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Modelo de Camadas em Redes

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AULA 2 
ARQUITETURA E PRÁTICAS 
TCP/IP I E II 
Profª Cassiana Fagundes da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Para Maia (2009), o desenvolvimento de uma arquitetura de redes de 
computadores não é uma tarefa trivial, pois envolve vários aspectos de hardware 
e software, como o interfaceamento com o meio de transmissão, especificação, 
verificação e implementação de protocolos, segurança e desempenho, entre 
outros. 
Como alternativa e melhoria para criação de uma arquitetura de redes de 
computadores, o modelo em camadas foi desenvolvido. Fazendo uma analogia 
sobre o assunto, percebe-se que este modelo busca reduzir a complexidade do 
projeto de arquitetura de redes, da mesma forma que a programação auxilia no 
desenvolvimento de sistemas. Desta forma, esta aula tem como objetivo: 
 Entender os conceitos básicos do modelo em camadas; 
 Conhecer o funcionamento do modelo, descrevendo a comunicação 
vertical e comunicação horizontal; 
 Identificar os protocolos de redes; 
 Entender a arquitetura TCP/IP; 
 Conhecer os órgãos padronizadores dos modelos em camadas. 
CONTEXTUALIZANDO 
Grande parte das organizações, de modo geral, vem expandindo seus 
serviços e, para isso, adotando redes e arquiteturas de computadores mais 
potentes para que possam desempenhar suas tarefas e trocar informações de 
modo rápido e seguro. 
 Porém, a comunicação entre aplicações executadas em máquinas distintas 
envolve uma série de detalhes que devem ser cuidadosamente observados para 
que ocorra de maneira precisa, segura e livre de erros. 
 Como alternativa, para os problemas de comunicação entre as máquinas, 
faz-se necessária a implementação de um modelo de camadas ou níveis, pois este 
apresenta uma arquitetura de redes estruturada. 
TEMA 1 – MODELO DE CAMADAS 
Normalmente, na área computacional, quando se refere a modelo de 
camadas, entende-se que o problema ou projeto será dividido em funções 
 
 
3 
independentes para, posteriormente, serem agrupados em camadas. Em redes 
de computadores o modelo de camadas seria responsável pela divisão do projeto 
de rede em funções independentes, isto é, cada camada de rede seria 
responsável por um serviço a ser desenvolvido e, apenas esta camada pode 
oferecê-los. 
Desta forma, um modelo de camadas é constituído por várias camadas, 
sendo cada uma responsável por determinados serviços e, principalmente, por 
realizar a comunicação entre as camadas superiores e inferiores. Este modelo, 
geralmente, adota o conceito de abstração, ou seja, os detalhes como os serviços 
são oferecidos em uma camada não dizem respeito à camada superior ou inferior 
e vice-versa. Logicamente, entende-se que as camadas do mesmo nível 
conversam entre si, respeitando suas regras e protocolos existentes nesta 
camada, conforme analogia ilustrada na Figura 1. 
Figura 1 – Analogia do funcionamento do modelo de camadas 
 
Conforme ilustrado na Figura 1, existem dois engenheiros que falam 
línguas diferentes e, para que possam se comunicar, faz-se necessário a 
utilização de um tradutor, que fala alemão. 
 Desta forma, o engenheiro português encaminha a mensagem ao tradutor 
que a encaminha ao telegrafista que, por sua vez, transmite para o telegrafista em 
outro país. Quando esta mensagem é recebida, o telegrafista a transfere ao 
tradutor, que a traduz e entrega ao engenheiro que fala somente inglês. 
 Para a comunicação entre as camadas, existe uma interface que permite a 
especificação das funções oferecidas entre as camadas (inferior e superior), de 
modo que esta permite a independência de implementação da camada superior. 
 
 
4 
Por exemplo: a camada que cuida do meio físico é totalmente diferente 
entre rede com fio e rede sem fio, mas as funções oferecidas devem ser as 
mesmas, com isso a camada superior não se importa se a transmissão é com ou 
sem fio. 
TEMA 2 – MODELO OSI 
Inicialmente, as arquiteturas de redes eram desenvolvidas por vários 
fabricantes de equipamentos e dispositivos. E, consequentemente, cada um 
destes fabricantes desenvolviam soluções específicas para seus diversos 
produtos. Como consequência destas particularidades de arquiteturas, a 
interconexão entre fabricantes distintos tornava-se problemática, em decorrência 
das especificidades de cada equipamento. Empresas como IBM (do inglês, 
International Business Machines Corporation) e DEC (do inglês, Digital 
Equipament Corporation) utilizavam arquiteturas de redes proprietárias como a 
SNA e DNA, respectivamente. 
Denomina-se arquitetura de rede proprietária quando as redes e 
computadores desenvolvidos por um determinado fabricante não apresentam 
conectividade ou interconexão com outras redes ou computadores de outras 
marcas. Como exemplo, pode-se citar a incompatibilidade de troca de informação 
entre as redes SNA (do inglês, System Network Architecture), desenvolvida pela 
IBM, e a rede DNA (do inglês, Digital Network Architecture), criada pela DEC. 
Neste contexto, novas arquiteturas foram desenvolvidas por 
pesquisadores, como alternativas para resolução desses problemas, novas 
arquiteturas e, entre elas, estão a Arquitetura Internet e a Arquitetura OSI (do 
inglês, Open Systems Interconnection). 
Com o objetivo de facilitar a interconexão entre as redes existentes nos 
diversos sistemas computacionais, a ISO (do inglês, Organization for 
Standartization) desenvolveu um modelo em camadas denominado Modelo OSI, 
também chamado de Modelo de Referência OSI. 
O modelo OSI descreve somente ferramentas de sistema 
implementadas pelo sistema operacional, pelos utilitários do sistema e 
pelo hardware do sistema. Esse modelo não inclui as ferramentas para 
interação entre aplicações de usuários. É importante distinguir entre o 
nível de interação das aplicações e a camada de aplicação do modelo 
OSI. (Olifer, 2008, p. 65) 
 
 
 
5 
O modelo de camadas OSI foi desenvolvido para padronização 
internacional dos protocolos usados nas várias camadas de redes (Tanenbaum, 
2011). Segundo Olifer (2008), o modelo OSI define as camadas de interconexão 
dos sistemas nas redes comutadas por pacotes; os nomes padronizados para 
essas camadas e as funções que têm que ser executadas por camadas. 
O Modelo OSI trata da interconexão entre sistemas, ou seja, sistemas 
abertos à comunicação com outros sistemas, conforme ilustrado na Figura 2. 
Figura 2 – Modelo de referência OSI 
 
Fonte: Tanenbaum, 2011, p. 26 
Segundo Tanenbaum (2011), o modelo OSI apresenta sete camadas e 
resume-se estas a: 
1. Uma camada deve ser criada onde houver necessidade de outro grau de 
abstração; 
2. Cada camada deve executar uma função bem definida; 
 
 
6 
3. A função de cada camada deve ser escolhida tendo em vista a definição de 
protocolos padronizados internacionalmente; 
4. Os limites de camadas devem ser escolhidos para minimizar o fluxo de 
informações pelas interfaces; 
5. O número de camadas deve ser grande o bastante para que as funções 
distintas não precisem ser desnecessariamente colocadas na mesma 
camada e pequeno o suficiente para que a arquitetura não se torne difícil 
de controlar. 
Como vantagens do uso do modelo de referência OSI, pode-se apontar a 
divisão, independência, facilidade de manutenção e facilidade de evolução. 
A divisão apresenta como vantagem a transparência entre as camadas, ou 
seja, a forma como os serviços são oferecidos ou implementados por uma camada 
não são importantes para as demais. Este conceito de transparência é 
denominado de abstração. 
Já a independência se preocupa em utilizar os serviços da camada inferior 
e oferecer os serviços à camada superior, não levando em consideração os 
protocolos adotados. 
No modelo OSI, a facilidade de manutenção é de grande valia e vantagem, 
pois por meio deste torna-se possível a alteração de uma camada, sem que esta 
alteração interfira nos serviços das demais camadas. Diferente das facilidades de 
evolução em quenovas implementações podem ser realizadas aproveitando os 
serviços existentes nas camadas inferiores. 
O modelo em camadas permite que a comunicação entre as camadas seja 
realizada de forma vertical ou horizontal e a estas denominamos de comunicação 
vertical e comunicação horizontal. 
Na comunicação vertical, no modelo em camadas, cada nível comunica-se 
apenas com as camadas adjacentes, ou seja, a camada de enlace somente 
trocaria informações com a camada física ou de rede (Figura 2). Assim, cada nível 
oferece um conjunto de serviços para a camada imediatamente superior e utiliza 
os serviços da camada inferior. 
Diferentemente da comunicação vertical que ocorre entre as camadas de 
um mesmo dispositivo, a comunicação horizontal é realizada quando há 
comunicação entre dispositivos distintos (Maia, 2009). 
 
 
7 
O encapsulamento permite que determinadas informações sejam 
escondidas das camadas superiores, ou seja, pode-se isolar as camadas e criar 
uma independência entre estas. 
TEMA 3 – FUNÇÕES DAS CAMDAS 
As camadas apresentam um conjunto definido de funções, sendo que este 
pode variar de acordo com a arquitetura da rede de computador escolhida. 
3.1 Camada física 
A camada física é a camada que se encontra mais próxima dos canais de 
comunicação, e é responsável pela transmissão dos bits, tais como cabos 
coaxiais, cabos de par trançado, cabos de fibras ópticas ou circuitos digitais de 
longa distância. 
As funções da camada física são implementadas em todos os dispositivos 
conectados à rede, sendo que na parte do computador as funções da camada 
física são executadas ou pelo adaptador de rede ou pela porta serial (Olifer, 2008). 
Para Soares, Lemos e Colcher (1995), esta camada fornece as 
características mecânicas, elétricas, funcionais e de procedimento para ativar, 
manter e desativar conexões físicas para a transmissão de bits entre entidades 
de nível de enlace, possivelmente por meio de sistemas intermediários. 
Para Maia (2009), a camada física é responsável pela inicialização e 
término de conexões físicas, digitalização, multiplexação e sincronização da 
transmissão. 
Já para Olifer (2008), a camada física não trata do significado das 
informações que transmite. Isso porque essas informações representam um fluxo 
uniforme de bits que precisam ser entregues ao ponto de destino sem distorções 
e de acordo com a frequência de clock especificada. 
Como exemplo de protocolos existentes na camada física, tem-se o V.92, 
EIA-232-F, IEEE 802.3 e IEEE 802.11. 
3.2 Camada de enlace 
A camada de enlace ou link de dados é a primeira camada que opera no 
modo de comutação de pacotes (de baixo para cima). Esta camada tem como 
principal objetivo detectar e opcionalmente corrigir erros que porventura ocorram 
 
 
8 
no nível físico, isto é, visa a converter um canal de transmissão não confiável para 
um canal confiável para o uso no nível de rede (Soares, Lemos, Colcher, 1995). 
A camada de enlace tem como função o suporte de interfaces, que permite 
o suporte para a camada física (inferior) e para a camada de rede (superior), a 
detecção e correção de erros, ou seja, para que seja executada a camada de 
enlace fixa os limites do quadro colocando uma sequência de bits em seu início e 
seu fim. 
Segundo Olifer (2008), as camadas de enlace incluem tanto a detecção de 
erros como a correção de erros pela rede de transmissão dos quadros 
corrompidos, porém, esta funcionalidade não é obrigatória e as implementações 
desta camada, como Ethernet, Token Ring, FDDI e Frame Relay, carecem desse 
recurso. 
3.3 Camada de rede 
A principal função da camada de redes é permitir que uma mensagem 
enviada pelo transmissor chegue ao destino utilizando dispositivos intermediários. 
Maia (2009) chama esse processo de reencaminhamento como comutação, e é 
realizado pelos dispositivos chamados comutadores. 
O objetivo da camada de rede é fornecer ao nível de transporte uma in 
dependência quanto a consideração de chaveamento e roteamento associadas 
ao estabelecimento e operação de uma conexão de rede (Soares, Lemos e 
Colcher, 1995, p. 134). 
Esta camada é responsável pelo endereçamento dos pacotes, convertendo 
endereços lógicos (como o IP) em endereços físicos, além de determinar a rota 
que os pacotes irão seguir para atingir o destino, baseada em fatores, como 
condições de tráfego da rede e prioridades. 
Utiliza-se a camada de rede quando a rede possui mais de um segmento 
e, com isso, há mais de um caminho para um pacote de dados percorrer da origem 
ao destino. 
Para Olifer (2008), as funções das camadas de redes são implementadas 
por grupos de protocolos e dispositivos especiais conhecidos como roteadores. 
Assim, diz-se que os roteadores apresentam em suas funcionalidades assegurar 
a conexão física em diferentes redes. 
 
 
 
9 
3.4 Camada de transporte 
Normalmente, quando se transfere pacotes de dados por uma rede de 
computadores, estes podem ser perdidos ou corrompidos no caminho percorrido 
entre o remetente e o destinatário. Mesmo que algumas aplicações tenham suas 
próprias ferramentas de tratamento de erros, existem aplicações que inicialmente 
preferem lidar com conexões seguras e confiáveis. Para Olifer (2008, p. 71), “A 
camada de transporte fornece às aplicações ou às camadas superiores do modelo 
OSI – as camadas de aplicação, de apresentação e de sessão – o serviço de 
transmissão de dados com o necessário nível de confiabilidade”. 
Desta forma, o modelo OSI define cinco classes de serviços de transporte, 
começando da classe 0, mais baixa, à classe 4, a mais alta. 
Todos os protocolos da camada de transporte e superiores são 
implementados por ferramentas de software instaladas nos nós finais da rede – 
componentes de seus sistemas operacionais de rede. Como exemplos de 
protocolos de transporte, tem-se o TCP e o UDP da pilha TCP/IP e o protocolo 
SPX da pilha de protocolos Novell. 
Assim, observa-se que na camada de rede o objetivo era o 
encaminhamento dos pacotes pela rede de interconexão; já na camada de 
transporte torna-se fundamental a comunicação fim a fim entre os dispositivos 
receptores e transmissores dos pacotes. 
Por meio da comunicação fim a fim, permite-se que os dispositivos se 
comuniquem entre si como se estivessem utilizando uma rede direta, fazendo com 
que a rede se torne totalmente transparente. 
No receptor, a camada de transporte é responsável por pegar os pacotes 
recebidos da camada de Rede, remontar o dado original e assim enviá-lo à 
camada de sessão. Isso inclui controle de fluxo, ordenação dos pacotes e a 
correção de erros, tipicamente enviando para o transmissor uma informação de 
recebimento, de que o pacote foi recebido com sucesso. 
Separa as camadas de nível de aplicação (camadas 5 a 7) das camadas 
de nível físico (de 1 a 3). Faz a ligação entre esses dois grupos e determina a 
classe de serviço necessária como orientada a conexão e com controle de erro e 
serviço de confirmação, ou sem conexões e nem confiabilidade. 
 
 
10 
O objetivo final da camada de transporte é proporcionar serviço eficiente, 
confiável e de baixo custo. A ISO define o protocolo de transporte para operar em 
dois modos: orientado à conexão e não-orientado à conexão. 
Como exemplo de protocolo orientado à conexão, temos o TCP, e de 
protocolo não orientado à conexão, temos o UDP. 
3.5 Camada de sessão 
Esta sessão permite que duas aplicações em computadores diferentes 
estabeleçam uma sessão de comunicação. Nesta sessão, essas aplicações 
definem como será feita a transmissão de dados e coloca marcações nos dados 
que estão sendo transmitidos. Se porventura a rede falhar, os computadores 
reiniciam a transmissão dos dados a partir da última marcação recebida pelo 
computador receptor. 
Esta camada fornece mecanismos que permitem estruturar os circuitos 
oferecidos pelo nível de transporte e seus principais serviços são: gerenciamentode token, controle de diálogo e gerenciamento de atividades. 
Disponibilizam serviços como pontos de controle periódicos a partir dos 
quais a comunicação pode ser restabelecida em caso de pane na rede. 
3.6 Camada de apresentação 
A camada de apresentação converte o formato do dado recebido pela 
camada de aplicação em um formato comum a ser usado na transmissão desse 
dado, ou seja, um formato entendido pelo protocolo usado. 
Um exemplo comum é a conversão do padrão de caracteres (código de 
página) quando o dispositivo transmissor usa um padrão diferente do ASCII, por 
exemplo. Pode ter outros usos, como compressão de dados e criptografia. 
 A compressão de dados pega os dados recebidos da camada sete e os 
comprime (como se fosse um compactador comumente encontrado em PCs, 
como o Zip ou o Arj) e a camada 6 do dispositivo receptor fica responsável por 
descompactar esses dados. A transmissão dos dados torna-se mais rápida, já que 
haverá menos dados a serem transmitidos. 
 
 
 
11 
3.7 Camada de aplicação 
Esta é a camada mais próxima dos usuários e aplicações, já que as 
camadas inferiores se encontram ocupadas com detalhes da comunicação 
propriamente dita. A camada de aplicação permite o uso da rede e de suas 
facilidades da forma mais transportável possível. 
A camada da aplicação faz a interface entre o protocolo de comunicação e 
o aplicativo que pediu ou receberá a informação através da rede. Por exemplo, ao 
solicitar a recepção de e-mails através do aplicativo de e-mail, este entrará em 
contato com a camada de aplicação do protocolo de rede, efetuando tal 
solicitação. Tudo nesta camada é direcionado aos aplicativos. Telnet e FTP são 
exemplos de aplicativos de rede que existem inteiramente na camada de 
aplicação. 
TEMA 4 – ÓRGÃOS DE PADRONIZAÇÃO 
A padronização em redes de computadores é de suma importância, pois 
por meio desta é possível realizar a troca de informações, sem problemas de 
comunicação no tráfego dos dados. Com o intuito de melhorar estes serviços, 
vários órgão de padronização têm desenvolvido padrões para que sejam adotados 
pela indústria. 
 A maioria dos órgãos é formada por governo, empresas, organizações sem 
fins lucrativos, entre outros. Porém, percebe-se que a padronização na área de 
telecomunicações e redes de computadores não é uma tarefa trivial, devido a esta 
conter conflitos e interesses entre os elementos envolvidos. 
 Basicamente, dois padrões são estipulados: o padrão de jure e o padrão 
de facto. O primeiro é definido por órgãos de padronização e deve ser seguido por 
toda a comunidade. Enquanto que o padrão de facto é estabelecido pela indústria 
e pelos usuários, muitas vezes confrontando os padrões de jure estabelecidos. 
 Atualmente, os principais órgãos de padronização das telecomunicações e 
redes de computadores são a International Telecommunications Union (ITU), 
International Organization for Standartization (ISO), Institute of Electrical and 
Eletronics Engineers (IEEE ou I3E) e Padrões Internet. 
 O padrão ITU foi desenvolvido com o objetivo de padronizar os sistemas 
de telegrafia utilizados em 1865 e, atualmente, ainda é o principal órgão 
internacional de padronização para a indústria de telecomunicações (Maia, 2009). 
 
 
12 
 O ITU é composto por 3 setores: o ITU-R responsável pela gerência do 
espectro de radiofrequência e órbitas de satélites. Já o ITU-T é responsável pelas 
recomendações na área de telecomunicações criado em 1993 para substituir o 
CCIT, enquanto que o ITU-D fornece capacitação técnica e suporte em 
telecomunicações a países em desenvolvimento. 
 O padrão ISO, criado em 1946, busca “definir padrões internacionais nas 
mais diferentes áreas, incluindo computação e tecnologia da informação”, 
segundo Maia (2009, p. 38). 
 Já o IEEE é uma das organizações sem fins lucrativos que mais 
desenvolvem padrões no mundo. Além dos padrões desenvolvidos, a IEEE 
também se responsabiliza por eventos, congressos e publicações internacionais. 
Por fim, o Padrão Internet se responsabiliza pela padronização dos protocolos. 
TEMA 5 – ARQUITETURA DE REDES 
Segundo Maia (2009), a arquitetura de redes deve especificar o número de 
camadas, os serviços oferecidos por cada nível, as respectivas interfaces, além 
da pilha de protocolos. 
 A definição das funções de cada camada torna-se a principal tarefa de um 
projeto de arquitetura de redes, pois por meio destas é possível melhorar o 
desempenho da rede, além de simplificar o projeto e a implementação de seus 
componentes, fazendo com que a manutenção e evolução da arquitetura seja 
facilitada. 
 Entre as arquiteturas em camadas, tem-se o modelo OSI, apresentado no 
Tema 2, o modelo Internet e o IEEE 802. Porém, outras propostas de arquiteturas 
em redes de computadores são desenvolvidas, mas não são tão adotadas. 
5.1 Modelo de referência OSI 
 Conforme descrito anteriormente, o modelo OSI foi desenvolvido para 
recomendar um conjunto de diretrizes para o desenvolvimento de sistemas 
abertos com objetivo de permitir a interconexão de redes heterogêneas. 
 O modelo OSI define sete camadas, cada uma com um conjunto de funções 
específicas. Por vários motivos, como o crescimento da internet, a complexidade 
de seu modelo o modelo OSI não obteve êxito comercial, conforme melhor 
descrito no Tema 2 desta aula. 
 
 
13 
5.2 Modelo Internet 
O modelo Internet, também chamado de modelo TCP/IP, teve seu início da 
década de 60 com o intuito de conectar redes e sistemas heterogêneos utilizando 
o esquema de comutação por pacotes. 
 Este modelo tinha como principal preocupação a disponibilidade da rede, 
ou seja, independente da falha entre seus componentes, a rede deveria se manter 
conectada. Além disso, o modelo deveria suportar diversos tipos de serviços e 
oferecer uma boa relação custo-benefício, principalmente quando novas redes 
eram conectadas (Maia, 2009). 
 Comparado ao modelo OSI, no qual suas preocupações principais era em 
apresentar uma arquitetura de redes com uma distinção clara entre as camadas, 
serviços, interfaces e protocolos, o modelo Internet prioriza o protocolo e com a 
evolução do modelo pensou-se também na arquitetura. 
 Diferentemente do modelo OSI, o modelo Internet apresenta quatro 
camadas: a camada de acesso à rede, camada de internet, camada de transporte 
e camada de aplicação, conforme ilustrado na Figura 3. 
A camada de acesso à rede agrupa as funções das camadas físicas e de 
enlace, e apresenta como funcionalidade conectar ao host da rede de 
interconexão. Porém, este modelo não define para esta camada os protocolos, 
pois entende que qualquer tipo de tecnologia pode ser utilizado. 
Desta forma, a camada de rede permite vários tipos de conexões, sendo 
elas ponto-a-ponto ou multiponto, cabeada ou sem fio, rede local ou distribuída. 
Figura 3 – Modelo Internet 
Aplicação 
Transporte 
Internet 
Acesso à rede 
Fonte: adaptado de Maia, 2009, p. 34. 
A camada de acesso à rede também pode agregar novas tecnologias sem 
a necessidade de alterações dos níveis superiores (Maia, 2009). 
Por sua vez, a camada da internet tem como função encaminhar os 
pacotes utilizando a rede de interconexão e oferecendo um serviço do tipo 
datagrama, ou seja, um serviço que não exige que a origem e o destino 
 
 
14 
estabeleçam uma conexão para que ocorra a transmissão. Além disso, essa 
camada não oferece nenhuma garantia de que um pacote enviado será recebido 
como também não evita o recebimento de pacotes duplicados e fora de sequência 
(Maia, 2009). 
O principal protocolo da camada de rede é um dos principais do modelo de 
Internet e denominado de IP. Este protocolo tem como funcionalidade o 
endereçamento, o suporte ao roteamento de pacotes e a fragmentação. A Tabela 
1 apresenta outros protocolos utilizados na camada de rede do modelo de Internet. 
A camada de transporte, também chamada de camada host-to-host, 
apresenta comofuncionalidade a comunicação fim a fim entre o host de origem e 
o host de destino. 
Neste caso, a comunicação fim a fim é implementada utilizando os serviços 
da camada de rede sem qualquer preocupação com a rede de interconexão. 
Tabela 1 – Protocolos da camada de rede 
Protocolo Descrição 
ICMP Utilizado para o controle de erro e testes na rede. 
IGMP Utilizado no endereçamento multicast. 
RIP Utilizado no endereçamento de pacotes baseado no algoritmo de vetor de 
distância. 
OSPF Utilizado no roteamento de pacotes baseado no algoritmo de estado do enlace. 
Fonte: Maia, 2009, p. 34 
Assim, nota-se que a camada de transporte oferece uma interface de 
programação, denominada de sockets, que permite simplificar o processo de 
desenvolvimento de novas aplicações, sem a necessidade de serem alteradas as 
camadas inferiores. 
Na camada de transporte, os principais protocolos adotados são o TCP e o 
UDP. O protocolo TCP (do inglês, Transmission Control Protocol) oferece um 
serviço que garante a entrega e a sequência de dados transmitidos. Isto é, a 
aplicação apenas envia uma mensagem com a certeza de que esta será entregue 
ao destinatário. 
Já o protocolo UDP (do inglês, User Datagram Protocol) oferece um serviço 
que não garante a entrega e a sequência de dados transmitidos. Desta forma, 
torna-se responsabilidade da camada da aplicação a implementação dos 
 
 
15 
controles necessários para a transmissão confiável, quando necessário (Maia, 
2009). 
Por fim, na camada de aplicação os protocolos podem adotar dois tipos 
de serviços da camada de transporte oferecidos pelos protocolos TCP e UDP. 
Porém, a maioria dos protocolos desta camada adotam o protocolo TCP como 
sendo o transporte, pois assim garante-se que uma mensagem enviada seja 
entregue ao seu destinatário. 
A Tabela 2 apresenta alguns protocolos existentes na camada de aplicação 
do modelo Internet. 
 Tabela 2 – Protocolos da camada de aplicação 
Protocolo Descrição 
HTTP Utilizado no serviço Web. 
FTP Utilizado no serviço de transferência de arquivos. 
SMTP Utilizado no serviço de correio eletrônico. 
Telnet Utilizado no serviço de terminal remoto. 
DNS Utilizado no serviço de nomes. 
SNMP Utilizado no serviço de gerência remota. 
Fonte: Maia, 2009, p. 35 
5.3 Modelo IEEE 802 
O padrão IEEE surgiu na década de 80 por meio do padrão IEEE 802, que 
visa a realizar a padronização das redes locais e metropolitanas. Observa-se na 
literatura que vários padrões foram desenvolvidos, porém nem todos foram 
utilizados e comercializados. 
A Tabela 3 apresenta os principais padrões patrocinados pelo IEEE 802 e, 
dentre estes, os que mais destacam-se são o IEEE 802.3 e IEEE 802.11. 
 
 
 
16 
Tabela 3 – Padrões IEEE 802 
Protocolo Descrição 
802.2 Logical Link Control 
802.3 Ethernet 
802.4 Token ring 
802.5 Token ring 
802.6 Redes metropolitanas (MAN) 
802.11 Redes locais sem fio (WLAN) 
802.15 Redes pessoais sem fio (WPAN) 
802.16 Redes metropolitanas sem fio (WMAN) 
Fonte: Maia, 2009, p. 37. 
 Nota-se que apenas os protocolos das camadas físicas e de enlace são 
especificados pelo IEEE 802, enquanto que o modelo Internet se encaixa facilmente 
em qualquer padrão já estabelecido e que venha a ser especificado. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
MAIA, L. P. Arquitetura de redes de computadores. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 
OLIFER, N. Redes de computadores: princípios, tecnologias e protocolos para o 
projeto de redes. Rio de Janeiro: LTC, 2008. 
SOARES L. F.; LEMOS. G.; COLCHER, S. Redes de computadores: das Lans, 
Mans e Wans às redes ATM. Rio de Janeiro: Elsevier, 1995. 
TANENBAUM, A. Redes de computadores. São Paulo: Pearson, 2011.

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