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AULA 4 SEGURANÇA EM TRANSPORTES Prof. Luiz Antonio Forte 2 INTRODUÇÃO Cerca de setenta por cento da superfície do planeta Terra é coberta pela água dos oceanos, mares, rios e lagos. Devido a essa condição, o modal de transporte por via aquática é o mais utilizado para o deslocamento de enormes quantidades de matérias-primas e de produtos acabados entre as nações e dentro das fronteiras de vários países. Pelas hidrovias, terminais portuários fluviais e marítimos circulam cerca de 14% da carga transportada no Brasil (IBGE, 2014). O transporte aquaviário é de extrema importância na região Norte, que conta com grandes rios navegáveis. Os aspectos de segurança do transporte marítimo e fluvial são estabelecidos primeiramente pelas normas da autoridade marítima (Norman), que são normas estabelecidas pela autoridade marítima brasileira, com o objetivo de salvaguarda da vida humana e segurança da navegação no mar aberto e hidrovias interiores, bem como pela prevenção da poluição ambiental causada por embarcações, plataformas e suas instalações de apoio, além de outros cometimentos a ela conferidos pela legislação e pelas normas regulamentadoras NR 29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário (Brasil, 1997), NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário (Brasil, 2002), e NR 34 – condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval (Brasil, 2011). TEMA 1 – SEGURANÇA EM PORTOS E INSTALAÇÕES DE ARMAZENAGEM Segundo a NR-29 (Brasil, 1997), os portos são instalações utilizadas para atracação e amarração de embarcações, áreas de armazenagem e equipamentos de movimentação de carga, que possibilite o embarque e desembarque de mercadorias, cargas diversas e passageiros. Os portos são localizados em baía, angra, enseada, foz ou margens de rios, que ofereça proteção natural ou artificial contra ventos, marés, ondas e correntes. As instalações dos portos compreendem normalmente o cais, as docas, as áreas de armazenagem e os pátios de manobras de veículos de transporte. No cais são executadas as atividades de estiva (movimentação de mercadorias ou cargas diversas nos conveses e nos porões das embarcações). As áreas de armazenagem são de espaços reservados à guarda e conservação de mercadorias soltas ou embaladas, geralmente constituída de armazém, galpão, parque e silos. Nesta 3 seção vamos conhecer as principais normas de segurança do trabalho aplicáveis a essas instalações. 1.1 Segurança na atracação, desatracação e manobras de embarcações Para movimentar cargas ou embarque e desembarque de passageiros as embarcações necessitam se aproximar e serem atracadas e posteriormente desatracadas ao cais ou píer. Durante estas manobras há vários riscos para os trabalhadores envolvidos e para as pessoas do público. Normas rigorosas de segurança devem ser seguidas para evitar acidentes. Segundo o item 29.8 da NR-29 (Brasil 1997), nas operações de atracação, desatracação e manobras de embarcações, devem ser adotadas as seguintes medidas básicas de prevenção de acidentes do trabalho: 29.8.1.1 É obrigatório o uso de um sistema de telecomunicação entre a embarcação e o responsável em terra pela atracação. 29.8.2 Todos os trabalhadores envolvidos nessas operações devem fazer uso de coletes salva-vidas conforme Normas da Autoridade Marítima - NORMAM. 29.9.1 Deve ser garantido acesso seguro para o embarque e desembarque da embarcação. 29.9.2 O acesso à embarcação deve ficar fora do alcance do raio da lança do guindaste ou assemelhado. 29.9.2.1 Quando o item 29.9.2 não puder ser aplicado, o local de acesso deve ser isolado e sinalizado durante a movimentação de carga suspensa. 29.9.3 Não é permitido o acesso à embarcação atracada utilizando-se escadas tipo quebra-peito. 29.9.4 É proibido o acesso de trabalhadores a embarcações em equipamentos de guindar, exceto: a) em operações de resgate e salvamento; ou b) nas operações com contêineres previstas no subitem 29.16.3. 29.9.5 Nos locais de trabalho próximos à água e nos pontos de embarque e desembarque de pessoas, devem existir, na razão mínima de uma unidade para cada berço de atracação, boias salva-vidas e outros equipamentos necessários ao resgate de vítimas que caiam na água, de acordo com os requisitos contidos nas NORMAM. 29.9.5.1 As boias salva-vidas possuirão dispositivo de iluminação automática ou fita reflexiva homologados pelas NORMAM. 29.9.5.2 Nos trabalhos noturnos, as boias salva-vidas possuirão dispositivo de iluminação automática aprovadas pela Diretoria de Portos e Costas, da Marinha do Brasil. 29.9.6 Somente podem ser utilizados meios de acesso à embarcação quando estes atenderem ao disposto no item 30.18 da NR-30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário. 29.9.7.1 As escadas, pranchas, rampas e demais meios de acesso às embarcações somente podem ser utilizadas em bom estado de conservação e limpeza, além de possuir características das superfícies antiderrapantes. 29.9.7.2 As escadas, pranchas e rampas de acesso às embarcações somente podem ser utilizadas se forem dotadas de guarda-corpo com corrimão em ambos os lados. 4 29.9.7.2.1 Os corrimãos devem estar firmemente fixados, oferecerem resistência e apoio em toda a sua extensão e, quando constituídos por cordas ou cabos de aço, devem estar sempre esticados. 29.9.7.3 As escadas de acesso às embarcações ou estruturas complementares do subitem 29.9.8 somente podem ser utilizadas se atenderem aos seguintes requisitos: a) estar apoiada em terra; b) compensar os movimentos da embarcação; c) possuir largura que permita o trânsito seguro; d) possuir rede de segurança contra queda de pessoas; e e) estar livre de obstáculos. 29.9.7.3.1 A utilização da rede pode ser dispensada caso não haja risco de queda de pessoas na água. 29.9.8 É proibida a colocação de extensões elétricas, mangueiras, mangotes e assemelhados nas estruturas e corrimões das escadas e pranchas de acesso às embarcações. 29.9.9 As pranchas, rampas ou passarelas utilizadas para acesso, conjugadas ou não com as escadas, devem seguir as seguintes especificações: a) ser construída de material rígido; b) possuir largura mínima de 0,80 m (oitenta centímetros); c) estarem providas de tacos transversais a intervalos entre 0,35m (trinta e cinco centímetros) e 0,45m (quarenta e cinco centímetros) em toda extensão do piso; d) possuírem corrimão, em ambos os lados de sua extensão, dotado de guarda-corpo duplo com régua superior situada a uma altura de 1,10 m (um metro e dez centímetros) e régua intermediária a uma altura entre 0,50m (cinquenta centímetros) e 0,70 m (setenta centímetros), medidas a partir da superfície do piso e perpendicularmente ao eixo longitudinal da escada; e) ser dotadas de dispositivos que permitam fixá-las firmemente à escada da embarcação ou à sua estrutura numa extremidade; f) a extremidade, que se apoia no cais, deve ser dotada de dispositivo rotativo que permita acompanhar o movimento da embarcação; e g) estarem posicionadas no máximo a trinta graus de um plano horizontal. (Brasil, 1997, p. 10-12) 1.2 Segurança em porões de navios As atividades que mais expõem os trabalhadores portuários a riscos de acidentes são as executadas dentro dos porões dos navios nas etapas de carregamento e descarregamento de mercadorias. Apesar do enorme espaço existente nos porões, o acesso a esses locais é feito por passadiços estreitos e escadas que podem estar corroídos e escorregadios com risco de queda de nível diferente e dificuldades para resgate rápido em emergências (Figura 1). 5 Figura 1 – Acesso ao porão de navio Crédito: Eugene/Adobe Stock. Para que o acesso e as atividades nos porões sejam executados com segurança, o item 29.11 da NR-29 (Brasil, 1997) diz que: 29.11.1 As bocas das pequenas escotilhas utilizadas para trânsito de pessoal entre pavimentos da embarcaçãodevem estar protegidas por braçolas e serem providas de tampas com travas de segurança. 29.11.2 As escadas de acesso ao porão devem estar em perfeito estado de conservação e limpeza. 29.11.3 O acesso ao porão por meio de escada vertical deve possuir sistema de proteção contra queda. 29.11.4 A estivagem das cargas nos porões não deve obstruir o acesso às escadas dos agulheiros. 29.11.5 Quando não houver condições de utilização dos agulheiros, o acesso ao porão da embarcação deverá ser efetuado por escada de mão de no máximo 7 m (sete metros) de comprimento, afixada junto à estrutura da embarcação, devendo ultrapassar a borda da estrutura de apoio em 1m (um metro). 29.11.6 Não é permitido o uso de escada do tipo quebra-peito. 29.11.7 As passarelas utilizadas para circulação de pessoas sobre cargas estivadas devem possuir no mínimo 0,60 m (sessenta centímetros) de largura. 29.11.8 Os pisos dos porões devem estar limpos, livres de contaminantes e de materiais inservíveis antes do início da operação. 29.11.9 Quando empregada a forração das cargas, esta deve: a) oferecer equilíbrio à carga; e b) resultar em um piso de trabalho regular e seguro. 29.11.10 As plataformas de trabalho devem ser confeccionadas de maneira que não ofereçam riscos de desmoronamento e propiciem espaço seguro de trabalho. 29.11.11 Passarelas, plataformas, beiras de cobertas abertas, bocas de celas de contêineres e grandes vãos entre cargas, com diferença de 6 nível superior a 2,00 m (dois metros), devem possuir guarda-corpo com 1,10 m (um metro e dez centímetros) de altura. 29.11.12 O trânsito de pessoas sobre os vãos entre cargas estivadas só será permitido se cobertos os vãos com pranchas. 29.11.12.1 As pranchas devem ser de material resistente. 29.11.12.2 Caso seja usada madeira, esta deve ser de boa qualidade, sem nós ou rachaduras que comprometam a sua resistência, sendo proibido o uso de madeira verde e de pintura que encubra imperfeições. 29.11.13 É obrigatório o uso de escadas para a transposição de obstáculos de altura superior a 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros). 29.11.14 As escotilhas e aberturas similares devem estar sempre em perfeito estado de conservação e niveladas, a fim de não prejudicarem a circulação. 29.11.15 As escotilhas e aberturas similares devem permanecer fechadas por ocasião de trabalho na mesma coberta. 29.11.16 Em locais em que não haja atividade, os vãos livres com risco de quedas, como bocas de agulheiros, cobertas e outros, devem estar fechados. 29.11.16.1 Quando em atividade, os vãos livres devem ser devidamente sinalizados, iluminados e protegidos com guarda-corpo, redes ou madeiramento resistente. 29.11.17 A altura entre a parte superior da carga e a coberta deve permitir ao trabalhador condições adequadas de postura para execução do trabalho. 29.11.18 Nas operações de carga e descarga com contêineres, ou demais cargas de altura equivalente, é obrigatório o uso de escadas. 29.11.19 As escadas portáteis devem: a) ultrapassar 1,0 m (um metro) do topo do contêiner; b) ser providas de sapatas antiderrapantes e sinalização refletiva nos degraus e montantes; c) possuir até 7,0 m (sete metros) de comprimento; e d) ser construída de material leve e resistente. 29.11.20 Nas operações em embarcações do tipo transbordo horizontal (roll-on/roll-off), devem ser adotadas medidas preventivas de controle de ruídos e de exposição a gases tóxicos. 29.11.21 A carga deve ser estivada de forma que fique em posição segura, sem perigo de tombar ou desmoronar sobre os trabalhadores no porão. 29.11.22 Tubos, bobinas ou outras cargas sujeitas à movimentação involuntária devem ser calçadas e peadas na pilha imediatamente após a estivagem. 29.11.22.1 Durante a movimentação dessas cargas, os trabalhadores somente devem se posicionar próximos quando for indispensável as suas atividades. 29.11.23 A estivagem de carga deve ser efetuada à distância de 1,0 m (um metro) da abertura do porão, quando esta tiver que ser aberta posteriormente. 29.11.24 É proibida qualquer atividade laboral em cobertas distintas do mesmo porão e mesmo bordo simultaneamente. (Brasil, 1997, p. 12-14) 1.3 Segurança em armazéns e silos Muitos produtos e mercadorias a serem carregados ou descarregados necessitam de locais para armazenamento temporário nos portos. Esses locais podem oferecer riscos de acidentes aos trabalhadores e devem ser tomadas medidas de prevenção adequadas. Para esses locais, o item 29.19 da NR-29 (Brasil, 1997) estabelece que: 7 29.19.1 Os armazéns e silos onde houver o trânsito de pessoas devem dispor de sinalização horizontal em seu piso, demarcando a área de segurança, e sinalização vertical que indique outros riscos existentes no local. 29.19.2 Toda instalação portuária que tenha local onde uma atmosfera explosiva de gás, vapor, névoa e/ou poeira combustível esteja presente, ou possa estar presente, deve adotar as seguintes providências: a) identificar as áreas classificadas; b) dotar a instalação de materiais e equipamentos certificados de acordo com classificação da área, inclusive circuitos elétricos e iluminação; c) estabelecer medidas para o controle dos riscos de explosões e incêndios; e d) definir procedimentos de segurança para liberação de serviços a quente, como solda elétrica ou corte a maçarico (oxiacetileno) e para transporte, manuseio e armazenamento, incluindo entrada e permanência de pessoas. 29.19.3 Embalagens com produtos perigosos não devem ser movimentadas com equipamentos inadequados que possam danificá- las. 29.19.4 Tubos, bobinas ou outras cargas sujeitas à movimentação involuntária devem fixadas imediatamente após o armazenamento. 29.19.4.1 Durante a movimentação dessas cargas, os trabalhadores somente devem se posicionar próximos quando for indispensável às suas atividades. (Brasil, 1997, p. 23-24) 1.4 Trabalhos em espaços confinados Segundo a Norma Regulamentadora NR-33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados (Brasil, 2006), espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. Não é difícil encontrar em navios locais que atendam simultaneamente a essas características. A simples oxidação do metal do casco pela maresia pode consumir o oxigênio de locais mal ventilados. O transporte de produtos químicos em porões de navios também pode caracterizar esses locais como espaços confinados. Tendo em vista o acima exposto, o item 29.12 da NR-29 (Brasil, 1997) estabelece algumas medidas básicas para prevenção de acidentes nesses locais: 29.12.2 Cabe ao operador portuário ou ao titular de instalação portuária autorizada realizar o gerenciamento de riscos ocupacionais dos espaços confinados, em conformidade com a NR-33. 29.12.3 Nas operações portuárias com trabalhadores em porões de embarcações, deve ser verificado na inspeção das condições de segurança do subitem 29.5.7 desta NR se o porão e seus acessos caracterizam espaço confinado nos termos da NR-33. 29.12.4 Identificado espaço confinado em operações portuárias no interior de embarcações, as operações neste espaço devem ser precedidas das seguintes medidas técnicas: a) isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não autorizadas; b) avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada dos trabalhadores, para determinar as medidas de prevenção a serem 8 adotadas; c) implementar todas as medidas de prevenção recomendadas; d) emitir a permissão de entrada e trabalho, após a adoção das medidas de prevenção, consignando na permissão as medidas de prevenção adotadas; e) controlar o acesso, mantendo vigia fora do espaço confinado; f) monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confinados nas áreas ondeos trabalhadores autorizados estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar se as condições de acesso e permanência são mantidas; e g) manter equipe para situações de emergência em conformidade com os possíveis cenários de acidente. 29.12.5 É dispensado o cadastro dos espaços confinados em operações portuárias no interior de embarcações, devendo, neste caso, as informações serem inseridas na Permissão de Entrada e Trabalho. (Brasil, 1997, p. 14-15) TEMA 2 – OPERAÇÕES COM CARGAS PERIGOSAS O transporte, a armazenagem e a movimentação de produtos perigosos são atividades que exigem muito cuidado por parte de todos os envolvidos, desde os responsáveis pela condução das embarcações até os empregados da estiva. Os volumes transportados e movimentados são enormes e qualquer vazamento ou incêndio pode tomar proporções catastróficas 2.1 Reconhecimento e sinalização dos riscos Segundo a NR 29 (Brasil, 1997), os produtos perigosos são classificados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em nove classes de riscos e suas respectivas subclasses conforme Tabela 1: Tabela 1 – Classes de riscos de produtos perigosos CLASSE DO PRODUTO SUBCLASSE DO PRODUTO 1: Explosivos 1.1: Substâncias e artigos com risco de explosão em massa; 1.2: Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa 1.3: Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa; 1.4: Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo; 1.5: Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa; 1.6: Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa. 2: Gases 2.1: Gases inflamáveis; 2.2: Gases não-inflamáveis, não-tóxicos; 2.3: Gases tóxicos 3: Líquidos inflamáveis – Não possui subclasses 4: Sólidos inflamáveis 4.1: Sólidos inflamáveis, substâncias autorreagentes e explosivos sólidos insensibilizados; 4.2: Substâncias sujeitas à combustão espontânea; 4.3: Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis 5: Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos 5.1: Substâncias oxidantes; 5.2: Peróxidos orgânicos 6: Substâncias tóxicas e substâncias infectantes 6.1: Substâncias tóxicas; 6.2: Substâncias infectantes 9 Classe 7: Material radioativo Não possui subclasses 8: Substâncias corrosivas - Não possui subclasses 9: Substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias que apresentem risco para o meio ambiente - Não possui subclasses Fonte: Brasil, 1997. As embalagens, containers e recipientes contendo produtos perigosos devem ser sinalizados e identificados com placas ou etiquetas padronizadas pela organização marítima internacional (IMO) que indiquem os riscos específicos (Figura 2). Figura 2 – Exemplo de sinalização de risco de produtos químicos perigosos Crédito: Montree/Adobe Stock. 10 2.2 Armazenamento O armazenamento de produtos perigosos dentro das embarcações e em áreas de armazenagem nos portos deve seguir rigorosas medidas de segurança. Segundo o item 29.27 da NR 29 (Brasil, 1997): 29.27.3 nos locais de armazenagem deve haver sinalização contendo a identificação das classes e Tipos dos produtos perigosos armazenados, em pontos estratégicos e visíveis e em conformidade com Os símbolos padronizados pela organização marítima internacional - OMI. 29.27.3 apenas podem ser operadas ou armazenadas cargas perigosas que possuam ficha de Informações de segurança da carga perigosa. 29.27.3.1 a ficha de informações de segurança da carga perigosa deve estar disponível para os Trabalhadores. 29.27.3.1.1 caso não disponível a ficha de informações de segurança da carga perigosa em língua Portuguesa, essas informações devem ser repassadas aos trabalhadores antes da realização da Operação. 29.27.4 as operações e o armazenamento de cargas perigosas devem estar sob supervisão de Profissional capacitado e sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado. 29.27.5 os trabalhadores devem ser capacitados para operar e armazenar cargas perigosas. 29.27.6 o treinamento para operação e armazenagem com cargas perigosas deve ser de vinte horas e Ter o seguinte conteúdo: A) classes e seus perigos; B) marcação, rotulagem e sinalização; C) procedimentos de resposta a emergências; D) noções de primeiros socorros; E) procedimentos de manuseio seguro; F) requisitos de segurança nos portos para carga, trânsito e descarga; e G) regulamentação da instalação portuária, em especial, a limitação de quantidade. (Brasil, 1997) Os produtos químicos devem ser armazenados obedecendo ao critério de segregação por classes. Caracteriza rico elevado armazenar produtos químicos de classes diferentes em um mesmo ambiente sem que existam barreiras de contenção de vazamentos que impeçam o contado e a reação entre as substâncias químicas. Produtos inflamáveis não podem ser armazenados junto com substâncias corrosivas ou com substâncias oxidantes. As características de reatividade e de incompatibilidade química devem ser do conhecimento de todos os envolvidos nas operações de carga/descarga e da tripulação. 2.3 Preparação para emergências As instalações portuárias devem possuir planos de controle de emergências e equipes de trabalhadores treinados e liderados por profissionais qualificados. Segundo o item 29.28 da NR-29 (Brasil, 1997): 29.28.1 Compete à administração do Porto Organizado e aos titulares das instalações portuárias autorizadas e arrendadas a elaboração e implementação do PCE, devendo constar as seguintes situações: a) 11 incêndios e explosões; b) vazamento de produtos perigosos; c) poluição ou acidente ambiental; d) condições adversas de tempo, como tempestades com ventos fortes que afetem a segurança das operações portuárias, demonstrando quais os possíveis riscos; e) queda de pessoa na água; e f) socorro e resgate de acidentados. 29.28.2 O PCE deve ser elaborado considerando as características e a complexidade da instalação e conter: a) nome e função do(s) responsável(eis) técnico(s) pela elaboração e revisão do plano; b) nome e função do responsável pelo gerenciamento, coordenação e implementação do plano; c) designação dos integrantes da equipe de emergência, responsáveis pela execução de cada ação e seus respectivos substitutos; d) estabelecimento dos possíveis cenários de emergências, com base em análises de riscos e considerando a classe e subclasse de risco de produtos perigosos; e) descrição dos recursos necessários para resposta a cada cenário contemplado; f) descrição dos meios de comunicação; g) procedimentos de resposta à emergência para cada cenário contemplado; h) procedimentos para comunicação e acionamento das autoridades públicas e desencadeamento da ajuda mútua; i) procedimentos para orientação de visitantes e demais trabalhadores que não participem da equipe de emergência quanto aos riscos existentes e como proceder em situações de emergência; e j) cronograma, metodologia e registros de realização de exercícios simulados. 29.28.2.1 O PCE deve estabelecer critérios para avaliação dos resultados dos exercícios simulados. 29.28.3 O PCE deve observar ainda os seguintes requisitos: a) devem ser adotados procedimentos de emergência, primeiros socorros e atendimento médico, constando para cada classe de risco a respectiva ficha nos locais de operação das cargas perigosas; b) o plano deve ser abrangente, permitindo o controle dos sinistros potenciais, como explosão, contaminação ambiental por produto tóxico, corrosivo, radioativo e outros agentes agressivos, incêndio, abalroamento e colisão de embarcação com o cais; e c) devem ser previstas ações em terra e a bordo. (Brasil, 1997) TEMA 3 – SEGURANÇA DO PESSOAL EMBARCADO Os trabalhadores que exercem atividades nas embarcações estão sujeitos a várias situações que os expõem a riscos de acidentes e a doenças profissionaise do trabalho. No Brasil temos a NR-30 (Segurança e saúde no trabalho aquaviário), que aborda aspectos de prevenção de acidentes nas embarcações nacionais que navegam em águas costeiras, rios e lagos. Para tráfego marítimo também devem ser atendidas as normas internacionais da Autoridade Marítima Internacional (IMO), especialmente a que trata da salvaguarda da vida humana no mar, conhecida pela sigla em inglês Solas (Safety of Life at Sea). 3.1 Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Aquaviário – PGRTA Segundo o item 30.4.1 da NR 30 (Brasil, 2002), o empregador ou equiparado deve elaborar e implementar o PGRTA, por embarcação, nos termos da Norma Regulamentadora n. 1 (NR-01) e do disposto nesta NR, com base nas necessidades e peculiaridades das atividades aquaviárias. A elaboração do 12 PGRTA não dispensa a organização de elaborar e implementar o PGR em seus estabelecimentos, nos termos da NR-01. O PGRTA deve conter o inventário de todos os riscos de acidentes e também um plano de ação para controle dos riscos identificados no inventário. As embarcações comerciais de pesca devem seguir o Anexo I da NR-30 – Pesca comercial. A gestão dos riscos identificados no inventário deve gerar procedimentos operacionais a serem seguidos por todos os trabalhadores. O item 30.4.2 da NR 30 (Brasil, 2002) diz que a organização deve elaborar e manter na embarcação os seguintes procedimentos operacionais: a. procedimentos de segurança nas atividades de manutenção em embarcação em operação; b. orientação aos trabalhadores quanto aos procedimentos a serem adotados na ocorrência de condições climáticas extremas e interrupção das atividades nessas situações; c. procedimentos de acesso seguro à embarcação atracada e fundeada; d. procedimentos seguros de movimentação de carga; e. procedimentos de segurança nas atividades que envolvam outras embarcações, balsas, plataformas de petróleo e demais unidades marítimas; e. f. procedimentos de segurança nas manobras de atracação e fundeio. (Brasil, 2002, p. 3) Segundo o item 30.4.3 da NR 30 (Brasil, 2002), O PGRTA deve ser revisto a cada 3 (três) anos, ou quando ocorrerem inovações e modificações nas tecnologias, ambientes, processos, condições, procedimentos e organização do trabalho, ou quando identificadas inadequações ou insuficiência na avaliação dos riscos e na adoção das medidas de prevenção. 3.2 Medidas de Proteção à saúde Como nos ambientes de trabalho em terra firme os trabalhadores do setor aquaviário estão sujeitos a exames médicos de rotina para assegurar a manutenção da saúde ocupacional O item 30.5 da NR 30 estabelece as seguintes medidas básicas de proteção á saúde: 30.5.1 Além das disposições previstas na Norma Regulamentadora n. 07 (NR-07), o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO deve contemplar o disposto nesse item. 30.5.1.1 Para os trabalhadores aquaviários do grupo marítimos, devem ser adotados os padrões médicos e o modelo de Certificado Médico (Health Certificate - Convenção Internacional sobre Padrões de Instrução, Certificação e Serviço de Quarto para Marítimos - STCW) estabelecidos no QUADRO III desta NR, sem prejuízo da elaboração do Atestado de Saúde Ocupacional - ASO, conforme a NR-07 e disposições desta NR sobre o tema. 13 30.5.2 Os exames médicos compreendem exames clínicos e exames complementares realizados de acordo com as especificações da NR-07. 30.5.2.1 Uma cópia do Atestado de Saúde Ocupacional - ASO deve ser mantida na embarcação em meio físico ou eletrônico. 30.5.3 Caso o prazo de validade do exame médico expire no decorrer de uma travessia, fica prorrogado até a data da escala da embarcação em porto onde haja condições necessárias para realização desses exames, observado o prazo máximo de quarenta e cinco dias. 30.5.4 Podem ser realizados outros exames complementares, a critério do médico responsável, desde que relacionados aos riscos ocupacionais identificados e classificados no PGRTA. 30.5.5 Toda embarcação deverá estar equipada com material necessário à prestação dos primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida, mantendo esse material guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para prestar os primeiros socorros. 30.5.6 A enfermaria, quando existente, deve: a) ser separada de outras dependências; b) ter espaço apropriado para guarda os materiais e medicamentos do navio; c) possuir instalações de água quente e fria; e d) dispor de drenagem de líquidos e resíduos. 30.5.6.1 A enfermaria não poderá ser utilizada para outros fins que não sejam aqueles destinados ao atendimento de doentes. 30.5.6.2 A enfermaria das embarcações SOLAS deve atender adicionalmente ao disposto nas normas da Autoridade Marítima (NORMAM). 30.5.7 O empregador ou equiparado deve viabilizar o acesso dos trabalhadores aos órgãos de saúde com a finalidade de: a) prevenção e profilaxia de doenças endêmicas; e b) aplicação de vacinas. (Brasil, 2002, p. 3-4) 3.3 Salvaguarda da vida humana no mar – SOLAS A Organização Marítima Internacional (IMO) é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) que foi criada em 1948 com o objetivo de padronizar e estabelecer princípios de segurança para a navegação marítima e estabeleceu regras de segurança e proteção ambiental aplicável ao trafego de embarcações marítimas. A norma IMO mais conhecida é a salvaguarda da vida humana no mar, do inglês Safety of Life at Sea (Solas). Segundo Adissi (2021), as regras do Solas abrangem os seguintes aspectos: a. Construção – Estrutura, Compartimentagem e Estabilidade, b. Instalações de Máquinas e Elétricas, c. Proteção contra incêndio, detecção de incêndio e extinção de incêndio. d. Equipamentos salva-vidas e outros dispositivos, e. Radiocomunicações, f. Segurança da navegação, g. Transporte de cargas e de óleos combustíveis. h. Transporte de produtos perigosos. i. Navios Nucleares. j. Gerenciamento para a operação segura de navios. k. Medidas de segurança para embarcações de alta velocidade, l. Medidas especiais para intensificar a segurança marítima 14 m. Medidas especiais para intensificar a proteção marítima. n. Medidas adicionais de segurança para graneleiros. As regras contidas nos protocolos Solas só se aplicam a navios que efetuem viagens internacionais; e não são aplicáveis a navios de guerra e de transporte de tropas; navios de carga de arqueação bruta menor que 500; navios sem meios de propulsão mecânica; navios de madeira, de construção primitiva; iates de recreio não empenhados em tráfego comercial; e embarcações de pesca (Adissi, 2021). TEMA 4 – SEGURANÇA EM ESTALEIROS E INSTALAÇÕES DE REPARO NAVAL A construção e reparos em embarcações apresentam elevados riscos de acidentes devido às condições em que são executadas. Normalmente nos estaleiros são realizadas várias operações ao mesmo tempo e com um grande número de trabalhadores transitando pelas áreas de risco. A NR 34 – condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval estabelece as normas de segurança a serem aplicadas nestas atividades. Nesta seção abordaremos algumas situações que apresentam os riscos de acidente graves e as medidas de prevenção adequadas 4.1 Trabalhos a quente No item 34.5 a NR 34 (BRASIL, 2011) conceitua trabalho a quente como as atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou outras que possam gerar fontes de ignição tais como aquecimento, centelha ou chama, e estabelece medidas básicas de prevenção de acidentes: 34.5.2.1 Nos locais onde se realizam trabalhos a quente deve ser efetuada inspeção preliminar, de modo a assegurar que: a) o local de trabalho e áreas adjacentes estejam limpos, secos e isentos de agentes combustíveis, inflamáveis, tóxicos e contaminantes; b) a área somente seja liberada após constataçãoda ausência de atividades incompatíveis com o trabalho a quente; c) o trabalho a quente seja executado por trabalhador capacitado. (Brasil, 2011, p. 4) 4.2 Hidrojateameto As atividades de limpeza com a utilização de jatos de água de alta pressão oferecem risco de acidentes graves para os executantes e para outros trabalhadores que entrarem na área de aplicação. 15 O item 34.8 da NR 34 (Brasil, 2011) estabelece as seguintes medidas de prevenção de acidentes nesta atividade: 34.8.1 Os serviços de jateamento/hidrojateamento somente devem ser realizados por trabalhadores capacitados. 34.8.1.1 Os envolvidos no serviço devem utilizar cartão especifico contendo as informações necessárias ao atendimento de emergência. 34.8.1.2 Os trabalhadores devem estar devidamente protegidos contra os riscos decorrentes das atividades de jateamento/hidrojateamento, em especial os riscos mecânicos. 34.8.2 A manutenção dos equipamentos deve ser realizada somente por trabalhadores qualificados. 34.8.3 A PT deve ser emitida em conformidade com a atividade a ser desenvolvida. 34.8.4 Na execução dos trabalhos, devem ser tomados os seguintes cuidados: a) demarcar, sinalizar e isolar a área de trabalho; b) aterrar a máquina de jato/hidrojato; c) empregar mangueira/mangote dotada de revestimento em malha de aço e dispositivo de segurança em suas conexões que impeça o chicoteamento; d) verificar as condições dos equipamentos, acessórios e travas de segurança; e) eliminar vazamentos no sistema de jateamento/hidrojateamento; f) somente ligar a máquina após a autorização do jatista/hidrojatista; g) operar o equipamento conforme recomendações do fabricante, proibindo pressões operacionais superiores às especificadas para as mangueiras/mangotes; h) impedir dobras, torções e a colocação de mangueiras/mangotes sobre arestas sem proteção; i) manter o contato visual entre operadores e jatista/hidrojatista ou empregar observador intermediário; j) realizar revezamento entre jatista/hidrojatista, obedecendo à resistência física do trabalhador. 34.8.5 A atividade de hidrojateamento de alta pressão deve ser realizada em tempo contínuo de até uma hora; com intervalos de igual período, em jornada de trabalho máxima de oito horas. (Brasil, 2011, p. 14) 4.3 Pintura As atividades de pintura em uma embarcação compreendem são feitas em ambientes internos e externos. Devido às características especiais das tintas e solventes utilizados, que devem oferecer proteção elevada das estruturas contra a corrosão salina, os riscos de intoxicação e de incêndio/explosão estão sempre presentes. O item 34.9 da NR 34 (Brasil, 2011) estabelece que: 34.9.1 Na realização de serviços de pintura, devem ser observadas as seguintes medidas: a) designar somente trabalhador capacitado; b) emitir PT em conformidade com a atividade a ser desenvolvida, exceto em serviços realizados em cabines de pintura; c) impedir a realização de trabalhos incompatíveis nas adjacências; d) demarcar, sinalizar e isolar a área de trabalho; e) utilizar equipamentos e iluminação à prova de explosão, com cabo de alimentação elétrica sem emendas, para pintura em espaço confinado ou com pistola pneumática (Airless); f) aterrar a bomba empregada no sistema de pistola pneumática. 34.9.2 Devem ser implementadas as recomendações da FISPQ, treinando o trabalhador quanto a suas disposições. 16 34.9.3 É proibido consumir alimentos e portar materiais capazes de gerar centelha, fagulha ou chama na área da pintura e em seu entorno. 34.9.4 Deve ser providenciada renovação de ar para eliminar gases e vapores gerados durante o serviço de pintura, monitorando continuamente a concentração de contaminantes no ar. 34.9.4.1 Quando a concentração de contaminantes for igual ou superior a dez por cento do Limite Inferior de Explosividade - LIE, o serviço deve ser imediatamente interrompido e o compartimento evacuado, implementando-se ventilação adicional. 34.9.4.2 Os contaminantes devem ser direcionados para fora dos locais de trabalho, onde não haja fontes de ignição próxima, observando a legislação vigente. 34.9.5 Ao término do serviço, deve ser mantida a ventilação, avaliando- se a concentração dos gases, em conformidade com o LIE. 34.9.5.1 Exceto em serviços realizados em cabine de pintura, a área somente deve ser liberada após autorização do profissional de segurança e saúde no trabalho ou, na sua inexistência, pelo responsável pelo cumprimento desta Norma, observados os limites inferiores de explosividade e de exposição estabelecidos na APR. 34.9.6 As tintas devem ser preparadas em local ventilado, pré- estabelecido pela PT e delimitado por dique de contenção. 34.9.7 No local do serviço, deve ser disposta a quantidade de tinta necessária à utilização imediata. 34.9.8 Os vasilhames contendo resíduos de tintas ou solventes devem ser armazenados em local protegido, ventilado e sinalizado. 34.9.9 Os resíduos devem ser tratados, dispostos ou retirados dos limites do estabelecimento em conformidade com a legislação ambiental. (Brasil, 2011, p. 16) 4.4 Movimentação de cargas Queda de materiais ou impactos e peças içadas contra pessoas são riscos sempre presentes durante as atividades de movimentação de cargas em estaleiros e embarcações. O item 34.10 da NR 34 estabelece as seguintes regras básicas de segurança para estes casos: 34.10.1 As operações de movimentação eletromecânicas de cargas somente devem ser realizadas por trabalhador capacitado e autorizado. 34.10.2 Deve ser garantido que os equipamentos de movimentação de cargas e seus acessórios sejam utilizados em perfeito estado operacional e certificados, com identificação e documentação que possam ser rastreados. 34.10.4 Antes de iniciar a jornada de trabalho, o operador deve inspecionar e registrar em lista de verificação (check-list), no mínimo, os seguintes itens: a) freios; b) embreagens; c) controles; d) mecanismos da lança; e) anemômetro; f) mecanismo de deslocamento; g) dispositivos de segurança de peso e curso; h) níveis de lubrificantes, combustível e fluido refrigerante; i) instrumentos de controle no painel; j) cabos de alimentação dos equipamentos; k) sinal sonoro e luminoso; l) eletroímã. 34.10.5 Antes de iniciar a jornada de trabalho, o sinaleiro deve inspecionar e registrar em lista de verificação (check-list) os acessórios de movimentação de cargas. 34.10.8 É proibida a utilização de cabos de fibras naturais na movimentação de cargas ou de pessoas. 34.10.9 Deve ser realizada APR quando a Segurança no Trabalho e/ou responsável da operação considerar necessário. 17 34.10.10 A operação de movimentação de cargas deve ser impedida em condições climáticas adversas e/ou iluminação deficiente. 34.10.17 A movimentação aérea de carga deve ser orientada por sinaleiro. 34.10.18 O sinaleiro deve estar sempre no raio de visão do operador. 34.10.18.1 Na impossibilidade da visualização do operador, deve ser empregada comunicação via rádio e/ou sinaleiro intermediário. 34.10.19 O sinaleiro deve usar identificação de fácil visualização, diurna/noturna, que o diferencie dos demais trabalhadores da área de operação. 34.10.20 O operador deve obedecer unicamente às instruções dadas pelo sinaleiro, exceto quando for constatado risco de acidente. 34.10.21 O sinaleiro deve receber treinamento com carga horária e conteúdo programático em conformidade com o Anexo I, item 2, desta Norma. 34.10.22 Para os operadores, além do estabelecido no item 34.10.21, deve ser ministrado treinamento complementar, de acordo com o Anexo I, item 3, desta Norma.(Brasil, 2011, p. 16) 4.5 Testes de estanqueidade Após efetuar a construção ou reparos em peça, compartimento ou tubulação é necessário assegurar que não vão ocorrer vazamentos em soldas. Para isso são realizados testes de estanqueidade que podem ser hidrostáticos ou pneumáticos. Os equipamentos submetidos a esses testes podem falhar e fragmentospodem atingir pessoas nas imediações; O item 34.14 da NR 34 (Brasil, 2011) estabelece as seguintes medidas de prevenção de acidentes para a realização de testes de estanqueidade: 34.14.2 A elaboração e qualificação do procedimento, bem como a execução e supervisão do ensaio devem ser realizadas por profissional capacitado. 34.14.2.1 Considera-se trabalhador capacitado para realização de testes de estanqueidade aquele que foi submetido a treinamento teórico e prático com carga horária e conteúdo programático em conformidade com o item 5 do Anexo I. 34.14.2.2 O trabalhador capacitado em teste de estanqueidade deve receber treinamento periódico a cada 12 meses, com carga horária mínima de 8 horas. 34.14.2.3 Os treinamentos devem ser ministrados por instrutores com comprovada proficiência no assunto, sob a responsabilidade de profissional legalmente habilitado. 34.14.3 Os trabalhadores que executam o teste de estanqueidade devem usar uma identificação de fácil visualização que os diferencie dos demais. 34.14.4 O sistema de teste deve dispor de regulador de pressão, válvula de segurança, válvula de alívio e medidor de pressão calibrado e de fácil leitura. 34.14.5 O projeto do sistema do teste de estanqueidade deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado. 34.14.6 Antes do início das atividades, devem ser adotadas as seguintes medidas de segurança: a) emitir a PT; b) evacuar, isolar e sinalizar a área de risco definida no procedimento; c) implementar EPC; d) na inviabilidade técnica do uso de EPC, deve ser elaborada APR contendo medidas alternativas que assegurem a integridade física do trabalhador. 18 34.15.1.4 A classificação do elemento estrutural, considerando seu peso e área vélica, deve atender à situação mais crítica para selecionar o tipo de procedimento de estabilização (geral – G ou específico - E, citados nas tabelas do Anexo II) a ser adotado durante a fixação e estabilização. 34.15.2 O procedimento geral - G deve conter no mínimo: a) sistema de fixação e estabilização do elemento estrutural através de equipamento de guindar e/ou dispositivos temporários; b) sequência de execução das atividades; c) inspeções; d) responsabilidades. 34.15.3 O procedimento específico - E, além do descrito no item 34.15.2, deve contemplar: a) Análise de Risco; b) Permissão de Trabalho; c) isolamento e sinalização; d) representação mediante tabelas, esquemas ou desenhos específicos; e) fundamentação em memória de cálculo estrutural específica. 34.15.4 As atividades de fixação e estabilização devem ser supervisionadas por Responsável Operacional - RO previamente capacitado nos procedimentos, sob a responsabilidade do profissional legalmente habilitado definido no item 34.15.1.2. 34.15.4.1 Somente o RO deve autorizar a liberação do equipamento de guindar ou remoção dos dispositivos temporários. 34.15.5 A remoção dos dispositivos temporários deve ser realizada quando o elemento estrutural se encontrar em uma das seguintes situações: a) fixado de forma permanente; b) fixado por processo de soldagem temporária, em conformidade com o procedimento de trabalho; c) sustentado por equipamento de guindar. (Brasil, 2011, p. 27) TEMA 5 – CULTURA DE SEGURANÇA – APRENDENDO COM OS ERROS O estudo de casos de acidentes que ocorreram no passado pode ajudar na prevenção de acidentes desde que as pessoas estejam dispostas a reconhecer que as suas causas básicas continuam presentes e que as lições sejam aprendidas. 5.1 Naufrágio O caso mais emblemático de naufrágio na história recente foi o do navio Titanic em sua viagem inaugural em 1912, e suas lições continuam a ser válidas atualmente. O dia 15 de abril de 2012 marcou o 100º aniversário da perda do transatlântico Titanic no Oceano Atlântico Norte, aproximadamente 02h30min após colidir com um iceberg. Mais de 1.500 pessoas morreram no mais famoso desastre marítimo da história. Milhares de páginas foram escritas sobre esse desastre, assim como muitos documentários e filmes foram produzidos. Muitos focados na construção do navio e nas ações de seu capitão e tripulação. Independentemente das questões de construção, a atenção para um item em particular poderia ter salvo muitas vidas – Preparação para Emergência! Algumas falhas específicas na preparação para emergência antes do afundamento do Titanic: • Não havia barcos salva-vidas para todos os passageiros e tripulação, talvez porque os construtores considerassem o navio “inafundável”! 19 • Nenhum exercício com botes salva-vidas havia sido praticado, e muitas pessoas não sabiam para onde se dirigir e o que fazer. • Muitos dos primeiros botes a deixar o Titanic não estavam lotados e alguns dos ocupantes estavam relutantes em puxar outras pessoas da água gelada por medo de virar os botes salva-vidas. • A decisão de abandonar o navio foi postergada enquanto o capitão e a tripulação avaliavam os danos. • Tivesse o capitão iniciado a evacuação mais cedo, antes que as pessoas entrassem em pânico, mais botes salva-vidas teriam sido preenchidos numa evacuação mais organizada. (CCPS, 2012) 5.2 Incêndio a bordo As medidas básicas de prevenção e combate a incêndios em embarcações foram estudadas e implementadas ao longo da história. O conhecimento nessa área evoluiu muitas vezes após grandes tragédias. O caso apresentado a seguir ocorreu em uma das organizações mais reconhecidas mundialmente pela capacitação de seus integrantes. Em 12 de Julho de 2020, houve um incêndio no navio da Marinha dos EUA USS Bonhomme Richard enquanto estava atracado em San Diego, California. USA. O incêndio durou 5 dias e espalhou-se por 11 dos 15 decks do navio. As temperaturas do incêndio ultrapassaram 760 °C (1400 °F). As perdas superaram 3 bilhões de dólares e o navio teve de ser descomissionado. Após o incêndio, a Marinha dos EUA conduziu um estudo sobre 15 incêndios que ocorreram em navios num período de 12 anos antes do incêndio do navio Bonhomme Richard. Esse estudo identificou múltiplos fatores causais recorrentes, como os incêndios começaram e como se propagaram em navios. Algumas das conclusões da investigação da Marinha dos EUA incluem: • Materiais não autorizados foram trazidos para o navio. • Materiais perigosos e combustíveis foram manipulados e armazenados de forma imprópria. • Procedimentos não foram seguidos e os programas de inspeção foram ineficazes. • Quantidades excessivas de materiais perigosos e combustíveis foram armazenadas em contentores portáteis sem o reconhecimento do risco de incêndio. • Não houve revisão, aprovação e supervisão adequadas dos trabalhos a quente e não havia proteções temporárias contra incêndio ou mesmo um plano de resposta a incêndios. • O pessoal não tinha experiência no uso de sistemas de detecção e supressão de incêndios, bem como no uso de equipamentos de comunicação de emergência. (CCPS, 2022) 20 REFERÊNCIAS ADISSI, M. SOLAS – Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar - 1974/1988. Instituto Federal da Paraíba, 9 abr. 2021. Disponível em . Acesso em 16 jun. 2022. BRASIL. Ministério dos Transportes. PHE – Plano Hidroviário Estratégico. Brasília: Ministério dos Transportes, 2013. Disponível em . Acesso em: 16 jun. 2022. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR 29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário. Portaria SSST n. 53, de 17 de dezembro de 1997. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 6 jun. 1978. _____. NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário. Portaria SIT n. 34, de 4 de dezembro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 dez. 2002. _____. NR 33 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços CONFI. Portaria MTE n. 202, 22 de dezembro de 2006.Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 dez. 2006. _____. NR 34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval. Portaria SIT n. 200, de 20 de janeiro de 2011. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 jun. 2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Guia de boas práticas para trabalho em altura nas atividades portuárias. Brasília: Ministério do Trabalho e Previdência, 2015. CCPS. Center for Chemical Process Safety. Lições de Segurança de Processo de um incêndio em um navio. Process Safety Beacon, abr. 2022. Disponível em: . Acesso em 16 jun. 2022. _____. Preparação para Emergência – O Desastre do Titanic. Process Safety Beacon, jul. 2012. Disponível em . Acesso em: 16 jun. 2022. 21 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Logística dos Transportes no Brasil. IBGE, 2014. Disponível em . Acesso em: 16 jun. 2022. .