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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL – UNIPLAN CURSO DE ENFERMAGEM CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM BIANCA GOMES RIBEIRO FABIELLY MIRANDA DE AZEVEDO LUDMILA BARBOSA SILVA LUCAS ERICK SOUZA LIMA SARA DOS SANTOS SANCHO WISLANI MARTINS ANDRADE INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO REDENÇÃO 2024 BIANCA GOMES RIBEIRO FABIELLY MIRANDA DE AZEVEDO LUDMILA BARBOSA SILVA LUCAS ERICK SOUZA LIMA SARA DOS SANTOS SANCHO WISLANI MARTINS ANDRADE INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em enfermagem do centro universitário planalto do distrito federal – uniplan, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof.ª: Debora Eduarda Montalvão Araújo REDENÇÃO 2024 BIANCA GOMES RIBEIRO FABIELLY MIRANDA DE AZEVEDO LUDMILA BARBOSA SILVA LUCAS ERICK SOUZA LIMA SARA DOS SANTOS SANCHO WISLANI MARTINS ANDRADE INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em enfermagem centro universitário planalto do distrito federal – uniplan, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem Orientador: Debora Eduarda Montalvão Araújo Aprovado dia: / / . BANCA EXAMINADORA Prof.ª Debora Eduarda Montalvão Araújo Orientadora REDENÇÃO 2024 DEDICATÓRIA Primeiramente, queremos agradecer a Deus por nos ter dado força e discernimento para chegar até aqui. Com muita alegria em nossos corações, expressamos nossa gratidão aos nossos familiares, em especial aos pais, mães, avós, esposas e namorados, pela parceria, dedicação e, sobretudo, por todo o apoio. Agradecemos à professora Débora por sua incansável dedicação, e deixamos nossa profunda gratidão a todos os colegas que, ao longo desses quatro anos, estiveram conosco nesta jornada. Se pudéssemos resumir o dia de hoje em uma palavra, seria: gratidão. “Existe cuidado sem cura, mais não existe cura sem cuidado.” Florence Nightingale RESUMO A depressão pós-parto (DPP) é uma condição emocional que pode afetar mulheres após o parto, manifestando-se por sentimentos intensos de tristeza, ansiedade e exaustão. Apesar de sua prevalência, a DPP ainda é cercada por estigmas e falta de compreensão. Este estudo visa explorar a importância do diagnóstico precoce da DPP, identificar suas causas e efeitos durante a gestação, e destacar a relevância do pré-natal e do suporte pós-parto. Historicamente, a depressão pós-parto foi descrita pela primeira vez no século II d.C. pelo médico grego Soranus de Éfeso. No entanto, o entendimento moderno da DPP como uma condição clínica só foi desenvolvido no século XX, com avanços significativos na abordagem e tratamento da saúde mental materna. A evolução no tratamento da DPP inclui o reconhecimento da condição como clínica, uma abordagem mais holística, ênfase na empatia e suporte, além de intervenções terapêuticas e maior conscientização pública. A intervenção precoce e adequada, especialmente por parte dos profissionais de enfermagem, é crucial para mitigar os efeitos negativos da DPP. A enfermagem, com sua abordagem empática e centrada na mulher e sua família, desempenha um papel vital na identificação e tratamento da DPP, proporcionando suporte emocional, educacional e clínico necessário. Este trabalho propõe investigar a eficácia das intervenções de enfermagem na DPP, com o objetivo de identificar estratégias e melhores práticas que possam ser aplicadas no ambiente da saúde materno-infantil. Para isso, será realizada uma revisão da literatura utilizando fontes confiáveis como Google Acadêmico, plataformas do governo brasileiro (gov.br), e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Dessa forma, busca-se contribuir para a promoção da saúde mental das mulheres no período pós-parto, ampliando as práticas da enfermagem e aprimorando políticas de saúde e protocolos de atendimento para essa população vulnerável. Palavras-chave: Depressão pós-parto, diagnóstico precoce, enfermagem, saúde mental materna, Google Acadêmico, gov.br, UNIRIO. ABSTRACT Postpartum depression (PPD) is an emotional condition that can affect women after childbirth, manifesting itself as intense feelings of sadness, anxiety and exhaustion. Despite its prevalence, PPD is still surrounded by stigmas and lack of understanding. This study aims to explore the importance of early diagnosis of PPD, identify its causes and effects during pregnancy, and highlight the relevance of prenatal care and postpartum support. Historically, postpartum depression was first described in the 2nd century AD by the Greek physician Soranus of Ephesus. However, the modern understanding of PPD as a clinical condition was only developed in the 20th century, with significant advances in the approach and treatment of maternal mental health. The evolution in the treatment of PPD includes the recognition of the condition as clinical, a more holistic approach, emphasis on empathy and support, as well as therapeutic interventions and greater public awareness. Early and adequate intervention, especially by nursing professionals, is crucial to mitigate the negative effects of PPD. Nursing, with its empathetic and family-centered approach, plays a vital role in the identification and treatment of PPD, providing the necessary emotional, educational and clinical support. This work proposes to investigate the effectiveness of nursing interventions in PPD, in order to identify strategies and best practices that can be applied in the maternal and child health environment. For this, a literature review will be carried out using reliable sources such as Google Scholar, Brazilian government platforms (gov.br), and the Federal University of the State of Rio de Janeiro (UNIRIO). Thus, it seeks to contribute to the promotion of women's mental health in the postpartum period, expanding nursing practices and improving health policies and care protocols for this vulnerable population. Keywords: Postpartum depression, early diagnosis, nursing, maternal mental health, Google Scholar, gov.br, UNIRIO. LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS BDENF Base de Dados de Enfermagem BRAMS Escala de Humor Brasileira BRUMS Escala de Humor de Brunel BVS Biblioteca Virtual em Saúde CEP Comitê de Ética e Pesquisa DECS Descritores em Ciências da Saúde DPP Depressão pós-parto EPDS Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde PNP Pré-natal Psicológico SciELO Scientifc Electronic Library Online UBS Unidade Básica de Saúde . SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 2 METODOLOGIA 13 3 RESULTADOS 15 4 DISCUSSÃO 19 4.1 SUPORTE EMOCIONAL E RELAÇÕES INTERPESSOAIS 19 4.2 ADVERSIDADES NO PERÍODO GRAVÍDICO-PUERPERAL 20 4.3 FATORES SOCIOECONÔMICOS 22 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 25 REFERÊNCIAS 26 12 1 INTRODUÇÃO A Depressão Pós-Parto (DPP), ou depressão puerperal, é um transtorno mental de alta prevalência, caracterizado por alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas que se iniciam de forma insidiosa, podendo manifestar-se até semanas após o parto (Félix, Tamires Alexandre, et al., 2013). O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para mitigar os impactos negativos dessacondição, na qual os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial. A DPP é uma das principais complicações do puerpério, representando um grave problema de saúde pública. Essa condição afeta tanto a mãe quanto o bebê, dificultando o cuidado materno, prejudicando o desenvolvimento infantil e impactando negativamente a qualidade de vida da mãe. Além disso, a DPP aumenta os custos do sistema de saúde e pode elevar o risco de suicídio em casos graves. De acordo com um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, 38,8% das mulheres que deram à luz durante a pandemia de Covid-19 desenvolveram DPP, revelando a seriedade da condição em situações de vulnerabilidade (Joy Falcão, et al., 2021). Mulheres que sofrem violência doméstica têm um risco ainda maior de desenvolver DPP. A condição está associada a um desequilíbrio no hormônio cortisol, sendo fundamental diferenciá-la da depressão comum para proporcionar o tratamento adequado. Assim, as intervenções de enfermagem são indispensáveis no processo de tratamento, incluindo a identificação precoce dos sintomas, o suporte emocional e o encaminhamento adequado para serviços de saúde mental (Silva & Santos, 2023, p. 45). O objetivo deste projeto é avaliar a eficácia das intervenções de enfermagem no tratamento e manejo da DPP, condição que afeta significativamente a saúde mental e física das mães, bem como o desenvolvimento dos bebês. As intervenções propostas visam não apenas reduzir os sintomas da DPP, mas também promover um vínculo saudável entre mãe e bebê, essencial para o desenvolvimento emocional e físico da criança. O projeto destaca a importância da humanização no cuidado de 13 enfermagem, desenvolvimento de estratégias de autocuidado e suporte educacional e clínico para o bem-estar da mãe. Diante disso, de que maneira é possível promover uma melhor qualidade de vida para as mães no pós-parto, reduzir o impacto da (DPP) na saúde pública e garantir um cuidado integral e humanizado? Para responder a essa questão, esta pesquisa adotou uma metodologia rigorosa e abrangente. 14 2 METODOLOGIA Segundo Marina Gonçalves (2019), as pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema em estudo. Iniciamos nossa investigação sobre a depressão pós-parto (DPP) por meio de uma pesquisa bibliográfica, utilizando o Google Acadêmico e o Portal de Periódicos da UNIRIO. Essa etapa foi fundamental para mapear as contribuições científicas já existentes e construir uma base teórica sólida sobre o tema. A pesquisa documental também se mostrou valiosa, sendo realizada através do Portal Gov.br. Nessa etapa, conseguimos acessar informações essenciais, como legislações e políticas públicas relacionadas à saúde materna no Brasil. Esses dados nos forneceram uma visão clara de como as iniciativas governamentais se relacionam com o cuidado das mães, enriquecendo nossa análise. Combinando essas duas formas de pesquisa, conseguimos estruturar nosso trabalho de maneira robusta. Não apenas entendemos a teoria por trás da DPP e do papel dos enfermeiros, mas também trouxemos à tona dados práticos que podem fazer diferença na vida das mães. Isso nos preparou para sugerir intervenções de saúde baseadas em evidências que visam melhorar o cuidado materno. As pesquisas foram realizadas em três bases de dados: Google Acadêmico, Portal Gov.br e Portal de Periódicos da UNIRIO. Iniciamos com uma busca que resultou em 83 artigos relevantes. Após aplicar critérios rigorosos de inclusão e exclusão, descartamos 70 artigos que não atendiam aos requisitos estabelecidos, resultando em uma amostra final de 13 artigos que foram lidos em profundidade. As palavras-chave utilizadas durante as buscas incluíram: enfermeiro, depressão pós-parto, prevenção, suporte emocional, cuidado materno, vínculo mãe-bebê e saúde mental. Essas palavras foram escolhidas com o intuito de 15 abranger os principais aspectos da atuação do enfermeiro na prevenção da DPP, permitindo uma busca eficaz e direcionada nos bancos de dados selecionados. 16 3 RESULTADOS Com base na metodologia apresentada, esperamos que 85% das estratégias desenvolvidas para prevenir e tratar a depressão pós-parto (DPP) sejam eficazes e, acima de tudo, humanizadas. Isso reforça o papel essencial que a enfermagem desempenha nesse cuidado. A pesquisa deve mostrar que um atendimento integral e humanizado, aliado à escuta atenta e ao suporte contínuo dos profissionais de enfermagem, pode resultar na identificação precoce dos sintomas de DPP em 70% das mães. Isso permitirá intervenções mais rápidas e eficazes. Além disso, acreditamos que 75% das mães que participarem de programas de autocuidado, junto com o apoio educacional e emocional da equipe de enfermagem, enfrentarão o puerpério com mais confiança. Essa abordagem pode reduzir a prevalência da DPP em 40%, melhorando significativamente a qualidade de vida tanto das mães quanto de seus bebês. Os grupos de apoio social, como os grupos de mães, são vistos como ferramentas valiosas para diminuir o isolamento social em 60% dos casos e fortalecer as redes de suporte emocional. Ao analisar os 13 artigos selecionados, esperamos que 90% das conclusões ofereçam uma base sólida para o desenvolvimento de políticas públicas e práticas clínicas focadas no cuidado integral das mães no pós-parto. O objetivo é promover a saúde mental materna e fortalecer o vínculo entre mãe e filho. 17 4 DISCUSSÃO Para melhor entendimento do conteúdo da discussão, o presente estudo foi subdividido em quatro categorias distintas, porém relevantes, para contemplar o objetivo da pesquisa, sendo elas: 4.1 A passagem do cortisol para a placenta e seus efeitos no feto; 4.2 O período do puerpério; 4.3 O papel do apoio social na superação da depressão pós-parto; e 4.4 O pós-parto e a sobrecarga familiar. 4.1 • PASSAGEM DO CORTISOL PARA A PLACENTA E SEUS EFEITOS NO FETO De acordo com (Brasil, 2023) cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais responsável por diversas ações no organismo humano, atuando na regulação do metabolismo, do sistema nervoso central e do sistema imunológico. É popularmente conhecido como “hormônio do estresse”. No final da gravidez o cortisol tem um papel fundamental na maturação dos sistemas cardiovasculares, renais e pulmonares do feto. No entanto, a exposição excessiva e precoce aos níveis de cortisol pode causar sérios problemas (Rennó et al.,2013). Durante a gravidez se uma gestante passa por situações estressantes como problemas financeiros, de relacionamento ou trabalho, o organismo libera o cortisol. O hormônio pode penetrar na corrente sanguínea e chegar até o feto através da placenta. Quando isso acontece, a substância influencia no desenvolvimento do feto. (Albuquerque, 2017, p.02). O excesso de cortisol no organismo da mãe causa graves efeitos no desenvolvimento saudável do bebê. Durante o estresse o fluxo sanguíneo juntamente com o oxigênio, passado da mãe para o feto através da placenta é reduzido, causando baixo crescimento fetal e induzindo o trabalho de parto 18 prematuro (Rennó et al.,2013). O hormônio do cortisol também está associado a redução da massa cinzenta do cérebro do feto causando problemas cognitivos e atrasos no desenvolvimento. Os estudos também apontam que bebês com choros frequentes e/ou problemas de comportamento têm relação com a exposição precoce do cortisol na gestação (Schiavo, 2024). Por reduzir os níveis de oxigênio que chega até o feto através da placenta o estresse pode influenciar na vida adulta da criança e causar problemas de atenção e aprendizagem, ansiedade, depressão, atraso na linguagem, hiperatividade e até mesmo Autismo (Filho, 2021).Tambémestá associado ao surgimento de doenças cardíaca e obesidade na vida adulta. 4.2 PERÍODO DO PUERPÉRIO O ciclo gravídico-puerperal muitas vezes não é tratado de forma integrada, resultando em assistência fragmentada para as mulheres. O puerperal, que se estende de seis a oito semanas após o parto, pode ser dividido em três períodos: imediato (do 1º ao 10º dia), tardio (do 11º ao 45º dia) e remoto (a partir do 45º dia). Durante esse tempo, ocorrem transformações significativas tanto físicas quanto emocionais, e é crucial que a mulher receba cuidados abrangentes que considerem seu contexto sociocultural e familiar. Desde a introdução do Programa de Assistência Integrada da Saúde da Mulher (PAISM) em 1984, a abordagem da mulher como um sujeito integral de cuidado se tornou essencial, levando em conta não apenas os aspectos biológicos, mas também suas dimensões sociais, econômicas e culturais. A atenção puerperal de qualidade é vital para a saúde materna e neonatal, exigindo uma compreensão profunda do processo saúde/doença e o respeito aos direitos humanos. Com a criação da Rede Cegonha, houve um reforço na necessidade de assistência humanizada no puerperal. Essa fase é uma oportunidade importante para oferecer suporte à mãe e à criança, reconhecendo que qualquer fragilidade nesse triângulo impacta diretamente na saúde infantil. 19 Assim, a assistência de qualidade no puerperal é fundamental para garantir os direitos humanos de mulheres e crianças. Contudo, ainda são raras as pesquisas que exploram a saúde da mulher nesse período e suas repercussões na saúde infantil (Andrade et al., 2015). Neste contexto, o puerpério é o período do ciclo gravídico-puerperal em que as mudanças provocadas pela gravidez e pelo parto fazem com que o organismo da mulher retorne ao seu estado pré-gravídico, iniciando-se após a expulsão da placenta e tendo um término imprevisto, relacionado ao processo de amamentação. Durante o puerpério, a mulher passa por intensas adaptações psico-orgânicas, incluindo a involução dos órgãos reprodutivos, o estabelecimento da lactação e profundas alterações emocionais. O pós-parto pode ser marcado por sentimentos ambivalentes, como euforia e alívio, decorrentes da experiência do parto e do nascimento de um filho saudável, que aumentam a autoconfiança. No entanto, também pode haver desconforto físico relacionado ao tipo de parto, medo de não conseguir amamentar, ansiedade quando o leite demora a aparecer e ingurgitamento das mamas. Além disso, podem surgir sentimentos de decepção em relação ao sexo ou à aparência do bebê, medo de não ser capaz de atender às suas necessidades e insegurança sobre ser uma boa mãe (Strapasson, Nedel., 2010). Diante desse cenário complexo, é essencial que os profissionais de saúde adotem uma abordagem holística e multidisciplinar, promovendo uma assistência que não apenas atenda às necessidades físicas, mas que também suporte o bem-estar emocional e psicológico da mulher durante o puerpério. A inclusão de serviços de apoio psicológico, grupos de mães e orientações sobre amamentação pode ser fundamental para ajudar as mulheres a superarem as dificuldades comuns desse período, promovendo um ambiente favorável à construção do vínculo mãe-bebê. Além disso, a formação contínua dos profissionais de saúde em relação às especificidades do ciclo gravídico- puerperal é crucial para garantir que as intervenções sejam sensíveis e adequadas ao contexto sociocultural das mulheres atendidas. É preciso 20 também incentivar a realização de pesquisas que aprofundem a compreensão sobre a saúde da mulher nesse período, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e integradas, que respeitem os direitos humanos e promovam a saúde materno-infantil de forma integral e humanizada. No Brasil, os cuidados pós-parto têm início no hospital e se estendem à Atenção Primária à Saúde (APS), sendo crucial garantir uma transição adequada nesse atendimento. Essa transição envolve ações que asseguram a continuidade e a coordenação dos cuidados quando os pacientes mudam de serviço ou nível de atenção. Para isso, é essencial realizar uma avaliação abrangente do paciente, dos cuidadores e dos serviços disponíveis na comunidade. O país tem se esforçado para estruturar um sistema de saúde que melhore a assistência às puérperas, promovendo a integração dos serviços, como a Rede Materno Infantil, que destaca o acompanhamento multiprofissional da mulher e do recém-nascido após o parto. Além disso, é recomendado que, ao liberar a mulher e o bebê do hospital, a maternidade informe à equipe da APS para que possam organizar uma visita domiciliar, enviando também um relatório detalhado sobre os procedimentos realizados e quaisquer intercorrências relevantes (nery.,2023). As orientações de alta para a puérpera podem começar antes da alta hospitalar, desde o momento da internação, após o parto, no dia da alta ou quando a mulher está clinicamente apta para receber alta. Isso significa que não há um padrão fixo para o início dessas orientações, mesmo que o tempo de internação para partos normais ou cesarianas seja definido pela instituição. As informações fornecidas desde a internação têm como objetivo promover a independência e a qualidade nos cuidados. Geralmente, as orientações são dadas em até 36 ou 48 horas após o parto, no dia da alta, ou quando a puérpera e o recém-nascido estão bem e prontos para ir para casa. Tanto mulheres que tiveram gestação de risco habitual quanto aquelas com gestação de alto risco recebem um conjunto de orientações gerais por escrito, 21 abrangendo cuidados com elas mesmas e com o bebê, além de questões burocráticas. As orientações incluem informações sobre cuidados com as mamas, aleitamento materno, laceração perineal, observação dos lóquios, uso correto dos medicamentos prescritos, anticoncepção, sinais de infecção e quando retornar ao serviço de emergência obstétrica. Também são fornecidas instruções sobre a retirada de pontos em caso de cesariana e orientações sobre autocuidado, como amamentação, alimentação e repouso. (Aued,Santos,Baches et al.,2023). O foco da pesquisa foram as consultas puerperais, que acontecem na atenção básica e precisam ser valorizadas como um espaço para promover a saúde e prevenir problemas. O enfermeiro é o principal responsável por essas consultas. Os profissionais destacaram a importância das orientações sobre o aleitamento materno, que deve começar desde o pré-natal e continuar durante todo o período pós-parto. Esse é um trabalho contínuo que oferece suporte às mulheres nessa experiência, pois o aleitamento é influenciado por fatores culturais e exige um processo para se firmar. O pós-parto é um momento de retorno ao estado anterior à gravidez, com mudanças físicas e emocionais provocadas pela gestação e pelo parto. Durante as consultas puerperais, os enfermeiros discutem essas alterações físicas de forma focada na biologia, além de incluir a prevenção do câncer ginecológico. No entanto, esses cuidados ainda não atendem completamente as necessidades de saúde das puérperas. É essencial ter uma abordagem integral e holística, que também considere os aspectos emocionais dessas mulheres. (Martins, Silva et al., 2014) A intervenção de enfermagem no período do puerpério é crucial, pois oferece suporte físico e emocional às mulheres em um momento de transição significativo. Por meio de orientações adequadas e um cuidado integral, os enfermeiros ajudam a promover a saúde das puérperas, facilitando a adaptação às mudanças pós-parto e prevenindo complicações. Essa atuação é essencial para garantir que as mulheres se 22 sintam apoiadas e capacitadas durante essa fase vital da maternidade. 4.3 O PAPEL DO APOIO SOCIAL NA SUPERAÇÃO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO Não há como negar a importância de buscar e receber ajuda de outras pessoas quando lidamos com as atividades do dia a dia. Sentir-se apoiado socialmente surge da sensação de fazer parte de um grupo ou de uma rede de pessoas, onde há espaço para compartilhar afeto e oferecer ajuda mútua. As pesquisas sobre apoio social podem tratar tanto do apoio que a pessoa percebe ter quanto do que realmente recebe, e esse apoio pode ser prático ou emocional- afetivo. Carvalho, F.A., et al. (2014). É essencial que a família e os amigos se envolvam de maneira ativa para ajudar as mães a se sentirem apoiadas, pois esse suporte social pode ser um importante fator de proteção contra a depressão pós-parto (DPP). Essa rede de acolhimento, unida aos cuidados terapêuticos, tanto médicos quanto psicológicos, faz toda a diferença na jornada de recuperação das mães durante esse período tão delicado. É fundamental ressaltar que a identificação precoce da depressão pós-parto (DPP) é crucial para prevenir danos significativos, como a diminuição do vínculo entre mãe e bebê e os possíveis atrasos no desenvolvimento social e cognitivo das crianças. Quando a DPP é detectada logo no início, as chances de intervenção eficaz aumentam consideravelmente, permitindo que as mães recebam o suporte necessário para cuidar de si mesmas e de seus filhos. Nesse contexto, o papel dos profissionais de saúde se torna ainda mais importante. Eles têm a responsabilidade de avaliar o risco entre as puérperas e oferecer os cuidados adequados. Isso inclui não apenas o diagnóstico, mas também a orientação e o acolhimento emocional, criando um espaço seguro onde as mães possam expressar suas preocupações e sentimentos sem medo de julgamento. 23 Com um acompanhamento atento e empático, é possível evitar que a depressão se instale ou, se já estiver presente, impedir que seu quadro se agrave. Ao fortalecer esse vínculo entre profissionais de saúde e mães, estamos promovendo não apenas a saúde mental das mulheres, mas também o bem-estar dos bebês e o desenvolvimento saudável das famílias. Santos MLC et al, (2022) 4.4 O PÓS-PARTO E A SOBRECARGA FAMILIAR A depressão pós-parto é uma condição mental que afeta significativamente não apenas a mãe, mas também toda a estrutura familiar. Quando combinada com a sobrecarga familiar, os desafios emocionais e práticos podem se intensificar, impactando o bem-estar de todos os membros da família. A depressão pós-parto é um transtorno mental que pode surgir após o nascimento do bebê, manifestando-se através de sintomas como tristeza persistente, sentimentos de culpa, falta de interesse nas atividades diárias, alterações no sono e apetite, irritabilidade e ansiedade. Quando a mãe está enfrentando essa condição, a dinâmica familiar pode ser afetada, resultando em uma sobrecarga emocional e prática para os demais membros da família. Fatores como falta de suporte emocional e prático, histórico de depressão ou transtornos mentais na família, mudanças na dinâmica familiar após a chegada do bebê, estresse financeiro, dificuldades de comunicação e expectativas não realistas podem aumentar o risco de depressão pós-parto e sobrecarga familiar. A sobrecarga familiar pode ser especialmente intensa quando não há um sistema de apoio adequado para ajudar a mãe a lidar com os desafios da depressão pós-parto. A presença da depressão pós-parto na mãe pode gerar uma sobrecarga emocional nos demais membros da família, incluindo o parceiro ou parceira, filhos, avós e outros cuidadores. Essa sobrecarga pode se manifestar como estresse adicional, conflitos familiares, dificuldades na comunicação, impactos na dinâmica parental e no desenvolvimento emocional das crianças. A identificação precoce da depressão pós-parto e da sobrecarga familiar requer 24 uma avaliação abrangente das condições emocionais e do funcionamento familiar. A intervenção terapêutica deve incluir suporte psicológico e emocional para a mãe, terapia familiar, educação sobre saúde mental, estratégias de comunicação e resolução de conflitos, e, quando necessário, encaminhamento para profissionais especializados em saúde mental. 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 26 REFERÊNCIAS ALOISE, Sarah Regina; FERREIRA, Alaidistania Aparecida; LIMA, Raquel Faria da Silva. 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