Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 1 
 
Organizadoras 
Norma Regina Truppel Constantino 
Karla Garcia Biernath 
Karina Andrade Mattos 
 
 
 
 
Espaços Livres de Uso 
Público na Cidade 
Contemporânea 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
ANAP 
Tupã - SP 
2016 
2 
 
EDITORA 
 
ANAP - Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista 
Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, fundada em 14 de setembro de 2003. 
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, Cidade de Tupã, São Paulo. CEP 17.605-310. 
Contato: (14) 3441-4945 
www.editoraanap.org.br 
www.amigosdanatureza.org.br 
editora@amigosdanatureza.org.br 
 
Revisão Ortográfica: Joselilian Lopes Miralha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice para catálogo sistemático 
Brasil: Planejamento urbano e paisagismo 
 
C758e Espaços livres de uso público na cidade contemporânea / Norma 
Regina Truppel Constantino, Karla Garcia Biernath e Karina Andrade 
Mattos (orgs) – Tupã: ANAP, 2016. 
 
124 p; il. Color. 14,5 cm 
 
ISBN 978-85-68242-44-5 
 
1. Paisagem 2. Projetos de Intervenções 3. Sustentabilidade 
I. Título. 
 
CDD: 710 
CDU: 710/49 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 3 
 
CONSELHO DE PARECERISTAS 
 
Profª Drª Alba Regina Azevedo Arana – UNOESTE 
Prof. Dr. André de Souza Silva - UNISINOS 
Profª Drª Angélica Góis Morales – FCE/UNESP 
Prof. Dr. Antônio Cezar Leal – FCT/UNESP 
Prof. Dr. Antonio Fábio Sabbá Guimarães Vieira – UFAM 
Prof. Dr. Antonio Fluminhan Jr. – UNOESTE 
Prof. Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto – UFMS 
Prof. Dr. Daniel Dantas Moreira Gomes – UPE – Campus de Garanhuns
 
Profª Drª Daniela de Souza Onça – UDESC 
Prof. Dr. Edson Luís Piroli – UNESP – Campus de Ourinhos 
Profª Drª Eloisa Carvalho de Araujo - UFF 
Prof. Dr. Erich Kellner – UFSCar 
Profª Drª Flávia Akemi Ikuta – UFMS 
Profª Drª Isabel Cristina Moroz Caccia Gouveia– FCT/UNESP 
Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA / CEST 
Prof. Dr. Joao Osvaldo Rodrigues Nunes– FCT/UNESP 
Prof. Dr. José Carlos Ugeda Júnior – UFMS 
Prof. Dr. Junior Ruiz Garcia – UFPR 
Profª Drª Jureth Couto Lemos – UFU 
Profª Drª Kênia Rezende – UFU 
Prof. Dr. Luciano da Fonseca Lins – UPE – Campus de Garanhuns 
Profª Drª Maira Celeiro Caple – Universidade de Havana – Cuba 
Profª Drª Marcia Eliane Silva Carvalho – UFS 
Prof. Dr. Marcos Reigota – Universidade de Sorocaba 
Profª Drª Maria Betânia Moreira Amador – UPE – Campus de Garanhuns 
Profª Drª Maria Helena Pereira Mirante – UNOESTE 
Profª Drª Martha Priscila Bezerra Pereira – UFCG 
Profª Drª Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA 
Prof. Dr. Paulo Cesar Rocha – FCT/UNESP 
Prof. Dr. Pedro Fernando Cataneo – FCE/UNESP 
Prof. Dr. Rafael Montanhini Soares de Oliveira – UTFPR 
Profª Drª Regina Célia de Castro Pereira – UEMA 
Profª Drª Renata Ribeiro de Araújo – FCT/UNESP 
4 
 
Prof. Dr. Ricardo Augusto Felício – USP 
Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UNICAMP 
Profª Drª Roberta Medeiros de Souza – UFRPE – Campus Garanhuns 
Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza – UFS 
Prof. Dr. Rodrigo José Pisani – Unifal 
Prof. Dr. Rodrigo Simão Camacho – UFGD 
Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Araújo – UFMA 
Profª Drª Rosa Maria Barilli Nogueira – UNOESTE 
Profª Drª Simone Valaski – Universidade Federal do Paraná 
Profª Drª Silvia Cantoia – UFMT – Campus Cuiabá 
Profª Drª Sônia Maria Marchiorato Carneiro – UFPR 
 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 5 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO ........................................................................ 
Norma Regina Truppel Constantino 
Karla Garcia Biernath 
Karina Andrade Mattos 
 
 
07 
Capítulo 1 ................................................................................... 
 
OS PADRÕES URBANÍSTICOS DE PRODUÇÃO E GESTÃO DAS 
CIDADES E SUAS (DES)CONEXÕES COM OS 
 ESPAÇOS LIVRES URBANOS 
Karina Andrade Mattos 
Norma Regina Truppel Constantino 
 
 
11 
Capítulo 2 ................................................................................... 
 
O CARÁTER MULTIFUNCIONAL DAS CIDADES VERDES: QUESTÕES 
PARA UM DEBATE 
Eloisa Carvalho de Araujo 
Natália Fernandes Ribeiro 
 
 
33 
Capítulo 3 ................................................................................... 
 
ESTUDOS DE TRANSFORMAÇÕES DA PAISAGEM E SEUS IMPACTOS 
NAS ÁGUAS URBANAS 
Fernanda Moço Foloni 
Norma R. T. Constantino 
 
 
 
 
 
 
53 
6 
 
Capítulo 4 ................................................................................... 
 
CONTRIBUIÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES DE ESPAÇOS PÚBLICOS 
NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS CIDADES: O CASO DO 
PARQUE POTYCABANA, EM TERESINA PIAUÍ 
Lara Citó Lopes 
Wilza Gomes Reis Lopes 
Letícia Soares Daniel 
Diego Ribeiro Fontenele 
 
 
77 
Capítulo 5 ................................................................................... 
 
PARQUE DO POVO: LEVANTAMENTO QUANTIQUALITATIVO DA 
INFRAESTRUTURA E LAZER 
Talita Batista dos Santos 
Milena de Moura Regis 
Ana Paula do Nascimento Lamano Ferreira 
 
 
97 
 
Capítulo 6 ................................................................................... 
 
AVALIAÇÃO DAS INFRAESTRUTURAS DAS PRAÇAS CENTRAIS DA 
CIDADE DE CAMPO MOURÃO – PR 
Tatiane Monteiro Re 
Marcos Clair Bovo 
 
111 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 7 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Os trabalhos apresentados neste livro oferecem um panorama 
acerca dos espaços livres públicos e sua relação com a cidade e o 
meio ambiente. 
No primeiro capítulo, Karina Andrade Mattos e Norma Regina 
Truppel Constantino, analisam a produção e a gestão dos espaços 
livres públicos na atualidade, apresentando diversos modelos de 
produção adotados em alguns centros urbanos brasileiros e 
elencando a importância destes espaços na vida das cidades. São 
locais que atendem demandas de circulação, recreação, lazer, 
relaxamento, conservação ambiental, assim como, possibilitam 
manifestações políticas e proporcionam memórias afetivas. Com 
diversas funções, estes espaços tornam-se cada vez mais importantes 
para a vida cotidiana das cidades, mas que infelizmente em muitos 
casos, devido às descontinuidades das políticas públicas, falta de 
planejamento ou até mesmo falta de investimentos, geram espaços 
sem qualidade para a população. Este trabalho, chama a atenção 
para que sejam tomadas novas posturas administrativas e projetuais 
por parte dos gestores públicos, que exige estudos, conhecimentos e 
sensibilidade, levando em conta as relações entre o homem e a 
natureza, assim como as especificidades econômicas, climáticas, 
históricas e culturais de cada local. 
Em relação às cidades verdes, Eloisa Carvalho de Araujo e 
Natália Fernandes Ribeiro apresentam um panorama das ações 
estratégicas de infraestrutura verde promovidas em âmbito nacional. 
Nesse contexto, destaca-se a cidade de Curitiba, que possui um alto 
desempenho exercido no tocante às questões ambientais. Adotou-se 
a Ecologia da paisagem, como metodologia de trabalho, como uma 
visão integradora da paisagem que envolve unidades interativas. A 
área do presente estudo tem como recorte espacial a cidade do Rio 
8 
 
de Janeiro, especialmente a zona oeste, e reflete a importância de 
promover a qualidade dos rios urbanos e a implantação de 
corredores verdes. O trabalho gera a reflexão sobre a importância do 
planejamento urbano ambiental das cidades assim como a 
valorização da infraestrutura verde incorporando valores culturais, 
sociais e ambientais. 
No tocante à águas urbanas, Fernanda Moço Foloni e Norma 
Regina Truppel Constantino analisam diversos estudos de caso sobre 
revitalização de rios urbanos e ocorrências de enchentes em diversas 
cidades brasileiras. Estes estudos foram relacionados pelas autoras, 
destacando seus problemas, bem como as respectivas soluções 
apresentadas em cadafederal a definição de Áreas Verdes Urbanas é 
instituída pelo novo Código Florestal, Lei nº 12.651/2012. Esse código 
vem por definir em seu Artigo 3º que o significado de áreas verdes 
urbanas abarca o mesmo que “espaços, públicos ou privados, com 
predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou 
recuperada”. Esta definição, incorporada aos instrumentos jurídico-
urbanísticos do município, apresenta estas áreas em um contexto de 
sua indisponibilidade à construção de moradias. Mas por outro lado, 
destinadas, como ressalta a lei, ao propósito de “recreação, lazer, 
melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos 
hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e 
manifestações culturais”. A mesma legislação, quando trata das 
Áreas de Preservação Permanente - APPs20 urbanas, nos instiga a 
investigar conflitos relacionados às faixas marginais de proteção de 
cursos d’água, com potencial para a preservação de corredores 
ecológicos. 
Nesse sentido, os resultados da pesquisa em curso, ainda 
que parciais, sugerem práticas de requalificação ambiental urbana, 
sob a ótica de políticas socioambientais. Programas ambientais de 
plantio de mudas, por exemplo, podem melhorar a quantidade e 
qualidade das águas que são captadas para tratamento e 
distribuição, como é o caso dos rios que contribuem para a Bacia do 
Rio Guandu, responsável pelo abastecimento da cidade do Rio de 
Janeiro. 
 
 
 
20 As Áreas de Preservação Permanente - APPs são definida pelo novo Código Florestal, Lei 
12.651/2012 “como áreas protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função 
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a 
biodiversidade”, mas também apresentam-se no mesmo Código, como áreas que visam 
“facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das 
populações humanas”. 
48 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Novos sentidos para a relação homem natureza na cidade 
precisam ser materializados, exigindo reflexões quanto à degradação 
natural e física e sua relação com a degradação social das áreas 
periféricas. A partir das reflexões frente aos autores analisados e, das 
perspectivas que envolvem a área de estudo, questiona-se sobre a 
melhoria da qualidade dos rios urbanos e o uso dos corredores 
verdes como proteção ecológica e de bem estar social. 
A pesquisa demonstra, até o presente momento, a 
necessidade de compreender o quanto a relação do rio com o espaço 
urbano, seja por variáveis estéticas, hidráulicas e políticas de gestão 
do território, deve ser favorável à preservação dos cursos d’água. 
A investigação, no âmbito da área de estudo, vem por 
considerar o rio como elemento da paisagem urbana da cidade, e 
como tal, com possibilidade de valorização de percursos que venham 
a contribuir para o redesenho da paisagem que ressalte cenário atual 
e potencial. 
No caso de áreas periféricas, em especial no município do Rio 
de Janeiro, o trabalho empírico, em desenvolvimento, nos inquieta 
quanto à necessidade de acesso às informações e estudos 
disponíveis, assim como, quanto à articulação com políticas públicas, 
organizações sociais e movimentos ativistas. 
Nesse sentido, as reflexões, ora apresentadas no presente 
artigo, pretendem ressaltar a importância do planejamento urbano 
ambiental para as cidades e sua repercussão na qualidade ambiental 
urbana, a partir de uma visão integradora da paisagem, assim como, 
valorizar o papel do desenho da infraestrutura verde na cidade 
contemporânea, ao incorporar seus valores ambientais, sociais e 
culturais. 
Esse entendimento nos direciona a designar às Cidades Verdes 
um caráter multifuncional baseado em paisagens que sugerem 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 49 
 
estruturas constituídas por sistemas diversos que estabelecem 
relações, fluxos e processos a partir de atividades também diversas, 
na perspectiva de aproximação dos ecossistemas naturais. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAUJO, Eloisa C. Relatório de Pesquisa Institucional Infraestrutura e Cidade: relação 
entre espaço e meio ambiente, FAPERJ, 2014. 
BARBOSA, Valter Luís. NASCIMENTO JR, Antônio Fernandes. Paisagem, Ecologia 
Urbana e Planejamento Ambiental. Revista de Geografia (Londrina) v. 18, n. 2, 2009. 
Ver em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/. Acesso em 10 de 
maio de 2015. 
BERNALDEZ, Fernando Gonzalez. Ecologia y Paisaje. Madri: Blume, 1981. 
CONDER, Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. Projeto de 
Requalificação Urbana e Ambiental da Bacia do Cobre. Ver em: 
http://www.abc.habitacao.org.br/wp-content/uploads/2012/10/SEDUR-BA-BACIA-
DO-COBRE.pdf. Acesso em 28 de maio de 2015. 
COSTA, L. M. S. A (Org.). Rios e Paisagens Urbanas: em cidades brasileiras. Rio de 
Janeiro: Viana & Mosley : Ed. PROURB, 2006. 
FERREIRA, José Carlos; MACHADO, João Reis. Infraestruturas verdes para um futuro 
urbano sustentável. O contributo da estrutura ecológica e dos corredores verdes. 
Revista LABVERDE, no. 1, 2010. Ver em: 
http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/viewFile/61279/64214. Acesso 
em 07 de maio de 2015. 
FORMAN,R.T.T.; GORDON,M. Landscape Ecology. John Wiley, 1986 
GOUVEIA, Luiz Alberto. Cidade vida: Curso de desenho ambiental. São Paulo: Nobel, 
2008. 
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Projeto Planágua SEMADS/GTZ. Rios e 
Córregos: Preservar – Conservar – Renaturalizar. A recuperação de rios - 
Possibilidades e Limites da Engenharia Ambiental. Cooperação Técnica Brasil e 
Alemanha, 2001. Ver em: 
http://www.pm.al.gov.br/intra/downloads/bc_meio_ambiente/meio_03.pdf. Acesso 
em 23 de maio de 2015. 
HERZOG, Cecilia Polacow. Cidades para TODOS: (re)aprendendo a conviver com a 
NATUREZA. Rio de Janeiro: Editora MAUAD, 2013 
 
50 
 
HERZOG, Cecília Polacow. Infraestrutura Verde: chegou a hora de priorizar!. 
Vitruvius. Arquitextos no. 130.06, Rio de Janeiro RJ Brasil, ano 11, maio 2011. Ver 
em: http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/699/722. 
Acesso em 03 de maio de 2015. 
HERZOG, Cecília Polacow; ROSA, Lourdes Zunino. Infraestrutura Verde: 
Sustentabilidade e Resiliência para a Paisagem Urbana, 1st World Congress on Cities 
and Adaptation to Climate Change. Resilient Cities 2010. Ver em: 
http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/viewFile/61281/64217. Acesso 
em 10 de maio de 2015. 
HERZOG, Cecília Polacow. Guaratiba verde: subsídios para o projeto de infraestrutura 
verde em área de expansão urbana na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 
Mestrado. UFRJ/FAU, 2009 
JUBÉ RIBEIRO, Maria Eliane. Infraestrutura verde: uma estratégia de conexão entre 
pessoas e lugares. Por um planejamento urbano ecológico para Goiânia. Tese de 
Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. São Paulo, 2010. 
MASCARÓ, Juan José. BONATTO, Daniella do Amaral Mello. Infraestrutura Verde 
como Estratégia de Desenvolvimento Sustentável e Qualificação Urbana: estudo de 
caso de Passo Fundo-RS. ELECS, CURITIBA, PR, de 21 a 24 de outubro de 2013. Ver 
em: 
http://www.academia.edu/6393941/Infraestrutura_Verde_como_Estrat%C3%A9gia
_de_Desenvolvimento_Sustent%C3%A1vel_e_Qualifica%C3%A7%C3%A3o_Urbana_-
_MASCAR%C3%93_Juan_Jos%C3%A9_BONATTO_Daniella_do_Amaral_Mello_-
_ELECS_2013. Acesso em 07 de maio de 2015. 
MCHARG, Ian L. Design with nature. Nova York: John Wiley, 1992 
METZGER, Jean Paul. O que é Ecologia das Paisagens?. Laboratório de Ecologia de 
Paisagens e Conservação – LEPaC. Departamento de Ecologia, Instituto de 
Biociências USP, 2010. Ver em: 
http://www.biotaneotropica.org.br/v1n12/pt/fullpaper?bn00701122001+pt. Acesso 
em 10 de maio de 2015. 
MINAKI, Cintia. AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. Espaços Urbanos e 
Qualidade Ambiental – um enfoque da paisagem. Revista Formação, nº14 volume, 
2007. 
MORETTI, Ricardo de Souza. Urbanização de terrenossituados a rios, córregos e 
fundo de vale – conflitos e propostas. Campinas [SP]: PUC-Campinas, 2000. 
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Plano Diretor de Desenvolvimento 
Urbano Sustentável do Rio de Janeiro. Lei Complementar Nº 111 de 2011. Ver em : 
http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3372233/DLFE-
262093.pdf/LEICOMPLEMENTARN1.1.1.DE0.1.DEDEZEMBRODE2.0.1.1..pdf. Acesso 
em: 24 de maio de 2015. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 51 
 
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Código Florestal - Lei nº 12.651/2012. Ver: 
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em 12 
de maio de 2015. 
RIBEIRO FRANCO, Maria de Assunção. Infraestrutura Verde em São Paulo: o caso do 
Corredor Verde Ibirapuera-Villa Lobos. Ver em: 
http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/viewFile/61284/64219. Acesso 
em 08 de maio de 2015. 
RIBEIRO FRANCO, Maria de Assunção. Planejamento Ambiental para a cidade 
sustentável. São Paulo: Annablume/Fapesp, 1997. 
ROSA, Giovanni Santa. Do outro lado do rio: retificações, canalizações e projetos 
abandonados dos rios de São Paulo, 2013. Ver em: http://gizmodo.uol.com.br/do-
outro-lado-do-rio-segunda-parte/. Acesso em 23 de maio de 2015. 
SANDEVILLE JR. Paisagem. Revista Paisagem e Ambiente, v.20. São Paulo, 2005. 
SIEMENS. Estudo da Economist Intelligence Unit (EIU). Índice de Cidades Verdes da 
América Latina, 2010. Ver em: 
http://www.siemens.com/entry/cc/features/greencityindex_international/br/pt/pdf
/report_latam_pt_new.pdf. Acesso em 08 de maio de 2015. 
 
 
 
52 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 53 
 
Capítulo 3 
 
ESTUDOS DE TRANSFORMAÇÕES DA PAISAGEM E SEUS 
IMPACTOS NAS ÁGUAS URBANAS 
 
 
Fernanda Moço Foloni21 
Norma R. T. Constantino22 
 
INTRODUÇÃO 
 
O acelerado crescimento das cidades nos últimos tempos tem 
resultado em graves complicações ao meio ambiente, sendo cada vez 
mais perceptível as suas consequências no cotidiano da população. 
Um exemplo claro é o estado de muitos rios urbanos: antes 
fundamentais para a formação dos primeiros povoados, são 
atualmente tidos como insalubres, desnecessários e a causa de 
inundações. Entretanto, graças ao crescimento da consciência 
ambiental, muitas organizações têm se empenhado em pesquisar 
maneiras de revitalizá-los, requalificando a paisagem urbana. 
Normalmente, os projetos de revitalização de rios urbanos 
mais divulgados são aqueles internacionais, como o Rio 
Cheonggyecheon em Seul ou o Rio Tamisa em Londres. Contudo, os 
modelos estrangeiros nem sempre são as únicas fontes de pesquisa 
para se utilizar de exemplos. Existem disponíveis diversos estudos de 
casos nacionais, executados com sucesso até mesmo publicados no 
exterior. 
 
21 Mestranda, UNESP, Brasil. E-mail: fe_foloni@hotmail.com 
22 Professora Doutora, UNESP, Brasil. E-mail: nconst@faac.unesp.br 
 
54 
 
Ao buscarmos estudos de casos brasileiros nos deparamos com 
alternativas sustentáveis mais adequadas ao clima e à morfologia 
desejados, para as cidades modernas com problemas urbanos 
relacionados à degradação do meio ambiente e da paisagem, e às 
causas e consequências do abandono dos rios. Para isso, foram 
levantados a partir de revisão literária, estudos de caso relacionados 
aos rios urbanos e à ocorrência de enchentes nas cidades. Serão 
destacadas, neste capítulo, as semelhanças entre estes estudos, 
assim como as problemáticas que descrevem e as respostas 
apresentadas para reintegração dos rios à sociedade. Todos estes 
princípios obtidos nas soluções são conceitos de Infraestrutura 
Verde. 
 
DA PAISAGEM NATURAL À URBANIZAÇÃO 
 
Antes de entender quais as dificuldades que as cidades vêm 
enfrentando e como estas podem ser superadas é fundamental 
compreender, primeiramente, o que é a paisagem urbana, para 
então estudarmos como intervenções inadequadas feitas pelo 
homem resultaram nos problemas atuais. 
A paisagem é um espaço (ASSUNTO, 2011, p.341-344), mas, 
por ser um objeto de experiência estética e, portanto, tema de um 
juízo estético, não deve ser tratado como um espaço vazio. Corajoud 
(2011, p.214) a caracteriza dizendo não se tratar da representação do 
infinito, entretanto, esta se abre a ele (o céu), ou seja: a paisagem é o 
lugar onde o céu e a terra se tocam, na linha do horizonte. Para o 
autor a paisagem urbana “tem todas as qualidades aparentes de uma 
paisagem, [...] mas é uma montagem cuja unidade é apenas artefato” 
(CORAJOUD, 2011, p. 219), o que reflete a importância da presença 
de pessoas na definição de paisagem urbana, pois ela não teria 
significado qualquer se o homem não tivesse agido sobre ela. Pode 
ainda existir uma relação com a paisagem natural quando esta se 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 55 
 
abre à cidade, como quando um rio adentra nela (CORAJOUD, 2011, 
p. 220). 
Um rio, ao entrar na cidade, se torna parte da paisagem 
urbana e, quando a cidade invade as águas, as águas invadem a 
cidade. Com essa afirmação Costa (2006, p.10) simplifica a relação 
atual entre o meio urbano e seus rios nas últimas décadas. Ao 
mesmo tempo em que os rios oferecem a possibilidade de convívio e 
interação entre as pessoas, são também corredores biológicos 
capazes de permitir a presença da fauna e da flora na cidade, além de 
alimento, lazer e transporte. 
Entretanto, essa íntima relação com a cidade desde as 
formações coloniais vem sendo abalada por crescentes expansões 
urbanas, decorrentes de ocupações irregulares em áreas de várzeas e 
transformação dos córregos em coletores de lixo e esgoto. Isto 
resulta desde grandes inundações até o desaparecimento total de 
cursos d’água da paisagem urbana. 
De um ponto de vista histórico, Marx (1980, p.31) trata dessa 
relação de degradação como um alerta para os efeitos do 
crescimento acelerado das cidades, da mudança do modelo de vida 
urbanizada e da alteração rápida do quadro social: mais pessoas 
partiam do campo para morar na cidade. 
Existe uma relação direta entre a crescente ocupação 
desorganizada nos fundos de vale e as enchentes urbanas. As 
primeiras retificações de cursos d’água nas cidades brasileiras 
ocorreram entre meados do século XIX e a década de 1920, período 
este conhecido como “fase higienista” (OSEKI; ESTEVAM, 2006, p.84-
85). As vilas já próximas ao leito do rio precisavam expandir seu 
entorno para acomodar o crescimento populacional, passando a 
ocupar as duas margens. Logo, surgiram as vilas operárias que 
aglomeraram ainda mais as pessoas em pequenos espaços 
insalubres, resultando em surtos epidêmicos. Sem saneamento, o 
esgoto era despejado direto no rio, o que fazia com que a 
56 
 
propagação das doenças se agravasse nos períodos de cheia. Isto 
levou à primeira medida tomada como necessária: a retificação dos 
rios, que corriam sinuosos, para direcionar as águas pluviais e o 
esgoto para longe. 
Consequentemente, surgia por todo país a necessidade de 
“uma mudança radical na filosofia das soluções estruturais em 
drenagem urbana” (CANHOLI, 2005), e a solução encontrada após a 
retificação, em meados do século XX, foi a canalização dos cursos 
d’água. Desta forma acelerava-se o escoamento para fora do centro 
urbano e ainda era possível ocupar o terreno pantanoso drenado. 
O progresso trouxe também a necessidade de novas avenidas, 
que poderiam ser construídas sobre os rios canalizados. Entretanto, a 
canalização provou sua ineficiência ao longo do tempo, pois além de 
levar o mau cheiro que escapava pelos bueiros e bocas de lobo por 
todo seu curso, nas épocas de chuva intensa o rio receptor passou a 
sofrer sobrecarga e transbordar mais do que normalmente ocorria 
em épocas de cheia, alagando as residências que ocupavam os 
fundos de vale do antigo leito natural do rio. 
 
Segundo Sheaffer e Wright (1982), o plano de drenagemdeve 
delinear alguns objetivos. Entre eles: manter as regiões ribeirinhas 
ainda não urbanizadas em condições que minimizem as 
interferências com a capacidade de escoamento e armazenamento 
do talvegue; reduzir gradativamente o risco de inundações a que 
estão expostas pessoas e propriedades; reduzir o nível existente de 
danos por enchentes; assegurar que os projetos de prevenção e 
correção sejam consistentes com os objetivos gerais do 
planejamento urbano; minimizar problemas de erosões e 
assoreamentos; controlar a poluição difusa; e incentivar a utilização 
alternativa de aguas de chuvas coletadas, para uso industrial, 
irrigação e abastecimento. (CANHOLI, 2005, p.24). 
 
Com o passar do tempo, passou-se a buscar medidas de 
controle para minimizar os danos das inundações. No início tratavam-
se principalmente de medidas estruturais, que são majoritariamente 
obras capazes de acelerar o escoamento, como a elaboração de 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 57 
 
túneis e canalizações, restaurações de calhas naturais e construção 
de reservatórios. Aos poucos, foram sendo implementadas também 
algumas medidas não estruturais, de menor custo, que são as que 
envolvem criações de sistemas de alerta e previsão de enchentes, de 
leis e instrumentos para regulamentação de ocupação do solo, de 
desapropriação para construção de áreas permeáveis e educação 
ambiental. É importante ressaltar que o melhor aproveitamento 
dessas medidas está no seu uso em conjunto, como na formulação de 
Planos Diretores com foco em gerenciamento das bacias 
hidrográficas, conservação ambiental e macrodrenagem (CANHOLI, 
2005, p.25-27). 
O estudo dessas medidas e outras formas sustentáveis de 
adequar a relação entre a natureza e o meio urbano é definido pelo 
conceito de Infraestrutura Verde: 
 
Denomina-se infraestrutura verde (tradução do termo inglês green 
infraestructure) uma rede de espaços abertos e áreas vegetadas 
(corredores verdes, alagados, parques, florestas preservadas ou 
plantadas com espécies nativas) e contando, na microescala, com 
jardins de infiltração, biovaleta e outras medidas de infiltração das 
águas pluviais, visando a intervenções urbanas de baixo impacto e 
incorporando práticas sustentáveis de manejo das águas, que 
incluem medidas não estruturais e estruturais não convencionais, de 
baixo custo e mais efetivas a médio prazo (GORSKI, 2015, p.223). 
 
A Infraestrutura Verde destaca a importância da vegetação, na 
natureza e na cidade, pois é capaz de proteger as margens dos corpos 
d’água, ocupar vazios urbanos e trazer conforto térmico para os 
bairros, conectando estes elementos por toda a extensão do 
território. 
 
 
58 
 
METODOLOGIA 
 
Com a intenção de aprofundamento nos estudos sobre rios 
urbanos, esta pesquisa investiga as principais dificuldades que as 
cidades brasileiras vêm enfrentando, decorrentes do processo de 
urbanização desordenado desde a colonização. 
Ao tratar de pesquisas a respeito da paisagem da cidade e rios 
urbanos, é comum encontrarmos abordagens crítico-analíticas e 
crítico-propositivas. A partir da segunda abordagem, foram 
levantados 19 estudos de caso descritos em diferentes bibliografias. 
Então, foram destacados os problemas e as propostas de soluções 
apresentados pelos autores a respeito de suas respectivas cidades e 
bacias hidrográficas. Em seguida, foram elaborados três gráficos: o 
primeiro com os problemas urbanos mais frequentes entre os 
estudos de caso; o segundo com as medidas mais indicadas entre os 
mesmos; e o terceiro, a partir do segundo, a classificação de quantas 
das propostas apresentadas são medidas estruturais e não 
estruturais. Dessa forma, foi possível observar com mais clareza a 
relação entre a formação das cidades brasileiras, as consequências 
atuais para a população e a importância de estudos sobre a 
Infraestrutura Verde na busca de cidades sustentáveis. 
 
ESTUDOS DE CASO 
 
PROPOSTAS AINDA NÃO EXECUTADAS 
 
Rio de Janeiro/RJ: Bacia do rio Acari (Parque Unidos de Acari)23 
Análise geral: inundações; dificuldade de escoamento das 
águas; despejo de efluentes nas galerias fluviais; 
assoreamentos; comprometimento da qualidade das águas; 
 
23 BRITTO; SILVA, 2006, p. 17-32. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 59 
 
erosões; ocupação irregular das margens do rio; acúmulo de 
resíduos sólidos; problemas de saneamento e doenças. 
Medidas indicadas: Construção de redes de esgoto previstas 
no Plano Diretor; dragagem do rio; criação de pôlderes para 
armazenamento de água das enchentes; delimitação de 
logradouros públicos nas margens do rio; aumento da largura 
do canal; uso de pavimentação permeável; reassentamento 
da população residente em áreas de risco de inundação; 
implantação de equipamentos e tratamento paisagístico; 
política de proteção da faixa marginal e recuperação dos 
recursos hídricos; criação de parques lineares e áreas de lazer 
nas margens liberadas; implantação de um programa de 
coleta de lixo adequado; recuperação das áreas de mangue e 
da mata ciliar. 
 
Rio de Janeiro/RJ: Rio Cabeça24 
Análise geral: Córregos canalizados; adensamento de 
ocupação urbana no trecho canalizado; dejetos de esgoto 
ligados indevidamente à rede pluvial. 
Medidas indicadas: Projeto urbano voltado para a valorização 
do rio no Horto Florestal: tombamento da área antiga de uma 
chácara para criação de um parque voltado para 
contemplação e preservação do rio, para cidade do Rio de 
Janeiro e acessível à população; desapropriação das quadras 
de tênis particulares existentes próximas ao rio para garantir 
a preservação da margem nesse trecho; cobrança de ingresso 
por uma organização responsável (ONG) pela preservação da 
memória do rio e manutenção do espaço. 
 
 
 
24 ESCARLATE, 2006 
60 
 
Novo Horizonte/SP: Córrego da Estiva25 
Análise geral: contaminação da água; erosão do solo; 
terrenos abandonados com despejo irregular de resíduos 
sólidos; vegetação natural em regeneração. 
Medidas indicadas: Projeto de parque linear do córrego da 
Estiva: controle de erosão e restauração do principal canal de 
drenagem; novas vias de circulação; criação de atividades de 
recreação com programa de educação ambiental para os 
jovens; paisagismo urbano. 
 
São Paulo/SP: Bacia do Rio Cabuçu de Baixo26 
Análise geral: Córrego canalizado; desmatamento da mata 
ciliar; inundações; ocupação desordenada; riscos à saúde 
pública; intenso processo de urbanização; instabilidade e 
contaminação do solo; contaminação das águas da bacia. 
Medidas indicadas: Controle de cheias: uso e ocupação do 
solo; realocação da população; recuperação de áreas de 
várzea; sistema de alerta; piscinões; gabião; parques lineares; 
valetas verdes, caixas de infiltração, jardins de chuva, pisos 
drenantes. Preservação e recuperação ambiental: criação de 
caminhos verdes para sub-bacia do Bananal; reflorestamento 
de encostas; alagados construídos; programa de educação 
ambiental. Controle de poluição difusa e saneamento básico: 
jardins de absorção de chuvas; bacias de detenção secas e 
alagadas; pisos drenantes; uso de jardins dentro dos lotes 
particulares; controle de sedimentos de construção; controle 
das ligações clandestinas de esgoto. 
 
 
 
 
25 FRISCHENBRUDER; PELLEGRINO, 2006 
26 GORSKI, 2010 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 61 
 
Blumenau/SC: Rio Itajaí-Açu27 
Análise geral: Aumento da impermeabilização urbana; 
desmatamento; ocupação das áreas de várzea; enchentes 
urbanas. 
Medidas indicadas: Gerenciamento de rios urbanos a partir 
de bacias hidrográficas e equipes interdisciplinares; legislação 
amplamente fiscalizada e divulgada; inserção de vegetação 
nativae preservação da mata ciliar; dragagem; evitar 
crescimento da área impermeabilizada nas margens do rio; 
construção de pontes para valorização e visibilidade do rio; 
respeitar a Área de Proteção Permanente em fundos de vale; 
construções voltadas para os rios ao invés de trata-los como 
local de despejos e fundo de lote; criação de parques nas 
áreas de várzeas para conter enchentes; apenas 
equipamentos de lazer e recreação nas margens; tratamento 
de efluentes por toda bacia hidrográfica; incentivo ao turismo 
fluvial e a navegabilidade. 
 
Rio das Ostras/RJ: Rio das Ostras28 
Análise geral: ocupação irregular da várzea do rio; 
contaminação do lençol freático por meio de uso de fossas e 
sumidouros; drenagem inadequada; erosão e assoreamento 
das margens; enchentes; despejo de efluentes in natura; 
deslizamentos; mau destino do lixo. 
Medidas indicadas: controle do uso do solo por meio de 
execução do Plano Diretor; gestão por ecossistemas ao invés 
de limite territorial; criação de corredores verdes, ecológicos, 
de transição, e cicláveis. 
 
 
27 PORATH; AFONSO, 2006, p. 163-176 
28 RIBEIRO, 2013 
62 
 
São Paulo/SP: Sub-bacia do córrego do Saracura Pequeno (Grota do 
Bexiga)29 
Análise geral: córregos canalizados; enchentes à jusante da 
bacia; erosão; verticalização intensa da área central da cidade 
no espigão da bacia ocupação do fundo do vale; alta taxa de 
impermeabilização do solo; aumento da emissão de calor e 
da poluição; desconformo térmico; cobertura vegetal 
escassa; pequena quantidade de áreas verdes e livres. 
Medidas indicadas: plantio de árvores; criação de parque 
arborizado em regiões de fundo de vale e nascentes; 
combater a impermeabilização do solo; arborização das ruas 
e alargamento das calçadas; utilização de mecanismos de 
retenção da água da chuva para retardamento e reuso; 
economia de água e energia; introdução de espelhos d’água; 
novos espaços de lazer e caminhos de pedestres; utilizar a 
calçada como ambiente de estar e de passeio. 
 
Nova Friburgo/RJ: Bacia ambiental do Córrego D'Antas30 
Análise geral: Ocupação de áreas de risco pela população de 
baixa renda; lançamento de esgoto in natura, ausência de 
rede de drenagem; acúmulo de lixo nas margens dos corpos 
d’água; inundações e enxurradas. 
Medidas indicadas: Direcionar a vocação da área para o 
ecoturismo; estimular a criação e o cultivo com incentivo à 
produção sustentável; conter e monitorar a expansão 
urbana; dar um tratamento e um controle para as zonas de 
transição; alterar o zoneamento urbano do Plano Diretor, 
aumentando as Zonas de Especial Interesse Ambiental (ZEIA), 
criando de Zonas de Especial Interesse de Recuperação 
 
29 SCHUTZER, 2012 
30 VASCONCELLOS, 2015 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 63 
 
Ambiental (ZEIRAS) e revisando as Zonas de Especial 
Interesse Social (ZEIS). 
 
PROPOSTAS EXECUTADAS OU EM ANDAMENTO 
 
Belo Horizonte/MG: Ribeirão do Arrudas31 
Análise geral: áreas de risco ocupadas; rio canalizado; 
problemas de saneamento; alta taxa de impermeabilização 
do solo. 
Medidas indicadas: projeto de Requalificação Urbana 
Ambiental do Ribeirão do Arrudas – PAC Arrudas: prevê obras 
de drenagem; tratamento de fundo de vale; implantação de 
parque linear; instalação de equipamentos públicos de lazer e 
convivência; criação de novas unidades habitacionais; 
educação ambiental; saneamento e revitalização do rio. 
 
Campinas/SP: Ribeirão das Pedras32 
Análise geral: deposição inadequada e irregular de resíduos 
sólidos; assoreamento do rio; inundação; poluição; ocupação 
irregular em áreas de inundação; desmoronamento das 
margens; processos erosivos em áreas desmatadas; quase 
inexistência de mata ciliar. 
Medidas indicadas: Parque Linear do Ribeirão das Pedras: 
recuperação das matas ciliares; criação de um corredor 
ecológico, com lagoas e ciclovia; construção de uma ETE para 
recuperação da qualidade da água; mudanças nas travessias 
viárias; criação de bacias de retenção detenção; criação de 
dispositivos no processo de licenciamento ambiental, no qual 
os grandes empreendimentos se comprometem a 
implementar o parque no seu trecho de influência do rio. 
 
31 ARAUJO, 2016, p. 165-180 
32 COSTA, 2011 
64 
 
 
Campinas/SP: Ribeirão das Anhumas33 
Análise geral: cursos d'água em diferentes níveis de 
degradação, com pouca mata ciliar em seu entorno urbano. 
Medidas indicadas: Plano de Conservação Natural do Ribeirão 
das Anhumas: restauração do ecossistema e conservação dos 
rios; inventário de áreas em potencial para criação de 
corredores verdes que possam ligar espaços abertos urbanos 
com os principais remanescentes de florestas regionais, 
oferecendo aos moradores da cidade a possibilidade de 
acessar um espaço natural aberto das áreas mais densas 
através de áreas ambientalmente sensíveis. 
 
Curitiba/PA: Rio Iguaçu34 
Análise geral: enchentes e inundações urbanas; segregação 
social; propagação de doenças; falta de saneamento básico; 
acúmulo de resíduos sólidos; poluição; despejo de efluentes 
in natura. 
Medidas indicadas: criação de um programa para controle de 
enchente; limpeza do rio e reforma de pontes; construção de 
um canal lateral para bloquear a pressão pública de invasão 
de áreas de proteção permanente (APP); criação de um 
parque interno como área de amortecimento e de lazer; 
elaboração do Plano Diretor da Região Metropolitana de 
Curitiba. 
 
 
 
33 FRISCHENBRUDER; PELLEGRINO, 2006 
34 PARKINSON, at. al, 2003 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 65 
 
Esteio/RS: Arroio Sapucaia35 
Análise geral: impactos causados pela urbanização; despejo 
de efluentes industriais e esgoto; ocupação irregular; 
alagamentos. 
Medidas indicadas: recuperação da mata ciliar; revitalização 
do rio; criação do projeto de Renaturalização do Arroio 
Sapucaia; reassentamento de moradores em área de 
proteção permanente; realização de reformas viárias; 
implantação de parques lineares; criação de reservatórios 
para amortecimento de cheias; adequação de canais para 
redução da velocidade de escoamento; construção de um 
dique e uma ETE no município; sistemas de drenagem por 
infiltração; recuperação de várzea e renaturalização de curso 
de água. 
 
Guarapiranga/SP: Rio Embu Mirim36 
Análise geral: contaminação das águas decorrentes da 
invasão industrial urbana e de aterros sanitários periféricos à 
várzea. 
Medidas indicadas: estudo de proteção da várzea do rio 
Embu Mirim: Conservação das várzeas existentes e tomada 
de sua capacidade de depuração da água como um recurso 
para a bacia; sistema de circulação proposto como uma 
barreira para usos urbanos ao longo das várzeas, criando um 
parque público de escala regional. 
 
Piracicaba/SP: Rio Piracicaba37 
Análise geral: rio retificado, tubulado e canalizado; despejo 
de esgoto e depreciação das margens do corpo d’água, 
 
35 COSTA, 2011 
36 FRISCHENBRUDER; PELLEGRINO, 2006 
37 GORSKI, 2010 
66 
 
tornando-o insalubre e degradando sua paisagem; 
perturbação na cadeia ecológica e, por conta da poluição 
hídrica, prejuízo no abastecimento dos aquíferos. 
Medidas indicadas: redução do escoamento de resíduos 
sólidos para o leito do rio; plantio de árvores; implantação de 
coletor tronco; utilização de pisos drenantes; criação de 
Áreas de Proteção Ambiental (APAs); instalação de 
comportas ao lado do rio para controle das enchentes; 
aumento das áreas públicas; melhoria da acessibilidade; 
melhoria dos caminhos de pedestres, da infraestrutura e do 
mobiliário urbano; valorização da paisagem da cidade do 
ponto de vista do eixo do rio;uso da margem pelo pescador; 
instalação de deques; criação de passarelas para pedestres e 
trilha junto ao leito. 
 
Rio Grande/RS: Arroio Vieira38 
Análise geral: alto nível de degradação; canalização do rio; 
contaminação difusa pela rede de drenagem pluvial; 
recebimento de efluentes in natura; aprovação para 
construção de residências sobre a APP do leito original do 
Arroio; hiperparcelamento do solo na Área Funcional de 
Interesse Ambiental. 
Medidas indicadas: projeto Pró-Vieira: proposta da 
renaturalização e criação do Parque do Arroio Vieira; 
reconfiguração estrutural do espaço (heterogeneidade 
ecossistêmica e retorno da fauna e flora); renaturalização do 
curso d’água; proposição de um uso socioambiental, com 
criação de equipamentos para comunidade. 
 
 
 
38 COSTA, 2011 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 67 
 
Santo André/SP: Mananciais39 
Análise geral: enchentes e inundações urbanas; segregação 
social; doenças; falta de saneamento básico; poluição; 
acúmulo de resíduos sólidos; despejo de efluentes in natura. 
Medidas indicadas: criação de uma autarquia de Saneamento 
Ambiental (SEMASA) e transferência do sistema de 
drenagem, da gestão ambiental, do gerenciamento de 
resíduos sólidos e da defesa civil para a autarquia; 
manutenção do sistema de drenagem; gestão integrada do 
saneamento ambiental; educação ambiental; criação e 
utilização de um Plano Diretor de Drenagem; sistema de 
controle e supervisão da drenagem; gerenciamento por 
bacias hidrográficas; mapeamento dos pontos de inundação; 
uso de sistema de alerta; inversão do fluxo de algumas 
canalizações e uso de válvulas para evitar o retorno da água 
para os bairros. 
 
São Paulo/SP: Sub-bacia do córrego Bananal40 
Análise geral: enchentes urbanas; processo desordenado de 
urbanização no entorno do córrego até o sul da bacia; 
ocupação irregular ao longo das margens; a sub-bacia do 
córrego Bananal possuía cerca de 50% de urbanização e 50% 
de vegetação em 2006. 
Medidas indicadas: plano de Bacia Urbana: criação de um 
programa de recuperação ambiental e sustentabilidade 
socioambiental com um sistema de parques e áreas verdes 
associado ao tratamento das águas e ao sistema de 
drenagem e em um trecho da bacia; o foco é a melhoria da 
qualidade do espaço urbano aberto ao público e restauração 
e preservação do ambiente natural; abertura dos fundos de 
 
39 PARKINSON, at. al, 2003 
40 PELLEGRINO, et. al, 2006, p. 57-76 
68 
 
vale para conexão com a Serra da Cantareira e criação de 
espaços livres para recuperação e integração dos espaços 
naturais urbanizados. 
 
Tupã/SP: Bacia do rio do Peixe e bacia do Aguapeí41 
Análise geral: ocupação dá área de nascentes, desmatamento 
da mata ciliar, ocupação dos fundos de vales, emissão de 
efluentes domiciliares, industriais, comerciais; despejo de 
resíduos sólidos, erosão, inexistência ou 
subdimensionamento de galerias, enchentes e inundações 
urbanas, invasão de Áreas de Preservação Permanente (APP). 
Medidas indicadas: convênio com o Governo Federal por 
meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); 
realização de estudos de macrodrenagem urbana, com 
diretrizes para o controle de águas pluviais; controle de 
erosão; aumento da permeabilidade do solo; implantação de 
áreas verdes e equipamentos urbanos; recuperação dos 
córregos; implantação de parques lineares; controle do 
processo de urbanização; demarcação dos canais de 
drenagem no Zoneamento Urbano; fiscalização de depósito 
de resíduos irregulares e desmatamento; reflorestamento; 
execução de reservatórios de detenção; contenção e 
estabilização de encostas gabião; implantação de um Parque 
Ecológico; criação de corredores verdes para proteção de 
nascentes e retenção de água. 
 
ANÁLISE E DISCUSSÃO 
 
Foram elaborados gráficos42 para classificar as semelhanças 
encontradas entre as dificuldades e as soluções apresentadas para os 
 
41 BENINI, 2015 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 69 
 
problemas que as cidades enfrentam com as irregularidades dos rios 
urbanos, baseados nos estudos aqui apresentados. 
A partir destes dados percebe-se uma relação entre a 
ocupação da área de várzea, as margens dos rios e córregos, com a 
presença de enchentes, inundações e alagamentos. A presença 
comum de despejo de efluentes (domésticos e industriais) reflete 
não só sua relação direta com a ocorrência de inundações, mas 
também alerta o ainda presente descaso com o meio ambiente, 
herança dos costumes de séculos passados (Figura 1). 
 
Figura 1: Problemas urbanos mais frequentes entre os estudos de caso 
 
É necessário ressaltar que alguns dos problemas apresentados 
são consequências de outros. A poluição, despejo de efluentes e 
resíduos sólidos estão diretamente relacionados ao 
comprometimento da qualidade da água, problemas de saneamento 
e propagação de doenças. O desmatamento da mata ciliar e a 
ocupação da área de várzea estão ligados alta taxa de 
 
42 Os valores apresentados nos gráficos são os números de estudos de caso, um total de 19. 
70 
 
impermeabilização, erosões e assoreamento. Por sua vez, 
enchentes43, inundações e alagamentos é consequência de todos 
esses fatores, individualmente ou em sua totalidade, dependendo da 
intensidade de cada caso. 
Apesar de apresentarem um índice menor, por tratar-se de 
situações específicas da morfologia de cada cidade, os problemas 
menos relatados pelos estudos de caso também contribuem bastante 
para as dificuldades urbanas, possuindo as soluções propostas mais 
significantes na Figura 244. 
 
Figura 2 - Medidas mais indicadas entre os estudos de caso 
 
 
43 A enchente é um processo natural do rio, é a ocupação irregular do seu leito maior, 
preenchido em época de cheias, que torna a enchente um problema para a cidade. 
44 O gráfico apresenta um total de 104 medidas distribuídas entre 15 colunas conforme a 
descrição dos 19 estudos de caso. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 71 
 
O desmatamento da mata ciliar que foi relatado em apenas 6 
estudos de caso (Figura 1) é visto como um importante fator a ser 
reparado (Figura 2): 13 exemplos sugerem a recuperação da mata 
ciliar, além de reflorestamento de outras áreas e/ou criação de 
corredores verdes. Algumas medidas mais populares são 
principalmente estruturais, visto a eficiência que apresentam em 
curto prazo, como a criação de parques lineares (para combater a 
impermeabilização, ocupação das margens dos corpos d’água e 
ausência de áreas verdes) e formas de captação/armazenamento de 
água de enchente e de chuva. As duas se respostas diretas às maiores 
dificuldades discutidas na Figura 1 (ocupação de área de várzea e 
enchentes). 
 É importante destacar que a criação e fiscalização de leis 
ambientais, o uso e ocupação do solo e principalmente o Plano 
Diretor são considerados de grande importância, especialmente ao 
buscar medidas eficientes em longo prazo que não sejam estruturais, 
soluções estas presentes em dez estudos de caso analisados. A Figura 
3 traz a classificação, entre as 104 medidas apresentadas (Figura 2), 
da porcentagem de medidas estruturais e não estruturais. 
 
Figura 3: Classificação da Infraestrutura Verde entre as propostas apresentadas 
 
 
72 
 
Apesar da maioria das medidas serem estruturais, 
precisamente pela efetividade em curto prazo discutida acima, há 
apenas uma diferença de 14% na quantidade de não estruturais. Isto 
permite concluir que ambas são relevantes na procura por melhorias 
da qualidadede vida urbana. A Infraestrutura Verde não é composta 
apenas de soluções práticas e grandes obras urbanas não são 
sinônimos de eficiência e progresso. A cidade precisa ser pensada por 
profissionais, políticos e contar com participação popular para que as 
soluções se apresentem no âmbito econômico, estrutural, legislativo, 
morfológico e ambiental do município. Desse modo os problemas 
não serão apenas remediados, mas evitados. 
 
CONCLUSÃO 
 
 A formação das primeiras vilas próximas a cursos d’água foi 
uma estratégia recorrente em diversos lugares ao redor do mundo e, 
a expansão urbana, um processo inevitável. No Brasil é comum 
encontrarmos cidades cujas vilas se expandiram para ambas as 
margens do rio, desrespeitando seu espaço de várzea e retirando a 
vegetação que o protegia. 
Por isso é possível encontrar semelhanças entre essas cidades, 
não apenas no modo de ocupação e urbanização, mas também nas 
dificuldades que a população sofre atualmente, como é possível 
perceber nos estudos de casos levantados: enchentes, erosão, 
poluição, propagação de doenças e contaminação da água. 
Da mesma forma, essa semelhança se repete ao analisarmos 
quais são as propostas indicadas para recuperação das águas urbanas 
nestes mesmos estudos de caso: todas contam com medidas 
encontradas no conceito de Infraestrutura Verde. Sua maior 
importância encontra-se no fato de apresentar propostas de 
recuperação do meio ambiente nas cidades buscando a 
sustentabilidade e bem estar da população, visto que a paisagem 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 73 
 
urbana é composta pela vegetação, córregos, construções e seus 
habitantes. 
A utilização de medidas em curto prazo (estruturais) e em 
longo prazo (não estruturais) precisam ser utilizadas em conjunto, 
ressaltando a importância de planejamento urbano que vise tanto 
novas expansões urbanas como a qualidade de vida da população. 
Para isso, a preocupação com o meio ambiente não é apenas uma 
necessidade ecológica, é também fundamental para o bom 
funcionamento da cidade, já que essa relação simbiótica existente 
desde o início entre ela e o rio é testemunha da importância de se 
perceber que ambos são partes dessa paisagem, planejar um sem 
considerar o outro apenas trará de volta à situação problemática em 
que já nos encontramos. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ARAUJO, E. C. Requalificação ambiental urbana na cidade Metropolitana: reflexões 
para um debate. In: BENINI, S. M.; ROSIN, J. A. R. G. (Org.) Estudos urbanos: uma 
abordagem interdisciplinar da cidade contemporânea. 2. ed. Tupã: ANAP, 2016. p. 
165-180. 
ASSUNTO, R. A paisagem e a estética. In: SERRÃO, A. V. (Coord.). Filosofia da 
paisagem: uma antologia. Lisboa: Centro de Filosofia Univ. Lisboa, 2011, p. 339-376. 
BENINI, S. M. Infraestrutura verde como pratica sustentável para subsidiar a 
elaboração de planos de drenagem urbana: estudo de caso da cidade de Tupã. Tese 
(Doutorado) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia 
Presidente Prudente, 2015. 
BRITTO, A. L.; SILVA, V. A. C. Viver às margens dos rios: uma análise da situação dos 
moradores da Favela Parque Unidos de Acari. In: COSTA, L. M. S. A. (Org.) Rios e 
paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: PROURB/UFRJ, 2006. p. 17-
32. 
CANHOLI, A. P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de 
Textos, 2005, p. 15-72. 
74 
 
CORAJOUD, M. O lugar onde o céu e a terra se tocam. In: SERRÃO, A. V. (Coord.). 
Filosofia da paisagem: uma antologia. Lisboa: Centro de Filosofia Univ. Lisboa, 2011, 
p.213-225. 
COSTA, L. M. S. A. Rios urbanos e o desenho da paisagem. In: COSTA, L. M. S. A. 
(Org.) Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: 
PROURB/UFRJ, 2006. p. 9-15. 
COSTA, R. C. Parques fluviais na revitalização de rios e córregos urbanos. Dissertação 
(Mestrado em Geografia) Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Ciências 
Humanas e da Informação, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Rio Grande 
do Sul, 2011. 
ESCARLATE, C. O Rio Cabeça: paisagem, memória e convívio. Dissertação (Mestrado) 
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ/PROURB, 2006. 
FRISCHENBRUDER, M. T. M.; PELLEGRINO, P. R. M. Using greenways to reclaim 
nature in Brazilian cities. In: Landscape and Urban Planning, Holanda, v. 76, n.1-4, 
2006. p. 67-78. 
GORSKI, M. C. B. Rios e cidades: ruptura e reconciliação. São Paulo: Editora Senac São 
Paulo, 2010. 
MARX, M. Cidade brasileira. São Paulo: Melhoramentos/Edusp, 1980. 
OSEKI, J. H.; ESTEVAM, A. R. A fluvialidade em rios paulistas. In: COSTA, L. M. S. A. 
(Org.) Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: 
PROURB/UFRJ, 2006. p. 77-94. 
PARKINSON, J.; MILOGRANA, J.; CAMPOS, L. C.; CAMPOS, R. F. Drenagem urbana 
sustentável no Brasil. Relatório do Workshop em Goiânia-GO. Goiânia, maio de 2003. 
PELLEGRINO, P. R. M. et. al. A paisagem da borda: uma estratégia para a condução 
das águas, da biodiversidade e das pessoas. In: COSTA, L. M. S. A. (Org.) Rios e 
paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: PROURB/UFRJ, 2006. p. 57-
76. 
PORATH, S. L.; AFONSO, S. A paisagem do rio Itajaí-Açu na cidade de Blumenau. In: 
COSTA, L. M. S. A. (Org.) Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de 
Janeiro: PROURB/UFRJ, 2006. p. 163-176. 
RIBEIRO, A. R. P. Corredores Verdes Multifuncionais: Estudo de caso – Rio das Ostras. 
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, 
Programa de Engenharia Urbana, Rio de Janeiro, 2013. 
SCHUTZER, J. G. Cidade e meio ambiente: apropriação do relevo no desenho 
ambiental urbano. São Paulo: EDUSP, 2012. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 75 
 
VASCONCELLOS, A. A. Infraestrutura verde aplicada ao planejamento da ocupação 
urbana. Curitiba: Appris, 2015. 
 
 
76 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 77 
 
Capítulo 4 
 
CONTRIBUIÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES DE ESPAÇOS 
PÚBLICOS NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS 
CIDADES: O CASO DO PARQUE POTYCABANA, 
EM TERESINA PIAUÍ 
 
 
Lara Citó Lopes45 
Wilza Gomes Reis Lopes46 
Letícia Soares Daniel47 
Diego Ribeiro Fontenele48 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
É característica marcante no processo de expansão urbana das 
cidades brasileiras a falta de articulação entre as esferas econômicas, 
ambientais e sociais, provocando um crescimento desordenado, o 
que contribui para reduzir o nível de qualidade de vida de seus 
habitantes. Nota-se nesse processo a valorização do alcance dos 
interesses econômicos, fruto do capitalismo instalado no país. Com o 
passar dos anos os problemas oriundos desse modelo de expansão 
urbana foram surgindo, assim como, alternativas para minimizá-los. 
 
45 Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professora 
em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Uninovafapi. laracito@gmail.com 
46 Arquiteta, Professora Doutora do curso de Arquitetura e Urbanismo e do Mestrado e 
Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí. 
izalopes@uol.com.br 
47 Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professora 
em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Estácio/CEUT. leticiadaniel17@hotmail.com 
48 Graduado em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto Camillo Filho. dirifo@gmail.com 
78 
 
Atualmente, vários são os planejadores e pesquisadores que 
propõem uma nova estratégia para o planejamento urbano como 
Richard Rogers, Jan Gehl, Jaime Lerner, dentre outros. É de comum 
acordo entre estes a necessidade da participação social na 
elaboração do planejamento urbano das cidades. Nada mais justo do 
que contar com tal participação nesse planejamento, uma vez que a 
cidade é de todos, portanto deve estar adequada a toda população, 
satisfazendo-ana maioria dos aspectos necessários para a vida em 
sociedade. 
Para Rogers (2015, p. 16), a cidadania estimula a vitalidade e 
humanidade, e os cidadãos “devem sentir que o espaço público é 
responsabilidade e propriedade da comunidade”, afirmando, ainda, 
que “o sucesso de uma cidade depende de seus habitantes e do 
poder público, da prioridade que ambos dão à criação e manutenção 
de um ambiente urbano e humano”. 
Apesar de cada região apresentar sua especificidade, o padrão 
de urbanização, de acordo com Grostein (2001), apresenta 
componentes de ‘insustentabilidade’ e geram baixa qualidade de vida 
urbana a parcelas significativas da população, sendo a população de 
baixa renda a primeira e a mais afetada. Esse cenário é fruto da forte 
presença e atuação do mercado imobiliário no processo de 
urbanização. Este gerou cidades com funções social e cultural 
limitadas, onde segundo Gehl (2015, p. 3), a área pública com função 
de “local de encontro e fórum social para os moradores foi reduzida, 
ameaçada ou progressivamente descartada”. 
O desenvolvimento sustentável das cidades aparece como 
caminho para minimização desse quadro. Tal desenvolvimento 
relaciona-se com a disponibilidade de insumos, o destino dos 
resíduos, a oferta e o atendimento da população de infraestrutura, 
como moradia, equipamentos sociais e serviços; a forma de ocupar o 
território; a qualidade do transporte público; e a qualidade dos 
espaços públicos. Estes, quando bem ordenados, aparecem como 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 79 
 
fomentadores da qualidade de vida das cidades, promovendo a 
revitalização das mesmas (GROSTEIN, 2001). No entanto, nota-se que 
a configuração da maioria desses espaços é precária e insuficiente. 
Nesse contexto, em relação ao espaço público, Matos (2010, 
p.19) afirma que a sua problemática 
 
[...] também resulta de uma transformação das práticas 
urbanas e dos usos e estatutos dos diversos espaços 
metropolitanos. A distinção entre público/privado, 
exterior/interior, colectivo/individual, é reajustada pela 
desagregação social e funcional dos bairros, pelo 
aparecimento de novas centralidades, pelas novas 
sociabilidades, pelo desenvolvimento dos transportes 
rápidos, de novas formas de comunicação, pela concessão de 
vários tipos de obras e serviços públicos, pela utilização quase 
generalizada do automóvel. 
 
Observa-se que, essas práticas urbanas prejudicando os 
espaços públicos interferem na vida urbana estando relacionada ao 
conceito de urbanidade. De acordo com Aguiar (2012, p. 7), 
enquanto vitalidade é definida “como a presença maior ou menor ali 
de pessoas”, a urbanidade diz respeito ao modo como se materializa 
a relação espaço/corpo, ou seja, a qualidade em que a cidade se 
apresenta para as pessoas devendo ser cômodo, gentil, agradável. 
Dessa forma, reforça a ideia de Gehl (2015), de que o 
comportamento humano é influenciado pelo espaço físico. 
A cidade precisa ser atrativa para estimular as atividades 
opcionais de seus cidadãos como caminhar, apreciar a paisagem, 
promovendo trocas sociais que a torna viva e ativa (GEHL, 2015). 
Assim como Matos e Aguiar (2012) colocam o automóvel como 
influência negativa para a urbanidade, apontando como a principal 
causa para a hostilidade da maioria dos espaços públicos. Pode-se 
inferir, portanto, que a falta de urbanidade propicia a falta de 
vitalidade desses locais. Para Rogers (2015, p. 10), “à medida que a 
vitalidade dos espaços públicos diminui, perdemos o hábito de 
80 
 
participar da vida urbana da rua”, dessa forma, o cidadão se distancia 
mais dos problemas da cidade e intervém menos em sua gestão 
pública. 
Assim, os parques urbanos, enquadrados como espaços 
públicos, quando de qualidade influenciam positivamente o espaço 
urbano na promoção do desenvolvimento sustentável. 
É no final do século XVIII, na Inglaterra, que surgem os primeiros 
parques urbanos. Estes se apresentam como resposta à destruição de 
florestas, consequência da revolução industrial e crescimento das 
cidades. Nessa época, em virtude do caos urbano instalado com o 
crescimento dos subúrbios, de regiões habitadas sem a infraestrutura 
necessária, a natureza passa a ser vista como lugar ideal, pois 
apresentava uma fuga desse cenário urbanizado conturbado. Foi 
nesse contexto que surgiram os jardins ingleses, com base oposta aos 
jardins que, até então, eram produzidos, como os franceses, 
caracterizados pela perfeita simetria. Os jardins ingleses 
apresentavam formas orgânicas e davam preferências a terrenos com 
topografia irregular para parecer o mais natural possível. Esses locais 
apresentavam caminhos para que as pessoas pudessem circular e 
apreciar a natureza obtendo uma sensação de bem-estar (EMÍDIO, 
2006). Segundo Bovo e Conrado (2012), é na Inglaterra, após a 
revolução industrial, que os parques passam a apresentar função de 
lazer, surgindo a discussão dos parques como ferramenta de 
melhoria da qualidade de vida na cidade. 
De acordo com Bovo e Conrado (2012), no século seguinte o 
desenvolvimento de parques urbanos ganha mais destaque com os 
planos urbanísticos, para Paris, na Europa, desenvolvidos por 
Haussmann, iniciados em 1857 e finalizados em 1927. Nessa mesma 
época, se destaca nos EUA o arquiteto Frederick Law Olmsted, 
considerado pai do paisagismo e líder do movimento “Park 
Movment”, defendendo além da ideia de recreação como função dos 
parques urbanos, a de preservação dos recursos naturais. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 81 
 
Nos anos de 1930, foi revisado o modo de projetar o ambiente 
urbano (SCALISE, 2002). A partir de 1940, os parques passam a 
atender a população com novas formas de lazer como playgrounds, 
quadras esportivas e lanchonetes (KALLAS, 2005). Na década 
seguinte os parques passam a realçar as características cênicas das 
áreas verdes, gerando ambientes que despertam o interesse e a 
fantasia do usuário. Na década seguinte os parques se proliferaram 
em várias cidades do mundo (SCALISE, 2002). 
Os parques dentro da zona urbana apresentam-se como um 
local de contato com a natureza, os quais, quando presentes no 
espaço urbano, apresentam inúmeros benefícios para a cidade. O uso 
de elementos verdes na composição da cidade contribui com valor 
estético da paisagem urbana. No entanto, este não é sua principal 
contribuição, já que, por meio da arborização, é possível amenizar os 
efeitos da alta temperatura e aumento da drenagem de águas 
pluviais. Nota-se, também, o valor social apresentado com a 
vegetação na cidade e, principalmente, quando utilizada em espaços 
planejados com outras funções além da função estética. Dessa 
maneira, permite-se um maior contato entre homem e natureza, 
com a criação de locais de troca social, práticas esportivas, dentre 
outros. Observa-se, assim, que as cidades demandam, cada vez mais, 
esses locais em virtude dos impactos negativos gerados pelo 
adensamento urbano, sob a ótica do meio ambiente natural 
(BENFATTI; SILVA, 2013) 
Com base na importância apresentada pelos parques urbanos 
para as cidades, o presente capítulo apresenta como objeto de 
estudo o Parque Potycabana, situado na cidade de Teresina, capital 
do Estado do Piauí. Este parque criado há mais de vinte anos, ficou 
fechado por cinco anos, sendo reinaugurado em 2013. 
Pretende-se analisar se o parque, após sua reinauguração, 
favorece a urbanidade de Teresina, cumprindo com sua função social 
e, consequentemente, tendo influência no que diz respeito ao 
82 
 
desenvolvimento sustentável. Para isso foi observada a existência das 
relações sociais estabelecidas no local, procurando compreender se 
tais relações sofreram interferência pela modificação do espaço 
público, observando, para isso, seus usos pela população. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Para o alcance dos objetivos propostos pela pesquisa, fez-se 
necessáriaa pesquisa bibliográfica, por meio de fontes secundárias, 
enfocando aspectos relacionados ao tema de planejamento urbano, 
desenvolvimento sustentável, espaços públicos, paisagem ambiental, 
assim como, buscando pesquisas que trazem como objeto de estudo 
o parque Potycabana. 
Realizou-se, também, pesquisa de campo para verificação do 
uso do parque pela população. Na pesquisa, além da observação da 
existência de pessoas utilizando o parque e dos equipamentos 
existentes disponibilizados para estas, fez-se o registro fotográfico do 
local, a fim de comprovar tal observação, em duas datas distintas no 
ano de 2016, a primeira delas no dia 18 de junho, e a segunda no dia 
12 de outubro. Além disso, foram realizadas entrevistas com dois 
funcionários do local, na primeira visita, para se conhecer o 
funcionamento do parque, que foram gravadas e fotografadas, com 
uso de telefone celular. 
Nas entrevistas, procurou-se saber sobre a existência ou não 
de atividades desvinculadas da Gestão Estadual realizadas no parque, 
identificando qual o horário e dia mais visitado, qual a predominância 
de idade e sexo, qual a área do parque mais utilizada pelos visitantes, 
qual o seu horário de funcionamento e, ainda, questões relacionadas 
à manutenção e coleta de lixo (em que horários é feita a limpeza do 
parque, se houver e se há coleta seletiva do lixo). 
 
RESULTADOS 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 83 
 
 
Em relação aos parques urbanos de Teresina, o Parque 
Zoobotânico foi o primeiro parque criado na cidade, legalizado com a 
Lei 1.479, de julho de 1972, e concebido seguindo uma linha 
contemporânea de lazer ativo e contemplativo (PORTELA; BRITO, 
2009). Após 10 anos de sua criação é que outro parque vai ser criado, 
tratando-se, no caso, do Parque da Cidade, com intuito de manter, 
preservar e criar áreas verdes. Posteriormente surgiram mais 
parques, totalizando, 31 parques existentes, dentre os quais, de 
acordo com Kallas (2005), apenas quatro realmente correspondem, 
segundo a concepção contemporânea, a parques urbanos. Os demais 
estão, apenas, delimitados em Lei, estando relacionados a áreas 
livres, criadas com a denominação de parque, visando à proteção 
ambiental, mas que não apresentam as funções necessárias para tal 
finalidade. 
Dentre os parques da capital, encontra-se o parque 
Potycabana, criado em 1990, pelo então governador Alberto Silva. 
Situa-se na zona urbana de Teresina, com acesso pela principal pela 
Avenida Raul Lopes, que liga os dois shoppings centers da cidade, 
identificados na figura 01, e está localizado nas margens direita do 
Rio Poti. 
 
 
84 
 
Figura 01 - O Parque Potycabana e seu entorno 
 
 Fonte: Google maps, 2016, editado pelos autores. 
 
Esta proximidade com o rio, segundo Afonso e Saraiva (2011), 
sobre estudo arquitetônico da obra do parque propiciou inúmeros 
impactos ambientais após sua implantação, por se tratar de uma 
região, atualmente caracterizada como Área de Preservação 
Permanente. Somado a isto, a presença do parque no local, contribui 
com a valorização da região e sua urbanização, por conta da 
importância que passou a apresentar para a cidade, tratando-se de 
um dos primeiros e mais importantes espaços públicos de lazer. 
O parque Potycabana encontra-se em local de grande fluxo, 
por conta de sua proximidade com os três shoppings centers. Esta 
tipologia, característica do século XX, em que a iniciativa privada, 
segundo Gehl (2015), vê na falta de espaços públicos de qualidade, 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 85 
 
juntamente com a necessidade da população, a oportunidade de se 
ter uma nova fonte de rendimento, a partir da criação de espaços 
que promovam o encontro social, Além destes locais, deve-se 
salientar a proximidade do parque com outros espaços públicos, 
como o Rio Poty, como já mencionado, e a Floresta Fóssil, os quais 
apresentam demanda de revitalização pelo atual estado de 
degradação em que se encontram. 
O Parque Potycabana foi projetado no final dos anos de 
1980, inaugurado em 1990, construído pelo governo do Estado e 
administrado pela empresa Comércio de Bebidas Ltda (COBEL), 
distribuidora de bebidas Antártica. O projeto do parque, 
apresentando na figura 02, correspondia 80 mil metros quadrados, 
sendo bastante utilizado pela população após sua inauguração, em 
1990 (MARCULINO, et al. ,2010). 
 
Figura 02 - Projeto original da Potycabana 
 
 Fonte: REDAÇÃO, 2013. 
 
Analisando o projeto, é possível observar que o parque 
apresentava vários equipamentos de lazer para o público tornando-o 
bastante atrativo. No entanto, com o passar do tempo o local deixou 
86 
 
de ser um atrativo para a comunidade teresinense. Tal fato pode ser 
justificado por suas várias administrações e nenhuma manutenção, 
sendo utilizado apenas para feiras, e eventos de folguedos. Após a 
falência da COBEL, em 2001, o parque passou para o sistema 
Fecomércio/Sesc/Senac. No entanto, pelo fato desse processo não 
ter sido tramitado na Assembleia Legislativa Estadual, o mesmo foi 
anulado em 2006, voltando a ser administrado pelo estado. Em 2008, 
houve a destinação de verba do Estado para a recuperação do local. 
No ano seguinte, 2009, deram a previsão de entrega do parque em 
180 dias, a princípio essa obra seria de recuperação do local e sua 
função continuaria a mesma (AFONSO, 2010). 
Assim, o parque com o passar dos anos, perdeu seus visitantes 
e consequentemente sua função, sendo abandonado (Figura 03), 
sendo necessária, então, a atenção dos gestores públicos para o local 
e sua revitalização. 
 
Figura 03 - As condições do Parque Potycabana após seu desuso 
 
 Fonte: REDAÇÃO, 2013. 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 87 
 
Observam-se pela figura 03, que seus equipamentos 
permaneceram, porém encontravam-se em péssimas condições, 
após seu desuso e abandono. Fez-se necessário, portanto, um 
projeto de revitalização para este parque que, por muito tempo, se 
apresentou como espaço de lazer e de encontro para a população, 
sendo usado por alguns anos. 
A reinauguração do parque veio a acontecer no dia 16 de maio 
de 2013, com a presença do governador do estado desta época, 
todos os secretários estaduais e o prefeito de Teresina. No local teve 
apresentação de uma banda baiana para todas as pessoas presentes 
(RIBEIRO, 2012). 
Compreende-se nesse sentido que as intervenções em áreas 
públicas já consolidadas aparecem como estratégias capazes de 
proporcionar ambientes mais adequados à população, 
principalmente, quando se encontram fechados, como era o caso do 
parque Potycabana, tratando-se do objeto de estudo do presente 
capítulo. 
Portanto, o parque urbano, como forma de espaço público, 
tem um importante papel no cenário da sustentabilidade urbana e 
das relações sociais, devendo atender à sua função. Assim, fez-se 
necessário uma nova leitura do parque Potycabana e de suas 
condições, como se observa na figura 04, para que o mesmo voltasse 
a ser um atrativo para a população, fazendo parte de seu dia-a-dia. 
 
 
88 
 
Figura 04 - Proposta inicial de reforma do Parque Potycabana da 
Secretaria de Infraestrutura do Estado do Piauí 
 
Fonte: NEIVA, 2011, legendas ampliadas pelos autores. 
 
Esta proposta inicial de reforma do parque, no momento da 
construção sofreu algumas mudanças, embora a ideia base e a 
maioria dos equipamentos foram mantidas. Uma dessas 
modificações refere-se à retirada da piscina, a disposição diferente 
de alguns equipamentos, como o playground que na imagem está 
próximo ao Setor Esportivo 2, e na realidade encontra-se próximo ao 
Setor Esportivo 1, e outros que seguiram a idéia inicial. 
A retirada da piscina pode ser considerada como benéfica, já 
que o parque objetiva atender a um público numeroso, apresentandogrande fluxo de pessoas, logo sua manutenção e salubridade seriam 
de difícil controle. 
A proposta de reforma do parque foi divulgada em 2011, pela 
Secretaria Estadual da Infraestrutura (SEINFRA), descartando o 
parque aquático, principal função desde sua fundação, e 
incentivando práticas esportivas com a instalação das pistas de skate, 
quadras de vôlei, de tênis, campo de futebol, pista de caminhada, 
dentre outros equipamentos. Assim, o estímulo à prática de esportes 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 89 
 
é o principal aspecto que diferencia o novo projeto do projeto 
anterior. 
O parque Potycabana após sua reforma passou a ser um 
destino diário da população local. A população dispõe no parque de 
atividades físicas gratuitas com assistência de um profissional, como 
aulas de dança, aeróbica, jump, entre outras (Assessoria de imprensa, 
Capital Teresina, 2014). 
Em visita de campo realizada ao parque, foi identificada a 
estrutura disponibilizada para a população, como se observa na 
figura 05. A respeito de seus equipamentos, tem-se de acordo com o 
Regulamento do Parque Potycabana (2013), que se encontra dividido 
em Setor A e Setor B. O primeiro setor diz respeito aos equipamentos 
que correspondem às atividades de práticas esportivas e culturais. O 
Setor B corresponde à prática de atividades culturais e recreativas de 
baixo impacto, sendo representado pelos palcos e estacionamento. 
 
Figura 05 - Alguns equipamentos do parque disponíveis ao público 
 
 
Fonte: arquivo pessoal LOPES, 2016. 
 
De acordo com a figura 05, é possível visualizar alguns dos 
equipamentos do parque como o palco, duas quadras poliesportivas, 
90 
 
uma destas com arquibancada, duas pistas de skates, lanchonetes, 
brinquedos infantis, além de uma pista para pedestre e outra para 
ciclistas e patinadores, ambas distribuídas ao longo de todo o parque. 
Além desses equipamentos, o parque conta ainda com um campo de 
futebol, uma quadra de areia, três quadras de tênis. 
Por se tratar de um local na margem do rio e devido ao seu 
horário de funcionamento, o parque é todo cercado com três 
entradas de acesso, tendo um ponto de parada de ônibus, em frente 
ao parque, o que facilitaria o acesso dos usuários de várias partes da 
cidade. 
A grade se apresenta como um ponto negativo e reforça a 
cultura brasileira de isolamento dos ambientes, inclusive por se tratar 
de um espaço público, pois como o nome já diz, deveria ser acessível 
às pessoas a qualquer momento. No entanto, as grades tem se 
mostrado como fundamentais para sua preservação, uma vez que, 
restringe seu uso em horários que existe vigilância do local, evitando 
atos de depredação, muito comum no país, principalmente em locais 
como este. Trata-se da realidade cultural brasileira, tendo como 
exemplo o parque Floresta Fóssil, localizado nas imediações do 
Parque Potycabana, que apresenta sinais de vandalismo em seus 
fósseis. Sob essa ótica, reforça-se a necessidade de educação da 
população, para que se aprenda a cuidar de seus bens públicos. 
Nas entrevistas realizadas com os funcionários do parque 
foram obtidas várias informações, sobre os frequentadores, 
funcionamento e manejo do local. O primeiro entrevistado da 
pesquisa, Sr. Nascimento, afirmou que dentre os frequentadores do 
parque não há predominância de sexo, sendo estes em sua maioria 
jovens, apesar de muitas famílias também frequentarem bastante. Os 
locais mais disputados do parque são as pistas de skates e as quadras 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 91 
 
de futsal, sendo o dia de sábado o mais movimentado (informação 
verbal)49. 
Ele informou que o parque funciona no horário de 05:00 h às 
22:00 h todos os dias, sendo mais utilizado a partir das 18:00 h. Por 
conta disso, neste horário é realizada revista de bolsas e de pessoas 
com detector de metais. Com relação à realização de eventos, é 
necessário um agendamento, e o parque permanece aberto para 
qualquer visitante, ficando apenas os palcos sob-responsabilidade de 
quem o solicitou. Esses eventos normalmente são de cunho religioso. 
A limpeza do mesmo é realizada a cada 30 minutos, o que faz 
com que ele encontre-se sempre bem cuidado, atraindo ainda mais a 
população. De acordo com Sr. Silva, outro funcionário entrevistado, o 
parque possui pontos de coleta seletiva de lixo com lixeiras 
separadas, de acordo com o tipo de lixo, que, no entanto, não vai 
para a reciclagem, pois no próprio parque o mesmo é misturado com 
os demais quando recolhidos pelos funcionários, e são levados juntos 
pelo caminhão da prefeitura (informação verbal). 
A partir da visita, foram verificadas as mais variadas atividades 
no parque. Em vários locais, havia pessoas sentadas em círculos na 
grama, alguns em rodas de músicas religiosas, outros reunidos para 
confraternização, além ainda, de encontros em família, em que ficam 
conversando ou passeando com carrinhos de bebê. 
O parque apresenta-se, também, como um local de contato 
com a natureza, como citado, pela presença de vegetação. Sob esse 
aspecto, acredita-se que poderia ser melhorado, com melhor 
distribuição da vegetação do local, uma vez que, o espaço é bastante 
impermeabilizado e poderia contar com mais espécies vegetais. 
Foi observado, ainda, durante a visita, que a espécie 
predominante é a palmeira, o que não traz tantos benefícios de 
sombreamento, quanto às demais espécies, por possuir copa 
 
49 Dados fornecidos por C. Silva, em entrevista feita no parque Potycabana, em Teresina, no dia 
20 de junho de 2016. 
92 
 
pequena. Partindo desse ponto, nota-se, principalmente, que por se 
tratar de uma cidade com temperatura média elevada durante todo 
o ano, poderia haver uma melhora da qualidade do conforto do local, 
em consequência da arborização, se fossem adotadas árvores de 
grande porte, com copas altas e de grande circunferência, dando 
preferência às não frutíferas, para evitar acidentes com os usuários 
do espaço. 
Destaca-se como uma de suas principais funções alcançada, o 
fato de ser um local de interação social, levando ao uso do espaço 
público de forma diversificada, pela população em geral. Tal função 
até sua reinauguração, não era observada nos demais espaços 
existentes, destacando-se como um dos seus principais objetivos 
alcançados. Percebe-se assim, que o parque já faz parte da 
identidade da cidade, e tornou-se essencial ao seu bom 
funcionamento. 
Além do uso diário pela população, observa-se que no final de 
semana aumenta o número de crianças que vão ao parque levadas 
pelos pais para usufruírem do espaço. Ou ainda em dias de feriados, 
que aumenta seu uso, como por exemplo, o dia 12 de outubro, que 
coincide com o dia das crianças, ocasião que muitas delas vão se 
divertir no local. Nestas datas o parque oferece apresentações 
teatrais para seus usuários, como pode se observar na figura 06 que 
mostra um dos palcos sendo utilizado. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 93 
 
Figura 06: A utilização do parque em datas comemorativas 
 
Fonte: arquivo pessoal LOPES, 2016. 
 
Apesar de ser uma região localizada na margem do rio, em 
que, atualmente, pela legislação, seria proibido esse tipo de 
construção, com a reforma o parque pode reduzir seus impactos 
ambientais no local, principalmente pela retirada das piscinas, sendo 
trocadas por práticas esportivas consideradas de baixo impacto 
ambiental. 
Faz-se necessário, no entanto, a revisão de alguns aspectos em 
seu uso e manutenção, para que priorizem a sustentabilidade 
urbana, como a questão do lixo, que apesar de não ser um impacto 
direto do local, prejudica toda a cidade. Mais um aspecto a ser 
considerado, que depende da gestão municipal, por exemplo, seria 
um transporte público de melhor qualidade para que as pessoas não 
necessitemde carro para chegar ao local, uma vez que, o 
estacionamento existente não é suficiente para todos, e que o uso de 
transporte público é uma das bases da sustentabilidade. 
 
 
94 
 
CONCLUSÃO 
 
Com base na pesquisa realizada observa-se que o parque, 
apesar de todo o tempo que permaneceu inacessível à população, 
conseguiu, até o momento, atingir sua meta com função social. O 
parque passou a ser um espaço de destino da população de toda a 
cidade, que carecia de um local como tais características, fato 
provado pela frequência de seus visitantes. 
O parque Potycabana, diferente dos demais espaços da cidade, 
é um local de troca e contato entre as pessoas de diferentes camadas 
da sociedade, sexo e idade. Trata-se, também, de espaço de 
incentivo a prática de esportes, essencial para que o ser humano 
tenha uma boa qualidade de vida, e favoreça sua saúde física e 
mental. 
No entanto, nota-se, ainda que o local poderia ser palco de 
ações voltadas para a conscientização de alguns aspectos da 
sustentabilidade urbana, pois são os espaços públicos, os maiores e 
melhores locais para servirem de exemplo para a população sobre 
esse tema. Assim, a coleta de lixo deveria ser realizada, assim como o 
uso de energia sustentável, reuso de água, além da disposição de 
maior área permeável e maior variedade de espécies arbóreas. 
 
REFERÊNCIAS 
 
AGUIAR, D. Urbanidade e a qualidade da cidade. Arquitextos, São Paulo, ano 12, 
n.141.08, Vitruvius, mar. 2012. Disponível em: 
. Acesso em 
01 out. 2016. 
AFONSO, A. A. Parque Potycabana. Estudo arquitetônico da obra e sua intervenção 
na cidade: 1990-2010. [s.l.] 29 de ago. 2010. Disponível em: 
. Acesso em: 28 jun 2016 
AFONSO, A. A.; SARAIVA, S. V. Intervenções arquitetônicas contemporâneas em 
Teresina: parque Potycabana. Estudo arquitetônico da obra e sua intervenção na 
http://kakiafonso.blogspot.com.br/2010/08/parque-potycabana-estudo-arquitetonico.html
http://kakiafonso.blogspot.com.br/2010/08/parque-potycabana-estudo-arquitetonico.html
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 95 
 
cidade: 1990-2010. Anais... do XX Seminário de Iniciação Científica da UFPI. Teresina, 
2011. 
BOVO, M. C. D. CONRADO, O Parque Urbano no Contexto da Organização do Espaço 
da Cidade de Campo Mourão (PR), Brasil. Caderno Prudentino de Geografia, 
Presidente Prudente, n.34, v.1, p.50-71, jan./jul.2012. 
BENFATTI, D. M; SILVA, J. M. P. App e parques lineares: adoção de conceito ou 
arquétipo? Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v.20, n.27, 2013 
EMÍDIO, T. Meio Ambiente & Paisagem. São Paulo: SENAC, 2006. 
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. 3º Ed. São Paulo. Editora Perspectiva, 2015. 
GROSTEIN, M. D. Metrópole e expansão urbana a persistência de processos 
“insustentáveis”. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, v.15, n.1, p. 13- 19, 2001. 
KALLAS, L. M. E.; MACHADO, R. R. B. Parques Ambientais de Teresina-PI: diagnóstico 
e recomendações. In: Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor 
Chaves. Ano XVII, Nº. 37, ago 2005. 
MARCULINO, A. et al. Levantamento qualiquantitativo da arborização do parque 
Potycabana, V Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação. Maceió, novembro 
de 2010. Disponível em: Acesso em: 01 de jul de 2016 
MATOS, F. L. de. Espaços públicos e qualidade de vida nas cidades: O caso da cidade 
Porto. Observatorium: Revista Eletrônica de Geografia, Urbelândia, v. 2, n. 4, p.17-
33, 2010. Disponível em: . 
Acesso em: 09 out. 2016. 
NEIVA, L. Projeto do novo Parque Potycabana fica pronto: o novo parque será um 
espaço para a prática de esportes e inclusão social. Portal do Governo do Estado do 
Piauí. 2011. Disponível em: . 
Acesso em 06 set. 2016. 
PORTELA, M. G.; BRITO, J. S. O uso dos parques urbanos de Teresina-PI: estudo de 
caso do parque beira rio. IV Congresso de Pesquisa e Inovação da rede Norte e 
Nordeste de Educação tecnológica. Belém, 2009. 
REDAÇÃO. Potycabana é reaberta após 5 anos; relembre e veja fotos do Parque. 
Cidade verde, Teresina, 16 de maio 2013. Disponível em: 
 Acesso em: 27 jun 2016. 
SCALISE, W. Parques Urbanos - evolução, projeto, funções e uso. Revista 
Assentamentos Humanos, Marília, v. 4, n. 1, p. 17-24, 2002 
POTYCABANA incentiva a prática esportiva. Capital Teresina. Assessoria de imprensa. 
Teresina, 24 abr. 2014. Disponível em: 
http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index%20.php/connepi/connepi2010/paper/viewfile/1245/77%3e
http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index%20.php/connepi/connepi2010/paper/viewfile/1245/77%3e
http://www.cidadeverde.com/potycabana-ae-reaberta-apaos-5-anos-relembre-e-veja-fotos-do-parque-132975
http://www.cidadeverde.com/potycabana-ae-reaberta-apaos-5-anos-relembre-e-veja-fotos-do-parque-132975
96 
 
 Acesso em: 25 jun 2016. 
ROGERS, R. Cidade para um pequeno planeta. Barcelona: Gustavo Gilli, 2015. 
RIBEIRO, E. Parque Potycabana é inaugurado e ganhará passarela ligando Avenidas 
Marechal a Cajuína. Meio Norte, Teresina, 16 de maio 2013. Disponível em: 
 Acesso em: 25 jun 
2016. 
PIAUÍ. Regulamento do Parque Potycabana. Diário Oficial. 2013. Disponível em: 
. Acesso em 01 jul 2016. 
 
http://www.meionorte.com/efremribeiro/potycabana-e-inaugurada-e-ganhara-passarela-ligando-avenidas-marechal-a-cajuina-251737.html
http://www.meionorte.com/efremribeiro/potycabana-e-inaugurada-e-ganhara-passarela-ligando-avenidas-marechal-a-cajuina-251737.html
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 97 
 
Capítulo 5 
 
PARQUE DO POVO: LEVANTAMENTO QUANTIQUALITATIVO 
DA INFRAESTRUTURA E LAZER 
 
 
Talita Batista dos Santos50 
Milena de Moura Regis51 
Ana Paula do Nascimento Lamano Ferreira52 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O avanço no processo de urbanização e crescimento de 
cidades está transformando a paisagem em ritmo acelerado, 
pressionando e consequentemente causando grandes problemas ao 
ambiente. O desenvolvimento urbano não planejado afeta o espaço 
físico das cidades, contribuindo para o desequilíbrio ambiental e na 
qualidade de vida de seus habitantes. Essas transformações nas 
cidades conduzem a uma preocupação com o planejamento e gestão 
pública, a partir da compreensão da diversidade dos aspectos do 
espaço urbano com a dimensão socioambiental (BARGOS; MATIAS, 
2011). 
Nas últimas décadas, tem-se discutido com mais ênfase os 
problemas ambientais, tornando-se uma temática obrigatória para o 
cotidiano. As áreas verdes tornaram-se então um dos principais 
ícones de defesa do meio ambiente, por conta de sua degradação e 
 
50 Graduanda, Ciências Biológicas na Universidade Nove de Julho - UNINOVE, 
talitaasants@gmail.com 
51 Professora Mestre, Departamento de Saúde II da Universidade Nove de Julho - UNINOVE, 
milenaregis@hotmail.com 
52 Professora Doutora, Programa de Mestrado Profissional em Gestão Ambiental e 
Sustentabilidade na Universidade Nove de Julho- UNINOVE, ana_paula@uni9.pro.br 
98 
 
pelo seu pequeno espaço que lhes é destinado em centros urbanos 
tanto em relação a espaços públicos (LOBODA; DE ANGELIS, 2005), 
como privados (LAMANO-FERREIRA et al., 2016). 
Segundo Feiber (2004), as áreascidade e suas bacias hidrográficas. Assim, com 
os dados organizados foram apresentadas as maiores ocorrências em 
relação aos problemas urbanos; as medidas mais indicadas para 
sanar as ocorrências; além da classificação acerca das propostas 
apresentadas: quantas correspondem às medidas estruturais (como 
tratamento de efluentes, pavimentação permeável e renaturalização 
de corpos d'água) e às medidas não estruturais (como 
reassentamentos, desapropriação de várzeas, programas de 
educação ambiental e legislação tais como planos diretores e leis de 
uso e ocupação de solo). Em relação aos problemas mais recorrentes 
estão as enchentes, ocupação da área de várzea e despejo de 
efluentes. E em relação às medidas saneadoras, destacam-se a 
criação de áreas de lazer e parques lineares, captação de água de 
enchentes/pluvial, recuperação de mata ciliar, reflorestamento e 
implantação de corredores verdes. As autoras destacam que na 
maioria dos casos as medidas apontadas para recuperação das águas 
urbanas apoiam-se no conceito de Infraestrutura Verde através de 
propostas que objetivam a recuperação do meio ambiente e a busca 
pela sustentabilidade das cidades e bem-estar da população. 
Salienta-se também, a utilização em conjunto de medidas estruturais 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 9 
 
e não-estruturais, determinante para as novas expansões urbanas 
como garantia da qualidade de vida da população. 
O quarto trabalho, de autoria de Lara Citó Lopes, Wilza Gomes 
Reis Lopes, Letícia Soares Daniel e Diego Ribeiro Fontenele, 
apresenta como objeto de estudo o Parque Potycabana em Teresina-
PI. Criado há mais de 20 anos, ficou fechado por 5 anos, sendo 
reinaugurado em 2013. Os autores observaram os usos da população 
e a ocorrência de interferências destes usos após a modificação do 
espaço, analisando também, se após a reinauguração, o parque 
contribuiu para a urbanidade da cidade, cumprindo sua função social, 
influenciado pelo desenvolvimento sustentável. Após a observação 
dos usos locais, os autores destacaram que o parque, embora 
necessite de algumas ações voltadas ao aspecto da sustentabilidade 
urbana, como coleta de lixo, reuso de água, uso de energia 
sustentável, maior disposição de áreas permeáveis e maior variedade 
de espécies arbóreas, cumpre sua função social, uma vez que é 
frequentemente utilizado pela população, que necessitava deste tipo 
de espaço, além de fazer parte da identidade da cidade. 
Ainda em relação aos parques públicos, Talita Batista dos 
Santos, Milena de Moura Regis e Ana Paula do Nascimento Lamano 
Ferreira, realizaram o levantamento da infraestrutura do Parque 
Mario Pimenta Camargo, popularmente conhecido como Parque do 
Povo, de grande importância socioambiental para a cidade de São 
Paulo. As autoras destacam a importância do planejamento dos 
espaços públicos, visto que o desenvolvimento urbano não planejado 
contribui para o desequilíbrio ambiental e afeta a qualidade de vida 
de seus habitantes. Ao identificar os equipamentos presentes no 
local, as autoras apontam que o parque possui quantidade e 
qualidade referente à iluminação, quadras poliesportivas com 
marcação especial para esportes paraolímpicos, campo gramado para 
futebol, pista de skate, pista para caminhada/corrida, playgrounds, 
10 
 
academias ao ar livre e bebedouros adaptados para deficientes e 
animais. 
A praça é um dos principais elementos que compõe o espaço 
público. Nesse sentido, os autores Tatiane Monteiro Re e Marcos 
Clair Bovo buscam entender a praça como um elemento estruturador 
do espaço urbano, devido à diversidade de suas funções: estética, 
ecológica, paisagística, climática, psicológica e recreativa. Escolhidas 
como objeto de estudo, destacam-se duas praças da área central da 
cidade de Campo Mourão – PR, a Praça São José e a Praça Getúlio 
Vargas, administradas por entidades religiosas e pelo Poder Público 
Municipal que atuam na sua manutenção e conservação. Os autores 
apontam que ambas as praças desempenham as funções estética, 
ambiental e social, visto que as estruturas presentes possibilitam o 
convívio e a integração de pessoas de níveis sociais, culturais, 
econômicos e idades diferentes. Por fim, os autores sugerem a 
instalação de parque infantil, uma vez que não foram encontradas 
atividades de lazer gratuitas na cidade, assim como a instalação de 
um módulo policial e alguns pontos de água (bebedouros) para os 
usuários. 
Neste sentido, esperamos contribuir para que novos estudos e 
pesquisas sejam elaborados sobre os espaços livres de uso público no 
intuito de que, quanto melhor possa ser apropriado, reconhecendo o 
potencial do lugar, maior será sua aceitação social e por mais tempo 
será mantida sua identidade na cidade contemporânea. 
 
Boa Leitura! 
 
 
Norma Regina Truppel Constantino 
Karla Garcia Biernath 
Karina Andrade Mattos 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 11 
 
Capítulo 1 
 
OS PADRÕES URBANÍSTICOS DE PRODUÇÃO E GESTÃO DAS 
CIDADES E SUAS (DES)CONEXÕES COM OS 
 ESPAÇOS LIVRES URBANOS 
 
 
Karina Andrade Mattos1 
Norma Regina Truppel Constantino2 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Muitos são os benefícios ambientais e socioculturais 
associados à criação e manutenção de espaços livres urbanos. 
Constituídos por ruas, praças, parques, pátios, quintais, jardins, lotes 
vagos, estacionamentos descobertos, áreas verdes, orlas, rios e 
represas, os espaços livres formam um importante sistema urbano, 
que junto com outros sistemas, tecem relações de conectividade e 
complementaridade fundamentais a vida pública. 
Elemento da forma urbana, os espaços livres exercem – em 
função de sua forma, volume, distribuição e tamanho – inúmeras 
influências sobre o funcionamento das cidades e o comportamento 
humano, pois garantem áreas de preservação ambiental, de lazer e 
convívio social, além de atender as necessidades básicas urbanas de 
circulação, drenagem, conforto e segurança. 
 
1 Mestranda e bolsista Capes/PROPG UNESP, Universidade Estadual Paulista – PPGARQ Unesp - 
Bauru. E-mail: karina_amattos@hotmail.com 
2 Professora Doutora, Universidade Estadual Paulista – PPGARQ Unesp - Bauru. E-mail: 
nconst@faac.unesp.br 
12 
 
Contudo, o que se vê atualmente em algumas cidades 
brasileiras é um conjunto de espaços livres precários e 
desconectados de seu entorno edificado – as calçadas são estreitas e, 
na maioria das vezes, estão em péssimo estado de conservação; nas 
ruas e avenidas, carros e caminhões formam congestionamentos 
quilométricos, levando caos e desordem para as principais vias da 
cidade; os parques e praças sem manutenção se tornam locais hostis 
e perigosos; a arborização urbana é deficiente em praticamente 
todos os pontos da cidade; terrenos vazios e abandonados tornam os 
locais insalubres e propensos a doenças e contaminações. O sistema 
de espaços livres sofre com as descontinuidades políticas e a má 
distribuição de terra e de renda. 
Dessa forma, discutir os padrões urbanísticos de produção e 
gestão das cidades torna-se, em primeira instância, imprescindível 
para o entendimento e a análise dos espaços livres, principalmente 
em função das questões culturais, econômicas e urbanísticas que 
regem as relações entre o Estado e o mercado imobiliário. Elemento 
indutor dos projetos urbanos, o sistema de espaços livres públicos 
deve anteceder a formação das construções urbanas por meio de 
uma prévia definição conceitual e formal, considerando, sobretudo, 
as especificidades socioambientais de cada local, diferente do que 
ocorre em grande parte das cidades atualmente. Hoje, as novas 
dinâmicas de produção do espaço urbano baseiam-se, 
principalmente, em ações de cunho econômico e político. Assim, na 
tentativa de mudar tal conjuntura, acredita-se que as formulações 
conceituais da paisagemverdes possuem importância 
funcional no metabolismo da cidade. Estas atuam no conjunto de 
fenômenos físicos e químicos necessários a vida, como a redução da 
poluição e a ciclagem de nutrientes (FERREIRA et al., 2014). Além 
disso, os espaços verdes das cidades garantem a conservação e 
abrigo a fauna existente, papel importante na prestação de serviços 
ecossistêmicos (LAMANO-FERREIRA et al. 2016). 
Chiesura (2004) relata sobre a importância de áreas verdes 
urbanas para a qualidade de vida humana, agindo simultaneamente 
sobre o lado físico e mental do homem, tornando-se imprescindível 
para o bem-estar da população. O estudo de França et al. (2016) 
sobre conhecimentos ecológicos, mostra que os entrevistados 
mencionam que as plantas são importantes para a cidade e estão 
relacionadas com redução de poluentes atmosféricos. Entretanto, os 
entrevistados mencionam que em parques públicos consideram 
importantes: lixeiras, iluminação, gramado, ornamentação e por 
última pavimentação. 
Os inúmeros benefícios que as áreas verdes urbanas 
proporcionam à sociedade são disponibilizados principalmente pelos 
parques públicos. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) considera 
os parques urbanos como “áreas verdes de domínio público com 
função ecológica, estética e de lazer”. Esses espaços estão 
relacionados à gestão ambiental e a qualidade de vida das 
populações que habitam os centros urbanos, por meio dos serviços 
ambientais que são prestados, como a preservação de recursos 
naturais, a socialização e o aprendizado (CARDOSO et al., 2015). 
O planejamento, a conservação e a manutenção de espaços 
verdes urbanos, como os parques, interferem em seu desempenho 
funcional para alcançar a maior eficiência possível, influenciando 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 99 
 
diretamente na qualidade de vida da população. Bem como, 
amenizando as consequências negativas que o avanço acelerado da 
urbanização provoca ao meio ambiente (BARGOS; MATIAS; OTHERS, 
2012). 
De acordo com Benini et al. (2016), as cidades brasileiras têm 
carência de espaços públicos destinados ao lazer e recreação. Nesse 
contexto, o presente capítulo teve como objetivo realizar o 
levantamento da infraestrutura do Parque Mario Pimenta Camargo, 
localizado na capital paulista, popularmente conhecido como Parque 
do Povo, com o intuito de informar quais equipamentos o parque 
urbano pode oferecer aos frequentadores. 
O Parque do Povo foi escolhido como área de estudo devido à 
importância socioambiental que representa para a região onde está 
implantado. O Parque foi inaugurado em 28 de setembro de 2008 e 
tornando-se um importante espaço para a avaliação da conservação 
e manutenção de áreas verdes urbanas da cidade de São Paulo. Pois 
seu planejamento, gerenciamento e fiscalização, são mantidos por 
meio de políticas públicas entre gestores municipais e representantes 
da sociedade civil. 
 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
2.1 ÁREA DE ESTUDO 
 
O presente estudo foi realizado no Parque do Povo, localizado 
no bairro Itaim Bibi, na zona Sul do Município de São Paulo, próximo 
às Avenidas Cidade Jardim, Henrique Schaumann e Nações Unidas 
(Figura 1). O Parque foi instalado numa área que pertencia a Caixa 
Econômica Federal (CEF) e ao Instituto Nacional de Seguro Social 
(INSS). Durante duas décadas, diversas agremiações esportivas 
ocuparam o local, até que em 2006 a Prefeitura conseguiu a 
concessão do espaço. Sua área é de 133.547 m2 e atualmente o 
100 
 
espaço é propriedade da Construtora WTORRE Empreendimentos e 
da Prefeitura Municipal de São Paulo. 
 
Figura 1 - Vista superior da área do Parque Mario Pimenta Camargo 
 (Parque do Povo) e seus arredores. 
 
 Fonte: Google Earth, 29.04.2016 
 
O Parque do Povo está localizado em uma área nobre na região 
oeste da cidade de São Paulo. Possui fácil acesso a diversos 
estabelecimentos comerciais, centros empresariais e residenciais. 
Além de, no entorno do parque serem encontrados pontos de táxi e 
de ônibus, bem como a estação Cidade Jardim da CPTM (Companhia 
Paulista de Trens Metropolitanos). 
O parque funciona diariamente das 6h00 às 22h00, e sua 
infraestrutura possui complexos esportivos, como: quadras 
poliesportivas; campo de futebol gramado; ciclovia; pista de 
caminhada; aparelhos de ginástica para a terceira idade e atividades 
permanentes, por exemplo, o grupo de caminhada e o de Tai Chi Pai 
Lin. Além disso, o parque também dispõe de roteiros botânicos, 
como: o Jardim dos Sentidos, no qual os frequentadores podem 
apalpar, morder e sentir o aroma das folhas de espécies vegetais. 
Segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente 
da Prefeitura de São Paulo, foram registradas no Parque 32 espécies 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 101 
 
de plantas, dentre elas 2 espécies ameaçadas de extinção, a 
Grumixama (Eugenia brasiliensis) e o Pau-Brasil (Caesalpinia 
echinata), além de 37 espécies de aves típicas de ambientes abertos, 
como o tico-tico, quero-quero, asa-branca, beija-flor-tesoura, rolinha, 
pica-pau-do-campo, suiriri-cavaleiro, sabiá-do-campo, maracanã-
nobre, tuim, sanhaçu-do-coqueiro, ferreirinho-relógio, alegrinho, 
pitiguari e avoante. 
 
2.2 COLETA E ANÁLISE DE DADOS 
 
Para o desenvolvimento desta pesquisa, os dados coletados 
foram baseados em fichas propostas por De Angelis et al. (2004). As 
fichas foram preenchidas durante as visitas ao parque, as quais 
ocorreram nos dias 05 de março de 2016 e 16 de abril de 2016. 
O parque foi categorizado a partir do levantamento 
quantiqualitativo, adaptado ao Parque do Povo a partir de trabalhos 
realizados com praças na cidade de São Paulo (OLIVEIRA, 2014). Foi 
observada a estrutura existente no local, assinalando a presença ou 
ausência de equipamentos e estruturas. Ainda sob o método dos 
autores, foi levantada a quantidade de cada estrutura existente, além 
de avaliar suas condições no ambiente. As fichas foram preenchidas 
de acordo com a observação do pesquisador. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Os resultados obtidos, a partir do levantamento qualitativo e 
quantitativo dos equipamentos e estruturas existentes no Parque do 
Povo, demonstram que o Parque possui boa iluminação, alternando 
entre pontos altos, localizados nos gramados centrais do parque e 
nas quadras poliesportivas, e pontos baixos, rodeando as pistas de 
caminhada e ciclovias, conforme tabela 1. 
 
102 
 
Tabela 1. Levantamento qualitativo e quantitativo dos equipamentos e estruturas existentes no 
Parque do Povo. 
EQUIPAMENTOS/ESTRUTURAS QUANTIDADE QUALIDADE 
1. Bancos – material: madeira e concreto 97 BOM 
2. Iluminação alta e baixa 156 BOM 
3. Lixeiras 72 ÓTIMO 
4. Sanitários 4 ÓTIMO 
5. Bebedouros 6 ÓTIMO 
6. Caminhos – material: concreto 3 BOM 
7. Obra de arte: 2 BOM 
8. Ponto de ônibus 2 BOM 
9. Ponto de táxi 1 BOM 
10. Quadra esportiva 3 ÓTIMO 
11. Para prática de exercícios físicos 2 ÓTIMO 
12. Para terceira idade 2 ÓTIMO 
13. Parque infantil 1 ÓTIMO 
14. Identificação 2 BOM 
15. Edificação institucional 2 ÓTIMO 
Fonte: O autor, 2016 
 
O Parque dispõe de bancos de madeira e de concreto (figura 2) 
distribuídos em toda a sua extensão. Estes se localizam 
principalmente nos arredores das pistas de caminhada, ciclovias, 
playgrounds e quadras e estão bem conservados, atendendo sua 
funcionalidade. Rodeados pelos bancos em lugares estratégicos, 
foram localizados 9 bituqueiras, que são aparatos destinados ao 
descarte de bitucas de cigarro. 
Assim como os bancos e a iluminação, as lixeiras estão 
distribuídas em toda a extensão do Parque, a maioria delas apresenta 
um bom estado de conservação. Cabe ressaltar que foram localizados 
três tipos de recipientes: destinadas ao descarte de dejetos de 
animais; com segmentos sugerindo o descarte de resíduo reciclável e 
não reciclável, e com segmentação de materiais recicláveis, taiscomo: papel; plástico; metais; vidro e orgânico. Na figura 3 é possível 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 103 
 
observar os recipientes de diferentes segmentos (figura 3. a e d), 
além de equipamentos de iluminação e bebedouros de água (figura 
3. b e c). 
 
Figura 2. Bancos do Parque do Povo: a – banco de madeira; b – banco de concreto 
 
 Fonte: O autor, 2016 
 
Conforme mencionado anteriormente, lixeiras e iluminação 
são prioridades dentre frequentadores de parques públicos (FRANÇA 
et al., 2016). No entanto, frequentadores percebem estes espaços 
como locais para convivência e interação social, o qual proporciona 
aos moradores da cidade o contato com a natureza (DORIGO; 
LAMANO-FERREIRA, 2015). 
 
 
 
104 
 
Figura 3. Equipamentos do Parque do Povo: 
a – lixeiras recicláveis; b - iluminação baixa, lixeira e banco; c – bebedouro; d – lixeira. 
 
 
 Fonte: O autor, 2016 
 
Os equipamentos de atividades físicas para idosos, 
denominados como academia da terceira idade, estão em bom 
estado. Possuem informativos com orientações sobre a forma de uso, 
como se alongar e quais benefícios cada equipamento proporcionam 
ao frequentador. Aparelhos similares aos de idosos também foram 
localizados no parque, com funcionalidade similar, destinados ao 
público mais jovem. 
Há no parque um playground, dividido em três aglomerados, 
com estruturas de madeiras e de ferro. Este local de lazer infantil é 
constituído por vários brinquedos, atraindo as crianças pela 
criatividade das brincadeiras, conforme figura 4. 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 105 
 
Figura 4. Infraestrutura do Parque do Povo: a – aparelho de ginástica; b – aparelho de ginástica 
para a terceira idade; c – administração; d – playground 
 
 
Fonte: O autor, 2016 
 
No complexo esportivo do Parque do Povo as quadras 
poliesportivas possuem marcação especial para esportes 
paraolímpicos, e um campo de futebol gramado. Estão em bom 
estado, possuem iluminação alta e seu piso está pintado e bem 
conservado. Próximos a esse complexo e nos demais arredores do 
Parque, foram localizados bebedouros, todos em funcionamento. 
Cabe ressaltar que os bebedouros são adaptados para cadeirantes e 
também para os animais. 
O Parque possui pista de skate e patins, de caminhada/corrida 
e ciclovias. Seu piso é impermeável e o material constituinte é o 
concreto reaproveitado do entulho de construção civil das 
edificações que existiam no local. A pista de caminhada/corrida está 
localizada em todo perímetro do parque, esta é margeada por 
vegetação, porém com um baixo sombreamento, devido à diminuta 
área vegetativa no parque. A pista de skate e patins está localizada 
106 
 
próximo ao complexo esportivo do parque, e a ciclovia no entorno 
geral do local, com duas entradas e saídas, que dão acesso a ciclovias 
externas das avenidas próximas ao parque. 
Ao redor do parque, foram localizados dois pontos de ônibus e 
um ponto de taxi, facilitando o acesso ao local. A possibilidade de 
acessar o Parque do Povo utilizando transporte público se faz 
importante porque o Parque não possui estacionamento. 
O parque possui dois prédios de apoio à administração, onde 
estão localizados os banheiros e a sede administrativa do local. Sua 
construção possui ventilação natural e prioriza a luz do dia, reduzindo 
o uso de energia elétrica. No entorno dos prédios observa-se murais 
com informativos gerais sobre as normas do parque, horários de 
atendimento, contato com a administração e atividades culturais e 
esportivas. 
Em dois pontos do Parque foram localizadas duas esculturas 
esculpidas em bronze fundido e patinado. A escultura “Homem na 
Chuva” de Christina Motta (São Paulo, 1944) e uma peça de Florian 
Raiss denominada como “Os Quadrúpedes”. Na figura 5 é possível 
visualizar as esculturas em questão. 
Em toda a área do Parque são encontradas placas informativas 
identificando as espécies de plantas, os equipamentos e 
infraestrutura do local (pistas, banheiros, bebedouros, quadras, 
administração, entre outros), além de informativos sobre as normas 
de cada ambiente do parque. Cabe informar que o parque não possui 
pontos de venda de alimentos, telefones públicos e estacionamento. 
Também é importante mencionar que o Parque do povo apresenta 
poucos espaços com sombreamento para os frequentadores, uma 
vez que as árvores ainda são jovens. 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 107 
 
Figura 5. Obras de arte do Parque do Povo: 
a – Homem na Chuva; b – Os Quadrúpedes 
 
 
 Fonte: O autor, 2016 
 
 
Por fim, cabe sinalizar que não foram localizados no Parque do 
Povo: telefones públicos, palcos, chafariz e nascentes, bancas de 
revistas e jornais para venda, quiosques de alimentação e templos 
religiosos. Apesar da diversidade de espécies de árvores exóticas, 
nativas frutíferas, madeiras nobres e trepadeiras, foi observado 
pouca área arbórea densa, o que torna este espaço uma área aberta 
e com pouca sombra. 
 
108 
 
4 CONCLUSÃO 
 
O Parque do Povo possui quantidade e qualidade ao que se 
refere à infraestrutura para a população, com ótima estrutura e 
equipamentos esportivos. Desse modo, infere-se que o Parque foi 
planejado visando o público que busca praticar atividades físicas, 
como: futebol; ginástica/CrossFit; corridas/caminhadas; yoga; 
massagem; artes marciais; dentre outras práticas. Além disso, foi 
observada a presença de frequentadores com crianças que fazem uso 
de playgrounds, idosos utilizando as academias voltadas à terceira 
idade, visitantes passeando com animais de estimação, bem como, 
frequentadores utilizando os espaços mais sombreados para prática 
de piquenique e descanso. 
Sugere-se conhecer a percepção dos frequentadores deste 
parque, assim como estes utilizam o espaço. Essas informações 
podem auxiliar o gestor nas tomadas de decisão e contribuir para a 
manutenção do mesmo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARGOS, D. C.; MATIAS, L. F. Áreas verdes urbanas: um estudo de revisão e proposta 
conceitual. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v. 6, n. 3, p. 172–
188, 2011. 
BARGOS, D. C.; MATIAS, L. F.; OTHERS. Mapeamento e análise de áreas verdes 
urbanas em Paulínia (SP): estudo com a aplicação de geotecnologias. Sociedade & 
Natureza, v. 24, n. 1, p. 143–156, 2012. 
BENINI, S.M.; ROSIN, J.A.R.G.; MARTIN, E.S. A importância das áreas verdes de uso 
público na cidade contemporânea. In: Benini, S.M.; Rosin, J.A.R.G. (Org.). Estudos 
Urbanos: uma abordagem interdisciplinar da cidade contemporânea. 2ed.Tupã: 
ANAP, 2016, p. 307-323. 
CARDOSO, S. L. C.; VASCONCELLOS SOBRINHO, M.; VASCONCELLOS, A. M. DE A. 
Gestão ambiental de parques urbanos: o caso do Parque Ecológico do Município de 
Belém Gunnar Vingren. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 7, n. 1, p. 74–
90, 2015. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 109 
 
CHIESURA, A. The role of urban parks for the sustainable city. Landscape and urban 
planning, 68(1), 129-138. 
DE ANGELIS, B. L. D.; CASTRO, R. M. DE; DE ANGELIS NETO, G. Metodologia para 
levantamento, cadastramento, diagnóstico e avaliação de praças no Brasil. 
Engenharia Civil, v. 4, n. 1, p. 57–70, 2004. 
DORIGO, T. A.; LAMANO-FERREIRA, A. P. N. Contribuições da Percepção Ambiental 
de Frequentadores Sobre Praças e Parques no Brasil (2009-2013): Revisão 
Bibliográfica. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade-GeAS, v. 4, n. 3, p. 31–
45, 2015. 
FEIBER, S. D. Áreas verdes urbanas: imagem e uso - o caso do passeio público de 
Curitiba-PR. Raega-O Espaço Geográfico em Análise, v. 8, 2004. 
FERREIRA, M. L.; SILVA, J.L.; PEREIRA, E.E.; LAMANO-FERREIRA, A.P.N. Litter fall 
production and decomposition in a fragment of secondary Atlantic Forest of São 
Paulo, sp, southeastern Brazil. Revista Árvore, v. 38, n. 4, p. 591–600, 2014. 
FRANÇA, J.U.B.;LAMANO-FERREIRA, A.P.N.; RUIZ, M.S.; QUARESMA, C.C.; KNIESS, 
C.T.; RAMOS, H.R.; FERREIRA, M.L. Ecological knowledge about protected areas in 
the East zone of São Paulo, SP: implications for sustainability in urban área. Holos, v. 
3, p.171-185, 2016. 
LAMANO-FERREIRA, A.P.N.; FERREIRA, M.L.; FRANCOS, M.S. ; MOLINA, S.M.G. 
Espaços residenciais urbanos e suas implicações na conservação da biodiversidade. 
In: Benini, S.M.; Rosin, J.A.R.G. (Org.). Estudos Urbanos: uma abordagem 
interdisciplinar da cidade contemporânea. 2ed.Tupã: ANAP, 2016, p. 349-362. 
LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e 
funções. Ambiência, 2005. 
OLIVEIRA, K.C.; LAMANO-FERREIRA, A.P.N.; RUIZ, M. Levantamento qualiquantitativo 
de equipamentos e estrutura de cinco praças na cidade de São Paulo, SP. Periódico 
Técnico e Científico Cidades Verdes, v.2, n.2, p. 59-73, 2014. 
 
110 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 111 
 
Capítulo 6 
 
AVALIAÇÃO DAS INFRAESTRUTURAS DAS PRAÇAS CENTRAIS 
DA CIDADE DE CAMPO MOURÃO – PR 
 
 
Tatiane Monteiro Re53 
Marcos Clair Bovo54 
 
 
O aumento da população urbana de forma desordenada, 
principalmente a partir da década de 1970, trouxe consigo o 
aumento dos problemas econômicos e socioambientais e, 
consequentemente, a diminuição da qualidade de vida da população. 
É nesse sentido que temas relacionados ao desenvolvimento urbano 
sustentável vêm sendo debatidos por pesquisadores nos níveis 
técnicos e científicos, porque se tornaram questões cada vez mais 
presentes para o planejamento e para a gestão urbana. 
Assim, nesta pesquisa, buscamos entender a praça enquanto 
um elemento estruturador do espaço urbano, pois atende a várias 
funções, dentre elas destacamos: a social, a estética, a ecológica, a 
paisagística, a climática, a psicológica e a recreativa. Dessa forma, a 
praça pública é utilizada pela população como espaço de lazer, de 
descanso, de circulação de pessoas, de embelezamento ou apenas 
desfruta-se de sua paisagem por proporcionar um contato mais 
próximo com a natureza no meio urbano. Dada a importância da 
praça para a população citadina, a presente pesquisa tem como 
 
53 Mestranda do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar Sociedade e Desenvolvimento da 
Universidade Estadual do Paraná – Campus Campo Mourão. tatiane@utfpr.edu.br 
54 Professor Adjunto do Colegiado de Geografia e do Programa de Pós-graduação 
Interdisciplinar Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná – Campus 
Campo Mourão. mcbovo69@gmail.com 
112 
 
objetivo/intenção caracterizar e analisar a Praça São José e a Praça 
Getúlio Vargas na cidade de Campo Mourão (PR), destacando-se os 
aspectos paisagísticos e as infraestruturas existentes de forma a 
propor medidas que auxiliem no planejamento e gerenciamento 
destes logradouros. 
 
A PRAÇA ENQUANTO ESPAÇO PÚBLICO 
 
A praça é um dos principais elementos que compõem uma 
cidade. Na história da humanidade, encontramos praças desde 
tempos mais antigos. A Ágora, na Grécia antiga, e o Fórum romano 
eram os espaços públicos de uso coletivos mais importantes na 
cidade, servindo como ponto de encontro, comércio e circulação de 
pessoas. Na Idade Média, as praças assumem funções específicas: 
praça da igreja, praça de mercado, praça de entrada da cidade, praça 
do centro da cidade, entre outras. No Renascimento, além dos 
valores funcionais, elas ganham valores estéticos e passam a 
ornamentar a cidade. Segundo De Angelis et al. (2005), é nesse 
período histórico que a praça se converte em um dos principais 
elementos urbanísticos para a transformação e embelezamento das 
cidades. 
No Brasil, as praças coloniais surgiram a partir das igrejas, 
como observamos em Marx (1980, p. 222): “logradouro público por 
excelência, a praça deve sua existência, sobretudo, aos adros das 
nossas igrejas”. A partir da igreja e da praça surgia a cidade com os 
principais prédios públicos e melhores moradias, sendo, portanto, os 
espaços mais nobres da cidade. Nas palavras de Robba e Macedo 
(2002, p. 22), “era ali que a população colonial manifestava sua 
territorialidade, os fiéis demonstravam sua fé, os poderosos, seus 
poderes, e os pobres, sua pobreza”. Apesar de terem sido, por muito 
tempo, símbolo do poder religioso, as praças brasileiras também 
representavam as funções cívicas e militares. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 113 
 
Com o aumento da população e o crescimento desordenado 
das cidades brasileiras, os espaços livres passaram a ser cada vez 
mais valorizados tanto para recreação como para embelezamento da 
cidade. Tal fato altera a função das praças brasileiras e marca o 
surgimento das praças ajardinadas na história dos espaços livres 
urbanos no país. 
Para estudar as praças brasileiras, precisamos considerar o 
desenvolvimento do paisagismo no país. Segundo De Angelis (2000), 
o paisagismo brasileiro se define no século XIX a partir da 
consolidação de uma rede de cidades, situadas principalmente ao 
longo do litoral e sob forte influência urbanística europeia (francesa e 
inglesa), que contribuiu para a criação de espaços públicos (parques, 
praças e boulevards). 
Macedo (1998, p.15), por meio do Projeto Quapa, destaca o 
paisagismo brasileiro em três períodos distintos: o ecletismo, o 
moderno e o contemporâneo: 
 Ecletismo: Recebeu forte influência europeia. Marcado 
pelo surgimento dos primeiros parques públicos, praças 
ajardinadas, jardins dos barões do café. 
 Moderno: Marcado pelo uso de vegetação nativa e 
rompimento com escola clássica. Destaque para os 
trabalhos de Roberto Burle Marx em Recife e Rio de 
Janeiro. 
 Contemporâneo: Recebeu influência paisagística japonesa, 
americana e francesa utilizando estruturas construídas e 
vegetação. Desenvolveu-se a partir dos anos 1980 e 1990. 
A incorporação da vegetação no espaço público brasileiro 
mostra a necessidade do contato do homem urbano com a natureza, 
fato marcado pelo surgimento de hábitos de jardinagens, pela 
abertura dos jardins botânicos para a população e pela arborização 
das ruas e praças públicas. 
114 
 
Em síntese, os imensos espaços abertos e sem vegetação, que 
serviam apenas como local de encontro começam a ser planejados 
para atender às novas funções que surgem nas cidades brasileiras. A 
inserção de arborização, inclusive a nativa que antes era 
desvalorizada, colabora para que o espaço urbano seja pensado tanto 
em nível estético como em nível funcional. 
Hoje, essa valorização passa a constituir em um dos 
indicadores de qualidade dos espaços livres públicos, pois além de 
servir como um fator de embelezamento da cidade permite uma 
ruptura na paisagem constituída por edificações, proporcionando 
tanto espaços de passagem, embelezamento e ordenamento urbano 
quanto espaço de sociabilidade da população. Porém, apesar do 
empenho das administrações municipais em equipar e manter as 
praças públicas brasileiras percebe-se um abandono desses espaços 
por parte da população, principalmente nos grandes centros, que 
apresentam outros atrativos de consumo e lazer como shoppings e 
televisão. 
Vários pesquisadores, dentre eles Marx (1980), Ferrara (1993), 
Segawa (1996), Robba e Macedo (2002), Sun Alex (2008), Serpa 
(2011) têm discutido em seus trabalhos a importância das praças 
públicas na sociedade brasileira. 
Para Robba e Macedo (2002), estudos sobre praça devem 
considerar seu uso e sua acessibilidade. No primeiro caso, por ser 
espaço público urbano destinado ao lazer e ao convívio da 
população, e acessibilidade por ser espaço livre de veículos e 
acessível ao cidadão. 
Outro autor que discute a questão da acessibilidade é Sun Alex 
(2008), para o qual “a praça não é apenas um espaço físico aberto, 
mas também um centro social integrado ao tecido urbano.Sua 
importância refere-se a seu valor histórico, bem como a sua 
participação contínua na vida da cidade” (2008, p. 23). Destaca que a 
acessibilidade é um dos fatores fundamentais para o uso e 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 115 
 
apropriação do espaço público. O acesso a esse espaço pode ser 
físico (com barreiras físicas que impeçam o acesso), visual (ameaça 
visual de que o lugar não é seguro) e simbólico ou social (sinais que 
sugerem quem não é bem vindo ao local); eles podem ser 
combinados tornando o local mais ou menos convidativo ao uso 
(2008, p. 25). 
Como dito anteriormente, as praças são elementos de grande 
importância para a população à medida que atendem às várias 
funções: estética (embelezamento), ambiental (qualidade do 
ambiente), social (convivência entre pessoas de faixa etária diversa) e 
simbólica (lazer, descanso). A questão da acessibilidade, portanto, é 
primordial para garantir o uso e a permanência das pessoas nos 
espaços públicos. Sun Alex (2008) alerta que: 
 
O desuso das praças acarreta a perda de oportunidades de 
sociabilização e de fortalecimento da cidadania, contribuindo para o 
aumento da dependência de espaços privados para a prática da vida 
pública e, consequentemente, das desigualdades sociais e da 
exclusão. Garantir o acesso público e o uso coletivo – condições 
essenciais para promover a vida pública nas praças – é um desafio e 
uma responsabilidade para a cidade e para o paisagismo. (ALEX, 
2008, p. 279). 
 
O espaço público é compreendido por Serpa (2011, p. 9) como 
espaço da ação política, ele o analisa enquanto mercadoria para 
consumo de poucos segundo a lógica do sistema capitalista. Para 
tanto, aborda os conceitos de: cidadania, política e acessibilidade. A 
acessibilidade física (sem barreiras que impeçam o acesso) e também 
a acessibilidade simbólica (à medida que a apropriação espacial 
seleciona ou limita o acesso ao espaço público). 
Para Serpa (2011), as transformações urbanas têm sofrido 
influência do consumo e do lazer da classe média, multiplicando, 
assim, a valorização do solo. Aponta que há uma tendência em se 
investir em espaços públicos “visíveis”, aqueles com maior destaque 
na cidade. 
116 
 
METODOLOGIA 
 
Para a realização deste capítulo, adotamos os seguintes 
procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica sobre praças 
públicas, áreas verdes urbanas e espaço público; trabalho de campo 
para levantamento das estruturas e mobiliários presentes nas Praças 
São José e Getúlio Vargas da cidade de Campo Mourão e registro 
fotográfico dessas estruturas. 
Para avaliar de forma qualitativa e quantitativa as estruturas e 
mobiliários, utilizaremos a metodologia desenvolvida por De Angelis 
(2000), que estabelece parâmetros fixos de avaliação das estruturas 
existentes nas praças: bancos, iluminação, sanitários, lixeiras entre 
outras. Com o estabelecimento de parâmetros fixos, buscamos evitar 
que o mesmo equipamento seja avaliado de forma diferente. 
O registro fotográfico permitirá apresentar em forma de 
mosaico a qualidade das estruturas e mobiliários presentes nas 
Praças São José e Getúlio Vargas. 
 
ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 
O presente objeto teve como recorte espacial as Praças São 
José e Getúlio Vargas (Figura 1) do município de Campo Mourão, que 
está localizado na Mesorregião Centro Ocidental Paranaense. 
Segundo o IBGE (2014), possui população total de 87.194 habitantes, 
sendo 4.518 habitantes residentes na área rural e 82.676 na área 
urbana. Conforme o Instituto Paranaense de Desenvolvimento 
Econômico e Social (IPARDES, 2015), esse município possui uma área 
de 763,637 km², está a 447,18 km distante da capital do estado e o 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 2010, era de 0,757, 
ligeiramente acima do índice do estado que é de 0,749. 
As praças São José e Getúlio Vargas estão localizadas na área 
central da cidade de Campo Mourão. Na década de 1940, 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 117 
 
compunham um único espaço no entorno da igreja São José, 
destinado às comemorações religiosas. 
 
Figura 1 – Praças Centrais de Campo Mourão 
 
 Fonte: Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira, 2015. 
 
Com o mapeamento e demarcação dos primeiros quarteirões 
para formação do núcleo urbano de Campo Mourão, a praça foi 
fragmentada em dois espaços: um deles continuou destinado às 
atividades religiosas e o outro ao lazer da população. A Praça Getúlio 
Vargas foi oficializada no final da década de 1950, e a Praça São José 
na segunda metade da década de 1960. 
Na década de 1980, foi construído, no lugar da igreja São José, 
a nova Catedral da cidade. Nessa época, o poder público municipal 
fechou a Rua Brasil e construiu um calçadão entre as duas praças, 
passando a falsa impressão da existência de apenas uma praça. 
A partir da década de 1990, outros grupos passaram a 
frequentar esses espaços, como andarilhos, prostitutas, etc. Na 
tentativa de resgatar tais logradouros, em 2004 o poder público 
118 
 
municipal revitalizou-os e reabriu a Rua Brasil; porém, devido à 
proximidade e à padronização dos mobiliários, a impressão de uma 
única praça permanece. 
A pesquisa in loco proporcionou apresentar uma análise 
detalhada de todos os equipamentos existentes nas duas praças. 
Logo, por serem semelhantes, apresentaremos uma análise integrada 
das principais estruturas e mobiliários presentes nestas praças, 
conforme apresentamos nos mosaicos das Figuras 2 e 3. 
Quanto aos caminhos, são pavimentados por bloquetes que 
facilitam o acesso e a circulação de transeuntes em diferentes áreas 
da praça, inclusive em dias de chuva. A pavimentação encontra-se 
em ótimo estado de conservação, o traçado é adequado do ponto de 
vista funcional e estético e tem uma largura adequada para a 
circulação. 
Outro mobiliário de grande relevância são os bancos, pois 
permitem que as pessoas permaneçam na praça para descansar, 
contemplar a natureza, ler ou encontrar com amigos. Os bancos 
possuem os pés ornamentados, de ferro, com encosto e assento em 
madeira, e estão bem conservados e distribuídos por toda a praça, 
proporcionando o uso e a permanência das pessoas. 
Localizamos lixeiras de plástico sobre estrutura de metal em 
bom estado de conservação; porém, insuficientes para atender de 
forma satisfatória. Observamos apenas um ponto de água em cada 
praça, utilizados para limpeza e irrigação das plantas, não sendo 
possível saciar a sede dos usuários. 
Em relação à iluminação, encontramos postes baixos 
espalhados pelas duas praças. À noite, alguns pontos como chafariz, 
estátuas e espaço para eventos recebem iluminação de destaque 
contribuindo para a iluminação geral. 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 119 
 
Figura 2 - Mosaico das estruturas e mobiliários da Praça São José 
 
1- Estátua; 2- Catedral São José; 3- Quiosque de alimentação; 4- Estátua em homenagem a São 
José; 5- Banco; 6- Gramado; 7- Pavimentação; 8- Pátio para realização de eventos; 9- Palco; 
10- Lixeira; 11- Estacionamento e 12- Ponto de água. 
Foto: Tatiane Monteiro Ré, 2015. 
 
 
 
120 
 
 
Figura 3 - Mosaico das estruturas e mobiliários da Praça Getúlio Vargas 
 
1- Pavimentação; 2- Banco; 3- Poste de luz; 4- Ponto de água; 5- Biblioteca Municipal; 6- 
Poste de luz; 7- Ponto de táxi; 8- Coreto; 9- Lixeira; 10- Chafariz; 11- Gramado; 12- Placa de 
identificação das duas Praças: Getúlio Vargas e São José. 
Fotos: Tatiane Monteiro Ré, 2015. 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 121 
 
Além dessas estruturas, encontramos outros elementos que 
compõem a forma das praças. Na São José, o elemento mais 
importante é a Catedral São José, que dá o nome a praça. Outros 
elementos religiosos foram encontrados: duas estátuas, uma em 
homenagem a São José e outra em homenagem ao centenário 
natalício de DomEliseu Simões Mendes, primeiro bispo de Campo 
Mourão (1915 – 2015). Há, também, dois quiosques de alimentação 
em bom estado de conservação que atendem ao público no período 
diurno. 
Na Praça São José há um palco e um amplo espaço de onde 
acontecem eventos, religiosos ou não. Na foto, podemos observar 
estruturas metálicas de um evento dos comerciantes locais que havia 
ocorrido no final de semana. A Catedral utiliza uma parte do seu 
entorno como estacionamento particular, atendendo a falta de 
estacionamento do centro da cidade. 
O destaque da Praça Getúlio Vargas é o chafariz que atrai a 
atenção de crianças e adultos por sua beleza; à noite ele possui 
iluminação própria. Nessa praça, encontramos um prédio 
institucional, a Biblioteca Pública Municipal, que atende toda a 
população. Encontramos uma placa de identificação com referência 
às duas praças, mas em péssimo estado de conservação, não sendo 
possível identificar o seu conteúdo. Há um coreto que está fechado 
atualmente e um ponto de táxi. 
As Praças São José e Getúlio Vargas formam um espaço público 
fundamental para o desenvolvimento da cidadania, pois 
proporcionam a integração de usuários de diferentes níveis sociais e 
econômicos. Nota-se que há investimento por parte do poder público 
e religioso para que as praças tenham a configuração atual e possa 
atender às funções delas esperadas. 
No entorno das praças encontramos o centro comercial da 
cidade com lojas de vestuário, lojas de produtos agrícolas, sapatarias, 
relojoarias, livrarias, farmácias, hotéis, restaurantes, agência dos 
122 
 
correios, Prefeitura Municipal de Campo Mourão, Câmara Municipal 
de Campo Mourão, Colégio Vicentino Santa Cruz entre outros. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Com a análise dos resultados obtidos no levantamento dos 
aspectos quantitativos e qualitativos dos equipamentos e estruturas 
existentes nas Praças São José e Getúlio Vargas foi possível concluir 
que ambas desempenham as funções estética, ambiental e social. A 
mais evidente é a social, pois as estruturas presentes possibilitam o 
convívio e a integração de pessoas de níveis sociais, culturais, 
econômicos e idades diferentes. 
O poder público municipal e as entidades religiosas, enquanto 
gestores desses espaços públicos estão atuando na manutenção e 
conservação da praça. No entanto, com intuito de contribuir com as 
futuras implementações ou reformas, deixamos algumas sugestões 
pensando no conforto dos usuários das praças. A instalação de 
parque infantil seria uma opção de lazer para a população, pois não 
encontramos atividades de lazer gratuitas na cidade. Para que seja, 
efetivamente, um elemento integrador, necessita estar em boa 
qualidade de uso e adequado à capacidade psicomotora dos 
usuários, que tenha cores e modelos variados e em quantidade 
suficiente para atender o público. A instalação de um módulo policial 
seria uma opção para aumentar a segurança dos usuários. A 
instalação de alguns pontos de água (bebedouros) contribuiria com o 
conforto dos usuários. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. 2. Ed. São Paulo: 
Editora Senac, 2008. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 123 
 
DE ANGELIS, Bruno Luís Domingos de. A Praça no Contexto das Cidades: o caso de 
Maringá-PR. Tese de (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e 
Ciências Humanas – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000. 
FERRARA, Lucrecia D´Alesio. As Máscaras da Cidade. In: Olhar Periférico: informação, 
linguagem, percepção ambiental. São Paulo: Edusp/Fapesp. 1993. 
IBGE. Censos Demográficos. Rio de Janeiro, IBGE, 2014. 
IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Caderno 
estatístico município de Campo Mourão. Disponível em: 
. Acesso em: 16 set. 2015. 
MACEDO, Silvio Soares. (Coord.) Introdução a um Quadro Paisagístico no Brasil. 
Projeto Quapá, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo, 
1998. 
MARX, Murilo. Cidade Brasileira. Melhoramentos. Editora da Universidade de São 
Paulo, 1980. 
ROBBA, F; MACEDO, S.S. Praças Brasileiras: public squares in Brazil. São Paulo. 
Edusp: Impressa oficial do Estado. 2002. 
SEGAWA, Hugo. Ao Amor do Público: jardins públicos. São Paulo, Studio Nobel: 
Fapesp. 1996. 
SERPA, Angelo. O espaço público na cidade contemporânea. 1. Ed. São Paulo: Editora 
Contexto, 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
124 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 125são fundamentais para a inserção e a 
estruturação dessas áreas no meio urbano. 
Os intensos e acelerados processos de urbanização das últimas 
décadas fez com que os espaços livres recebessem ações e 
intervenções temporárias ou emergenciais, sem uma proposta 
urbanística de fato. A falta de planejamento continua a contribuir até 
hoje para que os espaços livres permaneçam desqualificados e pouco 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 13 
 
valorizados. Embora sejam muitas as ações voltadas à tentativa de 
qualificação de tais espaços, a desarticulação e a sobreposição de 
funções públicas ainda dificultam a produção e a gestão dessas 
ações. A qualidade de vida urbana e social está diretamente atrelada 
aos fatores reunidos na infraestrutura e no desenvolvimento 
sociocultural, econômico e ambiental. Portanto, é preciso responder 
positivamente às necessidades dos cidadãos por meio de políticas 
públicas integradas, que garantam projetos e medidas de qualidade. 
O objetivo deste artigo é apresentar e analisar, por meio de um 
levantamento bibliográfico, algumas das formas vigentes de 
produção e gestão dos espaços livres urbanos e a relação de tais 
espaços com a cidade. É fundamental entender os sistemas de 
espaços livres, seus padrões espaciais e seu papel na estruturação e 
transformação da paisagem, apreender as ações administrativas e 
enfatizar a importância de novas medidas, a fim de se nortear futuras 
intervenções e promover a articulação entre pesquisadores, políticos, 
projetistas e usuários. 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 CONCEITOS, FORMAS E FUNÇÕES DOS ESPAÇOS LIVRES 
 
As formulações conceituais da paisagem constituem uma base 
referencial fundamental para a contextualização das funções, das 
formas e da distribuição dos espaços livres. Resultante de processos 
socioculturais e naturais do homem sobre um território, a morfologia 
da paisagem se dá em função da integração entre os sistemas 
geológicos, climáticos e antropológicos (LEITE, 1996; MACEDO, 2012; 
MAGNOLI, 2006) (Figura 1). Processo histórico de representação das 
relações, tais sistemas atribuem sobre a paisagem dimensões 
morfológicas, funcionais, espaciais e simbólicas (SCHLEE et al., 2009) 
14 
 
que contribuem e afetam diretamente o processo de construção e 
desenvolvimento das cidades. Os conceitos contemporâneos da 
paisagem partem diretamente do referencial Homem e Natureza, 
assim, são poucas as paisagens que não tem, nos dias atuais, a 
intervenção do homem, ainda que a forma e a representação de tal 
ação sejam diversas. Segundo Magalhães (2007, p. 106), “a essência 
do objecto deixou de ser ele próprio, mas aquilo que ele revela a 
quem o souber interpretar, o que exige uma descodificação de sinais 
para que, aquilo que não é visível, seja identificado”. Nessa acepção, 
Seel (2011, p. 407) interpreta a paisagem como “a realidade de vida 
do homem modelada pela natureza estética”. Portanto, 
compreender as apropriações, as representações e os conflitos entre 
o homem e a natureza, enquanto constituição de uma paisagem 
torna-se fundamental para a análise de qualquer elemento da forma 
urbana da atualidade. 
 
 
Entender a cidade através da lógica das referências da paisagem que 
apontam os elementos e os espaços que a conformam, seria também 
uma maneira de legitimar um conceito de cidade mais baseada nas 
próprias diretrizes paisagísticas que a estruturam, através de seus 
marcos urbanos e territoriais, e que constituem a principal estética 
de sua própria paisagem. (SEGUÍ, 1996, p. 61, tradução nossa). 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 15 
 
Figura 1 - A integração de sistemas geológicos, climáticos e 
 antropológicos na paisagem de Bauru, SP 
 
 Fonte: CONSTANTINO, 2016. 
 
Dentro da paisagem urbana, as ações físicas do homem se 
moldam por meio dos espaços edificados e espaços não edificados. 
Segundo Magnoli (2006, p.179), “o espaço livre é todo espaço não 
ocupado por um volume edificado”. Para Macedo (2012), a paisagem 
urbana apresenta elementos característicos que se articulam, dando 
forma, dessa maneira, às cidades (Figura 2). Assim, a base de toda 
essa estrutura se dá pelo “suporte físico”, representado 
principalmente pelos elementos naturais, como relevo e água. As 
características físicas de cada local são conformadas pelos “volumes 
urbanos” constituídos pelos elementos construídos, como prédios, e 
elementos plantados, como árvores e arbustos. Representados por 
parques, praças, ruas, quintais, terrenos vazios, entre outros, os 
“espaços livres de edificação” constituem-se nos espaços abertos, 
16 
 
livres de edificações ou coberturas, nos quais as ações urbanas 
acontecem. 
 
Figura 2 - A paisagem urbana de Bauru – SP e seus elementos característicos 
 
 Fonte: CONSTANTINO, 2016. 
 
Geralmente associados à função de lazer, por meio das praças, 
parques e jardins, os espaços livres das cidades devem ser 
compreendidos de acordo com suas diversas funções, além das ações 
e das necessidades do homem urbano (MAZZEI; COLESANTI; SANTOS, 
2007). Com funções ambientais, ecológicas, estéticas, sociais, 
culturais, de lazer, de mobilidade, dentre outras, o conjunto 
organizado destes espaços, de domínio público ou privado, 
distribuídos qualiquantitativamente no tecido urbano, constitui um 
sistema de espaços livres urbanos (Figura 3). Segundo Loboda e De 
Angelis (2005) os espaços verdes são os espaços livres dotados 
predominantemente de vegetação. Dessa forma, pode-se afirmar 
que as áreas verdes constituem um subsistema do sistema de 
espaços livres. 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 17 
 
Figura 3: Sistema de espaços livres urbanos e suas diversas funções em Curitiba, PR 
 
 Fonte: MATTOS, 2014. 
 
Fundamental ao desempenho da vida cotidiana e a 
constituição da esfera de vida pública e privada, o sistema de espaços 
livres está em constante processo de transformação e adequação às 
novas exigências urbanas e sociais. 
Apreender os aspectos e as funções que caracterizam os 
espaços livres é imprescindível para o entendimento da relação entre 
esses locais e a cidade. O usar, o ver e o sentir do indivíduo sobre o 
espaço tornam-se fundamentais para a tomada de consciência de 
cada local. Segundo Holanda (2007, p. 117), é importante entender 
as “implicações dos lugares enquanto arquitetura, como ela nos afeta 
de várias maneiras” e qual a sua pluralidade de desempenhos. Cada 
aspecto, segundo o autor, implica em uma estrutura de relações 
entre os atributos da forma-espaço e as expectativas humanas. Dado 
isso, pode-se afirmar que o espaço livre urbano, assim como a 
arquitetura, “é lugar usufruído como meio de satisfação de 
expectativas funcionais, bioclimáticas, econômicas, sociológicas, 
topoceptivas, afetivas, simbólicas e estéticas, em função de valores 
18 
 
que podem ser universais, grupais ou individuais.” (HOLANDA, 2007, 
p. 117-118). 
Quanto à configuração física e material das áreas livres, pode-
se afirmar que a forma, embora vaga e variável, está diretamente 
associada à distribuição dos edifícios e dos espaços livres já 
existentes, e segue, preferencialmente, os interesses políticos e 
econômicos vinculados diretamente ao setor imobiliário em 
detrimento as necessidades ambientais e ecológicas do meio. 
 
O espaço livre na metrópole brasileira é comumente predeterminado 
a partir do processo de loteamento quando são especificadas e 
destinadas as áreas para as ruas e demais espaços públicos. A 
composição dos elementos edificados pode definir as características 
formais do espaço livre; no entanto, sua qualificação também deverá 
ser dada pelo seu desenho/projeto e pela manutenção adequada. 
(QUEIROGA, 2011, p. 29) 
 
A (des)qualificação do meio urbano está diretamente 
relacionada às configurações físicas do espaço livre. Portanto, 
compreenderas (des)conexões de tais espaços com a cidade e seus 
elementos, bem como sua multifuncionalidade e inter-relações, 
torna-se fundamental para o desenvolvimento de ações bem 
planejadas. 
 
2.2 O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A CIDADE 
 
As discussões sobre os sistemas de espaços livres públicos vem 
se tornando, desde as últimas décadas do século XX, temática 
obrigatória tanto nos meios acadêmicos, quanto nas áreas de 
planejamento e gestão urbana. Processados e apropriados pela 
sociedade, os espaços livres urbanos, planejados ou não, formam um 
tecido que representa uma grande porcentagem do solo das cidades 
brasileiras (Figura 4). 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 19 
 
Figura 4 - Os espaços livres urbanos de Ouro Preto, MG 
 
 Fonte: MATTOS, 2010. 
 
Elemento de conexão e onde ocorre a maioria das ações 
cotidianas da sociedade, os espaços livres urbanos ainda são vistos 
como “estruturas independentes do seu entorno edificado, bolsões 
de alívio dos males da urbanização ou, o que é ainda mais frequente, 
como territórios perigosos e hostis ao desenvolvimento de diversas e 
desejáveis formas de sociabilidade (...)” (LEITE, 2011, p. 159). A falta 
de segurança e de atuação do poder público em ações de 
participação popular fez com que a renúncia aos espaços livres 
públicos pelas camadas sociais só aumentasse, principalmente 
durante as últimas décadas do século XX. A paisagem fragmentada e 
desorganizada fez com que fossem mais valorizados os espaços 
privados, enquanto os espaços públicos tornaram-se cada vez mais 
abandonados e deteriorados, apesar da mudança de pensamento 
que começa a se instaurar sobre a população em relação a esses 
espaços. É nos espaços livres que a vida pública tem sua maior 
estrutura, constituídos por locais de acessibilidade, diversidade e 
pluralidade (QUEIROGA, 2011). 
20 
 
Para Leite (2011), a visão social de que os espaços públicos 
deveriam promovem a socialização e o encontro das pessoas, assim 
como as áreas verdes deveriam contribuir para sua estruturação, não 
foi capaz de alterar a organização física deficiente e o descaso pelos 
espaços coletivos. 
A forma de perceber, interpretar e intervir na paisagem, entre 
moradores e poder público ainda revela-se oposta. Segundo Leite 
(1996, p. 11), enquanto os moradores utilizam-se de uma percepção 
e interpretação baseada na realidade cotidiana e suas características 
de natureza cultural e simbólica, o poder público apoia-se em uma 
visão de planejamento urbano baseado em uma operação padrão 
que trata o espaço como um local “vazio”, “autoreprodutível” e 
“monofuncional”. 
O trabalho de profissionais que atuam na arquitetura e no 
paisagismo também tem se limitado aos espaços que, pelos códigos e 
leis, são definidos como espaços necessários e obrigatórios, como os 
recuos de frente, lateral e de fundo das edificações. Além disso, 
planejadores e gestores têm trabalhado na escala pontual de seus 
projetos, sem considerar e mensurar os impactos e as consequências 
do mesmo sobre o entorno, a cidade e a população (SPIRN, 1995). 
A distribuição, a apropriação e o tratamento dos espaços livres 
urbanos, bem como sua relação com os elementos construídos, estão 
diretamente relacionados, segundo Schlee et al. (2009), aos conflitos 
e contradições provenientes das imparcialidades presentes na 
distribuição de terra e de renda, tanto no meio urbano quanto no 
rural (Figura 5 e Figura 6). A diversidade cultural da sociedade 
brasileira reflete diretamente na diversidade paisagística das cidades. 
Nesse contexto, os espaços livres expressam os diversos aspectos 
culturais e sociais, sejam eles regionais ou locais. Portanto, 
compreender as características regionais torna-se fundamental para 
a produção e organização de mudanças no planejamento dessas 
áreas livres. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 21 
 
 
Figura 5 - A apropriação e o tratamento de um espaço livre em Botucatu, SP 
 
 Fonte: CONSTANTINO, 2013. 
 
Figura 6 - A apropriação e o tratamento de um espaço livre em Belém, PA 
 
 Fonte: CONSTANTINO, 2014. 
 
22 
 
A cidade é um conjunto de elementos, sistemas e funções que 
se associam. Dessa maneira, além de compreender as diversidades 
sociais, o sistema de espaços livres urbanos apresenta uma complexa 
inter-relação com outros sistemas urbanos, que juntos, podem 
compor relações de conectividade e complementaridade com a 
“preservação, a conservação e a requalificação ambientais, a 
circulação e a drenagem urbana, as atividades de lazer, o imaginário, 
a memória e o convívio” (LEITE, 2011, p. 159) (Figura 7). 
 
Figura 7- A inter-relação de sistemas no Parque Barigui em Curitiba, PR 
 
 Fonte: MATTOS, 2011. 
 
Tal interconectividade permite inúmeras práticas de relevância 
cultural e social associadas ao sistema de espaços livres e voltadas 
para o uso da população. A realização de festas populares, o uso para 
manifestações políticas e sociais, assim como a presença de 
elementos culturais destaca a diversidade desses elementos urbanos. 
De acordo com Queiroga (2011, p. 28), “não há um tipo único ou 
ideal de sistema, pois cada lugar urbano possui características 
específicas de formação histórica, características socioeconômicas e 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 23 
 
de relacionamento com o suporte biofísico”. Dessa forma, uma 
abordagem integrada entre projeto, política social e gestão torna-se 
fundamental tanto para a criação, quanto para a manutenção de 
espaços livres públicos de sucesso. 
Como se observa, são inúmeras as ações e conexões dos 
espaços livres urbanos com a cidade e seus elementos. Contudo, 
espera-se muito de um elemento que pouca atenção recebe de seus 
usuários e gestores, como afirma Magnoli (2006, p. 181): 
 
No desenho urbano os espaços são aqueles definidos pelo sistema 
viário e por uma reserva de outro espaço livre, devidamente 
classificado em ‘de recreação’ ou ‘área verde’ que se define por uma 
porcentagem. Nas principais avenidas se espera estar entre 
‘boulevards copados’ desde que as árvores se plantadas e mantidas 
cresçam sobre um solo composto de tubulações diversas da 
infraestrutura. É preciso que se saiba o que realmente se quer e se 
pode ter. Exige-se a criação de topoclimas em locais de maior uso, a 
diminuição de índices de ruído, a correção de erros de intervenção 
no relevo, a garantia de limpeza das águas, a capacidade de atuarem 
como focos de promoção social; o atendimento a níveis e graus de 
recreação os mais diversos. A um equipamento raríssimo se fazem 
exigências funcionais intensas e extensas independente de 
desacertos no uso do solo e de qualquer política de espaços livres. 
(MAGNOLI, 2006, p.181). 
 
2.3 A PRODUÇÃO E A GESTÃO DOS ESPAÇOS LIVRES URBANOS 
 
Apesar do crescimento das ações voltadas para os espaços 
livres urbanos nos últimos anos, ao analisar esses espaços em 
algumas cidades brasileiras, é possível observar e compreender um 
amplo quadro de problemas relacionados à produção e a gestão 
pública de tais locais, como a descontinuidade administrativa e a falta 
de inserção em planejamentos mais integrados. O não 
desenvolvimento de uma prática de projetos para espaços livres 
deve-se, prioritariamente, à permanência de um pensamento de 
gestão centrada nas características socioeconômicas das cidades, 
24 
 
postergando a dependência desses elementos urbanos a segundo 
plano - ainda que tais espaços sejam fundamentais para preservação 
de desastres ambientais, como alagamentos e deslizamentos, e para 
a qualidade de vida do meio e de seus usuários. 
Para Pellegrino et al. (2006), estes espaços devem ser 
entendidos como parte da infraestrutura urbana e não considerados 
apenas em função de seus valores estéticos. As áreas livres urbanas 
podem exercer várias outras funções,como conectar fragmentos de 
vegetação; oferecer melhorias microclimáticas; garantir suporte 
social por meio de usos relacionados à moradia, trabalho, educação e 
lazer, além de acomodar as funções de outras infraestruturas 
urbanas. Torna-se necessário, nos trabalhos de planejamento 
ambiental, considerar seus aspectos teóricos e metodológicos. 
A sucessão de cortes administrativos, dentro dessa concepção, 
tem consolidado, principalmente, as práticas de recreação e lazer do 
conjunto de espaços livres, buscando, eventualmente, a preservação 
de recursos e a qualificação do ambiente urbano. Segundo Leite 
(2011), 
 
Da mesma maneira que o viário avança sobre os espaços públicos da 
cidade, a expansão urbana avança sobre sua zona de proteção 
ambiental, fazendo que se percam recursos preciosos e importantes 
para a manutenção do equilíbrio cidade/natureza, daí decorrendo 
todo tipo de catástrofe. (LEITE, 2011, p. 172). 
 
A grande quantidade de produtores e gestores dos espaços, 
bem como a desarticulação e sobreposição de funções públicas, 
dificulta a administração e a execução de projetos urbanos 
qualificados. Entre os inúmeros problemas presentes nos espaços 
livres públicos urbanos observa-se que as calçadas são estreitas e 
encontram-se, na maioria das vezes, em péssimo estado de 
conservação, além da presença de terrenos vazios e abandonados 
(Figura 8) e praças e parques sem manutenção (Figura 9). A 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 25 
 
arborização urbana é deficiente, ou praticamente ausente, na 
maioria do tecido urbano e são raros os tratamentos paisagísticos 
encontrados nos espaços públicos, cada vez mais pavimentados. 
Também se observa inúmeros conflitos entre projeto e legislação, 
que atrasam ou impedem a execução e/ou manutenção dos espaços. 
A falta de saneamento e a má conservação de seu sistema contamina 
grande parte dos rios urbanos. 
 
Figura 8 - Terreno abandonado e sem administração pública na favela de Heliópolis, SP 
 
 Fonte: MATTOS, 2011. 
26 
 
 
Figura 9 - Parque sem manutenção em São Manuel, SP 
 
 Fonte: MATTOS, 2015. 
 
 
São muitos os desafios e as barreiras relacionados à produção 
e a gestão dos espaços livres para que se possam desenvolver novos 
locais atrativos e de qualidade. De acordo com Queiroga (2011), para 
isso são necessárias novas medidas de planejamento e gestão, dentre 
as quais se incluem a criação de uma legislação urbanística-ambiental 
apropriada às necessidades ambientais urbanas; saneamento 
ambiental; revisão de paradigmas urbanísticos atuais, como a 
priorização de automóveis em detrimento ao pedestre e a produção 
imobiliária voltada ao mercado financeiro; o estabelecimento de 
planos atuais e eficientes para o sistema de espaços livres que 
considerem as características particulares de cada lugar urbano; 
assim como a articulação de políticas públicas e a criação de quadros 
técnicos capazes de planejar, projetar, executar e manter os espaços 
livres. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 27 
 
As especificidades geográficas, climáticas, econômicas, 
históricas e culturais de cada local, bem como as diversas formas de 
apropriação do espaço livre pela população, anulam a criação de 
qualquer modelo ou manual de orientação para a criação e 
manutenção dos espaços livres. O levantamento e a interpretação 
dos inúmeros problemas das cidades são semelhantes, mas as 
medidas desenvolvidas pelo poder público e por planejadores devem 
estar diretamente relacionadas às necessidades e especificidades de 
cada espaço urbano e dos usuários. Por meio de análises locais, é 
possível estabelecer diretrizes de projeto eficientes. A apropriação do 
espaço por diferentes grupos sociais, bem como a prática de 
diferentes atividades em um mesmo espaço mostram a diversidade 
desses locais (Figura 10). Assim, recomenda-se a criação de um 
sistema de espaços livres com diferentes espaços multifuncionais, em 
detrimento aos rígidos cenários criados pelos planejadores (GOMES, 
2013) e aos locais de uso exclusivo. 
 
A especificidade funcional ao espaço livre é, às vezes, exigida para 
algumas atividades; ela é, porém, frequentemente atribuída (ou 
imposta) desnecessariamente (ou quiçá porque) por desenho (um 
gramado pode propiciar muito mais do que uma ‘pelada’; contudo se 
desenha uma “quadra”, devidamente cercada, com tela, portão e 
piso devidamente igual em toda a periferia, (sempre com 2 metros de 
largura!)). Saudavelmente, os arquitetos estão descobrindo que 
‘vamos ter que aprender daqui para frente, a trabalhar com 
aberturas e com espaços ‘em branco de significados’... ’ sejam 
saudavelmente abertos e saudavelmente ambíguos, para que 
permitam uma criação ampla de significados. (Magnoli, 2006, p.181-
182) 
 
28 
 
Figura 10 - Apropriação do espaço livre por diferentes grupos sociais em São Manuel, SP 
 
 Fonte: MATTOS, 2016. 
 
Atender e suprir as carências presentes nas cidades brasileiras 
por meio da integração de políticas públicas torna-se, assim, 
fundamental para a produção e gestão de projetos com uma nova 
abordagem, focados no usuário e na multifuncionalidade. O 
desenvolvimento de espaços livres efetivamente integrados entre si e 
com os demais elementos urbanos garantem a formação de um 
grande e único sistema, responsável tanto pela qualidade ambiental, 
quanto pela qualidade de vida da população. A requalificação da 
cidade só é possível por meio da harmônica integração entre o 
subsistema natural e o subsistema artificial (MOISSET, 2006). 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Componente básico na constituição da paisagem urbana e da 
vida citadina, os espaços livres urbanos públicos atendem as 
demandas de circulação de pedestres e veículos, de recreação e 
contemplação da paisagem, de lazer e esportes, de relaxamento, de 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 29 
 
conservação ambiental, além de possibilitar manifestações políticas e 
sociais e proporcionar memórias afetivas. Em constante processo de 
transformação, tal sistema adequa-se frequentemente às novas 
demandas da sociedade, embora sejam a disponibilidade de 
recursos, bem como as ações políticas, os fatores responsáveis por 
definirem os processos de qualificação ou desqualificação de tais 
sistemas. 
Nos dias atuais, o planejamento desses espaços parte de 
recursos residuais procedentes de outras atividades, consideradas 
prioritárias, e geralmente advindas de pastas políticas, econômicas e 
estratégicas. Os baixos investimentos contrastam diretamente com o 
aumento das necessidades reais criadas pela expansão urbana. 
Seguindo por tal premissa, pode-se afirmar que considerar os 
espaços livres de forma prioritária e integrada a outros sistemas 
urbanos torna-se básico para a criação de espaços de qualidade, 
adequados às necessidades sociais, públicas e ambientais. É 
fundamental compreender a importância e a possibilidade de 
contato com outras pessoas nos lugares públicos, conhecidos como 
verdadeiros espaços de exposição; que a saúde pública está 
diretamente relacionada à qualidade de vida urbana, possibilitada 
pela existência de espaços livres bem planejados; assim como a 
saúde e o bem-estar da população está relacionada diretamente às 
atividades de lazer, de contemplação e de esporte desenvolvidas nos 
espaços urbanos não edificados; que a conservação dos espaços 
verdes urbanos e áreas ambientais em conjunto com os elementos 
naturais são primordiais para a qualidade bioclimática, para a 
conservação de ecossistemas e para a prevenção de desastres 
ambientais, como enchentes e deslizamentos de terra. 
Como se pode observar, a presença dos espaços livres na 
conformação das cidades contemporâneas tem se mostrado 
imprescindível, principalmente em função de suas inúmeras e 
determinantes funções. Portanto, planejar esses espaços vai muito 
30além de abrir ruas, implantar canteiros e construir praças e parques 
com áreas de recreação. Planejar esses espaços exige o 
conhecimento e a aplicação de tais funções desde a concepção de 
projeto dos assentamentos urbanos, de forma a considerar 
principalmente a relação entre o Homem e a Natureza. Para isso, 
uma nova postura administrativa e projetual precisa se firmar dentro 
da gestão pública. 
 
REFERÊNCIAS 
 
GOMES, P.C. da C. O lugar do olhar: elementos para uma geografia da visibilidade. 
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 
HOLANDA, F. Arquitetura Sociológica. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e 
Regionais, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p.115-129, 2007. 
LEITE, M. A. F. P. Projeto e uso dos espaços públicos, o código e a interpretação. In: 
III CONGRESSO DA BRASILIAN STUDIES ASSOCIATION, 1996, Cambridge. Mesa 
Redonda Representações da Cidade: Imagens Cruzadas entre Brasil e Europa. 
Cambridge, Reino Unido, 1996, p. 01-15. 
_________. Um sistema de espaços livres para São Paulo. Estudos Avançados, v. 25, 
n. 71, p. 159-174, 2011. Disponível em: 
. Acesso em 23 de outro de 2014. 
_________. Uma narrativa da paisagem. Paisagem e Ambiente: Ensaios, São Paulo, n. 
28, p. 59-78, 2011. 
LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e 
funções. Ambiência, Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 125-139, jan./jun. 2005. Disponível 
em: . Acesso em 23 
de outro de 2014. 
MACEDO, S.S. Paisagismo Brasileiro na Virada do Século 1990-2000. São Paulo: 
Edusp, 2012. 
MAGALHÃES, M. R. Paisagem – perspectiva da arquitectura paisagista. Philosophica, 
v. 29, p. 103- 113, 2007. Disponível 
em:. Acesso em: 
09 de maio de 2016. 
MAGNOLI, M.M. Espaço livre – objeto de trabalho. Paisagem e Ambiente, São Paulo, 
n. 21, p. 175-198, 2006. Disponível em: 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 31 
 
. Acesso em: 23 de 
outubro de 2014. 
MAZZEI, K.; COLESANTI, M. T. M.; SANTOS, D. G. Áreas verdes urbanas, espaços livres 
para lazer. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v.19, n.1, p. 33-43, 2007. Disponível 
em: . 
Acesso em: 23 de outubro de 2014. 
MOISSET. I. Interaccion cuadricula-naturaleza. In: NASELLI, C. et al. Forma Urbana, 
lecturas y acciones en la ciudad. Córdoba: I+P Editoral, 2006, p. 20-43. 
PELLEGRINO, P. R. M. et al. A paisagem da borda: uma estratégia para a condução 
das águas, da biodiversidade e das pessoas. In: COSTA, L. S. A. (org.). Rios e Paisagens 
Urbanas em Cidades Brasileiras. Rio de Janeiro: PROURB, p. 57-75. 
QUEIROGA, E. F. Sistemas de espaços livres e esfera pública em metrópoles 
brasileiras. Resgate, v. XIX, n.21, p.25-25, 2011. Disponível em: 
. 
Acesso em: 16 de dezembro de 2014. 
SCHLEE, M. B. et al. Sistema de espaços livres nas cidades brasileiras – um debate 
conceitual. Paisagem e Ambiente, São Paulo, n.26, p.225-247, 2009. Disponível em: . Acesso em 23 de outubro de 
2014. 
SEEL, M. Uma estética da natureza. In: SERRÃO, A. V. (Coord.). Filosofia da Paisagem. 
Uma antologia. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2011, p. 396-
317. 
SEGUÍ, J. El paisaje proyectado o La furza de lugar. Geometría, n.21, p.49-64, 1996. 
SPIRN, A. W. O Jardim de Granito: A Natureza no Desenho da Cidade. Tradução de 
Paulo Renato Mesquita Pellegrino. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 
1995. 
32 
 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 33 
 
Capítulo 2 
 
O CARÁTER MULTIFUNCIONAL DAS CIDADES VERDES: 
QUESTÕES PARA UM DEBATE 3 
 
 
Eloisa Carvalho de Araujo4 
Natália Fernandes Ribeiro5 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O capítulo em referência se propõe a apresentar um debate 
técnico-científico apoiado em um diálogo entre os temas da 
Requalificação Ambiental Urbana e da Infraestrutura Verde. Insere-se 
em um processo de pesquisa em desenvolvimento, contextualizado 
em cidades brasileiras que tem se destacado e se comprometido com 
metas visando alcançarem o status de Cidades Verdes. O presente 
artigo desenvolve-se a partir do enfoque de impactos gerados por 
ações impressas a partir de intervenções urbanísticas, no campo da 
requalificação e transformação de ambientes urbanos e possíveis 
impactos na qualidade de vida da população. 
 
3 Capítulo elaborado a partir do texto apresentado no II Encontro Técnico e Científico para 
Construção de Cidades Verdes, 2015 “Cidades Verdes: contribuições para um debate sobre rios 
urbanos e corredores verdes”. 
4 Doutora em Urbanismo, pelo PROURB/FAU/UFRJ. Mestre em Geografia, pela UFRJ. Arquiteta 
e Urbanista. Professora da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal 
Fluminense e do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo – PPGAU/UFF. 
eloisa.araujo@gmail.com 
5 Arquiteta e Urbanista. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e 
Urbanismo – PPGAU/UFF. 
34 
 
A investigação inicial tomou como base o estudo da Economist 
Intelligence Unit (EIU)6, patrocinado pela Siemens, ressalta que a 
América Latina é a região mais urbanizada do mundo em 
desenvolvimento. O percentual de população que vive em cidades 
latino-americanas, atualmente no patamar de 81%, deverá crescer 
mais ainda, o que é preocupante. O referido estudo aponta que até 
2030, deverá chegar a 86%. Este vertiginoso crescimento acaba por 
gerar efeitos econômicos, políticos, sociais e ambientais e por exigir o 
enfrentamento dos problemas consequentes. 
A pressão exercida pela expansão urbana, invariavelmente 
causa impacto na infraestrutura existente, com implicações para as 
edificações, transporte público, sistema viário, quanto aos serviços 
de abastecimento de água, drenagem urbana, coleta de resíduos e 
esgotamento sanitário. Nessa perspectiva a cidade de Curitiba 
apresenta, no estudo acima referenciado, alto desempenho, por 
naturalmente ter exercido a capacidade de enfrentar, de forma 
holística a temática do meio ambiente. Ainda segundo a pesquisa, na 
década de 1980, o plano urbano desta cidade buscou envolver 
iniciativas integradas visando tratar, sobretudo, temas relacionados à 
criação de áreas verdes, gestão de resíduos e saneamento básico, 
além de questões relacionadas aos transportes públicos, com 
repercussão, de forma positiva, na qualidade do ar. Este 
planejamento integrado permitiu um bom desempenho, da referida 
cidade, na área ambiental. 
 
6 Trata-se do Índice de Cidades Verdes da América Latina, desenvolvido pelo Economist 
Intelligence Unit (EIU), patrocinado pela Siemens, que busca medir e avaliar o desempenho 
ambiental das 17 maiores cidades latino-americanas. Este estudo, para além de medir o 
desempenho ambiental em oito categorias (energia e CO2, uso do solo e prédios, transporte, 
resíduos sólidos, água, saneamento básico, qualidade do ar e governança ambiental) visa dar 
um peso igual a cada uma delas. O estudo, tem na perspectiva da criação desse índice, a 
avaliação de políticas públicas visando verificar o compromisso das cidades na redução de 
impactos ambientais. Tal estudo está disponível em: 
http://www.siemens.com/entry/cc/features/greencityindex_international/br/pt/pdf/report_lat
am_pt_new.pdf. Acesso em: 07 de outubro de 2015. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 35 
 
Entretanto, a capital paranaense conta hoje com a companhia 
de outras cidades em busca de um ambiente mais equilibrado, limpo 
e agradável.JUBÉ RIBEIRO (2010), ao promover o debate sobre a 
produção do espaço urbano a partir de duas vertentes, como as 
condições biofísicas do território e a sociedade, focaliza em Goiânia, 
por exemplo, uma cidade apoiada no planejamento, na leitura de 
uma paisagem referenciada nas questões ambientais, em projetos e 
nas pessoas em sua vivência cotidiana. Para a autora, na maioria das 
cidades latino-americanas verifica-se o desequilíbrio entre 
concentração humana e a capacidade de oferecer serviços 
minimamente adequados, gerando pressão indiscriminada sobre 
terras periféricas, sem planejamento, colocando em risco recursos 
naturais e paisagens, agravando os problemas ambientais. 
É a partir dos anos 2000, que ações estratégicas de 
infraestrutura verde vêm sendo promovidas. E, segundo a autora, 
trata-se de uma nova postura de projeto para o meio urbano frente 
aos problemas ambientais, objetivando o equilíbrio entre as 
condições biofísicas e a sociedade, tendo como foco os espaços 
abertos em escala regional. Em 2005, deparamo-nos no Rio de 
Janeiro com o 1º Seminário Nacional sobre Regeneração Ambiental 
das Cidades7. O referido seminário teve como tema principal as águas 
urbanas e teve, dentre muitos assuntos, as discussões em torno da 
temática das áreas verdes nas cidades, a proteção das margens de 
rios e o incentivo a projetos, pesquisas e estudos no âmbito dos 
corredores ecológicos. Já o 2º. Seminário sobre o mesmo tema, 
realizado na cidade de Londrina8, buscou, sobretudo, frente à troca 
 
7 O I Seminário Nacional sobre Regeneração Ambiental de Cidades: Águas Urbanas, foi realizado 
na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 2005, no Fórum de Ciência e Cultura do campus 
Praia Vermelha da UFRJ. Teve como foco inicial a temática das Águas Urbanas tratada sob o viés 
dos Ambientes Urbanos que se apresentam às Margens de Corpos d’Água. Ver em: 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.068/386. Acesso em 20 de maio de 
2015. 
8 II Seminário Nacional sobre Regeneração Ambiental de Cidades: Águas Urbanas II, realizado na 
cidade de Londrina, Paraná, em 2007. Disponível em: 
36 
 
de experiências, metodologias e procedimentos, direcionar seus 
resultados à qualificação de ambientes urbanos, com ênfase em 
processos de regeneração e recuperação, com ênfase na temática 
das águas urbanas. O III Seminário Nacional sobre o Tratamento de 
Áreas de Preservação Permanente em Meio Urbano e Restrições 
Ambientais ao Parcelamento do Solo, ocorrido em 2014, conhecido 
como APPURBANA9 pretendeu discutir, em um contexto nacional, 
iniciativas de planejamento, intervenções e modalidades de gestão 
continuada sobre as áreas urbanas, à luz da sua dimensão ambiental. 
Também o 1º Fórum Latino-Americano de Infraestrutura Verde e 
Urbana10 buscou salientar que países desse eixo possuem muitas 
necessidades em comum, onde o desenvolvimento e o incentivo às 
tecnologias verdes devem estar associados às políticas públicas, 
sinalizando que a revolução sustentável deve se iniciar pelas cidades. 
Já Cidades Verdes, em um contexto nacional, podem ser 
fundamentadas no direito às cidades sustentáveis, apregoado pela 
Lei n 10.257, denominada de Estatuto da Cidade, de 10 de julho de 
200111. Reforçado pela ideia sobre a necessidade de reconhecimento 
 
http://www.uel.br/eventos/aguasurbanas/ensalamento_todos.php. Acesso em 09 de outubro 
de 2016 
9 O evento APPURBANA 2014, idealizado por entidades acadêmicas e profissionais de diversas 
regiões do país, teve como foco a dimensão ambiental da cidade. Destaque foi dado ao 
relacionamento de corpos d’água que atravessam as cidades, as massas vegetais e morros com 
o espaço urbano. Disponível em: 
http://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_k2&view=item&id=778:ap
purbana-2014&Itemid=163&lang=pt. Acesso em: 10 de setembro de 2016. 
10 Quanto ao evento 1º Fórum Latino-Americano de Infraestrutura Verde Urbana, realizado em 
São Paulo, por ocasião da realização da TeCobI Expo 2014, o mesmo teve na infraestrutura 
verde e potenciais ações no campo dos telhados seu tema central. Foi realizado pela Associação 
Tecnologia Verde Brasil (ATVerdeBrasil), em parceria com a Fundação Konrad Adenauer, entre 
outras, em maio de 2014. Disponível em: http://easyts.com/eventos-traducao/1o-forum-latino-
americano-de-infraestrutura-verde-urbana-telhados-verdes-revolucao-sustentavel-das-cidades-
comeca-por-eles/. Acesso em 03 de outubro de 2016. 
11 Tal aspecto, conforme fica evidenciado, é tratado neste dispositivo legal no seu Capítulo I, 
Art. 2o – sobre a Política Urbana, que dentre suas diversas diretrizes, merece ser destacada a 
seguinte diretriz: “– garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra 
urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos 
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”. Disponível em: 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 37 
 
do papel do planejamento e do desenho urbano no trato das 
questões ambientais, articuladas a aspectos socioeconômicos, 
culturais e de saúde, para benefício de todos12. Em um contexto 
internacional, tem entre seus objetivos reduzir o consumo doméstico 
de água, aumentar as áreas verdes, eliminar sacolas plásticas, 
melhorar o sistema de transporte e seus efeitos sobre as emissões de 
CO2 e de gases do efeito estufa. Mas dentre todos esses aspectos, o 
que pretendemos tratar neste artigo refere-se aos cuidados, em 
especial resultante da ocupação desordenada do espaço urbano 
sobre os cursos de água, assim como, a criação de corredores verdes 
com estreita relação com políticas públicas, práticas sociais e hábitos 
cotidianos. 
Atualmente, estudos, pesquisas e práticas recentes13 
mobilizam interesses pautados nas mudanças ambientais e na 
dinâmica evolutiva. Discorrem também sobre as transformações 
vivenciadas pelos sistemas ambientais, ao longo dos últimos séculos, 
tendo também como foco a qualidade ambiental urbana como 
importante subsídio ao planejamento das cidades. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm. Acesso em: 03 de outubro 
de 2016. 
12 Aspectos tratados como “Metas de Sustentabilidade para Municípios Brasileiros (indicadores 
e referências), em um contexto do Programa Cidades Sustentáveis. 
http://www.cidadessustentaveis.org.br/downloads/publicacoes/publicacao-metas-de-
sustentabilidade-municipios-brasileiros.pdf. Acesso em 04 de outubro de 2016 
13 Sob esse viés podemos ressaltar os estudos de autores como FERREIRA, J. C.; MACHADO, J. R. 
no artigo “Infraestruturas verdes para um futuro urbano sustentável. O contributo da estrutura 
ecológica e dos corredores verdes”. Disponível em: 
http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/viewFile/61279/64214. Acesso em 07 de 
maio de 2016; E também a contribuição de RIBEIRO FRANCO, M. A. no seu artigo 
“Infraestrutura Verde em São Paulo: o caso do Corredor Verde Ibirapuera-Villa Lobos”. 
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/viewFile/61284/64219. 
Acesso em 08 de maio de 2016; Assim como os estudos de MINAKI, C.. AMORIM, M.C.T., 
presente no artigo “Espaços Urbanos e Qualidade Ambiental – um enfoque da paisagem”, o 
qual integra a Revista Formação, nº14 volume, 2007; Além de apresentar também o projeto de 
“Requalificação Urbana e Ambiental da Bacia do Cobre”, conduzido pela empresa 
CONDER/Governo do Estado da Bahia. Ver em: http://www.abc.habitacao.org.br/wp-
content/uploads/2012/10/SEDUR-BA-BACIA-DO-COBRE.pdf. Acesso em 28 de maio de 2016. 
38 
 
Com esse entendimento o presenteartigo objetiva gerar 
reflexões sobre questões associadas a rios urbanos e corredores 
verdes em faixas marginais num contexto de regiões periféricas, a 
partir do recorte espacial privilegiado no estudo. Também, sob a 
perspectiva de estabelecer diálogo entre os temas de requalificação 
ambiental urbana e infraestrutura verde, amparados pelas relações 
entre qualidade de vida e ambiente, pretende sensibilizar os leitores 
quanto à idealização e desenvolvimento de iniciativas no campo da 
recuperação de áreas degradadas, as quais valorizem a atividade 
paisagística, reveladas por seu caráter multifuncional. 
Tais ações, a nosso ver, podem ser consideradas como diretriz 
de sustentabilidade, articuladora de políticas públicas, de 
saneamento ambiental, educação e cultura, em um contexto de 
interdisciplinar visando o redesenho da paisagem a partir das 
dimensões ambiental, urbana, econômica, social e institucional. 
 
2 MÉTODOS 
 
A proposta em desenvolvimento, decorrente de uma revisão 
bibliográfica, condicionada ao processo investigativo, apoia-se na 
exposição de contribuições de autores que abordam temas 
associados à requalificação ambiental urbana, assim como, a 
infraestrutura verde, na perspectiva das práticas nas cidades 
contemporâneas. 
Em um segundo momento, o trabalho passa a ser 
desenvolvido, sob o método da Ecologia da Paisagem14, por 
 
14 Adotamos, no presente artigo, conceito de Ecologia da Paisagem trabalhado por METZGER 
(2010). A definição do autor revela-se como uma visão integradora de paisagem, com caráter 
de um mosaico heterogêneo, consubstanciado na sua formação por unidades interativas. Tal 
heterogeneidade, segundo o autor, pode se revelar, pelo menos a partir de um fator, que se 
evidencia segundo um observador e segundo uma determinada escala de observação. Isto é, 
centrada, por um lado, nas interações do homem com seu ambiente, e, por outro, preocupada 
em como a heterogeneidade se expressa espacialmente. 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 39 
 
entendermos que este favorece a identificação das interações entre 
os fatores no ecossistema de uma dada paisagem. Esse método de 
análise pretende, ao valorizar o trabalho empírico, identificar e 
classificar as áreas de estudo, quanto às unidades de paisagem, 
problemas e potencialidades, a partir de um recorte espacial e 
temporal a serem privilegiados no estudo. Com essa abordagem, 
compreendida por seu espectro amplo e flexível, que ressalta a 
importância da heterogeneidade no espaço e no tempo, além das 
múltiplas escalas a considerar, valores e atributos passam a ser 
considerados no entendimento dos processos ecológicos na 
atualidade. Desse método, deriva, segundo HERZOG & ROSA (2010) o 
conceito de infraestrutura verde15. Para as autoras trata-se de um 
conceito emergente baseado nos princípios da ecologia da paisagem, 
valorizando elementos como estrutura, função e mudança, 
conformando a paisagem como um mosaico. Por outro, MADUREIRA 
(2012), o delimita como um conceito agregador de outras 
abordagens16, com uma ampla trajetória e antecedentes. De certo, o 
designando não como um novo conceito e sim como uma nova visão 
sobre a questão ambiental e as áreas verdes nas cidades17. 
Essa abordagem, a nosso ver, propiciará, a partir do olhar do 
observador, análises em microescalas ou macro escalas. Desafios se 
colocam seja pelo viés da adaptação desse método ao contexto 
urbano, em especial às faixas marginais de rios, em um contexto de 
 
15 Para as autoras a definição de infraestrutura verde caracteriza-se por intervenções de baixo 
impacto na paisagem e alto desempenho, com espaços multifuncionais e flexíveis. Tais 
aspectos, ainda segundo as autoras, ressaltam o exercício de diferentes funções ao longo do 
tempo, de preferência, adaptáveis às necessidades futuras, com expectativa de aplicação na 
escala local, capazes de serem monitoradas visando possíveis correções ao longo do tempo. 
16 Tal abordagem, tratada pela autora, fica evidenciada em seu artigo denominado 
“Infraestrutura verde na paisagem urbana contemporânea: o desafio da conectividade e a 
oportunidade da multifuncionalidade”, que integra a Revista da Faculdade de Letras – Geografia 
– Universidade do Porto. III série, vol. I, 2012, pp. 33-43. Disponível em: 
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/10555.pdf. Acesso em 10 de outubro de 2016. 
17 BENEDICT, M.; MCMAHON, E. (2002). “Green Infrastructure: Smart Conservation for the 21st 
Century”. Renewable Resources Journal 20(3):12-17 
 
40 
 
regiões periféricas, seja ao considerar esse tratamento enquanto 
valor ecológico, capaz de agregar e articular as diferentes partes de 
um todo. 
 
3 DISCUSSÃO E RESULTADOS 
 
Há algum tempo a incorporação da infraestrutura verde ao 
planejamento das cidades vem sendo enfrentada na ótica do bom 
desempenho dos serviços ambientais. E, nesse aspecto, 
investigações orientadas com o sentido de buscar oportunidades a 
partir do conhecimento e percepção da paisagem e do meio 
ambiente urbano vêm sendo conduzidas por práticas e pela produção 
científica. Para HERZOG (2011) há de se considerar a necessária 
adaptação das cidades às mudanças climáticas, para que as mesmas 
se tornem resilientes aos impactos que já estão ocorrendo em todo o 
planeta. 
Nessa perspectiva MASCARÓ (2013) apresenta a infraestrutura 
verde como um conjunto de redes multifuncionais de fragmentos 
permeáveis e vegetados. Tal conjunto deve se configurar a partir da 
utilização de arborização viária, da distribuição equilibrada de áreas 
verdes, com controle da impermeabilização do solo e drenagem 
pluvial. Emergindo de tal consideração o fato de parques arborizados 
poderem ser articulados a corredores ecológicos formados por ruas, 
largos e praças. 
Segundo HERZOG (2011), muitas cidades, regiões e países já 
estão vivenciando a experiência de trilhar caminhos inovadores. Para 
a autora, iniciativas de planejamento e implantação de projetos que 
consideram fatores abióticos, bióticos e antrópicos, em diversas 
escalas são fundamentais. Na sequência, a autora, ressalta que a 
infraestrutura verde já pode ser vista como uma realidade, como por 
exemplo, (Figura 01), o corredor verde na cidade de Freiburg, na 
Alemanha, exercendo múltiplas funções, como a ecológica em 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 41 
 
manter a mata ciliar e a qualidade das águas e a social em criar 
ciclovias e passeios como espaço de lazer, dentre outros benefícios, a 
partir de uma abordagem sistêmica, abrangente e transdisciplinar. 
No tocante as águas urbanas, uma preocupação do presente 
artigo diz respeito aos rios canalizados. Para HERZOG (2013) os rios 
que foram canalizados, em diversos países, estão sendo 
renaturalizados em face da impossibilidade de se controlar a 
natureza e suas forças, resultando na necessidade de conviver com 
elas. 
 
Figura 01 - Corredor verde multifuncional em Freiburgo (Alemanha) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Herzog; Rosa, 2010. Créditos: Cecília Herzog 
 
Para Barbosa & Nascimento Jr. (2009), a visão ecológica, 
muitas vezes, não leva em conta o enfoque sistêmico em que se 
concentram as interações entre os elementos, da dinâmica e 
integração dos componentes com o seu ambiente, pondo em risco a 
compreensão e esforço no entendimento da ecologia da paisagem 
urbana, precisando, no campo da cidade, ser redesenhada. 
42 
 
Outro aspecto muito valorizado nos estudos sobre a temática 
abordada é a interação das escalas, onde contribuições teóricas e 
conceituais apoiam-se nos campos da arquitetura da paisagem, da 
ecologia da paisagem, do planejamento e do desenho ambiental 
(GOUVEIA, 2008; McHARG, 1992; BERNÁLDEZ, 1981; RIBEIRO 
FRANCO, 1997; FORMAN;GODRON, 1986) apontam no sentido da 
sensibilização, percepção e compreensão do ambiente. Mas segundo 
Sandeville Jr. (2005), é a escala do lugar, que se revela, com base na 
ideia de uma paisagem, cuja experiência demonstra-se como 
socialmente construída. Para os autores, os estudos de campo devem 
ser valorizados, à medida que se apresentem associados a processos 
estruturais do espaço social. Isto é, na perspectiva de evidenciar a 
capacidade de percepção da realidade vivenciada. O que segundo os 
mesmo autores, pode se apresentar como a percepção de um 
ambiente poluído, por exemplo, que necessita fugir das ameaças da 
degradação, exigindo por esta razão soluções que podem reforçar a 
necessidade de assumir o tema e o problema como meta de projeto. 
No debate das cidades verdes e seu caráter multifuncional é 
necessário ressaltar a combinação entre as políticas, a educação 
pública e os projetos locais, que incorporam, desde funções naturais 
na infraestrutura existente, o aprimoramento e o fortalecimento de 
bacias hidrográficas, como também a criação de espaços livres 
atrativos para a vida social nos bairros urbanos, entre outros tantos 
aspectos. 
Das iniciativas brasileiras quanto às intervenções em cursos 
d’água, remonta ao início do século XX a regularização do Rio Tietê, 
pelo engenheiro sanitarista Francisco Rodrigues Saturnino de Brito. O 
projeto referenciado, segundo ROSA (2013), embora não tenha se 
tornado realidade, incluía desde lagos e canais, os quais dariam conta 
de escoar as águas, como também, a proposta de um parque linear 
configurando a ocupação das várzeas do rio. 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 43 
 
 
Figura 02 - Projeto da Comissão de melhoramentos do Rio Tietê. 
 
Fonte: Artigo denominado “Do outro lado do rio: retificações, canalizações e projetos 
abandonados dos rios de São Paulo”, por Giovanni Santa Rosa, http://gizmodo.uol.com.br/do-
outro-lado-do-rio-segunda-parte/. Acesso em 10 de maio de 2015. 
 
No período mais recente, iniciativas em países europeus vêm 
se pautando por ações de recuperação de rios a partir da recriação 
de antigos canais e meandros e, pela revitalização de suas margens. 
Embora existam limites para essas ações, repercussões a partir 
destas visões tendem a obter significativa dimensão territorial 
destinada à agricultura, assim como, áreas direcionadas à 
urbanização visando minimizar os efeitos locais provocados pelas 
enchentes. No entanto, as experiências em curso vêm demonstrando 
ser fundamental conscientizar profissionais a respeito dos problemas 
e soluções ambientais, na perspectiva de um viés interdisciplinar. 
Soluções integradas, que incorporem a valorização ecológica 
vêm movendo grande parte dos empreendimentos atuais. Estas 
soluções apoiam-se, geralmente, na revitalização de rios, visando 
aumentar não só a capacidade de recuperação ecológica, mas 
44 
 
também a atratividade que tais elementos da paisagem exercem 
junto às atividades de recreação e lazer. Esse olhar, no entanto, não 
caracteriza a determinação pela volta a uma paisagem genuína e 
original, não tocada pelo homem, mas direciona a repercussão das 
ações aos compromissos com o desenvolvimento sustentável dos rios 
e da paisagem, na perspectiva de atendimento das necessidades e 
conhecimentos contemporâneos. 
No Brasil, a trajetória para recuperar a qualidade ambiental 
dos cursos de água urbanos envolve, sobretudo, a associação de 
políticas urbanas e investimentos. Segundo Moretti (2000), 
“renaturalização ou revitalização”, não seria somente o processo de 
trazer de volta as condições mais naturais e originais possíveis, dos 
rios, mas também a necessidade de promover a integração de 
distintos setores da administração pública que precisam atuar de 
forma integrada no enfrentamento dos problemas relacionados. 
Os resultados no âmbito da área de estudo e as discussões 
sobre a temática que envolve o presente artigo, nos instiga no 
sentido de valorizar a investigação em curso. Essa investigação é 
tratada no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, tendo em especial sua 
zona oeste, como recorte espacial. A cidade cresceu e se desenvolveu 
a base de projetos e planos de embelezamento e melhoramento da 
região central com descaso para os bairros suburbanos. Todavia, 
podemos observar que o projeto ferroviário foi o que permitiu o 
deslocamento da população das zonas periféricas do município e sua 
integração com o centro da cidade, propiciando o crescimento dos 
bairros mais afastados. 
Os bairros da Zona Oeste começaram a ser povoados com a 
finalização do ramal ferroviário Santa Cruz no final do século XIX. Mas 
o incremento populacional veio associado ao prolongamento da 
Avenida Brasil até o bairro Bangu, no final da década de 1950. 
Posteriormente, na década de 1990, com a construção do projeto da 
Linha Amarela - via expressa que liga a região da Zona Norte do 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 45 
 
município com a Barra da Tijuca, a tendência demográfica foi de 
crescimento18. Este crescimento teve como resultado recente, obras 
realizadas para os jogos Pan Americanos e atualmente para os jogos 
Olímpicos, implicando em momento de grande especulação 
imobiliária. Mas a região em que se insere o recorte espacial de 
estudo se refere à área de planejamento AP519, do Plano Diretor 
(Figura 03). 
 
Figura 03 - Área de Estudo – Áreas de Proteção 
 
 Fonte: Elaboração própria a partir de imagem na plataforma google 
 
18 Segundo dados do IBGE, a região da Zona Oeste do Rio revela uma taxa de crescimento de 
150% do seu contingente populacional no período dos anos 2000 a 2010. Ainda segundo esta 
mesma base de informação, dos dez bairros cariocas mais populosos em 2010, sete ficam na 
zona oeste, como Campo Grande (328,3 mil), Bangu (243,1 mil), Santa Cruz (217,3 mil), 
Realengo (180,1 mil), Jacarepaguá (157,3 mil), Barra da Tijuca (135,9mil) e Guaratiba (110 mil). 
Ver em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/07/ibge-bairros-na-zona-oeste-do-rio-
crescem-ate-150.html. Acesso em 27 de maio de 2016. 
19 De acordo com Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Rio de Janeiro, 
aprovado pela Lei complementar Nº 111 de 2011, a Área de Planejamento denominada AP5, na 
cidade do Rio de Janeiro, é composta por cinco Regiões Administrativas, como Bangu (RA XVII), 
Realengo (RA XXXIII), Campo Grande (RA XXVIII), Guaratiba (RA XXVI) e Santa Cruz (RA XIX). 
Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3372233/DLFE-
262093.pdf/LEICOMPLEMENTARN1.1.1.DE0.1.DEDEZEMBRODE2.0.1.1..pdf. Acesso em : 24 de 
maio de 2016. 
46 
 
Cercada pelos Maciços da Pedra Branca - Parque Estadual 
Maciço da Pedra Branca e do Mendanha - Parque Natural Municipal 
do Mendanha, é uma área que também compreende grande parte da 
bacia hidrográfica do Rio Guandu, região RJ1 no Comitê Guandu de 
Bacias Hidrográficas do Rio de Janeiro. Onde se verifica um híbrido de 
áreas verdes e de vegetação mais densa e selvagem, culminando em 
um ambiente de natureza preservada. 
Se por um lado podemos ressaltar as características físicas e a 
hidrologia da região. Por outro, a existência de grande quantidade de 
rios, a maioria já canalizados ou modificados em valões a céu aberto 
(Figura04), convive com a presença de lixo e esgoto nas águas 
urbanas. 
Nesse aspecto HERZOG (2009), a partir de experiência na 
região, em especial no bairro de Guaratiba, ressalta a valorização da 
relação da população local com a paisagem, no sentido de evitar a 
degradação dos ecossistemas naturais. 
 
Figura 04 - Rio em Campo Grande, Estrada do Campinho 
 
Fonte: Google. Google Street View Imagem 2014.Acesso em 22 de maio 2015. 
 
Espaços Livres de Uso Público na Cidade Contemporânea - 47 
 
No âmbito de um quadro legal/institucional vale observar 
que na legislação

Mais conteúdos dessa disciplina