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Como Preservamos e Digitalizamos os 
Acervos da Literatura Brasileira?
A preservação e digitalização de acervos literários da época da ditadura militar no Brasil (1964-1985) são 
cruciais para garantir a acessibilidade e a perpetuação da memória cultural e histórica. Desde 2005, 
mais de 500.000 páginas de documentos, incluindo manuscritos originais de obras como "Zero" de 
Ignácio de Loyola Brandão e "A Festa" de Ivan Ângelo, foram digitalizadas e preservadas em formato 
digital.
A digitalização de acervos literários utiliza equipamentos de última geração, como scanners 
Zeutschel OS 14000 A1, capazes de capturar imagens em resolução de até 600 dpi. O processo 
inclui o uso de softwares especializados como ABBYY FineReader para OCR, garantindo 99,9% de 
precisão na conversão de texto, e o sistema DSpace para gestão de metadados, seguindo os 
padrões internacionais Dublin Core.
O acesso digital através do Portal de Acervos Literários da Ditadura (PALD), desenvolvido em 
parceria entre a USP, UNICAMP e UFRJ, já registrou mais de 2 milhões de acessos desde 2018. O 
portal disponibiliza não apenas obras literárias, mas também 15.000 cartas trocadas entre autores 
censurados, 3.000 documentos oficiais da censura, e uma coleção completa dos principais jornais 
alternativos da época, como "O Pasquim" e "Opinião".
A democratização do acesso beneficia especialmente regiões como o Norte e Nordeste do Brasil, 
onde 78% das bibliotecas públicas não possuem exemplares físicos das principais obras do período. 
O programa "Literatura Digital nas Escolas", implementado em 2019, já alcançou 1.500 escolas em 
350 municípios, beneficiando mais de 200.000 estudantes.
Na vanguarda desses esforços, o Instituto Moreira Salles investiu R$ 12 milhões na digitalização do 
acervo completo de Carlos Drummond de Andrade, incluindo 4.000 páginas de poemas e textos 
inéditos escritos durante a ditadura. O Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui 
Barbosa mantém um laboratório de conservação digital que já restaurou e digitalizou mais de 25.000 
documentos relacionados a 47 escritores do período.
O projeto "Memória Digital da Literatura Brasileira", coordenado pela Biblioteca Nacional desde 2015, já 
digitalizou mais de 300.000 páginas de obras raras e documentos históricos da época da ditadura. Este 
acervo inclui 1.200 manuscritos originais, 3.500 fotografias e 850 obras completas de 127 autores 
diferentes. As universidades federais, através do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIB), contribuíram 
com a digitalização de mais 200.000 documentos, incluindo teses, dissertações e periódicos 
acadêmicos sobre a literatura do período.
No entanto, a digitalização de acervos enfrenta desafios significativos:
O custo médio de R$ 5.000 por dia para operação de equipamentos especializados, com 
necessidade de renovação a cada 5 anos;
A demanda por equipes multidisciplinares, incluindo 150 especialistas em preservação digital 
formados anualmente pelo programa de capacitação da Biblioteca Nacional;
Negociações complexas com 78 espólios de autores e 23 editoras para liberação de direitos 
autorais;
O desafio de manter 850 terabytes de dados em formatos atualizados, com backup triplo em 
servidores distribuídos geograficamente.
Para o futuro, o Plano Nacional de Digitalização de Acervos (2024-2034) prevê investimentos de R$ 250 
milhões em novas tecnologias. A implementação de blockchain para autenticação de documentos 
digitais já está em fase piloto em cinco instituições, e sistemas de IA desenvolvidos pela COPPE/UFRJ 
estão sendo treinados para melhorar a categorização e busca em acervos digitais, com previsão de 
catalogar automaticamente mais de 1 milhão de documentos até 2025.

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