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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA CIÊNCIA DE DADOS E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EDUARDA OBERG IA e o mercado de trabalho Rio de Janeiro 2023 Grandes pensadores nos últimos séculos já levantaram hipóteses sobre como seria nosso mundo se as máquinas substituíssem as funções realizadas por trabalhadores. Se pensava, em algum nível, que seria como uma ‘liberdade’ ao homem, fazendo com que fosse possível um desfrute da vida sem obrigações entranhadas com deveres produtivos, ou pelo menos sem grande parte deles. Recebemos esse discurso fortemente na Revolução Industrial, que garantia que a substituição do trabalho manual pelo automatizado renderia mais ‘qualidade de vida e trabalho’, tendo algo que realizasse as atividades repetitivas e que exigissem mais fisicamente, mas o que vimos é que a promessa não se cumpriu, as cobranças apenas mudaram de parâmetros, e o valor do trabalhador apenas decaiu. A inteligência artificial tem se mostrado cada vez mais presente na nossa rotina, e está sendo cada vez mais usada em grandes empresas, já que suas vantagens para produção, análise de dados, desenvolvimento de estratégia entre outros, é gigantesca. Inicialmente, ela era usada como suporte e auxílio para realização de determinadas tarefas, gerando informações que demorariam horas em segundos, mas ainda dependendo de um ser humano sabendo o que precisa ser feito com tudo aquilo. Atualmente, e principalmente após o advento da pandemia de COVID-19, foi notado que a substituição de humanos por máquinas já era possível, rendendo não só uma economia para a empresa, mas também gerando atendimentos personalizados, com maior eficiência, sem erros, e sem pausa. Um exemplo facilmente encontrado são os atendimentos call centers, que ao ligarmos, nos deparamos com um serviço que entende o que precisamos e resolve a maior parte dos casos, recorrendo a um atendimento ‘real’ quando extremamente necessário. Conforme o relatório realizado pela consultoria McKinsey em Junho de 2019, as atividades com maior risco de substituição serão trabalhadores de serviços (30%) e operadores de máquinas (40%). A consultoria também teoriza que até 2030 em torno de 20% dos empregos existentes hoje sumirão, mas que a geração de novos empregos a partir das revoluções tecnológicas se darão na mesma proporção (outras pesquisas rebatem esses números, como outra realizada pela mesma consultoria a partir das expectativas de gestores de diversos países, na qual apontou uma previsão de redução de 34% dos cargos, e uma criação de 21% novos postos). Não há como interromper esse processo de atualização no mercado, mas ter uma visão horizontalizada dos impactos pode iludir quanto ao real futuro de parte da população. Apontar em ‘números’ a proporcionalidade de redução e criação de novos cargos de trabalho ignora as diversas variáveis envolvidas nas questões trabalhistas mundiais. Dentre os postos com maior chance de ‘sumirem’ estão operadores de caixa, call centers, motoristas, operadores de fábrica, corretores de imóveis dentro outros, enquanto os possíveis novos cargos que surgirão no mercado são especialistas em IA, cientistas de dados, especialistas em segurança cibernética e robótica etc. Não é necessário muito esforço para entender a discrepância envolvida em relação a necessidade de estudos e formações. Estima-se que entre 40 e 160 milhões de mulheres e 60 e 275 milhões de homens podem ter que mudar de ocupação, sendo que é essencial entender que tal mudança não é simples. Dizer para uma operadora de caixa que ela pode tentar entrar para a nova vaga de especialista em chatbox é quase cômico, ainda mais quando nos restringimos a pensar na situação do Brasil e sua relação a falta tanto de educação básica, quanto de cursos profissionalizantes. Argumentar que há a possibilidade de faculdades públicas é novamente se cegar para a realidade da parcela que ocupa exatamente onde daqui a alguns anos encontraremos apenas máquinas. Quem precisa trabalhar, com o que quer que seja, para colocar comida dentro de casa, muito raramente terá tempo e saúde mental e física para manter uma faculdade como Ciência de Dados. É de extrema importância a divisão real sobre os impactos de tais mudanças para que ações públicas e privadas sejam tomadas, preparando e qualificando desde já os profissionais para que assim consigam, pelo menos parte deles, se reestabelecerem no mercado. Mas, infelizmente, tais expectativas são baixíssimas, e a probabilidade de os desempregados acabarem se submetendo a serviços cada vez mais mal remunerados pelo desespero é enorme, e exatamente por isso conseguimos entender porque não é interessante para os grandes empresários capacitar tais cidadãos. ] REFERÊNCIAS Reportagem principal Inteligência Artificial No Mercado De Trabalho. Rosenbaum, 2023. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023. Apoio VALENTE, Jonas. Inteligência Artificial e o impacto nos empregos e profissões. Agência Brasil, 2020. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023. GAIOTO, Danielle. Como a Inteligência Artificial deve mudar o mercado de trabalho. MBA USP ESALQ, 2022. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023. MAGNUS, Tiago. Inteligência artificial e o mercado de trabalho: qual será o futuro dos nossos empregos? Sólides, 2022. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023. BRANDÃO, Rodrigo. Inteligência Artificial, Trabalho e Produtividade. Scielo, 2020. Disponível em: . Acesso em: 18 de abr. de 2023.