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R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 350 3.2. Quando são dadas as quantidades de dois (ou mais) reagentes Analise a seguinte situação: se, para montar um carro, são necessários 5 pneus (4 mais 1 de reserva) e 1 volante, quantos carros poderemos montar com 315 pneus e 95 volantes? 5 pneus 1 carro 315 pneus x x % 315 9 5 ⇒ x % 63 carros Considerando que cada carro precisa de apenas 1 volante, serão necessários apenas 63 volantes para montar o número de carros que calculamos acima — sobrando, portanto, 32 volantes (95 # 63 % 32). Concluímos assim que, na questão proposta, existem volantes “em excesso” (ou pneus “em falta”). Podemos ainda dizer que o número de pneus constitui o fator limitante em nossa linha de montagem. Com as reações químicas acontece algo semelhante. Vamos considerar o seguinte exemplo: mistu- ram-se 147 g de ácido sulfúrico e 100 g de hidróxido de sódio para que reajam segundo a equação H2SO4 " 2 NaOH Na2SO4 " 2 H2O (massas atômicas: H % 1; O % 16; Na % 23; S % 32). Pede- se calcular: a) a massa de sulfato de sódio formada; b) a massa do reagente que sobra (em excesso) após a reação. Vamos calcular inicialmente a massa de NaOH que reagiria com os 147 g de H2SO4 mencionados no enunciado do problema: H2SO4 " 2 NaOH Na2SO4 " 2 H2O Isso é impossível, pois o enunciado do problema informa que temos apenas 100 g de NaOH. Dizemos então que, neste problema, o H2SO4 é o reagente em excesso, pois seus 147 g “precisariam” de 120 g de NaOH para reagir completamente — mas nós só temos 100 g de NaOH. Vamos, agora, “inverter” o cálculo, isto é, determinar a massa de H2SO4 que reage com os 100 g de NaOH dados no enunciado do problema: H2SO4 " 2 NaOH Na2SO4 " 2 H2O 98 g 2 # 40 g y 100 g y % 122,5 g de H2SO4 Agora isso é possível, e significa que os 100 g de NaOH dados no problema reagem com 122,5 g de H2SO4. Como temos 147 g de H2SO4, sobrarão ainda 24,5 g de H2SO4 (147 # 122,5 % 24,5), o que responde à pergunta (b) do problema. Ao contrário do H2SO4 que, neste problema, é o reagente em excesso, dizemos que o NaOH é o reagente em falta, ou melhor, o reagente limitante da reação, pois o NaOH será o primeiro reagente a acabar ou se esgotar, pondo assim um ponto final na reação e determinando as quantidades de produtos que poderão ser formados. De fato, podemos calcular: 98 g 2 # 40 g 147 g x x % 120 g de NaOH Isso responde à pergunta (a) do problema. Veja que o cálculo foi feito a partir dos 100 g de NaOH (reagente limitante), mas nunca poderia ter sido feito a partir dos 147 g de H2SO4 (reagente em excesso), pois chegaríamos a um resultado falso — note que os 147 g de H2SO4 não podem reagir integralmente, por falta de NaOH. Reagente em excesso Reagente limitante H2SO4 " 2 NaOH Na2SO4 " 2 H2O 2 # 40 g 142 g 100 g z z % 177,5 de Na2SO4 Capitulo 14b-QF1-PNLEM 29/5/05, 21:14350 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 351Capítulo 14 • CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO • É importante notar que as substâncias não reagem na proporção em que nós as misturamos, mas sim na proporção em que a equação (ou seja, a lei de Proust) determina. Daí o cuidado ao resolver problemas que dão as quantidades de dois reagentes. Devemos sempre lembrar que é o reagente em falta (ou reagente limitante ou fator limitante) que “comanda” toda a reação, pois, no instante em que ele acaba, a reação será interrompida. • Problemas desse tipo são resolvidos mais facilmente quando trabalhamos com as quantidades dos reagentes em mols. De fato, no problema anterior temos: OBSERVAÇÕES Ora, pela própria equação vemos que só será possível: Reagente limitante 1 H2SO4 1 Na2SO4 H2O" 2 2NaOH " 1,25 $ 142 $ 98 mol mol Segundo a equação, somente podem reagir Como tínhamos Sobrarão 24,5 g de H2SO4 em excesso " 2,5 1,50 mol mol2,5 0,25 mol zero mol1,25 177,5 g de Na2SO4 produzido 147 g de H2SO4 n m M 147 98 % % ⇒ n % 1,5 mol de H2SO4 100 g de NaOH n m M 100 40 % % ⇒ n % 2,5 mol de NaOH Dados Catalisador 58 (Vunesp) Na indústria, a amônia é obtida pelo processo denominado Haber-Bosh, pela reação entre o nitrogênio e o hidrogênio na presença de um catalisador apropria- do, conforme mostra a reação não-balanceada: N2 (g) " H2 (g) NH3 (g) Com base nessas informações, considerando um ren- dimento de 100% e sabendo que as massas molares desses compostos são: N2 % 28 g/mol, H2 % 2 g/mol, NH3 % 17 g/mol, calcule: a) a massa de amônia produzida reagindo-se 7 g de ni- trogênio com 3 g de hidrogênio; b) nas condições descritas no item a, existe reagente em excesso? Se existir, qual a massa em excesso desse reagente? 59 (UFF-RJ) O cloreto de alumínio é um reagente muito uti- lizado em processos industriais que pode ser obtido por meio da reação entre alumínio metálico e cloro gasoso. Se 2,70 g de alumínio são misturados a 4,0 g de cloro, a massa produzida, em gramas, de cloreto de alumínio é: a) 5,01 c) 9,80 e) 15,04 b) 5,52 d) 13,35 60 (UVA-CE) O brometo de cálcio encerra 20% de cálcio em massa. Juntando 4 g de cálcio e 4 g de bromo, teremos, no máximo: a) 8 g de brometo de cálcio b) 7 g de brometo de cálcio c) 6 g de brometo de cálcio d) 5 g de brometo de cálcio 61 Em 200 g de hidróxido de bário, mantidos em suspensão aquosa, são borbulhados 16 L de anidrido sulfúrico, me- didos a 27 °C e 950 mmHg. Pergunta-se: a) Qual é a substância em excesso e qual é sua massa? b) Qual é a massa do sulfato de bário formado na reação? Sugestão: Faça o cálculo em mols. 62 (Cesgranrio-RJ) O H2S reage com o SO2 segundo a reação: 2 H2S " SO2 3 S " 2 H2O Dentre as opções abaixo, qual indica o número máximo de mols de S que pode ser formado quando se faz reagi- rem 5 mols de H2S com 2 mols de SO2? a) 3 c) 6 e) 15 b) 4 d) 7,5 EXERCÍCIOS Registre as respostas em seu caderno Capitulo 14b-QF1-PNLEM 29/5/05, 21:14351 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 352 Exercício resolvido 63 (Fuvest-SP) A combustão do gás metano, CH4, dá como produtos CO2 e H2O, ambos na fase gasosa. Se 1 L de metano for queimado na presença de 10 L de O2, qual o volume final da mistura resultante? Suponha todos os volumes medidos nas mesmas condições de temperatura e pressão e comportamento ideal para todos os gases. Resolução Esta questão é de resolução fácil porque a proporção dos volumes gasosos (a P e T constantes) em uma reação química coincide com a própria proporção dos coeficientes da equação correspondente. Temos, pois: Portanto, o volume final da mistura (Vfinal) resultante será: Vfinal % 1 L " 2 L " 8 L ⇒ Vfinal % 11 L CH4 (g) " 2 O2 (g) CO2 (g) " 2 H2O (g) " excesso (?) 1 L " 2 L 1 L " 2 L zero 8 L 1 L " 2 L " 8 L (excesso de O2) 1 L e 10 L Da equação Dados do problema No final, temos 64 (Vunesp) Considere a reação em fase gasosa: N2 " 3 H2 2 NH3 Fazendo-se reagir 4 L de N2 com 9 L de H2 em condições de pressão e temperatura constantes, pode-se afirmar que: a) os reagentes estão em quantidades estequiométricas. b) o N2 está em excesso. c) após o término da reação, os reagentes serão totalmente convertidos em amônia. d) a reação se processa com aumento do volume total. e) após o término da reação, serão formados 8 L de NH3. 65 Um recipiente contém 5 L de O2, a 20 °C e 700 mmHg; outro recipiente contém 10 L de H2, a 20 °C e 700 mmHg. Os dois gases são transferidos para um terceiro recipiente e, sob ação de um catalisador e aquecimento, reagem formando água: H2 " 1 2 O2 H2O A massa de água obtida será: a) 6,9 g b) 6,4 g c) 5,3 g d) 6,1 g e) 1,7 g Sugestão: Faça o cálculo em mols. 66 (PUC-SP) Misturam-se 1,000 kg de CS2 e 2,000 kg de Cl2 num reator, onde se processa a transformação: CS2 " 3 Cl2 CCl4 " S2Cl2 As massas do CCl4 formado e do reagente em excesso que resta quando a reação se completa são: a) 1,446 kg de CCl4 e 0,286 kg de CS2 b) 2,026 kg de CCl4e 0,286 kg de CS2 c) 1,446 kg de CCl4 e 0,286 kg de Cl2 d) 2,026 kg de CCl4 e 0,286 kg de Cl2 e) 1,286 kg de CCl4 e 0,732 kg de Cl2 67 (PUC-RJ) A nave estelar Enterprise, de Jornada nas estre- las, usou B5H9 e O2 como mistura combustível. As duas substâncias reagem de acordo com a seguinte equação balanceada: 2 B5H9 (l) " 12 O2 (g) 5 B2O3 (s) " 9 H2O (g) a) Se um tanque contém 126 kg de B5H9 e o outro 240 kg de O2 líquido, qual tanque esvaziará primeiro? Mostre com cálculos. b) Quanta água terá sido formada (em kg) quando um dos reagentes tiver sido completamente consumido? 68 (Ceeteps-SP) Amônia é matéria-prima fundamental na fa- bricação de produtos importantes, como fertilizantes, ex- plosivos, antibióticos e muitos outros. Na indústria, em condições apropriadas, a síntese da amônia se realiza a partir de nitrogênio e hidrogênio gasosos, como mostra a equação: N2 (g) " 3 H2 (g) 2 NH3 (g) Considerando que nitrogênio e hidrogênio foram coloca- dos para reagir em quantidades tais como ilustrado na figu- ra, onde representa H2 e representa N2 e supondo rendimento de 100%, pode-se afirmar que: a) nitrogênio e hidrogênio estão em proporções estequiométricas. b) hidrogênio foi colocado em excesso. c) nitrogênio é o reagente limitante. d) hidrogênio é o reagente limitante. e) ambos os reagentes estão em excesso. Sugestão: Para ter os dados do problema, basta contar as moléculas e existentes na figura. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Registre as respostas em seu caderno Capitulo 14b-QF1-PNLEM 29/5/05, 21:15352 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 353Capítulo 14 • CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO 69 (Vunesp) São colocadas para reagir entre si as massas de 1,00 g de sódio metálico e 1,00 g de cloro gasoso. Con- sidere que o rendimento da reação é 100%. São dadas as massas molares, em g/mol: Na % 23,0 e Cl % 35,5. A afirmação correta é: a) há excesso de 0,153 g de sódio metálico. b) há excesso de 0,352 g de sódio metálico. c) há excesso de 0,282 g de cloro gasoso. d) há excesso de 0,153 g de cloro gasoso. e) nenhum dos dois elementos está em excesso. 70 (Unb-DF) Em um recipiente, colocam-se 5 mols de áto- mos de ferro e 4 mols de vapor d‘ água para reagir se- gundo a equação não-balanceada: Fe (s) " H2O (v) Fe3O4 (s) " H2 (g) Espera-se: a) a formação de um mol de Fe3O4. b) a formação de dois mols de H2. c) um excesso de 3 mols de Fe. d) um excesso de 1 mol de vapor d’água. e) que nada ocorra, pois o ferro não reage com vapor d’água. 71 (Fuvest-SP) H2 (g) e Cl2 (g) estão contidos em balões in- terligados por meio de um tubo com torneira, nas condi- ções indicadas no desenho. Ao se abrir a torneira, os ga- ses se misturam e a reação entre eles é iniciada por expo- sição à luz difusa. Forma-se então HCl (g), em uma rea- ção completa, até desaparecer totalmente pelo menos um dos reagentes. H2 (g) V = 1 L θ = 25 °C P = 1 atm Cl2 (g) V = 1 L θ = 25 °C P = 5 atm Quanto vale a razão entre as quantidades, em mols, de Cl2 (g) e de HCl (g), após o término da reação? a) 1 d) 4 b) 2 e) 6 c) 3 3.3. Quando os reagentes são substâncias impuras Imagine a seguinte situação: vamos convidar para um churrasco 25 parentes e amigos. Supondo que, em média, cada pessoa coma 300 g de carne “limpa”, precisaremos comprar 25 # 300 g % 7.500 g (ou 7,5 kg) de carne “limpa”. Se formos comprar carne com osso, deveremos comprar mais de 7,5 kg para que, retirados os ossos, sobrem 300 g de carne “limpa” para cada convidado. Na Química acontece algo semelhante. É comum o uso de reagentes impuros, principalmente em reações industriais, ou porque são mais baratos ou porque já são encontrados na natureza acompa- nhados de impurezas (o que ocorre, por exemplo, com os minérios). Consideremos o caso do calcário, que é um mineral formado principalmente por CaCO3 (substância principal), porém acompanhado de várias outras substâncias (impurezas), supondo o seguinte exemplo numérico: 100 g de calcário — é a amostra de material impuro (substância impura) 90 g de CaCO3 — é a “parte pura”, que nos interessa (substância pura ou principal) 10 g de impurezas — é o “restante”, que não interessa (não irá participar das reações) Sendo assim, define-se: Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra. No exemplo, temos: p 90 100 0,9% % Porcentagem de pureza (P) é a porcentagem da massa da substância pura em rela- ção à massa total da amostra. No exemplo, temos: 100% de calcário 100% 90 g de CaCO3 puro P P % 90% Como notamos: P % 100p Capitulo 14b-QF1-PNLEM 29/5/05, 21:15353 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 354 1o exemplo (UFRN) Uma amostra de calcita, contendo 80% de carbonato de cálcio, sofre decomposição quan- do submetida a aquecimento, segundo a equação abaixo: CaCO3 CaO " CO2 Qual a massa de óxido de cálcio obtida a partir da queima de 800 g de calcita? Resolução: O enunciado nos diz que a calcita contém apenas 80% de CaCO3. Temos então o seguinte cálculo de porcentagem: ∆ 100 g de calcita 80 g de CaCO3 800 g de calcita x x % 640 g de CaCO3 puro Note que é apenas essa massa (640 g de CaCO3 puro) que irá participar da reação. Assim , teremos o seguinte cálculo estequiométrico: CaCO3 CaO " CO2 2o exemplo Deseja-se obter 180 L de dióxido de carbono, medidos nas condições normais, pela calcinação de um calcário de 90% de pureza (massas atômicas: C % 12; O % 16; Ca % 40). Qual é a massa de calcário necessária? Resolução: Esta questão é do “tipo inverso” da anterior. De fato, na anterior era dada a quantidade do reagente impuro e pedida a quantidade do produto obtido. Agora é dada a quantidade do produto que se deseja obter e pedida a quantidade do reagente impuro que será necessária. Pelo cálculo estequiométrico normal, teremos sempre quantidades de substâncias puras: CaCO3 CaO " CO2 A seguir, um cálculo de porcentagem nos dará a massa de calcário impuro que foi pedida no problema: Note que a massa obtida (892,85 g) é forçosamente maior que a massa de CaCO3 puro (803,57 g) obtida no cálculo estequiométrico (relembre a estória contada na página anterior, quando mencionamos a compra de “carne com osso” para um churrasco). 3o exemplo (UFRGS-RS) O gás hilariante (N2O) pode ser obtido pela decomposição térmica do nitrato de amônio (NH4NO3). Se de 4,0 g do sal obtivermos 2,0 g do gás hilariante, podemos prever que a pureza do sal é da ordem de: a) 100% b) 90% c) 75% d) 50% e) 20% 100 g de calcário impuro 90 g de CaCO3 puro x 803,57 g CaCO3 puro x % 892,85 g de calcário impuro 100 g 56 g 640 g y y % 358,4 g de CaO 100 g 22,4 L (CNPT) x 180 L (CNPT) x % 803,57 g de CaCO3 puro Capitulo 14b-QF1-PNLEM 29/5/05, 21:15354