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<p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 329</p><p>a ação de dotar – há ainda uma distinção es-</p><p>sencial, marcada pela propriedade que tem</p><p>dotação de exprimir a “renda ou os fundos</p><p>com que se beneficia uma instituição, um</p><p>estabelecimento, ou mesmo um serviço pú-</p><p>blico”. A dotação de uma igreja, de um hospi-</p><p>tal, do ensino primário (e não – o dote). – O</p><p>que se doa é donativo ou doação. O dona-</p><p>tivo é uma dádiva, um presente feito por</p><p>filantropia, por piedade, ou por outro qual-</p><p>quer nobre sentimento. A doação (além de</p><p>ato ou ação de doar) é “um donativo feito</p><p>solenemente, mediante escritura pública”; é</p><p>o “contrato – define Aul. – por que alguém</p><p>transfere a outrem gratuitamente uma parte</p><p>ou a totalidade de seus bens presentes”. F.</p><p>fez à Santa Casa a doação do seu palácio tal</p><p>(não – donativo). “O rei, de visita à gloriosa</p><p>província, distribuiu valiosos donativos pelas</p><p>instituições de caridade” (não – doações).</p><p>– Oferecer diz propriamente “apresentar</p><p>alguma coisa a alguém com a intenção de</p><p>dar-lhe”. Significa também “dedicar”; isto é,</p><p>“apresentar como brinde, como oferta, ou</p><p>oferenda”. Oferecer o braço a uma senhora;</p><p>oferecer um livro a um amigo; oferecer a Deus</p><p>um sacrifício. – Apresentar é “pôr alguma</p><p>coisa na presença de alguém, oferecendo-</p><p>-lha, ou mesmo pedindo-lhe apenas atenção</p><p>para ela”. – Entregar é “passar a alguém a</p><p>própria coisa que se lhe dá, ou que lhe per-</p><p>tence”. Entre dar e entregar há uma dife-</p><p>rença que se marca deste modo: dar é uma</p><p>ação livre; entregar é uma ação de dever.</p><p>609</p><p>DÉBIL (debilitado), fraco (enfraquecido),</p><p>frágil. – Fraco e frágil originam-se do mes-</p><p>mo radical (frango fragilis, fractus) e significam,</p><p>portanto, falta de forças, de consistência, de</p><p>firmeza. Mas frágil, além de aplicar-se no</p><p>sentido moral, exprime uma qualidade pró-</p><p>pria de certos corpos, e neste sentido não se</p><p>confunde com fraco. O vidro, por exemplo,</p><p>é, de sua própria natureza, frágil (e não fraco).</p><p>– Débil (de + habilis não hábil, falto de habi-</p><p>lidade, de destreza, de forças, ou das forças</p><p>que tinha ou que lhe eram próprias) é “o</p><p>que tem diminuídas as forças, que se acha</p><p>exausto, esgotado de energia, sem vigor, sem</p><p>robustez”. – Entre débil e debilitado há a</p><p>diferença que se marca pela circunstância</p><p>de que debilitado supõe sempre uma causa</p><p>atual da debilidade: ideia que se não encerra</p><p>em débil. Está debilitado pela doença, pelas</p><p>privações, pelos sofrimentos (e não – débil).</p><p>– Débil, portanto, indica uma qualidade</p><p>própria, uma condição mais permanente; e</p><p>debilitado indica estado; e por isso mesmo</p><p>não diríamos em caso algum – “está débil”,</p><p>em vez de – “está debilitado”. Diferença igual</p><p>se nota entre fraco e enfraquecido, se bem</p><p>que menos rigorosa ou menos sensível. Di-</p><p>zemos perfeitamente – “sinto-me ainda</p><p>muito fraco; estou ainda muito fraco”, em</p><p>vez de – enfraquecido. Não seria próprio, no</p><p>entanto, dizer; “sou enfraquecido de coração,</p><p>ou de saúde”; nem: “está fraco da, ou pela</p><p>moléstia”.</p><p>610</p><p>DEBUXO, esboço (esboceto), bosquejo,</p><p>risco (risca), delineação, delineamento, fi-</p><p>gura, plano, planta, traçado, projeto, dese-</p><p>nho, modelo, molde, ideia, escorço. – To-</p><p>das estas palavras relacionam-se pela ideia</p><p>comum, que encerram, de sugerir por algum</p><p>modo uma coisa que se fará segundo o mo-</p><p>delo que a traços gerais dela se dá. – O de-</p><p>buxo representa o objeto vagamente, apenas</p><p>pelos seus contornos gerais. – O esboço é</p><p>a figura que nos dá as grandes linhas de um</p><p>desenho; é como que um princípio de exe-</p><p>cução da obra que se vai realizar, e da qual</p><p>se dá assim uma ideia em miniatura. Tanto</p><p>se pode dizer tratando-se de uma obra de</p><p>pintura ou desenho, como de uma estátua,</p><p>ou mesmo de uma obra literária. – Esboce-</p><p>330 � Rocha Pombo</p><p>to é um diminutivo de esboço. – Bosquejo</p><p>é como que uma concepção do artista pro-</p><p>jetada imperfeitamente, ou sem ter ainda</p><p>a perfeição de que é suscetível, mas dando</p><p>já uma ideia do que será a obra definitiva.</p><p>Distingue-se de esboço em ser este apenas</p><p>um desenho a traços gerais; enquanto que</p><p>no bosquejo, por menos preciso que seja o</p><p>relevo, já há cores. – Risco ou risca é a fi-</p><p>gura pela qual se dá, da obra planeada, uma</p><p>ideia ainda mais vaga ou menos precisa que</p><p>pelo debuxo. Diz-se mais particularmente</p><p>tratando-se de construções. – Delineação</p><p>é propriamente a ação de delinear, isto é,</p><p>de figurar alguma coisa por simples linhas.</p><p>Nem sempre é o mesmo que delineamento;</p><p>pois este se aplica de preferência para desig-</p><p>nar a própria figura que se delineou. Dá-se</p><p>um delineamento geral do edifício; fez ou lan-</p><p>çou os primeiros delineamentos da povoação</p><p>(e não – as primeiras delineações; nem – a de-</p><p>lineação geral). – Figura é a representação de</p><p>uma coisa ou pessoa; ou – dizem Bourg. e</p><p>Berg. – “a cópia de um original considerada</p><p>sob o ponto de vista da forma, dos contor-</p><p>nos, do desenho”. Não é, portanto, uma có-</p><p>pia exata, fiel, perfeita do original, ou uma</p><p>imagem nítida, precisa do que se concebeu</p><p>ou planeou: na figura não se consideram</p><p>mais que certas relações de forma, de cor,</p><p>etc., com a pessoa ou coisa que se repre-</p><p>senta. A figura é, no entanto, mais que o</p><p>simples delineamento e que o esboço; tanto</p><p>que se diz – o esboço ou o delineamento de uma</p><p>figura. – Plano, planta, traçado e projeto</p><p>aproximam-se pela ideia, que lhes é pró-</p><p>pria, de representação, por meio de linhas</p><p>de alguma obra que se planeia. De todas,</p><p>neste sentido, a mais usual é planta, que é</p><p>o desenho em que se dá uma ideia exata da</p><p>posição e das relações que entre si guardam</p><p>as diferentes partes da coisa planeada; po-</p><p>dendo ser o plano uma planta menos pre-</p><p>cisa e menos detalhada. O projeto é, como</p><p>o plano, uma ideia geral daquilo que ainda</p><p>se vai fixar. O termo traçado sugere ideia de</p><p>rumo, de orientação, e aplica-se particular-</p><p>mente a plantas de caminhos. – O desenho</p><p>representa o objeto na sua forma própria e</p><p>com a possível fidelidade e perfeição; ape-</p><p>nas nele não se empregam cores. – Modelo</p><p>e molde, que coincidem na mesma origem</p><p>latina (modulus, “medida, tipo”), significam</p><p>a figura ou a imagem da coisa que se vai</p><p>reproduzir. Nem sempre, no entanto, pode-</p><p>rá aplicar-se um pelo outro. Não diríamos,</p><p>por exemplo: “F. é um molde de virtudes pa-</p><p>trióticas” (e sim – “um modelo de virtudes”).</p><p>Quer isto dizer, portanto, que molde é a</p><p>“forma a que se devem adaptar as coisas</p><p>do mesmo gênero”; e modelo é “a norma,</p><p>o tipo que, no gênero, deve ser imitado ou</p><p>reproduzido”. – Ideia é “o meio ou modo,</p><p>qualquer que seja, pelo qual se sugira aquilo</p><p>que pretendemos realizar”. – Escorço é o</p><p>“desenho de uma coisa em miniatura”; ou,</p><p>se se trata de trabalho literário, é “a ideia</p><p>ligeira, ou o plano conciso de uma compo-</p><p>sição que se vai fazer, ou de um pensamento</p><p>que se poderia, ou poderá ampliar”.</p><p>611</p><p>DECAIR, descair. – Não se podem con-</p><p>fundir estes dois verbos. – Decair é baixar,</p><p>declinar, enfraquecer-se, deixar de ser o que</p><p>era. Decaiu da confiança, do conceito, da es-</p><p>tima de alguém. – Descair é sair da posição</p><p>ou da linha, desviar-se da direção que leva-</p><p>va. Ninguém descai sem desdoiro: a descaí-</p><p>da é sempre uma depressão ou um deslize.</p><p>Descaiu para o vício. Descaiu para a esquerda,</p><p>para o sertão.</p><p>612</p><p>DECAPITAR, degolar, guilhotinar, desca-</p><p>beçar. – A ideia de “separar a cabeça, cor-</p><p>tando o pescoço” é comum a estes verbos.</p><p>Mas tem cada um a sua propriedade espe-</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 331</p><p>cífica segundo os casos em que são aplica-</p><p>dos. Dizemos, por exemplo: “Os bandidos</p><p>entraram, e foram degolando a torto e a di-</p><p>reito” (e não – decapitando, pois este verbo</p><p>sugere, em regra, solenidade de execução; o</p><p>que – deve notar-se – não impede que possa</p><p>empregar-se o mesmo, em sentido figurado,</p><p>sem esta restrição; como quando se diz: “a</p><p>criança foi ao jardim, e decapitou todas as flo-</p><p>res”). Não se condena um criminoso a ser</p><p>degolado, mas a ser decapitado. O bandido foi</p><p>decapitado na praça pública (e não – degolado,</p><p>pois degolar sugere ideia de execução fora</p><p>de toda ordem</p><p>legal). – Guilhotinar é deca-</p><p>pitar na guilhotina; enquanto que decapitar</p><p>é decepar a cabeça por golpe de cutelo. –</p><p>Descabeçar é “tirar a cabeça, de qualquer</p><p>modo”; e aplica-se mais no sentido mate-</p><p>rial de cortar a cabeça, a extremidade su-</p><p>perior de coisas, de pessoas ou mesmo de</p><p>animais.</p><p>613</p><p>DECORO, dignidade, honra (honor), de-</p><p>cência, reserva, recato, gravidade, pudor,</p><p>vergonha, compostura. – Diz Roq. que</p><p>– “Cícero distingue duas espécies de de-</p><p>coro: um, geral, que se estende a tudo que</p><p>é honesto; e outro, particular, que perten-</p><p>ce a cada uma das partes da honestidade.</p><p>Define o primeiro: o que é consentâneo à</p><p>excelência do homem, naquilo em que sua</p><p>natureza o diferença dos outros animais;</p><p>e o segundo, como espécie do primeiro: o</p><p>que é consentâneo à natureza do homem,</p><p>de modo que nisso se manifeste modera-</p><p>ção e temperança com certo ar nobre (De</p><p>Off. I, 28). – Dignidade é a qualidade que</p><p>constitui um homem digno da considera-</p><p>ção e honra que se lhe tributa; e também a</p><p>maneira grave como procede em harmonia</p><p>com os empregos que exerce, ou a gradua-</p><p>ção que ocupa na ordem social. – Honra é</p><p>a boa opinião e fama adquirida pelo mérito</p><p>e virtude; e considerada no indivíduo, o que</p><p>se devia chamar honor, é aquele sentimento</p><p>habitual que leva o homem a procurar esta</p><p>boa opinião e fama pelo cumprimento de</p><p>seus deveres e pela prática de nobres ações</p><p>– é o segundo anjo de guarda da virtude,</p><p>como disse Vieira. O sentimento da hon-</p><p>ra nasce do desejo inato, que todos temos,</p><p>de merecer a estima de nossos semelhantes.</p><p>O sentimento do decoro nasce da ideia de</p><p>superioridade aos irracionais que em nós</p><p>sentimos, e da tendência a mostrar esta</p><p>mesma superioridade aos que são de uma</p><p>condição inferior. O sentimento da digni-</p><p>dade resulta de nossa posição social, e da</p><p>justa ideia de fazer ações consentâneas aos</p><p>cargos que ocupamos, ou à jerarquia a que</p><p>pertencemos. O primeiro leva o homem</p><p>à virtude, e às ações generosas; o segundo</p><p>sustenta-o para que se não degrade; o ter-</p><p>ceiro avisa-o que nada faça que lhe deslustre</p><p>o bom nome, ou lhe diminua a reputação.</p><p>No que o mundo chama honra há muitas</p><p>vezes mais vaidade que virtude; no que se</p><p>chama decoro tem não poucas vezes mais</p><p>parte a opinião pública do que a razão; e</p><p>no que se chama dignidade domina de or-</p><p>dinário mais a hipocrisia que a sincerida-</p><p>de. – O que dissemos – continua Roq. – a</p><p>respeito de erro e error pode aplicar-se a ho-</p><p>nor e honra. Usavam os nossos antigos mui</p><p>acertadamente dos dois vocábulos com dis-</p><p>tinta significação; mas os modernos, talvez</p><p>porque o primeiro cheirava a castelhano, ou</p><p>porque entenderam que ambos significavam</p><p>a mesma ideia, condenaram ao esqueci-</p><p>mento o primeiro, e só usam do segundo.</p><p>Respeitamos os direitos de uso; mas, como</p><p>neste caso é arbitrário e despótico, dir-lhe-</p><p>-emos que não tem razão; e os homens de</p><p>bom senso e inteligentes deveriam reabilitar</p><p>a palavra honor, para evitar a homonímia,</p><p>diferençando-a de honra pela maneira se-</p><p>guinte. O honor é independente da opinião</p><p>332 � Rocha Pombo</p><p>pública, é qualidade inerente à pessoa. As-</p><p>sim dizia o autor da Eufrosina: ‘Perdi meu</p><p>honor, maldizendo e ouvindo pior’. A honra</p><p>deve ser o fruto do honor; isto é, a estima-</p><p>ção com que a opinião pública recompensa</p><p>aquela virtude. Um homem de honor é a honra</p><p>de sua família. Herda-se o honor, e não a hon-</p><p>ra: esta funda-se depois nas ações próprias</p><p>e no conceito alheio. Honra-se alguém, mas</p><p>não se lhe dá honor. Um soberano honra com</p><p>sua presença a casa de um súbdito; mas, se</p><p>este não tiver honor, não ficará por isso mais</p><p>honrado”. – Segundo Bruns. – “a gravidade</p><p>é ostentosa e aparente, e consiste particular-</p><p>mente em evitar tudo aquilo que é frívolo,</p><p>ou em que há ligeireza. Presta-se este termo</p><p>a ser tomado em sentido irônico por desig-</p><p>nar uma certa dignidade fictícia que o amor</p><p>próprio impõe às pessoas que têm a convic-</p><p>ção de que passariam despercebidas se não</p><p>se apresentassem gravemente – dignidade</p><p>que também é comum àquelas que fazem</p><p>uma ideia exagerada do lugar que ocupam</p><p>na sociedade, e do que exige realmente a</p><p>sua verdadeira situação”. – A decência (do</p><p>latim decet “é conveniente”) consiste no</p><p>conjunto das exterioridades que, segundo</p><p>as exigências da época em que se vive, har-</p><p>monizam entre si a aparência da pessoa e a</p><p>sua compostura, sua linguagem, seu trajar,</p><p>seu modo de receber os que a procuram, etc.</p><p>Este termo é, portanto, exclusivamente rela-</p><p>tivo ao que na pessoa é puramente exterior,</p><p>e não se diz tanto com relação a ela própria</p><p>como em relação aos que com ela convivem</p><p>ou têm de tratar. Assim é que o trajo que</p><p>reputamos como decente num lavrador não o</p><p>será num magistrado, pois a decência, como</p><p>acabamos de dizer, não é uma qualidade in-</p><p>trínseca, mas um conjunto de circunstâncias</p><p>que os outros querem ver em nós. Sob o</p><p>ponto de vista moral, a decência é uma cer-</p><p>ta reserva que guardamos nas nossas relações</p><p>sociais e que consiste na estrita observância</p><p>das leis que as prescrevem. Em sentido mais</p><p>restrito, e mais próximo de pudor e vergo-</p><p>nha, a decência implica também a ideia do</p><p>meio em que se vive, e consiste no respeito</p><p>da moral que induz a não ofender a casti-</p><p>dade. Há senhoras que vestem sem a decência</p><p>que a moral impõe. – Consiste a reserva no</p><p>cuidado de não sair da conveniência e dis-</p><p>crição que se calculou, de não ultrapassar</p><p>uns certos limites – o que constitui uma</p><p>qualidade negativa, e não propriamente uma</p><p>virtude. – O recato, sendo igualmente uma</p><p>qualidade negativa, que induz a evitar as</p><p>ocasiões de perigo ou de tentação, não pode</p><p>em absoluto ser considerado como virtude;</p><p>este termo não significa “cuidado em não</p><p>ofender”, mas sim “cuidado em evitar que</p><p>se nos ofenda”. – O pudor é sinal exterior</p><p>de inocência e de pureza de costumes. – A</p><p>vergonha é, aqui, um pudor muito delicado</p><p>que nos impede de fazer alguma coisa que</p><p>se contrapõe aos nossos escrúpulos morais,</p><p>à nossa compostura; sendo esta “a correção</p><p>com que nos compomos (no moral e no físico)</p><p>para guardar com os outros a conveniente</p><p>decência”.</p><p>614</p><p>DECEPÇÃO, desilusão, desengano. – De-</p><p>cepção é “surpresa por não encontrar o que</p><p>se esperava, ou por não ter saído como se</p><p>tinha calculado”. – Desilusão é “surpresa</p><p>de verificar que não é ou não saiu como se</p><p>estava certo que era ou que havia de sair”. –</p><p>Desengano é o desapontamento, a tristeza,</p><p>ou a desconsolação que traz a decepção ou</p><p>a desilusão.</p><p>615</p><p>DECEPÇÃO, surpresa, engano, logro, ilu-</p><p>são, codilho. – Decepção é o termo geral</p><p>que exprime “o modo como o nosso espí-</p><p>rito se surpreende com aquilo que não es-</p><p>perava”. – Surpresa é “o susto que experi-</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 333</p><p>mentamos ao dar com aquilo que para nós</p><p>é imprevisto”. – Engano é “a ilusão ou erro</p><p>em que se cai, devido ou ao nosso desaper-</p><p>cebimento, ou à astúcia de outrem”. Neste</p><p>último caso, logro é o termo próprio; pois</p><p>este vocábulo sugere a ideia dos meios que</p><p>se puseram em prática para induzir-nos em</p><p>engano. – Ilusão é “o engano que devemos</p><p>em regra mais ao nosso espírito do que ao</p><p>intento ou esforço alheio”. – Codilho é “o</p><p>logro que se nos prepara com dissimulação</p><p>e astúcia”.</p><p>616</p><p>DECLARAR, descobrir, manifestar, reve-</p><p>lar, divulgar, publicar, promulgar, anun-</p><p>ciar, noticiar, desvendar, expor, patentear,</p><p>explicar, enunciar, expressar, referir, re-</p><p>latar, narrar, contar, mostrar, proclamar,</p><p>espalhar, assoalhar, apregoar, propagar,</p><p>propalar. – Tratando dos seis primeiros</p><p>verbos deste grupo, diz Roq. que “todos</p><p>significam, em geral, dar a conhecer o que</p><p>estava ignorado; podendo isso verificar-se</p><p>por vários modos, segundo cada um par-</p><p>ticularmente indica. – Declarar é pôr em</p><p>claro, aclarar, explicar, interpretar o que está</p><p>escuro, ou não se entende bem. – Descobrir</p><p>é, como já se viu em outro grupo, tirar o</p><p>que cobre, oculta uma coisa; destapar, abrir,</p><p>alcançar a ver. – Manifestar é pôr as coi-</p><p>sas como à mão, mostrá-las, presentá-las,</p><p>fazê-las patentes. – Revelar é tirar, levantar</p><p>o véu; supõe uma violação de juramento</p><p>ou de estreita obrigação, ou penoso esforço</p><p>para publicar o mui reservadamente sabido</p><p>ou secretamente guardado ou oculto, resul-</p><p>tando desta revelação ou grandes benefícios</p><p>ou graves danos; como quando se revela uma</p><p>extensa e infernal conspiração, um segredo</p><p>de Estado, ou o sigilo da confissão, que é</p><p>o mais sacrílego crime. – Divulgar é pa-</p><p>tentear, dar a conhecer a todos uma coisa,</p><p>propagando-a tanto que chegue a ser geral-</p><p>mente sabida, até do mesmo vulgo. – Pu-</p><p>blicar é fazer patente ou notória uma coisa</p><p>por quantos meios houver. Aplica-se mais</p><p>geralmente este verbo tratando-se de maté-</p><p>rias que a todos interessa saber, como são</p><p>leis, ordens, decretos, regulamentos; e para</p><p>isto vale-se o governo de pregões, proclamas,</p><p>bandos, circulares e anúncios nos papéis pú-</p><p>blicos. – Declaram-se as intenções, os desejos,</p><p>as ações que não eram conhecidas, ou quan-</p><p>do muito que eram conhecidas incompleta-</p><p>mente, ou de um modo incerto. Descobre-se</p><p>a alguns o que lhes era oculto, dando-lhes</p><p>disso notícia. Manifesta-se o que estava escon-</p><p>dido, pondo-o patente, ou aclarando com</p><p>expressões positivas e terminantes o que era</p><p>simulado. Revela-se um segredo por se não</p><p>poder guardar, e muito mais quando disto</p><p>resulta interesse ou glória. Divulga-se o que</p><p>não era sabido de todos, estendendo-se a</p><p>notícia por toda parte. Publica-se o que não</p><p>era notório, fazendo-o de um modo autên-</p><p>tico e formal, para que chegue à notícia de</p><p>todos, e ninguém alegue ignorância”. – No</p><p>sentido deste último verbo, promulgar é o</p><p>mais próprio. Além disso, promulgar desig-</p><p>na particularmente a ação de fazer autêntico</p><p>o texto de uma lei, mediante uma fórmula</p><p>própria e solene. O ato de promulgar é in-</p><p>dependente do ato de publicar, sendo a pu-</p><p>blicação apenas uma formalidade da promulga-</p><p>ção. – Anunciar é fazer público por meio de</p><p>anúncio, isto é, por declaração mais ou menos</p><p>minuciosa do que se quer que seja conheci-</p><p>do. E num sentido mais restrito – anunciar</p><p>“é fazer público, por algum sinal, o que há</p><p>de vir”. – Noticiar é “publicar como coisa</p><p>nova, como fato não sabido”. Noticia-se um</p><p>escândalo que se dera (não – anuncia-se).</p><p>Anuncia-se um espetáculo, uma sessão para</p><p>amanhã (não – noticia-se). – Desvendar é</p><p>quase o mesmo que revelar, apenas com esta</p><p>diferença: desvenda-se o alheio – um negócio,</p><p>um segredo que interessa mais diretamente,</p><p>334 � Rocha Pombo</p><p>ou mais propriamente a outra pessoa; revela-</p><p>-se o que nos diz respeito a nós próprios –</p><p>uma suspeita, um intento, uma ideia, etc. –</p><p>Expor é propriamente “apresentar às vistas</p><p>de alguém”, e no sentido em que este verbo</p><p>se faz sinônimo dos outros deste grupo – é</p><p>fazer, explicando por palavras, – uma comu-</p><p>nicação ou publicação tão clara como se se</p><p>“pusesse o que se quer comunicar ante os</p><p>olhos da pessoa a quem se comunica”. – Pa-</p><p>tentear é “expor com grande publicidade,</p><p>em termos claros e precisos, de modo que</p><p>fique evidente o que se expõe”. – Explicar</p><p>é “fazer claro, inteligível o que é obscuro ou</p><p>confuso”. – Enunciar é “dizer por palavras,</p><p>como se do nosso espírito puséssemos para</p><p>fora o que pensamos”. – Expressar é “enun-</p><p>ciar com clareza, pelos termos próprios, que</p><p>não deixem lugar a dúvidas, nem a sentido</p><p>ambíguo”. – Referir é “contar, comunicar,</p><p>passar a outrem aquilo que se ouviu; publi-</p><p>car segundo o que nos disseram”. – Relatar</p><p>é “referir minuciosamente depois de haver</p><p>estudado a matéria que se refere”. – Narrar</p><p>é apenas “expor (o que se ouviu, o que se</p><p>leu, ou o que se sabe) com toda minuciosi-</p><p>dade”. – Contar é dar conta, passar (alguma</p><p>coisa que se ouviu ou soube) a outrem. Su-</p><p>gere este verbo a ideia de que a pessoa que</p><p>ouve tem interesse em saber o que se lhe con-</p><p>ta. – Mostrar é “pôr diante dos olhos”; e só</p><p>figuradamente é que se emprega este verbo</p><p>como significando – “fazer entendido tão</p><p>bem, tão perspicuamente como a coisa que</p><p>se vê”. – Proclamar é “anunciar, publicar</p><p>em alta voz e com solenidade”. – Espalhar,</p><p>como os quatro últimos que se lhe seguem,</p><p>enuncia a ideia de “fazer passar, sem reserva</p><p>e sem ordem, a notícia de alguma coisa, ou</p><p>o anúncio do que se espera, ou aquilo que</p><p>não se sabia”. Mas: – espalhar não sugere</p><p>mais que o intuito de fazer conhecido o fato</p><p>de que se trata; – assoalhar é “espalhar com</p><p>desabrimento, publicar com ostentação”; –</p><p>apregoar é “assoalhar espalhafatosamente,</p><p>anunciar gritando”; – propagar sugere o</p><p>interesse com que se espalha e divulga; e –</p><p>propalar é “pôr, ou fazer entrar, com cautela</p><p>e habilmente, no domínio do vulgo”. Quem</p><p>propala não assoalha, não apregoa, nem mesmo</p><p>publica propriamente, mas vai passando o que</p><p>sabe, ou o que intenta, como a meia-voz,</p><p>clandestinamente.</p><p>617</p><p>DECOMPOR, analisar, anatomizar, exami-</p><p>nar, dissecar, destrinçar, esmiuçar, escalpe-</p><p>lar. – Decompõe-se um todo separando-lhe</p><p>as diferentes partes, discriminando os ele-</p><p>mentos que o compõem. – Analisar é “fazer</p><p>exame detalhado, minucioso, e sob um dado</p><p>ponto de vista”. – Anatomizar é, aqui (em</p><p>sentido translato), “fazer estudo cientifica-</p><p>mente, estudar a fundo, examinar com muito</p><p>cuidado todos os detalhes”. – Dissecar só</p><p>difere do precedente em conservar no senti-</p><p>do translato alguma coisa do que a diferença</p><p>do mesmo no sentido próprio: só se dissecam</p><p>cadáveres, animais mortos; podem anatomi-</p><p>zar-se tanto os mortos como os vivos, e mais</p><p>particularmente estes. – Examinar, como já</p><p>vimos em outro grupo, é “considerar com</p><p>muita atenção o que temos a alcance dos</p><p>olhos, discriminando particularidades, por-</p><p>menores”. – Destrinçar, no sentido figurado</p><p>que tem aqui, é “explicar, expor, esmiuçar,</p><p>como desfazendo a confusão que existia no</p><p>que se destrinça”. – Esmiuçar é “examinar, es-</p><p>tudar muito por miúdo, nos mais insignifi-</p><p>cantes detalhes”. – Escalpelar é propriamen-</p><p>te cortar com o escalpelo; e no sentido figu-</p><p>rado diz – “analisar com todo rigor, como</p><p>fazendo uma verdadeira dissecção da coisa</p><p>que se analisa”.</p><p>618</p><p>DECRETO, lei; aviso, resolução. – De-</p><p>creto é “o que se determina” (num caso</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 335</p><p>particular); lei é “o que se estatui ou se</p><p>prescreve para casos gerais, como fixando</p><p>princípios que os devem reger”. No en-</p><p>tender de Lacerda, “decreto, segundo a</p><p>origem, exprime a ação de discutir e jul-</p><p>gar, é o resultado das opiniões dos que</p><p>discerniram, isto é, debateram e tomaram</p><p>resolução acerca de alguma coisa. – Lei é</p><p>a expressão da vontade soberana, e é nela</p><p>que repousa a ordem pública. As cortes de-</p><p>cretam, e os seus decretos só têm força de lei</p><p>pela aceitação do soberano”. Bruns., que</p><p>diz haver Lacerda compreendido mal es-</p><p>tes dois vocábulos, nem por isso foi mais</p><p>feliz, explicando-nos que “no regímen</p><p>atual, só os corpos legislativos podem fa-</p><p>zer leis propriamente ditas. Qualquer lei</p><p>que tenha outra origem – se tal origem for</p><p>elevada – é apenas um decreto. A lei é a</p><p>expressão da vontade de todos; o decreto</p><p>é a medida que um ministro julga útil”. –</p><p>Quanto a decreto, pelo menos, é Lacerda</p><p>quem está com a verdadeira noção. É ele</p><p>que se concilia com outros sinonimistas,</p><p>mesmo quanto à lei. – “Decreto”, diz</p><p>Alves Passos, “vem do latim discernere, e</p><p>exprime a ação de discutir e julgar – é o</p><p>resultado das opiniões dos que discerniram.</p><p>– Lei é a expressão da vontade soberana, e</p><p>é sobre ela que repousa a ordem pública.</p><p>(Lacerda, como se viu, repete esta defi-</p><p>nição.) Os parlamentos decretam, e os seus</p><p>decretos só adquirem força de lei pela acei-</p><p>tação do soberano. ‘As Cortes... decretaram, e</p><p>nós sancionamos a lei seguinte...’ – assim se</p><p>verifica entre nós a promulgação das leis”.</p><p>– Em outra parte, tratando de decisões</p><p>de concílio, cânones e decretos, escreve o</p><p>mesmo autor: “Decisões de Concílio são</p><p>todas as suas determinações a respeito das</p><p>matérias da sua competência: é o termo ge-</p><p>nérico, que abrange cânones e decretos. –</p><p>Cânones são as decisões relativas ao dogma e</p><p>à fé, e são obrigatórios para todos os fiéis</p><p>sem exceção de pessoa, porque</p><p>são sancio-</p><p>nados pela autoridade do Espírito Santo,</p><p>cuja assistência perpétua foi prometida à</p><p>Igreja51. – Decretos são as decisões que</p><p>regulam a disciplina eclesiástica: os decretos</p><p>dos Concílios não são obrigatórios num</p><p>Estado senão depois de obterem a san-</p><p>ção e assentimento do Rei e dos Prelados</p><p>nacionais”. – Lafaye trata largamente dos</p><p>dois vocábulos, ilustrando, como sempre</p><p>faz, de grande número de exemplos clássi-</p><p>cos as suas definições. Mas Bourg. e Berg.</p><p>resumem perfeitamente o melhor nestes</p><p>termos: “A lei (do latim lex) é uma de-</p><p>terminação emanada de uma autoridade,</p><p>e ordenando ou proibindo certas coisas: é</p><p>um termo geral que exprime a vontade de</p><p>todos e se aplica a todos. O decreto (do</p><p>latim decretum, supino do verbo decernere52</p><p>‘decidir’) é, ao contrário, particular no seu</p><p>objeto e em sua origem: um decreto pode</p><p>não aplicar-se senão a uma pessoa, ou a um</p><p>pequeno número de pessoas, e pode não</p><p>tratar senão de um só ponto (ou de uma</p><p>só questão). Em suma, o decreto exprime</p><p>apenas a vontade de um só homem, ou de</p><p>um pequeno número de homens: não é,</p><p>pois, essencialmente obrigatório, como a</p><p>lei, para todos, e em todas as circunstân-</p><p>cias. É uma lei que, nos países livres, fixa o</p><p>orçamento e a taxa do imposto; é por de-</p><p>cretos que são nomeados os altos funcio-</p><p>nários. Além de tudo, decreto serve muitas</p><p>vezes para designar as mesmas prescrições</p><p>da lei: devemos todos obedecer aos decretos</p><p>desta lei. Enfim, os decretos podem ad-</p><p>quirir força de lei, tornar-se leis verdadei-</p><p>51 � Cânones corresponde a leis na ordem temporal.</p><p>52 � Viu-se que Alv. Pas. dá como do latim discernere.</p><p>É evidente que se engana; pois discernere não só não dá</p><p>no supino decretum, e sim discretum, como é decernere que</p><p>significa “julgar”, “decidir”, “pôr termo”; enquanto</p><p>que discernere quer dizer “separar”, “diferençar”, “dis-</p><p>tinguir”, “discernir”.</p><p>336 � Rocha Pombo</p><p>ras, mediante certas sanções: é assim que</p><p>as decisões do conselho dos Quinhentos</p><p>traziam o nome de decretos, até que fos-</p><p>sem transformadas em leis pela sanção do</p><p>conselho dos Anciãos”. – Os dois últimos</p><p>vocábulos do grupo distinguem-se des-</p><p>te modo: aviso é uma decisão, dentro da</p><p>lei, é claro (ou interpretando, explanando</p><p>pontos ambíguos ou confusos da lei), e em</p><p>caso concreto, de administração, ou mes-</p><p>mo de direito; resolução, aqui53, é decre-</p><p>to ou aviso (mais propriamente decreto)</p><p>estatuindo o que convém sobre uma dada</p><p>questão ou matéria, ou em caso ocorrente.</p><p>Aviso aplica-se particularmente a atos de</p><p>ministros; os corpos legislativos tomam</p><p>também resoluções.</p><p>619</p><p>DEFEITO, deformidade, imperfeição,</p><p>vício, falha, balda, pecha, sestro, manha,</p><p>mania, tacha, falta, eiva, senão, fraco. – Se-</p><p>gundo Lacerda, defeito “exprime o que há</p><p>de mau em alguma coisa relativamente ao</p><p>fim a que ela se destina. – Deformidade é a</p><p>fealdade física, herdada ou adquirida. – Im-</p><p>perfeição, rigorosamente, é a falta de perfei-</p><p>ção; mas geralmente designa defeito leve, de</p><p>pouco momento. – Vício é a predisposição</p><p>maléfica de qualquer coisa que lhe corrom-</p><p>pe a bondade, que, a não existir aquela, lhe</p><p>seria própria. No sentido figurado, vale o</p><p>mesmo que falta, defeito, maldade”. Alv.</p><p>Pas. completa as suas definições, seguidas</p><p>quase à risca por Lac., com os seguintes</p><p>exemplos: “A indigestão causada por exces-</p><p>sos no comer é menos perigosa que a devida</p><p>a vício do estômago. A falta de dentes é um</p><p>defeito grande para a beleza, e muito notá-</p><p>vel na pronunciação. O estrabismo é uma</p><p>deformidade considerável, e quase sempre os</p><p>que são afetados dele são tortos em todos</p><p>os sentidos. As pessoas muito escrupulosas</p><p>reputam as imperfeições como pecados e erros</p><p>graves”. – Falha, falta, eiva e senão muito</p><p>se aproximam, e em todos os casos não seria</p><p>muito sensível a substituição de uns pelos</p><p>outros. É, no entanto, preciso distinguir</p><p>falta e senão dos dois outros, falha e eiva.</p><p>Falha e eiva designam ausência de alguma</p><p>coisa sem a qual não se julga perfeito ou</p><p>em estado ou condições normais o objeto</p><p>de que se trata; e no sentido translato sig-</p><p>nificam – “ausência de alguma qualidade</p><p>ou aptidão que se julga própria, normal no</p><p>comum dos indivíduos”. Enquanto que fal-</p><p>ta e senão marcam propriamente – “ligeiro</p><p>defeito moral”. Cometem-se faltas ou senões</p><p>(não se cometem falhas ou eivas). Ter falta</p><p>de caráter é o mesmo que não ter caráter:</p><p>ter alguma falha ou eiva de ou no caráter é</p><p>– ressentir-se da insuficiência ou mesmo da</p><p>falta de uma determinada qualidade que se</p><p>supõe própria da pessoa de caráter. Um ho-</p><p>mem piedoso, gentil, estimável em suma por</p><p>muitas qualidades, pode ser de uma lamen-</p><p>tável fraqueza moral, ou mesmo não ser de</p><p>probidade muito escrupulosa, ou até pouco</p><p>exigente em questões de honra: tal homem</p><p>pode ser censurado dessas falhas ou eivas de</p><p>caráter (não, rigorosamente, de falta de ca-</p><p>ráter, pois as qualidades que o caracterizam</p><p>são aquelas outras). – Senão é um defeito</p><p>ainda mais ligeiro do que falta. – Balda,</p><p>sestro, mania, fraco também se aproximam,</p><p>e têm de comum a significação de pequeno</p><p>ou leve defeito habitual, que leva a pessoa a</p><p>portar-se ou a agir em certos casos como in-</p><p>conscientemente, e só por apego a seu pró-</p><p>prio modo de ser ou de julgar. Dos quatro,</p><p>sestro é o que mais se avizinha de defeito, e</p><p>tanto no sentido moral como no físico. Os</p><p>outros só se aplicam no sentido moral. Bal-</p><p>da e fraco são como vagas tendências ou ca-</p><p>prichos que induzem a preferir uma coisa a</p><p>53 � Como termo jurídico, resolução é coisa muito</p><p>diferente.</p>