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<p>1</p><p>AULA 01 – PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS – DPERJ</p><p>0) ESCLARECIMENTOS INICIAIS:</p><p>0.1) INTRODUÇÃO:</p><p>Este caderno foi elaborado pelo professor Rafael R. Veloso</p><p>(@defensor_rafaelveloso). Eventuais dúvidas poderão ser enviadas para o email do</p><p>curso, assim como pelo direct do instagram profissional do professor, esclarecendo na</p><p>mensagem que se trata de aluna(o) do curso.</p><p>Como o presente curso está se antecipando à publicação do edital, as</p><p>observações, dicas e conteúdo programático observarão o edital anterior, sem prejuízo</p><p>de eventual envio de complementação do material de apoio no decorrer das aulas, caso</p><p>o edital atual seja publicado em seu decorrer.</p><p>0.2) CRONOGRAMA DO CONCURSO ANTERIOR:</p><p>Em 2021, as inscrições foram abertas em 10/02/2021, a prova objetiva</p><p>preliminar foi realizada em 25/04/2021 e as provas escritas específicas de Banca I, II e</p><p>III foram realizadas, respectivamente em 16, 18 e 20/06/2021. Por fim, as provas de</p><p>sustentação oral foram agendadas para os dias 06, 07 e 08/12/2021.</p><p>Dessa forma, é possível concluir que houve um intervalo médio de dois meses</p><p>entre a publicação do edital e a realização da prova objetiva preliminar, dois meses entre</p><p>a prova objetiva preliminar e as provas escritas específicas e seis meses entre as provas</p><p>escritas específicas e as provas de sustentação oral.</p><p>Consequentemente, sendo iminente a publicação do edital, é hora de acelerar</p><p>os estudos!</p><p>0.3) DESTAQUES SOBRE O REGULAMENTO DO XXVIII CONCURSO</p><p>(CONCURSO ATUAL):</p><p>O edital do XXVII Concurso para a DPE/RJ (concurso anterior) previu 38 (trinta</p><p>e oito) cargos vagos na classe inicial (item 3.1 do edital anterior). Há notícia sobre a</p><p>existência de aproximadamente 27 cargos vagos. O edital do concurso atual irá</p><p>especificar essa quantidade, confirmando ou não essa informação, sem prejuízo das</p><p>vagas que forem surgindo no decorrer do certame.</p><p>O certame possuiu 12 (doze) matérias (art. 3º, do regulamento), distribuídas</p><p>entre três Bancas Examinadoras (art. 13, parágrafo primeiro, do regulamento).</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>2</p><p>Princípios Institucionais da Defensoria Pública fazia parte da Banca I, no</p><p>regulamento anterior, ao lado de Direito Civil, Direito Processual Civil, Tutela Coletiva</p><p>e Direito Empresarial. Todavia, no regulamento atual, Princípios Institucionais da</p><p>Defensoria Pública passou a fazer parte da Banca III, ao lado de Direito</p><p>Constitucional, Direito Administrativo, Direito da Criança e do Adolescente e Direitos</p><p>Humanos (art. 13, parágrafo primeiro, do regulamento).</p><p>Cada banca será integrada por 04 (quatro) examinadores e 04 (quatro) suplentes.</p><p>Lembrem-se: “investigar” a produção acadêmica e a atuação profissional das(os)</p><p>examinadoras(es) é imprescindível!</p><p>Houve a distribuição de 5 (cinco) pontos para cada uma das 12 (doze)</p><p>matérias, sendo certo que não haverá sorteio de pontos na prova preliminar objetiva,</p><p>mas haverá sorteio de ponto nas provas escritas específicas e nas provas de sustentação</p><p>oral (art. 37, parágrafos 1º a 4º, do regulamento).</p><p>A prova preliminar objetiva valerá 90 (noventa) pontos (art. 44, do</p><p>regulamento) e terá a duração de 5 (cinco) horas, não sendo permitida qualquer consulta</p><p>(arts. 45 e 47, do regulamento).</p><p>Serão elaboradas 90 (noventa) questões objetivas, sendo 30 (trinta) de cada</p><p>banca (art. 49, do regulamento).</p><p>Se cada banca terá 30 (trinta) questões objetivas (art. 49, do regulamento) e</p><p>Princípios Institucionais da Defensoria Pública está na Banca III, ao lado de outras</p><p>quatro disciplinas (art. 13, parágrafo primeiro, do regulamento), se houver uma</p><p>distribuição equânime, é possível que a disciplina de Princípios Institucionais tenha</p><p>em torno de 06 (seis) questões objetivas.</p><p>Segundo o artigo 50, do regulamento, “será considerada(o) habilitada(o) na</p><p>primeira etapa a(o) candidata(o) que preencher os seguintes requisitos: I - lograr obter</p><p>40 acertos ou mais na Prova Preliminar Objetiva no tocante às vagas da ampla</p><p>concorrência; II - lograr obter 27 acertos ou mais na Prova Preliminar Objetiva no</p><p>tocante às vagas reservadas as(aos) candidatas(os) com deficiência; III - lograr obter 27</p><p>acertos ou mais na Prova Preliminar Objetiva no tocante às vagas reservadas as(aos)</p><p>candidatas(os) negras(os) e índias(os); IV - lograr obter 27 acertos ou mais na Prova</p><p>Preliminar Objetiva no tocante às vagas reservadas à população com hipossuficiência</p><p>econômica.</p><p>Portanto, não houve previsão de “cláusula de barreira” conforme a</p><p>classificação na lista, diferentemente do que constou do regulamento anterior (por</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>3</p><p>exemplo, apenas aqueles que ficaram classificados até a 350ª posição na lista de ampla</p><p>concorrência que foram considerados aprovados na prova preliminar objetiva do</p><p>concurso anterior. Essa previsão não se repetiu no concurso atual).</p><p>0.4) PONTOS DO XXVII CONCURSO (CONCURSO ANTERIOR):</p><p>PONTO I</p><p>a) Evolução da Defensoria Pública no âmbito estadual e nacional. A Defensoria</p><p>Pública como expressão e instrumento do regime democrático. Os objetivos da</p><p>Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e independência funcional.</p><p>b) A posição constitucional da Defensoria Pública no Estado Democrático de</p><p>Direito contemporâneo. A essencialidade constitucional da Defensoria Pública e as</p><p>consequentes limitações impostas ao poder constituinte derivado. A autonomia</p><p>institucional da Defensoria Pública na Constituição Federal. A Defensoria Pública e o</p><p>acesso à justiça.</p><p>c) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica</p><p>gratuita. Deliberação CS/DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da</p><p>necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº 943/2018 (arrecadação de honorários). Os</p><p>modelos teóricos de assistência jurídica dos Estados contemporâneos. O modelo</p><p>brasileiro de assistência jurídica estatal gratuita.</p><p>d) Funções institucionais da Defensoria Pública. Garantias e prerrogativas dos</p><p>membros da Defensoria Pública. Direitos dos assistidos.</p><p>e) Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de</p><p>Processo Civil e na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial. Curadoria</p><p>Especial.</p><p>PONTO II</p><p>a) A posição constitucional da Defensoria Pública no Estado Democrático de</p><p>Direito contemporâneo. A essencialidade constitucional da Defensoria Pública e as</p><p>consequentes limitações impostas ao poder constituinte derivado. A autonomia</p><p>institucional da Defensoria Pública na Constituição Federal. A Defensoria Pública e o</p><p>acesso à justiça.</p><p>b) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime democrático.</p><p>Os objetivos da Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e independência</p><p>funcional. A Defensoria Pública e a repartição constitucional de competências</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>4</p><p>legislativas. A sistematização normativa da Defensoria Pública do Estado do Rio de</p><p>Janeiro. A Defensoria Pública e a Advocacia.</p><p>c) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica</p><p>gratuita. Deliberação CS/DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da</p><p>necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº 943/2018 (arrecadação de honorários).</p><p>Curadoria Especial.</p><p>d) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a)</p><p>público(a). A relação jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública.</p><p>Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de Processo Civil e</p><p>na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.</p><p>e) Funções institucionais da Defensoria Pública. Custos vulnerabilis. Garantias e</p><p>prerrogativas dos membros da Defensoria Pública. Direitos dos assistidos.</p><p>PONTO III</p><p>a) A posição constitucional da Defensoria Pública no Estado Democrático de</p><p>Direito contemporâneo.</p><p>UTI em hospital público; ii) disponibilidade de</p><p>vagas em creche; iii) medicamento na rede pública; iv) condições presídio; v)</p><p>acessibilidade; vi) água e energia; vii) poluição sonora em “funk na favela”;</p><p>f) O ARTIGO 134, DA CRFB, PREVÊ EXPRESSAMENTE A FUNÇÃO</p><p>INSTITUCIONAL DE A DP EXERCER A TUTELA COLETIVA;</p><p>5º) INSTITUIÇÃO ESTATAL INCUMBIDA DA PROMOÇÃO DE DIREITOS</p><p>HUMANOS: NENHUMA OUTRA instituição tem aptidão expressa no texto da CRFB,</p><p>o que não impede eles. O encargo é atribuído para a DPE, sem prejuízo dos demais. JÁ</p><p>ESTAVA NA LC 80 TAMBÉM, DESDE 2009. Os concursos da DPE antecedem aos</p><p>demais na cobrança de direitos humanos; precede aos demais na provocação dos órgãos</p><p>públicos sobre o controle de convencionalidade. NO PLANO INTERNACIONAL</p><p>TAMBÉM, a exemplo da figura do DPInteramericano, pelo regulamento unificado entre</p><p>a Corte e a AIDEF = perfil de proteção dos direitos humanos;</p><p>6º) PREVISÃO DOS PRINCÍPIOS: O parágrafo quarto constitucionaliza os</p><p>princípios institucionais. Princípios da UNIDADE, INDIVISIBILIDADE e</p><p>INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL. Esses princípios também estavam na LC 80/94 e</p><p>agora foram incorporados à CRFB;</p><p>7º) PRAZO DE 8 ANOS PARA UM DEFENSOR POR COMARCA (ART. 98 DO</p><p>ADCT): ADCT, art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será</p><p>proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva</p><p>população. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014). § 1º No prazo de 8</p><p>(oito) anos, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores</p><p>públicos em todas as unidades jurisdicionais, observado o disposto no caput deste artigo.</p><p>§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, a lotação dos defensores</p><p>públicos ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de</p><p>exclusão social e adensamento populacional. PREVISÃO ATÉ 2022 DESSE</p><p>PROGRAMA DE EXPANSÃO!</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>31</p><p>8º) APLICAÇÃO NO QUE COUBER DOS ARTS. 93 E 96, II DA CRFB:</p><p>Relação com o regime jurídico da magistratura.</p><p>01.5) Questões de concursos anteriores:</p><p>2) XXVII CONCURSO (2021) - QUESTÃO 27: Sobre a longa evolução da Defensoria</p><p>Pública e do direito fundamental à assistência jurídica no ordenamento brasileiro, é</p><p>correto afirmar que:</p><p>(a) a Constituição Federal de 1937, chamada de “polaca”, chegou a prever a prestação</p><p>de assistência judiciária aos pobres por órgãos públicos, mas não teve efetividade</p><p>prática;</p><p>(b) à luz do regime constitucional de 1988, não se admite a constituição de uma</p><p>entidade de advogados(as) voltada exclusivamente à prestação de advocacia pro bono;</p><p>(c) a aquisição da legitimidade ativa para a ação civil pública, graças à Lei nº</p><p>11.448/2007, que viabilizou a atuação coletiva da instituição, pode ser considerada um</p><p>importante marco na evolução da Defensoria Pública;</p><p>(d) a Lei nº 1.060/1950 concebeu um sistema misto de assistência judiciária, atribuindo</p><p>a tarefa prioritariamente ao poder público, com a participação subsidiária da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil;</p><p>(e) embora limitada ao âmbito penal, a previsão da Assistência Judiciária do Distrito</p><p>Federal, pelo Decreto nº 2.457/1897, lançou as bases para a ampliação do serviço no</p><p>país.</p><p>→GABARITO: Letra “D”;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>32</p><p>02) A DEFENSORIA PÚBLICA COMO EXPRESSÃO E INSTRUMENTO DO</p><p>REGIME DEMOCRÁTICO. OS OBJETIVOS DA DEFENSORIA PÚBLICA.</p><p>UNIDADE, INDIVISIBILIDADE E INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL</p><p>(Pontos 01.a, 02.b, 03.e, 04.a, 04.e, 05.e):</p><p>02.1) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime</p><p>democrático.</p><p>Como visto no capítulo anterior, dentre as decorrências da Emenda</p><p>Constitucional n. 80/2014, a Defensoria Pública foi prevista como expressão e</p><p>instrumento do regime democrático.</p><p>São exemplos de fortalecimento do caráter democrático da Defensoria Pública</p><p>na “atividade-fim”: atuação na justiça eleitoral, como amicus curiae, como custos</p><p>vulnerabilis, bem como realização de audiências públicas e etc.;</p><p>São exemplos de fortalecimento do caráter democrático da Defensoria Pública</p><p>na “atividade-meio” (gestão): atuação da ouvidoria-geral, debates colegiados na</p><p>atividade normativa e decisória do conselho superior, processo de escolha do DPG</p><p>através de uma lista tríplice formada pela categoria e etc.;</p><p>02.2) Os objetivos da Defensoria Pública:</p><p>02.2.1) Definição:</p><p>A previsão legal dos objetivos da Defensoria Pública também constitui inovação</p><p>trazida pela reforma operada pela Lei Complementar nº 132/2009.</p><p>Em harmonia com os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil</p><p>(arts. 1º e 3º da CRFB), os objetivos institucionais elencados no art. 3º-A da LC nº</p><p>80/1994 designam os propósitos a serem satisfeitos pela atuação funcional da</p><p>Defensoria Pública.</p><p>Por apresentarem conteúdo aberto e irresoluto, os objetivos institucionais</p><p>possuem ampla volubilidade e mutabilidade, sendo capazes de assumir novas formas e</p><p>significados a medida que incorporam os valores jurídico-sociais germinados pelo</p><p>processo evolutivo. Com isso, cada nova conquista gerada pela transposição das</p><p>barreiras do conservadorismo acaba abrindo novas portas e revelando novos horizontes</p><p>a serem buscados pela atuação funcional da Defensoria Pública, fazendo com que os</p><p>objetivos institucionais nunca sejam realizados inteiramente. Por essa razão, os</p><p>objetivos elencados no art. 3º-A da LC nº 80/1994 devem ser compreendidos como</p><p>designação de direção a ser seguida, e não de destino a ser alcançado.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>33</p><p>02.2.2) Dos objetivos em espécie:</p><p>O art. 3º-A da Lei Complementar nº 80/1994 elenca quatro objetivos a serem</p><p>perseguidos pela Defensoria Pública durante o desempenho de suas funções</p><p>institucionais: (i) a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das</p><p>desigualdades sociais; (ii) a afirmação do Estado Democrático de Direito; (iii) a</p><p>prevalência e efetividade dos direitos humanos; e (iv) a garantia dos princípios</p><p>constitucionais da ampla defesa e do contraditório.</p><p>→ATENÇÃO: Sempre devemos comparar os dispositivos da LC 80/1994 com</p><p>os dispositivos da LCE 6/1977 (DPE/RJ). E a LCE 6/1977, em seu artigo 3º, elencou</p><p>quais são os objetivos da Defensoria Pública do Estado, quais sejam: I – a primazia da</p><p>dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais; II – a afirmação do</p><p>Estado Democrático de Direito; III – a prevalência e efetividade dos direitos humanos;</p><p>IV – a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, de</p><p>modo a resguardar a paridade de instrumentos no acesso à justiça. Trata-se de texto já</p><p>com a nova redação dada pela LCE 169/2016.</p><p>Pela leitura dos dispositivos legais, podemos perceber que os objetivos da</p><p>Defensoria Pública são cláusulas de natureza aberta e sentido fluido, capazes de</p><p>proporcionar a mais ampla interpretação de seu espectro de incidência.</p><p>→ATENÇÃO 02: CRFB/88, art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da</p><p>República Federativa do Brasil:</p><p>I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o</p><p>desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as</p><p>desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de</p><p>origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.</p><p>I) A PRIMAZIA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A REDUÇÃO</p><p>DAS DESIGUALDADES SOCIAIS</p><p>De acordo com o art. 3º-A, I, da LC nº 80/1994, constitui objetivo da Defensoria</p><p>Pública “a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades</p><p>sociais”.</p><p>Considerada fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, da</p><p>CRFB), a dignidade da pessoa humana está na origem dos direitos</p><p>materialmente</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>34</p><p>fundamentais e representa o núcleo essencial de cada um deles. Por isso, dentro da</p><p>escala dos valores constitucionais, a dignidade humana é considerada valor superlativo,</p><p>sendo o epicentro axiológico de toda a ordem jurídico-constitucional.</p><p>O princípio da dignidade humana expressa valor físico, moral e psíquico a ser</p><p>assegurado a todas as pessoas simplesmente pelo fato de existirem no mundo,</p><p>constituindo um mínimo invulnerável do indivíduo.</p><p>Por serem todas as pessoas iguais em dignidade, a atuação funcional da</p><p>Defensoria Pública deve garantir o respeito recíproco de cada pessoa à dignidade alheia,</p><p>além de assegurar o respeito e a proteção da dignidade humana pelo Poder Público e</p><p>pela sociedade em geral. Nesse âmbito de proteção fundamental da pessoa humana se</p><p>inclui a tutela do mínimo existencial, que identifica o conjunto de bens e utilidades</p><p>básicas necessárias à subsistência digna e indispensáveis ao desfrute dos direitos em</p><p>geral.</p><p>Partindo da ideia de que todas as pessoas possuem idêntico valor intrínseco, o art.</p><p>3º-A, I da LC nº 80/1994 indica também como objetivo institucional da Defensoria</p><p>Pública a redução das desigualdades sociais. Esse dispositivo legal reafirma o art. 3º, III</p><p>da CRFB e qualifica a Defensoria Pública como instrumento implementador do objetivo</p><p>fundamental da República Federativa do Brasil de “erradicar a pobreza e a</p><p>marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.</p><p>Sem dúvida, muitas são as causas da pobreza e variados são os círculos viciosos</p><p>que contribuem para manter as pessoas na condição de miserabilidade. Embora seja</p><p>praticamente impossível indicar com segurança todos os fatos geradores e proliferadores</p><p>da pobreza, uma coisa parece certa: essa condição social possui a grave consequência de</p><p>privar aqueles que a vivem de voz. Isso ocorre porque a pobreza leva as pessoas a</p><p>acreditarem que são culpadas pela situação em que vivem, permanecendo mergulhadas</p><p>na vergonha e no medo do julgamento alheio. Em uma sociedade eminentemente</p><p>capitalista, em que o indivíduo é aquilo que possui, os desprovidos de fortuna acabam</p><p>vivenciado as constantes humilhações geradas pelas inúmeras carências materiais e pela</p><p>vergonha da própria aparência. Do descaso da sociedade e do desdém de outras pessoas</p><p>nasce a falta de confiança em si mesmo e o isolamento social, fazendo com que as</p><p>pessoas que vivem na pobreza não conheçam, não busquem e não exerçam seus direitos.</p><p>Por representar o elo constitucional entre a sociedade e o Estado, a Defensoria</p><p>Pública possui a irrenunciável função de promover a inclusão das classes sociais menos</p><p>favorecidas, reintegrando à ordem jurídica estatal aqueles que historicamente</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>35</p><p>permaneceram excluídos e marginalizados. Na verdade, a Defensoria Pública é a única</p><p>estrutura estatal destinada expressamente a trabalhar juridicamente para garantir</p><p>redução das desigualdades sociais, através da prestação da assistência jurídica integral e</p><p>gratuita.</p><p>Em premiado artigo publicado sobre o tema, a professora ANDRÉA</p><p>SEPÚLVEDA BRITO CAROTTI defende que a atuação estratégica da Defensoria</p><p>Pública orientada para a redução das desigualdades sociais poderia ser eficazmente</p><p>concretizada através da formulação de uma política institucional de combate à pobreza</p><p>através do Direito e da mudança do paradigma institucional de atendimento dos</p><p>assistidos:</p><p>Para que a Defensoria Pública passe a atuar mais estrategicamente na luta</p><p>contra a erradicação da pobreza e da redução das desigualdades sociais,</p><p>acreditamos ser necessária, em primeiro lugar, a formulação de uma política</p><p>institucional de combate à pobreza através do Direito. No entanto, para que tal</p><p>política seja, além de estratégica, o mais eficiente possível, cremos ser</p><p>indispensável a participação das próprias pessoas vivendo na pobreza na sua</p><p>formulação. (...)</p><p>Há, de fato, muito que se aprender com aqueles que vivem na pobreza. E,</p><p>embora, dentre os profissionais do Direito, sejam os Defensores Públicos os</p><p>mais conscientes de tudo o que a pobreza envolve, é necessário que aprendamos</p><p>ainda mais com nossos assistidos, que os envolvamos em nossas decisões a</p><p>respeito de políticas de redução da pobreza. Mas como seria possível colocar tal</p><p>proposta em prática?</p><p>A primeira observação que se deve fazer é a de que a pobreza é um fenômeno</p><p>complexo e altamente sensível a variações locais e culturais. Desta forma, faz-se</p><p>mister que as políticas institucionais sejam também locais. Assim, deveria caber</p><p>a cada Defensoria (e talvez a cada grupo de órgãos dentro de cada região), a</p><p>formulação de sua própria política institucional de redução da pobreza local.</p><p>Para tanto, o primeiro passo consistiria na busca do significado de pobreza</p><p>local. Consultas públicas são essenciais. Pesquisas podem ser levadas a efeito,</p><p>com formulários simples, em que os assistidos que assim desejassem pudessem</p><p>expressar suas opiniões sobre o que a pobreza representa e sobre suas maiores</p><p>necessidades. Talvez seja essencial, também, que as Defensorias sejam</p><p>integradas por sociólogos e assistentes sociais, especializados em tal área.</p><p>Uma vez realizadas tais consultas, seria possível delinear-se um conceito local</p><p>de pobreza. O passo seguinte consistiria em aplicar o Direito aos problemas</p><p>identificados, para, então, definir-se a política institucional de redução da</p><p>pobreza através do Direito, com foco inicial nas áreas mais urgentes para a</p><p>melhoria da qualidade de vida da população necessitada. (...)</p><p>Além da identificação de uma política institucional abrangente, que defina as</p><p>diretrizes gerais de uma estratégia organizacional de redução da pobreza e das</p><p>desigualdades sociais, é necessário, também, que as diversas Defensorias</p><p>Públicas sejam capazes de identificar casos que demandem sua atuação</p><p>direcionada para a redução da pobreza de um determinado indivíduo ou de</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>36</p><p>determinada comunidade. Trata-se, aqui, da capacidade de identificação de</p><p>casos paradigmáticos de redução da pobreza.</p><p>Para o fim de contribuir para uma eficaz identificação de tais casos, sugerimos</p><p>ser necessária uma mudança no paradigma de atendimento dos assistidos, de</p><p>um modelo reativo para outro proativo. O que denominamos “modelo reativo</p><p>com foco no problema” consiste no modelo em que o Defensor Público atua em</p><p>reação ao problema jurídico que lhe é posto, sem nada perguntar ao assistido</p><p>que não seja estritamente relevante para a solução daquele problema específico.</p><p>É importante frisar desde logo que nada há de errado em tal modelo. A ideia</p><p>que se pretende avançar aqui é a de que tal não parece ser suficiente para a</p><p>bem-sucedida identificação de casos paradigmáticos.</p><p>Um “modelo proativo com foco na pessoa”, ao contrário, demandaria que o</p><p>Defensor Público ativamente identificasse casos graves de pessoas em situação</p><p>de pobreza extrema. A maioria dos Defensores Públicos (senão a sua totalidade)</p><p>já se deparou com casos assim. Quem não se recorda de ao menos um episódio</p><p>em que, não encontrando solução legal para a penúria de determinado assistido,</p><p>o Defensor Público lançou mão de seus próprios recursos (financeiros ou de</p><p>outra natureza) para auxiliá-lo? O “modelo proativo” objetiva exatamente</p><p>sistematizar tais experiências, para o fim de transformá-las em possíveis casos</p><p>paradigmáticos. (...)</p><p>Todos os Defensores Públicos teriam o dever funcional de se colocarem em uma</p><p>posição proativa em relação a seus assistidos, de forma a identificar os mais</p><p>graves casos de extrema miséria. Tal não alteraria as atribuições, e não deveria</p><p>acarretar um acréscimo substancial de trabalho. Talvez se possa afirmar que a</p><p>posição proativa tem natureza</p><p>mais psicológica do que operacional. Assim,</p><p>caberia ao Defensor Público estar atento aos seus assistidos e, ao identificar um</p><p>potencial caso gravíssimo de pobreza, simplesmente, formular ao assistido</p><p>perguntas estratégicas previamente definidas e constantes de um formulário</p><p>padrão. Tal poderia ou não confirmar a existência de um caso de pobreza</p><p>extrema gravíssimo. Em seguida, os formulários correspondentes poderiam ser</p><p>encaminhados a um órgão especialmente incumbido de lidar com a questão da</p><p>redução da pobreza. A tal órgão caberia trabalhar com o assistido de forma</p><p>holística, de forma a ajuizar todas as ações necessárias para a melhoria de sua</p><p>condição de vida, identificando, também, se for o caso, a viabilidade do</p><p>ajuizamento de ação coletiva, baseada na constatação de que um problema</p><p>particular daquela pessoa pode constituir um problema de toda uma</p><p>coletividade. Todas as ações deveriam necessariamente invocar, em seus</p><p>fundamentos jurídicos, os direitos humanos aplicáveis. A possibilidade de</p><p>realização de acordos extrajudiciais para a solução de um ou mais dos</p><p>problemas encontrados deveria ser, também, considerada, assim como a</p><p>orientação e o encaminhamento de tal pessoa aos mais diversos órgãos públicos,</p><p>tudo com o fim de aliviar a pobreza em que ela vive. (CAROTTI, Andréa</p><p>Sepúlveda Brito. Propostas para uma atuação estratégica da Defensoria Pública</p><p>orientada à redução da pobreza. Uma nova Defensoria Pública pede passagem.</p><p>Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, pág. 85/89)</p><p>Além disso, seria importante também provocar a alteração do cenário</p><p>jurisprudencial no que tange à justiciabilidade dos direitos sociais. Como leciona a</p><p>professora ANDRÉA SEPÚLVEDA BRITO CAROTTI, atualmente “nossa</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>37</p><p>‘jurisprudência social’, isto é, aquela voltada a direitos cuja aplicação tem o condão de</p><p>acarretar mudanças sociais, pode-se dizer restrita à aplicação dos direitos à saúde e à</p><p>educação, e mesmo tais casos não são frequentes, quando se examina a jurisprudência</p><p>de nossas cortes superiores”. Para assegurar o debate jurisprudencial sobre as questões</p><p>sociais e garantir a sedimentação de posicionamentos favoráveis à redução da pobreza, a</p><p>Defensoria Pública precisaria concentrar seus esforços em três áreas sensíveis: “i) o</p><p>inexpressivo número de ações coletivas versando sobre direitos sociais (casos</p><p>paradigmáticos); ii) o inexpressivo número de ações individuais relevantes (casos</p><p>paradigmáticos) que alcançam os tribunais superiores e (por que não ir mais longe?) os</p><p>tribunais internacionais; e iii) o desconhecimento do aparato legislativo internacional</p><p>dos direitos humanos, pelos operadores do direito”.</p><p>II) A AFIRMAÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO</p><p>Segundo preceitua o art. 3-A, II da LC nº 80/1994, constitui objetivo da</p><p>Defensoria Pública “a afirmação do Estado Democrático de Direito”.</p><p>Apesar das pequenas variações semânticas em torno do conceito de Estado</p><p>Democrático de Direito, essa fórmula condensa duas qualidades importantes do Estado</p><p>Constitucional contemporâneo: (i) o Estado Democrático, que denota a organização</p><p>política em que o poder emana do povo, que o exerce diretamente ou através de</p><p>representantes eleitos, mediante sufrágio universal e voto direto e secreto, em eleições</p><p>livres e periódicas; e (ii) o Estado de Direito, que proclama a primazia da lei e a</p><p>observância obrigatória da legalidade pela administração pública, concretizando o</p><p>respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais incorporados à</p><p>ordem constitucional.</p><p>Como função essencial à justiça, a Defensoria Pública possui a irrenunciável</p><p>incumbência de garantir a perpetuidade da democracia e a continuidade da ordem</p><p>jurídica, afastando a tendência humana ao autoritarismo e à concentração de poder.</p><p>Para preservar os qualificativos do Estado Democrático, a Defensoria Pública</p><p>exerce a fiscalização do processo eleitoral, assegurando que a escolha dos</p><p>administradores e legisladores seja efetuada de maneira honesta e livre. Além disso,</p><p>após a conclusão do escrutínio, a Defensoria Pública exerce o controle de legalidade,</p><p>legitimidade e moralidade sobre a atuação administrativa e legislativa dos</p><p>representantes eleitos pelo povo, garantindo o respeito às normas constitucionais e a</p><p>racionalidade da ação política.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>38</p><p>Essa atuação direcionada para garantir a adequada participação popular no</p><p>processo de administração do Estado e de elaboração das leis concretiza o fenômeno</p><p>contemporâneo de devolução de poder à sociedade civil, na diástole da moderna</p><p>democracia participativa.</p><p>Por outro lado, para resguardar os designativos do Estado de Direito, a</p><p>Defensoria Pública viabiliza a postulação judicial e extrajudicial dos direitos dos</p><p>necessitados, garantindo o amplo e irrestrito acesso à justiça. Por intermédio dessa</p><p>atividade jurídico-assistencial, a Defensoria Pública busca tornar efetivos – e não</p><p>meramente simbólicos – os direitos inerentes ao cidadão comum, promovendo a</p><p>inclusão das classes sociais que restaram historicamente excluídas da ordem jurídica</p><p>justa.</p><p>Como observa CLEBER FRANCISCO ALVES, “um verdadeiro Estado de</p><p>Direito não pode existir se não houver mecanismos capazes de assegurar que a lei</p><p>prevalecerá sempre sobre o arbítrio e sobre a força, independentemente das condições</p><p>de fortuna ou de origem social”.</p><p>Em síntese conclusiva, portanto, sem a atuação concreta e efetiva da Defensoria</p><p>Pública, a sociedade brasileira estaria impossibilitada de afirmar o Estado Democrático</p><p>– pela cidadania sem ação –, de realizar o Estado de Direito – pela ilegalidade sem</p><p>sanção – e de caminhar em busca da justiça – pela imoralidade sem oposição.</p><p>III) A PREVALÊNCIA E EFETIVIDADE DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>Em conformidade com o art. 3º-A, III, da LC nº 80/1994, constitui objetivo da</p><p>Defensoria Pública também “a prevalência e efetividade dos direitos humanos”.</p><p>A justificação dos direitos humanos constitui tarefa demasiadamente complexa,</p><p>envolvendo diversos valores e teorias capazes de construir um núcleo normativo comum</p><p>e universalmente válido, com aptidão para garantir a proteção dos direitos mais básicos</p><p>correlacionados à própria figura humana.</p><p>Os direitos humanos não recebem essa denominação em virtude de sua</p><p>titularidade, mas por seu caráter fundamental para a vida humana digna e por</p><p>objetivarem a proteção de valores essenciais para que cada ser humano possa</p><p>desenvolver suas capacidades potenciais. Por isso, a doutrina dos direitos humanos</p><p>condensa a mais alta expressão da dignidade do homem.</p><p>Por serem universalmente válidos e descontextuados no tempo e no espaço, os</p><p>direitos humanos não podem e não devem se fundar unicamente no direito positivo; se</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>39</p><p>os direitos humanos restassem ancorados apenas no ordenamento jurídico em vigor,</p><p>seriam existencialmente variáveis – podendo subsistir hoje e desaparecer amanhã. Na</p><p>verdade, os direitos humanos possuem fundamento numa ordem jurídica suprapositiva,</p><p>fundada no direito natural.</p><p>Desse modo, os direitos humanos não podem ser suprimidos ou ignorados, seja</p><p>no plano normativo ou na realidade fática. Para tanto, subsiste a necessidade real e</p><p>concreta de implementação de mecanismos de capilarização e de densificação da</p><p>proteção dos direitos humanos.</p><p>Justamente por isso, a Lei Complementar nº 132/2009 previu como objetivo</p><p>institucional da Defensoria Pública a prevalência e efetividade dos direitos humanos (art.</p><p>3º-A, III, da LC nº 80/1994), como forma de assegurar maior proteção à vítima e de</p><p>fortalecer o combate à impunidade. Sem dúvida, a atuação ativa e permanente da</p><p>Defensoria Pública nesse campo aumenta a expectativa de resposta efetiva às graves</p><p>violações dos direitos humanos, aprimorando a sistemática nacional de proteção da vida</p><p>humana digna.</p><p>Por restar constitucionalmente incumbida de prestar a assistência jurídica aos</p><p>necessitados, a Defensoria Pública conserva permanente contato com a população</p><p>carente e marginalizada, possuindo melhores condições de identificar eventuais</p><p>violações aos direitos humanos – que, via de regra, ocorrem justamente em face dos</p><p>desprovidos de fortuna.</p><p>Como observam GUILHERME FREIRE DE MELO e GUSTAVO CIVES</p><p>SEABRA, de forma clara e inspiradora:</p><p>É inegável que os casos mais flagrantes e recorrentes de violação dos direitos</p><p>humanos ocorrem nos bolsões de pobreza de nosso País. Exemplos</p><p>emblemáticos são as chacinas em favelas de grandes cidades, como Rio de</p><p>Janeiro e São Paulo, e a situação caótica do sistema penitenciário. São os</p><p>marginalizados que mais têm seus direitos violados. Como a Defensoria Pública</p><p>tem a missão constitucional de tutelar os direitos dos necessitados,</p><p>intuitivamente se conclui que o exercício de suas atribuições inclui a tutela dos</p><p>direitos humanos. (BARROS, Guilherme Freire de Melo; SEABRA, Gustavo</p><p>Cives. Defensoria Pública. Bahia: JusPodivm, 2016, pág. 73)</p><p>Como expressão e instrumento do regime democrático, a Defensoria Pública</p><p>desempenha a importante função de “promover a difusão e a conscientização dos</p><p>direitos humanos”, além de “representar aos sistemas internacionais de proteção dos</p><p>direitos humanos, postulando perante seus órgãos” (art. 4º, III e VI, da LC nº 80/1994).</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>40</p><p>IV) A GARANTIA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA AMPLA</p><p>DEFESA E DO CONTRADITÓRIO</p><p>Por fim, o art. 3-A, IV, da LC nº 80/1994 elenca como objetivo da Defensoria</p><p>Pública “a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório”.</p><p>Como decorrência lógica do princípio político da participação democrática, a</p><p>ampla defesa e o contraditório garantem o direito de informação (Recht auf</p><p>Information), o direito de manifestação (Recht auf Äusserung) e o direito de ver seus</p><p>argumentos considerados pelo julgador (Recht auf Berücksichtigung).</p><p>Dentro da concepção de direito à informação resta inserida a adequada e</p><p>tempestiva notificação do demandado acerca do ajuizamento da causa e de todos os atos</p><p>praticados no processo. Essas notificações devem ser realizadas preferencialmente de</p><p>forma real, sendo admitidas as comunicações fictas apenas em hipóteses excepcionais.</p><p>Após a cientificação do demandado, deve ser garantido o direito de manifestação,</p><p>sendo possibilitado à parte apresentar alegações sobre os elementos fáticos e jurídicos</p><p>constantes do processo, bem como produzir todas as provas que possam ter utilidade na</p><p>defesa dos seus interesses, de acordo com as circunstâncias da causa e as imposições do</p><p>direito.</p><p>Por fim, possui a parte o direito de ver suas alegações e provas analisadas pelo</p><p>julgador, cabendo ao juiz considerar de forma séria e detida as razões apresentadas</p><p>pelos litigantes.</p><p>Para garantir a ampla e equilibrada participação dos interessados no processo, a</p><p>defesa dos interesses em litígio deve ser efetuada por profissional tecnicamente</p><p>habilitado, de modo que o deslinde da conflitualidade ocorra por motivos substantivos e</p><p>não por eventual desdobramento na qualidade de atuação das partes. Como nem todos</p><p>possuem condições de arcar com o pagamento dos honorários cobrados pelos</p><p>advogados, a Constituição Federal garantiu aos necessitados o direito à assistência</p><p>jurídica integral e gratuita prestada pela Defensoria Pública (art. 5º, LXXIV, c/c o art.</p><p>134 da CRFB).</p><p>Nesse ponto, a atuação jurídico-assistencial da Defensoria Pública funciona</p><p>como elemento equilibrador do status social no processo, garantindo aos deserdados de</p><p>fortuna a mesma oportunidade de influir na formação da decisão judicial. Por essa razão,</p><p>ao cumprir o objetivo preconizado pelo art. 3º-A, IV da LC nº 80/1994, a Defensoria</p><p>Pública preserva e garante a realização processual do princípio da isonomia, dentro da</p><p>essência filosófica da democracia.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>41</p><p>02.3) Unidade, Indivisibilidade e Independência Funcional:</p><p>ATENÇÃO 01: Como visto anteriormente, a Emenda Constitucional n. 80/2014,</p><p>dentre outras questões, trouxe para a Constituição Federal a previsão dos princípios</p><p>institucionais da unidade, indivisibilidade e independência funcional. Esses princípios</p><p>também estavam na LC 80/94 e agora foram incorporados à CRFB, no artigo 134, § 4º.</p><p>ATENÇÃO 02: Tomem cuidado com a alteração de nomenclatura nas</p><p>legislações estaduais. A título de exemplo, há Constituições Estaduais falando em</p><p>unicidade, impessoalidade, autonomia funcional.</p><p>02.3.1) UNIDADE: A DPE é um todo orgânico composto por vários membros,</p><p>os quais estão sujeitos a um mesmo regime jurídico, uma única chefia e ao exercício das</p><p>funções institucionais (ex: vários power rangers que se unem e formam um só robô</p><p>maior) (todos reunidos formam esse corpo do ponto de vista da unidade). Quem presta a</p><p>assistência jurídica é a DPE (“Fulano de tal, pela DPE, representado pelo defensor</p><p>subscritor” = quem representa a parte é a instituição, presentada pelo defensor).</p><p>Aspectos da unidade:</p><p>a) NORMATIVO: todos integrantes possuem o mesmo regime jurídico, mesmo</p><p>que de classe inicial ou final (o mesmo vale para o quadro de apoio, o qual tem um</p><p>regime jurídico igual);</p><p>b) E ADMINISTRATIVO: cada defensoria é seccionada (vide artigo 2º).</p><p>No plano administrativo, as DPEs são separadas (DF, U, Es possuem chefias</p><p>diferentes as quais não interferem entre si). E não há hierarquia entre si;</p><p>c) ASPECTO FUNCIONAL: vide acima. Quanto ao ponto de vista funcional, a</p><p>DPE pode ser considerada uma coisa só. A DPE ABRANGE (artigo 2º), para a atividade</p><p>fim, para a atuação, é uma coisa só, mas para a sua organização administrativa,</p><p>organiza-se em questões distintas;</p><p>02.3.2) INDIVISIBILIDADE: A DPE é uma função essencial à justiça. Por isso,</p><p>sendo essencial, não pode ser interrompida. Mas os membros da DPE estão sempre</p><p>sujeitos às interperies da vida (férias, licença, aposenta, exonera). No quadro de</p><p>ausência, isso não pode impactar na continuidade dos serviços prestados. Por isso,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>42</p><p>existe a indivisibilidade, visto que OS MEMBROS DA DPE PODEM SE SUBSTITUIR</p><p>UNS AOS OUTROS, MEDIANTE CRITÉRIOS OBJETIVOS.</p><p>a) DEFENSOR NATURAL: em respeito a esse princípio que se observa os</p><p>critérios objetivos x designações casuísticas (ex: pegar defensor inimigo ou alguém que</p><p>não saiba nada da matéria para prejudicar o assistido). Excepcionalmente, quando não</p><p>há um critério objetivo, há uma DESIGNAÇÃO ESPECIAL;</p><p>b) DISCRICIONARIEDADE: Evita-se um juízo discricionário e designação</p><p>casuística;</p><p>c) INDIVISIBILIDADE # INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: O defensor</p><p>subsequente não se vincula à manifestação do defensor antecedente (autores</p><p>tradicionais). Para FRANKLIN isso é um equívoco, pois, na verdade, isso é decorrência</p><p>da INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL;</p><p>02.3.3) INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL x AUTONOMIA FUNCIONAL:</p><p>a) CONCEITO: permite o defensor público atuar livre de pressões ou</p><p>ingerências externas;</p><p>b) CRÍTICA: Em que pese a nomenclatura da CRFB e LC, o correto seria falar</p><p>em PRINCÍPIO DA AUTONOMIA FUNCIONAL, pois se são princípios institucionais</p><p>DA DEFENSORIA PÚBLICA, ela é una, indivisível e autônoma do ponto de vista</p><p>funcional. Portanto, sendo rigorosamente técnico, a independência funcional é apenas</p><p>uma garantia dos membros, mas não deve ser um princípio institucional. ALGUMAS</p><p>LEGISLAÇÕES ESTADUAIS já fazem essa adequação;</p><p>c) CONTROLE INDIRETO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: A liberdade</p><p>que o DPE tem para atuar (consciência e ordenamento jurídico), livre de pressões e</p><p>ingerências internas,</p><p>á uma garantia e um princípio institucional, mas NÃO É UMA</p><p>LIBERDADE ABOSLUTA:</p><p>d) APLICAÇÃO DO ART. 4º, P. 8º, 4º-A, III, DA LC 80/94: O DPE pode</p><p>entender que não é caso de atuação, não estando presente hipótese de atuação</p><p>institucional = aplicar o artigo 4º, p. 8º = imediata ciência ao DPG para decidir,</p><p>indicando, se o caso, outro DPE para atuar. Essa obrigação decorre do direito do artigo</p><p>4º-A, III, dado ao assistido (algumas leis ou normativas internas estaduais delegam isso</p><p>a outro órgão competente). Se o DPG não concordar, ele vai se manifestar dizendo que é</p><p>hipótese de atuação institucional e vai designar outro para atuar. O DPG deve respeitar a</p><p>independência funcional. E se o DPE abusar? Para isso que serve essa ferramenta de</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>43</p><p>controle, o DPG pode não designar ele, mas pode determinar a instauração de PAD para</p><p>verificar o abuso na negativa de atendimentos. Esse novo DPE designado NÃO poderia</p><p>dizer que não é hipótese de atuação institucional, segundo o professor, pois há na</p><p>verdade delegação em nome do DPG, como uma longa manus. No entanto, HÁ UM</p><p>ENTENDIMENTO DIVERSO (DIOGO ESTEVES) (livre manifestação do pensamento</p><p>e independência funcional);</p><p>e) O DEFENSOR PÚBLICO PODE DEIXAR DE ATUAR, DE PATROCINAR</p><p>A AÇÃO, QUANDO ELA FOR MANIFESTAMENTE INCABÍVEL OU</p><p>INCOVENIENTE AOS INTERESSES DA PARTE (128, XII) (44, XII), (48, XII): Ex:</p><p>assistido se apresenta como dono da lua e quer fazer usucapião dela; quer impetrar MS</p><p>contra concurso que aconteceu a mais de um ano (prazo decadencial de 120 dias).</p><p>Deixar de patrocinar a ação = também pode ser usado para o recurso, como extensão ao</p><p>direito de ação;</p><p>f) UNIFORMIZAÇÃO DE ENTENDIMENTOS = aspecto interessante no</p><p>âmbito da independência funcional. Há uns 15 anos, incorpora-se institutos da</p><p>“commom law” (súmula vinculante, súmula impeditiva de recursos, improcedência</p><p>prima facie e, no novo CPC, IRDR, IAC, recursos repetitivos, repercussão geral).</p><p>Construção de precedentes. A uniformização de entendimentos racionaliza o trabalho x</p><p>patrocinar pretensões sem fundamento. Ao mesmo tempo, a própria DPE pode</p><p>uniformizar os seus entendimentos (reuniões e grupos de trabalho). Proposição de</p><p>enunciados interpretativos, os quais devem observar: f.1) EXCEPCIONALIDADE =</p><p>apenas quando for tese consolidada pela carreira; f.2) LEGITIMIDADE</p><p>DEMOCRÁTICA = não pode ser construída no gabinete de 3 ou 4 da cúpula. A</p><p>construção deve se pautar em uma discussão democrática, com prazo para todos</p><p>interessados proporem temas; f.3) OBJETIVIDADE = não pode ser um enunciado</p><p>gigantesco e com uma série de ideias. Deve ser específico;</p><p>g) UNIDADE DA INSTITUIÇÃO E INDEPENDÊNCIA: O DPE ESTARÁ</p><p>OBRIGADO A OBSERVAR OS ENUNCIADOS QUE FORAM EDITADOS? Ele tem</p><p>independência funcional. Se é um enunciado que estabelece uma FORMA DE</p><p>ATUAÇÃO (POSITIVA) (ex: nas hipóteses tais, a DPE atuará). Em hipóteses tais, o</p><p>DPE não poderia se recusar, pois aqui prevaleceria a unidade da instituição (ex: a</p><p>presença da DPE nas audiências de custódia é indispensável = tem que participar). Se é</p><p>um enunciado NEGATIVO, em que a DPE diz que não atuará na hipótese tal. Aqui há</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>44</p><p>uma margem de liberdade do DPE para desconsiderar o enunciado e atuar no caso</p><p>concreto, pois é mais favorável (não está deixando de atuar);</p><p>h) UNIDADE DA INSTITUIÇÃO E INDEPENDÊNCIA DO DEFENSOR EM</p><p>CASO DE SUBSTITUIÇÃO = possibilidade de ele não se vincular às manifestações do</p><p>defensor antecedente. REFLEXÃO: faz sentido a DPE, enquanto una, externar um</p><p>posicionamento durante todo o processo e, posteriormente, ingressa outro DPE com</p><p>visão diversa e desfazer todo aquele funcionamento? A independência funcional deve</p><p>ser flexibilizado quando houve um posicionamento uno da DPE. EXEMPLO: O MPE</p><p>opina pela absolvição em memoriais. Outro promotor toma ciência da decisão</p><p>absolutória e recorre. Sob o ponto de vista da independência funcional, sim. Mas sob o</p><p>ponto de vista da unidade, o MP externou que não havia provas para a condenação. Se</p><p>não teve alteração, não teria sentido. O QUE VAI PREPONDERAR? Nessas hipóteses,</p><p>FRANKLYN R. entende que a independência funcional deve ser flexibilizada em prol</p><p>da unidade da instituição. EXEMPLO 01: O réu não quer recorrer e o DPE apenas dá</p><p>ciência da decisão condenatória. O outro membro toma ciência e recorre. O que</p><p>prepondera? Vale a independência funcional porque o DPE anterior apenas tomou</p><p>ciência e nem sequer externou nenhuma manifestação. EXEMPLO 02: O DPE nas</p><p>alegações finais apenas discute a dosimetria. Depois, isso é enfrentado na sentença.</p><p>Outro DPE aparece e traz uma tese nova que não foi suscitada. O DPE que acompanhou</p><p>o processo não identificou nenhuma nulidade e isso cria uma instabilidade de</p><p>posicionamentos. Até que ponto a independência funcional do membro não prejudica a</p><p>unidade da instituição?</p><p>i) OBJEÇÃO E REJEIÇÃO DE CONSCIÊNCIA: Ao fazer concurso para a DPE,</p><p>você assume aquele regime jurídico. Isso significa abrir mão de certas percepções</p><p>pessoais. Ex: “não atuo em caso de aborto” = não seria possível, pois sua opinião</p><p>pessoal não pode ser obstáculo para atuação (ex: por ser católico). Diferentemente, há a</p><p>rejeição de consciência. Particularidade: há um aspecto pessoal e não uma opinião sua</p><p>contra o aborto. Ex: não participo de defesa em crime sexual porque já fui vítima de</p><p>crime sexual = aí é possível. Ex: um defensor que perdeu um parente em um caso</p><p>análogo e pegou um processo semelhante. Ex: não consegue atuar em feminicídio</p><p>porque o marido já tentou matar ela;</p><p>j) CHOQUE DE FUNÇÕES INSTITUCIONAIS E INDEPENDÊNCIA</p><p>FUNCIONAL: Se no choque de funções, até que ponto predomina a independência</p><p>funcional? Ex: existe uma colega do RJ (renata tavares) que escreveu um trabalho sobre</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>45</p><p>a impossibilidade de se sustentar a legítima defesa da honra no tribunal do júri. O STF,</p><p>em uma ADPF, proibiu esse argumento no âmbito da defesa criminal. Aqui há um</p><p>choque de duas funções: função de promoção de direitos humanos e a tese de legítima</p><p>defesa da honra é uma forma de violação dos direitos humanos. De outro lado, a tese se</p><p>enquadra num direito de ampla defesa que também é um direito humano. Fazer essa</p><p>reflexão e sustentar teses que porventura violem funções institucionais. Cabe ao próprio</p><p>defensor público fazer esse juízo de valor (e não um órgão externo, como o STF). Evitar</p><p>teses que estimulem a violação de direitos humanos (o professor não acha que a legítima</p><p>defesa da honra seja um fundamento válido, mas isso faz parte da independência</p><p>funcional do defensor). A RENATA TAVARES CHAMA DE ESQUIZOFRENIA</p><p>INSTITUCIONAL esse choque de funções institucionais. Essa expressão pode conter</p><p>um cunho pejorativo, razão pela qual alguns autores chamam o mesmo fato de</p><p>CARÁTER DIALÉTICO (a DPE ocupar, no mesmo processo, posições antagônicas);</p><p>k) A VISÃO DE GUILHER PEÑA: autor antigo que escreveu sobre DPE e</p><p>elenca outros princípios institucionais: PERMANÊNCIA: está na CRFB, sobre o caráter</p><p>permanente; ESSENCIALIDADE: idem; ISONOMIA = a DPE ter um tratamento</p><p>isonômico em relação às demais instituições; AUTONOMIA = autonomia</p><p>administrativa. São decorrências dos demais;</p><p>l) PRINCÍPIOS NAS NORMAS ESTADUAIS: UNICIDADE = sinônimo de</p><p>unidade; IMPESSOALIDADE = sinônimo de indivisibilidade; AUTONOMIA</p><p>FUNCIONAL = regra da substituição da nomenclatura em detrimento da independência</p><p>funcional.</p><p>→ATENÇÃO: A LCE 6/1977 prevê em seu artigo 2º que: “são princípios</p><p>institucionais da Defensoria Pública do Estado a unidade, a indivisibilidade e a</p><p>independência funcional”.</p><p>02.4) Jurisprudência Complementar:</p><p>É CONSTITUCIONAL A NORMA FEDERAL QUE CRIOU A OUVIDORIA-</p><p>GERAL DA DEFENSORIA</p><p>PÚBLICA NOS ESTADOS-MEMBROS E</p><p>ESTABELECEU SUAS COMPETÊNCIAS</p><p>Caso concreto: os arts. 105-B e 105-C, da LC 80/1994, acrescentados pela LC</p><p>132/2009, tratam sobre a Ouvidoria-Geral das Defensorias Públicas dos Estados-</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>46</p><p>membros. Determinado partido político argumentou que a União excedeu sua</p><p>competência para estabelecer normas gerais sobre a Defensoria Pública, prevista no art.</p><p>24, XIII e parágrafo primeiro, da CRFB/88.</p><p>O STF não concordou. Ao editar a LC 80/1994, a União atuou conforme sua</p><p>competência legislativa, pois se limitou a instituir diretrizes gerais sobre a organização e</p><p>a estrutura da Ouvidoria-Geral das Defensorias Públicas estaduais, sem prever qualquer</p><p>singularidade regional ou especificidade local.</p><p>Não há singularidade regional ou especificidade local que justifique a</p><p>impugnação da referida norma. Antes, a legislação veio a garantir que o órgão não tenha</p><p>atribuições distintas em cada unidade da federação, desvirtuando a sua função.</p><p>(STF, Plenário, ADI 4608/DF, Rel. Min. Gilmar mendes, julgado em 13/05/2022</p><p>– Informativo n. 1054).</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>47</p><p>03) A POSIÇÃO CONSTITUCIONAL DA DEFENSORIA PÚBLICA NO</p><p>ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO CONTEMPORÂNEO. A</p><p>ESSENCIALIDADE CONSTITUCIONAL DA DEFENSORIA PÚBLICA E AS</p><p>CONSEQUENTES LIMITAÇÕES IMPOSTAS AO PODER CONSTITUINTE</p><p>DERIVADO. A AUTONOMIA INSTITUCIONAL DA DEFENSORIA PÚBLICA</p><p>NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À</p><p>JUSTIÇA</p><p>(Pontos 01.b, 02.a, 03.a e 05.a):</p><p>3.1) Introdução – questões gerais</p><p>03.1.1) Natureza jurídica da disciplina “princípios institucionais da</p><p>Defensoria Pública”:</p><p>Há uma divisão didática entre direito público e direito privado nas disciplinas.</p><p>Aqui, as matérias podem ser enquadradas como um ramo do direito público (conteúdo</p><p>constitucional, processual e administrativo da DPE). Todos esses 3 ramos são ramos do</p><p>direito público. Princípios institucionais é o nome da disciplina e também dos princípios</p><p>que regem a instituição.</p><p>03.1.2) Natureza jurídica da Defensoria Pública (dicotomia) – órgão x</p><p>instituição:</p><p>SÚMULA 421 DO STJ (ÓRGÃO DO ESTADO): “Os honorários advocatícios</p><p>não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a Pessoa Jurídica de</p><p>Direito Público à qual pertença”. Quando a DPE litiga contra a PJ que ela está vinculada,</p><p>ela não deve receber honorários. Exemplo: DPESP x SP no polo passivo → autor</p><p>vitorioso e o Estado sucumbente → Estado deverá pagar honorários, conforme 95, do</p><p>CPC → não vai ser feito quando a DPE atua, pois haveria uma hipótese de “confusão”,</p><p>enquanto forma de extinção da obrigação x credor e devedor se confundem na mesma</p><p>pessoa). O STJ aplica esse enunciado a PJ de Direito Público compreendidas entre</p><p>União, Estado e Autarquias. Esse entendimento foi afastado com relação às empresas</p><p>públicas, situação em que a DPE deveria receber honorários. ATENÇÃO: Os</p><p>municípios também não entram nessa regra, pois não existe Defensoria Pública</p><p>Municipal. O STF possui um precedente na Ação Rescisória 1987, em que ele</p><p>reconheceu o direito da DPE, em virtude de sua autonomia administrativa, a percepção</p><p>dos honorários. Tema que está em repercussão geral e, muito em breve, é provável que</p><p>esse enunciado 421 do STJ seja superado;</p><p>NORMA LEGAL: O ARTIGO 4º, XXI, DA LC 80/1994 = assegura o</p><p>recebimento de honorários pela DPE, inclusive quando devidos a quaisquer entes</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>48</p><p>públicos). A posição que deve ser adotada é aquela enquanto INSTITUIÇÃO. Veja a</p><p>literalidade do ARTIGO 134, DA CRFB (como instituição permanente);</p><p>03.1.3) A Defensoria Pública está protegida pelas cláusulas pétreas?</p><p>A Defensoria Pública como cláusula pétrea e norma de repetição obrigatória</p><p>pelas Constituições Estaduais. A DPE está prevista no artigo 134. No entanto, o art. 60,</p><p>p. 4º, ao tratar das cláusulas pétreas, não fala da DPE. Mas a matéria que afeta a DPE</p><p>não consta apenas do artigo 134, mas também do 5º, LXXIV, da CRFB prevê uma regra</p><p>que afeta a DPE (direito à assistência jurídica integral e gratuita a ser prestada pelo</p><p>Estado) = cláusula pétrea. Portanto, a DPE É UMA CLÁUSULA PÉTREA IMPLÍCITA.</p><p>Inclusive, semelhantemente à doutrina institucional do Ministério Público (MAZZILLI),</p><p>poderia ser dito que a DPE É UMA CLÁUSULA PÉTRE HETEROTÓPICA, visto que</p><p>a Constituição, ao definir a DPE como instituição permanente, estabeleceu que o poder</p><p>constituinte derivado não poderá adotar medidas tendentes a abolir a instituição.</p><p>CARÁTER PERENE = impossibilidade de subtração do ordenamento jurídico =</p><p>decorrência lógica também do artigo 134, da CRFB = instituições permanentes (não é</p><p>provisória, temporária). TAMBÉM É NORMA DE REPETIÇÃO OBRIGATÓRIAS</p><p>PELAS CEs (STF já se posicionou nesse sentido).</p><p>03.1.4) Disciplina constitucional da DPE:</p><p>Artigo 5º, LXXIV (direito fundamental) = direito à assistência jurídica integral e</p><p>gratuita (dever ao Estado em sentido amplo);</p><p>Artigo 24, XIII (repartição constitucional de competências) = U, E e DF</p><p>legislem concorrentemente sobre assistência jurídica e defensoria pública =</p><p>competência legislativa concorrente = União edita normas gerais e E/DF regras</p><p>específicas (parágrafos primeiro e segundo) = às vezes, a União não edita a norma geral</p><p>e fica em mora, momento em que o Estado pode exercer a competência legislativa plena</p><p>e editar a norma de caráter geral (parágrafo quarto). Posteriormente, se a União sair da</p><p>mora, a norma federal/nacional suspenderá a eficácia da norma estadual;</p><p>CONFLITOS LEGISLATIVOS – REVOGAÇÃO, SUSPENSÃO DA</p><p>EFICÁCIA E INCONSTITUCIONALIDADE: a) NÃO É CASO DE REVOGAÇÃO</p><p>PELO PACTO FEDERATIVO, MAS HÁ SUSPENSÃO DA EFICÁCIA, pois apenas</p><p>norma federal revoga norma federal. Ex: a LCE/RJ é de 1977 e diz que o mandato do</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>49</p><p>DPG tem 4 anos. A LC federal é de 1994 e foi alterada a 2009, prevendo um mandato de</p><p>2 anos = suspensão da eficácia, pois a época da LCE/RJ, nem sequer tinha a lei federal.</p><p>(ATENÇÃO x esse exemplo é de antes da alteração feita pela LCE 203/2022 x LCE</p><p>06/1977). b) Por outro lado, se há norma federal geral e o Estado edita posteriormente</p><p>uma lei contrariando a lei federal geral, haverá INCONSTITUCIONALIDADE</p><p>FORMAL. LC 136/2011 trouxe a LCE do Paraná falando em eleição direta do DPG e</p><p>encaminhamento para o chefe do Executivo. Em 2009, a LC 80/94 foi alterada e passou</p><p>a reconhecer que a eleição para DPG pressupunha a formação de uma lista tríplice</p><p>encaminhada ao chefe do executivo. É caso de inconstitucionalidade formal da</p><p>legislação do Paraná. c) NÃO EXISTE DEFENSORIA PÚBLICA MUNICIPAL: não há</p><p>MP nem Judiciário Municipal. E a resposta está no artigo 24, XIII, ao fazer essa</p><p>repartição de competências;</p><p>Artigo 134 (norma estruturante) = traz a definição, um conceito de DPE, com</p><p>funções institucionais. Os parágrafos trazem uma regra de divisão do regime jurídico,</p><p>características da DPE;</p><p>03.1.5) Posição constitucional da Defensoria Pública no Estado democrático</p><p>de direito contemporâneo:</p><p>FUNÇÃO ESSENCIAL À JUSTIÇA, FUNÇÃO DE PROVEDORIA DE</p><p>JUSTIÇA E INSTITUIÇÃO EXTRAPODER;</p><p>STF, ADI 5296: Quando analisava a Emenda Constitucional 74/2013, que deu</p><p>autonomia para a DPU, procurou investigar a posição institucional que a DPU ocupa</p><p>dentro do ordenamento jurídico. Se ela tem autonomia, é uma instituição (não é um</p><p>órgão), então ela não faz parte de nenhum dos 03 Poderes previstos na CRFB. Então,</p><p>qual é o enquadramento da DPU dentro da organização dos Poderes? Ela não faz partes</p><p>dos 03 Poderes, exerce uma quarta função, uma FUNÇÃO DE PROVEDORIA DE</p><p>JUSTIÇA (doutrina do direito</p><p>administrativo) (função da DP e do MP);</p><p>FUNÇÃO EXTRAPODER: Montesquieu, quando escreveu sobre a tripartição</p><p>de Poderes, não conhecia a DPE. A DPE e o MPE são uma quarta função (não um</p><p>quarto Poder) e está no capítulo IV – das funções essenciais à justiça;</p><p>FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: MP, advocacia pública, advocacia e</p><p>Defensoria Pública (seção IV). O fato de a CRFB SEPARAR ESSAS FUNÇÕES EM</p><p>SEÇÕES DIVERSAS demonstra que elas não estão conectadas entre si, mas elas fazem</p><p>parte das funções essenciais à justiça.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>50</p><p>DPE E MPE POSSUEM AUTONOMIA: Todavia, essa autonomia não foi</p><p>estendida à advocacia pública (há, inclusive, julgados recentes do STF que afastam a</p><p>autonomia administrativa das procuradorias estaduais);</p><p>03.2) Aprofundando: a posição constitucional da Defensoria Pública no</p><p>Estado Democrático de Direito contemporâneo</p><p>Visando evitar o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais do indivíduo,</p><p>a Constituição Federal de 1988, seguindo a tradicional divisão de Poderes consagrada</p><p>por Montesquieu, disciplinou criteriosamente a organização das funções do Estado</p><p>(Título IV – “Da organização dos Poderes”), dividindo-as entre o Poder Legislativo</p><p>(Capítulo I), o Poder Executivo (Capítulo II) e o Poder Judiciário (Capítulo III).</p><p>Ao lado destes elementares Poderes Estatais, e dentro do mesmo Título IV, foi</p><p>pela Carta Magna instituído um quarto complexo orgânico, intitulado “Funções</p><p>Essenciais à Justiça” (Capítulo IV), compreendendo o Ministério Público, a Advocacia</p><p>Pública, a Advocacia Privada e a Defensoria Pública.</p><p>Dessa forma, constata-se que a Constituição Federal, ao organizar os Poderes</p><p>Estatais, não se limitou às descentralizações tradicionais decorrentes da tripartição dos</p><p>poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), sendo instituído um quarto complexo</p><p>orgânico que, embora não possa ser definido como um quarto Poder, recebeu a seu</p><p>cargo o exercício de uma quarta função política, ao lado da função legislativa, da</p><p>executiva e da jurisdicional: a função de provedoria de justiça.</p><p>Trata-se de moderna disposição organizacional, decorrente da Evolução do</p><p>Direito Político e da necessidade de criação de mecanismos de controle das funções</p><p>estatais, garantindo-se o respeito irrestrito aos direitos fundamentais e a perpetuidade</p><p>incondicional do Estado Democrático de Direito (art. 3º-A da LC nº 80/1994).</p><p>Note-se, portanto, que a Defensoria Pública não se encontra vinculada a nenhum</p><p>dos Poderes Estatais, revelando-se errônea a afirmação de que a Instituição estaria</p><p>integrada ao Poder Executivo, ao Poder Legislativo ou ao Poder Judiciário. Em verdade,</p><p>a Defensoria Pública caracteriza-se como uma instituição extrapoder, não dependendo</p><p>de nenhum dos Poderes do Estado e não podendo nenhum de seus membros receber</p><p>instruções vinculantes de qualquer autoridade pública.</p><p>Foi por essa razão que o legislador constituinte incluiu as funções essenciais à</p><p>justiça em capítulo próprio (Capítulo IV), junto ao título dedicado aos Poderes do</p><p>Estado. Se pretendesse vincular as funções essenciais à justiça a algum dos Poderes</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>51</p><p>Estatais, o legislador constituinte as teria incluído em seção inserida dentro do capítulo</p><p>destinado ao Poder Legislativo (Capítulo I), ao Poder Executivo (Capítulo II), ou ao</p><p>Poder Judiciário (Capítulo III), e não em capítulo autônomo ao lado das funções</p><p>executiva, legislativa e judiciária.</p><p>A colocação tópica e o conteúdo do capítulo destinado às “Funções Essenciais à</p><p>Justiça” revelam a renúncia por parte do constituinte em definir explicitamente a</p><p>Defensoria Pública entre os Poderes do Estado, outorgando-lhe a necessária autonomia</p><p>para que possa atuar de maneira ativa na defesa da ordem jurídica democrática do país.</p><p>Recentemente, esse posicionamento restou adotado pelo Supremo Tribunal</p><p>Federal, em voto proferido pelo Ministro DIAS TOFFOLI, durante o julgamento da</p><p>ADI nº 5.296 MC/DF, in verbis:</p><p>Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, estabeleceram-se, a par</p><p>dos Poderes da República, e logo em seguida ao capítulo reservado ao Poder</p><p>Judiciário, as denominadas funções essenciais à Justiça.</p><p>Assim, o Título IV da Constituição Federal versa sobre a Organização dos</p><p>Poderes: seu Capítulo I trata do Poder Legislativo; o Capítulo II, do Poder</p><p>Executivo; o Capítulo III, do Poder Judiciário; e o Capítulo IV, das chamadas</p><p>funções essenciais à Justiça ‒ na Seção I, do Ministério Público; na Seção II, da</p><p>Advocacia Pública; e na Seção III, da Advocacia e da Defensoria Pública.</p><p>Verifica-se, então, que, por disposição da Constituição, o Ministério Público, a</p><p>Advocacia Pública e a Defensoria Pública são instituições que não integram,</p><p>em minha leitura do texto constitucional, a estrutura de nenhum dos três</p><p>Poderes. Como funções essenciais à Justiça, estão separadas tanto do</p><p>Legislativo, quanto do Executivo, quanto do Judiciário. Formam, em verdade,</p><p>um complexo orgânico de Instituições Constitucionais ou Instituições Primárias</p><p>do Estado Democrático de Direito.</p><p>Diogo Esteves e Franklyn Silva, na obra intitulada Princípios institucionais da</p><p>Defensoria Pública, traçam importantes considerações sobre a distinta posição,</p><p>no texto da CF/88, das “funções essenciais à Justiça”. (STF – Pleno – ADI nº</p><p>5.296 MC/DF – Relatora Min. Rosa Weber / Voto proferido pelo Min. Dias</p><p>Toffoli, decisão: 18-05-2016)</p><p>03.3) Aprofundando: Delimitação conceitual da Defensoria Pública na</p><p>Constituição Federal:</p><p>Com o advento da Emenda Constitucional nº 80/2014, o art. 134, caput, da</p><p>CRFB passou a definir a Defensoria Pública como “instituição permanente, essencial à</p><p>função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do</p><p>regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>52</p><p>humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais</p><p>e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do</p><p>art. 5º desta Constituição Federal”.</p><p>→ATENÇÃO 01 x A LCE 6/1977 prevê em seu artigo 1º: “A Defensoria Pública</p><p>do Estado é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,</p><p>incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,</p><p>fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,</p><p>em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma</p><p>integral e gratuita, aos necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do</p><p>art. 5º da Constituição Federal e do art. 30 e seus parágrafos da Constituição do Estado</p><p>do Rio de Janeiro.”</p><p>→ATENÇÃO 02 x DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL</p><p>(CE/RJ):</p><p>CE, artigo 30: O Estado obriga-se, através da Defensoria Pública, a prestar</p><p>assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de</p><p>recursos.</p><p>§ 1º A lei disporá, como função institucional da Defensoria Pública, sobre</p><p>o atendimento jurídico pleno de mulheres e familiares vítimas de</p><p>violência, principalmente física e sexual, através da criação de um Centro</p><p>de Atendimento para Assistência, Apoio e Orientação Jurídica à Mulher.</p><p>§ 2º Comprova-se a insuficiência de recursos com a simples afirmação do</p><p>assistido, na forma da lei.</p><p>CE, art. 74 - Compete ao Estado, concorrentemente com a União, legislar sobre:</p><p>XIII - assistência jurídica e defensoria pública;</p><p>CE, art. 77 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer</p><p>dos Poderes do Estado e dos Municípios, obedecerá aos princípios da legalidade,</p><p>impessoalidade, moralidade, publicidade, interesse coletivo e, também, ao</p><p>seguinte:</p><p>XIII - a remuneração e o subsídio dos ocupantes</p><p>de cargos, funções e</p><p>empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos</p><p>Poderes do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério Público, do tribunal</p><p>de Contas do Estado, da procuradoria Geral do Estado e da Defensoria</p><p>Pública e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,</p><p>percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou</p><p>de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>53</p><p>espécie, dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, nos termos do § 12</p><p>do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil;</p><p>XXIX - É vedada a nomeação de pessoas que se enquadram nas</p><p>condições de inelegibilidade nos termos da legislação federal para os</p><p>cargos de Secretário de Estado, Subsecretário, Procurador Geral de</p><p>Justiça, Procurador Geral do Estado, Defensor Público Geral,</p><p>Superintendentes e Diretores de órgãos da administração pública indireta,</p><p>fundacional, de agências reguladoras e autarquias, Chefe de Polícia Civil,</p><p>Titulares de Delegacias de Polícia, Comandante Geral da Polícia Militar,</p><p>Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Comandantes de Batalhões</p><p>de Polícia Militar, Comandante de Quartéis de Bombeiro Militar,</p><p>Reitores das Universidades Públicas Estaduais e ainda para todos os</p><p>cargos de livre provimento dos poderes Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário do Estado.</p><p>CE, art. 89 - O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de</p><p>cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do</p><p>Estado do Rio de Janeiro, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas,</p><p>observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.</p><p>§ 25. O regime próprio de previdência social, para fins do disposto na</p><p>Constituição Federal, nessa Constituição e na legislação previdenciária,</p><p>abrange: (...) VI – membros da Defensoria Pública e os titulares de cargo</p><p>de provimento efetivo da Defensoria Pública. (NR)”</p><p>Por outro lado, a delimitação conceitual realizada pela Constituição Federal permite a</p><p>identificação de algumas características importantes da Defensoria Pública:</p><p>A) ESSENCIALIDADE À FUNÇÃO JURISDICIONAL DO ESTADO E À</p><p>JUSTIÇA:</p><p>Como observa JOSÉ AUGUSTO GARCIA DE SOUSA, o adjetivo “essencial”</p><p>conferido à Defensoria Pública pelo art. 134 da CRFB constitui verdadeira “chave</p><p>hermenêutica”, capaz de propiciar e estimular o aprimoramento institucional no âmbito</p><p>doutrinário e jurisprudencial.</p><p>Primeiramente, a essencialidade em relação à função jurisdicional decorre da</p><p>própria inércia que a caracteriza, sendo reconhecida a indispensabilidade da Defensoria</p><p>Pública, do Ministério Público, da Advocacia Pública e da Advocacia privada para</p><p>provocar a atuação do Poder Judiciário. Conforme posicionamento sufragado pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal, a Defensoria Pública constitui verdadeiro instrumento de</p><p>concretização dos direitos e das liberdades de que são titulares as pessoas carentes e</p><p>necessitadas:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>54</p><p>DEFENSORIA PÚBLICA – RELEVÂNCIA – INSTITUIÇÃO PERMANENTE</p><p>ESSENCIAL À FUNÇÃO JURISDICIONAL DO ESTADO – O DEFENSOR</p><p>PÚBLICO COMO AGENTE DE CONCRETIZAÇÃO DO ACESSO DOS</p><p>NECESSITADOS À ORDEM JURÍDICA. A Defensoria Pública, enquanto</p><p>instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, qualifica-se</p><p>como instrumento de concretização dos direitos e das liberdades de que são</p><p>titulares as pessoas carentes e necessitadas. É por essa razão que a Defensoria</p><p>Pública não pode (e não deve) ser tratada de modo inconsequente pelo Poder</p><p>Público, pois a proteção jurisdicional de milhões de pessoas – carentes e</p><p>desassistidas –, que sofrem inaceitável processo de exclusão jurídica e social,</p><p>depende da adequada organização e da efetiva institucionalização desse órgão</p><p>do Estado. De nada valerão os direitos e de nenhum significado revestir-se-ão</p><p>as liberdades, se os fundamentos em que eles se apoiam – além de</p><p>desrespeitados pelo Poder Público ou transgredidos por particulares – também</p><p>deixarem de contar com o suporte e o apoio de um aparato institucional, como</p><p>aquele proporcionado pela Defensoria Pública, cuja função precípua, por efeito</p><p>de sua própria vocação constitucional (CF, art. 134), consiste em dar</p><p>efetividade e expressão concreta, inclusive mediante acesso do lesado à</p><p>jurisdição do Estado, a esses mesmos direitos, quando titularizados por pessoas</p><p>necessitadas, que são as reais destinatárias tanto da norma inscrita no art. 5º,</p><p>inciso LXXIV, quanto do preceito consubstanciado no art. 134, ambos da</p><p>Constituição da República. Direito a ter direitos: uma prerrogativa básica, que</p><p>se qualifica como fator de viabilização dos demais direitos e liberdades –</p><p>Direito essencial que assiste a qualquer pessoa, especialmente àquelas que nada</p><p>têm e de que tudo necessitam. prerrogativa fundamental que põe em evidência –</p><p>cuidando-se de pessoas necessitadas (CF, ART 5º, LXXIV) – A significativa</p><p>importância jurídico-institucional e político-social da Defensoria Pública. (STF</p><p>– Pleno – ADI nº 2.903/PB – Rel. Min. Celso de Mello, decisão: 1º-12-2005)</p><p>Todavia, o exercício da atividade postulatória não esgota o sentido constitucional</p><p>desse quarto complexo orgânico. Ao definir a Defensoria Pública como função essencial</p><p>à justiça (Título IV, Capítulo IV, da CRFB), o legislador constitucional empregou a</p><p>expressão justiça em seu sentido mais amplo, garantindo uma extensiva atuação</p><p>institucional junto a todos os Poderes Estatais, com o objetivo de preservar os valores</p><p>constitucionalmente estabelecidos.</p><p>A essencialidade à justiça, portanto, não se refere apenas à atuação perante o</p><p>Poder Judiciário, meramente realizando a distribuição de ações e promovendo a defesa</p><p>dos réus em juízo (essencialidade à função jurisdicional do Estado – art. 134, caput, da</p><p>CRFB). O termo justiça deve ser analisado de maneira mais extensiva, permitindo a</p><p>atuação da Defensoria Pública perante cada um dos Poderes do Estado, exigindo a</p><p>realização do valor justiça por todos eles.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>55</p><p>Corroborando esse entendimento juspolítico da Defensoria Pública, manifestou-</p><p>se o brilhante professor DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, em um dos mais</p><p>primorosos artigos já publicados sobre o tema:</p><p>A essencialidade à justiça não se deve entender que se refira apenas à ação que</p><p>desempenham perante o Poder Judiciário, ou seja, perante a “Justiça” no</p><p>sentido orgânico, mas, verdadeiramente, referida a todos os Poderes do Estado,</p><p>enquanto diga respeito à realização do valor justiça por qualquer deles.</p><p>Justiça está entendida, assim, no seu sentido mais amplo, condizente com todos</p><p>os valores que deve realizar o Estado Democrático de Direito, como finalidade</p><p>última do poder na vida social, sem nenhum qualificativo parcializante que</p><p>possa permitir que se restrinja, de alguma forma, tanto o âmbito de atuação</p><p>quanto a designação das advocacias dos interesses constitucionalmente</p><p>garantidos.</p><p>A essencialidade deve ser compreendida, em consequência, como qualidade das</p><p>funções de controle que lhes cabe exercer (...). (MOREIRA NETO, Diogo de</p><p>Figueiredo. A Defensoria Pública na construção do Estado de Justiça. Revista de</p><p>Direito da Defensoria Pública, Rio de Janeiro, 1995, ano VI, n. 7, pág. 23)</p><p>Para ilustrar a amplitude do trabalho desenvolvido pelos Defensores Públicos,</p><p>basta lembrar que o art. 134 da CRFB atribui à Instituição a realização da “orientação</p><p>jurídica” e da “defesa” dos necessitados em “todos os graus”, “judicial e</p><p>extrajudicialmente”, incluindo-se aqui a atuação institucional perante as instâncias</p><p>administrativas.</p><p>Além disso, o art. 4º, II, da LC nº 80/1994 prevê como função institucional da</p><p>Defensoria Pública a promoção</p><p>prioritária da composição extrajudicial dos conflitos de</p><p>interesses, por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de solução</p><p>de litígios. Com isso, em sendo identificada a atuação ilegal de qualquer estrutura</p><p>estatal em detrimento de seus assistidos, pode o Defensor, no exercício de sua função</p><p>constitucional de controle, atuar diretamente sobre a administração pública, priorizando</p><p>a resolução extrajudicial do problema.</p><p>No caso dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, a atuação da</p><p>Defensoria Pública também não se encontra adstrita à esfera judicial. De acordo com o</p><p>art. 5º, § 6º, da Lei nº 7.347/1985, a Defensoria Pública e os demais órgãos públicos</p><p>legitimados se encontram autorizados a celebrar Termos de Ajustamento de Conduta –</p><p>TACs, solucionando extrajudicialmente o conflito de interesses, de modo a evitar a</p><p>desnecessária propositura da Ação Civil Pública ou Coletiva.</p><p>Percebe-se, portanto, que o trabalho desenvolvido pela Defensoria Pública não</p><p>se encontra adstrito à atuação perante o Poder Judiciário. A própria disposição</p><p>topográfica da Instituição na Constituição Federal revela a intenção do legislador</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>56</p><p>originário de outorgar-lhe amplitude para que exerça, de forma plena e desimpedida, o</p><p>controle sobre a atuação de cada um dos Poderes Estatais.</p><p>É claro que, na grande maioria dos casos, o exercício da função de controle se</p><p>dará mediante a provocação do Poder Judiciário, até porque este é o responsável por</p><p>garantir a observância da legalidade nos atos públicos. No entanto, isso não significa</p><p>que a Defensoria Pública esteja limitada à atuação jurisdicional ou impedida de atuar</p><p>diretamente perante os demais Poderes do Estado.</p><p>Manifestando-se nesse sentido, temos o posicionamento do ilustre professor</p><p>SÉRGIO DE ANDRÉA FERREIRA, in verbis:</p><p>Não nos deixemos impressionar com a ênfase que alguns dispositivos desse</p><p>Capítulo IV atribuem ao relacionamento da atividade dessas instituições com a</p><p>função jurisdicional (cf. artigos 127, 131, 132 e 134). É claro que a justiça,</p><p>mesmo a abrangente, a compreensiva, se faz, em grande parte, mediante a</p><p>provocação e a prestação da função jurisdicional. Mas não só através desse</p><p>meio. E tanto é assim, que a atuação dessas instituições se desenvolve, também,</p><p>em face de outros Poderes. (FERREIRA, Sérgio de Andréa. Comentários à</p><p>Constituição. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1991. 3º v. págs.12/13)</p><p>Por fim, importante observar que a Defensoria Pública representa o elo</p><p>fundamental entre a sociedade e o Estado, servindo como instrumento constitucional de</p><p>transformação social e de implementação democrática de um regime socialmente mais</p><p>justo. Dessa forma, a ideia de essencialidade à justiça deve também se ensanchar para</p><p>abranger a noção de justiça social, garantindo a difusão igualitária da cidadania (art. 3º,</p><p>III, da CRFB, c/c o art. 3º, I, da LC nº 80/1994).</p><p>B) EXPRESSÃO E INSTRUMENTO DO REGIME DEMOCRÁTICO:</p><p>Com a modificação redacional trazida pela Emenda Constitucional nº 80/2014, a</p><p>Defensoria Pública passou a ser constitucionalmente caracterizada como “expressão e</p><p>instrumento do regime democrático”. Por apresentar conteúdo aberto e irresoluto, a</p><p>unidade lexical deve ser objeto de cuidadosa análise, para evitar que a previsão</p><p>normativa acabe assumindo função mais retórica do que efetivamente prática.</p><p>Como leciona JÚLIO CAMARGO DE AZEVEDO, “por expressão, tem-se que</p><p>só faz sentido pensar em um regime democrático ante a existência de uma Defensoria</p><p>Pública fortalecida, sem o que não haveria democracia, senão mera demagogia”. Por</p><p>sua vez, “por instrumento, estabelece-se à Defensoria Pública um papel implementador</p><p>do projeto democrático proposto pelo Constituinte de 88, revestindo-a de um perfil</p><p>político-transformador da realidade social”.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>57</p><p>Seguindo essa mesma linha, ao realizar aprofundada pesquisa sobre o conteúdo</p><p>normativo da nova delimitação conceitual da Defensoria Pública na Constituição</p><p>Federal, o professor PEDRO GONZÁLEZ leciona:</p><p>O que significa ser a Defensoria Pública “expressão e instrumento do regime</p><p>democrático” (art. 134, caput, CF/88 e art. 1º, LC nº 80/94)?</p><p>Como cediço, “expressão” e “instrumento” não são vocábulos sinônimos.</p><p>Ademais, é princípio basilar da hermenêutica jurídica que a lei não contém</p><p>palavras inúteis (verba cum effectu sunt accipienda). Portanto, é preciso</p><p>separar a resposta em duas partes, isto é, o que significa ser a Defensoria</p><p>Pública expressão do regime democrático e o que significa ser a Defensoria</p><p>Pública instrumento do regime democrático.</p><p>Ser expressão de alguma coisa significa ser “figura representativa”; “modelo”;</p><p>“manifestação significativa e importante” da mesma.</p><p>Decerto, o próprio regime democrático deve ser entendido como algo dinâmico,</p><p>como um processo que caminha para a concretização e aprofundamento dos</p><p>seus princípios fundamentais: supremacia da vontade popular, preservação da</p><p>liberdade e igualdade de direitos.</p><p>A Defensoria Pública, pois, é figura representativa desse processo. Isso porque,</p><p>considerando o protagonismo alcançado pelo Poder Judiciário e o papel do</p><p>processo no Estado Democrático de Direito, a existência de instituições</p><p>sedimentadas e plenamente atuantes, capazes de garantir e preservar os direitos</p><p>fundamentais de caráter civil, político e social pode ser apontada como um</p><p>relevante indicador do estágio de efetiva consolidação democrática de uma</p><p>sociedade.</p><p>Nessa linha, a possibilidade de acesso efetivo à Justiça torna-se um diferencial</p><p>importante para a identificação de uma verdadeira democracia, devidamente</p><p>consolidada. Afinal, o regime democrático legitima-se exatamente enquanto</p><p>garante e promove o acesso equânime dos mais diferentes valores e interesses</p><p>nos seus procedimentos jurídico-políticos.</p><p>Assim, sendo a Defensoria Pública uma instituição constitucionalmente</p><p>idealizada para garantir o acesso à Justiça tanto em sentido formal quanto em</p><p>sentido material, o seu fortalecimento aponta na direção de uma democracia</p><p>mais sólida.</p><p>Destarte, percebe-se que a Defensoria Pública é expressão do regime</p><p>democrático na medida em que sua presença e atuação consistentes são</p><p>manifestação do avanço da sociedade rumo à consolidação democrática. (...)</p><p>Cabe neste ponto buscar responder à segunda parte do questionamento lançado.</p><p>Iniciamos pelo significado da palavra instrumento. Pois bem, de acordo com o</p><p>dicionário instrumento é um “meio utilizado para obter um resultado”.</p><p>A democracia é um processo de afirmação do protagonismo do povo e de</p><p>garantia de direitos fundamentais que vão sendo conquistados no correr na</p><p>história. Essa se estrutura em três princípios (ou valores) fundamentais: (i)</p><p>supremacia da vontade popular; (ii) preservação da liberdade; e (iii) igualdade</p><p>de direitos. O processo democrático, pois, avança conforme esses princípios vão</p><p>sendo efetivados e aprofundados.</p><p>Nessa trilha, ser instrumento do regime democrático é ser um meio para se</p><p>obter a consolidação democrática. Para tanto, o mesmo deve buscar a</p><p>concretização dos três princípios democráticos. (...) A partir do cotejo entre as</p><p>funções institucionais e os princípios da democracia, constata-se que a atuação</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>58</p><p>defensorial se liga a cada um dos princípios fundamentais daquela, seja em</p><p>conjunto ou separadamente. Age em favor da ampliação e pluralização do</p><p>acesso à ordem jurídica justa como meio de consolidação democrática.</p><p>Logo, verifica-se que a Defensoria Pública é instrumento do regime democrático</p><p>porque no cumprimento das suas funções institucionais realiza os três princípios</p><p>(ou valores) democráticos – supremacia da vontade popular, preservação</p><p>da</p><p>liberdade e igualdade de direitos –, potencializando a democracia.</p><p>(GONZÁLEZ, Pedro. A Definição Constitucional da Defensoria Pública como</p><p>Expressão e Instrumento do Regime Democrático: Para Além da sua Função</p><p>Simbólica. In: ALVES, Cleber Francisco; GONZALEZ, Pedro. Defensoria</p><p>Pública no Século XXI – Novos Horizontes e Desafios. Rio de Janeiro: Lumen</p><p>Juris, 2017, pág. 25)</p><p>03.4) Aprofundando: A Defensoria Pública como cláusula pétrea e norma de</p><p>repetição obrigatória pelas Constituições Estaduais</p><p>O poder constituinte representa a manifestação soberana da suprema vontade</p><p>política de um povo, social e juridicamente organizado. Em linhas gerais, o poder</p><p>constituinte pode ser dividido em duas espécies: (i) poder constituinte originário (ou</p><p>competência constituinte de 1º grau); e (ii) poder constituinte derivado (ou competência</p><p>constituinte de 2º grau).</p><p>O poder constituinte originário é o responsável pela criação da nova ordem</p><p>constitucional. Por não estar subordinado ao Direito positivo preexistente e por</p><p>constituir a base do ordenamento jurídico, o poder constituinte originário se qualifica</p><p>como autônomo e inicial. Relevante consignar, no entanto, que, contemporaneamente, o</p><p>poder constituinte originário não pode ser tecnicamente qualificado como ilimitado e</p><p>incondicionado, pois encontra limitações e condicionamentos na realidade fática e no</p><p>direito suprapositivo.</p><p>Nesse sentido, leciona o professor LUÍS ROBERTO BARROSO, com sua</p><p>peculiar didática:</p><p>É fora de dúvida que o poder constituinte é um fato político, uma força material</p><p>e social, que não está subordinada ao Direito positivo preexistente. Não se trata,</p><p>porém, de um poder ilimitado ou incondicionado. Pelo contrário, seu exercício e</p><p>sua obra são pautados tanto pela realidade fática como pelo Direito, âmbito no</p><p>qual a dogmática pós-positivista situa os valores civilizatórios, os direitos</p><p>humanos e a justiça. Contemporaneamente, é a observância de critérios básicos</p><p>de justiça que diferencia o direito do “não direito”. A força bruta não se</p><p>legitima apenas pela circunstância de se travestir da forma constitucional.</p><p>(BARROSO, Luís Roberto. Ċurso de Direito Constitucional Contempora neo.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2011, pág. 133)</p><p>Todavia, a efetividade desses limites sempre encontra dificuldades na realidade</p><p>prática, haja vista o conhecimento convencional no sentido de que a obra do poder</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>59</p><p>constituinte originário não comporta controle judicial. Por essa razão, normalmente a</p><p>concretização desses limites precisará ser afirmada no plano da legitimidade e não no</p><p>plano da legalidade.</p><p>O poder constituinte derivado, por sua vez, dimana da própria ordem</p><p>constitucional, estando juridicamente subordinado e procedimentalmente condicionado</p><p>às prescrições impostas pelo constituinte originário. Por constituir competência</p><p>juridicamente vinculada, o poder constituinte derivado conhece limitações</p><p>constitucionais expressas e implícitas, sendo passível de controle de constitucionalidade.</p><p>Em essência, o poder constituinte derivado pode ser dividido em duas</p><p>subespécies: (a) poder constituinte derivado reformador; e (b) poder constituinte</p><p>derivado decorrente.</p><p>O poder constituinte derivado reformador denota a possibilidade de serem</p><p>realizadas alterações ao texto constitucional, de modo a garantir sua perene adaptação à</p><p>evolução histórica, às mudanças da realidade e às novas demandas sociais (art. 60 da</p><p>CRFB). Embora possua vocação de permanência, a ordem constitucional não pode</p><p>permanecer eternamente imutável, sob pena de perder sintonia com seu tempo e de ser</p><p>derrotada pela realidade. Por isso, o poder constituinte originário instituiu mecanismos</p><p>de reforma constitucional, conferindo capacidade adaptativa às suas prescrições</p><p>normativas. Essa atividade reformadora, porém, deve sempre respeitar as condições e os</p><p>limites impostos pelo poder constituinte originário.</p><p>O poder constituinte derivado decorrente, por outro lado, designa a competência</p><p>dos Estados--membros para realizarem sua auto-organização por meio das respectivas</p><p>constituições estaduais. Desse modo, o poder constituinte derivado decorrente atua em</p><p>caráter de complementariedade, perfazendo a obra do constituinte originário no âmbito</p><p>estadual, sempre respeitando os princípios impostos pela Constituição Federal (art. 25</p><p>da CRFB).</p><p>3.4.1) Das limitações impostas ao poder constituinte derivado reformador e</p><p>do reconhecimento da Defensoria Pública como cláusula pétrea</p><p>O poder constituinte originário, ao prever a possibilidade de alteração das</p><p>normas constitucionais por meio de processo legislativo especial e mais dificultoso que</p><p>o ordinário, qualificou a Constituição da República Federativa do Brasil como rígida,</p><p>estabelecendo a ideia de supremacia da ordem constitucional.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>60</p><p>Essas formalidades para produção e alteração das normas constitucionais são</p><p>importantes para a consolidação de sua eficácia, pois, se pudessem ser modificadas sem</p><p>qualquer processo legislativo especial, restaria comprometida a produção concreta de</p><p>seus efeitos.</p><p>No exercício do poder constituinte derivado reformador, o Congresso Nacional</p><p>se encontra submetido a duas espécies de limitações constitucionais: (i) limitações</p><p>expressas; e (ii) limitações implícitas.</p><p>As limitações expressas, por sua vez, restam subdivididas em três subespécies:</p><p>(a) circunstanciais; (b) materiais; e (c) formais.</p><p>Os limites circunstanciais impedem a realização de modificações no texto</p><p>constitucional em momentos de anormalidade institucional, de modo a prevenir a</p><p>ocorrência de perturbações na liberdade e na independência dos órgãos incumbidos da</p><p>reforma. Desse modo, o art. 60, § 1º, da CRFB determina que “a Constituição não</p><p>poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de</p><p>estado de sítio”.</p><p>As limitações materiais, por seu turno, procuram preservar o núcleo imodificável</p><p>da Constituição Federal. De acordo com o art. 60, § 4º, da CRFB, não será objeto de</p><p>deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: a forma federativa de Estado; o</p><p>voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; os direitos e</p><p>garantias individuais. Essas matérias formam o núcleo intangível da Constituição</p><p>Federal, tradicionalmente denominado como “cláusulas pétreas”.</p><p>Importante observar que o dispositivo constitucional não proíbe apenas as</p><p>emendas que expressamente suprimam as matérias contidas nas cláusulas de</p><p>intangibilidade; a vedação impede qualquer espécie de erosão do conteúdo substantivo</p><p>das matérias protegidas.</p><p>Essas cláusulas traduzem o esforço do constituinte em assegurar a identidade</p><p>constitucional, evitando que eventuais reformas provoquem a destruição, o</p><p>enfraquecimento ou impliquem profunda mudança no núcleo das decisões políticas e</p><p>dos valores fundamentais sedimentados na Constituição Federal.</p><p>As limitações formais resultam diretamente da rigidez constitucional, que</p><p>demanda a existência de procedimento específico para a realização de reformas</p><p>constitucionais, que deve ser mais complexo do que o procedimento adotado para a</p><p>aprovação da legislação ordinária. Segundo determina o art. 60 da CRFB, a</p><p>Constituição Federal apenas poderá ser objeto de emenda por proposta de iniciativa: de</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>61</p><p>um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;</p><p>do Presidente da República; de mais da metade das Assembleias Legislativas das</p><p>unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus</p><p>membros. Apresentada a proposta, a matéria será discutida e votada em cada Casa do</p><p>Congresso Nacional, em dois turnos, considerando--se aprovada se obtiver,</p><p>A essencialidade constitucional da Defensoria Pública e as</p><p>consequentes limitações impostas ao poder constituinte derivado. A autonomia</p><p>institucional da Defensoria Pública na Constituição Federal. A Defensoria Pública e o</p><p>acesso à justiça.</p><p>b) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica</p><p>gratuita. Os modelos teóricos de assistência jurídica dos Estados contemporâneos. O</p><p>modelo brasileiro de assistência jurídica estatal gratuita. Deliberação CS/DPGE/RJ nº</p><p>124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ</p><p>nº 943/2018 (arrecadação de honorários).</p><p>c) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a)</p><p>público(a). A relação jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública.</p><p>Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de Processo Civil e</p><p>na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.</p><p>d) Funções institucionais da Defensoria Pública. Custos vulnerabilis. Garantias e</p><p>prerrogativas dos membros da Defensoria Pública. Proibições dos membros da</p><p>Defensoria Pública. Direitos dos assistidos.</p><p>e) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime democrático.</p><p>Os objetivos da Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e independência</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>5</p><p>funcional. Estrutura e organização administrativa da Defensoria Pública. A carreira de</p><p>defensor(a) público(a) do Estado do Rio de Janeiro. Curadoria Especial.</p><p>PONTO IV</p><p>a) Evolução da Defensoria Pública no âmbito estadual e nacional. A Defensoria</p><p>Pública como expressão e instrumento do regime democrático. Os objetivos da</p><p>Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e independência funcional.</p><p>b) A Defensoria Pública e a repartição constitucional de competências</p><p>legislativas. A sistematização normativa da Defensoria Pública do Estado do Rio de</p><p>Janeiro. A Defensoria Pública e a Advocacia.</p><p>c) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica</p><p>gratuita. Deliberação CS/DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da</p><p>necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº 943/2018 (arrecadação de honorários).</p><p>Curadoria Especial.</p><p>d) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a)</p><p>público(a). A relação jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública.</p><p>Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de Processo Civil e</p><p>na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.</p><p>e) Funções institucionais da Defensoria Pública. Garantias e prerrogativas dos</p><p>membros da Defensoria Pública. Objetivos da Defensoria Pública. Regime disciplinar</p><p>da Defensoria Pública. Atribuição. Impedimento. Suspeição.</p><p>PONTO V</p><p>a) A essencialidade constitucional da Defensoria Pública. A autonomia</p><p>institucional da Defensoria Pública na Constituição da República. A Defensoria Pública</p><p>e o acesso à justiça. A Defensoria Pública e a repartição constitucional de competências</p><p>legislativas. A sistematização normativa da Defensoria Pública do Estado do Rio de</p><p>Janeiro. A Defensoria Pública e a Advocacia.</p><p>b) Gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica</p><p>gratuita. Deliberação CS/DPGE/RJ nº 124/2017 (aferição da vulnerabilidade e da</p><p>necessidade jurídica). Resolução DPGE/RJ nº 943/2018 (arrecadação de honorários).</p><p>Curadoria Especial.</p><p>c) Natureza jurídica da Defensoria Pública. Natureza jurídica do(a) defensor(a)</p><p>público(a). A relação jurídica estabelecida entre assistido(a) e Defensoria Pública.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>6</p><p>Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de Processo Civil e</p><p>na legislação estadual. A gratuidade no âmbito extrajudicial.</p><p>d) Funções institucionais da Defensoria Pública. Custos vulnerabilis. Garantias e</p><p>prerrogativas dos membros da Defensoria Pública. Deveres dos membros da Defensoria</p><p>Pública. Direitos dos assistidos.</p><p>e) A Defensoria Pública como expressão e instrumento do regime democrático.</p><p>Os objetivos da Defensoria Pública. Unidade, indivisibilidade e independência</p><p>funcional. Estrutura e organização administrativa da Defensoria Pública. A carreira de</p><p>defensor(a) público(a) do Estado do Rio de Janeiro.</p><p>0.5) CONCLUSÕES SOBRE OS PONTOS:</p><p>Vejam que o conteúdo das alíneas dos pontos se repete. Por exemplo: o ponto</p><p>“01.b” é igual ao ponto “02.a”.</p><p>Em outros casos, partes de um ponto são repetidas em outros pontos. A título de</p><p>exemplo: o ponto “01.e” foi repetido integralmente no ponto 04, mas de maneira</p><p>separada nas alíneas “04.a”, “04.c” e “04.d”.</p><p>Para ilustrar o que estou querendo dizer, elaborei uma tabela, separando por</p><p>cores os temas que foram repetidos nos pontos do regulamento.</p><p>Sugiro que, se forem imprimir o material, imprimam de forma colorida</p><p>nesta parte, se possível, para identificarem as cores.</p><p>Dessa forma, teremos 12 (doze) temas distribuídos entre os 05 (cinco) pontos do</p><p>regulamento.</p><p>De maneira didática e separando por cores, segue a organização:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>7</p><p>Como teremos 03 (três) aulas e são 12 (doze) pontos no conteúdo programático,</p><p>separarei 04 (quatro) pontos por aula, a fim de esgotarmos tudo aquilo que</p><p>supostamente virá no futuro edital.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>8</p><p>01) EVOLUÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA NO ÂMBITO ESTADUAL E</p><p>NACIONAL</p><p>(Pontos 01.a e 04.a)</p><p>01.1) Noções gerais sobre a evolução histórica da prestação da Assistência Jurídica.</p><p>Defensoria Pública nas Constituições Brasileiras. Panorama da Defensoria Pública</p><p>no Brasil.</p><p>HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA DEFENSORIA PÚBLICA NO BRASIL:</p><p>1824 A Constituição do Império (1824) nada dispunha sobre a assistência jurídica</p><p>às pessoas necessitadas.</p><p>1891 A Constituição da República (1891) também foi omissa.</p><p>1897 O primeiro órgão público de assistência judiciária é criado no Brasil, na</p><p>cidade do Rio de Janeiro, por meio do Decreto nº. 2457.</p><p>1934 A Constituição de 1934 foi a primeira a assegurar expressamente o acesso à</p><p>justiça aos necessitados por meio de “órgãos especiais” que deveriam ser</p><p>criados para esse fim: “A União e os Estados concederão aos necessitados</p><p>assistência judiciária, criando, para esse efeito, órgãos especiais e</p><p>assegurando a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos” (art. 113, §</p><p>32).</p><p>1937 Em claro retrocesso, a CF de 1937 omitiu a matéria.</p><p>1946 a</p><p>1969</p><p>As Constituições de 1946 e de 1967, embora também tenham garantido a</p><p>assistência judiciária aos necessitados, não repetiram o comando da</p><p>Constituição de 1934 de que deveria ser criado um “órgão especial” com</p><p>esta incumbência. Esta regra se repetiu na Emenda Constitucional nº. 01/69.</p><p>1977 Lei Complementar Estadual n. 06/1977 – Organização da assistência</p><p>judiciária no Rio de Janeiro e previsão do regime jurídico de seus membros.</p><p>1988 E assim chegamos, então, em 1988, quando, após muitas discussões no</p><p>âmbito da assembleia constituinte, a Constituição Federal finalmente</p><p>estabeleceu que “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita</p><p>aos que comprovarem insuficiência de recursos” (art. 5º, LXXIV), criando,</p><p>para este fim, a instituição Defensoria Pública.</p><p>Portanto, pode-se dizer que a Defensoria Pública nasceu, enquanto</p><p>instituição de caráter nacional, com a promulgação da CRFB, de 1988;</p><p>2004 As Defensorias Públicas dos Estados conquistam autonomia funcional e</p><p>administrativa, além da iniciativa de sua proposta orçamentária (EC 45).</p><p>2012 A Defensoria Pública do Distrito Federal alcança idêntica autonomia (EC</p><p>69).</p><p>2013 A Defensoria Pública da União conquista idêntica autonomia (EC 74).</p><p>2014 A Defensoria Pública alcança um novo</p><p>em ambos,</p><p>três quintos dos votos dos respectivos membros (art. 60, § 2º). Sendo aprovada, a</p><p>emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,</p><p>com o respectivo número de ordem (art. 60, § 3º). Ademais, matéria constante de</p><p>proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não poderá ser objeto de nova</p><p>proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, § 5º).</p><p>Por fim, por intermédio das limitações implícitas são vedadas modificações que</p><p>alterem: (a) o titular do poder constituinte originário; (b) o titular do poder constituinte</p><p>derivado reformador; (c) a norma constitucional que prevê as limitações expressas; e (d)</p><p>o procedimento que disciplina a reforma constitucional. Se essas matérias pudessem ser</p><p>mudadas, de nada adiantaria estabelecer vedações ao poder de reforma.</p><p>Realizada a análise das limitações impostas ao poder constituinte derivado</p><p>reformador, surge a seguinte questão: poderia a Defensoria Pública ser suprimida do</p><p>texto constitucional por intermédio de eventual reforma realizada na Constituição</p><p>Federal?</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>62</p><p>Dentro do constitucionalismo contemporâneo, a Defensoria Pública assume</p><p>posição de significativa importância na efetivação dos direitos fundamentais individuais</p><p>e coletivos.</p><p>O direito à assistência jurídica estatal gratuita aos necessitados resta inserido no</p><p>rol de direitos fundamentais protegidos pelo art. 60, § 4º, da CRFB, deixando clara a</p><p>intenção do legislador em assegurar o perene e igualitário acesso à justiça. Por</p><p>conseguinte, o próprio legislador quis estabelecer no art. 134 da CRFB o monopólio da</p><p>assistência jurídica estatal gratuita nas mãos da Defensoria Pública. Essas duas</p><p>considerações nos levam a observar que, sendo o serviço de assistência jurídica estatal</p><p>gratuita insuscetível de extinção e sendo conferido à Defensoria Pública o seu</p><p>monopólio, a proteção concedida ao art. 5º, LXXIV, também deve ser estendida ao</p><p>próprio art. 134 da CRFB.</p><p>Na verdade, para os carentes e necessitados, que compõem a grande maioria da</p><p>sociedade brasileira, a Defensoria Pública funciona como instrumento de concretização</p><p>de todos os direitos e liberdades constitucionais. Tanto que a própria existência</p><p>constitucional da Defensoria Pública restou expressamente associada pelo art. 134 da</p><p>CRFB ao direito fundamental à assistência jurídica estatal gratuita.</p><p>Justamente por isso, a Defensoria Pública recebeu do constituinte originário o</p><p>qualificativo de “função essencial à justiça” (Título IV, Capítulo IV), sendo considerada</p><p>“instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado” (art. 134 da CRFB,</p><p>com redação dada pela Emenda Constitucional nº 80/2014).</p><p>Seguindo a acepção lexicográfica dos termos “essencial” e “permanente”, a</p><p>Defensoria Pública deve ser compreendida como parte necessária e indispensável da</p><p>ordem constitucional. Afinal, sem a atuação constante e efetiva da Defensoria Pública,</p><p>os direitos fundamentais de milhões de pessoas hipossuficientes restariam desprovidos</p><p>de toda e qualquer proteção jurídica, constituindo simples palavras lançadas no papel.</p><p>Por constituir garantia instrumental que materializa todos os direitos</p><p>fundamentais e assegura a própria dignidade humana, a Defensoria Pública deve ser</p><p>considerada requisito necessário ou indispensável do sistema constitucional moderno,</p><p>integrando o conteúdo material da cláusula pétrea estabelecida no art. 60, § 4º, IV, da</p><p>CRFB.</p><p>Em razão de sua importância e de sua essencialidade na preservação igualitária</p><p>da ordem jurídico--constitucional, a Defensoria Pública constitui parte integrante da</p><p>identidade política, ética e jurídica da Constituição Federal, estando sua existência e</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>63</p><p>suas características elementares permanentemente preservadas da ação erosiva do poder</p><p>constituinte derivado reformador.</p><p>Seguindo essa linha de posicionamento, o professor FELIPE CALDAS</p><p>MENEZES sustenta que a Defensoria Pública seria considerada cláusula pétrea por</p><p>instrumentalizar a garantia constitucional da assistência jurídica integral e gratuita,</p><p>tendo sido esse posicionamento encampado pelo art. 1º da LC nº 80/1994 (com redação</p><p>dada pela Lei Complementar nº 132/2009):</p><p>Outra inovação importante do conceito de Defensoria Pública que merece</p><p>destaque é a sua qualificação como Instituição permanente.</p><p>Fazendo-se um comparativo entre a redação do art. 134 e a do art. 127, relativo</p><p>ao Ministério Público, ambos da Constituição da República Federativa do</p><p>Brasil de 1988, pode-se notar a ausência da palavra permanente no primeiro</p><p>dispositivo.</p><p>Seria, então, possível concluir que a Defensoria Pública poderia ser extinta por</p><p>Emenda Constitucional?</p><p>Mesmo antes da nova redação do art. 1º da Lei Orgânica Nacional da</p><p>Defensoria Pública, havia posicionamento em sentido negativo tanto da</p><p>doutrina quanto da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em razão de a</p><p>garantia constitucional da assistência jurídica integral e gratuita</p><p>instrumentalizar-se por meio desta Instituição (art. 134 c/c art. 5º, inciso</p><p>LXXIV), sendo, portanto, cláusula pétrea a própria existência da Defensoria</p><p>Pública (art. 60, § 4º, inciso IV da Constituição da República Federativa do</p><p>Brasil de 1988).</p><p>O legislador infraconstitucional encampou este posicionamento incluindo a</p><p>expressão permanente no conceito do art. 1º da Lei Complementar nº 80/1994,</p><p>após a redação dada pela Lei Complementar nº 132/2009.</p><p>Ademais, a qualificação pelo legislador complementar da Instituição como</p><p>expressão permanente e instrumento do regime democrático deixa ainda mais</p><p>evidente o seu caráter permanente, posicionamento que ganha força ainda</p><p>maior para aqueles que consideram haver vedação, ainda que implícita, da</p><p>alteração do referido regime (art. 1º, caput da Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988). (MENEZES, Felipe Caldas. A reforma da Lei</p><p>Orgânica Nacional da Defensoria Pública: disposições gerais e específicas</p><p>relativas à organização da Defensoria Pública da União. In: SOUSA, José</p><p>Augusto Garcia de. Uma nova Defensoria Pública pede passagem. Rio de</p><p>Janeiro: Lumen Juris, 2011, pág. 137/138)</p><p>Importante compreender, ainda, que, ao disciplinar a organização dos Poderes</p><p>Estatais, o constituinte originário não se limitou às descentralizações tradicionais</p><p>decorrentes da tripartição dos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), sendo</p><p>instituído um quarto complexo orgânico intitulado “Funções Essenciais à Justiça”</p><p>(Capítulo IV), compreendendo o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia</p><p>Privada e a Defensoria Pública.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>64</p><p>Por intermédio dessa moderna disposição organizacional, a Constituição Federal</p><p>colocou a cargo da Defensoria Pública o exercício de uma quarta função política, ao</p><p>lado da função legislativa, da executiva e da jurisdicional: a função de provedoria de</p><p>justiça.</p><p>Desse modo, o constituinte originário considerou a Defensoria Pública tão</p><p>imprescindível à existência do Estado Democrático de Direito quanto o Poder</p><p>Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário.</p><p>Além disso, por integrar um quarto complexo orgânico e por exercer uma quarta</p><p>função política, a Defensoria Pública se submete ao mesmo princípio de harmonia e</p><p>independência entre as manifestações de Poder do Estado (art. 2º da CRFB), estando</p><p>alcançada pela cláusula pétrea do art. 60, § 4º, III, da CRFB. Assim, do mesmo modo</p><p>que o Poder Legislativo, no exercício da competência constituinte reformadora, não</p><p>pode suprimir o Poder Executivo ou o Poder Judiciário, também não pode mutilar,</p><p>enfraquecer ou diminuir a Defensoria Pública.</p><p>Nesse sentido, leciona o professor DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA</p><p>NETO, in verbis:</p><p>A Constituição</p><p>brasileira de 1988, ao organizar o Poder Estatal, não se limitou,</p><p>como o fizeram as anteriores, às descentralizações tradicionais entre os</p><p>complexos orgânicos denominados de Poder Legislativo, Poder Executivo e</p><p>Poder Judiciário, instituindo um quarto complexo orgânico que, embora não</p><p>conformando um quarto Poder, recebeu a seu cargo a função essencial de</p><p>provedoria de justiça perante todos os demais Poderes do Estado.</p><p>Repise-se que o legislador constitucional não as instituiu como funções</p><p>“auxiliares”, dispensáveis ou substituíveis, mas como funções “essenciais”, no</p><p>sentido de serem tão imprescindíveis à existência do Estado Democrático de</p><p>Direito quanto qualquer das demais do mesmo Título IV, o que as submete ao</p><p>mesmo princípio de harmonia e independência entre as manifestações de Poder</p><p>do Estado, consubstanciado no art. 2º, da Constituição, e alçado à cláusula</p><p>pétrea, no art. 60, § 4º, III (MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. A</p><p>Defensoria Pública na construção do Estado de Justiça. Revista de Direito da</p><p>Defensoria Pública, Rio de Janeiro, 1995, ano VI, n. 7, pág. 22)</p><p>Relevante consignar que o Supremo Tribunal Federal, em diversos julgados distintos, já</p><p>teve a oportunidade de reconhecer e de reafirmar a essencialidade da Defensoria Pública</p><p>no quadro juspolítico contemporâneo:</p><p>Defensoria pública. Relevância. Instituição permanente essencial à função</p><p>jurisdicional do estado. O defensor público como agente de concretização do</p><p>acesso dos necessitados à ordem jurídica. A Defensoria Pública, enquanto</p><p>instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, qualifica-se</p><p>como instrumento de concretização dos direitos e das liberdades de que são</p><p>titulares as pessoas carentes e necessitadas. É por essa razão que a Defensoria</p><p>Pública não pode (e não deve) ser tratada de modo inconsequente pelo Poder</p><p>Público, pois a proteção jurisdicional de milhões de pessoas – carentes e</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>65</p><p>desassistidas –, que sofrem inaceitável processo de exclusão jurídica e social,</p><p>depende da adequada organização e da efetiva institucionalização desse órgão</p><p>do Estado. De nada valerão os direitos e de nenhum significado revestir-se-ão</p><p>as liberdades, se os fundamentos em que eles se apoiam – além de</p><p>desrespeitados pelo Poder Público ou transgredidos por particulares – também</p><p>deixarem de contar com o suporte e o apoio de um aparato institucional, como</p><p>aquele proporcionado pela Defensoria Pública, cuja função precípua, por efeito</p><p>de sua própria vocação constitucional (CF, art. 134), consiste em dar</p><p>efetividade e expressão concreta, inclusive mediante acesso do lesado à</p><p>jurisdição do Estado, a esses mesmos direitos, quando titularizados por pessoas</p><p>necessitadas, que são as reais destinatárias tanto da norma inscrita no art. 5º,</p><p>inciso LXXIV, quanto do preceito consubstanciado no art. 134, ambos da</p><p>Constituição da República. Direito a ter direitos: uma prerrogativa básica, que</p><p>se qualifica como fator de viabilização dos demais direitos e liberdades. Direito</p><p>essencial que assiste a qualquer pessoa, especialmente àquelas que nada têm e</p><p>que de tudo necessitam. Prerrogativa fundamental que põe em evidência –</p><p>cuidando-se de pessoas necessitadas (CF, art. 5º, LXXIV) – a significativa</p><p>importância jurídico-institucional e político social da Defensoria Pública. (STF</p><p>– Pleno – ADI nº 2903/ PB – Relator Min. Celso de Mello, decisão: 01-12-2005)</p><p>A Defensoria Pública se revela como instrumento de democratização do acesso</p><p>às instâncias judiciárias, de modo a efetivar o valor constitucional da</p><p>universalização da justiça (inciso XXXV do art. 5º da CF/1988). Por</p><p>desempenhar, com exclusividade, um mister estatal genuíno e essencial à</p><p>jurisdição, a Defensoria Pública não convive com a possibilidade de que seus</p><p>agentes sejam recrutados em caráter precário. Urge estruturá-la em cargos de</p><p>provimento efetivo e, mais que isso, cargos de carreira. (STF – Pleno – ADI nº</p><p>3700/RN – Relator Min. Carlos Britto, decisão: 15-10-2008)</p><p>Por fim, devemos salientar que o caráter intangível da Defensoria Pública restou</p><p>expressamente reconhecido pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, ao</p><p>analisar a constitucionalidade da Proposta de Emenda Constitucional nº 12/2007, in</p><p>verbis:</p><p>No que concerne à análise material da proposição em comento, isto é, a</p><p>sujeição de seu objeto às cláusulas constitucionais imutáveis – as denominadas</p><p>cláusulas pétreas – impõe-se ressaltar que a prestação da assistência jurídica,</p><p>integral e gratuita encontra-se no art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal,</p><p>no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, protegida pela cláusula</p><p>pétrea do inciso IV, parágrafo 4º do artigo 60 da Carta Magna. Desse modo,</p><p>qualquer alteração que possa ameaçar tal direito fundamental, ainda que por</p><p>Proposta de Emenda Constitucional, deve ser rejeitada, especialmente quando</p><p>enfraquece a instituição Defensoria Pública, órgão estatal que efetiva o acesso</p><p>à justiça no modelo atual e ampliado pela Reforma do Judiciário (Emenda</p><p>Constitucional nº 45/2004). (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania</p><p>– Relator Dep. Valtenir Pereira, emissão: 16-07-2008)</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>66</p><p>3.4.2) Das limitações impostas ao poder constituinte derivado decorrente e</p><p>do reconhecimento da Defensoria Pública como norma de repetição obrigatória</p><p>pelas Constituições Estaduais</p><p>A Constituição Federal assegura autonomia aos Estados-membros,</p><p>consubstanciada na capacidade de auto-organização, de autolegislação, de autogoverno</p><p>e de autoadministração.</p><p>Como primeiro elemento da autonomia estadual, a capacidade de auto-</p><p>organização se concretiza por meio do exercício do poder constituinte derivado</p><p>decorrente, caracterizado pela edição das Constituições Estaduais (art. 25 da CRFB).</p><p>Por dimanar do originário, o poder constituinte derivado decorrente resta</p><p>limitado pela zona de determinações e pelo conjunto de restrições contidos na</p><p>Constituição Federal. Segundo estabelece o art. 25, in fine, da CRFB, a atividade</p><p>constituinte dos Estados-membros deve observar os princípios previstos na Constituição</p><p>Federal:</p><p>Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que</p><p>adotarem, observados os princípios desta Constituição.</p><p>Embora o dispositivo não indique expressamente quais seriam esses princípios, a</p><p>pesquisa do texto constitucional indica a existência de três grupos distintos de princípios</p><p>que circunscrevem a atuação do constituinte estadual: (i) os princípios constitucionais</p><p>sensíveis; (ii) os princípios federais extensíveis; e (iii) os princípios constitucionais</p><p>estabelecidos.</p><p>Os princípios constitucionais sensíveis dizem respeito basicamente à</p><p>organização dos poderes governamentais dos Estados, sendo assim denominados porque</p><p>sua inobservância pelos Estados--membros, no exercício de suas competências</p><p>legislativas, administrativas ou tributárias, pode acarretar a sanção politicamente mais</p><p>grave existente em um Estado Federal, a intervenção na autonomia política. De acordo</p><p>com o art. 34, VII, da CRFB, são considerados princípios constitucionais sensíveis: (a)</p><p>forma republicana, sistema representativo e regime democrático; (b) direitos da pessoa</p><p>humana; (c) autonomia municipal; (d) prestação de contas da administração pública,</p><p>direta e indireta; e (e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos</p><p>estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e</p><p>desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>67</p><p>Os princípios federais extensíveis, por sua vez, são aqueles que integram a</p><p>estrutura da federação brasileira, sendo qualificados como normas centrais comuns à</p><p>União, aos</p><p>Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.</p><p>Por fim, os princípios constitucionais estabelecidos podem ser definidos como</p><p>“regras que revelam, previamente, a matéria de sua organização e as normas</p><p>constitucionais de caráter vedatório, bem como os princípios de organização política,</p><p>social e econômica, que determinam o retraimento da autonomia estadual, cuja</p><p>identificação reclama pesquisa no texto da Constituição”. Doutrinariamente, essas</p><p>limitações podem ser divididas em três grupos: (a) limitações expressas; (b) limitações</p><p>implícitas; e (c) limitações decorrentes do sistema constitucional.</p><p>Dentro das limitações expressas de caráter mandatório, encontra-se inserida a</p><p>determinação categórica que obriga o Estado-membro a dispor, em sua estrutura</p><p>constitucional, sobre a organização da Defensoria Pública, observando as características,</p><p>atribuições, direitos e garantias constantes dos arts. 134 e 135 da CRFB.</p><p>Nesse sentido, ensina o professor JOSÉ AFONSO DA SILVA, in verbis:</p><p>Limitações expressas ao Constituinte Estadual – São consubstanciadas em dois</p><p>tipos de regras: umas de natureza vedatória e outras, mandatórias.</p><p>As primeiras proíbem explicitamente os Estados de adotar determinados atos ou</p><p>procedimentos, tais como as dos arts. 19, 150 e 152, intervir nos Municípios,</p><p>salvo ocorrência de um dos motivos estritamente considerados no art. 35, mas</p><p>terá que regular o processo de intervenção, nas hipóteses possíveis, ao teor do</p><p>art. 36.</p><p>As mandatórias consistem em disposições que, de maneira explícita e direta,</p><p>determinam aos Estados a observância de princípios, de sorte que, na sua</p><p>organização constitucional e normativa, hão que adotá-los, o que importa</p><p>confranger sua liberdade organizatória aos limites positivamente determinados;</p><p>assim, por exemplo, o Constituinte Estadual tem que dispor: (...) sobre a</p><p>organização da Defensoria Pública com as atribuições, direitos e garantias</p><p>constantes dos arts. 134 e 135. (SILVA, José Afonso. Curso de Direito</p><p>Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2011, pág. 613/614)</p><p>Desse modo, os Estados-membros não possuem a faculdade de optar pela</p><p>instituição e manutenção da Defensoria Pública, estando submetidos à determinação</p><p>constitucional explícita que previamente impõe a criação do serviço jurídico-assistencial</p><p>público em âmbito estadual.</p><p>Além disso, a organização estrutural da Defensoria Pública em âmbito estadual</p><p>deve seguir o parâmetro normativo delineado pelos arts. 134 e 135 da CRFB, sendo</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>68</p><p>vedado ao poder constituinte derivado decorrente realizar a implementação de modelo</p><p>jurídico-assistencial público diverso daquele previsto pelo poder constituinte originário.</p><p>Se os Estados-membros, no exercício de sua capacidade de auto-organização,</p><p>deixarem de realizar a previsão normativa da Defensoria Pública em suas respectivas</p><p>Constituições Estaduais ou realizarem essa previsão de maneira diversa daquela</p><p>estabelecida pela Constituição Federal, estarão incidindo em inegável</p><p>inconstitucionalidade material.</p><p>Recentemente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade</p><p>do art. 104 da Constituição Estadual de Santa Catarina, que determinava que Defensoria</p><p>Pública seria “exercida pela Defensoria Dativa e Assistência Judiciária Gratuita”,</p><p>organizada pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Santa Catarina (OAB/SC).</p><p>De acordo com o STF, o modelo jurídico-assistencial público previsto na referida norma</p><p>constitucional estadual seria absolutamente diverso daquele previsto no art. 134 da</p><p>CRFB, representando “grave desrespeito a uma ordem do constituinte, que não se</p><p>limitou à exortação genérica do dever de prestar assistência judiciária, mas descreveu,</p><p>inclusive, a forma que deve ser adotada na execução desse serviço público, não dando</p><p>margem a qualquer liberdade por parte do legislador estadual”. Com base nesse</p><p>fundamento, a ADI nº 4.270/SC restou julgada procedente, sendo reconhecida a</p><p>inconstitucionalidade do art. 104 da CESC e admitida a continuidade dos serviços</p><p>prestados pelo Estado de Santa Catarina mediante convênio com a OAB/SC pelo prazo</p><p>máximo de um ano da data do julgamento da referida ação, ao fim do qual deveria estar</p><p>estruturada e em funcionamento a Defensoria Pública daquela unidade federada,</p><p>seguindo o modelo delineado pela Constituição Federal:</p><p>Art. 104 da Constituição do Estado de Santa Catarina. Lei complementar</p><p>estadual 155/1997. Convênio com a seccional da Ordem dos Advogados do</p><p>Brasil (OAB/SC) para prestação de serviço de “defensoria pública dativa”.</p><p>Inexistência, no Estado de Santa Catarina, de órgão estatal destinado à</p><p>orientação jurídica e à defesa dos necessitados. Situação institucional que</p><p>configura severo ataque à dignidade do ser humano. Violação do inc. LXXIV do</p><p>art. 5º e do art. 134, caput, da redação originária da Constituição de 1988.</p><p>Ações diretas julgadas procedentes para declarar a inconstitucionalidade do art.</p><p>104 da constituição do Estado de Santa Catarina e da Lei Complementar</p><p>Estadual 155/1997 e admitir a continuidade dos serviços atualmente prestados</p><p>pelo Estado de Santa Catarina mediante convênio com a OAB/SC pelo prazo</p><p>máximo de 1 (um) ano da data do julgamento da presente ação, ao fim do qual</p><p>deverá estar em funcionamento órgão estadual de defensoria pública</p><p>estruturado de acordo com a Constituição de 1988 e em estrita observância à</p><p>legislação complementar nacional (LC 80/1994). (STF – Pleno – ADI nº</p><p>4270/SC – Relator Min. Joaquim Barbosa, decisão: 14-03-2012)</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>69</p><p>3.5) A Autonomia institucional da Defensoria Pública na Constituição</p><p>Federal</p><p>3.5.0) Atenção:</p><p>Novamente, convido a voltar na leitura da evolução constitucional da Defensoria</p><p>Pública, no que diz respeito à previsão das autonomias.</p><p>3.5.1) Autonomia funcional:</p><p>NÃO É O MESMO QUE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL. OS CONCEITOS</p><p>POSSUEM MESMA BASE: autonomia e independência funcional procuram explicar o</p><p>mesmo fenômeno, que é a impossibilidade de ingerências ou pressões externas no atuar</p><p>institucional. MAS POSSUEM DESTINATÁRIOS DIVERSOS: a) Autonomia</p><p>funcional é uma característica da DPE enquanto INSTITUIÇÃO (extrai dos objetivos,</p><p>funções institucionais e do atuar dos seus membros); b) E a independência funcional é</p><p>uma característica do MEMBRO DA DPE (tem como norte o ordenamento jurídico).</p><p>Tem um aspecto maior do que a autonomia funcional, pois na independência funcional,</p><p>há uma liberdade contra ingerências EXTERNAS (outros Poderes e instituições) e</p><p>também INTERNAS (DPG, CSDP, Corregedoria podem de algum modo querer</p><p>influenciar);</p><p>EXTENSÃO: Não precisa de nenhuma autorização prévia para atuar (ex: para</p><p>ajuizar uma ação civil pública e não precisa ter uma autorização do governador, ou do</p><p>PGJ para atura criminalmente) ou intervenção. Não pode ter nenhum tipo de</p><p>condicionamento com seu atuar;</p><p>FUNCIONAL = ligação com a função e, portanto, com o exercício da atividade-</p><p>fim. Autonomia funcional, portanto, liga-se à Defensoria Pública exercendo as suas</p><p>funções. Portanto, se não é exercício de autonomia funcional, MAS DE</p><p>ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA, passa-se para outro</p><p>campo, qual seja da AUTONOMIA ADMINISTRATIVA. Se debate os gastos</p><p>orçamentários, vai estar na AUTONOMIA FINANCEIRA;</p><p>AUTONOMIAS = SÃO ATOS ISOLADOS DA DPE. No exercício da sua</p><p>atividade-fim, não precisa da soma de vontades com outros poderes ou instituições (não</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>70</p><p>precisa da intervenção ou aquiescência deles). Exemplo: autonomia financeira = a DPE,</p><p>para definir os seus gastos e a forma como seu orçamento será empenhado, não depende</p><p>da vontade dos outros poderes;</p><p>CONFORME JÁ DECIDIU A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS</p><p>HUMANOS, A AUTONOMIA FUNCIONAL DA DEFENSORIA PÚBLICA NÃO É</p><p>ABSOLUTA: a) CONTROLE DA QUALIDADE E DA EFICIÊNCIA PELO</p><p>JUDICIÁRIO: admitindo controle da qualidade e da eficiência pelo Poder Judiciário a</p><p>respeito do serviço de assistência jurídica prestado pela Defensoria. O Estado não tem</p><p>que anuir com uma defesa ineficaz; b) POIS O ESTADO PODE SER</p><p>RESPONSABILIZADO INTERNACIONALMENTE pela atuação ineficiente de sua</p><p>instituição Defensoria; c) SEM ANULAR A AUTONOMIA E A INDEPENDÊNCIA</p><p>FUNCIONAL; d) ALGUMAS HIPÓTESES EM QUE PODE OCORRER A</p><p>VIOLAÇÃO DO DIREITO DE DEFESA, SENDO ELAS AS SEGUINTES: d.1) não</p><p>desenvolver uma mínima atividade probatória; d.2) inatividade argumentativa em favor</p><p>dos interesses do acusado; d.3) carência de conhecimento técnico-jurídico do processo</p><p>penal; d.4) falta de interposição de recursos em detrimento dos direitos do acusado; d.5)</p><p>indevida fundamentação dos recursos interpostos; e d.6) abandono da defesa;</p><p>A AUTONOMIA NÃO SE CONFUNDE COM A INICIATIVA: A DPE possui</p><p>03 autonomias (funcional, administrativa e financeira) e 02 iniciativas (legislativa e</p><p>orçamentária);</p><p>INICIATIVAS = SÃO ATOS DE NATUREZA COMPLEXA = soma de vontades</p><p>que vão permitir a DPE exercer determinada atuação. Exemplo 01: iniciativa</p><p>orçamentária = DPE faz a proposta encaminha para o executivo → encaminha para o</p><p>legislativo aprovar → encaminha para o executivo para a sanção. Não basta a DPE</p><p>fabricar o seu orçamento, mas ela deve somar a sua vontade à vontade de outros atores.</p><p>Exemplo 02: iniciativa legislativa = DPE elabora um projeto de lei → submete ao</p><p>parlamento → se aprova, manda para o executivo sancionar e tornar uma lei;</p><p>→Aprofundamentos paralelos sobre a iniciativa: 06 observações:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>71</p><p>1º) ORIGEM: Em que pese a CRFB/88 em sua redação originária já tenha</p><p>previsto a DPE como uma instituição que se dedicava (função institucional) à</p><p>assistência jurídica integral e gratuita dos necessitados, o capítulo IV (funções</p><p>essenciais à justiça) ainda era dividido em 3 seções (a seção 3 contemplava a advocacia</p><p>e a DPE) e não havia previsão de autonomia (encarava-se a DPE como um órgão do</p><p>Poder Executivo). Dessa forma, somente após as Emendas Constitucionais de n.</p><p>45/2004 (reforma do Poder Judiciário), n. 69/2012 e 74/2013 é que foram consagradas a</p><p>autonomia institucional e administrativa, assim como a iniciativa de proposta</p><p>orçamentária à Defensoria Pública dos Estados, Distrito Federal e União,</p><p>respectivamente. A Emenda Constitucional n. 80/2014, por sua vez, trouxe a previsão de</p><p>“aplicação no que couber dos arts. 93 e 96, II, da CRFB/88”. Dessa forma, do caput do</p><p>artigo 93, assim como do artigo 96, II, ambos da CRFB/88, extrai-se a iniciativa</p><p>legislativa do Defensor Público-Geral para projetos de lei de interesse institucional (não</p><p>é para qualquer lei, mas apenas para aquelas sobre o regime jurídico da Defensoria</p><p>Pública).</p><p>2º) PODE MEDIDA PROVISÓRIA, LEI ORDINÁRIA E LEI</p><p>COMPLEMENTAR? Deve-se tratar o “regime jurídico” como um gênero do qual se</p><p>extrai 03 espécies: a) “Normas de organização da Defensoria Pública”: há reserva de lei</p><p>complementar (art. 134, parágrafo primeiro, da CRFB/88); b) “Funções institucionais”:</p><p>não há reserva de lei complementar, sendo possível a veiculação por lei ordinária (ex:</p><p>capítulo sobre a DPE no NCPC; previsão da DPE na LACP) e, inclusive, por medida</p><p>provisória (ex: a atribuição da DPE na regularização fundiária e urbana foi fruto de</p><p>medida provisória posteriormente convertida em lei ordinária); c) “Política</p><p>remuneratória”: Funções institucionais e política remuneratória não possuem reserva de</p><p>LC, portanto LO pode disciplinar. A título de exemplo, a lei n. 13.412/2016 é uma lei</p><p>ordinária e que disciplina os subsídios dos membros da DPU;</p><p>3º) CONCORRÊNCIA DE INICIATIVAS: O artigo 134, parágrafo quarto, da</p><p>CRFB/88, confere iniciativa ao Defensor Público-Geral. De outro lado, o artigo 61, 1º,</p><p>II, “d”, da CRFB/88, afirma que normas de organização da DPE são de iniciativa do</p><p>Presidente da República. Isso ocasionaria uma concorrência de iniciativas e, por isso, há</p><p>02 posicionamentos a esse respeito: a) PROFESSORES DANIEL SARMENTO E</p><p>CAIO PAIVA: Após o advento da EC 80/2014, toda a iniciativa legislativa estaria</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>72</p><p>concentrada nas mãos do DPG. Segundo FRANKLYN ROGER, essa posição é</p><p>interessante, mas cria um problema: quem é o encarregado de encaminhar projeto de lei</p><p>para alterar a Lei Nacional da DPE? O DPGF é o chefe da DPU, mas não é das DPEs.</p><p>Parece-lhe que não teria tal legitimidade; b) POSIÇÃO INTERMEDIÁRIA DO CAIO</p><p>PAIVA, MAS RETRATADA POSTERIORMENTE: Nas alterações da LC 80 que</p><p>diziam respeito às DPEs, deveriam ser assinadas por todos os DPGEs. O que ele não</p><p>respondeu é se precisaria ter um consenso, se todos precisariam assinar ou se bastaria</p><p>apenas a maioria, visto que não há previsão de uma iniciativa legislativa conjunta, razão</p><p>pela qual ele adotou posteriormente em seu livro a posição anterior; c) POSIÇÃO DE</p><p>FRANKLYN ROGER E DIOGO ESTEVES: Há uma INICIATIVA CONCORRENTE</p><p>entre o chefe do Poder Executivo e o DPG, mas essa iniciativa deve ser observada da</p><p>seguinte forma: c.1) INICIATIVA DE NORMAS ESPECÍFICAS DA DPU: a iniciativa</p><p>recai sobre o chefe da DPU; c.2) INICIATIVA DO CONTEÚDO NORMATIVO DOS</p><p>ARTS. 93 E 96, II, DA CRFB: se em relação às DPEs, seria de iniciativa PRIVATIVA</p><p>de cada DPGE (ou DPGDF). c.3) NOS DEMAIS CASOS, a iniciativa seria</p><p>CONCORRENTE com o chefe do Poder Executivo – ex: Professor cita como exemplo</p><p>a alteração da LC 80 na parte comum a todas as DPEs, seria de competência do</p><p>Presidente; d) REXT 1.183.850 – DPEBA = O STF aparentemente abraçou a ideia do</p><p>professor, citando um trecho do livro deles (na parte 2ª e 3ª acima). O 134 4º fala em</p><p>aplicação “no que couber” e o 61 não foi revogado. Possível cobrança em questão</p><p>discursiva, pois não há resposta certa;</p><p>4º) INICIATIVA MUNICIPAL? O STF DECIDIU QUE MUNICÍPIOS PODEM</p><p>INSTITUIR A PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA À POPULAÇÃO DE</p><p>BAIXA RENDA (ADPF 279): A prestação desse serviço público para auxílio da</p><p>população economicamente vulnerável não tem por objetivo substituir a atividade</p><p>prestada pela Defensoria Pública. O serviço municipal atua de forma simultânea. Trata-</p><p>se de mais um espaço para garantia de acesso à jurisdição (art. 5º, LXXIV, da CF/88).</p><p>Os municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local,</p><p>decorrência do poder de autogoverno e de autoadministração. Assim, cabe à</p><p>administração municipal estar atenta às necessidades da população, organizando e</p><p>prestando os serviços públicos de interesse local (art. 30, I, II e V). Além disso, a</p><p>competência material para o combate às causas e ao controle das condições dos</p><p>vulneráveis em razão da pobreza e para a assistência aos desfavorecidos é comum a</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>73</p><p>todos os entes federados (art. 23, X). STF. Plenário. ADPF 279/SP, Rel. Min. Cármen</p><p>Lúcia, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).</p><p>5º) INICIATIVA ORÇAMENTÁRIA:</p><p>PREVISÃO DA INICIATIVA ORÇAMENTÁRIA: artigos 134, p. 2º, da CRFB,</p><p>e 97-B da LC 80/94;</p><p>LEIS ORÇAMENTÁRIAS: Em matéria orçamentária, há 03 leis: PPN (plano</p><p>plurianual, que é o projeto de governo, para 04 anos, ou seja, para o mandato),</p><p>LDO (lei de diretrizes orçamentárias, enquanto manual para a execução da LOA,</p><p>anualmente), LOA (lei orçamentária anual, feita anualmente, após a aprovação</p><p>do LDO).</p><p>A INICIATIVA ORÇAMENTÁRIA DA DPE: permite que ela encaminhe ao</p><p>Poder Executivo a sua proposta orçamentária, a sua estimativa para o ano</p><p>seguinte (quanto precisa no total, quanto precisa para custeio e cada necessidade)</p><p>→ todas as instituições encaminham para o Poder Executivo</p><p>→ O Poder</p><p>Executivo consolida todas essas propostas em um PROJETO DE LEI</p><p>ORÇAMENTÁRIA e encaminha para o Poder Legislativo → O Poder</p><p>Legislativo VOTA → e o Poder Executivo SANCIONA → e aí teremos a LOA;</p><p>O PODER EXECUTIVO PODE ALTERAR O VALOR PREVISTO NA</p><p>PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA DA DEFENSORIA PÚBLICA? Entre 2013 e</p><p>2017, a DPE mandava as suas propostas com, por exemplo, 50 milhões de gasto</p><p>global previsto → O Poder Executivo, por si, riscava e passava a prever apenas</p><p>25 milhões, o que era encaminhado ao Poder Legislativo. Diante desse cenário, a</p><p>DPE foi ao STF, por meio da ADPF 307, ocasião em que foi dito que se a DPE</p><p>encaminhou um projeto de 50 milhões ao Executivo, o Executivo deve</p><p>encaminhar esse projeto sobre os mesmos 50 milhões ao Legislativo. Se o</p><p>Executivo achar que 50 milhões é muito, ele deve ir por si no Legislativo e fazer</p><p>gestões e política para o orçamento ser enxuto, pois quem debate e define o</p><p>orçamento é o Poder Legislativo (não é possível ao Executivo alterar</p><p>unilateralmente) (vedação ao Poder Executivo interferir na proposta</p><p>orçamentária da DPE, de maneira unilateral).</p><p>PREVISÃO LEGAL DO ARTIGO 97-B, DA LC 80/1994: A Defensoria Pública</p><p>do Estado elaborará sua proposta orçamentária atendendo aos seus princípios, às</p><p>diretrizes e aos limites definidos na lei de diretrizes orçamentárias (“manual”),</p><p>encaminhando-a ao Chefe do Poder Executivo para consolidação (só reúne e</p><p>encaminha) e encaminhamento ao Poder Legislativo. (Incluído pela Lei</p><p>Complementar nº 132, de 2009). (...)</p><p>02 EXCEÇÕES EM QUE O CHEFE DO EXECUTIVO TEM UMA POSTURA</p><p>MAIS ATIVA: a) FALTA DE ENCAMINHAMENTO: § 1º Se a Defensoria</p><p>Pública do Estado não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do</p><p>prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo</p><p>considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os</p><p>valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os</p><p>limites estipulados na forma do caput. (Incluído pela Lei Complementar nº 132,</p><p>de 2009). b) ENCAMINHAMENTO EM DESACORDO COM OS LIMITES: §</p><p>2º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em</p><p>desacordo com os limites estipulados no caput, o Poder Executivo procederá aos</p><p>ajustes necessários para fim de consolidação da proposta orçamentária anual.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>74</p><p>6º) JURISPRUDÊNCIA COMPLEMENTAR:</p><p>ADI 5381 (LDO PR): O STF considerou que a LDO também deve contar com a</p><p>PARTICIPAÇÃO DA DPE. Se a DPE tem direito a participar da elaboração da</p><p>LOA, não faz sentido que ela não participe da elaboração do projeto de LDO;</p><p>ADPF 387: Se o Poder Executivo interfere na proposta orçamentária, o STF</p><p>cassa o ato e determina que ele reproduza na integralidade os valores indicados</p><p>na proposta orçamentária da DPE;</p><p>ADPF 384: Trata do repasse dos duodécimos (fração do orçamento aprovado</p><p>para a DPE). Há uma obrigação de repasse. Se esse repasse não acontecer,</p><p>excepcionalmente pode ser realizado o bloqueio de contas;</p><p>ADPF 405: “Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a</p><p>arguição de descumprimento de preceito fundamental para declarar</p><p>inconstitucionais as decisões judiciais do Tribunal de Justiça do Estado do Rio</p><p>de Janeiro e do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região que determinaram o</p><p>arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das contas</p><p>administradas pelo Estado do Rio de Janeiro para atender demandas relativas a</p><p>pagamento de salário de servidores ativos e inativos, satisfação imediata de</p><p>créditos de prestadores de serviços e tutelas provisórias definidoras de</p><p>prioridades na aplicação de recursos públicos, exclusivamente nos casos em que</p><p>essas determinações tenham recaído sobre recursos escriturados, com vinculação</p><p>orçamentária específica ou vinculados a convênios e operações de crédito,</p><p>valores de terceiros sob a administração do Poder Executivo e valores</p><p>constitucionalmente destinados aos Municípios, ou seja, ações que, versando</p><p>estes pedidos, tenham implicado ordens constritivas com determinações de que</p><p>recaíssem sobre recursos assim qualificados, nos termos do voto da Relatora,</p><p>vencido o Ministro Marco Aurélio, que inadmitia a arguição. Plenário, Sessão</p><p>Virtual de 11.6.2021 a 18.6.2021.”</p><p>3.5.2) Autonomia administrativa:</p><p>DICA: em questões objetivas, é importante saber identificar qual a autonomia</p><p>que está sendo abordada pelo examinador.</p><p>PREVISÃO: artigo 134, 2º, da CRFB. Dica é interpretar a autonomia</p><p>administrativa a partir do artigo 97-A, da LC 80/1994 (fonte de orientação) (vide</p><p>incisos): I – abrir concurso público e prover os cargos de suas Carreiras e dos serviços</p><p>auxiliares; II – organizar os serviços auxiliares; III – praticar atos próprios de gestão; IV</p><p>– compor os seus órgãos de administração superior e de atuação; V – elaborar suas</p><p>folhas de pagamento e expedir os competentes demonstrativos; VI – praticar atos e</p><p>decidir sobre situação funcional e administrativa do pessoal, ativo e inativo da Carreira,</p><p>e dos serviços auxiliares, organizados em quadros próprios; VII – exercer outras</p><p>competências decorrentes de sua autonomia.</p><p>VINCULAÇÃO A SECRETARIA DE ESTADO? Desvincula a DPE da estrutura</p><p>do Poder Executivo, não é órgão do governo e não é vinculado a qualquer secretaria ou</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>75</p><p>ministério. Por isso, há a inconstitucionalidade de dispositivos que vincularam a</p><p>Defensoria Pública;</p><p>ASSEGURA AO DPG A LIBERDADE DE GESTÃO: cabe a ele a gestão da</p><p>instituição, a tomada de decisões (vide artigo acima). ATIVIDADE MEIO =</p><p>ATIVIDADE DE GESTÃO = AUTONOMIA ADMINISTRATIVA;</p><p>CONTROLE DAS DESIGNAÇÕES E LOTAÇÕES DE MEMBROS?</p><p>Inafastabilidade de controle jurisdicional. Mas cabe ao Judiciário controlar lotação e</p><p>designação da membros? JULGAMENTO DE ACÓRDÃO PELO STJ: A DPE ainda</p><p>está em expansão e ainda não existem órgãos em todas as localidades. O MP toma ações</p><p>e há decisões do Judiciário intervindo nisso. No entanto, o STJ já entendeu que não cabe</p><p>ao Poder Judiciário interferir nos atos de lotação da DPE. Não cabe ao Judiciário ditar</p><p>aonde vai ser a lotação dos membros. Há um critério legal = art. 107, da LC 80/1994 e</p><p>art. 98, do ADCT = áreas com maiores ADEnSamento populacional e EXCLUSÃO</p><p>social. A defensoria não é um anexo do Judiciário e não fica adstrito a ele. STF E DUAS</p><p>SUSPENSÕES DE TUTELA ANTECIPADA: o STF suspendeu todas as decisões</p><p>(ações) judiciais que determinavam a lotação de órgãos da defensoria. Espera-se decisão</p><p>no mesmo sentido do STJ e impossibilidade de interferência judicial, sobretudo se</p><p>seguidos os critérios preponderantes acima;</p><p>RESUMO: INTERVENÇÃO JUDICIAL NA AUTONOMIA DA DEFENSORIA</p><p>PÚBLICA = CONTROLE JUDICIAL DA POLÍTICA PÚBLICA DO DF DA</p><p>ASSISTÊNCIA JURÍDICA: a) O STF PODE O MAIS (ADIS 4270 E 3892) =</p><p>CRIAÇÃO de uma Defensoria Pública = como aconteceu em Santa Catarina; b) EM</p><p>TESE, PODERIA O MENOS: b.1) Determinar a LOTAÇÃO de membro; b.2) Ou a</p><p>CRIAÇÃO DE UNIDADE em determinada localidade; b.3) MAS O STF (STA 800)</p><p>ENTENDEU PELA AUTONOMIA (“PLENA”) da defensoria para lotar os seus</p><p>membros. b.4) E A ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA DP TERIA UMA “MARGEM</p><p>DE DISCRICIONARIEDADE” conforme os requisitos do artigo 98, do ADCT, para</p><p>distribuição territorial dos membros (08 anos = todas);</p><p>EXEMPLO: 02 unidades necessitam ser instituídas no interior, mas o orçamento</p><p>só permite que 01 unidade seja instituída. DPG ESCOLHE 01 no interior = o judiciário</p><p>não pode controlar;</p><p>EXEMPLO: DPG não escolhe NENHUMA no interior e resolve concentrar tudo</p><p>na capital = o judiciário “em tese” poderia controlar!</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>76</p><p>CONCLUSÃO: PREVALECE NO STF O ENTENDIMENTO DE UMA</p><p>AUTONOMIA APARENTEMENTE PLENA: no sentido de que o Poder</p><p>Judiciário,</p><p>mediante, por exemplo, ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público, não pode</p><p>exercer o controle judicial sobre a lotação dos membros da Defensoria Pública.</p><p>PUBLICAÇÕES DE ATOS OFICIAIS? A DPE estabelece o seu próprio diário,</p><p>independente do diário do executivo. Mas se ainda usar o diário do executivo, o chefe</p><p>do executivo não pode determinar quais serão as publicações da defensoria nem no</p><p>conteúdo;</p><p>ABERTURA DE CONCURSO? O CSDP aprovou o regulamento e foi publicado</p><p>no DOE e o governador, por não concordar e não achar que deveria ter concurso, não</p><p>deixou ser publicado. A DPE entrou com MS e, ao mesmo tempo, submeteu ao</p><p>legislativo a criação de seu próprio DOE.</p><p>CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO? Vitória emblemática no STF! A DPESP não</p><p>está em todo território de SP e nas comarcas em que ela não se faz presente, há um</p><p>convênio celebrado com a OAB. Advogados exercem a assistência jurídica e a DPESP</p><p>remunera esses advogados. Em um determinado momento, a OAB insinuou que esse</p><p>convênio era obrigatório e a DPESP seria obrigada a celebrar convênio com a OAB, o</p><p>que foi levado ao STF. O STF concluiu pela autonomia administrativa da DPE. Ela é</p><p>obrigada a atuar em todo o território, mas ela não é obrigada a escolher o convênio. Se</p><p>ela quiser optar por outra forma de capilarização de sua atuação no território, ela pode;</p><p>OUTRA ADI SOBRE O ORÇAMENTO DA DPE – uma alteração legislativa foi</p><p>feita para que parcela do orçamento fosse vinculada ao convênio e o ponto de debate é</p><p>essa (in)constitucionalidade da fixação de uma parcela do orçamento ao convênio =</p><p>tendência de se declarar inconstitucional também essa lei estadual pelo STF. NÃO É</p><p>OBRIGATÓRIA A CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO COM A OAB, EM</p><p>DECORRÊNCIA DA AUTONOMIA ADMINISTRATIVA!</p><p>DEFENSORIA PÚBLICA É FAZENDA PÚBLICA? Fazenda pública é</p><p>sinônimo de União, Estado ou Município em juízo. E A DPE não é uma pessoa jurídica</p><p>de direito público. A DPE É UMA INSTITUIÇÃO, MAS NÃO TEM</p><p>PERSONALIDADE JURÍDICA. A DPE POSSUI CNPJ, mas o condomínio também</p><p>possui CNPJ e não é pessoa jurídica (o fato de um ente ter CNPJ não traduz que ela</p><p>tenha personalidade jurídica);</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>77</p><p>E A DPE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA? O conceito de administração</p><p>pública contempla a DPE? Não, se a DPE tem autonomia administrativa, ela não pode</p><p>ser enquadrada no conceito de administração pública. Há autores que utilizam da lei de</p><p>usuários dos serviços públicos para atrelar tais conceitos (mas isso é uma técnica</p><p>específica para aquela lei). A lei não fala do MP, então ele não seria e a DPE sim? Não</p><p>faz sentido!</p><p>3.5.3) Autonomia financeira:</p><p>PECULIARIDADE DA AUTONOMIA FINANCEIRA: Ela é praticamente a</p><p>soma entre a INICIATIVA ORÇAMENTÁRIA + AUTONOMIA ADMINISTRATIVA.</p><p>Proposta orçamentária consolidada + orçamento aprovado PL + sancionado pelo</p><p>PE → todo mês terá o repasse do DUODÉCIMO (fração do orçamento repassada</p><p>mensalmente, todo dia 20).</p><p>Uma vez recebida sua fatia do duodécimo, a DPE tem liberdade para definir</p><p>como que ela vai realizar o seu gasto orçamentário. Essa liberdade corresponde à</p><p>autonomia financeira, ou seja, a forma qualidade da autonomia administrativa focada</p><p>exclusivamente em relação às decisões financeiras da DPE. Ex: mês de janeiro com</p><p>licitação para aquisição da nova frota de veículos, fevereiro pelo parque informático,</p><p>março nas obras da construção da nova sede e etc.;</p><p>GESTÃO ORÇAMENTÁRIA: Autonomia financeira é como a DPE gasta o seu</p><p>orçamento, sem a interferência de qualquer outro órgão ou instituição;</p><p>EMISSÃO DE CONTRACHEQUES: 97-A, inciso V com um reflexo dessa</p><p>autonomia: V – elaborar suas folhas de pagamento e expedir os competentes</p><p>demonstrativos;</p><p>LIMITE DE GASTOS NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF):</p><p>Em 2011, houve um PL 114, o qual incluiria a DPE nos percentuais da LRF. Esse</p><p>projeto tramitou no CN, foi aprovado e submetido a sanção, mas a ex-presidente Dilma</p><p>Roussef VETOU o PL, tendo a DPE ficado fora dos percentuais da LRF. Isso</p><p>significaria dizer que, em tese, a DPE estaria dentro dos percentuais do Poder Executivo.</p><p>Mas se a DPE tem autonomia e está desvinculada da estrutura do PE, ela não pode ficar</p><p>atrelada a esse percentual. Isso, inclusive, foi o que o TCE/RS decidiu quando o Estado</p><p>do RS atingiu o limite prudencial, tomou um alerta do TCE e o Estado do RS quis</p><p>obstar que a DPERS fizesse os concursos. A DPERS foi até o TCE e disse que o</p><p>orçamento dela estava regular, mas se o Estado bateu o limite dele, isso não afetava ela,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>78</p><p>que estava dentro do limite dela. O TCE/RS decidiu que a DPE/RS não deveria ser</p><p>considerada dentro do percentual do PE/RS, para efeitos de limitação orçamentária. A</p><p>DPE FICOU NUM LIMBO, pois a LRF não diz qual é o percentual e, ao mesmo tempo,</p><p>interpreta-se que ela não deve estar dentro do percentual do PE. ALGUMAS NORMAS</p><p>ESTADUAIS já vem sendo alteradas para incluir um percentual para a DPE, mas a nível</p><p>federal ainda não há um percentual específico;</p><p>REMANEJAMENTO DE RECURSOS: O Poder Executivo NÃO PODE</p><p>remanejar parcela do orçamento da DPE para alguma de suas secretarias ou de suas</p><p>despesas. Em razão da sua autonomia financeira e de sua iniciativa orçamentária, uma</p><p>vez aprovado a LOA, é vedado remanejar ou contingenciar o orçamento da DPE. O STF</p><p>já teve oportunidade de se manifestar nesse sentido;</p><p>REPASSE DE DUODÉCIMOS: ADPF 384 – O STF reconheceu a</p><p>OBRIGATORIEDADE DO REPASSE DOS DUODÉCIMOS. O Poder Executivo tem</p><p>obrigação de encaminhar, todo dia 20, o repasse dos duodécimos para as DPEs. Artigo</p><p>168 da CRFB. O PE não é o titular do orçamento, mas o mero gestor. ADPF 405 – O</p><p>STF foi além e disse que se não houvesse repasse, excepcionalmente, no orçamento da</p><p>SAÚDE, PODERES E INSTITUIÇÕES (hipóteses excepcionais), poderia haver um</p><p>BLOQUEIO DAS CONTAS DO ESTADO;</p><p>CONTINGENCIAMENTO DE GASTOS COM DATIVOS (ADI 5644) =</p><p>CASO DA DPESP: a DPESP tinha prioridades na questão orçamentária e, dentre elas,</p><p>não considerou os gastos com dativos. Tentou-se contingenciar o orçamento da DPESP,</p><p>bloqueando uma parcela dele para gastos com dativos, o que está sendo discutido nessa</p><p>ADI. TENDÊNCIA = em virtude da autonomia financeira, não seria possível que a lei</p><p>faça um contingenciamento e torne obrigatório um repasse de uma determinada parcela</p><p>do orçamento para gastos com dativos, até porque a celebração do convênio sequer é</p><p>obrigatória (A DPESP pode optar por outra forma de organização da sua atividade);</p><p>HÁ LEGISLAÇÕES ESTADUAIS COM MENÇÕES EXPRESSAS À</p><p>AUTONOMIA FINANCEIRA: Algumas CEs falam que é assegurada à DPE autonomia</p><p>funcional, administrativa e financeira e iniciativa de proposta orçamentária;</p><p>A CRFB NÃO UTILIZA A EXPRESSÃO “AUTONOMIA FINANCEIRA”,</p><p>mas é possível extrair ela, a partir do momento que consagra a autonomia administrativa</p><p>e a iniciativa orçamentária;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>79</p><p>3.5.4) Observações complementares relacionadas à autonomia:</p><p>UMA EMENDA CONSTITUCIONAL NÃO PODE SUPRIMIR A</p><p>DEFENSORIA PÚBLICA: a) É uma instituição PERMANENTE; b) CONCRETIZA A</p><p>OBRIGAÇÃO DO ESTADO de prestar a assistência jurídica gratuita (art. 5º, LXXIV);</p><p>c) Portanto, trata-se de um DIREITO FUNDAMENTAL e, enquanto tal, CLÁUSULA</p><p>PÉTREA;</p><p>EMBORA PREVISTA NO TEXTO CONSTITUCIONAL COMO ESSENCIAL</p><p>À FUNÇÃO JURISDICIONAL DO ESTADO, A DEFENSORIA PÚBLICA NÃO SE</p><p>LIMITA A ATUAR EM PROCESSOS JUDICIAIS: a) Função ESSENCIAL À</p><p>JUSTIÇA (seção IV do Capítulo IV); b) E função institucional de promover</p><p>PRIORITARIAMENTE A SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL dos litígios (art. 4º, II);</p><p>A DEFENSORIA PÚBLICA NÃO INTEGRA A ESTRUTURA ORGÂNICA</p><p>DO PODER EXECUTIVO, NEM DE QUALQUER PODER DO ESTADO: a)</p><p>INSTITUIÇÃO AUTÔNOMA; b) INSTITUIÇÃO DE ESTADO: não é instituição</p><p>“do”</p><p>Estado;</p><p>A DEFENSORIA PÚBLICA PODE SER CONSIDERADA UMA</p><p>INSTITUIÇÃO EXTRAPODER E, INCLUSIVE, CONTRAPODER: a)</p><p>INSTITUIÇÃO EXTRAPODER: não está submetida e nem integra a estrutura orgânica</p><p>de qualquer Poder do Estado; b) INSTITUIÇÃO CONTRAPODER: no sentido de que</p><p>os defensores públicos devem evitar não apenas a contaminação pelo sedutor discurso</p><p>da busca pela (mesma) identidade institucional do Poder Judiciário, mas agirem,</p><p>também, na contenção do poder punitivo ou arbitrário do Estado.</p><p>A ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) JÁ SE</p><p>MANIFESTOU, ATRAVÉS DE RECOMENDAÇÕES, FAVORAVELMENTE À: a)</p><p>AUTONOMIA DAS DEFENSORIAS PÚBLICAS; b) INDEPENDÊNCIA</p><p>FUNCIONAL; c) MODELO PÚBLICO DE ASSISTÊNCIA;</p><p>3.5.5) Jurisprudência complementar que merece um aprofundamento</p><p>(razão da sua repetição): O STF decidiu que municípios podem instituir a</p><p>prestação de assistência jurídica à população de baixa renda (ADPF 279):</p><p>A prestação desse serviço público para auxílio da população economicamente</p><p>vulnerável não tem por objetivo substituir a atividade prestada pela Defensoria Pública.</p><p>O serviço municipal atua de forma simultânea. Trata-se de mais um espaço para garantia</p><p>de acesso à jurisdição (art. 5º, LXXIV, da CF/88). Os municípios detêm competência</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>80</p><p>para legislar sobre assuntos de interesse local, decorrência do poder de autogoverno e de</p><p>autoadministração. Assim, cabe à administração municipal estar atenta às necessidades</p><p>da população, organizando e prestando os serviços públicos de interesse local (art. 30, I,</p><p>II e V). Além disso, a competência material para o combate às causas e ao controle das</p><p>condições dos vulneráveis em razão da pobreza e para a assistência aos desfavorecidos é</p><p>comum a todos os entes federados (art. 23, X). STF. Plenário. ADPF 279/SP, Rel. Min.</p><p>Cármen Lúcia, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).</p><p>Em Diadema, interior do Estado de São Paulo, foi editada lei municipal</p><p>prevendo o serviço de assistência jurídica gratuita. A lei era anterior à CRFB/88 (é</p><p>anterior à Constituição de 1988 e, portanto, anterior à criação da Defensoria Pública e</p><p>esse "detalhe" é muito importante, pois mostra com clareza os limites do julgado). E a</p><p>competência para legislar sobre assistência jurídica e Defensoria Pública (art. 24, XIII,</p><p>da CRFB/88) é concorrente entre União, Estados e DF, a PGR ajuizou uma ADPF em</p><p>desfavor dessa lei. Inclusive, o artigo 4º, § 5º, da LC 80/1994 (norma geral) prevê que</p><p>“a assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo Estado será exercida</p><p>pela Defensoria Pública”.</p><p>Todavia, o STF, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado na ADPF,</p><p>alegando, dentre outras questões, que (a) tal serviço não tem por objetivo substituir a</p><p>atividade prestada pela Defensoria Pública, atuando de forma simultânea; (b) os</p><p>municípios possuem competência para legislar sobre assuntos de interesse local,</p><p>suplementar a legislação e prestar serviços públicos de interesse local (art. 30, I, II e V);</p><p>(c) a competência material para o combate das causas da pobreza e fatores de</p><p>marginalização é comum entre todos os entes federados; (d) O município não criou uma</p><p>defensoria local, desrespeitando a autonomia institucional, mas apenas disponibilizou</p><p>um serviço público de assistência jurídica complementar voltado aos interesses da</p><p>população de baixa renda; (e) Segundo a relatora, “precisamos de um sentimento</p><p>constitucional que possa aumentar a efetividade constitucional dos direitos</p><p>fundamentais”.</p><p>Crítica: Os ministros foram enfáticos em ressaltar a importância e</p><p>imprescindibilidade da Defensoria Pública, bem como a sua atual ausência de estrutura</p><p>para garantir acesso à justiça a todos. Logo, ante a ausência de estrutura da Defensoria</p><p>Pública, surgiria o interesse local do município para auxiliar na assistência jurídica, em</p><p>caráter complementar. Nítida inconstitucionalidade progressiva. O ministro Alexandre</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>81</p><p>de Moraes, inclusive, durante a sua fala na sessão plenária, chegou a expor que, uma</p><p>vez a Defensoria Pública estando devidamente implementada, esses serviços municipais</p><p>se apresentariam desnecessários. Por isso, é importante compreender adequadamente a</p><p>decisão da ADPF 279, visto que esta não autoriza que todo e qualquer município crie</p><p>serviço de assistência judiciária municipal, mas apenas aqueles em que não haja</p><p>Defensoria Pública ou a estrutura se apresente insuficiente, pois, a partir dai, surge o</p><p>interesse local para instituir ou complementar a assistência judiciária.</p><p>3.6) O Acesso à Justiça:</p><p>I) O ACESSO À JUSTIÇA NOS ESTADOS CONTEMPORÂNEOS</p><p>O acesso à justiça constitui requisito fundamental de um sistema jurídico</p><p>moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos.</p><p>Como sintetiza HILARY SOMMER-LAD, sem o direito de acesso à justiça os demais</p><p>direitos são essencialmente ilusórios.</p><p>Em linhas gerais, o direito de acesso à justiça deriva diretamente da própria</p><p>teoria do contrato social, como matriz fundante do Estado e da ordem social. Quando os</p><p>indivíduos abrem mão de determinados direitos, inclusive o direito de resolver suas</p><p>disputas por meio da força, recebem em troca do Estado a correspondente promessa de</p><p>justiça, paz e bem-estar social. Tendo o Estado assumido o monopólio da jurisdição,</p><p>assumiu também o compromisso de assegurar a igualdade de todos perante a lei, bem</p><p>como garantir a igualdade de oportunidades para acessar a ordem jurídica justa.</p><p>A efetividade do direito de acesso igualitário à justiça possui como pressuposto</p><p>não apenas a proibição de qualquer mecanismo ou barreira que impeça o exercício do</p><p>direito de ação, mas também apresenta uma dimensão positiva, que se traduz</p><p>exatamente na obrigação imposta ao Estado de assegurar que todos tenham condições</p><p>efetivas de postular e de defender seus direitos perante o sistema de justiça,</p><p>independentemente de sua condição de fortuna. As barreiras econômicas que impedem</p><p>ou dificultam o acesso à justiça não devem ser superadas unicamente na dimensão</p><p>negativa, mediante isenção de cobrança de despesas processuais, sendo também</p><p>indispensável a viabilização da paridade de armas, garantindo ao litigante pobre</p><p>assistência jurídica prestada por profissional devidamente qualificado.</p><p>Como o reconhecimento formal de direitos pelo ordenamento jurídico não</p><p>implica diretamente em sua efetivação prática, aquele que se vê impedido de acessar o</p><p>sistema de justiça acaba sendo também impedido de usufruir dos próprios direitos que</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>82</p><p>lhe seriam atribuídos enquanto integrante do corpo social. Como observa MARIA</p><p>TEREZA AINA SADEK, “o direito de acesso à justiça é o direito primeiro, é o direito</p><p>garantidor dos demais direitos, é o direito sem o qual todos os demais direitos são</p><p>apenas ideais que não se concretizam”.</p><p>Justamente por isso, a negativa de acesso à justiça, por ação ou por omissão,</p><p>representa a ruptura das bases fundamentais do contrato social, gerando a exclusão e a</p><p>marginalização da parcela mais pobre da sociedade.</p><p>II) BARREIRAS ECONÔMICAS IMPOSTAS À EQUALIZAÇÃO DO</p><p>ACESSO À JUSTIÇA</p><p>Na medida em que assumiu o monopólio da prestação jurisdicional e criou todo</p><p>um aparato burocrático dotado de extrema complexidade para o desempenho dessa</p><p>função, o Estado chamou para si a obrigação de garantir a possibilidade real e efetiva de</p><p>não ser prejudicada a defesa dos direitos e interesses legítimos do cidadão em razão da</p><p>insuficiência de recursos econômicos para custear as despesas inerentes ao acionamento</p><p>dessa máquina estatal. De outra forma, o Estado acabaria favorecendo a indevida</p><p>discriminação entre os indivíduos, permitindo que os mais ricos violassem</p><p>impunemente</p><p>os direitos dos mais pobres, na certeza de que estes estariam legalmente</p><p>impedidos de exercer a autotutela de seus interesses, bem como estariam</p><p>impossibilitados de acessar o sistema de justiça e de requerer a tutela jurisdicional</p><p>devida, por não possuírem condições de arcar com as despesas necessárias para</p><p>viabilizar um enfrentamento justo no tribunal.</p><p>Embora a pobreza constitua fenômeno multifacetado, que acaba arrastando</p><p>consigo uma série de consequências que impedem ou dificultam o acesso dos pobres à</p><p>justiça, existem duas grandes barreiras econômicas que globalmente impedem os</p><p>carentes de recursos de acessarem o sistema de justiça: (i) as despesas judiciais; e (ii) os</p><p>honorários advocatícios. Esses são considerados os dois grandes obstáculos, os dois</p><p>grandes vilões que, por estarem diretamente ligados à necessidade de disponibilização</p><p>de recursos financeiros, possuem o potencial de impossibilitar o acesso à justiça por</p><p>aqueles que nada têm e que de tudo necessitam.</p><p>Para garantir que todos os membros da sociedade sejam capazes de participar de</p><p>forma igualitária do estabelecimento da ordem jurídica, independentemente de sua</p><p>particular condição de fortuna, o ordenamento jurídico fundamentalmente prevê dois</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>83</p><p>instrumentos de equalização do acesso à justiça: (i) a gratuidade de justiça; e (ii) a</p><p>assistência jurídica gratuita.</p><p>III) O ACESSO À JUSTIÇA E O ENQUADRAMENTO NAS DIMENSÕES</p><p>DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>A consagração progressiva e sequencial dos direitos humanos ao longo da</p><p>história conduziu à idealização das chamadas gerações dos direitos fundamentais. Essa</p><p>nomenclatura, entretanto, vem sendo criticada por parcela da doutrina, tendo em vista o</p><p>potencial de induzir ao equivocado entendimento de que uma geração sucederia a outra;</p><p>como a evolução dos direitos fundamentais possui caráter cumulativo, sendo cada</p><p>geração acrescida à anterior na formação do conjunto de direitos fundamentais</p><p>atualmente existentes, parcela da doutrina tem considerado mais adequada a utilização</p><p>da denominação dimensões dos direitos fundamentais.</p><p>A primeira dimensão de direitos fundamentais possui ligação com os direitos</p><p>políticos, civis e individuais, tendo sido construída nas revoluções liberais (francesa e</p><p>americana) ocorridas no final do Século XVIII. Esses movimentos tinham como</p><p>principal reivindicação a imposição de limites aos poderes do Estado para garantir o</p><p>respeito às liberdades individuais do cidadão. Justamente por isso, a primeira geração</p><p>(ou dimensão) dos direitos fundamentais condensa postulados de abstenção dos</p><p>governantes (non facere), sendo tradicionalmente marcada por direitos a prestações</p><p>negativas (ex.: direitos à liberdade, à vida, à inviolabilidade do domicílio, à propriedade,</p><p>entre outros).</p><p>A segunda dimensão de direitos fundamentais guarda ligação com os direitos</p><p>sociais, culturais e econômicos, sendo fruto da revolução industrial europeia, a partir do</p><p>século XX. As pressões decorrentes da industrialização, o impacto do crescimento</p><p>demográfico e o agravamento das disparidades no interior da sociedade acabaram</p><p>gerando novas reivindicações, impondo ao Estado a adoção de uma postura ativa na</p><p>efetivação da justiça social. Por essa razão, a segunda geração (ou dimensão) dos</p><p>direitos fundamentais fomenta direitos a prestações positivas (facere), direcionados à</p><p>redução das desigualdades no plano fático (ex.: direitos à saúde, ao trabalho, à</p><p>alimentação, à educação, entre outros).</p><p>A terceira dimensão dos direitos fundamentais, por sua vez, possui relação com</p><p>os direitos metaindividuais ou transindividuais, destinados à proteção do gênero</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>84</p><p>humano (ex.: direitos à paz, ao meio ambiente equilibrado, ao desenvolvimento, à</p><p>autodeterminação dos povos, à solidariedade, à fraternidade etc.).</p><p>Atualmente, a doutrina vem categorizando outras gerações de direitos</p><p>fundamentais, sendo essa classificação, entretanto, permeada por várias divergências e</p><p>variadas controvérsias.</p><p>A quarta dimensão de direitos fundamentais, para NORBERTO BOBBIO,</p><p>estaria ligada à engenharia genética (patrimônio genético de cada indivíduo). Por outro</p><p>lado, para PAULO BONAVIDES, a quarta dimensão compreenderia os direitos à</p><p>democracia, à informação e ao pluralismo. Seguindo posicionamento diverso, UADI</p><p>LAMMÊGO BULOS associa a quarta dimensão ao direito dos povos, “relativos à saúde,</p><p>informática, softwares, biociências, eutanásia, alimentos transgênicos, sucessão dos</p><p>filhos gerados por inseminação artificial, clonagens, dentre outros acontecimentos</p><p>ligados à engenharia genética”.</p><p>A quinta dimensão de direitos fundamentais, segundo AUGUSTO</p><p>ZIMMERMANN, guardaria correlação com o direito cibernético, envolvendo questões</p><p>como a tutela de softwares e a proteção contra crimes virtuais. Por sua vez, UADI</p><p>LAMMÊGO BULOS e PAULO BONAVIDES sustentam que a quinta dimensão</p><p>corresponderia ao direito à paz.</p><p>Por fim, a sexta dimensão dos direitos fundamentais corresponderia ao direito de</p><p>buscar a felicidade. Para UADI LAMMÊGO BULOS, por outro lado, à sexta dimensão</p><p>corresponderiam a democracia, a liberdade de informação, o direito de informação e o</p><p>pluralismo político.</p><p>Inegavelmente, os direitos que salvaguardam o acesso à justiça constituem</p><p>direitos fundamentais, pois garantem a efetividade de todos os demais direitos humanos.</p><p>Como observa o professor CLEBER FRANCISCO ALVES, “na ausência de acesso à</p><p>justiça, de acesso à representação legal para os pobres e desfavorecidos através da</p><p>assistência jurídica financiada pelos cofres públicos, não existem direitos humanos,</p><p>apenas privilégios”.</p><p>No entanto, determinar o enquadramento dos direitos que salvaguardam o acesso</p><p>à justiça dentro das gerações (ou dimensões) dos direitos fundamentais tem sido questão</p><p>extremamente controvertida na doutrina.</p><p>Tradicionalmente, os direitos que salvaguardam o acesso à justiça têm sido</p><p>classificados como direitos fundamentais sociais, compondo a segunda geração dos</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>85</p><p>direitos fundamentais. Nesse sentido, analisando especificamente o direito à assistência</p><p>jurídica gratuita, ensina FREDERICO RODRIGUES VIANA DE LIMA:</p><p>A Assistência Jurídica integral e gratuita se traduz em direito fundamental</p><p>social, compondo a segunda dimensão dos direitos fundamentais, colimando</p><p>corrigir a desigualdade material (concreta e fática) que é resultado da carência</p><p>de recursos. Proporciona ao sujeito materialmente incapaz o usufruto das</p><p>mesmas benesses jurídicas que um cidadão mais abastado desfrutaria,</p><p>equilibrando pela via jurídica a desigualdade fatual existente (LIMA, Frederico</p><p>Rodrigues Viana de. Defensoria Pública. Salvador: JusPodivm, 2015, pág. 71)</p><p>Por outro lado, em virtude de sua indispensabilidade à liberdade fundamental</p><p>humana e à plena igualdade jurídica de todos os cidadãos perante a lei, os direitos que</p><p>garantem o acesso à justiça têm sido considerados por alguns estudiosos como direitos</p><p>fundamentais civis, como leciona o professor CLEBER FRANCISCO ALVES:</p><p>Na nossa opinião, o direito de acesso à Justiça, incluída especialmente a</p><p>assistência judiciária gratuita para os necessitados, se traduz num direito de</p><p>caráter primordialmente civil – e não propriamente um direito social –</p><p>indispensável mesmo ao exercício pleno da prerrogativa fundamental da</p><p>liberdade humana e do respeito à igualdade jurídica de todos os cidadãos.</p><p>(ALVES, Cleber Francisco. Assistência Jurídica Gratuita nos Estados Unidos, na</p><p>França e no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, pág. 38)</p><p>Seguindo posição intermediária, o professor ROGER SMITH entende que o</p><p>direito à assistência jurídica constituiria um direito “híbrido”, já que impõe uma</p><p>obrigação</p><p>positiva de financiamento ao Estado, semelhante a um direito econômico,</p><p>embora seja parte integrante do direito civil e político a um julgamento justo:</p><p>The right to legal aid is a “hybrid” right in the sense that it imposes a positive</p><p>obligation of funding on the state, akin to an economic right, although it is an</p><p>integral part of the civil and political right to a fair trial. (SMITH, Roger.</p><p>Human Rights and Access to Justice. International Journal of the Legal</p><p>Profession, v. 14, n. 3, nov. 2007, pág. 261)</p><p>Inaugurando uma nova linha de pensamento, o professor PEDRO GONZÁLEZ</p><p>sustenta que os direitos que salvaguardam o acesso à justiça constituem direitos</p><p>multifuncionais, estando ligados às três dimensões (ou gerações) dos direitos</p><p>fundamentais. Além da dimensão civil e da dimensão social, o direito à assistência</p><p>jurídica gratuita atenderia a verdadeiro interesse público na efetivação do acesso</p><p>igualitário à justiça, assumindo caráter transindividual e, consequentemente,</p><p>estabelecendo ligação com a terceira dimensão dos direitos fundamentais:</p><p>A assistência jurídica gratuita atende a verdadeiro interesse público – o que</p><p>denota seu caráter também de direito coletivo, típico da terceira dimensão dos</p><p>direitos fundamentais. Isso porque, contribui para uma sociedade</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>86</p><p>processualmente mais justa, uma sociedade em que a lei atinge o seu objetivo e</p><p>é aplicada de forma legítima e igualitária, assegurando-se os direitos de defesa</p><p>com os meios a ela inerentes. Colabora, outrossim, para a máxima efetividade</p><p>do texto constitucional e dos direitos inscritos no ordenamento. (...)</p><p>O acesso à Justiça e assistência jurídica gratuita apresentam-se multifuncionais,</p><p>vinculando-se às diversas dimensões de direitos fundamentais. Sua nova</p><p>configuração ressalta a importância de ambos para o fortalecimento da</p><p>cidadania, para a participação no espaço público, para o exercício da liberdade,</p><p>para o respeito à igualdade e para a integração ao pacto social. (GONZÁLEZ,</p><p>Pedro. A Dimensão Político-Democrática do Acesso à Justiça e da Assistência</p><p>Jurídica Gratuita. In: ALVES, Cleber Francisco; GONZALEZ, Pedro.</p><p>Defensoria Pública no Século XXI – Novos Horizontes e Desafios. Rio de</p><p>Janeiro: Lumen Juris, 2017, pág. 118/121)</p><p>Atualmente, entretanto, essa diferenciação teórica tem perdido relevância com a</p><p>cada vez mais estreita aproximação das dimensões (ou gerações) dos direitos</p><p>fundamentais. Em virtude das novas formas com que se tem encarado valores</p><p>tradicionais, alguns clássicos direitos fundamentais vêm sendo revitalizados, ganhando</p><p>importância e atualidade; com isso, determinadas noções lendárias sobre as dimensões</p><p>dos direitos fundamentais vêm perdendo conteúdo, dificultando a identificação das</p><p>fronteiras de cada uma das gerações.</p><p>Além disso, o direito internacional proclama que os direitos humanos são</p><p>interdependentes, interligados e indivisíveis. Como prevê o art. 5º da Declaração e</p><p>Programa de Ação de Viena, “todos os direitos humanos são universais, indivisíveis,</p><p>interdependentes e inter-relacionados”.</p><p>Todavia, não obstante a aproximação das dimensões dos direitos fundamentais e</p><p>a indivisibilidade dos direitos humanos, não podemos deixar de considerar que continua</p><p>sendo bastante presente o discurso conservadorista segundo o qual os direitos civis</p><p>gerariam obrigações negativas por parte do Estado e seriam judiciáveis, enquanto que os</p><p>direitos sociais importariam em obrigações positivas e constituiriam meras aspirações</p><p>limitadas pela “reserva do possível”. Como observa CLEBER FRANCISCO ALVES,</p><p>“apesar de ser rotulado como ultrapassado pela maioria dos estudiosos contemporâneos,</p><p>esse discurso ainda está presente na interpretação dos direitos pelos tribunais e até</p><p>mesmo pelas organizações internacionais”.</p><p>Por essa razão, independentemente do enquadramento dado entre as gerações</p><p>dos direitos fundamentais, os direitos que salvaguardam o acesso à justiça devem ser</p><p>considerados como elementos instrumentais da própria dignidade humana (art. 1º, III,</p><p>da CRFB), pois garantem a efetividade de todos os demais direitos fundamentais.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>87</p><p>Justamente por isso, devem ser compreendidos como parte indissociável do mínimo</p><p>existencial e elemento indispensável para a vida humana digna, não estando limitados,</p><p>portanto, pela reserva do possível.</p><p>03.7) As ondas renovatórias do acesso à justiça:</p><p>03.7.0) Observação inicial:</p><p>Separadamente, o capítulo 05 deste material trabalhará com “os modelos</p><p>teóricos de assistência jurídica dos Estados Contemporâneos. O modelo brasileiro de</p><p>assistência jurídica estatal gratuita”.</p><p>03.7.1) Acesso à justiça e o movimento mundial de efetivação dos direitos: a)</p><p>relatório geral de Mauro Cappelletti e Bryant Garth no final da década de 1970, no</p><p>ensaio intitulado acesso à justiça;</p><p>→ ESQUEMATIZAÇÃO DAS 03 ONDAS RENOVATÓRIAS:</p><p>ONDAS RENOVATÓRIAS DO ACESSO À JUSTIÇA (MAURO CAPPELLETTI</p><p>E BRYANT GARTH)</p><p>PROJETO FLORENÇA → “O ACESSO À JUSTIÇA” (1988) → ONDAS</p><p>RENOVATÓRIAS:</p><p>Na década de 1970, o jurista italiano Mauro Cappelletti capitaneou profunda pesquisa</p><p>de âmbito comparado sobre a questão do acesso à justiça, o relatório denominado de</p><p>“Projeto Florença”. Como resultado do estudo científico empreendido, foi traduzida e</p><p>publicada no Brasil, coincidentemente no mesmo ano da promulgação da nossa atual</p><p>Constituição.</p><p>PRIMEIRA</p><p>ONDA</p><p>I) Assistência jurídica/judiciária aos pobres.</p><p>II) Superação dos óbices econômicos e culturais do acesso à justiça.</p><p>III) Assim, é correto afirmar que a CRIAÇÃO DA DEFENSORIA</p><p>PÚBLICA está situada no contexto da primeira onda renovatória do</p><p>acesso à justiça;</p><p>SEGUNDA</p><p>ONDA</p><p>Direitos metaindividuais (difusos e coletivos).</p><p>TERCEIRA</p><p>ONDA</p><p>Técnicas processuais voltadas à efetivação dos direitos, mecanismos</p><p>extrajudiciais de resolução de conflitos, educação em direitos etc.</p><p>I) 1ª ONDA RENOVATÓRIA: Foi trabalhada na esquematização acima e será</p><p>aprofundada em tópico específico deste material.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>88</p><p>→ RELEITURA DAS ONDAS RENOVATÓRIAS – 1ª ONDA (PROFESSOR</p><p>FRANKLYN ROGER) (a pesquisa de Cappelletti é de 1970, portanto 50 anos depois</p><p>surgiram vários outros novos fenômenos e ondas contemporâneas)</p><p>I.a) 1ª SUBONDA – DA CARIDADE AO RECONHECIMENTO COMO</p><p>DIREITO: a assistência jurídica deixa de ser um favor e se torna um direito a ser</p><p>assegurado como um direito a todo cidadão;</p><p>I.b) 2ª SUBONDA – WELFARE STATE E O MODELO JUDICARE</p><p>EUROPEU: a implantação de um Estado de bem estar social, justifica um crescente</p><p>investimento em serviços de assistência jurídica. Se a assistência agora é um direito e o</p><p>modelo é de estado de bem estar social, deve-se dar vazão a essa assistência =</p><p>crescimento do modelo dativo no continente europeu (as tentativas de criação de</p><p>defensorias na Europa foram repelidas);</p><p>I.c) 3ª SUBONDA – CRISE DO WELFARE STATE NA EUROPA = quando o</p><p>Estado de bem-estar social atinge o seu pico, há uma crise pelo Estado não conseguir</p><p>suportar todos os seus custos e há um declínio desse modelo de Estado na Europa. A</p><p>assistência jurídica que era ampla, acaba sofrendo a incidência de filtros para a sua</p><p>atuação (ex: parâmetro de renda diminui para alcançar apenas aquelas com rendas muito</p><p>baixas, limitação a apenas algumas causas cíveis e todas criminais) (ex: Inglaterra);</p><p>I.d) 4ª SUBONDA – ASSISTÊNCIA JURÍDICA NA ÁSIA: final da década de</p><p>80 e início da década de 90 = crescente tendência de implantação de modelos de</p><p>assistência jurídica no continente asiático (China, Coreia, Japão);</p><p>I.e) 5ª SUBONDA – O SALARIED STAFF LATINOAMERICANO: Na década</p><p>de 1970, surge o fortalecimento dos modelos latino-americanos, com</p><p>tendência no</p><p>Estado social. A queda do modelo privatista. Esse modelo social-liberal, estimula a</p><p>criação de um modelo de salaried staff. DPE no Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai;</p><p>I.f) 6ª SUBONDA – O SALARIED STAFF AUTÔNOMO NA AMÉRICA</p><p>LATINA: Houve também um crescente fortalecimento até que essas instituições</p><p>ganhassem autonomia. Não bastava ter um órgão como na subonda anterior, mas ele</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>89</p><p>deveria ter autonomia do Poder Executivo. Essa autonomia é encontrada em uma série</p><p>de Resoluções da OEA, de 2011 até 2018 (estimulando a criação de DPEs no território</p><p>americano e que elas gozem de autonomia e independência funcional);</p><p>I.g) 7ª SUBONDA – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ASSISTÊNCIA</p><p>JURÍDICA: mecanismos de informática para preenchimento de petições iniciais,</p><p>autoatendimento com base em robôs. Hoje, a tecnologia ganhou tanto espaço que está</p><p>sendo capaz de gerar uma onda autônoma (além de uma subonda);</p><p>I.h) 8ª SUBONDA – O SEGURO DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA (LEGAL</p><p>INSURANCE) E O FINANCIAMENTO DE DEMANDAS (LEGAL FUNDING) =</p><p>criação de novas formas de assistência jurídica, através do seguro e do financiamento. O</p><p>seguro surge na Europa, aonde o Judicare está em crise e não tem DPE, ocasião em que</p><p>o Estado começa a estimular que a assistência jurídica seja realizada através de modelos</p><p>de seguro (da mesma forma como um plano de saúde). Já o financiamento de demandas</p><p>funciona assim: uma empresa, avalia o seu litígio e se ela entender que ele possui</p><p>chances de êxito, ela assume os custos do processo e da representação processual,</p><p>recebendo uma parte como contrapartida;</p><p>→CRÍTICA x esses modelos não são bons, pois a parte no primeiro tem um</p><p>custeio indireto e no segundo ela não terá o proveito integral do que teria direito;</p><p>II) FENÔMENO DA 2ª ONDA RENOVATÓRIA: TUTELA DOS DIREITOS</p><p>DIFUSOS: Representação dos direitos difusos. Custo processual, da representação</p><p>processual e também da aptidão para o reconhecimento de direitos. Como o processo é</p><p>custoso, as pessoas não buscavam solucionar através do processo e quanto aos aspectos</p><p>coletivos, há uma dificuldade de organização (dificuldade para reconhecimento e</p><p>organização para a adequada resolução). O marco inspiratório da pesquisa é o modelo</p><p>norte-americano de Class Actions que estimula instrumentos a ser criados, através de</p><p>associações legitimadas ou órgãos públicos para a tutela das pessoas enquanto grupo.</p><p>Modelo de inspiração para a nossa Lei da ACP (mas há um microssistema, LIA, CDC,</p><p>LMS, LAP e outras para a tutela dos direitos difusos) (mas a LACP tem algumas</p><p>particularidades). A DPE se enquadra em todas as ondas e aqui se extrai que a DPE tem</p><p>legitimidade para a ação coletiva. Desde 2007 está expressamente legitimada pela Lei</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>90</p><p>11448 que alterou a lei 7347/85, mas mesmo antes já tinha reconhecida a sua</p><p>legitimação para a tutela coletiva.</p><p>→RELEITURA DA 2ª ONDA: Tendência brasileira e mundial na</p><p>implementação de outros institutos com efeitos coletivos. Ex: procedimentos-piloto na</p><p>Inglaterra, Alemanha, instrumentos de uniformização da jurisprudência que visam dar</p><p>um efeito coletivizador (ex: procedimento-piloto para abarcar todas aquelas ações</p><p>individuais e estabelecer uma tese jurídica para trazer segurança jurídica, estimular a</p><p>solução extrajudicial consensual e evitar a litigância em massa);</p><p>III) FENÔMENO DA 3ª ONDA RENOVATÓRIA: SIMPLIFICAÇÃO</p><p>PROCEDIMENTAL E ADOÇÃO DE MÉTODOS ADEQUADOS DE SOLUÇÃO DE</p><p>CONTROVÉRSIAS: “Não é uma onda, mas um tsunami, por tratar de várias coisas”,</p><p>mas é possível dividir ela em dois grandes blocos:</p><p>IIII.a) SIMPLIFICAÇÃO PROCEDIMENTAL: que os ritos processuais</p><p>sejam simplificados, inclusive para assegurar um processo mais célere; que as</p><p>hipóteses recursais sejam reduzidas;</p><p>III.b) EMPREGO DOS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO</p><p>DE LITÍGIOS: É a expressão utilizada na obra dos pesquisadores, mas hoje,</p><p>contemporaneamente, essa não é uma expressão legal, sendo a expressão</p><p>adequada “MÉTODOS ADEQUADOS DE SOLUÇÃO DE</p><p>CONTROVÉRSIAS”, pois através da natureza do litígio que você vai</p><p>estabelecer qual é o melhor método para sua solução. Não é um método</p><p>alternativo, mas adequado. Ex: conflito entre consumidor x empresa =</p><p>conciliação, mas entre empresa x empresa talvez seja a arbitragem; entre</p><p>familiares seja a mediação para não reestimular o conflito; em outros casos,</p><p>apenas pela jurisdição mesmo. Aqui, há um pleno enquadramento da DPE, pois a</p><p>LC 80/94 estabelece que é função institucional da DPE solucionar</p><p>prioritariamente os litígios de forma extrajudicial. Há vários mecanismos:</p><p>conciliação, mediação, arbitragem, resolução colaborativa. O DPE pode</p><p>referendar aquela negociação com eficácia de título executivo extrajudicial. Faz</p><p>conciliação e mediação o tempo todo. DPEMG já fez arbitragem;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>91</p><p>→ “CONTRA OS ACORDOS/NEGOCIAÇÃO” (AGAINST</p><p>SETTLEMENT) (ARTIGO DE OWEN FISS): ele problematiza o emprego dos</p><p>métodos adequados de solução de controvérsias, numa perspectiva de limitação</p><p>dos direitos. Ele fala que deve ter cuidado com essa “farra” com os ADRs, pois</p><p>eles poderão se tornar verdadeiros limitadores dos direitos, visto que as partes</p><p>aceitam solucionar o seu conflito de forma extrajudicial, mas muitas vezes essa</p><p>solução extrajudicial traz um prejuízo ao direito, pois o valor ou as condições</p><p>colocam o vulnerável em uma condição de desvantagem. As grandes empresas</p><p>estão muito mais preparadas para a solução do litígio do que o particular.</p><p>GARTH e CAPPELLETTI falam aqui em “LITIGANTES HABITUAIS”</p><p>(REPEAT PLAYERS) (já estão acostumados com o resultado de cada processo,</p><p>casos que não terão êxito e tendem a fazer acordo) x “LITIGANTES</p><p>EVENTUAIS” (ONE PLAYER – verificar se é esse nome);</p><p>→ RELEITURA DA 3ª ONDA: Os novos métodos adequados de solução</p><p>de controvérsias (a problematização desses métodos como limitadores de</p><p>direitos – Owen Fiss);</p><p>- ACABARAM AS ONDAS DE CAPPELLETTI E GARTH! As próximas são</p><p>tendências nos concursos da DPESP, DPERS e DPERJ;</p><p>03.7.2) Novas ondas renovatórias de acesso à justiça;</p><p>IV) 4ª ONDA – KIM ECONOMIDES – DIMENSÃO ÉTICA DAS</p><p>CARREIRAS JURÍDICAS: Construção contemporânea do professor KIM</p><p>ECONOMIDES, nas décadas de 90 e 2000. Diz que Garth e Cappelletti se preocuparam</p><p>com o acesso, mas a perspectiva contemporânea é se preocupar com a JUSTIÇA.</p><p>Portanto, F. ROGER enxerga como uma 4ª onda uma preocupação com a dimensão</p><p>ética das carreiras jurídicas (seus profissionais). Aspectos éticos e formação</p><p>deontológica dos profissionais (preocupação maior no direito comparado do que aqui,</p><p>visto ausência de disciplina na faculdade e cobrança literal em exame da OAB). Traz</p><p>também uma outra perspectiva, essa pode ser encontrada no sistema jurídico brasileiro,</p><p>que é da SIMPLIFICAÇÃO DO ACESSO ÀS CARREIRAS JURÍDICAS: preocupação</p><p>em se criar diversidade, criar ações afirmativas para o acesso às carreiras jurídicas. Aqui,</p><p>ele fala em AÇÕES AFIRMATIVAS (cotas no serviço público, população negra,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>92</p><p>hipossuficientes, deficientes, trans etc.) mas também fala em CARREIRAS</p><p>SIMPLIFICADAS (juiz leigo dos juizados especiais e programas de residência jurídica</p><p>e de estágios de pós-graduação em algumas DPEs) (carreira em que a pessoa realizava</p><p>uma atividade de estudo e tem um acesso à carreira de uma maneira simplificada). KIM</p><p>ECONOMIDES foi discípulo do Capelletti e, inclusive, participou da pesquisa do</p><p>acesso à justiça (um dos estudantes encarregados em mapear e catalogar todos os</p><p>questionários e uniformizar as respostas). E, por isso, é uma 4ª onda, visto que não</p><p>estava acontecendo</p><p>perfil constitucional.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>9</p><p>→CONCLUSÕES:</p><p>a) As constituições que foram omissas: 1824, 1891 e 1937;</p><p>b) As constituições que previram apenas a assistência judiciária: 1934, 1946,</p><p>1967 e 1969;</p><p>c) A constituição que previu a assistência jurídica e a DPE = 1988;</p><p>01.2) Aprofundamentos: do desenvolvimento da gratuidade de justiça e da</p><p>assistência jurídica gratuita no âmbito nacional:</p><p>No Brasil, a gratuidade de justiça e a assistência jurídica gratuita têm suas</p><p>origens mais remotas fincadas nas Ordenações Filipinas, sancionadas em 1595 durante o</p><p>domínio castelhano de Filipe I1. A matéria era regulada de forma secundária e assumia a</p><p>condição de beneplácito régio dirigido aos miseráveis e às vítimas de pobreza extrema,</p><p>como decorrência da influência vertida pelas tradições canônicas.</p><p>Embora não tratasse da questão da gratuidade de justiça de maneira sistemática,</p><p>as ordenações previam o direito à isenção de custas para a impetração de aggravo (Livro</p><p>III, Título LXXXIV, Parágrafo 10) e livravam os presos pobres do pagamento dos feitos</p><p>em que fossem condenados (Livro I, Título XXIV, Parágrafo 43).</p><p>De Portugal e com as mesmas Ordenações Filipinas, “veio também a praxe do</p><p>advogado patrocinar gratuitamente os miseráveis e os indefesos que procurassem o</p><p>juízo tanto nas causas cíveis quanto nas criminais”, revelando os primeiros traços da</p><p>assistência judiciária no país. Em razão deste costume, estabelecia o Livro III, Título</p><p>XX, Parágrafo 14 que o juiz deveria preferir, no momento da nomeação, “o advogado</p><p>de mais idade e de melhor fama ao mais moço e principiante, a fim de que não fosse</p><p>mais perito o da parte contrária”.</p><p>Além das esparsas previsões constantes das Ordenações Filipinas, outros</p><p>regulamentos legais destinados à proteção dos pobres em juízo foram sendo firmados ao</p><p>longo do tempo, de forma variada e assistemática, como o Alvará de 16 de fevereiro de</p><p>1654, a Lei de 6 de dezembro de 1672 e, ainda, o Alvará de 5 de março de 1750.</p><p>Posteriormente, em 3 de dezembro de 1841, foi editada a Lei nº 261 dispondo</p><p>acerca da isenção do pagamento de custas pelo réu pobre, que sucumbisse em demanda</p><p>contra ele ajuizada. Segundo estabelecia o art. 99 do referido diploma legal: “sendo o</p><p>réo tão pobre que não possa pagar as custas, perceberá o escrivão a metade dellas do</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>10</p><p>cofre da camara municipal da cabeça do termo, guardado o seu direito contra o réo,</p><p>quanto á outra metade”.</p><p>Pouco tempo depois, passou a vigorar o Regulamento nº 120, de 31 de janeiro de</p><p>1842, regulamentando as partes policial e criminal da Lei nº 261/1941, e confirmando</p><p>no art. 469 a isenção do pagamento de custas em favor do réu hipossuficiente.</p><p>Além disso, através da Lei nº 150, de 9 de abril de 1842, “o pobre que</p><p>sustentasse litígio em juízo seria isentado de pagar o dízimo de chancelaria – uma forma</p><p>de taxa cobrada pela autenticidade de documentos”.</p><p>Nesse período, portanto, o direito à gratuidade de justiça vinha sendo</p><p>regulamentado de forma fragmentada e assistemática, estando as regras legais</p><p>pertinentes espalhadas pelo meandroso sistema normativo então vigente. Isso</p><p>prejudicava a correta interpretação e a adequada aplicação do direito à gratuidade como</p><p>mecanismo de viabilização do acesso à justiça.</p><p>A assistência jurídica gratuita, por sua vez, ainda era considerada um imperativo</p><p>ético-reli-gioso, sendo prestada pelos advogados de forma caritativa, casuística e</p><p>assistemática. Não havia preocupação com a continuidade, nem com a qualidade da</p><p>assistência legal; era considerada como simples ato de complacência estatal e, por isso,</p><p>era feita ao deus-dará. Como observa o professor ARCÊNIO BRAUNER JÚNIOR, essa</p><p>concepção importada do continente europeu refletia o modelo jurídico-assistencial da</p><p>época:</p><p>A herança portuguesa não agregou maiores novidades ao tema frente ao que já</p><p>havia sendo desenvolvido em território europeu. De um lado havia a dispensa</p><p>das custas judiciais àquele comprovadamente impossibilitado de com elas arcar</p><p>e, de outro, solicitava-se a advogados que, por generosidade, prestassem</p><p>graciosamente seus serviços a essas pessoas.</p><p>Na época do Império a única alternativa para o acesso à Justiça era a classe</p><p>dos advogados, através de serviços particulares, dos quais dependia sua</p><p>sobrevivência, com a caridosa prestação da assistência jurídica gratuita.</p><p>(BRAUNER JÚNIOR, Arcênio. Princípios Institucionais da Defensoria Pública</p><p>da União. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2014, pág. 17)</p><p>No ano de 1870, JOSÉ TOMÁS NABUCO DE ARAÚJO, então presidente do</p><p>Instituto dos Advogados Brasileiros, deu um decisivo passo na caminhada histórica da</p><p>assistência jurídica aos necessitados, sugerindo que a entidade assumisse o papel de</p><p>prestar consultoria jurídica e de oferecer defesa às pessoas pobres em juízo.</p><p>Anos depois, o IAB voltaria a insistir no tema solicitando, em 14 de março de</p><p>1882, a “nomeação de um grupo de advogados para que tomasse a si a defesa de réus</p><p>desvalidos que tivessem de responder a júri”, objetivando evitar os abusos registrados</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>11</p><p>nos julgamentos criminais da época e visando conferir maior solidificação à defesa dos</p><p>réus indigentes.</p><p>No entanto, o esforço individualizado deste instituto não se mostrou suficiente</p><p>para garantir o pleno e perene acesso dos menos afortunados à justiça. Tornava-se claro</p><p>que a implementação de uma assistência judiciária eficiente e duradoura não poderia</p><p>depender unicamente do empenho caritativo de alguns nobres advogados, sendo</p><p>necessária a elaboração de uma legislação específica sobre o tema, que se mostrasse</p><p>capaz de atender às necessidades da grande massa juridicamente pobre do final do</p><p>século XIX.</p><p>Paralelamente às iniciativas desenvolvidas no âmbito da classe dos advogados,</p><p>há notícia de que, ainda durante o período imperial, teria ocorrido a primeira</p><p>manifestação do poder público no sentido de assumir a responsabilidade de contratar e</p><p>remunerar um agente com a específica função de exercer a defesa dos miseráveis. Esse</p><p>passo histórico teria sido dado pela Câmara Municipal da Corte, ao criar o cargo de</p><p>“Advogado dos Pobres”, remunerado pelos cofres públicos, com a atribuição oficial de</p><p>defender os réus miseráveis nos processos criminais. Segundo o renomado professor</p><p>CLEBER FRANCISCO ALVES, “esse teria sido o primeiro Defensor Público da</p><p>história do Brasil”, sendo o cargo extinto em 1884.</p><p>Com a proclamação da República Brasileira, ocorrida em 15 de novembro de</p><p>1889, houve o surgimento de um sentimento de identidade nacional, que passou a</p><p>demandar a criação de um novo ordenamento jurídico, com um conjunto de regras</p><p>próprias.</p><p>A primeira Constituição Republicana, de 24 de fevereiro de 1891, não elevou a</p><p>gratuidade de justiça e a assistência jurídica gratuita à matéria constitucional, restando</p><p>omissa em relação ao tema. Todavia, assegurou “a mais plena defesa, com todos os</p><p>recursos e meios essenciaes a ella” (art. 72, § 16, da CF/1891).</p><p>Então, em 14 de novembro de 1890, um primeiro impulso legislativo foi dado na</p><p>direção do desenvolvimento de uma assistência jurídica sistematizada e ampla, sendo</p><p>editado o Decreto nº 1.030, organizando a justiça do Distrito Federal pós-proclamação</p><p>da República. De acordo com o art. 175 do mencionado decreto, a defesa dos pobres</p><p>seria realizada pelos “curadores geraes”, por “requisição do presidente do Jury ou da</p><p>câmara criminal”. Logo em seguida, o art. 176 autorizava o Ministro da Justiça “a</p><p>organizar uma comissão de patrocínio gratuito dos pobres no crime e cível”.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>12</p><p>Quase sete anos depois, em atenção ao dispositivo acima citado,</p><p>aquilo somente no local de pesquisa, mas no mundo todo. DPE</p><p>como emancipadora.</p><p>V) 5ª ONDA – INTERNACIONALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DE DIREITOS</p><p>HUMANOS (FRANKLYN ROGER E DIOGO ESTEVES): As ondas pressupõem um</p><p>fenômeno mundial (não pode ser algo que aconteça somente no Brasil). Quando os</p><p>sistemas jurídicos internos não são capazes de tutelar a defesa de um determinado</p><p>direito, essa tutela é internacionalizada, através do acesso dos sistemas DIDH (global ou</p><p>regionais) (sistema Europeu avançado com acesso direto e um sistema interamericano</p><p>ainda intermediário, como era antigamente o Europeu, com a CIDH e a Corte IDH)</p><p>(Controle de Convencionalidade por Mazzuoli) (Africa em início e Ásia ainda ausente,</p><p>com culturas díspares). DPE como destinada à tutela dos Direitos Humanos;</p><p>VI) 6ª ONDA – USO MACIÇO DA TECNOLOGIA: Pandemia incentivou</p><p>bastante. O emprego da tecnologia não está apenas na assistência jurídica, mas também</p><p>no sistema de justiça como um todo (funcionamento virtual, audiências por</p><p>videoconferência, provas digitais, visual law nas manifestações, jurimetria com</p><p>quantificação de dados, inteligência virtual no judiciário, uso de robôs ou não). Há</p><p>quem coloque tal assunto como uma 4ª onda, por não conhecer o Kim Economides, algo</p><p>que é reconhecido mundialmente.</p><p>03.8) Jurisprudência complementar:</p><p>CONSTITUCIONALIDADE DA EC 74/2013, QUE CONFERIU A</p><p>AUTONOMIA À DPU E À DPDF:</p><p>A EC 74/2013 que conferiu autonomia às Defensorias Públicas da União e do</p><p>Distrito Federal, não viola o art. 61, parágrafo primeiro, II, alínea “c”, da CRFB/88,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>93</p><p>nem o Princípio da separação dos Poderes, mesmo tendo sido proposta por iniciativa</p><p>parlamentar.</p><p>É possível que emenda à Constituição Federal proposta por iniciativa</p><p>parlamentar trate sobre as matérias previstas no art. 61, parágrafo primeiro, da CRFB/88.</p><p>(STF, Plenário, ADI 5296, Rel. Rosa Weber, julgado em 04/11/2020).</p><p>NOS CONCURSOS DA DEFENSORIA PÚBLICA PODEM SER EXIGIDOS</p><p>TRÊS ANOS DE ATIVIDADE JURÍDICA?</p><p>O art. 93, I, da CRFB/88, exige três anos de atividade jurídica para os candidatos</p><p>nos concursos da Magistratura. Essa exigência pode ser estendida para os concursos da</p><p>Defensoria Pública. No entanto, é indispensável a edição de uma lei complementar</p><p>prevendo isso (art. 37, I, e art. 134, parágrafo primeiro, da CRFB/88).</p><p>Enquanto não for editada lei complementar estendendo a exigência dos três anos</p><p>para a Defensoria Pública, continua válida a regra do art. 26, da LC 80/1994, que exige</p><p>do candidato ao cargo de Defensor Público apenas dois anos de prática forense,</p><p>computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação em Direito.</p><p>Desse modo, não é possível que resolução do Conselho Superior da Defensoria</p><p>Pública (ato infralegal) exige três anos de atividade jurídica depois da graduação para os</p><p>concursos de Defensor Público. (STJ, 2ª Turma, REsp. 1.676.831/AL, Rel. Min. Mauro</p><p>Campbell Marques, julgado em 05/09/2017 – Informativo n. 611).</p><p>→ATENÇÃO X LCE 6/1977, ART. 47: O regulamento do concurso exigirá dos</p><p>interessados os seguintes requisitos: (...) IV – 03 anos de atividade jurídica;</p><p>(redação dada pela LCE 203/2022);</p><p>INCONSTITUCIONALIDADE DE CONTRATAÇÃO DE ADVOGADOS,</p><p>SEM CONCURSO PÚBLICO, PARA SEREM DEFENSORES PÚBLICOS:</p><p>É inconstitucional a contratação, sem concurso público, após a instalação da</p><p>Assembleia Constituinte, de advogados para exercerem a função de Defensor Público</p><p>estadual. Tal contratação amplia, de forma indevida, a regra excepcional do art. 22 do</p><p>ADCT da CRFB/88 e afronta o princípio do concurso público.</p><p>(STF, 1ª Turma, RE 856.550/ES, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac.</p><p>Ministro Alexandre de Moraes, julgado em 10/10/2017 – Informativo n. 881).</p><p>AS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS NÃO PODEM AMPLIAR A</p><p>EXCEPCIONALIDADE ADMITIDA PELO ARTIGO 22 DO ADCT DA CRFB/88:O</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>94</p><p>art. 15 do ADCT da CE/SE ampliou o limite temporal de excepcionalidade previsto pelo</p><p>art. 22 do ADCT da CRFB/88 e, por essa razão, feriu a regra do concurso público (art.</p><p>37, II, da Constituição Federal).O art. 22 do ADCT criou, de modo excepcional, uma</p><p>forma derivada de investidura em cargo público. Trata-se de uma exceção à regra geral</p><p>do concurso público e, portanto, não pode ser ampliada pelo constituinte estadual.</p><p>(STF, Plenário, ADI 5011, Rel. Edson Fachin, julgado em 08/06/2020 –</p><p>Informativo n. 984).</p><p>É INCONSTITUCIONAL NORMA ESTADUAL QUE RESTABELEÇA, NO</p><p>ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO LOCAL, CARGOS DE ADVOGADO DA</p><p>JUSTIÇA MILITAR VOCACIONADOS A PATROCINAR A DEFESA GRATUITA DE</p><p>PRAÇAS DA POLÍCIA MILITAR</p><p>Esse modelo não se coaduna com aquele implementado pela ordem</p><p>constitucional inaugurada em 1988, o qual dispõe que a função de defesa dos</p><p>necessitados, quando desempenhada pelo Estado, é própria à Defensoria Pública (art.</p><p>134, da CRFB/88).</p><p>A função de defesa dos necessitados, quando desempenhada pelo Estado, é</p><p>própria da Defensoria Pública.</p><p>(STF, Plenário, ADI 3152/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 26/04/2022 –</p><p>Informativo n. 1052).</p><p>PODER JUDICIÁRIO NÃO PODE IMPOR A NOMEAÇÃO DE</p><p>DEFENSORES PÚBLICOS PARA ATUAR EM PROCESSOS DA JUSTIÇA</p><p>MILITAR EM DISCORDÂNCIA DOS CRITÉRIOS DE ALOCAÇÃO DE PESSOAL</p><p>DO ÓRGÃO</p><p>Ao impor a nomeação de Defensores para atuar em processos na Justiça Militar</p><p>do Distrito Federal, em discordância com critérios de alocação de pessoal previamente</p><p>aprovados pelo Conselho Superior da Defensoria Pública do DF, a autoridade judiciária</p><p>interfere na autonomia funcional e administrativa do órgão.</p><p>Reconhecida a inexistência de profissionais concursados em número suficiente</p><p>para atender toda a população do DF, os critérios indicados pelo Conselho Superior da</p><p>Defensoria Pública do DF para a alocação e distribuição dos Defensores Públicos</p><p>(locais de maior concentração populacional e de maior demanda, faixa salarial familiar</p><p>até 5 salários mínimos) revestem-se de razoabilidade.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>95</p><p>(STJ, 5ª Turma, RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,</p><p>julgado em 07/05/2019 – Informativo n. 648).</p><p>A EXIGIBILIDADE DA ORDEM JUDICIAL PARA A IMPLANTAÇÃO DE</p><p>UNIDADES DA DEFENSORIA PÚBLICA ENCONTRA-SE CONDICIONADA AO</p><p>TÉRMINO DO PRAZO ESTABELECIDO NA EC 80/2014 (ANO DE 2022)</p><p>São notórias as dificuldades pelas quais passa a efetiva implantação e instalação</p><p>da Defensoria Pública no país. A desproporção entre os assistidos e os respetivos</p><p>Defensores é evidente.</p><p>De igual modo, há um número bem menor de Defensores Públicos se comparado</p><p>com a quantidade de Magistrados e de membros do Ministério Público, assim como</p><p>pelo que se depreende da comparação dos orçamentos disponibilizados a cada uma das</p><p>instituições.</p><p>Em razão de tais dificuldades do Estado, a EC, de 4/6/2014, conferiu nova</p><p>redação ao art. 98 do ADCT estabelecendo um prazo de 8 anos para instalação de</p><p>serviços mínimos prestados pela Defensoria, que se esgota em 2022.</p><p>Por esse motivo, a jurisprudência do STF tem entendido que a exigibilidade de</p><p>atendimento integral da população pela Defensoria Pública está condicionada ao</p><p>transcurso do prazo estabelecido na EC 80/2014.</p><p>(STF, Decisão monocrática, RE 810.833, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em</p><p>30/11/2017).</p><p>(STJ, 5ª Turma, RMS 59.413-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,</p><p>julgado em 07/05/2019 – Informativo n. 648).</p><p>MUNICÍPIOS PODEM INSTITUIR A PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA</p><p>JURÍDICA À POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA</p><p>A prestação desse serviço público para auxílio da população economicamente</p><p>vulnerável não tem por objetivo substituir a atividade prestada pela Defensoria Pública.</p><p>O serviço municipal atua de forma simultânea. Trata-se de mais um espaço para garantia</p><p>de acesso à jurisdição (art. 5º,</p><p>LXXIV, da CRFB/88).</p><p>Os municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local,</p><p>decorrência do poder de autogoverno e de autoadministração. Assim, cabe à</p><p>administração municipal estar atenta às necessidades da população, organizando e</p><p>prestando os serviços públicos de interesse local (art. 30, I, II e V).</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>96</p><p>Além disso, a competência material para o combate às causas e ao controle das</p><p>condições dos vulneráveis em razão da pobreza e para a assistência aos desfavorecidos é</p><p>comum a todos os entes federados (art. 23, X).</p><p>(STF, Plenário, ADPF 279/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/11/2021 –</p><p>Informativo n. 1036).</p><p>04) GRATUIDADE DE JUSTIÇA, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA</p><p>GRATUITA E ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA.</p><p>DELIBERAÇÃO CS/DPGE/RJ Nº 124/2017 (AFERIÇÃO DA</p><p>VULNERABILIDADE E DA NECESSIDADE JURÍDICA).</p><p>RESOLUÇÃO DPGE/RJ Nº 943/2018 (ARRECADAÇÃO DE</p><p>HONORÁRIOS)</p><p>(Pontos 01.c, 02.c, 03.b, 04.c, 05.b):</p><p>04.1) Gratuidade de justiça, Assistência Judiciária Gratuita e Assistência</p><p>Jurídica Gratuita:</p><p>04.1.0) Distinção dos conceitos:</p><p>É necessário diferenciar os conceitos de assistência jurídica integral e gratuita,</p><p>assistência judiciária e benefícios da justiça gratuita.</p><p>ATENÇÃO x as CFs que antecederam a de 1988 nunca trouxeram menção às</p><p>expressões ASSISTÊNCIA JURÍDICA e DEFENSORIA PÚBLICA (tratavam da</p><p>assistência judiciária e gratuidade de justiça);</p><p>04.1.1) Assistência judiciária:</p><p>A assistência judiciária é um CONCEITO MAIS LIMITADO do que o de</p><p>assistência jurídica, na medida em que compreende exclusivamente a atuação</p><p>processual, sem abranger, portanto, o plano extraprocessual, contido no conceito de</p><p>assistência jurídica.</p><p>É atividade praticada EM JUÍZO em favor do necessitado, quando o DPE</p><p>patrocina uma ação, uma defesa, participa de uma audiência, interpõe um recurso.</p><p>ATENÇÃO x A Lei 1060/50 era chama da Lei da Assistência Judiciária, mas era</p><p>uma lei “ruim”, pois confundia o conceito de assistência judiciária com gratuidade de</p><p>justiça e, posteriormente, DPE, pois a gratuidade também era utilizada como nome da</p><p>instituição que prestava assistência aos necessitados.</p><p>04.1.2) Assistência jurídica:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>97</p><p>Percebeu-se que o DPE também atuava FORA DO ÂMBITO JUDICIAL,</p><p>inclusive no âmbito da solução de conflitos, o que desnaturava o conceito de assistência</p><p>judiciária, visto que insuficiente, surgindo esse conceito mais amplo e que engloba o</p><p>conceito de assistência judiciária. É a atividade prestada pelo DPE EM JUÍZO OU</p><p>FORA DELE, que se dedique à defesa do necessitado (prestando uma orientação,</p><p>atendendo em seu gabinete, resolvendo um conflito extrajudicialmente). É a expressão</p><p>UTILIZADA PELA CRFB/88 E PELO ORDENAMENTO (LC 80);</p><p>ASSISTÊNCIA JURÍDICA INTEGRAL E GRATUITA é a assistência prestada</p><p>pela Defensoria Pública, no plano extra e judicial;</p><p>BENEFICIÁRIOS: A Constituição Federal não faz distinção entre destinatários</p><p>do direito fundamental à assistência jurídica integral e gratuita, referindo-se apenas a</p><p>quem comprovar insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV).</p><p>PESSOA JURÍDICA: I.c.1) A LC 80/80, alterada no ponto pela LC 132/2009,</p><p>dispõe se tratar de função institucional da Defensoria Pública “exercer, mediante o</p><p>recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de pessoas</p><p>naturais e jurídicas (...)” (art. 4º, V). Prosseguindo, tem-se que prevalece o entendimento</p><p>no sentido de que a pessoa jurídica: i) DEPENDENTE (deve) apenas comprovar a</p><p>carência de recursos; ii) INDEPENDENTEMENTE de ter ou não fins lucrativos; I.c.3)</p><p>Aplicando-se aqui a mesma lógica da jurisprudência do STJ a respeito da concessão de</p><p>gratuidade de justiça às pessoas jurídicas (ver, por exemplo, REsp 554.840).</p><p>CARÁTER PESSOAL OU INDIVIDUAL X NÃO SE TRANSFERE AOS</p><p>SUCESSORES: O processo de concessão da assistência jurídica integral e gratuita na</p><p>Defensoria Pública é individual, de modo que, sendo concedida a assistência, esta</p><p>possui caráter pessoal, não se transferindo a sucessores, que devem se submeter a</p><p>idêntico processo de avaliação da hipossuficiência financeira. Podemos aplicar aqui,</p><p>analogicamente, o art. 99, § 6º, do CPC: “O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não</p><p>se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e</p><p>deferimento expressos”.</p><p>AUTONOMIA DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA COM A ASSISTÊNCIA</p><p>JURÍDICA: é possível que o cidadão tenha o benefício da gratuidade de custas</p><p>processuais, mas que tenha o seu pedido de assistência jurídica integral e gratuita pela</p><p>defensoria indeferido, já que Judiciário e Defensoria possuem autonomia para</p><p>verificarem os requisitos acerca da hipossuficiência econômica. Portanto, o beneficiário</p><p>da gratuidade de justiça não necessariamente receberá assistência;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>98</p><p>ESTRANGEIRO PODE SER BENEFICIÁRIO? Sim! Há algum documento</p><p>internacional que trate especificamente sobre a gratuidade de justiça e assistência</p><p>jurídica a estrangeiros? Sim. Há dois diplomas: a) Acordo Sobre o Benefício da Justiça</p><p>Gratuita e Assistência Jurídica Gratuita entre os Estados Partes do Mercosul – prevê que</p><p>“os nacionais, cidadãos e residentes habituais de cada um dos Estados Partes gozarão,</p><p>no território dos outros Estados Partes, em igualdade de condições, dos benefícios da</p><p>justiça gratuita e da assistência jurídica gratuita concedido a seus nacionais, cidadãos e</p><p>residentes habituais”. b) Convenção sobre o Acesso Internacional a Justiça (Decreto</p><p>8342/2014) – “os nacionais e os habitualmente residentes em qualquer Estado</p><p>Contratante terão direito de receber assistência judiciária para procedimentos judiciais</p><p>referentes à matéria civil e comercial em outro Estado Contratante, nas mesmas</p><p>condições que receberiam caso fossem nacionais ou residentes habituais daquele</p><p>Estado”.</p><p>04.1.3) Defensoria Pública:</p><p>É o modelo, A INSTITUIÇÃO ESTATAL, dedicada à prestação da assistência</p><p>jurídica. Por outro lado, a assistência, seja jurídica ou judiciária, é uma atividade. Quem</p><p>analisa o direito à assistência jurídica é a DPE, em razão da sua AUTONOMIA</p><p>FUNCIONAL (define suas hipóteses de atuação);</p><p>04.1.4) Gratuidade de justiça:</p><p>É A ISENÇÃO do pagamento das DESPESAS PROCESSUAIS. TEM</p><p>CARÁTER PROVISÓRIO. E quem concede essa gratuidade é o PODER JUDICIÁRIO</p><p>(quem analisa se uma parte preenche ou não os requisitos para a dispensa das despesas</p><p>processuais).</p><p>A GRATUIDADE DA JUSTIÇA significa apenas a gratuidade das despesas e</p><p>custas processuais;</p><p>ATENÇÃO: o tema da gratuidade da justiça será desmembrado e</p><p>aprofundado no capítulo 06 deste material.</p><p>04.2) Deliberação CS/DPGE/RJ Nº 124/2017 (Aferição da vulnerabilidade e</p><p>da necessidade jurídica):</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>99</p><p>O CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA GERAL DO ESTADO, no</p><p>exercício de suas atribuições legais, nos termos do art. 102, § 1º, da Lei Complementar</p><p>Federal nº 80, de 12 de janeiro de 1994; art. 16, da Lei Complementar Estadual nº 06, de</p><p>12 de maio de 1977; e art. 4º, XV, do Regimento Interno do Conselho Superior da</p><p>Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro,</p><p>DIÁRIO OFICIAL</p><p>CONSIDERANDO:</p><p>- que incumbe à Defensoria Pública, como expressão e instrumento do regime</p><p>democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos</p><p>humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais</p><p>e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma dos artigos 5°,</p><p>inciso LXXIV, e 134, da Constituição da República;</p><p>- que a Defensoria Pública tem como objetivos a primazia da dignidade da pessoa</p><p>humana e</p><p>a redução das desigualdades sociais, a afirmação do Estado Democrático de</p><p>Direito, a prevalência e efetividade dos direitos humanos e a garantia dos princípios</p><p>constitucionais do acesso à justiça, da ampla defesa e do contraditório;</p><p>- que compete ao Conselho Superior recomendar as medidas necessárias ao regular</p><p>funcionamento da Defensoria Pública, a fim de assegurar o seu prestígio e a plena</p><p>consecução de seus fins, bem como pronunciar-se sobre qualquer assunto que lhe seja</p><p>submetido pelo Defensor Público Geral; e</p><p>- a sanção da Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo ivil, cuja</p><p>vigência iniciou-se em 18 de março de 2016; e - o que consta do Processo nº E-</p><p>20/001/1446/2016;</p><p>DELIBERA:</p><p>Art. 1° - A análise do exercício do direito à assistência jurídica integral e gratuita</p><p>incumbe exclusivamente ao Defensor Público, independentemente do teor da decisão</p><p>judicial acerca da gratuidade de justiça</p><p>Art. 2° - A Defensoria Pública prestará o serviço de assistência jurídica integral e</p><p>gratuita em todos os graus, judicial e extrajudicial, incumbindo-lhe a orientação jurídica,</p><p>a promoção dos direitos humanos e a mais ampla defesa dos direitos fundamentais</p><p>individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis</p><p>todas as espécies de ações capazes de sanar a situação de risco, propiciando a adequada</p><p>e efetiva tutela das pessoas em situação de vulnerabilidade, destacando-se:</p><p>I - crianças e adolescentes;</p><p>II - idosos;</p><p>III - pessoas com deficiência;</p><p>IV - mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar;</p><p>V - consumidores superendividados;</p><p>VI - pessoas vítimas de discriminação por motivo de etnia, cor, gênero,</p><p>origem, raça, religião ou orientação sexual;</p><p>VII - pessoas privadas de liberdade em razão de prisão ou internação.</p><p>VIII- vítimas de graves violações de direitos humanos</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>100</p><p>Art. 3° - O serviço de assistência jurídica integral e gratuita também deverá ser prestado</p><p>aos hipossuficientes, assim consideradas as pessoas que não tenham condições</p><p>econômicas de contratar advogado e de pagar as custas judiciais, a taxa judiciária, os</p><p>emolumentos ou outras despesas, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.</p><p>Art. 4° - Presume-se absolutamente a hipossuficiência econômica da pessoa natural</p><p>quando, cumulativamente:</p><p>I - a renda mensal líquida individual for de até 3 (três) salários mínimos ou a</p><p>renda mensal líquida familiar for de até 5 (cinco) salários mínimos;</p><p>II - não seja proprietária, possuidora ou titular de direito sobre bens móveis, de</p><p>valor superior a 40 (quarenta) salários mínimos, ressalvados os instrumentos de</p><p>trabalho;</p><p>III - não seja proprietária, possuidora ou titular de direito sobre aplicações</p><p>financeiras ou investimentos de valor superior a 15 (quinze) salários mínimos;</p><p>IV- não seja proprietária, possuidora ou titular de direito sobre mais de 1(um)</p><p>bem imóvel, resguardado sempre o bem de família;</p><p>V - não possua participação societária em pessoa jurídica de porteincompatível</p><p>com a alegada hipossuficiência.</p><p>§ 1° - Para os efeitos desta Deliberação, considera-se:</p><p>a) família: a unidade formada pelo grupo de pessoas unido por laços de</p><p>consanguinidade, afinidade ou de socioafetividade, e que se caracteriza</p><p>pela coabitação e pelo dever jurídico de mútua contribuição para as despesas</p><p>comuns;</p><p>b) renda líquida: os ganhos mensais brutos, subtraídos os descontos legais e</p><p>obrigatórios, neles incluídos todo tipo de rendimento, como os</p><p>provenientes de trabalho informal, alugueis e pro labor e recebidos pelo</p><p>interessado;</p><p>c) salário mínimo: aquele previsto no artigo 7°, inciso IV, da Constituição da</p><p>República.</p><p>§ 2° - Inatendidas as condições estabelecidas no caput deste artigo, a hipossuficiência</p><p>econômica deverá ser demonstrada quando o destinatário do serviço de assistência</p><p>jurídica integral e gratuita for pessoa natural com renda mensal líquida de até 10 (dez)</p><p>salários mínimos.</p><p>§3° - A renda mensal líquida de que trata o inciso I será considerada familiar ou</p><p>individual, conforme haja ou não o dever jurídico de mútua contribuição para as</p><p>despesas comuns e coincidência de interesses, observadas as diretrizes deste artigo.</p><p>Art. 5° - Em se tratando de pessoa jurídica:</p><p>I - com fins lucrativos, deverão ser demonstrados, cumulativamente:</p><p>a) o enquadramento como sociedade microempresária optante do Simples</p><p>Nacional, na forma do artigo 3°, inciso I, e demais disposições da Lei</p><p>Complementar n° 123/2006;</p><p>b) que a pessoa jurídica não remunera sócio, administrador, empregado ou</p><p>prestador de serviço em quantia superior a 3 (três) salários mínimos, se</p><p>individual, ou 5 (cinco) salários mínimos, se familiar;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>101</p><p>c) o patrimônio social composto de apenas 1 (um) bem imóvel e, quando</p><p>composto de bens móveis, que o valor não excede a 40 (quarenta) salários</p><p>mínimos, e, havendo aplicações financeiras ou investimentos, que estes não</p><p>excedem o valor de 15 (quinze) salários mínimos.</p><p>II - sem fins lucrativos, deverá ser demonstrado que o objeto destina-se à defesa ou</p><p>promoção de interesses dos hipossuficientes econômicos ou pessoas em situação de</p><p>vulnerabilidade, ou tem relevante interesse social, bem como o risco de prejuízo para</p><p>consecução do objeto social.</p><p>§1º - Em todos os casos deverá ser verificada, ainda, a condição de hipossuficiência dos</p><p>sócios, administradores, associados, mantenedores ou de qualquer forma financiadores</p><p>da pessoa jurídica.</p><p>§2º - É possível excepcionar a regra contida no inciso I, alíneas (a) e (c), caso a pessoa</p><p>jurídica demonstre possuir um passivo superior ao ativo, ou que esteja em situação de</p><p>superendividamento ou pré-falimentar.</p><p>§3º - Ficando demonstrado o encerramento das atividades da pessoajurídica, ainda que</p><p>informalmente, deverão ser analisadas as condições pessoais do sócio ou associado</p><p>interessado no serviço da Defensoria Pública, observados os parâmetros estabelecidos</p><p>nesta Deliberação para as pessoas naturais.</p><p>Art. 6° - Em se tratando de condomínio, deverão ser demonstradas cumulativamente, a</p><p>inexistência de aplicações financeiras ou investimentos em valor excedente a 15 (quinze)</p><p>salários mínimos, e a impossibilidade de rateio entre os condôminos das despesas</p><p>referidas no artigo 3°, bem como a caracterização como habitação coletiva de baixa</p><p>renda, podendo ser conjunto habitacional financiado por cooperativa habitacional ou</p><p>pelo sistema financeiro de habitação, ou oriundo de programas habitacionais, assim</p><p>como para assentamento de famílias de baixa renda.</p><p>Art. 7° - No inventário e no arrolamento de bens, o patrocínio da Defensoria Pública</p><p>considerará a renda mensal e o patrimônio de cada interessado no atendimento,</p><p>conforme os critérios previstos nesta Deliberação para as pessoas naturais.</p><p>Parágrafo Único - Na hipótese do serviço de assistência jurídica integral e</p><p>gratuita ser prestado ao inventariante, além da renda mensal e do patrimônio</p><p>deste, deverá ser considerada a capacidade de geração de renda dos bens que</p><p>compõem o Espólio, de forma transitória ou permanente, observados os critérios</p><p>previstos nesta Deliberação.</p><p>Art. 8° - Na hipótese do serviço destinar-se exclusivamente à prática de ato extrajudicial</p><p>e caso não se presuma absolutamente a hipossuficiência econômica do interessado,</p><p>como disciplinado pelo artigo 4°, caput e incisos I a IV desta Deliberação, incumbirá ao</p><p>Defensor Público avaliar o direito à assistência jurídica integral e gratuita, considerando</p><p>a proporcionalidade entre a capacidade econômica do interessado e o ato a ser praticado.</p><p>§ 1° - Essa norma não se aplica ao inventário e partilha, divórcio e usucapião</p><p>extrajudiciais, devendo ser observados os parâmetros gerais estabelecidos</p><p>nos</p><p>artigos anteriores.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>102</p><p>§ 2° - Havendo mais de um ato extrajudicial a ser praticado para atender à</p><p>mesma finalidade pretendida pelo interessado, deverá ser considerado o valor</p><p>total dos emolumentos devidos pela soma dos atos.</p><p>Art. 9° - Nos casos de atuação da Defensoria Pública no âmbito penal - processos de</p><p>conhecimento, cau telar e de execução penal - ficando demonstrado que o interessado</p><p>não preenche os requisitos estabelecidos na presente Deliberação, incumbirá ao</p><p>Defensor Público com atribuição para atuar no processo requerer ao juízo competente a</p><p>fixação de honorários advocatícios, a serem revertidos em favor do Centro de Estudos</p><p>Jurídicos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, na forma da Lei Estadual</p><p>n° 1.146/87.</p><p>Art. 10 - O uso da conciliação, mediação ou arbitragem para a solução extrajudicial e</p><p>pré-processual do conflito será possível quando ao menos um dos envolvidos for</p><p>assistido patrocinado pela Defensoria Pública, não importando se a outra parte é</p><p>patrocinada ou não pela Defensoria Pública.</p><p>Parágrafo Único - A conciliação, amediação ou a arbitragem extrajudiciais não</p><p>se confundem com a assessoria jurídica das partes, cujo patrocínio pela</p><p>Defensoria Pública dependerá da avaliação quanto a vulnerabilidade e a</p><p>hipossuficiência de cada um.</p><p>Art. 11 - A caracterização da hipossuficiência econômica, de acordo com os parâmetros</p><p>estabelecidos nesta Deliberação, poderá ser excepcionada pelo Defensor Público:</p><p>I - quando vislumbrada no caso concreto a negativa de acesso à justiça;</p><p>II - para postular tutela de urgência que exija imediata intervenção para evitar o</p><p>perecimento do direito fundamental do interessado;</p><p>Parágrafo Único - Na hipótese do inciso II, salvo se houver modificação na</p><p>condição econômica da parte, cessada a condição de urgência, o Defensor</p><p>Público informará ao interessado e ao juízo a impossibilidade de continuidade da</p><p>assistência jurídica, requerendo a fixação de honorários sucumbenciais</p><p>proporcionais à atuação da Defensoria Pública no processo.</p><p>Art. 12 - A declaração de hipossuficiência, quando imprescindível para a formalização</p><p>do direito à assistência jurídica integral e gratuita, deverá ser subscrita pelo interessado,</p><p>ficando a demonstração, quando exigida, sujeita às normas dos artigos 34 e 35, da</p><p>Deliberação n° 88, de 5 de outubro de 2012, sem prejuízo da solicitação de</p><p>documentação suplementar, a critério do Defensor Público.</p><p>Parágrafo Único - Para fins do disposto no artigo 4° desta Deliberação, o</p><p>reconhecimento do direito à assistência jurídica integral e gratuita poderá ser</p><p>feito pela análise das informações socioeconômicas prestadas em formulário</p><p>próprio, preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante legal, à</p><p>presente Deliberação, o qual terá caráter sigiloso, devendo ficar arquivado,</p><p>permitida sua divulgação apenas em benefício do interessado.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>103</p><p>Art. 13 - Não sendo preenchidos os requisitos previstos na presente Deliberação e em</p><p>havendo inconformismo do interessado, deverá ser adotado o procedimento previsto na</p><p>Resolução n° 555, de 3 de dezembro de 2010.</p><p>Art. 14 - O direito à assistência jurídica integral e gratuita poderá ser revisto a qualquer</p><p>tempo pelo Defensor Público, desde que verificada a modificação na situação de</p><p>vulnerabilidade ou hipossuficiência econômica do interessado ou quando se configurar</p><p>omissão de elementos ou informações relevantes que autorizem o Defensor Público a</p><p>concluir que houve equívoco na avaliação inicial.</p><p>Parágrafo Único - No caso de revisão do direito à assistência jurídica no curso</p><p>do processo, aplica-se, no que couber, a disciplina da Resolução n° 555, de 03 de</p><p>dezembro de 2010.</p><p>Art. 15 - Esta Deliberação entrará em vigor na data de sua publicação.</p><p>Parágrafo Único -Odisposto nesta Deliberação não se aplica às atuações da</p><p>Defensoria Pública já em curso.</p><p>→ATENÇÃO x Resolução DPGE/RJ n. 1131, de 10 de janeiro de 2022</p><p>(denegação da assistência jurídica):</p><p>CONSIDERANDO:</p><p>- que incumbe à Defensoria Pública, como expressão e instrumento do regime</p><p>democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos</p><p>humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais</p><p>e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma dos artigos 5º,</p><p>LXXIV, e 134 da Constituição da República;</p><p>- que a Defensoria Pública tem como objetivos a primazia da dignidade da pessoa</p><p>humana e a redução das desigualdades sociais, a afirmação do Estado Democrático de</p><p>Direito, a prevalência e efetividade dos direitos humanos e a garantia dos princípios</p><p>constitucionais do acesso à justiça, da ampla defesa e do contraditório;</p><p>- o disposto na Lei n. 13.460, de 26 de junho de 2017, que dispõe sobre a participação,</p><p>proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública;</p><p>- o disposto na Deliberação CS/DPGE n. 124, de 20 de dezembro de 2017.</p><p>RESOLVE:</p><p>Art. 1º - A denegação de atendimento pela Defensoria Pública poderá ocorrer nas</p><p>seguintes hipóteses:</p><p>I – quando inexistir hipótese de atuação institucional por:</p><p>a) não caracterização da vulnerabilidade ou hipossuficiência;</p><p>b) ausência de atribuição da Defensoria Pública do Estado do Rio de</p><p>Janeiro;</p><p>II – manifesto descabimento da medida pretendida ou inconveniência aos</p><p>interesses da parte.</p><p>Parágrafo único - A aferição da vulnerabilidade ou hipossuficiência será feita de acordo</p><p>com a Deliberação CS/DPGE nº. 124, de 20 de dezembro de 2017.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>104</p><p>Art. 2º - A recusa de assistência jurídica deverá conter os motivos da denegação e ser</p><p>comunicada por escrito à pessoa interessada em até 10 (dez) dias a contar da</p><p>apresentação dos documentos pessoais, ressalvadas questões de urgência por risco do</p><p>perecimento do direito ou de perda de prazo.</p><p>Art. 3º - Nas hipóteses de recusa por não comprovação de vulnerabilidade ou</p><p>hipossuficiência e ausência de atribuição da Defensoria Pública do Estado do Rio de</p><p>Janeiro, a pessoa interessada que discordar da decisão poderá solicitar a reanálise por</p><p>escrito ao(à) Defensor(a) Público(a) Geral no prazo de 10 (dez) dias, facultando-se a</p><p>instrução do requerimento com os fundamentos e documentos que entender pertinentes.</p><p>§ 1º - A comunicação da recusa deverá conter informações sobre o prazo e a</p><p>forma de interposição do recurso, incluindo meios presenciais e remotos que</p><p>tornem o recurso viável, independente da condição socioeconômica da pessoa</p><p>interessada.</p><p>§ 2º - O recurso será interposto diretamente ao(a) Defensor(a) Público(a)</p><p>responsável pelo atendimento, mediante recibo.</p><p>§ 3º - Recebido o recurso, é facultado ao(a) Defensor(a) Público(a) exercer juízo</p><p>de retratação, no prazo de 10 (dez) dias, ressalvadas urgências que exijam a</p><p>manifestação em prazo razoável inferior, em casos de prazo processual em curso</p><p>ou risco de perecimento do direito.</p><p>§ 4º - Não exercido o juízo de retratação, o(a) Defensor(a) Público(a)</p><p>responsável pelo atendimento deverá gerar processo específico via sistema SEI,</p><p>a ser autuado como restrito e instruído com o recurso e toda a documentação</p><p>pertinente, com encaminhamento à Assessoria de Assuntos Institucionais</p><p>(Assist).</p><p>§5° - A Assessoria de Assuntos Institucionais elaborará parecer no prazo máximo</p><p>de até 10 (dez) dias, ressalvadas urgências que exijam a manifestação em prazo</p><p>razoável inferior, em casos de prazo processual em curso ou risco de</p><p>perecimento do direito, e encaminhará o processo para decisão da Defensoria</p><p>Pública Geral.</p><p>§ 6º - Na hipótese de pretensão subordinada a prazo, deverá ser informado com o</p><p>devido destaque.</p><p>§ 7º - Caso reconheça o direito da pessoa interessada a ser atendida, o(a)</p><p>Defensor(a) Público(a) Geral determinará a prestação de assistência jurídica</p><p>pelo(a) Defensor(a) Público(a) tabelar.</p><p>§ 8º - A decisão da Defensoria Pública Geral deverá ser comunicada à pessoa</p><p>interessada, por escrito, acompanhada do(s) parecer(s) que a decisão fizer</p><p>referência.</p><p>Art. 4º - A pessoa interessada que teve solicitação de assistência jurídica pela Defensoria</p><p>Pública indeferida por ausência de hipossuficiência ou de vulnerabilidade pode a</p><p>qualquer tempo, reiterar o pedido, comprovando a mudança da situação de fato, caso em</p><p>que deverá comprovar sua necessidade.</p><p>Art. 5° - O membro da Defensoria Pública em exercício no caso poderá proceder à nova</p><p>avaliação da situação econômico financeira quando:</p><p>I - a qualquer momento, houver fundada suspeita de alteração significativa da</p><p>situação declarada;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>105</p><p>II - existência de indícios de ocultação ou omissão de dados relevantes para a</p><p>avaliação da situação declarada.</p><p>Parágrafo único - Comprovada uma das situações previstas neste artigo, aplica-</p><p>se o disposto no artigo 3º.</p><p>Art. 6º - Nas hipóteses de não patrocínio de pretensão em razão de o(a) Defensor(a)</p><p>Público(a)considerá-la juridicamente inviável ou impertinente, tais como não</p><p>ajuizamento de ação, não interposição de recurso e situações análogas, e havendo</p><p>inconformismo da pessoa interessada, a pessoa interessada deverá ser encaminhada ao</p><p>órgão tabelar, para reanálise da questão.</p><p>§ 1º - O encaminhamento ao(a) Defensor(a) Público(a) tabelar deverá ser feito</p><p>através de ofício do(a)Defensor(a) Público(a) natural, dele devendo constar as</p><p>razões da não prática do ato, bem como a assinatura do(a) interessado(a).</p><p>§ 2º - Na hipótese de pretensão subordinada a prazo, deverá ser informado com o</p><p>devido destaque.</p><p>§ 3º - Caso discorde da decisão do(a) Defensor(a) Público(a) natural, o(a)</p><p>Defensor(a) Público(a) tabelar praticará o ato que entender cabível e prosseguirá</p><p>no acompanhamento do processo, se existir, comunicando à pessoa interessada.</p><p>§ 4º - Se o(a) Defensor(a) Público(a) tabelar confirmar o entendimento inicial</p><p>do(a) Defensor(a)Público(a) natural, deverá oficiar ao(à) Defensor(a) Público(a)</p><p>Geral, expondo sucintamente o seu proceder, e a pessoa interessada.</p><p>§ 5° - Caso o(a) Defensor(a) Público(a) Geral, após manifestação da Assessoria</p><p>de Assuntos Institucionais, entenda ser juridicamente possível a pretensão do(a)</p><p>usuário(a) nomeará terceiro membro para dar prosseguimento.</p><p>§ 6º - A decisão da Defensoria Pública Geral deverá ser comunicada à pessoa</p><p>interessada, por escrito, acompanhada do(s) parecer(s) que a decisão fizer</p><p>referência.</p><p>Art. 7º - As comunicações escritas às pessoas interessadas deverão conter linguagem</p><p>simples e acessível, evitando-se o uso de siglas, jargões e estrangeirismos, e poderão ser</p><p>feitas por correspondência, e-mail ou outros canais oficiais de contato com os usuários.</p><p>Parágrafo único - Serão consideradas válidas as comunicações encaminhadas</p><p>para os contatos fornecidos pelo(a) interessado(a) à Defensoria Pública e</p><p>constantes da base de dados.</p><p>Art. 8º - Essa Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogada a</p><p>Resolução DPGE n.555, de 03 de dezembro de 2010.</p><p>04.3) Resolução DPGE/RJ Nº 943/2018 (Arrecadação de honorários):</p><p>RESOLUÇÃO DPGE Nº 943 DE 11 DE SETEMBRO DE 2018</p><p>Publicado no DOERJ em 14/09/2018</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>106</p><p>REGULAMENTA, NO ÂMBITO DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO</p><p>RIO DE JANEIRO, A ARRECADAÇÃO DE HONORÁRIOS DECORRENTES DA</p><p>ATUAÇÃO INSTITUCIONAL, BEM COMO AS ATRIBUIÇÕES DO CENTRO DE</p><p>ESTUDOS JURÍDICOS NO TOCANTE À MATÉRIA.</p><p>O DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de</p><p>suas atribuições legais,</p><p>CONSIDERANDO:</p><p>- a autonomia funcional e administrativa da Defensoria Pública, inscrita no art. 134 da</p><p>Constituição da República e no art. 181 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro;</p><p>- a função institucional prevista no art. 4º, XXI, da Lei Complementar nº 80/1994 –</p><p>“executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação, inclusive</p><p>quando devidas por quaisquer entes públicos”;</p><p>- a incumbência aos defensores públicos estampada no art. 22, XVII, da Lei</p><p>Complementar nº 06/1977 – “requerer o arbitramento e o recolhimento aos cofres</p><p>públicos dos honorários advocatícios, quando devidos”;</p><p>- a relevante destinação institucional dos honorários devidos à Defensoria Pública,</p><p>sobretudo no que diz respeito à capacitação profissional de seus integrantes;</p><p>- o papel do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública do Estado do Rio de</p><p>Janeiro na promoção da capacitação profissional dos integrantes da instituição;</p><p>- a necessidade de sensibilização e engajamento dos integrantes da Defensoria Pública</p><p>em prol da otimização dessa importante receita;</p><p>RESOLVE:</p><p>Seção I – As atribuições do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública</p><p>Art. 1º Os honorários recebidos pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro</p><p>destinam-se, nos termos da Lei estadual n. 1.146/1987, a fundo orçamentário especial</p><p>criado com o objetivo de custear as atividades do Centro de Estudos Jurídicos (CEJUR),</p><p>devendo ser depositados diretamente em conta bancária do CEJUR.</p><p>Art. 2º Na gestão da receita relativa à arrecadação de honorários recebidos pela</p><p>Defensoria Pública, o CEJUR, subordinado ao Defensor Público-Geral, tem, entre</p><p>outras, as seguintes atribuições:</p><p>I – planejar e buscar a efetivação de ações e estratégias visando ao incremento da</p><p>arrecadação;</p><p>II – desenvolver ações no sentido da neutralização de fontes de evasão de receita;</p><p>III – articular esforços em prol da consolidação e disseminação de</p><p>entendimentos jurisprudenciais favoráveis aos interesses institucionais;</p><p>IV – prestar orientação e responder a consultas de defensores, servidores,</p><p>residentes e estagiários sobre a matéria;</p><p>V – acompanhar, subsidiar e auxiliar a atividade executiva relativa aos</p><p>honorários desenvolvida pelos órgãos de atuação da Defensoria Pública em</p><p>qualquer foro ou instância;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>107</p><p>VI – atuar, pelo seu Diretor-Geral, em casos relevantes, com o assentimento do</p><p>defensor público funcionalmente incumbido do caso.</p><p>Parágrafo único. No desempenho das suas atribuições, sobretudo no que tange</p><p>ao aspecto estratégico, o CEJUR terá o apoio da Coordenadoria Cível e da</p><p>Assessoria para Assuntos Institucionais.</p><p>Art. 3º Incumbe ao Diretor-Geral do CEJUR, com a aprovação do Defensor Público-</p><p>Geral, estabelecer medidas, direcionadas aos integrantes da instituição, que possam</p><p>estimular o incremento da arrecadação de honorários.</p><p>Art. 4º Havendo necessidade de propositura de ação judicial para o recebimento de</p><p>honorários, após tentados – sempre que possível – os meios extrajudiciais de cobrança,</p><p>o CEJUR cuidará do ajuizamento, sendo firmada pelo seu Diretor-Geral a petição inicial.</p><p>§ 1º O acompanhamento direto das demandas mencionadas no caput ficará a</p><p>cargo do órgão da Defensoria Pública que atue perante o juízo para o qual se</p><p>distribua o pleito, sem prejuízo do apoio do CEJUR.</p><p>§ 2º A previsão do caput abrange as habilitações de crédito e as demandas</p><p>oriundas da atuação na área criminal.</p><p>§ 3º Ao defensor público que provocar a atuação do CEJUR, nas hipóteses deste</p><p>artigo, cumpre fornecer as informações e os documentos necessários.</p><p>Art. 5º No caso de quantia recebida de forma equivocada pela Defensoria Pública, cabe</p><p>ao CEJUR instruir devidamente o procedimento relativo ao estorno da quantia.</p><p>§ 1º A instrução devida do procedimento de estorno atentará para os seguintes itens:</p><p>I – identificação</p><p>da pessoa (autoridade) que reclama o estorno;</p><p>II – comprovação de que a quantia a ser estornada efetivamente ingressou em</p><p>conta bancária do CEJUR;</p><p>III – esclarecimento das circunstâncias que propiciaram o equívoco conducente</p><p>ao estorno, observando-se para tanto o respectivo andamento processual;</p><p>IV – verificação de que o equívoco efetivamente ocorreu e é exato o valor</p><p>reclamado;</p><p>V – levantamento dos dados necessários à concretização do estorno pelo</p><p>competente órgão pagador da Defensoria Pública.</p><p>§ 2º Para o bom desempenho das tarefas listadas no § 1º, contará o CEJUR, sempre que</p><p>necessário, com a colaboração do órgão de atuação da Defensoria Pública junto ao juízo</p><p>em que tramita o processo no bojo do qual foi suscitada a necessidade do estorno.</p><p>Seção II – As atribuições gerais dos integrantes da Defensoria Pública</p><p>Art. 6º Compete aos integrantes da Defensoria Pública diligenciar em prol do</p><p>fortalecimento da arrecadação de honorários, adotando, entre outras, as seguintes</p><p>condutas:</p><p>I – apresentar a impugnação cabível processualmente todas as vezes em que o</p><p>direito da Defensoria Pública aos honorários, em qualquer extensão, não for</p><p>observado;</p><p>II – destacar, nas manifestações processuais, os valores devidos à Defensoria</p><p>Pública a título de honorários, discriminando as quantias tocantes à parte e</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>108</p><p>aquelas tocantes à instituição, de modo a evitar quaisquer equívocos quando da</p><p>ordenação dos pagamentos;</p><p>III – pleitear que o depósito dos honorários devidos à Defensoria Pública seja</p><p>feito sempre em conta bancária do CEJUR, diretamente, evitando as delongas e</p><p>os problemas ocasionados pela necessidade de transferência da verba;</p><p>IV – em caso de necessidade de transferência da verba de honorários, entre a</p><p>conta judicial e a conta do CEJUR, verificar se a operação foi realmente efetuada,</p><p>bem como se os rendimentos existentes foram incluídos;</p><p>V – prestar, quando possível, a colaboração necessária ao bom desempenho das</p><p>atividades do CEJUR.</p><p>Parágrafo único. O requerimento de depósito dos honorários diretamente em</p><p>conta bancária do CEJUR, bem como os dados bancários respectivos, deve</p><p>figurar nas petições iniciais e contestações formuladas pela Defensoria Pública,</p><p>sem prejuízo da reiteração que se fizer necessária durante o processo.</p><p>Art. 7º Ao defensor público que tomar ciência do pronunciamento judicial, cabe</p><p>informar ao CEJUR qualquer condenação de honorários favorável à Defensoria Pública</p><p>de valor igual ou superior a 10 (dez) salários mínimos.</p><p>Parágrafo único. Se se tratar de processo em que a atuação da Defensoria Pública</p><p>se dá pela Curadoria Especial, deve ser informada a condenação de valor igual</p><p>ou superior a 5 (cinco) salários mínimos.</p><p>Art. 8º Ao defensor público que elaborar a petição inicial, cabe informar ao CEJUR o</p><p>ajuizamento de causa com valor igual ou superior a 100 (cem) salários mínimos.</p><p>Art. 9º Sempre que o patrocínio judicial da Defensoria Pública for sucedido pelo</p><p>patrocínio de advogado privado, ao defensor público em exercício no órgão de atuação</p><p>junto ao juízo em que tramita o caso, tendo por qualquer modo ciência da sucessão,</p><p>compete:</p><p>I – deixar ressalvado nos autos o direito da Defensoria Pública a honorários,</p><p>totais ou proporcionais conforme o caso, na hipótese de sucumbência da parte</p><p>adversária;</p><p>II – requerer seja dada vista à Defensoria Pública de todos os atos decisórios do</p><p>processo que se ocupem da questão dos honorários, em qualquer grau de</p><p>jurisdição;</p><p>III – informar o CEJUR sobre o processo, para acompanhamento.</p><p>Seção III – A indisponibilidade da receita de honorários</p><p>Art. 10. Vedam-se o perdão da dívida e a renúncia ao crédito de honorários devidos à</p><p>Defensoria Pública.</p><p>§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, o defensor público natural fica</p><p>autorizado, independentemente de consulta ao CEJUR, a deixar de promover a</p><p>execução de créditos que apresentem valor atualizado inferior a 10% (dez por</p><p>cento) do salário mínimo e sejam da responsabilidade de pessoas naturais.</p><p>§ 2º Afora a hipótese prevista no § 1º, a Direção-Geral do CEJUR poderá</p><p>autorizar, fundamentadamente, não seja dado impulso a execuções</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>109</p><p>manifestamente inviáveis ou que não devam ser promovidas por motivo</p><p>relevante.</p><p>Seção IV – As hipóteses de parcelamento do débito relativo a honorários</p><p>Art. 11. Constatada no caso concreto a inexistência de outro meio mais vantajoso ou</p><p>célere para a satisfação do crédito de honorários, podem os defensores públicos,</p><p>independentemente de autorização específica, celebrar acordo para o parcelamento do</p><p>débito, respeitados os seguintes parâmetros:</p><p>I – o valor do crédito em favor da Defensoria Pública não deve ser inferior a</p><p>10% (dez por cento) do salário mínimo;</p><p>II – o parcelamento deve abranger o valor integral dos honorários, acrescido de</p><p>correção monetária e juros de mora até a data da celebração do acordo,</p><p>observando-se que o número máximo de parcelas mensais não pode ultrapassar a</p><p>12 (doze) e o valor de cada parcela não pode ser inferior a 5% (cinco por cento)</p><p>do salário mínimo;</p><p>Parágrafo único. A fixação do número de parcelas e do valor de cada uma delas</p><p>deve levar em conta a capacidade de pagamento do devedor e o montante total</p><p>devido, cabendo tal análise ao defensor público responsável pelo acordo.</p><p>Art. 12. Além do disposto no artigo anterior, devem figurar no acordo:</p><p>I – a qualificação completa do devedor, incluídos os dados que permitam a sua</p><p>localização, como telefone e endereços físico e eletrônico;</p><p>II – a exigência de que o pagamento das parcelas seja feito diretamente em conta</p><p>bancária do CEJUR;</p><p>III – a obrigação de comprovação periódica, perante o defensor público natural,</p><p>do pagamento das parcelas avençadas, não se podendo fixar, no acordo,</p><p>periodicidade superior a (6) seis meses;</p><p>IV – as seguintes cláusulas penais: a) multa de 10% (dez por cento) sobre o valor</p><p>da parcela paga em atraso; b) rescisão do acordo e vencimento antecipado de</p><p>todas as parcelas em caso de atraso no pagamento de 3 (três) parcelas,</p><p>consecutivas ou não;</p><p>V – a previsão no sentido de que a celebração do acordo implica a desistência ou</p><p>a renúncia a eventuais recursos ou outras medidas judiciais pertinentes à questão</p><p>dos honorários.</p><p>Art. 13. Celebrado o acordo de parcelamento, cumpre ao defensor público natural</p><p>formular requerimento de suspensão do processo, até o pagamento integral do débito.</p><p>§ 1º Se houver bens penhorados, arrestados, sequestrados ou indisponibilizados,</p><p>assim permanecerão, para garantia do acordo, até a quitação integral do crédito</p><p>da Defensoria Pública, devendo tal cláusula constar expressamente do acordo.</p><p>§ 2º Após o pagamento de percentual equivalente ao mínimo de 30% (trinta por</p><p>cento) do crédito, poderá o defensor público, a requerimento do devedor,</p><p>concordar em que seja liberada parte dos bens constritos na forma do § 1º, desde</p><p>que permaneçam constritos bens suficientes ao adimplemento da dívida.</p><p>Art. 14. Em caso de rescisão do acordo de parcelamento em razão do inadimplemento</p><p>do devedor, compete ao defensor público apurar o saldo remanescente da dívida –</p><p>corrigido monetariamente e acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>110</p><p>contados da data do inadimplemento – e iniciar o procedimento executivo, ou nele</p><p>prosseguir, para recebimento integral do crédito ainda devido.</p><p>§ 1º A realização de novo acordo para pagamento parcelado do saldo</p><p>remanescente apurado somente será admitida mediante a confirmação de que</p><p>tenha havido a quitação de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) do total do</p><p>crédito, permitindo-se o pagamento pelo devedor, em parcela</p><p>única, do valor</p><p>necessário a se atingir esse percentual.</p><p>§ 2º Para efeito da novação prevista no § 1º, deverá ser considerado o saldo</p><p>remanescente corrigido monetariamente e acrescido dos juros legais de 1% (um</p><p>por cento) ao mês, contados até a data da celebração do novo acordo.</p><p>Art. 15. Caso seja formulada, pelo devedor, proposta de pagamento de forma diversa</p><p>das estabelecidas nesta Resolução, e se o defensor público que atua no processo</p><p>considerá-la vantajosa para a instituição, caberá a este consultar a Direção-Geral do</p><p>CEJUR, a fim de obter autorização para a celebração do acordo.</p><p>Art. 16. Qualquer acordo relativo ao pagamento de honorários, nas formas previstas</p><p>nesta Resolução, deve ser comunicado ao CEJUR pelo defensor público subscritor,</p><p>anexando-se à comunicação o inteiro teor do acordo.</p><p>Parágrafo único. Também a quitação integral relativa às parcelas avençadas deve</p><p>ser comunicada ao CEJUR pelo defensor público natural.</p><p>Seção V – A estipulação de honorários no caso de composição entre as partes</p><p>Art. 17. Na hipótese de celebração de acordo, durante o processo, entre o usuário da</p><p>Defensoria Pública e a parte adversária, sobretudo quando o acordo expressar</p><p>reconhecimento total ou parcial do pleito pela parte adversária, a fixação de honorários,</p><p>lastreada no princípio da causalidade, observará as seguintes diretrizes:</p><p>I – Quando o acordo envolver o pagamento de qualquer valor em favor do</p><p>usuário da Defensoria Pública, deve ser incluído no acordo o pagamento de</p><p>honorários em quantia equivalente a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor a</p><p>ser pago ao usuário;</p><p>II – quando o acordo envolver o cumprimento de obrigação de entregar coisa,</p><p>fazer ou não fazer em benefício do usuário da Defensoria Pública, deve ser</p><p>incluído no acordo o pagamento de honorários em quantia equivalente a, no</p><p>mínimo, 10% (dez por cento) do valor da obrigação ou do proveito econômico</p><p>obtido pelo usuário;</p><p>III – na hipótese do inciso anterior, não sendo possível quantificar o valor da</p><p>obrigação nem do proveito econômico, os honorários, no percentual mínimo de</p><p>10% (dez por cento), devem ser calculados sobre o valor da causa ou, sendo este</p><p>irrisório, devem ser estabelecidos de modo equitativo, a critério do defensor</p><p>público subscritor do acordo.</p><p>Parágrafo único. Se a fixação de honorários em favor da Defensoria Pública, nos</p><p>moldes previstos neste artigo, puder inviabilizar o acordo e mostrar-se contrária</p><p>aos interesses do usuário, fica autorizada, no caso concreto, a redução ou mesmo</p><p>a exclusão da verba relativa aos honorários.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>111</p><p>Art. 18. As diretrizes do artigo anterior, bem como a ressalva do respectivo parágrafo</p><p>único, aplicam-se aos acordos individuais pré-processuais e, com as adaptações cabíveis,</p><p>aos acordos coletivos pré-processuais.</p><p>Parágrafo único. No caso dos acordos individuais pré-processuais, os valores</p><p>mínimos são de 5% (cinco por cento).</p><p>Seção VI – Os honorários na tutela de urgência</p><p>Art. 19. Quando a Defensoria Pública, a fim de evitar denegação de acesso à justiça,</p><p>postular tutela de urgência que exija a imediata intervenção judicial em favor de parte</p><p>que não seja economicamente hipossuficiente, incumbe ao defensor público oficiante:</p><p>I – esclarecer à parte que a atuação da Defensoria Pública estará sujeita ao</p><p>pagamento de honorários;</p><p>II - requerer a fixação de honorários no mesmo ato da postulação da medida de</p><p>urgência, comunicando-se a ocorrência ao CEJUR.</p><p>Seção VII – Os honorários no âmbito recursal</p><p>Art. 20. Compete ao defensor público natural apresentar o recurso cabível toda vez que</p><p>os honorários pertinentes à Defensoria Pública:</p><p>I – não forem fixados em valor adequado;</p><p>II – forem indevidamente negados, cassados ou diminuídos;</p><p>III – deixarem de receber a majoração recursal prevista na lei processual.</p><p>§ 1º Não se aplica o disposto no caput se a interposição do recurso revelar-se</p><p>inequivocamente contrária aos interesses da parte assistida pela Defensoria</p><p>Pública.</p><p>§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, caso a parte contrária interponha recurso,</p><p>caberá ao defensor público recorrer adesivamente para postular a correta fixação</p><p>dos honorários.</p><p>Art. 21. Na hipótese de provimento de recurso interposto pela Defensoria Pública que</p><p>deva implicar a inversão dos ônus sucumbenciais ou o afastamento da sucumbência</p><p>recíproca, cabe ao defensor público natural verificar se tais efeitos foram consignados</p><p>de maneira expressa na decisão, interpondo o recurso cabível em caso negativo.</p><p>Parágrafo único. A mesma conduta processual deve ser adotada sempre que não</p><p>fique consignada de maneira expressa a destinação dos honorários à Defensoria</p><p>Pública.</p><p>Seção VIII – Os honorários nos Juizados Especiais</p><p>Art. 22. Quando for possível o arbitramento de honorários em favor da Defensoria</p><p>Pública pelas Turmas Recursais dos Juizados Especiais, sobretudo se o cumprimento da</p><p>condenação principal puder ser requerido pela própria parte, sem assistência da</p><p>Defensoria Pública:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>112</p><p>I – aos defensores públicos atuantes no primeiro grau de jurisdição, na</p><p>oportunidade do oferecimento de contrarrazões a recurso inominado, compete</p><p>requerer expressamente que, em caso de imposição de honorários pela Turma</p><p>Recursal, não haja arquivamento e baixa do processo sem se abrir vista à</p><p>Defensoria Pública, para as providências cabíveis no tocante à execução do</p><p>crédito;</p><p>II – aos defensores públicos atuantes perante as Turmas Recursais, na ocasião da</p><p>intimação do acórdão que fixar honorários em favor da Defensoria Pública,</p><p>compete fazer ou reiterar o requerimento mencionado no inciso anterior.</p><p>Seção IX – Os honorários na área fazendária</p><p>Art. 23. Nas condenações da Fazenda Pública ao pagamento de honorários à Defensoria</p><p>Pública, não havendo impugnação, ou transitando em julgado a decisão que a rejeitar,</p><p>cumpre ao defensor público natural requerer, conforme o disposto no art. 100 da</p><p>Constituição da República de 1988, a expedição de precatório ou a requisição do</p><p>pagamento de obrigação de pequeno valor, além de postular, na mesma oportunidade, o</p><p>depósito da verba devida à Defensoria Pública diretamente em conta bancária do</p><p>CEJUR.</p><p>§ 1° Expedido o requisitório, compete ao defensor público verificar se os dados</p><p>de identificação e valores estão corretos, incluindo a incidência de juros e</p><p>atualização monetária.</p><p>§ 2º Não ocorrendo o pagamento da requisição de pequeno valor no prazo de 2</p><p>(dois) meses contado da entrega da requisição, deverá ser requerido o cômputo</p><p>de juros de mora pelo descumprimento do art. 100 da CRFB.</p><p>§ 3º Cuidando-se da hipótese de expedição de precatório, cabe ao defensor</p><p>público dar ciência ao CEJUR, que será responsável pelo acompanhamento.</p><p>Seção X – Os honorários na área criminal</p><p>Art. 24. Sendo nomeado defensor público nos casos em que o acusado se apresentar sem</p><p>advogado (art. 263 do CPP), compete ao defensor, constatando a manifesta ausência de</p><p>hipossuficiência do acusado, nos termos da Deliberação CS/DPGE nº 124/2017,</p><p>requerer a fixação de honorários em favor da Defensoria Pública.</p><p>§ 1º Aplica-se a regra do caput aos acusados revéis.</p><p>§ 2º Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas neste artigo, o CEJUR deverá</p><p>ser informado, encartando-se na comunicação, sempre que possível, os dados do</p><p>processo, a cópia da decisão relativa aos honorários e ainda a qualificação</p><p>completa da pessoa sujeita ao pagamento de honorários, notadamente os dados</p><p>que permitam a sua localização.</p><p>Art. 25. Sendo nomeado defensor público para atuar em carta precatória criminal, em</p><p>razão da ausência do advogado do acusado, compete ao defensor público requerer, ao</p><p>final do ato, que o próprio juízo deprecado fixe</p><p>honorários em favor da Defensoria</p><p>Pública.</p><p>Parágrafo único. Na hipótese do caput, o CEJUR deverá ser informado,</p><p>encartando-se na comunicação, sempre que possível, a cópia da ata de audiência,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>113</p><p>as referências do processo de origem (do qual se extraiu a carta precatória) e</p><p>ainda a qualificação completa da pessoa sujeita ao pagamento de honorários,</p><p>notadamente os dados que permitam a sua localização, tudo isso podendo ser</p><p>registrado por imagens fotográficas da documentação processual.</p><p>Seção XI – A execução forçada do crédito relativo a honorários</p><p>Art. 26. Na hipótese de não haver pagamento voluntário após a intimação de que trata o</p><p>caput do art. 523 do Código de Processo Civil, a memória de cálculo da execução de</p><p>honorários englobará o valor principal, acrescido de correção monetária e juros legais,</p><p>além de multa de 10% (dez por cento) e de honorários relativos ao módulo executivo na</p><p>razão igualmente de 10% (dez por cento), nos termos do § 1º do art. 523 do CPC.</p><p>Parágrafo único. Sendo os honorários da fase cognitiva estipulados em valor fixo</p><p>ou em percentual sobre o valor atualizado da causa, os juros moratórios incidem</p><p>a partir da data do trânsito em julgado da respectiva decisão, nos termos do § 16</p><p>do art. 85 do CPC c/c a parte final do § 2º do art. 85 do CPC.</p><p>Art. 27. Para a satisfação da obrigação exequenda, cumpre ao defensor público natural</p><p>requerer a implementação das medidas sub-rogatórias cabíveis, notadamente a penhora</p><p>de dinheiro por meio eletrônico (CPC, art. 854).</p><p>Art. 28. Podem ser buscados, também, os meios coercitivos cabíveis, especialmente o</p><p>protesto da decisão condenatória em honorários transitada em julgado (CPC, art. 517) e</p><p>a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes (CPC, art. 782, § 3º), a</p><p>exemplo dos cadastros do Clube dos Diretores Lojistas (SPC) e da Serasa.</p><p>Art. 29. Afigurando-se conveniente o protesto da decisão condenatória em honorários,</p><p>compete ao defensor público natural requerer eletronicamente, por meio do Portal de</p><p>Serviços do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, a emissão de certidão de</p><p>crédito, a qual, depois de validada pelo juízo competente, será encaminhada, também</p><p>eletronicamente, ao cartório extrajudicial encarregado do protesto.</p><p>§ 1º O procedimento previsto no caput aplica-se tanto aos processos eletrônicos</p><p>quanto aos processos físicos.</p><p>§ 2º O requerimento de protesto não condiciona nem prejudica a busca de outros</p><p>meios executórios hábeis à satisfação do crédito da Defensoria Pública.</p><p>Art. 30. Sem prejuízo do disposto nos arts. 27, 28 e 29, cabe ao defensor público natural</p><p>pleitear, caso necessário, a implementação de medidas executivas atípicas (art. 139, IV,</p><p>do CPC), bem como a intimação do executado ou de terceiro para, sob pena de</p><p>sancionamento por ato atentatório à dignidade da justiça, prestar informações sobre o</p><p>objeto da execução e os bens sujeitos à penhora (art. 772, III, e 774, V e parágrafo único,</p><p>do CPC).</p><p>Art. 31. Devem ser evitados atos executivos com reduzida taxa de efetividade, como</p><p>ocorre com a penhora portas adentro e a adjudicação de bens penhorados.</p><p>Art. 32. A adjudicação de bens como pagamento dos honorários devidos à Defensoria</p><p>Pública só será autorizada nas seguintes hipóteses, mediante prévia e obrigatória</p><p>concordância da Secretaria Geral da Defensoria Pública:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>114</p><p>I – os bens móveis devem ter valor de avaliação igual ou superior a 10 (dez)</p><p>salários-mínimos;</p><p>II – os bens imóveis devem estar regularizados no Registro Geral de Imóveis, ser</p><p>de propriedade exclusiva do devedor e estar livres de quaisquer ônus ou dívidas.</p><p>§ 1° A consulta à Secretaria Geral deve ser instruída com o termo de penhora, o</p><p>laudo de avaliação, informação sobre onde os bens estão acautelados e demais</p><p>informações necessárias à análise.</p><p>§ 2° Ultimada a adjudicação, compete ao defensor público natural noticiá-la, no</p><p>prazo de 05 (cinco) dias, à Secretaria Geral, que adotará as providências</p><p>necessárias à incorporação dos bens ao patrimônio da instituição.</p><p>Art. 33. Caso constate a manifesta insolvência do devedor pessoa natural, o defensor</p><p>público poderá deixar de recorrer aos meios coercitivos cabíveis, além de poder</p><p>requerer ou concordar com a suspensão da execução (art. 921, III, do CPC).</p><p>Parágrafo único. Em se tratando de devedor pessoa jurídica, após esgotados os</p><p>meios sub-rogatórios e coercitivos cabíveis, bem como inviabilizada por</p><p>qualquer motivo a desconsideração da personalidade jurídica, o defensor público</p><p>poderá requerer ou concordar com a suspensão da execução (art. 921, III, do</p><p>CPC).</p><p>Seção XII – A execução do crédito de honorários transferido por engano à parte</p><p>assistida</p><p>Art. 34. Quando for transferido à parte assistida pela Defensoria Pública, por equívoco,</p><p>o numerário relativo aos honorários, caberá ao defensor público natural requerer a</p><p>intimação judicial da parte para restituir os valores, no prazo de 15 (quinze) dias.</p><p>§ 1º Na hipótese do caput, será admitido o parcelamento do débito, nos termos</p><p>desta Resolução, comunicando-se ao CEJUR, para acompanhamento.</p><p>§ 2º Havendo resistência ou inércia da parte, apesar de regularmente intimada,</p><p>deverá ser requerida a intimação do defensor público tabelar, a fim de que, nos</p><p>próprios autos, promova em nome da Defensoria Pública as medidas constritivas</p><p>necessárias à restituição dos valores, como a penhora de dinheiro por meio</p><p>eletrônico e a inclusão do nome do devedor em cadastros de inadimplentes.</p><p>§ 3º Não sendo deferida, por qualquer razão, a cobrança nos próprios autos,</p><p>cumpre ao defensor tabelar apresentar apelação, visando afastar a ofensa aos</p><p>princípios da duração razoável do processo, da eficiência e da economia</p><p>processual.</p><p>Seção XIII – Disposições finais</p><p>Art. 35. As comunicações previstas nesta Resolução devem realizar-se por meio</p><p>eletrônico, salvo disposição expressa em contrário.</p><p>Art. 36. Revoga-se a Resolução DPGE n. 587, de 07/06/2011, além de quaisquer outras</p><p>disposições em sentido contrário.</p><p>Art. 37. Esta Resolução entrará em vigor na data da sua publicação.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>115</p><p>04.4) Questões de concursos anteriores:</p><p>3) XXVII CONCURSO (2021) - QUESTÃO 28: Arlindo recebe salário elevado, mas</p><p>está superendividado. Pela Defensoria Pública, intenta ação buscando a revisão de parte</p><p>dos seus débitos, requerendo gratuidade de justiça. Nessa demanda:</p><p>(a) à vista do salário de Arlindo e do perfil das suas despesas, o juízo poderá indeferir de</p><p>plano a gratuidade requerida, ou concedê-la apenas parcialmente, cabendo agravo de</p><p>instrumento em ambos os casos;</p><p>(b) caso a gratuidade seja concedida e Arlindo não obtenha a procedência do seu pleito</p><p>revisional, a sentença não poderá condená-lo ao pagamento de despesas processuais e</p><p>honorários da parte contrária;</p><p>(c) caso haja indeferimento liminar da gratuidade, caberá agravo de instrumento,</p><p>ficando Arlindo dispensado do recolhimento de custas pelo menos até decisão, sobre a</p><p>questão, do relator do recurso;</p><p>(d) ainda que tenha obtido a gratuidade, Arlindo poderá eventualmente ser condenado a</p><p>pagar multa à parte contrária por litigância de má-fé, mas a obrigação ficará sob</p><p>condição suspensiva de exigibilidade por cinco anos;</p><p>(e) caso haja indeferimento liminar da gratuidade, o agravo de instrumento a ser</p><p>interposto visará à concessão da gratuidade e, subsidiariamente, ao reconhecimento de</p><p>que a Defensoria pode seguir na defesa de Arlindo, mesmo que sem gratuidade.</p><p>→GABARITO: Letra “C”;</p><p>1) XXVII CONCURSO (2021) - QUESTÃO 26: Em pleito indenizatório, Joana, bem-</p><p>sucedida empresária, foi citada com hora certa, tendo sido</p><p>nomeada, para a sua defesa, a</p><p>curadoria especial, que apresentou contestação por negação geral. A sentença deu</p><p>procedência integral ao pedido, em desfavor de Joana. Quanto ao capítulo dos</p><p>honorários, é correto afirmar que:</p><p>(a) devem ser fixados honorários para a Defensoria Pública em decorrência da atuação</p><p>da curadoria especial, a serem adiantados pelo autor da demanda, seguindo-se o regime</p><p>dos honorários do perito;</p><p>(b) embora os honorários decorrentes da atuação da curadoria especial sigam o regime</p><p>dos honorários do perito, no caso concreto não deve haver fixação em favor da</p><p>Defensoria, tendo-se em vista que a contestação foi por mera negação geral;</p><p>(c) embora os honorários decorrentes da atuação da curadoria especial sigam o regime</p><p>dos honorários do perito, no caso concreto não deve haver fixação em favor da</p><p>Defensoria, tendo-se em vista a condição econômica de Joana, pessoa não necessitada;</p><p>(d) não deve haver fixação de honorários em favor da Defensoria quando a curadoria</p><p>especial oficia, tendo-se em vista que a atuação se insere no âmbito das funções</p><p>institucionais da Defensoria e os Defensores são remunerados mediante subsídio;</p><p>(e) não deve haver fixação de honorários em favor da Defensoria no caso concreto,</p><p>tendo-se em vista a sucumbência integral da pessoa cujos interesses foram defendidos</p><p>pela curadoria especial.</p><p>→GABARITO: Letra “E”;</p><p>→ATENÇÃO: As questões acima são apenas para as(os) candidatas(os) terem</p><p>noção de como pode ser feita a abordagem, com base em certames anteriores. De</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>116</p><p>todo modo, esclareço que o tema da gratuidade será aprofundado com muito mais</p><p>detalhes no capítulo VI deste material. Após estudarem o capítulo VI, as questões</p><p>acima ficarão de mais fácil compreensão.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>foi editado o</p><p>Decreto nº 2.457, de 8 de fevereiro de 1897, estruturando a Assistência Judiciária do</p><p>Distrito Federal, com o objetivo de promover o “patrocínio gratuito dos pobres” que</p><p>fossem “litigantes no cível ou no crime, como autores ou réos, ou em qualquer outra</p><p>qualidade” (art. 1º).</p><p>De acordo com a referida norma, considerava-se juridicamente pobre, para fins</p><p>de concessão do direito à assistência gratuita, toda pessoa que estivesse “impossibilitada</p><p>de pagar ou adeantar as custas e despezas do processo sem privar-se de recursos</p><p>pecuniarios indispensaveis para as necessidades ordinarias da propria manutenção ou da</p><p>familia” (art. 2º). Para a obtenção do benefício, deveria o interessado na assistência</p><p>judiciária dirigir petição ao juiz perante o qual estivesse ou devesse ser proposta a causa,</p><p>indicando sua qualificação pessoal e o objeto da ação; outrossim, deveria realizar a</p><p>afirmação solene de sua condição econômica e efetuar a juntada de provas que</p><p>atestassem sua pobreza (art. 15).</p><p>Após o recebimento da petição, o juiz submeteria o requerimento à análise da</p><p>Assistência Judiciária do Distrito Federal, que avaliaria a pobreza afirmada pelo</p><p>suplicante e emitiria parecer sobre o caso (art. 16). Em seguida, com base na análise</p><p>emitida pela Assistência Judiciária, o magistrado prolataria sua decisão, não cabendo</p><p>contra esta qualquer espécie de recurso (art. 18).</p><p>Admitida a concessão da assistência judiciária ao requerente, o serviço</p><p>abrangeria a “prestação de todos os serviços necessarios para a defesa de seus direitos</p><p>em Juizo, independentemente de sellos, taxa judiciaria, custas e despezas de qualquer</p><p>natureza, inclusive a caução judicatum solvi” (art. 4º).</p><p>Para estruturar adequadamente o serviço, a Assistência Judiciária do Distrito</p><p>Federal restou originalmente composta por uma Comissão Central e por várias</p><p>Comissões Seccionais (art. 5º), sendo cada uma delas composta por três membros,</p><p>dentre os quais um seria o presidente (art. 7º). A escolha do presidente da Comissão</p><p>Central caberia ao Ministro da Justiça e os outros dois integrantes seriam escolhidos</p><p>pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (art. 7º, § 1º). A partir de então, os membros da</p><p>Comissão Central escolheriam os integrantes das Comissões Seccionais, devendo-se</p><p>observar a renovação anual dos cargos (art. 7º, § 2º).</p><p>Como se pode notar, o Decreto nº 2.457, de 1897, criou o primeiro modelo</p><p>legalmente organizado de prestação de assistência judiciária aos menos afortunados,</p><p>sendo os atendimentos realizados por advogados periodicamente indicados para integrar</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>13</p><p>as comissões seccionais (art. 11). Em relação à gratuidade de justiça, o Decreto nº</p><p>2.457/1897 delineou os primeiros contornos normativos do instituto, definindo quem</p><p>seriam seus beneficiários, a forma de postulação e as isenções abrangidas pelo benefício.</p><p>Por volta de 1910, diante do sucesso alcançado pelo modelo implementado no</p><p>Distrito Federal, esse serviço de assistência judiciária passou a ser oferecido perante a</p><p>Justiça Federal. Outrossim, a exemplo do que se passou a praticar na capital do país,</p><p>diversos estados da federação iniciaram a implementação e regulamentação da</p><p>assistência judiciária no âmbito estadual, como o Rio Grande do Sul (em 1895), Bahia</p><p>(1915), São Paulo (em 1920), Pernambuco (em 1923) e Minas Gerais (em 1925).</p><p>Em 30 de outubro de 1920, foi publicado o Decreto nº 14.450, que regulamentou</p><p>a organização judiciária e o processo militar em todo o país, instituindo a assistência</p><p>judiciária gratuita militar, com atribuição exclusivamente no plano federal. Para cada</p><p>circunscrição jurisdicional deveria haver a nomeação de um advogado incumbido de</p><p>assistir à camada mais baixa da hierarquia militar (denominados “praças de pret”) nos</p><p>processos penais militares (art. 183), sendo formalizada a previsão de “gratificação”</p><p>mensal fixa pelo desempenho das funções jurídico-assistenciais (art. 183, parágrafo</p><p>único). Desse modo, ocorre o surgimento embrionário do salaried staff model no âmbito</p><p>federal.</p><p>No dia 16 de julho de 1934, foi promulgada a Constituição Federal de 1934</p><p>prevendo, em seu art. 113, nº 32, que a União e os Estados deveriam conceder “aos</p><p>necessitados assistência judiciária, criando, para esse efeito, órgãos especiais</p><p>assegurando, a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos”. Percebe-se, portanto,</p><p>que a Carta Política havia elevado o direito à assistência judiciária à estatura de norma</p><p>constitucional, prevendo ainda a criação de órgãos especiais destinados ao atendimento</p><p>das pessoas necessitadas. Com isso, demonstrou o constituinte o propósito de adotar o</p><p>salaried staff model, para que a assistência judiciária fosse prestada de modo</p><p>especializado, por órgãos estatais devidamente criados para esse fim. Paralelamente a</p><p>isso, garantiu-se também a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos, positivando</p><p>em nível constitucional o direito à gratuidade de justiça.</p><p>Conforme destaca o ilustre professor JOSÉ CARLOS BARBOSA MOREIRA, a</p><p>Carta Política de 1934 cuidou de duas dimensões distintas e complementares: a justiça</p><p>gratuita e a assistência judiciária. Primeiramente, previu a dispensa do pagamento das</p><p>custas judiciárias, estatuindo a “isenção de emolumentos, custas, taxas e selos”;</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>14</p><p>adicionado a isso, previu a prestação gratuita dos serviços judiciários, impondo à União</p><p>e aos Estados a criação de “órgãos especiais” para assistir aos necessitados.</p><p>Dando aplicabilidade ao referido dispositivo constitucional, o Estado de São</p><p>Paulo criou o “Consultório Jurídico do Serviço Social” (em 1935), sendo seguido pelo</p><p>Ceará, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Naquele momento histórico, entretanto, tudo</p><p>não passou de um projeto, que logo acabou sendo consumido pela instabilidade</p><p>institucional do país.</p><p>Em flagrante retrocesso, a Constituição Federal de 1937 não previu qualquer</p><p>direito no que tange a assistência judiciária, voltando a matéria a ser regulada</p><p>unicamente pela legislação infraconstitucional. Como observa o colega RODRIGO</p><p>AZAMBUJA MARTINS, por ter nítida inspiração fascista, sendo apelidada de polaca</p><p>em razão de sua proximidade com a Constituição polonesa imposta pelo Marechal Josef</p><p>Pilsudski, não foi nenhuma surpresa ter a Constituição de 1937 deixado de consagrar o</p><p>direito do necessitado à assistência judiciária. Afinal, “não era de se esperar de uma</p><p>carta constitucional feita sob medida para servir a ditadura uma enunciação pródiga de</p><p>direitos e garantias fundamentais”.</p><p>Dois anos mais tarde, com a edição do Código de Processo Civil de 1939</p><p>(Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939), o legislador regulamentou em</p><p>âmbito nacional as normas relativas ao benefício da justiça gratuita (Livro I, Título VII,</p><p>Capítulo II), ampliando e difundindo para todo o país regras até então previstas</p><p>unicamente em ordenamentos estaduais. Claramente inspirado no Decreto nº</p><p>2.457/1987, estabelecia o art. 68 do CPC/1939 que: “a parte que não estiver em</p><p>condições de pagar as custas do processo, sem prejuizo do sustento próprio ou da</p><p>família, gozará do benefício de gratuidade”.</p><p>Para que fizesse jus ao benefício, a parte interessada deveria mencionar em</p><p>petição dirigida ao juiz da causa seus rendimentos ou vencimentos, bem como seus</p><p>encargos pessoais e de família (art. 72), sendo punido na forma da lei penal aquele que</p><p>prestasse declarações falsas (art. 72, parágrafo único). O pedido deveria ainda ser</p><p>instruído “com o atestado de pobreza expedido, independentemente de selos ou</p><p>emolumentos, pelo serviço de assistência social” ou “pela autoridade policial do distrito</p><p>ou circunscrição” em que residisse o solicitante (art. 74).</p><p>Após analisar o requerimento, o juiz prolataria decisão julgando de plano o</p><p>pedido de gratuidade</p><p>(art. 75), sendo-lhe facultada a realização de instrução sumária</p><p>para melhor apreciação da matéria (art. 75 in fine c/c art. 685).</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>15</p><p>Uma vez concedida a gratuidade, esta abrangeria todas as instâncias,</p><p>estendendo-se desde o ajuizamento da ação até o encerramento das providências</p><p>executivas (art. 71). Entretanto, caso fosse constatada de maneira superveniente a</p><p>inexistência ou o desaparecimento de qualquer dos requisitos necessários à concessão</p><p>da gratuidade, poderia o benefício ser revogado pelo julgador, nos termos do art. 77 do</p><p>CPC/1939.</p><p>Como não havia ainda um serviço de assistência judiciária organizado em</p><p>âmbito nacional, o parágrafo único do art. 68 estabelecia que o advogado responsável</p><p>pelo atendimento do litigante pobre seria escolhido pela própria parte beneficiária da</p><p>justiça gratuita, ou nomeado pelo juiz da causa, em não havendo a indicação do</p><p>interessando. Portanto, a assistência judiciária gratuita continuava sendo prestada de</p><p>forma caritativa por advogados, atuando em regime pro bono.</p><p>Apesar dos avanços trazidos pelo CPC/1939, em especial no que tange a</p><p>regulamentação da justiça gratuita em âmbito nacional, percebe-se que o Estado, sob a</p><p>égide da Constituição de 1937, não assumiu qualquer comprometimento com a criação</p><p>de um serviço de assistência judiciária integral, gratuito e público.</p><p>Aliás, repetindo a omissão legislativa do CPC/1939, limitou-se o Código de</p><p>Processo Penal de 1941 (Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941) a prever que,</p><p>caso fosse constatada a pobreza do acusado ou querelante, seria pelo magistrado</p><p>indicado profissional liberal para a atuação pro bono na causa penal (arts. 32 e 263 do</p><p>CPP).</p><p>A inércia estatal apenas foi parcialmente solucionada com a promulgação da</p><p>Carta Magna de 1946, que devolveu à assistência judiciária sua anterior estatura</p><p>constitucional (art. 141, § 35). No entanto, em claro recuo em relação ao ordenamento</p><p>constitucional de 1934, deixou a Carta Política de 1946 de indicar a forma de</p><p>viabilização desse direito, não sendo previsto qual órgão estatal efetivaria a assistência</p><p>aos menos afortunados.</p><p>Essa omissão dificultou o crescimento organizado e uniforme de órgãos</p><p>governamentais voltados para o atendimento jurídico dos necessitados, provocando a</p><p>heterogeneidade dos modelos de assistência judiciária implementados pelo país. Em</p><p>face do lacônico texto constitucional, vários estados da federação preocuparam-se em</p><p>criar órgãos estatais específicos de auxílio legal aos pobres (como no estado de Minas</p><p>Gerais, no antigo estado do Rio de Janeiro e no estado de e no estado de Pernambuco),</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>16</p><p>enquanto outros continuaram a credenciar advogados para a prestação gratuita da</p><p>assistência judiciária.</p><p>Dando continuidade à caminhada evolucionista do acesso à justiça, em 5 de</p><p>fevereiro de 1950 foi editada a Lei nº 1.060, regulamentando o direito à gratuidade de</p><p>justiça e à assistência jurídica gratuita.</p><p>Encampando boa parte das normas previstas pelo CPC/1939, que teve seus</p><p>artigos 68 a 79 revogados por este novo diploma legal, passou a Lei nº 1.060/1950 a</p><p>estabelecer que faria jus à gratuidade de justiça e à assistência judiciária gratuita “todo</p><p>aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os</p><p>honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família” (art. 2º,</p><p>parágrafo único).</p><p>Para que obtivesse a gratuidade, deveria a parte interessada requerer sua</p><p>concessão ao juiz competente, “mencionando, na petição, o rendimento ou vencimento</p><p>que percebe e os encargos próprios e os da família” (art. 4º). Outrossim, deveria o</p><p>requerimento vir acompanhado de atestado de pobreza emitido pela autoridade policial</p><p>ou pelo prefeito municipal (art. 4º, § 1º).</p><p>Se não houvesse fundadas razões para indeferir o pedido, o juiz deveria deferi-lo</p><p>de plano, determinando que o serviço de assistência judiciária, organizado e mantido</p><p>pelo Estado, indicasse o advogado que patrocinaria a causa (art. 5º, § 1º). Caso ainda</p><p>não existisse o serviço de assistência na unidade federativa, caberia a indicação à Ordem</p><p>dos Advogados, por suas Seções Estaduais, ou Subseções Municipais (art. 5º, § 2º). Por</p><p>fim, nos municípios onde não houvesse subseções da OAB, o próprio juiz faria a</p><p>nomeação do advogado para o patrocínio da causa (art. 5º, § 3º), sendo este obrigado a</p><p>atuar no feito, salvo justo motivo, sob pena de multa de Cr$200,00 a Cr$1.000,00 (art.</p><p>14, caput).</p><p>Como podemos perceber, a Lei nº 1.060/1950 acabou contemplando um sistema</p><p>misto de assistência judiciária. De forma prioritária, caberia ao Poder Público organizar</p><p>e manter o serviço jurídico-assistencial, que deveria ser prestado pelo regime de salaried</p><p>staff (arts. 1º). Subsidiariamente, não sendo estruturado o serviço estatal, caberia aos</p><p>próprios advogados prestar a assistência judicial aos necessitados, em caráter pro bono</p><p>(art. 5º, §§ 2º e 3º)39.</p><p>Posteriormente, consolidando a garantia de um mínimo amparo legal aos</p><p>necessitados, o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 4.215, de 27 de</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>17</p><p>abril de 1963) instituiu como dever profissional dos advogados a prestação da</p><p>assistência judiciária aos necessitados.</p><p>Amenizando as consequências desse dever funcional e, ao mesmo tempo,</p><p>valorizando o trabalho desempenhado por estes profissionais liberais, o Estado de São</p><p>Paulo editou a Lei nº 7.469, de 26 de novembro de 1962, estabelecendo que os</p><p>advogados dativos seriam compensados pelos cofres públicos em virtude de suas</p><p>atuações em benefício dos litigantes pobres.</p><p>Com o advento da Constituição Federal de 1967, a assistência judiciária “passou</p><p>a ser entendida como órgão de estado incumbido da postulação e da defesa em todas as</p><p>instâncias, dos direitos dos juridicamente necessitados”. No entanto, do mesmo modo</p><p>que a Constituição anterior, a Carta Política de 1967 previu a assistência judiciária como</p><p>norma não autoaplicável, dependendo sua regulamentação da edição de lei</p><p>infraconstitucional (art. 150, § 32, da CF/1967).</p><p>Em 1969, foi editada a Emenda nº 1 à Constituição de 1967, adaptando a Carta</p><p>Política ao regime autoritário implantado pela Junta Militar e dando fisionomia jurídica</p><p>ao regime de poder de fato. Entretanto, no que tange a assistência judiciária a previsão</p><p>constitucional constante da Magna Carta de 1967 restou integralmente mantida, sem</p><p>sofrer qualquer alteração redacional (art. 153, § 1º).</p><p>No final dos anos 1960 e ao longo das décadas de 1970 e 1980, o serviço estatal</p><p>de Assistência Judiciária restou implementado em diversos estados da federação,</p><p>consolidando o entendimento de que o acesso das camadas mais pobres à justiça deveria</p><p>ser franqueado por órgãos governamentais permanentes e organizados em carreira,</p><p>evitando-se o inconveniente e dificultoso sistema de nomeação de advogados pro bono.</p><p>Como exemplo, podemos mencionar os estados do Acre, Amazonas, Bahia, Espírito</p><p>Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.</p><p>Outro salto evolucional significativo no desenvolvimento da gratuidade de</p><p>justiça e no fortalecimento da assistência judiciária foi dado em 1986 e 1989, quando</p><p>foram realizadas importantes mudanças na Lei nº 1.060/1950. Inicialmente, com a</p><p>edição da Lei nº 7.510/1986, restou instituído o sistema da presunção de</p><p>hipossuficiência econômica, estabelecendo-se que a parte faria jus a gratuidade de</p><p>justiça mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não possuiria</p><p>condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo</p><p>próprio ou de sua família (art. 4º da Lei nº 1.060/1950). Desse modo, passou-se a</p><p>dispensar a apresentação de atestado de pobreza e a</p><p>descrição pormenorizada dos</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>18</p><p>rendimentos e encargos do requerente, sendo considerado presumidamente pobre aquele</p><p>que afirmasse esta condição na petição inicial (art. 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/1950).</p><p>Em um segundo momento, foi editada a Lei nº 7.871/1989, que acrescentou o §</p><p>5º ao art. 5º da Lei nº 1.060/1950 e previu a intimação pessoal do Defensor Público para</p><p>todos os atos processuais, bem como a contagem em dobro de todos os prazos.</p><p>A partir da segunda metade da década de 1980, iniciou-se o processo de</p><p>redemocratização do país, instaurando-se os trabalhos da Constituinte de 1987/1988.</p><p>Nesse momento, revelou-se extremamente importante a participação de diversos</p><p>integrantes da assistência judiciária do país, que depositaram seus esforços para que a</p><p>Defensoria Pública fosse reconhecida, pela nova Constituição, como instrumento de</p><p>acesso das camadas mais pobres à justiça.</p><p>Naquele momento histórico, o modelo de assistência jurídica brasileiro já havia</p><p>experimentado quatro variações distintas de salaried staff: (i) prestado pela Procuradoria</p><p>dos Estados-membros (ex.: Procuradoria de Assistência Judiciária de São Paulo); (ii)</p><p>desenvolvido no âmbito das Secretarias de Justiça, por órgãos especialmente voltados</p><p>para a assistência jurídica dos pobres, compostos por servidores com inscrição na OAB,</p><p>por advogados concursados ou, ainda, por advogados contratados com vencimentos</p><p>fixos (ex.: Coordenadoria de Assistência Judiciária do Estado do Ceará); (iii) prestado</p><p>por ocupantes dos cargos iniciais da carreira do Ministério Público (ex.: Ministério</p><p>Público do antigo Distrito Federal, cujos membros da categoria inicial eram</p><p>denominados Defensores Públicos); e (iv) estruturado como organismo governamental</p><p>dotado de autonomia política e desvinculado das demais carreiras jurídicas (ex.:</p><p>Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro). Nas localidades onde o serviço estatal</p><p>de assistência judiciária não havia sido estruturado, subsistia ainda o sistema pro bono.</p><p>Ao ser promulgada, em 5 de outubro de 1988, a Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil trouxe a assistência jurídica integral e gratuita como direito</p><p>fundamental (art. 5º, LXXIV) e autoaplicável (art. 5º, § 1º). Deve-se observar que a</p><p>nova Constituição, ao utilizar-se do vocábulo “assistência jurídica” em substituição à</p><p>expressão “assistência judiciária”, acabou aumentando significativamente a amplitude</p><p>do serviço assistencial fornecido à população carente, abrangendo dentre os direitos</p><p>fundamentais não apenas a assistência legal para a propositura, defesa e</p><p>acompanhamento das ações judiciais, mas também a orientação jurídica extrajudicial</p><p>(como, por exemplo, a elaboração de contratos, a pactuação de acordos e o</p><p>aconselhamento jurídico preventivo).</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>19</p><p>Além disso, o Poder Constituinte de 1988 previu, de maneira expressa, qual seria</p><p>a entidade governamental responsável pela orientação jurídica e a defesa dos</p><p>necessitados, adotando o salaried staff model e prevendo a Defensoria Pública como</p><p>“instituição essencial à função jurisdicional do Estado” (art. 134, caput). Dessa forma,</p><p>dentre as diversas variações de salaried staff existentes no país, acabou sendo adotado</p><p>pela Constituição Federal o modelo que já estava sendo razoavelmente desenvolvido no</p><p>Estado do Rio de Janeiro.</p><p>Posteriormente, com a edição da Lei Complementar nº 80/1994, a Defensoria</p><p>Pública restou regulamentada a nível nacional, sendo prevista sua forma de organização</p><p>interna, suas funções, seus princípios institucionais e os direitos, garantias, prerrogativas,</p><p>proibições e impedimentos de seus membros.</p><p>Nos últimos anos, a base normativa da Defensoria Pública foi objeto de</p><p>sucessivas inovações legislativas, concretizadas pelas Emendas Constitucionais</p><p>nos45/2004, 69/2012, 74/2013 e 80/2014, bem como por diversas leis</p><p>infraconstitucionais (Lei nº 11.448/2007, Lei Complementar nº 132/2009, Lei nº</p><p>13.105/2015 ‒ Novo Código de Processo Civil etc.). Tudo isso demonstra que a</p><p>Defensoria Pública, ao longo da história, tem se fortalecido como Instituição essencial</p><p>para a materialização do acesso à justiça, fornecendo aos menos favorecidos os recursos</p><p>necessários para superarem os obstáculos que os impedem de alcançar a plenitude de</p><p>seus direitos.</p><p>01.3) Do desenvolvimento da Defensoria Pública no Estado do Rio de</p><p>Janeiro:</p><p>Durante o Segundo Reinado, por intermédio do Acto Adicional de 1834, a</p><p>cidade do Rio de Janeiro foi transformada no Município Neutro da Corte e capital do</p><p>Império do Brasil, passando Niterói a ser a capital da então província do Rio de Janeiro.</p><p>Posteriormente, com o fim do Império (em 1889), a cidade do Rio de Janeiro</p><p>transformou-se na capital da República dos Estados Unidos do Brasil, transmudando-se</p><p>o Município Neutro em Distrito Federal e a província do Rio de Janeiro em estado.</p><p>Apenas em 21 de abril de 1960, durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi</p><p>a capital federal transferida para Brasília, no planalto central do país (art. 4º das</p><p>disposições transitórias da Constituição de 1946). A partir de então, a cidade do Rio de</p><p>Janeiro tornou-se o Estado da Guanabara (Lei nº 3.752, de 14 de abril de 1960),</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>20</p><p>possuindo a referida cidade-estado existência federativa distinta do restante do Estado</p><p>do Rio de Janeiro.</p><p>A fusão dos dois entes federativos somente ocorreu em 15 de março de 1975, por</p><p>intermédio da Lei Complementar nº 20/1974, editada durante a presidência do general</p><p>Ernesto Geisel. Por força da referida norma, o antigo Estado do Rio de Janeiro uniu-se</p><p>ao Estado da Guanabara, passando os dois entes federativos a constituírem um estado</p><p>unitário.</p><p>Desde então, conserva o novo Estado do Rio de Janeiro a situação territorial que</p><p>possuía antes da criação do Município Neutro da Corte Imperial, assumindo a cidade do</p><p>Rio de Janeiro o papel de capital estadual.</p><p>Como não poderia ser diferente, as circunstâncias históricas que marcaram o</p><p>desenvolvimento deste estado acabaram por influenciar diretamente o processo original</p><p>de criação e evolução da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Em virtude da divisão</p><p>administrativa originalmente imposta pelo Império e posteriormente mantida pela</p><p>República, a Defensoria restou inicialmente cindida em dois modelos distintos, que</p><p>tiveram evolução legislativa paralela e apenas foram unificados em 1975: o primeiro</p><p>criado pelo antigo Estado do Rio de Janeiro, e o segundo desenvolvido pelo Distrito</p><p>Federal (e posteriormente mantido pelo Estado da Guanabara).</p><p>Desse modo, para que seja feita uma análise histórica clara do desenvolvimento</p><p>da Defensoria Pública no Rio de Janeiro, torna-se imprescindível realizar um estudo</p><p>distinto destes dois sistemas paralelamente desenvolvidos.</p><p>01.3.1) Do modelo de Defensoria Pública implementado pelo Distrito</p><p>Federal e posteriormente mantido pelo Estado da Guanabara</p><p>A origem da assistência judiciária na capital do país data de 8 de fevereiro de</p><p>1897, dia em que foi editado o Decreto nº 2.457, criando a Assistência Judiciária do</p><p>Distrito Federal. De acordo com o referido decreto, a assistência legal aos menos</p><p>afortunados seria prestada por uma Comissão Central e por várias Comissões Seccionais,</p><p>compostas por advogados nomeados anualmente para os cargos. Deve-se observar,</p><p>portanto, que a atuação dos integrantes da assistência judiciária da capital se dava de</p><p>maneira meramente episódica, não havendo ainda a estruturação de um órgão</p><p>governamental permanente e organizado em carreira, com profissionais próprios e</p><p>especializados.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>21</p><p>Em 9 de janeiro de 1948, foi editada a Lei</p><p>nº 216 dispondo sobre a “Composição</p><p>do Ministério Público do Distrito Federal”, no atual município do Rio de Janeiro. Dando</p><p>efetividade à Constituição de 1946, que já previa a assistência judiciária gratuita aos</p><p>carentes (art. 141, § 35, da CF/1946), estabelecia o art. 1º da Lei nº 216/1948 que</p><p>caberia à carreira inicial do Ministério Público a realização do atendimento judiciário</p><p>dos juridicamente necessitados.</p><p>Posteriormente, em 20 de julho de 1958, durante o governo do Presidente</p><p>Juscelino Kubitscheck, restou disciplinado o “Código do Ministério Público do Distrito</p><p>Federal” (Lei nº 3.434/1958). De acordo com o mencionado diploma legal, o serviço de</p><p>assistência judiciária no Distrito Federal e nos Territórios deveria ser prestado pelo</p><p>Ministério Público, que detinha incumbência de promover a “defesa dos interesses das</p><p>pessoas definidas como pobres” (art. 3º, II).</p><p>Nessa época, a carreira do Ministério Público era formada pelos cargos de</p><p>Defensor Público, Promotor Substituto, Promotor Público, Curador e Procurador de</p><p>Justiça (art. 44). O ingresso na carreira se dava por intermédio de concurso público de</p><p>provas e títulos, sendo o candidato nomeado inicialmente para o cargo de Defensor</p><p>Público (art. 45). Posteriormente, por força da antiguidade e do merecimento, os</p><p>integrantes da carreira eram gradualmente promovidos, podendo chegar ao cargo de</p><p>Procurador de Justiça (art. 51).</p><p>Nota-se, assim, que a assistência judiciária seria prestada por ocupantes dos</p><p>cargos iniciais da carreira do Ministério Público do Distrito Federal, que possuíam na</p><p>época a denominação de Defensores Públicos. Outrossim, a atuação dos Defensores se</p><p>encontrava adstrita à atividade jurisdicional, competindo-lhes basicamente promover a</p><p>defesa dos réus nas ações penais e a proteção dos interesses dos menores e dos</p><p>juridicamente pobres no juízo cível (arts. 40 a 43 da Lei nº 3.434/1958).</p><p>Com a mudança do Distrito Federal para Brasília, este modelo de assistência foi</p><p>mantido pelo recém-criado Estado da Guanabara, perdurando até a extinção dessa</p><p>unidade federativa com a criação do novo Estado do Rio de Janeiro, em 1975.</p><p>01.3.2) Do modelo de Assistência Judiciária criado pelo antigo Estado do</p><p>Rio de Janeiro</p><p>Paralelamente ao modelo de Defensoria Pública implementado no Distrito</p><p>Federal e mantido, posteriormente, pelo Estado da Guanabara, foi pelo antigo Estado do</p><p>Rio de Janeiro desenvolvido modelo legislativo autônomo de Assistência Judiciária.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>22</p><p>Primeiramente, por intermédio da Lei Estadual nº 2.188 de 21 de julho de 1954,</p><p>foram criados seis cargos isolados de Defensores Públicos, inseridos na estrutura</p><p>administrativa da Procuradoria--Geral da Justiça. Conforme salienta o professor JORGE</p><p>LUÍS ROCHA, tratavam-se de cargos de provimento efetivo, sendo seus ocupantes</p><p>nomeados por mera indicação do Poder Executivo.</p><p>Posteriormente, em 8 de dezembro de 1962, restou editada a Lei nº 5.111 (“Lei</p><p>Orgânica do Ministério Público e da Assistência Judiciária”), atribuindo aos integrantes</p><p>do Ministério Público o patrocínio gratuito, nos feitos cíveis e criminais, dos</p><p>juridicamente necessitados. Por intermédio da referida norma, foi criado, no antigo</p><p>Estado do Rio de Janeiro, o “Quadro do Ministério Público” que, à época, era</p><p>constituído de duas letras: “A” e “B”. A letra “A” correspondia ao Ministério Público,</p><p>em sentido estrito; a letra “B” correspondia à Assistência Judiciária.</p><p>Como se observa, portanto, assim como no Distrito Federal (e posteriormente no</p><p>Estado da Guanabara), também no antigo Estado do Rio de Janeiro a Defensoria Pública</p><p>se manteve originalmente inserida dentro da carreira do Ministério Público, sendo a</p><p>assistência aos necessitados prestada por integrantes do parquet.</p><p>Após a promulgação da Constituição Estadual de 1967, foi editado o Decreto-</p><p>Lei nº 286, de 23 de maio de 1970, estruturando e organizando a Assistência Judiciária</p><p>no antigo Estado do Rio de Janeiro. Segundo leciona JOSÉ FONTENELLE TEIXEIRA</p><p>DA SILVA, após o advento da mencionada lei, a Assistência Judiciária passou a</p><p>caracterizar-se como “Órgão do Estado, destinado, nos termos do parágrafo 32, do</p><p>artigo 153 da Constituição Federal, e artigo 199 da Constituição Estadual, a prestar</p><p>patrocínio jurídico aos necessitados, sob o comando do Procurador-Geral da Justiça,</p><p>chefe, igualmente, do Ministério Público”.</p><p>Originalmente a carreira era composta por 51 (cinquenta e um) cargos de</p><p>Defensores Públicos de 3ª entrância, 18 (dezoito) cargos de Defensores Públicos de 2ª</p><p>entrância e 16 (dezesseis) cargos de Defensores Públicos de 1ª entrância, com função de</p><p>substituição (art. 4º, II, do DL nº 286/1970), além dos Defensores Públicos com função</p><p>de Assessores, que atuavam junto à Procuradoria-Geral de Justiça (art. 4º, I, do referido</p><p>Diploma Legal). Os Defensores Públicos ocupantes dos cargos isolados anteriormente</p><p>criados por lei passaram a integrar a carreira como ocupantes dos cargos de 3ª entrância.</p><p>Desse modo, a defesa dos juridicamente necessitados deixou de ser atribuição do</p><p>Ministério Público e passou a ser incumbência dos integrantes da Assistência Judiciária,</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>23</p><p>órgão com existência distinta à do MP, mas igualmente subordinado ao Procurador-</p><p>Geral da Justiça.</p><p>O sistema de organização da Assistência Judiciária restou aprimorado com a</p><p>edição da Lei nº 6.958/1972, que criou a “Corregedoria da Assistência Judiciária”, nos</p><p>mesmos moldes da criada para o Ministério Público, como órgão orientador e</p><p>disciplinador dos aspectos técnicos e administrativos das funções exercidas pelos</p><p>Defensores Públicos.</p><p>Este modelo jurídico-assistencial vigorou até a fusão dos estados da Guanabara e</p><p>do Rio de Janeiro, em 1975, ocasião em que se mostrou necessária nova regulamentação</p><p>normativa com o objetivo de unificar os dois modelos de Defensoria vigentes nestes</p><p>entes federados.</p><p>01.3.3) Da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e da</p><p>unificação do modelo de Defensoria Pública a partir de 1975</p><p>Com a unificação dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 15 de</p><p>março de 1975 (Lei Complementar nº 20/1974), os dois modelos autônomos de</p><p>assistência aos juridicamente necessitados precisavam de urgente e impostergável</p><p>homogeneização.</p><p>Tendo a cidade do Rio de Janeiro sido novamente incorporada ao restante do</p><p>estado, não se poderia admitir a existência de duas espécies distintas de Defensores</p><p>Públicos na mesma unidade federativa: a primeira compondo carreira autônoma junto à</p><p>Assistência Judiciária (modelo implementado pelo antigo Estado do Rio de Janeiro, pelo</p><p>Decreto-Lei nº 286/1970) e a segunda integrando os quadros do Ministério Público</p><p>(modelo vigente no Estado da Guanabara, por força da Lei nº 3.434/1958).</p><p>Essa dicotomia impedia a interligação do sistema vigente na capital com aquele</p><p>implementado no restante do estado, além de tornar confusa a própria estrutura interna</p><p>do Ministério Público.</p><p>Com o objetivo de solucionar este impasse, em 15 de março de 1975, foi editado</p><p>o Decreto-Lei nº 11, organizando o Ministério Público e a Assistência Judiciária no</p><p>novo Estado do Rio de Janeiro.</p><p>Por intermédio desta norma, fez o legislador estadual expressa opção pelo</p><p>modelo de assistência judiciária adotado pelo antigo Estado do Rio de Janeiro,</p><p>“mantendo as instituições do Ministério Público e da Assistência Judiciária, organizadas</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>24</p><p>independentemente, sob a chefia única do Procurador--Geral da Justiça, deixando-se de</p><p>lado o inadequado sistema de assistência vigente no antigo Estado da Guanabara”.</p><p>Embora estivessem igualmente submetidos à Procuradoria-Geral de Justiça,</p><p>possuíam o Ministério Público e a Assistência Judiciária existência</p><p>autônoma, sendo sua</p><p>estrutura interna regulamentada de forma independente (art. 3º do DL nº 11/1975).</p><p>O Ministério Público deixou definitivamente de possuir a incumbência de</p><p>defender os juridicamente pobres, sendo retirado de seu quadro funcional o cargo de</p><p>Defensor Público.</p><p>A Assistência Judiciária, por sua vez, passou a ser composta por um quadro</p><p>funcional denominado “Quadro da Assistência Judiciária” (art. 50 do DL nº 11/1975),</p><p>preenchido por Defensores Públicos integrantes da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª categorias. Outrossim,</p><p>todas as funções institucionais atribuídas aos Defensores pela Lei nº 3.434/1958 e pelo</p><p>Decreto-Lei nº 286/1970 foram incorporadas pelo Decreto-Lei nº 11/1975, unificando o</p><p>trabalho desenvolvido no Estado da Guanabara e no antigo Estado do Rio de Janeiro (art.</p><p>51 do DL nº 11/1975).</p><p>Além disso, os membros do Ministério Público, da Assistência Judiciária e da</p><p>Procuradoria--Geral da Justiça do antigo Estado do Rio de Janeiro, bem como os</p><p>membros do Ministério Público e da Procuradoria-Geral da Justiça do extinto Estado da</p><p>Guanabara foram transferidos para o novo estado unificado, com os respectivos cargos e</p><p>funções (art. 76 do DL nº 11/1975). Do mesmo modo, foram transferidos à</p><p>Procuradoria-Geral da Justiça do novo Estado do Rio de Janeiro todos os bens e</p><p>servidores destinados ao Ministério Público, à Assistência Judiciária e às Procuradorias-</p><p>Gerais da Justiça dos antigos estados, agora unificados (art. 79 do DL nº 11/1975).</p><p>Com isso, formou-se um sistema único de assistência aos juridicamente</p><p>necessitados, homogeneizando os antagônicos sistemas paralelamente vigentes.</p><p>Posteriormente, em 23 de julho de 1975, com a promulgação da nova</p><p>Constituição Estadual do Rio de Janeiro, foi criado capítulo próprio para a Assistência</p><p>Judiciária, atribuindo à Instituição a “postulação e defesa, em todas as instâncias, dos</p><p>direitos dos juridicamente necessitados”. Conforme leciona IDEEL COELHO DA</p><p>SILVA, “a colocação da Assistência Judiciária a nível constitucional deveu--se à</p><p>Emenda de autoria do então Deputado Alberto Francisco Torres, um batalhador</p><p>incansável em favor da Instituição. Visava-se, então, que a Assistência Judiciária</p><p>alcançasse segurança constitucional, segundo o modelo orgânico e disciplinar conferido</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>25</p><p>ao Ministério Público, único tratamento capaz de lhe garantir a necessária</p><p>independência funcional”.</p><p>Dois anos depois, restou editada a Lei Complementar nº 06/1977, dispondo</p><p>sobre a organização da Assistência Judiciária e estabelecendo o regime jurídico de seus</p><p>membros. Por intermédio dessa lei, restaram regulamentadas as atribuições, as garantias,</p><p>as prerrogativas, os direitos, os deveres, as proibições e os impedimentos dos</p><p>integrantes da Assistência Judiciária. Outrossim, foram traçadas as regras de</p><p>composição e estruturação da carreira, bem como estabelecidas as funções a serem</p><p>desempenhadas por cada um dos órgãos da Instituição.</p><p>De acordo com HUMBERTO PEÑA DE MORAES e JOSÉ FONTENELLE</p><p>TEIXEIRA DA SILVA, “essa lei consolidou os princípios mais modernos e eficientes de</p><p>estruturação de organismo público, destinado à prestação de assistência judiciária”.</p><p>Em 24 de junho de 1981, foi editada a Emenda Constitucional nº 16, alterando o</p><p>art. 82, parágrafo único da Constituição Estadual e colocando a Assistência Judiciária</p><p>sob a chefia do Secretário de Estado de Justiça. Desse modo, deixou a Instituição de</p><p>subordinar-se à Procuradoria-Geral de Justiça, passando para a estrutura administrativa</p><p>da Secretaria de Estado de Justiça, sob a chefia do respectivo secretário de Estado.</p><p>Ainda em 1981, com o advento da Lei Complementar nº 18, publicada no DO de</p><p>29.06.1981, foi criada a Coordenadoria da Assistência Judiciária, bem como</p><p>readequados alguns dispositivos da LC nº 06/1977 às modificações trazidas pela EC nº</p><p>16.</p><p>No ano seguinte, com a edição da Lei Estadual nº 635, de 20 de dezembro de</p><p>1982, nova conquista foi alcançada pela categoria, sendo instituído o “Dia do Defensor”,</p><p>comemorado oficialmente no dia 19 de maio.</p><p>Com o advento da Lei Estadual nº 1.146, de 26 de fevereiro de 1987, foi fundado</p><p>o Centro de Estudos Jurídicos da Assistência Judiciária do Estado do Rio de Janeiro,</p><p>com o objetivo realizar estudos de temas jurídicos de interesse da Instituição, promover</p><p>cursos, seminários, palestras e, de um modo geral, promover o aprimoramento</p><p>intelectual dos membros da carreira.</p><p>Posteriormente, em 21 de julho de 1987, foi editada a Emenda Constitucional nº</p><p>37, desagregando a Assistência Judiciária da Secretaria de Estado de Justiça e criando a</p><p>Procuradoria-Geral da Defensoria Pública. Com a modificação da Constituição Estadual,</p><p>garantiu-se autonomia política à Instituição, passando o chefe institucional a denominar-</p><p>se “Procurador-Geral da Defensoria Pública”.</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>26</p><p>Além disso, com a reforma trazida pela EC nº 37, operou-se a modificação da</p><p>denominação atribuída à Instituição, passando a Assistência Judiciária a ser chamada de</p><p>Defensoria Pública. Conforme destaca o professor PAULO GALLIEZ, com o</p><p>brilhantismo que lhe é peculiar, “a substituição da expressão ‘Assistência Judiciária’ foi</p><p>de suma importância para o crescimento institucional da Defensoria Pública, posto que</p><p>essa não é a única modalidade de assistência que presta”.</p><p>Com o objetivo de adequar a LC nº 06/1977, aos novos dispositivos constantes</p><p>da Constituição Estadual, foi editada a Lei Complementar nº 55/1989, substituindo-se as</p><p>expressões “Assistência Judiciária” por “Defensoria Pública” e “Chefe da Assistência</p><p>Judiciária” por “Procurador-Geral da Defensoria Pública”.</p><p>Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o modelo de Defensoria</p><p>Pública vigente no Rio de Janeiro encontrou enquadramento simétrico na nova ordem</p><p>constitucional, tendo em vista que a Instituição já se encontrava estruturada neste estado</p><p>como organismo governamental dotado de autonomia política e desvinculado das</p><p>demais carreiras jurídicas.</p><p>Após a edição da LC nº 80/1994, a denominação jurídica do Chefe da</p><p>Defensoria Pública restou modificada, deixando de ser chamado de Procurador-Geral da</p><p>Defensoria Pública, para ostentar a denominação de Defensor Público-Geral do Estado.</p><p>Outrossim, o centro de competência administrativa da Defensoria Pública passou a</p><p>chamar-se Defensoria Pública-Geral do Estado do Rio de Janeiro.</p><p>Durante décadas, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro se</p><p>apresentou como uma das mais bem estruturadas do país, servindo de parâmetro para a</p><p>implementação dos serviços jurídico--assistenciais nos demais estados brasileiros.</p><p>01.4) Da evolução constitucional da Defensoria Pública. evolução</p><p>constitucional a partir das emendas ns. 45/2004, 69/2012, 74/2013 e 80/2014:</p><p>DICA: Peguem a redação completa da CRFB no site do planalto (desde a</p><p>redação originária até a redação atual, para ficar mais didático);</p><p>CRFB ORIGINÁRIA EM 1988: a DPE era uma instituição que se dedicava</p><p>(função institucional) à assistência jurídica integral e gratuita dos necessitados + o</p><p>capítulo IV (funções essenciais à justiça) era dividido em 3 seções (a seção 3</p><p>contemplava a advocacia e a DPE) + não havia previsão de autonomia (encarava-se a</p><p>DPE como um órgão do Poder Executivo);</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>27</p><p>EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004 (REFORMA DO PODER</p><p>JUDICIÁRIO) = autonomia institucional e administrativa à Defensoria Pública, bem</p><p>como a iniciativa de sua proposta orçamentária (Inclui o parágrafo segundo ao artigo</p><p>134) + apenas para as defensorias públicas ESTADUAIS.</p><p>EMENDA CONSTITUCIONAL 69/2012 = No seu artigo 2º (não incorporado</p><p>ao texto da CRFB), fala que os direitos previstos na CRFB sobre a defensoria pública</p><p>dos Estados também se</p><p>aplicam à defensoria pública do DISTRITO FEDERAL.</p><p>ATENÇÃO x até essa emenda, quem organizava a DPEDF era a União. Com a emenda,</p><p>houve a DESVINCULAÇÃO DA DPEDF. A união editava normas gerais e específicas</p><p>(da DPU e da DPDF). Retirou apenas a DPDF. Tanto que ainda existe TJDFT e MPDFT</p><p>(continuam os territórios federais), competindo ainda à União organizar o TJDFT e</p><p>MPDFT. Se criarem um território, terá que ser criada uma DPT que será organizada pela</p><p>União;</p><p>EMENDA CONSTITUCIONAL 74/2013 = Introduziu o parágrafo 3º ao artigo</p><p>134 = “aplica-se o disposto no parágrafo segundo para as Defensorias Públicas da</p><p>UNIÃO e do Distrito Federal). ATENÇÃO x O DF não ganhou autonomia aqui, mas</p><p>sim na emenda anterior! STF, ADI 5296 = ajuizada pela ex-presidente Dilma Roussef,</p><p>pretendendo retirar a autonomia da DPU. Pretendia isso porque entendia que essa</p><p>emenda foi fruto de iniciativa parlamentar (e deveria partir do chefe do Poder Executivo,</p><p>no caso o Presidente). O STF rechaçou por completo essa tese;</p><p>EMENDA CONSTITUCIONAL 80/2014 = traz disposições comuns a todas as</p><p>defensorias + iniciativa legislativa para a defensoria pública (é o DPG que exerce a</p><p>iniciativa de lei no âmbito da defensoria) + equiparação do regime jurídico da</p><p>magistratura à defensoria pública “no que couber”;</p><p>OBSERVAÇÕES SOBRE A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 80/2014 (além</p><p>de dar iniciativa legislativa, reorganizou o conceito de DPE na CRFB e trouxe a</p><p>aplicação do regime jurídico da magistratura para a DPE, em parte):</p><p>1º) POSIÇÃO CONSTITUCIONAL DA DP (ALTERAÇÃO DA</p><p>TOPOGRAFIA): A EC 80 alterou a posição do capítulo da DPE na seção. A DPE É</p><p>UMA FUNÇÃO EXTRAPODER, ou seja, ela não integra nenhum dos 3 Poderes. Faz</p><p>parte de um 4º COMPLEXO DE FUNÇÕES, prevista no CAPÍTULO IV (DAS</p><p>FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA). ANTES DA EMENDA: Essas funções</p><p>estavam previstas na seção 3 (da advocacia e da DPE), o que trazia a falsa percepção de</p><p>que eram a mesma coisa (mas os regimes jurídicos são diversos). APÓS A EMENDA:</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>28</p><p>Colocou-se um ponto final, distinguindo a DPE da OAB e separando em seções. Se o</p><p>tratamento é dado em seções separadas, é porque a CRFB entende que são instituições</p><p>diversas;</p><p>2º) PREVISÃO DA DP COMO INSTITUIÇÃO PERMANENTE: A CRFB, em</p><p>sua redação originária, previu o MP como instituição permanente, mas não falava do</p><p>caráter permanente da DPE, o que gerava discussões outras, como se seria possível a</p><p>sua supressão do ordenamento. Mas a DPE era vista como uma CLÁUSULA PÉTRA</p><p>IMPLÍCITA, pois o direito à assistência jurídica está no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88,</p><p>razão pela qual deveria ser protegida. MAS A PREVISÃO REFORÇA que a DPE não</p><p>pode ser suprimida da ordem constitucional vigente. Inclusive, semelhantemente à</p><p>doutrina institucional do Ministério Público (MAZZILLI), poderia ser dito que a DPE É</p><p>UMA CLÁUSULA PÉTREA HETEROTÓPICA, visto que a Constituição, ao definir a</p><p>DPE como instituição permanente, estabeleceu que o poder constituinte derivado não</p><p>poderá adotar medidas tendentes a abolir a instituição. MESMO COM UMA NOVA</p><p>CRFB = VEDAÇÃO AO RETROCESSO e possibilidade de defesa da permanência da</p><p>DPE. A CRFB/88 traz um modelo de assistência jurídica e a nacionalização do modelo</p><p>de DPE. Desde então, vimos sucessivas emendas fortalecendo o modelo de DPE. NO</p><p>CENÁRIO INTERNACIONAL, HÁ UMA SÉRIE DE RESOLUÇÕES DA OEA que</p><p>estimulam os Estados Americanos a criarem e implantarem modelos de DPE, e a</p><p>fortalecerem a autonomia funcional dos seus membros. HÁ UM CRESCENTE</p><p>FORTALECIMENTO!</p><p>3º) O CARÁTER DEMOCRÁTICO DA DEFENSORIA PÚBLICA: A DPE</p><p>como expressão e instrumento do regime democrático. A capacidade interpretativa dessa</p><p>afirmação é muito grande. NA ATIVIDADE-FIM: A atividade-fim deve assegurar a</p><p>democracia = atuar na justiça eleitoral, buscar a democracia processual, dar voz às</p><p>partes necessitadas, a questão do amicus curiae, tese da professor Cíntia Guedes sobre</p><p>os IRDRs não instaurados pela DPE e que ela ingresse como amicus curiae em casos</p><p>tais (premiada pela ANADEP), atuação como custus vulnerabilis, audiências públicas.</p><p>NA ATIVIDADE-MEIO (GESTÃO): ouvidoria-geral (traz a sociedade civil para dentro</p><p>e promove a qualidade dos serviços prestados), atividade normativa e decisória</p><p>realizada pelo conselho superior, pois ali as decisões são tomadas por um órgão</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>29</p><p>colegiado, processo de escolha do DPG parte de uma lista tríplice formada pela</p><p>categoria;</p><p>4º) TUTELA COLETIVA: FUNÇÃO INSTITUCIONAL. A TUTELA</p><p>COLETIVA: nasce interpretada a partir do artigo 82 do CDC → avança com a inclusão</p><p>posterior na LACP, pela Lei 11448/2007 → inclusão na LC 80/1994, pela LC 132/2009</p><p>→ E se consolida na CRFB. Vejamos algumas observações importantes sobre a tutela</p><p>coletiva:</p><p>a) TRECHO DE VOTO DA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA NO</p><p>JULGAMENTO DA ADI 3.943: “Parece-me equivocado o argumento,</p><p>impertinente à nova processualística das sociedades de massa, supercomplexas,</p><p>surgida no Brasil e no mundo como reação à insuficiência dos modelos</p><p>judiciários convencionais. De se indagar a quem interessaria o alijamento da</p><p>Defensoria Pública do espaço constitucional-democrático do processo coletivo.</p><p>A quem aproveitaria a inação da Defensoria Pública, negando-se-lhe a</p><p>legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública? A quem interessaria</p><p>restringir ou limitar, aos parcos instrumentos da processualística civil, a tutela</p><p>dos hipossuficientes (tônica dos direitos difusos e individuais homogêneos do</p><p>consumidor, portadores de necessidades especiais e dos idosos)? A quem</p><p>interessaria limitar os instrumentos e as vias assecuratórias de direitos</p><p>reconhecidos na própria Constituição em favor dos desassistidos que padecem</p><p>tantas limitações? Por que apenas a Defensoria Pública deveria ser excluída do</p><p>rol do art. 5º da Lei n. 7.347/1985? A ninguém comprometido com a construção</p><p>e densificação das normas que compõem o sistema constitucional de Estado</p><p>Democrático de Direito;</p><p>b) A DEFENSORIA PÚBLICA “NÃO” POSSUI LEGITIMIDADE PARA</p><p>AJUIZAR AÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: b.1) PREVISÃO</p><p>LEGAL: legitimidade conferida legalmente ao Ministério Público. b.2)</p><p>ARGUMENTOS PELA LEGITIMIDADE CONCORRENTE DA DP: i) Direito</p><p>difuso de toda a coletividade à moralidade administrativa; ii) Silêncio do</p><p>legislador não foi eloquente (proposital), uma vez que em 1992 a defensoria</p><p>ainda dava os seus primeiros passos como instituição de caráter nacional; iii) Lei</p><p>orgânica nacional viria a conquistar em 1994; iv) A previsão de tutela coletiva no</p><p>artigo 4º, VII, da LC 80 torna indiscutível a possibilidade; v) Não é legitimidade</p><p>subsidiária, mas sim concorrente, podendo a DP ajuizar diretamente a AIA;</p><p>c) O NCPC INCLUIU DE FORMA INÉDITA TÍTULO PRÓPRIO PARA A DP</p><p>+ PREVIU A LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PARA TUTELA</p><p>COLETIVA: inclusive, reproduziu o art. 134, da CRFB (EC 80, de 2014), em</p><p>seu art. 185;</p><p>d) LEGITIMIDADE PARA AJUIZAMENTO DE MANDADO DE INJUNÇÃO</p><p>COLETIVO (ART. 12, IV, DA LMI): quando a tutela requerida for</p><p>especialmente relevante para a) promoção dos direitos humanos; b) e a defesa</p><p>dos direitos individuais e coletivos dos necessitados (...);</p><p>Licenciado para - JE</p><p>JO</p><p>D</p><p>P</p><p>E</p><p>- 05807918746 - P</p><p>rotegido por E</p><p>duzz.com</p><p>30</p><p>e) POSSIBILIDADE DE EXERCER A TUTELA COLETIVA MESMO QUE O</p><p>PROVÁVEL RESULTADO DA DEMANDA NÃO SEJAM SOMENTE OS</p><p>NECESSITADOS BENEFICIADOS: e.1) A “indeterminação dos sujeitos” não</p><p>impõe qualquer barreira jurídica da atuação da defensoria x direitos difusos; e.2)</p><p>Ex: meio ambiente sadio não permite, em tese, verificar necessitados; e.3) Mas</p><p>pode “(...) quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas</p><p>necessitadas” (basta POTENCIALIDADE) (art. 4º, VII, LC 80, de 1994); e.4)</p><p>EXEMPLOS: i) ampliar leitos de</p>