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ATIVIDADE AVALIATIVA 
 
Objetivo: desenvolver competências de autonomia, pesquisa e elaboração 
textual 
Aluna: Raquel Pereira Madeira 
 
 
CONTRATO DE SEGURO DE PESSOAS E COISAS 
 
 
O contrato de seguro, previsto no Código Civil Brasileiro entre os artigos 757 a 
802, é uma ferramenta essencial de proteção patrimonial e pessoal, cujo objetivo 
é garantir o ressarcimento ou indenização em face de eventos incertos, 
conhecidos como riscos, previamente estabelecidos no contrato. Em troca dessa 
garantia, o segurado paga ao segurador um valor, denominado prêmio, 
independentemente da ocorrência do sinistro. Esse mecanismo protege não 
apenas bens materiais, mas também a integridade física e a vida dos segurados 
(BRASIL, 2002). 
 
Conforme o artigo 757 do Código Civil, o contrato de seguro tem por objeto a 
garantia de interesses legítimos do segurado, seja em relação à pessoa ou à 
coisa. O Código Civil, ao regular o contrato de seguro, aprimorou a redação em 
comparação com o antigo Código de 1916, tornando mais clara a função 
protetiva do seguro ao incluir o interesse legítimo como aspecto central da 
cobertura. Este avanço é especialmente importante no seguro de pessoas, que 
visa proteger a vida e a integridade do segurado (BRASIL, 2002). 
 
Doutrinadores como Fábio Ulhoa Coelho destacam que o contrato de seguro é 
bilateral, oneroso e aleatório, uma vez que envolve obrigações mútuas entre as 
partes, exigindo o pagamento de um prêmio pelo segurado e a garantia de 
indenização por parte do segurador, caso o risco se concretize (ULHOA, 2012). 
Além disso, esse contrato é consensual e formal, pois exige o acordo de 
vontades e deve ser formalizado por escrito. No seguro de pessoas, a apólice é 
um documento fundamental, sendo proibida sua emissão ao portador, dada a 
natureza personalíssima do seguro de vida (TZIRULNIK et al., 2003). 
 
O contrato de seguro, seja de coisas ou de pessoas, pode ainda ser classificado 
como nominativo, uma vez que é expressamente regulado pela legislação 
brasileira, com regras claras sobre suas cláusulas, especialmente no que diz 
respeito à boa-fé contratual. O Código Civil exige que as partes ajam com total 
transparência, tanto no momento da contratação quanto na vigência do contrato. 
Caso o segurado omita informações ou faça declarações falsas, ele pode perder 
o direito à indenização, conforme previsto nos artigos 765 e 766 do Código Civil 
(BRASIL, 2002). 
 
Em relação ao objeto do contrato de seguro, há diferentes entendimentos 
doutrinários. Alguns juristas, como Domingos Afonso Kriger Filho, defendem que 
o risco é o objeto central do contrato, uma vez que é sobre ele que a cobertura 
se estrutura. Outros doutrinadores, como Gonçalves (2012), argumentam que o 
interesse segurável é o verdadeiro objeto do contrato, pois é o interesse legítimo 
do segurado que se visa proteger. Assim, o contrato de seguro de bens envolve 
a cobertura de riscos que podem afetar o patrimônio, enquanto o seguro de 
pessoas busca proteger o segurado contra riscos à sua vida ou integridade física. 
 
No caso do seguro de coisas, o contrato visa restabelecer o status quo ante em 
caso de sinistro. O segurador tem o dever de repor o bem sinistrado ou de pagar 
a indenização equivalente ao seu valor. Nesse sentido, o seguro de danos tem 
natureza eminentemente indenizatória, o que implica que o valor da indenização 
não pode exceder o valor do prejuízo efetivamente sofrido pelo segurado. De 
acordo com o Decreto-Lei nº 73/1966, regulamentado pelo Código Civil, esse 
princípio busca evitar o enriquecimento ilícito do segurado (BRASIL, 1966). 
 
Já o seguro de pessoas possui características distintas, uma vez que não tem 
por objetivo a reposição de um bem material, mas sim a proteção da pessoa do 
segurado contra riscos relacionados à sua vida, saúde ou integridade física. No 
seguro de vida, por exemplo, o valor estipulado na apólice não está 
necessariamente vinculado ao prejuízo efetivo sofrido, sendo que a indenização 
é paga independentemente do valor exato da perda sofrida (TZIRULNIK et al., 
2003). O seguro de pessoas permite ainda que o segurado tenha múltiplos 
contratos, desde que possua capacidade financeira para tal, o que não se aplica 
ao seguro de coisas, onde a duplicidade de indenizações para o mesmo sinistro 
é vedada (GONÇALVES, 2012). 
 
Outro aspecto relevante é o agravamento do risco. O segurado deve informar ao 
segurador qualquer circunstância que possa aumentar os riscos inicialmente 
estipulados. O não cumprimento dessa obrigação pode resultar na perda do 
direito à indenização, conforme o artigo 769 do Código Civil. Por outro lado, se 
houver diminuição significativa do risco, o segurado pode requerer a revisão do 
contrato ou a redução do prêmio (BRASIL, 2002). 
 
No que se refere ao seguro de vida, o Código Civil permite a designação de 
beneficiários, conforme o artigo 791, que estabelece a possibilidade de o 
segurado nomear terceiros para receber a indenização em caso de sua morte. 
Esse artigo também permite a substituição dos beneficiários a qualquer 
momento, salvo renúncia expressa do segurado (BRASIL, 2002). Ainda no 
âmbito do seguro de vida, um ponto de grande discussão doutrinária e 
jurisprudencial é a cobertura de suicídio. O STJ, na Súmula 61, e o STF, na 
Súmula 105, consolidaram o entendimento de que, após dois anos de vigência 
do contrato, o suicídio não exclui a obrigação de pagamento da indenização, 
salvo prova de premeditação (STJ, 2024; STF, 2024). 
 
Por fim, o contrato de seguro é um mecanismo jurídico de extrema importância, 
tanto no âmbito individual quanto coletivo, pois promove a estabilidade 
econômica ao garantir proteção contra riscos que podem afetar o patrimônio e a 
integridade das pessoas. A doutrina e a legislação brasileiras disciplinam o 
contrato de forma detalhada, buscando sempre um equilíbrio entre os interesses 
do segurador e do segurado, para que a função social e econômica desse 
instituto seja plenamente cumprida (GONÇALVES, 2012; ULHOA, 2012). 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
 • BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. 
Acesso em: 22 out. 2024. 
 • BRASIL. Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. Dispõe 
sobre o sistema nacional de seguros privados. Disponível em: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0073.htm. Acesso em: 22 
out. 2024. 
 • GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Contratos e 
Atos Unilaterais. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 • STJ. Súmula 61. Disponível em: https://www.stj.jus.br. Acesso em: 
22 out. 2024. 
 • STF. Súmula 105. Disponível em: https://www.stf.jus.br. Acesso em: 
22 out. 2024. 
 • TZIRULNIK, Ernesto; CAVALCANTI, Flávio de Queiroz B.; 
PIMENTEL, Ayrton. O contrato de seguro: de acordo com o novo código civil 
brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. 
 • ULHOA, Fábio. Curso de Direito Civil – Contratos. 5ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012.

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