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PSICOLOGIA COMO SABEMOS QUE A CRIANÇA ESTÁ COM DIFICULDADE E PRECISA DE INTERVENÇÃO? É importante que pais, professores, educadoras, babás, todas as pessoas que lidam com as crianças co- nheçam as etapas do desenvolvimento típico, para só assim poderem observar se ocorrem discrepâncias. Atualmente já temos conhecimento de habilidades que são preditoras, ou seja, necessárias para um desen- volvimento posterior adequado. Sendo assim, quando essas habilidades estão deficitárias, quando as crian- ças não estão realizando o que é esperado para cada idade, é o momento de fazer encaminhamentos para os especialistas para uma avaliação. Não é mais indicado esperar um tempo, para saber se é “imaturidade”, ou esperar o final do desenvolvimento de cada função, para só depois com o diagnóstico concluído, iniciar a intervenção remediativa. Um especialista poderá avaliar a necessidade da intervenção precoce levando sempre em consideração que, tanto nos transtornos do neurodesenvolvimento como nas dificuldades de aprendizagens, quanto mais cedo a intervenção for realizada melhor será a sua eficiência. É POSSÍVEL FAZER DIAGNÓSTICOS DE TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM E DE TDAH NA PRIMEIRA INFÂNCIA? Os diagnósticos destes transtornos normalmente são multidisciplinares e clínicos. Não tem um exame de sangue como para o colesterol, que por exemplo acima de 190 mg/dl é alto e você tem que tomar remédio. São avaliações realizadas por neurologistas, neuropsicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, que utili- zam testes padronizados cientificamente, ou seja, baseados em pesquisas. Os pesquisadores já conseguiram mostrar quais são as habilidades que frequentemente estão deficitárias nos diferentes transtornos. É o que chamamos de fatores de risco para o transtorno, o que possibilita uma observação mais direcionada, com testes específicos para cada área do desenvolvimento. Quando as crianças chegam para a avaliação na primeira infância o processo avaliativo deverá indicar quais são as potencialidades e as fragilidades que ela apresenta nas diferentes áreas do desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Em alguns casos, quando os transtornos são muito evidentes, é possível fechar um diagnóstico, mas na maioria das vezes é muito difícil saber se é uma dificuldade ou um transtorno, con- seguimos identificar os fatores de risco. Entretanto, nos dois casos a intervenção precoce é fundamental, pesquisas mostram que crianças que foram avaliadas com atrasos aos 3 anos tiveram 5 vezes mais chances de apresentar transtornos posteriormente. Além disso, a própria intervenção funciona como uma medida para o fechamento do diagnóstico poste- riormente. Aqueles que não respondem à intervenção ou tem um progresso muito lentificado, com certe- za apresentarão o transtorno, mas com a intervenção desenvolvida precocemente, evitamos comprometi- mentos mais significativos. Para aquelas crianças que tinham uma dificuldade, com a intervenção precoce conseguimos reabilitar as funções e evitar problemas de fracasso escolar e possíveis comprometimentos socioemocionais. QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO MAIS COMUNS NESTES TRANSTORNOS, QUE PAIS E PROFESSORAS PODEM OBSERVAR? Uma das dificuldades que é comum aos diversos transtornos do neurodesenvolvimento é o atraso no desenvolvimento das funções executivas (FE). Inicialmente os déficits nas funções executivas eram direta- mente associados ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, hoje sabemos que grande parte dos transtornos apresentam déficits nas funções executivas como os transtornos específicos de aprendizagem (dislexia, discalculia e disortografia), o transtorno do espectro autista (TEA), a deficiência intelectual (DI), o transtorno opositivo desafiador (TOD), o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), a esquizofrenia etc. Há também uma pesquisa muito interessante de Adele Diamond, uma importante pesquisadora sobre funções executivas, na qual concluiu que, ao contrário, o bom desenvolvimento das funções executivas na primeira infância tem maior efeito preditor no sucesso e qualidade de vida no adulto do que as habilidades intelectivas. Sendo assim, é muito importante potencializar o desenvolvimento destas funções, para que a criança possa ter controle sobre sua própria vida.