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Unidade II
Unidade II
5 BARREIRAS ESTRATÉGICAS À ENTRADA
Como vimos antes, quando uma empresa atua para aumentar sua participação futura em determinado 
mercado, dizemos que ela está envolvida em uma competição estratégica. Uma das muitas maneiras 
pelas quais ela pode alcançar esse intuito é através do aumento proposital do custo de entrada. Desse 
modo, haveria necessariamente uma redução do número de futuros entrantes. Outra forma de instituir 
uma barreira é por meio de um investimento em capital que proporcione redução nos gastos com 
materiais e/ou trabalho, a fim de obter uma vantagem, em termos de custos, sobre as concorrentes. 
Veremos agora uma introdução à análise da prevenção estratégica à entrada com o objetivo de 
maximizar o lucro dos acionistas. A determinação da estratégia de maximização depende da capacidade 
de produção, dos níveis de custo, das características da demanda e do potencial de concorrência 
imediata. Entre as inúmeras estratégias que poderiam ser abordadas, selecionamos as seguintes:
• As estratégias competitivas e o modelo das cinco forças de Porter.
• A estratégia do preço-limite.
• O modelo de Dixit de prevenção à entrada.
• Os modelos de contestabilidade como explicação para a existência de barreiras à saída.
5.1 Estratégia competitiva
Para permanecer competitiva, uma firma lança mão, muitas vezes, de planejamento estratégico e 
processos de melhoria contínua. A análise de estratégias competitivas fornece uma estrutura para que 
a firma antecipe tanto as ameaças ao modelo de negócio da empresa quanto novas oportunidades de 
negócio e futuros ajustes nos principais recursos, capacidades e competências da firma.
A próxima figura ilustra os componentes de um processo estratégico dentro do contexto de 
conhecimento dos pré-requisitos e do elenco de decisões estratégicas que uma firma pode empregar. 
Basicamente, um processo estratégico inclui:
• A identificação do mercado-alvo: isso abrange os fatores que determinam em quais negócios uma 
firma pode entrar e permanecer – fatores como as categorias de cliente, as condições de mercado 
e a disponibilidade de recursos físicos, humanos e tecnológicos. Essa fase põe em relevo a análise 
de quais setores seriam atraentes para realizar negócios.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
• Os componentes de um modelo de negócios: além da identificação do mercado-alvo, um modelo 
de negócios deve projetar fontes de receita, cadeias de valores e margens brutas e líquidas que 
variam de acordo com a estrutura de custos da empresa. Para que o modelo de negócio seja 
bem-sucedido, é necessário desenvolver uma estratégia competitiva.
• As decisões: decorrem das estratégias competitivas baseadas, principalmente, na capacidade 
dos recursos, nas políticas de precificação, nos processos de marketing e nas inovações, que 
proporcionarão a maximização de lucros dos acionistas.
Mercado-alvo
Clientes
Concorrentes
Condições de mercado
Levantamento de capital
Disponibilidade de recursos
Restrições sociopolíticas
Mercado-alvo
Proposição de valor
Papel na cadeia de valores
Fontes de receita
Margens definidas
Valor de rede
Investimento necessário
Estratégia competitiva
Produto
Preços
Planos de marketing
Cadeia de suprimentos
Canais de distribuição
Fluxos de caixa para credores 
e acionistas
Componentes de um 
modelo de negócios Decisões
Figura 15 – Processo estratégico
Ainda de acordo com essa figura, a tomada de decisão da firma, decorrente da definição da 
estratégia competitiva apropriada, visa a garantir o acesso a recursos diferenciados, como patentes e 
canais exclusivos de distribuição. Além disso, a estratégia competitiva fornece um plano de suporte para 
a rentabilidade da firma por meio de inovação.
A rentabilidade das empresas, portanto, depende claramente das estratégias adotadas e da 
capacidade – baseada nos recursos disponíveis – para identificar as vantagens competitivas sobre 
seus concorrentes em um mercado relevante.
 Observação
Uma empresa apresenta vantagem competitiva quando a soma do 
excedente dos consumidores com o excedente desse produtor é maior do 
que a soma do excedente dos consumidores com o excedente da empresa 
concorrente. Dessa forma, a empresa com vantagem competitiva obtém 
lucratividade suficiente para cobrir o custo de oportunidade de seu 
capital investido.
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Unidade II
 Lembrete
Mercado relevante é o grupo de empresas que interagem entre si 
vendendo um bem ou serviço com características similares, tanto em 
termos físicos quanto geográficos.
Alguns tipos de estratégia podem ser adotados como barreiras à entrada de novos concorrentes. 
Consideremos os seguintes tipos genéricos de estratégia:
• Estratégia de diferenciação de produto: envolve a competição em inovação, emprego de marcas 
registradas ou criação de patentes. Essas ações determinam um preço especial ao produto em 
função da imagem e da capacidade estratégica de se tornar bem-sucedido no mercado.
• Estratégia baseada em custo: focaliza tanto a limitação do plano de negócios que permite reduzir 
os custos como a ampliação da linha de produtos (a ponto de fazer com que seus concorrentes 
desejem sair do mercado em função dos altos custos envolvidos).
• Estratégia de tecnologia da informação: refere-se à busca de uma vantagem competitiva 
sustentável entre concorrentes de mercado – por exemplo, via comércio eletrônico –, de modo a 
alcançar a maior parcela de consumidores e comercializar a maior quantidade de itens.
 Observação
Vantagens competitivas sustentáveis são aquelas que definem 
características de processos, capacidades ou produtos associadas a uma 
firma e cuja imitação por outras empresas é muito difícil.
A utilização de estratégias competitivas por uma empresa busca, portanto, obter parcelas maiores 
de mercado e alcançar lucros mais altos. O efeito colateral da adoção de estratégias desse tipo é a 
ameaça à competição e a modificação na estrutura de mercado ao longo do tempo, com tendência à 
concentração do mercado relevante em poucas empresas (ou até mesmo monopolização).
Porter (1980) desenvolveu uma estrutura conceitual para identificar as ameaças à competição em 
um mercado relevante. Essa estrutura, esquematizada na próxima figura, é conhecida como modelo 
das cinco forças de Porter e inclui os seguintes elementos relacionados ao aumento da lucratividade 
sustentável da firma:
• Ameaça de substitutos.
• Concorrentes potenciais (ameaça à entrada).
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
• Poder dos compradores.
• Poder dos fornecedores.
• Intensidade da rivalidade (concorrência).
Substitutos
Intensidade de rivalidade
Concorrentes potenciais
Poder do comprador
Poder do fornecedor
Rentabilidade 
sustentável 
do setor
Fornecedores únicos
Falta/Excesso de suprimento
Contratação de exigências verticais
Concentração de compradores
Capacidade do setor
Homogeneidade dos compradores
Concentração do setor
Concorrência via preços
Barreiras à saída
Rigidez de custos
Poder de substitutos
Fidelidade à marca
Propaganda
Marca x genérico
Ameaça de 
produtos 
e serviços 
substitutos
Ameaça 
de novos 
concorrentes
Nível de 
concorrência 
no setor
Poder de 
negociação dos 
fornecedores
Poder de negociação 
dos compradores
Custos de capital elevados
Economias de escala
Custos de troca elevados
Falta de acesso a canais de distribuição
Diferenciação objetiva do produto
Figura 16 – Modelo estratégico das cinco forças de Porter
O modelo das cinco forçasm
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Unidade II
7.1.1 Análise custo-benefício da fusão considerando competição perfeita no estágio 
pré-fusão
O modelo de Williamson (1968), que compara os custos e os benefícios de uma fusão, 
considerando que, antes da concentração horizontal, o mercado é perfeitamente competitivo, é 
ilustrado na figura a seguir:
P
P1
P0
A2
A1
0 q1 q0
Q
D
RM g0
CM g0
CM g1
∆CMg
RM g1
Figura 30 – Benefícios sociais (A2) e custos (A1) decorrentes de uma fusão – competição perfeita no estágio pré-fusão
Nessa figura, a linha horizontal CMg0 representa o nível dos custos marginais de duas empresas 
antes da fusão, e a linha CMg1 ilustra os custos marginais após a fusão. Antes da fusão, o grau de 
competição é suficiente para forçar que o preço se iguale a CMg0. Após a fusão, os custos caem, mas um 
poder de monopólio é criado, levando a um aumento de preço de P0 para P1.
A fusão resulta em uma perda de peso morto igual à área sombreada A1. No entanto, há um ganho 
para a sociedade devido à economia de custos, representada pela área sombreada A2, que descreve a 
economia de custos na quantidade produzida q1 com o menor custo médio. O principal resultado dessa 
análise é que uma redução percentual no custo, mesmo que relativamente pequena, compensará um 
aumento de preço relativamente grande, tornando a sociedade indiferente à fusão.
Existe uma lógica simples por trás do motivo pelo qual o efeito do bem-estar das reduções de custo 
tende a suplantar o aumento no preço. Primeiro, observe que a área correspondente à perda de peso 
morto A1 é igual a:
A q q P P1 0 1 1 0
1
2
    
O exemplo está ilustrando um caso que era concorrência perfeita e virou monopólio.
Na concorrência perfeita, não há lucro econômico para as empresas, somente consumidores.
Ao virar monopólio, os consumidores não perdem só A1, perdem a área amarela também. Mas essa área amarela é tomada pela empresa, por isso não foi contabilizada como perda pra sociedade.
Além disso, as empresas também ganharam a área A2 através da redução de custo. Isso contabiliza ganho pra sociedade, mas na verdade foi tudo pras empresas.
Highlight
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Note também que a área equivalente ao benefício da sociedade A2 é:
A q CMg CMg2 1 0 1  
Assim, se a redução do custo marginal for suficientemente grande em relação ao aumento do preço, 
a área A2 será maior do que A1 e a fusão aumentará o bem-estar. Da mesma forma, se o aumento de 
preço for suficientemente grande em relação à redução do custo marginal, a fusão reduzirá o bem-estar. 
Mais interessante é analisar o ganho de bem-estar quando a mudança de custo é comparável em 
tamanho à mudança de preço. Para considerar esse caso, suponhamos que ambas as mudanças sejam 
proporcionais, de modo que:
 CMg CMg a P P0 1 1 0    (7.1)
Em que a é uma constante positiva (a > 0). Por facilidade, vamos supor que essa constante seja 
próxima de 1. Como a variação de bem-estar é o ganho devido à economia de custos A2 menos o 
excedente perdido devido à oferta reduzida A1:
 



bem estar A A
bem estar q CMg CMg q q P P
-
-
 
       
2 1
1 0 1 0 1 1 0
1
2
bbem estar aq P P q q P P-        1 1 0 0 1 1 0
1
2 (7.2)
Colocando-se em evidência a variação nos preços (P1 - P0), a mudança de bem-estar torna-se:
 


bem estar P P aq q q
bem estar P P a
-
-
     



   
1 0 1 0 1
1 0
1
2
1
22
1
21 0








q q
 (7.3)
Se a mudança de custo for comparável em tamanho à mudança de preço e o aumento no preço 
não for muito grande (ou a demanda não for muito elástica), de modo que q1 não seja muito menor 
que q0, seguirá que:
a q q



 1
2
1
2
01 0
Essa última condição mostra que uma fusão para a qual a diminuição do custo é comparável em 
tamanho ao aumento de preço sempre aumentará o bem-estar.
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Unidade II
Supondo-se uma fusão que provoque uma pequena variação no preço (e na quantidade produzida) 
e uma pequena variação no custo marginal, o ganho de bem-estar decorrente da fusão será reduzido. 
Quando dois lados do triângulo A1forem pequenos e apenas um lado de um retângulo A2 for pequeno, a 
área do retângulo excederá a do triângulo e, assim, haverá benefícios em termos de bem-estar. Portanto, 
mesmo com o aumento de preço pós-fusão, uma pequena redução no custo unitário compensa a perda 
de peso morto, gerando, dessa forma, ganho de bem-estar para a sociedade.
Exemplo de aplicação
Análise custo-benefício da fusão e elasticidade-preço da demanda
O principal resultado da abordagem de Williamson (1968) no que diz respeito aos efeitos da fusão 
no bem-estar da sociedade, a partir de uma análise que considera que o mercado seja competitivo antes 
da concentração horizontal, é que uma pequena redução percentual nos custos, mesmo com aumento 
nos preços, torna a população indiferente à fusão.
Para verificar esse fato, suponhamos que o custo marginal seja constante (logo, CMg = CMe) e 
levemos em conta as seguintes fórmulas para calcular as áreas A1 e A2 da figura anterior:
A p q
A CMe q
1
2 1
1
2
   
  
 

Em que ∆p = p1 - p0 e ∆q = q1 - q0 e representam, respectivamente, as variações de preço e 
produção decorrentes da fusão, ∆CMe é a variação do custo médio e q1 é o nível de produção da 
empresa pós-fusão.
Dada a definição de elasticidade-preço da demanda:
P
D p
q
q
p
 0
0


Podemos substituir (∆q) na expressão da área A1, de modo que:
A p
q p
p
P
D
1
0
0
1
2
  




 
Igualando A1 e A2, temos:
  
CMe q p
q p
p
P
D
    




1
0
0
1
2

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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Sabemos que, em concorrência perfeita, P0 = CMg0. Como nosso custo marginal é constante, 
p0 =CMe0. Dessa forma, podemos tomar a última expressão e dividir o lado esquerdo por CMe0q1 
e o lado direito por p0q1:

 
 
CMe q
CMe q
p
q p
p
p q
CMe
CMe
p
P
D
P
D
  
 



  
1
0 1
0
0
0 1
0
1
2
1
2

 qq p
p p q
CMe
CMe
q
q
p
pP
D
0
0 0 1
0
0
1 0
2
1
1
2

 














Em que ∆CMe / CMe0 representa a variação de custos necessária para tornar a sociedade indiferente 
à fusão, mesmo que esta provoque uma variação no preço de venda das mercadorias (∆p / p0). 
Finalmente, assumindo que a elasticidade-preço seja constante ao longo da curva de demanda, 
temos, de acordo com Viscusi, Vernon e Harrington (2005), que:
q
q p
p
P
D
0
1
0
1
1















Substituindo esse resultado na expressão da variação nos custos pós-fusão, chegamos a:


CMe
CMe p
p
p
pP
D
P
D
0
0
0
2
1
2
1
1



















A tabela a seguir apresenta a redução de custo necessária para diversas hipóteses alternativas de 
aumento de preço e elasticidade-preço da demanda:
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Unidade II
Tabela 8 – Redução percentual de custos suficiente para compensar aumentos 
percentuais de preço para valores selecionados de εP
D 
Variação de 
preço 
p
p0




Elasticidade-preço da demanda 
P
D 
3 2 1 0,5
5% 0,43% 0,28% 0,13% 0,06%
10% 2,00% 1,21% 0,55% 0,26%
20% 10,37% 5,76% 2,40% 1,10%
Observe que, se uma fusão provocasse uma expectativa de aumento de preço de 5% e a 
elasticidade-preço da demanda fosse igual a 3 (em termos absolutos), uma redução nos custos de 
apenas 0,43% seriasuficiente para igualar o benefício social (área A2) ao custo social (A1). Nesse 
mesmo nível de elasticidade, se a expectativa de variação de preços dobrasse para 10%, a redução 
de custo necessária para tornar a sociedade indiferente à fusão seria de 1/5 desse percentual 
(2%). Se a expectativa de aumento de preço continuasse dobrando, agora para 20%, a necessidade 
de redução de custo seria ainda maior (quase metade da variação de preços). 
Por outro lado, à medida que o bem vai se tornando menos elástico, bastam pequenas 
reduções de custo para compensar grandes variações de preço. Por exemplo, no caso de 
elasticidade unitária e expectativa de aumento de preço de 5%, a redução de custo que torna 
a sociedade indiferente à fusão é de apenas 0,13%. Mesmo que a tendência de aumento de 
preços com a fusão fosse de 20%, a redução de custo necessária seria de pouco mais que 
1/10 dessa variação (2,40%).
7.1.2 Análise custo-benefício da fusão considerando competição imperfeita no estágio 
pré-fusão
Infelizmente, a conclusão da subseção antecedente será enfraquecida se presumirmos que a 
indústria não é competitiva antes da fusão. Considere a figura a seguir, que só difere da figura anterior 
pelo fato de que o preço pré-fusão, P0, excede o custo marginal pré-fusão (P0 > CMg0): a perda de 
peso morto decorrente da redução da oferta é representada pela área do trapézio B1, enquanto o 
ganho devido à economia de custos continua sendo a área do retângulo, denotado agora por B2.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
P
P1
P0
0 q1 q0
Q
D
RM g0
CM g0
CM g1
∆CMg
RM g1
B2
B1
Figura 31 – Benefícios sociais (B2) e custos (B1) decorrentes de uma fusão – competição imperfeita no estágio pré-fusão
Ao analisar essa figura, nota-se que o excedente perdido devido à redução da produção (de q0 para 
q1) é maior, pois a quantidade produzida pré-fusão já estava abaixo do nível competitivo. Nota-se ainda 
que a área B1 é a soma de um retângulo com um triângulo; uma vez que a porção do retângulo de B1 
não pode ser assegurada como menor que B2, quando a variação de preço e custo é suficientemente 
pequena, o argumento associado à figura 30 (isto é, que a pequena redução de custo compensa o 
aumento de preço) não se aplica. Assim, quando o mercado de pré-fusão é imperfeito, a redução de 
custo necessária para compensar um aumento no preço não pode ser tão pequena.
A argumentação aqui concentrou-se exclusivamente na análise das empresas que tomam a decisão 
de se fundir e ignorou o efeito da fusão nas decisões de outras empresas no mercado. Por exemplo, se 
a empresa resultante da fusão praticar um preço mais alto, isso deverá induzir as outras empresas a 
também aumentar os preços, já que o aumento no preço de um competidor serve para alterar a função 
de demanda de uma empresa. A resposta dos rivais à fusão serve para aumentar as perdas de bem-estar 
de um poder de mercado melhorado.
7.2 O uso de indicadores de concentração na análise da concentração 
horizontal
Quando as vendas de determinado segmento econômico são concentradas em função do aumento 
no número de fusões, o desempenho desse mercado torna-se menos propenso a ser competitivo. 
Abordamos anteriormente diversos indicadores de concentração de mercado que podem ser utilizados 
pelos órgãos de defesa da concorrência para avaliar as implicações da concentração horizontal. Os 
indicadores mais utilizados são:
• As razões de concentração (C4 ou C8).
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Unidade II
• O índice Herfindahl-Hirschman (IHH).
Conforme visto, a razão de concentração de ordem k mede a taxa de participação das k primeiras 
empresas com maior participação (Si) em determinado segmento de mercado: 
C Sk
i
k
i


1
Quanto maior é o valor do índice, maior é o poder de mercado exercido pelas k maiores empresas. 
Nas aplicações empíricas, utilizam-se frequentemente k = 4 ou k = 8, isto é, considera-se apenas a 
participação das quatro ou das oito maiores empresas.
Exemplo de aplicação
Ganhos potenciais de eficiência após a fusão Brahma-Antarctica
A participação de mercado das principais cervejarias brasileiras no ano de 2001, ordenada do maior 
para o menor market share, é indicada na tabela a seguir:
Tabela 9 – Participação de mercado das principais cervejarias e 
marcas no mercado brasileiro (2001)
Marcas de 
cerveja
Participação de 
mercado (%)
Skol 32,6
Brahma 22,1
Antarctica 15,0
Kaiser 13,6
Schincariol 8,9
Bavaria (Molson) 3,5
Outras 4,3
Total 100,0
Fonte: Farina e Azevedo (2003, p. 153).
O índice C4, que mede a participação das vendas da indústria de cerveja representada pelas quatro 
maiores marcas (k = 4), é igual a:
C S
i
i4
1
4
32 6 22 1 15 0 13 6 83 3     

 , , , , ,
Ou seja, as quatro maiores marcas de cervejas em 2001 representavam 83,3% do mercado nacional.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
No ano de 2001, foi aprovada a fusão entre as cervejarias Brahma e Antarctica, ocorrida em 1999. 
Com isso, fundou-se a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), que incluía as seguintes marcas: 
Skol, Brahma, Antarctica e Bavaria. Entretanto, o órgão de defesa da concorrência – o Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – obrigou a Ambev a vender a marca Bavaria, como medida 
de compensação pela concentração de mercado. Com isso, o mercado passou a apresentar a configuração 
indicada nesta tabela:
Tabela 10 – Participação de mercado das principais cervejarias e 
marcas após a fusão Brahma-Antarctica (2001)
Marcas de 
cerveja
Participação de 
mercado (%)
Ambev 69,7
Kaiser 13,6
Schincariol 8,9
Bavaria (Molson) 3,5
Outras 4,3
Total 100,0
Fonte: Farina e Azevedo (2003, p. 153).
O índice C4, após a fundação da Ambev, passou para:
C S
i
i4
1
4
69 7 13 6 8 9 3 5 95 7     

 , , , , ,
Portanto, pela comparação dos índices C4, antes e após a fusão, houve um crescimento de 15% 
na concentração do mercado de cervejas. Dessa forma, a fundação da Ambev criou um potencial para 
a elevação de preços ao consumidor (prejudicando o bem-estar deste) por meio da eliminação de 
concorrentes a partir do uso de seu portfólio de marcas.
Apesar da facilidade de cálculo e da interpretação dos resultados, são observadas algumas deficiências 
imediatas nos índices Ck:
• Eles ignoram a presença das n - k empresas menores do segmento em análise. Desse modo, fusões 
horizontais não alterarão substancialmente o valor do índice se a participação de mercado da 
nova empresa (resultante da fusão) se mantiver abaixo da k -ésima posição.
• Eles não levam em conta a participação relativa de cada empresa no grupo das k maiores. Com 
isso, significativas transferências de mercado que ocorrerem no interior do grupo (sem a exclusão 
de nenhuma empresa) não afetarão a concentração medida pelo índice.
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Unidade II
Essas omissões dificultam o uso de Ck como uma medida do poder de mercado (ou do grau de 
competição) existente em certo segmento de mercado. Mas há outro indicador importante para a 
medida de concentração de mercado, também baseado na taxa de participação de mercado (Si) – o IHH, 
definido pela fórmula:
IHH S
i
n
i  


1
2
100
Em que n é o número de empresas estabelecidas em determinado setor.
Existem valores indicativos para os níveis de IHH para análises preliminares de processos de fusão. 
Vários países do mundo, inclusive o Brasil, consideram três faixas de valor crítico de IHH assumidas pelo 
Departamento de Justiça dos Estados Unidos, conforme apresenta o quadro a seguir:
Quadro3 – Valores críticos do IHH em análises de fusão
Valor do IHH Interpretação Ação associada a uma operação de concentração 
(fusão ou aquisição)
0 1 000
1 000 1 800
1 800
 
 

IHH
IHH
IHH
.
. .
.
Concentração baixa
Concentração moderada
Concentração elevada
Não existirá preocupação quanto à competição na 
indústria se uma fusão se concretizar
Existirá preocupação quanto à competição se o 
aumento do índice for maior ou igual a 100 pontos em 
relação ao índice pré-fusão
Existirá preocupação quanto à competição se o 
aumento do índice for maior ou igual a 50 pontos em 
relação ao índice pré-fusão
Nota: na União Europeia, os valores críticos do IHH após uma operação de concentração são: entre 1.000 e 2.000 
(com aumento de 250 pontos) para casos de concentração moderada; acima de 2.000 (com aumento de 150 
pontos) para casos de concentração elevada.
Em casos de fusão ou aquisição, portanto, as autoridades devem analisar o IHH antes e depois da 
operação de concentração e avaliá-la nos casos em que promova uma variação do IHH superior a 100 
(nos casos de concentração moderada) e a 50 (nos casos de concentração elevada).
Considere uma operação de concentração (fusão ou aquisição) entre duas empresas, i e j, que 
atuam em determinado mercado. Se a participação de mercado da empresa decorrente da operação 
de concentração for a soma da participação de mercado pré-concentração das empresas envolvidas, a 
variação do IHH será dada por:
IHH IHH IHH s si j    1 0 2 100 100
Em que IHH0 e IHH1 são os valores do índice, respectivamente, antes e depois da operação de 
concentração.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Exemplo de aplicação
Considere uma indústria composta de quatro empresas com as seguintes participações de mercado:
• s1 =40%
• s2 =30%
• s3 =20%
• s4 =10%
a) Calcule o IHH desse mercado e classifique-o de acordo com a tabela de valores críticos.
Resolução
O IHH inicial desse mercado (IHH0), ou seja, antes de qualquer operação de concentração, é igual a:
IHH S
i
i0
1
4
2 2 2 2100 100 0 4 100 0 3 100 0 2 100 0             

 , , , ,11
3 000
2
0
 
IHH .
De acordo com a tabela de valores críticos de IHH, pode-se dizer que esse mercado tem elevada 
concentração.
b) Suponha que as empresas s3 e s4 abram um processo de fusão. Calcule o IHH pós-fusão e indique 
a ação associada a essa operação de concentração.
Resolução
A nova empresa formada pela fusão de s3 e s4 deterá 30% do mercado (s3 + s4 = 20% + 10% = 30%). 
O IHH desse mercado após a fusão (IHH1) é igual a:
IHH S
IHH
i
i1
1
3
2 2 2 2
1
100 100 0 4 100 0 3 100 0 3
3
           


 , , ,
.4400
Logo, o IHH de 3.400 pontos inclui o processo de fusão na terceira faixa de concentração. A variação 
do índice (∆IHH) é igual a:
IHH IHH IHH    1 0 3 400 3 000 400. .
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Unidade II
Alternativamente:
IHH s s      2 2 100 0 20 100 0 10 4003 4 , ,
A variação do IHH é, portanto, maior do que 50 pontos, e o órgão regulador antitruste terá um sinal 
de alerta contra tal operação de concentração.
7.3 Conluio
O oligopólio pode ser classificado como puro, quando as empresas produzem bens homogêneos 
(bens substitutos perfeitos), ou diferenciado, quando as empresas produzem bens substitutos próximos. 
As firmas que pertencem a um oligopólio podem agir de duas formas:
• Cooperativa: o grau de concorrência é baixo ou inexistente, ou seja, as empresas formam 
conluios e cartéis.
• Não cooperativa: há um elevado grau de concorrência entre as empresas participantes do mercado.
Vimos anteriormente a solução de Cournot para oligopólios que atuam na forma cooperativa. A 
solução de Cournot, no entanto, é inadequada por causa das limitações do modelo de concorrência 
oligopolística via definição das quantidades. Um dos problemas é que as firmas tomam a decisão sobre 
o nível de produção apenas uma vez. Mas, na realidade, as firmas vivem por muitos períodos e estão 
continuamente tomando decisões sobre as quantidades produzidas. 
7.3.1 A estratégia do gatilho
Para corrigir o problema da solução de Cournot, vamos considerar uma versão infinitamente repetida 
do modelo de Cournot. Em cada período, as firmas fazem decisões simultâneas de produção e esperam 
continuar fazendo tais decisões no futuro (que é indefinido). Por simplicidade, consideremos a hipótese 
de que a curva de demanda e a função de custo não variam com o tempo.
 Lembrete
No jogo padrão de Cournot, a decisão sobre as quantidades produzidas 
é realizada simultaneamente pelos jogadores (firmas).
Há importantes diferenças entre o jogo padrão de Cournot (em um único período) e sua versão 
repetida infinitamente. A principal delas é que cada firma receberá informação ao longo do tempo na 
forma de preços e quantidades passadas. Embora as firmas escolham simultaneamente a quantidade 
produzida num dado período, cada uma delas pode observar as quantidades produzidas pela outra nos 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
períodos anteriores, além do preço de mercado resultante. Outra diferença é que as firmas agem para 
maximizar a soma dos seus lucros descontados, em vez de maximizar apenas o lucro presente.
 Observação
Taxa de desconto, ou taxa mínima de atratividade, é aquela que permite 
encontrar o valor presente de um fluxo de caixa líquido ou de uma série de 
pagamentos a receber.
Considere as seguintes informações para um duopólio cuja produção total do setor é igual a 
Q = q1 + q2:
• Curva de demanda: P = 100 - Q
• Custo marginal constante: CMg = 40
Utilizando as equações 3.7, 3.8 e 3.9, o equilíbrio de Nash é definido com cada firma produzindo 20 
unidades (com a produção total da indústria igual a 40 unidades), o lucro auferido de cada firma é $ 
400 e o preço praticado pelo duopólio é $ 60.
Seja r a taxa de juros (ou taxa de desconto) para cada firma, e sejam qt
1 e qt
2 as quantidades produzidas 
pelas firmas 1 e 2, respectivamente, no período t, com t = 1, 2, 3..., o objetivo inicial é mostrar que um 
equilíbrio de Nash para esse jogo poderá ser obtido se cada firma produzir a quantidade relativa à 
solução de Cournot em cada período, ou seja:
q q tt t
1 2 20 1 2 3= = =; , , ...
Essa produção proporciona um lucro, para cada firma, de $ 400 por período. O payoff (Πi) de uma 
firma (i = 1, 2) é a soma dos seus lucros de todos os períodos descontados pela taxa r:
 
i
r r r

 

 

 
400
1
400
1
400
11 2 3

 (7.4)
Multiplicando os dois lados da equação 7.4 por [1 / (1 + r)], chegamos a:
 
i
r r r r( )1
400
1
400
1
400
11 2 3

 

 

 

 (7.5)
Fazendo a subtração de ambos os lados da equação 7.5 por ambos os lados da equação 7.4, obtemos:
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Unidade II
 
r
r r
i
1
400
1     (7.6)
Resolvendo a equação 7.6 para Πi, encontramos:
 
i r

 
400
1
 (7.7)
Assim, por exemplo, se a taxa de juros for de 10% em cada período (r = 0,10), o payoff da firma (o 
valor presente do lucro de cada firma) será $ 4 mil.
Suponha agora que a firma 1 adote uma estratégia em que sua quantidade produzida seja 
diferente de 20 unidades em um ou mais períodos. Em todos os períodos para os quais qt
1 20≠ , seus 
lucros serão menores (pois 20 unidades são necessárias para ela maximizar seu lucro), enquanto o 
lucro no período em que a firma continuar produzindo 20 unidades seguirá o mesmo. A soma dos 
lucros descontados, portanto, será menor. Dessa maneira, o comportamentoótimo da firma 1 será 
produzir 20 unidades em cada período sempre que ela esperar que o concorrente faça o mesmo. Em 
outras palavras, a repetição de um equilíbrio de Nash do jogo de período único é um equilíbrio 
de Nash do jogo infinitamente repetido.
Embora tenhamos encontrado um equilíbrio de Nash para o jogo de Cournot repetido, ainda não 
compreendemos como as firmas podem sustentar uma situação de lucro conjunto máximo. Para isso, 
vamos supor uma estratégia diferente, que permita que a quantidade produzida pela firma dependa de 
quanto sua concorrente produziu no passado. Consideremos, em primeiro lugar, que a firma 1 defina 
sua produção no período 1 em 15 unidades (q1
1) se a firma 2 também decidir que passará a produzir essa 
mesma quantidade (q1
2). Caso a firma 2 decida fazer seu melhor em t = 1 (q1
2 = 20), a firma 1 responderá 
produzindo a mesma quantidade (q1
1 = 20). A estratégia para a firma 1 nos períodos seguintes pode ser 
esquematizada da seguinte forma:
 
q
se q e q t t
caso contr
t
t t1
1 215 15 15 1 2 1
20
     , , , , ...,
, árrio



 (7.8)
Essa estratégia mostra que a firma 1 deve produzir 15 unidades no primeiro período. Em qualquer 
período futuro, a firma 1 deverá produzir 15 unidades se, e somente se, ambas as firmas tiverem produzido 
15 unidades em todos os períodos anteriores. Isso significa que, se uma das firmas tiver produzido uma 
quantidade diferente de 15 unidades em algum período passado – por exemplo, 20 unidades –, a firma 
1 deverá produzir 20 unidades em todos os períodos subsequentes. Essa tática é chamada de estratégia 
do gatilho, porque um pequeno desvio do acordo de produção fixado em 15 unidades resulta em uma 
quebra do conluio. 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 Observação
Estratégia do gatilho é uma tática empresarial que envolve esquemas 
de trapaças e punições em jogos infinitamente longos.
Desse modo, a estratégia da firma 2 com q1
2 = 15 é definida de forma análoga à da firma 1:
 
q
se q e q t t
caso contr
t
t t2
1 215 15 15 1 2 1
20
     , , , , ...,
, árrio



 (7.9)
Se as duas firmas utilizarem as estratégias apontadas em 7.8 e 7.9, ambas passarão a produzir 15 
unidades no primeiro período. Se as duas produzem 15 unidades no primeiro período, a estratégia do 
gatilho mostra que elas devem produzir 15 unidades no segundo; como ambas produzem 15 unidades 
no segundo período, devem produzir 15 unidades no terceiro, e assim por diante, em todos os períodos. 
Logo, em todos os períodos, a produção total do duopólio será de 30 unidades.
No entanto, observe que, se esse mercado fosse um monopólio, com a mesma curva de demanda 
(P = 100 - Q) e condições de custo marginal (CMg = 40), teríamos o equilíbrio definido com a firma 
monopolista produzindo 30 unidades e praticando preço de $ 70.
A estratégia do gatilho, portanto, impõe uma situação em que o preço de monopólio poderá ser 
observado em todos os períodos. Se pudermos mostrar que essas estratégias formam um equilíbrio de 
Nash (nenhuma firma tem incentivo para desviar de sua estratégia), teremos uma teoria que explica 
como um conluio pode ser sustentado por firmas maximizadoras de lucro.
Caso a firma 2 utilize a estratégia 7.9, a firma 1 terá um lucro de $ 450 em cada período ao usar a 
estratégia 7.8:
1 100 30 15 40 15 450       
Dessa maneira, seu payoff torna-se 450 / r. Considere agora que a firma 1 escolha uma estratégia 
diferente. Qualquer estratégia diferente deve implicar a firma 1 produzindo uma quantidade distinta de 
15 unidades em algum período. Caso qt
1 15≠ , a firma 2 descobrirá após o período 1 que a firma 1 se 
desviou do acordo de conluio. Segundo a estratégia adotada pela firma 2, ela responderá produzindo 20 
unidades em todos os períodos subsequentes. Como a firma 1 sabe que a firma 2 vai responder assim, 
ela também vai produzir 20 unidades nos períodos futuros depois de se desviar das 15 unidades no 
período 1, já que produzir qualquer outra quantidade diminuiria seus lucros do período 2 em diante. 
Temos que, se qt
1 15≠ , o payoff da firma 1 será:
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Unidade II
 
1
1
1
1
1
1
1100 15 40
1

   



 
q q q
r
Valor presente dos lucros
no período
Soma do valor presente
d
r r
1
400
1� ����� �����

 
oos lucros futuros
���
 (7.10)
O primeiro termo do lado direito da equação 7.10 representa o lucro descontado do período 1, e o 
segundo termo, a soma dos lucros descontados dos períodos futuros. Dado que a firma 1 se desvia do 
nível de produto de conluio (15 unidades) no primeiro período, a equação 7.10 mostra que o tamanho 
da diferença entre q1
t e 15 afeta os lucros presentes, mas não os lucros futuros. Isso acontece porque a 
punição decorrente da trapaça é independente do quanto que a firma trapaceou. Portanto, de acordo 
com a função de reação da firma 1, esta maximiza o payoff descrito em 7.10, produzindo:
q q1
1
1
230 0 5 30 0 5 15 22 5      , , ,
A quantidade q1
1 = 22,5 maximiza o lucro do período atual para a firma 1. Substituindo esse resultado 
na equação 7.10, encontramos o maior payoff que a firma 1 pode obter ao escolher uma estratégia 
diferente de 7.8:
� 1
100 22 5 15 22 5 40 22 5
1
400
1

      
  
 
, , ,
r r r
 
1
506 25
1
400
1

  
 
,
r r r (7.11)
O gráfico a seguir ilustra a trajetória temporal do lucro obtido por uma das firmas ao permanecer 
no conluio (receber $ 450 todo período) e do lucro obtido ao trapacear o conluio (receber $ 506,25 no 
primeiro período e $ 400 em cada período posterior). Assim, a trapaça fornece lucros maiores no início, 
mas lucros menores no futuro, pois ela intensifica a competição.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Lucro de
conluio
Lucro depois
da trapaça
Tempo
t =  – 1t = 10
400
450
506,25
Πi
Figura 32 – Lucro de conluio versus lucro de trapaça
Portanto, visto que a firma 2 adota a estratégia 7.9, a firma 1 auferirá lucro descontado de 450 / r se 
adotar a estratégia 7.8. Por outro lado, o maior payoff que a firma 1 poderá obter ocorrerá se ela escolher 
a estratégia 7.10. Dessa forma, a estratégia 7.8 maximiza o payoff da firma 1 se, e somente se:
 
450 506 25
1
400
1r r r r

  

,
( ) (7.12)
Isolando r na equação 7.12:
450
506 25
1
400
1
450
506 25 400
1
450 1

  







 
 

r
r r r
r
r
r
,
( )
,
   


506 25 400
56 25 50
0 8889
,
,
,
r
r
r
Ou seja, a condição 7.12 acabará tornando-se válida se a taxa de desconto for inferior a 0,89. Em 
outras palavras, se a firma 1 valorizar suficientemente os lucros futuros (isto é, se r for suficientemente 
pequeno), ela preferirá produzir 15 unidades em cada período em vez de trapacear e produzir mais 
do que 15 unidades. Pelo mesmo argumento, podemos mostrar que a estratégia da firma 2 em 7.9 
maximizará a soma de seus lucros descontados se rlucros futuros, ela escolherá 
não trapacear.
Torna-se claro que, se r > 0,89, a estratégia do gatilho não proporciona um equilíbrio de Nash. Nesse 
caso, cada firma preferiria trapacear a produzir 15 unidades. No entanto, estratégias similares com um 
produto de conluio maior podem formar um equilíbrio de Nash. Por exemplo, se a taxa de desconto 
estivesse dentro de um intervalo em que 0,89o 
mercado deve apresentar demanda relativamente inelástica. De outro modo, o preço não poderia ser 
muito mais alto que o preço competitivo, sob pena de forte queda da demanda. 
São exemplos de cartel a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Conselho 
Intergovernamental dos Países Exportadores de Cobre (Cipec) e a International Bauxite Association 
(IBA). Todos os cartéis citados são internacionais, e seus participantes são países. Isso ocorre porque, 
em praticamente todos os países, os cartéis de empresas são proibidos por lei, ou seja, as firmas que 
formam cartéis agem, de modo geral, ilegalmente – e, ainda que atuantes, esses cartéis não vêm a 
público anunciar sua existência. Por outro lado, os cartéis cujos participantes são países não enfrentam 
o mesmo problema, pois os países são soberanos. Não há uma instância superior que possa impedi-los 
de formar cartéis.
Em função da existência de legislação antitruste, muitas empresas tornam-se receosas de coordenar 
seus esforços de maneira explícita, caracterizando, assim, a formação de cartel. Quando é esse o intuito, 
elas recorrem a métodos mais ardilosos de coordenação de esforços. Entre esses métodos estão a 
sinalização de preços e a liderança de preços.
A sinalização de preços é uma forma de conluio na qual algumas firmas de determinada indústria se 
revezam no anúncio de aumento de preços, esperando que as outras as acompanhem. Dessa maneira, 
mesmo sem estar em comunicação direta, as firmas podem aumentar periodicamente os preços cobrados 
pela indústria.
A liderança de preços é uma forma de determinação de preços na qual a empresa líder do setor 
anuncia regularmente alterações de preços que, mais tarde, serão acompanhadas pelas outras empresas 
pertencentes à indústria. Esse padrão ocorre quando uma empresa (a líder) detém grande market share 
em relação às outras empresas da indústria, e um grupo de empresas menores (as seguidoras) provê o 
restante do mercado. A empresa líder, desse modo, escolhe o preço que maximiza seus lucros, e as outras 
a seguem. Ao fazer isso, as empresas da indústria se comportam como se fossem um monopólio.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Exemplo de aplicação
Liderança de preços
Suponha que uma grande empresa (líder, L) e outras seis empresas menores (seguidoras, S) forneçam 
equipamentos eletrônicos para maquinários. As seguidoras vendem os componentes ao mesmo preço 
que a líder. Por sua vez, a líder permite que outras empresas vendam a quantidade que desejarem ao 
preço estabelecido. A demanda total pelos equipamentos é dada pela seguinte função:
P = 10.000 - 10Q
Em que Q = qL +qS, ou seja, a produção total (Q) é a soma da produção da líder (qL) com a das 
seguidoras (qS). A função de custo marginal da líder é:
CMgL = 100 + 3qL
A função de custo marginal agregado das outras seis seguidoras é:
S
S SCMg q

  
1
6
50 2
Estamos interessados em determinar a produção ótima da líder e das seguidoras, bem como o preço 
de venda dos equipamentos, visto que todas as firmas estão empenhadas em maximizar seus lucros. 
A firma líder maximiza seus lucros igualando seu custo marginal (CMgL ) à sua receita marginal 
(RMgL), obtida a partir da diferenciação de sua receita total (RTL), dada por:
RTL = PqL
Sabendo-se que Q = qL + qS, então qL = Q - qS. Pela função de demanda, a quantidade total do setor 
(Q) é:
Q = 1.000 - 0,10P
Para obter qs, devemos observar que a líder permite que as empresas seguidoras vendam a quantidade 
que desejarem ao preço (P) determinado por ela. Logo, as empresas seguidoras enfrentam uma função 
de demanda horizontal dada por:
RMgs = P
Para maximizar seus lucros, as empresas seguidoras operarão no ponto em que:
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Unidade II
RMg CMg
P q
q P
S
S
S
S
S

 
 


1
6
50 2
0 50 25,
Como qL = Q - qS e Q = 1.000 - 0,10P, então:
q P P
q P
P
L
L
     
 
 
1 000 0 10 0 50 25
1 025 0 60
1 708 3333 166
. , ,
. ,
. , , 667qL
Agora podemos calcular a receita total e a receita marginal da firma líder:
RT Pq
RT q q
RMg
RT
q
L L
L L L
L
L
L

  
 

 
1 708 3333 16667
1 708 3333
. , ,
. , 33 3334, qL
Fazendo CMgL = RMgL:
100 3 1 708 3333 3 3334
253 945
  

q q
q
L L
L
. , ,
,*
Ou seja, o nível de produção ótimo da firma líder é de 253,9 unidades. Substituindo esse valor na 
função de demanda:
P
P
*
*
. , , ( , )
. ,
 

1 708 333 16667 253 945
1 285 083
Logo, o preço de venda desse mercado será de $1.285,08. O nível de produção ótimo das firmas 
seguidoras, por sua vez, será igual a:
q
q
S
S
*
*
, . ,
,
   

0 50 1 285 083 25
617 542
Isto é, o nível de produção ótimo das firmas seguidoras será de 617,5 unidades.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
8 INTRODUÇÃO A POLÍTICAS ANTITRUSTE E REGULAÇÃO ECONÔMICA
Apresentaremos agora as razões e a forma pelas quais os governos utilizam o seu poder de coerção 
para afetar o processo de decisão dos agentes econômicos que atuam em estruturas caracterizadas pela 
existência de significativo poder de mercado. 
Se os mercados pudessem ser completamente descritos pelas hipóteses do que caracteriza a 
competição perfeita (ou até mesmo os oligopólios competitivos), não haveria nenhum motivo para que 
o poder público utilizasse o seu poder coercitivo a fim de limitar o universo de escolha dos agentes que 
exercem poder de mercado excessivo. Com isso, os teoremas do bem-estar garantiriam que a ação dos 
agentes econômicos automaticamente geraria uma situação de ótimo de Pareto, isto é, em que seria 
impossível elevar o bem-estar de um agente sem reduzir o bem-estar de outro.
 Observação
O primeiro teorema do bem-estar afirma que qualquer equilíbrio 
competitivo é Pareto eficiente, ou seja, uma alocação alcançada por um 
conjunto de mercados competitivos será necessariamente eficiente no 
sentido de Pareto.
Inicialmente, serão abordadas as razões que poderiam justificar a intervenção governamental. 
Na sequência, serão estudadas as duas formas pelas quais o poder público tenta corrigir as falhas de 
mercado que surgem quando as hipóteses de concorrência perfeita não são aplicadas: a legislação 
antitruste e a regulação econômica.
8.1 Políticas públicas antitruste
A cooperação entre oligopolistas (seja via concentração horizontal, seja via conluio) pode não ser 
desejável do ponto de vista do bem-estar social, pois em geral determina um nível de produção menor 
e um preço de venda maior do que o socialmente ótimo. Por isso, torna-se necessário que o Estado 
desempenhe seu papel regulador a fim de salvaguardar a concorrência, através de agências reguladoras, 
de órgãos públicos de defesa da concorrência ou de leis antitruste.
A legislação antitruste proíbe explicitamente acordos entre oligopolistas. Entretanto, oligopolistas 
desejam criar fusões ou conluios para obter lucros de monopólio. As leis antitruste, para impedir que 
ações anticompetitivas sejam possíveis, devem tornar ilegais os atos de agentes econômicos que 
procuram restringir o comércio ou a tentativa de monopolização do mercado.
As primeiras leis antitruste surgiram nos Estados Unidos, no fim do século XIX. A evolução das leis 
e da teoria econômica no século XX levou a justiça americana a adotar duas abordagens diferentes ao 
julgar casos de antitruste nos EUA: o critério per se e a regra da razoabilidade.
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Unidade II
O critério per se implica uma proibição absoluta de certo tipo de comportamento: o órgão de defesada concorrência precisa apenas certificar-se de que o comportamento efetivamente ocorreu para 
punir a firma que agiu de forma a restringir a competição. Quando esse critério é aplicado, o ato de 
concentração (a prática restritiva) é considerado ilegal, sem que para isso seja necessário investigar os 
efeitos obtidos, danosos ou benéficos.
 Observação
Ato de concentração é a fusão de duas ou mais empresas anteriormente 
independentes, a aquisição de controle ou de partes de uma ou mais 
empresas por outras, a incorporação de uma ou mais empresas por outras, 
ou ainda a celebração de contrato associativo, consórcio ou joint venture 
entre duas ou mais empresas.
Em geral, o critério per se é aplicado quando a lei requer menos esforços dos agentes reguladores 
e não há necessidade de grande dispêndio de recursos para a investigação. Esse critério também é 
utilizado em algumas situações específicas, como a cartelização e a fixação de preços. Desse modo, se 
houver fixação de preços acima do nível competitivo pelas maiores firmas pertencentes a determinado 
mercado relevante e isso reduzir a quantidade ofertada e o excedente do consumidor (além de não 
criar redução de custos), essa ação restringirá a competição e causará perda relativa de bem-estar. A 
aplicação da regra per se a esse caso, proibindo esse tipo de conduta, seria eficaz do ponto de vista do 
bem-estar social.
As leis que obedecem à regra da razoabilidade, por sua vez, requerem análises mais aprofundadas 
do que a mera constatação da ocorrência do fato. A conduta é ilegal apenas se apresentar um efeito 
anticompetitivo líquido. A agência observa os efeitos do comportamento e contrabalança os prejuízos 
com os eventuais benefícios do ato. O exame é feito caso a caso, e não há punição se as eficiências 
econômicas compensam os efeitos anticompetitivos. Assim, diferentemente do critério per se, a ilegalidade 
não é presumida a priori pela regra da razão, pois se considera que o efeito líquido anticompetitivo, por 
razões econômicas antes que legais, não pode ser presumido sem um exame minucioso da ponderação 
entre os dois tipos de efeito. A razoabilidade é a forma de aplicação da lei mais difundida entre os 
países industrializados. No Brasil, a Lei nº 8.884/94 adota esse critério tanto para a análise dos atos de 
concentração quanto para a das condutas anticompetitivas.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 Saiba mais
A primeira lei antitruste americana foi a Sherman Act, de 1890. Em 
essência, essa lei consolidou e sistematizou as questões que eram antes 
contestadas judicialmente sob o ponto de vista de prejuízos individuais. A 
inovação mais importante da Sherman Act foi permitir a contestação de 
contratos, acordos ou práticas comerciais por iniciativa do Estado ou de 
terceiros. Com isso, a legislação antitruste passou a tratar a concorrência 
como um bem jurídico de interesse da sociedade, e não apenas um direito 
das empresas eventualmente prejudicadas por práticas anticompetitivas. 
Leia mais a respeito em:
VISCUSI, W. K.; VERNON, J. M.; HARRINGTON, J. E. Economics of 
regulation and antitrust. 4th ed. Cambridge: The MIT Press, 2005.
8.2 Análise de antitruste no Brasil
A base legal do controle de fusões no Brasil encontra-se definida pela Lei nº 8.884/94, de 11 de junho 
de 1994. Essa lei propõe o sistema atual de defesa da concorrência (controle de estrutura e conduta), 
que é composto dos seguintes órgãos:
• Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – ligado ao Ministério da Justiça.
• Secretaria de Direito Econômico (SDE) – também ligado ao Ministério da Justiça.
• Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) – ligado ao Ministério da Fazenda.
A Lei nº 8.884/94 prevê que esses órgãos analisem todas as práticas anticompetitivas que ocorrem 
em território nacional. Ao Cade é reservada a análise das ações anticompetitivas apresentadas no quadro 
a seguir:
Quadro 4
Horizontais Verticais
Condutas Acordo de preços entre 
competidores Exclusividade na distribuição
Atos de concentração Fusão entre concorrentes Aquisição, pelo produtor, do 
fornecedor de matéria-prima
De acordo com a Lei nº 8.884/94, os atos de concentração deverão ser notificados quando:
• O market share resultante for superior a 20% do mercado relevante.
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Unidade II
• Uma das empresas envolvidas apresentar um faturamento bruto maior ou igual a R$ 400 milhões.
A operação de concentração horizontal ou vertical poderá ser aprovada pelos órgãos de defesa da 
concorrência se ocorrer compromisso de desempenho ou se ela produzir benefícios como:
• Aumento de produtividade.
• Melhoria da qualidade de bens e serviços. 
• Incremento da eficiência e do desenvolvimento econômico e tecnológico. 
O procedimento adotado pelos órgãos brasileiros de defesa da concorrência para a análise de atos 
de concentração consta de cinco etapas principais, ilustradas na figura a seguir:
ETAPA I
Há impacto estrutural?
ETAPA II
Há efeitos notoriamente nocivos?
ETAPA III
Há barreiras à entrada tempestiva,
possível e suficiente?
ETAPA IV
Há eficiências compensatórias?
ETAPA V
Há razões de bem comum?
Definição do 
mercado relevante
Há parcela
substancial de
mercado?
Exercício de poder
de mercado é
provável?
Eficiências
Custo do exercício de
poder de mercado é
maior do que as
eficiências geradas?
SIM
SIM
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
% de mercadoo exercício unilateral de poder de mercado. Na avaliação sobre o exercício 
coordenado de poder de mercado, entram as avaliações de estrutura, para a averiguação da existência 
de condições que possibilitem essa prática.
8.3 Fundamentos de regulação econômica
Regulação refere-se à limitação imposta sobre a decisão discricionária dos indivíduos ou organizações, 
garantida pelo poder de sanção e/ou coerção. A intervenção do Estado no intuito de regular os mercados 
pode ocorrer de duas formas:
• Direta: a partir da utilização de propriedades públicas.
• Indireta: a partir da regulação dos mercados.
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Unidade II
 Observação
Regulação econômica refere-se a substituição dos mecanismos de 
mercado, metas mais amplas, como universalização dos serviços, integração 
regional e proteção ambiental, e depende de ações contínuas.
Trataremos agora da forma de intervenção indireta dos governos no mercado. De um modo geral, 
a teoria econômica identifica duas situações nas quais a intervenção governamental poderia levar 
a resultados superiores em termos de bem-estar em relação à solução de equilíbrio competitivo: a 
ocorrência de monopólios naturais e a existência de externalidades.
8.3.1 Monopólios naturais
Determinado mercado é caracterizado como monopólio natural quando, em um nível de produção 
socialmente ótimo, os custos da indústria são minimizados contando apenas com uma firma. Na prática, 
a produção de um bem ou serviço em particular é realizada de tal forma que minimiza o custo médio 
de produção da indústria. Ou seja, se a oferta de dado volume de produção em certo mercado fosse 
realizada por várias empresas, a soma dos custos de produção delas seria superior aos custos que uma 
eventual firma monopolista teria ao oferecer sozinha a mesma quantidade que todas as outras firmas 
produziriam.
 Lembrete
O monopólio natural ocorre quando uma empresa é capaz de produzir 
a quantidade total ofertada por uma indústria a um custo inferior ao de 
várias empresas. O monopólio natural, portanto, surge nos mercados em 
que ocorrem grandes economias de escala.
Logo, para o caso de uma única firma, se os custos médios de longo prazo são declinantes para todas 
as quantidades, o custo de produzir qualquer quantidade é minimizado por termos uma única firma 
produzindo o produto. Nesse caso, o mercado é um monopólio natural independentemente da demanda 
de mercado. Se uma empresa tem o monopólio natural de um setor, é mais prático deixar que ela sirva 
sozinha a esse mercado do que deixar outras entrarem para competir. 
Formalmente, suponha que CMe(q) é o custo médio associado com a produção de certa quantidade 
q. Esse mercado se caracterizaria como um monopólio natural se:
 CMe q CMe q CMe q q1 1 2 2 1 1 2        (7.13)
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Em que q1 e q2 representam dois níveis de produção dados e q1 + q2 é a produção total do setor. 
Logo, se duas firmas diferentes produzirem q1 e q2 e o custo médio desse nível de produção for superior 
ao que uma empresa teria se produzisse todas as unidades sozinha, teremos uma situação propícia à 
existência de monopólio natural. Essa função de custo médio (7.13) é conhecida como subaditiva e é 
ilustrada no gráfico a seguir:
$
CMe(q1)
CMe(q2)
CMe(q1 + q2)
0 q1 q2
C
B
A
q
CMe(q)
q1 + q2
Figura 34 – Função de custo médio subaditiva
A função de custo subaditiva pode caracterizar a existência de significantes economias de escala. 
Esse é o caso em que o nível tecnológico existente impõe grandes custos fixos e baixos custos marginais, 
e assim o intercepto das curvas de custo marginal e de demanda fica abaixo da curva de custo médio. 
Esse fato é demonstrado na figura que se segue:
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Unidade II
$
PM
PMN
PCP
0
RMg(q)
qM qMN qCP
D(q)
CMg(q)
CMe(q)
Fixando-se o preço máximo em PMN, obtém-se 
maior nível possível de produção, o lucro é 
zero e CMe = RMe
Lucro de monopólio na 
ausência de regulação
Prejuízo quando
P = CMg
q
Figura 35 – Regulamentação de mercado em monopólio natural
Em primeiro lugar, façamos uma análise do monopólio tradicional. De acordo com essa figura, um 
monopólio irá produzir a quantidade qM ao preço pM. Nesse ponto, em que o custo marginal cruza com 
a receita marginal, dá-se a maximização do lucro do monopolista. Constata-se que a quantidade qM é 
bastante baixa, e o preço pM, por outro lado, é consideravelmente elevado. Com isso, há uma piora no 
bem-estar da sociedade em relação ao que ela poderia obter se a produção se desse em seu nível ótimo, 
de concorrência perfeita, indicado pelo par que representa a quantidade qCP e o preço pCP. Observa-se 
ainda que o preço PCP é muito inferior ao preço de monopólio e que a quantidade qCP é muito maior do 
que a quantidade de monopólio. No ponto de competição perfeita, ocorre um prejuízo para a empresa, 
indicado pela área do retângulo destacado de verde na figura.
Os monopólios naturais costumam ser regulados ou operados pelo governo. Quando atua como 
regulador, o governo pode reduzir o poder de mercado dos monopólios a partir de instrumentos de 
controle de preços. A autoridade reguladora, por exemplo, pode forçar o monopólio a operar no ponto 
em que o preço iguala o custo marginal, PCP = CMg, o que não cobriria seus custos representados pela 
área de prejuízo na figura anterior, e o monopólio abandonaria o negócio. 
O método mais utilizado para regulamentar monopólios naturais é o average cost pricing, ou seja, 
o preço fixado ao nível do custo médio. Na figura anterior, essa produção pode ser visualizada ao preço 
PMN e à quantidade qMN. A empresa que produz nesse nível não obtém lucro extraordinário, mas também 
não incorre em prejuízo, ou seja, os custos são cobertos, mas a produção fica abaixo do nível eficiente. 
A sociedade, por outro lado, teria a perda de bem-estar reduzida pelo fato de poder contar com uma 
produção maior a um preço mais baixo do que o que vigoraria no caso de um monopólio tradicional.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Em geral, o controle de preços pode ser efetuado de várias maneiras. Uma delas é a imposição de 
uma limitação sobre o valor nominal do preço, também conhecida como fixação de um preço-teto (ou 
price cap). Uma forma usual de controle de preços via preço-teto é a aplicação de limitadores sobre a 
taxa máxima de reajuste permitida para determinado serviço. Por exemplo, no Brasil, frequentemente 
utiliza-se a regra de reajuste de preços a partir de um índice de inflação (Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna [IGP-DI], Índice Geral de Preços do Mercado [IGP-M] ou Índice Nacional de 
Preços ao Consumidor Amplo [IPCA]) descontado de um fator atribuído pela agência reguladora.
Uma das formas de controle de preços mais usadas, principalmente nos marcos regulatórios 
executados nos Estados Unidos, é a limitação da taxa de retorno sobre o capital (R). Nesse caso, a 
agência reguladora pode controlar os preços indiretamente a partir de outras variáveis econômicas 
fixadas pelas firmas, que não o preço ou a quantidade produzida. De maneira específica, é calculado um 
índice no qual:
R
RT wL rK
p KK
  
Em que RT denota o faturamento total derivado da venda dos vários produtos oferecidos pela 
firma regulada, wL representa o custo com mão de obra (L) a uma taxa de salário (w) e rK é o custo 
de utilização do capital (K) empregado na produção e ponderado pela taxa de utilização de capital 
(r). O denominador PKK representa o valor do estoque de capital instaladoda firma, em que Pk é o 
preço unitário de cada unidade instalada. A variável PKK também pode ser entendida como o custo de 
oportunidade do investimento dos proprietários.
De posse dessas informações, a agência reguladora pode agir estipulando valores para a variável R, 
que representa a taxa de retorno sobre o capital. Por esse critério, os preços devem remunerar os custos 
totais e conter uma margem que proporcione uma taxa de retorno positiva aos investidores.
 Lembrete
Como o índice de monopólio de Bain, a taxa de retorno sobre o 
capital representa um índice de lucratividade, pois ambos os indicadores 
relacionam as receitas auferidas pela firma e subtraem os custos envolvidos 
na produção.
Além do controle de preços, existem outros métodos de regulamentação de monopólios naturais. 
O governo também pode obrigar a empresa monopolista a atuar com níveis de preço e produção 
diferentes dos de um monopólio através da imposição de uma tarifa (sistema conhecido como marginal 
cost pricing with lump taxes). Outro método de regulamentação de monopólios naturais é a utilização 
do sistema de tarifa em duas partes (two-part tariff), em que é cobrada uma taxa de ingresso a quem 
desejar adquirir o bem. Em qualquer um dos casos, a regulamentação torna-se necessária para cobrir o 
prejuízo imposto à sociedade.
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Além de poder regular monopólios naturais, o governo pode operá-los. Quando o governo opera 
o monopólio, ele cobra um preço igual ao custo marginal, PMN = CMg, e compensa o prejuízo com um 
subsídio fixo. São exemplos de monopólio natural operado pelo governo o transporte público de ônibus 
e de metrô.
Muitos monopólios fazem parte dos serviços chamados de utilidade pública. Alguns exemplos são 
a transmissão e distribuição de energia elétrica e o fornecimento de água encanada e do sistema de 
esgotos. A grande maioria deles é formada por monopólios naturais, pois as empresas que os fornecem 
incorrem em situações de mercado em que há significativas economias de escala, de modo que apenas 
uma empresa é capaz de suprir a demanda pelo produto ou serviço, com custos inferiores aos que 
existiriam se houvesse mais de uma empresa atuando nesses mercados.
Em setores como o de fornecimento de gás, a construção (e manutenção) de gasodutos envolve 
custos fixos altos, enquanto bombear gás para dentro de um gasoduto já pronto (custo marginal) custa 
muito pouco. Em empresas de telefonia, há um alto custo na instalação de fios e redes de comutação, 
mas um baixo custo em uma unidade extra de serviço telefônico.
Exemplo de aplicação
Precificação avançada no setor de energia elétrica
O setor de energia elétrica se divide em dois segmentos principais: geração e distribuição. No 
segmento de distribuição atuam empresas como a Eletropaulo, que administram os postes e fios que 
transportam a energia até os consumidores finais. Já empresas de geração de energia, como Furnas, são 
proprietárias das usinas hidrelétricas ou termelétricas, que produzem a energia.
O setor de distribuição pode ser considerado um monopólio natural. Em países onde esse setor é 
predominantemente controlado por empresas privadas, como o Brasil, os preços que o monopolista 
pode cobrar são normalmente regulados pelo governo. Já o setor de geração não é – por natureza – um 
monopólio natural. No Brasil, esse setor torna-se cada vez mais competitivo à medida que empresas 
privadas começam a concorrer com as tradicionais empresas estatais, como Eletrobras e Cemig. 
A Eletropaulo é a empresa responsável pela distribuição de energia na cidade de São Paulo, vendendo 
o produto no “varejo” para consumidores finais, como residências e indústrias. Suponha que a curva de 
demanda por energia elétrica em São Paulo possa ser descrita pela seguinte equação:
P = 350 - 0,05Q
Por sua vez, a função de custo total para a distribuição de energia elétrica é:
CT = 100.000 + 150Q
Em que o preço (P) é dado em reais por megawatt-hora (MWh) e a quantidade (Q) em milhares de 
MWh por mês.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
a) Calcule o preço e a quantidade que seriam praticados se a empresa operasse em um mercado de 
perfeita competição.
Resolução
Para um mercado de perfeita competição, o preço deve ser igual ao custo marginal, P = CMg. Como:
CMg
CT
Q
 

150
Portanto, P = 150. Substituindo esse resultado na função de demanda:
150 350 0 05
4 000
  

– ,
.
Q
Q
Ou seja, a quantidade demandada de energia elétrica em São Paulo será de 4.000.000 de MWh por mês.
b) A Eletropaulo, entretanto, é um monopólio. Suponha que o governo não controle o preço cobrado 
pela concessionária. Calcule o preço e a quantidade com que a empresa monopolista maximizaria 
seu lucro, assumindo que a empresa cobre um único preço de todos os consumidores.
Resolução
Para um monopólio, a maximização de lucro ocorre onde a receita marginal é igual ao custo marginal. 
A receita marginal da empresa é dada por:
RT PQ Q Q
RMg
RT
Q
Q
   
 

 
350 0 05
350 0 1
– ,
,
Fazendo RMg = CMg, a fim de chegar ao lucro máximo, temos:
350 0 1 150
2 000
 

,
.
Q
QM
Portanto, a empresa produz 2.000.000 de MWh por mês. Usando-se a curva de demanda dada pelo 
enunciado, o preço a ser praticado será:
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Unidade II
P
PM
  

350 0 05 2 000
250
– , .
$
Como o preço será de R$ 250 e a quantidade vendida de 2.000, para calcular o lucro, basta fazer:



 
      

RT CT
250 2 000 100 000 150 2 000
100 000
. . .
.
c) Sabendo que se trata de um monopólio natural, o governo, por meio da agência reguladora do 
setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estabelece regras regulamentando o preço 
que a empresa pode cobrar através de um sistema de preço-teto. Supondo que o governo queira 
maximizar a eficiência econômica (ou seja, minimizar o peso morto), qual preço-teto o governo 
irá estabelecer? (Assuma que seria um único preço para todos os consumidores.) O governo 
conseguirá eliminar o peso morto nesse caso?
Resolução
O governo não consegue eliminar o peso morto de um monopólio natural. Isso acontece porque, por 
definição, um monopólio natural tem custo total médio sempre decrescente (ou economia de escala). 
Para que ocorra um monopólio natural, portanto, o custo marginal deve ser menor do que o custo total 
médio para qualquer quantidade. 
Assim, se o governo fizer P = CMg para zerar o peso morto, mas CMgregulado será de:
PR     350 0 05 3 414 21 179 29, . , $ ,
Observe que o preço regulado é inferior ao preço de monopólio, mas superior ao preço que vigoraria 
em competição perfeita:
P P PM R    250 179 29 150,
8.3.2 Externalidades
Externalidades são ações de algum indivíduo ou empresa que impõem custos (ou benefícios) a outro 
indivíduo ou empresa. Quando a ação de um agente gera custos a outrem, temos uma externalidade 
negativa. Quando a ação gera um benefício, temos uma externalidade positiva.
 Observação
Externalidades ocorrem quando a ação de um agente econômico afeta 
o bem-estar de outro agente econômico.
Há externalidade de consumo se um consumidor é afetado pelo consumo de outro ou pela produção 
de uma empresa. São exemplos de externalidade de consumo negativa a poluição e o trânsito produzidos 
pelos automóveis. Um exemplo de externalidade de consumo positiva é ter prazer em observar as flores 
e a vegetação no jardim cuidado pelo vizinho.
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Unidade II
Uma externalidade na produção de um bem ou serviço acontece quando as possibilidades de 
produção de uma empresa são afetadas pelas escolhas de outra empresa ou consumidor. Um exemplo de 
externalidade de produção negativa é a situação em que uma empresa de pesca é afetada por poluentes 
jogados por outras empresas ou consumidores na área de pesca. Um exemplo de externalidade de 
produção positiva é um pomar de maçãs localizado próximo a uma colmeia, que gera uma produção 
adicional de mel.
O aspecto mais importante das externalidades é a existência de bens que não são vendidos em 
mercados. Por exemplo, não há mercado para poluição ou para trânsito; ambos são resultado da 
produção e do consumo de bens que geram externalidades negativas. É essa falta de mercados para 
externalidades que causa a falha de mercado.
No modelo básico de externalidades, conhecendo suas próprias possibilidades de consumo ou 
produção, cada agente econômico toma decisões sem se preocupar com o que os outros estão fazendo. 
Eles interagem apenas quando existe mercado e toda a informação necessária é dada pelos preços de 
mercado. O mecanismo de mercado, entretanto, deve levar a alocações eficientes de Pareto, já que 
nessa situação não ocorrem externalidades. Porém, se cada consumidor ou produtor se importar com 
o consumo ou com a produção dos outros, ocorrerão externalidades e não se chegará a alocações 
eficientes de Pareto. Assim, o governo ou o sistema legal deve contribuir para que se atinja o maior nível 
de eficiência.
Para entender de maneira mais completa as consequências das externalidades, podemos considerar 
o setor de telecomunicações. As atividades de telecomunicações (telefonia fixa, telefonia móvel, serviços 
de internet, TV a cabo etc.) são um exemplo de externalidade no consumo, pois a natureza desse serviço 
envolve a comunicação entre um grande número de usuários. Formalmente, esse tipo de indústria 
apresenta externalidades de rede.
 Lembrete
Externalidade de rede é definida como aquela em que a utilidade 
derivada de consumir um produto é afetada pelo número de pessoas que 
usam produtos similares ou compatíveis.
O benefício primário para um novo assinante de telefonia celular é igual à capacidade que ele tem 
de receber e efetuar chamadas. No entanto, essa decisão de se juntar à rede de assinantes afeta outros 
agentes, que agora têm o benefício de poder fazer chamadas para esse novo assinante, bem como 
receber as chamadas dele. Como resultado, o benefício social decorrente da adição desse assinante é 
muito maior do que somente o benefício primário.
Pode-se entender o bem-estar para a sociedade como a soma do benefício individual com os 
benefícios que todos os outros assinantes da rede terão por poder ligar para esse novo assinante. Isso 
pode ser entendido melhor com a ajuda do gráfico a seguir:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
$
P*
PS
0 qP qS
q
CMg(q)
Peso morto
Benefício 
marginal (BMg)
Curva de 
demanda (D)
Figura 36 – Externalidades de rede na telefonia celular
Nessa figura, a curva de demanda (D) representa justamente o benefício para a sociedade decorrente 
do número de assinantes que acessam os serviços de telefonia celular. Por outro lado, a curva de benefício 
marginal (BMg) denota o ganho que cada assinante individual auferiria com a sua decisão de se juntar 
à rede. Em uma solução de mercado livre, com CMg = BMg, a empresa de telefonia celular cobraria dos 
assinantes somente o custo marginal – o que está denotado por P* no gráfico. No entanto, a esse preço, 
a quantidade de assinantes disposta a se juntar à rede é apenas qP. Para que a quantidade de assinantes 
fosse a socialmente ótima qS*, o preço cobrado por assinante deveria ser PS. A esse preço, porém, a 
empresa prestadora do serviço também não obteria lucro. 
O ótimo social, qS*, pode ser alcançado com um subsídio governamental. O subsídio ótimo por 
assinante pode ser definido pela diferença entre o preço recebido pelas empresas de telefonia (P*) e o 
preço pago pelos consumidores (PS) no ponto em que a quantidade é socialmente eficiente (qS). O subsídio 
ótimo elimina a perda de peso morto que surgiria sem ele. Esse tipo de argumentação fundamenta o uso 
das metas de universalização de serviços telefônicos atualmente vigentes.
Exemplo de aplicação
Taxas de emissão
Um estudo científico sobre gases de efeito estufa na atmosfera mostrou as seguintes informações 
sobre os benefícios e os custos de emissão de dióxido de enxofre:
• Benefícios da redução da emissão: BMg = 500 - 20Q
• Custos da redução da emissão: CMg = 200 + 5Q
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Unidade II
Em que Q é a quantidade reduzida de poluente em milhões de toneladas. Os benefícios e os custos 
são medidos em US$/tonelada.
a) Qual o nível socialmente eficiente de redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera?
Resolução
O nível socialmente eficiente de redução de emissão de poluentes ocorre no ponto em que o benefício 
marginal iguala o custo marginal, BMg = CMg. Assim:
500 20 200 5
12
  

Q Q
Q
Portanto, no nível socialmente ótimo, a redução de emissão de poluentes deveria ser igual a 12 
milhões de toneladas.
b) Quais são os benefícios e os custos marginais da redução nos níveis socialmente eficientes?
Resolução
Como Q = 12, substituindo esse resultado nas funções relativas a BMg e CMg, encontramos, 
respectivamente:
BMg
CMg
    
    
500 20 20 260
200 5 20 260
Ou seja, a redução da poluição ao nível de 12 milhões de toneladas iguala o benefício ao custo 
marginal social.
c) O que ocorre com os benefícios sociais líquidos quando o governo impõe uma taxa de emissão que 
reduz o lançamento de poluentes a 1 milhão de toneladas acima do nível eficiente?
Resolução
O benefício social líquido é a diferença entre benefícios e custos. Esse resultado é representado no 
gráfico a seguir:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
500
280
265
260
255
240
200
$
0
A
B
C
D E
11 12 13 25
Q
Benefício
marginal (BMg)
Custo marginal 
(CMg)
Figura 37
O benefício social líquido é a área abaixo da curva de benefício marginal menos a área sob a curva de 
custo marginal. No nível socialmente eficiente de redução de poluentes, o benefício social líquido (BSL) 
é igual à área A + B + C + D na figura, ou seja:
BSL     1
2
500 200 12 1 800$ .
Logo, o benefício social líquido da redução de poluentes equivale a $ 1.800.000. Se a taxa de emissão 
for reduzida a 1 milhão de toneladas de poluentes acima do mínimo eficiente,de Porter inicia-se com a ideia de que a rentabilidade da empresa é 
determinada pela ameaça de substitutos. De acordo com o modelo, quanto maior a fidelidade à marca, 
menor o poder de bens substitutos e, consequentemente, maior a lucratividade da empresa. Por outro 
lado, quanto mais distantes do mercado relevante da firma estiverem os fornecedores de bens substitutos, 
menos o preço reagirá à demanda e a margem de lucro tenderá a aumentar.
A segunda força determinante da lucratividade é a ameaça de novos entrantes, ou seja, de 
concorrentes potenciais. Quanto maiores forem as barreiras à entrada, mais lucrativa será uma empresa. 
Tais barreiras podem surgir a partir de custos de capital elevados, economias de escala (ou vantagem 
absoluta de custos), fidelidade à marca (diferenciação objetiva do produto) e acesso exclusivo a canais de 
distribuição. Cada um desses elementos dificulta substancialmente a entrada de potenciais concorrentes.
A rentabilidade da firma também pode ser determinada pelo poder de negociação de compradores e 
fornecedores. Os compradores, por exemplo, podem ser altamente concentrados, o que aumenta o poder 
de negociação deles, resultando assim em menores margens de lucro. Fornecedores exclusivos também 
podem reduzir a lucratividade de determinada atividade. Além disso, o poder relativo de compradores 
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Unidade II
e fornecedores na cadeia de valor pode aumentar devido a falta de suprimento, estoques esgotados e 
ambiente de produção que envolve pedidos não processados. A firma, por sua vez, deve buscar reduzir 
o poder de barganha de compradores e fornecedores (procurando novas alternativas ou integrando 
verticalmente a indústria), de modo a aumentar a rentabilidade do setor.
A última opção para sustentar a lucratividade da firma em alta é evitar grandes rivalidades e manter 
relações próximas e cooperativas com os concorrentes. A intensidade da rivalidade em determinado 
mercado relevante depende de diversos fatores, como concentração do setor, grau de concorrência via 
preços, presença de barreiras à saída, taxa de crescimento do setor e rigidez de custos. 
 Observação
Rigidez de custos é a manutenção de uma relação percentual estável 
entre custos fixos e custo total na estrutura típica de custos da firma. As 
margens de lucro tendem a ser maiores quando a relação custo fixo/custo 
total é elevada.
Normalmente, a rivalidade é evitada quando uma firma deixa de concorrer via definição de preços 
para concorrer em outras modalidades – por exemplo, qualidade do serviço, tecnologia, conforto, 
pós-vendas etc.
 Saiba mais
O professor Michael Porter, da Harvard Business School, é atualmente a 
principal autoridade em estratégia competitiva. Ele recomendou três tipos 
de estratégia de negócios, além da venda a preços baixos, para conquistar 
maior participação de mercado e se proteger da ameaça de concorrentes: 
baixo custo, segmentação de mercado e diferenciação de produto. Leia 
mais a respeito em:
PORTER, M. Competitive strategy: techniques for analyzing industries 
and competitors. New York: The Free Press, 1980.
Exemplo de aplicação
Concorrência via preços versus concorrência não relacionada a preços no setor aeroviário
Muitas vezes, a concorrência por outras modalidades que não o preço reflete a diferenciação do 
produto disponível. Por outro lado, a incidência de concorrência via preços pode ser determinada pela 
estrutura de custos prevalecente no setor em que se dá a disputa. Se os custos fixos forem elevados 
(relativamente ao custo total), a firma deverá captar clientes adicionais para cobrir esses custos. 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Dessa forma, para obter uma maior parcela de mercado, a firma deverá oferecer descontos cada 
vez maiores, reduzindo sua margem bruta. Esse é o caso, por exemplo, do setor aeroviário, cuja margem 
bruta consideravelmente alta reflete os enormes custos fixos envolvidos no arrendamento de aviões e 
das instalações aeroportuárias.
Considere a seguinte análise da alteração de venda no ponto de equilíbrio de uma empresa aérea 
que procura aumentar sua participação no mercado através da redução em 10% (1 - 0,1 = 0,9) no preço 
das passagens (P0). Nesse caso, temos:
P CMg Q P CMg Q
P CMg Q P CMg Q Q
0 0 0 1
0 0 0 0
0 9
0 9
    
      
,
, 
Em que Q0 e Q1 representam, respectivamente, as quantidades antes e depois da decisão de aumentar 
a participação de mercado, CMg é o custo marginal da firma e P0 é a receita média unitária. A receita 
menos o custo variável (medido por CMg x Q) representa a contribuição total. Se a firma deseja aumentar 
sua participação, ela deve aumentar suas contribuições totais concomitantemente a um desconto de 
10% em seus preços.
Se o desconto for bem-sucedido no aumento da contribuição total, a variação nas vendas (∆Q) 
deverá ser suficientemente grande para compensar a redução de 10% na receita média. Rearranjando 
os termos da inequação anterior e fazendo a divisão em ambos os lados por P0, obtemos:
P CMg Q
P
P CMe
P
Q Q
P CMg Q
P
P CMg
0 0
0
0
0
0
0 0
0
0
0 9 
 



 
 

 
, 
PP
P
P
Q Q
MPC Q MPC Q Q
0
0
0
0
0 0
0 1
0 1






  
      
,
,


Em que MPC é a margem de lucro, ou a margem preço-custo, ou ainda a margem de contribuição 
da firma. Façamos, agora, a seguinte alteração no último resultado:
MPC
MPC
Q Q
Q
MPC
MPC
Q
Q
  
 
   
0 1
0 1
1
0
0
0
,
,


Assim, poderemos efetuar simulações de quanto deve ser o aumento nas vendas para sustentar 
determinada margem de contribuição definida a priori. Por exemplo, uma margem de contribuição 
de 80% implicaria um aumento de vendas mínimo de 14,3% para justificar um desconto de 10% nos 
preços, ou seja:
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Unidade II
0 8
0 8 0 1
1
1143 1
0 143 14 3
0
0
0
,
, ,
,
, , %
   
 




Q
Q
Q
Q
Q
Q
ou
5.2 Estratégia do preço-limite
Vimos que uma das formas de manutenção ou ampliação de poder de mercado depende da 
instituição de barreiras à entrada de potenciais concorrentes. Há, no entanto, algumas questões centrais 
na literatura de prevenção estratégica à entrada. São elas:
• Como as firmas incumbentes podem afetar a decisão de entrada de uma potencial concorrente?
• Se as incumbentes podem influenciar a decisão de entrada, como isso afeta o comportamento das 
firmas incumbentes?
• Se a entrada de uma nova rival não for verificada, a ameaça de entrada incentivará as firmas 
incumbentes a agir de maneira mais competitiva?
Um dos principais modelos que procuraram responder a essas questões é o de preço-limite, que é o 
uso de preços pelas firmas estabelecidas para impedir a entrada de concorrentes na indústria. Veremos, 
na sequência, como essa estratégia pode ser posta em ação.
5.2.1 Modelo Bain-Sylos
O primeiro modelo de preço-limite estabelecido na teoria econômica foi o de Bain-Sylos, desenvolvido 
de forma independente por Bain (1956) e Sylos-Labini (1969), e reproduzido por Viscusi, Vernon e 
Harrington (2005). A hipótese central desse modelo ficou conhecida como postulado de Bain-Sylos.
 Observação
Postulado de Bain-Sylos: um entrante acredita que, em resposta à 
sua entrada (ou ameaça à entrada), cada firma incumbente continuará 
produzindo na mesma taxa de produção pré-entrada da nova firma.
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O postulado de Bain-Sylos pode ser entendido a partir da visualização do gráfico a seguir:
0
C
D B’
q”0o benefício social líquido 
será igual à área A + B + C + D - E, ou seja:
BSL      1 800
1
2
265 240 1 1 787 5. $ . ,
Portanto, quando a redução de poluentes fica acima do nível eficiente, o benefício social líquido cai 
para $ 1.787.500.
d) O que ocorre com os benefícios sociais líquidos quando o governo impõe uma taxa de emissão 
que reduz o lançamento de poluentes em 1 milhão de toneladas abaixo do nível eficiente?
Resolução
Se a política pública reduzir o lançamento de poluentes em 1 milhão de toneladas abaixo do nível 
eficiente, o benefício social líquido será igual à área A + B na figura anterior. Logo:
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Unidade II
BSL        



    1
2
500 280 11 280 260 11
1
2
255 200 11 2600 255 11 1 787 5  



 $ . ,
Ou seja, o resultado, em termos de bem-estar, será o mesmo que uma redução além do nível eficiente.
e) Por que é socialmente eficiente estabelecer benefícios marginais iguais aos custos marginais em 
vez de reduzi-los até que o benefício total se iguale ao custo total?
Resolução
Torna-se socialmente eficiente estabelecer BMg = CMg, em vez de benefício total (BT) igual a custo 
total (CT), porque desejamos maximizar os benefícios líquidos, ou seja:
Benef cios L quidos BT CT
BT
Q
CT
Q
BMg CM
Q
BMg CMg
í í max  


 



 
0
gg
Portanto, maximizar o benefício líquido total seria análogo a escolher o ponto em que o benefício 
marginal social iguala o custo marginal social. Nesse caso, como os recursos financeiros são escassos, 
estes devem ser alocados apenas para a redução dos poluentes, desde que o benefício da última unidade 
de redução seja maior ou igual ao custo da última unidade de redução.
8.4 Regulação no Brasil
De modo geral, os setores econômicos de infraestrutura (energia elétrica, telecomunicações, petróleo 
e gás, transportes etc.) têm características que os tornam candidatos a monopólios naturais. Em primeiro 
lugar, esses setores exigem grandes investimentos, principalmente em capital e em execução de projetos 
com longo prazo de maturação. Em segundo lugar, esses investimentos podem gerar importantes 
externalidades positivas (ação sobre o meio ambiente, transbordamento de tecnologia, crescimento 
econômico de outros setores etc.) e significativos custos irrecuperáveis. Em terceiro lugar, no Brasil, 
esses serviços estão sujeitos à obrigação jurídica de fornecimento.
 Observação
Como exemplos de externalidade positiva decorrente de serviços 
de infraestrutura, podemos citar a melhoria da qualidade de vida em 
face dos investimentos em geração e distribuição de energia elétrica, 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
a universalização dos serviços de telecomunicações e transportes e a 
melhoria de saúde da população com o aumento de investimentos em 
saneamento básico.
Com a primeira onda de privatizações ocorrida no Brasil nos anos 1990, houve o fim dos monopólios 
estatais nas áreas de energia, telecomunicações e gás canalizado, além da permissão para que outras 
empresas operassem na exploração e extração de petróleo. A reestruturação desses setores de 
infraestrutura, como resultado da substituição do Estado pela iniciativa privada, exigiu o desenvolvimento 
de novos marcos regulatórios.
 Observação
Privatização é a transferência de propriedade do setor público para o 
setor privado.
As principais características da desregulamentação, fruto da quebra dos monopólios estatais e das 
privatizações, foram:
• A separação entre funções de suprimento e regulação dos serviços.
• A criação de agências reguladoras com maior autonomia.
• A abertura comercial, com redução significativa das alíquotas de impostos de importação.
• Substituição do controle de preços (via Superintendência Nacional do Abastecimento [Sunab] ou 
Conselho Interministerial de Preços) pela instituição de políticas de defesa da concorrência (via 
Cade, SDE e Seae).
As agências reguladoras brasileiras, criadas para aprimorar a governança regulatória, sinalizaram o 
compromisso dos legisladores de não interferir no processo regulatório e tranquilizaram os investidores 
potenciais e efetivos quanto ao risco, por parte do poder concedente (o governo), de não cumprimento 
dos contratos administrativos, além de reduzirem o risco regulatório e os ágios sobre os mercados 
financeiros. As principais agências reguladoras federais do setor de infraestrutura são as seguintes:
• Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), criada em 1997.
• Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), criada em 1997.
• Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), criada em 1997.
• Agência Nacional de Águas (ANA), criada em 2000.
• Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), criada em 2001.
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Unidade II
• Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), criada em 2001.
• Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), criada em 2005.
O modelo das agências reguladoras brasileiras apresenta algumas características dos modelos 
utilizados nos Estados Unidos e na França. São características e instrumentos das agências regulatórias:
• Mandato fixo dos gestores (independência): indicado pelo Poder Executivo e aprovado pelo Poder 
Legislativo.
• Independência orçamentária.
• Independência decisória.
No Brasil, as agências reguladoras, assim com as demais entidades da administração pública que 
exercem o poder de polícia, integram o Poder Executivo. Têm personalidade jurídica própria, natureza 
de autarquia e executam atividades típicas ou exclusivas da administração pública que, para seu melhor 
funcionamento, requerem gestão administrativa e financeira descentralizada. O grau de autonomia é 
característica indissociável desse tipo de instituição. Por lei, as agências reguladoras são classificadas 
como autarquias especiais, em face dos atributos de autonomia administrativa e financeira diferenciada 
e mandato fixo para seus dirigentes.
A maioria das agências reguladoras foi criada a partir de estruturas preexistentes na administração 
pública. Por exemplo, a Anatel aproveitou-se da estrutura do antigo Departamento Nacional de 
Telecomunicações (Dentel); a ANP, do Departamento Nacional de Combustíveis (DNC); e a Aneel, do 
Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE). Em alguns casos, na ausência de órgãos 
reguladores preexistentes, a herança institucional preservou relações de dependência com as entidades 
reguladas que estavam presentes no antigo modelo.
As agências reguladoras dos setores de infraestrutura foram criadas com o objetivo de proporcionar 
um ambiente que atraia os investimentos privados, especialmente para a modernização e expansão dos 
diversos segmentos, e promova um aumento de bem-estar para os consumidores. Para atender esses 
objetivos, é fundamental que as agências utilizem os instrumentos regulatórios adequados (controle de 
entrada e saída, controle de preços, regulação da conduta das empresas, coibição ao exercício de poder 
econômico etc.). Desse modo, serão criados incentivos para o alcance da eficiência produtiva, a elevação 
da produtividade e o cumprimento dos contratos de concessão.
 Resumo
Nesta unidade, vimos uma introdução a diversos tipos de análise sobre as 
práticas do exercício de poder de mercado por parte das firmas e as formas 
como o Estado tenta limitar essas ações. Tratamos da prevenção estratégica 
à entrada com o objetivo de maximizar o lucro dos acionistas. As estratégias 
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abordadasforam as seguintes: estratégias competitivas e o modelo das cinco 
forças de Porter; a estratégia do preço-limite baseada na hipótese Bain-Sylos; o 
modelo de Dixit de prevenção à entrada; e os modelos de contestabilidade como 
explicação para a existência de barreiras à saída.
Na sequência, o estudo da integração vertical de uma indústria mostrou 
como uma firma pode se estabelecer em diversos estágios da cadeia 
produtiva – por exemplo: a extração de matérias-primas, o processamento, 
a distribuição e o fornecimento dos produtos aos mercados finais. Nesse 
caso, a integração vertical de determinado mercado relevante torna os 
diferentes processos produtivos, que poderiam ser realizados separadamente 
por diversas firmas, passíveis de serem operados por uma única firma, com 
o intuito de maximizar o lucro e exercer poder de mercado.
Na análise sobre concentração horizontal, vimos que as fusões ou aquisições, 
ou seja, a integração de duas ou mais empresas distintas que se posicionam no 
mesmo elo da cadeia produtiva, podem servir como prevenção ou barreira à 
entrada. As firmas se valem desse processo para obter ganhos de eficiência – 
que podem decorrer, por exemplo, da exploração de economias de escala ou de 
escopo e da redução da incerteza – e aumento do poder de mercado – podendo 
levar à monopolização do mercado. O resultado final das fusões e aquisições 
poderá trazer reflexos positivos para a sociedade se os ganhos de eficiência forem 
o efeito dominante. Por outro lado, a integração horizontal poderá representar 
uma perda de bem-estar se o exercício de poder de mercado elevar o preço, sem 
redundar em ganhos de eficiência.
Por fim, foram apresentadas as razões e a forma pelas quais os governos 
podem utilizar o seu poder de coerção para afetar o processo de decisão 
dos agentes econômicos que atuam no sentido de provocar um aumento 
significativo de poder de mercado. Utiliza-se a legislação antitruste para 
proibir acordos explícitos entre oligopolistas. Essa legislação, além disso, 
deve impedir que ações anticompetitivas tornem-se possíveis, considerando 
ilegais os atos de agentes econômicos que procuram restringir o comércio 
ou a tentativa de monopolização do mercado. No Brasil, a base legal do 
controle de fusões é definida pela Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994, que 
instituiu, entre outros órgãos reguladores, o Cade.
Outra forma de controle da atuação do mercado é a regulação econômica. 
Essa ação do Estado refere-se à criação de marcos regulatórios que regem a 
substituição dos mecanismos de mercado, estabelecem metas mais amplas 
(como a universalização de serviços, a integração regional e a proteção ambiental) 
e dependem de ações contínuas. Normalmente a regulação tenta controlar as 
ações de monopólios naturais e cria formas de internalizar para a sociedade 
as externalidades positivas. As principais agências reguladoras federais 
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Unidade II
brasileiras (por exemplo, a Aneel, a Anatel e a ANP) estabelecem mecanismos de 
controle e fiscalização de empresas do setor de infraestrutura, tradicionalmente 
classificadas como monopólios naturais. 
 Exercícios
Questão 1. (Cespe 2006) No que diz respeito às estruturas de mercado, assinale a alternativa correta:
A) No modelo de Porter, em qualquer indústria, as regras da concorrência estão englobadas em 
cinco forças competitivas: a entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder 
de negociação dos compradores, o poder de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre as 
empresas concorrentes.
B) Os novos padrões de concorrência internacional, por acentuarem a importância do comércio de 
bens e serviços e da inovação tecnológica, como fontes de sustentação do desempenho exportador 
das economias nacionais, levaram ao aumento da eficácia dos instrumentos convencionais de 
política comercial, como tarifas e quotas.
C) Em cadeias produtivas de commodities, a competitividade é estabelecida, unicamente, pela 
diferenciação dos produtos, que permite lucratividade para os segmentos da cadeia produtiva, 
mesmo quando os preços dos produtos são baixos.
D) A competitividade é uma característica intrínseca da empresa, pois advém de fatores internos que 
podem ser controlados pelas firmas.
E) As vantagens competitivas derivam dos fatores de produção tradicionais, como o capital e a mão 
de obra, e portanto não levam em conta o capital intelectual das empresas, incluindo-se aí o 
capital humano. 
Resposta correta: alternativa A.
Análise das alternativas
A) Alternativa correta.
Justificativa: essa é a sucinta explicação para o modelo de cinco forças de Porter sobre as 
estratégias competitivas.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: os novos padrões de concorrência internacional, além de introduzir o papel do avanço 
tecnológico, também buscam diminuir a imposição de barreiras às exportações, como tarifas e quotas 
no comércio de bens e serviços.
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C) Alternativa incorreta.
Justificativa: no mercado de commodities, a característica dos produtos é sua homogeneidade; 
assim, a diferenciação ocorre com mais recorrência no mercado de bens industrializados e nos serviços.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a competitividade de uma empresa pode ter relação com fatores internos e fatores 
externos a ela; os externos não são controlados pela empresa.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: as vantagens competitivas originam-se principalmente do capital intelectual da empresa. 
Questão 2. (Cespe 2006) Nas economias de mercado, os preços se formam diferentemente segundo 
as estruturas de mercado vigentes. Considerando que o estudo dessas estruturas é fundamental para o 
entendimento do sistema de preços, assinale a alternativa correta:
A) Em mercados monopolistas, o preço é superior ao custo marginal, porém o markup sobre o custo 
marginal será tanto maior quanto mais elevada for a elasticidade preço da demanda do produto 
transacionado nesses mercados.
B) O processo de captura da renda (rent-seeking), que contribui para aumentar o custo social do 
poder de monopólio, corresponde aos gastos da empresa com esforços socialmente improdutivos 
que visam adquirir, preservar ou exercer o poder de monopólio.
C) Em concorrência perfeita, os lucros econômicos no longo prazo são nulos e, portanto, o preço se 
iguala ao custo variável.
D) No Brasil, a cartelização das revendedoras de gás liquefeito de petróleo deve-se à existência 
de disparidades substanciais nas elasticidades preço e renda, que sumariam as condições de 
demanda, com as quais se confrontam as firmas que atuam nesse mercado.
E) No mercado de café solúvel, que atua em regime de concorrência monopolística, a disputa entre 
as diferentes marcas faz que o equilíbrio, no longo prazo, caracterizado pela existência de lucro 
zero, ocorra no ponto mínimo da curva de custo médio, o que permite a utilização ótima da 
capacidade de produção.
Resolução desta questão na plataforma.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
CARLTON, D. W.; PERLOFF, J. M. Modern industrial organization. 4th ed. New York: Prentice Hall, 2004, 
p. 4. Adaptado.
Figura 2
SHY, O. Industrial organization: theory and applications. Cambridge: The MIT Press, 1995, p. 61. Adaptado.
Figura 15
McGUIGAN, J. R.; MOYER, R. C.; HARRIS, F. H. de B. Economia de empresas: aplicações, estratégia e 
táticas. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p. 310. Adaptado.
Figura 16
McGUIGAN, J. R.; MOYER, R. C.; HARRIS, F. H. de B. Economia de empresas: aplicações, estratégia e 
táticas. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p. 315. Adaptado.
Figura 33
BRASIL. Ministério da Fazenda.Ministério da Justiça. Portaria conjunta Seae/SDE nº 50, de 1º de 
agosto de 2001. Brasília, 2001. Adaptado. Disponível em: . Acesso em: 10 jul. 2017.
REFERÊNCIAS
Textuais
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p. 448-469, Mar. 1960.
 BAUMOL, W. J.; PANZAR, J. C.; WILLIG, R. D. Contestable markets and the theory of industry structure. 
New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1982.
BIERMAN, H. S.; FERNANDEZ, L. Game theory with economic applications. 2nd ed. New York: Addison-
Wesley, 1998.
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BRASIL. Ministério da Fazenda. Ministério da Justiça. Portaria conjunta Seae/SDE nº 50, de 1º de agosto 
de 2001. Brasília, 2001. Disponível em: . Acesso 
em: 10 jul. 2017.
___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.884, de 11 de 
junho de 1994. Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em autarquia, 
dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras 
providências. Brasília, 1994. Disponível em: . 
Acesso em: 10 jul. 2017.
CARLTON, D. W.; PERLOFF, J. M. Modern industrial organization. 4th ed. New York: Prentice Hall, 2004.
CHANG, H. J. Economia: modo de usar: um guia prático dos principais conceitos econômicos. Tradução 
Isa Mara Lando e Rogério Galindo. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2015.
CHURCH, J.; WARE, R. Industrial organization: a strategic approach. Boston: McGraw Hill, 2000.
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DEMSETZ, H. The cost of transacting. Quarterly Journal of Economics, Oxford, v. 82, n. 1, p. 33-53, 
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DIXIT, A. The role of investment in entry-deterrence. The Economic Journal, London, v. 90, n. 357, p. 
95-106, Mar. 1980.
FARINA, E.; AZEVEDO, P. F. Ambev: a fusão e seus efeitos no mercado de cervejas. In: MATTOS, C. A 
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FIANI, R. Economia de empresa. São Paulo: Saraiva, 2015.
HARFORD, T. O economista clandestino. Tradução Fernando Carneiro. Rio de Janeiro: Record, 2007.
___. O economista clandestino ataca novamente! Tradução Pedro Sette-Câmara. Rio de Janeiro: 
Record, 2016.
HICKS, J. R. The theory of monopoly. Econometrica, New York, v. 3, n. 1, p. 1-20, Jan. 1935.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Introdução à Classificação Nacional de 
Atividades Econômicas (CNAE 2.0). Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 jul. 2017.
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KUPFER D.; HASENCLEVER, L. (Orgs.). Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. 
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LEIBENSTEIN, H. Allocative efficiency vs. X-efficiency. The American Economic Review, Pittsburgh, v. 56, 
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MALMGREN, H. B. Information, expectations and the theory of the firm. Quarterly Journal of 
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MANKIW, N. G.; WHINSTON, M. Free entry and social inefficiency. Rand Journal of Economics, v. 17, p. 
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MARSHALL, A. Princípios de economia: um volume introdutório. Tradução Rômulo Almeida e Ottolmy 
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MASON, E. S. Price and production policies of large-scale enterprise. The American Economic Review, 
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MATTOS, C. A revolução do antitruste no Brasil. São Paulo: Singular, 2003.
MCGUIGAN, J. R.; MOYER, R. C.; HARRIS, F. H. de B. Economia de empresas: aplicações, estratégia e 
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NEUMANN, J. VON; MORGENSTERN, O. Theory of games and economic behavior. Princeton: Princeton 
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PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Tradução Eleutério Prado e Thelma Guimarães. 8. ed. 
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2014.
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SMITH, A. Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. Tradução Luiz 
João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Economistas).
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STIGLER, G. J. The organization of industry. Chicago: University of Chicago Press, 1968.
SYLOS-LABINI, P. Oligopoly and technical progress. Cambridge: Harvard University Press, 1969.
VISCUSI, W. K.; VERNON, J. M.; HARRINGTON, J. E. Economics of regulation and antitrust. 4th ed. 
Cambridge: The MIT Press, 2005.
WHEELAN, C. Economia nua e crua: o que é, para que serve, como funciona. Tradução George 
Schlesinger. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
WILKINSON, N. Managerial economics: a problem-solving approach. Cambridge: Cambridge 
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Economic Review, Pittsburgh, v. 58, n. 1, p. 18-36, Mar. 1968.
___. Markets and hierarchies. New York: The Free Press, 1975.
Exercícios
Unidade I – Questão 1: CENTRO DE SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS (CESPE). Concurso Público 
2013: Analista de Planejamento, Gestão e Infraestrutura em Propriedade Industrial. Disponível em: 
. Acesso em: 4 jun. 2018. 
Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2012: Ciências Econômicas. 
Questão 16. Disponível em: . Acesso em: 4 jun. 2018.
Unidade II – Questão 1: CENTRO DE SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS (CESPE). Concurso Público 
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) 2006: Analista em Ciência e Tecnologia. Questão 32. 
Disponível em: . Acesso em: 4 jun. 2018.
Unidade II – Questão 2: CENTRO DE SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS (CESPE). Concurso Público 
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) 2006: Analista em Ciência e Tecnologia. Questão 31. 
Disponível em: . Acesso em: 4 jun. 2018.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000q’0
q
q0
p0
A
B
p
Figura 17 – Demanda residual sob o postulado de Bain-Sylos
Considere que há apenas uma firma incumbente e que ela, antes da entrada do novo concorrente, 
esteja produzindo no nível q0 e vendendo sua produção ao preço p0. Pelo postulado de Bain-Sylos, essa 
situação denota que o produto da entrante simplesmente será adicionado ao mercado em níveis iguais 
a q0, causando a queda do preço e, consequentemente, do lucro do setor. Dessa forma, o segmento de 
reta AB é a demanda residual que o potencial entrante enfrenta (em que a origem da entrante está 
situada em q0). 
Por conveniência, podemos deslocar a curva de demanda residual AB para baixo, à esquerda, até a 
reta p0B’, situando a origem da entrante ao longo do eixo vertical. Repare que a firma incumbente pode 
manipular a curva de demanda residual através da sua escolha de produto pré-entrada. Por exemplo, 
uma produção maior que q0 implicaria uma curva de demanda residual menor (isto é, a reta pontilhada 
CD). Isso significa que a firma incumbente poderia escolher seu nível de produção (q0) de modo que a 
curva de demanda residual a ser enfrentada pelo potencial entrante tornasse a quantidade produzida 
por ele (q0”) não lucrativa.
Esse resultado é demonstrado na próxima figura. A curva de custo médio de longo prazo para uma 
firma típica nessa indústria é CMe(q). Essa função de custo médio é válida tanto para firmas incumbentes 
como para potenciais entrantes, de forma que não há barreiras à entrada em termos de uma vantagem 
em custo absoluto. Conforme ilustrado, o custo médio cai até atingir q̂ , a escala mínima eficiente, e 
então ele se torna constante.
A firma A vai produzir e vender no preço do ponto A.
A firma B vai começar a participar a partir do demanda que sobrou, do que A não supriu.
Ou seja, se A diminuir o preço pra conseguir suprir mais demanda, ela aperta mais a participação de B.
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Unidade II
 Observação
A escala mínima eficiente indica o nível de produção que minimiza o 
custo médio comparando-o com o tamanho da demanda.
p
0 q’0
B
A
A’
B’
CMe(q)
A”
q
qq̂
p
Figura 18 – Determinação do preço-limite no modelo Bain-Sylos
A questão central que envolve esse gráfico é: a firma incumbente pode criar uma curva de demanda 
residual para a entrante de modo que a entrada não seja lucrativa? A resposta é sim. A demanda residual 
pB’, que tangencia a curva de custo médio CMe(q) no ponto A’, é uma curva na qual não há produção 
para a nova firma que lhe dê resultado (lucro) positivo. Por outro lado, a quantidade q é o nível de 
produção necessário para a firma incumbente gerar essa curva de demanda residual (ponto A”). O preço 
associado a q, denominado p, é o preço-limite, ou seja, é o máximo preço que impede a entrada de 
firmas rivais. Concluímos assim que, se a firma incumbente cobre um preço p, ela impede a entrada e 
recebe lucro extraordinário igual a [p - CMe(q)] . q.
Em resumo, a teoria do preço-limite implica que a firma incumbente pode adotar políticas de 
preço que, ao baixarem o preço até determinado limite, obrigariam os potenciais entrantes a enfrentar 
prejuízos se decidissem entrar no mercado.
5.2.2 Teorias estratégicas de preço-limite
Para uma firma incumbente afetar decisões de entrada, seu comportamento pré-entrada deve 
afetar a lucratividade do entrante. O que pode ser a causa disso? A ideia é que, se a entrada de uma 
nova firma acontecer, todas as firmas ativas vão recorrer a alguma solução de oligopólio. Como vimos 
anteriormente, os fatores determinantes de uma solução de oligopólio incluem a curva de demanda 
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de mercado, as funções de custo das firmas e o número de firmas, bem como, em algumas situações, a 
taxa de desconto das firmas. Dessa forma, para que uma firma incumbente influencie a lucratividade 
de entrada, ela deve afetar a função de demanda pós-entrada, sua própria função de custo ou, ainda, a 
função de custo da nova firma.
Como exemplo, vamos admitir que apenas uma firma incumbente e um potencial entrante formam 
determinado mercado relevante. Ao tentar encontrar maneiras pelas quais o nível de produção 
pré-entrada da firma incumbente possa afetar o equilíbrio pós-entrada, precisamos imaginar as razões 
pelas quais o nível de produção passado afetaria as atuais funções de demanda e de custo. Uma fonte 
dessa ligação intertemporal são os custos de ajustamento. 
 Observação
Custos de ajustamento são os custos em que uma firma incorre ao 
mudar sua taxa de produção.
Em muitos processos industriais existem custos que alteram a taxa de produção. Por exemplo, para 
aumentar a quantidade produzida, uma firma pode necessitar de novos equipamentos para a linha de 
produção. A instalação desses equipamentos pode forçar a parada temporária do processo de produção, 
o que é custoso em função da redução da quantidade produzida. Para reduzir o nível de produção, uma 
firma pode ter que demitir trabalhadores, o que também é custoso.
Podemos representar um exemplo de função de custo com ajustamento assim:
C q q q qt t t t      100 20
1
2 1
2
Em que qt é a quantidade produzida no período t e qt-1 é o produto do período anterior. O custo de 
ajustamento do produto é medido por 1/2 (Qt - qt-1). Ao minimizar esse custo, chegamos a:
min
qt
t t t
t
t
t t
t t
C q q q
C q
q
q q
q q
    





  

  




1
2
0
1
2
1
1
Portanto, o custo de ajustamento é mínimo quando não há mudança no produto. De outra forma, 
ele aumenta quanto maior for a mudança no produto.
Podemos argumentar que, quando a firma incumbente incorre em custos para ajustar sua taxa de 
produção, seu nível de produção pré-entrada vai afetar a lucratividade do entrante. Assim, quanto mais uma 
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firma produzir hoje, maior será o seu nível de produto que maximiza o lucro no futuro. Devido ao custo de 
ajustamento, uma firma tenderá a produzir uma quantidade próxima a suas quantidades produzidas no 
passado. Dessa forma, se o equilíbrio pós-entrada for a solução de Cournot, quanto mais a firma incumbente 
produzir no período pré-entrada, maior será sua taxa de produção após a entrada da nova firma. 
 Lembrete
A solução de Cournot para duas firmas que apresentam função de demanda 
linear inversa (P = A - bQ) e custo marginal constante (c) é dada por:
q
A c
b
ii 
 1
3
12, ,
Conforme apresentado na figura a seguir, o aumento do produto pré-entrada desloca a curva de 
reação pós-entrada da firma incumbente:
Qentrante
QA
ent
A
B
QB
ent
0 QB
inc
QincumbenteQA
inc
Função de reação 
do incumbente
Função de reação 
do entrante
Figura 19 – O efeito no nível de produção pré-entrada sobre o equilíbrio pós-entrada com custo de ajustamento
Um aumento na quantidade produzida pré-entrada muda o equilíbrio pós-entrada do ponto A 
para o ponto B. Como a firma incumbente produz mais em B, o lucro pós-entrada para a nova firma 
torna-se menor. Uma firma incumbente pode, então, ser capaz de impedir a entrada ao produzir 
numa taxa suficientemente alta antes da decisão de entrada.
Por essa análise, podemos justificar o postulado de Bain-Sylos através da hipótese de que a firma 
incumbente enfrenta custos de ajustamento infinitamente grandes, de modo que seria custoso demais 
alterar o seu produto em resposta à entrada de uma nova firma. 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Existem outros processos de produção pelos quais o preço ou o produto pré-entrada da firma 
incumbente podemafetar a lucratividade do entrante. Por exemplo, alguns processos têm uma curva 
de aprendizado.
 Observação
A curva de aprendizado mostra que, quanto mais experiência uma firma 
tem com o processo industrial, mais ela encontra maneiras de diminuir seus 
custos de produção.
Usando a quantidade produzida no passado, de forma acumulada, como uma medida da experiência 
da firma, uma função de custo com um efeito de curva de aprendizado pode ser representada por:
C q q
Yt t
t
    






100 20
1
1
Em que Yt é a soma da produção passada, ou seja:
Y q q q j nt t t t j      1 2 1 , , ,
Observe que, quanto mais a firma produziu no passado, menor é o custo marginal no momento 
atual t. Portanto, quanto maior se tornar a quantidade produzida pré-entrada da firma incumbente, 
menor será seu custo marginal pós-entrada, o que significa uma maior produção no equilíbrio 
pós-entrada. Desse modo, a prevenção à entrada poderia ocorrer estabelecendo-se um alto 
nível de produção pré-entrada, o que poderia diminuir o custo marginal da firma incumbente e, 
consequentemente, dar-lhe uma vantagem sobre a firma entrante.
Outro tipo de prevenção à entrada é representado pelo custo de troca ou fidelidade à marca. 
Nesse caso, os consumidores podem hesitar em trocar de marca na demanda por um produto, pois 
existem certos custos em que se incorre ao fazê-lo. Por exemplo, para trocar de banco é necessário que 
o consumidor feche sua atual conta corrente, o que requer certa quantidade de tempo e esforço. Se a 
qualidade de uma marca não testada é incerta, o consumidor incorre em custos de aprendizado sobre 
a nova marca. Tais custos, de modo geral, são evitados, permanecendo o consumidor com a marca que 
ele usa normalmente, porque a experiência pessoal já amenizou essa incerteza.
Em suma, há duas importantes conclusões sobre a literatura de preço-limite: 
• Existem diferentes maneiras pelas quais o produto ou o preço pré-entrada podem afetar o 
equilíbrio pós-entrada e influenciar a decisão de entrada de potenciais concorrentes.
• Mesmo que a entrada seja impedida, a ameaça de entrada geralmente induz as firmas incumbentes 
a produzir a uma taxa maior.
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Unidade II
5.3 Prevenção estratégica à entrada: o modelo de Dixit
O modelo de Dixit (1980), assim como o modelo Bain-Sylos, parte de uma situação em que há uma 
firma incumbente e outra entrante. Existem apenas dois períodos: o período 0, anterior à entrada, e o 
período 1, posterior à entrada. As firmas produzem bens homogêneos. A função de custo apresenta uma 
pequena alteração e passa a ser subdividida em:
• Custo fixo.
• Custo da capacidade instalada.
• Custo de produção variável.
Para operar nessa indústria, a firma precisa arcar com um custo fixo K. Para produzir uma unidade, 
ela precisa de uma unidade de capacidade produtiva, que custa r, e insumos variáveis, que custam w. Se 
uma firma tem, no presente, uma capacidade instalada x, sua função de custo, C(q), é representada por:
C q
K rx wq q x
K w r q q x
     
   



,
,
Logo, dada uma capacidade instalada preexistente x, a firma deve apresentar um sunk cost igual a 
K + rx.
 Lembrete
Sunk costs ou custos irrecuperáveis são os custos que a empresa não 
conseguirá recuperar se ela tiver que sair do negócio.
Para produzir a quantidade q quando ela não ultrapassa a capacidade instalada x, a firma entrante 
precisa apenas dos insumos variáveis que custam wq. No entanto, se o nível de produção excede a 
capacidade instalada, a firma precisa adquirir (q - x) unidades adicionais de capacidade, que custam 
r (q - x). Dessa forma, o custo total C(q) passará a ser:
C q K wq rx r q x
C q K w r q
       
     
Essas informações de custo permitem que o modelo de Dixit seja desenhado como um jogo de 
três estágios e duas firmas (uma firma incumbente e outra potencial entrante). Cada firma escolhe a 
quantidade produzida a fim de maximizar seu lucro, o que constitui um equilíbrio de Nash-Cournot. 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 Observação
O equilíbrio de Nash-Cournot é a solução única e particular do jogo de 
Cournot com duas empresas na qual, se cada jogador estiver adotando a 
melhor estratégia, o equilíbrio ocorrerá e será a melhor resposta à estratégia 
adotada pelo outro jogador.
Inicialmente, nenhuma firma tem qualquer capacidade produtiva. Na sequência, temos as 
seguintes situações:
• Estágio 1: A firma incumbente investe em aumento da capacidade instalada, denominada x.
• Estágio 2: O potencial entrante observa a capacidade da firma incumbente e decide se entra ou 
não. Os custos de entrada são K > 0.
• Estágio 3: As firmas ativas escolhem simultaneamente quanto investir na capacidade instalada e 
quanto produzir. A firma incumbente já tem x do estágio 1.
Se a entrada ocorrer, haverá duas firmas no estágio 3; caso contrário, haverá apenas uma, a 
firma incumbente. 
A próxima figura mostra a curva de custo marginal que a firma incumbente enfrenta no estágio 3 
dada uma capacidade inicial de x1. O custo marginal é w se a firma incumbente produz abaixo de sua 
capacidade inicial, e aumenta para w + r se ela decide produzir acima de x1, pois ela precisa adicionar 
capacidade, que custa r por unidade de capacidade a ser adquirida.
Se a capacidade instalada inicial da firma incumbente for x1
0, seu custo marginal será menor para 
todas as quantidades produzidas entre x1 e x1
0. Geralmente, quando uma firma tem custo marginal menor, 
ela decide produzir mais. Como resultado, no jogo pós-entrada, a escolha ótima da firma incumbente 
será produzir mais quando sua capacidade for x1
0 do que quando for x1.
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Unidade II
p
w + r CMg
x1 x1
0 q
w
0
Figura 20 – Custo marginal da firma incumbente
Como essa quantidade maior significa que a firma entrante pode esperar um preço de mercado 
menor para qualquer quantidade que ela produza, a sua escolha ótima será produzir uma quantidade 
menor. Em outras palavras, uma capacidade inicial maior para a firma incumbente a compromete, de 
maneira crível, a produzir uma quantidade maior no estágio 3, pois seu custo marginal é menor. Esse 
comprometimento induz o entrante a produzir menos. Podemos concluir também que, quanto maior for 
o investimento inicial em capacidade da firma incumbente (no estágio 1), menor será o lucro pós-entrada 
da nova firma, pois o lucro de qualquer firma é menor quando o rival produz mais.
O modelo de Dixit descreve uma conexão entre a capacidade pré-entrada da firma incumbente e 
o lucro pós-entrada do potencial entrante. Através dessa conexão, a firma incumbente pode ter um 
instrumento para deter a entrada da rival. Se ela tiver uma capacidade suficientemente grande, poderá 
diminuir o lucro pós-entrada da nova firma a ponto de esta decidir não entrar.
Exemplo de aplicação
Jogo sequencial de Dixit
Considere a representação extensiva do jogo na figura a seguir. No primeiro estágio, a firma 
incumbente tem duas escolhas: investir em baixa capacidade ou alta capacidade. Como exemplo, 
podemos pressupor que ela deve decidir entre construir uma fábrica grande ou pequena. No segundo 
estágio, o entrante potencial decide se entra ou não. Se a entrada não ocorre, a firma incumbente 
aufere lucro de monopolista, que é $ 25 quando ela escolhe baixa capacidade e $ 20 quando escolhe 
alta capacidade (lembre-se: a capacidade tem custo). Portanto, se não existisse a ameaça de entrada, a 
firma estabelecida escolheria sempre investir em baixa capacidade.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Firma incumbente
Entra Entra
Baixa 
capacidade
Não 
entra
Não 
entra
Alta 
capacidade
Firma
incumbente
Firma nova Firma nova
Firma
incumbente
Potencial entrante
qb
qb
qa
qa
$ 25 $ 20
(10 ; 10 - k)
(7 ; 5 - k)
(6 ; 7 - k)
(5 ; 4 - k)
qb
qb
qa
qa
(6 ; 10 - k)
(7 ; 5 - k)
(3 ; 7 - k)
(5 ; 4 - k)
Figura 21
Se a entrada ocorre, então as firmas decidem simultaneamente se vão produzir uma baixa quantidade 
(qb) ou uma alta quantidade (qa). A matriz de resultados representa os payoffs de cada firma para os 
quatro possíveis pares de ganho. O primeiro número em cada célula é o payoff da firma incumbente, e 
o segundo é o payoff do entrante. O custo fixo é representado por K.
Se a firma incumbente escolher baixa capacidade e a entrada da nova firma ocorrer, o equilíbrio de 
Nash pós-entrada acontecerá quando as duas firmas produzirem com baixa quantidade (qb ). Assim, a 
firma incumbente terá um ganho de $ 10 e a firma nova ganhará 10 - K. 
Firma
incumbente
Firma nova
qb
qb
qa
qa
(10 ; 10 - k)
(7 ; 5 - k)
(6 ; 7 - k)
(5 ; 4 - k)
Figura 22
Logo, sempre que produzir uma alta quantidade, a firma incumbente lucrará menos. Isso ocorrerá 
porque ela investiu inicialmente em uma baixa capacidade, e portanto seu custo para produzir qa é 
maior do que para produzir qb .
Se a firma incumbente escolher alta capacidade e a entrada ocorrer, o equilíbrio de Nash pós-entrada 
acontecerá quando a firma incumbente produzir uma alta quantidade qa, lucrando $ 7, e a firma nova 
produzir uma baixa quantidade qb, lucrando 5 - k.
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Unidade II
Firma nova
Firma
incumbente
qb
qb
qa
qa
(6 ; 10 - k)
(7 ; 5 - k)
(3 ; 7 - k)
(5 ; 4 - k)
Figura 23
Como o potencial entrante vai se comportar? Isso depende do custo de entrada K e da capacidade 
instalada da firma incumbente. Se x1 = baixa capacidade, o lucro do equilíbrio pós-entrada da firma 
entrante é 10 - K. Portanto, nessa situação, a entrada só ocorrerá (isto é, só será lucrativa) se, e somente 
se, K 10. Como a entrada não é lucrativa, 
independentemente da capacidade da firma incumbente esta escolherá sempre investir em baixa 
capacidade, pois a situação é similar ao caso em que não há ameaça de entrada.
• Caso 2: ocorre quando o custo de entrada é intermediário, 5– desde a aquisição do insumo até a venda final ao consumidor –, que, dada a tecnologia 
disponível, poderiam ser realizados separadamente por diversas firmas, passam a ser produzidos por 
uma única firma. 
A análise da integração vertical de uma indústria ou setor deve incluir a ideia de multiplicidade de estágios, 
ou seja, as diversas fases de produção, como a extração de matérias-primas, o processamento, a distribuição e 
a chegada dos produtos aos mercados finais. Esses estágios são conhecidos como cadeias produtivas. A figura 
a seguir apresenta um exemplo de cadeia de produção na indústria farmacêutica e de saúde:
Matérias-primas: extração 
e refino de petróleo
Substâncias químicas: 
petroquímica de base
Armazenagem e 
distribuição
Comércio: fármacias, 
drogarias e hospitais
Produto final: 
medicamentos defensivos
Produto farmacêutico 
(fármacos): princípios ativos 
e moléculas
Bem 
primário
Bem final
Bens 
intermediáriosProcesso 
produtivo
Distribuição e 
comercialização
Figura 24 – Cadeia produtiva da indústria farmacêutica
O tamanho da organização de uma empresa tem relação com a opção de que ela dispõe a cada etapa 
do processo produtivo. A firma, portanto, deve se decidir entre realizar ela mesma a etapa do processo 
em questão ou adquirir um insumo de um fornecedor no mercado. Fiani (2015) destaca as seguintes 
decisões disponíveis para a delimitação da atuação da empresa na cadeia produtiva
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• Centralização da produção: o nível de centralização da produção no interior da empresa se 
tornará cada vez maior quanto maior for o número de etapas no processo produtivo que a própria 
empresa realiza.
• Descentralização da produção: nesse caso, quanto maior for a quantidade de estágios em que 
a empresa recorre ao mercado (seja para obter o insumo de que precisa, seja para distribuir o 
produto final), maior será a descentralização da produção.
A decisão entre centralizar ou descentralizar a produção em cada etapa do processo produtivo – 
também conhecida como make or buy decisions – define os limites da empresa, isto é, onde a empresa 
como agente de centralização e coordenação da produção termina, e onde outras empresas iniciam o 
comando do processo produtivo.
Em razão desse ponto de vista, é interessante reconhecer quando passa a ser interessante para uma 
empresa descentralizar ou não sua produção. É necessária alguma explicação para os motivos que levam 
uma empresa a se concentrar verticalmente nos diversos elos da cadeia produtiva. A integração vertical 
pode acontecer entre dois ou mais processos contínuos de produção, em que o produto de um processo 
é o insumo para o estágio subsequente. No limite, uma empresa pode estar presente na totalidade da 
cadeia de produção.
A integração vertical pode ocorrer de três formas: 
• Para trás, também conhecida como backward ou upstream.
• Para a frente, também conhecida como forward ou downstream. 
• Conglomeral, quando apresenta elementos tanto de integração backward como de 
integração forward.
O esquema ilustrado na figura a seguir exibe essas três formas de integração vertical:
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Unidade II
Integração 
backward
Integração 
conglomeralProcesso 
produtivo
Marketing e 
distribuição
P&D
Integração 
forward
Figura 25 – Cadeia de valores e formas de integração vertical
Uma firma apresenta integração vertical backward quando controla empresas subsidiárias que 
produzem alguns dos insumos usados na produção de seus produtos. Por exemplo, uma companhia de 
automóveis pode ser dona de uma fábrica de pneus, de uma fábrica de vidros e de uma metalúrgica. O 
controle dessas subsidiárias tem o objetivo de criar uma oferta estável de insumos e garantir qualidade 
consistente ao produto final. Isso era feito pela Ford e por outras companhias automobilísticas nos anos 
1920, pois procuravam minimizar custos com a centralização da produção de automóveis e de suas partes. 
Uma firma tende a se integrar verticalmente de modo forward quando ela controla centros de 
distribuição, o comércio varejista em que seus produtos finais são comercializados e a prestação de 
serviços pós-vendas. Nesse caso, é possível que o processo de integração para a frente envolva a entrada 
da empresa em atividades não estritamente industriais.
A integração vertical conglomeral (ou balanceada), por sua vez, ocorre quando uma firma controla 
todos os componentes do processo produtivo, desde a aquisição da matéria-prima até a distribuição e 
comercialização do produto final ao consumidor.
6.1 Vantagens e desvantagens da integração vertical
A integração vertical representa, muitas vezes, uma importante barreira à entrada, pois pode acarretar 
elevados custos para o início das operações. Em alguns casos, as firmas podem evitar integração vertical 
remunerando outras firmas para realizar algumas atividades-meio para elas (terceirização de serviços, 
por exemplo) ou usando contratos detalhados (contratos complexos). Há pelo menos três custos 
decorrentes da integração vertical:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
• O custo de fornecer seus próprios fatores de produção ou de distribuir seu próprio produto pode ser 
maior para uma firma verticalmente integrada do que para uma firma que dependa de um mercado 
competitivo, contexto este que permite realizar os processos produtivos de maneira mais eficiente.
• À medida que o tamanho de uma firma aumenta com a integração vertical, a dificuldade e o custo 
de administrá-la também aumentam. A vantagem de lidar com um mercado competitivo é que 
outras firmas são encarregadas de supervisionar a produção em cada processo produtivo.
• A firma pode incorrer em custos legais substanciais no processo de fusão ou aquisição de outras 
firmas situadas upstream ou downstream na cadeia produtiva do setor. Por exemplo, a empresa 
que pretende se integrar verticalmente terá que arcar com custos advocatícios para defender o 
processo de fusão ou aquisição perante os órgãos de defesa da concorrência ou antitruste.
Por causa desses custos, as firmas se integrarão verticalmente apenas se os benefícios forem 
superiores aos custos. O argumento tradicional em favor da integração vertical é o de que a divisão do 
trabalho é limitada pela extensão do mercado. Atualmente, leva-se em consideração a existência de core 
competencies para influenciar a integração vertical de um mercado.
 Observação
Core competencies são argumentos em favor da integração vertical de 
um segmento industrial em face da existência de incertezas, da procura de 
maior eficiência e da necessidade de contornar regulamentações e regimes 
fiscais complexos.
É possível elencar cinco grandes vantagens associadas à integração vertical.
Vantagem 1: redução dos custos de transação. A integração vertical evita a ocorrência de alguns 
custos associados à compra de insumos e à venda de bens finais, como os custos de redigir e fazer valer 
os contratos (enforcement) com outras firmas. 
 Lembrete
Custos de transação são os custos associados às trocas ou à 
comercialização do produto e que não dizem respeito estritamente ao 
custo de produção do bem ou serviço.
A explicação clássica sobre a abordagem dos custos de transação segue Coase (1937). O argumento 
é o seguinte: se o sistema de preços de mercado organizasse a produção perfeitamente, a divisão 
do trabalho conduziria à inexistência de empresas devido à eliminação da possibilidade de lucros no 
longo prazo. Por outro lado, em virtude da existência de imperfeições no funcionamento do mercado 
e do sistema de preços, surgem empresas para reduzir os custos de transação.Essa proposição ficou 
conhecida como teorema de Coase.
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Unidade II
 Observação
Teorema de Coase: quando os custos de transação são nulos, um uso 
eficiente dos recursos resulta da negociação privada. Corolário: quando 
os custos de transação forem altos a ponto de impedir a negociação, o 
uso eficiente dos recursos dependerá de como os direitos de propriedade 
são atribuídos.
Os custos de transação, portanto, estimulam a integração vertical. Por sua vez, o limite da integração 
vertical ocorre quando o custo de coordenação é exatamente igual ao custo de transação. Há quatro 
tipos de situação em que os custos de transação tendem a ser suficientemente substanciais para tornar 
a integração vertical desejável:
• Quando os custos de transação envolvem ativos especializados (specialized assets). Por exemplo, a 
produção de certos bens/serviços (aço, cimento, pasta de papel, químicos etc.) exige proximidade 
geográfica entre as sucessivas etapas do processo produtivo. A produção desses insumos em 
localidades distantes acarreta elevação nos custos de coordenação. Para evitar esse tipo de custo, 
há a criação de ativos especializados específicos na relação das empresas integradas verticalmente.
• Quando há incerteza, o que torna difícil o monitoramento (observar uma máquina sendo 
construída para garantir a qualidade). A integração vertical pode surgir por incertezas relativas a 
garantia de abastecimento, instabilidade de preços etc.
• Quando existe a necessidade de informação, pois não há como saber se o fornecedor ou o 
distribuidor fizeram um bom trabalho. Pode haver assimetrias de informação entre diferentes 
segmentos da cadeia produtiva. Por exemplo: empresas a montante da cadeia têm mais informação 
sobre as condições de custo e sobre o preço das matérias-primas do que empresas a jusante.
• Quando é necessária uma coordenação extensiva, principalmente em casos de indústrias com 
externalidades de rede ou com rotas, como a indústria ferroviária ou a aérea.
Vantagem 2: garantia de oferta. Com a integração vertical, uma firma pode assegurar a oferta 
constante de um insumo-chave. Nesse caso, a firma se integra verticalmente de modo backward, 
comprando ou construindo a capacidade de produzir o insumo necessário para a produção do bem final. 
Com isso, problemas de entrega podem ser evitados, porque é geralmente mais fácil trocar informações 
dentro de uma firma do que entre várias firmas fornecedoras.
Vantagem 3: contorno de regras governamentais. Uma firma pode conseguir evitar impostos, 
regulações e outros tipos de restrição governamental integrando-se verticalmente. Exemplos de 
intervenção governamental incluem controle de preços, regulações (econômicas, legais e/ou sanitárias) 
que restringem as taxas de lucro e impostos sobre receitas ou lucros. 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Vantagem 4: ganho e/ou eliminação de poder de mercado. Uma firma pode se integrar verticalmente 
para obter ou explorar melhor o poder de mercado, como ilustrado na figura a seguir: 
Poder de mercado 
Rivalidade
Novas entradas
Novos produtos
Fornecedores Clientes
Figura 26 – Integração vertical e poder de mercado
O fornecedor único de um insumo pode se integrar verticalmente de modo forward comprando 
companhias manufatureiras, a fim de exercer poder absoluto de mercado do produto final e aumentar 
os lucros de monopólio. Analogamente, uma firma pode adquirir seu fornecedor único para aumentar 
os lucros combinados. Portanto, ao se integrar verticalmente, uma firma pode criar ou aumentar seus 
lucros de monopólio, pois será capaz de discriminar preços, eliminar competidores e impedir a entrada 
de novos concorrentes.
A figura anterior sugere que o poder de mercado pode ser reduzido com a intensificação da rivalidade 
gerada por novas entradas (busca de novos fornecedores) ou diferenciação (criação de novos produtos). 
No entanto, quando a intensificação da rivalidade não for possível, a vítima do poder de mercado 
exercido por outra firma poderá integrar-se verticalmente para eliminar esse poder.
Vantagem 5: correção de falhas de mercado. As falhas de mercado decorrentes de externalidades 
podem ser resolvidas com a internalização destas. Por exemplo, a rede de lanchonetes McDonald’s 
garante um nível de qualidade uniforme sendo a dona ou controlando todos os seus restaurantes, o 
que resulta numa boa reputação (externalidade positiva). A integração vertical também pode acontecer 
como resposta às imperfeições de mercado, como a assimetria de informações, a interdependência 
tecnológica e as incertezas.
6.2 Monopolização vertical
A competição imperfeita em um estágio do processo de produção cria incentivos para que as 
firmas atuantes nesse mercado específico se integrem com seus vizinhos de estágio competitivo. Esses 
incentivos podem decorrer da possibilidade de internalização da perda de eficiência devido a: 
• Comportamento imperfeito dos mercados.
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Unidade II
• Capacidade de extrair renda adicional extraordinária do estágio competitivo. 
• Oportunidade de discriminar preços dentro do estágio competitivo. 
O caso mais discutido na literatura econômica sobre integração vertical é a implicação desta na 
extensão de um monopólio. O argumento parte do incentivo para a ocorrência de integração forward 
de uma indústria monopolista no processo produtivo upstream com uma indústria competitiva no 
processo produtivo downstream que utiliza o bem produzido pelo monopolista no estágio anterior 
como insumo em proporções variáveis. Os resultados desse tipo de integração devem ser analisados 
em termos do efeito sobre o bem-estar social.
O preço fixado pelo monopolista induz as firmas competitivas downstream a substituir o insumo 
produzido pelo primeiro por outros insumos que possam ser ofertados competitivamente. A perda de 
eficiência passível de ocorrer no processo produtivo downstream pode ser convertida em lucro para o 
monopolista quando este se integra verticalmente com o estágio de produção downstream e, assim, 
expande o uso do seu insumo para o nível eficiente.
Exemplo de aplicação
Monopolização vertical com produção em proporções variáveis
Suponha que um segmento industrial produtor de calçados seja caracterizado por uma oferta 
competitiva. Além disso, a produção dessa indústria é identificada pela utilização de insumos em 
proporções variáveis. Por simplicidade, imagine que são necessários apenas dois insumos: equipamentos 
para a produção de calçados, K, e mão de obra, L. Logo, uma quantidade determinada de calçados, 
Q, pode ser produzida com quantidades alternativas de K e L. A figura a seguir mostra as diversas 
possibilidades de produção na isoquanta Q = Q*:
Elevação dos 
custos
A
0
L
w
B
P
r↑
N M K
Q = Q*
Figura 27
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Em seguida, suponha que seja exercido um monopólio no fornecimento de K para todas as fábricas 
de calçados. O objetivo é examinar os incentivos e as consequências de eficiência de uma aquisição 
vertical desse produtor na indústria de fabricação de calçados. O monopolista extrai todo o lucro por 
uma escolha apropriada do preço de K? O preço dos sapatos é afetado pela aquisição vertical?
Imagine que o custo do trabalho seja avaliado pelo seu verdadeiro custo de oportunidade (ou seja, 
a oferta de trabalho é competitiva) e tome o custo marginal de K como CMgk. Como r, o preço de K, 
é aumentado pelo monopólio vertical (r > CMgk), a indústria de calçados substituirá K e usará maiso 
insumo L, tornando o produto final mais intensivo em mão de obra.
A inclinação da linha de isocusto N na figura é a proporção entre CMgk e o preço do trabalho w. Assim, 
o ponto B representa o mix de insumos de menor custo, do ponto de vista do bem-estar social, para a 
produção ótima de calçados Q*. Por conta da hipótese r > CMgk, a linha de isocusto real considerada na 
pré-integração tem uma inclinação mais acentuada, indicada pela curva P. Daí a indústria de calçados 
escolher o mix de insumos indicado no ponto A, que minimiza os seus gastos com insumos. No entanto, 
nesse ponto, a linha de isocusto M aponta que o custo de produção é mais alto do que em N. Como os 
pagamentos dos fabricantes de calçados ao monopolista incluem um lucro de monopólio, as despesas 
com insumos que devem ser minimizadas não são equivalentes aos verdadeiros custos dos insumos.
Os verdadeiros custos dos insumos em A são maiores do que em B devido à distância vertical entre 
as linhas de isocusto M e N (medida em unidades de L). Em outras palavras, estabelecer um preço de 
monopólio em K provoca uma produção ineficiente na fabricação de calçados – os custos de produção 
são muito elevados porque o mix de insumos está incorreto. Do ponto de vista do bem-estar, portanto, 
haverá perdas em virtude da elevação do preço final do calçado.
Se o fornecedor monopolista de K efetuasse uma integração vertical com os produtores de calçados, 
a quantidade ótima de calçados a ser produzida se deslocaria de A para B, porque o monopólio integrado 
minimizaria os custos usando os verdadeiros custos de oportunidade de K e L. A redução de custos 
(distância MN) constituiria um incentivo de lucro extraordinário para a integração vertical. 
No entanto, o efeito da integração vertical no preço final ao consumidor será ambíguo, pois dependerá 
de como os consumidores classificam os calçados – se como um bem necessário (demanda inelástica) 
ou um bem superior (demanda elástica). Se o preço ao consumidor aumentar, haverá um tradeoff entre 
os custos e os benefícios da integração, em que os custos são perdas de peso morto devido ao preço do 
monopólio e os benefícios são o melhor emprego dos fatores de produção.
Em resumo, no caso de produção em proporções variáveis, a monopolização vertical será lucrativa para 
o monopolista. Os efeitos do bem-estar, entretanto, podem ser positivos ou negativos, dependendo dos 
parâmetros particulares (elasticidade-preço da demanda, elasticidade de substituição na produção etc.).
Quando as firmas competitivas no processo produtivo downstream utilizam o produto do monopólio 
como insumo em proporções fixas, a integração forward pela firma upstream não afeta o preço final 
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Unidade II
do produto. Essa hipótese é aplicável a situações em que um fabricante vende diretamente seu produto 
final para o elo seguinte da cadeia. Assim, os demandantes combinam os bens adquiridos do fabricante 
monopolista com outros insumos em proporções fixas.
 Observação
Produção em proporções fixas, ou função de produção Leontief, significa 
que cada unidade produzida requer uma proporção fixa dos vários insumos 
utilizados em sua produção.
Nesse caso, a demanda pelo monopólio upstream é o reflexo da demanda final do processo produtivo 
downstream. Dessa forma, o fornecedor monopolista pode maximizar seus lucros sem a integração vertical. 
Duas conclusões podem ser consideradas a partir dos efeitos desse tipo de integração. Em primeiro lugar, 
é de esperar que o preço final do produto aumente com a estrutura de mercado verticalmente integrada. Em 
segundo lugar, existe um forte incentivo para a integração por parte da firma monopolista upstream, devido 
ao aumento dos seus lucros, por meio da internalização dos ganhos de eficiência e do aumento do preço final.
Exemplo de aplicação
Monopolização vertical com produção em proporções fixas
Considere uma indústria de transportes composta de um fornecedor de motores monopolista e 
de fabricantes de ônibus cuja oferta seja perfeitamente competitiva. Cada ônibus produzido requer 
exatamente um motor mais um custo fixo (CF) relativo à transformação do produto final (custo de 
conversão). O objetivo é avaliar as consequências da monopolização vertical do segmento industrial de 
ônibus pelo produtor de motores. A figura a seguir ilustra esse caso:
800
700
500
400
200
100
p
RMg´ D´ D
CF
0
1
3
2
RMg
300 700 800
Preço pré e 
pós-integração
Demanda por ônibus
CMg´ (motores + CF)
CMg (motores)
Oferta (preço dos motores + CF)
Demanda derivada por motores
Figura 28
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Primeiro, considere a situação pré-integração. A demanda final por ônibus é determinada pela curva 
D. Subtraindo o custo fixo por unidade produzida, CF, obtemos a demanda derivada por motores, D’. 
A indústria de ônibus competitiva está em equilíbrio quando:
P0 = CF + Pm
Ou seja, quando o preço dos ônibus P0 iguala o custo marginal (que é a soma do custo fixo CF com 
o preço dos motores Pm). Logo, reescrevendo essa condição como:
P0 = CF + Pm
Chegamos à curva de demanda derivada:
D´= P0 - CF
O fabricante monopolista de motores iguala sua receita marginal (RMg’) ao seu custo marginal 
(CMg) no ponto 1. Dessa forma, o monopolista passa a cobrar um preço de $ 400 ao vender 300 motores. 
A indústria competitiva de ônibus tem um cronograma de fornecimento vertical de $ 400/motor, mais 
o custo fixo de $ 100, isto é, $ 500. Logo, ela vende 300 ônibus a $ 500 cada (ponto 2). O monopolista 
fornecedor de motores lucra $ 400 menos $ 100, multiplicado por 300 unidades, ou seja, $ 90 mil.
Suponha agora que o monopolista fornecedor de motores integre-se verticalmente para a frente 
(forward). A receita marginal correspondente à demanda final por ônibus é RMg. O custo marginal da 
operação combinada (CMg’) é de $ 200, ou a soma do custo marginal dos motores ($ 100) e do custo 
fixo ($ 100). Fazendo-se RMg = CMg’ (ponto 3), gera-se uma quantidade produzida de 300 ônibus a um 
preço de $ 500 (ponto 2). A empresa integrada tem lucro de $ 500 menos $ 200, multiplicado por 300 
unidades, isto é, $ 90 mil.
O resultado, portanto, revela que o monopolista não aufere lucro extraordinário com a monopolização 
vertical para a frente. Ou seja, o lucro é o mesmo pré e pós-integração. O monopolista fornecedor de 
motores é capaz de extrair todo o lucro potencial escolhendo o preço dos motores. Do ponto de vista do 
bem-estar social, não há absolutamente nenhuma diferença. Em suma, nos casos em que há produção 
em proporções fixas, a monopolização vertical deve ter algum incentivo extra além do aumento dos 
lucros de monopólio.
6.3 Integração vertical e discriminação de preços
A integração forward é um importante instrumento para exercer uma discriminação de preços 
implicitamente quando, por razões econômicas ou legais, não é possível praticar uma discriminação de 
forma explícita. 
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 Observação
Discriminação de preços representa o ato de vender o mesmo bem ou 
serviço, distribuído em um único canal, por preços diferentes a compradores 
diferentes durante o mesmo período de tempo.
Nesse caso, podemos verificar duas situações:
• A integração vertical pode ser neutra para as empresas (o lucro não se altera mesmo com a 
discriminação) e, nesse caso, elas optam por não se integrar (admitindo-se que existam custos de 
transação relacionados à negociação e custos legais associados a um processo de integração).
• A integração vertical pode ser vantajosa para as empresas e também para os consumidores, e, 
dessa forma, a empresa decide se integrar para a frente, pois seubenefício é maior do que o custo 
de transação.
Em nenhum dos dois casos descritos existem razões para considerar que a integração vertical possa 
ter efeitos negativos em termos de bem-estar. Por outro lado, um produtor monopolista pode utilizar a 
integração forward para tornar eficaz a discriminação em seu favor. Nesse caso, como um dos problemas 
das estratégias de discriminação é impedir a revenda, isso pode ser alcançado através da integração vertical.
Em tal situação, a integração vertical pode ter efeitos negativos em termos de bem-estar por diminuir 
as possibilidades de negociação de preços. Mas, dependendo do tipo de discriminação (por exemplo, se 
estabelecida na forma de terceiro grau), os efeitos, em termos de bem-estar, podem não ser inequívocos.
 Observação
Discriminação de preços de terceiro grau é a prática de dividir os 
consumidores em dois ou mais grupos (como idosos ou estudantes e o 
resto da população), com curvas de demanda separadas, e cobrar preços 
diferentes de cada grupo.
6.4 Integração vertical e informação assimétrica
A verificação de que no mundo real a informação é assimétrica e imperfeita tem servido também 
como incentivo para a integração vertical. Muitas vezes, as decisões de investimento por parte das 
firmas seriam facilitadas e mais lucrativas se elas tivessem conhecimento de variáveis, como os preços 
do insumo intermediário e a demanda dos consumidores. 
A integração vertical permite maior viabilidade e duração nas relações de troca entre as subsidiárias, 
assegurando assim um relacionamento contínuo entre as partes, com a possibilidade de transferências 
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de informação. Além disso, a integração vertical funciona como uma espécie de mecanismo de 
monitoramento das transações e resolve o problema de agenciamento.
Malmgren (1961) argumentou que a integração vertical requer simplesmente um número menor 
de informações do que requer um contrato complexo ou o próprio mercado. Por meio de um acordo, a 
firma integrada verticalmente não necessita arcar com os custos de acompanhar o desenvolvimento do 
mercado, de investigar fontes alternativas de insumo ou, ainda, de buscar novas formas de distribuição 
de sua produção. 
7 CONCENTRAÇÃO HORIZONTAL
Concentração horizontal é a integração de duas ou mais empresas que se encontram no mesmo elo 
da cadeia produtiva. Esse modelo de prevenção ou barreira à entrada é também conhecido como fusão 
ou aquisição.
Se as firmas decidem incorrer em processos de fusão e aquisição é porque, pelo menos ex ante, 
pensam em se beneficiar dessas decisões. Podem ser identificados dois tipos de ganho para as firmas 
com tais processos:
• Aumento de eficiência, que pode resultar, por exemplo, da exploração de economias de escala ou 
de escopo, da redução da incerteza etc.
• Aumento do poder de mercado. No limite, o excesso de fusões e/ou aquisições pode levar à 
monopolização do mercado.
O resultado final de fusões e aquisições, em termos de bem-estar, depende muito do efeito dominante. 
Por um lado, uma fusão ou uma aquisição terão reflexos positivos para a sociedade se os ganhos de 
eficiência forem o efeito dominante. Por outro, a integração horizontal poderá representar uma perda 
de bem-estar se o exercício de poder de mercado elevar o preço sem redundar em ganhos de eficiência.
Uma intensa movimentação de fusões, no entanto, pode criar preocupações em relação ao aumento 
da concentração e às suas implicações econômicas e políticas. Restringiremos a análise aqui às questões 
antitruste básicas, ou seja, se as fusões permitem que as empresas explorem o poder de mercado em 
mercados relevantes individuais, levando a perda ou ganho em termos de bem-estar.
7.1 Análise custo-benefício de fusões horizontais
Suponha que determinada indústria apresente estrutura de mercado em duopólio e que as empresas 
produzam bens homogêneos. O preço e a quantidade produzida nessa indústria são representados na 
figura a seguir: 
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Q
D
Qcp
RMg
P
qFirma 2qFirma 1
0
PCompetitivo
PMonopólio
PDuopólio
QMonopólio QDuopólio
CMg = CMe
Figura 29 – O efeito de uma fusão sobre o preço e o excedente líquido total
Se as duas empresas se fundirem, o preço aumentará para o nível de preço de monopólio, com 
uma perda no benefício líquido total, indicado pela área sombreada da figura. Essa é a essência da 
preocupação antitruste com fusões horizontais. Como podemos identificar o equilíbrio de oligopólio 
correto que prevalece antes e depois da fusão, é possível calcular o quanto o excedente total é reduzido 
como resultado da concentração. 
Exemplo de aplicação
Fusão em um duopólio de Cournot
Suponha um mercado composto de duas empresas (i = 1; 2) que concorram ofertando um bem 
homogêneo pelo modelo de Cournot (concorrência via quantidades). Desse modo, a produção total do 
mercado é dada por Q = q1 + q2. A função de demanda desse mercado é dada por P = 1 - Q, e ambas as 
empresas apresentam a seguinte função de custo: C = 0,1qi.
Já vimos que as quantidades de cada firma no equilíbrio de Cournot são dadas por:
q q
N
A c
b1 2
1
1
1
2 1
1 0 1
1
0 3 

 

 ,
,
Logo, a produção total do duopólio será: QD = 2 x 0,3 = 0,6. Por sua vez, o preço praticado nesse 
duopólio será:
Pelo que entendo do gráfico, o Preço de equilibrio em duopólio se dá com RMg=0 e em monopólio quando RMg=CMg
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P
N
A NcD 

  

   1
1
1
2 1
1 2 0 1 0 4, ,
A empresa resultante da fusão estabelecerá quantidade produzida e preço de monopólio dados, 
respectivamente, por:
Q
N
A c
b
P
N
A Nc
M
M


 

 


  

   
1
1
1
1 1
1 0 1
1
0 45
1
1
1
1 1
1 1 0 1 0 5
,
,
, , 55
Observa-se que a fusão fez o preço aumentar, embora os custos permaneçam inalterados. Desse 
modo, o excedente total se reduz claramente. Para saber quanto foi a redução do benefício total líquido, 
devemos calcular a área sombreada do trapézio identificado na figura anterior. Esse resultado pode ser 
obtido pela soma da área do triângulo com a do retângulo, dadas por: 
Área do triângulo
Área do r
, , , , ,      1
2
0 6 0 55 0 45 0 4 0 00125
eetângulo       0 6 0 55 0 45 0 1 0 015, , , , ,
Portanto, a perda total de bem-estar será: 0,00125 + 0,015 = 0,01625.
Quando duas empresas efetuam uma fusão, a realidade institucional é muito mais complexa do que 
a de duas funções de custo fundindo-se em uma função de custo, que é tudo o que pode ser capturado 
no exemplo do modelo de Cournot simples. As empresas que se fundem promovem, frequentemente, 
economias de escala. Ao explorar ativos complementares – ou sinergias de custo –, a firma resultante da 
fusão poderá alcançar custos de produção inferiores àqueles percebidos pelas empresas antes da fusão. 
A fusão abre duas possibilidades. Em primeiro lugar, se a redução de custos for grande o suficiente, o 
preço poderá cair mesmo após a fusão, de modo que tanto a empresa resultante como os consumidores 
fiquem em situação melhor do que antes da fusão. Nesse caso, nenhum cálculo detalhado será necessário, 
porque o excedente total aumentará claramente, nem haverá necessidade de qualquer intervenção 
das agências antitruste. Em segundo lugar, no caso mais típico, o preço pós-fusão aumentará, mas 
agora as economias de custo deverão ser levadas em consideração no cálculo do efeito líquido sobre 
o excedente total da sociedade. Esse caso foi estudado pela primeira vez em um importante artigo de 
Oliver Williamson (1968).
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