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MARIOLOGIA E TEOLOGIA DO 
ESPÍRITO SANTO 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Heitor Alexandre Trevisani Lipinski 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Neste início de nossas reflexões e estudos, elucidaremos os principais 
aspectos da relação entre o Espírito Santo e a Igreja, pois não se trata de uma 
relação mecânica, estática, engessada, mas sim, dinâmica e nos faz 
compreender o que está implícito na terceira pessoa da Trindade e seu vínculo 
com a Igreja. 
Também abordaremos sobre as convergências, ou seja, aspectos 
semelhantes entre pneumatologia e eclesiologia, campos de estudo que se 
debruçam a investigar e descrever sobre a Igreja e o espírito Santo. Nosso 
caminho de estudos se fundamenta nos seguintes pontos: o Espírito Santo e a 
Instituição da Igreja; Analogia do Espírito como alma da Igreja; o Espírito e as 
Notas da Igreja; o Espírito como protagonista da missão eclesial, e a vida 
segundo o Espírito. 
TEMA 1 – O ESPÍRITO E A INSTITUIÇÃO DA IGREJA 
Analisando como referência o Evangelho de São Lucas, podemos 
perceber que a Igreja se institui no dia de Pentecostes, por meio da ação do 
Espírito Santo, quando veio do céu uma grande ventania e quando, de repente, 
apareceram línguas de fogo que, pairando sobre os apóstolos lhes devolveram 
a língua, a fala perdida, o dom da Palavra (Atos, 2). 
A Igreja não nasceu pronta, do jeito como a conhecemos hoje. O 
nascimento da Igreja foi um processo que se deu como resultado do Plano do 
Pai e de sua instituição por meio da ação do Espírito Santo que acompanha, cria, 
recria, renova e vivifica constantemente a Igreja ao longo dos tempos, pelos 
séculos até o fim da história. 
Ela teve sua origem plena em Pentecostes, quando o Espírito Santo se 
deu aos Apóstolos reunidos com Maria em oração no Cenáculo de Jerusalém. 
Os Apóstolos, pregando em diversas línguas sob a ação desse Espírito, fizeram 
a primeira proclamação de que se iniciava o Reino de Deus; daí resultou a 
conversão de 3.000 judeus (Aquino, 2020). 
 
 
 
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Figura 1 – A instituição da Igreja se deu por meio do Pentecostes 
 
Créditos: Renata Sedmakova/ Shutterstock. 
A importância do Espírito na Igreja reside no fato de que: 
Sem o Espírito Santo, Deus fica longe, Cristo permanece no passado, 
o Evangelho é letra morta, a Igreja é uma simples organização, a 
autoridade é domínio, a missão é propaganda, o culto uma simples 
lembrança e o agir cristão uma moral de escravos. Mas, no Espírito, o 
mundo aguarda o Reino, o homem luta contra o mal, o Cristo 
ressuscitado está presente, o Evangelho é força vital, a Igreja 
manifesta a comunhão trinitária, a missão é Pentecostes, a autoridade 
é serviço, o agir humano é divinizado. (Lendbradl, 2017, n.p.) 
O Espírito Santo é o elemento constituinte da Igreja, pois leva a termo a 
obra salvífica de Cristo, manifestando a Igreja missionária. Cristo é a cabeça da 
igreja, seu princípio, mas Ele utilizou-se da Igreja para sua realização. Esta foi 
instituída a partir da ação do Espírito Santo. 
Conforme a Constituição Dogmática Lumen Gentium: 
Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra 
(cfr. Jo. 17,4), foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para 
que santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem 
acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito (cfr. Ef. 2,18). Ele é o Espírito 
de vida, ou a fonte de água que jorra para a vida eterna (cfr. Jo. 4,14; 
7, 38-39); por quem o Pai vivifica os homens mortos pelo pecado, até 
que ressuscite em Cristo os seus corpos mortais (cfr. Rom. 8, 10-11). 
O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo 
(cfr. 1 Cor. 3,16; 6,19), e dentro deles ora e dá testemunho da adopção 
de filhos (cfr. Gál. 4,6; Rom. 8, 15-16. 26). (Lumen Gentium, cap. 1, §4) 
 
 
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Nesse sentido, a Igreja toda se apresenta como um povo unido pela 
unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Pela força do Espírito a Igreja se 
rejuvenesce e se renova continuamente, levando-a à união perfeita com o seu 
Esposo, o próprio Cristo. 
TEMA 2 – O ESPÍRITO SANTO, ALMA DA IGREJA 
Dando continuidade ao nosso estudo acerca da relação entre o Espírito 
Santo e a Igreja, aprenderemos nesse momento sobre uma importante e 
conhecida analogia que é feita e que se faz pertinente nessa discussão – a 
analogia do espírito Santo como alma da Igreja. 
Essa analogia foi formulada pela tradição teológica patrística, sendo que 
vários padres discorreram sobre ela, principalmente Santo Agostinho. De modo 
geral, podemos considerar que o Espírito Santo realiza na Igreja, corpo de Cristo, 
a função que a alma exerce no corpo. 
O Espírito precede a Igreja. A relação entre o Espírito Santo e a Igreja, 
como aquela entre o Espírito e Cristo, não é de tipo externo ou de mera 
assistência à Igreja, mas uma relação essencial, a ponto de constituir 
a Igreja como afirma Santo Ambrósio. O Espírito Santo é a "alma" da 
Igreja, é transcendente à Igreja, apesar de ser, também, imanente a 
ela, enquanto age nela. Não é o Espírito da Igreja, mas o Espírito de 
Deus na Igreja. O Espírito Santo habita a Igreja. (Cipolini, 2007, n.p.) 
O Espírito Santo anima a Igreja. O exemplo de Pentecostes nos traz a 
mensagem de que não adianta um grupo de pessoas para edificar a Igreja, sem 
a presença do Espírito Santo. Este habita na Igreja, não como um hóspede ou 
desconhecido, mas como a sua alma, capaz de transformar a comunidade em 
templo santo de Deus, dando continuidade ao projeto Dele. 
A esse respeito, João Paulo II nos diz: 
Depois do evento de Pentecostes, o grupo que deu origem à Igreja 
mudou profundamente: primeiro era um grupo fechado e estático, cujo 
número era "cerca de cento e vinte" (At 1,15); depois, tornou-se um 
grupo aberto e dinâmico ao qual, após o discurso de Pedro, "cerca de 
três mil almas se juntaram" (Atos 2:41). A verdadeira novidade não é 
tanto esse crescimento numérico, mesmo que extraordinário, mas a 
presença do Espírito Santo. Com efeito, para que exista a comunidade 
cristã, não basta um grupo de pessoas. A Igreja nasce do Espírito do 
Senhor. (Joâo Paulo II, 1998, n.p.) 
Fundamentados pelo Novo Testamento, é possível observarmos várias 
passagens onde o Espírito Santo é enviado à Igreja, permanecendo nela e a 
"conduzindo à verdade" (Jo 16,13). A missão de Jesus Cristo, Filho de Deus, 
culmina com o envio do Espírito Santo. Segundo o Vaticano II, possui uma 
 
 
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relação com a Igreja, assim como a alma tem para com o corpo, pois ele vivifica, 
unifica e move todo o corpo da Igreja. 
O Espírito Santo está presente em tudo o que a Igreja é e faz. Ele faz da 
Igreja o seu mais excelente campo de atuação (Bingemer; Feler, 2002). Nesse 
sentido, não podemos pensar a Igreja apenas a partir do Jesus carnal, mas 
também a partir do Jesus ressuscitado, isto é, a partir do Espírito Santo que é a 
força permanente e atuante, mediante a qual o ressuscitado permanece sempre 
presente (Cipolini, 2007). 
Assim como a água que vem do céu e transforma a água do batismo é o 
Espírito Santo. O que nosso espírito, ou seja, nossa alma é para nossos 
membros, o mesmo é o Espírito Santo para os membros de Cristo, para o corpo 
de Cristo, que é a Igreja. Por meio do Concílio Ecumênico Vaticano II, na 
Constituição Dogmática Sobre a Igreja, recorre a esta imagem, atribuindo ainda 
um outro sentido: 
[...] Cristo “nos deu seu Espírito, que é o único e o mesmo na cabeça 
e nos membros. Este de tal modo dá vida, unidade e movimento a todo 
o corpo que os santos Padres puderam comparar sua função à que 
realiza a alma, princípio de vida, no corpo humano”. (Lumen Gentium, 
n.p., §7) 
Verificamos que a missão da Igreja se encerra no Espírito e este a anima, 
revigorando sua tarefa no mundo: 
A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja, corpo de 
Cristo e templo do Espírito Santo. Esta missão conjunta associa, 
doravante, os fiéis de Cristo à sua comunhão como Pai no Espírito 
Santo: o Espírito prepara os homens e adiantasse-lhes com a sua 
graça para os atrair a Cristo. Manifesta-lhes o Senhor ressuscitado, 
lembra-lhes a sua Palavra e abre-lhes o espírito à inteligência da sua 
morte e da sua ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de Cristo, 
principalmente na Eucaristia, com o fim de os reconciliar, de os pôr em 
comunhão com Deus, para os fazer dar muito fruto. (Catecismo, cap. 
III, §737) 
O Espírito Santo é a alma da Igreja porque Ele revela que Jesus Cristo é 
o Senhor. Um só é o Espírito que opera em todas as coisas, e assim como o 
corpo é um, e possui muitos membros, mas na sua totalidade formam apenas 
um só corpo, assim também é a Igreja. Todos enquanto batizados vivemos um 
só Espírito para um só corpo, e a todos nos foi dado, por meio da Igreja, beber 
de um só Espírito, uma só alma. 
 
 
 
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TEMA 3 – O ESPÍRITO E AS NOTAS DA IGREJA 
A Igreja desenvolve implicitamente um pensamento unificador em torno 
do símbolo Niceno-Constantinopolitano, e o Espírito, citado anteriormente, é 
aquele que proporciona tais atributos à Igreja. 
No símbolo se repete “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”, 
percebendo a vontade de Cristo como sua característica de continuidade 
perpétua até o fim dos tempos. 
De acordo com o catecismo da Igreja temos que: 
A Igreja é uma - Tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só 
batismo, forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de 
uma única esperança, no fim da qual serão superadas todas as divisões. 
(866). 
A Igreja é santa – o Deus Santíssimo é seu autor; Cristo seu Esposo, se 
entregou por ela para santificá-la; o Espírito de santidade a vivifica. 
Embora congregue pecadores, ela é imaculada (feita) de maculados. Nos 
santos brilha a santidade da Igreja; em Maria esta já é a toda Santa (867). 
A Igreja Católica – anuncia a totalidade da fé, traz em si e administra a 
plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a 
todos os homens; abraça todos os tempos “ela é por natureza, 
missionária”. (868). 
A Igreja é apostólica – está constituída sobre fundamentos duradouros. 
“Os doze Apóstolos do Cordeiro” ela é indestrutível, e infalivelmente 
mantida na verdade: Cristo a governa por meio de Pedro e dos demais 
apóstolos presentes em seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos. 
(869). 
A única Igreja de Cristo, que no símbolo confessamos uma, santa, católica 
e apostólica... subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de 
Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, embora fora de sua estrutura 
visível se encontra numerosos elementos de santificação e de verdade” 
(870). (CIC p.249,250) 
 Corroborando com os elementos explicitados no Catecismo, o princípio 
de unidade da Igreja é o gerador da comunhão e da fraternidade na 
multiplicidade de carismas, dons, místicas, indivíduos. A Igreja se mantém unida, 
forte, coesa, ainda que internamente possa haver discordâncias pessoais, a 
relação com a fé e a profissão de uma teologia basilar para todas as regiões do 
planeta fazem parte de suas características de unidade. 
 A liturgia que proclama a Palavra consagra a Eucaristia e a distribui, é 
recorrente em todo o mundo e a cada instante no planeta o Corpo de Cristo é 
entregue aos homens e mulheres a fim de alimentarem suas almas e repetirem 
a ação de Cristo em sua última ceia. Nesse sentido, os féis católicos podem estar 
separados geograficamente, mas unidos pela comunhão eucarística, que os 
tornam corpo místico e santo de Jesus. 
 
 
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Figura 2 – Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano. A Igreja não é o Papa, 
as construções, o Estado, suas obras, mas todo o povo que a professa, e assim 
todo o conjunto de símbolos se unifica no mesmo significado de universalidade, 
unidade, cristandade 
 
Créditos: S-F/Shutterstock. 
 A santidade da Igreja é o que a faz parecida com Jesus. Parecida porque 
não é perfeita, uma vez que é constituída da humanidade e, por consequência, 
somos falhos em nossas ações, pensamentos, palavras, mas é ela quem contém 
toda a mística cristã, e se revela em mistério e santidade ao mundo para 
aproximar os fiéis de Deus. Essa mística só é possível a partir do Espírito que 
santifica as ações meditadas e em constante oração para os desígnios da Igreja. 
 O princípio da catolicidade da Igreja se refere à sua universalidade, pois 
não faz acepção de pessoa. Acolhe e integra qualquer indivíduo, como um sinal 
e instrumento da salvação para todos. Esse desprendimento, sua missão de 
chegar a todos os recôncavos da Terra, são atributos de inspiração do Espírito 
Santo que vivifica e rege as ações da Esposa de Cristo. 
 A Igreja é apostólica, ou seja, fiel à fé recebida dos Apóstolos. Ela 
descende dos apóstolos, segue seus ensinamentos, não permite que se perca o 
pensamento e material produzido por eles, trazendo sempre como base e 
respaldo para o desenvolvimento teológico na construção uniforme da doutrina 
da Igreja. O Espírito Santo é aquele que mantem viva a chama apostólica desde 
o início da Igreja, relembrando, seja por meio da vivencia dos santos, ou em seus 
 
 
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escritos, aquilo que os fiéis podem e devem seguir em seu dia a dia, para viver 
a missão apostólica de propagar a Cristo, ao mesmo tempo que se espelha na 
santidade, chamado e convite de Deus. 
Por isso, quando falamos no credo Niceno-Constantinopolitano que 
cremos em uma igreja una, santa católica e apostólica, estamos dizendo que 
cremos que o Espírito a torna una, santa, católica e apostólica. Os elementos 
pneumatológicos estão implícitos. 
TEMA 4 – O ESPÍRITO DA EVANGELIZAÇÃO 
 O Espírito Santo dá início ao mistério da encarnação do Filho, Ele revela 
o amor de Deus por nós, na entrega de Cristo em sua total consumação na cruz, 
derramando sangue e água. É ele que se revela como línguas de fogo em 
Pentecostes, abrasando os apóstolos e Maria, indicando que a missão não era 
restringir a boa-nova ao povo judeu, mas espalhar essa notícia até os confins da 
Terra. Assim o Espírito é sinal da evangelização e age como protagonista na 
missão eclesial. 
 A Igreja, portanto, é partícipe da missão de Jesus, alavancada pela ação 
do Espírito Santo desde seu nascimento: 
Realmente, não foi senão depois da vinda do Espírito Santo, no dia do 
Pentecostes, que os apóstolos partiram para todas as partes do mundo 
afim de começarem a grande obra da evangelização da Igreja; e Pedro 
explica o acontecimento como sendo a realização da profecia de Joel: 
"Eu efundirei o meu Espírito",(112) E o mesmo Pedro é cheio do Espírito 
Santo para falar ao povo acerca de Jesus Filho de Deus.(113) Mais 
tarde, Paulo, também ele, é cheio do Espírito Santo(114) antes de se 
entregar ao seu ministério apostólico, e do mesmo modo Estêvão, 
quando foi escolhido para a diaconia e algum tempo depois para o 
testemunho do martírio.(115) Espírito que impele Pedro, Paulo, ou os 
doze a falarem inspira-lhes as palavras que eles devem proferir e desce 
também "sobre todos os que ouviam a sua palavra"(116). (Evangelii 
Nuntiandi, 75) 
 É o Espírito que ao agir na Igreja a vivifica e transborda no tempo e na 
história humana. 
Repleta do "conforto do Espírito Santo", a Igreja "ia crescendo".(117) Ele 
é a alma desta mesma Igreja. E ele que faz com que os fiéis possam 
entender os ensinamentos de Jesus e o seu mistério. Ele é aquele que, 
hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos 
evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por ele, e põe na sua 
boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar, ao mesmo 
tempo que predispõe a alma daqueles que escutam a fim de a tornar 
aberta e acolhedora para a Boa Nova e para o reino anunciado. 
(Evangelii Nuntiandi, 75) 
 
 
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 Não se pode evangelizar, profetizar, propagar a palavra de Deus ou em 
nome Dele sem que, para isso, esteja na Graça do Espírito. Quando falamos, é 
o ar em nossas cordas vocais que, sopradas, emitemos sons e são entendidas 
pelos ouvintes. Da mesma maneira, para se falar em nome de Deus, ou seja, 
seguir a missão salvífica da Igreja, é necessário o sopro Dele, que seria a 
inspiração do Espírito. 
 No Evangelho de João vemos, no capítulo 3, que aquele a quem Deus 
enviou fala as palavras de Deus como fruto do Espírito, e no cenáculo Jesus 
sopra sobre os apóstolos dizendo “Recebei o Espírito Santo”. É esse sopro do 
Espírito que faz o desenrolar da vida da Igreja. 
Figura 3 – Jesus aparece em meio aos apóstolos reunidos no cenáculo, 
soprando sobre eles 
 
Créditos: Adam Jan Figel/Shutterstock. 
TEMA 5 – A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO 
 Todos aqueles que, batizados, professantes da fé cristã católica, têm 
como impulso transformador e vivificador o Espírito Santo, promovedor de dons, 
carismas, dispendidos aos membros da Igreja. 
 Parece ilusório falar dessa maneira apregoando ao Espírito Santo tais 
atributos para aqueles que participam da obra deixada por Cristo, mas o fato é 
que a partir da ação do Espírito é que se pode viver a ação evangelizadora da 
Igreja. Você já deve ter presenciado pessoas falando de Deus de maneira 
 
 
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desconexa, beirando ao fanatismo gratuito e sem conteúdo, em que se pode 
perceber a ausência dos carismas pneumatológicos, e, por outro lado, uma ação 
de caridade que vemos de um cristão pode nos encher de ânimo para o 
seguimento da missão evangelizadora. Mas o que esse exemplo pode nos dizer? 
 Primeiro que a ação do Espírito é contínua e gratuita, não segue padrões 
específicos da mente humana, mas um propósito divino com o intuito de 
trabalhar para o bem comum. 
 Na carta de São Paulo aos Coríntios diz: 
Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. 
Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme 
éreis guiados. 
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo 
Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus 
é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. Ora, há diversidade de dons, mas 
o Espírito é o mesmo. 
E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há 
diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em 
todos. 
Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. 
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, 
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo 
Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a 
outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom 
de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a 
interpretação das línguas. 
Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo 
particularmente a cada um como quer. (1 Cor 12:1-11) 
 Independentemente da ação do Espírito em cada um, o viver no Espírito 
é viver conforme Cristo. O Espírito não assume a nossa condição humana, mas 
Cristo o faz, e recordamos, vivemos e seguimos sua Palavra pela ação do 
Espírito em nós. No seguimento de uma vida em Jesus. 
 Dessa forma a ação do Espírito nos cristifica à luz da missão da própria 
Igreja, uma vez que Cristo é quem nos inspira a viver a santidade e dar 
testemunho dela. 
NA PRÁTICA 
O Espírito Santo nos intercepta de infinitas maneiras à medida que 
avançamos em nossos conhecimentos da fé, no aprofundamento da oração e na 
maturidade espiritual. 
Ele age em nossas vidas por meio de seus dons, com o intuito específico 
de nos santificar e habitar nosso ser, agindo de maneira concreta: trazendo 
 
 
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consciência e afastando do pecado, nos aproximando da caridade, para que 
possamos anunciar o Evangelho. 
Sua ação é discreta, podemos percebê-la no bom conselho, nas atitudes 
caridosas, quando somos humildes em retratar algo, ao pedir perdão, quando 
vencemos nosso íntimo orgulho e soberba. 
Como você percebe a ação do Espírito Santo em sua vida? Relate suas 
experiências e observe no próximo quando essa ação é impulsionada pelo 
Espírito vivificador. 
FINALIZANDO 
Nesse encontro, pudemos entender que a Igreja é instituída pelos 
apóstolos a partir do Espírito Santo que inspira e encaminha-os para a 
evangelização. Tendo Cristo como cabeça e nós como membros (corpo) que 
não apenas crê, mas vive a Palavra. 
Como obra do Espírito, a Igreja atua na mesma instância, por um lado Ele 
é livre, enquanto a igreja é estática, mas dinâmica, evangelizando e 
ultrapassando fronteiras, por mais dificuldades que essa missão exija. 
Nós, como crentes em Cristo e fiéis da Igreja, temos o nosso espirito 
vivificado a partir do Espírito Santo para agir no mundo conforme os preceitos 
deixados por Cristo para alcançarmos o Reino de Deus. 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
AQUINO, Felipe. A Igreja Nasce. História da Igreja. Editora Cléofas. 2020. 
Disponível em: . Acesso em: 24 nov. 
2021. 
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada Ave-Maria. 141. ed. São Paulo: Editora Ave 
Maria, 1959. (impressão 2001). 
BINGEMER, M. C.; FELER, V. G. Deus Trindade: a vida no coração do mundo. 
Valencia: Siquem Ed., 2002. 
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM. Documentos do Concílio 
Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997. 
LENDBRADL, G. Pe. Pentecostes - Festa do Espírito Santo – Nascimento da 
Igreja. A Tribuna, 2017. Disponível em: 
. Acesso em: 24 nov. 2021.

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