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CADERNO LITERATURA ENEM 2009 a 2018 46 novocadernoenem@gmail.com Questão 119 (2011.2) O RETIRANTE ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUNTO NUMA REDE, AOS GRITOS DE: “Ó IRMÃOS DAS ALMAS! IRMÃOS DAS ALMAS! NÃO FUI EU QUE MA- TEI NÃO” — A quem estais carregando, Irmãos das almas, Embrulhado nessa rede? Dizei que eu saiba. — A um defunto de nada, Irmão das almas, Que há muitas horas viaja À sua morada. — E sabeis quem era ele, Irmãos das almas, Sabeis como ele se chama Ou se chamava? — Severino Lavrador, Irmão das almas, Severino Lavrador, Mas já não lavra. (MELO NETO, J. C. Morte e vida Severina E outros poemas para vozes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994) O personagem teatral pode ser construído tanto por meio de uma tradição oral quanto escrita. A interlocução entre oralidade regional e tradição religiosa, que serve de inspiração para autores brasileiros, parte do teatro português. Dessa forma, a partir do texto lido, identificam-se per- sonagens que: A) fazem parte de uma cultura local que restrin- ge a dimensão estética. B) se comportam como caricaturas religiosas do teatro regional. C) incorporam elementos da tradição local em um contexto teatral. D) apresentam diferentes características físicas e psicológicas. E) estão construídos por meio de ações limita- das a um momento histórico. Questão 120 (2011.2) Nascido em 1935, José Francisco Borges ou J. Borges, como prefere ser chamado, é um dos mais expressivos artistas populares do Brasil. Considerado por Ariano Suassuna o maior gra- vador popular do país, o artista foi um dos ilus- tradores do calendário da ONU do ano de 2002. Autodidata, J. Borges publicou seu primeiro cordel em 1964, intitulado O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, seguido de O Verdadeiro Aviso de Frei Damião Sobre os Cas- tigos que Vêm, cuja publicação deu início à sua carreira de gravador. Na década de 1970, artis- tas plásticos, intelectuais e marchands passa- ram a encomendar suas xilogravuras, o que levou as imagens a ganharem cada vez mais autonomia em relação ao cordel. Desde então, o itinerário do artista vem se fortalecendo pela transmissão dos conhecimentos da xilogravura às novas gerações de sua família, com quem mantém a Casa de Cultura Serra Negra, no sertão pernambucano. A xilogravura é um meio de expressão de gran- de força artística e literária no Brasil, especial- mente no Nordeste brasileiro, onde os artistas populares talham a madeira, transformando-a em verdadeiras obras de arte. Com total liber- dade artística, hoje já conquistaram espaço entre os diversos setores culturais do país, re- tratando cenas: A) com temas de personagens do folclore popu- lar, crenças e futilidades dos mais necessitados. B) das grandes cidades, com a preocupação de uma representação realista da figura humana nordestina. C) com personagens fantasiosos, beatos e can- gaceiros presentes nas crenças da população nordestina. D) de conteúdo histórico e político do Nordeste brasileiro, com a intenção de valorizar as dife- renças sociais. E) do seu próprio universo, revelando persona- gens com aparência humilde em vestes requin- tadas. Questão 121 (2011.2) Mudança Na planície avermelhada os juazeiros alarga- vam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cam-