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Técnico em Administração Reponsabilidade Social e Ambiental Instituto Federal Sul-rio-grandense Campus Pelotas - Visconde da Graça Marcelo Freitas Gil 2011 Pelotas - RS Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Equipe de Elaboração Campus Pelotas - Visconde da Graça /CAVG Coordenação Institucional Cinara Ourique do Nascimento/CAVG Professor-autor Marcelo Freitas Gil/CAVG Projeto Gráfico Eduardo Meneses Fábio Brumana Equipe Técnica Gil Velleda/CAVG Ivana Patrícia Iahnke Steim/CAVG Maria Isabel Giusti Moreira/CAVG Pablo Brauner Viegas/CAVG Paula Garcia Lima/CAVG Rodrigo da Cruz Casalinho/CAVG Diagramação Maria Isabel Giusti Moreira/CAVG Pablo Brauner Viegas/CAVG Revisão Cristiane Silveira dos Santos /CAVG Marchiori Quevedo/CAVG Angelita Hentges/CAVG Ficha catalográfica © Campus Pelotas - Visconde da Graça Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Campus Pelotas - Agrotécnico Vis- conde da Graça (CAVG) e o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil – e-Tec Brasil. Amigo(a) estudante! O Ministério da Educação vem desenvolvendo Políticas e Programas para expansãoda Educação Básica e do Ensino Superior no País. Um dos caminhos encontrados para que essa expansão se efetive com maior rapidez e eficiên- cia é a modalidade a distância. No mundo inteiro são milhões os estudantes que frequentam cursos a distância. Aqui no Brasil, são mais de 300 mil os matriculados em cursos regulares de Ensino Médio e Superior a distância, oferecidos por instituições públicas e privadas de ensino. Em 2005, o MEC implantou o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), hoje, consolidado como o maior programa nacional de formação de profes- sores, em nível superior. Para expansão e melhoria da educação profissional e fortalecimento do Ensi- no Médio, o MEC está implementando o Programa Escola Técnica Aberta do Brasil (e-TecBrasil). Espera, assim, oferecer aos jovens das periferias dos gran- des centros urbano se dos municípios do interior do País oportunidades para maior escolaridade, melhores condições de inserção no mundo do trabalho e, dessa forma, com elevado potencial para o desenvolvimento produtivo regional. O e-Tec é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Educação Pro- fissionale Tecnológica (SETEC), a Secretaria de Educação a Distância (SED) do Ministério daEducação, as universidades e escolas técnicas estaduais e federais. O Programa apóia a oferta de cursos técnicos de nível médio por parte das escolas públicas de educação profissional federais, estaduais, municipais e, por outro lado,a adequação da infra-estrutura de escolas públicas estaduais e municipais. Do primeiro Edital do e-Tec Brasil participaram 430 proponentes de ade- quaçãode escolas e 74 instituições de ensino técnico, as quais propuseram 147 cursos técnicos de nível médio, abrangendo 14 áreas profissionais. Apresentação e-Tec Brasil O resultado desse Edital contemplou 193 escolas em 20 unidades fede- rativas. A perspectiva do Programa é que sejam ofertadas10.000 vagas, em 250 polos, até 2010. Assim, a modalidade de Educação a Distância oferece nova interface para amais expressiva expansão da rede federal de educação tecnológica dos úl- timos anos: aconstrução dos novos centros federais (CEFETs), a organização dos Institutos Federaisde Educação Tecnológica (IFETs) e de seus campi. O Programa e-Tec Brasil vai sendo desenhado na construção coletiva e par- ticipaçãoativa nas ações de democratização e expansão da educação profis- sional no País, valendo-se dos pilares da educação a distância, sustentados pela formação continuadade professores e pela utilização dos recursos tec- nológicos disponíveis. A equipe que coordena o Programa e-Tec Brasil lhe deseja sucesso na sua formação profissional e na sua caminhada no curso a distância em que está matriculado(a). Brasília, Ministério da Educação – setembro de 2008. Sumário Apresentação e-Tec Brasil 3 Sumário 5 Indicação de Ícones 7 Palavra do professor-autor 9 Outros - instituição validadora 11 Apresentação da Disciplina 13 Projeto instrucional 15 3 Desenvolvimento Sustentável e Crescimento Econômico 17 3.1 Desenvolvimento Sustentável e Crescimento Econômico: definindo conceitos 17 3.2 O Desenvolvimento Sustentável 20 Atividades de aprendizagem 25 Referências 27 Currículo do professor 29 Indicação de Ícones Os ícones funcionam como elementos gráficos utilizados para facilitar a or- ganização e a leitura do texto. Veja a função de cada um deles: Atenção: Mostra pontos relevantes encontrados no texto. Saiba mais: Oferece novas informações que enriquecem o as- sunto como “curiosidades” ou notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: Utilizado para definir um termo, palavra ou expres- são utlizada no texto Midias integradas: Indica livros, filmes, músicas sites, progra- mas de TV, ou qualquer outra fonte de informação relacionada ao conteúdo apresentado. Pratique: Indica exercícios e/ou Atividades Complementares que você deve realizar. Resumo: Traz uma síntese das idéias mais importantes apresen- ta das no texto/aula. Avaliação: Indica Atividades de Avaliação de Aprendizagem da aula. Prezados alunos Esta disciplina tem como objetivo instrumentalizar uma reflexão crí- tica no que diz respeito às questões relativas à responsabilidade social e ambiental. Pretende-se com ela que o aluno possa refletir sobre o exercício da cidadania em uma sociedade marcada pela necessidade de uma postura ética diante das questões sociais e ambientais, principalmente por parte da- queles que irão desempenhar uma função técnica na área da administração. Considerando-se que o conhecimento é algo que se constrói de ma- neira conjunta, através da troca de experiências e do diálogo permanente entre os atores sociais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, gos- taria de deixar claro a minha disposição de aprender com vocês e de poder auxiliá-los nesta caminhada que agora se inicia. Considerando-se que todo processo de ensino-aprendizagem é sem- pre um sistema aberto, onde não pode haver lugar para qualquer tipo de pretensão e visão totalitária acerca do processo de construção do conhe- cimento, proponho que todos nós vivenciemos esta disciplina como uma oportunidade para aprendermos e trocarmos informações que sejam rele- vantes em nossa área de atuação. Sendo assim, sejam todos bem-vindos e boas leituras. Marcelo Freitas Gil Palavra do professor-autor e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 9 Outros - instituição validadora e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 11 Apresentação da Disciplina Responsabilidade social diz respeito ao cumprimento de deveres e obrigações em relação à sociedade na qual se está inserido. A necessidade de se cumprirem esses deveres e obrigações alcança pessoas e empresas presentes em uma dada sociedade. Para muitos sociólogos responsabilidade social é a forma de retribuir a um determinado grupo social, por algo alcan- çado ou permitido, modificando hábitos e costumes, ou mesmo, o perfil dos sujeitos ou locais que recebem o impacto da trasformação. É justamente nesse sentido que a responsabilidade social se associa à responsabilidade ambiental, na medida em que a obrigação de preservar o meio ambiente onde estamos inseridos é de todos nós, pessoas e empresas, incluindo-se, nessa relação também, os governos, agentes representativos dos cidadãos e das pessoas no âmbito político. Como exemplo podemos citar o caso de uma empresa que se instala em uma determinada região antes ocupada por um grupo de moradores. Digamos que esses moradores utilizavam esse espaço para a criação de ani- mais, prática através da qual produziam recursos para a sua sobrevivência. Surge, então, para essa empresa, de acordo com os princípios éticos que norteiam a responsabilidade social, a necessidade de estabelecerum novo cenário no local que possibilite a sobrevivência daqueles antigos moradores, garantindo-lhes a dignidade humana, enquanto cidadãos. Por outro lado, observando-se os mesmos princípios éticos, é obri- gação dessa empresa zelar para a conservação do ambiente geográfico no qual ela está se inserindo, tomando todas as medidas cabíveis para diminuir, o quanto possível, o impacto ambiental causado pelas transformações de- correntes de sua instalação. Além disso, é sua obrigação utilizar de forma responsável os recursos naturais de que necessita para o seu processo pro- dutivo, evitando esgotar os recursos naturais. Seguindo-se o mesmo raciocínio, cabe ao governo, na qualidade de gerenciador do Estado que a todos representa, através de órgãos próprios, fiscalizar todo esse processo, a fim de garantir a segurança social e ambien- tal, através da criação de legislação específica, bem como através da criação e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 13 de órgãos capazes de fazê-lo. Nesta disciplina estudaremos todas essas relações, por vezes muito tensas no ambiente social em que nos inserimos, onde o modo de produção capitalista vem ditando uma forma de pensar e agir em que a necessidade do lucro vem sempre em primeiro lugar, sendo relegadas a um segundo pla- no as questões sociais e ambientais. Bons estudos!!! Instituição: Instituto Federal Sul-rio-grandense Campus Pelotas - Visconde da Graça Nome do Curso: Técnico em Administração Professor-autor: Marcelo Freitas Gil Disciplina: Reponsabilidade Social e Ambiental PROJETO INSTRUCIONAL Ementa básica da disciplina: Evolução da questão ambiental e social no mundo e no ambiente administrativo. Desenvolvimento sustentável e crescimento econômico. O meio ambiente como um problema (e oportu- nidade) de negócios. Ecoeficiência e outros modelos de gestão ambiental. Sistemas de gestão ambiental. Instrumentos para gestão ambiental. Estraté- gias de gestão social e ambiental. Gestão de organizações do terceiro setor. Projeto instrucional Semana Aula Objetivos e aprendizagem Recursos Carga Horária (Horas) 1ª Unidade I: Gestão Social e Ambiental. Apresentar os princípios da gestão social e ambiental e as oportunidades de negócios em torno da utilização adequada do meio ambiente. Unidades I e II 10 Unidade II: Modelos e estratégias de gestão social e ambiental. Apresentar e discutir os modelos, estraté- gias e instrumentos para a gestão social e ambiental em empresas e organizações do terceiro setor. Atividade 1 – Debater, sistematizar e avaliar conhecimentos a partir da realiza- ção de debate no fórum. Debater e sistematizar o conhecimento con- struído na semana, avaliando os alunos 1 Atividade 2 – Atividade avaliativa – produção textual Avaliar aproveitamento dos alunos 2 Atividade 3 – Atividade avaliativa – produção textual Avaliar aproveitamento dos alunos 2 e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 15 2ª Unidade III: Desenvolvimento Sustentável e Crescimento Econômico Apresentar os princípios do Desenvolvi- mento Sustentável, diferenciando-o do Crescimento Econômico e relacionando-o a modelos possíveis de gestão social e ambiental. Unidade III 10 Atividade 4 – Debater e sistematizar conhecimentos a partir da realização de debate no fórum. Debater e sistematizar o conhecimento construído durante a semana, avaliando o aluno 1 Atividade 5 – Atividade avaliativa – produção textual 1 Avaliar o aluno 2 Atividade 6 - Atividade avaliativa – produção textual 2 Avaliar o aluno 2 Objetivos da aula Possibilitar ao aluno os instrumentos teóricos necessários para facilitar a compreensão acerca do desenvolvimento sustentável e crescimento econômico, proporcionando-lhe, assim, a possibilidade de refletir e debater a respeito de tal temática. 3 Desenvolvimento Sustentável e Crescimento Econômico 3.1 Desenvolvimento Sustentável e Cres- cimento Econômico: definindo conceitos Para darmos início aos estudos desta unidade é preciso, antes de mais nada, traçarmos os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e de Crescimento Econômico. Segundo Cavalcanti (1995), O Crescimento Eco- nômico está associado ao acúmulo de riquezas em uma determinada socie- dade, enquanto que o Desenvolvimento Sustentável se refere à melhoria da qualidade de vida da população, com o devido respeito ao meio ambiente. O Crescimento Econômico não produz, necessariamente, a igual- dade nem a justiça social, pois não leva em consideração nenhum outro as- pecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas mãos de apenas alguns indivíduos da população. Já o Desenvolvimento Sustentável, apesar de preocupar-se com a geração de riquezas, tem o ob- jetivo de distribui-las e de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando também em consideração a qualidade ambiental do planeta. Para a implantação de um modelo de Desenvolvimento Sustentável é preciso, antes de mais nada, vontade política por parte dos governos e par- ticipação social. O Estado precisa realizar a formatação de políticas públicas e de uma legislação que fomente o Desenvolvimento Sustentável, fiscalizan- do também a preservação do meio ambiente. Por outro lado, a sociedade deve pressionar o Estado nesse sentido, já que o papel da opinião pública é e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 17 também muito importante, pois é através dessa cobrança que acabam por se constituir políticas públicas com a finalidade de atender novas demandas sociais. Para entendermos como isso funciona é preciso definirmos a Política como a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância (BOBBIO, 2002). Assim sendo, em um sentido mais amplo, podemos denominar a política como sendo a ciência de bem governar um povo, constituído em Estado. Num Estado democrático essa governabilidade é exercida pelo poder público, via representantes conduzidos ao poder, direta ou indiretamente, pelo povo. Neste caso, o próprio Estado é visto como uma organização, que representa a coletividade daqueles que o constituem. Desta forma, a política tem como objetivo estabelecer os princípios que se mostrem indispensáveis à realização de um governo, tanto mais perfeito, quanto seja o desejo de conduzir o Estado ao cumprimento de suas princi- pais finalidades, isto é, em melhor proveito dos cidadãos. A política constitui um corpo doutrinário indispensável ao bom go- verno de um povo. Fazem parte deste corpo doutrinário as normas jurídicas necessárias ao bom funcionamento das instituições administrativas do Esta- do e as regras para regular a vida social. Quando o Estado busca, através de suas realizações, o atendimento de necessidades sociais básicas da população - como a assistência social, a saúde, a educação, a segurança e a preservação do meio ambiente -, pode- mos dizer que se verifica a implementação e efetivação da política social por parte deste Estado, que, no caso, estará contemplando, também, o que chamamos de política ambiental, por estarem consideradas, nessas ações, uma preocupação com a preservação do meio ambiente. Isso é a base para o desenvolvimento de um modelo de Desenvolvimento Sustentável. Esse modelo, dentro do sistema capitalista, vem sendo construído Técnico em Administraçãoe-Tec Brasil 18 http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia no decorrer de um longo processo, no qual o Estado e a própria sociedade agem de forma articulada, através da pressão exercida pela opinião pública, da fiscalização levada a efeito pelos governos e da construção de uma legis- lação adequada por parte do Estado. Por outro lado, na sociedadeem que estamos inseridos, em que as relações sociais são muito complexas, não cabe apenas ao Estado preocupar- se com a formatação de políticas sociais e ambientais. Outras organizações, tais como as empresas, precisam contribuir para a solução das questões sociais e ambientais, com o objetivo de garantir o bem estar da população e a preservação dos recursos naturais do planeta. Cada vez mais a sociedade exige tanto do Estado quanto das empre- sas, o desenvolvimento de políticas adequadas ao momento histórico que vivenciamos, de intensa utilização dos recursos naturais e multiplicação das necessidades sociais. Os consumidores, muito mais esclarecidos do que anti- gamente, estão cada vez mais atentos e exigentes nesse sentido. 3.1.1 Crescimento Econômico e Desenvolvimento Sus- tentável: uma abordagem crítica Como vimos acima, o conceito de Crescimento Econômico é muito mais restrito que o conceito de Desenvolvimento Sustentável e está asso- ciado apenas à riqueza produzida e acumulada por uma sociedade, pouco importando a sua efetiva distribuição entre os membros dessa sociedade. A maneira clássica de medirmos o Crescimento Econômico de um país é deter- minarmos a variação de seu Produto Interno Bruto (PIB). Se dividirmos o PIB de um país por sua população, teremos o que os economistas chamam de “PIB per capita”, um índice que mostra, em teoria, a divisão da riqueza de uma sociedade entre os seus cidadãos. Dizemos que esse cáculo representa apenas em teoria a divisão da riqueza em um país porque, na verdade, ele não é capaz de mostrar as distorções que ocorrem na prática. Ou seja, sabemos que na sociedade capitalista não ocorre uma divisão igualitária da riqueza produzida pela economia e que existem gran- des acúmulos de riqueza em mãos de poucas pessoas. Assim, ao dizermos que um país tem um PIB per capta alto não afirmamos, necessariamente, que esse país seja desenvolvido e que possibilite boas condições sociais e boa distribuição de renda. Crescimento Econômico: sinônimo de acúmulo gradativo de riquezas em uma sociedade. Desenvolvimento Sustentável: sinônimo de melhoria da qualidade de vida de uma sociedade, com a devida atenção aos aspectos ambientais. Atenção O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na economia com o objetivo de medir a atividade econômica de uma região. Atenção e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 19 Se o PIB de um país de população pequena for relativamente grande, também teremos um PIB per capta alto. No entanto, da mesma forma, isso não quer dizer que haja nesse país uma efetiva distribuição de renda, po- dendo acontecer de a riqueza estar extremamente concentrada nas mãos de poucos, enquanto milhares estejam até mesmo abaixo da linha de pobreza. O Brasil, por exemplo, não pode ser considerado um país pobre, mas sim um país com grandes desigualdades, onde boa parte da riqueza está concentrada nas mãos de poucas pessoas. Portanto, o PIB não leva em consideração o nível de desigualdade de renda de uma sociedade e o fato de ele estar crescendo em um país não quer dizer, necessariamente, que o conjunto de pessoas desse país esteja ficando mais rico e que o país esteja de fato se desenvolvendo, já que acúmulo de riqueza não é sinônimo absoluto de desenvolvimento. Um exemplo clássico disso que estamos falando aconteceu durante a década de 1970 no Brasil, no chamado Milagre Econômico. Naquela dé- cada, a economia brasileira cresceu a índices nunca vistos, batendo todos os recordes de crescimento. No entanto, isso não implicou melhores condições efetivas de vida para a população, chegando mesmo a ocorrer um processo de concentração de renda, enquanto que a grande maioria dos cidadãos da nação não tiveram ganhos financeiros no mesmo período. 3.2 O Desenvolvimento Sustentável O conceito de Desenvolvimento Sustentável é muito mais amplo e se traduz em uma abordagem global, que incorpora, também, os aspectos relativos ao desenvolvimento ambiental. De acordo com Tenório (2004): o desenvolvimento sustentável é composto pelas dimen- sões econômica, ambiental e empresarial. O objetivo é obter crescimento econômico por meio da preservação do meio ambiente e pelo respeito aos anseios dos diversos agentes sociais, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. (2004, p.25) Linha de pobreza é o termo utilizado para descrever o nível de renda anual abaixo do qual uma pessoa ou uma famíla não possui condições de obter os mínimos recursos necessários para viver. Também existe o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um índice comparativo usado para classificar os países pelo seu grau de “desenvolvimento humano” e para separar os países desenvolvidos (elevado desenvolvimento humano), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional. Atenção Visite o site abaixo e entenda melhor o fenômeno denominado de Milagre Econômico, ocorrido no Brasil na década de 1970, lendo os textos apresentados no site: http://www.historiabrasileira. com/brasil-republica/milagre- economico/ Mídias integradas Técnico em Administraçãoe-Tec Brasil 20 http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/milagre-economico/ http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/milagre-economico/ http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/milagre-economico/ Assim sendo, para conseguirmos alcançar o Desenvolvimento Sus- tentável, a proteção do meio ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada iso- ladamente. Através desse conceito busca-se o equilíbrio entre tecnologia e recursos naturais, levando-se em consideração os diversos grupos sociais de uma nação e também dos diferentes países na busca da equidade e justiça social, além de se pensar nas futuras gerações, herdeiras não apenas da eco- nomia que está em desenvolvimento, mas também dos recursos naturais do planeta. O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi usado pela pri- meira vez em 1987, no Relatório Brundtland, um relatório elaborado pela Co- missão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983 pela As- sembleia das Nações Unidas. Segundo esse relatório, Desenvolvimento Sustentável é: O desenvolvimento que procura satisfazer as necessida- des da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias neces- sidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, fa- zendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais1 Por sua vez, em 1992, no Rio de Janeiro, teve lugar a Eco-92, uma conferência internacional promovida pela ONU com o objetivo de se discutir e encontrar caminhos para conciliar-se desenvolvimento econômico e social com o uso racional dos recursos naturais do planeta, preservando-se o meio ambiente, recuperando-o em relação as devastações já sofridas. Nesse en- contro foi elaborada a Agenda 21, um importante documento, através do qual os países presentes comprometeram-se a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais da sociedade contemporânea. 1 Desenvolvimento Sustentável - C.M. Amadora.Disponível em: . Página visitada em 01 de março de 2011. Visite o site abaixo e reflita sobre a importância da Agenda 21 para a promoção de Desenvolvimento Sustentável. Você precisará dessa reflexão para resolver alguns dos exercícios propostos e realizar as atividades de avaliação: http://www.cm-amadora. pt/PageGen.aspx?WMCM_ PaginaId=42786 Mídias integradas e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 21 http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland http://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_Mundial_sobre_Meio_Ambiente_e_Desenvolvimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_Mundial_sobre_Meio_Ambiente_e_Desenvolvimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas http://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo http://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_n%C3%A3o-governamental http://Desenvolvimento Sustent�vel - C.M. Amadora http://www.cm-amadora.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=42786 http://www.cm-amadora.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=42786 http://www.cm-amadora.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=42786 De acordo com Cavalcanti (1995), o Desenvolvimento Sustentável tem seis prioridades, que devem ser entendidas como metas, que são: 1. a satisfação das necessidades básicas da população (educação, saúde alimentação, segurança lazer, etc); 2. a solidariedade para com as gerações futuras (preservar o meio ambiente em que vivemos de modo que elas tenham chance de poder desfrutar do mesmo); 3. a participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o meio ambiente, fazendo cada um a sua parte); 4. a preservação dos recursos naturais (água, por exemplo); 5. a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por exemplo, os índios no caso do Brasil); 6. a efetivação dos programas educativos. Portanto, atingir o Desenvolvimento Sustentável significa garantir crescimento econômico com efetiva distribuição de renda, desenvolvimento de amplos programas sociais, investimentos em educação e em preservação do meio ambiente. Isso requer engajamento social, vontade política, disponibili- dade para investir-se de modo racional os recursos econômicos dispo- níveis e responsabilidade social. Contudo, Dowbor (2007) chama a atenção para o fato de estar- mos caminhando de forma muito arriscada para aquilo que chamamos de “progresso”. O modelo econômico atual vem gerando cada vez maiores desigualdades sociais e desequilíbrios na distribuição das riquezas no mundo todo, particularmente em zonas como a Ásia, a América Latina e certas regi- ões da África. Nunca houve tanta fartura de alimentos e tecnologias no mundo. No Engajamento social: a sociedade deve querer que essas mudanças ocorram e cobrar para que elas se concretizem; Vontade política: os governos e líderes políticos devem fazer a sua parte para que as mudanças sejam efetivadas, criando programas de fomento ao desenvolvimento social e econômico e fiscalizando o processo; Investimentos racionais: os empresários devem investir de modo a assegurar o crescimento econômico sem afetar o meio ambiente ou ao menos diminuindo o impacto das mudanças, de modo a assegurar a utilização racional dos recursos naturais; Responsabilidade social: a preservação do meio ambiente deve ser entendida como uma meta a ser atingida por todos nós, que somos responsáveis pela utilização dos recursos do planeta Atenção Técnico em Administraçãoe-Tec Brasil 22 entanto, ao mesmo tempo, nunca houve tanta fome e miséria. Além disso, os dados relativos à degradação do meio ambiente são alarmantes, apesar dos esforços internacionais realizados principalmente por organismos não governamentais. Sendo assim, concluímos que nossa noção de “progresso” ainda está muito atrelada ao conceito de Crescimento Econômico, um modelo insuficiente para garantir bem estar para toda a sociedade. De acordo com o que estudamos, somente é possível pensarmos em progresso levando em consideração a necessidade de preservarmos o meio ambiente e proporcio- narmos uma melhoria efetiva de vida para a coletividade de seres humanos. Diante dessas necessidades, não há como considerarmos o progresso como sendo apenas sinônimo de acúmulo de capital e tecnologias. Portanto, den- tro dessa perspectiva, progresso é, acima de tudo, sinônimo de desenvolvi- mento. Visite o site indicado abaixo e reflita sobre os dados apresentados acima na apostila. Essa reflexão servirá de base para a realização de alguns exercícios no final de nosso módulo de estudos. http://www.wwf.org.br/ informacoes/questoes_ ambientais/desenvolvimento_ sustentavel/ Mídias integradas e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 23 http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ Com base no que você aprendeu nesse segundo momento de nossa disci- plina, marque as afirmativas a seguir com V quando forem verdadeiras e F quando as afirmativas forem falsas: Importante: Para responder a este exercício, se tiver alguma dúvida, visite novamente os sites indicados ao longo das duas unidades que acabou de estudar. Esta atividade não está incluída na avaliação; é apenas um exercício! Exercício 1 1. ( ) O Crescimento Econômico está associado ao acúmulo de riquezas em uma dada sociedade. 2. ( ) O Desenvolvimento Sustentável está associado à melhoria da qualida- de de vida, com o devido respeito ao meio ambiente. 3. ( ) O Crescimento Econômico sempre se traduz pela melhoria da qualida- de de vida de toda uma população. 5. ( ) Para que ocorra o chamado Desenvolvimento Sustentável nem sempre deve haver respeito ao meio ambiente. 6. ( ) No Brasil temos uma boa divisão de renda entre toda a população. 7. ( ) Sempre que ocorre crescimento do PIB temos Desenvolvimento Eco- nômico. 8. ( ) O PIB é sinônimo de Desenvolvimento Econômico. 9. ( ) A participação e a cobrança da sociedade é fundamental para que o meio ambiente seja respeitado. 10. ( ) O PIB mede a quantidade de riqueza produzida em um país ou região Atividades de aprendizagem e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 25 em um determinado período de tempo. Técnico em Administraçãoe-Tec Brasil 26 Referências Bilhim, João Abreu de Faria. Teoria Organizacional: Estruturas e Pessoas. ed. ISCSP, 2006. BOBBIO, Norberto et al. Dicionário de Política. 12 ed. Brasília: UnB, 2002. 2V. CABRAL-CARDOSO, Carlos. Gestão ética e socialmente responsável. Lisboa: Editora RH, 2006. CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo, Cortez Editora, 1995. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2005. DE LIBERAL, Márcia Mello Costa (org.). Um olhar sobre ética e cidadania. São Paulo: Editora Mackenzie, 2002. DEMO, Pedro. Éticas multiculturais: sobre convivência humana possível. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2005. DOWBOR, Ladislau. Democracia econômica: um passeio pelas teorias. Fortaleza: Banco Nordeste do Brasil, 2007. GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4. ed. atual. 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Possui Especialização em Mídias Integradas à Educação pelo IFSul e Mestrado em Ciências Sociais pela UFPel. Atualmente é aluno do curso de Doutorado em Educação na UFPel. Tem experiência de pesquisa nas áreas de Antropologia, História e Sociologia da Religião e do Direito. Durante dez anos atuou como professor da rede pública estadual de ensino, na cidade de Pedro Osório, lecionando as disciplinas de História e Sociologia para o Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estadual Getúlio Vargas. É professor do IFSul, Campus Visconde da Graça, desde agosto de 2010, onde leciona as disciplinas de Cooperativismo I e II e Metodologia e Técnicas de Pesquisa para o Curso Superior em Gestão de Cooperativas. e-Tec BrasilReponsabilidade Social e Ambiental 29