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Contabilidade Geral Contabilidade Geral Contabilidade Geral SUMÁRIO SUMÁRIO .............................................................................................................................................................. 2 APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................................... 4 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ................................................................................................................................. 5 1.1. Conceitos Básicos.................................................................................................................................................................5 1.2. Bens......................................................................................................................................................................................6 1.3. Direitos.................................................................................................................................................................................7 1.4. Obrigações ...........................................................................................................................................................................7 2. PATRIMÔNIO..................................................................................................................................................... 9 2.1. Patrimônio Líquido...............................................................................................................................................................9 2.2. Ativo e Passivo ...................................................................................................................................................................10 2.3. Origens e Aplicações de recursos.......................................................................................................................................11 2.4. Representação Patrimonial ................................................................................................................................................14 2.5. Representação Gráfica das Situações Patrimoniais............................................................................................................14 3. FATOS CONTÁBEIS E A DINÂMICA PATRIMONIAL.............................................................................................17 3.1. Fato Contábil ......................................................................................................................................................................17 3.2. Variações do Patrimônio Líquido .......................................................................................................................................18 3.2.1 Receitas e Despesas .................................................................................................................................. 19 3.2.2 Lucro e Prejuízo......................................................................................................................................... 22 4. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL................................................................................................................................25 4.1. Conceito de Escrituração Contábil .....................................................................................................................................25 4.2. Contas Contábeis ...............................................................................................................................................................26 4.2.1. Função da Conta:..................................................................................................................................... 27 4.2.2. Funcionamento das Contas ..................................................................................................................... 28 4.2.3. Mecanismo de Débito e Crédito............................................................................................................... 28 4.3. Método das Partidas dobradas ..........................................................................................................................................30 4.3.1. Lançamentos ........................................................................................................................................... 31 4.3.2. Encerramento dos saldos das contas de resultado:................................................................................. 35 4.4. Demonstrações Contábeis .................................................................................................................................................38 4.5. Análise das Demonstrações Financeiras ............................................................................................................................39 4.7. Normas legais sobre a escrituração: ..................................................................................................................................40 4.8. Principais Livros Contábeis .................................................................................................................................................41 4.8.1. Livro Diário:.............................................................................................................................................. 41 4.8.2. Livro Razão .............................................................................................................................................. 42 4.8.3. Livro Auxiliar do Razão - Livro Caixa ........................................................................................................ 43 4.9. Relatórios: Balancete e Balanço Patrimonial .....................................................................................................................44 5. OPERAÇÕES COM MERCADORIAS ....................................................................................................................47 5.1. Introdução..........................................................................................................................................................................47 5.2. Controle de Estoques – Sistemas de Inventário .................................................................................................................48 5.2.1. Sistema de Inventário Periódico .............................................................................................................. 49 5.2.1.1. Conta Mercadorias com função mista: .........................................................................................................49 5.2.1.2. Conta Mercadorias com função desdobrada: ...............................................................................................49 5.2.2. Sistema de Inventário Permanente: ........................................................................................................ 56 5.2.2.1. Custo Específico.............................................................................................................................................57 5.2.2.2. PEPS...............................................................................................................................................................58 5.2.2.3. UEPS ..............................................................................................................................................................59 5.2.2.4. Custo Médio Ponderado Móvel.....................................................................................................................60 5.2.2.5. Custo Médio Ponderado Fixo ........................................................................................................................61 6. PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE .......................................................................................................................696.1. Entidade: ............................................................................................................................................................................69 6.2. Continuidade:.....................................................................................................................................................................70 6.3. Oportunidade:....................................................................................................................................................................70 Contabilidade Geral 6.4. Registro pelo Valor Original: ..............................................................................................................................................71 6.5. Atualização Monetária: ......................................................................................................................................................71 6.6. Competência: .....................................................................................................................................................................71 6.7. Prudência: ..........................................................................................................................................................................72 6.8. Particularidades dos Princípios ..........................................................................................................................................72 7. CASOS ESPECIAIS DO PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA: ........................................................................................74 7.1 Depreciação ........................................................................................................................................................................74 7.1.1. Início da Depreciação: ............................................................................................................................. 75 7.1.2. Taxas de Depreciação: ............................................................................................................................. 75 7.1.3. Contabilização da Depreciação ............................................................................................................... 76 7.1.4. Métodos de Depreciação ......................................................................................................................... 77 7.1.4.1. Método de depreciação das quotas constantes............................................................................................77 7.1.4.2. Método de depreciação da soma dos dígitos dos anos.................................................................................78 7.1.4.3. Método de depreciação das horas trabalhadas ............................................................................................78 7.1.4.4. Método de depreciação das unidades produzidas........................................................................................79 7.1.5. Valor Residual .......................................................................................................................................... 80 7.1.6. Valor Contábil: ......................................................................................................................................... 81 7.1.7. Depreciação de bens adquiridos usados.................................................................................................. 81 7.2 Amortização ........................................................................................................................................................................81 7.2.1. Contabilização da Amortização ............................................................................................................... 82 7.3. Exaustão.............................................................................................................................................................................83 7.3.1. Contabilização da Exaustão:.................................................................................................................... 84 7.4. Provisões ............................................................................................................................................................................84 7.4.1. Provisões no grupo do Ativo .................................................................................................................... 85 7.4.1.1. Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa............................................................................................85 7.4.1.2. Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado – Estoques.................................................................................87 7.4.1.3. Provisão para Ajuste ao Valor Recuperável (desvalorização do ativo) ..........................................................88 7.4.2. Provisões no Grupo do Passivo ................................................................................................................ 89 7.4.2.1. Provisão para Férias e 13º Salário com respectivos Encargos Sociais ...........................................................89 7.4.2.2. Provisão para Imposto de Renda...................................................................................................................91 7.5. Tratamento de Receitas e Despesas Antecipadas..............................................................................................................91 7.5.1. Ajustes em Contas de Despesas............................................................................................................... 92 7.5.1.1. Despesas incorridas e não pagas...................................................................................................................92 7.5.1.2. Despesas Pagas Antecipadamente ................................................................................................................93 7.5.2. Ajustes em Contas de Receitas ................................................................................................................ 96 7.5.2.1. Receitas Realizadas (ganhas) e não Recebidas ..............................................................................................96 7.5.2.2. Receitas recebidas Antecipadamente ...........................................................................................................96 7.6. Duplicatas descontadas......................................................................................................................................................97 8. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................................................................................102 9.1. O Balanço Patrimonial......................................................................................................................................................102 9.1.1. Estudo dos Componentes de Cada Grupo.............................................................................................. 104 9.1.1.1. Ativo ............................................................................................................................................................104 9.1.1.2. Passivo.........................................................................................................................................................109 9.1.1.3. Patrimônio Líquido ......................................................................................................................................110 9.1.2. Resumo dos Critérios de Avaliação e de Registro dos Ativos e dos Passivos ......................................... 124 9.2. Demonstração do Resultado do Exercício - DRE ..............................................................................................................126 9.2.1. Principais rubricas que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício.....................................127 9.2.1.1. Receita Operacional Bruta...........................................................................................................................127 9.2.1.2. Vendas anuladas (devoluções) ....................................................................................................................128 9.2.1.3. Descontos incondicionais concedidos (Abatimentos sobre vendas) ...........................................................128 9.2.1.4. Impostos incidentes sobre vendas ..............................................................................................................128 9.2.1.5. Receita Operacional Líquida........................................................................................................................128 9.2.1.6. Custo dos produtos, mercadorias ou serviços prestados ............................................................................128 9.2.1.7. Despesas Operacionais................................................................................................................................129 9.2.1.8. Encargos financeiros líquidos (Despesas financeiras líquidas das receitas) ................................................129 9.2.1.9. Outras despesas e receitas operacionais ....................................................................................................130 9.2.1.10. Outras receitas e Outras despesas ............................................................................................................130 9.2.1.11. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social ............................................................................130 9.2.1.12. Participações e contribuições....................................................................................................................130 Contabilidade Geral 4 APRESENTAÇÃO Com a edição das Leis n.ºs 11.638/07 e 11.941/09 (esta transformando em Lei a Medida Provisória nº. 449/08) e com a criação, em 2005, do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis – produziu-se durante os anos de 2008 e 2009, enorme conjunto de novas normas à contabilidade, todas essas aprovadas pela CVM, pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), outros órgãos reguladores e com a convergência completa às normas internacionais de contabili- dade (IASB). Neste curso de Contabilidade Geral, atualizado de acordo com as leis supracita- das, será apresentada de maneira acessível e sistemática a síntese da teoria que rege os conceitos básicos necessários à compreensão da área contábil, sendo sua assimilação necessária para pros- seguir com os estudos futuros dos módulos subsequentes. Contabilidade Geral 5 1.NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1.1. Conceitos Básicos Objetivamente, a Contabilidade é um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Em outras palavras, é a ciên- cia que tem por objeto o patrimônio das entidades e por objetivo o controle desse patrimônio, com a finalidade de fornecer informações a seus usuários. O campo de aplicação da Contabilidade se estende a todas as entidades que pos- suem patrimônio, sejam físicas ou jurídicas, de fins lucrativos ou não. Sendo o patrimônio o ob- jeto da Contabilidade, sua função administrativa é a de controlar este patrimônio, tanto sob o aspecto estático quanto dinâmico, ou seja, controlar sua posição em dado momento (fazer o ba- lanço). Já a função econômica da Contabilidade é apurar o resultado, ou seja, apurar o lucro ou prejuízo da entidade. Entende-se por patrimônio o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma enti- dade.Os bens e direitos, por serem desejáveis, são considerados elementos patrimoniais positi- vos; as obrigações, por serem de caráter restritivo, são consideradas elementos negativos. Contabilidade Geral 6 1.2. Bens No sentido geral, bens são todas as coisas que satisfazem as necessidades huma- nas. No sentido econômico, bem é tudo aquilo que possui utilidade e pode ser quantificado mo- netariamente. Quando dizemos que algo é um bem patrimonial, isso significa que ele pode ser avaliado em dinheiro e que integra o patrimônio de alguém. Bens Corpóreos - são bens materiais, ou seja, tem existência física. São alguns e- xemplos de bens corpóreos, também denominados bens materiais ou tangíveis: Dinheiro; Edificações; Terrenos; Veículos; Móveis e utensílios; Equipamentos de informática; Máquinas e equipamentos industriais; Ferramentas; Estoques de materiais de escritório, mercadorias, matérias-primas, produtos em fabricação, produtos acabados. Bens Incorpóreos - não existem fisicamente. Embora não sejam visíveis ou palpá- veis, também podem ser traduzidos em moeda. São alguns exemplos de bens incorpóreos, tam- bém denominados bens imateriais ou intangíveis: Programas de computador; Marcas e signos de propagandas; Patentes de fabricação; Propriedade literária; Ponto Comercial. Vejamos um exemplo: Um comerciante põe seu estabelecimento à venda por R$30.000,00. Os bens ma- teriais que ele pretende transferir são os seguintes: Contabilidade Geral 7 Mercadoria para revenda = 10.000. Móveis e utensílios de uso = 5.000. Estoques = 2.000. O comerciante não tem dívidas. Apesar dos bens materiais relacionados à atividade do comerciante serem avalia- dos em 17.000, o preço desejado por ele é de 30.000,00. Ou seja, o comerciante incluiu no preço de venda 13.000 pela cessão dos bens incorpóreos. Para chegar a esse valor, ele considerou que (1) sua clientela continuará a comprar no estabelecimento e (2) o local onde está situado o esta- belecimento é de grande circulação de pessoas, potenciais compradores. Dessa forma, o comer- ciante computou como bem imaterial a clientela e o ponto comercial, no valor de R$13.000,00. 1.3. Direitos Em sentido contábil, são valores a receber ou a recuperar nas transações com ter- ceiros. Em regra, os direitos são representados por títulos e documentos. Exemplos: Duplicatas a receber (Clientes). Promissórias a receber. Contas a receber. Adiantamento a fornecedores. Adiantamento a empregados. Impostos a recuperar. Dividendos a receber. 1.4. Obrigações As obrigações patrimoniais são representadas por contas a pagar ou a compensar nas transações com terceiros. Entre as dívidas mais comuns de uma empresa, temos as decorrentes de: Compra a prazo de mercadorias e bens para uso (Fornecedores). Empréstimos e financiamentos bancários ainda não pagos. Salários a pagar aos empregados. Contabilidade Geral 8 Impostos e demais tributos devidos e não pagos. Adiantamentos recebidos de clientes por conta de bens e serviços ainda não entregues ou prestados. Como exemplos: Duplicatas a pagar; Salários a pagar; Impostos a pagar. Para fins didáticos vejamos um exemplodo que são Bens, Direitos e Obrigações: Determinada pessoa física resolveu fazer um levantamento de seu patrimônio e constatou que tinha: um veículo uma casa móveis e utensílios domésticos dinheiro em espécie saldo em conta corrente bancária contas a receber da sogra e do cunhado saldo em caderneta de poupança prestações a pagar do financiamento da casa prestações a pagar do financiamento do veículo O patrimônio dessa pessoa pode ser dividido da seguinte forma: Bens: - Veículo; - casa; - móveis e utensílios domésticos; - dinheiro em espécie. Direitos - saldo em conta corrente bancária; - contas a receber da sogra e do cunhado; - saldo em caderneta de poupança. Obrigações - prestações a pagar do financiamento obtido para a compra da casa; - prestações a pagar do financiamento para a compra do veículo. Contabilidade Geral 9 2.Patrimônio Em teoria o patrimônio é o objeto administrado que serve para viabilizar à entida- de a obtenção de seus fins. Do ponto de vista contábil é o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade. 2.1. Patrimônio Líquido Após as definiçõesjá feitas do que são bens, direitos e obrigações, temos que, numa etapa seguinte, a atribuição de sinais aritméticos aos itens patrimoniais. Aos itens positivos (bens e direitos) o sinal (+). Aos itens negativos (obrigações) o sinal (-). Com isso, foi possível uma equação de igualdade, com o surgimento de um quarto elemento contábil, obtido pela dife- rença, que é o Patrimônio Líquido. Define-se o Patrimônio Líquido como a diferença entre bens e direitos (elementos patrimoniais positivos) e as obrigações (elementos patrimoniais negativos), em um determinado momento. Dessa forma, podemos definir a equação que segue abaixo:= ( + ) − ÇÕ O PL corresponde à parcela do patrimônio que pertence aos proprietários (sócios) do negócio. A partir dessa equação, podemos calcular o valor do Patrimônio Líquido do e- xemplo anterior: Bens: Veículo 15.000 Casa 80.000 móveis e utensílios domésticos 5.000 dinheiro em espécie 500 Direitos saldo em conta corrente bancária 500 contas a receber da sogra e do cunhado 2.000 saldo em caderneta de poupança 5.300 Obrigações prestações a pagar do financiamento obtido para a compra da casa 45.000 prestações a pagar do financiamento para a compra do veículo 4.000 Contabilidade Geral 10 = ( + ) − ÇÕ= (15.000 + 80.000 + 5.000 + 500 + 500 + 2.000 + 5.300) − (45.000 + 4.000)= (108.300) − (49.000)= 59.300 Isso significa que, apesar de essa pessoa ter bens no valor de $ 100.500,00; direi- tos no valor de $ 7.800,00, o fato de ter uma dívida de R$49.000,00 faz reduzir sua riqueza efeti- va. Seu patrimônio líquido é de $ 59.300,00. Em outras palavras, se essa pessoa, hoje, desejar transformar em dinheiro tudo o que ela tem, e pagar tudo o que ela deve, ficará com um patrimô- nio em dinheiro de apenas $ 59.300,00, que é seu Patrimônio Líquido. 2.2. Ativo e Passivo Depois de encontrada a equação fundamental da contabilidade(PL = B + D – O), por convenção, optou-se em colocarde cada lado da equação de igualdade os valores positivos, sem misturá-los com os valores negativos. Já que, na maioria das entidades, os bens e direitos suplantam as obrigações, a representação mais comum do patrimônio é com o PL somado às obrigações, mesmo porque este representa o quanto os sócios mantém aplicado na entidade (in- vestimento inicial mais suas variações). Assim, montou-se o que foi denominado Equação de Equilíbrio Patrimonial: ( + ) = ÇÕ + Os elementos patrimoniais positivos, ou seja, o conjunto de bens e direitos de uma empresa é denominado de ATIVO. Da mesma forma os elementos patrimoniais negativos (as obrigações) correspondem ao PASSIVO. Assim, podemos redefinir a equação contábil da seguinte forma: Em síntese, sabemos que, pela própria definição, o Patrimônio é conjunto de bens e direitos (Ativo) e obrigações (Passivo) da entidade e diferença entre eles representam o Patri- mônio Líquido. A equação de equilíbrio (igualdade) demonstrada acima, por analogia, pode ser imaginada como os dois pratos de uma balança com pesos iguais (equilíbrio), os quais contêm os elementos do patrimônio, issorepresenta, portanto, o Balanço Patrimonial. ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Patrimônio Líquido é a Situação Líquida Patrimonial da empresa. Contabilidade Geral 11 2.3.Origens e Aplicações de recursos No desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas podem contar com recur- sos provenientes de duas origens: 1. Recursos próprios; 2. Recursos de terceiros A constituição de uma sociedade se dá por meio de recursos fornecidos pelos só- cios para a formação do patrimônio da pessoa jurídica. Trata-se do capital social inicial, que re- presenta os recursos próprios. Os resultados positivos apurados nas atividades empresariais tam- bém representam recursos próprios, como os decorrentes de receitas, lucros e ganhos obtidos pela sociedade. Os recursos próprios são representados pelo Patrimônio Líquido. Patrimônio Líquido = Recursos Próprios No decorrer de suas operações, a empresa também utiliza recursos de terceiros, o- riundos de empréstimos e financiamentos, salários a pagar, tributos a pagar, aquisições a prazo (fornecedores) entre outros. Tais recursos (capital de terceiros) são representados pelo Passivo Exigível. Passivo Exigível = Recursos de Terceiros Por sua vez, o ativo representa as aplicações ou usos dos recursos obtidos (ori- gens). Em resumo, a pessoa jurídica obtém capitais próprios e de terceiros e os aplica nos bens e direitos que constituem o ativo. Com esse entendimento do que seriam as origens e aplicações dos recursos, po- demos definir de forma mais apropriada o ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO. ATIVO: é, de forma resumida, o conjunto de valores que representa as aplicações dos recursos econômicos fornecidos pelos sócios e ou por terceiros na empresa. Compreende os bens e direitos da entidade expressos em valor monetário Dessa forma, como exemplo, podemos apresentar: a) Disponibilidades: constituem-se de dinheiro em espécie, depósitos bancários à vista, aplicações financeiras de curtíssimo prazo, entre outras. b) Direitos: são representados por contas a receber de clientes (duplicatas a rece- ber), créditos em conta corrente com sócios, diretores, controladas e coligadas, promissórias a receber, adiantamentos a empregados e a fornecedores, entre outros. Contabilidade Geral 12 c) Bens destinados à venda ou à produção: mercadorias, estoques de produtos a- cabados, matéria-prima, embalagens, entre outros. d) Bens imobilizados destinados à operação: terrenos, máquinas e equipamentos, móveis e utensílios, edificações, veículos, marcas e patentes, fundo do comércio, direito de uso, entre outros. e) Outros Valores: correspondem a pagamentos antecipados de apólice de segu- ros, de aluguéis, de juros, de assinatura de jornais e revistas, etc., bem como as contas retificado- ras do Ativo, como: desconto de títulos (duplicatas descontadas), provisões diversas (desvalori- zação de estoque, perdas com investimentos) e depreciação, amortização e exaustão acumuladas de bens do Ativo. Todos os elementos que compõe a Ativo, por convenção, estão representados no lado esquerdo do Balanço Patrimonial. PASSIVO:Representa as origens ou fontes de recursos de terceiros que se acham aplicados no Ativo. Assim, compreende, basicamente, as obrigações a pagar, ou seja, as quantias que a empresa deve a terceirosque forneceram recursos para a entidade.Como exemplo, podemos apresentar: a) Dívidas operacionais: compreendem as dívidas provenientes de compras de mercadorias, matérias-primas, materiais de consumo, bem como os decorrentes de gastos gerais, impostos, salários, encargos sociais, entre outras. b) Dívidas financeiras: referem-se a empréstimos, financiamentos e outras obriga- ções que geram encargos financeiros, tais como empréstimos bancários, empréstimos de sócios, de empresas ligadas, entre outras. Todos os elementos do Passivo encontram-se discriminados do lado direito do Ba- lanço Patrimonial. PATRIMÔNIO LÍQUIDO: corresponde à parcela do patrimônio que pertence ao proprietário do negócio. Os elementos do Patrimônio Líquido são constituídos pelo capital, re- presentado pela soma de investimentos realizados pelo proprietário, pelos sócios; pelas reservas e pelos lucros não distribuídos. Representa, na equação patrimonial, a diferença entre o Ativo e o Passivo. Logo, as fontes do Patrimônio Líquido são os investimentos dos donos do negócio e os lucros obtidos. É o capital próprio. Em algumas obras literárias encontramos a intepretação de que uma vez que o PL constitui a aplicação na empresa por parte dos proprietários com objetivo de receber um retorno, Contabilidade Geral 13 pode se dizer que este elemento patrimonial representa o Passivo não exigível, dessa forma tam- bém é representado no lado direito do Balanço Patrimonial. Com essa definição, o exemplo anterior ficaria da seguinte forma: ATIVO( em $) PASSIVO (em $) Dinheiro espécie 500 Prestações a pagar financiamento compra da casa 45.000 Saldo conta corrente bancária 500 Prestações a pagarfinanciamento compra do veículo 4.000 Saldo caderneta de poupança 5.300 TOTAL PASSIVO EXIGÍVEL 49.000 Contas a receber so- gra/cunhado 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios domésti- cos 5.000 capital próprio 59.300 Veículo 15.000 Casa 80.000 TOTAL DO PL 59.300 TOTAL ATIVO 108.300 TOTAL PASSIVO 108.300 NOTA: Quando a Lei nº. 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas) se refere ao PASSIVO, está se referindo ao que definimos como Passivo Total. Doutrinariamente, o termo PASSIVO é normalmente usado apenas para indicar as obrigações. No entanto, o ideal é que, quando nos referirmos somente às obrigações da entidade, usemos o termo PASSIVO EXIGÌVEL, a fim de evitar confusões. Contabilidade Geral 14 2.4. Representação Patrimonial Como mencionamos, o patrimônio é composto do Ativo, do Passivo e do Patri- mônio Líquido, cujos comentários já foram apresentados. A partir das definições já feitas, temos abaixo como seria a Representação Patrimonial de uma entidade contábil: PATRIMÔNIO A PL IC A Çà O D E R EC U R SO S Ativo Passivo O R IG EN S D E R EC U R SO S (T ER CE IR O S) Compreende os bens e os direitos da entidade ex- pressos em moeda. Compreende as obrigações a pagar, isto é, as quantias que a entidade deve a ter- ceiros. Patrimônio Líquido O R IG EN S D E R EC U R SO S (P R ÓP R IO S)É a diferença entre o valor do Ativo e do Passivo de uma entidade, em determi- nado momento. 2.5. Representação Gráfica das Situações Patrimoniais Conforme visto anteriormente, o Patrimônio Líquido (PL) é a diferença algébrica entre o Ativo (A) e o Passivo (P). Não tem sentido falarmos em Ativo ou Passivo negativos. Nestas condições, os elementos patrimoniais poderão assumir somente os seguintes valores: Com base na equação do balanço conclui-se que, em determinado momento, po- demos dizer que existem cinco situações patrimoniais que podem ocorrer: 1º - Quando o Ativo é maior que o Passivo, o PL será maior que 0: Bens + Direitos 1.000 Obrigações 600 Patrimônio Líquido 400 Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ≥ 0 ≥ 0 ≥ ≤ 0 = + Contabilidade Geral 15 Essa situação pode ser assim representada: ATIVO PASSIVO PL 2º - Quando o Ativo é maior que o Passivo e Passivo igual a0, teremos PL maior que 0: Bens + Direitos 1.000 Obrigações - Patrimônio Líquido 1.000 Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido Essa situação pode ser assim representada: ATIVO PL 3º - Quando o Ativo igual a Passivo, teremos PL igual a0: Bens + Direitos 1.000 Obrigações 1.000 Patrimônio Líquido - Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido Essa situação pode ser assim representada: ATIVO PASSIVO 4º - Quando o Passivo é maior que o Ativo, teremos PL menor que 0: Bens + Direitos 1.000 Obrigações 1.100 Patrimônio Líquido 100- Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido = = Revela a existência de riqueza pró- pria. Revela a inexistência de dívidas (Passivo); logo, todo o Ativo é dos sócios. Revela a inexistência de riqueza própria, acontece com a empresa que possui bens a sua disposição, mas tem dívidas junto a terceiros de igual valor. + = Contabilidade Geral 16 Essa situação é o que chamamos de Passivo a descoberto e pode ser assim repre- sentada: PASSIVO ATIVO PL 5º - Passivo é maior que o Ativo e Ativo = 0, teremos PL menor que 0: Bens + Direitos - Obrigações 1.000 Patrimônio Líquido 1.000- Total do Ativo - Total Passivo + PL - Ativo Passivo + Patrimônio Líquido Essa situação pode ser assim representada: PASSIVOPL Os três últimos estados patrimoniais evidenciam que a empresa encontra-se total- mente na mão de terceiros. Os recursos aplicados pelos sócios já foram absorvidos por prejuízos acumulados. Observa-se que o PL negativo, ou Passivo a Descoberto, geralmente apresenta-se do lado direito do balanço, mas com o valor negativo. Exercício1: Elementos Patrimoniais Valor Elementos Patrimoniais Valor Dinheiro no Banco 800 Marcas e patentes 300 Dinheiro em caixa 500 Participações em outras empresas 8.000 Duplicatas a pagar 1.500 Terrenos 2.000 Duplicatas a receber 3.000 Veículos 4.000 Empréstimos Bancários 10.000 Salários a pagar 1.800 Estoque de Mercadorias 2.000 Estoque de Matéria-prima 1.300 FGTS a recolher 800 Estoque de Produtos Acabados 2.400 Fornecedores 400 Financiamentos a pagar 3.000 Impostos a pagar 300 Adiantamento a fornecedores 1.000 Máquinas e equipamentos 3.000 Adiantamentos de clientes 3.000 Classificar os itens patrimoniais acima, em bens, direitos ou obrigações e apurar a situação líqui- da patrimonial. Apresenta a má situação da entida- de, com dívidas superiores aos bens e direitos, assim, revela um “patri- mônio Líquido Negativo”. Revela a inexistência de Ativo. Apenas dívidas. Contabilidade Geral 17 3. Fatos Contábeis e a Dinâmica Patrimonial 3.1. Fato Contábil Fato contábil é qualquer ocorrência mensurável em moeda que provoque modifi- cações quantitativas e/ou qualitativas no patrimônio da entidade e, portanto, devem ser registra- dos pela Contabilidade. Como exemplos, podemos citar: Pagamento de salários a funcionários. Pagamento de seguro contra incêndio. Recebimento de duplicatas através de cobrança bancária simples. Alguns acontecimentos numa empresa podem não alterar seu patrimônio. A estes acontecimentos, chamamos de ATOS ADMINISTRATIVOS. Como exemplos podemos citar a admissão de funcionário e a assinatura de um contrato. Existem dois tipos básicos de fatos contábeis: Fatos Permutativos: São aqueles que alteram a composição do patrimônio sem al- terar o patrimônio líquido. Por exemplo, a retirada de uma quantia do “Caixa” para depósito no “Banco”. Fatos Modificativos:São aqueles que alteram o patrimônio líquido. Cita-se como exemplo a ocorrência de uma despesa, que diminuirá o lucro (ou aumentar o prejuízo) e, conse- quentemente, o PL. Vejamos um exemplo com diversos fatos contábeis provocando modificações no patrimônio da empresa: a) Constituição de uma empresa, com capital social integralizado, no ato, em di- nheiro, no valor de R$40.000,00, depositados na conta corrente da empresa. Banco Cta Movtº 40.000 Passivo - Patrimônio Líquido Capital Social 40.000 Total do Ativo 40.000 Total Passivo 40.000 BALANÇO PATRIMONIAL - "a" (modificativo) Ativo Passivo Contabilidade Geral 18 b) Compra de um imóvel, por R$30.000,00, pagando $5.000,00 à vista e o restan- te mediante uma promissória com vencimento em 90 dias. Banco Cta Movtº 35.000 NP a pagar 25.000 Imóveis 30.000 Patrimônio Líquido Capital Social 40.000 Total do Ativo 65.000 Total Passivo 65.000 BALANÇO PATRIMONIAL - "b" (permutativo) Ativo Passivo c) Compra, à vista, de diversos móveis e utensílios necessários para a atividade da empresa, por R$3.000,00. Banco Cta Movtº 32.000 NP a pagar 25.000 Móveis e Utensílios 3.000 Patrimônio Líquido Imóveis 30.000 Capital Social 40.000 Total do Ativo 65.000 Total Passivo 65.000 BALANÇO PATRIMONIAL - "c" (permutativo) Ativo Passivo d) Aquisição, a prazo, de bens de informática por R$8.500,00. Banco Cta Movtº 32.000 NP a pagar 25.000 Bens de Informática 8.500 Fornecedores 8.500 Móveis e Utensílios 3.000 Patrimônio Líquido Imóveis 30.000 Capital Social 40.000 Total do Ativo 73.500 Total Passivo 73.500 BALANÇO PATRIMONIAL - "d" (permutativo) Ativo Passivo e) Foi obtido um empréstimo bancário, no valor de R$25.000,00. Banco Cta Movtº 57.000 NP a pagar 25.000 Bens de Informática 8.500 Emprestimo Bancário 25.000 Móveis e Utensílios 3.000 Fornecedores 8.500 Imóveis 30.000 Patrimônio Líquido Capital Social 40.000 Total do Ativo 98.500 Total Passivo 98.500 BALANÇO PATRIMONIAL - "e" (permutativo) Ativo Passivo 3.2. Variações do Patrimônio Líquido As principais causas da variação (mutações) do Patrimônio Líquido são: O investimento inicial de capital e seus aumentos posteriores ou desinvesti- mentos feitos na entidade; ContabilidadeGeral 19 O resultado obtido do confronto entre as contas de Receitas (ganhos) e Despe- sas (gastos) dentro do período contábil, ou seja, o resultado do período, lucro (receitas superam despesas) ou prejuízo (despesas maiores que receitas). 3.2.1 Receitas e Despesas RECEITA: Na atividade econômica, as entidades empresariais têm como objetivo principal o lucro, alcançado quando as receitas superam as despesas. As contas de receitas registram varia- ções positivas do Patrimônio Líquido. Em outras palavras, correspondem aos fatos contábeis modificativos que provocam um aumento no PL. A receita pode ser a entrada de elementos para o Ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos e de outros ganhos eventuais. Às vezes a receita também pode originar-se pela redução do Passivo (dívidas), sem correspondente redução do Ativo, como, por exemplo, o desconto obtido pelo pagamento antecipado de um título. Exemplo: Consideremos as modificações patrimoniais de acordo com as ocorrências dos fa- tos: 1 - Uma sociedade foi constituída mediante a realização do capital social em di- nheiro no valor de $1.000,00. Caixa 1.000 Capital Social 1.000 Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo BALANÇO PATRIMONIAL - Fato 1 Patrimônio Líquido 2 - Em seguida, o valor existente em caixa foi depositado em conta corrente ban- cária: Contabilidade Geral 20 Caixa - Bco Ctª Movtº 1.000 Capital Social 1.000 Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo BALANÇO PATRIMONIAL - Fato 2 Patrimônio Líquido 3 - Houve a aplicação financeira do valor existente em conta corrente: Caixa - Bco Ctª Movtº - Aplicação Financ. 1.000 Capital Social 1.000 Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo BALANÇO PATRIMONIAL - Fato 3 Patrimônio Líquido 4 - A aplicação rendeu juros de 10%. No resgate, tanto o capital quanto os juros foram transferidos pelo banco para a conta corrente da empresa, que lançou.Considerando ape- nas a existência dos fatos descritos, durante o exercício, a empresa teria apurou lucro de 100, correspondente à receita de juros. Desse modo, a nova situação patrimonial da empresa ficaria da seguinte forma: Bco Ctª Movtº 1.100 Capital Social 1.000 Lucros Acumulados 100 Total do Ativo 1.100 Total Passivo + PL 1.100 Ativo Passivo BALANÇO PATRIMONIAL - Fato 4 Patrimônio Líquido Observações relacionadas ao exemplo: Os elementos patrimoniais “Caixa” e “Bancos Conta Movimento (fatos 2 e 3) foram mantidos no balanço” mesmo com os saldo “zerados”, apenas para demonstrar a migração de valores de um elemento para outro (Caixa > Banco> Aplicações), refletindo assim, os efeitos dos fatos contábeis permutativos; Após o recebimento dos juros sobre a aplicação financeira (Receita), ocorreu uma variação (mutação) positiva no patrimônio da entidade. O aumento do Ativo (Bancos) gerou a necessidade de contrapartida de ajuste para que ocorresse novamente o equilíbrio patrimonial. Esta variação foi originada de um ganho que, por consequência, representa o aumento do PL. Com o registro do “Fato 4” (modificativo) a Contabilidade retrata fielmente a nova situação pa- trimonial. Contabilidade Geral 21 A partir do exemplo dado, podemos concluir que as receitas constituem as varia- ções positivas, isto é, aumentam o Patrimônio Líquido. Como exemplos de receitas, temos: . Receitas com vendas. . Receitas com juros. . Receitas com aluguel. . Receitas financeiras. . Juros ativos. . Descontos financeiros obtidos. DESPESAS: As despesas representam a utilização ou consumo, intencional, de bens e/ou servi- ços na produção de uma receita. O que caracteriza uma despesa é a expiração de fatores relacio- nados, direta ou indiretamente, com a produção ou a venda de produtos e/ou serviços da entida- de. Exemplo: Consideremos as modificações patrimoniais de acordo com as ocorrências dos fa- tos: 1 - Consideremos que uma sociedade tenha sido constituída mediante a realização do capital social em dinheiro no valor de $1.000: Caixa 1.000 Capital Social 1.000 Total do Ativo 1.000 Total Passivo + PL 1.000 Ativo Passivo BALANÇO PATRIMONIAL - Fato 1 Patrimônio Líquido 2 - Durante o exercício, o único fato contábil foi o pagamento da despesa de salá- rios do período, no valor de $200.Em razão deste fato o Ativo sofreu uma redução de $200, ori- ginando assim uma variação negativa no patrimônio da empresa. Assim como no exemplo da receita, há a necessidade de uma contrapartida de ajuste para que novamente ocorra o equilíbrio patrimonial, alcançado pela diminuição do PL, conforme demonstrado na nova situação patrimo- nial abaixo: Contabilidade Geral 22 Bco Ctª Movtº 800 Capital Social 1.000 Prejuizo Acumulado (200) Total do Ativo 1.100 Total Passivo + PL 800 Ativo Passivo BALANÇO PATRIMONIAL - Fato 2 Patrimônio Líquido A partir do exemplo dado, podemos concluir que as despesas constituem as varia- ções negativas, ou seja, as reduções do Patrimônio Líquido. Também são consideradas despesas as reduções do Ativo sem a correspondente redução do Passivo. Como exemplo de despesas, temos: . Despesas com salários; . Despesas com encargos sociais; . Despesa com energia; . Despesas financeiras; . Despesas com seguros; . Juros passivos. 3.2.2Lucro e Prejuízo Através dos exemplos anteriores percebe-se que o resultado (lucro ou prejuízo) obtido pela entidade é proveniente da ocorrência das receitas e despesas. Sendo assim, estas, são denominadas “Contas de Resultado”, dado ao objetivo de apuração do lucro ou prejuízo do exer- cício. Observa-se que trata da apuração de resultado do período, sendo assim, tais contas (recei- tas e despesas) possuem o caráter de transitoriedade. Em outras palavras, elas são abertas no iní- cio do período (saldo zero), acumulam os valores decorrentes das receitas e despesas do período em questão e são encerradas ao término do exercício. Desta forma, receitas e despesas de um determinado período não influenciam o resultado de outro exercício. O encerramento destas contas transitórias ao término do exercício evidencia a máxima contábil da Confrontação das Receitas, isto é, as receitas devem ser apresentadas sempre em confronto com as despesas correspondentes. A partir deste cotejo é que obtemos o lucro ou prejuízo (resultado) do período, que, por sua vez, provocará as mutações no patrimônio da enti- dade, através do aumento ou diminuição do PL. Pode-se afirmar, por tanto, que: Teremos lucro quando as receitas forem maiores que as despesas Contabilidade Geral 23 = − , se > . Quando as despesas suplantarem as receitas o resultado será deficitário, isto é, Prejuízo: Í = − , quando D> . É importante lembrar que as contas patrimoniais são designadas como contas permanentes, pois seus saldos ao fim do exercício serão transportados para o exercício seguinte como saldos iniciais. O gráfico a seguir é uma síntese do conteúdo apresentado até o momento: Contabilidade Geral 24 Exercício2: A partir da situação “a” identifique as operações posteriores que provocaram as mudanças nas situações patrimoniais conforme abaixo: a) Determinada empresa foi constituída com Capital Social de $24.000,00, integralizados em dinheiro ($12.000,00) e em mer- cadorias ($12.000,00). b) Compra a prazo de Móveis e Utensílios no valor de $6.000,00. c) Aumento do Capital Social no valor de $2.000,00, integralizado em dinheiro na data. d) Aquisição de Veículos no valor de $10.000,00, sendo $1.000,00 pagos em dinheiros e restante ($9.000,00) financiado. e) Pagamento, em dinheiro, a fornecedores correspondente a 50% do valor devido referente a compras f) Compra de Equipamentos no valor de $10.000,00 através de contrato de Leasing no valor de $5.000,00 e o restante a vista. g) Venda à vista de Mercadorias no valor de $10.000,00, ao custo de $5.000,00 (estoque final $7.000,00).Contabilidade Geral 25 4.Escrituração Contábil A Lei 6.404/76 (Lei das S/A) em seu artigo 177 determina que a escrituração seja mantida em registros permanentes, obedecendo a própria Lei, os preceitos da legislação comer- cial e os princípios de contabilidade geralmente aceitos.Devendo ainda observar métodos ou cri- térios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. 4.1. Conceito de Escrituração Contábil A Contabilidade consegue atingir seu objetivo principal, que é o de avaliar e con- trolar o patrimônio das empresas, através dos registros dos fatos contábeis. É o que chamamos de escrituração. Escrituração é, portanto, uma técnica que a Contabilidade utiliza e que consiste no registro, em livros próprios, de todos os fatos que provocam alterações no patrimônio da empre- sa. Teoricamente, a manutenção de uma escrituração regular decorre da necessidade de se conhecer a situação patrimonial, econômica e financeira da empresa e de se acompanhar as operações por ela realizadas. O administrador deve avaliar a evolução do negócio para conseguir gerir com eficácia os recursos à sua disposição e, em consequência, alcançar os resultados dese- jados. A inexistência de uma escrituração regular e fidedigna impossibilita a geração de informações que permite conhecer, de forma sistemática, a evolução de seus negócios. Sem a identificação das origens e dos usos de seus recursos, dos resultados e rentabilidades obtidos e dos desvios em relação ao planejado, a empresa dificilmente conseguirá maximizar os resultados e minimizar os desperdícios. Na prática, todavia, somente as empresas obrigadas por lei mantêm escrituração regular de suas operações. A escrituração costuma ser definida como a representação gráfica dos fatos contá- beis mediante a exposição dos efeitos que eles produziram sobre o patrimônio. Assim é que, co- mo regra, ela envolve o reconhecimento e registro de eventos passados (fatos contábeis). Para produzir os efeitos que lhe são próprios, a escrituração deve ser fidedigna, is- to é, baseada no princípio da integridade. Portanto, a contabilidade deve registrar todos os fatos contábeis, sem omissões ou excessos. Por sua vez, a legislação brasileira não impõe expressamente nenhum método de escrituração. Ela apenas dispõe que as empresas são obrigadas a seguir um sistema de contabili- Contabilidade Geral 26 dade, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documenta- ção respectiva. Não obstante, a não fixação expressa em lei de um método de escrituração, o mé- todo universalmente adotado é o das Partidas Dobradas. 4.2. Contas Contábeis Os elementos que compõem o patrimônio e suas alterações são controlados por meio de contas. Existem contas que registram os bens, direitos, as obrigações e o Patrimônio Líquido. São denominadas Contas Patrimoniais, pois representam os itens que constituem o pa- trimônio. Há também as contas de resultado, que indicam as variações positivas (receitas) e ne- gativas (despesas) ocorridas no patrimônio. Nos exemplos utilizados até o momento, um balanço patrimonial foi elaborado após cada operação (fato) que modificou o patrimônio. Tal procedimento teve como objetivo demonstrar a contínua igualdade da Equação de Equilíbrio Patrimonial (A = Passivo +PL) e ex- plicar o efeito de alguns eventos sobre o patrimônio. No dia-a-dia é impossível preparar um balanço a cada operação, uma vez que es- tas ocorrem a cada instante e até mesmo simultaneamente. De forma mais prática, a escrituração destas operações são realizadas em “contas”, que são utilizadas na preparação das diversas de- monstrações contábeis. Conta é a representação contábil de elementos patrimoniais de natureza igual ou semelhante. Através da conta são registrados a posição inicial de um componente do patrimônio, suas sucessivas variações positivas e negativas ao longo do tempo e o saldo final. Assim, por exemplo, todas as transações envolvendo os veículos da entidade serão registradas na conta “Ve- ículos”, bem como todas as operações envolvendo dinheiro da empresa serão classificadas na conta “Caixa”. Quanto à extensão do objeto registrado, as contas podem ser sintéticas e analíti- cas: Contas Sintéticas: são aquelas que designam elementos genéricos. Como exem- plo, temos: Bancos Conta Movimento, Clientes, Impostos a Recuperar, Fornecedores, Obriga- ções Sociais a Recolher, Contas a Pagar, entre outras. Contas Analíticas: são as contas que representam os elementos específicos que compõem as contas sintéticas. Representam o detalhamento das contas sintéticas. Como exem- Contabilidade Geral 27 plo, temos: Banco do Brasil Conta Movimento é uma conta analítica da conta sintética Bancos Conta Movimento; Cliente - Silva & Silva Ltda. é uma conta analítica da conta sintética Clientes, entre outras. Conforme comentários anteriores, as contas ainda podem ser Patrimoniais ou de Resultado: Contas Patrimoniais: são aquelas que representam elementos do patrimônio (Ati- vo Passivo e PL). Seus saldos são transportados de um exercício para outros, ou seja, o saldo final de um período será o inicial do período seguinte. Como exemplo: Caixa; Veículos; Forne- cedores e Capital Social. Contas de Resultado: contas que designam as operações que irão provocar muta- ções no Patrimônio Líquido da empresa. Nelas são registradas as ocorrências de ganhos e perdas da entidade, isto é, as receitas e despesas. A partir destas contas é possível apurar o resultado do período (lucro ou prejuízo).E caracterizam-se pela transitoriedade, iniciam com saldo “zero” e são encerradas ao final do exercício. Uma conta deve possuir a denominação ou título, código numérico, histórico, data da transação, valor lançado a débito ou a crédito e saldo. Devem ser descritas em um Plano de Contas, que corresponde ao conjunto composto pela relação ordenada e codificada das contas utilizadas pela entidade, bem como de todas as normas e procedimentos adotados pelo sistema contábil da entidade, objetivando servir como guia e meio de padronização, a fim de facilitar a análise e elaboração dos registros e demonstrações contábeis. 4.2.1. Função da Conta: A função da conta representa o seu objetivo. Como exemplo, temos: Caixa: sua função é registrar operações de recebimentos e pagamentos efetuados em espécie. Mercadorias: sua função é registrar operações de compra de mercadorias e as res- pectivas baixas por vendas ou perdas. Conforme observamos, não se pode utilizar a conta Caixa para registrar operações de compra e venda a prazo, visto que essas operações não envolvem dinheiro. Igualmente não se pode registrar a compra de um prédio na conta Mercadoria. Contabilidade Geral 28 4.2.2. Funcionamento das Contas O funcionamento das contas refere-se aos movimentos de débito e crédito regis- trados através dos lançamentos contábeis. As palavras débito e crédito não têm, respectivamente, conotação positiva e negativa, mas apenas significam se um registro foi efetuado no lado esquer- do (o débito) e no lado direito (o crédito) da conta, como demonstrado a seguir: Débito Crédito (Título da Conta) Portanto, debitar uma conta é registrar o valor da operação no seu lado esquerdo, e creditar uma conta é registrar o valor da operação no seu lado direito. 4.2.3. Mecanismo de Débito e Crédito Para melhor entender esse mecanismo, vamos retomar à equação contábil:= + ô í Ora, se sempre haverá igualdade entre o Ativo e o Passivo + Patrimônio Líquido, podemos também afirmar matematicamente que:− ( + ô í ) = Ou seja: − − ô í = Isso nos leva a concluir que o Ativo é o lado dos componentes positivos do patri- mônio, e o Passivo e o Patrimônio Líquido, o lado dos componentes negativos. Sendo o Ativo o lado positivo do patrimônio, normalmente os seus itens são posi- tivos, isto é, os seus saldos são, via de regra, positivos. Os itens do Passivo e Patrimônio Líquido, por sua vez, são normalmente negativos, isto é, seus saldos são, também, geralmente, negativos. Podemosdizer ainda, e o que é mais comum, que o Ativo, por se situar no lado esquerdo (denominado lado do débito) do Balanço Patrimonial, apresenta itens, em geral, com saldos devedores. Já o Passivo e o Patrimônio Líquido, por estarem no lado direito (denominado lado do crédito), apresentam, também, via de regra, saldos credores. Assim, podemos concluir que as despesas, por diminuírem o Patrimônio Líquido (que possui saldos credores), terão saldos devedores, enquanto as receitas, por aumentarem o Patrimônio Líquido, apresentarão saldos credores. Contabilidade Geral 29 Vale citar que considerar o lado esquerdo o lado do débito e o direito o do crédito são meras convenções Contábeis. Esse ordenamento não corresponde a nenhuma lógica, sendo que sua base é o costume ou tradição totalmente enraizado e assumido pela profissão contábil. Ainda podemos raciocinar da seguinte forma: Os sócios e terceiros fornecem recursos para a entidade. A entidade os aplica em bens e direitos. Os recursos fornecidos pelos sócios e terceiros (fornecedores, bancos, governo, empregados, etc.) são classificados no Passivo. Logo, eles têm um crédito para com a entidade, que possui personalidade jurídica própria e a obrigação de ressarcir esses valores. Os valores recebidos são aplicados em bens e em direitos, classificados no Ati- vo, que estão sob a guarda de alguém (empregados ou até mesmo o próprio dono do negócio). Assim, eles têm um débito para com a entidade. Como já vimos, as operações ocasionam aumentos e diminuições do Ativo, Passi- vo e PL. Considerando que as contas possuem os dois lados (esquerdo e direito), os aumentos podem ser registrados em um lado e as diminuições no outro. A natureza da conta é que irá de- terminar o efeito do mecanismo de débito e crédito, ou seja, o lado a ser utilizado para os aumen- tos e o lado para as diminuições. Contas do Ativo e Contas de Despesas: Aumentos Diminuições Débito Crédito Qualquer Conta do Ativo ou de Despesas Contas do Passivo, PL e Contas de Receitas: Diminuições Aumentos Débito Crédito Qualquer Conta do Passivo, do PL ou de Receitas Contabilidade Geral 30 Dessa forma, podemos resumir o mecanismo de Débito e Crédito da seguinte ma- neira através da tabela abaixo: Aumenta Diminui Ativo Débito Crédito Passivo Exigível Crédito Débito Patrimônio Líquido Crédito Débito Receitas Crédito Débito Despesas Débito Crédito Contas Saldos Considerada a tabela anterior, quando uma conta é do Ativo, se quisermos indicar o aumento do seu saldo, ela deverá ser lançada a débito. Raciocínio semelhante vale para o Pas- sivo, quando o objetivo for indicar um aumento na conta, ela deverá ser creditada. Vejamos al- guns exemplos: Um depósito realizado na conta “Bancos” (Ativo) faz com que aumente seu sal- do, considerando que esta tem natureza devedora, deverá ser debitada no valor correspondente à operação (depósito); Uma compra a prazo de mercadoria gera uma obrigação (Passivo) da empresa junto a determinado “Fornecedor”, o valor da compra deverá ser creditada na contapara um aumento de seu saldo, uma vez que esta possuí a natureza credora. 4.3. Método das Partidas dobradas O mecanismo de débito e crédito leva-nos ao mencionado método de escrituração contábil universalmente aceito: o das “Partidas Dobradas”. Neste método, a escrituração é bilateral, ou seja, o registro de cada fato envolve pelo menos um elemento que será debitado e pelo menos um elemento que será creditado, desta forma, para todo débito(aplicação) teremos um crédito (origem) correspondente de igual valor. Não há débito (s) sem crédito (s) correspondente (s). O uso de tal método permite o controle simultâneo de todos os elementos patri- moniais e de resultados envolvidos em cada fato. Daí é considerado um método contabilmente perfeito e adotado em todos os países do mundo. Contabilidade Geral 31 A essência dessa metodologia é que o registro de qualquer operação implica a um débito numa ou mais contas e deve corresponder a um crédito equivalente em uma ou mais con- ta, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados. Em decorrências, temos o seguinte axioma contábil: TODO DÉBITO CORRESPONDE A CRÉDITO DE IGUAL VALOR OU TODO CRÉDITO CORRESPONDE A DÉBITO DE IGUAL VALOR Como consequência do uso do método das partidas dobradas, temos: O valor total dos débitos é sempre igual ao valor total dos créditos; O total dos saldos devedores é sempre igual ao total dos saldos credores; O ativo total (natureza devedora) é sempre igual ao passivo total (PE + PL), que é de natureza credora. 4.3.1. Lançamentos Conhecidos o mecanismo de débito e crédito e o Método das Partidas Dobradas, vermos a seguir as fórmulas de lançamentos nas contas patrimoniais e de resultado. As contas serão debitadas ou creditadas através de lançamentos. Os lançamentos podem ser de 1ª fórmula, 2ª fórmula, 3ª fórmula ou 4ª fórmula, conforme quadro abaixo: Fórmulas Situação Devedora Credora 1ª Uma conta debitada e uma conta creditada 1 1 2ª Uma conta debitada e mais de uma creditada 1 +1 3ª Mais de uma conta debitada e uma conta creditada +1 1 4ª Mais de uma conta debitada e mais de uma conta creditada +1 +1 Exemplo: A partir da definição de fatos contábeis, contas, escrituração contábil, a explicação do mecanismo de débito e crédito, vamos ao exemplo seguinte para entendermos melhor o fun- cionamento do Método das Partidas Dobradas: Contabilidade Geral 32 Os fatos contábeis apresentados a seguir são relativos a uma empresa em seu 1º mês de atividades: 1 - Constituição da sociedade com o capital social inicial integralizado em dinhei- ro no valor de $5.000,00; 2 - Compra à vista de móveis e utensílios de escritório, total de$500,00; 3 - Depósito bancário no valor de $2.000,00; 4 - Compra a prazo de mercadorias, com aceite de duplicatas, totalizando $3.000,00; 5 - Compra à vista de mercadorias com pagamento em dinheiro de$1.000,00; 6 - Compra à vista de veículos para uso, com pagamento em cheque no valor de $600,00; 7 - Pagamento em moeda de parte da dívida com fornecedores de mercadorias no valor de $700,00; 8 - Saque bancário correspondente a $1.200,00; 9 - Obtenção de um empréstimo bancário na quantia de $2.500,00; 10 - Pagamento em cheque da parte restante da dívida com fornecedores de$2.300,00. Os lançamentos na forma simplificada de diário ficariam da seguinte forma: 1 -Constituição da sociedade: D – Caixa (ativo) C - Capital Social (PL) 5.000 2 -Compra à vista de móveis e utensílios de escritório: D – Móveis e utensílios (ativo) C- Caixa (ativo) 500 3 -Depósito bancário: D – Bancos conta movimento (ativo) C – Caixa (ativo) 2.000 4 -Compra a prazo de mercadorias: Contabilidade Geral 33 D- Mercadorias (ativo) C- Duplicatas a pagar (Passivo Exigível) 3.000 5 -Compra à vista de mercadorias: D- Mercadorias (ativo) C – Caixa (ativo) 1.000 6 -Compra à vista de veículos: D- Veículos (ativo) C- Bancos conta movimento (ativo) 600 7 -Pagamento em moeda de parte da dívida: D- Duplicatas a pagar (Passivo Exigível) C- Caixa (ativo) 700 8 - Saque bancário: D- Caixa (ativo) C – Bancos conta movimento (ativo) 1.200 9 -Obtenção de um empréstimo bancário: D- Bancos conta movimento (ativo) C- Empréstimos Bancários (Passivo Exigível) 2.500 10 - Pagamento em cheque da parte restante da dívida com fornecedores: D- Duplicatas a pagar (Passivo Exigível) C- Bancos conta movimento (ativo) 2.300 Para efeitos didáticos e visualização do Método das Partidas Dobradas, abaixo é demostrado os mesmos lançamentos em forma de “Razonetes em “T”, que é uma síntese dos registros no “Razão” de uma empresa: Observações: As contas foram dispostas conforme devem ser discriminadas no BP, ou seja, Ativo pelo grau decrescente de liquidez e Passivo pelo grau decrescente de exigibilidade; Contabilidade Geral 34 Os números em parêntese (n) ao lado de cada valor correspondem aos lança- mentos contábeis e, conforme o Método das Partidas Dobradas, se repetem umavez para o débi- to e uma vez para o correspondente crédito. A sigla “SD” corresponde ao Saldo Final da conta, como no exemplo no qual as operações foram apenas em contas patrimoniais, sem fatos que provoquem mutações no PL, tais saldos corresponderão aos valores constantes no Balanço Patrimonial. (1) 5.000 500 (2) (3) 2.000 600 (6) (8) 1.200 2.000 (3) (9) 2.500 1.200 (8) 1.000 (5) 2.300 (10) 700 (7) 6.200 4.200 4.500 4.100 SD 2.000 SD 400 (4) 3.000 (2) 500 (5) 1.000 SD 4.000 SD 500 (6) 600 (7) 700 3.000 (4) (10) 2.300 3.000 3.000 SD 600 SD - 2.500 (9) 5.000 (1) 2.500 SD 5.000 SD Empréstimos Bancários Capital Social Caixa Banco Ctª Movtº Mercadorias Móveis e Utensílios Veículos Fornecedores Após as operações, se fechado um balanço, o mesmo ficaria da seguinte forma: Caixa 2.000 Emprestimos Bancários 2.500 Bco Ctª Movtº 400 Estoque de Mercadorias 4.000 Móveis e Utensílios 500 Patrimônio Líquido Veículos 600 Capital Social 5.000 Total Ativo 7.500 Total Passivo 7.500 Balanço Patrimonial Ativo Passivo Contabilidade Geral 35 4.3.2. Encerramento dos saldos das contas de resultado: Em relação às contas de resultado vimos que a sistemática de escrituração é mes- ma, com a diferença de que ao final do exercício estas contas (transitórias) devem apresentar saldo “zero”. O processo de encerramento é o que permite o mencionado confronto das receitas com as despesas e, consequentemente, a mensuração do resultado obtido (lucro ou prejuízo). Para tanto, ao término do período contábil, os valores de cada conta de receita e de despesa são “transferidos”, através de lançamentos de encerramento, para conta de “Resultados”, cujo sal- do(débito menos crédito) apurado representa o próprio resultado. Exemplo: Consideremos a continuidade de operações da empresa do exemplo anterior, cujos saldos das contas apresentam-se no BP acima: 11 – Venda a vista de 50% das mercadorias em estoque pelo valor de $6.000,00 (para fim didático, neste momento desconsideremos a questão de tributos); 12 – Pagamento, através de débito em conta corrente, de $25,00 referente a juros sobre empréstimos bancários. Os lançamentos em razonetes ficariam da seguinte forma: SDI 2.000 SDI 400 25 (12) (11a) 6.000 400 25 SDF 8.000 SD 375 SDI 4.000 2.000 (11b) SDI 500 SDF 2.000 SDF 600 SDI 600 2.500 SDI SDF 600 2.500 SDF Caixa Banco Ctª Movtº Mercadorias Móveis e Utensílios Veículos Empréstimos Bancários Contabilidade Geral 36 5.000 SDI 3.975 D 5.000 SDF 3.975 SDF A 6.000 6.000 (11a) B 2.000 6.000 A C 25 6.000 6.000 2.025 6.000 - SDF D 3.975 3.975 (11b) 2.000 2.000 B (12) 25 25 C 2.000 2.000 25 25 SDF - SDF - Capital Social RESULTADO Custo c/ Mercadorias Juros Pagos Receitas Vendas Lucros Acumulados Observações: SDI representa “Saldo Inicial” da conta e “SDF” o final; Os lançamentos referentesàs novas ocorrências continuaram a numeração do exemplo anterior (11 e 12) Os lançamentos de resultado, que encerram as referidas contas, estão indicados por “letras maiúsculas”. (A,B,C e D) Quanto aos lançamentos dos fatos modificativos: A venda a vista da metade do estoque de mercadorias foi escriturada através do débito no Caixa, cuja contrapartida (crédito) foi o de reconhecimento na conta de “Receita de Vendas” (11a). Ressalta-se mais uma vez assistemática de débito e crédito para as variações dos elementos patrimoniais. A conta “Caixa” (Ativo) é de natureza devedora, por isso o lançamento a “débito” em razão da entrada de recursos ($) refletindo no aumento do saldo da conta. Conside- rando que não existe débito sem o correspondente crédito, este foi o reconhecimento da receita de venda que por sua vez aumenta o PL da empresa, já que este último possui natureza credora, para aumentar o seu saldo os valores devem ser lançados a crédito. Para que ocorra a receita proveniente da venda de mercadorias, a empresa arca com sacrifício do estoque disponível, que é característica de uma despesa, ou seja, 50% do esto- que pronto para vendas representou um “custo” que deve ser abatido do ganho (receita). Assim, há o débito (11b) na conta de “Custo c/ mercadorias” cujo efeito será a diminuição da receita e, consequentemente do PL. A contrapartida deste débito é o crédito na conta “Mercadorias” (11b)(natureza devedora, para diminuir se credita), observa-se que tal lançamento já faz o ajuste Contabilidade Geral 37 na disponibilidade de mercadorias, que após as vendas e reconhecimento do custo passou a ser $2.000,00. Raciocínio semelhante vale para a quitação de juros pagos sobre empréstimos, re- alizado através do débito em conta corrente. Juros pagos implicam em despesas, que por sua vez influenciam na redução do PL que possui natureza credora, para sua diminuição deverá haver o débito, que neste caso está escriturado na despesa de “juros pagos” (12). Este débito implicou no crédito na conta “Banco ctª Movtº” (12), uma vez que ocorreu a diminuição do saldo disponível. Quanto aos lançamentos de encerramento das contas de resultados: Sabemos que as receitas e despesas provocam mutações no PL. Entretanto, estu- damos que a Contabilidade deve respeitar o princípio da integridade nos registros de todos os fatos ocorridos, prestando informações com clareza e objetividade fiéis à realidade, assim, as mutações do PL serão registradas a partir da mensuração do resultado. O encerramento das contas de resultado ocorre com a transferência dos valores to- talizados de receitas e despesas para a uma conta que pode ser denominada como “Resultado”. Desta maneira, de acordo com a lógica da sistemática de débito e crédito, a natureza da conta é que vai determinar a forma de lançamento, em outras palavras, para transferir o total de determi- nada despesa (devedora) para a conta de resultado, basta creditar está conta e debitar o valor cor- respondente na conta “Resultado”. O inverso vale para “zerar” as contas de receitas, estas que possuem saldo credor, devem ser debitadas e o crédito correspondente lançado na conta “Resul- tado”. Esquematicamente podemos representar da seguinte maneira: D C DÉBITO (Contrapartida) CRÉDITO (Contrapartida) D C D C DEVEDORA CRÉDITO P/ ZERAR DÉBITO P/ ZERAR CREDORA RESULTADO DESPESAS RECEITA Observa-se que a conta “Resultado” retrata justamente o confronto das receitas (crédito – lado direito – aumenta PL) com as despesas (débito - lado esquerdo – diminui o PL). Contabilidade Geral 38 Assim, se o seu saldo é credor, indica que houve lucro no período, pois as receitas superaram as despesas. Quando o saldo desta conta é devedor, significa que foi apurado prejuízo. A conta “Resultado” também é uma conta transitória. Uma vez apurado o resulta- do do exercício, o valor correspondente deverá ser transferido para o patrimônio líquido. No e- xemplo dado, essa transferência foi feita para a conta “LucrosAcumulados” com objetivo didáti- co, uma vez que esta conta do PL foi extinta com as alterações da Lei 6.404/76, fato que será comentado posteriormente. Diante do que abordamos, vemos que o lançamento “A” corresponde à transferên- cia da receita de vendas para a conta de resultado (D – Receita de vendas e C – Resultado) e os lançamentos “B”(D – Resultado e C – Custo c/ Mercadorias) e “C” (D – Resultado e C – Juros pagos) referem-se às transferências das Despesas. O confronto dos valores lançados a crédito (receitas) com os lançados a débito (despesas) na conta “Resultado” resulta em um saldo credor, ou seja, a empresa alcançou um lucro no período. Como a conta de “Resultado” também é transi- tória, seu saldo apurado foi transferido para conta do PL “Lucros Acumulados”, desta forma to- das as contas de resultado foram encerradas (saldo zero) e o PL agora apresenta um aumento através dos lucros acumulados. Após as operações a nova situação patrimonial da empresa ficou assim represen- tada: Caixa 8.000 Emprestimos Bancários 2.500 Bco Ctª Movtº 375 Estoque de Mercadorias 2.000 Patrimônio Líquido Móveis e Utensílios 500 Capital Social 5.000 Veículos 600 Lucros Acumulados 3.975Total Ativo 11.475 Total Passivo 11.475 Balanço Patrimonial Ativo Passivo 4.4. Demonstrações Contábeis As Demonstrações Contábeis compreendem o conjunto de peças que evidencia a situação financeira, econômica e patrimonial, o resultado das operações, as mutações patrimoni- ais e as origens e aplicações de recursos, entre outras informações pertinentes, de uma entidade. É a técnica que consiste na exposição da situação do patrimônio em determinada data e de suas variações durante certo período. Contabilidade Geral 39 O artigo 176 da Lei 6404/76 exige a elaboração, ao término de cada exercício so- cial, das seguintes demonstrações financeiras para as Sociedades Anônimas: “Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na es- crituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deve- rão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocor- ridas no exercício: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007); V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007).” Conforme o referido dispositivo legal as demonstrações deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e suas mutações ocorridas durante o exercício social. Ressalta-se que a Lei 6.404/76 foi alterada em 2007 com o objetivo de padroniza- ção às normas internacionais de contabilidade. No que se refere às apresentações das demonstra- ções financeiraso quadro abaixo resume a evolução com a alteração da Lei: Até o exercício de 2007 A partir do exercício de 2008 (alterações introduzidas pela Lei 11.638/07) Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração dos Lucros ou Prejuízos acumu- lados (opcionalmente substituída pela Demons- tração das Mutações do PL) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos acumu- lados (opcionalmente substituída pela Demons- tração das Mutações do PL) Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos Demonstração do Fluxo de Caixa Demonstração do Valor Adicionado, se compa- nhia aberta. 4.5. Análise das Demonstrações Financeiras A Análise das Demonstrações Financeiras é o estudo das demonstrações contá- beis através da aplicação de índices financeiros que permitem avaliar a situação financeira, pa- trimonial e econômica de uma empresa. Por intermédio dessa técnica, podemos efetuar a análise Contabilidade Geral 40 da lucratividade, da capacidade de pagamentos das obrigações, do prazo dentro do qual ocorre a renovação dos estoques, entre outros. 4.6. Auditoria Auditoria é a técnica contábil por meio do qual verificamos se a escrituração e as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos, de tal maneira a refletirem as transações efetivamente realizadas, a situação do patrimô- nio e suas variações. 4.7.Normas legais sobre a escrituração: Conforme já mencionado a legislação brasileira não impõe expressamente ne- nhum método de escrituração. O que se encontra determinado pelo artigo 1.179 do Código Ci- vil, é que o empresário (exceto o pequeno empresário) e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, com base na escrituração uniforme de seus livros, em cor- respondência com a documentação respectiva e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o resultado econômico (Demonstração do Resultado do Exercício), devendo ainda essas Demons- trações serem lançadas no livro Diário e assinadas pelo contabilista e pelo empresário ou socie- dade empresária. No caso das sociedades anônimas, a Lei nº. 6.404/76, em seu artigo 177, estabele- ce o seguinte em relação à escrituração: “Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de conta- bilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis unifor- mes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos. § 2o A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as nor- mas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente subme- tidas a auditoria por auditores independentes nela registrados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Contabilidade Geral 41 § 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por conta- bilistas legalmente habilitados. § 5o As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) § 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstra- ções financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007).” Observa-se que atualmente com a adoção do Sistema Público de Escrituração Di- gital – SPED, especificamente com o módulo de Escrituração Contábil Digital – ECD, tanto a escrituração quanto a assinatura e registro dos livros e, consequentemente, das demonstrações constantes nos mesmos, são realizadas de forma digital. 4.8. Principais Livros Contábeis Os livros contábeis são aqueles onde são registrados os fatos contábeis. Os principais livros utilizados pela Contabilidade são: 1. Livro Diário; 2. Livro Razão; 3. Livro Caixa. 4.8.1. Livro Diário: É neste que são registradas todas as operações contabilizáveis de uma entidade, em ordem cronológica e com a observância de certas regras. Destinado ao registro dos fatos con- tábeis (ou administrativos), o livro Diário é: Obrigatório, pois é exigido por Lei (Novo Código Civil). Principal, pois registra todos os fatos contábeis. Cronológico, pois os fatos contábeis são escriturados em ordem cronológica (dia, mês e ano). No livro Diário, não se importa com qualquer classificação por conta em nível de estrutura de plano de contas,a preocupação é a simples listagem dos fatos. Apesar de o livro Diário ser fiscal e comercialmente obrigatório, tem pouco uso para o dia a dia, já que o principal argumento de pesquisa em nível operacional acaba sendo nas contas contábeis, que ele não contempla cumulativamente. Contabilidade Geral 42 4.8.2. Livro Razão Indispensável para a boa contabilidade, o livro Razão serve para o registro de to- das as operações, pela ordem sistemática do título das contas devedoras ou credoras, sob as quais elas foram registradas. A escrituração processa-se pela transcrição conta por conta, em ordem de data e em “folhas” abertas para cada conta, das operações registradas cronologicamente no Diá- rio. O livro Razão acaba sendo o livro por excelência, já que através dele é que conse- guimos apurar o saldo de cada item patrimonial, de cada conta. No Diário isso não é possível, pois há uma simples listagem dos fatos. Podemos classificar o livro Razão como: Facultativo pela legislação comercial (Código Comercial) e obrigatória pela legislação fiscal (RIR), somente às entidades
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