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Conceito de Direito Internacional Público O Direito Internacional ou Direito das Gentes, no sentindo de direito das nações ou dos povos, é um conjunto de normas e princípios que disciplinam e orientam o comportamento dos Estados. Características da Sociedade Internacional Universal: abrange todos os entes/sujeitos do direito internacional. Paritária: igualdade jurídica artigo 2 da Carta das Nações Unidas. Aberta: nenhum Estado é obrigado a se relacionar. Não há necessidade de manifestação. Anárquica/descentralizada: parte da soberania do Estado. Sem a exigência direta de cumprimento não é um superestado(não possui poderes). Direito originário: não se fundamenta em outro direito positivo. Método peculiar(formação entre os Estados). Fundamento do Direito Internacional Público O principal fundamento do Direito Internacional Público é o consentimento, conhecido como Pacta Sunt Servanda, que significa, o dever de honrar as obrigações livremente assumidas, ou seja, os Estados estão sujeitos ao direito internacional na medida de seu consentimento com as respectivas normas. Características do Direito Internacional Público Obrigatoriedade: As regras do Direito Internacional Público são obrigatórias, ou seja, não se trata de cortesia internacional. Fragmentação: A dimensão do domínio material do DIP é flagrante, em decorrência do progresso técnico e da interdependência entre os Estados, ou seja, a diversidade de normas disciplinando os mais variados assuntos. Consentimento: Para que um Estado se comprometa com a regra de um tratado, impõe-se o consentimento dos Estados. O consentimento também é necessário para a submissão de um Estado à jurisdição da Corte Internacional de Justiça. Ausência de poder central: Inexiste, em seara internacional, uma estrutura de repartição de poderes ao estilo do Estado moderno, ou seja, não há um Poder Legislativo, Executivo ou Judiciário em nível supranacional. OBS: A eficácia do DIP depende da ação dos interessados para aplicá-lo, ou seja, torná-lo efetivo, chamado de autotutela. Sujeitos do Direito Internacional Público Estados: Entidades políticas compostas de três elementos: povo(elemento humano, nação), território delimitado e governo(soberano). Organizações Internacionais: Associações voluntárias de Estados soberanos, criadas por tratados, regidas pelo direito internacional, composta de órgãos e instituições próprias por meio dos quais realiza os seus objetivos respectivos. Ex: ONU(Organização das Nações Unidas), OMC( Organização Mundial do Comércio), OIT(Organização Internacional do Trabalho). O Indivíduo: Em certas circunstâncias o sujeito do DIP é o indivíduo. Ex: violação de direitos humanos praticados pelos Estados. A personalidade do Direito Internacional Público é limitada. Fontes do Direito Internacional Público As fontes do DIP estão elencadas no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça; 1- Tratados. 2- Costumes( formas não escritas de expressão do direito internacional): É a prática geral aceita como sendo direito, segundo o Estatuto da CIJ, ou seja, é a repartição ao longo do tempo, de certo modo de proceder. 3- Princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas: São aceitos por todas as nações em foro doméstico, tais como princípios de processo, o princípio da boa-fé e o princípio da coisa julgada. 4- Jurisprudência dos Tribunais Internacionais. 5- Doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito(Exceção não é a regra mais aplicada). Fontes não elencadas no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça; 1- Atos unilaterais de Estados. 2- Decisões das Organizações Internacionais. Princípios internacionais previstos no artigo 4 da CF/88: III- Autodeterminação dos povos. IV- Não-intervenção(não agressão). VII- Solução pacífica dos conflitos. Parágrafo único: A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- americana de nações. Tratados Conceito ´´ Tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos´´ segundo o doutrinador Francisco Rezek. Conceito Histórico A partir de 1949, no âmbito da ONU, a Comissão de Direito Internacional trabalhou sobre os tratados, reuni-se em Viena(Áustria), nos anos de 1968 e 1969, celebrando a Convenção de Viena sobre o direito dos tratados, conhecida também como; Tratado de alcance universal sobre o direito dos tratados, cujo texto foi concluído em 23 de maio de 1969. Teorias dos Tratados Existem duas correntes doutrinárias referentes a incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico brasileiro, a primeira é a Monista, que diz que a norma de direito internacional, quando aceita por um Estado, já tem aptidão para ser aplicada no direito interno, não necessitando ser ´´transformada´´ em norma interna, ou seja, há um só direito. já a segunda corrente é a Dualista, que diz que existem duas ordens jurídicas distintas, independentes e que não se misturam, ou seja, direito interno e direito internacional. Ela se divide- se em duas partes; Extrema: Quando o tratado precisa ser transformado em lei interna. Moderada: Quando o tratado poderá ser incorporado ao ordenamento por Decreto, ato de promulgação do Presidente da República. Sendo a corrente dualista e moderada a aplicada no ordenamento jurídico brasileiro. Convenções de Viena sobre o direito dos tratados(Áustria) Existem duas Convenções de Viena a respeito dos Tratados: Convenção de 1969: Aplicada apenas para os Estados Convenção de 1986: Aplicada entre os Estados e as Organizações Internacionais, aplicável a tratados celebrados entre um ou mais Estados, Ex: Mercosul e UE e uma ou mais organizações internacionais. Ex: Mercosul X Israel. A Convenção de Viena sobre o direito dos tratados entrou em vigor internacionalmente somente em 27/01/1980, quando nos termos de seu artigo 84, chegou-se ao quorum mínimo de 36 Estados-partes. O Brasil ratificou a Convenção em 25/10/2009, mais de 40 anos depois de tê-la assinado, sendo suas disposições observadas, em razão do costume. Classificação dos Tratados Quantos ás partes: os signatários podem ser Estados e Organizações Internacionais. Quanto ao número de partes: Os tratados podem serem bilaterais( formados por duas partes) e multilaterais(formados por três ou mais partes). Quanto ao procedimento de incorporação á ordem jurídica interna; Executive Agreements: Passa por um procedimento simplificado. Tratados Solenes: Passa por um procedimento complexo: passa por várias fases. Procedimento de Incorporação ao direito interno brasileiro 1- O tratado é assinado pelo Presidente da República durante encontro no exterior ou durante encontro com autoridade estrangeira no Brasil, conforme o artigo 84, inciso VIII da CF/88. 2- Tem que ser aprovado pelo Congresso Nacional( Câmara dos Deputados e Senado Federal), conforme previsto no artigo 49, inciso I da CF/88. 3- Tem ser ratificado pelo Presidente da República. 4- Após ser ratificado, o tratado é promulgado por meio de decreto do Poder Executivo. 5- Publicação no DOU. Hierarquia dos Tratados na ordem jurídica interna brasileira. Tratados sobre diversas matérias: São aprovados pelo Congresso Nacional por maioria simples. São equiparados ás leis ordinárias federais. Tratados de direitos humanos: São ratificados pelo Brasil e integram o rol de direitos fundamentais previstos no artigo 5 da CF/88, tendo status de norma constitucional. OBS 1 : Tratados de direitos humanos aprovados pelo quórum previsto no artigo 5, parágrafo 3 da CF/88, ou seja, nas duas casas legislativas, em dois turnos, por 3/5 dos membros. São equiparados ás Emendas Constitucionais, podendo, pois, modificar os dispositivos constitucionais. OBS 2: Hipóteses de conflitos entre Tratadose leis infraconstitucionais. Segundo jurisprudência do STF, os Tratados internalizados possuem a mesma hierarquia de lei interna federal. Exceção: os tratados equiparados a Emendas Constitucionais, previsto no artigo 5, parágrafo 3 da CF/88, que fica acima das leis infraconstitucionais. Representantes dos Estados(Diplomatas e Cônsules) Órgãos responsáveis pelas relações internacionais dos Estado: 1- Chefes de Estado. 2- Chefes de Governo 3- Ministro das relações exteriores(conhecido também como chanceler). 4- Agentes diplomáticos. 5- Agentes consulares. As funções dos agentes diplomáticos As funções dos agentes diplomáticos estão previstas no artigo 3 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, sendo elas; 1- Representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado. 2- Negociar com o Governo do Estado acreditado, inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos acontecimentos no Estado acreditado. 3- Informar a este respeite o Governo do Estado acreditante e promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, culturais e científicas entre o Estado acreditante e o Estado acreditado. As funções dos agentes consulares As funções dos agentes consulares estão previstas no artigo 5 da Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963, sendo elas; 1- Proteger, no Estado receptor, os interesses das pessoas físicas ou jurídicas, nacionais do Estado que o Cônsul representa, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional. 2- Fomentar o desenvolvimento das relações comerciais, econômicas, culturais e científicas entre o Estado que envia e o Estado receptor e promover ainda relações amistosas entre eles. 3- Informar-se, por todos os meios lícitos, das condições e da evolução da vida comercial, econômica, cultural e científica do Estado receptor, informar a respeito o governo do Estado que envia e fornecer dados ás pessoas interessadas. 4- Expedir passaportes e documentos de viagem aos nacionais do Estado que envia, bem como vistos. 5- Prestar ajuda e assistência aos nacionais, pessoas físicas ou jurídicas do Estado que envia. 6- Agir na qualidade de notário e oficial de registro civil, exercer funções similares, assim como outras de caráter administrativo, sempre que não contrariem as leis e regulamentos do Estado receptor. Prerrogativas Funcionais Os diplomatas e os cônsules gozam de prerrogativas inerentes ás funções desempenhadas, são elas: 1- Imunidade de jurisdição. 2- Imunidade tributária. 3- Inviolabilidade de domicílio pessoal e profissional. OBS: Os diplomatas têm prerrogativas mais amplas que os cônsules. Imunidade diplomática(conceito, previsão legal e espécies) A imunidade diplomática é uma garantia de que o agente diplomático não sofrerá abusos, coações, pressões e ameaças no país em que desempenha suas funções. Tem previsão legal na Convenção de Viena de 1961. Tendo três principais espécies: 1- Imunidade de jurisdição local. 2- Inviolabilidade pessoal. 3- Isenção de impostos e tributos alfandegários. Espécies de imunidades diplomáticas Imunidade de jurisdição: Os diplomatas gozam de ampla imunidade de jurisdição penal, civil e administrativa. Exceções: Ação relativa a imóvel particular. Imunidade tributária: Exceções: o beneficiário do privilégio diplomático deve arcar com os impostos indiretos, geralmente incluídos no preço de bens ou serviços, bem como com as tarifas decorrentes dos serviços públicos que utilizar. Se possuir um imóvel em seu nome, deverá pagar os impostos a ele relativos. Imunidade de território- inviolabilidade: São fisicamente invioláveis e imunes à tributação os locais destinados a missão diplomática com todos os bens ali situados, bem como as residências utilizadas pelo quadro diplomático, administrativo e técnico. Imunidades Consulares Os Cônsules também gozam de inviolabilidade física e de imunidade ao processo civil e penal no que se referir aos atos de ofício, ou seja, atos decorrentes do exercício profissional. Imunidade de Estado Nenhum Estado soberano pode ser submetido contra a sua vontade à condição de parte perante o foro doméstico de outro Estado. Entretanto, essa regra não é absoluta, pois, o STF na apelação Nº 9.696, de maio de 1989, firmou que o Estado estrangeiro não tem imunidade em causa de natureza trabalhista. Nacionalidade Conceito: ´´É o vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo´´, segundo o doutrinador Francisco Rezek. Constitui um dos direitos fundamentais da pessoa humana, previsto no artigo 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1948. Formas de aquisição da nacionalidade Originária: jus soli e jus sanguinis Derivada: Através da naturalização, prevista na Lei Nº 13.445/2017- Lei de Migração. Nacionalidade Originária Jus soli- Nacionalidade do lugar do nascimento No Brasil está prevista no artigo 12, inciso I, alínea ´´ a´´ da CF/88, que diz: são brasileiros natos os nascidos no Brasil, embora de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. Jus sanguinis- Nacionalidade dos filhos será a mesma dos pais. O vínculo considerado é o da filiação, ou seja, o indivíduo adquire a nacionalidade de seus pais, independentemente do território em que tenha nascido. Está prevista no artigo 12, inciso I, alínea ´´ b ´´ da CF/88, que diz: são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. Já o artigo 12, inciso I, alínea ´´ c ´´ da CF/88, diz: são brasileiros os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. Nacionalidade Derivada Naturalização: A concessão da naturalização é faculdade exclusiva do Poder Executivo e far-se-á mediante portaria do Ministro da Justiça. Pode ser requerida pelo estrangeiro residente, nas situações previstas na Lei 13.445/2017- Lei de Migração. Nacionalidade da Pessoa Jurídica A nacionalidade da pessoa jurídica no Brasil é definida de acordo com o ato de constituição, ou seja, empresa nacional é aquela cuja constituição e manutenção de sua sede social seja no território nacional. O local de constituição da pessoa jurídica ou de sua sede social determina a nacionalidade da pessoa jurídica, bem como a lei de sua regência. Espécies de Vistos As espécies de vistos estão previstas no artigo 12 da Lei Nº 13.445/2017 são elas: I- De visita: Poderá se concedido ao visitante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência, para fins de turismo, negócios, trânsito, realização de atividades artísticas ou desportivas ou em situações excepcionais, por interesse nacional. II- Temporário: Também chamado de Residência Temporária, é concedido aquele imigrante, pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalhe ou reside e se estabeleça temporária ou definitivamente na República Federativa do Brasil, também é possível concedê-lo ao residente fronteiriço e ao beneficiário de refúgio. Tendo 15 tipos: para pesquisa, ensino ou extensão acadêmica, tratamento de saúde, acolhida humanitária, estudo, trabalho remunerado, programa férias-trabalho, atividades religiosas, serviço voluntário, investimentos, realização de atividades com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural(não regulamentado), reunião familiar, artistas e desportistas, Mercosul, nômade digital, aposentadoria e aperfeiçoamento médico. (disponível em: ) III- Diplomático: Concedido a autoridades e funcionários estrangeiros que tenham status diplomático e viajem ao Brasil em missão oficial, de caráter transitórioou permanente, representando Governo estrangeiro ou organismo internacional reconhecidos pelo Brasil. IV- Oficial: Concedido a funcionários administrativos estrangeiros que viajem ao Brasil em missão oficial, de caráter transitório ou permanente, representando Governo estrangeiro ou organismo internacional reconhecidos pelo Governo brasileiro ou aos estrangeiros que viajem ao Brasil sob chancela oficial de seus Estados. V- De cortesia: Concedido a personalidades e autoridades estrangeiras em viajem não oficial ao Brasil; companheiro(a)s, independentemente de sexo, dependentes e outros familiares que não se beneficiem de visto diplomático ou oficial por reunião familiar, trabalhadores domésticos de missão estrangeira sediada no Brasil ou do Ministério das Relações Exteriores e artistas e desportistas estrangeiros que viajem ao Brasil para evento de caráter gratuito e eminentemente cultural. Exclusão do estrangeiro por iniciativa local( previsto na Lei Nº 13.445/2017-Lei de Migração) Repatriação: O estrangeiro é mandado de volta ao seu local de partida, sendo impedido de entrar no território nacional. Deportação: É a saída compulsória do estrangeiro do território nacional, quando o estrangeiro se encontra em situação irregular, ou seja, sua estadia no país pode ter sido inicialmente regular, mas, se tornou irregular. A deportação é ato praticado pelas autoridades policiais, independe de qualquer pronunciamento judicial. Expulsão: Ocorre na hipótese de conduta nociva aos interesses nacionais por parte do estrangeiro, por exemplo: atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e contra a economia popular. Nesse caso é necessário ter inquérito policial para a efetiva expulsão e exige decreto do Presidente da República. Expulsão do estrangeiro por cooperação judicial( prevista na Lei Nº 13.445/2017- Lei de Migração) Extradição: É a entrega por um Estado a outro, e a pedido deste, de pessoa que em seu território deva responder a processo penal ou cumprir pena. Pressupostos da extradição 1- Existência de processo penal contra extraditando. 2- O processo penal ou a condenação que fundamentem o pedido seja referente a crime comum( crime político não autoriza a extradição, conforme previsto no artigo 5, inciso LII da CF/88). https://www.gov.br/mre/pt-br/consulado-genebra/servicos-consulares/copy_of_visto-visa/vistos/tipos-de-vistos/visto-temporario-vitem https://www.gov.br/mre/pt-br/consulado-genebra/servicos-consulares/copy_of_visto-visa/vistos/tipos-de-vistos/visto-temporario-vitem Requisitos para a Extradição 1- O extraditando necessita ser estrangeiro, pois, a lei brasileira não permite a extradição de nacionais, salvo na hipótese de brasileiro naturalizado, quando o fato que originou o pedido de extradição seja crime comum praticado antes da naturalização. Porém, o artigo 5, inciso LI da CF/88 diz que também pode ser extraditado o brasileiro naturalizado, quando o pedido de extradição se fundar em crime de tráfico ilícito de drogas, praticado antes ou até mesmo depois da naturalização. 2- Existência de tratado bilateral específico ou promessa de reciprocidade por parte do Estado requisitante da extradição. 3- Havendo tratado de extradição com o Estado requisitante, o Estado requisitado tem obrigação legal de entregar o extraditando que se encontra em seu território. 4- Quando não houver tratado, deverá existir a reciprocidade entre os Estados. Asilo Conceito: É uma instituição de caráter humanitário e independe de reciprocidade. Espécies de Asilo Asilo Político É o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido em outro lugar, geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial, por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes relacionados com a segurança do Estado, não configuram quebra do direito penal comum, segundo o doutrinador Francisco Razek. Asilo Diplomático É a forma provisória de asilo político, típica da América Latina, com base no costume internacional. É sempre uma medida provisória, ou seja, uma ponte para o asilo territorial político. Os locais onde esse asilo pode dar-se são as missões diplomáticas, que não sejam repartições consulares, e os imóveis residenciais do chefe da missão diplomática, cobertos pela inviolabilidade da Convenção de Viena de 1961. Também previsto na Convenção de Caracas(Venezuela) de 1954, que diz: ´´ a autoridade local deverá conceder um salvo-conduto para que o asilado possa deixar em condições de segurança o Estado territorial para asilar-se definitivamente no Estado que se dispõe a recebê-lo´´ . Ainda conforme, a Convenção de Caracas em seu artigo XI diz ´´ o governo do Estado territorial, em qualquer momento pode exigir que o asilado seja retirado do país, para o que deverá conceder salvo-conduto e as garantias estipuladas no artigo V ´´ e o artigo XII diz ´´ concedido o asilo, o Estado asilante pode pedir a saída do asilado para território estrangeiro sendo o Estado territorial obrigado a conceder imediatamente, salvo caso de força maior, as garantias necessárias a que se refere o artigo V e o correspondente salvo-conduto. Direito Internacional dos Direitos Humanos É o ramo do Direito Internacional que visa promover e proteger a dignidade humana em todo o mundo, consagrando uma série de direitos a todos os indivíduos, sem qualquer distinção. Existem inúmeros tratados de proteção dos direitos humanos atualmente em vigor. Característica fundamental: A proteção dos direitos da pessoa humana independentemente de qualquer condição. Conceito histórico: Surgiu após a II Guerra Mundial com a criação da ONU em 1945 e consequente aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. Sistemas Internacionais de proteção aos Direitos Humanos Sistema Universal: ONU e OIT( Organização Internacional do Trabalho) Sistemas regionais Sistema Interamericano: É composto de dois órgãos; a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, originada através da Convenção Americana de Direitos Humanos(Pacto de San José da Costa Rica). Sistema Europeu: Corte Europeia de Direitos Humanos, tem um direito comunitário supranacional, ou seja, qualquer cidadão pode entrar com ação diretamente na Corte. Sistema Africano: União Africana Característica dos Sistemas Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos Eles atuam de forma complementar em relação à tutela nacional. A proteção internacional é subsidiária, ou seja, só ocorre havendo falha ou omissão da jurisdição nacional. Sistema Interamericano de proteção aos Direitos Humanos( Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sediada em Washington-DC – EUA). Mesmo local onde é sediada o Conselho da OEA( Organização dos Estados Americanos). 1- É incumbida de promover o respeito e a proteção dos direitos humanos, efetua recomendações aos Estados, sugere as medidas que considerar apropriadas, prepara estudos e relatórios, solicita informações aos governos nacionais e submete um relatório anual à Assembleia Geral da OEA. 2- Recebe reclamações apresentadas por indivíduos, grupos de indivíduos ou entidades não governamentais- ONG’s sobre violação das normas da Convenção Americana de Direitos Humanos- Pacto de San José da Costa Rica. 3- Exige prévio esgotamento dos recursos internos, ou seja, o exame do caso pela justiça nacional. Procedimento da Comissão Interamericana dos DH ao receber a denúncia contra um Estado 1- Solicita ao governo do Estado informações a respeito, podendo fazer investigações. 2- Não havendo provas dos fatos: arquiva-se a denúncia. 3- Havendo provas, elabora um relatório expondo os fatos e poderá efetuar recomendações a serem cumpridas no prazo de 3 meses. 4- Esgotado o prazo, caso o Estado não tenha cumprido as recomendações, o fato será levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Exceto se a Comissão, por maioria absoluta de votos, decidir em contrário.Composição: A Comissão é composta de 7 juízes, indicados pelos Estados e aprovados pelo Conselho Geral da OEA. Legitimidade ativa: somente a Comissão e os Estados As suas decisões judiciais são obrigatórias aos Estados, desde que estes tenham expressamente reconhecido a competência da Corte, sendo que o Brasil reconheceu, por força do Decreto Legislativo Nº 89 de 03/12/98. Em caso de decisões condenatórias: As obrigações de fazer ao Estado e/ou pagamento de indenização pecuniária ás vítimas. Curiosidade: Lê o preambulo do Decreto Nº 678 de 06/11/1992( Convenção Americana sobre Direitos Humanos( Pacto de São José da Costa Rica). Casos brasileiros na Corte Interamericana de Direitos Humanos: Ximenes Lopes, Gari Baldi, Gomes Lund( ´´ Guerrilha do Araguaia ´´), trabalhadores da fazenda Brasil Verde e Vladimir Herzog.