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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
 CURSO DE DIREITO
 BRENDON DOS SANTOS PEREIRA
 DIREITO DIGITAL
 
 CABO FRIO
 2024 
 Direito Penal Cibernético: Fundamentos e Princípios
O Direito Penal Cibernético trata da regulamentação de crimes cometidos no meio digital, com o objetivo de adaptar e estabelecer regras que protejam bens jurídicos no ciberespaço. Incluem-se entre os princípios fundamentais do Direito Penal Cibernético:
1. Princípio da Legalidade: Este princípio assegura que nenhum ato possa ser classificado como crime sem que haja uma previsão legal prévia que o caracterize dessa maneira. No ambiente digital, é necessário estabelecer leis específicas para tratar de condutas cibernéticas, tais como acessos não autorizados a sistemas, fraudes eletrônicas, entre outros. 
2.Princípio da Proporcionalidade: A pena para crimes cibernéticos devem ser proporcionais à severidade do prejuízo causado e ao perigo que representam para sociedade. Considerando a extensão dos crimes digitais, é crucial que as penalidades sejam apropriadas, considerando tanto a salvaguarda da privacidade quanto os potenciais danos financeiros.
3.Princípio da Extraterritorialidade: Dado que delitos cibernéticos podem transpor fronteiras, o Direito Penal Cibernético muitas vezes emprega regras de extraterritorialidade, com o objetivo de permitir que uma nação jurisdicione sobre delitos realizados além de suas fronteiras, quando impactam diretamente seus cidadãos ou seu patrimônio.
4. Direitos Fundamentais e Privacidade: O Direito Penal Cibernético precisa harmonizar a execução das leis com a proteção dos direitos básicos, tais como o direito à privacidade e à liberdade de expressão. Para prevenir abusos, a interceptação de comunicações e a recolha de dados devem obedecer a procedimentos legais rigorosos.
5. Responsabilidade Objetiva e Subjetiva: Em delitos cibernéticos, é crucial distinguir a responsabilidade dos agentes, já que o comportamento de um membro de uma organização, por exemplo, pode resultar na responsabilidade da companhia em geral. Portanto, tanto pessoas físicas quanto empresas podem ser responsabilizadas de acordo com o grau de envolvimento.
Compliance Digital, Lei Anticorrupção e Crime de Lavagem de Dinheiro
A Compliance Digital diz respeito à aplicação de políticas e procedimentos que assegurem que uma entidade atue de acordo com as leis específicas do meio digital, particularmente no que diz respeito à proteção de dados e à prevenção de fraudes. Este conjunto de ações tem como objetivo salvaguardar a integridade organizacional, evitando ações ilegais e fomentando uma cultura de conformidade interna.
No Brasil, a Lei Anticorrupção (Lei n° 12.846/2013) estabelece penalidades para entidades jurídicas que se envolvem em atos de corrupção contra o setor público. Esta legislação promove a implementação de programas de conformidade, incluindo os digitais, uma vez que a ausência de supervisão adequada sobre transações online pode facilitar ações como corrupção ou desvio de fundos. Em situações de infração, organizações que apresentem uma política de conformidade eficaz podem ter suas penalidades reduzidas.
A Lei Anticorrupção (Lei n° 12.846/2013) representa um avanço na legislação do Brasil ao instituir a responsabilidade objetiva para entidades jurídicas. Isso significa que empresas e outras entidades podem ser responsabilizadas sem a necessidade de comprovação de dolo ou culpa. Esta legislação tem como objetivo combater a corrupção no setor privado, particularmente nas relações com o setor público, aplicando penalidades severas a empresas que cometem atos prejudiciais à administração pública, tais como fraudes em concorrências, oferta de suborno e manipulação de contratos governamentais.
A Lei Anticorrupção incentiva a implementação de programas de compliance, que englobam uma variedade de políticas e procedimentos para garantir a conformidade com a legislação e os padrões éticos. Em particular, o compliance digital é crucial para supervisionar e regular operações conduzidas em contextos digitais, onde fraudes e desvios financeiros podem acontecer com mais facilidade e rapidez.
O crime de lavagem de dinheiro envolve a tentativa de dissimular a origem ilícita de recursos financeiros, tornando-os aparentemente legítimos. Em um contexto digital, a lavagem de dinheiro pode ser realizada por meio de transações digitais, moedas virtuais e sistemas financeiros descentralizados. A legislação exige que instituições financeiras implementem práticas rigorosas de compliance digital, como a análise de transações suspeitas e o uso de tecnologias de monitoramento para rastrear e reportar operações irregulares.
A união entre compliance digital, Lei Anticorrupção e combate à lavagem de dinheiro visa prevenir que o ciberespaço se torne um ambiente seguro para práticas ilícitas, ao mesmo tempo em que preserva o funcionamento ético e transparente das organizações no ambiente digital. A adoção dessas práticas reflete uma tendência de regulamentação mais robusta no ciberespaço, protegendo tanto o Estado quanto os cidadãos de riscos associados ao crime cibernético.
Em suma, o Direito Penal Cibernético surge como uma solução imprescindível para as novas modalidades de delitos que surgem com o progresso digital. Os seus princípios e princípios visam salvaguardar direitos e assegurar a aplicação equitativa das leis no contexto virtual, mantendo valores fundamentais como a privacidade e a proteção da informação. A aplicação de compliance digital, impulsionada pela Lei Anticorrupção, tem um papel fundamental na defesa das entidades e na prevenção de delitos como a lavagem de dinheiro, ajustando a luta contra o crime ao ambiente digital. 
Assim, a integração entre o Direito Penal Cibernético, o compliance digital e as leis anticorrupção reforça uma cultura de responsabilidade e transparência, proporcionando um ambiente mais seguro no ciberespaço e promovendo uma convivência digital ética e sustentável.
REFERÊNCIAS: 
ALBUQUERQUE, Roberto Chacon de. A criminalidade informática. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2006
COTS, M., & OLIVEIRA, R. Lei geral de proteção de dados pessoais comentada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil. 2018
FORTES, V. B.Os direitos de privacidade e a proteção de dados pessoais na internet. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2016
SILVA, Rita de Cássia Lopes. Direito Penal e Sistema Informático. Editora Revista dos Tribunais. São Paulo, 2003.
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal, 13ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018
ALVES, Maria Hiomara dos Santos. A evolução dos crimes cibernéticos e o acompanhamento das leis específicas no brasil.2018
CARDOSO, Lucas de Holanda M. O direito na era digital: O Cibercrime no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Cepein, p. 1-12, 2017.
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