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HAuov ScttILOEN, S. J. TU E ELA Versão portuguesa de D. PEDRO ROESER O. S. B. (ABADE DE OLINDA) 3,• EDIÇÃO Edições Melhoramentos https://alexandriacatolica.blogspot.com.br https://alexandriacatolica.blogspot.com/ Toiks os direitos reservados pela Comp. Me.lho-ramentos de São Paulo, lndústrws de Papel Cai= Postal, 120 B - São Poolo Nos pedidos telegráficos basta citar o n. • 1!43 �m=#•�t üiàJ:t,zt,ld?í'1l¾ij https://alexandriacatolica.blogspot.com.br https://alexandriacatolica.blogspot.com Imprima-se Rio de Janeiro, 15 de FevereJ;ro de 1929 D. PEDRO EGGE&ATH 0. S. B. Arqulabade. Nihü Obstat São Paulo, U de Mairço de 1929. PE. JOSÉ PROCÓPIO DE MAGA.LlllES Censor. lmprimatur São Paulo, 22 de Margo de 1929 Mons. PEREIRA BAB.ROs https://alexandriacatolica.blogspot.com.br tNDICE Uma palavra do tradutor i Introdução . · . 9 Um olhar !!ara o plano providencial do Criador 11 Não te é lícito . 25 Caminhos errados 34 Satisfação solitária . 39 Namôro 48 Relações comprometedoras 70 Prostituição . !35 Cavalheirismo . 89 A companheira da vida 99 Castidade vir�nal 118 E tuf . 12:J https://alexandriacatolica.blogspot.com.br https://alexandriacatolica.blogspot.com/ UMA PALAVRA DO TRADUTOR Que é que acontece em Portugal f Um povo, aliás pe queno, mas alimentado pelas grandes recordaç.ões de um passado glorioso, luta ainda gravemente doente, com uma esplêndida coragem contra quantas influências o ameaçam, desde séculos, na medula mesmo da sua vida. Mas, enfim, Portugal tem com a Espanha e a Itália a grande vantagem da unidade, da integridade e da har monia na religião. E o ressuxgimento político e social dêstes povos está garantido nesta base de harmonia reH giosa, estimulo de ação e de caridade. Coimbra, a uni versidade legendária, o berço mais antigo da mocidade acadêmica de Portugal e do nosso Brasil, se, vêzes, com Bernardino Machado, Afonso Costa, e outros foi como um punho fechado contra as tradições mais caraterísticas de Portugal, foi outras tantas vêzes também a alma-máter do ressurgimento político e moral daquele pais. Ela esti despertando hoje de novo uma verdadeira renascença na cional, que recorda a mocidade de outros tempos, dos tempos em que o povo português lutando pela sua inde pendência, contra os espanhóis, proclamava o jovem Grão Mestre dos cavafüeiros de Cristo, D. João, em Coimbra, o seu rei. Era o tempo em que D. João, cercado por uma tro12a de escol de trezentos estudantes da universidade, tentava, e ganhava a batalha de Aljubarrota contra um inimigo de fôrça, muito mais numerosa. A êste esyirito de Idealismo e Cavalheirismo na mo cidade de hoje, não foram indiferentes nem mesmo os espí ritos mais re·beldes dos Coimbranos de ontem. Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, para citar os mais conhecidos, vendo, em sua velhice, o ressurgimento na- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br eional na fundação do Centro Acadêmico da Demoeraeiia cristã, à qual pertencem mais de seiscentos estudantes e professores voltaram antes da sua morte aos Ideais do Portugal católico e histórico, Nós os Brasileiros somos também por espírito, e mais ainda por sangue descendentes dos heróis de Aljubarrota, e daqueles heróis, que nos montes Guararapes firmaram por um Idealismo cavalheiresco informado na integridade da fé católica a integridade nacional O que se passa en tre a mocidade acadêmica de Portugal, eneontramo1J tam bém noa do Brasil. Nas nossas academias cedeIP. já os Tobias Barreto, os Martins Júnior, os Sílvio Romero, as suas cadeiras a outros mestres, que trabalham por puri ficar os corações dos nossos estudantes úo espírito sectá rio e anti-nacional, substituindo-o pelo Idealismo católico E- histórico dos nossos antepassados. Modestamente secun da ao brilhante apostolado óe nossos universitários cat6li c-0s a tradução de uma obra, eujo autor compreendeu que a mocidade não pode existir sem um ideal e o cavalheiris mo, que devem oeupar o lugar proeminente no coração do jovem, que um dia há de cumprir a sua missão na socieda de e na Igreja. Muit-0 amea�ado é o cavalheirismo nas re lações do jovem para com as pessoas do outro sexo. En quanto predomina naquelas esferas um surdo materialismo e um desregrado sensualismo, não podemos pensar em uma série renaseença. A mencionada disposição moral ou antes imoral, só faz estudar o acadêmico para mais tarde sem muito trabalho ganhar muito, para assim gozar muit-0. Que isso seja a morte da moeiclade ninguém pode duvidar. 11lste materialismo e sensualismo devem substituir-se pelo ideal�• mo e cavalheirismo dos nossos antepassados, nas relações com as pessoas do outro sexo. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br INTRODUÇÃO Jovem amigo! Uma questão grave para dis cutirmos nós dois. Muito grave, mesmo. Mas tudo depende do modo pelo qual vamos resol vê-la. Se acertares com a resposta, esta te en cherá de um justo contentamento, de sentimen tos nobres e gostos de cavalheirismo, - enfim te encherá de uma felicidade sem arrependimen to, enquanto uma solução errada te perverteria a conciência e produziria bem tristes efeitos na tua vida, e talvez na vida de muitos outros. Vamos abordar uma questão inevitável; des sas que cedo ou tarde, exigem de nós uma po sição definida. Por isso, melhor é cogitarmos dela enquanto esta.mos ainda tranquilos, para não nos deixarmos precipitar pela sedução do momento. Além do mais, a solução acertada não é fácil, desde que várias influências procuram afastar-nos para desvios traiçoeiros. Os praze res nos atraem como lindas flores; lindas flores a cobrirem pântanos em que nos vamos afogar. A pouca experiência e reflexão da mocidade não lhe deixam perceber as consequências tre mendas que um passo falso pode provocar, e fre- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br quentemente provoca. Muitos não vêem que es tavam num caminho errado, senão pelas ruínas amontoadas por êles mesmos e que agora for mam os maiores obstáculos para sua verdadeira felicidade. Acontece então que êles vão encon trar em vez de alegrias, grandes amarguras, e em lugar da felicidade, tormentos da alma. Como amigo fiel e bem intencionado queria oferecer-me como guia. Não exijo que me sigas cegamente; pelo contrário, desejo que vejas e compreendas qual a solução verdadeira, afim de que a realizes e executes com íntima con vicção e vigorosa energia. Vamos falar da posição do jovem junto às donzelas. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br TU E ELA UM OLHAR PARA O PLANO PROVIDENCIAL DO CRIADOR Na criação se manifesta em tôda parte o princípio: O que Deus pode conseguir por inter médio de outros, não o executa pessoalmente; serve-se dos seres já existentes para a consecu çüo dos seus fins. O universo é uma obra de arte indescritivelmente sábia, em que as ener gias e faculdades que no princípio foram deita das nêlc, renovando-se e propagando-se conti nuam a atuar sem que o Criador alguma vez deva intervir. No universo o homem ocupa uma posição singular, porque só êle é dotado de liberdade. Todos os demais seres obedecem fatalmente às leis naturais, de modo que nêles as intenções divinas se realizam necessariamente. O ho mem, pelo contrário, tem o poder de se decidir por si a obedecer, ou não, àquelas leis. Entretanto, não obstante a liberdade huma na, Deus sabe conseguir o seu fim. As tendên cias e impulsos a que o homem está sujeito, https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 12 TU E ELA atuam sôbre êle tão energicamente, que a huma nidade tomada em conjunto de fato não é capaz de resistir ao movimento inicial, - o movimen to Divino -. E o homem paga caríssimo o abu so que faz da sua liberdade; as leis naturais não se violam jamais com impunidade. O mais antigo de todos os livros de história nos relata que Deus criou um homem e uma mulher dos quais se havia de originar a huma nidade inteira. A natureza humana viu-sepapel diferente dos dois sexos na entrega. Os movimentos da tendência natural provocam no jovem uma excitação orgânica, que com tôda a insistência reclama satisfação. Na moça, pelo contrário, no dizer de uma das primeiras notabilidades em questões sexuais, os sentimentos amorosos produzem "um estado de https://alexandriacatolica.blogspot.com.br XA1IÔHO 55 excitação, que quebra qualquer resistência da vontade e da razão. Ela se rende ao jovem, sucumbe aos seus abraços, segue-o sem relu tâncias e em tal estado é capaz de tôdas as loucuras". Assim vai prosseguindo a evoluçã;:> da tendência sexual. Ge:r:ilmente, já não é pos sível retê-la ainda nesta altura e repeli-la. Com uma finalidade tenaz e necessária, o mais po deroso de todos os instintos e o mais astuto pro cura impor os seus desejos e não deixa descan sar o homem, enquanto o não tenha alcançado. Concedemos que muitos, ao começarem com tal namôro, não visavam absolutamente êste fim; indignados protestariam contra qualquer acusação neste sentido. Diriam que aquilo está excluído. Nunca fariam coisa tal. Não pomos em dúvida a sinceridade da sua afirmação. Tam bém pode acontecer, que muitos não vão a êste f,xtremo, porque percebem as tempestades na sua alma, pondo em tempo têrmo a estas rela ções. Não raro tôda sua vida interior por mui to tempo ainda se ressente com as consequên cias da separação. Nut:r;:ir�m em si uma incli nação, que se apoderara inteiramente dêles e à qual falta agora o têrmo natural, a saber, a união no matrimônio. As vêzes também pode levar muito tempo até chegar ao extremo. Mas é o terrível trágico de uma inclinação de corações que é nutrida só por amor dos prazeres que proporciona: fal tando-lhe a legítima meta, falta-lhe a seriedade moral, único fator capaz de contê-la nos justos !imites. Se alguém não tem fôrça de resist;:..· aos chamamentos do instinto quando vem com https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 5G TU E ELA solicitações fracas, tão pouco será constante, se êste acenar com o mais alto, que pode dar. Fal tando já a energia de renunciar a comodidades menores, tão pouco renunciará a êste último. A experiência, sobremodo triste, ensina ser �sto o desfêcho necessário de uma evolução na tural. Começar esta sempre de novo, e parar sempre a meio caminho, não há quem o possa fazer por muito tempo. Mas, pergunta-se, se além de tudo, será possível uma amizade entre pessoas de dife rente sexo. Para responder à pergunta é pre ciso indicar primeiramente o que se entende por amizade. E' claro que as relações amigá veis, que naturalmente se originam entre famí has, que se conhecem, podem estender-se tam bém aos jovens. Triste sinal seria, se um moço ::1estas ocasiões, que necessariamente se apresen tam, não conseguisse ser amável, atencioso e na tural no trato com as moças, sem resultar daí qualquer aproximação íntima. Pormenores sô bre êste ponto encontram-se no capítulo "Cava lheirismo" (pág. 90). Uma íntima amizade, porém, tal como pode existir entre dois rapazes ou duas moças, é irrealizável entre um moço e uma moça. Mesmo entre pessoas maduras e ponderadas seria ela possível, em alguns casos, sàmente em condições inteiramente especiais a saber, quan do, no dizer de Albano Stolz "a alma conqui::: tou uma forte mentalidade, e a tendência sexual tem alhures um perfeito derivativo ou é domi nada por uma virtude conquistada em longa luta E experimentada em muitos casos. Mas do en- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMÔRO 57 ganarem-se a si mesmos, crendo ser amizade quando seguiam o impulso da alma e o lado es piritual da tendência sexual, que os impeHa sempre para mais longe, muitos escândalos se originaram. Jovens, porém, que ainda não têm experiên cia da vida e que por isso ainda ignoram o sen tido mais profundo de muitas coisas, que inti mamente os comovem, que além do mais se acham numa idade, em que esta tendência pode rosíssima por tôdas as vias secretas lhes pro cura conquistar o coração, não são capazes de nutrir uma amizade que necessariamente se ba seia no mútuo respeito e afeição, sem que se apresente o amor sexual e se apodere dos seus pensamentos ínti:rp.os. E' particularmente difí cil para a moça perceber a diferença entre uma amizade e a inclinação da alma, estando a ten dência natural ordinariamente calada nela, ao passo que seus movimentos fazem advertência ao moço que uma inclinação sexual se apoderou dêle. O que deixámos dito é confirmado pelas confissões de jovens, que pretendiam ser seus amigos, mas finalmente chegaram a compreen der, que já não era mera amizade, o que os ligaya. Um bacharelando que desejava fazer-se sacerdote, travou conhecimentos com uma mo ça, pela qual se afeiçoou. Ela sabia da sua vo cação. Era uma amizade pura e nobre, que ha� via de existir entre êles. Em virtude disso não se permitiam carícias e beijos. Terminados os exames, viram-se por alguns meses separados, e voltando êle, declarou-lhe que continuava fir me em seu propósito de tornar-se sacerdote. Ela https://alexandriacatolica.blogspot.com.br á8 'fU E ELA respondeu= "Isto propriamente me devia causar alegria; mas compreendes, que me custa". :Ele confessou a um amigo: "Não devia ter feito isto, pois não sei, se ela mais tarde será capaz de amar a outro homem tão intensamente como a mim". Análogo é o caso de um outro moço. Senti ram sim o despertar da tendência sexual, mas tomaram logo a resolução de lutar, para não se rem mais que amigos. Quando, algum tempo depois, ao rapaz fizeram uma pergunta como imaginava o futuro, respondeu: "Eu, creio, sou capaz de fazer o sacrifício; se ela o será, não sei". "E que farás, se ela declarar que não o pode, que não pode viver sem ti? Que se tor naria infeliz? Que faria uma loucura?". :Estes e outros exemplos mostram que em tais casos a afeição já não é de caráter amistoso se casar. Decorridos depois disso mais algm">cs anos, surgindo êste desejo reconheciam que pelo seu procedimento perderam o acesso à mater nidade, almejada agora com tôdas as veras do coração e que lhes escapou a felicidade da sua vida. Muita menina, na confissão dos próprios moços, foi-lhes anjo da guarda; mas foi-o � custa de felicidade da sua própria vida. Con tinua a ser-lhe um pêso pela vida além. Em outros casos, êsse desnatural deslocamento da.;; relações com uma pessoa do outro sexo, produ zia a consequência, que as pessoas em questão ;lá não conheciam mais tarde, no matrimônio, a :;ua verdadeira posição para com a mulher ou o marido, tornando-se o [matrimônio infellz. Prescindindo as relações entre pais e filhos, ::i.s https://alexandriacatolica.blogspot.com.br N.\l\lÔRO 5!J relações entre pessoas de diverso sexo só cor respondem à natureza, quando existem entre marido e mulher, no matrimônio. Exprimiu-o acertadamente Coloma no seu romance "Boy"; "de direito só duas mulheres têm .lugar na vida de um homem: a mãe e a mãe de seus filhos. O que exceder êste duplo amor pµro e santo, é perigosa aberração ou pecaminoso desvio". Não é possível deixar de lado esta ordem intencio nada por Deus sem que se apresentem as peri gosas consequências. Nos anos de desenvolvimento, é aliás duvj cioso que as relações fraternas sejam realizáveis. Um artigo do padre Lins "Amizade", ilustra ins trutivamente esta questão. Um menino e uma menina perguntaram-lhe por carta, se podiam ser amigos. Citam-se as cartas de ambos. Após lúnga reflexão, resolveram fazer uma experiên cia sôbre a possibilidade de uma real amizade entre os dois. As condições eram as mais favo !'áveis. O moço declarou que em virtude do trato com ela se tornara outro homem. Os pais da menina consentiram com a condição de lhes ser comunicada sempre a hora, em que ela se encontrava com êle. Dêste modo escrevia êle muito ponderadamente, guardando exatamente ,,s limites. A meta era: Guindarem-se mutua mente às alturas da luz e da pureza. Após al gum tempo,ambos estavam acordes em declarar que se tinham iludido. - Portanto, não obstan te as condições mais favoráveis, não obstante o seu cura poder supor com certeza que ambos, que conhecia desde ·meninos, estavam animados das intenções mais sinceras e lhe seguiam os. conselhos, não obstante aspirarem a uma ami.- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 60 TU E ELA zade pura e nobre, não se encontrando sem os pais o saberem, não ficaram dentro dos limites da afeição puramente amigável. E' que neces sariamente se apresenta a inclinação sexual ateando fogos internos, que os jovens não con seguem dominar. Muitos jovens se enganam com o tomarem o propósito de terminar imediatamente, logo que as coisas se afigurarem perigosas. E' que se esquecem que, pelo menos no início, as faltas quase nunca são consequência de calma refle xão, mas fruto dos momentos não vigiados, mo mentos em que caíram vítimas da paixão. ".Já não sabiam o que estavam fa.zendo". "Não compreendo, como cheguei a fazer isto", é o que dizem, quando já é tarde. Além disso a afei ção sabe enlaçar o coração, de tal modo que mui tos já não têm a fôrça de se desvencilhar quan do percebem que entraram no período perigoso. São verdades que só se conhecem pela experiên cia. Quem não quer acreditar nos que tiveram ocasião suficiente de conhecer êste lado da vid=i real, e talvez verificaram muita coisa desola dora, virá mais tarde a confirmar pela sua pró pria experiência que êles tiveram razão. Confrange o coração o queixume de "Gret chen" no "Fausto": Mas tudo que a isto o im peliu, ó Deus! era tão bom, era tão doce! Ela também, cedendo à sua inclinação, não pensava mal. Parecia-lhe tudo tão ·bom e tão amável que não resistia a solicitações e assim viera a cair. As consequências tristes, mesmo de um úni co passo errado não se podem avaliar. Para https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMÔRO 61 sempre desapareceu a intangibilidade do corpo; foi profanado. Irremediavelmente perdida está a inocência. O sentimento altivo da não ter dado um passo falso, o doce pensamento de estar sem culpa estão destruídos. Como outrora Adão e Eva estavam diante das portas fechadas do pa raíso, volvendo olhares saudosos para o perdido jardim das delícias, assim os pobres estão dian te do paraíso da perdida inocência do coraçãc, moço, de modo que correspondentemente https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMÔRO 65 alguma inclinação se apodera e revoluciona mais veemente o mais profundamente o seu in terior. Achando-se além disso ainda em pleno desenvolvimento o seu espírito e sua vida afe .. tiva, estas tempestades interiores atuam ruino samente sôbre êles influenciando-a desfavora velmente. Leviana, desperdiça os tesouros do seu coração largando mão do que tem de melhor, Perde-se a delicadeza, êste horror infinitamen te fino a tudo que não é conveniente. Pois ela está agindo· contra a voz da conciência, contra a vontade dos pais e os avisos de Igreja. Con siderações mais altas emudecem. Antes rlo mais, escuta as sugestões da sua afeição. Um mundo de pensamentos sensuais, inteiramente novo, entra no seu íntimo, expulsando todos os interêsses superiores. Pois não é seu verda deiro eu que vai atrás dêstes namoros, mas é apenas o apetite sexual, que se apoderou das rédeas obrigando-a agora a lhe satisfazer os de sejos. Muita moça que gozou uma vez o lado agradável do namôro perde com isso a base mo ral. Já não pode prescindir dêle, e desta manei ra um namôro segue a outro, acentuando-se cada vez mais desoladora a aberração moral. Pelo pecado enfim sofre estrago o âmago do seu ser. O moço mais facilmente pode neu tralizar as consequências funestas da culpa me diante o seu ulterior proceder e querer, pelo menos em part.e, visto tratar-se nêle sobretudo de uma aberração da tendência natural. Nas moças, porém, trata-se de uma aberração das inclinações psíquicas produzindo as mais gra ves feridas no íntimo do seu ser. Por isso um namôro entre menores é sempre uma tragédia: https://alexandriacatolica.blogspot.com.br GG TU E ELA A moça adoeceu para tôda vida e frequentemen te se arruinou completamente; o homem dou deja de flor a flor como uma borboleta. Tal é afinal o fim da pobre criatura. Não ganhou nada. Gozou apenas futilidades. Mas em troca disso perdeu o que possuía de mais precioso. Depravaram-se os afetos e devastou se o coração. Desapareceu a tranquilidade. O senso de coisas mais altas sumiu-se. Enfraque ceu-se a vontade ao passo que as tendências in feriores se avolumaram e surgiram tendências perigosas. Os sentimentos religiosos embota ram-se. A seriedade moral, o sentimento da responsabilidade evadiram-se do seu coração. A isso se acrescenta que os danos só dificilmen te, ou só em parte, e frequentemente nunca, po dem ser reparados! E essas moças estão desti nadas a serem mães mais tarde! Uma boa mãe é de máxima importânci!":l.. O grande bispo de Mogúncia, Ketteler, disse num sermão: "O maior benefício que Deus pode conceder a um homem na ordem natural é indu bitavelmente o presente de uma mãe verdadei ramente cristã... Imensamente feliz é a crian ça que teve uma mãe verdadeiramente cristã, embora cresça em farrapos e em farrapos vá para o sepulcro. Tão pestilencial como a pre sença de uma mãe não cristã, embora tenha o nome de cristã, tão salutarmente atua na crian ça o gêrme que uma mãe piedosa deitara na alma da criança. Quando a mãe desde muita descansa no sepulcro, o filho porém agitado pe las tormentas da vida é jogado para todos os la dos e não está longe de perder a fé e a moral e de cair vítima da condenação eterna, ainda a fi .. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NlHIÔI\O 67 gura piedosa e nobre da sua mãe cristã lhe apa- 1ecerá e com fôrça milagrosa o reconduzirá ao caminho da fé e da virtude. Quantos louvores da nobre mãe não disse ram e escreveram oradores e poetas! A pala vra "mãe" tem para nós uma sonoridade tôda particular. Encontra-se nela um mar de bran dura, de indulgência, paciência, sacrifício, abne gação, de confiante e íntimo amor. A '6oa mãe é tudo para a criança. Em tôdas as angústias procura a· mãe. Todos os males ela confia à mãe; em tôdas as dúvidas consulta a mãe; tô das as faltas confessa-as à mãe. Tocou-nos ao coração, quando líamos que nos campos da ba talha jovens guerreiros feridos, em suas hor rendas dores gritavam pela mãe: "Mãe! Mãe!" Reza o povo que há algo de triste no ser de um homem que não conheceu a mãe. Uma infân cia sem verdadeiro amor de mãe é uma primu vera sem sol. Atendendo a tudo isso, não será horripilan te crime prejudicar aquelas que talvez algm:1 dia serão mães, exatamente naquilo que unica mente as poderá tornar boas mães, roubando Jhes a seriedade da vida e o temor de Deus, a deUcadeza e os sentimentos nobres, a ponto de não poderem vir a ser boas mães para os seus filhos ou pelo menos mães assaz boas? Será ir longe demais chamar ladrões e salteadores àqueles que, por amor ao próprio gôzo, invadem o santuário de um coração, ou o exploram e em seguida prosseguem o caminho sem preocupar se mais da miséria que causaram? São ainda piores que ladrões, pois bens terrestres podem https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 68 TU E ELA ser restituídos e recuperados. Os bens que Be roubaram à moça pela convivência leviana, nin guém lhos devolve. Mas nem tôdas as moças chegam ao casa mento. Triste lhes será mais tarde a recorda ção, que em sua mocidade, aparentando amor, um moço jogou levianamente com seu coração, e talvez as defraudou da sua inocência e hon ra. Oh! se ainda as lágrimas e as lamentações: "Não o tivesse feito ... " pudessem reparar o mal! Outras são chamadas para coisas mais altas. A estas o Senhor algum dia quererá dizer: "Escuta, ó filha, e vê e inclina o teu ouvido, esquece-te de teu povo e da casa de teu pai. Pois o rei cobiça a tua beleza, aquêle que é teu Senhor e teu Deus". Ps. 44-11 e seg. Estão destinadas a enfileirar-se nos coros da quelas que escolhem o Salvador como espôso de seu coração e lhe consagram tôda sua vida afetiva. Que juízo fará o filho de Deus, quan do alguém desvia para o namôro uma virgem que êle escolheu para sua espôsa? ou até a pro fana? e lha rouba? Não deverá receiar com bom fundamento, que êste crime atrairá sôbre tôda sua vida horrenda maldição? Inclino-me a crer que os moços que só um pouco meditarem nos danos que causam à moça, que seduzem para um namôro, não serão capa zes de se haver tão vil.mente para com ela ... E que com corações de moças e sua felicidade vital não se joga e brinca por divertimento! O amor a sua própria querida mãe deveria im pedir todo moço de fazer alguma coisa, que pos sa fazer duma moça uma mãe inferior ou má. Injustificável culpa é ser causa por leviandade https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMÔRO ft(I ou sensualidade, que outros não vêm a receber uma mãe nobre, boa e pura. Crime ainda mais horrendo seria, se alguém fizesse um mal a uma virgem destinada a ser mais tarde uma espôsa de Cristo. A juventude é tempo de preparação, a primavera da vida, a época da floração. Que rendo recolher frutos no outono, não irás que brar em Maio os galhos floridos para com êles tecer-te coroas. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br https://alexandriacatolica.blogspot.com/ RELAÇõESCOMPROMETEDORAS Vimos que o namôro, caso não seja desfeito a tempo, conduz quase necessariamente ao pe cado grave. Os que continuarem a namorar, hão de encontrar-se com o terceiro descaminho: as tais relações. Entendo com êste têrmo a con vivência imoral, que em geral não visa o casa mento. Ninguém porém conclua daí, que cada uma das relações suponha um namôro anterior. Acontece que certos rapazes sem nenhuma con vivência, nos anos de evolução, sem demora entabolam relações imorais, com moças, sendo que uns se deixam seduzir pela volúpia ou des nortear pelo mau exemplo, conversações, leitu ras, cinemas, etc. enquanto outros constrangidos financeiramente a adiar bastante o dia do casa mento, procuram destarte satisfazer a vontade da carne, já porque lhes custa demais reagir, já porque não querem dispensar o gôzo sensual. E êstes ainda justificam êste procedimento com a observação: "O ímpeto é invencível, e absterse seria anti-higiênico". Tal arguménto porém é insustentável em face das asserções de médi cos e cientistas, que atrás mencionámos. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br RELAÇÕES CO)IPl\0:METEDORAS 71 Não posso negar, no entanto, que uma vida pura, no meio dos enormes perigos atuais, num ambiente intoxicado de provocações sexuais, e sujeita a uma disposição nervosa ou nevrose congênita ou adquirida, será po�sível àqueles que querem ser castos incondicionalmente e por princípio, aplicando no mesmo tempo decidida mente os meios tanto naturais como sobrenatu rais. Aí voga o dito: "Quem quer, acha cami nho". Sill)., a experiência, de encontro a mil pretestos teóricos, ensina: "E' possível, contan to que o jovem queira realmente se esforçar''. Logicamente, a tais "relações" são ineren tes em grau mais acentuado os danos que se dão nos namoros. Por isso chamamos atenção apenas para aquêles que mais se salientam. Tôda vez que um jovem mantém propria mente relações, êle separa por completo a vida sexual do seu fim primário e de qualquer con sideração mais elevada. Êle a procura exclusi vamente pelo que é animal, a ponto de dominar lhe a vida dos apetites. Não é mais o espírito ou a alma quem nêle governa a parte corpora1, mas as tendências cegas regem de ora em dian te QS seus atos. Contrariando a voz da conciên cia, os protestos da razão, êle prefere agradar à voz da paixão. Ou por outra, êle se tornou es cravo do seu próprio corpo. Bem o acertou Nietzsche dizendo: "Não és livre enquanto cães latirem em ti". As tendên cias do corpo se deixam comparar com cães ir racionais, que, alheios a qualquer outra consi. cieração, só visam satisfazer aos seus apetites https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 72 TU E ELA ganindo e uivando até serem cumpridos os seus desejos. Não há então motivos de lógica nem de con veniência, que os abstenha de seus apetites. Que lastimável espetáculo! O jovem em vez de subjugar êsses clamores ferocíssimos da carne, em vez de lhes negar as instâncias injustificá veis contra o domínio da razão, abaixa-se ao papel de vil escravo, a custa do seu eu superior-, de sua alma, para servir torpemente as impo sições da matéria. �le se deixou enganar e defraudar. A pai xão o tinha iludido, prometendo verdadeira f e Jicidade e satisfação a todos os seus desejos. Ela porém só é capaz de satisfazer a parte ma terial do homem, o corpo mas não a alma e o coração. Apenas evaporou a embriaguez sen sual, já sobrevém ao pobre homem, mui natu ralmente um mal-estar da alma. Em vez âe fe licidade é o mau humor, a depressão, o vácuo, que se apoderou do seu interior. Desenganados assim e enfadados com o próprio procedimento muitos se têm animado a sacudir o jugo da vida apetitiva afim de poderem governar-se livre mente. Outros tantos não acharam a necessá ria fôrça para tal passo, desprezando aquêle es tádio de tédio da alma. Entretanto procuram despreocupar-se do crescente vácuo na alma por intermédio de distrações e diversões, deixando fascinar-se sempre de novo pelas ilusões da pai xão, na esperança que novos e mais frequentes gozos lhes tragam aquela felicidade que a pai xão fantasiara. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br RELAÇÕES CO.MPROMETED0HAS 73 A · energia para reagir a estas más tendên cias vai sempre decrescendo; a compreensão de assuntos espirituais mais elevados diminui a olhos vistos; o gôzo carnal se lhes afigura em breve a coisa mais justa do mundo. As consequências devastadoras quer para o coração e para o caráter, quer para a mentali dade nem se deixam descrever, uma vez que a vida interior nestes anos se encontra em pleno desenvolvimento. E' nessa época justamente que, para qualquer homem, a influência daquê Jes com quem tem trato, é de magna importân cia. Imperceptivelmente êle adota as suas opi niões, e deixa-se dominar pelos seus desejos e pareceres. Tôdas as idéias dos outros chegam lhe a penetrar no interior e ficam-lhe gravadas na fantasia e na memória. Dadas as relações, ambas as partes se abaixam a um conceito ordi nário dos têrmos homem e mulher. Falta-lhes exatamente aquêle poder que eleva e enobrece, o respeito mútuo, o amor puro, como Deus o quer. Nêles governa sàmente a paixão, o lado animal da tendência sexual; perdendo-se assim o senso moral com o calcar aos pés o pudor e a delicadeza naquilo que convém. Ademais, são quase sempre mulheres refugas da sociedade, àevassas que se prestam para tal comércio, que por más intenções e fementidas carícias empes tam todo pensar e sentir do homem jovem. Ah! que somas dariam mais tarde certos jovens se pudessem apagar a lembrança do acontecido! Devido a êste comércio pecaminoso desapa rece também o respeito que o jovem deve à mulher. �le a trata não mais como espôsa, com panheira de vida, mãe, mas simplesmente como https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 74 TU E ELA objeto de volúpia. Incapaz de olhar para um:1 senhora ou donzela com um olhar puro, ingê nuo e franco, êle ou se deixa mover por fanta sias baixas, ou se envergonha e se confunde pe rante a grandeza moral e perante a pureza de uma nobre representante do sexo feminino, em cuja presença êle se não sente seguro. Além disso o jovem se incapacita parn nquêle amor único, profundo, verdadeiro, que mais tarde poaeria constituir a felicidade do seu lar. Pois já agora despende aquêles senti mentos tradutores do amor, e nas relações com a espôsa, se metem de permeio, incomodadoras e vituperosas, as recordações da sua má condu ta. Verdadeira, plena felicidade do lar só ex perimenta quem dela pode gozar com vigor in quebrantável. Atenta pois contra a própria fe licidade o jovem que, com tais relações, des perdiça os primeiros sentimentos de ternura com uma criatura indigna, sobrando-lhe apenas mais tarde, se sobrar, uns laivos de amor puro para sua noiva e espôsa. Outra causa que perturba, turva e não raro destrói a felicidade do lar futuro, consiste em o marido dificilmente se esquecer do alvo dos seus amores de outrora. E' tocante a palavra de Goethe: Nunca mais alegria terei; Graças, beijos, adeus! Felicidade jamais te verei Mas sempre um dia gozei Gozos ene:rntaclor('s. Porque é r1uc 11ão poilP1·ei Esquecer o que prornca mil dores! https://alexandriacatolica.blogspot.com.br IlELAÇÜES CO�lPílOMETEDOI\AS 7ã Não é próprio de todo amor não se esque cer daquele, a quem se entregou uma vez? O amor oferE"ce de certo modo seu coração ao amado e não conseguirá rehavê-lo integralmen te. A felicidade do lar, plena e sólida, supõe como fundamento o princípio: "O amor se en trega inteiro e indiviso a uma só pessoa. O amor é ciumento e pede que o amado lhe per tença exclusivamente a êle e a mais ninguém". Na vida matrimonial há também enganos, discrepância$ de opinião, desinteligências; por que ninguém enfim está isento de defeitos e imperfeições. Indignação, desgostos, mau hu mor, facilmente desfazem a harmonia. A paz entre casados não se pode conservar a não ser pela resolução incondicional de os esposos se suportarem sujeitando-se a um comum acôrdo. Tôdas as vêzes que uma ou ambas as partes mantiveram relações com terceiros as conse ouências serão fatais. Facilmente se calcula: Tivesse casado com fulano ou sicrano tal não aconteceria. Piora o caso, quando êle ou ela procura queixar-se a um amigo ou a uma amig:'l.. Em vez de procurar a solução em casa, vão buscando c01;1.solação e compreensão junto ao amigo ou à amiga resultando naturalmente o rompimento do casal ou o adultério. Uma �o vem de família distinta largou o marido poucas semanas depois do casamento por uma questão sem importância e foi em busca de tal amigo. Um homem do povo disse um dia: "A pistola está preparada e a bala se destina. . . a minha mulher, logo que ela procurar mais uma vez aquêle homem". Horrendas tragédias de fa. mílias se originam de antigas relações ... https://alexandriacatolica.blogspot.com.br76 TU E ELA E' inerente à natureza de tais amizades, que as pessoas jovens procurem evitar as con sequências naturais do gôzo. Contudo, perdu ram nelas receios que um belo dia se possam manifestar tais sinais. Não queremos aqui 2or menorizar o procedimento vergonhoso e i:ndP. cente, resultante de tal cautela. Mas nem por isso êsses tais estão garantidos de que, em mo mento menos esperado, não se dê a consequên cia funesta. Que tormentos indizíveis e que angústia cruel não oprimem a alma da desgra çada que caíu! Digam os médicos como lhes chegam tais criaturas com a palavra ansiosa, desesperadora: "Sr. Dr. teria eu chegado a êste ponto?" E quando o médico mostra que há re ceio fundado, começa o lamento de desespêrn; "Sr. Dr. tenha pena de mim; pois não posso mais apresentar-me assim em casa; meu pai me botará na rua! Minha mãe cegará de chorar! Ajude-me!" Realmente não consideram que tal pedido equivale a um assassínio, para o qual o médico consciencioso não deve cooperar. Mas então, que fazer? Há quem vá neste desespêro a um médico sem conciência ou a uma pessoa desacreditada. Sôbre a manipulação que nestes casos fazem, opina o Sr. Prof. Dr. Alf. "Labhardt, Diretor da clínica para Senhoras em Basiléia (Revista "Das kommende Geschlecht"): "Médico algum, nem o melhor de todos poderá garantir plenamente que a mãe escape sem grave dano e que sobre viva à operação". O Prof. Sigwart de Berlim (lbid. pág. 95): "Não são raros os casos que verificámos grave dano para a saúde ou séria ameaça para a vida da mãe por causa da opera- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br IIEL,\ÇÕES COl\IPROl\lETEDORAS 77 ção e por isso temos que intervir frequentes vê zes cirurgicamente. . . Só dos últimos meses conheço três casos em que a mãe sucumbiu às consequências de uma operação!" O Conse lheiro Prof. Dr. Bumm, de Berlim (Ibid. pág. 96) diz: "Estou de pleno acôrdo com o parece:r do Dr. Prof. Sigwart. Ainda nas últimas se manas tive quatro casos gravíssimos dos quais até agora um foi fatal". Prof. Dr. Abderhal ten, Halle (Ibid. pág. 96) :1 "A operação signifi ca para o organismo inteiro uma catástrofe sé ria; cujos danos só em :condições especial mente favoráveis acho evitáveis, e estas não dependem de nós". Quem afirmar que aí se trata de uma manipulação insignificmite em nosso tempo contradiz redondamente aos fatos. Cada uma destas operações encerra grandes perigos. Em Colônia morreram, em 1932, nove pessoas durante a operação e dezesseis imedia tamente depois. A Igreja classifica esta operação entre os as sassínios e decreta excomungados a todos aquê les que colaborarem na sua realização, pelo qu� qualquer tentativa, qualquer aprovação, qual quer colaboração ou conselho é considerado pe cado grave, pouco importando se o crime tenha êxito ou não. As leis civis entregaram o crimi noso à casa de correção. Ora, quem formará uma idéia cabal das angústias dissimuladas e padecimento moral desta gente no momento da tentativa? Suponhâmo-la bem sucedida, nesse caso lhe pesará na consciência por tôda vida, a lembrança do assassínio da própria prole. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 78 TU E ELA M�s se sair-se mal? Que censura o jovem deverá fazer a si mesmo? Se a pobre moça provavelmente não achou mais tempo nem opor tunidade para purificar a sua conciência, e se, sem preparo algum foi para a eternidade, ou, se um dia ralada de angústia e desespêro sui cidou-se achando-se o cadáver dela boiando na água! E' quando então, com �ste corpo frio e profanado, enterra-se para sempre a tranquili dade de quem foi o seu sedutor. Correi, jovem tresloucado, vagueai pelo mundo inteiro, nunca mais a haveis de achar ... Nascido o filho, êle vem a ser nova fonte de amargosíssimas acusações para o pai. Pode rá haver coisa mais penosa do que dever dizer se a si mesmo: "Esta criança é o fruto da mi nha paixão desregrada, o perene monumento da minha imoralidade". E não será igualmen te doloroso para o filho crescer e chegar a saber o que quer dizer: "Não ter pai". No ano de 1910, um médico achou no quarto de um jovem, que tinha dado um tiro na cabeça, a seguinte carta: "A minha mãe! Acabou-se, eis o desfê cho! falta apenas o acorde final. Sem rancor deixo o mundo; a uma só pessoa maldigo: ao meu progenitor". Era filho ilegítimo. Quase tão comoventes são as palavras de um jovem de uns dezenove anos de idade: "Meu pai não sei quem é. Minha mãe ainda vive, mas não a co nheço. Ainda não a vi. Mas uma vez de maior idade hei de descobrir quem é e achá-la-ei". "Enquanto outros colegas passeiam aos do mingos, eu tantas vêzes me deito sôbre a cama e choro, porque não tenho ninguém, porque sou sozinho no mundo". https://alexandriacatolica.blogspot.com.br RELAÇÕES COMPROMETEDORAS 79 E a mãe? Não raramente ela uma vez pos ta na rua acaba na miséria e no vício. E mes mo que não chegue a êste ponto, ao menos não se há de levantar jamais para ela o sol da fe: licidade e da alegria da boa consciência e da honradez. E tudo isso somente porque o rapaz não aprendeu a refrear as suas paixões, porque não conseguiu resistir à fôrça da tendência se xual. Pode alguem responsabilizar-se disso pe rante a consciência e o juiz eterno? Se nem sem_pre as coisas chegam a efeitos perniciosíssimos, ninguém depende e, portan to, conte-se com tôdas as eventualidades. E' um jôgo de azar em que o acaso decide. Aí cada um tem que entrar com sua felicidade; sua vida, sua honra, sua tranquilidade de espírito, sua $.l ma, sua bem-aventurança eterna, e o único ga nho consiste em alguns prazeres sensuais cujo gôzo é amargurado pela consciência do pecado grave que, por sua vez, turvará ainda a futura inocente felicidade do lar. Vamos mencionar ainda outra circunstân cia que chega a destruir ou gravemente pertur bar a felicidade de tantos homens, ou então causar-lhes medonhos embaraços. Na Alema nha, o pai de uma criança ilegítima está obri gado por lei a pagar as despesas pela mesma até que ela atinja aos dezesseis anos. Há muitas moças sem consciência, que exploram esta obri gação quer extorquindo dinheiro, quer cons trangendo o moço a casar-se. Perante o tribu nal voga o testemunho da moça, caso o moço não prove que ela não merece crédito ou que êle é inocente. Basta até para ser pronunciado que êle reconheça ter estado com ela a sós. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 80 TU E ELA Certo jovem foi seduzido por um amigo a procurar uma moça com quem êste já várias vêzes tinha tido relações pecaminosas. Aquêle não chegou a pecar. O amigo pouco depois ti nha que seguir na grande guerra, para a fron teira, e lá morreu. A moca deu a luz e de nunciou tal jovem. E vist.� ela ter negado ás suas relações com o amigo não deram mais crédito ao jovem que ficou pronunciado. Um outro jovem que por mera curiosidade tinha acompanhado uma copeira até o domicílio dela, sem porém travar relações íntimas, viu-se em situação análoga. Felizmente êle pôde provar que ela não merecia crédito. Um terceiro rece beu um belo dia uma carta: "Se não me enviar dentro de um mês cinco mil marcos, escreverei a tua mãe e a tua noiva que dei a luz a um filho teu". E êle pagou só para evitar tôda sé rie de dissabores. Por outras angústias certa mente passarão muitos jovens ao ver .a possi bilidade de se descobrir o seu passo falso. Atentemos, ainda que resumidamente, nas consequências prejudiciais que resultam para a moça em particular. Ela, antes de tudo, fica degradada a um joguete de paixão. A pena recusa-se a analisar o triste papel da pobrezinha perante o moço. Ela é taxada não como ser racional, mas como simples coisa da- qual êle se serve para a satis fação de seus desejos e suas baixas tendêr.. cias. Que lhe importa a alma, o futuro, a feli cf.dade da moça. Não precisando mais e se desgostando dela, sacode-a fora, como as crian ças fazem com as suas bonecas despedaçadas. Não se importa mais com ela. Em grande pat .. https://alexandriacatolica.blogspot.com.brttELAÇÔES CO!\IPP.O:\IETEDOP.AS 81 te, é verdade, são as moças já seduzidas que s� oferecem para tais "relações". Mas esta cir cunstância não autoriza o rapaz a corrompê-la ainda mais, e a lançá-la na profundidade da mi séria e no lôdo do pecado. Muitas porém se corrigem, começando uma nova vida, quando al gum moço se lhes apresenta para por intermédio de seu bom procedimento, rehabilitá-las na esti ma de si mesmas. Muitas outras vêzes são moças sem expe riência, levianas, que, enganadas por diversas influências "querem gozar a vida". Nota-se bem a que para elas geralmente, antes é ques tão de cederem a uma inclinação do coração, isto é, de terem quem as adore; ao passo que o ra paz visa mais o gôzo da carne. Por isso é que, na moça, a "Psichê" fica muito mais excitada. Ela com todo ardor da alma abraça o moço ama do e a inclinação deita profundas raízes no com plexo do seu pensar e desejar. E imaginando que o rapaz segue o mesmíssimo modo de pen sar que ela, considera-o incapaz de uma infi delidade. Ela não acredita nem quer acreditar, que êle a deixará, e por isso lhe satisfaz a todos os desejos. Tanto pior é então o desengano no momento em que êle corta as relações; e gra ves são as consequências psíquicas para ela, e graves abalos psíquicos resultam daí. Mais de uma moça precisou de anos para sossegar-se do abandono que a surpreendeu. Outras deshar monizam-se com Deus por não conseguirem ex plicar-se como um rapaz católico pode assim proceder. Um jovem procurou indenizar a me ça pecwliariamente, p�rém ela retrucou: "não quero o dinheiro dêl�, quero a êle mesmo". https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 82 TU E ELA Os estragos que as relações pecaminosas fazem nos sentimentos da moça já os mencio námos anteriormente. O pior para a moça é o caso em que as relações têm consequências vi síveis. A ilustração verdadeiramente comoven te disso nos dá o "Fausto" de Goethe. A oração da Gretchen diante da imagem da "Mãe dolo rosa", sua consciência atormentada enquanto as sistia ao solene Requiem na catedral, em seguida a sua miséria no cárcere onde enlouqueceu, eis e remate das suas relações. Gretchen finda no e:adafalso, Faustq porém escapa impunemente. Assim mesmo ainda hoje vão se fazendo inúme ras "Relações". O desfêcho costuma ser: A moça acha-se na miséria e o sedutor se some. Tocante é a descrição que Federer dá no seu romance "Montes e homens" das acusações tar dias de um homem, que, em jovem, fez cair uma moça. Por acaso êle soube que com a falta de domínio de si mesmo, naquela infeliz noite, êle chegou a destruir por completo a felicidade àa moça. E que mêdo mesmo não causa o pensamen to, que enorme infelicidade e miséria se não origina, quando estas moças talvez mais tarde se casam e se tornam mães?! Não causa dôr ver os pobres filhinhos cujas mães têm um pas sado tão triste? Como irão ser educados? E ainda considerando que a vida materna interior grandemente influi na índole dos filhos, in fie ri, existe o receio justificado, que inclinações pe rigosas vennam constituir a herança horrorosa dêsses pobres sêres. Desgraça, portanto, maldição e corrupção, eis as consequências lógicas das relaçõ.es imo- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br RELAÇÕES COMPRO::\IETEDORAS 83 rais; e note-se bem, para ambas as partes. E' uma auto-ilusão bem perigosa quando o jovem pensa que tais relações embora ilícitas são sem maiores consequências no que lhe toca. Fica gravemente prejudicado todo o seu "Eu". �k se abaixa a escravo da tendência sexual. Saudade angustiosa e enfado, invés da feli cidade almejada, tomam-lhe conta do coração, a vida dos seus sentimentos chega a uma certa rudeza, o senso moral fica destruído, o respeito perante a mulher desaparece; êle perde o vigor e a capacidade para aquêle amor único, pro fundo, sincero, em que a felicidade do seu fu turo lar se há de basear. As relações podem constituir mais tarde um sério obstáculo para a paz matrimonial. �le vive constantemente ce ceoso de que se possam dar as consequências naturais e estas então lhe causam os maiores tormentos da alma e os mais terríveis emba raços. E' baixeza degradar a moça a objeto, corrompê-la sem consideração alguma e lançá la numa infelicidade sem nome. As consequências não são nódoas no seu exterior, que se possam tirar como se tira um vestido sujo, oU: que se possam lavar como se lava o pó das ruas. Não, elas penetram no fun do da alma e seus vestígios jamais se apagam. Onerada fica sua conciência por uma terrível responsabilidade e pôsto mais tarde se possa arrepender das suas aberrações e repará-las, o certo é que esta reparação jamais é integral, e a indenização jamais completa. Não pode espe rar a bênção de Deus, senão como castigo me recido por suas loucuras. A recordação de ter em jovem agido sem conciência turva-lhe a lem- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 84 TU E ELA brança dos tempos da mocidade, asfixiando-lhe as nobres aspirações do coração. . . Repetidas vêzes, impertinentemente, ela se apresenta ao seu espírito para atormentá-lo. E, consideran do que nada ganhou além do gôzo momentâneo, lhe ficará de débito para sempre insolvável o prejuízo e a ruína que causou a si e à compa nheira de pecado. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br PROSTITUIÇÃO Temos ainda de nos ocupar, embora resu midamente, com a mais deplorável aberração ào apetite sexual, a saber, a que procura saciar se na frequência imoral de pessoas decaídas. Se quisesse alegar tôdas as razões que proscre vem tal procedimento, repetiria o que já se acha suficientemente exposto. Lembremos ape nas como aí as tendências animais alcançam seu pleno domínio, a ponto de calcar aos pés qual quer sentimento de moralidade, pudor, honra, respeito ao corpo próprio e alheio. As mani festações da vida superior da alma estão sim plesmente paralisadas, governando exclusiva mente os apetites inferiores do organismo. E por êste contacto com a mentalidade baixa de tais entes perversos, tôda a alma do jovem se empesta, vindo a morrer sob o hálito do veneno os sentimentos mais nobres. Já o horror a uma recordação que não encerra senão tédio e nojo, deveria impedi-lo de tal passo. Entretanto, nesta matéria levantam voz se rena de admoestação também graves perigos ameaçando a saúde. Direi em poucas palavras o que a êste respeito pensam os médicos. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 86 TU E ELA Trata-se de doenças infecciosas, transmissí veis por qualquer contacto imoral, mesmo per um simples beijo. As causas das doenças são bactérias minúsculas que não são perceptíveis senão quando aumentadas centenas de vêzes. Dessa maneira a infecção se realiza sem que o sujeito o perceba ou possa perceber. Mesmo os primeiros sintomas da doença não se reco nhecem como tais, tachando-se de inocentes. -A. única possibilidade de uma cura real que se encaminharia por uma confissão confidencial a um médico consciencioso, frequentemente está eliminada de antemão ou porque a vergonha de declarar o passo falso impede o doente de consultar o médico, ou porque recua ante as despesas, ou porque toma erroneamente como sinal de verdadeira melhora a diminuição dos sintomas exteriores. O vírus, porém, está no organismo e pode aí expandir-se. Quando penetrado mais profundamente no crganismo, os efeitos podem ser horrorosos, e a cura será quase impossível, ou possível apenas mediante o tratamento escrupuloso de muitos anos. Essas consequências -horríveis, são, se gundo a espécie da doença, purulências internas com êxito fatal ou atacando os órgãos de tal forma que eliminam a possibilidade de o doen te se tornar pai; cegueira; ou então úlceras profundas destruindo frequentemente por com pleto os ossos e órgãos internos, e tumores cerebrais; até duas das mais horrendas doenças, a tuberculose da medula espinal e o amoleci mento do cérebro podem ter a sua origem em infecção pelasífilis. A moléstia mencionada por último paralisa aos poucos tôda a atividade https://alexandriacatolica.blogspot.com.br PHOSTITUIÇÃO 87 rn.ental, a sensibilidade e os movimentos, condu zindo ao completo cretinismo e convertendo o homem no dizer de um médico "na mais mise rável ruína que se possa imaginar, até que por fim a morte venha apiedar-se dêsse corpo quase sem aspecto humano, que morto intelectual mente já desde muito não fazia senão vegetar inerte". Segundo afirmam os médicos não é raro julgar-se o doente restabelecido, casando-se. Em breve a jovem espôsa se vê contaminada, e de masiado frequentemente são infrutíferas as ten tativas de paralisar nela a formação de puru lência. A pobre mulher começa a definhar; dores contínuas e incômodos amarguram-lhe a vida, e filhos já não os pode ter. Ah! como é doloroso ve1· que moças até en tão na flor da vida, sadias, alegres, uma vez casadas adoecem, murcham e após alguns anos morrem - por que? Vítimas frequentemente de um único passo falso do marido na mocidade. Há cutros casos em que a prole começa a cegar, ou nasce carregada de úlceras; outrossim se dão casos em que a do_ença se manifesta só anos depois para encetar a sua obra destruidora. O Dr. Paul conta de um colega de classe, que �ma única vez, tendo-se embriagado num círculo estudantesco deu um passo falso. Certo de estar já restabelecido da doença contraída ca sou-se. Mas o mal tornou a aparecer; a jovem espôsa cheia de vigor e bom humor ficou conta giada, como também a criança, à qual naàa mais se tinha a esperar que uma morte prema tura. O marido mesmo morreu semanas depois com o cérebro atacado. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 88 TU E EtA Não se conhecem meios profiláticos que im peçam infalivelmente o contágio efetuado pelo comércio com mulheres perdicl:as. A queda se dá geralmente em estado de embriaguez, e neste caso a paixão uma vez desenfreada, não conhP ce cautelas. Isso é comprovado pelo fato de que em países em que se faz grande consumo de álcool, conforme dizem os médicos, é também assustadoramente grande o número de doentes. Contra o contágio há só um meio: uma vida casta. Para o futuro cavalheiro não há coisa mais certa, do que evitar qualquer comér cio com mulheres perdidas. Quem seguir nisso meio têrmo infalivelmente há de cair. Quem às solicitações da paixão não responder com um enérgico ·'não", quem secretamente nutrir o de sejo de ter a oportunidade de saciar a paixão, um tal com muita probabilidade será vitimado pela primeira cilada e deve contar com a possi bilidade de dever pagar um curto gôzo sensual com a sua felicidade ·e a da sua família. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAVALHEIRISMO E' vontade divina que a m,aioria dos hc mens entre no estado matrimonial. A vida da família será para êsses fonte de putas, simples e doces alegrias. Não é na vida pública, no prazer dos bailes, no cinema, ou nos cafés, não é nas excursões ou em desportos, ou em qual quer outro modo parecido de vida que se en contra a verdadeira felicidade; encontramo-la, mas é na tranquilidade do lar, quando êste se b::i. seia sôbre a verdadeira, sincera e nobre afeição dos esposos, dos pais e dos filhos. Uma condição indispensável para esta feli cidade é a conduta irrepreensível do marido Junto a sua espôsa. Deve êle considerá-la como companheira da sua vida, sua camarada fiei, a mãe dos seus filhos e tratá-la como tal. Êste ponto de vista não é espontâneo; é preciso for má-lo, conquistá-lo à natureza inferior e defen dê-lo contra muitos fatores host;is. E' tarefa do adolescente a.dquirir da futura espôsa essa alta e nobre idéia. Nos anos em que se realiza o seu desenvolvimento físico e moral, toma cor po também o conceito que faz da mulher. Êste https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 90 TU E ELA conceito é o têrmo, e resultado das suas aspira ções e da sua vida. Donde uma felicidade ma trimonial sem perturbações, com todos os seus gozos profundos e íntimos, só caberá aos que na adolescência souberam conquistar um pro fundo respeito diante da dignidade da mulher, o verdadeiro cavalheirismo. Seria singular se Deus, infinitamente sábio, não tivesse tomado as necessárias providências para dar em resultado como que espontanea mente êste cavalheirismo, durante o desenvol vimento natural do menino e do moço. As relações mais íntimas em que o homem possa entrar, são as que o ligam à mãe. E' verdade, o menino ainda ignora o que realmen te deve à mãe. Mas ainda é dispensável. Toda via, por sábia disposição de Deus, a criança âe :rende antes do mais da mãe. Ela é tudo para a criança. Das mãos dela> esta recebe quase todos os benefícios; cresce ao seu colo. Sempre de novo tem ocasião de admirar êsse amor ma terno que sacrifica, cuida, ajuda e nunca falha. Donde resulta espontaneamente que entre as pessoas que inspiram mais ternura à criança a mãe ocupa o primeiro lugar. Êste amor cheio de respeito, de que se acha possuída a criança, intensifica-se poderosamen te quando o menino chega a tomar consciência do sentido da palavra "Mãe". Fortemente deve comover-lhe a alma quando diz de si para si: "Minha mãe é que me deu a vida. Na câmara 5ilenciosa debaixo do seu coração pousei nove meses. Durante êsse tempo ela sempre per. sou em mim, rezou por mim, à minha espera. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CA Y.-\.Ll-IEIRIS)1O 91 E com que cuidado devia velar por mim para me defender de todo perigo. Quantos sofri mentos e quantas privações a que ela se sub meteu por minha causa:. Enfüm, através de grandes dores dela cheguei a ver a luz do mun do. Ela arriscou a sua vida para me dar a mi nl_1a. Mas como ela era feliz quando pela pri meira vez me deu o seu abraço e o seu beijo. Depois, durante os primeiros meses alimentou me com o seu próprio leite, e ao mesmo tempo, sendo eu ainda tão pequE'Ilino e tão desampara do, prestou-me serviços que não queria confiar a ninguém. Quantos cuidados, quanta paciên cia e abnegação, quanto espírito de sacrifício e quantas noites de insônia custou a minha mãe até que eu crescesse lentamente e me pudesse ajudar a mim. E sempre foi caritativa e bon dosa para comigo. Sempre me olhou amorosa e afavelmente". Esta respeitosa veneração diante da mãe é fundamento dos sentimentos cavalheirescos com que o jovem contempla a mulher. O respeito à dignidade materna é sua base. O jovem não terá respeito à moça se não aprendeu a respei tar a mãe e a dignidade materna. As providências de Deus vão mais Iongt?. Em circunstâncias normais, o menino cresce em companhia das suas irmãs, o laço de íntimo amor os une. Supondo normalidade de sentimentos o irmão não vê nas irmãs sêres sexualmente di ferentes. A propensão sexual está para assim dizer interrompida. E' na conduta junto à irmã que o rapaz deverá exercitar primariamente o seu cavalheirismo, julgando-se incumbido de https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 92 TU E ELA proteger a irmã por ser mais fraca, de ajudá la, de servir-lhe de conselheiro, evitando tôda a maneira tirânica e procurando adquirir junto a ela modos afáveis. Irmãos que se entendem bem, sob muitos respeitos se prestam os mes mos serviços como mulher e marido, com a di ferença apenas de estar excluída: a simpatia sexual. Dessa maneira o moço se reveste in conciente do cavalheirismo, como que deve tra tar tôdas as moças. Além do mais é muito natural que encontre às vêzes na companhia da irmã as amigas dela. Que há de mais natural do que estimar e honrá las como a própria irmã? Se alguém se atre vesse a ofender a irmã, indignar-se-ia e nobre mente exaltado defenderia a honra dela. Como pois poderia em relação com a irmã de outrem fazer ou pensar alguma coisa que no procedi mento de um outro para com a irmã tão vee mentemente condenaria? Procurará portanto tratar tôdas as moças da maneira que deseja ver tratada a própria irmã. Com ligeira altera raçãode conhecido adágio, temos o princípio: "O que não queres que façam a ela, não o faças a elas". E' além disso de grande alcance que o ado lescente adquira uma nítida compreensão das grandes tarefas da espôsa e da mãe. O melhor paradigma êle o tem sempre diante de si, na pes soa da própria mãe. Todavia deverá aprenaer a passar pela vida com olhos perscrutadores e saber ver as qualidades íntimas do caráter fe minino, não se iludindo nem ofuscando com a beleza exterior. O seu juízo sôbre as mulheres https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAYALllEirllSl\10 !)3 não deve ser o reflexo de discussões frívolas de companheiros depravados nem de sugestões tla paixão, mas moldado pelas informações de pes soas experimentadas. Para a ulterior conduta do jovem junto ao mundo feminino, é de decisiva importância o ponto de vista do qual considera o :matrimônio. Conhecendo já as disposições divinas relativas ao modo de se propagar o gênero humano, co meça a luta decisiva das opiniões mais divergen tes sôbre a mulher. Exatamente nessa altura é questão para êle formar uma concepção nobre, cristã, do matrimônio, e da dignidade paterna e materna. Desposando a concepção baixa do mundo e da paixão, há de ver na mulher ape nas um objeto de gôzo sensual. A luz da fé, po rém, o matrimônio é um santuário. De certa maneira faz participar o homem do poder crfa dor de Deus. Cristo o elevou à dignidade de sacramento. Vir a ser pai encerra indescritível gôzo, mas também grande responsabilidade. O ato conjugal, finalmente, só é digno do homem, quando é a expressão do nobre amor que Deus ideou e santificou pelo sacramento. São pensamentos de que um rapaz nobre se deve compenetrar. Conferir-lhe-ão respeito à dignidade materna, nobre reserva junto às moças e mães, verdadeiro cavalheirismo. Quem aspira à íntima e verdadeira nobreza·, 'afastará portanto, cuidadosamente, da sua vida, tudo que possa contribuir para a preponderân de uma concepção menos digna: leituras super ficiais, camaradas levianos, exibições lascivas de cinemas, teatros, etc. Vigiará os seus pensa- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br \14 TU E ELA mentos e não lhe permitirá desviarem-se nos meandros de perversas fantasias-:-- Fará -esfôrço por pensar sempre nobremente da dignidade fe minina e ver e compreender a sublime missão de espôsa e mãe. E' evidente que durante esta época de ama durecimento é muito proveitoso para o adoles cente que nas esferas dos seus interêsses não entre algum ente feminino capaz de lhe pertur bar e embaraçar o desenvolvimento sossegado, encaminhando-lhe a mentalidade para uma di reção duvidosa. Nestes anos em que tudo se encontra ainda em movimento, em que o jovem ainda não chegou a idéias claras e definitivas e em que o seu desenvolvimento ainda não está termina do, qualquer aproximação a uma moça, sob as aparências da amizade, poderia tornar-se-lhe fu nesta. Já dissemos que, uma amizade, desejá vel e proveitosa entre moços, não é possível en trf=! moço e moça sem degenerar em namôro. Crescendo separados, cada sexo, é que virão a desabrochar em homens e mulhere$ de valor. Tudo isso não exclui o encontro de moços e moças nas familias e em reuniões para um amigável convívio, nem excursões em comum sob as vistas dos pais ou participação em di vertimentos lícitos. E' evidente também que es tas ocasiões têm um atrativo especial para o moço pela presença das moças, assim como mais agradável lhe corre a conversa com esta do que com aquela. Tão pouco lhe é ve dado ver e apreciar a graça e beleza feminina�. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAVALHEIRISMO 95 assim como lhe é lícito tirar prazer das demais obras de arte do Criador. Mas exatamente nes tas ocasiões é que deverá aprender a conservar o domínio de si mesmo, a subjugar pensamen tos e desejos vis que por ventura surgirem, mostrando se realmente chegou a conquistar o verdadeiro cavalheirismo, o verdadeiro respei to à dignidade da mulher. Deve ser capaz r:le admirar a beleza da mulher sem deixar-se ven cer pela cobiça da paixão. Não se :podendo condenar os encontros de moços e moças nas ocasiões indicadas, contan to que haja competente fiscalização, fôrça é reconhecer que encontros regulares por via de regra terminam em namoros. Tais encon tros se realizam em cursos de dansa, em ensaios de festinhas ou em ocasiões congêneres. Há sempre rapazes que não resistem a uma desco medida complacência feminina ou que se felici tam com essas possibilidades de aproximação, Por isso todos os os rapazes que vão a festas em que se encontram com moças, devem ir sempre cônscios dos deveres que o verdadeiro cavalhei rismo lhes impõe ... Pautará a sua conduta pm.· princípios sólidos e quaisquer sentimentalidades sufocá-las-á para que não se desenfreiem ao primeiro impulso. As vêzes, em virtude da profissão, sucede trabalharem juntos moços e moças ou deverem entrar em contacto. Outra ocasião para o moço de mostrar a sua mentalidade. Muitos não dei xarão de servir-se de tais ensejos para entabo lar namoros com as moças. Um rapaz sério e distinto, porém, saberá dominar-se nestas opor- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br !JG 'l'U E ELA tunidades. Aos pensamentos e afeições senti mentais que acaso venham a nascer, não lhes concede liberdade, mas antes os refreia resolu tamente, tratando sim com sincera amabilidade as colegas, mas sempre com nobre reserva. Per feito conhecedor da sua responsabilidade sabe que também dêle depende o que elas virão a ser mais tarde, e por isso mesmo as respeitará tanto como êle quer respeitem a sua irmã ou a sua futura noiva. Se é verdade que o caráter se forma na agitação do mundo, outro tanto se poderá dizer do verdadeiro cavalheirismo que não se desdobra, em tôda a sua plenitude, senão no campo dessas ocasiões que a vida quotidiana oferece ao jovem. O cavalheirismo, portanto, não consiste em meras formalidades exteriores,_ p. e., em ante cipar as mulheres na saudação, em lhes ceder e lugar, em conservá-las ao lado direito, em preveni-las com gentileza. Essas atenções de vem ser a expressão do verdadeiro, nobre e ínti mo respeito que realmente nos anima, sob pena de serem abominável hipocrisia. Na ocasião dada, o moço mostrará o seu ca valheirismo sustentando a mulher fraca e le vantando a que vacila. Pode acontecer-lhe que moças que já perderam o senso moral se lhe ofereçam e o procurem ilaquear com as suas ar tjmanhas. Basta então unicamente que êle consinta para que elas cedam sem resistência. Trata-se ou de ficar êle fiel à sua consciência ou de elas o fazerem cair. Mais. Pode-se tra tar de servir êle a elas de sustentáculo e soer guimento com seu procedimento cavalheiresco, https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CA \'ALHEinlS'.\10 97 enchendo-as a sua nobreza de vergonha, recor dando-lhes a sua dignidade de mulheres e mos trando-lhes que há ideais mais sublimes do que as futilidades do namôro. Mas, por outro lado, também se pode tornar cúmplice delas, fazen do-as degenerar e perverter-se ainda mais. Mui tas infelizes mais e mais vão descendo, porque nunca encontram um homem que lhes respeite « dignidade, porque todos as afundam ainda mais na ruína dos seus vícios e de suas misérias. Muitas se poderiam salvar se encontrassem ho mens, que em vez de abusar da sua fraqueza, com proceder correto e reservado lhes esten dessem a mão para levantá-las. Não carece advertir que um rapaz nobre não se digna dirigir uma palavra ou olhal' a pessoas perdidas. Tôda a conduta de um moço junto às mu lheres deve ser inspirada pela idéia que, se fôr da vontade de Deus o casar-se mais tarde, não pode pertencer senão a uma só e uma só a êle, e esta é a companheira da sua vida, a mãe dos seus filhos; e que uma vida casta e nobre é o preço pelo qual achará a felicidade junto dela e a bênção de Deus. Princípio ina balável de que se compenetrou a ponto de a simples idéiade uma violação lhe ser insupor tável, é para êle êste: Desde já guardo absolut{l fidelidade à espôsa que Deus me der. Só a ela pertencerei e nunca a uma outra. Quem se não resolver a tomar esta posição clara e definida, não evitará por muito tempo as faltas. Indecisão, irresolução, meias medi das, em tôda parte e também aqui "levam ao https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 98 TU E ELA demônio"; só o pensar, a resolução íntegra con duz a Deus. Trata-se da luta contra a inimiga mais insidiosa, mais astuta e mais tenaz que o homem tem - a volúpia, e que no próprio pei to dêste encontra poderosa aliada - a carne. Na vida de todos os homens há ocasiões e ten tações nas quais poderão ficar firmes somente aquêles que consideram questão fechada e não cederem nunca a uma propensão ilícita. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPANHEIRA DA VIDA Para a feÜcidade do matrimônio e da fa milia, é de decisiva importância a escolha àa companheira da vida. Pois é uma escolha para él. vida inteira, e as consequências dela se fa zem sentir em sentido positivo ou negativo nos filhos, nos netos, em todos os descendentes. A palavra, já citada, de Coloma diz muito finamente: "Na vida de um homem de bem só duas mulheres têm lugar: sua mãe e a mãe de seus filhos", não diz: sua mãe e sua espôsa. E' que o marido deve ver nela em primeiro l.u gar a mãe dos seus filhos e não o que ela é para êle. De fato, o objetivo principal do ma trimônio são os filhos. Por isso também, esco lhendo a companheira, o homem verificará so bretudo se da união com ela há possibilidade de sair uma prole nobre e sadia. Guiando-se por esta consideração, salvaguarda ao mesmo tem po o seu próprio bem-estar, evitando a influên cia de outros motivos de nenhuma ou pouca monta. Nos últimos decênios, formou-se um ramo especial da ciência, a ocupar-se com a heredi. tariedade. Já se têm verificado fatores de ex- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 100 TU E ELA traordinário alcance. A hereditariedade se es tende não sàmente a característicos exteriores, como à figura, à forma do rosto, do nariz, etc., mas também ao caráter em geral, e êste é de suma importância para a vida psíquica dos des cendentes. Não se trata portanto de transmis são de propriedades da alma. Esta última é impossível, porque a alma é criada imediata mente por Deus e unida ao novel homem em formação. A alma, porém, precisando do cor po como de um instrumento para a sua ativida de espiritual, está claro que dependerá essen cialmente da natureza do mesmo. Ora, a quali dade de um instrumento não é obra do acaso, mas consequência fatal da hereditariedade. De pende das disposições hereditárias que a cria1� ça recebe dos seus progenitores. E também na formação dessas disposições não reina um cego destino, mas cada germe de vida é como uma imagem reflexa do respectivo homem, contendo necessariamente as disposições que por sua vez herdou dos pais. Por isso, podemos dar a essas disposições o nome de herança ancestral, por que são heranças também dos mais remotos as cendentes. Todavia devemos advertir que não se trans mitem todas as disposições dos pais. Pois o ger me de vida quando amadurece, divide-se em duas metades, das quais uma é posta fora. Em todo germe vital maduro há portanto só meio núcleo celular, de modo a se formar pela união de ambos outra vez o núcleo inteiro. Desta ma neira se explica que nem todos os filhos rece bam a mesma partilha da herança ancestra¼ acentuando-se nêles diversamente as diferen- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A CO.\Il'ANHEIHA DA VIDA 101 tes disposições. Todavia é certo que o filho não tem outras disposições senão as que lhe foram transmitidas pelos pais e que, portanto, exis tiam nestes. Diversamente portanto os pais transmitem necessariamente aos filhos as dis posições herdadas. Por isso a hereditariedade pode transmitir um sem número de disposições e qualidades. Pode também ser a fonte enve nenada de horrenda desgraça,, dando origem a figuras disformes e inferiores ou acarretando doença e morte prematura. Basta considerar a vida com olhos abertos, para encontrar numerosos documentos da exa tidão dessas asserções científicas. Personalida des notáveis devem os seus grandes talentos a uma mistura feliz entre as qualidades do pa.L e da mãe. Certo, é indispensável além disso a educação para despertar as disposições latentes e formá-las devictamente. Indispensáveis são também as ocasiões para estas disposições se des dobrarem e aplicarem. Dêste modo pode acon tecer que uma valiosa herança ancestral não chegue a mostrar todo o seu valor senão nos netos ou ainda mais tarde, porque aos filhos faltava a possibilidade de desdobrá-la. Pode-se pois sempre de novo verificar que os talento::; de personalidades notáveis já se encontram nos ancestrais e tornam a se manifestar nos des cendentes. De modo terrível, porém, se pode fazer valer a hereditariedade, quando de qual quer modo na árvore genealógica se aninharam disposições doentias. Parece certo que quali dades adquiridas não são transmitidas, de modo que um homem normal que se desviou ordin .. - riamente não deteriora com a sua má conduta https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 102 TU E ELA a herança ancestral passando-as sem alteração aos seus descendentes. A experiência, porém, diz também que pela influência de venenos na estrutura do germe vital, a herança ancestral sofre deterioração, podendo assim causar a de generescência dos descendentes. Verdadeira devastação, a êste respeito, provoca o álcool, ori ginando perda de disposições que tem por con sequência idiotismo, epilepsia, e outros distúr bios mentais. E' de notar que as disposições perdidas não se podem acrescentar de novo à herança ancestral, ao passo que a disposição doentia é hereditária. Mas disposições herda das são incuráveis, se bem que uma boa educa ção possa mitigar muitos sintomas. Ordinaria mente porém, a educação por parte de pais in feriores deixa muito a desejar, de maneira que predisposição, exemplo e ambiente, unidos, exer cem funesta influência sôbre o desenvolvimen to da juventude. Os anais da hereditariedade citam diversas famílias que são horripilante quadro da miséria que uma única pessoa inferior derrama sôbre toda sua descendência. Entre os 709 descenden tes de Ada Yukes, contam-se 64 alienados, 174 prostitutas, 196 filhos ilegítimos, 77 criminosos, E entre êstes 12 assassinos, devendo 142 ser sustentados pela municipalidade. Particularmente instrutiva é a história ae um tronco duplo. Um jovem de boa família, na época ein que prestava serviço militar, se duziu uma moça anormal deixando-a entregue à desgraça e realizando mais tarde um bom ca samento. Os 490 descendentes dêste matrimô nio eram quase sem exceção pessoas normais e https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPANHEIIlA !>,A VIDA 103 mesmo eminentes. O fruto do pecado, um me nino anormal, casou-se mais tarde com uma moça normal. A anormalidade, porém, herda dada da mãe, continuava a se transmitir, encon trando-se entre os 480 descendentes, 143 anor mais e os demais desconhecidos e duvidosos, 8 proprietários de casas suspeitas, 24 alcoolatras, 33 decaídos, 3 criminosos. Considerando esta família dupla, saída de um único homem, das quais uma não apresenta quase senão homens sa dios e excelentes, ao passo que a outra abrange quantidade enorme de desgraça e crime, com preende-se qual a importância para tôda a des cendência da escolha da espôsa. Enxertando se uma única vez um rebento doentio na árvor� genealógica sadia, por êle se derrama a desgra ça sem nome sôbre tôda a descendência. O jovem que cogita fundar família própria deverá, portanto, ter plena conciência da enor me responsabilidade que assume perante todos os seus descendentes. Essa lhe impõe o dever de guardar intacta por uma vida correta a he rança ancestral, para poder transmiti-laaos seus filhos, assim como t�bém a obrigação de usar de prudente cautela na escolha da espôsa afim de que a boa mãe não transmita aos filhos se não q.isposições irrepreensíveis. A mãe desempenha ainda outro papel mui to importante, porque não é só a predisposição, a fator da formação da criança. Diversas outras ;nfluências podem vir a atuar favorável ou de::; favoravelmente sôbre o desenvolvimento das disposições gerais comuns a todos os homens e as particulares já existentes. E' assim. que a vida mental da mãe modifica notavelmente a https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 104 'l'U E ELA criança que traz ainda debaixo do coração. O que angustia e oprime ou eleva e encanta o coração materno, impressiona também o cora ção do filhinho, exercendo influência sôbre o seu sistema nervoso extremamente delicado. E' um verdadeiro benefício para a criança a in fluência benéfica que sôbre o seu desenvolvi mento exercem os pensamentos elevados, no bres, amorosos e bondosos da boa e piedosa mãe; ,::. um benefício, se nunca a paixão, a ira e o ód�o e todos êstes desejos que receiam a luz, se nun ca o mêdo, o terror e a exaltação vêm a agítar o sangue materno, para não repercutirem nos nervos tão finos do pequeno ente, despertando tendências carregadas de infelicidades. Por isso não é de estranhar que muitos fi lhos, cujos pais não estão registrados nos livros batismais, se apresentem tão infelizmente do tados. A mentalidade da mãe, paixões baixas, d.esejos incontidos ou o mêdo da vergonha e re morsos de consciência agitaram também a vida em formação do filho e repercutiram no se11 cérebro delgado, estorvando o desenvolvimento normal. Daí se vê a grande importância de dar o jovem, aos seus futuros filhos, uma mãe cujo coração não transborde na alma do objeto de seus desejos senão amor, bondade, piedade, for taleza e paz, formando-o tão puro e bom como n coração da mãe. Além disso cabe à mãe educar o filho nos primeiros anos. Dizem que nos primeiros seis anos se lançam as bases da educação. Dificil mente o homem se desvia do rumo que tomou https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A CO:IIPAXHEIHA DA \'IDA 105 na sua infância, e abandonando-o facilmente acha caminho para voltar. O que se cuidou e descuidou na infância, geralmente está cuidado e descuidado para a vida inteira. Não é raro cuvir dizer que nos moços se vê que tiveram uma boa mãe. E falando de graves delitos de menores, frequentemente se acrescenta: "Mas também que mãe tiveram êles!" Pensando em tudo isto e perguntando-se como frequentemente se originam os noivados, levamos as mãos à cabeça e nos perguntamos como é possível procederem os moços com tanta leviandade num passo que é o mais importante da sua vida e do qual depende o bem-estar tla sua descendência. O lavrador limpa e expurga o campo de todos os elementos capazes de sub trair às sementeiras o alimento, e das semen teiras escolhe as melhores. No matrimônio, on de se trata da vida e felicidade de sêres huma- 11os, onde se trata dos próprios �ilhos, do mais precioso que para êles existe, não deveriam os homens usar pelo menos de igual cuidado? Se riél; de supor que nesta matéria não recuariam diante de nenhum t�balho e de nenhum sacri fício para com certeza afastar tudo que ao fruto máximo do matrimônio fôsse capaz de traz0:.· prejuízo ou desvalorização, para evitar tudo, para conseguirem descendentes sadios e bern dispostos. E' o que deve ser questão de cora ção, de consciência para todo homem correto. A sua escolha não há de depender principal mente de desejos e proveitos secundários e pe:'i soais o bem a tôdas as considerações deve pro ceder o bem dos descendentes. E vendo que uma união desejada pelo coração traria graves https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 106 TU E ELA receios para a prole, está obrigado em consciên cia a fazer os sacrifício da sua inclinação e tam bém de outras vantagens. Na escolha da espôsa deve portanto apli car-se a lei da seleção, i. é, em primeiro lugar vem a consideração das qualidades que huma namente falando garantem uma prole sadia e bem dotada. Esta garantia está antes de mais na saúde moral e física. Contêm ambas elas tanto as predisposições como as qualidades ad quiridas. O jovem tão pouco deve desdenhar de pro curar verificar por intermédio de pessoas al truístas, se na família de cujo seio quer esco lher a sua noiva, existe qualquer predisposição doentia, qual a mentaÍidade nela reinante, quais as idéias morais e religiosas que nelas nutrem. Igualmente procure conhecer exatamente as qualidades e os hábitos pessoais da donzela, para poder avaliar se há possibilidade de harmonia de vistas. Certamente, o caráter feminino em geral possui certa adaptabilidade de modo que uma mulher com relativa facilidade se acomo da a outros caracteres inteiramente diferentes, modificando consequentemente todo seu proce dimento. Por isso, a questão principal é, saber se, suposta a natureza normal, uma educação verdadeiramente cristã despertou e desenvol veu nela tôdas estas virtudes que a habilitam a �er espôsa fiel e boa mãe. Mencionemos ainda "-lguns pontos de vista, de particular impor tância. Chamam ao pai de cabeça da família. A mulher a sua alma. E a alma deve ser piedosa, Seja por isso a piedade uma qualidade que o https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPA:-:I-IEIHA DA VIDA 107 jovem quer encontrar al:>solutamente na donze la à qual pretende ligar-se. Tanto para êle como para os filhos, a verdadeira religiosidadf:!' da mulher é condição preliminar para uma vida feliz no seio da família. Tôdas as famílias são visitadas por apreensões, sofrimentos, revêze!,. Só a mente piedosa conserva o equilíbrio no meio dêles e não sucumbe ao pêso da dor. Por êsse motivo não se pode desaconselhar com suficiente insistência o casamento misto. Todo católico crente tem a convicção que a igre ja católica é a igreja que Cristo fundou. Tôdas as demais comunidades religiosas que se dizem C'ristãs, apartaram-se dela e se encontram em êrro. Sem dúvida, os que sem culpa se acham fora da verdadeira igreja, podem se salvar obe decendo aos ditames da consciência. Mas não é o caminho ao céu intencionado por Deus. Os acatólicos nutrem, além disso, uma profunda aversão à igreja católica, porque só conhecem a sua caricatura que os enche de antipatia. A condição básica, porém, da felicidade ma trimonial é a harmonia das almas. E essa como será ela realizável reinando opiniões opostas nas questões mais vitais? Nas adversidades da vida, verdadeiro consôlo só se encontra na re ligião. Quem mais aspira por essas fontes de consolação e delas vai haurir é o coração sen sível da espôsa para se reconfortar não somen te a si senão também ao espôso e aos filhos. Mas à mulher acatólica são inacessíveis tôdas as ricas fontes da nossa igreja. Relativamente aos filhos, existem ainda ou tras considerações graves. A sua educação está entregue principalmente aos cuidados da mãe. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br TU E ELA Ao seu colo, a criança recebe a primeira ins trução religiosa. As piedosas admoestações e r-xplicações maternas estão destinadas a desper tar a mentalidade católica e a deitar profunda mente, na alma da criança, as doutrinas da igre ja. Mas como é que a mãe poderia dar o que ela mesma não possui? E' desolador para a criança, quando no dia da primeira comunhão, a mãe não a acompanha e não pode ter parte na sua felicidade. A influência funesta, que o ca samento misto exerce sôbre os filhos, vê-se cla ramente no fato que êles com muita facilidade por sua vez, contraem casamentos mistos, fre quentemente sem casamento católico e educa ção católica dos filhos, pe maneira que os netos ou o mais tardar os bisnetos, em granâe parte já não são católicos. Comove tristemente con templar a árvore genealógica de uma família, ao verificar que em tempos idos algum membro contraíu matrimônio misto, perdendoen tão na capacidade de se reproduzir, sem que, coisa admirável, assim como qualquer outro ser vivente, nada perdesse pela geração, e em con dições normais, os filhos procriados em nada perdessem das qualidades paternas. Todavia as intenções divinas só se realiza rão quando o homem fizer uso reto das suas faculdades. Motivos de belas e intensas ale grias são os filhos para os pais, mas nem por isso d1;ixam de ser também fardos, cuidados, trabalhos e dores. Poderia tal circunstância afastar muitos homens do matrimônio e o gêne ro humano correria perigo de extinguir-se. Mas acode a estas dificuldades a Divina Providência e os homens em grande maioria afrontam o sa crifício e casam-se. A maneira corno Deus o fêz, patenteia a sua admirável sabedoria e bon dade, que tudo sabe dispor de tal modo que as suas medidas atingem à sublime meta e da quela fonte donde o homem devera carpir lágrimas de amargura, colhe lágrimas de san tas alegrias. Antes do mais criou Deus o homem e a mulher de tal modo que o homem inâividual https://alexandriacatolica.blogspot.com.br UM OLHAil PA!iA U PL.\XO PROVIDENCIAL DO CLUADOU 13 considerado em si não forma um conjunto sob todos os respeitos acabado. Não que o indiví duo em si não seja plenamente homem, não. A alma: do homem não é diferente da alma âa mulher. Mas da estrutura totalmente diferen te do corpo condicionando "secreções internas'' isto é, seivas que se agregam ao sangue, resulta que muitas disposições, faculdades e exigências espirituais se diferenciam das da mulher. A mesma:, portanto, pensará, desejará, e sentirá masculina ou femininamente segundo animai: um corpo masculino ou feminino. A ambos fal ta alguma coisa que só encontrará no outro. E é desta maneira que homem e mulher se de verão completar e nivelar. Já na atividade externa se manifesta esta diferença. Os pensamentos e desejos do homem tendem para fora, para os trabalhos externos. O domínio e reino da mulher é o lar, para aí tratar € cuidar do que o homem conquistou. A tarefa do homem é entrar vigorosa e corajosamente na arena da vida, descobrindo e lutando. O carac terístico da mulher é prover em silenciosa e abnegada dedicação às necessidades do marido e dos filhos, dominando pela bondade e pelo amor. Ainda mais importante é o nivelamento que se realiza entre a mentalidade masculina e fe minina, ínfluência: que, em geral, é difícil de apontar e descrever com exatidão, cujos efeitos invisíveis antes se experimentam e sentem. O homem sente a necessidade de se manifestar sôbre o que lhe acontece, o que o comove, o que o oprime. Procura amorosa compreensão, https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 14 TU E ELA reconhecimento dos seus trabalhos, compaixao, animação. Voltando do rude trabalho nas tem pestades e nos reveses da vida, tem desejo de se entreter podendo abrir-se tal qual é, com as suas faltas e os seus defeitos. No amigo vê com muitíssima facilidade um concorrente, um in vejoso. E assim compete à espôsa compassiva, com seus modos suaves e prudentes, acalmá-lo, reconciliá-lo, encorajá-lo e descobrir-lhe os seus erros. E às vêzes quão benéfica, pacificadora e consoladora influência uma alma nobre de mulher é capaz de exercer sôbre o homem! Tôdas as idéias que o marido comunica à es pôsa, esta as abraça com seu coração e lhas res titui nobilitadas. Parece que os pensamentos puramente masculinos, enquanto dizem respeito às relações humanas em geral e não a questões científicas, precisam de ser imersos na maneira de pensar feminina para conseguirem valor para a generalidade. Aparecendo a fôrça espiritual do homem no seu intelecto perscrutador, criador e organiza dor, o caráter peculiar da mulher se manifesta no seu sentir sobremodo delicado. Os seus- juí zos não se baseiam tanto em razões; ela sente quase, diríamos, instintivamente, o que convém fazer. Amplos inquéritos feitos nas universida des de vários países forneceram o resultado unâ nime que as estudantes excedem em muito aos E:studantes no que diz respeito à aplicação e à frequência das aulas. Também compreendem facilmente e não lhes falta certa perspicácia. 'l'odavia, no pensamento independente, no tra balho do intelecto onde não entra o sentimento, https://alexandriacatolica.blogspot.com.br UM OLHAR PARA O PLANO PROVIDENCIAL DO CRIADOR 15 no poder de completar o apreendido pela refle xão e investigação pessoais, na capacidade de julgar, na lógica e em trabalhos científicos após a saída da universidade, os colegas do sexo mas culino lhes são muito superiores. Até agora não foi dado à mulher realizar grandes criações na arte, seja na música, na pintura, no drama e outras esferas, embora na reprodução de obras artísticas se distinga notavelmente. E' que a administração doméstica, a cozinha e a despen sa, os cuidàdos de vestir, alimentar e educar as crianças exigem faculdades total.mente diversas, e estas são-lhe próprias em grau eminente. Contudo, para a realização da sua tarefa, ela precisa de que o homem de quem ela se vale com estima e respeito a auxilie por seus conse lhos e proteção. E' absolutamente descabidq comparar entre si o caráter masculino e o feminino para julgar a qual dos dois cabe a preferência. O lado forte de um é ao mesmo tempo a sua fraqueza. A sua tarefa é completarem-se mutuamente, ajudan do-se e aperfeiçoando-se. E' a intenção do Criador instituindo sobremodo sabiamente esta· diferença, afim de que de um modo geral uma parte fôsse destinada para a outra. Compreendendo-se e ajudando-se mutua mente unir-se-ão cada vez mais estreitamente, serão fidelíssimos camaradas e companheiros, carregando unidos as dores e as alegrias e en contrando no mútuo amor grande e intensa fe licidade, da qual possam haurir fôrça e alegria para o desempenho das tarefas da vida. O ca racterístico do ser masculino e do feminino apa- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 1G TU E ELA rece desde a infância, e não obstante o comum ambiente e o convívio dos irmãos, cada vez mais acentuadamente se pronuncia, até manifestar-se no jovem adulto e na moça plenamente desabro chada em todo o seu esplendor. O rapaz se sente impelido à atividade, a em preender alguma coisa. Por tôda parte experi menta a sua fôrça, o seu poder. Sempre está a pensar, a planejar e refletir sôbre o que algum dia irá executar. Sente impulsos de entrar na vida, para mostrar sua coragem, arrostar peri gos e vencer dificuldades. E contudo em tôda a sua ferocid.ade e crueldade é capaz de encher se de comovedora dedicação à sua progenitora e de cavalheirismo para com as irmãs, deixan do-se de boamente aconselhar e guiar por elas. A menina, por sua vez, nunca está mais conten te do que quando pode desempenhar o papel de àona de casa. As suas predileções são ocupa ções domésticas, e brincando com a boneca, já mostra tôdas as qualidades que a distinguirão, quando fôr mãe fiel e cuidadosa. Achega-se de bom grado ao pai, para o qual olha com venera ção e de todos os modos procura alegrá-lo. Depois, com sábia providência o Criador dotou o homem de forte impulso, ou por outras palavras de tendência sexual. Seria errôneo considerar êste impulso apenas como simples tendência, que se diferencia de um homem a outro unicamente por uma maior ou menor im petuosidade. O simples fato de abranger o cor po e espírito indica a possibilidade de ser consi derado sob vários aspectos. Apontando com um psicólogo moderno três elementos componente:. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br U'.\f OLIIAn PAnA o PLANO PIIOVIDE:NCIAL DO cnIADOn i 7 da tendência sexual deixamos pôsto o problema se sôbre tal fundamento ela possa ser tripla mente dividida. Aceitamos tal divisão porque nos oferece ensejo de explicarmos muitas coisas cie uma maneira extraordinariamente clara e eficiente. Os três elementos que em graus di versos se encontram nos indivíduos, denomi nam-se: 1) Tendência natural inerente ao orcom isto a igreja católica todo tronco lateral. Causa horror pensar na responsabilidade que tal pas so trouxe consigo. Mencionemos ainda que acatólicos acredi tam na possibilidade de um divórcio e que, en tre êles, reinam geralmente opiniões muito lar gas com relação à extensão do sexto manda mento. E' muito frequente não se cumprirem as promessas feitas sôbre a educação católica dos filhos, ou a mulher coloca o marido diante da possibilidade de lhe tornar a vida insupor tável se não se acomoda aos seus desejos. Os prejuízos dos casamentos mistos são âe tanto momento que a igreja se julgou obriga da a proibi-los no novo código do direito canô- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPANHEIRA DA VIDA 109 nico. "Rigorosissimamente proibe a igreja cor. trair matrimônio misto". Cânon 1060. Ha vendo perigo de a parte católica ou os filhos perderem a fé católica, o casamento é proibido também por lei divina. O católico que realizar o seu casamento perante o ministro acatólico está excomungado. E' portanto errôneo pensar ser lícito contrair matrimônio misto, contanto que se peça antes dispensa. Quem levianamen te, sem razões graves e justas, e sem ser huma namente certo não existir perigo para a parte católica e os filhos começar a travar relações mistas, peca gravemente e está obrigado em consciência a rompê-las. Com relação à saúde, queremo-nos referir ainda e sobretudo às razões que se opõem aos casamentos entre parentes. E' muito fácil en contrar-se em alguma árvore genealógica qual quer perdisposição perigosa que absolutamente não se manifesta, ou só francamente enquanto os membros não contraem casamento senão com estranhos. Numa união conjugal, porém entre parentes, essas infelizes predisposições heredi tárias vêm juntar-se acarretando terríveis con sequências, como são: morte prematura, esteri lidade, decadência. De modo terrível pode isso acontecer havendo parentesco duplo. Seria, p. e., ci caso que entre os ascendentes, dois ir mãos, se tivessem casado com dois outros. Na hipótese, todos os seus descendentes teriam en tre si duplo parentesco. Ficando latentes mm tas disposições doentias, impossibilitando a sua verificação, é preciso dissuadir de um casamen to entre parentes, mesmo quando não haja indí cio algum de predisposições hereditárias. As https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 110 TU E ELA tristes consequências dos casamentos entre pa rentes se verificam com facilidade nos distritos onde há disso prática. As escolas para crianças inferiores são frequentadas sobretudo por des cendentes de tais famílias. Por isso, a lei d.:t igreja proibindo casamentos entre parentes, tem sua profunda razão de ser. Aumenta em nossos dias o número dcs que exigem, antes do casamento, o atestado de um médico consciencioso certificando a saúde de a:n:ibos os contraentes e a capacidade física àa moça para a maternidade. Muitas decepções cruéis e muitos sofrimentos poupar-se-iam sf. essa medida bem intencionada e fundada se apli casse sempre. Como segunda condição preliminar, a se!.' tomada em consideração na escolha da futura espôsa, queremos mencionar um passado irre preensível. Já dissemos que as meninas so frem grandes estragos no melhor do seu caráter pelo namôro, e se nos lembrarmos da influência preponderante que exatamente a espôsa exerce sôbre a educação do filho e a vida do lar, com preendemos que só a espôsa e mãe de sentimen tos puros e nobres é capaz de dar-lhes um cunho verdadeiramente católico. Nesta consideração entra também todo seu procedimento moral em questões de leitura, divertimentos, teatros, d nemas, etc .. Finalmente para a felicidade conjugal é in dispensável que ambas as partes se entendam e se amem verdadeiramente. Uma diferença demasiadamente grande entre a educação e as cpiniões, frequentissimamente impedem os es- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPAN I-IJllf\.\ D.\ \'IllA 111 posos de se aproximarem intimamente. A parte mais distintamente educada sempre de novo se sente repelida pela maneira ordinária do outro. Por onde se compreende e justifica plenamente o exigir-se certa igualdade de. condições, se bem que em casos favoráveis haja possibilidade de exceções e não se devem por orgulho traçar li mites demasiadamente estreitos. Por verdadeiro amor não se há de entender o "amor ardente" dos enamorados, que frequen temente e�fria com rapidez quando não se transforma em aversão e mesmo ódio, mas a profunda simpatia mútua que se baseia na re cíproca estima e se patenteia em benevolência. Tal amor não se procura em primeiro a si e aos seus interêsses, mas o bem do outro. Esforça se por ser-lhe e dar-lhe aquilo que o bem do amado exige. Devemos notar aqui que os homens absolu tamente não amam de preferência aquêles dos quais recebem muitos benefícios e mesmo a sa tisfação de todos os seus desejos, mas antes aos que lhes custam fadiga e sacrifícios. Porque idolatrando o espôso excessivamente a espôsa, prevenindo-lhe demasiadamente os seus desejos, facilmente se apresenta a consequência de ela considerar isso a princípio como coisa muito na tural, em seguida de o reclamar como seu fü� reito, sem jamais se lembrar de proceder ao mesmo modo para com o marido. Magoando se com isso o espôso e julgando que numa oca sião qualquer não lhe é possível satisfazer a vontade da mulher, consideram-se como estra nhos. Homens a quem se faz a vontade em tudo são geralmente ingratos e pagam a exces- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 112 TU E ELA siva delicadeza com indiferenças ou arrogâncias. Não é só concedendo tudo que se mostra o ver dadeiro amor, muito mais por vêzes se mani festa pela negação de pedidos não justüicados e pelo sacrifício de desejos próprios. Pratican do ambas as partes constantemente o que possa favorecer o verdadeiro bem do outro, só então o mútuo amor se há de tornar mais forte e mais profundo. _�ste amor altruísta deve aprender-se. Não se apresenta espontaneamente. A fôrça de pra ticá-lo conquista-se pela fidelidade íntima e ab negada ao dever, pelo corajoso domínio de c;i mesmo e pela obediência resoluta na casa pa terna. Do que dissemos, resulta com evidência que estas considerações devem ser feitas antes de o indivíduo estar "enamorado", pois tal es tado é capaz de cegá-lo a ponto de pensar que a atual inclinação é duradoura e de persuadir se que tôdas as qualidades divinas que vê na pessoa amada, a adornam realmente. "O ún peto da inclinação no dizer de um médico fal seia o juízo, encobre as faltas mais palpáveis, pinta tudo côr de rosa, torna o homem "enamo rado" e os dois entes enamorados mutuamente cegos e esconde a cada um a verdadeira nature za do outro. Só depois de ter passado o primei- ro únpeto duma tendência aparentemente insa ciável, passada a lua de mel do matrimônio, pas sa a embriaguez e aparece o verdadeiro amor ou a indiferença ou mesmo ódio ou tambêm um amálgama intermitente dos três produzindo uma adaptação mais ou menos viável. Por essa ra zão, os amores repentinos são sempre peri�osos� https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPANHEIRA DA VIDA 113 podendo apenas um conhecimento mais prolon gado e mais íntimo antes da união dar alguma certeza de que esta terá fe1icidade duradoura•·. Portanto, tôda a cautela e reserva será pouca quando o jovem sentir pela primeira vez o despertar duma inclinação. Trata-se então de conservar o equilíbrio para que a mesma não se apodere impetuosamente do coração, não perturbe a razão e acorrente a vontade. A ex periência ensina que jovens enamorados che gam a um estado em que não são capazes de Julgar com calma nem são acessíveis a argu mentos da razão. "O amor cega, diz o provér bio". Além disso, o que desperta a afeição de masiado frequentemente são apenas qualidades do corpo: a voz, o cabelo, o olhar, ou mesmo apenas a maneira graciosa de se vestir. Ora, a vida real exige que o jovem aprenda a fe char o coraçãoa tais estímulos dos sentidos e não se deixe influenciar por êles. Deve ser ca paz de tratar despreocupadamente com pessoas de outro sexo com as quais simpatiza, sem mes mo pensar em se convém ou não manüestar de qualquer forma a sua simpatia. Só assim esta rá em condições de ponderar sem perturbação do juízo e sem enfraquecimento da vontaae, se a donzela para a qual se inclina o seu coração pos sui as qualidades indispensáveis para funda mentarem um casamento feliz. Decidida a questão em sentido afirmativo, então sim poderá abrir o coração ao amor. Não devemos omitir a advertência que o jovem não deveria procurar uma noiva senão depois de ter esperanças fundadas de se poder https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 114 TU E ELA casar com ela, dentro de determinado espaço de tempo, que supõe além de outras coisas que am- 1::as as partes tenham a idade de natureza física e moral exigida pelos deveres da paternidade e maternidade. O casamento prematuro estorva o desenvolvimento ainda não terminado do or ganismo e pode originar, na mulher, rápida decadência. Já falámos da possibilidade de um jovem travar cedo relações com alguma menina, em virtude do contacto das respectivas famílias. Aparecendo que se entendem bem e projetam casar-se mais tarde, não há que a isso se possa objetar, contanto que para ambos seja questão fechada que por ora ainda ninguém tenha di reitos mais íntimos sôbre o outro. Tal conven ção é para muitos um forte sustentáculo na hora da tentação. Pois não se trata para êles de des frutar desde já as facilidades da sua mútua sim patia; l!).as querem esperar, um pelo outro, até vir o momento em que se poderão unir por tôda a vida. O noivado porém deve ser dominaao pela resolução de ambos, de comparecerem perante o altar intactos, para atrairem as bênção de Deus sôbre a sua união. E' ponto de honra para o jovem dominar os apetites impetuosos da te!l- dência natural para que não venham a sacrificar a inocência e a honra da noiva. Lembre-se sem pre do seu propósito de dar aos filhos que espe ra de Deus uma mãe pur_a e boa, e que um passo falto traz uma vida inteira de amargos remor sos, solapando a mútua estima e perdeniio as bençãos de Deus. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A co:-.11',\). JfElll.\ D,\ \'ID,\ 115 Modêlo grandioso de nobre amor os noivos cristãos o têm em Tobias e Sara. Tobias pôde dirigir a Deus esta prece: "Tu sabes Senhor, que não é para satisfazer o meu apetite que eu tomo a minha irmã (na linguagem bíblica sinô nimo de parente), por mulher, mas só por amor dos filhos, pelos quais o teu nome seja bendito pelos séculos dos séculos". (Tob. 8, 9). E Sara disse: "Tu sabes, Senhor, que eu nunca desejei marido, e que conservei a minha alma pura de tôda a concupiscência. Consenti, porém, em re ceber marido no teu temor, e não por prazer meu". (Tob. 3, 16, 18). Após o casamento abs tiveram-se por três dias dos deveres conjugais afim de implorarem as bênçãos de Deus. Se melhante propósito traria as consequências mais salutares, sobretudo ao jovem, ultrapas sando a resolução de conservar intacta a noiva e arraigando-a ainda mais na sua vontade. O propósito mais firme está em perigo de vacilar e cair quando não recebe proteção da parte Ue urna: prudente cautela. Já mostrámos que a tendência sexual tende fatalmente à entrega completa. Depois de percorrer a primeira eta pa do caminho que conduz a esta entrega, é qua se impossível ao homem, e por muito tempo, re troceder. Passo por passo a tendência sexuai impele para a frente até satisfazer o seu desejo. Por isso, em todos os sinais de afeição se deve necessariamente guardar certa reserva, e isso de propósito e por princípio, se é que os noivos queiram entrar puros no matrimônio. O que mandam os costumes cristãos, a sa ber, que os noivos evitem estar sós e a sua proi bição de viverem juntos sob o mesmo teto, cor- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 116 TU E ELA responde pois aos seus próprios interêsses. A presença de outras pessoas impede-os de cede- 1em desregradamente aos impulsos da sua sim _patfa e esquecerem os seus deveres. Jovens corretos e distintos não verão neste costume uma barreira incômoda, mas antes um auxiliar. que os protege contra loucuras e desgraças. ;Já por amor do bom exemplo deveriam consciencio samente respeitar esta regra, mesmo quando Julgam que não existe perigo para êles. Dis pensável é a lembrança que noivos respeitado res da sua honra não viajarão sem companhia. Eis a traços largos os pensamentos que de verão nortear eficazmente o jovem na escolha da sua futura espôsa e na sua conduta junto a ela. Mas só se deixará guiar pelos mesmos se também em outras circunstâncias da sua vida, sobretudo com relação à sua tendência sexual, a razão conservar o domínio. Se porém êle es bver sob o jugo das tendências cegas e âe pai xões infrenes, que de admirar que a companhei ra não participe do mesmo látego? E os dois acorrentados ao mesmo pelourinho serão capa zes de tôdas as loucuras. Ora, da loucura não há colhêr felicidade. Pensando no futuro e medindo plena mente o enorme alcance da sua conduta moral, o adolescente, por princípio e incondicional mente, deve resistir a tôdas as solicitações do apetite sexual. O seu propósito será o seguin te: "Assim como os homens prendem as águas de um rio torrencial entre sólidas margens e as dirigem para condutores de um estabelecimen to de eletricidade, forçando-as a moverem tur binas que a longa distância fornecem fôrça e https://alexandriacatolica.blogspot.com.br A COMPANHEIRA D.A TIDA 117 luz, assim também eu quero prender essa fôrça natural entre os valados da disciplina e dos cos tumes cristãos, até que, quando fôr da vontade de Deus segundo a minha livre resolução e 40 serviço da minha vontade, venha a ser dispen seira de vida, felicidade e bênção, no legítimo matrimônio. Por isso, sôbre essas margens vi giando, que homens perversos, e livros e cen�s frívolas não venham solapá-las. Evitarei le viandades, desregramentos, excessos, afim de que, no momento de descuido, as águas impe tuosas não quebrem as barreiras, causando ino mináveis estragos. Quero permanecer senhor dos meus sentidos e lhes não servir como es cravo! https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CASTIDADE VIRGINAL Não é conforme a santa vontade de Deus que todo o mundo se case. Muitos são chama dos a coisas mais sublimes, ao estado sacerdotal ou religioso. O sacrifício do celibato que a igre ja exige dêstes, tem profunda razão de ser na essência dêste estado. O dever fundamental do homem é esponta neamente glorificar a Deus, pelo sacrifício inte rior da sujeição à sua santa vontade. Tudo po rém que se passa no coração do homem tende a exteriorizar-se e quanto mais fortemente um assunto o agita interiormente, tanto mais difícil será escondê:..10. Por sua vez a manifestação ex terior daquilo que o homem sente no seu inte rior, reflete poderosamente sôbre êste senti mento, fortificando-o, aprofundando-o, dilatan do-o. Faltando aquela expansão exterior defi nharia a vivacidade da vida interior, podendo até paralisar-se e_ extinguir-se. O sacrifício é pois o feito máximo do homem e constitui a sua tarefa principal. Como pode ria assim ficar fechado no coração? Se alguma coisa deve manifestar-se e patentear-se em obras é o sacrifício. Somente assim o sacrifí cio interior conserva e aumenta a sua vitalida.- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAST IllAllE \'IIIGIN AL 119 de: quando se manifesta exteriormente. Na ausência do sacrifício exterior breve se extin guirá também a chama do sacrifício interior rest�ndo apenas as cinzas do egoísmo. A necessidade do sacrifício exterior se ba seia ainda em outro princípio mais profundo. O homem compõe-se de corpo e alma. Portanto, o homem inteiro deve ter parte na realização do fim supremo da criatura pelo sacrifício; logo, também o corpo. Acresce que o mundovisível é incapaz de alcançar o supremo destino sem a intervenção do homem. O homem deve fazer uso das criaturas no intuito de concatená-las com o culto divino em sua forma mais elevada. Tudo isso só é realizável quando o homem to rnando do melhor que o mundo exibe, o ofere ce a Deus, afim de reconhecê-lo como Soberano, de agradecer-lhe, de suplicar-lhe o seu auxílio, àe reparar as faltas cometidas. Por conse guinte é no sacrifício exterior que culmina a glorificação, que o homem como cabeça da cria ção deve ao Criador. tste dever fundamental tão profundamente está enraizado na consciência do homem, que não há povo, que não tenha sacrificado à divin dade. Tendo embora desaparecido a fé no único verdadeiro Deus, tendo embora os pagãos adora do o sol, as estrêlas, os animais ou estátuas, sem pre e em tôda parte também lhes sacrificavam. Existe das religiões apenas uma que não adota :::acrificio exterior, é o Protestantismo, cuja es - pecialidade é negar uma série de importante:5 verdades cristãs contidas na verdadeira igreja de Cristo e abolir entre tantas verdades tam bém o sacrifício. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 120 TU E ELA Além disso, entre todos os povos encontra mos como norma, que se escolhiam para ofere cer os sacrifícios pessoas determinadas, que cos tumavam viver separadas do resto do povo. Haviam de ser os medianeiros entre a divindade e os homens, pelo que deviam sobremodo agra dar à divindade. Sendo assim não há admirar que os próprios povos pagãos exigissem dos ho mens incumbidos especialmente dos sacrifícios também sacrifícios pessoais extraordinários, que os fizessem particularmente agradáveis à di vindade. As consequências do pecado, que nos torna desagradáveis a Deus e que, por isso, não se pode encontrar em quem oferece os sacrifícios, em parte alguma são tão terríveis como no do mínio sexual. Até por pessoas casadas existe e perigo de abuso e imoderação. Daí a parti cularidade, que frequentemente se exigia dos sa cerdotes e das sacerdotisas, de viverem uma vida celibatária, como vemos entre os Romanos quando ainda pagãos. Esta obrigação se inti mava às Vestais com tanto rigor que aquela que transgredisse esta lei seria enterrada viva, pere cendo à fome. Também entre os antigos Ger manos sempre as sacerdotisas eram virgens. Estas considerações mostram as relações ín tjmas entre o sacerdócio e a castidade virginal. Por que então estranhamos vendo que a igreja católica, a religião mais perfeita e nobre exige o celibato dos seus sacerdotes? Aquêles qw� têm a santa prerrogativa de renovar quotidia namente no altar o divino sacrifício da reden ção têm que merecer esta distinção, prometendo https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CASTIDADE VIRGINAL 121 espontaneamente de guardar castidade durante a sua vida inteira. Querermos explanar aqui as demais razões que justificam a vida celibatária do sacerdote, seria ultrapassar o programa dêste livro. Um só fato seja apontado. Precisamente nos nossos dias a mocidade carece do bom exemplo de ho mens que provem a possibilidade da vida celi batária. Caluniem muito embora os inimigos jurados da igreja, mas é um fato incontestável: - O Celibato é observado pelo clero católico. Há sem dúvida raras exceções! Até entre os àoze apóstolos houve traidor. Várias são as cir cunstâncias, que sempre podem causar aberra ções. Querendo ajuizar de uma queda seria di fícil dizer que culpabilidade cabe nela à heredi. tariedade, ou ao conhecimento insuficiente de tal resolução ou a falta da reta intenção ao escolher a sua vocação, ou ainda ao perigo extraordinário que ofereceu certa ocasião ou finalmente a um descuido aliado à negligência da oração. Do ou tro lado se compreende que êstes acontecimentos são exagerados por pessoas, que a êste respeito não são irrepreensíveis para assim justificarem o seu próprio procedimento. Mas tais exceções, raras. como são, nada provam, se considerarmos os milhares que guardam o celibato durante a sua vida inteira. Semelhante apostolado do bom exemplo exercem entre os religiosos os irmãos leigos. O reino de Deus apresenta problemas cuja solu ção só é possível aos que conservam o seu co ração livre do amor terreno. Por isso é que os religiosos já por sua existência servem de_ lição https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 122 TU E ELA poderosa, provando que há ainda coisa mais elevada do que os gozos sensuais e que a cas t�dade é impossível. Segundo a doutrina de Cristo, a castidade virginal escolhida por amor a Deus, está acima ào estado matrimonial. Ela constitui um sa crifício pelo qual Deus é glorificado de um mo do particular. Verdade é que ela implica a re núncia à descendência corporal. Há porém urna paternidade mais elevada, a espiritual, que confere, conserva e aumenta a vida espiritual àa alma, que tem valor para a eternidade. Uma glória particular para as almas virgens, no céu consistirá não em algumas, mas em centenas e talvez milhares e mais almas bem-aventuradas chegarem agradecendo-lhes a vida espiritual que lhes abriu o céu e que foi o fruto dos seus sacrifícios, trabalhos e preces. Esta honra porém só cabe à castidade vir ginal enquanto proveniente espontaneamente do amor de Deus. Ficasse alguém solteiro com re-• ceio dos compromissos matrimoniais ou por ou tras considerações mundanas, e não mereceria preferência ao estado rn�trimonial. O celiba tário raras vezes viverá castamente. Há também quem, por várias razões, não chega a se casar. :Ê!ste grupo poderá fazer da necessidade uma virtude, como? Explicando as circunstâncias como traços da providência e anuindo assim livremente ao sacrifício inevitá vel. Agora, realizá-lo só pela aplicação dos meios específicos que unicamente capacitam o homem a viver casto. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br ETU? Estamos no fim. Começando temos lançado um olhar para os planos que o Criador ideou em sua providência e ouvimos, em seguida, a palavra austera: Abstem-te! Vimos os cami nhos falsos que ameaçam levar o jovem à des graça, e o único caminho verdadeiro que conduz à felicidade. Fizemos juntos reflexões calmas, deixando de lado frases, teorias alheias à vida 1eal e quaisquer afirmações sem fundamento. Meditámos sôbre verdades e fatos que nos era1�1 apresentados pelas experiências e pela ciência. Perguntando agora "E tu?" não nutro nenhuma àúvida a respeito de tua resposta. Estás resol vido a proceder cavalheirescamente junto a qualquer donzela. Nada deverá 'manchar o bri lho reluzente do escudo da tua honra. Mas a minha pergunta tem outro sentidE!'\.t ��Que pre tendes fazer para realizar a tua dec1sao?" Sem dúvida já é muito o animar-te a von tade leal de ser homem de honra; mas conhe ces a proposição: "O caminho para o inferno está coberto de bons propósitos". Se contares 2s pedras que vão da tua casa até à igreja, sabe rás quantos bons propósitos se fazem e quantos https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 124 TU E ELA não se realizam. ·Todo aquêle que quiser ficar fiel a algum propósito imediatamente depois de o ter feito, deverá pensar: que farei para ex� cutá-lo? E' o que tantas vêzes se omite, im pedindo a realização de tantos propósitos. Há outros que facilmente se entusiasmam por al guma resolução, mas apenas vêem as dificulda àes já lhes foge a coragem. Se a tua resolução fôr séria, deves estar disposto a envidar tudo, mas mesmo tudo, não recuar diante de nenhum obstáculo, não horro rizar-te com nenhum sacrifício, para torná-lo realidade. A resolução não é tudo. Não pode mos de uma vez para sempre fixar a nossa von tade. Em milhares e milhares de ocasiões é preciso concretizar o P,ropósito, e em cada uma a vontade está obrigada a se decidir de novo. Es pera-te uma luta que pode durar um ano, um decênio, talvez a vida toda. O apetite será incansável em concillar a tua vontade. Após centenas e milhares de recusas, não largará a esperança de chegarao fim cubi çado. :S:le te diz que deves ceder por amor da tua felicidade. E' mestre em cair nas boas gra 'ças, e fazer-te /1 bôca doce, em aproveitar qual quer ocasião que surgir para lembrar as suas ve leidades, ou utilizar qualquer concessão da tua parte. pata prevalecer totalmente. Serve-se 'de todos os teus s_entimentos para conquistar a tua imaginação e por meio dela iludir-te a vontade. Dispõe de um exército de aliados que te cercam o coração e com fraude e poder nêle querem penetrar: livros, imagens, revistas, cinemató grafo, teatros, variedades, etc. Mostra-te o exemplo de outros para obter o teu consenti- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br E TU? 125 mento. Chama o álcool, para anuviar-te o espí rito e açoitar a paixão, para que, despojado do àomínio de ti mesmo, sucumbas. O riso e a troça de pessoas levianas que estão ao seu servi ço, não visam senão fazer-te vacilar, pareceres de médicos sem escrúpulos, não visam senão convencer-te que é impossível, desnatural, pre judicial à saúde renunciar a tudo. O pecada se aproxima de ti sob as aparências de amor e de prazer. E:le se oferece; não precisas pro curá-lo; basta anuíres, não se opondo. Encon tras-te só no meio do mundo corruto, que não conhece ideal mais alto do que o prazer sensual, €' convidando-te a não recusar os prazeres mais belos, mas a gozar a vida, porque só uma vez r 'ít, es moço. E' uma luta titânica, uma verdadeira guerra geral de todos contra ti. Como vencerás? Mas não deves·desanimar! Outros venceram, e tam bém tu sairás vencedor contanto que tenhas a vontade e a fôrça de empregar· sempre os meiss que garantem a vitória. A tua resolução de conservar-te casto deve fundamentar-se em primeiro lugar numa: con cepção da vida inteiramente cristã. As verda des da nossa fé não apenas devem, estar deposi tadas no recôndito da tua memória de modo a poderes tirá-las oportunamente, não! deverão dominar por completo o teu espírito, todo teu pensar e querer a ponto de ficar tudo impregna do com elas. ·neves inteiramente estar possuído da convicção que não te encontras neste mundo para: gozar, para desfq1tar o .maior número possível de prazeres, mas para glorificar a Deus pelo reconhecimento da sua soberania. "Santi- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br l2Ci TU E EL.\ ficado seja o vosso nome!" "Não se faça a mi nha vontade mas a vossa". E' o mais impor tante e o único que nesta terra deves realizar. Pois é o próprio fim por amor do qual Deus criou o mundo. Todo o resto, por grande e si gnificativo e importante que possa parecer, em comparação com êle é secundário. Quem não cumprir essa tarefa principal, está destituído de valor diante de Deus, seja quem fôr. A êsse tal se aplicará sem consideração: "Afasta-tesuas opi niões. Querendo portanto conservar a castida de, não permitirás que sejam roubados os teus pensamentos altos e nobres. O que facilment�· poderia acontecer, se gostosamente ouvires dis cursos levianos, leres livros lúbricos ou imo I"ais, frequentares certas sessões cinematográfi cas ou exibições congêneres. Arrancam do co ração o respeito ao matrimônio, a estima à mu lher, o amor à castidade, exibindo o prazer sen sual como gôzo supremo da vida. O pecado é apresentado como coisa muito natural, o escár nio cai sôbre a fidelidade e a continência, ho mens puros são entregues ao ris.9 e à troça como hipócritas ou retrógrados. E' impossível viver conscientemente e deliberadamente em tal mun do de idéias sem que estas se apoderem do co ração. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 130 TU E ELA Estas ocas10es atuam ao mesmo tempo for temente sôbre os apetites inferiores, porque cs pensamentos têm íntima conexão com os ne� vos sexuais, provocando-os tão poderosamente que entram num estado de tensão que com tôda a veemência impele à satisfação dêsses apetite�. Apresentando-se a ocasião, a queda se realiza. No julgar de um psicólogo ateu moderno, o maior sedutor é a dança._ Amontoa tudo quanto possa excitar os desejos sexuais. A mú sica acariciante e sensual, os vestidos leves, o ál cool e os enlaçamentos penetram por todos os sentidos até ao apetite sexual - sem falar de danças imorais que denomina de solicitação preliminar do pecado "para arrastar consciente ou inconscientemente o jovem ser humano ao turbilhão do sexualismo, do qual só poucos de caráter forte conseguem sair" (1). Semelhante é o juízo do supra referido ateu e o de outros numerosos médicos sôbre o álcool. "O homem que na vida ordinária resiste às seduções do prazer sensual em virtude de certos impedimentos (quais os que provêm de pensa mentos e princípios elevados), torna-se exata mente vítima dessas provocações quando ve nenos químicos (álcool) afastam os impedimen tos abrindo caminho à ativfi:iade das tendências sexuais"; o efeito principal do álcool é preci- (1) C!cero na defesa de um cônsul seu constituinte, que e·stava sendo acusado por Catão de haver enxova lhado o seu of!cio por haver danç:ado, tomou um parti do em tudo semelhante ao que fa.zem hoje muitos ad vogados de causas más; disse: Q,neJn dança, on está be 'bndo ou doidos Isto ê, meu constituinte não ê doido, nem ninguém o viu bêbado, logo não d[\nçou. Dêsse modo defendeu o réu, negando o crime. Salústio, refe. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br E TU? 131 sarnente um certo entorpecimento das faculd;. cl.es mais altas do espírito, de modo a se torna rem insensíveis às coisas sublimes e sagradas, ao passo que às sensações do prazer acham maior provocação. Trata de fugir sobretudo quando em algu ma parte se te apresente a ocasião do pecado. A sensualidade tem milhares de caminhos para se insinuar, e quem fôr mesmo só um pouco des cuidado, já está mais longe _do que pensa. Por princípio e incondicionalmente, deves evitar tô das as intimidades. Só uma energia inexorá vel te conservará puro e intacto; essa energia que o Salvador nos ensina: "Se o teu olho tli reito te escandalizar (isto é, se for ocasião de pecado) arranca-o e lança-o fora de ti!" - De ves estar resolvido a evitar tudo que desneces sarjamente possa despertar a tendência natural. Resolvido a permanecer casto não verás nessas prescrições um duro dever, uma dolo rosa renúncia, mas de bom grado renunciarás a il'indo-se a certa senhora romana que dançava admira vehnente, disse: Eln dnnçn muito belll, e por isso não po,Ie ser uma mnlher deeente. Ora, se pagãos assim se externam quanto à dança, o que 'Ilão diriam dos bailes de fantasia realiz,a,dos nos clubes carnavalescos, onde se reune a preten'dida alta sociedade para, a. titulo de convtvio social, se entregarem pais e mães de fami lia, rapazes e moças, que se dizem filhos de familias finas, â.s mais il'efinadas orgia·s, ao -enervamento mais diabôlico de todos os sentidos, de todos os sentimentos? o diabo que -inventou o carnaval, disse um dia pitores que em mãos férreas segura as rédeas dirigin do o cavalo para onde quer? E' o que está em questão quando se exige de ti que te venças a ti mesmo. Na pronta e voluntária obediência, na inconcussa fidelidade ao dever deves procurar o domínio de ti mesmo. "Não gosto". "Não estou disposto", frases que tais não as deves conhecer quando o dever ou a razão'te dizem que algum:-l coisa deve ser executada. Tampouco omitirás fazer, por princípio, de vez em quando, algum pequeno sacrifício, re nunciar a alguma coisa para dar uma esmola. Há amargas necessidades e torturante pobreza. Um pequeno sacrifício feito por amor de uma boa causa, robustece a tua vontade, confere-te liberdade interior e atrai sôbre ti a bênção de Deus. "O que fizeste ao mínimo dos meus if mãos, a mim o fizeste". Finalmente um quarto fator. A fôrça de resistir a tôdas as tentações, não a ternos de nós. próprios. E' o que nos ensina a igreja infalível. Os ataques são tão numerosos e tão violentos, a tendência natural é tão poderosa, as solicitações são tão sedutoras, que a vontade é incapaz de vencê-las senão confortada pela graça. Deus dá a todos os homens graças suficientes, pa.a poder vencer as tentações. Todavia, maiores graças para as vencer com mais facilidade, Deus 1;0-las confere pela oração, pelas boas obras e sobretudo pelo meio por excelência que é a prá- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br E TU'} 135 tica da santa comunhão. Muitas vêzes tam bém a graça consiste em impulsos à oração, etc. Quem não se servir dêsses meios perde a assis tência especial de Deus na hora da tentação e sucumbirá. Não poderás guardar castidade senão rec01- rendo assídua e aplicadamente aos meios d.1. graça. Se do íntimo do coração desejares con servar-te puro, recomendarás diariamente êste teu desejo a Deus e sua puríssima mãe, implo rando o seu socorro. Deves mostrar ao céu que a tua pureza muito te preocupa. Na santa co munhão encontras a fonte mais abundante de graças. Perguntando a sacerdotes e religiosos donde receberam a fôrca de resistir uma vida in teira a todos os desejos da sensualidade, mos trar-te-ão o altar, a mesa da comunhão. A ex periência ensina não haver meio mais eficaz para conservar a pureza do que o pão que desceu do céu. Inúmeros são os que lhe conheceram os €:feitos verdadeiramente milagrosos. FrequeP.. temente as tentações não se apresentam dura!l. te longo tempo, ou são vencidas com facilidade. Dizem que no jovem aparece por necessi dade de natureza uma tendência para o outro sexo, e que para muitos é uma exigência psi cológica viver em amizade com alguma nobre representante do sexo feminino. Consequente mente, o trato com alguma senhora distinta se ria para um tal de efeitos extraordinariamente valiosos e benfazejos. E para corroborar sôbrc êste asserto, apontam para a idade média com o seu cavalheirismo. Esta afirmação tem inegavelmente um fun do de verdade. Mas é preciso determinar as https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 136 TU E ELA condições em que unicamente essa influência benfazeja se pode realizar com certeza, e saber se é possível encontrar um ente _feminino que corresponda a elas, em tôda a plenitude. Deve rá ser o tipo ideal de pura feminilidade a ponto de o jovem poder levantar os olhos a ela com reverência. O seu aspecto lhe deve infundir respeito à dignidade da mulher; deve-se des prender dela o eflúvio de majestade_ que é in compatível com qualquer pensamento impuro. Ela deve ter a compreensão do seu cavalheiro, do seu caráter particular, das suas qualidades e dos seus defeitos. Máxima vantagem seria se pudesse confiar nela como numa mãe, se lhe pu àesse abrir o íntimo do coração sem receio de irritá-la, de indignação, de menosprêzo, de pro vocar separação. A sua afeição a ela deveria ser tão profunda e tão pura que lhe fôsse impos sível abandoná-la, obrigado a voltar sempre de novo junto a ela para pedir conselho, repreen são, auxílio. E essa confiança de poder recor rer a ela deveria estar viva ainda quando, feri ao ou vencido na luta da vida, desanimado e triste a sua alma clamasse por socorro e fôrça, afim de que ela com mãos maternais lhe pensas se as feridas, lhe inspirasse coragem, o conso lasse e alevantasse. Deveria ir atrás dêle quan do se desviasse do reto caminho pata com suave poder reconduzi-lo e salvá-lo. A tôda hora de veria ter livre acesso a ela. Mais. Propria mente ela deveria acompanhá-lo sempre para êle saber que os olhos dela dêle não se afastam afim de que nada faça que. o envergonhasse diante dela. Constantemente deveria ter a po-s sibilidade de aparecer diante dela, penetrar em https://alexandriacatolica.blogspot.com.br E TU? 137 seu olhar bondoso e puro afim de perguntar se está contente com êle. Finalmente, ela deve ria estar tão alta, ser tão grande e tão poderosa que êle não conhecesse outro orgulho, outr:i ambição, outra alegria do que lhe conquistar a atenção, a complacência, o amor; que não sou besse implorar favor maior que o de ser seu ca valheiro. Mas será que existe mulher tão nobre, tão alta? Sôbre a terra debalde a procuraríamos. Mas no céu ela se encontra. Sabes de quem falo. E' a excelsa mãe de Deus. Ela é o ideal mais belo de pura feminilidade, mãe e virgem ao mesmo tempo. Nem o mais leve sôpro de pecado manchou-lhe jamais o espêlho da alma. Ela é um ser humano como a tua irmã, mas só ela é inteiramente pura, imaculada. Inefável encanto desprende-se dela, aquecendo e como vendo-nos o coração, despertando nêle o mais verdadeiro desejo de pureza e inocência, de paz e tranquilidade. Diante da sua imagem, calam as tempestades das paixões, fogem os pensamentos impuros como os animais das tre vas diante do sol. O seu aspecto acorda em ti tôda a bondade· e nobreza, instilando em tua al ma pensamentos puros e elevados; desperta o teu respeito à dignidade feminina e te faz for mular a corajosa resolução de respeitar e hon rar, por amor dela, tôda donzela, tôda mulher. Se tiveres caído e mesmo descido profun damente, ela é que te pode salvar. Ela não te 1·enega porque és seu filho; ela não te abando na se a não abandonares. Se confiadamente te aproximares dela, encher-te-á de ardente vergo nha, porque é pura e tu impuro! Não te dará https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 13S TU E EL.\ paz senão quando tiveres purificado a tua alma do pecado e culpa. E voltando de novo à sua presença, olhar-te-á benevolamente com olhar meigo e bondoso de mãe; enxugará as tuas lá grimas, animando, consolando, abençoando. Ela tem alegria em ajudar-te no combate se lho pe dires. Se com a aproximação do inimigo amea çador, vacilares, implora-lhe o poderoso socorro e Ela te conduzirá à vitória, na luta pela mais bela das virtudes. A devoção intensa e assídua à santíssima Virgem pode exercer sôbre ti uma influência tão profunda e nobilitante que terás facilidade de vencer todos os obstáculos. Pode encher o teu coração de tanto amor à pureza e respeito à dignidade feminina que se te torna impossível agir deshonestamente junto a uma irmã da tua mãe celestial. São estas as armas com que poderás ven cer. . . O arnês da fé, a couraça da vigilância, o escudo da disciplina, o gládio da oração. To mando-as \Tencerás, sobretudo se lutares sob a bandeira tte lírio da Rainha dos céus. Terminaremos com as palavras da magnífi ca Pastoral dos bispos alemães do ano de 1908� "Dirigimo-nos a vós, jovens, e desejamos despertar tôdas as fôrças nobres e as aspirações puras que jazem dentro de vós, a fé, o amor de Deus e do próximo, que bons pais e pasto res de almas deitaram em vosso coração; cha mamos tôdas as faculdades da vossa alma imor tal à guerra santa contra os vícios que vos élmeaçam. Sêde heróis e não covardes! Não corrais cegamente atrás do mau exemplo! Ten de a coragem de tomar o caminho certo, de se.e https://alexandriacatolica.blogspot.com.br E TU? 139 melhores do que os outros, de permanecerlivres C'ntre os escravos do vício, e racionais entre os irracionais! Não tolereis que paixão impura vos cubra a vista, acorrente a vontade, paralise r: devore as vossas melhores faculdades e sufo que o fogo sagrado da vossa alma! Sêde heróis, iutai por vossa liberdade, pela vossa saúde mo ral e física, pela felicidade da vossa vida, pela salvação da vossa alma! Dominai os impulsos dos sentidos com o cetro da razão, com o gládio heróico da vontade; guardai ordem e limpeza r:.o mundo dos pensamentos e sentimentos, no reino da fantasia; detestai o lôdo em tôdas as suas formas; avigorai a vossa energia na auste- 11dade contra vós mesmos, pela temperança e continência, pelo amor ao trabalho! Mas tudo isso só o realizareis com o auxílio da graça que vem do alto. Portanto tomai a armadura de Deus para que possais resistir no dia mau (Efés. 6, l.º); permanecei em contínua união de co ração com Cristo e com Deus e dominai os ar dores impuros da paixão sensual com o fog0 sagrado de Deue e do próximo!'' https://alexandriacatolica.blogspot.com.br https://alexandriacatolica.blogspot.com/ TE - 0001 TE - 0002 TE - 0003 TE - 0004 TE - 0005 TE - 0006 TE - 0007 TE - 0008 TE - 0009 TE - 0010 TE - 0011 TE - 0012 TE - 0013 TE - 0014 TE - 0015 TE - 0016 TE - 0017 TE - 0018 TE - 0019 TE - 0020 TE - 0021 TE - 0022 TE - 0023 TE - 0024 TE - 0025 TE - 0026 TE - 0027 TE - 0028 TE - 0029 TE - 0030 TE - 0031 TE - 0032 TE - 0033 TE - 0034 TE - 0035 TE - 0036 TE - 0037 TE - 0038 TE - 0039 TE - 0040 TE - 0041 TE - 0042 TE - 0043 TE - 0044 TE - 0045 TE - 0046 TE - 0047 TE - 0048 TE - 0049 TE - 0050 TE - 0051 TE - 0052 TE - 0053 TE - 0054 TE - 0055 TE - 0056 TE - 0057 TE - 0058 TE - 0059 TE - 0060 TE - 0061 TE - 0062 TE - 0063 TE - 0064 TE - 0065 TE - 0066 TE - 0067 TE - 0068 TE - 0069 TE - 0070 TE - 0071 TE - 0072 TE - 0073 TE - 0074 TE - 0075 TE - 0076 TE - 0077 TE - 0078 TE - 0079 TE - 0080 TE - 0081 TE - 0082 TE - 0083 TE - 0084 TE - 0085 TE - 0086 TE - 0087 TE - 0088 TE - 0089 TE - 0090 TE - 0091 TE - 0092 TE - 0093 TE - 0094 TE - 0095 TE - 0096 TE - 0097 TE - 0098 TE - 0099 TE - 0100 TE - 0101 TE - 0102 TE - 0103 TE - 0104 TE - 0105 TE - 0106 TE - 0107 TE - 0108 TE - 0109 TE - 0110 TE - 0111 TE - 0112 TE - 0113 TE - 0114 TE - 0115 TE - 0116 TE - 0117 TE - 0118 TE - 0119 TE - 0120 TE - 0121 TE - 0122 TE - 0123 TE - 0124 TE - 0125 TE - 0126 TE - 0127 TE - 0128 TE - 0129 TE - 0130 TE - 0131 TE - 0132 TE - 0133 TE - 0134 TE - 0135 TE - 0136 TE - 0137ganismo, isto é, o elemento corporal da tendên cia sexual que visa unicamente a satisfação do prazer dos sentidos; 2) Tendência da alma, istQ é, o desejo de amar e ser amado; 3) Tendência da propagação, ou, o desejo de �er filhos. Da tarefa que incumbe ao homem na vida matrimonial segue-se que nêle a tendência natu ral está fortemente desenvolvida, ao passo que cala completamente na moça normal ainda não pervertida. A ela falta geralmente uma certa compreensão do que frequentemente excita apaixonadamente o moço, sem nada suspeitar d0 quanto pode o seu impulso inferior. Certamen te, também nela é possível despertar de tal modo a tendência natural até chegar a formidável im petuosidade. Contudo afirmam notáveis auto ridades nesta matéria que êste despertar pro vém sempre de fatores externos, como são leitu ras, conversas, cinemas, seduções, etc., a não ser que haja predisposição anormal. Por outro lado, a tendência da alma é muito mais poderosa na mulher do que no homem. E' inteiramente normal, que a moça, per feitamente côncia da fraqueza da natureza femi nina, procure um homem corajoso, vigoroso, empreendedor e superior a ela intelectualmente, https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 18 TU E ELA para chegar-se a êle, para levantar para êle os seus olhos e sentir-se segura sob sua tutela. Antes de tudo trata-se para ela de ser amada pelo homem como companheira igual e ser tratado por êle como tal. Essa tendência da alma, porém, encontra-se também no homem e tanto mais intensamente se fará sentir, quanto melhor o moço souber domi nar a tendência natural. Ainda tem valor a palavra de Deus: "Não é bom ao homem estar só; façamos-lhe uma companheira". O homem adulto e nobre começa a sentir um vácuo na sua vida. Deseja a companheira que com o seu ser calmo, bondoso, luminoso e alegre possa em belezar-lhe a vida, que o compreenda, que do íntimo da alma tome parte nos seus interêsses, o alivie e console no duro trabalho e nos reve ses da vida, que lhe torne o lar atraente e agra dável. Facilita-lhe duas vezes o trabalho o pen samento que trabalha pela mulher querida, jun to à qual encontrará após o pêso do dia, benéfico descanso. Em perfeita correspondência à maternidade, o desejo da propagação é no�avelmente mais pronunciado na mulher do que no homem. A verdadeira mulher só se dá por satisfeita quan do de qualquer modo pode em altruística dedi cação, aplicar os seus sentimentos maternais, cuidando pelo bem dos outros; com algum exa gêro podemos mesmo afirmar: "Tôdas as suas fibras gritam pelo filho". Entretanto, êste de sejo de ter filhos reside também no homem, que nos mesmos quer continuar a viver, devendo êles tornarem-se algum dia o seu outro e melhor eu. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br Ulf OLHAR PARA O PLANO PROVIDENCIAL DO CRIADOR 19 A inclinação sexual composta dêstes três elementos, conserva-se em estado latente nas crianças. Ainda que o característico masculino e feminino não deixe de se manifestar desde tenra idade, não se pode contudo confundi-lo com o sentir puramente sexual a não ser quan do fôr provocado por uma disposição doentia ou despertado prematuramente por certas causas exteriores. Nos casos normais manifesta-se a inclinação sexual somente com o comêço da puberdade, e a princípio de uma maneira muito vaga e incerta, o que é uma consequncia das secreções internas das glândulas de que já fa lámos. O primeiro sinal da adolescência é que meninos e meninas que até então tranquilamen te brincavam juntos passam a se sentir contra feitos. O menino começa a olhar com uma certa superioridade para a fraqueza da menina. tle se sente entusiasmado pelos feitos heróicos da história, e não procura mais senão divertimentos em que possa documentar a bravura. A menina por sua vez sente-se constrangi da com as maneiras bruscas do menino, sua ar rogância, e o evita com indignação e desprêzo. Esta diferença é ainda daquelas que sabia mente soube formar o Criador. Afastados uns dos outros devem êles desenvolver-se para al cançar cada um a sua espécie característica, sem que desta maneira possa ser influenciada ou per1urbada a maneira de sentir e pensar de cada um dêles. Um é o meio por onde o menino chegará a ser um verdadeiro homem, e o outro é por onde https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 20 TU E ELA :;; menina se fará uma verdadeira mulher. Pois somente homens perfeitos e mulheres perfeitas são capazes na vida matrimonial de se comple tarem nas suas necessidades recíprocas, morais sobretudo. E daí o interêsse próprio dos mem nos de reclamar u�� educação separada e dife rente: para não lhes�roubar os elementos donde devem tirar a fôrça para sua futura peculiar missão. Entre meninos moralmente sadios, formam se nessa idade por via de regra as amizades da mocidade. Ainda não compreendendo bem a realidade, em que vive, e não podendo compre ender ainda a maneira de pensar dos mais ve lhos, o menino sente-se pouco seguro na compa nhia dêles. Eis o motivo, por que procura che gar-se aos que sentem como êle, aos companhei ros da sua idade, que compreendam e estejam no mesmo grau de desenvolvimento intelectual e moral. Só aí o menino se sente com todo vigor da sua personalidade e em tôda a posse de si mesmo. No meio dos seus companheiros é que êle vai encontrar quem o possa compreenâer me lhor do que os outros. Serão êstes os seus ami gos especiais. E' um grande benefício que ad virá para o menino durante o seu crescimento o E-ncontrar um verdadeiro amigo, um amigo em quem êle veja um como seu segundo eu. Cada um encontrará então, no outro, valores espiri tuais, qualidades que lhes servirão reciproca mente de animação e apôio. Daí compreendermos como um bom menino por si mesmo não perverte nunca o caráter das suas amizades. O que, entretanto, não é raro https://alexandriacatolica.blogspot.com.br UM OLHAR PARA O PLANO PílOYIDENCIAL DO CRIADOR 21 entre meninos moralmente podres. O outro, não: sentir-se-ia humilhado e cheio de vergo nha, se houvesse de olhar seu amigo com outros sentimentos, que não os inspirados por uma ami zade sincera e legítima e em que o elemento se xual não pode ter nenhuma influência. ::6:les se olham com olhar franco e alegre, que vai verti calmente à alma de cada um dêles sem tremer de nenhuma segunda e baixa intenção. E por isso mesmo é natural que um menino moral mente bem formado corra daqueles que o que rem seduzir com presentes e carícias de um sen tido repugnante. Com o curso dos anos ás secreções inter nas exercem influência cada vez maior sôbre o cérebro e as atividades da alma. Assim como as tempestades no fim do inverno anunciam o princípio da primavera, assim se faz sentir na puberdade a tendência sexual. As disposições da alma mudam repentinamente: o mau e o bom humor se revezam sem cessar. O jovem sente-se dominado por um desejo vago e incerto, que não saberia explicar. :6:le é um enigma para si próprio. Realizando-se o· desen�olvimento de uma maneira normal, o que supõe antes de mais uma ocupação l'íegular, séria, capaz de prender o homem inteiro, o seu interior se esclarece pouco a pouco, e em vez do desejo vago aparece a tendência sexual; essa se manifesta com força diferente nas diversas pessoas. Muitos andam tão preocupados com os seus trabalhos, que mal percebem o que se passa na sua vida interior. Outros sentem um certo descontentamento ínti- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 22 TU E ELA mo sem perceber bem a sua causa mais profun da. Várias circunstâncias poderão despertar :,s agitações da tendência sexual até prender total mente o jovem coração. Circunstâncias diversíssimas poderão nesta altura ocasionar no coração de uma pessoa a inclinação para uma outra de sexo diferente. E quando esta corresponde, invade então a am bos uma verdadeira impressão voluptuosa de alegria íntima. Esta consciência de poder pos suir exclusiva e inteiramentea pessoa que se ama e de ser amado por ela, é uma tentação pa radisíaca. Sentem-se os sêres mais felizes da terra, de uma felicidade plena como se êles am bos se bastassem totalmente a si mesmos na vida. O amor naturalmente impele à união. Que atração existe mais profunda e sensível que o amor? Estando separados há o pensamento para uni-los. A separação é muitas vêzes um ponto de amarguras e de saudades do amado, podendo torturar o coração a ponto de já não achar interêsse em coisa alguma. Todo seu ar dor é pela doce hora em que se possam rever. O fim essencial e último de Deus com esta tendência sexual, posta no coração do homem, é o filho. Não podemos deixar de formar ainda mais algumas considerações sôbre êste ponto: O motivo por que Deus criou dois sexos diferen tes, o fim principal do amor com todo o seu fundo de ternura e poesia e o fim do matrimô nio com todos os seus castos gozos e com tôdas as suas alegrias não é a satisfação dos própri0s desejos, não é o gôzo pessoal, o bem-estar das pessoas casadas. Tudo isso é fim secundário, https://alexandriacatolica.blogspot.com.br U:\1 OLHAR PARA O PLA"-0 PROVIDENCIAL DO CRIADOR 23 ou melhor é apenas um meio para se conseguir um filho. O filho, êste é que é o elemento prin cipal. A aspiração ao filho é a mais concentra da e viva de todo casal: E' que o filho não dev,'.:! ser olhado tão somente como mero encanto for tuito do casamento; êle encarna antes o fim mesmo do casamento, o seu objetivo principal. Sentindo-se pois atraído por alguma moça; sen tindo-se feliz quando a conquistou e chama su&.; indo-lhe pela alma um júbilo sem nome e õul gando que· já não precisa de mais nada para sua felicidade, sabérá todavia que todos êstes sen timentos não lhe foram concedidos no seu pró prio interêsse mas que são outros tantos atrati vos para o levarem ao matrimônio e tornarerr. no pai. Verdade é que, entrando no estado matrimo nial, muitos se guiam antes de tudo pelas van tagens pessoais que os esperam. :Ê:ste não visa senão garantir, o futuro; aquêle nutre apenas o desejo de adquirir fortuna, de entrar em alguma emprêsa ou de conseguir qualquer outro bem de ordem material; e enfim há naturezas inferiores cujas aspirações não vão além da sa tisfação dos apetites carnais. Mas, seja como fôr, sejam quais forem os motivos que levam n homem ao matrimônio, na maioria dos casos o fim principal do casamento, fim visado por Deus, sempre está garantido e êste é o filho. Tão pouco devemos esquecer que tôda a evolução do apetite sexual a começar pelas suas raízes que é a diferença das qualidades naturais e a exigência de mútuo complemento, através da simpatia nascente na adolescência até ao https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 24 TtJ E Ei,A júbilo dos noivos e o doce conchêgo da vida matrimonial, é intencionada por Deus que a deitou de propósito deliberado no coração do homem. Não é portanto alguma descoberta hu mana, alguma coisa em que Deus não tivesse pensado e o que não pretendeu. Na primefra página da Escritura lemos a frase: "Deixará o homem a seu pai e sua mãe e se unirá à su;l mulher, e serão dois em uma carne" (Gênesis, 2,24). E ao mesmo tempo, a felici.dade dêste amor terrestre tem uma significação mais su blime: Aponta ao homem e lhe proporciona um antegôzo dum amor imensamente maior e mais intenso, produzindo não uma felicidade passa geira e imperfeita, mas permanente e imutável e absoluta - a felicidade do amor divino. No livro dos Cantares, o amor dos noivos é símbolo de ardente desejo com que a nossa alma aspira por Deus, e de que como ela se sente feliz em possuir êste Deus. Pois as aspirações do cora ção humano são tão profundas que um ame,r terrestre não é nunca capaz de contentá-las de um modo duradouro. Além disso, sabemos to dos quanto a felicidade mesmo do mais puro amor conjugal não deixa, às vêzes, de ser per turbada por fraquezas humanas, por golpes ines perados, ou sejam moléstias, contratempos, e provações de tôda ordem, e como alfim é trans formada em tristeza pela morte. E' a hora em que o espírito se deve alevantar esperando a ple na satisfação do seu profundo desejo de amor na outra vida, em Deus. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NÃO TE É LíCITO Como vimos, no princ1p10, o homem é livre. Enquanto todos os demais sêres vivos são conduzidos divinamente para o seu fim median te uma vida puramente instintiva, o homem de ve dirigir a sua vida para seu fim de uma ma neira conciente e deliberada. Pelo recurso de sua inteligência êle é chamado com autonomia a dispor com ordem das suas inclinações e te11- àências. Todavia esta autonomia não deve to mãr-se no sentido de êle poder decidir arbitra riamente, a seu bel prazer, qual a norma do bem e do justo. Pelo contrário, deverá cingir-se àquela ordem cujos fundamentos se encontram na sua natureza humana, traçando-a Deus em sua bondade, de um modo visível e manifestan do-a claramente pela voz da conciência. Só a submissão a esta ordem pode conduzi-lo à feli cidade que Deus lhe consignou. Proscrito está apenas o que é nocivo à humanidade. Louco seria o homem que preteIJdesse procurar a feli ddade por caminho que se lhe vedou, porque o precipitaria na desgraça. Deus criou Adão e Eva tai:'l, que gozassem de pleno domínio sôbre a natureza inferior. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 26 TU E ELA Foram criados num estado que lhes aperfeiçoa va a natureza de uma maneira superior às exi gências da natureza humana como tal. Por amor e bondade, Deus os elevara a essa ordem supe rior, deixando-lhes todavia a incumbência de merecê-la ulteriormente, para si e os seus des cendentes pela submissão à sua vontade. Pe caram, porém, contra o mandamento divino, e porque pecaram foram expulsos do paraíso e voltaram para a ordem condizente com a sua natureza. Em parte alguma as consequências da queda dos primeiros pais se fizeram sentir de maneira tão terrível como na esfera sexual. A tendência natural, êste elemento inferior da se xualidade, não está sujeita a certas estações nem a quaisquer limites, como no animal. Ela, ao contrário, é livre de todo impedimento espontâ- neo interior, devendo por isso mesmo estar sob o domínio e o govêrno da razão do homem. Po :rém--:ela- não se-deixa- governar-facilmente·;--e antes insurge-se contra o domínio do espírito, procura livrar-se e apoderar-se dêle. Logo que ela aparece procura induzir o espírito a ceder às suas solicitações. Não se cansa em insistir e provocar e lisonjear. Repelida mil vêzes volta com a mesma fôrça. Mais. Reforça-se por si cada vez em novos motivos, chegando a invadir com notável veemência todo o sistema nervoso e a vida da alma de maneira que, traspassando o homem de uma tão enganosa voluptuosidade, poderosamente o impele a ceder. A isso se acrescentam as impressões dos sentidos exteriores capazes de excitar forte- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NÃO TE É LÍCITO 27 mente a propensão natural. A figura tôda âa pessoa do outro sexo, os cabelos, os olhos, o ros to, a linguagem podem influenciá-la vivamente. Além disso, propositadamente ou não, e sobre tudo no sexo feminino, reside a preocupação de 2gradar aos homens e de atraí-los. Os vestidos, o modo de usar os cabelos, o gôsto dos perfumes; pelo olhàr, por tôda a sua maneira de agir, trans parece o desejo de cativar. Por tudo isso, se o adolescente não se acau telar, mas pelo contrário ceder às solicitações da tendência natural e não evitar as ocasiões exteriores ela tomará, forçosamente, a prepon derância. Fortificando-se cada vez mais, tor na-se sempre mais impetuosa, mais audaz e como qualquer outra fôrça desencadeada da na tureza é capaz de causar enormes desgraças. A tendência natural é cega e seu único objetivo e fazer valer as suas aspirações. Tudo o mais lhe é alheio, tanto o verdadeiro bem-estar do in divíduo em que se encontra, quanto o de outras pessoas. Se o que apetece é coisa perniciosa,repelente, criminosa, ou não, é-lhe indiferente. Não pesa nada disso. O que ela quer é conse guir sua plena satisfação. Prejudicar-se o ho mem no corpo e na alma, desgraçar-se êle a si mesmo e lançar outras numa miséria sem remé dio, a ruína de famílias e a existência de filhos que nascem na vergonha e crescem na miséria, grandes escândalos e destruição de imensos va lores morais - tudo isso é indiferente à ten dência natural contanto que o seu apetite seja satisfeito. Não se contenta com algumas con- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 28 TU E ELA cessões; exige satisfação completa de todos os seus desejos. Não dá paz se se lhe faz a vonta de no momento; torna-se mais arrogante e im petuosa. A desgraça que causa não a impres siona; as lágrimas que provoca não a comovem. Não a demovem preces e súplicas, e não larga a vítima nem quando a levou ao desmorona mento das suas fôrças físicas e morais. Além disso rouba ao homem a compreensão de todoSi os valores superiores; torna-lhe insuportável a religião, único poder ainda capaz de o arrancar do lodaçal; apaga a luz da fé e as estrêlas da esperança; impelindo-o para as trevas do de sespêro e da eterna condenação. Não há tirano mais desapiedado, mais egoís ta, mais cruel nem mais sem respeito do que a tendência natural uma vez qu,e se apodera do predomínio no homem. Pois qualquer fôrça na tural, está destinada a viver sob a disciplina do espírito capaz de guiar. Assim, e só assim, é que verdadeiramente chegará a desempenhar &ua tarefa no matrimônio instituído por Deus, a saber, de ser fonte de castos gozos e de profun da felicidade. Agora já podemos compreender o sentido, a conveniência e mesmo a necessidade do sexto e nono mandamentos. O que dizem é: deves dominar o apetite sexual e só podes satisfazê-lo no matrimônio legítimo, de modo corresponden te à sua finalidade. Ao celibatário é portanto desonesto e con sequentemente vedado sob pecado grave: satis fazer voluntariamente à tendência sexual, assim https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NÃO TE Í, LÍCITO 29 como alimentar tal desejo; tudo aquilo que na turalmente possa ou deva levar a isso, exceto quando haja alguma necessidade, removido, po rém, qualquer perigo de consentimento no pra zer; tudo aquilo que é feito com a intenção de provocar o prazer carnal. Espiritualmente al guém é desonesto, desejando conciente e por tanto realmente, praticar ações gravemente des onestas, ou deleitando-se sôbre pecados já co metidos ou imaginados, ou quem contra a voz da consciência voluntariamente se demorar em imaginações que grave perigo apresentam, com recordarem desejos luxuriosos ou excitarem o prazer carnal. São impuras conversas que se fazem por complacência no prazer sexual ilícito, ou com intenção de provocá-lo em outros, assim como também quando trazem grave perigo a quem fala e aos ouvintes de con.sentirem em coi sas desonestas, os olhares, as leituras, as dan ças, as exibições no cinema, no teatro, etc.. De conformidade com a palavra do divino Salvador: "Todo o que olhar para uma mulher cobiçando a, já no seu coração adulterou com ela". Mat. 5, 28. Comete portanto ação impura quem, ciente e voluntariamente, ceder a uma afeição sexual a uma pessoa do outro sexo, desejando possuí-la de modo ilícito. E· pecado, que cai sob o nono mandamento: "Não cobiçarás". Tentativa irrealizável seria querer fixar exatamente onde começa o pecado grave no in tuitô de poder proporcionar-se assim certas li berdade. E' sobretudo aqui que tem aplicação o antigo aviso: "Principiis obsta!" "Resiste ao https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 30 TU E ELA comêço!". Se mesmo aquêles que com tôda a energia procuram evitar o pecado, nesta maté ria podem sucumbir à veemência de uma tenta ção, que diremos então dos que são levianos! As solicitações da carne são fortes demais para que no princípio se lhes possa fazer certas conces sões e depois dominá-las convenientemente. Muitos passos falsos de pessoas bem intenciona das não tiveram senão esta causa: começaram imprudentemente a ceder a um pequeno desejo ilícito, ou a uma inclinação menos casta e o re sultado é que quando então a sensação chegou a desenvolver-se em tôda a sua plenitude, não encontraram mais a fôrça para resistir. Há quem queira objetar que a tendência sexual é irresistível; que a continência é preju dicial ao organismo; que guardá-la sob tão seve ra âisciplina enfraquece os nervos, etc. E o que quiser seguir estas idéias poderá vê-las apoia das até pela opinião de médicos. Admitimos que de vez em quando os movimentos da sexua lidade possam se tornar incômodos e constituir um certo embaraço no trabalho. Mas a verda de é que nenhum médico conciencioso afirmará que êstes vexames venham a prejudicar real mente a saúde.. Muito pelo contrário, prejudi cial à saúde seria se o jovem cedesse. Sobretu do perderia imenso em fôrça de vontade. Quan tas profissões, cujo exercício acarreta natural mente os piores incômodos, e que ameaçam a própria saúde! Quem daria razão ao médicc, chamado a altas horas da noite para um doente, de recusar um chamado sob o pretêsto que a perturbação do sono lhe é prejudicial à saúde? https://alexandriacatolica.blogspot.com.br N Ão TE É LÍCITO 31 Prescindindo dessas pequenas e insignifican tes perturbações, não se aponta nenhuma con sequência nociva da vida casta. Uma série de médicos dos mais brilhantes declara com tôda a franqueza que ignoram tais consequências de- sagradáveis. Citemos alguns. "Com tôda a fir meza que me dão a minha experiência e a mi nha autoridade, afirmo que nunca homem al gum conseguiu vantagem com a incontinência ou sofreu- prejuizo com a continência" (Dr. W. Gowers, médico do hospital da Universiaade de Londres). "Acho que pela continência ain da ninguém caíu doente, mas sim porque a su'l. fantasia vivia exclusivamente em assuntos se xuais" (Bjõrnsen, notável escritor norueguês). "Na minha prática certamente muito numerosa, de quase trinta anos, tive ensejo de lastimar inú meras vítimas da libertinagem, mas nenhuma da virtuosa continência". (Dr. Max). "A opinião que o não uso da faculdade geradora possa acar retar qualquer prejuízo é errônea, pois a expe riencia ensina que a vida celibatária e ao mesmo tempo continente tem a mesma duração e a mes ma felicidade como a vida matrimonial". ( C. Dr. Schmitz). "E' opinião muito falsa pre terider derivar do não uso dessas funções qual quer dano" (Cons. Dr. Rubner). "Não foi ob servado nenhum efeito doentio causado pela continência na vida sexual" (Dr. Teuten). "Abs tinência absoluta pode e deve ser praticada por jove11-s solteiros sem prejuizo nenhum para a saúde" (Dr. Acton}. "Inconveniente e levia" namente se tem falado em perigos para o jovem que pratica a continência. Confesso que, se tais https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 3•) ' - TU E ELA perigos existem, não os conheço, e que como médico ainda não os verifiquei, embora nunca me faltasse ocasião de fazer experiências nesta matéria". (Prof. Dr. Fournier). "A continên cia não é nociva para a saúde. Pelo contrário, é uma fonte para o desenvolvimento enérgico da vontade, redundando em benefício da forma ção exigida pela vocação" (Dr. Von den Stei nen). Fazendo um inquérito sôbre o caráter inofensivo da continência, o Dr. Jacobsohn re sume as respostas de trinta e cinco notáveis len tes de medicina da seguinte maneira: "Os mo ços devem guardar continência; a continêncj_a não os prejudica de maneira alguma; pelo con trário, ela é benéfica. Conservando-se conti nentes e evitando relações extramatrimoniais, conservarão um alto ideal do amor e estarão li vres de moléstias venéreas". "Também o jovem maduro para a vida sexual deve compenetrar-se da convicção que é indispensável combater os apetites sexuais até a época do matrimônio'' (Dr. Oppenheim). "Normalmente, a um jovem que se dê com a maior energia a um trabalho tanto material comode espírito, e· que se abstém das excitações que corrompem a vont.ade como aquelas produzidas pelo álcool, - a um jovem nestas condições não é impossível realizar a con tinência sexual" (Dr. Forel). "Durante a mi nha atividade médica de vinte anos estive em contacto com pessoas, e sobretudo com jovens de tôdas as classes sociais sem encontrar um que ti vesse considerado impossível a continência ab soluta, suposta naturalmente a boa vontade ... E' melhor para o jovem levar uma vida casta" (Prof. Ribing). A congregação dos médicos da https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NÃO TE É LÍCITO 33 Universidade de Cristiania deu o seguinte pare cer: "A asserção ultimamente feita por diver f:as pessoas e repetida em jornais e reuniões, que uma vida moral e de abstinência sexual seja prejudicial à saúde é, segundo a nossa experiên cia unanimemente aqui manifestada, inteira mente falsa. Não conhecemos nenhuma doença ou fraqueza, da qual se deva ou possa afirmar ser oriunda de uma vida perfeitamente pura e moral". Muito acertadamente diz o conhecido literato ru:,so Conde Leão Tolstoi: "Toaos en contrarão em redor de si centenas de argumen tos de como a continência é não só possível, mas menos perigosa e menos nociva para a saúde ele que a vida lasciva". E' de notar que todos êstes depoimentos foram dados do ponto de vista puramente mé dico e quase exclusivamente por acatólicos. Não tomam em consideração, portanto, o grande au xílio que oferece ao homem a graça divina. Fi nalmente, também nesta matéria vale o pensa mento de um poeta que a vida não é o sumo bem, mas que o maior mal é a culpa. As declarações dos grandes médicos citad()s sugerem a idéia de que a afirmação, ser nociva a vida casta, tem as liuas raízes na tendência de excusar e justificar os próprios desregramentos. Além do mais, para o cristão crente, de ante mão é evidente que Deus não exige coisas. im possíveis ou nocivas à saúde. Quem fôr de boa vontade estará em condições de guardar a cas tidade correspondente ao seu estado, contanto que recorra aos auxílios e medidas de prudên• eia que a Igreja lhe oferece e aconselha. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAMINHOS ERRADOS Permite Deus, que o instinto sexual já .;e manifeste na idade em que a mocidade ainàa não pode pensar em contrair matrimônio, obje tivo para o qual êste instinto impele. O jovem deverá pois aprender a subjugá-lo, para mais tarde tê-lo em seu poder. A comêço os seus movimentos são ainda fracos, e é relativamente fácil resistir-lhe. Aos poucos porém avigoram se podendo tornar-se muito importunas. E' de importância que o adolescente tome desde logo a verdadeira posição em face destas manifestações do instinto sexual. Deverá saber que êsses primeiros sinais de amadurecimento de virilidade, são muito naturais, não devendo por isso se inquietar com êles pois o instinto sexual em si, não é pecaminoso ou mau, mas pôsto no homem por Deus. Todavia é hurn.1- lhante para nós e desagradável para todos os ho mens nobres que exatamente o seu elemento ma.is baixo, a saber o instinto natural, frequen temente se apresente de maneira molesta exi gindo a satisfação dos seus desejos sem preoc-u pação alguma dos seus fins superiores. Por isso o jovem deverá ter sempre presente o sentido https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAMINHO ERRADOS 35 e o fim do apetite natural, e sabendo que não poderá consentir no seu desejo, enquanto não puder alcançar o fim intencionado por Deus, deverá envidar todos os esforços para conservú lo submisso. Não são os instintos cegos que de verão guiá-lo, mas sim a razão iluminada pela fé. Pois somente então e somente assim êle é propriamente homem. Com mão forte, a razão deverá guardar as rédeas e enquadrar o instinto sexual no plano da vida, de modo que algum dia o favoreça e não desde já o prejudique ou mesmo arruíne. Os jovens tão de boamente se orgulham da sua fôrça e dos seus feitos! A tantos atrai o vencer na luta ou no jôgo! O telégrafo o leva a tôdas as partes do mundo e por tôda parte anunciam os jornais quantos pontos êste ou aquêle conseguiu e quem conquistou o campeo nato. Insignüicantes porém, destituídas de va lor são estas vitórias para o verdadeiro bem e a salvação do homem! A luta pela castidade, po rém, decide sôbre a sua verdadeira felicidade tanto temporal como eterna. Não tentará por isso a ambição do moço nobre vencer nessa luta e conquistar o campeonato? Embora neste ter reno não haja os aplausos de milhares de espec tadores, todavia com tanto mais alegria olha o céu para o nobre lutador e prepara-lhe a coroa da vitória. Os pontos que conquistar, é verda de, não vêm mencionados nas reportagens des portivas, mas estão consignados no livro da vida e servir-lhe-ão durante tôda a eternidade. Com tôda calma indicarei agora alguns ca minhos errados, para onde o instinto sexual https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 36 TU E ELA procura levar o homem adolescente. Descre yendo ao mesmo tempo as consequências na turais, que podem seguir ao pecado, quero toda via salientar desde já que êstes motivos por si só não são eficazes. O único motivo capaz de resistir a todos os ataques da paixão é o conhecimento da proibição divina oriundo de uma fé viva. E também somente a graça pode rá dar a fôrça de guardar a castidade. Expô-. lo-emos mais tarde pormenorizadamente. O que antes ·de mais deve constar é que Deus realmente proibiu alguma·s coisas. A mo cidade inexperiente, sem reflexão, mui facil mente pensa que não há tanta maldade em cel' tas coisas. Embora já duvidosas em si, não vê nelas nada de perigoso. Quero por isso abrir os olhos apontando as consequências que a le viandade e irreflexão podem ter. Hás de ver o que se esconde atrás das frases: "E' preciso gozar a vida, é preciso aproveitar da mocidade'', etc.; e quantas desgraças uma "hora âe fra queza", uma travessura podem causar na vida humana. Deverás persuadir-te que te são proi bidas muitas coisas, não por falta de compreen são mas no teu próprio interêsse. Dêste modo quero ganhar a tua vontade para aquilo que se exige de ti para que não penses: "Não devo", mas sim "Não quero". As minhas palavras poderão impressionar te somente se tiveres a boa vontade de guardar os mandamentos de Deus. O conhecimento das horríveis consequências que o pecado pode ter deverá tornar-te cauteloso, para que não te me tas imponderadamente em alguma coisa, que em https://alexandriacatolica.blogspot.com.br CAMINHO ERRADOS 37 tua inexperiência ainda não conheces como peri gosa. E' preciso, que chamem a nossa atenção para muitos perigos para que os possamos evi tar. Além disso o pecado se aproxima de ti sob a forma mais atraente, aparentando prazer e amor. Apontarei o monstro que se esconàe sob a sedutora aparência, a baixeza e infâmia que há numa inclinação ilícita, para que ela nunca mais se possa aproximar de ti sem êste ferrete. Em frente desta temível adversária é de prudência mobilizar tôdas as fôrças auxilia res, que possam contribuir para a vitória. Fi nalmente o conhecimento dos perigos deverá le var-te a empregar solícitamente aquêles meios, que: te fornecem a fôrça de resistir a tôdas as tentações. Indicando agora quatro caminhos erradot::, não pretendo dizer com isso, que sejam maneiras completamente diferentes, porque alguns de mo ei.o ilícito cedem ao instinto sexual. Cada caso é diferente. Mas ao redor destas noções podem ::>.grupar-se facilmente os pensamentos capazes de preservar o jovem dum passo errado. O que tem aplicação num caso particular, depende de àiversas circunstâncias. Em primeiro ·lugar trato do pecado oculto da masturbação. Depois do amor de menores, isto é, do comércio prematuro e íntimo com uma moça quando geralmente a possibilidade de um casamento não pode entrar em consíderação. E' o que vulgarmente se chama "flirt". Em terceiro lugar das "Relações", nome com que indico o comérciodiretamente imoral no qual https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 38 TU E ELA frequentemente falta a intenção e a possioili da mulher e mãe. O único ideal da vida é para êles o ih mitado gôzo dos sentidos. Não quero antecipar, e só mais tarde mos trarei as horrendas consequências que o seu pro cedimento pode trazer às moças . . . Quero mencionar apenas um fato. Como já vimos em outro lugar (pág. 15), uma moça pura nem se quer suspeita dos desejos da tendência naturd do homem. Absolutamente não a compreende porque nela ordinariamente a tendência natu ral está calada e, segundo afirmam médicos sé rios, requer-se toda a delicadeza de um homem nobre para que a espôsa realmente chegue a ver no ato matrimonial, aquilo que, por vontade de Deus deve ser, a saber, uma prova de nobre e verdadeiro amor, um sinal exterior da união es piritual. Erram portanto notavelmente muitos moços, pensando que a moça nutre, os mesmos desejos como êles. A moça, que cresceu longe de tôda sedução, só conhece o amor espiritual. .Por isso, quando ela se aconchega a êle e lhe pede carícias, só manifesta o desejo de estar abrigada junto dêle, de ter nêle um apôio, 4m auxiliar, um defensor para o qual possa olhar com ilimitada confiança. Por essa razão é ater radora para ela a descoberta que não acha tudo aquilo que esperava, que se deve acautelar con tra aquêle em quem deseja confiar, que em par te nenhuma está tão pouco segura como junto dêle; que é ela que deve ser forte, e preservar a êle e a si própria da queda! - Infelizmente porém muitas moças _sucumbem à influência do https://alexandriacatolica.blogspot.com.br SATISFAÇÃO SOLIT..\RIA 45 homem e são incapazes de negar coisa alguma ao amado. Mas em tudo isso frequentemente sen tem na alma tristeza de morte e invés da espe rada felicidade entrou em seu coração a mais amarga desilusão. Há ano.s as mulheres casadas são agitadas por um movimento, que se levanta contra o mo ào por que não raro os homens entendem e apli cam os seus direitos matrimoniais. Levantam se vozes que declaram, que renunciam ao matri mônio, por.que não querem ser escravas do pra zer sensual de homens libidinosos. E' revol tante para a mulher nobre verificar, que o ma rido não compreende os seus desejos superiores e as suas necessidades espirituais vendo nela, antes que tudo, um instrumento para satisfazer à tendência natural, e depois talvez.ainda a ad ministradora da casa, mas não a companheira E sócia igual para a vida. Aquilo que tais homens chamam amor, no fundo é refinado egoísmo e sensualidade, que não cogita do imenso prejuízo, que causa ao ob jeto da sua inclinação. Não o tomam em consideração, homens que infligem as. mais graves feridas à vida interior da espôsa com as suas exigências e importuna ções, que arruínam a mútua est,ima, sôbre quei unicamente se pode levantar o amor e que es tragam para sempre a felicidade quente e ínt! ma,· que nêle há. Muitas mulheres já não vi ram hora feliz que após o casamento conhece ::am o devasso a quem estavam acorrentadas. Atravessa-as a dolorosa pergunta: "Como é que meu marido chegou a estas coisas? Onde é https://alexandriacatolica.blogspot.com.br TU E ELA que as aprendeu!" Um d_os mais notáveis psi quiatras diz conhecer muitos casos em que "A vil e abjeta libidinagem do jovem marido não somente transformou o amor idealista da moça em profundo· nojo, mas ainda provocou aliena ção mental nela. Ainda piores são as conse quências, quando posteriormente a mulher des cobre a mentalidade desavergonhada do mari do com relação ao convívio sexual e ao amor em geral. Realiza-se na alma feminina horrível luta com desenganos e ilusões perdidas sôbre a felicidade do amor. Frequentemente o amor superior da mulher depressa se sufoca e já não pode ser questão senão de sofrer e suportar". Além do mais o matrimônio não é cadeia ininterrupta de prazeres sexuais. Oferecendo embora a possibilidade de satisfazer licitamente a tendência sexual, contudo não concebe de ma neira nenhuma a realização ilimitada de todos os seus desejos. Primeiramente, o· verdadeiro amor exige delicado respeito dos desejos e con dições da mulher. O requinte do amor consis te em poupar. Além disso há épocas e circuns tâncias, em que a abstinência completa é um dever do m�ido. Aquêles que não têm sufi ciente clareza a êste respeito e por conseguinte não adquiriram o necessário domínio de si mes mos podem cair nas maiores contrariedades quando não querem sacrificar à sua paixão a própria alma e a felicidade conjugal. E' assim, que cedo ainda muitos jovens ar ruínam a futura felicidade do matrimônio. Po deria objetar-se que muitos que passaram por uma mocidade extremamente leviana vieram a ser mais tarde bons e fiéis maridos e pais âe https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 47 família. Mas quem souber olhar mais profun damente, demasiado frequentemente verá que as aparências enganam. O abuso do gôzo se xual não passa sem deixar vestígios. Não é possível arrancar simplesmente o mundo dos pensamentos baixos e· substituí-lo por outro. Frequentemente o envenenamento de tôda :l mentalidade é quase irremediável, sobretudo a vontade ficou enfraquecida em face das solici tações sensuais, visto que nunca aprendeu a re sistir-lhes. Por esta razão sucumbe facilmente às tentações que se aproximam. E em comparação de todos êstes horrendos estragos, qual o lucro que resulta do onanismo? Breve e sensual voluptuosidade, que imediata mente se muda em nojo, no homem que é ainda mais ou menos honesto. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMOROS Desenvolvendo-se ordenada e sadiamente, o moço não sente necessidade de estreitar rela ções mais íntimas com uma moça. E' coisa que não lhe diz respeito. Além disso ouviu em ocasiões dadas, da bôca dos seus pais, ou do cura, que isso é inconveniente. E' quanto lhe basta para reprimir facilmente tais sentimentos, se os houver. Além disso as suas ocupaçõPs suficientemente o reclamam. Nas horas vagas vai ter com os amigos. Por cima de tudo, pai.s concienciosos vigiam cuidadosamente pelas fi lhas, de maneira que só em companhia de outros se encontrará ocasionalmente com moças. Seria verdadeira bênção se em tôda parte fôsse assim. Infelizmente porém as condições da época tram: tornaram frequentemente tôdas as coisas. Em consequência de uma precocidade desnatural o apetite sensual desperta prematuramente. As palavras e os exemplos dos outros sobretudo, a peste do cinema, teatros e outros lugares de divertimentos, a convivência nos colégios e es colas com colegas corrompidos, a leitura, os bai les, junto com a mentalidade da época que, pro cura exclusivamente o gôzo, despertam no moço https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMÔRO 49 pensamentos, que por si só nunca teria encon trado. Um dos maiores estragos causa o cine ma, que mostra à mocidade como se deve haver em tais relações. Basta imitar o que viram ..• Desta maneira o apetite fica despertado e in tensificado artificialmente; o desejo de fru:it' as delícias do namôro cresce cada vez mai.s. Muitos começam a frequentar uma moça por puro espírito de imitação. Pensam que isso faz parte de um verdadeiro moço; não querem ser inferiores áos outros. E por cima de tudo isso imaginam que conseguiram muita coisa conquis tando a graça de uma "Meninota". Com tôda ponderação vou indicar as razões que proíbem um comércio. prematuro com a moça, quaisquer que forem as circunstâncias. Para obviar a mal entendidos vou fazer antes uma breve observação. Pode acontecer que nas relações entre as famílias se manifeste clara mente que dois jovens harmonizam de tal modo, em todos os sentidos, que o ulterior casamento parece coisa quase assentada. Encontram-se ocasionalmente no seio da família, esperam um pelo outro, rezam um pelo outro até que chegue o tempo em que possam realizar as aspirações. E' �vidente que contra isso não só não se pode objetar coisa alguma, mas que para ambos pode ser proveitoso sob muitos pontos de vista. (Conf. pág. 17). No que segue tenho em vista aquêlesnamoros infelizmente muito frequentes entre jovens, que, apenas saídos da escola ou alunos de faculdades superiores ou mesmo ain da no curso secundário, em uma palavra na queles anos em que o casamento está muito https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 50 TU E ELA longe, começam um comércio mais íntimo com a moça afim de lhe fruirem desde já as delícias sensuais. Notável é, antes de mais, o tempo precioso e o vigor que se perdem nestas efeminadas sau dades e nas conversas superficiais. O moço lhes sacrifica inúmeras horas, que rouba à sua for mação, vindo esta a sofrer com isso. A sua afeição frequentemente de tal modo reclama os seus pensamentos que as suas ocupações obri gatórias ficam prejudicadas. Muito aluno que não conseguiu ser promovido, deve-o exclusiva mente ao namorar. Pois é próprio de tôda ten dência reclamar para si todo pensar e agir, e eli. minar dêste modo também os demais interêsses. Alcançada a meta, volta a tranquilidade. Por isso é tolo e anormal nutrir durante anos talvez alguma tendência sem querer ou poder alcan çar o fim. Verdade é que muitos pretestam e imaginam de fato, que mais tarde querem casar. Mas quase sempre é engano. Indubitável porém é que se deixam cativar por uma cara bonita ou outros fatores exteriores a ponto de já não poderem resistir à sedução. Coisas pequenas, de nenhuma monta, são capazes de pôr têrmo às relações. Por cima disso os adolescentes são ainda totalmente incapazes de medir a signifi cação e o alcance desta escolha. O que para ela é decisivo são sempre as qualídades inter nas, e nunca os atrativos dos sentidos. Ensina a experiência que nem um por cento dos tais amores de colegiais levou ao casamento. Além disso o :aamôro dificulta notavelmen te a formação do caráter. Pois o moço não per gunta, pelo que exige a correção e o dever; con- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NA�Iôno 51 tra melhor ciência e consciência vai atrás de suas cegas inclinações. Não utiliza o meio mais im portante para chegar a uma virilidade vigorosa e independente, a saber: o dominar e vencer a si mesmo. As melhores oportunidades de cres cer em íntima fôrça e liberdade, êle as perde. Pois todos os caprichos, idéias, tendências e in clinações existem exatamente para que aprenda a dominá-los. Não se há de tornar o seu escra vo, mas dirigi-los-á com seu espírito. Entran do porém· no namôro, o que se torna norma para êle são os apetites da natureza inferior. Está emaranhado em suas rêdes e não cogita senão em satisfazer-lhe os apetites. Os seus interêsses verdadeiros, pessoais e superiores fi cam relegados. Não chega a ser uma persona ).idade independente que saiba enquadrar o ape tite sexual no conjunto, mas forma e dirige-se por êle, e o apetite forma todos do mesm0 modo. Ao mesmo tempo, namorar é sempre sinal de lamentável fraqueza. O primeiro movimen to da tendência sexual derruba o adolescente. O fraco sucumbe à primeira tentativa dela de fa zer prevalecer os seus desejos. Rende-se sem resistência. Realmente é preciso condoer-se destas figuras tristes, que se julgam imensa mente importantes pelo fato de sentirem os pri meiros alvoroços desta tendência e são de pare cer agora, que a sua tarefa consiste em obede cer-lhe a tôdas as vontades. A tendência se xual destronou o espírito e governa em seu lu gar. Todos os seus caprichos e idéias afigll� ram-se ao adolescente-escravo, como manda mento. Obedece-lhes espontaneamente. Tudo https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 52 TU E ELA que pensa e faz, já não é a expressão do própria eu: Tudo é determinado e traz o cunho do ape tite sexual. Pois já não é questão para o míse ro de fundar um lar próprio, de encontrar uma companheira para a vida; quer apenas ceder aos impulsos da tendência sexual pelas delícias que encerra, sem aspirar a meta que o Criador quer realizar por seu intermédio. E' contrário à natureza, ilícito em si e_ por isso vedado. A isso se acrescenta, que tôda mentalidade ào adolescente se torna sexualmente infestada. Em circunstâncias normais a inclinação dos co rações dentro de pouco tempo deve conduzir ao casamento. Todos que conhecem a vida, sabem que os noivos perdem frequentemente todo o equilíbrio moral. Realmente se pode falar nu ma embriaguez de amor, que se apoderou dos dois. Sàmente depois da chamada lua de mel, é que aos poucos voltam à realidade. Procuran do um adolescente tal estado, pelo que é e tendo o que não raro acontece, diversas afeições, êle se obriga com isso a permanecer constantemente neste círculo de idéias. Reagindo êste, âe ne cessidade, constantemente sôbre o s�tema ner voso sexual ainda em evolução e, conjuntamen te sôbre as glândulas seminais, resulta daí um.::a fonte de tentações numerosas e veementes. Dês te modo todo o pensar fica impregnado de ima gens sexuais a ponto de já não ter compreensão nem tempo, nem lugar para coisas mais eleva das. A madureza moral não vem, tôda menta lidade se torna frívola e assaz frequentemente sobrevém um menosprêzo dos valores espiri tuais, torna-se inferior em todos os sentidos. https://alexandriacatolica.blogspot.com.br NAMÔRO 53 Outro perigo consiste em tais relações acar retarem frequentemente muitas despesas. O moço não quer ficar atrás dos outros; pensa que deve ocorrer às despesas da moça e oferecer lhe presentes. Para tanto a mesada nell) sem pre é suficiente. Desta maneira chega a come ter roubos e fraudes, que com o volver do tem po não poderão ficar em segrêdo. A consequên cia imediata são penas e desgostos sem nome para os pais. Depois, para muitos, resulta de missão do einprêgo. Não acham trabalho e tor nam-se preguiçosos o que sempre foi e ainda hoje é o comêço de todos os vícios. Do principal fator, porém, que fala contra os namoros, ainda não fizemos menção. Fica-s;;. como até aqui supúnhamos, num mero namôro, num mero querer bem? Pode acontecer que os afetos não ultrapassem os limites de um certo entusiasmo, porque em virtude de várias cir cunstâncias não se chegou a um convívio mais íntimo e mais confidencial. E' claro que os in convenientes expostos neste caso aparecem em menor escala. Mudando-se porém as circuns tâncias, coiw as relações mais íntimas apresen tar-se-ão também as duvidosas consequências. Mas, ordinariamente, o namôro não é de maneira alguma tão inocente como às vêzes pa rece. Pois é próprio da natureza de uma afei ção, a uma pessoa do outro sexo, não conten tar-se antes de ter encontrado a sua expressão perfeita na entrega matrimonial. Neste parti cular, a afeição a uma pessoa do outro sexo se distingue essencialmente de qualquer outra ami. zade ou amor; verdade é que todo amor procu- https://alexandriacatolica.blogspot.com.br 54 TU E ELA ra uma certa união. Basta lembrar-se da mãe que aperta intimamente o filhinho ao seu cora ção; e do amigo, que coloca o braço ao pescoço do amigo. E não procuram nada mais. Fa zem-no sem impulso algum corporal, o qual imediatamente se faz notar, quando aquêle ato se realiza entre pessoas de diferente sexo. Talvez que ao princípio - na suposição expressa de faltar qualquer intenção imoral - só se faça sentir a inclinação da alma. Os dois querem-se bem, compreendem-se, e estão satis feitos quando se acham juntos. Experimentam nisso um doce prazer que ainda não é de ordem sexual, necessariamente. Conversam um com o outro, contam-se os seus segredos, planos e pe ripécias. Mas é inerente à natureza desta in clinação, querer-se manifestar ao outro, também por sinais. Desta maneira nascem carícias, bei jos, abraços. Tanto esta aproximação dos cor pos, como tôda a ordem de pensamentos exci tam necessariamente o apetite natural. E' só lembrar-se que a tendência das almas não é se não parte do apetite sexual e que entre os dois elementos reinam correlações tão. íntimas que a excitação de um necessariamente reage sôbre o outro. Os efeitos são sem dúvida diferentes; cor respondendo ao