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Contabilidade de Custos Sistemas e Métodos Desenvolvimento do material Joébeo Ramos de Oliveira 1ª Edição Copyright © 2023, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Sistemas e Métodos Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivo ......................................................................................................... 4 1. Sistemas de Custeamento ......................................................................... 5 1.1 Tipos de Sistemas de Custeamentos .............................................. 5 1.1.1 Vantagens e Desvantagens dos Sistemas de Custeamento 6 1.1.2 Contabilização dos Métodos de Custeamento ......................... 7 2. Métodos de Custeio .................................................................................... 11 2.1 Custeio Variável ...................................................................................... 12 2.1.1 Margem de Contribuição ................................................................. 13 2.1.2 Ponto de Equilíbrio ............................................................................ 15 2.1.3 Tipos de Ponto de Equilíbrio ......................................................... 16 2.1.4 Pontos de Equilíbrio com Produtos com Margens de Contribuição Diferentes ....................................................................... 19 2.1.5 Margem de Segurança e Alavancagem Operacional ............. 21 2.2 RKW ou Custeio Pleno ......................................................................... 24 2.3 Custeio ABC .............................................................................................. 24 2.3.1 Etapas do Custeio ABC ..................................................................... 25 Referências ......................................................................................................... 31 Contabilidade de Custos 3 Para Início de Conversa... Nesta unidade de aprendizagem, você conhecerá os principais sistemas de custeamento: produção por encomenda e produção contínua, que também são conhecidos como sistemas de acumulação de custos. Com base no sistema produtivo, a empresa deve definir primeiro o sistema de custeamento para então escolher qual o sistema de custeio a ser adotado. Abordaremos ainda, os principais sistemas de custeio (Absorção, Variável, RKW e ABC) que também serão apresentados de forma exemplificativa. Ao final deste conteúdo, você compreenderá a lógica de acumulação dos sistemas de custeamento, assim como entenderá o funcionamento de cada um dos principais métodos de custeio e como são feitos os cálculos de apuração de custos em cada metodologia. Objetivo ▪ Descrever os principais sistemas de custeamento e suas lógicas de acumulação de custos; ▪ Apresentar os principais métodos de custeio e suas sistemáticas de cálculo do custeio, incluindo o custeio pelo método marginal. Contabilidade de Custos 4 1. Sistemas de Custeamento Iniciamos este conteúdo definindo o sistema de custeamento, que também pode serchamado de acumulação de custos. Seu objetivo é identificar, coletar, processar, armazenar e produzir informações para a gestão de custos. Em outras palavras, é a forma como os custos são acumulados e apropriados aos produtos (CREPALDI, 2018). Diante disso, as empresas devem escolher primeiro o seu sistema de custeamento (sistema de acumulação de custos) para então decidirem, de maneira coerente, o método de custeio a ser adotado, a fim de apurar o custo dos seus produtos. Agora que entendemos o que é sistema de custeamento, vamos conhecer os seus tipos. 1.1 Tipos de Sistemas de Custeamentos Para Crepaldi (2018), existem dois tipos de sistemas de custeamento. São eles: ▪ Produção por ordem ou encomenda É o tipo de fabricação, geralmente, em pequena quantidade de produtos diversificados, caracterizando-se pelo processo de produção descontínua( Alguns exemplos para esse tipo de produção são: navios, aviões, helicópteros etc. Neste tipo de produção, para cada encomenda recebida pelo fabricante, abre-se uma ordem de produção (com um número ou código específico), que recebe o registro de todos os custos diretos incorridos de material e mão de obra relacionados à fabricação do produto encomendado. Já os custos indiretos de fabricação (energia elétrica, aluguel, seguro etc.) são aplicados à essa ordem por uma taxa predeterminada, tendo como base um critério de rateio (usualmente, a mão de obra direta). O sistema de custeamento por ordem ou por encomendas deve ser adotado por empresas que programam sua produção, a partir de encomendas de produtos específicos (não padronizados) de cada cliente. ▪ Produção contínua ou em série É o tipo de fabricação contínua, normalmente em grande volume, de produtos padronizados (iguais), sem que haja a identificação de produtos individuais (SANTOS, 2015). Alguns exemplos para esse tipo de produção são: a energia elétrica, a produção de aço, os produtos farmacêuticos etc Segundo Crepaldi (2018), o objetivo da contabilidade de custos, neste método, é determinar e controlar os custos pelas áreas e fases de produção e, em seguida, dividi-los pela quantidade de produtos fabricados no período. Contabilidade de Custos 5 Como já mencionamos, o sistema de custeamento de produção contínua ou em série, deve ser adotado por aquelas empresas que produzem várias unidades iguais (padronizadas), cuja produção é normalmente destinada para estoque, e não para encomendas específicas de clientes. O processo produtivo de cada empresa é o que determina qual sistema de custeamento deve ser usado, lembrando que, uma mesma empresa pode combinar os dois sistemas de custeamento ao mesmo tempo. 1.1.1 Vantagens e Desvantagens dos Sistemas de Custeamento O sistema de custeamento apresenta também algumas vantagens e desvantagens. Para Leone e Leone (2010), os sistemas de custeamento destinam-se a custear produtos e serviços, podendo tomar várias formas, dependendo da informação que desejam produzir. A principal diferença entre os dois sistemas está no objeto do custeio. Veja mais detalhes sobre os pontos destacados no Quadro 1: Sistemas de Custeamento Vantagens Desvantagens Produção por ordem ou encomenda ▪ Permite a identificação imediata da lucratividade de cada produto. As informações de ordens de produção anteriores ajudam a orçar os custos de pedidos futuros; ▪ Permite controlar os custos de produção sem a necessidade de fazer inventários dispendiosos e demorados; ▪ Fornece informações para que o fabricante possa obter financiamento dos clientes para cada uma das determinadas fases da produção; ▪ Obriga as empresas a terem um razoável nível de organização interna e disciplina para identificar operações, recursos e custos com cada um dos produtos que está sendo fabricado. ▪ O trabalho burocrático para registro do alto volume de informações sobre as ordens de produção gera despesas burocráticas elevadas; ▪ Necessidade de emprego de instrumentos especiais para atualização dos custos antigos, em caso de inflação alta; ▪ A empresa somente conhecerá os custos reais de produção das encomendas quando estas ficarem prontas. Contabilidade de Custos 6 Produção contínua ou em série ▪ O sistema é menos burocratizado que o sistema de ordens de produção; ▪ As informações de custos podem ser conhecidas imediatamente ao final do mês; ▪ Passa a dispor de mais conhecimento sobre as operações e seus produtos; ▪ Os documentos que se relacionam com o consumo dos fatores de produção podem ser mais facilmente padronizados. ▪ Se existirem flutuações de preços, eficiências e ineficiências, e capacidadenão utilizada, tudo isso fica diluído nos custos unitários médios; ▪ Os custos baseiam-se na estimativa dos níveis de fabricação dos produtos em processamento ao final do período. Isso pode acarretar em informações enganosas, uma vez que os métodos de estimativa são arbitrários; ▪ Uma grande parte dos dados é estimada, como as perdas, a evaporação, as sobras, os desperdícios, as consequências das adições de materiais e outros fenômenos. Quadro 1: Principais vantagens e desvantagens dos sistemas de custeamento. Fonte: Adaptado de Leone e Leone (2010, p.213-214). 1.1.2 Contabilização dos Métodos de Custeamento Como já apresentado anteriormente, existem dois sistemas básicos de custeamento (sistema de acumulação de custos), e o que determina qual deles vai ser usado é o processo produtivo da empresa. Cada sistema tem suas particularidades, em relação à contabilização dos custos de produção. Vamos conhecer tais custos a seguir. Produção por ordem ou encomenda Nacontabilização dométodo de custeamento por ordemou encomenda, os custos incorridos são registrados em folhas (ou fichas) chamadas de ordem de produção (ou ordem de fabricação). À medida que os produtos são concluídos, as ordens de produção são encerradas e os custos de produção são transferidos para o estoque de produtos acabados. Segundo Crepaldi (2018), durante a fabricação do produto encomendado, os custos são registrados da seguinte forma: ▪ Os materiais são registrados pelo consumo real, com base nas suas requisições do almoxarifado; ▪ A mão de obra direta é apropriada com base no tempo gasto na execução de cada ordem de produção, multiplicado pela taxa horária do custo da mão de obra direta; ▪ Os custos indiretos de fabricação são rateados às ordens de produção, com base em algum critério definido pela empresa. Vejamos, a seguir, um exemplo de contabilização do método de custeamento por ordem ou encomenda. Primeiramente, na Tabela 1, temos as requisições de matéria-prima do almoxarifado. Contabilidade de Custos 7 Data Requisição nº Ordem de Produção nº Quantidade Custo (R$) 13/03 6.250 1.232 30 kg 1.300 13/03 6.260 1.233 70 mt 1.700 TOTAL 3.000 Tabela 1: Resumo das requisições de matéria-prima do almoxarifado. Fonte: Crepaldi (2018, p.126). Já a Tabela 2 demonstra a mão de obra apropriada em cada ordem de produção. Data Ordem de Produção nº Horas Custo (R$) Taxa de aplicação dos CIFs (R$) CIF aplicado (R$) 13/03 1.232 300 1.800 3 900 13/03 1.233 700 4.200 3 2.100 TOTAL 6.000 3.000 Tabela 2: Resumo dos boletins de mão de obra e apropriação dos CIFs. Fonte: Crepaldi (2018, p.126). Após as requisições apresentadas, as folhas (fichas) das ordens de produção são apresentadas na Tabela 3. Assim, podemos concluir que, quando a ordem de produção nº 1.232 estiver encerrada, o custo unitário apurado do produto A será de R$ 50,00 (R$ 4.000 dividido por 80 unidades); já o custo unitário apurado do produto B, na ordem de produção nº 1.233, será de aproximadamente R$ 66,67 (R$ 8.000 dividido por R$ 120 unidades). OP nº 1.232 – Produto A – Quantidade: 80 unidades Data Matéria-prima MOD CIF aplicado Custo TotalRequisição nº Quantidade Custo (R$) Horas Custo (R$) Taxa (R$) Custos (R$) 13/3 6.250 30 kg 1.300 300 1.800 3 900 4.000 OP nº 1.233 – Produto B – Quantidade: 120 unidades Data Matéria-prima MOD CIF aplicado Custo TotalRequisição nº Quantidade Custo (R$) Horas Custo (R$) Taxa (R$) Custos (R$) 13/03 6.260 70 m 1.700 700 4.200 3 2.100 8.000 Tabela 3: Ordens de Produção (OP). Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.127). Para concluirmos esta etapa, apresentamos a seguir, os lançamentos contábeis pelo método de custeamento por ordem de produção. Quando ocorre a apropriação dos custos à ordem de produção, os custos de produção são transferidos para a conta de Estoque de Produtos em Contabilidade de Custos 8 Elaboração (lançamentos “a”, “b” e “c”). Após o encerramento das ordens de produção, os custos são transferidos do Estoque de Produtos em Elaboração para a conta de Estoque de Produtos Acabados (lançamento “d”) (CREPALDI, 2018). Observe a Figura 1: Transferência do Custo da Produção para Estoque de Produtos Acabados. Estoque de matéria-prima Estoque de produtos em fabricação R$ XXXXXXXXXXX R$3.000,00 (a) (a) R$3.000,00 R$12.000,00 (d) (b) R$6.000,00 Mão de obra direta (c) R$3.000,00 R$ XXXXXXXXXXX R$6.000,00 (b) Custos indiretos de fabricação Estoque de produtos acabados R$ XXXXXXXXXXX R$3.000,00 (c) (d) R$12.000,00 Figura 1: Lançamentos contábeis pelo método de custeamento por ordem de produção. Fonte: Do autor. Produção contínua ou em série No sistema de custeamento de produção contínua ou em série, os custos são registrados inicialmente por tipo de gasto (natureza contábil) e, em seguida, todos os custos são agrupados por processos específicos. Por isso, o sistema de custos procura refletir todo o processo físico de produção. Ou seja, consiste em acumular os custos em uma conta contábil representativa de uma fase da produção (processo), que serão transferidos para as fases seguintes, até chegar à fase final, de conclusão do produto acabado (CREPALDI, 2018). Neste método, o estoque de produtos em elaboração é composto pelo somatório das contas contábeis das fases de produção, tendo como característica específica, a apuração do custo pelo método do custo médio ponderado. O custo médio ponderado do método mais usado no Brasil consiste em avaliar o estoque pelo custo médio de aquisição apurado em cada entrada de material, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes. Segundo a Resolução CFC nº 1.170, pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um período, e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o período (CREPALDI, 2018). Contabilidade de Custos 9 Veja,aseguir, umexemplo de contabilização dométodo de custeamento de produção contínua ou em série, em que não existem estoques iniciais e finais no período, e que 5.000 unidades sejam iniciadas e concluídas em cada fase do processo produtivo. Na Tabela 4, apresentamos as informações contábeis sobre os custos de produção. Itens Moagem Forno Ensacamento Matéria-prima R$15.000 R$20.000 R$15.000 MOD R$20.000 R$8.000 R$15.000 CIFs aplicados R$12.000 R$10.000 R$18.000 Tabela 4: Custos de produção. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.129). Para organização do processo, após entendermos o processo produtivo, é necessária a construção de um mapa de produção, apresentado na Tabela 5, com as três fases de produção: moagem, forno e ensacamento. Custos Moagem Forno Ensacamento Custo de departamento anterior Custo total (R$) Custo unitário (R$) Custo total (R$) Custo unitário (R$) Custo total (R$) Custo unitário (R$) – – 47.000 9,40 85.000 17,00 Custo neste departamento: Matéria-prima 15.000 3,00 20.000 4,00 – – Mão de obra 20.000 4,00 8.000 1,60 15.000 3,00 CIFs aplicados 12.000 2,40 10.000 2,00 18.000 3,60 Custo total no departamento 47.000 9,40 38.000 7,60 33.000 6,60 Custo total acumulado 47.000 9,40 85.000 17,00 118.000 23,60 Custo transferido para produtos acabados 118.000 23,60 Tabela 5: Mapa de Produção. Fonte: Crepaldi (2018, p.130). Agora, apresentaremos a contabilização do sistema de custeamento da produção por encomenda. Os lançamentos “a”, “b” e “c” representam a apropriação dos custos de produção às respectivas fases de produção. A transferência dos custos totais da fase de moagem para a fase do forno é representada pelo lançamento “d”, no valor de R$ 47.000,00. O lançamento “e” registra a transferência dos custos totais da fase do forno, no valor de R$ 85.000,00, para a fase de ensacamento. Por fim, o lançamento “f ” contabiliza a transferência do custo total da fase de Contabilidade de Custos 10 ensacamento (última fase do processo produtivo)para o estoque de produtos acabados, no valor de R$ 118.000,00 (CREPALDI, 2018). Transferência dos Custos entre as Fases de Produção Transferência dos Custos entre as Fases de Produção Estoque de matéria-prima Moagem R$ XXXXXXXXXXX R$15.000,00 (a) (a) R$47.000,00 R$47.000,00 (d) R$20.000,00 (b) Mão de obra direta Forno R$ XXXXXXXXXXX R$20.000,00 (a) (b) R$38.000,00 R$85.000,00 (e) R$8.000,00 (b) (d) R$47.000,00 R$15.000,00 (c) Mão de obra direta Forno R$ XXXXXXXXXXX R$20.000,00 (a) (b) R$38.000,00 R$85.000,00 (e) R$8.000,00 (b) (d) R$47.000,00 R$15.000,00 (c) Estoque de produtos acabados R$118.000,00 Figura 2: Contabilização do sistema de custeamento da produção por encomenda. Fonte: Crepaldi (2018, p.130-131). 2. Métodos de Custeio Para Silva e Lins (2017), método de custeio é a maneira pela qual a empresa calcula e apropria os custos aos seus produtos e serviços. Segundo Martins (2010), os principais métodos de custeio são: a. Absorção: custeio integral; b. Variável: custeio direto ou custeio marginal; c. RKW: custeio pleno; d. ABC: custeio baseado em atividades. Vejamos mais detalhes sobre cada um dos métodos de custeio apresentados. Contabilidade de Custos 11 Custeio por Absorção No custeio pora bsorção,todos os custos (fixos,variáveis,diretoseindiretos) incorridos no período são absorvidos pelos produtos fabricados. Previamente, é necessário segregarcusto de despesa, poisas despesassão classificadas diretamente no resultado do período, sem compor o custo dos produtos fabricados. Essas características fazem com que o custeio por absorção seja o método aceito pela legislação fiscal brasileira, pois é derivado dos princípios contábeis. A seguir, apresentaremos um exemplo de apuração de custo pelo método do custeio por absorção. Determinada empresa, que produziu e comercializou um único produto em 2015, apresentou, na Tabela 6, as informações da produção e das despesas incorridas no ano de 2015. Informações Estoque no início de 2015………………………………. . . ........................................................... Zero Unidades produzidas e acabadas em 2015……………………................................................ 200 unidades Custos variáveis de fabricação………………………….…........................................................... R$ 30 por unidade Custos fixos de fabricação………………………………................................................................. R$ 600,00 Despesas operacionais de administração e venda………………. . ........................................ R$ 400,00 Unidades vendidas em 2015………………………………............................................................ 200 unidades Preço líquido de venda....………………………………….............................................................. R$ 40 por unidade Tabela 6: Informações de produção e despesas. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.152). Veja, a seguir, o resultado apurado pelo método do custeio por absorção, com base nas informações fornecidas na Tabela 6. (CREPALDI, 2018). Demonstração do Resultado 2015 Vendas (200 unid. x R$40) R$8.000,00 (-) Custo dos produtos vendidos: Custos variáveis (200 unid. x R$30) (R$6.000,00) Custos fixos (R$600,00) (=) Lucro bruto R$ 1.400,00 (-) Despesas administrativas e de vendas (R$400,00) (=) Lucro líquido R$1.000,00 Figura 3: Resultado apurado pelo método do custeio por absorção. Fonte: Crepaldi (2018, p.152). 2.1 Custeio Variável O método do custeio variável fundamenta-se na segregação dos gastos em variáveis e fixos, pois o custo de produção do período é composto somente pelos custos variáveis incorridos. Neste método, os custos fixos são tratados como despesas do período, sendo apropriados diretamente ao resultado do exercício sem transitar pelo estoque (CREPALDI, 2018). Contabilidade de Custos 12 Para Santos (2015), o custeio variável, também denominado “custeio direto” ou “custeio marginal”, é aquele sistema de custeio que elimina completamente os custos fixos do custo do produto. Este método considera os custos variáveis como os únicos custos realmente imputáveis ao produto. Com base nas mesmas informações fornecidas na Tabela 6, apresentamos um exemplo de apuração pelo método do custeio variável (CREPALDI, 2018). Demonstração do Resultado 2015 Vendas (200 unid. x R$40) R$ 8.000,00 (-) Custo dos produtor vendidos: Custos variáveis (200 unid. x R$ 30) (R$ 6.000,00) (=) Margem de contribuição R$ 2.000,00 (-) Custos fixos (R$ 600,00) (-) Despesas administrativas e de vendas (R$ 400,00) (=) Lucro líquido R$ 1.000,00 Figura 4: Exemplo de apuração pelo método do custeio variável. Fonte: Crepaldi (2018, p.152). É importante destacar que, segundo Crepaldi (2018), caso parte da produção iniciada e acabada em determinado período permaneça em estoque, o lucro bruto nesse período será maior pelo custeio variável e pela falta dos custos fixos na composição do custo dos produtos vendidos. Entretanto, o lucro líquido será maior pelo custeio por absorção, uma vez que o custo fixo é deduzido integralmente no sistema de custeio variável e, no sistema por absorção, a dedução é proporcional à quantidade vendida. 2.1.1 Margem de Contribuição Segundo Crepaldi (2018), a margem de contribuição significa o valor com o qual cada produto contribuirá para cobrir despesas e custos fixos, e para proporcionar o lucro. Com isso, temos, portanto, a margem de contribuição unitária e a margem de contribuição total. Veja as explicações abaixo: Margem de contribuição unitária: É a diferença entre a receita bruta obtida na venda de uma unidade de produto e o total das despesas e custos variáveis incorridos nessa mesma unidade. Segundo Ribeiro (2015) e Santos (2015), a margem de contribuição unitária (MCU) é calculada por meio da fórmula (1) apresentada: MCU = PVu - CVu -DVu (1) Contabilidade de Custos 13 Onde: MCU = Margem de Contribuição Unitária; PVu = Preço de Venda unitário; CVu = Custo Variável unitário; DVu = Despesa Variável unitária. Margem de contribuição total: É a diferença entre a receita bruta total obtida na venda de produtos e o total dos custos e despesas variáveis incorridos em um determinado período. A margem de contribuição total é calculada por meio da fórmula (2) apresentada: CT = RT - CVT- DVT (2) Onde: MCT = Margem de Contribuição Total; RT = Receita Total; CVT = Custo Variável Total; DVT = Despesa Variável Total. Agora, por meio dos exemplos apresentados abaixo, entenda melhor como as fórmulas são utilizadas. Considere os dados informados na Tabela 7, da seguinte situação hipotética de uma empresa do ramo de treinamento, sem inadimplência dos alunos. Informações do mês de dezembro de 2017 Quantidade de alunos 50 Receita total (R$ 160 x 50 alunos) R$ 8.000,00 Custos fixos totais R$ 2.000,00 Custos variáveis totais (R$ 80 x 50 alunos) R$ 4.000,00 Despesas fixas totais R$ 800,00 Despesas variáveis totais (R$ 10 x 50 alunos) R$ 500,00 Tabela 7: Informações de custos de uma empresa de treinamento. Fonte: Do autor. Considerando as informações da Tabela 7, observe como seria o cálculo da margem de contribuição unitária (MCU) dessa empresa: MCU = PVu - CVu – DVu MCU = R$ 160,00 – R$ 80,00 – R$ 10,00 Logo, a margem de contribuição unitária seria de R$ 70,00. E a margem de contribuição total (MCT) seria de: Contabilidade de Custos 14 MCT = RT - CVT- DVT MCT = Receita Total – Custo Variável Total - Despesa Variável Total MCT = R$ 8.000,00 – R$4.000,00 - R$500,00 Logo, a margem de contribuição total seria de R$ 3.500,00. O conceito de margem de contribuição é de extrema importância para o método de custeio variável e para a tomada de decisões gerenciais. Na situação hipotética apresentada, cada aluno contribui efetivamente com R$ 70,00 para cobrir as despesas e custos fixos e formar o lucro da empresade equilíbrio pela margem de contribuição média ponderada pelo mix de vendas, conforme exemplo a seguir Considere os seguintes dados hipotéticos, apresentados na Tabela 12, de uma determinada empresa, com um total de custos e despesas fixos de R$ 45.300,00. Produtos Quantidade vendida em unidades Preço unitário R$ Custos + Despesas variáveis unitários (R$) Margem de contribuição unitária (R$) A 50 655,00 495,00 160,00 Contabilidade de Custos 19 B 30 800,00 550,00 250,00 C 120 1.100,00 600,00 500,00 Tabela 12: Informações para cálculo do ponto de equilíbrio de produtos com margens diferentes. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.189). A participação de cada produto no mix de vendas é obtida por meio do cálculo da análise vertical em percentual da quantidade vendida de cada produto, apresentado na Tabela 13 Produtos Quantidade vendida em unidades Análise vertical % A 50 25% B 30 15% C 120 60% TOTAL 200 100% Tabela 13: Participação nas vendas. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.189). O cálculo da margem de contribuição média ponderada está apresentado na Tabela 14. Produtos Margem de contribuição unitária (R$) Análise vertical % Margem de contribuição média ponderada (R$) A 160,00 25% 40,00 B 250,00 15% 37,50 C 500,00 60% 300,00 TOTAL 100% 377,50 Tabela 14: Cálculo da margem de contribuição média ponderada. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.189). Agora, o cálculo do ponto de equilíbrio pode ser realizado dividindo o total de custos e despesas fixos (R$ 45.300,00) pelo total das margens de contribuição média ponderada (R$ 377,50), obtendo um ponto de equilibrio total de 120 unidades. Logo, é possível calcular a quantidade de cada produto a ser vendido, conforme demonstrado na Tabela 15. Produtos Ponto de equilíbrio total Análise vertical % Ponto de equilíbrio por produto A 120 unidades X 25% = 30 unidades B 120 unidades X 15% = 18 unidades C 120 unidades X 60% = 72 unidades TOTAL 100% 120 unidades Tabela 15: Participação nas vendas. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.189). O lucro zero alcançado com esta estrutura de ponto de equilíbrio calculada pode ser comprovada por meio da Tabela 16. Contabilidade de Custos 20 Receita de Venda Produtos Preço unitário Quantidade Valor Produto A R$ 655,00 X 30 unidades R$ 19.650,00 Produto B R$ 800,00 X 18 unidades R$ 14.400,00 Produto C R$ 1.100,00 X 72 unidades R$ 79.200,00 (+) Receita total R$ 113.150,00 Custos e Despesas Variáveis Produtos Custo unitário Quantidade Valor Produto A R$ 495,00 X 30 unidades R$ 14.850,00 Produto B R$ 550,00 X 18 unidades R$ 9.900,00 Produto C R$ 600,00 X 72 unidades R$ 43.200,00 (-) Custos e despesas variáveis R$ 67.950,00 (=) Margem de contribuição R$ 45.300,00 (-) Custo fixo R$ 45.300,00 (=) Lucro R$ 0,00 Tabela 16: Cálculo do Ponto de Equilíbrio com margens de contribuições diferentes. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.190). 2.1.5 Margem de Segurança e Alavancagem Operacional Segundo Crepaldi (2018), margem de segurança é a diferença entre a receita total auferida pela empresa e a receita total no ponto de equilíbrio. Em outras palavras, é quando as vendas podem cair antes de se ter prejuízo, podendo ser expressa em valor, unidade ou percentual. A margem de segurança Operacional (MS) equivale às unidades produzidas e vendidas acima do ponto de equilíbrio. A margem de segurança, quando expressa em volume, corresponderá à quantidade produzida e vendida pela empresa acima das quantidades do ponto de equilíbrio, podendo ser calculada por meio da fórmula (6): MS (unidade) = Qv - PEC (6) Onde: Qv = Quantidade vendida; PEC = Ponto de equilíbrio contábil em quantidade. Segundo Ribeiro (2015), a margem de segurança, quando expressa em unidade monetária, corresponde à diferença entre a receita total auferida na venda dos produtos e a receita no ponto de equilíbrio. Pode ser calculada pela fórmula (7): Contabilidade de Custos 21 MS (valor) = MS (unidade) x PVu (7) Onde: MS (unidade) = Margem de segurança em quantidade; PVu = Preço de venda unitário. Para entender melhor o conteúdo apresentado, veja o exemplo apresentado. Cálculo da Margem de Segurança e Alavancagem Operacional Observe o exemplo prático apresentado por Crepaldi (2018, p.192) para facilitar o entendimento do cálculo da margem de segurança. A empresa Divinópolis Ltda vendia, nos últimos meses, 30.000 pacotes de produtos/mês, por um preço unitário de R$ 35,00 por pacote. Seus custos e despesas fixos têm sido de R$ 472.500,00 ao mês e os custos e despesas variáveis, de R$ 15,00 por pacote. Cálculo da margem de contribuição unitária (MCU): MCU = Preço de Venda Unitário – Custos e Despesas Variáveis unitários MCU = R$ 35,00 – R$ 15,00 MCU = R$ 20,00. Cálculo do ponto de equilíbrio: PEC = (custos e despesas fixos totais) / (margem de contribuição unitária) PEC = 472.500,00 PEC = 23.625 unidades. Cálculo da margem de segurança (MS) em quantidade: MS em quantidade = Quantidade vendida – Ponto de Equilíbrio em Quantidade MS em quantidade = 30.000 – 23.625 MS em quantidade = 6.375 unidades. Ou seja, as vendas podem cair em 6.375 unidades sem que a empresa passe a operar com prejuízo. Para calcular a margem de segurança (MS) em percentual, teríamos: MS em percentual = 30.000 – 23.625 MS em percentual = 0,2125 ou 21,25%. 20,00 30.000 Contabilidade de Custos 22 Ou seja, as vendas podem cair 21,25% sem que a empresa tenha prejuízo. Para calcular a margem de segurança (MS) em valor, temos: MS em valor = Margem de segurança em unidades – Preço de venda unitário MS em valor = 6.375 unidades x 35,00 MS em valor = R$ 223.125,00. Ou seja, o faturamento da empresa pode cair R$ 223.135,00 sem que a empresa opere com prejuízo. Para Ribeiro (2015), alavancagem operacional é um indicador que mostra quantas vezes o percentual de aumento promovido na quantidade vendida gerou de percentual de aumento no resultado. O grau de alavancagem operacional (GAO) pode ser apurado da seguinte maneira: GAO = % de Aumento no Volume Suponhamos que nesse exemplo, a empresa decida aumentar sua produção e venda em 10%, passando de 30.000 unidades vendidas para 33.000 unidades, mantendo-se inalteradas as demais ocorrências. O resultado com as duas situações está apresentado na Tabela 17. % de Aumento no Resultado Apuração do Resultado % Quantidade vendida 30.000 unid. 33.000 unid. 10% Receita bruta de venda: (volume x R$35) R$ 1.050.000 R$ 1.155.000 10% (-) Custos e despesas variáveis: (volume x R$15) R$ 450.000 R$ 495.000 10% = Margem de contribuição R$ 600.000 R$ 660.000 10% (-) Custos e despesas fixos R$ 472.500 R$ 472.500 - = Resultado (lucro líquido) R$127.500 R$ 187.500 47,06% Margem de segurança (volume atual – 23.625) 6.375 unid. 9.375 unid. 47,06% Tabela 17: Apuração do resultado. Fonte: Adaptado de Crepaldi (2018, p.193). De acordo com a Tabela 17, a porcentagem de acréscimo no lucro é de 47,06%, sendo calculado da seguinte maneira: Variação % do Lucro = Aumento no lucro Variação % do Lucro = (187.500,00 – 127.500,000) Variação % do Lucro = 0,4706; ou seja, 47,06%. Então, o cálculo do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) seria: Lucro 127.500,00 Contabilidade de Custos 23 GAO = % de Aumento no Volume GAO = 47,06% GAO = 4,7 vezes. Isso significa que, cada 1% de aumento sobre o volume atual de 30.000 unidades por mês corresponderá a um aumento de 4,7% sobre o resultado mensal. Após apresentarmos os cálculos e processos do custeio variável, vejamos mais um método de custeio: o RKW. 2.2 RKW ou Custeio Pleno O RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit), também chamado de custeio pleno, é um método alemão de custeio que consiste em alocar todos os custos e despesas aos produtos. Para Crepaldi (2018), as aplicações do método RKW são eminentemente gerenciais, sendo recomendável para decisões de definição de preços. Este método não é aceito para fins fiscaise societários para avaliação do estoque por incluir gastos que não estão vinculados ao processo de fabricação. % de Aumento no Resultado 10% 2.3 Custeio ABC Outro método existente é o custeio ABC. Seu surgimento se deu em virtude do avanço tecnológico e à complexidade dos sistemas de produção. Os custos indiretos têm aumentado significativamente em relação aos custos diretos, surgindo a necessidade de que esses custos indiretos tenham um tratamento adequado, evitando distorções ocorridas com a arbitrariedade e a subjetividade dos rateios tradicionais. A partir disso, surgiu a metodologia de custeio baseada em atividades, ou simplesmente Custeio ABC (Activity Based Costing). Martins (2010, p.87) define o termo como sendo “uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”. Esse custeio parte do pressuposto que os fatores produtivos (recursos) são consumidos pelas suas atividades e não pelos produtos fabricados. Para Crepaldi (2018), os produtos são uma mera consequência das atividades efetuadas pela empresa para fabricá-los e comercializá-los. Para Martins (2010), o Custeio ABC é um método que procura reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos. O método de custeio ABC apresenta algumas etapas. Vejamos as principais. Contabilidade de Custos 24 A partir disso, surgiu a metodologia de custeio baseada em atividades, ou simplesmente Custeio ABC (Activity Based Costing). Martins (2010, p.87) define o termo como sendo “uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”. Esse custeio parte do pressuposto que os fatores produtivos (recursos) são consumidos pelas suas atividades e não pelos produtos fabricados. Para Crepaldi (2018), os produtos são uma mera consequência das atividades efetuadas pela empresa para fabricá-los e comercializá-los. Para Martins (2010), o Custeio ABC é um método que procura reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos. O método de custeio ABC apresenta algumas etapas. Vejamos as principais. 2.3.1 Etapas do Custeio ABC Para Martins (2010), as principais etapas de implantação do Custeio ABC são: 1. Identificação das atividades relevantes executadas; 2. Atribuição de custos às atividades; 3. Identificação e seleção dos direcionadores de custos; 4. Atribuição do custo das atividades aos produtos ou serviços. Para facilitar a compreensão do funcionamento do custeio ABC, utilizaremos o exemplo de uma empresa de confecções que produz três tipos de produtos: camisetas, vestidos e calças. As principais informações de custos da empresa estão apresentadas na Tabela 18. Produtos Volume de produção mensal (unidades) Custos diretos (tecidos, aviamentos e mão de obra direta) Camisetas 18.000 $ 3,75 Vestidos 4.200 $ 5,75 Calças 13.000 $ 4,25 Tabela 18: Informações de produção e custos da empresa de confecções. Fonte: Adaptado de Martins (2010, p.88). A empresa mencionada possui dois departamentos produtivos (corte e costura e acabamento). Os custos indiretos mensais da confecção estão listados na Tabela 19. Custos Indiretos $ Aluguel 24.000,00 Energia elétrica 42.000,00 Salários pessoal supervisão 25.000,00 Mão de obra indireta 35.000,00 Contabilidade de Custos 25 Depreciação 32.000,00 Material de consumo 12.000,00 Seguro 20.000,00 Total 190.000,00 Tabela 19: Custos indiretos da empresa de confecções. Fonte: Adaptado de Martins (2010, p.89). A seguir, serão apresentados, detalhadamente, os quatro passos básicos para implantação do Custeio ABC em uma empresa de confecções. Passo 1 - Identificação das Atividades Relevantes Executadas Martins (2010) destaca as principais características de uma atividade: ▪ É uma ação que consome recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para produzir bens e serviços; ▪ É composta de um conjunto de tarefas necessárias para seu desempenho; ▪ É necessária para concretização de um processo, que é uma cadeia de atividades correlatas e inter-relacionadas. A identificação das atividades relevantes dentro de cada departamento é o primeiro passo para o custeio ABC. O Quadro 2 apresenta um exemplo de um levantamento de atividades relevantes dos departamentos de uma empresa. Departamentos Atividades Compras Comprar materiais Desenvolver fornecedores Almoxarifado Receber materiais Movimentar materiais Administração da produção Programar a produção Controlar a produção Corte e costura Cortar Costurar Acabamento Acabar Despachar produtos Quadro 2: Levantamento das atividades relevantes dos departamentos. Fonte: Martins (2010, p.93). Passo 2- Atribuição de Custos às Atividades O custo de uma atividade compreende todos os sacrifícios de recursos necessários para seu desempenho (salários, encargos sociais, aluguel, telefone etc.). Para Martins (2010), a atribuição de custos às atividades deve ser feita da forma mais criteriosa possível, com base na seguinte ordem de prioridades: Contabilidade de Custos 26 1. Alocação direta: Quando há uma identificação direta do custo com a atividade (exemplo: salário). 2. Rastreamento: Quando a alocação ocorre com base na relação causa e efeito entre a ocorrência da atividade e a geração do custo, por meio dos direcionadores de custos (exemplo: aluguel versus área ocupada). 3. Rateio: Quando não há a possibilidade de utilizar nem a alocação direta nem o rastreamento. A Tabela 20 apresenta um exemplo de um levantamento do custo das atividades de uma empresa, que representa o segundo passo no custeio ABC. Departamentos Atividades Custos Compras Comprar materiais Desenvolver fornecedores Total 16.000,00 12.000,00 28.000,00 Almoxarifado Receber materiais Movimentar materiais Total 12.350,00 16.000,00 28.350,00 Administração da produção Programar a produção Controlar a produção Total 16.000,00 13.850,00 29.850,00 Corte e costura Cortar Costurar Total 29.000,00 28.600,00 57.600,00 Acabamento Acabar Despachar produtos Total 14.000.00 32.200,00 46.200,00 Total dos custos indiretos 190.000,00 Tabela 20: Levantamento do custo das atividades relevantes dos departamentos. Fonte: Adaptado de Martins (2010, p.98). Passo 3 - Identificação e Seleção dos Direcionadores de Custos Primeiramente, devemos esclarecer que o direcionador de custo é uma transação, sendo ele, o fator que determina o custo de uma atividade. No custeio ABC, o direcionador de custo é a base utilizada para atribuir os custos das atividades aos produtos. Para Crepaldi (2018), os direcionadores de custos mais utilizados no custeio ABC são: ▪ Homem-hora; ▪ Hora-máquina; ▪ Quantidade de energia; ▪ Área ocupada; ▪ Número de empregados. Contabilidade de Custos 27 O terceiro passo no custeio contempla a identificação e seleção dos direcionadores de custos, conforme podemos observar no Quadro 3. Departamentos Atividades Direcionadores Compras Comprar materiais Desenvolver fornecedores Nº de pedidos Nº de fornecedores Almoxarifado Receber materiais Movimentar materiais Nº de recebimentos Nº de requisições Administração da produção Programar a produção Controlar a produção Nº de produtos Nº de lotes Corte e costura Cortar Costurar Tempo de corte Tempo de costura Acabamento Acabar Despachar produtos Tempo de acabamento Tempo de despacho Quadro 3: Levantamento dos direcionadores de custos das atividades. Fonte: Martins (2010, p.99). Em seguida, deve ser feito o levantamento da quantidade de ocorrência dos direcionadores de custos das atividades por período e por produto, conforme vemos na Tabela 21. Direcionadores Camisetas Vestidos Calças Total Nº de pedidos de compra 150 400 200 750 Nº de fornecedores 2 6 3 11 Nº de recebimentos 150 400 200 750 Nº de requisições 400 1.500 800 2.700 Nº de produtos 1 1 1 3 Nº de lotes 10 40 20 70 Horas utilizadas para cortar 2.160 h 882 h 2.600 h 5.642 hHoras utilizadas para costurar 3.240 h 2.058 h 7.800 h 13.098 h Horas utilizadas para acabar 2.700 h 2.520 h 3.900 h 9.120 h Horas utilizadas para despachar 25 h 50 h 25 h 100 h Tabela 21: Levantamento da quantidade dos direcionadores de custos das atividades. Fonte: Martins (2010, p.100). Passo 4 - Atribuição do Custo das Atividades aos Produtos (ou Serviços) O quarto passo consiste em atribuir o custo dasatividadesaos produtos. Para calcular o custo do produto, Martins (2010) recomenda a utilização das fórmulas (8, 9 e 10), apresentadas a seguir: Custo Unitário do direcionador = Custo da Atividade nº total do direcionador (8) Contabilidade de Custos 28 Custo da atividade atribuído ao produto = custo unitário do direcionador X nº de direcionadores do produto (9) Custo daatividade por unidade de produto = Custo da Atividade atribuído ao produto Para exemplificar, a atribuição do custo da atividade “comprar materiais” ao produto “camiseta” seria calculado da seguinte maneira: Custo Unitário do direcionador =$16.000/750 = $ 21,333 por pedido. Custo da atividade atribuído ao produto=$ 21,3333 x 150 pedidos= $ 3.200. Custo da atividade por unidade de produto=($ 3.200)/(18.000 unidades) = $ 0,1778 por camiseta. O custo unitário de cada atividade por cada produto está demonstrado na Tabela 22. Atividades Camisetas Vestidos Calças Comprar materiais $0,1778 $2,0317 $0,3282 Desenvolver fornecedores $0,1212 $1,5584 $0,2517 quantidade produzida Receber materiais $0,1372 $1,5683 $0,2533 Movimentar materiais $0,1317 $2,1164 $0,3647 Programar produção $0,2963 $1,2698 $0,4103 Controlar produção $0,1099 $1,8844 $0,3044 Cortar $0,6168 $1,0794 $1,0280 Costurar $0,3930 $1,0699 $1,3101 Acabar produtos $0,2303 $0,9211 $0,4605 Despachar produtos $0,4472 $3,8333 $0,6192 Total $2,6614 $17,3328 $5,3305 Tabela 22: Custo unitário das atividades por produto. Fonte: Martins (2010, p.100). Para Martins (2010), o custeio ABC permite uma melhor visualização dos custos por meio da análise das atividades executadas dentro de uma empresa. O custo total de cada produto, utilizando o custeio ABC, está apresentado na Tabela 23. Contabilidade de Custos 29 Custos Camisetas Vestidos Calças Diretos $ 3,75 $ 5,75 $ 4,25 Indiretos $ 2,66 $17,33 $ 5,33 Custos totais $ 6,41 $ 23,08 $ 9,58 Tabela 23: Custo unitário de cada produto. Fonte: Adaptado de Martins (2010, p.101). Martins (2010) destaca que, nessas circunstâncias, os produtos mais complexos produzidos em baixos volumes, com o custeio ABC, tornar- se-ão menos lucrativos do que se pensava que fossem. Por outro lado, os produtos mais simples, fabricados em altos volumes, apresentarão margens maiores. De acordo com o autor, isso ocorre quando, nos chamados sistemas tradicionais de custeio, as bases de rateio (geralmente medidas de volume) não refletem o real consumo de recursos pelos produtos. Nesta unidade de aprendizagem, verificamos que a escolha do método depende do tipo de informação necessária aos gestores. Contudo, cabe destacar que cada método, apesar de apresentar vantagens e desvantagens, gera informações complementares. A escolha do método mais adequado deve levar em consideração o tipo de organização e o tipo de informação que se busca obter da Contabilidade de Custos (CREPALDI, 2018). Aprendemos, portanto, que é o processo produtivo que define qual sistema de custeamento cada empresa deve adotar. Vimos também que esta escolha deve ser feita antes de a empresa decidir quanto ao sistema de custeio a ser adotado. O método de custeio utilizado pela empresa tem grande influência na gestão de custo, tendo em vista que é por meio deste método, que o custo unitário do produto ou do serviço prestado é apurado. Por fim, vimos o conceito, as principais características e o metodologia de cálculo dos principais sistemas de custeio: Absorção, Variável (também chamado de custeio direto ou custeio marginal), RKW e ABC, sendo este último muito importante para o sistema de custeamento. Contabilidade de Custos 30 Referências CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha Biblioteca] LEONE, George Sebastião Guerra; LEONE, Rodrigo José Guerra. Curso de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2010. [Minha Biblioteca] MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luís; TAKAKURA JUNIOR, Franco Kaolu. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: GEN, 2013. [Minha Biblioteca] RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. [Minha Biblioteca SANTOS,JoséLuiz dos etal.Manual de contabilidade de custos: Atualizado pela Lei nº 12.973/2014 e pelas Normas do CPC até o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 03/2013. São Paulo: Atlas, 2015. [Minha Biblioteca] SILVA, Raimundo Nonato Sousa; LINS, Luiz dos Santos. Gestão de custos: Contabilidade,controle e análise. 4 ed. São Paulo:Atlas, 2017.[Minha Biblioteca] Contabilidade de Custos 31 _GoBack Sistemas e Métodos Para Início de Conversa... Objetivo 1. Sistemas de Custeamento 1.1 Tipos de Sistemas de Custeamentos 1.1.1 Vantagens e Desvantagens dos Sistemas de Custeamento 1.1.2 Contabilização dos Métodos de Custeamento 2. Métodos de Custeio 2.1 Custeio Variável 2.1.1 Margem de Contribuição 2.1.2 Ponto de Equilíbrio 2.1.3 Tipos de Ponto de Equilíbrio 2.1.4 Pontos de Equilíbrio com Produtos com Margens de Contribuição Diferentes 2.1.5 Margem de Segurança e Alavancagem Operacional 2.2 RKW ou Custeio Pleno 2.3 Custeio ABC 2.3.1 Etapas do Custeio ABC ReferênciasHoras utilizadas para costurar 3.240 h 2.058 h 7.800 h 13.098 h Horas utilizadas para acabar 2.700 h 2.520 h 3.900 h 9.120 h Horas utilizadas para despachar 25 h 50 h 25 h 100 h Tabela 21: Levantamento da quantidade dos direcionadores de custos das atividades. Fonte: Martins (2010, p.100). Passo 4 - Atribuição do Custo das Atividades aos Produtos (ou Serviços) O quarto passo consiste em atribuir o custo dasatividadesaos produtos. Para calcular o custo do produto, Martins (2010) recomenda a utilização das fórmulas (8, 9 e 10), apresentadas a seguir: Custo Unitário do direcionador = Custo da Atividade nº total do direcionador (8) Contabilidade de Custos 28 Custo da atividade atribuído ao produto = custo unitário do direcionador X nº de direcionadores do produto (9) Custo daatividade por unidade de produto = Custo da Atividade atribuído ao produto Para exemplificar, a atribuição do custo da atividade “comprar materiais” ao produto “camiseta” seria calculado da seguinte maneira: Custo Unitário do direcionador =$16.000/750 = $ 21,333 por pedido. Custo da atividade atribuído ao produto=$ 21,3333 x 150 pedidos= $ 3.200. Custo da atividade por unidade de produto=($ 3.200)/(18.000 unidades) = $ 0,1778 por camiseta. O custo unitário de cada atividade por cada produto está demonstrado na Tabela 22. Atividades Camisetas Vestidos Calças Comprar materiais $0,1778 $2,0317 $0,3282 Desenvolver fornecedores $0,1212 $1,5584 $0,2517 quantidade produzida Receber materiais $0,1372 $1,5683 $0,2533 Movimentar materiais $0,1317 $2,1164 $0,3647 Programar produção $0,2963 $1,2698 $0,4103 Controlar produção $0,1099 $1,8844 $0,3044 Cortar $0,6168 $1,0794 $1,0280 Costurar $0,3930 $1,0699 $1,3101 Acabar produtos $0,2303 $0,9211 $0,4605 Despachar produtos $0,4472 $3,8333 $0,6192 Total $2,6614 $17,3328 $5,3305 Tabela 22: Custo unitário das atividades por produto. Fonte: Martins (2010, p.100). Para Martins (2010), o custeio ABC permite uma melhor visualização dos custos por meio da análise das atividades executadas dentro de uma empresa. O custo total de cada produto, utilizando o custeio ABC, está apresentado na Tabela 23. Contabilidade de Custos 29 Custos Camisetas Vestidos Calças Diretos $ 3,75 $ 5,75 $ 4,25 Indiretos $ 2,66 $17,33 $ 5,33 Custos totais $ 6,41 $ 23,08 $ 9,58 Tabela 23: Custo unitário de cada produto. Fonte: Adaptado de Martins (2010, p.101). Martins (2010) destaca que, nessas circunstâncias, os produtos mais complexos produzidos em baixos volumes, com o custeio ABC, tornar- se-ão menos lucrativos do que se pensava que fossem. Por outro lado, os produtos mais simples, fabricados em altos volumes, apresentarão margens maiores. De acordo com o autor, isso ocorre quando, nos chamados sistemas tradicionais de custeio, as bases de rateio (geralmente medidas de volume) não refletem o real consumo de recursos pelos produtos. Nesta unidade de aprendizagem, verificamos que a escolha do método depende do tipo de informação necessária aos gestores. Contudo, cabe destacar que cada método, apesar de apresentar vantagens e desvantagens, gera informações complementares. A escolha do método mais adequado deve levar em consideração o tipo de organização e o tipo de informação que se busca obter da Contabilidade de Custos (CREPALDI, 2018). Aprendemos, portanto, que é o processo produtivo que define qual sistema de custeamento cada empresa deve adotar. Vimos também que esta escolha deve ser feita antes de a empresa decidir quanto ao sistema de custeio a ser adotado. O método de custeio utilizado pela empresa tem grande influência na gestão de custo, tendo em vista que é por meio deste método, que o custo unitário do produto ou do serviço prestado é apurado. Por fim, vimos o conceito, as principais características e o metodologia de cálculo dos principais sistemas de custeio: Absorção, Variável (também chamado de custeio direto ou custeio marginal), RKW e ABC, sendo este último muito importante para o sistema de custeamento. Contabilidade de Custos 30 Referências CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha Biblioteca] LEONE, George Sebastião Guerra; LEONE, Rodrigo José Guerra. Curso de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2010. [Minha Biblioteca] MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luís; TAKAKURA JUNIOR, Franco Kaolu. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: GEN, 2013. [Minha Biblioteca] RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. [Minha Biblioteca SANTOS,JoséLuiz dos etal.Manual de contabilidade de custos: Atualizado pela Lei nº 12.973/2014 e pelas Normas do CPC até o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 03/2013. São Paulo: Atlas, 2015. [Minha Biblioteca] SILVA, Raimundo Nonato Sousa; LINS, Luiz dos Santos. Gestão de custos: Contabilidade,controle e análise. 4 ed. São Paulo:Atlas, 2017.[Minha Biblioteca] Contabilidade de Custos 31 _GoBack Sistemas e Métodos Para Início de Conversa... Objetivo 1. Sistemas de Custeamento 1.1 Tipos de Sistemas de Custeamentos 1.1.1 Vantagens e Desvantagens dos Sistemas de Custeamento 1.1.2 Contabilização dos Métodos de Custeamento 2. Métodos de Custeio 2.1 Custeio Variável 2.1.1 Margem de Contribuição 2.1.2 Ponto de Equilíbrio 2.1.3 Tipos de Ponto de Equilíbrio 2.1.4 Pontos de Equilíbrio com Produtos com Margens de Contribuição Diferentes 2.1.5 Margem de Segurança e Alavancagem Operacional 2.2 RKW ou Custeio Pleno 2.3 Custeio ABC 2.3.1 Etapas do Custeio ABC Referências