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ARQUITETURA 
E URBANISMO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer a importância da iluminação natural.
 > Determinar as principais estratégias para se obter espaços mais confor-
táveis termicamente.
 > Identificar possibilidades de exploração da luz natural.
Introdução
A iluminação natural pode ser compreendida como uma técnica que tem por 
objetivo principal aproveitar a luminosidade das áreas externas de um am-
biente. Para ser possível o aproveitamento da luz natural, é necessário utilizar 
estratégias de projeto que permitam essa entrada, como o uso de janelas, 
iluminação zenital, jardins de inverno, entre outras possibilidades. Os benefícios 
da luz natural são inúmeros, sendo ela fundamental para a vida humana. Além 
disso, a entrada de luz colabora para a eficiência energética, na medida em 
que diminui o uso da iluminação artificial. 
Neste capítulo, você vai estudar a importância e todos os benefícios da luz 
natural nas edificações, compreendendo estratégias que podem ser utilizadas 
tanto para o seu controle quanto para a sua priorização dentro dos ambientes.
Conforto ambiental 
e iluminação natural
Vanessa Guerini Scopel
Importância da iluminação natural
O sol é uma fonte de energia vital e indispensável para a vida na terra. É 
a principal fonte de luz natural e, por meio da exposição a ela, o ciclo de 
funções fisiológicas do corpo humano é ativado. Os raios solares contêm 
a vitamina D, responsável por proteger o corpo humano contra a fraqueza, 
sendo encarregada também da proteção de dentes e ossos. Além disso, o sol é 
fundamental para o desenvolvimento da natureza e para o não congelamento 
da água dos rios. As edificações são os abrigos que garantem o equilíbrio 
entre o acesso e a proteção da luz natural, afinal, o sol em demasia também 
não é um cenário ideal.
Do ponto de vista ambiental, a edificação deve proporcionar ao usuário, acima de 
tudo, uma condição mínima de habitabilidade seguida de uma sensação contínua de 
bem-estar. Vale ressaltar que, com relação aos aspectos de iluminação, o conforto 
térmico e luminoso no projeto arquitetônico deve ser considerado conjuntamente. 
Esta visão integrada torna possível também o bom desempenho energético da 
arquitetura que, sendo adequada às necessidades do usuário, resulta, sobretudo, 
em ambientes mais confortáveis e eficientes energeticamente (Garrocho, 2005, p. 2).
As habitações humanas precisam cumprir as necessidades básicas de 
proteção e conforto como abrigos seguros. Devem permitir o acesso à luz 
natural e conseguir controlar essa luz de forma eficiente, já que o equilíbrio 
da entrada de luz do sol é o que trará o conforto para os seres humanos. 
A luz solar é variável, e essa variação se dá pelo movimento do sol no céu, 
relacionado à hora do dia, à estação do ano e à posição das edificações com 
relação ao sol. Portanto, a luminância é inconstante, não uniforme. Evidencia-
-se, assim, a necessidade de elaborar projetos arquitetônicos para obter 
índices de aproveitamento da luz solar e o seu gerenciamento, possibilitando 
a sensação de conforto e a eficiência energética da edificação. Para isso, 
deve-se privilegiar a iluminação natural, propondo alternativas de controle, 
a depender da estação do ano, do local da edificação, das temperaturas 
médias e de demais condicionantes climáticos, além do sistema de iluminação 
artificial. Isso deve ser pensado de uma forma integrada, pois, na medida em 
que a luz natural é otimizada e suficiente em determinado ambiente, sendo 
aproveitada ao máximo, é possível reduzir o uso da luz artificial (Garrocho, 
2005).
O conceito de eficiência energética pode ser compreendido como a busca 
por fazer mais com menos energia, sendo uma ação contínua que busca 
alternativas para melhorar o uso das fontes de energia de maneira mais 
otimizada. Refere-se à utilização racional da energia de modo eficiente para 
Conforto ambiental e iluminação natural2
obter determinado resultado. Na arquitetura, quando uma edificação privilegia 
a iluminação natural, ela tende a necessitar de menos iluminação artificial, 
demandando menos energia para seu funcionamento. Ainda assim, a eficiência 
energética para as edificações está ligada a diferentes tecnologias e novos 
produtos, como as lâmpadas do tipo LED utilizadas para iluminação artificial. 
Uma lâmpada do tipo LED de 7W obtém o mesmo nível de iluminação de uma 
lâmpada de 60W do tipo incandescente. A economia, nesse caso, é de 53W 
por hora de funcionamento, quase 90% a menos de consumo de energia. 
A lâmpada LED tem uma vida útil 50 vezes maior se comparada à lâmpada 
incandescente, transmitindo menos calor e diminuindo também a necessidade 
de climatização ou resfriamento dos ambientes (Abesco, 2023).
Compreendendo a importância da luz natural para os ambientes e o con-
forto térmico nesses espaços, a priorização da luz solar deve ocorrer no 
momento de projetação, sendo usada como uma diretriz de projeto, capaz 
de qualificar esses espaços. Por isso, é necessário conhecer estratégias que 
possam ser utilizadas em diferentes situações, no início do estudo preliminar 
e após a análise das condicionantes do local, para colaborar na tomada de 
decisão como um todo. O aproveitamento da luz solar e a eficiência energética 
estão diretamente relacionados a essas decisões iniciais, que dizem respeito 
à locação da edificação no lote, posição dos ambientes, volumetria, posição 
e tipo de aberturas, sombreamentos, entre outros elementos (Barnabé, 2007; 
Matos; Scarazzato, 2017). 
A relação entre a iluminação e o espaço favorece a concepção arquitetônica 
e gera edificações muito mais funcionais, eficientes, confortáveis e interessan-
tes. A iluminação natural tem impacto direto no funcionamento do ambiente e 
nas atividades que ocorrem nele, melhorando a realização das tarefas quando 
bem projetada. Portanto, o projeto da arquitetura está associado à iluminação 
natural, e a eficiência dos ambientes internos é um dos principais objetivos do 
projeto. É fundamental compreender o clima e seus efeitos sobre o ambiente 
construído, pois ele gera um impacto direto nas atividades, nas sensações e, 
consequentemente, na qualidade de vida daqueles que ocuparão esses espaços 
(Amorim, 2007; Gentile et al., 2015; Romero, 2016). 
Nesta seção, você estudou a importância da iluminação natural para 
a vida das pessoas. O acesso a esse recurso é fundamental para que os 
ambientes se tornem espaços adequados à realização de atividades, além 
de serem energeticamente eficientes. Entender a relevância da luz solar é o 
primeiro passo para a elaboração de projetos de qualidade, mas, para isso, 
é importante também compreender alternativas de controle da entrada da 
luz solar nas edificações, como veremos na seção a seguir.
Conforto ambiental e iluminação natural 3
Estratégias para espaços termicamente 
confortáveis
Entendendo a importância da iluminação natural para a vida e a qualidade das 
edificações, é necessário saber de que maneira é possível permitir a entrada 
e o controle dessa luz natural, de modo a resultar em ambientes confortáveis 
termicamente. O conforto térmico pode ser compreendido como:
[...] a condição global de uma pessoa na qual ela não prefira sentir nem mais 
calor, e nem mais frio; ou seja, é um estado total de bem-estar físico e mental 
que expressa satisfação com o ambiente térmico ao seu redor. Esse estado pode 
estar associado à individualidade de cada pessoa, o que faz com que um ambien-
te ameno possa ser considerado confortável para alguns, e desconfortável para 
outros (LabEEE, 2023, p. 1).
O conforto térmico está relacionado ao estado da mente que expressa 
satisfação com a ambiência térmica (Ashrae Standard 55, 2017). De todas as 
variáveis atribuídas a uma edificação, o conforto térmico é a variável que 
tem um impacto imediato e direto sobre os usuários, sendo considerado o 
aspecto mais influente de acordo com as avaliações de pós-ocupação dos 
edifícios (Dear et al. 2013). Tanto a intensidade quanto a distribuiçãoda luz nos 
espaços internos dependem de um conjunto de fatores, como disponibilidade 
de luz natural, construções externas próximas, tamanho, posicionamento, 
orientação e detalhes das aberturas, tamanho e geometria do ambiente, 
características dos fechamentos transparentes e refletividade das superfícies 
internas. Assim, “um bom projeto de iluminação natural usufrui e controla a 
luz disponível maximizando suas vantagens e reduzindo suas desvantagens” 
(Garrocho, 2005, p. 37).
Diante da necessidade de obter espaços mais confortáveis termicamente, 
existem algumas alternativas que podem colaborar para essa finalidade, como 
o sombreamento da edificação. O sombreamento da edificação é uma forma 
de proteção solar, controlando a entrada da luz natural, que, se ocorrer em 
demasia, pode ser prejudicial. Confira a seguir alguns meios que podem ser 
usados para sombreamento (Projeteee, 2023).
 � Vegetação: é importante planejar o local de plantação das árvores, 
entendendo o sombreamento da região em todos os momentos do 
ano. Podem ser utilizadas árvores com copas largas para proteger 
partes da cobertura ou vegetações arbustivas para proteger os planos 
de fachada (Figura 1).
Conforto ambiental e iluminação natural4
Figura 1. Sombreamento com vegetação.
Fonte: Projeteee (2023, slide 1). 
 � Pérgolas: podem ser usadas no sentido horizontal para proteção das 
fachadas norte e sul quando o sol se encontra mais alto. No sentido 
vertical, são usadas para horários do dia em que o sol se encontra mais 
baixo ou para fachadas que recebem o sol de forma diagonal, como 
no entardecer e no amanhecer. É possível combinar essas proteções 
para garantir o sombreamento em todas as épocas do ano (Figura 2).
Figura 2. Sombreamento com pérgolas.
Fonte: Projeteee (2023, slide 2). 
Conforto ambiental e iluminação natural 5
 � Cobogó: controla a entrada da luz solar, porém não é móvel. Permite 
garantir a privacidade dos espaços (Figura 3).
Figura 3. Cobogó.
Fonte: Projeteee (2023, slide 3).
 � Prateleira de luz: divide a janela em duas partes, criando, acima da 
parte inferior, uma espécie de marquise que garante a entrada do sol 
pela parte superior, protegendo a parte inferior da janela (Figura 4).
A projeção da lâmina horizontal da prateleira em direção ao ambiente externo au-
menta sua exposição à radiação direta e dessa forma, enquanto sombreia a porção 
inferior, ela reflete a luz incidente na sua superfície superior através da porção 
superior da janela em direção ao teto, sendo refletida com maior profundidade 
para o ambiente interior (Projeteee, 2023, p. 1).
Conforto ambiental e iluminação natural6
Figura 4. Sombreamento com prateleira de luz.
Fonte: Projeteee (2023, slide 4). 
 � Cortinas ou persianas: usadas quando não há uma alternativa possível 
ou em conjunto com outra estratégia. Não impedem a entrada direta 
da radiação solar, porque esta já passou pelo vidro, mas a obstrui. 
Sua onda de calor ainda entra no ambiente. Por isso, indica-se a uti-
lização de proteções solares de baixa capacidade térmica para que 
possam resfriar mais rapidamente após a saída do sol (Figura 5).
Figura 5. Sombreamento com cortinas ou persianas.
Fonte: Projeteee (2023, slide 5). 
Conforto ambiental e iluminação natural 7
 � Brises: podem ser utilizados com bastante variação nas edificações, 
sendo de madeira, alumínio ou vidro. Alguns vidros são modificados 
para reduzir a transmitância térmica, mas aumentam sua absortância. 
Por isso, indica-se o uso desses vidros como brise como uma forma 
de anteparo externo locado a 1 metro de distância. Dessa maneira, 
conseguem impedir a radiação solar direta (Figura 6).
Figura 6. Sombreamento com brises de vidro.
Fonte: Projeteee (2023, slide 6). 
É muito importante destacar que essas estratégias são utilizadas de acordo 
com as orientações solares do Brasil, situado no hemisfério sul, mas isso deve 
ser pensado de forma diferente para edificações localizadas nos países do 
hemisfério norte. Mesmo que a edificação seja no Brasil, cada região deve 
ser estudada de forma individual, pois a incidência solar, as temperaturas e 
outros fatores climáticos variam muito. É fundamental que esse estudo seja 
realizado para qualquer projeto, a fim de que ele esteja realmente adequado 
àqueles condicionantes. 
Conforto ambiental e iluminação natural8
Saber da importância da iluminação natural e utilizá-la na elaboração 
dos espaços permite que as pessoas tenham acesso a essa luz e aproveitem 
seus benefícios. A entrada de luz solar em demasia, a depender da região da 
edificação, da época do ano e do clima local, pode causar desconforto térmico. 
Para privilegiar a entrada de luz, deve-se considerar cada condicionante e 
utilizar estratégias para controlar a entrada do sol e garantir que os ambientes 
obtenham essa luz, mas não sejam prejudicados pelo calor.
Possibilidades de exploração da luz natural
A luz natural, na arquitetura, pode ser priorizada por meio de diferentes 
estratégias para fazer com que a luz do sol entre na edificação e aqueça os 
ambientes. Destaca-se o uso de janelas, grandes panos de vidro, jardim de 
inverno e abertura zenital (claraboia, domo, shed e lanternim).
As janelas permitem a entrada de luz solar e ventilação. Devem ser pen-
sadas, na edificação, considerando-se exatamente o seu objetivo principal, 
como ganho solar, ventilação ou iluminação, pois isso fará com que sejam mais 
eficazes na sua função. É possível combinar diferentes objetivos, considerando 
as diferentes estações do ano e posições do sol com relação à edificação. 
As janelas também podem ter venezianas, persianas ou outro elemento que 
controle a entrada do sol (Brown; Dekay, 2004).
Apesar de ser a solução mais aplicada, tendo em vista questões de custo 
e mão de obra, uma característica marcante da iluminação lateral é a de que 
ela é bastante desuniforme, pois o nível de iluminância diminui de forma 
rápida com o aumento da distância da janela. Os panos de vidro, diferente-
mente das janelas, se caracterizam por serem elemento fixos que permitem 
apenas a entrada de sol, sem ventilação. Assim como as janelas, podem ser 
dimensionados e posicionados para garantir o aquecimento dos ambientes. 
Os panos de vidro e as janelas são elementos que permitem a entrada do sol 
e possibilitam uma relação entre o interior e a parte externa da edificação 
ou entorno. O efeito desses elementos nas edificações está vinculado ao 
conforto térmico, mas também à sensação de bem-estar, permitindo que as 
pessoas tenham acesso à luz natural e contato visual com os espaços externos 
(Mingrone, 1984; Vianna; Gonçalves, 2001).
O jardim de inverno, conhecido também como “jardim interno”, pode ser 
definido como um ambiente anexo à residência ou edificação, acoplado a 
ela, com parede e/ou teto de vidro. Esse espaço conceitualmente foi pensado 
para ser usado no inverno, mas, de forma prática, é utilizado como uma 
Conforto ambiental e iluminação natural 9
estratégia para melhorar a iluminação e a ventilação de ambientes mais 
fechados (Saldanha, 1983).
Além dessas alternativas mais comuns, existe também a iluminação zenital 
(Figura 7), como a claraboia, o shed, o lanternim, o átrio, o domo e outros 
elementos (Hopkinson, 1980). A abertura zenital pode ser compreendida 
como uma luz natural que entra através de fechamentos superiores, ou seja, 
coberturas, dos espaços internos (ABNT, 2005). Esse tipo de abertura “pos-
sibilita uma maior uniformidade de distribuição da luz natural em relação à 
iluminação lateral e, principalmente, permite maiores níveis de iluminância 
sobre o plano de trabalho” (Garrocho, 2005, p. 38).
Figura 7. Abertura zenital.
Fonte: Viva Decora (2018, p. 1).
Conforto ambiental e iluminação natural10
A abertura zenital consegue captar a radiação luminosa tanto do sol quanto 
da abóboda celeste, sendo bastante adequada e funcional para ambientes com 
grande profundidade, como museus, centros comerciais, bibliotecas, edifícios 
de escritórios, entre outros.A abertura zenital precisa ser controlada e, por 
isso, devem ser considerados no projeto fatores como clima local, condições 
do céu, índice de nebulosidade, luminância, iluminância, tipologia e formato 
do elemento. Para evitar o aumento indesejável da temperatura interna, 
a área da abertura não deve passar de 10% da área do piso. A abertura zenital 
necessita de manutenção regular para manter o padrão de luz natural, sendo 
essa outra desvantagem (Garrocho, 2005; Vianna; Gonçalves, 2001). 
A claraboia também é um elemento de abertura zenital que possibilita a 
entrada de luz natural. É uma abertura situada no plano de cobertura, que 
pode ter variados formatos e tamanhos e diferentes sistemas de fechamento 
e abertura, o que permite também a entrada de ventilação (Toledo, 2008). 
As claraboias combinam as funções de iluminação natural, aquecimento solar 
e ventilação, mudando “de função conforme a estação: elas fornecem aque-
cimento solar e iluminação natural no inverno e, durante o verão, iluminação 
natural e ventilação por efeito chaminé” (Brown; Dekay, 2004, p. 263).
O shed é outro exemplo de abertura zenital e se caracteriza por ser uma 
cobertura com uma espécie de dentes voltados para determinada orientação 
solar, sendo mais utilizados em fábricas. Já o lanternim pode ser compre-
endido como um telhado em formato de V invertido, tendo boa eficácia ao 
ser voltado para norte ou sul. O átrio, por sua vez, comporta-se como uma 
cobertura hemisférica de vidro que possibilita a entrada de iluminação para 
vários pavimentos. Diferentemente, o domo, ou cúpula, possibilita a entrada 
de luz para um espaço, pavimento ou pé-direito duplo (Toledo, 2008).
Apesar de a iluminação lateral ser mais comum e facilmente aplicada 
e encontrada na maioria das edificações, ela oferece menos unifor-
midade na distribuição de luz natural se comparada à abertura zenital. Observe 
a Figura 8. A curva A se refere ao nível de distribuição de luz de uma abertura 
lateral, e a curva B se refere ao nível de distribuição da luz com a abertura zenital. 
Conforto ambiental e iluminação natural 11
A A B
B
Ei
A+B
Figura 8. Distribuição de luz em janelas laterais e abertura zenital.
Fonte: Majoros (1998, p. 39).
A utilização combinada das duas formas de iluminação natural (lateral e 
zenital) possibilita a curva AB.
Além dessas estratégias usuais que podem ser aplicadas nas edificações, 
é fundamental pensar a volumetria dos projetos para que, com esses ele-
mentos de entrada de luz natural, possam privilegiar a entrada do sol nos 
ambientes. Por exemplo, o Condomínio Público Habitacional de Giudecca 
(Figura 9), na Itália, foi projetado de maneira escalonada, diminuindo o nú-
mero de pavimentos por se aproximar da orientação solar de maior eficácia. 
Assim, todas as porções da edificação conseguem obter a entrada de luz 
solar (Brown; Dekay, 2004).
Figura 9. Condomínio Público Habitacional de Giudecca, na Itália.
Fonte: Brown e Dekay (2004, p. 143).
Conforto ambiental e iluminação natural12
Confira na Figura 10 outros esquemas em planta baixa e em corte com o 
posicionamento de aberturas. Nos esquemas em planta baixa (Figura 10a), 
pode-se perceber a entrada da luz solar e a forma que vai adentrando os am-
bientes conforme sua posição na planta. Por meio dos pontilhados, é possível 
perceber que essa intensidade diminui quando há anteparos, o que significa 
que os ambientes mais distantes da luz solar estarão mais prejudicados. 
Pelos esquemas em corte (Figura 10b), pode-se perceber o uso escalonado 
e em desnível, como porções inclinadas que permitem a entrada de luz nos 
recintos, sendo boas alternativas para a luz natural (Brown; Dekay, 2004). 
Figura 10. Diagramas de entrada solar: (a) esquemas em planta baixa; (b) esquemas em corte.
Fonte: Adaptada de Brown e Dekay (2004).
Alongada no 
sentido E-W
Edificações escalonadas Sheds acima do nível 
da obstrução
Com mezanino sob
talhado com uma água
Recinto alto 
ao fundo
Recintos
desencontrados
Recintos
N-S conectados
Recintos com área
de coleta anexa
Recintos profundo
centralizado
A
B
Edificações que privilegiam a iluminação natural têm muito mais quali-
dade e oferecem mais conforto aos seus usuários, porque permitem acesso 
ao sol e permeabilidade visual com a parte externa. É necessário unir boas 
estratégias de entrada de luz natural uniforme em todos os ambientes da 
edificação, além de prever alternativas de controle dessa luz, de modo a 
garantir o conforto térmico dos espaços. Todas essas alternativas preci-
sam ser pensadas de forma conjunta e já no estudo preliminar do projeto, 
considerando o contexto, a topografia do lote, o entorno, a orientação solar, 
o clima, entre outras variáveis. 
Conforto ambiental e iluminação natural 13
Referências 
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Conforto ambiental e iluminação natural14
Leitura recomendada
BEHLING, S.; BEHLING, S. Sol power. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002. 
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Conforto ambiental e iluminação natural 15

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