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PROMOÇÃO À
BIOSSEGURANÇA
INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL
ANO 2023
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 2
INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL
www.unicless.com.br
www.etuni.com.br
DIRETOR GERAL Prof. Fabrício Martins Rodrigues
COORDENADORA GERAL Profa. Ana Carla Seixas Camacho
CURSOS TÉCNICOS
CONTEÚDO, REVISÃO E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
EDIÇÃO
DIAGRAMAÇÃO E CAPA INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL.
Revisado
Fevereiro/2023
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 3
PLANO DE ENSINO
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
DISCIPLINA PROMOÇÃO À BIOSSEGURANÇA
CURSO Disciplina comum a todos os cursos técnicos da área
de saúde
PROFESSOR(A)
COORDENADOR(A) GERAL ANA CARLA SEIXAS CAMACHO
2. EMENTA
1. Introdução a biossegurança. 2. Ambiente laboratorial e seus riscos. 3. Medidas de prevenção e
controle. 4. Limpeza, desinfeção e esterilização. 5 Embalagens do processo de esterilização. 6
Unidades de saúde. 7. Normas regulamentadoras. 8. Os riscos: bacteriológico, químico, físico e
radiológico.
3. OBJETIVO GERAL
Oferecer subsídios técnicos para que o aluno possa refletir sobre a prática assistencial de na área da
saúde e aplicar os conhecimentos na detecção, prevenção e controle das infecções hospitalares;
desenvolver conhecimentos sobre a Biossegurança, a partir de conceitos e mostrar a importância da
segurança do profissional de saúde no exercício de sua profissão. Além disso, discutir as principais
medidas de prevenção para evitar acidentes de trabalho e buscar a conscientização de todos no uso
dos equipamentos de prevenção individual.
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA
 Discutir os conceitos básicos e aspectos fundamentais de Biossegurança, assim como os
cuidados no ambiente laboratorial para evitar acidentes;
 Conhecer a ação dos microrganismos multirresistentes dentro e fora do ambiente laboratorial,
além das medidas de prevenção e controle;
 Conhecer os critérios para os processos de limpeza, desinfecção e esterilização;
 Identificar e discutir o que são unidades e saúde e, quais são as normas regulamentadoras de
cada setor;
 Conhecer da normatização do Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde.
5. COMPETÊNCIAS À ADQUIRIR:
1. Reconhecer os agentes biológicos que afetam a saúde do ser humano e as ações de prevenção e
controle dos danos provocados.
2. Reconhecer a técnica de lavagem das mãos como um dos procedimentos básicos no controle da
infecção hospitalar.
3. Identificar e correlacionar princípios de assepsia, antissepsia, desinfecção, descontaminação e
esterilização.
4. Saber as normas de segurança no trabalho de enfermagem relativas à prevenção de acidentes
com perfuro cortantes.
5. Interpretar as legislações e normas de segurança e os elementos básicos de prevenção de
acidentes no trabalho;
6. Conhecer da normatização do Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 4
ROTEIRO DE ACOMPANHAMENTO
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
DISCIPLINA PROMOÇÃO À BIOSSEGURANÇA
CURSO Disciplina comum a todos os cursos
técnicos da área de saúde
PROFESSOR(A)
VIDEOAAULA 01
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E DA PROFESSORA RESPONSÁVEL
TEMADA AULA: INTRODUÇÃO A BIOSSEGURANÇA
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
BALLESTRERI, Erica. Introdução à biossegurança. In: STAPENHORST,
Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO,
Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH,
2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível
em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021
/cfi/26!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 05 jun. 2020.
BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais
para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. 1. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536510996
/cfi/19!/4/4@0.00:53.1 Acesso em: 05 dez. 2019
BRASIL. Portaria nº 1.914, de 09 de agosto de 2011. Aprova a
Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2010, pela
Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde.
Brasília, DF: Ministério da Saúde, Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1914_09_08
_2011.html. Acesso em: 05 jun. 2020.
STAPENHORST, Amanda. Princípios gerais, conceito e histórico da
biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica;
STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.).
Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela
Augusta Mateus Pereira]. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021
/cfi/17!/4/4@0.00:58.4. Acesso em: 05 jun. 2020.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 5
Tópico 1.1: História da Biossegurança
A área da saúde é uma área que muitas vezes pode apresentar riscos para o
trabalhador. A preocupação com esses riscos vem crescendo nos últimos anos,
devido ao aumento do conhecimento sobre contaminações microbiológicas, além
da descoberta da AIDS e da hepatite e dos seus métodos de transmissão. Com isso,
foram sendo criadas normas e métodos de regulamentação no sentido de proteger
a saúde do trabalhador (STAPENHORST, 2018, p. 18).
As origens da Biossegurança, principalmente no tocante às pesquisas
envolvendo organismos geneticamente modificados (OGMs), seus riscos,
consequências e outros fatores relevantes devem ser considerados de grande
importância para o avanço da Biotecnologia; mas com implementaçooes de medidas
de segurança aos profissionais envolvidos, além de reflexooes sobre os seus
impactos no mundo contemporâneo, essas medidas puderam ser transpostas para
diversas subáreas da saúde (BARSANO, et. al., 2014, p. 19).
Segundo Goldim (1997 apud COSTA; COSTA, 2002) a lógica da construção
do conceito de biossegurança, teve seu início na década de 1970 na reunião de
Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os
impactos da engenharia genética na sociedade.
O entusiasmo inicial, porém, extinguiu-se quando o surgimento de diversos
casos de infecçaoo nos animais dos laboratórios começou a despertar nos cientistas
a preocupaçaoo com a segurança dos trabalhadores diretos e a saúde pública em
geral. Os ińdices de vírus tumorais nas cobaias alertaram para a possibilidade de
uma contaminaçaoo generalizada (epidemia), se naoo houvesse medidas de
contençaoo que evitassem a proliferaçaoo desses organismos no ambiente laboral
(BARSANO, et. al., 2014, p. 21).
Pensando nos riscos e também nos aspectos éticos da Engenharia Genética,
em 1975, foi realizada a Conferência de Asilomar, em Pacific Grove, nos Estados
Unidos, quando 140 especialistas americanos e estrangeiros reuniram-se para
discutir a proposta de moratória (suspensaoo) nas pesquisas de manipulaçaoo
genética (BARSANO, et. al., 2014, p. 21).
Dentre outras propostas, determinava resumidamente:
 alertar para os riscos biológicos no manuseio das moléculas de DNA
recombinante;
 identificar riscos e seus efeitos adversos, assim como danos/consequências;
 supervisionar um programa experimental para avaliar os potenciais perigos
biológicos e ecológicos;
 criar procedimentos que minimizem a dispersaoo de moléculas
potencialmente perigosas;
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 6
 elaborar protocolos a serem seguidos pelos investigadores e outras
diretrizes para os profissionais que trabalham com essas moléculas
(BARSANO, et. al., 2014, p. 22).
A Conferência foi um marco histórico, e, apesar de os conceitos e definiçooes
de Biossegurança terem surgido anos depois, suas diretrizes servem como
referência para a prevençaoo de riscos biológicos até́ hoje (BARSANO, et. al., 2014, p.
22).
Algumas medidas chamam a atençaoo pela simplicidade em sua aplicaçaoo e
pela obviedade, mas naoo eram realizadas por falta de experiência dos profissionais,
ignorância quanto aos riscos a que estavam sujeitos ou ausência de protocolos de
procedimentos, como:
 criaçaoo de barreiras adicionais para as experiências mais perigosas;
 naoo comer, beber ou fumar no laboratório;
 rápida desinfecçaoo do material contaminado;o dispositivo principal utilizado para
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 36
proporcionar a contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos provocados por
inúmeros procedimentos microbiológicos (STAPENHORST, 2018, p.32).
Já a contenção secundária diz respeito ao planejamento e à construção das
instalações do laboratório, de forma a contribuir para a proteção da equipe de
trabalho, das pessoas que se encontram fora do laboratório, da comunidade e do
meio ambiente contra agentes infecciosos que podem ser liberados acidentalmente
do laboratório (STAPENHORST, 2018, p.32).
As barreiras secundárias incluem, tanto o projeto, como a construção das
instalações e da infraestrutura do laboratório. Essas características do projeto
incluem:
 sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar
unidirecionado;
 sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou a remoção do ar
liberado;
 zonas de acesso controlado;
 câmaras pressurizadas com entradas separadas para o laboratório ou
módulos para isolamento do laboratório (STAPENHORST, 2018, p.33).
TEMA DA AULA: Os riscos: bacteriológico, quimico, fisico e radiológico e suas medidas de
prevenção e controle
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
BALLESTRERI, Erica. Introdução à biossegurança. In: STAPENHORST,
Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO,
Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH,
2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível
em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021
/cfi/26!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 05 jun. 2020.
BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais
para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. 1. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536510996
/cfi/19!/4/4@0.00:53.1 Acesso em: 05 dez. 2019
BRASIL. Portaria nº 1.914, de 09 de agosto de 2011. Aprova a
Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2010, pela
Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde.
Brasília, DF: Ministério da Saúde, Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1914_09_08
_2011.html. Acesso em: 05 jun. 2020.
STAPENHORST, Amanda. Princípios gerais, conceito e histórico da
biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica;
STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.).
Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela
Augusta Mateus Pereira]. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021
/cfi/17!/4/4@0.00:58.4. Acesso em: 05 jun. 2020
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 37
Tópico 2: Conceitos de perigo e risco
Para os leigos, é natural confundir risco com perigo, afinal saoo termos
comumente usados no cotidiano das pessoas. Porém, quando falamos em
Biossegurança, é necessário defini-los de forma mais técnica, tendo em vista a
finalidade do tema, qual seja, a preservaçaoo da integridade física dos profissionais
que trabalham em ambiente laboratorial (BARSANO et al. 2014, p.37)
Perigo é uma palavra de origem latina, periculum (contingência iminente ou
naoo de perder alguma coisa ou de que suceda um mal). Em outras palavras, é a
concretizaçaoo de um dano indesejado, de um evento prejudicial à integridade fiśica,
à psíquica ou ao patrimônio (BARSANO et al. 2014, p.38).
Veja, a seguir, dois exemplos práticos:
Perigos de queda de objetos: em uma obra de construçaoo civil, os trabalhadores
estaoo constantemente sujeitos aos perigos de quedas de ferramentas de trabalho,
blocos de cimento, madeira ferragem etc. sobre suas cabeças, podendo ocorrer,
numa dessas eventuais quedas, apenas um incidente ou um acidente leve, um
grave ou até mesmo um fatal.
Perigos de acidentes de transito: durante o percurso de um motociclista numa
via de trânsito rápido, ele está cercado de perigos de acidentes envolvendo a
motocicleta e outros veículos, colisooes entre veículos, até mesmo a queda de
pedaços de um viaduto sobre a moto naquele instante etc (BARSANO et al. 2014,
p.38).
Risco, ao contrário de perigo, denota incerteza em relaçaoo a um evento
futuro, podendo ser definido como a probabilidade de ocorrer, de concretizar-se
esse evento indesejado (perigo) (BARSANO et al. 2014, p.38).
Dessa definiçaoo, podemos estabelecer a seguinte fórmula:
R = P . E
Em que:
R = RISCO
P = PERIGO
E = EXPOSIÇÃO
Fonte: Barsano et. al. (2014, p. 38).
Tópico 2.1: Tipos de Risco e suas classificações
Os riscos individuais e coletivos de acidentes de laboratório podem ser
classificados em riscos químicos, físicos, biológicos, ambientais e ergonômicos. A
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 38
eficácia e o controle dos riscos de biossegurança estão diretamente relacionados
com o conhecimento teórico do profissional sobre os riscos presentes no seu
ambiente de trabalho, com a gravidade de cada fator e com a mudança
comportamental necessária para que ele consiga perceber a existência desses
riscos (STAPENHORST, 2018, p. 162).
1. Riscos de Acidentes: É o risco de ocorrência de um evento negativo e
indesejado do qual resulta uma lesão pessoal ou dano material
(STAPENHORST, 2018, p. 162).
2. Riscos Ergonômicos: estão relacionados com a adequação do sujeito ao
seu ambiente de trabalho, mais especificamente associado à postura
inadequada e/ou prolongada e a erros posturais durante o manejo de
pacientes, equipamentos e materiais. A presença de móveis não adequados,
ou seja, dos não reguláveis e com tamanho/altura que não favoreça um bom
ambiente de trabalho, também é categorizada como um risco ergonômico.
Em resumo, qualquer fator que possa interferir nas características
psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua
saúde (STAPENHORST, 2018, p. 162).
3. Riscos Fisicos: Está relacionado às diversas formas de energia, como
pressões anormais, temperaturas extremas, ruído, vibrações, radiações
ionizantes (Raio X, Iodo 125, Carbono 14), ultrassom, radiações não
ionizantes (luz Infra-vermelha, luz Ultravioleta, laser, microondas), a que
podem estar expostos os trabalhadores. Todos esses fatores podem resultar
em desconforto auditivo, visual e térmico, além disso, também podem
ocasionar lesões oculares por radiação ultravioleta, alterações morfológicas
de células sanguíneas, alterações da capacidade reprodutiva do homem e da
mulher, efeitos teratogênicos, radiodermites e carginogênese
(STAPENHORST, 2018, p. 162).
4. Riscos Quimicos: Refere-se à exposição a agentes ou substâncias químicas
na forma líquida, gasosa ou como partículas e poeiras minerais e vegetais,
presentes nos ambientes ou processos de trabalho, que possam penetrar no
organismo pela via respiratória, ou possam ter contato ou ser absorvidos
pelo organismo através da pele ou por ingestão, como solventes,
medicamentos, produtos químicos utilizados para limpeza e desinfecção,
corantes, entre outros (STAPENHORST, 2018, p.77). Esses riscos podem
ocasionar queimadura de pele e mucosas, dermatites de contato, alergias
respiratórias, intoxicações agudas e crônicas, alterações morfológicas de
células sanguíneas, conjuntivites químicas e carcinogênese (STAPENHORST,
2018, p. 162).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 39
5. Riscos Biológicos (segundo NR32): Este manual faz referência aos perigos
relativos de microrganismos infecciosos, por classes de risco (Classes de
Risco 1, 2, 3 e 4 da Organização Mundial da Saúde - OMS). A exposição
ocupacional a riscos biológicos, ou seja, a materiais possivelmente
contaminantes, é definida por Valim e Marziale (2011) como “[...] a
possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de
trabalho e as formas de exposição incluem inoculação percutânea, por
intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o contato direto com pele
e/ou mucosas” (VALIM; MARZIALE, 2011 apud STAPENHORST, 2018, p.
162).
Tópico 2.2: Medidas de Prevenção e Controle
As medidas de prevençaoo e controle em serviços e procedimentos ligados à
saúde são de extrema importância paraproteção daqueles que exercem atividades
de Enfermagem, de laboratórios e de procedimentos cirúrgicos, nos atendimentos
odontológicos e na segurança alimentar hospitalar, por meio de dispositivos
administrativos, coletivos e individuais de proteçaoo (BARSANO et al. 2014, p.59).
Tópico 2.3: Medidas de prevenção administrativa
A primeira medida a ser implementada deve ter como objetivo a orientaçaoo
e a comunicaçaoo. Os trabalhadores passam por um processo de conscientizaçaoo
dos riscos, dos seus direitos adquiridos para o acesso a dispositivos de proteçaoo e
também das suas obrigaçooes para o cumprimento das normas de segurança. As
medidas administrativas saoo, portanto, as primeiras iniciativas a serem tomadas,
sem as quais naoo há como delegar direitos e obrigaçooes a serem cumpridos
(BARSANO et al. 2014, p.59).
Saoo as seguintes:
 ordens de serviços, pareceres e instruçooes técnicas implantadas;
 restriçooes impostas pelo empregador na entrada e said́a de locais de risco;
 procedimentos de trabalho e execuçaoo de serviços;
 preceitos de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) (BARSANO et al. 2014,
p.60).
Tópico 2.4: Medidas de prevenção coletiva
Seguindo as diretrizes em Segurança do Trabalho, as medidas de prevençaoo
coletiva devem ser priorizadas em relaçaoo às individuais, pois além de proteger um
número maior de pessoas, seus procedimentos e dispositivos, quando naoo
eliminam totalmente os riscos, reduzem de maneira significativa sua ocorrência,
desde que obedeçam a alguns critérios na sua aplicaçaoo, como ser adequados ao
risco que será neutralizado, naoo criar outros tipos de riscos, permitir serviços de
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 40
manutençaoo e limpeza e ser resistentes a impactos, corrosooes e outros desgastes
naturais e de uso (BARSANO et al. 2014, p.60).
Em qualquer atividade laboral, as medidas de prevençaoo coletiva devem ter
como objetivos a proteçaoo dos colaboradores internos, mas também de toda a
comunidade à sua volta, o que na Biossegurança é essencial, pois os riscos
biológicos impooem a dificuldade adicional de naoo serem visiv́eis (BARSANO et al.
2014, p.60).
Nisso reside a importância das barreiras secundárias de contençaoo dos
agentes, sem as quais haveria um perigo enorme nas ocorrências de riscos
biológicos, fiśicos e químicos. Dispositivos para a higienizaçaoo dos profissionais e
instrumentos de trabalho (pias laboratoriais, autoclave), barreiras de contençaoo
conforme o grau de risco biológico, cabines blindadas contra riscos radiológicos
(raios X) e dispositivos de emergência para acidentes com produtos químicos
(chuveiros, lava-olhos ou duchas) saoo alguns dos exemplos para atender a esses
objetivos de segurança que podemos citar (BARSANO et al. 2014, p.60).
Tópico 2.5: Medidas de prevenção individual
Em relaçaoo aos dispositivos de proteçaoo individuais, a Norma
Regulamentadora no 6 da legislaçaoo em Segurança e Medicina do Trabalho
disponibiliza, em sua relaçaoo oficial, diversos equipamentos de proteçaoo individual
(EPIs), que saoo todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a
integridade física do trabalhador, e, no caso da Biossegurança, a limitar o contato
commateriais infectantes (BARSANO et al. 2014, p.61).
O uso do EPI nas áreas de saúde e laboratorial tem uma importância iḿpar
no controle de riscos, pois também tem como papel a contençaoo dos riscos no
ambiente interno; o mais recomendado é a utilizaçaoo de produtos descartáveis
para o controle de micro-organismos (como luvas), ou, em último caso, de um
eficiente processo de esterilizaçaoo, já que, por uma questaoo de custos, ficaria
inviável o descarte de EPIs mais caros em todos os processos de trabalho, a naoo ser
em casos extremamente excepcionais (BARSANO et al. 2014, p.61).
Tópico 2.6: Equipamentos de proteção individual e coletiva
Devido à exposição constante do profissional da saúde a inúmeros fatores
de risco, a utilização dos equipamentos de proteção individual e coletiva assume
um papel de grande importância para a preservação da saúde do trabalhador.
Assim, é preciso que o profissional saiba reconhecer a necessidade desses
equipamentos para o bom funcionamento do ambiente de trabalho e de que
maneira o seu uso adequado pode minimizar os ricos relacionados às tarefas
laborais (STAPENHORST, 2018, p.141).
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 41
A prevenção de doenças infecciosas em ambientes de prestação de serviços
de saúde exige que certas precauções sejam adotadas, entre elas, destaca-se o uso
dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e dos equipamentos de proteção
coletiva (EPCs) (STAPENHORST, 2018, p.141).
Esses equipamentos necessitam do certificado de aprovação (CA) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que é o órgão governamental
responsável pela análise e pela aprovação da comercialização desses produtos
(STAPENHORST, 2018, p.141-142).
Inicialmente, é importante citar que a empresa é obrigada a fornecer os
EPIs para todos os seus funcionários que estiverem nas situações em que as
medidas gerais de segurança não garantam proteção completa contra os riscos
presentes no ambiente, caso as medidas de proteção coletiva ainda não estejam
totalmente implantadas ou quando o profissional estiver em uma situação de
emergência (STAPENHORST, 2018, p.142).
Os EPIs não são destinados apenas para a proteção da saúde do profissional,
mas também visam à prevenção e, consequente, à minimização do risco de
transmissão de doenças infectocontagiosas. Os EPIs que devem ser utilizados estão
sempre relacionados ao potencial risco de exposição a fluidos orgânicos (sangue e
outros líquidos corporais), contato direto com lesões cutâneas, mucosas e cuidados
envolvendo procedimentos invasivos (STAPENHORST, 2018, p.142).
A Norma Regulamentadora no 6 (NR-6) da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) divide os EPIs em nove grupos diferentes, classificados de
acordo com a parte do corpo para qual oferecem proteção (BRASIL, 1978 apud
(STAPENHORST, 2018, p.142):
 Proteção da cabeça: capacete, capuz ou balaclava.
 Proteção dos olhos e face: óculos, máscara de solda e protetor facial.
 Proteção auditiva: protetor auditivo.
 Proteção respiratória: purificador de ar não motorizado, purificador de ar
motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido,
respirador de adução de ar tipo máscara autônoma e respirador de fuga
(STAPENHORST, 2018, p.142).
Quadro resumo – Equipamentos de uso individual
EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO
AVENTAL OU
JALECO DE USO
DIÁRIO
O avental de uso diário serve para
identificar o profissional e proteger
as roupas. preferencialmente, ser de
mangas longas e ter comprimento
abaixo dos joelhos. Mesmo sendo o
jaleco de uso diário, ele deve sempre
ser abotoado e utilizado apenas no
local de trabalho.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 42
EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO
AVENTAL OU
JALECO PARA
PROCEDIMENTOS
NÃO INVASIVOS
Destinado para situações em que o
profissional sabidamente entrará em
contato com fluidos orgânicos (coleta
de sangue, aplicação de vacinas,
exames clínicos, entre outros). O
avental de tecido não estéril deve,
obrigatoriamente, ter mangas longas
e comprimento abaixo dos joelhos.
AVENTAL OU
JALECO PARA
PROCEDIMENTOS
NÃO INVASIVOS -
DESCARTÁVEL
Também existe o avental descartável
não estéril, o qual também tem
mangas longas e comprimento abaixo
do joelho, entretanto, esse tipo de
jaleco é utilizado durante
procedimentos de isolamento e é
descartado logo após o uso.
AVENTAL
CIRÚRGICO PARA
PROCEDIMENTOS
INVASIVOS
É diferenciado, pois, além de passar
pelo processo de esterilização, é
longo, tem mangas cumpridas e
punhos ajustáveis, os quais têm uma
alça de fixação no polegar (evita que
as mangas se desloquem durante o
procedimento). Esse tipo de avental
para procedimentos invasivos é
utilizado apenas em cirurgias de
grande porte, nas quais a exposição
ao sangue e a outros fluidos corporais
é alta.GORRO
O gorro deve ser utilizado para evitar
a queda de cabelo em materiais ou
locais estéreis. O uso adequado do
gorro requer que este recubra todo o
cabelo e as orelhas do profissional.
Ele precisa ser descartado
imediatamente após o uso.
LUVAS
As luvas devem ser utilizadas sempre
que o profissional da saúde entrar em
contato direto com um indivíduo,
fluidos orgânicos, fezes, produtos
químicos ou temperaturas extremas,
conforme as classificações abaixo:
Luvas de látex: procedimentos em
geral, visando à proteção contra
agentes biológicos e soluções
químicas diluídas (exceto solventes
orgânicos).
Luvas de cloreto de vinila (PVC) e
látex nitrilico: procedimentos que,
em geral, visam à proteção contra
agentes biológicos e produtos
Luvas de látex
Luvas de PVC
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 43
EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO
químicos ácidos, cáusticos e
solventes.
Luvas de fibra de vidro com
polietileno reversivel: proteção
contra materiais cortantes.
Luvas de fio kevlar tricotado:
manuseio de materiais com
temperaturas até 250 °C.
Luvas térmicas de nylon: manuseio
de materiais com temperaturas
ultrabaixas, tais como freezer -80 °C e
nitrogênio líquido (-195 °C).
Luvas de borracha: utilizadas para a
realização de serviços gerais de
limpeza e descontaminação.
Obs.: A remoção das luvas deve ser
realizada com cuidado para evitar
que a superfície contaminada entre
em contato com as mãos do
profissional.
Luvas de borracha
Luvas de látex nitrilico
Luvas de fibra de vidro com
polietileno reversivel
Luvas de fio kevlar tricotado
Luvas térmicas de nylon
PROTETOR
OCULAR E/OU
FACIAL
Este deve ser usado quando houver
risco de contaminação dos olhos e/ou
da face com sangue, fluidos
corpóreos, secreções e excretas, não
sendo de uso individual.
O profissional deve utilizar o protetor
ocular e/ou facial em todas as
situações que podem gerar respingos
de sangue e/ou gotículas de outras
secreções corporais possivelmente
contaminantes.
Geralmente, os óculos e/ou
protetores faciais são fabricados com
materiais rígidos (acrílico ou
polietileno), visando a evitar a
ocorrência de respingos pelas
porções superiores e laterais dos
olhos.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 44
EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO
SAPATOS E BOTAS
Recomenda-se que o profissional da
saúde utilize exclusivamente sapatos
fechados e, se possível,
impermeáveis.
MÁSCARAS
Deve ser usada quando houver risco
de contaminação da face com sangue,
fluidos corpóreos, secreções e
excretas.
É utilizada para evitar a transmissão
de gotículas ou em procedimentos em
que materiais estéreis sejam
utilizados. As máscaras também
protegem ou minimizam a inalação
de gases, poeiras, névoas e voláteis e
podem ser de tecido, sintéticas e com
filtro.
N95
Os filtros PFF (peças faciais filtrantes) são classificados da seguinte
forma:
PFF1: poeiras e névoas.
PFF2: poeiras, névoas, fumos e agentes biológicos/voláteis.
PFF3: poeiras, névoas, fumos, radionuclídeos e preparação de
quimioterápicos e citostáticos/voláteis.
Fonte: Stapenhorst (2018, p. 143-144)
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA
Os EPCs são sistemas de contenção que têm como objetivo minimizar ou
eliminar a exposição a fatores de riscos de todos os profissionais presentes em
determinado ambiente de trabalho (STAPENHORST, 2018, p.145).
Os EPCs não se limitam apenas a equipamentos específicos, mas também a
medidas de prevenção simples, como a ventilação do local, com exaustores e
condicionadores de ar, placas sinalizadoras, pisos antiderrapantes, corrimãos e
extintores de incêndio (STAPENHORST, 2018, p.145).
Entretanto, outros tipos de EPCs são utilizados em ambientes de prestação
de serviços de saúde que têm finalidades especificas de acordo com o tipo de
procedimento realizado:
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 45
Quadro resumo – Equipamentos de uso coletivo
EPC CARACTERÍSTICA
CHUVEIRO DE
EMERGÊNCIA
para banhos em caso de acidentes com
produtos químicos e fogo. É instalado em
local de fácil acesso, sendo acionado por
alavancas de mão, cotovelos ou joelhos.
LAVA-OLHOS
usado em casos de acidentes na mucosa
ocular, promovendo a remoção da
substância e diminuindo os danos.
AUTOCLAVE
Para o processo de esterilização de
materiais ou resíduos produzidos em
laboratório, diminuindo os efeitos
contaminantes dos resíduos sobre o meio
ambiente.
CABINES DE
SEGURANÇA
BIOLÓGICA
Protege o profissional e o ambiente
laboratorial dos aerossóis potencialmente
infectantes que podem se espalhar durante
a manipulação dos materiais biológicos.
Alguns tipos de cabine protegem também o
produto manipulado do contato com o
meio externo, evitando a contaminação.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 46
EPC CARACTERÍSTICA
CABINES DE
EXAUSTÃO
QUÍMICA
Protege o profissional da inalação de
vapores e gases liberados por reagentes
químicos e evita a contaminação do
ambiente laboratorial, retirando do
ambiente laboral os vapores e os gases
nocivos.
Fonte: Stapenhorst (2018, p. 145-146)
Tópico 3: Gerenciamento de residuos de saúde
O gerenciamento de resíduos da saúde é uma das etapas mais relevantes
para o bem estar social. De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e a Resoluçaoo
CONAMA no 358/2005, os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) saoo definidos
como
geradores de todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde
humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analit́icos de produtos para a saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias
inclusive as de manipulaçaoo; estabelecimentos de ensino e pesquisa na
área da saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de
produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de
materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de
atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem,
dentre outros similares. (BRASIL, 2006b, p. 28 apud BARSANO et al.
2014, p.70)
Tópico 3.1: Classificação dos residuos de saúde (RSS)
A classificaçaoo dos resíduos pode ser considerada uma das etapas mais
relevantes quando se almejam bem-estar social e saúde mais humana. Preservar a
natureza, a integridade física dos seres humanos e garantir uma saúde de
qualidade, que previna novos males a populaçaoo costumeira, devem ser uma de
suas prioridades essenciais.
De acordo com a RDC ANVISA no 306/2004 a Resolução CONAMA no
358/2005, e a nova Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 222 de 27/03/2018,
os RSS saoo classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E:
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 47
Figura 13 – Classificação e identificação dos resíduos segundo a ANVISA
Fonte: ANVISA (s/d)
Grupo A: engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos
que, por suas características de maior virulência ou concentraçaoo, podem
apresentar risco de infecçaoo. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças,
peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue,
dentre outras.
Grupo B: contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde
pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplos: medicamentos
apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre
outros.
Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminaçaoo especificados
nas normas da Comissaoo Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como, por exemplo,
serviços de medicina nuclear e radioterapia etc.
Grupo D: naoo apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao
meio ambiente, podendo ser equiparados aos resid́uos domiciliares. Exemplos:
sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas
etc.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 48
Grupo E: materiaisperfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de
barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi,
lancetas, espátulas e outros similares. (BRASIL, 2006b, p. 28-29)
Tópico 3.2: Manuseio, controle e descarte de residuos com risco biológico
A exposição ocupacional a riscos biológicos, ou seja, a materiais
possivelmente contaminantes, é definida como "a possibilidade de contato com
sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho e as formas de exposição
incluem inoculação percutânea, por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e
o contato direto com pele e/ou mucosas”.
O contato com materiais potencialmente contaminantes faz com que o
profissional da saúde esteja sempre vulnerável a adquirir infecções graves e que
causam grandes prejuízos à saúde, tais como os vírus da imunodeficiência humana
(HIV, do inglês human immunodeficiency virus), da hepatite B (HBV) e da hepatite C
(HCV).
Os resíduos biológicos resultantes da prestação de serviço à saúde são
classificados em grandes grupos diferentes: Grupo A, D e E. O manuseio desses
resíduos sempre deve ser realizado com equipamentos de proteção individual
(EPIs), ou seja, o profissional deve utilizar luvas, máscaras, uniforme com mangas
compridas e protetores de calçados. Além disso, é indicado que a coleta seja
realizada, no mínimo, duas vezes ao dia ou sempre que atingirem 2/3 do volume
máximo do recipiente. Os sacos devem ser fechados e conduzidos até o local
destinado para esse fim, chaveado e com o acesso restrito aos funcionados da
equipe de higienização.
Os resíduos do Grupo A possuem subclasses que dependem do tipo de
resíduo gerado:
A1: resíduos de cultura e estoques de microrganismos, material proveniente de
campanhas de vacinação, material resultante da atenção à saúde de indivíduos com
suspeita ou certeza de contaminação por agentes da Classe de Risco 4 e bolsas de
transfusão commaterial rejeitado.
A2: carcaças, peças anatômicas e vísceras de animais utilizados em pesquisa
experimental.
A3: peças anatômicas de seres humanos e produtos de fecundação sem sinais
vitais e com peso menor que 500g.
A4: acessos arteriais, endovenosos, utilizados para diálise, sobras de amostras de
laboratórios, tecido adiposo, peças anatômicas provenientes de procedimentos
cirúrgicos, bolsas de transfusão vazias.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 49
A5: órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes e outros
materiais resultantes da prestação de serviços à saúde, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons.
O armazenamento externo dos resíduos do Grupo A se dá com o
acondicionamento em contêiner, fornecido pela empresa de recolhimento e
tratamento de resíduos terceirizada, com tampa e identificação adequadas. Esse
local deve permanecer constantemente chaveado e esses resíduos devem ser
apenas recolhidos pela empresa terceirizada responsável pelo descarte final do
material. Já os resíduos do Grupo D são recolhidos conforme a tabela de coleta do
DMLU de cada município.
Tópico 3.3: O manuseio demateriais perfurocortantes
Durante a década de 1980, devido à epidemia do vírus HIV, os profissionais
da saúde ficaram mais atentos e preocupados com possíveis contaminações
relacionadas à prestação de serviços da saúde em pacientes com a síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA, do inglês acquired immunodeficiency syndrome –
AIDS). Posteriormente, vários métodos de prevenção primária foram estabelecidos,
tais como o uso dos EPIs, o manuseio adequado do material e, também, os
programas de conscientização e educação continuada.
É importante sempre manter em mente que qualquer etapa do manuseio de
material perfurocortante é uma situação de risco. Além disso, o fato de tentar
realizar mais de um procedimento ao mesmo tempo e a maneira como o material é
utilizado podem aumentar ainda mais a chance de ocorrer um acidente de trabalho.
O manejo dos materiais perfurocortantes requer cuidados especiais quando
comparados com outros tipos de resíduos, o que é dividido em diferentes etapas:
segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento
temporário e externo, tratamento, coleta e transporte externo e descarte final.
A etapa de identificação dos resíduos deve ser realizada para indicar qual
tipo de risco biológico (agente) pode estar presente no material descartado. O
esvaziamento e o reaproveitamento das caixas de descarte de materiais
perfurocortantes são proibidos, sendo assim, o volume de acondicionamento (2/3)
deve ser compatível com a quantidade de resíduo gerada.
Quanto ao descarte dos resíduos perfurocortantes, as agulhas devem ser
descartadas juntamente com a seringa e o profissional não deve quebrar, entortar
ou recapar agulhas ou qualquer outro tipo de perfurocortante após uso. A RDC 306
também estabeleceu que os resíduos perfurocortantes gerados durante a
prestação de serviço de assistência domiciliar devem ser acondicionados e
coletados por profissionais treinados.
Durante o transporte manual do recipiente utilizado para o descarte de
material perfurocortante, jamais deixe que a caixa entre em contato com o seu
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 50
corpo ou arraste a caixa até o seu local de acondicionamento temporário. É
importante citar que o transporte interno deve ser realizado em momentos de
baixo fluxo de pessoas pelo ambiente e feito por equipe responsável pelo serviço,
com treinamento específico para essa atividade, sempre fazendo uso adequado dos
EPIs. Os recipientes devem ser lacrados e transportados até um local específico
para o seu armazenamento temporário. O acesso a esse local deve ser restrito a
funcionários treinados, juntamente com a empresa terceirizada responsável pela
coleta e pelo descarte final do resíduo de tipo E.
TEMA DA AULA: Limpeza, desinfeção e esterilização
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2009.
109 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/seguranca_paciente_servicos
_saude_higienizacao_maos.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.
BRASÍLIA. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde (org.).
Higienização das mãos na assistencia à saúde. 2017. Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2374-higienizacao-das-maos-n
a-assistencia-a-saude. Acesso em: 10 ago. 2020.
BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais para
promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014.
CONASS (org.). Manual de Higienização e Limpeza. Disponível em:
https://www.conass.org.br/liacc/manual-de-higienizacao-e-limpeza/.
Acesso em: 08 jun. 2020.
STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda;
DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre:
SAGAH, 2018. [Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira].
SUS.Manual de normas e rotinas para o processamento de materiais
de enfermagem/médico/odontológico. Campinas: Secretaria Municipal
de Saúde, 2014. 76 p. Disponível em:
http://www.saude.campinas.sp.gov.br/saude/enfermagem/Manual_Esterel
izacao_SMS_Campinas_versao_final_rev2015.pdf. Acesso em: 08 jun. 2020.
Tópico 1: Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais
laboratoriais e hospitalares
As técnicas de limpeza e esterilização são imprescindíveis para o controle
de infecções, pois é pelo seu uso que garantimos a completa eliminação dos
agentes biológicos que podem contaminar produtos e materiais. Os procedimentos
realizados no ambiente de serviços de saúde, na sua maior parte, necessitam de
instrumentos que entram em contato direto com vários pacientes e fluidos
corporais (STAPENHORST, 2018, p. 151).
Os ambientes que prestam serviços à saúde, sejam eles hospitais,
laboratórios clínicos ou experimentais e clínicas particulares, concentram, no
mesmo local, pessoas, equipamentos, livros, vidrarias e inúmeros outros materiais.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 51
Sendo assim, a limpeza e a higienização devem ser executadas rigorosamentee
com cuidados especiais (STAPENHORST, 2018, p. 151-152).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a
limpeza e a higienização do ambiente fazem parte dos critérios mínimos para a
qualidade e o funcionamento adequado dos locais que oferecem atendimento à
saúde (STAPENHORST, 2018, p. 152).
Um dos principais fatores que justificam tamanha importância das técnicas
de limpeza e higienização desses ambientes é a grande rotatividade de pessoas, o
que acontece em inúmeros locais, desde lojas, shoppings e restaurantes, porém, os
indivíduos que fazem uso do serviço ali prestado geralmente estão doentes, sendo
assim, há, constantemente, a manipulação de fluidos orgânicos potencialmente
contaminados (STAPENHORST, 2018, p. 152).
Os ambientes de saúde também são classificados de acordo com o risco:
 Os ambientes criticos são aqueles com maior número de pacientes graves
e os que realizam procedimentos invasivos e análises de materiais
orgânicos potencialmente contaminados, tais como os centros cirúrgicos, os
centros de terapia intensiva (CTI), os centros de esterilização, os centros de
hemodiálise e os laboratórios clínicos.
 As áreas semicriticas são aquelas onde os pacientes internados estão e
onde o risco de infecção é menor, como, por exemplo, enfermarias quartos,
ambulâncias e ambulatórios.
 As áreas não criticas todos os setores onde não existe risco de
contaminação, como salas de reuniões e refeitórios, por exemplo
(STAPENHORST, 2018, p. 152).
Tópico 1.1: Lavagem e higienização das mãos
Uma das grandes dificuldades que afetam a Medicina, até os dias de hoje, é a
prevençaoo e o controle das infecçooes relacionadas à assistência à saúde. Desde
1846, uma simples medida, como a higienizaçaoo apropriada das maoos é
considerada a mais importante para reduzir a transmissaoo de infecçooes nos
serviços de saúde (CDC, 2002; LARSON, 2001 apud BARSANO et al. 2014, p.73).
O médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis (1818-1865) conseguiu
comprovar a íntima relaçaoo da febre puerperal com os cuidados médicos. Ele
percebeu que os médicos que iam diretamente da sala de autópsia para a de
obstetrícia tinham odor desagradável nas maoos (BARSANO et al. 2014, p.73).
Depois disso, Semmelweis pressupôs que a febre puerperal que afetava
tantas parturientes fosse causada por partićulas cadavéricas transmitidas da sala
de autópsia para a ala obstétrica por meio das maoos de estudantes e médicos. Por
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 52
volta de maio de 1847, ele insistiu que estudantes e médicos lavassem suas maoos
com soluçaoo clorada após as autópsias e antes de examinar as pacientes da clińica
obstétrica. No mês seguinte a essa intervençaoo, a taxa de mortalidade caiu de
12,2% para 1,2% (MACDONALD, 2004 apud BARSANO et al. 2014, p.74).
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos
durante a assistência prestada aos pacientes. A pele é um possível reservatório de
diversos microrganismos que podem se transferir de uma superfície para outra,
por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com
objetos e superfícies contaminadas (BRASÍLIA, 2017).
É a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a
propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o
termo “lavagem das mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido à
maior abrangência deste procedimento. O termo engloba desde a higienização
simples até a antissepsia cirúrgica das mãos (BRASÍLIA, 2017).
PARA QUE HIGIENIZAR AS MÃOS?
Remoção de sujeira, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e
microrganismos da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao
contato; prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas.
Para a higienização das mãos utiliza-se: água e sabão, preparação alcoólica e
antisséptica, de acordo com as situações (BRASÍLIA, 2017).
Para prevenir a transmissão de microrganismos pelas mãos, três elementos
são essenciais para essa prática: agente tópico com eficácia antimicrobiana;
procedimento adequado ao utilizá-lo, com técnica adequada e no tempo
preconizado; e adesão regular ao seu uso, nos momentos indicados (ROTTER, 1996
apud BRASIL, 2009, p. 39).
HIGIENIZAÇAAO SIMPLES DAS MAAOS
A higienizaçaoo simples das maoos tem por objetivo remover os
micro-organismos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como as
células mortas, o suor, a oleosidade etc. Remove a sujidade propícia à permanência
e à proliferaçaoo de micro-organismos (BARSANO et al. 2014, p.75). Esse método de
higienizaçaoo possui duraçaoo aproximada de 40 a 60 segundos e, de forma prática,
consiste nas seguintes etapas (BRASIL, 2007, p. 29-35).
O sabonete comum não contém agentes antimicrobianos ou os contém em
baixas concentrações, funcionando apenas como conservantes. Os sabonetes para
uso em serviços de saúde podem ser apresentados sob várias formas: em barra, em
preparações líquidas (as mais comuns) e em espuma (BRASIL, 2009, p. 39). Em
geral, a higienização com sabonete líquido remove a microbiota transitória,
tornando as mãos limpas. Esse nível de descontaminação é suficiente para os
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 53
contatos sociais em geral e para a maioria das atividades práticas nos serviços de
saúde (BRASIL, 2009, p. 39).
Figura 14 - Técnica de Higienização simples das mãos (ilustrada)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 54
Fonte: ANVISA (s/d)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 55
As mãos devem ser higienizadas com água e sabonete nas seguintes
situações:
 Quando estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros
fluidos corporais.
 Ao iniciar e terminar o turno de trabalho.
 Antes e após ir ao banheiro.
 Antes e depois das refeições.
 Antes de preparar alimentos.
 Antes de preparar e manipular medicamentos.
 Antes e após contato com paciente colonizado ou infectado por Clostridium
difficile.
 Após várias aplicações consecutivas de produto alcoólico.
 Nas situações indicadas para o uso de preparações alcoólicas.
HIGIENIZAÇAAO ANTISSÉPTICA DAS MAAOS
De acordo com a ANVISA (BRASIL, 2007), a higienizaçaoo antisséptica das
maoos tem por objetivo promover a remoçaoo de sujidades (óleos, suor, sangue etc.)
e de micro-organismos (fungos e bactérias, por exemplo), diminuindo a carga
microbiana das maoos com o uso de um antisséptico (BARSANO et al. 2014, p.75).
É uma técnica simples de higienizaçaoo, com duraçaoo aproximada de 40 a 60
segundos, semelhante àquela utilizada para higienizaçaoo simples das maoos, porém
com a substituiçaoo do sabaoo por um antisséptico, por exemplo, o antisséptico
degermante (BARSANO et al. 2014, p.75).
Os agentes antissépticos utilizados para a higienização das mãos devem ter
ação antimicrobiana imediata e efeito residual ou persistente. Não devem ser
tóxicos, alergênicos ou irritantes para a pele. Recomenda-se que sejam agradáveis
de utilizar, suaves e, ainda, custo-efetivos (BRASIL, 2009, p. 42).
FRICÇAAO ANTISSÉPTICA DAS MAAOS
Ainda conforme a ANVISA (BRASIL, 2007), a fricçaoo antisséptica das maoos
(com preparaçooes alcoólicas) tem por objetivo diminuir a carga microbiana das
maoos, sem a remoçaoo de sujidades, ou seja, quando as maoos naoo estiverem
visivelmente sujas, autilizaçaoo de gel alcoólico a 70% ou de soluçaoo alcoólica a
70% com 1% a 3% de glicerina pode substituir a higienizaçaoo com água e sabaoo
(BARSANO et al. 2014, p.76).
Esse método de higienizaçaoo possui duração aproximada de 20 a 30
segundos e, de forma prática, consiste nas seguintes etapas (BRASIL, 2007, p.
38-39):
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 56
Figura 15 – Técnica de fricção antisséptica das mãos (ilustrada)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 57
Fonte: ANVISA (s/d)
ANTISSEPSIA CIRÚRGICA DAS MAAOS
Também conforme a ANVISA (BRASIL, 2007), a antissepsia cirúrgica
(preparo pré-operatório) das maoos tem como objetivo eliminara microbiota
transitória da pele e reduzir a microbiota residente, além de proporcionar efeito
residual na pele do profissional de saúde (BARSANO et al. 2014, p.77).
No preparo cirúrgico das maoos, as escovas utilizadas devem ser de cerdas
macias e descartáveis, impregnadas ou naoo de antisséptico e de uso exclusivo no
leito ungueal e no subungueal. Para que esse procedimento seja eficaz,
recomenda-se fazer a antissepsia cirúrgica das maoos e dos antebraços com
antisséptico degermante (BARSANO et al. 2014, p.77).
Com duraçaoo aproximada de 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia e de 2 a
3 minutos para as cirurgias subsequentes (sempre seguir o tempo de duraçaoo
recomendado pelo fabricante), realizar as seguintes etapas (BRASIL, 2007, p.
41-46):
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 58
Figura 16 - Antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos (ilustrada)
Fonte: ANVISA (s/d)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 59
Tópico 1.2: Limpeza de produtos e superficies
Conforme a ANVISA: “O Serviço de Limpeza e Desinfecçaoo de Superfićies em
Serviços de Saúde compreende a limpeza, desinfecçaoo e conservaçaoo das
superfićies fixas e equipamentos permanentes das diferentes áreas” (BRASIL,
2010a, p. 24 apud BARSANO et al. 2014, p.78).
Este serviço tem como objetivo preparar e organizar o ambiente de trabalho,
“mantendo a ordem e conservando equipamentos e instalaçooes, evitando
principalmente a disseminaçaoo de micro-organismos responsáveis pelas infecçooes
relacionadas à assistência à saúde” (BRASIL, 2010a, p. 24 apud BARSANO et al.
2014, p.78).
Os processos de limpeza de superfícies em serviços de saúde envolvem a
limpeza concorrente (diária) e limpeza terminal. A limpeza concorrente é aquela
que deve ser realizada diariamente, com a finalidade de limpar e organizar o
ambiente de trabalho, repor os insumos de consumo diário e separar e organizar
os materiais que serão processados para a esterilização (STAPENHORST, 2018, p.
152).
A limpeza concorrente deve ser realizada em todas as superfícies
horizontais de móveis e equipamentos, portas, maçanetas, piso e instalações
sanitárias (STAPENHORST, 2018, p. 152).
Nesse procedimento estaoo incluídas a limpeza de todas as superfićies
horizontais, de mobiliários e equipamentos, portas e maçanetas, parapeitos de
janelas, e a limpeza do piso e instalaçooes sanitárias. (BRASIL, 2010a, p. 62 apud
BARSANO et al. 2014, p.78).
Figura 17 – Protocolo de limpeza concorrente
Fonte: CONASS (s/d)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 60
A limpeza terminal não é muito utilizada fora de ambientes hospitalares e
Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), pois é feita com máquinas de lavar piso e
com produtos químicos mais fortes (STAPENHORST, 2018, p. 152).
O procedimento inclui a limpeza de paredes, pisos, teto, painel de gases,
equipamentos, todos os mobiliários como camas, colchões, macas, mesas de
cabeceira, mesas de refeição, armários, bancadas, janelas, vidros, portas, peitoris,
luminárias, filtros e grades de ar condicionado (YAMAUSHI et al., 2000 apud
BRASIL, 2010a, p. 64).
A limpeza terminal é realizada na unidade do paciente, após alta hospitalar,
transferências, óbitos (desocupaçaoo do local) ou nas internaçooes de longa duraçaoo
(programada) (BRASIL, 2010a, p. 63 apud BARSANO et al. 2014, p.78).
Figura 18- Protocolo de limpeza terminal
Fonte: CONASS (s/d)
MÉTODOS DE LIMPEZA DE SUPERFÍCIES
Em ambientes de saúde, os métodos de limpeza de superfícies mais
utilizados e conhecidos saoo: limpeza úmida, limpeza molhada e limpeza seca.
LIMPEZA ÚMIDA
O método de limpeza úmida tem por objetivo passar pano ou esponja,
umedecidos em solução detergente ou desinfetante, enxaguando, em seguida, com
pano umedecido em água limpa. Essa técnica é indicada para a limpeza de paredes,
divisórias, mobiliários e grandes equipamentos. Porém, naoo é muito recomendada
para a remoçaoo de sujidade muito aderida (BARSANO et al. 2014, p.79).
LIMPEZA MOLHADA
O método de limpeza molhada tem por objetivo a limpeza de pisos e outras
superfićies fixas e de mobiliários, por meio de esfregaçaoo e de enxágue com água
abundante. É uma técnica muito utilizada na limpeza terminal. Recomenda-se o
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 61
uso de máquinas automáticas que lavam, enxáguam e aspiram ao mesmo tempo,
caso a limpeza seja realizada em pisos. É indicada também para áreas que naoo
possuam ralos próximos (BARSANO et al. 2014, p.79).
LIMPEZA SECA
Trata-se de uma das técnicas de limpeza mais simples que existem. Consiste
na remoçaoo de sujidade, pó ou poeira por meio da utilizaçaoo de vassoura
(varreduras seca), aspirador etc. (BARSANO et al. 2014, p.79).
Tópico 1.2.1 Princípios básicos para limpeza e desinfecçaoo
Com base em vários autores a ANVISA (BRASIL, 2010a) determina o
seguinte:
Os princípios básicos para a limpeza e desinfecçaoo de superfícies em
serviços de saúde saoo a seguir descritos:
 Proceder à frequente higienizaçaoo das maoos.
 Naoo utilizar adornos (anéis, pulseiras, relógios, colares, piercing, brincos)
durante o periódo de trabalho.
 Manter os cabelos presos e arrumados e unhas limpas, aparadas e sem
esmalte.
 Os profissionais do sexo masculino devem manter os cabelos curtos e a
barba feita.
 O uso de Equipamento de Proteçaoo Individual (EPIs) [máscaras, luvas,
óculos etc.] deve ser apropriado para a atividade a ser exercida.
 Nunca varrer superfićies a seco, pois esse ato favorece a dispersaoo de
micro-organismos que saoo veiculados pelas partićulas de pó.
 Utilizar a varredura úmida, que pode ser realizada com mops ou rodo e
panos de limpeza de pisos.
 Para a limpeza de pisos, devem ser seguidas as técnicas de varredura úmida,
ensaboar, enxaguar e secar.
 O uso de desinfetantes fica reservado apenas para as superfícies que
contenham matéria orgânica ou indicaçaoo do Serviço de Controle de
Infecçaoo Hospitalar (SCIH).
 Todos os produtos saneantes utilizados devem estar devidamente
registrados ou notificados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).
 A responsabilidade do Serviço de Limpeza e Desinfecçaoo de Superfićies em
Serviços de Saúde na escolha e aquisiçooes dos produtos saneantes deve ser
realizada conjuntamente pelo Setor de Compras e Hotelaria Hospitalar
(SCIH).
 É importante avaliar o produto fornecido aos profissionais. Saoo exemplos:
testes microbiológicos do papel-toalha e do sabonete líquido,
principalmente quando se tratar de fornecedor desconhecido.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 62
 Deve-se utilizar um sistema compativ́el entre equipamento e produto de
limpeza e desinfecçaoo de superfícies (apresentaçaoo do produto, diluiçaoo e
aplicaçaoo).
 O profissional de limpeza sempre deverá certificar se os produtos de
higiene, como sabonete e papel-toalha e outros, saoo suficientes para atender
às necessidades do setor.
 Cada setor deverá ter a quantidade necessária de equipamentos e materiais
para limpeza e desinfecçaoo de superfícies.
 Para pacientes em isolamento de contato, recomenda-se exclusividade no
kit de limpeza e desinfecçaoo de superfícies. Utilizar, preferencialmente,
pano de limpeza descartável.
 O sucesso das atividades de limpeza e desinfecçaoo de superfícies depende
da garantia e disponibilizaçaoo de panos ou cabeleiras alvejados e limpeza
das soluçooes dos baldes, bem como de todos os equipamentos de trabalho.
 Os panos de limpeza de piso e panos de mobília devem ser
preferencialmente encaminhados à lavanderia para processamento ou
lavados manualmente no expurgo.
 Os discos das enceradeiras devem ser lavados e deixados em suporte para
facilitar a secagem e evitar mau cheiro proporcionado pela umidade.
 Todos os equipamentos deveraoo ser limpos a cada término da jornada de
trabalho.
 Sempre sinalizar os corredores, deixando um lado livre para o trânsito de
pessoal, enquanto se procede à limpeza do outro lado. Utilizar placassinalizadoras e manter os materiais organizados, a fim de evitar acidentes e
poluiçaoo visual. [...] (BRASIL, 2010a, p. 25-26 apud BARSANO et al. 2014,
p.80-81)
Tópico 1.2.2 Principais produtos usados na limpeza de superfícies
Atualmente existem muitos produtos usados para a limpeza de superfićies.
Porém, os sabooes e os detergentes estaoo entre os mais utilizados. O sabaoo é um
produto muito usado para lavagem e limpeza doméstica. É formulado à base de
sais alcalinos de ácidos graxos associados ou naoo a outros tensoativos (BARSANO
et al. 2014, p.80)
Assim como o sabaoo, o detergente é um produto muito requisitado em
ambientes de saúde. É “destinado à limpeza de superfićies e tecidos através da
diminuiçaoo da tensaoo superficial”, tendo a “funçaoo de remover tanto sujeiras
hidrossolúveis quanto aquelas naoo solúveis em água” (BRASIL, 2010a, p. 46 apud
BARSANO et al. 2014, p.81).
Tópico 1.3: Desinfecção de produtos e superficies e seus métodos.
O processo de desinfecção se refere ao uso de métodos físicos ou de
produtos químicos que são capazes de destruir a maior parte dos microrganismos,
entretanto esporos bacterianos, fungos e vírus ainda podem resistir ao processo de
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 63
desinfecção. Sendo assim, o processo de desinfecção foi dividido em três categorias
de eficácia: alta, intermediária e baixa (STAPENHORST, 2018, p. 154).
NÍVEIS DE DESINFECÇÃO
Quando se fala em desinfecção de produtos e superfícies, devemos primeiro
conhecer a classificação dos níveis de desinfecção, que saoo determinados conforme
o espectro da açaoo germicida. Os níveis de desinfecção saoo classificados em: alto,
médio e baixo.
 O processo de desinfecção de alta eficiencia ocorre pela aplicação de
soluções germicidas capazes de eliminar todos os microrganismos. Também
possui açaoo destruidora sobre os esporos Bacillus subtilis e Clostridium
sporogenes, exceto os esporos bacterianos maiores.
 A desinfecção intermediária também é realizada com um agente germicida,
o qual elimina todos os microrganismos. É capaz de eliminar o bacilo da
tuberculose, vírus (polioviŕus, vírus coxsackie, rinovírus, vírus herpes
simplex, citomegalovírus, HBS, HIV) e fungos (Trichophyton spp.,
Criyptococcus spp., Candida spp.), exceto os endósporos bacterianos.
 A desinfecção de baixa eficácia é realizada com agente germicida fraco que
tem a capacidade de eliminar quase todas as bactérias e todos os vírus
envelopados. Elimina a maioria das bactérias vegetativas (Pseudomonas
aeruginosa, Staphylococcus aureus, Salmonella choleraesuis).
MÉTODOS DE DESINFECÇAAO
A desinfecçaoo pode ser realizada por meio de processos quiḿicos ou físicos:
Os métodos físicos de desinfecçaoo saoo:
 Fervura: água em ebuliçaoo por 30 minutos.
 Máquinas automáticas ou termodesinfectadoras: temperatura de 60 a 90 °C.
 Pasteurizaçaoo: água a 70 °C durante 30 minutos de exposiçaoo.
Os métodos químicos de desinfecçaoo saoo:
 imersaoo em desinfetante, germicida liq́uido;
 fricçaoo de germicida líquido (álcool a 70%, ácido peracético em
equipamentos e aparelhos).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 64
FATORES QUE AFETAM OS PROCESSOS DE DESINFECÇAAO
Saoo fatores que interferem direta ou indiretamente nos processos de
desinfecçaoo:
 limpeza prévia mal-efetuada (presença de matérias orgânica e inorgânica);
 tempo insuficiente de exposiçaoo ao germicida;
 soluçaoo germicida com açaoo ineficaz;
 presença de biofilmes;
 temperatura e pH (BARSANO et al. 2014, p.83)
PRINCIPAIS PRODUTOS USADOS NA DESINFECÇAAO DE SUPERFÍCIES
Álcool: conforme a ANVISA (BRASIL, 2010a): os álcoois etílico
[concentraçaoo de 60% a 90%] e isopropiĺico saoo os principais desinfetantes
utilizados em serviços de saúde, podendo ser aplicados em superfícies ou artigos
por meio de fricçaoo. [Possuem açaoo] bactericida, virucida, fungicida e
tuberculocida. (BRASIL, 2010a, p. 46 apud BARSANO et al. 2014, p.83)
Possuem fácil aplicaçaoo e açaoo imediata, sendo indicados para a desinfecçaoo
de mobiliário em geral, bem como para a higienizaçaoo das maoos.
Desvantagens: é inflamável e volátil, bem como resseca plásticos, borrachas
e a pele humana (BARSANO et al. 2014, p.83).
O hipoclorito de sódio (concentraçaoo de 0,02% a 1,0%) é um composto
inorgânico que apresenta açaoo bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida e
esporicida (dependendo da concentraçaoo de uso). Pode apresentar-se tanto na
forma líquida quanto em pó. Produto com açaoo rápida e baixo custo, muito
indicado para desinfecçaoo de superfícies fixas (BARSANO et al. 2014, p.83).
Desvantagens: o hipoclorito de sódio possui as seguintes desvantagens: é
inativo na presença de matéria orgânica, é corrosivo para metais e apresenta um
odor desagradável, podendo causar irritabilidade nos olhos e nas mucosas
(BARSANO et al. 2014, p.84).
O ácido peracético é uma mistura de ácido acético com peróxido de
hidrogênio. Em resumo, trata-se de um desinfetante indicado para superfićies fixas
e age por desnaturaçaoo das proteińas, alterando a permeabilidade da parede
celular do micro-organismo. Em baixas concentraçooes (0,001% a 0,2%), apresenta
baixa toxicidade e possui açaoo bastante rápida sobre os micro-organismos,
inclusive sobre os esporos bacterianos (ANVISA, 2010a apud BARSANO et al. 2014,
p.84).
Desvantagens: é corrosivo para metais (cobre, lataoo, bronze, ferro
galvanizado) e sua atividade é reduzida pela modificaçaoo do pH. Causa irritaçaoo
nos olhos e no trato respiratório (ANVISA, 2010a apud BARSANO et al. 2014, p.84).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 65
Tópico 1.4: Esterilização de produtos e superficies e suas técnicas.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE DESINFECÇAAO E ESTERILIZAÇAAO?
Apesar de serem termos com finalidades semelhantes, diferenciam-se na
conceituaçaoo técnica. Veja a seguir:
Desinfecção: processo físico ou quiḿico que elimina a maioria dos
micro-organismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com exceçaoo
de esporos bacterianos, podendo ser de baixo, médio ou alto niv́el;
Esterilização: processo utilizado para destruir todas as formas de vida microbiana,
por meio do uso de agentes físicos (autoclave e estufa, por exemplo) e químicos
(óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formaldeid́o e glutaraldeid́o,
por exemplo) (BARSANO et al. 2014, p.85).
PROCESSO DE ESTERILIZAÇAAO
O processo de esterilização é formado basicamente por seis etapas:
pré-lavagem; limpeza; preparo; esterilização; estocagem e distribuição; e controle
do processo. Em resumo, compreende a morte total dos micro-organismos
presentes em determinado produto ou superfície (BARSANO et al. 2014, p.85).
Atualmente, o processo de esterilizaçaoo compreende dois métodos: o físico
e o químico.
MÉTODO FÍSICO
As técnicas de esterilização física são aquelas que utilizam o calor em
diferentes formas ou alguns tipos de radiação durante o processo de esterilização
dos materiais. Em ambientes hospitalares e serviços de saúde, utilizam-se, de
preferência, os seguintes métodos: calor seco, vapor saturado sob pressaoo
(autoclave), filtraçaoo e irradiaçaoo (BARSANO et al. 2014, p.86).
Filtração: método de esterilizaçaoo por filtraçaoo consiste em remover
micro-organismos de líquidos, ar e gases. Nesse processo, os filtros podem ser de
vários tipos (discos de amianto, velas porosas, filtros de vidro poroso, de celulose
etc.). Método muito utilizado em laboratórios (BARSANO et al. 2014, p.86).
Irradiação: as radiaçooes estaoo presentes em diversas formas em nosso dia
a dia. Inclusive no processo de esterilizaçaoo de superfícies, objetos, instrumentos
cirúrgicos etc. Essas radiaçooes saoo capazes de eliminar (matar), de forma prática e
eficaz, os micro-organismos que atentam contra a vida do homem. A irradiaçaoo, em
virtude de sua complexidade, seu custo e da infraestrutura exigida, é mais utilizada
nas indústrias (BARSANO et al. 2014, p.86).
Calor seco: muitoempregado para esterilizaçaoo de instrumentos e
materiais odontológicos, o forno de Pasteur consiste em uma câmara dotada de um
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 66
aquecedor elétrico (resistência) que aquece a câmara e o seu conteúdo,
provocando a esterilizaçaoo dos micro-organismos ali presentes (BARSANO et al.
2014, p.87).
Segundo Barsano et. al. (2014, p. 87) no forno de Pasteur existe um
termostato que regula a temperatura desejada. Dessa forma, podem-se utilizar as
seguintes combinações de temperatura e tempo:
 121 °C, durante 12 horas;
 160 °C, durante 2 horas;
 170 °C, durante 1 hora.
Esse método é recomendado para esterilizar os materiais que naoo podem
ser molhados, como compressas de gaze, bolas de algodaoo, óleos, gorduras, ceras,
bem como instrumentos metálicos e equipamentos de vidro (BARSANO et al. 2014,
p.87).
MÉTODO QUÍMICO
Com o passar dos anos, a tecnologia da esterilizaçaoo também foi ganhando
forma, fazendo surgir novos métodos de trabalho e esterilizaçaoo, bem como novos
materiais, aparelhos e equipa- mentos etc. Paralelamente a isso, a prática da
assistência à saúde vem necessitando de processamentos cada vez mais rápidos,
seguros e econômicos (BARSANO et al. 2014, p.87).
O método de esterilizaçaoo quiḿica, também conhecido como método de
esterilizaçaoo a baixa temperatura, consiste na esterilizaçaoo (eliminaçaoo total) de
micro-organismos a baixa temperatura, ou seja, a temperatura menor ou igual a
60°C, combinando com algum outro agente químico (BARSANO et al. 2014, p.87).
Por exemplo, no Brasil, os procedimentos de esterilizaçaoo por métodos
químicos (baixa temperatura) mais aceitos saoo:
 esterilizaçaoo por óxido de etileno (OE ou ETO, de etylene oxide), C2H4O;
 plasma de peróxido de hidrogênio (PPH), H202;
 vapor de formaldeído a baixa temperatura (VFBT), CH2O (BARSANO et al.
2014, p.87).
O Sistema de Classificação de Spaulding, elaborado em 1972, categorizou os
equipamentos e os instrumentos que devem ser esterilizados ou desinfetados de
acordo com o risco de infecção para o paciente. A Classificação de Spaulding é
composta por três categorias de risco e ainda é utilizada para determinar qual
método deve ser escolhido e empregado (STAPENHORST, 2018, p. 154)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 67
Figura 19 - Esquema da classificação de Spaulding.
Fonte: Stapenhorst (2018, p. 155)
Tópico 1.5: As etapas da esterilização de materiais
Atualmente, os processos de esterilização são obrigatórios nos locais de
prestação de serviços de saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), pela Norma Regulamentadora (RDC) no 15, estabelece quais são os
requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde, visando
à segurança dos pacientes e dos profissionais envolvidos.
Além disso, o nível de qualificação dos profissionais responsáveis pela
esterilização, o uso de indicadores biológicos e químicos para o controle de
qualidade da técnica e a padronização desta também receberam maior
preocupação das entidades competentes.
Idealmente, o local no qual será realizada a esterilização dos materiais deve
ser dividido em três áreas separadas por barreiras físicas, com um fluxo
unidirecional claro, da área suja para a limpa:
ÁREA SUJA
Destinada ao recebimento e à separação dos materiais. Nesse local, é
realizado o processo de limpeza, desinfecção e secagem dos artigos.
Os funcionários devem, obrigatoriamente, fazer uso de
equipamentos de proteção individual (EPIs)
ÁREA LIMPA
destinada para a separação dos artigos e a verificação da limpeza, da
funcionalidade e da integridade dos materiais. Também é utilizada
nos processos de empacotamento, selagem e esterilização dos
instrumentos.
ÁREA DE GUARDA E
DISTRIBUIÇÃO DOS
MATERIAIS
ESTERILIZADOS
Destinado ao armazenamento dos artigos esterilizados e sua
dispensação. Os profissionais devem higienizar as mãos
rigorosamente e, de preferência, utilizar luvas de procedimento.
Fonte: Elaboração própria a partir de CONASS (s/d)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 68
Após o recebimento e a separação dos materiais, estes devem passar pela
etapa de limpeza, que tem como objetivo remover a sujidade visível (orgânica e
inorgânica), reduzindo, dessa maneira, a quantidade de microrganismos presentes
no artigo (CONASS, s/d).
Inicialmente, os materiais devem ser separados em artigos cortantes e pesados,
mas é importante lembrar que os perfurocortantes devem ser manuseados com
muito cuidado. Posteriormente, os materiais devem ser lavados, peça por peça,
com fricção delicada e enxaguados abundantemente (CONASS, s/d).
Utilizar panos ou compressas limpas para secar os artigos e inspecionar
visualmente se o processo de lavagem foi eficaz. Depois da lavagem, o material
deve ser descontaminado, visando à eliminação de quase todos os microrganismos
presentes na superfície dos objetos. Por fim, o material está pronto para o processo
de esterilização. Entre todas as técnicas atualmente disponíveis no mercado, a
autoclavagem, que é o uso do calor úmido sob pressão, é a mais recomendada, pois
é um processo seguro, eficaz e de fácil controle de qualidade (CONASS, s/d).
Tópico 1.6: Programas de controle de qualidade da esterilização.
PROTOCOLOS OPERACIONAIS PADRÃO (POPs)
A complexidade das tarefas realizadas pelos profissionais da saúde exige a
implementação de normas, protocolos, princípios e diretrizes que organizem e
estabeleçam ações e práticas, bem como a reciclagem do conhecimento técnico e
científico (STAPENHORST, 2018, p. 181).
Os protocolos operacionais padrão (POPs) são uma ferramenta amplamente
utilizada, os quais tem como objetivo expressar, de maneira clara e concisa, o
planejamento do trabalho repetitivo que deve ser realizado para atingir a meta
padrão, ou seja, o padrão de qualidade (STAPENHORST, 2018, p. 181).
A elaboração do POP visa padronizar e minimizar a ocorrência de desvios
na execução de tarefas básicas, mantendo assim, o funcionamento correto dos
processos. Para tanto, o POP deve ser redigido pelo responsável pela técnica, de
maneira coerente, para que todos os profissionais realizem o procedimento com as
mesmas ações e, consequentemente, para que seja mantido o padrão de qualidade
esperado (STAPENHORST, 2018, p. 181).
Esse documento deve conter todas as instruções, em sequência, das
operações e com qual frequencia estas devem ser realizadas. Além disso, deve
constar o nome do responsável pela execução da tarefa, a lista de equipamentos e
materiais utilizados e a descrição de todos os procedimentos no documento
(STAPENHORST, 2018, p. 182).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 69
Essa descrição deve conter todos os itens críticos de cada operação,
juntamente com os pontos proibidos. Após a elaboração do POP, ele deve ser
aprovado, assinado, datado e revisado anualmente, ou conforme necessário, pelo
responsável técnico e pelo gestor do estabelecimento (STAPENHORST, 2018, p.
182).
MONITORAMENTO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO
O controle dos processos de esterilização se dá através do monitoramento
mecânico e físico da autoclave, e do monitoramento químico e biológico dos ciclos.
O responsável técnico em relação ao processo será o enfermeiro, cirurgião-dentista
e/ou outro profissional graduado na área da saúde. Os responsáveis pela execução
da técnica são os auxiliares e/ou técnicos de enfermagem ou saúde bucal (SUS,
2014, p. 36).
O MONITORAMENTO MECÂNICO se refere ao equipamento de esterilização.
Recomenda-se que todos os processos de manutenção, tanto corretivos, quanto
preventivos, sejam devidamente registrados em livro específico (SUS, 2014, p. 36).
Já o MONITORAMENTO FÍSICO é realizado com as informações obtidas durante
um ciclo de esterilização, ou seja, os dados sobre o tempo, a temperatura e a
pressão precisam ser devidamente anotados e verificados para garantir que o
processo foi realizado corretamente (SUS, 2014, p. 37).
O MONITORAMENTO QUÍMICO é realizado com o uso de indicadores específicos.
Osindicadores químicos são tintas termocrômicas, ou seja, alteram sua coloração
conforme a mudança de temperatura (SUS, 2014, p. 37).
E, o MONITORAMENTO BIOLÓGICO é o realizado por meio de indicadores
biológicos contendo uma população de 105 a 106 de microrganismos esporulados,
resistentes ao agente esterilizante. A recomendação é que seja realizado
diariamente no primeiro ciclo da autoclave. Sendo a leitura realizada 3 horas após
a incubação, só após a análise destes monitoramentos, as cargas serão liberadas
(SUS, 2014, p. 37).
Esses indicadores geralmente estão presentes nas bordas do papel grau
cirúrgico e indicam se os materiais foram devidamente processados ou não. Ao
retirar o material da autoclave, o profissional deve conferir se o indicador teve sua
coloração alterada.
Tópico 1.7: Embalagens do processo de esterilização.
Segundo ABNT (2003) citado por Carvalho (2015, p.72) o conceito “sistema
de embalagem” refere-se à combinaçaoo do sistema de barreira estéril com a
embalagem de proteçaoo.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 70
De acordo com Agência (2006, p.78) a embalagem tem que permitir a
penetração do agente esterilizante e proteger os artigos de modo a assegurar a
esterilidade até a sua abertura. Para esterilização em autoclave, recomenda-se
papel grau cirúrgico, papel crepado, tecido não-tecido, tecido de algodão cru
(campo duplo), vidro e nylon, cassetes e caixas metálicas perfuradas.
Agência (2006, p.78) informa que embalagens compostas de papel grau
cirúrgico e/ou filme plástico polipropileno-polietileno e nylon devem ter o ar
removido antes da selagem, pois o ar atua como um obstáculo na transmissão de
calor e de umidade. Pinças e tesouras devem ser esterilizadas com suas
articulações abertas. O fechamento do papel grau cirúrgico e filme plástico ou do
nylon deve promover o selamento hermético da embalagem e garantir sua
integridade.
A faixa de selagem deve ser ampla, preferencialmente, de 1 cm ou reforçada
por duas ou três faixas menores. Recomenda-se promover o selamento deixando
uma borda de 3 cm, o que facilitará a abertura asséptica do pacote. As embalagens
devem ser identificadas antes da esterilização (AGÊNCIA, 2006, p.78).
A identificação deve ser feita em fita ou etiqueta adesiva e deve conter a
descrição do conteúdo, quando necessário, data e validade da esterilização e nome
do funcionário responsável pelo processamento do artigo. A improvisação de
embalagens para o processamento de artigos odontológicos é contra-indicada
(AGÊNCIA, 2006, p.78).
Tópico 1.7.1: Tipos de embalagens
Textil: tecido de algodão duplo
Segundo Sobecc, (2013) e ABNT, (1997) citado por Carvalho, (2015, P. 76),
o campo de algodão duplo deve ser confeccionado conforme recomendações da
ABNT, com padrão sarja 2/1, gramatura de 210 g/m2, 5% de urdume de 40 fios
por polegada quadrada no sentido longitudinal e trama de 17 fios por polegada
quadrada no sentido transversal, com textura de aproximadamente 40 a 56 fios
por cm2 12,5 Newton por cm2 (N/cm2) de resistência à tração no urdume e 5,5
N/cm2 , 3 a 4 de solidez à lavagem e ao hipoclorito, 4% de encolhimento, na trama,
e espessura de 0,4 mmmais ou menos 0,05 mm.
Para Carvalho, (2015, p.76) é importante destacar que solidez é uma
mediçaoo que expressa o nível de desbote e a alteraçaoo de cor que um tecido ou
malha apresenta durante sua utilizaçaoo e seu manuseio. O desbote é também
conhecido no mercado como “sangramento” da cor. A solidez é influenciada por
diversos fatores, como tipo de fibra, anilinas disponíveis e processos de tingimento,
o que pode tornar algumas tonalidades mais suscetiv́eis caso naoo sejam
observadas suas limitaçooes.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 71
A mediçaoo de solidez segue testes normatizados que permitem avaliar, por
meio de notas, o grau de desbote e a alteraçaoo de cor que certa tonalidade pode
apresentar sob determinadas exigências de uso. Sua padronizaçaoo e seu
reconhecimento internacional possibilitam, ainda, avaliar igualmente os produtos
em diferentes situaçooes, clientes ou paiśes.
Embora seja muito utilizado nas instituiçooes hospitalares, o tecido de
algodaoo naoo confere boa barreira microbiana, sendo difićil realizar um controle
efetivo do número de reprocessamentos, podendo apresentar desgaste e quebra de
barreira microbiana, com furos e rasgos que saoo cerzidos e utilizados
inadequadamente (CARVALHO, 2015, p.76).
Sistema de conteiner rigido
Carvalho (2015, P.78) afirma que este sistema deve ser utilizado em
processo de esterilizaçaoo por autoclave com bomba a vácuo; sua estrutura pode
ser constituída por aço inoxidável, plástico termorresistente ou alumínio
anodizado, estando disponível em vários tamanhos. O projeto de cada recipiente
incorpora um método de penetraçaoo do esterilizante e proteçaoo contra
contaminaçaoo após esterilizaçaoo. Alguns projetos desses recipientes apresentam
perfuraçooes na margem superior e/ou nas superfícies externas; estas saoo
internamente revestidas por filtros de barreira microbiana permeáveis ao
esterilizante. Outros projetos saoo providos de válvulas reutilizáveis que permitem
permeabilidade ao agente esterilizante por expansaoo durante a fase de
esterilizaçaoo e há também os que incluem filtros e válvulas. Os recipientes com
sistema de filtros saoo empregados em esterilizaçaoo por vapor, óxido de etileno e
calor seco.
Vidros refratários
Saoo indicados para esterilizaçaoo de líquidos e podem ser utilizados em
autoclaves ou estufas (para óleos). Devem ser resistentes às altas temperaturas e
possuir tampa que impeça a recontaminaçaoo do conteúdo. Vale destacar que esse
tipo de embalagem tem sido cada vez menos utilizado, pela disponibilidade dos
insumos líquidos já vindos esterilizados de fábrica e também pelo desuso da
esterilizaçaoo por calor seco/estufa desde a década de 1990 (CARVALHO, 2015,
p.79).
Papel grau cirúrgico
Tem como vantagem a facilidade de visualização do material e manuseio,
fechamento hermético, resistência e alto poder de filtragem microbiana. Os artigos
médico-odontológicos deverão ser empacotados em papel grau cirúrgicos de
preferência. Somente, em situação de impossibilidade do uso dessa embalagem,
deverá ser usado tecido de algodão para tal procedimento. Esse é o tipo de
embalagem padronizado para empacotamento dos materiais nas unidades de
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 72
saúde da rede pública municipal de Campinas. A embalagem deve conter o
indicador químico que demonstra que o pacote foi exposto ao processo. Toda
equipe da unidade deverá ser treinada a verificar esse indicador antes de usar o
material.
A termosselagem adequada é de extrema importância pelo fato do
fechamento hermético garantir a manutenção da esterilidade. Devem ser evitadas
rugas e dobras. Recomenda-se selagem de pelo menos 3 cm de distância da borda
para abertura asséptica (CAMPINAS, 2014, p.31).
Tópico 1.7.2: Cuidados gerais durante o empacotamento
Carvalho (2015, p.87), recomenda que esses critérios estejam descritos
claramente para o colaborador do centro de material e esterilizaçaoo (CME). Uma
maneira de explicaçaoo clara e fácil de ser consultada é a construçaoo de uma matriz
na qual todos os materiais estejam descritos e a forma de embalagem seja bem
definida.
O acondicionamento sequencial, utilizando dois invólucros tipo barreira,
fornece um caminho tortuoso para impedir a migraçaoo microbiana; múltiplos itens
devem ser embalados em dupla embalagem, para garantir proteçaoo e abertura
asséptica; produtos perfurocortantes devem estar protegidos para naoo danificar a
embalagem primária, e produtos pesados ou de tamanho grande devem estar em
embalagens resistentes (CARVALHO, 2015, p.87).
RECOMENDAÇÕES PARA PREPARO E EMPACOTAMENTO DOS ARTIGOS
 Realizar higienização das mãos antes de iniciar o procedimento;
 Utilizar EPI – luva de procedimento não estéril, avental, gorro e sapato
fechado;
 Utilizar a pasta com a listagem dos materiais a serem colocados em cadapacote;
 Separar e conferir peça por peça, estado de conservação para detectar se há
sujidade, ferrugem, trincas, manchas e outros defeitos;
 Selecionar a embalagem de acordo com o processo: desinfecção (saco
plástico), esterilização (papel grau cirúrgico);
 Arrumar os instrumentais com as peças mais leves e menores sobre os
maiores e mais pesados;
 Pinças curvas com a curvatura voltada para a tampa da caixa ou parte
plastificada do papel grau cirúrgico;
 Cúpulas com a abertura voltadas para parte de papel;
 Cabos dos instrumentais voltados para a abertura de selamento do papel
grau cirúrgico;
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 73
 Avaliar a necessidade de utilização de embalagem dupla (materiais pesados
ou pontiagudos);
 Materiais perfurocortantes deverão receber capa de proteção em suas
extremidades;
 Realizar o ajuste das embalagens duplas, verificando se elas não
apresentam dobras internas e se estão acomodadas às partes externas;
 Selar a embalagem – deixar 3cm de borda;
 Identificar o material com data de esterilização, ciclo, data de validade e
responsável;
 Não é recomendado escrever na parte de papel do invólucro, na
impossibilidade de etiqueta, fazer o registro na aba (parte voltada para o
lado do filme evitando assim manipular o material para checagem da data)
a ser utilizada para abrir o pacote;
 Observar se a selagem está íntegra. Pequenas falhas na selagem permitem a
entrada de microrganismo;
 Utilizar tamanhos adequados de papel para cada artigo, evitando que os
pacotes fiquem repuxados ou que haja sobre papel grau cirúrgico;
 Encaminhar para esterilização (CAMPINAS, 2014, p.31).
Técnicas de embalagem utilizando folhas de tecido e naoo tecido: as técnicas
de embalagem de pacotes ou conjuntos foram desenvolvidas para assegurar a
abertura asséptica. As técnicas mais comuns aplicáveis na embalagem saoo a
dobradura em formato de envelope ou a dobradura pacote. Ao abrir a folha
externa do pacote, a embalagem recobre a mesa na qual está depositado o
instrumental, propiciando um campo esterilizado. Esta técnica pode ser aplicada
em folhas de tecido e em naoo tecido (CARVALHO, 2015, p.89).
É necessária a utilizaçaoo de fita adesiva para a manutençaoo do pacote
fechado e de indicador químico externo classe 1, para demonstrar se o pacote
passou pelo processo de esterilizaçaoo. Fitas contendo indicadores químicos saoo
chamadas de fitas indicadoras. Quando utilizadas para o vapor, saoo também
chamadas de fitas de autoclave (CARVALHO, 2015, p.89).
As fitas devem ter boas características de aderência e ser facilmente
removiv́eis sem deixar resíduos. Uma fita adesiva com indicador deve mostrar
claramente uma mudança de cor sempre que exposta às condiçooes inerentes a um
processo de esterilizaçaoo. A técnica de embalagem deve ser executada
corretamente, conforme o passo a passo descrito adiante. Coberturas plásticas
protetoras: Também conhecidas como cover bag, podem ser utilizadas em todos os
pacotes ou caixas após a esterilizaçaoo, quando o material estiver frio e seco. O
objetivo é proteger a embalagem contra penetraçaoo de poeira, umidade e outros
agentes contaminantes. O material plástico deve possuir de 2 a 3 mm de polegada
de espessura (CARVALHO, 2015, p.89).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 74
A vedação pode ser feita pelo calor ou por meio de embalagens
autosselantes. Deve estar escrito que se trata de uma “embalagem para proteção”,
a fim de evitar utilização errônea. Antes de proteger a embalagem com coberturas
plásticas, verificar as condições da embalagem, a identificação do material e a
etiqueta do processo de esterilização. Embora o uso de coberturas plásticas
protetoras não seja uma indicação obrigatória, quando aplicadas sobre a
embalagem primária, podem garantir proteção extra. O protetor deve ser aplicado
após a carga ter resfriado suficientemente, com tempo mínimo de 30 minutos após
a esterilização. Acredita-se que essa prática aumente o período de validade, porém
não há evidências científicas quanto a isso, nem quanto à relação custo-benefício
dessa prática (CARVALHO, 2015, p.89).
ARMAZENAMENTO DOS ARTIGOS ESTERILIZADOS
Para Agência (2006, p.82) o instrumental deve ser armazenado em local
exclusivo, separado dos demais, em armários fechados, protegido de poeira,
umidade e insetos, e a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5
cm da parede, respeitando-se o prazo de validade da esterilização. O local de
armazenamento deve ser limpo e organizado periodicamente, sendo verificados
sinais de infiltração, presença de insetos, retirando-se os pacotes danificados, com
sinais de umidade, prazo de validade da esterilização vencido, etc. Estes artigos
devem ser reprocessados novamente. Na distribuição, os pacotes esterilizados
devem ser manipulados o mínimo possível e com cuidado.
VALIDADE DA ESTERILIZAÇÃO
Cada serviço deve realizar a validação do prazo de esterilização dos artigos,
recorrendo a testes laboratoriais de esterilidade, considerando os tipos de
embalagem utilizados, os métodos de esterilização, as condições de manuseio e os
locais de armazenamento (AGÊNCIA, 2006, p. 82).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 75
Tema da aula: riscos de acidentes commateriais perfurocortantes
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE.
DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. SERIE
A: Exposição a Materiais Biológicos - Saúde do Trabalhador
Protocolos de Complexidade Diferenciada. 3 ed. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2011. 72 p. Disponível em:
http://www1.saude.rs.gov.br/dados/1332967170825PROTOCOLO%
20EXPOSICAO%20A%20MATERIAL%20BIOLOGICO.pdf. Acesso em:
10 out. 2020.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções
Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais.
Protocolo clinico e diretrizes terapeuticas para profilaxia
pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites
virais. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2018, 98 p. Disponível
em:
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretriz
es-terapeuticas-para-profilaxia-pos-exposicao-pep-de-risco. Acesso
em: 10 out. 2020.
EBSERH - CE. Marcus Vinícius Dantas da Nóbrega. Profilaxia após
acidentes ocupacionais commaterial biológico e
perfurocortantes: protocolo clínico. Fortaleza: EBSERH - CE, 2019. 10
p. Emissão: 10/07/2017. Revisão Nº: 04 – 24/01/2019. Disponível
em: https://bityli.com/KNzAe. Acesso em: 10 out. 2020
Tópico 1: Epidemiologia
As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente
contaminados são um sério risco aos profissionais em seus locais de trabalho.
Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e
outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais freqüentemente
relatadas (BRASIL, 2011).
Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante, em geral, são
considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de
transmitir patógenos diversos (COLLINS; KENNED Y, 1987 apud BRASIL, 2011),
sendo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B e o da hepatite C,
os agentes infecciosos mais comumente envolvidos (BRASIL, 2011).
Evitar o acidente por exposição ocupacional é o principal caminho para
prevenir a transmissão dos vírus das hepatites B e C e do vírus HIV. Entretanto, a
imunização contra hepatite B e o atendimento adequado pós-exposição são
componentes fundamentais para um programa completo de tratamento dessas
infecções e elementos importantes para a segurança no trabalho (BRASIL, 2011).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 76
O risco ocupacional após exposições a materiais biológicos é variável e
depende do tipo de acidente e de outros fatores, como gravidade, tamanho da lesão,
presença e volume de sangue envolvido, além das condições clínicas do
paciente-fonte e uso correto da profilaxia pós exposição (BRASIL, 2011).
O risco de infecção por proibiçaoo de pipetagem com a boca;
 acesso limitado ao pessoal de laboratório;
 uso de luvas durante o manuseio de material infeccioso (BARSANO, et. al.,
2014, p. 22).
Tópico 1.2: Conceito de Biossegurança
De acordo com Teixeira (1996 apud
STAPENHORST, 2018, p.18), biossegurança pode ser
entendida como uma série de ações, procedimentos,
técnicas, metodologias e dispositivos com o objetivo de
prevenir, minimizar ou eliminar riscos envolvidos na
pesquisa, na produção, no ensino, no desenvolvimento
tecnológico e na prestação de serviços, os quais podem
comprometer a saúde do ser humano, dos animais e do
meio ambiente, bem como a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos.
Um “estado de biossegurança” pode ser definido como a harmonia entre o
homem, os processos de trabalho, a instituição e a sociedade na área da saúde.
Nessa área, devido à transmissão microbiológica, o acidente de trabalho tem um
caráter grave, visto que pode envolver não apenas o trabalhador, mas também os
pacientes, os visitantes e as instalações em que essas pessoas irão passar (COSTA,
1998 apud STAPENHORST, 2018, p.18).
A biossegurança tem um papel de extrema importância na promoção da
saúde, tendo em vista que envolve o controle de infecções para a proteção dos
trabalhadores, dos pacientes e do meio ambiente, de forma a reduzir os riscos à
saúde (STAPENHORST, 2018, p.18).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 7
O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho onde
se promova a contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos
ao trabalhador, aos pacientes e ao meio ambiente, de modo que esse risco seja
minimizado ou eliminado (BALLESTRERI, 2018, p. 28).
Essas definições mostram que a biossegurança envolve as relações
tecnologia/risco/homem, e que o controle dos riscos na área da saúde inclui o
desenvolvimento e a divulgação de informações, além da adoção de procedimentos
relacionados às boas práticas de segurança para profissionais, pacientes e meio
ambiente, de forma a controlar e minimizar os riscos operacionais das atividades
de saúde (DAVID et al., 2012 apud BALLESTRERI, 2018, p. 28).
Tópico 1.3: Tipos de agentes biológicos e suas classificações de risco
A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento ou a
identificação dos agentes biológicos e a probabilidade do dano proveniente destes,
por vários critérios, que dizem respeito não só ao agente biológico manipulado,
mas também ao tipo de ensaio realizado e ao próprio trabalhador. Assim, os
agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos
em classes de risco, que são definidos como o grau de risco associado ao agente
biológico manipulado (BALLESTRERI, 2018, p. 28).
Segundo a Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da
Saúde, os tipos de agentes biológicos são classificados em 5 classes, sendo elas:
Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os
agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais
adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp e Bacillus subtilis.
Figura 01 e 02 - Lactobacillus sp e Bacillus subtilis
Fonte: Foto de Kari Lounatmaa (2013)
Fonte: Coleção Visuals Unlimited (ALL POSTERS)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 8
Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a
comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou
nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no
meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e
profiláticas eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni e Vírus da Rubéola.
Figura 03 – Schistosoma mansoni
Fonte: UFAM (2014)
Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade):
inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via
respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais,
para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção.
Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo
se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV).
Figuras 04 e 05 - Bacillus anthracis e Vírus Imunodeficiência Humana (HIV).
Fonte: MDS Saúde (s/d)
Crédito: Mohammed Haneefa Nizamudeen (2019)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 9
Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes
biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de
transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou
terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças
humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na
comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus.
Exemplos: Vírus Ebola e Vírus Lassa (BRASIL, 2011).
Figura 06 – Vírus Ebola
Fonte: Tecmundo Ciência (2019)
Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de
disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença animal
não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de
importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na
produção de alimentos. Exemplo: Achantina fulica (caramujo-gigante-africano
trazido para o Brasil para produção e comercialização de escargot) (BRASIL, 2006;
ARAÚJO et al., 2009).
Figura 07 - Achantina fulica
Fonte: Dedeflasch (2016)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 10
Tópico 2: Lei da Biossegurança
A Lei Nacional de Biossegurança aprovada e publicada no Brasil era a Lei no
8.974, de 5 de janeiro de 1995, estabelecia as normas de segurança e mecanismos
de fiscalizaçaoo para o uso das técnicas de Engenharia Genética, transporte,
liberaçaoo e descarte, no meio ambiente de OGMs (BARSANO et al. 2014, p.25).
Porém, após a Conferência das Naçooes Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD) ou Cúpula da Terra, mais conhecida como Eco-92
realizada no Rio de Janeiro, o país necessitou adaptar-se decorrente o firmamento
de diversos acordos internacionais para desenvolvimento sustentável (BARSANO
et al. 2014, p.25).
Dentre tantos temas abordados, a proteçaoo à biodiversidade do planeta foi
discutida e, fora assinado o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que
resumidamente, tem como finalidade regular os critérios de proteçaoo no campo de
transferência, manipulaçaoo e uso seguros dos organismos vivos modificados
(OVMs), resultantes da Biotecnologia moderna (BARSANO et al. 2014, p.25).
Para adequar-se as medidas e cumprir os procedimentos indicados no
protocolo, principalmente referente aos riscos de contmainação por meio de OVMs
(organismos vivos modificados), a antiga lei de Biossegurança foi revogada e
substituid́a pela Lei no 11.105, de 24 de março de 2005, que, em sua redaçaoo
original, estabelece de forma mais ampla os seus objetivos, no artigo 1° (BARSANO
et al. 2014, p.25).
[...] Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de
fiscalizaçaoo sobre a construçaoo, o cultivo, a produçaoo, a manipulaçaoo, o
transporte, a transferência, a importaçaoo, a exportaçaoo, o
armazenamento, a pesquisa, a comercializaçaoo, o consumo, a liberaçaoo
no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente
modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao
avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteçaoo à
vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da
precauçaoo para a proteçaoo do meio ambiente. (BRASIL, 2005a, p. 1 apud
BARSANO et al. 2014, p.25)
Além disso, segundo Barsano et. al. (2014, p. 26) o Brasil ainda
implementou outros s instrumentos que auxiliassem o Estado a reordenar as
normas vigentes sobre o tema, bem como mecanismos mais claros de fiscalizaçaoo
dos OVMs. Para tanto, dentre outras açooes:
- criou o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS);
- reestruturou a Comissaoo Técnica Nacional de BiossegurançaHIV pós-exposição ocupacional com sangue
contaminado é de aproximadamente 0,3% (CARDO et al., 1997; BELL, 1997). No
caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção
varia de seis a 30%, dependendo do estado do paciente fonte, entre outros fatores
(BRASIL, 2011).
Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão ocupacional
após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de
aproximadamente 1,8% a 10%(BRASIL, 2011).
Apesar de todos esses riscos, a falta de registro e notificação desses
acidentes é um fato concreto. Alguns trabalhos demonstram aproximadamente
50% de subnotificação das exposições (HENRY; CAMPBELL, 1995) de um conjunto
estimado em aproximadamente 600 mil a 800 mil exposições ocupacionais,
anualmente, nos Estados Unidos (NIOSH, 1999 apud BRASIL, 2011).
No Brasil, de acordo com dados publicados em anais de congressos, o
cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é semelhante
aos observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e
de subnotificação (BRASIL, 2011).
Outro dado nacional preocupante está relacionado à taxa de abandono do
tratamento dos profissionais que, inicialmente, procuraram assistência e
notificaram seus acidentes. Um levantamento de um hospital público de ensino de
São Paulo, aponta para uma taxa de abandono de 45% em 326 acidentes
notificados (GIRIANELLI; RIETRA, 2002); já em um hospital público de ensino em
Porto Alegre, esta taxa foi de 36% em 241 acidentes notificados (CARVALHO et al.,
2002 apud BRASIL, 2011).
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, hepatites
virais e outras IST consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de
adquirir essas infecções. O presente “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Profilaxia PósExposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites
Virais” (PCDT-PEP) tem como objetivo atualizar as recomendações para a PEP,
incluindo também a abordagem em relação às IST e às hepatites virais (BRASIL,
2018).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 77
O esquema antirretroviral (ARV) da PEP para HIV foi simplificado na
atualização do PCDT, em 2015, com recomendações de profilaxia pela avaliação do
risco da situação de exposição e não mais por categoria de exposição (acidente
com material biológico, violência sexual e exposição sexual consentida) (BRASIL,
2018).
A PEP para HIV está disponível no SUS desde 1999; atualmente, é uma
tecnologia inserida no conjunto de estratégias da Prevenção Combinada, cujo
principal objetivo é ampliar as formas de intervenção para evitar novas infecções
pelo HIV (BRASIL, 2018).
Segundo os dados do relatório de monitoramento clínico do HIV (BRASIL,
2016a), observa-se um aumento na oferta de PEP ao HIV, considerando o total de
dispensações de profilaxias. No entanto, reforça-se a indicação para além daquelas
situações em que a PEP é classicamente recomendada, como violência sexual e
acidente ocupacional, visando a ampliar o uso dessa intervenção também para
exposições sexuais consentidas que representem risco de infecção (BRASIL, 2018).
Nesse contexto, considera-se fundamental a ampliação do acesso à PEP, com
prescrição efetiva nos atendimentos em serviços de urgência/emergência,
unidades básicas de saúde, clínicas e hospitais da rede pública e privada (BRASIL,
2018).
O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização, que
objetiva ampliar o acesso, fornecer uma resposta resolutiva à demanda
apresentada e ser um dispositivo organizador do processo de trabalho em função
das necessidades de saúde do usuário (BRASIL, 2010b apud BRASIL, 2018).
O acolhimento à pessoa exposta deve ocorrer em local adequado, em que
seja garantido o direito à privacidade, sem julgamentos morais, com acesso às
populações chave e prioritárias (BRASIL, 2018).
A avaliação inicial deve incluir perguntas objetivas, que abordem prática
sexual, uso de drogas lícitas e ilícitas, troca de dinheiro por sexo, situação de
violência, entre outras. Em relação à exposição sexual, avaliar se a pessoa tem
indicação para PrEP. Para informações sobre a PrEP, consultar o “Protocolo Clínico
e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção
pelo HIV”, disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt (BRASIL, 2018).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 78
Tópico 2: Condutas após o acidente
CUIDADOS COM A ÁREA EXPOSTA
Lavagem do local exposto com água e sabão nos casos de exposição
percutânea ou cutânea.
 Nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou
solução salina fisiológica.
 Não há evidência de que o uso de antissépticos ou a expressão do local do
ferimento reduzam o risco de transmissão, entretanto, o uso de antisséptico
não é contra-indicado.
 Não devem ser realizados procedimentos que aumentem a área exposta,
tais como cortes e injeções locais. A utilização de soluções irritantes (éter,
glutaraldeído, hipoclorito de sódio) também está contra-indicada (BRASIL,
2011).
AVALIAÇÃO DO ACIDENTE
Estabelecer o material biológico envolvido: sangue, fluidos orgânicos
potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, liquor, líquido sinovial,
líquido pleural, peritoneal, pericárdico e amniótico), fluidos orgânicos
potencialmente não-infectantes (suor, lágrima, fezes, urina e saliva), exceto se
contaminado com sangue (BRASIL, 2011).
TIPO DE ACIDENTE:
 Perfurocortante, contato com mucosa, contato com pele com solução de
continuidade.
 Conhecimento da fonte: fonte comprovadamente infectada ou exposta à
situação de risco ou fonte com origem fora do ambiente de trabalho.
 Fonte desconhecida (BRASIL, 2011).
ORIENTAÇÕES E ACONSELHAMENTO AO ACIDENTADO
 Com relação ao risco do acidente.
 Possível uso de quimioprofilaxia.
 Consentimento para realização de exames sorológicos.
 Comprometer o acidentado com seu acompanhamento durante seis meses.
 Prevenção da transmissão secundária.
 Suporte emocional devido estresse pós-acidente.
 Orientar o acidentado a relatar de imediato os seguintes sintomas:
linfoadenopatia, rash, dor de garganta, sintomas de gripe (sugestivos de
soroconversão aguda).
 Reforçar a prática de biossegurança e precauções básicas em serviço
(BRASIL, 2011).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 79
NOTIFICAÇÃO DO ACIDENTE (CAT/SINAN)
 Registro do acidente em CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho).
 Preenchimento da ficha de notificação do Sinan (Portaria n. º 777) (BRASIL,
2004a).
AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO NO ACIDENTE COMMATERIAL BIOLÓGICO
Deve ocorrer imediatamente após o acidente e, inicialmente, basear-se em
uma adequada anamnese do acidente, caracterização do paciente- fonte, análise do
risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado com o
local exposto (BRASIL, 2011).
A exposição ocupacional a material biológico deve ser avaliada quanto ao
potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV com base nos seguintes critérios:
 Tipo de exposição.
 Tipo e quantidade de fluido e tecido.
 Status sorológico da fonte.
 Status sorológico do acidentado.
 Susceptibilidade do profissional exposto (BRASIL, 2011).
QUANTO AO TIPO DE EXPOSIÇÃO
As exposições ocupacionais podem ser: Exposições percutâneas: lesões
provocadas por instrumentos perfurantes e/ou cortantes (p.ex. agulhas, bisturi,
vidrarias) (BRASIL, 2011).
Exposições em mucosas: respingos em olhos, nariz, boca e genitália.
Exposições em pele não-íntegra: por exemplo: contato com pele com dermatite,
feridas abertas, mordeduras humanas consideradas como exposição de risco,
quando envolverem a presença de sangue. Nesses casos, tanto o indivíduo que
provocou a lesão, quanto aquele que foi lesado, devem ser avaliados (BRASIL,
2011).
QUANTO AO TIPO DE FLUIDO E TECIDO FLUIDOS BIOLÓGICOS DE RISCO:
 Hepatite B e C: o sangue é fluido corpóreo que contém a concentração mais
alta de VHB e é o veículo de transmissão mais importante em
estabelecimentos de saúde.
 O HBsAg também é encontrado em vários outros fluidos corpóreosincluindo: sêmen, secreção vaginal, leite materno, líquido cefalorraquidiano,
líquido sinovial, lavados nasofaríngeos, saliva e suor.
 HIV: sangue, líquido orgânico contendo sangue visível e líquidos orgânicos
potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, liquor e líquidos
peritoneal, pleural, sinovial, pericárdico e aminiótico).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 80
 Materiais biológicos considerados potencialmente não-infectantes: Hepatite
B e C: escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, exceto se tiver sangue.
 HIV: fezes, secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos,
exceto se tiver sangue (BRASIL, 2011)
STATUS SOROLÓGICO DA FONTE (ORIGEM DO ACIDENTE)
O paciente-fonte deverá ser avaliado quanto à infecção pelo HIV, hepatite B
e hepatite C, no momento da ocorrência do acidente. Somente serão consideradas
as informações disponíveis no prontuário sobre resultados de exames
laboratoriais, história clínica prévia e diagnóstico de admissão se positivos para
determinada infecção (HIV, HBV, HCV) (BRASIL, 2011)
Quando a fonte é conhecida
 Caso a fonte seja conhecida mas sem informação de seu status sorológico, é
necessário orientar o profissional acidentado sobre a importância da
realização dos exames HBsAg, Anti-HBc , Anti-HCV e Anti-HIV.
 Deve ser utilizado o teste rápido para HIV, sempre que disponível, junto
com os exames acima especificados.
 Caso haja recusa ou impossibilidade de realizar os testes, considerar o
diagnóstico médico, sintomas e história de situação de risco para aquisição
de HIV, HBC e HCV.
 Exames de detecção viral não são recomendados como testes de triagem
(BRASIL, 2011).
Quando a fonte é desconhecida
 Levar em conta a probabilidade clínica e epidemiológica de infecção pelo
HIV, HCV, HBV – prevalência de infecção naquela população, local onde o
material perfurante foi encontrado (emergência, bloco cirúrgico, diálise),
procedimento ao qual ele esteve associado, presença ou não de sangue, etc.
(BRASIL, 2011).
STATUS SOROLÓGICO DO ACIDENTADO
 Verificar realização de vacinação para hepatite B;
 Comprovação de imunidade através do Anti-HBs.
 Realizar sorologia do acidentado para HIV, HBV e HCV (BRASIL, 2011).
Tópico 3: Profilaxia após exposições ocupacionais
PROFILAXIA PARA HIV
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 81
 A profilaxia para HIV preferencialmente deverá ser iniciada até 2 horas da
exposição, podendo ser realizada até 72 horas da exposição;
 Orientar a pessoa exposta sobre os possíveis efeitos adversos dos
antirretrovirais, principalmente náuseas, vômitos e dores abdominais;
 Deverá o profissional de saúde avaliar se a paciente-fonte tem exames de
HIV, Hepatite B e Hepatite C recentes no prontuário, se não existir os
exames citados no prontuário, os mesmos deverão ser solicitados conforme
autorização por escrito para coleta do mesmo, caso paciente não possa
autorizar por motivos de doença grave, estando inconsciente, deve-se
tentar autorização com responsável pelo paciente, parente de 1º grau ou
responsável legal do mesmo;
 É direito do profissional, recusar a quimioprofilaxia ou outros
procedimentos indicados após a exposição (por exemplo, coleta de exames
sorológicos e laboratoriais);
 Nesses casos, sugere-se documentar a recusa (solicitando assinatura de
Termo de Responsabilidade, que deverá ficar no prontuário), explicitando
que no atendimento foram fornecidas as informações sobre os riscos da
exposição, assim como a relação entre o risco e o benefício da PEP;
 Todo o registro de atendimento do profissional deverá ser feito no
prontuário do mesmo (caso não tenha prontuário no momento, notificar em
folha de evolução e deixar em pasta de acidentes perfurocortantes;
 Não há benefício da profilaxia com antirretrovirais para HIV após 72 horas
de exposição;
 A indicação de PEP irá depender do status sorológico para HIV da pessoa
exposta, que deve sempre ser avaliado por meio de teste rápido (TR) em
situações de exposições consideradas de risco (EBSERH – CE, 2019).
PROFILAXIA PARA SÍFILIS
 Prescrever Penicilina G Benzatina 2.400.000 UI, IM (1,2 milhão UI em cada
glúteo) em dose única se paciente-fonte tiver teste rápido reagente ou
VDRL > 1:4, sem histórico de tratamento prévio ou risco de contaminação
recente. (BRASIL, 2011)
PROFILAXIA PARA HEPATITE C
 Sem medida específica eficaz para a redução do risco de infecção pelo HCV,
devendo apenas realizar testagem da pessoa-fonte e da pessoa exposta,
para permitir o diagnóstico precoce de uma possível infecção (EBSERH – CE,
2019).
PROFILAXIA PARA HEPATITE B
 Iniciar esquema de vacinação para os não vacinados;
 Completar esquema para as pessoas expostas com vacinação incompleta;
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 82
 Iniciar Imunoglobulina Humana Contra Hepatite B (IGHAHB) em exposição
a pacientes com Hepatite B ou risco alto de contaminação pelo vírus B (dose:
0,06mL/Kg, IM, em extremidade diferente da que recebeu a vacina para
HBV), podendo ser administrada no máximo até 14 dias após a exposição de
risco (EBSERH – CE, 2019).
TEMA DA AULA: Unidades de saúde
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações
fundamentais para promoção da saúde. São Paulo: Erica,
2014.
Tópico 1: Unidades de Saúde
Torna-se necessário conhecer os vários tipos de unidades de saúde e
setores: hospitais, clínicas, consultórios, farmácias, salas de raios X, laboratórios,
postos de saúde e outras atividades relacionadas, principalmente, nos aspectos das
instalaçooes e seus critérios para a contribuiçaoo na Biossegurança, além de outras
medidas de prevençaoo a serem incorporadas ao conteúdo apresentado (BARSANO
et. al., 2014, p. 95).
Tópico 1.1: Estabelecimentos de saúde.
Além dos procedimentos inerentes a parte operacional, ou seja, aspectos
importantes como higienizaçaoo, esterilizaçaoo, avaliaçaoo dos riscos, treinamentos e
tantos outros fatores, é necessário que os estabelecimentos de saúde
proporcionem condiçooes mińimas, em suas instalaçooes físicas, para que os
profissionais de saúde consigam exercer suas atividades em um ambiente salubre
e os pacientes tenham confiança nos serviços recebidos (BARSANO et. al., 2014, p.
95).
Apesar da disponibilidade de redes privadas de saúde, a maior parte da
populaçaoo ainda depende dos serviços públicos das unidades básicas de saúde
(UBS), que saoo locais destinados a atendimentos básicos e gratuitos de várias
especialidades, como Clińica Geral, Enfermagem, Pediatria, Ginecologia e
Odontologia; saoo oferecidos serviços como consultas médicas, injeçooes, curativos,
vacinas, inalaçooes, coletas de exames laboratoriais, fornecimento de medicaçaoo
básica, além do encaminhamento para outras especialidades (BARSANO et. al.,
2014, p. 95-96).
As condiçooes de estrutura fiśica dos estabelecimentos devem levar em conta
a prevençaoo de riscos biológicos aos colaboradores e pacientes, com a
implementaçaoo de medidas em Saúde e Segurança do Trabalho e de Engenharia
específica, bem como de aspectos sanitários, tendo como diretrizes os princiṕios
da Biossegurança (BARSANO et. al., 2014, p. 96).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 83
Na concepçaoo das instalaçooes de unidades de saúde, diversos critérios
devem ser adotados para o desenvolvimento do ambiente laboral que será
construid́o. Aspectos epidemiológicos saoo o principal ponto a ser considerado. Os
projetos devem proporcionar organizaçaoo em sua funcionalidade, para que os
profissionais possam exercer as suas funçooes e a prestaçaoo de serviços. Arranjos
físicos inadequados podem ocasionar riscos à segurança e falhas na parte
operacional (BARSANO et. al., 2014, p. 96).
Tópico 1.2: Instalações prediais
Segundo Barsano (et. al., 2014, p. 97) as instalaçooes prediais devem
preencher uma série de requisitos para atender com a segurança e a
funcionalidade que se espera; suas instalaçooes devem possuir a estrutura
necessária para a implementaçaoo de maquinários e equipamentos nasunidades,
por exemplo:
 instalaçooes hidrossanitárias, para operaçooes envolvendo água fria, água
quente e esgoto sanitário;
 instalaçooes elétricas e eletrônicas, para a energizaçaoo geral de máquinas,
equipamentos e sinalizaçooes;
 instalaçooes de proteçaoo contra descarga elétrica;
 instalaçooes para o fornecimento de oxigênio medicinal, ar comprimido
medicinal, vácuos de limpeza e clínico, óxido nitroso, vapor e condensado
etc.;
 instalaçaoo de ares-condicionados para a climatizaçaoo do ambiente.
Tópico 1.3: Laboratórios
Os laboratórios saoo utilizados para coleta e análise de amostras dos
usuários (sangue, urina, fezes) e devem ser dimensionados segundo as normas
vigentes em seu planejamento; apesar de os laboratórios de hospitais serem
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 84
planejados no padraoo que as normas exigem, há outros tipos (laboratórios
adaptados) que precisam sofrer adequaçooes para atender ao mińimo de requisitos
de Biossegurança e funcionalidade, caso de instalaçooes privadas, muitas destas
adaptadas a prédios ou residências antigas em sua implantaçaoo (BARSANO et. al.,
2014, p. 98).
Independentemente do tipo de laboratório, os aspectos normativos devem
ser cumpridos, e o laboratório, elaborado para que o responsável, a equipe de
saúde, atendentes e usuários tenham um espaço compatível com a execuçaoo dos
serviços prestados; as áreas devem ser bem-planejadas, para que o fluxo de
pessoas e profissionais no ambiente possa ocorrer de forma ordeira, e para
possibilitar o acesso a informaçaoo e orientaçaoo sobre os procedimentos
laboratoriais de forma correta (BARSANO et. al., 2014, p. 98).
O setor de atendimento aos pacientes é de suma importância para os
laboratórios, pois, além de estar preparado para as atividades administrativas e
operacionais, o pessoal envolvido deve ser devidamente treinado para a orientaçaoo
aos usuários, principalmente no que se refere à recepçaoo de amostras trazidas para
a análise, que devem vir em caixas e embalagens específicas, à prova de
vazamentos e rupturas, e o setor deve estar devidamente estruturado para o seu
recebimento (BARSANO et. al., 2014, p. 99).
Outro aspecto importante tem relaçaoo com o acesso ao laboratório: tanto a
entrada quanto a saída devem possuir uma pia larga, sinalizada de forma acessível,
destinada a procedimentos de assepsia e desinfecçaoo (BARSANO et. al., 2014, p.
99).
Tópico: 1.4: Radiação de raios X
Unidades de saúde que possuem setores de raios X necessitam de um rígido
controle em suas instalaçooes, por envolverem radiaçooes ionizantes em seus
processos (BARSANO et. al., 2014, p. 99).
Barreiras devem ser instaladas para a proteçaoo de profissionais, pacientes,
visitantes e outros colaboradores. As condiçooes de Biossegurança das instalaçooes
saoo atestadas pela vigilância sanitária (VISA), que analisa o projeto arquitetônico, o
cálculo de blindagem das barreiras de proteçaoo, o levantamento radiométrico, as
documentaçooes legais e outros aspectos na inspeçaoo, para a emissaoo do alvará
sanitário que licencia o setor, em caso de condiçooes favoráveis de funcionamento
(BARSANO et. al., 2014, p. 99).
Em relaçaoo às barreiras de proteçaoo, o principal fator a ser observado é a
manutençaoo de uma distância segura entre a fonte das doses de radiaçaoo e o ponto
a ser protegido. O cálculo de blindagem deve ser feito após a conclusaoo do projeto
arquitetônico e antes do início das obras da construçaoo (BARSANO et. al., 2014, p.
99).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 85
A blindagem é construída com materiais feitos em argamassa de baritina,
placas de chumbo, placas de ferro, concreto armado ou parede de tijolo maciço, e
sua eficácia dependerá da qualidade da maoo de obra ou do material, do
cumprimento das recomendaçooes técnicas, da manutençaoo etc. (BARSANO et. al.,
2014, p. 99).
Concluid́as as obras, o levantamento radiométrico será realizado com o
devido equipamento emissor de radiaçaoo e outras aparelhagens do setor, para a
plena avaliaçaoo das condiçooes de segurança (BARSANO et. al., 2014, p. 99).
Tópico 1.5: Clinicas e Consultórios
Consultórios saoo unidades de saúde que têm por finalidade o atendimento
especializado em uma determinada patologia, ou um pré-diagnóstico geral do
paciente para o encaminhamento a um especialista (BARSANO et. al., 2014, p. 99).
Nas clińicas, além das mesmas atribuiçooes dos consultórios, também saoo
realizados exames laboratoriais e outros tipos de serviços ligados à saúde
(mamografias, análises computadorizadas, eletrocardiogramas etc.).
Porém, é comum a confusaoo com as nomenclaturas, já que muitos
consultórios com estrutura de clínicas também realizam exames em suas
dependências e, ambos têm como finalidade principal uma pré-avaliaçaoo do
paciente e atendem diversos tipos de pacientes (BARSANO et. al., 2014, p. 99).
Podem ser classificados, de acordo com os usuários atendidos, em:
 consultórios pediátricos;
 consultórios odontológicos;
 clińicas e consultórios veterinários;
 consultórios oftalmológicos;
 clińicas de cirurgia plástica etc.
A possibilidade de riscos também existe, pois, saoo locais em que há a
possibilidade de realizar exames laboratoriais. Devem ser avaliados os riscos
biológicos na coleta de amostras (sangue, urina, fezes) para o encaminhamento aos
laboratórios, e, no caso dos consultórios odontológicos, a mesma preocupaçaoo
deve existir com a Biossegurança, pois os clientes- -pacientes passam por análises
orais e podem ser transmissores de micro-organismos causadores de doenças
infecciosas, além dos riscos radiológicos e ergonômicos a que estaoo sujeitos profis-
sionais e usuários (BARSANO et. al., 2014, p. 101).
Tópico 1.6: Unidades hospitalares
Os hospitais saoo as unidades de saúde mais completas, pois exigem uma
estrutura arquitetônica que possibilite as práticas de Biossegurança aliadas à
funcionalidade de diversos setores no mesmo complexo, como laboratórios, salas
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 86
de raios X, consultórios, farmácias hospitalares, Enfermagem, unidades de
emergência e outras frentes de atendimento (BARSANO et. al., 2014, p. 101).
Aspectos acústicos, de luminosidade e características estéticas próprias do
ambiente hospitalar visam proporcionar um ambiente de serenidade, bem-estar e
ordem, que é imprescindível para a organizaçaoo geral e a tranquilidade dos
pacientes, em busca de soluçooes para as suas enfermidades (BARSANO et. al., 2014,
p. 101).
Setores considerados restritos e especif́icos devem ser monitorados, para
impedir o acesso de pessoas estranhas que possam ser receptoras e transmissoras
de agentes patogênicos e outros riscos. O controle de resíduos hospitalares
(materiais, instrumentais, alimentos) deve seguir as diretrizes da gestaoo de
resíduos da saúde implantadas no hospital, com locais próprios para o seu
descarte e acondicionamento temporário, esterilizaçaoo antes de sua desti- naçaoo
final ou incineraçaoo a cada turno de trabalho (BARSANO et. al., 2014, p. 101).
Segundo Barsano (et. al., 2014, p. 101-102) os hospitais saoo grandes
geradores de agentes biológicos, e o controle desses riscos tem por base o
mapeamento das áreas, possibilitando a adoçaoo de medidas preventivas e a
restriçaoo de acesso, para a prevençaoo dos riscos biológicos e a organizaçaoo nas
instalaçooes. As áreas de um hospital saoo assim classificadas:
 Áreas críticas: oferecem risco de infecçaoo por procedimentos invasivos
realizados, ou pela presença de pacientes suscetíveis às infecçooes (centros
cirúrgicos, UTIs, hemodiálise, banco de sangue, lavanderia etc.).
 Áreas semicríticas: saoo assim classificadas por possuírem menor risco de
infecçaoo (enfermarias, apartamentos e ambulatórios).
 Áreas naoo crit́icas: saoo as áreas naoo ocupadas por pacientes e com baixos
riscos de infecçaoo (escritórios, almoxarifado, consultórios).
Tópico1.7: Postos e centros de saúde
Nessas unidades, destinadas ao atendimento público de saúde, os trabalhos
saoo similares aos oferecidos por clínicas e consultórios, com serviços de consulta,
encaminhamento a especialistas, exames e agendamento. No caso específico das
unidades de saúde dos estados e municípios, o problema se concentra na alta
demanda de atendimentos, o que significa grande fluxo de pessoas e de riscos de
contaminaçaoo biológica commicro-organismos (BARSANO et. al., 2014, p. 103).
Por serem unidades que também têm serviços profiláticos e de urgência
(vacinas, soroterapia) em suas atividades, medidas de prevençaoo no descarte de
instrumentos perfurocortantes e de resid́uos sólidos contaminados, adoçaoo de
barreiras de proteçaoo (EPIs e EPCs), as sempre boas práticas de higienizaçaoo com
água e materiais assépticos e tantos outros procedimentos de Biossegurança
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 87
devem ser implementados, de acordo com as especialidades médicas, os
equipamentos e os serviços prestados (BARSANO et. al., 2014, p. 104).
As áreas devem ser bem-sinalizadas e possuir meios de acessibilidade para
atender os vários tipos de pacientes e usuários (crianças, idosos, portadores de
deficiência fiśica), como rampas de acesso sem degraus, elevadores, se assim
couber, cadeiras de rodas e informaçooes em braille, e também um responsável para
a orientaçaoo de pessoas naoo alfabetizadas (BARSANO et. al., 2014, p. 104).
Tópico 1.8: Outras unidades de saúde
FARMÁCIAS
As farmácias saoo os locais encarregados da distribuiçaoo, comercializaçaoo e
manipulaçaoo de medicamentos e fórmulas e estaoo classificadas, nominalmente,
como farmácias de dispensaçaoo, manipulaçaoo e hospitalares, cujos critérios de
Biossegurança possuem algumas semelhanças entre si e também características
próprias de cada atividade (BARSANO et. al., 2014, p. 105).
Farmácias de dispensação saoo as que comercializam os medicamentos, e, de
acordo com a Vigilância Sanitária, suas instalaçooes devem prever locais
apropriados para a armazenagem em local fresco e arejado; produtos de
perfumaria e higiene pessoal devem estar dispostos em locais distintos dos
medicamentos, e os de tarja preta (psicotrópicos) devem possuir local próprio e
com controle riǵido de entrada e saída (BARSANO et. al., 2014, p. 105).
Farmácias de manipulação, os mesmos cuidados no armazenamento dos
medicamentos nas farmácias de dispensaçaoo devem ser tomados. Naoo deve haver
influência de forte calor e umidade, para naoo alterar as composiçooes químicas
terapêuticas dos produtos. No caso específico desse tipo de farmácia, as atividades
requerem os mesmos cuidados dispensados nos laboratórios, com a diferença que
há a predominância dos riscos quiḿicos, em vez de riscos biológicos, na
manipulaçaoo das drogas (BARSANO et. al., 2014, p. 105).
BANCOS DE SANGUE
Destinados à recepçaoo de doadores de sangue e derivados, seus estoques
devem ter rigorosíssimos controles de manipulaçaoo, acondicionamento e
armazenamento dos componentes; sangue e derivados coletados devem atender a
rigorosos controles sorológicos e ser submetidos a severos exames médicos, além
do levantamento histórico-clínico do doador; os processos de manipulaçaoo,
fracionamento e acondicionamento, bem como toda a parte operacional e
profissional envolvida, devem estar em concordância com as boas práticas e os
programas de prevençaoo de Biossegurança, e também atender às recomendaçooes
normativas do Ministério da Saúde e da vigilância sanitária (BARSANO et. al., 2014,
p. 106).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 88
SETORES DE ENSINO E TREINAMENTO TÉCNICO-CIENTÍFICO-ACADÊMICO
Voltados para estudos e pesquisas da área médica, da biológica e outros de
caráter científico e acadêmico; saoo grandes as probabilidade de contágio com
micro-organismos, principalmente por envolver manipulaçaoo de partes
anatômicas de seres vivos (sangue, vísceras, órgaoos, tecidos, fluidos orgânicos etc.);
estudantes e profissionais devem receber treinamento específico para as práticas
de Biossegurança (higienizaçaoo, assepsia, utilizaçaoo de EPIs, adoçaoo de
procedimentos seguros), e, no caso do aluno inexperiente, deve estar sempre
acompa- nhado pelo responsável técnico e por acadêmicos das atividades
(BARSANO et. al., 2014, p. 107).
TEMA DA AULA: Normas regulamentadoras
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST,
Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança.
Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Revisão técnica: Gabriela Augusta
Mateus Pereira].
SOUZA, Tania Cristina; OLIVEIRA, Cristiane Frizzo de; SARTORI,
Hiram Jackson Ferreira. Diagnóstico do gerenciamento de resíduos
de serviços de saúde em estabelecimentos públicos de municípios
que recebem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
ecológico no Estado de Minas Gerais. Eng. Sanit. Ambient., Rio de
Janeiro, v. 20, n. 4, p. 571-580, Dec. 2015.
Tópico 1.1: Norma Regulamentadora – NR 32 - Segurança e saúde no trabalho
em serviços de saúde
A Norma Regulamentadora 32 de Segurança de Trabalho nos
Estabelecimentos da Saúde (NR32) foi aprovada em 2005 e é uma legislação do
Ministério do Trabalho e Emprego. Essa norma estabelece medidas visando à
proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores de saúde (STAPENHORST,
2018, p. 255).
Dessa forma, a NR 32 abrange, além desses trabalhadores, os profissionais
de outras empresas que trabalham na mesma área, como empresas terceirizadas,
cooperativas e prestadoras de serviço. A norma ressalta, ainda, que a
responsabilidade do seu cumprimento é compartilhada entre contratantes e
contratados (STAPENHORST, 2018, p. 255).
Para a promoção da segurança do trabalhador, a NR 32 recomenda a adoção
de medidas preventivas para cada possível situação de risco que o profissional da
saúde pode encontrar e aconselha a capacitação dos trabalhadores (STAPENHORST,
2018, p. 256).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 89
Assim, a NR32 tem como objetivo a regulamentação dos riscos de exposição
ocupacionais a agentes biológicos, químicos e físicos, além da gestão de resíduos
dos serviços da saúde, das condições de conforto por ocasiões de refeições, das
lavanderias, de limpeza e conservação e da manutenção de máquinas e
equipamentos (STAPENHORST, 2018, p. 256).
Tópico 1.1.1: Influência da NR 32 para os profissionais da saúde
Por ter como objetivo principal o estabelecimento de normas que visam à
proteção do trabalhador da área da saúde, esses profissionais são diretamente
atingidos pela NR 32 de diversas formas. Primeiramente, os profissionais da saúde
devem estar atentos às diretrizes descritas na NR 32, as quais dizem respeito a
práticas relacionadas a medidas preventivas frente aos possíveis riscos do local de
trabalho (STAPENHORST, 2018, p. 257).
De uma forma mais abrangente, a NR 32 atua sobre os profissionais da
saúde para minimizar as taxas de acidentes de trabalho. Os acidentes de trabalho
envolvendo material biológico são um problema de saúde pública mundial e
acabam gerando prejuízos econômicos para o país, visto que, muitas vezes, o
trabalhador precisa ser afastado do seu trabalho (STAPENHORST, 2018, p. 257).
Cerca de 22 doenças são passíveis de transmissão por meio da interação
paciente/profissional da saúde, sendo que as mais impactantes à saúde do
trabalhador são pelos vírus da hepatite C, da hepatite B e da imunodeficiência
humana (STAPENHORST, 2018, p. 257).
Tópico 1.1.2: Ações previstas em caso de exposição ocupacional acidental a agentes
biológicos
Visando a regulamentar a exposição ocupacional a esses riscos, a NR 32
adiciona normas para dois documentos obrigatórios de todas as empresas – o
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (STAPENHORST, 2018, p. 259).
De acordo com a NR 32, o PPRA deve conter na fase de reconhecimento,
além do previsto pela NR 09:
1. Identificação dosriscos biológicos mais prováveis, em função da
localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores,
considerando:
a) fontes de exposição e reservatórios;
b) vias de transmissão e entrada;
c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente;
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 90
d) persistência do agente biológico no ambiente;
e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos;
f) outras informações científicas.
2. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando:
a) a finalidade e a descrição do local de trabalho;
b) a organização e os procedimentos de trabalho;
c) a possibilidade de exposição;
d) a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho;
e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento (Norma
Regulamentadora 32 – NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
de Saúde).
O PCMSO é um plano que visa a promover a saúde ocupacional dos
tra-balhadores. A elaboração desse programa está prevista na NR 07, a qual
estabelece que o PCMSO também deve ser elaborado e implementado por todos os
empregadores e todas as instituições que admitam trabalhadores como
empregados, visando à proteção da saúde e da segurança dos trabalhadores. De
acordo com a NR 32, o PCMSO deve contemplar, além do disposto pela NR 07, os
seguintes tópicos:
a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos;
b) a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do item 32.2.2;
c) a relação contendo a identificação nominal dos trabalhadores, sua funão, o
local em que desempenham suas atividades e o risco a que estão expostos;
d) a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente expostos;
e) o programa de vacinação (Norma Regulamentadora 32 – NR 32 – Segurança
e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde).
Ainda, o PCMSO deve conter medidas relativas à possibilidade de exposição
acidental aos agentes biológicos, como:
a) os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acompanhamento e
prevenção da soroconversão e das doenças;
b) as medidas para descontaminação do local de trabalho;
c) o tratamento médico de emergência para os trabalhadores;
d) a identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas pertinentes
e) a relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar assistência aos
trabalhadores;
f) as formas de remoção para atendimento dos trabalhadores
g) a relação dos estabelecimentos de assistência à saúde depositários de
imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, materiais e in-sumos
especiais (Norma Regulamentadora 32 – NR 32 – Segurança e Saúde no
Trabalho em Serviços de Saúde)
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 91
É importante ressaltar que a NR 32 indica que, em caso de exposição
acidental, devem ser adotadas medidas de proteção imediatamente, mesmo que
não estejam previstas no PPRA.
As medidas de proteção a riscos biológicos recomendadas pela NR 32
incluem:
 Todo local onde exista possibilidade de exposição ao agente biológico deve
conter: lavatório exclusivo para higiene das mãos que seja provido de água
corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira com sistema de
abertura sem contato manual.
 Todos os quartos ou enfermarias destinados ao isolamento de pacientes
portadores de doenças infectocontagiosas devem conter lavatório em seu
interior.
 O uso de luvas não substitui a lavagem das mãos, que deve ocorrer, no
mínimo, antes e depois do uso destas.
 Os trabalhadores com feridas ou lesões em membros superiores só podem
iniciar suas atividades após a avaliação médica e a emissão de documento
de liberação.
 Todos os trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes
biológicos devem utilizar vestimentas de trabalho que sejam adequadas e
estejam em condições de conforto.
 Os trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com o EPI
(equipamento de prevenção individual) ou com a vestimenta utilizada em
suas atividades laborais.
 Deve ser assegurado ao trabalhador o uso de material perfurocortante com
dispositivo de segurança.
 É vedado o reencape e a desconexão manual de agulhas.
 Os trabalhadores que utilizam material perfurocortante são responsáveis
pelo seu descarte.
 Cabe ao empregador vetar a utilização de pias de trabalho pra outros fins
além dos previstos, além de vetar o uso de adornos, o manuseio de lentes de
contato, o consumo de alimentos e bebidas e o ato de fumar no local de
trabalho.
 Compete ao empregador proibir o uso de calçados abertos e a guarda de
alimentos em locais não destinados para esse fim.
 Deve ser garantida a conservação e a higienização dos materiais de
trabalho.
 É necessário providenciar recipientes adequados para o transporte de
materiais infectantes e assegurar a capacitação dos trabalhadores, que deve
ser adaptada à evolução do conhecimento e à identificação de novos riscos
biológicos.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 92
NR 32 também prevê medidas de profilaxia pré-exposição e prevenção de
doenças infectocontagiosas, em que o empregador deve:
 Disponibilizar gratuitamente para todos os trabalhadores um programa de
vacinação contra tétano, difteria, hepatite B, além das eventualmente
estabelecidas pelo PCMSO.
 Fornecer vacinas para outros agentes biológicos aos quais os trabalhadores
estejam ou possam estar expostos.
 Controlar a eficácia da vacinação sempre que houver recomendação do
Ministério da Saúde e de seus órgãos e providenciar reforço quando
necessário.
 Informar sobre vantagens, efeitos colaterais e riscos pela recusa da
vacinação e, nesses casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo
disponível para a inspeção do trabalho.
 Registrar no Prontuário Médico Ocupacional.
 Fornecer comprovante das vacinas recebidas.
Tópico 1.2: Resolução 306/2004, da ANVISA
Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de
serviços de saúde. Definem-se como geradores de RSS todos os serviços
relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços
de:
 assistência domiciliar e de trabalhos de campo;
 laboratórios analíticos de produtos para saúde;
 necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação);
 serviços de medicina legal;
 drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de
ensino e pesquisa na área de saúde;
 centros de controle de zoonoses;
 distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e
produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
 unidades móveis de atendimento à saúde;
 serviços de acupuntura;
 serviços de tatuagem, dentre outros similares.
Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas seladas, que devem seguir
as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, e às indústrias
de produtos para a saúde, que devem observar as condições específicas do seu
licenciamento ambiental.
Constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e
implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 93
objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados,
um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos
trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio
ambiente.
Tópico 1.3: Resolução 358/2005, da CONAMA
A Resolução nº 358/2005 (BRASIL, 2005) dispõe sobre o regulamento
técnico para o gerenciamento dos RSS na fase extra estabelecimento (tratamento e
destinação final), buscando harmonizar os princípios de gerenciamento interno
contemplados na RDC ANVISA nº 306/2004 (SOUZA; OLIVEIRA; SARTORI, 2015, p.
572).
De acordo com a Resolução CONAMA n° 358/2005, a responsabilidade do
gerenciamento dos RSS cabe ao gerador, desde a geração até a sua disposição final.
Na prática, no Estado, observa-se que esse gerenciamento é descontínuo e com
poucas ações, resultando apenas em pequenas melhorias no cenário geral, para a
gestão dos RSS.Os RSS são classificados conforme o seu grau de risco, de acordo com a
Resolução CONAMA nº 358/2005, sendo:
• Grupo A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de
infecção;
• Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade;
• Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados
nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista;
• Grupo D: resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares;
• Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes.
De acordo com a Resolução 358, todos os geradores de RSS devem elaborar
e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS),
o qual deve estar de acordo com a legislação vigente e com as normas de vigilância
sanitária (STAPENHORST, 2018, p. 280).
Para os efeitos dessa resolução, o PGRSS é considerado o documento
integrante do processo de licenciamento ambiental, conforme os princípios de não
geração de resíduos e de minimização da geração de resíduos. Esse documento
aponta e descreve as ações relativas ao manejo de RSS, incluindo os aspectos da
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 94
geração, da segregação, do acondicionamento, da coleta, do armazenamento, do
transporte, da reciclagem, do tratamento e da disposição final. Devem constar,
ainda, as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente (STAPENHORST,
2018, p. 280).
Tópico 1.4: Politica Nacional de Residuos Sólidos
O descarte inadequado de resíduos sólidos pode provocar sérias
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente. Com o objetivo de
orientar estados e municípios para uma melhor gestão desses resíduos, foi criada a
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei no 12.305/10
(STAPENHORST, 2018, p. 285).
A PNRS foi instituída pela Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, e reúne as
ações do Governo Federal, sozinho ou em conjunto com os estados, o Distrito
Federal e os municípios, em relação ao gerenciamento adequado de resíduos
sólidos (STAPENHORST, 2018, p. 285).
Assim, os princípios que regem a PNRS são:
 da prevenção e da precaução;
 do poluidor-pagador e do protetor-recebedor;
 da visão sistêmica, a qual considera as variáveis ambientais, sociais,
econômicas, entre outras, na gestão de resíduos sólidos;
 do desenvolvimento sustentável; da ecoeficiência;
 da cooperação entre as diferentes esferas do poder público, do setor
empresarial e dos demais segmentos;
 da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
 do reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como bem
econômico e gerador de trabalho e renda; do respeito às diversidades locais
e regionais;
 do direito da sociedade à informação e ao controle social;
 e da razoabilidade e da proporcionalidade.
O ponto principal da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a redução, ou
seja, a não geração de resíduos através do o tratamento e da reutilização dos
mesmos. Já no que se diz respeito aos rejeitos, a lei determina uma destinação
adequada a eles, sem agredir o meio ambiente.
	Tópico 1.1: História da Biossegurança
	Tópico 1.2: Conceito de Biossegurança
	Tópico 1.3: Tipos de agentes biológicos e suas cla
	Tópico 2: Lei da Biossegurança
	Tópico 2.1: Biossegurança na sociedade
	Tópico 2.2: Biossegurança e saúde
	Tópico 2.3: Biossegurança e ética profissional
	Tópico 3: Biossegurança na Enfermagem
	Tópico 4: Biossegurança em atividades odontológi
	Tópico 5: Biossegurança em laboratórios de Análise
	Tópico 6: Biossegurança em atividades radiológicas
	Tópico 1: Epidemiologia do COVID-19
	Tópico 2: Precauções padrão
	Tópico 1: Introdução ao ambiente laboratorial
	Tópico 1.1: Tipos de Laboratório
	Tópico 1.2: Cuidados básicos no ambiente laborato
	Tópico 1.3: Níveis de Biossegurança
	Tópico 1.4 Avaliação de risco do ambiente
	Tópico 1.4.1: Métodos de controle microbiano
	Tópico 1.4.2: Elementos de contenção
	 Tópico 2: Conceitos de perigo e risco
	Tópico 2.1: Tipos de Risco e suas classificações
	Tópico 2.2: Medidas de Prevenção e Controle
	Tópico 2.3: Medidas de prevenção administrativa
	Tópico 2.4: Medidas de prevenção coletiva
	Tópico 2.5: Medidas de prevenção individual
	Tópico 2.6: Equipamentos de proteção individual e 
	Tópico 3: Gerenciamento de resíduos de saúde
	Tópico 3.1: Classificação dos resíduos de saúde (R
	Tópico 3.2: Manuseio, controle e descarte de resíd
	Tópico 3.3: O manuseio de materiais perfurocortant
	Tópico 1: Métodos de limpeza, desinfecção e esteri
	Tópico 1.1: Lavagem e higienização das mãos
	Tópico 1.2: Limpeza de produtos e superfícies
	Tópico 1.2.1 Princípios básicos para limpeza e d
	Tópico 1.2.2 Principais produtos usados na limpeza
	Tópico 1.3: Desinfecção de produtos e superfícies 
	Tópico 1.4: Esterilização de produtos e superfície
	Tópico 1.5: As etapas da esterilização de materiai
	Tópico 1.6: Programas de controle de qualidade da 
	Tópico 1.7: Embalagens do processo de esterilizaçã
	Tópico 1.7.1: Tipos de embalagens
	Tópico 1.7.2: Cuidados gerais durante o empacotame
	Tópico 1: Epidemiologia
	Tópico 2: Condutas após o acidente
	Tópico 3: Profilaxia após exposições ocupacionais
	Tópico 1: Unidades de Saúde
	Tópico 1.1: Estabelecimentos de saúde.
	Tópico 1.2: Instalações prediais
	Tópico 1.3: Laboratórios
	Tópico: 1.4: Radiação de raios X
	Tópico 1.5: Clínicas e Consultórios
	Tópico 1.6: Unidades hospitalares
	Tópico 1.7: Postos e centros de saúde
	Tópico 1.8: Outras unidades de saúde
	Tópico 1.1: Norma Regulamentadora – NR 32 - Segura
	Tópico 1.1.1: Influência da NR 32 para os profissi
	Tópico 1.1.2: Ações previstas em caso de exposição
	Tópico 1.2: Resolução 306/2004, da ANVISA
	Tópico 1.3: Resolução 358/2005, da CONAMA
	Tópico 1.4: Política Nacional de Resíduos Sólidos(CTNBio);
- determinou à CNBS o desenvolvimento de uma Política Nacional de
Biossegurança (BARSANO et al. 2014, p.26).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 11
Seguindo o Princípio da Precauçaoo, o Brasil cumpre o seu papel na elaboraçaoo
de uma lei de Biossegurança no país em que as diretrizes sobre alimentos
transgênicos ganham destaque: estabelece a obrigatoriedade da rotulagem em
produtos que contenham transgênicos, para a informaçaoo dos consumidores, e
ratifica a vedaçaoo às pessoas fiśicas nas atividades biogenéticas, para cujo exercício
os estabelecimentos devem ser autorizados pela CTNBio (BARSANO et al. 2014, p.
26).
Tópico 2.1: Biossegurança na sociedade
Cidadania relaciona-se com Biossegurança a partir do momento em que se
conclui que as atividades de manejo dos OGMs podem influenciar positiva ou
negativamente a sociedade em seus diversos segmentos: economia, saúde pública,
segurança, trabalho e meio ambiente. Muitos dos que discordam do uso da
Biotecnologia para a manipulaçaoo genética apoiam-se no conceito de cidadania
para apresentar prós e contras dessa prática (BARSANO et al. 2014, p.27).
Os exemplos mais discutidos na mídia saoo as polêmicas envolvendo os
alimentos transgênicos e as experiências com células-tronco. Alimentos
transgênicos saoo produtos de sementes geneticamente alteradas e têm como
finalidade o suposto aumento da produtividade agrićola, por possuírem uma
composiçaoo mais resistente a parasitas e agrotóxicos, aumentando a oferta de
alimentos e resolvendo os problemas de desperdício nas lavouras e da fome no
mundo (BARSANO et al. 2014, p.27).
A cobrança por parte da sociedade em relaçaoo às experiências com
células-tronco também divide opiniooes; por serem neutras, essas células possuem
caracteriśticas que permitem a sua utilizaçaoo para gerar quaisquer órgaoos, sendo
mais eficientes do que as células provenientes da medula e do cordaoo umbilical
(BARSANO et al. 2014, p.27).
Esse fato faz milhares de pessoas terem na Biotecnologia um fio de
esperança para a cura de vários males, principalmente, as doenças degenerativas.
As críticas ao uso das células-tronco esbarram em outros fundamentos, como os
que envolvem questooes religiosas, que rejeitam veemente a produçaoo de embriooes
ou a utilizaçaoo dos já existentes, por entender que, nesse estágio de
desenvolvimento, o embriaoo já constitui a existência de um ser vivo (BARSANO et
al. 2014, p.27).
Tópico 2.2: Biossegurança e saúde
Além dos benefícios referentes ao uso de células-tronco, há outros aspectos
importantes a se destacar na Biossegurança em relaçaoo à saúde, em que medidas
de prevençaoo devem ser implantadas para a promoçaoo da saúde pública e a
segurança dos profissionais que executam essas atividades (BARSANO et al. 2014,
p.29).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 12
No ambiente laboral, os profissionais de Saúde estaoo sujeitos a uma série de
riscos biológicos, que, dependendo do campo de atuaçaoo, podem variar quanto à
exposiçaoo e às características dos agentes infecciosos, em razaoo da precariedade
das instalaçooes, da ausência de barreiras de proteçaoo e dos procedimentos
inadequados nos processos de trabalho (BARSANO et al. 2014, p.29).
Há diversas atividades que requerem procedimentos de Biossegurança, a
serem rigorosamente adequados conforme a especialidade médica ali
desenvolvida (laboratórios, clińicas médicas, clínicas veterinárias, consultórios
odontológicos, unidades de saúde, Enfermagem, experimentos com animais etc.)
(BARSANO et al. 2014, p.29).
A ANVISA trabalha no controle de riscos gerados em pesquisa, no manejo de
material biológico e na elaboraçaoo de procedimentos de segurança para os
processos de trabalho e de instituiçooes, em que a Biotecnologia e os produtos com
OGMs saoo cuidadosamente analisados (BARSANO et al. 2014, p.29).
Porém, é importante saber que a implantaçaoo de procedimentos laborais
naoo tem como objetivo apenas a prevençaoo a esses profissionais: unidades de
saúde públicas ou privadas devem oferecer condiçooes que favoreçam a prestaçaoo
dos serviços de saúde com segurança, e seus pro- fissionais devem seguir
procedimentos padronizados e trabalhar em um ambiente laboral sem riscos
biológicos (BARSANO et al. 2014, p.29).
Epidemias decorrentes de contaminaçaoo por micro-organismos saoo
extremamente perigosas, pois, se saírem do controle, podem ocasionar inúmeras
vítimas fatais, em razaoo da dificuldade de detectar a sua origem, de realizar o
isolamento das áreas infectadas e de colocar à disposiçaoo os devidos tratamentos,
levando em conta que, nesse processo, alguns micro-organismos podem sofrer
mutaçooes genéticas e, assim, criar resistência a medicamentos ou vacinas
(BARSANO et al. 2014, p.29).
Práticas e técnicas laboratoriais saoo os métodos mais importantes, pois o
correto manuseio dos agentes biológicos possibilita um controle de riscos seguro,
desde que o profissional esteja preparado, o que engloba o conhecimento dos
riscos e dos procedimentos de segurança a serem executados (BARSANO et al.
2014, p.31).
Tópico 2.3: Biossegurança e ética profissional
Questooes polêmicas como o uso de células-tronco, o direito dos embriooes à
vida, os direitos dos animais e a clonagem de seres humanos colocam em situaçaoo
de reflexaoo os profissionais envolvidos, que devem analisar os objetivos de seus
trabalhos para uma avaliaçaoo de seus próprios valores humanos e acadêmicos, e,
com isso, traçar um limite que atenda aos valores morais envolvidos em suas
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 13
atividades e contribua para o desenvolvimento cientif́ico (BARSANO et al. 2014,
p.32).
Os limites da investigaçaoo e da aplicaçaoo dos avanços científicos na
Medicina tradicional, na Biologia ou na Biotecnologia têm como suporte a Bioética,
que é “o estudo sistemático das dimensooes morais - incluindo visaoo, decisaoo e
normas morais - das ciências da vida e do cuidado com a saúde, utilizando uma
variedade de metodologias éticas num contexto multidisciplinar” (PESSINI;
BARCHIFONTAINE, 2007, p. 62 apud BARSANO et al. 2014, p.32), fundamentada
em cinco princípios:
Principio da Autonomia: trata do respeito que o profissional deve ter à vontade, à
crença e aos valores morais do paciente ou sujeito, reconhecendo o seu domínio
sobre suas próprias vida e intimidade;
Principio da Beneficencia: assegura o bem-estar das pessoas, evitando danos, e
garante que sejam atendidos os seus interesses;
Principio da Não Maleficencia: assegura que sejam minorados ou evitados danos
físicos aos sujeitos da pesquisa ou aos pacientes;
Principio da Justiça: exige equidade na distribuiçaoo de bens e benefićios em
qualquer setor da ciência;
Principio da Proporcionalidade: procura o equilib́rio entre riscos e benefićios,
visando ao menor mal e ao maior benefićio às pessoas.
As diretrizes de um determinado código de ética a serem cumpridas e a sua
análise devem levar em consideraçaoo os aspectos de costumes e lugares de cada
país, pois temas como a eutanásia e o aborto têm relevância moral diferente em
naçooes de culturas diferentes (BARSANO et al. 2014, p.32).
No caso da Bioética, temas envolvendo a manipulaçaoo de organismos
geneticamente modificados já beiram um consenso mundial, pois os riscos
decorrentes podem atravessar os limites das fronteiras. Além dos perigos de uma
contaminaçaoo global por agentes biológicos, no caso da clonagem de seres
humanos, a abordagem do assunto é acompanhada pela comunidade científica
internacional e pela opiniaoo pública, cujos valores religiosos, morais e acadêmicos
integram-se para debater essa possibilidade de aplicaçaoo em nossa sociedade
(BARSANO et al. 2014, p.32).
Tópico 3: Biossegurança na Enfermagem
A Biossegurança na Enfermagem tem como finalidade manter um ambiente
biologicamente seguro para os profissionais enfermeiros, os pacientes, os
acompanhantes e outros colaboradores (BARSANO et al. 2014,p.63).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 14
O setor de Enfermagem é muito importante nas unidades de saúde, pois
auxilia o médico no pré-atendimento dos pacientes, fornecendo ao profissional
informaçooes preliminares, ou as primeiras impressooes sobre o estado geral do
paciente, além de efetuar a medicaçaoo prescrita e os curativos, bem como auxiliar
em casos de emergência (BARSANO et al. 2014, p.63).
Seja no ambiente hospitalar, seja em unidades de pronto-socorro, o
profissional de Enfermagem está sujeito a vários agentes biológicos,
principalmente, pelo contato direto no manuseio de sangue, dejetos, líquidos e
fluidos corporais dos pacientes, sendo necessário que o especialista esteja
devidamente treinado e habilitado para oferecer um atendimento-padraoo e, ao
mesmo tempo, resguardar a sua segurança fiśica, ou seja, tomar as
precauçooes-padraoo (BARSANO et al. 2014, p.63).
Precauçooes-padraoo saoo medidas adotadas pelos profissionais de saúde,
independentemente da doença diagnosticada, nas quais o enfermeiro deve manter
uma postura responsável quanto aos procedimentos de Biossegurança, a fim de
naoo se infectar nem ser uma fonte de contaminaçaoo por doenças como hepatites B
e C, AIDS, sífilis, tuberculose e doenças respiratórias (BARSANO et al. 2014, p.63).
A Biossegurança na Enfermagem antecede o início das atividades. O
profissional deve tomar as seguintes providências antes de assumir o seu turno:
 o uniforme do profissional deve estar sempre limpo;
 se tiver lesooes de pele, estas devem ser protegidas antes de entrar na
unidade;
 adornos devem ser removidos antes da lavagem das maoos;
 os cabelos devem estar limpos e presos, e as unhas, curtas e devidamente
limpas (BARSANO et al. 2014, p.63-64).
Assim como em outras unidades de saúde, na higienizaçaoo das maoos devem
ser utilizadas as técnicas clínicas de lavagem para esse fim, inclusive antes da
colocaçaoo das luvas, que servem para a prevençaoo do contato das maoos com
sangue, secreçooes ou mucosas ao manipular os instrumentos laborais e ao contato
físico com pele naoo íntegra. O par de luvas deve ser exclusivo para cada paciente e
deve ser descartado após o atendimento (BARSANO et al. 2014, p.64).
Tópico 4: Biossegurança em atividades odontológicas
As práticas de Biossegurança em atividades odontológicas abrangem um
conjunto de medidas que tem como finalidade a prevençaoo de diversos riscos
ocupacionais, principalmente por doenças infecciosas e aspectos ergonômicos da
profissão (BARSANO et al. 2014, p.65).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 15
Além dos riscos decorrentes de serviços prestados rotineiramente, como
extraçaoo ou limpeza na arcada dentária, operaçooes de maior complexidade saoo
executadas nos pacientes e exigem procedimento operacional-padraoo para a
realizaçaoo de cirurgias locais, em que se deve atentar aos riscos de contaminaçaoo
patogênica do cirurgiaoo-dentista e de sua equipe por micro-organismos (BARSANO
et al. 2014, p.65).
As fontes responsáveis pela contaminação biológica saoo as superfićies
fixas do setor, os instrumentos de trabalho, os procedimentos operacionais
incorretos, os pacientes e os próprios profissionais (BARSANO et al. 2014, p.65).
Em relaçaoo aos aspectos instrumentais, eles saoo classificados da seguinte
maneira:
 Criticos: saoo os instrumentos que penetram nos tecidos, atingindo o
sistema vascular (pinças, instrumentos de corte e pontas, instrumental
cirúrgico de periodontia, agulhas).
 Semicriticos: saoo os instrumentos que entram em contato com saliva,
tecido humano, secreçooes e sangue visiv́el ou naoo (afastadores, moldeiras,
brocas).
 Não criticos: saoo os instrumentos que naoo entram em contato com o
paciente (telefone, armários, refletores, comandos da cadeira etc.)
(BARSANO et al. 2014, p.65).
Há também de se ter cuidados necessários na adoçaoo de medidas na
preparaçaoo do paciente, principalmente, em processos cirúrgicos, como realizar
exames pré-operatórios, preparar a boca com escovaçaoo, bochechos e medidas
profiláticas, degermaçaoo da face e fornecimento de EPIs para os pacientes (gorro,
óculos de proteçaoo, avental e pró-pé) (BARSANO et al. 2014, p.66).
Tópico 5: Biossegurança em laboratórios de Análises Clinicas
Os laboratórios de análises clínicas recebem vários tipos de materiais
contaminados para diagnóstico. Geralmente a natureza infecciosa do material é
desconhecida, sendo o material submetido a várias análises para a determinação
dos agentes. Entretanto, mesmo com o desconhecimento do potencial de risco no
trabalho de laboratório, a frequência dos acidentes é relativamente baixa, mas eles
ocorrem e podem ter sérias consequências (CIENFUEGOS, 2001)
As medidas de biossegurança existem como meio de prevenção da
contaminação, no qual grande parte dos acidentes acontece pelo uso inadequado
e/ou ineficaz das normas propostas, dando origem assim a procedimentos que
apresentam riscos (VALLE et. al., 2008).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 16
O técnico em análises clínicas é o mais exposto aos acidentes, visto que é o
profissional que realiza procedimentos de coleta venosa para a realização de
exames laboratoriais. Diversos autores já evidenciaram em suas pesquisas que os
técnicos em análises clínicas estão mais sujeitos a casos de infecções causadas por
procedimentos não condizentes com a boa prática laboratorial, como pipetar com a
boca ou usar inadequadamente perfurocortantes (PICCOLI; WERMELINGER;
AMANCIO FILHO, 2012).
A biossegurança é fundamental para o profissional de análises clínicas,
porque, para esse profissional, todas as áreas de trabalho são críticas.
Frequentemente o técnico em análises clínicas entra em contato com materiais
biológicos em amostras cegas na sua prática cotidiana, de modo que necessita
saber como utilizar-se das medidas preventivas e, inclusive, saber como agir em
caso de acidente (PICCOLI; WERMELINGER; AMANCIO FILHO, 2012).
Saber como trabalhar com segurança para si e para os outros, seja em
condições precárias ou em plena conformidade às normas de biossegurança, está
relacionado não apenas aos conhecimentos recebidos na escola, mas também (e
sobretudo) à formação e experiência que adquire e acumula ao longo da vida
profissional e que se manifesta no modo como ele mobiliza recursos cognitivos
para agir em uma situação complexa que apresenta riscos (PICCOLI;
WERMELINGER; AMANCIO FILHO, 2012).
Tópico 6: Biossegurança em atividades radiológicas
Alguns efeitos dos Rx, assim como de outras formas de energia ionizante,
têm caráter nocivo, o que obriga a adoção de procedimentos de proteção ao
profissional e paciente expostos. O dano causado pela radiação é cumulativo, ou
seja, a lesão é causada por doses repetidas de radiação que se acumulam nos
tecidos (MARCHIORI; SANTOS, 2015, p. 5).
O trabalho noturno também é um fator de risco, pois pode causar um
impacto negativo na saúde dos trabalhadores, alterando os períodos de sono e
vigília, transgredindo as regras do funcionamento fisiológico humano.
Desencadeiam–se, nesses casos, as sensações de mal-estar, fadiga, flutuações no
humor, reduções no desempenho devido ao déficit de atenção e concentração.
Além disso, destacamos também a sobrecarga de horário e funções, que levam à
insegurança no trabalho, aumentando a responsabilidade profissional, muitas
vezes com recursos inadequados, o que prejudica o bom andamento de suas
funções (SILVA; PINTO, 2012).
Os profissionais que atuam em ambientes de radiologia devem ser
constantemente monitorados com dispositivos capazes de absorver a quantidade
de radiação presente no local de trabalho, os quais são chamados de dosímetros. É
importante citar que os dosímetros são de uso individual e exclusivo do local onde
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 17
está cadastrado, tendo em vista que a radiação presente é diferente em cada
ambiente do laboratório (STAPENHORST, 2018, p.168). Há dois tipos de
dosímetros:
Dosimetro de corpo inteiro: devem ser
utilizadosna altura do tórax, sobre o
avental plumbífero, pois, por ser a região
corporal com maior índice de exposição, a
aferição da dose é eficaz.
Dosimetro de extremidades: utilizado
pelos profissionais que realizam os
exames, ao manipularem os pacientes ou
realizarem exames com radiofármacos.
Os profissionais também devem utilizar os aventais de chumbo
(plumbíferos). Esses aventais têm diferentes tamanhos e formatos e seu objetivo é
proteger as regiões torácica e abdominal. Os aventais precisam ser utilizados nas
salas de exame durante o seu processo de realização (STAPENHORST, 2018,
p.168).
Outro EPI importante é o protetor de tireoide, o qual é colocado na região
do pescoço e visa a proteger a glândula tireoide, que é altamente sensível a
radiações ionizantes (STAPENHORST, 2018, p.168).
Os órgãos dos aparelhos reprodutores feminino e masculino também são
muito sensíveis a radiações ionizantes, portanto, o uso de protetores de gônadas é
recomendado sempre que o uso não interferir na qualidade do exame
(STAPENHORST, 2018, p.168).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 18
TEMA DA AULA: CORONAVÍRUS E AS PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA.
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
FARIA, Maria Helaynne Diniz. Et al. BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA
E COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. CADERNOS ESP. CEARÁ.2020,
JAN. JUN.; 14(1). PÁGS. 53–60ISSN: 1808-7329/1809-0893. Disponível em:
https://cadernos.esp.ce.gov.br/index.php/cadernos/article/view/335
/212 . Acesso em: 08 dez. 2020.
SEGATA, Jean. Covid-19, biossegurança e antropologia. Horiz.
antropol. vol.26 no.57 Porto Alegre Mai/Agost. 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832020000200275&
script=sci_arttext. Acesso em: 08 dez. 2020.
FIHO, José Marçal Jackson; ASSUNÇÃO, Ada Ávila; ALGRANTI, Eduardo;
GARCIA, Eduardo Garcia; SAITO, Cézar Akiyoshi; MAENO, Maria. A saúde do
trabalhador e o enfrentamento da COVID-19. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional, São Paulo, v. 45, p. 1-3, 2020. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369ed0000120. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/rbso/v45/2317-6369-rbso-45-e14.pdf. Acesso
em: 12 dez. 2020.
CROSP. ORIENTAÇÃO DE BIOSSEGURANÇA ADEQUAÇÕES TÉCNICAS EM
TEMPOS DE COVID-19 CROSP - Abril, 2020.Disponível em:
http://www.crosp.org.br/uploads/arquivo/747df5ff505e7beff33c1a5
ff5d6f12a.pdf. Acesso em: 08 dez. 2020.
Tópico 1: Epidemiologia do COVID-19
Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, as práticas de
biossegurança tornam-se ainda mais importantes devido à exposição de riscos à
saúde de profissionais e pacientes (FARIA et al. 2020, p.53).
Segundo Faria et al. (2020, p.54), em dezembro de 2019 a Organização
Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia de etiologia
incerta na cidade de Wuhan, na China. Posteriormente, o patógeno foi identificado
e classificado como 2019 Novel Corona Vírus (2019-nCoV). A doença causada pelo
referido vírus é denominada de COVID-19, onde “CO” significa corona, “VI” de vírus,
“D” de doença e, “19” corresponde ao ano de seu aparecimento.
De acordo com Faria et al. (2020, p.54), esse quadro pandêmico tem se
agravado com o passar dos meses. De acordo com dados epidemiológicos da
OrganizaçãoPan-Americana da Saúde (OPAS), em 27de maio de 2020, mais de 5
596 550 casos foram confirmados globalmente e o número de óbitos pela
COVID-19 alcançou o marco de 353 373 registros, distribuídos por 216 países. Na
América do Sul, a taxa bruta de mortalidade é de 5,13%. Tal índice pode aumentar
de acordo com a idade e pode chegar a 8% em pacientes commais de 70 anos.
Para Faria et al. (2020, p.54) os indivíduos que apresentam doenças crônicas
tais como diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias também estão
sujeitas a maior letalidade.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 19
Faria et al. (2020, p.54), a OPAS alerta ainda que, entre os países da América do
Sul, o Brasil registrou o maior número de casos (438.238 casos confirmados,
incluindo 26.754 óbitos). Com isso, o país brasileiro torna-se o terceiro mais
afetado em termos de incidência global e ocupa o primeiro lugar entre os países
mais afetados da América do Sul.
As vias de transmissão desse vírus podem ocorrer de forma direta e indireta,
sendo a primeira através do contato com fluidos (emitidos por tosse, espirro, fala)
de pacientes infectados que atingem diretamente conjuntiva ocular e/ou vias
aéreas, enquanto a indireta ocorre por contato com fômites/superfícies ou
aerossóis contaminados por saliva ou fluidos provenientes da mucosa oral ou nasal
(FARIA et al. 2020, p.54).
Faria et al. (2020, p.54) relata que as mãos em contato com os fômites
contaminados e levadas em seguida aos olhos ou nariz são vias importantes de
transmissão. O período de incubação do SARS-CoV-2 pode variar entre 5 a 14 dias.
Atualmente, o tempo de 14 dias é o que está sendo considerado para o isolamento
e monitoração dos casos pelos órgãos oficiais de saúde.
A Covid-19 tem sido impactante. Mas, alguns dos cenários que ela tem
produzido não são totalmente novos. Resguardadas as particularidades e escalas
eles ecoam dramas recentes vividos com o zika vírus no Brasil, com o ebola no
continente africano, com as gripes suína e aviária na Ásia e com a doença da vaca
louca na Europa. E eles não se restringem às epidemias. Há também as cartas com
antraz, o ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos e as suas intervenções
militares no Oriente Médio, além da intensificação dos conflitos na Síria e na Faixa
de Gaza. No início do século XXI, eventos descritos como ameaças em escala global
têm se mesclado e mobilizado com mais intensidade às novas economias do risco,
da preparação e da resposta. Caos e perdas irreparáveis para uns, oportunidades
para outros (SEGATA, 2020).
A construção do campo da biossegurança articula diferentes disciplinas como a
ecologia, a epidemiologia, a biotecnologia, a bioética, e as humanidades. A sua
origem é difusa, mas há certa unanimidade em pensar que se trata de uma
especialidade dedicada às ações de contenção de riscos inerentes à exposição a
agentes biológicos potencialmente contaminantes. Inicialmente, essas práticas se
remetiam às atividades em laboratório, mas aos poucos foram estendidas para os
ambientes de saúde e também à indústria, ao comércio, à produção agrícola e às
relações internacionais (ROCHA et al. 2012 apud SEGATA 2020).
Em grande medida, o que estava em pauta era o avanço da microbiologia a
partir da segunda metade do século XX e a sua acelerada unificação com outros
campos da ciência, da tecnologia e de suas aplicações. Tal processo passou a exigir
debates mais amplos sobre ética, processos laborais, preocupações ambientais e
segurança dos ambientes e saúde (SEGATA, 2020).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 20
Inúmeros questionamentos sobre intervenções, objetos e práticas que
desafiavam os limites então imaginados entre o seguro e o inseguro - mas também
o orgânico e o inorgânico, o natural e o modificado, o estável e o incerto, etc. -
fizeram emergir debates sobre as múltiplas faces do risco - sua avaliação, seu
manejo e sua comunicação (Donaldson 2008 apud SEGATA 2020).
Foi nesse conjunto de interseções entre domínios da biotecnologia e da política
que a antropologia também formou inúmeras agendas de pesquisa. A maior parte
delas não reivindica a participação na formação de um campo específico sobre a
biossegurança, mas as questões que elas têm levantado sobre os efeitos das
manipulações genéticas e microbiológicas são de fundamental interesse para a
constituição dele. É o caso do universo das modificações genéticas e o modo como
ele amplificou o escopo das transformações operadas sobre o que tratamos como
natureza (SEGATA, 2020).
Dados sobre a mecânica de atuação do novo coronavírus começavam a ser
produzidos desde os primeiros casos em Wuhan, na China. Eles resultavam das
primeiras informações sobre os sintomas e o tratamento da doença, mas também
sobre os números de casos de cura e de morte. Números indicavam que a taxa de
letalidadeera menor do que nas experiências com a Sars e a Mers, ainda que seu
índice de transmissibilidade fosse mais alto (Zhang et al. 2020 apud SEGATA
2020).
Pessoas idosas com históricos de diabetes, hipertensão, cardiopatias ou
obesidade pareciam mais propensas a desenvolver formas agudas da doença.
Jovens e crianças pareciam mais resistentes e até mesmo assintomáticos. A doença
ganhava uma forma e fórmulas derivavam dela. A questão é que as informações
locais que produziram esses primeiros dados tiveram as suas escalas amplificadas
no mesmo ritmo de expansão geográfica e numérica da contaminação, que foi
muito rápido. A decretação da pandemia fez com que o novo coronavírus fosse
convertido em um problema em escala global e algumas das primeiras formas de
enquadrá-la ganharam um estatuto de referência (SEGATA, 2020).
Em outros termos, o problema é que, ainda que haja uma mecânica biológica
mais ou menos padronizável e conhecimentos e técnicas para o seu manejo,
situações locais de injustiça e de vulnerabilidade social e as próprias experiências
de saúde e doença ou aquelas de risco e cuidado tensionam e limitam essa
universalidade. Uma doença como a Covid-19 pode se converter em fenômenos de
escala global, mas tanto o global como as doenças e as suas escalas são atuações
que se realizam a partir de materialidades, práticas e sentidos singulares e até
mesmo contingentes (Mol 2002 apud SEGATA 2020).
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832020000200275&script=sci_arttext
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 21
O enfrentamento da pandemia do novo coronavírus faz parte das funções
essenciais da Saúde Pública por meio de ações voltadas para a população ou para
grupos com maior risco de contaminação, como os profissionais de saúde. No
entanto, outras atividades de trabalho podem ter um papel relevante na
disseminação do vírus e, portanto, a análise de como se processam é determinante
para a prevenção do adoecimento (BAKER MG, 2020 apud SEGATA, 2020).
A pouca visibilidade desse aspecto implica sua pouca valorização nas políticas
públicas. O campo do trabalho como um todo deve ser considerado na estratégia
de enfrentamento da COVID-19 (FIHO et al., 2020).
Essas situações, a exemplo de outras, mostram que tanto o exercício das
atividades laborais quanto as condições de trabalho são fontes potenciais de
exposição ao vírus. Por sua vez, esses lócus - a situação de trabalho - é território de
disseminação da doença. É fundamental entender, portanto, de que maneira as
atividades e condições de trabalho podem contribuir para a disseminação e,
sobretudo, para o estabelecimento de estratégias para o enfrentamento da
pandemia (FIHO et al., 2020).
Mesmo para os profissionais de saúde diretamente envolvidos com os
cuidados aos pacientes, pouco se discute sobre as condições e organização do
trabalho, prevalecendo, até o momento, protocolos com recomendação de medidas
individuais (higiene e uso de equipamentos de proteção), fundamentais, mas
insuficientes para o controle geral da disseminação e da exposição ao vírus. Todas
as medidas de proteção previstas no protocolo de manejo clínico do coronavírus,
no Brasil, dizem respeito à biossegurança (FIHO et al., 2020).
Nesta pandemia, se a necessidade da proteção dos profissionais dos
estabelecimentos de saúde ganhou merecido destaque, o mesmo não se verifica
para outros grupos ocupacionais. No Brasil, gráficos apresentando dados
estratificados por sexo, faixa etária e região geográfica são elaborados com
frequência como subsídios para orientar medidas de controle e prevenção, assim
como para o planejamento e alocação dos recursos necessários para operar os
sistemas de saúde. No entanto, na publicação dessas estatísticas, os
microindicadores de morbidade não são desagregados até o nível da ocupação, o
que não permite avaliar se, onde e em que circunstâncias os indivíduos testados
positivos ou diagnosticados com a doença estavam trabalhando. Tão pouco
possibilita identificar focos de disseminação relacionados com atividades de
trabalho (FIHO et al., 2020).
A alta transmissibilidade do vírus, a grande proporção de infectados
oligossintomáticos ou assintomáticos, estimada em mais de 30%, a inexistência de
vacina e de terapia medicamentosa comprovada, a insuficiente cobertura de testes,
a duração prolongada dos quadros clínicos e as experiências de outros países
explicam as decisões que provocaram as medidas de isolamento social e que
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 22
determinaram que só os serviços essenciais fossem mantidos. Vale lembrar que,
nesse contexto, para algumas categorias, houve intensificação das tarefas (FIHO et
al., 2020).
O planejamento e a tomada de decisões por autoridades responsáveis, com
base em informações científicas, transparência e integração de ações, têm a ganhar
se incorporadas as dimensões do trabalho, fator estruturante da nossa sociedade
(FIHO et al., 2020).
Para Faria et al. (2020, p.55), diante das características mencionadas
anteriormente, os profissionais da área da saúde são os que estão mais expostos ao
risco de infecção pelo novo coronavírus. Em especial, profissionais que
desempenham a prática clínica através do contato direto com os pacientes, como
por exemplo, os profissionais da Odontologia. Notadamente, a prática odontológica
traz consigo o risco de infecções cruzadas devido à procedimentos que envolvem o
contato íntimo com fluidos corporais e orais, como sangue e saliva, assim como o
manuseio de superfícies e instrumentos perfurocortantes contaminados.
Tópico 2: Precauções padrão
No Brasil até meados de abril foram diagnosticados aproximadamente 18.000
casos nas cinco regiões do país, sendo a maior concentração de casos, no estado de
São Paulo. Nesse período foi contabilizado milhares de mortes em todo o território
nacional (CROSP, 2020, p.4).
O vírus, SARS-CoV-2, está associado à transmissão direta através das vias
respiratórias ou indireta por meio de fômites. O espirro, tosse e inalação de
gotículas e aerossóis ou o contato indireto por meio das membranas das mucosas
orais, nasais e oculares são as principais vias de transmissão. A pessoa infectada
pode estar assintomática e, mesmo assim, permanecerá como transmissora do
vírus. Os sinais e sintomas podem ser brandos ou até mesmo levar a complicações
como a síndrome respiratória a guda grave (SRAG, ou em inglês SARS2 ) e óbito.
Essas partículas são pequenas (os vírions têm cerca de 100 μm) e permanecem em
suspensão no ar por longos períodos de tempo. Diante disso, se faz necessário
destacar as medidas de prevenção da equipe de saúde bucal (CROSP, 2020, p.4).
Além do alto grau de infectividade do vírus, verifica-se que os indivíduos
contaminados, sintomáticos ou não, possuem elevada carga viral nas vias aéreas
superiores, o que aumenta em muito a exposição do profissional através da
geração de aerossóis durante os procedimentos odontológicos para além da
proximidade com o paciente. Estes fatos levaram a OMS, Ministério da Saúde,
Associação Dentária Americana (ADA), Centros para Controle de Doenças e
Prevenção (CDC), Conselho Federal de Odontologia (CFO), entre diversos outros
órgãos nacionais e internacionais, a recomendarem que os procedimentos
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 23
odontológicos eletivos sejam adiados e restritos aos casos de urgência (CROSP,
2020, p.5).
Salienta-se ainda que não há evidências referentes ao tempo de permanência
do vírus no aerossol e do tempo mínimo recomendado entre as consultas, e neste
sentido, para que o atendimento seja realizado com a maior segurança possível;
alguns trabalhos citam até 3 horas de viabilidade do vírus no aerossol. O vírus
pode permanecer na saliva do indivíduo contaminado (paciente ou equipe de
saúde) por até 24 dias e, a partir disso, será difícil identificar se este ou outros
pacientes estão ou não contaminados (CROSP, 2020, p.5).
Precauções padrão são procedimentos preventivos que devem ser utilizados
independente de diagnóstico confirmado ou presumido de doençainfecciosa
transmissível no indivíduo-fonte. As medidas a seguir devem ser adotadas
para/por todos os pacientes e por toda equipe auxiliar. Os procedimentos
odontológicos, em sua grande maioria, são produtores de aerossóis (CROSP, 2020,
p.6).
A OMS e a ANVISA fazem recomendações específicas para estes procedimentos:
são recomendados dentro das precauções padrão, além da higienização das mãos,
uso de avental, óculos, protetor facial, também o uso de máscara PFF2 (N95) ou
respiradores. A higiene das mãos é uma das medidas mais importantes para evitar
a disseminação de doenças, tem um papel fundamental no momento atual e deve
ser realizada nos seguintes momentos:
1. Antes de entrar em contato com o paciente;
2. Imediatamente antes de qualquer procedimento asséptico;
3. Imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais (saliva e
sangue);
4. Após o contato com o paciente, superficies e objetos próximos a ele e
ao sair da sala de atendimento;
5. Após tocar qualquer objeto, mobilia e outras superficies nas
proximidades do paciente, ainda que não tenha entrado em contato com
o paciente (CROSP, 2020, p.6).
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Equipamentos de proteção individual (EPI) é todo dispositivo de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado a prevenir riscos que podem
ameaçar a segurança e a saúde. Os EPIs só realizarão a tarefa de prevenir riscos se
as atitudes de preparo anteriores forem tomadas adequadamente: uso de unhas
aparadas, rostos sem maquiagem, mãos e punhos devidamente higienizados
(aventais com sanfona no punho, e gola modelo padre), cabelos presos e barbas
aparadas (CROSP, 2020, p.14).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 24
1. Utilizar o equipamento de proteção respiratória (EPR) adequado,
que visa a proteção dos profissionais contra a inalação de agentes nocivos
à saúde. As peças faciais filtrantes (no mínimo PFF-2) ou N95 são
respiradores (não são máscaras) recomendados para proteção contra
aerossóis (partículas menores que 5μm) que contenham partículas não
biológicas (poeiras, névoas e fumos), assim como partículas virais (ex:
SARS-CoV-2) e outros microorganismos.
Porém perdem, significativamente sua eficiência quando umedecidos e/ou
molhados, portanto deverão estar recobertos por anteparo facial (viseira,
face shield).
2. Avental - Utilizar aventais descartáveis e impermeáveis com
fechamento traseiro. No final do período de atendimento realizar o
descarte sem necessidade de manuseio do profissional ou equipe. A
gramatura mínima é de 50 g/cm2 .
3. Gorros - Devem ser descartáveis e hidrorrepelentes, como os usados
rotineiramente nas dependências das clínicas, sendo trocados após cada
período de atendimento. É importante ressaltar que os cabelos devem
estar totalmente protegidos no interior do gorro, uma vez que as franjas e
“rabos de cavalo” podem servir como fonte de microrganismos (como
SARS-CoV-2) ou podem ser contaminados pelos aerossóis produzidos
durante o atendimento. Gorros com aberturas traseiras que permitam que
o “rabo-de-cavalo” fique exposto não cumprem esta função. Além disso,
acessórios como brincos e piercings devem ser removidos durante o
atendimento e a orelha recoberta totalmente pelos EPIs.
4. Óculos de proteção - Todos os membros da equipe odontológica
devem utilizar óculos com proteção lateral. Óculos normais não
substituem os de proteção, sendo necessário usar os óculos de proteção
sobre os normais. Em tempos de covid-19, recomenda-se o uso de óculos
com vedamento (ex: natação, ski ou industriais).
5. Viseiras (escudo facial, protetor facial, face shields) - Devem,
obrigatoriamente, vedar o rosto latero-lateralmente de tragus a tragus;
inferiormente indo até a região submandibular, mas sem ultrapassá-la
para não correr o risco de ser deslocada para cima quando o profissional
abaixar a cabeça durante o procedimento, além de serem vedadas
superiormente, e colocadas sobre o gorro descartável, para não se correr o
risco de penetração do aerossol. Recomenda-se que todos os membros da
equipe odontológica devem utilizar a viseira sobre o respirador e os óculos.
Após o atendimento, as viseiras deverão ser lavadas com sabonetes
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 25
líquidos germicidas e desinfetadas com solução de hipoclorito de sódio a
1%, enxaguadas e enxugadas com toalhas de papel (CROSP, 2020, p.17).
SEQUÊNCIA DE PARAMENTAÇÃO E DESPARAMENTAÇÃO
O tipo de EPI deverá ser escolhido de acordo com o nível de precauções
necessárias, como padrão de contato, produção de gotículas/aerossóis ou
precauções para infecções transportadas pelo ar. O procedimento para colocar e
remover EPIs deve ser adaptado ao tipo de EPI utilizado (CROSP, 2020, p.17).
Use práticas de trabalho seguras para proteger-se e limite a área de
contaminação:
• Antes de iniciar a paramentação devem ser removidos todos os acessórios
(relógio, brinco, anéis, etc);
• Mantenha as mãos afastadas do rosto;
• Limite ao máximo as superfícies a serem tocadas;
• Troque as luvas quando danificadas ou altamente contaminadas;
• Realize a higiene das mãos. Sequência de colocação de equipamento de
proteção pessoal (EPI) (CROSP, 2020, p.18).
1. Avental
• Cobrir totalmente o tronco do pescoço aos joelhos, braços, até o final dos
pulsos;
• Amarrar na parte de trás do pescoço e da cintura.
2. Respirador PFF-2/N95 e sobreposição commáscara cirúrgica
• Segurar o respirador com a mão na parte frontal;
• Adaptar do mento para cima e fixar os tirantes. Primeiro o tirante superior e
depois o segundo na nuca;
• Ajustar a pinça nasal e testar a vedação do EPR ;
• Segurar a máscara cirúrgica pelos elásticos e posicionar sobre o respirador;
• Ajustar a máscara para recobrir o máximo possível o respirador,
protegendo-o de gotículas.
3. Gorro
• Prender os cabelos se for o caso;
• Colocar o gorro de forma que cubra completamente os cabelos e as orelhas.
4. Óculos de proteção com proteção lateral
• Para evitar que o óculos de proteção embace, recomenda-se utilizar um
pedaço de fita tipo esparadrapo sobre a parte superior da máscara cirúrgica;
• Se for utilizar óculos de proteção com vedação (ex: natação, ski ou industriais)
certifique-se de estar adaptado e justo.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 26
5. Viseiras tipo face shield
• Colocar sobre o rosto e ajustar.
6. Luvas
• Colocar as luvas e estender para cobrir e fixar o punho do avental (CROSP,
2020, p.19).
SEQUÊNCIA DE RETIRADA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO PESSOAL (EPI)
Existem várias maneiras de remover o EPI com segurança, sem contaminar
sua roupa, pele ou membranas mucosas com materiais potencialmente infectantes.
Este é um exemplo. Remover todos os EPIs antes de sair do consultório (sala de
atendimento), exceto o respirador (ex: PFF-2 ou N95) e os óculos de proteção:
retirar os óculos e respirador depois de sair da sala de atendimento (desde que
possível) e fechar a porta (a mucosa ocular possui muitos receptores para o vírus,
por isso os óculos só devem ser retirados fora da sala de atendimento). O descarte
do EPI utilizado deve ser em lixeira com tampa e pedal, em sacos plásticos para
acondicionamento de resíduos contaminados (CROSP, 2020, p.19).
SEQUÊNCIA DE REMOÇÃO DOS EPI
1. Luvas
• A face externa das luvas está contaminada;
• Usando uma mão enluvada, segurar a área de pulso, por fora da outra mão
enluvada e tracione em direção aos dedos para retirar a luva;
• Segurar a luva removida na mão enluvada;
• Deslizar a mão sem luva sob a luva restante, no pulso e retire a segunda luva
sobre a luva já removida;
• Descartar as luvas no lixo contaminado;
• Logo após a remoção, lavar imediatamente as mãos e pulso, ou usar
antisséptico à base de álcool 70º (CROSP, 2020, p.20).
2. Viseira tipo face shield
• A face externa do protetor facial está contaminada;
• Se as mãos se contaminarem durante a remoção do protetor facial, lavar
imediatamente as mãos ou usar um antisséptico à base de álcool 70º ;
• Remover primeiramente o escudo facial, levantando pela faixa elástica atrás
da cabeça ou sobre a orelha e colocá-losobre uma bandeija para posterior
descontaminação com álcool 70º.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 27
3. Gorro descartável
• A face externa do gorro está contaminada;
• Se as mãos se contaminarem durante a remoção do gorro, lavar
imediatamente as mãos ou usar antisséptico à base de álcool;
• Remover o gorro pelo topo da cabeça ou pela parte de trás;
• Descarte em lixo contaminado.
4. Avental descartável
• A frente e as mangas do avental estão contaminadas;
• Se as mãos se contaminarem durante a remoção do avental, lavar
imediatamente as mãos ou usar antisséptico a base de álcool 70º;
• Soltar as tiras do avental, sem arrebentá-las, tomando cuidado para que as
mangas não entrem em contato com o corpo ao alcançar as alças; • Afastar o
avental do pescoço e dos ombros, tocando apenas a face interna do avental;
• Enrolar o avental de dentro para fora;
• Dobrar ou enrolar e descartar no lixo contaminado;
• Estes procedimentos devem tomar lugar na saia da sala de atendimento
(desde que possível), sem remover ainda o respirador e os óculos de proteção.
Saia e então feche a porta.
5. Respirador e óculos de proteção
• A face externa do respirador e dos óculos estão contaminadas - não tocar;
• Se as mãos se contaminarem durante a remoção do respirador, lavar
imediatamente as mãos ou usar um antisséptico a base de álcool 70º;
• Remover primeiramente os óculos de proteção, caso sejam com fixadores de
elástico, retire-os pelos elásticos com cuidado para não tocar na superfície
externa dos óculos;
• Remover então o respirador, segurando as presilhas ou elásticos com as duas
mãos, pela região posterior da cabeça e nuca, afastando e levantando para
cima sem tocar a parte da frente;
• Descartar em um recipiente de lixo contaminado (CROSP, 2020, p.21).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 28
TEMA DA AULA: Ambiente Laboratorial e seus Riscos
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
BALLESTRERI, Erica. Introdução à biossegurança. In:
STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST,
Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança.
Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta
Mateus Pereira]. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978859502402
1/cfi/26!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 05 jun. 2020.
BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais
para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. 1. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978853651099
6/cfi/19!/4/4@0.00:53.1 Acesso em: 05 dez. 2019
BRASIL. Portaria nº 1.914, de 09 de agosto de 2011. Aprova a
Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2010,
pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da
Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1914_09_0
8_2011.html. Acesso em: 05 jun. 2020.
STAPENHORST, Amanda. Princípios gerais, conceito e histórico da
biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica;
STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.).
Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Revisão técnica:
Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978859502402
1/cfi/17!/4/4@0.00:58.4. Acesso em: 05 jun. 2020.
Tópico 1: Introdução ao ambiente laboratorial
Imagine um ambiente em que há́ fungos, bactérias e vírus que transmitam
doenças, entre elas, as fatais. Você já́ se imaginou nesse ambiente? Como se
defender daquilo que muitas vezes naoo se vê̂? (BARSANO et al. 2014, p.35).
O ambiente laboratorial é o espaço físico destinado a realizaçaoo de
experimentos, pesquisas, prestaçaoo de serviços e ensino. Conta com uma estrutura
adequada para a atividade que será́ desenvolvida: bancadas, instrumentos de
medida, amostras, livros, pessoas etc. Trata-se de um ambiente hostil, visto que saoo
manipulados micro-organismos que podem comprometer o resultado e a
confiabilidade de uma pesquisa (BARSANO et al. 2014, p.35).
O design do ambiente laboratorial é um fator imprescindível para a
minimização dos riscos de biossegurança, tendo em vista que um projeto bem
executado pode, por exemplo, evitar o transporte de resíduos potencialmente
contaminantes pelas áreas de uso comum e, consequentemente, reduzir o número
de profissionais e pacientes expostos a materiais perfurocortantes que estão sendo
descartados (STAPENHORST, 2018, p.167).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 29
Tópico 1.1: Tipos de Laboratório
Prevenir a transmissão de agentes infecciosos, dentre outros produtos
nocivos à saúde humana, é o grande problema de segurança laboratorial. A
Biossegurança é um conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização e
eliminação de riscos para a saúde, ajuda na proteção do meio ambiente contra
resíduos e na conscientização do profissional da saúde (BALLESTRERI, 2018, p.
37).
Para isso, estabelecem as condições seguras para a manipulação e a
contenção de agentes biológicos, incluindo: os equipamentos de segurança, as
técnicas e práticas de laboratório, a estrutura física dos laboratórios, além da
gestão administrativa (BALLESTRERI, 2018, p. 37).
Podemos encontrar diversos tipos de segmentos laboratoriais, dentre eles:
laboratório quiḿico, laboratório de ensino e laboratório clínico (BARSANO et al.
2014, p.36).
Laboratório quimico: tem por finalidade a realizaçaoo de experimentos. Nesse
ambiente o químico realizará testes, experimentos e análises envolvendo reaçooes
químicas. Nesse tipo de laboratório costumam ser encontrados produtos perigosos
à vida, como ácidos corrosivos, produtos tóxicos etc.
Laboratório de ensino: tem finalidade pedagógica, ou seja, é um ambiente
destinado a realizar experiências práticas, como complemento ao aprendizado
teórico. Nesse ambiente o aluno poderá praticar experimentos, evidentemente,
sempre acompanhado por um professor ou monitor. Nesse ambiente costuma-se
encontrar suporte universal, tubos de ensaio etc.
Laboratório clinico: em por finalidade diagnosticar, prevenir, tratar e avaliar a
saúde dos pacientes por meio de exames biológicos, patológicos, microbiológicos,
entre outros. Nesse ambiente costumam ser encontrados microscópios biológicos,
tubos de ensaio etc. (BARSANO et al. 2014, p.36).
Tópico 1.2: Cuidados básicos no ambiente laboratorial
Segundo Barsano et. al. (2014, p. 36-37) antes de iniciar a atividade no
laboratório, é importante saber o que você vai fazer lá, com o que vai trabalhar, se
já recebeu o treinamento adequado (ou se vai receber) e quais equipamentos
manejará. Durante a permanência no laboratório ou durante a prestaçaoo de
serviços, alguns cuidados básicos devem ser tomados:
 usar EPI adequado para cada atividade;
 lembrar que a utilizaçaoo de jaleco deve ser restrita ao laboratório;
 manter as unhas cortadas;
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 30
 evitar adornos, como anéis, pulseiras e relógios;
 se tiver cabelos longos, mantê-los presos;
 usar sapatos fechados;
 jamais aplicar cosméticos na área laboratorial;
 naoo comer nem beber dentro do laboratório;
 utilizar os equipamentos do laboratório apenas para a finalidade a que se
destinam;
 naoo pipetar com a boca;
 descartar infectantes perfurocortantes em recipientes riǵidos,
impermeáveis, resistentes a perfuraçooes, com tampa e identificados;
 observar regras de Higiene e Segurança no Trabalho, etc (BARSANO et al.
2014, p.36-37).
Tópico 1.3: Niveis de Biossegurança
Em ambientes laboratoriais, o nível de Biossegurança de determinado
procedimento será norteado conforme o agente biológico de maior classe de risco
envolvido. Caso naoo seja possiv́el conhecer a patogenicidade desse agente, deve-se
realizar uma avaliaçaoo do risco para estimar o nível de contençaoo (BARSANO et al.
2014, p.52).
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 31
Para a manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma das
classes, devem ser atendidos os requisitos de segurança, conforme o nível decontenção necessário, que são denominados Níveis de Biossegurança
Conforme a ANVISA (BRASIL, 2004b apud BARSANO et al. 2014, p.52), a
Comissaoo Técnica Nacional de Biossegurança, também conhecida pela sigla CTNBio,
é o organismo responsável pelas atribuiçooes relativas ao estabelecimento de
normas, análise de risco, definiçaoo dos níveis de Biossegurança e classificaçaoo de
Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Segundo a CTNBio, os níveis de
Biossegurança saoo classificados em quatro:
NB-1: Nivel de Biossegurança 1
Requer procedimentos para o trabalho commicrorganismos (classe de risco 1),
que, normalmente, não causam doenças em seres humanos ou em animais de
laboratório:
 trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não
provocarem doenças;
 trabalho em bancadas abertas;
 o laboratório não fica separado das demais dependências do edifício;
 é necessário o uso de EPIs (equipamento de proteção individual): jaleco,
óculos e luvas.
Figura 08 – Exemplo de laboratório de nível NB-1
Fonte: Universidade de Oviedo (2019)
NB-2: Nivel de Biossegurança 2
Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 2)
que sejam capazes de causar doenças em seres humanos ou em animais de
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 32
laboratório, sem apresentar risco grave aos trabalhadores, à comunidade ou ao
ambiente. Trata-se de agentes não transmissíveis pelo ar.
Há tratamento efetivo e medidas preventivas disponíveis, dessa forma, o risco
de contaminação é pequeno. Especificações estabelecidas para o NB-1 e mais:
 fazer uso de autoclave;
 trabalhar em cabine de segurança biológica;
 restringir o acesso ao laboratório, pois este deve ser limitado durante os
procedimentos operacionais;
 usar proteção facial, aventais e luvas.
Figura 09 – Exemplo de Laboratório de nível NB-2
NB-3: Nivel de Biossegurança 3
Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 3)
que geralmente causam doenças em seres humanos, ou em animais, e podem
representar risco se forem disseminados na comunidade, mas, usualmente,
existemmedidas de tratamento e prevenção:
 é necessário que haja contenção para impedir a transmissão pelo ar;
 toda manipulação deverá ser realizada em cabine de segurança;
 todos os resíduos e outros materiais devem ser descontaminados ou
autoclavados antes de sair do laboratório;
 o acesso ao espaço é controlado;
 é importante ter sistemas de ventilação.
DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 33
Figura 10– Exemplo de Laboratório de nível NB-3
Fonte: Cientista trabalhando no laboratório de segurança máxima NB-3 do Instituto de Biologia da
USP (2018)
NB-4: Nivel de Biossegurança 4
Requer procedimentos para o trabalho commicrorganismos (classe de risco 4) que
causam doenças graves ou letais para seres humanos e animais, que são de fácil
transmissão por contato individual casual. Não existem medidas preventivas e de
tratamento para esses agentes:
 deve haver nível máximo de segurança;
 a instalação precisa ser construída em um prédio separado ou em uma zona
completamente isolada;
 ter cabines de segurança biológica ou com um macacão individual suprido
com pressão de ar positivo;
 controlar, de forma rigorosa, o acesso ao local (STAPENHORST, 2018, p.
p.29-31).
Figura 12 – Exemplo de laboratório nível NB-4
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Fonte: Laboratório em Wuhan (2019)
Tópico 1.4 Avaliação de risco do ambiente
Durante a avaliação de risco do ambiente, alguns aspectos específicos
precisam ser analisados. Primeiramente, deve-se elaborar uma planta que
contemple todas as áreas que serão construídas (salas de laboratório,
administração, recepção, almoxarifado, sanitários, entre outros), que deve se
basear na demanda de trabalho esperada ao longo do tempo (STAPENHORST,
2018, p. 167).
É importante também considerar o número de profissionais e pacientes
que farão uso do espaço, o qual deve ser grande o suficiente para permitir a
limpeza e a organização do local junta e proporcionalmente ao volume de
trabalho/análises que serão realizados (STAPENHORST, 2018, p. 167).
Ao elaborar o design do ambiente, também é importante considerar a
quantidade e o tamanho dos equipamentos e dos móveis que serão instalados
no local, os quais devem ser posicionados de maneira que o fluxo de trabalho
não seja interrompido (STAPENHORST, 2018, p. 167).
A avaliação de risco do ambiente também requer vistoria de toda a rede
elétrica, de água e esgoto. Todos os equipamentos de ar condicionado,
ventilação e exaustão devem ser verificados para otimizar a remoção de
aerossóis do ambiente. Por fim, deve-se realizar o gerenciamento e a avaliação
dos resíduos de acordo com as Normas de Biossegurança e adequar o projeto
às legislações federais, estaduais e municipais (STAPENHORST, 2018, p. 167).
Tópico 1.4.1: Métodos de controle microbiano
A prática do controle de micro-organismos teve início recente, há
aproximadamente 100 anos, por meio das pesquisas de Louis Pasteur, levando a
comunidade científica a crer que os micróbios seriam uma possível causa das
doenças. Para fins didáticos, e considerando a relevância do tema, abordaremos, a
seguir, as terminologias básicas usadas no controle de micro-organismos
(BARSANO et al. 2014, p.44).
Assepsia: conjunto de procedimentos utilizados para evitar a infecçaoo dos tecidos
durante as intervençooes cirúrgicas. Engloba os seguintes procedimentos:
esterilizaçaoo, desinfecçaoo e antissepsia.
Antissepsia: técnica de desinfecçaoo química utilizada para promover a destruiçaoo
ou a inativaçaoo dos micro-organismos presentes na pele, nas mucosas, em tecidos
vivos de animais ou humanos etc. Por exemplo, fazer a antissepsia das maoos antes
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de tratar determinado curativo. cheio de álcool iodado na pele antes da aplicaçaoo
de uma injeçaoo trata-se de uma degermaçaoo.
Desinfecção: adoçaoo de métodos ou produtos, físicos ou químicos, com a
finalidade de destruir (matar) ou inibir micro-organismos patogênicos em
superfićies ou em ambientes, como salas cirúrgicas e baias, a ponto de naoo mais
oferecer riscos de disseminação.
Esterilização: remoçaoo ou destruiçaoo total de micro-organismos patogênicos e
naoo patogênicos (todas as formas de vida) presentes em determinado objeto ou
material. O aquecimento é a técnica mais utilizada para destruir os
micro-organismos, incluindo as formas mais resistentes, como os endósporos. Por
exemplo, os alicates e cortadores de unha usados pelas manicures devem ser
esterilizados sempre após o uso, garantindo a segurança da próxima cliente.
Germicidas: saoo agentes químicos ou físicos capazes de eliminar (matar) os
micro-organismos. Por exemplo, virucidas matam vírus, fungicidas matam fungos,
bactericidas matam bactérias etc.
Sanitização: tratamento que ocasiona a reduçaoo da vida microbiana em
equipamentos de manipulaçaoo de alimentos, utensílios alimentares etc. até́ almejar
níveis seguros de saúde pública.
Sepse ou septicemia: contaminaçaoo bacteriana grave do organismo por micróbios
patogênicos. (BARSANO et al. 2014, p.46).
Tópico 1.4.2: Elementos de contenção
O objetivo da contenção no ambiente laboratorial é reduzir ou eliminar a
exposição da equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em
geral aos agentes potencialmente perigosos. Esses elementos são divididos em
contenção primária e contenção secundária (STAPENHORST, 2018, p.31).
A contenção primária é proporcionada por técnicas de biossegurança, nas
quais os indivíduos necessitam receber treinamento em relação a elas. Cada
unidade do estabelecimento deve desenvolver seu próprio manual de
biossegurança, identificando os riscos e os procedimentos operacionais de
trabalho, o qual deverá ficar à disposição de todos os usuários do local
(STAPENHORST, 2018, p.31-32).
Um exemplo de barreira de contenção bastante utilizada em laboratórios é a
cabine de segurança biológica, que é

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