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Aula 2 Direitos Primitivos. Povos Ágrafos. Quem são? Podem existir nos dias atuais? Tais povos possuíam regras de direito? Como podemos fazer tal afirmação? Características dos direitos dos povos ágrafos (segundo Gilissen): Abstratos – como são direitos não escritos, a possibilidade de abstração fica muito limitada. As regras são decoradas e passadas de pessoa para pessoa da forma mais exata possível. Numerosos – cada comunidade tinha seus próprios costumes, e como viviam isoladas, havia grande diversidade de tais direitos. Relativamente diversificados – a diversidade acima mencionada é relativa, pois como a base de organização social humana era semelhante, e dessa forma, há inúmeras coincidências entre os vários direitos que surgem. Porém, há diferenças influenciadas por clima, número de indivíduos etc Impregnados de religiosidade – não se consegue separar o que é regra religiosa do que é regra jurídica. Não há distinção entre religião, moral e direito. Direitos em nascimento – não há distinção do que é justiça, regra jurídica, ou seja não há regras definidas como no sistema romano-germânico ou no sistema do common law. Fontes O que são fontes do direito? É tudo aquilo que é usado como base para a feitura de regras ou códigos. Costumes. - Por que os costumes eram obedecidos? Regras de comportamento impostas por quem detinha o poder. Precedente judiciário (decisões tomadas por força da tradição). Provérbios e adágios (poemas, lendas etc). O início da civilização Distingue-se as primeiras civilizações da Antiguidade com a ocorrência de três fatores principais: Surgimento das cidades; Invenção e domínio da escrita; Advento do comércio. Os primeiros documentos escritos de índole jurídica surgiram por volta de 3100 a.C. no Oriente Próximo, ou seja, Egito e Mesopotâmia. A Mesopotâmia , conhecida como Crescente Fértil, era a região situada entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente ficam os países Iraque e Kuwait. A região apresentava um solo propício à agricultura e a navegação era possível no rio Eufrates, o que possibilitava o transporte de mercadorias e o comércio. As comunidades organizavam-se em Cidades-Estado. O comércio era elemento essencial nas cidades mesopotâmicas. A Mesopotâmia sofria a carência de minerais, exceto o cobre, e desse modo, apresentava grande dependência do comércio. A língua oficial era o acádico. A escrita era cuneiforme. Os principais povos habitantes da região eram os sumérios, os acadianos, os babilônicos e os assírios. Os principais povos habitantes da região eram os sumérios, os acadianos, os babilônicos e os assírios. Características do direito: houve dotação de “códigos” , os quais eram grandes compilações de casos concretos. Não possuíam abstratividade e nem generalidade como os códigos atuais apresentam. Segundo Palma, “deve-se atestar que esses Direitos cuneiformes não são, propriamente, direitos na perfeita acepção moderna do termo, pois se encontram num estágio inicial de desenvolvimento, levando em conta que não foram devidamente sistematizados. Todavia, mesmo assim, merecem ser estudados, uma vez que representam um capítulo interessante do caminho percorrido pela humanidade na sua vivência prática e percepção do fenômeno jurídico.” Direitos Cuneiformes As mais antigas codificações originaram-se na Mesopotâmia, com o surgimento da escrita. É aqui que o direito escrito surge, através de codificações como o Código de Ur-Nammu, as Leis de Eshnunna, as de Lipit-Ishtar e de Hammurabi. Estudaremos inicialmente um rol de tópicos comuns aos vários direitos antigos, apesar de suas tantas diversidades. O Direito Penal foi o ramo por excelência a se materializar com maior evidência entre os povos do passado, uma vez que regras criminais eram ferramentas primordiais à coesão do grupo social. As penas eram crudelíssimas, tais como, mutilação, decapitação, empalação, crucificação, flagelação, morte na fogueira ou na forca, impressão de marcas a fogo na pele das vítimas, apedrejamento, banimento, bem como a aplicação de uma série de “ordálios” ou “juízos divinos”, que consistiam em práticas adivinhatórias para verificar a culpabilidade ou a inocência do réu. Aplicava-se comumente o princípio ou lei de talião e de penas pecuniárias das mais diversas. A vingança privada era a tônica do sentido punitivo nessas sociedades. No que se refere ao Direito Civil, foram descobertos inúmeros contratos das mais variadas naturezas e objetos. Encontramos contratos sobre locação, empréstimo, doação, compra e venda, arrendamento, penhor, entre outros tantos negócios jurídicos realizados. Na verdade, há uma profusão de contratos na Antiguidade Oriental. Bouzon ensina que há uma grande quantidade de acordos de compra e venda do período que vai do declínio de Ur (2003 a.C.) ao reinado de Hammurabi (1726 a.C. – 1686 a.C.) O contrato de arrendamento torna-se um documento comum. Em Eshnunna, o casamento seria válido com o banquete e com o contrato chamado riksatum. Escrita de antiga civilização no Iraque. Os Direitos cuneiformes eram essencialmente ligados à noção de sagrado. A regra processual era pouco desenvolvida. Quanto aos procedimentos, acredita-se que imperava a absoluta improvisação, apesar de ser possível acreditar na existência de normas de tal natureza. No aspecto formal, os direitos cuneiformes, em geral, possuem uma estrutura comum, composta de prólogo, corpo de leis e epílogo. É o que encontramos nos códigos de Ur-Nammu, Lipit-Ishtar e Hammurabi. Segundo Bouzon, excetuam-se a tal formato as leis médio-assírias e as leis hititas. Ensina Palma: “Finalmente, deve-se atestar que esses Direitos cuneiformes não são, propriamente, direitos na perfeita acepção moderna do termo, pois se encontram num estágio inicial de desenvolvimento, levando em conta que não foram devidamente sistematizados. Todavia, mesmo assim, merecem ser estudados, uma vez que representam um capítulo interessante do caminho percorrido pela humanidade na sua vivência prática e percepção do fenômeno jurídico”.
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