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Mapa Mental: Primeira Guerra Mundial A Primeira Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. Foi a primeira guerra do século XX e o primeiro conflito em estado de guerra total – aquele em que uma nação mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate. Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi resultado das transformações que aconteceram na Europa, as quais fizeram diferentes nações entrarem em choque. O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma drástico. Uma geração de jovens cresceu traumatizada com os horrores da guerra. A frente de batalha, sobretudo a Ocidental, ficou marcada pela carnificina vivida nas trincheiras e um saldo de 10 milhões de mortos. Os desacertos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para que, em 1939, uma nova guerra acontecesse. Causas As causas da Primeira Guerra Mundial são extremamente complexas e envolvem uma série de acontecimentos não resolvidos que se arrastavam desde o século XIX: rivalidades econômicas, tensões nacionalistas, alianças militares etc. De maneira geral, os principais fatores que contribuíram para o início da Primeira Guerra Mundial foram: · Disputas imperialistas; · Nacionalismos; · Alianças militares; · Corrida armamentista. Na questão imperialista, o enfoque pode ser dado ao temor que a ascensão da Alemanha gerou em nações como Rússia, França e Grã-Bretanha. Os alemães haviam passado pelo processo de unificação na segunda metade do século XIX e, após isso, lançaram-se à busca de colônias para seu país. Isso prontamente chamou a atenção da França, por exemplo, que via seus interesses serem prejudicados com o fortalecimento alemão. A questão do nacionalismo envolveu diferentes nações. A Alemanha encabeçava um movimento conhecido como pangermanismo. Esse movimento nacionalista servia como suporte ideológico para o Império Alemão defender os seus interesses de expansão territorial no começo do século XX. O pangermanismo ainda se expressava nas questões econômicas, pois os alemães pretendiam colocar-se como a força econômica e militar hegemônica da Europa. Na questão nacionalista, havia também o revanchismo francês. Essa questão envolvia os ressentimentos que existiam na França a respeito do desfecho da Guerra Franco-Prussiana , conflito travado entre Prússia e França em 1870 e 1871. A derrota francesa foi considerada humilhante, principalmente por dois fatores: a rendição ter sido assinada na Galeria dos Espelhos, no Palácio de Versalhes, e pela perda da Alsácia-Lorena. Após o fim desse conflito, a Prússia autoproclamou-se como Império Alemão. A questão nacionalista mais complexa envolvia os Bálcãs, região no sudeste do continente europeu. No começo do século XX, os Bálcãs eram quase inteiramente dominados pelo Império Áustro-Húngaro, que estava em ruínas por causa da multiplicidade de nacionalidades e movimentos separatistas que existiam em seu território. A grande tensão nos Bálcãs envolvia a Sérvia e a Áustria-Hungria na questão referente ao controle da Bósnia. Os sérvios lutavam pela formação da Grande Sérvia e, por isso, desejavam anexar a Bósnia ao seu território (a Bósnia era parte da Áustria-Hungria desde 1908 oficialmente). Esse movimento nacionalista de sérvios era apoiado pela Rússia por meio do pan-eslavismo, ideal em que todos os eslavos estariam unidos em uma nação liderada pelo Czar russo. Tendo em vista todo esse quadro de tensão e rivalidades, as nações europeias meteram-se em um labirinto de alianças militares, que acabou sendo definido da seguinte maneira: · Tríplice Entente: formada por Rússia, Grã-Bretanha e França. · Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália. Esses acordos militares incluíam cláusulas secretas de cooperação militar caso uma nação fosse atacada por outra nação adversária. Por fim, toda essa hostilidade deu a garantia para todas as potências e chefes de Estado na Europa de que a guerra era apenas questão de tempo. Por essa razão, as nações europeias iniciaram uma corrida armamentista com o objetivo de se fortalecer para o conflito que ocorreria. O que faltava para que a guerra tivesse início era um estopim, que aconteceu em 28 de junho de 1914, durante a visita do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, a Sarajevo, capital da Bósnia. A visita do arquiduque foi entendida como uma provocação e colocou em movimento os grupos nacionalistas que existiam na Sérvia e Bósnia. Gavrilo Princip sendo preso após cometer o atentado que causou a morte de Francisco Ferdinando. O resultado da visita do arquiduque foi que Gavrilo Princip, membro de um movimento nacionalista bósnio, armado de um revólver, meteu-se à frente do carro que levava Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia. Ele abriu fogo, assassinando ambos. A consequência direta do ato foi uma crise política gravíssima que ficou conhecida como Crise de Julho. Como não houve saída diplomática para a Crise de Julho, a consequência final foram declarações de guerra acontecendo em cadeia. Em 29 de julho, a Áustria declarou guerra à Sérvia; no dia 30, russos (em defesa da Sérvia), alemães e austríacos mobilizaram seus exércitos. Em 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia e, no dia 3, à França. No dia 4, o Reino Unido declarou guerra à Alemanha. Era o começo da Primeira Guerra Mundial. Países envolvidos Como mencionado no texto, os dois grupos que lutaram entre si na Primeira Guerra Mundial ficaram conhecidos como Tríplice Aliança (as principais forças eram a Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália) e Tríplice Entente (as principais forças eram a Rússia, Grã-Bretanha e França). No caso da Itália, o país fazia parte da Tríplice Aliança, mas recusou-se a participar da guerra quando ela se iniciou. Em 1915, a Itália aderiu à Tríplice Entente. Naturalmente, a Primeira Guerra Mundial não se resumiu ao envolvimento desses países, pois diversas outras nações envolveram-se no conflito. No lado da Entente, países como Grécia, Estados Unidos, Canadá, Japão e até mesmo o Brasil entraram no confronto. No lado da Tríplice Aliança, houve a participação da Bulgária e de outros povos e Estados clientes, como o Sultanato de Darfur. Onde ocorreu a Primeira Guerra Mundial? Os combates da Primeira Guerra Mundial, em sua maioria, aconteceram no continente europeu. Na Europa, destacaram-se a Frente Ocidental, em que os alemães lutaram contra franceses e britânicos, e a Frente Oriental, em que os alemães lutaram contra sérvios e russos. Durante a guerra, houve também batalhas no Oriente Médio, isto é, nas regiões que estavam sob domínio do Império Otomano. Fases da Primeira Guerra Utilizando a classificação do estudioso Luiz de Alencar Araripe, a Primeira Guerra Mundial pode ser dividida em duas grandes fases. A primeira fase ficou conhecida como Guerra de Movimento e aconteceu entre agosto e novembro de 1914. A segunda fase ficou conhecida como Guerra de Trincheiras e ocorreu entre 1915 e 1918. Da primeira fase da guerra, destacou-se o plano alemão de invasão da França pelo território belga, o chamado Plano Schlieffen. Esse plano foi elaborado pelo conde Alfred von Schlieffen e consistia basicamente em uma manobra para envolver as tropas francesas e conquistar Paris, a capital da França. Poucos meses depois que os franceses conseguiram impedir os alemães de conquistar Paris, iniciou-se a segunda fase da guerra, caracterizada pelas trincheiras. As trincheiras eram corredores subterrâneos construídos para abrigar os soldados e separar os exércitos que lutavam entre si. Muitas vezes, a distância entre uma trincheira e outra era mínima. O espaço entre as trincheiras era conhecido como “terra de ninguém” e era preenchido com sacos de areia, arames farpados e tudo que fosse necessário para garantir a proteção das tropas e para informar que tropas inimigas se aproximavam. Durante a guerra de trincheiras, foram utilizadas pela primeira vez armas químicas. Os alemães inicialmente utilizaram gás clorídrico, que, com o tempo,que surgiu em São Paulo em 1932. Esse grupo possuía inspiração no fascismo italiano, expressando valores nacionalistas e até mesmo antissemitas. Tinha como líder Plínio Salgado. 2. Aliança Libertadora Nacional (ANL): grupo de orientação comunista que surgiu como frente de luta antifascista no Brasil e converteu-se em um movimento que buscava tomar o poder do país pela via revolucionária. O grande líder desse grupo era Luís Carlos Prestes. A ANL, inclusive, foi a responsável por uma tentativa de tomada do poder aqui no Brasil em 1935. Esse movimento ficou conhecido como Intentona Comunista e foi deflagrado em três cidades (Rio de Janeiro, Natal e Recife), mas foi um fracasso completo. Após a Intentona Comunista, Getúlio Vargas ampliou as medidas centralizadoras e autoritárias, o que resultou no Estado Novo. Essa fase constitucional da Era Vargas estendeu-se até novembro de 1937, quando Getúlio Vargas realizou um autogolpe, cancelou a eleição de 1938 e instalou um regime ditatorial no país. O golpe do Estado Novo teve como pretexto a divulgação de um documento falso conhecido como Plano Cohen. Esse documento falava sobre uma conspiração comunista que estava em curso no país. Estado Novo (1937-1945) O Estado Novo foi a fase ditatorial da Era Vargas e estendeu-se por oito anos. Nesse período, Vargas reforçou o seu poder, reduziu as liberdades civis e implantou a censura. Também foi o período de intensa propaganda política e um momento em que Vargas estabeleceu sua política de aproximação das massas. No campo político, Vargas governou a partir de decretos-leis, ou seja, as determinações de Vargas não precisavam de aprovação do Legislativo, pois já possuíam força de lei. O Legislativo, por sua vez, foi suprimido e, assim, o Congresso e as Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais foram fechadas. Todos os partidos políticos foram fechados e colocados na ilegalidade. A censura instituída ficou a cargo do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável por censurar as opiniões contrárias ao governo e produzir a propaganda que ressaltava o regime e o líder. Para fazer a propaganda do governo, foi criado um jornal diário na rádio chamado “A Hora do Brasil”. Durante esse período, também se destacou a política trabalhista, destacando-se a criação do salário-mínimo (1940) e Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Os sindicatos passaram para o controle do Estado. A participação brasileira na Segunda Guerra e o desgaste desse projeto político autoritário enfraqueceram o Estado Novo perante a sociedade. Assim demandas por novas eleições começaram a acontecer. Pressionado, Vargas decretou para o fim de 1945 a realização de eleição presidencial e, em outubro desse mesmo ano, foi deposto do poder pelos militares. Responda todas as atividades no caderno. Atividades de História Módulo V 01)Comente sobre a Primeira Guerra mundial. 02)Qual era o contexto histórico que antecede a Primeira Guerra Mundial. 03) Explique sobre as fases da Primeira Guerra Mundial. 04) Qual foi o estopin da Primeira Guerra Mundial. 05)Que outros fatores também foram decisivos para a deflagração da Primeira Guerra Mundial. 06) Qual a atuação do Brasil na Primeira Guerra mundial. colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha. 07) Comente sobre o sistema de alianças tríplice aliança e tríplice entente. 08) “Na guerra não existe nenhum vencedor”, quais as consequências da Primeira Guerra Mundial? 09)Comente sobre a Revolução Russa. 10) Entre os anos de 1904 e 1905, uma série de derrotas militares do Império Russo em guerra contra o Japão abalou a já fragilizada base do governo czarista de Nicolau II. Essas derrotas pioraram ainda mais as condições de vida da maioria da população pobre e miserável. No dia 22 de janeiro de 1905, trabalhadores russos organizaram uma manifestação pacífica para reivindicar melhores salários e redução da jornada de trabalho. O Czar ordenou que os guardas imperiais reprimissem os manifestantes, matando centenas de homens, mulheres e crianças. O texto faz referência a qual momento histórico da Revolução Russa? a) Domingo Sangrento. b) Revolução Vermelha. c) Revolução Branca. d) Revolução Soviete. 11)Quais foram os antecedentes da Revolução Russa? 12) Um dos motivos que levaram à derrubada do czarismo em 1917, dando início à Revolução Russa, estava relacionado à organização política clandestina que se verificou durante todo o século XIX e início do XX. Sobre a formação do partido Operário Social Democrata Russo (POSDR) e sua divisão interna, responda: a) Quais os dois principais grupos que se formaram no interior do partido? b) Qual a principal divergência entre estes grupos? 13)Comente sobre os dois partidos Russos os Mencheviques e os Bolcheviques destacando as suas diferenças. 14) Assinale V para verdadeiro ou F para falso nas seguintes frases: A.( ) A maior parte da população no Império Russo era formada por camponeses. B.( ) Os operários russos tinham boas condições de trabalho, com jornadas reduzidas de 6 horas e protegidos pela legislação trabalhistas. C.( )Os trabalhadores começaram a organizar sindicatos e greves e tinham inspiração nas ideias de Karl Marx e Friedrich Engels. D.( )O czar Nicolau II exercia o poder na Rússia de forma absolutista, com apoio da nobreza rural e do clero da Igreja Ortodoxa. 15) Os anos que seguiram da Revolução de 1917 redefiniram as características da Rússia. Assinale a alternativa incorreta: (A)Nova Política Econômica (NEP) criada no governo de Lênin foi uma medida para reconstruir a economia na Rússia. (B) Chegada de Stalin ao poder, em 1925, depois da morte de Lênin. (C) Formação em 1922 da União Europeia Capitalista (UEC). 16) Qual era a situação da Alemanha após a I Guerra Mundial? 17) Podemos apontar como uma das principais causas da Segunda Guerra Mundial: a) A rivalidade política e militar entre Alemanha e Itália no final da década de 1930. b) O surgimento e fortalecimento, na década de 1930, de governos totalitários na Europa, com objetivos expansionistas e militaristas. c) A política expansionista da França, que invadiu e conquistou vários territórios na Europa e na África no final da década de 1930. d) A aliança militar estabelecida por Itália, Alemanha e Estados Unidos no começo da década de 1930. 18) Leia o texto abaixo: “O direito ao solo e à terra pode se tornar um dever quando um grande povo, por falta de extensão, parece destinado à ruína. Ou a Alemanha será uma potência mundial ou então não será. Mas, para se tornar uma potência mundial, ela precisa dessa grandeza territorial que lhe dará na atualidade a importância necessária e que dará a seus cidadãos os meios para existir. O próprio destino parece querer nos apontar o caminho”. Adolf Hitler Minha luta, 1925. Adaptado de FERREIRA, Marieta de M. e outros. História em curso: da Antiguidade à globalização. São Paulo: Editora do Brasil; Rio de Janeiro: FGV, 2008. As ideias contidas no projeto político do nazismo buscavam solucionar os problemas enfrentados pela Alemanha após o fim da Primeira Guerra Mundial. Uma dessas ideias, abordada no texto, está associada ao conceito de: a) xenofobia b) espaço vital c) purificação racial d) revanchismo militar 19)Por qual motivo os Estados Unidos iniciaram sua participação na Segunda Guerra Mundial? Explique. 20) Cite no mínimo dois motivos para ter ocorrido a Segunda Guerra. 21)O que foi o “ Dia D”, ocorrido em 6 de junho de 1944? 22) Quais as fases da segunda guerra mundial? 23) Comente sobre as consequências trazidas pela segunda guerra mundial. 24) Comente sobre a instalação da Primeira república no Brasil. 25) Quais as mudanças trazidas ao Brasil com a implantação da República? 26) Comente sobre o governo de Marechal Deodoro Da Fonseca. 27) Defina os termos: a) oligarquia- b) coronelismo c) política do café com leite d) voto de cabresto 28)Caracterize a Primeira República. 29) Citeos principais movimentos sociais da Primeira República. 30) Analise a charge a seguir: Qual aspecto da política brasileira da Primeira República está representado na charge? (A) A criação da política dos governadores. (B) O fortalecimento do coronelismo. (C) A prática do voto de cabresto. 31) Assinale a única alternativa correta nas questões que segue com um (X). O que era a "Política do café com leite" na República Velha? (A) Foi o período em que o Brasil exportava em grande quantidade café e leite. (B) Foi um período em que os representantes políticos dos estados de São Paulo e Minas Gerais se alternavam na presidência da república. (C) Foi o período em que o estado de São Paulo era o maior produtor de café e leite. 32) Comente sobre o governo provisório de Getúlio Vargas. 33) Essa imagem foi impressa em cartilha escolar durante a vigência do Estado Novo com o intuito de a) destacar a sabedoria inata do líder governamental. b) atender a necessidade familiar de obediência infantil. c) promover o desenvolvimento consistente das atitudes solidárias. d) conquistar a aprovação política por meio do apelo carismático. e) estimular o interesse acadêmico por meio de exercícios intelectuais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/autor/juliana-bezerra/ Acesso em maio de 2022. Disponível em: https://www.sohistoria.com.br/ https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral Acesso em maio de 2022. Disponível em: https://escolakids.uol.com.br>Historia acesso em maio de 2022. FERNANDES, Cláudio. "Revolução Russa (1917)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-russa.htm. Acesso em 21 de maio de 2022. REZENDE, Antônio Paulo; DIDIER, Maria Thereza. Rumos da história: história geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 2001. SILVA, Daniel Neves. "República da Espada (1889-1894)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-espada-1889-1894.htm. Acesso em 21 de maio de 2022. SILVA, Daniel Neves. "Revoltas na República Velha"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/rebelioes-na-republica-velha.htm. Acesso em 21 de maio de 2022. SILVA, Daniel Neves. "Primeira Guerra Mundial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm. Acesso em 21 de maio de 2022. SILVA, Daniel Neves. "Segunda Guerra Mundial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-guerra-mundial.htm. Acesso em 21 de maio de 2022. SILVA, Daniel Neves. "Era Vargas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/era-vargas.htm. Acesso em 21 de maio de 2022.também passou a ser utilizado por franceses e britânicos. Por fim, o gás clorídrico foi substituído pelo gás mostarda. A respeito dos horrores da Guerra de Trincheiras travada na Frente Ocidental, vale ressaltar o relato feito pelo historiador Eric Hobsbawm: Milhões de homens ficavam uns diante dos outros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as quais viviam como – e com – ratos e piolhos. De vez em quando seus generais procuravam romper o impasse. Dias e mesmo semanas de incessante bombardeio de artilharia […] “amaciavam” o inimigo e o mandavam para baixo da terra, até que no momento certo levas de homens saíam por cima do parapeito, geralmente protegido por rolos e teias de arame farpado, para a “terra de ninguém”, um caos de crateras de granadas inundadas de água, tocos de árvore calcinadas, lama e cadáveres abandonados, e avançavam sobre as metralhadoras, que os ceifavam, como eles sabiam que aconteceria. Na Frente Ocidental, destacaram-se batalhas como Verdun e Somme em que a luta nas trincheiras causou a morte de milhões de soldados de ambos os lados. Na Frente Oriental, os alemães conseguiram impor pesadas derrotas aos russos em batalhas como a de Tannenberg, garantindo grandes conquistas territoriais. A violência da guerra também foi destacada durante os combates que aconteceram na Sérvia. No Oriente Médio, destacou-se a perseguição que o Império Otomano promoveu contra os armênios, o que levou ao Genocídio Armênio. A Primeira Guerra também registrou combates aéreos e uma disputa acirrada entre alemães e britânicos no mar. Em 1917, os Estados Unidos, presididos por Woodrow Wilson,entraram na guerra quando uma embarcação britânica foi atacada por alemães, causando a morte de mais de uma centena de americanos. Nesse mesmo ano, os russos, fragilizados por tantas derrotas e por uma crise econômica duríssima, retiraram-se da guerra, e a Revolução Russa consolidou o socialismo no país. A Primeira Guerra Mundial encerrou-se como resultado do esfacelamento das forças da Tríplice Aliança. Bulgária, Áustria-Hungria e Império Otomano renderam-se, sobrando apenas a Alemanha. O Império Alemão, arrasado pela guerra, também se rendeu após uma revolução estourar no país e levar ao fim da monarquia alemã. Aqueles que implantaram a república no país (os social-democratas) optaram por um armistício para colocar fim à guerra após quatro anos. Consequências Como consequência do armistício e da derrota alemã, foi assinado em junho de 1919 o Tratado de Versalhes. A assinatura desse tratado aconteceu exatamente no mesmo local onde os franceses haviam ratificado sua derrota em 1871. Dessa vez, os derrotados eram os alemães, que assinavam um tratado que impunha termos duríssimos à Alemanha. Delegações reunidas durante a assinatura do Tratado de Versalhes na Galeria dos Espelhos, em 1919. A Alemanha perdeu todas as suas colônias ultramarinas, além de territórios na Europa. Foi obrigada a pagar uma multa pesadíssima, que arrastou o país para uma crise econômica sem precedentes na sua história. Suas forças militares foram restritas a 100 mil soldados de infantaria. A rigidez dos termos do Tratado de Versalhes é entendida pelos historiadores como a porta que deu abertura para o surgimento e crescimento do nazismo. O fim da guerra também marcou a reconfiguração do mapa europeu por causa do esfacelamento dos Império Alemão, Austro-húngaro e Otomano. Diversas novas nações surgiram, como Polônia, Finlândia, Iugoslávia etc. Revolução Russa (1917) A Revolução Russa foi um dos principais acontecimentos do século XX e irrompeu na Rússia czarista em meio à Primeira Guerra Mundial. Monumento a Lenin, no Parque Gorky, Moscou, Rússia A Revolução Russa de 1917 foi um dos principais acontecimentos do século XX. Estourou durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), apesar de seus antecedentes remeterem ao ano de 1905, quando ocorreu a primeira tentativa revolucionária , que teve como estopim o episódio marcante conhecido como Domingo Sangrento. O principal aspecto da Revolução Russa é ela ter sido orientada pela doutrina comunista, desenvolvida pelo filósofo alemão Karl Marx no século XIX —com a ressalva de que tal doutrina foi complementada e acrescida de um plano estratégico por aquele que se tornou o mais importante líder da revolução: Lenin. Antecedentes da Revolução Russa Na virada do século XIX para o século XX, a Rússia, então um império czarista que vinha sendo governado por mais de trezentos anos pela mesma dinastia (Romanov), começava a sofrer pressões de ordem econômica e de ordem política. Um dos grandes problemas que a Rússia enfrentava era o atraso tecnológico. O Império Romanov não havia conseguido ainda promover transformações profundas na área da indústria e permanecia sendo uma sociedade profundamente agrária e com uma população insatisfeita, tanto camponeses e operários quanto a classe burguesa que se formava. Além disso, o Império czarista gastava boa parte de seu orçamento com guerras, como a Guerra Russo-Japones, desencadeada entre 1904 e 1905. Nesse contexto, ganharam força os partidos políticos que buscavam dar representação aos setores da sociedade russa mais insatisfeitos com o regime do czar. Além de partidos de matriz liberal, o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) destacou-se como um partido de inspiração marxista, porém com grande divergência de pensamento entre seus membros. As tendências divergentes do POSDR polarizaram-se entre os mencheviques, a minoria, e os bolcheviques, a maioria. Mencheviques e bolcheviques Os mencheviques eram liderados por Yuly Martov e Georgy Plekanov e tinham uma postura mais ajustada com o pensamento do marxismo ortodoxo, isto é, defendiam que a revolução comunista na Rússia deveria seguir as etapas definidas por Marx. Sendo assim, a burguesia deveria desenvolver o país por intermédio de uma reforma industrial capitalista profunda, enterrar o regime czarista e só depois a classe operária protagonizaria uma revolução na esteira do comunismo. Os bolcheviques, que tinham como líder Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lenin, propunham uma alternativa diferente daquela sustentada pelo marxismo ortodoxo. Para Lenin, a revolução poderia ser acelerada em um país sem quadros econômicos com alto desenvolvimento capitalista (como era o caso da Rússia). Essa “aceleração” poderia ser operada e protagonizada pela aliança entre a classe operária e o campesinato — e ambos receberiam a orientação de um comitê revolucionário formado por intelectuais e por dirigentes partidários. Queda do Czar e estouro da revolução Após as rebeliões e greves iniciadas em 1905, o Império Russo procurou articular-se com os liberais para tentar promover reformas que beneficiassem camponeses, operários e burgueses. A saída para isso foi a criação da Duma, isto é, Assembleia de representação popular. Enquanto isso, havia também o processo de organização política dos trabalhadores em torno dos sovietes, isto é, conselhos deliberativos que foram extintos após a retomada da ordem pelo czar e que só voltariam a ter destaque em 1917. Com a entrada da Rússia em mais uma guerra, a Primeira Guerra Mundial, o poder do czar Nicolau II começou a ficar ainda mais debilitado. Em fevereiro de 1917, uma junção de manifestações, greves e vários atos de insubordinação por parte de camponeses, operários e militares por toda a Rússia provocou a queda do czar e o fim do Império. Esses acontecimentos ficaram conhecidos como Revolução de Fevereiro. Seguiu-se, a partir desses acontecimentos, o que alguns historiadores denominaram de “etapa democrático-burguesa”, constituída de um Governo Provisório, resultante de uma aliança entre o soviete de Petrogrado, que era controlado por trabalhadores e militares, e um poder central controlado pela burguesia liberal. Essa aliança, entretanto, logo se mostrou frágil. A dualidade dos interesses burgueses e proletários acirrou-se nos meses seguintes. Um dos principais pontos de divergênciaentre os dois comandos era a continuação da presença na guerra, defendida pelo Governo Provisório e repudiada pelo soviete de Petrogrado. Em abril de 1917, Lenin encaminhou aos bolcheviques as teses, ou propostas, que retirariam a Rússia da guerra e dissolveria o Governo Provisório. A proposta de Lenin apregoava sobretudo o lema: “Todo poder aos sovietes”. Lenin e Leon Trotsky foram os principais responsáveis pelo encaminhamento da revolução a um caráter bolchevique. O cenário provocado pela Primeira Guerra Mundial deu as condições favoráveis para tanto, como acentuou o pesquisador Silvio Pons: “A visão revolucionária de Lenin nasceu em estreita interação com a experiência e a psicologia da guerra. Ela se robustecia mais com o próprio esquematismo do que com sua retaguarda intelectual, empregando a legitimidade marxista com vistas a uma ruptura política. Lenin compreendeu que a guerra mundial, iniciada como guerra entre estados, trazia o risco de profundo dilaceramento na ordem civil europeia. E, ao mesmo tempo, via as potencialidades que a mobilização bélica e seu impacto social apresentavam para a explicitação de uma nova política de massas”. (PONS, Silvio. A revolução global: história do comunismo internacional, 1917-1991. Rio de Janeiro: Contraponto Editora; Brasília: Fundação Astrojildo Pereira, 2014. p.50) Em outubro de 1917, Lenin e Trotsky comandaram a Revolução Bolchevique, que depois passou a ser denominada de Revolução de Outubro. A primeira tática da revolução bolchevique foi o chamado comunismo de guerra, usado sobretudo na luta do Exército Vermelho, liderado por Trostsky, contra o Exército Branco, de matriz conservadora e contrarrevolucionária. De 1919 em diante, a ofensiva bolchevique passou ao plano político e, sobretudo, político-econômico, com a criação da NEP (Nova Política Econômica), desenvolvida por Lenin em 1921. O governo de Lenin assentou as bases do que seriam as “repúblicas soviéticas”. Segunda Guerra Mundial A Segunda Guerra Mundial foi um conflito de escala global que aconteceu entre 1939 e 1945 e ficou marcada por eventos como o Holocausto e o uso de bombas atômicas. O Dia D foi um dos dias mais marcantes da Segunda Guerra Mundial e ocorreu em 6 de junho de 1944. A Segunda Guerra Mundial foi um conflito de proporções globais que aconteceu entre 1939 e 1945. Caracterizada como um conflito em estado de guerra total (no qual há mobilização de todos os recursos para a guerra), a Segunda Guerra Mundial fez Aliados e Eixo enfrentarem-se na Europa, África, Ásia e Oceania. Após seis anos de conflito, mais de 60 milhões de pessoas morreram. Causas da Segunda Guerra Mundial A Segunda Guerra Mundial teve como grande causa o expansionismo e o militarismo da Alemanha Nazista. Essa postura da Alemanha refletia diretamente a ideologia dos nazistas, que haviam alcançado o poder da Alemanha em 1933. A ação dos nazistas resultava, em grande parte, da insatisfação de uma parte radicalizada da sociedade alemã com o desfecho da Primeira Guerra Mundial. Ao final da Primeira Guerra Mundial, consolidou-se fortemente na sociedade alemã uma ideia de que a derrota na guerra havia sido injusta. Somado a isso, havia também a grande humilhação que a Alemanha sofreu com o Tratado de Versalhes, acordo que pôs fim à Primeira Guerra e que proibia a Alemanha de ter navios e aviões de guerra, limitou ao número de 100 mil os soldados de infantaria, obrigou a nação alemã a pagar uma indenização altíssima e a entregar suas colônias para aqueles que a derrotaram. Para piorar, na década de 1920, durante a República de Weimar, a Alemanha encarou uma crise econômica duríssima, que levou o país à falência. Essa crise foi agravada com a Crise de 1929, que, por sua vez, reforçou a crise da democracia liberal e fomentou movimentos autoritários e fascistas pela Europa. O facismo italiano e o nazismo alemão são os grandes exemplos. Os nazistas ocuparam o poder da Alemanha em 1933, e Adolf Hitler, o líder do partido nazista, iniciou uma campanha de recuperação da Alemanha, de doutrinação da população e de perseguição às minorias. A Alemanha, ao recuperar a sua economia, partiu para o rearmamento – um desafio claro às determinações do Tratado de Versalhes. Franceses e ingleses nada fizeram, pois temiam que um desafio aos alemães poderia levar a Europa a uma nova guerra, experiência essa que queriam evitar ao máximo. À medida que a Alemanha se fortaleceu militarmente, Hitler deu início ao seu expansionismo territorial. A ideia dele era construir o lebensraum, o “espaço vital” que os nazistas tanto almejavam. Esse conceito consistia basicamente em formar um império para a Alemanha em territórios que historicamente haviam sido ocupados por germânicos. Esse era o Terceiro Reich, um império dedicado exclusivamente para os arianos (ideal de raça pura dos nazistas) e que sobreviveria à custa da exploração dos eslavos. O expansionismo germânico ocorreu em três momentos distintos. Inicialmente foi realizada a invasão e anexação da Áustria, evento conhecido como Anschluss e que ocorreu em 1938. Em 1939, os alemães manifestaram o interesse de invadir e anexar os Sudetos, região da Checoslováquia. Após negociações conduzidas por britânicos e franceses, os alemães tiveram autorização para anexar os Sudetos (acabaram anexando quase toda a Checoslováquia). Por fim, veio a Polônia. Esse país do Leste Europeu havia surgido ao final da Primeira Guerra Mundial em territórios que anteriormente pertenciam aos alemães e aos russos. A retórica de Hitler contra os poloneses endureceu-se em meados de 1939. A invasão da Polônia, no entanto, não seria aceita por ingleses e franceses. Ambos os países haviam exigido de Hitler, durante a Conferência de Munique, que suas ambições territoriais encerrassem-se na Checoslováquia. Hitler, no entanto, não esperava que ingleses e franceses fossem reagir aos seus movimentos. Em 1º de setembro, ordenou a invasão da Polônia utilizando como justificativa um suposto ataque polonês na fronteira com a Alemanha (o ataque foi forjado pelos nazistas). Dois dias depois, britânicos e franceses responderam à agressão alemã contra a Polônia com uma declaração de guerra. Esse foi o início da Segunda Guerra Mundial. Mapa Mental: Segunda Guerra Mundial Combatentes da Segunda Guerra Mundial A Segunda Guerra Mundial contou com o envolvimento de dezenas de países. Os participantes da Segunda Guerra Mundial podem ser agrupados em dois grupos. · Aliados: Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos eram os membros principais; · Eixo: Alemanha, Itália e Japão eram os membros principais. Adolf Hitler e Benito Mussolini eram os líderes da Alemanha e Itália, respectivamente. Ambas as nações pertenciam ao Eixo. Naturalmente, ao longo da guerra, diversos outros países foram tomando partido e juntando-se a um dos dois lados que estavam na luta. Do lado dos Aliados, por exemplo, lutaram o Canadá, o Brasil, a Austrália, a China, a Holanda etc. No Eixo, atuaram nações como Hungria, Romênia, Croácia etc. É importante mencionar que em diversos locais que os nazistas pisaram houve colaboracionismo, mas também houve resistência. Um símbolo do colaboracionismo com os nazistas foi Vidkun Quisling, nazista da Noruega que organizou o plano de invasão de seu próprio país com os alemães. Símbolos de resistência contra os nazistas foram, por exemplo, os guerrilheiros (partisans) da Bielorrússia (conhecida atualmente como Belarus) que organizaram forças nas florestas de seu país e atuaram por anos sabotando os nazistas. Fases da Segunda Guerra Mundial A Segunda Guerra Mundial pode ser dividida em três fases para melhor entendimento dos acontecimentos do conflito, a saber: · Supremacia do Eixo (1939-1941): nessa fase, tornaram-se notórios o uso da blitzkrieg e a conquista de diversos locais pelas tropas da Alemanha. Além disso, na Ásia, os japoneses conquistaram uma série de territórios dominados por britânicos, franceses e holandeses. · Equilíbrio de forças(1942-1943): nessa fase, os Aliados conseguiram recuperar-se na guerra, tanto na Ásia quanto na Europa, e equilibraram forças com os alemães. Essa fase ficou marcada pela indefinição de quem ganharia o conflito. · Derrota do Eixo (1944-1945): nessa fase, o Eixo estava em decadência. A Itália foi invadida; Mussolini, deposto; os alemães e japoneses passaram a ser derrotados sucessivamente e ambos os países entraram em colapso. A guerra, conforme mencionado, foi iniciada quando os alemães invadiram a Polônia em 1º de setembro de 1939. A partir desse momento, os alemães iniciaram a utilização de uma tática que se destacou no conflito: a blitzkrieg. Essa palavra em alemão significa “guerra-relâmpago” e consistia, basicamente, em uma tática em que artilharia e infantaria faziam ataques coordenados contra as linhas adversárias com o objetivo de abri-las. A partir da abertura das linhas, a infantaria e os blindados faziam rápidas movimentações no território para penetrar na brecha que foi aberta. Entre 1939 e 1941, os alemães conquistaram Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica, França, Iugoslávia e Grécia. Nesse período, as conquistas aconteciam em uma velocidade assombrosa, com as forças alemãs passando a dominar grande parte do continente europeu. Em 1941, a Alemanha parecia invencível, e os alemães organizaram o seu plano mais ousado em toda a guerra: a Operação Barbarossa. Essa operação consistia em coordenar a invasão do grande adversário dos alemães na Europa: o bolchevismo soviético. Até esse momento, ambas as nações estavam em paz, pois, em 1939, haviam assinado um pacto de não agressão, em que concordavam em não lutar entre si durante um período de 10 anos. Tropas alemãs em Minsk, Bielorrússia, durante a Operação Barbarossa. A invasão da União Soviética aconteceu em 22 de junho de 1941, e o plano dos alemães era conquistar o país em oito semanas. O fracasso dos alemães nesse sentido destruiu toda e qualquer possibilidade de o fazerem em longo prazo, pois a Alemanha não tinha recursos e nem dinheiro para uma guerra de longa duração contra os soviéticos. Os alemães tinham três objetivos: Moscou, Leningrado e Stalingrado. A capital soviética quase foi conquistada (Moscou) porque os alemães chegaram a poucos quilômetros dela, mas falharam. Leningrado foi cercada pelos alemães durante 900 dias e deixada para morrer de fome – os relatos sobre a fome na cidade mostram o desespero da população diante da falta de alimento. O ponto-chave da Segunda Guerra Mundial aconteceu em uma cidade do sul da União Soviética (sul da atual Rússia) que fica às portas do Cáucaso e à beira do rio Volga: Stalingrado. A conquista dessa cidade era crucial para os alemães garantirem o controle sobre os poços de petróleo do Cáucaso, além de ser simbólico conquistar a cidade que levava o nome do líder da União Soviética, Josef Stalin. A luta em Stalingrado foi duríssima e estendeu-se de julho de 1942 até 1943. Antes de Stalingrado os alemães haviam conquistado vastos territórios da União Soviética (os alemães tinham conquistado os Países Bálticos, Ucrânia, Bielorrússia etc). Em Stalingrado, os alemães sofreram a derrota que iniciou a virada dos Aliados. A batalha por Stalingrado resultou na morte de 1 a 2 milhões de pessoas, e a descrição dessa batalha define-a como um inferno. A cidade foi arrasada, e os alemães estiveram bem perto de conquistá-la, mas a resistência dos soviéticos garantiu a derrota dos alemães. Durante essa batalha, diariamente, milhares de soldados e de munição eram enviados para as tropas soviéticas. A derrota dos alemães veio logo após a Operação Urano. Destruição em Stalingrado causada pela batalha que aconteceu na cidade entre 1942 e 1943. As tropas alemãs foram empurradas para fora da cidade e, sem autorização para recuar, foram cercadas pelos soviéticos. Nesse momento, o exército, a indústria e a economia alemã iniciaram seu colapso. Começava a recuperação dos Aliados na luta contra os alemães. Outra batalha importante que selou o destino dos alemães na União Soviética foi a batalha travada em Krussk, em 1943. Nesse ano também (1943), britânicos e americanos ampliaram seus esforços na luta contra os alemães. A partir dos esforços dos Estados Unidos e da Inglaterra, as tropas alemãs foram expulsas do norte do continente africano. Depois, os Aliados debateram a respeito das possibilidades de um ataque contra os alemães na Normandia. Esse plano, no entanto, foi adiado, e americanos e britânicos optaram por invadir a Sicília. Com o desembarque de tropas aliadas na Sicília, iniciou-se a reconquista da Itália, e os alemães foram obrigados a reforçar as defesas no norte italiano. Foi na frente de batalha travada na Itália, inclusive, que as tropas brasileiras lutaram entre 1944 e 1945. A partir de 1944, a situação da Alemanha na guerra era caótica, e mais derrotas ocorreram. Em junho de 1944, britânicos e americanos lideraram, no dia 6, o desembarque de tropas conhecido como Dia D. Essa operação fazia parte dos planos de reconquista da França (ocupada pelos alemães desde 1940). No Dia D, foram mobilizados cerca de 150 mil soldados, que desembarcaram em cinco praias da Normandia: os codinomes das praias eram Utah, Juno, Sword, Gold e Omaha. Na virada de 1944 para 1945, a situação da Alemanha era desesperadora. Nos primeiros meses de 1945, os alemães acumularam grande parte de suas perdas em toda a Segunda Guerra Mundial. Na virada do ano, foi travada a última ofensiva dos alemães na Batalha das Ardenas, que tinha como objetivo recuperar territórios na França e Bélgica. A campanha foi um fracasso e serviu para enfraquecer as tropas alemãs que ainda resistiam no front oriental. Uma consequência direta da derrota nas Ardenas foi a perda de territórios na Polônia, quando os soviéticos conseguiram avançar do rio Vístula para o rio Oder e ficar à beira da fronteira com a Alemanha. Além disso, os soviéticos avançaram pelo Leste Europeu, conquistando locais como Budapeste (Hungria) e a Iugoslávia. Fim da Segunda Guerra Mundial A batalha final no cenário de guerra europeu foi travada em Berlim, capital alemã, onde foi organizada a resistência final dos nazistas em uma situação tão desesperadora que havia tropas compostas por velhos e crianças. O ataque a Berlim foi realizado apenas pelos soviéticos e, logo após as tropas do Exército Vermelho entrarem no Reichstag (Parlamento alemão), Hitler e sua esposa (Eva Braun) cometeram suicídio. O comando da Alemanha foi transmitido para Karl Dönitz, e os alemães renderam-se oficialmente no dia 8 de maio de 1945. No cenário asiático, a guerra teve fim oficialmente no dia 2 de setembro de 1945, quando os japoneses assinaram sua rendição incondicional aos americanos. A rendição japonesa foi resultado direto do lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima, em 6 de agosto, e Nagasaki, em 9 de agosto. Consequências Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por intensas e radicais transformações. Logo após a guerra já estava predefinido o cenário que caracterizaria o mundo pelas décadas seguintes: o da bipolarização do período da Guerra Fria . O Leste Europeu foi ocupado pelas tropas do Exército Vermelho, e toda essa região ficou sob a influência do comunismo soviético. As potências dos Aliados reuniram-se em 1945 e debateram a respeito das mudanças territoriais que aconteceriam no mapa europeu. Assim, a Alemanha, por exemplo, perdeu territórios para os soviéticos (a chamada Prússia Oriental passou a ser da União Soviética e atualmente é conhecida como Oblast de Kaliningrado e fica na atual Rússia). Vale mencionar também que a Alemanha foi ocupada por tropas britânicas, americanas, francesas e soviéticas. Após a Segunda Guerra, foram criados tribunais que julgaram os crimes de guerra cometidos por alemães e japoneses. Pessoas que estiveram diretamente envolvidas com o Holocausto e com os massacres cometidos pelo Japão na Ásia foram julgadas no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg e no Tribunal Internacional para o Extremo Oriente. Apóso final da Segunda Guerra Mundial, foi criada a Organização das Nações Unidas, conhecida como ONU e responsável pela manutenção da paz entre as nações. A intenção de uma organização como a ONU é evitar que outro conflito como a Segunda Guerra Mundial aconteça. Por fim, uma consequência direta da bipolarização do mundo, com os soviéticos representando um modelo e os americanos representando outro, foi a criação de um plano de reconstrução da Europa Ocidental financiado pelos Estados Unidos: o Plano Marshall. Instalação da Primeira República A Proclamação da República foi um golpe militar que marcou o fim do Império do Brasil e o início da República. Ocorreu no dia 15 de novembro de 1889, executada pelo marechal Deodoro da Fonseca. Embora tenha sido conduzida pelo movimento republicano, com representantes como Quintino Bocaiuva, Benjamin Constant, José do Patrocínio, entre outros, a Proclamação da República representou, sobretudo, o enfraquecimento da monarquia. A crise do Império foi marcada por três questões que abalaram a relação do Império com suas principais fontes de sustentação política: a questão religiosa, a questão abolicionista e a questão militar. Em resumo a Primeira República resultou: · A Proclamação da República resultou de influências externas, como a Revolução Gloriosa (1688), a Revolução Americana (1776), a Revolução Francesa (1789), as independências da América Espanhola, o liberalismo e o positivismo; · Também houve influências internas, como a questão religiosa, a questão abolicionista e a questão militar; · Houve o surgimento de um movimento republicano a partir de 1870 e a adesão paulatina dos militares, cada vez mais insatisfeitos com o Império; · A Proclamação da República foi um golpe militar apoiado e, em grande medida, conduzido pelos republicanos. Primeira República Primeira República é o período da história no Brasil compreendido com o fim da monarquia em 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930. Também foi denominada pelos historiadores de República Oligárquica, República dos Coroneis e República do Café com Leite. Com a vitória da Revolução de 30 e a fim de reforçar a ideia que começava um novo tempo, passou a ser chamada pejorativamente de República Velha. O primeiro presidente da dita Primeira República foi Marechal Deodoro da Fonseca e o último, Washington Luís. Em 1891, Deodoro da Fonseca renuncia e, em seu lugar, assume seu vice-presidente, Floriano Peixoto. Por sua parte, o primeiro presidente civil foi Prudente de Moraes, eleito em 1894.Para fins de estudo, a Primeira República é dividida em dois períodos: REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894): governos dos militares de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1895-1930): governos das oligarquias rurais de São Paulo e Minas Gerais. É o chamado coronelismo, praticado, principalmente, pelos cafeicultores, aliados aos produtores rurais de outros estados. Durante este período, o país esteve regido pela Constituição promulgada em 1891. A Carta Magna estabelecia o regime presidencialista, o voto aos maiores de 21 anos, liberdade de culto, obrigatoriedade do casamento civil, entre outras medidas. "Primeiros anos da República da Espada” Após a Proclamação da República, o marechal Deodoro da Fonseca foi escolhido pelos republicanos para conduzir o Governo Provisório, que administrou o Brasil enquanto as mudanças nas instituições políticas aconteciam. O exército, condutor do golpe, tomou de início algumas medidas em seu benefício, conforme afirma o historiador Thomas E. Skidmore: Os militares não perderam tempo em receber seu pagamento pelo golpe. Seus salários foram imediatamente aumentados em 50%, uma nova lei foi aprovada regulando a aposentadoria ou promoção imediata de quase todos os altos oficiais (havia notórios desequilíbrios no interior do corpo de oficiais do Exército) e o Exército foi autorizado a aumentar seu contingente de 13 mil para 25 mil soldados|1|. A Proclamação da República teve como resultado uma aproximação das relações com Argentina (essa aproximação com a Argentina foi curta) e Estados Unidos – duas grandes nações republicanas no continente americano – e gerou o efeito inverso na Inglaterra, que era uma nação representante do monarquismo. Durante o Governo Provisório, Rui Barbosa foi nomeado como Ministro da Fazenda e, portanto, era responsável pela economia brasileira. Rui Barbosa tomou ações que permitiram a criação de sociedades anônimas e incentivou a emissão de papel-moeda, permitindo que bancos privados a fizessem. O resultado foi desastroso e levou à especulação, falência de empresas, desvalorização da moeda brasileira e alta da inflação. Essa crise econômica ficou conhecida como Encilhamento (não se sabe ao certo o porquê do uso desse termo) e estendeu-se durante todo o período inicial da Primeira República, sendo solucionada somente por volta de 1897 durante o governo de Prudente de Morais (1894-1898). A crise econômica brasileira esteve inserida dentro do quadro de crise econômica do capitalismo, que se estendia desde 1873. O governo de Deodoro da Fonseca e a Constituição de 1891 "Durante o Governo Provisório, Rui Barbosa foi nomeado como Ministro da Fazenda e, portanto, era responsável pela economia brasileira. Rui Barbosa tomou ações que permitiram a criação de sociedades anônimas e incentivou a emissão de papel-moeda, permitindo que bancos privados a fizessem. O resultado foi desastroso e levou à especulação, falência de empresas, desvalorização da moeda brasileira e alta da inflação. Essa crise econômica ficou conhecida como Encilhamento (não se sabe ao certo o porquê do uso desse termo) e estendeu-se durante todo o período inicial da Primeira República, sendo solucionada somente por volta de 1897 durante o governo de Prudente de Morais (1894-1898). A crise econômica brasileira esteve inserida dentro do quadro de crise econômica do capitalismo, que se estendia desde 1873." Durante o período em que esteve como presidente no Governo Provisório, as medidas autoritárias de Deodoro da Fonseca chamaram a atenção de determinados grupos políticos do Brasil, que se mobilizaram para redigir uma nova Constituição para o país. Para isso, uma Assembleia Constituinte foi formada. Essa Constituinte nomeou cinco pessoas responsáveis pela redação do novo documento. Uma vez escrita, a nova Constituição foi revisada por Rui Barbosa e encaminhada para apreciação dos membros da Constituinte. A nova Constituição foi aprovada em 24 de fevereiro de 1891 e substituiu a Constituição (de 1824) do período da Monarquia. A Constituição de 1891 tinha como principais pontos: · Republicanismo: naturalmente foi decretado o republicanismo como forma de governo do Brasil; · Presidencialismo: o chefe máximo do Executivo seria o presidente elegido em eleições livres e diretas. O presidente eleito cumpriria um mandato de 4 anos; · Foram estabelecidos os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, instituições do período monárquico, como o Poder Moderador, foram abolidas; · Para o sistema eleitoral brasileiro, foi determinado o sufrágio universal masculino para maiores de 21 anos alfabetizados. Mulheres, analfabetos e soldados rasos não tinham direito ao voto; · Federalismo: foi estabelecido o federalismo como forma de governo, o que concedia bastante autonomia para os estados brasileiros. Permitia aos estados realizar empréstimos, organizar força militar própria, arrecadar seus próprios impostos etc. Depois da promulgação da nova Constituição, foram realizadas eleições indiretas, que ratificaram Deodoro da Fonseca como presidente brasileiro e Floriano Peixoto como seu vice em fevereiro de 1891. O marechal Deodoro da Fonseca manteve sua postura autoritária, o que fez com que o presidente entrasse em choque com o Congresso. A disputa levou o presidente a tomar mais medidas autoritárias (como decretar o fechamento do Congresso) parareforçar o seu poder. No entanto, grupos políticos da oposição reagiram e forçaram o presidente a renunciar em 23 de novembro de 1889. Por lei, era necessária a realização de novas eleições, uma vez que o presidente não estava ocupando o cargo por dois anos (conta-se a partir das eleições de fevereiro de 1891), no entanto, Floriano Peixoto assumiu como presidente brasileiro. Governo de Floriano Peixoto A posse de Floriano Peixoto somente aconteceu porque o Partido Republicano Paulista – principal força política do Brasil na época – garantiu a sucessão para Floriano. Isso aconteceu porque os paulistas queriam estabilizar o regime republicano e impedir que os monarquistas tomassem o poder. A visão política de Floriano, ainda que moderada, visava a uma nação centralizada em um governo encabeçado pelos militares. Durante seu mandato, duas grandes rebeliões aconteceram no Brasil e colocaram a ordem republicana em risco. As ações tomadas por Floriano Peixoto na contenção de ambos os movimentos lhe renderam o apelido de “marechal de ferro”. Essas revoltas foram a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. Revolução Federalista (1893-1895): foi uma disputa entre grupos políticos pelo poder no Rio Grande do Sul. O grupo que recebeu oposição do governo foi o dos liberais, que defendiam a implantação do parlamentarismo no Brasil. A Revolução Federalista espalhou-se para Santa Catarina e Paraná e resultou na morte de 10 mil pessoas, com vitória do grupo apoiado pelo governo, os federalistas. Revolta da Armada (1893-1894): a Revolta da Armada foi uma rebelião de grupos monarquistas da Marinha, que tentavam derrubar o governo de Floriano. Os rebeldes invadiram embarcações de guerra e abriram fogo contra o Rio de Janeiro. Posteriormente se uniram aos liberais da Revolução Federalista em combates em Santa Catarina e Paraná. A derrota dos rebeldes enfraqueceu definitivamente o monarquismo no Brasil. O governo de Floriano Peixoto estendeu-se até 1894, quando ocorreu a transição para os governos civis. O político paulista Prudente de Morais foi eleito presidente e deu início ao período conhecido como República Oligárquica (1894-1930)." República Oligárquica Chama-se República Oligárquica o período da História do Brasil marcado pela alternância de poder entre as oligarquias cafeeiras de Minas Gerais e São Paulo, entre os anos de 1894 e 1930. Trata-se, portanto, de quase todo período da Primeira República do Brasil. Oligarquia significa “governo de poucos”. Ou seja, esse foi um período na História do Brasil em que, mesmo tecnicamente vivendo um regime democrático, o poder esteve detido na mão de poucas pessoas e essas pessoas tomam decisões a fim de beneficiar apenas a si próprias. Período Oligárquico no Brasil Durante a Primeira República, o poder político do país estava centrado nas oligarquias locais, pequenos grupos que sustentavam seu poderio a partir das riquezas produzidas em suas propriedades rurais. As principais oligarquias eram as do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O poder oligárquico fez com que, durante o período da Primeira República, não houvesse um só partido político de alcance nacional. Eram as relações políticas regionais que determinavam os rumos políticos do país. Política dos Governadores A República Oligárquica ficou marcada pela chamada Política dos Governadores, que consistia na troca de favores do Governo Federal com as oligarquias locais. O Governo Federal, na intenção de acabar com as disputas regionais que aconteciam entre os Estados brasileiros, começa a apoiar as oligarquias mais poderosas, concedendo favores e oferecendo recursos e cargos para aliados. Em troca, as oligarquias se comprometeram a apoiar o Governo Federal a partir da eleição de deputados que, no Legislativo, votariam a favor das medidas propostas pelo Governo. Com essa política, o Governo Brasileiro consolida seu poder sobre os estados, impedindo que o federalismo levasse a movimentos separatistas ou de guerra civil. Ao mesmo tempo, as oligarquias tinham seu poder político reforçado. Para que esse acordo fosse viável, era necessário que os candidatos certos fossem eleitos. A República Oligárquica foi marcada, portanto, por uma política do Café com Leite, que consistiu na união das duas oligarquias mais poderosas do período: São Paulo e Minas Gerais. Essa política pretendia garantir o revezamento entre os candidatos das duas oligarquias, uma obtendo apoio da outra. Essa prática não aconteceu em todo período da Primeira República, ou seja, não explica a eleição de todos os presidentes. Por vezes, os candidatos não foram eleitos ou as oligarquias entraram em conflito, não apoiando o mesmo candidato. Coronelismo Por isso, o coronel era peça importante desse sistema. Os coroneis eram uma elite política composta por grandes proprietários rurais, chefes políticos locais e comerciantes, que se tornaram referência para populações locais a partir de relações de poder baseadas na grande desigualdade existente no Brasil da época. Utilizavam, portanto, sua influência política para garantir que as elites imperiais permanecessem no poder. Os coroneis utilizavam-se de trocas de favores, violência, pagamentos - dentre outros artifícios - para colocar no poder os candidatos que lhe interessavam. Essa prática, profundamente antidemocrática - contava ainda com intensas retaliações, inclusive físicas, aos cidadãos que não se submetiam a ela. O voto de cabresto era a instituição mais comum da prática do coronelismo. O coronel garantia a proteção e inúmeros favores à população de sua vizinhança, e esta, em troca, lhe era obediente, votando nos candidatos escolhidos pelo coronel. O termo “voto de cabresto” remete justamente ao controle exercido por um homem sob um animal. Características da Primeira República A Primeira República se caracteriza por um período conturbado da História do Brasil. O novo regime não consegue satisfazer os sonhos dos mais humildes e guerras como a Guerra de Canudos (1893-1897) e Contestado (1912-1916) são travadas deixando milhares de mortos. Também foram registrados conflitos nas grandes cidades como a Revolta da Vacina(1904) ou a Revolta da Chibata (1910). A elite política e econômica garantia sua permanência no poder através de eleições fraudulentas e troca de favores. A economia, dependente do café, tentava se diversificar com uma incipiente industrialização. Movimentos sociais na Primeira República As revoltas na Primeira República foram motivadas por inúmeros fatores, como desigualdade social e pobreza, violência policial, medo, fanatismo religioso etc. As quatro principais revoltas do período, isto é, as mais estudadas são: Canudos, Contestado, Cangaço, Revolta da Vacina e Revolta da Chibata. Canudos A Guerra de Canudos aconteceu no sertão da Bahia entre 1896 e 1897 e colocou o Exército brasileiro contra os habitantes de um arraial chamado Belo Monte. O arraial era liderado por Antônio Conselheiro, um beato (líder religioso local) que se instalou na região em 1893, após participar de protestos contra o aumento de impostos que tinha acontecido desde a Proclamação da República. O arraial, que ficou conhecido como Belo Monte, ficava às margens do rio Vaza-Barris e já era habitado. Com a chegada de Antônio Conselheiro, o local cresceu e chegou a possuir cerca de 24 mil habitantes. Belo Monte transformou-se em um centro que trazia novas perspectivas de vida a uma população de ex-escravos carente e que não tinha acesso à terra. A atuação de Antônio Conselheiro como líder religioso também foi extremamente importante e responsável por atrair milhares de pessoas à procura do beato, e isso fez de Canudos um centro de romaria. Canudos não era um arraial com estilo de vida igualitário, mas, nas palavras das historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, tratava-se “de uma experiência social e política distinta daquela do governo central republicano”. A liderança religiosa de Antônio Conselheiro apresentava-secomo um risco à Igreja, devido a sua grande popularidade e à experiência social e política com traços de igualitarismo. Ambos aspectos representavam uma ameaça às elites econômicas locais, que se baseavam no latifúndio e no domínio dos coroneis. Sendo assim, Canudos era um risco para as elites da Primeira República e, por isso, na ótica dessas elites, precisava ser eliminada. Assim, foram organizadas expedições militares com o objetivo de destruir o arraial. A primeira expedição foi organizada pelo estado da Bahia e foi derrotada pela resistência formada em Canudos. As segunda e terceira expedições foram organizadas por tropas do Exército e também foram derrotadas, tendo inclusive seu comandante morto em combate. Na quarta expedição, organizada a partir de abril de 1897, a tropa enviada era composta por cerca de 6500 soldados (incluindo os oficiais) equipados com armamentos modernos — incluindo canhões. O resultado final foi Canudos arrasado. As tropas queimaram e dinamitaram o arraial, e os prisioneiros foram degolados. GUERRA DO CONTESTADO (1912-1916) A Guerra do Contestado aconteceu em uma área disputada pelos estados de Santa Catarina e Paraná entre 1912 e 1916. Assim como aconteceu em Canudos, na região do Contestado, uma série de sertanejos pobres e desalentados encontrou, no discurso de um líder religioso, chamado José Maria, uma alternativa para sua vida e passou a segui-lo. O contexto em que ocorreu o Contestado era tenso. Primeiro, havia a disputa territorial entre Santa Catarina e Paraná. Além disso, parte da região contestada foi entregue para Percival Farquhar (um magnata conhecido por construir a ferrovia Madeira-Mamoré) para que construísse uma ferrovia que ligasse o Rio Grande do Sul a São Paulo. No acordo de cessão de terras, a Farquhar também foi entregue terras num raio de 15 km da ferrovia, para que ele pudesse explorar a madeira disponível na região. Acontece que a região já era habitada por pessoas que viviam de uma agricultura de subsistência e da erva-mate. A empresa vinculada a Farquhar, responsável pela exploração da madeira nessas terras, organizou tropas de jagunços para expulsar os habitantes da área. Além disso, milhares de trabalhadores da ferrovia perderam seus empregos, o que reforçou o grupo de pessoas pobres. A guerra em si começou em outubro de 1912, quando um grupo de pessoas lideradas por José Maria instalou-se em Irani, na região contestada pelos dois estados. O agrupamento de pessoas em Irani foi entendido pelo Paraná como uma invasão coordenada pelos catarinenses, e, assim, esse estado atacou os sertanejos. Nesse ataque, José Maria acabou sendo morto. Após a morte de José Maria, o fervor religioso prosseguiu com os sertanejos fundando uma série de comunidades autônomas. A existência dessas comunidades era enxergada pelos coronéis locais como uma ameaça, e foi daí que se iniciou a repressão contra as comunidades autônomas formadas pelos sertanejos. A raiz do conflito é explicada pelo historiador Paulo Pinheiro Machado da seguinte maneira: Os episódios de perseguição policial contra o monge José Maria foram motivados pelo temor da concentração de gente pobre do campo. As autoridades locais e estaduais, em sua maioria grandes fazendeiros e oficiais da Guarda Nacional, sentiam que tinham como missão subjugar os sertanejos que não se submetiam mais aos seus respectivos coronéis. Formavam-se grupos autônomos, com fortes vínculos religiosos, nos quais expectativas místicas mesclavam-se à crítica social. Originalmente, essas comunidades não eram hostis nem militarizadas, mas seu anseio por independência despertou a ira dos governantes, da imprensa e dos fazendeiros. A Guerra do Contestado estendeu-se até janeiro de 1916 e foi responsável pela morte de cerca de 10 mil pessoas. As comunidades autônomas foram destruídas e, nas décadas seguintes, foi realizado um processo de branqueamento daquela região. Cangaço O cangaço foi um movimento caracterizado como banditismo social que vigorou entre as últimas décadas do século XIX e a primeira metade do século XX pelas áreas do sertão nordestino brasileiro. A figura do cangaceiro é caracterizada pelo sertanejo sempre em trânsito, com vida seminômade, vivendo em bando e vestindo roupas de couro curtido, armado com rifles, facas (peixeiras) e punhais. Esse tipo de sertanejo carregava consigo as tralhas de que necessitava, todas afiveladas em seu tronco. Por isso, o nome “cangaço”, atribuído a essa forma de levar pertences e mantimentos. Entre os primeiros registros históricos sobre a atividade do cangaço estão as ações de Jesuíno Alves de Melo Calado, conhecido como “Brilhante”. Brilhante atuou como bandoleiro do cangaço ainda na década de 1870, e muitas lendas romantizadas e folclóricas nasceram em torno de sua figura. Mas foram os cangaceiros atuantes no século XX que tiveram maior fama, inspiraram maior terror e produziram maior impacto sobre a sociedade nordestina. Vale dizer que a prática do cangaço está associada também a questões econômicas e sociais que sempre assolaram o Nordeste do Brasil. A onda de secas prolongadas pela qual o Nordeste passou, como a de 1877 e a de 1915, dizimou um número muito grande de pessoas, além de provocar a migração de muitas outras e a evolução da miséria entre os que lá permaneceram. Esse clima de caos social e econômico levou ao surgimento, durante a República, das formas de política clientelista e coronelista, isto é, o estabelecimento de relações de dependência direta entre a população humilde e miserável com os grandes proprietários de terras dessas regiões. Entre as décadas de 1920 e 1930, diversas reações ao sistema coronelista foram vistas no Nordeste. O cangaço foi uma delas. Nomes como Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, e José Ribeiro Filho, Zé Sereno, foram os principais cangaceiros dessa época. Cada um deles tinha o seu próprio bando, que atuava em regiões específicas do sertão. Os enfrentamentos principais dos cangaceiros era contra as tropas oficiais dos estados e contra as tropas de jagunços (mercenários contratados por fazendeiros). Após a morte de Lampião, em 1938, no Sergipe, por tropas do estado, cangaceiros como Corisco e Zé Sereno houveram por bem se entregar às forças do Estado Novo varguista, em prol da absolvição dos crimes e da anistia. rEVOLTA DA VACINA (1904) A Revolta da Vacina aconteceu entre 10 e 16 de novembro de 1904, na cidade do Rio de Janeiro, à época, capital do Brasil. A Revolta da Vacina foi uma revolta popular que aconteceu pela insatisfação da população por conta da violência do processo de sanitização da capital. Naquele momento, o Rio de Janeiro passava por uma campanha de vacinação forçada da população contra a varíola. O contexto da Revolta da Vacina no Rio de Janeiro era conturbado e teve como estopim a campanha de vacinação forçada. O Brasil, na época, era governado por Rodrigues Alves, e a capital, por ordem presidencial, passava por um processo de modernização e revitalização. Nesse processo, ordenou-se, por exemplo, o alargamento de uma série de avenidas da cidade. O processo de revitalização, por sua vez, acontecia às custas da desocupação de milhares de pessoas do centro do Rio de Janeiro. As desocupações aconteciam de maneira violenta e eram realizadas exatamente para dar lugar às obras de modernização e revitalização. Junto disso foi realizada uma campanha de erradicação de doenças que afetavam intensamente o país naquele período, como a varíola e a febre amarela. A campanha de vacinação era liderada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, e a forma como ela foi conduzida aliada à falta de informação levaram a população a rebelar-se. As vacinações compulsórias aconteciam de maneira violenta, e, além disso, serviços, como matrícula em escolas, passaram a exigir cartão de vacinação. O temor da população à vacinação levou a uma grande revolta nas ruas do Rio de Janeiro durante os dias citados. O resultado da revolta, além da destruição material na capital, foi a morte de 30 pessoas e mais deuma centena de feridos. REVOLTA DA CHIBATA (1910) A Revolta da Chibata aconteceu em 1910 e teve como estopim a insatisfação dos marinheiros negros contra os castigos físicos a que eram sujeitos na corporação. No começo do século XX, a Marinha brasileira era uma instituição marcada pelo racismo, uma vez que os cargos mais baixos da corporação eram ocupados por negros e mestiços que eram punidos com chibatadas quando alguma regra era violada. Em 1910, os marinheiros já haviam manifestado sua insatisfação contra as chibatadas quando alguém era punido. O estopim para a revolta dos marinheiros aconteceu quando Marcelino Rodrigues Menezes foi punido com 250 chibatadas sem ter direito a tratamento médico. Os marinheiros, insatisfeitos com os castigos físicos, o racismo e a desigualdade social, rebelaram-se. Os marinheiros tomaram o controle de quatro embarcações da Marinha exigindo o fim dos castigos físicos. O líder dos revoltosos era João Cândido, conhecido também como Almirante Negro. Os membros da revolta redigiram um manifesto ao presidente Hermes da Fonseca e ameaçaram atacar o Rio de Janeiro caso não tivessem suas reivindicações atendidas. A Revolta da Chibata foi duramente reprimida com milhares de marinheiros sendo dispensados. Outros acabaram sendo presos, torturados e enviados para a Ilha das Cobras, enquanto outros ainda foram enviados para trabalhar em seringais na Amazônia. Muitos dos que foram enviados para os seringais foram fuzilados no trajeto. Economia na Primeira República A economia deste período era predominantemente rural, com ênfase na produção de café, que correspondia a mais de 50% das exportações brasileiras durante toda a Primeira República. Também fazia parte da produção de açúcar, algodão, borracha e cacau. O estado que concentrava a maior produção de café, neste momento, era São Paulo. A região tornou-se um pólo de atração tanto para brasileiros como para imigrantes. Industrialização Nesta época, vemos o crescimento da indústria, com destaque para a cidade de São Paulo que concentra 31% das fábricas do Brasil. Paralelo ao crescimento do operariado. Há o início dos movimentos operários reivindicando melhores condições de trabalho e garantia de direitos trabalhistas. Muitas dessas organizações eram comandadas por imigrantes que trouxeram novas ideias que estavam em voga na Europa como o anarquismo. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a dificuldade de importar produtos industrializados, a indústria no Brasil ganhará mais relevância. Charge ironizando os signatários do Convênio de Taubaté que retiram o dinheiro público para beneficiar os cafeeiros Como vimos, a situação da política brasileira era pautada pela economia cafeeira e os arranjos que os governadores conseguiam para obter favores do governo federal. A produção brasileira correspondia a dois terços do mercado internacional. Antes cuidado por negros escravizados, os cafezais possuíam agora mão de obra estrangeira assalariada. Para obter mais lucro, os fazendeiros aumentaram a produção e isso acarretou em excesso de café, e o preço caiu drasticamente, diminuindo os ganhos. Assim, os produtores de café se reuniram na cidade paulista de Taubaté, em 1906, com a finalidade de solucionar a crise. Este encontro passou à história como o Convênio de Taubaté. Nesta reunião ficou decidido que o governo seria o responsável por estocar o excedente para vender quando os preços do café melhorassem. Dessa maneira, os fazendeiros não teriam prejuízo e não quebrariam. Para comprar o café produzido em excesso, o governo fez empréstimos no exterior. A superprodução continuou e o governo estocou café sem conseguir encontrar oportunidade para vendê-lo. A situação se agravou quando começou a Crise de 1929 e o volume de comércio em todo mundo diminuiu. Aspecto da primeira greve geral do Brasil, iniciada em São Paulo. Observe as bandeiras negras anarquistas carregadas pelos manifestantes O período da Primeira República é marcado pela continuidade da industrialização no Brasil. Foram instaladas as primeiras fábricas têxteis ou de materiais de construção, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. O Brasil contava com 600 fábricas e empregava 54 mil operários em 1889. Em 1922, já eram 13 mil fábricas onde trabalhavam 275 mil pessoas. A expansão industrial resultou na formação do operariado, mas não havia garantia de direitos trabalhistas. Por isso, os donos das fábricas impunham pesadas cargas de trabalho, com até 15 horas de produção diária. Não havia direito às férias, os salários eram baixíssimos e as instalações insalubres. Também não era rara a violência física, principalmente contra as crianças. Começa, então, a mobilização operária com a criação das Caixas de Socorro Mútuo e também de comitês operários. Estes visavam a melhoria das condições de trabalho, evitar a exploração dos trabalhadores menores de idade e lutar contra a carestia de vida. Esse movimento é o precursor da atividade sindicalista brasileira. Ainda em 1917, começa em São Paulo a primeira greve que repercutirá em todo o Brasil e dará origem às primeiras leis trabalhistas. Fim da Primeira República: o Golpe de 1930 O ciclo da Primeira República chega ao fim com o Golpe de 1930, contra o presidente Washington Luís. A crise econômica provocada pela queda dos preços do café e a insatisfação dos governadores que ficavam fora da política oligárquica, terminaram por causar uma ruptura neste sistema. Os governadores do Rio Grande do Sul e da Paraíba, apoiados por estados que não se beneficiavam da política do café com leite, se aliaram para apresentar a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas. Desta maneira, quando o candidato paulista Júlio Prestes é vencedor das eleições de 30, Vargas impede sua posse, apoiado por parte do Exército. Como não houve reação para defender o governo, Vargas assumiu a presidência da República e ali ficaria até 1945. Revolução de 1930 A Revolução de 1930 foi um golpe de Estado que depôs o presidente Washington Luís, no dia 24 de outubro de 1930. O movimento foi articulado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes, sob alegação de fraude eleitoral.Também contribuíram a favor do movimento, o desgosto popular em função da crise econômica de 1929 e o assassinato do político paraibano João Pessoa. Contexto Histórico Até 1930 a política no Brasil era conduzida pelas oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, por meio de eleições fraudulentas e que mantinham o país sob um regime econômico agroexportador. As elites paulista e mineira alternavam a presidência da República elegendo candidatos que defendiam seus interesses. Este sistema político ficou conhecido como "política do café com leite" ou política dos governadores. O modelo funcionou até os demais estados brasileiros crescerem em importância e reivindicarem mais espaço no cenário político brasileiro. Por outro lado, a Crise de 1929, atingiu a economia brasileira, provocando desemprego e dificuldades financeiras. O fato do Brasil ser um país de monocultura cafeeira fez que a crise fosse profunda, pois as exportações do produto caíram vertiginosamente. A crise econômica contribuiu para o clima de insatisfação popular com o governo de Washington Luís. Igualmente, havia o descontentamento de oficiais de baixa patente do exército, os quais desejavam derrubar as oligarquias e instaurar uma nova ordem no Brasil. Devemos lembrar que os tenentes já haviam mostrado seu desagrado com a situação política brasileira através de episódios como a Revolta do Forte de Copacabana ou na Revolta Paulista de 1924. Eleições Presidenciais de 1930 No início de 1929, Washington Luís nomeou o presidente de São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor. Esta medida foi apoiada por presidentes de 17 províncias. A indicação de Júlio Prestes rompia com a alternância de poderes entre Minas e São Paulo, por isso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba não deram suporte à Prestes. Estas províncias se aliaram aos políticosde oposição e criaram a Aliança Liberal. Desta maneira, os candidatos desta agrupação foram o presidente do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas e, para vice, o presidente da Paraíba, João Pessoa. Tudo parecia indicar a vitória de Júlio Prestes e assim aconteceu. Nas eleições realizadas em março de 1930, Júlio Prestes foi eleito com grande maioria de votos (1.091.709), contra 742.794 de Getúlio Vargas. Diante dos resultados, a Aliança Liberal alegou fraude e rejeitou a validade das eleições. Assassinato de João Pessoa Pouco tempo depois, em julho de 1930, João Pessoa foi assassinado pelo advogado João Dantas (1888-1930) em Recife. Acredita-se que o crime tenha ocorrido por razões pessoais e ligadas à política paraibana, mas a morte do candidato a vice-presidente transformou-se numa questão nacional. Com a morte de João Pessoa , em 27 de julho de 1930,a indignação toma conta do país. Mesmo sem apoio, o presidente Washington Luís não pretendia renunciar ao poder. Assim, em 3 de outubro os militares liderados por Getúlio Vargas, no Sul, e Juarez Távora (1898-1975), no Norte, convergem para o Rio de Janeiro. Ao chegarem na capital, forma-se a Junta Governativa, formada pelos três ministros militares Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha. Diante dos militares, Washington Luís declara que só sairia do cargo preso ou morto. Imediatamente, a Junta Governativa o prende e o leva ao Forte Copacabana, onde permaneceria até novembro e dali partiria para o exílio na Europa.Com isso, Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Provisório com amplos poderes, revogando a constituição de 1891 e governando por decretos. Da mesma forma, nomeou seus aliados para interventores (governadores) das províncias brasileiras. Governo Provisório de Vargas Os aliados de Getúlio Vargas esperavam que o novo presidente convocasse eleições gerais para formar uma Assembleia Constituinte, mas o assunto era sempre adiado. Cansados de esperar, várias vozes começaram a criticar o Governo Provisório como o partido comunista, a Aliança Nacional Libertadora, os paulistas, etc. Em São Paulo, cresce o movimento pedindo eleições presidenciais e uma Constituição. Diante da negativa do governo central e do aumento da repressão policial, o estado de São Paulo declara guerra ao governo no episódio que será conhecido como a Revolução de 1932. Revolução ou Golpe? A Revolução de 1930 foi chamada desta maneira pelos seus membros. No entanto, trata-se de um golpe de estado e não uma revolução. Uma revolução possui amplo apoio popular, propõe e causa drásticas mudanças quando instalada no poder. Já o golpe de Estado, é a retirada do poder por meio da violência de um político constitucionalmente eleito ou consagrado para aquele cargo. Os acontecimentos de 30 foram uma luta pelo poder entre as elites, com margem de vitória a qualquer uma delas e que pouco mudariam a estrutura social brasileira em profundidade. Era Vargas A Era Vargas é a fase da história brasileira em que Getúlio Vargas governou o país de 1930 a 1945. Foi forçado a renunciar à presidência após um ultimato dos militares. Foi um período iniciado em 1930, logo após a Revolução de 1930, e finalizado em 1945 com a deposição de Getúlio Vargas. Nesse período da história brasileira, o poder estava centralizado em Getúlio Vargas, que assumiu como presidente do Brasil após o movimento que depôs Washington Luís da presidência. Transição de poder Vargas e militares aliados em foto tirada quando a Revolução de 1930 estava em curso. A ascensão de Getúlio Dornelles Vargas à presidência aconteceu pela implosão do modelo político que existia no Brasil durante a Primeira República. Ao longo da década de 1920, inúmeras críticas foram feitas ao sistema oligárquico que vigorava em nosso país, sendo os tenentistas um dos movimentos de oposição de maior destaque. A implosão da Primeira República concretizou-se de fato durante a eleição de 1930. Nessa eleição, a oligarquia mineira rompeu abertamente com a oligarquia paulista porque o presidente Washington Luís recusou-se a indicar um candidato mineiro para concorrer ao cargo. A indicação para presidente foi do paulista Júlio Prestes. Isso desagradou profundamente à oligarquia mineira, uma vez que a atitude do presidente rompia com o acordo existente entre as duas oligarquias (Política do Café com Leite). Assim, os mineiros passaram a conspirar contra o governo e, aliando-se às oligarquias paraibana e gaúcha, optaram por lançar um candidato para concorrer à presidência: Getúlio Vargas. A disputa eleitoral travada entre Júlio Prestes e Getúlio Vargas teve como desfecho a vitória do primeiro. No entanto, mesmo derrotados, membros da chapa eleitoral de Vargas (chamada Aliança Liberal) começaram a conspirar para destituir Washington Luís do poder (Vargas, porém, havia aceitado a derrota). Essa conspiração tornou-se rebelião de fato quando João Pessoa, vice de Getúlio Vargas, foi assassinado em Recife por João Dantas. O assassinato de João Pessoa não tinha nenhuma relação com a eleição disputada, mas o acontecido foi utilizado como pretexto para que um levante militar contra Washington Luís fosse iniciado. A revolta iniciou-se em 3 de outubro de 1930 e estendeu-se por três semanas. No dia 24 de outubro de 1930, o presidente Washington Luís foi deposto da presidência. Uma junta militar governou o Brasil durante 10 dias e, em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas, que aderiu à rebelião quando ela estava em curso, assumiu a presidência do Brasil. Fases da Era Vargas Os historiadores dividem a Era Vargas em três fases: · Governo Provisório (1930-34); · Governo Constitucional (1934-37); · Estado Novo (1937-1945). Governo Provisório (1930-34) Getúlio Vargas no Palácio do Catete (palácio presidencial) após o sucesso da Revolução de 1930. O governo provisório, como o próprio nome sugere, deveria ter sido uma fase de transição em que Vargas rapidamente organizaria uma Assembleia Constituinte para elaborar uma nova Constituição para o Brasil. Getúlio Vargas, porém, nesse momento, já deu mostras da sua habilidade de se sustentar no poder, pois adiou o quanto foi possível a realização da Constituinte. Nessa fase, Vargas já realizou as primeiras medidas de centralização do poder e, assim, dissolveu o Congresso Nacional, por exemplo. A demora de Vargas em realizar eleições e convocar uma Constituinte teve impactos em alguns locais do país, como São Paulo, que se rebelou contra o governo em 1932 no que ficou conhecido como Revolução Constitucionalista de 1932. O movimento foi um fracasso e, após a sua derrota, Getúlio Vargas atendeu as demandas dos paulistas, nomeando para o estado um interventor (governador) civil e nascido em São Paulo, além de garantir a realização de uma eleição em 1933 para compor a Constituinte. Dessa Constituinte, foi promulgada a Constituição de 1934. A nova Constituição foi considerada bastante moderna para a época e trouxe novidades, como o sufrágio universal feminino (confirmando o que já havia sido estipulado pelo Código Eleitoral de 1932). Junto da promulgação da nova Constituição, Vargas foi reeleito indiretamente para ser presidente brasileiro entre 1934 e 1938. Após isso, um novo presidente deveria ser eleito. Nessa fase, a política econômica de Vargas concentrou-se em combater os efeitos da Crise de 1929 no Brasil. Para isso, agiu comprando milhares de sacas de café e incendiando-as como forma de valorizar o principal produto da nossa economia. Nas questões trabalhistas, autorizou a criação do Ministério do Trabalho em 1930 e começou a intervir diretamente na atuação dos sindicatos. Governo Constitucional (1934-1937) Na fase constitucional, o governo de Vargas, em teoria, estender-se-ia até 1938, pois o presidente não poderia concorrer à reeleição. No entanto, a política brasileira como um todo – o próprio Vargas, inclusive – caminhava para a radicalização. Assim, surgiram grupos que expressavam essa radicalização do nosso país. 1. Ação Integralista Brasileiro (AIB): grupo de extrema-direita