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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I: Teóricas
Prof. João Paulo Fernandes Remédio Marques
+ Ação declarativa à luz do código revisto, Remédio Marques
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Aula dia 24 de setembro de 2018 
Bibliografia:
Ação declarativa à luz do código revisto, J. P. Fernandes Remédio Marques, Coimbra Editora, até 
pág. 415 - sala de leitura
Introdução ao Processo Civil, José Lebre de Freitas, Gestlegal, 4ª ed., 2017
Processo Civil Declarativo, Paulo Pimenta, Almedina, até pág. 130-40
INTRODUÇÃO 
CAPÍTULO I 
NOÇÕES GERAIS 
Secção I: O processo civil, os conflitos de interesses e a jurisdição 
1. O conflito de interesses na origem do direito processual civil 
	 O surgimento de conflitos de interesses que não possam compor-se naturalmente, ou 
seja, sem litígio, exige que a ordem jurídica do Estado disponha de mecanismos para proceder à 
sua composição ou sanação.
	 O processo civil surge da necessidade de resolver certo tipo de conflitos de interesses 
nas relações entre iguais, onde a dúvida se instalou ou, uma vez esclarecida (ainda que 
presumivelmente) essa dúvida, a violação permanece (artigo 1º CPC).
	 É a função estadual jurisdicional que aplica o direito, de forma imparcial, aos casos 
concretos, por via dos tribunais.
	 Num sentido estrutural, o processo pelo qual se exprime a jurisdição é a forma de uma 
função, num sentido funcional o processo que traduz aquela jurisdição consiste na atuação 
(estadual) da garantia dos direitos subjetivos e das demais posições jurídicas subjetivas ou 
difusas.
2. A jurisdição e o monopólio estadual da função jurisdicional 
	 Os seres humanos conhecem 4 formas de resolver conflitos de interesses:
• Autotutela: É a forma mais imperfeita de todas de resolver conflitos de interesses e 
resolve-os apenas, e em princípio, de forma provisória, além de ser uma via 
excecional e somente autorizada quando esteja expressamente prevista pelo 
legislador (do CPC ou em outra legislação especial ou avulsa). Impôs-se um sistema 
de justiça pública o que implica a proscrição da autodefesa e a proibição do 
exercício do exercício da jurisdição por órgãos ou entidades que sejam estranhos ao 
poder do Estado. O artigo 1º CPC determina a proibição da autodefesa, mas no final 
ressalva os casos expressamente declarados na lei. Que casos são esses em que se 
permite a autodefesa no quadro da justiça privada? São os casos em que não é 
possível recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais comandados por um 
tribunal ou sob a fiscalização de um tribunal e às autoridades públicas para a dos 
direitos: ação direta (imposição unilateral por parte de um dos sujeitos em litígio; forma 
material de resolver um conflito de interesses/problema, que mais tarde será apreciado por 
um juiz - artigos 336º, 1277º, 1314º e 1315º CC); legítima defesa (artigo 337º CC); atuação em 
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Prof. João Paulo Fernandes Remédio Marques
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estado de necessidade (339º CC); exceção de não cumprimento (428º/1 CC); direito de 
retenção (754º e ss CC); compensação (847º ss CC), etc. Só nos casos em que a lei o 
determine é que o o interessado deve recorrer ao tribunal para que este aprecie se a 
autodefesa foi utilizada ou não dentro dos limites da lei (é o caso do artigo 412º/ 
CPC).
• Autocomposição: É a forma mais perfeita para resolver os conflitos de interesses. O 
litígio termina mediante recíprocas cedências/concessões das duas partes em litígio. 
O acordo que resulta da autocomposição é o contrato de transação (extrajudicial ou 
judicial). O mediador (terceiro que ajuda as partes) não impõe soluções, apenas pode 
aplacar/diminuir o conflito, falando com as partes, transmitindo os pontos que elas 
vão cedendo até ao ponto em que agrade às duas. Só os juizes podem impor 
soluções no final de um processo. 
• Heterocomposição: Há um terceiro imparcial, inamovível, independente e 
irresponsável, o juiz, que se motiva objetivamente, e que após um convencimento 
subjetivo face aos factos/alegações sobre os factos que as partes lhe trazem, ele, 
perante essas alegações sobre factos, forma uma convicção sobre a realidade 
desses factos alegados e considera provados ou não provados tais factos relevantes 
e tem de dizer porque considerou provados ou não provados esses factos relevantes. 
De seguida, face a esses factos provados ou não provados, efetua as qualificações 
jurídicas adequadas, aplicando o direito a esses factos que considerou provados ou 
não provados. 
• Heterotutela: Há uma terceiro imparcial, inamovível, independente e irresponsável, o 
juiz, que resolverá o “litígio” mediante uma decisão jurisdicional. O juiz, ao longo de 
todo o processo, atua ouvindo as partes para melhor proteger um único interesse. 
Ele vai decidir o “litígio” à luz da melhor solução para um interesse que está em crise 
ou um feche de interesses em convergência, ou seja, o objetivo é satisfazer da 
melhor forma o interesse de uma pessoa ou conjunto de pessoas (ex. adoção). O juiz 
está-se a motivar subjetivamente.
Aula dia 25 de setembro de 2018 
	 Como se distingue o exercício dos poderes públicos, face ao princípio da separação de 
poderes? 
Temos de saber distinguir, à luz do princípio da separação de poderes, as funções do 
Estado: função executiva, legislativa e jurisdicional.
	 A jurisdição, o poder jurisdicional, consiste na fração de poder estadual atribuída aos 
tribunais ou a certos entes materialmente administrativos para decidir sobre um litígio que 
pressupõe um conflito de interesses, ou seja, versões e alegações factuais diferentes. Se as 
alegações sobre os factos são diferentes tem que existir um sujeito, uma pessoa humana, que é 
o juiz, que se convença qual das realidades factuais é para ele a que apresenta um grau de 
probabilidade estatisticamente relevante maior relativamente a essas realidades factuais dispares. 
O juiz tem de formar uma convicção sobre as realidades factuais apresentadas pelas partes e, do 
seu ponto de vista, irá considerar provadas, não provadas, ou provadas com restrições essas 
realidades factuais, qualificando juridicamente os factos. O juiz irá decidir o conflito de interesses 
de uma forma independente e imparcial, com base no Direito previamente definido, aplicando o 
Direito ao caso concreto. A resolução do caso concreto consubstancia-se no facto de o juiz ter 
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de emitir um juízo decisório final, podendo o juiz vir a condenar a uma conduta que tem de ser 
cumprida, sob pena de descumprimento de decisão judicial, sujeita a execução coativa. 
	 Posto isto, a função jurisdicional pressupõe um terceiro imparcial e a existência de certas 
garantias de inamovibilidade, de imparcialidade, de independência e de irresponsabilidade para o 
órgão judicial decidente. Por fim, o poder jurisdicional consuma-se com o proferir de despachos, 
sentenças e acórdãos.
	 Diferentemente do exercício da função administrativa, que se destina a satisfazer 
necessidades coletivas do Estado-sociedade, ou seja, necessidades coletivas individualmente 
sentidas (p. e., saúde, segurança, justiça, segurança social, etc.) e a prosseguir determinados 
interesses públicos havidos pela lei como relevantes. O Estado faz-lo através de entes 
administrativos, não apenas através da AP direta, mas também da AP indireta (institutos públicos, 
associações públicas, como as universidades públicas). Não obstante, o exercício destes poderes 
administrativos ser também delegado a particulares e empresas. A função administrativa 
concretiza-se com a emissão de atos administrativos, regulamentos administrativos, contratos 
administrativos e com a prática de ações materiais, pelos órgãos competentes.
3. Noção e caraterísticas do direito processual civil 
	 O DPC é um ramo de direito processual que temda instância. O 99º/2 permite, todavia, 
que o autor requeira ao juiz a remessa dos autos para o tribunal hierarquicamente competente e 
o réu não alegue oposição justificada.
	 	 Nos TAF há também uma hierarquia: TAC, TCA (Norte e Sul) e STA. 
	 	 3. Competência em razão do valor
	 	 Perdeu interesse prático com o novo CPC. Artigo 41º da lei 62/2013: Temos dois 
tipos de órgãos jurisdicionais de 1ª instância cuja competência é aferida em razão do valor das 
ações: são a Secção Cível da Instância Central e a Secção Cível da Instância Local.
	 	 Se o valor da ação for superior a 50 mil euros e não couber na competência 
material de nenhum juízo de competência especializada ou de um tribunal de competência de 
competência alargada é proposta no Juízo Cível de Instância Central - artigo 117º/1/a da lei 
62/2013 para o processo declarativo. 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I: Teóricas
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	 	 Que processos cabe apreciar aos Juízos Cíveis de Instância Local? Tudo o que 
não caiba aos Juízos Cíveis da Instância Central e a nenhum outro tribunal de competência 
especializada - artigo 130º lei 62/2013. 
	 	 DL 49/2014, de 27 de março (com alterações) que regulamenta a lei 62/2013. 
	 	 A alçada é o valor da ação até ao qual um tribunal decide, aprecia e julga um caso, 
sem que dessa decisão seja admissível (pela parte que perdeu) recurso ordinário. Ou seja, em 
razão da hierarquia, os Tribunais de 1ª e 2ª instância têm alçadas. Se o valor da ação for igual ou 
superior a 5 mil euros quem perder a causa não pode recorrer a um tribunal de 2ª instância, não 
pode interpor recurso ordinário. O direito ao recurso não faz parte do conteúdo essencial do 
direito da tutela efetiva. 
	 	 Como se sabe o valor da ação (que deve estar indicado na petição inicial)? O valor 
da ação corresponde aos interesses económicos que estão em jogo e é o próprio legislador 
processual que estabelece o valor das ações - artigo 296º a 310º CPC. Segundo o artigo 306º 
CPC, compete ao juiz fixar o valor da causa, se discordar do valor definido pelo autor, ele vai 
determinar uma perícia, é um incidente declarativo que tem contraditório. Pode acontecer ainda 
que o autor atribui, numa ação de reivindicação, um valor de 40 mil euros à coisa; o advogado, 
para prolongar a ação, vai impugnar esse valor afirmando que a coisa vale mais e requer uma 
perícia que será determinada pelo juiz. Entendendo-se que a ação passa para 55 mil euros, o que 
acontece? Se superou os 50 mil, os autos têm de ser remetidos para o juiz do Juízo Cível da 
Instância Central. Artigo 303º/1 CPC, relativamente ao estado civil ou interesses imateriais as 
ações consideram-se sempre de valor equivalente à alçada da relação mais 1 cêntimo (30 mil e 1 
cêntimo), independentemente da condição económica. 
	 O que acontece quando há violação de regras do valor? Há uma incompetência relativa -
artigo 102º CPC. Quem pode arguir? Artigo 103º CPC - o réu. Segundo o artigo 104º/2 CPC a 
incompetência em razão do valor da causa é sempre de conhecimento oficioso e, neste caso - 
artigo 105º/3 - o processo é remetido par ao tribunal competente.
	 	 4. Competência em razão do território
	 	 Artigo 43º Lei 62/2013 e, sobretudo, artigo 70º e ss. do CPC.
	 	 Todas as ações têm que ser localizadas num concreto/determinado ponto físico do 
território do país (Estado soberano) cujo tribunal foi acionado por um autor. Temos o litígio e o 
tribunal onde o autor acionou, para saber se o tribunal é competente territorialmente falando 
temos de chegar à conclusão que o local deste litígio se localiza na esfera de influência 
jurisdicional deste órgão/tribunal. Como se sabe isso? Há pontes/elementos que estabelecem a 
conexão entre todo e qualquer litígio e o tribunal onde esse litígio deve ser apreciado e julgado. 
Há vários elementos de conexão territoriais que têm de ser apreciados caso a caso, elementos 
que fazem a ligação entre o litígio e o tribunal que o deva apreciar e julgar. Há sempre critérios 
materiais que justificam os elementos de conexão. Quais são esses critérios? Têm a ver com a 
celeridade da administração da justiça, o tribunal melhor colocado para apreciar e julgar aquele 
litígio; o tribunal melhor colocado em termos da possibilidade da descoberta da verdade material, 
o que possa estar mais perto dos factos e dos meios de provas; por vezes, o elemento de 
conexão fundamenta-se no critério que visa favorecer o autor, para a tutela dos interesses do 
autor, o tribunal territorialmente competente será o que esteja mais perto da residência do autor.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I: Teóricas
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Aula dia 13 de novembro de 2018 
	 Análise dos vários elementos conexão 
	 Pode acontecer que se utilize dois elementos e aí pode-se propor a ação tanto no tribunal 
da zona A ou B - a escolha do foro pelo autor. O autor, em princípio, não deve poder escolher, 
deve ser antes critérios objetivos que devem marcar a competência, se assim fosse haveria 
desigualdade material das partes processuais. Mas, em algumas situações, o autor pode propor 
a ação em dois locais, pelo menos. 
	 Qual o elemento de conexão que permite localizar o litígio num concreto lugar geográfico 
em Portugal?
	 Critério geral: artigo 80º.
	 - Artigo 70º CPC: Foro da situação dos bens. Significa que nessas ações referidas no 
artigo 70º o tribunal competente é o tribunal que tenha jurisdição onde o prédio está implantado. 
O elemento comum é o conflito à volta de um imóvel. Independentemente do domicílio das 
partes, a ação deve ser proposta no tribunal da localização do prédio sobre o qual exista litígio - 
DL 49/2014. 
	 - Artigo 71º/1 CPC: Foro de matéria litigioso contratual - direito dos contratos. A ação é 
proposta no lugar em que a obrigação devia ser cumprida, quando o réu seja pessoa coletiva ou 
se o domicilio do credor se localiza na zona metropolitana do Porto ou Lisboa xxx - para saber o 
lugar da obrigação: artigo 882º e 883º CC. Está em causa o interesse público, neste último caso, 
para uma melhor administração da justiça, para descongestionar os tribunais daquelas zonas. 
Ou então a ação é proposta na zona de domicílio do réu - vale o critério geral do artigo 80º/1 
CPC.
	 - Artigo 71º/2 CPC: Responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos ou objetiva 
(fundada no risco). Aplica-se a regra geral. Situações em que entre o autor e réu não houve 
contacto social relevante para a relação processual. O facto danoso resultou de comportamento 
lícito ou ilícito não alicerçado num contrato. A ação é proposta no lugar onde o facto ilícito ou 
danoso ocorreu. Pode acontecer que o facto tenha ocorrido num lugar e o resultado do facto se 
venha a manifestar noutro local (p. e., acidente em Coimbra e morte em Lisboa). O artigo não fala, 
mas a jurisprudência diz que o autor tem a possibilidade de propor a ação no tribunal que tenha 
jurisdição no local em que o facto ilícito ocorreu, bem como no tribunal em que o dano se 
manifestou. 
Aula dia 19 de novembro de 2018 
	 - Artigo 72º CPC: Ações de divórcio e separação de pessoas e bens. 
	 - Artigos 74º e ss CPC: Critérios de conexão específicos.
	 - Artigo 78º CPC: Procedimento cautelar - embargo de obra nova (alínea b), os restantes 
nominados ou não (alínea c).
	 - Artigo 79º CPC: Procedimento cautelar - arresto e arrolamento.
	 A competência internacional: litígios transfronteiriços (atingem várias jurisdições/
ordenamentos jurídicos)
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I: Teóricas
Prof. João Paulo Fernandes Remédio Marques
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	 Os lesados ajuízam as ações ou no local do facto ilícito/danoso ou no local onde os danos 
de produziram. 
	 Os litígios temelementos de conexão de mais do que um ordenamento jurídico. Quem 
tem competência? Onde se encontram as fontes normativas que nos podem fornecer as 
respostas? Quais as normas que prevêem os critérios de competência internacional direta?
	 1º Está tratada no CPC português: artigos 62º e 63º - aplicam-se quando esteja em causa 
quando o réu tem sede ou residência em outro qualquer Estado (p. e., Brasil).
	 2º Portugal integra uma organização internacional regional que é a UE e perdeu a 
soberania em várias matérias de natureza jurisdicional. Existem dois regulamentos da UE que 
tratam da competência internacional direta: um deles, em questões civis e comerciais (o único 
que se estuda - Reg. UE 1215/2012) e o outro em questões de divórcio, responsabilidades 
parentais e separação de pessoas e bens. Os regulamentos da UE prevalecem sobre normas 
internas portuguesas; se o regulamento prevalece sobre as normas do CPC português, temos de 
ver o regulamento e ver quando os artigos 62º e 63º são utilizados pelos juizes portugueses: o 
artigo 4º, 5º/1 e 7º do regulamento. Significa que quando o réu, numa ação ajuizada no tribunal 
português, reside ou tenha a sua sede num Estado membro da UE é este o regulamento que se 
aplica e não o CPC português, para determinar a competência internacional direta do juiz 
português. Nos casos não abrangidos por esta preposição normalmente usa-se o CPC para o 
juiz português determinar a sua competência internacional. 
	 Exemplo: Se a empresa ré tiver a sede no Brasil e a empresa portuguesa com sede em 
Portugal alega descumprimento contratual da empresa brasileira. A empresa ré na ação não tem 
sede em nenhum Estado membro da UE, logo, em regra, usa-se as normas dos artigos 62 e 63º 
do CPC.
	 3º Não é pelo facto de a ré não ter residência ou sede num Estado membro que 
automaticamente o juiz português olha para o CPC português. A fonte normativa para determinar 
competência internacional pode estar noutro instrumento normativo que não o regulamento e o 
CPC. Para conciliar os critérios de determinação da competência internacional entre países que 
pertenciam à EFTA (Noruega, Suíça, Islândia, Lichtenstein) e países que pertenciam à UE quando 
o réu ou a ré tinham domicílio ou sede nesses países (da EFTA) foi aprovada uma convenção 
internacional na Suíça (1989 - Convenção de Lugano - atualizada em 2007).
	 4º Há casos em que para o juiz português determinar a competência internacional direta 
do tribunal português não olha nem para o CPC, nem para o regulamento ou qualquer outro, nem 
para a Convenção de Lugano. A fonte normativa é a Convenção de Bruxelas de 1968. Em que 
situações? Quando a ré tem sede ou residência na Dinamarca, ilhas Faroe e Gronelândia. 
Quando a Dinamarca integrou a CEE, emitiu uma reserva de não ficar sujeita a, do ponto de vista 
jurisdicional, aos critérios de competência internacional direta e ao reconhecimento e execução 
de decisões em matéria civil e comercial emitidos pela UE. Ficou submetida às regras que já 
existiam e que a Dinamarca tinha aceite que era a Convenção de Bruxelas.
Aula dia 20 de novembro de 2018 
	 Os vários critérios atributivos de competência internacional direta existentes nesses 
instrumentos: 
• Reg.1215/2012: Artigo 7º a 23º - Competências especiais (vão para além da opção-
regra geral: o autor demanda o réu no tribunal do Estado membro da residência do réu 
- artigo 4º):
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- Litígios respeitantes a matéria contratual: artigo 7º/1/a - na perspetiva 
do autor há um contrato celebrado com o réu em que o autor alega 
incumprimento total ou parcial, cumprimento defeituoso, invalidade do 
contrato (nulidade ou anulabilidade): o elemento de conexão que pode 
ligar o litígio contratual à jurisdição portuguesa é o lugar onde o 
contrato foi ou devia ser cumprido. O que se deve entender por lugar do 
cumprimento da obrigação? Artigo 7º/1/b - conceito autónomo de lugar 
do cumprimento para que os juizes nacionais não tenham de usar as 
respetivas leis civis ou comerciais internas para determinar o lugar do 
cumprimento da prestação, leis essas que podem ser diferentes de país 
para país. O lugar do cumprimento no caso de venda de bens (caso de 
contrato de compra e venda) é aquele onde os bens foram ou deviam 
ter sido entregues, à luz do contrato estabelecido; se for um contrato de 
prestação de serviços o lugar do cumprimento é o Estado membro 
onde os serviços foram ou deveriam ter sido prestados. 
- Litígios extracontratuais por facto ilícito danoso, mas esse facto não 
se alicerça na existência de qualquer contrato entre autor e réu: artigo 
7º/2 - o lugar é o da prática do facto ilícito, onde o facto ilícito ocorreu 
ou poderá ocorrer. É competente tanto o tribunal onde o dano se 
produziu, o tribunal em que o dano se consumou ou o tribunal da sede 
ou residência do réu. 
- Princípio da adesão: artigo 7º/3 - ação de indemnização cível 
cumulada com a ação criminal. 
- Seguros: artigo 10 e 11º; alternativas artigos 12º e 13º.
- Litígios com consumidores finais: artigo 17, 18º e 19º - permite que 
quando o autor é o consumidor possa propor a ação perante os 
tribunais de onde reside.
- Contratos individuais de trabalho: artigos 20º a 23º - a partir do 7º e 
ss. há a possibilidade do autor propor a ação nos tribunais de outro 
Estado Membro. Em matéria de contratos de trabalho não há 
normalmente igualdade das partes, o legislador também permite ao 
trabalhador, quando o réu é a entidade patronal, ajuizar a sua ação num 
tribunal de Estado membro diferente do Estado em que o réu tem a sua 
sede ou residência.
Aula dia 26 de novembro de 2018 
Este regulamento não trata apenas das regras de competência internacional direta, 
trata também da forma como uma sentença estrangeira emitida por um tribunal de 
um Estado membro da UE (com a exceção da Dinamarca, Gronelândia. Ilhas Faroe) 
se pode tornar eficaz em Portugal para poder ser, caso não haja cumprimento de 
pronúncia, executada em Portugal. Esse controlo nunca é um controlo sobre o mérito 
da decisão, o juiz do país onde a sentença estrangeira se destina a ser executada não 
pode controlar se os factos foram xx. O pais de destino da sentença não pode 
controlar se houve erros de julgamento quanto aos factos ou erros de julgamento 
quanto às qualificações jurídicas, interpretação das normas jurídicas. Ele controla o 
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que o Estado do destino vai fiscalizar é outro conjunto de requisitos extrínsecos (para 
poderem serem executados noutro estado): se a sentença já é definitiva, se a 
sentença é verdadeira (se foi emitida pelo tribunal que diz que foi - se a sentença é 
autêntica), se a citação do réu foi cumprida segundo as regras existente no pais de 
origem, a existência de uma tradução da sentença e que esta seja legalizada, etc. Nos 
artigos 978º e ss. CPC existe um processo especial de revisão de sentenças 
estrangeiras (ações propostas nos tribunais de 2ª instância). No 978º/1 diz que “sem 
prejuízo … confirmada”. Significa que pode haver tratados, convenções, 
regulamentos da UE, leis especiais, acordos bilaterais entre a república portuguesa e 
outros países que prevejam requisitos diferentes (normalmente mais ligeiros) para que 
uma sentença estrangeira possa ser válida e eficaz em Portugal. 
No regulamento há regras especiais quanto ao reconhecimento e execução? 
- Artigo 36º/1. 
- Artigo 37º/1 afinal há algum formalismo -> 42º/2/b e 53º e eventual tradução (artigo 
37º/2)
Se for uma sentença de outro país? Temos de ver se há alguma convenção bilateral 
entre Portugal e esse outro país. Se não houver, para a sentença ser executada em 
Portugal tem de se usar o processo especialdo artigo 978º, 979º e 980º CPC.
Funções da sentença estrangeira: Uma sentença estrangeira pode servir para efeitos 
de registo, como prova documental (documento probatório) ou para efeitos de 
execução. 
	 2. Sujeição à jurisdição portuguesa 
	 	 Há casos de imunidade de jurisdição: é o que ocorre com Estados estrangeiros, 
organizações internacionais (ONU, UE, Banco Central Europeu, etc.) e certas pessoas humanas 
(embaixadores, consoles e chefes de Estado). Só têm imunidade quando os litígios forem 
resultantes da prática de atos de soberania em que essas organizações, Estados ou pessoas 
humanas tiverem intervenção. Todavia, para litígios emergentes de atos de gestão privada, em 
que está ausente o ius imperium, nesses casos não há imunidade de jurisdição perante tribunais 
portugueses. 
(cont. Tópico anterior)
• Artigos 62º e 63º CPC: só usamos estes artigos quando o réu ou a ré não têm sede 
ou residência em Estado membro da UE, quando não tenha sede ou residência nos 
países abrangidos pela convenção de Lugano, não tem sede ou residência na 
Dinamarca, Gronelândia e Ilhas Faroe.
	 - Análise do artigo 62º: critérios atributivas de competência internacional direta 
quando ao caso não é aplicável nenhum tratado internacional, nenhum regulamento 
da UE ou nenhuma outra convenção internacional.
	 	 Alínea a): conhecida como prevendo o princípio da coincidência. A 
competência internacional é definida ao abrigo do princípio da coincidência, significa 
que os tribunais portugueses, tendo o litígio elementos transfronteiriços, basta para o 
serem competentes que a ação pudesse ser propostas em Portugal à luz de regras de 
competência territorial interna -> artigo 71º.
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	 	 Alínea b): princípio da causalidade. O objeto do processo localiza-se total 
ou parcialmente em Portugal, está a aqui ser visado a causa de pedir (ou seja, as 
ocorrências da vida real, os factos, que sustentam o pedido). Para situações de 
responsabilidade pré-contratual ou extracontratual. 
	 	 Alínea c): princípio da necessidade. Pode haver situações em que o tribunal 
do Estado estrangeiro competente não permita apreciar e julgar esse litígio nesse 
tribunal, por razões de organização política, razões naturais, guerra civil, etc.; desde 
que haja algum elemento pessoal ou real de conexão entre o autor e o território 
português. 
Aula dia 27 de novembro de 2018 
	 - Análise do artigo 63º: Norma semelhante no artigo 24º do regulamento 
1215/2012. O artigo 63º CPC e o 24º reg. 1215/2012 respeitam às situações em haja 
o que houver com um litígio transfronteiriço nas várias alíneas do 24º e do 63º os 
tribunais portugueses são sempre e em exclusivo competentes, com exclusão de 
quaisquer outros. 
Pressupostos processuais relativos às partes:
3. Para se ser parte (autor ou réu) é necessário personalidade judiciária - artigo 11º CPC. 
Quem é dotado de personalidade judiciária? 
— Regra: Quem tem personalidade jurídica (suscetibilidade de ser um centro de imputação 
de direitos e deveres). Quem tem personalidade jurídica? As pessoas humanas (ou seja, quando 
ocorre o nascimento completo e com vida) e as pessoas coletivas (as associações quando 
reconhecidas e as sociedades a partir do registo do contrato no registo de serviço comercial - 
com eficácia retroativa).
— Desvios/Extensão da personalidade judiciária: Artigo 12º - Entes/coisas que são tratadas 
como pessoas no processo por razões económicas, de eficiência da administração da justiça. 
Em todas estas situações os efeitos da sentença, no que toca a pronúncia judicial, são oponíveis 
aos donos/titulares das coisas. Artigo 13º CPC - São estabelecimentos/coisas. Nº 1: As filiais são 
pessoas jurídicas coletivas em que o domínio das participações sociais (ações ou quotas) são de 
outra pessoa jurídica - as filiais estão incorretas nesta norma. Nº 2: São as situações em que a 
sociedade comercial que controla a agência tem sede no estrangeiro e têm em Portugal um 
estabelecimento físico.
Aula dia 03 de dezembro de 2018 
A falta de personalidade judiciária gera uma exceção dilatória. Significa que haverá uma 
ação em que de um dos lados não há parte. 
A falta de personalidade judiciária não é sanável, a não ser na situação específica do artigo 
14º CPC. Não sendo sanável, quais as consequências? A falta de parte tem como consequência 
é a absolvição do réu da instância - artigo 577º/c e 576º/2 CPC.
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4. Capacidade judiciária: suscetibilidade de estar por si só em juízo litigando sem que 
tenha de pedir autorização a alguém e sem que seja necessário estar outra pessoa a litigar pelo 
autor - artigo 15º CPC. Quem tem capacidade judiciária? Quem tem capacidade de exercício de 
direitos (regra, 18 anos) - nº 2. Significa que só tem capacidade judiciária quem tiver em concreto 
para aquele concreto litígio capacidade de exercício de direitos. Quem não tem capacidade de 
exercício de direitos? Menores de 18 anos, interditos e inabilitados. A incapacidade judiciária é 
suprível/sanável: através da intervenção ou citação dos representantes legítimos do interditado, 
do inabilitado ou do menor - artigo 27º/1 e 2 CPC. Contudo, podemos ter um menor ou inabitado 
que no caso concreto tenha capacidade judiciária.
Distinção entre a falta de capacidade judiciária da irregularidade de representação 
(ambas exceções dilatórias). Esta está prevista no que toca às pessoas coletivas no artigo 25º 
CPC. A irregularidade coloca-se sobretudo relativamente às pessoas coletivas (não é só, mas 
maior parte das situações). A irregularidade de representação pressupõe que quem está a 
acionar ou a ser acionado tem capacidade judiciária, só que não está a ser devidamente 
representado em juízo por quem deveria ser. A irregularidade de represando que quem está como 
parte pode ser parte, por si só em juízo, só que não esta devidamente representado. No artigo 
26º CPC: representação (pelos representantes) das entidades que podem ser partes, mas que 
não têm personalidade jurídica, mas tem personalidade judiciária.
Ainda há outras distinções: artigo 29º CPC (igualmente exceção dilatória) - falta de 
autorização (ex.: artigo 18º CPC) ou falta de deliberação.
5. Legitimidade processual: Artigo 30º e ss. CPC. O interesse prático é nos casos de 
pluralidade de partes que foi desrespeitada. Em direito civil, se alguém não tem poderes para 
atuar no negócio jurídico e atuou, esta pessoa em concreto não era o sujeito que licitamente 
poderia emitir as declarações de vontade, há, portanto, uma ilegitimidade material ou substantiva 
e o negócio não vincula o representado, em regra. A legitimidade processual traduz a posição 
que uma parte (autor e/ou réu) tem num litígio, em termos de se dizer que essa parte (autor e/ou 
réu) são um dos titulares ou o titular da relação material controvertida - interesse direto em 
demandar e interesse direto em contradizer. Só assim é que a pessoa tem legitimidade 
processual. Como se sabe que é um dos titulares da relação material controvertida? Quem é 
ou não parte legítima? Nº 2. Na falta de outro critério temos o nº 3. Quem define se é ou não 
titular da relação material controvertida? Nº 3/parte final (tal como é configurada pelo autor - tal 
como a relação material controvertida é configurada pelo autor)
Aula dia 04 de dezembro de 2018 
	 
	 Legitimidade processual nas relações com pluralidade de interessados/partes: Artigo 
38º CPC. A legitimidade processual prevista no CPC confrontou-se em Portugal no âmbito dos 
conflitos do direito privado nos anos 90 com a ação popular (Lei 83/95). Quando se fala em ação 
popular o legislador quando criou este mecanismo processual de assegurar a legitimidadeprocessual estava a visar as situações de tutela de interesses metaindividuais, transindividuais e 
que são de todos e não são de ninguém, não são individualmente apropriáveis, interesses 
indivisíveis, interesses difusos lato sensu. Exemplo: Um cidadão de Coimbra sabe que a Câmara 
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Municipal vai aprovar um loteamento urbano para construir mais um bairro e esse cidadão 
pretende saber se pode instaurar uma anulação do ato administrativo. Outro exemplo: Há uma 
descarga poluente ou uma emissão atmosférica poluente que afeta a cidade de Coimbra, mas há 
um cidadão da Figueira da Foz que quer pedir a um juiz que obrigue a empresa a instalar filtros. 
Segundo o artigo 30º CPC (critério geral da legitimidade processual), este cidadão é titular da 
relação material controvertida? Não, ele não foi individualmente lesado. O que ele quer é 
defender um interesse transindividual, o interesse do ambiente saudável e ecologicamente 
equilibrado e a saúde publica. À luz das regras do artigo 30º, ele não é sujeito, por isso era 
preciso introduzir no CPC e no CPTAF uma disposição legal que permite-se que quem não fosse 
direta ou indiretamente lesado por uma fonte produtora de um dano pudesse ainda assim acionar 
o sujeito fonte produtor desse dano. Há atribuição de legitimidade a entes e pessoas que não são 
titulares da relação material controvertida. 
	 
	 Dimensões:
	 - Interesses difusos stricto sensu: xxx
	 - Interesses coletivos: partilhados por um conjunto de pessoas que se inserem numa certa 
xxx
	 - Interesse individuais homogéneos: um conjunto de lesados pela pratica de um facto 
lícito ou ilícito praticado por uma fonte produtora desse dano propor ação alegando que pretende 
a um grupo de lesados e está a representar todos eles, não precisando de indicar o nome de 
todos eles. Qualquer lesado pode dizer que não quer ser abrangido por aquela ação, requerendo 
ao juiz a sua auto-exclusão dos efeitos do caso julgado se a ação for julgado procedente, se 
assim for, se a ação for procedente, o indivíduo que se auto-excluiu não pode utilizar a sentença 
indemnzatória. Quem não se auto-excluir fica abrangido. 
	 Pluralidade de partes pode assumir duas figuras em Portugal: 1ª litisconsórcio - 32º a 34º 
CPC; 2ª coligação - 36º e 37º CPC.
	 Distinção: 
	 	 — A coligação corresponde a uma pluralidade de pedidos com pluralidade de 
partes, que formulam pedidos autónomos, mas ligados entre si. A diferença será os pedidos 
diferentes ainda que a causa de pedir seja a mesma, mas os pedidos têm de estar em 
dependência. 
	 	 — Antunes Varela não entende assim, para ele na coligação existem várias 
relações materiais controvertidas e diferentes partes, pluralidade de partes e pluralidade de 
relações controvertidas; no litisconsórcio será uma relação material controvertida e uma 
pluralidade de partes. 
	 	 — Para Lisboa a diferença é que no litisconsórcio há várias partes e apenas um 
único pedido, na coligação há várias partes e vários pedidos. 
	 O litisconsórcio (pressupondo que é um único pedido formulado por ou contra várias 
pessoas) pode assumir 3 modalidades:
	 1. Litisconsórcio voluntário vs. litisconsórcio necessário: Em regra, ele é voluntário, ou 
seja, ninguém é obrigado a propor a ação contra vários réus. Mas há situações em que o 
litisconsórcio é obrigatoriamente necessário. Fontes dessa obrigatoriedade (artigo 33º/2 CPC):
	 	 - Lei (litisconsórcio necessário legal): é a própria lei que impõe a pluralidade de 
partes. Exemplo: O artigo 67º/1/b do DL 291/2007 determina o litisconsórcio passivo necessário; 
artigo 419º CC ações de preferência; artigo 34º/1 CPC em matéria de cônjuges, ações propostas 
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pelos dois cônjuges e contra os dois cônjuges - note-se que o 34º/3/2ª parte é litisconsórcio 
facultativo/voluntário; artigo 1819º CC.
	 	 - Contrato (litisconsórcio necessário convencional): situações em que contrato feito 
entre as partes obrigada determinados litígios a serem proposto por ou contra vários 
intervenientes ou contraentes.
	 	 - Natureza da relação jurídica controvertida (litisconsórcio necessário natural) - 
artigos 33º/2 e 33º/3 CPC: situações em que a natureza implica a presença de vários 
interessados para que a decisão que venha a ser proferida possa produzir o seu feito útil normal 
que é fazer com que esse litígio fique definitivamente resolvido entre os litigantes/interessados. 
Exemplo: ação de divisão de coisa comum.
Aula dia 10 de dezembro de 2018 
	 2. Litisconsórcio subsidiário ou alternativo - artigo 39º CPC. Quando o autor tem dúvidas 
sobre quem é o sujeito da relação controvertida propõe uma ação contra vários e formula um 
único pedido, mas diz desconhecer qual desses co-réus é o titular passivo da relação 
controvertida e pede ao tribunal que investigue e condene o réu que for o titular da relação 
material controvertida no polo passivo. Exemplo: ação de investigação da paternidade. 
	 3. Litisconsórcio inicial sucessivo - artigo 311º e ss. CPC. A ação pode começar com 
duas pessoas e podem, posteriormente, intervir nela como parte principal outras pessoas.
	 Na coligação (artigo 36º e ss. CPC), em princípio, são formulados vários pedidos 
diferentes (várias causas de pedir), mas ligados entre si contra vários co-réus. 
	 Há situações em que a coligação não é admita - situações de coligação ilegal:
	 	 - Quando aos diferentes pedidos correspondem tramitações diferentes - o juiz fixa 
um prazo para que as partes indiquem qual o pedido ou pedidos que pretendem ver apreciados 
sob pena de se o não fizerem o réu é absolvida instância em relação a todos - artigo 38º/1/parte 
final CPC. Todavia, pode admitir-se se a tramitação não é manifestamente incompatível o juiz 
pode aceitar a cumulação de vários pedidos (p. ex., pedido de divórcio e pedido de 
indemnização).
	 	 - Quando os pedidos ofendem a competência internacional.
	 Estas situações podem ser sanadas: artigo 38º CPC.
	 Sendo o litisconsórcio necessário e se ele for preterido/desrespeitado/não observado? 
Quais as consequências? Há uma situação de ilegitimidade processual que pode sanar-se 
requerendo a intervenção principal provocada dos que estão em falta e ultrapassa-se o vício 
processual.
	 Nas situações em que há ilegitimidade singular a questão da falta do pressuposto 
processual o juiz deve absolver o réu do pedido.
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	 6. Interesse processual/em agir: Deve existir carência de tutela jurisdicional. O juiz não 
deve entrar no mérito da causa se constatar que o autor pode realizar a sua pretensão de uma 
maneira extrajudicial ou que já a realizou e, portanto, não é justo por a máquina da administração 
da justiça a funcionar. 
	 Este pressuposto tem interesse nas ações decorativas de simples apreciação positiva ou 
negativa, porque para propor uma ação de simples apreciação positiva ou negativa antes que o 
juiz aprecie o mérito da causa ele tem de analisar este pressuposto. Como? Tem que o autor na 
narração que faz dos factos na petição inicial demonstrar que a situação que ele pede que o juiz 
clarifique (afirmar que um direito subjetivo existe ou não, que um facto existe, que ocorreu ou não) o juiz 
tem de se convencer que subjacente a essa afirmação de facto ou de direito ou de negação de 
facto ou do direito há uma situação de incerteza objetiva. Esse facto ou esse direito são, do 
ponto de vista do homem e da mulher médios, controvertidos. E é preciso ainda que o juiz se 
convença que a situação de incerteza objetiva é grave, na perspetivado autor, ou seja, para ele e 
para as pessoas que estivessem na situação do autor. Se o juiz se recusa-se a analisar seria um 
grande transtorno a manutenção dessa situação de incerteza.
Aula dia 11 de dezembro de 2018 
	 Consequência da falta de interesse processual: absolvição do réu da instância e do 
pedido.
	 7. Patrocínio judiciário: Diz respeito à assistência técnica que as partes podem ter ou 
que as vezes têm de ter por parte de juristas que têm a qualidade profissional de advogados. 
	 Quando é que o patrocínio judiciário é pressuposto processual? Quando for obrigatório, 
se o for o juiz não pode analisar o mérito da causa se esse pressuposto não estiver sanado - 
artigo 40º/1 CPC (se não tiver meios económicos para o fazer, o Estado assegura apoio judiciário 
às pessoas que a quem de um certo rendimento anual indiciam não dispor de bens económicos):
	 	 - Nas causas de competência dos tribunais com alçada em que seja admissível 
recurso ordinário. Alçada é o valor até ao qual um tribunal julga sem que seja admissível interpor 
recurso ordinário dessa decisão. Limite até ao qual um tribunal aprecia e julga uma ação ou um 
recurso sem que seja ser possível interpor recurso ordinário. Os tribunal com alçada significa que 
se o valor da ação ultrapassar essa alçada significa que o autor e o réu deviam ter constituído 
advogado logo do início - Lei 62/2013. Qual a alçada dos tribunais de 1ª instância? 5 mil euros. 
Significa que se o valor da causa for inferior a 5 mil euros o que esse juiz decidir não é passível 
de recurso para a 2ª instância. Se assim for o auto e o réu não têm de constituir advogado, 
podem litigar sem o auxílio técnico dos profissionais liberais.
	 	 - Nas causas em que seja admissível recurso independentemente do valor da 
causa - 629º/2 e 3 CPC (para as ações de despejo - artigo 298º/1 CPC).
	 	 - Nos recursos e nas ações que são instaurados nos tribunais superiores (TR e 
STJ).
	 Como se constitui advogado? Através de mandato judicial, mediante procuração que 
pode ser feita por documento autentico ou por documento particular nos termos do Código do 
Notariado. Celebram um contrato de prestações de serviços forenses, com a particularidade dos 
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serviços serem a prática de atos jurídico-processuais. Podem, além dos poderes gerais, as partes 
conceder poderes especiais. Artigo 47º CPC para a revogação e a renúncia do mandato - veja-se 
o nº 3: se o patrocínio judiciário for obrigatório e o autor renunciar ao mandato a instância 
suspende-se até que seja constituído o novo mandatário (+ alínea b).
	 Como é que este pressuposto é sanado? Se o juiz constatar que a ação devia ter sido 
subscrito por um advogado e não foi - artigo 41º CPC. 
	 - Quanto a falta respeitar ao autor o juiz oficiosamente determina a notificação do autor. 
Se o autor não juntar procuração forense a consequência é que o réu é absolvido da instância;
	 - Quando a falta respeitar ao réu o juiz determina a notificação do réu para no prazo de 10 
dias juntar ao processo uma procuração forense. Se o réu não juntar procuração forense a 
consequência é que se considera que a defesa apresentada pelo réu não existe.
Aula dia 17 de dezembro de 2018 
	 Princípios fundamentais do processo civil
	 Havendo lacuna na regulamentação na sequência processual, nas consequências da 
prática de um ato ou da sua omissão permitem perceber e compreender qual a melhor solução 
no caso concreto. 
	 Princípio do direito do acesso à jurisdição: Princípio segundo o qual todos têm direito à 
ação para defender direitos subjetivos, interesses difusos ou quaisquer outra posições subjetivas 
- artigo 20º CRP.
	 	 — Subprincípio do pedido: O tribunal ano pode resolver o conflito de interesses 
que ação pressupõe a não ser nos casos em que a parte o peça. Não se pode desencadear uma 
ação oficiosamente.
	 	 — Subprincípio da prossecução processual: Como se forma o objeto do 
processo?
	 	 	 - Princípio da disponibilidade das partes ou princípio do dispositivo: artigo 
5º CPC: No liberalismo significava que as partes punham e dispunham da sequência e o juiz era 
uma mera figura passiva que só tinha que julgar. Já não é assim. A configuração atual deste 
princípio está no artigo 5º CPC: às partes cabe alegar apenas os factos essenciais. Todavia, 
existem ainda os factos complementares ou concretizados (5º/2/b) e ainda os factos 
instrumentais que podem ser alegados, mas não têm de o fazer (não são obrigatórios, mas são 
obrigatórios os factos essenciais). Como se sabe quais os factos essenciais? Teremos de olhar 
para a norma jurídica ou contratual que prevê o direito subjetivo e identificar imediatamente quais 
são as ocorrências da vida real previstas em abstrato nessa norma ou em concreto nesse 
contrato que permitem exercitar este direito subjetivo. Ou seja, são os factos previstos na norma. 
Quanto à sentença 607º/4 CPC.
	 Princípio da cooperação e da boa fé processual: Se o juiz não entender o que a parte 
narrou, ele deve convidar a parte a apresentar uma nova petição onde esclareça os pontos que o 
juiz reputa como obscuros. É um despacho-convite. O fim é a descoberta da verdade processual, 
como é que os factos aparecem na convicção do julgador. Trata-se da cooperação do autor com 
o tribunal, do réu com o tribunal, do tribunal para com as partes e a cooperação de terceiros que 
não são partes com o tribunal. Exemplos: artigos 429º, 430º e 432º CPC.
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	 Princípio do inquisitório (artigo 411º CPC): Determina que o juiz (oficiosamente) dirige 
ativamente o processo, providencia oficiosamente pela prática e realização das diligências 
necessárias à normal tramitação e tenta sanar os pressupostos processuais. Não significa o 
reforço do arbítrio do juiz, pelo contrário. O juiz não pode conhecer os factos que não tenham 
sido alegados na petição.
	 	 — Subprincípio da adequação formal: Significa que o juiz pode alterar a sequência 
(sendo, portanto, uma exceção ao principio da legalidade processual/do tramite), se entender que 
as circunstâncias do caso concreto podem dispensar algum ou alguns atos dessa sequência, em 
nome da celeridade.
	 	 — Subprincípio da gestão processual (artigo 6º CPC): O juiz não altera a 
sequência, o juiz está é a praticar/programar os atos (p. ex., audiência) de uma sequência 
inalterada em colaboração com as partes, de forma expedita.
	 Em matéria da produção de prova:
	 Princípio da continuidade da audiência: Uma vez iniciada não deve ser interrompida, 
exceto por razões excecionais. Há contacto com as provas pelo que não deve haver 
discrepâncias temporais na determinação da vontade do juiz.
	 Princípio da imediação: O contacto direto e imediato do julgador com a fonte da prova. 
Nas videoconferências ha imediação, mas é menos intensa.
	 Princípio da oralidade: O conteúdo/teor do depoimento (perguntas e respostas) não é 
reduzido a escrito.
Aula dia 18 de dezembro de 2018 
	 Princípio da igualdade de armas: As partes (autor e réu) devem, ao longo de todo o 
processo, desde a petição inicial até a ultima decisão não suscetível de recurso ordinário, ser 
tratadas à luz do estatuto de igualdade substancial. Em que sentido? Devem ter os mesmos 
ónus, deveres processuais, faculdades processuais. Isto é assim ainda que do ponto de vista 
económico haja desigualdade entre as partes. P. ex., nº de testemunhas (é o mesmo para o autor 
e para o réu), junção de documentos (as partes têm limites temporais até aos quais podem juntar 
documentos), sanções (devem atingir, se for o caso de mau comportamento processual, quer o 
autor quer o réu).
	 Princípio do contraditório (artigo 3º/3 CPC): O juiz deve observare fazer cumprir ao longo 
de todo o processo (desde a petição até à decisão final insuscetível de recurso ordinário) o 
princípio do contraditório, não podendo decidir qualquer questão sem que as partes tenham tido 
a oportunidade de antes da decisão (seja interlocutória ou final) de tentar influir nessa decisão. 
	 Há proibição das decisões surpresa: Antes do juiz decidir algo com que as partes não 
contariam porque não alegaram essas circunstâncias, o juiz deve alerta-las para essa 
possibilidade de ele decidir uma certa questão formal ou de fundo/substância num certo sentido 
não alegado pelas partes.
	
Filipa Ribeiro Gonçalves �33como objeto relações e situações 
jurídicas, serve para tutelar tais situações privadas entre sujeitos colocados numa posição relativa 
de igualdade. 
	 É um ramo de direito público que prevê e regula o conjunto de providências através das 
quais um titular de um direito subjetivo propriamente dito, de um direito potestativo, de um 
poder-dever funcional ou de um interesse difuso pode obter a garantia da possibilidade de 
exercício de todas ou de algumas das faculdades jurídicas que se contêm nestas situações 
jurídicas individuais e meta-individuais.
	 Em suma, trata-se de uma disciplina jurídica que regula o conjunto de atos e formalidades 
destinadas a tutelar situações jurídicas subjetivas, dando expressão à posição das partes, com 
vista à obtenção de uma decisão por parte de um tribunal. 
	 É um ramo de direito público, já que se liga à função jurisdicional (artigo 202º CRP), que 
tem como vértice o tribunal, órgão perante o qual as partes pretendem obter tutela jurisdicional.
	 É um ramo da ordem jurídica que tutela a garantia das relações e situações jurídicas de 
direito substantivo, declarando, assegurando ou atribuindo posições ou situações jurídicas.
	 Também se diz que é um direito instrumental, no sentido em que é um instrumento para a 
tutela do direito substantivo, garantindo a efetividade e aplicabilidade deste último.
	 Não se deve esquecer a importante interdependência entre o direito material e o direito 
processual civil. Este último é um meio de exercício de posições jurídicas subjetivas e de 
interesses difusos que revela para a conformação material dessas mesmas posições jurídicas 
subjetivas.
4. Fins do direito processual civil 
	 O fim do processo é tutelar as posições e situações jurídicas subjetivas (p. e., direitos 
subjetivos, direitos fundamentais, direitos potestativos), os interesses legalmente protegidos e os 
interesses difusos. Mas esta tutela está condicionada pela alegação e prova dos factos 
subjacentes à pretensão que se pretende ver afirmada.
5. O direito à jurisdição ou a garantia da via judiciária 
	 Um dos pilares do Estado de Direito democrático é a proteção judiciária das posições 
jurídicas subjetivas (direitos subjetivos stricto sensu, interesses legítimos, interesses ou direitos coletivos, 
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interesses individuais homogéneos) e dos interesses meta-individuais (os direitos ou interesses difusos 
stricto sensu): o artigo 20º da CRP atribui a todos - mesmo os mais economicamente 
desfavorecidos - o direito de acesso ao direito e aos tribunais para a defesa dos direitos e 
interesses legalmente protegidos. O acesso ao direito aos tribunais serve para proteger/assegurar 
direitos e posições subjetivas e para evitar a lesão ou para fazer cessar a lesão já ocorrida. Os 
n.ºs seguintes particularizam este direito fundamental e refletem convenções internacionais (nos 
artigos 6º/1 CEDH e 10º CUDH estabelecem-se as diretrizes para o exercício junto de tribunais 
da proteção dos direitos subjetivos e quaisquer posições jurídicas subjetivas).
	 Estes direitos subjetivos e posições jurídicas têm que ser asseguradas através de uma 
instância jurisdicional, ou seja, através de um tribunal, que possa apreciar e julgar de uma forma 
equitativa, que culmina numa decisão de um juiz que tem que ser cumprida pelas partes quer 
elas queiram ou não. A decisão tem de ser:
• Executada ou decidida/tomada num prazo razoável (artigo 20º/4 CRP), embora, por 
vezes, os tribunais portugueses demorem exageradamente, do ponto de vista 
temporal, a apreciar e julgar de forma definitiva (sem possibilidade de mais recursos 
ordinários) uma situação jurídica. Nestas situações, há sempre a possibilidade de 
tornar efetivo esse prazo razoável sancionando a não razoabilidade de decisão. 
Como? O TEDH condena, se for caso disso, os Estados a pagar uma indemnização 
ao lesado, por demora não razoável no exercício da justiça - o exercício de direito à 
jurisdição tem dimensões supranacionais.
• Efetiva (garantia de efetividade da decisão), no sentido de que se o obrigado 
descumprir, isto é, não cumprir a decisão, o ordenamento jurídico dispõe de meios 
processuais para garantir, ainda que à força, ainda que coativamente, a reparação 
dos direitos que continuam violados (p. e., ainda que seja necessário penhorar, apreender 
e vender os bens do devedor para satisfazer patrimonialmente os direitos do credor da 
prestação). Isto significa que os direitos violados não podem continuar violados. O 
Estado através dos tribunais, órgãos de polícia e agentes de execução (em Portugal) 
tem de garantir essa efetividade. Posto isto, o processo civil passa também, no que 
toca ao exercício do direito de ação (executiva), de acesso ao direito aos tribunais, 
por ações, operações e atos materiais que é tornam efetiva uma obrigação.
	 Posto isto, a garantia da via judiciária consiste no direito de recurso a um tribunal e de 
nele obter uma decisão jurídica sobre toda e qualquer pretensão juridicamente relevante, para 
cuja apreciação estejam reunidos os pressupostos processuais.
Aula dia 01 de outubro de 2018 
6. Fontes do direito processual civil 
	 Nasceu primeiro o ius (direito subjetivo) na titularidade do sujeito ou a actio (ação) para 
fazer reconhecer e cumprir na prática o direito? O ius e a actio estão ao mesmo nível.
	 A actio era também vista pelos juristas como um direito material. Até ao século XIX, o 
direito processual era o direito processual aplicado já desde os romanos. O direito romano 
vigorou nas leis portugueses desde as ordenações afonsinas, passando pelas manuelinas e 
terminando nas filipinas, nos anos 20 do século XIX, marcado pela influência do processo civil 
canónico, mesclado com leis e práticas consuetudinárias da Europa. Não havia distinção em 
direito do processo e direito material.
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	 Como nasce o processo civil? A união dos estados alemães e o movimento na Itália de 
unificação, levou a que de um ponto de vista jurídico estas nações tenham juristas a criar uma 
pretensão processual, diferente do direito subjetivo. O direito para ser exercido perante um juiz 
tem ou não de satisfazer e cumprir determinadas condições processuais de admissibilidade? 
Quem pode ser autor da pretensão (legitimidade processual)? Em que tribunal se pode pretender 
a ação? O tribunal tem de ser competente, à luz de vários critérios. 
	 O DPC libertou-se do direito civil - autonomia jurídica do direito processual civil, 
autonomia essa que é relativamente recente do ponto de vista histórico.
7. Os meios alternativos de resolução de controvérsias/litígios 
	 Está em causa meios alternativos à justiça, isto é, aos Tribunais Judiciais. A jurisdição, o 
poder jurisdicional, não apenas:
	 	 (1) não traduz uma reserva de juiz estadual, pois a CRP (artigo 209º/2) e a lei 
ordinária permitem a criação de tribunais arbitrais, como também
	 	 (2) Não constitui um sistema fechado, visto que permite novas formas de 
composição de conflitos à margem da intervenção e da decisão de um juiz imparcial. De entre 
estas avulsa a mediação.
	 1. Arbitragem/Tribunais Arbitrais (Lei nº 63/2011): É o que se designa por justiça privada 
na origem. As partes é que escolhem o juiz e no final as sentenças que resultem desta justiça 
privada têm o mesmo valor das decisões proferidas por tribunais do Estado. No final da 
sequência há uma decisão que vincula e tem de ser cumprida pelas partes. Se não for cumprida 
a parte que ganha pode usar essa sentença e nos tribunais do Estado executa-a. Normalmente é 
uma arbitragem ad hoc/não institucionalizada (o tribunal cria-se pelas partes para aquele concreto 
litígio, quando acabar o litígio o poderextingue-se), mas muitas vezes é institucionalizada (existe um 
centro de arbitragem sob a forma jurídica de associação de direito privado com um tribunal disponível para 
apreciar e julgar litígios que os dois litigantes queiram submeter, já pré-existe e vai continuar a existir após 
o litígio se extinguir).
	 2. Julgados de paz (Lei nº 78/2011, atualizada em 2013): São tribunais do Estado, mas 
integram uma organização judiciária diferente (209º/1 CRP). São tribunais do Estado 
especializados para julgar certas matérias (os conflitos de direito privado enumerados no artigo 
9º da Lei 78/2011 e só estes com exclusão de quaisquer outros), até certo valor (até 15 mil euros) 
e em determinado território (artigo 4º/1 da Lei 78/2001), cuja organização, funcionamento e 
recrutamento de juizes é diferente da organização dos outros tribunais do Estado (judiciais, 
administrativos e fiscais e militares). Os juizes destes tribunais têm contratos a termo certo, não 
frequentam a escola dos juizes - centro de estudos judiciários -, entram através de concurso 
público. São tribunais de 1ª instância e a eventual impugnação das suas decisões são dirigidas 
aos tribunais do Estado de 1ª instância. 
	 3. Mediação (Lei nº 29/2013): Ocorrendo um conflito de interesses os litigantes usam 
estruturas de autocomposiçãodo respetivo litígio, ou seja, o resultado é produto do poder de 
autodeterminação da vontade consensual dos litigantes das pretensões a compor, exatamente 
quando esse resultado é obtido com o auxílio de terceiros auxiliares, os mediadores. A solução 
do conflito de interesses que opõe as partes é assim uma solução amigável e concertada. O 
artigo 2º daquela lei define mediação e mediador. O mediador recebe as propostas dos litigantes, 
potencia o sucesso da negociação, assiste as partes na tentativa de lograr um consenso, 
estimula o diálogo entre as partes e tenta harmonizá-las. O mediador não pode propor soluções 
às partes, seria quebrar o princípio da independência e da imparcialidade, ele não pode sugerir 
ou impor uma decisão aos mediados, devendo apenas auxiliá-los a comunicar entre si e 
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questioná-los, investigando as questões a fundo no sentido de ajudar os mediados a criar e 
avaliar as opções que proporcionem um acordo justo, equitativo, duradouro, que represente o 
livre exercício da sua vontade. Ele não é juiz, ele não decide, não julga o conflito de interesses. É 
um terceiro imparcial e independente, desprovido de poderes de imposição às partes de uma 
decisão vinculativa e que apenas as auxilia a alcançarem um acordo final. A mediação é uma 
forma que promove a autocomposição. 
PARTE I: A TUTELA JURISDICIONAL CÍVEL E A APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO 
TEMPO E NO ESPAÇO 
CAPÍTULO I 
O DIREITO À AÇÃO 
	 O reconhecimento dos direitos controvertidos entre os litigantes e a sua eventual 
reintegração prática coerciva (execução) é efetuado pelos órgãos jurisdicionais estaduais (ou 
pelos tribunais arbitrais). Para efeito, e na sequência do princípio da garantia da via judiciária, o 
ordenamento jurídico atribui às pessoas o direito de ação (artigo 2º CPC).
	 Posto isto, o direito de ação é um direito subjetivo e dentro dos direitos subjetivos tem 
uma graduação maior porque é um direito fundamental (artigo 202º/2 CRP).
	 O que é o direito de ação, enquanto direito fundamental? Como qualquer direito 
subjetivo, é uma permissão normativa específica de aproveitamento de um bem (coisa corpórea, 
incorpórea ou um outro interesse). 
	 Em que se carateriza esse aproveitamento? Na possibilidade de dispor/desencadear o 
mecanismo desse direito subjetivo junto dos órgãos estaduais competentes, de ver o direito 
subjetivo ser reconhecido por esses órgãos e de conseguir obter deles a tutela satisfativa desse 
mesmo direito; no poder jurídico-constitucional de pôr em movimento o exercício da função 
jurisdicional, com vista à obtenção de uma decisão, com base no direito, sobre o mérito da causa 
e o conflito de interesses, sujeitando a contraparte (o réu ou demandado) aos efeitos da ação que 
contra ele foi desencadeada pelo autor.
	 Qual a estrutura do direito de ação? É um direito subjetivo público. Isto significa que o 
direito de ação é o poder jurídico de exigir que o Estado, na qualidade de titular do poder 
jurisdicional (mais precisamente, o juiz enquanto titular do órgão de soberania tribunal), examine a 
pretensão deduzida em juízo pelo autor. É um direito contra o Estado. O DPC é um ramo do 
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A B
Tribunal/Estado (mas pode ser um particular)
A B
Relação de direito material
IUS
Relação processual
ACTIO
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direito público pois, embora visa apreciar e resolver conflitos de direito privado, implica uma 
pretensão contra o Estado.
	 Assim, o direito de ação, enquanto pretensão de tutela jurisdicional, tem como sujeito 
passivo o Estado, através dos tribunais e dos titulares desses órgãos de soberania que são os 
magistrados judiciais, os juizes. Todavia, não é necessariamente sempre assim, como é o caso 
dos tribunais de arbitragem, onde as partes contratualizam a forma de resolver o litígio 
entregando a um terceiro imparcial as funções de juiz. Neste caso, o sujeito passivo é quem 
aceitou ser juiz-árbitro.
	 Para além do mais, o direito de ação é um direito autónomo do direito substancial, ou seja 
das posições jurídicas materiais, pois são regulados por normas diferentes e visam disciplinar 
atividades diferentes praticadas por pessoas ou entidades que não são sempre coincidentes com 
os titulares daquelas posições jurídicas materiais. 
	 Quando é que o direito de ação se completa? Com a citação do réu, após a entrega pelo 
autor da petição inicial. Só assim o direito de ação é exercido completamente. O réu foi citado 
para que seja informado de que está a correr uma ação contra ele, bem como das faculdades 
jurídicas processuais que tem para a apresentar contestação e das consequências da sua não 
contestação.
Aula dia 02 de outubro de 2018 
	 O direito de ação não serve apenas para ser desencadeado para proteger direitos 
subjetivos através de uma pronúncia de um juiz, mas também para proteger todas as posições 
jurídicas subjetivas para além dos direitos subjetivos, incluindo as expectativas jurídicas (resulta 
de um direito subjetivo que ainda está em formação, para garantir o nascimento completo do direito 
subjetivo - ex.: herança antes da morte de parente) que podem ser juridicamente tuteladas. 
	 Todas as posições jurídicas, ou seja:
- Interesses difusos/posições jurídicas difusas: tutelados do desencadear do direito de 
ação, é um interesse metaindividual;
- Interesses individuais homogêneos: existência de um dano concreto ou iminência da 
causa de um dano que é comum a um conjunto indeterminado de pessoas -> através 
de uma ação popular;
- Interesses coletivos: são situações de interesse que aproveitam a membros de uma 
classe de pessoas numa determinada situação.
	 A resolução do litígio pressupõe o próprio conflito de interesses, ou seja, a relação 
substancial/material onde esse conflito nasceu, só que a resolução pressupõe o nascimento e 
surgimento de uma nova relação a situação processual que nasce e se desenvolve com a petição 
inicial e termina com a sentença definitiva sem possibilidade de recurso ordinário.
	 Após a citação do réu, segue-se uma sequência pré-ordenada de atos até à sentença final 
que não admite recurso ordinário. Isto é o processo. É a sequência pré-ordenada de atos 
previstos na lei, sem prejuízo do juiz poder adequar a sequência aos especialismos do caso 
concreto (princípio da legalidade processual e princípio da adequação formal). Seja uma 
sequência de atos das partes,de terceiros, atos da secretaria (dos oficias de justiça onde tramitam 
os processos), atos do juiz ou atos do agente de execução (que é quem pratica todos os atos e 
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operações nos processos executivos). Esta sequência pode acolher em si derivações, isto é, outras 
sequências que dela dependem. São os chamados incidentes processuais, outras sequências 
que não são tramitadas na sequência principal, mas são como que ramos que nascem de algum 
ponto da sequência principal. 
Aula dia 08 de outubro de 2018 
CAPÍTULO II 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
	 Dependem daquilo que o autor quer realizar com a ação, do fim a que se destina a ação, 
dependem da pretensão processual - artigo 10º CPC. 
Ações declarativas (processo declarativo): Destinam-se a compor o conflito de 
interesses através da declaração, pelo tribunal, da solução concreta do litígio, da 
situação real que sustenta a pretensão do autor (causa de pedir), tal como ela resulta 
do pedido. A declaração desta solução concreta constituiu ponto de chegada da 
atividade jurisdicional. Trata-se de desencadear a ação de um juiz dirigida a 
conhecer e a afirmar como verdadeiros certos factos e não outros - processo de 
conhecimento. O juiz pronuncia-se só para condenar a pagar, entregar a coisa, 
constituir, modificar ou extinguir relações jurídicas de conteúdo patrimonial e 
reconhecer a existência de direitos ou de factos (estas são as pretensões 
processualmente admissíveis).
Ações executivas (processo executivo): Visam obter as providências adequadas à 
reparação efetiva do direito violado e que ainda esteja a ser violado (artigo 4º/3 
CPC), realizando-o coercivamente, através, ultima ratio, do recurso à força pública 
para reconstituir in natura ou por equivalente as posições jurídicas subjetivas do 
exequente - através da efetiva agressão ao património do devedor executado, com 
vista a apreender bens ou direitos ou transferir para terceiros ou para o próprio 
exequente as faculdades jurídicas que lhes dão conteúdo. Trata-se do conjunto de 
atos e operações materiais que visam reparar ou efetivar na prática o direito 
subjetivo violado e que ainda o esteja. Nestas ações a declaração do direito 
subjetivo ou declaração de qualquer posição jurídica subjetiva está plasmada num 
título executivo que constitui apenas o ponto partida da atividade do tribunal: a ação 
executiva traduz o direito de exigir ao órgão judiciário competente o exercício 
daquela atividade; o tribunal, através do agente de execução, tudo deve fazer para, 
de harmonia com lei, obter um resultado útil. O fim da execução pode consistir 
(artigo 10º/6 CPC): 
	 	 	 - Ação para pagamento de quantia certa;
	 	 	 - Ação para entrega de coisa certa;
	 	 	 - Ação para prestações de facto (positivo ou negativo).
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Aula dia 09 de outubro de 2018 
Secção I: As ações declarativas 
	 As ações declarativas subdividem-se, por sua vez, em (artigo 10º CPC):
• Ações declarativas de simples apreciação (positiva ou negativa): Visam apenas 
que o tribunal declare existência ou inexistência do direito ou de um facto. Apenas se 
pretende obter do tribunal uma decisão que ponha fim a uma situação de incerteza 
jurídica objetiva perante uma posição jurídica atual ou perante factos prejudiciais de 
situações jurídicas atuais ou factos intimamente conexionados com tais situações 
jurídicas, declarando que um determinado facto juridicamente relevante ou direito 
existem ou não existem. A sua admissibilidade está dependente/condicionada por 
uma específica exigência respeitante ao interesse em agir ou interesse processual, 
que é um pressuposto processual. Para serem admitidas o autor necessita de 
demonstrar que existe uma situação de incerteza, que essa situação é objetiva (não 
subjetiva), ou seja, a situação de incerteza não está só na cabeça do autor, e que a 
situação de incerteza é grave. As ações declarativas de simples apreciação podem 
ser:
- Positivas: o autor pede ao juiz para declarar, através da sentença, a existência 
de um direito ou de um facto juridicamente relevante.
- Negativas: o autor pede ao juiz para este declarar a inexistência de um direito 
ou de um facto juridicamente relevante.
Se alguém propõe uma ação de simples apreciação positiva, o autor tem de provar 
que é titular do direito a que se arroga, ou seja, tem o ónus da prova. Todavia, se o 
pedido é de simples apreciação negativa, quem tem o ónus da prova é o réu (artigo 
343º CC). + 342º/1
• Ações declarativas de condenação: São as mais comuns e destinam-se a exigir a 
prestação de uma coisa ou de um facto, prevendo ou supondo a violação de um 
direito. O autor arroga-se na titularidade de um direito, que afirma estar a ser violado, 
ou cuja violação é previsível, e pretende não apenas que o órgão judiciário declare a 
existência ou a ameaça dessa violação, mas também que condene o réu a realizar 
uma prestação destinada a reintegrar o direito violado, a reparar a falta cometida, ou 
a impedir a violação eminente - ou seja, uma ação destinada à prestação de coisa 
(móvel, imóvel, corpórea ou incorpórea) ou de facto (positiva, negativa - omissão, 
abster-se de realizar uma certa atividade -, fungível ou infunjível). Há alguns tipos de 
condenações, as condenações especiais, que apresentam algumas particularidade:
1. Condenações genéricas (artigo 556º CPC):
- Artigo 556º/1/a CPC: Os pedidos que o autor formula são genéricos. O 
objeto imediato é o pedido da entrega, o objeto mediato é uma 
universalidade, de facto (p. e., uma biblioteca, um rebanho) ou de direito (p. e., uma 
herança indivisa).
- Artigo 556º/1/b CPC: Quando não seja possível determinar de forma 
definitiva as consequência de facto ilícito ou o lesado pretenda usar a 
faculdade que lhe confere o artigo 569º CC. As ações de responsabilidade 
civil por factos ilícitos têm um prazo de prescrição de 3 anos (se houver 
lícitos criminais cumulativos, o prazo de prescrição aumenta). Em 3 anos 
tem de estar proposta uma ação de condenação, formulando-se então um 
pedido genérico. Como se formula? Pede-se que o réu seja condenado a 
pagar uma quantia que venha a ser quantificada por incidente processual 
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posterior à presente ação. A parte precisa de convencer o juiz dos 
requisitos de que dependa a responsabilidade civil (facto ilícito, culpa do 
lesado, ilicitude, nexo de causalidade entre o facto e o dano). Se o juiz se 
convencer condena ao réu genericamente numa quantia que pode ser 
quantificada posteriormente por parte do autor que esta a ganhar aquela 
ação declarativa. Quando a sentença se tornar definitiva o autor vai reabrir 
o processo e apresentar um requerimento onde enumera os danos e 
quantifica-os em euros, mostrando documentos e elementos testemunhais. 
(incidente processual de quantificação de uma ação genérica) e o juiz, 
numa outra sentença, vai quantificar os danos que ainda não estavam 
quantificados. O que interessa ao lesado é obter a condenação, ainda que 
não consiga quantificar os danos no momento em que a ação é proposta.
- Artigo 556º/1/c CPC: Pede-se uma condenação a pagar o que se vier a 
apurar na prestação de contas.
2. Condenações condicionadas ou em pedido subsidiário (554º CPC): Ações 
em que o autor formula um pedido principal e um pedido subsidiário que só 
será apreciado e julgado se o principal não poder proceder.
3. Condenações de prestações vincendas (557º CPC): Estamos a falar de 
condenações destinadas ao futuro (condenação in futurum). Artigo 557º/1: É 
comum nasprestações periódicas (ex.: renda, salários, obrigações de alimentos). 
Nas situações em que o devedor deixar de pagar, esta ação permite que o 
autor formule um pedido de condenação nas prestações já vencidas, bem 
como nas prestações que se vencerem enquanto subsistir essa obrigação. 
Artigo 557º/2: Quando o credor é o senhorio e pretende o despejo no momento 
em que findar o contrato se, segundo o direito substantivo, o credor não puder 
dispor do título executivo, a lei permite que o autor possa pedir a condenação 
do pagamento da renda que se vencer no futuro.
• Ações declarativas constitutivas: Aquelas que têm por fim autorizar uma mudança 
na ordem jurídica existente. Estas ações não visam apenas que, através da sentença, 
o juiz constitua situações ou relações jurídicas, nestas ações o autor pretende que, 
pela mera definitividade da sentença, situações jurídicas possam nascer, ser 
alteradas e manter-se e ser extintas. Não carecem de ação executiva porque a 
efetividade do direito é logo alcançada pelo transito em julgado da sentença. A 
sentença autorealiza-se. É o caso da alteração dos contratos por alteração anormal das 
circunstâncias, se tal acontece o direito dá a possibilidade de alterar algumas das suas 
cláusulas, por mero efeito da sentença. Através desta ação, exerce-se direitos subjetivos 
em sentido estrito (direitos potestativos) e o autor pede ao juiz que, através da 
sentença, decrete um efeito jurídico novo, que pode ser:
1. A constituição de um direito: há uma alteração constitutiva, ou seja, o tribunal 
cria um direito novo na esfera jurídica - direitos potestativos constitutivos. Ex.: 
1547º/2, 1847º e 830º CC;
2. A modificação de um direito: há uma alteração modificativa, ou seja, o tribunal 
verifica se existe um direito e se o direito permanece, mas com alterações - 
direitos potestativos modificativos.
3. A extinção de um direito: há uma alteração extintiva, ou seja, o tribunal 
extingue um direito que até então existia na esfera jurídica - direitos 
potestativos extintivos. Ex.: 1773º/2 e 1083º/2 CC;
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Quando o tribunal cria, modifica ou extingue direitos da esfera jurídica do autor ou 
do réu ele fá-lo por si só, ou seja, os direitos constituem-se, alteram-se ou 
extingue-se independentemente de se querer ou não. Não se requer a colaboração 
da outra parte.
Aula dia 15 de outubro de 2018 
Secção II: Procedimentos cautelares (artigos 362º e ss. CPC) 
	 Em regra, quando são instaurados, quando é deduzido um procedimento cautelar, 
inaugura-se uma sequências de atos processuais, que se iniciam com o requerimento e terminam 
com uma decisão. Estas sequências processuais, em regra, não são autónomas, vivem à sombra 
de outras sequências (ações) principais e dependem delas. 
	 Imagine-se que há um litígio entre dois vizinhos relativamente à situação de saber se um 
determinado pinhal pertence a um ou a outro, ou uma parte da mata pertence a um ou a outro. O autor da 
ação, para prevenir os eventos materiais ou jurídicos que o réu pode praticar, pode usar outro tipo de 
sequências, que são pautados pelo princípio da celeridade, para obter desse juiz uma decisão provisória 
no sentido de condenar o réu a não praticar nenhuns negócios jurídicos sobre as árvores em disputa ou 
para não destrui-las, atrelando uma sanção pecuniária compulsória.
	 Os procedimentos cautelares têm como função prevenir/evitar os perigos que, antes da 
propositura de uma ação (principal) ou durante o tempo em que esta se encontra pendente, 
possam comprometer a efetividade dos seus resultados (ou seja, o alcançar a pretensão 
deduzida na ação), regular provisoriamente o conflito de interesses até ser lograda a composição 
definitiva, ou, inclusivamente, em antecipar a resolução dos efeitos jurídicos e do direito que 
previsivelmente poderá vir a ser reconhecido na ação.
	 Outro exemplo: Um alegado devedor é réu numa ação de condenação pelo qual o autor pede que 
seja condenado a pagar centenas de milhares de euros pelo descumprimento de um contrato e se o réu 
decidir mudar-se para a Austrália e vender os todos os seus bens? O que o autor da ação de condenação 
poderá fazer? Ele teria que levar esta sentença para a Austrália e fazê-la lá reconhecer por um tribunal. 
Todavia, o autor pode, desde logo, pedir ao juiz, onde a ação está a correr ou antes da ação ser proposta, 
a apreensão dos bens do alegado devedor suficientes para o caso de execução - arresto, providência 
cautelar típica.
	 Posto isto, as providências cautelares visam antecipar determinados efeitos das decisões 
judiciais e prevenir a violação grave ou dificilmente reparável de direitos. Visam compor 
provisoriamente a situação controvertida de conflito de interesses: elas destinam-se a ser 
substituídas pela tutela que vier a ser definida na ação principal de que são dependentes.
Aula dia 16 de outubro de 2018 
	 Há 3 requisitos gerais cumulativos de que cuja verificação depende o decretamento de 
providências cautelares, são requisitos comuns a todas:
	 1. Fummus boni iuris (aparência do bom direito) - 368º/1 CPC: Significa que a 
providência só pode ser decretada se o juiz for convencido pelo requerente da providência de 
que ele, requerente, tem o direito subjetivo que alega ter. Não é que tenha de forma convicta, 
mas que o juiz se convença da probabilidade de o requerente ter. O critério do julgamento e da 
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intensidade da convicção subjetiva do julgador é diferente das ações principais. O decretamento 
da providência cautelar está dependente da mera probabilidade. É um conhecimento, em 
princípio, superficial porque as providências cautelares se forem para ser decretadas ou não a 
análise tem de ser rápida. 
	 2. Periculum in mora: Significa que se a providência não for decretada o requerente dela 
pode correr o risco de sofrer um risco irreparável, mesmo que venha a ganhar a ação principal. 
Se não decretar a providência será que o direito que se pretende realizar na ação principal é 
efetivo?
	 3. Proporcionalidade/necessidade/adequação: Está estabelecido para defender também 
os interesses do requerido e não só do requerente. Do 368º/2 CPC constata-se que o juiz tem de 
fazer um juízo de concordância prática entre os interesses patrimoniais do requerido e os direitos 
subjetivos do requerente invocados no processo cautelar, pois pode acontecer que o prejuízo 
resultante para o requerido, se ela for decretada, supere consideravelmente o dano que com ela 
se pretende evitar. Se causar, não decreta.
	 A providência cautelar tem como caraterísticas: 
A. Instrumentalidade ou dependência da ação cível (artigo 364º e 373º CPC): A 
providência cautelar é dependente da ação principal, onde se vai se discutir o 
direito subjetivo que se queria cautelar e, embora sejam dependentes, podem ser 
instauradas não apenas na pendência delas, mas antes delas (364º/1 CPC). Outra 
nota de instrumentalidade é de que os procedimentos cautelares (as decisões que 
sejam neles tomadas) caducam nos termos do artigo 373º CPC. Todavia, há 
desvios à instrumentalidade.
B. Urgência e celeridade (artigo 363º CPC): As providências cautelares são 
tramitadas termina mediante uma sequência de atos que deve ser praticada de 
uma maneira célere. Trata-se de obter uma decisão provisória no mais curto 
espaço de tempo.
C. Existência de regras especiais em matéria de produção de prova (365º/3 CPC → 
293º a 295º CPC).
D. Não pode ser decretada quando o prejuízo que dela resulta para o requerido 
excede consideravelmente o dano que com ela o requerente pretende evitar 
(artigo 368º/2 CPC): Nisto consiste o princípio da conformidade ou da adequação 
de meios das providênciascautelares: as medidas cautelares adotadas devem ser 
apropriadas à prossecução do fim ou fins a elas subjacentes. 
E. O requerente pode cumular num mesmo procedimento cautelar vários pedidos 
respeitantes a diferentes providências cautelares (artigo 366º/3 CPC → 37º/2 e 3 
CPC): isto é, pedidos respeitantes a diferentes situações jurídicas, ou seja, a 
diferentes relações materiais controvertidas. Isto desde que a tramitação 
correspondente a cada uma das providências não seja absolutamente 
incompatível.
F. O juiz não se encontra vinculado a decretar a providência cautelar 
concretamente requerida (artigo 376º/3 CPC): o juiz pode decretar uma 
providência cautelar distinta daquela que lhe foi solicitada, isto caso se convença 
do fundado receio de que o requerido possa causar grave lesão ao direito do 
requerente (periculum in mora) e que ocorre a probabilidade séria da existência do 
direito alegado por este (fummus iuris). Posto isto, o juiz não está sujeito ao 
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princípio do pedido, o que significa que, no âmbito dos processos cautelares, o 
tribunal não tem que respeitar o pedido/o efeito jurídico que o requerente da 
providência queira obter. O que o juiz pode fazer? O autor formula o pedido de 
providência A e o juiz pode decretar B, desde que julgue proporcional, necessário 
e adequado. 
G. O decretamento da providência não condiciona a apreciação da causa principal, 
não vinculando o juiz por ocasião da apreciação do objeto da ação principal - 
pedido e causa de pedir: a decisão proferida no procedimento cautelar, quer 
antes da propositura da ação, quer durante o seu curso não tem força de caso 
julgado na ação principal.
H. O decretamento da providência cautelar apenas alcança uma composição 
provisória: - 
I. Em alguns procedimentos cautelares pode ser dispensada a audiência prévia do 
requerido (artigo 366º/1 CPC): é a questão do exercício do contraditório. A 
providência cautelar pode, em casos excecionais, ser decretada sem que o 
requerido tenha que ser ouvido. O juiz só está autorizado a dispensar esta 
audiência do requerido quando os conceitos indeterminados “risco sério” e “fim ou 
eficácia da providência” estiverem, no caso concreto, preenchidos. A regra geral é 
de que o tribunal deve ouvir as razões do requerido (para este ter a oportunidade de 
provar uma versão factual diferente, provar com documentos, testemunhas, sendo interrogado, etc.), 
sendo citado para deduzir oposição, quando a sua audiência não puser em risco 
sério o fim ou a eficácia da providência. Ou seja, só não será citado (e não será 
ouvido) quando a audiência do requerido puder esvaziar o objetivo ou os efeitos 
práticos da providência requerida, seja por motivos ligados à pessoa do requerido, 
seja por razões respeitantes ao objeto do litígio, isto é, quando colocar em risco 
sério o fim ou a eficácia da providência, quando frustar, com atos materiais 
jurídicos, o fim da providência cautelar. Caso contrário, o juiz deve ouvi-lo antes de 
decidir. Posto isto, no âmbito dos procedimentos cautelares, por vezes, não se 
exerce o contraditório antes de o juiz decidir, ele decide sem contraditório e só 
depois de decidir é que a parte contrária é notificada e se quiser pode exercer o 
contraditório, mas a providência já esta decretada. O legislador refere-se 
expressamente às situações: artigo 393º (arresto); artigo 405º (arrolamento). 
J. Não visam necessariamente proteger a lesão de direitos subjetivos ou outras 
posições jurídicas subjetivas (difusas) já existentes na data em que o 
procedimentos cautelares é intentado: há casos em que o procedimento cautelar 
deve ser admitido para permitir o exercício prático futuro de certos direitos, os 
quais irão somente ser constituídos ou reconhecidos (pelo tribunal) no futuro. 
Nestes casos, estas providências antecipatórias respeitantes a direitos que 
somente no futuro irão ser constituídos ou terminados visam tornar eficazes e 
operantes os pedidos de condenação que podem ser formulados nestas ações 
constitutivas. 
K. Não é admissível requerer a mesma providência mais do que uma vez, desde 
que o pedido tenho anteriormente sido julgado improcedente ou caducado 
(362º/4 CPC): respeita apenas a inadmissibilidade de providência cautelar que 
tenha o mesmo conteúdo e se baseia nos mesmos factos espácio-temporalmente 
situados. Será assim possível requerer um novo arresto dos bens do devedor se o 
anterior tiver sido julgado improcedente ou tiver caducado, com base em factos 
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supervenientes. Parece, igualmente, admissível, a repetição da mesma providência 
noutra ação, contando que seja dela dependente. 
Aula dia 22 de outubro de 2018 
	 A regra é de que os procedimentos cautelares são sequências processuais dependentes 
de outras sequências processuais (as principais). Todavia, não há sempre tal necessidade. Os 
processos cautelares podem tornar-se independentes e autónomos. É caso dos artigos 
369º-371º CPC (a inversão do contencioso). Esta forma como o legislador pode torná-los 
independentes e autónomos é singular, no sentido de que é uma situação original em Portugal. 
	 No processo civil francês há situações em que a urgência dos factos alegados levam o 
juiz a decretar um référé-provision. É um procedimento cautelar que visa assegurar um direito 
subjetivo no futuro e em que a decisão do juiz é provisória. Se a providência cautelar for 
decretada é provisória e pode ser alterada a qualquer momento a pedido de qualquer das partes 
mediante a invocação de novos factos, de factos supervenientes, factos que não foram tomados 
anteriormente em consideração. Enquanto a providência não for modificada tem de ser cumprida. 
Ela não se torna definitiva e imutável, pois pode ser alterada mediante uma decisão superior dos 
requeridos.
	 A solução portuguesa é sui generis. O requerente/autor de um procedimento cautelar 
pode, até ao encerramento da discussão na 1ª instância (quando depõem o último testemunho, quando 
todos os meios de prova são produzidos), dispensar de propor a ação principal, na medida em que a 
matéria que foi discutida, ou seja, os factos discutidos e alegadas foram tão exaustivamente 
discutidos, com base em prova documental avassaladora e em prova testemunhal esgotada, 
perante estes meios de prova o juiz pode estar em condições para formar uma convicção segura 
sobre a existência de um direito subjetivo que se quer acautelar - artigo 369º/1 CPC. Nessa 
medida, dispensa-se do dever processual de propor uma ação principal, a providência cautelar 
vai fazer a vez da ação principal. Posto isto, se o autor/requerente da providência cautelar estiver 
convencido disto ele alega-o e se o juiz concordar (que só irá concordar se no juízo enquanto juiz 
poder formar uma convicção segura sobre os factos e sobre a qualificação jurídica desses factos) ele 
dispensa o autor de propor a ação principal. 
	 E a inversão do contencioso? Ainda não se chegou lá - artigo 371º CPC. Logo que se 
torne definitiva a decisão na providência cautelar que dispense o autor de propor a ação principal 
e invertido o contencioso, o réu da providência cautelar é notificado de que perdeu a providência 
cautelar e de que o juiz dispensou o autor de propor a ação principal e de que se ele, ex réu da 
providência cautelar, quiser é ele que fica com o ónus de, em 30 dias, propor na qualidade de 
autor uma ação autónoma, para impugnar a existência do direito que foi acautelado na 
providência cautelar. Ele, ex réu, se quiser, passa numa nova ação à qualidade de autor e propõe, 
nessa qualidade, uma ação contra o ex autor da providência cautelar, agora réu, na qual ele, ex 
réu e agora autor, pretende convencerum juiz (que não precisa de ser o mesmo) que o direito 
subjetivo acautelado não devia ter sido acautelado. Exemplo: restituição provisória da posse 
(artigos 377º a 379º CPC).
	 A expressão “inversão do contencioso” é aplicável quando o ex requerido, réu da 
providência cautelar, tendo perdido a providência cautelar, fizer surgir uma ação autónoma, no 
prazo de 30 dias, com a pretensão de impugnar o direito subjetivo que foi acautelado na 
providência cautelar, mudando os papéis, ou seja, surgindo ele, ex réu, na qualidade de autor.
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	 Em que providências cautelares este pedido de dispensa de ação principal e inversão 
do contencioso pode ser efetuado? Não pode ser efetuado em todos os tipos de procedimentos 
cautelares. Do artigo 369º/1/parte final (se a natureza da providência decretada for adequada a 
realizar a composição definitiva do litígio) chega-se à conclusão de que só os procedimentos 
cautelares que tenham natureza antecipatória, ou seja, tutela antecipada satisfativa, ou, então os 
procedimentos cautelares mistos na parte em que são antecipatórios é que podem ser objeto ou 
só nesses é que pode ter lugar o pedido de dispensa da ação principal e a inversão do 
contencioso. 
	 Na prática, quando há inversão do contencioso e o ex réu propõe uma ação autónoma 
destinada a impugnar o direito acautelado significa o mesmo que o réu do procedimento cautelar 
instaurar um recurso extraordinário de revisão de uma sentença já transitada em julgado. A 
inversão do contencioso tem os mesmos efeitos de um recurso extraordinário (ajuizado após o 
transito em julgado da decisão que se quer impugnar), pois visa quebrar o decidido no procedimento 
cautelar. Todavia, isto apenas na prática, porque do ponto de vista jurídico e processual a 
inversão do contencioso não se confunde com o recurso.
	 Espécies/tipos de procedimentos cautelares 
	 Não vigora, no nosso ordenamento processual civil, um princípio da tipicidade taxativa 
das providências cautelares. Por outro lado, consagrou-se um conjunto de providências 
expressamente tipificadas na lei processual (providências cautelares nominadas) com funções 
conservatórias ou antecipatórias e um conjunto aberto de providências cautelares não 
especificados. No primeiro caso, a tramitação processual é específica para cada uma das 
providências expressamente tipificadas na lei processual e já para as restantes medidas 
cautelares não expressamente nominadas na lei há um processo cautelar comum (artigos 362º a 
376º CPC). Todavia, a lei manda aplicar as regras constantes deste procedimento cautelar 
comum aos processos cautelares nominados ou especificados (artigo 376º CPC). Isto não 
significa que, não se mostrando regulado um certo ponto do regime no quadro do procedimento 
cautelar especificado, deve ser sempre aplicável a regra prevista no procedimento cautelar 
comum. 
• Antecipatórios: visam a tutela satisfativa
- Provisórias: Pretende que a decisão que decreta a providência antecipe, 
temporariamente, a decisão final da ação principal – trata-se de uma decisão 
provisória, caso a decisão definitiva seja em sentido contrário a decisão de 
providência extingue-se. São providências antecipatórias especificadas ou 
nominadas:
- A restituição provisória da posse: artigos 377º a 379º CPC;
- Os alimentos provisórios: artigos 384º a 387º CPC;
- O arbitramento para reparação provisório do dano: artigos 388º a 390º CPC;
- O embargo de obra nova: artigos 397º a 402º CPC;
- A suspensão de deliberações sociais: artigos 380º a 383º CPC.
- De resolução definitiva do litígio: o conflito de interesses fica sanado com o 
decretamento da providência. 
• Conservatórios: Têm em vista prevenir o efeito útil da ação principal, pois elas visam 
assegurar a permanência da situação existente à época em que o conflito de interesses 
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Nota: O objeto do processo é o pedido e a causa de pedir são as ocorrências da vida. 
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foi desencadeado ou quando se verificou a situação de periculum in mora. Isto significa 
que buscam preservar/manter o statu quo duma situação jurídica ou facto, até que 
numa outra ação (principal) se resolva os limites dessas situações (de quem é o quê; se tem 
ou não o direito). São providências conservatórias especificadas ou nominadas:
- O arresto: artigos 391º a 396 º CPC;
- O arrolamento: artigos 403º a 409º CPC.
• Mistos: Conjunto de providências cautelares nominadas e inominadas que 
desempenham, a um tempo, uma dupla função: antecipatória (provisória) e/ou 
conservatória. São providências que se destinam a regular provisoriamente uma 
determinada situação jurídica, tendo em vista a manutenção de uma outra situação 
jurídica de que a primeira é instrumental e conexa.
Aula dia 29 de outubro de 2018 
	 
	 O artigo 362º até ao 376º inclusive o legislador trata da sequência processual dos 
procedimentos cautelares comuns, sobretudo artigos 365º a 368º. A partir do artigo 377º e ss o 
legislador trata de sequências de atos processuais no quadro dos procedimentos cautelares 
especificados. Há pretensões processuais formuladas através de procedimentos cautelares que 
têm de ter uma tramitação diferente, não se adequam ao procedimento cautelar comum. 
Portanto, temos sequências diferentes consoante a natureza do concreto procedimentos cautelar. 
	 Quais os procedimentos cautelares especificados? Os previstos nos artigos 377º e ss:
	 - Restituição provisória da posse: 378º e 379º - sequência dos atos especial, não é a 
comum ou geral, é esta;
	 - Suspensão de deliberações sociais: 380º até 383º - a tramitação é esta e não outra;
	 - Alimentos provisórios: tramitação especial - 385º
	 - Arbitramento de reparação provisória: 388º a 390º
	 - Arresto: 392º a 394º visa apreender os bens para garantir a consistência patrimonial de 
um credor perante um devedor
	 - Embargo de obra nova: 397º, 400º a 402º
	 - Arrolamento: 403º/2, visa apreender os bens e tem em vista, numa ação principal 
posterior, definir a titularidade do domínio desses bens.
	 Se, em concreto, a pretensão do requerente for diferente de uma qualquer destas aplica-
se a tramitação do procedimento cautelar comum ou geral.
	 
	 Garantia das providências cautelares: O que garante que a decisão judicial será 
cumprida, no caso de o réu não cumprir voluntariamente?
	 Temos 2 tipos de garantia (artigo 375º CPC):
	 - Civil: Se o requerido condenado na providência cautelar não a cumprir voluntariamente, 
à lugar à ação executiva para reparar na prática o direito de requerente que ainda está violado. 
Todavia, algumas das providências cautelares como que são autoexecutáveis, não carecem de 
ulteriores atos executivos, não carecem de uma ação executiva. 
	 - Criminal: Quem violar uma providência cautelar decretada incorre na pena do crime de 
desobediência qualificada. É um tipo criminal que tem elementos objetivos e subjetivos. É 
qualificada porque traduz o desrespeito de um comando emitido por um órgão de soberania, o 
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juiz. Mas, não é pelo facto de se infringir uma providência cautelar que o requerido incorre 
automaticamente neste crime, porque para que o tipo de crime esteja preenchido é preciso que 
um conjunto de coisas, ocorrências da vida real ocorra e não um outro conjunto de coisas. Pode 
acontecer que haja elementos que desculpabilizem a responsabilidade criminal (p. e., erro sobre 
a proibição, situações de legitima defesa). É preciso a verificação de outros requisitos da prática 
e punição desse crime, determinados poroutra disciplina jurídica.
	 O que acontece ao requerente se a providência cautelar for revogada ou caducar?
	 Haverá casos em que o requerente (autor) tem de responder perante o requerido (réu): 
instaurar uma ação de responsabilidade civil extracontratual por facto ilícito. A pretensão 
processual é o pagamento de uma indemnização por danos emergentes e lucros cessantes ao 
requerido. Qual o facto ilícito? O requerente se demonstrar que ele não agiu com a prudência 
normal (uma pessoa normal, equilibrada, sensata colocado na situação do requente naquelas 
circunstancia jamais teria xx).
	 Aplicação das leis processuais no tempo: Que situações jurídicas é que continuam a 
ser abrangidas pela lei antiga e quais as que passam a ser abrangidas pela lei nova? 
	 Se se tratar de uma lei direito substantivo, não de direito processual, a regra é do artigo 
12º CC: a lei nova só se aplica às situações jurídicas privadas futuras, que ocorram após o início 
da vigência dessa lei. A lei só vale para o futuro. Mas a lei nova pode ou não aplicar-se a 
situações jurídicas em execução? Normalmente nos contratos de execução duradoura ou 
continuada. Exemplo: contrato de arrendamento. É assim porque quando o legislador altera 
situações de vida com importância económica e existencial ele legislador está a partir do 
pressuposto que essas alterações devem atingir os contratos em curso. Situações que devem 
abranger todos os contratos, os contratos do futuro e os que estejam a ser executados. Direito 
material: a lei só vale para o futuro, mas pode vir a ser aplicada a situações jurídicas a ser 
executadas.
	 E quando à lei processual? Qual a regra? Aplica-se a situações pendentes? Regra geral, 
sim! Porque é direito processual e não material. A regra geral é de a lei nova nova aplica-se às 
ações pendentes. O legislador seguiu a regra geral? Artigo 5º da lei 41(63??)/2013 (que aprova o 
novo CPC): é aplicável as ações declarativas pendentes. Há desvios dos nº ss.
	 Aplicação da lei processual civil no espaço
	 São especialmente auto limitadas ao território da República portuguesa. Há desvios? Sim, 
na UE. Há regulamentos da UE sobre matérias processuais que se aplicam direta e 
imediatamente no território dos EM’s.
	 
Aula dia 30 de outubro de 2018 
	 Pressupostos processuais
	 Há um conjunto de conceitos que são importantes: o conceito de pressupostos 
processuais e o conceito de relação jurídica processual.
	 A relação jurídica processual tem de ter determinadas caraterísticas para que ela possa 
progredir na sequência de atos até à decisão final emitida pelo juiz. Se esses requisitos de 
natureza formal não estiverem verificados o juiz não pode analisar o fundo ou o mérito da causa. 
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Por outras palavras, se esses requisitos formais não estiverem verificados o juiz não pode 
apreciar e julgar os factos, a pretensão do autor. O juiz não conhece do mérito, mas tem de 
decidir. Nestas situações, em que falta um ou vários pressupostos processuais, requisitos cuja 
verificação depende o juiz conhecer o mérito da causa, a decisão do juiz, que é obrigatória:
	 - Na maior parte dos casos, é de absolver o réu da instância. Quando se diz que o réu é 
absolvido em instância isto significa que o juiz não pode apreciar a pretensão por causa de um 
vício formal que existe, por falha do autor. O juiz extingue a instância, ou seja, extingue a relação 
jurídica processual e ao extinguir a relação jurídica trilateral o réu é absolvido da instância.
	 - Quando o juiz vê não verificado o pressuposto da competência ele decide remeter/enviar 
o processo para o tribunal competente no estado em que ele está. 
	 Nestes casos, o juiz não pode apreciar a relação jurídica material controvertida porque 
falha um ou vários pressupostos processuais.
	 É melhor ser absolvido em instância ou ser absolvido do pedido? Ser absolvido do pedido 
significa que o juiz analisou a relação jurídica material controvertida e deu razão ao réu e 
considerou que este não era o sujeito passivo daquele dever de prestar. A relação material 
controvertida era a favor do réu, o autor não tinha razão no direito subjetivo que queria exercer. 
Isto significa que a ação é julgada improcedente, o réu é absolvido dos pedidos. O juiz considera 
verificados os pressupostos processuais e depois é que tratou das situação material 
controvertida. A decisão é de absolvição o réu do pedido.
	 Resposta: Do pedido.
	 
	 Efeitos da absolvição do réu da instância: artigos 576º CPC
	 É um meio de defesa que os réus suscitam na contestação, esses meios, no decurso do 
contraditório, podem respeita à relação jurídica processual ou à relação jurídica material. Podem 
ser meios de defesa dos réus na relação material controvertida, como à relação processual, à 
instância. Que meios de defesa podem respeitar a meios processuais? A falta de qualquer 
pressuposto processual - artigo 576º CPC (exceções dilatórias). É uma exceção processual que 
impede que o juiz conhece do mérito da causa. São invocadas pelo réu, em regra, a não ser que 
as exceções dilatórias forem de suscitação oficiosa.
	 Se houver vícios de natureza formal, o julgador deve tentar que os vícios processuais 
possam ser sanados, para que possa apreciar o fundo e o mérito da causa. O juiz, se possível, 
nalguns casos, pode passar por cima dos vícios processuais, mas nem sempre. 
	 As exceções perentórias são meios de defesa invocados pelo réu relativos à relação 
material controvertida. São exceções de direito material, que dizem respeito à configuração dos 
direitos subjetivos, à sua consistência.
	 São pressupostos processuais:
	 
	 1. Competências do tribunal: lei de organização judiciária portuguesa e 62º, 63p, 64º ss 
até ao 84º CPC.
	 A competência é a repartição do poder de apreciar e julgar, pelos diferentes tribunais 
dentro de um país, dos conflitos de interesses, com exclusão do poder de julgar de outras 
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questões que devem ser apreciadas noutros tribunais - fração dos poder jurisdicional: em razão 
da matéria, do valor da causa, do território, da forma de processo.
Aula dia 05 de outubro de 2018 
	 Parcela do poder jurisdicional que é atribuída a um tribunal para apreciar um caso 
relativamente aos tribunais de outro Estado, em confronto com todas as outras jurisdições.
	 A competência pode ser exclusiva (ex.: bens imóveis).
	 A competência interna
	 Há critérios baseados em valores de proximidade do julgador perante os factos, os meios 
de provas, que dizem respeito à especialização do julgador/juiz relativamente a certos litígios 
especializados numa das temáticas do direito privado ou público, ou critérios com base em razão 
do valor das causas. Esse fracionamento da competência jurisdicional interna, entre os diferentes 
órgãos jurisdicionais, é feito à luz de certos critérios atributivos de competência interna.
	 - Artigo 60º CPC:
	 - Artigo 64º CPC: “são da competência…”. Isto significa uma competência residual, os TJ 
só têm competência se aquele concreto litígios não poder ser apreciado ou julgado por outro 
tribunal ou outra ordem de jurisdição (a jurisdição dos TAF). O que distingue estas duas ordens 
de jurisdição relativamente às matérias (TAF e TJ)? Os TJ apreciam e julgam conflitos de 
interesses de direito privado, os TAF apreciam e julgam conflitos de direito público (direito 
administrativo) em que estão em causa uma relação jurídica administrativa. A relação jurídica é 
administrativa se algum dos litigantes, por causa daquela relação jurídica litigiosa, dispõe/goza 
de poderes de autoridade, para unilateralmente impor-se, se for caso disso, ao outro. 
	 Além dos TA e dos TJ, a CRP tambémprevê outros tribunais, prevê o Tribunal 
Constitucional, também o Tribunal Contas, os Julgados de Paz, os Tribunais Arbitrais, o Tribunal 
de Conflitos (209º/3 CRP) resolve litígios relativamente a tribunais de diferentes jurisdições, que 
se constitui quando surjam estes conflitos, para o caso concreto, os Tribunais Militares, os 
Tribunais da UE, cujas decisões podem ser executadas em Portugal, a UE tem o Tribunal Geral 
(1ª instância), depois o TJUE (última instância). 
	 Lei 62/2013, de 26 de agosto (organização do sistema judiciário)
	 Estabelece as normas de enquadramento e organização do sistema judiciário português.
	 Os artigos que nos interessam são os artigos sobre a competência dos TJ: artigo 31º e ss 
e sobretudo 37º e ss.
	 No artigo 37º/1: Critérios atributivos de competência interna dos TJ. Quando é que os TJ 
que resolvem litígios de direito privado são competentes? Quando 4 critérios cumulativos de 
competência estejam verificados no caso concreto. Num caso concreto, o juiz que vai apreciar o 
processo à luz do pedido e da causa de pedir vai perguntar-se: o TJ é competente em razão do 
território, matéria, valor da causa, hierarquia? Se for respondido afirmativamente, o TJ é 
competente. Se faltar algum há um vício de falta de competência.
	 Nota: 1ª questão do 2º grupo do exame - Aprecie os pressupostos processuais da 
competência, a sua verificação; não verificação; consequências. Alguém (autor) a propõe uma 
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ação contra um réu num determinado tribunal/juízo, e esse tribunal/juízo é competente 
internacional e internamente. 
	 Critérios atributivos de competência interna do tribunais portugueses:
	 	 1. Competência em razão da matéria da causa/natureza do litígio: os TJ são 
dotados de juizes especializados, ou seja, tribunais que só apreciam certos litígios com exclusão 
de quaisquer outros. Há certos TJ que apreciam certos conflitos de interesses e mais nenhuns. A 
lei 62 tem de atribuir a competência.
	 	 Quais são os tribunais de 1ª instância cuja competência é ditada pelo legislador 
em função das matérias litigiosas? São os tribunais de competência territorial alargada (Lei 
62/2013, artigo 111º e ss.). O 1º que aparece é o Tribunal da propriedade intelectual, que só 
aprecia e julga os litígios ai enunciados. Ele analisará litígios relativos aos direitos de autor. Basta 
que o litígios se encontrem em qualquer ponto do território português, independente de onde o 
litígio tenha ocorrido. Há ainda o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, o Tribunal 
Marítimo, o Tribunal Central de Instrução Criminal. Além destes tribunais de competência 
alargada, existem (artigos 117º-130º) - que resolvem conflitos de direito privado e que nos 
interessam - as Secções Cíveis da Instância Central (agora Juízos Cíveis das Instâncias Centrais), 
Juízos Cíveis das Instâncias Locais, Juízos de Família e Menores, Juízos de Trabalho, Juízos de 
Comércio, Juízos de Execução (onde são tramitadas a maioria das ações executivas) - alcance 
territorial de todo o território português.
	 	 Há certos tribunais judiciais que só apreciam e julgam certos litígios com exclusão 
de quaisquer outros, os que estiverem expressamente atribuídos pela lei de organização do 
sistema judiciário, na respetiva norma de competência.
Aula dia 06 de novembro de 2018 
	 	 Consequências da violação destas regras de competência material? Se uma ação 
destinada a impugnar um despedimento efetuado sem justa causa é proposta no juízo de 
comércio. Os juízos de trabalho é que têm competência. 
	 	 Artigo 96º/a CPC - gera incompetência absoluta: é uma exceção dilatória (meios 
de defesa que o réu pode invocar porque respeitam não ao fundo ou mérito da causa, mas á 
relação jurídica processual - artigo 577º/a CPC). Qualquer exceção dilatória: 578º CPC - vício de 
conhecimento oficioso, isto significa que o juiz tem o poder-dever de o conhecer/apreciar, 
também é de conhecimento provocado, o vício processual é suscitado pela parte em quem 
aproveita, normalmente os réus. Algumas exceções dilatórias são só de conhecimento provado. 
Se é de conhecimento oficioso (97º/1 CPC) até quando o juiz pode conhece-la? A incompetência 
absoluta pode ser arguida pelas partes e deve ser suscitada oficiosamente pelo tribunal, o juiz 
tem o poder-dever de a conhecer-oficiosamente, enquanto não houver sentença transitada em 
julgado; pode acontecer até ao final do processo. Como se pode desencadear o conhecimento 
oficioso? Pode ter como origem uma conversa. Efeitos da incompetência absoluta: 1. Artigo 99º/
1: implica a absolvição do réu da instância - solução regra - a relação processual que se tinha 
iniciado termina, extingue-se a instância, e não do pedido, este será ser apreciado no tribunal 
competente. 2. Artigo 99º/2: se a incompetência absoluta for logo reconhecida e decretada 
depois da resposta à contestação, no final da fase dos articulados, ele pode determinar a 
remessa do processo no estado em que está para o tribunal competente se o réu, na perspetiva 
do juiz, não alegar uma contestação justificada para essa remessa. 
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	 	 2. Competência em razão da hierarquia (artigo 42º da lei de organização judiciária)
	 	 Também tem de ser competente em razão da hierarquia, significa que os TJ estão 
hierarquizados para efeitos de impugnação, reapreciação da decisão que uns tribunais tomam, 
que pode ser reapreciada por outros hierarquicamente superiores. É um critério que apenas visa 
a reapreciação do mérito ou questões formais. O objeto do recurso ordinário para um tribunal 
hierarquicamente superior é a decisão recorrida ou segmentos da decisão recorrida, não os 
factos ou qualificações apreciadas na 1ª instância. Só pode recorrer na parte em que o recorrente 
perdeu, quando ele ganha ele não tem legitimidade para recorrer porque o que pediu foi-lhe 
concedido. Dizer que estão hierarquizados significa dizer outra coisa ainda, tem de se chamar o 
princípio da plenitude de jurisdição. Segundo este princípio os tribunais de 1ª instância têm 
plenitude de jurisdição para apreciar e julgar as causas, as ações devem ser propostas nos 
tribunais de 1ª instância. Este princípio só comporta poucas exceções. Há situações singulares 
em que as ações não são propostas nos tribunais de 1ª instância, mas sim nos tribunais de 2ª 
instância ou no STJ - artigo 55º da L 62/2013: 1. xx 2. sentenças estrangeiras provenientes de 
Estados que não membros da UE, nem são a Suíça, nem a Noruega, nem a Islândia, nem x, para 
produzirem efeitos em Portugal é preciso que sejam reconhecias cá, mas em 2ª instância.
Aula dia 12 de novembro de 2018 
	 	 Hierarquia dos TJ: 
	 	 - Tribunais de 1ª instância, onde as ações praticamente todas propostas, tirando 
duas exceções; que são os tribunais de comarca. 
	 	 - Tribunais de 2ª instância que são os Tribunais da Relação, estes têm jurisdição 
nos respetivos distritos judiciais - TR do Porto, Coimbra, Braga, Lisboa, Évora, está prevista na 
lei, mas não foi instalada a Relação de Faro.
	 	 - Nalguns casos, as decisões (acórdãos) proferidas pelos Tribunais da Relação, em 
sede recurso da relação, o recorrente ou recorrido, em sede de recurso de revista, recorre para o 
Supremo Tribunal de Justiça, que tem jurisdição em todo o território português (artigo 43º/1). Só 
quando recorrente e recorrido concordam na matéria de facto e estando apenas em causa 
matéria de direito aí o recurso é per saltum. 
	 	 A violação das regras em relação da hierarquia gera incompetência absoluta (artigo 
96º/a CPC). A incompetência absoluta é uma exceção dilatória, de conhecimento oficioso e se o 
juiz considerar a exceção procedente absolver-se o réu

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