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PROMOÇÃO À BIOSSEGURANÇA INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL ANO 2023 DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 2 INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL www.unicless.com.br www.etuni.com.br DIRETOR GERAL Prof. Fabrício Martins Rodrigues COORDENADORA GERAL Profa. Ana Carla Seixas Camacho CURSOS TÉCNICOS CONTEÚDO, REVISÃO E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EDIÇÃO DIAGRAMAÇÃO E CAPA INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL. Revisado Fevereiro/2023 DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 3 PLANO DE ENSINO 1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA DISCIPLINA PROMOÇÃO À BIOSSEGURANÇA CURSO Disciplina comum a todos os cursos técnicos da área de saúde PROFESSOR(A) COORDENADOR(A) GERAL ANA CARLA SEIXAS CAMACHO 2. EMENTA 1. Introdução a biossegurança. 2. Ambiente laboratorial e seus riscos. 3. Medidas de prevenção e controle. 4. Limpeza, desinfeção e esterilização. 5 Embalagens do processo de esterilização. 6 Unidades de saúde. 7. Normas regulamentadoras. 8. Os riscos: bacteriológico, químico, físico e radiológico. 3. OBJETIVO GERAL Oferecer subsídios técnicos para que o aluno possa refletir sobre a prática assistencial de na área da saúde e aplicar os conhecimentos na detecção, prevenção e controle das infecções hospitalares; desenvolver conhecimentos sobre a Biossegurança, a partir de conceitos e mostrar a importância da segurança do profissional de saúde no exercício de sua profissão. Além disso, discutir as principais medidas de prevenção para evitar acidentes de trabalho e buscar a conscientização de todos no uso dos equipamentos de prevenção individual. 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA Discutir os conceitos básicos e aspectos fundamentais de Biossegurança, assim como os cuidados no ambiente laboratorial para evitar acidentes; Conhecer a ação dos microrganismos multirresistentes dentro e fora do ambiente laboratorial, além das medidas de prevenção e controle; Conhecer os critérios para os processos de limpeza, desinfecção e esterilização; Identificar e discutir o que são unidades e saúde e, quais são as normas regulamentadoras de cada setor; Conhecer da normatização do Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde. 5. COMPETÊNCIAS À ADQUIRIR: 1. Reconhecer os agentes biológicos que afetam a saúde do ser humano e as ações de prevenção e controle dos danos provocados. 2. Reconhecer a técnica de lavagem das mãos como um dos procedimentos básicos no controle da infecção hospitalar. 3. Identificar e correlacionar princípios de assepsia, antissepsia, desinfecção, descontaminação e esterilização. 4. Saber as normas de segurança no trabalho de enfermagem relativas à prevenção de acidentes com perfuro cortantes. 5. Interpretar as legislações e normas de segurança e os elementos básicos de prevenção de acidentes no trabalho; 6. Conhecer da normatização do Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 4 ROTEIRO DE ACOMPANHAMENTO 1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA DISCIPLINA PROMOÇÃO À BIOSSEGURANÇA CURSO Disciplina comum a todos os cursos técnicos da área de saúde PROFESSOR(A) VIDEOAAULA 01 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E DA PROFESSORA RESPONSÁVEL TEMADA AULA: INTRODUÇÃO A BIOSSEGURANÇA FONTE BIBLIOGRÁFICA BALLESTRERI, Erica. Introdução à biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021 /cfi/26!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 05 jun. 2020. BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. 1. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536510996 /cfi/19!/4/4@0.00:53.1 Acesso em: 05 dez. 2019 BRASIL. Portaria nº 1.914, de 09 de agosto de 2011. Aprova a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2010, pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1914_09_08 _2011.html. Acesso em: 05 jun. 2020. STAPENHORST, Amanda. Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021 /cfi/17!/4/4@0.00:58.4. Acesso em: 05 jun. 2020. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 5 Tópico 1.1: História da Biossegurança A área da saúde é uma área que muitas vezes pode apresentar riscos para o trabalhador. A preocupação com esses riscos vem crescendo nos últimos anos, devido ao aumento do conhecimento sobre contaminações microbiológicas, além da descoberta da AIDS e da hepatite e dos seus métodos de transmissão. Com isso, foram sendo criadas normas e métodos de regulamentação no sentido de proteger a saúde do trabalhador (STAPENHORST, 2018, p. 18). As origens da Biossegurança, principalmente no tocante às pesquisas envolvendo organismos geneticamente modificados (OGMs), seus riscos, consequências e outros fatores relevantes devem ser considerados de grande importância para o avanço da Biotecnologia; mas com implementaçooes de medidas de segurança aos profissionais envolvidos, além de reflexooes sobre os seus impactos no mundo contemporâneo, essas medidas puderam ser transpostas para diversas subáreas da saúde (BARSANO, et. al., 2014, p. 19). Segundo Goldim (1997 apud COSTA; COSTA, 2002) a lógica da construção do conceito de biossegurança, teve seu início na década de 1970 na reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. O entusiasmo inicial, porém, extinguiu-se quando o surgimento de diversos casos de infecçaoo nos animais dos laboratórios começou a despertar nos cientistas a preocupaçaoo com a segurança dos trabalhadores diretos e a saúde pública em geral. Os ińdices de vírus tumorais nas cobaias alertaram para a possibilidade de uma contaminaçaoo generalizada (epidemia), se naoo houvesse medidas de contençaoo que evitassem a proliferaçaoo desses organismos no ambiente laboral (BARSANO, et. al., 2014, p. 21). Pensando nos riscos e também nos aspectos éticos da Engenharia Genética, em 1975, foi realizada a Conferência de Asilomar, em Pacific Grove, nos Estados Unidos, quando 140 especialistas americanos e estrangeiros reuniram-se para discutir a proposta de moratória (suspensaoo) nas pesquisas de manipulaçaoo genética (BARSANO, et. al., 2014, p. 21). Dentre outras propostas, determinava resumidamente: alertar para os riscos biológicos no manuseio das moléculas de DNA recombinante; identificar riscos e seus efeitos adversos, assim como danos/consequências; supervisionar um programa experimental para avaliar os potenciais perigos biológicos e ecológicos; criar procedimentos que minimizem a dispersaoo de moléculas potencialmente perigosas; DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 6 elaborar protocolos a serem seguidos pelos investigadores e outras diretrizes para os profissionais que trabalham com essas moléculas (BARSANO, et. al., 2014, p. 22). A Conferência foi um marco histórico, e, apesar de os conceitos e definiçooes de Biossegurança terem surgido anos depois, suas diretrizes servem como referência para a prevençaoo de riscos biológicos até́ hoje (BARSANO, et. al., 2014, p. 22). Algumas medidas chamam a atençaoo pela simplicidade em sua aplicaçaoo e pela obviedade, mas naoo eram realizadas por falta de experiência dos profissionais, ignorância quanto aos riscos a que estavam sujeitos ou ausência de protocolos de procedimentos, como: criaçaoo de barreiras adicionais para as experiências mais perigosas; naoo comer, beber ou fumar no laboratório; rápida desinfecçaoo do material contaminado;o dispositivo principal utilizado para DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 36 proporcionar a contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos provocados por inúmeros procedimentos microbiológicos (STAPENHORST, 2018, p.32). Já a contenção secundária diz respeito ao planejamento e à construção das instalações do laboratório, de forma a contribuir para a proteção da equipe de trabalho, das pessoas que se encontram fora do laboratório, da comunidade e do meio ambiente contra agentes infecciosos que podem ser liberados acidentalmente do laboratório (STAPENHORST, 2018, p.32). As barreiras secundárias incluem, tanto o projeto, como a construção das instalações e da infraestrutura do laboratório. Essas características do projeto incluem: sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar unidirecionado; sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou a remoção do ar liberado; zonas de acesso controlado; câmaras pressurizadas com entradas separadas para o laboratório ou módulos para isolamento do laboratório (STAPENHORST, 2018, p.33). TEMA DA AULA: Os riscos: bacteriológico, quimico, fisico e radiológico e suas medidas de prevenção e controle FONTE BIBLIOGRÁFICA BALLESTRERI, Erica. Introdução à biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021 /cfi/26!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 05 jun. 2020. BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. 1. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536510996 /cfi/19!/4/4@0.00:53.1 Acesso em: 05 dez. 2019 BRASIL. Portaria nº 1.914, de 09 de agosto de 2011. Aprova a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2010, pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1914_09_08 _2011.html. Acesso em: 05 jun. 2020. STAPENHORST, Amanda. Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024021 /cfi/17!/4/4@0.00:58.4. Acesso em: 05 jun. 2020 DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 37 Tópico 2: Conceitos de perigo e risco Para os leigos, é natural confundir risco com perigo, afinal saoo termos comumente usados no cotidiano das pessoas. Porém, quando falamos em Biossegurança, é necessário defini-los de forma mais técnica, tendo em vista a finalidade do tema, qual seja, a preservaçaoo da integridade física dos profissionais que trabalham em ambiente laboratorial (BARSANO et al. 2014, p.37) Perigo é uma palavra de origem latina, periculum (contingência iminente ou naoo de perder alguma coisa ou de que suceda um mal). Em outras palavras, é a concretizaçaoo de um dano indesejado, de um evento prejudicial à integridade fiśica, à psíquica ou ao patrimônio (BARSANO et al. 2014, p.38). Veja, a seguir, dois exemplos práticos: Perigos de queda de objetos: em uma obra de construçaoo civil, os trabalhadores estaoo constantemente sujeitos aos perigos de quedas de ferramentas de trabalho, blocos de cimento, madeira ferragem etc. sobre suas cabeças, podendo ocorrer, numa dessas eventuais quedas, apenas um incidente ou um acidente leve, um grave ou até mesmo um fatal. Perigos de acidentes de transito: durante o percurso de um motociclista numa via de trânsito rápido, ele está cercado de perigos de acidentes envolvendo a motocicleta e outros veículos, colisooes entre veículos, até mesmo a queda de pedaços de um viaduto sobre a moto naquele instante etc (BARSANO et al. 2014, p.38). Risco, ao contrário de perigo, denota incerteza em relaçaoo a um evento futuro, podendo ser definido como a probabilidade de ocorrer, de concretizar-se esse evento indesejado (perigo) (BARSANO et al. 2014, p.38). Dessa definiçaoo, podemos estabelecer a seguinte fórmula: R = P . E Em que: R = RISCO P = PERIGO E = EXPOSIÇÃO Fonte: Barsano et. al. (2014, p. 38). Tópico 2.1: Tipos de Risco e suas classificações Os riscos individuais e coletivos de acidentes de laboratório podem ser classificados em riscos químicos, físicos, biológicos, ambientais e ergonômicos. A DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 38 eficácia e o controle dos riscos de biossegurança estão diretamente relacionados com o conhecimento teórico do profissional sobre os riscos presentes no seu ambiente de trabalho, com a gravidade de cada fator e com a mudança comportamental necessária para que ele consiga perceber a existência desses riscos (STAPENHORST, 2018, p. 162). 1. Riscos de Acidentes: É o risco de ocorrência de um evento negativo e indesejado do qual resulta uma lesão pessoal ou dano material (STAPENHORST, 2018, p. 162). 2. Riscos Ergonômicos: estão relacionados com a adequação do sujeito ao seu ambiente de trabalho, mais especificamente associado à postura inadequada e/ou prolongada e a erros posturais durante o manejo de pacientes, equipamentos e materiais. A presença de móveis não adequados, ou seja, dos não reguláveis e com tamanho/altura que não favoreça um bom ambiente de trabalho, também é categorizada como um risco ergonômico. Em resumo, qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde (STAPENHORST, 2018, p. 162). 3. Riscos Fisicos: Está relacionado às diversas formas de energia, como pressões anormais, temperaturas extremas, ruído, vibrações, radiações ionizantes (Raio X, Iodo 125, Carbono 14), ultrassom, radiações não ionizantes (luz Infra-vermelha, luz Ultravioleta, laser, microondas), a que podem estar expostos os trabalhadores. Todos esses fatores podem resultar em desconforto auditivo, visual e térmico, além disso, também podem ocasionar lesões oculares por radiação ultravioleta, alterações morfológicas de células sanguíneas, alterações da capacidade reprodutiva do homem e da mulher, efeitos teratogênicos, radiodermites e carginogênese (STAPENHORST, 2018, p. 162). 4. Riscos Quimicos: Refere-se à exposição a agentes ou substâncias químicas na forma líquida, gasosa ou como partículas e poeiras minerais e vegetais, presentes nos ambientes ou processos de trabalho, que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão, como solventes, medicamentos, produtos químicos utilizados para limpeza e desinfecção, corantes, entre outros (STAPENHORST, 2018, p.77). Esses riscos podem ocasionar queimadura de pele e mucosas, dermatites de contato, alergias respiratórias, intoxicações agudas e crônicas, alterações morfológicas de células sanguíneas, conjuntivites químicas e carcinogênese (STAPENHORST, 2018, p. 162). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 39 5. Riscos Biológicos (segundo NR32): Este manual faz referência aos perigos relativos de microrganismos infecciosos, por classes de risco (Classes de Risco 1, 2, 3 e 4 da Organização Mundial da Saúde - OMS). A exposição ocupacional a riscos biológicos, ou seja, a materiais possivelmente contaminantes, é definida por Valim e Marziale (2011) como “[...] a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho e as formas de exposição incluem inoculação percutânea, por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o contato direto com pele e/ou mucosas” (VALIM; MARZIALE, 2011 apud STAPENHORST, 2018, p. 162). Tópico 2.2: Medidas de Prevenção e Controle As medidas de prevençaoo e controle em serviços e procedimentos ligados à saúde são de extrema importância paraproteção daqueles que exercem atividades de Enfermagem, de laboratórios e de procedimentos cirúrgicos, nos atendimentos odontológicos e na segurança alimentar hospitalar, por meio de dispositivos administrativos, coletivos e individuais de proteçaoo (BARSANO et al. 2014, p.59). Tópico 2.3: Medidas de prevenção administrativa A primeira medida a ser implementada deve ter como objetivo a orientaçaoo e a comunicaçaoo. Os trabalhadores passam por um processo de conscientizaçaoo dos riscos, dos seus direitos adquiridos para o acesso a dispositivos de proteçaoo e também das suas obrigaçooes para o cumprimento das normas de segurança. As medidas administrativas saoo, portanto, as primeiras iniciativas a serem tomadas, sem as quais naoo há como delegar direitos e obrigaçooes a serem cumpridos (BARSANO et al. 2014, p.59). Saoo as seguintes: ordens de serviços, pareceres e instruçooes técnicas implantadas; restriçooes impostas pelo empregador na entrada e said́a de locais de risco; procedimentos de trabalho e execuçaoo de serviços; preceitos de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) (BARSANO et al. 2014, p.60). Tópico 2.4: Medidas de prevenção coletiva Seguindo as diretrizes em Segurança do Trabalho, as medidas de prevençaoo coletiva devem ser priorizadas em relaçaoo às individuais, pois além de proteger um número maior de pessoas, seus procedimentos e dispositivos, quando naoo eliminam totalmente os riscos, reduzem de maneira significativa sua ocorrência, desde que obedeçam a alguns critérios na sua aplicaçaoo, como ser adequados ao risco que será neutralizado, naoo criar outros tipos de riscos, permitir serviços de DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 40 manutençaoo e limpeza e ser resistentes a impactos, corrosooes e outros desgastes naturais e de uso (BARSANO et al. 2014, p.60). Em qualquer atividade laboral, as medidas de prevençaoo coletiva devem ter como objetivos a proteçaoo dos colaboradores internos, mas também de toda a comunidade à sua volta, o que na Biossegurança é essencial, pois os riscos biológicos impooem a dificuldade adicional de naoo serem visiv́eis (BARSANO et al. 2014, p.60). Nisso reside a importância das barreiras secundárias de contençaoo dos agentes, sem as quais haveria um perigo enorme nas ocorrências de riscos biológicos, fiśicos e químicos. Dispositivos para a higienizaçaoo dos profissionais e instrumentos de trabalho (pias laboratoriais, autoclave), barreiras de contençaoo conforme o grau de risco biológico, cabines blindadas contra riscos radiológicos (raios X) e dispositivos de emergência para acidentes com produtos químicos (chuveiros, lava-olhos ou duchas) saoo alguns dos exemplos para atender a esses objetivos de segurança que podemos citar (BARSANO et al. 2014, p.60). Tópico 2.5: Medidas de prevenção individual Em relaçaoo aos dispositivos de proteçaoo individuais, a Norma Regulamentadora no 6 da legislaçaoo em Segurança e Medicina do Trabalho disponibiliza, em sua relaçaoo oficial, diversos equipamentos de proteçaoo individual (EPIs), que saoo todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador, e, no caso da Biossegurança, a limitar o contato commateriais infectantes (BARSANO et al. 2014, p.61). O uso do EPI nas áreas de saúde e laboratorial tem uma importância iḿpar no controle de riscos, pois também tem como papel a contençaoo dos riscos no ambiente interno; o mais recomendado é a utilizaçaoo de produtos descartáveis para o controle de micro-organismos (como luvas), ou, em último caso, de um eficiente processo de esterilizaçaoo, já que, por uma questaoo de custos, ficaria inviável o descarte de EPIs mais caros em todos os processos de trabalho, a naoo ser em casos extremamente excepcionais (BARSANO et al. 2014, p.61). Tópico 2.6: Equipamentos de proteção individual e coletiva Devido à exposição constante do profissional da saúde a inúmeros fatores de risco, a utilização dos equipamentos de proteção individual e coletiva assume um papel de grande importância para a preservação da saúde do trabalhador. Assim, é preciso que o profissional saiba reconhecer a necessidade desses equipamentos para o bom funcionamento do ambiente de trabalho e de que maneira o seu uso adequado pode minimizar os ricos relacionados às tarefas laborais (STAPENHORST, 2018, p.141). EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 41 A prevenção de doenças infecciosas em ambientes de prestação de serviços de saúde exige que certas precauções sejam adotadas, entre elas, destaca-se o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs) (STAPENHORST, 2018, p.141). Esses equipamentos necessitam do certificado de aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que é o órgão governamental responsável pela análise e pela aprovação da comercialização desses produtos (STAPENHORST, 2018, p.141-142). Inicialmente, é importante citar que a empresa é obrigada a fornecer os EPIs para todos os seus funcionários que estiverem nas situações em que as medidas gerais de segurança não garantam proteção completa contra os riscos presentes no ambiente, caso as medidas de proteção coletiva ainda não estejam totalmente implantadas ou quando o profissional estiver em uma situação de emergência (STAPENHORST, 2018, p.142). Os EPIs não são destinados apenas para a proteção da saúde do profissional, mas também visam à prevenção e, consequente, à minimização do risco de transmissão de doenças infectocontagiosas. Os EPIs que devem ser utilizados estão sempre relacionados ao potencial risco de exposição a fluidos orgânicos (sangue e outros líquidos corporais), contato direto com lesões cutâneas, mucosas e cuidados envolvendo procedimentos invasivos (STAPENHORST, 2018, p.142). A Norma Regulamentadora no 6 (NR-6) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divide os EPIs em nove grupos diferentes, classificados de acordo com a parte do corpo para qual oferecem proteção (BRASIL, 1978 apud (STAPENHORST, 2018, p.142): Proteção da cabeça: capacete, capuz ou balaclava. Proteção dos olhos e face: óculos, máscara de solda e protetor facial. Proteção auditiva: protetor auditivo. Proteção respiratória: purificador de ar não motorizado, purificador de ar motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido, respirador de adução de ar tipo máscara autônoma e respirador de fuga (STAPENHORST, 2018, p.142). Quadro resumo – Equipamentos de uso individual EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO AVENTAL OU JALECO DE USO DIÁRIO O avental de uso diário serve para identificar o profissional e proteger as roupas. preferencialmente, ser de mangas longas e ter comprimento abaixo dos joelhos. Mesmo sendo o jaleco de uso diário, ele deve sempre ser abotoado e utilizado apenas no local de trabalho. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 42 EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO AVENTAL OU JALECO PARA PROCEDIMENTOS NÃO INVASIVOS Destinado para situações em que o profissional sabidamente entrará em contato com fluidos orgânicos (coleta de sangue, aplicação de vacinas, exames clínicos, entre outros). O avental de tecido não estéril deve, obrigatoriamente, ter mangas longas e comprimento abaixo dos joelhos. AVENTAL OU JALECO PARA PROCEDIMENTOS NÃO INVASIVOS - DESCARTÁVEL Também existe o avental descartável não estéril, o qual também tem mangas longas e comprimento abaixo do joelho, entretanto, esse tipo de jaleco é utilizado durante procedimentos de isolamento e é descartado logo após o uso. AVENTAL CIRÚRGICO PARA PROCEDIMENTOS INVASIVOS É diferenciado, pois, além de passar pelo processo de esterilização, é longo, tem mangas cumpridas e punhos ajustáveis, os quais têm uma alça de fixação no polegar (evita que as mangas se desloquem durante o procedimento). Esse tipo de avental para procedimentos invasivos é utilizado apenas em cirurgias de grande porte, nas quais a exposição ao sangue e a outros fluidos corporais é alta.GORRO O gorro deve ser utilizado para evitar a queda de cabelo em materiais ou locais estéreis. O uso adequado do gorro requer que este recubra todo o cabelo e as orelhas do profissional. Ele precisa ser descartado imediatamente após o uso. LUVAS As luvas devem ser utilizadas sempre que o profissional da saúde entrar em contato direto com um indivíduo, fluidos orgânicos, fezes, produtos químicos ou temperaturas extremas, conforme as classificações abaixo: Luvas de látex: procedimentos em geral, visando à proteção contra agentes biológicos e soluções químicas diluídas (exceto solventes orgânicos). Luvas de cloreto de vinila (PVC) e látex nitrilico: procedimentos que, em geral, visam à proteção contra agentes biológicos e produtos Luvas de látex Luvas de PVC DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 43 EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO químicos ácidos, cáusticos e solventes. Luvas de fibra de vidro com polietileno reversivel: proteção contra materiais cortantes. Luvas de fio kevlar tricotado: manuseio de materiais com temperaturas até 250 °C. Luvas térmicas de nylon: manuseio de materiais com temperaturas ultrabaixas, tais como freezer -80 °C e nitrogênio líquido (-195 °C). Luvas de borracha: utilizadas para a realização de serviços gerais de limpeza e descontaminação. Obs.: A remoção das luvas deve ser realizada com cuidado para evitar que a superfície contaminada entre em contato com as mãos do profissional. Luvas de borracha Luvas de látex nitrilico Luvas de fibra de vidro com polietileno reversivel Luvas de fio kevlar tricotado Luvas térmicas de nylon PROTETOR OCULAR E/OU FACIAL Este deve ser usado quando houver risco de contaminação dos olhos e/ou da face com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excretas, não sendo de uso individual. O profissional deve utilizar o protetor ocular e/ou facial em todas as situações que podem gerar respingos de sangue e/ou gotículas de outras secreções corporais possivelmente contaminantes. Geralmente, os óculos e/ou protetores faciais são fabricados com materiais rígidos (acrílico ou polietileno), visando a evitar a ocorrência de respingos pelas porções superiores e laterais dos olhos. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 44 EPI CARACTERÍSTICA EXEMPLO SAPATOS E BOTAS Recomenda-se que o profissional da saúde utilize exclusivamente sapatos fechados e, se possível, impermeáveis. MÁSCARAS Deve ser usada quando houver risco de contaminação da face com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excretas. É utilizada para evitar a transmissão de gotículas ou em procedimentos em que materiais estéreis sejam utilizados. As máscaras também protegem ou minimizam a inalação de gases, poeiras, névoas e voláteis e podem ser de tecido, sintéticas e com filtro. N95 Os filtros PFF (peças faciais filtrantes) são classificados da seguinte forma: PFF1: poeiras e névoas. PFF2: poeiras, névoas, fumos e agentes biológicos/voláteis. PFF3: poeiras, névoas, fumos, radionuclídeos e preparação de quimioterápicos e citostáticos/voláteis. Fonte: Stapenhorst (2018, p. 143-144) EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA Os EPCs são sistemas de contenção que têm como objetivo minimizar ou eliminar a exposição a fatores de riscos de todos os profissionais presentes em determinado ambiente de trabalho (STAPENHORST, 2018, p.145). Os EPCs não se limitam apenas a equipamentos específicos, mas também a medidas de prevenção simples, como a ventilação do local, com exaustores e condicionadores de ar, placas sinalizadoras, pisos antiderrapantes, corrimãos e extintores de incêndio (STAPENHORST, 2018, p.145). Entretanto, outros tipos de EPCs são utilizados em ambientes de prestação de serviços de saúde que têm finalidades especificas de acordo com o tipo de procedimento realizado: DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 45 Quadro resumo – Equipamentos de uso coletivo EPC CARACTERÍSTICA CHUVEIRO DE EMERGÊNCIA para banhos em caso de acidentes com produtos químicos e fogo. É instalado em local de fácil acesso, sendo acionado por alavancas de mão, cotovelos ou joelhos. LAVA-OLHOS usado em casos de acidentes na mucosa ocular, promovendo a remoção da substância e diminuindo os danos. AUTOCLAVE Para o processo de esterilização de materiais ou resíduos produzidos em laboratório, diminuindo os efeitos contaminantes dos resíduos sobre o meio ambiente. CABINES DE SEGURANÇA BIOLÓGICA Protege o profissional e o ambiente laboratorial dos aerossóis potencialmente infectantes que podem se espalhar durante a manipulação dos materiais biológicos. Alguns tipos de cabine protegem também o produto manipulado do contato com o meio externo, evitando a contaminação. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 46 EPC CARACTERÍSTICA CABINES DE EXAUSTÃO QUÍMICA Protege o profissional da inalação de vapores e gases liberados por reagentes químicos e evita a contaminação do ambiente laboratorial, retirando do ambiente laboral os vapores e os gases nocivos. Fonte: Stapenhorst (2018, p. 145-146) Tópico 3: Gerenciamento de residuos de saúde O gerenciamento de resíduos da saúde é uma das etapas mais relevantes para o bem estar social. De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e a Resoluçaoo CONAMA no 358/2005, os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) saoo definidos como geradores de todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analit́icos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulaçaoo; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares. (BRASIL, 2006b, p. 28 apud BARSANO et al. 2014, p.70) Tópico 3.1: Classificação dos residuos de saúde (RSS) A classificaçaoo dos resíduos pode ser considerada uma das etapas mais relevantes quando se almejam bem-estar social e saúde mais humana. Preservar a natureza, a integridade física dos seres humanos e garantir uma saúde de qualidade, que previna novos males a populaçaoo costumeira, devem ser uma de suas prioridades essenciais. De acordo com a RDC ANVISA no 306/2004 a Resolução CONAMA no 358/2005, e a nova Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 222 de 27/03/2018, os RSS saoo classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E: DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 47 Figura 13 – Classificação e identificação dos resíduos segundo a ANVISA Fonte: ANVISA (s/d) Grupo A: engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentraçaoo, podem apresentar risco de infecçaoo. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras. Grupo B: contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplos: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros. Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminaçaoo especificados nas normas da Comissaoo Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como, por exemplo, serviços de medicina nuclear e radioterapia etc. Grupo D: naoo apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resid́uos domiciliares. Exemplos: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 48 Grupo E: materiaisperfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares. (BRASIL, 2006b, p. 28-29) Tópico 3.2: Manuseio, controle e descarte de residuos com risco biológico A exposição ocupacional a riscos biológicos, ou seja, a materiais possivelmente contaminantes, é definida como "a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho e as formas de exposição incluem inoculação percutânea, por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o contato direto com pele e/ou mucosas”. O contato com materiais potencialmente contaminantes faz com que o profissional da saúde esteja sempre vulnerável a adquirir infecções graves e que causam grandes prejuízos à saúde, tais como os vírus da imunodeficiência humana (HIV, do inglês human immunodeficiency virus), da hepatite B (HBV) e da hepatite C (HCV). Os resíduos biológicos resultantes da prestação de serviço à saúde são classificados em grandes grupos diferentes: Grupo A, D e E. O manuseio desses resíduos sempre deve ser realizado com equipamentos de proteção individual (EPIs), ou seja, o profissional deve utilizar luvas, máscaras, uniforme com mangas compridas e protetores de calçados. Além disso, é indicado que a coleta seja realizada, no mínimo, duas vezes ao dia ou sempre que atingirem 2/3 do volume máximo do recipiente. Os sacos devem ser fechados e conduzidos até o local destinado para esse fim, chaveado e com o acesso restrito aos funcionados da equipe de higienização. Os resíduos do Grupo A possuem subclasses que dependem do tipo de resíduo gerado: A1: resíduos de cultura e estoques de microrganismos, material proveniente de campanhas de vacinação, material resultante da atenção à saúde de indivíduos com suspeita ou certeza de contaminação por agentes da Classe de Risco 4 e bolsas de transfusão commaterial rejeitado. A2: carcaças, peças anatômicas e vísceras de animais utilizados em pesquisa experimental. A3: peças anatômicas de seres humanos e produtos de fecundação sem sinais vitais e com peso menor que 500g. A4: acessos arteriais, endovenosos, utilizados para diálise, sobras de amostras de laboratórios, tecido adiposo, peças anatômicas provenientes de procedimentos cirúrgicos, bolsas de transfusão vazias. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 49 A5: órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes e outros materiais resultantes da prestação de serviços à saúde, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. O armazenamento externo dos resíduos do Grupo A se dá com o acondicionamento em contêiner, fornecido pela empresa de recolhimento e tratamento de resíduos terceirizada, com tampa e identificação adequadas. Esse local deve permanecer constantemente chaveado e esses resíduos devem ser apenas recolhidos pela empresa terceirizada responsável pelo descarte final do material. Já os resíduos do Grupo D são recolhidos conforme a tabela de coleta do DMLU de cada município. Tópico 3.3: O manuseio demateriais perfurocortantes Durante a década de 1980, devido à epidemia do vírus HIV, os profissionais da saúde ficaram mais atentos e preocupados com possíveis contaminações relacionadas à prestação de serviços da saúde em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA, do inglês acquired immunodeficiency syndrome – AIDS). Posteriormente, vários métodos de prevenção primária foram estabelecidos, tais como o uso dos EPIs, o manuseio adequado do material e, também, os programas de conscientização e educação continuada. É importante sempre manter em mente que qualquer etapa do manuseio de material perfurocortante é uma situação de risco. Além disso, o fato de tentar realizar mais de um procedimento ao mesmo tempo e a maneira como o material é utilizado podem aumentar ainda mais a chance de ocorrer um acidente de trabalho. O manejo dos materiais perfurocortantes requer cuidados especiais quando comparados com outros tipos de resíduos, o que é dividido em diferentes etapas: segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário e externo, tratamento, coleta e transporte externo e descarte final. A etapa de identificação dos resíduos deve ser realizada para indicar qual tipo de risco biológico (agente) pode estar presente no material descartado. O esvaziamento e o reaproveitamento das caixas de descarte de materiais perfurocortantes são proibidos, sendo assim, o volume de acondicionamento (2/3) deve ser compatível com a quantidade de resíduo gerada. Quanto ao descarte dos resíduos perfurocortantes, as agulhas devem ser descartadas juntamente com a seringa e o profissional não deve quebrar, entortar ou recapar agulhas ou qualquer outro tipo de perfurocortante após uso. A RDC 306 também estabeleceu que os resíduos perfurocortantes gerados durante a prestação de serviço de assistência domiciliar devem ser acondicionados e coletados por profissionais treinados. Durante o transporte manual do recipiente utilizado para o descarte de material perfurocortante, jamais deixe que a caixa entre em contato com o seu DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 50 corpo ou arraste a caixa até o seu local de acondicionamento temporário. É importante citar que o transporte interno deve ser realizado em momentos de baixo fluxo de pessoas pelo ambiente e feito por equipe responsável pelo serviço, com treinamento específico para essa atividade, sempre fazendo uso adequado dos EPIs. Os recipientes devem ser lacrados e transportados até um local específico para o seu armazenamento temporário. O acesso a esse local deve ser restrito a funcionários treinados, juntamente com a empresa terceirizada responsável pela coleta e pelo descarte final do resíduo de tipo E. TEMA DA AULA: Limpeza, desinfeção e esterilização FONTE BIBLIOGRÁFICA BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2009. 109 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/seguranca_paciente_servicos _saude_higienizacao_maos.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020. BRASÍLIA. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde (org.). Higienização das mãos na assistencia à saúde. 2017. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2374-higienizacao-das-maos-n a-assistencia-a-saude. Acesso em: 10 ago. 2020. BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. CONASS (org.). Manual de Higienização e Limpeza. Disponível em: https://www.conass.org.br/liacc/manual-de-higienizacao-e-limpeza/. Acesso em: 08 jun. 2020. STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. SUS.Manual de normas e rotinas para o processamento de materiais de enfermagem/médico/odontológico. Campinas: Secretaria Municipal de Saúde, 2014. 76 p. Disponível em: http://www.saude.campinas.sp.gov.br/saude/enfermagem/Manual_Esterel izacao_SMS_Campinas_versao_final_rev2015.pdf. Acesso em: 08 jun. 2020. Tópico 1: Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares As técnicas de limpeza e esterilização são imprescindíveis para o controle de infecções, pois é pelo seu uso que garantimos a completa eliminação dos agentes biológicos que podem contaminar produtos e materiais. Os procedimentos realizados no ambiente de serviços de saúde, na sua maior parte, necessitam de instrumentos que entram em contato direto com vários pacientes e fluidos corporais (STAPENHORST, 2018, p. 151). Os ambientes que prestam serviços à saúde, sejam eles hospitais, laboratórios clínicos ou experimentais e clínicas particulares, concentram, no mesmo local, pessoas, equipamentos, livros, vidrarias e inúmeros outros materiais. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 51 Sendo assim, a limpeza e a higienização devem ser executadas rigorosamentee com cuidados especiais (STAPENHORST, 2018, p. 151-152). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a limpeza e a higienização do ambiente fazem parte dos critérios mínimos para a qualidade e o funcionamento adequado dos locais que oferecem atendimento à saúde (STAPENHORST, 2018, p. 152). Um dos principais fatores que justificam tamanha importância das técnicas de limpeza e higienização desses ambientes é a grande rotatividade de pessoas, o que acontece em inúmeros locais, desde lojas, shoppings e restaurantes, porém, os indivíduos que fazem uso do serviço ali prestado geralmente estão doentes, sendo assim, há, constantemente, a manipulação de fluidos orgânicos potencialmente contaminados (STAPENHORST, 2018, p. 152). Os ambientes de saúde também são classificados de acordo com o risco: Os ambientes criticos são aqueles com maior número de pacientes graves e os que realizam procedimentos invasivos e análises de materiais orgânicos potencialmente contaminados, tais como os centros cirúrgicos, os centros de terapia intensiva (CTI), os centros de esterilização, os centros de hemodiálise e os laboratórios clínicos. As áreas semicriticas são aquelas onde os pacientes internados estão e onde o risco de infecção é menor, como, por exemplo, enfermarias quartos, ambulâncias e ambulatórios. As áreas não criticas todos os setores onde não existe risco de contaminação, como salas de reuniões e refeitórios, por exemplo (STAPENHORST, 2018, p. 152). Tópico 1.1: Lavagem e higienização das mãos Uma das grandes dificuldades que afetam a Medicina, até os dias de hoje, é a prevençaoo e o controle das infecçooes relacionadas à assistência à saúde. Desde 1846, uma simples medida, como a higienizaçaoo apropriada das maoos é considerada a mais importante para reduzir a transmissaoo de infecçooes nos serviços de saúde (CDC, 2002; LARSON, 2001 apud BARSANO et al. 2014, p.73). O médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis (1818-1865) conseguiu comprovar a íntima relaçaoo da febre puerperal com os cuidados médicos. Ele percebeu que os médicos que iam diretamente da sala de autópsia para a de obstetrícia tinham odor desagradável nas maoos (BARSANO et al. 2014, p.73). Depois disso, Semmelweis pressupôs que a febre puerperal que afetava tantas parturientes fosse causada por partićulas cadavéricas transmitidas da sala de autópsia para a ala obstétrica por meio das maoos de estudantes e médicos. Por DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 52 volta de maio de 1847, ele insistiu que estudantes e médicos lavassem suas maoos com soluçaoo clorada após as autópsias e antes de examinar as pacientes da clińica obstétrica. No mês seguinte a essa intervençaoo, a taxa de mortalidade caiu de 12,2% para 1,2% (MACDONALD, 2004 apud BARSANO et al. 2014, p.74). As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes. A pele é um possível reservatório de diversos microrganismos que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminadas (BRASÍLIA, 2017). É a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o termo “lavagem das mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido à maior abrangência deste procedimento. O termo engloba desde a higienização simples até a antissepsia cirúrgica das mãos (BRASÍLIA, 2017). PARA QUE HIGIENIZAR AS MÃOS? Remoção de sujeira, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e microrganismos da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato; prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. Para a higienização das mãos utiliza-se: água e sabão, preparação alcoólica e antisséptica, de acordo com as situações (BRASÍLIA, 2017). Para prevenir a transmissão de microrganismos pelas mãos, três elementos são essenciais para essa prática: agente tópico com eficácia antimicrobiana; procedimento adequado ao utilizá-lo, com técnica adequada e no tempo preconizado; e adesão regular ao seu uso, nos momentos indicados (ROTTER, 1996 apud BRASIL, 2009, p. 39). HIGIENIZAÇAAO SIMPLES DAS MAAOS A higienizaçaoo simples das maoos tem por objetivo remover os micro-organismos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como as células mortas, o suor, a oleosidade etc. Remove a sujidade propícia à permanência e à proliferaçaoo de micro-organismos (BARSANO et al. 2014, p.75). Esse método de higienizaçaoo possui duraçaoo aproximada de 40 a 60 segundos e, de forma prática, consiste nas seguintes etapas (BRASIL, 2007, p. 29-35). O sabonete comum não contém agentes antimicrobianos ou os contém em baixas concentrações, funcionando apenas como conservantes. Os sabonetes para uso em serviços de saúde podem ser apresentados sob várias formas: em barra, em preparações líquidas (as mais comuns) e em espuma (BRASIL, 2009, p. 39). Em geral, a higienização com sabonete líquido remove a microbiota transitória, tornando as mãos limpas. Esse nível de descontaminação é suficiente para os DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 53 contatos sociais em geral e para a maioria das atividades práticas nos serviços de saúde (BRASIL, 2009, p. 39). Figura 14 - Técnica de Higienização simples das mãos (ilustrada) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 54 Fonte: ANVISA (s/d) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 55 As mãos devem ser higienizadas com água e sabonete nas seguintes situações: Quando estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais. Ao iniciar e terminar o turno de trabalho. Antes e após ir ao banheiro. Antes e depois das refeições. Antes de preparar alimentos. Antes de preparar e manipular medicamentos. Antes e após contato com paciente colonizado ou infectado por Clostridium difficile. Após várias aplicações consecutivas de produto alcoólico. Nas situações indicadas para o uso de preparações alcoólicas. HIGIENIZAÇAAO ANTISSÉPTICA DAS MAAOS De acordo com a ANVISA (BRASIL, 2007), a higienizaçaoo antisséptica das maoos tem por objetivo promover a remoçaoo de sujidades (óleos, suor, sangue etc.) e de micro-organismos (fungos e bactérias, por exemplo), diminuindo a carga microbiana das maoos com o uso de um antisséptico (BARSANO et al. 2014, p.75). É uma técnica simples de higienizaçaoo, com duraçaoo aproximada de 40 a 60 segundos, semelhante àquela utilizada para higienizaçaoo simples das maoos, porém com a substituiçaoo do sabaoo por um antisséptico, por exemplo, o antisséptico degermante (BARSANO et al. 2014, p.75). Os agentes antissépticos utilizados para a higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana imediata e efeito residual ou persistente. Não devem ser tóxicos, alergênicos ou irritantes para a pele. Recomenda-se que sejam agradáveis de utilizar, suaves e, ainda, custo-efetivos (BRASIL, 2009, p. 42). FRICÇAAO ANTISSÉPTICA DAS MAAOS Ainda conforme a ANVISA (BRASIL, 2007), a fricçaoo antisséptica das maoos (com preparaçooes alcoólicas) tem por objetivo diminuir a carga microbiana das maoos, sem a remoçaoo de sujidades, ou seja, quando as maoos naoo estiverem visivelmente sujas, autilizaçaoo de gel alcoólico a 70% ou de soluçaoo alcoólica a 70% com 1% a 3% de glicerina pode substituir a higienizaçaoo com água e sabaoo (BARSANO et al. 2014, p.76). Esse método de higienizaçaoo possui duração aproximada de 20 a 30 segundos e, de forma prática, consiste nas seguintes etapas (BRASIL, 2007, p. 38-39): DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 56 Figura 15 – Técnica de fricção antisséptica das mãos (ilustrada) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 57 Fonte: ANVISA (s/d) ANTISSEPSIA CIRÚRGICA DAS MAAOS Também conforme a ANVISA (BRASIL, 2007), a antissepsia cirúrgica (preparo pré-operatório) das maoos tem como objetivo eliminara microbiota transitória da pele e reduzir a microbiota residente, além de proporcionar efeito residual na pele do profissional de saúde (BARSANO et al. 2014, p.77). No preparo cirúrgico das maoos, as escovas utilizadas devem ser de cerdas macias e descartáveis, impregnadas ou naoo de antisséptico e de uso exclusivo no leito ungueal e no subungueal. Para que esse procedimento seja eficaz, recomenda-se fazer a antissepsia cirúrgica das maoos e dos antebraços com antisséptico degermante (BARSANO et al. 2014, p.77). Com duraçaoo aproximada de 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia e de 2 a 3 minutos para as cirurgias subsequentes (sempre seguir o tempo de duraçaoo recomendado pelo fabricante), realizar as seguintes etapas (BRASIL, 2007, p. 41-46): DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 58 Figura 16 - Antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos (ilustrada) Fonte: ANVISA (s/d) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 59 Tópico 1.2: Limpeza de produtos e superficies Conforme a ANVISA: “O Serviço de Limpeza e Desinfecçaoo de Superfićies em Serviços de Saúde compreende a limpeza, desinfecçaoo e conservaçaoo das superfićies fixas e equipamentos permanentes das diferentes áreas” (BRASIL, 2010a, p. 24 apud BARSANO et al. 2014, p.78). Este serviço tem como objetivo preparar e organizar o ambiente de trabalho, “mantendo a ordem e conservando equipamentos e instalaçooes, evitando principalmente a disseminaçaoo de micro-organismos responsáveis pelas infecçooes relacionadas à assistência à saúde” (BRASIL, 2010a, p. 24 apud BARSANO et al. 2014, p.78). Os processos de limpeza de superfícies em serviços de saúde envolvem a limpeza concorrente (diária) e limpeza terminal. A limpeza concorrente é aquela que deve ser realizada diariamente, com a finalidade de limpar e organizar o ambiente de trabalho, repor os insumos de consumo diário e separar e organizar os materiais que serão processados para a esterilização (STAPENHORST, 2018, p. 152). A limpeza concorrente deve ser realizada em todas as superfícies horizontais de móveis e equipamentos, portas, maçanetas, piso e instalações sanitárias (STAPENHORST, 2018, p. 152). Nesse procedimento estaoo incluídas a limpeza de todas as superfićies horizontais, de mobiliários e equipamentos, portas e maçanetas, parapeitos de janelas, e a limpeza do piso e instalaçooes sanitárias. (BRASIL, 2010a, p. 62 apud BARSANO et al. 2014, p.78). Figura 17 – Protocolo de limpeza concorrente Fonte: CONASS (s/d) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 60 A limpeza terminal não é muito utilizada fora de ambientes hospitalares e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), pois é feita com máquinas de lavar piso e com produtos químicos mais fortes (STAPENHORST, 2018, p. 152). O procedimento inclui a limpeza de paredes, pisos, teto, painel de gases, equipamentos, todos os mobiliários como camas, colchões, macas, mesas de cabeceira, mesas de refeição, armários, bancadas, janelas, vidros, portas, peitoris, luminárias, filtros e grades de ar condicionado (YAMAUSHI et al., 2000 apud BRASIL, 2010a, p. 64). A limpeza terminal é realizada na unidade do paciente, após alta hospitalar, transferências, óbitos (desocupaçaoo do local) ou nas internaçooes de longa duraçaoo (programada) (BRASIL, 2010a, p. 63 apud BARSANO et al. 2014, p.78). Figura 18- Protocolo de limpeza terminal Fonte: CONASS (s/d) MÉTODOS DE LIMPEZA DE SUPERFÍCIES Em ambientes de saúde, os métodos de limpeza de superfícies mais utilizados e conhecidos saoo: limpeza úmida, limpeza molhada e limpeza seca. LIMPEZA ÚMIDA O método de limpeza úmida tem por objetivo passar pano ou esponja, umedecidos em solução detergente ou desinfetante, enxaguando, em seguida, com pano umedecido em água limpa. Essa técnica é indicada para a limpeza de paredes, divisórias, mobiliários e grandes equipamentos. Porém, naoo é muito recomendada para a remoçaoo de sujidade muito aderida (BARSANO et al. 2014, p.79). LIMPEZA MOLHADA O método de limpeza molhada tem por objetivo a limpeza de pisos e outras superfićies fixas e de mobiliários, por meio de esfregaçaoo e de enxágue com água abundante. É uma técnica muito utilizada na limpeza terminal. Recomenda-se o DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 61 uso de máquinas automáticas que lavam, enxáguam e aspiram ao mesmo tempo, caso a limpeza seja realizada em pisos. É indicada também para áreas que naoo possuam ralos próximos (BARSANO et al. 2014, p.79). LIMPEZA SECA Trata-se de uma das técnicas de limpeza mais simples que existem. Consiste na remoçaoo de sujidade, pó ou poeira por meio da utilizaçaoo de vassoura (varreduras seca), aspirador etc. (BARSANO et al. 2014, p.79). Tópico 1.2.1 Princípios básicos para limpeza e desinfecçaoo Com base em vários autores a ANVISA (BRASIL, 2010a) determina o seguinte: Os princípios básicos para a limpeza e desinfecçaoo de superfícies em serviços de saúde saoo a seguir descritos: Proceder à frequente higienizaçaoo das maoos. Naoo utilizar adornos (anéis, pulseiras, relógios, colares, piercing, brincos) durante o periódo de trabalho. Manter os cabelos presos e arrumados e unhas limpas, aparadas e sem esmalte. Os profissionais do sexo masculino devem manter os cabelos curtos e a barba feita. O uso de Equipamento de Proteçaoo Individual (EPIs) [máscaras, luvas, óculos etc.] deve ser apropriado para a atividade a ser exercida. Nunca varrer superfićies a seco, pois esse ato favorece a dispersaoo de micro-organismos que saoo veiculados pelas partićulas de pó. Utilizar a varredura úmida, que pode ser realizada com mops ou rodo e panos de limpeza de pisos. Para a limpeza de pisos, devem ser seguidas as técnicas de varredura úmida, ensaboar, enxaguar e secar. O uso de desinfetantes fica reservado apenas para as superfícies que contenham matéria orgânica ou indicaçaoo do Serviço de Controle de Infecçaoo Hospitalar (SCIH). Todos os produtos saneantes utilizados devem estar devidamente registrados ou notificados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A responsabilidade do Serviço de Limpeza e Desinfecçaoo de Superfićies em Serviços de Saúde na escolha e aquisiçooes dos produtos saneantes deve ser realizada conjuntamente pelo Setor de Compras e Hotelaria Hospitalar (SCIH). É importante avaliar o produto fornecido aos profissionais. Saoo exemplos: testes microbiológicos do papel-toalha e do sabonete líquido, principalmente quando se tratar de fornecedor desconhecido. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 62 Deve-se utilizar um sistema compativ́el entre equipamento e produto de limpeza e desinfecçaoo de superfícies (apresentaçaoo do produto, diluiçaoo e aplicaçaoo). O profissional de limpeza sempre deverá certificar se os produtos de higiene, como sabonete e papel-toalha e outros, saoo suficientes para atender às necessidades do setor. Cada setor deverá ter a quantidade necessária de equipamentos e materiais para limpeza e desinfecçaoo de superfícies. Para pacientes em isolamento de contato, recomenda-se exclusividade no kit de limpeza e desinfecçaoo de superfícies. Utilizar, preferencialmente, pano de limpeza descartável. O sucesso das atividades de limpeza e desinfecçaoo de superfícies depende da garantia e disponibilizaçaoo de panos ou cabeleiras alvejados e limpeza das soluçooes dos baldes, bem como de todos os equipamentos de trabalho. Os panos de limpeza de piso e panos de mobília devem ser preferencialmente encaminhados à lavanderia para processamento ou lavados manualmente no expurgo. Os discos das enceradeiras devem ser lavados e deixados em suporte para facilitar a secagem e evitar mau cheiro proporcionado pela umidade. Todos os equipamentos deveraoo ser limpos a cada término da jornada de trabalho. Sempre sinalizar os corredores, deixando um lado livre para o trânsito de pessoal, enquanto se procede à limpeza do outro lado. Utilizar placassinalizadoras e manter os materiais organizados, a fim de evitar acidentes e poluiçaoo visual. [...] (BRASIL, 2010a, p. 25-26 apud BARSANO et al. 2014, p.80-81) Tópico 1.2.2 Principais produtos usados na limpeza de superfícies Atualmente existem muitos produtos usados para a limpeza de superfićies. Porém, os sabooes e os detergentes estaoo entre os mais utilizados. O sabaoo é um produto muito usado para lavagem e limpeza doméstica. É formulado à base de sais alcalinos de ácidos graxos associados ou naoo a outros tensoativos (BARSANO et al. 2014, p.80) Assim como o sabaoo, o detergente é um produto muito requisitado em ambientes de saúde. É “destinado à limpeza de superfićies e tecidos através da diminuiçaoo da tensaoo superficial”, tendo a “funçaoo de remover tanto sujeiras hidrossolúveis quanto aquelas naoo solúveis em água” (BRASIL, 2010a, p. 46 apud BARSANO et al. 2014, p.81). Tópico 1.3: Desinfecção de produtos e superficies e seus métodos. O processo de desinfecção se refere ao uso de métodos físicos ou de produtos químicos que são capazes de destruir a maior parte dos microrganismos, entretanto esporos bacterianos, fungos e vírus ainda podem resistir ao processo de DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 63 desinfecção. Sendo assim, o processo de desinfecção foi dividido em três categorias de eficácia: alta, intermediária e baixa (STAPENHORST, 2018, p. 154). NÍVEIS DE DESINFECÇÃO Quando se fala em desinfecção de produtos e superfícies, devemos primeiro conhecer a classificação dos níveis de desinfecção, que saoo determinados conforme o espectro da açaoo germicida. Os níveis de desinfecção saoo classificados em: alto, médio e baixo. O processo de desinfecção de alta eficiencia ocorre pela aplicação de soluções germicidas capazes de eliminar todos os microrganismos. Também possui açaoo destruidora sobre os esporos Bacillus subtilis e Clostridium sporogenes, exceto os esporos bacterianos maiores. A desinfecção intermediária também é realizada com um agente germicida, o qual elimina todos os microrganismos. É capaz de eliminar o bacilo da tuberculose, vírus (polioviŕus, vírus coxsackie, rinovírus, vírus herpes simplex, citomegalovírus, HBS, HIV) e fungos (Trichophyton spp., Criyptococcus spp., Candida spp.), exceto os endósporos bacterianos. A desinfecção de baixa eficácia é realizada com agente germicida fraco que tem a capacidade de eliminar quase todas as bactérias e todos os vírus envelopados. Elimina a maioria das bactérias vegetativas (Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Salmonella choleraesuis). MÉTODOS DE DESINFECÇAAO A desinfecçaoo pode ser realizada por meio de processos quiḿicos ou físicos: Os métodos físicos de desinfecçaoo saoo: Fervura: água em ebuliçaoo por 30 minutos. Máquinas automáticas ou termodesinfectadoras: temperatura de 60 a 90 °C. Pasteurizaçaoo: água a 70 °C durante 30 minutos de exposiçaoo. Os métodos químicos de desinfecçaoo saoo: imersaoo em desinfetante, germicida liq́uido; fricçaoo de germicida líquido (álcool a 70%, ácido peracético em equipamentos e aparelhos). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 64 FATORES QUE AFETAM OS PROCESSOS DE DESINFECÇAAO Saoo fatores que interferem direta ou indiretamente nos processos de desinfecçaoo: limpeza prévia mal-efetuada (presença de matérias orgânica e inorgânica); tempo insuficiente de exposiçaoo ao germicida; soluçaoo germicida com açaoo ineficaz; presença de biofilmes; temperatura e pH (BARSANO et al. 2014, p.83) PRINCIPAIS PRODUTOS USADOS NA DESINFECÇAAO DE SUPERFÍCIES Álcool: conforme a ANVISA (BRASIL, 2010a): os álcoois etílico [concentraçaoo de 60% a 90%] e isopropiĺico saoo os principais desinfetantes utilizados em serviços de saúde, podendo ser aplicados em superfícies ou artigos por meio de fricçaoo. [Possuem açaoo] bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida. (BRASIL, 2010a, p. 46 apud BARSANO et al. 2014, p.83) Possuem fácil aplicaçaoo e açaoo imediata, sendo indicados para a desinfecçaoo de mobiliário em geral, bem como para a higienizaçaoo das maoos. Desvantagens: é inflamável e volátil, bem como resseca plásticos, borrachas e a pele humana (BARSANO et al. 2014, p.83). O hipoclorito de sódio (concentraçaoo de 0,02% a 1,0%) é um composto inorgânico que apresenta açaoo bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida e esporicida (dependendo da concentraçaoo de uso). Pode apresentar-se tanto na forma líquida quanto em pó. Produto com açaoo rápida e baixo custo, muito indicado para desinfecçaoo de superfícies fixas (BARSANO et al. 2014, p.83). Desvantagens: o hipoclorito de sódio possui as seguintes desvantagens: é inativo na presença de matéria orgânica, é corrosivo para metais e apresenta um odor desagradável, podendo causar irritabilidade nos olhos e nas mucosas (BARSANO et al. 2014, p.84). O ácido peracético é uma mistura de ácido acético com peróxido de hidrogênio. Em resumo, trata-se de um desinfetante indicado para superfićies fixas e age por desnaturaçaoo das proteińas, alterando a permeabilidade da parede celular do micro-organismo. Em baixas concentraçooes (0,001% a 0,2%), apresenta baixa toxicidade e possui açaoo bastante rápida sobre os micro-organismos, inclusive sobre os esporos bacterianos (ANVISA, 2010a apud BARSANO et al. 2014, p.84). Desvantagens: é corrosivo para metais (cobre, lataoo, bronze, ferro galvanizado) e sua atividade é reduzida pela modificaçaoo do pH. Causa irritaçaoo nos olhos e no trato respiratório (ANVISA, 2010a apud BARSANO et al. 2014, p.84). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 65 Tópico 1.4: Esterilização de produtos e superficies e suas técnicas. QUAL A DIFERENÇA ENTRE DESINFECÇAAO E ESTERILIZAÇAAO? Apesar de serem termos com finalidades semelhantes, diferenciam-se na conceituaçaoo técnica. Veja a seguir: Desinfecção: processo físico ou quiḿico que elimina a maioria dos micro-organismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com exceçaoo de esporos bacterianos, podendo ser de baixo, médio ou alto niv́el; Esterilização: processo utilizado para destruir todas as formas de vida microbiana, por meio do uso de agentes físicos (autoclave e estufa, por exemplo) e químicos (óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formaldeid́o e glutaraldeid́o, por exemplo) (BARSANO et al. 2014, p.85). PROCESSO DE ESTERILIZAÇAAO O processo de esterilização é formado basicamente por seis etapas: pré-lavagem; limpeza; preparo; esterilização; estocagem e distribuição; e controle do processo. Em resumo, compreende a morte total dos micro-organismos presentes em determinado produto ou superfície (BARSANO et al. 2014, p.85). Atualmente, o processo de esterilizaçaoo compreende dois métodos: o físico e o químico. MÉTODO FÍSICO As técnicas de esterilização física são aquelas que utilizam o calor em diferentes formas ou alguns tipos de radiação durante o processo de esterilização dos materiais. Em ambientes hospitalares e serviços de saúde, utilizam-se, de preferência, os seguintes métodos: calor seco, vapor saturado sob pressaoo (autoclave), filtraçaoo e irradiaçaoo (BARSANO et al. 2014, p.86). Filtração: método de esterilizaçaoo por filtraçaoo consiste em remover micro-organismos de líquidos, ar e gases. Nesse processo, os filtros podem ser de vários tipos (discos de amianto, velas porosas, filtros de vidro poroso, de celulose etc.). Método muito utilizado em laboratórios (BARSANO et al. 2014, p.86). Irradiação: as radiaçooes estaoo presentes em diversas formas em nosso dia a dia. Inclusive no processo de esterilizaçaoo de superfícies, objetos, instrumentos cirúrgicos etc. Essas radiaçooes saoo capazes de eliminar (matar), de forma prática e eficaz, os micro-organismos que atentam contra a vida do homem. A irradiaçaoo, em virtude de sua complexidade, seu custo e da infraestrutura exigida, é mais utilizada nas indústrias (BARSANO et al. 2014, p.86). Calor seco: muitoempregado para esterilizaçaoo de instrumentos e materiais odontológicos, o forno de Pasteur consiste em uma câmara dotada de um DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 66 aquecedor elétrico (resistência) que aquece a câmara e o seu conteúdo, provocando a esterilizaçaoo dos micro-organismos ali presentes (BARSANO et al. 2014, p.87). Segundo Barsano et. al. (2014, p. 87) no forno de Pasteur existe um termostato que regula a temperatura desejada. Dessa forma, podem-se utilizar as seguintes combinações de temperatura e tempo: 121 °C, durante 12 horas; 160 °C, durante 2 horas; 170 °C, durante 1 hora. Esse método é recomendado para esterilizar os materiais que naoo podem ser molhados, como compressas de gaze, bolas de algodaoo, óleos, gorduras, ceras, bem como instrumentos metálicos e equipamentos de vidro (BARSANO et al. 2014, p.87). MÉTODO QUÍMICO Com o passar dos anos, a tecnologia da esterilizaçaoo também foi ganhando forma, fazendo surgir novos métodos de trabalho e esterilizaçaoo, bem como novos materiais, aparelhos e equipa- mentos etc. Paralelamente a isso, a prática da assistência à saúde vem necessitando de processamentos cada vez mais rápidos, seguros e econômicos (BARSANO et al. 2014, p.87). O método de esterilizaçaoo quiḿica, também conhecido como método de esterilizaçaoo a baixa temperatura, consiste na esterilizaçaoo (eliminaçaoo total) de micro-organismos a baixa temperatura, ou seja, a temperatura menor ou igual a 60°C, combinando com algum outro agente químico (BARSANO et al. 2014, p.87). Por exemplo, no Brasil, os procedimentos de esterilizaçaoo por métodos químicos (baixa temperatura) mais aceitos saoo: esterilizaçaoo por óxido de etileno (OE ou ETO, de etylene oxide), C2H4O; plasma de peróxido de hidrogênio (PPH), H202; vapor de formaldeído a baixa temperatura (VFBT), CH2O (BARSANO et al. 2014, p.87). O Sistema de Classificação de Spaulding, elaborado em 1972, categorizou os equipamentos e os instrumentos que devem ser esterilizados ou desinfetados de acordo com o risco de infecção para o paciente. A Classificação de Spaulding é composta por três categorias de risco e ainda é utilizada para determinar qual método deve ser escolhido e empregado (STAPENHORST, 2018, p. 154) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 67 Figura 19 - Esquema da classificação de Spaulding. Fonte: Stapenhorst (2018, p. 155) Tópico 1.5: As etapas da esterilização de materiais Atualmente, os processos de esterilização são obrigatórios nos locais de prestação de serviços de saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pela Norma Regulamentadora (RDC) no 15, estabelece quais são os requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde, visando à segurança dos pacientes e dos profissionais envolvidos. Além disso, o nível de qualificação dos profissionais responsáveis pela esterilização, o uso de indicadores biológicos e químicos para o controle de qualidade da técnica e a padronização desta também receberam maior preocupação das entidades competentes. Idealmente, o local no qual será realizada a esterilização dos materiais deve ser dividido em três áreas separadas por barreiras físicas, com um fluxo unidirecional claro, da área suja para a limpa: ÁREA SUJA Destinada ao recebimento e à separação dos materiais. Nesse local, é realizado o processo de limpeza, desinfecção e secagem dos artigos. Os funcionários devem, obrigatoriamente, fazer uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) ÁREA LIMPA destinada para a separação dos artigos e a verificação da limpeza, da funcionalidade e da integridade dos materiais. Também é utilizada nos processos de empacotamento, selagem e esterilização dos instrumentos. ÁREA DE GUARDA E DISTRIBUIÇÃO DOS MATERIAIS ESTERILIZADOS Destinado ao armazenamento dos artigos esterilizados e sua dispensação. Os profissionais devem higienizar as mãos rigorosamente e, de preferência, utilizar luvas de procedimento. Fonte: Elaboração própria a partir de CONASS (s/d) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 68 Após o recebimento e a separação dos materiais, estes devem passar pela etapa de limpeza, que tem como objetivo remover a sujidade visível (orgânica e inorgânica), reduzindo, dessa maneira, a quantidade de microrganismos presentes no artigo (CONASS, s/d). Inicialmente, os materiais devem ser separados em artigos cortantes e pesados, mas é importante lembrar que os perfurocortantes devem ser manuseados com muito cuidado. Posteriormente, os materiais devem ser lavados, peça por peça, com fricção delicada e enxaguados abundantemente (CONASS, s/d). Utilizar panos ou compressas limpas para secar os artigos e inspecionar visualmente se o processo de lavagem foi eficaz. Depois da lavagem, o material deve ser descontaminado, visando à eliminação de quase todos os microrganismos presentes na superfície dos objetos. Por fim, o material está pronto para o processo de esterilização. Entre todas as técnicas atualmente disponíveis no mercado, a autoclavagem, que é o uso do calor úmido sob pressão, é a mais recomendada, pois é um processo seguro, eficaz e de fácil controle de qualidade (CONASS, s/d). Tópico 1.6: Programas de controle de qualidade da esterilização. PROTOCOLOS OPERACIONAIS PADRÃO (POPs) A complexidade das tarefas realizadas pelos profissionais da saúde exige a implementação de normas, protocolos, princípios e diretrizes que organizem e estabeleçam ações e práticas, bem como a reciclagem do conhecimento técnico e científico (STAPENHORST, 2018, p. 181). Os protocolos operacionais padrão (POPs) são uma ferramenta amplamente utilizada, os quais tem como objetivo expressar, de maneira clara e concisa, o planejamento do trabalho repetitivo que deve ser realizado para atingir a meta padrão, ou seja, o padrão de qualidade (STAPENHORST, 2018, p. 181). A elaboração do POP visa padronizar e minimizar a ocorrência de desvios na execução de tarefas básicas, mantendo assim, o funcionamento correto dos processos. Para tanto, o POP deve ser redigido pelo responsável pela técnica, de maneira coerente, para que todos os profissionais realizem o procedimento com as mesmas ações e, consequentemente, para que seja mantido o padrão de qualidade esperado (STAPENHORST, 2018, p. 181). Esse documento deve conter todas as instruções, em sequência, das operações e com qual frequencia estas devem ser realizadas. Além disso, deve constar o nome do responsável pela execução da tarefa, a lista de equipamentos e materiais utilizados e a descrição de todos os procedimentos no documento (STAPENHORST, 2018, p. 182). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 69 Essa descrição deve conter todos os itens críticos de cada operação, juntamente com os pontos proibidos. Após a elaboração do POP, ele deve ser aprovado, assinado, datado e revisado anualmente, ou conforme necessário, pelo responsável técnico e pelo gestor do estabelecimento (STAPENHORST, 2018, p. 182). MONITORAMENTO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO O controle dos processos de esterilização se dá através do monitoramento mecânico e físico da autoclave, e do monitoramento químico e biológico dos ciclos. O responsável técnico em relação ao processo será o enfermeiro, cirurgião-dentista e/ou outro profissional graduado na área da saúde. Os responsáveis pela execução da técnica são os auxiliares e/ou técnicos de enfermagem ou saúde bucal (SUS, 2014, p. 36). O MONITORAMENTO MECÂNICO se refere ao equipamento de esterilização. Recomenda-se que todos os processos de manutenção, tanto corretivos, quanto preventivos, sejam devidamente registrados em livro específico (SUS, 2014, p. 36). Já o MONITORAMENTO FÍSICO é realizado com as informações obtidas durante um ciclo de esterilização, ou seja, os dados sobre o tempo, a temperatura e a pressão precisam ser devidamente anotados e verificados para garantir que o processo foi realizado corretamente (SUS, 2014, p. 37). O MONITORAMENTO QUÍMICO é realizado com o uso de indicadores específicos. Osindicadores químicos são tintas termocrômicas, ou seja, alteram sua coloração conforme a mudança de temperatura (SUS, 2014, p. 37). E, o MONITORAMENTO BIOLÓGICO é o realizado por meio de indicadores biológicos contendo uma população de 105 a 106 de microrganismos esporulados, resistentes ao agente esterilizante. A recomendação é que seja realizado diariamente no primeiro ciclo da autoclave. Sendo a leitura realizada 3 horas após a incubação, só após a análise destes monitoramentos, as cargas serão liberadas (SUS, 2014, p. 37). Esses indicadores geralmente estão presentes nas bordas do papel grau cirúrgico e indicam se os materiais foram devidamente processados ou não. Ao retirar o material da autoclave, o profissional deve conferir se o indicador teve sua coloração alterada. Tópico 1.7: Embalagens do processo de esterilização. Segundo ABNT (2003) citado por Carvalho (2015, p.72) o conceito “sistema de embalagem” refere-se à combinaçaoo do sistema de barreira estéril com a embalagem de proteçaoo. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 70 De acordo com Agência (2006, p.78) a embalagem tem que permitir a penetração do agente esterilizante e proteger os artigos de modo a assegurar a esterilidade até a sua abertura. Para esterilização em autoclave, recomenda-se papel grau cirúrgico, papel crepado, tecido não-tecido, tecido de algodão cru (campo duplo), vidro e nylon, cassetes e caixas metálicas perfuradas. Agência (2006, p.78) informa que embalagens compostas de papel grau cirúrgico e/ou filme plástico polipropileno-polietileno e nylon devem ter o ar removido antes da selagem, pois o ar atua como um obstáculo na transmissão de calor e de umidade. Pinças e tesouras devem ser esterilizadas com suas articulações abertas. O fechamento do papel grau cirúrgico e filme plástico ou do nylon deve promover o selamento hermético da embalagem e garantir sua integridade. A faixa de selagem deve ser ampla, preferencialmente, de 1 cm ou reforçada por duas ou três faixas menores. Recomenda-se promover o selamento deixando uma borda de 3 cm, o que facilitará a abertura asséptica do pacote. As embalagens devem ser identificadas antes da esterilização (AGÊNCIA, 2006, p.78). A identificação deve ser feita em fita ou etiqueta adesiva e deve conter a descrição do conteúdo, quando necessário, data e validade da esterilização e nome do funcionário responsável pelo processamento do artigo. A improvisação de embalagens para o processamento de artigos odontológicos é contra-indicada (AGÊNCIA, 2006, p.78). Tópico 1.7.1: Tipos de embalagens Textil: tecido de algodão duplo Segundo Sobecc, (2013) e ABNT, (1997) citado por Carvalho, (2015, P. 76), o campo de algodão duplo deve ser confeccionado conforme recomendações da ABNT, com padrão sarja 2/1, gramatura de 210 g/m2, 5% de urdume de 40 fios por polegada quadrada no sentido longitudinal e trama de 17 fios por polegada quadrada no sentido transversal, com textura de aproximadamente 40 a 56 fios por cm2 12,5 Newton por cm2 (N/cm2) de resistência à tração no urdume e 5,5 N/cm2 , 3 a 4 de solidez à lavagem e ao hipoclorito, 4% de encolhimento, na trama, e espessura de 0,4 mmmais ou menos 0,05 mm. Para Carvalho, (2015, p.76) é importante destacar que solidez é uma mediçaoo que expressa o nível de desbote e a alteraçaoo de cor que um tecido ou malha apresenta durante sua utilizaçaoo e seu manuseio. O desbote é também conhecido no mercado como “sangramento” da cor. A solidez é influenciada por diversos fatores, como tipo de fibra, anilinas disponíveis e processos de tingimento, o que pode tornar algumas tonalidades mais suscetiv́eis caso naoo sejam observadas suas limitaçooes. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 71 A mediçaoo de solidez segue testes normatizados que permitem avaliar, por meio de notas, o grau de desbote e a alteraçaoo de cor que certa tonalidade pode apresentar sob determinadas exigências de uso. Sua padronizaçaoo e seu reconhecimento internacional possibilitam, ainda, avaliar igualmente os produtos em diferentes situaçooes, clientes ou paiśes. Embora seja muito utilizado nas instituiçooes hospitalares, o tecido de algodaoo naoo confere boa barreira microbiana, sendo difićil realizar um controle efetivo do número de reprocessamentos, podendo apresentar desgaste e quebra de barreira microbiana, com furos e rasgos que saoo cerzidos e utilizados inadequadamente (CARVALHO, 2015, p.76). Sistema de conteiner rigido Carvalho (2015, P.78) afirma que este sistema deve ser utilizado em processo de esterilizaçaoo por autoclave com bomba a vácuo; sua estrutura pode ser constituída por aço inoxidável, plástico termorresistente ou alumínio anodizado, estando disponível em vários tamanhos. O projeto de cada recipiente incorpora um método de penetraçaoo do esterilizante e proteçaoo contra contaminaçaoo após esterilizaçaoo. Alguns projetos desses recipientes apresentam perfuraçooes na margem superior e/ou nas superfícies externas; estas saoo internamente revestidas por filtros de barreira microbiana permeáveis ao esterilizante. Outros projetos saoo providos de válvulas reutilizáveis que permitem permeabilidade ao agente esterilizante por expansaoo durante a fase de esterilizaçaoo e há também os que incluem filtros e válvulas. Os recipientes com sistema de filtros saoo empregados em esterilizaçaoo por vapor, óxido de etileno e calor seco. Vidros refratários Saoo indicados para esterilizaçaoo de líquidos e podem ser utilizados em autoclaves ou estufas (para óleos). Devem ser resistentes às altas temperaturas e possuir tampa que impeça a recontaminaçaoo do conteúdo. Vale destacar que esse tipo de embalagem tem sido cada vez menos utilizado, pela disponibilidade dos insumos líquidos já vindos esterilizados de fábrica e também pelo desuso da esterilizaçaoo por calor seco/estufa desde a década de 1990 (CARVALHO, 2015, p.79). Papel grau cirúrgico Tem como vantagem a facilidade de visualização do material e manuseio, fechamento hermético, resistência e alto poder de filtragem microbiana. Os artigos médico-odontológicos deverão ser empacotados em papel grau cirúrgicos de preferência. Somente, em situação de impossibilidade do uso dessa embalagem, deverá ser usado tecido de algodão para tal procedimento. Esse é o tipo de embalagem padronizado para empacotamento dos materiais nas unidades de DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 72 saúde da rede pública municipal de Campinas. A embalagem deve conter o indicador químico que demonstra que o pacote foi exposto ao processo. Toda equipe da unidade deverá ser treinada a verificar esse indicador antes de usar o material. A termosselagem adequada é de extrema importância pelo fato do fechamento hermético garantir a manutenção da esterilidade. Devem ser evitadas rugas e dobras. Recomenda-se selagem de pelo menos 3 cm de distância da borda para abertura asséptica (CAMPINAS, 2014, p.31). Tópico 1.7.2: Cuidados gerais durante o empacotamento Carvalho (2015, p.87), recomenda que esses critérios estejam descritos claramente para o colaborador do centro de material e esterilizaçaoo (CME). Uma maneira de explicaçaoo clara e fácil de ser consultada é a construçaoo de uma matriz na qual todos os materiais estejam descritos e a forma de embalagem seja bem definida. O acondicionamento sequencial, utilizando dois invólucros tipo barreira, fornece um caminho tortuoso para impedir a migraçaoo microbiana; múltiplos itens devem ser embalados em dupla embalagem, para garantir proteçaoo e abertura asséptica; produtos perfurocortantes devem estar protegidos para naoo danificar a embalagem primária, e produtos pesados ou de tamanho grande devem estar em embalagens resistentes (CARVALHO, 2015, p.87). RECOMENDAÇÕES PARA PREPARO E EMPACOTAMENTO DOS ARTIGOS Realizar higienização das mãos antes de iniciar o procedimento; Utilizar EPI – luva de procedimento não estéril, avental, gorro e sapato fechado; Utilizar a pasta com a listagem dos materiais a serem colocados em cadapacote; Separar e conferir peça por peça, estado de conservação para detectar se há sujidade, ferrugem, trincas, manchas e outros defeitos; Selecionar a embalagem de acordo com o processo: desinfecção (saco plástico), esterilização (papel grau cirúrgico); Arrumar os instrumentais com as peças mais leves e menores sobre os maiores e mais pesados; Pinças curvas com a curvatura voltada para a tampa da caixa ou parte plastificada do papel grau cirúrgico; Cúpulas com a abertura voltadas para parte de papel; Cabos dos instrumentais voltados para a abertura de selamento do papel grau cirúrgico; DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 73 Avaliar a necessidade de utilização de embalagem dupla (materiais pesados ou pontiagudos); Materiais perfurocortantes deverão receber capa de proteção em suas extremidades; Realizar o ajuste das embalagens duplas, verificando se elas não apresentam dobras internas e se estão acomodadas às partes externas; Selar a embalagem – deixar 3cm de borda; Identificar o material com data de esterilização, ciclo, data de validade e responsável; Não é recomendado escrever na parte de papel do invólucro, na impossibilidade de etiqueta, fazer o registro na aba (parte voltada para o lado do filme evitando assim manipular o material para checagem da data) a ser utilizada para abrir o pacote; Observar se a selagem está íntegra. Pequenas falhas na selagem permitem a entrada de microrganismo; Utilizar tamanhos adequados de papel para cada artigo, evitando que os pacotes fiquem repuxados ou que haja sobre papel grau cirúrgico; Encaminhar para esterilização (CAMPINAS, 2014, p.31). Técnicas de embalagem utilizando folhas de tecido e naoo tecido: as técnicas de embalagem de pacotes ou conjuntos foram desenvolvidas para assegurar a abertura asséptica. As técnicas mais comuns aplicáveis na embalagem saoo a dobradura em formato de envelope ou a dobradura pacote. Ao abrir a folha externa do pacote, a embalagem recobre a mesa na qual está depositado o instrumental, propiciando um campo esterilizado. Esta técnica pode ser aplicada em folhas de tecido e em naoo tecido (CARVALHO, 2015, p.89). É necessária a utilizaçaoo de fita adesiva para a manutençaoo do pacote fechado e de indicador químico externo classe 1, para demonstrar se o pacote passou pelo processo de esterilizaçaoo. Fitas contendo indicadores químicos saoo chamadas de fitas indicadoras. Quando utilizadas para o vapor, saoo também chamadas de fitas de autoclave (CARVALHO, 2015, p.89). As fitas devem ter boas características de aderência e ser facilmente removiv́eis sem deixar resíduos. Uma fita adesiva com indicador deve mostrar claramente uma mudança de cor sempre que exposta às condiçooes inerentes a um processo de esterilizaçaoo. A técnica de embalagem deve ser executada corretamente, conforme o passo a passo descrito adiante. Coberturas plásticas protetoras: Também conhecidas como cover bag, podem ser utilizadas em todos os pacotes ou caixas após a esterilizaçaoo, quando o material estiver frio e seco. O objetivo é proteger a embalagem contra penetraçaoo de poeira, umidade e outros agentes contaminantes. O material plástico deve possuir de 2 a 3 mm de polegada de espessura (CARVALHO, 2015, p.89). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 74 A vedação pode ser feita pelo calor ou por meio de embalagens autosselantes. Deve estar escrito que se trata de uma “embalagem para proteção”, a fim de evitar utilização errônea. Antes de proteger a embalagem com coberturas plásticas, verificar as condições da embalagem, a identificação do material e a etiqueta do processo de esterilização. Embora o uso de coberturas plásticas protetoras não seja uma indicação obrigatória, quando aplicadas sobre a embalagem primária, podem garantir proteção extra. O protetor deve ser aplicado após a carga ter resfriado suficientemente, com tempo mínimo de 30 minutos após a esterilização. Acredita-se que essa prática aumente o período de validade, porém não há evidências científicas quanto a isso, nem quanto à relação custo-benefício dessa prática (CARVALHO, 2015, p.89). ARMAZENAMENTO DOS ARTIGOS ESTERILIZADOS Para Agência (2006, p.82) o instrumental deve ser armazenado em local exclusivo, separado dos demais, em armários fechados, protegido de poeira, umidade e insetos, e a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede, respeitando-se o prazo de validade da esterilização. O local de armazenamento deve ser limpo e organizado periodicamente, sendo verificados sinais de infiltração, presença de insetos, retirando-se os pacotes danificados, com sinais de umidade, prazo de validade da esterilização vencido, etc. Estes artigos devem ser reprocessados novamente. Na distribuição, os pacotes esterilizados devem ser manipulados o mínimo possível e com cuidado. VALIDADE DA ESTERILIZAÇÃO Cada serviço deve realizar a validação do prazo de esterilização dos artigos, recorrendo a testes laboratoriais de esterilidade, considerando os tipos de embalagem utilizados, os métodos de esterilização, as condições de manuseio e os locais de armazenamento (AGÊNCIA, 2006, p. 82). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 75 Tema da aula: riscos de acidentes commateriais perfurocortantes FONTE BIBLIOGRÁFICA BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. SERIE A: Exposição a Materiais Biológicos - Saúde do Trabalhador Protocolos de Complexidade Diferenciada. 3 ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011. 72 p. Disponível em: http://www1.saude.rs.gov.br/dados/1332967170825PROTOCOLO% 20EXPOSICAO%20A%20MATERIAL%20BIOLOGICO.pdf. Acesso em: 10 out. 2020. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clinico e diretrizes terapeuticas para profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites virais. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2018, 98 p. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretriz es-terapeuticas-para-profilaxia-pos-exposicao-pep-de-risco. Acesso em: 10 out. 2020. EBSERH - CE. Marcus Vinícius Dantas da Nóbrega. Profilaxia após acidentes ocupacionais commaterial biológico e perfurocortantes: protocolo clínico. Fortaleza: EBSERH - CE, 2019. 10 p. Emissão: 10/07/2017. Revisão Nº: 04 – 24/01/2019. Disponível em: https://bityli.com/KNzAe. Acesso em: 10 out. 2020 Tópico 1: Epidemiologia As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados são um sério risco aos profissionais em seus locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais freqüentemente relatadas (BRASIL, 2011). Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante, em geral, são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir patógenos diversos (COLLINS; KENNED Y, 1987 apud BRASIL, 2011), sendo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B e o da hepatite C, os agentes infecciosos mais comumente envolvidos (BRASIL, 2011). Evitar o acidente por exposição ocupacional é o principal caminho para prevenir a transmissão dos vírus das hepatites B e C e do vírus HIV. Entretanto, a imunização contra hepatite B e o atendimento adequado pós-exposição são componentes fundamentais para um programa completo de tratamento dessas infecções e elementos importantes para a segurança no trabalho (BRASIL, 2011). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 76 O risco ocupacional após exposições a materiais biológicos é variável e depende do tipo de acidente e de outros fatores, como gravidade, tamanho da lesão, presença e volume de sangue envolvido, além das condições clínicas do paciente-fonte e uso correto da profilaxia pós exposição (BRASIL, 2011). O risco de infecção por proibiçaoo de pipetagem com a boca; acesso limitado ao pessoal de laboratório; uso de luvas durante o manuseio de material infeccioso (BARSANO, et. al., 2014, p. 22). Tópico 1.2: Conceito de Biossegurança De acordo com Teixeira (1996 apud STAPENHORST, 2018, p.18), biossegurança pode ser entendida como uma série de ações, procedimentos, técnicas, metodologias e dispositivos com o objetivo de prevenir, minimizar ou eliminar riscos envolvidos na pesquisa, na produção, no ensino, no desenvolvimento tecnológico e na prestação de serviços, os quais podem comprometer a saúde do ser humano, dos animais e do meio ambiente, bem como a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Um “estado de biossegurança” pode ser definido como a harmonia entre o homem, os processos de trabalho, a instituição e a sociedade na área da saúde. Nessa área, devido à transmissão microbiológica, o acidente de trabalho tem um caráter grave, visto que pode envolver não apenas o trabalhador, mas também os pacientes, os visitantes e as instalações em que essas pessoas irão passar (COSTA, 1998 apud STAPENHORST, 2018, p.18). A biossegurança tem um papel de extrema importância na promoção da saúde, tendo em vista que envolve o controle de infecções para a proteção dos trabalhadores, dos pacientes e do meio ambiente, de forma a reduzir os riscos à saúde (STAPENHORST, 2018, p.18). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 7 O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho onde se promova a contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos ao trabalhador, aos pacientes e ao meio ambiente, de modo que esse risco seja minimizado ou eliminado (BALLESTRERI, 2018, p. 28). Essas definições mostram que a biossegurança envolve as relações tecnologia/risco/homem, e que o controle dos riscos na área da saúde inclui o desenvolvimento e a divulgação de informações, além da adoção de procedimentos relacionados às boas práticas de segurança para profissionais, pacientes e meio ambiente, de forma a controlar e minimizar os riscos operacionais das atividades de saúde (DAVID et al., 2012 apud BALLESTRERI, 2018, p. 28). Tópico 1.3: Tipos de agentes biológicos e suas classificações de risco A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento ou a identificação dos agentes biológicos e a probabilidade do dano proveniente destes, por vários critérios, que dizem respeito não só ao agente biológico manipulado, mas também ao tipo de ensaio realizado e ao próprio trabalhador. Assim, os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de risco, que são definidos como o grau de risco associado ao agente biológico manipulado (BALLESTRERI, 2018, p. 28). Segundo a Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde, os tipos de agentes biológicos são classificados em 5 classes, sendo elas: Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp e Bacillus subtilis. Figura 01 e 02 - Lactobacillus sp e Bacillus subtilis Fonte: Foto de Kari Lounatmaa (2013) Fonte: Coleção Visuals Unlimited (ALL POSTERS) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 8 Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni e Vírus da Rubéola. Figura 03 – Schistosoma mansoni Fonte: UFAM (2014) Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Figuras 04 e 05 - Bacillus anthracis e Vírus Imunodeficiência Humana (HIV). Fonte: MDS Saúde (s/d) Crédito: Mohammed Haneefa Nizamudeen (2019) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 9 Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplos: Vírus Ebola e Vírus Lassa (BRASIL, 2011). Figura 06 – Vírus Ebola Fonte: Tecmundo Ciência (2019) Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos. Exemplo: Achantina fulica (caramujo-gigante-africano trazido para o Brasil para produção e comercialização de escargot) (BRASIL, 2006; ARAÚJO et al., 2009). Figura 07 - Achantina fulica Fonte: Dedeflasch (2016) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 10 Tópico 2: Lei da Biossegurança A Lei Nacional de Biossegurança aprovada e publicada no Brasil era a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, estabelecia as normas de segurança e mecanismos de fiscalizaçaoo para o uso das técnicas de Engenharia Genética, transporte, liberaçaoo e descarte, no meio ambiente de OGMs (BARSANO et al. 2014, p.25). Porém, após a Conferência das Naçooes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) ou Cúpula da Terra, mais conhecida como Eco-92 realizada no Rio de Janeiro, o país necessitou adaptar-se decorrente o firmamento de diversos acordos internacionais para desenvolvimento sustentável (BARSANO et al. 2014, p.25). Dentre tantos temas abordados, a proteçaoo à biodiversidade do planeta foi discutida e, fora assinado o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que resumidamente, tem como finalidade regular os critérios de proteçaoo no campo de transferência, manipulaçaoo e uso seguros dos organismos vivos modificados (OVMs), resultantes da Biotecnologia moderna (BARSANO et al. 2014, p.25). Para adequar-se as medidas e cumprir os procedimentos indicados no protocolo, principalmente referente aos riscos de contmainação por meio de OVMs (organismos vivos modificados), a antiga lei de Biossegurança foi revogada e substituid́a pela Lei no 11.105, de 24 de março de 2005, que, em sua redaçaoo original, estabelece de forma mais ampla os seus objetivos, no artigo 1° (BARSANO et al. 2014, p.25). [...] Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalizaçaoo sobre a construçaoo, o cultivo, a produçaoo, a manipulaçaoo, o transporte, a transferência, a importaçaoo, a exportaçaoo, o armazenamento, a pesquisa, a comercializaçaoo, o consumo, a liberaçaoo no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteçaoo à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precauçaoo para a proteçaoo do meio ambiente. (BRASIL, 2005a, p. 1 apud BARSANO et al. 2014, p.25) Além disso, segundo Barsano et. al. (2014, p. 26) o Brasil ainda implementou outros s instrumentos que auxiliassem o Estado a reordenar as normas vigentes sobre o tema, bem como mecanismos mais claros de fiscalizaçaoo dos OVMs. Para tanto, dentre outras açooes: - criou o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS); - reestruturou a Comissaoo Técnica Nacional de BiossegurançaHIV pós-exposição ocupacional com sangue contaminado é de aproximadamente 0,3% (CARDO et al., 1997; BELL, 1997). No caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de seis a 30%, dependendo do estado do paciente fonte, entre outros fatores (BRASIL, 2011). Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão ocupacional após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de aproximadamente 1,8% a 10%(BRASIL, 2011). Apesar de todos esses riscos, a falta de registro e notificação desses acidentes é um fato concreto. Alguns trabalhos demonstram aproximadamente 50% de subnotificação das exposições (HENRY; CAMPBELL, 1995) de um conjunto estimado em aproximadamente 600 mil a 800 mil exposições ocupacionais, anualmente, nos Estados Unidos (NIOSH, 1999 apud BRASIL, 2011). No Brasil, de acordo com dados publicados em anais de congressos, o cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é semelhante aos observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e de subnotificação (BRASIL, 2011). Outro dado nacional preocupante está relacionado à taxa de abandono do tratamento dos profissionais que, inicialmente, procuraram assistência e notificaram seus acidentes. Um levantamento de um hospital público de ensino de São Paulo, aponta para uma taxa de abandono de 45% em 326 acidentes notificados (GIRIANELLI; RIETRA, 2002); já em um hospital público de ensino em Porto Alegre, esta taxa foi de 36% em 241 acidentes notificados (CARVALHO et al., 2002 apud BRASIL, 2011). A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras IST consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. O presente “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia PósExposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais” (PCDT-PEP) tem como objetivo atualizar as recomendações para a PEP, incluindo também a abordagem em relação às IST e às hepatites virais (BRASIL, 2018). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 77 O esquema antirretroviral (ARV) da PEP para HIV foi simplificado na atualização do PCDT, em 2015, com recomendações de profilaxia pela avaliação do risco da situação de exposição e não mais por categoria de exposição (acidente com material biológico, violência sexual e exposição sexual consentida) (BRASIL, 2018). A PEP para HIV está disponível no SUS desde 1999; atualmente, é uma tecnologia inserida no conjunto de estratégias da Prevenção Combinada, cujo principal objetivo é ampliar as formas de intervenção para evitar novas infecções pelo HIV (BRASIL, 2018). Segundo os dados do relatório de monitoramento clínico do HIV (BRASIL, 2016a), observa-se um aumento na oferta de PEP ao HIV, considerando o total de dispensações de profilaxias. No entanto, reforça-se a indicação para além daquelas situações em que a PEP é classicamente recomendada, como violência sexual e acidente ocupacional, visando a ampliar o uso dessa intervenção também para exposições sexuais consentidas que representem risco de infecção (BRASIL, 2018). Nesse contexto, considera-se fundamental a ampliação do acesso à PEP, com prescrição efetiva nos atendimentos em serviços de urgência/emergência, unidades básicas de saúde, clínicas e hospitais da rede pública e privada (BRASIL, 2018). O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização, que objetiva ampliar o acesso, fornecer uma resposta resolutiva à demanda apresentada e ser um dispositivo organizador do processo de trabalho em função das necessidades de saúde do usuário (BRASIL, 2010b apud BRASIL, 2018). O acolhimento à pessoa exposta deve ocorrer em local adequado, em que seja garantido o direito à privacidade, sem julgamentos morais, com acesso às populações chave e prioritárias (BRASIL, 2018). A avaliação inicial deve incluir perguntas objetivas, que abordem prática sexual, uso de drogas lícitas e ilícitas, troca de dinheiro por sexo, situação de violência, entre outras. Em relação à exposição sexual, avaliar se a pessoa tem indicação para PrEP. Para informações sobre a PrEP, consultar o “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV”, disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt (BRASIL, 2018). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 78 Tópico 2: Condutas após o acidente CUIDADOS COM A ÁREA EXPOSTA Lavagem do local exposto com água e sabão nos casos de exposição percutânea ou cutânea. Nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou solução salina fisiológica. Não há evidência de que o uso de antissépticos ou a expressão do local do ferimento reduzam o risco de transmissão, entretanto, o uso de antisséptico não é contra-indicado. Não devem ser realizados procedimentos que aumentem a área exposta, tais como cortes e injeções locais. A utilização de soluções irritantes (éter, glutaraldeído, hipoclorito de sódio) também está contra-indicada (BRASIL, 2011). AVALIAÇÃO DO ACIDENTE Estabelecer o material biológico envolvido: sangue, fluidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, liquor, líquido sinovial, líquido pleural, peritoneal, pericárdico e amniótico), fluidos orgânicos potencialmente não-infectantes (suor, lágrima, fezes, urina e saliva), exceto se contaminado com sangue (BRASIL, 2011). TIPO DE ACIDENTE: Perfurocortante, contato com mucosa, contato com pele com solução de continuidade. Conhecimento da fonte: fonte comprovadamente infectada ou exposta à situação de risco ou fonte com origem fora do ambiente de trabalho. Fonte desconhecida (BRASIL, 2011). ORIENTAÇÕES E ACONSELHAMENTO AO ACIDENTADO Com relação ao risco do acidente. Possível uso de quimioprofilaxia. Consentimento para realização de exames sorológicos. Comprometer o acidentado com seu acompanhamento durante seis meses. Prevenção da transmissão secundária. Suporte emocional devido estresse pós-acidente. Orientar o acidentado a relatar de imediato os seguintes sintomas: linfoadenopatia, rash, dor de garganta, sintomas de gripe (sugestivos de soroconversão aguda). Reforçar a prática de biossegurança e precauções básicas em serviço (BRASIL, 2011). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 79 NOTIFICAÇÃO DO ACIDENTE (CAT/SINAN) Registro do acidente em CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). Preenchimento da ficha de notificação do Sinan (Portaria n. º 777) (BRASIL, 2004a). AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO NO ACIDENTE COMMATERIAL BIOLÓGICO Deve ocorrer imediatamente após o acidente e, inicialmente, basear-se em uma adequada anamnese do acidente, caracterização do paciente- fonte, análise do risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado com o local exposto (BRASIL, 2011). A exposição ocupacional a material biológico deve ser avaliada quanto ao potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV com base nos seguintes critérios: Tipo de exposição. Tipo e quantidade de fluido e tecido. Status sorológico da fonte. Status sorológico do acidentado. Susceptibilidade do profissional exposto (BRASIL, 2011). QUANTO AO TIPO DE EXPOSIÇÃO As exposições ocupacionais podem ser: Exposições percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurantes e/ou cortantes (p.ex. agulhas, bisturi, vidrarias) (BRASIL, 2011). Exposições em mucosas: respingos em olhos, nariz, boca e genitália. Exposições em pele não-íntegra: por exemplo: contato com pele com dermatite, feridas abertas, mordeduras humanas consideradas como exposição de risco, quando envolverem a presença de sangue. Nesses casos, tanto o indivíduo que provocou a lesão, quanto aquele que foi lesado, devem ser avaliados (BRASIL, 2011). QUANTO AO TIPO DE FLUIDO E TECIDO FLUIDOS BIOLÓGICOS DE RISCO: Hepatite B e C: o sangue é fluido corpóreo que contém a concentração mais alta de VHB e é o veículo de transmissão mais importante em estabelecimentos de saúde. O HBsAg também é encontrado em vários outros fluidos corpóreosincluindo: sêmen, secreção vaginal, leite materno, líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial, lavados nasofaríngeos, saliva e suor. HIV: sangue, líquido orgânico contendo sangue visível e líquidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, liquor e líquidos peritoneal, pleural, sinovial, pericárdico e aminiótico). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 80 Materiais biológicos considerados potencialmente não-infectantes: Hepatite B e C: escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, exceto se tiver sangue. HIV: fezes, secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, exceto se tiver sangue (BRASIL, 2011) STATUS SOROLÓGICO DA FONTE (ORIGEM DO ACIDENTE) O paciente-fonte deverá ser avaliado quanto à infecção pelo HIV, hepatite B e hepatite C, no momento da ocorrência do acidente. Somente serão consideradas as informações disponíveis no prontuário sobre resultados de exames laboratoriais, história clínica prévia e diagnóstico de admissão se positivos para determinada infecção (HIV, HBV, HCV) (BRASIL, 2011) Quando a fonte é conhecida Caso a fonte seja conhecida mas sem informação de seu status sorológico, é necessário orientar o profissional acidentado sobre a importância da realização dos exames HBsAg, Anti-HBc , Anti-HCV e Anti-HIV. Deve ser utilizado o teste rápido para HIV, sempre que disponível, junto com os exames acima especificados. Caso haja recusa ou impossibilidade de realizar os testes, considerar o diagnóstico médico, sintomas e história de situação de risco para aquisição de HIV, HBC e HCV. Exames de detecção viral não são recomendados como testes de triagem (BRASIL, 2011). Quando a fonte é desconhecida Levar em conta a probabilidade clínica e epidemiológica de infecção pelo HIV, HCV, HBV – prevalência de infecção naquela população, local onde o material perfurante foi encontrado (emergência, bloco cirúrgico, diálise), procedimento ao qual ele esteve associado, presença ou não de sangue, etc. (BRASIL, 2011). STATUS SOROLÓGICO DO ACIDENTADO Verificar realização de vacinação para hepatite B; Comprovação de imunidade através do Anti-HBs. Realizar sorologia do acidentado para HIV, HBV e HCV (BRASIL, 2011). Tópico 3: Profilaxia após exposições ocupacionais PROFILAXIA PARA HIV DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 81 A profilaxia para HIV preferencialmente deverá ser iniciada até 2 horas da exposição, podendo ser realizada até 72 horas da exposição; Orientar a pessoa exposta sobre os possíveis efeitos adversos dos antirretrovirais, principalmente náuseas, vômitos e dores abdominais; Deverá o profissional de saúde avaliar se a paciente-fonte tem exames de HIV, Hepatite B e Hepatite C recentes no prontuário, se não existir os exames citados no prontuário, os mesmos deverão ser solicitados conforme autorização por escrito para coleta do mesmo, caso paciente não possa autorizar por motivos de doença grave, estando inconsciente, deve-se tentar autorização com responsável pelo paciente, parente de 1º grau ou responsável legal do mesmo; É direito do profissional, recusar a quimioprofilaxia ou outros procedimentos indicados após a exposição (por exemplo, coleta de exames sorológicos e laboratoriais); Nesses casos, sugere-se documentar a recusa (solicitando assinatura de Termo de Responsabilidade, que deverá ficar no prontuário), explicitando que no atendimento foram fornecidas as informações sobre os riscos da exposição, assim como a relação entre o risco e o benefício da PEP; Todo o registro de atendimento do profissional deverá ser feito no prontuário do mesmo (caso não tenha prontuário no momento, notificar em folha de evolução e deixar em pasta de acidentes perfurocortantes; Não há benefício da profilaxia com antirretrovirais para HIV após 72 horas de exposição; A indicação de PEP irá depender do status sorológico para HIV da pessoa exposta, que deve sempre ser avaliado por meio de teste rápido (TR) em situações de exposições consideradas de risco (EBSERH – CE, 2019). PROFILAXIA PARA SÍFILIS Prescrever Penicilina G Benzatina 2.400.000 UI, IM (1,2 milhão UI em cada glúteo) em dose única se paciente-fonte tiver teste rápido reagente ou VDRL > 1:4, sem histórico de tratamento prévio ou risco de contaminação recente. (BRASIL, 2011) PROFILAXIA PARA HEPATITE C Sem medida específica eficaz para a redução do risco de infecção pelo HCV, devendo apenas realizar testagem da pessoa-fonte e da pessoa exposta, para permitir o diagnóstico precoce de uma possível infecção (EBSERH – CE, 2019). PROFILAXIA PARA HEPATITE B Iniciar esquema de vacinação para os não vacinados; Completar esquema para as pessoas expostas com vacinação incompleta; DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 82 Iniciar Imunoglobulina Humana Contra Hepatite B (IGHAHB) em exposição a pacientes com Hepatite B ou risco alto de contaminação pelo vírus B (dose: 0,06mL/Kg, IM, em extremidade diferente da que recebeu a vacina para HBV), podendo ser administrada no máximo até 14 dias após a exposição de risco (EBSERH – CE, 2019). TEMA DA AULA: Unidades de saúde FONTE BIBLIOGRÁFICA BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. Tópico 1: Unidades de Saúde Torna-se necessário conhecer os vários tipos de unidades de saúde e setores: hospitais, clínicas, consultórios, farmácias, salas de raios X, laboratórios, postos de saúde e outras atividades relacionadas, principalmente, nos aspectos das instalaçooes e seus critérios para a contribuiçaoo na Biossegurança, além de outras medidas de prevençaoo a serem incorporadas ao conteúdo apresentado (BARSANO et. al., 2014, p. 95). Tópico 1.1: Estabelecimentos de saúde. Além dos procedimentos inerentes a parte operacional, ou seja, aspectos importantes como higienizaçaoo, esterilizaçaoo, avaliaçaoo dos riscos, treinamentos e tantos outros fatores, é necessário que os estabelecimentos de saúde proporcionem condiçooes mińimas, em suas instalaçooes físicas, para que os profissionais de saúde consigam exercer suas atividades em um ambiente salubre e os pacientes tenham confiança nos serviços recebidos (BARSANO et. al., 2014, p. 95). Apesar da disponibilidade de redes privadas de saúde, a maior parte da populaçaoo ainda depende dos serviços públicos das unidades básicas de saúde (UBS), que saoo locais destinados a atendimentos básicos e gratuitos de várias especialidades, como Clińica Geral, Enfermagem, Pediatria, Ginecologia e Odontologia; saoo oferecidos serviços como consultas médicas, injeçooes, curativos, vacinas, inalaçooes, coletas de exames laboratoriais, fornecimento de medicaçaoo básica, além do encaminhamento para outras especialidades (BARSANO et. al., 2014, p. 95-96). As condiçooes de estrutura fiśica dos estabelecimentos devem levar em conta a prevençaoo de riscos biológicos aos colaboradores e pacientes, com a implementaçaoo de medidas em Saúde e Segurança do Trabalho e de Engenharia específica, bem como de aspectos sanitários, tendo como diretrizes os princiṕios da Biossegurança (BARSANO et. al., 2014, p. 96). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 83 Na concepçaoo das instalaçooes de unidades de saúde, diversos critérios devem ser adotados para o desenvolvimento do ambiente laboral que será construid́o. Aspectos epidemiológicos saoo o principal ponto a ser considerado. Os projetos devem proporcionar organizaçaoo em sua funcionalidade, para que os profissionais possam exercer as suas funçooes e a prestaçaoo de serviços. Arranjos físicos inadequados podem ocasionar riscos à segurança e falhas na parte operacional (BARSANO et. al., 2014, p. 96). Tópico 1.2: Instalações prediais Segundo Barsano (et. al., 2014, p. 97) as instalaçooes prediais devem preencher uma série de requisitos para atender com a segurança e a funcionalidade que se espera; suas instalaçooes devem possuir a estrutura necessária para a implementaçaoo de maquinários e equipamentos nasunidades, por exemplo: instalaçooes hidrossanitárias, para operaçooes envolvendo água fria, água quente e esgoto sanitário; instalaçooes elétricas e eletrônicas, para a energizaçaoo geral de máquinas, equipamentos e sinalizaçooes; instalaçooes de proteçaoo contra descarga elétrica; instalaçooes para o fornecimento de oxigênio medicinal, ar comprimido medicinal, vácuos de limpeza e clínico, óxido nitroso, vapor e condensado etc.; instalaçaoo de ares-condicionados para a climatizaçaoo do ambiente. Tópico 1.3: Laboratórios Os laboratórios saoo utilizados para coleta e análise de amostras dos usuários (sangue, urina, fezes) e devem ser dimensionados segundo as normas vigentes em seu planejamento; apesar de os laboratórios de hospitais serem DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 84 planejados no padraoo que as normas exigem, há outros tipos (laboratórios adaptados) que precisam sofrer adequaçooes para atender ao mińimo de requisitos de Biossegurança e funcionalidade, caso de instalaçooes privadas, muitas destas adaptadas a prédios ou residências antigas em sua implantaçaoo (BARSANO et. al., 2014, p. 98). Independentemente do tipo de laboratório, os aspectos normativos devem ser cumpridos, e o laboratório, elaborado para que o responsável, a equipe de saúde, atendentes e usuários tenham um espaço compatível com a execuçaoo dos serviços prestados; as áreas devem ser bem-planejadas, para que o fluxo de pessoas e profissionais no ambiente possa ocorrer de forma ordeira, e para possibilitar o acesso a informaçaoo e orientaçaoo sobre os procedimentos laboratoriais de forma correta (BARSANO et. al., 2014, p. 98). O setor de atendimento aos pacientes é de suma importância para os laboratórios, pois, além de estar preparado para as atividades administrativas e operacionais, o pessoal envolvido deve ser devidamente treinado para a orientaçaoo aos usuários, principalmente no que se refere à recepçaoo de amostras trazidas para a análise, que devem vir em caixas e embalagens específicas, à prova de vazamentos e rupturas, e o setor deve estar devidamente estruturado para o seu recebimento (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Outro aspecto importante tem relaçaoo com o acesso ao laboratório: tanto a entrada quanto a saída devem possuir uma pia larga, sinalizada de forma acessível, destinada a procedimentos de assepsia e desinfecçaoo (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Tópico: 1.4: Radiação de raios X Unidades de saúde que possuem setores de raios X necessitam de um rígido controle em suas instalaçooes, por envolverem radiaçooes ionizantes em seus processos (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Barreiras devem ser instaladas para a proteçaoo de profissionais, pacientes, visitantes e outros colaboradores. As condiçooes de Biossegurança das instalaçooes saoo atestadas pela vigilância sanitária (VISA), que analisa o projeto arquitetônico, o cálculo de blindagem das barreiras de proteçaoo, o levantamento radiométrico, as documentaçooes legais e outros aspectos na inspeçaoo, para a emissaoo do alvará sanitário que licencia o setor, em caso de condiçooes favoráveis de funcionamento (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Em relaçaoo às barreiras de proteçaoo, o principal fator a ser observado é a manutençaoo de uma distância segura entre a fonte das doses de radiaçaoo e o ponto a ser protegido. O cálculo de blindagem deve ser feito após a conclusaoo do projeto arquitetônico e antes do início das obras da construçaoo (BARSANO et. al., 2014, p. 99). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 85 A blindagem é construída com materiais feitos em argamassa de baritina, placas de chumbo, placas de ferro, concreto armado ou parede de tijolo maciço, e sua eficácia dependerá da qualidade da maoo de obra ou do material, do cumprimento das recomendaçooes técnicas, da manutençaoo etc. (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Concluid́as as obras, o levantamento radiométrico será realizado com o devido equipamento emissor de radiaçaoo e outras aparelhagens do setor, para a plena avaliaçaoo das condiçooes de segurança (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Tópico 1.5: Clinicas e Consultórios Consultórios saoo unidades de saúde que têm por finalidade o atendimento especializado em uma determinada patologia, ou um pré-diagnóstico geral do paciente para o encaminhamento a um especialista (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Nas clińicas, além das mesmas atribuiçooes dos consultórios, também saoo realizados exames laboratoriais e outros tipos de serviços ligados à saúde (mamografias, análises computadorizadas, eletrocardiogramas etc.). Porém, é comum a confusaoo com as nomenclaturas, já que muitos consultórios com estrutura de clínicas também realizam exames em suas dependências e, ambos têm como finalidade principal uma pré-avaliaçaoo do paciente e atendem diversos tipos de pacientes (BARSANO et. al., 2014, p. 99). Podem ser classificados, de acordo com os usuários atendidos, em: consultórios pediátricos; consultórios odontológicos; clińicas e consultórios veterinários; consultórios oftalmológicos; clińicas de cirurgia plástica etc. A possibilidade de riscos também existe, pois, saoo locais em que há a possibilidade de realizar exames laboratoriais. Devem ser avaliados os riscos biológicos na coleta de amostras (sangue, urina, fezes) para o encaminhamento aos laboratórios, e, no caso dos consultórios odontológicos, a mesma preocupaçaoo deve existir com a Biossegurança, pois os clientes- -pacientes passam por análises orais e podem ser transmissores de micro-organismos causadores de doenças infecciosas, além dos riscos radiológicos e ergonômicos a que estaoo sujeitos profis- sionais e usuários (BARSANO et. al., 2014, p. 101). Tópico 1.6: Unidades hospitalares Os hospitais saoo as unidades de saúde mais completas, pois exigem uma estrutura arquitetônica que possibilite as práticas de Biossegurança aliadas à funcionalidade de diversos setores no mesmo complexo, como laboratórios, salas DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 86 de raios X, consultórios, farmácias hospitalares, Enfermagem, unidades de emergência e outras frentes de atendimento (BARSANO et. al., 2014, p. 101). Aspectos acústicos, de luminosidade e características estéticas próprias do ambiente hospitalar visam proporcionar um ambiente de serenidade, bem-estar e ordem, que é imprescindível para a organizaçaoo geral e a tranquilidade dos pacientes, em busca de soluçooes para as suas enfermidades (BARSANO et. al., 2014, p. 101). Setores considerados restritos e especif́icos devem ser monitorados, para impedir o acesso de pessoas estranhas que possam ser receptoras e transmissoras de agentes patogênicos e outros riscos. O controle de resíduos hospitalares (materiais, instrumentais, alimentos) deve seguir as diretrizes da gestaoo de resíduos da saúde implantadas no hospital, com locais próprios para o seu descarte e acondicionamento temporário, esterilizaçaoo antes de sua desti- naçaoo final ou incineraçaoo a cada turno de trabalho (BARSANO et. al., 2014, p. 101). Segundo Barsano (et. al., 2014, p. 101-102) os hospitais saoo grandes geradores de agentes biológicos, e o controle desses riscos tem por base o mapeamento das áreas, possibilitando a adoçaoo de medidas preventivas e a restriçaoo de acesso, para a prevençaoo dos riscos biológicos e a organizaçaoo nas instalaçooes. As áreas de um hospital saoo assim classificadas: Áreas críticas: oferecem risco de infecçaoo por procedimentos invasivos realizados, ou pela presença de pacientes suscetíveis às infecçooes (centros cirúrgicos, UTIs, hemodiálise, banco de sangue, lavanderia etc.). Áreas semicríticas: saoo assim classificadas por possuírem menor risco de infecçaoo (enfermarias, apartamentos e ambulatórios). Áreas naoo crit́icas: saoo as áreas naoo ocupadas por pacientes e com baixos riscos de infecçaoo (escritórios, almoxarifado, consultórios). Tópico1.7: Postos e centros de saúde Nessas unidades, destinadas ao atendimento público de saúde, os trabalhos saoo similares aos oferecidos por clínicas e consultórios, com serviços de consulta, encaminhamento a especialistas, exames e agendamento. No caso específico das unidades de saúde dos estados e municípios, o problema se concentra na alta demanda de atendimentos, o que significa grande fluxo de pessoas e de riscos de contaminaçaoo biológica commicro-organismos (BARSANO et. al., 2014, p. 103). Por serem unidades que também têm serviços profiláticos e de urgência (vacinas, soroterapia) em suas atividades, medidas de prevençaoo no descarte de instrumentos perfurocortantes e de resid́uos sólidos contaminados, adoçaoo de barreiras de proteçaoo (EPIs e EPCs), as sempre boas práticas de higienizaçaoo com água e materiais assépticos e tantos outros procedimentos de Biossegurança DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 87 devem ser implementados, de acordo com as especialidades médicas, os equipamentos e os serviços prestados (BARSANO et. al., 2014, p. 104). As áreas devem ser bem-sinalizadas e possuir meios de acessibilidade para atender os vários tipos de pacientes e usuários (crianças, idosos, portadores de deficiência fiśica), como rampas de acesso sem degraus, elevadores, se assim couber, cadeiras de rodas e informaçooes em braille, e também um responsável para a orientaçaoo de pessoas naoo alfabetizadas (BARSANO et. al., 2014, p. 104). Tópico 1.8: Outras unidades de saúde FARMÁCIAS As farmácias saoo os locais encarregados da distribuiçaoo, comercializaçaoo e manipulaçaoo de medicamentos e fórmulas e estaoo classificadas, nominalmente, como farmácias de dispensaçaoo, manipulaçaoo e hospitalares, cujos critérios de Biossegurança possuem algumas semelhanças entre si e também características próprias de cada atividade (BARSANO et. al., 2014, p. 105). Farmácias de dispensação saoo as que comercializam os medicamentos, e, de acordo com a Vigilância Sanitária, suas instalaçooes devem prever locais apropriados para a armazenagem em local fresco e arejado; produtos de perfumaria e higiene pessoal devem estar dispostos em locais distintos dos medicamentos, e os de tarja preta (psicotrópicos) devem possuir local próprio e com controle riǵido de entrada e saída (BARSANO et. al., 2014, p. 105). Farmácias de manipulação, os mesmos cuidados no armazenamento dos medicamentos nas farmácias de dispensaçaoo devem ser tomados. Naoo deve haver influência de forte calor e umidade, para naoo alterar as composiçooes químicas terapêuticas dos produtos. No caso específico desse tipo de farmácia, as atividades requerem os mesmos cuidados dispensados nos laboratórios, com a diferença que há a predominância dos riscos quiḿicos, em vez de riscos biológicos, na manipulaçaoo das drogas (BARSANO et. al., 2014, p. 105). BANCOS DE SANGUE Destinados à recepçaoo de doadores de sangue e derivados, seus estoques devem ter rigorosíssimos controles de manipulaçaoo, acondicionamento e armazenamento dos componentes; sangue e derivados coletados devem atender a rigorosos controles sorológicos e ser submetidos a severos exames médicos, além do levantamento histórico-clínico do doador; os processos de manipulaçaoo, fracionamento e acondicionamento, bem como toda a parte operacional e profissional envolvida, devem estar em concordância com as boas práticas e os programas de prevençaoo de Biossegurança, e também atender às recomendaçooes normativas do Ministério da Saúde e da vigilância sanitária (BARSANO et. al., 2014, p. 106). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 88 SETORES DE ENSINO E TREINAMENTO TÉCNICO-CIENTÍFICO-ACADÊMICO Voltados para estudos e pesquisas da área médica, da biológica e outros de caráter científico e acadêmico; saoo grandes as probabilidade de contágio com micro-organismos, principalmente por envolver manipulaçaoo de partes anatômicas de seres vivos (sangue, vísceras, órgaoos, tecidos, fluidos orgânicos etc.); estudantes e profissionais devem receber treinamento específico para as práticas de Biossegurança (higienizaçaoo, assepsia, utilizaçaoo de EPIs, adoçaoo de procedimentos seguros), e, no caso do aluno inexperiente, deve estar sempre acompa- nhado pelo responsável técnico e por acadêmicos das atividades (BARSANO et. al., 2014, p. 107). TEMA DA AULA: Normas regulamentadoras FONTE BIBLIOGRÁFICA STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. SOUZA, Tania Cristina; OLIVEIRA, Cristiane Frizzo de; SARTORI, Hiram Jackson Ferreira. Diagnóstico do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em estabelecimentos públicos de municípios que recebem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ecológico no Estado de Minas Gerais. Eng. Sanit. Ambient., Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 571-580, Dec. 2015. Tópico 1.1: Norma Regulamentadora – NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde A Norma Regulamentadora 32 de Segurança de Trabalho nos Estabelecimentos da Saúde (NR32) foi aprovada em 2005 e é uma legislação do Ministério do Trabalho e Emprego. Essa norma estabelece medidas visando à proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores de saúde (STAPENHORST, 2018, p. 255). Dessa forma, a NR 32 abrange, além desses trabalhadores, os profissionais de outras empresas que trabalham na mesma área, como empresas terceirizadas, cooperativas e prestadoras de serviço. A norma ressalta, ainda, que a responsabilidade do seu cumprimento é compartilhada entre contratantes e contratados (STAPENHORST, 2018, p. 255). Para a promoção da segurança do trabalhador, a NR 32 recomenda a adoção de medidas preventivas para cada possível situação de risco que o profissional da saúde pode encontrar e aconselha a capacitação dos trabalhadores (STAPENHORST, 2018, p. 256). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 89 Assim, a NR32 tem como objetivo a regulamentação dos riscos de exposição ocupacionais a agentes biológicos, químicos e físicos, além da gestão de resíduos dos serviços da saúde, das condições de conforto por ocasiões de refeições, das lavanderias, de limpeza e conservação e da manutenção de máquinas e equipamentos (STAPENHORST, 2018, p. 256). Tópico 1.1.1: Influência da NR 32 para os profissionais da saúde Por ter como objetivo principal o estabelecimento de normas que visam à proteção do trabalhador da área da saúde, esses profissionais são diretamente atingidos pela NR 32 de diversas formas. Primeiramente, os profissionais da saúde devem estar atentos às diretrizes descritas na NR 32, as quais dizem respeito a práticas relacionadas a medidas preventivas frente aos possíveis riscos do local de trabalho (STAPENHORST, 2018, p. 257). De uma forma mais abrangente, a NR 32 atua sobre os profissionais da saúde para minimizar as taxas de acidentes de trabalho. Os acidentes de trabalho envolvendo material biológico são um problema de saúde pública mundial e acabam gerando prejuízos econômicos para o país, visto que, muitas vezes, o trabalhador precisa ser afastado do seu trabalho (STAPENHORST, 2018, p. 257). Cerca de 22 doenças são passíveis de transmissão por meio da interação paciente/profissional da saúde, sendo que as mais impactantes à saúde do trabalhador são pelos vírus da hepatite C, da hepatite B e da imunodeficiência humana (STAPENHORST, 2018, p. 257). Tópico 1.1.2: Ações previstas em caso de exposição ocupacional acidental a agentes biológicos Visando a regulamentar a exposição ocupacional a esses riscos, a NR 32 adiciona normas para dois documentos obrigatórios de todas as empresas – o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (STAPENHORST, 2018, p. 259). De acordo com a NR 32, o PPRA deve conter na fase de reconhecimento, além do previsto pela NR 09: 1. Identificação dosriscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores, considerando: a) fontes de exposição e reservatórios; b) vias de transmissão e entrada; c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 90 d) persistência do agente biológico no ambiente; e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; f) outras informações científicas. 2. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando: a) a finalidade e a descrição do local de trabalho; b) a organização e os procedimentos de trabalho; c) a possibilidade de exposição; d) a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho; e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento (Norma Regulamentadora 32 – NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde). O PCMSO é um plano que visa a promover a saúde ocupacional dos tra-balhadores. A elaboração desse programa está prevista na NR 07, a qual estabelece que o PCMSO também deve ser elaborado e implementado por todos os empregadores e todas as instituições que admitam trabalhadores como empregados, visando à proteção da saúde e da segurança dos trabalhadores. De acordo com a NR 32, o PCMSO deve contemplar, além do disposto pela NR 07, os seguintes tópicos: a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos; b) a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do item 32.2.2; c) a relação contendo a identificação nominal dos trabalhadores, sua funão, o local em que desempenham suas atividades e o risco a que estão expostos; d) a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente expostos; e) o programa de vacinação (Norma Regulamentadora 32 – NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde). Ainda, o PCMSO deve conter medidas relativas à possibilidade de exposição acidental aos agentes biológicos, como: a) os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acompanhamento e prevenção da soroconversão e das doenças; b) as medidas para descontaminação do local de trabalho; c) o tratamento médico de emergência para os trabalhadores; d) a identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas pertinentes e) a relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar assistência aos trabalhadores; f) as formas de remoção para atendimento dos trabalhadores g) a relação dos estabelecimentos de assistência à saúde depositários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, materiais e in-sumos especiais (Norma Regulamentadora 32 – NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde) DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 91 É importante ressaltar que a NR 32 indica que, em caso de exposição acidental, devem ser adotadas medidas de proteção imediatamente, mesmo que não estejam previstas no PPRA. As medidas de proteção a riscos biológicos recomendadas pela NR 32 incluem: Todo local onde exista possibilidade de exposição ao agente biológico deve conter: lavatório exclusivo para higiene das mãos que seja provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira com sistema de abertura sem contato manual. Todos os quartos ou enfermarias destinados ao isolamento de pacientes portadores de doenças infectocontagiosas devem conter lavatório em seu interior. O uso de luvas não substitui a lavagem das mãos, que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso destas. Os trabalhadores com feridas ou lesões em membros superiores só podem iniciar suas atividades após a avaliação médica e a emissão de documento de liberação. Todos os trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes biológicos devem utilizar vestimentas de trabalho que sejam adequadas e estejam em condições de conforto. Os trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com o EPI (equipamento de prevenção individual) ou com a vestimenta utilizada em suas atividades laborais. Deve ser assegurado ao trabalhador o uso de material perfurocortante com dispositivo de segurança. É vedado o reencape e a desconexão manual de agulhas. Os trabalhadores que utilizam material perfurocortante são responsáveis pelo seu descarte. Cabe ao empregador vetar a utilização de pias de trabalho pra outros fins além dos previstos, além de vetar o uso de adornos, o manuseio de lentes de contato, o consumo de alimentos e bebidas e o ato de fumar no local de trabalho. Compete ao empregador proibir o uso de calçados abertos e a guarda de alimentos em locais não destinados para esse fim. Deve ser garantida a conservação e a higienização dos materiais de trabalho. É necessário providenciar recipientes adequados para o transporte de materiais infectantes e assegurar a capacitação dos trabalhadores, que deve ser adaptada à evolução do conhecimento e à identificação de novos riscos biológicos. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 92 NR 32 também prevê medidas de profilaxia pré-exposição e prevenção de doenças infectocontagiosas, em que o empregador deve: Disponibilizar gratuitamente para todos os trabalhadores um programa de vacinação contra tétano, difteria, hepatite B, além das eventualmente estabelecidas pelo PCMSO. Fornecer vacinas para outros agentes biológicos aos quais os trabalhadores estejam ou possam estar expostos. Controlar a eficácia da vacinação sempre que houver recomendação do Ministério da Saúde e de seus órgãos e providenciar reforço quando necessário. Informar sobre vantagens, efeitos colaterais e riscos pela recusa da vacinação e, nesses casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível para a inspeção do trabalho. Registrar no Prontuário Médico Ocupacional. Fornecer comprovante das vacinas recebidas. Tópico 1.2: Resolução 306/2004, da ANVISA Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Definem-se como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de: assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares. Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas seladas, que devem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, e às indústrias de produtos para a saúde, que devem observar as condições específicas do seu licenciamento ambiental. Constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 93 objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Tópico 1.3: Resolução 358/2005, da CONAMA A Resolução nº 358/2005 (BRASIL, 2005) dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento dos RSS na fase extra estabelecimento (tratamento e destinação final), buscando harmonizar os princípios de gerenciamento interno contemplados na RDC ANVISA nº 306/2004 (SOUZA; OLIVEIRA; SARTORI, 2015, p. 572). De acordo com a Resolução CONAMA n° 358/2005, a responsabilidade do gerenciamento dos RSS cabe ao gerador, desde a geração até a sua disposição final. Na prática, no Estado, observa-se que esse gerenciamento é descontínuo e com poucas ações, resultando apenas em pequenas melhorias no cenário geral, para a gestão dos RSS.Os RSS são classificados conforme o seu grau de risco, de acordo com a Resolução CONAMA nº 358/2005, sendo: • Grupo A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção; • Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade; • Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista; • Grupo D: resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares; • Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes. De acordo com a Resolução 358, todos os geradores de RSS devem elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), o qual deve estar de acordo com a legislação vigente e com as normas de vigilância sanitária (STAPENHORST, 2018, p. 280). Para os efeitos dessa resolução, o PGRSS é considerado o documento integrante do processo de licenciamento ambiental, conforme os princípios de não geração de resíduos e de minimização da geração de resíduos. Esse documento aponta e descreve as ações relativas ao manejo de RSS, incluindo os aspectos da DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 94 geração, da segregação, do acondicionamento, da coleta, do armazenamento, do transporte, da reciclagem, do tratamento e da disposição final. Devem constar, ainda, as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente (STAPENHORST, 2018, p. 280). Tópico 1.4: Politica Nacional de Residuos Sólidos O descarte inadequado de resíduos sólidos pode provocar sérias consequências para a saúde pública e para o meio ambiente. Com o objetivo de orientar estados e municípios para uma melhor gestão desses resíduos, foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei no 12.305/10 (STAPENHORST, 2018, p. 285). A PNRS foi instituída pela Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, e reúne as ações do Governo Federal, sozinho ou em conjunto com os estados, o Distrito Federal e os municípios, em relação ao gerenciamento adequado de resíduos sólidos (STAPENHORST, 2018, p. 285). Assim, os princípios que regem a PNRS são: da prevenção e da precaução; do poluidor-pagador e do protetor-recebedor; da visão sistêmica, a qual considera as variáveis ambientais, sociais, econômicas, entre outras, na gestão de resíduos sólidos; do desenvolvimento sustentável; da ecoeficiência; da cooperação entre as diferentes esferas do poder público, do setor empresarial e dos demais segmentos; da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; do reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como bem econômico e gerador de trabalho e renda; do respeito às diversidades locais e regionais; do direito da sociedade à informação e ao controle social; e da razoabilidade e da proporcionalidade. O ponto principal da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a redução, ou seja, a não geração de resíduos através do o tratamento e da reutilização dos mesmos. Já no que se diz respeito aos rejeitos, a lei determina uma destinação adequada a eles, sem agredir o meio ambiente. Tópico 1.1: História da Biossegurança Tópico 1.2: Conceito de Biossegurança Tópico 1.3: Tipos de agentes biológicos e suas cla Tópico 2: Lei da Biossegurança Tópico 2.1: Biossegurança na sociedade Tópico 2.2: Biossegurança e saúde Tópico 2.3: Biossegurança e ética profissional Tópico 3: Biossegurança na Enfermagem Tópico 4: Biossegurança em atividades odontológi Tópico 5: Biossegurança em laboratórios de Análise Tópico 6: Biossegurança em atividades radiológicas Tópico 1: Epidemiologia do COVID-19 Tópico 2: Precauções padrão Tópico 1: Introdução ao ambiente laboratorial Tópico 1.1: Tipos de Laboratório Tópico 1.2: Cuidados básicos no ambiente laborato Tópico 1.3: Níveis de Biossegurança Tópico 1.4 Avaliação de risco do ambiente Tópico 1.4.1: Métodos de controle microbiano Tópico 1.4.2: Elementos de contenção Tópico 2: Conceitos de perigo e risco Tópico 2.1: Tipos de Risco e suas classificações Tópico 2.2: Medidas de Prevenção e Controle Tópico 2.3: Medidas de prevenção administrativa Tópico 2.4: Medidas de prevenção coletiva Tópico 2.5: Medidas de prevenção individual Tópico 2.6: Equipamentos de proteção individual e Tópico 3: Gerenciamento de resíduos de saúde Tópico 3.1: Classificação dos resíduos de saúde (R Tópico 3.2: Manuseio, controle e descarte de resíd Tópico 3.3: O manuseio de materiais perfurocortant Tópico 1: Métodos de limpeza, desinfecção e esteri Tópico 1.1: Lavagem e higienização das mãos Tópico 1.2: Limpeza de produtos e superfícies Tópico 1.2.1 Princípios básicos para limpeza e d Tópico 1.2.2 Principais produtos usados na limpeza Tópico 1.3: Desinfecção de produtos e superfícies Tópico 1.4: Esterilização de produtos e superfície Tópico 1.5: As etapas da esterilização de materiai Tópico 1.6: Programas de controle de qualidade da Tópico 1.7: Embalagens do processo de esterilizaçã Tópico 1.7.1: Tipos de embalagens Tópico 1.7.2: Cuidados gerais durante o empacotame Tópico 1: Epidemiologia Tópico 2: Condutas após o acidente Tópico 3: Profilaxia após exposições ocupacionais Tópico 1: Unidades de Saúde Tópico 1.1: Estabelecimentos de saúde. Tópico 1.2: Instalações prediais Tópico 1.3: Laboratórios Tópico: 1.4: Radiação de raios X Tópico 1.5: Clínicas e Consultórios Tópico 1.6: Unidades hospitalares Tópico 1.7: Postos e centros de saúde Tópico 1.8: Outras unidades de saúde Tópico 1.1: Norma Regulamentadora – NR 32 - Segura Tópico 1.1.1: Influência da NR 32 para os profissi Tópico 1.1.2: Ações previstas em caso de exposição Tópico 1.2: Resolução 306/2004, da ANVISA Tópico 1.3: Resolução 358/2005, da CONAMA Tópico 1.4: Política Nacional de Resíduos Sólidos(CTNBio); - determinou à CNBS o desenvolvimento de uma Política Nacional de Biossegurança (BARSANO et al. 2014, p.26). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 11 Seguindo o Princípio da Precauçaoo, o Brasil cumpre o seu papel na elaboraçaoo de uma lei de Biossegurança no país em que as diretrizes sobre alimentos transgênicos ganham destaque: estabelece a obrigatoriedade da rotulagem em produtos que contenham transgênicos, para a informaçaoo dos consumidores, e ratifica a vedaçaoo às pessoas fiśicas nas atividades biogenéticas, para cujo exercício os estabelecimentos devem ser autorizados pela CTNBio (BARSANO et al. 2014, p. 26). Tópico 2.1: Biossegurança na sociedade Cidadania relaciona-se com Biossegurança a partir do momento em que se conclui que as atividades de manejo dos OGMs podem influenciar positiva ou negativamente a sociedade em seus diversos segmentos: economia, saúde pública, segurança, trabalho e meio ambiente. Muitos dos que discordam do uso da Biotecnologia para a manipulaçaoo genética apoiam-se no conceito de cidadania para apresentar prós e contras dessa prática (BARSANO et al. 2014, p.27). Os exemplos mais discutidos na mídia saoo as polêmicas envolvendo os alimentos transgênicos e as experiências com células-tronco. Alimentos transgênicos saoo produtos de sementes geneticamente alteradas e têm como finalidade o suposto aumento da produtividade agrićola, por possuírem uma composiçaoo mais resistente a parasitas e agrotóxicos, aumentando a oferta de alimentos e resolvendo os problemas de desperdício nas lavouras e da fome no mundo (BARSANO et al. 2014, p.27). A cobrança por parte da sociedade em relaçaoo às experiências com células-tronco também divide opiniooes; por serem neutras, essas células possuem caracteriśticas que permitem a sua utilizaçaoo para gerar quaisquer órgaoos, sendo mais eficientes do que as células provenientes da medula e do cordaoo umbilical (BARSANO et al. 2014, p.27). Esse fato faz milhares de pessoas terem na Biotecnologia um fio de esperança para a cura de vários males, principalmente, as doenças degenerativas. As críticas ao uso das células-tronco esbarram em outros fundamentos, como os que envolvem questooes religiosas, que rejeitam veemente a produçaoo de embriooes ou a utilizaçaoo dos já existentes, por entender que, nesse estágio de desenvolvimento, o embriaoo já constitui a existência de um ser vivo (BARSANO et al. 2014, p.27). Tópico 2.2: Biossegurança e saúde Além dos benefícios referentes ao uso de células-tronco, há outros aspectos importantes a se destacar na Biossegurança em relaçaoo à saúde, em que medidas de prevençaoo devem ser implantadas para a promoçaoo da saúde pública e a segurança dos profissionais que executam essas atividades (BARSANO et al. 2014, p.29). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 12 No ambiente laboral, os profissionais de Saúde estaoo sujeitos a uma série de riscos biológicos, que, dependendo do campo de atuaçaoo, podem variar quanto à exposiçaoo e às características dos agentes infecciosos, em razaoo da precariedade das instalaçooes, da ausência de barreiras de proteçaoo e dos procedimentos inadequados nos processos de trabalho (BARSANO et al. 2014, p.29). Há diversas atividades que requerem procedimentos de Biossegurança, a serem rigorosamente adequados conforme a especialidade médica ali desenvolvida (laboratórios, clińicas médicas, clínicas veterinárias, consultórios odontológicos, unidades de saúde, Enfermagem, experimentos com animais etc.) (BARSANO et al. 2014, p.29). A ANVISA trabalha no controle de riscos gerados em pesquisa, no manejo de material biológico e na elaboraçaoo de procedimentos de segurança para os processos de trabalho e de instituiçooes, em que a Biotecnologia e os produtos com OGMs saoo cuidadosamente analisados (BARSANO et al. 2014, p.29). Porém, é importante saber que a implantaçaoo de procedimentos laborais naoo tem como objetivo apenas a prevençaoo a esses profissionais: unidades de saúde públicas ou privadas devem oferecer condiçooes que favoreçam a prestaçaoo dos serviços de saúde com segurança, e seus pro- fissionais devem seguir procedimentos padronizados e trabalhar em um ambiente laboral sem riscos biológicos (BARSANO et al. 2014, p.29). Epidemias decorrentes de contaminaçaoo por micro-organismos saoo extremamente perigosas, pois, se saírem do controle, podem ocasionar inúmeras vítimas fatais, em razaoo da dificuldade de detectar a sua origem, de realizar o isolamento das áreas infectadas e de colocar à disposiçaoo os devidos tratamentos, levando em conta que, nesse processo, alguns micro-organismos podem sofrer mutaçooes genéticas e, assim, criar resistência a medicamentos ou vacinas (BARSANO et al. 2014, p.29). Práticas e técnicas laboratoriais saoo os métodos mais importantes, pois o correto manuseio dos agentes biológicos possibilita um controle de riscos seguro, desde que o profissional esteja preparado, o que engloba o conhecimento dos riscos e dos procedimentos de segurança a serem executados (BARSANO et al. 2014, p.31). Tópico 2.3: Biossegurança e ética profissional Questooes polêmicas como o uso de células-tronco, o direito dos embriooes à vida, os direitos dos animais e a clonagem de seres humanos colocam em situaçaoo de reflexaoo os profissionais envolvidos, que devem analisar os objetivos de seus trabalhos para uma avaliaçaoo de seus próprios valores humanos e acadêmicos, e, com isso, traçar um limite que atenda aos valores morais envolvidos em suas DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 13 atividades e contribua para o desenvolvimento cientif́ico (BARSANO et al. 2014, p.32). Os limites da investigaçaoo e da aplicaçaoo dos avanços científicos na Medicina tradicional, na Biologia ou na Biotecnologia têm como suporte a Bioética, que é “o estudo sistemático das dimensooes morais - incluindo visaoo, decisaoo e normas morais - das ciências da vida e do cuidado com a saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas num contexto multidisciplinar” (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2007, p. 62 apud BARSANO et al. 2014, p.32), fundamentada em cinco princípios: Principio da Autonomia: trata do respeito que o profissional deve ter à vontade, à crença e aos valores morais do paciente ou sujeito, reconhecendo o seu domínio sobre suas próprias vida e intimidade; Principio da Beneficencia: assegura o bem-estar das pessoas, evitando danos, e garante que sejam atendidos os seus interesses; Principio da Não Maleficencia: assegura que sejam minorados ou evitados danos físicos aos sujeitos da pesquisa ou aos pacientes; Principio da Justiça: exige equidade na distribuiçaoo de bens e benefićios em qualquer setor da ciência; Principio da Proporcionalidade: procura o equilib́rio entre riscos e benefićios, visando ao menor mal e ao maior benefićio às pessoas. As diretrizes de um determinado código de ética a serem cumpridas e a sua análise devem levar em consideraçaoo os aspectos de costumes e lugares de cada país, pois temas como a eutanásia e o aborto têm relevância moral diferente em naçooes de culturas diferentes (BARSANO et al. 2014, p.32). No caso da Bioética, temas envolvendo a manipulaçaoo de organismos geneticamente modificados já beiram um consenso mundial, pois os riscos decorrentes podem atravessar os limites das fronteiras. Além dos perigos de uma contaminaçaoo global por agentes biológicos, no caso da clonagem de seres humanos, a abordagem do assunto é acompanhada pela comunidade científica internacional e pela opiniaoo pública, cujos valores religiosos, morais e acadêmicos integram-se para debater essa possibilidade de aplicaçaoo em nossa sociedade (BARSANO et al. 2014, p.32). Tópico 3: Biossegurança na Enfermagem A Biossegurança na Enfermagem tem como finalidade manter um ambiente biologicamente seguro para os profissionais enfermeiros, os pacientes, os acompanhantes e outros colaboradores (BARSANO et al. 2014,p.63). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 14 O setor de Enfermagem é muito importante nas unidades de saúde, pois auxilia o médico no pré-atendimento dos pacientes, fornecendo ao profissional informaçooes preliminares, ou as primeiras impressooes sobre o estado geral do paciente, além de efetuar a medicaçaoo prescrita e os curativos, bem como auxiliar em casos de emergência (BARSANO et al. 2014, p.63). Seja no ambiente hospitalar, seja em unidades de pronto-socorro, o profissional de Enfermagem está sujeito a vários agentes biológicos, principalmente, pelo contato direto no manuseio de sangue, dejetos, líquidos e fluidos corporais dos pacientes, sendo necessário que o especialista esteja devidamente treinado e habilitado para oferecer um atendimento-padraoo e, ao mesmo tempo, resguardar a sua segurança fiśica, ou seja, tomar as precauçooes-padraoo (BARSANO et al. 2014, p.63). Precauçooes-padraoo saoo medidas adotadas pelos profissionais de saúde, independentemente da doença diagnosticada, nas quais o enfermeiro deve manter uma postura responsável quanto aos procedimentos de Biossegurança, a fim de naoo se infectar nem ser uma fonte de contaminaçaoo por doenças como hepatites B e C, AIDS, sífilis, tuberculose e doenças respiratórias (BARSANO et al. 2014, p.63). A Biossegurança na Enfermagem antecede o início das atividades. O profissional deve tomar as seguintes providências antes de assumir o seu turno: o uniforme do profissional deve estar sempre limpo; se tiver lesooes de pele, estas devem ser protegidas antes de entrar na unidade; adornos devem ser removidos antes da lavagem das maoos; os cabelos devem estar limpos e presos, e as unhas, curtas e devidamente limpas (BARSANO et al. 2014, p.63-64). Assim como em outras unidades de saúde, na higienizaçaoo das maoos devem ser utilizadas as técnicas clínicas de lavagem para esse fim, inclusive antes da colocaçaoo das luvas, que servem para a prevençaoo do contato das maoos com sangue, secreçooes ou mucosas ao manipular os instrumentos laborais e ao contato físico com pele naoo íntegra. O par de luvas deve ser exclusivo para cada paciente e deve ser descartado após o atendimento (BARSANO et al. 2014, p.64). Tópico 4: Biossegurança em atividades odontológicas As práticas de Biossegurança em atividades odontológicas abrangem um conjunto de medidas que tem como finalidade a prevençaoo de diversos riscos ocupacionais, principalmente por doenças infecciosas e aspectos ergonômicos da profissão (BARSANO et al. 2014, p.65). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 15 Além dos riscos decorrentes de serviços prestados rotineiramente, como extraçaoo ou limpeza na arcada dentária, operaçooes de maior complexidade saoo executadas nos pacientes e exigem procedimento operacional-padraoo para a realizaçaoo de cirurgias locais, em que se deve atentar aos riscos de contaminaçaoo patogênica do cirurgiaoo-dentista e de sua equipe por micro-organismos (BARSANO et al. 2014, p.65). As fontes responsáveis pela contaminação biológica saoo as superfićies fixas do setor, os instrumentos de trabalho, os procedimentos operacionais incorretos, os pacientes e os próprios profissionais (BARSANO et al. 2014, p.65). Em relaçaoo aos aspectos instrumentais, eles saoo classificados da seguinte maneira: Criticos: saoo os instrumentos que penetram nos tecidos, atingindo o sistema vascular (pinças, instrumentos de corte e pontas, instrumental cirúrgico de periodontia, agulhas). Semicriticos: saoo os instrumentos que entram em contato com saliva, tecido humano, secreçooes e sangue visiv́el ou naoo (afastadores, moldeiras, brocas). Não criticos: saoo os instrumentos que naoo entram em contato com o paciente (telefone, armários, refletores, comandos da cadeira etc.) (BARSANO et al. 2014, p.65). Há também de se ter cuidados necessários na adoçaoo de medidas na preparaçaoo do paciente, principalmente, em processos cirúrgicos, como realizar exames pré-operatórios, preparar a boca com escovaçaoo, bochechos e medidas profiláticas, degermaçaoo da face e fornecimento de EPIs para os pacientes (gorro, óculos de proteçaoo, avental e pró-pé) (BARSANO et al. 2014, p.66). Tópico 5: Biossegurança em laboratórios de Análises Clinicas Os laboratórios de análises clínicas recebem vários tipos de materiais contaminados para diagnóstico. Geralmente a natureza infecciosa do material é desconhecida, sendo o material submetido a várias análises para a determinação dos agentes. Entretanto, mesmo com o desconhecimento do potencial de risco no trabalho de laboratório, a frequência dos acidentes é relativamente baixa, mas eles ocorrem e podem ter sérias consequências (CIENFUEGOS, 2001) As medidas de biossegurança existem como meio de prevenção da contaminação, no qual grande parte dos acidentes acontece pelo uso inadequado e/ou ineficaz das normas propostas, dando origem assim a procedimentos que apresentam riscos (VALLE et. al., 2008). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 16 O técnico em análises clínicas é o mais exposto aos acidentes, visto que é o profissional que realiza procedimentos de coleta venosa para a realização de exames laboratoriais. Diversos autores já evidenciaram em suas pesquisas que os técnicos em análises clínicas estão mais sujeitos a casos de infecções causadas por procedimentos não condizentes com a boa prática laboratorial, como pipetar com a boca ou usar inadequadamente perfurocortantes (PICCOLI; WERMELINGER; AMANCIO FILHO, 2012). A biossegurança é fundamental para o profissional de análises clínicas, porque, para esse profissional, todas as áreas de trabalho são críticas. Frequentemente o técnico em análises clínicas entra em contato com materiais biológicos em amostras cegas na sua prática cotidiana, de modo que necessita saber como utilizar-se das medidas preventivas e, inclusive, saber como agir em caso de acidente (PICCOLI; WERMELINGER; AMANCIO FILHO, 2012). Saber como trabalhar com segurança para si e para os outros, seja em condições precárias ou em plena conformidade às normas de biossegurança, está relacionado não apenas aos conhecimentos recebidos na escola, mas também (e sobretudo) à formação e experiência que adquire e acumula ao longo da vida profissional e que se manifesta no modo como ele mobiliza recursos cognitivos para agir em uma situação complexa que apresenta riscos (PICCOLI; WERMELINGER; AMANCIO FILHO, 2012). Tópico 6: Biossegurança em atividades radiológicas Alguns efeitos dos Rx, assim como de outras formas de energia ionizante, têm caráter nocivo, o que obriga a adoção de procedimentos de proteção ao profissional e paciente expostos. O dano causado pela radiação é cumulativo, ou seja, a lesão é causada por doses repetidas de radiação que se acumulam nos tecidos (MARCHIORI; SANTOS, 2015, p. 5). O trabalho noturno também é um fator de risco, pois pode causar um impacto negativo na saúde dos trabalhadores, alterando os períodos de sono e vigília, transgredindo as regras do funcionamento fisiológico humano. Desencadeiam–se, nesses casos, as sensações de mal-estar, fadiga, flutuações no humor, reduções no desempenho devido ao déficit de atenção e concentração. Além disso, destacamos também a sobrecarga de horário e funções, que levam à insegurança no trabalho, aumentando a responsabilidade profissional, muitas vezes com recursos inadequados, o que prejudica o bom andamento de suas funções (SILVA; PINTO, 2012). Os profissionais que atuam em ambientes de radiologia devem ser constantemente monitorados com dispositivos capazes de absorver a quantidade de radiação presente no local de trabalho, os quais são chamados de dosímetros. É importante citar que os dosímetros são de uso individual e exclusivo do local onde DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 17 está cadastrado, tendo em vista que a radiação presente é diferente em cada ambiente do laboratório (STAPENHORST, 2018, p.168). Há dois tipos de dosímetros: Dosimetro de corpo inteiro: devem ser utilizadosna altura do tórax, sobre o avental plumbífero, pois, por ser a região corporal com maior índice de exposição, a aferição da dose é eficaz. Dosimetro de extremidades: utilizado pelos profissionais que realizam os exames, ao manipularem os pacientes ou realizarem exames com radiofármacos. Os profissionais também devem utilizar os aventais de chumbo (plumbíferos). Esses aventais têm diferentes tamanhos e formatos e seu objetivo é proteger as regiões torácica e abdominal. Os aventais precisam ser utilizados nas salas de exame durante o seu processo de realização (STAPENHORST, 2018, p.168). Outro EPI importante é o protetor de tireoide, o qual é colocado na região do pescoço e visa a proteger a glândula tireoide, que é altamente sensível a radiações ionizantes (STAPENHORST, 2018, p.168). Os órgãos dos aparelhos reprodutores feminino e masculino também são muito sensíveis a radiações ionizantes, portanto, o uso de protetores de gônadas é recomendado sempre que o uso não interferir na qualidade do exame (STAPENHORST, 2018, p.168). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 18 TEMA DA AULA: CORONAVÍRUS E AS PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA. FONTE BIBLIOGRÁFICA FARIA, Maria Helaynne Diniz. Et al. BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA E COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. CADERNOS ESP. CEARÁ.2020, JAN. JUN.; 14(1). PÁGS. 53–60ISSN: 1808-7329/1809-0893. Disponível em: https://cadernos.esp.ce.gov.br/index.php/cadernos/article/view/335 /212 . Acesso em: 08 dez. 2020. SEGATA, Jean. Covid-19, biossegurança e antropologia. Horiz. antropol. vol.26 no.57 Porto Alegre Mai/Agost. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832020000200275& script=sci_arttext. Acesso em: 08 dez. 2020. FIHO, José Marçal Jackson; ASSUNÇÃO, Ada Ávila; ALGRANTI, Eduardo; GARCIA, Eduardo Garcia; SAITO, Cézar Akiyoshi; MAENO, Maria. A saúde do trabalhador e o enfrentamento da COVID-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 45, p. 1-3, 2020. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369ed0000120. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbso/v45/2317-6369-rbso-45-e14.pdf. Acesso em: 12 dez. 2020. CROSP. ORIENTAÇÃO DE BIOSSEGURANÇA ADEQUAÇÕES TÉCNICAS EM TEMPOS DE COVID-19 CROSP - Abril, 2020.Disponível em: http://www.crosp.org.br/uploads/arquivo/747df5ff505e7beff33c1a5 ff5d6f12a.pdf. Acesso em: 08 dez. 2020. Tópico 1: Epidemiologia do COVID-19 Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, as práticas de biossegurança tornam-se ainda mais importantes devido à exposição de riscos à saúde de profissionais e pacientes (FARIA et al. 2020, p.53). Segundo Faria et al. (2020, p.54), em dezembro de 2019 a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia de etiologia incerta na cidade de Wuhan, na China. Posteriormente, o patógeno foi identificado e classificado como 2019 Novel Corona Vírus (2019-nCoV). A doença causada pelo referido vírus é denominada de COVID-19, onde “CO” significa corona, “VI” de vírus, “D” de doença e, “19” corresponde ao ano de seu aparecimento. De acordo com Faria et al. (2020, p.54), esse quadro pandêmico tem se agravado com o passar dos meses. De acordo com dados epidemiológicos da OrganizaçãoPan-Americana da Saúde (OPAS), em 27de maio de 2020, mais de 5 596 550 casos foram confirmados globalmente e o número de óbitos pela COVID-19 alcançou o marco de 353 373 registros, distribuídos por 216 países. Na América do Sul, a taxa bruta de mortalidade é de 5,13%. Tal índice pode aumentar de acordo com a idade e pode chegar a 8% em pacientes commais de 70 anos. Para Faria et al. (2020, p.54) os indivíduos que apresentam doenças crônicas tais como diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias também estão sujeitas a maior letalidade. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 19 Faria et al. (2020, p.54), a OPAS alerta ainda que, entre os países da América do Sul, o Brasil registrou o maior número de casos (438.238 casos confirmados, incluindo 26.754 óbitos). Com isso, o país brasileiro torna-se o terceiro mais afetado em termos de incidência global e ocupa o primeiro lugar entre os países mais afetados da América do Sul. As vias de transmissão desse vírus podem ocorrer de forma direta e indireta, sendo a primeira através do contato com fluidos (emitidos por tosse, espirro, fala) de pacientes infectados que atingem diretamente conjuntiva ocular e/ou vias aéreas, enquanto a indireta ocorre por contato com fômites/superfícies ou aerossóis contaminados por saliva ou fluidos provenientes da mucosa oral ou nasal (FARIA et al. 2020, p.54). Faria et al. (2020, p.54) relata que as mãos em contato com os fômites contaminados e levadas em seguida aos olhos ou nariz são vias importantes de transmissão. O período de incubação do SARS-CoV-2 pode variar entre 5 a 14 dias. Atualmente, o tempo de 14 dias é o que está sendo considerado para o isolamento e monitoração dos casos pelos órgãos oficiais de saúde. A Covid-19 tem sido impactante. Mas, alguns dos cenários que ela tem produzido não são totalmente novos. Resguardadas as particularidades e escalas eles ecoam dramas recentes vividos com o zika vírus no Brasil, com o ebola no continente africano, com as gripes suína e aviária na Ásia e com a doença da vaca louca na Europa. E eles não se restringem às epidemias. Há também as cartas com antraz, o ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos e as suas intervenções militares no Oriente Médio, além da intensificação dos conflitos na Síria e na Faixa de Gaza. No início do século XXI, eventos descritos como ameaças em escala global têm se mesclado e mobilizado com mais intensidade às novas economias do risco, da preparação e da resposta. Caos e perdas irreparáveis para uns, oportunidades para outros (SEGATA, 2020). A construção do campo da biossegurança articula diferentes disciplinas como a ecologia, a epidemiologia, a biotecnologia, a bioética, e as humanidades. A sua origem é difusa, mas há certa unanimidade em pensar que se trata de uma especialidade dedicada às ações de contenção de riscos inerentes à exposição a agentes biológicos potencialmente contaminantes. Inicialmente, essas práticas se remetiam às atividades em laboratório, mas aos poucos foram estendidas para os ambientes de saúde e também à indústria, ao comércio, à produção agrícola e às relações internacionais (ROCHA et al. 2012 apud SEGATA 2020). Em grande medida, o que estava em pauta era o avanço da microbiologia a partir da segunda metade do século XX e a sua acelerada unificação com outros campos da ciência, da tecnologia e de suas aplicações. Tal processo passou a exigir debates mais amplos sobre ética, processos laborais, preocupações ambientais e segurança dos ambientes e saúde (SEGATA, 2020). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 20 Inúmeros questionamentos sobre intervenções, objetos e práticas que desafiavam os limites então imaginados entre o seguro e o inseguro - mas também o orgânico e o inorgânico, o natural e o modificado, o estável e o incerto, etc. - fizeram emergir debates sobre as múltiplas faces do risco - sua avaliação, seu manejo e sua comunicação (Donaldson 2008 apud SEGATA 2020). Foi nesse conjunto de interseções entre domínios da biotecnologia e da política que a antropologia também formou inúmeras agendas de pesquisa. A maior parte delas não reivindica a participação na formação de um campo específico sobre a biossegurança, mas as questões que elas têm levantado sobre os efeitos das manipulações genéticas e microbiológicas são de fundamental interesse para a constituição dele. É o caso do universo das modificações genéticas e o modo como ele amplificou o escopo das transformações operadas sobre o que tratamos como natureza (SEGATA, 2020). Dados sobre a mecânica de atuação do novo coronavírus começavam a ser produzidos desde os primeiros casos em Wuhan, na China. Eles resultavam das primeiras informações sobre os sintomas e o tratamento da doença, mas também sobre os números de casos de cura e de morte. Números indicavam que a taxa de letalidadeera menor do que nas experiências com a Sars e a Mers, ainda que seu índice de transmissibilidade fosse mais alto (Zhang et al. 2020 apud SEGATA 2020). Pessoas idosas com históricos de diabetes, hipertensão, cardiopatias ou obesidade pareciam mais propensas a desenvolver formas agudas da doença. Jovens e crianças pareciam mais resistentes e até mesmo assintomáticos. A doença ganhava uma forma e fórmulas derivavam dela. A questão é que as informações locais que produziram esses primeiros dados tiveram as suas escalas amplificadas no mesmo ritmo de expansão geográfica e numérica da contaminação, que foi muito rápido. A decretação da pandemia fez com que o novo coronavírus fosse convertido em um problema em escala global e algumas das primeiras formas de enquadrá-la ganharam um estatuto de referência (SEGATA, 2020). Em outros termos, o problema é que, ainda que haja uma mecânica biológica mais ou menos padronizável e conhecimentos e técnicas para o seu manejo, situações locais de injustiça e de vulnerabilidade social e as próprias experiências de saúde e doença ou aquelas de risco e cuidado tensionam e limitam essa universalidade. Uma doença como a Covid-19 pode se converter em fenômenos de escala global, mas tanto o global como as doenças e as suas escalas são atuações que se realizam a partir de materialidades, práticas e sentidos singulares e até mesmo contingentes (Mol 2002 apud SEGATA 2020). https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832020000200275&script=sci_arttext DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 21 O enfrentamento da pandemia do novo coronavírus faz parte das funções essenciais da Saúde Pública por meio de ações voltadas para a população ou para grupos com maior risco de contaminação, como os profissionais de saúde. No entanto, outras atividades de trabalho podem ter um papel relevante na disseminação do vírus e, portanto, a análise de como se processam é determinante para a prevenção do adoecimento (BAKER MG, 2020 apud SEGATA, 2020). A pouca visibilidade desse aspecto implica sua pouca valorização nas políticas públicas. O campo do trabalho como um todo deve ser considerado na estratégia de enfrentamento da COVID-19 (FIHO et al., 2020). Essas situações, a exemplo de outras, mostram que tanto o exercício das atividades laborais quanto as condições de trabalho são fontes potenciais de exposição ao vírus. Por sua vez, esses lócus - a situação de trabalho - é território de disseminação da doença. É fundamental entender, portanto, de que maneira as atividades e condições de trabalho podem contribuir para a disseminação e, sobretudo, para o estabelecimento de estratégias para o enfrentamento da pandemia (FIHO et al., 2020). Mesmo para os profissionais de saúde diretamente envolvidos com os cuidados aos pacientes, pouco se discute sobre as condições e organização do trabalho, prevalecendo, até o momento, protocolos com recomendação de medidas individuais (higiene e uso de equipamentos de proteção), fundamentais, mas insuficientes para o controle geral da disseminação e da exposição ao vírus. Todas as medidas de proteção previstas no protocolo de manejo clínico do coronavírus, no Brasil, dizem respeito à biossegurança (FIHO et al., 2020). Nesta pandemia, se a necessidade da proteção dos profissionais dos estabelecimentos de saúde ganhou merecido destaque, o mesmo não se verifica para outros grupos ocupacionais. No Brasil, gráficos apresentando dados estratificados por sexo, faixa etária e região geográfica são elaborados com frequência como subsídios para orientar medidas de controle e prevenção, assim como para o planejamento e alocação dos recursos necessários para operar os sistemas de saúde. No entanto, na publicação dessas estatísticas, os microindicadores de morbidade não são desagregados até o nível da ocupação, o que não permite avaliar se, onde e em que circunstâncias os indivíduos testados positivos ou diagnosticados com a doença estavam trabalhando. Tão pouco possibilita identificar focos de disseminação relacionados com atividades de trabalho (FIHO et al., 2020). A alta transmissibilidade do vírus, a grande proporção de infectados oligossintomáticos ou assintomáticos, estimada em mais de 30%, a inexistência de vacina e de terapia medicamentosa comprovada, a insuficiente cobertura de testes, a duração prolongada dos quadros clínicos e as experiências de outros países explicam as decisões que provocaram as medidas de isolamento social e que DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 22 determinaram que só os serviços essenciais fossem mantidos. Vale lembrar que, nesse contexto, para algumas categorias, houve intensificação das tarefas (FIHO et al., 2020). O planejamento e a tomada de decisões por autoridades responsáveis, com base em informações científicas, transparência e integração de ações, têm a ganhar se incorporadas as dimensões do trabalho, fator estruturante da nossa sociedade (FIHO et al., 2020). Para Faria et al. (2020, p.55), diante das características mencionadas anteriormente, os profissionais da área da saúde são os que estão mais expostos ao risco de infecção pelo novo coronavírus. Em especial, profissionais que desempenham a prática clínica através do contato direto com os pacientes, como por exemplo, os profissionais da Odontologia. Notadamente, a prática odontológica traz consigo o risco de infecções cruzadas devido à procedimentos que envolvem o contato íntimo com fluidos corporais e orais, como sangue e saliva, assim como o manuseio de superfícies e instrumentos perfurocortantes contaminados. Tópico 2: Precauções padrão No Brasil até meados de abril foram diagnosticados aproximadamente 18.000 casos nas cinco regiões do país, sendo a maior concentração de casos, no estado de São Paulo. Nesse período foi contabilizado milhares de mortes em todo o território nacional (CROSP, 2020, p.4). O vírus, SARS-CoV-2, está associado à transmissão direta através das vias respiratórias ou indireta por meio de fômites. O espirro, tosse e inalação de gotículas e aerossóis ou o contato indireto por meio das membranas das mucosas orais, nasais e oculares são as principais vias de transmissão. A pessoa infectada pode estar assintomática e, mesmo assim, permanecerá como transmissora do vírus. Os sinais e sintomas podem ser brandos ou até mesmo levar a complicações como a síndrome respiratória a guda grave (SRAG, ou em inglês SARS2 ) e óbito. Essas partículas são pequenas (os vírions têm cerca de 100 μm) e permanecem em suspensão no ar por longos períodos de tempo. Diante disso, se faz necessário destacar as medidas de prevenção da equipe de saúde bucal (CROSP, 2020, p.4). Além do alto grau de infectividade do vírus, verifica-se que os indivíduos contaminados, sintomáticos ou não, possuem elevada carga viral nas vias aéreas superiores, o que aumenta em muito a exposição do profissional através da geração de aerossóis durante os procedimentos odontológicos para além da proximidade com o paciente. Estes fatos levaram a OMS, Ministério da Saúde, Associação Dentária Americana (ADA), Centros para Controle de Doenças e Prevenção (CDC), Conselho Federal de Odontologia (CFO), entre diversos outros órgãos nacionais e internacionais, a recomendarem que os procedimentos DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 23 odontológicos eletivos sejam adiados e restritos aos casos de urgência (CROSP, 2020, p.5). Salienta-se ainda que não há evidências referentes ao tempo de permanência do vírus no aerossol e do tempo mínimo recomendado entre as consultas, e neste sentido, para que o atendimento seja realizado com a maior segurança possível; alguns trabalhos citam até 3 horas de viabilidade do vírus no aerossol. O vírus pode permanecer na saliva do indivíduo contaminado (paciente ou equipe de saúde) por até 24 dias e, a partir disso, será difícil identificar se este ou outros pacientes estão ou não contaminados (CROSP, 2020, p.5). Precauções padrão são procedimentos preventivos que devem ser utilizados independente de diagnóstico confirmado ou presumido de doençainfecciosa transmissível no indivíduo-fonte. As medidas a seguir devem ser adotadas para/por todos os pacientes e por toda equipe auxiliar. Os procedimentos odontológicos, em sua grande maioria, são produtores de aerossóis (CROSP, 2020, p.6). A OMS e a ANVISA fazem recomendações específicas para estes procedimentos: são recomendados dentro das precauções padrão, além da higienização das mãos, uso de avental, óculos, protetor facial, também o uso de máscara PFF2 (N95) ou respiradores. A higiene das mãos é uma das medidas mais importantes para evitar a disseminação de doenças, tem um papel fundamental no momento atual e deve ser realizada nos seguintes momentos: 1. Antes de entrar em contato com o paciente; 2. Imediatamente antes de qualquer procedimento asséptico; 3. Imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais (saliva e sangue); 4. Após o contato com o paciente, superficies e objetos próximos a ele e ao sair da sala de atendimento; 5. Após tocar qualquer objeto, mobilia e outras superficies nas proximidades do paciente, ainda que não tenha entrado em contato com o paciente (CROSP, 2020, p.6). EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Equipamentos de proteção individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a prevenir riscos que podem ameaçar a segurança e a saúde. Os EPIs só realizarão a tarefa de prevenir riscos se as atitudes de preparo anteriores forem tomadas adequadamente: uso de unhas aparadas, rostos sem maquiagem, mãos e punhos devidamente higienizados (aventais com sanfona no punho, e gola modelo padre), cabelos presos e barbas aparadas (CROSP, 2020, p.14). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 24 1. Utilizar o equipamento de proteção respiratória (EPR) adequado, que visa a proteção dos profissionais contra a inalação de agentes nocivos à saúde. As peças faciais filtrantes (no mínimo PFF-2) ou N95 são respiradores (não são máscaras) recomendados para proteção contra aerossóis (partículas menores que 5μm) que contenham partículas não biológicas (poeiras, névoas e fumos), assim como partículas virais (ex: SARS-CoV-2) e outros microorganismos. Porém perdem, significativamente sua eficiência quando umedecidos e/ou molhados, portanto deverão estar recobertos por anteparo facial (viseira, face shield). 2. Avental - Utilizar aventais descartáveis e impermeáveis com fechamento traseiro. No final do período de atendimento realizar o descarte sem necessidade de manuseio do profissional ou equipe. A gramatura mínima é de 50 g/cm2 . 3. Gorros - Devem ser descartáveis e hidrorrepelentes, como os usados rotineiramente nas dependências das clínicas, sendo trocados após cada período de atendimento. É importante ressaltar que os cabelos devem estar totalmente protegidos no interior do gorro, uma vez que as franjas e “rabos de cavalo” podem servir como fonte de microrganismos (como SARS-CoV-2) ou podem ser contaminados pelos aerossóis produzidos durante o atendimento. Gorros com aberturas traseiras que permitam que o “rabo-de-cavalo” fique exposto não cumprem esta função. Além disso, acessórios como brincos e piercings devem ser removidos durante o atendimento e a orelha recoberta totalmente pelos EPIs. 4. Óculos de proteção - Todos os membros da equipe odontológica devem utilizar óculos com proteção lateral. Óculos normais não substituem os de proteção, sendo necessário usar os óculos de proteção sobre os normais. Em tempos de covid-19, recomenda-se o uso de óculos com vedamento (ex: natação, ski ou industriais). 5. Viseiras (escudo facial, protetor facial, face shields) - Devem, obrigatoriamente, vedar o rosto latero-lateralmente de tragus a tragus; inferiormente indo até a região submandibular, mas sem ultrapassá-la para não correr o risco de ser deslocada para cima quando o profissional abaixar a cabeça durante o procedimento, além de serem vedadas superiormente, e colocadas sobre o gorro descartável, para não se correr o risco de penetração do aerossol. Recomenda-se que todos os membros da equipe odontológica devem utilizar a viseira sobre o respirador e os óculos. Após o atendimento, as viseiras deverão ser lavadas com sabonetes DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 25 líquidos germicidas e desinfetadas com solução de hipoclorito de sódio a 1%, enxaguadas e enxugadas com toalhas de papel (CROSP, 2020, p.17). SEQUÊNCIA DE PARAMENTAÇÃO E DESPARAMENTAÇÃO O tipo de EPI deverá ser escolhido de acordo com o nível de precauções necessárias, como padrão de contato, produção de gotículas/aerossóis ou precauções para infecções transportadas pelo ar. O procedimento para colocar e remover EPIs deve ser adaptado ao tipo de EPI utilizado (CROSP, 2020, p.17). Use práticas de trabalho seguras para proteger-se e limite a área de contaminação: • Antes de iniciar a paramentação devem ser removidos todos os acessórios (relógio, brinco, anéis, etc); • Mantenha as mãos afastadas do rosto; • Limite ao máximo as superfícies a serem tocadas; • Troque as luvas quando danificadas ou altamente contaminadas; • Realize a higiene das mãos. Sequência de colocação de equipamento de proteção pessoal (EPI) (CROSP, 2020, p.18). 1. Avental • Cobrir totalmente o tronco do pescoço aos joelhos, braços, até o final dos pulsos; • Amarrar na parte de trás do pescoço e da cintura. 2. Respirador PFF-2/N95 e sobreposição commáscara cirúrgica • Segurar o respirador com a mão na parte frontal; • Adaptar do mento para cima e fixar os tirantes. Primeiro o tirante superior e depois o segundo na nuca; • Ajustar a pinça nasal e testar a vedação do EPR ; • Segurar a máscara cirúrgica pelos elásticos e posicionar sobre o respirador; • Ajustar a máscara para recobrir o máximo possível o respirador, protegendo-o de gotículas. 3. Gorro • Prender os cabelos se for o caso; • Colocar o gorro de forma que cubra completamente os cabelos e as orelhas. 4. Óculos de proteção com proteção lateral • Para evitar que o óculos de proteção embace, recomenda-se utilizar um pedaço de fita tipo esparadrapo sobre a parte superior da máscara cirúrgica; • Se for utilizar óculos de proteção com vedação (ex: natação, ski ou industriais) certifique-se de estar adaptado e justo. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 26 5. Viseiras tipo face shield • Colocar sobre o rosto e ajustar. 6. Luvas • Colocar as luvas e estender para cobrir e fixar o punho do avental (CROSP, 2020, p.19). SEQUÊNCIA DE RETIRADA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO PESSOAL (EPI) Existem várias maneiras de remover o EPI com segurança, sem contaminar sua roupa, pele ou membranas mucosas com materiais potencialmente infectantes. Este é um exemplo. Remover todos os EPIs antes de sair do consultório (sala de atendimento), exceto o respirador (ex: PFF-2 ou N95) e os óculos de proteção: retirar os óculos e respirador depois de sair da sala de atendimento (desde que possível) e fechar a porta (a mucosa ocular possui muitos receptores para o vírus, por isso os óculos só devem ser retirados fora da sala de atendimento). O descarte do EPI utilizado deve ser em lixeira com tampa e pedal, em sacos plásticos para acondicionamento de resíduos contaminados (CROSP, 2020, p.19). SEQUÊNCIA DE REMOÇÃO DOS EPI 1. Luvas • A face externa das luvas está contaminada; • Usando uma mão enluvada, segurar a área de pulso, por fora da outra mão enluvada e tracione em direção aos dedos para retirar a luva; • Segurar a luva removida na mão enluvada; • Deslizar a mão sem luva sob a luva restante, no pulso e retire a segunda luva sobre a luva já removida; • Descartar as luvas no lixo contaminado; • Logo após a remoção, lavar imediatamente as mãos e pulso, ou usar antisséptico à base de álcool 70º (CROSP, 2020, p.20). 2. Viseira tipo face shield • A face externa do protetor facial está contaminada; • Se as mãos se contaminarem durante a remoção do protetor facial, lavar imediatamente as mãos ou usar um antisséptico à base de álcool 70º ; • Remover primeiramente o escudo facial, levantando pela faixa elástica atrás da cabeça ou sobre a orelha e colocá-losobre uma bandeija para posterior descontaminação com álcool 70º. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 27 3. Gorro descartável • A face externa do gorro está contaminada; • Se as mãos se contaminarem durante a remoção do gorro, lavar imediatamente as mãos ou usar antisséptico à base de álcool; • Remover o gorro pelo topo da cabeça ou pela parte de trás; • Descarte em lixo contaminado. 4. Avental descartável • A frente e as mangas do avental estão contaminadas; • Se as mãos se contaminarem durante a remoção do avental, lavar imediatamente as mãos ou usar antisséptico a base de álcool 70º; • Soltar as tiras do avental, sem arrebentá-las, tomando cuidado para que as mangas não entrem em contato com o corpo ao alcançar as alças; • Afastar o avental do pescoço e dos ombros, tocando apenas a face interna do avental; • Enrolar o avental de dentro para fora; • Dobrar ou enrolar e descartar no lixo contaminado; • Estes procedimentos devem tomar lugar na saia da sala de atendimento (desde que possível), sem remover ainda o respirador e os óculos de proteção. Saia e então feche a porta. 5. Respirador e óculos de proteção • A face externa do respirador e dos óculos estão contaminadas - não tocar; • Se as mãos se contaminarem durante a remoção do respirador, lavar imediatamente as mãos ou usar um antisséptico a base de álcool 70º; • Remover primeiramente os óculos de proteção, caso sejam com fixadores de elástico, retire-os pelos elásticos com cuidado para não tocar na superfície externa dos óculos; • Remover então o respirador, segurando as presilhas ou elásticos com as duas mãos, pela região posterior da cabeça e nuca, afastando e levantando para cima sem tocar a parte da frente; • Descartar em um recipiente de lixo contaminado (CROSP, 2020, p.21). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 28 TEMA DA AULA: Ambiente Laboratorial e seus Riscos FONTE BIBLIOGRÁFICA BALLESTRERI, Erica. Introdução à biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.[Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978859502402 1/cfi/26!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 05 jun. 2020. BARSANO, Paulo Roberto et al. Biossegurança: ações fundamentais para promoção da saúde. São Paulo: Erica, 2014. 1. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978853651099 6/cfi/19!/4/4@0.00:53.1 Acesso em: 05 dez. 2019 BRASIL. Portaria nº 1.914, de 09 de agosto de 2011. Aprova a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2010, pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1914_09_0 8_2011.html. Acesso em: 05 jun. 2020. STAPENHORST, Amanda. Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança. In: STAPENHORST, Amanda; BALLESTRERI, Erica; STAPENHORST, Fernanda; DAGNIO, Ana Paula Aquistapase (ed.). Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Revisão técnica: Gabriela Augusta Mateus Pereira]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978859502402 1/cfi/17!/4/4@0.00:58.4. Acesso em: 05 jun. 2020. Tópico 1: Introdução ao ambiente laboratorial Imagine um ambiente em que há́ fungos, bactérias e vírus que transmitam doenças, entre elas, as fatais. Você já́ se imaginou nesse ambiente? Como se defender daquilo que muitas vezes naoo se vê̂? (BARSANO et al. 2014, p.35). O ambiente laboratorial é o espaço físico destinado a realizaçaoo de experimentos, pesquisas, prestaçaoo de serviços e ensino. Conta com uma estrutura adequada para a atividade que será́ desenvolvida: bancadas, instrumentos de medida, amostras, livros, pessoas etc. Trata-se de um ambiente hostil, visto que saoo manipulados micro-organismos que podem comprometer o resultado e a confiabilidade de uma pesquisa (BARSANO et al. 2014, p.35). O design do ambiente laboratorial é um fator imprescindível para a minimização dos riscos de biossegurança, tendo em vista que um projeto bem executado pode, por exemplo, evitar o transporte de resíduos potencialmente contaminantes pelas áreas de uso comum e, consequentemente, reduzir o número de profissionais e pacientes expostos a materiais perfurocortantes que estão sendo descartados (STAPENHORST, 2018, p.167). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 29 Tópico 1.1: Tipos de Laboratório Prevenir a transmissão de agentes infecciosos, dentre outros produtos nocivos à saúde humana, é o grande problema de segurança laboratorial. A Biossegurança é um conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização e eliminação de riscos para a saúde, ajuda na proteção do meio ambiente contra resíduos e na conscientização do profissional da saúde (BALLESTRERI, 2018, p. 37). Para isso, estabelecem as condições seguras para a manipulação e a contenção de agentes biológicos, incluindo: os equipamentos de segurança, as técnicas e práticas de laboratório, a estrutura física dos laboratórios, além da gestão administrativa (BALLESTRERI, 2018, p. 37). Podemos encontrar diversos tipos de segmentos laboratoriais, dentre eles: laboratório quiḿico, laboratório de ensino e laboratório clínico (BARSANO et al. 2014, p.36). Laboratório quimico: tem por finalidade a realizaçaoo de experimentos. Nesse ambiente o químico realizará testes, experimentos e análises envolvendo reaçooes químicas. Nesse tipo de laboratório costumam ser encontrados produtos perigosos à vida, como ácidos corrosivos, produtos tóxicos etc. Laboratório de ensino: tem finalidade pedagógica, ou seja, é um ambiente destinado a realizar experiências práticas, como complemento ao aprendizado teórico. Nesse ambiente o aluno poderá praticar experimentos, evidentemente, sempre acompanhado por um professor ou monitor. Nesse ambiente costuma-se encontrar suporte universal, tubos de ensaio etc. Laboratório clinico: em por finalidade diagnosticar, prevenir, tratar e avaliar a saúde dos pacientes por meio de exames biológicos, patológicos, microbiológicos, entre outros. Nesse ambiente costumam ser encontrados microscópios biológicos, tubos de ensaio etc. (BARSANO et al. 2014, p.36). Tópico 1.2: Cuidados básicos no ambiente laboratorial Segundo Barsano et. al. (2014, p. 36-37) antes de iniciar a atividade no laboratório, é importante saber o que você vai fazer lá, com o que vai trabalhar, se já recebeu o treinamento adequado (ou se vai receber) e quais equipamentos manejará. Durante a permanência no laboratório ou durante a prestaçaoo de serviços, alguns cuidados básicos devem ser tomados: usar EPI adequado para cada atividade; lembrar que a utilizaçaoo de jaleco deve ser restrita ao laboratório; manter as unhas cortadas; DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 30 evitar adornos, como anéis, pulseiras e relógios; se tiver cabelos longos, mantê-los presos; usar sapatos fechados; jamais aplicar cosméticos na área laboratorial; naoo comer nem beber dentro do laboratório; utilizar os equipamentos do laboratório apenas para a finalidade a que se destinam; naoo pipetar com a boca; descartar infectantes perfurocortantes em recipientes riǵidos, impermeáveis, resistentes a perfuraçooes, com tampa e identificados; observar regras de Higiene e Segurança no Trabalho, etc (BARSANO et al. 2014, p.36-37). Tópico 1.3: Niveis de Biossegurança Em ambientes laboratoriais, o nível de Biossegurança de determinado procedimento será norteado conforme o agente biológico de maior classe de risco envolvido. Caso naoo seja possiv́el conhecer a patogenicidade desse agente, deve-se realizar uma avaliaçaoo do risco para estimar o nível de contençaoo (BARSANO et al. 2014, p.52). DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 31 Para a manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma das classes, devem ser atendidos os requisitos de segurança, conforme o nível decontenção necessário, que são denominados Níveis de Biossegurança Conforme a ANVISA (BRASIL, 2004b apud BARSANO et al. 2014, p.52), a Comissaoo Técnica Nacional de Biossegurança, também conhecida pela sigla CTNBio, é o organismo responsável pelas atribuiçooes relativas ao estabelecimento de normas, análise de risco, definiçaoo dos níveis de Biossegurança e classificaçaoo de Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Segundo a CTNBio, os níveis de Biossegurança saoo classificados em quatro: NB-1: Nivel de Biossegurança 1 Requer procedimentos para o trabalho commicrorganismos (classe de risco 1), que, normalmente, não causam doenças em seres humanos ou em animais de laboratório: trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não provocarem doenças; trabalho em bancadas abertas; o laboratório não fica separado das demais dependências do edifício; é necessário o uso de EPIs (equipamento de proteção individual): jaleco, óculos e luvas. Figura 08 – Exemplo de laboratório de nível NB-1 Fonte: Universidade de Oviedo (2019) NB-2: Nivel de Biossegurança 2 Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 2) que sejam capazes de causar doenças em seres humanos ou em animais de DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 32 laboratório, sem apresentar risco grave aos trabalhadores, à comunidade ou ao ambiente. Trata-se de agentes não transmissíveis pelo ar. Há tratamento efetivo e medidas preventivas disponíveis, dessa forma, o risco de contaminação é pequeno. Especificações estabelecidas para o NB-1 e mais: fazer uso de autoclave; trabalhar em cabine de segurança biológica; restringir o acesso ao laboratório, pois este deve ser limitado durante os procedimentos operacionais; usar proteção facial, aventais e luvas. Figura 09 – Exemplo de Laboratório de nível NB-2 NB-3: Nivel de Biossegurança 3 Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 3) que geralmente causam doenças em seres humanos, ou em animais, e podem representar risco se forem disseminados na comunidade, mas, usualmente, existemmedidas de tratamento e prevenção: é necessário que haja contenção para impedir a transmissão pelo ar; toda manipulação deverá ser realizada em cabine de segurança; todos os resíduos e outros materiais devem ser descontaminados ou autoclavados antes de sair do laboratório; o acesso ao espaço é controlado; é importante ter sistemas de ventilação. DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 33 Figura 10– Exemplo de Laboratório de nível NB-3 Fonte: Cientista trabalhando no laboratório de segurança máxima NB-3 do Instituto de Biologia da USP (2018) NB-4: Nivel de Biossegurança 4 Requer procedimentos para o trabalho commicrorganismos (classe de risco 4) que causam doenças graves ou letais para seres humanos e animais, que são de fácil transmissão por contato individual casual. Não existem medidas preventivas e de tratamento para esses agentes: deve haver nível máximo de segurança; a instalação precisa ser construída em um prédio separado ou em uma zona completamente isolada; ter cabines de segurança biológica ou com um macacão individual suprido com pressão de ar positivo; controlar, de forma rigorosa, o acesso ao local (STAPENHORST, 2018, p. p.29-31). Figura 12 – Exemplo de laboratório nível NB-4 DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 34 Fonte: Laboratório em Wuhan (2019) Tópico 1.4 Avaliação de risco do ambiente Durante a avaliação de risco do ambiente, alguns aspectos específicos precisam ser analisados. Primeiramente, deve-se elaborar uma planta que contemple todas as áreas que serão construídas (salas de laboratório, administração, recepção, almoxarifado, sanitários, entre outros), que deve se basear na demanda de trabalho esperada ao longo do tempo (STAPENHORST, 2018, p. 167). É importante também considerar o número de profissionais e pacientes que farão uso do espaço, o qual deve ser grande o suficiente para permitir a limpeza e a organização do local junta e proporcionalmente ao volume de trabalho/análises que serão realizados (STAPENHORST, 2018, p. 167). Ao elaborar o design do ambiente, também é importante considerar a quantidade e o tamanho dos equipamentos e dos móveis que serão instalados no local, os quais devem ser posicionados de maneira que o fluxo de trabalho não seja interrompido (STAPENHORST, 2018, p. 167). A avaliação de risco do ambiente também requer vistoria de toda a rede elétrica, de água e esgoto. Todos os equipamentos de ar condicionado, ventilação e exaustão devem ser verificados para otimizar a remoção de aerossóis do ambiente. Por fim, deve-se realizar o gerenciamento e a avaliação dos resíduos de acordo com as Normas de Biossegurança e adequar o projeto às legislações federais, estaduais e municipais (STAPENHORST, 2018, p. 167). Tópico 1.4.1: Métodos de controle microbiano A prática do controle de micro-organismos teve início recente, há aproximadamente 100 anos, por meio das pesquisas de Louis Pasteur, levando a comunidade científica a crer que os micróbios seriam uma possível causa das doenças. Para fins didáticos, e considerando a relevância do tema, abordaremos, a seguir, as terminologias básicas usadas no controle de micro-organismos (BARSANO et al. 2014, p.44). Assepsia: conjunto de procedimentos utilizados para evitar a infecçaoo dos tecidos durante as intervençooes cirúrgicas. Engloba os seguintes procedimentos: esterilizaçaoo, desinfecçaoo e antissepsia. Antissepsia: técnica de desinfecçaoo química utilizada para promover a destruiçaoo ou a inativaçaoo dos micro-organismos presentes na pele, nas mucosas, em tecidos vivos de animais ou humanos etc. Por exemplo, fazer a antissepsia das maoos antes DISCIPLINA - PROMOÇÃO A BIOSSEGURANÇA Página 35 de tratar determinado curativo. cheio de álcool iodado na pele antes da aplicaçaoo de uma injeçaoo trata-se de uma degermaçaoo. Desinfecção: adoçaoo de métodos ou produtos, físicos ou químicos, com a finalidade de destruir (matar) ou inibir micro-organismos patogênicos em superfićies ou em ambientes, como salas cirúrgicas e baias, a ponto de naoo mais oferecer riscos de disseminação. Esterilização: remoçaoo ou destruiçaoo total de micro-organismos patogênicos e naoo patogênicos (todas as formas de vida) presentes em determinado objeto ou material. O aquecimento é a técnica mais utilizada para destruir os micro-organismos, incluindo as formas mais resistentes, como os endósporos. Por exemplo, os alicates e cortadores de unha usados pelas manicures devem ser esterilizados sempre após o uso, garantindo a segurança da próxima cliente. Germicidas: saoo agentes químicos ou físicos capazes de eliminar (matar) os micro-organismos. Por exemplo, virucidas matam vírus, fungicidas matam fungos, bactericidas matam bactérias etc. Sanitização: tratamento que ocasiona a reduçaoo da vida microbiana em equipamentos de manipulaçaoo de alimentos, utensílios alimentares etc. até́ almejar níveis seguros de saúde pública. Sepse ou septicemia: contaminaçaoo bacteriana grave do organismo por micróbios patogênicos. (BARSANO et al. 2014, p.46). Tópico 1.4.2: Elementos de contenção O objetivo da contenção no ambiente laboratorial é reduzir ou eliminar a exposição da equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em geral aos agentes potencialmente perigosos. Esses elementos são divididos em contenção primária e contenção secundária (STAPENHORST, 2018, p.31). A contenção primária é proporcionada por técnicas de biossegurança, nas quais os indivíduos necessitam receber treinamento em relação a elas. Cada unidade do estabelecimento deve desenvolver seu próprio manual de biossegurança, identificando os riscos e os procedimentos operacionais de trabalho, o qual deverá ficar à disposição de todos os usuários do local (STAPENHORST, 2018, p.31-32). Um exemplo de barreira de contenção bastante utilizada em laboratórios é a cabine de segurança biológica, que é