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Tema 10 - Sistema de Amortização Constante (SAC) com carência

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Thyago Paiva

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<p>AVALIAÇÃO DE</p><p>INVESTIMENTOS</p><p>Wellington Rodrigues Silva Souza</p><p>Sistema de amortização</p><p>constante com carência</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Relacionar o sistema de amortização constante com financiamentos</p><p>de longo prazo.</p><p> Calcular as parcelas no sistema de amortização constante.</p><p> Identificar o saldo devedor.</p><p>Introdução</p><p>Entender a lógica dos juros compostos aplicados a fluxos de caixa em</p><p>parcelas é crucial tanto para a vida pessoal quanto para decisões estra-</p><p>tégicas de endividamento de empresas.</p><p>Neste capítulo, você vai ler sobre o sistema de amortização constante</p><p>(SAC) na prática de empréstimos e financiamentos de longo prazo. Vai</p><p>também estudar como calcular parcelas nesse sistema e como identificar</p><p>o saldo devedor.</p><p>O sistema de amortização constante aplicado</p><p>a financiamentos de longo prazo</p><p>No campo das fi nanças pessoais, por vezes há a necessidade de recorrer a um</p><p>fi nanciamento de longo prazo para comprar bens de alto valor. É o caso do</p><p>fi nanciamento de um veículo ou, em maior proporção em termos monetários,</p><p>do fi nanciamento de um imóvel. No que diz respeito às fi nanças empresariais,</p><p>há duas formas de fi nanciamento: pelo capital próprio, ou seja, injeção de</p><p>recursos na empresa pelos seus acionistas, ou por meio do capital de terceiros,</p><p>cenário no qual a empresa toma recursos em empréstimos e fi nanciamentos.</p><p>Em geral, estes financiamentos são realizados dada uma indisponibilidade</p><p>de caixa para a compra do bem à vista. No entanto, no âmbito empresarial,</p><p>muitas vezes esse não é o motivo, o que pode ser facilmente verificado nos</p><p>balanços patrimoniais divulgados pelas empresas de capital aberto (que ne-</p><p>gociam ações em bolsas de valores).</p><p>Veja os saldos de Caixa e equivalentes de caixa e Empréstimos e financiamentos</p><p>divulgados pela Magazine Luiza em seu balanço patrimonial consolidado referente ao</p><p>exercício social findo em 31/12/2018 (MAGAZINE LUIZA S.A., [2018], documento on-line).</p><p>Saldo</p><p>(milhares de R$)</p><p>Caixa e equivalentes de caixa 548.553</p><p>Empréstimos e financiamentos (passivo circulante) 130.685</p><p>Empréstimos e financiamentos (passivo não circulante) 323.402</p><p>Total de empréstimos e financiamentos 454.087</p><p>Como você pode notar, o saldo de Caixa e equivalentes de caixa — que</p><p>representa dinheiro em espécie, depósitos bancários e aplicações financeiras</p><p>de alta liquidez — supera o saldo de Empréstimos e financiamentos. Isso</p><p>significa que, mesmo dispondo de recursos financeiros imediatamente, a</p><p>empresa usa capital de terceiros para financiar suas atividades. Uma análise</p><p>mais aprofundada quanto à distribuição de saldos entre circulante e não cir-</p><p>culante revela que a maior parte do montante devido pela empresa (R$ 323,4</p><p>milhões) é dívida de longo prazo, pois vencerá em mais de 12 meses (conceito</p><p>de passivo não circulante).</p><p>Sistema de amortização constante com carência2</p><p>Para consultar as demonstrações financeiras completas da Magazine Luiza ([2019]),</p><p>acesse o link a seguir, selecione o período desejado e baixe o arquivo ITR/DFP.</p><p>Procure na nota explicativa de empréstimos e financiamentos (nota 19 na demons-</p><p>tração financeira de 31/12/2018) detalhes como taxas, datas de vencimento, mapa</p><p>de movimentação e cronograma de vencimentos. Aproveite para analisar a nota</p><p>explicativa de resultado financeiro (nota 27 na demonstração financeira de 31/12/2018),</p><p>em que são apresentados os montantes de juros sobre empréstimos e rendimentos</p><p>de aplicações financeiras no ano.</p><p>https://qrgo.page.link/vd8Yd</p><p>Por que, então, as empresas se endividam mesmo dispondo de recursos em</p><p>caixa? Não existe uma resposta definitiva para essa pergunta, mas algumas</p><p>razões são destacadas a seguir.</p><p> A empresa não quer comprometer o seu capital de giro (caixa mantido</p><p>para pagamentos normais do ciclo operacional da empresa) com gas-</p><p>tos em projetos de expansão. Afinal, manter uma folga de caixa para</p><p>necessidades financeiras é extremamente importante.</p><p> Muitas vezes, o capital de terceiros é mais barato, já que tem taxas de</p><p>juros baixas. Por isso, vale mais a pena para a empresa captar recursos</p><p>com empréstimos e financiamentos para novos projetos de expansão</p><p>(como a abertura de uma nova fábrica, por exemplo) do que usar o</p><p>recurso disponível em caixa. Esse recurso disponível em caixa, quando</p><p>aplicado, pode gerar rentabilidade (receita financeira) superior aos juros</p><p>dos empréstimos e financiamentos obtidos (despesa financeira). Isso</p><p>significa que a empresa paga os juros da dívida com a rentabilidade da</p><p>aplicação financeira e ainda apura lucro na transação.</p><p> Empresas que optam pelo regime de lucro real para apurar tributos</p><p>sobre lucro tomam a dedutibilidade fiscal da despesa de juros para</p><p>apurar o lucro tributável sobre o qual incidirão tributos. No Brasil,</p><p>essa dedutibilidade é cerca de 34%. Isso significa que a despesa efetiva</p><p>de juros sobre os financiamentos é 66%, uma vez que os outros 34% se</p><p>transformam em economia de caixa no pagamento de tributos.</p><p>3Sistema de amortização constante com carência</p><p>Em síntese, pessoas físicas optam por um financiamento de longo prazo</p><p>normalmente por falta de recursos para comprar bens de alto valor. Da mesma</p><p>forma, pessoas jurídicas (empresas ou outras entidades, como organizações</p><p>não governamentais) podem também optar pelo endividamento para adquirir</p><p>bens na falta de recursos imediatos. Porém, frequentemente há outras razões,</p><p>que envolvem os benefícios que o endividamento pode oferecer à empresa,</p><p>como as três razões listadas anteriormente. Mesmo que disponham de recursos</p><p>imediatos, “[…] grandes e pequenas empresas tê m algo em comum: a neces-</p><p>sidade de obter capital de longo prazo” (ROSS et al., 2015).</p><p>Como os empréstimos são frequentes nas vidas tanto das pessoas físicas</p><p>quanto das pessoas jurídicas, é importante saber como calculá-los. Um dos</p><p>métodos de cálculo é o sistema de amortização constante (SAC). De acordo com</p><p>Almeida (2016, p. 144), “[…] essa modalidade de pagamento também é conhe-</p><p>cida como método hamburguês e possui vasta utilização em financiamentos</p><p>imobiliários (SFH — sistema financeiro de habitação) e em financiamentos</p><p>às empresas por parte de várias entidades governamentais”.</p><p>Cálculo de financiamentos por meio do sistema</p><p>de amortização constante</p><p>Conforme Assaf Neto (2017, p. 235), “[…] o Sistema de Amortização Constante</p><p>(SAC), como o próprio nome indica, tem como característica básica serem</p><p>as amortizações do principal sempre iguais (ou constantes) em todo o prazo</p><p>da operação”.</p><p>Amortização, que também pode ser chamada de principal, refere-se à parte</p><p>que é reduzida da dívida após o pagamento de cada parcela. É extremamente</p><p>importante distinguir amortização e parcela (pagamento). Parcela é o valor</p><p>que será pago nos prazos acordados do empréstimo e contempla a fatia que é</p><p>efetiva redução de dívida e a fatia que corresponde aos juros pagos ao banco</p><p>como remuneração pelo empréstimo efetuado. Amortização, por sua vez,</p><p>refere-se apenas à parte do pagamento que resulta em efetiva redução de dívida.</p><p>A fórmula para determinar o montante de amortização no SAC é a seguinte:</p><p>Sistema de amortização constante com carência4</p><p>Na matemática financeira, o valor inicial de uma dívida (valor captado) ou o valor</p><p>inicial de um investimento (valor aplicado) também pode ser referenciado como</p><p>valor presente (VP).</p><p>Se, por exemplo, uma empresa obteve um empréstimo de R$ 120.000 e</p><p>vai pagá-lo em 12 parcelas, aplicando-se a fórmula da amortização, o valor</p><p>da amortização mensal é R$ 10.000:</p><p>Para determinar os juros de cada parcela, aplica-se a seguinte fórmula:</p><p>juros = saldo devedor × taxa de juros (%)</p><p>Dando continuidade ao exemplo anterior, o saldo devedor inicial corres-</p><p>ponde exatamente ao valor captado (nenhuma amortização ainda foi feita).</p><p>Considerando que a taxa de juros é 1,5% a.m. (ao mês), então o valor de juros</p><p>no primeiro mês é R$ 1.800:</p><p>juros = 120.000 × 1,5% = R$ 1.800</p><p>Compete ressaltar que a taxa de juros a</p><p>ser aplicada sobre o saldo devedor</p><p>deve estar na mesma grandeza do período das parcelas, isto é, se as parcelas</p><p>são mensais, a taxa de juros também deve ser mensal. Os bancos costumam</p><p>estabelecer taxas em grandeza anual, sendo necessário fazer a conversão.</p><p>A princípio, pode-se imaginar que basta dividir a taxa anual por 12 meses.</p><p>Entretanto, esse procedimento não é correto, em virtude dos conceitos de</p><p>juros compostos. A conversão de taxas, se for o caso, deve ser efetuada de</p><p>acordo com o conceito de taxas equivalentes (ALMEIDA, 2016). A fórmula</p><p>de cálculo é a seguinte:</p><p>5Sistema de amortização constante com carência</p><p>onde:</p><p>iq = taxa que se quer descobrir;</p><p>it = taxa que se tem;</p><p>nq = período da taxa que se quer converter;</p><p>nt = período da taxa que se tem.</p><p>Por exemplo, se você tem como informação uma taxa de 15% a.a. (ao ano)</p><p>e quer descobrir a equivalente a.m. (ao mês), então deve calcular:</p><p>Veja que a taxa que se tem é 15% a.a. Para aplicação na fórmula, ela</p><p>deve ser transformada em número decimal. Para isso, divide-se a taxa em</p><p>percentual por 100 (15 ÷ 100 = 0,15). Na sequência, no expoente da equação,</p><p>o numerador é o prazo para o qual se quer converter a taxa, e o denomi-</p><p>nador é o período que se tem, que é o período correspondente a taxa que</p><p>se tem. Como a taxa está em grandeza anual e queremos transformá-la em</p><p>equivalente mensal, o período para o qual se quer converter a taxa é igual</p><p>a 1 (correspondente a um mês) e o período que se tem é 1 ano, que, por sua</p><p>vez, corresponde a 12 meses.</p><p>O período que se quer e o período que se tem devem estar sempre na mesma</p><p>grandeza equivalente em meses (p. ex., se a taxa que se tem é semestral e se quer</p><p>convertê-la para taxa anual, então o período que se tem para a taxa semestral é de 6</p><p>meses, correspondente a um semestre, e o período da taxa que se quer para a taxa</p><p>anual é de 12 meses, correspondente a um ano. O Quadro 1 apresenta uma síntese</p><p>dos expoentes a serem utilizados para a conversão de taxas.</p><p>Sistema de amortização constante com carência6</p><p>PA</p><p>R</p><p>A</p><p>(p</p><p>er</p><p>ío</p><p>do</p><p>d</p><p>a</p><p>ta</p><p>xa</p><p>q</p><p>ue</p><p>s</p><p>e</p><p>qu</p><p>er</p><p>)</p><p>M</p><p>en</p><p>sa</p><p>l</p><p>Bi</p><p>m</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>Tr</p><p>im</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>Q</p><p>ua</p><p>dr</p><p>im</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>Se</p><p>m</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>A</p><p>nu</p><p>al</p><p>DE (período da</p><p>taxa que se tem)</p><p>M</p><p>en</p><p>sa</p><p>l</p><p>—</p><p>2/</p><p>1</p><p>3/</p><p>1</p><p>4/</p><p>1</p><p>6/</p><p>1</p><p>12</p><p>/1</p><p>Bi</p><p>m</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>1/</p><p>2</p><p>—</p><p>3/</p><p>2</p><p>4/</p><p>2</p><p>6/</p><p>2</p><p>12</p><p>/2</p><p>Tr</p><p>im</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>1/</p><p>3</p><p>2/</p><p>3</p><p>—</p><p>4/</p><p>3</p><p>6/</p><p>3</p><p>12</p><p>/3</p><p>Q</p><p>ua</p><p>dr</p><p>im</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>1/</p><p>4</p><p>2/</p><p>4</p><p>3/</p><p>4</p><p>—</p><p>6/</p><p>4</p><p>12</p><p>/4</p><p>Se</p><p>m</p><p>es</p><p>tr</p><p>al</p><p>1/</p><p>6</p><p>2/</p><p>6</p><p>3/</p><p>6</p><p>4/</p><p>6</p><p>—</p><p>12</p><p>/6</p><p>A</p><p>nu</p><p>al</p><p>1/</p><p>12</p><p>2/</p><p>12</p><p>3/</p><p>12</p><p>4/</p><p>12</p><p>6/</p><p>12</p><p>—</p><p>Q</p><p>ua</p><p>dr</p><p>o</p><p>1.</p><p>E</p><p>xp</p><p>oe</p><p>nt</p><p>es</p><p>p</p><p>ar</p><p>a</p><p>co</p><p>nv</p><p>er</p><p>sã</p><p>o</p><p>de</p><p>ta</p><p>xa</p><p>s</p><p>7Sistema de amortização constante com carência</p><p>Como consequência dos conceitos de amortização e juros, a parcela</p><p>(pagamento) será dada por:</p><p>parcela = amortização + juros</p><p>Dando continuidade ao exemplo, a primeira parcela a ser paga corresponde</p><p>a R$ 11.800 e é obtida como segue:</p><p>parcela = 10.000 + 1.800 = R$ 11.800</p><p>Por fim, o saldo devedor é obtido conforme fórmula a seguir:</p><p>saldo devedor = valor captado − (amortização × número de parcelas já pagas)</p><p>Ou ainda, por diferença entre o saldo devedor anterior (t − 1) e a amorti-</p><p>zação no mês (t):</p><p>saldo devedort = saldo devedort − 1 − amortizaçãot</p><p>Seguindo o exemplo anterior, o saldo devedor ao final do primeiro mês é:</p><p>saldo devedort = 120.000 − 10.000 = R$ 110.000</p><p>A demonstração completa do f luxo de parcelas (pagamentos), ju-</p><p>ros, amortização e saldo devedor pode ser feita por meio de uma tabela.</p><p>O Quadro 2 apresenta o exemplo abordado (isto é, captação de R$ 120.000,</p><p>prazo de pagamento de 12 meses, taxa de juros de 1,5% a.m. e cálculo</p><p>pelo SAC).</p><p>Sistema de amortização constante com carência8</p><p>Mês</p><p>Parcela (a)</p><p>(b)t + (c)t</p><p>Juros (b)</p><p>(d) t − 1 × taxa %</p><p>Amortização</p><p>(c)</p><p>Saldo</p><p>devedor (d)</p><p>(d) t − 1 − (c) t</p><p>0 — — — 120.000</p><p>1 11.800 1.800 10.000 110.000</p><p>2 11.650 1.650 10.000 100.000</p><p>3 11.500 1.500 10.000 90.000</p><p>4 11.350 1.350 10.000 80.000</p><p>5 11.200 1.200 10.000 70.000</p><p>6 11.050 1.050 10.000 60.000</p><p>7 10.900 900 10.000 50.000</p><p>8 10.750 750 10.000 40.000</p><p>9 10.600 600 10.000 30.000</p><p>10 10.450 450 10.000 20.000</p><p>11 10.300 300 10.000 10.000</p><p>12 10.150 150 10.000 —</p><p>Total 131.700 11.700 120.000 —</p><p>Legenda:</p><p>t = mês atual</p><p>t-1 = mês anterior</p><p>Quadro 2. Tabela para demonstração do fluxo de parcelas, juros, amortização e saldo</p><p>devedor</p><p>9Sistema de amortização constante com carência</p><p>Veja que, mensalmente, a amortização (c) é constante, os juros (b) são cal-</p><p>culados aplicando-se a taxa de juros sobre o saldo devedor do período anterior</p><p>(d)t −1, a parcela corresponde à soma dos juros do mês (b)t e da amortização</p><p>do mês (c)t, e o saldo devedor do mês (d)t é obtido subtraindo-se o valor da</p><p>amortização do mês (c)t do saldo devedor anterior (d)t −1.</p><p>Sistema de amortização constante com carência</p><p>Suponha que os gestores de determinada empresa tenham observado um</p><p>crescimento na demanda pelos produtos que comercializa, mas é incapaz de</p><p>atendê-la apenas com a capacidade produtiva atual. Então, os gestores decidem</p><p>abrir uma nova fábrica para produzir e suprir a demanda adicional. No entanto,</p><p>a empresa não dispõe de recursos sufi cientes para realizar esse investimento.</p><p>Os gestores decidiram recorrer a um empréstimo bancário para viabilizar o</p><p>projeto. Ao montar o plano fi nanceiro, identifi caram que pode haver falta de</p><p>caixa, considerando-se apenas as vendas atuais, para começarem a pagar as</p><p>parcelas ao banco logo após o primeiro mês da captação dos recursos. E agora?</p><p>Qual é a saída para a empresa?</p><p>Existem modalidades de empréstimos e financiamentos em que o credor</p><p>concede um prazo extra para o devedor começar a pagar as parcelas (ou parte</p><p>delas, se a carência for parcial). Esse prazo corresponde ao que chamamos de</p><p>prazo de carência ou período de carência.</p><p>Existem dois tipos de carência mais usuais: a que prevê pagamentos apenas</p><p>dos juros no período, chamada de carência parcial, que se refere apenas à</p><p>parte do pagamento relacionada à amortização, e a que não prevê o pagamento</p><p>de juros nem amortização no período, a carência total (ASSAF NETO, 2017).</p><p>Carência parcial</p><p>Na modalidade de carência parcial, há carência apenas para a amortização, isto</p><p>é, os juros apurados no período de carência devem ser pagos neste período.</p><p>Consideremos o exemplo anterior (captação de R$ 120.000 para pagamento</p><p>em 12 parcelas mensais a uma taxa de 1,5% a.m.), porém com 3 meses de</p><p>carência de amortização (carência parcial), devendo a empresa liquidar neste</p><p>período apenas os juros mensais. Neste cenário, o fl uxo de pagamentos será</p><p>o seguinte (Quadro 3):</p><p>Sistema de amortização constante com carência10</p><p>Mês</p><p>Parcela (a)</p><p>(b)t + (c)t</p><p>Juros (b)</p><p>(d)t − 1 × taxa % Amortização (c)</p><p>Saldo</p><p>devedor (d)</p><p>(d)t − 1 − (c)t</p><p>0 — — — 120.000</p><p>1 1.800 1.800 — 120.000</p><p>2 1.800 1.800 — 120.000</p><p>3 1.800 1.800 — 120.000</p><p>4 11.800 1.800 10.000 110.000</p><p>5 11.650 1.650 10.000 100.000</p><p>6 11.500 1.500 10.000 90.000</p><p>7 11.350 1.350 10.000 80.000</p><p>8 11.200 1.200 10.000 70.000</p><p>9 11.050 1.050 10.000 60.000</p><p>10 10.900 900 10.000 50.000</p><p>11 10.750 750 10.000 40.000</p><p>12 10.600 600 10.000 30.000</p><p>13 10.450 450 10.000 20.000</p><p>14 10.300 300 10.000 10.000</p><p>15 10.150 150 10.000 —</p><p>Total 137.100 17.100 120.000 —</p><p>Legenda:</p><p>t = mês atual</p><p>t − 1 = mês anterior</p><p>Quadro 3. SAC com parcela parcial</p><p>11Sistema de amortização constante com carência</p><p>Note que os juros são normalmente apurados sobre o saldo devedor.</p><p>No entanto, como não há amortização em razão da carência para a amortização,</p><p>somente os juros são pagos. Nos três primeiros meses, portanto, o saldo devedor</p><p>vai ser exatamente o mesmo, uma vez que o pagamento de juros não o reduz. O</p><p>saldo devedor corresponde, então, apenas à remuneração que se dá ao banco pelo</p><p>empréstimo. A partir do quarto mês, o fluxo segue normalmente, considerando</p><p>o pagamento de juros e a fatia que se refere à amortização do saldo devedor.</p><p>Carência total</p><p>Na modalidade de carência total, há carência tanto de amortização quanto de</p><p>pagamento de juros, isto é, os juros apurados</p><p>no período de carência elevam</p><p>o saldo devedor. Considerando os dados do mesmo exemplo (captação de R$</p><p>120.000, para pagamento em 12 parcelas mensais, a uma taxa de 1,5% a.m.),</p><p>mas com carência total de 3 meses, a tabela pelo SAC fi ca a seguinte (Quadro 4):</p><p>Mês</p><p>Parcela (a)</p><p>No período de</p><p>carência = 0</p><p>No período</p><p>pós-carência:</p><p>(b)t + (c)t</p><p>Juros (b)</p><p>(d)t − 1 ×</p><p>taxa % Amortização (c)</p><p>Saldo</p><p>devedor (d)</p><p>No período</p><p>de carência:</p><p>(d)t − 1 + (b)t</p><p>No período</p><p>pós-carência:</p><p>(d)t − 1 − (c)t</p><p>0 — — — 120.000,00</p><p>1 — 1.800,00 — 121.800,00</p><p>2 — 1.827,00 — 123.627,00</p><p>3 — 1.854,41 — 125.481,41</p><p>4 12.339,00 1.882,22 10.456,78 115.024,63</p><p>5 12.182,15 1.725,37 10.456,78 104.567,85</p><p>6 12.025,30 1.568,52 10.456,78 94.111,07</p><p>7 11.868,45 1.411,67 10.456,78 83.654,29</p><p>Quadro 4. SAC com carência total</p><p>(Continua)</p><p>Sistema de amortização constante com carência12</p><p>Os juros foram normalmente calculados sobre o saldo devedor. Entre-</p><p>tanto, como não houve pagamento no período, o saldo devedor aumentou ao</p><p>longo do período de carência, uma vez que os juros apurados e não pagos são</p><p>incorporados a esse saldo. A amortização, que seria normalmente calculada</p><p>dividindo-se o valor captado pela quantidade de parcelas, com a carência total</p><p>passa a ser calculada da seguinte forma:</p><p>Mês</p><p>Parcela (a)</p><p>No período</p><p>de carência</p><p>= 0</p><p>No período</p><p>pós-carência:</p><p>(b)t + (c)t</p><p>Juros (b)</p><p>(d)t − 1 ×</p><p>taxa % Amortização (c)</p><p>Saldo</p><p>devedor (d)</p><p>No período</p><p>de carência:</p><p>(d)t − 1 + (b)t</p><p>No período</p><p>pós-carência:</p><p>(d)t − 1 − (c)t</p><p>8 11.711,59 1.254,81 10.456,78 73.197,51</p><p>9 11.554,74 1.097,96 10.456,78 62.740,73</p><p>10 11.397,89 941,11 10.456,78 52.283,95</p><p>11 11.241,04 784,26 10.456,78 41.827,17</p><p>12 11.084,19 627,41 10.456,78 31.370,39</p><p>13 10.927,34 470,56 10.456,78 20.913,61</p><p>14 10.770,48 313,70 10.456,78 10.456,83</p><p>15 10.613,68 156,85 10.456,83(*) —</p><p>Total 137.715,85 17.715,85 125.481,41 —</p><p>Legenda:</p><p>t = mês atual</p><p>t − 1 = mês anterior</p><p>(*) A amortização do último mês foi ajustada em R$ 0,05 em razão da dízima periódica no valor</p><p>da amortização.</p><p>Quadro 4. SAC com carência total</p><p>(Continuação)</p><p>13Sistema de amortização constante com carência</p><p>Por isso, neste exemplo, o valor da amortização mensal é R$ 10.456,78:</p><p>Neste caso, os juros ficam maiores que os juros que teríamos no cenário</p><p>sem carência ou com carência parcial, afinal o saldo devedor aumentou ao</p><p>longo dos meses de carência porque os pagamentos não ocorreram.</p><p>Ao se captar um empréstimo ou financiamento, em especial de longo prazo,</p><p>há que se observar todas as condições contratuais, como taxa de juros, prazo,</p><p>método de amortização aplicável, além do tipo de fluxos de pagamentos: sem</p><p>carência, com carência parcial ou com carência total. Dessa forma, é possível</p><p>tomar uma decisão de endividamento de forma consciente, inclusive avaliando</p><p>a real necessidade de se postergar pagamentos por meio da carência, afinal,</p><p>a escolha pela carência, seja parcial seja total, resulta em maior montante de</p><p>juros e pagamentos totais.</p><p>ALMEIDA, J. T. S. de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.</p><p>ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017.</p><p>MAGAZINE LUIZA. Central de resultados. Magazine Luiza, [s. l.], [2019]. Disponível em:</p><p>https://ri.magazineluiza.com.br/ListResultados/Central-de-Resultados?=0WX0bwP76</p><p>pYcZvx+vXUnvg%3D%3D. Acesso em: 5 out. 2019.</p><p>MAGAZINE LUIZA S.A. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2018 e 2017. [S. l.: s.</p><p>n.], [2018]. Disponível em: https://ri.magazineluiza.com.br/ListResultados/Download.</p><p>aspx?Arquivo=+mZzBAqqWt/00RFJl56+hg==. Acesso em: 5 out. 2019.</p><p>ROSS, S. A. et al. Administração financeira: versão brasileira de corporate finance. 10. ed.</p><p>Porto Alegre: AMGH, 2015.</p><p>Sistema de amortização constante com carência14</p>