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Prévia do material em texto

HAuov ScttILOEN, S. J. 
TU E ELA 
Versão portuguesa de 
D. PEDRO ROESER O. S. B.
(ABADE DE OLINDA) 
3,• EDIÇÃO 
Edições Melhoramentos 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
https://alexandriacatolica.blogspot.com/
Toiks os direitos reservados pela 
Comp. Me.lho-ramentos de São Paulo, lndústrws de Papel 
Cai= Postal, 120 B - São Poolo 
Nos pedidos telegráficos basta citar o n. • 1!43 
�m=#•�t üiàJ:t,zt,ld?í'1l¾ij 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
https://alexandriacatolica.blogspot.com
Imprima-se 
Rio de Janeiro, 15 de FevereJ;ro de 1929 
D. PEDRO EGGE&ATH 0. S. B. 
Arqulabade. 
Nihü Obstat 
São Paulo, U de Mairço de 1929. 
PE. JOSÉ PROCÓPIO DE MAGA.LlllES 
Censor. 
lmprimatur 
São Paulo, 22 de Margo de 1929 
Mons. PEREIRA BAB.ROs 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
tNDICE 
Uma palavra do tradutor i 
Introdução . · . 9 
Um olhar !!ara o plano providencial do Criador 11 
Não te é lícito . 25 
Caminhos errados 34 
Satisfação solitária . 39 
Namôro 48 
Relações comprometedoras 70 
Prostituição . !35 
Cavalheirismo . 89 
A companheira da vida 99 
Castidade vir�nal 118 
E tuf . 12:J 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
https://alexandriacatolica.blogspot.com/
UMA PALAVRA DO TRADUTOR 
Que é que acontece em Portugal f Um povo, aliás pe­
queno, mas alimentado pelas grandes recordaç.ões de um 
passado glorioso, luta ainda gravemente doente, com uma 
esplêndida coragem contra quantas influências o ameaçam, 
desde séculos, na medula mesmo da sua vida. 
Mas, enfim, Portugal tem com a Espanha e a Itália 
a grande vantagem da unidade, da integridade e da har­
monia na religião. E o ressuxgimento político e social 
dêstes povos está garantido nesta base de harmonia reH­
giosa, estimulo de ação e de caridade. Coimbra, a uni­
versidade legendária, o berço mais antigo da mocidade 
acadêmica de Portugal e do nosso Brasil, se, vêzes, com 
Bernardino Machado, Afonso Costa, e outros foi como um 
punho fechado contra as tradições mais caraterísticas de 
Portugal, foi outras tantas vêzes também a alma-máter 
do ressurgimento político e moral daquele pais. Ela esti 
despertando hoje de novo uma verdadeira renascença na­
cional, que recorda a mocidade de outros tempos, dos 
tempos em que o povo português lutando pela sua inde­
pendência, contra os espanhóis, proclamava o jovem Grão 
Mestre dos cavafüeiros de Cristo, D. João, em Coimbra, 
o seu rei. Era o tempo em que D. João, cercado por uma
tro12a de escol de trezentos estudantes da universidade, 
tentava, e ganhava a batalha de Aljubarrota contra um 
inimigo de fôrça, muito mais numerosa. 
A êste esyirito de Idealismo e Cavalheirismo na mo­
cidade de hoje, não foram indiferentes nem mesmo os espí­
ritos mais re·beldes dos Coimbranos de ontem. Ramalho 
Ortigão, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, para citar os 
mais conhecidos, vendo, em sua velhice, o ressurgimento na-
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
eional na fundação do Centro Acadêmico da Demoeraeiia 
cristã, à qual pertencem mais de seiscentos estudantes e 
professores voltaram antes da sua morte aos Ideais do 
Portugal católico e histórico, 
Nós os Brasileiros somos também por espírito, e mais 
ainda por sangue descendentes dos heróis de Aljubarrota, 
e daqueles heróis, que nos montes Guararapes firmaram 
por um Idealismo cavalheiresco informado na integridade 
da fé católica a integridade nacional O que se passa en­
tre a mocidade acadêmica de Portugal, eneontramo1J tam­
bém noa do Brasil. Nas nossas academias cedeIP. já os 
Tobias Barreto, os Martins Júnior, os Sílvio Romero, as 
suas cadeiras a outros mestres, que trabalham por puri­
ficar os corações dos nossos estudantes úo espírito sectá­
rio e anti-nacional, substituindo-o pelo Idealismo católico 
E- histórico dos nossos antepassados. Modestamente secun­
da ao brilhante apostolado óe nossos universitários cat6li­
c-0s a tradução de uma obra, eujo autor compreendeu que 
a mocidade não pode existir sem um ideal e o cavalheiris­
mo, que devem oeupar o lugar proeminente no coração do 
jovem, que um dia há de cumprir a sua missão na socieda­
de e na Igreja. Muit-0 amea�ado é o cavalheirismo nas re­
lações do jovem para com as pessoas do outro sexo. En­
quanto predomina naquelas esferas um surdo materialismo 
e um desregrado sensualismo, não podemos pensar em uma 
série renaseença. A mencionada disposição moral ou antes 
imoral, só faz estudar o acadêmico para mais tarde sem 
muito trabalho ganhar muito, para assim gozar muit-0. Que 
isso seja a morte da moeiclade ninguém pode duvidar. 11lste 
materialismo e sensualismo devem substituir-se pelo ideal�• 
mo e cavalheirismo dos nossos antepassados, nas relações 
com as pessoas do outro sexo. 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
INTRODUÇÃO 
Jovem amigo! Uma questão grave para dis­
cutirmos nós dois. Muito grave, mesmo. Mas 
tudo depende do modo pelo qual vamos resol­
vê-la. Se acertares com a resposta, esta te en­
cherá de um justo contentamento, de sentimen­
tos nobres e gostos de cavalheirismo, - enfim 
te encherá de uma felicidade sem arrependimen­
to, enquanto uma solução errada te perverteria 
a conciência e produziria bem tristes efeitos na 
tua vida, e talvez na vida de muitos outros. 
Vamos abordar uma questão inevitável; des­
sas que cedo ou tarde, exigem de nós uma po­
sição definida. Por isso, melhor é cogitarmos 
dela enquanto esta.mos ainda tranquilos, para 
não nos deixarmos precipitar pela sedução do 
momento. 
Além do mais, a solução acertada não é 
fácil, desde que várias influências procuram 
afastar-nos para desvios traiçoeiros. Os praze­
res nos atraem como lindas flores; lindas flores 
a cobrirem pântanos em que nos vamos afogar. 
A pouca experiência e reflexão da mocidade 
não lhe deixam perceber as consequências tre­
mendas que um passo falso pode provocar, e fre-
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
quentemente provoca. Muitos não vêem que es­
tavam num caminho errado, senão pelas ruínas 
amontoadas por êles mesmos e que agora for­
mam os maiores obstáculos para sua verdadeira 
felicidade. Acontece então que êles vão encon­
trar em vez de alegrias, grandes amarguras, e 
em lugar da felicidade, tormentos da alma. 
Como amigo fiel e bem intencionado queria 
oferecer-me como guia. Não exijo que me sigas 
cegamente; pelo contrário, desejo que vejas e 
compreendas qual a solução verdadeira, afim 
de que a realizes e executes com íntima con­
vicção e vigorosa energia. 
Vamos falar da posição do jovem junto às 
donzelas. 
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TU E ELA 
UM OLHAR PARA O PLANO 
PROVIDENCIAL DO CRIADOR 
Na criação se manifesta em tôda parte o 
princípio: O que Deus pode conseguir por inter­
médio de outros, não o executa pessoalmente; 
serve-se dos seres já existentes para a consecu­
çüo dos seus fins. O universo é uma obra de 
arte indescritivelmente sábia, em que as ener­
gias e faculdades que no princípio foram deita­
das nêlc, renovando-se e propagando-se conti­
nuam a atuar sem que o Criador alguma vez 
deva intervir. 
No universo o homem ocupa uma posição 
singular, porque só êle é dotado de liberdade. 
Todos os demais seres obedecem fatalmente às 
leis naturais, de modo que nêles as intenções 
divinas se realizam necessariamente. O ho­
mem, pelo contrário, tem o poder de se decidir 
por si a obedecer, ou não, àquelas leis. 
Entretanto, não obstante a liberdade huma­
na, Deus sabe conseguir o seu fim. As tendên­
cias e impulsos a que o homem está sujeito, 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
12 TU E ELA 
atuam sôbre êle tão energicamente, que a huma­
nidade tomada em conjunto de fato não é capaz 
de resistir ao movimento inicial, - o movimen­
to Divino -. E o homem paga caríssimo o abu­
so que faz da sua liberdade; as leis naturais 
não se violam jamais com impunidade. 
O mais antigo de todos os livros de história 
nos relata que Deus criou um homem e uma 
mulher dos quais se havia de originar a huma­
nidade inteira. A natureza humana viu-sepapel diferente dos dois sexos na 
entrega. Os movimentos da tendência natural 
provocam no jovem uma excitação orgânica, 
que com tôda a insistência reclama satisfação. 
Na moça, pelo contrário, no dizer de uma das 
primeiras notabilidades em questões sexuais, os 
sentimentos amorosos produzem "um estado de 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
XA1IÔHO 55 
excitação, que quebra qualquer resistência da 
vontade e da razão. Ela se rende ao jovem, 
sucumbe aos seus abraços, segue-o sem relu­
tâncias e em tal estado é capaz de tôdas as 
loucuras". Assim vai prosseguindo a evoluçã;:> 
da tendência sexual. Ge:r:ilmente, já não é pos­
sível retê-la ainda nesta altura e repeli-la. Com 
uma finalidade tenaz e necessária, o mais po­
deroso de todos os instintos e o mais astuto pro­
cura impor os seus desejos e não deixa descan­
sar o homem, enquanto o não tenha alcançado. 
Concedemos que muitos, ao começarem com 
tal namôro, não visavam absolutamente êste 
fim; indignados protestariam contra qualquer 
acusação neste sentido. Diriam que aquilo está 
excluído. Nunca fariam coisa tal. Não pomos 
em dúvida a sinceridade da sua afirmação. Tam­
bém pode acontecer, que muitos não vão a êste 
f,xtremo, porque percebem as tempestades na 
sua alma, pondo em tempo têrmo a estas rela­
ções. Não raro tôda sua vida interior por mui­
to tempo ainda se ressente com as consequên­
cias da separação. Nut:r;:ir�m em si uma incli­
nação, que se apoderara inteiramente dêles e à 
qual falta agora o têrmo natural, a saber, a 
união no matrimônio. 
As vêzes também pode levar muito tempo 
até chegar ao extremo. Mas é o terrível trágico 
de uma inclinação de corações que é nutrida só 
por amor dos prazeres que proporciona: fal­
tando-lhe a legítima meta, falta-lhe a seriedade 
moral, único fator capaz de contê-la nos justos 
!imites. Se alguém não tem fôrça de resist;:..·
aos chamamentos do instinto quando vem com
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
5G TU E ELA 
solicitações fracas, tão pouco será constante, se 
êste acenar com o mais alto, que pode dar. Fal­
tando já a energia de renunciar a comodidades 
menores, tão pouco renunciará a êste último. 
A experiência, sobremodo triste, ensina ser 
�sto o desfêcho necessário de uma evolução na­
tural. Começar esta sempre de novo, e parar
sempre a meio caminho, não há quem o possa
fazer por muito tempo.
Mas, pergunta-se, se além de tudo, será
possível uma amizade entre pessoas de dife­
rente sexo. Para responder à pergunta é pre­
ciso indicar primeiramente o que se entende 
por amizade. E' claro que as relações amigá­
veis, que naturalmente se originam entre famí­
has, que se conhecem, podem estender-se tam­
bém aos jovens. Triste sinal seria, se um moço 
::1estas ocasiões, que necessariamente se apresen­
tam, não conseguisse ser amável, atencioso e na­
tural no trato com as moças, sem resultar daí 
qualquer aproximação íntima. Pormenores sô­
bre êste ponto encontram-se no capítulo "Cava­
lheirismo" (pág. 90). 
Uma íntima amizade, porém, tal como pode 
existir entre dois rapazes ou duas moças, é 
irrealizável entre um moço e uma moça. 
Mesmo entre pessoas maduras e ponderadas 
seria ela possível, em alguns casos, sàmente em 
condições inteiramente especiais a saber, quan­
do, no dizer de Albano Stolz "a alma conqui:::­
tou uma forte mentalidade, e a tendência sexual
tem alhures um perfeito derivativo ou é domi­
nada por uma virtude conquistada em longa luta 
E experimentada em muitos casos. Mas do en-
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
NAMÔRO 57 
ganarem-se a si mesmos, crendo ser amizade 
quando seguiam o impulso da alma e o lado es­
piritual da tendência sexual, que os impeHa 
sempre para mais longe, muitos escândalos se 
originaram. 
Jovens, porém, que ainda não têm experiên­
cia da vida e que por isso ainda ignoram o sen­
tido mais profundo de muitas coisas, que inti­
mamente os comovem, que além do mais se 
acham numa idade, em que esta tendência pode­
rosíssima por tôdas as vias secretas lhes pro­
cura conquistar o coração, não são capazes de 
nutrir uma amizade que necessariamente se ba­
seia no mútuo respeito e afeição, sem que se 
apresente o amor sexual e se apodere dos seus 
pensamentos ínti:rp.os. E' particularmente difí­
cil para a moça perceber a diferença entre uma 
amizade e a inclinação da alma, estando a ten­
dência natural ordinariamente calada nela, ao 
passo que seus movimentos fazem advertência 
ao moço que uma inclinação sexual se apoderou 
dêle. 
O que deixámos dito é confirmado pelas 
confissões de jovens, que pretendiam ser seus 
amigos, mas finalmente chegaram a compreen­
der, que já não era mera amizade, o que os 
ligaya. Um bacharelando que desejava fazer-se 
sacerdote, travou conhecimentos com uma mo­
ça, pela qual se afeiçoou. Ela sabia da sua vo­
cação. Era uma amizade pura e nobre, que ha� 
via de existir entre êles. Em virtude disso não 
se permitiam carícias e beijos. Terminados os 
exames, viram-se por alguns meses separados, 
e voltando êle, declarou-lhe que continuava fir­
me em seu propósito de tornar-se sacerdote. Ela 
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á8 'fU E ELA 
respondeu= "Isto propriamente me devia causar 
alegria; mas compreendes, que me custa". :Ele 
confessou a um amigo: "Não devia ter feito 
isto, pois não sei, se ela mais tarde será capaz 
de amar a outro homem tão intensamente como 
a mim". 
Análogo é o caso de um outro moço. Senti­
ram sim o despertar da tendência sexual, mas 
tomaram logo a resolução de lutar, para não se­
rem mais que amigos. Quando, algum tempo 
depois, ao rapaz fizeram uma pergunta como 
imaginava o futuro, respondeu: "Eu, creio, sou 
capaz de fazer o sacrifício; se ela o será, não 
sei". "E que farás, se ela declarar que não o 
pode, que não pode viver sem ti? Que se tor­
naria infeliz? Que faria uma loucura?". 
:Estes e outros exemplos mostram que em 
tais casos a afeição já não é de caráter amistoso 
se casar. Decorridos depois disso mais algm">cs 
anos, surgindo êste desejo reconheciam que pelo 
seu procedimento perderam o acesso à mater­
nidade, almejada agora com tôdas as veras do 
coração e que lhes escapou a felicidade da sua 
vida. Muita menina, na confissão dos próprios 
moços, foi-lhes anjo da guarda; mas foi-o � 
custa de felicidade da sua própria vida. Con­
tinua a ser-lhe um pêso pela vida além. Em 
outros casos, êsse desnatural deslocamento da.;; 
relações com uma pessoa do outro sexo, produ­
zia a consequência, que as pessoas em questão 
;lá não conheciam mais tarde, no matrimônio, a 
:;ua verdadeira posição para com a mulher ou 
o marido, tornando-se o [matrimônio infellz.
Prescindindo as relações entre pais e filhos, ::i.s
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
N.\l\lÔRO 5!J 
relações entre pessoas de diverso sexo só cor­
respondem à natureza, quando existem entre 
marido e mulher, no matrimônio. Exprimiu-o 
acertadamente Coloma no seu romance "Boy"; 
"de direito só duas mulheres têm .lugar na vida 
de um homem: a mãe e a mãe de seus filhos. O 
que exceder êste duplo amor pµro e santo, é 
perigosa aberração ou pecaminoso desvio". Não 
é possível deixar de lado esta ordem intencio­
nada por Deus sem que se apresentem as peri­
gosas consequências. 
Nos anos de desenvolvimento, é aliás duvj­
cioso que as relações fraternas sejam realizáveis. 
Um artigo do padre Lins "Amizade", ilustra ins­
trutivamente esta questão. Um menino e uma 
menina perguntaram-lhe por carta, se podiam 
ser amigos. Citam-se as cartas de ambos. Após 
lúnga reflexão, resolveram fazer uma experiên­
cia sôbre a possibilidade de uma real amizade 
entre os dois. As condições eram as mais favo­
!'áveis. O moço declarou que em virtude do 
trato com ela se tornara outro homem. Os pais 
da menina consentiram com a condição de lhes 
ser comunicada sempre a hora, em que ela se 
encontrava com êle. Dêste modo escrevia êle 
muito ponderadamente, guardando exatamente 
,,s limites. A meta era: Guindarem-se mutua­
mente às alturas da luz e da pureza. Após al­
gum tempo,ambos estavam acordes em declarar 
que se tinham iludido. - Portanto, não obstan­
te as condições mais favoráveis, não obstante o 
seu cura poder supor com certeza que ambos, 
que conhecia desde ·meninos, estavam animados 
das intenções mais sinceras e lhe seguiam os. 
conselhos, não obstante aspirarem a uma ami.-
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
60 TU E ELA 
zade pura e nobre, não se encontrando sem os 
pais o saberem, não ficaram dentro dos limites 
da afeição puramente amigável. E' que neces­
sariamente se apresenta a inclinação sexual 
ateando fogos internos, que os jovens não con­
seguem dominar. 
Muitos jovens se enganam com o tomarem 
o propósito de terminar imediatamente, logo
que as coisas se afigurarem perigosas. E' que
se esquecem que, pelo menos no início, as faltas
quase nunca são consequência de calma refle­
xão, mas fruto dos momentos não vigiados, mo­
mentos em que caíram vítimas da paixão. ".Já
não sabiam o que estavam fa.zendo". "Não
compreendo, como cheguei a fazer isto", é o que
dizem, quando já é tarde. Além disso a afei­
ção sabe enlaçar o coração, de tal modo que mui­
tos já não têm a fôrça de se desvencilhar quan­
do percebem que entraram no período perigoso.
São verdades que só se conhecem pela experiên­
cia. Quem não quer acreditar nos que tiveram
ocasião suficiente de conhecer êste lado da vid=i
real, e talvez verificaram muita coisa desola­
dora, virá mais tarde a confirmar pela sua pró­
pria experiência que êles tiveram razão.
Confrange o coração o queixume de "Gret­
chen" no "Fausto": Mas tudo que a isto o im­
peliu, ó Deus! era tão bom, era tão doce! 
Ela também, cedendo à sua inclinação, não 
pensava mal. Parecia-lhe tudo tão ·bom e tão 
amável que não resistia a solicitações e assim 
viera a cair. 
As consequências tristes, mesmo de um úni­
co passo errado não se podem avaliar. Para 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
NAMÔRO 61 
sempre desapareceu a intangibilidade do corpo; 
foi profanado. Irremediavelmente perdida está 
a inocência. O sentimento altivo da não ter dado 
um passo falso, o doce pensamento de estar sem 
culpa estão destruídos. Como outrora Adão e 
Eva estavam diante das portas fechadas do pa­
raíso, volvendo olhares saudosos para o perdido 
jardim das delícias, assim os pobres estão dian­
te do paraíso da perdida inocência do coraçãc, 
moço, de modo que correspondentemente 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
NAMÔRO 65 
alguma inclinação se apodera e revoluciona mais 
veemente o mais profundamente o seu in­
terior. Achando-se além disso ainda em pleno 
desenvolvimento o seu espírito e sua vida afe .. 
tiva, estas tempestades interiores atuam ruino­
samente sôbre êles influenciando-a desfavora­
velmente. Leviana, desperdiça os tesouros do 
seu coração largando mão do que tem de melhor, 
Perde-se a delicadeza, êste horror infinitamen­
te fino a tudo que não é conveniente. Pois ela 
está agindo· contra a voz da conciência, contra 
a vontade dos pais e os avisos de Igreja. Con­
siderações mais altas emudecem. Antes rlo 
mais, escuta as sugestões da sua afeição. Um 
mundo de pensamentos sensuais, inteiramente 
novo, entra no seu íntimo, expulsando todos os 
interêsses superiores. Pois não é seu verda­
deiro eu que vai atrás dêstes namoros, mas é 
apenas o apetite sexual, que se apoderou das 
rédeas obrigando-a agora a lhe satisfazer os de­
sejos. Muita moça que gozou uma vez o lado 
agradável do namôro perde com isso a base mo­
ral. Já não pode prescindir dêle, e desta manei­
ra um namôro segue a outro, acentuando-se 
cada vez mais desoladora a aberração moral. 
Pelo pecado enfim sofre estrago o âmago 
do seu ser. O moço mais facilmente pode neu­
tralizar as consequências funestas da culpa me­
diante o seu ulterior proceder e querer, pelo 
menos em part.e, visto tratar-se nêle sobretudo 
de uma aberração da tendência natural. Nas 
moças, porém, trata-se de uma aberração das 
inclinações psíquicas produzindo as mais gra­
ves feridas no íntimo do seu ser. Por isso um 
namôro entre menores é sempre uma tragédia: 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
GG TU E ELA 
A moça adoeceu para tôda vida e frequentemen­
te se arruinou completamente; o homem dou­
deja de flor a flor como uma borboleta. 
Tal é afinal o fim da pobre criatura. Não 
ganhou nada. Gozou apenas futilidades. Mas 
em troca disso perdeu o que possuía de mais 
precioso. Depravaram-se os afetos e devastou­
se o coração. Desapareceu a tranquilidade. O 
senso de coisas mais altas sumiu-se. Enfraque­
ceu-se a vontade ao passo que as tendências in­
feriores se avolumaram e surgiram tendências 
perigosas. Os sentimentos religiosos embota­
ram-se. A seriedade moral, o sentimento da 
responsabilidade evadiram-se do seu coração. 
A isso se acrescenta que os danos só dificilmen­
te, ou só em parte, e frequentemente nunca, po­
dem ser reparados! E essas moças estão desti­
nadas a serem mães mais tarde! 
Uma boa mãe é de máxima importânci!":l.. 
O grande bispo de Mogúncia, Ketteler, disse 
num sermão: "O maior benefício que Deus pode 
conceder a um homem na ordem natural é indu­
bitavelmente o presente de uma mãe verdadei­
ramente cristã... Imensamente feliz é a crian­
ça que teve uma mãe verdadeiramente cristã, 
embora cresça em farrapos e em farrapos vá 
para o sepulcro. Tão pestilencial como a pre­
sença de uma mãe não cristã, embora tenha o 
nome de cristã, tão salutarmente atua na crian­
ça o gêrme que uma mãe piedosa deitara na 
alma da criança. Quando a mãe desde muita 
descansa no sepulcro, o filho porém agitado pe­
las tormentas da vida é jogado para todos os la­
dos e não está longe de perder a fé e a moral e 
de cair vítima da condenação eterna, ainda a fi .. 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
NlHIÔI\O 67 
gura piedosa e nobre da sua mãe cristã lhe apa-
1ecerá e com fôrça milagrosa o reconduzirá ao 
caminho da fé e da virtude. 
Quantos louvores da nobre mãe não disse­
ram e escreveram oradores e poetas! A pala­
vra "mãe" tem para nós uma sonoridade tôda 
particular. Encontra-se nela um mar de bran­
dura, de indulgência, paciência, sacrifício, abne­
gação, de confiante e íntimo amor. A '6oa mãe 
é tudo para a criança. Em tôdas as angústias 
procura a· mãe. Todos os males ela confia à 
mãe; em tôdas as dúvidas consulta a mãe; tô­
das as faltas confessa-as à mãe. Tocou-nos ao 
coração, quando líamos que nos campos da ba­
talha jovens guerreiros feridos, em suas hor­
rendas dores gritavam pela mãe: "Mãe! Mãe!" 
Reza o povo que há algo de triste no ser de um 
homem que não conheceu a mãe. Uma infân­
cia sem verdadeiro amor de mãe é uma primu­
vera sem sol. 
Atendendo a tudo isso, não será horripilan­
te crime prejudicar aquelas que talvez algm:1 
dia serão mães, exatamente naquilo que unica­
mente as poderá tornar boas mães, roubando­
Jhes a seriedade da vida e o temor de Deus, a 
deUcadeza e os sentimentos nobres, a ponto de 
não poderem vir a ser boas mães para os seus 
filhos ou pelo menos mães assaz boas? Será ir 
longe demais chamar ladrões e salteadores 
àqueles que, por amor ao próprio gôzo, invadem 
o santuário de um coração, ou o exploram e em
seguida prosseguem o caminho sem preocupar­
se mais da miséria que causaram? São ainda
piores que ladrões, pois bens terrestres podem
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
68 TU E ELA 
ser restituídos e recuperados. Os bens que Be 
roubaram à moça pela convivência leviana, nin­
guém lhos devolve. 
Mas nem tôdas as moças chegam ao casa­
mento. Triste lhes será mais tarde a recorda­
ção, que em sua mocidade, aparentando amor, 
um moço jogou levianamente com seu coração, 
e talvez as defraudou da sua inocência e hon­
ra. Oh! se ainda as lágrimas e as lamentações: 
"Não o tivesse feito ... " pudessem reparar o 
mal! Outras são chamadas para coisas mais 
altas. A estas o Senhor algum dia quererá 
dizer: "Escuta, ó filha, e vê e inclina o teu 
ouvido, esquece-te de teu povo e da casa de 
teu pai. Pois o rei cobiça a tua beleza, aquêle 
que é teu Senhor e teu Deus". Ps. 44-11 e seg. 
Estão destinadas a enfileirar-se nos coros da­
quelas que escolhem o Salvador como espôso 
de seu coração e lhe consagram tôda sua vida 
afetiva. Que juízo fará o filho de Deus, quan­
do alguém desvia para o namôro uma virgem 
que êle escolheu para sua espôsa? ou até a pro­
fana? e lha rouba? Não deverá receiar com 
bom fundamento, que êste crime atrairá sôbre 
tôda sua vida horrenda maldição? 
Inclino-me a crer que os moços que só um 
pouco meditarem nos danos que causam à moça, 
que seduzem para um namôro, não serão capa­
zes de se haver tão vil.mente para com ela ... 
E que com corações de moças e sua felicidade 
vital não se joga e brinca por divertimento! 
O amor a sua própria querida mãe deveria im­
pedir todo moço de fazer alguma coisa, que pos­
sa fazer duma moça uma mãe inferior ou má. 
Injustificável culpa é ser causa por leviandade 
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NAMÔRO ft(I 
ou sensualidade, que outros não vêm a receber 
uma mãe nobre, boa e pura. Crime ainda mais 
horrendo seria, se alguém fizesse um mal a uma 
virgem destinada a ser mais tarde uma espôsa 
de Cristo. 
A juventude é tempo de preparação, a 
primavera da vida, a época da floração. Que­
rendo recolher frutos no outono, não irás que­
brar em Maio os galhos floridos para com êles 
tecer-te coroas. 
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RELAÇõESCOMPROMETEDORAS 
Vimos que o namôro, caso não seja desfeito 
a tempo, conduz quase necessariamente ao pe­
cado grave. Os que continuarem a namorar, 
hão de encontrar-se com o terceiro descaminho: 
as tais relações. Entendo com êste têrmo a con­
vivência imoral, que em geral não visa o casa­
mento. Ninguém porém conclua daí, que cada 
uma das relações suponha um namôro anterior. 
Acontece que certos rapazes sem nenhuma con­
vivência, nos anos de evolução, sem demora 
entabolam relações imorais, com moças, sendo 
que uns se deixam seduzir pela volúpia ou des­
nortear pelo mau exemplo, conversações, leitu­
ras, cinemas, etc. enquanto outros constrangidos 
financeiramente a adiar bastante o dia do casa­
mento, procuram destarte satisfazer a vontade 
da carne, já porque lhes custa demais reagir, 
já porque não querem dispensar o gôzo sensual. 
E êstes ainda justificam êste procedimento com 
a observação: "O ímpeto é invencível, e abster­se seria anti-higiênico". Tal arguménto porém 
é insustentável em face das asserções de médi­
cos e cientistas, que atrás mencionámos. 
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RELAÇÕES CO)IPl\0:METEDORAS 71 
Não posso negar, no entanto, que uma vida 
pura, no meio dos enormes perigos atuais, num 
ambiente intoxicado de provocações sexuais, e 
sujeita a uma disposição nervosa ou nevrose 
congênita ou adquirida, será po�sível àqueles 
que querem ser castos incondicionalmente e por 
princípio, aplicando no mesmo tempo decidida­
mente os meios tanto naturais como sobrenatu­
rais. Aí voga o dito: "Quem quer, acha cami­
nho". Sill)., a experiência, de encontro a mil 
pretestos teóricos, ensina: "E' possível, contan­
to que o jovem queira realmente se esforçar''. 
Logicamente, a tais "relações" são ineren­
tes em grau mais acentuado os danos que se 
dão nos namoros. Por isso chamamos atenção 
apenas para aquêles que mais se salientam. 
Tôda vez que um jovem mantém propria­
mente relações, êle separa por completo a vida 
sexual do seu fim primário e de qualquer con­
sideração mais elevada. Êle a procura exclusi­
vamente pelo que é animal, a ponto de dominar­
lhe a vida dos apetites. Não é mais o espírito 
ou a alma quem nêle governa a parte corpora1, 
mas as tendências cegas regem de ora em dian­
te QS seus atos. Contrariando a voz da conciên­
cia, os protestos da razão, êle prefere agradar à
voz da paixão. Ou por outra, êle se tornou es­
cravo do seu próprio corpo. 
Bem o acertou Nietzsche dizendo: "Não és 
livre enquanto cães latirem em ti". As tendên­
cias do corpo se deixam comparar com cães ir­
racionais, que, alheios a qualquer outra consi.­
cieração, só visam satisfazer aos seus apetites 
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72 TU E ELA 
ganindo e uivando até serem cumpridos os seus 
desejos. 
Não há então motivos de lógica nem de con­
veniência, que os abstenha de seus apetites. 
Que lastimável espetáculo! O jovem em vez de 
subjugar êsses clamores ferocíssimos da carne, 
em vez de lhes negar as instâncias injustificá­
veis contra o domínio da razão, abaixa-se ao 
papel de vil escravo, a custa do seu eu superior-, 
de sua alma, para servir torpemente as impo­
sições da matéria. 
�le se deixou enganar e defraudar. A pai­
xão o tinha iludido, prometendo verdadeira f e­
Jicidade e satisfação a todos os seus desejos. 
Ela porém só é capaz de satisfazer a parte ma­
terial do homem, o corpo mas não a alma e o 
coração. Apenas evaporou a embriaguez sen­
sual, já sobrevém ao pobre homem, mui natu­
ralmente um mal-estar da alma. Em vez âe fe­
licidade é o mau humor, a depressão, o vácuo, 
que se apoderou do seu interior. Desenganados 
assim e enfadados com o próprio procedimento 
muitos se têm animado a sacudir o jugo da vida 
apetitiva afim de poderem governar-se livre­
mente. Outros tantos não acharam a necessá­
ria fôrça para tal passo, desprezando aquêle es­
tádio de tédio da alma. Entretanto procuram 
despreocupar-se do crescente vácuo na alma por 
intermédio de distrações e diversões, deixando 
fascinar-se sempre de novo pelas ilusões da pai­
xão, na esperança que novos e mais frequentes 
gozos lhes tragam aquela felicidade que a pai­
xão fantasiara. 
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RELAÇÕES CO.MPROMETED0HAS 73 
A · energia para reagir a estas más tendên­
cias vai sempre decrescendo; a compreensão de 
assuntos espirituais mais elevados diminui a 
olhos vistos; o gôzo carnal se lhes afigura em 
breve a coisa mais justa do mundo. 
As consequências devastadoras quer para o 
coração e para o caráter, quer para a mentali­
dade nem se deixam descrever, uma vez que a 
vida interior nestes anos se encontra em pleno 
desenvolvimento. E' nessa época justamente 
que, para qualquer homem, a influência daquê­
Jes com quem tem trato, é de magna importân­
cia. Imperceptivelmente êle adota as suas opi­
niões, e deixa-se dominar pelos seus desejos e 
pareceres. Tôdas as idéias dos outros chegam­
lhe a penetrar no interior e ficam-lhe gravadas 
na fantasia e na memória. Dadas as relações, 
ambas as partes se abaixam a um conceito ordi­
nário dos têrmos homem e mulher. Falta-lhes 
exatamente aquêle poder que eleva e enobrece, 
o respeito mútuo, o amor puro, como Deus o
quer. Nêles governa sàmente a paixão, o lado
animal da tendência sexual; perdendo-se assim
o senso moral com o calcar aos pés o pudor e
a delicadeza naquilo que convém. Ademais, são
quase sempre mulheres refugas da sociedade,
àevassas que se prestam para tal comércio, que
por más intenções e fementidas carícias empes­
tam todo pensar e sentir do homem jovem. Ah!
que somas dariam mais tarde certos jovens se
pudessem apagar a lembrança do acontecido!
Devido a êste comércio pecaminoso desapa­
rece também o respeito que o jovem deve à 
mulher. �le a trata não mais como espôsa, com­
panheira de vida, mãe, mas simplesmente como 
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74 TU E ELA 
objeto de volúpia. Incapaz de olhar para um:1 
senhora ou donzela com um olhar puro, ingê­
nuo e franco, êle ou se deixa mover por fanta­
sias baixas, ou se envergonha e se confunde pe­
rante a grandeza moral e perante a pureza de 
uma nobre representante do sexo feminino, em 
cuja presença êle se não sente seguro. 
Além disso o jovem se incapacita parn 
nquêle amor único, profundo, verdadeiro, que 
mais tarde poaeria constituir a felicidade do 
seu lar. Pois já agora despende aquêles senti­
mentos tradutores do amor, e nas relações com 
a espôsa, se metem de permeio, incomodadoras 
e vituperosas, as recordações da sua má condu­
ta. Verdadeira, plena felicidade do lar só ex­
perimenta quem dela pode gozar com vigor in­
quebrantável. Atenta pois contra a própria fe­
licidade o jovem que, com tais relações, des­
perdiça os primeiros sentimentos de ternura 
com uma criatura indigna, sobrando-lhe apenas 
mais tarde, se sobrar, uns laivos de amor puro 
para sua noiva e espôsa. 
Outra causa que perturba, turva e não raro 
destrói a felicidade do lar futuro, consiste em 
o marido dificilmente se esquecer do alvo dos
seus amores de outrora. E' tocante a palavra
de Goethe:
Nunca mais alegria terei; 
Graças, beijos, adeus! 
Felicidade jamais te verei 
Mas sempre um dia gozei 
Gozos ene:rntaclor('s. 
Porque é r1uc 11ão poilP1·ei 
Esquecer o que prornca mil dores! 
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IlELAÇÜES CO�lPílOMETEDOI\AS 7ã 
Não é próprio de todo amor não se esque­
cer daquele, a quem se entregou uma vez? O 
amor oferE"ce de certo modo seu coração ao 
amado e não conseguirá rehavê-lo integralmen­
te. A felicidade do lar, plena e sólida, supõe 
como fundamento o princípio: "O amor se en­
trega inteiro e indiviso a uma só pessoa. O 
amor é ciumento e pede que o amado lhe per­
tença exclusivamente a êle e a mais ninguém". 
Na vida matrimonial há também enganos, 
discrepância$ de opinião, desinteligências; por­
que ninguém enfim está isento de defeitos e 
imperfeições. Indignação, desgostos, mau hu­
mor, facilmente desfazem a harmonia. A paz 
entre casados não se pode conservar a não ser 
pela resolução incondicional de os esposos se 
suportarem sujeitando-se a um comum acôrdo. 
Tôdas as vêzes que uma ou ambas as partes 
mantiveram relações com terceiros as conse­
ouências serão fatais. Facilmente se calcula: 
Tivesse casado com fulano ou sicrano tal não 
aconteceria. Piora o caso, quando êle ou ela 
procura queixar-se a um amigo ou a uma amig:'l.. 
Em vez de procurar a solução em casa, vão 
buscando c01;1.solação e compreensão junto ao 
amigo ou à amiga resultando naturalmente o 
rompimento do casal ou o adultério. Uma �o­
vem de família distinta largou o marido poucas 
semanas depois do casamento por uma questão 
sem importância e foi em busca de tal amigo. 
Um homem do povo disse um dia: "A pistola 
está preparada e a bala se destina. . . a minha 
mulher, logo que ela procurar mais uma vez 
aquêle homem". Horrendas tragédias de fa. 
mílias se originam de antigas relações ... 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br76 TU E ELA 
E' inerente à natureza de tais amizades, 
que as pessoas jovens procurem evitar as con­
sequências naturais do gôzo. Contudo, perdu­
ram nelas receios que um belo dia se possam 
manifestar tais sinais. Não queremos aqui 2or­
menorizar o procedimento vergonhoso e i:ndP.­
cente, resultante de tal cautela. Mas nem por 
isso êsses tais estão garantidos de que, em mo­
mento menos esperado, não se dê a consequên­
cia funesta. Que tormentos indizíveis e que 
angústia cruel não oprimem a alma da desgra­
çada que caíu! Digam os médicos como lhes 
chegam tais criaturas com a palavra ansiosa, 
desesperadora: "Sr. Dr. teria eu chegado a êste 
ponto?" E quando o médico mostra que há re­
ceio fundado, começa o lamento de desespêrn; 
"Sr. Dr. tenha pena de mim; pois não posso 
mais apresentar-me assim em casa; meu pai me 
botará na rua! Minha mãe cegará de chorar! 
Ajude-me!" Realmente não consideram que tal 
pedido equivale a um assassínio, para o qual o 
médico consciencioso não deve cooperar. Mas 
então, que fazer? 
Há quem vá neste desespêro a um médico 
sem conciência ou a uma pessoa desacreditada. 
Sôbre a manipulação que nestes casos fazem, 
opina o Sr. Prof. Dr. Alf. "Labhardt, Diretor da 
clínica para Senhoras em Basiléia (Revista "Das 
kommende Geschlecht"): "Médico algum, nem 
o melhor de todos poderá garantir plenamente
que a mãe escape sem grave dano e que sobre­
viva à operação". O Prof. Sigwart de Berlim
(lbid. pág. 95): "Não são raros os casos que
verificámos grave dano para a saúde ou séria
ameaça para a vida da mãe por causa da opera-
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
IIEL,\ÇÕES COl\IPROl\lETEDORAS 77 
ção e por isso temos que intervir frequentes vê­
zes cirurgicamente. . . Só dos últimos meses 
conheço três casos em que a mãe sucumbiu às 
consequências de uma operação!" O Conse­
lheiro Prof. Dr. Bumm, de Berlim (Ibid. pág. 
96) diz: "Estou de pleno acôrdo com o parece:r
do Dr. Prof. Sigwart. Ainda nas últimas se­
manas tive quatro casos gravíssimos dos quais
até agora um foi fatal". Prof. Dr. Abderhal­
ten, Halle (Ibid. pág. 96) :1 "A operação signifi­
ca para o organismo inteiro uma catástrofe sé­
ria; cujos danos só em :condições especial­
mente favoráveis acho evitáveis, e estas não
dependem de nós". Quem afirmar que aí se
trata de uma manipulação insignificmite em
nosso tempo contradiz redondamente aos
fatos.
Cada uma destas operações encerra grandes 
perigos. Em Colônia morreram, em 1932, nove 
pessoas durante a operação e dezesseis imedia­
tamente depois. 
A Igreja classifica esta operação entre os as­
sassínios e decreta excomungados a todos aquê­
les que colaborarem na sua realização, pelo qu� 
qualquer tentativa, qualquer aprovação, qual­
quer colaboração ou conselho é considerado pe­
cado grave, pouco importando se o crime tenha 
êxito ou não. As leis civis entregaram o crimi­
noso à casa de correção. Ora, quem formará 
uma idéia cabal das angústias dissimuladas e 
padecimento moral desta gente no momento da 
tentativa? Suponhâmo-la bem sucedida, nesse 
caso lhe pesará na consciência por tôda vida, a 
lembrança do assassínio da própria prole. 
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78 TU E ELA 
M�s se sair-se mal? Que censura o jovem 
deverá fazer a si mesmo? Se a pobre moça 
provavelmente não achou mais tempo nem opor­
tunidade para purificar a sua conciência, e se, 
sem preparo algum foi para a eternidade, ou, 
se um dia ralada de angústia e desespêro sui­
cidou-se achando-se o cadáver dela boiando na 
água! E' quando então, com �ste corpo frio e 
profanado, enterra-se para sempre a tranquili­
dade de quem foi o seu sedutor. Correi, jovem 
tresloucado, vagueai pelo mundo inteiro, nunca 
mais a haveis de achar ... 
Nascido o filho, êle vem a ser nova fonte 
de amargosíssimas acusações para o pai. Pode­
rá haver coisa mais penosa do que dever dizer­
se a si mesmo: "Esta criança é o fruto da mi­
nha paixão desregrada, o perene monumento 
da minha imoralidade". E não será igualmen­
te doloroso para o filho crescer e chegar a saber 
o que quer dizer: "Não ter pai". No ano de
1910, um médico achou no quarto de um jovem,
que tinha dado um tiro na cabeça, a seguinte
carta: "A minha mãe! Acabou-se, eis o desfê­
cho! falta apenas o acorde final. Sem rancor
deixo o mundo; a uma só pessoa maldigo: ao
meu progenitor". Era filho ilegítimo. Quase
tão comoventes são as palavras de um jovem de
uns dezenove anos de idade: "Meu pai não sei
quem é. Minha mãe ainda vive, mas não a co­
nheço. Ainda não a vi. Mas uma vez de maior
idade hei de descobrir quem é e achá-la-ei".
"Enquanto outros colegas passeiam aos do­
mingos, eu tantas vêzes me deito sôbre a cama 
e choro, porque não tenho ninguém, porque sou 
sozinho no mundo". 
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RELAÇÕES COMPROMETEDORAS 79 
E a mãe? Não raramente ela uma vez pos­
ta na rua acaba na miséria e no vício. E mes­
mo que não chegue a êste ponto, ao menos não 
se há de levantar jamais para ela o sol da fe:­
licidade e da alegria da boa consciência e da 
honradez. E tudo isso somente porque o rapaz 
não aprendeu a refrear as suas paixões, porque 
não conseguiu resistir à fôrça da tendência se­
xual. Pode alguem responsabilizar-se disso pe­
rante a consciência e o juiz eterno? 
Se nem sem_pre as coisas chegam a efeitos 
perniciosíssimos, ninguém depende e, portan­
to, conte-se com tôdas as eventualidades. E' 
um jôgo de azar em que o acaso decide. Aí cada 
um tem que entrar com sua felicidade; sua vida, 
sua honra, sua tranquilidade de espírito, sua $.l­
ma, sua bem-aventurança eterna, e o único ga­
nho consiste em alguns prazeres sensuais cujo 
gôzo é amargurado pela consciência do pecado 
grave que, por sua vez, turvará ainda a futura 
inocente felicidade do lar. 
Vamos mencionar ainda outra circunstân­
cia que chega a destruir ou gravemente pertur­
bar a felicidade de tantos homens, ou então 
causar-lhes medonhos embaraços. Na Alema­
nha, o pai de uma criança ilegítima está obri­
gado por lei a pagar as despesas pela mesma até 
que ela atinja aos dezesseis anos. Há muitas 
moças sem consciência, que exploram esta obri­
gação quer extorquindo dinheiro, quer cons­
trangendo o moço a casar-se. Perante o tribu­
nal voga o testemunho da moça, caso o moço 
não prove que ela não merece crédito ou que 
êle é inocente. Basta até para ser pronunciado 
que êle reconheça ter estado com ela a sós. 
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80 TU E ELA 
Certo jovem foi seduzido por um amigo a 
procurar uma moça com quem êste já várias 
vêzes tinha tido relações pecaminosas. Aquêle 
não chegou a pecar. O amigo pouco depois ti­
nha que seguir na grande guerra, para a fron­
teira, e lá morreu. A moca deu a luz e de­
nunciou tal jovem. E vist.� ela ter negado ás 
suas relações com o amigo não deram mais 
crédito ao jovem que ficou pronunciado. Um 
outro jovem que por mera curiosidade tinha 
acompanhado uma copeira até o domicílio dela, 
sem porém travar relações íntimas, viu-se em 
situação análoga. Felizmente êle pôde provar 
que ela não merecia crédito. Um terceiro rece­
beu um belo dia uma carta: "Se não me enviar 
dentro de um mês cinco mil marcos, escreverei 
a tua mãe e a tua noiva que dei a luz a um 
filho teu". E êle pagou só para evitar tôda sé­
rie de dissabores. Por outras angústias certa­
mente passarão muitos jovens ao ver .a possi­
bilidade de se descobrir o seu passo falso. 
Atentemos, ainda que resumidamente, nas 
consequências prejudiciais que resultam para a 
moça em particular. 
Ela, antes de tudo, fica degradada a um 
joguete de paixão. A pena recusa-se a analisar 
o triste papel da pobrezinha perante o moço.
Ela é taxada não como ser racional, mas como
simples coisa da- qual êle se serve para a satis­
fação de seus desejos e suas baixas tendêr..­
cias. Que lhe importa a alma, o futuro, a feli­
cf.dade da moça. Não precisando mais e se
desgostando dela, sacode-a fora, como as crian­
ças fazem com as suas bonecas despedaçadas.
Não se importa mais com ela. Em grande pat ..
https://alexandriacatolica.blogspot.com.brttELAÇÔES CO!\IPP.O:\IETEDOP.AS 81 
te, é verdade, são as moças já seduzidas que s� 
oferecem para tais "relações". Mas esta cir­
cunstância não autoriza o rapaz a corrompê-la 
ainda mais, e a lançá-la na profundidade da mi­
séria e no lôdo do pecado. Muitas porém se 
corrigem, começando uma nova vida, quando al­
gum moço se lhes apresenta para por intermédio 
de seu bom procedimento, rehabilitá-las na esti­
ma de si mesmas. 
Muitas outras vêzes são moças sem expe­
riência, levianas, que, enganadas por diversas 
influências "querem gozar a vida". Nota-se 
bem a que para elas geralmente, antes é ques­
tão de cederem a uma inclinação do coração, isto 
é, de terem quem as adore; ao passo que o ra­
paz visa mais o gôzo da carne. Por isso é que, 
na moça, a "Psichê" fica muito mais excitada. 
Ela com todo ardor da alma abraça o moço ama­
do e a inclinação deita profundas raízes no com­
plexo do seu pensar e desejar. E imaginando 
que o rapaz segue o mesmíssimo modo de pen­
sar que ela, considera-o incapaz de uma infi­
delidade. Ela não acredita nem quer acreditar, 
que êle a deixará, e por isso lhe satisfaz a todos 
os desejos. Tanto pior é então o desengano no 
momento em que êle corta as relações; e gra­
ves são as consequências psíquicas para ela, e 
graves abalos psíquicos resultam daí. Mais de 
uma moça precisou de anos para sossegar-se do 
abandono que a surpreendeu. Outras deshar­
monizam-se com Deus por não conseguirem ex­
plicar-se como um rapaz católico pode assim 
proceder. Um jovem procurou indenizar a me­
ça pecwliariamente, p�rém ela retrucou: "não 
quero o dinheiro dêl�, quero a êle mesmo". 
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82 TU E ELA 
Os estragos que as relações pecaminosas 
fazem nos sentimentos da moça já os mencio­
námos anteriormente. O pior para a moça é o 
caso em que as relações têm consequências vi­
síveis. A ilustração verdadeiramente comoven­
te disso nos dá o "Fausto" de Goethe. A oração 
da Gretchen diante da imagem da "Mãe dolo­
rosa", sua consciência atormentada enquanto as­
sistia ao solene Requiem na catedral, em seguida 
a sua miséria no cárcere onde enlouqueceu, eis 
e remate das suas relações. Gretchen finda no 
e:adafalso, Faustq porém escapa impunemente. 
Assim mesmo ainda hoje vão se fazendo inúme­
ras "Relações". O desfêcho costuma ser: A 
moça acha-se na miséria e o sedutor se some. 
Tocante é a descrição que Federer dá no seu 
romance "Montes e homens" das acusações tar­
dias de um homem, que, em jovem, fez cair 
uma moça. Por acaso êle soube que com a falta 
de domínio de si mesmo, naquela infeliz noite, 
êle chegou a destruir por completo a felicidade 
àa moça. 
E que mêdo mesmo não causa o pensamen­
to, que enorme infelicidade e miséria se não 
origina, quando estas moças talvez mais tarde 
se casam e se tornam mães?! Não causa dôr 
ver os pobres filhinhos cujas mães têm um pas­
sado tão triste? Como irão ser educados? E 
ainda considerando que a vida materna interior 
grandemente influi na índole dos filhos, in fie­
ri, existe o receio justificado, que inclinações pe­
rigosas vennam constituir a herança horrorosa 
dêsses pobres sêres. 
Desgraça, portanto, maldição e corrupção, 
eis as consequências lógicas das relaçõ.es imo-
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RELAÇÕES COMPRO::\IETEDORAS 83 
rais; e note-se bem, para ambas as partes. E' 
uma auto-ilusão bem perigosa quando o jovem 
pensa que tais relações embora ilícitas são sem 
maiores consequências no que lhe toca. Fica 
gravemente prejudicado todo o seu "Eu". �k 
se abaixa a escravo da tendência sexual. 
Saudade angustiosa e enfado, invés da feli­
cidade almejada, tomam-lhe conta do coração, 
a vida dos seus sentimentos chega a uma certa 
rudeza, o senso moral fica destruído, o respeito 
perante a mulher desaparece; êle perde o vigor 
e a capacidade para aquêle amor único, pro­
fundo, sincero, em que a felicidade do seu fu­
turo lar se há de basear. As relações podem 
constituir mais tarde um sério obstáculo para 
a paz matrimonial. �le vive constantemente ce­
ceoso de que se possam dar as consequências 
naturais e estas então lhe causam os maiores 
tormentos da alma e os mais terríveis emba­
raços. E' baixeza degradar a moça a objeto, 
corrompê-la sem consideração alguma e lançá­
la numa infelicidade sem nome. 
As consequências não são nódoas no seu 
exterior, que se possam tirar como se tira um 
vestido sujo, oU: que se possam lavar como se 
lava o pó das ruas. Não, elas penetram no fun­
do da alma e seus vestígios jamais se apagam. 
Onerada fica sua conciência por uma terrível 
responsabilidade e pôsto mais tarde se possa 
arrepender das suas aberrações e repará-las, o 
certo é que esta reparação jamais é integral, e 
a indenização jamais completa. Não pode espe­
rar a bênção de Deus, senão como castigo me­
recido por suas loucuras. A recordação de ter 
em jovem agido sem conciência turva-lhe a lem-
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84 TU E ELA 
brança dos tempos da mocidade, asfixiando-lhe 
as nobres aspirações do coração. . . Repetidas 
vêzes, impertinentemente, ela se apresenta ao 
seu espírito para atormentá-lo. E, consideran­
do que nada ganhou além do gôzo momentâneo, 
lhe ficará de débito para sempre insolvável o 
prejuízo e a ruína que causou a si e à compa­
nheira de pecado. 
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PROSTITUIÇÃO 
Temos ainda de nos ocupar, embora resu­
midamente, com a mais deplorável aberração 
ào apetite sexual, a saber, a que procura saciar­
se na frequência imoral de pessoas decaídas. 
Se quisesse alegar tôdas as razões que proscre­
vem tal procedimento, repetiria o que já se 
acha suficientemente exposto. Lembremos ape­
nas como aí as tendências animais alcançam seu 
pleno domínio, a ponto de calcar aos pés qual­
quer sentimento de moralidade, pudor, honra, 
respeito ao corpo próprio e alheio. As mani­
festações da vida superior da alma estão sim­
plesmente paralisadas, governando exclusiva­
mente os apetites inferiores do organismo. E 
por êste contacto com a mentalidade baixa de 
tais entes perversos, tôda a alma do jovem se 
empesta, vindo a morrer sob o hálito do veneno 
os sentimentos mais nobres. Já o horror a uma 
recordação que não encerra senão tédio e nojo, 
deveria impedi-lo de tal passo. 
Entretanto, nesta matéria levantam voz se­
rena de admoestação também graves perigos 
ameaçando a saúde. Direi em poucas palavras 
o que a êste respeito pensam os médicos.
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86 TU E ELA 
Trata-se de doenças infecciosas, transmissí­
veis por qualquer contacto imoral, mesmo per 
um simples beijo. As causas das doenças são 
bactérias minúsculas que não são perceptíveis 
senão quando aumentadas centenas de vêzes. 
Dessa maneira a infecção se realiza sem que o 
sujeito o perceba ou possa perceber. Mesmo 
os primeiros sintomas da doença não se reco­
nhecem como tais, tachando-se de inocentes. -A. 
única possibilidade de uma cura real que se 
encaminharia por uma confissão confidencial a 
um médico consciencioso, frequentemente está 
eliminada de antemão ou porque a vergonha 
de declarar o passo falso impede o doente de 
consultar o médico, ou porque recua ante as 
despesas, ou porque toma erroneamente como 
sinal de verdadeira melhora a diminuição dos 
sintomas exteriores. O vírus, porém, está no 
organismo e pode aí expandir-se. 
Quando penetrado mais profundamente no 
crganismo, os efeitos podem ser horrorosos, e 
a cura será quase impossível, ou possível apenas 
mediante o tratamento escrupuloso de muitos 
anos. Essas consequências -horríveis, são, se­
gundo a espécie da doença, purulências internas 
com êxito fatal ou atacando os órgãos de tal 
forma que eliminam a possibilidade de o doen­
te se tornar pai; cegueira; ou então úlceras 
profundas destruindo frequentemente por com­
pleto os ossos e órgãos internos, e tumores 
cerebrais; até duas das mais horrendas doenças, 
a tuberculose da medula espinal e o amoleci­
mento do cérebro podem ter a sua origem em 
infecção pelasífilis. A moléstia mencionada 
por último paralisa aos poucos tôda a atividade 
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PHOSTITUIÇÃO 87 
rn.ental, a sensibilidade e os movimentos, condu­
zindo ao completo cretinismo e convertendo o 
homem no dizer de um médico "na mais mise­
rável ruína que se possa imaginar, até que por 
fim a morte venha apiedar-se dêsse corpo quase 
sem aspecto humano, que morto intelectual­
mente já desde muito não fazia senão vegetar 
inerte". 
Segundo afirmam os médicos não é raro 
julgar-se o doente restabelecido, casando-se. Em 
breve a jovem espôsa se vê contaminada, e de­
masiado frequentemente são infrutíferas as ten­
tativas de paralisar nela a formação de puru­
lência. A pobre mulher começa a definhar; 
dores contínuas e incômodos amarguram-lhe a 
vida, e filhos já não os pode ter. 
Ah! como é doloroso ve1· que moças até en­
tão na flor da vida, sadias, alegres, uma vez 
casadas adoecem, murcham e após alguns anos 
morrem - por que? Vítimas frequentemente 
de um único passo falso do marido na mocidade. 
Há cutros casos em que a prole começa a cegar, 
ou nasce carregada de úlceras; outrossim se 
dão casos em que a do_ença se manifesta só anos 
depois para encetar a sua obra destruidora. 
O Dr. Paul conta de um colega de classe, 
que �ma única vez, tendo-se embriagado num 
círculo estudantesco deu um passo falso. Certo 
de estar já restabelecido da doença contraída ca­
sou-se. Mas o mal tornou a aparecer; a jovem 
espôsa cheia de vigor e bom humor ficou conta­
giada, como também a criança, à qual naàa 
mais se tinha a esperar que uma morte prema­
tura. O marido mesmo morreu semanas depois 
com o cérebro atacado. 
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88 TU E EtA 
Não se conhecem meios profiláticos que im­
peçam infalivelmente o contágio efetuado pelo 
comércio com mulheres perdicl:as. A queda se 
dá geralmente em estado de embriaguez, e neste 
caso a paixão uma vez desenfreada, não conhP­
ce cautelas. Isso é comprovado pelo fato de 
que em países em que se faz grande consumo de 
álcool, conforme dizem os médicos, é também 
assustadoramente grande o número de doentes. 
Contra o contágio há só um meio: uma 
vida casta. Para o futuro cavalheiro não há 
coisa mais certa, do que evitar qualquer comér­
cio com mulheres perdidas. Quem seguir nisso 
meio têrmo infalivelmente há de cair. Quem
às solicitações da paixão não responder com um
enérgico ·'não", quem secretamente nutrir o de­
sejo de ter a oportunidade de saciar a paixão, 
um tal com muita probabilidade será vitimado 
pela primeira cilada e deve contar com a possi­
bilidade de dever pagar um curto gôzo sensual 
com a sua felicidade ·e a da sua família. 
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CAVALHEIRISMO 
E' vontade divina que a m,aioria dos hc­
mens entre no estado matrimonial. A vida da 
família será para êsses fonte de putas, simples 
e doces alegrias. Não é na vida pública, no 
prazer dos bailes, no cinema, ou nos cafés, não 
é nas excursões ou em desportos, ou em qual­
quer outro modo parecido de vida que se en­
contra a verdadeira felicidade; encontramo-la, 
mas é na tranquilidade do lar, quando êste se b::i.­
seia sôbre a verdadeira, sincera e nobre afeição 
dos esposos, dos pais e dos filhos. 
Uma condição indispensável para esta feli­
cidade é a conduta irrepreensível do marido 
Junto a sua espôsa. Deve êle considerá-la como 
companheira da sua vida, sua camarada fiei, 
a mãe dos seus filhos e tratá-la como tal. Êste 
ponto de vista não é espontâneo; é preciso for­
má-lo, conquistá-lo à natureza inferior e defen­
dê-lo contra muitos fatores host;is. E' tarefa 
do adolescente a.dquirir da futura espôsa essa 
alta e nobre idéia. Nos anos em que se realiza 
o seu desenvolvimento físico e moral, toma cor­
po também o conceito que faz da mulher. Êste
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90 TU E ELA 
conceito é o têrmo, e resultado das suas aspira­
ções e da sua vida. Donde uma felicidade ma­
trimonial sem perturbações, com todos os seus 
gozos profundos e íntimos, só caberá aos que 
na adolescência souberam conquistar um pro­
fundo respeito diante da dignidade da mulher, 
o verdadeiro cavalheirismo.
Seria singular se Deus, infinitamente sábio,
não tivesse tomado as necessárias providências 
para dar em resultado como que espontanea­
mente êste cavalheirismo, durante o desenvol­
vimento natural do menino e do moço. 
As relações mais íntimas em que o homem 
possa entrar, são as que o ligam à mãe. E' 
verdade, o menino ainda ignora o que realmen­
te deve à mãe. Mas ainda é dispensável. Toda­
via, por sábia disposição de Deus, a criança âe­
:rende antes do mais da mãe. Ela é tudo para 
a criança. Das mãos dela> esta recebe quase 
todos os benefícios; cresce ao seu colo. Sempre 
de novo tem ocasião de admirar êsse amor ma­
terno que sacrifica, cuida, ajuda e nunca falha. 
Donde resulta espontaneamente que entre as 
pessoas que inspiram mais ternura à criança a 
mãe ocupa o primeiro lugar. 
Êste amor cheio de respeito, de que se acha 
possuída a criança, intensifica-se poderosamen­
te quando o menino chega a tomar consciência 
do sentido da palavra "Mãe". Fortemente deve 
comover-lhe a alma quando diz de si para si: 
"Minha mãe é que me deu a vida. Na câmara 
5ilenciosa debaixo do seu coração pousei nove 
meses. Durante êsse tempo ela sempre per.­
sou em mim, rezou por mim, à minha espera. 
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CA Y.-\.Ll-IEIRIS)1O 91 
E com que cuidado devia velar por mim para 
me defender de todo perigo. Quantos sofri­
mentos e quantas privações a que ela se sub­
meteu por minha causa:. Enfüm, através de 
grandes dores dela cheguei a ver a luz do mun­
do. Ela arriscou a sua vida para me dar a mi­
nl_1a. Mas como ela era feliz quando pela pri­
meira vez me deu o seu abraço e o seu beijo. 
Depois, durante os primeiros meses alimentou­
me com o seu próprio leite, e ao mesmo tempo, 
sendo eu ainda tão pequE'Ilino e tão desampara­
do, prestou-me serviços que não queria confiar 
a ninguém. Quantos cuidados, quanta paciên­
cia e abnegação, quanto espírito de sacrifício e 
quantas noites de insônia custou a minha mãe 
até que eu crescesse lentamente e me pudesse 
ajudar a mim. E sempre foi caritativa e bon­
dosa para comigo. Sempre me olhou amorosa 
e afavelmente". 
Esta respeitosa veneração diante da mãe é 
fundamento dos sentimentos cavalheirescos com 
que o jovem contempla a mulher. O respeito 
à dignidade materna é sua base. O jovem não 
terá respeito à moça se não aprendeu a respei­
tar a mãe e a dignidade materna. 
As providências de Deus vão mais Iongt?. 
Em circunstâncias normais, o menino cresce em 
companhia das suas irmãs, o laço de íntimo amor 
os une. Supondo normalidade de sentimentos 
o irmão não vê nas irmãs sêres sexualmente di­
ferentes. A propensão sexual está para assim
dizer interrompida. E' na conduta junto à irmã
que o rapaz deverá exercitar primariamente o
seu cavalheirismo, julgando-se incumbido de
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92 TU E ELA 
proteger a irmã por ser mais fraca, de ajudá­
la, de servir-lhe de conselheiro, evitando tôda a 
maneira tirânica e procurando adquirir junto a 
ela modos afáveis. Irmãos que se entendem 
bem, sob muitos respeitos se prestam os mes­
mos serviços como mulher e marido, com a di­
ferença apenas de estar excluída: a simpatia 
sexual. Dessa maneira o moço se reveste in­
conciente do cavalheirismo, como que deve tra­
tar tôdas as moças. 
Além do mais é muito natural que encontre 
às vêzes na companhia da irmã as amigas dela. 
Que há de mais natural do que estimar e honrá­
las como a própria irmã? Se alguém se atre­
vesse a ofender a irmã, indignar-se-ia e nobre­
mente exaltado defenderia a honra dela. Como 
pois poderia em relação com a irmã de outrem 
fazer ou pensar alguma coisa que no procedi­
mento de um outro para com a irmã tão vee­
mentemente condenaria? Procurará portanto 
tratar tôdas as moças da maneira que deseja 
ver tratada a própria irmã. Com ligeira altera­
raçãode conhecido adágio, temos o princípio: 
"O que não queres que façam a ela, não o faças 
a elas". 
E' além disso de grande alcance que o ado­
lescente adquira uma nítida compreensão das 
grandes tarefas da espôsa e da mãe. O melhor 
paradigma êle o tem sempre diante de si, na pes­
soa da própria mãe. Todavia deverá aprenaer 
a passar pela vida com olhos perscrutadores e 
saber ver as qualidades íntimas do caráter fe­
minino, não se iludindo nem ofuscando com a 
beleza exterior. O seu juízo sôbre as mulheres 
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CAYALllEirllSl\10 !)3 
não deve ser o reflexo de discussões frívolas de 
companheiros depravados nem de sugestões tla 
paixão, mas moldado pelas informações de pes­
soas experimentadas. 
Para a ulterior conduta do jovem junto ao 
mundo feminino, é de decisiva importância o 
ponto de vista do qual considera o :matrimônio. 
Conhecendo já as disposições divinas relativas 
ao modo de se propagar o gênero humano, co­
meça a luta decisiva das opiniões mais divergen­
tes sôbre a mulher. Exatamente nessa altura é 
questão para êle formar uma concepção nobre, 
cristã, do matrimônio, e da dignidade paterna 
e materna. Desposando a concepção baixa do 
mundo e da paixão, há de ver na mulher ape­
nas um objeto de gôzo sensual. A luz da fé, po­
rém, o matrimônio é um santuário. De certa 
maneira faz participar o homem do poder crfa­
dor de Deus. Cristo o elevou à dignidade de 
sacramento. Vir a ser pai encerra indescritível 
gôzo, mas também grande responsabilidade. O 
ato conjugal, finalmente, só é digno do homem, 
quando é a expressão do nobre amor que Deus 
ideou e santificou pelo sacramento. 
São pensamentos de que um rapaz nobre 
se deve compenetrar. Conferir-lhe-ão respeito 
à dignidade materna, nobre reserva junto às 
moças e mães, verdadeiro cavalheirismo. 
Quem aspira à íntima e verdadeira nobreza·, 
'afastará portanto, cuidadosamente, da sua vida, 
tudo que possa contribuir para a preponderân­
de uma concepção menos digna: leituras super­
ficiais, camaradas levianos, exibições lascivas de 
cinemas, teatros, etc. Vigiará os seus pensa-
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\14 TU E ELA 
mentos e não lhe permitirá desviarem-se nos 
meandros de perversas fantasias-:-- Fará -esfôrço 
por pensar sempre nobremente da dignidade fe­
minina e ver e compreender a sublime missão 
de espôsa e mãe. 
E' evidente que durante esta época de ama­
durecimento é muito proveitoso para o adoles­
cente que nas esferas dos seus interêsses não 
entre algum ente feminino capaz de lhe pertur­
bar e embaraçar o desenvolvimento sossegado, 
encaminhando-lhe a mentalidade para uma di­
reção duvidosa. 
Nestes anos em que tudo se encontra ainda 
em movimento, em que o jovem ainda não 
chegou a idéias claras e definitivas e em que 
o seu desenvolvimento ainda não está termina­
do, qualquer aproximação a uma moça, sob as
aparências da amizade, poderia tornar-se-lhe fu­
nesta. Já dissemos que, uma amizade, desejá­
vel e proveitosa entre moços, não é possível en­
trf=! moço e moça sem degenerar em namôro.
Crescendo separados, cada sexo, é que virão a 
desabrochar em homens e mulhere$ de valor. 
Tudo isso não exclui o encontro de moços 
e moças nas familias e em reuniões para um 
amigável convívio, nem excursões em comum 
sob as vistas dos pais ou participação em di­
vertimentos lícitos. E' evidente também que es­
tas ocasiões têm um atrativo especial para o 
moço pela presença das moças, assim como 
mais agradável lhe corre a conversa com 
esta do que com aquela. Tão pouco lhe é ve­
dado ver e apreciar a graça e beleza feminina�. 
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CAVALHEIRISMO 95 
assim como lhe é lícito tirar prazer das demais 
obras de arte do Criador. Mas exatamente nes­
tas ocasiões é que deverá aprender a conservar 
o domínio de si mesmo, a subjugar pensamen­
tos e desejos vis que por ventura surgirem,
mostrando se realmente chegou a conquistar o
verdadeiro cavalheirismo, o verdadeiro respei­
to à dignidade da mulher. Deve ser capaz r:le
admirar a beleza da mulher sem deixar-se ven­
cer pela cobiça da paixão.
Não se :podendo condenar os encontros de 
moços e moças nas ocasiões indicadas, contan­
to que haja competente fiscalização, fôrça é 
reconhecer que encontros regulares por via 
de regra terminam em namoros. Tais encon­
tros se realizam em cursos de dansa, em ensaios 
de festinhas ou em ocasiões congêneres. Há 
sempre rapazes que não resistem a uma desco­
medida complacência feminina ou que se felici­
tam com essas possibilidades de aproximação, 
Por isso todos os os rapazes que vão a festas em 
que se encontram com moças, devem ir sempre 
cônscios dos deveres que o verdadeiro cavalhei­
rismo lhes impõe ... Pautará a sua conduta pm.· 
princípios sólidos e quaisquer sentimentalidades 
sufocá-las-á para que não se desenfreiem ao 
primeiro impulso. 
As vêzes, em virtude da profissão, sucede 
trabalharem juntos moços e moças ou deverem 
entrar em contacto. Outra ocasião para o moço 
de mostrar a sua mentalidade. Muitos não dei­
xarão de servir-se de tais ensejos para entabo­
lar namoros com as moças. Um rapaz sério e 
distinto, porém, saberá dominar-se nestas opor-
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!JG 'l'U E ELA 
tunidades. Aos pensamentos e afeições senti­
mentais que acaso venham a nascer, não lhes 
concede liberdade, mas antes os refreia resolu­
tamente, tratando sim com sincera amabilidade 
as colegas, mas sempre com nobre reserva. Per­
feito conhecedor da sua responsabilidade sabe 
que também dêle depende o que elas virão a 
ser mais tarde, e por isso mesmo as respeitará 
tanto como êle quer respeitem a sua irmã ou 
a sua futura noiva. Se é verdade que o caráter 
se forma na agitação do mundo, outro tanto se 
poderá dizer do verdadeiro cavalheirismo que 
não se desdobra, em tôda a sua plenitude, senão 
no campo dessas ocasiões que a vida quotidiana 
oferece ao jovem. 
O cavalheirismo, portanto, não consiste em 
meras formalidades exteriores,_ p. e., em ante­
cipar as mulheres na saudação, em lhes ceder 
e lugar, em conservá-las ao lado direito, em 
preveni-las com gentileza. Essas atenções de­
vem ser a expressão do verdadeiro, nobre e ínti­
mo respeito que realmente nos anima, sob pena 
de serem abominável hipocrisia. 
Na ocasião dada, o moço mostrará o seu ca­
valheirismo sustentando a mulher fraca e le­
vantando a que vacila. Pode acontecer-lhe que 
moças que já perderam o senso moral se lhe 
ofereçam e o procurem ilaquear com as suas ar­
tjmanhas. Basta então unicamente que êle 
consinta para que elas cedam sem resistência. 
Trata-se ou de ficar êle fiel à sua consciência 
ou de elas o fazerem cair. Mais. Pode-se tra­
tar de servir êle a elas de sustentáculo e soer­
guimento com seu procedimento cavalheiresco, 
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CA \'ALHEinlS'.\10 97 
enchendo-as a sua nobreza de vergonha, recor­
dando-lhes a sua dignidade de mulheres e mos­
trando-lhes que há ideais mais sublimes do que 
as futilidades do namôro. Mas, por outro lado, 
também se pode tornar cúmplice delas, fazen­
do-as degenerar e perverter-se ainda mais. Mui­
tas infelizes mais e mais vão descendo, porque 
nunca encontram um homem que lhes respeite 
« dignidade, porque todos as afundam ainda 
mais na ruína dos seus vícios e de suas misérias. 
Muitas se poderiam salvar se encontrassem ho­
mens, que em vez de abusar da sua fraqueza, 
com proceder correto e reservado lhes esten­
dessem a mão para levantá-las. 
Não carece advertir que um rapaz nobre 
não se digna dirigir uma palavra ou olhal' a 
pessoas perdidas. 
Tôda a conduta de um moço junto às mu­
lheres deve ser inspirada pela idéia que, se 
fôr da vontade de Deus o casar-se mais tarde, 
não pode pertencer senão a uma só e uma só 
a êle, e esta é a companheira da sua vida, a 
mãe dos seus filhos; e que uma vida casta e 
nobre é o preço pelo qual achará a felicidade 
junto dela e a bênção de Deus. Princípio ina­
balável de que se compenetrou a ponto de a 
simples idéiade uma violação lhe ser insupor­
tável, é para êle êste: Desde já guardo absolut{l 
fidelidade à espôsa que Deus me der. Só a ela 
pertencerei e nunca a uma outra. 
Quem se não resolver a tomar esta posição 
clara e definida, não evitará por muito tempo 
as faltas. Indecisão, irresolução, meias medi­
das, em tôda parte e também aqui "levam ao 
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98 TU E ELA 
demônio"; só o pensar, a resolução íntegra con­
duz a Deus. Trata-se da luta contra a inimiga 
mais insidiosa, mais astuta e mais tenaz que o 
homem tem - a volúpia, e que no próprio pei­
to dêste encontra poderosa aliada - a carne. 
Na vida de todos os homens há ocasiões e ten­
tações nas quais poderão ficar firmes somente 
aquêles que consideram questão fechada e não 
cederem nunca a uma propensão ilícita. 
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A COMPANHEIRA DA VIDA 
Para a feÜcidade do matrimônio e da fa­
milia, é de decisiva importância a escolha àa 
companheira da vida. Pois é uma escolha para 
él. vida inteira, e as consequências dela se fa­
zem sentir em sentido positivo ou negativo nos 
filhos, nos netos, em todos os descendentes. 
A palavra, já citada, de Coloma diz muito 
finamente: "Na vida de um homem de bem só 
duas mulheres têm lugar: sua mãe e a mãe de 
seus filhos", não diz: sua mãe e sua espôsa. 
E' que o marido deve ver nela em primeiro l.u­
gar a mãe dos seus filhos e não o que ela é 
para êle. De fato, o objetivo principal do ma­
trimônio são os filhos. Por isso também, esco­
lhendo a companheira, o homem verificará so­
bretudo se da união com ela há possibilidade de 
sair uma prole nobre e sadia. Guiando-se por 
esta consideração, salvaguarda ao mesmo tem­
po o seu próprio bem-estar, evitando a influên­
cia de outros motivos de nenhuma ou pouca 
monta. 
Nos últimos decênios, formou-se um ramo 
especial da ciência, a ocupar-se com a heredi.­
tariedade. Já se têm verificado fatores de ex-
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100 TU E ELA 
traordinário alcance. A hereditariedade se es­
tende não sàmente a característicos exteriores, 
como à figura, à forma do rosto, do nariz, etc., 
mas também ao caráter em geral, e êste é de 
suma importância para a vida psíquica dos des­
cendentes. Não se trata portanto de transmis­
são de propriedades da alma. Esta última é 
impossível, porque a alma é criada imediata­
mente por Deus e unida ao novel homem em 
formação. A alma, porém, precisando do cor­
po como de um instrumento para a sua ativida­
de espiritual, está claro que dependerá essen­
cialmente da natureza do mesmo. Ora, a quali­
dade de um instrumento não é obra do acaso, 
mas consequência fatal da hereditariedade. De­
pende das disposições hereditárias que a cria1�­
ça recebe dos seus progenitores. E também na 
formação dessas disposições não reina um cego 
destino, mas cada germe de vida é como uma 
imagem reflexa do respectivo homem, contendo 
necessariamente as disposições que por sua vez 
herdou dos pais. Por isso, podemos dar a essas 
disposições o nome de herança ancestral, por­
que são heranças também dos mais remotos as­
cendentes. 
Todavia devemos advertir que não se trans­
mitem todas as disposições dos pais. Pois o ger­
me de vida quando amadurece, divide-se em 
duas metades, das quais uma é posta fora. Em 
todo germe vital maduro há portanto só meio 
núcleo celular, de modo a se formar pela união 
de ambos outra vez o núcleo inteiro. Desta ma­
neira se explica que nem todos os filhos rece­
bam a mesma partilha da herança ancestra¼ 
acentuando-se nêles diversamente as diferen-
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A CO.\Il'ANHEIHA DA VIDA 101 
tes disposições. Todavia é certo que o filho não 
tem outras disposições senão as que lhe foram 
transmitidas pelos pais e que, portanto, exis­
tiam nestes. Diversamente portanto os pais 
transmitem necessariamente aos filhos as dis­
posições herdadas. Por isso a hereditariedade 
pode transmitir um sem número de disposições 
e qualidades. Pode também ser a fonte enve­
nenada de horrenda desgraça,, dando origem a 
figuras disformes e inferiores ou acarretando 
doença e morte prematura. 
Basta considerar a vida com olhos abertos, 
para encontrar numerosos documentos da exa­
tidão dessas asserções científicas. Personalida­
des notáveis devem os seus grandes talentos a 
uma mistura feliz entre as qualidades do pa.L 
e da mãe. Certo, é indispensável além disso a 
educação para despertar as disposições latentes 
e formá-las devictamente. Indispensáveis são 
também as ocasiões para estas disposições se des­
dobrarem e aplicarem. Dêste modo pode acon­
tecer que uma valiosa herança ancestral não 
chegue a mostrar todo o seu valor senão nos 
netos ou ainda mais tarde, porque aos filhos 
faltava a possibilidade de desdobrá-la. Pode-se 
pois sempre de novo verificar que os talento::; 
de personalidades notáveis já se encontram nos 
ancestrais e tornam a se manifestar nos des­
cendentes. De modo terrível, porém, se pode 
fazer valer a hereditariedade, quando de qual­
quer modo na árvore genealógica se aninharam 
disposições doentias. Parece certo que quali­
dades adquiridas não são transmitidas, de modo 
que um homem normal que se desviou ordin .. -
riamente não deteriora com a sua má conduta 
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102 TU E ELA 
a herança ancestral passando-as sem alteração 
aos seus descendentes. A experiência, porém, 
diz também que pela influência de venenos na 
estrutura do germe vital, a herança ancestral 
sofre deterioração, podendo assim causar a de­
generescência dos descendentes. Verdadeira 
devastação, a êste respeito, provoca o álcool, ori­
ginando perda de disposições que tem por con­
sequência idiotismo, epilepsia, e outros distúr­
bios mentais. E' de notar que as disposições 
perdidas não se podem acrescentar de novo à 
herança ancestral, ao passo que a disposição 
doentia é hereditária. Mas disposições herda­
das são incuráveis, se bem que uma boa educa­
ção possa mitigar muitos sintomas. Ordinaria­
mente porém, a educação por parte de pais in­
feriores deixa muito a desejar, de maneira que 
predisposição, exemplo e ambiente, unidos, exer­
cem funesta influência sôbre o desenvolvimen­
to da juventude. 
Os anais da hereditariedade citam diversas 
famílias que são horripilante quadro da miséria 
que uma única pessoa inferior derrama sôbre 
toda sua descendência. Entre os 709 descenden­
tes de Ada Yukes, contam-se 64 alienados, 174 
prostitutas, 196 filhos ilegítimos, 77 criminosos, 
E entre êstes 12 assassinos, devendo 142 ser 
sustentados pela municipalidade. 
Particularmente instrutiva é a história ae 
um tronco duplo. Um jovem de boa família, 
na época ein que prestava serviço militar, se­
duziu uma moça anormal deixando-a entregue 
à desgraça e realizando mais tarde um bom ca­
samento. Os 490 descendentes dêste matrimô­
nio eram quase sem exceção pessoas normais e 
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A COMPANHEIIlA !>,A VIDA 103 
mesmo eminentes. O fruto do pecado, um me­
nino anormal, casou-se mais tarde com uma 
moça normal. A anormalidade, porém, herda­
dada da mãe, continuava a se transmitir, encon­
trando-se entre os 480 descendentes, 143 anor­
mais e os demais desconhecidos e duvidosos, 8 
proprietários de casas suspeitas, 24 alcoolatras, 
33 decaídos, 3 criminosos. Considerando esta 
família dupla, saída de um único homem, das 
quais uma não apresenta quase senão homens sa­
dios e excelentes, ao passo que a outra abrange 
quantidade enorme de desgraça e crime, com­
preende-se qual a importância para tôda a des­
cendência da escolha da espôsa. Enxertando­
se uma única vez um rebento doentio na árvor� 
genealógica sadia, por êle se derrama a desgra­
ça sem nome sôbre tôda a descendência. 
O jovem que cogita fundar família própria 
deverá, portanto, ter plena conciência da enor­
me responsabilidade que assume perante todos 
os seus descendentes. Essa lhe impõe o dever 
de guardar intacta por uma vida correta a he­
rança ancestral, para poder transmiti-laaos seus 
filhos, assim como t�bém a obrigação de usar 
de prudente cautela na escolha da espôsa afim 
de que a boa mãe não transmita aos filhos se­
não q.isposições irrepreensíveis. 
A mãe desempenha ainda outro papel mui­
to importante, porque não é só a predisposição, 
a fator da formação da criança. Diversas outras 
;nfluências podem vir a atuar favorável ou de::;­
favoravelmente sôbre o desenvolvimento das 
disposições gerais comuns a todos os homens e 
as particulares já existentes. E' assim. que a 
vida mental da mãe modifica notavelmente a 
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104 'l'U E ELA 
criança que traz ainda debaixo do coração. O 
que angustia e oprime ou eleva e encanta o 
coração materno, impressiona também o cora­
ção do filhinho, exercendo influência sôbre o 
seu sistema nervoso extremamente delicado. E' 
um verdadeiro benefício para a criança a in­
fluência benéfica que sôbre o seu desenvolvi­
mento exercem os pensamentos elevados, no­
bres, amorosos e bondosos da boa e piedosa mãe; 
,::. um benefício, se nunca a paixão, a ira e o ód�o 
e todos êstes desejos que receiam a luz, se nun­
ca o mêdo, o terror e a exaltação vêm a agítar 
o sangue materno, para não repercutirem nos
nervos tão finos do pequeno ente, despertando
tendências carregadas de infelicidades.
Por isso não é de estranhar que muitos fi­
lhos, cujos pais não estão registrados nos livros 
batismais, se apresentem tão infelizmente do­
tados. A mentalidade da mãe, paixões baixas, 
d.esejos incontidos ou o mêdo da vergonha e re­
morsos de consciência agitaram também a vida
em formação do filho e repercutiram no se11
cérebro delgado, estorvando o desenvolvimento
normal.
Daí se vê a grande importância de dar o 
jovem, aos seus futuros filhos, uma mãe cujo 
coração não transborde na alma do objeto de 
seus desejos senão amor, bondade, piedade, for­
taleza e paz, formando-o tão puro e bom como 
n coração da mãe. 
Além disso cabe à mãe educar o filho nos 
primeiros anos. Dizem que nos primeiros seis 
anos se lançam as bases da educação. Dificil­
mente o homem se desvia do rumo que tomou 
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A CO:IIPAXHEIHA DA \'IDA 105 
na sua infância, e abandonando-o facilmente 
acha caminho para voltar. O que se cuidou e 
descuidou na infância, geralmente está cuidado 
e descuidado para a vida inteira. Não é raro 
cuvir dizer que nos moços se vê que tiveram 
uma boa mãe. E falando de graves delitos de 
menores, frequentemente se acrescenta: "Mas 
também que mãe tiveram êles!" 
Pensando em tudo isto e perguntando-se 
como frequentemente se originam os noivados, 
levamos as mãos à cabeça e nos perguntamos 
como é possível procederem os moços com tanta 
leviandade num passo que é o mais importante 
da sua vida e do qual depende o bem-estar tla 
sua descendência. O lavrador limpa e expurga 
o campo de todos os elementos capazes de sub­
trair às sementeiras o alimento, e das semen­
teiras escolhe as melhores. No matrimônio, on­
de se trata da vida e felicidade de sêres huma-
11os, onde se trata dos próprios �ilhos, do mais
precioso que para êles existe, não deveriam os
homens usar pelo menos de igual cuidado? Se­
riél; de supor que nesta matéria não recuariam
diante de nenhum t�balho e de nenhum sacri­
fício para com certeza afastar tudo que ao fruto
máximo do matrimônio fôsse capaz de traz0:.·
prejuízo ou desvalorização, para evitar tudo,
para conseguirem descendentes sadios e bern
dispostos. E' o que deve ser questão de cora­
ção, de consciência para todo homem correto.
A sua escolha não há de depender principal­
mente de desejos e proveitos secundários e pe:'i­
soais o bem a tôdas as considerações deve pro­
ceder o bem dos descendentes. E vendo que
uma união desejada pelo coração traria graves
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106 TU E ELA 
receios para a prole, está obrigado em consciên­
cia a fazer os sacrifício da sua inclinação e tam­
bém de outras vantagens. 
Na escolha da espôsa deve portanto apli­
car-se a lei da seleção, i. é, em primeiro lugar 
vem a consideração das qualidades que huma­
namente falando garantem uma prole sadia e 
bem dotada. Esta garantia está antes de mais 
na saúde moral e física. Contêm ambas elas 
tanto as predisposições como as qualidades ad­
quiridas. 
O jovem tão pouco deve desdenhar de pro­
curar verificar por intermédio de pessoas al­
truístas, se na família de cujo seio quer esco­
lher a sua noiva, existe qualquer predisposição 
doentia, qual a mentaÍidade nela reinante, quais 
as idéias morais e religiosas que nelas nutrem. 
Igualmente procure conhecer exatamente as 
qualidades e os hábitos pessoais da donzela, para 
poder avaliar se há possibilidade de harmonia 
de vistas. Certamente, o caráter feminino em 
geral possui certa adaptabilidade de modo que 
uma mulher com relativa facilidade se acomo­
da a outros caracteres inteiramente diferentes, 
modificando consequentemente todo seu proce­
dimento. Por isso, a questão principal é, saber 
se, suposta a natureza normal, uma educação 
verdadeiramente cristã despertou e desenvol­
veu nela tôdas estas virtudes que a habilitam a 
�er espôsa fiel e boa mãe. Mencionemos ainda
"-lguns pontos de vista, de particular impor­
tância.
Chamam ao pai de cabeça da família. A 
mulher a sua alma. E a alma deve ser piedosa, 
Seja por isso a piedade uma qualidade que o 
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A COMPA:-:I-IEIHA DA VIDA 107 
jovem quer encontrar al:>solutamente na donze­
la à qual pretende ligar-se. Tanto para êle 
como para os filhos, a verdadeira religiosidadf:!' 
da mulher é condição preliminar para uma vida 
feliz no seio da família. Tôdas as famílias são 
visitadas por apreensões, sofrimentos, revêze!,. 
Só a mente piedosa conserva o equilíbrio no 
meio dêles e não sucumbe ao pêso da dor. 
Por êsse motivo não se pode desaconselhar 
com suficiente insistência o casamento misto. 
Todo católico crente tem a convicção que a igre­
ja católica é a igreja que Cristo fundou. Tôdas 
as demais comunidades religiosas que se dizem 
C'ristãs, apartaram-se dela e se encontram em 
êrro. Sem dúvida, os que sem culpa se acham 
fora da verdadeira igreja, podem se salvar obe­
decendo aos ditames da consciência. Mas não é 
o caminho ao céu intencionado por Deus. Os
acatólicos nutrem, além disso, uma profunda
aversão à igreja católica, porque só conhecem
a sua caricatura que os enche de antipatia.
A condição básica, porém, da felicidade ma­
trimonial é a harmonia das almas. E essa como 
será ela realizável reinando opiniões opostas 
nas questões mais vitais? Nas adversidades da 
vida, verdadeiro consôlo só se encontra na re­
ligião. Quem mais aspira por essas fontes de 
consolação e delas vai haurir é o coração sen­
sível da espôsa para se reconfortar não somen­
te a si senão também ao espôso e aos filhos. 
Mas à mulher acatólica são inacessíveis tôdas 
as ricas fontes da nossa igreja. 
Relativamente aos filhos, existem ainda ou­
tras considerações graves. A sua educação está 
entregue principalmente aos cuidados da mãe. 
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TU E ELA 
Ao seu colo, a criança recebe a primeira ins­
trução religiosa. As piedosas admoestações e 
r-xplicações maternas estão destinadas a desper­
tar a mentalidade católica e a deitar profunda­
mente, na alma da criança, as doutrinas da igre­
ja. Mas como é que a mãe poderia dar o que 
ela mesma não possui? E' desolador para a 
criança, quando no dia da primeira comunhão, 
a mãe não a acompanha e não pode ter parte na 
sua felicidade. A influência funesta, que o ca­
samento misto exerce sôbre os filhos, vê-se cla­
ramente no fato que êles com muita facilidade 
por sua vez, contraem casamentos mistos, fre­
quentemente sem casamento católico e educa­
ção católica dos filhos, pe maneira que os netos 
ou o mais tardar os bisnetos, em granâe parte 
já não são católicos. Comove tristemente con­
templar a árvore genealógica de uma família, 
ao verificar que em tempos idos algum membro 
contraíu matrimônio misto, perdendoen­
tão na capacidade de se reproduzir, sem que, 
coisa admirável, assim como qualquer outro ser 
vivente, nada perdesse pela geração, e em con­
dições normais, os filhos procriados em nada 
perdessem das qualidades paternas. 
Todavia as intenções divinas só se realiza­
rão quando o homem fizer uso reto das suas 
faculdades. Motivos de belas e intensas ale­
grias são os filhos para os pais, mas nem por 
isso d1;ixam de ser também fardos, cuidados, 
trabalhos e dores. Poderia tal circunstância 
afastar muitos homens do matrimônio e o gêne­
ro humano correria perigo de extinguir-se. Mas 
acode a estas dificuldades a Divina Providência 
e os homens em grande maioria afrontam o sa­
crifício e casam-se. A maneira corno Deus o 
fêz, patenteia a sua admirável sabedoria e bon­
dade, que tudo sabe dispor de tal modo que 
as suas medidas atingem à sublime meta e da­
quela fonte donde o homem devera carpir 
lágrimas de amargura, colhe lágrimas de san­
tas alegrias. 
Antes do mais criou Deus o homem e a 
mulher de tal modo que o homem inâividual 
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UM OLHAil PA!iA U PL.\XO PROVIDENCIAL DO CLUADOU 13 
considerado em si não forma um conjunto sob 
todos os respeitos acabado. Não que o indiví­
duo em si não seja plenamente homem, não. A 
alma: do homem não é diferente da alma âa 
mulher. Mas da estrutura totalmente diferen­
te do corpo condicionando "secreções internas'' 
isto é, seivas que se agregam ao sangue, resulta 
que muitas disposições, faculdades e exigências 
espirituais se diferenciam das da mulher. A 
mesma:, portanto, pensará, desejará, e sentirá 
masculina ou femininamente segundo animai: 
um corpo masculino ou feminino. A ambos fal­
ta alguma coisa que só encontrará no outro. E 
é desta maneira que homem e mulher se de­
verão completar e nivelar. 
Já na atividade externa se manifesta esta 
diferença. Os pensamentos e desejos do homem 
tendem para fora, para os trabalhos externos. O 
domínio e reino da mulher é o lar, para aí tratar 
€ cuidar do que o homem conquistou. A tarefa 
do homem é entrar vigorosa e corajosamente na 
arena da vida, descobrindo e lutando. O carac­
terístico da mulher é prover em silenciosa e 
abnegada dedicação às necessidades do marido 
e dos filhos, dominando pela bondade e pelo 
amor. 
Ainda mais importante é o nivelamento que 
se realiza entre a mentalidade masculina e fe­
minina, ínfluência: que, em geral, é difícil de 
apontar e descrever com exatidão, cujos efeitos 
invisíveis antes se experimentam e sentem. O 
homem sente a necessidade de se manifestar 
sôbre o que lhe acontece, o que o comove, o 
que o oprime. Procura amorosa compreensão, 
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14 TU E ELA 
reconhecimento dos seus trabalhos, compaixao, 
animação. Voltando do rude trabalho nas tem­
pestades e nos reveses da vida, tem desejo de 
se entreter podendo abrir-se tal qual é, com as 
suas faltas e os seus defeitos. No amigo vê com 
muitíssima facilidade um concorrente, um in­
vejoso. E assim compete à espôsa compassiva, 
com seus modos suaves e prudentes, acalmá-lo, 
reconciliá-lo, encorajá-lo e descobrir-lhe os seus 
erros. E às vêzes quão benéfica, pacificadora 
e consoladora influência uma alma nobre de 
mulher é capaz de exercer sôbre o homem! 
Tôdas as idéias que o marido comunica à es­
pôsa, esta as abraça com seu coração e lhas res­
titui nobilitadas. Parece que os pensamentos 
puramente masculinos, enquanto dizem respeito 
às relações humanas em geral e não a questões 
científicas, precisam de ser imersos na maneira 
de pensar feminina para conseguirem valor para 
a generalidade. 
Aparecendo a fôrça espiritual do homem no 
seu intelecto perscrutador, criador e organiza­
dor, o caráter peculiar da mulher se manifesta 
no seu sentir sobremodo delicado. Os seus- juí­
zos não se baseiam tanto em razões; ela sente 
quase, diríamos, instintivamente, o que convém 
fazer. Amplos inquéritos feitos nas universida­
des de vários países forneceram o resultado unâ­
nime que as estudantes excedem em muito aos 
E:studantes no que diz respeito à aplicação e à 
frequência das aulas. Também compreendem 
facilmente e não lhes falta certa perspicácia. 
'l'odavia, no pensamento independente, no tra­
balho do intelecto onde não entra o sentimento, 
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UM OLHAR PARA O PLANO PROVIDENCIAL DO CRIADOR 15 
no poder de completar o apreendido pela refle­
xão e investigação pessoais, na capacidade de 
julgar, na lógica e em trabalhos científicos após 
a saída da universidade, os colegas do sexo mas­
culino lhes são muito superiores. Até agora não 
foi dado à mulher realizar grandes criações na 
arte, seja na música, na pintura, no drama e 
outras esferas, embora na reprodução de obras 
artísticas se distinga notavelmente. E' que a 
administração doméstica, a cozinha e a despen­
sa, os cuidàdos de vestir, alimentar e educar as 
crianças exigem faculdades total.mente diversas, 
e estas são-lhe próprias em grau eminente. 
Contudo, para a realização da sua tarefa, ela 
precisa de que o homem de quem ela se vale 
com estima e respeito a auxilie por seus conse­
lhos e proteção. 
E' absolutamente descabidq comparar entre 
si o caráter masculino e o feminino para julgar 
a qual dos dois cabe a preferência. O lado forte 
de um é ao mesmo tempo a sua fraqueza. A sua 
tarefa é completarem-se mutuamente, ajudan­
do-se e aperfeiçoando-se. E' a intenção do 
Criador instituindo sobremodo sabiamente esta· 
diferença, afim de que de um modo geral uma 
parte fôsse destinada para a outra. 
Compreendendo-se e ajudando-se mutua­
mente unir-se-ão cada vez mais estreitamente, 
serão fidelíssimos camaradas e companheiros, 
carregando unidos as dores e as alegrias e en­
contrando no mútuo amor grande e intensa fe­
licidade, da qual possam haurir fôrça e alegria 
para o desempenho das tarefas da vida. O ca­
racterístico do ser masculino e do feminino apa-
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1G TU E ELA 
rece desde a infância, e não obstante o comum 
ambiente e o convívio dos irmãos, cada vez mais 
acentuadamente se pronuncia, até manifestar-se 
no jovem adulto e na moça plenamente desabro­
chada em todo o seu esplendor. 
O rapaz se sente impelido à atividade, a em­
preender alguma coisa. Por tôda parte experi­
menta a sua fôrça, o seu poder. Sempre está a 
pensar, a planejar e refletir sôbre o que algum 
dia irá executar. Sente impulsos de entrar na 
vida, para mostrar sua coragem, arrostar peri­
gos e vencer dificuldades. E contudo em tôda 
a sua ferocid.ade e crueldade é capaz de encher­
se de comovedora dedicação à sua progenitora 
e de cavalheirismo para com as irmãs, deixan­
do-se de boamente aconselhar e guiar por elas. 
A menina, por sua vez, nunca está mais conten­
te do que quando pode desempenhar o papel de 
àona de casa. As suas predileções são ocupa­
ções domésticas, e brincando com a boneca, já 
mostra tôdas as qualidades que a distinguirão, 
quando fôr mãe fiel e cuidadosa. Achega-se de 
bom grado ao pai, para o qual olha com venera­
ção e de todos os modos procura alegrá-lo. 
Depois, com sábia providência o Criador 
dotou o homem de forte impulso, ou por outras 
palavras de tendência sexual. Seria errôneo 
considerar êste impulso apenas como simples 
tendência, que se diferencia de um homem a 
outro unicamente por uma maior ou menor im­
petuosidade. O simples fato de abranger o cor­
po e espírito indica a possibilidade de ser consi­
derado sob vários aspectos. Apontando com um 
psicólogo moderno três elementos componente:. 
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U'.\f OLIIAn PAnA o PLANO PIIOVIDE:NCIAL DO cnIADOn i 7 
da tendência sexual deixamos pôsto o problema 
se sôbre tal fundamento ela possa ser tripla­
mente dividida. Aceitamos tal divisão porque 
nos oferece ensejo de explicarmos muitas coisas 
cie uma maneira extraordinariamente clara e 
eficiente. Os três elementos que em graus di­
versos se encontram nos indivíduos, denomi­
nam-se: 1) Tendência natural inerente ao or­com isto 
a igreja católica todo tronco lateral. Causa 
horror pensar na responsabilidade que tal pas­
so trouxe consigo. 
Mencionemos ainda que acatólicos acredi­
tam na possibilidade de um divórcio e que, en­
tre êles, reinam geralmente opiniões muito lar­
gas com relação à extensão do sexto manda­
mento. E' muito frequente não se cumprirem 
as promessas feitas sôbre a educação católica 
dos filhos, ou a mulher coloca o marido diante 
da possibilidade de lhe tornar a vida insupor­
tável se não se acomoda aos seus desejos. 
Os prejuízos dos casamentos mistos são âe 
tanto momento que a igreja se julgou obriga­
da a proibi-los no novo código do direito canô-
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A COMPANHEIRA DA VIDA 109 
nico. "Rigorosissimamente proibe a igreja cor.­
trair matrimônio misto". Cânon 1060. Ha­
vendo perigo de a parte católica ou os filhos 
perderem a fé católica, o casamento é proibido 
também por lei divina. O católico que realizar 
o seu casamento perante o ministro acatólico
está excomungado. E' portanto errôneo pensar
ser lícito contrair matrimônio misto, contanto
que se peça antes dispensa. Quem levianamen­
te, sem razões graves e justas, e sem ser huma­
namente certo não existir perigo para a parte
católica e os filhos começar a travar relações
mistas, peca gravemente e está obrigado em
consciência a rompê-las.
Com relação à saúde, queremo-nos referir 
ainda e sobretudo às razões que se opõem aos 
casamentos entre parentes. E' muito fácil en­
contrar-se em alguma árvore genealógica qual­
quer perdisposição perigosa que absolutamente 
não se manifesta, ou só francamente enquanto 
os membros não contraem casamento senão com 
estranhos. Numa união conjugal, porém entre 
parentes, essas infelizes predisposições heredi­
tárias vêm juntar-se acarretando terríveis con­
sequências, como são: morte prematura, esteri­
lidade, decadência. De modo terrível pode isso 
acontecer havendo parentesco duplo. Seria, 
p. e., ci caso que entre os ascendentes, dois ir­
mãos, se tivessem casado com dois outros. Na
hipótese, todos os seus descendentes teriam en­
tre si duplo parentesco. Ficando latentes mm­
tas disposições doentias, impossibilitando a sua
verificação, é preciso dissuadir de um casamen­
to entre parentes, mesmo quando não haja indí­
cio algum de predisposições hereditárias. As
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110 TU E ELA 
tristes consequências dos casamentos entre pa­
rentes se verificam com facilidade nos distritos 
onde há disso prática. As escolas para crianças 
inferiores são frequentadas sobretudo por des­
cendentes de tais famílias. Por isso, a lei d.:t 
igreja proibindo casamentos entre parentes, tem 
sua profunda razão de ser. 
Aumenta em nossos dias o número dcs 
que exigem, antes do casamento, o atestado de 
um médico consciencioso certificando a saúde 
de a:n:ibos os contraentes e a capacidade física 
àa moça para a maternidade. Muitas decepções 
cruéis e muitos sofrimentos poupar-se-iam sf. 
essa medida bem intencionada e fundada se apli­
casse sempre. 
Como segunda condição preliminar, a se!.' 
tomada em consideração na escolha da futura 
espôsa, queremos mencionar um passado irre­
preensível. Já dissemos que as meninas so­
frem grandes estragos no melhor do seu caráter 
pelo namôro, e se nos lembrarmos da influência 
preponderante que exatamente a espôsa exerce 
sôbre a educação do filho e a vida do lar, com­
preendemos que só a espôsa e mãe de sentimen­
tos puros e nobres é capaz de dar-lhes um cunho 
verdadeiramente católico. Nesta consideração 
entra também todo seu procedimento moral em 
questões de leitura, divertimentos, teatros, d­
nemas, etc .. 
Finalmente para a felicidade conjugal é in­
dispensável que ambas as partes se entendam 
e se amem verdadeiramente. Uma diferença 
demasiadamente grande entre a educação e as 
cpiniões, frequentissimamente impedem os es-
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A COMPAN I-IJllf\.\ D.\ \'IllA 111 
posos de se aproximarem intimamente. A parte 
mais distintamente educada sempre de novo se 
sente repelida pela maneira ordinária do outro. 
Por onde se compreende e justifica plenamente 
o exigir-se certa igualdade de. condições, se bem
que em casos favoráveis haja possibilidade de
exceções e não se devem por orgulho traçar li­
mites demasiadamente estreitos.
Por verdadeiro amor não se há de entender 
o "amor ardente" dos enamorados, que frequen­
temente e�fria com rapidez quando não se
transforma em aversão e mesmo ódio, mas a
profunda simpatia mútua que se baseia na re­
cíproca estima e se patenteia em benevolência.
Tal amor não se procura em primeiro a si e aos
seus interêsses, mas o bem do outro. Esforça­
se por ser-lhe e dar-lhe aquilo que o bem do
amado exige.
Devemos notar aqui que os homens absolu­
tamente não amam de preferência aquêles dos 
quais recebem muitos benefícios e mesmo a sa­
tisfação de todos os seus desejos, mas antes aos 
que lhes custam fadiga e sacrifícios. Porque 
idolatrando o espôso excessivamente a espôsa, 
prevenindo-lhe demasiadamente os seus desejos, 
facilmente se apresenta a consequência de ela 
considerar isso a princípio como coisa muito na­
tural, em seguida de o reclamar como seu fü� 
reito, sem jamais se lembrar de proceder ao
mesmo modo para com o marido. Magoando­
se com isso o espôso e julgando que numa oca­
sião qualquer não lhe é possível satisfazer a 
vontade da mulher, consideram-se como estra­
nhos. Homens a quem se faz a vontade em 
tudo são geralmente ingratos e pagam a exces-
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112 TU E ELA 
siva delicadeza com indiferenças ou arrogâncias. 
Não é só concedendo tudo que se mostra o ver­
dadeiro amor, muito mais por vêzes se mani­
festa pela negação de pedidos não justüicados 
e pelo sacrifício de desejos próprios. Pratican­
do ambas as partes constantemente o que possa 
favorecer o verdadeiro bem do outro, só então 
o mútuo amor se há de tornar mais forte e
mais profundo.
_�ste amor altruísta deve aprender-se. Não 
se apresenta espontaneamente. A fôrça de pra­
ticá-lo conquista-se pela fidelidade íntima e ab­
negada ao dever, pelo corajoso domínio de c;i 
mesmo e pela obediência resoluta na casa pa­
terna. 
Do que dissemos, resulta com evidência 
que estas considerações devem ser feitas antes 
de o indivíduo estar "enamorado", pois tal es­
tado é capaz de cegá-lo a ponto de pensar que 
a atual inclinação é duradoura e de persuadir­
se que tôdas as qualidades divinas que vê na 
pessoa amada, a adornam realmente. "O ún­
peto da inclinação no dizer de um médico fal­
seia o juízo, encobre as faltas mais palpáveis, 
pinta tudo côr de rosa, torna o homem "enamo­
rado" e os dois entes enamorados mutuamente 
cegos e esconde a cada um a verdadeira nature­
za do outro. Só depois de ter passado o primei-­
ro únpeto duma tendência aparentemente insa­
ciável, passada a lua de mel do matrimônio, pas­
sa a embriaguez e aparece o verdadeiro amor ou 
a indiferença ou mesmo ódio ou tambêm um 
amálgama intermitente dos três produzindo uma 
adaptação mais ou menos viável. Por essa ra­
zão, os amores repentinos são sempre peri�osos� 
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A COMPANHEIRA DA VIDA 113 
podendo apenas um conhecimento mais prolon­
gado e mais íntimo antes da união dar alguma 
certeza de que esta terá fe1icidade duradoura•·. 
Portanto, tôda a cautela e reserva será 
pouca quando o jovem sentir pela primeira vez 
o despertar duma inclinação. Trata-se então
de conservar o equilíbrio para que a mesma
não se apodere impetuosamente do coração, não
perturbe a razão e acorrente a vontade. A ex­
periência ensina que jovens enamorados che­
gam a um estado em que não são capazes de
Julgar com calma nem são acessíveis a argu­
mentos da razão. "O amor cega, diz o provér­
bio". Além disso, o que desperta a afeição de­
masiado frequentemente são apenas qualidades
do corpo: a voz, o cabelo, o olhar, ou mesmo
apenas a maneira graciosa de se vestir. Ora,
a vida real exige que o jovem aprenda a fe­
char o coraçãoa tais estímulos dos sentidos e
não se deixe influenciar por êles. Deve ser ca­
paz de tratar despreocupadamente com pessoas
de outro sexo com as quais simpatiza, sem mes­
mo pensar em se convém ou não manüestar de
qualquer forma a sua simpatia. Só assim esta­
rá em condições de ponderar sem perturbação
do juízo e sem enfraquecimento da vontaae, se a
donzela para a qual se inclina o seu coração pos­
sui as qualidades indispensáveis para funda­
mentarem um casamento feliz. Decidida a
questão em sentido afirmativo, então sim poderá
abrir o coração ao amor.
Não devemos omitir a advertência que o 
jovem não deveria procurar uma noiva senão 
depois de ter esperanças fundadas de se poder 
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114 TU E ELA 
casar com ela, dentro de determinado espaço de 
tempo, que supõe além de outras coisas que am-
1::as as partes tenham a idade de natureza física 
e moral exigida pelos deveres da paternidade e 
maternidade. O casamento prematuro estorva 
o desenvolvimento ainda não terminado do or­
ganismo e pode originar, na mulher, rápida
decadência.
Já falámos da possibilidade de um jovem 
travar cedo relações com alguma menina, em 
virtude do contacto das respectivas famílias. 
Aparecendo que se entendem bem e projetam 
casar-se mais tarde, não há que a isso se possa 
objetar, contanto que para ambos seja questão 
fechada que por ora ainda ninguém tenha di­
reitos mais íntimos sôbre o outro. Tal conven­
ção é para muitos um forte sustentáculo na hora 
da tentação. Pois não se trata para êles de des­
frutar desde já as facilidades da sua mútua sim­
patia; l!).as querem esperar, um pelo outro, até 
vir o momento em que se poderão unir por 
tôda a vida. 
O noivado porém deve ser dominaao pela 
resolução de ambos, de comparecerem perante 
o altar intactos, para atrairem as bênção de
Deus sôbre a sua união. E' ponto de honra para
o jovem dominar os apetites impetuosos da te!l-
dência natural para que não venham a sacrificar 
a inocência e a honra da noiva. Lembre-se sem­
pre do seu propósito de dar aos filhos que espe­
ra de Deus uma mãe pur_a e boa, e que um passo 
falto traz uma vida inteira de amargos remor­
sos, solapando a mútua estima e perdeniio as 
bençãos de Deus. 
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A co:-.11',\). JfElll.\ D,\ \'ID,\ 115 
Modêlo grandioso de nobre amor os noivos 
cristãos o têm em Tobias e Sara. Tobias pôde 
dirigir a Deus esta prece: "Tu sabes Senhor, 
que não é para satisfazer o meu apetite que eu 
tomo a minha irmã (na linguagem bíblica sinô­
nimo de parente), por mulher, mas só por amor 
dos filhos, pelos quais o teu nome seja bendito 
pelos séculos dos séculos". (Tob. 8, 9). E Sara 
disse: "Tu sabes, Senhor, que eu nunca desejei 
marido, e que conservei a minha alma pura de 
tôda a concupiscência. Consenti, porém, em re­
ceber marido no teu temor, e não por prazer 
meu". (Tob. 3, 16, 18). Após o casamento abs­
tiveram-se por três dias dos deveres conjugais 
afim de implorarem as bênçãos de Deus. Se­
melhante propósito traria as consequências 
mais salutares, sobretudo ao jovem, ultrapas­
sando a resolução de conservar intacta a noiva 
e arraigando-a ainda mais na sua vontade. O 
propósito mais firme está em perigo de vacilar 
e cair quando não recebe proteção da parte Ue 
urna: prudente cautela. Já mostrámos que a 
tendência sexual tende fatalmente à entrega 
completa. Depois de percorrer a primeira eta­
pa do caminho que conduz a esta entrega, é qua­
se impossível ao homem, e por muito tempo, re­
troceder. Passo por passo a tendência sexuai 
impele para a frente até satisfazer o seu desejo. 
Por isso, em todos os sinais de afeição se deve 
necessariamente guardar certa reserva, e isso 
de propósito e por princípio, se é que os noivos 
queiram entrar puros no matrimônio. 
O que mandam os costumes cristãos, a sa­
ber, que os noivos evitem estar sós e a sua proi­
bição de viverem juntos sob o mesmo teto, cor-
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116 TU E ELA 
responde pois aos seus próprios interêsses. A 
presença de outras pessoas impede-os de cede-
1em desregradamente aos impulsos da sua sim­
_patfa e esquecerem os seus deveres. Jovens 
corretos e distintos não verão neste costume 
uma barreira incômoda, mas antes um auxiliar. 
que os protege contra loucuras e desgraças. ;Já 
por amor do bom exemplo deveriam consciencio­
samente respeitar esta regra, mesmo quando 
Julgam que não existe perigo para êles. Dis­
pensável é a lembrança que noivos respeitado­
res da sua honra não viajarão sem companhia. 
Eis a traços largos os pensamentos que de­
verão nortear eficazmente o jovem na escolha 
da sua futura espôsa e na sua conduta junto a 
ela. Mas só se deixará guiar pelos mesmos se 
também em outras circunstâncias da sua vida, 
sobretudo com relação à sua tendência sexual, 
a razão conservar o domínio. Se porém êle es­
bver sob o jugo das tendências cegas e âe pai­
xões infrenes, que de admirar que a companhei­
ra não participe do mesmo látego? E os dois 
acorrentados ao mesmo pelourinho serão capa­
zes de tôdas as loucuras. Ora, da loucura não 
há colhêr felicidade. 
Pensando no futuro e medindo plena­
mente o enorme alcance da sua conduta moral, 
o adolescente, por princípio e incondicional­
mente, deve resistir a tôdas as solicitações do
apetite sexual. O seu propósito será o seguin­
te: "Assim como os homens prendem as águas
de um rio torrencial entre sólidas margens e as
dirigem para condutores de um estabelecimen­
to de eletricidade, forçando-as a moverem tur­
binas que a longa distância fornecem fôrça e
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A COMPANHEIRA D.A TIDA 117 
luz, assim também eu quero prender essa fôrça 
natural entre os valados da disciplina e dos cos­
tumes cristãos, até que, quando fôr da vontade 
de Deus segundo a minha livre resolução e 40 
serviço da minha vontade, venha a ser dispen­
seira de vida, felicidade e bênção, no legítimo 
matrimônio. Por isso, sôbre essas margens vi­
giando, que homens perversos, e livros e cen�s 
frívolas não venham solapá-las. Evitarei le­
viandades, desregramentos, excessos, afim de 
que, no momento de descuido, as águas impe­
tuosas não quebrem as barreiras, causando ino­
mináveis estragos. Quero permanecer senhor 
dos meus sentidos e lhes não servir como es­
cravo! 
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CASTIDADE VIRGINAL 
Não é conforme a santa vontade de Deus 
que todo o mundo se case. Muitos são chama­
dos a coisas mais sublimes, ao estado sacerdotal 
ou religioso. O sacrifício do celibato que a igre­
ja exige dêstes, tem profunda razão de ser na 
essência dêste estado. 
O dever fundamental do homem é esponta­
neamente glorificar a Deus, pelo sacrifício inte­
rior da sujeição à sua santa vontade. Tudo po­
rém que se passa no coração do homem tende a 
exteriorizar-se e quanto mais fortemente um 
assunto o agita interiormente, tanto mais difícil 
será escondê:..10. Por sua vez a manifestação ex­
terior daquilo que o homem sente no seu inte­
rior, reflete poderosamente sôbre êste senti­
mento, fortificando-o, aprofundando-o, dilatan­
do-o. Faltando aquela expansão exterior defi­
nharia a vivacidade da vida interior, podendo 
até paralisar-se e_ extinguir-se. 
O sacrifício é pois o feito máximo do homem 
e constitui a sua tarefa principal. Como pode­
ria assim ficar fechado no coração? Se alguma 
coisa deve manifestar-se e patentear-se em 
obras é o sacrifício. Somente assim o sacrifí­
cio interior conserva e aumenta a sua vitalida.-
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CAST IllAllE \'IIIGIN AL 119 
de: quando se manifesta exteriormente. Na 
ausência do sacrifício exterior breve se extin­
guirá também a chama do sacrifício interior 
rest�ndo apenas as cinzas do egoísmo. 
A necessidade do sacrifício exterior se ba­
seia ainda em outro princípio mais profundo. O 
homem compõe-se de corpo e alma. Portanto, 
o homem inteiro deve ter parte na realização do
fim supremo da criatura pelo sacrifício; logo,
também o corpo. Acresce que o mundovisível
é incapaz de alcançar o supremo destino sem
a intervenção do homem. O homem deve fazer
uso das criaturas no intuito de concatená-las
com o culto divino em sua forma mais elevada.
Tudo isso só é realizável quando o homem to­
rnando do melhor que o mundo exibe, o ofere­
ce a Deus, afim de reconhecê-lo como Soberano, 
de agradecer-lhe, de suplicar-lhe o seu auxílio, 
àe reparar as faltas cometidas. Por conse­
guinte é no sacrifício exterior que culmina a 
glorificação, que o homem como cabeça da cria­
ção deve ao Criador. 
tste dever fundamental tão profundamente 
está enraizado na consciência do homem, que 
não há povo, que não tenha sacrificado à divin­
dade. Tendo embora desaparecido a fé no único 
verdadeiro Deus, tendo embora os pagãos adora­
do o sol, as estrêlas, os animais ou estátuas, sem­
pre e em tôda parte também lhes sacrificavam. 
Existe das religiões apenas uma que não adota 
:::acrificio exterior, é o Protestantismo, cuja es -
pecialidade é negar uma série de importante:5 
verdades cristãs contidas na verdadeira igreja 
de Cristo e abolir entre tantas verdades tam­
bém o sacrifício. 
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120 TU E ELA 
Além disso, entre todos os povos encontra­
mos como norma, que se escolhiam para ofere­
cer os sacrifícios pessoas determinadas, que cos­
tumavam viver separadas do resto do povo. 
Haviam de ser os medianeiros entre a divindade 
e os homens, pelo que deviam sobremodo agra­
dar à divindade. Sendo assim não há admirar 
que os próprios povos pagãos exigissem dos ho­
mens incumbidos especialmente dos sacrifícios 
também sacrifícios pessoais extraordinários, que 
os fizessem particularmente agradáveis à di­
vindade. 
As consequências do pecado, que nos torna 
desagradáveis a Deus e que, por isso, não se 
pode encontrar em quem oferece os sacrifícios, 
em parte alguma são tão terríveis como no do­
mínio sexual. Até por pessoas casadas existe 
e perigo de abuso e imoderação. Daí a parti­
cularidade, que frequentemente se exigia dos sa­
cerdotes e das sacerdotisas, de viverem uma 
vida celibatária, como vemos entre os Romanos 
quando ainda pagãos. Esta obrigação se inti­
mava às Vestais com tanto rigor que aquela que 
transgredisse esta lei seria enterrada viva, pere­
cendo à fome. Também entre os antigos Ger­
manos sempre as sacerdotisas eram virgens. 
Estas considerações mostram as relações ín­
tjmas entre o sacerdócio e a castidade virginal. 
Por que então estranhamos vendo que a igreja 
católica, a religião mais perfeita e nobre exige 
o celibato dos seus sacerdotes? Aquêles qw�
têm a santa prerrogativa de renovar quotidia­
namente no altar o divino sacrifício da reden­
ção têm que merecer esta distinção, prometendo
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CASTIDADE VIRGINAL 121 
espontaneamente de guardar castidade durante 
a sua vida inteira. 
Querermos explanar aqui as demais razões 
que justificam a vida celibatária do sacerdote, 
seria ultrapassar o programa dêste livro. Um 
só fato seja apontado. Precisamente nos nossos 
dias a mocidade carece do bom exemplo de ho­
mens que provem a possibilidade da vida celi­
batária. Caluniem muito embora os inimigos 
jurados da igreja, mas é um fato incontestável: 
- O Celibato é observado pelo clero católico.
Há sem dúvida raras exceções! Até entre os
àoze apóstolos houve traidor. Várias são as cir­
cunstâncias, que sempre podem causar aberra­
ções. Querendo ajuizar de uma queda seria di­
fícil dizer que culpabilidade cabe nela à heredi.­
tariedade, ou ao conhecimento insuficiente de tal
resolução ou a falta da reta intenção ao escolher
a sua vocação, ou ainda ao perigo extraordinário
que ofereceu certa ocasião ou finalmente a um
descuido aliado à negligência da oração. Do ou­
tro lado se compreende que êstes acontecimentos
são exagerados por pessoas, que a êste respeito
não são irrepreensíveis para assim justificarem
o seu próprio procedimento. Mas tais exceções,
raras. como são, nada provam, se considerarmos
os milhares que guardam o celibato durante a
sua vida inteira.
Semelhante apostolado do bom exemplo 
exercem entre os religiosos os irmãos leigos. O 
reino de Deus apresenta problemas cuja solu­
ção só é possível aos que conservam o seu co­
ração livre do amor terreno. Por isso é que os 
religiosos já por sua existência servem de_ lição 
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122 TU E ELA 
poderosa, provando que há ainda coisa mais 
elevada do que os gozos sensuais e que a cas­
t�dade é impossível. 
Segundo a doutrina de Cristo, a castidade 
virginal escolhida por amor a Deus, está acima 
ào estado matrimonial. Ela constitui um sa­
crifício pelo qual Deus é glorificado de um mo­
do particular. Verdade é que ela implica a re­
núncia à descendência corporal. Há porém 
urna paternidade mais elevada, a espiritual, que 
confere, conserva e aumenta a vida espiritual 
àa alma, que tem valor para a eternidade. Uma 
glória particular para as almas virgens, no céu 
consistirá não em algumas, mas em centenas e 
talvez milhares e mais almas bem-aventuradas 
chegarem agradecendo-lhes a vida espiritual 
que lhes abriu o céu e que foi o fruto dos seus 
sacrifícios, trabalhos e preces. 
Esta honra porém só cabe à castidade vir­
ginal enquanto proveniente espontaneamente do 
amor de Deus. Ficasse alguém solteiro com re-• 
ceio dos compromissos matrimoniais ou por ou­
tras considerações mundanas, e não mereceria 
preferência ao estado rn�trimonial. O celiba­
tário raras vezes viverá castamente. 
Há também quem, por várias razões, não 
chega a se casar. :Ê!ste grupo poderá fazer da 
necessidade uma virtude, como? Explicando as 
circunstâncias como traços da providência e 
anuindo assim livremente ao sacrifício inevitá­
vel. Agora, realizá-lo só pela aplicação dos 
meios específicos que unicamente capacitam o 
homem a viver casto. 
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ETU? 
Estamos no fim. Começando temos lançado 
um olhar para os planos que o Criador ideou 
em sua providência e ouvimos, em seguida, a 
palavra austera: Abstem-te! Vimos os cami­
nhos falsos que ameaçam levar o jovem à des­
graça, e o único caminho verdadeiro que conduz 
à felicidade. Fizemos juntos reflexões calmas, 
deixando de lado frases, teorias alheias à vida 
1eal e quaisquer afirmações sem fundamento. 
Meditámos sôbre verdades e fatos que nos era1�1 
apresentados pelas experiências e pela ciência. 
Perguntando agora "E tu?" não nutro nenhuma 
àúvida a respeito de tua resposta. Estás resol­
vido a proceder cavalheirescamente junto a 
qualquer donzela. Nada deverá 'manchar o bri­
lho reluzente do escudo da tua honra. Mas a 
minha pergunta tem outro sentidE!'\.t 
��Que pre­
tendes fazer para realizar a tua dec1sao?" 
Sem dúvida já é muito o animar-te a von­
tade leal de ser homem de honra; mas conhe­
ces a proposição: "O caminho para o inferno 
está coberto de bons propósitos". Se contares 
2s pedras que vão da tua casa até à igreja, sabe­
rás quantos bons propósitos se fazem e quantos 
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124 TU E ELA 
não se realizam. ·Todo aquêle que quiser ficar 
fiel a algum propósito imediatamente depois de 
o ter feito, deverá pensar: que farei para ex�­
cutá-lo? E' o que tantas vêzes se omite, im­
pedindo a realização de tantos propósitos. Há
outros que facilmente se entusiasmam por al­
guma resolução, mas apenas vêem as dificulda­
àes já lhes foge a coragem.
Se a tua resolução fôr séria, deves estar 
disposto a envidar tudo, mas mesmo tudo, não 
recuar diante de nenhum obstáculo, não horro­
rizar-te com nenhum sacrifício, para torná-lo 
realidade. A resolução não é tudo. Não pode­
mos de uma vez para sempre fixar a nossa von­
tade. Em milhares e milhares de ocasiões é 
preciso concretizar o P,ropósito, e em cada uma a 
vontade está obrigada a se decidir de novo. Es­
pera-te uma luta que pode durar um ano, um 
decênio, talvez a vida toda. 
O apetite será incansável em concillar a tua 
vontade. Após centenas e milhares de recusas, 
não largará a esperança de chegarao fim cubi­
çado. :S:le te diz que deves ceder por amor da 
tua felicidade. E' mestre em cair nas boas gra­
'ças, e fazer-te /1 bôca doce, em aproveitar qual­
quer ocasião que surgir para lembrar as suas ve­
leidades, ou utilizar qualquer concessão da tua 
parte. pata prevalecer totalmente. Serve-se 'de 
todos os teus s_entimentos para conquistar a tua 
imaginação e por meio dela iludir-te a vontade. 
Dispõe de um exército de aliados que te cercam 
o coração e com fraude e poder nêle querem
penetrar: livros, imagens, revistas, cinemató­
grafo, teatros, variedades, etc. Mostra-te o
exemplo de outros para obter o teu consenti-
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E TU? 125 
mento. Chama o álcool, para anuviar-te o espí­
rito e açoitar a paixão, para que, despojado do 
àomínio de ti mesmo, sucumbas. O riso e a 
troça de pessoas levianas que estão ao seu servi­
ço, não visam senão fazer-te vacilar, pareceres 
de médicos sem escrúpulos, não visam senão 
convencer-te que é impossível, desnatural, pre­
judicial à saúde renunciar a tudo. O pecada 
se aproxima de ti sob as aparências de amor e 
de prazer. E:le se oferece; não precisas pro­
curá-lo; basta anuíres, não se opondo. Encon­
tras-te só no meio do mundo corruto, que não 
conhece ideal mais alto do que o prazer sensual, 
€' convidando-te a não recusar os prazeres mais 
belos, mas a gozar a vida, porque só uma vez 
r 'ít, es moço. 
E' uma luta titânica, uma verdadeira guerra 
geral de todos contra ti. Como vencerás? Mas 
não deves·desanimar! Outros venceram, e tam­
bém tu sairás vencedor contanto que tenhas a 
vontade e a fôrça de empregar· sempre os meiss 
que garantem a vitória. 
A tua resolução de conservar-te casto deve 
fundamentar-se em primeiro lugar numa: con­
cepção da vida inteiramente cristã. As verda­
des da nossa fé não apenas devem, estar deposi­
tadas no recôndito da tua memória de modo a
poderes tirá-las oportunamente, não! deverão 
dominar por completo o teu espírito, todo teu 
pensar e querer a ponto de ficar tudo impregna­
do com elas. ·neves inteiramente estar possuído 
da convicção que não te encontras neste mundo 
para: gozar, para desfq1tar o .maior número 
possível de prazeres, mas para glorificar a Deus 
pelo reconhecimento da sua soberania. "Santi-
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l2Ci TU E EL.\ 
ficado seja o vosso nome!" "Não se faça a mi­
nha vontade mas a vossa". E' o mais impor­
tante e o único que nesta terra deves realizar. 
Pois é o próprio fim por amor do qual Deus 
criou o mundo. Todo o resto, por grande e si­
gnificativo e importante que possa parecer, em 
comparação com êle é secundário. Quem não 
cumprir essa tarefa principal, está destituído de 
valor diante de Deus, seja quem fôr. A êsse tal 
se aplicará sem consideração: "Afasta-tesuas opi­
niões. Querendo portanto conservar a castida­
de, não permitirás que sejam roubados os teus 
pensamentos altos e nobres. O que facilment�· 
poderia acontecer, se gostosamente ouvires dis­
cursos levianos, leres livros lúbricos ou imo­
I"ais, frequentares certas sessões cinematográfi­
cas ou exibições congêneres. Arrancam do co­
ração o respeito ao matrimônio, a estima à mu­
lher, o amor à castidade, exibindo o prazer sen­
sual como gôzo supremo da vida. O pecado é 
apresentado como coisa muito natural, o escár­
nio cai sôbre a fidelidade e a continência, ho­
mens puros são entregues ao ris.9 e à troça como 
hipócritas ou retrógrados. E' impossível viver 
conscientemente e deliberadamente em tal mun­
do de idéias sem que estas se apoderem do co­
ração. 
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130 TU E ELA 
Estas ocas10es atuam ao mesmo tempo for­
temente sôbre os apetites inferiores, porque cs 
pensamentos têm íntima conexão com os ne�­
vos sexuais, provocando-os tão poderosamente 
que entram num estado de tensão que com tôda 
a veemência impele à satisfação dêsses apetite�. 
Apresentando-se a ocasião, a queda se realiza. 
No julgar de um psicólogo ateu moderno, 
o maior sedutor é a dança._ Amontoa tudo
quanto possa excitar os desejos sexuais. A mú­
sica acariciante e sensual, os vestidos leves, o ál­
cool e os enlaçamentos penetram por todos os
sentidos até ao apetite sexual - sem falar de
danças imorais que denomina de solicitação
preliminar do pecado "para arrastar consciente
ou inconscientemente o jovem ser humano ao
turbilhão do sexualismo, do qual só poucos de
caráter forte conseguem sair" (1).
Semelhante é o juízo do supra referido ateu 
e o de outros numerosos médicos sôbre o álcool. 
"O homem que na vida ordinária resiste às 
seduções do prazer sensual em virtude de certos 
impedimentos (quais os que provêm de pensa­
mentos e princípios elevados), torna-se exata­
mente vítima dessas provocações quando ve­
nenos químicos (álcool) afastam os impedimen­
tos abrindo caminho à ativfi:iade das tendências 
sexuais"; o efeito principal do álcool é preci-
(1) C!cero na defesa de um cônsul seu constituinte, 
que e·stava sendo acusado por Catão de haver enxova­
lhado o seu of!cio por haver danç:ado, tomou um parti­
do em tudo semelhante ao que fa.zem hoje muitos ad­
vogados de causas más; disse: Q,neJn dança, on está be­
'bndo ou doidos Isto ê, meu constituinte não ê doido, 
nem ninguém o viu bêbado, logo não d[\nçou. Dêsse 
modo defendeu o réu, negando o crime. Salústio, refe. 
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E TU? 131 
sarnente um certo entorpecimento das faculd;.­
cl.es mais altas do espírito, de modo a se torna­
rem insensíveis às coisas sublimes e sagradas, 
ao passo que às sensações do prazer acham 
maior provocação. 
Trata de fugir sobretudo quando em algu­
ma parte se te apresente a ocasião do pecado. A 
sensualidade tem milhares de caminhos para se 
insinuar, e quem fôr mesmo só um pouco des­
cuidado, já está mais longe _do que pensa. Por 
princípio e incondicionalmente, deves evitar tô­
das as intimidades. Só uma energia inexorá­
vel te conservará puro e intacto; essa energia 
que o Salvador nos ensina: "Se o teu olho tli­
reito te escandalizar (isto é, se for ocasião de 
pecado) arranca-o e lança-o fora de ti!" - De­
ves estar resolvido a evitar tudo que desneces­
sarjamente possa despertar a tendência natural. 
Resolvido a permanecer casto não verás 
nessas prescrições um duro dever, uma dolo­
rosa renúncia, mas de bom grado renunciarás a 
il'indo-se a certa senhora romana que dançava admira­
vehnente, disse: Eln dnnçn muito belll, e por isso não 
po,Ie ser uma mnlher deeente. Ora, se pagãos assim 
se externam quanto à dança, o que 'Ilão diriam dos 
bailes de fantasia realiz,a,dos nos clubes carnavalescos, 
onde se reune a preten'dida alta sociedade para, a. titulo 
de convtvio social, se entregarem pais e mães de fami­
lia, rapazes e moças, que se dizem filhos de familias 
finas, â.s mais il'efinadas orgia·s, ao -enervamento mais 
diabôlico de todos os sentidos, de todos os sentimentos? 
o diabo que -inventou o carnaval, disse um dia pitores­
que em mãos férreas segura as rédeas dirigin­
do o cavalo para onde quer? E' o que está em 
questão quando se exige de ti que te venças a ti 
mesmo. Na pronta e voluntária obediência, na 
inconcussa fidelidade ao dever deves procurar o 
domínio de ti mesmo. "Não gosto". "Não estou 
disposto", frases que tais não as deves conhecer 
quando o dever ou a razão'te dizem que algum:-l 
coisa deve ser executada. 
Tampouco omitirás fazer, por princípio, de 
vez em quando, algum pequeno sacrifício, re­
nunciar a alguma coisa para dar uma esmola. 
Há amargas necessidades e torturante pobreza. 
Um pequeno sacrifício feito por amor de uma 
boa causa, robustece a tua vontade, confere-te 
liberdade interior e atrai sôbre ti a bênção de 
Deus. "O que fizeste ao mínimo dos meus if­
mãos, a mim o fizeste". 
Finalmente um quarto fator. A fôrça de 
resistir a tôdas as tentações, não a ternos de nós. 
próprios. E' o que nos ensina a igreja infalível. 
Os ataques são tão numerosos e tão violentos, a 
tendência natural é tão poderosa, as solicitações 
são tão sedutoras, que a vontade é incapaz de 
vencê-las senão confortada pela graça. Deus 
dá a todos os homens graças suficientes, pa.a 
poder vencer as tentações. Todavia, maiores 
graças para as vencer com mais facilidade, Deus 
1;0-las confere pela oração, pelas boas obras e 
sobretudo pelo meio por excelência que é a prá-
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E TU'} 135 
tica da santa comunhão. Muitas vêzes tam­
bém a graça consiste em impulsos à oração, etc. 
Quem não se servir dêsses meios perde a assis­
tência especial de Deus na hora da tentação e 
sucumbirá. 
Não poderás guardar castidade senão rec01-
rendo assídua e aplicadamente aos meios d.1. 
graça. Se do íntimo do coração desejares con­
servar-te puro, recomendarás diariamente êste 
teu desejo a Deus e sua puríssima mãe, implo­
rando o seu socorro. Deves mostrar ao céu que 
a tua pureza muito te preocupa. Na santa co­
munhão encontras a fonte mais abundante de 
graças. Perguntando a sacerdotes e religiosos 
donde receberam a fôrca de resistir uma vida in­
teira a todos os desejos da sensualidade, mos­
trar-te-ão o altar, a mesa da comunhão. A ex­
periência ensina não haver meio mais eficaz 
para conservar a pureza do que o pão que desceu 
do céu. Inúmeros são os que lhe conheceram os 
€:feitos verdadeiramente milagrosos. FrequeP..­
temente as tentações não se apresentam dura!l.­
te longo tempo, ou são vencidas com facilidade. 
Dizem que no jovem aparece por necessi­
dade de natureza uma tendência para o outro 
sexo, e que para muitos é uma exigência psi­
cológica viver em amizade com alguma nobre 
representante do sexo feminino. Consequente­
mente, o trato com alguma senhora distinta se­
ria para um tal de efeitos extraordinariamente 
valiosos e benfazejos. E para corroborar sôbrc 
êste asserto, apontam para a idade média com 
o seu cavalheirismo.
Esta afirmação tem inegavelmente um fun­
do de verdade. Mas é preciso determinar as 
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136 TU E ELA 
condições em que unicamente essa influência 
benfazeja se pode realizar com certeza, e saber 
se é possível encontrar um ente _feminino que 
corresponda a elas, em tôda a plenitude. Deve­
rá ser o tipo ideal de pura feminilidade a ponto 
de o jovem poder levantar os olhos a ela com 
reverência. O seu aspecto lhe deve infundir 
respeito à dignidade da mulher; deve-se des­
prender dela o eflúvio de majestade_ que é in­
compatível com qualquer pensamento impuro. 
Ela deve ter a compreensão do seu cavalheiro, 
do seu caráter particular, das suas qualidades e 
dos seus defeitos. Máxima vantagem seria se 
pudesse confiar nela como numa mãe, se lhe pu­
àesse abrir o íntimo do coração sem receio de 
irritá-la, de indignação, de menosprêzo, de pro­
vocar separação. A sua afeição a ela deveria 
ser tão profunda e tão pura que lhe fôsse impos­
sível abandoná-la, obrigado a voltar sempre de 
novo junto a ela para pedir conselho, repreen­
são, auxílio. E essa confiança de poder recor­
rer a ela deveria estar viva ainda quando, feri­
ao ou vencido na luta da vida, desanimado e 
triste a sua alma clamasse por socorro e fôrça, 
afim de que ela com mãos maternais lhe pensas­
se as feridas, lhe inspirasse coragem, o conso­
lasse e alevantasse. Deveria ir atrás dêle quan­
do se desviasse do reto caminho pata com suave 
poder reconduzi-lo e salvá-lo. A tôda hora de­
veria ter livre acesso a ela. Mais. Propria­
mente ela deveria acompanhá-lo sempre para
êle saber que os olhos dela dêle não se afastam 
afim de que nada faça que. o envergonhasse 
diante dela. Constantemente deveria ter a po-s­
sibilidade de aparecer diante dela, penetrar em 
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E TU? 137 
seu olhar bondoso e puro afim de perguntar se 
está contente com êle. Finalmente, ela deve­
ria estar tão alta, ser tão grande e tão poderosa 
que êle não conhecesse outro orgulho, outr:i 
ambição, outra alegria do que lhe conquistar a 
atenção, a complacência, o amor; que não sou­
besse implorar favor maior que o de ser seu ca­
valheiro. 
Mas será que existe mulher tão nobre, tão 
alta? Sôbre a terra debalde a procuraríamos. 
Mas no céu ela se encontra. Sabes de quem 
falo. E' a excelsa mãe de Deus. Ela é o ideal 
mais belo de pura feminilidade, mãe e virgem 
ao mesmo tempo. Nem o mais leve sôpro de 
pecado manchou-lhe jamais o espêlho da alma. 
Ela é um ser humano como a tua irmã, mas só 
ela é inteiramente pura, imaculada. Inefável 
encanto desprende-se dela, aquecendo e como­
vendo-nos o coração, despertando nêle o mais 
verdadeiro desejo de pureza e inocência, de 
paz e tranquilidade. Diante da sua imagem, 
calam as tempestades das paixões, fogem os 
pensamentos impuros como os animais das tre­
vas diante do sol. O seu aspecto acorda em ti 
tôda a bondade· e nobreza, instilando em tua al­
ma pensamentos puros e elevados; desperta o 
teu respeito à dignidade feminina e te faz for­
mular a corajosa resolução de respeitar e hon­
rar, por amor dela, tôda donzela, tôda mulher. 
Se tiveres caído e mesmo descido profun­
damente, ela é que te pode salvar. Ela não te 
1·enega porque és seu filho; ela não te abando­
na se a não abandonares. Se confiadamente te 
aproximares dela, encher-te-á de ardente vergo­
nha, porque é pura e tu impuro! Não te dará 
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13S TU E EL.\ 
paz senão quando tiveres purificado a tua alma 
do pecado e culpa. E voltando de novo à sua 
presença, olhar-te-á benevolamente com olhar 
meigo e bondoso de mãe; enxugará as tuas lá­
grimas, animando, consolando, abençoando. Ela 
tem alegria em ajudar-te no combate se lho pe­
dires. Se com a aproximação do inimigo amea­
çador, vacilares, implora-lhe o poderoso socorro 
e Ela te conduzirá à vitória, na luta pela mais 
bela das virtudes. 
A devoção intensa e assídua à santíssima 
Virgem pode exercer sôbre ti uma influência tão 
profunda e nobilitante que terás facilidade de 
vencer todos os obstáculos. Pode encher o teu 
coração de tanto amor à pureza e respeito à
dignidade feminina que se te torna impossível 
agir deshonestamente junto a uma irmã da tua 
mãe celestial. 
São estas as armas com que poderás ven­
cer. . . O arnês da fé, a couraça da vigilância, o 
escudo da disciplina, o gládio da oração. To­
mando-as \Tencerás, sobretudo se lutares sob a 
bandeira tte lírio da Rainha dos céus. 
Terminaremos com as palavras da magnífi­
ca Pastoral dos bispos alemães do ano de 1908� 
"Dirigimo-nos a vós, jovens, e desejamos 
despertar tôdas as fôrças nobres e as aspirações 
puras que jazem dentro de vós, a fé, o amor 
de Deus e do próximo, que bons pais e pasto­
res de almas deitaram em vosso coração; cha­
mamos tôdas as faculdades da vossa alma imor­
tal à guerra santa contra os vícios que vos 
élmeaçam. Sêde heróis e não covardes! Não 
corrais cegamente atrás do mau exemplo! Ten­
de a coragem de tomar o caminho certo, de se.e 
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
E TU? 139 
melhores do que os outros, de permanecerlivres 
C'ntre os escravos do vício, e racionais entre os 
irracionais! Não tolereis que paixão impura 
vos cubra a vista, acorrente a vontade, paralise 
r: devore as vossas melhores faculdades e sufo­
que o fogo sagrado da vossa alma! Sêde heróis, 
iutai por vossa liberdade, pela vossa saúde mo­
ral e física, pela felicidade da vossa vida, pela 
salvação da vossa alma! Dominai os impulsos 
dos sentidos com o cetro da razão, com o gládio 
heróico da vontade; guardai ordem e limpeza 
r:.o mundo dos pensamentos e sentimentos, no 
reino da fantasia; detestai o lôdo em tôdas as 
suas formas; avigorai a vossa energia na auste-
11dade contra vós mesmos, pela temperança e 
continência, pelo amor ao trabalho! Mas tudo 
isso só o realizareis com o auxílio da graça que 
vem do alto. Portanto tomai a armadura de 
Deus para que possais resistir no dia mau (Efés. 
6, l.º); permanecei em contínua união de co­
ração com Cristo e com Deus e dominai os ar­
dores impuros da paixão sensual com o fog0 
sagrado 
de Deue e do 
próximo!'' 
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	TE - 0136
	TE - 0137ganismo, isto é, o elemento corporal da tendên­
cia sexual que visa unicamente a satisfação do 
prazer dos sentidos; 2) Tendência da alma, istQ 
é, o desejo de amar e ser amado; 3) Tendência 
da propagação, ou, o desejo de �er filhos. 
Da tarefa que incumbe ao homem na vida 
matrimonial segue-se que nêle a tendência natu­
ral está fortemente desenvolvida, ao passo que 
cala completamente na moça normal ainda não 
pervertida. A ela falta geralmente uma certa 
compreensão do que frequentemente excita 
apaixonadamente o moço, sem nada suspeitar d0 
quanto pode o seu impulso inferior. Certamen­
te, também nela é possível despertar de tal modo 
a tendência natural até chegar a formidável im­
petuosidade. Contudo afirmam notáveis auto­
ridades nesta matéria que êste despertar pro­
vém sempre de fatores externos, como são leitu­
ras, conversas, cinemas, seduções, etc., a não ser 
que haja predisposição anormal. 
Por outro lado, a tendência da alma é muito 
mais poderosa na mulher do que no homem. 
E' inteiramente normal, que a moça, per­
feitamente côncia da fraqueza da natureza femi­
nina, procure um homem corajoso, vigoroso, 
empreendedor e superior a ela intelectualmente, 
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18 TU E ELA 
para chegar-se a êle, para levantar para êle os 
seus olhos e sentir-se segura sob sua tutela. 
Antes de tudo trata-se para ela de ser amada 
pelo homem como companheira igual e ser 
tratado por êle como tal. 
Essa tendência da alma, porém, encontra-se 
também no homem e tanto mais intensamente se 
fará sentir, quanto melhor o moço souber domi­
nar a tendência natural. Ainda tem valor a 
palavra de Deus: "Não é bom ao homem estar 
só; façamos-lhe uma companheira". O homem 
adulto e nobre começa a sentir um vácuo na 
sua vida. Deseja a companheira que com o seu 
ser calmo, bondoso, luminoso e alegre possa em­
belezar-lhe a vida, que o compreenda, que do 
íntimo da alma tome parte nos seus interêsses, 
o alivie e console no duro trabalho e nos reve­
ses da vida, que lhe torne o lar atraente e agra­
dável. Facilita-lhe duas vezes o trabalho o pen­
samento que trabalha pela mulher querida, jun­
to à qual encontrará após o pêso do dia, benéfico
descanso.
Em perfeita correspondência à maternidade, 
o desejo da propagação é no�avelmente mais
pronunciado na mulher do que no homem. A
verdadeira mulher só se dá por satisfeita quan­
do de qualquer modo pode em altruística dedi­
cação, aplicar os seus sentimentos maternais,
cuidando pelo bem dos outros; com algum exa­
gêro podemos mesmo afirmar: "Tôdas as suas
fibras gritam pelo filho". Entretanto, êste de­
sejo de ter filhos reside também no homem, que
nos mesmos quer continuar a viver, devendo êles
tornarem-se algum dia o seu outro e melhor eu.
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Ulf OLHAR PARA O PLANO PROVIDENCIAL DO CRIADOR 19 
A inclinação sexual composta dêstes três 
elementos, conserva-se em estado latente nas 
crianças. Ainda que o característico masculino 
e feminino não deixe de se manifestar desde 
tenra idade, não se pode contudo confundi-lo 
com o sentir puramente sexual a não ser quan­
do fôr provocado por uma disposição doentia ou 
despertado prematuramente por certas causas 
exteriores. Nos casos normais manifesta-se a 
inclinação sexual somente com o comêço da 
puberdade, e a princípio de uma maneira muito 
vaga e incerta, o que é uma consequncia das 
secreções internas das glândulas de que já fa­
lámos. 
O primeiro sinal da adolescência é que 
meninos e meninas que até então tranquilamen­
te brincavam juntos passam a se sentir contra­
feitos. O menino começa a olhar com uma certa 
superioridade para a fraqueza da menina. tle 
se sente entusiasmado pelos feitos heróicos da 
história, e não procura mais senão divertimentos 
em que possa documentar a bravura. 
A menina por sua vez sente-se constrangi­
da com as maneiras bruscas do menino, sua ar­
rogância, e o evita com indignação e desprêzo. 
Esta diferença é ainda daquelas que sabia­
mente soube formar o Criador. Afastados uns 
dos outros devem êles desenvolver-se para al­
cançar cada um a sua espécie característica, sem 
que desta maneira possa ser influenciada ou 
per1urbada a maneira de sentir e pensar de 
cada um dêles. 
Um é o meio por onde o menino chegará a 
ser um verdadeiro homem, e o outro é por onde 
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20 TU E ELA 
:;; menina se fará uma verdadeira mulher. Pois 
somente homens perfeitos e mulheres perfeitas 
são capazes na vida matrimonial de se comple­
tarem nas suas necessidades recíprocas, morais 
sobretudo. E daí o interêsse próprio dos mem­
nos de reclamar u�� educação separada e dife­
rente: para não lhes�roubar os elementos donde 
devem tirar a fôrça para sua futura peculiar 
missão. 
Entre meninos moralmente sadios, formam­
se nessa idade por via de regra as amizades da 
mocidade. Ainda não compreendendo bem a 
realidade, em que vive, e não podendo compre­
ender ainda a maneira de pensar dos mais ve­
lhos, o menino sente-se pouco seguro na compa­
nhia dêles. Eis o motivo, por que procura che­
gar-se aos que sentem como êle, aos companhei­
ros da sua idade, que compreendam e estejam no 
mesmo grau de desenvolvimento intelectual e 
moral. Só aí o menino se sente com todo vigor 
da sua personalidade e em tôda a posse de si 
mesmo. No meio dos seus companheiros é que 
êle vai encontrar quem o possa compreenâer me­
lhor do que os outros. Serão êstes os seus ami­
gos especiais. E' um grande benefício que ad­
virá para o menino durante o seu crescimento o 
E-ncontrar um verdadeiro amigo, um amigo em 
quem êle veja um como seu segundo eu. Cada 
um encontrará então, no outro, valores espiri­
tuais, qualidades que lhes servirão reciproca­
mente de animação e apôio. 
Daí compreendermos como um bom menino 
por si mesmo não perverte nunca o caráter das 
suas amizades. O que, entretanto, não é raro 
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UM OLHAR PARA O PLANO PílOYIDENCIAL DO CRIADOR 21 
entre meninos moralmente podres. O outro, 
não: sentir-se-ia humilhado e cheio de vergo­
nha, se houvesse de olhar seu amigo com outros 
sentimentos, que não os inspirados por uma ami­
zade sincera e legítima e em que o elemento se­
xual não pode ter nenhuma influência. ::6:les se 
olham com olhar franco e alegre, que vai verti­
calmente à alma de cada um dêles sem tremer 
de nenhuma segunda e baixa intenção. E por 
isso mesmo é natural que um menino moral­
mente bem formado corra daqueles que o que­
rem seduzir com presentes e carícias de um sen­
tido repugnante. 
Com o curso dos anos ás secreções inter­
nas exercem influência cada vez maior sôbre o 
cérebro e as atividades da alma. Assim como 
as tempestades no fim do inverno anunciam o 
princípio da primavera, assim se faz sentir na 
puberdade a tendência sexual. As disposições 
da alma mudam repentinamente: o mau e o 
bom humor se revezam sem cessar. O jovem 
sente-se dominado por um desejo vago e incerto, 
que não saberia explicar. :6:le é um enigma para 
si próprio. 
Realizando-se o· desen�olvimento de uma 
maneira normal, o que supõe antes de mais uma 
ocupação l'íegular, séria, capaz de prender o 
homem inteiro, o seu interior se esclarece pouco 
a pouco, e em vez do desejo vago aparece a 
tendência sexual; essa se manifesta com força 
diferente nas diversas pessoas. Muitos andam 
tão preocupados com os seus trabalhos, que mal 
percebem o que se passa na sua vida interior. 
Outros sentem um certo descontentamento ínti-
https://alexandriacatolica.blogspot.com.br
22 TU E ELA 
mo sem perceber bem a sua causa mais profun­
da. Várias circunstâncias poderão despertar :,s 
agitações da tendência sexual até prender total­
mente o jovem coração. 
Circunstâncias diversíssimas poderão nesta 
altura ocasionar no coração de uma pessoa a 
inclinação para uma outra de sexo diferente. 
E quando esta corresponde, invade então a am­
bos uma verdadeira impressão voluptuosa de 
alegria íntima. Esta consciência de poder pos­
suir exclusiva e inteiramentea pessoa que se 
ama e de ser amado por ela, é uma tentação pa­
radisíaca. Sentem-se os sêres mais felizes da 
terra, de uma felicidade plena como se êles am­
bos se bastassem totalmente a si mesmos na 
vida. O amor naturalmente impele à união. 
Que atração existe mais profunda e sensível que 
o amor? Estando separados há o pensamento
para uni-los. A separação é muitas vêzes um
ponto de amarguras e de saudades do amado,
podendo torturar o coração a ponto de já não
achar interêsse em coisa alguma. Todo seu ar­
dor é pela doce hora em que se possam rever.
O fim essencial e último de Deus com esta 
tendência sexual, posta no coração do homem, 
é o filho. Não podemos deixar de formar ainda 
mais algumas considerações sôbre êste ponto: 
O motivo por que Deus criou dois sexos diferen­
tes, o fim principal do amor com todo o seu 
fundo de ternura e poesia e o fim do matrimô­
nio com todos os seus castos gozos e com tôdas 
as suas alegrias não é a satisfação dos própri0s 
desejos, não é o gôzo pessoal, o bem-estar das 
pessoas casadas. Tudo isso é fim secundário, 
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U:\1 OLHAR PARA O PLA"-0 PROVIDENCIAL DO CRIADOR 23 
ou melhor é apenas um meio para se conseguir 
um filho. O filho, êste é que é o elemento prin­
cipal. A aspiração ao filho é a mais concentra­
da e viva de todo casal: E' que o filho não dev,'.:! 
ser olhado tão somente como mero encanto for­
tuito do casamento; êle encarna antes o fim 
mesmo do casamento, o seu objetivo principal. 
Sentindo-se pois atraído por alguma moça; sen­
tindo-se feliz quando a conquistou e chama su&.; 
indo-lhe pela alma um júbilo sem nome e õul­
gando que· já não precisa de mais nada para sua 
felicidade, sabérá todavia que todos êstes sen­
timentos não lhe foram concedidos no seu pró­
prio interêsse mas que são outros tantos atrati­
vos para o levarem ao matrimônio e tornarerr.­
no pai. 
Verdade é que, entrando no estado matrimo­
nial, muitos se guiam antes de tudo pelas van­
tagens pessoais que os esperam. :Ê:ste não visa 
senão garantir, o futuro; aquêle nutre apenas 
o desejo de adquirir fortuna, de entrar em
alguma emprêsa ou de conseguir qualquer outro
bem de ordem material; e enfim há naturezas
inferiores cujas aspirações não vão além da sa­
tisfação dos apetites carnais. Mas, seja como
fôr, sejam quais forem os motivos que levam n
homem ao matrimônio, na maioria dos casos o
fim principal do casamento, fim visado por Deus,
sempre está garantido e êste é o filho.
Tão pouco devemos esquecer que tôda a 
evolução do apetite sexual a começar pelas suas 
raízes que é a diferença das qualidades naturais 
e a exigência de mútuo complemento, através 
da simpatia nascente na adolescência até ao 
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24 TtJ E Ei,A 
júbilo dos noivos e o doce conchêgo da vida 
matrimonial, é intencionada por Deus que a 
deitou de propósito deliberado no coração do 
homem. Não é portanto alguma descoberta hu­
mana, alguma coisa em que Deus não tivesse 
pensado e o que não pretendeu. Na primefra 
página da Escritura lemos a frase: "Deixará o 
homem a seu pai e sua mãe e se unirá à su;l 
mulher, e serão dois em uma carne" (Gênesis, 
2,24). E ao mesmo tempo, a felici.dade dêste 
amor terrestre tem uma significação mais su­
blime: Aponta ao homem e lhe proporciona um 
antegôzo dum amor imensamente maior e mais 
intenso, produzindo não uma felicidade passa­
geira e imperfeita, mas permanente e imutável 
e absoluta - a felicidade do amor divino. No 
livro dos Cantares, o amor dos noivos é símbolo 
de ardente desejo com que a nossa alma aspira 
por Deus, e de que como ela se sente feliz em 
possuir êste Deus. Pois as aspirações do cora­
ção humano são tão profundas que um ame,r 
terrestre não é nunca capaz de contentá-las de 
um modo duradouro. Além disso, sabemos to­
dos quanto a felicidade mesmo do mais puro 
amor conjugal não deixa, às vêzes, de ser per­
turbada por fraquezas humanas, por golpes ines­
perados, ou sejam moléstias, contratempos, e 
provações de tôda ordem, e como alfim é trans­
formada em tristeza pela morte. E' a hora em 
que o espírito se deve alevantar esperando a ple­
na satisfação do seu profundo desejo de amor 
na outra vida, em Deus. 
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NÃO TE É LíCITO 
Como vimos, no princ1p10, o homem é 
livre. Enquanto todos os demais sêres vivos são 
conduzidos divinamente para o seu fim median­
te uma vida puramente instintiva, o homem de­
ve dirigir a sua vida para seu fim de uma ma­
neira conciente e deliberada. Pelo recurso de 
sua inteligência êle é chamado com autonomia a 
dispor com ordem das suas inclinações e te11-
àências. Todavia esta autonomia não deve to­
mãr-se no sentido de êle poder decidir arbitra­
riamente, a seu bel prazer, qual a norma do bem 
e do justo. Pelo contrário, deverá cingir-se 
àquela ordem cujos fundamentos se encontram 
na sua natureza humana, traçando-a Deus em 
sua bondade, de um modo visível e manifestan­
do-a claramente pela voz da conciência. Só a 
submissão a esta ordem pode conduzi-lo à feli­
cidade que Deus lhe consignou. Proscrito está 
apenas o que é nocivo à humanidade. Louco 
seria o homem que preteIJdesse procurar a feli­
ddade por caminho que se lhe vedou, porque o 
precipitaria na desgraça. 
Deus criou Adão e Eva tai:'l, que gozassem 
de pleno domínio sôbre a natureza inferior. 
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26 TU E ELA 
Foram criados num estado que lhes aperfeiçoa­
va a natureza de uma maneira superior às exi­
gências da natureza humana como tal. Por amor 
e bondade, Deus os elevara a essa ordem supe­
rior, deixando-lhes todavia a incumbência de 
merecê-la ulteriormente, para si e os seus des­
cendentes pela submissão à sua vontade. Pe­
caram, porém, contra o mandamento divino, e
porque pecaram foram expulsos do paraíso e 
voltaram para a ordem condizente com a sua 
natureza. 
Em parte alguma as consequências da 
queda dos primeiros pais se fizeram sentir de 
maneira tão terrível como na esfera sexual. A 
tendência natural, êste elemento inferior da se­
xualidade, não está sujeita a certas estações nem 
a quaisquer limites, como no animal. Ela, ao 
contrário, é livre de todo impedimento espontâ-­
neo interior, devendo por isso mesmo estar sob 
o domínio e o govêrno da razão do homem. Po­
:rém--:ela- não se-deixa- governar-facilmente·;--e
antes insurge-se contra o domínio do espírito,
procura livrar-se e apoderar-se dêle. Logo que
ela aparece procura induzir o espírito a ceder às
suas solicitações. Não se cansa em insistir e
provocar e lisonjear. Repelida mil vêzes volta
com a mesma fôrça. Mais. Reforça-se por si
cada vez em novos motivos, chegando a invadir
com notável veemência todo o sistema nervoso
e a vida da alma de maneira que, traspassando
o homem de uma tão enganosa voluptuosidade,
poderosamente o impele a ceder.
A isso se acrescentam as impressões dos 
sentidos exteriores capazes de excitar forte-
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NÃO TE É LÍCITO 27 
mente a propensão natural. A figura tôda âa 
pessoa do outro sexo, os cabelos, os olhos, o ros­
to, a linguagem podem influenciá-la vivamente. 
Além disso, propositadamente ou não, e sobre­
tudo no sexo feminino, reside a preocupação de 
2gradar aos homens e de atraí-los. Os vestidos, 
o modo de usar os cabelos, o gôsto dos perfumes;
pelo olhàr, por tôda a sua maneira de agir, trans­
parece o desejo de cativar.
Por tudo isso, se o adolescente não se acau­
telar, mas pelo contrário ceder às solicitações 
da tendência natural e não evitar as ocasiões 
exteriores ela tomará, forçosamente, a prepon­
derância. Fortificando-se cada vez mais, tor­
na-se sempre mais impetuosa, mais audaz e 
como qualquer outra fôrça desencadeada da na­
tureza é capaz de causar enormes desgraças. A 
tendência natural é cega e seu único objetivo 
e fazer valer as suas aspirações. Tudo o mais 
lhe é alheio, tanto o verdadeiro bem-estar do in­
divíduo em que se encontra, quanto o de outras 
pessoas. Se o que apetece é coisa perniciosa,repelente, criminosa, ou não, é-lhe indiferente. 
Não pesa nada disso. O que ela quer é conse­
guir sua plena satisfação. Prejudicar-se o ho­
mem no corpo e na alma, desgraçar-se êle a si 
mesmo e lançar outras numa miséria sem remé­
dio, a ruína de famílias e a existência de filhos 
que nascem na vergonha e crescem na miséria, 
grandes escândalos e destruição de imensos va­
lores morais - tudo isso é indiferente à ten­
dência natural contanto que o seu apetite seja 
satisfeito. Não se contenta com algumas con-
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28 TU E ELA 
cessões; exige satisfação completa de todos os 
seus desejos. Não dá paz se se lhe faz a vonta­
de no momento; torna-se mais arrogante e im­
petuosa. A desgraça que causa não a impres­
siona; as lágrimas que provoca não a comovem. 
Não a demovem preces e súplicas, e não larga 
a vítima nem quando a levou ao desmorona­
mento das suas fôrças físicas e morais. Além 
disso rouba ao homem a compreensão de todoSi 
os valores superiores; torna-lhe insuportável a 
religião, único poder ainda capaz de o arrancar 
do lodaçal; apaga a luz da fé e as estrêlas da 
esperança; impelindo-o para as trevas do de­
sespêro e da eterna condenação. 
Não há tirano mais desapiedado, mais egoís­
ta, mais cruel nem mais sem respeito do que 
a tendência natural uma vez qu,e se apodera do 
predomínio no homem. Pois qualquer fôrça na­
tural, está destinada a viver sob a disciplina do 
espírito capaz de guiar. Assim, e só assim, é 
que verdadeiramente chegará a desempenhar 
&ua tarefa no matrimônio instituído por Deus, a 
saber, de ser fonte de castos gozos e de profun­
da felicidade. 
Agora já podemos compreender o sentido, 
a conveniência e mesmo a necessidade do sexto 
e nono mandamentos. O que dizem é: deves 
dominar o apetite sexual e só podes satisfazê-lo 
no matrimônio legítimo, de modo corresponden­
te à sua finalidade. 
Ao celibatário é portanto desonesto e con­
sequentemente vedado sob pecado grave: satis­
fazer voluntariamente à tendência sexual, assim 
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NÃO TE Í, LÍCITO 29 
como alimentar tal desejo; tudo aquilo que na­
turalmente possa ou deva levar a isso, exceto 
quando haja alguma necessidade, removido, po­
rém, qualquer perigo de consentimento no pra­
zer; tudo aquilo que é feito com a intenção de 
provocar o prazer carnal. Espiritualmente al­
guém é desonesto, desejando conciente e por 
tanto realmente, praticar ações gravemente des­
onestas, ou deleitando-se sôbre pecados já co­
metidos ou imaginados, ou quem contra a voz 
da consciência voluntariamente se demorar em 
imaginações que grave perigo apresentam, com 
recordarem desejos luxuriosos ou excitarem o 
prazer carnal. São impuras conversas que se 
fazem por complacência no prazer sexual ilícito, 
ou com intenção de provocá-lo em outros, assim 
como também quando trazem grave perigo a 
quem fala e aos ouvintes de con.sentirem em coi­
sas desonestas, os olhares, as leituras, as dan­
ças, as exibições no cinema, no teatro, etc.. De 
conformidade com a palavra do divino Salvador: 
"Todo o que olhar para uma mulher cobiçando­
a, já no seu coração adulterou com ela". Mat. 5, 
28. Comete portanto ação impura quem, ciente
e voluntariamente, ceder a uma afeição sexual
a uma pessoa do outro sexo, desejando possuí-la
de modo ilícito. E· pecado, que cai sob o nono
mandamento: "Não cobiçarás".
Tentativa irrealizável seria querer fixar 
exatamente onde começa o pecado grave no in­
tuitô de poder proporcionar-se assim certas li­
berdade. E' sobretudo aqui que tem aplicação 
o antigo aviso: "Principiis obsta!" "Resiste ao
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30 TU E ELA 
comêço!". Se mesmo aquêles que com tôda a 
energia procuram evitar o pecado, nesta maté­
ria podem sucumbir à veemência de uma tenta­
ção, que diremos então dos que são levianos! As 
solicitações da carne são fortes demais para que 
no princípio se lhes possa fazer certas conces­
sões e depois dominá-las convenientemente. 
Muitos passos falsos de pessoas bem intenciona­
das não tiveram senão esta causa: começaram 
imprudentemente a ceder a um pequeno desejo 
ilícito, ou a uma inclinação menos casta e o re­
sultado é que quando então a sensação chegou 
a desenvolver-se em tôda a sua plenitude, não 
encontraram mais a fôrça para resistir. 
Há quem queira objetar que a tendência 
sexual é irresistível; que a continência é preju­
dicial ao organismo; que guardá-la sob tão seve­
ra âisciplina enfraquece os nervos, etc. E o que 
quiser seguir estas idéias poderá vê-las apoia­
das até pela opinião de médicos. Admitimos 
que de vez em quando os movimentos da sexua­
lidade possam se tornar incômodos e constituir 
um certo embaraço no trabalho. Mas a verda­
de é que nenhum médico conciencioso afirmará 
que êstes vexames venham a prejudicar real­
mente a saúde.. Muito pelo contrário, prejudi­
cial à saúde seria se o jovem cedesse. Sobretu­
do perderia imenso em fôrça de vontade. Quan­
tas profissões, cujo exercício acarreta natural­
mente os piores incômodos, e que ameaçam a 
própria saúde! Quem daria razão ao médicc, 
chamado a altas horas da noite para um doente, 
de recusar um chamado sob o pretêsto que a 
perturbação do sono lhe é prejudicial à saúde? 
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N Ão TE É LÍCITO 31 
Prescindindo dessas pequenas e insignifican­
tes perturbações, não se aponta nenhuma con­
sequência nociva da vida casta. Uma série de 
médicos dos mais brilhantes declara com tôda 
a franqueza que ignoram tais consequências de-­
sagradáveis. Citemos alguns. "Com tôda a fir­
meza que me dão a minha experiência e a mi­
nha autoridade, afirmo que nunca homem al­
gum conseguiu vantagem com a incontinência 
ou sofreu- prejuizo com a continência" (Dr. 
W. Gowers, médico do hospital da Universiaade
de Londres). "Acho que pela continência ain­
da ninguém caíu doente, mas sim porque a su'l.
fantasia vivia exclusivamente em assuntos se­
xuais" (Bjõrnsen, notável escritor norueguês).
"Na minha prática certamente muito numerosa,
de quase trinta anos, tive ensejo de lastimar inú­
meras vítimas da libertinagem, mas nenhuma da
virtuosa continência". (Dr. Max). "A opinião
que o não uso da faculdade geradora possa acar­
retar qualquer prejuízo é errônea, pois a expe­
riencia ensina que a vida celibatária e ao mesmo
tempo continente tem a mesma duração e a mes­
ma felicidade como a vida matrimonial". ( C.
Dr. Schmitz). "E' opinião muito falsa pre­
terider derivar do não uso dessas funções qual­
quer dano" (Cons. Dr. Rubner). "Não foi ob­
servado nenhum efeito doentio causado pela
continência na vida sexual" (Dr. Teuten). "Abs­
tinência absoluta pode e deve ser praticada por
jove11-s solteiros sem prejuizo nenhum para a
saúde" (Dr. Acton}. "Inconveniente e levia"­
namente se tem falado em perigos para o jovem
que pratica a continência. Confesso que, se tais
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3•) ' - TU E ELA 
perigos existem, não os conheço, e que como 
médico ainda não os verifiquei, embora nunca 
me faltasse ocasião de fazer experiências nesta 
matéria". (Prof. Dr. Fournier). "A continên­
cia não é nociva para a saúde. Pelo contrário, 
é uma fonte para o desenvolvimento enérgico 
da vontade, redundando em benefício da forma­
ção exigida pela vocação" (Dr. Von den Stei­
nen). Fazendo um inquérito sôbre o caráter 
inofensivo da continência, o Dr. Jacobsohn re­
sume as respostas de trinta e cinco notáveis len­
tes de medicina da seguinte maneira: "Os mo­
ços devem guardar continência; a continêncj_a 
não os prejudica de maneira alguma; pelo con­
trário, ela é benéfica. Conservando-se conti­
nentes e evitando relações extramatrimoniais, 
conservarão um alto ideal do amor e estarão li­
vres de moléstias venéreas". "Também o jovem 
maduro para a vida sexual deve compenetrar-se 
da convicção que é indispensável combater os 
apetites sexuais até a época do matrimônio'' 
(Dr. Oppenheim). "Normalmente, a um jovem 
que se dê com a maior energia a um trabalho 
tanto material comode espírito, e· que se abstém 
das excitações que corrompem a vont.ade como 
aquelas produzidas pelo álcool, - a um jovem 
nestas condições não é impossível realizar a con­
tinência sexual" (Dr. Forel). "Durante a mi­
nha atividade médica de vinte anos estive em 
contacto com pessoas, e sobretudo com jovens de 
tôdas as classes sociais sem encontrar um que ti­
vesse considerado impossível a continência ab­
soluta, suposta naturalmente a boa vontade ... 
E' melhor para o jovem levar uma vida casta" 
(Prof. Ribing). A congregação dos médicos da 
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NÃO TE É LÍCITO 33 
Universidade de Cristiania deu o seguinte pare­
cer: "A asserção ultimamente feita por diver­
f:as pessoas e repetida em jornais e reuniões, 
que uma vida moral e de abstinência sexual seja 
prejudicial à saúde é, segundo a nossa experiên­
cia unanimemente aqui manifestada, inteira­
mente falsa. Não conhecemos nenhuma doença 
ou fraqueza, da qual se deva ou possa afirmar 
ser oriunda de uma vida perfeitamente pura e 
moral". Muito acertadamente diz o conhecido 
literato ru:,so Conde Leão Tolstoi: "Toaos en­
contrarão em redor de si centenas de argumen­
tos de como a continência é não só possível, mas 
menos perigosa e menos nociva para a saúde ele 
que a vida lasciva". 
E' de notar que todos êstes depoimentos 
foram dados do ponto de vista puramente mé­
dico e quase exclusivamente por acatólicos. Não 
tomam em consideração, portanto, o grande au­
xílio que oferece ao homem a graça divina. Fi­
nalmente, também nesta matéria vale o pensa­
mento de um poeta que a vida não é o sumo 
bem, mas que o maior mal é a culpa. 
As declarações dos grandes médicos citad()s 
sugerem a idéia de que a afirmação, ser nociva 
a vida casta, tem as liuas raízes na tendência de 
excusar e justificar os próprios desregramentos. 
Além do mais, para o cristão crente, de ante­
mão é evidente que Deus não exige coisas. im­
possíveis ou nocivas à saúde. Quem fôr de boa 
vontade estará em condições de guardar a cas­
tidade correspondente ao seu estado, contanto 
que recorra aos auxílios e medidas de prudên• 
eia que a Igreja lhe oferece e aconselha. 
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CAMINHOS ERRADOS 
Permite Deus, que o instinto sexual já .;e 
manifeste na idade em que a mocidade ainàa 
não pode pensar em contrair matrimônio, obje­
tivo para o qual êste instinto impele. O jovem 
deverá pois aprender a subjugá-lo, para mais 
tarde tê-lo em seu poder. A comêço os seus 
movimentos são ainda fracos, e é relativamente 
fácil resistir-lhe. Aos poucos porém avigoram­
se podendo tornar-se muito importunas. 
E' de importância que o adolescente tome 
desde logo a verdadeira posição em face destas 
manifestações do instinto sexual. Deverá saber 
que êsses primeiros sinais de amadurecimento 
de virilidade, são muito naturais, não devendo 
por isso se inquietar com êles pois o instinto 
sexual em si, não é pecaminoso ou mau, mas 
pôsto no homem por Deus. Todavia é hurn.1-
lhante para nós e desagradável para todos os ho­
mens nobres que exatamente o seu elemento 
ma.is baixo, a saber o instinto natural, frequen­
temente se apresente de maneira molesta exi­
gindo a satisfação dos seus desejos sem preoc-u­
pação alguma dos seus fins superiores. Por isso 
o jovem deverá ter sempre presente o sentido
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CAMINHO ERRADOS 35 
e o fim do apetite natural, e sabendo que não 
poderá consentir no seu desejo, enquanto não 
puder alcançar o fim intencionado por Deus, 
deverá envidar todos os esforços para conservú­
lo submisso. Não são os instintos cegos que de­
verão guiá-lo, mas sim a razão iluminada pela 
fé. Pois somente então e somente assim êle é 
propriamente homem. Com mão forte, a razão 
deverá guardar as rédeas e enquadrar o instinto 
sexual no plano da vida, de modo que algum 
dia o favoreça e não desde já o prejudique ou 
mesmo arruíne. 
Os jovens tão de boamente se orgulham da 
sua fôrça e dos seus feitos! A tantos atrai o 
vencer na luta ou no jôgo! O telégrafo o leva 
a tôdas as partes do mundo e por tôda parte 
anunciam os jornais quantos pontos êste ou 
aquêle conseguiu e quem conquistou o campeo­
nato. Insignüicantes porém, destituídas de va­
lor são estas vitórias para o verdadeiro bem e a 
salvação do homem! A luta pela castidade, po­
rém, decide sôbre a sua verdadeira felicidade 
tanto temporal como eterna. Não tentará por 
isso a ambição do moço nobre vencer nessa luta 
e conquistar o campeonato? Embora neste ter­
reno não haja os aplausos de milhares de espec­
tadores, todavia com tanto mais alegria olha o 
céu para o nobre lutador e prepara-lhe a coroa 
da vitória. Os pontos que conquistar, é verda­
de, não vêm mencionados nas reportagens des­
portivas, mas estão consignados no livro da vida 
e servir-lhe-ão durante tôda a eternidade. 
Com tôda calma indicarei agora alguns ca­
minhos errados, para onde o instinto sexual 
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36 TU E ELA 
procura levar o homem adolescente. Descre­
yendo ao mesmo tempo as consequências na­
turais, que podem seguir ao pecado, quero toda­
via salientar desde já que êstes motivos por si 
só não são eficazes. O único motivo capaz de 
resistir a todos os ataques da paixão é o 
conhecimento da proibição divina oriundo de 
uma fé viva. E também somente a graça pode­
rá dar a fôrça de guardar a castidade. Expô-. 
lo-emos mais tarde pormenorizadamente. 
O que antes ·de mais deve constar é que 
Deus realmente proibiu alguma·s coisas. A mo­
cidade inexperiente, sem reflexão, mui facil­
mente pensa que não há tanta maldade em cel'­
tas coisas. Embora já duvidosas em si, não vê 
nelas nada de perigoso. Quero por isso abrir 
os olhos apontando as consequências que a le­
viandade e irreflexão podem ter. Hás de ver 
o que se esconde atrás das frases: "E' preciso
gozar a vida, é preciso aproveitar da mocidade'',
etc.; e quantas desgraças uma "hora âe fra­
queza", uma travessura podem causar na vida
humana. Deverás persuadir-te que te são proi­
bidas muitas coisas, não por falta de compreen­
são mas no teu próprio interêsse. Dêste modo
quero ganhar a tua vontade para aquilo que se
exige de ti para que não penses: "Não devo",
mas sim "Não quero".
As minhas palavras poderão impressionar­
te somente se tiveres a boa vontade de guardar 
os mandamentos de Deus. O conhecimento das 
horríveis consequências que o pecado pode ter 
deverá tornar-te cauteloso, para que não te me­
tas imponderadamente em alguma coisa, que em 
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CAMINHO ERRADOS 37 
tua inexperiência ainda não conheces como peri­
gosa. E' preciso, que chamem a nossa atenção 
para muitos perigos para que os possamos evi­
tar. Além disso o pecado se aproxima de ti 
sob a forma mais atraente, aparentando prazer 
e amor. Apontarei o monstro que se esconàe 
sob a sedutora aparência, a baixeza e infâmia 
que há numa inclinação ilícita, para que ela 
nunca mais se possa aproximar de ti sem êste 
ferrete. Em frente desta temível adversária é 
de prudência mobilizar tôdas as fôrças auxilia­
res, que possam contribuir para a vitória. Fi­
nalmente o conhecimento dos perigos deverá le­
var-te a empregar solícitamente aquêles meios, 
que: te fornecem a fôrça de resistir a tôdas as 
tentações. 
Indicando agora quatro caminhos erradot::, 
não pretendo dizer com isso, que sejam maneiras 
completamente diferentes, porque alguns de mo­
ei.o ilícito cedem ao instinto sexual. Cada caso 
é diferente. Mas ao redor destas noções podem 
::>.grupar-se facilmente os pensamentos capazes 
de preservar o jovem dum passo errado. O que 
tem aplicação num caso particular, depende de 
àiversas circunstâncias. 
Em primeiro ·lugar trato do pecado oculto 
da masturbação. Depois do amor de menores, 
isto é, do comércio prematuro e íntimo com uma 
moça quando geralmente a possibilidade de um 
casamento não pode entrar em consíderação. 
E' o que vulgarmente se chama "flirt". Em 
terceiro lugar das "Relações", nome com que 
indico o comérciodiretamente imoral no qual 
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38 TU E ELA 
frequentemente falta a intenção e a possioili­
da mulher 
e mãe. O único ideal da vida é para êles o ih­
mitado gôzo dos sentidos. 
Não quero antecipar, e só mais tarde mos­
trarei as horrendas consequências que o seu pro­
cedimento pode trazer às moças . . . Quero 
mencionar apenas um fato. Como já vimos em 
outro lugar (pág. 15), uma moça pura nem se­
quer suspeita dos desejos da tendência naturd 
do homem. Absolutamente não a compreende 
porque nela ordinariamente a tendência natu­
ral está calada e, segundo afirmam médicos sé­
rios, requer-se toda a delicadeza de um homem 
nobre para que a espôsa realmente chegue a ver 
no ato matrimonial, aquilo que, por vontade de 
Deus deve ser, a saber, uma prova de nobre e 
verdadeiro amor, um sinal exterior da união es­
piritual. Erram portanto notavelmente muitos 
moços, pensando que a moça nutre, os mesmos 
desejos como êles. A moça, que cresceu longe 
de tôda sedução, só conhece o amor espiritual. 
.Por isso, quando ela se aconchega a êle e lhe 
pede carícias, só manifesta o desejo de estar 
abrigada junto dêle, de ter nêle um apôio, 4m 
auxiliar, um defensor para o qual possa olhar 
com ilimitada confiança. Por essa razão é ater­
radora para ela a descoberta que não acha tudo 
aquilo que esperava, que se deve acautelar con­
tra aquêle em quem deseja confiar, que em par­
te nenhuma está tão pouco segura como junto 
dêle; que é ela que deve ser forte, e preservar 
a êle e a si própria da queda! - Infelizmente 
porém muitas moças _sucumbem à influência do 
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SATISFAÇÃO SOLIT..\RIA 45 
homem e são incapazes de negar coisa alguma ao 
amado. Mas em tudo isso frequentemente sen­
tem na alma tristeza de morte e invés da espe­
rada felicidade entrou em seu coração a mais 
amarga desilusão. 
Há ano.s as mulheres casadas são agitadas 
por um movimento, que se levanta contra o mo­
ào por que não raro os homens entendem e apli­
cam os seus direitos matrimoniais. Levantam­
se vozes que declaram, que renunciam ao matri­
mônio, por.que não querem ser escravas do pra­
zer sensual de homens libidinosos. E' revol­
tante para a mulher nobre verificar, que o ma­
rido não compreende os seus desejos superiores 
e as suas necessidades espirituais vendo nela, 
antes que tudo, um instrumento para satisfazer 
à tendência natural, e depois talvez.ainda a ad­
ministradora da casa, mas não a companheira 
E sócia igual para a vida. 
Aquilo que tais homens chamam amor, no 
fundo é refinado egoísmo e sensualidade, que 
não cogita do imenso prejuízo, que causa ao ob­
jeto da sua inclinação. 
Não o tomam em consideração, homens que 
infligem as. mais graves feridas à vida interior 
da espôsa com as suas exigências e importuna­
ções, que arruínam a mútua est,ima, sôbre quei 
unicamente se pode levantar o amor e que es­
tragam para sempre a felicidade quente e ínt!­
ma,· que nêle há. Muitas mulheres já não vi­
ram hora feliz que após o casamento conhece­
::am o devasso a quem estavam acorrentadas. 
Atravessa-as a dolorosa pergunta: "Como é que 
meu marido chegou a estas coisas? Onde é 
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TU E ELA 
que as aprendeu!" Um d_os mais notáveis psi­
quiatras diz conhecer muitos casos em que "A 
vil e abjeta libidinagem do jovem marido não 
somente transformou o amor idealista da moça 
em profundo· nojo, mas ainda provocou aliena­
ção mental nela. Ainda piores são as conse­
quências, quando posteriormente a mulher des­
cobre a mentalidade desavergonhada do mari­
do com relação ao convívio sexual e ao amor em 
geral. Realiza-se na alma feminina horrível 
luta com desenganos e ilusões perdidas sôbre a 
felicidade do amor. Frequentemente o amor 
superior da mulher depressa se sufoca e já não 
pode ser questão senão de sofrer e suportar". 
Além do mais o matrimônio não é cadeia 
ininterrupta de prazeres sexuais. Oferecendo 
embora a possibilidade de satisfazer licitamente 
a tendência sexual, contudo não concebe de ma­
neira nenhuma a realização ilimitada de todos 
os seus desejos. Primeiramente, o· verdadeiro 
amor exige delicado respeito dos desejos e con­
dições da mulher. O requinte do amor consis­
te em poupar. Além disso há épocas e circuns­
tâncias, em que a abstinência completa é um 
dever do m�ido. Aquêles que não têm sufi­
ciente clareza a êste respeito e por conseguinte 
não adquiriram o necessário domínio de si mes­
mos podem cair nas maiores contrariedades 
quando não querem sacrificar à sua paixão a 
própria alma e a felicidade conjugal. 
E' assim, que cedo ainda muitos jovens ar­
ruínam a futura felicidade do matrimônio. Po­
deria objetar-se que muitos que passaram por 
uma mocidade extremamente leviana vieram a 
ser mais tarde bons e fiéis maridos e pais âe 
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47 
família. Mas quem souber olhar mais profun­
damente, demasiado frequentemente verá que 
as aparências enganam. O abuso do gôzo se­
xual não passa sem deixar vestígios. Não é 
possível arrancar simplesmente o mundo dos 
pensamentos baixos e· substituí-lo por outro. 
Frequentemente o envenenamento de tôda :l 
mentalidade é quase irremediável, sobretudo a 
vontade ficou enfraquecida em face das solici­
tações sensuais, visto que nunca aprendeu a re­
sistir-lhes. Por esta razão sucumbe facilmente 
às tentações que se aproximam. 
E em comparação de todos êstes horrendos 
estragos, qual o lucro que resulta do onanismo? 
Breve e sensual voluptuosidade, que imediata­
mente se muda em nojo, no homem que é 
ainda mais ou menos honesto. 
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NAMOROS 
Desenvolvendo-se ordenada e sadiamente, 
o moço não sente necessidade de estreitar rela­
ções mais íntimas com uma moça. E' coisa
que não lhe diz respeito. Além disso ouviu em
ocasiões dadas, da bôca dos seus pais, ou do
cura, que isso é inconveniente. E' quanto lhe
basta para reprimir facilmente tais sentimentos,
se os houver. Além disso as suas ocupaçõPs
suficientemente o reclamam. Nas horas vagas
vai ter com os amigos. Por cima de tudo, pai.s
concienciosos vigiam cuidadosamente pelas fi­
lhas, de maneira que só em companhia de outros
se encontrará ocasionalmente com moças. Seria
verdadeira bênção se em tôda parte fôsse assim.
Infelizmente porém as condições da época tram:­
tornaram frequentemente tôdas as coisas. Em
consequência de uma precocidade desnatural o
apetite sensual desperta prematuramente. As
palavras e os exemplos dos outros sobretudo, a
peste do cinema, teatros e outros lugares de
divertimentos, a convivência nos colégios e es­
colas com colegas corrompidos, a leitura, os bai­
les, junto com a mentalidade da época que, pro­
cura exclusivamente o gôzo, despertam no moço
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NAMÔRO 49 
pensamentos, que por si só nunca teria encon­
trado. Um dos maiores estragos causa o cine­
ma, que mostra à mocidade como se deve haver 
em tais relações. Basta imitar o que viram ..• 
Desta maneira o apetite fica despertado e in­
tensificado artificialmente; o desejo de fru:it' 
as delícias do namôro cresce cada vez mai.s. 
Muitos começam a frequentar uma moça por 
puro espírito de imitação. Pensam que isso faz 
parte de um verdadeiro moço; não querem ser 
inferiores áos outros. E por cima de tudo isso 
imaginam que conseguiram muita coisa conquis­
tando a graça de uma "Meninota". 
Com tôda ponderação vou indicar as razões 
que proíbem um comércio. prematuro com a 
moça, quaisquer que forem as circunstâncias. 
Para obviar a mal entendidos vou fazer antes 
uma breve observação. Pode acontecer que nas 
relações entre as famílias se manifeste clara­
mente que dois jovens harmonizam de tal modo, 
em todos os sentidos, que o ulterior casamento 
parece coisa quase assentada. Encontram-se 
ocasionalmente no seio da família, esperam um 
pelo outro, rezam um pelo outro até que chegue 
o tempo em que possam realizar as aspirações.
E' �vidente que contra isso não só não se pode
objetar coisa alguma, mas que para ambos pode
ser proveitoso sob muitos pontos de vista.
(Conf. pág. 17). No que segue tenho em vista
aquêlesnamoros infelizmente muito frequentes
entre jovens, que, apenas saídos da escola ou
alunos de faculdades superiores ou mesmo ain­
da no curso secundário, em uma palavra na­
queles anos em que o casamento está muito
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50 TU E ELA 
longe, começam um comércio mais íntimo com 
a moça afim de lhe fruirem desde já as delícias 
sensuais. 
Notável é, antes de mais, o tempo precioso 
e o vigor que se perdem nestas efeminadas sau­
dades e nas conversas superficiais. O moço lhes 
sacrifica inúmeras horas, que rouba à sua for­
mação, vindo esta a sofrer com isso. A sua 
afeição frequentemente de tal modo reclama os 
seus pensamentos que as suas ocupações obri­
gatórias ficam prejudicadas. Muito aluno que 
não conseguiu ser promovido, deve-o exclusiva­
mente ao namorar. Pois é próprio de tôda ten­
dência reclamar para si todo pensar e agir, e eli.­
minar dêste modo também os demais interêsses. 
Alcançada a meta, volta a tranquilidade. Por 
isso é tolo e anormal nutrir durante anos talvez 
alguma tendência sem querer ou poder alcan­
çar o fim. Verdade é que muitos pretestam e 
imaginam de fato, que mais tarde querem casar. 
Mas quase sempre é engano. Indubitável porém 
é que se deixam cativar por uma cara bonita 
ou outros fatores exteriores a ponto de já não 
poderem resistir à sedução. Coisas pequenas, 
de nenhuma monta, são capazes de pôr têrmo às 
relações. Por cima disso os adolescentes são 
ainda totalmente incapazes de medir a signifi­
cação e o alcance desta escolha. O que para 
ela é decisivo são sempre as qualídades inter­
nas, e nunca os atrativos dos sentidos. Ensina 
a experiência que nem um por cento dos tais 
amores de colegiais levou ao casamento. 
Além disso o :aamôro dificulta notavelmen­
te a formação do caráter. Pois o moço não per­
gunta, pelo que exige a correção e o dever; con-
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NA�Iôno 51 
tra melhor ciência e consciência vai atrás de suas 
cegas inclinações. Não utiliza o meio mais im­
portante para chegar a uma virilidade vigorosa 
e independente, a saber: o dominar e vencer a 
si mesmo. As melhores oportunidades de cres­
cer em íntima fôrça e liberdade, êle as perde. 
Pois todos os caprichos, idéias, tendências e in­
clinações existem exatamente para que aprenda 
a dominá-los. Não se há de tornar o seu escra­
vo, mas dirigi-los-á com seu espírito. Entran­
do porém· no namôro, o que se torna norma 
para êle são os apetites da natureza inferior. 
Está emaranhado em suas rêdes e não cogita 
senão em satisfazer-lhe os apetites. Os seus 
interêsses verdadeiros, pessoais e superiores fi­
cam relegados. Não chega a ser uma persona­
).idade independente que saiba enquadrar o ape­
tite sexual no conjunto, mas forma e dirige-se 
por êle, e o apetite forma todos do mesm0 
modo. 
Ao mesmo tempo, namorar é sempre sinal 
de lamentável fraqueza. O primeiro movimen­
to da tendência sexual derruba o adolescente. O 
fraco sucumbe à primeira tentativa dela de fa­
zer prevalecer os seus desejos. Rende-se sem 
resistência. Realmente é preciso condoer-se 
destas figuras tristes, que se julgam imensa­
mente importantes pelo fato de sentirem os pri­
meiros alvoroços desta tendência e são de pare­
cer agora, que a sua tarefa consiste em obede­
cer-lhe a tôdas as vontades. A tendência se­
xual destronou o espírito e governa em seu lu­
gar. Todos os seus caprichos e idéias afigll� 
ram-se ao adolescente-escravo, como manda­
mento. Obedece-lhes espontaneamente. Tudo 
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52 TU E ELA 
que pensa e faz, já não é a expressão do própria 
eu: Tudo é determinado e traz o cunho do ape­
tite sexual. Pois já não é questão para o míse­
ro de fundar um lar próprio, de encontrar uma 
companheira para a vida; quer apenas ceder 
aos impulsos da tendência sexual pelas delícias 
que encerra, sem aspirar a meta que o Criador 
quer realizar por seu intermédio. E' contrário 
à natureza, ilícito em si e_ por isso vedado. 
A isso se acrescenta, que tôda mentalidade 
ào adolescente se torna sexualmente infestada. 
Em circunstâncias normais a inclinação dos co­
rações dentro de pouco tempo deve conduzir ao 
casamento. Todos que conhecem a vida, sabem 
que os noivos perdem frequentemente todo o 
equilíbrio moral. Realmente se pode falar nu­
ma embriaguez de amor, que se apoderou dos 
dois. Sàmente depois da chamada lua de mel, 
é que aos poucos voltam à realidade. Procuran­
do um adolescente tal estado, pelo que é e tendo 
o que não raro acontece, diversas afeições, êle se
obriga com isso a permanecer constantemente
neste círculo de idéias. Reagindo êste, âe ne­
cessidade, constantemente sôbre o s�tema ner­
voso sexual ainda em evolução e, conjuntamen­
te sôbre as glândulas seminais, resulta daí um.::a
fonte de tentações numerosas e veementes. Dês­
te modo todo o pensar fica impregnado de ima­
gens sexuais a ponto de já não ter compreensão
nem tempo, nem lugar para coisas mais eleva­
das. A madureza moral não vem, tôda menta­
lidade se torna frívola e assaz frequentemente
sobrevém um menosprêzo dos valores espiri­
tuais, torna-se inferior em todos os sentidos.
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NAMÔRO 53 
Outro perigo consiste em tais relações acar­
retarem frequentemente muitas despesas. O 
moço não quer ficar atrás dos outros; pensa 
que deve ocorrer às despesas da moça e oferecer­
lhe presentes. Para tanto a mesada nell) sem­
pre é suficiente. Desta maneira chega a come­
ter roubos e fraudes, que com o volver do tem­
po não poderão ficar em segrêdo. A consequên­
cia imediata são penas e desgostos sem nome 
para os pais. Depois, para muitos, resulta de­
missão do einprêgo. Não acham trabalho e tor­
nam-se preguiçosos o que sempre foi e ainda 
hoje é o comêço de todos os vícios. 
Do principal fator, porém, que fala contra 
os namoros, ainda não fizemos menção. Fica-s;;. 
como até aqui supúnhamos, num mero namôro, 
num mero querer bem? Pode acontecer que os 
afetos não ultrapassem os limites de um certo 
entusiasmo, porque em virtude de várias cir­
cunstâncias não se chegou a um convívio mais 
íntimo e mais confidencial. E' claro que os in­
convenientes expostos neste caso aparecem em 
menor escala. Mudando-se porém as circuns­
tâncias, coiw as relações mais íntimas apresen­
tar-se-ão também as duvidosas consequências. 
Mas, ordinariamente, o namôro não é de 
maneira alguma tão inocente como às vêzes pa­
rece. Pois é próprio da natureza de uma afei­
ção, a uma pessoa do outro sexo, não conten­
tar-se antes de ter encontrado a sua expressão 
perfeita na entrega matrimonial. Neste parti­
cular, a afeição a uma pessoa do outro sexo se 
distingue essencialmente de qualquer outra ami.­
zade ou amor; verdade é que todo amor procu-
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54 TU E ELA 
ra uma certa união. Basta lembrar-se da mãe 
que aperta intimamente o filhinho ao seu cora­
ção; e do amigo, que coloca o braço ao pescoço 
do amigo. E não procuram nada mais. Fa­
zem-no sem impulso algum corporal, o qual 
imediatamente se faz notar, quando aquêle ato 
se realiza entre pessoas de diferente sexo. 
Talvez que ao princípio - na suposição 
expressa de faltar qualquer intenção imoral -
só se faça sentir a inclinação da alma. Os dois 
querem-se bem, compreendem-se, e estão satis­
feitos quando se acham juntos. Experimentam 
nisso um doce prazer que ainda não é de ordem 
sexual, necessariamente. Conversam um com o 
outro, contam-se os seus segredos, planos e pe­
ripécias. Mas é inerente à natureza desta in­
clinação, querer-se manifestar ao outro, também 
por sinais. Desta maneira nascem carícias, bei­
jos, abraços. Tanto esta aproximação dos cor­
pos, como tôda a ordem de pensamentos exci­
tam necessariamente o apetite natural. E' só 
lembrar-se que a tendência das almas não é se­
não parte do apetite sexual e que entre os dois 
elementos reinam correlações tão. íntimas que 
a excitação de um necessariamente reage sôbre 
o outro.
Os efeitos são sem dúvida diferentes; cor­
respondendo ao

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