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Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP) Centro de Investigações em Direito Privado (CIDP) da Faculdade de Direito de Lisboa (FDL)DANILO DONEDA Elementos históricos e modelos de proteção de dados Dados pessoais, ‘o novo petróleo’ The Economist, maio de 2017 “O fim da privacidade” The Economist, maio de 2017 The Economist Maio de 1999 As últimas 5 décadas Elaboração de um novo direito - o direito à proteção de dados - acompanhado de uma nova principiologia, conceitos, instrumentos e técnicas para aplicação Paradigma clássico: • Direito individual • Isolamento • Recato • Tranqüilidade • Sigilo Privacidade Privacidade Constituição Federal, art. 5º X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Rachel Felix 1858 “O direito à privacidade” Warren / Brandeis Harvard Law Review, 1890 As mais recentes invenções e modelos de negócio apontam para os próximos passos que devem ser dados para a proteção das pessoas e para garantir lhes o “direito a ser deixado só”. As fotografias e os jornais de ampla circulação invadiram os espaços sagrados da vida privada e doméstica; diversos dispositivos tecnológicos ameaçam fazer com que se cumpra a profecia de que “aquilo que é sussurrado nos recintos domésticos será proclamado do alto dos telhados." Conceituação Privacidade L’impossible définition François Rigaux définition introuvable André Vitalis Talismanic word Ken Gormley The obscurity of privacy Raymond Wacks • Controle • Vigilância • Classificação • Discriminação Privacidade novo paradigma Paradigma clássico: Direito individual Isolamento Recato Tranquilidade Sigilo Banco de Dados Nacional EUA, 1967 Número único de identidade Brasil, 1972 Revista Veja, 13/09/1972. p.91 Sentença do Tribunal Constitucional Alemão de 1983 sobre a Lei do Censo Autodeterminação informativa (Informationelle Selbstbestimmung) Autodeterminação informativa Stefano Rodotà Privacidade é o direito de manter o controle sobre as próprias informações e de determinar as modalidades de construção da própria esfera privada Tecnologie e diritti, 1995 Da privacidade à proteção de dados Do segredo ao controle Demanda pela regulação de dados pessoais além de um direito individual • Segurança jurídica • Confiança • Transferência internacional • Interoperabilidade 2019 143 países possuem leis de proteção de dados pessoais Fonte: Graham Greenleaf | David Banisar Estruturas normativas e regulatórias Consolidação dos marcos regulatórios Gerações de leis de proteção de dados pessoais 4ª GERAÇÃO1ª GERAÇÃO (início dos anos 70) • Bancos de dados centralizados 2ª GERAÇÃO (fim anos 70) • Privacidade e proteção de dados como liberdade negativa 3ª GERAÇÃO (anos 80) • Autodeterminação informativa • Elevação do padrão coletivo de proteção https://www.justice.gov/opcl/docs/rec-com-rights.pdf Evolução dos princípios de proteção de dados Código de práticas leais para a informação (1973) 1. Não devem existir bancos de dados pessoais que sejam secretos 2.Todo cidadão deve poder ter acesso à própria informação pessoal e a saber como ela é usada 3.A informação pessoal obtida para uma finalidade não poderá ser utilizada para outra finalidade sem o consentimento do titular 4.Devem existir meios para o titular corrigir ou complementar a sua informação pessoal 5.Toda entidade que utilize dados pessoais deve garantir a sua qualidade e segurança Evolução dos princípios de proteção de dados Código de práticas leais para a informação (1973) Linhas-Guia da OCDE Princípios Básicos de proteção de dados • Qualidade - Base legal - Finalidade - Proporcionalidade - Qualidade • Proteção a categorias especiais de dados • Segurança • Transparência 8b3700168007 Convenção 108 do Conselho da Europa Princípios Nacionais de proteção de dados • Limitação da coleta • Qualidade • Finalidade • Limitação do uso (consentimento ou autorização legal) • Segurança • Transparência • Acesso (participação individual) • Responsabilidade demonstrada (Accountability) Europa • Lei de Hesse (1970) • Convenção 108 do Conselho da Europa (1981) • Diretiva 95/46/CE • Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (2000) • Regulamento Geral de Proteção de Dados (2018) • Bases legais • Livre fluxo de dados • Autoridades de Garantia Modelo europeu • Decentralizado • Leis federais somente em relação ao Estado • Auto-regulação • Federal Trade Commission Modelo norte-americano Proteção de dados pessoais no Brasil Antes da LGPD Marco Civil da Sociedade da Informação Brasil • Código de Defesa do Consumidor Lei do Cadastro Positivo (Lei 12.414/2011) Lei de acesso à informação (Lei 12.527/2011) Marco Civil da internet (Lei 12.965/2014) • • • Constituição Federal Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Art. 5º ... X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Artigo 5º LXXII - conceder-se-á "habeas- data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b)para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Habeas Data Constituição Federal / Lei 9.507/97 Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável; Lei de Acesso à Informação Lei 12.527/2011 Seção V - Das Informações Pessoais Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. § 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: I.- terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e II.- poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem. § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. Lei de Acesso à Informação Lei 12.527/2011 § 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será exigido quando as informações forem necessárias: I.- à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente para o tratamento médico; II.- à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a identificação da pessoaa que as informações se referirem; III.- ao cumprimento de ordem judicial; IV - à defesa de direitos humanos; ou V - à proteção do interesse público e geral preponderante. Lei de Acesso à Informação Lei 12.527/2011 O Marco Civil da Internet não garante a privacidade e a proteção de dados de forma abrangente, completa e estruturada. Nem todas as disposiçõessobre proteção de dados são de natureza protetiva O Marco Civil da Internet não é uma normativa geral sobre proteção de dados pessoais Marco Civil da Internet Lei 12965/2014 Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios: … II.- proteção da privacidade; III.- proteção dos dados pessoais, na forma da lei; Marco Civil da Internet Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: I.- inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; II.- inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei; III.- inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial; Marco Civil da Internet VII - não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei; … IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, que deverá ocorrer de forma destacada das demais cláusulas contratuais; Marco Civil da Internet VIII - informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção de seus dados pessoais, que somente poderão ser utilizados para finalidades que: a) justifiquem sua coleta; b)não sejam vedadas pela legislação; e c)estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de aplicações de internet; Marco Civil da Internet X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei; Marco Civil da Internet Proteção de dados Direito fundamental? • A proteção de dados pessoais, até recentemente, não era tratada como um direito fundamental em nosso ordenamento • O STF, em 2020, passou a reconhecer um direito fundamental à proteção de dados em nosso ordenamento, em decisão acerca da MP 954/2020. Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia Artigo 7º Respeito pela vida privada e familiar Todas as pessoas têm direito ao respeito pela sua vida privada e familiar, pelo seu domicílio e pelas suas comunicações. Artigo 8º Proteção de dados pessoais Todas as pessoas têm direito à proteção dos dados de carácter pessoal que lhes digam respeito. Esses dados devem ser objecto de um tratamento leal, para fins específicos e com o consentimento da pessoa interessada ou com outro fundamento legítimo previsto por lei. Todas as pessoas têm o direito de aceder aos dados coligidos que lhes digam respeito e de obter a respectiva rectificaçao. 3. O cumprimento destas regras fica sujeito a fiscalização por parte de uma autoridade independente. MPV n. 954/2020: Art. 2º As empresas de telecomunicação prestadoras do STFC e do SMP deverão disponibilizar à Fundação IBGE, em meio eletrônico, a relação dos nomes, dos números de telefone e dos endereços de seus consumidores, pessoas físicas ou jurídicas. § 1º Os dados de que trata o caput serão utilizados direta e exclusivamente pela Fundação IBGE para a produção estatística oficial, com o objetivo de realizar entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares. Brasil Medida Cautelar nas ADIs 6387, 6388, 6389, 6390 e 6393 (1)Violação à inviolabilidade da vida privada e da intimidade, ao direito à autodeterminação informativa, ao direito à privacidade e à proteção de dados pessoais. (2)A desproporcionalidade entre os dados necessários para a pesquisa amostral visada e a imposição de compartilhamento dos dados pessoais de milhões de brasileiros; (3)Prazo exíguo para a discussão e implementação das medidas; (4)Previsão de um relatório de impacto à proteção de dados pessoais cuja elaboração seria feita depois do compartilhamento e do processamento dos dados coletados, e não antes. (5)O caráter vago e genérico da redação normativa empregada frente aos riscos envolvidos, não detalhando a finalidade do tratamento de dados almejado e não descrevendo minimamente quais procedimentos de segurança seriam adotados Brasil Medida Cautelar nas ADIs 6387, 6388, 6389, 6390 e 6393 Reconhecimento de um Direito Fundamental à Proteção de DadVoOTsO (Min. Gilmar Mendes) “A autonomia do direito fundamental em jogo na presente ADI exorbita, em essência, de sua mera equiparação com o conteúdo normativo da cláusula de proteção ao sigilo. A afirmação de um direito fundamental à privacidade e à proteção de dados pessoais deriva, ao contrário, de uma compreensão integrada do texto constitucional lastreada (i)no direito fundamental à dignidade da pessoa humana, (ii)na concretização do compromisso permanente de renovação da força normativa da proteção constitucional à intimidade (art. 5o, inciso X, da CF/88) diante do espraiamento de novos riscos derivados do avanço tecnológico e ainda (iii)no reconhecimento da centralidade do Habeas Data enquanto instrumento de tutela material do direito à autodeterminação informativa.” VOTO (Min. Ricardo Lewandowski) “Aliás, todos nós sabemos que, nos dias que correm, o número de uma linha celular, por exemplo, tem a finalidade muito maior do que, singelamente, servir para que pessoas telefonem umas paras as outras. Na verdade, esse número serve como chave de identificação e de acesso a um universo de plataformas eletrônicas, como bancos, supermercados, serviços públicos e redes sociais, todos elas detentoras das mais variadas informações sobre o titular daquela linha telefônica. [...] É preciso ficar claro, portanto, que não se está a falar de informações insignificantes, mas da chave de acesso a dados de milhões de pessoas, com alto valor para execução de políticas públicas, é verdade, mas também com provável risco de adoção de expedientes, por vezes, dissimulados, obscuros, que possam causar desassossego na vida diária do indivíduo.” Não há dados insignificantes VOTO (Min. Rosa Weber) “Certamente há quem ainda se lembre de que há poucas décadas, antes da ubiquidade da telefonia móvel, era comum a edição de listas telefônicas impressas contendo nomes, telefones e endereços dos assinantes residenciais e comerciais dos serviços de telefonia em uma dada localidade. Além de ser facultado aos usuários dos serviços de telefonia optarem pela exclusão dos próprios dados dessas listas, é crucial ter presente que o que podia ser feitos a partir da publicização de tais dados pessoais não se compara ao que pode ser feito no patamar tecnológico atual, em que poderosas tecnologias de processamento, cruzamento e filtragem de dados permitem a formação de perfis individuais extremamente detalhados.” Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais LGPD Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018 Aprovação por unanimidade Câmara e Senado após 8 anos de debate Lei 13.709/2018: Institui novo paradigma de proteção de dados no Brasil Lei Geral de Proteção de Dados Objetivos • Criar ferramentas e processos para a proteção e controle do cidadão quanto ao uso dos seus dados • Estabelecer regras claras para que empresas e organizações usem legitimamente dados pessoais nas suas atividades e favorecer o livre fluxo de dados pessoais A Lei Geral de Proteção de Dados • Uma lei sobre sigilo e segredo das informações pessoais; • Uma lei que meramente restringe o acesso e o fluxo de informações pessoais A Lei Geral de Proteção de Dados é Novo pacto realizado pela Sociedade para a garantia da proteção e do fluxo e utilizaçãolegítima de dados pessoais Lei 13.709/2018: Lei Geral de Proteção de Dados • Estabelece parâmetros para que empresas e organizações tratem dados pessoais com garantia e segurança • Estabelece diversas possibilidades de uso legítimo de dados pessoais (10 hipóteses) • Favorece o uso de dados pessoais para situações como pesquisa científica e proteção da saúde e da vida - ela é importante, por exemplo, para possibilitar o monitoramento de casos e de índices de isolamento social durante a pandemia Lei 13.709/2018: Lei Geral de Proteção de Dados • A Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD - é uma lei federal, de abrangência nacional e de alcance extraterritorial. É um marco regulatório que visa criar regras uniformes sobre o fluxo e a proteção de dados pessoais no país. Tem natureza multisetorial, pois afeta todos os setores da sociedade, incluindo o setor público, e transversal, vez que que incide sobre todas as atividades desenvolvidas por quem trata dados de pessoas físicas, em todos os níveis operacionais e organizacionais. • • A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos: I.- o respeito à privacidade; II.- a autodeterminação informativa; III.- a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; IV.- a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; V.- o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; VI.- a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e VII.- os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. LGPD, Art. 2º A Lei Geral de Proteção de Dados Fundamentos Quando a LGPD se aplica LGPD, art. 3º • Todos os tratamentos de dados pessoais - Em território nacional - Dirigidos a pessoa no território nacional - Com dados coletados em território nacional Quando a LGPD se aplica Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, independentemente do meio, do país de sua sede ou do país onde estejam localizados os dados, desde que: I - a operação de tratamento seja realizada no território nacional; II.- a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de indivíduos localizados no território nacional; III.- os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido coletados no território nacional. Quando a LGPD não se aplica LGPD, art. 4º • Tratamentos para fins exclusivamente pessoais • Tratamentos para fins artísticos, jornalísticos ou acadêmicos • Tratamentos em determinados setores Quando a LGPD não se aplica Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais: I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não econômicos; II - realizado para fins exclusivamente: a) jornalístico e artísticos; ou b)acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7o e 11 desta Lei; III - realizado para fins exclusivos de: a) segurança pública; b) defesa nacional; c) segurança do Estado; ou d) atividades de investigação e repressão de infrações penais; Anteprojet o de Lei de proteção de dados para segurança pública e investigaç ões criminais Conceitos Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018 • • • • • • • • • • Dado pessoal Dado pessoal sensível Dado anonimizado Dado pseudonimizado* Tratamento Titular Controlador Operador Encarregado Anonimização Conceitos Fundamentais da LGPD • • • • • • • Consentimento Bloqueio Eliminação Transferência internacional Uso compartilhado Relatório de impacto à proteção de dados pessoais Autoridade Nacional de Proteção de Dados LGPD, art 5º Dado pessoal informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável; Art. 5º, I Dado pessoal somente pessoa natural Portanto, a LGPD protege somente dados de pessoas naturais, cidadãos, independente da nacionalidade. A LGPD não se aplica para dados de pessoas jurídicas - empresas ou organizações Estas podem proteger seus próprios dados com o auxílio de normas sobre segredo comercial e industrial, bancário, fiscal, propriedade intelectual e outras. Portanto, a LGPD foi concebida para proteger o cidadão por meio da proteção de seus dados pessoais Dado pessoal Sensível Dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural; Art. 5º, II Dado anonimizado dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento; Art. 5, III Anonimização utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo; Art. 5, XI Algumas precauções na anonimização e isso de dados anonimizado são necessárias. Os dados anonimizados serão considerados como dados pessoais e, portanto, sujeitos à LGPD sempre que: -o processo de anonimização ao qual foram submetidos for revertido ou quando, com esforços razoáveis, puder ser revertido. -Se forem utilizados para a formação do perfil comportamental de uma determinada pessoa natural, identificada. Art. 12, caput e § 3º Dado anonimizado e anonimização Titular pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento; Art. 5º, V Tratamento toda operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração; Art. 5º, X Controlador pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais; Art. 5º, VI Operador pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador; Art. 5º, VII Encarregado pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD); Art. 5º, VIII Consentimento manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada; Art. 5º, XII Eliminação exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em banco de dados, independentemente do procedimento empregado; Art. 5º, XIV Transferência internacional de dados transferência de dados pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do qual o país seja membro; Art. 5º, XV Princípios Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018 • • • • • • Boa-fé Finalidade Adequação Necessidade Livre acesso Qualidade Princípios de Proteção de Dados • • • • • Transparência Segurança Prevenção Não Discriminação Responsabilização e prestação de contas LGPD, art 6º Princípio da Finalidade realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades Art. 6º, I Princípio da Adequação compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento Art. 6º, II Princípio da Necessidade Minimização limitação do tratamento aomínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados Art. 6º, III Princípio do Livre Acesso garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de seus dados pessoais Art. 6º, IV Princípio da Qualidade garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento Art. 6º, V Princípio da Transparência garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial Art. 6º, VI Princípio da Segurança utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão Art. 6º, VII Princípio da Prevenção adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais Art. 6º, VIII Princípio da Prevenção • Privacy by Design (PbD) • Privacidade na concepção Princípio da Não Discriminação impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos Art. 6º, IX Princípio da Responsabilização e Prestação de Contas Accountability demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a observância e o cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas Art. 6º, X Bases legais Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018 Bases legais para o tratamento de dados pessoais LGPD, art. 7º • Consentimento do titular; • Cumprimento de obrigação legal ou regulatória; • Pela administração pública; • Estudos realizados por órgão de pesquisa; • execução de contrato; • Exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral; • Proteção da vida ou tutela da saúde; • interesses legítimos do controlador ou de terceiro • Proteção do crédito Consentimento mediante o fornecimento de consentimento pelo titular Art. 7º, I Obrigação legal ou regulatória para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; Art. 7º, II Pela administração pública para o tratamento e uso compartilhado de dados necessários à execução de políticas públicas previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições do Capítulo IV desta Lei; Art. 7º, III Pela administração pública O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, na persecução do interesse público, com o objetivo de executar as competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço público, desde que: Art. 23 Estudos (por órgão de pesquisa) para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais; Art. 7º, IV Execução de contrato quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pedido do titular dos dados; Art. 7º, V Exercício regular de direitos para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral, Art. 7º, VI Proteção da vida ou incolumidade física para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro Art. 7º, VII Tutela da saúde para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; Art. 7º, VIII Legítimo interesse quando necessário para atender aos interesses legítimos do controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais; Art. 7º, IX Proteção do crédito X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na legislação pertinente. Art. 7º, VII Bases Legais para o tratamento de dados pessoais sensíveis LGPD, art. 11 • Consentimento específico e destacado do titular; • Cumprimento de obrigação legal ou regulatória; • Pela administração pública; • Estudos realizados por órgão de pesquisa; • Exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral; • Proteção da vida ou tutela da saúde; • Prevenção contra fraude e segurança do titular Garantia de prevenção à fraude nos processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais. Art. 11, II, g Regime para crianças e adolescentes LGPD, art. 14 • Princípio do melhor interesse; • Para crianças: consentimento dos pais ou responsáveis • Adolescentes: participam da decisão; • Deve-se verificar se o titular é menor; • Informação sobre o tratamento para o menor. • • • • • • Liberdade, intimidade e privacidade Confirmação do tratamento Acesso Correção Oposição Anonimização, bloqueio ou eliminação Direitos do titular • • • • • • Eliminação Informação Revogação do consentimento Peticionar para a garantia dos seus direitos Explicação e revisão de decisões automatizadas Portabilidade LGPD, arts. 17-22 Confirmação confirmação da existência de tratamento; Art. 18, I Acesso acesso aos dados; Art. 18, II Correção ou retificação correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados; Art. 18, III Anonimização Bloqueio Eliminação anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei; Art. 18, IV Portabilidade portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regulamentação da autoridade nacional, observados os segredos comercial e industrial Art. 18, V Eliminação eliminação dos dados pessoais tratados com o consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei Art. 18, VI Oposição O titular pode opor-se a tratamento realizado com fundamento em uma das hipóteses de dispensa de consentimento, em caso de descumprimento ao disposto nesta Lei. Art. 18, § 1º Informação - informação das entidades públicas e privadas com as quais o controlador realizou uso compartilhado de dados; - informação sobre a possibilidade de não fornecer consentimento e sobre as consequências da negativa; Art. 18, VII e VIII Informação O titular tem direito ao acesso facilitado às informações sobre o tratamento de seus dados, que deverão ser disponibilizadas de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre outras características previstas em regulamentação para o atendimento do princípio do livre acesso: I - finalidade específica do tratamento; II.- forma e duração do tratamento, observados os segredos comercial e industrial; III.- identificação do controlador; IV.- informações de contato do controlador; V.- informações acerca do uso compartilhado de dados pelo controlador e a finalidade; VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamento; e VII - direitos do titular, com menção explícita aos direitos contidos no art. 18 desta Lei. Art. 9º Revogação do consentimentorevogação do consentimento, nos termos do § 5º do art. 8º desta Lei. Art. 18, IX Petição perante autoridade O titular dos dados pessoais tem o direito de peticionar em relação aos seus dados contra o controlador perante a autoridade nacional. Art. 18, § 1º § 3º Os direitos previstos neste artigo serão exercidos mediante requerimento expresso do titular ou de representante legalmente constituído, a agente de tratamento Art. 18, § 3º O direito a que se refere o § 1º deste artigo também poderá ser exercido perante os organismos de defesa do consumidor. Art. 18, § 8º Decisões automatizadas direito à revisão O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. Art. 20. Decisões automatizadas direito à “explicação" O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. § 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas, informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos procedimentos utilizados para a decisão automatizada, observados os segredos comercial e industrial. § 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata o § 1º deste artigo baseado na observância de segredo comercial e industrial, a autoridade nacional poderá realizar auditoria para verificação de aspectos discriminatórios em tratamento automatizado de dados pessoais. Art. 20. Encarregado Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018 • Ponto focal • Identidade e contato públicos • Não realiza o tratamento de dados pessoais nem é pessoalmente responsável pelo tratamento Encarregado • Funções externas: contato com titulares, sociedade e ANPD • Funções internas: orientação LGPD, art. 41 Encarregado encarregado: pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD); Art. 5º, VIII Atribuições do encarregado Art. 41, § 2º As atividades do encarregado consistem em: I.- aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar esclarecimentos e adotar providências; II.- receber comunicações da autoridade nacional e adotar providências; III.- orientar os funcionários e os contratados da entidade a respeito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais; e IV.- executar as demais atribuições determinadas pelo controlador ou estabelecidas em normas complementares. Art. 41, § 2º Indicação do Encarregado Toda empresa deve ter um encarregado? A princípio, sim. Isto é ressaltado para órgãos públicos: Art. 23, III - seja indicado um encarregado quando realizarem operações de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta Lei; Já para privados, há a expectativa de que eventualmente a ANPD possa estabelecer um critério que dispense empresas de determinado porte ou características: § 3º A autoridade nacional poderá estabelecer normas complementares sobre a definição e as atribuições do encarregado, inclusive hipóteses de dispensa da necessidade de sua indicação, conforme a natureza e o porte da entidade ou o volume de operações de tratamento de dados. Agentes de tratamento Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018 Obrigações: • Registro • Relatórios • Operador: seguir as instruções do Controlador Controlador / Operador LGPD, arts. 37-40, 42-45 Responsabilidade: • Operador: na medida da sua atuação • Possibilidade de inversão do ônus da prova • Hipóteses de não incidência da responsabilização Controlador pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais; Art. 5º, VI Controlador • O Controlador é o interessado no tratamento de dados. A iniciativa e decisões sobre o tratamento são dele • Todo tratamento de dados pessoais tem um controlador • O Tratamento pode ter mais de um controlador. Neste caso, são considerados Controladores conjuntos (ou “co- controladores”) • Muitas vezes, em particular em atividades ou empresas/ organizações de menor porte, o controlador realiza o tratamento de dados pessoais com seus próprios meios Operador pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador; Art. 5º, VII Operador O operador deverá realizar o tratamento segundo as instruções fornecidas pelo controlador, que verificará a observância das próprias instruções e das normas sobre a matéria. Art. 39 Operador • O Operador é um terceiro em relação ao Controlador • Ele trata os dados pessoais no interesse e de acordo com as instruções do Controlador Se ele tomar iniciativas próprias em relação ao tratamento, pode passar a ser considerado um Controlador conjunto (ou “co-Controlador”) • § 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos dados: I.- o operador responde solidariamente pelos danos causados pelo tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de proteção de dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao controlador, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei; II.- os controladores que estiverem diretamente envolvidos no tratamento do qual decorreram danos ao titular dos dados respondem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei. Art. 42 Responsabilidade solidariedade controladores conjuntos O tratamento de dados pessoais será irregular quando deixar de observar a legislação ou quando não fornecer a segurança que o titular dele pode esperar, consideradas as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo pelo qual é realizado; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - as técnicas de tratamento de dados pessoais disponíveis à época em que foi realizado. Art. 44 Responsabilidade Critérios de ilicitude do tratamento Tranferências internacionais É legítima a transferência internacional com: • Adequação; Consentimento; Autorização da Autoridade; Acordos Internacionais • • • • Cláusulas corporativas globais; Cláusulas-padrão; Cláusulas contratuais para determinada transferência; Selos, Certificados e Códigos de Conduta • • • Adequação • Acordo internacional • Dispensa qualquer outra base para a transferência É a mais ampla porém também a mais lenta a ser atingida • Segurança da informação Segurança da informação LGPD, arts. 46 - 49 • Medidas de segurança • Padrões de segurança • • Incidentes de segurança • “vazamento de dados” Notificação Segurança da informação Os agentes de tratamento devem adotar medidas de segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento inadequado ou ilícito. § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões técnicos mínimos para tornar aplicável o disposto no caput deste artigo, considerados a natureza das informações tratadas, as características específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia, especialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os princípios previstos no caput do art. 6o desta Lei. § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão serobservadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço até a sua execução. Art. 46 Incidentes de segurança "vazamentos de dados" Devem ser comunicados ao órgão competente e ao titular - será verificada a potencial extensão do dano -medidas preventivas (utilização de criptografia) são levadas em consideração -pode haver a determinação de comunicação pública Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados pessoais devem ser estruturados de forma a atender aos requisitos de segurança, aos padrões de boas práticas e de governança e aos princípios gerais previstos nesta Lei e às demais normas regulamentares. Incidentes de segurança Privacy by Design Boas práticas e governança Boas práticas e governança LGPD, arts. 50 - 51 • Governança de dados e boas práticas • Programa de governança em privacidade • Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais Boas práticas e governança Programa de governança em privacidade 1. demonstre o comprometimento do controlador em adotar processos e políticas internas que assegurem o cumprimento, de forma abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção de dados pessoais; 2. seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que estejam sob seu controle, independentemente do modo como se realizou sua coleta; 3. seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas operações, bem como à sensibilidade dos dados tratados; 4. estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em processo de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacidade; 5. tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o titular, por meio de atuação transparente e que assegure mecanismos de participação do titular; 6. festeja integrado a sua estrutura geral de governança e estabeleça e aplique mecanismos de supervisão internos e externos; 7. conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e 8. seja atualizado constantemente com base em informações obtidas a partir de monitoramento contínuo e avaliações periódicas; Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais documentação do controlador que contém a descrição dos processos de tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco; Art. 5º, XVII Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais Requisitos mínimos • Descrição dos tipos de dados coletados • Metodologia utilizada para a coleta e para a garantia da segurança das informações • Análise do controlador com relação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco adotados. Art. 38, parágrafo único Autoridade Nacional de Proteção de Dados ANPD Natureza institucional e jurídica Fica criada, sem aumento de despesa, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão da administração pública federal, integrante da Presidência da República. § 1º A natureza jurídica da ANPD é transitória e poderá ser transformada pelo Poder Executivo em entidade da administração pública federal indireta, submetida a regime autárquico especial e vinculada à Presidência da República. § 2º A avaliação quanto à transformação de que dispõe o § 1º deste artigo deverá ocorrer em até 2 (dois) anos da data da entrada em vigor da estrutura regimental da ANPD. Art. 55-A É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD. Art,. 55-B ANPD - composição (art. 55-C/ LGPD e Decreto 10.474/2020) ANPD coordenação com reguladores e com outros órgãos A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela regulação de setores específicos da atividade econômica e governamental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcionamento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei Art. 55-J, 3º A aplicação das sanções previstas nesta Lei compete exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública. Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão central de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e diretrizes para a sua implementação Art. 55-K Conselho Nacional de Proteção de Dados e da Privacidade LGPD, arts. 58-A - 58-B • Natureza Consultuma • Multissetorial CNPDP - Composição CNPDP competências I.- propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a elaboração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade e para a atuação da ANPD; II.- elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade; III.- sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; IV.- elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; V.- disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade à população. Art. 58-B Sanções administrativas Sanções administrativas LGPD, arts. 52 - 54 • Somente podem ser aplicadas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) • Entram em vigor em 1º de agosto de 2021 • A LGPD define parâmetros de aplicação • A ANPD definirá metodologia para o cálculo das sanções Sanções • Advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas; • Multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da pessoa jurídica de direito privado, grupo ou conglomerado no Brasil no seu último exercício, excluídos os tributos, limitada, no total, a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração; • Multa diária, observado o limite total a que se refere o inciso II; • Publicização da infração após devidamente apurada e confirmada a sua ocorrência; • Bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua regularização; Eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração; • Suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de tratamento pelo controlador; • Suspensão do exercício da atividade de tratamento dos dados pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual período; • Proibição parcial ou total do exercício de atividades relacionadas a tratamento de dados. Art. 52 Sanções parâmetros e critérios • a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais afetados; • a boa-fé do infrator; • a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; • a condição econômica do infrator; • a reincidência; • o grau do dano; • a cooperação do infrator; • a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e procedimentos internos capazes de minimizar o dano, voltados ao tratamento seguro e adequado de dados, em consonância com o disposto no inciso II do § 2o do art. 48 desta Lei; • a adoção de política de boas práticas e governança; • a pronta adoção de medidas corretivas; e • a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção. Art. 52, § 1º Sanções Dosimetria • A autoridade nacional definirá, por meio de regulamento próprio sobre sanções administrativas a infrações a esta Lei, que deverá ser objeto de consulta pública, as metodologias que orientarão o cálculo do valor- base das sanções de multa. • § 1o As metodologias a que se refere o caput deste artigo devem ser previamente publicadas, para ciência dos agentesde tratamento, e devem apresentar objetivamente as formas e dosimetrias para o cálculo do valor-base das sanções de multa, que deverão conter fundamentação detalhada de todos os seus elementos, demonstrando a observância dos critérios previstos nesta Lei. Art. 53 Sanções além da LGPD e ANPD • § 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de sanções administrativas, civis ou penais definidas na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, e em legislação específica. Art 52, § 2º