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HARDY SCHILGEN. S. J. TU E ELE Versão portuguesa de D. PEDRO ROESER O. S. B. (ABADE DE OLINDA) EDITORA VOZES LTDA. PETRóPOLIS, EST. DO RIO https://alexandriacatolica.blogspot.com/ NIHIL OBSTAT. PETROPOLI, CA LENDIS AUGUSTIS ANNI MCMXL. FR. FREDERICUS VIER O. F. M., CENSOR. IMPRIMATUR. POR COMISSÃO ES PECIAL DO EXMO. E REVMO. SR. BISPO DE NITERôI, D. JOSE' PE REIRA ALVES. PETROPOLIS, 25 DE AGOSTO DE 1940. FR. HELIODORO MULLER O. F. M. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS https://alexandriacatolica.blogspot.com/ UMA PALAVRA DO TRADUTOR O livro do padre Hardy Schilgen "Tu e t>la" Ja conseguiu uma segunda edição em língua portuguesa. Este resultado muito ani ma o tradutor a fazer tambem a tradu ção do outro livro do mesmo autor: "Tu e ele". Fora deste motivo, me anima a este trabalho tambem e sobretudo a situação atual, que preocupa o espírito de todos, mes mo daqueles que não querem se preocupar com a era de cinismo, de imoralidade inter nacional, em que parece ter submergido grande parte da velha Europa. O moderno exegeta da Universidade de Salzburgo, dr. José Dillersberger, diz na sua explicação da Salve Rainha: "Podemos dizer que, em geral, a miséria do tempo atual vem do sexo mas culino. O que hoje apreciamos e ainda no futuro talvez muito mais apreciaremos, é o fracasso do estado construido pelo homem, da vida econômica dirigida pelo homem, da ciência cultivada pelo homem, o fracasso completo da cultura do homem. Os homens não serão mais os construtores do novo im pério; ele nos será dado pela bendita entre as mulheres" (Dillersberger, pg. 71). 5 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Se, no decurso dos séculos, o homem reco nheceu sua incapacidade para dirigir o mun do, a quem poderá Deus confiá-lo para o fu turo, senão à mulher? Esta opinião do pro fessor da Universidade de Salzburgo não é monopólio dele. O dr. Dillersberger tem ape nas o mérito da coragem de pronunciar o que pensam muitos contemporâneos, repre sentantes do sexo masculino. Entre eles en contramos uma figura mui conhecida e não suspeita, Bernard Shaw, que publicamente anuncia a perda da sua fé ateística: "A ciên cia, em que eu acreditava, faliu. Suas anedo tas eram sandices maiores que todos os mi lagres dos padres. O que ela difundiu, não foi luz, foi uma funesta pestilência. Seus conselhos, destinados a fundamentar o im pério milenar, foram resultar em linha reta no suicídio da Europa. Nela acreditei, como jamais fanático algum acreditou cm sua su perstição. Pois foi por causa dela c111c c11 aj u dei a demolir a fé dalguns milhiíl's de oran tes em templos de mil religiõ s. E agora, todo o mundo me fita, e todos param a olhar a tragédia de um ateu, que p rque ele. Por iss� toma a ino cência com que ela procura e deseja ser amada e acariciada, como sinal de que e la lambem desej� a satisfação do prazer sexual. Revelando-se na moça naturalmente a ten dência sexual, a saber, conforme o seu sexo, como inclinação da alma com este desejo de amar e ser amada, ela muitas vezes levia- 58 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br namente despreza as reclamações da sua r,on ciência, dos pais e da lgrej a, que não que rem deixá-la gozar esta inocente alegria, como julga. Uma vez que tenha gozado estes carinhos, ela não resiste mais ao namorado, e a desgraça está feita, como diremos mais abaixo. Se, porém, as delícias que Deus ligou à in clinação natural são procuradas independen temente do seu fim sublime, mas somente por causa delas cm si mesmas; se ela sem um fim sério segue a. sua inclinação de amar e ser amada, e -ele a sua natural propensão, sendo a entrega não mai:5 a expressão de um amor casto_ santificado por um sacramento, mas de uma paixão pecaminosa, então ela se transforma em mero meio de gozo para o homem; ela cai da altura da sua dignidade feminina, e dependerá desde esse momento de cirscunstâncias que não estão mais em suas mãos, até que chegue o dia em que se despenhe na profundidade do abismo em que se tinha lançado ao dar este passo errado. Ela; e geralmente só ela, paga as custas, e muitas vezes pelo mais alto pr�ço, isto é, a honra,. e muitas ezes com a vida. Mesmo no matrimônio há ameaças deste perigo. E' re voltante para a moça de nobres sentimentos verificar que o marido não compreende os seus desejos superiores, isto é, de·ser amada, nem as suas necessidades espirituais, vendo nela apenas um instrumento para satisfazer a sua inclinação. Que desgraça, que este ho- 59 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br mem não possa ser estimado e muito menos amado por ela! Esta é a sorte ameaçadma da mulher! No seu drama "Fausto", Goethe descreveu a sorte de inúmeras moças, na personag8m de Gretchen. No princípio Margarida é uma criatura inocente, "que nada tinha para con fessar". Fausto, que fez o seu conhecimento, e logo procurou a satisfação de seus desejos, foi animado daquele "bem querer da besta" e por isso não se conteve enquanto não a se duziu. Naturalmente fez tudo isto, sem que ela o percebesse ou suspeitasse de nada. Para isto despertou a sua inclinação, isto é, o desejo de amar e ser amada, e quando ela começar a amá-lo, já não pode recusar-lhe mais nada. "Envergonhada estou diante dele, e a tudo digo "sim". Preciso só olhar para ti, meu que rido. Não sei o que é que me obriga a fazer a tua vontade". E, mesmo assim, ela ainda não quer nada de mal. "Ah! se eu ·pt1desse prendê lo ! beijá-lo! Queria que me désses tantos bei jos até eu morrer!" E' a única coisa que de seja, provas do seu am9r, amá-lo e ser ama da I Ela nota sempre que alguma coisa nele não está em boa ordem, e por isso pergunta lhe se ele pratica a religião. Ele conta muita coisa, tranquiliza seus receios, e ela deixa-se enganar. Em seguida vem a desgraça, por que? Por que ela confiou! O narcótico que lhe deu, para que ela o désse à sua mãe af ini de que 60 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br não acordasse, é um veneno, que a mata. E naqu�la mesma noite ela caiu! Na catedral, durante a missa de requiem, ela, diante da imagem da Mater Dolorosa, na sua angústia chora, e pensa horrorizada e cheia de remor sos, de tal form·a impressionada, que perde os sentidos. . . No seu medo de vergonha, ela mata o filho que acabava de dar à luz. E' pro cessada e condenada à morte. Fausto quer sal vá-la e procura-a na prisão, mas ela não o re conhece, porque tinha enlouquecido! Ele não consegue convencê-la a que o acompanhe, e retira-se -impune! ele, o verdadeiro culpado! o sedutor da menina! E Margarida morre no cadafalso. Quando se sentiu na sua desgraça, ela exclama da maneira mais inocente: "Con tudo, meu Deus, tudo que a isto o impeliu, era tão bom, era tão doce!" Sim, justamente isto é que foi a sua des graça! Ela não adivinhou o que Fausto real mente procurava, e deixou-!le enganar pelas delícias nas suas relações para com ele, pois lhe pareciam tão boas e bem intencionadas, nunca as julgou ilícitas, e assim perdeu-se miseravelmente. A desgraça de Gretchen não é um caso singular! Ele repete-se continua mente, porque as moças não querem desistir de carinhos que lhes parecem inocentes. Por isso quero avisar-te, chamando com toda a energia tua atenção para a índole do jovem, que é totalmente divers� da tua, para que esta ignorância não se torne perigosa para ti. Antigamente as moças viviam mais 61 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tempo retiradas, e por isso mais tempo pro tegidas, dado o que, não havia perigo em dei xá-las numa tranquila ignorância. Hoje, po rém, que se desenvolvem em maior liberda de, e já muito cedo se querem ver indepen dentes, por isso é mais prudente que se lhes dê o necessário conhecimento, para que se tor nem firmes e enérgicas, e possam se defender dos perigos que as ameaçam. Pode ser de maior alcance para ti, que conheças bem a fundo o característico da natureza do jovem, afim de que sirva de norma em todas as tuas relações com ele e particularmente na esco lha do futuro companheiro de tua vida! Esta reflexão tem por fim despertar e con solidar em tua alma a resolução: a) de resistir a todas as tentações e anima ções da ttia tendência sexual, ainda que te pareçam muito boas; b) de nunca humilhar-te de tal forma que te tornasses a escrava do prazer do homem; c) de desistir de um namoro prematuro, e somente quando o jovem, movido por um amor sincero e nobre, te tiver escolhido como companheira de sua vida, tu lhe darás teu coração com a firme resolução de nunca lhe pertencer inteiramente, até que nosso ·bom Deus tenha abençoado a união dos vossos co rações. Por isso fica alerta, e toma sempre a peito o a viso muito sério, que Mefistófeles "o demônio em figura de homem" - dá 62 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br às moças, no qual se revela um profundo conhecimento da vida: Tenha cuidado! Pois uma vez feito, Então, boa noite! Vós, pobres criaturas! POUCO A POUCO SE CAII É permissão de Deus que a inclinação se re vele e_m uma idade em que a menina ainda não pode pensar em matrimônio. Desde ten ra idade deve-se aprender a dominá-la, para que mais tarde já esteja debaixo do nosso poder. Sendo a princípio esse movimento ainda muito fraco, é facil resistir-lhe; pouco a pouco, porém, torna-se mais forte e pode vir a ser bem desagradavel. E' de suma importância que a menina no seu desenvolvimento físico tome logo a ati tude correta em vista destas manµestações. Ela deve saber que o desenvolvimento na pu berdade é mn processo natural do qual não deve se admirar nem espantar. Pois a ten dência natural em si nada tem de pecamino so, nem é coisa má, mas foi Deus mesmo que a colocou na natureza humana. A moça deve ter sempre diante dos olhos a importância da mis são daquela mclinação, e sabendo que não pode satisfazer esta inclinação, enquanto não puder conseguir o fim por Deus determinado, deve estar resolvida a não lhe corresponder. 63 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Nestas tentações ela não pode se deixar guiar por inclinações cegas, mas pela razão esclare cida pela fé. A alma deve dominar e adaptar com, firme za a tendência sexual à sua futura função, para que mais tarde ela não destrua, mas pro mova e gloriosamente desenvolva sua vocação, de forma que esta tendência não a desvie da plenitude de sua vida, e deste modo a faça desgraçada. Quero, pois, tranquilamente descrever como esta inclinação se manifesta, pouco a pouco, na menina ainda educanda, e de como procura arrastá-la de degrau em degrau para o abismo, mas lambem como pode de degrau em degrau elevar-te à verdadeira dignidade da mulher. Se descrevo asconsequências naturais que o pecado pode ter, quero desde já chamar tua atenção para este fato, que estes motivos sózinhos não são bastante fortes para te afastar do pecado. O único motivo, que resiste em todas as tempestades da paixão, é a compreensão da proibição divina, oriunda de uma fé viva_! Ele, teu Senhor e Deus, te admoesta: "nun ca deves ceder ilicitamente a esta inclina ção". "Não tens o direito de formar tua vida, seguindo unicamente tua vontade " Ele é teu Senhor! Ele tem o Qireito de mandar e tu o dever de obedecer! Ele te proibiu severa mente estes gozos só por eles mesmos. Tu não estás nesta terra para gozar sem limites a vida, e te permitir todas as alegrias possí- 64 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br veis! Tu foste criada somente para glori ficar a Deus, reconhecê-lo como teu Senhor e Deus e sujeitar-te à vontade dele. Só assim tomarás parte nas imensas alegrias de sua in finita glória por toda a eternidade. Uma das maneiras principais com que de ves reconhecê-lo como teu Deus e Senhor con siste em que não abuses das suas ordens na missão que te foi confiada, de propagar o gênero humano. Só enquanto te lembrares nas tuas tentações da severa palavra: "Eu sou o Senhor teu Deus!", não te animarás a ir de encontro à sua vontade, e ao contrário terás a força de desistir generosamente dos praze res ilícitos. A força para conseguires sem pre estas vitórias só encontrarás nas tuas orações e na comunhão frequente. Mas para poder vencer energicamente uma tentação é necessário saber que alguma coi sa é realmente proibida e ilícita. Em muitos casos a mocidade simples e inexperiente pen sa que certas coisas não podem ser tão ruins, e por isso não devem ser proibidas; ela não vê naôa de perigoso em certas manifestações que de si já são muito tendenciosas. Por isso é preciso abrir-lhes os olhos e mostrar as consequências que tem uma leviandade e fal ta de reflexão, afim de que compreendam que o manescreve sobre este desejo de ser admirada: "Mulheres há, tão vaidosas, que exploram a natural ame nidade e beleza do seu sexo e da sua pessoa não só para conquistar os homens e agradar lhes, mas ainda para brilhar entre as suas iguais, para vencer as outras pela beleza ou pelos atavios. E' inacreditavel quanta arte e esforço dispendem estas vaidosas em tais oca siões I Todo o pensar e desejar tende para os vestidos, os brilhantes e a refinada arte da toi lette, para completar os seus encantos. A ma neira ridícula e mesquinha, corno isto se faz, é muitas vezes significativa para a fraqueza feminina. Tudo isso são revelações da ten dência sexual e da paixão de agradar ao ou tro sexo". Já compreendestes claramente quais são as consequências para uma moça que se deixa enganar pela reclame e pelo exemplo destas celebridades da beleza? Quanto mais importância e cuidado se atri bue às coisas exteriores, tanto menos tempo e interesse resta para as coisas interiores. Pessoas há que têm um lindo semblante, mas cujo coração não raro é duro e frio. Querendo cativar unicamente pe]a beleza exterior, não se esforçam em se recomendar pela nobreza das qualidades da alma. São em geral as bo- 70 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br nitas, que justamente negligenciam mais fa cilmente a formação do coração, porque, mesmo sem ela, já agradam tanto, que a jul gam desnecessária. Este desejo- exagerado de ser admirada e adulada torna-a escrava da apreciação dos outros, pois aixão de ser admirada se apode ra de uma moça, �la não se contenta mais de alcançar o seu fim somente pela toilette. Neste ponto o coração feminino é realmente inson davel ! São incri veis os meios de que lançam mão moças e senhoras para chamar a aten ção, despertar pena nos outros, fazer falar de si, tornar-se o centro de todas as considera ções e cortesias, vencendo assim as concorren tes! A ambição, o ciume, os j uizos temerá rios são cultivados carinhosamente como num viveiro. Esta disposição da alma conduz pouco a pouco ao histerismo doentio com todas as suas consequências. Não se pode contar com tais criatura&, pois tornam-se uma verdadeira praga para o próximo! Que diremos ainda sobre os perig08 da alma? Esta tendência de procurar cativá-los unicamente pela beleza exterior raras vezes fica sem efeito. Mas levanta-se aquí a ques tão: que homens são estes, que se deixam 72 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br levar unicamente pelo exterior dela, ao se lhe aproximar? E com que intenção? Da in clinação de cativá-lo desenvolve-se necessa riamente o desejo de prendê-lo e de não per dê-lo mais ... Esta paixão pode levá-la a de sejar agradar-lhe tambem de outro modo. Não tendo já considerações mais sublimes, su cumbirá à sua paixão. O homem, que casa 'com uma moça, unicamente fascinado por sua beleza exterior, é porque um merece o outro. Este matrimônio nunca será uma fon te de felicidade. Um mútuo complemento torna-se impossivel, porque nenhuma parte tem valor interior que possa dar à outra. A verdadeira felicidade matrimonial está ba seada sobre o amor sincero, que nunca mor re, mas jamais sobre uma efêmera beleza que passa tão depressa. Por último, façamos ainda uma pergunta: pode este desejo de cultivar a beleza exterior dar-te de fato esta satisfação interior, esta fe licidade que só encontramos na boa conciên cia e na paz da alma? Ainda que tu, minha filha, conseguisses tão inauditos sucessos, ela seria bem precária. A beleza da marquesa de Maintenon cha mou a atenção do rei Luiz XIV, que se casou com ela secretamente, depois da morte da rainha. Mais tarde, numa carta a uma ami ga, ela confessou: "Não vês que morro de 1 risteza no meio de gozos que excedem tudo que se possa sonhar, e que somente a mi sericórdia divina evita que eu sucumba sob 73 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br este jugo de ouro? Fui jovem e fui bela; to.:. dos me queriam bem. Mantive, mais tarde, relações com pessoas ilustres. Consegui a maior graça possivel. Mas juro-te, minha fi lha, que todas estas coisas deixaram em mim um vácuo horroroso, uma inquietação, e um cansaço e verdadeiras saudades de uma si tuação mais pura, porque em tudo isso j a mais encontrei completa satisfação". Já compreendemos que o coração feminino só encontra o calor da felicidade e uma con soladora satisfação na sua missão da mater nidade, mas nunca em desvios preparados pelo desejo de ser admirada! Deves agora decidir a atitude que vais to mar em vista desta inclinação. Tudo que se encontra no fundo da tua natureza, lá foi posto pelo próprio Criador; por conseguinte não pode ser ruim. Deves fazer com que esta tendência obedeça à tua alma criada, que deve ajudar-te a cumprir com tua missão, pois não te podes transformar em sua es crava! Podes e deves vestir-te com gosto, cuidar de tua toilette e de um exterior agradavel. Considera tudo isso como coisa natur�l, o que, corresponde inteiramente à vontade de Deus. O próximo tem o direito de. se alegrar no teu porte, no modo com que te apresen tas, como pode nos alegrar a vista uma linda flor! Quando chegar a ocasião azada de s� cogitar da vocação matrimonial, tens o direi to de procurar cativar a simpatia de um ho- 74 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br mem. Esta inclinação só seria perigosa e er rada, se te contentasses com isso, sem um desejo mais sublime. Por conseguinte não procures fazer-te rdeveres, sem ligar aos teus caprichos nem às tuas impres sões, fazendo consistir tua alegria em fazer a felicidade dos outros. Com este intento pro cura ser benquista de todos, que teu exterior simpático seja o reflexo de tua bela e nobre alma. Assim, e só assim agradarás lambem a Deus, e esta tendência de agradar será sem perigo, e até muito recomendavel. Sê orgu lhosa na convicção de que Deus no céu e os 75 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br homens bons e virtuosos terão alegria e pra zer ao ver que és uma jovem cheia de senti mentos nobres. Teu principío supremo deve ser: nunca fazer coisa alguma que possa des agradar a Deus ou aos teus pais, assim como às almas boas! DESEJOS INDEFINIDOS .ENTUSIASMOS ... Revelam-se na vida das jovens na idade da puberdade, principalmente entre as que durante o dia não estão bastante ocupadas, entusiasmos e aspirações indefinidas. Esta maneira de viver mergulhada em fantasias e imaginações pode se manifestar tamhem em uma época posterior, e mesmo numa ida de mais avançada, quando as manifestações da puberdade já devem ter desaparecido. E' necessário conhecer bem nitidamente a causa e a importância destas manifestações na vida de certas jovens, para que estas não sejam impelidas à prática de tolices, mas sir va para a formação do seu carater. A moça é menina até à idade de 13 anos mais ou menos. Daí em diante começam os anos da puberdade; ela torna-se moça quan to ao corpo e alma. O crescimento físico acompanha o desen volvimento da tendência sexual. Unia me nina normal, (ainda não seduzida), não pode pensar nem sentir duma maneira sexual. Com o começo da puberdade isto muda. 76 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Como o homem, durante estes anos de desen volvimento, amadurece devagar, e portanto durante este tempo ainda é imperfeito, o mesmo acontece com a tendência natural. Esta época traz consigo uma extraordinária irritação e bruscas mudanças de humor. Em geral ela se move entre os extremos dos con trastes, porque ainda faltam maturidade, a tranquilidade e a igualdade de temperamen to. Nem era de se esperar outros resultados nesta época. Não se pode exigir frutos sazo nados na primavera. Mas seria perigoso correr atrás de todas as aspirações e ceder a todas as impressões sem a menor resistência. Nesta época a alma tam hem deve manter o seu domínio. E' preciso combater a leviandade, a falta de reflexão e a superficialidade. Antes de tudo, falta nes ta idade a experiência da vida, que só se con segue pouco a pouco, para que se possa com penetrar da responsabilidade e da trágica consequência de certo atos, que à primeira vista parecem sem perigo, esta experiência que se abstém de certas asneiras da mocida de, que podem desgraçar à felicidade da vida toda. Conforme o característico da menina que está crescendo, desenvolve-se antes de tudo a tendência da alma, isto é, o desejo de amar e ser amada. Não se manifesta, naturalmen te, logo no princípio, como encontramos na moça ou na mulher já feita, mas é ainda in certa e vaga. Aparecem certas sensações e 77 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br um desejo indefinido traspassa todo o seu ser, sem que possa compreendê-lo. Ao mes mo tempo se revela o desejo de se achegar· a uma pessoa, afim de encontrar apoio e o complemento do seu próprio ser. Com isto começa quasi que uma procura pelo objeto de seu desejo, um menino, que, ainda não maduro e imperfeito, não pode satisfazê-la. Com perfeito desprezo olha para este selvagem. Entre as companheiras de sua idade ela encontra melhor compreensão para o que a interessa, e desta forma começam muitas vezes estas amizades entre meninas que em delicadeza e intimidade alcançam o ponto mais elevado do seu íntimo. No prin cípio ou no fim das férias, por ocasiãode tal modo que chegamos a considerá-los incapazes de qualquer imperfeição ou fa lha ... E' preciso aprender a julgar a vida tal qual é, e não como uma fantasia amorosa :.i pinta. Antes de tudo deves aprender a não te deixar iludir pelas preferências dos homens, porque desta maneira sucumbirás facilmente à sua imposição. Encontrarás frequentemen te na tua vida rapazes da tua idade, de cujo exterior e maneiras te agradarás e simpati zarás, sentindo que te cativaram o coração. Seria de consequências funestas se deixasses perceber este sentimento, pois é de grande importância que saibas dominar teu coração e tuas impressões, para que tenhas sempre nas tuas mãos o governo dos teus sentimen tos. E' óbvio que se apresentem muitas oca siões na lua mocidade para exercer este do mínio de ti mesma; não deves, todavia, te Tu e ele - 8 81 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br preocupar com estas impressões, e tranquili zar sempre as agitações do teu coração, não desperdiçar o teu favor e teu amor e admi ração com o primeiro que encontres no teu caminho! Por causa deste tolo culto do homem, ela torna-se ridícula, e fornece argumento aos que acham que não se pode levar a sério, pois ainda não sabe se .dominar nem se guiar pela razão. Sê bastante orgulhosa, para te deixar pren der como uma escrava, pelos sentimentos, obedecendo-lhes cegamente. E' preciso repelir as primeiras impressões de corar e perder a tranquilidade de espíri to. Deves ser senhora de ti interiormente, tor nar-te livre e desembaraçada, e defender-te contra os laços com que se procura prender o teu coração, até que um belo dia o possas dar intato àquele que escolheste _livremente, ao qualos seus negócios, planos e peripécias. Experimentam nisso um doce prazer que ainda não é de ordem sexual, necessariamente. A boa edu cação de ambos, a natural repugnância ao pecado, porém, não admitem uma maldade. E' justamente entre pessoas ainda muito jo vens que encontramos esta atitude, mas ve rificamos um fato que a pode tornar perigo sa; eles já sentem tanta necessidade de se encontrar, que a falta começa a causar tris teza, melancolia e não raro coisa ainda peior ! Os casos mencionados admitem a observa ção de que há namoros que são inocentes, sem que deles advenham peiores consequências, senão a tristeza quando acabam. Mas, mesmo assim, podem resultar de tais brincadeiras prejuizos, dos quais vamos falar; na maioria dos casos as consequências são desastrosas, pelo menos para -as jovens, nos namoros pro longados sem fundamento nem fim sério. Quanto tempo e forças preciosos perdidos, tão necessários para a formação moral e in telectual, trazem consigo estes divertimentos levianos, estes passeios noturnos, estas de moras nas esquinas escuras, e estas corres pondências secretas. O que poderão eles ter para dizer em tais . encontros, senão boba- 87 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br gens ! Duas pessoas ainda na adolescência não podem ter assunto util e necessário para se comunicarem mutuamente. Faltando a -estas relações toda intenção séria, todo fim lícito e altamente moral, esta inclinação di rige toda a atenção para uma satisfação pou co qualificavel. Psicologicamente cada tendência tem esta particularidade de absorver todos os pensa mento5 da pessoa, e de repelir todos os outros interesses. Uma tal inclinação, com seu efei to tirânico, quanto prejuizo deve causar na vida duma jovem! A paz e a tranquilidade só voltarão quando o fim for conseguido! Que tolice, portanto, manter durante anos um de sejo, sem querer ou poder realizá-lo! Muitos iludem-se pretendendo poder casar-se mais tarde; a experiência mostra que raramente isto se torna uma realidade, ou se por acaso acontecer, o caminho para a vida matrimo nial estará muitas vezes coberto de pecados, que nunca poderão atrair as bençãos do céu para um feliz futuro! As jovens nesta idade são incapazes de compreender a importância e o alcance desta escolha, e por isso devem considerar qual quer passo neste sentido como uma precipi tação ou uma desgraça. Estes namoros prematuros representam não só um desperdício de tempo e força, mas, e muito mais ainda, como um impedimento para a formação do carater, porque estra� gam o espírito de responsabilidade! Ela, 88 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br J a não pergunta mais o que o direito ou o dever exigem dela. Cega contra todo o ra ciocínio, contra toda a conciência, torna-se joguete das suas paixões! O meio mais efi caz para se poder tornar uma personalidade forte e enérgica é a disciplina, o governo das inclinações e o governo de si mesma. A moça namoradeira negligencia e despreza este meio -indispensavel para a formação do ca rater. As mais preciosas ocasiões para se aprender a dizer "não" a si própria, para con trariar as suas inclinações, e assim aumentar as forças morais e na verdadeira liberdade, ela sempre as deixa passar despercebidas. Se ela for escrava submissa das suas inclinações, caprichos e paixões, man!f estações estas de uma natureza inferior, terá por único fim a satisfação egoísta dos seus desejos, aos. quais devem ceder todos os verdadeiros interesses da sua personalidade e da sua alma imortal. Daqui por diante quem governará é o ins tinto, que mata pouco a pouco toda a nobreza de sentimentos. Vendo este processo psicológico do namoro ilícito, compreendemos que ele é o pai de uma incrível fraqueza, para não se dizer misera vel. Ela não se reconhece mais a si mesma, nesta fraqueza que se apoderou de sua pessoa. Vê horrorizada que não tem mais força para resistir àquele instinto, e abandona sem escrú pulo toda a sublimidade da sua alma, para poder se entregar a quem queira fazer dela o que bem quiser! https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Julgando erroneamente poder desta manei ra "cativar" ao outro, que muito bem sabe se aproveitar da sua vil escrava, tudo que ela faz não é mais a expressão da sua alma imor tal, do seu nobre "eu" e sim do seu instinto se xual, que nunca lhe dará verdadeira satisfa ção, e só poderá mais tarde ou mais cedo pro vocar aquele nojo, que é o princípio do deses- pero!. . . • POR QUE? Porque toda a sua nobre natureza humana está sexualmente infestada. Para se tornar uma personalidade nobre, equilibrada e in dependente no bom sentido da palavra, é in dispensavel o desenvolvimento tranquilo, li vre de influências desfavoraveis, que possam perturbar ou apressar este processo fisiológi co. Sabemos que nada pode perturbar e ar ruinar tanto a vida toda do homem, como esta inclinação. Não é de se estranhar, portanto, que o namoro prematuro estrague completa mente a vida de uma jovem. Sendo o instinto sexual artificialmente des pertado e excitado numa idade, em que toda a natureza ainda se encontra no processo do desenvolvimento, o seu sistema nervoso �gi ta-se de uma maneira doentia, e deixa no or ganismo uma contínua e pouco sadia irrita ção, que se pode tornar fonte de graves ten tações, não raro para a vida toda. Todos os pensamentos são penetrados por imagens se- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br xuais, de forma que não encontram nenhum interesse para coisas mais sublimes e eleva das. Faltam a maturidade intelectual e espi ritual, e o modo de pensar torna-se muito baixo, levando a um verdadeiro desprezo pelos valores superiores e não materiais. A moça sob todo o ponto de vista fica numa verdadeira inferioridade perante suas companheiras! Uma menina conhecida como namoradeira fica imensamente prejudicada no seu valor moral e na sua honra, o que lhe causará tam bem uma diminuição da estima geral, pois será considerada do número das levianas; esta reputação de leviandade é proposital mente exibida como prova de independência dos bons costumes, o que muito faz recear pela moralidade de tão frívolas meninas 1 . Quantas moças têm perdido sua boa repu tação unicamente por pa5searem e conver sarem com um rapaz na rua! Não resta dú vida que ninguem sabe o assunto de tal con versa, se foi uma inocente troca de idéas ou uma combinação para ulteriores encontros. Deve-se, todavia, levar em conta a facilida de com a qual o gênero humano costuma in terpretar malevolamente tais ocorrências, abrindo portas e janelas para os j uizos teme rários. Quanto mais alta for a classe da so ciedade à qual a menina pertence, e maior consideração gozar a sua família• tanto mais severamente · criticada será a sua atitude para com um rapaz, que nªo seja estrita- 91 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br mente correta. E' interessante notar que tal menina encontre justamente entre os rapazes a crítica mais severa, embora eles mesmos a tenham induzido à prática de tais futilidades! Este fato é natural, pois ninguem melhor do que eles sabe o que vale uma namoradei ra, cuja leviandade é capaz de tudo a seus olhos. Por isso a ridicularizam e desprezam, emb0ra gostem de brincar com ela; quando, porém, conversam entre eles, contam minu ciosamente tudo que disseram e se permiti ram com tais meninas nas suas relações com elas! Acontece, geralmente, que, logo que uma delas se torne livre, porque o "cavalheiro" a abandonou, é logo procurada por uma por ção deles, pois sabem que ela facilmente atende a estes galanteios pecaminosos. Esta é a acusação mais grave, que pode mos levantar contra esses namoros prematu ros e por isso mesmo ilícitos. Devemos ainda ouvir a objeç.ão de que não é impossível que tais relações fiquem num simples - querer hem, - numa brincadeira inocente. Mudan do-se, porém, as circunstâncias, com as re lações mais íntimas apresentar-se-ão lambem as duvidosasconsequência&. As jovens, que têm assim este modo de pensar, esquecem-se por completo que, ce dendo a tal inclinação, despertam o instinto sexual, e a moral não o permite a uma moça solteira, porque sabe que esta força tremenda na vida humana deviistará iuqo 1 s� obtiver 92 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br liberdade para agir. Toda e qualquer incli nação tem tendência para se manifestar por sinais, daí a facilidade para todos estes ca rinhos, beijos e abraços. Infelizmente eles não dão a plena satisfação que prometeram! A Gretchen de Fausto desejaria morrer em consequência dos seus beijos; contudo sente que isto não a satisfaz, porque o instinto uma vez despertado exige sempre mais e mais, e ela vê-se obrigada a fazer novas concessões que quasi sempre acabam em desgraça. O que dizíamos a r�spcito da parte trágica da mu lher, encontra hem a sua ilustração nessas palavras. Compreende-se agora por que estes cari nhos provocam necessariamente o instinto sextial do rapaz, que reconhecerá, se for sin cero e não pervertido, que deve acabar ime dia tamente com estas libocdades, se não qui ser fazer a desgraça da menina. Felizmente ainda existem moços que possuem o senso da responsabilidade e não se deixam levar pela frivolidade. Forel, certamente não suspeito de exage ro, diz: "Na n10ça os sentimentos amorosos produzem um estado de excitação, que que bra qualquer resistência da vontade e da ra zão. Ela se rende ao joven, sucumbe aos seus abraços, segue-o sem relutância, e em tal es tado é capaz de todas as loucuras". O pro fessor Forel é um perfeito materialista! Tendo uma vez provado esta paixão, já nã0 sabem onde irão parar. O instinto quer 93 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ir adiante e não se cansa até que tenha con seguido completa satisfação. Eis o trágico re sultado dum namoro que se procurou somen te corno divertimento e gozo. Aos namorados faltou a compreensão de que ele não é a .meta, mas unicamente um meio para se chegar a um fim grandioso, isto é, a fundação dum lar feliz! Este fim altamente moral é a vo cação para um sacramento, pois se trata do único freio capaz de conter o instinto. Con duindo estas reflexões, ficamos convencidos de que a jovem que não é capaz de resistir às seduções do instinto, quando se aproxima apenas com carinhos. Como poderá ter a fir meza necessária, quando este lhe acenar com o mais alto, que pode dar? Se ela não tiver a força moral de renunciar a um na moro ilícito, muito menos a terá para resis tir, quando vierem os assaltos veementes da paixão. Isto é o resultado natural duma ex periência que se pode fazer diaTiamente, pois é a lei do plano inclinado. Como já temos explicado acima, a parte trágica da mulher consiste que nestas oca siões sua inconcebível credulidade torna a sé rio o'que para o rapaz não passa duma brin cadeira. Esta tragédia tem seu fundamento no ar dente desejo da mulher de amar e ser ama da, desejo que tem seu predomínio na natu reza, e justamente no primeiro namoro sua força é mais enérgica. Acresce ainda que o processo da puberdade completa-se na meni- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br na mais rapidamente do que no menino. En tre a adolescência e a possibilidade de se oa sar, decorrem para ela muito menos. anos do que para ele. Ela, portanto, pode muito mais cedo pensar em casamento; infelizmente ela não toma este fato em consideração. Supo nhamos que exista um namoro entre jovens da mesma idade. Se, ela refletir um pouco, terá forçosamente de compreender que ele ainda não pode pensar em casamento, e que daquí a uns 10 e mesmo 15 anos ela encon trará rivais, muito mais moças e bonitas. Não podemos negar tambem que há ra pazes· que provocam um namoro ilícito, mas, com o firme propósito de procederem neste caso como Fausto com Gretchen, não deixam perceber sua verdadeira intenção. Nestas ab surdas circunstâncias sua inclinação torna-se mais forte e arraigada, porque ela confia na sinceridade dele. Com toda a alma aceita seus galanteios, porque nem sonha com n possi bilidade de que ele a possa iludir. Para o prender mais fortemente e não perdê-lo por sua própria culpa, não tem coragem de lhe recusar coisa alguma. Quando chega o mo mento em que o rapaz julga conveniente romper as relações, que ele aliás nunca to mou a sério, e a abandona, vem a cruel des ilusão, que tem causado já tantas vezes a lou cura ou o suicídio da infeliz ! https://alexandriacatolica.blogspot.com.br UMA REFLEXÃO Deixando de lado a parte trágica da mulher, - que é aliás o seu mais precioso apanágio, isto é, a forte tendência da alma feminina: "amar e ser mnada", - e procurando a causa mais profunda destas tragédias, devemos con fessar o seguinte: todas �stas manifestações da vida de uma jovem são consequências de uma vaidade, - perdoem-me - de um or gulho tolo de ter quanto antes o maior número de galanteios, para não ser vencida por outras coleguinhas, que são mais felizes! Para que serve esta vaidade a uma meni na? Para nada, muito pelo contrário. Uma jovem ajuizada, que não se quer deixar domi nar pela paixão da vaidade, tem a coragem de confessar a si mesma que estas inclinações de um rapaz em tais condições não passam de um instinto animal, e por isso acha ridí culo atribuir demasiada importância a uma atitude, que amanhã será causa de verda deiros desgostos e crueis sofrimentos! Outras querem ser mais prudentes e di zem: logo que as coisas se me afigurarem pe rigosas, "corto as relações". Muito bem, mas elas não tomam em consideração que as que das, pelo menos a primeira, não é o produto duma reflexão b.·anquila, mas sim de uma precipitação e de um momento de fraqueza, ao qual se deixaram arrastar pela paixão. Além disso, não -se lembram de que uma j o vem pelas atenções de um homem entra numa 96 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br disposição em que não pode negar· nada. Ignoram, enfim, que pelos carinhos, palavras, olhares e talvez por uma influência magnéti ca ainda não bastante conhecida, prepara-se uma situação em que elas próprias não mais se conhecem, pois parecem totalmentede carinho, e nelas se deleita, é muito possivel que se deixe levar sempre mais longe. Não é raro que os moços comecem com tais carinhos quando querem seduzir uma moça, pois pelo modo como receberem estas carícias poderão saber se outras petulâncias darão re sultado. . . Logo é muito facil de se compre ender que não é raro que a causa da queda duma jovem tem sua origem no modo pelo qual receberam estas tentativas. Outro perigo que a moça encontra é quan do por ocasião de certos jogos ela perde sua nobre reserva, para com os rapazes que ne les tomam parte; pois a prenda . para aquele que ganhar é o direito de heij ar a companhei ra de jogo. Pouco a pouco- estas bagatelas vão perdendo sua importância, e começa-se a achar graça nestas brincadeiras, e é assim que 98 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br se cai mais depressa vitima da sedução. Este perigo cresce ainda mais, porque, por estes divertimentos, os rapazes chegam a concluir da existência duma disposição interior, que facilitará outras liberdades mais audaciosas. Todas estas considerações provam_ à sacie dade que o valor do beijo entre namorados não é igual para ambas as partes. Para o ra paz, ele pode, como outros carinhos, abraços, etc., ter a significação dum desejo ilícito, en quanto que para ela o mesmo ato é apenas a expressão dum mero "querer bem". Muitas vezes não lhe é possivel compreender clara mente o que significa aquele beijo, a menos que se trate duma inclinação que a leve para o matrimônio. Parece-nos nina questão de dignidade feminina e de alta moralidade, que ela não se deixe levianamente beijar por qualquer um, mas que deve reservar este ca- • rinho unicamente para aquele ao qual irá per- tencer no matrimônio. A verdadeira riqueza da moça é um cora ção puro, piedoso, delicado, bondoso, compas sivo, altruísta e generoso. E' dotada de uma extraordinária perspicácia em tudo aquilo que é conveniente, correto e nobre. Sem muita reflexão, acerta espontaneamen te o que convém fazer. Nunca está mais sa tisfeita, do que quando tem ocasião de se sa crificar altruisticamente e mesmo sem pen sar cm si dá-se toda aos cuidados pelos ou tros. Vivendo animada pelo altruísmo, este frequentamente se lhe reflete na face e no ,,. 99 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br olhar. Recebe-nos com tal bondade e meiguice, tal amabilidade e modéstia, tal disposição para o sacrifício, tanta resignação, tanta pu reza e nobreza, que ficamos encantados e presos, lembrados dos versos: Sois como a flor, formosa e pura, um encanto: Fixo teu olhar e a melancolia me invade. E sem querer estendo as mãos sobre tua fronte Pedindo a Deus que te conserve assim pura e formosa. Nisto apreciamos o primor com que o Criador adornou a virgindade. E' a pátina subtil das coisas não profanadas, que cobre todo seu ser, esta integridade, esta voluntária reserva aliando uma espécie de intangibili dade com verdadeira amabilidade, e manifes tando-se num porte cheio de dignidade e no bre modéstia. O seu afeto eleva o homem e lhe instila reverência diante da dignidade feminina. Não será criminoso quebrar, por amor do J,)róprio prazer, esta bela flor humana, a pon to de deixar pender em breve a cabecinha cansada para murchar e morrer? As tristes consequências, mesmo de um úni co passo errado, não se podem avaliar. Para sempre desapareceu a intangibilidade do cor po; foi profanadQ. Irremediavelmente perdi da está a inocência. O sentimento altivo de 100 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br não ter dedo um passo falim, o doce pensa mento de estar sem culpa estão destruidos. Como outrora Adãt, e Eva estavam diante das portas fechadas do paraiso, volvendo olhares saudosos para ·o perdido jardim de delícias, assim as pobres estão diante do paraisa da perdida inocência do coração, exiladas pelo pecado, e para sempre as portas lhes perma necem fechadas. Aquelas alegrias puras e ino centes que antes gozavam não voltam mais. Tambem a eles se abriram os olhos, vendo a desgraça em que o passo falso os lançou. Ge mam, lamentem-se e chorem - nada lhes res titue o paraiso da inocência, - todavia, estas jovens ainda podem tornar-se castas. Além disso, foi-se a repugnância natural, que o homem tem diante deste pecado. A 1·esistência contra as tentações está vencida, a energia e força interior diminuiram. A pai xão tira capital da falta, para despertar o desejo de repetí-la. Sempre e sempre se re pete o cântico impressionante de Daví: "O meu pecado está sempre diante de mim". Estas faltas não se esquecem facilmente, envene nando toda a alegria de viver. Peiores ainda são as consequências, quando, depois da primeira queda, ela continua com as relações ilícitas. Degradando-se a joguete do namoro, a moça renuncia à sua dignidade, ao melhor de si mesma, em benefício de quem nunca lhe poderia merecer tal sacrifício. Com este "sacrifício" ela perde tudo, torna-se frí vola, leviana, sem modéstia. O olhar, a ex- 101 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br pres11ão fisionômica. torne.-se livre, atrevida, sem reserva porque cairam todos os véus. Este aspeto exterior esconde a rui.na inte rior, um modo de pensar, de apreciar inteira mente novo entrou naquele coração, no qual todas as cGmsiderações antigas se calaram. Ela não atende mais à voz da conciência, às lágrimas dos seus pais, nem aos chamados do nosso bom Deus, do bom Pastor! Quem governa é a paixão, da qual se fez escrava. Ela não compreende que sua única obrigação é a de se corrigir, para poder se tornar digna da sua futura vocação, isto é, a missão de ser uma hoa mãe! Quantas e quan tas moças, levantando-se da queda, consegui ram ainda regenerar-se, e alcançaram a des merecida graça de poder fundar o próprio lar, fazendo azsim a própria felicidade e a dos seus queridos pais! Os jovens de hoje, e em particular certos rapazes de sempre, acreditam em uma dupla moral, como se certas faltas cometidas por moças fossem mais graves do que para eles nas mesmas condições. A religião não admite esta dúplice moral; o mesmo pecado não é mai3 grave por ser cometido por uma pessoa do sexo feminino ou do masculino. Este modo de pensar tem, todavia, uma certa razão, por que para uma moça, nas mesmas condições do moço, é muito mais facil conservar-se pura do que para ele. Por outro lado, ela sofre muito mais as consequências duma falta do que ele, que 102 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br pode neutralizar estas mesmas consequências mediante o seu ulterior proceder e querer, pelo menos em parte, visto tratar-se nele so bretudo de uma aberração da tendência na tural. Nas moças, porém, trata-se de uma aberração das jnclinaç.ões psíquicas, produ zindo as. mais graves feridas no íntimo do seu ser. Esta tendência da alma pelo pecado sofre um prejuizo muito maior, porque, desejando uma coisa sublime, admitiu um ato muito n:iaterial, indigno daquela inclinação; por isso o que para ela é uma tragédia, não passa aos olhos dele de um episódio. A moça adoe ceu para toda a vida e. frequentemente se arruinou completamente; o homem doudeja de flor em flor corno uma borboleta. Felizes aquelas que abrem mais cedo os olhos para compreenderem sua situação; como já dissemos, muitas delas foram mais vítimas duma leviandade do que do pecado. Com uma firmeza, que só podemos conside rar uma graça especial do bom Pastor, aban donaram o sedutor, compreendeµdo que ele não queria o seu amor, mas apenas a satisfa ção do seu desejo. Deus, que veio à terra para salvar o que se tinha perdido, Deus, que teve palavras consoladoras para a adúltera, dizen do: "Eu tão pouco te condeno, vai em paz, e não peques mais", este Deus mostra com estas palavras que acredita na possibilidade duma conversão. E' lambem para estas almas ou tra palavra confortadora: "Vinde a núm to- 103 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br dos que sofreis, e eu vos aliviarei!"O esfor ço sincero alcança para a alma contrita a graça de poder reparar completamente o pre j uizo. No caminho para o céu encontraremos muito mais o rasto dos filhos de Deus, que se transviaram uma vez no caminho, do que os vestígios daqueles que uareciam andar como anjos aquí na terra. Ainda que o paraíso da inocência tenha sido perdido, a castidade está ao alcance de todos. Muitas ajuizadamente tiraram da sua queda a grande vantagem de aprender a co nhecer o perigo e a fugir dele, tornando sem pre perante o homem a indispensavel atitu de de reserva. Muitas se arrependeram e con seguiram pela nobreza de sua conduta recon quistar a dignidade da· mulher e a estima dos homens bons. Outras há, infelizmente, que na ânsia de não perder o namorado e na esperança de que ele acabe por desposá-la, satisfazem-lhe todos os desejos. Na maioria dos casos ele nem pen sa nisso e mais cedo ou mais tarde abandona a infeliz, que se deixa iludir por um outro, e se este tambem a abandonar, começará com um terceiro, para enfim ficar desprezada de todos, e tornar-se uma pobre criatura, que nada ganhou de tantos sacrifícios e humilha ções! Como sabem os homens humilhar uma pobre mulher! Calcá-la aos pés! E se nada ganhou, tudo perdeu! A paz da alma, os sen timentos religiosos, que ficaram embotados, a conciência t E o que ficou, no lugar de tudo o 104 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que perdeu, foi um coração desejoso de vin gança, desiludido, e que da vida só sente imenso nojo! E estas moças, mais tarde, deviam se tor nar "mães" ! Oh! quão preciosa e necessária é uma boa mãe! Numuma jovem não aprende a regularizar seus instintos de conformidade com as leis .da moral, para dominá-los, não conhece mais reserva nem medida nas tenta- 109 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ções. e vive mergulhada num mar de pensa mentos, fantasias e desejos maus. O cora ção feminino é verdadeiramente insondavel nas suas aspirações e nos meios para alcan çá-las. Uma das espécies mais perigosas e detesta veis do flirt é a habilidade de certas mulhe res em provocar a paixão do homem, por in termédio da vaidade, do luxo e da sua refi nada astúcia. Elas consideram simplesmente um record do seu funesto esporte, quando conseguem cativar o coração dum homem ca sado, sem levar em conta a desgraça, e mui tas vezes a derrocada de um lar feliz. Con tentam-se em ter provocado uma tal paixão! Neste triste jogo sua atitude é verdadeira mente satânica, pois, tendo alcançado a vi tória, é capaz de dizer hipocritamente que suas palavras e atenções eram tão inocentes, que nunca lhe passou pela cabeça que se pu desse interpretá-las de maneira tão malicio $8; mostra-se indignadíssima de que a tenham acusado de tais infâmias. Não há expressão bastante forte para iftis trar a malícia e perversidade da mulher que se entrega ao flirt. Este comportamento só pode ser explicado por um vil egoísmo, que não conhece maj.s nenhuma responsabilidade perante Deus e os homens. Deus deu ao homem e à mulher disposições muito diferentes. Elas consideram este modo de viver como a única satisfação que podem usufruir; isto é, de �rincar com a felicidade 110 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br dos outros, provocando-llies pruxoes ilícitas, que não raro o desgraçam irremediavelmente. Tais excessos e anormalidades da vida se xual mostram justamente para a jovem o enorme perigo que há em não se esforçar por cultivar as mais dignas qualidades do cora ção feminino. Ela poderá chegar à perfeição da sua na tureza, e atingir a felicidade, se procurar des envolver o verdadeiro amor, único capaz de todos os sacrifícios a favor do ente amado. Não coi1seguindo este ideal, quasi sempre acaba perdendo sua dignidade de mulher ou se tornando "uma egoista, psiquicamente anormal, uma degenerada e inutil" (Forel), a moç:;i. que não é capaz de aprender a ver dade ensinada por l\fantegazza em seu livro "a arte de se tornar feliz", a qual consiste em fazer a felicidade dos outros, mesmo à custa da própria felicidade. O flirt começa a criar raiz no coração duma jovem, quando por toda a lei ela quer fazer fig ra, chamar a atenção. Diretamen�e peri gosas são aquelas, cujo instinto sexual as ani ma a substituir pelo flirt o que lhes faltava na: satisfação do seus desejos talvez justos e santos. Entre elas encontramos não só soltei ras, mas tambem casadas, que se sentem in felizes na vida matrimonial, ou evitam filhos, porque a única tendência delas é gozar, ou não gostam da tranquilidade da vida do lar, e por isso procuram as aventuras do flirt. 111 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Uma jovem que não quer se transformar em caricatura. de mulher, deve se compene trar desde tenra idade da beleza da majesta de, da importância e da felicidade, que ela encontra na dignidade de mãe ou na virgin dade dedicada exclusivamente a Deus. Ela precisa defender este ideal contra a frivoli dade do nosso tempo, e contra as baixas in clinações da natureza. A força para esta luta não se encontra na sua pessoa, mas precisa buscá-la e achá-la numa vida cristã, baseada sobre uma fé profunda! AMIZADE E', de fato, impossivel manter relações de amizade entre jovens de sexo diferente? Para se responder a esta pergunta é preciso indicar primeiramente o que se entende· por amizade. E' claro que as relações amigaveis, que naturalmente se originam entre famílias, que se conhecem, podem estender-se lambem aos jovens. E' natural que em certas ocaslfies festivas ou recreativas se revistam de um candor e de um brilho maior, quando ambos os sexos participam delas. Tambêm é natu l'.al que uma moça estude as qualidades e as diferentes inclinações dos homens, para :ti.ão se mostrar ignorante, quando vierem os mo mentos mais sérios da sua vida. Seria -11 um triste sinal. se uma jovem em tais ocasiões não pudesse ser alegre e atenciosa nas suas 112 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br relações com os rapazes, sem provocar uma aproximação mais íntima. Ela faz muito bem de aproveitar-se des tas ocasiões para alcançar uma certa tran quilidade e firmeza nas relações com os ho mens, para que vejam e compreendam que ela não é apenas um objeto para se brincar ou se dizer graças. Ela fará muito bem, se se utilizar destas ocasiões, para bem conhecê-los e estudá-los afim de poder formar o seu pró prio j uizo sobre o seu valor moral, e não se deixar fascinar pelas exterioridades. Nosso encontro com os homens não deve ter por único objetivo o casamento, mas o de estudá. los e ver se entre eles não haverá algum no qual se possa confiar, e que seja capaz de fundar um lar, no qual a gente possa viver feliz. Em tai.s ocasiões, a jovem mais feliz será aquela que souber aliar uma alegria simples e sem afetação, a uma reserva e aten ção sincera e bem controlada. Deve apro veitar estas relações, com a firme resolução de não ceder facilmente a certas inclinações, e 9e, por acaso, se apresentarem, deve do miná-las, e não achar graça quando algum rapaz se mostrar mais particularmente obse quioso. A jovem deve conservar sua liberda de o mais tempo possível, até ao instante em que por si mesma saiba o que tem a fazer. Para tal fim precisa ser igualmente atenciosa para com todos, e fechar as portas elo coração a qualquer extemporânea inclinação. Nada entra! Nada sai! Tomada esta resolução, po- Tu e ele - 8 113 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br demos confiar em que não nos deixaremos guiar pelas delícias do momento. Devemos observa't a mesma atitude, se em virtude da nossa profissão formos obrigadas a trabalhar juntos. Outra ocasião para a moça de mostrar a sua mentalidade. Muitos não deixarão de servir-se de tais ensejos para entabolar namoros com as moças. Esta atitude nada tem· de inocente, porque mos tra logo o desejo de se servir dela para sa tisfazer seus vis desejos. Egoísmo instinti vo 1... Nunca mostres satisfação ou alegria por estas atenções, que são perniciosas; ao contrário, dá a perceber que te desagradam, e que não estás disposta a servir para seme lhantes divertimentos. Sê inacessível a estas tristes figuras, e protesta energicamente con tra qualquer inconve::niência. Por outro lado aproveita esta convivência para aprender firmeza de carater tão necessária em todas as tuas relações com o outro sexo, e estuda aqueles que são passiveis de serem tratados como colegas, e com os quais podes con versar, e aqueles dos quais deves afastar-te. As relações sociais, que acabamos de exa minar, são muitas vezes motivo de se iniciar uma amizade. Duas pessoas aprendem a se apreciar e conhecer mutuamente, desejam. continuar essa amizade, pois se entendem bem e gostam de trocar suas idéas. O que de vemos dizer deste desejo? A experiência nos ensina que é impossível que possa existir uma íntima amizade entre um rapaz e uma moça, 114 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tal como pode existir entre dois rapazes e duas moças. Mesmo entre pessoas maduras e pondera das seria ela possível, em alguns casos, so mente cm condições inteiramente especiais, a saber, quando, no dizer de Albano Stolz, "a alma conquistou uma alta e forte mentalida de, e a tendência sexual tem a sua satisfação na vida matrimonial ou é dominada por uma virtude conquistada em longa luta e experi mentada em 1nuitos casos". Entre jovens, porém, é incontestavel a se guinte verdade: as inclinações entre eles são desde o princípio sexuais ou assim se torna rão necessariamente mais tarde. O processo é inteiramentesugestões e idéas preciosíssimas, que realmente muito melhoraram as minhas, pelo que muito agra- deço. Conhecedores repararão facilmente nas mi nhas explicações a colaboração da mulher. Além disso, seja-me permitida a observa ção de que é impossiveJ na apreciação dos diversos casos examiná-los todos ninucio samente. Podemos apenas indicar, em linhas gerais, o que pode ser aplicado nas diversas ocasiões conforme as circunstâncias. Certos leitores coQ.siderarão meu modo de pensar, sobre certas questões, rigoroso de mais, para ser aplicado às suas filhas, por que isso não . acontece na sua roda. Neste caso não devem esquecer que este livro é 11 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br escrito por um sacerdote, que formou seu juizo na própria experiência e nn discussão de muitos casos de alma, e de pais católicos, por um sacerdote, que fez sempre de novo a observação de que certas manifestações, que pareciam a princípio inteiramente inocentes, não o eram, e que possibilidanatural, pois eles querem amar e serem amados! Isto é o que os liga! Talvez no princípio eles não reparem este processo, ou não o queiram confessar, iludin do-se a si mesmos. Na realidade não se con seguem evitar os efeitos das inclinações de ambos os sexos. Seria mesmo anormai, se o a rativo natural e necessário dos sexos jus tamente em homens jovens e muito sensíveis não produzisse o seu efeito, enquanto que ho mens maduTos e ponderados às vezes com muito custo se podem defender contra esta influência! E' particularmente difícil para a moça perceber a diferença entre uma ami zade e a inclinação da alma, estando nela a tendência natural ordinariamente calada, ao passo que seus movimentos fazem advertên- 115 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ci:a ao moço do qual se apoderou uma incli nação sexual. O que deixamos dito é confirmado pelas confissões de jovens, que pretendiam ser seus amigos, mas finalmente chegaram a compre ender que já não era mera amizade o que os ligava. Um jovem, que desejava fazer-se pa dre, travou conhecimento com uma moça, pela qual se afeiçoou. Ela sabia da sua voca ção. Era uma amizade pura e nobre, que ha via de existir enlre eles. Em virtude disso não se permitiam carícias e beijos. Termina dos os exames, viram-se por alg_uns meses separados, e, voltando ele, declarou-lhe que continuava firme em seu propósito de tor nar-se sacerdote. Ela respondeu: "Isto pro priamente me devia causar alegria; mas com preendes que me custa". Depois ele con tou esta conversa a um amigo, dizendo: "Eu não devia ter feito isto, pois não sei se ela mais tarde será capaz de amar a um outro homem tão afetuosamente como a mim t" Mais tarde ele confessou que se iludiram mutuamente, quando pensavam que suas rt lações eram meramente amistosas. Análogo é o caso de um outro moço. Sen tiram o despertar da tendência sexual, mas tomaram logo a resolução de lutar, para não serem mais que amigos. Quando, algum tem po depois, fizeram ao rapaz esta pergunta: como imaginava o futuro, respondeu: "Eu creio, sou capaz de fazer o sacrifício; se ela o será, não sei". "E que farás, se ela decla- 116 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br rar que não o pode, que é incapaz de um.a re- 1,1úncia completa? Se disser que não pode vi ver sem ti? Que faria uma loucura?" Não le vou muito tempo, ele abandonou a sua vo cação eclesiástica e casou-se! Estes e outros exemplos mostram que em tais casos a afeição já não era de caratcr amistoso, mas manifestação da tendência da alma. Mesmo que queiram viver como irmãos, a convivência provocará naturalmente o des envolvimento do processo físico e psicológi co. Querer impedir isso violentamente é des natural e acarreta necessariamente conse quências funestas, como de fato aprecianun nas pessoas que mantinham relações de ir mãos. Tratando-se de uma supressão violen ta das tendências psicológicas, os estragos ma nifestam-se principalmente na moça, porque nela as tendências são m-;-is sensíveis. E' muito significativo que tais relações de irmãos quasi só se conseguem em pessoas já adultas, mas não nos anos da adolescência e do desenvolvimento. Depois dum certo tempo da convivência como irmãos, mani festou-se o fato de que a jovem não sentia mais inclinação para a vida matrimonial. De corridos depois disso mais alguns anos, sur gindo este desejo, reconheciam que pelo seu procedimento perderam o acesso à materni dade, almejada agora com todas as veras do coraç�o e que lhes escapou a felicidade da sua vida. A moça, sobretudo, ficou prej udi- l f7 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cada, pois tinha rejeitado muitos pretendentes, não se incomodando com eles. Agora passou a idade, envelheceu. O rapaz confessou que a jovem foi para ele um verdadeiro anjo da guarda; mas foi-o à custa da felicidade da sua própria vida. Podemos ácreditar que foi Deus que exigiu tamanho sacrifício, onde existem tantos outros meios para salvar uma alma? Outras n10ças, contudo, casaram-se mais tarde, mas não acharam a plenitude psicoló gica para com seu marido, tornando-se o ma trimônio infeliz. Nada melhor do que o caminho normal, designado por Deus mesmo, desde a criação do gênero humano! Concluindo estas reflexões, diremos: duran te o tempo do desenvolvimento da jovem é pare ela da maior vantagem que nenhum moço entre na esfera dos seus interesses, que rendo perturbar o processo tranquilo da sua adolescência. Nesta época, em que ainda nada é maduro, na formação física, intele ctual ou moral, devemos considerar como uma verdadeira tragédia a aproximação de qualquer rapaz sob pretexto de uma amiza de. Ninguem tem o direito de prejudicar esta .felicidade ainda inocente da jovem que tem o direito de em toda a tranquilidade da alma poder amadurecer para a vocação que Deus lhe confiar. Se meninos irrefletidos e meninas precoces entram em relações mais íntimas, o efeito 118 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br menos desgraçado será sempre o seguinte: ambos perdem o seu sexo, os rapazes tornam se meninas, e as meninas tornam-se mole ques! Prescindindo das relações entre pais e fi lhos, as relações entre pessoas de sexo dif e rente só correspondem à natureza, quando existem entre marido e mulher, no matrimônio. Exprimiu-o acertadamente Coloma, no seu romance "Boy": "De direito só duas mulhe res têm lug:u na vida dum homem: a sua mãe e a mãe de seus filhos. O que sai fora deste amor puro e casto é um desvio· perigo so, pecaminoso!" Não é possivel deixar de lado esta ordem intencionada por Deus, sem que se apresentem as perigosas consequên cias. AS RELAÇÕES Entendo com este termo a convivência imo ral, que em geral não visa o casamento. Seria ilusão querer pensar qüe uma jovem, uma v_ez incomodada inconvenientemente por um moço, possa cortar logo as relações. Mui tas não acham em si forças para isto. Pouco a pouco deixam-se fascinar pelas delícias des te carinho, ao qual não querem mais renun ciar. Um jovem declarou: "Tive relações com moças, que ficaram muito agarradas comi go! Aconteceu que recebí o primeiro beijo! Em consequência disso formou-se em mim a 119 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br idéa de que elas fossem ainda inocentes, e isso ainda mais excitou a minha inclinação. Reclam,ii todas as liberdades e todas me fo ram concedidas. Mas depois mostravam-se muito perturbadas e despediam-se às pres sas. Na noite seguinte o processo j á foi menos custoso, e na terceira foi tudo facil. Somente depois destas experiências compreendi que tinham feito estas concessões unicamente para não me perderem. Tinham medo que do contrário eu não me casasse com elas. Quando cheguei a esta compreensão, senti nojo e acabei com tudo. Depois de pequeno intervalo, encontrei uma outra com a qual comecei o mesmo jogo. Nunca mais me in comodei, quando começaram a chorar". Esta triste declaração nos faz crer que estas m.oças eram inocentes, e que se voltaram de pois de uma queda tão deplora vel foi unica mente para não perder o sedutor. Como já mencionúmos, muitos rapazes co meçam as suas relações com má intenção, sem contudo dá-lo a perceber à jovem. A degeneração moral da mocidade masculina, excitada pelo cinema, pela leitura e pelas conversas imorais, é hoje em dia muitas ve zes desastrosa, desanimadora. Podemos pro var isso tudo pelas observações que fazemos frequentemente: "Considero a coisa mais na tural do mundo entabolar relações com qual quer moça para pecar!" "Sei que ela foi louca por mim, mas mantive as relações so mente para me satisfazer". "Meus colegas 120 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br contaram-se na segunda-feira as suas entre vistas do domingo, dizendo que sem a mu lher a vida não tem valor". "Já conheces meu modo de pensar s·obre a mulher. Quando en co11tro dificuldades, gosto ainda mais! Mui tas vezes consegui o que era dificil, depois dei um ponta-pé. Nuncasenti arrependimen to, somente a grande satisfaçã0: "ganhei a vitória!" E' de se pasmar à vista de tudo quanto vêem, ouvem, lêem, e sobretudo diante da leviandade de tantas moças, que lhes impõem a compreensão, que um deles exprimiu com as palavras: "Até hoje considerei as jovens corno um mero instrumento para a satisfa ção da paixão do homem! ... " Esta é mais ou menos a teoria de muitos homens, ao iniciarem relacões com o outro sexo. Eles declaram que · não têm vontade nem coragem para esperar até ao matrimô nio para cederem ao instinto, e por isso pro curam estas relações ilícitas. Existem médi cos sem ciênciar que declaram que a conti nência é prejudicial à saudc. Anteriormente já provamos a inverdade desta asserção. A jovem àe hoje não pode dizer: nada quero sabeT sobre este assunto, porque me causa horror! E' verdade que em todas as camadas da sociedade há muita nobreza de sentimentos, tanto entre as moças como en tre os moços. Mas tambem não é menos ver dade que encontramos muitos e muitos ou- 121 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tros que em nada se racomendam, por isso é preciso ficar de sobreaviso. Mesmo uma jovem pertencente à melhor classe da sociedade não está isenta de que qualquer ·mal intencionado, casado ou solteI ro, procure travar relações. Ele toma uma atitude muito cativante e sabe agradar por todos 05i modos, mas o perigo de se tornar ví tima não estará muito longe, se ela não es tiver ao par da trama desses enredos, e por isso não tomar a firme resolução de tudo lhe recusar. Em tais casos é bom que ela saiba o que na realidade se dissim.ula com estas j u ra1 de amizade e de amor! Por várias circunstàncias o perigo de iniciar estas relações pode se tornar muito grande. A proteção da casa paterna falta a muitas mo ças; pois o mau exemplo das suas frívolas ami guinhas, que aceitam presentes, e até a toilette da moda, dos seus admiradores, as incita a fa zerem o mesmo, visto que o dei.ej o de fazer figura e a emulação de não deixar que alguem lhe passe à frente é inerente ao sexo fragil. Quem não acompanha a moda, e aj uizadamen te quer economizar, vestindo-se modestamente, fica só e, não atraindo a atenção, tambem não fará carreira. A insignificância do ordenado, entretanto, não permite tais despesas, vem ·daí a tentaç�o de seguir o exemplo das amigas, cujos companheiros as presenteiam com tão· lindas coisas! Eis o motivo pelo qual tantas e tantas jovens se perdem, vendendo a sua ino� cência. 122 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Por outro lado, em muitos casos os homens, desejando seduzí-las, exploram a sua conheci da vaidade, para fazê-las cair. Adiantam a quantia necessária para as compras. Mais tar de, quando vão fazer a cobrança, encontram nas em sérias dificuldades para solverem o débito, e assim se aproveitam da situação para obrigá-las a ceder aos seus desejos. Não há negar, infelizmente, que existem moças que não se deixam vencer pelos .homens na liber dade do gozo, pois querem fruir da vida tudo que ela pode dar, mas, como as condições são diversas, acabam por se tornarem escravas dos apetites desses homens. Logicamente, a tais "relações" são inerentes em grau mais acentuado os danos que se dão nos namoros. Por isso chamamos a atenção apenas para aqueles que mais se salientaJil. A pena recusa-se a analisar o triste papel da pobrezinha perante o moço. A sexualidade, longe do fim nobre, determinado pelo Criador, e daquele amor generoso e santificado pelo sa cramento do matrimônio, é procurada unica mente para satisfazer o prazer carnal. A moça é taxada, não como ser racional, mas como simples coisa da qual ele se serve para a satis fação de seus desejos e de suas baixas inclina ções. Que lhe importa a alma, o futuro, a feli cidade dela? Não precisando mais, e desgos tando-se, sacode-a fora, como as crianças fa zem com as suas bonecas despedaçadas. Não se importa mais com ela. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br As consequências devastadoras, quer para o coração e para o carater, quer para a mentali dade, ne!a sa deixam descrever, uma vez que a vida interior nestes anos se encontra em pleno" desenvolvimento. E' nessa época justamente em que, para qualquer homem, a influência daqueles com quem tem trato é de magna im portância. Impercepthelmente adota as suas opiniões, e deixa-se dominar pelos seus dese jos e pareceres. Todas as idéias dos outros che gam-lhe a penetrar no interior e ficam-lhe gravadas na memória e na fantasia. Pelas re lações ilícitas, ambos rebaixaram o nivel moral daquele ato que receheu do Criador a missão altamente nobre da propagação do gênero hu nrnno. FaJta-lhes exatamente aquele poder que eleva e enobrece o respeito mútuo, o amor puro, como Deus o quer. Neles governa a paixão, o lado animal da tendência sexual, perdendo-se assim o senso moral com o calcar aos pés o pudor e a delicadeza naquilo que convém. A resistência contra o instinto torna-se, ademais, sempre mais fraca, e a compreensão da subli midade do ato diminue cada vez mais, e o gôzo animal é o mero objeto do desejo mais ar dente. A jovem, além disso, se incapacita �ara aquele amor sincero e profundo, com que mais tarde poderia constituir o seu lar. Ainda que conseguisse essa sorte, as reminiscências do passado sempre perturbariam as relações com seu esposo. Ela compreende agora o crime que cometeu contra sua própria felicidade, sacrifi- 124 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cando seu amor por um homem que não o me recia. O que resta para o esposo é uma coisa deploravel. Concordamos de novo com o único motivo em abono da jovem: é que ela iniciou tudo isso na esperança de que ele se casaria mais tarde com ela. Mas como poderá Deus aben çoar um matrimônio, para o qual eles se pre pararam de uma rrianeira tão indigna? Como já temos visto, a maior parte deles nunca pensam em casamento! Contra todas as pos sibilidades ela alimenta, todavia, a esperança tão conforme às inclinações da sua alma de amar e ser amada; enquanto que ele procu ra unicamente satisfazer seus desejos. Com todo o amor, ela abraça ainda assim obj elo tão vil, porque não pode acreditar que ele não tenha o mesmo modo seu de sentir, e possa abandoná-la. Ela não quer e não pode admitir isso, e assim o satisfaz em tudo, con tanto que ele não se torne infiel. Tanto maior será a desilusão, quando o sedutor cortar as relações. As consequêndas para a alma e o corpo são desastrosas, porque muitas jovens não podem admitir que isso seja a realidade. O sofrimento traz consigo profunda melan col.ip e com ela uma alienação do espírito. Outras abandonam Deus e a religião, porque não podem compreender como um_ moço ca tólico pode proceder desta forma. Um rapaz procurou indenizar a moça pecuniariamente, porém ela retrucou: "Não quero o dinheiro dele, quero a ele mesmo!" 125 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Neste fato, de que a moça não poda esque cer-se do homem que amou, encontramos mais um motivo por que ela não pode ser feliz ainda que se case mais tarde com um outro. O amor feminino é diferente, pois nela a entrega é sem reserva, e mais tarde quando quer se dar a um outro, nunca pode fazê-lo integralmente. A felicidade conjugal tem por condição indispensavel que o amor é ciumento, e não pode permitir que alguem o compartilhe. Muita felicidade tem-se des feito, porque uma das partes veio a desco brir que a outra havia mantido relações an tes do casamento. A vida matrimonial em geral traz con sigo certas divergências, equívocos, contra tempos, e é natural, porque todos nós temos nossas imperfeições. Estas indisposições po dem perturbar a paz dos esposos; mas ela somente se manterá, se ambos tomarem a fir me resolução de procurar um mútuo enten dimento. Pode acontecer que a esposa tenha mantido certas relações antes do casamento, e a tentação se apresente de novo. Calcula se facilmente:tivesse casado com fulano ou sicrano, tal não aconteceria. Peiora o caso, • quando ela procura queixar-se ao antigo ami- go, em vez de entender-se lealmente com seu marido; então a desgraça será fatal, e o adultério será o efeito. E se o marido desco brir isso! ... Os jornais relatam diariamente estes fatos tristes. 126 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Ainda não falamos das consequências mais terríveis que se dão nestas relações ilicitas, facilidade de contágio do que aquela, pois muitas vezes o uso de um objeto e mesmo simples beijo maternal, pode determinar a terrível des graça. O seu início, dissimulando a gravidade fu tura, muitas vezes é quasi imperceptivel. Uma pequena erosão no tecido de qualquer região, que desaparecerá em horas, assinala o começo da doença. Dias depois, pequenas manchas instalam-se no corpo inteiro e, com 132 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br o desaparecimento destas, todo o organismo está contaminado. A sífilis, ao contrário da gonorréa, não se localiza; invade todo o ser, destruindo os mais nobres tecidos. A intervenção do médico, aqui, deve ser enérgica e conciente, pois, do contrário, será absolutamente impossivel obter-se a cura. Os efeitos maléficos da sífilis são os mais horrorosos que se possa imaginar. Uma das grandes causas das doenças do coração e das moléstias mentais (loucuras 10%) é' a sífilis. Os sifilíticos não tratados acabam em miseravel ruína orgânica e in- lclectual. E o que mais se deve lamentar é a heredi- tariedade do mal. Os filhos já nascem infectados. Se algumas vezes são cobertos de feridas, outras vezes são verdadeiras feridas. O maior benefício que Deus pode propor cionar a estes infelizes é a morte prematura, que às vezes ocorre. O filho de um sifilítico será sempre um ente infeliz, um tarado, um monstro, um epi léptico, um · louco. A palavra do profeta tor na-se nestas circunstâncias a mais horrorosa realidade. "Os nossos pais cometeram pecados, e nós suportamos as consequências dos mesmos". Não bastassem estas palavras para dizer do quanto é capaz a sífilis, teríamos ainda que ela, minando e destruindo as resistências 133 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br humanas, prepara um campo prop1c10 à sua rival, que é a tuberculose. Encontramo-nos, pois, diante um abismo de infelicidade e de desgraça, no qual um sem número desaparece para a vida matri monial, para a sociedade humana e para sua vocação que se perdeu. E tudo por que? Por um único passo er rado. Contra toda esta miséria há uma única e infalivel proteção: Para mim não haverá relações ilícitas com nenhum homem! ENIGMAS INSOLÚVEIS? Vimos as consequências funestas da le viandade da jovem nas relações com os ho mens. Não seria lógico pensar que justamen te por isso elas se tornariam muito cautelo sas, reservadas, fugindo de todas as ocasiões em que pudesse· haver qualquer perigo? In felizmente é o contrário que podemos obser var. Com este fato, o homem se encontra dian te dum enigma quasi insoluvel. Um psiquia tra moderno julga poder explicá-lo como sendo uma fraqueza mental da mulher; mas a sua psicologia toda refuta esta explicação, tão humilhante quão deprimente para elia. Este modo de pensar prova, entretanto, um fato, que devemos lembrar, isto é, que para o sexo masculino é absolutamente incompre- 134 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ensivel a atitude da mulher, pois ele não ati na com nenhuma outra interpretação para as manifestações da sua "psiqué". Este problema encontra facilmente sua so lução, quando se atenta um pouco na lógica peculiar ao coração feminino, cujos pensa mentos são dirigidos mais pelo sentimento do que pelo raciocínio. Pascal, como profundo psicólogo, explica muito bem este enigma por estas palavras: "O coraç.ão tem suas razões, que a razão não conhece". A vida sentimen tal tem tal primazia no coração feminino, que o raciocínio tranquilo da razão não pode existir, ou pelo menos raramente ganha a vi tória, sobretudo quando se trata da questão de agradar ao outro sexo. A última solução deste enigma é a vaida de feminina, que se declara satisfeita se con segue atrair o interesse dum homem, tudo sa crificando por um triunfo tal. Diz o profes sor Forel: "Inúmeros casos há de jovens que, conhecendo as horriveis censequências das suas fraquezas, seja por teima ou pela pró pria experiência, deixam-se ludibriar pelo homem sem urna queixa, sem uma revolta, só porque ele assim o quer, porque o amam tanto, e ele é tão bom! Por isso consentem que eles a ar1·astem na lama, que lhes ar ruinem a boa reputação, a fortuna e a pró pria família. Continuam amando àqueles que as tratam a ponta-pés, depois de abusar delas da maneira mais vergonhosa. . . Este des prezo da sua própria pessoa, este desdem dos 135 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br seus próprios interesse!'! é que o homem não pode compreender". Até aqui citamos pro positalmente Forel, que, sendo materialista, não pode causar suspeita de excessivo rigo rismo. Vamos agora chegar a compreender o enigma. Como para todas as virtudes, sobretudo para a castidade, existem perigos, aos quais o homem sucumbe facilmente. Os mais per niciosos são os que não provocam uma que da visivel, mas que todavia exercem uma in fluência funesta para a mentalidade, e para o sentir, sem que seus efeitos transpareçam. Provocam contudo uma disposição infeliz da alma, que pouco a pouco prevalece na vida toda. A segunda consideração que temos a fazer é que os perigos não são igualmente graves e funestos para todos. Para uns terão pouca importância po1· causa da índole feliz, da boa educação e do ambiente sadio em que vivem. Particularmente nos círculos mais elevados ainda existe uma etiqueta mais rigorosa, cujas conveniências não admitem felizmente uma mais evidente má conduta. Não temos, contudo, nenhuma prova de que em geral não existam os perigos nem ameaças. Muitas pessoas que se julgam cautelosas, e que pensam que certas circunstâncias não são perigosas, são muito faceis em negar a tentação, e acusam a Igreja de exagerada nos seus avisos a este respeito! Este modo de ,., .. 136 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br pensar e estes exemplos são nefastos para as jovens, que daí tiram a conclusão que os pe rigos não existem, que os padres são ntrasa dos e não compreendem o tempo moderno. A Igreja compreende muito bem o tempo, porque ela tem a experiência de dois mil anos e observa consternada que os mesmos sinais da degeneração e da decadência regis tados na Grécia e no império romano tor nam a aparecer em nosso tempo, com a mesma ameaça. A lgrej a não observa so mente a vida social nas suas exterioridades, mas ela· tem a possibilidade de olhar a parte mais recôndita das coisas, e repara com tris teza os resultados do progresso moderno. Quando ela, portanto, levanta a sua voz ma lernal, não é por falta de compreensão, mas sim por conhecimento perfeito da importân cia do perigo que existe! Hoje, como em todos os tempos, levantam se vozes, para insinuar que a Igreja devia tomar uma atitude diferente, se não quiser perder muitos dos seus fiéis. A Igreja com preende perfeitamente a sua ·grande respon sabilidade perante Deus e não só perante os homens. Como ensina a história, a Igreja prefere antes perder vastos impérios do que fazer concessões em questões do dogma e da moral. Por isso o mundo a acusapara que não se esqueça da sua dignidade, afim de não recair na sua antiga miséria. A regra é sempre esta: se nas rela ções normais entram certas liberdades, se se não observa mais um profundo respeito, quem paga é sempre a honra e a dignidade da mulher. Uma vez perdida a dignidade, corre risco o pudor, e não encontrando ela mais resis- tência, já não sabe onde irn parar. Por isso é justo o aviso da Igreja de que a jovem não pode partilhar de certos costumes néo-pa gãos, e deixar de temer a censura de ser re trógrada, com o perigo de recair na deca dência dos bons costumes. 138 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Compreende-se, tambem, por que os pais concienciosos não permitem que suas· filhas adotem opiniões e costumes prejudiciais à felicidade dos seus queridos. Uma jovem pru dente será sempre grata por esta atitude dos seus pais, que provam deste modo que real mente querem bem aos seus filhos. Precisamos demorar um instante num as sunto de suma importância. A LEITURA E O CINEMA A mocidade reclama divertimentos, e com toda a razão, contanto que sua personalida de tire deste desejo um verdadeiro proveito. Pois o que torna a pessoa melhor é que tem real valor. Mas o desejo de muitos é em pri meiro lugar o gozo, e por isso a moça quer uma leitura interessante e não instrutiva, ela quer ler sem se cansar, sem dar trabalho ao espírito, mesmo que nada aproveite dela. Certas livrarias satisfazem esta tendência mórbida da maneira mais reprovavel, con tanto que façam bons negócios. Nossos lite ratos produzem em excesso e à porfia ro mances sensacionais, completando-os com ilustrações picantes, que estimulam ainda mais a sensualidade que o próprio texto. Certas revistas são mais fascinantes que os romances, pois a gravura necessita; pouco tex to, e por isso agradam mais, atraindo maior a tenção, pois em vez de fazer trabalhar a 139 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cab�ça, é a imaginação, que leva ao sonho, - e fanfa�;ia que entram em função. Desta forma a jovem acostuma-se a procu rar sempre o que diverte e agrada, despre zando tudo quanto lhe poderia aperfeiçoar o espírito e o carater. O que dissemos da leitura vale tambem quanto à frequência do cinema. Os empresá rios já sabem por que a casa fica repleta, e o negócio torna-se lucrativo. O mal para a imaginação criadora. da juventude é indiscri tivel, pois lá a mulher verdadeiramente ideal raramente é representada, mas, sim, a sua caricatura em toda a sua triste miséria. E as sim desaparece o pudor, a fidelidade e o res peito ante a dignidade da futura mãe, que cede a uma vida frívola com todas as suas deploraveis aspirações. Causa tristíssima impressão ver a atitude feminina diante de todas estas representa ções. Em todas a mulher aparece sempre ser vindo como excitante da sensualidade mas culina, concorrendo para isto a reclame nos jornais, revistas, romances, cinema e teatros. Certas mercadorias, como cigarros, charu tos e outras, conseguem sua mais vantajosa saida devido à provocadora imagem da mu lher nos seus invólucros. Romances, cinemas e teatros ensinam continuamente como sedu zir solteiras e casadas, pois mostram como estão sempre prontas para entreterem e ser virem à paixão do homem. Varia-se o tema, 140 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br mas a mulher é sempre a mesma criatura feita para o gozo do homem. Mas a coisa mais incrivel é esta: a mulher não se revolta, não protesta contra estes abo minaveis abusos! Deixam passar tudo isso, e acham, ou, pelo menos, assim parece, que tudo isso é natural, que assim é que deve ser, e até parece que ela julga ser estn a. sua verdadeira missão. Elas pagam para ver, ler, ouvir e apreciar todas essas coisas, que of en dem e calcam aos pés a sua honra e a sua dignidade. Riem-se e até muito se divertem com isso! E' sabido que as revistas mais in fames são compradas pelas moças, e os cine mas com avisos "só para homens" são os mais procurados pelas mulheres! A gente leva a mão à cabeça e pergunta pasmado: como explicar esta aberração? Todos sabem que tambem neste caso a res posta é sempre a mesma, isto é: "a vaidade feminina", que fica satisfeita quando pode fazer figura, embora tristíssima, mas, sempre fazendo figura, tornar-se o centro de atra ção, ainda que seja somente para atrair as mais baixas paixões do homem. Neste caso pode ela estranhar que eles a não respeitem mais do que ela mesma se respeita? Conclusão: se uma moça deseja que a sua atitude não seja incompreensivel para os ho niens, e se quer ser respeitada, não se esque ça jamais da sua dignidade de mulher, não pérmita que se escarneça e a ridicularizem em sua presença. Fuja dos lugares e das pessoas 141 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que não a sabem respeitar, e proteste assim que alguem não a trate com a devida delica deza. Procure aperfeiçoar-se por leitura séria e instrutiva, que forme o seu carater e desen volva a sua vida interior. Para não ser me díocre e inferior, a jovem precisa tomar gosto por uma distração e formação que eleve e enobreça. MODA Um outro enigma é a atitude da mulher em questões de moda e toilette. E' geral a queixa de que o homem está per dendo o respeito à mulher, e que seu tradi cional cavalheirismo desapareceu. A degene ração dos costumes leva naturalmente ao des respeito da mulher, que é relegada e rebai xada a vil instrumento da sensualidade. As sim sendo, era de se esperar que as senhoras tudo fariam para readquirir de novo essa es tima, mostrando o seu verdadeiro valor, as preferências da alma e as riquezas do cora ção, evitando tudo que pudesse atrair a aten ção para o corpo e despertar os desejos se xuais do homem. Na realidade, o que se vê é justamente o contrário! Se quisermos compreender a contínua mu dança da moda, com todas as suas consequên cias, devemos observar que seus dirigentes têm o maior interesse em poder variá-la ao infinito. E' preciso, aliás, lembrar esta in- 142 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br dinação da mulher de atrair sobre si a aten ção do homem, ao qual deseja agradar. Por isso para muitas moças o pensamento de não seguir a moda é insuportavel. Quanto mais este desejo de agradar se apodera dela, tan to maior é a importância que atribue à ri gorosa observância da moda, e desta forma o comércio faz negócios muito lucrativos. Mas os exageros são introduzidos ordina riamente pelas mulheres de vida facil. Pro va-o o dr. Liepman, dizendo: "que as saias curtas e as meias de seda transparentes fo ram usadas em primeiro lugar pelas demi mondaines em Paris, muito antes que che gassem a qualquer outra parte da Europa. A principio todo o mundo ficou indignado com estas indecências, mas pouco a pouco toleraram-nas e acabaram por imitá-las". Em vista destes estudos, continua o dr. Liep man: "E' sempre a mesma coisa; modas extravagantes são introduzidas por prostitu tas, a princípio rejeitadas pela sociedade como muito vulgares e sensuais, e pouco a pouco adotadas por essa mesma sociedade, que as havia condenado. . . Esta atitude é apoiada principalmente pelas mães, que não conseguem um genro assaz depressa. Como poderia tal educação produzir outros resul tados, se tem em vista unicamente a caça ao marido, e tornar a moça apta à realização desle intento?" Até aquí o nosso autor. Aten ção: Os srs. bispos alemães publicaram uma pastoral acerca deste mesmo assunto; ale- 143 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br gam como causa desta desordem o alvo a atingir, isto é, de incitar a sensualidade do homem pelo modo tendencioso de se desnu dar e salientar certas partes do corpo. Depois destas reflexões, podemos distin guir tres classes escravas da moda. A pri meira pertencem as que seguem simples mente a tendência do demi-monde, procu rando alcançar o mesmo resultado. Parece, felizmente, que é a menor parte. A segunda classe receia ser consideradacomo atrasada, se não seguir em tudo a última moda. Vendo que as outras já usam essas toilettes, tal moda perde para elas o seu carater obscuro e vul gar. Elas aliás não procedem assim por ma lícia, mas, o que é peior, por respeito huma no, vaidade e falta de carater. A terceira classe pertencem as comodistas, que obede cem à lei do menor esforço. Entram na pri meira loja que encontram, onde elas com pram sem pensar na figura que irão fazer com semelhante toilette. Em si dever-se-ia ter somente um sorriso desdenhoso para esta tola vaidade, se o efeito deste traje não fosse tantas vezes lamentavel. Entre nós, ainda há moças que não apro vam esta disposição da mulher, pelo contrá rio, a condenam, pois as relações com tais criaturas são causa de muitas tentações. O jovem já tem as suas dificuldades em refrear o instinto natural. Se, além disso, a moda lasciva aumenta esta luta com a natureza, pode-se compreender então o direito que o 144 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br moço realmente cavalheiro tem de condenar uma tal moça, posto que ela julgue a sua atitude perfeitamente correta e inocente, vis to que nada sabe das .tendências do outro sexo, e que ela pode ser causa da perdição de tantas almas. . . Não aprendemos nós que é pecado mortal provocar deliberadamente graves tentações no coração do próximo? Esta atitude é absolutamente incompreen sivel, se refletirmos que tais pessoas, soltei ras ou casadas, perdem a sua dignidade e expõem sua inocência, acompanhando seme lhante moda, pois elas são a involuntária confissão da sua disposição interior a tão pe tulantes quão presunçosos homens. Os que se deixam atrair já sabem que tais criaturas são mais acessíveis à tentação, do que a moça que revela sua personalidade pelo modo de se trajar, e que não a quer perder. As primeíras não devem estranhar que eles não procurem nelas. outra coisa, senão o que elas tão ostensivamente apresentam. E' certo, aliás, que os homens são muit:: : vezes os culpados das excentricidades da moda, pois a sua petulância as anima a acom panhar estas leviandades, e a este respeito os bailes e outras reuniões mostram que as que não se trajam no rigor da moda estão expostas ao seu pouco caso. Não se pode, naturalmente, assaz condenar esta disposição imoral, que revela a baixeza no modo de apreciar a mu lher, que nada vale para eles, se não sabe despertar a sua sensualidade. Qualidades e Tu e ele - 10 145 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br nobreza da alma não encontram mais apre ciação, porque no seu materialismo não têm mais noção da distinção e nobreza do verda deiro encanto da mulher. E quanto mais se deixam impressionar por essa baixeza e essa inferioridade dos homens, tanto mais contri buem para que eles se confirmem nesta apre ciação e se sintam encorajados na sua inso lência. Como sempre, quem perde é a mu lher 1. .. Mas quando encontram moças que com sua atitude correta provam: "Olhe, rapaz, ainda existem moças que não são assim como está pensando!" - eles vêem-se obrigados a emen dar pouco a pouco o seu modo de pensar, e desta maneira a se corrigir, e a distinguir entre as que merecem respeito, e as que não o merecem. Eis uma ocasião propícia para dizer uma palavra contra a leviandade das nossas mo distas, que julgam que seu dever é de adu lar a vaidade das suas freguesas e favorecê las em todos os seus caprichos e excentrici dades. A modista deve ter a coragem de pre venir o mau gosto destas levianas, e mostrar que uma toilette, quanto mais simples, maior fineza e bom gosto revela de quem a usa. Se a jovem quiser que os homens a res peitem, que não vejam nela apenas o obje to sexual, mas, sim, a verdadeira mulher, com todas as suas preferências e belas qua lidades interiores, então procure cobrir o seu corpo com os vestidos, de tal forma que não í46 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br excite a sensualidade do homem, e que pelo modo de se trajar e comportar resplandeça em todo o seu ser a nobreza da sua alma. De vemos reconhecer indubitavelmente que a moda de hoje corresponde mais à saude que antigamente; e com alguma boa vontade e bom senso para aquilo que convém e o que corresponde ao físico da pessoa e ao seu tem peramento, achará a jovem facilmente um caminho, pelo qual satisfaça de um modo lícito à tendência da moda moderna, e que contudo vista o corpo de uma maneira decen te e airadavel. O BAILE A moral cristã diz que a dansa é um di vertimento lícito, se revela a arte de mover se amenamente, ao som e ritmo de uma me lodia doce. Desta forma, a dansa afirma o domínio do espírito sobre o corpo, e torna-se realmente a cxpresão duma harmonia e dwna alegria sadia. Esta linda moderação no passo e no movimento oferece de fato um gozo de arte e beleza aos espectadores e participantes da dansa. Por isso compreendemos que uma moça, pela gracilidade e elegância do seu físico, tem uma disposição muito mais natural para a dansa do que o rapaz. Este talento é inato cm uma jovem inocente, e não revela nenhum carater sexual, porque as mocinhas ainda sim ples gostam muito de dansar entre si, o que 147 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br não acontece ordinariamente com QS rapa zes. E', todavia, lambem natural que mais tar de prefiram dansar com um cavalheiro, pois conforme a sua índole preferem se deixar guiar. Nem isso é ainda a expressão de uma sensualidade, pois observamos que muitas moças há que gostam mais de dansar com seu pai ou irmão, do que com um estranho. Encontramos, em todas as épocas, um cer to modo de dansa r como símbolo e sinal do amor. O rapaz convida a moça, e ela concor da, e ambos se alegram mutuamente na aproximação e domínio passageiro de parte a parte. Este simbolismo pode conservar-se de forma decente e digna, e sendo assim em certas festas familiares, nada há que se con dene neste modo de dansar. Tambem é natural que os baixos instintos do homem queiram abusar deste simbolismo do amor, apresentando este sentimento a seu modo. Assim se formaram e formam certos modos de dansar, muitos dos quais tendem a servir e lisonjear u sensualidade, e não mais a simbolizar um sentimento nobre como o amor. Em vez de se moverem ao som e com passo de uma melodia amena e harmoniosa, acompanha-se o jazz e as modinhas das va riedades, que despertam e promovem facil mente impressões muito pouco harmoniosas ... Em vez de gozar a alegria na beleza do ritmo e da elegância, é já o gozo da aproximação quanto mais íntima que se procura. 148 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Recordando mais uma vez que a índole da mulher é totalmente diferente da do homem, compreende-se facilmente que a disposição interior da jovem durante o baile pode ser muito diversa da do seu parceiro de dansa. A moça ainda correta, pela sua natureza tal vez nem de longe adivinhe o simbolismo assaz claro dessas dansas um tanto livres, e as acompanhe com uma atitude despretenciosa. Para o rapaz, porém, o caso muda de figura, pois ele não tem esta alegria natural da moça no movimento rítmico, e em lugar desta alegria · é o instinto sexual que irrompe, o qual procura a sua satisfação conforme sua índole mais ou menos moderada. Com esta inclinação diferente em ambos os sexos, começa a luta: quem prevalecerá? Um moço delicado saberá dominar o seu instinto natural, e gozará as alegrias lícitas durante o baile. Mas o pouco delicado procurará no baile apenas a ocasião propícia para satisfa zer a sua paixão. Mesmo para os jovens bem intencionados de ambos os sexos há perigo nas dansas mo dernas. Elas são a simbolização da vida amorosa; música e ritmo nasceram deste sim bolismo. Assim é que uma dansa, que foi co meçada sem a menor intenção· má, pode pelo movimento e pelo contato despertar o desejo de um prazer ilícito. Maior é ainda o perigo para ela, se o moço desde o princípio acom panha os movimentos com urna intençãopou co pura. 149 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Todas estas perigosas circunstâncias podem ser aumentadas pela atitude diferente de am bos. As moças vão a estes divertimentos mui tas vezes em toilettes muito leves e transpa rentes, que já de si excitam a sensualidade do homem. A música, com seu ritmo e me lodia futeis, influe bastante para aumentar elita frivolidade. Tudo isto contrihue para que a jovem se entregue inteiramente ao simbo lismo da dansa, a saber, de unir-se mais inti mamente ao cavalheiro, pelo modo agarrado de dansar. Um rapaz pouco delicado deduzirá infali velmente de todas estas circunstâncias, a co meçar pela toilette, o modo com que se aban dona em seus braços, e procura uma aproxi mação mais íntima, da disposição dela, isto é, de querer corresponder aos seus desejos. Este por seu lado procura uma ocasião de poder ficar a �ós com ela ; em tais ocasiões, a situação pode se tornar verdadeiramente crí tica e perigôsa. Esta de�crição nos mostra que em geral é difícil formar uma opinião sobre a liberdade do baile. Este j uizo depende, em cada caso, da qua lidade, do modo, enfim da disposição moral com que se dansa. A intenção de uma pessoa pode diferir totalmente da intenção de outra. Para uma jovem que não quer pecar por ocasião deste divertimento, serve este aviso: "preste atenção para que seu cavalheiro, abu sando da sua natural alegria e ingenuidade durante a dansa, não a arraste para a sensua- 150 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br )idade. Procure acima de tudo evitar a pre tensão de ser a dansarina mais requestada do baile, o que não conseguirá, se não lhes corresponder com uma atitude livre. Quem sabe como nestes divertimentos se soltam as rédeas que governam os maus es piritos, para serem entregues à sensualidade em virtude de vergonhosas concessões, fica pasmado da leviandade de tantas moças, que, sem um acompanham�nto sério e ponderado, frequentemente vão a certos clubes, divertem se com toda a liberdade, e por fim voltam para casa sozinhas em companhia de um ra paz não \·aro recém-conhecido; não é o caso de se dizer que elas querem se expor deli-· beradamente ao perigo? Um passo errado pode arruinar uma vida inteira! . . . E' ver dadeiramente incompréensivel que estas jo vens recusem sistematicamente a proteção dos seus pais. e além de tudo os ridicularizem como atrasados! Que homens, cujos pensamentos e disposi ções convergem para este único fim-gozar, não gostem disso, é natural, mas que as moças concordem com semelhante ·modo de pensar, é incrível, porque os pais não ignoram os perigos que as ameaçam de serem vítimas da sua sensualidadé, e, depois de vilmente ilu didas, serem abandonadas com todas as in fames e tristes consequências. Uma jovem que se preze, portanto, nunca poderá tomar parte em diversões públicas, pnde a virtude pode correr perigo. Nunca 151 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br participará de bailes, onde sabe de antemão que alguns moços que lá vão dansar o fazem duma maneira indecente, e se observar que numa reunião familiar a\gum cavalheiro não respeita os bons costumes aí reinantes, quan do ele a convidar para dansar, deve respon der sem falta negativamente. Nessas reuniões ela deve se apresentar sempre decentemente vestida, e ser muito comedida nas bebidas ofe recidas durante o baile. A sua atitude fará compreender a todos que só aprecia os divertimentos convenientes e honestos. Nos intervalos e na volta para casa deve evitar cuidadosamente ficar sozinha com algum moço, porque é de se esperar que ele 15e aproveite disso para abusar. O melhor remédio contra estes perigos, em nossas grandes cidades, está na formação de um grupo de moças que se comprometam a tomar parte somente nos divertimentos, em que os rapazes lambem se obrigam a evitar tudo que possa constranger as moças, sob pena de ser expulso no meio da festa caso não res peite as regras do compromisso. Estas moças desejam provar, desta maneira, que podem di vertir-se mui alegremente no baile, e que se sentem bem quando não estão expostas à la scívia de certos pretensos cavalheiros. Não é de bom aviso aconselhar às jovens corretas a se afastarem destes divertimentos lícitos, afim de evitar que as levianas governem sem pre e estraguem tudo com os seus desmandos. E' necessário, aliás, que os nossos homens se 152 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br convençam de que nem todas as jovens são iguais. Há rapazes piedosos e honestos, que sabem se divertir alegremente num baile, sem que em nada ofendam à moral. E' o que um distin to chefe de família disse à vista de certas proibições: Sr. padre, não acha que temos pelo menos o mesmo interesse na virtude das nossas filhas que os senhores? Por isso, nos sentimos ofendidos com tantas medidas, que expõem as nossas filhas ao risco de serem consideradas menos dignas do que as suas companheiras, que não têm todos estes cons trangimentos sociais como nós, os católicos. Onde o pai pode ir, a filha lambem pode, pois não há melhor garantia para ela do que a presença do pai! Já é tempo de se provar que a educação que nossas filhas receberam, durante os longos anos de colégio, não foi mera fita, e que elas são capazes de mostrar e provar aos cavalheiros o que Beatriz di�se a Dante: "Quero mostrar que tenho valores muito superiores aos que procura em mim. A minha missão é de levantar e não de abaixar o seu espírito". Digamos com toda a coragem: é justamente por isto que os nossos moços esperam por essas mãos benfazej us que os saibam levan tar e guiar o seu espírito, sem menosprezá los. Será que a longa educação nos colégios católicos ainda não conseguiu esse bom re sultado? 153 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ESPORTE E' realmente um progesso que hoje se atribua muito mais importância aos esportes, ao qual pertencem a natação, a ginástica, o tenis, etc., do que antigamente se lhe atribuia. Onde ele é razoavelmente cultivado, contribue muito para a diminuição da disposição para a tuberculose e anemia. As pessoas que mais necessitam de esporte são _as que em razão das suas ocupações tra balham pouco ou quasi nada ao ar livre. O fim de toda esta tendência moderna deve ser a· de fortalecer a saude, contra as influências contrárias; desta forma o organismo alcança todo o bem-estar de que necessita. O espor te, portanto, é um excelente e razoavel meio de recrear e descansar. Não é, pois, de se estranhar que a sensua lidade, que a todo custo procura conquistar os corações juvenis, encontre nesta inclina ção uma ocasião propícia para alcançar os seus fins. Já conseguiu adaptar aos seus de sejos estes exercícios, aliás inocentes. Daí pro vêm os excessos, que vemos no esporte. Seria grave erro se quiséssemos hostilizar o esporte por esse motivo; não, o que temos em vista é tão somente eliminar a sua deturpação. Estes excessos têm, portanto, o seu funda mento nas intenções secundárias e pouco ho nestas, que se querem infiltrar neste movi mento. Em primeiro lugar é a vaidade femi nina, com a sua inerente inclinação de atrair 154 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br sobre si a atenção e os olhares masculinos. O outro perigo consiste em que, sob a apa rência de esporte, ambos os sexos procuram uma aproximação mais íntima, livre de incô modas testemunhas. Estes excessos facilitam principalmente a moda desnatural de se que rer imitar o homem. Compreende-se, facil mente, que esta satisfação cause enorme dano às nossas jovens. O que ainda mais deve despertar a aten ção das pessoas sensatas é o costume que mui tas jovens têm de se exibir em traje de espor te ou de banho, conversando, deitando-se na praia horas a fio na companhia de rapazes. Neste caso já não é mais o esporte o alvo principal, mas apenas o pretexto de que se serve a sensualidade. A regra básica para uma moça, neste assun to, há de ser que o esportedeve tomar em consideração o seu sexo e o pudor. As expe riências que se têm feito demonstram clara mente que o esporte, como luta, pertence ex clusivamente ao homem, e como jogo corres ponde inteiramente à natureza feminina. Quer-se admirar no homem a coragem e a energia, na moça é a elegância e _a graça que apreciamos. Uma jovem, que se esforça por alcançar um record no esporte, causa em geral uma certa aversão, pois vai de encontro à sua na tureza feminina. A tendência de em tudo se imitar o homem, se faz sempre em detrimen to elas melhores qualidades e aptidões femi- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ninas, o que arruina por completo o seu ca racterístico. Esta virtude vale mais que todas as tendências de se procurar n'ivelar a mu lher ao homem, pois, em tal caso, nada mais há que se lhe possa oferec-er, O significado do termo é: - destruir o característico - por isso as pessoas normais e ponderadas re compensam este esforço da jovem com relu tância! Antes de tudo o esporte deve respeitar e poupar a decência feminina. O dicionário de Figueiredo diz: - decente, adj. que fica bem, que é apropriado, honesto, bem comportado. - A decência é o característico mais apro priado da mulher. Este tem por fim não pro fanar o que há de mais íntimo na nossa per sonalidade; isto não quer dizer que este ín timo seja uma coisa indecente, mas porque é um segredo pessoal, que temos o direito de não revelar a ninguem. Este segredo pode ser físico ou espiritual. Com razão ternos pudor de deixar perceber as impressões mais delica das do nosso íntimo. A poucas pessoas, e so mente àquelas que merecem a nossa parti cular confiança, revelamos os sentimentos do nosso coração, mas nunca inteiramente l! sem pre com certa reserva, e mesmo assim com receio e aversão. Evitamos igualmente profanar as partes do nosso corpo, que são destinadas unicamente para nós, pois são tambem o nosso segredo, e queremos guardá-lo ciosamente aos olhos dos estranhos. A pessoas delicadamente mQdestas 156 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br e sensíveis custa muito quando precisam se mostrar a um médico, e se deixar tocar por ele! Esta decência, este pudor é particularmente sensível, quando se trata de qualquer assunto referente à vida sexual. Em geral, todos evi tam de profanar os sentimentos da alma, e só confiam seu segredo, quando têm necessi dade de pedir algum conselho. Consideramos os órgãos, destinados à pro pagação do gênero humano, corno o mais ín timo d9 nosso ser, sobretudo se, em conse quência do pecado original, os instintos se xuais se revelam contra a nossa vontade. Quanto mais delicada é a pessoa, tanto mais penosamente se sente, quando estes instintos, independentemente da sua própria vontade, reclamam a sua satisfação. Por nada do mun do uma pessoa decente deixa perceber isto a alguem. A parte sexual abrange, enfim, os proble mas mais poderosos e sublimes, perante os quais o homem pode ser colocado: "a missão de propagar o gênero humano", a capacida de de poder transmitir a vida a outros seres. Em vista destas considerações, portanto, ninguem nega que a única atitude possivel é a dum profundo e respeitoso acatamento diante de uma grandeza, cujo característico é o poder de facilmente ficar exposta a uma profanação sacrílega. Quem ousará zombar de uma pessoa, que procura -ocultar as suas intimidades aos olhares profanos? Sentimos 157 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br urna penosa impressão quando uma pessoa irreverente e indi5,cretarnente tenta se imis cuir no segredo de alguern, ou se desata des respeitosamente o véu do seu próprio segre do. Um único caso admitimos, no qual o amor pode vencer o pudor, a saber, quando o pró prio Criador no sacramento do matrimônio autoriza a esposa e o esposo para este pro cedimento. Sem prejuízo para a alma, e sem ofender o natural respeito, um deixa que o outro partilhe da sua intimidade. Mas mesmo assim permanece ainda corno segredo de am bos, e do qual devem guardar reserva peran te terceiros. A jovem, que naturalmente se guia mais pelos valores sentimentais, encontra pela von tade do Criador na sua índole um sentimento de pudor muito mais delicado e sensível, en quanto que o homem se deixa influenciar pe las deliberações. do raciocínio e da razão. Para ela, e para a sua pureza, o pudor é, por tanto, a mais forte e preciosa garantia, per dendo ordinariamente, com a falta, qualquer resistência moral. A experiência mostra que ele procede mais deliberadamente do que ela até no momento da queda; por isso, depois de um passo er rado, consegue facilmente levantar-se, em consequência da sua tranquila resolução, ao passo que a jovem, perdido o pudor, não en contra mais o meio natural em que se apoiava. A vista destas considerações, temos o direi to de culpar a moda frívola e o exagero do 158 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br esporte, pois quando uma }ovem não respeita o seu pudor, e inconsequente e levianamente cobre apenas com diáfano véu aquilo que os vestidos deveriam ocultar, isto é, os segredos do seu corpo, expõe-se ao grande perigo de não hesitar diante da última profanação çlo seu mistério virginal, pois perdida está a de cência que deveria protegê-lo. Tem ela o direito com este procedimento de contribuir para a provocação da paixão e da fantasia libidinosa que acompanha o moço, talvez o. dia inteiro? Compreendemos por que os bispos e o pró prio papa protestam contra as exibições pú blicas dos exercícios de ginástica e natação das jovens. O protesto destes prelados tem -em vista que em primeiro lugar, por este modo de se exibir, está se formando na mulher um jeito muito contrário ao seu característico. E' e fica missão da mulher o manifestar-se na tranquilidade e na paz do lar, ocupando-se principalmente com os deveres de niãe e de esposa. A exibição em exercícios esportivos, diante dos olhares do público, tem sua origem na aspiração de imitar aos jovens até nisso. Devemos condenar severa1nente o mau cos tume que -os jovens têm, de sairem da arena nos seus trajes de esporte, e se meterem no meio do público. O segundo e principal motivo do protesto do papa contra estas exibições públicas de jovens encontra-se no efeito perigoso que elas devem produzir nos jovens que assistem a 159 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br elas. Estando eles em geral habituados a ver o corpo feminino vestido, esses trajes de es porte, curtos e transparentes, fazem com que as moças ao menor movimento fiquem des compostas, atraindo os olhares maliciosos da turba. A jovem precisa se convencer de que, pela moda frívola e indecente, provoca neces sariamente esta decomposição moral que se nota na atualidade. A experiência prova que o sentido da vista exerce uma influência muito excitante na mentalidade juvenil. Neutralizar estes efeitos, causados pelos trajes de banho ou esporte das jovens, só o pode conseguir um homem maduro e de carater firme, mas raramente um jovem com sua sensualidade tão facil mente excitavel. E' natural que estas exibi ções atraiam principalmente os jovens, que acompanham estes exerc1c10s com olhos cheios de malícia, e neles se deleitam. Até os hem intencionados correm risco de sucumbir a esta influência perniciosa; eles mesmos con fessam que prestam mais atenção a estes des nudamentos,Quem tiver qualquer conhecimento da vida da alma dos moços, sabe o quanto eles sofrem sob as impressões destas ré� dações. O moço, que quiser conservar a sua castidade, precisa evitar que surjam nos seus pensamentos tais imagens. A palavra que Jó diz: "Fiz pacto com os meus olhos, de nem sequer pensar numa virgem" (Jó 31, 1), tem o seu valor para os nossos jovens, convidan do-os a · que evitem toda curiosidade, pela qual estas imagens se. poderiam tornar peri- ·, gosas para a sua pureza. Depois destas reflexões, pergunta-se: "não seria mais prudente acostumar a mocidade a estes espetáculos, pois assim o corpo do outro sexo perderia pouco a pouco este estímulo para a sensualidade, não causando mais ne nhuma impressão?" Esta objeção revela a grande superficiali dade com que certas pessoas formam uma opinião sobre tão sérios e importantes pro blemas. Por este modo inconsequente de pensar não se observa a grande diferença que existe en tre o desejo de saber e a mera curiosidade. O primeiro, tendo encontrado a solução do pro blema, fica satisfeito, porque ficou sabendo o que desejava. Muito diferente é a curiosi dade, pois o seu motivo não é a vontade de saber alguma coisa, mas a sensualidade, que Tu e ele - 11 161 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br procura um estimulante, consistindo a sua natureza em nunca se saciar, mas em procu rar sempre novas sensações. A resposta, portanto, é a seguinte: é possi vel que tais excitantes pelo costume percam a sua impressão sobre a curiosidade, mas não acontecerá isto com a sensualidade, que, ao contrário, procurará novos estimulantes que despertem os nervos insensiveis. O costume, portanto, não faz desaparecer a sensuali ao contrá rio, comportemo-nos sempre de tal modo, que conservemos a nossa dignidade, a nos sa honra. Cuidando, enfim, do esporte, não nos esqueçamos da formação do coração e da cultura da alma. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ANJO DA GUARDA OU SEDUTORA Quem conhece a vida e a história não igno ra a· enorme influência da mulher sobre o homem, tanto. para o bem como para o· mal. O "cherchez la femme !" tem aplicação para tudo que é grande, para os · rn.aiores crimes, como para os atos mais heróicos. Windhorst declarou um dia num congresso dos católicos alemães: "A influência da mulher é extra ordinariamente grande em todas as situações da vida humana. E se fizermos um estudo aprofundado da história, teremos de conf es sar que, desde Eva até nossos dias, as mulhe res tiveram muitas vezes maior influência n� marcha dos acontecimentos do que os orgulho sos filhos de Adão". A causa disto está nas particularidades mui sabiamente combinadas de ambos os sexos. No primeiro capítülo da Sagrada Escritura Deus diz: "Não é bom ao homem estar só; façamos-lhe uma companheira". O homem adulto e nobre começa a sentir um vácuo na sua vida. Deseja a companheira que com seu ser calmo, bondoso, luminoso e alegre possa embelezar-lhe a vida, que o compreenda, que do íntimo da alma tome parte nos seus sa crifícios e nos seus interesses, o alivie e con sole no duro trabalho e nos reveses da vida, que lhes torne o lar atraente e agradaveL Para ele o sexo feminino na sua particulari- 167 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br d ade exerce um atrativo indescritivel, um ef ei to cativante e encantador. Facilita-lhe duas vezes o trabalho o pensamento de que traba lha pela mulher querida, junto à qual en contrará, após o peso do dia, benéfico des canso. Por ela está pronto para tudo. E é realmente admiravel a influência da mulher sobre o homem; ela pode ser salutar ou des graçada, conforme a índole da mulher. Mui tas virtudes do homem são apenas o reflexo das virtudes de sua esposa ou o resultado da educação recebida da sua mãe. Muitos crimes do homem são a consequência da inspiração de uma mulher diabólica. A jovem pode exercer um influxo enobre cedor sobre um moço, sem que todavia o adivinhe. Nos anos da puberdade ele sofre ordina riamente muito pelas tentações contra a pu reza, que é a consequência natural do seu sexo. Pela paixão sente-se impelido a ver dadeiras misérias, e contudo encontra em si o desejo de viver casta e dignamente, em bora já tenha caido desastrosamente. Não é raro que a imagem e a lembrança duma jo vem pura e casta o tire da lama em que se encontrava. "Eu era bastante corrompido; todavia uma jovem causou-me uma impressão tão profun da, que comecei a fugir do pecado". Assim o confessa alguem que teve relações com ela. Mais algum11s confissões. "Há pouco, fiz co nhecimento de urna moça pura e de nobres 168 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br sentimentos. A sua presença fez com que des aparecessem meus antigos desejos sGxuais. Se deles ainda me lembrei, foi com verda deiro asco. Não puàe mais pensar com pra zer nos divertimentos com outras jovens". "Muitas vezes, quando estava em perigo de cair, sua imagem me preservou da queda, aparecendo-me diante dos olhos. E eu disse comigo mesmo: se caires, não serás mais digno nem de olhar para ela!" "Muitas vezes pequei por pensamentos. Mas quando via seus olhos tão inocentes, vinha-me o desejo de es hof e tear-me a mim mesmo. Ficava indignado só com a possibilidade de poder pensar em coisas ohcenas". "Quando me vêm pensamen tos impuros e a natureza inferior quer obri gar-me a ceder à tentação, lembro-me dela e apodera-se de mim uma verdadeira raiva, e uma sincera repugnância contra mim mes mo". "Travei relações com uma jovem, que me inspirou desde logo uma grande estima. Ela tornou-se o meu anjo da guarda, e ainda hoje continua fazendo este papel". Semelhan tes confissões são ouvidas constantemente, e, o que é mais interessante, na maioria dos casos, os jovens nem tinham tido relações mais íntimas com a moça, diversos nem se quer lhes tinham falado. Somente o aspeto desta índole pura, nobre, reservada, foi sufi ciente para exercer tamanha influência so bre eles, que se tornaram outras criaturas. Tiveram a felicidade de ver o que no fundo da sua alma sempre desejariam aí encontrar: 169 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br a pureza, a nobreza de sentinlentos, a digni dade, a paz e a beleza quasi personificada, e essa iinagem ou mesmo o seu pensamento lhes elevou o espírito. E' bom, porém, que ouça outras confissões, que nos revelam o influxo desastroso das mu lheres levianas sobre os homens. "Até hoje ainda não tive estiina por ne nhuma jovem. Pois muitas me foram a cau sa para o pecado". "Atualmente a maioria das jovens são tão caprichosas, impertinentes e sem pudor, que não posso compreender o seu modo de agir". "Muitas vezes o aspeto de uma moça sentada dum modo tão afetado, incon veniente e petulante, foi a causa de se des pertarem os meus peiores instintos". Vendo sempre a mulher tão indiscretamente atavia da, a começar pelos cabelos e saias excessi vamente curtas, torna-se dificil para o ho mem consagrar-lhes qualquer sentiinento de estima. Encontram-se hoje, mesmo na melhor sociedade, jovens tão afetadas e atrevidas, que são capazes de arruinar a alma e a vida de muitos moços; por isso muitos rapazes negam que se possa ter alguma delas em muito alta estiina. Sem exagero pode-sé dizer que o valor de um homem depende da sua atitude em face da mulher. E esta posição por sua vez depen de da atitude da mulher para com o homem. Se encontrar nela a expressão da pureza, da majestade e da dignidade, sente-se elevado até às alturas morais. Se ela, porém, se apro- 170 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br xima dele como a personificação do prazer sensual, arrasta-o para um abismo de malí cia e perversidade, no qual ela mesma tam bem se despenhará. Jovens, ternos à escolha o que desejaremos ser para o homem: "um anjo da guarda ou uma sedutora?" Seremos para ele aquilo que nós mesmas quisermos ser! Assim, pois, está em nossas mãos o seu compartamento para conosco! A COMPANHERA DA VIDA Para a felicidade do matrimônio e da fa mília, é de decisiva importância a escolha do companheiro da vida. Pois é uma escolha para a vida inteira, e as consequências dela se fazem sentir em sentido positivo ou nega tivo nos filhos, nos netos, em todos os descen dentes. A palavra, já citada, de Coloma diz muito finamente: "Na vida de um homem de bem só têm lugar duas mulheres: sua mãe e a mãe de seus filhos". Não diz: sua mãe e sua esposa. O que o obriga a usar esta termino logia? Ele quer dizer que o marido não deve ver nela em primeiro lugar o que ela signi fica para ele, mas o que ela deve ser para os seus filhos, a mãe, e como tal deverá tratá-la. Um pensamento muito fino, muito efica�! Na escolha da sua companheira, não procure em primeiro lugar uma esposa, mas sim uma mãe para os seus filhos, �om as qualidades 171 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que os tornarão felizes. Do mesmo modo deve pensQr uma jovem. Quando um moço a pro cura, ela não pode se esquecer de que este será amanhã o pai de seus filhos, e por isso deve seriamente verificar se ele será um pai cuidadoso e zeloso para os seus filhos. Ela não deve recear o que irá sofrer com esta atitude tão desinteressada, pelo contrário, des te modo, evita o perigo de se deixar influen ciar por motivos que pouco ou nada signifi cam para a sua própria felicidade, e que até poderiam ser prejudiciais para o seu hem estar. Ordinariamente os homens se casam por mútua Inclinação, como é próprio da sua na tureza. Seguir, porém, cegamente uma incli nação pessoal sem tomar em consideração se a aliança garante um matrimônio feliz, e se a prole desta união será sadia, é uma atitude que se podesua obra é tudo e ele é ca paz de sacrificar tudo por ela. Uma missão muito diferente confiou o Criador à mulher, indicatornar desastrosa. Nos últimos decênios, formou-se um ramo especial da ciência, a se ocupar com a here ditariedade. Já se têm verificado fatores de extraordinário alcance. A hereditariedade se estende não somente a característicos exte riores, como à forma do rosto, nariz, etc., mas lambem ao carater em geral, e este é de sum.a importância para a vida psíquica dõs descen dentes. Não se trata, portanto, de transmis são de propriedades da alma. Esta última é impossivel, porque a alma é criada imedia tamente por Deus e unida ao novel homem em formação. A alma, porém, precisando do 172 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br corpo como de um instrumento par·a a sua atividade espiritual, está claro que depende rá essencialmente da natureza do mesmo. Ora, a qualidade deste instrumento não é obra do acaso, mas consequência fatal da he reditariedade. Depende das disposições here maternidade. Pela gravidez cada disposição doentia será despertada: fra queza do coração, tuberculose, varizes, mo léstias dos rins, etc. Por isso, nossa regra deve ser a de fortificar o organismo nos anos do desenvolvimento pelos exercícios ao ar livre, pelas horas de sono antes da meia noite, evi tando toda a intoxicação do organismo, e ali mentando-nos sadia e suficientemente, por conseguinte, nada de dietas para não engor dar. Quanto menos a nossa índole favorecer este desenvolvimento, tanto mais devemos es forçar-nos de fortalecer o organismo de qual quer outra maneira. Tratando da cultura do corpo, não nos es queçamos do aperfeiçoamento da alma. Uma vez casada, poucas horas tereis para uma leitura, meditação ou recolhimento. Devemos, portanto, agora, enquanto é tempo, fazer uma boa provisão de cultura espiritual. Quem não tiver aproveitado a mocidade para este fim, casando-se nunc1 mais encontrará tempo para se aprofundar nesta cultura do espí rito, pois, aléni .do tempo escasso, faltará lam bem a coragem e a compreensão llaJ·a isto. Deste modo vão aumentando o exército das superficiais, que aos 15 anos já se julgam formadas e preparadas para a vida, e por isso não têm mais vontade de se aperfeiçoar. To.das as mães sentem necessidade de poder dispensar aos seus filhinhos a maior soma de ensinamentos possíveis, tanto morais, como para a vida. l\fas donde tirar esta riqueza in- 178 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tcrior, se para isto não tiver feito em tempo oportuno uma preciosa reserva? Os hodiernos mal entendidos entre pais e filhos têm sua origem em grande parte no comodismo dos pais, que na mocidade não sentiram necessidade nenhuma de uma for mação espiritual. Mais tarde, quando vierem os filhos, se estes forem inteligentes, ela que não se preparou para sua sagrada missão de primeira preceptora dos filhos, nada terá para lhes dar espiritualmente, e assim se tor nará cada vez mais uma estranha para eles. Se eles forem. pouco inteligentes, seguirão as pegadas da sua mãe ignorante, tornando-se homens superficiais e incapazes para a luta pela vida; nada acontecendo, poderão viver com mediocridade, mas, em sobrevindo con tra-tempos e contrariedades, perecerão à mín gua de recursos. A jovem precisa, além disso, pensai· tam hem no seu enxoval. Quanto desgosto causa do por cssn negligência, e quanta satisfação se originou de um lar agradavel e organiza do! Com uma certa economia, e uma pru dente renúncia a tudo que é desnecessário, pode-se aprontar um lar realmente atraente, Para este fim é preciso que tambem se in teresse por todas as qu�stões relativas à dire ção e administração duma casa de família. Muitos vexames na vida matrimonial provêm da ignorância em todos os afazeres, e na eco nomia doméstica. A causa desta falta reside na tendência das moças em levar uma vida 179 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cheia de distrações, divertimentos, comodi dades e confortos, etc.; e por isso não têm gosto pelos trabalhos e ocupações do lar. Em razão da grande falla de serviçais, adotou-se o costume moderno de se confiar todos os ser viços domésticos a uma única empregada. Não obstante, quão grande é a satisfação duma dona de casa; quando vê que pelos seus cuidados tudo marcha eficiente e tranquila mente no seu lar! Quanto descanso moral e físico sente o marido com esta qualidade da esposa! Com estas ocupações sentimos a ale gria que vem do fiel cumprimento do dever. A vida no seio da família torna-se por isso mais interessante e agradavel. Ela nunca se aborrece da sua vocação materna, porque pe las ocupações da vida quotidiana a jovem mãe já ganhou a coragem e confiança que traz consi�o a vida prática. Já não lhe é tão difícil renunciar a certos divertimentos, pois encontra no fiel cumprimento do dever uma verdadeira satisfação. E este é o seu melhor galardão pelos sacrifícios de cada dia. Voltando ao assunto, devemos ainda fazer a seguinte reflexão: a jovem não deve entre gar o coração logo ao primeiro pretendente; mas antes deve refletir e se informar, para ver se esta união poderá ser feliz. Uma im pressão momentânea dos nossos sentimentos não pode influir na nossa decisão. E' preciso compreender que um bom dansarino, que se veste elegantemente, não é a melhor garan tia de que ele será um chefe de família, ca- 180 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br paz de fazer a felicidade dos seus. Pode ser até que para m,11nter esta vida elegante ele já tenha esbanjado tudo, sem se lembrar de deixar de parte uma certa quantia para sua futura família. Como poderá com o mesmo or denado, que mal lhe chegava para as suas des pesas, sustentar ainda mais a família? Como fará ele face a certas dificuldades, se até hoje só tem pensado na satisfação dos pró prios desejos! Será capaz de renunciar a es tes por amor à sua nova família? Nunca aprendeu a sacrificar as suas aspirações! Ele há de querer continuar gozando, semelhante homem não tem gosto pela vida de familia, pelas modestas alegrias do lar. Que vida po derá proporcionar à família cristã a compa nhia de um moço com tais disposições? Uma séria deliberação merece principal mente o pensamento de que a vida matrimo nial reclama um pai sadio e generoso, Clljas nobres qualidades possam ser uma preciosa herança para os filhos. Na escolha do esposo deve, portanto, apli car-se a lei da seleção, i. é, em primeiro lugar vem a consideração das qualidades que hu manamente falando garantam uma prole sa dia e bem dotada. Esta garantia está antes de mais nada na saude moral e física. Contêm ambas tanto as predisposições como as qua lidades adquiridas. A jovem tão pouco deve desdenhar de pro curar verificar por intermédio de pessoas al truístas se na família do pretendente existe 181 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br qualquer predisposição doentia, qual a men talidade nela reinante, quais as idéas morais e religiosas que elas nutrem. Igualmente procure conhecer exatamente as qualidades e os hábitos pessoais do pretendente, para poder avaliar se há possibilidade de harmo nia de vistas. Certamente o carater feminino em geral possue bastante adaptabilidade, de modo que uma mulher com relativa facili dade se acomoda a outros caracteres i'nteira mente diferentes, modificando consequente mente todo seu procedimento. Por isso, a questão principal é saber se, suposta a natureza normal, uma educação verdadeiramente cristã despertou e desenvol veu nele todas estas virtudes que o habilitam a ser um marido fiel, e um pai generoso. Mencionemos ainda alguns pontos de vista, de particular importância. O homem é a cabeça da família, conforme a vontade de Deus, e portanto a mulher deve se submeter a ele. Ela aceitará de bom grado este papel, se ele tiver as qualidades que atraiam a sua alta estima. Mas isto só se dará, se ele for um caratP-r firme e religioso, e que fielmente cumpre todos os seus deveres para com Deus e com os pais. Todas as famílias são visitadas por apreensões, sofrimentos e reveses. Somente a religião nos pode orientar nestas situações, e conservar o equilíbrio no meio deles e não sucumbir ao peso do sofri mento. 182 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Por esse motivo não se pode desaconselhar com suficiente insistência o casamento mixto. Todo católico crente tem a convicção de que a Igreja católica é a Igreja de Cristo, por ele fundada. Todas as demais comunidades reli giosas que se dizem cristãs apartam-se dela e se encontram em erro. Sem dúvida, os que sem culpa se acham fora da verdadeira Igre ja podem se salvar, obedecendo aos ditames da conc1ência. Mas não é o caminho do céu intencionado por Deus. Os acatólicos nutrem, além disso, uma profunda aversão à lgrej a católica; porque só conhecem a sua carica tura, que 9s enche de antipatia. A condição básica, porém, da felicidade ma trimonial é a harmonia das almas. E essa, comoserá ela realizavel, reinando opiniões opostas nas questões mais vitais? Nas adver sidades da vida, verd_adeiro consolo só se en contra na religião. Quem mais aspira por essas fontes de consolação e delas vai haurir é o coração sensível da esposa para se recon fortar não somente a si senão tambem ao es poso e aos filhos. Mas ao marido acatólico são' inacessíveis todas as ricas fontes da nossa Igreja. Relativamente aos filhos, existem ainda ou tras co�siderações mais gra".es. Que imprei:. são estranha deve sentir o coração inocente da criança, se o pai nada acredita daquilo que lhe foi ensinado como a parte mais im portante da vida humana, como a vontade de Deus? E' desolador para a criança quando, 183 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br no dia da primeira comunhão,· o pai não a acompanha e não pode ter parte na sua f e licidade. A influência funesta, que o casa mento mixto exerce sobre os filhos, vê-se claramente no foto de que eles com muita facilidade por sua vez contraem casamentos mixtos, frequentemente sem casamento cató lico e educação católica dos filhos, de manei ra que os netos ou o mais tardar os bisnetos, cm grande parle já não são católicos. Comove tristemente contemplar a àrvore genealógica de uma família, ao verificar que em tempos idos algum membro contraiu matrimônio mixto, perdendo com isto a Igreja católica todo tronco lateral. Causa horror pensar na responsabilidade que tal passo trouxe con sigo. Mencionemos ainda que acatólicos acredi tam na possibilidade de um divórcio e que, entre eles, reinam geralmente opiniões mui to largas com relação à �xtensão do sexto m�mdamento. E' muito frequente não se cum prirem as promessas feitas sobre a educação católica dos filhos, ou a mulher coloca o ma rido diante da possibilidade de lhe tornar a vida insuportavel se não se acomoda aos seus desejos. Os prejuizos dos casamentos mixtos são de tanta gravidade, que a Igreja se julgou obri gada a proibi-los no novo código do direito canônico. "Rigorosamente proibe a Igreja con trair matrimônio mixto" - Canon 1060. Ha� vendo perigo de a parte católica ou os filhos 184 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br perderem a fé católica, o casamento é proibi do lambem por lei divina. O católico que realizar o seu casamento perante o ministro acatólico, �stá excomungado. E', portanto, er rôneo. pensar ser lícito contrair matrimônio mixto, contanto que se peça antes dispensa. Quem levianamente, sem razões graves e jus tas, e sem ser humanamente certo não existir perigo para a parte católica e os filhos, co meçar a travar relações mixtas ou noivado, peca gravemente e está obrigado em conciên cia a rompê-las. Com relação à saude, queremos referir ain da e sobretudo as razões que se opõem aos casamentos entre parentes. E' muito facil en contrar-se em alguma árvore genealógica qualquer predisposição perigosa que absolu tamente não se manifesta, ou só fracamente enquanto os membros não contraem casa mentos senão com estranhos. Numa união conjugal, porém, entre parentes, essas infeli zes predisposições hereditárias vêm juntar-se, acarretando terríveis consequêncas, como são: morte prematura, esterilidade, decadência. De modo terrivel pode isso acontecer havendo parentesco duplo. Seria, p. e., o caso que, en tre os ascendentes, dois irmãos se tivessem casado com dois outros. Na hipótese, todos 05 seus descendentes teriam entre si duplo pa rentesco. Ficando latentes muitas disposições doentias, impossibilitando a sua verificação, é preciso dissuadir de um casamento entre parentes, mesmo quando não haja indício al- 185 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br gum de predisposições hereditárias. As tris tes consequências dos casamentos entre pa rentes se verificam com facilidade nos distri tos onde há disso prática. As escolas para crianças inferiores são frequentadas sobretu do por descendentes de tais famílias. Por isso a lei da Igreja, proibindo casamentos entre parentes, tem sua profunda razão de ser. Aumenta em nossos dias o número dos que exigem, antes do casamento, o atestado de um médico conciencioso, certificando a saude de ambos os contraentes e a capacidade física da moça para a maternidade. Muitas decepções cruéis e muitos sofrimentos se poupariam, se essa medida bem intencionada e fundada se aplicasse sempre. E' muito necessário, por isso, que a jovem se informe seriamente sobre o passado do pretendente, antes de deixar entrar no seu coração uma afeição. Para este fim vamos distinguir tres classes de moços. A primeira pertencem aqueles que têm um passado puro e limpo. Tanto no comporta mento para com os pais como no· seu procedi mento moral, nunca deram motivo para quei xas. Será uma felicidade para uma jovem, se puder casar-se com um jovem nestas condi ções. E' natural que ela tambem seja digna de um tal moço; Na segunda classe formam aqueles cuja ori gem e educação foram boas, porém, em con sequência de contratempos, sofreram diversas quedas. Mas, enfim, vencendo a boa índole, 186 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br voltam a uma vida normal e cristã. Pede-se ompreender que uma jovem perdoe todo o passado, e se resolva a casar com um moço ('111 tais condições. E' necessário, todavia, não dar este passo senão depois de uma séria deli- hcração com pessoas que coinpreenda.m esta situação benevolamente. Se declararem que 11este caso se trata mais de um descaminho, que de faltas provenientes de um carater ou índole déf eituosos, e quando se provar que o moço muito antes de iniciar as relações com a moça começara por endireitar as suas faltas, vemos entãi;:, que há suficientes motivos para se aprovar esse projeto. Uma· precaução es pecial seria, porém, necessária, quando o moço começar uma vida normal apenas ao iniciár o seu namoro. Em rµuitos casos, contudo, veio a saber-se mais tarde que o moço tinha apenas simu lado a emenda da sua vida, com o fito de se aproveitar de algum partido rico e vantajoso que encontrara. Desta maneira c0nseguiu ca sar-se com a filha duma família rica e fidal ga. Para alcançar isto, começou a ir à missa todos os domingos, e recebeu todos os santos sacramentos. Mas no primeiro domingo de pois do casamento, quando ela o convidou para irem juntos à santa missa, o marido lhe declarou que tudo aquilo fora uma comédia para poder casar-se com ela. "Daquí em dian te será favor não me incomodar mais com tais desejos". 187 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A terceira classe pertencem aqueles que têm atrás de si uma vida mais ou menos des regrada, conhecida como tal, cujo modo de pensar sobre a vida matrimonial é pouco ele vada, e qt1e agora por qualquer motivo pen sam em casar-se. Há motivos bastantes para se dissuadir de tal casamento, Ele trará para a nova vida o mesmo modo de pensar, e por conseguinte amanhã tratará a esposa da mes ma forma como pensa. A circunstância de que ele trata e se compqrta direitinho com ela, não refuta o nosso modo de pensar. Pois muitas vezes continuam sua vida desregrada durante o tempo do noivado, para "muitas vozes continuá-la depois do casamento. Or dinariamente a jo-vem vê no objeto de seu amor o ideal, e as qualidades, que desejaria, julga ver nele personificadas. Durante o noi vado aumenta esta ilusão, e depois do casa mento VOO'l o cruel desengano. Como dizem os médicos, é necessário uma grande delicadeza da parte do marido para convencer a jovem esposa de que a entrega, instituida por Deus, é uma prova de amor, e o sinal da união íntima das almas. Como é que homens com um passado tão triste pode rão ter essa delicadeza e essa alta compreen são, se na mulher não vêem outra coisa mais que o meio de satisfazer suas· baixas paixões? Assim, pois, não é de se estranhar se tantas vezes acontece que, apenas casadas, algumas enlouqueçam e vão parar no hospício de alie nados, porque depois do casamento descobri .. 188 https://alexandriacatolica.blogspot.com.brram o que ele realmente desejava dela! Ou t 1·as desde o dia do casamento não têm mais uma hora sequer de felicidade, porque sa hem a triste sorte· que as espera pela convi vência com tão execravel vilão! Ouçamos o que diz o professor Forel, um dos mais competentes médicos psiquiatras: "Conheço um,a série de casos em que o mari do libidinoso não só transformou a afeição ilusória da jovem esposa em um profundo horror, mas até provocou a sua alienação men lal. Peior ainda é a situação, se ela mais tar de descobrir os sentimentos indecorosos do seu marido na vida sexual, vendo que seu amor não é mais que uma paixão vil. Levan ta-se então na alma da jovem uma luta tre menda pela desilusão e felicidade perdidas, e muitas vezes os sentimentos sublimes do amor são sufocados, e breve nada mais res tará que a grande tristeza de suportar e so frer". Até aqui o médico Forel. Mais um perigo ameaça a mulher. Como dizem ·os especialistas, acontece que uma mu lher nunca pode encontrar satisfação em um homem, que ela não pode amar, (mas o contrário acontece). Desta forma o desejo muito natural e justo, que sempre vai ser pro vocado, fica· sem satisfação. Acontece, entre tanto, que ela faz o conhecimento de um ho mem, que talvez logo no primeiro encontro lhe faz profunda impressão. Sentirá imedia lamente um verdadeiro atrativo, e urna voz interna lhe segreda que nele encontrará o 189 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que até alí em vão t�m procurado. Muitas sucumbem a esta tentação da atração ilícita. Se ele não for um· homem de cara ter, terá início um adultério, este talvez seja o prin cípio de um escândalo, de uma tragédia, que pode acabar num assassm10. Devemos, além disso, compreender que a vida matrimonial não pode ser uma série ininterrupta de prazeres carnais. Ainda que ela permita satisfazê-los de uma maneira lí cita, todavia esta permissão não é ilimitada. Em primeiro lugar, um amor verdadeiro exi ge uma delicada consideração para com os desejos e a situação da esposa; e esta delica deza e consideração são a coroa do amor. Há · tempos e circunstâncias, além disso, que re clamam do marido completa continência. Os maridos jovens, que não têm esta reserva e este domínio sobre si mesmos, toniam a vida da esposa insuportavel, pela falta de consi deração e impertinência. Donde vem que na Alemanha encontramos a enorme cifra de 50.000 divórcios em um ano? Por isso é necessário, se ela não conhecer mais intimamente o pretendente pelas rela ções com sua família, que procure informar se sobre seu passado por intermédio dos pais ou irmãos, para que o esclarecimento não chegue quando já for muito tarde ... Para a felicidade conjugal, finalmente, é indispensavel que ambas as partes se enten dam e se amem verdadeiramente. Uma dife rença demasiadamente grande entre a edu- 190 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cação e as opiniões frequentemente impedem os esposos de se aproximarem intimamente. A parte mais distintamente educada sempre de novo se sente repelida pelas maneiras vul gares do outro. Por onde se compreende e justifica plenamente o exigir-se certa igual dade de condições, se bem que em casos fa voraveis haja possibilidade de exceções e não se devem por orgulho traçar limites dema siadamente estreitos. Por verdadeiro amor não se há de entender o "amor ardente" dos namorados, que fre quentemente esfria com rapidez, quando não se -transforma em aversão" e mesmo ódio; mas a profunda simpatia mútua que se ba seia na recíproca estima e se patenteia em benevolência. Tal amor não se procura em primeiro lugar a si e aos seus interesses, mas o bem do outro. Esforça-se por ser-lhe e dar lhe aquilo que o bem do amado exige. Devemos notar aquí que os homens absolu rncnte não amam de preferência àqueles dos quais recebem muitos benefícios e mesmo a satisfação de todos os seus desejos, mas antes aos que lhes custam fadiga e sacrifícios. O verdadeiro amor se revela não só pelo dar, mas ainda mais por vezes se manifesta pela negação de pedidos não justificados e pelo sacrifício de desejos próprios. Praticando am bas as partes constantemente o que possa f a vo1·ecer o verdadeiro bem do outro, só então o mútuo amor se há de tornar mais forte e mais profundo. 191 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Este amor altruista deve aprender-se. Não se apresenta espontaneamente. A força de praticú-lo, conquisía-se pela fidelidade íntima e abnegada ao dever, pelo corajoso domínio de si mesmo e pela obediência resoluta na casa paterna. Do que dissemos, resulta com evidência que estas considerações devem ser feitas an tes de o indivíduo estar "enamorado", pois tal estado é capaz de cegá-lo a ponto de pen sar que a atual inclinação é duradoura e de persuadir-se que todas as qualidades divinas que vê na pessoa amada a adornam real mente ... " O ímpeto da inclinação, no dizer de um médico, falseia o juizo, encobr� as faltas mais palpaveis, pinta tudo cor de rosa, torna o homem enamorado ou os dois entes ena morados mutuamente cegos e esconde a cada um a verdadeira natureza do outro. Só de pois de ter passado o primeiro ímpeto duma tendência aparentemente insaciavel, passada a lua de mel do matrimônio, passa a embria guez e aparece o verdadeiro amor ou a in diferença ou mesmo ódio, ou tambem um amálgama intermitente dos tres, produzindo uma adaptação mais ou menos viavel. Por essa razão os amores repentinos são sempre perigosos, podendo somente um conhecimento mais prolongado e mais íntimo antes da união dar alguma certeza de que esta terá felici dade duradoura". Toda a cautela e reserva, portanto, será pouca quando a jovem sentir pela primeira https://alexandriacatolica.blogspot.com.br vez o despertar duma inclinação. Trata-se de conservar o equilíbrio para que a mesma não se apodere impetuosamente do coração, não perturbe a razão e acorrente a vontade. A experiência ensina que jovens enamorados chegam a um estado em que não são capazes de julgar com calma nem são acessíveis a argumentos da razão. "O amor cega", diz o provérbio. O que, além disso, desperta a afei ção demasiada, frequentemente são apenas qualidades do corpo : a voz, o cabelo, o olhar. Ora, a vida real exige que o jovem aprenda a fechar o coração -a tais estímulos dos sen tidos, e não se deixar influenciar por eles. Deve ser capaz de tratar despreocupadamente com. pessoas de outro sexo, com as quais sim patiza, sem mesmo pensar em se convém ou não manifestar de qualquer forma a sua sim patia. Só assim estará em conpo derão se unir por toda a vida. O noivado, porém, deve ser dominado pela resolução de ambos, de comparecerem peran te o altar intatos, para atrairem as bênçãos de Deus sobre a sua união. E' ponto de honra para o jovem dominar os apetites impetuo sos da tendência natural, para que não ve nham a sacrificar a inocência e a honra da noiva. Para ela provém daqui o dever de evi tar tudo que possa provocar a paixão do seu noivo, e aproveitar eficazmente toda a sua influência, para que ele domine a sua natu reza. Modelo grandioso de nobre amor os noivos cristãos o têm em Tobias e Sara. Tobias pôde dirigir a Deus esta prece: "Tu sabes, Senhor, 194 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que não é para satisfazer o meu apetite que eu tomo a minha irmã (na linguagem bí blica sinônimo de parente) por mulher; mas só por amor dos filhos, pelos quais o teu nome seja bendito pelos séculos dos séculos" (Tb 8, 9). E Sara disse : "Tu sabes, Senhor, que eu nunca desejei marido; e que conser vei a minha alma pura de toda a- concupiscên cia. Consentí, porém, em receber marido no teu temor, e não por prazer meu" (Tb 3, 16, 18). Após o casamento, abstiveram-se por tres dins dos deveres conjugais, afim de implora rem as 'bênçãos- de Deus. Semelhante propó sito traria as consequências mais salutares, sobretudo ao jovem, ultrapassando a resolu ção de conservar intata a noiva e arraigan do-a ainda mais na sua vontade. Ela tomará na vida conjugal a posição que tiver conquistado nos dias do noivado. Decide-se aí o futuro, a saber se daí em dian te ela será a digna companheira do marido ou a escrava da paixão do homem. Em consequência desta leitura, não estra nhará ao ver que ele com paixão procura a satisfação natural. Por isso é realmente difi dl, quando os noivos devem esperar tanto tempo o dia do casamento; compreende-se assim que a inclinação se torne dia .a dia mais forte, reclamando entrega completa. Sendo isto, porém, permitido somente na vida ma trimonial, devem lutar e renunciar a este de sejo, para que o noivado não fique maculado por um pecado mortal. 195 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Há moças que se deixam seduzir, pelo re ceio de perder o noivo, se não satisfizerem aos desejos dele. Fato é que moços de nobres e delicados sentimentos sentir-se-ão felizes, quando ela resiste a estas exigências, às quais não deve ceder de maneira nenhuma. Sen tir-se-ão até orgulhosos por terem encontrado uma jovem tão enérgica, pois compreendem muito bem a preciosa garantia que lhes é dada por esta enérgica recusa, refletindo: "se esta moça, como noiva, resiste ao próprio noivo, gaberá mais tarde resistir a qualquer atrevido que se lhe aproxime!" O fato é que os moços, que sentem lam bem a paixão da sua natureza, declaram con tudo: "nunca me casarei com uma jovem, da qual tenha obtido certos ·favores".·. . Ou tro moço, que tambem tinha uma noiva, en controu-se um belo dia com seu ainigo, ao qual contou que havia acabado com seu noi vado: "Há poucos dias cometí com ela uma falta!" O amigo perguntou-lhe: "E por isso ela acabou com o noivado?" "Não ela, mas eu! Tinha tomado a resolução de levá-la in tata e pura até ao altar! Aconteceu, porém, que uma noite embriaguei-me e deixei-me levar pela paixão. Mas o modo com que con cordou, e entregou-se a mim, causou-me asco, e tanto desprezo que já não posso me casar com semelhante criatura!" Não é raro que moços, que estavam real mente resolvidos a se casarem com uma jo• vem, exigiram desde logo a satisfação de sua 196 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br pa1xao; mas pouco a pouco foram-lhe per ou por comodidade, ou para poder gozar a vida, por medo das exigências da maternida de, por desejo de independência, ou que de sejariam se casar e não podem. A distinção se refere unicamente àquela virgindade que for escolhida espontaneamen te e prometida a Deus, por motivos superio res, sobrenaturais, ou por outro, "por cau sa elo reino dos céus", no dizer do divino Mestre. (Cada vez q\,l,t no tratado seguinte se falar em "virgem", tal palavra deverá ser en tendida no sentido aqui exposto). O voto de virgindade é mais do que um simples propósito ou resolução. E' a promessa feita a Deus de querer permanecer virgem a vida inteira. E somente o papa pode dispen sá-lo, suposto que o voto tenha sido incondi cionalmente feito e com a idade de ao menos dezoito anos completos. Quem faltasse gra vemente conira este voto cometeria simulta neamente um sacrilégio. Por isso uma jovem, entusiasmada para fazer o voto de castidade, a título de experiência o faça só por certo tempo, orientada por um confessor experi-• rnentado. Tambem aquelas que entram numa ordem ou associação religiosa duranie anos fi cam provadas até admissão aos votos perpé tuos. Elas primeiramente podem prometer 200 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br castidade por um ano, e depois renovar o voto até alcançar a compreensão e a prova de que poderão observá-lo para sempre. Se ria imprudência e temeridade fazer este voto perpétuo sem ter consultado o confessor e sem analisar primeiro a fundo o alcance duma resolução momentânea. ·Que quer dizer: a virgindade deve ser es colhida "por amor do reino dos céus?", para estar acima do matrimônio? Quais os moti vos que impelem uma virgem a tal passo? Que a dignidade de mãe é grande, imensa mente grande, não padece dúvida. Pois ela até certo ponto deixa a criatura partilhar do poder de Deus Criador. · O próprio Cristo a enobreceu, santificando-a por um sacramento. Mas esta dignidade ao mesmo tempo realiza o anelo natural de cada jovem. Dada sua índole - a tendência psíquica nela goza dum desenvolvimento notadamente forte - ela descj a antes de tudo um marido nobre e excelente, para o qual ela olha respeitosa mente, junto ao qual se sente amparada. Mas o objeto primário a que se referem os desejos mais ardentes de cada esposa genuina é o lar com os filhos. Ou não é que ela, digamos o coração dela, quer acompanhar tudo e to dos, e quão contente se sente quando pode à vontade fazer isso de plenos poderes na vida doméstica e dispensar ao esposo e aos filhos cuidados amorosos e felicitadores. Inegavelmente nobres e belas são estas ten dências, mas elas criam apego a este mundo. 201 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 08 cuidados diários em prol da casa em ge ral vão consumindo o tempo todo, o interes s�, a força de que dispõe. Assim com nímia facilidade se deixa absorver. Acresce que a união matrimonial inclue gozos sensuais que, apesar de transfigurados por amor nobilitante, nunca são de ordem meramente espiritual. Existe tambem na vida matrimõnial o perigo duma dependência do espírito aos desejos da carne; estes ten dem a abaixar o homem, coagem a excessos, abusos do que é lícito. Por isso diz são Paulo (1 Cr 7, 28) : "Todavia, os casados padecerão tribulações da carne". Quanto mais cândida uma alma, tanto màis profundamente sente o peso da matéria. Pre feriria estar livre de cuidados exclusivamente mundanos e reservar o coração às coisas su periores. Sendo assim, é mais de estranhar que almas nobres se decidam a renunciar a tudo que é do mundo, a desprender, desapegar in teiramente o coração dos bens desta terra e a consagrar o amor exclusivamente ao Filho de Deus, a ponto de pertencerem a ele em corpo e alma, estabeleceram relações espon sais. Somente no seu serviço e por seu amor, elas querem valorizar a índole maternal. Uma expressão extraordinariamente bela dis to nos oferece o Breviário Eclesiástico nas pala vras proferidas por sta. Inez. Ei-las em compo sição livre: "Amo a Cristo que me conduz ao tálamo, cuja Mãe é virgem, e cujo Pai não conhece esposa. Amando, sou casta; to- 202 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cando-o, permaneço pura; aceitando-o, con tinuo virgem. A ele sou desposada, de quem os anjos são servidores e cuja beleza ultrzi passa o esplendor do sol e da lua. A ele só dou minha palavra, a ele entrego-me aflitís sima. A minha dextra e o meu colo ele os cingiu com pedras preciosas, e para brincos auriculares me deu pérolas de valor incal culavel. Mostrou-me os seus tesouros incom paraveis e mos prometeu. Ornou-me de jóias de lindo fulgor e em minha testa pôs um si nal para eu não admitir outro amante. Ou trora pôs uma aliança em meu dedo e um diadema de brilhantes em minha cabeça". Conduzida ao martírio, ela, saudosa, levantou os braços para o céu e orou. "Eis-me chegan do a ti, o amado, o procurado, o sempre de sejado. Pereça o corpo com que eu poderia agradar a olhos que não me interessam. A ti pertenço, meu Salvador, e desejo de todo o coração". E lá do céu ouvimo-Ia proclaman do: "Vejo agvra o Qlle desejei; possuo o que esperei; sou desposada no céu àquele que tão intimamente amei na terra!" Esta virgindade vitalícia, escolhida espon taneamente por amor de Deus- e prometida a Deus, explic_a prática e nitidamente em que consiste um sentimento casto irmanado com a magnanimidade do amor a Deus. Ela não indaga pelo que deve dar a Deus, mas sim pelo quanto pode dar. Ainda não satisfeita cm tei: cumprido os deveres ordinários, trilha 203 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br as sendas íngremes da perfeição e se compraz em obras superrogatórias. A missão é por sua própria e livre decü;ão submeter-se à vontade divina, entregar-se sem reserva a Deus, e assim glorificá-lo. A virgem cumpre isso tudo prodigamente. Ela não so mente se oferece na medida por ele exigida, mas ainda para a maior glória livremente deposita no altar divertimentos e gozos dos quais podia fazer uso sem contrariá-lo. O maior distintivo do homem consiste em ser ele imagem de Deus, espírito perfeito. Logo sua vida deverá exteriorizá-lo, dando o domínio ao espírito e sujeitando a carne ao governo da vontade. A virgem, longe de sa tisfazar apetites carnais ilícitos, se despren de tanto da influência do corpo, que nem aprecia e por isso dispensa os gozos sensuais lícitos aos esposos. Ela procura o bem-estar unicamente cm Deus. Somente em coisas su blimes ela quer alegrar--se. Quer agradar ao divino esposo cada vez mais por uma vida o quanto possivel espiritual. Ela ultrapassa as exigências das virtudes. A prudência conhece o que é verdadeiramen te bom; a virgem, divinamente iluminada, escolhe, porém, o que há de melhor. A jus tiça dá a cada um o que de direito, mas ela dá mais. A temperança vai regulando os go zos conforme os ditames da conciência. Ela, porém, dispensa o que é lícito. A fortaleza suporta sofrimentos com cons tância e vence dificuldades; ela aceita yolun- 204 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tariamente sacrifícios e lutas maiores. Liber dade, bondade fervorosa nela triunfam es plendidamente. E' ela que faz desabrochar plenamente a bela flor. Aquilo que Deus não ousa exigir e apenas aconselha, é para ela na tural, proporcionado. De ordinário ela coroa sua obra com ingresso numa ordem religio sa, afim de pôr-se totalmente ao serviço de Deus. O que lheem indefinivel amor, se entrega para alimentá-la, se une com ela do modo mais íntimo. Sacrifício, entrega por en trega, amor por amor. Como recompensa já neste mundo, Cristo promete à virgem o cêntuplo (Mt 19, 23). Ale grias de ordem superior indenizam-na sobe j arnente por tudo que ela sacrificou. Natu ralmente não lhe é pequeno o sacrifício de nunca poder oferecer o coração a um marido, de ficar só a vida inteira. Mas no amor ao esposo celeste ela encontra um substituto mais 205 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que equivalente. Ou não é a ele que con sagra toda sua vida amorosa! A ele pode re correr sempre em todas as necessidades, unir se diariamente na santa comunhão. E' junto dele que encontra a paz profunda da alma como o mundo gozador não sabe dá-la (Jo 14, 27). Não fica ela molestada por cuidados pela família, acompanhados de inquietude, angús tia, esperanças, ânsias, decepções. Inúmeras são as considerações que a esposa deve tomar do esposo, dos filhos; dos seus desejos, há bitos, vícios; de sua saudesejas um coração extremamente bondoso, nobre, arna vel. Cada vez que descobres numa senhora alguma qualidade boa, queres que tambern tua mãe a tenha. Ela há de ser o ideal que se possa imaginar duma mulher nobilíssima. Continuas a pensar: de que família será ela descendente? A mais rica, ilustrada que tu podes achar, será escolhida. Terá um palá cio disponível tão lindo como o mundo nun ca viu. Toda a instalação será a melhor, mais rica e cômoda possível, e em redor tudo bem ajardinado. És inca�savel em fazer descober tas do mais esplêndido e belo que a terra pode dar. Eis o teu sonho que para alguem veio a realizar-se; este único é: o filho de Deus. Não somente à prudência humana era dado excogitar o modo de dotar a mãe, tambem a infinita sabedoria divina tinha disponível uma eternidade para deliberá-lo. E Deus amava sua Mãe! Se juntássemos o amor que os homens todos podem ter por suas mães, não teríamos ainda assim a medida .do amor de Deus para com aquela da qual quis na scer. Maria tambem devia tornar-�e grande e quanto possível digna dele. Ela devia poder exclamar: "Obrou em mim grandes coisas aquele que é onipotente, e por isso todas as gerações me chamarão bem-aventurada!" w 211 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br O que foi que Deus, numa eternidade de pensar, achou de dotes magníficos e lindos que desse à sua Mãe? Tambem ele lhe deu as qualidades mais esplêndidas do espírito e do coração. Coisa, porém, que descendente algum de Adão e Eva jamais recebeu, ela ganhou já no momento da conceição: a graça santificante, e por causa dela inúmeras outras graças. E o que mais ela recebeu de Deus? Daqueles bens terrestres todos, que tu terias desejado à tua mãe: nada, absolutamente nada. Ela não era rica, nem recebia distin ções, nada desses gozos do mundo. Mas por que, por que é. que Deus não quis dar-lhe nada desses bens'? Ao pensar nisso, deverás chegar imediatamente à conclusão: E' im possivel que Deus se tenha simplesmente es quecido disso; ou então Deus não tem cui dado dela tão bem como deveria. Mas, então, por que não a deb.:ou partilhar disso? Assim como um multimilionário apresen tará à filha noiva somente adornos de ouro com diamantes e outras jóias e não de ambar e vidro, olha, assim Deus dotou sua Mãe so mente com aquilo que tem verdadeiro valor, com tesouros genuínos, incorruptíveis, mas não esses brinquedos terrestres sem valor! Mas, então, não teria sido Maria mais feliz e res peitada se Deus lhe tivesse dado de acrésci mo os bens terrenos? Tão pouco mais feliz, como filha de multimilionário que recebesse ainda caixas e caixas de jóias falsificadas. 212 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Compree_ndes agora em que consiste tam bem a tua grandeza e dignidade? Não em exterioridades, não em bens terrestres; no teu íntimo está tua grandeza, tua riqueza! Prin cipalmente na graça santificante, dote único com que Deus agraciou sua Mãe quando ela começou a existir. Nessas condições a bem-aventurada Virgem está diante de ti, dizendo: "Filha dos homen�, não queiras procurar tua felicidade e gran deza nos bens e pràzeres mundanos! Vê, a mim Deus escolheu para ser sua Mãe, a rai nha do céu e da terra, e entretanto não tirei nenhum lucro material!" Maria tambem. explica tua tarefa neste mundo. Quando o anjo lhe comunicou o pla no divino, ela disse: "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa pa lavra!" Cumprimento da vontade divina, eis seu único programa de vida. E já não se importava mais de analisar as exigências de Deus. Quer a elevasse a uma dignidade, quer a obrigasse a ficar junto da cruz, ela conhece um só pensamento básico: Ele é o Senhor, ele é quem manda; eu sou sua escrava, eu é quem devo obedecer! O contendo da sua vida era então cultivar o senti.J.nento maternal e a yiver completamente retraída. E ela cum priu o dever, alegre e bem generosamente. Mas nesta vida retirada ela desenvolvia uma atividade que ainda hoje, depois de quasi 2.000 anos, espalha bênçãos em demonstrar precisamente às virgens que ela não tem ou- 213 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tra m1ssao senão orientá-las, pelo sentimento maternal, a fazer o bem segundo a vontade de Deus de uma maneira desinteressada, pronta a sacrificar-se caridosamente. Tam bem agora, elevada a rainha do céu, não co nhece incumbência mais agradavcl do que, seguindo o impulso do coração, traduzir o sentimento maternal praticamente. E é por isso que nós a chamamos "saude dos enf er mos, refúgio dos pecadores, consoladora dos aflitos, auxílio dos cristãos". Aprende dela a caridade que se compadece, que é benigna e desinteressada, que oferece auxílio e consolo. Maria se te apresenta numa forma admira bilíssima como MODELO brilhante de purez:l virginal. Em que ponto está a moralidade dos ho mens? Esta pergunta equivale a outra: Como se respeita a mulher? Imoralidade é sinôni mo de depravação da mulher. Prova disso temos na história dos povos e de cada indiví duo. Quando Cristo veio, reinava a imorali dade mais hedionda. Pois bem, precisamente naquela época a situação da mulher era a mais desprezivel e ignominiosa possivel e imaginavel ! Hoje o mesmo quadro. Lá, onde o senti mento cristão desaparectu do coração huma no, escondem-se, atrás dos modos amigaveis e obsequiosos no trato com as mulheres, tan tas vezes as tendências mais baixas, mais or dinárias. Cada moça que preza a própria honra, soltaria um grito de pavor e correria 214 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br às pressas, se pudesse, em certas ocas10es, desvendar o coração dum homem que a tra ta coni exquisita polidez. Se Cristo veio para elevar a humanidade a uma vida digna, então ele tinha primeira mente que restituir a dignidade à mulher e insinuar aos homens o respeito perante ela. Foi por isso que ele apresentou sua mui ben dita Mãe como modelo esplendidíssimo de uma virgem e mãe. Nela o mundo feminino devia conhecer em que consiste a própria dignidade. Pondera o que nos ensina a fé em relação a Maria. Ela foi escolhida por Deus para ser sua Mãe. Ele podia formá-la como desejasse. Bens terrestres lhe pareciam sem importân cia, eram insignificantes demais para ele. Um só bem lhe parecia além da graça tão magní fico, tão extremamente lindo, que não pou paria milagres para proporcioná-lo à sua l\:Iãe: pureza imaculada, virgindade ilibada. Ela foi concebida sem mancha alguma de pecado. Enquanto cada mortal entra no mun do com a mancha original, a alma de Maria surgiu da mão divina do Criador puríssima, intata do pecado original. E isso lhe bastou. Nunca ela cometeria a mínima falta. Por isso recebeu dele graças superabundantes que a preservassem de qualquer pecado. Isso ain da não lhe bastou. Nunca uma sensação car nal, mesmo involuntária, deveria profanar o seu santo corpo. Para este fim ele cuidou que tal sensação nem se levantasse nela. Pen- 215 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br sarnento feio, ordinário, nenhum incomodou jamais a sua alma pura. Mesmo isso ainda não lhe bastou. MARIA, ao tornar-se sua Mãe, devia não somente ser uma virgem puríssi ma, imaculada, mas tambem permanecer tão pura e imaculada apesar da· maternicladf' . . Por causa disto ele realizou esse milagre inaudito: MARIA se fez Mãe e permaneceu Virgem intata. Nota bem: o gozo sensual parece a muitos homens o que há d€ mais belo e apetecivel ncsi:.a terra, a ponto de. sa crificarem. os seus tesouros para terem em troca prazeres sensuais, não importa se ilí citos. E Deus, par llll milagre todo especial, pre servou MARIA na fase da maternidade de go zos sensuais lícitos. Por que isso? Porque eles não alcançaram o predicado de suficiente mente bons para ela. Quis, finalmente, a Providência que tamhem o nascimento do Salvador tivesse o mesmo característico de virginal como a conceição. Analogamente à saida misteriosa do sepulcro na manhã pas cal,sem violação da chancela, ele na ocasião do parto sai do seio virginal intato. Costu mamos rezar: Jesus, quem, Virgo, genuisti. Jesus, a quem, ó Virgem, destes à luz. Ma ria permaneceu virgem inviolada como o ti nha sido antes do dia da anunciação. Toda vez que Deus nos quer entusiasmar por uma virtude, constuma no-la apresentar por intermédio de seus santos duma forma que ficamos arrebatados por sua beleza. Nã.o 216 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br estamos, geralmente, em condições de imi tá-la exatamente; devemos, porém, esforçar nos a uma imitação que esteja proporciona da às nossas forças. Dirás, pois, no nosso caso: Quão esplêndida, quão admiravelmente bela julga Deus a pureza inviolada, a inte gridade do corpo, se ele fez tais milagres uni camente para conservú-lu em sua Mãe! E agora te pergunto: Podes pôr a vista nes ta virgem admiravel que está diante do teu espírito circunfusa daquela majestade, ame nidade, dignidade e tal pureza que necessa riamente encanta o coração humano, sem que em. teu coração desperte o deseJo, volte o anelo: "Quem me dera ser semelhante a ela, nobre e pura?!" És capaz de considerar como centenas de milhões de cristãos de qualquer época chamam a MAmA de bem-aventurada por ter permanecido tão singularmente pura, imaculada, sem que teu coração fique preso de estima pernnte esta pureza tão encanta dora? Sem que te sintas internamente como vidíssima de alegria por possuir o mesmo te souro que Deus tão extraordinariamente aprecia? Poderias, cheia de admiração, pon derar o esfo,rço do grande Deus em engastar esta pedra preciosa da virgindade intata como esplendidíssimo brilhante na coroa ful gente de sua Mãe, e em seguida sacudir le vianamente no esterco este mesmo tesouro, só para gozar um instante de sensualidade'? Poderias imaginar a conservação singular mente milagrosa deste tesouro da virgine entretanto quão de ploravel é o fato de que hoje em dia mais e mais aconteça o contrário, apesar de cele brarmos, para não dizer "forçarmos", atual mente os tais "dias da mãe". Todos os dias somos testemunhas do pouco apreço que se faz da dignidade e vocação da mulher em todas as camadas populares. Que importância ainda têm mulher e mãe perante a nossa sociedade modernamente orientada? A vida exterior, representada com frequência terrivel no teatro, cinema, livro e reclamo, nos mostra a dignidade feminina ridicularizada. Abstraindo mesmo os excessos mais crassos de imoralidade, vemos infeliz mente, pela experiência, que a mulher é con siderada tão somente como um ente sexual, ao qual se nega concientemente ou inconcien temente todo valor e personalidade. Fala-se, é verdade, de vários movimentos afim de garantir a todo custo estes valores; mas quer me parecer que afinal o mundo feminino mesmo tem nas mãos o auxílio mais eficaz na resolução cada vez mais firme - mau grado as aberrações de conceitos e moda https://alexandriacatolica.blogspot.com.br - de querer respeitar o ideal feminino, pa leo-cristão e ao mesmo tempo arqui-germâ nico, e de reconhecer que primeiramente nós e nós mesmas devemos formar o genuino con ceito sobre a dignidade da mulher e sobre as profissões femininas de responsabilidade. Não foi nossa própria maioria que correu atrás das tendências modernas, que não po dem combinar com o verdadeiro cristianis mo? A mulher de forma alguma poderá fa zer questão de ser respeitada pelos outros, enquanto pelo porte, isto é, pelo modo de se vestir ou pelas maneiras demasiadamente li vres e emancipadas, mostrar que não possue o respeito de si mesma 1 Não podemos assaz salientar a grave res ponsabilidade que a mãe assume, quando confia crianças, maxime os filhos, ao mundo, sem lhes ter dado antes o exemplo ideal do genuino e puro sentimento materno. Então não se pode mais estranhar que eles, ao se en contrarem com outras mulheres, não saibam tratá-las com respeito, fineza e cavalheirismo. Não se lhes ensinou o conceito "dignidade" e "pureza" femininas, e com isto ficou o campo aberto para uma vida de paixões sexuais irre freadas. Na ;ducação das jovens apresentam-se hoje em dia problemas de imensa complicação. O enorme excesso de mulheres, estatisticamente comprovado, afasta para muitíssimas jovens a possibilidade de realizar mai:. tarde sua inata vocação como esposa e mãe. Ligada a 223 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br isto, está sem dúvida esta triste e agitada caça ao marido, este "querer casar" custe o que custar; ou �ntão a tendência inversa: a masculinização da juventude feminina. Oxa lá consigah1os espalhar a convicção de que a felicidade do lar fica demasiado cara, quan do obtida à custa da pureza e dignidade da esposa, e que entre solteiras a verdadeira fe licidade do coração, e a íntima satisfação fe minina só se encontram, onde a mulher guar de plena fidelidade à sua especialidade". Na "Ética" (1926, pg. 71) escreve S. Pa chali, Berlim: "Na luta pela alma do povo alemão, no labor do seu soerguimento e da renovação moral, dirijo-me em forma de uma séria admoestação à mulher alemã, visto ser decisiva sua influência no terreno moral, como destruidora ou como salvadora .. Quem preferir a vida à perdição lembre-se de sua responsabilidade, de sua missão auxiliadora. Para isto fez-se mister orientarmo-nos sem ro deio nas ficções, em que ponto está o mun do feminino, na Alemanha de hoje? Durante decênios trabalhei a meudo e em regra rio serviço de bom pastor, e entretanto aguçou-se minha vista pelos perigos e necessidades, pe los deveres e programas do sexo feminino, e agora tentarei dizer em palavras singelas aquilo que me agita ao ver este "hoje". A mulher alemã na atualidade - esta pa lavra logo provoca um tom de profunda dor, pois esta atualidade sabe de muita miséria feminina. Trata-se aquí de males que bra- 224 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br dam ao céu, e entretanto são apenas um éa"'" pítulo do triste conexo entre as condições atuais e a miséria interna e moral da mu lher; a miséria das prostitutas, que afinal ainda são nossas irmãs; a miséria das mui tas pobres moças que caem vitimadas pela concupiscência masculina, visto não poderem sustentar a vida por uma profissão honesta; a miséria daquelas que se consideram tão desnecessárias; a miséria daquelas que no de sespero se ofendem com o próprio Deus e a ordem moral, e que põem termo à pró pria existência ou então acabam os seus dias na casa dos mentecaptos. Eis a miséria femi nina em nossos dias, rascunhadas em poucos traços. Mais sério, porém, é o segundo tom que soa: "a culpa feminina". Disse uma vez ulguem a frase dura, mas bem verdadeira: "se a moralidade dum povo é precária, vem do descuido das mulheres". Outra vez perguntamos com circunspeção clara e sóbria: "Onde está a culpa da mu lher alemã a respeito da decadência moral?" No nosso caso não basta o intento de julgar simplesmente as respetivas culpadas e deno miná-las membros condenados, caídos, cor rompidos do sexo feminino; é preciso per guntar-lhes tambem como chegaram a esse ponto. E' devido - para começarmos com o capítulo mais sombrio - ao supremo distin tivo da mulher, isto é, a sua nobreza e digni dade, que a mulher, caso desdenhe esta fi dalguia, cai mais depressa e mais fundo que Tu e ele - 16 225 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br o homem. Basta, citemos: "Muitos dos Hvros mais perigosos são escritos precisamente por mulheres, e a influência perniciosa duma mulher sedutora, que já se esqueceu da sua dignidade, quer sobre jovens, quer sobre ó homem em geral, encontra ilustração por não poucos 'exemplos tristes. Por isso não é exa gero quando uma senhora alemã que ama seu povo com fidelidade ardente assim se expande com o coração sangrando: ''Tanta avidez de gozar". A leviandade e superficia lidade, tanto a respeito da moral relaxada da vida conjugal, como hoje se encontra nos cír culos mais extensos do mundo feminino, não permite mais que estranhemos a existência entre nós de graves estragos morais. Quantas mulheres, p. ex., entre nós que "sem pensar coisa alguma" imitam a moda dum vestido que por seu defeituoso encobrir acaba natu ralmente com toda a decência, excitando e incitando à lascívia. Mas, afinal, elas o fazem, como já ficou dito acima, "sem pensar em nada" - e é aqui que devo falar do último capítulo da cul pa cheio da mais grave responsabilidade. Tra ta-se do terrivel indiferentismo de inúmeras mulheres para com a miséria do próprio povo, e a saber: a núséria moral. Não que rem absolutamente ouvir falar sobre assunto tão sombrio como as questões sexuais os in- digitam. Mas o que ficou dito sobre miséria da mu lher e sobre culpa da mulher é apenas maté- 226 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ria preparatória para o terceiro tom: Missão da mulher! Num romance que ilustra muito seriamente a situação moral, diz um escritor mais recente: "A Alemanha adoeceu devido à mulher, e ela reconvalescerá sómente se pu der novamente purificar-se, robustecer-se e engrandecer-se pela mulher alemã". O ho mem que tem a dita de aproximar-se· amoro samente duma mulher pura, terá a impres são de se ter aproximado dalguma coisa san ta que não se toca com mãos e coração im puros. Missão feminina na miséria da atualidade! Precisamos para o nosso povo de mulheres que sejam mães, mães primeiramente no sen tido de que elas o considerem não como de ver de escravas, mas como suma dignidade e consagração conferida por Deus à mulher, dar vida a uma criancinha, educá-la com todo o cuidado física e moralmente. Mães para os adolescentes, precisamente naquela fase da evolução, em que tudo fermenta e se agita na jovem alma, e a criança se transforma em homem adulto. Que as mães dêem ao povo alemão uma educação para a simplicidade e parcimônia, para o gosto do trabalho e oseu in Leress� por estas questões? A esta pergunta responderei assim como a compreendo A causa destas objeções, (é que ainda não se reparou na sua atividade, porque ela não se patenteia de um modo manifesto), não se encontra na atitude da mulher, mas no modo de apreciá-la. Em todas as ocasiões, aplicam se sempre as medidas do homem e rarame:Q. te as da mulher. Mas o maior culp�do não é o homem, pois que nós mesmas já nos habi tua:rp.os a apreciar os nossos próprios traba lhos por esse mesmo prisma, e depois nos mostramos desiludidas, se eles não são con siderados iguais aos do homem. Deus criou o homem, como homem e mulher, para que reproduzissem com perfeição a sua imagem e semelhança. Somente a colaboração de ambos na sua heterogênea e inalteravel diferença produz a cópia da plenitude divina. . . Acho que na nossa associação (Quickborn) ainda não for mamos o campo que garanta à mulher a pos sibilidade de atividades caracteristicamente femininas. São exatamente os homens que na nossa associação querem conceder à mulher as oca siões necessárias para seu livre desenvolvi mento, que fazem muitas vezes a comparação 25 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br entre a sua atividade e a do homem, e de seu respetivo resultado. Não.é possivel fazer uma comparação a respeito do valor, porque a desigualdade natural dos seres e dos produ tos não a admite ... Devemos olhar e escutar o outro como um ser heterogêneo, que se revela ao nosso pró prio ser como uma coisa inteiramente nova. A situação, vista deste ângulo, fará desapare cer na mulher esta dolorosa contingência de precisar manifestar sua vida e seu pensamen to pelo modo masculino, e talvez um belo dia ele descubra que a mulher o admira, mas ele mesmo falhou na capacidade de observar isto. As mulheres em geral gostam mais das ocupações tranquilas e silenciosas, e perdem se facilrilente nas coisas grandes. Por isso nas reuniões o homem tem a precedência, por que recebeu o dom da objetividade no modo de propor e resolver os problemas; em média ela não o pode fazer; porque no mesmo ins tant� em que pensa sobre uma questão, vê e sente aquele que a ouve ou que fala sobre ela. 'Mas, mesmo que os pensamentos a animem a falar, não pode expressá-los perante um au •ditório numeroso, porque sente demasiada mente as pessoas em particular. Se, contudo, fala, perde-se em generalidades e incoerên cias. Ela só pode falar em um ambiente me nor, ou conversando de pessoa a pessoa. Diversas vezes fiz a experiência de que, du rante a reunião, um rapaz num� çontrovér"' 26 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br sia repetira tudo que momentos antes ouvira duma moça, em particular. Nessa ocasião realizou-se uma lei da natureza: o quadro mais simples do trabalho em comum que se dá no matrimônio, em que o homem do ser e das forças originais da mulher cria às ve zes as obras da vida". De propósito referimos tão minuciosamente estas idéas, porque elas confirmam as ques tões acima propostas sobre a mentalidade fe minina. Aquí fala uma mulher perfeita, que conhece a sua fraqueza e a sua força, que corajosamente confessa que o homem lhe é superior em muitas coisas, e que sabe tam bem que ela pode dar imensamente muito do que lhe falta. Um homem como \Vindhorst diz que sua esposa exerceu grande influência sobre tudo o que ele fez e conseguiu realizar. Bismarck tambem declara que deve à sua esposa o que ele veio a ser. No que acima dissemos não nos devemos esquecer de que a mulher desenvolve no lar a sua· clarividência, no preparo da atividade da familia, mas de tal forma que nunca se evidencia. Como conselh�ira do homem e mais ainda como educadora dos filhos, o va lor moral da atividade feminina pode ser muito superior ao trabalho dele, ainda que os de fora não o percebam. Se pudéssemos colocá-los numa balança, seria ainda muito duvidoso a quem caberia a predominância. Se ele, portanto, a despre- 27 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br zasse por encontrar em sua própria pessoa qualidad�s que faltam a"ela, isto seria o ar gumento de que lhe faltou a verdadeira com preensão das suas qualidades espirituais. Não menos imprudente seria uma moça que se envergonhasse do seu característico particu lar, e negando o pormenor quisesse imitar os modos masculinos; ela desistiria do melhor que e.la tem, sem conseguir o seu equivalente. Ainda, portanto, que a atividade feminina correspondente à sua disposição seja total mente diversa da do homem, nem por isso é de menor valor, pois ao lado do seu trabalho pode até ultrapassá-lo. A atividade dele ma nifesta-se com mais veemência, mas não seria acertado apreciar o seu valor somente sob este ponto de vista. Esta falsa apreciação da parte exterior do trabalho provoca em geral a expressão: "é somente uma moça. . . uma mulher! ... " Deste modo pode pensar so mente quem tenha absoluta falta de com preensão das inapreciaveis e indispensaveis qualidades femininas, e que julga pelas apa rências. Da maneira mais linda e significativa sa lienta-se a importância característica da sua atividade no matrimônio, em que ela con serva a vida criada pelo homem, a alimenta, desenvolve e protege; igualmente providen cia assim na vida em geral. Que sucederia a inúmeras obras dos ho mens, se as mulheres não tornassem conta de las, as protegessem, desenvolvessem e con- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br servassem? A atividade da professora, da di retora de jardiminteresse no lar, então haverá de novo a pos sibilidade de aumentar os contratos matri moniais. Nobilíssima missão das mulheres! serem guard:;ls da disciplina e dos bons costumes, de pureza e castidade. Repito de novo: nosso povo é capaz de reconvalescer moralmente ir 227 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br por intermédio da mulher pura! Combato tudo que é impuro e feio, a literatura baixa e imunda, a pornografia e a pornogravura, a moda indecente, a prosa lasciva; combato em prol da pureza da vida familiar, e da santif i cação do matrimônio - e nota-bene: a ·arma essencial deste combate é o próprio exem plo, até mesmo a simples existência de mu lheres puras, fortes, castas. Reconheçam a grande, a grave responsabilidade de acompa nhar a moda atôa e vulgar. E finalmente: que as mulheres alemãs se tornem sacerdoti sas que levantam a voz para protestar contra as influências fatalmente prejudiciais, bem como para admoestar, precaver, exigir em tudo que diz respeito à moralidade. Que a mulher tire proveito dos direitos que a atua lidade lhe subministrou, afim de que os faça valer na vida eclesiástica, municipal, social e governamental. E agora a conclusão! Dois quadros vejo diante de mim, concernentes ao futuro de nosso povo - e um deles há realizar-se, não de modo espontâneo, mas por nosso in termédio. O primeiro representa - DESTRUIÇÃO - mostra uma Alemanha moralmente perversa, que ignora o que seja família pura, matrimô nio santo, uma Alemanha vitimada pela devas sidão, doença venérea, redução de nascimentos e mania de gozo irrefreado. O outro quadro, porém, representa - VIDA - mostra uma Alemanha que, apesar de exte- 228 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br riormente pobre, é fortalecida pela disciplina, temperança, simplicidade e parcimônia, cora gem e pureza moral! Não seria uma idéa sublime, magnífica, se se pudesse dizer um belo dia: a Alemanha estava em perigo de sofrer dano nalma, na energia popular, surgiram então no cenário as mulhe res alemãs, uma coorte coesa, cheia de santo brio guerreiro, e a elas é que a pátria deve o progresso na disciplina, na moralidade, no vi gor e na saude!" As explanações agora mesmo citadas são tanto mais louvaveis porque se encontram numa revista que não tem orientação católica, e que encara a questão meramente sob o ponto de vista natural e patriótico. Para católicos, isso tudo tem um valor mais elevado, por se tratar da vontade de Deus! E se agora pergunto: "E TU?" isso signifi ca: terás que decidir tua atitude para com a missão que Deus te impõe. Não há recuar. Caso avançares sem te importar com a sua san ta vontade, isto equivaleria a agires contra ele. Estarias assim vivendo contra o mandamento divino, e não poderias mais confessar-te va lidamente, nem comungar dignamente, a não ser que resolvas curvar-te daqui em diante pe rante sua santa vontade. Não tens direito de fazer restrições a Deus e de declarar-lhe que não se intrometa em negócios inteiramente teus. Não há terreno em que ele não seja o So berano! 229 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Mas poderei tranquilamente supor que estas exposições fizeram nascer em ti ou solidificar se tua resolução de tudo fazer, ( tua própria dignidade, tua própria felicidade o exigem tambem) para tornar-te mulher às direitas, nobre, completa, e não uma paródia, ou uma figura deploravel ! Bem conheces a proposição: "O caminho para o inferno está coberto de bons propósi tos". Se contares as pedras que vão da tua casa até à igreja, saberás quantos bons propó sitos se fazem, e quantos não se realizam! Todo aquele que quiser ficar fiel a algum propósito, imediatamente depois de o ter feito, deverá pensar: que farei para executá-lo? E' o que tantas vezes se omite, impedindo assim a reali zação de tantos propósitos bons. Há outras que facilmente se entusiasmam por alguma resolu ção, mas apenas vêm as dificuldades, lhes foge a coragem imediatamente! Se a tua resolução for séria, deves estar disposta a envidar tudo, não recuar diante de nenhum• sacrifício, não horrorizat-te com nenhuma dificuldade, para torná-lo realidade. A resolução não é tudo. Não podemos de uma vez .para sempre fixar a nos sa vontade. Em milhares e milhares de oca siões, é preciso concretizar o propósito, e em cada uma, a vontade deve estar obrigada a se decidir de novo. Espera-te uma luta que pode durar um ano, um decênio, talvez a vida toda! O apetite será incansavel em conciliar a tua vontade. Após centenas e milhares dê recusas, ainda não abandonará a esperança de chegar 230 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ao fim cubiçado. Ele te diz que deves ceder por amor da tua felicidade. E' mestre em cair nas boas graças, em fazer-te a boca doce, em apro veitar qualquer ocasião que surgir, para lem brar os seus anelos, ou utilizar qualquer con cessão da tua parte para prevalecer totalmen te. Serve-se de todos os teus sentidos para conquistar a tua imaginação e por meio dela iludir-te a vontade. Dispõe de um exército de aliados que te cercam o coração e com fraude e força nele querem penetrar: livros, imagen.s, revistas, cinemas, teatros, varieda des, etc. Mosh·a-te o exemplo das outras para obter o teu consentimento. Chama o alcool para anuviar-te o espírito e açoitar a paixão, para que, despojada do domínio de ti mesma, sucumbas. Zombarias e troças de pessoas le vianas que estão ao seu serviço, não visam senão fazer-te vacilar, pareceres de médicos sem escrúpulo não visam senão convencer-te que é impossível, desnatural, prejudicial à saude renunciares a tudo. O pecado se apro xima de ti sob as aparências de amor e de prazer. Nem precisas procurá-lo, pois ele se oferece mesmo; basta que digas sim sem te opôr. Talvez te encontras sózinha no meio do mundo corrupto, que não conhece ideal mais alto do que o prazer sensual, e que te con vida a não recusar os prazeres mais belos, mas a gozar a vida porque só uma vez se é moça! · E' uma luta titânica, uma verdadeira guer ra geral de todos contra ti. Corrío vencerás? E' 231 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br só não desanimar! Se outras venceram, tam bem tu sairás vencedora, contanto que tenhas a vontade e a força de empregar sempre os meios que garantam a vitória! A tua resolução de conservar-te casta deve fundamentar-se em primeiro lugar numa con cepção da vida inteiramente cristã: As verda des da nossa fé devem não apenas estar depo sitadas no recôndito de tua memória, de modo a poderes tirá-las oportunamente. Deverão dominar por completo o teu espírito, todo teu pensar e querer, a ponto de ficar tudo im pregnado com elas. Deves inteiramente estar possuída da con vicção de que não te encontras neste mundo para gozar, para desfrutar o maior número possivel de prazeres, mas para glorificar a Deus, pelo reconhecimento da sua soberania. "Santificado seja o vosso nome/" "Não se faça a minha vontade, mas a vossa!" E' mais iln portante, e o único necessário que nesta terra deves realizar. Pois é o próprio filn, por amor do qual Deus criou o mundo. Todo o resto, por grande, grave e importante, que possa parecer, em comparação com ele é secundá rio. Quem não cumprir esta tarefa principal, está destituido de valor diante de Deus, seja quem for. A esse tal se aplicará sem conside ração: "Afasta-te de MIM!", ao passo que àquelas que glorificam a Deus sobre a terra espera inefavel e eterna bem-aventw-ança. Deus, teu Criador e juiz, é teu legislador sem restrição. A ele pertence o mandar; a 232 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ti, o obedecer. Não é, certamente, tirano cruel, com vontade de engrandecer e tornar se f(diz à tua custa. Nada pode ganhar con tigo, só podendo fazer-te participar do que já possue. E não vedou senão o que te é prejudicial. Não exige senão o que te serve de bem a ti e à humanidade. Perante Deus só há uma posição a tomar: reconhecer in condicionalmentea sua soberania pela com pleta sujeição à sua santa lei. Tão pouco esquecerás a origem do pri meiro pecado. "Por que vos mandou Deus que não comesseis do fruto daquela árvore do paraisa?". segredou o tentador aos ouvidos de Eva. "Por qu� ?"; e este "por que" a enga nou, e engana ainda hoje a muitas ... Mas a perspetiva: "Sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal", isto é, "Sereis autônomos e direis por vós o que é lícito ou não. Não vos deixeis fazer prescrições, deixisi vociferarem Deus e a lgrej a, uma vez que nada disso en tendem; fazei o que vos parece bem e não vos deixeis influenciar por outros". A expe riência de milênios não logrou ensinar os ho mens, e sempre de novo se deixam iludir pela mesma tentação, cujas consequências pe sam sobre a humanidade inteira. Diante da vontade de Deus claramente co nhecida não cabe ao homem discutir o "Por que?", e muito menos colocar-se em oposição à sua santa lei. Viste, além disso - e era o que visavam as nossas exposições - que Deus não deu a lei arbitrariamente, mas, sim, por- Tu• ele -18 233 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que tem íntrmo fundamento no nosso pró prio bem-estar. Acima de tudo, temos diante dos olhos o exemplo do divino Salvador, mostrando-nos a que ponto devemos ir no cumprimento do nosso dever para com Deus. Olha a sua vida , e a sua paixão! 'tudo está baseado na entre ga incondicional ao. Pai, até ao momento da morte, em que diz: '"Está consumado!" Como homem Deus, não conheceu nada mais im portante do que fazer a vontade do Pai, até nas menores particularidades. A sua morte de cruz não é somente o fato mais horren do, que jamais aconteceu, mas tambem o mais glorioso: a confissão mais grandiosa da soberania de Deus, pelo sacrifício da entrega perfeita à vontade do Pai por parte do Filho. O Gólgota é o auge da glorifiéação divina e não pode ser excedida. E esse sacrifício dia riamente se renova nas nossas igrejas, sím bolo e aviso de que tamhem nós temos o in declinavel dever de glorificar a Deus pelo sa� crifício da sujeição à sua vontade. Do céu nos ac·ena a turba bem-aventurada dos santos. Foram homens como nós, homens dotados de sensibilidade, que gemeram por sua vez sob o jugo da tentação da carne, e que tantas vezes - lembra-te dos márUres - estiveram na necessidade de reconhecer a soberania de Deus com os maiores sacrifí cios. Que mal lhes tem causado a eles o terem perdido seus haveres e. suas famílias, e o pe recer do corpo após atrozes tormentos? "Sunt 234 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br in pace;,, diz belamente a Escritura. Desfru tam há mais de um milênio bem-aventuran ças inefaveis, bendizendo o martírio que lhes mereceu tão grande brilho e vitória. Não são frases, mas realidades. Mas é pre ciso cómpreendê-=-las, vivê-las. Essas verdades devem compenetrar toda a nossa mentalida de, de modo a caminharmos sob a luz que projetam. Mas sobretudo devem servir-nos de norma na posição a tomar em relação à ques tão sexual. Uma parte do nosso dever de nos sujeitarll).os à majestade divina se encontra neste domínio. Só podemos ceder à inclinação sexual enquanto corresponde à vontade di vina. Mas não é lícito ao homem procurar o que lhe lisonjeia os sentidos em oposiçãp ao santo mandamento de Deus. Originando-se nesta convicção, e só então, a resolução de levar uma vida pura, será bastante vigorosa para vencer todas as difi culdades que a procuram abalar. Um segundo fator, todavia, é indispensa vel. Há situações, em que as impressões dos sentidos· ou certos conhecimentos atuam tão violentamente sobre o espírito, que eliminam quaisquer outros pensame�tos, reclamando to9a a atenção· para si. Na luta pela castida de; o prazer dos sentidos tem a vantagem de poder apresentar os seus motivos de um modo mais palpavel e de dar resultados mais sensíveis. Com as sensações poderosíssimas, o organismo está em condições de exercer so bre o epírito uma influência tão forte, de es- 235 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br torvar as reflexões calmas da razão a tal ponto e de dirigir a vontade de tal maneira que a queda se torna quasi fatal. Geralmen te estamos na contingência ou de procurar evitar tais situações, ou de permanecer nelas ou não. As influências da situação livremen te escolhida não nos podemos subtrair. Por isso é lei absoluta evitar tais ocasiões capa zes de atuar poderosamente sobre os desejos sexuais. Vou resumindo o que a respeito já ficou dito nos diversos trechos, Pode tratar-se, antes do mais, de influên cias cuja natureza envenena completamente as tuas idéas sobre o matrimônio e a casti dade. Pois a vontade segue o entendimento, e a atividade do homem não é senão o resulta do das suas opiniões. Querendo, portanto, conservar a castidade, não permitirás que sej arn roubados os teus pensamentos altos e nobres; roubo que facilmente poderia acon tecer se gostosamente ouvires discursos levia nos, leres livros lúbricos ou imorais, vires fil mes cinematográficos imorais ou exibições congêneres. Arrancam do coração o respeito ao matrimônio, a estima à mulher, o amor à castidade, exibindu o prazer sensual como gozo supremo da vida. O pecado é apresenta do como coisa muito natural, o escârneo cai sobre a fidelidade e a continência, homens puros são entregues ao riso e à troça como hipócritas ou retrógrados. E' impossível viver conciente e deliberadamente em tal mundo 236 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br de idéas, sem que estas se apoderem do co ração. Estas ocasiões atuam ao mesmo tempo forte mente sobre os apetites inferiores, porque os pensamentos lêm íntima conexão com os ner vos sexuais, provocando-os tão poderosamente que entram num estado de tensão que com toda a veemência impele à satisfação desses apetites. Apresentando-se a ocasião, a queda se realiza. Sobre a dansa já dissemos bastante na pg. 147 e seg. Ainda uma palavrinha sobre o al cool. Um psicólogo ateu de nossos dias escre ve: "O homem que na vida ordinária resiste às seduções do prazer sensual em virtude de cer tos impedimentos (quais os que provêm de pensamentos e princípios elevados) torna-se exatamente vítima dessas provocações quando venenos químicos (álcool) afastam os impedi mentos, abrindo caminho à atividade das ten dências sexuais". O efeito principal do álcool é precisamente um certo entorpecimento das faculdades mais altas do espírito, de modo a se tornarem insensiveis às coisas sublimes e sagradas, ao passo que as sensações do prazer acham maior provocação. Trata-se de fugir antes de tudo quando em alguma parte se te apresentar a ocasião do pecado. A sensualidade tem milhares de ca minhos para se insinuar, e quem fôr mesmo um pouco só descuidado, já está mais perto do que pensa. Voga aí tambem o dito poético: "os que acordarem o leão, em perigo estarão". https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Por princípio e incondicionalmente, deves evi tar todas as intimidades, senão se verificará a palavra: "Meio fascinado, meio acometido". Só uma energia inexoravel te conservará pura e intata; essa energia que o Salvador nos ensi na: "Se o teu olho direito te escandalizar (isto é, se for ocasião para pecares) arranca-o e lança-o fora de ti!" - Deves estar resolvida a evitar tudo que desnecessariamente possa des pertar a tendência natural. Resolvida a permanecer casta, não verás nessas prescrições de cautela um duro dever, uma dolorosa renúncia: mas de bom grado renunciarás a estes agradabilíssimos praze res da natureza inferior, por amor do subli me ideal, porque não há possibilidade de união entre eles. Pretendes uma felicidade sem remorsos 1 Desviar a atenção é complemento precioso das medidas de precaução. Um dos profissio nais mais; eminentes - ele não defende o ponto de vista cristão - diz: "uma ocupação séria e contínua, aliada ao afastamento de todos os meios de provocação, conserva ge ralmente o apetite sexual dentrodos limites justos". E acrescenta que nada o provoca mais do que os desejos dos p·razeres que ordinaria mente se encontram em companhia de uma vida preguiçosa e de excessos. "E' pala vra antiga e sempre verdadeira que o espírito humano é semelhante "a um moinho continua mente am atividade. Não se providenciando que sempre tenha trigo a moer, vem o ini- 238 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ·migo e deita erva ruim. O espírito juvenil é extraordinariamente movel. Sempre está a refletir, a projetar, e a aspirar. À semelhança do organismo crescente amplia-se, distende se e procura alvos dignos das suas aspira ções. Por isso deves conceber ideais altos que prendam o teu espírito, a tua atenção a ponto de já não restar tempo nem espaço para ou tros. Por -esta razão significa um verdadeiro be nefício para o corpo e a alma ter um cam po de atividade e expansão, e desgraça, o estar desocupada. Não podes deixar de lucrar com um trabalho sério e conciencioso. Antei: de tudo, ele fortifica a energia moral, e te confere fortaleza, pac1encia e confiança. Quem olha o trabalho apenas como fonte de renda, que permite -desperdícios indignos, para essa o trabalho é jugo opres.sor, origem de descontentamento e invejas. Se vires, po -rém, nele a vontade de Deus, o trabalho mais pesado se te tornará facil, e te rodeará de uma coroa de ouro· o sacrifício que fizeres por teus pais, teus irmãos, tua futura famí lia, e pelo ideal da tua vida. Ao lado do trabalho, n�o deves descuidar o teu aperfeiçoamento na tua profissão ou em · outros ramos. Um bom recreio num despor to moderado, em passeios, etc., retempera o corpo e a alma. O tal dia de oito horas só se torna fonte de bênçãos para a mocidade, se ela aproveitar as horas 11.vres, assim utilmen te, e não matá-las com vadiação, fumar ci- 239 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br garras, visitas, cinema5. Moças que não co-' nhecem ideal acima do prazer, desviam-se breve para o lodaçal da imoralidade. Em terceiro lugar se requer, para a con servação da pureza do coração, o vencer-se a jovem a si mesma. A vida é uma luta contí nua, em que se decide a quem há de caber em ti o predomínio: Se ao espírito, se à car ne. A natureza inferior é um monstro de muitas cabeças. Agora se levanta esta, depois aquela, ou ainda outra, para prevalecer. Ago ra é a preguiça, a comodidade, depois a in subordinação, a teimosia, depois o amor pró prio, o egoísmo, a susceptibilidade, o orgulho, o espírito de contradição, outras vezes a sen sualidade, a gula, ou· falta de sinceridade e espírito de mentira, e todos os mais defeitos que apresentam ao espírito as suas vontades, exigindo pronta satisfação. Quem lhes cede, torna-se sua escrava. Sempre a resposta: Não tenho vontade para isso. Isso não me agra da. Não estou disposta para isso. A nature za inferior triunfa, o espírito é feito escravo. Vencer-se é hoje em dia urna coisa bem di ficil, porque o espírito mundano alheio a Deus e à moral facilita em tudo a satisfação da natureza inferior, vem adulando, e até afirma não haver coisa mais importante e desejavel, que inteiramente conforme ao pró prio arbítrio, arruma a vida de sorte que per.,. mita os máximos cômodos e os maiores go zos. E' preciso ser corajosa, direi mesmo he-: róica, para resistires externa e internam�nte https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ff todas as seduções, e - apesar do exemp°Jo daquelas inúmeras cujo supremo ideal é con sumar os prazeres da vida - permaneceres no bom caminho, renunciares a tanto que a natureza inferior reclama ardentemente, dis pensares vários divertimentos qµe outras não dispensam, e além disso correres perigo, que o mundo leviano por isso zombe e se ria de ti. Que fazer? Recordarmo-nos de novo e bem cl�ramente: que a estrada LARGA do prazer mundano continua ainda hoje interdita aos que querem cumprir seus deveres para com Deus e salvar sua alma, que no fim da mesma se abre grande portão, e que está perdida para sempre toda aquela que passar por ele. Fato irremediavel, apesar do progresso, das descobertas e invenções. Ainda hoje vale a palavra do divino Salvador, e valerá até ao fim do mundo: "Se alguem quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz o seu socorro. Devesmostrar aos celícolas. que a tua pureza muito te preocupa. Na santa comunhão encontrarás a fonte mais abundante de graças. Pergunta a sacerdotes e religiosos donde receberam a força de resistir uma vida inteira a todos os desejos da sensua .lidade, e eles mostrar-te-ão o altar, a mesa· da comunhão. A experiência ensina não haver meio mais eficaz para conservar a pureza do que o pão que desceu do céu. Inúmeros são os que lhe conheceram os efeitos verdadeira mente milagrosos. Frequentemente as tenta ções não se apresentam durante longo tempo, ou são vencidas com facilidade. As armas com que poderás vencer são estas: O arnez da fé, a couraça da vigilância, o escu do da disciplina, o gládio da oração. Toman do-as, vencerás, sobretudo se lutares sob a bandeira liríf era da Rainha dos céus. , Terminar.emos com as palavras da magnifi ca pastoral dos srs. bispos alemães do ano de 1908, quando apelaram às virgens de comba ter contra a imoralidade: "A vós, virgens, como a heroinas desejamos ver incorporadas ao nosso exército guerreiro. Realmente é intodas as qualidádes que a distingui rão, quando for mãe fiel e cuidadosa. Ache ga-se de bom grado ao pai, para o qual olha com veneração e de todos os modos procura alegrá-lo. Depois, com sábia providência o Criador .iotou o homem de forte impulso, ou, por ou- 30 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tras palavras, de tendência sexual. Seria er rôneo considerar este impulso apenas como simples tendência, que se diferencia de um homem a outro unicamente por uma maior ou menor impetuosidade. O simples fato de abranger o corpo e. espírito indica a possibi lidade de ser considerado sob vários aspetos. Apontando com um psicólogo moderno tres elementos componentes da tendência sexual, deixamos posto o problema se sobre tal f un damento ela possa ser triplamente dividida. Ac�itamos tal divisão, porque nos oferece en sejo de ·explicarmos muitas coisas de uma maneira extraordinariamente clara e efi ciente. Os tres elementos, que em graus di versos se encontram nos indivíduos, denomi nam-se:. 1) Tendência natural inerente ao or ganismo, isto é, o elemento corporal da ten dência sexual, que visa unicamente a satis fação do prazer dos sentidos; 2) Tendência da alma, isto é, o desejo de amar e ser ama da; 3) Tendência da propagação, ou o desejo de ter filhos. Da tarefa que incumbe ao homem na vida matrimonial segue-se que nele a tendência natural está fortemente desenvolvida, ao pas so que cala completamente na moça normal ainda não pervertida. A ela falta geralmente urna certa compreensão do que frequente mente excita apaixonadamente o moço, sem nada suspeitar do quanto pode o seu impulso inferior. Certamente, tarnbem nela é passivei despertar de tal modo a tendência natural até 31 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br chegar â formidavel impetuosidade. Notaveis autoridades nesta matéria afirmam, contudo, que este despertar provém sempre de fato.., res externos, como são leituras, conversas, CÍ"' nemas, seduções, etc., a não ser que haja pre"' disposição anormal. Por outro lado, a tendência da alma é muito mais poderosa na mulher do que no homem. E' inteiramente normal que a moça, per feitamente côncia da fraqueza da natureza feminina, procure um homem corajoso, vigo roso, empreendedor e superior a ela intele ctualmente, para chegar-se a ele, para levan tar para ele os seus olhos e sentir"'se segura sob sua tutela. Antes de tudo, trata-se para ela de ser amada pelo homem como com panheira igual e ser tratada por ele como tal. Essa tendência da alma, porém, encontra se tambem no homem, e tanto mais inten samente se fará sentir, quanto melhor o moço souber dominar a tendência natural. Ainda tem valor a palavra de Deus: "Não é bom ao homem estar só; façamos-lhe uma compa:.. nheira". O homem adulto e nobre começa a sentir um vácuo na sua vida. Deseja a com panheira que com o seu ser calmo, bondoso, luminoso e alegre possa embelezar-lhe a vida, que do íntimo da alma tome parte nos seus interesses, o alivie e console no duro la bor e nos reveses da vida, que lhe torne o lar atraente e agradavel. Facilita-lhe e as atividades da alma. Assim como aa tempestades no fim do inverno anunciam o princípio da primavera, assim se faz sentir na puberdade a tendência sexual. As disposi ções da alma mudam repentinamente: o mati e o bom humor se revezam sem cessar. A jo vem sente-se dominada por um desejo vago e incerto, que não saberiaexplicar. Ela é um eniillla para si própria. Realizando-se o desenvolvimento de uma maneira normal, o que supõe antes de mais uma ocupação regular, séria, capaz de pren dê-la inteiramente, o seu interior se esclare ce pouco a pouco, e em vez do desejo vago aparece a tendência sexual; essa se manifes ta com força diferente nas diversas pessoas. Muitas andam tão preocupadas com os seus trabalhos, que mal percebem o que se passa na sua vida interior. Outras sentem um certo desco.µtentamento intimo, sem perceber bem a sua causa mais profunda. Várias circuns tâncias poderão despertar as agitaçõei do jovem coração. Circunstâncias diversíssimas poderão nesta ai tura ocasionar no coração de uma pessoa a inclinação para uma outra de sexo diferente. E quando esta corresponde, invade então a ambos uma verdadeira impressão voluptuosa de alegria intima. Esta conciência de poder 36 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br possuir exclusiva e inteiramente a pessoa que se ama e de ser amado por ela, é uma tenta ção paradisíaca. Sentem-se os seres mais fo lizes da terra, de uma felicidade plena, como se eles ambos se bastassem tohtlmente a si mesmos na vida. O amor naturalmente im pele _à união. Que atração existe mais pro funda e sensivel que o amor? Estando sepa rados, há o pensamento para uni-los. A se paração é muitas vezes um ponto de amar guras e de saudades do amado, podendo lorturar o coração a ponto de já não achar interesse em coisa alguma. Todo seu ardor é pela doce hora em que se possam rever. O fim essencial e último de Deus com esta tendência sexual, posta no coração do ho mem, é o filho. Não podemos deixar de for mar ainda mais algumas considerações so bre este ponto: O motivo por que Deus criou dois sexos diferentes, o fim principal do amor com todo o seu fundo de ternura e poesia e o fim do matrimônio com todos os seus cas tos gozos e com todas as suas alegrias, nõo é a satisfação dos próprios desejos, não é Q gozo pessoal, o bem-estar das pessoas casa das. Tudo isso é fim secundário, ou, melhor, é apenas um meio para se conseguir um fi lho. O filho, este é que é o elemento princi pal. A aspiração do filho é a mais concentrada e viva de todo casal. E' que o filho não deve ser olhado tão somente como mero encanto fortuito do casamento; ele incarna antes o fim mesmo do ce.samento, o seu objetivo princi- 37 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br pal. Sentindo-se, pois, atraída para um moço; sentindo-se feliz quando o conquistou e cha ma seu; indo-lhe pela alma um júbilo sem nome e julgando que já não precisa de mais nada para sua felicidade, saberá todavia que todos estes sentimentos não lhe foram conce didos no seu próprio interesse, mas que são outros tantos atrativos para a levarem ao ma trimônio e tornarem-na mãe. Verdade é que, entrando no estado matri monial, muitos se guiam aptes de tudo pelas vantagens pessoais que os esperam. Este não visa senão garantir o futuro; aquele nutre ape nas o desejo de adquirir fortuna, de entrar em alguma empresa ou de conseguir qualquer ou tro bem de ordem material; e enfim há natu rezas inferiores cujas aspirações não vão além da satisfação dos apetites carnais. Mas, seja como for, sejam quais forem os motivos que levam o homem ao matrimônio, na maioria dos casos o fim principal do casamento, fim visado por Deus, sempre está garantido e este é o filho. Tão pouco devemos esquecer que toda a evolução do apetite sexual, a começar pelas suas raizes que é a diferença das qualidades naturais e a exigência de mútuo complemen to, através da simpatia nascente na adole scência até ao júbilo dos noivos e o doce con chego da vida matrimonial, é intencionada por Deus, que a deitou no coração do homem. 38 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Não é, portanto, alguma descoberta humana, ulguma coisa em que Deus não tivesse pen sado e o que não pretendeu. Na primeira pá gina da Escritura lemos a frase: "Deixará o homem a seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois em uma só carne" ( Gn :!, 24). E, ao mesmo tempo, a felicidade deste amor terrestre tem uma significaçâo mais su blime: Aponta ao homem e ihe proporciona 11m antegozo dum amor imensamente maior e mais h1tenso, produzindo não uma felici dade p:;i.ssageira e imperfeita, mas perma nente e ímutavel, absoluta - a felicidade do amor divino. No livro dos Cantares, o amor dos noivos é símbolo do ardente desejo com que a nossa alma aspira por Deus, e de que como ela se sente feliz em possuir este Deus. Pois as aspir_ações do coração humano são tão profundas que um amor terrestre não é nunca capaz de contentá-las de um modo duradou ro. Além disso, sabemos todos quanto a felici dade mesmo do mais puro amor conjugal não deixa, às vezes, de ser perturbada por fraque zas humanas, por golpes inesperados, ou se jam moléstias, contratempos e provações de toda ordem, e como alf im é transformada em tristeza pela morte. E' a hora em qu� o espí rito se deve alevantar, esperando a plena sa tisfação do seu profundo desejo de amor na outra vida, em Deus. 39 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NÃO TE É LÍCITO Como vimos, no princ1p10, o homem é li vre. Enquanto todos os demais seres vivos são conduzidos divinamente para o seu fim, me diante uma vida puramente instintiva, o ho mem deve dirigir a sua vida para seu fim de uma maneira conciente e deliberada. P�lo re curso de sua inteligência ele t chamado com autonomia a dispor com ordem das suas inclinações e tendências. Esta autonomia não deve, todavia, ser tomada no sentido de ele poder decidir arbitrariamente, a seu bel pra zer, qual a norma do bom e do justo. Pelo contrário, deverá cingir-se àquela ordem cujos fundamentos se encontram na sua natu reza humana, traçando-a Deus em sua bonda de, de um modo visível, e manifestando-a cla ramente pela voz d1J. conciência. Só a submis são a esta ordem pode conduzí-lo à felicidade que Deus lhe consignou. Proscrito está ape nas o que é nocivo à humanidade. Louco se ria o homem qu.!:! pretendesse procurar a feli cidade por caminho que se lhe vedou, por que o precipitaria na desgraça. Deus criou Adão e Eva tais · que gozassem de pleno domínio sobre a natureza inferior. Foram criados num estado que lhes aperfei çoava a natureza de uma maneira superior às exigências da natureza humana como tal. Por amor e bondade, Deus os elevara a essa or dem superior, deixando-lhes, todavia, a in cumbência de merecê-la ulteriormente, para 40 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br si e os seus descendentes, pela submissão à sua vontade. Pecaram, porém, contra o man damento divino, e porque pecaram foram ex pulsos do paraiso e voltaram para a ordem condizente com a sua natureza. Em parte alguma as consequências da queda dos primeiros pais se fizeram sentir de ma neira tão terrivel como na esfera sexual. A tendência natural, este elemento inferior da sexualidade, não está sujeita a certas esta ções nem a quaisquer limites, como no ani mal. Ela, ao contrário, é livre de todo impedi mento �spontâneo interior, devendo por isso mesmo estar sob o domínio e o governo da ra zão do homem. E!a, porém, não se deixa go vernar facilmente; e antes insurge-se contra o domínio do espírito, procura livrar-se e apo derar-se dele. Logo que aparece, procura in duzir o espírito a ceder às suas !'lolicitações. Repelida mil vezes, volta com a mesma força. Mais. Reforça-se por si cada vez em novos mo tivos, chegando a invadir com notavel vee mência todo o sistema nervoso e a vida da alma, de maneira que, traspassando o homem de uma tão enganosa volutuosidade, podero samente o impele a ceder. · A isso se acrescentam as impressões dos sentidos exteriores ca·pazes de excitar forte mente a propensão natural. A figura toda da pessoa do outro sexo, os cabelos, os olhos, o rosto, a linguagem podem influenciá-la viva mente. Além disso, propositadamente ou não, e sobretudono sexo feminino, reside a pre- 41 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ocupação de agradar aos homens e de atrai los. Os vestidos, o modo de usar os cabelos, o gosto dos perfumes; pelo olhar, por toda a sua maneira de agir, transparece o desejo de ca tivar. Por tudo isso, se a adolescente não se acau telar, mas pelo contrário ceder às solicitações exteriores, ela tomará, forçosamente, a pre ponderância. Fortificando-se cada vez mais, torna-se sempre mais impetuosa, mais audaz e como outra força desencadeada da natureza é capaz de causar enormes desgraças. A ten dência natural é cega e seu único objetivo é fazer valer as suas aspirações. Tudo o mais lhe é alheio, tanto o verdadeiro bem-estar do indivíduo em que se encontra, quanto o de ou tras pessoas. Se o que acontece é coisa perni ciosa, repelente, criminosa, ou não, é-lhe in düerente. Não pesa nada disso. O que ela quer é conseguir sua plena satisfação. Prejudicar-se o homem no corpo e na alma, desgraçar-se ele a si mesmo e lançar outros numa miséria sem remédio, a ruína de famílias e a existên cia de filhos que nascem na vergonha e cre scem na miséria, grandes escândalos e des truição de imensos valores morais - tudo isso é indiferente à tendência natural, contanto que o seu apetite seja satisfeito. Não se con tenta com algumas con.ceisões; exige satis fação completa de todos os seus desejos. Não dá paz se se lhe faz a vontade no momento; torna-se mais arrogante e impetuosa. A desgra ça que causa não a impressiona; as lágrimas 4.2 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br que provoca não a comovem. Não a demovem preces e súplicas, e não larga a vítima nem quando a levou ao desmoronamento das suas forças físicas e morais. Rouba ao homem, além disso, a compreensão de todos os valo res superiores; torna-lhe insuportavel u reli gião, único poder ainda capaz de o arrancar do lodaçal; apaga a luz da fé e as estrelas da esperança, impelindo-o para as trevas do de sespero e da eterna condenação. Não há tirano mais desapiedado, mais ego ista, mais cruel nem mais sem respeito do que a tendência natural, uma vez que se apodera do predomínio do homem. Pois qualquer for ça natural está destinada a viver sob a disci plina do espírito capaz de guiar. Assim, e só assim, é que verdadeiramente chegará a des empenhar sua tarefa no matrimônio institui do por Deus, a saber, de ser fonte de castos go zos e de profunda felicidade. Agora já podemos compreender o sentido, a conveniência e mesmo a necessidade do sexto e nonp mandamentos. O que dizem é: deves dominar o apetite sexual e só podes satisfa zê-lo no matrimônio legítimo, de modo cor respondente à sua finalidade. Conforme o característico do seu sexo, manifesta-se na moça em primeiro lugar a tendência da alma, isto é, o desejo de amai e ser amada. Como diz um médico, "ela se revela em uma mistura de admiração amoro sa da coragem e da grandeza masculina, com o desejo de amor, de carinho, de ser dirigida 43 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br exteriormente e interiormente poder gover nar e dominar pelo amor. Ligada ao papel passivo, que observa, a se xualidade feminina desperta um estado de excitação, que quebra qualquer resistência da vontade e da razão. Em nossos tempos esta tendência natural é muitas vezes provocada por inúmeras in fluências, por toda a vida e o movimento de um mundo que se preocupa unicamente com os sentidos e desperta continuamente a ten dência sexual. Aquí estamos diante da questão decisiv�: queremos sujeitar-nos às ordens de Deus ou não? Devemos decidir-nos! Não podemos nos esquivar. Urna grande parte das prova ções que encontramos em nossa vida é o re sultado da nossa atitude para com o sexto e nono mandamentos de Deus. Não ternos o direito de seguir o nosso capricho! Ele é o Senhor! Ele tem o ilimitado poder de nos dar mandamentos, e nós temos o inevitavel dever de nos sujeitarmos à sua yontade. No matrimônio o homem pode ceder à sua tendência conforme a vontade de Deus, fora dele deve desistir de toda a satisfação volun tária. De conformidade eom a palavra do di vino Salvador: "Todo o que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já no seu coração adul terou com ela" (Mt 5, 28), comete, portanto, ação impura quem, ciente e voluntariamen te, ceder à afeição sexual a uma pessoa do outro sexo, desejando possuí-la d� modo ilí- 44 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br cito. Não nos esqueçamos que a tendência da alma, isto é, o desejo de amar e ser ama do, da mesma forma que a tendência natu ral, é um elemento da inclinação sexual, e como tal fica inteira e essencialmente em co nexão com esta tendência, e mantém relações recíprocas uma com a outra, visto que na so licitação mais forte da primeira tendência existe o perigo de provocar a solicitação do outro. Não queremos dizer com isso que sempre se manifestem juntas; muitas vezes aparece a tendência da alma sozinha. Esta, porém, tem por fim natural o desejo de possuir a pessoa amada, o que somente é possível pela satisfação natural, que visa unicamente o prazer dos sentidos. Daí se depreende que só se pode ceder à tendência da alma, se ela tiver como fim a propriedade lícita da ou tra pessoa no matrimônio. E' proibido, por conseguinte, provarem-se tais desejos ilíci tos pelos vestidos, pelas palavras ou pelo olhar em geral em outras pessoas. Tem-se costume de empregar muitas vezes a pala vra amor, para exprimir qualquer afeição da alma por outra pessoa, enquanto que a pa lavra sexualidade explica a tendência, que se revela em sensações sinjlulares e procura a satisfação no prazer dos sentidos. Conforme esta terminologia: namoro não tem a mesma significação que tendência da alma, mas, sim, uma coisa que dá mais na vista. Mas este termo inclue em si o perigo https://alexandriacatolica.blogspot.com.br da ilusão, como se namc,ro não tivesse nada de comum com a tendência sexual, e con seguintemente com o sexto e nono manda mentos. Pensa-se que somente uma sexualidade ilí cita ofende estes mandamentos. E pode-se, por conseguinte, ceder tranquilamente ao na moro. · Eis o motivo por que temos evitado propositalmente esta palavra, substituindo-a pela expressão tendência da alma, que, da mesma forma que a tendência natural, é um elemento da paixão sexual, e com ela inti mamente ligada. E' igual:rp.ente ilícita a satisfação da ten dência natural fora das relações matrimo niais legítimas, bem como tudo quanto se faz consentindo neste prazer que se chama sensa ções. Não se pode desejá-los nem manter a intenção de realizá-los. E' proibido voluntariamente demorar ou Si\ deleitar em imaginações que grave perigo apresentam, com recordarem desejos luxurio sos ou excitarem o prazer carnal. São impu ras as conversas que se fazem por compla- . cência no prazer sexual ilícitb, ou com inten ção de provocá-lo em outros, assim como tambem quando trazem grave perigo a quem fala e aos ouvintes de consentirem em coisas deshonestas, os olhares, as leituras, as dan sas, as exibições no éinema, no teatro, etc. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br O DESTINO DA MULHER Poder tornar-se mãe significa uma incal culavel felicidade. Quando Deus criou o ho mem, já poderia ter combinado as coisas de tal modo, que todo o homem recebesse sua existência diretamente dele, como fez com Adão e• Eva. Como seriam então as coisas nesta terra? Não teríamos pai e mãe, esposo, irmãos ou parentes, todos estes laços tão deli cados e tão íntimos com que o sangue liga os homens; faltaria, pois, a fonte de felicidade serena que é o amor. Isto encontramos na própria divindade, pois as tres pessoas divi nas são imensamente felizes no amor mútuo que se dedicam, e este amor· tem seu funda mento no misterioso modo pelo qual o Pai quer muito a seu Filho, e o divino Espírito Santo é o produto do amor do Pai e do Fi olh. Deus viu a possibilidade de poder o ho mem tornar-sea sua imagem, encontrando a felicidade pelo amor mútuo dos pais, que é a fonte em que os filhos encontram a sua existência. Por isso iesolveu conceder aos homens par te no. seu poder de Criador. E' um privilégio exclusivo e só próprio de Deus o "criar", isto é, de um certo modo estender a mão e tirar do nada seres, que antes não eram, e que sem este gesto nunca seriam. Deus quis, por tanto, que os homens partilhassem da sua dignidade e alegria de Criador, dando-lhes a possibilidade de dar vida às crianças. E' uma 47 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br felicidade que não se pode descrever. Ne nhuma moça poderia gozar a dignidade de mãe, se Deus assim não dispusesse. Quanta fe licidade para a jovem mãe, ao levantar em seus braços este lindo ser, que a olha com uns olhos tão grandes e profundos, no qual resplandece a sua alma imortal! Se ela re fletir que a alma de seu filhinho viverá eter namente, que o filho de Deus deu sua vidn. por essa ahna, e que um príncipe do céu acompanha constantemente seu filhinho des de o primeiro instante de sua existência, po derá então dizer: este é meu filho; eu lhe dei a existência. Sem mãe ele não existiria! Com indizivel enlevo o contemplará de novo, e o beijará com ternura, mas nunca gozará esta felicidade até ao auge! Quando Deus fundou sua Igreja, compre endeu logo os relevantes serviços que os ca sados poderiam prestar ao seu reino, pois aceitando os filhos que lhes são enviados, e levando-os a batizar, educando-os na reli gião, contribuem de uma maneira maravi lhosa na propagação da sua lgrej a. A voca ção dos pais é tarnbe.m pesada e cheia de sacrifícios; por isso nosso Senhor quis aj u dá-los com graças especiais; quis enfim que compreendessem que o matrimônio, sendo imensamente grande e santo, ele o elevaria à misteriosa dignidade de um sacramento. Assim como o sacerdote é ordenado e santi ficado para a sua vocação, tambem os casa dos são igualmente ordenados para a sua, 48 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br por um sacramento que os prepara para a �nblime missão de criar e educar os filhos. Assim a tarefa dos pais é elevada a uma dignidade sacerdotal, pela qual criam e for mam os membros da Igreja e os futuros her pornográfica! Com urna indignação farisaica contra os que pensam de outra for ma, defendem-se muitas vezes os mais incri veis meios da lascívia, sob pretexto de arte l Em uma palavra: a criação artificial da in clinação sexual do homem tornou-se uma verdadeira escola superior para os.vícios. Não há dúvida alguma de que a concupiscência tornou-se exagerada com a intervenção de tais artifícios, e dos mais variados excitantes que se possam imaginar, variação que au menta os objetos da inclinação e os torna ain da mais atraentes. A prática artificial do prazer, além disso, provoca hoje entre os homens a paixão de um record da perversidade, que tem produzido as mais funestas consequências. Os rapazes pen sam que, se não se entregarem a estas depra vações, não se podem considerar como ver dadeiros -homens. Esta estúpida crença é ain da acrescida pelo mau costume de se ridicu larizar quem se mostre ignorante nesta mi seravel ciência, ou tenha vergonha de se ocu par com elas. -- Se se continua a alimentar artificialmente estas relações, sem um fim su- 53 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br perior, unicamente para satisfazer à tendên cia natural, formam-se na alma manifesta ções, ou "irradações" que se explcarn pela terminologia, "espírito pornográfico". A mentalidade de tais homens fica infesta da pela volúpia, e nas coisas mais simples e naturais encontram elemento para alimentar a sensualidade. Na mulher vêem somente um instrumento de gozo. Tudo faz crer que o úni co objeto de seus pensamentos, das suas con versas é a perícia alcançada nesta matéria, e ordinariamente ela só é vencida por uma completa ignorância em todos os outros ra mos da vida. . . Esta descrição pode parecer exagerada em certas esferas da sociedade, porque têm uma natureza mais fina e deli cada, e usam o sistema do avestruz: afastam os olhos com repugnância daquelas misérias que evitam instintivamente". Propositalmente fizemos falar in e.rtenso a competente autoridade deste homem, que não é católico, e portanto não pode ser taxado de partidarismo. Como se vê destas palavras de um sábio de fama mundial, a tendência natural do jovem é excitada por inúmeras influências exterio res. Cinemas, teatros, livros e conversas for mam nele a idéa de que o prazer sexual é o único e mais sublime gozo da terra. Esta idéa desperta o desejo, que por sua vez excita e in siste para que ele ceda à tentação. A triste consequência é que em muitos jo vens desaparece a compreensão mais �ubli� 54 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br me do amor conjugal. Conforme as palavras ,lo autor acima citado, a mulher é conside rada somente como um instrumento de gozo. Nestas circunstâncias, vale a pena recordar a palavra que Mefistófeles diz no Fausto: - "Com esta bebida em teu corpo vês em cada mulher uma Helena" (igual ao objeto do gozo). Eles não conseguem mais olhar para uma mulher ou uma moça com olhos puros. Confessou-me um rapaz de 18 anos: "se vejo uma moça, penso e digo: que prazer deve ser o poder tê-la em meus braços e possuí-la". E um outró: "Já me tornei tão perverso, que considero na minha fantasia que toda moça é um objeto de meu prazer!" A tendência natural tão pervertida e artifi cialmente exagerada procura desprender-se de todas as considerações, para poder satisfa zer-se ilicitamente. Uns procuram então tra var relações com uma moça, que talvez pu desse corresponder às suas aspirações, e ou tros se contentam com as prostitutas, que se vendem por dinheiro, esquecendo sua digni dade feminina. A que ponto de perversidad� esta tendência pode chegar, nos é revelada de modo seguro pelo comércio de moças brancas. Homens e mulheres procuram levar moças inexperien tes, sob falsas promessas de colocações muito favoraveis ou de casamentos, e até mesmo por meio da força para, o estrangeiro, onde elas caem nas :inêíos de homens perversos, ficando 55 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br irremediavelmente perdidas como escravas do prazer de tais homens! ... No mês de outubro de 1923 os jornais rela taram que um destes monstros levou 50 moças para a Holanda. Ao mesmo tempo apanhou-se uma carta, em que se dizia: "as cincoenta moças chegaram sem novidade e estão em se gurança, e já seguiram para Nova York. O cais do porto de Hamburgo estava cheio de detetives e policiais, mas apesar disto e depois de enormes esforços conseguimos levá-las para bordo. Duas delas quasi nos traíram com suas lágrimas, mas tu sabes que o clorofórmio sempre prestou bom serviço. . . Bill firou preso, mas foi substituído por Jonny. Levei-as para S. Francisco, lá podem gritar à vontade por papai e mamãe. Se encontrares de novo mercadoria, leva-a logo para Hamburgo, para a bolsa de moças. Se a atenção da polícia cair sobre tua pessoa, foge incontinente para Bre men. Segue uma letra de um milhão de dóla res. Se fizerem dificuldades leva .. as para onde te disse, lá tomarão juízo! ... " Pensando na sorte destas infelizes, para as quais não há fuga possível, só morte, a natu reza humana se horripila! O que causa ainda mais horror é o pensamento de até que ponto pode chegar a bestialidade do homem, que não pensa noutra coisa a não ser na sa tisfação de seus peiores instintos!. . . Que po der infernal e cruel tem e1,ta paixão, que calca aos pés a dignidade e a felicidade de tantas 56 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br infelizes, que paga somas fabulosas somente para gozar esta paixão! Por que relatamos il.to? Para chamar a atenção, pois aquí tambem já aconteceu que homens bem vestidos oferecessem seu auto a moças, que, f elizmentc, suspeitaram a tempo do perigo. Mas o principal motivo por que to camos nestas circunstâncias sobre tal assunto é mostrar que, na realidade, "o poder tornar se mãe" representa um grande perigo para a jovem. E este perigo está no fato de que esta entrega, que sp é permitida no matrimônio, e que devia ser a expressão do amor puro e no bre, é para certos homens, cuja inclinação na tural tornou-se toda poderosa, procurada uni camente para a satisfação carnal, e assim es tragam para sempre a felicidade íntima, dei xando no coração de muitas jovens amarga desilusão. 1) Este perigo é grande e continua sempre ameaçador, porque a maior parte dos moços não o compreende em toda a sua extensão. E', de fato, um "fatum" (fatalidade), que o sexo dela seja tão diferente do do homem. Como mencionamos acima, a moça normal, não pervertidh completamente pela tendên cia natural, ordinariamente não adivinha que o homem pensa e sente de maneira to talmente diversa da sua. E por isso sem re ceio, sem suspeitar sequer, ela se expõe ao seu perigoso poder. Ela não adivinha o que o sedutor, que lhe quer tão bem, realmente de seja dela, porque ainda não teve as sensa- 57 https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ções desta paixão por sua própria experiên cia. E por isso não compreende como se pos sa falar sempre em perigo, logo que ela co meça a namorar, pois ela não t.em nenhuma intenção maliciosa, e por isso tem a convi eção de que ele, qÚe mostra querer-lhe tão bem, certamente tão pouco terá aspirações ilícitas, pois está convencida de que ele tem o seu mesmo modo de pensar e sentir. 2) E' fatal para ela que, devido à sua ín dole, ela não tire as consequências dos fatos por ela conhecidns. Ela ouve e lê as sensa cionais notícias dos crimes e horrorosas aber rações praticadas com outras moças. Não sentindo, porém, em si nenhuma destas pai xões, que levam a estes crimes, não pode com preender que haja criaturas capazes de co meter tantos horrores. Ela só conhece certos casos particulares, porém não conclue daí em uma força natural, no homem já forte mente desenvolvida, mas para ela ainda des conhecida, que impetuosamente reclama sa tisfação, e arrasta-o para estes crimes. 3) E' uma sorte triste que o rapaz muitas vezes tambem ignore que ela não sente de mesmo modo