Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMAnet ESPECIALIZAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE - EES Acadêmicos: Francisco Rafael da Silva; Iane Cristina de Sousa Oliveira; Karoline Silva Araújo; Leandro Conceição Cabral; Rafaella Christiane Araújo dos Santos. CASO 1: POVO INDÍGENA WAJÃPI LUTA CONTRA ASSÉDIO DE EMPRESAS DE MINERAÇÃO, ATIVIDADES GARIMPEIRAS E VIOLÊNCIA Bacabal 2024 Descrição do Conflito: Povo Indígena Wajãpi Localização: O conflito ocorre nos municípios de Pedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari, no estado do Amapá, região amazônica. Partes Envolvidas: Comunidade Indígena Wajãpi: Habitantes tradicionais das terras indígenas, reconhecidas oficialmente e delimitadas em 1996. Empresas de Mineração: Envolvidas na exploração de ouro e outros minérios, frequentemente em desacordo com os direitos indígenas. Garimpeiros: Operam ilegalmente, muitas vezes invadindo áreas protegidas e causando conflitos com os indígenas. Órgãos Governamentais: Incluem a FUNAI, o Ministério Público Federal, e outras instituições responsáveis pela proteção e regulação da área. Descrição do Conflito: Povo Indígena Wajãpi INTERESSES EM JOGO Econômicos: Extração de ouro e outros recursos minerais de alto valor econômico na região. Benefícios financeiros para empresas e garimpeiros, muitas vezes em detrimento dos direitos indígenas. Sociais: Defesa da cultura, língua e modo de vida tradicional dos Wajãpi. Conflitos envolvendo violência contra lideranças indígenas e comunidades. Ambientais: Preservação da biodiversidade em um território rico em recursos naturais. Impactos negativos da mineração e do garimpo, como desmatamento, poluição de rios e danos ao ecossistema. Impactos econômicos, sociais e ambientais do conflito wajãpi IMPACTOS ECONÔMICOS Exploração de Recursos Naturais: Extração ilegal de ouro e outros minérios por garimpeiros e empresas mineradoras. Lucro significativo para exploradores externos, enquanto a comunidade indígena permanece marginalizada nos benefícios econômicos. Redução de Sustentabilidade Econômica Local: O modelo de exploração compromete a subsistência tradicional dos Wajãpi, que dependem da agricultura, pesca e extrativismo. Impactos econômicos, sociais e ambientais do conflito Wajãpi IMPACTOS SOCIAIS Violência e Conflitos: Assassinato de lideranças indígenas, como o cacique Emyra Wayapi, em 2019. Ameaças constantes à segurança e integridade das comunidades devido à presença de garimpeiros armados. Erosão Cultural: Interferência externa ameaça tradições, práticas culturais e a língua indígena Wajãpi. Dependência forçada de bens e serviços externos pode levar à perda de autonomia social. Desigualdade de Direitos: Falta de representação efetiva dos Wajãpi em decisões governamentais e empresariais relacionadas às suas terras. Impactos econômicos, sociais e ambientais do conflito wajãpi IMPACTOS AMBIENTAIS Degradação do Território: Desmatamento para abrir espaço para garimpo e mineração. Contaminação dos rios com mercúrio e outros produtos químicos utilizados na exploração mineral. Perda de Biodiversidade: Destruição de habitats que sustentam a rica fauna e flora amazônicas. Redução da capacidade de regeneração natural das áreas afetadas. Mudanças Climáticas Locais: A remoção da cobertura florestal afeta o ciclo de chuvas e contribui para o aquecimento local. Medidas Tomadas e Não Tomadas Após o Conflito Ambiental MEDIDAS TOMADAS Demarcação da Terra Indígena Wajãpi (1994-1996): Realizada com a participação ativa dos Wajãpi, com apoio da FUNAI e de organizações internacionais como a GTZ (Agência de Cooperação Alemã). Resultado: Reconhecimento formal de mais de 607.000 hectares como território protegido. Criação do Mosaico de Áreas Protegidas da Amazônia Oriental (2013): Inclui a Terra Indígena Wajãpi e outras áreas de conservação próximas, promovendo gestão integrada para conservação ambiental. Medidas Tomadas e Não Tomadas Após o Conflito Ambiental MEDIDAS TOMADAS Denúncias e Mobilizações Nacionais e Internacionais: Caso do assassinato do cacique Emyra Wayapi em 2019 trouxe atenção internacional, incluindo declarações do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Denúncias junto ao Ministério Público Federal (MPF) para exigir medidas contra invasões e exploração ilegal. Consulta Prévia e Participação (2014): Elaboração de um Protocolo de Consulta, garantindo que projetos afetando os Wajãpi sejam discutidos previamente com a comunidade, em conformidade com a Convenção 169 da OIT. Medidas Tomadas e Não Tomadas Após o Conflito Ambiental MEDIDAS NÃO TOMADAS OU INSUFICIENTES: Fiscalização Ineficiente: Falta de ação efetiva por parte de órgãos como a FUNAI e a Polícia Federal para evitar invasões e garimpo ilegal. Procedimentos ineficazes ou negligentes em investigações de crimes, como o assassinato de lideranças. Recursos para a Demarcação e Proteção: Apesar da demarcação, a alocação de recursos para monitorar e proteger o território foi limitada e intermitente. Medidas Tomadas e Não Tomadas Após o Conflito Ambiental MEDIDAS NÃO TOMADAS OU INSUFICIENTES Ausência de Planos Sustentáveis para a Região: Não houve implementação de programas robustos para desenvolver a economia local com práticas sustentáveis. Falta de incentivo ao fortalecimento da autonomia econômica dos Wajãpi por meio de manejo sustentável de recursos. Negligência Governamental: Relatos de alinhamento entre interesses econômicos e decisões governamentais contrárias à proteção dos direitos indígenas. Falta de mecanismos de consulta respeitados regularmente pelos órgãos responsáveis. Embasamento Científico para a Análise MARCOS HISTÓRICOS RELEVANTES DE SUSTENTABILIDADE Relatório "Nosso Futuro Comum" (1987): Introduziu o conceito de desenvolvimento sustentável, que busca atender às necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações. Aplicação: Reflete a necessidade de equilibrar a preservação do território dos Wajãpi com iniciativas econômicas e sociais responsáveis. Cúpula da Terra - Rio-92 (1992): Estabeleceu a Agenda 21, um plano global para o desenvolvimento sustentável, incluindo capítulos sobre povos indígenas e conservação da biodiversidade. Aplicação: Evidencia a importância de respeitar os direitos dos povos indígenas como parte fundamental do desenvolvimento sustentável. Embasamento Científico para a Análise MARCOS HISTÓRICOS RELEVANTES DE SUSTENTABILIDADE Convenção 169 da OIT (Ratificada no Brasil em 2004): Assegura o direito à consulta livre, prévia e informada para projetos que impactem povos indígenas. Aplicação: Fornece uma base legal e ética para exigir que os Wajãpi sejam consultados em decisões que afetem suas terras. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS - 2015): ODS 15: Conservação da vida terrestre. ODS 16: Promoção da paz, justiça e instituições eficazes. Aplicação: Sustenta a necessidade de ações concretas para proteger a biodiversidade na Terra Indígena Wajãpi e assegurar justiça contra crimes e invasões. Soluções para Conciliar Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade FORTALECIMENTO DA GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL DOS WAJÃPI Proposta: Estabelecer um programa contínuo de vigilância e monitoramento das terras indígenas, liderado pela comunidade Wajãpi com apoio técnico de ONGs e órgãos governamentais. Utilizar tecnologias de baixo custo, como drones e aplicativos de georreferenciamento, para monitorar invasões e degradações ambientais. Base Teórica: Economia Ecológica: Promove a integração entre a preservação dos ecossistemas e o uso sustentável de recursos naturais. Soluções para Conciliar Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade INCENTIVO AO EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL E AGROECOLOGIA Proposta: Implementar projetos para fortalecer a produção de produtos extrativistas, como frutas nativas, óleos essenciais e artesanato, com foco na geração de renda para os Wajãpi. Desenvolver quintais agroflorestais, combinando cultivos alimentares e espécies nativas para uso sustentável do território.Base Teórica: Teoria do Crescimento Sustentável: Defende o uso de recursos naturais de forma eficiente, priorizando sua regeneração para garantir o bem-estar das futuras gerações. Conclusão O conflito envolvendo os Wajãpi evidencia os desafios de equilibrar desenvolvimento econômico, sustentabilidade e direitos humanos. A análise revelou os impactos econômicos, sociais e ambientais das atividades ilegais e a falta de governança eficaz. Apesar de avanços como a demarcação da terra e o Protocolo de Consulta, falhas na fiscalização e proteção continuam expondo a comunidade a riscos. A solução passa pela valorização da cultura e do conhecimento tradicional dos Wajãpi, aliados a estratégias sustentáveis, como manejo ambiental, capacitação e parcerias responsáveis. Com base em marcos históricos como a Agenda 21 e os ODS, e teorias de desenvolvimento sustentável, é possível construir um modelo que garanta a preservação ambiental, a justiça social e oportunidades econômicas para os Wajãpi e futuras gerações. Referências FIOCRUZ. AP – Povo indígena Wajãpi luta contra assédio de empresas de mineração, atividades garimpeiras e violência. Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, 2024. Disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/ap-povo-indigena-wajapi-luta-contra-assedio-de-empresas-de-mineracao-atividades-garimpeiras/. Acesso em: 5 dez. 2024. image1.jpg image2.png image3.jpg image4.jpeg image5.png image6.gif