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DIREITO ELEITORAL MATERIAL Didático 2015.2 Professor Emmanuel Girão * utilização exclusiva pelos alunos da Disciplina Direito Eleitoral da Universidade de Fortaleza - Unifor, ministrada pelo autor. UNIDADE I – DIREITO ELEITORAL 1. CONCEITO DE DIREITO ELEITORAL – “é o ramo do Direito Público que disciplina a criação dos partidos, o ingresso do cidadão no corpo eleitoral para a fruição dos direitos políticos, o registro das candidaturas, a propaganda eleitoral, o processo eletivo e a investidura no mandato”. (Djalma Pinto) - “o Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa adequação entre a vontade do povo e a atividade governamental.” (Fávila Ribeiro). 2. CONTEÚDO – todas as normas que regulam a aquisição, o exercício e a perda dos direitos políticos, a criação dos partidos políticos e o acesso ao poder pela via do voto. Abrange as normas constitucionais eleitorais, que expressam os princípios e valores consagrados por um país em determinado momento da sua história e as normas eleitorais infraconstitucionais, que devem estar em sintonia absoluta com a Constituição. As principais leis eleitorais são as seguintes: - Lei Complementar n.º 64/90 – Lei das Inelegibilidades (alterada pela LC n.º 135/2010 – Lei da Ficha Limpa); - Lei n.º 4.737/65 – Código Eleitoral; - Lei n.º 9.504/97 – Lei das Eleições (alterada pelas leis 11.300/2006, 12.034/2009, 12.891/2013 e 13.165/2015); - Lei n.º 9.096/95 – Lei dos Partidos Políticos (alterada pelas Leis 12.891/2013 e 13.165/2015); - Outras leis: Lei n.º 4.410/64 (institui prioridade para os feitos eleitorais); Lei n.º 6.091/74 (fornecimento gratuito de transporte em dia de eleição a eleitores das zonas rurais, conhecida como Lei Etelvino Lins); Lei n.º 6.999/82 (autoriza a requisição de servidores públicos pela Justiça Eleitoral. 2.1 Código Eleitoral – Esta é a denominação utilizada para designar a Lei n.º 4.737/65. Como o Código Eleitoral é uma lei ordinária editada antes da vigência da Constituição Federal de 1988, é preciso verificar se os seus dispositivos foram recepcionados pela atual Constituição, ou seja, caso alguma disposição do Código Eleitoral seja incompatível com a nova ordem constitucional, referido dispositivo não terá mais validade. - Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução. Direitos políticos ou Direitos de cidadania correspondem ao conjunto dos direitos atribuídos ao cidadão, que lhe permite, através do voto, do exercício de cargos públicos ou da utilização de outros instrumentos constitucionais e legais, ter efetiva participação e influência nas atividades de governo. Estar no gozo dos direitos políticos significa, pois, estar habilitado a alistar-se eleitoralmente, habilitar- se a candidaturas para cargos eletivos ou a nomeações para certos cargos públicos não eletivos, participar de sufrágios, votar em eleições, plebiscitos e referendos, apresentar projetos de lei pela via da iniciativa popular e propor ação popular. Resoluções Eleitorais – são atos normativos dos tribunais que veiculam as instruções expedidas a fim de tornar factível a aplicação da legislação, interpretar e disciplinar matéria, visando ao aprimoramento do processo eletivo. Devem manter harmonia com a lei eleitoral e com a Constituição, não podendo usurpar a competência do Poder Legislativo. - Art. 2º Todo poder emana do povo e será exercido, em seu nome, por mandatários escolhidos, direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos políticos nacionais, ressalvada a eleição indireta nos casos previstos na Constituição e leis específicas. Este artigo consagra o Princípio da Soberania Popular, também expresso no parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal: - Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Por sua vez, o artigo 14 da Constituição Federal estabelece que: - Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. Atenção: No Brasil, a regra é a realização de eleições diretas, contudo, ainda há na Constituição Federal a previsão de realização de eleições indiretas, na hipótese prevista no artigo 81: Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores. 3. FONTES DO DIREITO ELEITORAL: a) Fontes diretas ou imediatas – a Constituição, a lei (exclusivamente federal, já que somente a União pode legislar sobre Direito Eleitoral conforme o art. 22, CF). b) Fontes indiretas ou mediatas – a doutrina (exprime o pensamento dos especialistas que estudam, pesquisam, interpretam e comentam o direito, permitindo um entendimento mais adequado do conteúdo das normas jurídicas) e a jurisprudência (exprime o pensamento reiterado dos tribunais, interpretando as normas jurídicas em um dado sentido e uniformizando o seu entendimento) e as resoluções do TSE. Mesmo sem regra formal expressa, o efeito vinculante das decisões do TSE é uma realidade, o TSE elabora os leading cases que são seguidos pacificamente pelos Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais, podendo-se afirmar que no Sistema Eleitoral prevalece o sistema Commom Law, no qual o precedente vincula o julgador como se fosse uma norma para o caso concreto. 4. AUTONOMIA DO DIREITO ELEITORAL – reconhecida pela Constituição (art. 22, I). – goza de autonomia científica e didática, ostentando institutos e princípios jurídicos próprios, como a impugnação de mandato eletivo, a seção eleitoral, a coligação partidária, o alistamento eleitoral, o crime de arguição de inelegibilidade, a exigência de vida pregressa compatível com a moralidade necessária ao exercício do mandato etc. - O Juiz e o Ministério Público devem dar prioridade aos feitos eleitorais, sendo defeso a estas autoridades deixar de cumprir qualquer prazo da lei eleitoral, em razão do exercício de suas funções regulares, sob pena de responderem por crime de responsabilidade e sofrerem anotação funcional para efeito de promoção na carreira (art. 94, Lei 9.504/97). 5. PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL 5.1. Princípio da lisura das eleições – toda a atuação da Justiça Eleitoral, do Ministério Público Eleitoral, dos partidos políticos, dos candidatos e até do eleitor deve fundar-se na preservação da lisura das eleições. - deve-se buscar a intangibilidade dos votos, a igualdade de todos os candidatos perante a lei eleitoral e na propaganda eleitoral. - eleições fraudadas, viciadas ou corrompidas por práticas criminosas ou abuso de poder econômico ou político atentam diretamente contra a soberania popular prevista como princípio fundamental no art. 1º, § único da Constituição Federal (Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição). - Este princípio encontra-se previsto, por exemplo,com o Proc. Regional Votação Atuação total Atuação total Atuação total Apuração Atuação total Atuação total Atuação total Diplomação Atuação total Não atua, exclusiva do Proc. Regional Eleitoral Não atua, exclusiva do Proc. Geral Eleitoral 5. GARANTIAS E PRERROGATIVAS, DEVERES E IMPEDIMENTOS – o art. 128, § 5º, CF assegura aos membros do Ministério público as garantias da vitaliciedade, da inamovibilidade e da irredutibilidade de subsídio. Além disso, a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei n.º 8.625/93) e as Leis Orgânicas Estaduais conferem as prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de suas atribuições, sendo estendidas aos membros do Ministério Público Eleitoral naquilo que forem cabíveis. Exemplo: 1) Não podem ser convocados para as funções de mesários, escrutinadores ou auxiliares, nem integrar Junta Eleitoral; 2) Preferência para votar ou para justificar o seu voto, quando estiver no exercício de suas funções; 3) Recebimento de gratificação eleitoral em valor correspondente a que é paga aos magistrados. 5.1 Vedações – o art. 128, § 5º, II, da CF e os arts. 43 e 44 da Lei n.º 8.625/93 estabelecem as vedações impostas aos membros do Ministério Público, aplicáveis aos que estiverem no exercício de funções elei- torais. CF, art. 128, § 5º: “Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procurado- res-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, obser- vadas, relativamente a seus membros: II – as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públi- cas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.” Atividade político-partidária é o conjunto de ações desempenhadas em decorrência de vinculação a partido político, como por exemplo, participação em campanhas de candidatos a postos eletivos, exercí- cio de cargos ou funções nos órgãos dos partidos políticos. No Direito brasileiro, vedada aos magistra- dos, conselheiros de tribunais de contas e membros do Ministério Público que ingressaram na carreira após a CF/88. - Atividade político-partidária – a Emenda Constitucional n.º 45/2004 alterou o artigo 128, § 5º, II, “e”, retirando a ressalva que ali existia quanto ao exercício de atividade político-partidária por membro do Ministério Público. Segundo o entendimento do TSE, com esta alteração, a proibição passa a alcan- çar todos os membros do Ministério Público, inclusive os que ingressaram na instituição antes da EC 45, excetuando-se somente aqueles que já eram filiados a partidos políticos antes de 05/10/1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que ingressaram na instituição anteriormente àquela data e fi- zeram a opção pelo regime jurídico anterior (art. 29, § 3º, ADCT, CF/88). - a filiação a partido político impede o exercício de funções eleitorais por membro do MP, até dois anos do seu cancelamento (art. 80, LC 75/93). UNIDADE IV – DIREITOS POLÍTICOS 1. INTRODUÇÃO – O art. 14 da Constituição Federal estabelece que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. A soberania popular é uma ideia decorrente da Escola contratualista, fundada no pensamento de Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), cuja doutrina central é a de que a legiti- midade do governo ou da lei está baseada no consentimento dos governados. A soberania popular é a doutrina básica da maioria das democracias. Democracia – O conceito mais objetivo define democracia como governo do povo, pelo povo e para o povo. Para Pinto Ferreira, a democracia é o regime político baseado na vontade popular, expressa nas urnas, com uma técnica de liberdade e igualdade, variável segundo a história, assegurando o respeito às minorias. A democracia pode ser classificada como direta (os cidadãos participam diretamente dos negócios do Estado), indireta (os cidadãos participam indiretamente dos negócios do Estado, através de representan- tes eleitos) e semi-indireta (os cidadãos participam ora direta ora indiretamente dos negócios do Estado). A CF/88 adotou a democracia semi-indireta, prevendo o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular como instrumentos de participação direta do cidadão no exercício do poder. - O Plebiscito consiste em uma consulta prévia feita ao cidadão para decidir objetivamente (sim ou não) sobre determinado assunto político ou institucional. - O referendo consiste em uma manifestação de assentimento exarada pelo voto popular para conferir validade a uma proposição normativa ordinária (consulta posterior). - A iniciativa popular consiste no direito conferido a um grupo de cidadãos de apresentar projetos de lei diretamente ao Poder Legislativo. É um procedimento complexo e de pouca utilização, de forma que, até o momento, poucas leis de iniciativa popular foram aprovadas no Brasil, podendo-se mencionar a Lei n.º 9.840/99 e a LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), proveniente de ações do MCCE – Movimento de Com- bate à Corrupção Eleitoral. 2. CONCEITO – Direitos políticos ou Direitos de cidadania correspondem ao conjunto dos direitos atribuídos ao cidadão, que lhe permite, através do voto, do exercício de cargos públicos ou da utilização de outros instrumentos constitucionais e legais, ter efetiva participação e influência nas atividades de go- verno. Estar no gozo dos direitos políticos significa, pois, estar habilitado a alistar-se eleitoralmente, ha- bilitar-se a candidaturas para cargos eletivos ou a nomeações para certos cargos públicos não eletivos, participar de sufrágios, votar em eleições, plebiscitos e referendos, apresentar projetos de lei pela via da iniciativa popular e propor ação popular. Outros conceitos de Direitos Políticos: são aquelas prerrogativas que permitem ao cidadão particular intervir na formação e no comando do governo (Pinto Ferreira). - direito político é o direito de participar da organização e funcionamento do Estado (Pontes de Miranda). - os direitos políticos são aqueles que credenciam o cidadão para exercer poder ou participar da escolha dos responsáveis pelo grupo social (Djalma Pinto). 3. DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS E NEGATIVOS: - Os direitos políticos positivos abrangem as regras permissivas, da participação no processo eleitoral, seja como eleitor, seja como candidato. A capacidade eleitoral ativa consiste na prerrogativa assegurada a cada cidadão de escolher, através do voto, os representantes que, durante certo período, conduzirão a chefia do Governo ou integrarão o Poder Legislativo. O direito de voto é o ato fundamental para o exercício do direito de sufrágio e manifesta-se tanto em eleições, quanto em plebiscitos e referendos. - Já os direitos políticos negativos, ao contrário, são aqueles que impedem, excluem ou suspendem os direitos de participação no processo eleitoral, seja como eleitor, seja como candidato. Por conseguinte incluem-se entre os direitos políticos negativos as regras que impedem o alistamento eleitoral e o voto, bem como as que retiram, temporária ou definitivamente, do indivíduo o direito de votar e de ser votado, para certos e determinados cargos, ou para todo e qualquer cargo. Os direitos políticos negativos http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes http://pt.wikipedia.org/wiki/Contrato_social abrangem, portanto, as regras sobre inelegibilidade e as normas sobre perda e suspensão dos direitos políticos.4. DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS E PASSIVOS – o direito de sufrágio é a essência do direito político, expressando-se pela capacidade de se eleger e de ser eleito. O direito de sufrágio apresenta-se em seus dois aspectos: - capacidade eleitoral ativa (direito de votar (jus suffragii) – alistabilidade). - capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado (jus honorum) – elegibilidade). Elegibilidade, por- tanto, é a capacidade de ser eleito, isto é, a Elegibilidade, na restrita precisão legal, é o direito do cida- dão de ser escolhido mediante votação direta ou indireta para representante do povo ou da comunidade, segundo as condições estabelecidas pela Constituição e pela legislação eleitoral. Direito político ativo - consiste no direito de votar, seja para escolha de um representante, seja para aprovar atos dos representantes eleitos por meio de plebiscito ou referendo. O exercício do direito políti- co ativo pressupõe a capacidade ativa. Direito político passivo – é o conjunto de normas jurídicas que regulam a participação do indivíduo na vida política do país, como candidato a cargo eletivo, ou mesmo depois de eleito. 5. PRERROGATIVAS PARA QUEM ESTÁ NO GOZO DOS DIREITOS POLÍTICOS: a) estar habilitado a alistar-se eleitoralmente; b) poder habilitar-se a candidaturas para cargos eletivos; c) estar apto a nomeações para certos cargos públicos não eletivos (CF, arts. 87, 89, VII; 101; 131, § 1º); d) votar em eleições, plebiscitos e referendos; e) poder apresentar projetos de lei pela via da iniciativa popular (CF, art. 61, § 2º; e art. 29, XIII); f) poder propor ação popular (CF, art. 5º, LXXIII). g) apresentar ao juiz eleitoral notícia de inelegibilidade de candidato que tenha formulado pedido de registro de candidatura (art. 35, Res. 22.156.) 6. RESTRIÇÕES PARA QUEM NÃO ESTÁ NO GOZO DOS DIREITOS POLÍTICOS: a) filiar-se a partido político (Lei 9.096/95 – art. 16); b) investir-se em qualquer cargo público, mesmo não eletivo (Lei n.º 8.112/90, art. 5º, II); c) exercer cargo em entidade sindical (CLT, art. 530, V). - O artigo 7º, § 1º da Lei n.º 5.250/67 (Lei de Imprensa) estabelecia que não podia ser diretor ou redator- chefe de jornal ou periódico quem não estivesse no pleno gozo dos direitos políticos, no entanto, o STF declarou a inconstitucionalidade de toda a mencionada lei na ADPF 130. 7. CASSAÇÃO, PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS – a Constituição Federal veda a cassação dos direitos políticos, isto é, a supressão dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, sem observância dos princípios constitucionais, notadamente a ampla defesa e o contraditório, tal procedimento, só existe nos governos ditatoriais, mas admite sua perda ou suspensão nas hipóteses indicadas em seu art. 15. 7.1 Perda dos direitos políticos: a perda ou a suspensão dos direitos políticos acarreta a perda ou a suspensão do direito de se alistar, de votar e de ser votado. Se já estiver alistado, haverá o cancelamento da inscrição (art. 71, II, CE). - A Constituição Federal não indicou quais hipóteses implicam em perda e quais tratam de suspensão dos direitos políticos. A doutrina predominante entende que haverá perda dos direitos políticos nos seguintes casos: a) Cancelamento da naturalização – ocorre com o trânsito em julgado da sentença que a decretar, independentemente de menção específica. b) Perda da nacionalidade – pela aquisição de outra nacionalidade por cidadão brasileiro, mediante naturalização voluntária (art. 12, § 4º, CF). Decorre do ato que declarar a perda da nacionalidade, independentemente de qualquer outro ato administrativo ou sentença. - a Lei 818/49 regula a aquisição, a perda e reaquisição da nacionalidade e a perda dos direitos políticos. As causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização são da competência da Justiça Federal (art. 109, X, CF). 7.2 Hipóteses de Suspensão dos direitos políticos: 7.2.1 Recusa de cumprimento de obrigação a todos imposta ou da prestação alternativa; - art. 143, §§ 1º e 2º, CF e Lei 8.239/91 – a recusa de prestar o serviço militar obrigatório ou da prestação de serviço alternativo acarreta a suspensão dos direitos políticos (art. 4º, §, 2º). O serviço alternativo pode ser atribuído aos que, depois de alistados, alegarem imperativo de consciência decorrente de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. A situação pode ser regularizada a qualquer tempo com o cumprimento das obrigações devidas. 7.2.2 Incapacidade civil absoluta; - A capacidade civil é condição para aquisição da capacidade política. Ocorrendo hipótese de incapacidade civil absoluta, dentre as previstas na lei civil, devem ser suspensos os direitos políticos enquanto a mesma perdurar. - Art. 3º, Código Civil – São absolutamente incapazes para os atos da vida civil: I – os menores de 16 anos (não repercute na esfera eleitoral); II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; (exige prévia decisão de interdição com trânsito em julgado). III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade. O surdo-mudo somente será considerado incapaz se não puder exprimir a sua vontade. 7.2.3. Condenação criminal com trânsito em julgado, enquanto durarem seus efeitos - Os efeitos da condenação se esgotam com o cumprimento da pena imposta pela sentença condenatória, ainda que persistam os efeitos secundários de que trata a lei penal (TSE, Ac. 12.931/92). A suspensão se inicia a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória e deverá cessar: a) com o término do cumprimento da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos; b) com o término do período de prova do sursis ou do livramento condicional; c) com o efetivo pagamento da multa; - a suspensão dos direitos políticos deve ocorrer em caso de condenação por crime ou contravenção penal, ainda que aplicada exclusivamente a pena de multa. - A doutrina majoritária (Dirceu Barros, Marcos Ramayana, Joel Cândido) entende que a aplicação de medida de segurança acarreta a suspensão dos direitos políticos enquanto durarem seus efeitos. Súmula 9 TSE – A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação de danos. - a simples propositura de revisão criminal não suspende os efeitos da sentença condenatória e, portanto, não afeta a suspensão dos direitos políticos. - Em caso de condenação pelos crimes elencados no art. 1º, I, “e” da LC 64/90, o condenado será ainda inelegível pelo prazo de 8 (oito) anos, após o cumprimento da pena. 7.2.4. Improbidade administrativa – Segundo o artigo 37, § 4º, da CF, os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade de bens e o ressarcimento ao erário, na forma e na gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. - é uma inovação da Constituição de 1988, pois antes havia somente sanção penal para os casos de improbidade administrativa, agora as sanções são de natureza político-civil. - A matéria foi regulamentada pela Lei n.º 8.429/92, que traz conceitos amplos de autor e lesado. Para fins de improbidade administrativa, agente público é todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no art. 1º da Lei 8.429/92. Como vítimas figuram as entidades da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio públicoou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual (art. 1º) e ainda entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. - os atos de improbidade se dividem em: a) atos que importam enriquecimento ilícito (art. 9º); b) causam prejuízos ao erário (art. 10); e c) atentam contra os princípios da administração pública (art. 11). - A suspensão dos direitos políticos só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 20, Lei 8.429/92). A rejeição de contas ou o relatório de Comissão Parlamentar de Inquérito não são suficientes para acarretá-la. - Com o advento da Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), a condenação por improbidade administrativa implicará em inelegibilidade a partir da decisão de órgão colegiado, perdurando por oito anos após cumprimento do período de suspensão dos direitos políticos (art. 1º, I, “l”, LC 64/90). 8. SUFRÁGIO E VOTO – o art. 14 da Constituição Federal estabelece que o sufrágio é universal e o voto é direto e secreto. - sufrágio – do latim suffragium que significa voto, grito de viva voz, relacionado a fragor, alusão a ruído e aclamações. - sufrágio é o direito público de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal (José Afonso da Silva). - o direito de sufrágio é a essência do direito político, expressando-se pela capacidade de se eleger e de ser eleito, ou seja, o direito de sufrágio apresenta-se em dois aspectos: a) capacidade eleitoral ativa (direito de votar (jus suffragii ou jus singulii) – alistabilidade); b) capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado (jus honorum) – elegibilidade). - sufrágio universal – garante a universalidade do voto a todos os cidadãos capazes de votar. No sistema em que se adota o sufrágio universal não se impõe ao exercício do direito de votar nenhum requisito, restrição ou condição, salvo a incapacidade civil ou suspensão dos direitos políticos. Todo cidadão civilmente capaz e habilitado pela Justiça Eleitoral, que não esteja com seus direitos políticos suspensos, pode votar, escolhendo candidatos para ocupar cargos eletivos. Observações importantes: O sufrágio capacitário e o sufrágio censitário são exemplos de sufrágio restrito. Sufrágio capacitário – é o sistema no qual o eleitorado, isto é, as pessoas que têm a faculdade de votar, devem possuir um certo grau de instrução, comprovado pela posse de um diploma acadêmico ou pelo exercício de certas profissões. Por essa forma, os colégios eleitorais seriam constituídos simplesmente de pessoas que mostrassem certa desenvoltura intelectual. Sufrágio censitário - concede-se o direito de voto apenas ao cidadão que preencher certa condição econômica. A alistabilidade eleitoral pressupõe condição econômica satisfatória. A CF/1934, por exemplo, excluía os mendigos. O sufrágio censitário, semelhantemente ao sufrágio capacitário, é de natureza restrita, opondo-se ao universal, pois se limita às pessoas de fortuna, ou aos contribuintes de quantias, que as levam à constituição dos colégios eleitorais. 8.1. Diferença entre sufrágio, voto e escrutínio – Embora comumente utilizados como sinônimos, têm sentidos diferentes na Constituição. Sufrágio é um direito em sua expressão genérica; o voto é o exercício desse direito. O sufrágio é o direito político fundamental nas democracias políticas. O voto emana desse direito, constituindo o seu exercício, ou seja, o voto é a determinação da vontade que corresponde ao exercício do direito de sufrágio. Exprime a vontade em um processo decisório. Escrutínio é o modo de exercício do sufrágio. No processo de participação do povo no governo, sufrágio é o direito, o voto é o seu exercício e o escrutínio o modo do seu exercício. 9. CARACTERÍSTICAS DO VOTO NO BRASIL 9.1 Direto – o eleitor escolhe o nome do seu candidato, não havendo nenhum corpo, singular ou colegiado, entre aquele (eleitor) e o candidato. Não há intermediários entre eleitores e candidatos. No voto indireto, o eleitor vota em outro eleitor para que este vote no candidato. - o voto direto é uma regra que não comporta exceções, salvo a do art. 81, § 1º, da própria Constituição (vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente, far-se-á eleição 90 dias depois de aberta a última vaga.§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei) 9.2 Secreto – o eleitor não é identificado na cédula, apenas identificando-se na lista de presença, de modo que a escolha do candidato é de conhecimento somente do próprio votante (cabine indevassável). O voto secreto garante eleições livres. Violar ou tentar violar o sigilo do voto configura o crime do artigo 312 do Código Eleitoral. Assim, pode-se definir o Sigilo do voto como o direito assegurado ao eleitor de, em uma cabina indevassável, assinalar na cédula oficial ou na urna eletrônica o nome do candidato de sua escolha, sem que seu conteúdo seja conhecido por quem quer que seja, nem mesmo pelo Juiz Eleitoral, Promotor Eleitoral ou mesários. Quando o sigilo do voto não é guardado, tem-se o voto público ou a descoberto. 9.3 De igual valor – todos tem o mesmo peso, inexistindo distinção entre a natureza e a categoria do eleitor (one man, one vote). 9.4 Exercido nos termos da lei – lei federal ordinária estabelece as regras para o exercício dos direitos políticos (votar e ser votado), obedecendo aos parâmetros fixados na Constituição. 9.5 Obrigatoriedade – em regra é obrigatório o comparecimento no dia da eleição, exceto para os maiores de setenta anos, os analfabetos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 9.6 Livre manifestação de escolha – o eleitor é livre em seu ato de manifestação, não podendo ser constrangido a escolher determinado candidato, tendo inclusive a faculdade de votar em branco ou anular seu voto. 9.7 Pessoalidade – deve ser exercido pessoalmente, não havendo possibilidade de se outorgar procuração para votar. 9.8 Periodicidade – os mandatos dos parlamentares e dos membros do executivo não podem ser vitalícios, devendo ter um prazo determinado, o que acarreta a periodicidade do voto. Observação: O voto direto, secreto, universal e periódico constitui uma cláusula pétrea, não podendo ser objeto de deliberação proposta de emenda constitucional tendente a abolir qualquer destas características (art. 60, § 4º, II, CF). 10. A JUSTIFICAÇÃO DO VOTO: O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral até sessenta dias após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por cento sobre o salário mínimo da região, imposta pelo Juiz Eleitoral e cobrada na forma prevista no art. 367, do CE. Prazo estabelecido no art. 7º, da Lei 6.091/74, não valendo mais o do art. 7º do CE. - Não confundir com a justificação para evitar o cancelamento da inscrição eleitoral, após três ausências consecutivas (CE, art. 7º, § 3º - será cancelada a inscrição do eleitor que não votar em 3 (três) eleições consecutivas, não pagar a multa ou não se justificar no prazo de 6 (seis) meses, a contar da data da última eleição a que deveria ter comparecido). - não há limite de vezes para o eleitor justificar sua ausência no dia da eleição. A justificativa eleitoral substitui eficaz e plenamente o voto. Da mesma forma, o recolhimento da multa, no caso de não votar e não justificar, substitui a ambos. - Isenção eleitoral é o documento fornecido pela Justiça Eleitoral às pessoas cujo alistamento eleitoral seja proibido ou facultativo, isentando-as das sanções legais. UNIDADE V – ALISTAMENTO ELEITORAL 1. CONCEITO – é o processo através do qual o indivíduo se integra ao universo de eleitores, viabilizando o exercícioda soberania popular, através do voto, e consagrando a cidadania. É através do alistamento eleitoral que o indivíduo se qualifica perante a Justiça Eleitoral, operando-se a sua inscrição no corpo eleitoral. Somente pode ser considerado eleitor o nacional devidamente alistado. Atenção: O Código Eleitoral não trata do alistamento eleitoral por intermédio do processamento eletrônico de dados, introduzido pela Lei 7.444/85. Esta matéria encontra-se regulamentada pela Resolução n.º 21.538/2003 do Tribunal Superior Eleitoral. - capacidade eleitoral é a aptidão para o exercício dos direitos políticos. Os direitos políticos mais importantes são o direito de votar e de ser votado. A capacidade eleitoral ativa consiste na prerrogativa assegurada a cada cidadão de escolher, através do voto, os representantes que, durante certo período, conduzirão a chefia do Governo ou integrarão o Poder Legislativo. A capacidade eleitoral passiva consiste no direito de ser votado, de submeter seu nome à avaliação do eleitorado por ocasião da escolha, através do processo eleitoral, daqueles que devem exercer as funções eletivas. A capacidade eleitoral ativa se obtém através do alistamento eleitoral, já a passiva exige, além do alistamento eleitoral, outros requisitos denominados de condições de elegibilidade. 2. OS DIREITOS POLÍTICOS NA CONSTITUIÇÃO – Segundo o art. 14, § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. - o absolutamente incapaz para a vida civil também não pode se alistar, considerando o disposto no art. 15, II, CF (perda dos direitos políticos nesta hipótese). - Para os cidadãos arrolados nas letras a, b e c supra, não se exigirá, para qualquer fim, quitação eleitoral, nem se imporá multa relativa ao alistamento ou voto, ou qualquer das penalidades previstas no artigo 7º do Código Eleitoral. - Embora não haja referência expressa à condição de brasileiro para o alistamento e o voto, ao excluir o estrangeiro, chega-se à mesma exigência por via oblíqua. - exclui-se também do alistamento o conscrito (praça que se encontra engajado para prestação do serviço militar obrigatório), durante o seu período. O texto constitucional silencia quanto ao voto dos conscritos que já haviam se alistado antes do período do serviço militar obrigatório, mas deve-se entender que a intenção do constituinte foi, em última análise, vedar o voto, como consequência lógica da vedação do alistamento (TSE, Resolução 15.072/89). O Código Eleitoral em seu art. 5º estabelece que não podem alistar-se eleitores: I - os analfabetos; II - os que não saibam exprimir-se na língua nacional; III - os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos. Em relação aos incisos I e II, o TSE entende que os dispositivos não foram recepcionados pela Constituição de 1988. 2.2. Projeção do dispositivo constitucional do art. 14 da CF sobre o art. 6º do Código Eleitoral: Regra geral – o alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros maiores de 18 anos, salvo: I – quanto ao alistamento (exceção): a) aos inválidos; b) aos maiores de 70 anos; c) aos que se encontram fora do país; d) os analfabetos; e) os maiores de 16 e menores de 18 anos. Parágrafo único. Os militares são alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior para formação de oficiais. Este dispositivo tratava das hipóteses de vedação ao alistamento eleitoral. O artigo 14, §§ 1º e 2º da Constituição Federal dispôs de forma diferente sobre a matéria, de modo que o alistamento eleitoral é vedado somente para os estrangeiros; para os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório; e para os que estiverem privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos. Os militares de qualquer patente são alistáveis, sendo os conscritos a única hipótese de vedação para esta categoria. Os índios são classificados pela Lei 6.001/73 como integrados, em vias de integração e isolados. Para os integrados, o alistamento é obrigatório, para os demais é facultativo. II – quanto ao voto (exceção) a) os enfermos; b) os que se encontram fora de seu domicílio eleitoral; c) os funcionários civis e militares em serviço que os impossibilitem de votar; d) os maiores de 70 anos; e) os analfabetos; f) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. - Como já visto, o artigo 14, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal trouxe novas disposições sobre a obrigatoriedade do alistamento e do voto, de modo que ambos são obrigatórios para os maiores de 18 anos; facultativos para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos; e vedados para os estrangeiros, conscritos (durante o serviço militar obrigatório) e para os que estejam privados dos direitos políticos. - Os enfermos, os que se encontrem fora do seu domicílio eleitoral e os funcionários civis e militares, em serviço que os impossibilite de votar, devem justificar o voto no prazo de 60 dias do dia da eleição (art. 16, Lei 6.091/74). - A Resolução TSE n.º 21.920/2004 regulamentou o alistamento eleitoral e o voto dos portadores de deficiência estabelecendo que ambos são obrigatórios (art. 1º). No entanto, não estará sujeita à sanção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao exercício do voto. Neste caso, o juiz eleitoral, mediante requerimento de cidadão nessas condições ou de seu representante legal ou procurador devidamente constituído, acompanhado de documentação comprobatória da deficiência, poderá expedir, em favor do interessado, certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade indeterminado. - Se o analfabeto deixar de sê-lo, deverá requerer sua inscrição eleitoral, não ficando sujeito à multa prevista no art. 8º, CE. - os cegos alfabetizados pelo sistema “Braille”, que preencham os demais requisitos de alistamento, podem pleitear sua inscrição (art. 49, CE). O juiz eleitoral providenciará para que o alistamento seja feito na própria sede dos estabelecimentos de proteção aos cegos, podendo se inscrever todos os cegos do município, que serão localizados em uma mesma seção eleitoral. - Direitos políticos do preso – De acordo com o art. 15, III, da CF, somente há suspensão dos direitos políticos dos condenados com sentença transitada em julgado, ou seja, o voto de eleitor preso provisoriamente é garantido constitucionalmente. Contudo, a possibilidade de presos provisórios virem a votar depende da instalação de seções especiais em estabelecimentos prisionais, bem como de os interessados terem efetuado pedido de transferência eleitoral. 3. PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE DADOS: Com a gradativa normalização do processo democrático no Brasil, a partir das Emendas Constitucionais 25 e 26/85, que restabeleceram as eleições diretas para a Presidência da República e para as prefeituras das capitais e dos municípios, e sedimentado com a Constituição Federal de 1988, surgiu a necessidade de depurar os cadastros eleitorais, expurgando-se as pluralidades de inscrição e os “eleitores fantasmas”, para que o voto fosse efetivamente representativo. - a Lei 7.444/85 dispôs sobre o processamento eletrônico de dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado. O objetivo da lei foi compor um cadastro de eleitores implantado e mantido por meio magnético, permanentemente expurgado da pluralidade de inscrições, através de batimentos, realizados interna e rotineiramente, no âmbito de cadacircunscrição eleitoral e, em âmbito nacional antes das eleições pelo TSE, de modo que as folhas de votação de cada seção eleitoral espelhem um eleitorado íntegro. Cadastro eleitoral é o banco de dados do sistema de alistamento eleitoral que contém informações sobre o eleitorado brasileiro, inscrito no país e no exterior, armazenado em meio eletrônico a partir da Lei nº 7.444/85. O cadastro eleitoral, unificado em nível nacional, contém registro de dados pessoais de todo o eleitorado e de ocorrências pertinentes ao histórico de cada inscrição (título eleitoral), relacionadas, entre outras, ao não-exercício do voto, à convocação para o desempenho de trabalhos eleitorais, à apresentação de justificativas eleitorais, à existência e à quitação de débitos com a Justiça Eleitoral, à perda e à suspensão de direitos políticos e ao falecimento de eleitores. A supervisão, orientação e fiscalização voltadas à preservação da integridade de suas informações estão confiadas à Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral, em âmbito nacional, e às corregedorias regionais eleitorais, nas respectivas circunscrições. Batimento é o cruzamento, por computador, dos dados constantes dos cadastros eleitorais das circunscrições, com o fim de detectar a duplicidade ou pluralidade de inscrições de um mesmo eleitor. - a Resolução 21.538/2003 dispõe sobre o alistamento e os serviços eleitorais, mediante processamento eletrônico de dados, a manutenção dos cadastros eleitorais em meio magnético e a fiscalização do processo pelas partes. 3.1. Acesso às Informações do Cadastro (art. 29 a 32, Resolução TSE n.º 21.538/2003) - As informações constantes do cadastro eleitoral serão acessíveis às instituições públicas e privadas e às pessoas físicas, no entanto, em resguardo da privacidade do cidadão, não serão fornecidas informações de caráter personalizado constantes do cadastro eleitoral (filiação, data de nascimento, profissão, estado civil, escolaridade, telefone e endereço), salvo os pedidos relativos a procedimento previsto na legislação eleitoral e os formulados pelo eleitor, por autoridade judicial ou pelo Ministério Público (utilização limitada às atividades funcionais) e por entidades autorizadas pelo TSE, desde que exista reciprocidade de interesses. O Preparador eleitoral era a pessoa designada para auxiliar o juiz no alistamento eleitoral nas sedes das zonas eleitorais vagas, nos municípios que não fossem sede de zona eleitoral, nas sedes dos distritos e nas localidades distantes da sede da zona eleitoral onde o número de eleitores o justificassem. Essa função foi extinta pela Lei nº 8.868/94. A Folha individual de votação mencionada no Código Eleitoral foi extinta pelo art. 12 da Lei 6.996/82. Ela registrava toda a vida eleitoral do cidadão, sendo suprimida com o advento do sistema informatizado. Essa folha era assinada pelo eleitor no momento do alistamento e indicava a seção em que este era inscrito. As folhas individuais de votação eram arquivadas em pastas, uma para cada seção eleitoral. Nas eleições, eram remetidas às mesas receptoras para que o eleitor a assinasse ao votar e, após o encerramento do pleito, eram encaminhadas juntamente com a urna e demais documentos para as Juntas Eleitorais, que as devolviam aos cartórios eleitorais depois de encerrada a apuração. Em caso de transferência, a folha individual de votação era encaminhada ao Juiz Eleitoral da nova seção do eleitor. 4. ALISTAMENTO ELEITORAL – O Código Eleitoral estabelece que o alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor. Qualificação é o ato ou efeito de qualificar-se, isto é, a comprovação de preencher os requisitos para determinado ato. Inscrição é o ato de inserir o eleitor no Cadastro Nacional de Eleitores. - O alistamento é ato do Juiz Eleitoral que, verificadas as condições de qualificação, defere o pedido, determinando a inscrição do eleitor na listagem geral de eleitores. - o alistamento é o resultado da qualificação e da inscrição; é a consumação da inscrição. 4.1 Domicílio Eleitoral – O interessado deve se alistar no município onde tem domicílio eleitoral. Atenção: Para o Direito Eleitoral, residência e domicílio são distintos. Residência é o lugar onde a pessoa habita ou tem o centro de suas ocupações. Domicílio é um conceito puramente jurídico. De acordo com o Código Eleitoral (art. 42, § único), para efeito de inscrição, o domicílio eleitoral é o lugar de moradia ou residência do indivíduo e, se este tiver mais de uma, considerar-se-á qualquer delas. O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicílio civil. Segundo o Código Civil, o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á seu domicílio qualquer delas (arts. 70 e 71, CC). É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a profissão for exercida em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem (art. 72, CC). Já o domicílio eleitoral é mais abrangente, identificando-se com a residência e o lugar onde o interessado tem vínculos (políticos, sociais, familiares, patrimoniais, negociais, etc.). 4.2 Procedimento do alistamento eleitoral (art. 9º e seguinte, Res. 21.538/03): Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE), preenchido ou digitado na presença do requerente, que servirá como documento de entrada de dados, feito no Cartório Eleitoral ou posto de alistamento, de acordo com o documento apresentado pelo eleitor e complementado com suas informações pessoais, em conformidade com as exigências do processamento de dados. Atenção: O RAE será processado eletronicamente. Há quatro operações possíveis no sistema: alistamento (1), segunda via (3), transferência (5) e revisão (7). Em todos os casos deverá ser preenchido o RAE, que será apreciado pelo Juiz Eleitoral. Documentos Necessários. Para o alistamento, o requerente deverá apresentar um dos seguintes documentos: a) carteira de identidade ou carteira emitida por órgãos criados por lei federal, controladores do exercício profissional; b) certificado de quitação militar; c) certidão de nascimento ou casamento; e d) instrumento público que comprove a idade mínima de 16 anos e demais elementos necessários à qualificação. Local de Votação – No momento da formalização do pedido, o requerente manifestará sua preferência sobre o local de votação, entre os estabelecidos para a zona eleitoral. Será colocada à disposição, no cartório ou posto de alistamento, a relação de todos os locais de votação da zona, com os respectivos endereços. Assinatura do requerimento ou aposição da impressão digital do polegar na presença do servidor da Justiça Eleitoral, que deverá atestar, de imediato, a satisfação dessa exigência. Digitação do RAE – Antes de submeter o pedido a despacho do juiz eleitoral, o servidor providenciará o preenchimento ou a digitação no sistema dos espaços que lhe são reservados. Para efeito de preenchimento do requerimento ou de digitação no sistema, será mantida em cada zona eleitoral relação de servidores, identificados pelo número do título eleitoral, habilitados a praticar os atos reservados ao cartório. Protocolo de Solicitação – será entregue ao requerente pelo servidor, contendo o número da inscrição, caso a emissão do título não seja imediata. Processamento do RAE. Deve ser concluso ao Juiz nas 48 horas seguintes. Se houver dúvidas a serem sanadas, o Juiz converte o julgamento em diligência para que o alistando esclareça ou complete a prova (art. 45, §§ 1º e 2º, Código Eleitoral. Decisão do Juiz. O Juiz decidirá no prazo de cinco dias, entregando o título ao eleitor. Encaminhamento das Listas Deferidas. Despachado orequerimento pelo juiz eleitoral e processado pelo cartório, o setor da secretaria do TRE responsável pelo processamento eletrônico de dados enviará as relações de inscrições incluídas no cadastro, com os respectivos endereços, ao cartório eleitoral, que as colocará à disposição dos partidos políticos nos dias 1º e 15 de cada mês (art. 17, § 1º, Res. 21.538/2003). Lista dos Indeferidos. O cartório eleitoral providenciará as relações contendo os pedidos indeferidos, a fim de viabilizar eventual recurso pelo interessado. Recurso. Do indeferimento, cabe recurso pelo alistando em cinco dias. Do deferimento, poderá recorrer qualquer delegado de partido político ou o Ministério Público, no prazo de dez dias da disposição da listagem. Atenção: a partir de 2009, a Justiça Eleitoral passou a não aceitar mais a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) como documento de identificação para fins de alistamento e o novo modelo de passaporte para qualquer operação eleitoral, por não conterem, respectivamente, dados referentes à nacionalidade/naturalidade e filiação. 4.3. Prazo – o brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não se alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá em multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição. Contudo, não se aplicará a pena (multa) ao não-alistado que requerer sua inscrição eleitoral até o centésimo quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição subsequente à data em que completar 19 anos (CE, art. 8º c/c. Lei nº 9.504/97, art. 91). 4.4. Alistamento do Menor de 16 anos – É facultado o alistamento, no ano em que se realizarem eleições, do menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive, podendo solicitá-lo até o encerramento do prazo fixado para requerimento de inscrição eleitoral ou transferência (art. 14, Res. 21.538/03 – 151 dias antes da eleição). O título emitido nestas condições somente surtirá efeitos com o implemento da idade de 16 anos. 4.5 Procedimento do alistamento eleitoral no exterior – Os brasileiros natos ou naturalizados, maiores de dezoito anos de idade, no pleno gozo de seus direitos políticos, que residam no exterior devem requerer a sua inscrição eleitoral nas sedes das repartições diplomáticas brasileiras com jurisdição sobre a localidade de sua residência ou no Cartório Eleitoral do Exterior com sede em Brasília. Para se inscrever como eleitor, o interessado deve comparecer, pessoalmente, à sede da embaixada ou da repartição consular brasileira responsável pela localidade em que reside e apresentar os seguintes documentos acompanhados das respectivas cópias: a) um documento oficial brasileiro de identificação (carteira de identidade, carteira profissional emitida por órgão criado por lei federal, certidão de nascimento ou casamento, instrumento público no qual conste idade e outros elementos necessários à qualificação do requerente, inclusive a nacionalidade brasileira). O novo modelo de passaporte, em razão da indisponibilidade de dados sobre filiação, somente será aceito se acompanhado de documento que possibilite a individualização do interessado no cadastro. b) comprovante ou declaração que ateste sua residência no exterior; c) certificado de quitação do serviço militar (para homens com idade entre 18 e 45 anos). - O Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE), assinado pelo alistando, juntamente com a cópia da documentação apresentada, será enviado ao Cartório Eleitoral do Exterior, com sede em Brasília, para análise. Deferida a inscrição, o título eleitoral será remetido à repartição diplomática onde foi requerido, à qual o interessado deverá comparecer para recebê-lo. - No caso de inscrições requeridas no Cartório Eleitoral do Exterior, a emissão e a entrega do título de eleitor será imediata, desde que cumpridas todas as exigências legais. 4.6 Título de Eleitor – Concluído o alistamento, o cidadão recebe o título de eleitor. Características do Documento – artigos 22 e 23, Res. 21.538/2003. O título eleitoral será emitido, obrigatoriamente, por computador e dele constarão, em espaços próprios, o nome do eleitor, a data de nascimento, a unidade da Federação, o município, a zona e a seção eleitoral onde vota, o número da inscrição eleitoral, a data de emissão, a assinatura do juiz eleitoral, a assinatura do eleitor ou a impressão digital de seu polegar, bem como a expressão “segunda via”, quando for o caso. - O título eleitoral terá as dimensões de 9,5 x 6,0 cm, será confeccionado em papel com marca d’água e peso de 120 g/m2, impresso nas cores preto e verde, em frente e verso, tendo como fundo as Armas da República, e será contornado por serrilha. - Nas hipóteses de alistamento, transferência, revisão e segunda via, a data da emissão do título será a de preenchimento do requerimento. Uso de Chancela. Os tribunais regionais poderão autorizar, na emissão on-line de títulos eleitorais e em situações excepcionais, a exemplo de revisão de eleitorado, recadastramento ou rezoneamento, o uso, mediante rígido controle, de impressão da assinatura (chancela) do presidente do Tribunal Regional Eleitoral respectivo, em exercício na data da autorização, em substituição à assinatura do juiz eleitoral da zona, nos títulos eleitorais (art. 23, § 1º, Res. 21.538/2003). Entrega do Título de Eleitor - O título será entregue, no cartório ou no posto de alistamento, pessoalmente ao eleitor, vedada a interferência de pessoas estranhas à Justiça Eleitoral, mediante assinatura ou aposição da impressão digital do seu polegar no Protocolo de Entrega do Título Eleitoral – PETE (canhoto), que conterá o número de inscrição, o nome do eleitor e de sua mãe e a data de nascimento. Além da assinatura ou digital do eleitor, constará ainda no verso a assinatura do servidor do cartório responsável pela entrega e o número de sua inscrição eleitoral, bem como a data de recebimento. Número do Título de Eleitor. O número de inscrição compor-se-á de até 12 algarismos, por unidade da Federação, assim discriminados: a) os oito primeiros algarismos serão sequenciados, desprezando-se, na emissão, os zeros à esquerda; b) os dois algarismos seguintes serão representativos da unidade da Federação de origem da inscrição, conforme códigos constantes na Res. 21.538/03 (Ceará – Código 07); os dois últimos algarismos constituirão dígitos verificadores. Prova da Quitação. O título eleitoral prova a quitação do eleitor para com a Justiça Eleitoral até a data de sua emissão (art. 26, Res. 21.538/2003). Atenção: O artigo 91 da Lei n.º 9.504/97 determina que “nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição. Este é o período do fechamento do cadastro eleitoral, no qual o TSE realizará o batimento das inscrições em todo o território nacional a fim de verificar possíveis pluralidades, além de adotar as providências necessárias para a realização da votação. 5. SEGUNDA VIA (art. 19, Res. TSE 21.538) - no caso de perda ou extravio do título, bem assim de sua inutilização ou dilaceração, o eleitor deverá requerer pessoalmente ao juiz de seu domicílio eleitoral que lhe expeça segunda via. - Na hipótese de inutilização ou dilaceração, o requerimento será instruído com a primeira via do título. Em qualquer hipótese, o eleitor deverá apor a assinatura ou a impressão digital do polegar, se não souber assinar, na presença do servidor da Justiça Eleitoral, que deverá atestar a satisfação dessa exigência, após comprovada a identidade do eleitor. - A segunda via pode ser requerida até dez dias antes das eleições (art. 52, CE). Atenção: Deve ser consignada OPERAÇÃO 7 - SEGUNDA VIA quando o eleitor estiver inscrito e em situação regular na zona por ele procurada e desejar apenas a segunda via do seu título eleitoral, sem nenhumaalteração. Nas hipóteses de REVISÃO ou de SEGUNDA VIA, o título eleitoral será expedido automaticamente e a data de domicílio do eleitor não será alterada. (artigos 7º e 8º, Res. TSE 21.538/2003. 6. TRANSFERÊNCIA ELEITORAL – quando o eleitor pretender mudar de domicílio eleitoral, deve procurar a Justiça Eleitoral, atualizando seus dados no cartório eleitoral e requerendo a transferência. Requisitos para transferência (art. 18, Resolução 21.538/TSE e 55 a 61, CE): 1. Recebimento do pedido no cartório eleitoral do novo domicílio no prazo estabelecido em lei (até 151 dias antes da eleição – art. 91, Lei 9.504/97, está revogado o prazo previsto no art. 55, § 1º, I Do Código Eleitoral); 2. Transcurso de pelo menos um ano do alistamento ou da última transferência; 3. Residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada pelo próprio eleitor, sob as penas da lei. 4. Prova de quitação com a Justiça Eleitoral. Transferência de servidor público removido ou transferido - a exigência dos itens 2 e 3 não se aplica ao servidor público civil, militar ou autárquico, ou de membro de sua família, em caso de remoção ou transferência. Processamento da transferência. Ao requerer a transferência, o eleitor entregará ao cartório o seu título e a prova de quitação com a Justiça Eleitoral. - Não comprovada a condição de eleitor ou a quitação com a Justiça Eleitoral, o juiz eleitoral arbitrará, desde logo, o valor da multa a ser paga. - Despachado o requerimento de transferência pelo juiz eleitoral e processado pelo cartório, o setor da secretaria do TRE responsável pelos serviços de processamento de dados enviará as relações de inscrições atualizadas com os respectivos endereços ao cartório eleitoral, que as colocará à disposição dos partidos nos dias 1º e 15 de cada mês. Lista dos Indeferidos. O cartório eleitoral providenciará as relações contendo os pedidos indeferidos, a fim de viabilizar eventual recurso pelo interessado. Recurso. Do indeferimento, cabe recurso pelo alistando em cinco dias. Do deferimento, poderá recorrer qualquer delegado de partido político ou o Ministério Público, no prazo de dez dias da disposição da listagem. 7. REVISÃO – A última operação relacionada ao cadastro eleitoral, além do alistamento, segunda via e transferência, é a revisão, que deve ser realizada quando o eleitor necessitar alterar local de votação no mesmo município, ainda que haja mudança de zona eleitoral, retificar dados pessoais ou regularizar situação de inscrição cancelada. Neste caso, no momento do preenchimento do RAE deve ser consignada operação 5 (art. 6º, Res. TSE n.º 21.538/2003). 8. CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO E EXCLUSÃO DO ELEITOR – O artigo 71 do Código Eleitoral traz a previsão das hipóteses em que deve ser realizado o cancelamento da inscrição eleitoral. Atenção: O cancelamento da inscrição eleitoral não se confunde com a privação dos direitos políticos. O cancelamento da inscrição é uma medida judicial-administrativa utilizada para preservar a lisura do cadastro eleitoral e do próprio processo eleitoral. A privação dos direitos políticos ocorre nas hipóteses previstas na Constituição Federal (art. 15), impedindo a pessoa de votar e concorrer a cargos eletivos temporária (suspensão) ou definitivamente (perda). 8.1 A inscrição eleitoral será cancelada nas seguintes hipóteses: a) Infração ao artigo 5º do Código Eleitoral – O artigo 5º do Código Eleitoral trata das hipóteses de vedação ao alistamento eleitoral. O artigo 14, §§ 1º e 2º da Constituição Federal dispôs de forma diferente sobre a matéria, de modo que o alistamento eleitoral é vedado somente para os estrangeiros; para os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório; e para os que estiverem privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos. Os militares de qualquer patente são alistáveis, sendo os conscritos a única hipótese de vedação para esta categoria. Os índios são classificados pela Lei 6.001/73 como integrados, em vias de integração e isolados. Para os integrados, o alistamento é obrigatório, para os demais é facultativo. Os deficientes, mudos e surdos-mudos, que tenham capacidade de expressar sua vontade também devem se alistar obrigatoriamente. b) Infração às regras do domicílio eleitoral – Será cancelada a inscrição quando realizada em jurisdição eleitoral diversa daquela que abrange fisicamente o domicílio do eleitor. c) Suspensão ou perda dos Direitos Políticos – Será cancelada a inscrição quando o eleitor perder ou tiver seus direitos políticos suspensos, o que ocorre nas hipóteses previstas no art. 15 da CF/88: a) cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; b) incapacidade civil absoluta (art. 3º, Código Civil); c) condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; d) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; e) improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, CF (Lei 8.429/92). - a incapacidade civil relativa superveniente à inscrição não é causa de cancelamento da inscrição do eleitor, por falta de previsão legal. d) Pluralidade de inscrição – Quando for detectada nos batimentos mais de uma inscrição do mesmo eleitor, deverá haver o cancelamento de uma das inscrições, de modo que o eleitor permaneça somente com uma delas. O juiz eleitoral, diante da pluralidade de inscrição, ao efetuar o cancelamento deverá seguir a seguinte preferência (art. 40, Res. 21.538/TSE): 1) na inscrição mais recente, efetuada contrariamente às instruções em vigor; 2) a inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral; 3) a inscrição cujo título não tenha sido entregue ao eleitor; 4) a inscrição cujo título não tenha sido utilizado para o exercício do voto na última eleição; 5) a mais antiga. e) Falecimento - Os oficiais de Registro Civil, sob as penas do Art. 293 do CE, enviarão, até o dia 15 de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadãos alistáveis, ocorridos no mês anterior, para cancelamento das inscrições. Denomina-se de eleitor fantasma o eleitor falecido cujo título ainda é utilizado para votação. f) Abstenção reiterada – (art. 7º, § 3º, CE) será cancelada a inscrição do eleitor que não votar em três eleições consecutivas, não pagar a multa ou não se justificar no prazo de seis meses, a contar da data da última eleição a que deveria ter comparecido. A abstenção alternada não é causa de cancelamento do título, ainda que ocorra por mais de três vezes. Abstenção eleitoral é o termo usado para definir a não-participação do eleitor no ato de votar. O índice de abstenção eleitoral é o percentual de eleitores que, tendo direito, não se apresentam às urnas. É diferente dos casos em que o eleitor, apresentando-se, vota em branco ou anula o voto. De acordo com a Resolução 21.538/03, Será cancelada a inscrição do eleitor que se abstiver de votar em três eleições consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para a falta ou efetuado o pagamento de multa, ficando excluídos do cancelamento os eleitores que, por prerrogativa constitucional, não estejam obrigados ao exercício do voto. Para o cancelamento, a Secretaria de Informática colocará à disposição do juiz eleitoral do respectivo domicílio, em meio magnético ou outro acessível aos cartórios eleitorais, relação dos eleitores cujas inscrições são passíveis de cancelamento, devendo ser afixado edital no cartório eleitoral. Decorridos 60 dias da data do batimento que identificar as inscrições sujeitas a cancelamento, caso não haja pagamento da multa ou justificativa, a inscrição será automaticamente cancelada pelo sistema. (artigo 80, §§ 6º a 8º). Atenção: Não confundir o prazo para justificar o não exercício do voto – 60 dias (art. 16, Lei 6.091/74 e 80, Resolução TSE 21.538/2003) com o prazo para justificar a abstenção reiterada – 6 meses (art. 7º, § 3º, Código Eleitoral).g) Revisão do eleitorado – (art. 58 e ss. Resolução 21.538/TSE) – O TRE poderá determinar a realização de correição quando houver denúncia fundamentada de fraude em proporção comprometedora, podendo promover o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão. O Tribunal Regional Eleitoral, por intermédio da corregedoria regional, inspecionará os serviços de revisão, contudo, a presidência dos serviços de revisão cabe ao Juiz Eleitoral. O TSE determinará, de ofício, a revisão do eleitorado sempre que: a) o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja 10% superior ao do ano anterior; b) o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta anos do território daquele município; c) o eleitorado for superior a 65% da população projetada para aquele ano pelo IBGE (Lei nº 9.504/97, art. 92). A Revisão do eleitorado é o procedimento pelo qual a Justiça Eleitoral convoca os eleitores inscritos numa zona eleitoral para que compareçam pessoalmente ao cartório eleitoral ou em postos criados para esse fim, como o objetivo de se verificar a regularidade da sua inscrição eleitoral. Os eleitores que não atenderem à convocação, deixando de comparecer, terão suas inscrições canceladas. Atenção: Não será realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando autorizada pelo TSE (art. 58, § 2º, Res. 21.538/TSE). 8.2 Processamento da exclusão e do cancelamento – Com exceção da revisão do eleitorado, a exclusão será mandada processar ex officio pelo Juiz Eleitoral, sempre que tiver conhecimento de alguma das causas do cancelamento, adotando o seguinte procedimento: a) mandará autuar a petição ou representação com os documentos que a instruírem; b) fará publicar edital com prazo de dez dias para ciência dos interessados, que poderão contestar dentro de cinco dias; c) concederá dilação probatória de cinco a dez dias, se requerida; d) decidirá no prazo de cinco dias. - no caso de exclusão de eleitor, a defesa poderá ser feita pelo interessado, por outro eleitor ou por delegado de partido (art. 73, CE). - Até a decisão sobre a exclusão, o eleitor pode votar validamente (art. 72, CE). - Uma vez consumado o cancelamento, a inscrição não se restabelecerá pela simples cessação da causa que a motivou, devendo o interessado requerer novamente a sua qualificação e inscrição (art. 81, CE e art. 20, Res. 21.538/TSE). 9. FISCALIZAÇÃO DO ALISTAMENTO ELEITORAL – toda a legitimidade de um processo eleitoral se inicia com a regularidade da inscrição daqueles que, habilitados ao voto, exercerão o poder de escolha. A lisura das demais fases do processo eleitoral (registro de candidatos, propaganda eleitoral, votação, apuração e diplomação) não será suficiente para eliminar o vício de um eleitorado eivado de pluralidades e fraudes no alistamento. - é de suma importância a fiscalização dos partidos políticos e do Ministério Público. A fiscalização pelos partidos políticos está regulamentada nos arts. 27 e 28, da Resolução n.º 21.538 do TSE. Os partidos políticos poderão manter até 2 delegados perante o TRE e até 3 em cada zona eleitoral, que se revezarão, não sendo permitida a atuação simultânea de mais de um delegado de cada partido. Na zona eleitoral, os delegados serão credenciados pelo juiz eleitoral. Os delegados credenciados no TRE poderão representar o partido, na circunscrição, perante qualquer juízo eleitoral do Estado. Os partidos políticos, por seus delegados, poderão: I - acompanhar os pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e quaisquer outros, até mesmo emissão e entrega de títulos eleitorais; II - requerer a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor cuja exclusão esteja sendo promovida; III - examinar, sem perturbação dos serviços e na presença dos servidores designados, os documentos relativos aos pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e revisão de eleitorado, deles podendo requerer, de forma fundamentada, cópia, sem ônus para a Justiça Eleitoral. 10. DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ELEITORAIS – Para cumprimento das obrigações relacionadas ao voto, o eleitor deve: votar nas datas designadas; se justificar perante o juiz eleitoral no prazo de sessenta dias da eleição; ou efetuar o pagamento da multa imposta pelo Juiz Eleitoral. - Estabelece o Código Eleitoral em seu art. 7º: O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral até trinta dias após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por cento sobre o salário mínimo da região, imposta pelo Juiz Eleitoral e cobrada na forma prevista no art. 367. De Acordo com o artigo 16 da Lei 6.091/74 e art. 80 da Resolução TSE 21.538/2003, o prazo para justificar a ausência do voto é de 60 dias, não mais se aplicando o disposto no caput do artigo 7º do Código Eleitoral. Para o eleitor que se encontrar no exterior na data do pleito, o prazo para justificativa será de 30 dias, contados do seu retorno ao país. (art. 80, § 1º, Res. 21.538/2003). O valor da multa pelo não exercício do voto está regulamentado no artigo 80, § 4º da Resolução TSE 21.538/2003, variando entre o mínimo de 3% e o máximo de 10% do valor utilizado como base de cálculo. Já o artigo 85 da mencionada resolução determina que a base de cálculo para aplicação das multas previstas pelo Código Eleitoral e leis conexas, bem como daquelas de que trata a própria Res. 21.5382003, será o último valor fixado para a Ufir, multiplicado pelo fator 33,02, até que seja aprovado novo índice, consoante regras de atualização dos débitos para com a União. Como o último valor da Ufir foi de R$ 1,0641, a base de cálculo será de R$ 35,1365 e os valores mínimo e máximo da multa serão de R$ 1,05 e R$ 3,51. 11. RESTRIÇÕES AO ELEITOR INADIMPLENTE – O artigo 7º, § 1º do Código Eleitoral estabelece que, sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se justificou devidamente, não poderá o eleitor: I - inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se neles; II - receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público, autárquico ou paraestatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades de qualquer natureza mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público delegado, correspondentes ao segundo mês subsequente ao da eleição; III - participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias; IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e com essas entidades celebrar contratos; V - obter passaporte ou carteira de identidade; VI - renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo; Segundo o caput do art. 1º da Lei nº 6.236/1975, “a matrícula, em qualquer estabelecimento de ensino, público ou privado, de maior de dezoito anos alfabetizado, só será concedida ou renovada mediante a apresentação do título de eleitor do interessado”. VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda. UNIDADE VI – ELEGIBILIDADES E INELEGIBILIDADES 1. CONCEITO DE ELEGIBILIDADE – a elegibilidade é o direito subjetivo público de submeter alguém, o seu nome, ao eleitorado, visando a obtenção de um mandato. Corresponde à capacidade eleitoral passiva, ao poder de ser votado. - direito de alguém ser escolhido, mediante sufragação popular, para o desempenho de função pública naformação do governo. (Elcias Costa). - consiste no direito de postular a designação pelos eleitores a um mandato político no Legislativo ou no Executivo (José Afonso da Silva). 2. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE: I – Próprias (previstas diretamente na Constituição, art. 14, § 3º, CF): a) nacionalidade brasileira; b) pleno exercício dos direitos políticos; c) alistamento eleitoral; d) domicílio eleitoral na circunscrição; e) filiação partidária; f) idade mínima exigível; g) especiais para militares (art. 14, § 8º, CF). II – Impróprias (prevista na legislação infraconstitucional): a) indicação em convenção partidária; b) quitação eleitoral 2.1. Condições de Elegibilidade em espécie: 2.1.1. Nacionalidade brasileira (CF, art. 14, § 3º, I) – a elegibilidade é privativa dos brasileiros, natos ou naturalizados, por conseguinte, perdendo-se a nacionalidade brasileira, por ação tácita ou expressa, desaparece também a elegibilidade. - A nacionalidade é o vínculo político e pessoal que se estabelece entre o Estado e o indivíduo, fazendo com que este integre uma comunidade política. - Os cargos mencionados no art. 12, § 3º da Constituição Federal são privativos dos brasileiros natos, dentre eles são cargos eletivos somente os de Presidente e Vice-Presidente da República. Segundo a CF, são brasileiros: - natos – nacionalidade originária (art. 12, I): a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; - naturalizados – nacionalidade derivada (art. 12, II): a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. - A outorga a brasileiros do gozo dos direitos políticos em Portugal, devidamente comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral, importará suspensão desses mesmos direitos no Brasil (Res. 21.538, art. 51, § 4º). 2.1.2. Pleno Exercício dos Direitos Políticos (CF, art. 14, § 3º, II) – a suspensão ou perda dos direitos políticos acarreta a incapacidade eleitoral ativa e passiva, ou seja, a pessoa fica impossibilitada de votar e ser votada. 2.1.3. Alistamento Eleitoral (CF, art. 14, § 3º, III) – a elegibilidade depende da condição de eleitor, de modo que sem a dimensão ativa da cidadania, comprovada pelo alistamento eleitoral, não pode haver a pretensão à elegibilidade, não sendo suficiente satisfazer todas as condições de alistabilidade, tendo de ser realmente integrante do corpo eleitoral e dele não se desvincular por desídia ou outra causa. Perdendo-se a capacidade eleitoral ativa, desaparece a elegibilidade. 2.1.4. Domicílio Eleitoral na circunscrição (CF, art. 14, § 3º, IV) – deve obrigatoriamente existir identidade entre o domicílio eleitoral do candidato e a circunscrição a que se vincula o mandato representativo postulado. O domicílio eleitoral tem conceituação diversa do domicílio civil. O primeiro, “mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o interessado tem vínculos políticos e sociais”, podendo configurar-se, também, pela existência de uma ligação natalícia, pessoal, familiar, profissional, social, política, afetiva ou patrimonial com o município. (TSE, Min. Garcia Vieira, RESPE n.º 16.397, de 29.08.00). - A CF não estabelece prazo, no entanto, o art. 9º da Lei 9.504/97 dispõe que o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito. 2.1.5. Filiação Partidária (CF, art. 14, § 3º, V) – o Brasil não admite a candidatura avulsa, somente se podendo concorrer a qualquer cargo quem estiver filiado a partido político. A CF não estabelece prazo, contudo, o art. 9º da Lei 9.504 dispõe que o candidato deverá estar com a filiação deferida pelo partido pelo prazo de, pelo menos, seis meses antes da data da eleição (redação da Lei n.º 13.165/2015). - havendo fusão ou incorporação de partidos políticos após o prazo estabelecido na lei eleitoral, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido político de origem (art. 9º, § único, Lei n.º 9.504/97). 2.1.6. Idade Mínima Exigida (CF, art. 14, § 3º, VI) – A idade eleitoral exigida varia de acordo com o cargo postulado, nos seguintes termos: CARGOS IDADE Presidente, Vice-Presidente e Senador 35 anos Governador e Vice-Governador 30 anos Deputado Federal, Deputado Estadual, Prefeito e Vice-Prefeito 21 anos Vereador 18 anos - A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse (Lei 9.504/97, art. 11), salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro, ou seja, 15 de agosto do ano eleitoral. (Lei 9.504/97, art. 11, redação da Lei n.º 13.165/2015).. - É possível que um deputado federal com menos de 35 anos, caso exerça o cargo de Presidente da Câmara, assuma interinamente o cargo de Presidente da República (art. 80, CF). O mesmo pode ocorrer também com o cargo de Governador (Presidente da Assembleia) e Prefeito (Presidente da Câmara Municipal). 2.1.7. Indicação em Convenção Partidária – para concorrer a qualquer cargo eletivo é imprescindível que o interessado tenha sido escolhido em convenção do partido político ao qual esteja filiado. Essa con- dição de elegibilidade deverá ser comprovada com a apresentação da ata da convenção no momento do pedido de registro da candidatura. 2.1.8. Condições Especiais para Militares (CF, art. 14, § 8º) – os militares são elegíveis desde que atendidas as seguintes condições: a) se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da ativi- dade; b) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passa- rá automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. - O artigo 142, inciso V, da Constituição Federal estabelece que o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos. Há uma aparente antinomia entre duas normas constitucio- nais, uma que proíbe o militar, na ativa, de filiar-se a partidos políticos e outra que diz que o militar alis- tável é elegível. Nesse caso, o intérprete constitucional desenvolveu uma construção que permite a dis- pensa do pressuposto da filiação – como exceção imposta pelo sistema da própria lei fundamental – en- quanto não se verificar a agregação, a qual só pode decorrer do registro de candidatura e não de simples filiação. - O militar, portanto, pode candidatar-se mediante uma filiação sui generis. Após ser escolhido em convenção partidária, obviamente com a sua anuência, o militar solicita o registro de sua candidatura ao órgão da Justiça Eleitoral competente. Com este simples requerimento, supre-se a exigência da filiação partidária. - Se o militar contar com menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade definitivamente. Se tiver mais de dez anos de serviço, o militar candidato passa, dentro de sua corporação, à categoria de agregado, conforme disciplina o Estatuto dos Militares (Lei nº. 6.880/80), que prescreve: “Art. 82 - O militar será agregado quando for afastadotemporariamente do serviço militar, por motivo de: [...] XIV – ter se candidatado a cargo eletivo, desde que conte 5 (cinco) ou mais anos de serviço. [...] § 4º. A agre- gação militar, no caso do item XIV, é contada a partir da data do registro como candidato até sua diplo- mação ou seu regresso à Força Armada a que pertence, se não houver sido eleito. 2.1.9. Quitação Eleitoral – para concorrer a qualquer cargo eletivo é necessário estar em dia com as obrigações eleitorais, cuja comprovação deve ser feita mediante certidão emitida pela Justiça Eleitoral. A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral (art. 11, § 7º, Lei 9.504/97). 3. INELEGIBILIDADE: 3.1. Conceito – é a impossibilidade legal de alguém pleitear seu registro como postulante a todos ou a alguns dos cargos eletivos (Swenson). - É inaptidão jurídica para receber voto, obsta a existência da candidatura, independentemente da manifestação do partido ou do próprio interessado. - É a ausência da capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, consequentemente, poder ser votado, constituindo-se, portanto, em condição obstativa ao exercício passivo da cidadania. Distinção: Elegibilidade e inelegibilidade – para concorrer a qualquer cargo eletivo, o brasileiro deve satisfazer todas as condições de elegibilidade e ainda não incorrer em nenhuma das causas de inelegibilidade. A Constituição brasileira distingue entre condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade. As condições de elegibilidade são requisitos básicos a serem preenchidos para que o cidadão possa concorrer a eleições. Já as inelegibilidades constituem impedimentos que obstam o cidadão de concorrer a eleições, embora preencha os pressupostos de elegibilidade. As condições de elegibilidade podem ser estabelecidas por lei ordinária e Resoluções do TSE, enquanto as inelegibilidades só podem ser estabelecidas pela própria Constituição ou Lei Complementar. Ex. Art. 9º, Lei 9.504/97 e 16, Lei 9.096/95, segundo o TSE não são inconstitucionais, porque estabelecem condições de elegibilidade e não causas de inelegibilidade. - As inelegibilidades criadas por lei complementar devem ter sempre a finalidade estabelecida no artigo 14, § 9º da Constituição Federal, ou seja, proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. 4. CLASSIFICAÇÃO DAS INELEGIBILIDADES: a) Absolutas – a inelegibilidade incide na eleição para qualquer cargo. Ex. inalistáveis e analfabetos. b) Relativas ou específicas – a inelegibilidade só se refere a determinados mandatos. 5. OS CASOS DE INELEGIBILIDADE: 5.1. Inelegibilidades previstas na Constituição: 5.1.1 Analfabetos (CF, art. 14, § 4º) – O pedido de registro do candidato deve ser instruído com comprovante de escolaridade, podendo sua ausência ser suprida por declaração de próprio punho ou ser aferida por outros meios, desde que individual e reservadamente. O TSE admite o indeferimento do registro fundado em reprovação em prova elementar de alfabetização perante o juiz eleitoral, desde que realizada sem expor o candidato a constrangimento (Acórdão nº 23.264, de 23.09.2004, rel. min. Carlos Velloso). - A Constituição Federal não admite que o candidato a cargo eletivo seja exposto a teste que agrida a dignidade humana (art. 1º), como é o caso do exame público e solene. - Para ser servidor público, em qualquer nível, exige-se prévia habilitação em concurso (art. 37, II, CF), no entanto, tal exigência não atinge os agentes políticos para os quais é irrelevante o nível de escolaridade, bastando não ser analfabeto (saber ler e escrever). - Considera-se alfabetizado quem sabe ler e escrever razoavelmente. Escrever com sentido e concatenação das ideias, ainda que com embaraços de gramática; ler com compreensão do texto, do seu sentido, ainda que de modo obnubilado e turvo. É analfabeto, ao contrário, aquele que não sabe ler nem escrever com um mínimo de sentido ou com total impossibilidade de externar pensamentos. - O exercício de cargo eletivo não atribui ao candidato eleito a condição de alfabetizado, a mera participação em pleito anterior também não certifica grau de alfabetização (Súmula 15, TSE). 5.1.2 Inalistáveis (CF, art. 14, § 4º) – aqueles que não podem alistar-se eleitores também não podem concorrer a cargos eletivos. São inalistáveis e, portanto, inelegíveis, os estrangeiros e os conscritos. - Em princípio, essa causa de inelegibilidade parecia desnecessária, uma vez que o alistamento eleitoral já figura como condição de elegibilidade, contudo, pode ocorrer de um jovem ser engajado no serviço militar aos 18 anos de idade, já tendo se alistado aos 16 anos. Neste caso, apesar de já alistado como eleitor, haverá inelegibilidade. 5.1.3 Inelegíveis em virtude do exercício de cargo ou função – o exercício de certos cargos ou funções é incompatível com a condição de candidato, em virtude de conferir ao seu exercente uma superioridade de oportunidades em face dos demais concorrentes, desequilibrando o processo eleitoral. a)Titulares de cargo no Poder Executivo que pretendam concorrer ao mesmo cargo mais de uma vez consecutiva (art. 14, § 5º, CF) – O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. Originalmente, a CF não permitia a reeleição para os cargos do Poder Executivo, no entanto, esta foi introduzia no ordenamento jurídico brasileiro por intermédio da Emenda Constitucional n.º 16/97. Assim, atualmente a Constituição veda o terceiro mandato consecutivo em relação aos cargos de Presidente da República, Governadores de Estado e Distrito Federal, e Prefeitos. Embora não prevista na Constituição, o TSE estende a restrição também aos respectivos vices. - Com a regra da reeleição, é possível a uma chapa – titular e vice – exercer um mandato e disputar a reeleição (mesmo titular e mesmo vice). Uma vez reeleitos, não poderão mais disputar os mesmos cargos já que caracterizaria o terceiro mandato consecutivo. O titular reeleito também não pode concorrer ao cargo de vice, porquanto também se abriria a possibilidade do terceiro mandato consecutivo caso viesse a substituir ou suceder o titular (TSE, CTA n.º 1.139, Res. n.º 22.005/05). Contudo, é possível ao vice reeleito concorrer ao cargo do titular, já que estará concorrendo a outro cargo, não se tratando, portanto, de terceiro mandato consecutivo. b)Titulares de cargo no Poder Executivo que pretendam concorrer a outros cargos (art. 14, § 6º, CF) – Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito, ou seja, o exercício destes cargos nos seis meses que antecedem a eleição os torna inelegíveis. - O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos seis meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular (art. 1º, § 2º, LC 64/90). Esse tratamento diferenciado se justifica em virtude do fato de que os vices não detém poder de mando sobreno art. 23 da Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n.º 64/90) que estabelece que: “O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral”. 5.2. Princípio da vedação da restrição de direitos políticos – no Direito Eleitoral brasileiro, não havendo restrição expressa aos direitos políticos na Constituição ou em lei, não cabe ao intérprete fazê- lo. Em caso de dúvida, deve sempre o juiz ou o tribunal se posicionar pela não restrição dos direitos políticos, considerados direitos fundamentais na Constituição Federal. 5.3. Princípio do aproveitamento do voto – a atuação da Justiça Eleitoral deve ser fundamentada no aproveitamento do voto, preservando a soberania popular, a apuração dos votos e a diplomação dos eleitos. - No Direito Eleitoral adota-se o princípio do in dubio pro voto. Neste sentido, o artigo 219 do Código Eleitoral estabelece que: “Na aplicação da lei eleitoral o Juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.” Assim, somente quando a fraude, a corrupção e os vícios do processo captativo forem evidentes e estreme de dúvidas, ao ponto de violar a soberania popular e a liberdade do voto, deverá ser anulada a votação. 5.4. Princípio da celeridade – as decisões eleitorais devem ser céleres, se possível proferidas de imediato, buscando-se evitar delongas para fases posteriores à diplomação (última fase do processo eleitoral). São raros e excepcionais os casos que possam demandar um julgamento após a posse, quando se dá o início do exercício do mandato eletivo. - Em consonância com este Princípio, o parágrafo único do artigo 257 do Código Eleitoral giza que: “a execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do Presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão.” Por isso, os advogados dos candidatos, partidos políticos e coligações devem obrigatoriamente fornecer o número do seu fax, telefone e endereço, inclusive eletrônico, a fim de viabilizar a intimação das decisões. - Ainda segundo esse princípio, Juízes Eleitorais e membros do Ministério Público Eleitoral devem dar prioridade aos processos eleitorais, em todas as instâncias, ressalvados os processos de habeas corpus e mandado de segurança, sob pena de responder por crime de responsabilidade e sofrer anotação funcional (art. 94, Lei 9.504/97). 5.5. Princípio da ausência de suspensividade dos recursos eleitorais – os recursos eleitorais, em regra, possuem somente efeito devolutivo. Neste sentido, o artigo 257 do Código Eleitoral determina que “os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.” - A regra é a ausência de efeito suspensivo nos recursos eleitorais, no entanto, existem algumas exceções como a apelação em caso de condenação por crime eleitoral e no Recurso Contra a Diplomação (art. 216, CE) e o recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por TRE que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo, que será recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo (art. 257, § 2º, CE, redação da Lei n.º 13.165/2015. 5.6. Princípio da preclusão – preclusão é a perda da oportunidade processual de se praticar um ato. A preclusão, no sentido técnico, exprime a ideia de: 1) extinção de um poder, para o juiz ou o tribunal; e 2) perda de uma faculdade, para a parte. A preclusão é um instituto utilizado para tornar o processo mais rápido, já que impulsiona o processo para frente, impedindo eternos retornos no curso do procedimento. - em matéria eleitoral, se os atos não forem praticados ou impugnados no momento oportuno operar-se-á a preclusão, não podendo mais a parte interessada fazê-lo. As únicas exceções ocorrem em caso de arguição de nulidade baseada em motivo superveniente ou de ordem constitucional, que se não forem suscitadas na fase adequada do processo eleitoral, poderão ser levantadas na fase seguinte. - algumas impugnações devem ser realizadas de imediato, ou seja, no momento exato em que se pratica o ato a ser impugnado, sob pena de preclusão instantânea. É o que ocorre, por exemplo, no caso de impugnação à identidade do eleitor e de votação (art. 147, § 1º e 149, CE). 5.7. Princípio da anualidade – previsto no artigo 16 da Constituição Federal que diz que: “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência.” Este princípio visa evitar o casuísmo, traduzido em alterações das regras do jogo, adaptando-as às conveniências previsíveis da corrente partidária majoritária. Também chamado de princípio do “rules of game” ou muralhas da democracia. - Processo eleitoral é considerado um conceito vago, que a doutrina e a jurisprudência apontam como sedimentado nas fases do alistamento, votação, apuração e diplomação. As normas que, caso alteradas, não podem ser aplicadas às eleições que ocorrerem até um ano da sua vigência, são aquelas que estabelecem os parâmetros igualitários entre os partidos, no pleito (natureza material), não abrangendo as normas que apenas instrumentalizam o processo (natureza processual ou adjetiva) e, por isso, são incapazes de gerar surpresas ou desequilíbrios na eleição e no seu resultado. Para Marcos Ramayana, “inicia-se o processo eleitoral com a escolha pelos partidos políticos dos seus pré-candidatos. Deve-se entender por processo eleitoral os atos que se refletem, ou de alguma forma se projetam no pleito eleitoral, abrangendo as coligações, convenções, registro de candidatos, propaganda política eleitoral, votação, apuração e diplomação”. No mesmo sentido, José Afonso da Silva defende que “o processo eleitoral desenrola-se em três fases: (1) apresentação das candidaturas; (2) organização e realização do escrutínio; (3) contencioso eleitoral. A primeira delas compreende os atos e operações de designação de candidatos em cada partido, do seu registro no órgão da Justiça Eleitoral competente e da propaganda eleitoral que se destina a tornar conhecidos o pensamento, o programa e os objetivos dos candidatos”. - Em relação à conceituação de processo eleitoral e quanto à aplicação do princípio da anualidade, previsto no art. 16 da Carta da República, deve-se mencionar a ADI 3741/DF, de Relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, que remeteu a julgado anterior, a ADI 3.345, Relatada pelo Ministro Celso de Melo, para afirmar que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu que só se pode cogitar de comprometimento do princípio da anterioridade, quando ocorrer: 1) o rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e dos respectivos candidatos no processo eleitoral; 2) a criação de deformação que afete a normalidade das eleições; 3) a introdução de fator de perturbação do pleito; ou 4) a promoção de alteração motivada por propósito casuístico. Assim, no tocante à aplicação do princípio constitucional da anualidade, a orientação do Supremo Tribunal Federal era no sentido de se evitar manobras que desta ou daquela maneira possam beneficiar a determinado segmento e prejudicar qualquer dos demais segmentos envolvidos na disputa. Contudo, no julgamento do RE 633.703, o STF passou a entender que qualquer lei que introduza inovações na área eleitoral, como fez a Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), interfere de modo direto no processo eleitoral – na medida em que viabiliza a inclusão ou exclusão de candidatos na disputa de mandatos eletivos – o que faz incidir sobre a norma o disposto no artigo 16 da Constituição. - Observação: por força do artigo 105 da Lei 9.504/97, o TSE podea máquina administrativa como o titular, logo não gozem de privilégio na disputa eleitoral. Observações importantes decorrentes do cotejamento dos parágrafos 5º e 6º da CF: - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos podem continuar no exercício de suas funções para disputar a reeleição, mas para concorrerem a outros cargos, devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito. - O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão preservar os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular. Se a substituição ou sucessão ocorrer nesse período, o vice poderá concorrer ao cargo do titular, mas somente uma vez, porquanto já estará em seu segundo mandato (Respe 29.792-TO, Rel. Min. Félix Fisher). - O vice ou o presidente da Câmara Municipal, da Assembleia Legislativa ou da Câmara Federal que vier a assumir o cargo do titular nos seis meses que antecedem o pleito somente poderão concorrer ao cargo que assumiram, tornando-se inelegíveis para os demais cargos, inclusive aquele que exercia anteriormente (vereador, deputado estadual ou deputado federal). - O STF entendia ser possível ao titular que tenha ocupado o cargo de vice no mandato anterior concorrer à reeleição, exceto nos casos em que tenha substituído o titular nos seis meses antes daquela eleição (caso Alckmin). Para o STF, o exercício da titularidade do cargo somente se dá mediante eleição ou sucessão, e não por mera substituição. Assim, somente a substituição dentro dos seis meses anteriores ao pleito, por ficção jurídica, seria considerada como um mandato para fins de inelegibilidade. No entanto, na eleição de 2012, o TSE equiparou institutos, não importando se houve substituição com respaldo legal ou mesmo sucessão do titular para configuração de mandato. Confira-se: Registro. Terceiro mandato. O Vice-Prefeito que assumir a chefia do Poder Executivo em decorrência do afastamento, ainda que temporário, do titular, seja por que razão for, somente poderá candidatar-se ao cargo de Prefeito para um único período subsequente. (AgR no REspe 6743, Rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 6/9/2012). - Titular reeleito que teve seu diploma cassado no segundo mandato, não pode concorrer para o mesmo cargo, no mesmo município, porquanto configura um terceiro mandato sucessivo. - A interinidade e o mandato tampão constituem frações de um só período de mandato, permitindo a reeleição do candidato (assumiu interinamente, concorreu e foi eleito na eleição suplementar). 5.1.4 Inelegíveis por casamento ou parentesco (CF, art. 14, § 7º) – são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Considera-se o companheiro equiparado ao cônjuge (art. 226, § 3º, CF). Trata-se da chamada Inelegibilidade Reflexa. - O parentesco em linha reta é aquele existente entre pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes (CC, art. 1591). - O parentesco em linha colateral ou transversal é aquele existente entre as pessoas, até o quarto grau, provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra (CC, art. 1592). - Contagem de graus – contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente (CC, art. 1594). - o parentesco por afinidade é aquele que alia cada cônjuge ou companheiro aos parentes do outro. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro (CC, art. 1595). No parentesco por afinidade, o grau da pessoa será o mesmo do seu cônjuge ou companheiro com o respectivo parente. - Limites do impedimento: 1) em linha reta consanguínea: a) ascendente (pai ou mãe (1º grau), avô ou avó (2º grau)); b) descendente (filho ou filha, neto ou neta); 2) em linha colateral consanguínea: (irmão ou irmã – 2º grau); 3) em linha reta afim: a) ascendente (sogro ou sogra, padrasto ou madrasta (1º grau); avô ou avó do cônjuge, pais do padrasto ou madrasta (2º grau)); b) descendente (genro ou nora, enteado e enteada (1º grau); netos ou netas do cônjuge (2º grau); 4) linha colateral afim: (cunhado ou cunhada (2º grau)). Observações: o adotado segue as mesmas regras, sendo equiparado ao consanguíneo. - Não há impedimento ao concunhado, que é afim de afim. - O termo jurisdição deve ser entendido como circunscrição eleitoral, a do Prefeito corresponde ao município, a do Governador, ao Estado, e a do Presidente da República a todo o território nacional. - Estas inelegibilidades decorrentes de parentesco não ocorrem se o titular do mandado for reelegível e desincompatibilizar-se definitivamente (renunciar) nos seis meses anteriores ao pleito, conforme art. 14, §§ 5º, 6º e 7º, CF. Contudo, é vedado o terceiro mandato familiar (Consulta. Inelegibilidade. Parentesco. 1. Vereador, cunhado de governador de estado, não pode candidatar-se a prefeito em município localizado dentro da mesma área de jurisdição, salvo se o titular afastar-se de suas funções seis meses antes do pleito. 2. Em casos de parentesco, a inelegibilidade ocorre no território de jurisdição do titular do cargo. Consulta nº 896, rel. Min. Fernando Neves, de 7.8.2003). - O Prefeito “itinerante ou profissional” – até 2008, o TSE admitia ao chefe do executivo (prefeito ou governador) concorrer em outra circunscrição desde que renunciasse seis meses antes e satisfizesse os demais requisitos de elegibilidade, exceto em se tratando de município ou Estado desmembrado, incorporado ou decorrente de fusão (consulta 841, TSE, Res. 21.784/04-DF). Contudo, a partir do REspe 32.507-AL, o TSE passou a considerar que tal procedimento caracterizava fraude mediante o desvirtuamento da faculdade de transferir-se domicílio eleitoral de um para outro Município, de modo a ilidir-se a incidência do preceito legal disposto no § 5° do artigo 14 da CF, havendo desvio da finalidade do direito à fixação do domicílio eleitoral. - Também são inelegíveis ao cargo de vice-prefeito no mesmo município o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do prefeito reeleito (art. 15, III, § 3º, Res. 22.717/08). - Os parentes e cônjuge do titular reeleito que teve seu diploma cassado ou faleceu no segundo mandato, não pode concorrer para o mesmo cargo, no mesmo município, porquanto configura um terceiro mandato sucessivo. - O TSE já assentou que a separação de fato não afasta a inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal. Se a sentença de dissolução do casamento transitar em julgado durante o mandato, persiste, para fins de inelegibilidade, até o fim do mandato o vínculo de parentesco com o ex-cônjuge, pois “(...) em algum momento do mandato existiu o vínculo conjugal”. - A inelegibilidade se dá somente em relação aos parentes do chefe do executivo, inexistindo em relação a outros cargos como Ministros e Secretários de Estado ou municipais. 5.2. Inelegibilidades previstas na Legislação Infraconstitucional – a Constituição Federal em seu art. 14, § 9º previu que lei complementar deveria estabelecer outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abusodo exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Para atender o mandamento constitucional foi editada a Lei Complementar n.º 64/90, que estabelece outras hipóteses de inelegibilidade além daquelas com assento na própria Constituição, dividindo-as em absolutas (para qualquer cargo) e específicas ou relativas (somente para determinados cargos). - A Lei Complementar n.º 135/2010, conhecida como Lei Ficha Limpa por ter sido objeto de projeto de lei de iniciativa popular que adotou essa denominação, alterou substancialmente a Lei Complementar n.º 64/90, criando novas hipóteses de inelegibilidade, alterando alguns prazos de duração, dentre outras mudanças. 5.2.1 Inelegibilidades para qualquer cargo (LC 64/90, art. 1º, I): a) Inalistáveis e os Analfabetos (LC 64/90, art. 1º, I, “a”) – A LC 64/90 repetiu essas causas de inelegibilidade já estabelecidas na Constituição Federal (ver itens 5.1.1 e 5.1.2). b) Perda de Mandato no Legislativo – os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura. (prazo alterado pela LC nº 81/94). - O parlamentar que firmar ou mantiver contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; aceitar ou exercer cargo na Administração Pública; for proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades retro mencionadas; for titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo; ou faltar com o decoro parlamentar se sujeita ao procedimento de cassação de mandato em sua instituição. c) Perda de Mandato no Executivo – o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos. - A LC 135/2010 (Lei Ficha Limpa) aumentou o prazo desta inelegibilidade de três para oito anos. - Não alcança o Presidente e o Vice-Presidente da República, no entanto, o parágrafo único do art. 52 da CF, prevê que a perda de tais mandatos por decisão do Senado Federal, em processo presidido pelo Presidente do STF, acarreta a inabilitação para o exercício de função pública por oito anos. Embora inabilitação e inelegibilidade não sejam tecnicamente a mesma coisa, a primeira produzirá o mesmo efeito que a inelegibilidade na capacidade eleitoral passiva. Observação: Antes do advento da Lei Complementar 135/2010 (Lei Ficha Limpa), se houvesse renúncia de parlamentares após iniciado o processo de cassação, esta não impedia a sua conclusão e decisão, ou seja, a renúncia ficava suspensa e somente produziria os seus efeitos se o renunciante fosse absolvido, caso contrário, havendo a cassação do mandato, incidiria esta inelegibilidade. A partir da nova lei, havendo renúncia desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo com o objeto tratado neste inciso, incidirá a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “k”, da LC 64/90. Além disso, esta nova inelegibilidade se aplica ao Presidente da República, aos Governadores de Estado e do Distrito Federal, aos Prefeitos e aos membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais. d) Abuso de Poder Econômico ou Político – os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes. - A LC 135/2010 (Lei Ficha Limpa) aumentou o prazo desta inelegibilidade de três para oito anos. Além disso, a inelegibilidade somente ocorria após o trânsito em julgado da decisão, ao passo que com a nova lei esta se verifica a partir do julgamento por órgão colegiado. Abuso do poder econômico, em matéria eleitoral, se refere à utilização excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de recursos materiais ou humanos que representem valor econômico, buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, afetando assim a normalidade e a legitimidade das eleições (AgRgRESPE nº 25.906, de 09.08.2007). Abuso do poder político ocorre nas situações em que o detentor do poder vale-se de sua posição para agir de modo a influenciar o eleitor, em detrimento da liberdade de voto. Caracteriza-se dessa forma, como ato de autoridade exercido em detrimento do voto. Tem-se como exemplo de abuso do poder político quando, na véspera das eleições, o prefeito candidato à reeleição ordena que fiscais municipais façam varredura em empresas de adversários políticos e não o façam em relação a empresas de amigos e companheiros de partido. Abuso de autoridade é o ato de autoridade que embora competente para praticá-lo, excede os limites de suas atribuições ou o pratica com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. e) Condenação Criminal por Órgão Judicial Colegiado – os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 1) contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2) contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3) contra o meio ambiente e a saúde pública; 4) eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5) de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; 6) de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7) de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8) de redução à condição análoga à de escravo; 9) contra a vida e a dignidade sexual; e 10) praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando. - Antes do advento da LC 135/2010 (Lei Ficha Limpa), a inelegibilidade somente ocorria com sentença condenatória criminal transitada em julgado. Além disso, o rol dos delitos abrangia somente os crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro, o tráfico de entorpecentes e os crimes eleitorais. Outrossim, o prazo da inelegibilidade era de apenas três anos, após o cumprimento da pena. - Esta inelegibilidade não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada (art. 1º, § 4º, LC 64/90 c/c LC 135/2010). f) Indignidade do Oficialato – os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de oito anos. A indignidade do oficialato é uma pena acessória instituída pelo Código Penal Militar, para aplicação a oficiais militares, cujo processo e julgamento competem à Justiça Militar. Seu efeito depende de decisãoda Justiça Militar, não sendo efeito automático da condenação criminal militar. - A LC 135/2010 (Lei Ficha Limpa) aumentou o prazo desta inelegibilidade de quatro para oito anos. g) Contas Públicas Rejeitadas – os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição. - Antes da LC 135/2010, bastava que houvesse rejeição das contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente. Com a nova lei, exige-se que a irregularidade configure ato doloso de improbidade administrativa (Lei 8.429/92). Ademais, o prazo da inelegibilidade aumentou de cinco para oito anos. - O art. 11, § 5º, da Lei 9.504/97 estabelece que até a data limite para o pedido de registro (05 de julho), os Tribunais e Conselhos de Contas deverão tornar disponíveis à Justiça Eleitoral relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, ressalvados os casos em que a questão estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, ou que haja sentença judicial favorável ao interessado. h) Abuso de Poder na Administração Pública – os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes. - Antes da LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa), a inelegibilidade somente ocorria com sentença transitada em julgado. Além disso, o prazo da inelegibilidade aumentou de três para oito anos. i) Abuso na Administração de Estabelecimentos de Crédito, Financiamento ou Seguro – os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos doze meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade. j) Compra de Votos, Irregularidade da Arrecadação ou Aplicação de Recursos e Conduta Vedada a Agentes Públicos – os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição. Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010. Anteriormente, estes ilícitos eleitorais somente acarretavam a cassação do registro ou do diploma e aplicação de multa. k) Renúncia para Evitar Processo de Cassação – o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura. - Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010. Anteriormente, a renúncia antes de iniciado o processo de cassação não afetava os direitos políticos do renunciante. Em relação a parlamentares, se houvesse renúncia após iniciado o processo de cassação, esta não impedia a sua conclusão e decisão, ou seja, a renúncia ficava suspensa e somente produziria os seus efeitos se o renunciante fosse absolvido, caso contrário, havendo a cassação do mandato, incidiria a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “c”, da LC 64/90. - A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não gerará esta inelegibilidade, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça a existência de fraude (art. 1º, § 5º, LC 64/90). l) Condenação por Improbidade Administrativa – os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena. - Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa). Anteriormente, a condenação em ação de improbidade administrativa acarretava a suspensão dos direitos políticos, mas somente após o seu trânsito em julgado. Com a nova lei, a inelegibilidade ocorre a partir da decisão de órgão judicial colegiado. m) Exclusão do Exercício Profissional – os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário. Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa). n) Simulação de desfazimento de Casamento ou União Estável – os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude. Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa). o) Demissão do Serviço Público – os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário. Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa). p) Doação Eleitoral Ilegal – a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22. Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa). q) Aposentadoria Compulsória de Magistrados e Membros do Ministério Público – os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos. Esta inelegibilidade foi criada pela LC n.º 135/2010 (Lei Ficha Limpa). OBSERVAÇÃO: O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1o da LC 64/90 poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensãorecursal e desde que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso (art. 26-C, LC 64/90). Conferido efeito suspensivo, o julgamento do recurso terá prioridade sobre todos os demais, à exceção dos de mandado de segurança e de habeas corpus. Mantida a condenação de que derivou a inelegibilidade ou revogada a suspensão liminar mencionada, serão desconstituídos o registro ou o diploma eventualmente concedidos ao recorrente. A prática de atos manifestamente protelatórios por parte da defesa, ao longo da tramitação do recurso, acarretará a revogação do efeito suspensivo. 5.2.2 Inelegibilidades Específicas para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República (LC 64/90, art. 1º, II): a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus cargos e funções: 1 - os Ministros de Estado; 2 - os Chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e militar, da Presidência da República; 3 - o Chefe do órgão de assessoramento de informações da Presidência da República; 4 - o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; 5 - o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da República; 6 - os Chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; 7 - os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; 8 - os Magistrados; 9 - os Presidentes, Diretores e Superintendentes de Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas e as mantidas pelo poder público; 10 - os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Territórios; 11 - os Interventores Federais; 12 - os Secretários de Estado; 13 - os Prefeitos Municipais; 14 - os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados e do Distrito Federal; 15 - o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; 16 - os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as pessoas que ocupem cargos equivalentes; b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qualquer dos Poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia do Senado Federal; c) (VETADO); d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição tiverem competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades; e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição tenham exercido cargo ou função de direção, administração ou representação nas empresas de que tratam os artigos 3º e 5º da Lei nº 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas atividades, possam tais empresas influir na economia nacional (A lei citada nessa alínea foi revogada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994). f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas no parágrafo único do art. 5º da Lei citada na alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do pleito, a prova de que fizerem cessar o abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo de empresas; g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou representação em entidades representativas de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo poder público com recursos arrecadados e repassados pela Previdência Social; h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente de sociedades com objetivos exclusivos de operações financeiras e façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo Poder público, salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes; i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam exercido cargo ou função de direção, administração ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha contrato de execução de obras, de prestação de serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes; j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; l) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos integrais. 5.2.3 Inelegibilidades Específicas para os cargos de Governador e Vice-Governador dos Estados e do Distrito Federal (LC 64/90, art. 1º, III): a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República especificados na alínea a do inciso II do art. 1º da LC n.º 64/90 e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, associação ou empresas que operarem no território do Estado ou do Distrito Federal, observados os mesmos prazos. b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus cargos ou funções: 1 - os Chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do Estado ou do Distrito Federal. 2 - os Comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona Aérea. 3 - os Diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistência aos Municípios. 4 - os Secretários da administração municipal ou membros de órgãos congêneres. 5.2.4 Inelegibilidades Específicas para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito (LC 64/90, art. 1º, IV): a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibilização. b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais. c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito. 5.2.5 Inelegibilidades Específicas para o cargo de Senador (LC 64/90, art. 1º, V): a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, associação ou empresa que opere no território do Estado, observados os mesmos prazos. b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os cargos de Governador e Vice- Governador, nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos. 5.2.6 Inelegibilidades Específicas para os cargos de Deputado Federal, Estadual e Distrital (LC 64/90, art. 1º, VI): a) são inelegíveis para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos. 5.2.4 Inelegibilidades Específicas para o cargo de Vereador (LC 64/90, art. 1º, VII): a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização; b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização. UNIDADEVII – PARTIDOS POLÍTICOS 1. NOÇÕES PRELIMINARES – há partido político toda vez que uma organização de pessoas, inspiradas por ideias ou movidas por interesses, busca tomar o poder, normalmente pelo emprego de meios legais, e nele conservar-se para a realização dos fins pugnados (Paulo Bonavides). O Estatuto do partido político é o conjunto de normas que fixam os objetivos, a estrutura interna, a organização e o funcionamento do partido político. Legenda partidária – é a denominação abreviada do partido político, exigida pela Lei nº 9.096/95 (art. 15, I). É formada pela primeira letra (ou mais de uma) de cada uma das partes sucessivas de seu nome. Formam-se tais designações pelo processo que, na língua portuguesa, se conhece como acrônimo, isto é, pela “palavra formada pela primeira letra (ou mais de uma) de cada uma das partes sucessivas de uma locução ou pela maioria das partes. Ex.: sonar [em listas organizadas para cada Zona, sendo a veracidade das respectivas assinaturas e o número dos títulos atestados pelo Escrivão Eleitoral. - O Escrivão Eleitoral dá imediato recibo de cada lista que lhe for apresentada e, no prazo de quinze dias, lavra o seu atestado, devolvendo-a ao interessado. - Protocolado o pedido de registro no TSE, o processo respectivo, no prazo de 48 horas, é distribuído a um Relator, que, ouvida a Procuradoria-Geral, em 10 dias, determina, em igual prazo, diligências para sanar eventuais falhas do processo. - Se não houver diligências a determinar, ou após o seu atendimento, o TSE registra o estatuto do partido, no prazo de 30 dias. 7. DELEGADO DE PARTIDO – é a pessoa credenciada pelo partido na Justiça Eleitoral para representá-lo nos assuntos de seu interesse. Os delegados credenciados pelo órgão nacional representam-no perante quaisquer tribunais ou juízes eleitorais; os credenciados pelos órgãos estaduais somente podem representá-lo perante o respectivo TRE de seu estado e seus juízes eleitorais; já os credenciados pelo órgão municipal, apenas perante o juiz eleitoral da respectiva jurisdição. Há, ainda, delegados credenciados pelos partidos, durante o alistamento eleitoral, para acompanhar os processos de inscrição, para promover a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente ou assumir a defesa de eleitor cuja exclusão esteja sendo feita e para examinar, sem perturbação do serviço e em presença dos servidores designados, os documentos relativos ao alistamento eleitoral, podendo deles tirar cópias ou fotocópias (CE, art. 66). 8. PRERROGATIVAS DOS PARTIDOS POLÍTICOS – os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário (art. 38, Lei 9.096/95) e acesso gratuito ao rádio e televisão. O Fundo Partidário é o Fundo especial de assistência aos partidos políticos, constituído pelas multas e penalidades eleitorais, recursos financeiros legais, doações espontâneas privadas e dotações orçamentárias públicas. - o partido político pode receber doações de pessoas físicas e jurídicas para constituição de seus fundos, na forma da lei. As doações devem ser, obrigatoriamente, efetuadas por cheque cruzado em nome do partido político ou por depósito bancário diretamente na sua conta. - o partido político registrado no TSE tem direito à utilização gratuita de escolas públicas ou Casas Legislativas para a realização de suas reuniões ou convenções, responsabilizando-se pelos danos porventura causados no evento. - a propaganda partidária gratuita, gravada ou ao vivo, efetuada mediante transmissão por rádio e televisão, será realizada entre 19h30 min e 22 horas, com exclusividade para: a) difundir os programas partidários; b) transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido; c) divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários; e d) promover e difundir a participação política feminina, dedicando às mulheres o tempo que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10% (dez por cento) do programa e das respectivas inserções. - a propaganda é gratuita para os partidos políticos, mas é paga pelos contribuintes, pois as emissoras de rádio e televisão têm direito a compensação fiscal pela cedência do horário gratuito (art. 52, § único, Lei 9.096). 9. VEDAÇÕES AOS PARTIDOS POLÍTICOS – É vedado ao partido político ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros (art. 6º, Lei 9.096/95); - É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de (art. 24, Lei 9.504/97): I - entidade ou governo estrangeiro; II - órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público; III - concessionário ou permissionário de serviço público; IV - entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal; V - entidade de utilidade pública; VI - entidade de classe ou sindical; VII - pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior. VIII - entidades beneficentes e religiosas; IX - entidades esportivas; X - organizações não-governamentais que recebam recursos públicos; XI - organizações da sociedade civil de interesse público. - em 17/09/2015, o STF julgou procedente a ADI 4650 para declarar a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto do artigo 24 da Lei n.º 9.504/97, na parte que autoriza, a contrario sensu, a doação por pessoas jurídicas a campanhas eleitorais com eficácia ex tunc, salvaguardadas as situações concretas já consolidadas até o momento do julgamento. 10. O ACESSO AOS PARTIDOS POLÍTICOS – os partidos políticos são acessíveis a todos os cidadãos, sem discriminação de raça, sexo, classe social, categoria profissional, credo religioso e procedência geográfica, desde que não estejam incursos em impedimentos de natureza constitucional. - Os filiados de um partido político têm iguais direitos e deveres (art. 4º, Lei 9.096). - o magistrado ou membro dos Tribunais de Contas só pode exercer atividade político-partidária, se desvincular-se, definitivamente, do cargo. A filiação será extinta se for anterior à investidura no cargo. 10.1. Da filiação partidária (arts. 16 a 22, Lei 9.096) - Só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos. - Considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária, com o atendimento das regras estatutárias do partido. Deferida a filiação do eleitor, será entregue comprovante ao interessado, no modelo adotado pelo partido. - Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado ao respectivo partido pelo menos seis meses antes da data fixada para as eleições, majoritárias ou proporcionais (art. 18, Lei 9.096/95 c/c art. 9º, Lei 9.504/97 com a redação dada pela Lei 13.165/2015). O partido pode estabelecer prazo maior, mas não pode alterá-lo no ano da eleição. 10.2 Da Relação de Filiados - Na segunda semana dos meses de abril e outubro de cada ano, o partido, por seus órgãos de direção municipais, regionais ou nacional, deverá remeter, aos Juízes Eleitorais, para arquivamento, publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos eletivos, a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filiação, o número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos. - Se a relação não é remetida nos prazos mencionados acima permanece inalterada a filiação de todos os eleitores, constante da relação remetida anteriormente. - Os prejudicados por desídia ou má-fé poderão requerer, diretamente à Justiça Eleitoral, as alterações relacionadas à filiação partidária para arquivamento, publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária. - Acesso às informações - Os órgãos de direção nacional dos partidos políticos terão pleno acesso às informações de seus filiados constantes do cadastro eleitoral. 10.3. Da desfiliação partidária - Para desligar-se do partido, o filiado deve fazer comunicação escrita ao órgão de direção municipal e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito. Decorridos dois dias da data da entrega da comunicação, o vínculo torna-se extinto, para todos os efeitos (art. 21, § único, Lei 9.096/95). 10.4. Do cancelamento imediato da filiação – ocorrerá nos casos de: a) morte; b) perda dos direitos políticos; c) expulsão; d) outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo de 48 horas da decisão; e e) filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da respectiva Zona Eleitoral. - Da filiaçãoa Outro Partido – até 2013, quem se filiasse a outro partido deveria fazer comunicação ao partido e ao juiz de sua respectiva Zona Eleitoral, para cancelar sua filiação; se não o fizesse no dia imediato ao da nova filiação, ficava configurada dupla filiação, sendo ambas consideradas nulas para todos os efeitos. Com o advento da Lei n.º 12.891/2013, que alterou o artigo 22 da Lei 9.096/95, havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais. 11. PERDA DE MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA – a Lei 13.165/2015 alterou a Lei 9.096/95, criando o artigo 22-A que estabelece que perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito. No parágrafo único esclarece que, consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses: I) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; II) grave discriminação política pessoal; III) mudança de partido efetuada durante o período de 30 (trinta) dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandado vigente. Essa matéria era disciplinada pela Resolução n.º 22.610/2007 do TSE, sendo que, com a nova lei, foi excluída a hipótese de criação de partido novo como justa causa para a desfiliação partidária. 12. A EXTINÇÃO DOS PARTIDOS – esta decorrerá de: a) do processo de fusão que implique no surgimento de outro partido; b) por deixar de subsistir em fase de incorporação por outro partido que prossegue com a sua precedente condição e com o esforço recebido; c) a extinção ex officio decidida pelo próprio partido, em expressa manifestação formalizada nestes termos e dirigida ao TSE, pleiteando o cancelamento. O TSE, após trânsito em julgado de decisão, determinará o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado: a) ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; b) estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; c) não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral; e d) que mantém organização paramilitar. Observações: o processo de cancelamento é iniciado pelo TSE, à vista de denúncia de qualquer eleitor, de representante de partido ou representação do Procurador-Geral Eleitoral. - o partido, em nível nacional, não sofrerá a suspensão das cotas do Fundo Partidário, nem qualquer outra punição como consequência de atos praticados por órgãos regionais ou municipais. PARTIDOS REGISTRADOS NO TSE SIGLA NOME Nº 1 PMDB PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO 15 2 PTB(PSD) PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO 14 3 PDT PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA 12 4 PT PARTIDO DOS TRABALHADORES 13 5 DEM DEMOCRATAS 25 6 PC do B PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL 65 7 PSB PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO 40 8 PSDB PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA 45 9 PTC PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO 36 10 PSC PARTIDO SOCIAL CRISTÃO 20 11 PMN PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL 33 12 PRP PARTIDO REPUBLICANO PROGRESSISTA 44 13 PPS PARTIDO POPULAR SOCIALISTA 23 14 PV PARTIDO VERDE 43 15 PT do B PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL 70 16 PP PARTIDO PROGRESSISTA 11 17 PSTU PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO 16 18 PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO 21 19 PRTB PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO 28 20 PHS PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE 31 21 PSDC PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA CRISTÃO 27 22 PCO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA 29 23 PTN PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL 19 24 PSL PARTIDO SOCIAL LIBERAL 17 25 PRB PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO 10 26 PSOL PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE 50 27 PR PARTIDO DA REPÚBLICA 22 28 PSD PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO 55 29 PPL PARTIDO PÁTRIA LIVRE 54 30 PEN PARTIDO ECOLÓGICO NACIONAL 51 31 PROS PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL 90 32 SDD SOLIDARIEDADE 773 33 NOVO PARTIDO NOVO 30 34 REDE REDE SUSTENTABILIDADE 18 35 PMB PARTIDO DA MULHER BRASILEIRA 35 UNIDADE VIII – REGISTRO DE CANDIDATOS 1. NOÇÕES PRELIMINARES – se constitui em etapa jurisdicional integrante da fase preparatória do processo eleitoral. A Lei n.º 9.096/95 não disciplinou a composição das convenções, sua forma de convocação, instalação e processo de deliberação, deixando essa matéria, bem como as regras para escolha dos candidatos a critério dos estatutos de cada partido político. - Nas eleições, poderá participar da mesma o partido político que, até um ano antes da sua realização, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral e tenha, até a data da convenção, órgão de direção constituído no município, devidamente anotado no Tribunal Regional Eleitoral competente (Lei nº 9.504/97, art. 4º e Lei nº 9.096/95, art. 10, p. único, II). 1.1 Disposições Gerais da Lei n.º 9.504/97 – As eleições para Presidente e Vice- Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador dar-se-ão, em todo o País, no primeiro domingo de outubro do ano respectivo. - Serão realizadas simultaneamente as eleições: I - para Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital; II - para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. - A eleição para Presidente e Governador adota o sistema majoritário, sendo considerado eleito o candidato a Presidente ou a Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois candidatos mais votados, e considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos votos válidos. Caso remanesça em segundo lugar mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. - A eleição do Presidente importará a do candidato a Vice-Presidente com ele registrado, o mesmo se aplicando à eleição de Governador e Prefeito. - Na eleição de Prefeito, será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos, não computados os em branco e os nulos, somente havendo possibilidade de segundo turno nos municípios com mais de 200 mil eleitores. TIPOS DE ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS PROPORCIONAIS Vence quem obtiver a maioria dos votos. As vagas são distribuídas proporcionalmente à votação do partido político ou coligação. Presidente da República, Governador e Prefeito, com seus respectivos vices; Senadores e suplentes. Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores. Nas eleições proporcionais, contam-se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos (votos nominais) e às legendas partidárias. 2. CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS PARA ESCOLHA DOS CANDIDATOS - Convenção partidária é a reunião dos filiados a um partido para deliberação de assuntos de interesse da agremiação. As convenções partidárias se realizam de acordo com as normas estatutárias do partido, uma vez que a Constituição Federal e a Lei nº 9.096/95 asseguram aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, sua organização e seu funcionamento. 2.1 Período de realização – As convenções para escolha de candidatos e formação de coligações se realizam entre os dias 20 de julho a 05 de agosto do ano da eleição, de acordo com o artigo 8º da Lei nº 9.504/97 (alterado pela Lei 13.165/2015), obedecidas as normas estabelecidas no estatuto partidário, encaminhando-se a respectiva ata, digitada ou datilografada, devidamente assinada, à Justiça Eleitoral. As convenções partidárias de caráter não eleitoral podem ocorrer a qualquer tempo. - Em casode omissão do estatuto sobre normas para escolha e substituição dos candidatos e para formação de coligações, caberá ao órgão de direção nacional do partido político estabelecê-las, publicando-as no Diário Oficial da União até 180 dias antes da eleição e encaminhando-as ao Tribunal Superior Eleitoral antes da realização das convenções (Lei n.º 9.504/97, art. 7º, § 1º e Lei n.º 9.096/95, art. 10). 2.2 Finalidade das convenções – As convenções realizadas no período de 12 a 30 de junho do ano eleitoral devem deliberar sobre os seguintes assuntos: escolha dos candidatos; realização de coligações; definir o nome e o número com os quais os candidatos serão registrados, realizando sorteio, se necessário; fixar o limite dos gastos para cada cargo em disputa, dentre outros. 2.3 Espécies de Convenções – No Brasil, as eleições são travadas em três circunscrições: municipal, na qual são eleitos Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores; estadual, na qual são eleitos Governador, Vice- Governador, Senadores e Deputados Estaduais e Federais; e nacional, na qual são eleitos Presidente e Vice- Presidente da República. Da mesma forma, os partidos devem realizar suas convenções nos três níveis: a) convenções municipais: para escolha dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador; b) convenções regionais: para escolha dos candidatos a Governador, Vice-Governador, senador, deputado federal e estadual; c) convenções nacionais: para escolha dos candidatos a Presidente e Vice-Presidente. - O quadro a seguir indica o tipo de convenção de acordo com a natureza da eleição e dos cargos a serem disputados, bem como o órgão da Justiça Eleitoral competente para o registro respectivo. Natureza da eleição Cargos em disputa Órgãos partidários de deliberação Órgão competente p/registro Municipal Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores Convenções municipais Juiz Eleitoral Geral (Estadual e Federal) Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Dep. Distrital Convenção Regional TRE Presidencial (nacional) Presidente e Vice-Presidente Convenção Nacional TSE 2.4 Local – Para a realização das convenções, os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por danos causados com a realização do evento (Lei n.º 9.504/97, art. 8º, § 2º). Para tanto, os partidos políticos deverão comunicar por escrito ao responsável pelo local, com antecedência mínima de 72 horas, a intenção de ali realizar o evento. Na hipótese de coincidência de datas, será observada a ordem de protocolo das comunicações. 2.5 Convocação dos convencionais – pode ser feita através de edital ou notificação pessoal, desde que dê ciência a todos os convencionais. Se feita por edital, deve ser publicado na imprensa local ou afixado no Cartório Eleitoral da zona, se não existir jornal na cidade, com antecedência mínima de oito dias da convenção. 2.6 Colidência de interesses – Se a convenção partidária de nível inferior se opuser, na deliberação sobre coligações, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelo órgão de direção nacional, nos termos do respectivo estatuto, poderá esse órgão anular a deliberação e os atos dela decorrentes (art. 7º, § 1º, Lei 9.504/97). Houve alteração desse dispositivo pela Lei 12.034/09, antes a Lei 9.504/97 estabelecia: Art. 7º, § 2º Se a convenção partidária de nível inferior se opuser, na deliberação sobre coligações, às diretrizes legitimamente estabelecidas pela convenção nacional, os órgãos superiores do partido poderão, nos termos do respectivo estatuto, anular a deliberação e os atos dela decorrentes. Havendo anulações de deliberações dos atos decorrentes de convenção partidária pelo órgão de direção nacional, estas deverão ser comunicadas à Justiça Eleitoral no prazo de 30 (trinta) dias após a data limite para o registro de candidatos. Se, da anulação, decorrer a necessidade de escolha de novos candidatos, o pedido de registro deverá ser apresentado à Justiça Eleitoral nos 10 (dez) dias seguintes à deliberação, observado o disposto no art. 13 da Lei 9.504/97 sobre a substituição de candidatos. Jurisprudência do TSE: “Convenção partidária regional. Diretrizes nacionais. Descumprimento. Resolução do partido político. Publicação. Art. 7º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.504/97. 1. As diretrizes estabelecidas pela convenção nacional sobre coligações (Lei nº 9.504, art. 7º, § 2º) não se confundem com as normas para escolha e substituição dos candidatos e para formação de coligação a serem estabelecidas no estatuto do partido ou pelo órgão de direção nacional, que, neste caso, deverá publicá-las no Diário Oficial até 180 dias antes da eleição (§ 1º). 2. As normas são ou devem ser permanentes, enquanto as diretrizes podem variar ao sabor das conveniências políticas. Recurso conhecido e provido.” (Ac. nº 19.955, de 26.9.2002.) 2.7 Delegação de atribuições – O TSE entende ser admissível que a convenção delegue à comissão executiva ou a outro órgão partidário, tanto a efetiva formação de coligação, quanto a escolha de candidatos, e que isso pode ocorrer até o prazo previsto no art. 11 da Lei nº 9.504/97, isto é, até 15 de agosto, último dia para se pedir registro das candidaturas. (Ac. de 17.10.2006 no EDclREspe nº 26.669, rel. Min. Cesar Asfor Rocha.) 2.8 Competência da Justiça Eleitoral – em regra, a Justiça eleitoral não é competente para julgar matéria interna corporis dos partidos políticos como, por exemplo, a validade da intervenção de um diretório regional pelo órgão de direção nacional. No entanto, compete à Justiça Eleitoral julgar ações relacionadas a questões internas dos partidos quando houver reflexo direto no processo eleitoral. Esse controle jurisdicional da Justiça Eleitoral não viola o Princípio da Autonomia Partidária (art. 17, § 1º, CF). Este o entendimento do TSE: “Consulta. Partido político. Conflito de interesses. Matéria interna corporis. Incompetência. Justiça Eleitoral. A Justiça Eleitoral não é competente para julgar matéria interna corporis dos partidos políticos. Consulta não conhecida”. NE: Consulta sobre a possibilidade de o órgão nacional anular a deliberação e os atos da convenção estadual contrários a diretrizes fixadas pelo partido para as eleições estaduais, em nível nacional, e sobre a competência para julgar o conflito, se da Justiça Comum ou da Justiça Eleitoral.” (Res. nº 21.897, de 19.8.2004, rel. Min. Carlos Velloso.) A Justiça Comum Estadual é competente para analisar a validade da convenção, apenas no tocante à forma dos atos da convenção, mas não do mérito da escolha, que é assegurado pelo princípio constitucional da autonomia (art. 17, § 1º, CF). Posteriormente, a decisão da Justiça Comum possibilitará à Justiça Eleitoral, ao analisar os pedidos de registro dos candidatos, verificar se a convenção foi realizada com observância das diretrizes definidas pelo partido político. 2.9 Ata da convenção – Todos os fatos relevantes que ocorrerem durante a convenção partidária devem ser registrados em ata, que deverá ser lavrada em livro aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral. A ata da convenção é documento de apresentação obrigatória na fase do registro de candidaturas e serve para comprovar a escolha do interessado em convenção, condição de elegibilidade sem a qual a candidatura não há de ser deferida pela Justiça eleitoral. A ata tem por escopo também demonstrar a formalização de eventual coligação entre partidos políticos. A ata deve ser lavrada em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, e publicada em 24 (vinte e quatro) horas em qualquer meio de comunicação, exigência criada pela Lei 12.891/13, que alterou o artigo 8º da Lei 9.504/97. 2.10 Da candidatura nata (art. 8º, § 1º, Lei 9.504/97) – Nas eleições proporcionais, havia a figura da candidatura nata, que assegurava vaga para concorrer ao mesmo cargo, independentementede escolha em convenção, aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estivesse em curso. O Procurador-Geral da República arguiu a inconstitucionalidade desse dispositivo (Adin n.º 2.530) por ferir o princípio da isonomia e a liberdade de organização dos partidos, tendo obtido medida cautelar suspendendo a eficácia do mencionado dispositivo legal em 24/02/2002. O STF ainda não apreciou o mérito da questão, de qualquer forma o dispositivo não vem sendo aplicado em virtude da liminar concedida. Do mesmo modo, após a inserção da reeleição no ordenamento jurídico brasileiro com a Emenda Constitucional n.º 16/97, os chefes do Poder Executivo (Prefeito, Governador e presidente da República) que pretendessem concorrer ao mesmo cargo, eram considerados analogicamente como candidatos natos, contudo, com a decisão liminar do STF o privilégio teve fim, ou seja, caso pretendam concorrer à reeleição deverão se submeter às convenções partidárias. 2.11 Das Coligações – Nas convenções partidárias, os partidos políticos devem deliberar sobre a realização de coligações partidárias. A coligação partidária é uma aliança temporária entre dois ou mais partidos, dentro de uma mesma circunscrição, com o objetivo de unir forças para determinada eleição, apresentando candidatos conjuntamente. 2.11.1 Regras sobre as coligações: É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas, podendo, neste último caso, formar-se mais de uma coligação para a eleição proporcional entre os partidos políticos que integram a coligação para o pleito majoritário (Lei nº 9.504/97, art. 6º, caput). Havendo celebração de coligação majoritária, os partidos dela integrantes podem celebrar coligações entre si, englobando todos os partidos ou partes deles, ou ainda concorrer isoladamente, contudo, não podem celebrar coligações com partidos estranhos à coligação majoritária. Exemplificando: Havendo coligação majoritária entre os Partidos A, B, C, D e E. Tais partidos podem manter a mesma coligação nas eleições proporcionais, formar coligações diversas entre si ou concorrer isoladamente, sendo admitidas as seguintes situações: SITUAÇÃO PERMITIDA 1 SITUAÇÃO PERMITIDA2 SITUAÇÃO PERMITIDA 3 Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: Coligação Partidos A, B, C, D e E (coligação fechada) Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: 1ª Coligação Partidos A, B, C 2ª Coligação Partidos D e E Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: 1ª Coligação Partidos A, B 2ª Coligação Partidos C e D Partido E concorrendo isoladamente SITUAÇÃO PERMITIDA 4 SITUAÇÃO PERMITIDA 5 Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: Coligação Partidos A, B Partidos C, D e E concorrendo isoladamente Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: Partidos A, B, C, D, e E concorrendo isoladamente SITUAÇÃO PROIBIDA 1 SITUAÇÃO PROIBIDA 2 Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: Coligação Partidos A, B, C, D, E e F Eleição Majoritária: Coligação Partidos A, B, C, D e E. Eleição Proporcional: 1ª Coligação Partidos A, B, e F 2ª Coligação Partidos C, D e G - Um mesmo partido político não poderá integrar coligações diversas para a eleição de governador e a de senador; porém, a coligação poderá se limitar à eleição de um desses cargos, podendo os partidos políticos que a compuserem indicar, isoladamente, candidato a outro cargo. (TSE - Consulta n.º 729-71/DF, Rel Min. Hamilton Carvalhido, em 29.6.2010). 2.11.2 Da verticalização das coligações – Em 2001, o TSE respondeu à Consulta 715/2001 no sentido de que os partidos não poderiam realizar nos Estados coligação diferente das que houverem sido estabelecidas em âmbito federal. Deste modo, os partidos poderiam deixar de celebrar coligações nos Estados, mas não poderiam participar de coligações diferentes daquelas realizadas a nível nacional. Após a consulta, o TSE editou a Resolução n.º 20.993/2002 para as eleições daquele ano, dispondo em seu artigo 4º, § 1º: Os partidos políticos que lançarem, isoladamente ou em coligação, candidato à eleição de Presidente da República não poderão formar coligações para eleição de Governador de Estado ou do Distrito Federal, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual ou Distrital com partido político que tenha, isoladamente ou em aliança diversa, lançado candidato à eleição presidencial. Assim, os partidos que se coligassem em âmbito nacional, somente teriam três possibilidades nos Estados: 1) manter a coligação nacional total ou parcialmente; 2) lançar candidato próprio isoladamente; e 3) formar coligação com partido que não tenha candidato à Presidência da República. Alguns partidos políticos (PT, PSB, PCdoB, PL, PPS e PFL) ajuizaram ADIns contra a mencionada Resolução do TSE, mas o STF não conheceu do seu mérito. Nas eleições de 2006, o TSE editou a Resolução n.º 22.156, que manteve a regra da verticalização, contudo, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional n.º 52/2006, que aboliu a regra da verticalização, dando a seguinte redação ao parágrafo 1º do artigo 17 da CF: - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. 2.11.3 Da denominação - A coligação terá denominação própria, que poderá ser a junção de todas as siglas dos partidos que a integram, sendo a ela atribuídas as prerrogativas e as obrigações dos partidos políticos no que se refere ao processo eleitoral, devendo funcionar como um só partido no relacionamento com a Justiça Eleitoral e no trato dos interesses interpartidários (Lei 9.504, art. 6º, § 1º). O órgão competente da Justiça Eleitoral decidirá sobre denominações idênticas de coligações, observadas as regras relativas à homonímia de candidatos (art. 12, § 1º, Lei 9.504/97). A denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou número de candidato, nem conter pedido de voto para partido político (art. 6, § 1º-A, Lei 9.504). Exemplos de denominações não permitidas: “Augustus para o bem de todos”, “Vote somente nos candidatos do Partido Alpha”; “Sobral é dez”; “Juntos para eleger Tício” etc. 2.11.4 Da representação - os partidos políticos integrantes da coligação devem designar um representante, que terá atribuições equivalentes às de presidente de partido político no trato dos interesses e na representação da coligação, no que se refere ao processo eleitoral. A coligação será representada perante a Justiça Eleitoral por esta pessoa, ou por delegados indicados pelos partidos que a compõem, podendo nomear até: a) três delegados perante o juízo eleitoral; b) quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral; c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral; Da realização da convenção até o prazo final para impugnação do registro de candidatos, o partido político coligado possui legitimidade para agir isoladamente no processo eleitoral somente quando questionada a validade da própria coligação (art. 6º, § 4º - Lei 9.504/97). 3. PROCESSO DE REGISTRO - os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as 19 horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. 3.1 Pedido do Registro – O pedido deregistro deverá ser apresentado obrigatoriamente em meio magnético gerado por sistema próprio desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral, acompanhado das vias impressas e assinadas pelos requerentes dos formulários Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) e Requerimento de Registro de Candidatura (RRC), emitidos automaticamente pelo Sistema de Candidaturas – Módulo Externo (CANDex) que poderá ser obtido, pela Internet, na página do Tribunal Superior Eleitoral e nas páginas dos tribunais regionais eleitorais, ou, diretamente, nos cartórios eleitorais, desde que fornecidas, pelos interessados, as respectivas mídias. O pedido de registro engloba o Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários – DRAP (processo principal), no qual será analisada a regularidade da situação jurídica do partido político na circunscrição e da eventual coligação formada, e o Requerimento de Registro de Candidatura – RRC (processo individual), no qual será analisada a elegibilidade de cada candidato, os quais ficarão vinculados ao processo principal. 3.2 Da subscrição – O pedido será subscrito pelo presidente do diretório municipal ou da respectiva comissão diretora provisória, ou por delegado autorizado em documento autêntico, inclusive telegrama ou fac-símile de quem responda pela direção partidária, com a assinatura reconhecida por tabelião (Código Eleitoral, art. 94). - Na hipótese de coligação, o pedido de registro dos candidatos deverá ser subscrito pelos presidentes dos partidos políticos coligados, por seus delegados, pela maioria dos membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por representante da coligação designado na forma da lei (art. 6º, § 3º, II e III, Lei 9.504/97). 3.3 Competência – A competência para apreciar os pedidos de registro segue o disposto no artigo 89 do Código Eleitoral e na Lei 9.504/97, nos seguintes termos: a) Juízes Eleitorais das zonas eleitorais respectivas – competentes para registro de prefeito, vice- prefeito e vereador (eleições municipais); b) Tribunais Regionais Eleitorais respectivos – competentes para registro de Governador, Vice governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital (eleições estaduais e distritais); c) Tribunal Superior Eleitoral – competente para o registro de Presidente da República e Vice- Presidente. 4. DO DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS (DRAP) – este formulário deve conter as seguintes informações: I – nome e sigla do partido político; II – na hipótese de coligação, seu nome e siglas dos partidos políticos que a compõem; III – data da(s) convenção(ões); IV – cargos pleiteados; V – na hipótese de coligação, nome de seu representante e de seus delegados; VI – endereço completo e telefones, inclusive de fac-símile; VII – lista dos nomes, números e cargos pleiteados pelos candidatos; VIII – valores máximos de gastos que o partido político fará por cargo eletivo em cada eleição a que concorrer, observando-se que, no caso de coligação, cada partido político que a integra fixará o valor máximo de gastos (Lei nº 9.504/97, art. 18, caput e § 1º). 4.1 Dos documentos - A via impressa do formulário Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) deve ser apresentada com a cópia da ata da convenção destinada a deliberar sobre a escolha dos candidatos e a formação de coligações (art. 94, § 1º, I, Código Eleitoral e art. 11, § 1º, I, Lei n.º 9.504/97). 4.2 Quantidade de candidatos – Uma das questões a ser apreciada pela Justiça Eleitoral na fase do registro diz respeito à quantidade de candidatos apresentados pelos partidos políticos ou coligações que é disciplinada pela Lei 9.504/97 e pelo Código Eleitoral. Não é permitido registro de candidato embora para cargos diferentes, por mais de uma circunscrição ou para mais de um cargo na mesma circunscrição (art. 88, Código Eleitoral). 4.2.1 Eleições Majoritárias – cada partido ou coligação poderá requerer registro de um candidato a Presidente da República, de um candidato a governador em cada Estado e no DF, com seus respectivos vices, e de um ou dois candidatos para o Senado Federal em cada unidade da Federação (conforme número de vagas a serem preenchidas na eleição), estes com dois suplentes cada um. 4.2.2 Eleições Proporcionais – Cada partido ou coligação poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, até 150% do número de lugares a preencher (art. 10, Lei 9.504/97, redação da Lei n.º 13.165/2015). - Nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder de doze, cada partido ou coloigação poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital de até 200% (dobro) das respectivas vagas (art. 10, inciso I, Lei 9.504/97, redação da Lei n.º 13.165/2015). - nos Municípios de até cem mil eleitores, cada coligação poderá registrar candidatos no total de até 200% (duzentos por cento), ou seja, o dobro do número de lugares a preencher. O partido poderá registrar candidatos até 150% do número de lugares a preencher (art. 10, inciso II, Lei 9.504/97, redação da Lei n.º 13.165/2015). Em todos os cálculos, será sempre desprezada a fração, se inferior a meio, e igualada a um, se igual ou superior. Cargo em disputa Número máximo de candidatos Partido Coligação Presidente e Vice 1 1 Prefeito e Vice 1 1 Governador e Vice 1 1 Senador 1 para cada vaga 1 para cada vaga Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador Até 150% do número de vagas Até 150% do número de vagas * UF com até 12 Deputados Federais (para Deputado Federal, Estadual e Distrital) * até 200% do número de vagas (dobro) * até 200% do número de vagas (dobro) * Municípios com até cem mil eleitores * até 150% do número de vagas * até 200% do número de vagas - o número de deputados federais era estabelecido na Lei Complementar nº. 78/93, que autorizava o TSE a definir o tamanho das bancadas dos Estados e do Distrito Federal, no entanto, em 18/06/2014, o STF a declarou inconstitucional, ao julgar conjuntamente as ADIs 4947, 4963, 4965, 5020, 5028 e 5130 e a ADC 33. Caso se entenda indispensável a intervenção do Poder Judiciário para a regulamentação provisória do comando constitucional que determina a proporcionalidade das bancadas, quem deverá promovê-la é o STF, e não o TSE, e, caso o Legislativo permaneça omisso em relação à matéria, cabe a impetração de mandado de injunção. - Segundo o art. 27 da CF, o número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36, será acrescentado de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12. COMO CALCULAR O NÚMERO DE DEPUTADOS FEDERAIS E ESTADUAIS Cálculo do número de Deputados Estaduais (DE) a partir do número de Deputados Federais (DF) Cálculo do número de Deputados Federais (DF) a partir do número de Deputados Estaduais (DE) Se DF ≤ 12 DE = 3 x DF Se DE ≤ 36 DF = DE ÷ 3 Se DF > 12 DE = DF + 24 Se DE > 36 DF = DE – 24 4.2.3 Limite de candidatos por sexo – art. 10, § 3º, Lei 9.504/97 – Do número de vagas resultante das regras mencionadas, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada sexo. Na reserva de vagas, qualquer fração resultante será igualada a um no cálculo do percentual mínimo estabelecido para um dos sexos e desprezada no cálculo das vagas restantes para o outro sexo. - Não será possível a substituição de candidatos fora dos percentuais estabelecidos para cada sexo, nem mesmo por ocasião do preenchimento das vagas remanescentes. - na chapa da coligação para as eleições proporcionais, podem inscrever-se candidatos filiados a qualquer partido político dela integrante, em número sobre o qual deliberem.expedir resoluções com força de lei ordinária. Embora não se trate de lei em sentido estrito, as resoluções devem se submeter ao princípio da anualidade quando implicarem em ato normativo primário (criar norma inexistente). 5.8. Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos políticos – os candidatos (pessoas físicas) e os partidos políticos (pessoas jurídicas) respondem solidariamente nas esferas cível, administrativa eleitoral e penal pelos abusos e excessos. - neste sentido, o art. 241 do Código Eleitoral estabelece que: “Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos.” - Na esfera penal, o Código Eleitoral estabelece: “Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos artigos 322, 323, 324, 325, 326, 328, 329, 331, 332, 334 e 335, deve o Juiz verificar, de acordo com o seu livre convencimento, se o diretório local do partido, por qualquer de seus membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente. Parágrafo único. Nesse caso, imporá o Juiz ao diretório responsável pena de suspensão de sua atividade eleitoral, por prazo de seis a doze meses, agravada até o dobro nas reincidências.” 5.9. Princípio da irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior Eleitoral – em regra as decisões do TSE são irrecorríveis, salvo as que contrariarem a Constituição Federal ou as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança (art. 121, § 3º, CF). Essas decisões envolvem matéria constitucional e, portanto, podem ser objeto de recurso extraordinário. 6. RESUMO HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL MAIS IMPORTANTE: 6.1 Lei dos Círculos (Decreto 842/1855) - Instituiu o sistema de “círculos” ou eleição de um só deputado em cada distrito que já era, de há muito, usado nos Estados Unidos, Inglaterra e França. Mas esta lei foi inspirada diretamente na Lei Eleitoral francesa de 22 de dezembro de 1789, cujo art. 25 estabelecia três escrutínios, exigindo maioria absoluta no primeiro, no segundo e, caso nenhum candidato tivesse obtido majorité absolute (maioria absoluta), no terceiro escrutínio, somente poderiam ser candidatos os dois mais votados na segunda eleição anterior. 6.2 Lei do Terço (Decreto 2.675/1875) – Na sua vigência não havia um processo proporcional. Os cargos eletivos a preencher eram simplesmente divididos em dois terços para a maioria e um terço para a minoria. Mas os partidos geralmente não se apresentavam sozinhos, e sim em coligações. A coligação que vencesse, ganhando os dois terços, seria formada de elementos de mais de um partido. E, nas câmaras, seria difícil garantir que a unidade obtida nas eleições seria mantida no Plenário. Assim, “maioria” era um conceito que se relacionava mais com uma vitória eleitoral do que propriamente com uma organização de governo. 6.3 Lei Saraiva ou Lei do Censo – Em 9/01/1881, pelo Decreto nº 3.029, o imperador sancionou a nova Lei Eleitoral, conhecida como “Lei Saraiva”, que substituiria todas as anteriores. Essa legislação eleitoral teve a redação de Rui Barbosa, mas o projeto, que reformava profundamente a lei vigente, foi de iniciativa do Conselheiro Saraiva. Aboliu as eleições indiretas até então existentes, resquício oriundo da influência da Constituição espanhola de 1812, introduzindo as diretas. Adotou o voto do analfabeto, proibido, mais tarde, nas eleições federais e estaduais, pela Constituição de 1891. Ganhou relevo o papel da magistratura no processo eleitoral. Ampliou as incompatibilidades eleitorais e os títulos passaram a ser assinados pelo juiz. O alistamento passou a ser permanente. 6.4 Lei Rosa e Silva (Lei 1.269/1904) – estabelecia as condições de elegibilidade para os cargos federais e relacionava as inelegibilidades. Em 1904, Rodrigues Alves sancionou a nova Lei Eleitoral da República que ficou conhecida pelo nome de Lei Rosa e Silva. Essa lei revogou a Lei Eleitoral nº 35, de 26 de janeiro de 1892, e toda a legislação esparsa anterior. 6.5 Lei Agamenon Magalhães – é o Decreto-Lei nº 7.586, de 28.5.45, que recriou a Justiça Eleitoral no Brasil, regulando em todo o país o alistamento eleitoral e as eleições. Esta lei introduziu na legislação eleitoral brasileira a exigência de organização em bases nacionais para o registro de partidos políticos pelo TSE. Ficou conhecido pelo nome do seu elaborador e então ministro da Justiça, Agamenon Magalhães. UNIDADE II - ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ELEITORAL 1. INTRODUÇÃO – O Estado possui três funções distintas: administrar, legislar e julgar, atribuídas, respectivamente, a três Poderes autônomos e harmônicos entre si, quais sejam, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Cabe ao Poder Judiciário, precipuamente, julgar as questões que lhe são apresentadas, interpretando as leis e solucionando os conflitos de interesses respectivos. Assim, os Tribunais e Juízes Eleitorais, que compõem a Justiça Eleitoral têm a função de julgar as questões que versem sobre matéria eleitoral. - Segundo o art. 92 da Constituição Federal, são órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; o Conselho Nacional de Justiça; o Superior Tribunal de Justiça; os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e Juízes Militares; e os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. - A Justiça Eleitoral tem características peculiares que a diferenciam substancialmente dos demais ramos do Poder Judiciário. Uma das diferenças é que não existe uma magistratura eleitoral exclusiva, própria, de carreira. Os órgãos colegiados da Justiça Eleitoral têm composição híbrida, sendo formados por juízes de outros Tribunais, juristas da classe dos advogados e até leigos, no caso das Juntas Eleitorais. Outra característica peculiar é a temporariedade no exercício das funções eleitorais. - Em relação aos servidores, alguns pertencem ao quadro próprio e outros são cedidos de outros poderes. 1.1 Disposição Constitucional sobre a organização e competência da Justiça Eleitoral – O artigo 121 da Constituição Federal estabelece que lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, juízes de direito e das juntas eleitorais. Até o presente momento, o Congresso Nacional não editou referida lei complementar. Neste caso, o Código Eleitoral (Lei n.º 4.737/65) que já vigia antes da Constituição Federal e trazia normas sobre organização e competência dos órgãos da Justiça Eleitoral continua disciplinando tais matérias, naquilo em que não conflitar com o texto constitucional. Por este motivo, diz-se que o Código Eleitoral, nas partes que tratam da organização e competência da Justiça Eleitoral, foi recepcionado pela nova ordem constitucional com status de lei complementar. Recepção é a absorção pelo novo ordenamento jurídico constitucional dos atos normativos vigentes antes do advento de uma nova constituição, desde que sejam com ela compatíveis. 2. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL (ART.118 DA CF): I – o Tribunal Superior Eleitoral; II – os Tribunais Regionais Eleitorais; III – os Juízes Eleitorais; IV – as Juntas Eleitorais. 2.1 Tribunal Superior Eleitoral – é o órgão de maior hierarquia da Justiça Eleitoral. - O TSE tem Sede na Capital Federal (Brasília) e jurisdição em todo o território nacional. 2.1.1 Composição (art. 119, I e II, CF): No mínimo sete membros escolhidos: I – mediante eleição, pelo voto secreto: a) 3 Juízes, dentre os Ministros do STF; b) 2 Juízes, dentre os Ministros do STJ; - A eleição é feita no próprio tribunal que cederá os membros. II – por nomeação do Presidente da República: 2 Juízes dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo STF. 2.1.2 O TSE elegerá seu Presidente e o Vice-PresidentePreenchimento. Vaga. Percentuais para candidatura de cada sexo. Obrigatoriedade. O TSE, no julgamento do REspe nº 784-32/PA, Rel. Min. Arnaldo Versiani, em 12.8.2010, decidiu que: (i) os partidos/coligações têm a obrigação de preencher os percentuais definidos no § 3º do art. 10 da Lei nº 9.504/1997, os quais têm por base de cálculo as candidaturas efetivamente lançadas, e não o total de vagas possíveis; (ii) cabe ao partido/coligação providenciar a regularização devida, de forma a adequar as candidaturas lançadas ao comando normativo, não podendo o ajuste ser realizado pelo TSE; e (iii) no caso de impossibilidade de cumprimento da norma, admite-se a apresentação de justificativa, com a devida comprovação. No caso de não observância do preceito normativo pela coligação, deve esta regularizar as candidaturas lançadas, podendo suprimir o número de candidatos e/ou incrementar o de candidatas a fim de alcançar os percentuais mínimos e máximos previstos na lei. Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 846-72/PA, rel. Min. Marcelo Ribeiro, em 9.9.2010. TABELA EXEMPLIFICATIVA – ELEIÇÕES PROPORCIONAIS Número de vere- adores do muni- cípio Partido concorrendo isolado Coligação partidária Número permitido de candidatos Número mínimo para cada sexo Número máximo para cada sexo Número permitido de candidatos Número mínimo para cada sexo Número máximo para cada sexo 9 14 5 9 18 6 12 10 15 5 10 20 6 14 11 17 6 11 22 7 15 12 18 6 12 24 8 16 21 32 10 22 32 10 22 4.2.4 Das vagas remanescentes – No caso de as convenções para a escolha de candidatos não indicarem o número máximo de candidatos previsto em lei, os órgãos de direção dos partidos políticos respectivos poderão preencher as vagas remanescentes até 30 dias antes do pleito (Código Eleitoral, art. 101, § 5º e Lei nº 9.504/97, art. 10, § 5º, redação da Lei n.º 13.165/2015). O preenchimento das vagas remanescentes e a substituição de candidatos devem respeitar os percentuais estabelecidos para cada sexo. “(...) no caso de preenchimento de vaga remanescente, realmente não há que se exigir que o nome do candidato conste da ata da convenção. Os órgãos de direção partidária podem, nos termos do art. 10, § 5º, da Lei nº 9.504/97, preencher essas vagas por meio de ato formal do órgão competente. (Ac. n.º 20.067, de 10.9.2002, rel. Min. Fernando Neves.) 4.3 Identificação Numérica dos candidatos – os candidatos aos cargos majoritários concorrerão com o número identificador do partido ao qual estiverem filiados; Na eleição para o Senado, à dezena identificadora do partido será acrescido um algarismo à direita. - os candidatos de coligações, nas eleições majoritárias, serão registrados com o número de legenda do partido do cabeça da chapa e, nas eleições proporcionais, com o número de legenda do respectivo partido acrescido do número que lhes couber. - os candidatos à Câmara dos Deputados concorrerão com o número do partido ao qual estiverem filiados, acrescido de 2 algarismos à direita; enquanto os candidatos às Assembleias Legislativas e à Câmara Distrital concorrerão com o número do partido ao qual estiverem filiados acrescido de 3 algarismos à direita. Esse número deverá ser definido na convenção partidária, havendo sorteio, se necessário. - Cada partido político, concorrendo por si ou coligado, somente poderá requerer o registro de até 100 candidatos ao cargo de Deputado Federal, em virtude da limitação dos números de identificação estabelecido no art. 15, II da Lei 9.504/97. - aos partidos fica assegurado o direito de manter os números atribuídos à sua legenda na eleição anterior, e aos candidatos, nesta hipótese, o direito de manter os números que lhes foram atribuídos na eleição anterior para o mesmo cargo (art. 15, § 1º, Lei 9.504/97). Os detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, que não queiram fazer uso desta prerrogativa, poderão requerer novo número ao órgão de direção de seu partido, independentemente do sorteio (Lei 9.504/97, art. 15, § 2º). IDENTIFICAÇÃO NUMÉRICA DOS CANDIDATOS – PMDB – 15 Cargo Número de Identificação Exemplos Presidente, Governador, Prefeito N.º do Partido 15 Senador N.º do Partido + 1 algarismo à direita 150, 151, 155, 157, 159 Deputado Federal Nº do Partido + 2 algarismos à direita 1515, 1555, 1500, 1543 Deputado Estadual e Distrital N.º do Partido + 3 algarismos à direita 15555, 15432, 15155 Vereador N.º do Partido + 3 algarismos à direita 15111, 15999, 15678 5. DO FORMULÁRIO REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA (RRC) – deve conter: a) autorização do candidato (Código Eleitoral, art. 94, § 1º, II; Lei nº 9.504/97, art. 11, § 1º, II); b) número de fac-símile ou endereço no qual o candidato receberá intimações, notificações e comunicados da Justiça Eleitoral; Observação: Durante o período eleitoral, as intimações via fac-símile encaminhadas pela Justiça Eleitoral a candidato deverão ser exclusivamente realizadas na linha telefônica por ele previamente cadastrada, por ocasião do preenchimento do requerimento de registro de candidatura. (art. 96-A, Lei 9.504/97). c) dados pessoais: título de eleitor, nome completo, data de nascimento, unidade da Federação e município de nascimento, nacionalidade, sexo, estado civil, número da carteira de identidade com órgão expedidor e unidade da Federação, número de registro no Cadastro de Pessoa Física (CPF) e números de telefone; d) dados do candidato: partido político, cargo pleiteado, número do candidato, nome para constar na urna eletrônica, se é candidato à reeleição ao cargo de prefeito, qual cargo eletivo ocupa e a quais eleições já concorreu; e e) informações para fins estatísticos. 5.1 Nome dos candidatos (Lei 9.504/97, art. 12 e seguintes) – O candidato será identificado pelo nome e número indicados no pedido de registro. O nome indicado que será também utilizado na urna eletrônica terá no máximo trinta caracteres, incluindo- se o espaço entre os nomes, podendo ser o prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual o candidato é mais conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente. O candidato às eleições proporcionais indicará, no pedido de registro, além de seu nome completo, as variações nominais com que deseja ser registrado, até o máximo de três opções, mencionando em que ordem de preferência deseja registrar-se. O candidato que, mesmo depois de intimado, não indicar o nome que deverá constar da urna eletrônica, concorrerá com seu nome próprio, o qual, no caso de homonímia ou de ultrapassar o limite de caracteres, será adaptado na oportunidade do julgamento do pedido de registro. 5.1.1 Da homonímia – em caso de pedidos de registro de nomes iguais, a Justiça Eleitoral procederá nos seguintes termos (art. 12, § 1º, I a V, Lei 9.504/97): a) havendo dúvida, poderá exigir do candidato prova de que é conhecido pela opção de nome indicada no pedido de registro; b) ao candidato que, até 5 de julho do ano da eleição, estiver exercendo mandato eletivo, ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, se tenha candidatado com o nome que indicar, será deferido o seu uso, ficando outros candidatos impedidos de fazer propaganda com esse mesmo nome; c) ao candidato que, por sua vida política, social ou profissional, for identificado pelo nome que tiver indicado será deferido o seu uso, ficando outros candidatos impedidos de fazer propaganda com o mesmo nome; d) tratando-se de candidatos cuja homonímia não se resolva pelas regras anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que, em dois dias, cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a serem usados. Se não houver acordo entre os candidatos, a Justiça Eleitoral registrará cada candidato com o nome e sobrenome constantes do pedido de registro. Observações: As regras utilizadas para evitar homonímias entre candidatos serão utilizadas tambémem caso de coligações que pretendam usar nomes iguais. - A Justiça Eleitoral poderá exigir do candidato prova de que é conhecido por determinado nome por ele indicado, quando seu uso puder confundir o eleitor (Lei 9.504/97, art. 12, § 2º). - A Justiça Eleitoral indeferirá todo pedido de nome coincidente com nome de candidato à eleição majoritária, salvo para candidato que esteja exercendo mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido em eleição com o nome coincidente (Lei 9.504/97, art. 12, § 3º). - Não havendo preferência entre candidatos que pretendam o registro da mesma variação nominal, defere- se o do que primeiro o tenha requerido (Súmula-TSE nº 4). Observações: As regras utilizadas para evitar homonímias entre candidatos serão utilizadas também em caso de coligações que pretendam usar nomes iguais. 5.2 Das Relações de Candidatos – A Justiça Eleitoral organizará e publicará, até trinta dias antes da eleição, as seguintes relações, para uso na votação e apuração: I - a primeira, ordenada por partidos, com a lista dos respectivos candidatos em ordem numérica, com as três variações de nome correspondentes a cada um, na ordem escolhida pelo candidato; II - a segunda, com o índice onomástico e organizada em ordem alfabética, nela constando o nome completo de cada candidato e cada variação de nome, também em ordem alfabética, seguidos da respectiva legenda e número. 5.3 Dos documentos - a via impressa do formulário Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) deverá conter os seguintes documentos: I – declaração de bens atualizada, preenchida no Sistema CANDex e assinada pelo candidato na via impressa pelo sistema (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 1º, IV); II – certidões criminais fornecidas pela Justiça Federal e Estadual com jurisdição no domicílio eleitoral do candidato e pelos tribunais competentes quando os candidatos gozarem de foro especial (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 1º, VII); III – fotografia recente do candidato, preferencialmente em preto e branco, observado o seguinte (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 1º, VIII): a) dimensões: 5 x 7cm, sem moldura; b) papel fotográfico: fosco ou brilhante; c) cor de fundo: uniforme, preferencialmente branca; d) características: frontal (busto), trajes adequados para fotografia oficial e sem adornos, especialmente aqueles que tenham conotação de propaganda eleitoral ou que induzam ou dificultem o reconhecimento pelo eleitor; IV – comprovante de escolaridade; V – prova de desincompatibilização, quando for o caso; VI - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República (art. 11, §1º, IX, Lei 9.504/97). - Quando as certidões criminais forem positivas, o Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) também deverá ser instruído com as respectivas certidões de objeto e pé atualizadas de cada um dos processos indicados. 5.3.1 Das comprovações - Os requisitos legais referentes à filiação partidária, domicílio e quitação eleitoral, e à inexistência de crimes eleitorais serão aferidos com base nas informações constantes dos bancos de dados da Justiça Eleitoral, sendo dispensada a apresentação dos documentos comprobatórios pelos requerentes (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 13). - A quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação regular de contas de campanha eleitoral (Lei 9.504/97, art. 11, § 7º). Para fins de expedição da certidão de quitação eleitoral, serão considerados quites aqueles que: I – condenados ao pagamento de multa, tenham, até a data da formalização do seu pedido de registro de candidatura, comprovado o pagamento ou o parcelamento da dívida regularmente cumprido; II – pagarem a multa que lhes couber individualmente, excluindo-se qualquer modalidade de responsabilidade solidária, mesmo quando imposta concomitatemente com outros candidatos e em razão do mesmo fato; III – o parcelamento das multas eleitorais é direito do cidadão, seja ele eleitor ou candidato, e dos partidos políticos, podendo ser parceladas em até 60 (sessenta) meses, desde que não ultrapasse o limite de 10% (dez por cento) de sua renda. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9504.htm#art11%C2%A78iii - A Justiça Eleitoral enviará aos partidos políticos, na respectiva circunscrição, até 5 de junho do ano da eleição, a relação de todos os devedores de multa eleitoral, a qual embasará a expedição das certidões de quitação eleitoral (Lei 9.504/97, art. 11, § 9º). 5.3.2 Da idade mínima – a idade constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse. 5.3.3 Da escolaridade - A ausência do comprovante de escolaridade poderá ser suprida por declaração de próprio punho, podendo a exigência de alfabetização do candidato ser aferida por outros meios, desde que individual e reservadamente. - Das intimações - Com o requerimento de registro, o partido político ou a coligação fornecerá, obrigatoriamente, o número de fac-símile no qual poderá receber intimações e comunicados e, no caso de coligação, deverá indicar, ainda, o nome da pessoa designada para representá-la perante a Justiça Eleitoral (art. 6º, § 3º, IV, a, b e c, Lei 9.504/97). 5.4. Do pedido pelo candidato - Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta e oito horas seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral, por meio do formulário Requerimento de Registro de Candidatura Individual (RRCI), na mesma forma e com as mesmas informações e documentos exigidos para Requerimento de Registro de Candidatura-RRC (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 4º). 5.5 Das Diligências - Havendo alguma irregularidade ou omissão, caso entenda necessário, o Juiz abrirá prazo de setenta e duas horas para diligências. 5.6 Da publicidade - Os formulários e todos os documentos que acompanham o pedido de registro são públicos e podem ser livremente consultados pelos interessados, que poderão obter cópia de suas peças, respondendo pelos respectivos custos e pela utilização que derem aos documentos recebidos. 6. DO PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE REGISTRO – A partir das eleições de 2008, o processamento do pedido de registro pelos cartórios eleitorais deve utilizar obrigatoriamente o Sistema de Candidaturas (CAND) desenvolvido pelo TSE. - Protocolizados e autuados os pedidos de registro das candidaturas, o cartório eleitoral providenciará: I – a imediata leitura no Sistema de Candidaturas (CAND) dos arquivos magnéticos gerados pelo Sistema CANDex, contendo os dados constantes dos formulários Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) e Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP); II – a publicação de edital sobre o pedido de registro, para ciência dos interessados, na imprensa oficial, nas capitais, e no cartório eleitoral, nas demais localidades (Código Eleitoral, art. 97, § 1º e LC nº 64/90, art. 3º). 6.1 Do processo principal - na autuação dos pedidos de registro de candidatura, o formulário Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) e os documentos que o acompanham receberão um só numero de protocolo e constituirão o processo principal do pedido de registro de candidatura; - No processo principal (DRAP), o cartório deverá verificar e certificar: I – a comprovação da situação jurídica do partido político na circunscrição; II – a legitimidade do subscritor para representar o partido político ou coligação; III – a informação sobre o valor máximode gastos. 6.2 Do processo individual - cada formulário Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) e os documentos que o acompanham receberão um só número de protocolo e constituirão o processo individual de cada candidato, os quais ficarão vinculados ao processo principal. - Os processos dos candidatos a cargos majoritários devem tramitar apensados com os respectivos vices ou suplentes e ser analisados e julgados em conjunto; a apensação dos processos subsistirá ainda que eventual recurso tenha por objeto apenas uma das candidaturas. - O cartório eleitoral certificará, nos processos individuais dos candidatos, o número do processo principal (DRAP) ao qual os mesmos estejam vinculados, bem como, no momento oportuno, o resultado do julgamento daquele processo. - Encerrado o prazo de impugnação ou, se for o caso, o de contestação, o cartório eleitoral imediatamente informará, nos autos, sobre a instrução do processo, para apreciação do juiz eleitoral. - Nos processos individuais dos candidatos (RRCs e RRCIs), o cartório certificará o julgamento do processo principal, verificando e certificando, ainda: I – a regularidade do preenchimento do formulário Requerimento de Registro de Candidatura (RRC); II – a regularidade da documentação do candidato. 7. DO JULGAMENTO DOS PEDIDOS DE REGISTRO - O registro de candidato inelegível ou que não atenda às condições de elegibilidade será indeferido, ainda que não tenha havido impugnação. O registro do candidato, a impugnação, a notícia de inelegibilidade e as questões relativas a homonímia serão julgados em uma só decisão. 7.1 Do julgamento Conjunto – Os processos dos candidatos integrantes de chapa majoritária (Presidente e Vice-Presidente; Governador e Vice-Governador; e prefeito e vice-prefeito) deverão ser julgados conjuntamente e o registro da chapa somente será deferido se ambos os candidatos forem considerados aptos, não podendo este ser deferido sob condição. Em caso de indeferimento do registro da chapa, a Justiça Eleitoral deverá especificar qual dos candidatos não preenche as exigências legais e deverá apontar o óbice existente, podendo o partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo, indicar substituto ao candidato que não for considerado apto. 7.2 Da ordem dos Julgamentos - o julgamento do processo principal (DRAP) precederá ao dos processos individuais de registro de candidatura, devendo o resultado daquele ser certificado nos autos destes. - O juiz eleitoral formará sua convicção pela livre apreciação da prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes, mencionando, na decisão, os que motivaram seu convencimento (LC nº 64/90, art. 7º, p. único). - O indeferimento do DRAP do partido ou coligação acarretará igualmente o indeferimento de todos os pedidos de registro individuais (RRCs) dos filiados do partido. 7.3 Do prazo - o pedido de registro, com ou sem impugnação, será julgado no prazo de 3 dias após a conclusão dos autos ao juiz eleitoral, passando a correr deste momento o prazo de 3 dias para a interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral (art. 8º, LC 64/90). Se o juiz eleitoral não apresentar a sentença nesse prazo, o prazo para recurso só começará a correr após a publicação da decisão em cartório (art. 9º, LC 64/90). Quando a sentença for entregue em cartório antes de 3 dias contados da conclusão ao juiz, o prazo para o recurso ordinário, salvo intimação pessoal anterior, só se conta do termo final daquele tríduo (Súmula-TSE nº 10). Após decidir sobre os pedidos de registro, o juiz eleitoral determinará a publicação, na imprensa oficial, nas capitais, e no cartório eleitoral, nas demais localidades, da relação dos nomes dos candidatos e respectivos números com os quais concorrerão nas eleições, inclusive daqueles cujos pedidos indeferidos se encontrem em grau de recurso (art. 12, § 4º, Lei 9.504/97). 7.4 Momento de Aferição da Elegibilidade – As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (art. 11, § 10º, Lei 9.504). REGISTRO. QUITAÇÃO ELEITORAL. MULTA. 1. Conforme dispõe o § 10 do art. 11 da Lei nº 9.504/97, as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro. 2. O conceito de quitação eleitoral, atualmente previsto no § 7º do artigo 11 da Lei das Eleições, abrange, dentre outras obrigações, o regular exercício do voto. 3. Em face dessas disposições, efetuado o pagamento pelo candidato de multa por ausência às urnas após o pedido de registro, é de se inferir a falta de quitação eleitoral. 4. A parte final do § 10 do art. 11 da Lei das Eleições - que ressalva "as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade" - somente se aplica às causas de inelegibilidade, considerando, ademais, que as disposições específicas atinentes à quitação eleitoral são claras no sentido de que a multa deverá estar paga ou parcelada até o pedido de registro de candidatura. 5. O art. 16, § 1º, da Lei das Eleições (reproduzido no art. 55 da Res-TSE nº 23.221/2010) prevê que, até 45 dias antes da data das eleições os pedidos de registro e respectivos recursos devem estar julgados e publicados pela Justiça Eleitoral, norma que objetiva imprimir celeridade ao processamento desses pedidos. 6. Todavia, o eventual extrapolamento da citada data não enseja o automático deferimento do pedido de registro, até porque cumpre aos candidatos necessariamente preencherem as condições de elegibilidade e não incorrerem em causas de inelegibilidade, requisitos legais e que devem ser aferidos por esta Justiça Especializada. Decisão: O Tribunal, por maioria, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 883723 - florianópolis/SC, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicado em Sessão, Data 15/9/2010). ELEIÇÕES 2010. DEPUTADO FEDERAL. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, ALÍNEA G DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA PARA SUSPENDER OS EFEITOS DA DECISÃO DE REJEIÇÃO DE CONTAS. OBTENÇÃO APÓS O PEDIDO DE REGISTRO. ART. 11, § 10, DA LEI Nº 9.504/97. NÃO PROVIMENTO. 1. Segundo a jurisprudência mais recente do TSE, para o afastamento da causa de inelegibilidade prevista na alínea g do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90, é necessária a obtenção de medida liminar ou de antecipação de tutela que suspenda os efeitos de decisão de rejeição de contas. 2. Nas Eleições 2010, tal entendimento deve ser harmonizado com o disposto no art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/97, para que sejam consideradas alterações fáticas e jurídicas supervenientes ao pedido de registro que afastem as causas de inelegibilidade. 3. Na espécie, o agravado obteve, após o pedido de registro, antecipação de tutela para suspender os efeitos da decisão do TCM/CE que rejeitou suas contas. Assim, não incide a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90, com redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010. 4. Agravo regimental não provido. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator. (Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 415441 - Fortaleza/CE, Relator(a) Min. Aldir Passarinho Junior, Publicado em Sessão, Data 15/9/2010). 7.5 Teoria da Conta e Risco e Teoria dos Votos Engavetados – O artigo 16-A da Lei 9.504/97, com a alteração da Lei 12.034/2009, estabelece que o candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizaro horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Trata-se da Teoria da Conta e Risco que permite ao candidato que teve o seu registro indeferido e recorreu da decisão fazer a sua campanha normalmente, inclusive no rádio e na TV, além de manter o seu nome na urna eletrônica enquanto perdurar esta situação (efeito suspensivo do indeferimento do recurso). Contudo, os votos destinados a este candidato somente serão considerados válidos, se o pedido de registro for aceito definitivamente pela Justiça Eleitoral. Esta a denominada Teoria dos Votos Engavetados. Observe-se que quando um partido ou coligação toma ciência de decisão que indeferiu o registro de um candidato dos seus quadros pode substituí-lo por outro, nos termos do artigo 13 da Lei 9.504/97, ou pode decidir mantê-lo, recorrendo da decisão e assumindo, por sua conta, o risco da nulidade dos seus votos. Por isso, a denominação de Teoria da Conta e Risco. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido apreciado pela Justiça Eleitoral. 7.5.1 Aplicação no pleito majoritário – se um candidato a cargo majoritário (prefeito, por exemplo) chega ao dia da eleição com registro indeferido, mas com recurso pendente, seus votos serão apurados, mas não considerados válidos (serão engavetados). Se os seus votos forem suficientes para vencer a eleição, ainda assim não será diplomado, nem assumirá o cargo, devendo aguardar o julgamento final do registro pela Justiça Eleitoral. O seu vice também não assume, uma vez que a chapa é una e indivisível. Chegando o dia da posse, o Presidente da Câmara deve assumir o cargo de Prefeito até o julgamento definitivo do registro. Se a Justiça Eleitoral posteriormente confirmar o indeferimento do registro, deverá ser realizada nova eleição, permanecendo no exercício do cargo até a sua realização o presidente da Câmara de Vereadores, de acordo com a nova redação do art. 224 do Código Eleitoral, com a redação dada pela Lei n.º 13.165/2015. Na hipótese da Justiça Eleitoral posteriormente alterar a decisão e deferir o registro, os votos que estavam engavetados serão considerados válidos, devendo o candidato e seu respectivo vice assumir os cargos. TABELA EXEMPLIFICATIVA: a tabela a seguir mostra duas situações hipotéticas que podem ocorrer na eleição da prefeito de um município com 20.000 eleitores. Situação no dia da eleição Votos obtidos Confirmação do indeferimento do Registro pelo TSE Registro posteriormente deferido Chapa 1: Tício e Helena (registro indeferido sub judice) Chapa 2: Caio e Nero (registro deferido) Chapa 3: Diana e Teseu (registro deferido) 9.000 (engavetados) 8.000 3.000 Deve ser realizada nova eleição, independentemente da votação obtida, assumindo interinamente a prefeitura o Presidente da Câmara de Vereadores. A chapa formada por Tício e Helena deve ser diplomada e assumir os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito. Chapa 1: Tício e Helena (registro indeferido sub judice) Chapa 2: Caio e Nero (registro deferido) 12.000 (engavetados) 8.000 Deve ser realizada nova eleição, independentemente da votação obtida, assumindo interinamente a prefeitura o Presidente da Câmara de Vereadores. A chapa formada por Tício e Helena deve ser diplomada e assumir os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito 7.5.1 Aplicação no pleito proporcional - No caso de candidato a cargo proporcional (vereador, por exemplo) que chegue ao dia da eleição com registro indeferido, mas com recurso pendente, seus votos serão apurados, mas não considerados válidos (serão engavetados). Por conseguinte, seus votos não serão computados no cálculo do quociente eleitoral, nem do quociente partidário do seu partido político. Se os seus votos forem suficientes para lhe garantir uma vaga na Câmara de Vereadores, ainda assim não será diplomado, nem assumirá o cargo, devendo aguardar o julgamento final do registro pela Justiça Eleitoral. Deve ser proclamado o resultado sem levar em conta os votos do candidato sub judice com registro indeferido. Se a Justiça Eleitoral posteriormente confirmar o indeferimento do registro, serão diplomados e assumirão os candidatos eleitos de acordo com o resultado proclamado (sem contar os votos do candidato sub judice). Importante: os votos não contam sequer para a legenda, como determina o artigo 175, § 4º do Código Eleitoral, pois, se assim fosse, o partido teria a possibilidade de lançar candidato inelegível, que seria inevitavelmente impugnado, mas beneficiaria a legenda com seus votos. Este foi o motivo do desenvolvimento da Teoria dos Votos Engavetados. - Na hipótese da Justiça Eleitoral posteriormente alterar a decisão e deferir o registro, os votos que estavam engavetados serão considerados válidos, devendo ser feito novo cálculo do quociente eleitoral, dos quocientes partidários e das vagas remanescentes com uma nova proclamação dos resultados. - Não haverá nulidade total dos votos quando a decisão de inelegibilidade ou de cancelamento de registro for proferida após a realização da eleição a que concorreu o candidato alcançado pela sentença, caso em que os votos serão contados para o partido pelo qual tiver sido feito o seu registro (art. 175, CE e art. 16-A, § único, Lei 9.504). “Recurso contra expedição de diploma. Eleição 2002. Deputado estadual. (...) II – Aplica-se o § 3º do art. 175 do Código Eleitoral, considerando-se nulos os votos, quando o candidato para o pleito proporcional, na data da eleição, não tiver seu registro deferido. Por outro lado, o § 4º do citado artigo afasta a aplicação do § 3º, computando os votos para a legenda, se o candidato, na data da eleição, tiver uma decisão, mesmo que sub judice, que lhe defira o registro, a qual, posteriormente ao pleito, seja modificada, negando-lhe o pedido”. (Ac. nº 638, de 19.8.2004, rel. Min. Peçanha Martins.) 7.7 Prazo Final para Julgamento – A fim de evitar indefinições no momento da eleição e, principalmente, para que o eleitor tenha ciência da situação jurídica dos candidatos, evitando os inconvenientes decorrentes da aplicação da Teoria dos Votos Engavetados, o parágrafo 1º do art. 16 da Lei 9.504, com a alteração da Lei 12.034/2009, estabelece que. até vinte dias antes da data das eleições, todos os pedidos de registro de candidatos, inclusive os impugnados, e os respectivos recursos, devem estar julgados em todas as instâncias, e publicadas as decisões a eles relativas. Além disso, os processos de registro de candidaturas terão prioridade sobre quaisquer outros, devendo a Justiça Eleitoral adotar as providências necessárias para o cumprimento deste prazo, inclusive com a realização de sessões extraordinárias e a convocação dos juízes suplentes pelos Tribunais, sem prejuízo de eventual representação contra os magistrados desidiosos. 8. CANCELAMENTO DE REGISTRO E SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATOS: 8.1. Do cancelamento - estão sujeitos ao cancelamento do registro os candidatos que, até a data da eleição, forem expulsos do partido, em processo no qual seja assegurada ampla defesa e sejam observadas as normas estatutárias (art. 14, Lei 9.504/97). O cancelamento do registro do candidato será decretado pela Justiça Eleitoral, após solicitação do partido. 8.2. Da substituição - o partido ou coligação pode substituir candidato que for considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido ou cancelado. A escolha do substituto far-se-á na forma estabelecida no estatuto do partido a que pertencer o substituído,e o registro deverá ser requerido até dez dias contados do fato ou da notificação do partido da decisão judicial que deu origem à substituição, observado o limite legal de 20 dias antes do pleito tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, exceto em caso de falecimento de candidato, quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo. (Código Eleitoral, art. 101, § 1º e Lei 9.504/97, art. 13, § 3º, alterado pela Lei n.º 12.891/2013). - Em caso de renúncia, o ato deve ser datado, assinado e expresso em documento com firma reconhecida por tabelião ou por duas testemunhas, e o prazo para substituição será contado da publicação da decisão que a homologar. - Nas eleições majoritárias, se o candidato for de coligação, a substituição deverá fazer-se por decisão da maioria absoluta dos órgãos executivos de direção dos partidos coligados, podendo o substituto ser filiado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido ao qual pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência. - Se ocorrer a substituição de candidatos ao cargo majoritário após a geração das tabelas para elaboração da lista de candidatos e preparação das urnas, o substituto concorrerá com o nome, o número e, na urna eletrônica, com a fotografia do substituído, computando-se-lhe os votos a este atribuídos. - Disposições finais - o juiz eleitoral deverá cancelar automaticamente o registro de candidato que venha a renunciar ou falecer. - A LC 135/2010 alterou o art. 15 da LC 64/90, que passou a ter a seguinte redação: “Transitada em julgado ou publicada a decisão proferida por órgão colegiado que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput, independentemente da apresentação de recurso, deverá ser comunicada, de imediato, ao Ministério Público Eleitoral e ao órgão da Justiça Eleitoral competente para o registro de candidatura e expedição de diploma do réu”. Pela nova regra, se for declarada inelegibilidade por órgão judicial colegiado, o candidato não deve ser diplomado, devendo aguardar a decisão final da Justiça Eleitoral para definição da sua situação. Anteriormente, o candidato era diplomado normalmente e somente se a inelegibilidade transitasse em julgado era que o mesmo seria afastado do cargo. - Constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade ou a impugnação de registro de candidato feita por interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé, incorrendo os infratores na pena de detenção de 6 meses a 2 anos e multa (art. 25, LC 64/90,). - Os prazos referentes à ação de impugnação ao registro de candidatura são peremptórios e contínuos e correm em Secretaria ou Cartório e não se suspendem aos sábados, domingos e feriados a partir da data do encerramento do prazo para registro de candidatos até proclamação dos eleitos, inclusive em segundo turno (art. 16, LC 64/90). UNIDADE IX – PROPAGANDA POLÍTICA 1. INTRODUÇÃO – a propaganda é um conjunto de técnicas empregadas para sugestionar pessoas na tomada de decisão. - “A propaganda é uma técnica de apresentação de argumentos e opiniões ao público, de tal modo organizada e estruturada para induzir conclusões ou pontos de vista favoráveis aos seus enunciantes. É um poderoso instrumento de conquistar a adesão de outras pessoas, sugerindo-lhes ideias que são semelhantes àquelas expostas pelos propagandistas.” E ainda: - a propaganda é utilizada para o fim de favorecer a conquista dos cargos políticos pelos candidatos interessados, fortalecer-lhes a imagem perante o eleitorado, sedimentar a força do governo constituído, ou minar-lhe a base, segundo as perspectivas dos seus pontos de sustentação ou de contestação”. (Pinto Ferreira). 2. GÊNERO E ESPÉCIES DE PROPAGANDA – Propaganda política é o gênero que se divide em três espécies: propaganda eleitoral, propaganda intrapartidária e propaganda partidária. 2.1. Propaganda Eleitoral – é a que visa a captação de votos, facultada aos partidos, coligações e candidatos. Busca, através dos meios publicitários permitidos na Lei Eleitoral, influir no processo decisório do eleitorado, divulgando-se o curriculum dos candidatos, suas propostas e mensagens, no período denominado de “campanha eleitoral”. - a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição (art. 36, Lei 9.504/97, redação da Lei n.º 13.165/2015). 2.2. Propaganda Intrapartidária – é aquela realizada, nos prazos indicados por lei, pelos filiados de um partido político postulantes a candidatura a cargo eletivo, com escopo de convencer correligionários de seu partido, que vão participar da convenção para escolha dos candidatos a indicarem seu nome. - é permitida na quinzena anterior à convenção do partido, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor (art. 36, § 1º, Lei 9.504/97). 2.3. Propaganda Político-Partidária ou somente Partidária – é a divulgação genérica e exclusiva do programa e da proposta política do partido, no período permitido por lei, sem menção a nomes de candidatos a cargos eletivos, exceto partidários, visando a angariar adeptos ao partido. - A propaganda partidária gratuita, gravada ou ao vivo, será efetuada mediante transmissão por rádio e televisão e realizada entre as 19 horas e 30 minutos e as 22 horas, exclusivamente para: 1) difundir os programas partidários; 2) transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido; 3) divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários; 4) promover e difundir a participação política feminina, dedicando às mulheres o tempo que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10% do programa e das respectivas inserções ao longo da programação. (art. 45, Lei 9.096/95). - Na propaganda partidária é vedada: 1) a participação de pessoa filiada a partido que não o responsável pelo programa; 2) a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos; 3) a utilização de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distorçam ou falseiem os fatos ou a sua comunicação (art. 45, Lei 9.096/95). - O partido que contrariar o disposto no artigo 45 da Lei 9.096/95 será punido nos seguintes termos: 1) quando a infração ocorrer nas transmissões em bloco, com a cassação do direito de transmissão no semestre seguinte; 2) quando a infração ocorrer nas transmissões em inserções, com a cassação de tempo equivalente a 5 (cinco) vezes ao da inserção ilícita, no semestre seguinte. A representação, que somente poderá ser oferecida por partido político, será julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral quando se tratar de programa em bloco ou inserções nacionais e pelos Tribunais Regionais Eleitorais quando se tratar de programas em bloco ou inserções transmitidos nos Estados correspondentes (art. 45, § 3º, LE). Embora a lei preveja a legitimidade somente de partido político, deve-se entender que o Ministério Público também a detém, uma vez que sua legitimidade decorre da própria Constituição Federal. - A propaganda partidária, no rádio e na televisão, fica restrita aos horários gratuitos disciplinados na Lei 9.096/95, com proibição de propaganda paga. - No segundo semestre do ano da eleição, não será veiculada propaganda partidária gratuita nem permitido qualquer tipo de propaganda política paga no rádio e na televisão (art. 36, § 2º, Lei 9.504/97). 3. PRINCÍPIOS QUE REGEM A PROPAGANDA POLÍTICA – aplicam-se a todas as modalidades de propaganda. São eles: 3.1. Princípio da Legalidade – lei federal regula a propaganda, estando o ordenamento composto por regras cogentes, de ordem pública,indisponíveis e de incidência e acatamento erga omnes. Este princípio vincula os demais princípios. 3.2. Princípio da Liberdade da Propaganda – consiste no livre direito à propaganda lícita, na forma do que dispuser a lei. A propaganda só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais (art. 242, CE). 3.3. Princípio da Responsabilidade da Propaganda – toda propaganda é de responsabilidade dos partidos e coligações, solidários com os candidatos e adeptos pelos abusos e excessos que cometerem. 3.4. Princípio Igualitário da propaganda – todos, com igualdade de oportunidades, têm direito à propaganda, paga ou gratuita. 3.5. Princípio da Disponibilidade da Propaganda Lícita – decorrente do princípio da liberdade da propaganda, significa que os partidos políticos, coligações, candidatos e adeptos podem dispor da propaganda lícita, garantida e estimulada pelo Estado, já que a lei pune com sanções penais a propaganda criminosa e, precipuamente, com sanções administrativas eleitorais a propaganda irregular. 3.6. Princípio do Controle Judicial da propaganda – cabe exclusivamente à Justiça Eleitoral a aplicação das regras jurídicas sobre a propaganda e, inclusive, o exercício do seu poder de polícia. 4. VEDAÇÕES GERAIS SOBRE A PROPAGANDA POLÍTICA – estabelece o Código Eleitoral em seu artigo 243, que não será tolerada propaganda: I – de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem política e social, ou de preconceitos de raça ou de classes; II – que provoque animosidade entre as Forças Armadas ou contra elas, ou delas contra as classes e as instituições civis; III – de incitamento de atentado contra pessoa ou bens; IV – de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento de lei de ordem pública; V – que implique oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza; VI – que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; VII – por meio de impressos ou de objetos que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda; VIII – que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municipais ou a qualquer restrição de direito; IX – que calunie, difame ou injurie qualquer pessoa, bem como atinja órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública; X – que desrespeite os símbolos nacionais. 5. O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL E A PROPAGANDA – por se tratar de matéria de ordem pública, disciplinada por normas cogentes, a propaganda política, em qualquer uma de suas modalidades, exige a atuação constante e vigilante do Ministério Público, que agirá como parte e, quando não o for, como custos legis da Lei Eleitoral, nas reclamações e representações eleitorais. 6. O PODER DE POLÍCIA E A PROPAGANDA – O poder de polícia sobre a propaganda será exercido exclusivamente pelos juízes eleitorais, nos municípios, e pelos juízes designados pelos tribunais regionais eleitorais, nas capitais e municípios com mais de uma zona eleitoral (art. 41, § 1º, Lei 9.504), sem prejuízo do direito de representação do Ministério Público e dos interessados. - Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. - Compete ao juiz eleitoral, na fiscalização da propaganda, tomar as providências para impedir práticas ilegais, não lhe sendo permitido, entretanto, instaurar procedimento de ofício para aplicação de sanções. O juiz eleitoral deverá comunicar o fato ao Ministério Público, para que proceda como entender necessário. - O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet (art. 41, § 2º, Lei 9.504/97). - O Juiz Eleitoral responsável pelo exercício do poder de polícia poderá determinar a retirada da propaganda ilícita. O exercício do poder de polícia não depende de provocação, devendo ser exercido quando o juiz eleitoral considerar haver irregularidade, perigo de dano ao bem público ou ao bom andamento do tráfego. “(...) o poder de polícia exercido durante a fiscalização da propaganda eleitoral é mais uma competência atribuída aos juízes eleitorais, de tal modo que não estão impedidos de julgar os feitos em que tenham exercido tal poder. (...) A norma estampada no art. 252, I e II, do Código de Processo Penal não se aplica, nem mesmo subsidiariamente, ao presente caso, visto que não se trata de matéria penal, mas de natureza meramente administrativa em razão de propaganda eleitoral irregular. (...)” (Ac. no 4.137, de 22.4.2003, rel. Min. Ellen Gracie.). 7. DA PROPAGANDA ELEITORAL EM GERAL 7.1. Definição - Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício de função pública. Sem tais características, poderá haver mera promoção pessoal, apta, em determinadas circunstâncias a configurar abuso de poder econômico, mas não propaganda eleitoral. (Ac. 16.183/2000, rel. Min. Eduardo Alckmin; no mesmo sentido o Ac. 16.426/2000, rel. Min. Fernando Neves.) 7.2. Início – a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição (art. 36, Lei 9.504/97, redação da Lei n.º 13.165/2015). Não mais se aplica, portanto, o art. 240 do Código Eleitoral que estabelecia que a propaganda seria permitida após a respectiva escolha pela convenção do partido. Contudo, os pré-candidatos poderão participar de entrevistas, debates e encontros antes desta data (Res. 21.072/TSE). - Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na quinzena anterior à escolha pelo partido, de propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor (art. 36, §1º, Lei 9.504/97). Esta propaganda é dirigida exclusivamente aos membros do partido respectivo, podendo caracterizar propaganda extemporânea, sujeita à multa se tiver conotação eleitoral. - é vedada, desde 48 horas antes até 24 horas depois da eleição, a veiculação de qualquer propaganda política mediante rádio ou televisão, incluídos, entre outros, as rádios comunitárias e os canais de televisão VHF, UHF e por assinatura, e, ainda, a realização de comícios ou reuniões públicas (art. 240, § único, CE). Essa disposição tem por objetivo assegurar a tranquilidade necessária para o bom andamento dos trabalhos relacionados à votação e apuração, não se aplicando à propaganda eleitoral veiculada gratuitamente na internet, no sítio eleitoral, blog, sítio interativo ou social, ou outros meios eletrônicos de comunicação do candidato, ou no sítio do partido ou coligação, nas formas previstas na Lei 9.504. 7.2.1 Da Propaganda antecipada ou extemporânea – a realização de propaganda eleitoral antes do prazo permitido por lei (somente após 15 de agosto) sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 a R$ 25.000,00, ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior. - A Lei 12.034/09, a Lei 12.891/13 e a Lei 13.165/2015 estabeleceram que não será considerada propaganda eleitoral antecipada (art. 36-A, Lei 9.504):Não serão consideradas propaganda antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção a pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet, os seguintes atos: I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico; II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária; III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos; IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos; V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais. VI – a realização, às expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias. O parágrafo primeiro do art. 36-A esclarece que é vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comunicação social. Já o parágrafo segundo estabelece que são permitidos o pedido de apoio político e a divulgação da pré- candidatura, das ações políticas desenvolvidas e das que se pretende desenvolver, no entanto, essa permissão não se estende aos profissionais de comunicação social no exercício da profissão. - Por outro lado, a Lei n.º 12.891/13 criou o artigo 36-B, que estabelece que: “Será considerada propaganda eleitoral antecipada a convocação, por parte do Presidente da República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, de redes de radiodifusão para divulgação de atos que denotem propaganda política ou ataques a partidos políticos e seus filiados ou instituições. Parágrafo único. Nos casos permitidos de convocação das redes de radiodifusão, é vedada a utilização de símbolos ou imagens, exceto aqueles previstos no § 1º do art. 13 da Constituição Federal.” 7.3. Fim do período da propaganda eleitoral – a lei não delimitou o fim do período da propaganda eleitoral, no entanto, por motivos óbvios, este ocorre com o encerramento da votação. - a vedação da veiculação de qualquer propaganda política mediante rádio ou televisão e, ainda, a realização de comícios ou reuniões públicas, desde 48 horas antes até 24 horas depois da eleição (art. 240, § único, CE), tem por objetivo assegurar a tranquilidade necessária para o bom andamento dos trabalhos relacionados à votação e apuração, não se aplicando, no entanto, à propaganda eleitoral veiculada gratuitamente na internet, no sítio eleitoral, blog, sítio interativo ou social, ou outros meios eletrônicos de comunicação do candidato, ou no sítio do partido ou coligação, nas formas previstas na Lei 9.504 (art. 7º, Lei 12.034/09). - Para certos tipos de propaganda, a lei estabelece prazo término da sua realização nos seguintes termos: Tipo de propaganda Último dia para realização Previsão legal Distribuição de material gráfico, caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens de candidatos. Até as 22 horas do dia que antecede a eleição. Lei nº 9.504/97, art. 39, § 9º. Alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8 horas e as 22 horas. 01 dia antes da eleição Lei nº 9.504/97, art. 39, § 3º e § 5º, I. Imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido político ou coligação, de um oitavo de página de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tablóide, limitado a dez anúncios por veículo. 02 dias antes da eleição Lei nº 9.504/97, art. 43, caput. Debates. 03 dias antes Resolução nº 22.452, de 17.10.2006. Reuniões públicas ou promoção de comícios e utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8 horas e as 24 horas. 03 dias antes Código Eleitoral, art. 240, p. único e Lei nº 9.504/97, art. 39, § 4º e § 5º, I. Gratuita no rádio e na televisão. 03 dias antes Lei nº 9.504/97, art. 47, caput. 7.4. A liberdade da propaganda lícita - a propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não poderá ser objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder de polícia ou de violação de postura municipal (art. 41, Lei 9.504). - É assegurado aos partidos políticos o direito de, independentemente de licença da autoridade pública e do pagamento de qualquer contribuição (Código Eleitoral, art. 244, I e II, e Lei nº 9.504/97, art. 39, §§ 3º e 5º): I – fazer inscrever, na fachada de suas sedes e dependências, o nome que os designe, pela forma que melhor lhes parecer; (não se sujeita ao limite de 4 m² imposto à propaganda eleitoral, desde que não tenha esta finalidade). II – instalar e fazer funcionar, no período compreendido entre o início da propaganda eleitoral e a véspera da eleição, das 8 horas às 22 horas, alto-falantes ou amplificadores de som, nos locais referidos, assim como em veículos seus ou à sua disposição, em território nacional, com observância da legislação comum e dos § 1º e § 2º; III – comercializar material de divulgação institucional, desde que não contenha nome e número de candidato, bem como cargo em disputa. 7.5. Outras disposições sobre a propaganda eleitoral – o Código Eleitoral, a Lei das Eleições (Lei 9.504/97), com as alterações das Leis 11.300/06, 12.034/09 e 13.165/15, e as Resoluções do TSE trazem ainda as seguintes disposições gerais sobre a propaganda eleitoral: a) Da indicação da legenda - A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará sempre a legenda partidária (art. 242, CE). Na eleição majoritária, a coligação usará, obrigatoriamente e de modo legível, sob sua denominação, as legendas de todos os partidos políticos que a integram; na eleição proporcional, cada partido político usará apenas sua legenda sob o nome da coligação (art. 6º, § 2º. Lei 9.504). b) Da indicação do vice e dos suplentes de senador – na propaganda dos candidatos a cargo majoritário, deverão constar, também, o nome dos candidatos a vice ou a suplentes de Senador, de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 30% (trinta por cento) do nome do titular (art. 36, § 4º, Lei 9.504, redação da Lei n.º 13.165/15). c) Da utilização da língua nacional e da vedação dos meios apelativos - A propaganda só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais (art. 242, CE). d) Da propaganda em bens públicos ou de uso comum - nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas, cavaletes e assemelhados. Inicialmente permitidos, os cavaletes ao longo da via pública passaram a ser expressamente proibidos com o advento da Lei n.º 12.891/13. - Aviolação do disposto neste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00 (art. 37, Lei 9.504/97). - Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo Código Civil (Lei 10.406/02) e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada. - Em árvores e jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano (art. 37, § 5º, Lei 9.504). e) Da propaganda em bens particulares - independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral, a veiculação de propaganda eleitoral, desde que seja feita por meio de adesivo ou papel, não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado) e não contrarie a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades do art. 37, § 1º. (redação da Lei n.º 13.165/2015). Anteriormente, podia ser por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedessem a 4m² (quatro metros quadrados). - O candidato deve solicitar autorização do proprietário a fim de evitar incidentes futuros. Além disso, a propaganda deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta finalidade (art. 37, § 8º, LE). f) Da propaganda nas dependências do Poder Legislativo - nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora, mediante ato normativo (art. 37, § 3º, LE), não podendo se estender à fachada e área externa do prédio legislativo (vedação relativa aos bens públicos). g) Da distribuição de folhetos, volantes e outros impressos - independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou candidato (art. 38, LE). - Os adesivos foram incluídos nesse dispositivo pela Lei n.º 12.891/13, que estabeleceu ainda que: a) Os adesivos poderão ter a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40 (quarenta) centímetros. (art. 38, § 3º, Lei 9.504/97). b) É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-brisa traseiro e, em outras posições, adesivos até a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40 (quarenta) centímetros. (art. 38, § 4º, Lei 9.504/97). - A distribuição de material gráfico somente é permitida até as 22 horas do dia que antecede a eleição e no dia do pleito a sua distribuição caracteriza o crime de boca de urna (art. 39, § 5º, II, e § 9º LE). - Todo material impresso deve conter o número de inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) ou no CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) do responsável pela confecção, bem como de quem o contratou, e a respectiva tiragem. h) Da propaganda em recinto aberto ou fechado - independe da obtenção de licença da polícia (art. 39, caput, LE). No entanto, o candidato, partido ou coligação promotora do ato deverá fazer a devida comunicação à autoridade policial em, no mínimo, 24 horas antes de sua realização, a fim de que esta lhe garanta, segundo a prioridade do aviso, o direito contra quem tencione usar o local no mesmo dia e horário, bem como para adotar as providências necessárias à garantia da realização do ato e ao funcionamento do tráfego e dos serviços públicos que o evento possa afetar (art. 39, §§ 1º e 2º). i) Da utilização de alto-falantes - o funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som somente é permitido entre as 8 e as 22 horas, sendo vedados a instalação e o uso daqueles equipamentos em distância inferior a 200 metros: I - das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros estabelecimentos militares; II - dos hospitais e casas de saúde; III - das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento (art. 39, § 3º, LE). j) Da utilização de carros de som e trios elétricos - é vedada a utilização de trios elétricos em campanhas eleitorais, exceto para a sonorização de comícios (art. 39, §§ 10, 11 e 12, Lei 9.504). - É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral, desde que observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de nível de pressão sonora, medido a 7 (sete) metros de distância do veículo, e respeitadas as vedações previstas no art. 39, § 3o da Lei 9.504/97. Para efeitos da Lei n.º 9.504/97, considera-se (art. 37, § 12): I - carro de som: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de amplificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) watts; II - minitrio: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de amplificação maior que 10.000 (dez mil) watts e até 20.000 (vinte mil) watts; III - trio elétrico: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de amplificação maior que 20.000 (vinte mil) watts. - A Lei n.º 13.165/2015 estabeleceu em seu artigo 9º-A, que considera-se carro de som, além do previsto no § 12, qualquer veículo, motorizado ou não, ou ainda tracionado por animais, que transite divulgando jingles ou mensagens de candidatos. j) Da realização de comícios - A realização de comícios e a utilização de aparelhagem de sonorização fixa são permitidas no horário compreendido entre as 8 e as 24 horas, com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas (art. 39, § 4º, Lei 9.504, alterado pela Lei n.º 12.891/2013). - É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral. k) Da distribuição de brindes – é vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor (art. 39, § 6º, LE). l) Da utilização de outdoors – é vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, coligações e candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa (art. 39, § 7º, LE). m) Da utilização de símbolos ou imagens de órgão público – o uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade de economia mista constitui crime, punível com detenção, de 6 meses a 1 ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa (art. 40, Lei 9.504). n) Da propaganda ao longo da via pública - É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos. Era permitida a utilização de bonecos, cartazes e cavaletes, no entanto, a Lei n.º 12.891/13 excluiu essas modalidades de propaganda. A mobilidade será caracterizada com a colocação e a retirada dos meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas. o) Da propaganda por telemarketing – A Res.-TSE nº 23.404/2014 proíbe a divulgação de propaganda eleitoral por telemarketing, em respeito à proteção à intimidade e à inviolabilidade de domicílio e objetivando evitar a perturbação do sossego público. Essavedação aplica-se a todo tipo de propaganda via telemarketing ativo. Contudo, não se coíbe o telemarketing receptivo, ou seja, aquele em que a iniciativa do contato é do próprio eleitor. (Consulta nº 20535, de 09/06/2015) 7.6 Da propaganda na internet – 7.6.1 Início - a propaganda eleitoral na internet é permitida somente após o dia 15 de agosto do ano da eleição (art. 57-A, Lei 9.504/97, redação da Lei n.º 13.165/2015). Antes desta data, a veiculação de propaganda eleitoral, sob qualquer modalidade, será considerada propaganda antecipada, expressamente vedada por lei, sujeitando o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 a R$ 25.000,00, ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior (artigo 36, § 3º da Lei n.º 9.504/97). - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, desde que não haja pedido de votos, não será considerada propaganda antecipada, ainda que ocorrida antes do dia 05 de julho do ano eleitoral (art. 36-A, inciso I, Lei n.º 9.504/97). - É permitida a propaganda eleitoral feita pelo próprio eleitor, enaltecendo as qualidades de algum candidato de sua preferência ou pedindo votos diretamente para o mesmo em blogs, sites de relacionamentos ou outro meio eletrônico. Contudo, se houver indício de que há candidato ou partido político ligado à origem do material, será cabível a representação pela propaganda antecipada. - Não se vislumbra ilicitude no envio de mensagens eletrônicas por pré-candidato aos seus companheiros de legenda, na quinzena anterior à escolha pelo partido, como propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome. 7.6.2 Da liberdade de manifestação do pensamento - É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores – Internet, assegurado o direito de resposta, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica. Sem prejuízo das sanções civis e criminais aplicáveis ao responsável, a Justiça Eleitoral poderá determinar, por solicitação do ofendido, a retirada de publicações que contenham agressões ou ataques a candidatos em sítios da internet, inclusive redes sociais (art. 57-D e parágrafo único, Lei 9.504/97, alterada pela Lei 12.891/2013). 7.6.3 Encerramento da Propaganda na Internet - até as eleições de 2008, as resoluções do TSE que regulamentavam a propaganda eleitoral na internet estabeleciam que os candidatos podiam manter página na Internet com a terminação can.br, ou com outras terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da eleição. Esses domínios deviam ser automaticamente cancelados após a votação em primeiro turno, salvo os pertinentes a candidatos que estivessem concorrendo em segundo turno, que seriam cancelados após esta votação. A Lei n.º 12.034/09 não estabeleceu prazo para encerramento da propaganda eleitoral na internet. Além disso, estabeleceu expressamente em seu artigo 7º que a vedação constante do parágrafo único do art. 240, do Código Eleitoral não se aplica à propaganda eleitoral veiculada gratuitamente na internet, no sítio eleitoral, blog, sítio interativo ou social, ou outros meios eletrônicos de comunicação do candidato, ou no sítio do partido ou coligação, nas formas previstas em lei. Assim, pode-se concluir que não há mais determinação para encerramento da propaganda na internet na véspera da eleição, podendo esta prosseguir nas formas previstas em lei até a data do pleito. - Com relação à propaganda paga na imprensa escrita, veiculada em jornal impresso, é permitida a sua reprodução na internet, no sítio do respectivo veículo de comunicação. Contudo, tanto a propaganda impressa quanto a sua reprodução na internet somente serão permitidas até a antevéspera das eleições (art. 43, Lei 9.504/97). 7.6.4 Formas Permitidas de Propaganda Eleitoral na Internet (art. 57-B, Lei 9.504/97) - a propaganda na internet poderá ser realizada nas seguintes formas: 1) em sítio do candidato, partido ou coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País; 2) por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação; 3) por meio de blogs, redes sociais (Orkut, Twitter, Messenger, Facebook), sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural. - A nova legislação assegurou a livre manifestação do pensamento, por meio da internet, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral e assegurado o direito de resposta, de modo que qualquer cidadão pode exprimir suas opiniões e preferências com relação a determinado candidato através da internet, desde que não veicule informações sabidamente inverídicas, caluniosas, difamatórias ou injuriosas. - Outro serviço gratuito de grande utilização na internet é o Youtube, sítio permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital, bastando para tanto que sejam previamente cadastrados. Trata-se, portanto, de um espaço onde impera a liberdade de divulgação de material de áudio e vídeo produzido pelos próprios internautas, sem qualquer ingerência do mantenedor da página. - O controle do conteúdo veiculado nessas redes sociais é praticamente impossível, uma vez que envolvem milhões de usuários. Além disso, "aos provedores é imposto, ainda, o dever geral de não monitorar os dados e conexões em seus servidores. Tal dever fundamenta-se na garantia constitucional do sigilo das comunicações, admitindo exceções apenas em hipóteses excepcionais." (LEONARDI, Marcel. Determinação da responsabilidade civil pelos ilícitos na rede: os deveres dos provedores de serviços de Internet. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 1, p. 91). - Em geral, nos contratos de hospedagem de página na Internet, o provedor não interfere no seu conteúdo, salvo em caso de flagrante ilegalidade, sendo subjetiva a sua responsabilidade. Em caso de ilicitude, o provedor deve ser notificado pelo Poder judiciário, após requerimento do prejudicado, para cessar a divulgação do conteúdo da página, sendo responsabilizado somente na hipótese de não cumprimento da determinação judicial. - O art. 57-F da Lei 9.504/97 estabeleceu que aplicam-se ao provedor de conteúdo e de serviços multimídia que hospeda a divulgação da propaganda eleitoral de candidato, de partido ou de coligação as penalidades previstas nesta Lei, se, no prazo determinado pela Justiça Eleitoral, contado a partir da notificação de decisão sobre a existência de propaganda irregular, não tomar providências para a cessação dessa divulgação. Ademais, o provedor de conteúdo ou de serviços multimídia só será considerado responsável pela divulgação da propaganda se a publicação do material for comprovadamente de seu prévio conhecimento. - A participação em salas de bate-papo virtual mantida por provedor de internet é permitida, desde que observado o tratamento isonômico, ou seja, assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação na Câmara dos Deputados, e facultada a dos demais. - é permitida a propaganda por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação. Não se admite, no entanto, não se admite a utilização do chamado spam, a propaganda eleitoral enviada por e-mail, em massa, sem autorização, a partir de uma lista de correio eletrônico obtida, por algum meio impróprio, lotando as caixas postais dos usuários. - O parágrafo1º do artigo 57-E da Lei n.º 9.504/97 vedou expressamente a venda de cadastro de endereços eletrônicos, proibindo também a utilização, doação ou cessão de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações, por parte de entidade ou governo estrangeiro; órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público; concessionário ou permissionário de serviço público; entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal; entidade de utilidade pública; entidade de classe ou sindical; pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; entidades beneficentes e religiosas; entidades esportivas; organizações não-governamentais que recebam recursos públicos; e organizações da sociedade civil de interesse público. A violação dessa disposição sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de cinco mil a trinta mil reais. - As mensagens eletrônicas enviadas por candidato, partido ou coligação, por qualquer meio, deverão dispor de mecanismo que permita seu descadastramento pelo destinatário, obrigado o remetente a providenciá-lo no prazo de 48 horas. Caso persista o envio de mensagem eletrônica após o término desse prazo, o responsável se sujeitará ao pagamento de multa no valor de cem reais, por cada mensagem. - É permitida ainda, até a antevéspera das eleições, a reprodução na internet de jornal impresso que divulgue propaganda eleitoral paga, até o limite de dez anúncios por veículo, em datas diversas, para cada candidato, no espaço máximo, por edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão. 7.6.5 Modalidades Proibidas – Excetuando-se a reprodução na internet de propaganda veiculada em jornal impresso, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet. - Da mesma forma, é vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios: 1) de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos; 2) oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A violação desta disposição sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de cinco mil a trinta mil reais (art. 57-C, Lei 9.504/97). 7.6.6 Das sanções previstas em caso de irregularidades - Sem prejuízo das sanções específicas para cada tipo de propaganda eleitoral na internet, o art. 57-H da Lei n.º 9.504/97 prevê ainda a imposição de multa de cinco mil reais a trinta mil reais, para quem realizar propaganda eleitoral atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro, inclusive a candidato, partido ou coligação. - Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação, punível com detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, com alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), as pessoas contratadas para esta finalidade. (art. 57-H, §§ 1º e 2º, Lei 9.504/97, alterada pela Lei n.º 12.891/2013). - Além disso, qualquer candidato, partido ou coligação, pode ajuizar representação, observado o rito previsto no art. 96 da Lei 9.504/97, solicitando à Justiça Eleitoral a suspensão, por 24 horas, do acesso a todo conteúdo informativo dos sítios da internet que deixarem de cumprir as disposições daquela lei. Em caso de reiteração de conduta, o período de suspensão deverá ser duplicado, sendo que no período de suspensão, a empresa deverá informar a todos os usuários que tentarem acessar seus serviços, que se encontra temporariamente inoperante por desobediência à legislação eleitoral. - Apesar do artigo 57-I da Lei 9.504/97 não indicar expressamente o Ministério Público como legitimado para ajuizar representação por propaganda irregular na internet, deve se entender que o Parquet pode manejar tal ação eleitoral, uma vez que sua legitimidade provém da própria Constituição, autorizando-o a atuar em todas as fases e instâncias do processo eleitoral, onde houver interesse público, independentemente de previsão expressa em lei (TSE, AG-1334-SC. Rel. Min. José Eduardo Alckmin, DJ. 17/11/1998). 7.6.7 Da Responsabilidade Pela Propaganda Irregular - se sujeitará às penalidades cabíveis o responsável por sua divulgação, que pode ser tanto o candidato beneficiado como qualquer outro interessado. Entretanto, mesmo que o beneficiário não seja o mandante da propaganda irregular, ainda assim, ele pode ser responsabilizado por ela se ficar comprovado o seu prévio conhecimento. - A responsabilidade do candidato estará demonstrada se este, intimado da existência da propaganda irregular, não providenciar, no prazo de 48 horas, sua retirada ou regularização e, ainda, se as circunstâncias e as peculiaridades do caso específico revelarem a impossibilidade de o beneficiário não ter tido conhecimento da propaganda. 7.7 Propaganda Eleitoral na Imprensa – até a antevéspera das eleições, é permitida a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido ou coligação, de um oitavo de página de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tabloide (art. 43, Lei 9.504/97), até dez anúncios por veículo. Cada anúncio deverá indicar, de forma visível, o valor pago pela inserção. A inobservância do disposto neste artigo sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados a multa no valor de R$ 1.000,00 a R$ 10.000,00 ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se este for maior. - É permitida a reprodução virtual das páginas do jornal impresso na internet, desde que seja feita no sítio do próprio jornal, independentemente do seu conteúdo, devendo ser respeitado integralmente o formato gráfico e o conteúdo editorial da versão impressa. (art. 43, Lei 9.504/97). - a divulgação de opinião favorável a candidato, partido ou coligação não caracteriza propaganda eleitoral, desde que não se trate de matéria paga. 7.8. Propaganda Eleitoral no rádio e na televisão – restringe-se ao horário gratuito definido em lei, sendo vedada a veiculação de propaganda paga. Os programas eleitorais gratuitos não podem sofrer cortes instantâneos ou qualquer tipo de censura prévia. - nos programas de rádio e televisão de cada partido ou coligação só poderão aparecer, em gravações internas e externas, candidatos, caracteres com propostas, fotos, jingles, clipes com música ou vinhetas, inclusive de passagem, com indicação do número do candidato ou do partido , bem como seus apoiadores, inclusive os candidatos a outros cargos, que poderão dispor de até 25% (vinte e cinco por cento) do tempo de cada programa ou inserção, sendo vedadas montagens, trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais (art. 54, Lei 9.504/97, redação da Lei 13.165/2015). - Antes da Lei 13.165/2015, podiam participar, em apoio aos candidatos, qualquer cidadão não filiado a outra agremiação partidária ou a partido integrante de outra coligação, sendo vedada a participação de qualquer pessoa mediante remuneração. No segundo turno também não será permitida a participação de filiados a partidos que tenham formalizado o apoio a outros candidatos (art. 54, § 1º, Lei 9.504/97). - É permitida a veiculação de entrevistas com o candidato e de cenasdentre os Ministros do STF e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do STJ (art. 119, § único, CF). - A eleição é feita pelos próprios Ministros do TSE. Atenção: Como as disposições do art. 119 da Constituição Federal são distintas das previstas nos artigos 16 e 17 do Código Eleitoral, diz-se que tais dispositivos não foram recepcionados pela nova ordem constitucional, ou seja, não têm mais validade. O Código Eleitoral menciona o Tribunal Federal de Recursos que foi extinto pela Constituição Federal de 1988, sendo substituído pelo Superior Tribunal de Justiça-STJ. - A Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral é o órgão criado pelo Código Eleitoral de 1965, no âmbito do TSE, com a finalidade precípua de fortalecer a ação da Justiça Eleitoral, ao qual incumbe a fiscalização da regularidade dos serviços eleitorais em todo o país, a expedição de orientações sobre procedimentos e rotinas às corregedorias regionais eleitorais e aos cartórios eleitorais, e, ainda, velar pela fiel execução das leis e instruções e pela boa ordem e celeridade daqueles serviços. A Correição eleitoral é uma função administrativa que compõe a gama das atribuições do corregedor, por força da qual lhe compete verificar a existência de erros, abusos ou irregularidades na prestação de serviços eleitorais, no âmbito da respectiva jurisdição, e determinar a adoção das providências saneadoras necessárias. - não há Juízes oriundos do Ministério Público na composição do TSE por falta de previsão legal, sendo o único Tribunal Superior com esta peculiaridade. - a Constituição denomina seus membros de Juízes, mas a Lei Complementar 35/79 (LOMAN) os designa de Ministros, bem como de desembargadores os membros dos TRE. - os membros dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, atuam por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos. - Os substitutos são escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo dos titulares, em número igual para cada categoria (art. 121, § 2º, CF). 2.1.3 Impedimentos - Não podem fazer parte do TSE cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último (CE, art. 16, § 1º). - A nomeação para as vagas dos juristas não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal (CE, art. 16, § 2º). - A Lei Orgânica da Magistratura – Lomam (LC 35/79) – estabelece em seu artigo 122 que os presidentes, vice-presidentes e corregedores dos tribunais comuns não podem participar de tribunal eleitoral. 2.1.4 Competência do TSE – CE, Art. 22. Compete ao Tribunal Superior: I - Processar e julgar originariamente: a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República; b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juizes eleitorais de Estados diferentes; c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secre- taria; d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juizes e pelos juizes dos Tribunais Regionais; Atenção: Com o advento da Constituição Federal, os juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais passa- ram a ser processados e julgados, pela prática de crime comum ou de responsabilidade, pelo Superior Tribunal de Justiça-STJ (art. 105, I, “a”, CF) e os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral, pelos mes- mos delitos, passaram a ser processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “c”, CF). e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da Re- pública, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração; Atenção: Esta alínea está em desacordo com a CF/88, nos seguintes termos: - A competência para processar e julgar mandado de segurança contra ato do Presidente da República é do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”, CF). - A competência para processar e julgar mandado de segurança contra ato de Ministro de Estado é do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”, CF). - Resta ao TSE competência para processar e julgar, originariamente, habeas corpus, em matéria elei- toral, relativo a atos do Presidente da República e Ministros de Estado (art. 105, I, “c”, CF) e manda- do de injunção (art. 105, I, “h”, CF). f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilida- de e à apuração da origem dos seus recursos; g) as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República; h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada. i) as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos. j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de de- cisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado. Atenção: O STF, através da ADin n.º 1.459-5/DF considerou inconstitucional a expressão “possibili- tando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa. Atenção: O TSE tem entendimento que não cabe recurso especial contra decisões de natureza estrita- mente administrativa dos Tribunais Regionais (Ac. 11.405/96 e 12.695/96. De acordo com o artigo 121, § 4º da Constituição Federal, das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente cabe recurso quando: I – forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III – versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV – anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V – denegarem “habeas corpus”, mandado de segurança, “habeas data” ou mandado de injunção. § único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 281. Atenção: De acordo com o artigo 121, § 3º da Constituição Federal, são irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição (cabe recurso extraordinário) e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança (cabe recurso ordinário). Não cabe recurso em caso de decisão proferida em habeas data ou mandado de injunção. O prazo para interposi- ção de recurso extraordinário para o STf será de três dias (art. 12, Lei 6.055/74). Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, I - elaborar o seu regimento interno; II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou ex- tinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei; III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício dos cargos efeti- vos; IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos Tribunais Regionais Eleito- rais; V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios; Atenção: após o advento da CF/88, nenhum territórioexternas nas quais ele, pessoalmente, exponha: I) realizações de governo ou da administração pública; II) falhas administrativas e deficiências verificadas em obras e serviços públicos em geral; III) atos parlamentares e debates legislativos. - a propaganda na televisão deve utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) ou os recursos de legenda, que devem constar obrigatoriamente do material entregue às emissoras (art. 44, § 1º, Lei 9.504/97). - No horário reservado para a propaganda eleitoral, não é permitida a utilização comercial ou propaganda realizada com a intenção, ainda que disfarçada ou subliminar, de promover marca ou produto (art. 44, § 2º, Lei 9.504/97). 7.8.1. Restrições à programação normal das emissoras de rádio e televisão – encerrado o prazo para a realização das convenções no ano da eleição (05 de agosto), é vedado às emissoras (art. 45, Lei 9.504/97 redação da Lei 13.165/2015): a) transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados (art. 45, I, LE); b) usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito (art. 45, II, LE); - Entende-se por trucagem todo e qualquer efeito realizado em áudio ou vídeo que degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação, ou que desvirtuar a realidade e beneficiar ou prejudicar qualquer candidato, partido político ou coligação. - Entende-se por montagem toda e qualquer junção de registros de áudio ou vídeo que degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação, ou que desvirtuar a realidade e beneficiar ou prejudicar qualquer candidato, partido político ou coligação. - É permitido ao partido político utilizar na propaganda eleitoral de seus candidatos em âmbito regional, inclusive no horário eleitoral gratuito, a imagem e a voz de candidato ou militante de partido político que integre a sua coligação em âmbito nacional. c) veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes (art. 45, III, LE); d) dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação ((art. 45, IV, LE); e) veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos (art. 45, V, LE); f) divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome do candidato ou com a variação nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro (art. 45, VI, LE);. g) A partir de 30 de junho do ano da eleição, é vedado, ainda, às emissoras transmitir programa apresentado ou comentado por pré-candidato, sob pena, no caso de sua escolha na convenção partidária, de multa e cancelamento do registro do beneficiário (art. 45, § 1º, Lei 9.504/97, redação da Lei 13.165/2015); - A inobservância ao acima disposto enseja as seguintes sanções: a) A inobservância do disposto neste artigo sujeita o partido ou coligação à perda de tempo equivalente ao dobro do usado na prática do ilícito, no período do horário gratuito subsequente, dobrada a cada reincidência, devendo o tempo correspondente ser veiculado após o programa dos demais candidatos com a informação de que a não veiculação do programa resulta de infração da lei eleitoral. (art. 55, § único, LE, alteração da Lei n.º 12.891/13). b) a emissora - ao pagamento de multa no valor de vinte mil a cem mil UFIR, duplicada em caso de reincidência (art. 45, § 2º, LE).. - Tais disposições visam evitar que pessoas famosas ou de prestígio revelem sua intenção de voto, configurando propaganda política fora do horário determinado em lei, quebrando a igualdade entre os concorrentes do pleito. Outrossim, busca evitar a manipulação de dados sobre pesquisas que possam influenciar o espectador desavisado. 7.8.2. Dos debates – independentemente da propaganda eleitoral gratuita, as emissoras de rádio ou televisão poderão transmitir debates sobre as eleições majoritária ou proporcional, sendo assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação superior a 9 (nove) Deputados, e facultada a dos demais (art. 46, Lei 9.504/97, redação da Lei 13.165/2015). - os debates devem seguir as seguintes regras: - os debates deverão ser parte de programação previamente estabelecida e divulgada pela emissora, fazendo-se mediante sorteio a escolha do dia e da ordem de fala de cada candidato, salvo se celebrado acordo em outro sentido entre os partidos e coligações interessados. - o debate poderá ocorrer sem a presença de candidato de algum partido, desde que o veículo de comunicação responsável comprove havê-lo convidado com a antecedência mínima de setenta e duas horas da sua realização. - o horário destinado ao debate poderá ser utilizado para entrevista do candidato, caso apenas este tenha comparecido ao evento. a) eleições majoritárias - a apresentação dos debates poderá ser feita: 1) em conjunto, estando presentes todos os candidatos a um mesmo cargo eletivo; ou 2) em grupos, estando presentes, no mínimo, três candidatos (art. 46, I, LE); b) eleições proporcionais: b1)os debates deverão ser organizados de modo que assegurem a presença de número equivalente de candidatos de todos os partidos e coligações a um mesmo cargo eletivo, podendo desdobrar-se em mais de um dia; b2) é vedada a presença de um mesmo candidato a eleição proporcional em mais de um debate da mesma emissora. - O debate será realizado segundo as regras estabelecidas em acordo celebrado entre os partidos políticos e a pessoa jurídica interessada na realização do evento, dando-se ciência à Justiça Eleitoral. Para os debates que se realizarem no primeiro turno das eleições, serão consideradas aprovadas as regras, inclusive as que definam o número de participantes, que obtiverem a concordância de pelo menos 2/3 (dois terços) dos candidatos aptos, no caso de eleição majoritária, e de pelo menos 2/3 (dois terços) dos partidos ou coligações com candidatos aptos, no caso de eleição proporcional. - o descumprimento de alguma dessas regras acarretará a suspensão, por 24 horas, da programação normal de emissora, que deverá transmitir a cada quinze minutos a informação de que se encontra fora do ar por ter desobedecido à lei eleitoral. Em cada reiteração, o período de suspensão será duplicado (arts. 46, § 3º e 56, LE). 7.8.3. Do horário da propaganda gratuita – As emissoras de rádio e de televisão e os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das Câmaras Municipais reservarão, nos trinta e cinco dias anteriores à antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação, em rede, da propaganda eleitoral gratuita, obedecendo aos seguintes horários (art. 47, Lei 9.504/97, redação da Lei 13.165/2015): a) na eleição para PRESIDENTE DA REPÚBLICA, às terças e quintas-feiras e aos sábados – no rádio: das 07 às 07h12min30seg e das 12 às 12h12min30seg; e – na televisão: das 13 às 13h12min30seg e das 20h30min às 20h42min30seg; b) na eleição para DEPUTADO FEDERAL, às terças e quintas-feiras e aos sábados – no rádio: das 07h12min30seg às 07h25min e das 12h12min30seg às 12h25min; e – na televisão: das 13h12min30seg às 13h25min e das 20h42min30segàs 20h50min; c) na eleição para GOVERNADOR de Estado ou do DF (em ano com renovação de 1/3 do Senado), às segundas, quartas e sextas-feiras – no rádio: das 07h15min às 07h25min e das 12h15min às 12h25min; e – na televisão: das 13h15min às 13h25min e das 20h45min às 20h55min; d) na eleição para GOVERNADOR de Estado ou do DF (em ano com renovação de 2/3 do Senado), às segundas, quartas e sextas-feiras – no rádio: das 07h16min às 07h25min e das 12h16min às 12h25min; e – na televisão: das 13h16min às 13h25min e das 20h46min às 20h55min; e) na eleição para DEPUTADO ESTADUAL E DISTRITAL (em ano com renovação de 1/3 do Senado), às segundas, quartas e sextas-feiras – no rádio: das 07h05min às 07h15min e das 12h05min às 12h15min; e – na televisão: das 13h05min às 13h15min e das 20h35min às 20h45min; f) na eleição para DEPUTADO ESTADUAL E DISTRITAL (em ano com renovação de 2/3 do Senado), às segundas, quartas e sextas-feiras – no rádio: das 07h07min às 07h16min e das 12h07min às 12h16min; e – na televisão: das 13h07min às 13h16min e das 20h37min às 20h46min; g) na eleição para SENADOR (em ano com renovação de 1/3 do Senado), às segundas, quartas e sextas-feiras – no rádio: das 07h às 07h05min e das 12h às 12h05min; e – na televisão: das 13h às 13h05min e das 20h30min às 20h35min; h) na eleição para SENADOR (em ano com renovação de 2/3 do Senado), às segundas, quartas e sextas-feiras – no rádio: das 07h às 07h07min e das 12h às 12h07min; e – na televisão: das 13h às 13h07min e das 20h30min às 20h37min; i) na eleição para PREFEITO, de segunda a sábado – no rádio: das 07 às 07h10min e das 12h às 12h10min; e – na televisão: das 13 às 13h10min e das 20h30min às 20h40min; - Foi suprimida a propaganda eleitoral em bloco dos candidatos a Vereador, sendo mantidas somente as inserções. - Em linhas gerais, a Lei n.º 13.165/15 reduziu o período de duração da propaganda eleitoral no rádio e televisão de 45 para 35 dias. Houve, igualmente, redução nos tempos. A propaganda de Presidente e Deputado Federal que antes era feita em dois blocos de 50 minutos cada, foi reduzida para dois blocos de 25 minutos cada. Houve redução também em relação a governador, deputado estadual e senador, bem como mudou a ordem, passando a iniciar com a propaganda de senador e terminar com a de deputado estadual. Veja a tabela ilustrativa a seguir: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS E GERAIS (anos com renovação de 1/3 do Senado RÁDIO TELEVISÃO Horário 3ª, 5ª e sábado Horário 2ª, 4ª e 6ª Horário 3ª, 5ª e sábado Horário 2ª, 4ª e 6ª 07:00:00 07:12:30 Presidente 07:00:00 07:05:00 Senador 13:00:00 13:12:30 Presidente 13:00:00 13:05:00 Senador 07:12:30 07:25:00 Deputado Federal 07:05:00 07:15:00 Deputado Estadual 13:12:30 13:25:00 Deputado Federal 13:05:00 13:15:00 Deputado Estadual 07:15;00 07:25:00 Governador 13:15:00 13:25:00 Governador 12:00:00 12:12:30 Presidente 12:00:00 12:05:00 Senador 20:30:00 20:42:30 Presidente 20:30;00 20:35:00 Senador 12:12:30 12:25:00 Deputado Federal 12:05:00 12:15:00 Deputado Estadual 20:42:30 20:50:00 Deputado Federal 20:35:00 20:45:00 Deputado Estadual 12:15:00 12:25:00 Governador 20:45:00 20:50:00 Governador ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS E GERAIS (anos com renovação de 2/3 do Senado RÁDIO TELEVISÃO Horário 3ª, 5ª e sábado Horário 2ª, 4ª e 6ª Horário 3ª, 5ª e sábado Horário 2ª, 4ª e 6ª 07:00:00 07:12:30 Presidente 07:00:00 07:07:00 Senador 13:00:00 13:12:30 Presidente 13:00:00 13:07:00 Senador 07:12:30 07:25:00 Deputado Federal 07:07:00 07:16:00 Deputado Estadual 13:12:30 13:25:00 Deputado Federal 13:07:00 13:16:00 Deputado Estadual 07:16:00 07:25:00 Governador 13:16:00 13:25:00 Governador 12:00:00 12:12:30 Presidente 12:00:00 12:07:00 Senador 20:30:00 20:42:30 Presidente 20:30:00 20:37:00 Senador 12:12:30 12:25:00 Deputado Federal 12:07:00 12:16:00 Deputado Estadual 20:42:30 20:50:00 Deputado Federal 20:37:00 20:46:00 Deputado Estadual 12:16:00 12:25:00 Governador 20:46:00 20:55:00 Governador ELEIÇÕES MUNICIPAIS RÁDIO TELEVISÃO Horário Segunda a sábado Horário Segunda a sábado 07:00:00 07:10:00 Prefeito 13:00:00 13:10:00 Prefeito 12:00:00 12:10:00 Prefeito 20:30:00 20:40:00 Prefeito - Do prazo de entrega das mídias - as mídias com as gravações da propaganda eleitoral no rádio e na televisão serão entregues às emissoras, inclusive nos sábados, domingos e feriados, com a antecedência mínima: I - de 6 (seis) horas do horário previsto para o início da transmissão, no caso dos programas em rede; II - de 12 (doze) horas do horário previsto para o início da transmissão, no caso das inserções. 7.8.4 Da destinação da Propaganda (art. 53-A, Lei 9.504/97) – É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no horário destinado aos candidatos às eleições proporcionais propaganda das candidaturas a eleições majoritárias, ou vice-versa, ressalvada a utilização, durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candidatos majoritários, ou, ao fundo, de cartazes ou fotografias desses candidatos. A Lei n.º 12.891/2013 autorizou a menção ao nome e ao número de qualquer candidato do partido ou da coligação. - É facultada a inserção de depoimento de candidatos a eleições proporcionais no horário da propaganda das candidaturas majoritárias e vice-versa, registrados sob o mesmo partido ou coligação, desde que o depoimento consista exclusivamente em pedido de voto ao candidato que cedeu o tempo. - Fica vedada a utilização da propaganda de candidaturas proporcionais como propaganda de candidaturas majoritárias e vice-versa. - O partido político ou a coligação que não observar essas regras perderá, em seu horário de propaganda gratuita, tempo equivalente no horário reservado à propaganda da eleição disputada pelo candidato beneficiado. - Nos programas e inserções de rádio e televisão destinados à propaganda eleitoral gratuita de cada partido ou coligação só poderão aparecer, em gravações internas e externas, candidatos, caracteres com propostas, fotos, jingles, clipes com música ou vinhetas, inclusive de passagem, com indicação do número do candidato ou do partido, bem como seus apoiadores, inclusive os candidatos de que trata o § 1o do art. 53-A, que poderão dispor de até 25% (vinte e cinco por cento) do tempo de cada programa ou inserção, sendo vedadas montagens, trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais. - No segundo turno das eleições não será permitida, nesse tipo de programa, a participação de filiados a partidos que tenham formalizado o apoio a outros candidatos. O TSE entende que o presidenciável que concorre em coligação poderá liberar voz e imagem para programa eleitoral gratuito, em âmbito regional, para candidatos (governador, senador e deputados) concorrentes entre si e para candidato do partido ao qual o presidenciável é filiado. Mas deve se abster de interferir nos espaços das candidaturas proporcionais, senão para prestar apoio. Consulta 64.740/10. 7.8.5 Da propaganda no segundo turno – havendo segundo turno, a propaganda eleitoral gratuita será realizada a partir de 48 horas da proclamação dos resultados do primeiro turno e até a antevéspera da eleição, sendo dividida em dois períodos diários de 20 minutos para cada eleição, iniciando-se às 07 e às 12 horas, no rádio, e às 13 e às 20 horas e 30 minutos, na televisão (art. 49, Lei 9.504/97). - Em circunscrição onde houver segundo turno para Presidente e Governador, o horário reservado à propaganda deste iniciar-se-á imediatamente após o término do horário reservado ao primeiro. - O tempo de cada período diário será dividido igualitariamente entre os candidatos. - A Justiça Eleitoral efetuará sorteio para a escolha da ordem de veiculação da propaganda de cada partido ou coligação no primeiro dia do horário eleitoral gratuito; a cada dia que se seguir, a propaganda veiculada por último, na véspera, será a primeira,apresentando-se as demais na ordem do sorteio. 7.8.6 Da Distribuição do tempo entre os Partidos Políticos – os horários reservados à propaganda de cada eleição serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que tenham candidato, observados os seguintes critérios (art. 47, §§ 1º a 4º): I – 90% (noventa por cento) distribuídos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, considerado, no caso de coligação para eleições majoritárias, o resultado da soma do número de representantes dos seis maiores partidos que a integrem; e no caso de coligações para eleições proporcionais, o resultado da soma de todos os partidos que a integram; II – 10% (dez por cento) distribuídos igualitariamente. - A representação de cada partido na Câmara dos Deputados é a resultante da eleição, sendo desconsideradas as mudanças de filiação partidária (art. 47, §§ 3º e 7º, Lei 9.504/97). - O número de representantes de partido que tenha resultado de fusão ou a que se tenha incorporado outro corresponderá à soma dos representantes que os partidos de origem possuíam na data da eleição. Observação: Nas eleições presidenciais e gerais de 2006, a representação de cada partido na Câmara dos Deputados considerada para cálculo do tempo na propaganda gratuita foi a existente na data de início da legislatura que estiver em curso, conforme redação original da Lei 9.504/97 (art. 47, § 3º) . Este artigo foi alterado pela Lei 11.300/2006, que passou a considerar para efeito de cálculo do tempo de propaganda gratuita no rádio e televisão a representação de cada partido na Câmara dos Deputados resultante da eleição. Este dispositivo passou a ser aplicado a partir das eleições de 2008, não sendo observado na eleição de 2006 em face do princípio da anualidade (art. 16, CF). - Aos partidos e coligações que obtiverem direito a parcela do horário eleitoral inferior a trinta segundos, será assegurado o direito de acumulá-lo para uso em tempo equivalente (art. 47, § 6º, Lei 9.504/97). 7.8.7 Da propaganda mediante inserções na programação - Art. 51. No mesmo período da propaganda em bloco (1º e 2º turnos), as emissoras de rádio e de televisão e os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das Câmaras Municipais reservarão, ainda, 70 minutos diários para a propaganda eleitoral gratuita, a serem usados em inserções de trinta e sessenta segundos, a critério do respectivo partido ou coligação, assinadas obrigatoriamente pelo partido ou coligação, e distribuídas, ao longo da programação veiculada entre as cinco e as vinte e quatro horas. - O tempo será dividido em partes iguais para a utilização nas campanhas dos candidatos às eleições majoritárias e proporcionais, bem como de suas legendas partidárias ou das que componham a coligação, quando for o caso. - a distribuição das inserções levará em conta os blocos de audiência entre as 5 e as 11 horas, as 11 e as 18 horas, e as 18 e as 24 horas; - na eleição para PREFEITO e VEREADOR – será realizada propaganda eleitoral, no rádio e televisão, mediante inserções de trinta e sessenta segundos, totalizando 70 minutos diários, de segunda a domingo, distribuídas ao longo da programação entre as 05 e as 24 horas, na proporção de 60% (sessenta por cento) para Prefeito e 40% para Vereador; - Somente serão exibidas inserções de televisão nos municípios em que houver estação de serviços de radiodifusão de sons e imagens. - Na veiculação das inserções, é vedada a divulgação de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido ou coligação, aplicando-se-lhes, ainda, todas as demais regras aplicadas ao horário de propaganda eleitoral em bloco. A Lei n.º 12.891/2013 aboliu a vedação de gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais, que passaram a ser permitidas a partir das eleições de 2014, no entanto, a vedação retornou com o art. 54 da Lei n.º 13.165/15. - É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação, exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido político. 7.8.8. Da suspensão da programação normal da emissora - a requerimento de partido, coligação ou candidato, a Justiça Eleitoral poderá determinar a suspensão, por vinte e quatro horas, da programação normal de emissora que deixar de cumprir as disposições desta Lei sobre propaganda. - No período de suspensão a que se refere este artigo, a Justiça Eleitoral veiculará mensagem de orientação ao eleitor, intercalada, a cada 15 (quinze) minutos. 8. DO DIREITO DE RESPOSTA (art. 58, Lei 9.504/97) – é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social, inclusive pela internet. - o direito de resposta é medida voltada ao equilíbrio da competição eleitoral e à manutenção do alto nível da campanha em que pesem interesses antagônicos, não devendo ser usado como instrumento banal, a serviço de vaidades, melindres ou segundas intenções, devendo ser concedido com parcimônia e prudência, somente quando a honra, tendo como referência as qualidades éticas da pessoa, for atingida pela propaganda. - As críticas, buscando responsabilizar os governantes, pela má-condução das atividades de governo, são inerentes ao debate eleitoral e consubstanciam típico discurso de oposição, não ensejando direito de resposta. - Fatos controversos, cuja inveridicidade não se apresenta de plano, porquanto carregados de subjetividade, não caracterizam divulgação “sabidamente inverídica”, que o legislador visou penalizar. - é lícita a reprodução de matéria jornalística, no entanto, se a propaganda faz acréscimo na matéria jornalística que veicula e se tal acréscimo contém uma inverdade, ou é injuriosa, difamatória ou caluniosa, defere-se o pedido de resposta para restaurar a verdade ou repelir a injúria, difamação ou calúnia. - O deferimento de resposta decorrente de matéria jornalística de conteúdo ofensivo não afronta a liberdade de informação assegurada pelo art. 220 da Constituição Federal. (TSE, Ac. n.º 2.584/2000, Rel. Min. Fernando Neves) - Os pedidos de direito de resposta e as representações por propaganda eleitoral irregular em rádio, televisão e internet tramitarão preferencialmente em relação aos demais processos em curso na Justiça Eleitoral (art. 58-A, Lei 9.504/97). 8.1 Período e prazos do direito de resposta - a partir da escolha de candidatos em convenção, o ofendido, ou seu representante legal, poderá pedir o exercício do direito de resposta à Justiça Eleitoral nos seguintes prazos, contados a partir da veiculação da ofensa: a) 24 horas, quando se tratar do horário eleitoral gratuito; b) 48 horas, quando se tratar da programação normal das emissoras de rádio e televisão; c) 72 horas, quando se tratar de órgão da imprensa escrita. d) a qualquer tempo, quando se tratar de conteúdo que esteja sendo divulgado na internet ou, em 72 horas, após a sua retirada. - Compete à Justiça Eleitoral examinar apenas os pedidos de direito de resposta formulados por terceiro em relação ao que veiculado no horário eleitoral gratuito. Quando o terceiro se considerar atingido por ofensa realizada no curso de programação normal das emissoras de rádio e televisão ou veiculado por órgão da imprensa escrita, deverá observar os procedimentos previstos na Lei n.º 5.250/67 (Lei de Imprensa) (TSE, Res. n.º 20.675, de 29.6.2000, Rel. Min. Costa Porto) 8.2 Procedimento - recebido o pedido, a Justiça Eleitoral notificará imediatamente o ofensorpara que se defenda em 24 horas, devendo a decisão ser prolatada no prazo máximo de 72 horas da data da formulação do pedido. 8.3 Regras Específicas sobre o direito de resposta: 8.3.1 Em órgão da imprensa escrita: 1) o pedido deverá ser instruído com um exemplar da publicação e o texto para resposta; 2) deferido o pedido, a resposta será divulgada no mesmo veículo, espaço, local, página, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até 48 horas após a decisão ou, tratando-se de veículo com periodicidade de circulação maior que 48 horas, na primeira vez em que circular; 3) por solicitação do ofendido, a resposta poderá ser divulgada no mesmo dia da semana em que a ofensa foi divulgada, ainda que fora do prazo de 48 horas; 4) se a ofensa for produzida em dia e hora que inviabilizem sua reparação dentro dos prazos estabelecidos, a Justiça Eleitoral determinará a imediata divulgação da resposta; 5) o ofensor deverá comprovar nos autos o cumprimento da decisão, mediante dados sobre a regular distribuição dos exemplares, a quantidade impressa e o raio de abrangência na distribuição; 8.3.2 Em programação normal das emissoras de rádio e de televisão: 1) a Justiça Eleitoral, à vista do pedido, deverá notificar imediatamente o responsável pela emissora que realizou o programa para que entregue em 24 horas, sob as penas do artigo 347 do Código Eleitoral, cópia da fita da transmissão, que será devolvida após a decisão; 2) o responsável pela emissora, ao ser notificado pela Justiça Eleitoral ou informado pelo reclamante ou representante, por cópia protocolada do pedido de resposta, preservará a gravação até a decisão final do processo; 3) deferido o pedido, a resposta será dada em até 48 horas após a decisão, em tempo igual ao da ofensa, porém nunca inferior a um minuto; 8.3.3 No horário eleitoral gratuito: 1) o ofendido usará, para a resposta, tempo igual ao da ofensa, nunca inferior, porém, a um minuto; 2) a resposta será veiculada no horário destinado ao partido ou coligação responsável pela ofensa, devendo necessariamente dirigir-se aos fatos nela veiculados; 3) se o tempo reservado ao partido ou coligação responsável pela ofensa for inferior a um minuto, a resposta será levada ao ar tantas vezes quantas sejam necessárias para a sua complementação; 4) deferido o pedido para resposta, a emissora geradora e o partido ou coligação atingidos deverão ser notificados imediatamente da decisão, na qual deverão estar indicados quais os períodos, diurno ou noturno, para a veiculação da resposta, que deverá ter lugar no início do programa do partido ou coligação; 5) o meio magnético com a resposta deverá ser entregue à emissora geradora, até 36 horas após a ciência da decisão, para veiculação no programa subsequente do partido ou coligação em cujo horário se praticou a ofensa; 6) se o ofendido for candidato, partido ou coligação que tenha usado o tempo concedido sem responder aos fatos veiculados na ofensa, terá subtraído tempo idêntico do respectivo programa eleitoral; tratando-se de terceiros, ficarão sujeitos à suspensão de igual tempo em eventuais novos pedidos de resposta e à multa no valor de duas mil a cinco mil UFIR. 7) se a ofensa ocorrer em dia e hora que inviabilizem sua reparação dentro dos prazos mencionados, a resposta será divulgada nos horários que a Justiça Eleitoral determinar, ainda que nas 48 horas anteriores ao pleito, em termos e forma previamente aprovados, de modo a não ensejar tréplica. 8.3.4 Na internet (art. 58, § 3º, IV Lei 9.504/97): 1) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido; 2) a resposta ficará disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva; 3) os custos de veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original. o ofendido usará, para a resposta, tempo igual ao da ofensa, nunca inferior, porém, a um minuto; 8.4 Do recurso - da decisão sobre o exercício do direito de resposta cabe recurso às instâncias superiores, em 24 horas da data de sua publicação em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido oferecer contra- razões em igual prazo, a contar da sua notificação. - A Justiça Eleitoral deve proferir suas decisões no prazo máximo de 24 horas, observando-se as mesmas regras do direito de resposta para a restituição do tempo em caso de provimento de recurso, sob pena de sujeitar a autoridade judiciária às penas previstas no artigo 345 do Código Eleitoral. - O não-cumprimento integral ou em parte da decisão que conceder a resposta sujeitará o infrator ao pagamento de multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR, duplicada em caso de reiteração de conduta, sem prejuízo do disposto no artigo 347 do Código Eleitoral (desobediência eleitoral). 9. DA REPRESENTAÇÃO – as representações ou reclamações sobre propaganda não têm forma prefixada, são petições genéricas que pedem providência aos órgãos da Justiça Eleitoral sobre determinado assunto de sua competência. Devem conter os seguintes requisitos mínimos: a) a autoridade judiciária a que é destinada; b) a qualificação do requerente e requerido; c) a exposição clara dos fatos, dos indícios e das circunstâncias de tempo, local e modo de execução; d) as provas que pretende produzir; e) o pedido específico; f) o fundamento legal, além da data e assinatura. OBSERVAÇÕES FINAIS: - a Lei 9.504 exige que a representação relativa à propaganda irregular seja instruída com prova da autoria ou do prévio conhecimento do beneficiário, caso este não seja por ela responsável. A responsabilidade do candidato estará demonstrada se este, intimado da existência da propaganda irregular, não providenciar, no prazo de quarenta e oito horas, sua retirada ou regularização e, ainda, se as circunstâncias e as peculiaridades do caso específico revelarem a impossibilidade de o beneficiário não ter tido conhecimento da propaganda (art. 40-B, Lei 9.504/97). - a retirada da propaganda irregular, em obediência a decisão liminar, não elide a aplicação da multa (TSE, REsp – 16.093 – Rel . Min. Nelson Jobim). - É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos. - É vedada, no dia do pleito, até o término do horário de votação, a aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como os instrumentos de propaganda referidos no caput, de modo a caracterizar manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos. - No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato. - Aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só é permitido que, em seus crachás, constem o nome e a sigla do partido político ou coligação a que sirvam, vedada a padronização do vestuário. UNIDADE X – VOTAÇÃO 1. INTRODUÇÃO – Votação é a fase do processo eleitoral na qual os eleitores regularmente inscritos devem se dirigir aos locais designados pela Justiça Eleitoral a fim de exercer o direito constitucional de votar, ou seja, de manifestar a sua escolha em relação aos candidatos e partidos que deverão ocupar os cargos eletivos. Antes do início da votação, os órgãos da Justiça Eleitoral precisam adotar algumas medidas para viabilizar a recepção dos votos e a apuração. As principais medidas preparatórias são: o desenvolvimento dos sistemas informatizados pelo TSE ou sob sua encomenda, o treinamento dos funcionários queirão operacionalizá-los, a preparação das seções eleitorais, a formação das mesas receptoras, a designação das juntas eleitorais, a preparação das urnas eletrônicas, o material a ser utilizado, dentre outras. 2. MEDIDAS PRELIMINARES À VOTAÇÃO 2.1 Seção Eleitoral – é a menor fração de divisão de uma Zona Eleitoral. A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos, salvo em caso de agregação. Criação – as seções eleitorais são organizadas à medida que forem sendo deferidos os pedidos de inscrição, cabendo ao Juiz Eleitoral dividir a zona em seções eleitorais (art. 35, X, Cód. Eleitoral). Quantidade de eleitores por seção - Segundo o art. 117 do CE, cada seção terá no mínimo 50 eleitores e, no máximo, 300 eleitores no interior e 400 nas capitais. Atenção: Cada TRE poderá, excepcional e justificadamente, autorizar que sejam ultrapassados esses limites, desde que esta providência venha a facilitar o exercício do voto, aproximando o eleitor do local de votação. - O TRE pode determinar a agregação de seções eleitorais visando à racionalização dos trabalhos eleitorais, desde que não importe qualquer prejuízo à votação. 2.2 Mesas Receptoras de Votos – São as estruturas preparadas pela Justiça Eleitoral para receber os votos dos eleitores inscritos em uma determinada seção eleitoral. Precisa ser um local seguro o suficiente para garantir o sigilo do voto, garantir um razoável conforto aos mesários e que tenha um mínimo de espaço para o pleno exercício da fiscalização partidária. Atenção: Como de pode observar, mesa receptora e seção eleitoral não se confundem. A mesa receptora de votos funciona na seção eleitoral. Da urna eletrônica - deve ser localizada à vista dos mesários e dos fiscais dos partidos, mas preservando o sigilo do voto, ou seja, posicionada de forma que ninguém tenha possibilidade de ver o ato de votar do eleitor. Normalmente, as urnas são protegidas por um anteparo de papelão, plástico ou madeira confeccionado com esta finalidade. Dos fiscais dos partidos - têm amplo acesso ao local de votação, à mesa dos trabalhos, ao material utilizado e até ao interior da cabina, quando vazia. Cada partido ou coligação pode credenciar dois fiscais para cada mesa receptora, mas atuará um de cada vez. Permanência no recinto da mesa - Somente os fiscais, os mesários e o eleitor, pelo tempo necessário para votar, podem permanecer no recinto da mesa. Os candidatos e os delegados dos partidos podem fiscalizar os seus fiscais, mas sem qualquer interferência nos trabalhos eleitorais. O Juiz Eleitoral, os funcionários da Justiça Eleitoral devidamente autorizados e o representante do Ministério Público Eleitoral podem e devem inspecionar as mesas eleitorais, espontaneamente ou quando provocados. A força armada conservar-se-á a cem metros da seção eleitoral e não poderá aproximar-se do lugar da votação ou nele penetrar, sem ordem do presidente da mesa. (arts. 139 a 141, CE). 2.2.1. Composição da mesa receptora – cada mesa receptora será constituída de um presidente, um 1º e um 2º mesário, dois secretários e um suplente (art. 120, CE). Estes funcionários, denominados genericamente de mesários, exercem suas atividades somente no dia da eleição. - O TSE tem determinado nas Resoluções específicas sobre a votação que fica facultado aos tribunais regionais eleitorais a dispensa do segundo mesário e do suplente. 2.2.2 Da nomeação - é feita pelo Juiz Eleitoral sessenta dias antes da eleição, em audiência pública, anunciada pelo menos com cinco dias de antecedência (art. 120, CE). Atenção: O artigo 120, § 3º do Código Eleitoral estabelece que o Juiz Eleitoral mandará publicar no jornal oficial, onde houver, e, não havendo, em cartório, as nomeações que tiver feito, e intimará os mesários através dessa publicação, para constituírem as Mesas no dia e lugares designados, às 7 (sete) horas. No entanto, a resolução específica sobre a matéria expedida pelo TSE a cada eleição tem determinado que “o juiz eleitoral mandará publicar no cartório, no local de costume, as nomeações que tiver feito e intimará os mesários, por via postal ou por outro meio eficaz, para constituírem as mesas receptoras e de justificativas nos dias, horários e lugares designados”. Escolha dos mesários - Os mesários serão nomeados, de preferência, entre os eleitores da própria seção e, entre estes, os diplomados em escola superior, os professores e os serventuários da Justiça (art. 120, § 2º, CE). - A lei não estabelece qual o número mínimo de componentes necessários para o funcionamento da mesa eleitoral, mas deve haver pelo menos dois mesários para que não haja nulidade. O presidente ou membro da mesa que assumir a presidência poderá nomear ad hoc, dentre os eleitores presentes, os que forem necessários para completar a mesa, respeitados os casos de impedimento. Atenção: É nula a votação quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei (art. 220, I, Código Eleitoral). Da hierarquia na mesa - o presidente é a autoridade mais graduada da mesa, seguindo-se o 1º mesário, 2º mesário, 1º secretário, 2º secretário e o suplente, sendo possível a substituição automática de uns pelos outros, de modo que haja sempre quem responda pessoalmente pela ordem e regularidade do processo eleitoral (art. 123, CE). Presença do Presidente - O Presidente deve estar presente ao ato de abertura e de encerramento da eleição, salvo força maior, comunicando o impedimento aos mesários e Secretários, pelo menos 24 (vinte e quatro) horas antes da abertura dos trabalhos, ou imediatamente, se o impedimento se der dentro desse prazo ou no curso da eleição. Não comparecendo o Presidente até as sete horas e trinta minutos, assumirá a presidência o primeiro mesário e, na sua falta ou impedimento, o segundo mesário, um dos Secretários ou o suplente. 2.2.3. Impedimentos e recusa à nomeação – o serviço de mesário é obrigatório e gratuito, já que imprescindível para as eleições. O Código Eleitoral (art. 120, § 1º) e as Resoluções do TSE estabelecem que estão impedidos de serem nomeados mesários: a) os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o 2º grau, inclusive, e bem assim o cônjuge; b) os membros de diretórios de partido político, desde que exerçam função executiva; c) as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo; d) os que pertencerem ao serviço eleitoral; e) os eleitores menores de 18 anos. Impedimentos na mesma mesa receptora - é vedada a participação de parentes em qualquer grau e de servidores de mesma repartição pública ou empresa privada (art. 64, Lei 9.505), mas não se incluem nesta proibição os servidores de dependências diversas do mesmo ministério, secretaria de Estado, secretaria de município, autarquia ou fundação pública de qualquer ente federativo, nem de sociedade de economia mista ou empresa pública, nem os serventuários de cartórios judiciais e extrajudiciais diferentes. Atenção: as normas sobre parentesco encontram-se no Código Civil, artigos 1591 a 1595. São considerados parentes na linha reta os ascendentes e os descendentes e, na linha colateral ou transversal, os de até quarto grau. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e descendentes e aos irmãos do cônjuge ou do companheiro. Das recusas - os motivos justos que tiverem os mesários para recusar a nomeação, e que ficarão à livre apreciação do juiz eleitoral, somente poderão ser alegados até 5 dias a contar da nomeação, salvo se sobrevindos depois desse prazo. - Os nomeados que não declararem a existência dos impedimentos previstos em lei incorrerão na pena estabelecida no art. 310 do Código Eleitoral (Art. 310. Praticar ou permitir o membro da Mesa Receptora que seja praticada qualquer irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do artigo 311: Pena - detençãoaté 6 meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa). Treinamento dos mesários - o Juiz Eleitoral deverá realizar reuniões específicas para instruir os mesários, se possível com a participação do Ministério Público Eleitoral, esclarecendo os principais pontos a serem observados no dia da eleição. Das impugnações - qualquer partido político ou coligação poderá reclamar ao juiz eleitoral da nomeação, no prazo de cinco dias da publicação, devendo a decisão ser proferida em 48 horas (Lei nº 9.504/97, art. 63). Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral, interposto dentro de três dias, devendo, em igual prazo, ser resolvido (art. 121, § 1º, CE). Se o vício da constituição da Mesa decorrer de mesário que é candidato ou parente de candidato e o regis- tro da candidatura for posterior à nomeação do mesário, o prazo para reclamação será contado da publica- ção do nome dos nomes dos candidatos registrados. Se o vício resultar de qualquer um dos outros impedi- mentos e for superveniente à nomeação, o prazo para reclamação será contado da publicação do ato de no- meação ou eleição. (art. 121, § 2º, Código Eleitoral). Atenção: O partido político ou coligação que não reclamar contra a composição da mesa receptora de votos não poderá arguir, sob esse fundamento, a nulidade da seção respectiva (art. 11, § 3º, Res. 22.712- TSE). Rito das Impugnações RRe 2.2.4 Cancelamento de nomeação – a nomeação pode vir a ser cancelada em três hipóteses: a) reconsideração pelo próprio Juiz Eleitoral; b) alegação, pelo próprio mesário, de motivo justo; e c) impugnação por terceiro (art. 121, § 1º, CE). 2.2.5 Do não comparecimento - o membro da mesa receptora que não comparecer ao local, em dia e hora determinados, sem justa causa apresentada ao juiz eleitoral até 30 dias após, incorrerá em multa, cobrada mediante Guia de Recolhimento da União (GRU). Se o faltoso for servidor público ou autárquico, a pena será de suspensão de até 15 dias. Estas penas serão aplicadas em dobro se a mesa receptora deixar de funcionar por culpa dos faltosos, bem como ao membro que abandonar os trabalhos e não apresentar justa causa ao juiz, em até 3 dias após a ocorrência (Código Eleitoral, art. 124, §§ 3º e 4º). - o presidente da mesa ou quem o substituir deverá mandar constar na ata a ausência do mesário ou o abandono do serviço eleitoral, indicando o horário em que este ocorreu. A recusa ou abandono do serviço eleitoral configura o crime previsto no art. 344 do CE (Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa: Pena - detenção até 2 meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa). 2.2.6 Atribuições da mesa receptora – O Presidente da Mesa Receptora é a autoridade máxima na condução dos trabalhos, cabendo-lhe a polícia dos trabalhos eleitorais, sendo vedado a qualquer autoridade estranha à mesa intervir no seu funcionamento. 2.2.6.1 Compete ao presidente da mesa receptora, e, em sua falta, a quem o substituir, dentre outras, as seguintes atribuições: a) verificar as credenciais dos fiscais dos partidos políticos e coligações; Nomeação dos Mesários – até 60 dias antes da eleição pelo Juiz Eleitoral (art. 120, caput e § 3º, Código Eleitoral). Recusa – até 05 dias a contar da nomeação – alegação de motivo justo, salvo se superveniente (art. 120, § 4º, Código Eleitoral). Reclamação contra a nomeação – até 05 dias a contar da nomeação (art. 63, Lei 9.504). Decisão – em 02 dias (art. 121, Código Eleitoral). Recurso ao TRE - em 03 dias, devendo, em igual prazo, ser resolvido (art. 63, § 1º, Lei 9.504). b) adotar os procedimentos para emissão do relatório zerésima antes do início dos trabalhos; c) autorizar os eleitores a votar ou a justificar; d) anotar o código de autenticação emitido pela urna nos campos apropriados do formulário Requerimento de Justificativa Eleitoral; e) resolver imediatamente todas as dificuldades ou dúvidas que ocorrerem; f) manter a ordem, para o que disporá de força pública necessária; g) comunicar ao juiz eleitoral as ocorrências cujas soluções dele dependerem; h) receber as impugnações dos fiscais dos partidos políticos e coligações concernentes à identidade do eleitor; i) fiscalizar a distribuição das senhas; j) zelar pela preservação da embalagem da urna e da cabina de votação; k) zelar pela preservação da lista contendo os nomes e os números dos candidatos, afixada no recinto da seção, tomando imediatas providências para a colocação de nova lista, no caso de inutilização total ou parcial. - Compete ainda ao Presidente da mesa: a) encerrar a votação e emitir as cinco vias do boletim de urna e a via do boletim de justificativa; b) emitir, mediante solicitação, até cinco vias extras do boletim de urna para o representante do Ministério Público e representantes da imprensa; c) emitir o boletim de justificativa, acondicionando-o, juntamente com os requerimentos recebidos, em envelope próprio, caso a mesa haja funcionado apenas para este fim; d) assinar todas as vias do boletim de urna e o boletim de justificativa com o primeiro secretário e fiscais dos partidos políticos e coligações presentes; e) afixar uma cópia do boletim de urna em local visível da seção e entregar outra, assinada, ao representante do comitê interpartidário; f) romper o lacre do compartimento do disquete da urna e retirar o disquete de votação ou de justificativa (se tiver funcionado apenas para este fim), após o que colocará novo lacre; g) desligar a chave da urna e desconectá-la da tomada ou da bateria externa; h) acondicionar a urna em embalagem própria; i) anotar, após o encerramento da votação, o não-comparecimento do eleitor, fazendo constar no local destinado à assinatura ou impressão digital, no caderno de votação, a observação “não compareceu”; j) remeter à junta eleitoral, mediante recibo em duas vias, com a indicação da hora de entrega, o disquete gravado pela urna, acondicionado em embalagem específica lacrada, três vias do boletim de urna, o relatório zerésima, o boletim de justificativa, o caderno de votação, o envelope contendo a ata da mesa receptora de votos e o envelope contendo as vias recebidas de requerimentos de justificativa eleitoral, caso a seção tenha funcionado também para esse fim. 2.2.6.2 Compete aos mesários: a) identificar o eleitor e entregar o comprovante de votação ou de justificativa; b) conferir o preenchimento dos requerimentos de justificativa eleitoral e dar o recibo; e c) cumprir as demais obrigações que lhes forem atribuídas. 2.2.6.3 Compete aos secretários: a) distribuir aos eleitores, às 17 horas, as senhas de entrada, previamente rubricadas ou carimbadas, segundo a ordem numérica; b) lavrar a ata da mesa receptora, preenchendo o modelo aprovado pelo TSE, para o que irá anotando, durante os trabalhos, as ocorrências que se verificarem; e c) cumprir as demais obrigações que lhes forem atribuídas. MESÁRIOS PRAZOS Divulgação Audiência pública até 5 dias antes da nomeação Nomeação Até 60 dias antes da eleição (juiz eleitoral) Impugnação Até 5 dias após a designação Decisão do Juiz 48 horas Recurso ao TRE 03 dias Decisão do TRE 03 dias 2.3 Dos locais de votação - os locais onde serão instaladas as seções eleitorais com suas mesas receptoras serão designados pelos juizes eleitorais 60 dias antes da eleição, publicando-se a designação com a indicação da seção com sua numeração ordinal e a rua, número e qualquer outro elemento que facilite a localização pelo eleitor. 2.3.1 Locais preferenciais - Dar-se-á preferência aos edifícios públicos, recorrendo-se aos particulares se faltarem aqueles em número e condições adequadas. 2.3.2 Impedimentos - A propriedade particular será obrigatória e gratuitamente cedida para esse fim, sendo expressamente vedado uso de propriedade pertencente a candidato, membro do diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos cônjuges e parentes, consanguíneos ouafins, até o 2º grau. Da mesma forma, não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda, sítio ou qualquer propriedade rural privada, mesmo existindo no local prédio público, incorrendo o juiz nas penas do Art. 312, CE, em caso de infringência. 2.3.3 Das reclamações - da designação dos locais de votação, qualquer partido político ou coligação, ou o Ministério Público Eleitoral poderá reclamar ao juiz eleitoral dentro de 3 dias, a contar da publicação, sob pena de preclusão, devendo a decisão ser proferida em 48 horas. Esgotado esse prazo, não mais poderá ser alegada, no processo eleitoral, a proibição contida no item anterior (fazenda, sítio ou propriedade rural privada). 2.3.4 Do Recurso – Da decisão da reclamação caberá recurso para o tribunal regional eleitoral respectivo, interposto dentro de três dias, devendo ser resolvido no mesmo prazo (3 dias). 2.3.5 Seções Especiais - Os juízes eleitorais, sob a coordenação do TRE, poderão criar seções eleitorais especiais em penitenciárias, a fim de que os presos provisórios tenham assegurado o direito de voto. Neste caso, será permitida a presença de força policial e de agente penitenciário a menos de cem metros do local de votação e poderão ser nomeados mesários servidores da mesma repartição pública, não incidindo a vedação do § 4º do art. 10 da Resolução 22.712. 2.3.6 Portadores de Deficiências - Os tribunais regionais eleitorais deverão, a cada eleição, expedir instruções aos juízes eleitorais, para orientá-los na escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor deficiente físico (art. 135, § 6º-A, Código Eleitoral). Os portadores de necessidades especiais poderão comunicar ao juiz eleitoral da zona onde forem inscritos as suas necessidades e restrições, a fim de que possam votar em seções com instalações adequadas. 2.3.7 Povoados e Locais Especiais - Deverão ser instaladas seções nas vilas e povoados, assim como nos estabelecimentos de internação coletiva, inclusive para cegos, e nos leprosários, onde haja, pelo menos, 50 (cinquenta) eleitores. A Mesa Receptora designada para qualquer dos estabelecimentos de internação coletiva deverá funcionar em local indicado pelo respectivo diretor; o mesmo critério será adotado para os estabelecimentos especializados para proteção dos cegos. LUGARES DE VOTAÇÃO PRAZOS Designação Até 60 dias antes da eleição (juiz eleitoral) Impugnação Até 3 dias após a designação Decisão do Juiz 48 horas Recurso ao TRE 03 dias Decisão do TRE 03 dias 2.4 Material Utilizado – Os presidentes das mesas receptoras são convocados pelo Juiz Eleitoral para comparecerem ao Cartório Eleitoral 48 horas antes da eleição para receber o material que será utilizado na votação (urna lacrada, lista de candidatos registrados, cadernos de votação dos eleitores da seção, cabina de votação, formulário “ata da mesa receptora de votos” e “requerimentos de justificativa eleitoral”, etc). 3. SISTEMA ELETRÔNICO DE VOTAÇÃO E TOTALIZAÇÃO DOS VOTOS 3.1. Introdução – O sistema eletrônico de votação e totalização dos votos encontra-se previsto na Lei n.º 9.504/97, artigos 59 a 62, uma vez que o Código Eleitoral dispõe somente sobre o voto tradicional por cédulas. Votação eletrônica - é o registro dos votos em equipamentos eletroeletrônicos desenvolvidos pela Justiça Eleitoral brasileira para este fim específico. A votação eletrônica foi implantada no Brasil nas eleições municipais de 1996, nas capitais e municípios com mais de 200 mil eleitores (33% do eleitorado na época). Em 1998, foi expandida para as cidades com mais de 40 mil eleitores (60% do eleitorado) e a partir das eleições de 2000, todos os eleitores passaram a votar nas urnas eletrônicas. Urna eletrônica - equipamento de processamento de dados que, junto com o seu software (conjunto de programas), permite a coleta de votos em uma eleição, de forma ergonômica, rápida e segura. O presidente da Mesa terá, de uma forma descomplicada, controle total do andamento da eleição. 3.2. Sistema Eletrônico de Votação – A votação e a totalização dos votos serão feitas por sistema eletrônico, podendo o Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter excepcional, a votação por cédulas, aplicando, neste caso, as regras fixadas nos artigos 83 a 89 da Lei n.º 9.504/97 e do Código Eleitoral. 3.2.1 Votação na Urna Eletrônica - A votação eletrônica será feita no número do candidato ou da legenda partidária, devendo o nome e fotografia do candidato e o nome do partido ou a legenda partidária aparecer no painel da urna eletrônica, com a expressão designadora do cargo disputado no masculino ou feminino, conforme o caso. A eletrônica exibirá para o eleitor, primeiramente, os painéis referentes às eleições proporcionais e, em seguida, os referentes às eleições majoritárias, da seguinte forma: - Eleições gerais: I – deputado federal; II – deputado estadual ou distrital; III – senador; IV – governador de estado ou do Distrito Federal; V – presidente da República. - Eleições municipais: I – Vereador; II – Prefeito. Na votação para as eleições proporcionais, serão computados para a legenda partidária os votos em que não seja possível a identificação do candidato, desde que o número identificador do partido seja digitado de forma correta. Os dois primeiros números de identificação de qualquer candidato correspondem ao número de identificação do seu partido, conforme registro no TSE (exemplo: PP-11, PDT-12, PT-13, PTB-14, PMDB-15, DEM-25, PSB-40, PSDB-45, etc.) 3.2.2 Da Assinatura Digital - A urna eletrônica disporá de recursos que, mediante assinatura digital, permitam o registro digital de cada voto e a identificação da urna em que foi registrado, resguardando o anonimato do eleitor. Todas as informações carregadas e registradas na urna eletrônica são identificadas pela respectiva assinatura digital, garantindo a integridade e a inviolabilidade. A assinatura digital e o registro digital do voto foram regulamentados pela Resolução TSE n.º 23. 205/2010. É garantido o acesso antecipado aos programas que serão utilizados nas eleições, desenvolvidos pelo Tribunal Superior Eleitoral ou sob sua encomenda, aos fiscais dos partidos políticos, à OAB e ao Ministério Público para que possam ser fiscalizados e auditados. Caberá à Justiça Eleitoral definir a chave de segurança e a identificação da urna eletrônica mediante assinatura digital. Ao final da eleição, a urna eletrônica procederá à assinatura digital do arquivo de votos, com aplicação do registro de horário e do arquivo do boletim de urna, de maneira a impedir a substituição de votos e a alteração dos registros dos termos de início e término da votação. O TSE é responsável pelo desenvolvimento dos programas a serem utilizados nas eleições com as respectivas chaves e senhas de acesso, que serão mantidas em sigilo. A geração das chaves utilizadas pela Justiça Eleitoral é de responsabilidade do TSE, que, após a sua geração, serão entregues a um titular, que ficará com o exclusivo controle, uso e conhecimento. 3.2.3 Falha na Urna Eletrônica – A votação por cédulas somente deve ocorrer se houver falha na urna eletrônica, bem como a impossibilidade de sua substituição por outra. Procedimento – havendo falha na urna eletrônica, o presidente da mesa receptora de votos, à vista dos fiscais presentes, deverá desligar e religar a urna, digitando o código de reinício da votação. Persistindo a falha, o presidente da mesa solicitará a presença de equipe designada pelo juiz eleitoral, a qual tomará as providências técnicas visando o retorno à normalidade. Não solucionando o problema, a equipe técnica deverá substituir a urna defeituosa por uma de contingência, rompendo os lacres do disquete e do cartão de memória de votação e colocando-os na urna de contingência. Na hipótese da urna de contingência também não funcionar, a votação será feita por cédulas até seu encerramento. A substituição de urna defeituosa somente poderá ocorreraté as 17 horas do dia da votação. Após este horário, ocorrendo problema técnico que impeça a votação pelo sistema eletrônico, a votação será feita por cédulas. Ocorrendo defeito na urna eletrônica e restando apenas o voto do último eleitor da seção, deverá ser encerrada a votação, entregando ao eleitor o comprovante de votação e fazendo o registro do ocorrido na ata da votação. Não é possível a este eleitor utilizar o voto por cédula em virtude de se tratar de um único voto, o qual, ao ser apurado, teria o seu conteúdo revelado, violando o sigilo. 3.2.4 Registro do Voto - A urna eletrônica contabilizará cada voto, assegurando-lhe o sigilo e inviolabilidade, garantida aos partidos políticos, coligações e candidatos ampla fiscalização. No sistema eletrônico de votação considerar-se-á voto de legenda quando o eleitor assinalar o número do partido no momento de votar para determinado cargo e somente para este será computado. O Tribunal Superior Eleitoral colocará à disposição dos eleitores urnas eletrônicas destinadas a treinamento. 4. VOTAÇÃO – No dia, hora e local previamente marcados pela lei e pela Justiça Eleitoral, os eleitores regularmente inscritos devem exercer o direito constitucional de votar. O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos. 4.1. Dia e horário da votação – As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador dar-se-ão, em todo o País, no primeiro domingo de outubro do ano respectivo. Serão realizadas simultaneamente as eleições: I - para Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital; II - para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. (art. 14, CF; art. 82, CE; art. 1º, Lei 9.504/97). 4.2. Providências Preliminares – Para o pessoal da Justiça Eleitoral, inclusive mesários, os trabalhos se iniciam às 07 horas. Os mesários devem chegar ao local de votação com uma hora de antecedência ao horário de votação para que a mesa receptora seja devidamente instalada, conferindo-se todo o material recebido a fim de que os trabalhos decorram dentro da normalidade. 4.2.1 Do relatório zerésima - Após a montagem da seção eleitoral e conferência do material, estando tudo em ordem, o presidente da mesa receptora emitirá o relatório zerésima, que será assinado por ele, pelo primeiro secretário e pelos fiscais dos partidos políticos e coligações que o desejarem. Zerésima é um neologismo criado pelo corpo técnico do TSE para designar o relatório impresso pela urna eletrônica, no início do processo de votação, no qual cada candidato deve aparecer sem nenhum voto (zero voto, daí o termo zerésima). Este é um dos dispositivos de segurança da urna eletrônica, pois indica que não existem votos nos seus meios de armazenamento de dados. - a votação terminará às 17 horas do dia da eleição, podendo terminar mais tarde em casos excepcionais. 4.3 Início dos Trabalhos de Votação – o presidente da mesa receptora de votos, às 8 horas, declarará o início da votação. Ainda que a urna eletrônica esteja pronta para funcionar, os mesários não devem permitir nenhum voto antes das 8 horas, pois poderá acarretar nulidade por falta de fiscalização partidária. Os membros da mesa receptora de votos e os fiscais dos partidos políticos e coligações, munidos da respectiva credencial, deverão votar depois dos eleitores que já se encontravam presentes no momento da abertura dos trabalhos, ou no encerramento da votação (art. 143, § 1º, CE). 4.4 Das substituições - os mesários substituirão o presidente, de modo que haja sempre quem responda pessoalmente pela ordem e regularidade do processo eleitoral. O presidente deverá estar presente ao ato de abertura e de encerramento das atividades, salvo por motivo de força maior, comunicando o impedimento aos mesários e secretários pelo menos 24 horas antes da abertura dos trabalhos, ou imediatamente, se o impedimento se der dentro do horário previsto para a votação. Se o presidente não comparecer até 7h30, assumirá a presidência o primeiro mesário e, na sua falta ou impedimento, o segundo mesário, um dos secretários ou o suplente (art. 123, CE). 4.5 Da preferência para votar – têm prioridade para votar os candidatos, o Juiz Eleitoral da Zona, seus auxiliares e servidores da Justiça Eleitoral, os promotores eleitorais e os policiais militares em serviço e, ainda, os eleitores maiores de 60 anos, os enfermos, os portadores de necessidades especiais e as mulheres grávidas e lactantes (art. 143, § 2º, CE). 4.6 Do voto - só serão admitidos a votar os eleitores cujos nomes estiverem incluídos no respectivo caderno de votação e no cadastro de eleitores da seção, constante da urna, não se aplicando a ressalva do art. 148, § 1º, do CE (Lei 9.504/97, art. 62). 4.7 Documentos oficiais para Votação – Ao comparecer à seção eleitoral para votar, o eleitor deverá apresentar um documento de identificação com foto. São considerados documentos oficiais para comprovação da identidade do eleitor: carteira de identidade ou identidade funcional; certificado de reservista; carteira de trabalho, carteira nacional de habilitação. Não se admitirá o uso de certidão de nascimento ou casamento como prova de identidade do eleitor no momento da votação, cabendo ao juiz eleitoral apurar eventual descumprimento. O art. 91-A da Lei 9.504/97 estabelece que “no momento da votação, além da exibição do respectivo título, o eleitor deverá apresentar documento de identificação com fotografia”. Contudo, no julgamento da ADin 4.467, o STF decidiu que somente trará obstáculo ao exercício do direito de voto a ausência de documento oficial de identidade, com fotografia, ou seja, é possível votar sem a apresentação de um dos documentos: o título de eleitor. A Justiça Eleitoral emitirá segunda via do título até dez dias antes do pleito. 4.8 Da impossibilidade de votar - não poderá votar o eleitor cujos dados não figurem no cadastro de eleitores da seção, constante da urna, ainda que apresente título correspondente à seção e documento que comprove sua identidade, devendo, nessa hipótese, a mesa receptora de votos reter o título apresentado e orientar o eleitor a comparecer ao cartório eleitoral a fim de regularizar a sua situação. O eleitor cujo nome não figure no caderno de votação poderá votar, desde que os seus dados constem no cadastro de eleitores da urna (art. 62, Lei 9.504). 4.9 Da dúvida quanto à identidade do eleitor - existindo dúvida quanto à identidade do eleitor que esteja portando título, o presidente da mesa receptora de votos deverá exigir-lhe a apresentação de documento que comprove a sua identidade e, na falta deste, interrogá-lo sobre os dados constantes do título ou do caderno de votação; em seguida, deverá confrontar a assinatura do título com aquela feita pelo eleitor na sua presença e mencionar na ata a dúvida suscitada. 4.10 Da impugnação à identidade do eleitor - formulada pelos membros da mesa receptora de votos, fiscais ou qualquer eleitor, será apresentada verbalmente, antes de ele ser admitido a votar. Se persistir a dúvida ou for mantida a impugnação, o presidente da mesa receptora de votos solicitará a presença do juiz eleitoral para decisão. Observação importante: O Código Eleitoral previa o chamado voto em separado (arts. 145, 147 e 148), que era aquele recebido pela mesa receptora, em caráter excepcional, por alguma razão prevista na lei (pessoas autorizadas a votar fora de sua seção eleitoral, voto impugnado e voto de eleitor que não constava da listagem da seção). A cédula a ele correspondente era colocada dentro de um envelope fornecido pela Justiça Eleitoral, para apuração em separado, daí a sua denominação. Atualmente,após o advento do processamento eletrônico de dados nos serviços eleitorais, não há mais possibilidade do voto em separado. Contudo, o art. 233-A do Código Eleitoral, alterado pela Lei n.º 12.034/2009 estabeleceu que aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e na forma regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Até o momento, o TSE ainda não definiu como irá fazer para viabilizar esse voto em trânsito. 4.11 Procedimento de votação: 1) o eleitor, ao apresentar-se na seção e antes de adentrar no recinto da mesa receptora de votos, deverá postar-se em fila; 2) admitido a adentrar, o eleitor apresentará o seu título e um documento de identificação com fotografia à mesa, o qual poderá ser examinado pelos fiscais; 3) o componente da mesa localizará o nome do eleitor no caderno de votação e no cadastro de eleitores da urna e confrontará com o nome constante do título ou documento de identificação; 4) caso o título ou o documento de identificação, o caderno de votação e a identificação do eleitor no cadastro de eleitores da urna estejam em ordem, o presidente da mesa receptora convidá-lo-á a apor sua assinatura ou impressão digital no caderno de votação; 5) o presidente da mesa receptora, em seguida, autorizará o eleitor a votar; 6) na cabina indevassável, o eleitor indicará os números correspondentes aos seus candidatos; 7) concluída a votação, o eleitor dirigir-se-á à mesa receptora, que lhe restituirá o título ou o documento de identificação juntamente com o comprovante de votação; 8) a fim de garantir o sigilo do voto, o eleitor não poderá fazer uso de telefone celular no recinto da mesa receptora de votos sob nenhuma hipótese, bem como não poderá proceder à votação portando equipamento de radiocomunicação ou outro de qualquer espécie que venha a comprometer o sigilo. Atenção: Se o eleitor confirmar pelo menos um voto, deixando de concluir a votação para um ou mais cargos, o presidente da mesa alertá-lo-á para o fato, solicitando que retorne à cabina e a conclua; recusando-se o eleitor, deverá o presidente da mesa, utilizando-se de código próprio, liberar a urna eletrônica a fim de possibilitar o prosseguimento da votação, sendo considerados nulos os votos que ainda não houverem sido confirmados, e entregar ao eleitor o respectivo comprovante de votação. - Será permitido o uso de instrumentos que auxiliem o eleitor analfabeto a votar, não sendo a Justiça Eleitoral obrigada a fornecê-los. 4.12 Recusa de votar - Se o eleitor, após a identificação, se recusar a votar ou apresentar dificuldade na votação eletrônica, deverá o presidente da mesa receptora de votos suspender a liberação de votação do eleitor na urna, utilizando, para tanto, código próprio, reterá o comprovante de votação e consignará o fato, imediatamente, em ata, assegurando-se ao eleitor o exercício do direito do voto até o encerramento da votação. 4.13 Do eleitor portador de necessidades especiais - para votar, este poderá contar com o auxílio de pessoa de sua confiança, ainda que não o tenha requerido antecipadamente ao juiz eleitoral. O presidente de mesa receptora, verificando ser imprescindível este auxílio, autorizará o ingresso dessa segunda pessoa, junto com o eleitor, na cabina, podendo ela, inclusive, digitar os números na urna, contudo, tal pessoa não pode estar a serviço da Justiça Eleitoral, de partido político ou de coligação. 4.14 Do voto do primeiro eleitor - o primeiro eleitor a votar deverá aguardar, junto à mesa receptora, que o segundo eleitor conclua validamente o seu voto. Na hipótese de ocorrer falha que impeça a continuidade da votação eletrônica, antes que o segundo eleitor conclua seu voto, deverá o primeiro eleitor votar novamente, sendo o primeiro voto considerado insubsistente, vedada a utilização do arquivo magnético. Este procedimento tem por finalidade evitar a quebra do sigilo do voto, que ocorreria caso fosse admitido um único voto na urna eletrônica. 4.15 Incidentes na votação – qualquer incidente que ocorrer durante a votação deve ser consignado na ata, devendo o presidente determinar tal providência de ofício ou a requerimento dos representantes dos partidos, coligações, candidatos ou eleitores, a fim de resguardar direitos e proporcionar o amplo conhecimento dos fatos pelo Juiz Eleitoral e pelo representante do Ministério Público Eleitoral. Ao Presidente da Mesa Receptora e ao Juiz Eleitoral cabe a polícia dos trabalhos eleitorais. O Juiz Eleitoral o exerce em toda a zona eleitoral e o presidente da mesa no âmbito de sua seção eleitoral. O poder de polícia consiste no poder-dever da autoridade de adotar as medidas cabíveis, independentemente de provocação, quando considerar haver irregularidade que possa prejudicar os trabalhos de votação. - a seguir os incidentes mais comuns e as possíveis soluções: Incidente Possível solução não comparecimento de mesário. anotar em ata e, se necessário, nomear substituto dentre os eleitores que comparecerem para votar. falta de material na mesa. formular pedido de suplementação à Justiça Eleitoral. comparecimento de eleitor sem o título. se apresentar documento oficial com foto, comprovando sua identidade, deve ser autorizado a votar se seu nome constar no respectivo caderno de votação e no cadastro de eleitores da seção constante da urna. comparecimento de eleitor de outra zona, mas de seção com mesmo número. obter no Cartório Eleitoral a listagem de endereços das outras seções e das seções das outras zonas eleitorais para orientar os eleitores candidatos ou cabos eleitorais fazendo propaganda ilegal. inicialmente, advertência pelo presidente da mesa. Se persistir, deve solicitar providências ao Juiz Eleitoral ou ao MPE e, em último caso, pode efetuar a prisão em flagrante pelo crime de desobediência eleitoral. comportamento irregular de fiscal, delegado, candidato ou eleitor. inicialmente, advertência pelo presidente da mesa. Se persistir, deve solicitar o descredenciamento do fiscal ou delegado pelo Juiz Eleitoral. Em último caso, pode efetuar a prisão em flagrante pelo crime de desobediência eleitoral. inadequação do prédio não prevista na véspera ou no início dos trabalhos. se a inadequação não puder ser contornada, solicitar ao Juiz Eleitoral a mudança para outro prédio, adotando as providências para dar ciência aos eleitores. - a força policial, geralmente posicionada nas proximidades dos locais de votação, deve auxiliar o presidente da mesa, quando solicitado, não devendo sua ação ser condicionada a requerimento do Juiz Eleitoral ou do representante do Ministério Público Eleitoral. 4.16 Encerramento da votação - Às 17 horas, o presidente da mesa receptora de votos fará entregar as senhas a todos os eleitores presentes, começando pelo último da fila e, em seguida, os convidará a entregar seus títulos ou documentos de identificação, para que sejam admitidos a votar (art. 153, CE). A votação continuará na ordem decrescente das senhas distribuídas, sendo o título ou o documento de identificação devolvido ao eleitor logo que tenha votado. Declarado o encerramento da votação, o presidente da mesa ou quem o substituir deverá adotar as seguintes providências, dentre outras: a) encerrar a votação e emitir as cinco vias do boletim de urna e a via do boletim de justificativa, assinando-os com o primeiro secretário e fiscais dos partidos e coligações presentes; b) afixar uma cópia do boletim de urna em local visível da seção e entregar outra, assinada, ao representante do comitê interpartidário; c) romper o lacre do compartimento do disquete da urna e retirar o disquete de votação, após o que colocará novo lacre; d) desligara chave da urna e desconectá-la da tomada ou bateria externa; e) acondicionar a urna em embalagem própria; f) anotar, após o encerramento da votação, o não-comparecimento do eleitor, fazendo constar no local destinado à assinatura ou impressão digital, no caderno de votação, a observação “não compareceu”; g) remeter à junta eleitoral, mediante recibo em duas vias, com a indicação da hora de entrega, o disquete gravado pela urna, acondicionado em embalagem específica lacrada, três vias do boletim de urna, o relatório zerésima, o boletim de justificativa, o caderno de votação, o envelope contendo a ata da mesa receptora de votos e o envelope contendo as vias recebidas de requerimentos de justificativa eleitoral, caso a seção tenha funcionado também para esse fim. h) determinar o encerramento da ata. 4.17 Boletins de Urna (BU) – Após o encerramento da votação, o presidente da mesa receptora digitará a senha de encerramento no microterminal, procedendo à emissão dos boletins de urna, emitindo obrigatoriamente cinco vias, que terão a seguinte destinação: uma será afixada na seção eleitoral, uma será entregue, mediante recibo, ao representante do comitê interpartidário e três serão remetidas à Junta Eleitoral. Poderão ser impressos boletins de urna extras para ser entregues aos representantes dos Partidos Políticos, coligações, imprensa, Ministério Público e interessados, de acordo com a capacidade da impressora da urna eletrônica. Atenção: a não-expedição do boletim de urna imediatamente após o encerramento da votação, ressalvados os casos de defeito da urna, constitui o crime previsto no art. 313 do Código Eleitoral. - os fiscais dos partidos políticos e coligações poderão acompanhar a urna, bem como todo e qualquer material referente à votação, desde o início dos trabalhos até a sua entrega à junta eleitoral (art. 155, § 1º, CE). - Até 12 horas do dia seguinte à votação, o juiz eleitoral é obrigado, sob pena de responsabilidade e multa, na forma da lei, a comunicar ao TRE e aos representantes dos partidos políticos e coligações, o número de eleitores que votaram em cada uma das seções sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona eleitoral. Esta comunicação ao TRE será feita por meio de transmissão dos resultados apurados, pela rede de comunicação de dados da Justiça Eleitoral e os fiscais dos partidos políticos e coligações mediante o fornecimento de relatório emitido pelo sistema informatizado, sendo defeso ao juiz eleitoral recusar ou procrastinar a sua entrega ao requerente (art. 156, CE). 5. VOTO EM TRÂNSITO - O art. 233-A do Código Eleitoral, alterado pela Lei n.º 12.034/2009 e pela Lei n.º 13.165/2015 estabeleceu que aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e nas cidades com mais de cem mil eleitores, na forma regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral. 5.1Procedimento – O eleitor que desejar votar em trânsito deverá comparecer a qualquer cartório eleitoral do país para se habilitar no período de até quarenta e cinco dias da data marcada para a eleição, indicando o local onde estará presente no dia da eleição e pretende votar. Os eleitores que requereram habilitação para votar em trânsito, terão seus nomes retirados da seção eleitoral da zona onde são cadastrados, o qual passará a constar, exclusivamente, nas urnas das seções eleitorais especialmente preparadas para este fim. Na folha de votação da seção original do eleitor constará a informação de que este se habilitou para votar em trânsito. Não comparecendo para votar em trânsito na seção eleitoral preparada para este fim, o eleitor deverá justificar sua ausência perante qualquer mesa receptora de votos ou de justificativa, inclusive no seu domicílio eleitoral de origem, com exceção somente da capital do Estado indicada na habilitação. Se o eleitor habilitado a votar em trânsito comparecer a sua seção de origem para votar, não poderá fazê- lo, devendo justificar o voto. Aos eleitores que se encontrarem fora da unidade da Federação de seu domicílio eleitoral somente é assegurado o direito à habilitação para votar em trânsito nas eleições para Presidente da República. Os eleitores que se encontrarem em trânsito dentro da unidade da Federação de seu domicílio eleitoral poderão votar nas eleições para Presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital. Os membros das Forças Armadas, os integrantes dos órgãos de segurança pública a que se refere o art. 144 da Constituição Federal, bem como os integrantes das guardas municipais mencionados no § 8o do mesmo art. 144, poderão votar em trânsito se estiverem em serviço por ocasião das eleições. As chefias ou comandos dos órgãos a que estiverem subordinados os eleitores dessas categorias enviarão obrigatoriamente à Justiça Eleitoral, em até quarenta e cinco dias da data das eleições, a listagem dos que estarão em serviço no dia da eleição com indicação das seções eleitorais de origem e destino. Uma vez habilitados na forma do § 3o, serão cadastrados e votarão nas seções eleitorais indicadas nas listagens mencionadas no § 3o independentemente do número de eleitores do Município. 6. DA FISCALIZAÇÃO PERANTE AS MESAS RECEPTORAS - Cada partido político ou coligação poderá nomear dois delegados para cada município e dois fiscais para cada seção eleitoral, atuando um de cada vez (art. 131, CE e artigo 65, Lei n.º 9.504/97). - O partido político ou coligação que não estiver participando das eleições não poderá credenciar fiscais ou delegados. - O fiscal poderá acompanhar mais de uma seção eleitoral, no mesmo local de votação, mesmo sendo eleitor de outra zona eleitoral (art. 65, § 1º, Lei 9.504/97). - Quando o município abranger mais de uma zona eleitoral, cada partido político ou coligação poderá nomear dois delegados para cada uma delas. 6.1 Impedimentos - Os membros das mesas receptoras e os menores de 18 anos não podem ser indicados como fiscal ou delegado de partido político ou de coligação (art. 65, Lei 9.504/97). 6.2 Credenciamento - As credenciais dos fiscais e delegados serão expedidas, exclusivamente, pelos partidos políticos e coligações, sendo desnecessário o visto do juiz eleitoral. O Presidente do partido político ou o representante da coligação deverá indicar aos juízes eleitorais o nome das pessoas autorizadas a expedir essas credenciais. 6.3 Substituição - O fiscal de partido político ou de coligação poderá ser substituído por outro no curso dos trabalhos eleitorais (Código Eleitoral, art. 131, § 7º). - Os candidatos registrados, seus advogados, os delegados e os fiscais de partido político ou coligação serão admitidos pelas mesas receptoras a fiscalizar a votação, formular protestos e fazer impugnações, inclusive sobre a identidade do eleitor (art. 132, CE). 6.4 Identificação - No dia da votação, durante os trabalhos, os fiscais poderão exibir em suas vestes ou crachás, o nome e a sigla do partido político ou da coligação que representarem, vedada qualquer inscrição que caracterize pedido de voto. 6.5 Prerrogativas – Os delegados, os fiscais e os candidatos podem fiscalizar a votação, formular protestos e fazer impugnações, inclusive sobre a identidade do eleitor (art. 132, Código Eleitoral). 7. DA POLÍCIA DOS TRABALHOS ELEITORAIS – cabe ao Juiz Eleitoral e ao presidente da mesa receptora a polícia dos trabalhos eleitorais (art. 139, CE). - O presidente da mesa receptora, que é durante os trabalhos a autoridade superior, fará retirar do recinto ou do edifício quem não guardar a ordem e compostura devidas e estiver praticando qualquer ato atentatório à liberdade eleitoral (art. 140, § 1º, CE). - Salvo o juiz eleitoral e os técnicos por elefoi criado no Brasil. Caso algum território ve- nha a ser criado, não há previsão na CF de que este venha a ter TRE (art. 120, CF). VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer Tribunal Eleitoral, indi- cando a forma desse aumento; Atenção: A CF/88 estabeleceu o número fixo (e não mínimo) de sete membros para os TREs, de modo que este inciso não foi recepcionado pela nova Constituição Federal. VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei: Atenção: o artigo 77 da Constituição, com a redação da Emenda Constitucional 16/97, estabelece que a eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se hou- ver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas; Atenção: OTSE somente aprova; o TRE é que elabora a proposta de divisão e criação de novas zonas eleitorais, remetendo-a ao TSE para decisão. IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede; XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do art. 25; XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com ju- risdição federal ou órgão nacional de partido político; XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo; XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das deci- sões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência; XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria; XVII - publicar um boletim eleitoral; Atenção: atualmente o TSE edita a revista Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral em substitui- ção ao boletim eleitoral (Resolução TSE n.º 16.584/90). XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral. A Consulta é um tipo de processo em que o TSE e os TREs respondem a questionamentos formulados em tese por pessoas legitimadas sobre matéria eleitoral. (CE, art. 23, XII, e 30, VIII.), constituindo-se em mais uma peculiaridade da Justiça Eleitoral. 2.1.5 Deliberação – o TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria simples de seus membros (art. 19, CE). Contudo, as decisões do TSE que interpretem o Código Eleitoral em face da Constituição, que versem sobre cassação de registro de partidos políticos e recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum Juiz, será convocado o substituto ou o respectivo suplente. 2.1.6 Arguição de Suspeição – Qualquer interessado poderá arguir a suspeição ou impedimento dos seus membros, do Procurador-Geral ou de funcionários de sua Secretaria, nos casos previstos na lei processual civil ou penal e por motivo de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em regimento. (art. 20, Código Eleitoral). Arguição de suspeição é o processo instaurado para afastar de determinado caso um juiz, membro do Ministério Público ou serventuário da justiça que não ostente a imparcialidade necessária ao exercício da função, por ter interesse na causa. 2.2 Tribunais Regionais Eleitorais – haverá um na capital de cada Estado e no Distrito Federal. 2.2.1 Composição (art. 120, CF, derrogados arts. 25 e 26, CE), sete membros escolhidos: I – mediante eleição, pelo voto secreto: a) 2 Juízes, dentre os Desembargadores do Tribunal de Justiça; b) 2 Juízes, dentre os Juízes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; c) 1 Juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou do DF, ou não havendo, de um Juiz Federal, escolhido pelo Tribunal Regional federal respectivo; - Assim como no TSE, a eleição é feita no próprio tribunal que cederá o membro. II – por nomeação do Presidente da República: 2 Juízes dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. - Haverá um TRE na Capital de cada Estado e no Distrito Federal, com jurisdição no Estado respectivo ou no Distrito Federal. - Assim como no TSE, não há Juízes oriundos do Ministério Público nos Tribunais Regionais Eleitorais por falta de previsão legal. - Seus membros atuarão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. Atenção: O artigo 25, II, do Código Eleitoral estabelecia que o juiz federal seria escolhido pelo Tribunal Federal de Recursos, que foi extinto e substituído pelo Superior Tribunal de Justiça pela CF/88. O membro da Justiça Federal que irá compor o TRE será escolhido pelo respectivo Tribunal Regional Federal. No inciso III do mesmo artigo, o Código Eleitoral estabelece que os membros do TRE nomeados pelo Presidente da República serão escolhidos dentre cidadãos, no entanto, a CF/88 exige que estes sejam advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral. O artigo 13 do Código Eleitoral afirmava que o número de juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais não será reduzido, mas poderá ser elevado até nove mediante proposta do Tribunal Superior Eleitoral. Este artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal, que fixou o número de componentes dos Tribunais Regionais Eleitorais em sete, somente podendo ser alterado por Emenda à Constituição. 2.2.2 O TRE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Desembargadores do Tribunal de Justiça. O Corregedor Regional Eleitoral será escolhido na forma prevista no Regimento Interno de cada TRE, geralmente, o Vice-Presidente acumula as funções de Corregedor Eleitoral, como ocorre no Ceará (art. 2º, RITRE-CE), mas há exceções em outros Estados. - A Corregedoria Regional Eleitoral é o órgão do TRE incumbido de fiscalizar a regularidade dos serviços eleitorais no âmbito da respectiva circunscrição, de expedir orientações sobre procedimentos e rotinas aos cartórios eleitorais, e, ainda, velar pela fiel execução das leis e instruções e pela boa ordem e celeridade daqueles serviços. Atenção: O artigo 26 do Código Eleitoral estabelecia que o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional serão eleitos por este, dentre os 3 (três) desembargadores do Tribunal de Justiça e que o terceiro desembargador seria o Corregedor Regional da Justiça Eleitoral. A Lei 7.191/84 revogou este artigo, reduzindo o número de desembargadores para dois e incluindo o membro da Justiça Federal, alteração que foi mantida pela CF/88. A Constituição Federal não trouxe regra sobre a escolha do Corregedor Regional, deixando a forma de escolha a cargo do Regimento Interno de cada Tribunal Regional Eleitoral. 2.2.3 Impedimentos - Não podem fazer parte de TRE cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último (CE, art. 25, § 6º). - Não poderão servir como juízes nos tribunais regionais, desde a homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, o cônjuge, o parente consangüíneo ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo estadual ou federal, no estado respectivo (art. 1º, § 2º, Res. 20.958/TSE). - A nomeação para as vagas dos juristas não poderá recair em cidadão quedesignados, nenhuma autoridade estranha à mesa receptora poderá intervir em seu funcionamento, podendo o representante do Ministério Público Eleitoral ingressar no local de votação no exercício de suas atribuições. - A força armada conservar-se-á a cem metros da seção eleitoral e não poderá aproximar-se do lugar da votação ou nele penetrar, sem ordem do presidente da mesa receptora, salvo na hipótese de seção eleitoral instalada em estabelecimento penitenciário (art. 17, § 1º, Res. 22.154/2006). Urna de contingência - urna eletrônica que substitui, em caso de defeito irrecuperável, aquela que estava em funcionamento na seção eleitoral. UNIDADE XI – APURAÇÃO E DIPLOMAÇÃO 1. INTRODUÇÃO – Apuração é a fase do processo eleitoral na qual os votos depositados nas urnas convencionais ou digitado nas urnas eletrônicas serão conhecidos e computados, por junta eleitoral especialmente designada para este fim. É quando a vontade do eleitorado, que fora manifestada no momento da votação, quanto ao candidatos que deveriam ser eleitos, é conhecida, preservando-se o anonimato do eleitor. 2. DAS JUNTAS ELEITORAIS – Em cada zona eleitoral, haverá pelo menos uma junta eleitoral, composta por um juiz de direito, que será o presidente, e por 2 ou 4 membros titulares, de notória idoneidade, convocados e nomeados por edital até 60 dias antes da eleição (CE, art. 36, § 1º). - Se necessário, poderão ser organizadas tantas juntas eleitorais quanto permitir o número de juízes de direito que gozem das garantias do art. 95 da CF, mesmo que não sejam juízes eleitorais (CE, art. 37). - Ao presidente da junta eleitoral será facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender à boa marcha dos trabalhos, devendo comunicar, até 30 dias antes da eleição, ao presidente do TRE as nomeações que houver feito, além de divulgá-las por edital publicado ou afixado, podendo qualquer partido político ou coligação oferecer impugnação motivada no prazo de três dias. 2.1. Competência da Junta Eleitoral - Compete à junta eleitoral: a) apurar a votação realizada nas seções eleitorais sob sua jurisdição, no prazo determinado; b) resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da apuração; c) expedir os boletins de urna na impossibilidade de sua emissão normal nas seções eleitorais, com emprego dos sistemas de votação, de recuperação de dados ou de apuração; d) lacrar o compartimento do disquete da urna após a recuperação dos dados ou finalização do uso do sistema de apuração. 3. DO COMITÊ INTERPARTIDÁRIO - o comitê interpartidário de fiscalização será previamente constituído por um representante de cada partido político ou coligação, devendo informar ao presidente da junta eleitoral e ao presidente da comissão apuradora os nomes das pessoas autorizadas a receber cópia de boletins de urna e demais documentos da Justiça Eleitoral. Na hipótese de não ser constituído o comitê interpartidário de fiscalização ou de não estar presente o seu representante, os documentos a ele destinados serão encaminhados à junta eleitoral. Nas eleições gerais, a Junta Eleitoral encaminhará tais documentos à comissão apuradora. 4. DA APURAÇÃO DA VOTAÇÃO NA URNA ELETRÔNICA 4.1. Da contagem dos votos - Os votos serão registrados e contados eletronicamente nas seções eleitorais pelo sistema de votação da urna. À medida que os votos forem recebidos, serão registrados individualmente e assinados digitalmente, resguardado o anonimato do eleitor. - Na impossibilidade da votação ou de sua conclusão na urna eletrônica, de modo a exigir o uso de cédulas, estas serão apuradas pela junta eleitoral ou turma, com emprego do sistema de apuração convencional estabelecido na resolução específica sobre a matéria. 4.2. Dos boletins emitidos pela urna – o boletim de urna é o documento emitido pela urna eletrônica em cada seção após a conclusão da votação, contendo os seguintes dados (CE, art. 179): a) a data da eleição; b) a identificação do município, da zona eleitoral e da seção; c) a data e o horário de encerramento da votação; d) o código de identificação da urna; e) o número de eleitores aptos; f) o número de votantes, total e individualizado, por seção em caso de agregação; g) a votação individual de cada candidato; h) os votos para cada legenda partidária; i) os votos nulos; j) os votos em branco; k) a soma geral dos votos. - O boletim de urna faz prova do resultado apurado e suas vias deverão ser remetidas para a junta eleitoral com a seguinte destinação: a) uma via acompanhará sempre o disquete, para posterior arquivamento no cartório; b) uma via será entregue, mediante recibo, ao representante do comitê interpartidário; c) uma via será afixada na sede da junta eleitoral (CE, art. 179, § 3º). 4.3 Dos Procedimentos na Junta Eleitoral - as juntas eleitorais procederão da seguinte forma: I – receberão os disquetes oriundos das urnas e os documentos da votação, examinando sua idoneidade e regularidade, inclusive quanto ao funcionamento normal da seção; II – resolverão todas as impugnações constantes na ata da mesa receptora de votos e demais incidentes verificados durante os trabalhos de apuração; III – providenciarão a recuperação dos dados constantes da urna, no caso de: a) falta de integridade dos dados contidos no disquete, ou seu extravio; b) interrupção da votação, por defeito da urna; c) falha na impressão do boletim de urna; IV – transmitirão os dados de votação das seções apuradas ao TRE. - Em caso de perda total ou parcial dos votos de determinada seção, o fato deverá ser comunicado à junta eleitoral, que poderá decidir pela anulação da seção, se ocorrer perda total dos votos ou aproveitar os votos recuperados, no caso de perda parcial. Seja qual for a ocorrência, deverá ser considerado o comparecimento dos eleitores, de modo a não haver divergência entre esse número e o total de votos. - Detectado o extravio ou falha na geração do disquete ou na impressão do boletim de urna, o presidente da junta eleitoral determinará a recuperação dos dados mediante: 1) geração de no disquete a partir da urna utilizada na seção ou do seu cartão de memória; 2) digitação dos dados constantes do boletim de urna no sistema de votação; 3) solicitação ao presidente do TRE para que os dados sejam recuperados por equipe técnica, a partir dos cartões de memória da urna. - É facultado aos fiscais dos partidos políticos e coligações e ao Ministério Público Eleitoral o acompanhamento da execução dos trabalhos da junta eleitoral. - verificada a idoneidade dos documentos e do disquete recebido, a junta eleitoral responsável pela apuração dos votos determinará a transmissão dos dados do disquete ao TRE, depois de autorizado o seu processamento, devendo as vias impressas dos boletins de urna ficar arquivadas nos cartórios eleitorais. - concluídos os trabalhos de apuração das seções de transmissão dos dados pela junta eleitoral, esta providenciará, no prazo máximo de 24 horas, a transmissão dos arquivos Log das urnas, espelho de BU e registro digital do voto. - A decisão da junta eleitoral que determinar a anulação e apuração em separado, ou a não-apuração da respectiva seção, deverá ser registrada em opção do sistema de totalização, inclusive quando ocorrer após a remessa de resultados à comissão apuradora. 5. DA APURAÇÃO DA VOTAÇÃO POR MEIO DE CÉDULAS - a apuração das cédulas somente poderá ser iniciada a partir das 17 horas do dia da eleição, imediatamente após o seu recebimento pela junta eleitoral, e deverá estar concluída até 5 dias após a eleição (art. 111, Res. 22.712/2008). Os membros, os escrutinadores e os auxiliares das juntas eleitorais somente poderão, no curso dos trabalhos, portar e utilizar caneta esferográfica de cor vermelha. - em casoocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal (CE, art. 25, § 7º). Além disso, a lista para nomeação de jurista não poderá conter nome de Magistrado aposentado ou de membro do Ministério Público. 2.2.4 Competência dos TREs – CE, Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais: I - processar e julgar originariamente: a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas; b) os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado; c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos juizes e escrivães eleitorais; d) os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais; e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que res- pondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denega- dos ou concedidos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consu- mar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração; f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilida- de e à apuração da origem dos seus recursos; g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juizes eleitorais em trinta dias da sua con- clusão para julgamento, formulados por partido candidato Ministério Público ou parte legitimamente in- teressada sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. II - julgar os recursos interpostos: a) dos atos e das decisões proferidas pelos juizes e juntas eleitorais. b) das decisões dos juizes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segu- rança. § único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 276. Atenção: O artigo 121, § 4º estabelece que das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente ca- berá recurso quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III - versarem so- bre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V - denegarem habeas corpus, man- dado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: I - elaborar o seu regimento interno; II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional provendo-lhes os cargos na forma da lei, e pro- por ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Superior a criação ou supressão de cargos e a fi- xação dos respectivos vencimentos; III - conceder aos seus membros e aos juizes eleitorais licença e férias, assim como afastamento do exer- cício dos cargos efetivos submetendo, quanto aqueles, a decisão à aprovação do Tribunal Superior Elei- toral; IV - fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, deputados estaduais, prefeitos, vice- prefeitos , vereadores e juizes de paz, quando não determinada por disposição constitucional ou legal; Atenção: o artigo 28 da Constituição, com a redação da Emenda Constitucional 16/97, estabelece que a eleição do Governador e do Vice-Governador, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primei- ro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores. No caso de eleição de Prefeito e Vice-Prefeito de municípios com mais de duzentos mil eleitores, o artigo 29 da CF/88 proclama que deve ser seguida a mesma regra da eleição presidencial (eleição com possibilidade de dois turnos). Nos municípios com até duzentos mil eleitores, a eleição ocorrerá em turno único, no primeiro domingo de outubro. V - constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; VI - indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos deva ser fei- ta pela mesa receptora; VII - apurar com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das eleições de Governador e Vice-Governador de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplo- mas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos; VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade públi- ca ou partido político; IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim como a cria- ção de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior; X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania eleitoral durante o biê- nio; XII - requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões solicitar ao Tribunal Superior a re- quisição de força federal; XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente e, no interior, aos jui- zes eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem os escri- vães eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço; XIV - requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado ou Território, fun- cionários dos respectivos quadros administrativos, no caso de acúmulo ocasional de serviço de suas Se- cretarias; XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos juizes eleito- rais; XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior; XVII - determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva circunscri- ção; XVIII - organizar o fichário dos eleitores do Estado. XIX - suprimir os mapas parciais de apuração mandando utilizar apenas os boletins e os mapas totaliza- dores, desde que o menor número de candidatos às eleições proporcionais justifique a supressão, obser- vadas as seguintes normas: a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao Tribunal Regional que suprima a exigência dos ma- pas parciais de apuração; b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato ou partido poderá, no prazo de três dias, recorrer para o Tribunal Superior, que decidirá em cinco dias; c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses antes da data da eleição; d) os boletins e mapas de apuração serão impressos pelos Tribunais Regionais, depois de aprovados pelo Tribunal Superior; e) o Tribunal Regional ouvira os partidos na elaboração dos modelos dos boletins e mapas de apuração a fim de que estes atendam as peculiaridades locais, encaminhando os modelos que aprovar, acompanha- dos das sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do Tribunal Superior. 2.2.5 Deliberação – Os TREs deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros. No caso de impedimento e não existindo quorum será o membro do Tribunal substituído por outro da mesma categoria, designado na forma prevista na Constituição. - As decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que importem cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o suplente da mesma classe (art. 28, §§ 4º e 5º, Código Eleitoral, redação da Lei n.º 13.165/2015). 2.3 Juízes Eleitorais – Não existe um quadro de Juiz Eleitoral de carreira, sendo estes cargos exercidos, cumulativa e temporariamente, por Magistrados da Justiça Estadual, designadospelo TRE para presidir as Zonas Eleitorais (menor fração territorial com jurisdição dentro de uma circunscrição judiciária eleitoral). Os Estados da Federação são divididos em zonas eleitorais, cabendo a jurisdição de cada zona a um juiz eleitoral. A zona eleitoral pode ser composta por mais de um município, ou somente por parte dele, ou seja, não há correspondência obrigatória entre a divisão da Justiça comum (comarcas) e a da Justiça Eleitoral (zonas eleitorais). - havendo mais de uma vara na zona eleitoral, o TRE designará qual a incumbida do serviço eleitoral, passando a haver um rodízio, a cada dois anos, entre os juízes de direito da comarca sede da Zona Eleitoral (Res. TSE 21.009/2002 – art. 1º A Jurisdição em cada uma das zonas eleitorais em que houver mais de uma vara será exercida, pelo período de 2 anos, por Juiz de Direito da respectiva comarca, em efetivo exercício). - O art. 34 do Código Eleitoral dispõe que os Juízes despacharão todos os dias na sede da sua zona eleitoral. - O Juiz Eleitoral deve ser Juiz de Direito com todas as prerrogativas do artigo 95 da CF, não se exigindo que seja vitalício (art. 22, LOMAN). As funções eleitorais são exercidas cumulativamente com as funções da jurisdição comum. - Os Juízes afastados por motivo de licença, férias e licença especial, de suas funções na Justiça comum, ficarão automaticamente afastados da Justiça Eleitoral pelo tempo correspondente, exceto quando, com períodos de férias coletivas, coincidir a realização de eleição, apuração ou encerramento de alistamento (CE, art. 14, § 2º). Circunscrição eleitoral é o espaço geográfico onde se trava determinada eleição. Assim, o país, na eleição do presidente e vice-presidente da República; o estado, nas eleições para governador e vice- governador, deputados federais e estaduais, e senadores; o município, nas eleições de prefeito e vereadores. 2.3.1 Competência dos Juízes Eleitorais – CE, art. 35. Compete aos juizes: I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional; II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente a instância superior. IV - fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral; V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir; VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escri- vania eleitoral; VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores; IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; X - dividir a zona em seções eleitorais; XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa a mesa re- ceptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação; XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e comu- nicá-los ao Tribunal Regional; XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções; XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras; XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções; XVI - providenciar para a solução das ocorrências para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras; XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições; XVIII - fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais; XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal Regional e aos de - legados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona. 2.3.2 Garantias dos Juízes Eleitorais – As garantias comuns aos juízes de direito são a inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos e a independência institucional no julgamento das causas. Não há vitaliciedade, uma vez que exercem mandato. 2.4 Juntas Eleitorais – São órgãos colegiados de primeira instância da Justiça Eleitoral, gozando seus membros, no exercício de suas funções, de plenas garantias da magistratura de carreira, inclusive inamovibilidade (art. 121, § 1º, CF). 2.4.1 Composição (art. 36, CE) - um Juiz de Direito, que será o presidente, e dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, nomeados sessenta dias antes da eleição, depois de aprovação do TRE, pelo Presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede. Em geral, mas não obrigatoriamente, o juiz eleitoral da respectiva zona preside a Junta Eleitoral. - Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de Juízes de Direito que gozem das garantias do artigo 95, CF, mesmo que não sejam Juízes Eleitorais. - Até dez dias antes da nomeação, o nome das pessoas indicadas para compor as Juntas Eleitorais será divulgado por edital publicado ou afixado no Cartório Eleitoral, podendo qualquer partido político, coligação ou o Ministério Público Eleitoral, no prazo de três dias, impugnar as indicações. (art. 36, § 2º do Código Eleitoral). - Nas zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou quando estiver vago o cargo de Juiz Eleitoral ou estiver este impedido, o Presidente do Tribunal Regional, com a aprovação deste, designará Juízes de Direito da mesma ou de outras comarcas para presidirem as Juntas Eleitorais (art. 37, § único, Código Eleitoral). Atenção: A nomeação dos integrantes das Juntas Eleitorais é de competência do presidente do TRE, o tribunal somente aprova a indicação. 2.4.2 Competência das Juntas Eleitorais – CE, Art. 40. Compete à Junta Eleitoral; I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição. II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apu- ração; III - expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 179; IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais. - Ao Presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender à boa marcha dos trabalhos. 2.4.3 Impedimentos – não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares (CE, art. 36, § 3º): a) os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o cônjuge; b) os membros de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados; c) as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo; d) os que pertencerem ao serviço eleitoral. É vedada a participação de parentes em qualquer grau ou de servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na mesma Mesa, Turma ou Junta Eleitoral (art. 64, Lei 9.504/97). 2.4.4 Escrutinadores – Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender a boa marcha dos trabalhos. É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas a apurar. Na hipótese do desdobramento da Junta em Turmas, o respectivo Presidente nomeará um escrutinador para servir como Secretário em cada Turma. (art. 38, §§ 1º e 2º, Código Eleitoral). Até 30 (trinta) dias antes da eleição o Presidente da Junta comunicará ao Presidente do Tribunal Regional as nomeações que houver feito e divulgará a composição do órgão por edital publicadoou afixado, podendo qualquer partido oferecer impugnação motivada no prazo de 3 (três) dias. (art. 39, Código Eleitoral). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS - a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais é matéria reservada a lei complementar (art. 121, CF). Como ainda não foi editada lei complementar neste sentido, aplica-se o Código Eleitoral. 3.1 Cartório eleitoral – é a sede do juízo eleitoral, onde funciona, além da parte administrativa da zona eleitoral, a escrivania eleitoral que é a seção judicial. É no cartório que o cidadão tem seu primeiro contato com a Justiça Eleitoral, sendo ali que ele se apresenta, é qualificado e é inscrito eleitor. O cargo de escrivão eleitoral, mencionado pelo Código Eleitoral, foi extinto pela Lei n.º 10.842/2004, sendo suas atribuições atualmente exercidas pelo chefe do cartório eleitoral. Assim, não pode servir como chefe de cartório eleitoral, sob pena de demissão, o membro de diretório de partido político, nem o candidato a cargo eletivo, seu cônjuge e parente consanguíneo ou afim até o segundo grau. Além disso, os funcionários de qualquer órgão da Justiça Eleitoral não poderão pertencer a diretório de partido político ou exercer qualquer atividade partidária, sob pena de demissão (CE, art. 366). ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (11 Ministros) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL Tribunais Regionais Federais Tribunais de Justiça Tribunais Regionais do Trabalho Tribunais de Justiça Militares Tribunais Regionais Eleitorais Juízes e Juntas Eleitorais Auditorias Militares Juízes do Trabalho Juízes Federais Juízes de Direito UNIDADE III – MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL 1. INTRODUÇÃO – A Constituição de 1946 foi a primeira e única que previu expressamente a organização do Ministério Público junto á Justiça Eleitoral (art. 125 - A lei organizará o Ministério Público da União, junto a Justiça Comum, a Militar, a Eleitoral e a do Trabalho). As demais, inclusive a atual, deixaram a tarefa para a legislação infraconstitucional. Segundo a CF/1988 – art. 128 - O Ministério Público abrange: I - O Ministério Público da União, que compreende: a) O Ministério Público Federal; b) O Ministério Público do Trabalho; c) O Ministério Público Militar; d) O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - Os Ministérios Públicos dos Estados. ÓRGÃOS JURISDICIONAIS E RESPECTIVOS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLI- CO - O Ministério Público Eleitoral não possui quadro institucional próprio e distinto, como o Ministério Público do Trabalho ou o Militar, sendo formado por membros do Ministério Público Federal, do Ministério dos Estados e do Distrito Federal. 2. O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL – A Lei Complementar n.º 75/93 dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União e trata das Funções Eleitorais do Ministério Público Federal em seus arts. 72 a 80. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Procurador Geral da República) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Subprocuradores Gerais da República) TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (Procurador Geral Eleitoral) TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS (Procurador Regional Eleitoral) JUÍZES E JUNTAS ELEITORAIS (Promotores Eleitorais) TRIBUNAIS DE JUSTIÇA (Procuradores de Justiça) TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS (Procuradores Regionais da República) JUÍZES FEDERAIS (Procuradores da República) JUÍZES DE DIREITO (Promotores de Justiça) - o Ministério Público Eleitoral atuará em todas as fases e instâncias do Processo Eleitoral, sendo a divisão de suas atribuições realizada de acordo com dois princípios: da federalização e da delegação. 2.1 Princípio da Federalização (art. 72, LC 75/93) - em regra, compete ao Ministério Público Federal a atribuição de oficiar junto à Justiça Eleitoral, em todas as fases do processo eleitoral. 2.2 Princípio da Delegação (arts. 78 e 79 da LC 75/93) - As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral. - O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona, ou seja, a lei delega ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal a atribuição de oficiar perante a primeira instância da Justiça Eleitoral. 2.3 Organização do Ministério Público Eleitoral - O Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução, exerce cumulativamente a função de Procurador-Geral Eleitoral e atua perante o Tribunal Superior Eleitoral. Ele será substituído pelo Vice-Procurador-Geral Eleitoral designado por ele dentre os Sub-Procuradores-Gerais da República. Além disso, o Procurador-Geral poderá designar, por necessidade de serviço, membros do Ministério Público Federal para oficiarem, com sua aprovação, perante o Tribunal Superior Eleitoral. - Nos Tribunais Regionais Eleitorais dos Estados e do Distrito Federal oficiam os Procuradores- Regionais Eleitorais, designados pelo Procurador-Geral Eleitoral pelo prazo de dois anos, podendo ser reconduzido uma vez. - Na 1ª instância da Justiça Eleitoral (Juízes e Juntas Eleitorais), oficiam os Promotores Eleitorais, membros dos Ministérios Públicos dos Estados e do DF. 2.4 Designação dos Promotores Eleitorais – Havia divergência quanto à designação dos Promotores Eleitorais para atuação perante as zonas eleitorais. Emerson Garcia e Joel J. Cândido defendem que esta incumbência pertence aos respectivos Procuradores-Gerais de Justiça, que segundo o último, “devem fazê-lo independentemente de qualquer solicitação, tão logo criada a zona ou vago o provimento por qualquer motivo”. A fundamentação legal desse entendimento encontra-se no art. 10, IX, h, primeira parte, e no artigo 73, da Lei nº 8.625/93. Para Cândido, entender o contrário ofenderia a autonomia funcional e administrativa do Ministério Público dos Estados assegurada no art. 127, § 2º da CF. - o TSE entende que cabe ao Procurador-Regional Eleitoral a designação do Promotor Eleitoral, devendo o Procurador-Geral de Justiça apenas fazer a indicação, prevalecendo, portanto, as disposições da Lei Complementar 75/93 em detrimento da Lei n.º 8.625/93 (LONMP) – RE 19.657-MA e Res. 14.442. - A Resolução n.º 30 do Conselho Nacional do Ministério Público regulamentou o artigo 79 da LC 75/93, praticamente encerrando a discussão sobre a questão (Art. 1º Para os fins do art. 79 da Lei Complementar nº 75/93, a designação de membros do Ministério Público de primeiro grau para exercer função eleitoral perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, observará o seguinte: I – a designação será feita por ato do Procurador Regional Eleitoral, com base em indicação do Chefe do Ministério Público local; II – a indicação feita pelo Procurador-Geral de Justiça do Estado recairá sobre o membro lotado em localidade integrante de zona eleitoral que por último houver exercido a função eleitoral; III – nas indicações e designações subsequentes, obedecer-se-á, para efeito de titularidade ou substituição, à ordem decrescente de antiguidade na titularidade da função eleitoral, prevalecendo, em caso de empate, a antiguidade na zona eleitoral; IV – a designação será feita pelo prazo ininterrupto de dois anos, nele incluídos os períodos de férias, licenças e afastamentos, admitindo-se a recondução apenas quando houver um membro na circunscrição da zona eleitoral;) MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ÓRGÃO ATUA ORIGEM PREVISÃO LEGAL Procurador Geral Eleitoral TSE Ministério Público Federal (Procurador Geral da República) Art. 74, caput e § 1º, LC 75/93.Vice-Procurador Geral Eleitoral TSE Ministério Público Federal (designado pelo Procurador Geral Eleitoral entre os Subprocuradores Gerais da República) Art. 73, § único, LC 75/93 (substitui o PGE nos seus impedimentos e em caso de vacância até o provimento definitivo. Procurador Regional Eleitoral TRE Ministério Público Federal (designado juntamente com seu substituto pelo PGE entre os Procuradores Regionais da República no Estado e no DF, ou, onde não houver, entre os Procuradores da República vitalícios para um mandato de 2 anos). Art. 76, caput, LC 75/93. Promotores Eleitorais Juízes e Juntas Eleitorais Ministério Público Estadual ou do Distrito Federal (membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada zona eleitoral). Art. 78, caput , LC 75/93. 3. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL – o Ministério Público Eleitoral goza de ampla legitimidade para atuar em todas as fases e instâncias do processo eleitoral, como parte ou fiscal da lei, sendo imprescindível o seu concurso desde a formação do corpo eleitoral pelo alistamento, passando pelo disciplinamento dos partidos políticos, da eleição propriamente dita (captação e apuração dos votos e proclamação dos eleitos), da diplomação, com as ações e recursos que podem decorrer. - Previsão legal da atuação do Ministério Público Eleitoral: Código Eleitoral (Lei n.º 4.737/65); a lei das inelegibilidades (Lei Complementar n.º 64/90); a Lei dos Partidos Políticos (Lei n.º 9.096/95); a Lei do Ministério Público da União (Lei Complementar n.º 75/93); e a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei n.º 8.625/93), a chamada Lei Eleitoral (Lei n.º 9.504/97) e ainda o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal, aplicados subsidiariamente. - o art. 72 da LC 75/93 traz uma previsão genérica da legitimidade do Ministério Público Eleitoral. Os artigos 77 e 78 da LC 75/93 conferem ao Procurador Regional Eleitoral e ao Promotor Eleitoral as funções do Ministério Público nas causas de competência do TRE e dos Juízes e Juntas Eleitorais, respectivamente, com as devidas adaptações. - A legitimidade do MP provém da própria Constituição, autorizando-o a atuar em todas as fases e instâncias do processo eleitoral, onde houver interesse público, independentemente de previsão expressa em lei. (TSE – AI 1.334-SC) - Alguns autores dizem que o MPE tem assegurada a mesma legitimidade atribuída aos partidos políticos, coligações e candidatos, significando que todas as ações e recursos que puderem ser manejados pelos mesmos, também poderão ser utilizados pelo Ministério Público Eleitoral. - Na apuração de fatos que possam afetar a lisura do processo eleitoral, havendo desistência da parte autora, o MPE possui legitimidade para prosseguir na ação. (AI – 4.459/SP). 4. FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL - o artigo 24 do Código Eleitoral traz um rol exemplificativo das atribuições do Procurador-Geral Eleitoral, que são estendidas, observando-se a pertinência e as peculiaridades de cada instância, ao Procurador Regional Eleitoral (art. 77, LC n.º 75/93) e aos Promotores Eleitorais (art. 32, III, Lei n.º 8.625/93). - O Promotor Eleitoral, que atua perante a 1ª instância da Justiça Eleitoral, exerce suas funções tanto em ano eleitoral quanto em época sem eleição, podendo-se mencionar as seguintes: 4.1 Funções do Promotor Eleitoral em época sem eleição: 1) Acompanhar os pedidos de alistamento de eleitores, de transferência de títulos e cancelamento de inscrição; 2) Instaurar e acompanhar os processos de aplicação de multas eleitorais promovendo as respectivas execuções; 3) Acompanhar a fiscalização da Justiça Eleitoral de primeira instância na escrituração contábil e nas prestações de contas dos partidos e das campanhas eleitorais; 4) Pugnar pela correta observância e aplicação da lei eleitoral; 5) Instaurar e acompanhar as ações penais eleitorais; 6) Acompanhar a execução penal relativas aos processos criminais eleitorais, inclusive requerendo a suspensão dos direitos políticos daqueles condenados definitivamente; 7) Examinar na Justiça Eleitoral as prestações de contas mensais ou anuais dos partidos políticos, quando forem realizadas perante o Juiz Eleitoral; 4.2 Funções do Promotor Eleitoral em época de eleição: as indicadas no item anterior e mais: 4.2.1 Na fase preparatória do pleito: 1) Manifestar-se nos processos de pedidos de registro de candidaturas de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores; 2) Impugnar pedido de registro de candidatura, na forma do art. 3º e seguintes da Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64/90); 3) Fiscalizar o exercício do direito de propaganda dos partidos políticos, adotando as providências cabíveis em caso de irregularidade, inclusive ajuizando pedido de Investigação Judicial Eleitoral em caso de abuso do poder econômico ou abuso do exercício de função, cargo ou emprego na Administração Publica; 4) Acompanhar o processo de nomeação de mesários, escrutinadores e auxiliares, oficiando nos pedidos de dispensa e recusa dos serviços eleitorais e exercendo o direito de impugnação caso seja necessário; 5) Zelar pela boa execução dos demais atos preparatórios do pleito, relacionados às seções eleitorais, mesas receptoras e suas localizações. 4.2.2 Na fase da eleição: - No dia da eleição, o Promotor Eleitoral deve permanecer de plantão durante todo o dia na sede da zona eleitoral, fiscalizando toda a marcha do processo e adotando de imediato as medidas necessárias a corrigir eventuais irregularidades que possam prejudicar o bom andamento dos trabalhos, dentre as quais: 1) Manifestar-se, em sua esfera de atribuições, oralmente ou por escrito em todos os casos surgidos nesse dia, inclusive procedimentos criminais (representação de prisão preventiva, prisão em flagrante, pedido de liberdade provisória, etc); 2) Impugnar a atuação de mesário, fiscal ou delegado de partido, requerendo a sua destituição em caso de ilegalidade; 3) Fiscalizar a entrega das urnas, certificando-se de que todas as seções encerraram o recebimento de votos no horário legal; 4) Requerer designação de policiamento para guardar as urnas em local seguro, quando necessário; 5) fiscalizar a expedição do boletim de contagem eleitoral pelo Juiz Eleitoral (número de eleitores que votaram em cada seção eleitoral). 4.2.3 Na fase da apuração: 1) Fiscalizar a instalação da Junta Eleitoral e a regularidade do seu desmembramento em turmas; 2) Acompanhar pessoalmente o escrutínio ou a apuração eletrônica, assegurando também que se observe o direito de ampla fiscalização aos partidos políticos; 3) Impugnar fiscal ou delegado de partido que tenha sido credenciado irregularmente; 4) Receber, conferir e assinar boletins, mapas e atas eleitorais emitidos pela Junta Eleitoral; 5) Fiscalizar o processo eletrônico de totalização e transmissão dos dados relativos à apuração ao Tribunal Regional Eleitoral. 4.2.4 Na fase da diplomação: 1) Fiscalizar a expedição dos diplomas eleitorais, velando pela congruência entre os seus dados e os resultados da totalização definitiva do pleito; 2) Assistir à sessão de diplomação realizada pela Junta Eleitoral, com assento à direita do seu presidente; 3) ajuizar ação de impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, CF, abuso do poder econômico, corrupção ou fraude) ou interpor recurso contra diplomação (art. 262, CE); - Nas eleições municipais o Promotor Eleitoral atua em todas as fases do processo eleitoral, no entanto, nas eleições gerais (senador, deputado federal e deputado estadual) e nas eleições presidenciais sua atuação é limitada, conforme quadro abaixo: Atuação do Promotor Eleitoral no Processo Eleitoral Eleições Municipais Eleições Gerais Eleições Presidenciais Preparatória Atuação total Parcial/concorrente com o Proc. Regional Parcial/concorrente