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Profa. Ma. Tânia Trajano UNIDADE II História e Teoria do Jornalismo Agora o foco é o desenvolvimento do jornalismo no Brasil. Veremos: O jornalismo no período colônia; O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência; O jornalismo no Segundo Reinado; O jornalismo na República Velha; O jornalismo na República Nova: a Revolução de 1930 e o Estado Novo; O jornalismo de 1945 a 1964: do governo Dutra a João Goulart; O jornalismo na Ditadura Militar; O jornalismo na Nova República. O que temos nesta unidade II da nossa disciplina? Em seus primórdios, a imprensa brasileira foi tributária do jornalismo praticado em Portugal, onde começou relativamente cedo. Já em 1641 eram publicados em terras portuguesas os primeiros papéis noticiosos, como eram chamadas as gazetas. As notícias eram dadas de forma sucinta e superficial. Por exemplo, quando ocorreu o terremoto de Lisboa, em 1755, que devastou a cidade e provocou milhares de mortes, os jornais daquele país se limitaram a noticiar o fato em algumas poucas linhas, sem se aprofundar na tragédia. O jornalismo no período colonial Tem uma explicação para isso... relação de desconfiança que Portugal tinha com a leitura e o conhecimento, reflexo do domínio secular que a Igreja Católica exercia sobre os países ibéricos; a Inquisição agia de forma mais rígida do que em outras paragens para coibir o pensamento livre; assim como os espanhóis, os portugueses viam os livros e, posteriormente, os jornais como algo perigoso... enquanto a leitura era estimulada nos países protestantes, a partir dos estudos sistemáticos das escrituras, na península ibérica esse hábito era desencorajado e estava sob constante escrutínio das autoridades eclesiásticas. E essa política se estendia aos seus domínios d’além-mar. O jornalismo no período colonial No Brasil colonial, a situação era ainda mais restrita do que na Corte; apenas os religiosos tinham acesso aos livros, normalmente inacessíveis ao público em geral, mantidos nas bibliotecas dos mosteiros e colégios jesuítas, longe de olhares desautorizados. Praticamente não havia bibliotecas em casas de particulares. Apenas as obras que passavam pelo crivo da censura e tinham o selo de aprovação da autoridade eclesiástica é que podiam circular no país livremente. As demais só entravam em nosso território de maneira clandestina, por intermédio de livreiros que as contrabandeavam para os interessados. O jornalismo no período colonial Pela mesma razão, a imprensa demorou a se instalar no Brasil, enquanto no restante do continente ela já vinha sendo exercitada em várias partes. Data de 1690 a primeira publicação de um jornal na América, o Public Occurences, both Foreign and Domestic, editado em Boston, nos Estados Unidos, embora o verdadeiro início do jornalismo americano seja atribuído ao Boston News Letter, lançado em 1704. Essas iniciativas foram seguidas por publicações jornalísticas na Guatemala (Gaceta de Guatemala, a partir de 1729), Equador (Primicias de La Cultura de Quito, do mesmo ano), Colômbia (Gaceta de Santa Fé y Bogotá, Capital del Nuevo Reino de Granada, lançado em 1735), Peru (Gaceta de Lima, de 1743, o primeiro diário das Américas), México, em 1772, Cuba, em 1790, e Argentina, em 1801. O jornalismo no período colonial Enquanto isso, no Brasil, todas as tentativas de se criar jornais no país eram severamente reprimidas pela Metrópole; Apenas alguns jornais impressos em Portugal circulavam por aqui e a instalação de tipografias era proibida. Essa história muda de rumo apenas em 1808, quando a Corte se transfere para o Brasil. Alguns estudiosos consideram a Carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que narrava a descoberta e as explorações iniciais do Brasil em 1500, a primeira reportagem realizada em nosso país... mas o jornalismo propriamente dito só fincou raízes em nossas terras quando a Corte de Portugal aportou no Rio de Janeiro. O jornalismo no período colonial Uma das medidas tomadas por D. João na ocasião de sua chegada ao Brasil foi a fundação da Imprensa Régia no Rio de Janeiro, estabelecida em decreto de 13 de maio daquele ano; Foi abolida, naquele momento, a proibição de se criarem tipografias no país; A Imprensa Régia originalmente tinha a função de imprimir e divulgar os atos normativos e administrativos reais, além de documentos diplomáticos e registros das repartições públicas. Mas o rei também instituiu a censura prévia de todas as publicações, determinação que seria anulada somente em 1821, às vésperas da Independência. O jornalismo no período colonial Foi nesse contexto de cerceamento da liberdade de expressão que entrou em cena aquele que é considerado pelos historiadores o primeiro jornal brasileiro. Correio Braziliense – publicado em Londres, era redigido por Hipólito José da Costa, e que se manteve em circulação por mais de 14 anos, de 1º de junho de 1808, quando o primeiro número foi lançado, até dezembro de 1822, somando 175 edições mensais. O jornalismo no período colonial Fonte: Disponível em: https://bit.ly/301nUUH. Frontispício da edição de junho de 1808 do Correio Braziliense Em termos formais, o Correio Braziliense inseria-se no modelo estabelecido pelo Primeiro Jornalismo: doutrinário, preocupado mais em fazer proselitismo político-ideológico do que noticiar os fatos; estruturalmente, era dividido em seções nas quais o autor discorria sobre diversos assuntos, incluindo ciências, artes, comércio e, naturalmente, política; parecia-se mais com um livro do que um jornal, como imaginamos hoje; o número de páginas variava entre 100 e 140 páginas. Era escrito por um intelectual para intelectuais que compartilhavam as suas ideias e, portanto, empregava uma linguagem erudita e floreada. Estava longe de ser um veículo de comunicação popular. O jornalismo no período colonial O Correio foi arduamente combatido pela Coroa, que chegou até a patrocinar, em 1811, a criação de outro veículo para anular a sua influência, O Investigador Português, produzido e vendido em Londres por dois médicos lusitanos. Embora o Correio tenha sido o primeiro jornal genuinamente brasileiro, preocupado exclusivamente com questões nacionais, ainda que sob uma perspectiva estrangeira, o primeiro jornal escrito e impresso em nosso território foi A Gazeta do Rio de Janeiro. Produzido nas instalações da Imprensa Régia e lançado alguns meses depois do jornal de Hipólito José da Costa, em setembro de 1808. A sua redação ficava a cargo de Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, o primeiro jornalista profissional de nosso país, enquanto a edição era responsabilidade de Frei Tibúrcio José da Rocha. Tratava-se, portanto, de um jornal oficial, limitado a publicar comunicados da Coroa e atrelado aos interesses régios. O jornalismo no período colonial Enquanto o Correio possuía periodicidade mensal e preço alto, A Gazeta do Rio de Janeiro circulava duas vezes por semana e era barato, o que o tornou rapidamente popular. Inicialmente com poucas folhas, assemelhava-se mais a um folheto do que a um jornal propriamente dito. Essencialmente informativo, sem o caráter doutrinário de seu concorrente, publicava informes retirados de jornais de Lisboa a respeito da situação internacional. O jornalismo no período colonial Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3GVVpbX Frontispício da edição de setembro de 1808 de A Gazeta do Rio de Janeiro Em 1822, o seu nome foi abreviado para Gazeta do Rio e, no ano seguinte, mudou para Diário do Governo. No decorrer dos anos, sofreu outras alterações, sendo chamado sucessivamente de Correio Oficial e Gazeta Oficial do Império do Brasil até se tornar o Diário Oficial, em 1892, após o advento da República. A Gazeta do Rio de Janeiro, em suas diversasencarnações, é o jornal mais antigo em circulação no país quase que ininterruptamente. Desde dezembro de 2017, ele passou a ser exclusivamente virtual, só podendo ser acessado através da página da Imprensa Oficial na internet. O primeiro jornal não oficial impresso no Brasil só apareceria em 1811: A Idade de Ouro no Brasil era escrito e impresso na Bahia por dois portugueses, o padre Inácio José de Macedo e Diogo Soares da Silva; Como o próprio nome sugere, esse jornal fazia apologia do rei e do regime absolutista, preocupava-se mais em relatar os eventos sociais envolvendo a Corte e exaltar as realizações joaninas do que em retratar a realidade social. O jornalismo no período colonial Para fecharmos a análise deste período, vale o registro sobre essa característica da imprensa áulica: jornalismo bajulador e sincronizado com os interesses reais. Com a difusão da imprensa, contudo, começaram a surgir os “opositores” ao governo, como o Preciso. A leitura de obras de cunho iluminista e libertário se expandiu, fazendo com que mais pessoas aderissem à causa separatista. reação: censura das provas tipográficas, em vez do material impresso, e proibição de qualquer publicação que versasse sobre política, religião ou a figura do rei que não fosse da maneira laudatória da imprensa áulica. Diversos jornais nasceram para fazer defender a posição dos liberais: Diário Constitucional, Revérbero Constitucional Fluminense, A Malagueta. .... Detalhe: consta que os jornais foram determinantes para convencer o príncipe regente a permanecer no Brasil, no episódio conhecido como Dia do Fico. O jornalismo no período colonial Com relação ao marco inicial de nossos meios de comunicação social, analise as afirmativas: I. O marco inicial do jornalismo no Brasil é 1808, quando passou a circular, em 1º de junho, o Correio Braziliense. II. O Correio Braziliense era editado na Bahia, por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça. III. O jornalismo no país tornou-se possível quando Dom João VI, ao aportar no Brasil, assinou a Carta Régia que, entre outras medidas, instalava a Imprensa Régia. É correto o que se afirma em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. Interatividade Com relação ao marco inicial de nossos meios de comunicação social, analise as afirmativas: I. O marco inicial do jornalismo no Brasil é 1808, quando passou a circular, em 1º de junho, o Correio Braziliense. II. O Correio Braziliense era editado na Bahia, por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça. III. O jornalismo no país tornou-se possível quando Dom João VI, ao aportar no Brasil, assinou a Carta Régia que, entre outras medidas, instalava a Imprensa Régia. É correto o que se afirma em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. Resposta O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência Órgãos de imprensa continuaram exercendo pressão sobre o governo para dar andamento à redação de uma Constituição brasileira; Havia, neste momento, 3 vertentes que representavam as diversas forças políticas em ação no país, desenharam-se nesse contexto: A facção conservadora, que apoiava o imperador D. Pedro I – remanescente da imprensa áulica, como o Diário Fluminense; A monarquia constitucional e a elaboração de uma Constituição menos autoritária, além das prerrogativas do Legislativo, continuavam a ser defendidas por jornais de cunho liberal mais moderado. Na ponta mais radical do espectro político figurava o Tífis Pernambucano. Criado em 1823, era um feroz opositor do absolutismo – campanha aguerrida pela dissolução da Constituinte e pregava a proclamação da República e a libertação dos escravos, décadas antes que isso se tornasse possível. Primeiro Reinado Característica importante: A Regência possuía um feitio mais democrático e liberal, que se traduzia em uma ampla liberdade de imprensa, mas, à medida que as crises políticas se sucederam, a linha conservadora gradualmente recuperou a proeminência. O relaxamento da censura, em um primeiro momento, permitiu o surgimento de uma imprensa descomprometida com a verdade dos fatos e a disseminação de mentiras e ofensas. Fake News? Os jornais brasileiros desse período já inventavam notícias, difamavam e injuriavam os adversários políticos, devassando sem pudor as suas vidas particulares e de suas famílias, trocando entre si todo tipo de ataque verbal, que muitas vezes resvalava para a agressão física pura e simples. O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência Esse foi o período áureo dos chamados pasquins, jornais baratos, na maioria dos casos em formato de in-quarto, escritos em linguagem vulgar e chula, dirigidos à população menos culta e semiletrada, como os artesãos, os trabalhadores braçais e os ex-escravos. Esses jornais recebiam nomes jocosos e indecorosos... O Buscapé, Doutor Tirateimas, O Médico dos Malucos, Diabrete e O Par de Tetas, entre outros. Outro detalhe interessante: traziam epígrafes criativas e poéticas, algumas tiradas de Camões ou outros escritores, e que resumiam o seu lema. O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência Fonte: Biblioteca Nacional Digital. Disponível em http://memoria.bn.br/docreader/doc reader.aspx?bib=224464&pagfis=1 Sobre os pasquins: tinham poucas páginas, dedicavam-se a abordar apenas um assunto específico, em tom inflamado; estavam mais para panfletos provocativos do que para jornais propriamente ditos; não possuíam uma periodicidade regular; duravam apenas alguns poucos números, isso quando passavam da primeira edição. Durante o período da Ditadura Militar, entre os anos 1960 e 1970, o semanário O Pasquim escolheu o nome desses jornais de baixa qualidade do período regencial para satirizar o contexto político em que o país havia mergulhado após o Golpe de 64. O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência Paralelamente à proliferação dos pasquins, surgiram alguns jornais especializados: A Mineira, do Rio de Janeiro, voltado para o público feminino, e O Crioulinho, O Homem de Cor ou o Mulato e O Brasileiro Pardo, exemplos pioneiros de publicações preocupadas em discutir as questões raciais. Outro fato digno de nota nessa fase foi o aparecimento da primeira caricatura feita no país, uma litografia satirizando o servilismo de um jornalista diante do governo, de autoria de Manuel de Araújo Porto Alegre, publicada no Jornal do Comércio, em 1837. O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência Fonte: Biblioteca Nacional Digital. Disponível em http://memoria.bn.br/docreader/DocRea der.aspx?bib=701815&pagfis=1 Alguns anos depois, já no Segundo Reinado, foi em jornais “personalistas” que o fim da escravidão e a implantação da República começaram a ser propostos. À medida que as insurreições nas províncias eram sufocadas com violência, a ala conservadora voltou-se contra a oposição de esquerda e forçou a linha liberal moderada a preparar a manobra que levou ao chamado Golpe da Maioridade, em que D. Pedro II foi declarado maior de idade antes de completar 15 anos e, portanto, apto a assumir o trono, o que ocorreu em 23 de julho de 1840. Começava então o Segundo Reinado, uma das fases mais prósperas e vibrantes para o nosso jornalismo. O jornalismo no Primeiro Reinado e no período da Regência Segundo Reinado: contexto: D. Pedro II passou a concentrar em suas mãos todas as decisões relativas ao império que havia herdado e, aos poucos, desestimulou o avanço dos liberais. Concomitantemente a esse processo, a economia tornou-se cada vez mais dependente do crescente comércio internacional do café. Os latifundiários cafeeiros, instalados sobretudo no Sudeste, nas províncias de São Paulo e Rio de Janeiro, emergiram então como as novas forças econômicas do país. Utilizando a mão de obra escrava abundante e barata,que havia ficado ociosa com o fim do ciclo de mineração, as lavouras de café puderam se expandir e forneceram ao governo real o afluxo de recursos de que ele precisava para se consolidar. Um pacto tácito entre conservadores e liberais permitiu que o imperador exercesse o seu reinado sem grandes oposições iniciais, apaziguando momentaneamente as disputas políticas entre as duas facções rivais. O jornalismo no Segundo Reinado Aproveitando-se do surto econômico que o Brasil atravessava, a imprensa brasileira começou a estruturar-se em bases empresariais e capitalistas, típicas do período do Segundo Jornalismo. Embora a imprensa conservadora fosse dominante nessa fase, posições políticas mais liberais começavam a ser defendidas em jornais como o Correio Mercantil, que seguia uma linha mais independente. Publicações cada vez mais diferenciadas também despontaram, como a Lanterna Mágica, que se beneficiou dos avanços técnicos e gráficos que permitiam reproduzir gravuras para se tornar o primeiro jornal especializado em publicar caricaturas. O jornalismo no Segundo Reinado Fonte: http://bndigital.bn.br/acervo- digital/gazeta-da-tarde/819280. Um reflexo dessas mudanças sociais foi a gradual emancipação das mulheres. À medida que superavam as restrições do período colonial, elas foram cada vez mais atraídas para o modelo urbano europeu. Conquanto ainda dependentes dos maridos, conquistaram relativa liberdade enquanto buscavam equiparar-se às damas francesas e inglesas na moda e nos hábitos. ... Consequentemente, diversas publicações impressas passaram a explorar essa tendência. O Jornal das Senhoras, lançado em 1852 pela baiana Violante Ataliba Ximenes de Bivar, foi um dos primeiros dedicados exclusivamente ao público feminino. Trazia poemas, novidades a respeito das modas e outras amenidades típicas da época. Esse padrão foi logo seguido por várias outras publicações, como o Jornal das Moças Solteiras, o Bom Tom e o Correio das Damas. Essa corrente marcou o surgimento e a popularização da literatura romântica nas páginas de jornais e revistas. O jornalismo no Segundo Reinado Jornal das Senhoras Fonte: http://bndigital.bn.br/acervo- digital/vida-elegante/382612 Fonte: http://memoria.bn.br/DOCREADER/d ocreader.aspx?BIB=700096. Sobre os folhetins nacionais: O primeiro foi Cinco minutos, que José de Alencar começou a publicar no Diário do Rio de Janeiro em 1856, seguido, no ano seguinte, pelo seu maior sucesso, O guarani. Vários escritores pegaram carona no êxito dos folhetins, entre os quais um jovem negro carioca que iniciou a carreira como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial e bem cedo escrevia seus contos e romances em capítulos para jornais como A Marmota, e que estava destinado a se tornar o maior escritor brasileiro de todos os tempos: Machado de Assis. Outro gênero que adquiriu relevo nessa época foi a crônica, da qual Machado e Alencar foram dois dos mais proeminentes representantes. O jornalismo no Segundo Reinado A imprensa brasileira também se aproveitava da modernização tecnológica do país, como a extensão das linhas telegráficas e telefônicas e da implantação do serviço regular de correios, primeiramente entre Campinas e São Paulo, a partir de 1867, que permitiram ampliar a distribuição de revistas e jornais pelo país afora. Enquanto a imprensa conservadora prosperava em decorrência da calmaria política e do desenvolvimento econômico, o movimento abolicionista se fortalecia, sobretudo na imprensa estudantil. Aparecimento de jornais dedicados à causa, como O Sete de Abril, lançado em 1865, e de onde despontariam nomes como Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa e Castro Alves. O Brasil passava, então, pela Guerra do Paraguai, evento que mudaria definitivamente os rumos políticos do país. O jornalismo no Segundo Reinado Um dos efeitos imediatos do conflito, que envolveu Brasil, Argentina e Paraguai, foi o substancial aumento do número de escravos que conquistavam a alforria depois de servir no exército e regressar ao país. Esse processo contribuiu para alimentar a fogueira dos ideais libertários, ao mesmo tempo que enfraquecia as bases econômicas da sociedade cafeeira em que se estruturava o governo de D. Pedro II, à medida que a mão de obra escrava começava a escassear. Diversos veículos passaram a defender abertamente o fim da escravidão, como A Reforma, surgida no Rio de Janeiro, em 1869, e que pregava a reforma ou a revolução. Uma das publicações mais importantes que contribuíram para a causa foi a Revista Illustrada, fundada pelo imigrante italiano Angelo Agostini, que publicou Cenas da escravidão, uma série de desenhos que mostravam os sofrimentos dos negros sob as torturas impostas pela sociedade branca dominante, e que Joaquim Nabuco saudou como a Bíblia da Abolição para os que não sabem ler. O jornalismo no Segundo Reinado O jornalismo no Segundo Reinado Fonte: Acervo Biblioteca Digital. Disponível em http://bndigital.bn.br/acervo- digital/revista-illustrada/332747 Pela primeira vez na nossa imprensa, a escravidão era exibida sem pudores, em toda a sua desumanidade e crueldade. As imagens contundentes e perturbadoras podiam ser entendidas mais facilmente pela população, de maioria analfabeta, do que os textos impressos, que eram dirigidos para as classes mais letradas e ajudaram a conscientizar a opinião pública para a necessidade urgente de sua extinção. Além desse trabalho memorável e fundamental, Agostini foi o pioneiro das histórias em quadrinhos em nosso país com o lançamento de As aventuras do Zé Caipora, em 1884. Por esse pioneirismo, ele é considerado hoje o patrono dos quadrinhos nacionais e seu nome é dado a mais importante premiação atribuída aos profissionais da área todos os anos. O jornalismo no Segundo Reinado Um último aspecto sobre esse período: os latifundiários cafeeiros de São Paulo e do Rio de Janeiro reagiram às investidas pela abolição fundando o próprio jornal pró-escravidão, o Novidades, mas a essa altura o processo histórico que levou à libertação dos escravos era irreversível. A campanha na imprensa gradualmente surtiu o efeito esperado. Sob pressão da opinião pública, o escravismo cedia cada vez mais terreno, inclusive no plano legal, com a promulgação da Lei do Ventre Livre, em 1871, que garantia a alforria aos filhos das escravas, e da Lei dos Sexagenários, em 1885, que determinava a liberdade para os escravos com 60 anos ou mais. O fim definitivo da escravidão era inevitável e apenas uma questão de tempo. O jornalismo no Segundo Reinado Quando os religiosos e os militares, descontentes com a solução que o governo havia dado àquelas questões, passaram a apoiar abertamente as causas abolicionistas e republicanas, o império dependeu apenas dos latifundiários para continuar existindo. Finalmente, a pressão da opinião pública, mobilizada pelos órgãos de imprensa abolicionistas, levou à extinção da escravidão com a decretação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Com a libertação dos escravos, o Segundo Reinado perdeu o seu último pilar de sustentação. Os cafeicultores passaram então a apoiar a implantação da República, que ocorreria finalmente em 15 de novembro de 1889. 1º de janeiro de 1890, o jornal alterou o seu nome e se tornou O Estado de São Paulo. O jornalismo no Segundo Reinado Fonte: https://acervo.estadao.com.br/pa gina/#!/18891116-4373-nac-0001- 999-1-not A propósito do papel exercido pela imprensa áulica durante o regime monárquico no Brasil, é correto afirmar que: a) Apoiava o imperador e a corte portuguesa. b) Lutava pela causa abolicionista. c) Criticava duramente o imperador e a corte portuguesa. d) Levantava a bandeira do republicanismo. e) Falava mal da vida de políticos e celebridades da época. Interatividade A propósito do papelexercido pela imprensa áulica durante o regime monárquico no Brasil, é correto afirmar que: a) Apoiava o imperador e a corte portuguesa. b) Lutava pela causa abolicionista. c) Criticava duramente o imperador e a corte portuguesa. d) Levantava a bandeira do republicanismo. e) Falava mal da vida de políticos e celebridades da época. Resposta O jornalismo na República Velha Apesar da derrubada do regime imperial, os jornais monarquistas continuaram atuantes nos primeiros tempos da República, militando a favor do retorno ao poder de D. Pedro II e travando constantes polêmicas com os veículos republicanos. Um dos mais influentes desses jornais pró-imperador foi o Jornal do Brasil, fundado em 9 de abril de 1891. possuía estrutura de empresa de grande porte, com rotativas modernas, capazes de imprimir 50 mil exemplares diários, um feito impressionante para a época, distribuição por intermédio de carroças e outras inovações. destacava-se também pela contribuição de correspondentes estrangeiros e por inaugurar a primeira coluna feminina regular de nossa imprensa, assinada por Clotilde Doyle. - apoio às causas sociais e a campanhas como a do combate ao analfabetismo. O Jornalismo no Brasil Republicano Outro jornal que fazia oposição ao recém-instalado regime foi A Tribuna Liberal, de Eduardo Prado, que após algum tempo passou a se chamar simplesmente A Tribuna. Depois de uma série de críticas virulentas ao então presidente Deodoro da Fonseca, considerado inepto e prepotente, o jornal também foi depredado, em novembro de 1890. O Jornalismo no Brasil Republicano Embora tenha sofrido um sério revés com o fim da escravidão, a elite agrária continuou prosperando no início da República, mas agora contando com a força dos trabalhadores assalariados. Para garantir mais rendimento e reduzir os custos, essa mão de obra passou a ser importada ainda antes da Lei Áurea ser promulgada. Os imigrantes, a princípio italianos e alemães, e posteriormente também japoneses, ajudaram a garantir a produtividade das culturas cafeeiras por décadas. Uma parte significativa desse contingente estrangeiro se instalou nas grandes cidades, principalmente em São Paulo, em bairros como Brás, Bexiga e Barra Funda. Jornais comunitários voltados para essas comunidades, escritos em suas línguas nativas, começaram então a circular: Fanfulla, da colônia italiana, Deutscher Zeitung, da colônia alemã, e Correo Iberico, do Rio de Janeiro, voltado para os espanhóis. República Velha Período conturbado, com os movimentos de rebelião, de cunho tanto social quanto político, entre os quais o mais famoso e o de maior abrangência foi o que envolveu o arraial de Canudos, no interior da Bahia, entre 1896 e 1897. Fato importante: o jornal O Estado de S. Paulo enviou para a região um correspondente de guerra, o engenheiro militar e jornalista Euclides da Cunha. Durante meses, transmitiu para o jornal os relatos a respeito do progresso da guerra, que testemunhavam o morticínio perpetrado pelas tropas federais contra a população indefesa dos sertanejos. Depois do fim do conflito, ele reuniu esses relatos e lhes deu uma feição mais literária e científica no clássico Os sertões, publicado em 1902 e considerado o primeiro livro-reportagem escrito no Brasil. Período republicano Fonte: em http://www.euclides. site.br.com/imagens/cari caturaeuclides.jpg Caricatura do autor brasileiro Euclides da Cunha por Raul Pederneiras (1903). A ascensão da burguesia industrial, que já se desenhava desde o início da República, ganhou ímpeto a partir dos primeiros anos do século XX, com o nascente processo de industrialização. O jornalismo, que já vinha se estruturando solidamente como empresa, elevou-se ao nível dos empreendimentos de grande vulto. Os veículos de grande porte rapidamente sufocaram os pequenos, que saíram de circulação definitivamente ou foram absorvidos, incapazes de competir, em termos financeiros, com o avanço da grande imprensa no país. O número de títulos diminuiu consideravelmente e uma quantidade menor de empresas jornalísticas passou a concentrar o volume de publicações. Período republicano O próprio O Estado de S. Paulo, que em 1902 passou a ser propriedade de Júlio de Mesquita, com Nestor Pestana como secretário de redação, modernizou-se e passou a rodar tiragens diárias da ordem de 35 mil exemplares. Assim como O Estado, o Jornal do Brasil também experimentou um considerável desenvolvimento. Em seu prédio na Avenida Central do Brasil, no Rio de Janeiro, o mais alto da América Latina até então, ele instalou os primeiros linotipos do país e passou a imprimir e distribuir suplementos em quatro cores. A partir de 1912, fez uso, pela primeira vez no jornalismo brasileiro, de máquinas de escrever nas redações e inaugurou a primeira editoria de esportes do país. Um pouco antes, em 1906, surgiu A Gazeta, outro importante veículo de imprensa da capital paulista, que em 1918 passaria a ser dirigido por Cásper Líbero. Período republicano Essa situação gerou um descompasso entre o jornalismo que passou a ser então praticado, de cunho mais capitalista, modernizante e industrial, e a elite política dominante, predominantemente latifundiária, escorada na chamada Política do Café com Leite. Período republicano Problemas recorrentes na imprensa: para calar as vozes opositoras, governo passou a subornar a opinião favorável dos jornais abertamente, sem o mínimo resquício de pudor. A filha de Campos Salles chegou a dizer que “se não houvesse feito calar a gritaria dos jornais, não teria levado a termo a obra de salvação financeira do país”. Uma voz discordante nessa fase, que rompe a complacência da imprensa para com o governo Campos Salles, foi o Correio da Manhã; posição de independência frente às oligarquias cafeeiras e aos partidos políticos, posicionando-se a favor dos interesses do povo em vez dos poderosos. - oposição ferrenha a todos os governos que se seguiram e não se intimidava com ameaças nem com as frequentes prisões de seus dirigentes e os fechamentos que sofreu em sua longa trajetória, características que manteria até sair de circulação definitivamente, em 1974, em plena Ditadura Militar. Período republicano Aspectos importantes do jornalismo neste período: aumento da circulação fez com que os grandes jornais ampliassem a oferta de anúncios, que se tornaram determinantes para reduzir os custos e aumentar a margem de lucro. Até escritores de renome como Olavo Bilac chegaram a contribuir para criar slogans criativos e chamativos. As revistas ilustradas, que haviam feito a sua estreia no país já em 1860, ganharam fôlego com a modernização gráfica promovida nos primeiros anos do novo século e passaram a publicar ilustrações e charges em tricromia e, depois da Primeira Guerra Mundial, também fotografias. Revistas leves e humorísticas despontaram nesse período, como a Kosmos, lançada em 1904, e a Fon-Fon, três anos depois, cujo título fazia referência à nova febre tecnológica surgida com a urbanização acelerada: os automóveis. Mais corrosivas, com críticas contundentes aos poderosos e políticos de ocasião, foram O Malho, de 1902, e O Careta, lançada em 1908. Período republicano Também fez a sua aparição nessa época a primeira revista infantil do país, O Tico-Tico com histórias em quadrinhos de personagens americanos. Do ponto de vista formal, os jornais continuavam atrelados ao estilo da imprensa do período imperial, com: textos rebuscados e tingidos de subjetividade excessiva; matérias eram escritas por jornalistas-escritores, com forte traço literário, não jornalístico; atividade jornalística vista mais como “bico” do que como profissão. Período republicano Personagens importantes e que alteraram os rumos dessa história: Paulo Barreto, maisconhecido pelo pseudônimo que o tornou famoso, João do Rio; Colaborou em diversos jornais do Rio de Janeiro e passou a trabalhar como repórter e cronista para a Gazeta de Notícias, a partir de 1903. Dedicando-se exclusivamente ao jornalismo, João do Rio passou a realizar, de forma mais consistente e com mais método do que era feito antes, as entrevistas, as enquetes e as reportagens de campo, instaurando no Brasil as práticas que já eram comuns no jornalismo americano e europeu. Muitos estudiosos o consideram o primeiro repórter profissional de nossa imprensa. Subiu os morros cariocas para flagrar as condições de vida nas comunidades de ex-escravos, visitou os presídios e explorou os hábitos e costumes da cidade do Rio de Janeiro, então em franca transformação urbanística. Período republicano Personagens importantes e que alteraram os rumos dessa história: Também em 1918 assumiu a chefia de redação do Jornal do Brasil um jornalista oriundo de Pernambuco, que teria papel preponderante nos rumos que a imprensa seguiria dali em diante: Assis Chateaubriand. Em 1922, adquiriu O Jornal, pedra fundamental de seu futuro império jornalístico, formado a partir da aquisição de outros jornais e revistas e, posteriormente, emissoras de rádio e de televisão: Os Diários Associados. Em 1928, Chateaubriand daria um passo decisivo na consolidação de seu império com a aquisição de O Cruzeiro, a primeira revista de ilustração semanal de circulação nacional do país. A publicação atingiu o seu auge nas décadas de 1940 e 1950, sobretudo com as reportagens de grande impacto realizadas por David Nasser e pelo fotógrafo Jean Manzon. Foi, durante décadas, a revista mais popular do país, até sair de circulação em 1975. Período republicano Período republicano Fonte: https://bit.ly/3oerIud. Capa da primeira edição da revista O Cruzeiro, de 1928. Outros lançamentos importantes do período: Folha da Tarde que, no começo da década de 1960, daria origem à Folha de São Paulo. Estreia oficial da radiodifusão no Brasil, com a transmissão do discurso do então presidente Epitácio Pessoa, realizado no alto do Corcovado... foi transmitido por intermédio de alto-falantes para uma multidão reunida na Praia Vermelha. Lançamento de O Globo, fundado em 1925 por Irineu Marinho. O nome do jornal foi escolhido após uma enquete popular. Contudo, Irineu morreu apenas um mês depois da fundação do jornal e seu filho, Roberto, assumiu a direção em seu lugar, dando início à trajetória que o levaria a se tornar, na segunda metade do século XX, o sucessor de Chateaubriand como o mais influente e poderoso magnata da imprensa brasileira. Outro importante jornal que passou a circular nessa época foi A Gazeta Esportiva, semanário do jornal A Gazeta lançado em 1928 por Cásper Líbero, a primeira publicação especializada em esportes do país, que dava destaque para o mais popular de todos, o futebol. O Jornalismo no Brasil Republicano O jornalismo na República Nova: a Revolução de 30 e o Estado Novo A vitória de Vargas na Revolução de 30 não serenou os ânimos políticos como se pode imaginar. O novo governo já demonstrava a sua vocação autoritária desde o princípio ao designar um interventor federal para São Paulo, cuja função principal era providenciar uma rigorosa censura aos meios de comunicação. Esses desmandos de Vargas fizeram com que a imprensa, mesmo a que o havia apoiado, se voltasse contra ele. Período republicano Em março de 1932, o presidente assinou um decreto-lei que autorizava a veiculação de publicidade e propaganda pelas emissoras de rádio, o que abriu as portas para uma era da radiodifusão no país. Com o aumento substancial da audiência e o afluxo de capital trazido pela venda de horários a anunciantes, o rádio rapidamente se tornou o mais popular meio de comunicação do país. Naquele mesmo ano, ele teria papel decisivo na condução dos acontecimentos políticos que sacudiram a nação. Com a decretação do Estado Novo, Getúlio pôs em prática as suas medidas para sufocar a democracia. Imediatamente, revogou a Constituição de 1934 e baixou naquele mesmo ano uma nova Carta Magna, baseada em seu similar do regime hitlerista, que ficou conhecida como polaquinha. República Nova Entre as medidas impostas pela nova Constituição, estava: a extinção de todas as organizações políticas do país, inclusive a Ação Integralista, que havia apoiado o golpe em um primeiro momento; a criação de um órgão dedicado exclusivamente ao controle e à coordenação dos meios de comunicação. O Departamento de Imprensa e Propaganda, ou DIP, como era chamado, foi estruturado nos moldes do setor de propaganda da Alemanha nazista implantado por Joseph Goebbels. Sob o comando de Lourival Fontes, o DIP censurava tenazmente a imprensa. O DIP também subornava diversos veículos de comunicação para dar apoio incondicional ao governo e elaborava registros de jornalistas considerados subversivos ou simpatizantes do comunismo, que eram entregues ao Dops, o principal órgão de repressão do regime. Os embates se estenderam até o fim do regime, que esgotou- se no fim da segunda Guerra Mundial, abrindo caminho para a redemocratização. República Nova O primeiro jornalista a trazer para o Brasil técnicas do jornalismo moderno já adotadas no exterior, como a enquete e a entrevista, foi: a) Samuel Wainer. b) José do Patrocínio. c) João do Rio. d) Lima Barreto. e) Vladimir Herzog. Interatividade O primeiro jornalista a trazer para o Brasil técnicas do jornalismo moderno já adotadas no exterior, como a enquete e a entrevista, foi: a) Samuel Wainer. b) José do Patrocínio. c) João do Rio. d) Lima Barreto. e) Vladimir Herzog. Resposta O período imediato do pós-guerra e pós-Estado Novo parecia particularmente auspicioso para o jornalismo. Contudo, o governo do general Dutra foi marcado por uma série de violências cometidas contra a liberdade de expressão. Ainda assim, foi durante esse governo que uma nova Assembleia Constituinte foi convocada. A Constituição de 1946, uma das melhores e mais democráticas que o nosso país já teve, possuía alguns dispositivos avançados no que dizia respeito à imprensa. Nesse sentido, o artigo mais importante incorporado ao texto foi a proibição de as empresas de comunicação nacionais ficarem sob o controle de estrangeiros. Em outras palavras, apenas brasileiros natos poderiam ser proprietários de jornais, revistas, rádios etc. O jornalismo de 1945 a 1964: do governo Dutra a João Goulart O início da década de 1950 foi também marcado pelo surgimento de alguns importantes grupos de comunicação fundados por imigrantes estrangeiros: o ucraniano Adolpho Bloch, que em 1952 criou a Manchete, uma revista fotográfica que seguia o padrão da francesa Paris Match e que foi o embrião da Bloch Editores, um dos maiores impérios jornalísticos do país. Na década de 1980, a empresa inauguraria as suas emissoras de rádio, a Rede Manchete de Rádio FM e a Rádio Manchete AM, e a própria emissora de televisão, a Rede Manchete. Outro poderoso grupo empresarial que começou a ser estruturado naquela década surgiu dos esforços do ítalo-americano Victor Civita, que fundou em São Paulo a Editora Primavera, nome posteriormente alterado para Editora Abril. O título de estreia da nova casa editorial foi a revista em quadrinhos O Pato Donald, licenciada do grupo Disney, que ficou em circulação de 1950 até 2018. Posteriormente, a Abril faria história no jornalismo brasileiro com títulos como Claudia, Quatro Rodas, Playboy, Realidade, Exame e Veja, entre muitos outros. O jornalismo de 1945 a 1964: do governo Dutra a João Goulart O ano de 1950 também foi decisivo por marcar a chegada ao país de um novo e imensamente influente meio de comunicação: a televisão. A primeira emissora de TV do país,a TV Tupi, surgiu pelas mãos de Assis Chateaubriand. Em 1952, surgiria a segunda emissora de televisão do país, a TV Paulista, Canal 5 de São Paulo, e, no ano seguinte, seria a vez da Record ser inaugurada, em 27 de setembro, a mais antiga emissora do país ainda hoje em atividade. Foi também em 1953 que começou a ser transmitido o Repórter Esso, o mais importante programa jornalístico de nossa televisão durante décadas. O jornalismo de 1945 a 1964: do governo Dutra a João Goulart Na Era JK, boa parte da imprensa, com O Globo à frente, fez ferrenha oposição ao presidente e à sua proposta de construção de Brasília. Em contrapartida, Adolpho Bloch, grande amigo de Juscelino, apoiou a empreitada do começo ao fim, usando a revista Manchete para acompanhar, semanalmente, o andamento das obras no planalto central. Apesar do clima beligerante entre os jornais e as revistas pró e contra JK, o período foi marcado por uma ampla liberdade de imprensa, que prosseguiu por algum tempo mesmo depois da eleição de Jânio Quadros, em 1960. Era JK Com a tomada do poder pelos militares, redações de jornais como o Última Hora foram invadidas e destruídas, enquanto outros veículos, considerados de esquerda ou simpatizantes do socialismo, foram fechados ou sofreram restrições, e a censura recrudesceu, vetando qualquer tipo de notícia negativa referente ao novo contexto político. O Correio da Manhã foi um dos mais afetados. Pressionado pelos interesses estrangeiros, o jornal se viu obrigado a mudar a sua linha editorial, evitando críticas às multinacionais, e seu principal redator, Carlos Heitor Cony, foi demitido. Ele não seria a única vítima da ditadura que se instalava. Na esteira do Golpe, diversos jornalistas foram presos, interrogados e torturados, permanecendo dias e semanas incomunicáveis. O jornalismo na Ditadura Militar No âmbito da grande imprensa, apesar dos problemas com a censura, alguns destaques: A revista Realidade, criada pela Editora Abril em abril de 1966, e que ficou em circulação por dez anos, trouxe para o país a linha literária humanizada das reportagens que caracterizaram o New Journalism. Inspirada nas revistas Life e Look americanas e na Paris Match francesa, propunha uma imersão completa dos jornalistas na realidade retratada, nos moldes do que vinha sendo feito naquelas publicações. Abordava temas delicados como feminismo, celibato dos padres, sexualidade da mulher e outras questões, com profundidade e maturidade, e trazia perfis detalhados de personagens célebres ou anônimas. A Veja, chamada originalmente de Veja e leia, era dirigida por Mino Carta e Roberto Civita, e chegou às bancas em setembro de 1968, poucos meses antes do AI-5 ser decretado, estampando na capa uma ilustração com a foice e o martelo, os símbolos da revolução comunista, que servia como chamada para uma reportagem que tratava da crise que atravessava o bloco soviético na ocasião. O jornalismo na Ditadura Militar Em outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog, diretor do Departamento de Telejornalismo da TV Cultura, em São Paulo, foi preso, torturado e assassinado nas dependências do DOI- CODI, na capital paulista. Evento motivou a reação da imprensa contra os excessos do regime militar e diversas publicações se sentiram encorajadas a manifestar o seu repúdio à repressão. Setores, tanto progressistas quanto conservadores, inclusive ligados à Igreja Católica, aderiram aos protestos, que foram ouvidos até mesmo no exterior. Grupos de direitos humanos internacionais passaram a pressionar o governo brasileiro para que estancasse a violência política. De diversas maneiras, a morte de Herzog foi o divisor de águas no regime militar. Depois dele, a abertura se acelerou, mas ainda levaria dez anos para que a Ditadura enfim terminasse. O jornalismo na Ditadura Militar Fonte: https://bit.ly/307Oa04 O jornalista Vladimir Herzog, uma das maiores vítimas da repressão militar. Em 1978, setores da sociedade civil se mobilizaram para criar o Comitê Brasileiro pela Anistia, sediado na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, que serviu de base para a elaboração da Lei da Anistia, ampla, geral e irrestrita, elaborada no ano seguinte pelo último presidente militar, João Figueiredo. Com os ventos democráticos soprando com força, os jornalistas que haviam permanecido na clandestinidade voltaram às atividades na grande imprensa. Os jornais voltaram a desfrutar de uma relativa liberdade de expressão e passaram a manifestar abertamente as suas críticas ao governo sem impedimentos. Isso esvaziou a imprensa alternativa, que perdeu o protagonismo no combate ao regime e encolheu. Redemocratização Na Nova República, como ficou conhecido o período pós-Ditadura Militar, as instituições democráticas se consolidaram depois da elaboração da Constituição de 1988. No que se refere às comunicações, alguns mecanismos do documento garantiram a plena liberdade de expressão e pensamento e passaram a proteger a imprensa e os cidadãos de qualquer espécie de censura, explícita ou velada. A Lei de Imprensa, resquício da Ditadura Militar, contudo, continuou válida por mais alguns anos, até ser finalmente revogada em 2009 por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Na Nova República, a atuação do jornalismo é determinante na campanha das Diretas Já e também no impeachment do primeiro presidente eleito por voto direto, Fernando Collor. O jornalismo na Nova República Na virada do século XX para o XXI, o Brasil ingressou na Era Digital, passando a adotar a internet e, posteriormente, os dispositivos móveis de comunicação, como celulares, iPhones, iPads etc. A comunicação entrou então em uma nova era, impulsionada por essas tecnologias. Assim como ocorreu no resto do mundo, o país foi impactado pela chamada bolha da internet, uma elevação exagerada das ações das empresas de Tecnologia da Informação (TI) que atuavam nesse setor no período de 1994 e 2000. As empresas de mídias convencionais, sobretudo a impressa, foram severamente afetadas pela migração do público e de anunciantes para os sites noticiosos que despontaram na rede. Desde então, a grande imprensa vem perdendo espaço para as plataformas digitais, processo que se acelerou à medida que novos aplicativos e canais de comunicação surgiram, como o Youtube, o Twitter e as redes sociais como Facebook e Instagram. Era digital Que efeito teve o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do DOI-CODI, em 1975? a) Levou o regime a amordaçar ainda mais a imprensa. b) A imprensa ficou acuada e se tornou ainda mais servil ao governo. c) O protesto dos jornalistas acabou levando ao processo de abertura política. d) A linha-dura foi imediatamente derrubada e a democracia restaurada. e) O governo passou a tratar os jornalistas com mais respeito. Interatividade Que efeito teve o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do DOI-CODI, em 1975? a) Levou o regime a amordaçar ainda mais a imprensa. b) A imprensa ficou acuada e se tornou ainda mais servil ao governo. c) O protesto dos jornalistas acabou levando ao processo de abertura política. d) A linha-dura foi imediatamente derrubada e a democracia restaurada. e) O governo passou a tratar os jornalistas com mais respeito. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!