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¹ Graduados do curso de Bacharel em Geografia na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) 
 
 
Aplicação das métricas da paisagem em ambiente SIG para análise de impactos 
ambientais decorrentes da implantação de um empreendimento linear 
 
Aurélio Herzer¹ 
Giovana Pereira Carraro D’Espindula¹ 
 
 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC 
Departamento de Geografia – Centro de Ciências Humanas e da Educação 
Av. Madre Benvenuta, 2007 – CEP 88035-001 - Florianópolis - SC, Brasil 
aurelioherzer@gmail.com; gp.carraro07@gmail.com 
 
Resumo: Com a necessidade crescente de tentar entender melhor como os ecossistemas interagem e sobrevivem 
em meio ao crescimento galopante da sociedade e seus meios produtivos, profissionais das áreas bióticas, 
apropriando-se de uma gama de informações coletadas por anos e anos de pesquisas e observações, 
desenvolveram metodologias e ferramentais com base científica para não só compreender os mecanismos de 
sobrevivência destes ecossistemas, bem como desenvolver e aprimorar técnicas já existentes com o intuito de 
antever os impactos da antropização e aplicar medidas que irão amenizar o efeito dos impactos propondo um 
menor tempo de recuperação para as comunidades bióticas atingidas (ecossistemas). Neste trabalho foi realizada 
uma análise temporal com a apropriação dos conceitos vinculados às Métricas da Paisagem, utilizando como 
plataforma operacional ferramentas de geoprocessamento atreladas a algoritmos específicos desenvolvidos 
unicamente para a obtenção de resultados mais próximos possíveis da realidade. 
 
Palavras-chave: Geoprocessamento; Métricas; Paisagem. 
 
INTRODUÇÃO 
A Mata Atlântica que é, por sua alta diversidade de espécies e nível de endemismo, um 
dos complexos vegetacionais mais singulares no mundo (Mori et al., 1981; Fonseca, 1985), 
vem sofrendo historicamente as consequências do intenso processo de fragmentação (Dean, 
1996; Viana e Tabanez, 1996; Ranta et al, 1998). Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e 
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (2009) restam atualmente apenas 7,91%, 
ou seja, 102.012 km² da área originalmente coberta pela Mata Atlântica. 
Esta mensuração referencia-se apenas aos fragmentos superiores a 100 Ha de área, 
perfazendo um total de 18.397 fragmentos. Cabe ressaltar que os fragmentos do Bioma Mata 
Atlântica do estado do Piauí não estão contabilizados por ainda não terem sido devidamente 
cartografados. 
Conforme Viana (1990), um fragmento florestal é qualquer área de vegetação natural 
contínua, interrompida por barreiras antrópicas (estradas, cidades, culturas agrícolas, 
pastagens, etc.) ou naturais (montanhas, lagos, outras formações vegetacionais, etc.), capazes 
de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen e/ou sementes. É, portanto, produto 
de uma ação natural ou antrópica. 
No entanto, para Ishihata (1999) a fragmentação é a separação artificial do hábitat em 
fragmentos espacialmente isolados e envolvidos por uma matriz altamente modificada ou 
degradada, que pode ser constituída por culturas agrícolas ou outro tipo de uso do solo. A 
maior parte das áreas remanescentes de Mata Atlântica é representada por fragmentos 
pequenos, de domínio privado (Fonseca, 1985; Ranta et al, 1998), submetidos a diferentes 
pressões, como relevo acidentado. 
Segundo Dent e Young (1993 apud Pirovani, 2010), as consequências da fragmentação 
florestal são: redução da área de ecossistemas naturais; distúrbio no regime hidrológico das 
bacias hidrográficas; mudanças climáticas; erosão do solo; inundações e assoreamento das 
bacias hidrográficas; degradação dos recursos naturais; favorecimento ao estabelecimento de 
espécies invasoras; e, ainda, mudanças nos fluxos químicos e físicos da paisagem, incluindo 
os movimentos de calor, vento, água e nutrientes. Além disso, a fragmentação resulta em 
remanescentes de vegetação nativa que se avizinham a usos agrícolas e a outras formas de 
uso, e como resultado o fluxo de radiação, a água e os nutrientes dos solos são alterados 
significativamente (Saunders et al, 1991). 
Algumas vezes até a reprodução dos indivíduos pode ser comprometida, como no caso de 
espécies de fecundação cruzada obrigatória (Dias et al, 2000). De acordo com Metzger (2001) 
o processo de fragmentação leva à formação de uma paisagem em mosaico com a estrutura 
constituída por manchas ou fragmentos, corredores e a matriz. 
O estudo desses elementos da paisagem, bem como as suas interações, é de grande 
importância para a compreensão dinâmica da paisagem, auxiliando na definição de técnicas 
de manejo visando à recuperação e ou a conservação dos remanescentes florestais. 
 
Ecologia da Paisagem 
Risser et al (1984) definem ecologia de paisagens como uma área de conhecimento que 
considera o desenvolvimento e a dinâmica da heterogeneidade espacial, as interações e trocas 
espaciais e temporais através de paisagens heterogêneas, as influências da heterogeneidade 
espacial nos processos bióticos e abióticos e o manejo da heterogeneidade espacial. 
A ecologia de paisagens segundo Naveh e Lieberman (1994) é uma ciência 
interdisciplinar que lida com as interações entre a sociedade humana e seu espaço de vida, 
natural e construído. Essa última definição aponta para uma ecologia humana de paisagens, 
representando a abordagem geográfica, enquanto as demais definições apontam para uma 
ecologia espacial de paisagens preocupada com a consequência dos padrões espaciais e a 
forma pela qual a heterogeneidade se expressa nos processos ecológicos (Metzger, 2001), 
representando assim a abordagem ecológica. 
A paisagem é interpretada de uma forma geral como um componente do geossistema 
espacializada de forma heterogênea e segundo Turner e Gardner (1990), estrutura, função e 
alterações fundamentam sua existência. 
A estrutura da paisagem compreende todas as relações espaciais dos elementos e 
ecossistemas que as compõem. Esta relação implica diretamente na distribuição de materiais e 
espécies presentes no sistema. 
A função compreende a interatividade entre todos os elementos, como por exemplo, a 
troca, ou o fluxo de informações genéticas, perpetuação das espécies, etc. 
As alterações nada mais são do que todas as transformações exercidas sobre a paisagem, 
seja de forma natural, seja de forma antrópica, onde a função e a estrutura original sofrerão 
alterações (Forman e Godron 1986). 
 
Estrutura da Paisagem 
O conceito de “estrutura da paisagem” é relativamente jovem dentro da ecologia de 
paisagens. Trata-se do estudo do mosaico da paisagem que aparece como o padrão e 
ordenamento espacial específico das unidades de paisagem numa determinada seção de 
pesquisa. Trabalha com as feições espaciais/estruturais observáveis e mensuráveis na 
paisagem e caracteriza as suas condições, seu desenvolvimento e sua mudança temporal 
(Blaschke, 2000; Turner et al, 2001 apud Lang e Blaschke, 2009). Trata-se, em síntese, das 
causas e efeitos da heterogeneidade espacial sobre os diferentes processos ecológicos. 
Segundo Loffler (2003 apud Lang e Blaschke, 2009), estruturas da paisagem são 
fortemente formadas e alteradas pelo homem, por isso, a paisagem também é vista como um 
tipo de interface entre as esferas biótica, abiótica e humana. 
O conceito de estrutura da paisagem foi fortemente determinado por ferramentas apoiadas 
em computador e por métodos do processamento de informações geográficas, bem como do 
processamento digital de imagens (Lang e Blaschke, 2009). O mesmo autor cita ainda que 
para a avaliação analítica da estrutura da paisagem, desenvolveu-se um conjunto de métodos 
designados medidas da estrutura da paisagem (métricas), que deve ser considerado como o 
coração metodológico do conceito de estrutura da paisagem. 
Por apoiar-se numa forma de observação espacial, do conceito de estrutura da paisagem, 
resulta a necessidade de modernos métodos de processamento de informações geográficas, 
bem como de teorias fundamentais da divisão hierárquica de paisagense do holismo (Lang et 
al, 2004). 
Segundo Forman e Godron (1986); Metzger (2001) a estrutura da paisagem é composta 
pelos elementos: fragmento, matriz e corredor. 
De acordo com Valente (2001), o conhecimento dos elementos ou os componentes de 
uma paisagem é essencial para a caracterização de sua estrutura e para a identificação de seus 
padrões. 
 
Quantificação da Estrutura da Paisagem 
Conforme o autor Pereira et al (2001), a ecologia da paisagem fundamenta-se no 
princípio de que os padrões dos elementos que compõem a paisagem influenciam 
significativamente nos processos ecológicos atuantes nos ecossistemas. Portanto saber 
quantificar a estrutura da paisagem é um pré-requisito para os estudos das funções e das 
mudanças ou alterações das características mater da paisagem em questão. Esta premissa é 
enfática para o desenvolvimento de métodos de pesquisa que tem por função a quantificação 
de toda a estrutura da paisagem para futura análise ecológica da mesma. 
Na visão de Carrão et al (2001), o universo de medidas quantitativas que compõem a 
paisagem, denominadas de “Métricas da Paisagem”, torna-se cada vez mais notórias haja vista 
que estas, ao serem devidamente processadas, geram indicadores que nos fazem compreender 
melhor a estrutura dos sistemas integradores da paisagem de uma forma geral, bem como a 
relação intrínseca dos ecossistemas ali operantes. 
Para otimizar os processos, alguns autores criaram o sistema de agrupamento destes 
índices considerando particularidades como unidades métricas, formas, densidade, tamanho e 
variabilidade métrica dos fragmentos, fatores ou índices de bordas, fatores ou índices de área 
central, etc. 
Diante do exposto, o presente trabalho abordará um total de cinco índices que foram 
propositadamente escolhidos em detrimento a execução do projeto de ampliação da malha 
viária na região norte do Estado de Santa Catarina. Estes índices estão relacionados 
diretamente com o impacto exercido sobre eles na implantação dos projetos de ampliação. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
Como subsídio para análise da paisagem e mapeamento da vegetação, técnicas de 
geoprocessamento e fotointerpretação foram aplicadas através de ferramentas computacionais 
(Hardware e Software), imagens de satélite, GPS (Global Positioning System), além de uma 
gama de informações coletadas em campo que terão como finalidade a aferição e validação de 
dados gerados em gabinete. 
Conhecer a cobertura vegetal é de suma importância para gestor do empreendimento 
fornecendo subsídios para os estudos de alternativas antevendo assim a proteção e 
manutenção dos ecossistemas presentes em detrimento à implantação do projeto, pois toda e 
qualquer alteração antrópica altera a paisagem e compromete os ecossistemas por meio do ato 
da supressão que acaba sendo muito mais impactante. 
O processo tem início na obtenção de imagens orbitais de alta resolução, multiespectrais, 
as quais serão a base para a fotointerpretação e vetorização das feições que compõem a 
paisagem da área de estudo. 
A área de estudo compreende um corredor de 300,0 metros de largura e que se estende ao 
longo de todo o eixo da rodovia (Figura 1). 
Figura 1: Localização da área de estudo. 
 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
O fator humano associado a sua experiência no processo que envolve a fotointerpretação 
é muito importante para que o resultado obtido apresente uma retratação do cenário mais 
próximo da realidade possível. 
Todos os dados gerados e os resultados alcançados só foram possíveis em virtude do uso 
de Softwares e Hardwares de alto desempenho e específicos para as metas propositadas, e que 
serão listados a seguir: 
1) Softwares: 
Erdas Imagine Advantage; 
Corel Draw X6; 
Microstation (Bentley); 
ArcGis/AcView; 
Office 2016; 
GPS TrackMaker PRO; 
Fragstats V4.2.1 
App Patch Analyst para ArcView 
2) Hardwares periféricos: 
Processador i7 3, 40 GHz / 8 GB de Memória RAM / Placa de vídeo dedicada: 2 GB; 
Sistemas Operacional Windows 7 - 64 bits; 
Plotter HP Designjet T1200 PostScript (Formato A1, A0 e outros); 
Impressora Xerox C75 (Formato A4 e A3); 
Drivers de Multimídia; 
3) Base cartográfica: 
Base cartográfica IBGE (diversas escalas); 
Mapeamento Sistemático Brasileiro e Base Vetorial Contínua ao Censo 2010; 
4) Sensoriamento Remoto e Imageamento Aerolevantado: 
Imagem de domínio e distribuição pela Digital Globe dos anos de 20014 e 2017 
Imagem de domínio e distribuição pela CNS/Astrium do ano de 2013/14 
5) Equipamentos: 
Sistema de Posicionamento Global (GPS) Garmin 12XL; 
Maquina fotográfica com abertura focal de 35 mm 
Para melhor entender as dinâmicas da paisagem, considerando um período que antecede e 
um período que sucede a implantação da duplicação da rodovia, fez-se uso de imagens 
temporais entre 2014 a 2017 que foram comparadas com o cenário atual para compor uma 
matriz resultante e definir se houve ou não regeneração e qual o grau de alteração foi inferido 
aos fragmentos com a implantação da duplicação. 
Uma vez concluído o processo de vetorização, os arquivos em shapefile foram depurados 
para eliminar inconsistências de ordem geométrica e os mesmos foram submetidos 
posteriormente aos algoritmos denominados Patch Analyst e Fragstats que, após terem sido 
previamente programados com os índices de interesse, resultaram em um arquivo no formato 
shapefile cujos resultados abastecerão planilhas de comparação para entender as relações dos 
fragmentos quanto a sua forma, área, etc. 
Os cinco índices usados para a realização deste trabalho estão detalhados a seguir: 
1) Índices de Área: A maioria dos autores reconhece os índices de área como a base 
mais importante na análise das métricas da paisagem, haja visto que os valores obtidos 
servirão de base primária para obtenção de outros índices, o que tornam estes índices 
prioritários e importantes por si só. Saber a quantia de fragmentos e a área ocupada 
respectivamente em uma determinada região é de grande valia para entender as relações entre 
os vários ecossistemas que ali habitam e entender como e se as espécies, tanto da flora quanto 
da fauna, terão condições de se manter sem ter que passar por processos mais severos de 
adaptação. 
2) Índices de Densidade e Tamanho: Os valores aqui obtidos não são medidos 
necessariamente espaciais; na verdade a finalidade destes índices alicerça-se na representação 
da configuração do cenário paisagístico quanto a suas formas, tamanho médio, densidade, 
variação, etc. 
3) Índices de Borda: Ressalta a relação dos efeitos dos diversos fenômenos 
meteorológicos atuantes sobre o fragmento vegetacional em relação ao número de bordas 
existente no fragmento e como estas bordas se configuram. A configuração e disposição deste 
índice, pode influenciar na intensidade do vento que incide sobre o fragmento, o mesmo pode 
ser inferido para a questão da umidade e iluminação solar que, dependendo de como atuam 
sobre o sistema, podem gerar microclimas e consequentemente taxas de distúrbios. 
4) Índices de Forma: Estes índices estão relacionados diretamente com o tamanho e 
forma dos fragmentos e a relação direta com os ecossistemas que habitam estes fragmentos e 
a conectividade entre eles exercendo influência direta como, por exemplo, em ações como a 
migração de pequenos mamíferos e a colonização de plantas de médio e grande porte, bem 
como influenciar na estratégia de fuga da fauna ao se sentirem ameaçadas em algum momento 
em seu habitat. 
5) Índices de Proximidade: Estes tem por finalidade determinar as distâncias entre os 
vizinhos mais próximo de um fragmento e a distância deste entre os demais considerando a 
distância entre suas bordas. São índices quantificadores que salientam a necessidade de 
identificar o quão os fragmentos estão próximos entre i, pois esta distância inferirá no grau de 
isolamento entre os mesmos e consecutivamente estes resultados apontarão para as 
dificuldades de relação entre todos os processos ecológicos que envolvem estes fragmentos. 
Como asfitofisionomias interceptadas pelo empreendimento vão desde formações de 
Restinga, passando por manguezais até a Floresta Ombrófila Densa, será apresentado um 
resumo geral sobre os resultados obtidos considerando todas as formações com ênfase nos 
resultados obtidos para a Floresta Ombrófila Densa. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Para analisar a paisagem foi dividida em quatro classes: muito pequenos ( 100ha). Nos fragmentos de Floresta 
Ombrófila Densa – F.O.D., em 2014, representavam uma área total de 1.662 hectares, sendo 
os fragmentos médios a classe de maior representatividade. Comparando com o ano 2017 
ocorreu redução de área total para 1.537,6 hectares, porém as classes dos fragmentos muito 
pequenos que são mais susceptíveis a extinção observou-se um aumento de 5,2%. Para os 
fragmentos de Manguezal ocorreram mudanças na faixa 0,2-0,4 hectares; na formação de 
Restinga, as variações mais significativas foram um aumento de 49% da área da classe 5-10 
hectares e uma redução de 19% na classe de 10-100 hectares. 
 
Tabela 1: Métricas da Floresta Ombrófila Densa em 2014 
FOD Classe de Áreas 2014 
Sigla Unidade 100 ha Total 
CA Hectare (ha) 262,4 298,7 918,6 182,3 1662,0 
NUMP Adimensional 210,0 41,0 42,0 1,0 294,0 
TE Metros (m) 128195,0 73807,4 142248,3 14281,8 358532,5 
ED m/ha 65,2 37,5 72,3 7,3 45,6 
MSI Adimensional 1,7 1,9 2,0 3,0 2,1 
MNN Metros (m) 515,7 1491,5 1012,4 1,0 755,1 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
Tabela 2: Métricas da Floresta Ombrófila Densa em 2017 
FOD Classe de Áreas 2017 
Sigla Unidade 100 ha Total 
CA Hectare (ha) 276,0 262,6 820,1 178,8 1537,6 
NUMP Adimensional 230,0 36,0 38,0 1,0 305,0 
TE Metros (m) 135927,6 65710,0 129027,0 15344,1 346008,7 
ED m/ha 74,6 36,1 70,8 8,4 47,5 
MSI Adimensional 1,7 1,9 2,1 3,2 2,2 
MNN Metros (m) 455,6 1508,9 1223,9 1,0 797,3 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
No ano de 2014 havia um total de 294 fragmentos para F.O.D. sendo: 71,1 % muito 
pequenos ( 100ha). Em 2017 ocorreu uma redução para 305 manchas, um fator positivo quando se 
analisa conjuntamente com outros indicadores como área, bordas e proximidade, mostrando 
que os pequenos fragmentos estão se unindo por meio de corredores ecológicos, mantendo o 
fluxo gênico. 
As métricas de borda apresentaram proporcionalmente na extensão do levantamento 
menor valor no total de borda (TE) para a classe dos fragmentos considerados grandes da 
Floresta Ombrófila Densa (15.344,1), ao passo que os fragmentos pequenos apresentaram 
maior representatividade além de apresentarem densidade de bodas de forma considerável. 
Considerando os dados depurados e planilhados, chegou-se a um cenário que inspira um 
olhar mais crítico, pois os mesmos indicam um alto grau do efeito de borda indicando assim 
um menor grau de conservação. 
Em fragmentos menores onde a transição entre o fragmento florestal e o meio adjacente é 
abismal, cria-se uma borda de entorno que deixa a floresta vulnerável às condições 
encontradas na periferia. 
A porção externa da floresta torna-se parte de um ecótono, ou seja, zona de transição 
entre os fragmentos e a vizinhança existente, que pode ser desde uma área antropizada até 
uma área em estágio inicial de regeneração manifestando a possibilidade de se criar pequenas 
zonas microclimáticas, como oscilação termal e estresse hídrico, comprometendo assim a 
consistência deste fragmento e, dependendo do seu grau de estágio sucessional, até a 
capacidade de resiliência será comprometida. 
Outro ponto fatídico é a forma dos fragmentos que também impacta diretamente no que 
se refere ao efeito de borda, incluindo os fluxos biótico e abiótico (Farina, 1998). 
Para que as formas fossem analisadas, conforme os inúmeros conceitos pesquisados, 
chegou-se a um padrão que se refere à forma mais ideal de um fragmento para que haja 
condições perfeitas para a manutenção de sua existência. O valor adotado é igual a um, valor 
este que está atrelado a forma mais esférica possível. Quanto mais gradiente numeral se 
afastar do valor padrão, mais irregular e mais comprometedora será a forma do fragmento. 
O grau de isolamento dos fragmentos, caraterizado pela distância média do vizinho mais 
próximo (MNN), apresentou resultados semelhantes e ao mesmo tempo preocupantes, pois se 
detectou um alto grau de isolamento dentro da área de estudo e que por consequência, 
acarretará dificuldades de interação ecológica tanto para a flora como para a fauna. 
Para dar ênfase na metodologia aplicada neste estudo, foram exemplificadas três áreas ao 
longo da rodovia onde os fragmentos florestais foram identificados para dar uma visão mais 
clara de como os ecossistemas podem ser afetados pelos processos de antropização, neste 
caso, pela ampliação da malha viária (Figuras 2). 
 
Figura 3: Demonstração de fragmentação da vegetação em detrimento à ampliação da 
malha viária. 
 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
 
CONCLUSÕES 
Apesar da forma sintética como foram abordados os processos e metodologias aplicadas a 
leitura da paisagem interferida pelo empreendimento, foi possível mensurar o impacto 
ambiental exercido sobre o sistema. 
Os resultados obtidos forneceram indicadores que serviram de subsídio para as devidas 
tomadas de decisões quanto aos procedimentos a serem adotados para a manutenção e/ou 
recuperação das áreas degradadas. 
A seara abordada nos faz entender que para toda e qualquer obra de infraestrutura a ser 
implantada, alterações físicas nos componentes da paisagem se tornam inevitáveis, contudo, 
apropriando-se de novas tecnologias e conceitos científicos torna-se possível o 
monitoramento das áreas impactadas bem como a aplicação de medidas mitigadoras mais 
eficazes intrínsecas aos projetos de reposição e compensação florestal. 
 
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