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Prévia do material em texto

1 
 
 
Pós Graduação em Engenharia de 
Segurança do Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOÇÕES DE TOXICOLOGIA 
 
Prof.:Mário Parreiras de Faria 
E-mail: marioparreiras55@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
PLANO DE ENSINO 
Disciplina: Noções de Toxicologia 
Carga Horária: 30 horas/aulas (sendo 6 horas em sistema EaD de atividades prévias) 
 
Professor: MÁRIO PARREIRAS DE FARIA 
Graduado em Medicina em 1979 e Mestre em Saúde Pública, área de concentração Saúde e Trabalho, 
pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista em Medicina do 
Trabalho pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Auditor fiscal do trabalho, da área de 
segurança e saúde do trabalhador do Ministério do Trabalho e Emprego (atualmente Ministério da 
Economia), desde 1984. Professor do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do 
Trabalho da Universidade FUMEC, de Belo Horizonte, M.G no período de 2009 a 2020. Professor 
convidado do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho da Faculdade de Ciências Médicas de 
Belo Horizonte, M.G. Professor do curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho 
do IPOG, desde 2014. Instrutor em cursos de formação de Auditores Fiscais do Trabalho da Escola 
Nacional da Inspeção do Trabalho. Coordenador da Comissão Permanente Nacional do Setor Mineral de 
2000 a 2019 (quando a Comissão foi extinta). Coordenador da Comissão Tripartite Temática Permanente 
da Norma Regulamentadora nº. 22. Membro do Grupo Técnico Tripartite de reação do anexo de Agentes 
Químicos da NR-9. Membro do Comitê Interministerial de Segurança de Barragens. Tem experiência na 
área de segurança e saúde no trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: Legislação de 
segurança e saúde ocupacional, Mineração, Ergonomia, Toxicologia Ocupacional, Gestão de Riscos e 
análises de acidentes do trabalho. http://lattes.cnpq.br/8029644604432600 
 
Ementa 
A disciplina fornecerá conhecimentos básicos de Toxicologia Ocupacional permitindo ao aluno avaliar os 
riscos para a saúde dos trabalhadores expostos aos produtos químicos mais utilizados em ambientes de 
trabalho. Parte da carga horária será cumprida em sistema EaD referente à leitura da Apostila 
disponibilizada aos alunos e resposta a teste da disciplina respondido no sistema AVA 
Objetivos 
Objetivo Geral 
Apresentar noções sobre toxicologia ocupacional permitindo ao aluno conhecer as definições básicas de 
Toxicologia Ocupacional, os mecanismos de ação tóxica e os agravos à saúde da exposição aos 
principais agentes químicos presentes nos ambientes de trabalho. 
 
Objetivos Específicos 
• Possibilitar a compreensão dos mecanismos de ação tóxica e dos principais produtos químicos 
utilizados em ambiente ocupacional 
• Possibilitar a compreensão dos efeitos da exposição dos agentes químicos presentes nos ambientes 
de trabalho 
• Fornecer conhecimento sobre os mecanismos de penetração, distribuição, metabolismo, deposição e 
eliminação dos agentes tóxicos 
• Possibilitar a compreensão da relação entre exposição ambiental e indicadores biológicos de 
exposição e Limites de Tolerância dos principais agentes tóxicos 
• 
Conteúdo Programático 
UNIDADE I: Sexta-feira (noturno) 
• Noções de Toxicologia 
• O problema dos agentes químicos para a saúde 
• Definições básicas: Intoxicação, efeito, dose, dose-resposta, dose-efeito 
• Mecanismos de Ação Tóxica 
• Classificação dos Agentes Tóxicos 
• Ações Tóxicas dos Produtos Químicos: Irritantes Primários, Irritantes Secundários, Asfixiantes, Ação 
http://lattes.cnpq.br/8029644604432600
 
3 
sobre os Sistemas: Respiratório, Hepático, Hematopoiético, Nervoso Central e Periférico e Renal. 
• Cancerígenos 
• Interação entre agentes químicos 
UNIDADE II: Sábado (matutino) 
• Vias de Penetração/Absorção, Metabolismo, Armazenamento e Eliminação dos Tóxicos no Organismo 
• Mecanismos de proteção do organismo 
• Mecanismo de ação tóxica e Indicadores biológicos de exposição 
• Limites de tolerância biológicos e Limites de Tolerância ambiental 
Unidade III: Sábado (vespertino) 
• Principais metais utilizados em ambientes de trabalho: Chumbo, cádmio, cromo, manganês, arsênio e 
mercúrio. 
UNIDADE IV: Domingo (matutino) 
• Metais pesados (continuação) 
• Agrotóxicos e solventes e seu mecanismo de ação tóxica 
 Metodologia (Dinâmica das Aulas) 
 - Exposição dialogada, com apresentação de slides e apresentação de casos reais. 
 - Apresentação de filme sobre riscos no setor de galvanoplastia. 
Material e Recursos Utilizados 
Computador com internet e sonorização, data show 
Avaliação 
 
Atividades Específicas Modalidade Nota 
1. Atividade prévia 1,5 
2. Teste de múltipla escolha disponibilizado no AVA 8,5 
Total 10,0 
 
 
Bibliografia Básica 
1. BUSCHINELLI, J.T.P. – Manual de orientação sobre controle médico ocupacional da exposição1a 
 substâncias químicas. – São Paulo: Fundacentro, 2014. 88 p. Disponível em: 
http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2014/3/manual-de-orientacao-
sobre-controle-medico-ocupacional-da-exposicao-a-substancias-quimicas 
 
2. BUSCHINELI,J.T.P. -Toxicologia ocupacional [Texto]José Tarcísio Penteado Buschinelli.– São Paulo: 
Fundacentro, 2020. 622 f. : il. 
 
3. GILBERT, S. G. - A Small Dose of Toxicology. Seattle Healthy World Press, Second edition, January 2012 
4. Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Disponíveis em: 
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-
trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs 
5. Ministério da Saúde do Brasil. Representação no Brasil da OPAS/OMS. – Doenças relacionadas ao 
trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Organizado por Elizabeth Costa Dias; 
colaboradores Ildeberto Muniz de Almeida et al. – Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2011. 580 p. il. 
(Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: 
http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/instrumento/arquivo/16_Doencas_Trabalho.pdf 
6. NIOSH. Pocket Guide to Chemical Hazards – Department of Health and Human Services, Center for 
Disease Control and Prevention, National Institute for Occupational Safety and Health – DHHS (NIOSH) 
Publication No 2005-149, Third printing, September 2007. 424 p. Disponível em: 
http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2014/3/manual-de-orientacao-sobre-controle-medico-ocupacional-da-exposicao-a-substancias-quimicas
http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2014/3/manual-de-orientacao-sobre-controle-medico-ocupacional-da-exposicao-a-substancias-quimicas
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs
http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/instrumento/arquivo/16_Doencas_Trabalho.pdf
 
4 
http://www.cdc.gov/niosh/docs/2005-149/pdfs/2005-149.pdf 
7. PATNAIK, P. – Guia Geral: Propriedades Nocivas das Substâncias Químicas. [Tradução de Ricardo 
Maurício Soares Baptista]. 2ª. ed. Belo Horizonte, Ergo Editora, 2011. 2 v. 
9. RAMAZZINI, Bernardino – As Doenças dos Trabalhadores: Tradução de Raimundo Estrela, 3. ed. - São 
Paulo: FUNDACENTRO, 2000. 325 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.cdc.gov/niosh/docs/2005-149/pdfs/2005-149.pdf
 
5 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
 Esta apostila tem como objetivo servir de apoio para a Disciplina de 
Noções de Toxicologia do curso de Pós-Graduação em Engenharia de 
Segurança do Trabalho, sensu lato, dochumbo e cádmio é maior do que aquele provocado pela administração 
isolada desses agentes químicos. Da mesma forma o inseticida fosforado EPN 
aumenta a toxicidade do Malation, assim como a exposição simultânea ao 
tetracloreto de carbono e metanol. 
 
 
34 
Também podemos citar o efeito da MEK (metil-etil cetona) e o n-hexano 
que juntos aumentam o risco de lesão de nervos periféricos. 
 
 Outro exemplo é o efeito da exposição simultânea a fibras de amianto e à 
fumaça de cigarro que aumenta em quarenta vezes o risco de câncer de 
pulmão, muito acima do risco associada a exposições independentes19. 
 
 
d) Efeito de Potenciação 
 
 Ocorre quando um agente químico não possui efeito tóxico em um órgão 
ou tecido, mas quando adicionado a outro agente específico leva a um efeito 
tóxico. Assim a toxicidade de uma substância é aumentada pela presença de 
outra substância que, isoladamente, não tem efeito tóxico. 
 
 Por exemplo, o isopropanol, em concentrações não nocivas para o fígado, 
potencia os danos hepáticos provocados pelo tetracloreto de carbono. 
 
e) Efeito Antagônico ou antagonismo 
 
A interação pode ser negativa ou antagônica quando o efeito simultâneo 
de duas substâncias produz um efeito menor que soma das duas. Neste caso a 
toxicidade de um composto é reduzida na presença de outro composto ou 
agente químico fazendo com que o efeito de uma substância reduza o efeito de 
outra. 
 
 
Como exemplos de efeitos antagônicos podemos citar: 
 
 - Ação do chumbo e zinco sobre a atividade enzimática do ácido delta-
aminolevulínico desidratasse (ALA-D) na biossíntese do heme. 
 
- A ingestão de metanol causa cegueira, mas a intoxicação por metanol é 
tratada com a administração de etanol (álcool etílico), pois este compete pelo 
metabolismo do metanol reduzindo a formação de subprodutos tóxicos do 
metanol e mantendo seus níveis baixos o suficiente para evitar o dano sobre o 
sistema óptico 
 
 
VI. VIAS DE PENETRAÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS NO ORGANISMO 
 
1 VIA RESPIRATÓRIA 
 
1.1 Absorção 
 
A via respiratória tem uma importância fundamental em Toxicologia 
Ocupacional pelas seguintes razões: 
 
 
19 Torloni, M., Vieira, A.V. Manual de Proteção Respiratória – São Paulo, 2003. 520 p.: il. 
 
35 
• Pelas características físicas dos agentes químicos mais comuns: 
gases, vapores e partículas 
 
 • Pelo constante contato que o sistema respiratório mantém com o 
meio ambiente externo 
 
 • Pela extensa área que é de aproximadamente 90 m², tendo a 
superfície alveolar cerca de 70 m², mantendo, assim, um íntimo contato com os 
contaminantes atmosféricos 
 
• Por ser permeável e ricamente vascularizada, permitindo rápida e 
eficiente absorção 
 
• Por não apresentar, praticamente, defesa de retaguarda, sem 
passar por vias de metabolização. 
 
 Desta maneira, as substâncias químicas presentes no ar atmosférico, ao 
entrar em contato com a via respiratória poderão agir localmente provocando 
irritação, inflamação, edema pulmonar e outras alterações ou serem absorvidas 
atuando sistemicamente. 
 
 Nos alvéolos pulmonares duas fases estão presentes, uma gasosa, 
formada pelo ar alveolar e outra líquida constituída pelo sangue; separadas 
uma da outra por dupla barreira: o epitélio alveolar e o endotélio capilar, com 
uma espessura de apenas 10. 
 
 Os agentes químicos mais hidrossolúveis são retidos primariamente 
nas vias aéreas superiores. 
 
Não somente a passagem através dos alvéolos, mas a própria 
distribuição o agente químico no plasma ou eritrócito se faz em função da sua 
lipossolubilidade. Os hidrocarbonetos aromáticos, por exemplo, possuem 
afinidade particular pelos glóbulos vermelhos mais ricos em lipídios que o 
plasma. 
 
 1.2 Deposição de Partículas 
 
A deposição de partículas na via respiratória está associada a vários 
fatores: 
 
• Características físicas das partículas 
• Configuração morfológica do trato respiratório; 
• Características ventilatórias: volume, fluxo e velocidade do ar. 
 
Com relação à partícula devemos considerar além da forma a 
higroscopicidade (afinidade pela água), a densidade e o tamanho da 
partícula. 
 
A deposição de partículas ocorre em três regiões: 
 
Naso-faringe: Região onde ocorrem mudanças bruscas na direção 
do ar inalado, que está com sua máxima velocidade. 
 
36 
 
Tráqueo-bronquiolar: as vias respiratórias nessa região são menos 
tortuosas, a velocidade do ar inalado é menor e a ação da força de 
gravidade é importante para a deposição de partículas com 1 a 5, 
pelo processo sedimentação. 
 
Alveolar: nesta região a velocidade do ar é praticamente zero, as 
mudanças de direção não são significativas e a ação da gravidade 
não é importante, pois, somente partículas menores que 1m se 
depositam. 
 
Partículas maiores que 30 alcançam velocidade elevada pela força 
de gravidade e as possibilidades de deposição são pequenas se forem 
inaladas nas condições normais de inspiração, a não ser que a atividade exija 
esforço físico que modifique as características ventilatórias. 
 
1.3 Destino das partículas 
 
 As partículas depositadas podem ter os seguintes destinos: 
 
• Naso-faringe 
 
As partículas depositadas nessa região poderão ser eliminadas como 
poderão ser deglutidas juntamente com o muco ou ainda, se solúveis no muco, 
absorvidas pelo sangue. 
 
• Tráqueo-bronquiolar 
 
Por meio de movimentos ciliares (clearence muco-ciliar) e da 
presença de muco serão removidas até a glote e posteriormente expectoradas 
ou deglutidas. 
 
• Alveolar 
 
Por meio de movimentos alveolares e fluídos secretados nesta região, 
as partículas poderão alcançar a região tráqueo-bronquiolar, e aí, através de 
movimentos ciliares e auxiliados pelo muco, chegam até à glote, podendo ser 
expectoradas ou deglutidas. 
 
 Também podem ocorrer os seguintes fenômenos: 
 
 • fagocitose pelos macrófagos alveolares que serão removidos até o 
epitélio ciliado, ou penetrarão no sistema linfático, via intersticial 
 • partículas muito pequenas cujas dimensões se aproximam das 
moléculas gasosas, se difundem alcançando a corrente sanguínea; 
 • partículas solúveis rapidamente atingem a corrente sanguínea; 
 • partículas pouco solúveis sofrerão um lento processo de "erosão", 
até que possam ser absorvidas ou eliminadas. 
 • partículas insolúveis (sílica, asbesto e poeira de carvão mineral) 
podem ficar retidas provocando uma reação inflamatória que leva 
a uma fibrose tecidual pulmonar. 
 
 
37 
2 VIA CUTÂNEA 
 
 A via cutânea é constituída fundamentalmente pela epiderme e derme. 
 
 A epiderme corresponde à região mais externa, e possui uma cobertura 
hidro-lipídica, composta por água e eletrólitos (suor) secretados pelas 
glândulas sudoríparas e por ácidos graxos secretados pelas glândulas 
sebáceas. 
 
 A epiderme é constituída por várias camadas denominadas, 
respectivamente, córnea, lúcida, granulosa espinhosa e germinativa. 
 
A camada córnea que se constitui na principal barreira às substâncias 
químicas, é formada por proteínas diversas, principalmente a queratina muito 
rica em cistina com as ligações dissulfeto (-S-S-). Esta proteção pode ser 
alterada por substâncias como os metais (também denominados tiol-privos) 
que interferem nesse mecanismo de formação de ligações de dissulfeto. 
 
 Abaixo da epiderme, temos a derme que é constituída pelo tecido 
conjuntivo, encontrando-se aí as glândulas sebáceas, folículos pilosos, vasos 
sanguíneos e linfáticos. A rica vascularização desta região permite uma eficiente 
absorção e distribuição dos agentes químicos que conseguem chegar até a 
derme. 
 
 O tecido subcutâneo situado após a derme é rico em lipídios e, além de 
servir como reserva energética, funciona como absorvedor de impactos. 
 
 A pele normalmente é uma barreira efetiva para a proteção dos tecidos 
que estão sob ela. Relativamentepoucas substâncias são absorvidas por veia 
cutânea possibilitando sua ação sistêmica. 
 
 Os agentes tóxicos para penetrarem por via cutânea devem ser solúveis 
em água ou gordura. 
 
Exemplo: fenol, anilinas fenil-hidrazina, solventes orgânicos e 
alifáticos. 
 
Para avaliar a exposição dérmica devem-se considerar, no mínimo, os 
seguintes fatores: 
a) quantidade e concentração do agente; 
b) estado físico do agente; 
c) propriedades físico-químicas relacionadas com ação local e penetração 
dérmica; 
d) área corporal de contato; 
e) tipo, duração e frequência da atividade e 
f) medidas de controle existentes. 
 
 
38 
Após um agente químico entrar em contato com o tecido cutâneo, quatro 
fenômenos poderão ocorrer: 
 
 1 - A epiderme, com a película de gordura e suor, atua como barreira 
efetiva e o agente químico não é capaz de alterá-la ou danificá-la; 
 
2 - O agente químico reage com a superfície cutânea provocando 
irritações 
 
 3 – O agente químico penetra, se liga a proteínas teciduais e produz 
sensibilização e 
 
4 - O agente químico se difunde pela epiderme, glândulas sebáceas, 
sudoríparas ou, através dos folículos pilosos, ingressa na corrente 
sangüínea e atua sistemicamente. 
 
Por outro lado, a permeabilidade cutânea pode ser alterada por uma 
série de fatores e condições, tais como: 
 
 • Propriedades físico-químicas do agente químico: solubilidade 
(hidro/lipossolubilidade), peso molecular, tamanho molecular 
 • Teor de umidade do tecido 
 • Presença de surfactantes ou tenso-ativos 
 • Variação da espessura do tecido 
 • Temperatura 
 • Circulação periférica 
 • Idade 
 • Integridade da pele 
 • Capacidade dos constituintes tissulares se ligarem ao agente 
químico 
 • Potencial de biotransformação do tecido cutâneo. 
 
2.1 DERMATOSES OCUPACIONAIS 
 
Há dois tipos de dermatoses ocupacionais: 
 
 • Primária por irritação 
 
• Por sensibilização 
 
 2.2 Primária por irritação 
 
 Esse termo é utilizado para designar uma inflamação da pele, 
resultante da exposição aos produtos químicos irritantes presentes no 
ambiente de trabalho. A irritação pode variar desde uma pequena vermelhidão, 
prurido até erupções e inflamação grave, dependendo do tempo de contato. 
 
 Existem centenas de produtos que exercem ação irritante após um 
contato quase imediato como: 
 
39 
 
• ácidos clorídrico e sulfúrico 
• ácido perclórico 
• formol, pentaclorofenato de sódio 
• fenol, clorofenol 
• amoníaco 
• permanganato de potássio 
• ácidos oxálico e pícrico 
• anidridos 
 
Os sabões detergentes e solventes são considerados irritantes suaves e 
geralmente requerem exposições repetidas para provocarem irritação. 
 
 2.3 Por sensibilização 
 
 A dermatose por sensibilização e produzida por agentes químicos e 
plantas principalmente, que ao entrarem em contato com o tecido cutâneo 
desenvolvem, em algumas pessoas, reações alérgicas. Entre esses tipos de 
agentes químicos podemos citar: 
 
• resinas epóxi 
• corantes azóicos 
• derivados do alcatrão do carvão mineral (hulha) 
• metais como níquel, cromo e cobalto 
 • di-isocianatos 
 • etilamina, 
 • trietilamina 
 • trietilenodiamina 
 • peróxido de benzoila 
 • dietilanilina 
 • anidrido ftálico 
 
 Alguns agentes produzem despigmentação da pele, como certos 
herbicidas, detergentes fenólicos e hidroquinona cujo mecanismo 
possivelmente está associado com a síntese de melanina. Outros agentes 
produzem hiperpigmentacão como prata (por deposição) e arsênico (que 
favorece a síntese de melanina) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos 
presentes no negro de fumo. 
 
 
3 VIA DIGESTIVA 
 
 A via digestiva é a terceira via em importância para a Toxicologia 
Ocupacional no que se refere à introdução de substâncias tóxicas no 
organismo. 
 
 Algumas substâncias químicas ao serem introduzidas pela via digestiva 
podem provocar unicamente efeitos sobre os tecidos do sistema digestivo, 
como acontece com ácidos e álcalis ou, ainda, serem absorvidas e agirem 
sistemicamente. 
 
40 
 
 Quando não existem hábitos de higiene adequados (comer, beber ou 
fumar no próprio local de trabalho, ou não lavar as mãos e rosto antes das 
refeições), os agentes químicos presentes no ambiente de trabalho poderão 
ser introduzidos pelo trato gastrointestinal. 
 
 Por outro lado, quando o contato do trabalhador se dá com partículas, 
estas após penetrar nas vias aéreas, serão transportadas, por meio do 
clearence (limpeza) muco ciliar, até a região bucal e, eventualmente, 
deglutidas. 
 
Os riscos de intoxicação por esta via são menores, principalmente 
pelos seguintes fatores e características do sistema digestivo: 
 
 a) pela pequena absorção na corrente sangüínea 
 
 b) os agentes químicos estão sujeitos ao pH ácido do estômago (pH 
entre 1 e 2) 
 
c) o pH alcalino do suco pancreático no intestino delgado: 
 
 d) pela ação das enzimas digestivas. 
 
 Devemos ainda considerar que a baixa absorção por via digestiva 
ocorre pelos seguintes fatores: 
 
a) diluição dos agentes químicos com água e alimentos e formação 
de produtos menos solúveis por interação com os componentes da 
dieta e sucos intestinais 
 
b) haver seletividade na absorção intestinal e 
 
c) alcançarem o sistema hepático, submetendo-se aos processos de 
biotransformação antes de os agentes químicos serem distribuídos 
para os demais órgãos. 
 
 Entretanto, não devemos esquecer que a via digestiva é uma via 
complementar de introdução de substâncias tóxicas do ponto de vista 
ocupacional pois a maior parcela dos agentes tóxicos é introduzida pelas vias 
respiratória e/ou cutânea. 
 
 
VII – DISTRIBUIÇÃO E DEPOSIÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS 
 
 Os agentes tóxicos após serem absorvidos são distribuídos pelo 
organismo e essa distribuição está condicionada a vários fatores associados 
tanto ao agente tóxico como ao próprio organismo. 
 
Os fatores mais importantes na distribuição de deposição dos agentes tóxicos 
são: 
 
 
41 
• Solubilidade do agente químico (Hidro e lipossolubilidade) 
 
 • Grau de ionização do agente tóxico no meio biológico 
 
 • Afinidade química do agente tóxico com os constituintes orgânicos 
 
 • Maior ou menor vascularização de determinadas áreas do 
organismo 
• Fração aquosa e lipídica dos órgãos e tecidos 
 
• Capacidade de biotransformação do organismo e 
 
• Condições orgânicas (existência ou não de lesões orgânicas). 
 
Devemos lembrar que os fluídos orgânicos estão distribuídos por 
três compartimentos: plasmático, intersticial e intracelular. 
 
 Assim, o agente tóxico na corrente sanguínea poderá se distribuir 
tanto no fluído plasmático como na fração eritrocitária (hemácias). Por 
exemplo, o mercúrio orgânico, o chumbo e o cádmio, após absorção se 
concentram mais nas hemácias que na fração plasmática. 
 
 Os agentes tóxicos ao serem distribuídos pelo organismo poderão se 
acumular no próprio sítio de ação, se depositar em sítios (locais) específicos ou 
serem transportados a órgãos com capacidade de biotransformá-los e/ou 
eliminá-los. 
 
 Entretanto, o processo de distribuição está condicionado à maior ou 
menor capacidade do agente químico de se ligar às proteínas plasmáticas. 
 
 
VIII SÍTIOS DE DEPOSIÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS 
 
1 PROTEÍNAS PLASMÁTICAS 
 
 A ligação da maioria dos agentes tóxicos com as proteínas 
plasmáticas ocorre com a albumina por meio de ligações reversíveis. Existe 
sempre um equilíbrio entre o agente tóxico na forma livre e na forma ligada às 
proteínas plasmáticas, sendo que somente a fração livre é a forma ativa e 
distribuída aos tecidos, enquanto que a fração ligada às proteínas comporta-se 
como um reservatório, portanto sem atividade e portanto inerte. 
 
 Além da albumina a ligação ocorre com lipoproteínas e 
glicoproteinas. 
 
 A importância desta ligação no efeito tóxico dos compostos pode ser 
entendida pelo exemplodo paration etílico e o paraoxon etílico. O primeiro é 
convertido no organismo na sua correspondente forma oxon, responsável pela 
atividade anticolinesterásica. 
 
 
42 
Alguns exemplos de agentes químicos que se ligam às proteínas 
plasmáticas: 
- DDT e o DDE à albumina 
- Ferro à Transferrina 
- Cobre à Ceruloplasmina 
- Dieldrin à alfa e beta-lipoproteínas 
 
 
2 TECIDOS LIPÍDICOS 
 
A lipossolubilidade é uma característica de vários agentes químicos 
que, além de permitir rápida absorção e distribuição no organismo, confere 
também uma maior capacidade de deposição dessas substâncias. 
 
 Substâncias como o clordano, DDT, bifenilos policlorados (PCB) e 
bifenilos poli-bromados ao serem distribuídas se depositam no tecido lipídico. 
 
 3 OSSOS 
 
 Os ossos constituem um local de deposição para alguns agentes 
químicos como chumbo (cerca de 90% do chumbo se deposita nos ossos), 
fluoreto, estrôncio e urânio. 
 
 No caso do chumbo a deposição óssea não se caracteriza como sítio 
de ação tóxica, enquanto que para o fluoreto a sua presença provoca a 
fluorose óssea. 
 
 4 FÍGADO E RINS 
 
Estes órgãos têm grande capacidade de armazenar substâncias 
além de serem importantes para o processo de eliminação de agentes tóxicos. 
Além disso, o fígado tem grande capacidade de biotransformação. 
 
 O mecanismo pelo qual removem os agentes químicos do sangue, 
ainda não está bem definido, todavia, parece estar envolvido com transporte 
ativo ou ainda através de ligações com componentes teciduais. 
 
 
 5 BARREIRAS HEMATO-ENCEFÁLICA E PLANCENTÁRIA 
 
A barreira hemato-encefálica representa a barreira menos 
permeável do organismo para a passagem de substâncias do sangue ao 
sistema nervoso central por razões de ordem anátomo-fisiológicas. 
 
A passagem dos agentes tóxicos através da barreira hemato-
encefálica segue, em geral, os mesmos princípios que orientam a passagem 
por outras áreas do organismo. Essa passagem ocorre com o agente tóxico 
livre, isto é, não combinado às proteínas plasmáticas que deve ser lipossolúvel. 
 
Constituem exemplos de substâncias neurotóxicas: 
 
• Inseticidas organofosforados 
 
43 
• Inseticidas organoclorados 
• Sulfeto de carbono 
 • Tetracloreto de carbono 
• Clorofórmio 
• Monóxido de carbono 
• Chumbo tetraetila 
• Organo-mercuriais 
• Mercúrio elementar 
• Arsênico. 
 
 Quanto à barreira placentária a importância toxicológica se faz com 
relação ao novo organismo em formação e os mecanismos de transporte 
envolvidos são: 
 
• difusão simples 
• difusão facilitada 
• transporte ativo 
• pinocitose e 
• através de fendas na membrana placentária. 
 
 Como exemplo de compostos que atravessam a barreira placentária 
temos: DDT, tricloroetileno, chumbo, mercúrio e cádmio. 
 
 
IX BIOTRANSFORMAÇÃO DE AGENTES TÓXICOS 
 
 A biotransformação tem por objetivo neutralizar a ação tóxica dos 
agentes químicos e facilitar sua eliminação transformando-os em produtos mais 
ionizados, mais polares e mais hidrossolúveis. 
 
 A idéia que se tem é que a biotransformação sempre resulta em 
inativação do agente tóxico, entretanto, em alguns casos, a biotransformação 
leva à formação de produtos mais tóxicos. 
 
 Como exemplos deste fenômeno podemos citar: 
 
a) Metanol oxidado em ácido fórmico, afetando o nervo ótico e as 
células da retina, ocasionando cequeira e lesões renais. 
 
b) Paration quando oxidado se transforma em Paraoxon e inibindo a 
acetilcolinesterase 
 
c) Anilina oxidase é transformada em Fenil-Hidroxialamina que é um 
agente asfixiante face ao seu efeito metahemoglobinizante. 
 
d) Naftaleno oxidado a Di-hidroxinaftaleno levando a casos de catarata. 
 
 
 O fígado é o principal órgão envolvido na biotransformação de agentes 
químicos, embora outros órgãos participem também dessa função em graus 
variáveis. 
 
44 
 
 As principais reações que ocorrem são: Oxidação, Redução, Hidrólise e 
Conjugação 
 
As reações de oxidação, redução e hidrólise fazem parte da fase 
pré-sintética, enquanto que as reações de conjugação correspondem à fase 
sintética. 
 
As reações pré-sintéticas podem resultar em ativação, alteração de 
atividade ou inativação do agente tóxico. As reações sintéticas ou de 
conjugação envolvem a interação entre o agente tóxico ou o produto da 
biotransformação (originário das reações de oxidação, redução ou hidrólise) e 
um substrato endógeno, formando compostos inativos, altamente polarizados 
e hidrossolúveis, prontamente excretados pela urina 
 
X INDUTORES E INIBIDORES DA BIOTRANSFORMAÇÃO 
 
As enzimas responsáveis pelo processo da biotransformação poderão 
ter sua atividade aumentada, por determinados produtos químicos, como por 
exemplo, fenobarbital, álcool etílico, inseticidas organoclorados, 
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos que funcionam como indutores da 
atividade enzimática. 
 
Esta indução resulta sempre numa aceleração do processo de 
biotransformação, interferindo assim, na ação tóxica e na eliminação dos 
agentes químicos absorvidos. 
 
 Por outro lado, os inibidores têm a capacidade de diminuir a atividade 
de enzimas envolvidas nos processos de biotransformação, diminuindo sua 
velocidade. 
 
 Como exemplos, podemos citar o dissulfiram (inibidor da aldeído-
desidrogenase), o mercúrio que é inibidor da monoaminoxidase (MAO) e os 
inseticidas organofosforados (inibidores da acetilcolinesterase). 
 
XI ELIMINAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS 
 
 Os agentes químicos absorvidos pelo organismo serão eliminados 
na forma inalterada ou por meio de seus produtos de biotransformação por 
várias vias. 
 As principais vias de eliminação são: 
 
 1 Renal 
 
A excreção o renal dos agentes tóxicos ocorre por processos de filtração 
glomerular passiva, difusão tubular passiva e secreção tubular ativa. 
 
Durante a passagem pelos túbulos glomerulares renais as moléculas 
filtradas poderão se difundir ou ser ativamente transportadas do lúmen ao 
sangue, ocorrendo um processo de reabsorção. 
 
 
45 
Os agentes tóxicos com elevado coeficiente de partição lipídeo/água 
serão reabsorvidos passivamente, enquanto que os produtos polares são 
incapazes de se difundir, sendo excretados. 
 
Através dos rins, portanto, são eliminadas substâncias polares e 
suficientemente hidrossolúveis. 
 
2 Pulmonar 
 
 Os agentes químicos passíveis de ser eliminados pela via pulmonar 
são os gases, vapores e partículas e, no caso dos gases e vapores, na forma 
primitiva (inalterada) ou sob a forma de produtos de biotransformação. 
 
 A eliminação de gases e vapores se faz por difusão simples, não 
existindo um sistema especial de transporte. A proporção do agente tóxico 
eliminado sob a forma inalterada é bastante variável, e depende da intensidade 
da ventilação pulmonar, da sua solubilidade no sangue, do coeficiente de 
difusão, da tensão de vapor do agente tóxico no sangue e da pressão alveolar 
da substância. 
 
 Assim, a eliminação ocorre quando a pressão alveolar de um gás ou 
vapor for menor que a pressão do mesmo no sangue. 
 
 3 Outras vias de eliminação. 
 
Existem outras vias de eliminação dos produtos tóxicos que são 
secundárias do ponto de vista da Toxicologia Ocupacional. 
 
São elas: a bile, o suor, a saliva e o leite (sendo este último de importância 
em casos de trabalhadoras em fase de amamentação). 
 
 
XI INDICADORES BIOLÓGICOS DE EXPOSIÇÃO HUMANA (I.B.E.) 
 
Conceito: Compreende todo e qualquer xenobiótico ou seu produto de 
biotransformação, assim como, qualquer alteração bioquímica precoce cuja 
determinação nos fluídos biológicos, tecidos ou ar exalado avalie a intensidade 
da exposição ao agente químico contaminante ambiental ou ocupacional. O 
indicador ideal é o que fornece boa relação exposição/absorção/efeito nocivo. 
 
Utilizados em Toxicologia Ocupacional para avaliar o grau de exposição dos 
trabalhadores expostosa produtos químicos em seu ambiente de trabalho 
 
Podem ser classificados em: 
 
 - indicadores de efeito 
 - indicadores de dose interna (absorção) 
 
Indicadores de efeito: são aqueles que revelam alterações no organismo 
resultantes da ação do agente químico em qualquer tecido, órgão ou 
sistema. 
 
46 
 
Estas alterações devem ser identificadas precocemente e ser reversíveis. 
Tais indicadores permitem avaliar diretamente o risco e prevenir a 
manifestação de efeitos nocivos. Este tipo de indicador também é 
denominado do Tipo 1. No caso de alteração destes indicadores deve 
ser emitida a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) 
 
 Exemplos: 
 
• Plumbemia, ALA-U na indicação da exposição ao chumbo inorgânico. 
• Cádmio urinário 
 • Colinesterase intra-eritrocitária para indicar exposição a inseticidas 
organofosforados e carbamatos. 
 • Meta-hemoglobina indica a exposição à anilina e nitrobenzeno. 
 • Carboxi-hemoglobina indica a exposição ao Monóxido de carbono. 
 
 
Indicadores de dose interna (absorção): refletem a dose real da substância 
no sitio onde ela exerce exposição desde que o nível da substância no 
material biológico esteja correlacionado a sua ação ou estima, de forma 
indireta, o grau de com a concentração ambiental. Além disso, permitem 
avaliar a concentração do agente nos órgãos e/ou tecidos a partir dos 
quais, uma vez acumulada a substância, esta é lentamente liberada. São 
também conhecidos como indicadores de exposição ou indicadores 
do Tipo II e não indicam necessariamente a ocorrência de doença. 
 
Exemplos: 
 
• Fenol urinário indica a exposição ao benzeno, mas também indica seu 
efeito tóxico 
• Fluoretos urinários indicam a exposição ao flúor e seus derivados 
inorgânicos 
 • Mercúrio urinário indica exposição a mercúrio metálico e derivados 
inorgânicos 
• Ácido hipúrico: indicador de exposição ao tolueno 
• Ácido metil-hipúrico: indicador de exposição ao xileno 
•Triclorocompostos totais na urina: indicam a exposição a 
Tetracloroetileno, Tricloroetileno, 1,1,1, tricloroetano 
 
 
XII– OUTROS AGENTES TÓXICOS DE INTERESSE OCUPACIONAL 
 
 
1 AGROTÓXICOS 
 
 De acordo com o inciso XXVI da Lei 14.785/2023, agrotóxicos são 
definidos como: 
 
47 
 
Produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos 
destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e no 
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens ou na proteção de 
florestas plantadas, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou 
da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos 
considerados nocivos 
 
1.1 Inseticidas organofosforados 
 
 Um efeito agudo dos compostos organofosforados é a síndrome produzida 
pela ação desses compostos pela inibição da ação da enzima 
acetilcolinesterase (AChE) nas terminações nervosas colinérgicas. 
 
 A acetilcolinesterase (AChE) tem a função de hidrolisar a acetilcolina, 
mediador do sistema nervoso, ao nível das terminações das fibras pós-
ganglionares do sistema nervoso parassimpático, dos gânglios do sistema 
parassimpático, da junção neuromuscular e do sistema nervoso central, 
produzindo Colina e Acetato 
 
 A acetilcolinesterase tem dois sítios ativos: um sítio aniônico (negativo) e 
um sítio catiônico (positivo) ou esterásico. O sítio mais comum de reacão é o 
esterásico. Os sinais e sintomas comuns a essas intoxicações ocorrem por 
acúmulo da acetilcolina nos receptores da junção neuro-muscular. 
 
 Os efeitos imediatos do neurotransmissor acumulado nas sinapses poderão 
ser bloqueados usando atropina que é um inibidor competitivo ao receptor. 
 
Sinais e Sintomas de intoxicação por organofosforados 
 
Podem ser resumidos em: 
 
• síndrome colinérgica: tosse, vômito, cólica, diarreia, sudorese, 
sialorreia (salivação excessiva), miose, hipersecreção brônquica e 
colapso respiratório. 
 
• síndrome nicotínica: fasciculações (tremores) musculares, 
hipertensão arterial transitória. 
 
• síndrome neurológica: confusão mental, ataxia (perda do 
equilíbrio), convulsões, depressão cardiorrespiratória, coma e 
morte. 
 
1. 2 Inseticidas Carbamatos 
 
 São compostos derivados do ácido carbâmico, particularmente do ácido N-
metil carbâmico. Entre os principais nomes comerciais podemos citar: Carbaril, 
Baygon, Moban e Zectram. 
 
 
Absorção 
 
 
48 
Em formulações sólidas são pouco absorvidos, sendo a absorção dérmica 
pouco importante no aparecimento de efeitos tóxicos em indivíduos 
ocupacionalmente expostos. O maior risco está relacionado à absorção via 
respiratória em aplicações por meio de pulverizações. 
 
A eliminação é bastante rápida. Por exemplo, uma dose única de Carbaril é 70 
a 80% eliminada na urina nas primeiras 24 horas. 
 
Mecanismo de ação dos inseticidas carbamatos: 
 
 Inibição da acetilcolinesterase, de modo mais reversível que os 
inseticidas organofosforados. O efeito anti-colinesterásico é 
explicado pela sua configuração química semelhante à acetilcolina. 
 
Os sinais e sintomas da intoxicação por carbamatos são semelhantes aos da 
intoxicação por inseticidas organofosforados. 
 
Tratamento 
 
A enzima AChE fosforilada pode ser reativada com utilização de produtos como 
as oximas (pralidoxima), que deslocam o fosfato ligado à enzima. 
 
 Uma importante diferença entre os inseticidas organofosforados e os 
carbamatos é que estes últimos são inibidores reversíveis da acetil-
colinesterase, ou seja, a ligação com a enzima é fraca sendo, portanto, contra-
indicado o uso da pralidoxina (Contration®). As oximas não têm demonstrado 
bons resultados no tratamento das intoxicações com carbamatos. Estudos em 
animais demonstram que a pralidoxina e a toxogonina aumentam a toxicidade 
do Carbaril®. O sulfato de atropina via Intramuscular ou venosa, deve ser 
utilizado até a melhora do quadro clínico. 
 
1.3 Inseticidas Organoclorados 
 
Exemplos: Hexaclorociclohexano (BHC) Lindano (isómero gama do BHC), 
DDT, Metoxicloro, Heptacloro, Aldrin, Dieldrin, Endrin, Clordano, Endossulfan. 
 
 Absorção. São altamente lipossolúveis e são rápida e eficazmente absorvidos 
pelo trato gastrointestinal. 
 
Absorção pela pele: grupo dos cíclodienos (Aldrin, Dieldrín, 
Endrin) cuja DL 50 dérmica bastante próxima da DL 50 oral. 
 
A absorção pela via respiratória tem importância quando usados na forma 
pulverizada. 
 
Os inseticidas organoclorados são distribuídos uniformemente no organismo 
concentrando-se nos tecidos gordurosos (abdome, cérebro e fígado). 
 
 
49 
Biotransformação. Variável dependendo do grupo químico 
 
Mecanismo de ação tóxica. Variado em função de possuírem as estruturas 
químicas diferentes. 
 
Sinais e sintomas de Intoxicação por inseticidas organoclorados 
 
Cefaleia, que não cede a analgésicos comuns, náuseas, vertigens, obnubilação 
passageira e sudorese fria. 
 
Em alguns casos sinais de incoordenação motora cerebelar, podendo ocorrer 
ataques do tipo epiléptico de duração variável. 
 
Outros sinais e sintomas: anorexia, emagrecimento. Mal estar geral, dores 
generalizadas, transpiração excessiva, alteração (aumento ou diminuição) de 
reflexos profundos e superficiais, reflexos pupilares lentos, depressão 
respiratória, dispnéia, salivação, tremores e hepatomegalia, principalmente em 
casos de intoxicação crônica. 
 
 Tratamento: São contra-indicados laxantes oleosos, leite e alimentos 
gordurosos. 
 
Nas intoxicações leves: indicada sedação com benzodiazepinicos. 
 
Nas intoxicações graves devem ser tratadas as convulsões. 
 
1.4 Inseticidas Piretróides 
 
 Exemplos: Decis, Ambush, K-Othrine, Protector, SBP, Fuminset 
 
São absorvidos pela pele, por ingestão e inalação. 
 
 Pouco tóxicos do ponto de vista agudo são, entretanto irritantes 
para os olhos e mucosas e são, principalmente, hipersensibilizantes, causando 
tanto alergia de pele como asma brônquica. Seu uso abusivo no ambiente 
doméstico vem ocasionando um aumento de caso de sintomas alérgicos.1.5 Pentaclororenol 
 
 O Pentaclorofenol e o seu sal sódico (PCFNa - pentaclorofenato de 
sódio) são usados como inseticidas, herbicida, fungicida e bactericida, sendo 
80% de sua produção destinada ao tratamento da madeira, protegendo-a 
contra fungos, cupins e outros insetos. 
 
Durante sua produção ocorre a formação de diversos compostos, em 
virtude o emprego de altas temperaturas e da condensação de duas 
moléculas do mesmo e que constituem contaminantes tanto do chamado 
produto técnico como no grau puro. Entre estes contaminantes destacam-se 
éteres difenilclorados, dihidroxibilfenis clorados e dibenzodioxinas. (PCDD). 
 
 
50 
Entre as dibenzodioxinas destaca-se a 2, 3, 7, 8 tetraclorodibenzo-p-
dioxina (TCDD), que é um dos mais potentes agentes tóxicos de síntese 
conhecido além de possuir efeito teratogênico e carcinogênico, como as 
demais dioxinas. 
 
 
2. METAIS 
 
2.1 Cádmio (Cd) 
 
O minério de cádmio é encontrado na natureza junto com minérios de 
outros metais, principalmente zinco, mas também do cobre e do chumbo. É um 
metal pesado (densidade 8,6 g/cm3), maleável, branco prateado, e a maioria 
dos seus compostos inorgânicos são insolúveis na água, exceto o acetato, o 
cloreto e fluoreto. Tem pontos de fusão e ebulição relativamente baixos. 
 
O cádmio e seus compostos são utilizados como estabilizantes de 
plásticos, na produção de ligas especiais com outros metais, esmaltação de 
cerâmicas, solda e em ligas especiais, tratamento de superfície em galvânicas, 
produção de células fotovoltaicas, indústria de vidro, fabricação de lâmpadas 
de vapores de cádmio, na produção de pigmentos, na construção de reatores 
nucleares e em alguns componentes eletrônicos de informática. A produção de 
baterias de níquel-cádmio em um passado recente era uma das indústrias 
consumidoras de cádmio mais importantes, mas a produção deste tipo de 
bateria diminuiu muito com a surgimento das baterias de íon lítio. 
 
Também há exposição na produção primária de cádmio extraído dos 
minérios de zinco, chumbo e cobre. A exposição ocupacional ocorre 
principalmente por inalação de poeiras e fumos de compostos de cádmio. A 
exposição ambiental por alimentos e bebidas é baixa, até porque os compostos 
do metal são muito pouco absorvidos por via gastrointestinal, mas o tabagismo 
é uma fonte significativa de absorção de cádmio. 
2.1.1 Toxicocinética do Cádmio 
 
A absorção pelo trato gastrointestinal é muito baixa, menos que 5%, mas 
pode ser aumentada se a dieta tiver uma deficiência de cálcio, ferro e zinco, 
pois nos indivíduos com deficiências destes metais há um aumento da 
produção da proteína de transporte (DMT-1), que transporta cádmio, 
aumentando a absorção do metal proveniente da dieta. Já na pele íntegra não 
há absorção do metal ou de seus compostos inorgânicos. 
 
O cádmio inalado em forma de fumos e poeiras é mais bem absorvido. 
As partículas menores, como poeiras e fumos, atingem os alvéolos, onde até 
50% é absorvido. Já a poeira com particulado de maior diâmetro aerodinâmico 
tende a ter a maior parte retida na região traqueobrônquica. A parcela que não 
atinge os alvéolos permanece na região traqueobrônquica e acaba chegando à 
boca pelo movimento mucociliar, e sendo deglutida. Como o tabaco contém 
cádmio e é inalado em forma de fumos, os fumantes possuem um maior 
acúmulo corporal de cádmio no organismo em relação aos não fumantes. 
 
51 
 
O cádmio absorvido é transportado no sangue, sendo a maior parte 
ligado a hemácias (70-90%) e o restante no plasma ligado a proteínas de alto 
peso molecular como a albumina. Há uma proteína de baixo peso molecular, a 
metalotioneína que tem grande afinidade pelo Cd e outros metais, como cobre, 
mercúrio, zinco, prata. Esta proteína possui grande afinidade por metais, pois é 
rica em grupo S-H do aminoácido cisteína que compõe cerca de 35% desta 
proteína. A ligação dos metais como a proteína nos sítios S-H forma o 
complexo metal-tioneína, também denominado de metalotioneína (MT). 
 
A metalotioneína é sintetizada no fígado e o cádmio induz a sua 
produção. Além do fígado há grande quantidade desta proteína nos rins e nas 
hemácias. O complexo cádmio-metalotioneína (Cd-MT) é pequeno e pode ser 
filtrado pelo glomérulo e ser reabsorvido pelo túbulo proximal, onde é 
catabolizado e o cádmio liberado é ligado a uma outra tioneína sintetizada 
pelas células tubulares renais e assim pode permanecer por longos períodos 
nos rins. 
Em todos os seres humanos há um aumento de cádmio depositado com 
a idade, sendo maior nos fumantes. Do total depositado no organismo, cerca 
de 50% está nos rins, especialmente no córtex renal, 20% nos músculos e 15% 
no fígado, e o restante distribuído por outros tecidos. Nos indivíduos com 
exposição ocupacional a proporção do depósito hepático aumenta em relação 
ao renal, e esta proporção fígado/rins é maior quanto maior o depósito corporal. 
A meia vida biológica do cádmio é entre 10 a 30 anos, com uma média 
de 20 anos, no músculo, fígado e rins. No sangue é de duas fases, sendo a 
rápida de cerca de 90 dias e uma lenta de cerca de 10 anos. A excreção diária 
do cádmio é muito baixa, menos que 0,01% do depósito do organismo, o que 
explica a longa meia-vida biológica do metal. A eliminação é feita basicamente 
por via urinária na forma de cádmio complexado com metalotioneína. 
 Em casos de exposições ocupacionais elevadas, o cádmio em excesso 
no fígado pode ser liberado à circulação levando a danos aos órgãos alvo 
mesmo após cessada a exposição. 
2.1.1.1 Toxicodinâmica e efeitos 
 O principal efeito do cádmio é a sua nefrotoxicidade crônica, mas 
existem efeitos agudos que ocorrem em exposições a concentrações muito 
elevadas. 
 
2.1.1.1.1 EFEITOS AGUDOS 
 
Seu efeito agudo mais importante do cádmio é o dano pulmonar. Este 
efeito é causado por uma exposição extremamente elevada a poeiras com 
cádmio, por ocasião de moagem e empacotamento de compostos inorgânicos 
do metal, ou a fumos, que podem atingir soldadores de ligas de prata-cádmio. 
Também incêndios de baterias níquel-cádmio podem levar a quadros 
pulmonares graves, tanto pelo cádmio, quanto pelo níquel. 
A inalação maciça de fumos de cádmio leva ao aparecimento de 
sintomas cerca de 24 horas após a exposição e provoca sensação de secura 
no nariz e garganta, tosse intensa, cefaleia, dor torácica, febre e calafrios. O 
 
52 
quadro lembra o quadro de febre dos fumos metálicos, mas com maior 
gravidade dos sintomas respiratórios. Geralmente há recuperação dos 
pacientes, mas nos quadros mais graves há progressão para pneumonite 
química e edema pulmonar, com alta letalidade. Também já foram descritos 
casos que evoluíram com necrose tubular aguda, além do edema de pulmão. 
Há estimativas que níveis de exposição de cerca de 1 mg/m3 já provocam 
sintomas respiratórios, enquanto que concentrações por volta de 5 mg/m3 por 8 
horas de exposição é potencialmente letal a quase todos os expostos. Deve-se 
atentar que estas concentrações são da ordem de milhares de vezes maiores 
que os limites ocupacionais de exposição. Não se conhece o mecanismo deste 
efeito pulmonar. 
 
2.2.1.1.1.1 EFEITOS CRÔNICOS 
 
Respiratórios 
 A exposição por longos períodos (10 a 30 anos) aos compostos de 
cádmio pode levar lentamente a uma doença obstrutiva caracterizado por 
bronquite e fibrose progressiva de vias aéreas inferiores e dano alveolar, que 
pode ser denominado de enfisema do cádmio, pois tem características próprias 
nas provas de função pulmonar e nos exames anatomopatológicos, sendo 
desta forma uma entidade diferente do enfisema clássico. Os quadros 
geralmente são leves, e não há clareza da existência de dose resposta deste 
efeito. O mecanismo deve ser similar ao que ocorre na doença pulmonar 
aguda. 
 
Anosmia 
 
 Outro efeito crônico do cádmio é a diminuição do olfato, que pode 
chegar a anosmia (perda do olfato). Mesmo baixas exposições que não 
determinam danos em outros órgãos alvos, como os rins, podem levara perda 
de olfato e o mecanismo parece ser específico do cádmio nos neurônios 
olfatórios, ou não inespecífico, por irritação. 
 
Renais 
 O cádmio provoca um dano tubular proximal, caracterizado pela 
excreção de proteínas de baixo peso molecular: β-2-microglobulina que é um 
marcador de danos às células tubulares. Além da proteinúria de baixo peso 
molecular pode haver presença de outros marcadores de dano tubular, como 
aminoácidúria, glicosúria, calciúria, fosfatúria. A ocorrência de cálculo renal, 
comum nestes pacientes, poderia ser explicada pela hipercalciúria (aumento da 
excreção de cálcio uirinário). 
 Mais raramente pode aparecer proteinúria de alto peso molecular 
(albuminúria, imunoglobinúria) mostrando um dano glomelular, que pode se 
seguir à proteinúria de baixo peso molecular, nas há relatos de casos nos quais 
era a única alteração encontrada. 
 O dano renal é proporcional a concentração de cádmio no córtex renal. 
Quando esta atinge 200 ppm já há possibilidade de início de dano. A 
concentração de cádmio no córtex renal é bem correlacionada com a 
concentração de Cádmio urinário (Cd-U). Quando atinge os 200 ppm, o Cd-U é 
 
53 
por volta de 10 µg/g.creat. e há uma prevalência de cerca de 10% de indivíduos 
com a proteinúria de baixo peso molecular. Com o aumento de Cd-U para 20 
µg/g.creat. a prevalência de proteinúria aumenta para 20%. Esta alteração de 
renal pode não significar perda de função renal significativa no momento, mas 
pode comprometer a reserva funcional e ter repercussões no futuro em 
consequência do declínio da função renal pela idade. 
 
 
Efeitos ósseos 
 A ação direta do cádmio sobre os ossos foi constatada em 1968 no 
Japão onde a população de uma localidade utilizou água contaminada por 
cádmio para irrigar uma plantação de arroz, que era consumido rotineiramente 
pelos habitantes da região. A água provinha da drenagem de uma mina de 
zinco abandonada. O quadro era caracterizado por osteomalácia, osteoporose, 
fraturas múltiplas, danos renais, intensas dores articulares e lombares. Foi 
denominada de Itai-Itai, que em japonês significa Dói-Dói, em consequência do 
enorme sofrimento das vítimas. Estas eram mulheres multíparas e em pós-
menopausas, e foram considerados co-fatores para a instalação da doença a 
falta de vitamina D e a carência nutricional de cálcio, típica da dieta japonesa 
da época. 
 A exposição ambiental a cádmio por água e/ou alimentos contaminados 
é associado a osteoporose por perda de densidade óssea, e aumento do risco 
de fratura em mulheres e pessoas idosas. 
 Entre trabalhadores expostos os dados sobre efeitos ósseos são poucos 
e controversos, mas há algumas evidências que sustentam a existência de 
alterações da via metabólica da vitamina D e da densidade óssea, mesmo em 
baixas exposições a cádmio. A fisiopatologia não é elucidada, não estando 
claro se há algum efeito direto do cádmio no metabolismo da matriz óssea, ou 
se os efeitos são secundários ao dano renal, como a perda cálcio, fosfato ou a 
acidose. 
 
Carcinogênese 
 
A IARC classifica o Cádmio e seus compostos como carcinogênicos 
para humanos (Grupo1), sendo ligado a câncer de pulmão. Para câncer renal e 
de próstata há evidências limitadas. Já a ACGIH classifica-o como A2, ou seja, 
suspeito de ser carcinogênico em humanos. 
 
2.1.2 Tratamento 
 Não há tratamento específico para os efeitos do cádmio. A terapia 
quelante não tem se mostrado eficaz, mesmo em intoxicações agudas. 
 
2.1.3 Controle da exposição e monitoramento biológico 
 Existem limites estabelecidos para cádmio e seus compostos em vários 
países e instituições, conforme o quadro a seguir. 
 
 
54 
Limites de exposição para cádmio e seus compostos adotados em alguns 
países e instituições 
 
País / Instituição Limite para 8 
horas de 
exposição (mg/m3) 
Obs 
ACGIH (EUA, 2024) 0,01 Particulado respirável para 8 
horas 
ACGIH (EUA, 2024) 0,002 Compostos de cádmio 
China 0,01 Particulado total para 8 horas 
EUA (NIOSH) 0,01 Particulado total para 8 horas 
EUA (OSHA) 0,005 Particulado total para 8 horas 
Japão 0,05 Particulado total para 8 horas 
 
Existem dois indicadores biológicos possíveis para o controle da 
exposição a cádmio: o Cádmio no sangue (Cd-S) e o Cádmio urinário (Cd-
U). 
 
O primeiro é um indicador de exposição corrente ou excessiva e indica 
se o ambiente de trabalho está controlado ou não. O segundo (cádmio urinário) 
é um indicador tanto de exposição corrente, quanto de acúmulo, dependendo 
do momento da coleta. Como indicador de acúmulo possui uma correlação com 
o dano renal, e não com a exposição corrente. 
 
O monitoramento biológico da exposição deve ser iniciado no mínimo 
após 6 meses do início da exposição, pois nos primeiros meses há um grande 
número de sítios de ligação de S-H disponíveis em muitas proteínas do 
organismo, principalmente nas metalotioneínas, e somente depois de um certo 
tempo há o estabelecimento de uma correlação entre a exposição e os 
indicadores. No caso do Cd-S, há uma subida rápida nos primeiros meses e 
depois permanece em um nível mais constante que realmente reflete o nível de 
exposição ambiental. Desta forma, dosa-lo no início do trabalho com exposição 
ao metal fornece a informação errônea, minimizando a real concentração no 
ambiente de trabalho. Também o Cd-U é muito baixo no início pois só vai se 
correlacionar com a exposição ocupacional após a saturação dos sítios da 
metalotioneína renal. Por este motivo o monitoramento biológico só deve ser 
iniciado após no mínimo 6 meses de exposição 
 
Indicador biológico de exposição ocupacional (IBE) ao Cd (Quadro 2 do 
Anexo I NR-7) 
 
 Material biológico: urina. 
 Valor de referência: até 2g/g de creatinina. 
 IBE: 5 g/g de creatinina. 
 
 No caso do Cádmio a ultrapassagem do IBE, além de mostrar 
exposição excessiva, tem significado clínico ou toxicológico próprio, ou 
 
55 
seja, pode indicar doença ou disfunção renal e neste caso deve ser 
emitida a CAT. 
 
 Não há limite de tolerância ambiental para o Cádmio na legislação 
brasileira atual. 
 
 
2.2 Cromo (Cr) 
 
 Usos do Cromo: 
• ligas metálicas ácido resistentes 
• cromagem eletrolítica de metais (ácido crômico) 
• tratamento de madeiras (sais diversos) 
 
 Fontes de exposição ocupacional 
 
• névoas de ácido crômico na cromagem eletrolítica de metais 
• produção e processamento de cromatos e bicromatos e ácido 
crômico. 
• Produção e uso do cimento (que contém quantidades variáveis de 
cromatos e bicromatos). 
 
 Absorção, distribuição e excreção 
 
 • Vias de penetração: oral, dérmica ou pulmonar. 
 
 • A absorção depende do estado de oxidação, sendo que o cromo 
hexavalente (Cromo VI) tem uma absorção gastrointestinal de 2 a 6% e 
o cromo trivalente (Cromo III) tem uma absorção menor que 1%. 
 
 • O cromo tem uma alta ligação com as proteínas plasmáticas (86 
a 90%) e é armazenado nos pulmões, pele, músculos e tecido adiposo. 
 
 
Ação Tóxica 
 
 0 cromo III tem baixa toxicidade enquanto o cromo VI é o de maior toxicidade. 
 
A absorção por via oral produz vômitos e diarréia persistente com hemorragia 
intestinal grave devido a ulcerações por ação cáustica do metal. 
 
São descritos casos letais com doses de 1,5g de dicromato de potássio e para 
o ácido crômico a dose letal considerada é de 3,0g. 
 
Os agravos decorrentes da exposição ao Cromo são: 
 
• Na pele o cromo provoca dermatites de contato, eczema alérgico, 
ulcerações típicas (úlceras profundas, dolorosas e de difícil cicatrização) 
 
• Conjuntivites e ceratites superficiais. 
 
 
56 
• Perfuração do septo nasal, precedida de alterações no olfato e 
sangramento e ulcerações. 
 
• Rinite, laringite, pneumoconiose provocada pela poeira de cromita e 
asma (poeiras de cromato ou névoas de ácido). 
 
• Anemia em exposições prolongadas e comprometimento renal e 
hepático. 
 
• Carcinogênese: as poeiras de cromita e cromatos insolúveis são 
consideradas potencialmente cancerígenas,sendo que a incidência de 
câncer pulmonar (carcinoma broncogênico) em trabalhadores expostos 
ao cromo está demonstrada epidemiologicamente. 
 
Indicador biológico de exposição ocupacional (IBE) ao cromo 
hexavalente (compostos solúveis) (Quadro 1 do Anexo I da NR-7) 
 
 Material biológico: urina 
 Valor de referência: até 5g/g de creatinina. 
 IBE: 25 µg/L ou 10 µg/L (conforme o momento da coleta da 
amostra). 
 
A ultrapassagem do IBE indica exposição ambiental excessiva não 
possuindo isoladamente significado clinico ou toxicológico próprio, ou 
seja, não indica doença nem está associado a um efeito ou disfunção 
de qualquer sistema biológico. Ou seja, é um Indicador do Tipo II. 
 
Não há limite de tolerância ambiental para o cromo na legislação 
brasileira 
 
 A ACGIH (2024) estabeleceu para o cromo os seguintes valores de TLV-TWA: 
– Cromo Metálico: 0,5 mg/m³ 
– Compostos de Cromo III (compostos solúveis em água): 
0,003 mg/m3 
– Compostos VI (solúveis em água): 0,0002 mg/m3 
 
2.3 Manganês (Mn) 
 
 È um metal pesado e ocorre na natureza sob a forma mais abundante de 
carbonatos e silicatos. Os óxidos estão presentes na pirolusita (40 a 80% de 
MnO), braunita e manganita. 
 
 Usos: fabricação de pilhas secas, eletrodos para solda, na indústria de 
ferro-ligas e com níquel e cobre, na fabricação de fertilizantes e fungicidas. 
 
Absorção, distribuição e excreção 
 
 • Via respiratória: aerodispersóides (poeiras e fumos) com 
diâmetro menor de 1 micra atingem as porções inferiores do trato 
respiratório e podem ser absorvidas. 
 
 
57 
 • Absorção gastrintestinal: maior em indivíduos anêmicos, 
guardando relação com o teor de ferro na dieta. Dieta pobre em ferro 
aumenta a absorção de manganês. 
 
 • Armazenamento: fígado, pâncreas, rins. 
 • A meia-vida plasmática, no homem, é de no máximo 5 minutos e 
a meia vida biológica de 37 dias, sendo nos ossos e cérebro os locais 
em que a remoção é mais lenta. 
 
 • Excretado principalmente pela bile. 
 
 Ação Tóxica 
 
 Os estudos toxicodinâmicos são inconclusos quanto aos 
mecanismos da ação tóxica do manganês. 
 
 O Manganês atravessa a barreira hemato-encefálica distribuindo-
se com predominância para o gânglio basal o que justificaria a 
semelhança do quadro clínico de intoxicação por manganês com o 
Parkinsonismo. 
 
 Sinais e Sintomas 
 
 - Fase prodrômica (pré-clínica): anorexia, cefaleia, insônia e fraqueza 
geral. 
 
 - Fase clínica inicial: inicio de manifestações extrapiramidais, tendo 
como sinais precoces os distúrbios da fala. Menor habilidade para 
realizar movimentos finos, hiperreflexia de tendões dos membros 
inferiores e aumento do tônus dos músculos faciais. 
 
- Fase clínica estabelecida: alterações psicomotoras e neurológicas, 
hipertonia muscular da face (“riso sardônico”) e dos membros 
inferiores. Astenia, dores musculares, parestesias, alterações da 
fala e da libido, micrografia e escrita irregular. 
 
 
Limite de tolerância ambiental para o manganês (Anexo 12 da NR-
15) 
 
• Operações de extração, tratamento, moagem do minério ou a outras 
operações com exposição a poeiras de manganês e seus compostos: 
5,0 mg/m³ no ar, para jornada de até 8 horas/dia. 
 
• Operações de metalurgia de minerais de manganês, fabricação de 
compostos de manganês, baterias e pilhas secas, fabricação de vidros 
especiais e cerâmicas, fabricação de eletrodos de solda, de produtos 
químicos, fertilizantes ou operações com exposição a fumos de 
manganês ou seus compostos: 1,0 mg/m³ no ar, para jornada até 8/dia 
 
A ACGIH (2024) estabelece os seguintes limites: 
 
 
58 
 - Manganês elementar: 0,02 mg/m³ 
 - Manganês (compostos inorgânicos como Mn): 0,1 mg/m³ 
 
Não há indicador biológico de exposição ao manganês. Poderia ser 
usada a dosagem de manganês urinário mas esta não tem significado 
prático. 
 
2.4 Chumbo (Pb) 
 
 Propriedades físicas e químicas do Chumbo 
- Número atômico: 82. Peso Atômico: 207. 
- Densidade específica: 11,34 
- Metal de cor cinza azulado 
- Temperatura de fusão: 327,5 °C 
- Temperatura de ebulição: 1.740°C, à pressão atmosférica 
- 4 isótopos naturais: 208, 206, 207 e 24 (em ordem de 
importância) 
- Estado de oxidação: 0, +2 (mais habitual) e + 4 
- Sais inorgânicos (pouco solúveis): Sulfetos e óxidos de chumbo 
- Sais orgânicos: chumbo tetraetila e chumbo trietila 
- Outros sais orgânicos: acetato, estearato e oxalato 
 
Ocorrência e fontes de contaminação 
 
 O chumbo existe de forma natural no ar, água, solo e plantas. 
 
 Minerais: galena (PbS), cerusita [Pb(CO3)2] e anglesita (PbSO4) 
 
Fontes de exposição 
 Mineração, fundição, refino 
 Indústria e reforma de acumuladores elétricos (baterias) 
 Aditivos de gasolina (chumbo trietila e tetraetila): em desuso 
 Revestimentos de cabos (telefonia): em desuso) 
 Pigmentos de tintas 
 Explosivos (fuminato e azida de chumbo) 
 Soldagens (solda de chumbo-estanho: solda branca) 
 Tipos gráficos: em desuso 
 
 
Vias de Introdução, Absorção, Distribuição, Deposição e Eliminação 
 
 O chumbo existente no ambiente pode ser introduzido no organismo por 
meio da inalação do ar atmosférico, ingestão (contaminação da água, 
alimentos, solo e clearance mucociliar das partículas depositadas na via 
respiratória), bem como pela via cutânea (compostos lipossolúveis) 
 
 A deposição, retenção e a absorção de partículas no trato respiratório 
são muito complexas e de difícil avaliação, devido às diferenças existentes no 
tamanho, densidade, solubilidade das partículas, higroscopicidade, ritmo 
respiratório e duração de exposição, entre outros fatores. Calcula-se que 39 a 
47% do chumbo inalado sejam retidos nos pulmões. 
 
 
59 
 Pela via digestiva o chumbo é absorvido em cerca de 10%. Esta 
absorção é dependente, além das propriedades físico-químicas dos compostos 
de chumbo, dos níveis de cálcio, magnésio, ferro, fósforo e vitamina D 
presentes na dieta. 
 
 Com relação à via cutânea as camadas superficiais, são muito densas, 
constituídas por queratina, apresentando cargas eletronegativas que repelem 
os anions e impedem a penetração profunda dos cátions, constituindo assim, 
numa barreira eficiente do tecido cutâneo na absorção de compostos 
metálicos. 
 
 Por outro lado, os compostos orgânicos de chumbo, por exemplo, o 
chumbo tetra-etila e o chumbo tri-metila, são absorvidos pela pele intacta 
devida sua alta lipossolubilidade. 
 
 Após ser absorvido, no sangue liga-se aos eritrócitos numa proporção 
superior a 90%. A concentração de chumbo no sangue é de fundamental 
importância na avaliação da exposição ao agente químico. 
 
 Na distribuição do chumbo no organismo, dois compartimentos são de 
fundamental importância: o chamado compartimento de permuta, constituído 
pelo sangue e tecidos moles e o chamado compartimento de armazenamento, 
constituído principalmente pelos ossos. Nos tecidos moles é encontrado em 
baixas concentrações, sendo relativamente mais altas no fígado e nos rins. 
 
 Cerca de 90% do chumbo normalmente encontrado no organismo está 
depositado nos ossos sob a forma de trifosfato. 
 
 O teor total de chumbo no organismo normal, não ocupacionalmente 
exposto, oscila entre 100 da 400mg e aumenta com a idade. 
 
 O chumbo absorvido é eliminado principalmente por meio da urina e 
fezes 
 
 
Ação tóxica e sinais e sintomas 
 
As principais ações tóxicas do chumbo no organismo compreendem: 
 
 a) Na biossíntese do Heme da Hemoglobina 
 
 O chumbo provoca diversas alterações bioquímicas não existindo 
evidências de uma função essencial do mesmo no organismo humano. 
 
 O chumbo interfere em várias fases da biossíntese do heme onde 
se destaca as inibições da enzima “ácido delta aminolevulínico 
desidratase” (ALA-D) e heme-sintetase, e provavelmente da 
coproporfirinogênio descarboxilase. Consequentemente após essas 
interferências temos um aumento da excreção urinária do “ácido delta-
aminolevulínico” (ALA-U), aumento da excreçãourinária de 
coproporfirina (COPRO-U) e aumento dos níveis eritrocitários de 
protoporfirina. 
 
60 
 
 O aumento dos níveis de absorção de chumbo (Pb-S=Chumbo no 
sangue) produz: 
 
 - diminuição da atividade enzimática da ALA-D 
 
 - aumento da excreção urinária do ALA: ALA-U; 
 
 - aumento da excreção urinaria da COPRO: COPRO-U 
 
 - aumento dos níveis sanguíneos de FEP, PROTO-IX ou Zn-PPP. 
 
O ALA-U sofre interferência de outros metais no sentido de que estes 
aumentariam ou diminuíram sua excreção. 
 
 b) No sistema nervoso 
 
Os efeitos dos compostos inorgânicos de chumbo no sistema nervoso 
variam com a duração e intensidade de exposição. Nas exposições 
crônicas os efeitos mais evidentes referem-se à encefalopatia, com 
irritabilidade, cefaléia, tremor muscular, alucinações, perda da memória 
e da capacidade de concentração. Esses sinais e sintomas podem 
progredir até o delírio, mania, convulsões, paralisias e coma. 
 
A encefalopatia provocada por compostos orgânicos de chumbo é até 
certo ponto diferente da provocada pelo chumbo inorgânico, com o 
aparecimento de alterações psiquiátricas com alucinações, tremores, 
delírio, insônia, cefaléia e profundas alterações do humor. 
 
No sistema nervoso periférico os efeitos tóxicos do chumbo inorgânico 
incluem fraqueza muscular, hiperestesia, analgesia e anestesia da 
área afetada caracterizando um quadro de polineuropatia periférica. 
 
 c) No sistema renal 
 
 O chumbo provoca dois efeitos distintos ao nível renal: um dano 
reversível no túbulo proximal e uma lenta e progressiva deficiência 
renal envolvendo redução na função glomerular associada a danos 
vasculares e fibrose. 
 
 d) No fígado 
 
Não há evidências definitivas dos efeitos tóxicos do chumbo a nível 
hepático. 
 
 Existe uma correlação estatisticamente significativa entre os teores de 
chumbo e a atividade da SGOT (transaminase oxalacética glutâmica 
sérica), entretanto a ausência de informações quanto à dieta, hábitos 
pessoais e infecções, não permitem conclusão definitiva. 
 
 
 
 
61 
 e) Trato gastrointestinal 
 
 As cólicas intestinais, denominadas cólicas satúrnicas, refletem quadro 
avançado dos efeitos tóxicos do chumbo. 
 
 
 f) Outras ações 
 
 Podem ocorrer ainda outras ações no sistema cardiovascular 
(hipertensão arterial e alterações no eletrocardiograma), no sistema 
reprodutor (infertilidade masculina), e em órgãos endócrinos 
(abortamentos espontâneos e partos prematuros) e diminuição da 
audição. 
 
 O chumbo tem uma ação hemolítica, provocando anemia 
levemente hipocrômica e microcítica com aniso e poiquilocitose evidentes 
dos glóbulos vermelhos. 
 
 Carcinogenicidade e teratogenicidade: os estudos epidemiológicos 
na área ocupacional, não fornecem evidências seguras dessas ações no 
homem. 
 
Limites de Tolerância 
 
 - Chumbo Inorgânico: Poeiras e fumos 
– 0,1 mg/m3 (Anexo 11 da NR-15 (para exposições até 
48 horas/semana) 
– 0,05 mg/m3 (ACGIH 2024) 
 
 - Chumbo tetraetila como Pb: 0,1 mg/m3 (ACGIH 2024) 
 
 - Chumbo tetrametila como PB: 0,15 mg/m3 (ACGIH 2024) 
 
VALORES DE ÍNDICADORES BIOLÓGICOS DE EXPOSIÇÃO (IBE) 
 
Chumbo e seus compostos inorgânicos (Indicadores do Tipo 1 com 
significado clínico) 
 
 Chumbo no sangue (Pb-S) 60 µg/100ml(M) 
 Ácido Delta Amino Levulínico na urina (ALA-U): 10 mg/g de 
creatinina. 
 
 Mulheres em idade fértil, com valores de Chumbo no sangue 
(Pb-S) a partir de 30 µg/100ml, devem ser afastadas da exposição ao agente 
 
Chumbo tetraetila: Chumbo na urina 50 µg/L colhida no Final da Jornada de 
trabalho. 
 É um indicador do Tipo II, revela exposição excessiva, mas não 
necessariamente adoecimento. 
 
 
 
62 
Tratamento das intoxicações por chumbo 
 
O tratamento da intoxicação por chumbo (saturnismo) consiste 
principalmente em afastar o paciente da fonte de exposição. 
 
Pode ser necessário o uso de hipotensores, antiarrítmicos e 
analgésicos 
 
O tratamento especifico consiste no uso de quelantes sendo os mais 
usados o sal cálcio dissódio do ácido etilenodiaminotetracético (CaNa2 EDTA), 
o dimercaprol (BAL) e a D-penicilamina. 
 
 
3 OUTROS AGENTES QUÍMICOS DE IMPORTÂNCIA OCUPACIONAL 
 
3.1 Monóxido de Carbono (CO) 
 
O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro, de densidades de 
0,967 e dotado de grande poder de difusão. Resulta da combustão incompleta 
do carvão ou de materiais ricos em carbono. 
 
O CO compete com o oxigênio pela hemoglobina. Quando inalado, e 
absorvido ao nível do alvéolo pulmonar, combina-se com a hemoglobina para 
formar a carboxihemoglobina. 
 
A afinidade do CO pela hemoglobina é cerca de 200-250 vezes 
àquela do oxigênio, sendo, portanto, um asfixiante químico por impedir o 
transporte de oxigênio até os tecidos. 
 
3.2 Cianetos 
 
O cianeto tem a capacidade de inibir enzimas possuidoras de metais 
em suas estruturas, especialmente o ferro e o cobre. 
 O íon cianeto tem especial afinidade pela citocromo oxidase, enzima 
da fase final do mecanismo de transferência de elétrons para o oxigênio 
molecular, inibindo a respiração celular e provocando uma hipóxia histotóxica. 
O cianeto se liga ao ferro trivalente (Fé+³) formando o complexo cianocitocromo 
oxidase. 
 
 Desta forma o cianeto é um asfixiante químico por impedir a utilização 
do oxigênio pelas células. 
 
 3.3 Sulfeto de Carbono (CS2) 
 
O sulfeto de carbono é bastante reativo para com os agentes 
nucleofílicos que se caracterizam pela presença de 1 par de elétrons livres na 
molécula, reagindo prontamente com grupos: amino (-NH2) mercapto (-SH) e 
hidroxila (-OH) 
 
 A maioria das substâncias de interesse bioquímico (aminoácidos, 
animas biogênicas etc.) possui estes grupos nucleofílicos podendo, portanto, 
reagir com o sulfeto de carbono. Os produtos formados, ditiocarbamatos e 
 
63 
tiotiazolidona teriam a capacidade de quelar metais essenciais, especialmente, 
cobre e zinco, através dos grupos sulfidrilas. 
 
Outra ação tóxica do sulfeto de carbono provavelmente ocorre com 
a piridoxamina (uma das formas fundamentais da vitamina B6), provocando 
inibição em sistemas enzimáticos nos quais a vitamina B6 esteja envolvida 
como coenzima. 
 
 A exposição ao sulfeto de carbono está associada à aterosclerose 
precoce, com ocorrência de infarto do miocárdio, além de distúrbios 
psiquiátricos. 
 
3.4 Anilina 
 
 A anilina líquida pode ocasionalmente produzir dermatite alérgicas por 
contato. 
 A anilina pode ingressar no organismo pela inalação de vapor ou por 
absorção pela pele. 
 
A principal ação exercida pela anilina se situa ao nível da hemoglobina 
convertendo–a em meta-hemoglobina, provocada pela fenil-hidroxilamina e 
nitro-benzeno produtos resultantes da sua biotransformação. 
 
A meta-hemoglobina não pode transportar oxigênio e, portanto, uma 
metahemoglobinemia elevada é incompatível com a vida. Exposições 
prolongadas ou repetidas podem ocasionar anemia. 
 
 Segundo o Anexo 11 da NR-15 o Limite de tolerância para a anilina é de 4 
ppm ou 15mg/m³ para 48 horas/semanais, sendo também absorvida pela pele. 
 
 
3.5 Arsênio 
 
 Os efeitos da intoxicação arsenical podem ser explicados pelo 
ataque ao sistema responsável pela descarboxilação oxidativa dos ácidos 
cetônicos especialmente o ácido pirúvico. Deve ser lembrado que há também 
evidências experimentais de que um grande número de outros sistemas 
enzimáticos essenciais para equilíbrio orgânico (homeostase) é atacado sendo 
que já foi demonstrado que todos esses sistemas possuem grupos -SH como 
fator comum de inativação. 
 
 Na descarboxilação do ácido pirúvico o arsênico trivalente interfere 
no processo inibindo o ácido lipóico que é o responsável pela conversão do 
piruvato a acetil Coenzima A. Como conseqüência, tem-se um acúmulo de 
ácido pirúvico no sangue e alterações na formação da Acetil CoA 
(acetilcoenzimaA) em vários tecidos, inclusive resultando em alterações ao 
nível do sistema nervoso central, particularmente sensível às perturbações 
desta natureza. 
 
As manifestações clínicas da exposição ao arsênio dependem da 
espécie química do arsênio envolvida, além da dose e do tempo de exposição. 
 
 
64 
O principal órgão afetado pela exposição ao arsênio é a pele que 
apresenta lesões eritematosas que podem progredir para a hiperpigmentação 
(melanose). Ocorre ainda hiperqueratose típica na plantas dos pés e nas 
palmas das mãos, progredindo para os dedos das mãos e pés. São lesões de 
aparecimento tardio com tempo médio de latência de 23 a 28 anos e podem 
regredir ou persistir mesmos depois de cessada a exposição. 
 
Carcimomas espino-celulares induzidos pelo arsênio são 
frequentemente múltiplos e mais comuns nas extremidades. 
 
Efeitos neurológicos tardios do sistema nervoso central e periférico, 
após 1 a 5 dias após ingestão aguda de altas doses de arsênio inorgânico. 
 
Outros efeitos do arsênio: cardiovasculares (arritmias cardíacas, 
hipertensão arterial e cardiopatia isquêmica); hematológicos (anemia, 
leucopenia, trombocitopenia); gastrointestinais (náusea, vômitos, diarréia, dor 
abdominal e hemorragia gastrointestinal), hepáticos (alteração nas enzimas 
hepáticas podendo evoluir paar fibrose hepática, sendo que angiossarcomas 
tem sido atribuídos à exposição crônica ao arsênico). Ocorrem ainda efeitos 
renais (falência renal), efeitos respiratórios (rinites, laringites, traqueobronquites 
e asma), efeitos reprodutivos (mal-formações em espécies de animais). Ocorre 
aumento da prevalência de diabetes. 
 
A IARC considera o arsênio como cancerígeno, sendo que há 
evidências suficientes de que a ingestão de água com arsênico causa 
câncer de bexiga, pulmão e pele em humanos. 
 
Indicador biológico de exposição (IBE) ao Arsênico conforme o 
Quadro do Anexo I da NR 7. 
 
Arsênico elementar e seus compostos inorgânicos solúveis, 
exceto Arsina e Arsenato de Gálio: 
 
Arsênio inorgânico mais metabólitos metilados na urina 35 µg/L, 
colhida após 4 ou 5 jornadas de trabalho consecutivas. 
 
São indicadores do Tipo, isto, é, revelam exposição excessiva e não 
necessariamente adoecimento. 
 
 Não há limite de tolerância ambiental para o arsênico na legislação 
brasileira. 
 
 A ACGIH (2024) determina para os compostos inorgânicos de Arsênio 
como As o valor de 0,01 mg/m3 
 
 
4 SOLVENTES 
 
4.1 Definição 
 
Qualquer substância (usualmente líquida) que dissolve outra substância, 
resultando em uma solução uniformemente dispersa como mistura. 
 
65 
 
Os solventes podem ser classificados como AQUOSOS (baseados em 
água) ou ORGÂNICOS (baseado em hidrocarbonetos). A maioria dos solventes 
industriais é constituída de compostos orgânicos e usados para: LIMPEZA, 
DESENGRAXE OU EXTRAÇÃO 
 
4.2 Classificação dos solventes 
 
a) HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS: Pentano, Hexano, Heptano 
 
b) HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS CÍCLICOS: Ciclopentano, ciclohexano 
 
c) HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS: Benzeno, Tolueno, Xileno, Estireno 
 
d) HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS HALOGENADOS: Tricloroetano, 
percloroetileno, tricloroetileno, tetracloreto de carbono 
 
e) ALCOÓIS: metílico, etílico 
 
f) CETONAS: Acetona, MEK (metil-etil cetona), MIBK (metil-iso-butil-cetona) 
 
g) ÉSTERES: acetato de etila, de propila 
 
h) ÉTERES: éter etílico 
 
i) GLICÓIS: etileno glicol, dietileno glicol, trietileno glicol, propileno glicol 
 
j) Outros compostos: dissulfeto de carbono, benzina, terebentina. 
 
 
4.3 Efeitos dos solventes 
 
4.3.1 Sobre a Pele: Dermatite: 20% dos casos 
 
 A maioria é irritante primário, provocando um efeito desengordurante na 
pele. Alguns provocam dermatite de contato alérgica. 
 
4.2.2 Sobre Sistema Nervoso Central 
 
 - Efeitos agudos: Depressão do SNC ou anestesia 
 
 - Efeitos crônicos: Distúrbios neurocomportamentais como, por exemplo, os 
causados pelo Dissulfeto de Carbono. 
 
 - Outros efeitos sobre o SNC: sintomas subjetivos, mudanças de 
personalidade ou do humor (depressão, ansiedade), função intelectual 
reduzida, cefaléia, fadiga, perda da memória recente, dificuldade de 
concentração. 
 
 
66 
4.2.3 Efeitos Hepatotóxicos 
 
Ocorrem principalmente com os solventes halogenados e com radicais 
nitrosos. 
 
São fracamente hepatóxicos o benzeno, tolueno, xileno, ésteres e cetonas. 
 
São também descritos casos de necrose hepática aguda por exposição ao 2- 
nitropropano e de hepatite crônica por exposição ao Tetracloreto de Carbono 
(CCl4) 
 
4.2.4 Efeitos renais 
Insuficiência renal aguda: intoxicação aguda por solventes halogenados 
4.2.5 Efeitos Hematológicos 
a) Anemia aplástica/leucemia: Benzeno 
b) Anemia hemolítica: glico-éteres 
 
4.2.6 Outros efeitos 
 São descritos ainda efeitos sobre o sistema reprodutivo, defeitos 
congênitos do SNC e efeitos teratogênicos (por exemplo: álcool etílico) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO I - CANCERÍGENOS 
 
 
67 
Grupo 1: Produtos ou processos carcinogênicos para seres humanos 
(IARC)20 
Aflatoxinas 
4-Aminobifenil 
Arsênico e seus compostos 
Asbestos (Amianto) 
Azatioprina 
Benzeno 
Benzidina 
Berílio e compostos de berílio (avaliados como um grupo) 
N,N-Bis(2-cloroetil)-2-naftilamina (Clornafazina) 
Bis(clorometil)eter e clorometil metil eter 
1,4-Butanediol dimetanosulfonato (Busulphan; Myleran) 
Cádmio e compostos de cádmio (avaliados como grupo) 
Clorambucil 
1-(2-Cloroetill)-3-(4-metilciclohexil)-1-nitrosourea (Metil-CCNU; 
Semustine) 
Cromo e seus compostos (avaliados como grupo) 
Ciclosporina 
Ciclofosfamida 
Dietilestilbestrol 
Virus de Epstein-Barr 
Erionita 
Óxido de etileno 
Etoposida em combinação com cisplatina e bleomicina 
Radiação Gama 
Infecção com Helicobacter pylori 
Infecção crônica com Vírus da Hepatite B 
Infecção crônica com Vírus da Hepatite C 
Infecção com o vírus tipo 1 da Imunodeficiência Humana 
Papilomavirus Humano dos tipos 16 e 18 
Vírus linfotrópico tipo I da célula T 
Melfalan 
8-Metoxipsoralen (Methoxsalen) com radiação ultavioleta 
MOPP e outras quimioterapias combinadas incluindo agentes alquilantes 
Gás Mustarda 
 
20 Ver lista atualizada em: www.iarc.fr 
http://www.iarc.fr/
 
68 
2-Naftilamina 
Neutrons 
Compostos de níquel (Avaliados como um grupo) 
Terapia pós-menopausa com Estrógenos 
Estrógenos não esteróides (Aplica-se ao grupo de compostos e não a um 
composto individual dentro do grupo) 
Estrógenos esteróides (Aplica-se ao grupo de compostos e não a um composto 
individual dentro do grupo) 
Contraceptivos orais combinados (Há também evidências conclusivas que 
estes agentes têm um efeito protetivo contra câncer de ovário e de endométrio) 
Contraceptivos orais sequenciais 
Fósforo -32, como fosfato 
Plutônio-239 e seus produtos de decaimento 
Iodo Radioativo, isótopos de vida curta, incluindo o I -131, proveniente de 
acidentes com reatores atômicos e de detonação de armas nucleares 
Radionuclídeos, emissores de partículas alfa e beta 
Rádio -222 , 224 , 226 e 228 e seus produtos de decaimneto 
Infecção com Schistosoma haematobium 
Sílica cristalina (Inalada na forma de quartzo ou cristobalita de fontes 
ocupacionais) 
Radiação Solar 
Talco contendo fibras asbestiformes 
Tamoxifen (Há também evidências conclusivas que o Temoxifen reduz o risco 
de cancer de mama contralateral) 
 2,3,7,8-Tetraclorodibenzo-para-dioxina 
Tiotepa 
Tório-232 e seus produtos de decaimento e dióxido de tório –232 
Treosulfan 
 
Cloreto de vinila 
 
R-X e Raios Gama 
Misturas 
Bebidas alcoólicas 
Misturas Analgésicas contendo Fenacetina 
Tabaco e seus produtos 
Piches de alcatrão 
Alcatrão de carvão mineral 
Óleos minerais não tratados ou pouco tratados (não purificados) 
 
69 
Peixe Salgado (Estilo Chinês) 
Óleos de XistoFuligem 
Tabagismo 
Poeiras de madeira 
Exposições circunstanciais 
Produção de Alumínio 
Produção de Auramina 
Manufatura e reparo de calçados 
Gaseificação de carvão mineral 
Produção de Coque 
Fabricação de móveis 
Mineração subterrânea de Hematita com exposição a Radônio 
Fundição de ferro e aço 
Manufatura de Isopropanol por processo de ácido forte 
Manufatura de Magenta 
Exposição ocupacional como Pintor 
Indústria da Borracha 
Misturas de ácido fortes inorgânicos contendo ácido sulfúrico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO II 
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS PRINCIPAIS AGENTES TÓXICOS 
OCUPACIONAIS E EFEITOS GERAIS 
 
 
70 
Agentes Tóxicos Efeitos (Sinais e sintomas) 
1. HALOGENOS (BR2, Cl2 F2) Irritação da via respiratória. Danos severos na 
via respiratória. Edema pulmonar, hemorragia 
nasal, vertigens e cefaléia 
2. PRODUTOS ALCALINOS: Hidróxido de 
Amônia, Hidróxido de Cálcio, Óxido de Cálcio, 
Hidróxido de Potássio, Carbonato de Sódio e 
Hidróxido de Sódio 
Danos irreversíveis na via respiratória 
(necrose) 
Pneumonia química e edema pulmonar: 
Hidróxido de amônia e Óxido de Cálcio 
 
3. COMPOSTOS INORGÂNICOS DE O, N e C 
Ozona (O3) Irritante, congestão e edema pulmonar, 
cefaléia, vertigens 
Nitrogênio Asfixiante simples 
N2O (óxido nitroso) Narcótico leve 
NO2 e NO4 Irritantes. Edema pulmonar 
NO (óxido nítrico) Paralisia do SNC e Meta-hemoglobinemia 
CO Carboxi-hemoglobina; asfixiante químico (ou 
bioquímico) 
CO2 Asfixiante simples 
COCl2 (Fosgênio) Irritante pulmonar 
4. HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS 
4.1. Hidrocarbonetos alifáticos saturados 
(parafinas) (CnH2n+2) 
 
CH4 (Metano) e C2H6 (etano) Asfixiantes simples 
C3H8 (propano) e C4H10 (butano) Depressores do SNC e irritantes moderados 
das mucosas 
C5H12(Pentano),C6H14(Hexano),C7H16 
(Heptano) e C8H18 
Neurotóxicos periféricos 
Etileno, Propileno, 1,3-Butadieno, e Isopreno Asfixiantes simples ou anestésicos leves. O 
1,3 Butadieno é também cancerígeno 
5 . HIDROCARBONETOS ALICÍCLICOS 
CicloHexano, Metilciclohexano, Decalino, 
diciclopentadieno, hidrocarbonetos terpênicos 
Ação anestésica e Depressão. Irritação das 
mucosas 
6. HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS 
Benzeno (C6H6) Ação mielotóxica e Carcinogênica 
Tolueno, Etilbenzeno, Xileno, Naftaleno Edema pulmonar, pneumonites, hemorragias, 
depressão do S.N.C e narcose 
Estireno Náuseas, vômitos, anorexia, astenia, 
leucopenia (rapidamente reversível) Mutações 
somáticas, depressão do Sistema Nervoso 
Central. 
7. HIDROCARBONETOS HALOGENADOS 
Cloreto de Metila, Cloreto de Metileno, 
Clorofórmio, Bromofórmio, Tetracloreto de 
Carbono, Cloreto de Etila, 1,1,1 – tricloroetano, 
Cloreto de Vinila, Tricloroetileno., 
Percloroetileno, Diclorodiflurometano (Freon), 
Clorobenzeno, O-diclorobenzeno, Dieldrin 
Depressores do Sistema Nervoso Central e 
Hepatotóxicos 
8. FENÓIS E COMPOSTOS FENÓLICOS 
 
71 
Fenos, Hidroquinona, Cresol, Pentaclorofenol Vômitos, dificuldades de deglutição, diarréia, 
tremores, convulsões, cefaléias, desmaios, 
cianose (metahemoglobinemia), danos 
hepáticos e renais. 
9. ÁLCOOIS 
Álcool metílico, álcool etílico, álcool propílico e 
isopropílico, álcool isobutílico, álcool alílico. 
Narcóticos, irritação das vias respiratórias 
superiores, espasmos musculares, tremores, 
cefaléias, edema pulmonar, diarréia, 
convulsões, vômitos, danos hepáticos e 
renais 
10 – GLICÓIS 
Etileno Glicol Alterações hematopoiéticas, falência 
cardíaca, danos renais e cerebrais 
Etileno Glicol Ésteres Danos severos no fígado e rins. Encefalopatia 
11- COMPOSTOS EPÓXI 
ALFA EPÓXI COMPOSTOS Suspeitas de carcinogênese 
Epiclorhidina Irritante dos olhos, pele e via respiratória. 
Náuseas e vômitos. Desconforto abdominal, 
danos hepáticos renais e pulmonares 
Óxido de Etileno Náuseas, vômitos, irritação nasal, de 
garganta e pulmões. Edema pulmonar. 
Carcinogênico, teratogênico e mutagênico 
Óxido de propileno Irritante respiratório, leve depressor do 
S.N.C., lesões hepáticas e renais pouco 
significativas 
12 – ÉTERES 
Metílico, etílico, isopropílico, éter bis-
clorometílico, éter clorometilmetílico 
Anestésicos, irritação de mucosas, edema 
pulmonar, danos renais, câncer (brônquio) 
13 – CETONAS 
Metiletilcetona, 
metilisobutilcetona, 
diisobutilcetona 
Narcose, cefaléia, fotofobia, náuseas e 
vômitos, vertigens, Incoordenação motora, 
inconsciência, irritação de mucosas, 
neuropatias periférica (cetonas específicas) 
14- ALDEÍDOS 
Acetaldeído, acroleina, formaldeído, furfural Irritantes de mucosas, narcose, edema 
pulmonar, bronquite e broncopenumonite, 
sensibilização pulmonar e crises asmáticas 
15- ÁCIDOS ORGÂNICOS E ANIDRIDOS 
Ácido acético, anidrido acético, ácido fórmico, 
ácido oxálico, anidrido ftálico 
Irritantes, sensibilizantes (anidridos), 
broncopneumonite, edema pulmonar e danos 
renais 
16- ÉSTERES 
Acetato de etila, silicato de etila, formato de 
etila, formato de metila 
Anestésicos e irritantes (ésteres alifáticos) 
lacrimejamento, produção de vesículas e 
irritação pulmonar (ésteres halogenados), 
sistema nervos e neuropatia (ésteres fosfatos) 
 
17– FOSFATOS ORGÂNICOS (INSETICIDAS) 
 
Diazinon, DDVP, Malation e outros, Paration e 
outros 
Sinais e sintomas que mimetizam a 
acetilcolina (efeitos muscarínicos) e 
nicotínicos, atuam sobre o S.N.C e periférico 
 
72 
18 – CIANETOS E NITRILAS E COMPOSTOS 
RELACIONADOS 
 
HCN (cianeto de hidrogênio), NaCN (cianeto de 
sódio{), KCN (Cianeto de potássio) 
 
Prostração, cefaléia, convulsões, náuseas, 
vômitos, edema pulmonar, choque, 
inconsciência, morte, asfixiante químico 
Acrilonitrila Câncer de colo uterino e de pulmão 
Di-isocianato de Tolueno (TDI) Cefaléia, insônia, e asma alérgica 
19 –COMPOSTOS DE NITROGÊNIO 
Alquilnitritos, Alquilnitratos, Cloronitroparafinas, 
compostos Nitroaromáticos, Nitrometano, 
Nitropropano, Nitrato de Metila, Nitrito de 
Amila, Benzidina, Cloroanilina, Dinitrobenzeno, 
Nitrotolueno, Toluidina 
Exposições agudas: cianose 
Exposições crônicas: anemia, irritação local e 
danos hepáticos, metahemoglobinemia e 
suspeitos de carcinogenicidade. 
 
 
ANEXO III 
 SITES DE INTERESSE PARA PESQUISAS DE TOXICOLOGIA 
1) www.ccohs.ca - Centro Canadense de Segurança e Saúde Ocupacional 
2) www.occuphealth.fi Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional 
3) www.asse.org Sociedade Americana de Engenheiros de Segurança 
4) www.acgih.org Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais 
5) 
6) www.osha-public.gov/Public Agência de Segurança e Saúde Ocupacional do 
Governo Americano 
7) 
8) www.cdc.gov/niosh Instituto Nacional para Segurança e Saúde Ocupacional – 
Fichas de Segurança Química Internacional 
9) www.iarc.fr – Internacional Agency for Research on Cancer 
10) www.ilo.org - Organização Internacional do Trabalho 
11) www.mtas.es/Publica/enciclo/default.htm Enciclopédia de Segurança e Saúde 
Ocupacional da O.I.T. (em espanhol) 
 
12) www.mtas.es/insht - Fichas de Segurança Química do Instituto Nacional de 
Segurança e Higiene do Trabalho no Ministério de Previdência e Assuntos 
Sociais da Espanha. 
13) -https://www.dguv.de/ifa/gestis/gestis-stoffdatenbank/index-2.jsp - GESTIS Banco 
de dados alemão de informação sobre substâncias perigosas 
http://www.ccohs.ca/
http://www.occuphealth.fi/
http://www.asse.org/
http://www.acgih.org/
http://www.osha-public.gov/Public
http://www.cdc.gov/niosh
http://www.iarc.fr/
http://www.ilo.org/
http://www.mtas.es/Publica/enciclo/default.htm
http://www.mtas.es/insht
https://www.dguv.de/ifa/gestis/gestis-stoffdatenbank/index-2.jspIPOG - Instituto de Pós- Graduação e 
Graduação. 
 
Os dados e informações aqui contidas não eximem de consulta e do 
estudo da legislação pertinente. 
 
Trechos e excertos desta Apostila poderão ser utilizados apenas para 
fins didáticos e desde que façam referência ao autor que detém os direitos 
autorais. 
 
 
Mário Parreiras de Faria 
Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da UFMG 
Especialista em Medicina do Trabalho pela Associação Nacional de Medicina 
do Trabalho/AMB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
I – INTRODUÇÃO 
Durante séculos a Toxicologia apresentou um caráter forense quando 
os eventos letais, provocados por exposições ou envenenamentos acidentais 
ou intencionais, eram o centro dos interesses toxicológicos. 
 
 O estudo dos venenos e da toxicologia se iniciou cerca de 500 anos 
atrás, durante a Renascença, um período de grandes mudanças e de desafios 
ao pensamento tradicional. 
 
 Paracelsus1, considerado pai da Toxicologia, estabeleceu o princípio 
de dose/resposta: 
 
"Todas as substâncias são venenos. Não há nenhuma que não seja 
veneno. A dose correta faz a diferença entre um veneno e um remédio.” 
 
 Este princípio é muitas vezes usado para afirmar que mesmo a 
ingestão de uma grande quantidade de água pode ser prejudicial, assim como 
se deve notar que pequenas quantidades de algumas substâncias também 
podem causar sérios agravos à saúde. 
 
 Em 1775 o cirurgião inglês Percivall Pott fez o primeiro reconhecimento 
de um câncer de origem ocupacional ao observar que a exposição à fuligem 
estava relacionada ao câncer escrotal em limpadores de chaminés. 
 
 Credita-se ao toxicologista e químico francês Mathieu Orfila (1787- 
1853), a fundação da moderna ciência toxicológica, em parte por meio de seus 
estudos e análises forenses relacionados ao envenenamento por arsênico, 
procurando associá-lo à jurisprudência, ou seja, à necessidade das análises 
toxicológicas como prova legal das intoxicações (Gilbert, 20122). 
 
 A Toxicologia pode ser definida como o estudo dos efeitos adversos 
de agentes químicos sobre organismos vivos. Embora esta definição possa 
parecer relativamente simples há alguns aspectos que valem a pena ser 
explorados. Efeitos adversos podem variar desde efeitos óbvios como morte, 
câncer e lesões como uma queimadura por ácido a efeitos indesejados como 
excesso de cafeína. Como nossa compreensão da toxicologia tem aumentado, 
tem havido uma mudança no foco para reconhecer a sensibilidade individual e 
os efeitos adversos mais sutis tais como uma diminuição na aprendizagem e 
memória (Gilbert, op. cit.). 
A Toxicologia como ciência pode ser dividida em várias áreas de 
conhecimento como mostrado na Figura 1. 
 
 
1 Phillippus Aureolus (1493-1541), nascido na Suíça, tomou o pseudônimo de Theophrastus Bombastus 
von Hohenheim e mais tarde assumiu o nome Paracelsus (1493-1541). Este nome significaria seu desejo 
de se aproximar do filósofo e escritor médico romano Aulus Cornelius Celsus (3 AC-64 DC), que 
propagou a necessidade limpeza e recomendou lavar as feridas com anti-séptico como o vinagre. 
2 Gilbert S.G. A Small Dose of Toxicology, Healthy World Press. A project of the Institute of 
Neurotoxicology and Neurological Disorders (INND) Seattle, Second edition, January 2012 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 1: Áreas de conhecimento da Toxicologia 
 
O CAS (Chemical Abstract Service) da Sociedade Americana de 
Química tinha registradas, em novembro de 2024, cerca de 279 milhões de 
substâncias químicas registradas entre orgânicas e inorgânicas, como ligas, 
compostos, minerais, misturas, polímeros e sais3. 
 
Esta produção acelerada de substâncias químicas não tem sido 
acompanhada, na mesma velocidade, pelas pesquisas sobre os seus efeitos 
negativos sobre o ser humano. 
 
Das substâncias químicas conhecidas cerca de 1.200 têm Limites de 
Exposição Ocupacional estabelecidos em diversos países, sendo que no Brasil 
temos apenas 143 Limites de Tolerância4 para os produtos químicos e apenas 
38 constam do Anexo II do Decreto 3.048/99 que lista os agentes patogênicos 
causadores de doenças profissionais ou do trabalho reconhecidas pela 
previdência social no Brasil. 
 
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2021), todos os 
anos, mais de 1 bilhão de trabalhadores são expostos em seus ambientes de 
trabalho a substâncias perigosas, incluindo poluentes, poeiras, vapores e 
fumos. Muitos destes trabalhadores perdem a vida após tais exposições, 
sucumbindo a doenças, como câncer e envenenamentos e a lesões após 
incêndios ou explosões. Também devemos considerar ao risco adicional que 
trabalhadores e suas famílias enfrentam com lesões não fatais que resultam 
em invalidez, doenças crônicas debilitantes e outras sequelas de saúde, que 
 
3 CAS- Chemical Abstract Service: https://www.cas.org/cas-data/cas-registry. Acesso em 02 de março de 
2023 
4 Anexo 11 da Nora Regulamentadora-15 – Atividades e Operações Insalubres (em vigor) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.cas.org/cas-data/cas-registry
 
8 
infelizmente, em muitos casos, permanecem invisíveis. Todas essas mortes, 
lesões e doenças são totalmente evitáveis.5 
 
Estimativas publicadas pela OIT (OIT, 2021. op.cit.) revelam que mais de 
2.780.000 trabalhadores morrem no mundo a cada ano devido às suas 
condições de trabalho e que a exposição a substâncias perigosas. Isso se 
traduz em que pelo menos um trabalhador morre a cada 30 segundos devido a 
exposição ocupacional a substâncias químicas perigosas. 
 
A OIT (OIT, 2021, op. cit.) reconheceu que a proteção dos trabalhadores 
contra produtos químicos perigosos é essencial para garantir populações 
saudáveis e ambientes sustentáveis. No entanto, os trabalhadores continuam a 
ser desproporcionalmente expostos a produtos químicos em quase todos os 
setores de trabalho. 
Por outro lado, a produção de agentes químicos bem como as indústrias 
que os utilizam vem se expandindo, o que significa um alto potencial para 
maior exposição ocupacional. Além disso, com novos produtos químicos 
introduzidos a cada ano, há um esforço para introduzir mecanismos para 
regular a exposição, como o estabelecimento de limites de exposição 
ocupacional que procuram acompanhar a velocidade com que as substâncias 
químicas são introduzidas nos processos e ambientes de trabalho. 
 
As exposições ocupacionais a produtos químicos têm efeitos tóxicos em 
diferentes sistemas do corpo humano, incluindo os sistemas reprodutivo, 
cardiovascular, respiratório e imunológico, bem como em órgãos específicos, 
como o fígado e cérebro. 
 
Entre os principais agravos à saúde relacionados à exposição a 
substâncias químicas podemos citar: 
 
a) Intoxicações exógenas 
b) Drogas que causam dependência 
c) Exposição ocupacional 
d) Exposição ambiental da comunidade 
e) Poluição urbana 
f) Resíduos e contaminantes em ar, solo e água 
g) Acidentes ou catástrofes ambientais 
 
 
Ia. Princípios da Toxicologia6 
 
Há três princípios ou conceitos básicos em Toxicologia: 
 
1. Dose/resposta; 
 
5 ILO. International Labour Office. Exposure to hazardous chemicals at work and resulting health 
impacts: A global review. International Labour Office – Geneva: ILO, 2021. Disponível em: 
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---
lab_admin/documents/publication/wcms_795460.pdf Acesso em 10 nov 2021 
6 Modificado de Gilbert, S.G, 2012, op. cit. 
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---lab_admin/documents/publication/wcms_795460.pdfhttp://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---lab_admin/documents/publication/wcms_795460.pdf
 
9 
2. Perigo (ou fator de risco) e exposição que produz ou eleva o 
risco e 
3. Sensibilidade e susceptibilidade individuais. 
 
Suscetibilidade e Sensibilidade 
 
Suscetibilidade se refere às diferenças individuais na sensibilidade a 
agentes tóxicos, levando as pessoas a sofrer maiores efeitos que outras em 
face de uma mesma exposição. Isto é um conceito básico em toxicologia e 
deve ser levado em conta na análise e na gestão de risco. Susceptibilidade 
está relacionada a diversos fatores, incluindo idade, gênero (sexo), 
antecedentes genéticos e de saúde. 
 
Sensibilidade está relacionada à suscetibilidade, mas geralmente se 
refere a casos de extrema susceptibilidade a certos agentes por determinadas 
pessoas. Alguém que é alérgico a picadas de abelha pode ter uma reação fatal 
quando picada por uma única abelha, enquanto, para a maioria das pessoas, 
uma única picada não é motivo de preocupação. Por outro lado, uma maior 
sensibilidade pode se desenvolver após a exposição repetida a um agente ou 
um agente semelhante. Alergia a pelos de animais como gatos ou cães são 
exemplos de sensibilidades específicas a pelos destes animais. Outros 
indivíduos podem desenvolver sensibilidade aos resíduos de ácaros. 
 
Idade. Em geral pessoas jovens ou idosos são mais suscetíveis a 
efeitos adversos de um determinado agente químico. Os jovens, 
particularmente os muito jovens, são mais sucetíveis porque seu organismo 
está rapidamente se desenvolvendo e células em divisão são mais facilmente 
lesadas que as células maduras. Por exemplo, o chumbo afeta o 
desenvolvimento do sistema nervoso de um jovem em maior grau que no 
cérebro de pessoas adultas, pois o cérebro se desenvolve mais rapidamente 
após o nascimento e especialmente nos primeiros sete anos de vida, sendo 
que este não está completamente desenvolvido até a adolescência. Além do 
mais, durante os primeiros anos de vida o metabolismo hepático dos agentes 
químicos também está reduzido. Por outro lado, os idosos são mais sensíveis 
aos agentes químicos por causa de sua reduzida capacidade de metabolizá-los 
e compensar seus efeitos 
 
 O gênero também tem um papel importante na suscetibilidade aos 
agentes químicos, em parte devido às influências hormonais. Neste caso, uma 
pequena exposição a hormônios específicos tem uma grande influência na 
fertilidade, como é o caso dos anticoncepcionais. Outros agentes como os PCB 
(policlorobifenilas) também parecem afetar alguns hormônios femininos. 
Mulheres têm problemas adicionais relacionados à gravidez, que causam 
mudanças fisiológicas que podem alterar a absorção, distribuição e 
metabolismo de um agente químico e influenciar seus efeitos. Por exemplo, 
durante a gravidez há um decréscimo no metabolismo hepático que aumenta a 
meia-vida da cafeína, enquanto a mobilização de cálcio durante a gravidez 
também pode provocar a redistribuição chumbo dos ossos se houver ocorrido 
uma exposição prévia ao chumbo. 
 
10 
 
 Saúde individual é outro fator que pode influenciar a susceptibilidade a 
um agente químico. Um órgão como o fígado ou um sistema imunológico 
comprometido pode fazer com que baixos níveis de exposição a um agente 
sejam intoleráveis. Um diabético pode ter um efeito tóxico ao açúcar e pode 
encontrar um benefício considerável nos adoçantes. Por outro lado, os 
indivíduos que não podem metabolizar a fenil-alanina, uma substância natural e 
essencial e que pode ser encontrada em adoçantes artificiais, podem sofrer um 
efeito tóxico ao beber refrigerantes com adoçantes artificiais. Um indivíduo 
asmático pode ter agravo extremamente sério se for exposto à fumaça de 
queima de madeira ou a inseticidas do grupo dos piretróides, enquanto muitas 
pessoas toleram exposições curtas. A fumaça de madeira é, no entanto, tóxica 
e exposições crônicas podem ocasionar problemas de saúde. As alterações 
fisiológicas de algumas doenças ou doenças crônicas são, portanto, 
considerações muito importantes na avaliação da exposição a um agente 
químico. 
 
 Finalmente, nossas variações genéticas podem nos tornar mais ou 
menos propensos a doenças ou aos efeitos tóxicos dos agentes químicos. 
Alguns podem tolerar cafeína antes de dormir, enquanto para outros a 
exposição pode resultar em uma noite mal dormida. Assim, é sempre 
importante considerar as características individuais em uma situação de 
exposição a agentes químicos. 
 
 Embora estes princípios possam formar a base da toxicologia, podem 
ocorrer divergências sobre a importância relativa de 
qualquer um desses princípios quando tentamos avaliar as implicações para a 
saúde pública. Explorar estes princípios é um primeiro passo essencial antes 
de examinar a sua aplicação para qualquer substância específica 
 
II – TOXICOLOGIA OCUPACIONAL 
 
A partir de observações e publicações, entre as quais, de Bernardino 
Ramazzini (1.638-1.714), Percival Pott (1.765) e K.B. Lehmann de Wutzburg 
(1.884), surge a denominada Toxicologia Ocupacional, considerada uma das 
áreas mais importantes da Toxicologia, não apenas pela existência de um 
grande número de substâncias químicas e principalmente pelos trabalhadores 
que, dia após dia, desempenham suas atividades profissionais com frequentes 
exposições a agentes químicos. 
 
Podemos conceituar Toxicologia Ocupacional “como a área da 
Toxicologia que estuda a interação entre os agentes químicos, 
caracterizados como matérias-primas, produtos intermediários e/ou 
produtos acabados, e a saúde do Homem no seu ambiente de trabalho 
com o objetivo de detectar possíveis alterações biológicas" 
 
 Vários aspectos entre outros, são estudados pela Toxicologia Ocupacional 
sob forma mais abrangente: 
 
 • os agentes tóxicos no ambiente ocupacional 
 
11 
• as características físicas e químicas dessas substâncias 
• aspectos toxicocinéticos 
• grau de toxicidade 
• mecanismos de ação tóxica 
• estudo das intoxicações agudas, subagudas e crônicas 
• controle ambiental e biológico. 
 
Por outro lado, a Toxicologia Ocupacional, se apóia em três 
elementos básicos: 
 
a) a existência de uma substância química (agente tóxico) capaz de 
produzir uma determinada resposta no organismo vivo; 
 
b) a identificação do sistema biológico sobre o qual a substância 
química poderá interagir e 
 
c) a necessidade de que a resposta possa ser considerada nociva 
ao sistema orgânico com o qual interage. 
 
 
 III - INTOXICAÇÕES 
 
 Conceito: Conjunto de sinais e sintomas que revela o desequilíbrio orgânico 
produzido pela absorção e interação do agente tóxico com o organismo. 
 
• INTOXICAÇÃO  efeito 
• INTOXICAÇÃO = sinais + sintomas = soma de efeitos. 
 
 Quanto à intensidade as intoxicações podem ser: 
 • letais 
 • graves 
 • moderadas e 
 • leves 
 
 Quanto à duração da exposição ao agente tóxico no ambiente 
ocupacional as intoxicações podem ser: 
 
• de curto prazo (intoxicações agudas) 
• de médio prazo (intoxicações sub-agudas) 
• de longo prazo (intoxicações crônicas) 
 
 
lntoxicações agudas ou de curto prazo 
 
São aquelas em que a dose introduzida no organismo, ocorre de 
forma única ou múltipla, porém num período máximo de 24 horas. Portanto, a 
exposição é de curta duração com rápida absorção do agente tóxico. 
 
 
 
 
 
 
12 
Intoxicação de médio prazo 
 
 Ocorre num período de vários dias ou semanas durante os quais o 
organismo está sujeito a exposições repetidas. 
 
 
Intoxicações de longo prazo ou crônicas 
 
 Ocorrem por períodos longos, de meses ou anos, muitas vezes 
durante toda a vida profissional do trabalhador. Neste caso, tem-se geralmente 
acúmulo do agente tóxico com os efeitos se manifestando posteriormente ou 
ainda efeitos aditivos conseqüentes de exposições sucessivas. 
 
 
IV - TOXICIDADE 
 
1. Definição 
 
 TOXICIDADE de uma substância pode ser definida como sendo a 
capacidade da substância de provocar lesões aum organismo vivo. 
 
 Deste modo, a toxicidade é a propriedade potencial que as 
substâncias químicas possuem, em maior ou menor grau, de instalar um 
estado patológico em consequência de sua introdução e interação com o 
organismo, sob determinadas condições. Esta maior ou menor intensidade de 
ação dependerá de diversos fatores relacionados com a substância química e 
com o organismo ou de seu(s) produto(s) de biotransformação, em 
determinada(s) concentração (ões), no sítio especifico de ação. 
 
 Assim, quando definimos a toxicidade de uma substância temos que 
mencionar: a quantidade da substância administrada ou absorvida (dose), a 
forma pela qual foi administrada (inalação, ingestão, cutânea ou injetável), a 
frequência das doses (simples ou repetidas), o tipo e a severidade da lesão, e 
o tempo necessário para produzi-la. 
 
 A caracterização do risco decorrente da exposição a determinada 
substância química e os valores limites de exposição estão diretamente 
relacionados ao seu modo de ação tóxica. Assim os valores de exposição 
considerados seguros, também chamados de Limites de Exposição 
Ocupacional (LEO), são definidos a partir de estudos de avaliação de 
toxicidade a partir de evidências geradas pelos estudos em animais de 
experimentação, estudos epidemiológicos e outros dados e estudos in vitro. 
 
A ação das substâncias químicas sobre o organismo humano se dá de 
diferentes formas sendo que os principais mecanismos de sua ação tóxica 
são: 
 
• Interferência em sistemas enzimáticos de forma reversível ou 
irreversível; 
 
 
13 
• Interferência no transporte de oxigênio como a formação de 
carboxi-hemoglobina e metahemoglobina; 
 
• Interferências genéticas: ação citostática, carcinogênica, 
genotóxica direta ou indireta ou mutagênese e teratogênese; 
 
• Interferência nas funções gerais das células: ações anestésicas e 
de interferência na neurotransmissão; 
 
• Irritação direta dos tecidos: dermatite química e gases irritantes; 
 
• Reações de hipersensibilidade: alergia e fotossensibilização. 
 
 
2. Dose, resposta e efeito 
 
 Três termos importantes em toxicologia são “dose” e “resposta” e “efeito”. 
 
DOSE: A dose é a quantidade de exposição a um agente. É uma medida 
quantitativa da exposição em relação a um indivíduo. Para um agente químico 
ou droga a dose é quantidade do produto em relação ao peso corpóreo. A 
quantidade (medida em gramas ou miligramas) e o peso corpóreo (medido em 
quilogramas). Assim a dose é a quantidade do agente químico dividida pelo 
peso corpóreo, isto é, em mg/kg. 
 
RESPOSTA: corresponde à proporção da população que apresentou uma 
alteração orgânica (efeito) definida pela substância química. 
 
EFEITO: corresponde à alteração orgânica produzida pela exposição ao 
agente químico. 
 Como exemplo podemos citar os efeitos do chumbo sobre vários 
produtos intermediários do Heme da Hemoglobina: 
 FEP = protoporfirina eritrocitária livre; 
 ALA-D = atividade da enzima ácido delta-aminolevulínico desidratasse e 
 ALA-U = Ácido delta aminolevulínico na Urina 
 
2.2 - Relações: dose-efeito e dose-resposta 
 
 DOSE-EFEITO: demonstram uma relação entre a concentração no 
sangue e a magnitude do efeito por meio de curvas de “dose-efeito”. 
 
 DOSE-RESPOSTA: as curvas de “dose-resposta’ demonstram uma 
relação entre a dose e a proporção de indivíduos que apresentam um efeito 
definido e quantitativo. Em geral, quanto maior a dose maior será a resposta. 
 
Um exemplo de dose-resposta é dado pela Figura 2. 
 
 
14 
 
Figura 2: Dose-resposta em função da dificuldade de caminhar e o número de 
copos de vinho consumidos. (Fonte: Gilbert, 2012, op. cit.) 
 
A Figura 2 apresenta uma curva ideal de dose-resposta e ilustra o 
princípio de que em baixas doses (i.e. poucos copos) há uma pequena 
resposta e aumentando a dose (mais copos) há uma resposta maior. Devemos 
notar que este gráfico não leva em consideração o peso corpóreo e outras 
variáveis como gênero ou frequência da exposição, ou seja, o tempo decorrido 
entre as ingestões dos copos de vinho. 
 
 2.3. Dose efetiva média (DE50), dose letal média (DL50), concentração 
efetiva média (CE50) e concentração letal média (CL50). 
 
DE50 - Corresponde à quantidade de substância que afeta metade 
de um grupo de animais de certa espécie provocando um 
determinado efeito. É um método experimental reprodutível e 
confiável. 
 
DL50 - Corresponde à quantidade (em mg/kg de peso corpóreo) 
necessária para provocar a morte de 50% de um grupo de 
animais submetidos à experiência. 
 
CE50 - Corresponde à concentração (em ppm ou mg/m
3
) de uma 
substância química que afeta a metade de um grupo de 
animais submetidos à exposição. Neste caso deve-se 
mencionar o tempo de duração da exposição ao agente tóxico. 
 
CL50 - Corresponde à concentração (em ppm ou mg/m
3
) de uma 
substância química na atmosfera capaz de provocar a morte 
de 50% dos animais submetidos à experiência, por um 
determinado tempo. 
 
O cálculo destes dados se faz por meio de experimentos que exigem 
condições e dados específicos que, entre outros, podemos mencionar: espécie 
animal, gênero, idade, peso, estado de nutrição, via de administração, 
temperatura, umidade ambiente, estado físico do agente químico utilizado etc. 
 
 
15 
Os valores numéricos de DL50 (oral ou dérmica) e de CL50 são 
obtidos a partir dos índices de mortalidade observados, empregando-se 
diversos métodos estatísticos. 
 
 
V - CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS 
 
Existem diversas formas de classificar os agentes tóxicos presentes 
nos ambientes de trabalho sendo difícil apresentar uma que possa ser 
considerada melhor. 
Adotaremos três formas de classificação: física, fisiológica e 
química. 
 
1 CLASSIFICAÇÃO FÍSICA 
 
Baseia-se na forma física em que se apresentam os agentes químicos nos 
ambientes ocupacionais. 
 
a) GASES: São substâncias que se apresentam no estado gasoso 
nas condições normais de pressão e temperatura (25°C, 760 
mmHg) podendo passar ao estado líquido por meio do aumento de 
pressão e diminuição da temperatura. Exemplos: monóxido de 
carbono (CO), sulfeto de hidrogênio (H2S), óxidos de nitrogênio 
(NO e N02) Ozona (03) anidrido sulfuroso (SO2). 
 
b) VAPORES: Fase gasosa de substâncias que são naturalmente 
sólidas ou líquidas. Exemplos: vapores resultantes da volatilização 
de solventes orgânicos (benzeno, sulfeto de carbono, tetracloreto 
de carbono, tolueno, xileno), alcoóis e éteres. 
 
 
 c) AERODISPERSÓIDES 
 
c. 1 - SÓLIDOS 
 
c. 1.1- Poeiras: formam-se pela ruptura mecânica de sólidos 
maiores como rochas, madeiras, cereais, amianto. 
 
c. 1.2 - Fumos: São gerados na fusão de metais, pela 
condensação ou oxidação dos vapores metálicos. Geralmente 
são muito pequenos, menores de que 1,0. 
Exemplos: óxido de chumbo (PbO), óxido de ferro 
(Fe203), óxido de cádmio (CdO). 
 
 c. 2 – LÍQUIDOS 
 
c. 2.1 - Neblinas: resultam da condensação de vapores de 
substâncias naturalmente liquidas 
 
 c. 2.2 - Névoas: Resultam da ruptura mecânica de 
 substâncias líquidas. Exemplo: pinturas com sprays. 
 
16 
 
 
2 CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA 
 
 Baseia-se na ação tóxica exercida pelos agentes químicos. Não é uma 
classificação satisfatória, pois vários fatores podem interferir quanto ao local e 
intensidade dessas ações sendo quase impossível agrupar número tão grande 
de agentes químicos sob esse aspecto. Além disto, um mesmo produto 
químico pode ter ações fisiológicas em vários órgãos ou sistemas orgânicos. 
 
Entre os principais fatores que influenciam a resposta orgânica à 
exposição a agentes tóxicos podemos citar: 
 
❖ Fatores enzimáticos 
 
❖ Suscetibilidade ou sensibilidade individuais que levam a reações alérgicas 
 
❖ Idade 
 
❖ Gênero em virtude das diferenças hormonais 
 
❖ Doenças preexistentes 
 
❖ Natureza e duração da jornada de trabalho 
 
❖ Exposição prévia que pode ocasionar sensibilização 
 
❖ Condições sócio-econômicas❖ Diferenças genéticas e hereditárias 
 
❖ Diferenças anatômicas 
 
 
3 CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA 
 
Baseia-se na estrutura química dos principais contaminantes presentes nos 
ambientes de trabalho. 
 
4 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A AÇÃO TÓXICA DOS AGENTES QUÍMICOS 
 
A ação tóxica depende fundamentalmente de: 
 
• Concentração do agente químico na atmosfera 
• Tempo de exposição à substância química 
• Estado físico dos agentes químicos contaminantes 
• Solubilidade (hidro e lipossolubilidade) 
• Afinidade com constituintes orgânicos 
• Susceptibilidade individual. 
 
 
17 
 
 4.1 IRRITANTES 
 
Os irritantes são substâncias químicas que exercem ação 
inflamatória na pele e nas mucosas pelo contato direto. São produtos 
corrosivos e a intensidade da ação depende principalmente da sua 
concentração. 
 
 Geralmente afetam o trato respiratório, a pele e os olhos 
 
Irritantes Primários: Exercem apenas ação local. 
 
Têm uma ação sobre as vias respiratórias superiores (nariz, 
garganta) 
 
São produtos de alta solubilidade em água tais como: HCl (ácido 
clorídrico), H2SO4 (ácido sulfúrico), NH3 (amônia), Formaldeído ou formol. 
 
Podem também ter uma ação sobre os brônquios, podendo em alguns 
casos agir em todo o trato respiratório, principalmente os produtos com 
solubilidade moderada em água como: SO2, BR2, F2, I2 
 
Por outro lado, produtos com baixa solubilidade em água provocam 
irritação principalmente sobre os pulmões e neste caso merecem destaque o 
O3, NO2, e o Fosgênio. 
 
Por outro lado, existem produtos que tem uma ação atípica, pois são 
altamente irritantes das vias aéreas superiores apesar de sua baixa 
solubilidade em água tais como: acroleína e gases lacrimogênicos 
 
Irritantes secundários: Quando além da ação local tem uma ação geral 
sistêmica. 
Exemplos: 
 
a) Sulfeto de Hidrogênio (H2S) 
• Irritante local 
• Tosse 
• Expectoração sanguinolenta 
• Polipneia (aumento da frequência respiratória) 
• Espasmo brônquico 
• Edema agudo de pulmão. 
 
b) Fosfina (PH3) 
• Irritante local 
• Dores abdominais 
• Vômitos 
• Diarreia 
 • Sede 
• Cefaleia 
 
18 
• Midríase (dilatação das pupilas) 
 • Sensação de opressão torácica 
 • Hipotensão arterial 
 • Vertigens 
• Tremor de extremidades 
 • Convulsão 
 
Quanto à ação no sistema respiratório podemos dividir os irritantes em: 
 
a) Irritantes das vias aéreas superiores 
 
 São os que têm maior solubilidade em água. 
 
 Exemplos: 
• Névoas e poeiras alcalinas 
• Amônia 
• Ácido crômico 
• Ácido clorídrico 
• Ácido fluorídrico 
 
b) Irritantes das vias aéreas superiores, das vias aéreas 
inferiores e do tecido pulmonar 
 
 Possuem solubilidade intermediária em água. 
 
 Exemplos: 
 
• Halogênios: cloro, bromo, iodo e flúor 
• Brometo de cianogênio 
• Ozona (03) 
• Dióxido de Enxofre (SO2) 
• Cloretos de Enxofre 
• Tricloreto de Fósforo 
• Pentacloreto de Fósforo 
 
c) Irritantes das vias áreas profundas (principalmente vias 
respiratórias terminais e sacos alveolares) 
 
São pouco solúveis na água, como por exemplo: Tricloreto de 
Arsênico, Dióxido de Nitrogênio, Tetróxido de Nitrogênio e 
Fosgênio. 
 
 
4.2 ASFIXIANTES 
 
São substâncias que provocam deficiência na oxigenação dos tecidos 
sem interferir no mecanismo de ventilação pulmonar. Podem ser divididos em 
duas categorias 
 
 
19 
• Asfixiantes simples: São considerados fisiologicamente inertes e 
atuam principalmente, por meio da diminuição da concentração 
de oxigênio no ar reduzindo-a a níveis inferiores a 18%. 
Exemplos: 
 
• Nitrogênio 
• Dióxido de carbono 
• Hidrogênio 
• Metano 
• Etano 
 
• Asfixiantes químicos (bioquímicos): São substâncias que 
provocam asfixia por agirem bioquimicamente, evitando o 
transporte de eficiente de oxigênio na corrente sanguínea ou 
impedindo a oxigenação normal dos tecidos. 
 
 Os asfixiantes químicos clássicos são: 
• Monóxido de carbono (CO): interfere no transporte de 
oxigênio pela hemoglobina ao se combinar com a 
mesma e formando a carboxi-hemoglobina. 
 
O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro e sem 
gosto. A principal fonte de emissão do monóxido de 
carbono é a queima incompleta de combustíveis 
derivados de petróleo, como a gasolina e o diesel, ou 
seja, substâncias ricas em carbono. O monóxido de 
carbono também é liberado por fontes naturais, como 
atividade vulcânica e emissão de gás natural; sistemas de 
aquecimento, usinas termelétricas a carvão, queima de 
biomassa e de fornos de indústrias siderúrgicas. 
 
As moléculas de monóxido de carbono se ligam à 
hemoglobina presente no sangue. O CO tem uma afinidade 
pela hemoglobina cerca de 200 a 250 maior que o Oxigênio 
e impedindo o seu transporte para os tecidos. 
 
• Cianeto: interfere na utilização do oxigênio pelos 
tecidos, atuando na cadeia respiratória por inibição da 
enzima citocromo-oxidase mitocondrial. 
 
 As principais fontes de emissão antropogênica são 
mineração de ouro (nos processos de lixiviação), 
indústrias químicas, de processamento de metais 
(galvanoplastia) e exaustão veículos. 
 
• Outros asfixiantes: Anilina, metil-anilína, dimetilanilina, 
toluidina, nitrobenzeno e nitritos: atuam sobre a 
hemoglobina formando meta-hemoglobina e interferindo 
no transporte de oxigênio. 
 
 
20 
4.3 ANESTÉSICOS E NARCÓTICOS 
 
 Com ação depressora do sistema nervoso central cuja intensidade depende 
principalmente da concentração da substância e de sua ação especifica: 
 
• Hidrocarbonetos acetilênicos (acetileno, alilenos etc.) 
• Hidrocarbonetos olefinícos (etileno) 
 • Éter etílico e isopropílico 
• Hidrocarbonetos parafínicos (propano a decano) 
• Cetonas alifáticas (acetona a octanona) 
• Alcoóis alifáticos (etílico, propílico, butílico e amílico) 
 • Ésteres que se hidrolisam no organismo a ácidos orgânicos e 
alcoóis. 
 
4.4 TÓXICOS SISTÊMICOS 
 
 São aqueles em que a principal ação consiste em provocar danos em vários 
sistemas como Hepático, Renal, Nervoso Central e Hematopoiético. 
 
4.4.1 AGENTES HEPATOTÓXICOS 
 
• Clorofórmio 
• Tetracloreto de carbono 
• Bromotriclorometano 
• Cloroacetaldeido 
• Compostos clorados em geral (Exemplo: Tetracloroetileno) 
 
4.4.2 AGENTES NEFROTÓXICOS 
 
• Clorofórmio e tetracloreto de carbono (também são 
hepatotóxicos) 
• Mercúrio, cádmio e cromo 
• PCBs (policloreto de bifenila ou policloro-bifenilas) 
• TCDD (tetraclorodibenzo-p-dioxina) 
 
4.4.3 AGENTES NEUROTÓXICOS 
 
• Sulfeto de carbono (CS2) 
• Tricloreto de nitrogênio 
• Álcool etílico 
• Manganês 
• Mercúrio orgânico 
• Brometo de metila 
• DDT 
• Compostos organofosforados 
 
 
 
 
 
21 
4.4.4 AGENTES COM AÇÃO A NIVEL SANGUÍNEO OU SISTEMA 
HEMATOPOIÉTICO (MIELOTÓXICOS) 
 
 • Acetato de cellosolve (2- Butoxietanol): também genotóxico e 
tóxico para a reprodução 
• Benzeno 
• 2- Metoxietanol (utilzado em tintas) 
 • Nitritos, anilina e toludina 
• Arsênico: provoca hemólise 
 
4.4.5 AGENTES OTOTÓXICOS 
 
• Hidrocarbonetos: Estireno, Tolueno, Xileno, Etil-benzeno e 
 n-hexano 
• Asfixiantes e outros compostos orgânicos: monóxido de carbono, 
disssulfeto de carbono, HCN (cianeto de hidrogênio), 
tricloroetileno e acrilonitrila 
• Metais pesados: chumbo, mercúrio, manganês, arsênico. 
 
 É importante salientar que os agentes ototóxicos também podem ser 
nefrotóxicos, uma vez que o rim e o ouvido interno têm a mesma origem 
embriológica, além de terem um efeito sinérgico com o ruído.7 
 
4.4.6 CARCINOGÊNICOS 
 
 Em 2008, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que dos 
12,7 milhões de casos novos de câncer e 19% foram atribuídos a exposição 
ambiental, incluindo os locais de trabalho, resultando em 1,3 milhões de mortes 
por ano. Câncer de pulmão, mesotelioma e câncer de bexiga são os tipos maiscomuns de cânceres ocupacionais. Estimou-se que a radiação UV causou 
60.000 mortes em 2002, das quais 48.000 foram melanomas e 12.000 foram 
carcinomas escamosos e basocelulares (WHO, 20118). 
 
O câncer é a principal causa de morte relacionada ao trabalho e mais de 
200 substâncias diferentes foram identificadas como cancerígenos para o ser 
humano conhecidos ou prováveis, com muitas dessas exposições ocorrendo 
no local de trabalho. 
 
 Várias instituições científicas possuem uma classificação de 
substâncias cancerígenas baseada em estudos epidemiológicos atualizados 
periodicamente. 
 A classificação mais conhecida é da IARC – International Agency for 
Research on Cancer 9. 
 
 
7 Robert M.Ghent, Jr. Can Industrial Chemical Exposure Cause Hearing Loss? In: Occupational Health 
and Safety, June, 2016. p 16-20 
8 WHO – World Health Organisation – Fact Sheet n°. 350, March 2011. Disponível em: 
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs350/en/. 
9 A lista de cancerígenos é atualizada periodicamente e disponível no site: www.iarc.fr 
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs350/en/
http://www.iarc.fr/
 
22 
 A classificação adotada pela IARC10 é a seguinte: 
 
GRUPO 1 – Substâncias Cancerígenas (carcinogênicas) para o 
Homem 
 Grupo de substâncias, processos industriais ou exposições 
ocupacionais que em determinadas circunstâncias acarretam exposição que 
são cancerígenas para seres humanos. 129 agentes. 
 
GRUPO 2 – Dividido em dois subgrupos: 
 
GRUPO 2A – O agente (mistura) é provavelmente cancerígeno para 
seres humanos. 
 Determinadas circunstâncias que acarretam exposição que são 
provavelmente cancerígenas para seres humanos. Dados limitados em 
humanos e dados suficientes em animais. 96 agentes 
 
GRUPO 2B – O agente (mistura) é possivelmente cancerígeno para 
seres humanos. 
Determinadas circunstâncias que acarretam exposição que são 
possivelmente cancerígenas para seres humanos (evidências suficientes 
em animais e dados inadequados em humanos). 321 agentes 
 
GRUPO 3 – Substâncias ou grupo de substâncias, processos industriais 
ou exposições ocupacionais não classificáveis como cancerígenos para 
humanos. Dados ausentes ou inadequados em humanos ou em 
animais.499 agentes 
 
As substâncias químicas ou processos de trabalho reconhecidamente 
cancerígenos encontram-se listadas no Anexo I desta Apostila. 
 
Dentre as substâncias reconhecidamente cancerígenas (Grupo 1 da IARC) 
destacamos: 
• Arsênico 
• Acrilonitrila 
• Benzeno 
 • Benzidina: câncer de bexiga devido ao efeito da urina sobre o seu 
metabólito no interior da bexiga 
• 1,3 Butadieno 
• 2 - Naftilamina 
• p naftilamina; 
• 4 - aminobofenila 
• 4 - nitrodifenil 
• Cromo (VI) 
• Niquel 
• Cloreto de vinila 
• Cromatos 
 
10 Atualizado em 08 de novembro de 2024. Disponível emhttps://monographs.iarc.who.int/agents-
classified-by-the-iarc/ acess0 em 08 nov 2024 
 
23 
• Bi(clorometil) éter 
 • Asbestos 
 • Óleo isopropílico e óleo mineral 
 
No Brasil os Ministérios do Trabalho e da Saúde publicaram em 8 de outubro 
de 2014 a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH11), 
baseada na classificação da IARC. 
 
Os agentes cancerígenos de que trata a LINACH são classificados de acordo 
com os seguintes grupos: 
 
I - Grupo 1 - carcinogênicos para humanos; 
II - Grupo 2A - provavelmente carcinogênicos para humanos e 
III - Grupo 2B - possivelmente carcinogênicos para humanos. 
 
A Tabela 1 apresenta os principais cânceres relacionados à exposição a 
agentes químicos conforme publicação da Organização Mundial de Saúde 
(OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2021. 
 
 
TABELA 1 – Exposição ocupacional a agentes químicos e câncer 
 
Fator de Risco (Exposição) Localização do câncer 
Ácido sulfúrico Laringe 
Asbestos Traqueia, brônquios, pulmão, 
ovários e laringe 
Asbestos Mesotelioma 
Arsênico Traquea, brônquios e pulmão 
Benzeno Leucemia 
Berílio Traqueia, brônquios e pulmão 
Cádmio Traqueia, brônquios e pulmão 
Cromo Traqueia, brônquios e pulmão 
Produtos de exaustão de motores a diesel Traqueia, brônquios e pulmão 
Formaldeído Nasofaringe e Leucemia 
Níquel Traqueia, brônquios e pulmão 
HPA (Hidrocarbonetos Policíclicos 
Aromáticos) 
Traqueia, brônquios e pulmão 
Sílica Traqueia, brônquios e pulmão 
Tricloroetileno Rim 
 
Fonte: WHO/ILO joint estimates of the work-related burden of disease and injury, 2000-
2016: global monitoring report: Geneva: World Health Organization and the 
International Labour Organization, 2021. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. Disponível 
em: http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---
lab_admin/documents/publication/wcms_819788.pdf 
 
 
11 Ver PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 9, DE 7 DE OUTUBRO DE 2014, publicada no D.O.U de 
08 de outubro de 2014, disponível em: 
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=140&data=08/10/2014 
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---lab_admin/documents/publication/wcms_819788.pdf
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---lab_admin/documents/publication/wcms_819788.pdf
 
24 
4.4.7 PARTICULADOS COM AÇÃO RESPIRATÓRIA (NÃO SISTÊMICA) 
 
• Fibrogênicos: Sílica livre cristalizada, asbestos e carvão mineral 
 
• Não Fibrogênicos: cassiterita, cimento, silicatos, mica, feldspato e 
sílica amorfa. 
 
 Os particulados ou aerodispersóides não fibrogênicos não modificam o 
tecido pulmonar, produzindo uma reação tecidual relativamente leve e 
potencialmente reversível. 
 
 4.4.7.1 Sílica livre cristalina 
 
 Exposições ocupacionais à sílica cristalina respirável são associadas ao 
desenvolvimento de silicose, câncer de pulmão, tuberculose pulmonar e 
doenças das vias aéreas. 
 
As doenças pulmonares causadas pela inalação de poeiras minerais, 
incluindo a sílica, são denominadas pneumoconioses. A inalação de poeiras 
contendo sílica livre pode ocasionar, entre outras doenças, a silicose. A 
silicose tem é uma doença evitável, irreversível, sem tratamento específico, 
que pode progredir para formas graves e levar à morte. Muitas vezes, acomete 
indivíduos jovens, interrompendo e interferindo na capacidade laborativa, 
acarretando impactos sócio-econômico importantes. 
 
A exposição à poeira de sílica, também está associada aos seguintes 
agravos: tuberculose (TB) - nos quadros de sílico-tuberculose; doenças 
respiratórias obstrutivas, que inclui a doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC), bronquite crônica, doenças auto-imunes como a Síndrome de Caplan 
e o câncer de pulmão. Tais doenças podem ocorrer independentemente da 
presença de silicose, embora sejam mais comuns em sua presença (Carneiro e 
Algranti, 201412) 
 
 A silicose é caracterizada pela formação de cicatrizes permanentes nos 
pulmões provocada pela inalação da poeira de sílica livre cristalina (quartzo), 
sendo a mais antiga doença ocupacional conhecida. A sílica é o principal 
constituinte da areia e, por essa razão, a exposição a essa substância é 
comum entre os trabalhadores de minerações, os cortadores de arenito e de 
granito, os trabalhadores de fundições e indústrias metal-mecânicas e de vidro 
e os ceramistas e outras relacionadas no Quadro 1. 
 
 
 
 
 
 
 
12 Carneiro, A.P.S; Algranti, E. – Silicose e Doenças não malignas relacionadas à sílica. In: Pneumologia 
ocupacional ilustrada.: fotos e fatos/ Organizador Ubiratan de Paula Santos. 1. ed. São Paulo: Ed. 
Atheneu, 2014. p. 81-89. 
 
25 
 QUADRO 1 – Principais Fontes de Exposição à Sílica 
Ramo de Atividade Tipo de Operação 
CONSTRUÇÃO CIVIL • CORTE E POLIMENTO DE BLOCOS DE PEDRA, 
GRANITOS, CONCRETO e QUARTZO 
DECORATIVO e ROCHAS ARTIFICIAIS 
METAL – MECÂNICA • CORTE DE TIJOLOS REFRATÁRIOS PARA 
MANUTENÇÃO DE FORNOS• USO DE AREIA PARA MOLDES DE FUNDIÇÃO 
• JATEAMENTO DE AREIA (Proibido pela Portaria 
99/2004) 
• POLIMENTO COM ABRASIVOS E MOAGEM 
MINERAÇÃO • LAVRA COM EXPLOSIVOS 
• PERFURAÇÃO 
• TRANSPORTE E MOAGEM 
CERÂMICA • REBARBAÇÃO DE PEÇAS 
• PREPARAÇÃO DE MASSA 
• TORNEAÇÃO A SECO 
• PREPARAÇÃO DE FORMAS REFRATÁRIAS 
• ESMALTAÇÃO A REVÓLVER 
• CARGA E RETIRADA DE PEÇAS DO FORNO 
• POLIMENTO A SECO DE PRODUTOS 
ACABADOS 
VIDRO • MANUSEIO DE MATÉRIAS–PRIMAS 
• CARGA DE FORNO 
• CORTE DE TIJOLOS REFRATÁRIOS E 
MANUTENÇÃO DE FORNOS 
CIMENTO • PROCESSOS EM GERAL ATÉ A CARGA DOS 
FORNOS 
TINTAS • MANUSEIO DE MATÉRIAS – PRIMAS USADAS 
COM CARGA INERTE 
POLIDORES DOMÉSTICOS • PRODUÇÃO DE SABÕES E ABRASIVOS. 
 
Os sintomas de silicose se manifestam após um período de 15 a 20 
anos de exposição. No entanto, em ocupações que envolvem a utilização de 
jatos de areia, a perfuração de túneis e a utilização de abrasivos, que 
produzem concentrações elevadas de poeira de sílica, os sintomas podem 
ocorrer em menos de dez anos, levando a quadros de silicose aguda. 
Quando inalada, a poeira de sílica atinge os pulmões, onde os fagócitos 
(p.ex., macrófagos) englobam as partículas de poeira. As enzimas liberadas 
pelos fagócitos provocam a formação de tecido cicatricial nos pulmões. 
Inicialmente, as áreas cicatriciais são pequenos nódulos arredondados ou 
irregulares (silicose nodular simples), mas esses nódulos podem evoluir para 
formar grandes massas (silicose conglomerada). Essas áreas cicatriciais não 
permitem a passagem normal de oxigênio ao sangue, os pulmões perdem a 
elasticidade e a respiração exige um maior esforço. 
Nas fases iniciais os portadores de silicose nodular simples não 
apresentam dificuldade respiratória, mas apresentam tosse e catarro em 
decorrência da irritação das grandes vias aéreas, uma condição denominada 
bronquite. A silicose conglomerada pode produzir tosse, escarro e dificuldade 
respiratória grave. No início da doença, a dificuldade respiratória pode ocorrer 
 
26 
somente durante a realização de exercícios, mas no estágio final ela ocorre 
mesmo durante o repouso. 
A respiração pode piorar de dois a cinco anos após o indivíduo estar 
afastado da exposição. A lesão pulmonar sobrecarrega o coração e, algumas 
vezes, acarreta a insuficiência cardíaca, potencialmente letal. Além disso, 
quando os indivíduos com silicose são expostos ao agente causador da 
tuberculose (Mycobacterium tuberculosis), a probabilidade de contraírem a 
infecção é três vezes maior do que a dos indivíduos que não sofrem de 
silicose. A associação de silicose e tuberculose é denominada sílico-
tuberculose. 
O diagnóstico de silicose é estabelecido quando um indivíduo que 
trabalhou exposto a poeira de sílica cristalina apresenta uma radiografia 
torácica com as alterações características de cicatrização e nódulos. Cabe 
destacar que a silicose é irreversível, mas prevenível.13 
O controle da poeira no local de trabalho pode ajudar a evitar a silicose, 
sendo preconizada a utilização de métodos umidificados de trabalho para evitar 
a geração de poeira ou a utilização de medidas de exaustão. Os expostos à 
poeira contendo sílica devem realizar regularmente uma radiografia de tórax, 
para sua detecção precoce. Se as radiografias indicarem a presença de 
silicose, trabalhador deve ser imediatamente afastado da exposição à sílica. O 
exame de espirometria é indicado para avaliar o grau de incapacidade 
respiratória e acompanhar a evolução da doença. 
Apesar de a silicose não ter cura, os silicóticos com dificuldade 
respiratória podem beneficiar-se com os tratamentos utilizados para a doença 
pulmonar obstrutiva crônica, como a terapia medicamentosa que visa manter 
as vias aéreas desobstruídas e livres de secreções. Como os silicóticos 
apresentam um alto risco de tuberculose, eles devem ser submetidos a exames 
de controle regulares que incluam um teste cutâneo para a tuberculose. 
 
Em trabalhadores expostos à poeira de sílica, o risco de desenvolver 
silicose e a gravidade do quadro dependem das características da exposição 
e de fatores individuais relacionados à suscetibilidade individual. 
 
 Entre os fatores relacionados à exposição destacam-se: 
• concentração da sílica livre na poeira respirável (mais de 7,5% de 
sílica livre). 
• duração da exposição, 
• tamanho da partícula (partículas menores do que 5 micrômetros 
são mais suscetíveis de alcançar os alvéolos pulmonares), 
• tempo de latência (tempo decorrido desde o início da exposição até 
 
13 National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). Disponível em: 
https://www.cdc.gov/niosh/topics/silica/ Acesso em: 28 jul 2016 
https://www.cdc.gov/niosh/topics/silica/
 
27 
o início da doença ou dos sintomas) 
 
Além destes fatores a sílica recentemente fraturada possui toxicidade 
ampliada. Assim a vigilância dos ambientes de trabalho deve ser baseada 
especialmente em avaliações qualitativas e quantitativas da poeira respirável14. 
 
A silicose apresenta forte correlação dose-resposta, ou seja, sua 
prevalência e gravidade crescem com o aumento da “dose” de sílica inalada, 
dada pela duração da exposição e pela concentração de sílica na partícula. A 
doença pode progredir mesmo após o afastamento da exposição, sendo a 
probabilidade de progressão mais frequente naqueles que tiveram exposição 
excessiva, nos casos de silicose precoce e reação orgânica intensa. Assim, a 
manutenção do trabalhador na exposição após o diagnóstico da doença é 
contra-indiciada, pois favorece a progressão da doença e a piora o prognóstico. 
 
Na fisiopatologia da doença, após a inalação de poeiras contendo 
partículas de sílica inicia-se o processo de fagocitose pelos macrófagos 
alveolares, com conseqüente morte destes e liberação de enzimas ativas, 
lipídios, cristais de sílica e radicais livres. Quando a geração destes radicais 
supera os mecanismos de defesa antioxidantes, pode haver lesão de células 
epiteliais tipo I, aumento da ativação de macrófagos e indução de proliferação 
de células epiteliais tipo II. Se a inalação de sílica é mantida, este processo 
amplia-se, havendo liberação de enzimas proteolíticas, geração de mais 
radicais livres e liberação de citocinas inflamatórias. Estas substâncias 
atraem macrófagos, neutrófilos e linfócitos, dando origem à alveolite. O 
transporte linfático atrai para o local mais fibroblastos e macrófagos. A 
contínua exposição perpetua essas reações, cujo resultado final é a 
proliferação de fibras de reticulina e de colágeno, dispostos de maneira 
concêntrica, caracterizando o nódulo silicótico. Os cristais de sílica podem 
ainda atingir, via linfáticos, a pleura visceral, desenvolvendo nódulos 
subpleurais. O processo dissemina-se pelo interstício peri-bronco-vascular, 
sendo mais comum nos ápices dos lobos superiores e inferiores 
 
 
4.4.7.1.1 A Silicose no Brasil 
A larga distribuição da silicose, em escala global e de outras doenças 
relacionadas à exposição à poeira de sílica também é explicada pela presença 
de sílica (SiO2) na maioria das rochas, constituindo cerca de 60% da crosta 
terrestre. Existem três formas de sílica livre cristalina: quartzo, cristobalita e 
tridimita, sendo o quartzo a forma mais comum. Apesar de sua ocorrência 
guardar estreita relação com as atividades de trabalho, registros na literatura 
demonstram que a doença também pode estar associada a exposições 
ambientais como, por exemplo, entre comunidades que habitam regiões 
desérticas ou no entorno de atividades produtivas nas quais ocorra geração de 
 
14 Poeira respirável: Poeiras cujo tamanho ou diâmetro são menores que 5 micrômetros e assim são 
capazes de chegar até aos alvéolos pulmonares, ultrapassando os mecanismos de defesa naturais do 
sistema respiratório 
 
28 
poeira contendo sílica. 
 
A silicose é considerada grave problema de Saúde Pública em muitospaíses, entre eles, China, Índia, África do Sul e Brasil, que apresentam 
elevados índices de prevalência e incidência da doença, resultantes de 
situações de trabalho com grande exposição à poeira. Para o enfrentamento do 
problema, em 1995, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceram o Programa Mundial de 
Eliminação de Silicose por meio da adoção de medidas de controle ambiental, 
e de mudanças nos processos de trabalho, com substituição da sílica em 
algumas operações industriais e maior conscientização de empresas e 
trabalhadores. 
 
No Brasil, o Programa Nacional de Eliminação de Silicose teve início 
em 2002, porém casos de silicose, alguns muito graves e acometendo 
trabalhadores jovens continuam sendo notificados pelos sistemas de vigilância. 
O problema ganha contornos mais dramáticos nas situações de trabalho 
desenvolvidas em domicílio e no peridomicílio, como, por exemplo, a lapidação, 
corte e beneficiamento de pedras, com exposição de trabalhadores, familiares 
e vizinhança, à poeira contendo sílica, em atividades fora do alcance das ações 
de fiscalização do trabalho e de outras formas de proteção social. 
 
Neste caso, aumenta a responsabilidade do sistema público de saúde, 
do SUS e das equipes da atenção básica para o cuidado desses trabalhadores 
pela possibilidade de se desenvolver ações de saúde o mais próximo de onde 
as pessoas vivem e trabalham e de acionar outras instâncias de governo e da 
sociedade para a solução do problema. 
 
4.4.7.1.1.1. Doenças relacionadas à exposição à sílica: Conceito, formas 
clínicas e aspectos epidemiológicos 
 
 No Brasil a Lista Brasileira de Doenças Relacionadas ao Trabalho – 
Lista A elaborada pelo Ministério da Saúde e publicada em 1999 (Brasil, 1999) 
e adotada pela Previdência Social para fins de concessão de benefícios 
previdenciários em casos de incapacidade para o trabalho reconhece as 
seguintes doenças relacionadas à exposição à sílica: 
 
• Silicose 
• Tuberculose (TB) nos quadros de sílico-tuberculose; 
• Doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC, que inclui a asma 
obstrutiva, bronquite crônica, e a bronquite obstrutiva crônica; 
• Doenças auto-imunes como a Síndrome de Caplan e 
• Neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões. 
 
 
29 
 No Brasil, estima-se que mais de três milhões de trabalhadores do 
mercado formal de trabalho estão expostos a poeiras contendo sílica por pelo 
menos 30% da jornada de trabalho, sendo que em média 14,4% dos 
trabalhadores do mercado formal estiveram expostos à algum nível de sílica na 
jornada de trabalho no período de 1985 a 2001 (Ribeiro, 2004)15. Segundo 
Ribeiro (op. cit.), 98% dos trabalhadores expostos se concentraram em sete 
setores econômicos: extração mineral, construção civil, metalurgia, indústria de 
minerais não metálicos, administração de serviços técnicos e pessoal, 
agricultura e indústria da borracha. Por outro lado os homens apresentam uma 
prevalências de exposição muito maior que as mulheres (Ribeiro, op. cit.) 
sugere que a exposição à sílica no Brasil pode ser mais preocupante que a 
identificada em virtude das peculiaridades nacionais relacionadas à 
precarização do emprego, falta de controle das exposições nos ambientes de 
trabalho, a convivência próxima de setores com níveis de exposição distintos, 
bem com a falta de cultura de gestão dos riscos ambientais e ocupacionais. 
Assim, no setor informal, que abrange os trabalhadores sem registro (carteira 
assinada) ou vínculo de trabalho este número parece ser muito maior. 
 
Aspectos Epidemiológicos 
No Brasil, apesar da melhoria nas condições de trabalho em alguns 
setores da economia e da proibição formal de algumas atividades como o 
jateamento com areia para limpeza de peças na indústria metalúrgica e do 
vidro, nas últimas duas a três décadas, persistem inúmeras situações de 
trabalho com risco de silicose e o diagnóstico numerosos casos de silicose em 
vários ramos de atividades, em diversas regiões do país. Estudos realizados 
nas últimas quatro décadas mostram taxas de prevalência diferenciadas que 
refletem distintas condições de exposição: indústria cerâmica: 3,9%, 
atividades em pedreiras: 3,0%, jateamento de areia na indústria naval: 
23,6%, perfuração de poços: 17%. 
 
Minas Gerais concentra a maioria dos casos de silicose registrados no 
Brasil, provenientes de mineração de ouro nos municípios de Nova Lima e 
Raposos, e extração e beneficiamento de pedras observando-se crescente 
registro de novos casos em trabalhadores inseridos no setor informal de 
trabalho, particularmente entre lapidários e garimpeiros de pedras preciosas e 
semipreciosas. O mesmo fenômeno é observado no município de Ametista do 
Sul-RS com predomínio de indivíduos jovens e com alterações radiológicas 
avançadas. 
 
Entretanto, é grande a subnotificação de casos uma vez que os 
registros disponíveis se referem na quase totalidade, à concessão de 
benefícios pela Previdência Social por incapacidade para o trabalho. Segundo 
Faria e Dwyer (201316), no Brasil, o reconhecimento da silicose pelo INSS 
 
15 Ribeiro, F.S.N. – Exposição Ocupacional à sílica: Tendência temporal, 1985-2001. Tese de Doutorado. 
Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Púbica, Departamento de Epidemiologia. São Paulo, 
2004 
16 Faria, M.P,; Dwyer, T. – Safety and health in mining in Brazil. In: OCCUPATIONAL SAFETY 
AND HEALTH IN MINING - ANTHOLOGY ON THE SITUATION IN 16 MINING COUNTRIES. 
 
30 
adota critérios extremamente rígidos e casos iniciais de silicose não são 
reconhecidos, fazendo com que apenas os casos mais graves e incapacitantes 
sejam reconhecidos e registrados, sendo que entre os anos de 2000 e 2006 
foram concedidos apenas 892 benefícios por silicose. Os registros de casos 
diagnosticados pelos serviços de saúde e notificados ao SINAN (Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde, ainda são 
inexpressivos e não refletem a realidade epidemiológica, particularmente a 
ocorrência da doença em trabalhadores do setor informal de trabalho e em 
pequenas empresas, que apesar de formais, apresentam situações de trabalho 
semelhantes as da informalidade, como observado em pedreiras e 
beneficiadoras de quartzito em MG. 
 
 
4.4.7.2 Asbesto ou amianto 
 
A exposição ocupacional ao amianto ocorre pela inalação de suas fibras 
no ambiente de trabalho. Trabalhadores na mineração, construção civil, 
agricultura, indústria mecânica e automotiva, térmica e outros setores 
industriais de isolamento, construção naval, desmontagem de navios e estão 
entre aqueles em risco de exposição ocupacional ao amianto. Há também um 
risco de exposição ocupacional durante a fabricação de novos produtos de 
amianto onde isso ainda ocorre. Além disso, os trabalhadores que limpam e 
constroem uma nova infra-estrutura após um desastre natural estão sob risco 
de exposição ocupacional, visto que produtos de amianto antigos e/ou novos 
podem estar presentes no ambiente pós-desastre.17 
Conforme dados da Organização Mundial de Saúde de 2018 a OIT (ILO, 
202118) estima que cerca de 125 milhões de pessoas no mundo estão expostas 
ao asbesto nos locais de trabalho. Por sua vez, a OSHA (United States 
Occupational Safety and Health Administration) estimou que em 2008 1,3 
milhões de trabalhadores na construção e nas indústrias em geral estavam 
expostos de forma significativa ao asbesto durante seu trabalho nos Estados 
Unidos da América. Na Europa o número de trabalhadores expostos ao 
asbesto tem sido avaliado pelo estudo CAREX. Baseado em estudos de 
exposição conhecida ou suspeita coletados durante o período de 1990–93, a 
base de dados do CAREX estimou um total de 1.2 milhões de trabalhadores 
expostos ao asbesto em 41 indústrias em 15 membros de União Europeia. Por 
sua vez o CAREX do Canadá estima que 152.000 canadenses estão expostos 
ao amianto em seus locais de trabalho (CAREXCanada, 2020).Arbete och Hälsa (Work and Health), Elgstrand, K & E Vingård (Eds.): Vol 47, No. 2013:2. p. 149-159 
 
17 Asbestos - hazards and safe practice for clear-up after tsunami. Geneva: World Health Organization; 2006 
disponível em :https://www.who.int/publications/m/item/asbestos---hazards-and-safe-practice-for-clear-up-after-
tsunami 
18 ILO. International Labour Office. Exposure to hazardous chemicals at work and resulting health 
impacts: A global review. International Labour Office – Geneva: ILO, 2021. Disponível em: 
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---
lab_admin/documents/publication/wcms_795460.pdf Acesso em 10 nov 2021 
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---lab_admin/documents/publication/wcms_795460.pdf
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---lab_admin/documents/publication/wcms_795460.pdf
 
31 
A OMS/OIT com base nos dados de 2016 estimam a ocorrência de 
cerca de 209 mil mortes devido a exposição ao asbesto, com 3,97 milhões de 
anos perdidos por incapacidade (WHO/ILO, 2021, op. cit., pg. 20) 
 
O asbesto é composto por silicatos minerais fibrosos com diferentes 
composições químicas. Quando inaladas, as fibras de asbesto depositam-se 
nos pulmões, provocando a formação de cicatrizes, caracterizando um quadro 
de asbestose. 
Os sintomas da asbestose aparecem gradualmente, tendo um período 
de latência de cerca de 20 anos após ter ocorrido a formação de cicatrizes e os 
pulmões terem perdido a elasticidade. Os sintomas iniciais são uma dificuldade 
respiratória discreta e a diminuição da capacidade de realizar exercícios. A 
respiração torna-se cada vez mais difícil. Ocasionalmente, a inalação de fibras 
de asbesto pode provocar o acúmulo de líquido no espaço existente entre as 
duas membranas pleurais (derrame no espaço pleural). 
A inalação de fibras de asbesto também pode acarretar o espessamento 
das membranas que revestem os pulmões (placas pleurais) e câncer de 
pulmão. Em casos raros, o asbesto acarreta a formação de tumores malignos 
pleurais, denominados mesoteliomas pleurais ou no peritônio (membrana que 
reveste externamente o intestino e internamente o abdômen), denominados 
mesoteliomas peritoneais. Geralmente, câncer de pulmão e os mesoteliomas 
ocorrem trinta ou quarenta anos após a exposição, sendo que o seu 
diagnóstico se faz por meio de biópsias e exames especializados de 
histoquímica. 
Em um trabalhador com história de exposição ao asbesto, o diagnóstico 
de asbestose se dá por meio de uma radiografia torácica que revela as 
alterações características e nos casos duvidosos por meio de Tomografia de 
Tórax computadorizada de Alta Resolução (TCAR). Geralmente o paciente 
também apresenta uma função pulmonar anormal. 
As doenças causadas pela inalação de asbesto podem ser evitadas com 
a eliminação da poeira e fibras de asbesto nos locais de trabalho. Os 
tratamentos para asbestose incluem medidas paliativas para aliviar os sintomas 
como, por exemplo, a oxigenoterapia para reduzir a dificuldade respiratória. 
A drenagem do líquido acumulado em torno dos pulmões pode facilitar a 
respiração. O transplante de pulmão tem sido bem-sucedido no tratamento da 
asbestose. Já os mesoteliomas não têm tratamento específico e são 
invariavelmente fatais, pois a quimioterapia não produz bons resultados e a 
remoção cirúrgica do tumor não leva à cura. 
Além das patologias citadas a exposição ao amianto está relacionada a 
casos de câncer de laringe e ovários. 
 
Importante destacar que o Supremo Tribunal Federal, em decisão 
proferida em 23 fevereiro de 2023, manteve a decisão proferida em 2017 
que declarou inconstitucional um artigo da Lei Federal 9.055/1995 que 
permitia o uso controlado do amianto crisotila no Brasil. Assim ficou 
 
32 
proibida a extração, industrialização, a comercialização e a distribuição 
do amianto crisotila no país. 
 
 
4.4.8 – SENSIBILIZANTES 
 
Substâncias químicas ou produtos que desenvolvem processos alérgicos. 
Exemplos: Óleos, resinas, pólen, isocianatos. 
 
 
V - INTERAÇÃO ENTRE AGENTES QUÍMICOS 
 
No mundo real não estamos expostos a um único agente químico em 
determinado momento. O ar que respiramos contém diversos produtos 
químicos. O ar no interior de nossas casas pode conter vários agentes 
químicos provenientes da fumaça de cigarros, cola de carpetes e produtos de 
limpeza, por exemplo. O mesmo se aplica quando se trata de ambientes de 
trabalho quando pode ocorrer exposição simultânea a solventes e metais 
pesados, sendo difícil determinar o risco de cada uma destas múltiplas 
exposições porque o nosso organismo não responde da mesma forma a cada 
produto químico da mistura se outros agentes químicos estão presentes. 
 
As interações entre os agentes químicos ocorrem quando o trabalhador 
está exposto ocupacionalmente a duas ou mais substâncias químicas, 
resultando em alterações da biodisponibilidade dessas substâncias e/ou nos 
seus efeitos produzidos. A exposição simultânea a duas ou mais substâncias 
pode levar a vários tipos de situações, podendo ou não ocorrer interação entre 
elas. 
Estas interações podem levar a uma das seguinte situações ou efeito: 
 
a) Efeito aditivo 
b) Efeito sinérgico 
c) Efeito de potenciação 
d) Efeito antagônico 
 
 
Assim, quando ocorre a exposição a dois ou mais agentes químicos a 
determinação do risco se torna mais complexa. Estudos científicos são 
limitados por causa do grande número de combinações possíveis. Assim, se o 
os efeitos resultantes da exposição a misturas são desconhecidos a melhor 
estratégia ainda é reduzir a exposição para reduzir o risco. 
 
Em resumo a exposição a dois ou mais produtos químicos podem 
resultar em ações independente, aditiva, sinérgica, de potenciação ou 
antagônica. 
 
a) Efeito independente 
 
 Neste caso a toxicidade dos compostos ocorre por mecanismo 
independente ou os compostos atuam sobre diferentes órgãos-alvo e cada um 
 
33 
dos agentes tem uma toxicidade independente um do outro, produzindo efeitos 
distintos. 
 
b) Efeito aditivo 
 
Em toxicologia ocupacional a interação mais frequente é a aditiva. 
 
O efeito aditivo ocorre quando o efeito conjunto de duas substâncias é 
igual à soma dos efeitos de cada uma isoladamente. Neste caso os agentes 
químicos possuem toxicidade do tipo análogo, determinando uma resposta que 
é igual à soma simples de seus efeitos isoladamente. 
 
Em outras palavras, o efeito resultante é soma dos efeitos isolados de 
dois ou mais agentes químicos por apresentarem efeito adverso semelhante no 
mesmo órgão ou sistema-alvo, e que serviu de base para estabelecimento do 
Limite de Exposição Ocupacional. 
 
 
 Neste caso a magnitude do efeito ou resposta, produzida por duas ou 
mais substâncias químicas é numericamente igual à soma dos efeitos ou 
respostas produzidas individualmente. 
 
Como exemplo podemos citar: 
 
 1. a ação do chumbo e do arsênico na biossíntese do heme, 
aumentando a excreção de coproporfirina é aproximadamente aditiva. 
 2. a ação da anilina e dos nitritos sobre a hemoglobina 
formando a metahemoglobina levando a asfixia. 
 3. os efeitos dos agrotóxicos organofosforados geralmente são 
aditivos 
 4. o efeito leucemogênico do 1,3 butadieno e benzeno. 
 
c) Efeito Sinérgico 
 
 . Às vezes, um produto químico pode fazer com que nosso organismo 
responda mais fortemente a outro agente químico gerando um efeito sinérgico. 
 
Neste caso as duas substâncias atuam em conjunto, determinando uma 
toxicidade maior que aquela derivada de cada uma das substâncias tomadas 
isoladamente, levando a um efeito multiplicador. Assim o efeito ou resposta à 
exposição a substâncias químicas de forma combinada é maior que o efeito 
aditivo, ou seja, ocorre um efeito que é maior que a simples adição ou soma de 
seus efeitos. 
 
 Por exemplo é o efeito teratogênico combinado, em animais, provocado 
pelo

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