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2 ÍNDICE 1. CAPÍTULO 01 1.1. Introdução e definição 1.2. O homem como objeto de estudo 1.3. A origem do homem 2. CAPÍTULO 02 2.1. Deus na criação 3. CAPÍTULO 03 3.1. A metodologia da criação humana 4. CAPÍTULO 04 4.1. Um contraste com a teoria da evolução 4.2. A decisão de Deus 5. CAPÍTULO 05 5.1. As características da natureza do homem 5.2. Sobre a alma e o espírito 6. CAPÍTULO 06 6.1. Algumas verdades acerca da criação do homem 7. CAPÍTULO 07 7.1. A constituição tríplice do homem: o corpo 7.2. A constituição tríplice do homem: o espírito 8. CAPÍTULO 08 8.1. A constituição tríplice do homem: a alma 8.2. Teorias divergentes 9. CAPÍTULO 09 9.1. Os significados da alma 9.2. A alma e o corpo 10. CAPÍTULO 10 10.1. A imagem e semelhança de Deus no homem 11. CAPÍTULO 11 11.1. O estado primitivo do homem 11.2. O destino da alma e do espírito humano 11.3. O homem em Eclesiastes 3 CAPÍTULO 01 Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Salmos 8:3-5 Introdução e definição A antropologia estuda a natureza do homem à luz da Bíblia Sagrada. Ela tem como objetivo revelar aos estudantes das Sagradas Escrituras as verdades bíblicas sobre a natureza humana, bem como sua origem e desenvolvimento. Há muitas teorias e argumentos sociológicos, ateístas e filosóficos acerca da origem do homem. Devemos, entretanto, atentar-nos ao fato de que o foco desta matéria está no ensino manifesto nas Sagradas Escrituras, e não em outros campos de pesquisa. Em toda a sua história existencial, o homem é questionado acerca de sua origem e o porquê da mesma, isto é, seu propósito no mundo. A Bíblia é o único livro que pode oferecer respostas verdadeiras e satisfatórias com respeito à origem da humanidade, por que o homem veio a existir, o que faz aqui e qual é seu destino. Estudar acerca do homem é penetrar num mistério insondável e divino acerca do qual só teremos a compreensão perfeita através da fé e da iluminação do Espírito Santo. O homem é um ser misterioso, pois está inato nele uma série de mistérios conhecidos apenas pelo Criador divino. Se pensarmos no homem como um ser físico, biológico, sociológico, psicológico, espiritual e, agora, globalizado, podemos ver que ele certamente é obra do Ser todo poderoso. O ser humano é a obra de maior excelência do Criador. Há uma grande diferença no processo originário criativo de Deus para trazer à existência as outras criaturas e o ser humano: a criação do homem carrega um aspecto distinto, extraordinário e pessoal. A finalidade do Criador em fazer essa obra prima é para que o homem pudesse viver eternamente juntamente com Ele. É evidente que, ao falar da imortalidade do homem, a antropologia não nega sua evidente mortalidade, mas sim reconhece sua existência eterna que se estende para além da morte. Em suma, a morte não destrói o homem por completo, mas afeta apenas sua estrutura biológica. Deus cria o homem para viver eternamente com Ele apesar de Sua plenitude de capacidade e ausência de necessidade de companheirismo. Ele poderia existir plenamente em Seu conselho trinitário, porém decidiu criar um ser vivente para relacionar-se e compartilhar intimidade e comunhão. 4 A grande essência do cristianismo é o enfatizar da vital relação entre Deus e o homem. Essa é uma via de mão dupla: o divino relaciona-se com a criatura, e a criatura tem o privilégio de se relacionar com o Criador de forma livre, espontânea e pessoal. O homem como objeto de estudo Desde o início de sua história o homem foi objeto de estudo. De fato, até mesmo o salmista certa vez pergunta “Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?”. Esse questionamento revela que há no interior dos homens uma busca infindável que só pode encontrar respostas sólidas na própria Bíblia. É nela onde aprendemos que o homem é o pó da terra, e é também nela onde é revelado que essa criatura de pó é templo para o Espírito Santo. Entre os círculos acadêmicos, o estudo do homem é chamado de antropologia. Esse termo deriva de duas palavras gregas: anthropos (ἄνθρωπος) - "homem" - e logos (λόγος) - “razão” ou “ensino”. A antropologia bíblica trata o homem como criação de Deus, bem como uma criatura pecadora e afastada dEle por culpa de sua desobediência voluntária e alcançada pela Graça redentora de Deus. Há três bases teóricas que devem ser observadas no estudo da antropologia bíblica: 1. A antropologia deve estudar o homem como criação plena de Deus; 2. A antropologia deve estudar o homem como pecador afastado da comunhão de Deus de forma voluntária por meio de sua desobediência; 3. A antropologia deve estudar o homem como alvo da Graça redentora divina; A antropologia bíblica diferencia-se da antropologia científica que estuda o homem em suas características físicas e culturais em três aspectos: ● Fundamento: a base da antropologia bíblica encontra-se exclusivamente na revelação especial do homem; ● Abordagem: é feita a partir de uma visão bíblica do homem; ● Propósito: demonstra a postura privilegiada do homem em relação às demais criaturas, bem como sua deficiência moral diante de Deus decorrente da Queda; A origem do homem Ao longo de toda a sua história, o homem como ser intelectual vem buscando as respostas acerca de sua origem. Há um constante anseio pelo conhecimento de sua procedência que se estende até até a antiguidade mais remota. Por mais que as civilizações tentem sanar essas dúvidas, elas jamais atendem o homem de forma definitiva. Nenhuma resposta está próxima de explicar a origem do homem além daquilo que está narrado no texto sagrado da Bíblia, que não especula em devaneios, mas aponta de forma certeira para a verdade. 5 Os escritores sagrados sustentam de forma consistente a verdade de que Deus criou os seres humanos. As passagens mais precisas indicam que, tratando-se da parte física e estrutural exterior, Deus criou o primeiro homem do pó da terra. O primeiro homem e mulher foram criados à imagem de Deus, isto é, a essência espiritual do homem é sua alma vivente. O processo criativo que Deus estabelece para formar o homem é uma ação direta e pessoal, de forma que o homem não é resultado de um processo de macroevolução, mas sim uma obra exclusiva, direta, total e plena do próprio divino. Deus criou várias espécies e as deixou para que se desenvolvessem e progredissem de acordo com as leis de Seu ser. A distinção entre a criação do ser humano e das outras criaturas é que Deus colocou no homem Sua imagem e semelhança, o que diferencia-o do resto da criação. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:27 No verbo criar, vemos que sua originalidade veterotestamentária tem significado de “criar do nanda”. Deus está se referindo não apenas ao indivíduo, mas à projeção de toda a humanidade: aqui está a árvore genealógica humana saindo da mente de Deus para o desenvolvimento de outros indivíduos. Numa linguagem antropomórfica e teofânica, Deus usou suas próprias mãos, apresentando-se como oleiro divino para dar formatação a esse homem. Para tal, utilizou-se do pó da terra e seus elementos químicos como matéria prima. Ao observar esse relato, não se pode chegar a outra conclusão senão que o homem é resultado de uma intervenção direta e exclusiva de Deus. O homem não é autônomo, mas criação exclusiva proveniente de um ato voluntário e exclusivo do próprio Deus. Deus não utilizou-e de formas preexistentes ou subhumans de vida para fazer o primeiro homem, mas soprou diretamente nas narinas daquela criatura que Ele mesmo projetou. O homem carregaa imagem e semelhança de Deus e é a única criatura que traz intrinsecamente em si mesmo algo peculiar do divino: Imago Dei. 6 CAPÍTULO 02 Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca. Salmos 33:6 Deus na criação Esse versículo se refere à criação física de Deus: o mundo. Além disso, a Bíblia fala da criação dos céus e do exército, uma referência aos anjos: a criação espiritual. Tudo isso foi feito pela palavra do Senhor. Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra. Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras. Salmos 33:14,15 Os moradores da terra não são autônomos ou incriados, mas têm uma origem. O termo coração se refere ao aspecto interno do homem: seus sentimentos e emoções. É Deus quem forma isso, de forma que percebemos a dependência do homem em relação a Ele. O homem não deve viver desconectado do Criador, pois aí há a alienação que gera inimizade com Deus: o pecado. Deus criou, em Seu propósito, o homem para relacionamento. Após Deus criar a Terra e o que nela há, decidiu criar o homem (Gn 1:3, 1:11). A criação do homem não utiliza o mesmo princípio das outras. Há uma conferência no Conselho do Deus Trino que determina a criação de um ser diferente dos demais: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1:26 O verbo empregado aqui fala de construção. Sua pluralização aponta para a presença do conselho do Deus trino, de forma que o texto revela que Deus está criando um ser vinculado a Ele para se relacionar. Esse vínculo que pode ser chamado de parentesco é a Sua imagem e semelhança. Além de Deus colocar Sua imagem e semelhança no interior do homem, dá domínio a ele sobre todas as demais criações, mostrando que ele é o representante de Deus e traz consigo o que nenhuma criatura jamais obteve. A criação do homem não foi aleatória ou imprevisível. Ela foi planejada desde antes da fundação do mundo. Teologicamente, o ato de criar o ser humano tem base exclusiva no conselho deliberado de Deus, pois a criação necessitava de um mordomo para regê-la. Após deus criar o homem, Ele não afirma que o que fez é bom. Em vez disso, o Criador enxerga excelência expressa naquele ser vivente: 7 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto. Gênesis 1:31 Em Seu planejamento, Deus pensa no homem antes mesmo de ele existir. Em Gênesis 1:26, o homem tem sua origem na ação de Deus como oleiro trabalhando a matéria prima para formar o vaso de barro. O ser humano antecede esse evento, entretanto, pois ele não existe apenas em seu aspecto físico. A sua essência e sua personalidade já existiam anteriormente na mente de Deus. Em Gn 1:26 podemos visualizar que o homem foi criado segundo um tipo divino. Dessa forma, ele surge como um ser que recebeu dEle cuidados especiais em seu princípio. O homem é a única criatura na face da Terra que consegue se comunicar com seu Criador em qualquer lugar em que esteja, pois há no homem o espírito, um elo de comunicação com Deus. O domínio que Deus dá ao homem sobre os animais é resultado de sua superioridade no aspecto intelectual, na capacidade de governança e espiritualidade. O homem tem uma natureza moral implantada por Deus que o distingue dos demais. Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez. Eclesiastes 3:11 8 CAPÍTULO 03 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Gênesis 2:7 A metodologia da criação humana ● O ser humano veio à existência por meio de um ato do Criador (Gn 1:27); ● O ser humano é gerado em seu propósito na mente de Deus, de forma que Gn 2:7 é a materialização de um projeto que já existia na eternidade; ● O ser humano teve, dentro de sua estrutura física, biológica e sociológica, um princípio criativo: Deus; ● Deus usa os elementos químicos da terra para conscientizar o homem acerca de algumas verdades sobre sua natureza: ○ Que ele é um vaso de barro frágil; ○ Que este homem deve desenvolver sua vida na dependência ao supremo Criador; ● O homem foi criado antes da mulher. Isso joga por terra a teoria da evolução: Deus tomou um material já existente, a costela, para dali formar a mulher; ● Quando Deus criou o homem, a Bíblia não diz que Ele usou exclusivamente o pó da terra, de forma que esta não é sua totalidade, mas apenas um dos elementos que o constituem. O sopro de Deus é o próximo elemento: o fator espiritual; ● Olhando para esse método, é possível perceber que em Gn 2:7 o ser humano recebeu um organismo físico no ato da criação. A Bíblia deixa claro que Deus pegou apenas uma porção chamada pó, onde está constituído uma série de elementos químicos, haja vista que na terra e no barro há elementos presentes na própria estrutura biológica. ● Numa linguagem antropomórfica, Deus vai se apresentar como um oleiro. O oleiro deve umedecer a matéria prima para que seja moldada; ● Há uma demonstração da Graça na atitude do Deus que suja suas mãos de lama, apontando em sua presciência que esse homem viria a traí-lo. Apesar disso, Deus já anuncia a redenção: Jesus cristo vir ao mundo dos homens nada mais é que Deus sujar suas mãos de lama; ● Quando Deus utiliza a expressão formar, revela um contraste com Gn 1:26. Aqui Ele se apresenta com aspecto jeovístico do Deus da aliança. No ato da 9 criação do homem, Ele se revela como Senhor Deus, o Deus da aliança, do pacto, da redenção e da reconciliação; ● Deus faz o homem do pó da terra. Nesse elemento, Ele estabelece a estrutura orgânica do homem, que é terrena, física, material e carnal. Isso é o que a Bíblia vai chamar de corpo. Isso serve para que Deus nos ensine que a vida humana no sentido físico é transitória, no entanto há uma vida futura, com abundância; ● O ser humano é muito mais que um amontoado de agentes químicos. Deus fez o sopro de fôlego em suas narinas, tornando-o em um ser espiritual que tem contato direto com Deus; ● O ser humano não se resume a um ser transitório, mas é também o homem espiritual, um ser que Deus, ao criá-lo, destinou à eternidade: Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias. Eclesiastes 7:29 Deus, que é pleno e perfeito, cria o homem para ser santo, moral e reto, bem como para desfrutar de comunhão eterna com Ele. Em seu ato de rebelião, entretanto, ele decide se voltar contra o Criador. Apesar disso, Deus não permite que Seus planos sejam impedidos, de forma que Ele possibilita um retorno a essa retidão por meio do sacrifício expiatório de Jesus Cristo (Ef 4:23,24; Cl 3:9,10). 10 CAPÍTULO 04 Peso da palavra do SENHOR sobre Israel: Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele. Zacarias 12:1 No texto de Zacarias é possível visualizarmos duas facetas de Deus: 1) Ele em sua primeira fase de ação criativa do universo, onde criou os céus, as estrelas, os animais e a vegetação 2) Sua ação criativa do espírito do homem. É em Gn 2:7 que Deus formou o espírito dentro do homem. Foi nesse ato de sopro nas narinas do homem que Deus coloca nele o espírito, que é imaterial, e sai do próprio Deus para dar vitalidade ao ser humano. Precisamos entender que o homem foi feito completo, de forma pessoal e vivo por uma ação final e única. A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu osfiz. Isaías 43:7 Há três verbos nesse versículo: criar, formar e fazer. Gramaticalmente, a conjugação dos verbos denota ações passadas e terminadas. Deus faz esse homem para seu louvor e glória: esta é a razão do Criador. E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1:26 O verbo façamos está conjugado na primeira pessoa do plural, e em sua originalidade veterotestamentária carrega o significado de ornar, construir ou edificar. Esse termo é contrário à ação do diabo, que deforma. Deus não apenas formatou o homem, mas constituiu nele valores e princípios éticos e morais. Ele também preparou-o para a vida, dando-lhe condições de vida extraordinárias. Por fim, o homem foi edificado com estabilidade e firmeza. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:27 O significado do verbo criar em sua originalidade traz o conceito da execução de algo novo, raro e maravilhoso. O verbo fala de uma produção nova, inédita, rara e maravilhosa, não de uma evolução de organismos preexistentes. E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Gênesis 2:7 11 Aqui há o verbo formar em ligação ao pó da terra. O verbo significa moldar no mesmo sentido de um oleiro que molda o vaso para o aperfeiçoamento. Deus coloca Suas mãos e dá forma àquela massa para que alcance a perfeição. O pó identifica o homem com sua queda e redenção, pois Deus cria um ser vivo e pessoal dotado de livre arbítrio. Quando Deus criou o primeiro homem, formou-lhe o corpo e, logo após, conferiu-lhe o sopro da vida. Na originalidade veterotestamentária, a palavra sopro está no plural: uma indicação de que Deus colocou ao primeiro tempo a vida espiritual e a vida física no homem. Um contraste com a teoria da evolução ● Foi concebida pelo naturalista inglês Charles Darwin que viveu de 1809 a 1889; ● Apresenta o homem como alguém que se elevou de uma ordem inferior, enquanto a Bíblia diz que ele procede de um ser superior; ● Apresenta o homem como resultado de sucessivas alterações na forma material devido às forças latentes na matéria, ao passo que a escritura declara que o ser físico do homem é resultado de uma ação definitiva Deus; ● Apresenta o homem como clímax do desenvolvimento que ascendeu-se desde as formas mais inferiores da vida animal, ao passo que a Bíblia ensina que o homem pertence à ordem humana mas é distinto de todas as demais criaturas, sendo criado diretamente. A decisão de Deus Deus já tinha os anjos e o conselho do Deus trino, o que então levou-o a criar o homem? A bíblia fala de relacionamento e comunhão. Deus trabalha em prol da comunhão, portanto cria o homem para que haja uma interação entre Ele e sua criatura. Deus cria, planta-o no jardim, dá a ele tudo de bom e vai ter com o homem. O Criador não precisava desse homem. Apesar disso, quando o homem se rebela, tornando-se inimigo de Deus, o Pai envia a Cristo para restaurar o projeto original de relacionamento, reconciliando-nos com o Senhor (Gl 6:9; Jo 4:23,24). Sendo deus espírito, gerou um homem espiritual. Deus poderia não fazê-lo, mas Sua prerrogativa divina de vontade e omnipotência decidiu por fazê-lo. Em Sua sabedoria, Deus colocou cada órgão do organismo humano em seu devido lugar, delimitando seus propósitos pelos melhores meios e condições e realizando tudo isso com Seu poder infindável. Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente 12 do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. Romanos 11:33-36 13 CAPÍTULO 05 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Gênesis 2:7 As características da natureza do homem Nesse versículo é possível visualizarmos as características da natureza do homem. Quando olhamos para o pó da terra, a matéria prima, visualizamos primeiro a natureza material do homem. A natureza além da material se dá no sopro do fôlego da vida em suas narinas. Essa natureza é espiritual, e nesse ato de sopro Deus infunde no ser humano o espírito e a alma. Neste ato de junção de elementos terrenos e espirituais, fica evidente que Deus cria o homem como um ser moral, pois Deus é moral. À luz da Bíblia, Deus é a fonte da verdadeira moral, e criou o homem com o sentimento de moralidade, colocando em nós a capacidade de distinguir e conhecer o que é o bem e o que é o mal: a consciência. Quando Deus infunde os elementos, também fica evidente que Ele criou um homem inteligente, com condições de cooperar com seu Criador fazendo coisas extraordinárias. Deus poderia dar nome aos animais, mas delega essa tarefa ao homem. A criação do homem não se assemelha à construção de uma máquina. Ao soprar no ser humano, Deus cria uma pessoa com liberdade e governo - o chamado livre arbítrio - que é o direito à liberdade de escolha (Dt 30:19; Is 56:4; Lc 10:42). O homem foi dotado de autoridade sobre a criação (Gn 1:28). Deus é o supremo governo de tudo, mas atribui ao homem - como seu mordomo e coroa da criação - uma posição de domínio sobre a natureza criada. O homem só vai sofrer e perder esse privilégio com o pecado. Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar. Gênesis 4:7 Sobre a alma e o espírito A visão dicotômica defende a ideia de que o homem é formado por apenas duas partes: a material - o corpo - e a espiritual - formada pela junção de dois elementos: a alma e o espírito. 14 A alma é a responsável pelo pensar, o sentir e o recordar, enquanto o espírito retém a consciência e o conhecimento acerca da pessoa de Deus. A teologia pentecostal, por outro lado, defende uma visão tricotômica: o espírito é distinto da alma. A defesa do argumento tricotomista está apresentada em Hb 4:12 e 1Ts, onde é enfatizada a distinção entre alma e espírito. Pode-se fazer uma analogia à construção do tabernáculo, que é feito de dentro para fora e composto por três partes. ● O corpo é o elemento material, isto é, o instrumento, agente e tabernáculo por meio do qual a alma e o espírito operam; ● A alma é o princípio vital, a sede da personalidade, dos afetos, dos apetites, do sentimento e da memória; ● O espírito é o princípio de vida racional e moral. Ele é a sede da razão, da vontade e da consciência moral. É a parte do homem que lhe dá condições de sentir a realidade de Deus e Sua palavra; O espírito dos não crentes está morto, dominado pelo pecado e pelas concupiscências da carne e separado de Deus. Ele não tem a possibilidade de ver a glória de Deus (2Co 4:4). A grande riqueza do evangelho é que a salvação vivifica esse espírito, tornando-o nova criatura. A consciência é uma das atividades mais importantes do espírito humano. É uma janela existente no homem pela qual Deus olha seu interior. Ela persegue o homem quando peca e o elogia ao fazer o bem. 15 CAPÍTULO 06 O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo- Poderoso me deu vida. Jó 33:4 Algumas verdades acerca da criação do homem ● Deus é justo e criou o homem justo e para a justiça, de forma que a desobediência do homem resulta em injustiça. A obra de Cristo no calvário resulta na justificação: a restauração do plano original de Deus; ● Deusexige santidade porque ele criou-nos para sermos santos. Deus forma o homem, de forma que devemos obedecer Sua conduta. Devemos viver em amor, pois Deus é amor. A suma dos 10 mandamentos está nos dois primeiros; ● Deus é misericordioso, e cria o homem para que também o seja. Isso é evidenciado no sermão da montanha. Essa é a reprodução do projeto original de Deu;. ● O Deus que forma o homem é o Deus do perdão, que cria homem com a capacidade de perdoar. Quando uma pessoa não tem misericórdia, rebela-se contra o projeto original e as virtudes de Deus conferidas ao homem; ● Deus deu ao homem a capacidade de ser fiel, de forma que o homem próximo de sua fonte original permanece firme no caminho virtuoso da verdade. O homem deve glorificar o Pai dos céus em seu comportamento, andando em comunhão com Deus na posição de filhos; Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 2 Coríntios 5:17 16 CAPÍTULO 07 Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Salmos 8:4,5 A constituição tríplice do homem: o corpo O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Dessa forma, ele é um ser essencialmente espiritual, possuindo aspectos invisíveis e imortais como a mente, a vontade, a integridade e a moral segundo sua criação em santidade. O pó da terra é a matéria prima que Deus vai utilizar para formatar corpo do ser humano. Baseado na pergunta do salmista, olhamos para a ação de Deus e analisamos os ingredientes do corpo e as divisões no ser humano: ● Quando Deus utiliza-se do pó da terra, o homem vai ter em sua composição 23% de carbono. A vida é o efeito colateral de uma propriedade de átomos de carbono que se juntam em cadeias grandes e complexas. Músculos, pele e cabelo: a extraordinária sabedoria de Deus aplica esse elemento com perfeição no corpo; ● 1,4% de cálcio responsável pelos dentes, ossos, coagulação do sangue e movimento dos músculos; ● 0.83% de fósforo responsável por armazenar e transportar energia entre as células, bem como contribuir na região dos ossos e dentes; ● 2,6% de nitrogênio que se junta com o carbono para formar o ácido nucléico, o DNA; ● 55% de água, sem a qual não há vida, pois é nela em que as moléculas reagem quimicamente; ● 0,2% de enxofre, que aparece ligado a outros átomos para compor proteínas como a insulina; ● 0,27% de cloro e sódio, que trabalham como válvula para os tecidos do organismo e auxiliam a contração muscular; ● 0,2% de potássio, que está envolvido no movimento dos músculos; ● 0,09% de metais. O corpo usa 7 deles para funcionar: o ferro, mais abundante, trabalha nas hemoglobinas, o zinco, segundo mais presente, nos glóbulos brancos; À luz da Bíblia, nosso corpo é chamado de morada ou tabernáculo (2Co 5:1). Com a morte do corpo a tenda é desarmada e a alma parte para sua morada eterna, pois ela 17 provém de Deus. O corpo é chamado de templo do espírito pois é consagrado pela presença de Deus. É também comparado a um vaso (1Ts 4:4, 2Tm 2:20,21). Apesar de os filósofos pagãos tratarem o corpo como um empecilho para o aperfeiçoamento da alma, a Bíblia sagrada o trata como obra especial e extraordinária do Deus vivo. Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. 1 Coríntios 6:20 O corpo é a parte do ser humano que entra em contato com o mundo físico. É através do corpo que o homem pode ser um ser social, e é pelas obras do corpo que seremos julgados. A constituição tríplice do homem: o espírito O espírito vem da origInalidade ruach ou pneuma e foi formado pelo Criador (Zc 12:1). O espírito faz o homem ser diferente de todos os seres viventes (Jó 32:8. Pv 20:27). Na teologia Bíblica, a alma e o espírito são a expressão do homem interior. Esse espírito é a sede da operação de Deus através do Espírito Santo (Jo 4:23-24, Rm 8:16). ● Esse espírito é capaz de renovação e desenvolvimento. Podemos perceber a veracidade dessa afirmação quando Davi ora para que haja pureza e retidão no seu homem interior (Sl 51:10); ● O espírito e a alma são incorpóreos, imateriais, espirituais e inseparáveis (Jó 12:10); ● O espírito e a alma se separam do corpo na morte (At 7:55,56,59, Tg 2:26, Ec 12:7, Gn 2:7); Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Salmos 103:1,2 18 CAPÍTULO 08 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1:26 A constituição tríplice do homem: a alma Deus criou o homem não por necessidade, mas para Sua glória (Ef 1:11,12; 1Co 10:31). Esse fato garante a relevância de nossas vidas. Precisamos entender que somos resultado de um grande propósito: cumprir a meta dAquele que nos criou e glorificá-Lo (Sl 16:11). O homem traz valores de Deus para representar o próprio Deus na face da terra. Cristo está nos cristãos, de forma que nós somos seus representantes na Terra. Na originalidade hebraica, a palavra corpo - basar (hebraico) ou soma (grego) - é a parte tangível, visível e temporal do homem. o corpo é a parte que se separa na morte física da alma - nepesh (hebraico) ou psique (grego). De modo geral, em relação ao homem a alma é aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa os órgãos e seus sentidos físicos como agentes da exploração das coisas materiais. Dessa forma, o corpo é o meio para a interação com o mundo físico. Nepesh e Ruach não representam simples sopro ou fôlego, mas a vida imortal, isto é, o santo dos santos do homem: seu parentesco que lhe aproxima de Deus. É o princípio ativo de nossa vida espiritual, o elemento de comunicação entre Deus e o homem. A alma: ● É incorpórea, uma entidade espiritual interligada ao espírito formando o homem interior. (1Co 4:16); ● Foi originada em Deus, como resultado do sopro de dEle no homem. Ela tem a sua origem na criação direta, pessoal, distinta e separada de Deus. É uma doação do Criador para o corpo, a fim de que tenha vida; Teorias divergentes A teoria do preexistencialismo da alma: Segundo essa teoria, as almas já existem e entram no corpo gerado no processo chamado reencarnação. A alma peca na vida presente a precisa redimir-se voltando a entrar num outro corpo humano durante inúmeras existências. 19 Conhecida como transmigração de almas e sustentada pelo hinduísmo, teosofia e rosa cruz, essa teoria não tem base nas escrituras. Ela originou-se no maniqueísmo e está errada nos seguintes pontos: ● O homem foi feito alma vivente somente após o sopro de Deus no momento inicial da criação. Não há indicação de almas guardadas anteriormente; ● A depravação do homem é decorrente de uma causa primária, que passa a todos os homens. A consequência é pessoal, individual e responsável: cada pessoa peca em sua existência individual, tendo o primeiro homem sendo criado sem pecado; ● Deus feZ o homem incluindo sua parte imaterial, e Deus viu que tudo isso era bom (Gn 1:31); A teoria do criacionismo: Trata-se de uma teoria segundo a qual Deus “faz as almas diariamente!, conforme ensinava Aristóteles. Polano dizia que “Deus sopra a alma nos meninos quarenta dias após a concepção, e nas meninas oitenta”; Jerônimo e Pelágio também acatavam esse entendimento, bem como a Igreja Católica Romana e os teólogos reformados, a exemplo de Calvino. Segundo Strong, Lutero se inclinava para o traducionismo. Para Strong, essa teoria utiliza como base Ec 12:7, Zc 12:1 e Is 57:16.A teoria traducionismo: Segundo essa teoria, toda nova pessoa é fruto de uma ação imediata de Deus e dos pais: há uma cooperação. Deus e os pais produzem o sujeito inteiro, mas os pais podem fazê lo somente enquanto ser vivo, e Deus produz imediatamente enquanto ser espiritual, isso é, ter uma alma. A teoria participativa: Quando se afirma que a alma é criada é necessário fazer algumas distinções: a criação é uma produção do nada; a alma é produzida na matéria e não da matéria; a produção da alma necessita de uma realidade criada já existente; a ação divina não tem como objetivo uma alma separada e sim o homem completo. Leite Filho De fato, o homem, desde a fecundação, não é “um aglomerado de células”, como dizem os cientistas ateus e materialistas. È um ser completo, composto de espírito, alma e corpo. Toda nova pessoa humana é fruto da ação imediata de Deus e da dos pais: Deus e os pais produzem o sujeito inteiro, mas os pais podem produzi-lo somente enquanto é um ser material vivo, isto é , tem um corpo, e Deus o produz imediatamente enquanto é um ser pessoa, isto é, tem uma alma. 20 Myer Pearlman, explicando a origem das almas, após a criação do homem, corrobora com esse entendimento: A origem da alma pode explicar-se pela cooperação do Criador com os país. No principio duma nova vida, a divina criação e o uso criativo de meios agem em cooperação. O homem gera 0 homem em cooperação com “O Pai dos espíritos”. O poder de Deus domina e penetra 0 mundo (At 1 7.28; Hh 1.3) de maneira que todas as criaturas venham a ter existência segundo as leis que Ele ordenou. Portanto, os processos normais da reprodução humana põem em execução as leis de vida, fazendo com que a alma nasça no mundo. ‘ Assim, podemos concluir que a alma humana se forma, segundo as leis da procriação, deixadas por Deus, numa cooperação entre os pais biológicos, e “o pai dos espíritos”(Hb 12.9). Cada vez que um gameta masculino funde-se com um feminino, no casamento, ou fora dele, pela lei do Criador, forma-se um conjunto espírito+alma dentro do homem. Diz a Bíblia: “Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele” (Zc I2 .Ib ). O modo como Deus atua na formação da alma é um mistério ao qual devemos nos curvar, em nosso conhecimento limitado. 21 CAPÍTULO 09 A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz. Isaías 43:7 Os significados da alma ● A alma é real, incorpórea e espiritual Gn 2:7, Hb 4:12, 1Ts 5:23); ● Na Bíblia, pode ser expressa significando sangue no seu sentido figurado. O sangue é o depositário da vida física: nutre-se de si mesmo e se apresenta como matéria original de onde surge o organismo humano. Usando o coração como bomba, o sangue envia vitalidade e nutrição a todas as partes do corpo (Dt 12:23, Lv 17:11); ● Também pode aparecer significando o corpo. A vida é o entrosamento do corpo com a alma. É por meio do corpo que a alma recebe as impressões do mundo exterior, e ao mesmo tempo usa seus membros para se expressar (Gn 12:5, 1Pe 3:20); ● No sentido de animal, a alma é caracterizada como princípio de vida. Apesar de os animais e o homem possuírem a alma como princípio de vida, há diferenças primordiais entre suas almas: a animal é instintiva, a do ser humano é consciente e pode ser vivificada (Gn 1:30, Ec 3:21); ● Também aparece significando o espírito com sentido figurado (Ap 20:4). Aqui os termos estão associados e podem ser usados intercambiavelmente. Nesse caso, o termo almas significa os salvos, mostrando a imortalidade da alma (Ap 6:9,10); ● O coração: o coração do homem é o centro da personalidade, vida, emoção, prazer e moral. De forma figurada, ele é a sede da alma, e é usado para expor a parte interior do ser humano; A alma e o corpo O corpo é um componente fundamental da existência humana, proporcionando o ato de alimentar-se, reproduzir-se, aprender, comunicar, divertir, trabalhar e adorar. Dentro do corpo está a alma do homem, sua vida interior, emoção, vontade e mente. O corpo é chamado de casa, tabernáculo, invólucro e templo, demonstrando sua função. À luz da Bíblia Sagrada, da alma, do corpo e do espírito é exigida a santificação (2Co 7:1, Tt 1:15, Sl 32:2, Ec 2:7, Sl 51:10; Rm 12:1-3, Ef 6:6, Ef 2:2,3, Rm 8:14, 1Co 3:16,17, 1Co 6:15, 1Ts 5:23). 22 CAPÍTULO 10 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1:26 A imagem e semelhança de Deus no homem O homem se assemelha a Deus pelo fato de possuir natureza racional e religiosa. Deus criou o homem para ter percepção tanto do mundo espiritual quanto físico. Essa imagem não se refere ao aspecto físico, já que Deus é espírito, e sim às características que dizem a respeito à imortalidade, moral, raciocínio e domínio de si mesmo (1Tm 1:17, Jo 4:24). Esta é uma imagem pessoal: o homem foi formado com personalidade e possui intelecto, emoção e vontade, componentes atribuídos à personalidade de Deus (Nm 6:10, Pv 28, Gn 1:26). O homem é um ser moral. Quando Deus faz o homem à sua imagem e semelhança, cria nele o caráter moral e senso de responsabilidade para com seu Criador. Deus lhe deu lei para reger sua vida na terra (Ex 20) e se o homem descumprir essa lei, não é considerado inocente, pois ele é moral (1Jo 3:20,21). Essa é uma imagem social: o ser humano é uma criatura social, e recebe ordens de multiplicar-se, encher a terra e formar família (Gn 1:28). Quando Deus vai formar o homem, utiliza-se do pó da terra, sinalizando que o homem tinha tendência à morte física, porém o sopro da alma e do espírito abre e a porta da imortalidade ao ser humano (Jo 3:16-18). Domínio sobre a terra: Em Gn 1:28, Deus delega ao homem o domínio sobre a terra e as demais criaturas. O homem foi designado pelo Criador para ser Sua imagem com respeito à divindade e cheio de temor. Deus deu ordem e poder ao homem para exercer Seu governo sobre a terra. Aspectos morais: somos criaturas moralmente responsáveis por nossos atos diante de Deus. Possuímos um senso íntimo de certo e errado que aponta nossa semelhança com Deus. O aspecto espiritual: não temos somente corpos físicos, mas espíritos imateriais, e podemos agir de forma significativa no plano espiritual. Isso significa que uma vida espiritual possibilita que nos relacionemos pessoalmente com Deus e ouçamos Suas palavras. A imortalidade: não cessamos nossa existência após a morte, mas viveremos para sempre, em salvação ou condenação. 23 Os aspectos mentais: temos a capacidade de raciocínio e da lógica. Nossa capacidade mental permite-no os uso da linguagem complexa e abstrata. Temos uma noção de futuro distante, até mesmo um senso íntimo de que sobreviveremos à nossa morte física caso Cristo retorne ainda nesse tempo. O aspecto relacional: embora os animais tenham alguma noção de comunidade, a profundeza de harmonia interpessoal que se vivencia no casamento humano, numa família segundo os princípios divinos ou numa igreja onde a comunidade crente ande em comunhão com o Senhor e com os outros é muito maior. Em nossos aspectos físicos, certamente não devemos pensar que nosso corpo implica que Deus tenha um corpo. Deus é espírito, e é pecado retratá-lo de algum modo em que Ele tenha um corpo físico ou material. A capacidade física que Deus nos dá de gerar e criar filhos semelhantes a nós é um reflexo da própria capacidade divina de criar seres humanos semelhantes a Ele. 24 CAPÍTULO 11 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Eplantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardônica. Gênesis 2:7-12 O estado primitivo do homem O primeiro presente que Deus deu para o homem foi um jardim. Nesse jardim, Deus fez brotar da terra toda árvore agradável para comida, a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. Além disso, um rio fluía por dentro do jardim. A única coisa que Deus demandou do homem foi a obediência, deixando claro que o dia em que o homem quebrasse esse princípio, certamente morreria uma morte física, espiritual, emocional e eterna. Deus deu ao homem algumas riquezas e privilégios: Estado de conhecimento: deus deu a Adão a tarefa de dar nome a todos os animais e pássaros, pois recebeu domínio sobre toda a criatura. Isso exigia um vasto conhecimento (Gn 2:19,20). Esse ato mostra o estado de conhecimento perfeito que o homem possuía delegado por Deus; Estado moral: a santidade e justiça estão entre os atributos fundamentais de Deus. Adão, criado à sua imagem, deveria compartilhar de um caráter santo e justo. Ele era envolvido pela glória de Deus, de forma que em seu estado de inocência e santidade não percebia sua nudez até a Queda (Gn 2:25). Esse homem só pode ser revestido novamente via Jesus Cristo e Sua morte sacrificial na cruz. Estado psicológico: Deus deu ao homem a auto-preservação (Gn 3:3). Nisso está o potencial da preservação de si mesmo. Desejo de comer: Deus não criou a diversidade de alimentos e sabores sem propósito. Em sua eterna benevolência, Deus deu ao homem o desejo pelo alimento e a capacidade de desfrutar dele. Desejo de procriação:. o sexo não é consequência do pecado pois, se feito entre pessoas de diferente gênero, isto é, um macho e uma fêmea, e após o casamento é uma bênção de Deus (Gn 2:24). 25 Deus deu ao homem mecanismos para que desenvolvesse suas aptidões, sentimentos e emoções por meio do trabalho. O trabalho não é consequência do pecado, mas foi dado ao homem por Deus anteriormente à Queda (Gn 2:15) Em Gênesis 1:28, Deus dá ao homem o direito e o impulso de domínio e delegação de governo sobre todas as criaturas. Estado social: Deus nunca aceitou a ideia de o homem viver sozinho, tanto que em Gn 2:18 o texto expressa isso claramente. O ser humano não deve permanecer sozinho sociologicamente ou espiritualmente (Gn 3:8). O próprio Deus se relacionava com o homem, mostrando seu propósito social. Estado ocupacional: Deus não fez o homem preguiçoso ou inerte, mas sim com uma ocupação específica (Gn 2:15). A ocupação é positivamente essencial para uma realização pessoal, e sem trabalho não há conquista. Estado da expectativa de vida: Adão foi criado com o potencial da imortalidade. A morte só ocorreria se ele desobedecesse à ordem de Deus com respeito à árvore da ciência do bem e do mal (Gn 2:16). O resgate do projeto original de Deus para o homem se dá na Cruz. Com a Queda, o homem desfigurou sua imagem de Deus, porém o sacrifício de Cristo é remissivo (2Co 3:18). O destino da alma e do espírito humano Quando a Bíblia fala do espírito humano, não se refere simplesmente ao ato da respiração, pois este se extingue com a morte. A Bíblia mostra claramente que o homem é dotado de vida eterna, com alma e espírito diferentes do corpo (Is 42:5). À luz da Bíblia Sagrada, a alma e o espírito deixam o corpo no último suspiro e voltam para Deus. Isso se aplica inclusive às almas dos não-crentes, pois sua alma e espírito vieram dEle. Ali hão de ser encaminhadas para aguardarem o dia da redenção. Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes. Jó 30:23 Jó afirma que há uma casa de ajuntamento destinada a todos os viventes..Em Malaquias 3:18, a Bíblia fala da diferença entre o justo e o ímpio. O espírito e a alma do justo vai para o paraíso, onde gozará do descanso, consolação e felicidade. (Sl 116:15). E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. Lucas 23:42,43 26 Os ímpios são destinados ao hades, um lugar de tormento onde aguardam a ressurreição para o julgamento final (Lc 16:22,23). O hades não é o inferno, mas sim um lugar de sofrimento para o aguardo do lago de fogo. O homem em Eclesiastes Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; Eclesiastes 12:1,2 Salomão aqui está falando das quatro fases da vida: ● Sol: infância; ● Luz: as atividades físicas, sensíveis e intelectuais; ● Lua: o lado poético da vida, o entardecer; ● Estrelas: a velhice; ● Noite: a morte, quando termina o dia e chegam as nuvens. No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas; Eclesiastes 12:3 Aqui ele fala da debilidade dos braços. Os homens fortes se curvando representam as pernas enfraquecidas e os moedores, os dentes estragados. Os que olham pela janela retratam a visão enfraquecida. E as portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as filhas da música se abaterem. Eclesiastes 12:4 As duas portas que se fecham são os lábios se fechando por causa dos dentes amolecidos, sem capacidade de trituração. O texto também retrata a perda da audição, o cessar do canto fala de surdez e fraca percepção das melodias. Como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça; Eclesiastes 12:5 O temer do que está no alto fala do sistema nervoso abalado. O espanto no caminho fala da debilidade geral. O florescer da amendoeira fala da chegada dos cabelos brancos. O gafanhoto é a perda total da força física. O perecimento do apetite é a indisposição para a alimentação. A última parte o versículo fala da hora da partida. 27 Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, Eclesiastes 12:6 A cadeia de prata é a tensão da espinha, a paralisia na coluna. O copo de ouro é o cérebro e o seu quebrar, a paralisia. O despedaçar do cântaro junto à fonte são os pulmões estragados. O despedaçar da roda junto ao poço é o coração partido, o sinal positivo de morte. E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. Eclesiastes 12:7 O retorno do pó à sua origem material, e o espírito retorna a sua fonte. Voltar à terra é o enterro e a decomposição, enquanto o fôlego da vida retorna para Deus, onde receberá seu destino.