancorados em variados motivos, embora</p><p>nem sempre de ordem epistemológica e hierarquizada. Em</p><p>inúmeros momentos, a segmentação deu-se por razões meramente</p><p>pessoais ou de relacionamentos conflitantes. Em outros, a motivação</p><p>estava baseada em defesas de correntes antagônicas que perdiam</p><p>espaço de protagonismo, que não eram mais entendidos como</p><p>paradigmático.</p><p>Os segmentos do conhecimento humano e as suas divisões foram-</p><p>se arborizando e dificultando a relação entre eles. Alguns, por</p><p>motivos diversos, se reconheceram como mais importantes do que</p><p>outros e acabaram se impondo como tal. Em outros textos, já</p><p>abordamos essa temática e apresentamos algumas ações que pregam</p><p>a necessidade de integração, ou ao menos de aproximação, entre</p><p>vários desses segmentos. Exemplo disso é o aparecimento, não como</p><p>segmento, da físico-química, da bioquímica e da biofísica. Tanto a</p><p>física quanto a biologia e a química continuam existindo como</p><p>campos do conhecimento humano, mas com relações, com</p><p>conversas, com aproximações, com ações conjuntas, com trocas de</p><p>saberes.</p><p>Outro exemplo é a constância em que é empregada a ideia de</p><p>ampliação de estudos a partir de uma concepção holística. Defende-</p><p>se, a partir dela, a necessidade de os estudos levarem em conta um</p><p>olhar direcionado para o todo, para o conhecimento englobando os</p><p>segmentos. No âmbito da globalização, nosso pensar é globalizado,</p><p>mas sem esquecer o localismo. Alterando essa perspectiva, aqui</p><p>nosso olhar deve ser calcado no espaço micro, os segmentos e as</p><p>suas divisões, mas voltando-se para o espaço macro, ou seja, o</p><p>conhecimento único.</p><p>Compreendemos a interdisciplinaridade como (...) uma ação de exploração cientí�ca</p><p>que promove a inter-relação de conhecimentos e metodologias oriundos de duas ou</p><p>mais disciplinas, objetivando construir ‘novo’ conhecimento que responda aos anseios</p><p>cientí�cos das áreas envolvidas (SANTOS NETO et alii, 2017).</p><p>Uma prática comum, nas ciências humanas e ciências sociais</p><p>aplicadas, é a de categorizar as subáreas do conhecimento como</p><p>inter, pluri, multi ou transdisciplinar, fato este que pode ser</p><p>comprovado a partir da dinâmica que é estabelecida entre as</p><p>disciplinas envolvidas. A exemplo disso, pode-se mencionar o caso</p><p>da CI que, para determinados autores, é interdisciplinar (ARAÚJO</p><p>et alii, 2007; MORAES; CARELLI, 2016; PINHEIRO, 2006;</p><p>SANTOS NETO et alii, 2017) e, para outros, pluri, multi ou</p><p>transdisciplinar (BICALHO; BORGES, 2003; BICALHO;</p><p>OLIVEIRA, 2011). No caso da gestão da informação e do</p><p>conhecimento, vislumbramos que há uma forte influência dos</p><p>campos administração, sistemas da informação e da tecnologia da</p><p>informação. Acreditamos que o que determina o movimento</p><p>disciplinar seja a concepção (finita ou não) que se tem em relação a</p><p>uma área, seus fenômenos e seu objeto de estudo.</p><p>A interdisciplinaridade, de algum</p><p>tempo para cá, ocupa espaços</p><p>entre os interesses dos que estudam a ciência e as relações entre</p><p>elas. A troca de conhecimentos específicos, resultado das</p><p>aproximações acima comentadas, permite olhares amplos e</p><p>questionamentos mais abrangentes. Os campos, os segmentos, as</p><p>divisões, quando em interlocução, criam uma vivência de respeito,</p><p>estabelecem uma relação de troca de conhecimentos e, assim, se</p><p>percebem dependentes umas das outras. Precisamos de estudos,</p><p>pesquisas, análises e reflexões dos outros campos, pois assim como</p><p>oferecemos, contribuímos com nossos fundamentos teóricos, com</p><p>nossas metodologias, com nossas descobertas, nossos pensamentos e</p><p>nossos conhecimentos.</p><p>A CI é um campo recente, quando comparado aos demais, e que</p><p>ainda está formando e consolidando seus fundamentos teóricos. Por</p><p>seu turno, a biblioteconomia também é recente, quando analisamos</p><p>pesquisas e estudos de cunho mais teórico. Aspectos filosóficos da</p><p>biblioteconomia surgem com a criação da Escola de Chicago,</p><p>aproximadamente em 1930. A aproximação e troca com outras</p><p>áreas pressupõe um ferramental a ser ofertado que não seja</p><p>exclusivamente aplicado em apenas uma dessas áreas, o que</p><p>acontece com boa parte das técnicas. Ainda tateamos em busca de</p><p>teorias e metodologias específicas. Isso aponta para, no momento,</p><p>mais recebermos de outras áreas do que oferecermos a elas. É daí</p><p>que advém, também, a falta de consenso sobre a CI e a</p><p>biblioteconomia serem ou não áreas interdisciplinares. Essa não é</p><p>p</p><p>uma situação a ser considerada como não adequada, uma vez que as</p><p>áreas não se relacionam de maneira equilibrada, ou seja, uma</p><p>oferecendo quantidades semelhantes de conhecimento a serem</p><p>utilizadas pelas outras. Por enquanto, recebemos mais do que</p><p>oferecemos, mas essa é uma situação temporária que, em breve, será</p><p>um pouco mais equilibrada. As diferenças entre as áreas não se</p><p>resumem ao tempo de existência delas, ou seja, quanto mais antiga,</p><p>maior é o aporte de contribuições para as outras. Outras diferenças</p><p>devem-se juntar a essa como, por exemplo, o número de pesquisas</p><p>e pesquisadores que a área possui. Outros exemplos: quantidade de</p><p>cursos de graduação e pós-graduação (lato e stricto sensu),</p><p>reconhecimento e status (que geram apoios e fomentos), produção</p><p>intelectual, disseminação científica, popularização da ciência, etc.</p><p>A biblioteconomia e a CI, já há algum tempo, vêm se utilizando</p><p>de aportes teóricos das áreas de gestão e administração. Um</p><p>segmento dentro da biblioteconomia e da CI surgiu a partir dos</p><p>interesses e necessidades dos estudos e pesquisas sobre a informação</p><p>e o conhecimento. Os aportes teóricos das áreas de gestão e de</p><p>administração estão sendo empregados para construir discussões e</p><p>estudos voltados para a informação e o conhecimento. Assim, gestão</p><p>da informação e gestão do conhecimento se constituem em</p><p>segmentos acolhidos por muitos pesquisadores que direcionam o</p><p>foco de interesse para essas temáticas. Hoje é possível dizer que</p><p>muitos dos produtos oriundos das pesquisas realizadas sobre gestão</p><p>da informação e gestão do conhecimento, no âmbito da</p><p>biblioteconomia e da ciência da informação, servem de base para</p><p>outras áreas do conhecimento humano, como engenharia de</p><p>produção e tecnologia da informação.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A mediação da informação abarca os fazeres dos serviços-fins e</p><p>serviços-meio dos equipamentos informacionais. São eles</p><p>denominados, respectivamente, mediação explícita da informação e</p><p>mediação implícita da informação. Nesta última, enquadra-se a</p><p>gestão da informação e do conhecimento. Compreendemos dessa</p><p>forma, pois, ao prospectar cenários, coletar, organizar e armazenar</p><p>informação e conhecimento do ponto de vista gerencial, realiza-se</p><p>isso sem a presença do usuário, ou como este campo prefere,</p><p>cliente. Ainda que o usuário não esteja presente e não faça parte dos</p><p>processos que permeiam a gestão da informação e do</p><p>conhecimento, os profissionais da informação (bibliotecários,</p><p>administradores, engenheiros, etc.) realizam tais mediações</p><p>pensando no objetivo final, isto é, apropriação da informação e</p><p>satisfação (momentânea) da necessidade informacional.</p><p>Consideramos que o movimento interdisciplinar entre as áreas da</p><p>biblioteconomia, CI e administração é imprescindível para uma</p><p>gestão inteligente da informação e do conhecimento. Assim sendo,</p><p>isso requer dos profissionais que atuam nesse contexto e dos</p><p>pesquisadores que desenvolvem investigações na temática</p><p>reconhecer o inacabamento dos conceitos e das teorias que se</p><p>referem à informação, ao conhecimento e à gestão deles. Não há</p><p>conhecimento sem interdisciplinaridade. Conhecer, assim, as bases</p><p>teóricas da mediação da informação, em especial, a mediação</p><p>implícita e a mediação intrínseca e as suas relações gerais com os</p><p>fazeres da gestão da informação e da gestão do conhecimento</p><p>possibilitaria uma visão macro e integrada para as organizações.</p><p>Como possibilidade de estudos futuros, destacamos a necessidade</p><p>de uma pesquisa que investigue qual é e como se dá o movimento</p><p>disciplinar sobre gestão da informação e do conhecimento, com o</p><p>intuito de se averiguar se há mais uma importação conceitual e</p><p>metodológica ou, também, se existe uma contribuição efetiva de</p><p>uma área para outra. Dentre as possibilidades para essa</p><p>investigação, indicamos os estudos de citação e produção.</p><p>Obviamente que somente os estudos não são suficientes e não</p><p>esgotam as demais possibilidades de observação e questionamento</p><p>sobre esses movimentos disciplinares.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ACCART, J. P. Serviço de referência: do presencial ao virtual.</p><p>Brasília: Briquet de Lemos, 2012.</p><p>ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Biblioteca pública: avaliação de serviços.</p><p>Londrina: EdUEL, 2003.</p><p>. Mediação da informação e múltiplas linguagens. In:</p><p>ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA</p><p>INFORMAÇÃO, 9. 2008, São Paulo, 2008, Anais (...). São Paulo:</p><p>USP, 2008.</p><p>. Mediação da informação: dimensões. In: Almeida Junior, O.</p><p>F. Infohome [Internet], Marília: OFAJ, 2015a. Disponível em:</p><p>. Acesso</p><p>em: 02 ago. 2020.</p><p>. Mediação da informação: um conceito atualizado. In:</p><p>BORTOLIN, S.; SANTOS NETO, J. A.; SILVA, R. J. (Org.).</p><p>Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, p.</p><p>9-32, 2015b.</p><p>. O que é informação? In: Almeida Junior, O. F. Infohome</p><p>[Internet], Marília: OFAJ, 2019. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 02 ago. 2021.</p><p>. La mediación de la información y la lectura de la</p><p>información. Ibersid: Revista de Sistemas de Información y</p><p>Documentación, p. 23-28, jan./dez. 2009. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 20 jan. 2018.</p><p>ARAÚJO, C. A. A. Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e</p><p>Ciência da Informação: o diálogo possível. Brasília: Briquet de</p><p>Lemos Livros; São Paulo: Abrainfo, 2014.</p><p>ARAÚJO, C. A. A. et alii. A Ciência da Informação na visão dos</p><p>professores e pesquisadores brasileiros. Informação & Sociedade:</p><p>Estudos, João Pessoa, v. 17, n. 2, p. 95-108, maio/ago. 2007.</p><p>Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 13 nov. 2017.</p><p>BICALHO, L. M.; BORGES, M. E. N. Transdisciplinaridade na</p><p>Ciência da Informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE</p><p>PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5. 2003, Belo</p><p>Horizonte. Anais (...). Belo Horizonte: UFMG, 2003. Disponível</p><p>em:</p><p>. Acesso em: 12 jan. 2018.</p><p>BICALHO, L. M.; OLIVEIRA, M. Aspectos conceituais da</p><p>transdisciplinaridade e a pesquisa em Ciência da Informação.</p><p>Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 21, n. 2, p. 87-</p><p>102, maio/ago. 2011. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 12 jan. 2018.</p><p>COELHO, T. M.; SANTOS, C. A.; VALENTIM, M. L. P. Mediação</p><p>da informação como fator de apoio à vantagem competitiva para a</p><p>gestão da informação</p>motivador e que provoque o crescimento das pessoas e certa facilidade em suas escolhas intelectuais e de formação, o grupo do OBSCCOP criou o produto “Guia do ‘Estudante’”, que é interessante e necessário. O mesmo possui como intuito auxiliar os interessados em encontrar cursos de graduação ou pós-graduação cadastrados no MEC, assim como a localização desses cursos e demais informações consideradas relevantes. Por exemplo, se o curso é presencial ou a distância, etc. (figura 10.4). O produto “Guia do Estudante” também é uma prática de gestão estratégica da informação, que possui como intuito compartilhar informações sobre cursos na área do cooperativismo de crédito e agronegócios em todo o Brasil. Os filtros de busca utilizados é que demonstram o teor estratégico desse produto informacional, uma vez que a divulgação desses cursos também considera o contexto das universidades privadas, além das públicas, e obviamente existe um propósito de crescimento financeiro sobre essa ação. Com isso, é possível dizer que a gestão da informação e a consequente construção do conhecimento possuem forte teor estratégico capitalista na modalidade neoliberal. O neoliberalismo perpassa pela condição estabelecida no século atual em que dar e receber informação e conhecimento são construções humanas livre e atreladas à busca do “construa o seu melhor, seja o melhor que possa ser”, ou seja, do ponto de vista crítico e filosófico, a sociedade da informação é uma sociedade extremamente neoliberal que romantiza a construção e a gestão da informação e do conhecimento em prol do fortalecimento do sistema capitalista. E por aqui estamos apenas abrindo um campo de diálogo sem julgamentos, apenas reflexões e constatações baseadas no científico e nas escritas filosóficas de Hessen (1999). FIGURA 10.5 Produtos e serviços de informação: agenda de eventos cien��cos. Fonte: Website OBSCCOP (2019). A agenda de eventos científicos busca propiciar informações sobre congressos, encontros, seminários e workshops nacionais e internacionais da área, indicando local, data, objetivo, e informa como o interessado pode participar. Sempre que possível, para facilidade de manuseio e mais informações, disponibiliza os links para acesso ao Anais do Eventos (figura 10.5). A disponibilização de links, para acesso aos trabalhos publicados nos eventos da área, deve ser considerada uma boa prática de difusão do conhecimento e compartilhamento de informações. Do ponto de vista da gestão da informação, é importante a divulgação de eventos científicos nacionais e internacionais, bem como as pesquisas que são oriundas desses eventos, pois provoca naturalmente uma união necessária do ambiente acadêmico com o ambiente empresarial e cooperativista, e que contribui para a otimização dos serviços das cooperativas. Se temos pesquisas sendo desenvolvidas, elas necessitam serem tocadas e utilizadas por alguém. A divulgação de eventos científicos também é uma espécie de ponto de partida para o estabelecimento de relações entre sujeitos, objetos e pesquisas, e concomitantemente abertura de campos experimentais. Para Araújo (2012), na teoria do conhecimento, o empirismo é uma famosa vertente que detém muitos seguidores que acreditam verdadeiramente nas suas colocações, que, por sua vez, se baseiam na afirmação de que a experiência com o mundo sensível é o principal caminho para origem do conhecimento. Segundo Hessen (1999), o conhecimento surge por meio da experiência do indivíduo com os sentidos do mundo cósmico e físico. Portanto, a interação baseada na observação, na visão e no contato em tempo real com outros indivíduos e objetos representa- se como o principal processo de geração do conhecimento. Nesse contexto, é possível afirmar que um produto informacional que possui como missão divulgar informações sobre eventos científicos está automaticamente contribuindo para esse processo de elaboração do conhecimento, uma vez que o simples ato de disponibilizar informações que facilitam a participação de sujeitos em eventos científicos já cumpre o papel de motivação e indução à busca de conhecimento e ao estabelecimento de relações intelectuais e interpessoais. Geralmente, o principal intuito de um evento científico é justamente reunir pessoas para discutir pesquisas e ideias e, ao mesmo tempo, contribuir para firmação de parcerias entre esses pares. FIGURA 10.6 Produtos e serviços de informação: biblioteca. Fonte: Website OBSCCOP (2020). A biblioteca é um repositório on-line que reúne arquivos ou links para acesso a artigos acadêmicos, teses, dissertações e boletins estatísticos gerados por pesquisadores do observatório ou coletados externamente, ou seja, toda pesquisa que possua maior relevância para a área, mesmo que não seja oriunda do trabalho dos membros e pesquisadores do grupo, costuma ser adicionada a esse repositório (figura 10.6). A existência de um repositório digital com artigos científicos, teses e dissertações e resenhas de livros é interessante e necessária, se pensarmos na importância de fundir o ambiente acadêmico de pesquisa com o ambiente empresarial. Todavia, a arquitetura desse repositório encontra-se fragilizada, uma vez que muitos filtros (links) direcionam para a página de busca geral e não são necessários, pois causam confusão no usuário e a impressão de que não há aplicação de uma gestão da informação efetiva nesse ponto. Sugere-se apenas um link explicando a importância do repositório e descrevendo a sua funcionalidade, e um outro link de busca que englobe os artigos acadêmicos, as resenhas de livros, as revistas acadêmicas, as teses e as dissertações e os working papers. Além disso, cabe enfatizar que, ao explorar esse produto de informação do OBSCCOP, percebe-se a falta de material e, portanto, de atualização da página. Além disso, é interessante dar destaque aos trabalhos que são oriundos dos pesquisadores do observatório, pois contribui para divulgação dos pesquisadores e do grupo e exalta a importância deles para o mercado e para a sociedade. Logo, foi possível constatar que não há aportes da gestão estratégica da informação na confecção do repositório do OBSCCOP, mesmo sendo mais uma ótima iniciativa para difusão da ciência. Com base na teoria do conhecimento e no viés do empirismo inglês de Francis Bacon e John Locke, o conhecimento surge principalmente das sensações, mas também da percepção, do pensamento, da crença e do raciocínio (HESSEN, 1999). Nesse caso, a disposição de livros e artigos científicos é uma tarefa que contribui com todos esses processos, que são fontes de conhecimento, uma vez que a leitura propicia sensações, pensamentos, reflexão e aprimoramento de crenças e raciocínio. Obviamente, as sensações que surgem, por meio da leitura, não estão no campo da prática dos escritos que são lidos, mas motivam e preparam o terreno dos pensamentos e das ideias com base na reflexão do que e como o conhecimento registrado pode ser q g p representado e colocado em prática. Por isso, infere-se que a construção do conhecimento está na experimentação teórica que deve anteceder à prática. FIGURA 10.7 Produtos e serviços de informação: curso de curta duração. Fonte: Website OBSCCOP (2020). O OBSCOOP oferece cursos de curta duração sobre finanças e governança em cooperativas de crédito e cooperativas agropecuárias, que geralmente possuem uma carga horária de até 60 horas e são destinados a executivos e/ou prestadores de serviços para as cooperativas dos ramos agropecuário, crédito e saúde (figura 10.7). Quanto à divulgação dos cursos de curta duração, sugere-se que seja disposto no site a ementa dos cursos bem como valores e formulário para inscrição on-line dos interessados. Além disso, um espaço para que usuários e clientes possam indicar suas necessidades informacionais e de formação para a área bem como os problemas que possam estar enfrentando no dia a dia da cooperativa. Essa prática é importante,