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Administração Financeira e Orçamentária I Autoria Jailson Portugal Ribeiro ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedi- dos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: Jailson PortuGal riBeiro suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: antonio Carlos vieira Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / JoCivan de Castro Costa diagramação e tratamento de imagens: JoCivan de Castro Costa / MiGuel José de andrade Carvalho revisão textual: eManoela de araúJo Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu RIBEIRO, Jailson Portugal. Administração Financeira e Orçamentaria I. Jailson Portugal Ribeiro. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 112 p. ISBN: 1. Administração financeira. 2. Demonstração financeira. 3. Alavancagem. 4. Capital. Centro Universitário Ateneu. II. Título. Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da disciplina Administração Financeira e Orçamentária I. Ao ler e estudar por este material, você terá condições, como profissional, de analisar situações do dia a dia e tomar atitudes embasadas no conhecimento adquirido. Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da disciplina. Primeiramente, iniciaremos com a visão geral da administração financeira. Posteriormente, trabalharemos pormenorizadamente sobre as principais demonstrações financeiras, valor do dinheiro no tempo, alavancagem, estrutura financeira e capital de giro. Não é nosso objetivo esgotar todo o assunto, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além deste livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. A partir da leitura você estará apto a analisar e interpretar as principais demonstrações financeiras, dominar o conceito de valor do dinheiro no tempo, analisar com facilidade as questões sobre alavancagem e estrutura financeira e ter conhecimento no que diz respeito à capital de giro. Bons estudos! seja bem-vindo! Sumário UNIDADE 01 VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. Conceitos de finanças ........................................................................................8 1.1. Principais áreas e oportunidades da carreira em finanças .........................9 1.2. Principais conceitos em Administração Financeira ...................................10 2. Objetivos e funções da Administração Financeira ............................................13 2.1. Estrutura da função financeira ..................................................................13 2.2. Relação com a Economia .........................................................................14 2.3. Relação com a Contabilidade ...................................................................14 2.4. Ênfase nos fluxos de caixas .....................................................................16 2.5. Tomada de decisão ...................................................................................16 3. Sistema Financeiro Nacional (SFN) .................................................................17 3.1. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) .....................................18 Referências ..........................................................................................................31 UNIDADE 02 AS PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, SEUS INDICADORES E SUAS ANÁLISES 1. Principais demonstrações financeiras ..............................................................34 1.1. Balanço Patrimonial (BP) ..........................................................................34 1.2. Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) ...................................44 2. Indicadores econômico-financeiros ..................................................................49 2.1. Índices de liquidez ....................................................................................49 2.2. Índices de endividamento ..........................................................................50 2.3. Índices de rentabilidade .............................................................................51 3. Análises das demonstrações financeiras .........................................................52 3.1. Análise vertical ........................................................................................52 3.2. Análise horizontal ......................................................................................54 Referências ..........................................................................................................57 UNIDADE 03 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO EM FINANÇAS, ALAVANCAGEM E ESTRU- TURA DE CAPITAL 1. As características do valor do dinheiro no tempo .............................................60 1.1. Valor futuro versus valor presente ............................................................60 2. Regimes de capitalização .................................................................................62 2.1. Regime de capitalização simples ..............................................................62 2.2. Regime de capitalização composta ...........................................................63 2.3. Conceitos referentes a taxas .....................................................................64 3. Inflação .............................................................................................................66 3.1. Principais índices de preços ......................................................................66 4. Alavancagem ....................................................................................................69 4.1. Alavancagem operacional .........................................................................70 4.2. Alavancagem financeira ............................................................................73 4.3. Alavancagem total .....................................................................................74 5. Análise do ponto de equilíbrio .........................................................................76 5.1. Relação da variação dos custos e ponto de equilíbrio ..............................77 5.2. Ponto de equilíbrio contábil ......................................................................77 5.3. Ponto de equilíbrio financeiro ....................................................................78 5.4. Ponto de equilíbrio econômico .................................................................79 Referências .........................................................................................................83 UNIDADE 04 CUSTO E ESTRUTURA DE CAPITAL 1. Visão geral de custo de capital .........................................................................86 1.1. Fontes de financiamento da empresa ......................................................87 2. Custo médio ponderado de capital (cmpc) .......................................................89 3. Custo de capital próprio e de terceiros .............................................................95 4. Ciclo financeiro e ciclo operacional ..................................................................96 5. Capital de giro líquido .....................................................................................1005.1. Variação do ativo circulante e do passivo circulante ..............................103 6. Necessidade de capital de giro ......................................................................105 6.1. Capital de giro disponível ......................................................................107 Referências ....................................................................................................... 111 AS PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, SEUS INDICADORES E SUAS ANÁLISES Apresentação Nesta unidade, discutiremos as principais demonstrações financeiras, como o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), no to- cante aos seus conceitos, suas estruturas e suas contas. Veremos algumas definições de autores renomados no campo das finanças e no campo da contabilidade. Ainda serão explanados alguns dos indicadores financeiros mais usados, indi- cadores esses que contemplam as óticas de liquidez, rentabilidade e endividamento. Por fim, serão estudadas as análises das demonstrações financeiras, tais como a aná- lise vertical ou de estrutura e a análise horizontal ou de evolução. Uni 34 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer as principais demonstrações financeiras; • Entender quem utiliza e como são constituídos os indicadores econômico-financeiros; • Aprender a utilizar os índices de análise da liquidez de uma empresa; • Aprender a utilizar os índices de análise da rentabilidade de uma empresa; • Aprender como definir e aplicar a análise horizontal e vertical nas demonstra- ções financeiras. 1. PrinCiPais demonstrações finanCeiras Quando falamos em demonstrações financeiras, surgem vários conceitos, tais como Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Nesta unidade, iremos focar nas duas mais importantes de- monstrações financeiras, que são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). 1.1. balanço Patrimonial (bP) O Balanço Patrimonial (BP) é uma demonstração financeira que carrega, re- sumidamente, a situação financeira patrimonial de uma organização, seja ela pú- blica, seja ela privada, com ou sem fins lucrativos. O Balanço Patrimonial evidencia fatores quantitativos e qualitativos em um dado momento (normalmente em 31 de dezembro de cada ano). Várias empresas grandes operam num ciclo financeiro de 12 meses, definido como ano fiscal, que se encerra em uma data diferente de 31 de dezembro de cada ano. Além disso, é comum elaborar mensalmente demonstrações de resultados para a administração e demonstrações de resultado trimestrais, que são obrigatórias no caso de a empresa ser uma companhia aberta. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 35 O Balanço Patrimonial (BP) é a situação estática do patrimônio da empresa. Essa situação mostra todos os bens (tangíveis e intangíveis), bem como os direitos, as obrigações e a situação líquida. O BP será publicado fazendo menção aos valores presentes no exercício ante- rior, ou seja, a companhia, ao publicar o balanço atual, também publicará o balanço do exercício anterior. A empresa pode optar por eliminar os três últimos dígitos dos valores e os centavos dos números dispostos no balanço patrimonial, contanto que, no cabeçalho da demonstra- ção, esteja disposta a expressão “em R$ milhares”. 1.1.1. Classificação das contas De acordo com a Lei nº 6.404/1976 (Lei das Sociedades por ações ou Lei das Sociedades Anônimas – S.A.), existem duas classes de contas: as contas do ativo e as contas do passivo. No qual: • Grupo de contas Grupo de contas são subdivisões das classes de contas, ou seja: Ativo (Classe) Ativo Circulante Grupos de Contas Ativo Não Circulante 1 4 2 4 3 Passivo (Classe) Passivo Circulante Passivo Não Circulante Grupos de Contas Patrimônio Líquido 1 4 2 4 3 36 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I • Subgrupos de contas Corresponde à subdivisão dos grupos de contas, isto é: Ativo Não Circulante (Grupo) Realizável a Longo Prazo Investimentos Subgrupos de ContasImobilizado Intangível 1 4 4 2 4 4 3 Patrimônio Líquido (Grupo) Capital Social Reservas de Capital (-) Ações em Tesouraria Reservas de Lucros Subgrupos de Contas Ajustes de Avaliação Patrimonial Prejuízos Acumulados 1 4 4 4 4 2 4 4 4 4 3 • Contas As contas são os elementos patrimoniais e de resultado. Exemplo: Ativo (Classe) Ativo Circulante (Grupo) Disponibilidades (Subgrupo) Caixa Bancos – Conta Movimento Numerários em Trânsito 1 4 2 4 3 Contas Aplicações de Liquidez Imediata ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 37 • Subcontas Corresponde ao menor grau de detalhamento contido no balanço patrimonial. Exemplo: Ativo (Classe) Ativo Circulante (Grupo) Disponibilidades (Subgrupo) Bancos – Conta Movimento (Conta) Banco do Brasil Caixa Econômica Federal Bradesco 1 4 4 4 2 4 4 4 3 Subcontas Santander Itaú 1.1.2. Itens patrimoniais: conteúdo, conceito e estrutura No que diz respeito ao Balanço Patrimonial, as contas existentes são classificadas de acordo com os elementos patrimoniais que registrem (bens, créditos, obrigações e situação líquida), e agru- padas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. No ativo, as contas serão apresentadas de forma decrescentemen- te de acordo com o grau de liquidez dos fatos registrados, nos gru- pos a seguir: a) Ativo Circulante; b) Ativo Não Circulante, composto como visto anteriormente por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. No passivo, as contas são apresentadas pelo seu grau de exigibili- dade dos fatos registrados, nos grupos a seguir: a) Passivo Circulante; b) Passivo Não Circulante; Patrimônio Líquido, dividido, como vamos ver mais adiante, em ca- pital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (MORAES JUNIOR, 2011, p. 242). 38 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I Quadro 01: Balanço Patrimonial. ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Social ( - ) Ações em tesouraria Ajuste de avaliação patrimonial Reservas de lucros Reservas de capital ( - ) Prejuízos acumulados Fonte: Elaborado pelo autor. Liquidez corresponde à velocidade que um ativo se converte em caixa, ou seja, a facilidade que o ativo pode ser convertido em dinheiro. Se uma empresa tem em seu ativo uma aplicação financeira que pode ser resgatada a qualquer momento e um imóvel, a aplicação vai ser disposta antes do imóvel pelo fato de ter mais liquidez. 1.1.2.1. Ativo circulante O ativo circulante é composto pelas seguintes contas: a) Disponibilidades: nesse subgrupo de contas, são alocados os elementos que podem ser convertidos em espécie de maneira imediata, isso quer dizer que para ser classificado nesse grupo, o ativo deve possuir liquidez imediata. b) Direitos realizáveis até o exercício social seguinte: nessa subconta, os bens podem ser segregados em duas vertentes, bens e créditos. Exemplo: Bens – Nessa vertente, são contemplados os estoques de mercado- rias e os estoques de materiais de uso ou consumo. ADMINISTRAÇÃOFINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 39 Créditos – Nessa outra vertente, são contemplados elementos como duplica- tas a receber, adiantamento a empregados, adiantamento a fornecedores, impostos a recuperar. c) Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte: nesse subgrupo, são alocadas despesas que ainda não aconteceram, tais como salários, aluguéis e despesas com seguros. A conta de alocação desses fatos chama-se despesas antecipadas. 1.1.2.2. Ativo não circulante O grupo do ativo não circulante, como visto anteriormente, é constituído por subgrupos. Esses subgrupos são segregados em realizável a longo prazo, investimen- tos, imobilizado e intangível. Veremos cada um pormenorizadamente a seguir. No ativo não circulante (realizável a longo prazo), são classificados todos os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. Percebe-se que o realizável a longo prazo pode ser dividido em duas vertentes: • Direitos realizáveis após o término do exercício seguinte: duplica- tas a receber, (longo prazo), promissórias a receber (longo prazo), estoques (longo prazo), despesas antecipadas (longo prazo), etc.; • Direitos derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas, sociedades controladas, diretores, acionis- tas e participantes no lucro da companhia. (Art. 179, II, da Lei nº 6.404/1976). Os investimentos apresentados no ativo não circulante podem refletir in- vestimentos em outras sociedades, como também direitos de natureza diversa. Esses direitos não são classificados no ativo circulante, pois a sua finalidade fim não é a ma- nutenção da atividade da empresa. Podemos citar alguns exemplos dos fenômenos descritos nos parágrafos anteriores, são eles as participações permanentes em outras sociedades, terrenos, obras de arte, etc. Para Moraes Junior (2011, p. 247), o imobilizado pode ser definido como bens que se apresentam de forma corpórea, como também custos das benfeitorias realiza- das em bens locados ou bens de objeto de contrato de leasing. 40 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I Os bens classificados como imobilizados são aqueles mantidos por uma en- tidade para uso na produção ou na comercialização de mercadorias ou serviços, para locação ou para finalidades administrativas. Constituem bens que possuem a expectati- va de serem utilizados por mais de 12 meses, destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, e bens que possuem custos que podem ser mensurados com segurança. Podemos citar alguns exemplos de ativos imobilizados, são eles as máquinas, equipamentos, veículos (próprios e objetos de arrendamento mercantil financeiro), móveis, etc. O intangível surgiu com a publicação da Lei nº 11.638/2007. No intangível são classificados os bens e direitos de caráter incorpóreos. Geralmente o subgrupo intangível é composto pelas seguintes contas: • Marcas; • Softwares; • Licenças e franquias; • Fórmulas; • Modelos; • Protótipos; • Direitos autorais. Em alguns casos, o intangível pode estar contido em elementos que possuem substâncias físicas, isto é, sejam tangíveis. Alguns exemplos desses casos são as docu- mentações jurídicas que contenham o registro das licenças e patentes em um filme ou em um disco, no caso de softwares. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 41 1.1.2.3. Passivo circulante O passivo circulante corresponde às obrigações da empresa, tais como fi- nanciamentos tomados pela empresa que vencem até o exercício seguinte. Geralmente o passivo circulante é composto pelas seguintes contas: • Obrigações financeiras: financiamentos, empréstimos bancários, etc.; • Obrigações fiscais: IPI a recolher, ICMS a recolher, etc.; • Obrigações com fornecedores: duplicatas a pagar, etc.; • Obrigações trabalhistas: encargos sociais a recolher, salários a pagar, etc.; • Provisões: provisão de 13º salário, provisão para contingências, provisão para 13º salário, etc.; • Outras obrigações: aluguéis a pagar, multas a pagar, etc.; 1.1.2.4. Passivo não circulante O passivo não circulante é basicamente composto por obrigações com venci- mentos após o termino do exercício seguinte. Podemos citar como exemplo de contas que compõem o passivo não circulante as contas de duplicatas a pagar de longo prazo, promissórias a pagar de longo prazo, empréstimos a pagar de longo prazo e debêntures a pagar de longo prazo. 1.1.2.5. Patrimônio líquido Como explanado anteriormente, o patrimônio líquido, que também é chamado de capital próprio, é composto pelos seguintes subgrupos de contas: capital social, re- servas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesou- raria e prejuízos acumulados. Veremos a explicação de cada uma das contas a seguir. Para Moraes Junior (2011, p. 252), o capital social contempla a parte do pa- trimônio líquido composto por ações subscritas na constituição ou no aumento do capital de uma empresa. O capital social é subdividido em outras duas partes: • Capital a realizar (ou a integralizar ou não realizado): corresponde às ações subscritas que ainda não foram realizadas pelos acionistas; • Capital realizado (ou integralizado): corresponde às ações subscritas e realizadas (mínimo 10%) pelos acionistas. 42 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I As reservas de capital são compostas por valores recebidos pela empresa que não transitam pelo resultado, pois não estão ligadas à atividade fim da empresa, ou seja, a entrega de bens ou serviços, os valores classificados como reserva de capital são dispostos diretamente no patrimônio líquido. Serão classificadas como reserva de capital as contas que registrarem: • A contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor no- minal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital so- cial, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias (Reserva de Ágio na Emissão de Ações) • O produto da alienação de partes beneficiarias e bônus de subs- crição (Reserva de Alienação de Bônus de Subscrição e Reserva de Alienação de Partes Beneficiárias). (Art. 182, § 1°, da Lei nº 6.404/1976). As reservas de capital possuem limitações. Tais limitações referem-se ao fato de que as empresas somente podem usar tal classificação para resgate de partes be- neficiárias, reembolso ou compra de ações, incorporação ao capital social e pagamento de dividendos a ações preferenciais. Uma das grandes mudanças trazidas pela Lei nº 11.638/2007 foi a criação dos ajustes de avaliação patrimonial. Sua função é receber os valores referentes ao pa- trimônio da empresa que tiver o seu valor revisto, ou seja, aumento ou diminuição de valores referentes ao ativo ou passivo. Para serem computados, esses valores não podem estar no resultado do exercício. As reservas de lucros representam a retenção de parcelas prove- nientes de ganhos do período, com o objetivo de preservar o Patri- mônio Líquido de uma sociedade, para posterior destinação. As reservas de lucros podem ser: • Reserva Legal; • Reservas Estatutárias; • Reservas para Contingências; • Reservas de Incentivos Fiscais; • Reserva de Retenção de Lucros; • Reserva de Lucros a Realizar • Reserva Especial de Dividendo Obrigatório não Distribuído; • Reserva Específica de Prêmio na Emissão de Debêntures. (MORAES JUNIOR, 2011, p. 259). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 43 As ações em tesouraria fazem menção às ações adquiridas pela própria empresa e mantidas em tesouraria. A conta ações em tesouraria é uma conta de dedução do patri- mônio líquido que registra as origens dos recursos destinados à sua aquisição. De acordo com a Lei nº 11.638/2007, apenas serão registrados no patrimônio líquido os prejuízos acumulados, oriundos de prejuízos do período e de períodos an- teriores, esse fato se deve à obrigação de todo o lucro do período ser distribuído para constituição de reservas, aumento de capital ou dividendos.1. Qual a função do Balanço Patrimonial (BP)? 2. Como se subdivide o Balanço Patrimonial (BP) quando falamos em contas? 3. Cite duas contas do ativo circulante e exemplifique o que pode ser registrado em cada uma. 4. Quais subgrupos de contas compõem o ativo não circulante? 5. Quais subgrupos de contas compõem o capital social? 44 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 1.2. Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) carrega um resumo fi- nanceiro do resultado de uma empresa durante um determinado período, geralmente abrangendo um período de um ano, findando em 31 de dezembro de cada ano, porém grandes empresas operam em um ciclo financeiro de 12 meses, que se encerra em alguma outra data. 1.2.1. Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), aparecem as contas de receitas e de despesas, que estarão com seus saldos zerados no final do período de apuração. No Quadro 02, podemos ver a estrutura completa de uma DRE: Quadro 02: Demonstração de Resultado do Exercício. Receita Bruta de Vendas ou Receita Operacional Bruta ( - ) Deduções da Receita Bruta ( - ) Deduções de Vendas ( - ) Abatimento sobre Vendas ( - ) Descontos Incondicionais Concedidos ( - ) ISS sobre Vendas ( - ) ICMS sobre Vendas ( - ) PIS e Cofins sobre Vendas ( = ) Receita Líquida de Vendas ou Receita Operacional Líquida ( - ) Custo da Mercadoria/Produto Vendido/Serviço Prestado ( = ) Resultado Operacional Bruto ( - ) Despesas c/Vendas ( - ) Despesas Gerais e Administrativas ( - ) Outras Despesas Operacionais ( + ) Outras Receitas Operacionais ( = ) Resultado Operacional Líquido ( - ) CSLL ou Despesa com Provisão para CSLL ( = ) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda ( - ) IRPJ ou Despesa com Provisão para IRPJ Resultado Líquido do Exercício Fonte: Elaborado pelo autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 45 1.2.1.1. Receita Bruta de Vendas ou Receita Operacional Bruta A receita bruta é o primeiro item da DRE, como o próprio nome já diz, essa conta faz menção à receita total ou ao total dos serviços prestados no período de apuração. 1.2.1.2. Deduções da Receita Líquida São as deduções que ocorrem sobre as receitas. São elas: • Abatimentos: se o cliente estiver insatisfeito com a mercadoria ou com o serviço do fornecedor, mas decidir que não será necessário devolver a mercadoria ou cancelar o serviço, pode entrar em contato com o fornecedor e negociar um abatimento por conta de tal ineficiência; • Devoluções de vendas: diferente do abatimento às mercadorias, estes retornam ao cliente devido estarem em desacordo com o pedido; • Descontos incondicionais: como o nome já diz, esses descontos inde- pendem de alguma condição para serem dados ao cliente; • Tributos sobre vendas: são os tributos incidentes sobre as vendas, tais como ICMS, PIS, Cofins e ISS. 1.2.1.3. Receita Líquida de Vendas ou Receita Operacional Líquida A Receita Líquida de Vendas corresponde ao resultado da subtração da recei- ta bruta pelas deduções de vendas, como mostra o Quadro 03. Quadro 03: Receita Líquida de Vendas. Receita Bruta de Vendas ou Receita Operacional Bruta ( - ) Deduções da Receita Bruta ( - ) Devoluções de Vendas ( - ) Abatimentos sobre Vendas ( - ) Descontos Incondicionais Concedidos ( - ) ISS sobre Vendas ( - ) ICMS sobre Vendas ( - ) PIS e Cofins sobre Vendas ( = ) Receita Líquida de Vendas ou Receita Operacional Líquida Fonte: Elaborado pelo autor. 46 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 1.2.1.4. Custo de Mercadoria Vendida (CMV) O Custo da Mercadoria Vendida (ou simplesmente CMV) é efetivamente o custo da mercadoria. E é calculado por meio da seguinte fórmula: CMV = EI + C - EF No qual: EI = Estoque Inicial C = Compras líquidas do período EF = Estoque Final 1.2.1.5. Resultado Operacional Bruto O Resultado Operacional Bruto é o lucro ou o prejuízo operacional bruto, após a subtração do custo da mercadoria vendida (ou dos serviços prestados) e da receita líquida de vendas, como mostra o Quadro 04. Quadro 04: Resultado Operacional Bruto. ( = ) Receita Líquida de Vendas ou Receita Operacional Líquida ( - ) Custo da Mercadorias/Produtos/Serviços Vendidos/Prestados ( = ) Resultado Operacional Bruto (Lucro ou Prejuízo Operacional Bruto) Fonte: Elaborado pelo autor. 1.2.1.6. Resultado Operacional Líquido O Resultado Operacional Líquido faz jus ao resultado operacional bruto, so- mando-se as receitas operacionais, e deduzindo-se todas as despesas operacionais, como visto no Quadro 05. Quadro 05: Resultado Operacional Líquido. ( = ) Resultado Operacional Bruto (Lucro ou Prejuízo Operacional Bruto) ( - ) Despesas c/Vendas ( - ) Despesas Gerais e Administrativas ( - ) Outras Despesas Operacionais ( + ) Outras Receitas Operacionais ( - ) Despesas Financeiras ( + ) Receitas Financeiras ( + ) Outras Receitas ( - ) Outras Despesas ( = ) Resultado Operacional Líquido (Lucro ou Prejuízo Operacional Líquido) Fonte: Elaborado pelo autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 47 As receitas operacionais e despesas operacionais faladas anteriormente fa- zem menção a uma imensidão de fatos, a seguir podemos ver alguns exemplos: • Outras receitas operacionais: receitas de dividendos, aluguéis de ativos ou receitas de aluguéis; • Receitas financeiras: descontos condicionais, ganhos cambiais; • Outras receitas: venda de bens do ativo não circulante; • Despesas com vendas ou despesas comerciais: brindes, embalagens, comissão de vendedores; • Despesas gerais e administrativas: salários, férias, energia elétrica, telefone; • Despesas financeiras: juros passivos ou despesas de juros, Imposto sobre Operações Financeiras (IOF); • Outras despesas operacionais: perda com equivalência patrimonial; • Outras despesas: valor contábil do bem do ativo não circulante (custo do bem) quando a sua alienação. 1.2.1.7 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (ou simplesmente CSLL) é um tributo que incide sobre o lucro da empresa, após ajuste, como mostra o Quadro 06. Quadro 06: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). ( = ) Lucro Operacional Líquido ( + ) Adições ( - ) Exclusões ( - ) Compensações ( = ) Base de Cálculo da CSLL Fonte: Elaborado pelo autor. Após os ajustes falados no parágrafo anterior e explanados no Quadro 06, se a base de cálculo da CSLL for negativa, não haverá recolhimento de CSLL no período. 48 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 1.2.1.8. Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda O Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda compreende a sub- tração do resultado operacional líquido pela CSLL do período, como mostrado a seguir. Quadro 07: Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda. ( = ) Resultado Operacional Líquido ( - ) CSLL ou Despesa com Provisão para CSLL ( = ) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda Fonte: Elaborado pelo autor. Caso a base de cálculo da CSLL for negativa, não haverá tributo a recolher, então o resultado do exercício antes do imposto de renda será igual ao resultado operacional líquido. 1.2.1.9. Imposto de Renda – Pessoa Jurídica (IRPJ) Por opção ou determinação legal, as empresas são tributadas por diferentes formas, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Lucro Real. As empresas de pequeno porte e microempresas podem optar por um siste- ma diferenciado de recolhimento de tributos, recolhendo de forma unificada o IRPJ, o CSLL, o ICMS e o ISS. Essa forma é chamada de Simples Nacional. Por meio do link a seguir, você será direcionado ao site da Receita Federal, mais especificamente para a página do Simples Nacional, local onde os interessados podem encontrar todas as regras que devem ser atendidas para que consigam se enquadrar nesse sistema de tributação. Acesse: . ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 49 1.2.1.10. Resultado Líquido do ExercícioO Resultado Líquido do Exercício (entenda lucro ou prejuízo) faz menção ao resultado da subtração do resultado do exercício antes do imposto de renda pelo imposto de renda, como podemos ver a seguir. Quadro 08: Resultado Líquido do Exercício. ( = ) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda ( - ) IRPJ ou Despesa com Provisão para IRPJ ( + ) Resultado Líquido do Exercício Fonte: Elaborado pelo autor. 2. indiCadores eConômiCo-finanCeiros Quando falamos em indicadores econômico-financeiros, surgem algumas classificações, tais como índice de liquidez, índice de endividamento e índice de ren- tabilidade. O índice de liquidez e endividamento medem o risco da empresa, já o índice de rentabilidade, como o próprio nome já diz, mede o retorno. 2.1. Índices de liquidez Para Gitman (2010, p. 51), a liquidez de uma empresa refere-se à sua capa- cidade de saldar suas obrigações de curto prazo quando estas se tornam devidas. A liquidez diz respeito à solvência da posição geral da empresa – a facilidade com que ela pode pagar suas contas em dia. O precursor comum de dificuldades financeiras é uma liquidez baixa ou em declínio. Esses índices podem fornecer sinais antecipados de problemas de fluxo de caixa e insolvência iminente do negócio. Há duas formas de se medir a liquidez, que são a liquidez corrente e a liquidez seca. 2.1.1. Índice de liquidez corrente Um dos indicadores econômico-financeiros comumente utilizados é o Índice de Liquidez Corrente, que mede a capacidade de a empresa pagar suas obrigações no curto prazo. Segue adiante a explanação da fórmula do índice de liquidez corrente: 50 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I ÍNDICE DE LÍQUIDEZ CORRENTE = (ATIVO CIRCULANTE/PASSIVO CIRCULANTE) X 100 Quanto maior o índice de liquidez corrente, mais líquida é a empresa. Um índice igual a 2,0 geralmente é considerado aceitável. Mas isso depende do setor de atuação da empresa, por exemplo, um índice de liquidez corrente igual a 1,0 pode ser aceitável para uma empresa de serviços públicos ao mesmo tempo que é inaceitável para uma indústria. Quanto mais previsível o fluxo de caixa de uma empresa, menor é o índice aceitável. 2.1.2. Índice de liquidez seca O índice de liquidez seca assemelha-se ao índice de liquidez corrente. A única diferença é que no índice de liquidez seca expurga-se os estoques do cálculo, isso se deve ao fato de o estoque costumar ser o menos líquido do ativo circulante. A liquidez baixa dos estoques ocorre principalmente por causa de dois fatores: • Alguns tipos de estoques não podem ser facilmente convertidos em caixa por serem itens semiacabados; • O estoque normalmente costuma ser vendido a prazo, ou seja, torna-se uma conta a receber, impossibilitando a conversão imediata em caixa. Segue adiante a explanação da fórmula do índice de liquidez seca: ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA = (ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES/PASSIVO CIRCULANTE) X 100 2.2. Índices de endividamento Segundo Gitman (2010, p. 55), a situação de endividamento de uma empre- sa indica o volume de dinheiro de terceiros necessário para gerar lucros. De modo geral, a empresa está mais preocupada com as dívidas de longo prazo porque estas a comprometem com uma série de pagamentos contratuais ao longo do tempo. Quanto maior o endividamento, maior o risco de a empresa se ver impossibilitada de honrar esses pagamentos contratuais. Como os direitos dos credores devem ser satisfeitos antes da distribuição dos lucros aos acionistas, os acionistas existentes e em potencial dão muita atenção à capacidade da empresa de amortizar suas dívidas. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 51 Quando falamos em índice de endividamento, existem 2 óticas que deve- mos estudar, que são o índice de endividamento geral e a do índice de cober- tura de juros. 2.2.1. Índice de endividamento geral O índice de endividamento geral corresponde ao percentual do ativo total da empresa que é financiada por seus credores. Quanto maior esse percentual, maior o montante de terceiros utilizado para que a empresa gere lucros, ou seja, maior a sua alavancagem financeira. Segue adiante a fórmula do índice de endividamento geral: ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO GERAL = (PASSIVO TOTAL/ATIVO TOTAL) X 100 2.2.2. Índice de cobertura de juros O índice de cobertura de juros refere-se à capacidade que a empresa possui de fazer jus às suas obrigações com juros. Quanto maior o valor resultante, maior a capacidade de a empresa fazer jus às obrigações de pagamento de juros. Observe a seguir a fórmula do índice de cobertura de juros: ÍNDICE DE COBERTURA DOS JUROS = LUCROS ANTES DE JUROS E IMPOS- TO DE RENDA/JUROS 2.3. Índices de rentabilidade Há muitas medidas de rentabilidade. Essas medidas permitem avaliar os lucros da organização em um dado nível de venda. Os principais índices de ren- tabilidade são a margem de lucro bruto, a margem de lucro operacional e a margem de lucro líquido. 2.3.1. Margem de lucro bruto A margem de lucro bruto mede a porcentagem de cada unidade de venda que resta após a empresa subtrair o custo dos bens vendidos. A margem de lucro bruto é obtida por meio da seguinte fórmula: MARGEM DE LUCRO BRUTO = (LUCRO BRUTO*/RECEITAS DE VENDAS) X 100 * Lucro Bruto = Receita de vendas – Custo da mercadoria vendida. 52 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 2.3.2. Margem de lucro operacional A margem de lucro operacional mede a porcentagem de cada unidade de venda que resta após a empresa subtrair o valor de todos os custos e despesas, exceto juros e imposto de renda. Também chamada de lucro puro, pois somente se considera os lucros da operação, exceto os juros e imposto de renda. A margem de lucro operacional é obtida por intermédio da seguinte fórmula: MARGEM DE LUCRO OPERACIONAL = (LUCRO OPERACIONAL/RECEITAS DE VENDAS) X 100 2.3.3. Margem de lucro líquido A margem de lucro líquido mede a porcentagem de cada unidade de venda que resta após a empresa subtrair todos os custos e despesas, inclusive juros e impos- tos. Quanto maior a margem de lucro líquido de uma empresa, melhor. A margem de lucro líquido é obtida por meio da seguinte fórmula: MARGEM DE LUCRO LÍQUIDO = (LUCRO LÍQUIDO/RECEITAS DE VENDAS) X 100 3. análises das demonstrações finanCeiras As informações financeiras contidas nas duas principais demonstrações financeiras explanadas anteriormente são de extrema importância para algumas partes interessadas, pois têm como objetivo a análise do desempenho da empresa como um todo. As partes interessadas, também conhecidas como stakeholders, podem ter caráter interno e externo. As partes interessadas de caráter interno podem ser admi- nistradores, acionistas ou sócios controladores. Já as partes interessadas de caráter externo podem ser bancos, fornecedores ou governo. Vamos ver a seguir algumas análises muito importantes, por exemplo, a análise vertical e a análise horizontal. 3.1. Análise vertical Também conhecida como análise de estrutura, tem como principal objetivo determinar a representatividade de participação de cada item de uma demonstração financeira em relação a determinado referencial. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 53 O percentual de representatividade de cada conta é obtido pela aplicação da fórmula a seguir: AV (PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO) = (VALOR DO ELEMENTO/VALOR TOTAL) X 100 De acordo com Moraes Junior (2011, p. 523), a análise vertical mostra, resu- midamente em cada exercício, a relevância de cada item em relação à base adotada. Logo, se o índice de determinado item não é relevante, não é necessário perder tempo com a sua análise. Um exemplo de análise vertical em uma DRE pode ser visto a seguir: Tabela 01: Análise vertical em uma DRE. 20X7 20X8 20X9 R$ AV (%) R$ AV (%) R$ AV (%) Receita Operacional Bruta 900.000,00 100,00% 750.000,00 100,00% 800.000,00 100,00% ( - ) Impostos sobre Vendas - 200.000,00 - 22,22% - 140.000,00 - 18,67% - 180.000,00 - 22,50% Receita Operacional Líquida 700.000,0077,78% 610.000,00 81,33% 620.000,00 77,50% ( - ) Custo dos Serviços Prestados - 400.000,00 - 44,44% - 350.000,00 - 46,67% - 380.000,00 - 47,50% Lucro Bruto 300.000,00 33,33% 260.000,00 34,67% 240.000,00 30,00% ( - ) Despesas Comerciais - 50.000,00 - 5,56% - 45.000,00 - 6,00% - 55.000,00 - 6,88% ( - ) Despesas Adminis- trativas - 30.000,00 - 3,33% - 28.000,00 - 3,73% - 32.000,00 - 4,00% ( - ) Despesas Operacionais - 70.000,00 - 7,78% - 60.000,00 - 8,00% - 63.000,00 - 7,88% Lucro Operacional Líquido 150.000,00 16,67% 127.000,00 16,93% 90.000,00 11,25% Lucro antes do IR 150.000,00 16,67% 127.000,00 16,93% 90.000,00 11,25% ( - ) Provisão para IR e CSLL - 20.000,00 - 2,22% - 20.000,00 - 2,67% - 20.000,00 - 2,50% Lucro Líquido do Exer- cício 130.000,00 14,44% 107.000,00 14,27% 70.000,00 8,75% Fonte: Elaborada pelo autor. Podemos ver na análise vertical presente na tabela anterior que o custo dos serviços prestados ao longo de três anos teve um incremento de pouco mais de 3%. Além disso, também podemos ver que o lucro líquido sofreu uma queda de quase 6%. Logo, por meio da análise vertical é possível chegar à conclusão de que um dos fatores que contribuíram para a queda do lucro líquido foi o aumento do custo dos serviços prestados. 54 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 3.2. Análise horizontal Também conhecida como análise de evolução, o seu principal objetivo é per- mitir a análise da evolução histórica de cada uma das contas que compõem as demons- trações contábeis, ou seja, a análise horizontal mostra o aumento ou a diminuição dos valores em uma determinada série histórica de exercícios, geralmente dois ou três anos. O percentual de evolução de cada conta é obtido pela aplicação da fórmula a seguir: AH (PERCENTUAL DE EVOLUÇÃO) = (CONTA DE ANÁLISE NO ANO 20XI/CONTA DE ANÁLISE NO ANO-BASE) X 100 De acordo com Moraes Junior (2011, p. 528), em uma análise horizontal ou de evolução, normalmente se considera o primeiro exercício como base, e a evolução dos demais exercícios ocorre em relação ao estabelecido como base. Um exemplo de análise horizontal em uma DRE pode ser visto a seguir: Tabela 02: Análise horizontal em uma DRE. 20X7 20X8 20X9 R$ AH (%) R$ AH (%) R$ AH (%) Receita Operacional Bruta 900.000,00 100,00% 750.000,00 83,33% 800.000,00 88,89% ( - ) Impostos sobre Vendas - 200.000,00 100,00% - 140.000,00 70,00% - 180.000,00 90,00% Receita Operacional Líquida 700.000,00 100,00% 610.000,00 87,14% 620.000,00 88,57% ( - ) Custo dos Serviços Prestados - 400.000,00 100,00% - 350.000,00 87,50% - 380.000,00 95,00% Lucro Bruto 300.000,00 100,00% 260.000,00 86,67% 240.000,00 80,00% ( - ) Despesas Comerciais - 50.000,00 100,00% - 45.000,00 90,00% - 55.000,00 110,00% ( - ) Despesas Administrativas - 30.000,00 100,00% - 28.000,00 93,33% - 32.000,00 106,67% ( - ) Despesas Operacionais - 70.000,00 100,00% - 60.000,00 85,71% - 63.000,00 90,00% Lucro Operacional Líquido 150.000,00 100,00% 127.000,00 84,67% 90.000,00 60,00% Lucro antes do IR 150.000,00 100,00% 127.000,00 84,67% 90.000,00 60,00% ( - ) Provisão para IR e CSLL - 20.000,00 100,00% - 20.000,00 100,00% - 20.000,00 100,00% Lucro Líquido do Exercício 130.000,00 100,00% 107.000,00 82,31% 70.000,00 53,85% Fonte: Elaborada pelo autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 55 Observe que a receita operacional líquida de 20x8 representa 87,14% da re- ceita operacional líquida do ano-base (20x7); e a receita operacional líquida de 20x9 representa 88,57% da 20x7. Olhando para essas dispersões, cabe uma análise mais aprofundada para saber o real motivo dessas variações. Variações essas que sem uma análise horizontal, não seria possível ter conhecimento. 6. Defina com suas palavras o que vem a ser uma Demonstração do Resultado do Exer- cício (DRE)? 7. O que vem a ser o Resultado Líquido do Exercício? 8. Qual a diferença conceitual entre liquidez corrente e liquidez seca? 9. O que vem a ser o índice de endividamento geral? 56 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 10. Defina análise vertical e análise horizontal. Nesta unidade, analisamos, de forma pormenorizada, as duas principais demons- trações contábeis, sendo elas o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). Observamos as suas estruturas e os seus grupos de contas. Vimos ainda que o Balanço Patrimonial (BP) é dividido em ativo, passivo e patrimônio líquido. E que a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é composta por vários grupos de contas de receitas e despesas, que ao seu final, mostra o efetivo Resultado Líquido do Exercício da empresa. Também estudamos sobre os indicadores econômico-financeiros de maior rele- vância. Esses indicadores abrangem as óticas de liquidez, endividamento e rentabilidade. Em relação à ótica financeira, estudamos sobre os indicadores de liquidez, analisando a liquidez corrente e a liquidez seca (que se difere da primeira porque as contas dos estoques são expurgadas do cálculo por sua baixa liquidez). Na ótica do endividamento, vimos o indicador de endividamento geral e o indicador de cobertura dos juros que faz jus à capacidade de a empresa honrar com as obrigações referentes aos juros. Na ótica da rentabilidade, estudamos sobre o indicador de margem de lucro bruto, margem de lucro operacional e margem de lucro líquido, índices esses que estão dispostos na DRE. Na última parte desta unidade, estudamos sobre algumas análises muito importan- tes, que são relacionadas às demonstrações financeiras, tais como a análise vertical ou de estrutura, refletindo a relevância de cada item em relação à base adotada e à análise horizontal ou de evolução, refletindo sobre a evolução histórica de cada uma das contas que compõem as demonstrações financeiras. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I 57 referênCias BRASIL. Lei nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as So- ciedades por Ações. Disponível em: . Acesso em: 15 set. 2018. ______. Lei nº 11.638/2007, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispo- sitivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: . Acesso em: 15 set. 2018. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Pau- lo: Pearson Prentice Hall, 2010. MORAES JUNIOR, José Jayme. Contabilidade Geral. 3. ed. Rio de Janeiro: El- sevier, 2011. ANOTAÇÕES Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r