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Quando o erro médico é considerado crime doloso? O erro médico é considerado crime doloso quando o profissional da saúde age com intenção de causar o resultado lesivo ao paciente, ou seja, quando tem a vontade livre e consciente de praticar a conduta criminosa. Esta é uma das formas mais graves de má conduta médica, diferenciando-se significativamente do erro médico culposo por envolver intencionalidade. Para que um erro médico seja classificado como crime doloso, é preciso que a ação ou omissão do médico seja intencional, com o propósito de causar dano ao paciente. Isso significa que o médico deve ter consciência da ilicitude da sua conduta e do resultado que ela poderá causar. A caracterização do dolo requer a comprovação de dois elementos fundamentais: o elemento cognitivo (conhecimento do risco) e o elemento volitivo (aceitação do resultado). O médico sabe que sua ação ou omissão pode resultar em lesão grave ou morte do paciente, mas a realiza mesmo assim, demonstrando total desprezo pela vida ou integridade física do paciente. 1. O médico age com o objetivo de causar lesão grave ou morte do paciente, frequentemente motivado por questões pessoais, vingança ou interesses financeiros. 2. O médico tem a intenção de aplicar um tratamento inadequado ou negligenciar os cuidados médicos necessários, levando ao resultado lesivo, mesmo tendo pleno conhecimento das alternativas adequadas de tratamento. 3. O profissional realiza procedimentos experimentais sem autorização ou justificativa médica, colocando deliberadamente a vida do paciente em risco. 4. O médico falsifica resultados de exames ou prontuários com a intenção de ocultar evidências de má prática intencional. 5. É importante destacar que o dolo não precisa ser expresso, podendo ser inferido a partir das circunstâncias do caso. Por exemplo, se um médico aplica um medicamento em uma pessoa que sabe ser alérgica a ele, mesmo sem intenção de causar a morte, a ação pode ser considerada dolosa, pois ele tinha conhecimento do risco e o assumiu deliberadamente. Em termos legais, a comprovação do dolo em casos de erro médico é complexa e requer uma investigação minuciosa. O Ministério Público precisa demonstrar de forma inequívoca a intenção do médico em causar o dano, o que frequentemente envolve a análise de prontuários médicos, depoimentos de testemunhas, perícias técnicas e outras evidências circunstanciais. As consequências para o médico condenado por erro médico doloso são severas, podendo incluir penas de reclusão significativas, dependendo da gravidade do resultado, além da perda definitiva do direito de exercer a medicina. Além disso, o profissional pode enfrentar processos civis por danos morais e materiais, bem como procedimentos administrativos junto ao Conselho Regional de Medicina.