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Centro Universitário da Amazônia Curso: Bacharelado em Direito Aula 08: A eficácia e as normas constitucionais Disciplina: Teoria e Fundamentos da Constituição– 2NMA e 2MNB Professora Dra. Nazaré Rebelo A EFICÁCIA E AS NORMAS CONSTITUCIONAIS “Trata-se de análise de forma detalhada da eficácia das normas constitucionais. Será feito um paralelo entre a eficácia jurídica e social das normas constitucionais, e, posteriormente, uma abordagem da forma como a doutrina classifica essas normas, com exemplos de citações legais e jurisprudenciais.” CONCEITO Eficácia social implica no efetivo respeito que a sociedade tem sobre a norma. É a capacidade que a norma tem de atingir, imediatamente, a sociedade. x Eficácia jurídica consiste na capacidade que a norma tem de produzir efeitos jurídicos, ou seja, é a possibilidade da norma inovar o ordenamento jurídico, fazendo com que as normas conflitantes anteriores à ela sejam revogadas e as posteriores não ingressem no ordenamento. EFICÁCIA SOCIAL E EFICÁCIA JURÍDICA Embora nem toda norma tenha eficácia social imediata, todas terão eficácia jurídica. Compreendendo isso, o Professor José Afonso da Silva formulou uma classificação própria e autônoma das normas constitucionais, hoje largamente adotada pela doutrina e jurisprudência do nosso País. Para José Afonso da Silva, as normas constitucionais não podem ser classificadas em apenas dois grupos, pois há uma terceira espécie de normas que não se encaixa, propriamente, em nenhum dos dois grupos da doutrina norteamericana. EFICÁCIA SOCIAL E EFICÁCIA JURÍDICA Assim, as normas constitucionais, quanto ao grau de eficácia, são classificadas em: (a) normas constitucionais de eficácia plena; (b) normas constitucionais de eficácia contida; (c) normas constitucionais de eficácia limitada. EFICÁCIA SOCIAL E EFICÁCIA JURÍDICA As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular. As normas de eficácia plena não exigem a elaboração de novas normas legislativas que lhes completem o alcance e o sentido, ou lhes fixem o conteúdo, porque já se apresentam suficientemente explícitas na definição dos interesses nelas regulados. São, por isso, normas de aplicabilidade direta, imediata e integral. Exemplo: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nela enunciados. O direito previsto numa norma constitucional de eficácia contida é imediatamente exercitável (eficácia direta e imediata), desde o momento de promulgação da Constituição. A legislação ordinária futura, se vier, será para restringir o exercício desse direito, para impor limites e condições ao exercício de tal direito. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA EXEMPLO: art. 5º, XIII: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Cuida-se de típica norma constitucional de eficácia contida, sujeita à imposição de restrições por parte do legislador ordinário, e que deve ser interpretada da seguinte maneira: (1) enquanto não estabelecidas em lei as qualificações profissionais necessárias para o exercício de determinada profissão, o seu exercício será amplo, vale dizer, qualquer pessoa poderá exercê-la; (2) num momento seguinte, quando a lei vier e estabelecer as qualificações profissionais necessárias para o exercício de tal profissão, a partir de então só poderão exercê-la aqueles que atenderem essas qualificações previstas em lei. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA As normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que não produzem, com a simples entrada em vigor da Constituição, os seus efeitos essenciais, porque o legislador constituinte, por qualquer motivo, não estabeleceu, sobre a matéria, uma normatividade para isso, deixando essa tarefa ao legislador ordinário ou a outro órgão do Estado. São de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente após uma legislação ordinária ulterior que lhes desenvolva a eficácia. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Vejamos, então, as distinções entre normas constitucionais de eficácia contida e normas constitucionais de eficácia limitada: (A) com a promulgação da Constituição, a força de tais normas é distinta: as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e imediata, vale dizer, o direito nelas previsto é imediatamente exercitável, desde a promulgação da Constituição; as normas de eficácia limitada são de aplicabilidade indireta e mediata, vale dizer, não produzem seus plenos efeitos desde a promulgação da Constituição, ficando o exercício do direito nelas previsto dependente da edição de regulamentação ordinária; NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA (B) ambas requerem normatização legislativa, mas a finalidade dessa normatização ordinária é distinta: nas normas de eficácia contida, a norma regulamentadora virá para restringir, para impor limites ao exercício do direito (que, até então, desde a promulgação da Constituição, era amplamente exercitável); nas normas de eficácia limitada, a norma regulamentadora virá para assegurar, para tornar viável o exercício do direito (cujo exercício, até então, estava impedido); (C) a ausência de regulamentação implica consequências distintas: em se tratando de norma de eficácia contida, enquanto não houver regulamentação ordinária, o exercício do direito é amplo (a legislação ordinária virá para impor restrições ao exercício desse direito); em se tratando de norma de eficácia limitada, enquanto não houver regulamentação ordinária, o exercício do direito permanece obstado, impedido (a legislação ordinária virá para tornar viável o exercício desse direito). NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Pensem no direito de greve assegurado constitucionalmente ao servidor público, dependente de regulamentação por lei ordinária específica (CF, art. 37, VII: “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”). De acordo com as considerações acerca das normas constitucionais de eficácia contida e limitada, acima expendidas, podemos afirmar o seguinte: (a)se o direito de greve dos servidores públicos for norma de eficácia contida, diante da falta de norma regulamentadora (lei específica) os servidores poderão exercer amplamente tal direito; (b)se o direito de greve dos servidores públicos for norma de eficácia limitada, diante da falta de norma regulamentadora (lei específica) os servidores não poderão realizar movimentos grevistas, haja vista que, nesta espécie de normas constitucionais, o direito só poderá ser exercido após a devida regulamentação. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA O Professor José Afonso da Silva divide as normas de eficácia limitada em dois grupos distintos: A - Definidoras de princípio institutivo ou organizativo: São aquelas pelas quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os estruture em definitivo, mediante lei. São exemplos: “a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios” (art. 33); “a lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos Ministérios” (art. 88). NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA B -definidoras de princípio programático: São aquelas pelas quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a lhes traçar os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado. São exemplos: “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei” (art. 7º, XX); “proteção em face da automação, na forma da lei” (art. 7º, XXVII); “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros” (art. 173, § 4º). NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Seção Padrão Slide 1: Centro Universitário da Amazônia Assunto inicial Slide 2: A EFICÁCIA E AS NORMAS CONSTITUCIONAIS Slide 3: CONCEITO Slide 4: EFICÁCIA SOCIAL E EFICÁCIA JURÍDICA Slide 5: EFICÁCIA SOCIAL E EFICÁCIA JURÍDICA Slide 6: EFICÁCIA SOCIAL E EFICÁCIA JURÍDICA Slide 7: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA Slide 8: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA Slide 9: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA Slide 10: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Slide 11: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Slide 12: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Slide 13: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Slide 14: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Slide 15: NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA Slide 16