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<p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 385</p><p>isto era o que nos saimentos se fazia. Tinha</p><p>também saimento a significação extensiva</p><p>que damos a exéquias, como acima vimos.</p><p>O enterro dos pobres mais é enterramento</p><p>que funeral. O funeral dos abastados e ri-</p><p>cos não se pode comparar com as exéquias</p><p>dos grandes. As exéquias dos príncipes e</p><p>senhores mais se fazem por vaidade dos vi-</p><p>vos que para utilidade dos mortos. O maior</p><p>saimento de que talvez falam as histórias é o</p><p>que El-Rei D. Pedro I fez aos ossos de D.</p><p>Inez de Castro”...</p><p>711</p><p>ENTRETER, divertir, espairecer, distrair,</p><p>recrear, deleitar. – Entreter é “prender a</p><p>atenção de alguém, de modo que passe o</p><p>tempo agradavelmente sem se aperceber de</p><p>mais nada”. Ele nos entreteve longas horas</p><p>com as suas galanterias. Vamos entreter-nos</p><p>com o dominó até que eles voltem. – Aque-</p><p>le que se diverte com alguma coisa, ou de</p><p>alguma coisa, “põe toda a sua atenção e</p><p>seu gosto nessa coisa, afastando-se de ou-</p><p>tra, ou de outras”. – Espairecer é “vaguear</p><p>sem preocupações, distrair o espírito em</p><p>ligeiros passeios, por onde os ares e os pa-</p><p>noramas, o bulício das praças, ou o silên-</p><p>cio das devesas, nos agradem e nos entrete-</p><p>nham”. – Distrair enuncia propriamente a</p><p>ação de “retirar ou fazer desviar a atenção</p><p>de alguma coisa”. Não é rigorosamente o</p><p>mesmo que divertir. Quem se distrai não</p><p>pensa, não cogita, não se impressiona com</p><p>aquilo de que está distraído; quem se diverte</p><p>não pensa, nem faz outra coisa senão aqui-</p><p>lo que o entretém. – Recrear é “dar pra-</p><p>zer, comunicar ou sentir alegria”. Quem se</p><p>recreia sente-se como reanimado, a renascer</p><p>da fadiga, do tédio. – Deleitar é muito</p><p>mais que recrear. Quem nos deleita causa-</p><p>nos um prazer que nos faz feliz. Quem se</p><p>deleita sente vivamente, goza com delícia</p><p>aquilo que lhe agrada.</p><p>712</p><p>ENVIAR, remeter, mandar, despachar, ex-</p><p>pedir. – Enviar é “dirigir, pôr a caminho”.</p><p>– Remeter é “fazer chegar às mãos, à posse</p><p>daquele a quem se envia”. – Mandar é “en-</p><p>viar alguém para algum fim, ou expedir al-</p><p>guma coisa pelas próprias mãos”. – Despa-</p><p>char é “desimpedir, deixar sair”. – Expedir</p><p>é “fazer seguir”. – Enviam-se encomendas;</p><p>enviam-se representantes, ou empregados;</p><p>enviam-se cumprimentos, ou felicitações,</p><p>ou saudades, ou pêsames. Remetemos a um</p><p>amigo o que ele nos pede; a um freguês, a</p><p>fatura de gêneros de sua ordem. Remetem-se</p><p>também os presos escoltados. Manda-se uma</p><p>pessoa cumprimentar os noivos; manda-se</p><p>um presente ao menino aniversariante. Des-</p><p>pachou logo o “próprio” com a solução do</p><p>negócio. Expedem-se ordens, principalmente;</p><p>mas também se expedem mercadorias, cartas,</p><p>veículos, etc.</p><p>713</p><p>EPÍLOGO, peroração; desenlace, desfecho;</p><p>fecho, remate, final. – Epílogo e peroração</p><p>só se distinguem pelo sentido restrito de</p><p>peroração, que só se aplica à parte final do</p><p>discurso: é só o orador que faz peroração, isto</p><p>é, que, ao concluir a oração, recapitula o</p><p>que tinha dito. – Epílogo tem significação</p><p>mais extensa: tanto se diz do final de um</p><p>discurso como do final de um poema, de</p><p>um drama, de um romance, etc. No epílogo</p><p>não se faz apenas o resumo do que se havia</p><p>tratado desenvolvidamente; mas acrescenta-</p><p>se alguma coisa que explique o destino ul-</p><p>terior dos personagens, ou do protagonista</p><p>da ação. É por isso que epílogo se aproxima</p><p>de desenlace e desfecho, designando estes a</p><p>parte final da composição, o momento ou</p><p>o passo em que o autor como que desen-</p><p>leia, desfaz o enredo. Tanto desfecho como</p><p>desenlace só se empregam tratando-se de</p><p>drama, ou, em geral, de composição em</p><p>386 � Rocha Pombo</p><p>que haja intriga. Diferença-se o desfecho</p><p>de desenlace em ser aquele um desenlace</p><p>dramático, imprevisto e emocionante; sen-</p><p>do o desenlace apenas a explicação final da</p><p>trama. – Fecho, remate e final referem-se</p><p>apenas à nota última da composição literá-</p><p>ria, qualquer que seja o gênero. Dos três, o</p><p>mais vago e genérico é final, que não inclui</p><p>ideia alguma acessória, e que encerra algu-</p><p>ma coisa de todos os outros vocábulos do</p><p>grupo. – Fecho sugere ideia de acabamento</p><p>perfeito, de nota cabal com que se conclui</p><p>o que se tinha dado de belo. – Remate dir-</p><p>se-á melhor daquilo que se põe depois do</p><p>fim ou da conclusão da peça.</p><p>714</p><p>ÉPOCA, era, período. – “Época, conforme</p><p>a origem grega, designa um ponto fixo da</p><p>história, a data de um sucesso memorável.</p><p>Também se toma por certa série de anos,</p><p>caracterizada por algum acontecimento no-</p><p>tável, cujo influxo os abrangeu a todos mais</p><p>ou menos; como a época dos descobrimentos</p><p>dos portugueses. – Era, conforme a origem</p><p>latina, significa o acontecimento, o sucesso</p><p>memorável a que se refere o cômputo de</p><p>certa série de anos; como a era de Julio Ce-</p><p>sar, a de Cristo, etc. – Era diferença-se de</p><p>época em que a primeira faz referência ao</p><p>cômputo dos anos, e época ao sucesso que</p><p>por sua importância nos prende a atenção.</p><p>– Período histórico é a série de anos que</p><p>medeia entre uma e outra época”. (Lac.).</p><p>715</p><p>EQUIDADE, retidão, justiça. – Segundo</p><p>Bruns. –, a equidade consiste em manter a</p><p>balança em equilíbrio para dar a cada um</p><p>o que lhe pertence de consciência, pesando</p><p>exatamente os prós e os contras, e consul-</p><p>tando imparcialmente a nossa razão, para</p><p>avaliarmos, como é devido, os fatos e moti-</p><p>vos que devem influir na nossa decisão. Ter</p><p>equidade é não fazer exceção ou distinção de</p><p>pessoas; é tratar a todos igualmente e como</p><p>a si próprio. A equidade não corresponde,</p><p>portanto, a nenhum direito humano, nem a</p><p>nenhuma lei positiva, mas sim à lei natural,</p><p>e ao direito tal como o sentimos e reconhe-</p><p>cemos na nossa consciência. A equidade é a</p><p>base da justiça; pois esta é uma instituição</p><p>puramente humana, ou virtude convencio-</p><p>nal... É inegável que a justiça se aproxima</p><p>mais ou menos do direito absoluto; mas é</p><p>inegável também que ela depende essencial-</p><p>mente do grau de moralidade e de cultura</p><p>do indivíduo e da sociedade... Outra grande</p><p>diferença entre a justiça e a equidade está</p><p>em que a justiça não considera senão o fato</p><p>em si, não podendo penetrar nas intenções</p><p>nem nas causas determinantes do fato, por</p><p>não ter alçada na consciência; ao passo que</p><p>a equidade sonda as consciências, aprecia</p><p>as causas determinantes, tem em conta as</p><p>circunstâncias, e atenua muitas vezes o rigor</p><p>da justiça... A retidão consiste em seguir</p><p>retamente o caminho traçado pela cons-</p><p>ciência, ou melhor – pelo sentimento da</p><p>equidade. O seu caráter predominante é a</p><p>firmeza inabalável e inflexível ante os rogos,</p><p>as solicitações, as ameaças, e o próprio in-</p><p>teresse. Quem é reto, ou tem retidão, sacrifica</p><p>tudo ao sentimento de justiça e de equidade</p><p>que o anima. Comparando a retidão com a</p><p>justiça, pode-se dizer que esta consiste no</p><p>respeito dos direitos alheios; e aquela, a re-</p><p>tidão, na estrita e escrupulosa observância</p><p>das leis. A justiça só intervém quando há</p><p>oposição de pretensões ou de interesses; a</p><p>retidão preside a todos os atos da vida em</p><p>que a equidade tem de intervir. O juiz obra</p><p>com equidade quando julga segundo os dita-</p><p>mes da sua consciência, de acordo com os</p><p>princípios absolutos do direito; obra com</p><p>justiça quando sentencia conforme ao prova-</p><p>do; e obra com retidão quando resiste a em-</p><p>penhos, a ameaças, a seduções etc.</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 387</p><p>716</p><p>ERÁRIO, tesouro, fisco. – Sob o domí-</p><p>nio dos primeiros imperadores romanos,</p><p>fisco significava propriamente o tesouro</p><p>do soberano, o seu tesouro particular; e o</p><p>tesouro público, designado pela palavra œra-</p><p>ruim, “erário”, era destinado aos gastos</p><p>do Estado. Não tardou muito que se não</p><p>confundissem estas duas palavras, como</p><p>se confundiram suas significações, e se</p><p>confundem ainda hoje nos Estados onde</p><p>se não faz diferença alguma entre o erário</p><p>privado do soberano e o da nação. – Erá-</p><p>rio é termo mais próprio, falando-se dos</p><p>governos absolutos, como era o da antiga</p><p>Roma; tesouro convém mais, e é mais usa-</p><p>do em países modernos, de governo repre-</p><p>sentativo. – Fisco designa hoje o direito</p><p>que o tesouro tem de fazer cobrar o que</p><p>lhe é devido... (Segundo Roq.).</p><p>717</p><p>ERIGIR, fundar, instituir, estabelecer, le-</p><p>vantar, erguer, construir, constituir, orga-</p><p>nizar, formar. – Erigir – escreve Bruns. – “é</p><p>construir um edifício ou um monumento</p><p>cuja parte visível tem de recordar uma pes-</p><p>soa ou acontecimento, ou de ser destinada a</p><p>um certo fim. Dizemos – cuja parte visível</p><p>– porque o verbo erigir não desperta nenhu-</p><p>ma ideia relativa à parte do edifício ou do</p><p>monumento jazente sob o solo. A etimologia</p><p>deste verbo (do latim regere “pôr em pé e di-</p><p>reito”) não consente que ele se aplique senão</p><p>ao que se eleva do solo; e assim é que não se</p><p>pode dizer, por exemplo, que – o governo</p><p>erigiu uma quinta regional –, nem – um ca-</p><p>minho de ferro –; e sim que – estabeleceu uma</p><p>quinta regional –, que – estabeleceu ou construiu</p><p>uma linha férrea –, etc. Erigem-se templos às</p><p>divindades; estátuas aos grandes homens, etc.</p><p>Note-se que erigir consiste num fato só e</p><p>isolado; e por isso não se deve dizer que – o</p><p>monarca erigiu um asilo –, a não ser que ele</p><p>apenas se ocupasse da sua edificação, deixan-</p><p>do a outrem o cuidado de o dotar com os</p><p>fundos necessários para o seu funcionamen-</p><p>to; se ele o edifica e o dota, diga-se então que</p><p>ele o fundou, instituiu ou estabeleceu (ou criou).</p><p>– Fundar é criar e dotar uma empresa ou</p><p>estabelecimento que há de ser permanente.</p><p>É conseguintemente termo relativo à origem,</p><p>à solidez e à duração da obra para a qual se</p><p>contribui com fundos. O infante D. Henrique</p><p>fundou em Sagres os primeiros estabeleci-</p><p>mentos marítimos de que a história portu-</p><p>guesa faz menção. Os antigos reis fundavam</p><p>mosteiros... – Instituir acrescenta à noção de</p><p>fundar a ideia de instituto, regra ou regula-</p><p>mento. Os reis instituíam ordens militares. A</p><p>Igreja institui as cerimônias do culto. – Esta-</p><p>belecer é, propriamente dito, o mesmo que</p><p>mandar (que se faça); e como não é possível</p><p>erigir, fundar ou instituir sem mando, resul-</p><p>ta daí que tudo o que se erige, se funda, ou se</p><p>institui, pode também dizer-se que se estabele-</p><p>ce. É, portanto, termo genérico que significa</p><p>particularmente – dar existência a alguma</p><p>coisa”. – Levantar, como erigir, aplica-se no</p><p>sentido de “construir alguma coisa de vulto,</p><p>e que deve destacar-se pelas proporções, pela</p><p>altura, pela posição vertical”. Decerto que se</p><p>não dirá – “Levantamos um clube”, para sig-</p><p>nificar que o fundamos. Levantam-se templos,</p><p>palácios, estátuas. No sentido moral também</p><p>dizemos que se levanta o ânimo, a coragem</p><p>de alguém. – Erguer equivale a levantar. –</p><p>Construir, no sentido genérico, é – “dar es-</p><p>trutura a”; e tanto se aplica no sentido moral</p><p>como no físico. Tanto se constrói um prédio</p><p>como um nome, uma reputação, um lar. –</p><p>Constituir é “dar existência a, formar, orga-</p><p>nizar, estabelecer”. Constitui-se uma sociedade</p><p>mercantil; constitui-se família; como se constitui</p><p>procurador, e até, se constitui fortuna. – Orga-</p><p>nizar é propriamente “dar existência orgânica,</p><p>formar ou constituir em organismo”. Nin-</p><p>guém diria, sem dúvida, – organizar uma ques-</p><p>388 � Rocha Pombo</p><p>tão, um negócio, uma casa, pois só se organiza</p><p>coisa que tem estrutura, ou que é formada de</p><p>órgãos. Organiza-se um ministério, uma nação</p><p>ou um estado político, uma família, uma em-</p><p>presa. – Formar confunde-se até certo ponto</p><p>com organizar. Não se diz, porém, organizar</p><p>um caráter, senão formar. Enuncia, pois, for-</p><p>mar a ideia de “fazer alguma coisa segundo</p><p>um certo plano ou modelo”.</p><p>718</p><p>ESCAPAR, fugir, evadir, esquivar, evitar.</p><p>– Segundo S. Luiz, têm estes verbos uma</p><p>significação comum, que os faz sinônimos,</p><p>e consiste em que todos exprimem a ação</p><p>com que nos pomos a salvo de algum in-</p><p>cômodo, trabalho, perigo, dificuldade, etc.</p><p>Diferençam-se, porém, entre si, porque</p><p>cada um exprime diferente modo desta</p><p>ação. – Fugir de alguma coisa é apartar-se</p><p>dela, alongando-se, correndo para o lado</p><p>oposto, não se deixando alcançar, etc. Fu-</p><p>gimos do lugar contagiado; fugimos da terra,</p><p>em que habitamos, antes que seja desco-</p><p>berto o nosso crime; fugimos à justiça, que</p><p>nos procura; ao assassino que nos persegue;</p><p>fugimos do tumulto do mundo para a soli-</p><p>dão; etc. – Evitar alguma coisa é apartar-se</p><p>dela desviando-se, declinando do caminho,</p><p>fazendo por se não encontrar. Evitamos des-</p><p>pesas, trabalhos, perigos, dificuldades, des-</p><p>viando-nos das ocasiões; evitamos o encontro</p><p>desagradável, mudando de direção, etc. –</p><p>Escapar de alguma coisa61 é livrar-se dela,</p><p>estando-lhe já nas mãos, ou próximo a isso;</p><p>roubar-se ao mal que o tinha apanhado, ou</p><p>que não tardaria a alcançá-lo. Escapamos da</p><p>doença, da morte, do naufrágio, da prisão,</p><p>das mãos do inimigo, etc. – Evadir alguma</p><p>coisa é sair dela em salvo, destra e subtil-</p><p>mente, com arte, com astúcia, com subter-</p><p>fúgios, com manhas. Evadimos a questão, a</p><p>força do argumento, a dificuldade do ne-</p><p>gócio, a proibição da lei, etc. (É mais usado</p><p>pronominalmente.) – Finalmente esquivar</p><p>alguma coisa é arredar-se dela, ou afastá-la</p><p>de si com esquivança, isto é, com desapego,</p><p>com isenção, com aspereza, com desdém.</p><p>Esquivamos o homem mau, que busca a nossa</p><p>amizade; os abraços do amigo infiel; o im-</p><p>portuno que nos persegue, etc.”</p><p>719</p><p>ESCARCHA (geada), gelo, saraiva (grani-</p><p>zo, pedrisco, chuva de pedra), neve, cara-</p><p>melo, carambina, sincelos. – Todos estes</p><p>vocábulos designam (segundo Roq.) as di-</p><p>ferenças de forma e de consistência que se</p><p>observam na água congelada, isto é, privada</p><p>do calórico que conservava a mobilidade de</p><p>suas partículas. Quando nas noites longas</p><p>do inverno o ar e a terra se esfriam quanto</p><p>baste para que o orvalho se gele, os gelos que</p><p>se formam são tão subtis, e estão tão próxi-</p><p>mos uns dos outros que, pela transparência,</p><p>parecem brancos e formam a geada a que</p><p>os franceses chamam gelée blanche, e a que os</p><p>castelhanos chamam, e os nossos antigos</p><p>chamavam, escarcha: “as escarchas e neves que</p><p>o inverno traz nas despedidas” – disse um</p><p>clássico. Quando o frio aperta, mormente</p><p>nos climas do norte (falando lá no outro</p><p>hemisfério), converte-se a água em corpo</p><p>sólido, começando por formar uma côdea</p><p>semelhante a uma lâmina de cristal, até que</p><p>toda ela se converte numa massa como vi-</p><p>trificada; e a este corpo sólido e frio dá-se</p><p>o nome de gelo, a que os franceses chamam</p><p>61 � Quanto a escapar de, e escapar a, escreve o</p><p>mesmo autor: “Escapamos de um perigo, quando es-</p><p>tivemos metidos nele, e saímos a salvamento. Escapa-</p><p>mos a um perigo, quando nos antecipamos a evitá-lo.</p><p>Escapou da prisão quem esteve nela e pôde salvar-se; do</p><p>contágio, quem foi dele acometido e recobrou saúde;</p><p>do naufrágio, quem saiu das ondas com vida. Escapou</p><p>à prisão quem foi procurado para ser preso, e soube</p><p>evitar as diligências da justiça; ao contágio, quem não</p><p>foi tocado dele; ao naufrágio, quem esteve próximo a</p><p>naufragar, e arribou a porto seguro, etc.”</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 389</p><p>glace, e os espanhóis hielo. Quando as gotas</p><p>de chuva passam por frias regiões, gelam-se</p><p>antes de cair, e formam o que chamamos</p><p>saraiva, a que também se chama granizo</p><p>porque tem a forma de grãozinhos ou con-</p><p>feitinhos; assim lhe chamam igualmente os</p><p>espanhóis, dando-lhe os franceses o nome</p><p>de grêle, que é o grisil céltico, e o grando dos la-</p><p>tinos. Quando esta chuva gelada é mui gros-</p><p>sa, e como pedrinhas, chama-se-lhe com</p><p>razão chuva de pedra; e quando esta pedra é</p><p>miúda, porém esquinada como as pedras de</p><p>sal, chama-se-lhe pedrisco. A reunião de uns</p><p>gelos extraordinariamente finos, formados</p><p>pela frialdade da atmosfera no momento de</p><p>sua condensação, e antes que as partículas</p><p>aquosas tenham podido reunir-se em gotas,</p><p>é a neve. Estes pequeninos gelos, deixando</p><p>entre si algum espaço, formam flocos mui</p><p>ligeiros que, pela sua transparência, apre-</p><p>sentam uma brancura formosa que deslum-</p><p>bra os olhos. Finalmente, caramelo é a neve</p><p>congelada, ou o gelo grosso na superfície das</p><p>águas, dos rios, etc. – Dá-se o nome de ca-</p><p>rambina ao gelo pendente das árvores, dos</p><p>muros, dos penhascos, etc.; e o de sincelos</p><p>ao gelo pendente</p><p>dos beirais dos telhados.</p><p>720</p><p>ESCORREGAR, resvalar, deslizar. – Escor-</p><p>regar é ser deslocado pelo próprio peso, ou</p><p>mover-se mais ou menos rapidamente sobre</p><p>uma superfície lisa. – Resvalar é “perder o</p><p>equilíbrio e cair ou descer escorregando, ou</p><p>rolando”. Tanto resvalar como escorregar</p><p>têm sido empregados por bons escritores</p><p>como significando deslizar; mas este verbo</p><p>não sugere como aqueles a ideia da rapidez</p><p>da deslocação, nem propriamente a de de-</p><p>sequilíbrio. – Deslizar é escorregar de leve,</p><p>pouco a pouco, suavemente; mover-se em</p><p>superfície lisa serenamente. Pisou numa</p><p>casca de banana, escorregou e caiu; pisou em</p><p>falso, resvalou e tombou no buraco; o veículo,</p><p>mesmo travado, foi deslizando sobre o asfalto</p><p>até encontrar o muro. A lágrima que resvala</p><p>cai dos olhos; a que escorrega desce rapida-</p><p>mente pela face; a que desliza vem descendo</p><p>lentamente.</p><p>721</p><p>ESCURO, obscuro, sombrio, tenebroso,</p><p>caliginoso. – Diz Roq. muito bem destes</p><p>vocábulos: Todos exprimem falta de luz em</p><p>corpos ou lugares, mas com diferente grau,</p><p>ou a diversos respeitos. No que é escuro</p><p>falta a luz ordinária, mas resta ainda algu-</p><p>ma claridade. Dia escuro é o em que se não</p><p>vê o sol, que está coberto, anuviado, mas</p><p>em que se vê o suficiente para se distinguir</p><p>os objetos. No que é obscuro falta a clari-</p><p>dade indispensável; é o escuro cerrado, ou</p><p>carregado. Dia obscuro é o em que há névoa</p><p>espessa, que impede ver os objetos, a não</p><p>ser muito de perto. No sombrio falta a ple-</p><p>nitude do dia. Um bosque é sombrio quando</p><p>a espessura do arvoredo impede que nele</p><p>penetre toda a luz do dia, e não dá passo</p><p>senão a débeis reflexos. O que é tenebroso</p><p>carece de toda luz. O inferno é tenebroso por-</p><p>que não penetra ali nenhuma luz. – Caligi-</p><p>noso é palavra poética e latina (caliginosus) e</p><p>exprime não só o último grau de escuridade</p><p>como a extrema cegueira no órgão visual;</p><p>por isso se diz: olhos caliginosos, por escu-</p><p>recidos, cegos, física ou moralmente; e não</p><p>se poderia dizer escuros62, nem sombrios, nem</p><p>tenebrosos. – No sentido figurado, escuro di-</p><p>zemos comumente do que se não entende</p><p>ou ouve bem, do que é triste: pensamento,</p><p>texto escuro; voz, palavras escuras. – Obscuro</p><p>dizemos particularmente do que não tem</p><p>lustre, nem nobreza: nascimento, lugar obs-</p><p>curo; nome obscuro. Sombrio não se diz senão</p><p>do ar e feições do rosto do homem triste, e</p><p>62 � Aliás, escuros ainda se diz. É muito usual – es-</p><p>cureceu a vista.</p><p>390 � Rocha Pombo</p><p>do caráter e dos pensamentos das pessoas</p><p>que vivem fora de alegria. – Tenebroso di-</p><p>zemos com propriedade das ações, dos pro-</p><p>jetos, das empresas odiosas e secretas, en-</p><p>voltas em véus impenetráveis. – Caliginoso</p><p>dizemos acertadamente da grande cegueira</p><p>de entendimento, da grande obscuridade</p><p>do que escapa à nossa perspicácia e previ-</p><p>são. Em bons autores pode ler-se: “Olhos</p><p>caliginosos dos sectários, da malevolência; o</p><p>caliginoso polo do futuro”.</p><p>722</p><p>ESCUTAR, ouvir, atender. – Não se pode</p><p>confundir o verbo ouvir com os dois ou-</p><p>tros; pois ouvir designa uma função incons-</p><p>ciente do sentido da audição: é sentir as im-</p><p>pressões causadas pelo som no órgão desse</p><p>sentido. Entre escutar e atender há dife-</p><p>rença muito mais subtil. Estes dois verbos,</p><p>como diz Alv. Pas., “são sinônimos quando</p><p>exprimem a ideia de prestar atenção ao que</p><p>se diz, com a diferença seguinte: Escuta-se</p><p>para se ouvir bem o que se diz; atende-se para</p><p>compreender bem o que se ouve. O primeiro</p><p>representa uma função do ouvido; o segun-</p><p>do, uma operação do espírito. O que ouve</p><p>bem o pregador atende para não perder nada</p><p>do sermão. O que está longe escuta para o</p><p>poder ouvir. Para escutar evita-se o barulho;</p><p>para atender evita-se a distração”.</p><p>723</p><p>ESFAIMADO, esfomeado, faminto, feméli-</p><p>co, famulento. – A palavra latina fames, e a</p><p>portuguesa dela derivada, fome, são os radi-</p><p>cais de todos estes adjetivos, que indicam o</p><p>que tem fome. Alguma diferença, porém, é</p><p>preciso notar entre eles. – Famélico é pa-</p><p>lavra alatinada, famelicus, que se traduz em</p><p>faminto ou esfomeado, pela oposição que</p><p>tem com saturatus, “farto”. Se houvéramos</p><p>de traduzir aquele dito de Plauto: Dum ri-</p><p>debunt saturati, mordebunt famelici (Ps. prol. 14)</p><p>– diríamos muito bem: “Enquanto rirem os</p><p>fartos, morderão os famintos”. – Faminto in-</p><p>dica o que tem fome e deseja comer; corres-</p><p>ponde, como vemos, ao famelicus latino, e ao</p><p>hambriento espanhol, mas não tem tanta força</p><p>como o esfomeado ou esfaimado portu-</p><p>guês, segundo parece dar a entender Vieira</p><p>quando diz: “Por isso há tantos famintos, ou</p><p>esfaimados da graça” (V. 423). O prefixo es</p><p>aumenta a força, a intensidade do radical;</p><p>pelo que estes dois adjetivos (esfaimado e</p><p>esfomeado) exprimem uma fome violenta,</p><p>devoradora nos indivíduos a quem se apli-</p><p>cam. – Esfaimado é menos vulgar que esfo-</p><p>meado; e faminto é poético, mormente no</p><p>sentido figurado de mui desejoso; do que</p><p>temos bom exemplo em Camões, que disse:</p><p>Desta arte o sumo bem se me oferece</p><p>Ao faminto desejo, por que sinta</p><p>A perda de perdel-o mais penosa.</p><p>(Canc., II)</p><p>... famintos beijos na floresta!</p><p>(Lus., IX, 83)</p><p>Famulento é palavra muito expressiva</p><p>e poética, que não exprime somente fome</p><p>grande, ou grande desejo, senão uma fome,</p><p>um desejo ardente, insaciável, a que nada</p><p>satisfaz, nada farta; como muito bem disse</p><p>Camões:</p><p>Que nunca o pensamento</p><p>Voando sempre de uma a outra parte,</p><p>Destas entranhas tristes bem se farte;</p><p>Imaginando como, e famulento,</p><p>Quanto mais como, a fome vai crescendo.</p><p>(Canc., 11)</p><p>E depois dele, disse Bocage:</p><p>Com famulentos olhos a devora.</p><p>(De Roq.)</p><p>724</p><p>ESFALFADO, extenuado, cansado, fatigado,</p><p>exausto. – Todos estes adjetivos enunciam</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 391</p><p>de comum a ideia de falto de forças devido</p><p>a excesso de exercício. – Esfalfado aplica-se</p><p>particularmente nos casos em que a debili-</p><p>dade provém de “gasto de forças por abuso</p><p>de funções orgânicas”. – Extenuado dize-</p><p>mos melhor quando a debilidade é “pro-</p><p>funda e principalmente quando a fadiga é</p><p>mental”. – Cansado é termo genérico para</p><p>exprimir “de forças gastas por excesso de</p><p>trabalho físico”. – Fatigado é “o que can-</p><p>sou de momento”, quer no sentido físico,</p><p>quer no sentido moral. – Exausto aplica-se</p><p>igualmente em qualquer sentido, e significa</p><p>“esgotado de forças”. O que saiu das orgias</p><p>vem esfalfado. Quem estudou muito, quem</p><p>escreveu demais, quem discutiu longamente</p><p>numa assembleia, ou num tribunal, sente-se</p><p>extenuado. Os que trabalharam todo o dia, à</p><p>noite estão cansados. Os ricos sentem-se às</p><p>vezes cansados de aturar os pobres; os pobres,</p><p>cansados de sofrer. Quando o conselheiro</p><p>chegou ao alto da escada, sentia-se fatigado.</p><p>F. está fatigado da lida; do discurso, ou de</p><p>falar; fatigado de correr, de ouvir, de estar de</p><p>pé, ou de estar sentado. A doença deixa-nos</p><p>exausto; o trabalho, as aflições puseram-no</p><p>exausto. Alma exausta de crenças, de coragem,</p><p>de esperanças.</p><p>725</p><p>ESMERO, capricho, apuro, primor, re-</p><p>quinte; cuidado, asseio, limpeza, corre-</p><p>ção, alinho, gosto. – Todas estas palavras</p><p>referem-se à diligência, zelo, carinho, esfor-</p><p>ço particular com que se executa algum tra-</p><p>balho. Executa-se com esmero quando se faz</p><p>o melhor que se pode; com capricho quando</p><p>se faz com cuidado tenaz e minucioso, brio</p><p>e galhardia; com apuro, quando se faz com</p><p>extremo, finíssimo capricho; com primor se</p><p>executou, quando a coisa executada saiu</p><p>perfeita, ou pelo menos com qualidades</p><p>para ser tida como das melhores, das primei-</p><p>ras no seu gênero. – Requinte é “o excesso</p><p>de apuro; o meticuloso rigor, o exagero da</p><p>correção”. – Consiste o cuidado na “aten-</p><p>ção e solicitude com que se aplica alguém a</p><p>fazer alguma coisa”. – Asseio, neste grupo,</p><p>é a “discreta correção com que se age, com</p><p>que se executa algum serviço”. – Limpeza</p><p>é a “habilidade e capricho com que se faz</p><p>alguma coisa”. – Correção é “o cuidado e</p><p>apuro com que se executa alguma coisa tão</p><p>bem como deve ser executada”. – Alinho é</p><p>“o asseio no trajar, a discrição na conduta e</p><p>no discurso”. – Gosto, aqui,</p><p>é “o senso do</p><p>razoável e preferível, o critério, a presteza, a</p><p>graça com que se age, se diz, se faz”, etc.</p><p>726</p><p>ESPANTOSO, terrível, terrífico, terri-</p><p>ficante, horrível, horrendo, horroroso,</p><p>horrente, hórrido, horrífero, horrífico,</p><p>horripilante, medonho, pavoroso, temero-</p><p>so. – Horrendo – diz Roq. – “é o que por</p><p>sua grandeza desconforme infunde medo e</p><p>temor ao vê-lo ou ouvi-lo”. – Horrível é</p><p>tudo o que por sua fereza causa horror nos</p><p>que o presenciam. Refere-se ordinariamen-</p><p>te a objetos animados. – Horroroso, pelo</p><p>contrário, diz-se mais frequentemente de</p><p>objetos inanimados; e em particular do que</p><p>depende da ordem da natureza, ou daquilo</p><p>em que há atrocidade. – Espantoso desig-</p><p>na uma ideia menos extensa (e mais vaga)</p><p>que os anteriores adjetivos, e causa assom-</p><p>bro, porém pode ser alguma coisa que por</p><p>demasiada grandeza cause o que chamamos</p><p>espanto. Horrendos são os trovões quando ri-</p><p>bombam no fundo dos vales; horrendas são</p><p>as bombardas que estoiram amiudadas;</p><p>horrendo era o tom da voz com que falava o</p><p>gigante Adamastor. Horrível é o leão quando</p><p>nos desertos assalta o caminhante. Horrorosa</p><p>é a noite em que se não vê nem uma estre-</p><p>la, passada em pequeno baixel que as ondas</p><p>agitam e a enfurecida borrasca ameaça fazer</p><p>em pedaços contra escarpados rochedos;</p><p>392 � Rocha Pombo</p><p>horroroso é um crime atroz e inumano. São</p><p>espantosos os castigos, os espetros, os terre-</p><p>motos, os furacões, os bramidos, e tudo que</p><p>causa espanto. Os três primeiros (horrendo,</p><p>horrível e horroroso) tomam-se sempre em</p><p>mal; o último (espantoso) toma-se algumas</p><p>vezes em bem, como coisa maravilhosa; e,</p><p>neste sentido, é espantosa a viajem do Gama</p><p>à Índia; são espantosos os feitos de Duarte</p><p>Pacheco. Podem, porventura, reunir-se num</p><p>mesmo sujeito estas quatro qualidades, sob</p><p>diversas relações. Polifemo, considerado em</p><p>sua desmedida grandeza, era espantoso; consi-</p><p>derado em seu aspeto desagradável à vista, e</p><p>com um só olho na testa, representa-se-nos</p><p>horrível; considerado como um gigante de</p><p>desmesurada força, figura-se-nos horrendo;</p><p>considerado como um monstro de cruel-</p><p>dade, representa-se-nos horroroso. O gigante</p><p>Adamastor, segundo o imaginou o nosso</p><p>poeta, era espantoso por sua disforme e gran-</p><p>díssima estatura; os olhos encovados, a boca</p><p>negra, os dentes amarelos, a barba esquáli-</p><p>da, e os cabelos cheios de terra faziam-no</p><p>horrível; os membros descompassados, e tom</p><p>de voz medonho e temeroso com que fala-</p><p>va faziam-no horrendo; e se, como Polifemo,</p><p>se apresentasse despedaçando homens, e</p><p>comendo-lhes as carnes, seria, como o ci-</p><p>clope, horroroso monstro”. – Horrente, hór-</p><p>rido, horrífero, horrífico e horripilante</p><p>são variantes dos três anteriores quase que</p><p>só na forma, pois há de ser muito raro o</p><p>caso em que não tenham sido empregados</p><p>indistintamente. Quanto a horrente só se</p><p>tem a observar que pode ser empregado em</p><p>dois sentidos: significando o mesmo que</p><p>horrífico e outros; e também significando</p><p>horrorizado, que tem ou sente horror: ali,</p><p>diante da sombra, ficou horrente a pobre me-</p><p>nina. De horrível deve dizer-se ainda que se</p><p>aplica tanto quando se quer exprimir o que</p><p>impressiona os sentidos, como daquilo que</p><p>repugna à alma ou a consciência: o que nem</p><p>sempre se dará em relação aos outros, ou</p><p>à maioria deles pelo menos. Dizemos, por</p><p>exemplo: dor horrível, apreensões horríveis,</p><p>amarguras, aflições horríveis. Poderíamos di-</p><p>zer ainda: aflição, dor horrorosa; mas decerto</p><p>ninguém arriscaria: horrenda aflição; nem dor</p><p>horrente, ou – amargura horrífica. Em suma:</p><p>parece indispensável distinguir o horror que</p><p>parece estar só na imaginação, ou que se</p><p>passa no espírito (e então exprimi-lo-emos</p><p>por horrível, e também por horroroso) do</p><p>terror que se diria sempre resultado de im-</p><p>pressão imediata, atual dos sentidos (e em</p><p>tais casos usaremos dos demais adjetivos do</p><p>mesmo radical). – Os restantes vocábulos</p><p>do grupo – terrível, medonho, pavoroso,</p><p>temeroso distinguem-se pelos respetivos</p><p>radicais: é terrível o que causa terror, isto</p><p>é, uma impressão de sobressalto que faz</p><p>tremer e que abate a força moral; é medo-</p><p>nho o que produz medo (susto, sobressalto</p><p>violento e inconsciente); é pavoroso o que</p><p>inspira pavor (grande espanto, terror que faz</p><p>fugir); é temeroso aquilo que causa temor</p><p>(sentimento mais de respeito, assombro e</p><p>maravilha que de medo). – O que se dis-</p><p>se de horrível e horroroso, em relação aos</p><p>outros do mesmo radical, pode dizer-se de</p><p>terrível em relação a terrífico e terrifican-</p><p>te; devendo notar-se, no entanto, que todos</p><p>estes se empregam ainda mais indiferente-</p><p>mente talvez do que aqueles.</p><p>727</p><p>ESPECIAL, particular, singular, privativo,</p><p>exclusivo. – Particular é o que não é co-</p><p>mum a todos ou a muitos, o que pertence</p><p>a um ou a poucos, o que distingue um ou</p><p>alguns de outro ou de muitos. – Singular</p><p>é o que tem o caráter de excepcionalidade,</p><p>que só se encontra num caso ou num indi-</p><p>víduo, ou que pelo menos é tão raro que se</p><p>pode considerar como existente num indi-</p><p>víduo apenas, ou em muito poucos indiví-</p>

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