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UNIDADE III Fisiologia do Sistema Nervoso Funções Motoras Funções Motoras da Medula Espinal e Reflexos Medulares ORGANIZAÇÃO DAS FUNÇÕES MOTORAS DA MEDULA ESPINAL ➢ A substância cinzenta da medula é a área integrativa para os reflexos medulares. Os sinais sensoriais entram na medula por meio das raízes sensoriais. Depois de entrar na medula, cada sinal sensorial trafega para duas vias distintas: um ramo do nervo sensorial termina quase imediatamente na substância cinzenta da medula e provoca reflexos medulares segmentares locais e outros efeitos locais; outro ramo transmite sinais para níveis superiores do sistema nervoso – ou seja, para níveis superiores da medula, para o tronco encefálico ou até para o córtex cerebral. ➢ Cada segmento da medula espinal (no nível de cada nervo espinal) contém vários milhões de neurônios em sua substância cinzenta. À exceção dos neurônios de retransmissão sensorial, os outros neurônios são de dois tipos: (1) neurônios motores anteriores e (2) interneurônios (neurônios de associação ou internunciais). ORGANIZAÇÃO DAS FUNÇÕES MOTORAS DA MEDULA ESPINAL Interneurônios. Estão presentes em todas as áreas da substância cinzenta medular – nos cornos dorsais, nos cornos anteriores e nas áreas intermediárias entre eles. • São cerca de 30 vezes mais numerosas do que os neurônios motores. • São pequenas e altamente excitáveis, exibindo, com frequência, uma atividade espontânea e sendo capazes de disparar até 1.500 vezes por segundo. • Possuem muitas interconexões entre si e muitas delas também fazem sinapses diretas com os neurônios motores anteriores. As interconexões dos interneurônios com os neurônios motores anteriores são responsáveis pela maioria das funções integrativas da medula espinal. Neurônios motores anteriores (Motoneurônios): • Localizados em cada segmento dos cornos anteriores da substância cinzenta da medula. • Dão origem às fibras nervosas que deixam a medula por meio das raízes anteriores e inervam diretamente as fibras musculares esqueléticas. Motoneurônios alfa. Dão origem às fibras nervosas motoras grandes, do tipo A alfa (Aα), com 14 micrômetros de diâmetro em média; essas fibras se ramificam muitas vezes depois de entrar no músculo e inervam as grandes fibras musculares esqueléticas. A estimulação de uma única fibra nervosa alfa excita de três a várias centenas de fibras musculares esqueléticas, que são chamadas coletivamente de unidade motora. Neurônios motores anteriores (Motoneurônios): • Localizados em cada segmento dos cornos anteriores da substância cinzenta da medula. • Dão origem às fibras nervosas que deixam a medula por meio das raízes anteriores e inervam diretamente as fibras musculares esqueléticas. Motoneurônios gama. Possuem cerca da metade do tamanho dos alfa e transmitem impulsos por meio de fibras nervosas motoras muito menores do tipo A gama (Aγ), com 5 micrômetros de diâmetro em média, que inervam pequenas fibras musculares esqueléticas especiais, chamadas de fibras intrafusais, que constituem o centro do fuso neuromuscular, o que ajuda a controlar o “tônus” muscular básico. RECEPTORES SENSORIAIS MUSCULARES – FUSOS NEUROMUSCULARES E ÓRGÃOS TENDINOSOS DE GOLGI – E SUAS FUNÇÕES NO CONTROLE MUSCULAR O controle adequado da função muscular requer não apenas a excitação do músculo pelos neurônios motores anteriores da medula espinal, mas também a retroalimentação contínua de informações sensoriais de cada músculo para a medula espinal, indicando o estado funcional de cada músculo a cada instante. fusos neuromusculares, que são distribuídos por todo o ventre do músculo e enviam informações ao sistema nervoso sobre o comprimento do músculo e sobre a velocidade de variação do comprimento. Qual é o comprimento do músculo? Qual é a tensão instantânea do músculo? Com que rapidez o comprimento ou tensão musculares mudam? órgãos tendinosos de Golgi, que estão localizados nos tendões dos músculos e transmitem informações acerca da tensão do tendão e da velocidade de variação da tensão. Os sinais desses dois receptores destinam-se quase inteiramente ao controle muscular intrínseco. Eles operam quase completamente em um nível subconsciente. Ainda assim, eles transmitem enormes quantidades de informações não só para a medula espinhal, mas também para o cerebelo e até mesmo para o córtex cerebral, ajudando essas porções do sistema nervoso a funcionarem no controle da contração muscular. FUSO NEUROMUSCULAR Cada fuso tem de 3 a 10 milímetros de comprimento. É construído em torno de 3 a 12 pequenas fibras musculares intrafusais que são pontiagudas em suas extremidades e ligadas ao glicocálice das grandes fibras musculares esqueléticas extrafusais circundantes. FUSO NEUROMUSCULAR Cada fibra muscular intrafusal é uma minúscula fibra muscular esquelética. No entanto, a região central de cada uma dessas fibras – ou seja, a área intermediária entre suas duas extremidades – apresenta poucos ou nenhum filamento de actina e miosina. Portanto, essa porção central não se contrai quando as extremidades o fazem. Em vez disso, ela funciona como um receptor sensorial. As porções terminais que se contraem são excitadas por pequenas fibras nervosas motoras gama, que se originam de pequenos neurônios motores gama do tipo A nos cornos anteriores da medula espinal. Essas fibras nervosas motoras gama também são chamadas de fibras eferentes gama, em contraposição às grandes fibras eferentes alfa (fibras nervosas do tipo Aα), que inervam os músculos esqueléticos extrafusais. FUSO NEUROMUSCULAR A porção receptora do fuso neuromuscular é sua porção central. As fibras sensoriais se originam nessa área e são estimuladas pelo estiramento dessa porção intermediária do fuso. O receptor do fuso pode ser excitado de duas maneiras: 1.O estiramento de todo o músculo alonga a porção média do fuso e, portanto, excita o receptor. 2.Mesmo que o comprimento de todo o músculo não se altere, a contração das porções terminais das fibras intrafusais do fuso produz o estiramento da porção média do fuso e, portanto, excita o receptor. Dois tipos de terminações sensoriais, as terminações aferentes primárias e secundárias, são encontradas nessa área receptora central do fuso neuromuscular. FUSO NEUROMUSCULAR Terminação primária. No centro da área receptora, uma grande fibra nervosa sensorial circunda a porção central de cada fibra intrafusal, formando a terminação aferente primária, ou terminação anuloespiral. Essa fibra nervosa é uma fibra do tipo Ia, com aproximadamente 17 micrômetros de diâmetro, e transmite sinais sensoriais para a medula espinal a uma velocidade de 70 a 120 m/s, tão rapidamente quanto qualquer tipo de fibra nervosa em todo o corpo. FUSO NEUROMUSCULAR Terminação secundária. Normalmente uma, mas ocasionalmente duas, fibra nervosa sensorial menor – fibra do tipo II com um diâmetro médio de 8 micrômetros – inerva a região receptora em um ou em ambos os lados da terminação primária. Essa terminação sensorial é chamada de terminação aferente secundária; às vezes, ela envolve as fibras intrafusais da mesma forma que a fibra do tipo Ia, mas frequentemente se espalha como ramos em um arbusto. FUSO NEUROMUSCULAR Existem também dois tipos de fibras intrafusais do fuso neuromuscular: (1) fibras musculares de bolsa nuclear (uma a três em cada fuso), nas quais diversos núcleos de fibras musculares estão reunidos em “bolsas” expandidas na porção central da área receptora. (2) fibras de cadeia nuclear (três a nove), que possuem aproximadamente metade do diâmetro e metade do comprimento das fibras de bolsa nuclear e têm núcleos alinhados em uma cadeia ao longo do área receptora. As terminações primária e secundária respondem ao comprimento do receptor: resposta estática → Quando a porção receptora do fuso neuromuscularé estirada lentamente, o número de impulsos transmitidos pelas terminações primária e secundária aumenta quase em proporção direta em relação ao grau de estiramento, e as terminações continuam a transmitir esses impulsos por vários minutos. Esse efeito é chamado de resposta estática do receptor do fuso, o que significa que ambas as terminações primária e secundária continuam a transmitir seus sinais por pelo menos vários minutos se o fuso neuromuscular permanecer estirado. FUSO NEUROMUSCULAR A terminação primária (mas não a terminação secundária) responde à velocidade de variação do comprimento do receptor: resposta dinâmica → Quando o comprimento do receptor do fuso aumenta repentinamente, a terminação primária (mas não a secundária) é fortemente estimulada. Esse estímulo da terminação primária é chamado de resposta dinâmica, o que significa que a terminação primária responde de maneira extremamente ativa a uma rápida taxa de alteração no comprimento do fuso. Mesmo quando o comprimento de um receptor do fuso aumenta apenas uma fração de um micrômetro por apenas uma fração de segundo, o receptor primário transmite um número enorme de impulsos em excesso para as grandes fibras nervosas sensoriais de 17 micrômetros, mas apenas enquanto o comprimento está realmente aumentando. Assim que o comprimento para de aumentar, essa taxa extra de descarga de impulsos retorna ao nível da resposta estática muito menor, que ainda está presente no sinal. Por outro lado, quando o receptor do fuso se encurta, ocorrem sinais sensoriais exatamente opostos. Assim, a terminação primária envia sinais extremamente intensos, positivos ou negativos, para a medula espinal para informar qualquer alteração no comprimento do receptor do fuso. FUSO NEUROMUSCULAR Controle da intensidade das respostas estática e dinâmica pelos motoneurônios gama → Os motoneurônios gama, que inervam o fuso neuromuscular, podem ser divididos em dois tipos: gama dinâmico (gama-d) e gama estático (gama-e). O primeiro desses nervos motores gama excita principalmente as fibras intrafusais de bolsa nuclear e o segundo excita, em sua maioria, as fibras intrafusais de cadeia nuclear. Quando as fibras gama-d excitam as fibras de bolsa nuclear, a resposta dinâmica do fuso neuromuscular se torna bastante aumentada, ao passo que a resposta estática dificilmente é afetada. Por outro lado, a estimulação das fibras gama-e, que excitam as fibras de cadeia nuclear, aumenta a resposta estática, enquanto exerce pouca influência na resposta dinâmica. FUSO NEUROMUSCULAR Descarga contínua dos fusos neuromusculares em condições normais. → Normalmente, quando há algum grau de excitação do nervo gama, os fusos neuromusculares emitem impulsos nervosos sensoriais continuamente. O estiramento dos fusos neuromusculares aumenta a frequência de disparo, enquanto o encurtamento do fuso a diminui. Assim, os fusos podem enviar para a medula espinal sinais positivos (quantidades aumentadas de impulsos para indicar estiramento de um músculo) ou sinais negativos (redução do número de impulsos) para indicar que o músculo não está estirado. REFLEXO DE ESTIRAMENTO MUSCULAR Circuitos neuronais do reflexo de estiramento. Circuito básico do reflexo de estiramento do fuso neuromuscular: fibra nervosa proprioceptora do tipo Ia origina-se em um fuso neuromuscular e entra em uma raiz dorsal da medula espinal. Um ramo dessa fibra segue diretamente para o corno anterior da substância cinzenta medular e faz sinapses com os motoneurônios, que enviam fibras nervosas motoras de volta ao mesmo músculo de onde se originou a fibra do fuso neuromuscular. Assim, essa via monossináptica permite que um sinal reflexo retorne com o menor atraso temporal possível ao músculo após a excitação do fuso. A maioria das fibras do tipo II do fuso neuromuscular termina em vários interneurônios na substância cinzenta medular, e estes transmitem sinais atrasados para os neurônios motores anteriores ou têm outras funções. REFLEXO TENDINOSO DE GOLGI Os sinais do órgão tendinoso são transmitidos por meio de fibras nervosas do tipo Ib grandes, de condução rápida, com diâmetro médio de 16 micrômetros, apenas ligeiramente menores do que as das terminações primárias do fuso neuromuscular. Essas fibras, como as das terminações primárias do fuso, transmitem sinais para áreas locais da medula após fazer a sinapse no corno dorsal da medula, por meio de vias de fibras longas, como os tratos espinocerebelares no cerebelo, e por meio de outros tratos para o córtex cerebral. O sinal medular local excita um único interneurônio inibitório que inibe o neurônio motor anterior. Esse circuito local inibe diretamente o músculo individual sem afetar os músculos adjacentes. REFLEXO TENDINOSO DE GOLGI O reflexo desencadeado nos tendões evita a tensão excessiva no músculo. Quando os órgãos tendinosos de Golgi de um tendão muscular são estimulados pelo aumento da tensão em um músculo, os sinais são transmitidos para a medula espinal, provocando efeitos reflexos no respectivo músculo. Esse reflexo é totalmente inibitório. Assim, esse reflexo proporciona um mecanismo de retroalimentação negativa que evita o desenvolvimento de tensão excessiva no músculo. REFLEXO TENDINOSO DE GOLGI Quando a tensão no músculo – e, portanto, no tendão – torna-se extrema, o efeito inibitório do órgão tendinoso pode ser tão grande que leva a uma reação repentina na medula espinal que causa o relaxamento instantâneo de todo o músculo. Esse efeito é chamado de reação de alongamento; é, provavelmente, um mecanismo de proteção para evitar o rompimento do músculo ou a separação do tendão de seus ligamentos ao osso. REFLEXO FLEXOR E REFLEXOS DE RETIRADA ➢ No animal descerebrado ou cuja medula espinhal foi seccionada, quase todo estímulo sensorial cutâneo de um membro provavelmente fará com que os seus músculos flexores se contraiam, retirando, assim, o membro do objeto estimulador. Esse reflexo é denominado de reflexo flexor. ➢ Em sua forma clássica, o reflexo flexor é desencadeado com mais intensidade pela estimulação das terminações de dor, como uma alfinetada, calor ou ferimento, razão pela qual também é chamado de reflexo nociceptivo ou, simplesmente, de reflexo de dor. A estimulação dos receptores de tato também pode provocar um reflexo flexor mais fraco e menos prolongado. ➢ Se alguma parte do corpo que não seja um dos membros for dolorosamente estimulada, ela será igualmente afastada do estímulo, mas o reflexo pode não ficar confinado aos músculos flexores, embora seja basicamente o mesmo tipo de reflexo. Portanto, os vários padrões desses reflexos nas diferentes áreas do corpo são chamados de reflexos de retirada. REFLEXO FLEXOR E REFLEXOS DE RETIRADA Mecanismo neural do reflexo flexor: As vias que desencadeiam o reflexo flexor não passam diretamente para os neurônios motores anteriores, mas, em vez disso, passam primeiro pelo conjunto de interneurônios dos neurônios da medula espinal e, apenas de forma secundária, para os neurônios motores. O circuito mais curto possível é uma via de três ou quatro neurônios; entretanto, a maioria dos sinais do reflexo trafega por muito mais neurônios e envolve os seguintes tipos básicos de circuitos: (1) circuitos divergentes para disseminar o reflexo para os músculos necessários para a retirada; (2) circuitos para inibir os músculos antagonistas, chamados de circuitos de inibição recíproca; e (3) circuitos para causar pós-descarga, que dura muitas frações de segundo após o término do estímulo. REFLEXO EXTENSOR CRUZADO Aproximadamente 0,2 a 0,5 segundo após um estímulo desencadear um reflexo flexor em um membro, o membro oposto começa a se estender. Esse reflexo é denominado de reflexo extensor cruzado. A extensão do membro oposto pode empurrar todo o corpo para longe do objeto que está causando o estímulodoloroso no membro retirado. REFLEXO EXTENSOR CRUZADO Mecanismo neural do reflexo extensor cruzado. Os sinais dos nervos sensoriais cruzam para o lado oposto da medula para excitar os músculos extensores. Como o reflexo extensor cruzado geralmente não se inicia antes de 200 a 500 milissegundos após o início do estímulo de dor inicial, certamente muitos interneurônios estão envolvidos no circuito entre o neurônio sensorial aferente e os neurônios motores do lado oposto da medula responsável pela extensão cruzada. Depois que o estímulo doloroso é removido, o reflexo extensor cruzado tem um período de pós-descarga ainda mais longo do que o reflexo flexor. Novamente, presume-se que essa pós-descarga prolongada resulte de circuitos reverberantes entre interneurônios. INIBIÇÃO RECÍPROCA E INERVAÇÃO RECÍPROCA A excitação de um grupo de músculos está frequentemente associada à inibição de outro. Por exemplo, quando um reflexo de estiramento excita um músculo, com frequência, inibe simultaneamente os músculos antagonistas, o que é denominado fenômeno da inibição recíproca, e o circuito neuronal que causa essa relação recíproca é chamado de inervação recíproca. Da mesma forma, costuma haver relações recíprocas entre os músculos dos dois lados do corpo, como exemplificado pelos reflexos dos músculos flexores e extensores. Funções Motoras do Córtex Cerebral e do Tronco Encefálico ➢ A maioria dos movimentos “voluntários” iniciados pelo córtex cerebral é realizada quando o córtex ativa “padrões” de função armazenados nas áreas cerebrais inferiores – medula espinal, tronco encefálico, núcleos da base e cerebelo. Esses centros inferiores, por sua vez, enviam sinais de controle específicos aos músculos. ➢ Para alguns tipos de movimentos, entretanto, o córtex tem uma via quase direta para os neurônios motores anteriores da medula, desviando de alguns centros motores no caminho. Isso é especialmente verdadeiro para o controle dos movimentos finos e hábeis dos dedos e das mãos. CÓRTEX MOTOR E TRATO CORTICOESPINAL • O córtex motor localiza-se em posição anterior ao sulco cortical central, ocupando aproximadamente o terço posterior dos lobos frontais. • O córtex motor é dividido em três subáreas, cada uma com sua própria representação topográfica de grupos musculares e funções motoras específicas: (1) o córtex motor primário; (2) a área pré-motora; e (3) a área motora suplementar. CÓRTEX MOTOR PRIMÁRIO • Mais da metade de todo o córtex motor primário está relacionado ao controle dos músculos das mãos e dos músculos da fala. • A estimulação pontual nessas áreas motoras da mão e da fala, em raras ocasiões, causa a contração de um único músculo, mas, na maioria das vezes, contrai um grupo de músculos. Ou seja, a excitação de um único neurônio do córtex motor costuma excitar um movimento específico, em vez de um músculo em especial. Para isso, essa excitação isolada estimula um padrão de músculos separados, cada um dos quais contribui com sua própria direção e força de movimento muscular. ÁREA PRÉ-MOTORA • Os sinais nervosos criados na área pré-motora produzem padrões de movimento muito mais complexos do que os padrões discretos produzidos no córtex motor primário. • Por exemplo, o padrão pode ser posicionar os ombros e os braços de modo que as mãos fiquem devidamente orientadas a realizar tarefas específicas. Para se obterem esses resultados, a parte mais anterior da área pré-motora desenvolve inicialmente uma “imagem motora” do movimento muscular total que deve ser realizado. Então, no córtex pré-motor posterior, essa imagem excita cada padrão sucessivo de atividade muscular necessária para atender à imagem. Essa parte posterior do córtex pré-motor envia seus sinais diretamente para o córtex motor primário a fim de excitar músculos específicos ou, de maneira frequente, por meio dos núcleos da base e do tálamo, de volta ao córtex motor primário. ÁREA PRÉ-MOTORA • Uma classe especial de neurônios, chamados neurônios-espelho, torna-se ativa quando o indivíduo realiza uma tarefa motora específica ou observa a mesma tarefa realizada por outros. Assim, a atividade desses neurônios “espelha” o comportamento de outra pessoa como se o observador estivesse realizando a tarefa motora específica. • Estudos de imagens cerebrais indicam que esses neurônios transformam em representações motoras as representações sensoriais de atos que são ouvidos ou vistos. Muitos neurofisiologistas acreditam que esses neurônios-espelho podem ser importantes para não só compreender as ações de outros indivíduos, como também aprender novas habilidades por imitação. Assim, o córtex pré-motor, os núcleos da base, o tálamo e o córtex motor primário constituem um sistema global complexo para o controle de padrões complexos de atividade muscular coordenada. ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR • A área motora suplementar ainda conta com outra organização topográfica para o controle da função motora. • As contrações desencadeadas pela estimulação dessa área costumam ser bilaterais, e não unilaterais. Por exemplo, a estimulação frequentemente leva a movimentos bilaterais simultâneos de preensão por ambas as mãos; esses movimentos são, talvez, rudimentos das funções manuais necessárias para escalar. Em geral, essa área funciona em conjunto com a área pré-motora para criar movimentos atitudinais de todo o corpo, movimentos de fixação dos diferentes segmentos do corpo, movimentos posicionais da cabeça e dos olhos, e assim por diante, como base para o controle motor mais preciso dos braços e das mãos pela área pré-motora e córtex motor primário. ÁREAS MOTORAS ESPECIALIZADAS ENCONTRADAS NO CÓRTEX CEREBRAL • Certas regiões motoras altamente especializadas do córtex cerebral humano controlam funções motoras específicas. Essas regiões foram localizadas por estimulação elétrica ou pela observação da perda da função motora a partir de lesões destrutivas em áreas corticais específicas. Área de Broca (área motora da fala) • Região pré-motora denominada “área da formação de palavras” situada imediatamente anterior ao córtex motor primário e logo acima do sulco lateral. • A afasia de broca é um transtorno neurológico em que há comprometimento desssa região do cérebro, a pessoa possui dificuldade para falar, formar frases completas e com sentido, apesar de conseguir compreender normalmente o que se é falado. Controle dos movimentos oculares voluntários. • Na área pré-motora, logo acima da área de Broca, encontra-se um local para controlar os movimentos oculares voluntários. • Lesões nessa área impedem o indivíduo mova voluntariamente os olhos em direção a objetos diferentes. Em vez disso, os olhos tendem a fixar-se de maneira involuntária em objetos específicos, um efeito controlado por sinais do córtex visual occipital. Essa área frontal também controla os movimentos das pálpebras, como piscar. Área de rotação da cabeça. • Um pouco mais acima, na área de associação motora, a estimulação elétrica provoca a rotação da cabeça. Essa área está intimamente associada ao campo de movimento dos olhos e direciona a cabeça para diferentes objetos. Área relacionada a habilidades manuais. • Na área pré-motora, imediatamente anterior ao córtex motor primário relacionado às mãos e aos dedos, encontra-se uma região importante para habilidades manuais. • Quando tumores ou outras lesões causam destruição nessa área, os movimentos das mãos tornam-se descoordenados e imprevisíveis, uma condição chamada apraxia motora. TRANSMISSÃO DE SINAIS DO CÓRTEX MOTOR PARA OS MÚSCULOS Os sinais motores são transmitidos diretamente do córtex para a medula espinal por meio do trato corticoespinal e indiretamente por múltiplas vias acessórias que incluem os núcleos da base, o cerebelo e vários núcleos do tronco encefálico. Em geral, as vias diretas estão relacionadas aos movimentosdiscretos e detalhados, especialmente dos segmentos distais dos membros, sobretudo das mãos e dos dedos. Trato corticoespinal (piramidal) • Via eferente mais importante do córtex motor. • Tem sua origem em cerca de 30% do córtex motor primário, 30% das áreas pré-motoras e motoras suplementares e 40% das áreas somatossensoriais posteriores ao sulco central. • Depois de deixar o córtex, as fibras corticoespinais passam pelo ramo posterior da cápsula interna (entre o núcleo caudado e o putame dos núcleos da base) e, então, descem pelo tronco encefálico, formando as pirâmides da medula. A maioria das fibras piramidais então cruza na medula inferior para o lado oposto e desce para os tratos corticoespinais laterais da medula, terminando, por fim, principalmente nos interneurônios das regiões intermediárias da substância cinzenta da medula. Algumas terminam em neurônios de retransmissão sensorial no corno dorsal, e bem poucas se encerram diretamente nos neurônios motores anteriores que causam a contração muscular. Trato corticoespinal (piramidal) • Certas fibras não cruzam para o lado oposto na medula, mas passam ipsilateralmente pela medula nos tratos corticoespinais ventrais. Muitas dessas, senão a maioria, cruzam, por fim, para o lado oposto da medula, no pescoço ou na região torácica superior. Essas fibras podem estar relacionadas ao controle dos movimentos posturais bilaterais pelo córtex motor suplementar. Trato corticoespinal (piramidal) As fibras mais impressionantes do trato piramidal são uma população de grandes fibras mielínicas com diâmetro médio de 16 micrômetros. Elas originam-se de células piramidais gigantes, chamadas células de Betz, encontradas apenas no córtex motor primário. As células de Betz têm cerca de 60 micrômetros de diâmetro, e suas fibras transmitem impulsos nervosos para a medula espinhal a cerca de 70 m/s, a velocidade mais rápida de transmissão de qualquer sinal do cérebro para a medula. Existem aproximadamente 34.000 dessas grandes fibras das células de Betz em cada trato corticoespinal. O número total de fibras em cada trato corticoespinal é superior a 1 milhão; essas fibras representam, portanto, apenas 3% do total. Os outros 97% são principalmente fibras menores que 4 micrômetros de diâmetro que conduzem sinais de tônus basal para as áreas motoras da medula. Via Corticorrubroespinal • O núcleo rubro, localizado no mesencéfalo, funciona em estreita associação com o trato corticoespinal. • Ele recebe grande número de fibras diretas do córtex motor primário através do trato corticorrubro, bem como fibras colaterais do trato corticoespinal à medida que ele passa pelo mesencéfalo. Essas fibras fazem sinapse na porção inferior do núcleo rubro, a porção magnocelular, que contém grandes neurônios semelhantes em tamanho às células de Betz no córtex motor. Esses grandes neurônios dão origem ao trato rubroespinal, que cruza para o lado oposto no tronco encefálico inferior e segue um curso imediatamente adjacente e anterior ao trato corticoespinhal até as colunas laterais da medula espinhal. Via Corticorrubroespinal • Embora a maioria das fibras rubroespinais terminem nos interneurônios das áreas intermediárias da substância cinzenta da medula (junto com as fibras corticoespinais), algumas delas se encerram diretamente nos neurônios motores anteriores, junto com algumas fibras corticoespinais. O núcleo rubro também tem conexões estreitas com o cerebelo. Via Corticorrubroespinal • A via corticorrubroespinal serve como uma via acessória para a transmissão de sinais do córtex motor para a medula espinal. Quando as fibras corticoespinais são destruídas, mas a via corticorrubroespinal permanece intacta, movimentos discretos ainda podem ocorrer, exceto aqueles para o controle fino dos dedos e das mãos, que ficam consideravelmente comprometidos. Os movimentos do punho ainda são funcionais, o que não acontece quando a via corticorrubroespinal também é bloqueada. CONTROLE DAS FUNÇÕES MOTORAS PELO TRONCO ENCEFÁLICO ➢ O tronco encefálico é formado pela medula espinal, ponte e mesencéfalo. Em certo sentido, é uma extensão superior da medula espinal na cavidade craniana porque contém núcleos motores e sensoriais que realizam funções motoras e sensoriais para as regiões da face e da cabeça da mesma maneira que a medula espinal executa essas funções no pescoço para baixo. Em outro sentido, no entanto, o tronco encefálico é seu próprio mestre, pois é responsável por muitas funções de controle especiais, como: 1.Controle da respiração. 2.Controle do sistema cardiovascular. 3.Controle parcial da função gastrointestinal. 4.Controle de muitos movimentos estereotipados do corpo. 5.Controle de equilíbrio. 6.Controle dos movimentos oculares. ➢ Por fim, o tronco encefálico serve como uma estação intermediária para sinais de comando dos centros neurais superiores. SUSTENTAÇÃO DO CORPO CONTRA A GRAVIDADE | PAPÉIS DOS NÚCLEOS RETICULARES E VESTIBULARES • Os núcleos reticulares são divididos em dois grupos principais: (1) núcleos reticulares pontinos, localizados ligeiramente posterior e lateralmente à ponte, estendendo-se até o mesencéfalo; e (2) núcleos reticulares medulares, que se estendem por toda a medula, situando-se ventral e medialmente próximo à linha média. • Esses dois conjuntos de núcleos funcionam sobretudo de maneira antagônica, com os pontinos estimulando os músculos antigravitacionais, e os medulares relaxando esses mesmos músculos. O sistema reticular pontino transmite sinais excitatórios. • Os núcleos reticulares pontinos transmitem sinais excitatórios descendentes na medula através do trato reticuloespinal pontino, na coluna anterior da medula. As fibras dessa via terminam nos neurônios motores anteriores mediais que excitam os músculos axiais do corpo, os quais o sustentam contra a gravidade – ou seja, os músculos da coluna vertebral e os músculos extensores dos membros. O sistema reticular medular transmite sinais inibitórios. • Os núcleos reticulares medulares transmitem sinais inibitórios aos mesmos neurônios motores anteriores de antigravidade por meio de um trato diferente, o trato reticuloespinal medular, localizado na coluna lateral da medula. • Os núcleos reticulares medulares recebem fortes estímulos colaterais das seguintes vias aferentes: (1) trato corticoespinhal; (2) trato rubroespinhal; e (3) outras vias motoras. Esses tratos e vias costumam ativar o sistema inibitório reticular medular para contrabalançar os sinais excitatórios do sistema reticular pontino. Portanto, em condições normais, os músculos do corpo não ficam anormalmente tensos. 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