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Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos POLUIÇÃO DAS ÁGUAS 1 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos “Metais Pesados”: em geral, são metais de transição (Pb, Hg, Cd, Cr, As, Co, Mn, entre outros). A terminologia é inadequada, pois nem todos possuem elevada massa específica, caso do Al, um metal leve Fatores importantes na determinação dos efeitos de metais sobre sistemas aquáticos: • Toxicidade • Disponibilidade à microorganismos 3 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Ação dos Metais Pesados 1. Por terem alta afinidade por enxofre, muitos metais rompem funções enzimáticas através de ligações com grupamentos de enxofre das enzimas. Cd, Hg, Cu e Pb, ligam-se às membranas celulares e impedem o processo de transporte através das paredes celulares 2. Ligam-se também a grupos carboxílicos e amínicos de pro- teínas. 3. Podem precipitar biocompostos fosfatados ou catalisar sua decomposição. 4 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Principais Fontes Antrópicas de Metais Pesados • Pesticidas e fertilizantes • Combustão de óleo e carvão • Emissões por veículos • Processos de fundição • Queima de biomassa • Incineração de lixo • Processos de mineração • Processos de refinamento Embora sejam considerados poluentes de corpos d’água e alimentos, em grande parte são transportados através do ar sob a forma gasosa ou são sorvidos por material particulado suspenso 5 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Chumbo (Pb) Ponto de ebulição alto (1740 oC) e baixa pressão de vapor: pequena liberação ao ar por aquecimento Usos: elemento estrutural, utensílios de cozinha, sistema de canalização de água(Roma antiga), equipamentos industriais, munições, soldas (forma liga Sn/Pb de baixo ponto de fusão). Principal aplicação do minério: baterias e acumuladores. Cerca de 10% é usado como pigmentos e tintas: PbO e PbCrO4 (amarelos), PbCO3.Pb(OH)2 (branco) Pb3O4 (vermelho). 6 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • Formas Iônicas: Pb4+ e Pb+2 (Pb+2 dissolvido apresenta proble- mas ambientais, pois em condições muito oxidantes passa a Pb4+ cujos compostos são covalentes e muito tóxicos). • Forma Metálica (Pb0): na ausência de ar não reage razoavel- mente com ácidos, mas ao ar pode dissolver-se até em meio ácido diluído. Embalagens de liga Pb/Sn para sucos ácidos não devem ser usadas devido à dissolução: 2 Pbo + O2 + 4 H + 2 Pb2+(solúvel) + 2 H2O Sais de Pb foram usados como corantes em alimentos e tintas de parede (acidentes com crianças que ingeriram as tintas) 7 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Solubilização de Sais de Chumbo na Água Sal Kps s (molL-1) PbS 8,4 x 10-28 2,9 x 10-14 PbCO3 1,5 x 10 -13 3,9 x 10-7 Apesar de não serem muito solúveis, há significativa presença de Pb em águas naturais. A solubilidade (s) de PbS aumenta com decréscimo do pH s (molL-1) 2,5 x 10-8 2,5 x 10-6 pH 4 2 Dissolução em Águas Ácidas > > > Águas Neutras Dissolução de PbS: PbS(s) + 2 H + Pb2+(aq) + H2S 8 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Certos minérios são fontes naturais de Pb (ex., galena, PbS) a partir das quais o metal pode ser carreado para águas Perigosas concentrações ocorrem em meio aquático ácido contendo minerais de Pb considerados “insolúveis” Pb não é mais um problema em águas potáveis, mas no passado foi uma fonte de envenenamento devido aos reservatórios e encanamentos à base do metal Em geral, a absorção do metal a partir da água é muito menor que através do ar e de alimentos 9 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Compostos Orgânicos Tetraalquila (PbR4) Mais importantes: Pb(CH3)4 e Pb(C2H5)4 No PbEt4 Uma das principais fontes de Pb no ar e solos podendo passar à água. Foram muito usados como aditivos da gasolina para aumentar o índice de octanagem (performance do motor). 10 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Processo de Combustão no Motor (T 2500 ºC; P 40 atm): Formam-se compostos voláteis que são liberados ao ar. Por ação da luz solar passam a aerossóis de PbO, material particulado persistente (horas a dias) e deposita-se em gramíneas e culturas, passando à cadeia alimentar. Fração de PbR4 Desprendida para o Ar: Insolúvel, lipossolúvel e absorvida pela pele. No fígado converte- se em PbR3 + muito tóxico, e até baixos teores levam a estados psicóticos podendo ser fatal em altos níveis de exposição. 11 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Apesar do uso industrial ter crescido, análises de cabelos evidenciam redução de contaminação devido ao menor uso na gasolina e em embalagens de bebidas e alimentos. * Ilha próxima à costa norte do Canadá e ao oceano Glacial Ártico Acúmulo de Pb no Gelo da Groenlândia* Efeitos do Pb: são cumulativos Absorção: sobretudo, no intestino delgado. Apesar de não ser muito absorvido por esse órgão, os efeitos são cumulativos. Intoxicação Crônica: saturnismo. 12 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Envenenamentos Agudos: graves disfunções renais, sistema reprodutor, fígado, pulmões e sistema nervoso central, convul- sões, alucinações, paralisia. Alguns casos podem levar à morte. Exposição Moderada: anemia, dor de cabeça e muscular, espasmos, irritação e fadiga. Crianças: susceptíveis à absorção. Até em baixos níveis de con- taminação do sangue podem ter distúrbios mentais e físicos. Pessoas de Meia-Idade: hipertensão. Acentuada Absorção: pessoas com deficiência de Ca ou Fe. 13 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Grávidas: pode provocar aborto ou parto pre- maturo, pois Pb2+ atravessa facilmente a pla- centa. Eventualmente, pode substituir Ca2+ nos ossos. Grávidas contendo Pb no sangue devem submeter-se à dietas suplementares de Ca. 14 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos prejudica Neuropatias (doenças nervosas gerais) retardamento 15 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos NORMA EUROPÉIA ABNT Pb 250 mg/Kg 90 mg/Kg Cd 100 mg/Kg 75 mg/Kg Pb em Brinquedos de Plástico: para melhorar a rigidez do PVC são usados aditivos contendo metais pesados. (SANTOS, Z. L. et al. 2000. Anais Assoc. Bras. Quím. 49(4), 176-178) Análise de Cd e Pb em brinquedos à base de PVC comerciali- zados no Brasil: encontrados baixos teores. Teores Encontrados em Brinquedos Brasileiros Pb máximo de 57 mg/Kg Cd máximo de 23 mg/Kg 16 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos INMETRO,Portaria nº 108/ 2005 Em particular, para proteger a saúde das crianças, a biodisponibilidade diária resultante do uso dos brinquedos não deve exceder de: 0,2 μg de Sb 0,1 μg de As 25,0 μg de Ba 0,6 μg de Cd 0,3 μg de Cr 0,7 μg de Pb 0,5 μg de Hg 5,0 μg de Se 17 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos PROPRIEDADES: semelhantes ao Zn e ambos formam apenas o íon + 2. Pode substituir Zn em muitas enzimas, alterando as estruturas espaciais e consequentemente as propriedades catalíticas. OCORRÊNCIA E USOS: ocorre na natureza, usualmente, junto ao Zn. Durante a metalurgia do Zn, Cd é liberado como subproduto do processo de fusão. 18 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Sulfeto de cádmio Fontes de Cd Fertilizantes Mineração Processamento de Zn, Pb e Cu Processos Metalúrgicos Descargas Industriais 19 Cannabis sativa (maconha) tem grande tendência em retirar Cd de solos contaminados Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Emissão de traços de Cd para o ar: combustão de carvão, papel, óleo, combustíveis, madeira, incineração de materiais que o contêm como pigmento (ex., brinquedos à base de PVC) Pode ser comum em águas próximas à indústrias e minas onde Zn é processado. Mas, em geral, o maior teor provém de alimen- tos, sobretudo batata, arroz, trigo e outros grãos. Fumante: exposto ao metal, pois Cd é absorvido pelas folhas do tabaco a partir do solo ou águas de irrigação. Na queima do cigarro são inalados vapores duplicando a taxa no organismo. 20 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos No Verão: camadas inferiores anaeróbias de águas poluídas e estagnadas, têm baixo teor de Cd solúvel devido à redução microbiológica de SO4 = a S=: 2{CH2O} + SO4 = + H+ 2CO2 + HS - + 2H2O CdCl+(s) + HS - CdS(s) + H + + Cl- No Inverno: os ventos misturam as águas e Cd é dessorvido por ação aeróbia. Ao dissolver-se, reage com materiais suspensos que incorporam-se aos sedimentos. 21 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos CdSe: usado na pigmentação de plástico, células fotovoltaicas, monitores de TV. Principais Usos CdS: pigmento amarelo. Os distúrbios mentais do pintor Van Gogh (Sunflowers) são atribuídos aos efeitos do composto. Eletrodos de baterias Ni/Cd (calculadoras, celulares) ~ 5 g de Cd) Quando a corrente circula na bateria: o eletrodo de Cd se dissolve parcialmente. Forma-se Cd(OH)2(insolúvel) por incorporação de OH - do meio: Cd(s) + 2OH - Cd(OH)2(s) + 2e - 22 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Quando a bateria é recarregada: Cd(OH)2 depositado no eletrodo dissolve-se. Cd(OH)2(s) Cd(s) + 2OH - Cd volatiliza e desloca-se para o ar na incineração. A bateria deve ser adequadamente descartada, pois Cd tende a condensar sobre partículas formadas na incineração (difícil captura nos sistemas de controle de poluição). Alguns países proíbem o descarte de metais pesados no lixo comum e certos estados americanos e países europeus proíbem a fabricação dessa bateria. 23 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Absorção de Cd (Dose letal: cerca de 1 g) Trato Gastrintestinal: manipulação de materiais que o contêm Vias Respiratórias: inalação de material particulado Cd pode estar presente no sangue, sobretudo nos eritrócitos, ligado à metalotioneína (MT), proteína rica em enxofre que regula o metabolismo do Zn. Até mesmo em exposições de baixo teor, 40 a 80% depositam-se no fígado e rins. É excretado, sobretudo, pela urina. 24 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Efeitos: um dos metais mais tóxicos tanto na forma elementar quanto iônica. Os efeitos são muito sérios e cumulativos, podendo permanecer no organismo por décadas. Proteção contra Exposições Crônicas: a metalotioneína protege o organismo em exposições de baixos teores, pois os grupos sulfidrílicos da proteína são capazes de complexionar Cd. O complexo é eliminado na urina quando: [Cd absorvido] > Capacidade complexante da proteína 25 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Exposições a longo prazo: sintomas gastrintestinais, anemia, eosinofilia, rinite, manchas nos dentes, microfaturas, enfisema pulmonar e problemas renais. Sinais Posteriores de Intoxicação: ataque à medula óssea com redução de hemácias e retirada crescente de Ca ósseo implican- do em redução de até 30 cm de altura (o esqueleto encolhe). Sintomas de Envenenamento: redução do olfato e formação de anel amarelo nos dentes. Intoxicação: aumento da pressão sanguínea, efeito sobre os rins onde concentra-se, alterando a capacidade excretora do órgão. Destruição do tecido testicular. 26 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Episódio mais sério de contaminação (anos 50, século XX) Vale do Rio Jintsu, Japão: a água de irrigação numa lavoura de arroz foi contaminada devido à mineração de Zn. Centenas de pessoas tiveram intoxicação crônica com resultados dolorosos e degenerativos dos ossos devido à substituição de Ca2+ por Cd2+ (doença de Itai-Itai). Rio Jintsu, região de Funchu-Machi, Japão, Os ossos tornam-se lentamente porosos com subsequentes rupturas e atrofias do esqueleto. 27 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 28 (arrozal) Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 29 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Usos: forma metálica, inorgânica e orgânica (em geral, muito tóxica) em processos industriais, combustão de carvão, pro- dutos farmacêuticos, atividades laboratoriais, consultórios dentários, rejeitos (tintas, baterias, plásticos, termômetros). Por ser volátil, Hg é liberado para o ar, água, solos. Através de chuvas, Hg presente no ar agrega- se aos solos e sistemas aquáticos 30 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Compostos Arílicos e Alquílicos: usados em pesticidas e fungi- cidas. Os compostos alquílicos resistem à degradação e são ambientalmente mais perigosos que os arílicos e os inorgânicos. Hg forma facilmente ligações covalentes, sobretudo com aromá- ticos. Na forma iônica Hg2+ liga-se firmemente aos sedimentos e não se redissolve totalmente na água. Em certos efluentes o teor pode ser 10 vezes maior que em águas naturais. Em geral: Compostos inorgânicos são menos prejudiciais, pois são praticamente insolúveis 31 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Liberação para o Ar ou Diretamente em Corpos d’Água A partir de: Combustão do carvão Consultórios dentários Atividades laboratoriais Produtos farmacêuticos Rejeitos domésticos (tintas, baterias, plásticos, termômetros quebrados). Amálgama dentário É prejudicialou não?? 32 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Efeitos do Mercúrio: neurológicos e teratogênicos (defeitos congênitos, ou seja, são geradas crianças com deformações). É capaz de romper cromossomos causando distúrbios renais. Concentração Tóxica: 0,2 g/mL de sangue. Acúmulos no orga- nismo causam sérias alterações do sistema nervoso. Hg (I) e Hg (II): formam complexos com o grupo – SH das proteí- nas nas membranas celulares, inativando-as. As funções dessas proteínas são importantes para o cérebro e rins e portanto, os efeitos do Hg sobre esses órgãos são muito sérios. Prolongadas exposições a Hg: causam distúrbios renais e retardamento mental em crianças. 33 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Sintomas Neurológicos • Irritabilidade • Perda de sensibilidade periférica • Perturbações locomotoras • Paralisia • Convulsões • Insanidade • Diminuição da capacidade auditiva e visual ou até cegueira • Dependendo do grau de contaminação pode levar a óbito Teores nos cabelos de 50 a 425 ppm indicam envenenamento Japão / 1956 Baía de minamata Desastre: indústria de PVC que durante mais de 20 anos despejou no mar tone- ladas de Hg usado como catalisador 34 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Metilação do Mercúrio: principais reações que podem ocorrer com Hg inorgânico e metálico em solos, água, sedimentos e ar. Bactérias anaeróbias convertem Hg em compostos metilados (CH3)2Hg, formação favorecida em água neutra ou básica. Esses compostos alquilados são: lipossolúveis, altamente tóxi- cos, voláteis e deslocam-se para o ar, permanecendo no ambien- te por longo tempo. Integram-se à cadeia alimentar. Os compostos alquilados possuem toxicidade cerca de 100 vezes superior ao Hg metálico. 35 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 3. Redução por ação da coenzima metilcobalamina A metilcobalamina contém um átomo de Co e tem estrutura análoga à vitamina B12 2. Formação de CH3Hg + ou (CH3)2Hg): favorecida pelo decaimen- to anaeróbio 1. Nos Sedimentos: bactérias anaeróbias reduzem CO2 a CH4 CO2 + 4H + + 4e- CH4 + H2O Hg confinado em sedi- mentos e água pode per- manecer ativo como subs- trato para a metilação por cerca de 100 anos HgCl2 Metilcobalamina CH3HgCl + Cl - 36 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos A partir de reações complexas os compostos tóxicos são concentrados e transmitidos a outras espécies, inclusive ao homem. Consequências da Conversão: transporte à cadeia alimentar. Os peixes são os maiores transmissores da cadeia. Além disso: A matéria orgânica contaminada é alimento da fauna. 37 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 38 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Garimpos e Poluição Mercúrio é muito usado na purificação do Au por ser um metal líquido, barato e formar amálgama Hg-Au. Processo Convencional de Extração do Ouro Trituração do Minério Bruto Amalgamação Hg-Au Impurezas H g Posteriormente, o Au é separado do amálgama. 39 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Bateamento: processo rústico feito em bateias, baldes, latas. O excesso de Hg é reusado. O amálgama é submetido a pré-queima a altas temperaturas é muitas vezes feita a céu aberto. Queima a céu aberto Altas concentrações de Hg são volatilizadas e emitidas para o ar e oxida-se contami- nando solos e águas. 40 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Após a pré-queima o ouro é levado para a comercialização. Na presença do garimpeiro e do comprador é feita a 2ª queima para eliminar as impurezas restantes. O ouro é avaliado. Desde 2005, o Brasil tem produzido ouro mais ano a ano. Foram 62 toneladas em 2010, e 65 em 2011 – recorde dos últimos tempos. http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/rastros-do-mercurio/sobre-ouro-e- historia/?searchterm=Sobre%20ouro%20e%20hist%C3%B3ria 41 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Amazônia: intensa mineração no final dos anos 70, século XX. Poconé, MT: garimpo intenso em 1982. O Tanque dos Padres, lagoa artificial onde os cascalhos eram descarregados e feita a amalgamação, foi assoreado e a poluição se espalhou. A drenagem da lagoa deságua no Rio Bento Gomes, afluente do Rio Cuiabá um dos principais do Pantanal. Para cada kg de Au produzido 1,4 kg de Hg emitidos: metade para o ar, 0,4 kg para os rios e 0,3 kg perdido na evaporação no reaquecimento do amálgama. Tanque dos Padres 42 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Tipos de garimpo • Garimpo de Baixão: às margens do rio • Garimpo de Balsas Flutuantes: feito em vastas extensões dos rios. As dragas trabalham nos leitos, revolvem o material submerso com uma bomba de sucção e causam assoreamento. O perigo maior deve-se ao ar respirado pelos garimpeiros, pois a queima é feita em maçarico (Hg infiltra-se nos pulmões). 43 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Impactos Ambientais do Garimpo na Região Amazônica 1. Extração aleatória do minério 2. Dispersão de sólidos e de Hg diretamente nas zonas drenadas 3. Emissão considerável de Hg para o ar, solos e águas 4. O aquecimento do ouro na área urba- na em condições inapropriadas (volatilização de cerca de 5% de Hg) 44 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Consequências da Mineração • Contaminação de peixes: podem sofrer mudanças genéticas • Erosão • Sedimentação de produtos da lavra • Assoreamento de rios devido à erosão e sedimentação Consequências do Assoreamento • Maior transporte de Hg devido alteração do pH da água • Menor penetração da luz solar: fauna e flora aquáticas afetadas • Transferência de peixes para regiões mais favoráveis 45 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Garimpo (Poconé, MT) 46 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 47 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 48 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Assinada no dia 23 de maio de 2001 por 92 países e pela Comu- nidade Européia, em Estocolmo, Suécia. Objetivos: proteção ao meio ambiente e à saúde humana dos efeitos de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), visando o descarte seguro e a redução de produção e uso. 12 POPs (Classes ou Compostos) Aldrin Clordano DDT Dieldrin Dioxinas Hexaclorobenzeno Heptacloro Mirex PCBs Endrin Furanos Toxafeno 49 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Classe de compostos bifenilas com variável grau e posição de átomos de cloro substituintes. Nos dois anéis podem ser substituídos de 1 a 10 átomos decloro 209 compostos possíveis 50 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Propriedades • Isolantes elétricos •Elevada estabilida- de química, bioló- gica e térmica •Elevada constante dielétrica • Baixa pressão de vapor Usos • Condensadores elétricos • Transformadores • Fluidos refrigeran- tes •Aditivos em tintas • Plastificantes A estabilidade e o uso desses compostos contribuíram para a dispersão e acúmulo no meio ambiente 51 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • Detectados em corpos d’água, sedimentos, tecidos de aves e peixes. Por serem densos e insolúveis acumulam-se nos sedi- mentos e bioacumulam-se em peixes. • Têm alta afinidade por material particulado e são facilmente sorvidos por finas partículas de sedimentos e matéria orgânica. • Insolúveis em água, mas solúveis em meio hidrofóbico. 52 Descarte: problemático, pois podem ser liberados na incineração e, portanto, devem ser usados processos especiais Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Efeitos dos PCBs • Câncer em cobaias animais • Retardamento mental em crianças Água contaminada com PCBs • Persistência (cerca de 10 anos) em crianças cuja mãe foi contaminada na gestação O ascarel usado como dielétrico em transformadores contém 50 a 70% de PCBs e 30 - 50% de triclorobenzenos TCBs. Vários compostos têm sido sintetizados com o objetivo de encontrar-se substitutos que apresen- tem as mesmas aplicações elétricas dos PCBs Chemical Abstracts Service, CAS ETIQUETA NFPA - DIAGRAMA DE HOMMEL Azul – risco à saúde Vermelho – inflamabilidade Amarelo - reatividade Branco - informação de um perigo especial Números altos: Alto risco Números baixos: baixo risco W cortado: pode explodir em contato com água, etc. 53 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Transporte Através da Cadeia Alimentar 0,025 ppm 0,123 ppm 1,04 ppm 4,83 ppm 124 ppm 54 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Charcoal = carvão vegetal Formação: a partir de compostos de carbono incompletamente queimados. Compostos aromáticos conten- do anéis condensados (anéis que compartilham par de átomos de carbono adjacentes. Muitos são estáveis e planares. São poluentes atmosféricos e de corpos d’água. 55 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Fontes Naturais: sintetizados por bactérias, fungos, vegetais, processos naturais em florestas, erupções vulcânicas, combus- tíveis fósseis em sedimentos orgânicos em condições de baixa ou média temperatura. Fontes Antrópicas Queima, derramamento, vazamento de combustíveis fósseis (derramamento e refino de petróleo, produção de asfalto) Descargas industriais Incineração de resíduos sólidos Fumaça de cigarro Lixiviação nos solos Pirólise de matéria orgânica Deposição atmosférica 56 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • PAHs com até 4 anéis aromáticos: permanecem no ar no estado gasoso. • PAHs com mais de 4 anéis aromáticos: não permanecem muito tempo no estado gasoso, pois têm baixa Pvapor . Condensam e são adsorvidos por partículas de fuligem e cinzas. • Poluição de águas e sedimentos: descarga direta ou deposição de material particulado do ar. • Persistência: agregam-se aos sedimentos onde são menos sus- ceptíveis à oxidação fotoquímica e biológica que na água e acu- mulam-se por longo tempo, inclusive em organismos marinhos. 57 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Benzopireno: é carcinogênico. Presente no cigarro e petróleo. Em atmosferas urbanas já foi detectado em altos teores. Na queima do cigarro podem ser encontrados teores de 300 ppm. Uma pessoa que fuma 20 cigarros/dia se expõe a um teor equivalente a uma exposição atmos- férica de 20 ng/m3. Raio X de pulmão cance- roso. Áreas vermelhas: atingidas pela doença A presença de PAHs tem sido detectada na superfície de partículas que penetram no sistema respiratório Muitos PAHs são em potencial, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos ao homem e organismos aquáticos 58 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Trialometanos (THMs) e Ácidos Haloacéticos (HAAs): formados quando cloro e outros desinfetantes são empregados para con- trolar organismos patogênicos na água para consumo humano. são derivados do CH4 originados por substituição de 3 átomos de hidrogênio por F, Cl, Br e/ou I. 59 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Iodobromoclorometano Triclorometano ou clorofórmio Bromodiclorometano Dibromoclorometano Br Tribromometano ou bromofórmio Purificação da Água pelo Processo de Cloração Cl2, HOCl, Ca(OCl)2 são agentes que penetram nas membranas celulares dos microorganismos, matando-os. Cl2 + H2O HOCl + HCl HOCl OCl- + H+ 60 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Problema da Cloração: possibilidade de formação de THM em Águas de Consumo Humano OCl- + Precursores THM (CHCl3: o mais abundante) THM são voláteis e lipossolúveis Gerados a partir da reação entre OCl- usado na desinfecção e substâncias húmicas e fúlvicas resultantes da decomposição da matéria orgânica ou do metabolismo da biota aquática. 61 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Ácidos Húmicos Ácidos Fúlvicos Ácidos húmicos e fúlvicos contêm radicais cetona que podem produzir halofórmios ao reagirem com cloro, bromo, iodo: 62 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • Carcinogênicos: câncer de fígado, bexiga, reto, cólon até mesmo em concentrações da ordem de 30 ppb. • Neoplasma maligno (resultando em metástase) • Teratogenia (geração de indivíduos deformados) EFEITOS DOS THM Exposição pré-natal aos derivados do cloro pode causar anencefalia • Neuropatias (doenças nervosas, de um modo geral) • Toxicidade hepática • Nefropatia (tipo de afecção renal) 63 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Estudos indicam que são equivalentes quanto aos níveis de contaminação por THM: • Exposição ao clorofórmio por contato dérmico • Inalação do vapor durante um banho quente com água clorada • Ingestão de água tratada por cloração A partir de estudos realizados na década de 70 (Século XX) foi fixado nos USA o limite máximo permitido de 100 ppb de THM em águas para consumo humano (Canadá, Europa e OMS também estabelecem esse valor). Portaria nº 518, MS (25 de março de 2004): 0,1 mg L-1 64 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 65 23/06/2015- Pirapora do Bom Jesus- SP, Brasil- Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 66 Sabão: sal de sódio obtido portratamento alcalino de ácidos graxos (gorduras naturais, glicerina): RCO2H + NaOH RCO2 - Na+ + H2O É um estereato de sódio. O íon estereato tem a cabeça hidrofí- lica CO2 – e a cauda CH3(CH2)16 organofílica. Detergentes: também possuem uma região hidrofílica e outra hidrofóbica. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 67 Os sabões foram praticamente substituídos pelos detergentes, pois apresentam limitações: 1) Em águas duras são praticamente inativos, pois formam sais de ácidos graxos pouco solúveis com Ca e Mg 2) Se decompõem na presença de ácidos diluídos Vantagem dos Detergentes Sobre Sabões Por serem ácidos relativamente fortes os detergentes não formam compostos insolúveis com Ca e Mg. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 68 Matéria-prima dos Detergentes Aditivos: não-tensoativos (orgânicos ou inorgânicos). • Complexionam com Ca2+ e Mg2+ evitando a interação desses íons com o tensoativo. • Controlam o pH adequado à limpeza. Surfactantes: tensoativos que reduzem a tensão superficial do líquido no qual estão dissolvidos. Hg Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 69 Surfactantes: comumente compostos de: 1) Grupos Polares (SO3 -, R4N +, COO-, OH-): interagem com a água, dissolvendo-se. 2) Grupos Solúveis em Óleos ou Lipídios: alquila de cadeia longa ou arila. Micela: estrutura globular formada por um agregado com caracterís- ticas polares e apolares simul- taneas e dis- persos em um líquido consti- tuindo uma das fases de um colóide. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 70 (construtores) (preenchedores) (ferrugem) (sujeira) (tecido) (prevenir) (manchas) (brilho) (azulado) (manchas) (branqueadores óticos) (alvejantes) fluindo S u rf a c ta n te s A d it iv o s Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 71 Classificação dos Surfactantes (Tensoativos) TIPO CARACTERÍSTICA EXEMPLO Aniônico Forma ânions na ionização [C12H25.C6H4.SO3 -Na+] Dodecilsulfonato de sódio Catiônico Forma cátions na ionização [C12H25N +(CH3)3Cl -] Cloreto de Dodeciltrimetilamônio Não-iônico Em solução não são formados íons C9H19.C6H4.O.(CH2CH2.O)nCH2CH2OH Éteres polietenóxi de alquifenóis Anfólito Na ionização podem ser formados cátions ou ânions C12H25NHCH2CH2CH2CO2H Dodecil-alfa-alanina Biodegradabilidade do Surfactante: depende do grau de ramifi- cação da cadeia alquílica. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 72 AlquilBenzeno Linear LAB: O grupo sulfonato do LAB tem o mesmo efeito e desempenho que os ramificados, mas com alto grau de biodegradação. Em Condições Aeróbias: detergentes não ramificados são biologi- camente degradados rápida e completamente, pois são minerali- zados no meio ambiente, cujos produtos finais são CO2, H2O, SO4 = Desde 1983, a Legislação Brasileira proíbe o uso de alquilbenzenos ramificados na formulação de detergentes LAB Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 73 Aditivos Não-tensoativos de natureza orgânica ou inorgânica. 1) Grupos alcalinos: Na2CO3, K2CO3, Na2SiO3, Na4SiO4 e argilas: usados nos detergentes em pós de lavanderias. Controlam o pH para que o detergente não perca a eficácia. 2) Eliminadores de manchas: usados em detergentes em pó: NaBO2.3H2O.H2O2 (perborato de sódio), Ca(ClO)2. 3) Abrasivos: pedra-pomes, feldspatos, carbonatos, fosfatos e silicatos alcalinos. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 74 Propriedades: a) Sequestram cátions metálicos, sobretudo Ca e Mg: um teor máximo de íons deve ser sequestrado, o que depende do pH, temperatura e presença de ânions. b) Ação peptizante e dispersante em suspensões aquosas de só- lidos insolúveis: Na presença de fosfatos, sólidos finamente divididos (pigmentos, argilas, etc.) tendem a peptizar (ficam sus- pensos). A ação dispersante deve-se ao fato de agirem como tensoativos. 4) Abrandadores de água e agentes sequestrantes: polifosfatos (fosfatos condensados). Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 75 Perborato NaBO2.3H2O.H2O2: nas canalizações é reduzido a bo- rato que não se decompõe na estação de tratamento, sendo um dos constituintes dos efluentes. Borato é tóxico à vida vegetal Tripolifosfato (TPF): Na5P3O10 muito usado como agente sequestrante. O íon P3O10 5- reduz a dureza e tem ação de limpeza, pois confere um pH alcalino ideal à uma efetiva limpeza. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 76 Nitriloacetato de sódio (NTA): Na3C6H6NO6 o TPF foi substituído no Canadá e em vários países europeus pelo NTA. Devido à suspeita de riscos à saúde os USA não o aprovam. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 77 Ação Ambiental dos Detergentes: a descarga em corpos d’água e esgotos acarreta consequências ambientais: 1. Inibem o Crescimento ou Matam Microorganismos: foram usa- dos os detergentes ramificados (sulfatos de alquilbenzeno). Os detergentes a base de sulfonatos de alquilbenzenos lineares são biodegradados por bactérias. A degradação metabólica se dá em etapas: 1º) o anel aromático sofre dessulfonação 2º) a cadeia alquílica é oxidada(*) 3º) o anel sofre ruptura LAB Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 78 2. Produzem Espumas: problema praticamente superado (???), pois em geral, os atuais detergentes são biodegradáveis. Detergentes Aniônicos Oxidação incompleta (interrompida) Detergentes Catiônicos Oxidação completa A aeração é interrompida causando a morte de organismos vegetais e animais. Com o uso do LAB a biodegradação é rápida e completa. A espuma é transpor- tada para cursos d’água recobrindo-os. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 79 Em estações de tratamento de esgotos o efeito é mais sério. As espumas encobrem as instalações e as superfícies são cobertas por depósitos escorregadios. No passado, esgotos foram cober- tos por 3 m de espuma. A formação de espumas causa flotação* e carreia para fora o material incompletamente decomposto. *Flotação: separação de misturas. Consiste na introdução de bolhas de ar a uma suspensão de partículas (aderem às bolhas) Espumas no Tietê (Pirapora do Bom Jesus, SP)/ 2003 e 2008 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 80 3. Interferem no Processo de Tratamento de Esgotos: tanto os tensoativos quanto os aditivos interferem. 3.a Interferências dos Aditivos - Fosfatos: aumentam o teor de P nos efluentes. Os polifosfatos são nutrientes e agem como super- fertilizantes causando proliferação de algas e outros organismos vegetais (eutrofização). 3.b Interferências dos Tensoativos: interferem b1) Na oxigenação das águas e b2) No processo microbiológico de digestão do lodo Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental– Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 81 b2) Processo Microbiológico de Digestão do Lodo: muitas subs- tâncias presentes em esgotos industriais (metais, solventes clorados) interferem. Os detergentes são adsorvidos nas partículas do lodo e sedi- mentam nos tanques de tratamento. Se as digestões forem incompletas, o lodo apresenta odor forte (libera CH4). b1) Oxigenação das Águas: o Processo de Lodos Ativados é usado na maioria das estações de tratamento e envolve aeração da mistura lodo/esgoto. Os detergentes adsorvem e na interface ar/água forma-se uma camada de adsorção: a transferência de O2 do ar ao lodo é nota- velmente retardada. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 82 Principais Componentes do Petróleo Bruto HC, apreciáveis teores de S e traços de V e Ni. 25% compõem a fração volátil. POLUIÇÃO POR PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS Petróleo: mistura complexa de hidrocarbonetos Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 83 Tipos de Petróleo Base Parafínica: 90% de alcanos Base Naftênica: alcanos + 15 a 20% de ciclanos (CnH2n) Base Aromática: alcanos + 25 a 30% de aromáticos Base Asfáltica: HC de massa molar elevada O petróleo brasileiro é sobretudo, de base parafínica Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 84 • Ação Específica de HC Insaturados: abundantes nos derivados de petróleo e os efeitos de muitos são desconhecidos. • Ação Específica de HC Saturados de Baixo Ponto de Ebulição: Foram considerados inofensivos, mas hoje sabe-se que podem causar lesões celulares e a morte de vários animais inferiores. • Ação Específica de HC Saturados de Alto Ponto de Ebulição (p.e.): muitos ocorrem naturalmente em vários organismos marinhos e talvez não sejam diretamente tóxicos, mas podem interferir na nutrição e na recepção de sinais químicos necessá- rios à comunicação de animais marinhos. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 85 • Ação de Aromáticos: são numerosos e integram a fração mais perigosa. Os compostos de baixo p.e. são tóxicos (benzeno, tolueno, xileno). Os de alto p.e. são provavelmente tóxicos a longo prazo (ex. benzopireno, carcinogênico). No refino do petróleo bruto várias frações de HC são separadas por destilação fracionada em tempera- turas específicas. Alguns desses produtos são: gás natural, gasoli- na, querosene, óleos lubrificantes, combustível para navios, etc. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 86 • Gera uma camada superficial de óleo e considerável teor de po- luentes. Derramamento de Produtos Petrolíferos em Corpos D’água Fenol: pode ser fatal se ingerido, inalado ou absorvido pela pele. Causa severas queimaduras. Afeta o SNC, fígado e rins. • Porção volátil: evapora em poucos dias e contém fenóis dentre outros constituintes tóxicos à vida aquática. O resíduo é mais difícil de inflamar. • Uma fração pode ser lentamente metabolizada por bactérias que preferem HC de cadeias lineares mais facilmente degradadas • Resíduo mais persistente: 15% do óleo original e de natureza asfáltica. • Emulsão óleo-água: contém piche e forma uma mancha escura chamada mousse-au-chocolat . Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 87 • Efeitos Sobre a Fauna e Flora Marinha: variáveis. • Aves Marinhas: muito atacadas, pois as penas recobertas de óleo ficam pesadas impedindo o vôo. Ao tentar limpá-las as aves ingerem poluentes em teores suficientes para causar a morte por envenenamento. • O óleo interfere no isolamento térmico e em climas frios as aves podem morrer de doenças respiratórias ou de frio. Algas, Moluscos, Crustáceos: podem morrer. Bactérias podem degradar o óleo e pesquisas científicas são de- senvolvidas visando encontrar bactérias capazes de transformar moléculas de óleo em resíduos biodegradáveis. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 88 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 89 Os vazamentos podem ser devido a: • Acidentes • Falhas nos equipamentos • Despejos de navios (legal ou ilegal) • A água usada na limpeza de navios e equipamentos de trans- porte de petróleo e derivados só deve ser rejeitada após trata- mento especial. O tempo de residência de óleos na coluna d’água é cerca de 6 meses, mas nos sedimentos pode ultrapassar 10 anos, persistindo mais ainda em regiões de altas latitudes devido às baixas temperaturas Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 90 • Após derramamento o óleo sofre processos mecânicos, químicos e biológicos de desintegração e decomposi- ção. • A velocidade dos processos é função do vento e movimento das águas. 1. Espalhamento 2. Oxidação 3. Dispersão 4. Evaporação 5. Emulsificação 6. Dissolução 7. Biodegradação 8. Sedimentação Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 91 Dispersão Química Dispersantes: reduzem a tensão superficial óleo/água. São surfactantes, cuja molécula é composta por uma cadeia orgânica lipofílica apolar e uma extremidade hidrofílica de forte polaridade. Podem também ser usados solventes. Regulamentação Brasileira para o uso de Dispersantes Químicos: Resolução CONAMA nº 269. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 92 Contenção de Óleo (em forma de V) Limpeza da Área Atingida (em forma de U) Barreiras de Proteção Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 93 O óleo é aspirado usan- do-se caminhões-vácuo ou bombas-vácuo e é transferido para recipi- entes (ex. tambores) Bombeamento a vácuo Adsorventes Combustão Jateamento de água quente Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 94 Manguezal contaminado por óleo (Bertioga, SP, 1983), 2.500 m³ de petróleo Derramamentos em manguezais são catastróficos, pois atingem a vegetação e a fauna, devastando a área de procriação de algumas espécies marinhas. Tragédia ecológica (Rio dos Sinos, RS, 08/10/06): causas desconhecidas, morte de 30 ton de peixes Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 95 A mancha permaneceu longo tempo. Os franceses usaram palha e cal para deter o óleo. Os ingleses usaram detergente o que foi muito prejudicial para a fauna e flora, pois em pouco tempo houve proliferação de algas. Encalhou na Inglaterra. 6 tanques de óleo cru arrombaram e 180 km das costas ingle- sa e francesa foram recobertas. Acidentes Petroleiro Torrey Canyon, março de 1967 Estima-se que pelo menos 100.000 aves morreram. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 96 Navio Tanque Exxon Valdez, março, 1989: bateu num recife e encalhou ao desviar de um iceberg. Os rombos no casco causa- ram vazamento de cerca de 44 milhões de litros de petróleo atingindo uma área de 260 km2. México (1979), 140 mil galões Óleo na Costa Navio Prestige, Espanha, 2002 Morreram milhares de peixes, baleias, moluscos, leões-ma- rinhos, entre outras espécies NavioExxon Valdez, Alasca, 1989 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 97 Navio Prestige, Espanha, 2002 Tempestade (Rússia, 2007) 5 navios naufragaram, 30 mil pássaros afetados Sul da Coréia, dezembro, 2007 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 98 Derramamento de óleo, Fortaleza, julho de 2006 Derramamento de cerca de 3 tone- ladas de óleo combustível no mar, Fortaleza, Porto do Mucuripe, 01/03/08: choque entre um reboca- dor e um navio cargueiro de 140 m Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 99 Guerra do Golfo: “Acidente” Proposital (janeiro de 1991) Além disso, foi ameaçado o funcionamento das usinas de dessalinização da Arábia Saudita que fornecem uma parcela razoável de água doce. O Iraque na tentativa de impedir o desembarque de tropas aliadas no Kuwait derramou 11 milhões de barris de petróleo nas águas do Golfo. 500 km de litoral de vários países foram contaminados afe- tando a fauna e a flora. Os danos à região foram imensos, e o equilíbrio ecológico levará anos para ser restabelecido Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 100 = E E E E E E E E E E = O O O O O O = M M M M M M M M = V V V V E E E Vinhoto, vinhaça: resíduo pastoso e de forte odor resultante da destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar fermentado para obtenção do etanol. Na produção de 1 litro de etanol, 12 litros de vinhoto são produzidos. Por ser rico em matéria orgânica é usado na irrigação de canaviais e fertilização de solos. Porém, causa poluição orgânica em águas subterrâneas, alterando o valor de DQO acima de 60 mg/L, máximo permitido pela legislação. Tanque de vinhoto na região de Botucatu Fábrica de vinagre Maratá, Sergipe, distrito industrial de Lagarto, acusada pela população de poluir um riacho. (4/1/2010) Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 101 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 102 São estratégias que contribuem para uma política de manutenção dos suprimentos de água • Proteger as áreas de abastecimento dos lençóis de água e a vegetação circunvizinha • Evitar o desperdício • Incentivar o reuso em processos de irrigação • Empregar a microirrigação (método do gotejamento) • Reciclar águas industriais Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 103 Fim do Capítulo Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 104 Final do Capítulo
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