Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Elementos de Máquinas SENAI- SP, 2002 Trabalho elaborado pela Escola SENAI Roberto Simonsen do Departamento Regional de São Paulo. Coordenação Geral Dionisio Pretel Coordenação Laur Scalzaretto Alcino Daniel Favero Elaboração Carlos Aparecido Cavichioli Editoração Écio Gomes Lemos da Silva Silvio Audi Escola SENAI Roberto Simonsen Rua Monsenhor Andrade, 298 Brás CEP 03008-000 - São Paulo, SP Tel. 011 3322-5000 Fax 011 3322-5029 E-mail: senaibras@sp.senai.br Home page: http://www.sp.senai.br Sumário página Elementos comuns I 3 Elementos comuns II 49 Eixos, árvores e guias 93 Mancais de rolamento 125 Acoplamentos 161 Elementos de transmissão 185 Sistemas de transmissão 253 Análise de desenhos de conjuntos mecânicos - Exercícios 271 Tabelas normalizadas 307 3 Elementos comuns I Objetivos da unidade 1 Ao final desta unidade o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Tipos, características e usos de pinos, roscas, parafusos, porcas, travas, arruelas e anéis elásticos; • Normas e tabelas para esses elementos; • Falhas dos elementos citados e procedimentos em manutenção. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Normas, funções e importância dos vários elementos comuns de máquinas; • Procedimentos recomendados para a montagem dos elementos; • Soluções para os danos típicos. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Consultar tabelas sobre elementos comuns; • Identificar e selecionar o tipo adequado para cada aplicação; • Orientar a detecção de falhas em elementos comuns. 4 Pino É uma peça geralmente cilíndrica ou cônica, oca ou maciça que serve para alinhamento, fixação de potência. Os pinos se diferenciam por suas características de utilização, forma, tolerâncias dimensionais, acabamento superficial, material e tratamento térmico. Os alojamentos para pinos devem ser calibrados com alargador que deve ser passado de uma só vez pelas duas peças a serem montadas. 5 Esta calibragem é dispensada quando se usa pino estriado ou pino tubular partido (elástico). O principal esforço a que os pinos, de modo geral, estão sujeitos é o de cisalhamento. Por isso os pinos com função de alinhar ou centrar devem estar a maior distância possível entre si, para diminuir os esforços de corte. Quanto menor a proximidade entre os pinos, maior o risco de cisalhamento e menor a precisão no ajuste. Pino cilíndrico paralelo Pino de ajuste (guia) temperado É feito de aço-prata ou similar, e é temperado, revenido e retificado. 6 Pode resistir a grandes esforços transversais e é usado em diversas montagens, geralmente associado a parafusos e prisioneiros. Pode ser liso, liso com furo para cupilha, com cabeça e furo para cupilha, com cabeça provida de ressalto para evitar o giro, com ponta roscada e cabeça. Todos os pinos que apresentam furo ou rosca são usados como eixo para articulações ou para suportar rodas, polias, cabos, etc. A precisão destes pinos é j6, m6 ou h8. Pino de segurança É fabricado de St50, St60 ou similar e sem têmpera. É usado principalmente em máquinas-ferramentas como pino de cisalhamento, isto é, em caso de sobrecarga esse pino se rompe para que não quebre um componente de maior importância. 7 Pino de união É fabricado de St40, St50 ou similar e tem funções secundárias como em dobradiças para caixas metálicas e móveis. Pino cônico Feito geralmente de aço-prata, é temperado ou não é retificado. Tem por diâmetro nominal menor, para que se use a broca com essa medida antes de calibrar com alargador. Existem pinos cônicos com extremidade roscada a fim de mantê- los fixos em casos de vibrações ou sacá-los em furos cegos. O pino cônico tem largo emprego na construção de máquinas, pois permite muitas desmontagens sem prejudicar o alinhamento dos componentes; além do que é possível compensar eventual desgaste ou alargamento do furo. 8 Pino estriado A superfície externa do pino estriado apresenta três entalhes e respectivos rebordos. A forma e o comprimento dos entalhes determinam os tipos de pinos. O uso destes pinos dispensa o acabamento e a precisão do furo alargado. Pino tubular Também conhecido como pino elástico, é fabricado de fita de aço para mola enrolada. Quando introduzido, a fenda permanece aberta e elástica gerando o aperto. Este elemento tem grande emprego como pino de fixação, pino de ajuste e pino de segurança. Seu uso dispensa o furo alargado. 9 Há um pino elástico especial chamado Connex, com fenda ondulada cujos cantos estão opostos entre si. Isto proporciona uma força de ajuste em relação ao pino elástico comum. Cupilha ou contrapino Trata-se de um arame de secção semicircular dobrado de tal forma a obter-se um corpo cilíndrico e uma cabeça. A cupilha é usada principalmente para travar porcas-castelo. Nota Um pino qualquer ao se quebrar deve ser substituído por outro com as mesmas características de forma, material, tratamento e acabamento. 10 Rosca Rosca é uma saliência de perfil constante, helicoidal, que se desenvolve de forma uniforme, externa ou internamente, ao redor de uma superfície cilíndrica ou cônica. Essa saliência é denominada filete. Passo e hélice da rosca Quando há um cilindro que gira uniformemente e um ponto quase move também uniformemente no sentido longitudinal, em cada volta completa do cilindro, o avanço (distância percorrida pelo ponto) chama-se passo e o percurso descrito no cilindro por esse ponto denomina-se hélice. 11 Podem-se aplicar, então, as relações trigonométricas em qualquer rosca, quando se deseja conhecer o passo, diâmetro médio ou ângulo da hélice: Ângulo da hélice = tg α = π . D P 2 P (passo) = tg α . D2 . π Quanto maior for o ângulo da hélice, menor será a força de atrito atuando entre a porca e o parafuso, e isto é comprovado através do paralelogramo de forças. Portanto, deve-se ter critério na aplicação do passo da rosca. Para um aperto adequado em parafusos de fixação, deve-se manter α < 15º. FA = força de atrito FN = força normal FR = força resultante Rosca fina (rosca de pequeno passo) Freqüentemente é usada na construção de automóveis e aeronaves, principalmente porque nesses veículos ocorrem choques e vibrações que tendem a afrouxar a porca. 12 É utilizada também quando há necessidade de uma ajustagem fina ou uma maior tensão inicial de aperto e, ainda, em chapas de pouca espessura e em tubos, por não diminuir sua secção. Parafusos com tais roscas são comumente feitos de aços-liga e tratados termicamente. Observação Devem-se evitar roscas finas em materiais quebradiços. Rosca média (normal) Utilizada normalmente em construções mecânicas e em parafusos de modo geral, proporciona também uma boa tensão inicial de aperto, mas deve-se precaver quando do seu emprego em montagens sujeitas a vibrações, usando, por exemplo, arruelas de pressão. Rosca de transporte ou movimento Possui passo longo e por isso transforma o movimento giratório num deslocamento longitudinal bem maior que as anteriormente citadas. 13 É empregada normalmente em máquinas (tornos, prensas, morsa, etc.) ou quando as montagens e desmontagens são freqüentes. O material do furo roscado deve ser diferentedo aço para evitar a solda a frio (engripamento). Também é desaconselhável sua montagem onde as vibrações e os choques são freqüentes. Quando se deseja um grande deslocamento com filetes de pouca espessura, emprega-se a rosca múltipla, isto é, com dois filetes ou mais. 14 Em alguns casos, quando o ângulo da hélice for maior que 45º o movimento longitudinal pode ser transformado em movimento giratório, como por exemplo o berbequim. Perfil da rosca (secção do filete) Triangular É o mais comum. Utilizado em parafusos e porcas de fixação, uniões e tubos. Trapezoidal Empregado em órgãos de comando das máquinas operatrizes (para transmissão de movimento suave e uniforme), fusos e prensas de estampar (balancins mecânicos) 15 Redondo Empregado em parafusos de grandes diâmetros e que devem suportar grandes esforços, geralmente em componentes ferroviários. É empregado também em lâmpadas e fusíveis pela facilidade na estampagem. Dente de serra Usado quando a força de solicitação é muito grande em um só sentido (morsas, macacos, pinças para tornos e fresadoras). Quadrado Quase em desuso, mas ainda utilizado em parafusos e peças sujeitas a choques e grandes esforços (morsas). 16 Sentido de direção do filete À esquerda Quando, ao avançar, gira em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio (sentido de aperto à esquerda). À direita Quando, ao avançar, gira no sentido dos ponteiros do relógio (sentido de aperto à direita). 17 Simbologia dos principais elementos de uma rosca D = diâmetro maior da rosca interna (nominal) d = diâmetro maior da rosca externa (nominal) D1 = diâmetro menor da rosca interna d1 = diâmetro menor da rosca externa D2 = diâmetro efetivo da rosca interna d2 = diâmetro efetivo da rosca externa P = passo A = avanço N = número de voltas por polegada n = número de filetes (fios por polegada) H = altura do triângulo fundamental he = altura do filete da rosca externa hi = altura do filete da rosca interna i = ângulo da hélice (α) rre = arredondamento do fundo da rosca do parafuso rri = arredondamento do fundo da rosca da porca Principais sistemas de roscas Rosca métrica de perfil triangular ISO ABNT NB97 18 Rosca americana normal NC ISO ABNT NB97 Rosca americana fina NC Rosca Whitworth normal (inglesa) 19 Rosca Whitworth gás (BSP) ABNT NB202 ISO R7 (continua) Rosca Whitworth gás (BSP) ABNT NB202 ISO R7 (conclusão) Rosca trapezoidal americana "Acme" 20 Rosca trapezoidal métrica Rosca dente de serra 21 Rosca quadrada Utilização das roscas As roscas fazem parte dos parafusos e porcas que são elementos de união com fechamento de força, isto é, caracterizados pelo aperto de uma peça sobre a outra, criando uma área de grande atrito. A força de aperto resulta da tensão do parafuso ao ser apertado. A tensão produzida tem de ser superior às forças opostas a ela durante o funcionamento. A tensão resultante chama-se tensão inicial. 22 Comportamento dos parafusos Ao se apertar um parafuso a tensão aumenta continuamente até um certo ponto. Continuando-se a apertá-lo nota-se uma diminuição progressiva da tensão até ocorrer o rompimento. Na zona de tensão progressiva o parafuso deforma-se elasticamente. Deformado, sua tendência é voltar ao comprimento inicial, não podendo fazê-lo, devido às peças de união, exerce a força de aperto. Continuando-se a apertá-lo provocam-se deformações plásticas, isto é, o parafuso mantém seu comprimento deformado, mesmo após cessar o esforço de tração. Um parafuso apertado dessa forma não possui força de aperto ou tensão inicial. 23 A forma de se ter um aperto adequado é manter a deformação dentro da zona elástica. Quer dizer, dentro do limite de elasticidade do material de que é fabricado o parafuso. • Em geral, os parafusos são apertados com chaves comuns, o que gera uma das seguintes situações: • Os parafusos pequenos (até 12mm) ficam demasiadamente apertados; • Os parafusos grandes (acima de 12 mm) ficam pouco apertados; • Os parafusos ficam adequadamente apertados devido à habilidade do mecânico. Para evitar estas variações e obter um trabalho seguro devem- se usar ferramentas indicadoras de aperto e seguir as especificações do fabricante da máquina ou equipamento. 24 Ferramentas indicadoras de aperto: Chave de fenda de momento de torção (ajustável, desligando automaticamente quando o valor é atingido). Chave de momento de torção para aperto de porcas e parafusos com cabeças poligonais (ajustáveis, idem à anterior). Torquímetro (leitura em Nm) Chave elétrica (ajustável com desligamento automático). Tipos especificados de aperto • Especificado por torção (torque) em libras por polegada, kg.cm, lb.pé, N.m ou kg.m é importante verificar se a torção é dada para parafuso seco ou lubrificado. Em caso da 25 falta de especificação do lubrificante, usar graxa com bissulfeto de molibdênio (Molikote G). • Especificado por fração de volta isto é, encosta-se o parafuso até eliminar toda a folga e dá-se mais uma fração de volta, por exemplo 90 ou 120º, conforme especificação do fabricante. Esse procedimento elimina a influência do coeficiente de atrito que varia entre O,15 e 0,25 a seco e entre 0,11 e 0,19 com lubrificante. • Especificado pela medição do comprimento que aumenta com o aperto para isso a cabeça e a ponta devem ter bom acabamento. Mede-se o parafuso antes de colocá-lo e aperta-se até atingir o comprimento especificado pelo fabricante ou, na falta deste, usar 0,2% do comprimento. Comportamento das porcas A porca como um todo sofre compressão e seus filetes sofrem tração, flexão e esforços de cisalhamento. Esforços estes que não estão uniformemente distribuídos por todas as voltas do filete. Em formas normais de porcas, a primeira volta absorve aproximadamente 1/3 do esforço total. Distribuição esquemática do esforço na porca A resistência ao cisalhamento e à flexão é de 20 a 35% maior dos filetes da porca do que nos filetes do parafuso. Por isso encontramos, com freqüência, porcas feitas com materiais de menor resistência do que o material do parafuso. 26 Montagem dos parafusos Na montagem, usando parafusos, deve-se considerar a resistência do parafuso e das peças fixadas por ele. Também deve-se ter à mão os manuais de serviços das máquinas que fornecem a seqüência de operações e os torques. Na falta destes dados procede-se do seguinte modo: • A fim de reutilizar um parafuso, deve-se examiná-lo quanto a trincas, planeza, estado da rosca, estado da cabeça e esquadro entre corpo e cabeça. Não é aconselhável tentar recuperar parafusos ou porcas danificados. • Limpar e examinar os alojamentos dos parafusos (corpo da máquina ou porca). Repassar a rosca com macho condizente para eliminar rebarbas ou impurezas no fundo dos filetes. Limpar novamente e não deixar óleos nos furos cegos, a fim de evitar o travamento hidráulico. • Encostar todos os parafusos antes de apertar o primeiro. • Apertar os parafusos evitando deformações e desalinhamentos. A tabela abaixo mostra seqüências adequadas de aperto. Deve-se observar ainda que os parafusos que estão sujeitos a forte solicitação de trabalho em altas temperaturas precisam ser reapertados a estas temperaturas. 27 Seqüências de apertos de séries de parafusos Número e disposição dos parafusos Ordem de aperto das séries empregando o método deapertos sucessivos Observações Apertos sucessivos alternados (metade do esforço de aperto) Por meio de apertos sucessivos até metade do esforço de aperto evita-se o encurvamento. Apertos alternados (metade de esforço de aperto) Também no caso de três parafusos se evita o encurvamento da peça com apertos sucessivos alternados. Apertos sucessivos cruzados (todo o esforço de aperto). Para quatro ou mais parafusos pode efetuar-se o aperto para a força total de aperto. Apertos sucessivos cruzados (todo o esforço de aperto) O aperto em linha (1), (2), (3), etc. dá origem a encurvamento. Apertos sucessivos cruzados (todo o esforço de aperto) No aperto de juntas estanques com material de vedação escolhe-se muitas vezes outra ordem de aperto. Danos típicos em roscas Quebra do parafuso Cisalhamento ou arrancamento da cabeça Neste caso, para extrair a parte restante improvisa-se um alojamento para chave de boca fixa; ou usa-se extrator 28 apropriado para casos em que a quebra tenha se dado no mesmo plano que a superfície da peça. A figura abaixo mostra a seqüência para o uso do extrator, o qual requer apenas um furo, no centro do parafuso, em diâmetro inferior ao do núcleo da rosca. O extrator é constituído de aço-liga especial e possui uma rosca dente-de-serra, múltipla, cônica e à esquerda. Geralmente, é encontrado em jogos para vários diâmetros diferentes, Rosca interna danificada Há várias maneiras de consertar uma rosca interna avariada, a melhor geralmente é a colocação de um inserto. Quando a parede for suficiente, o furo deve ser alargado e roscado. Em seguida, coloca-se no furo um pino roscado, que 29 deve ser faceado e fixado por solda ou chaveta. A última operação é furá-lo e roscá-lo com a medida original. Veja, a seguir, os insertos que já existem prontos no mercado que podem ser usados com vantagem no lugar do bujão anteriormente citado. Tensão inicial aparente Existem duas situações onde o mecânico aplica o momento de torção correto e o equipamento apresenta falhas no aperto com pouco uso. 30 Atrito excessivo causado por erros de forma e posição, falta de lubrificação e asperezas nas superfícies de deslizamento. Esses fatores farão com que boa parte do torque aplicado seja empregado para vencer o atito em questão. Logo, isto não permitirá que a tensão no parafuso atinja a zona elástica. Com isso, teremos uma tensão inicial apenas aparente. Desalinhamento (principalmente em prisioneiros) causado por furo roscado oblíquo. Neste caso, uma parte importante do momento de torção é absorvida pela deformação forçada no prisioneiro e pela deformação no assentamento oblíquo da porca. Deste modo, apesar de o valor do momento inicial é puramente aparente; pois, o parafuso deformou-se, ao ser apertado, mas não se alongou elasticamente. 31 Parafusos Os parafusos são formados por um corpo cilíndrico roscado, que pode ter vários formatos e suas dimensões normalizadas. Segundo as normas os parafusos se diferenciam pela rosca, forma de cabeça, haste e forma de acionamento. A figura abaixo mostra os tipos usuais de cabeças para acionamento com chave de fenda 32 Havendo necessidade de travar elementos, usa-se parafuso sem cabeça com pontas adequadas ao trabalho a que se destinam. Quando o parafuso está sujeito a forças de serviço severas como por exemplo: pressão de vapor, gases ou líquidos, a união é feita através de parafusos com haste (ou colo) de dilatação (figura abaixo). Esse elemento absorve muito bem as forças pulsatórias, por isso é bastante usado em motores de combustão interna. A vantagem em usar um parafuso com haste de dilatação é que, nas situações citadas, distribui-se a tensão por toda a haste. Enquanto num parafuso comum a tensão se concentra no final da rosca. 33 Segundo norma DIN o diâmetro da haste deve ser 10% menor que o diâmetro do fundo da rosca, e entre o diâmetro maior da rosca e o diâmetro da haste é necessário um ângulo de 20º. As uniões roscadas sujeitas à solicitação transversal necessitam de recursos adicionais para proteger o parafuso contra o cisalhamento e manter a posição das partes. 34 Porcas As porcas têm normalmente forma prismática ou cilíndrica, com um furo roscado, por onde entra o parafuso. Para uma resistência adequada tem-se como regra geral construir a porca com altura igual ao diâmetro nominal da rosca. Exceção a essa regra é a porca cega onde a altura é 0,8 do diâmetro nominal da rosca e porcas para pequenos esforços em que altura é 0,5 do diâmetro nominal. 35 Tipos de porcas 36 Identificação normalizada Identificação segundo DIN 267 Ela é feita por dois algarismos no parafuso e um na porca. O primeiro algarismo multiplicado por 100 fornece a resistência à tração do material. Multiplicando por 10 o produto do primeiro pelo segundo obtemos o limite de escoamento do material. Nas porcas aparece apenas o algarismo indicador da resistência à tração. Identificação segundo SAE J429 Ela é feita por marcas na cabeça do parafuso e na porca. Material Rt Dureza Identificação Aço SAE 1018 a 1020 490N/mm2 85-100 RB Aço SAE 1035 a 1045 800N/mm2 19-30 RC Aço SAE 1035 a 1045 temperado e revenido 840N/mm2 23-40 RC Aço SAE 4140, 8642 ou 5147 temperado e revenido 930N/mm2 28-39 RC Aço SAE 4140, 8642 ou 5147 temperado e revenido 1050N;mm2 32-38 RC 37 Arruelas As arruelas têm a função de distribuir uniformemente a força de aperto entre a porca/parafuso e as partes montadas. Durante o funcionamento de um mecanismo, as vibrações, os esforços e os atritos tendem a desapertar as peças roscadas. Devido a isso, muitos tipos de arruelas têm também a função de elemento de trava. Tipos de arruelas 38 Aplicação parafuso, porca e arruela • Parafuso • Porca • Arruela lisa Parafuso sextavado (DIN 931) Arruela lisa chanfrada Porca sextavada chata Porca sextavada (DIN 934) 39 Parafuso de cabeça cilíndrica com sextavado interno (Tipo Allen) • Arruela ondulada (DIN 137) • Chave Allen Parafusos prisioneiros (DIN 938) Porca sextavada (DIN 934) Arruela de trava com duas orelhas Parafuso de cabeça abaulada e pescoço quadrado (DIN 603) Porca sextavada (DIN 934) Porca sextavada (DIN 7967) 40 Pino roscado Arruela chanfrada Porca-castelo (DIN 935/937) Contrapino (cupilha) (DIN 94) Trava com arame Parafuso de fenda com cabeça cilíndrica (DIN 84) Arruela de pressão (DIN 127) Chave de fenda 41 Parafuso de fenda com cabeça cilíndrica abaulada (DIN 85) Arruela dentada (DIN 6798 Parafuso de fenda com cabeça redonda (DIN 86) Arruela dentada (DIN 6797) Parafuso de fenda com cabeça escareada (DIN 87) Parafuso de fenda com cabeça escareada e abaulada 42 Parafuso com cabeça sextavada Parafuso auto-atarraxante Parafuso autocortante 43 Aplicação normalizada de parafusos D = diâmetro da rosca t = profundidade de penetração do parafuso na peça roscada h = profundidade mínima do furo T = profundidade mínima da rosca D 3 4 5 6 8 10 12 14 16 18 20 t 3 4 5 6 8 10 12 14 16 20 28 h mm 5,5 7,5 9 11 14,5 17,5 21 24 26 32 40 i - - 4 5 6 7 8 9 10 12 13 T Anel elástico É um elemento usado para impedir o deslocamento axial,posicionar ou limitar o curso de uma peça deslizante sobre um eixo. Conhecido também por anel de retenção, de trava ou de segurança. Fabricado de aço para molas, tem a forma de anel incompleto, que se aloja em um canal circular construído conforme normalização. 44 Tipos usuais de anéis elásticos e aplicações Aplicação: para eixos com diâmetro entre 4 e 1.000mm.Trabalha externamente DIN 471 Aplicação: para furos com diâmetro entre 9,5 e 1.000mm. Trabalha internamente DIN 472. Aplicação: para eixos com diâmetro entre 8 e 24mm. Trabalha externamente DIN 6799. Aplicação: para eixos com diâmetro entre 4 e 390mm para rolamentos. Anéis de secção circular para pequenos esforços axiais. 45 Dados para manutenção dos anéis Falhas dos anéis elásticos As Falhas dos anéis podem ocorrer devido a defeitos de fabricação ou condições de operação. No segundo caso, as causas podem ser vibração, impacto, flexão, alta temperatura ou atrito excessivo. Há também o agravante de casos em que o projeto previa esforço estático, mas as condições de trabalho geraram esforço dinâmico. Esta última situação faz com que o alojamento do anel também se danifique. Pontos a observar na montagem Na montagem dos anéis, alguns pontos importantes devem ser observados: • A dureza do anel deve ser compatível com os elementos que trabalham com ele. • A uniformidade da pressão em volta da canaleta assegura a aderência e resistência. • O anel nunca deve estar solto, mas alojado no fundo da canaleta com certa pressão. • A superfície do anel deve estar livre de rebarbas, fissuras e oxidações. • Em aplicações sujeitas à corrosão, os anéis devem receber tratamento anticorrosivo adequado. • Dimensionamento correto do anel e do alojamento. • Em caso de anéis de secção circular, utilizá-los unicamente uma vez. • Utilizar ferramentas adequadas para evitar entortamentos e esforços exagerados. • Montar o anel com a abertura apontando para os esforços menores, quando possível. • Nunca substituir um anel normalizado pelo equivalente feito de chapa ou arame sem os mesmos critérios. 46 Nota Veja no final da apostila as tabelas normalizadas de pinos, contrapinos, parafusos, porcas e anéis elásticos. 47 Questionário - resumo 1. Quais são as finalidades dos pinos? Cite quatro tipos e exemplifique. 2. Como se faz a preparação das peças a serem montadas com pinos cilíndricos? 3. Qual é a vantagem dos pinos cônicos sobre os pinos cilíndricos? 4. Um pino cônico mede 50mm de comprimento e 6mm no diâmetro menor (6 x 50 DIN 1). Qual é o diâmetro maior? 5. Quais os cinco perfis usados para roscas e qual é a aplicação de cada um? 6. Defina passo e hélice da rosca. 7. Quando se usa rosca fina? Por quê? 48 8. Como deve ser a tensão inicial para um aperto adequado de parafusos? 9. Cite dois tipos de aperto de parafusos especificados. 10. Por que numa porca danificada (com a rosca espanada) os primeiros filetes são os mais comprometidos? 11. Cite uma forma de recuperar uma rosca interna. 12. Explique a tensão inicial aparente. 13. Qual a finalidade dos parafusos com colo de dilatação? 14. Qual o limite de escoamento de um parafuso classe 5.6? 15. Quais as causas de falhas de anéis elásticos ligados às condições de operação? 49 Elementos comuns II Objetivos da unidade 2 Ao final desta unidade o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Tipos e características de chavetas, molas, vedações e cabos; • Normas e tabelas para esses elementos; • Falhas dos elementos e procedimentos em manutenção. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Normas, funções e importância dos vários elementos comuns de máquinas; • Procedimentos recomendados na montagem dos elementos; • Soluções para os danos típicos. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Consultar tabelas sobre elementos comuns; • Identificar e selecionar tipo adequado de elementos comuns de máquina para cada aplicação; • Orientar a detecção da falhas em elementos comuns. 50 Chaveta Chaveta é um corpo prismático que pode ter faces paralelas ou inclinadas, em função da grandeza do esforço e tipo de movimento que deve transmitir. É construída normalmente de aço. A união por chaveta é um tipo de união desmontável, que permite às árvores transmitirem seus movimentos a outros órgãos, tais como engrenagens e polias. Classificação e características Chaveta de cunha (ABNT-PB-121) Empregada para unir elementos de máquinas que devem girar. Pode ser com cabeça ou sem cabeça, para facilitar sua montagem e desmontagem. Sua inclinação é de 1:100, o que permite um ajuste firme entre as partes. 51 O princípio da transmissão é pela força de atrito entre as faces da chaveta e o fundo do rasgo dos elementos, devendo haver uma pequena folga nas laterais. Havendo folga entre os diâmetros da árvores e do elemento movido, a inclinação da chaveta provocará na montagem uma determinada excentricidade, não sendo portanto aconselhado o seu emprego em montagens precisas ou de alta rotação. 52 A figura abaixo mostra o modo de sacar a chaveta com cabeça. Chaveta encaixada (DIN 141, 490 e 6883) É a chaveta mais comum e sua forma corresponde ao tipo mais simples de chaveta de cunha. Para facilitar seu emprego, o rasgo da árvore é sempre mais comprido que a chaveta. Chaveta meia-cana (DIN 143 e 492) Sua base é côncava (com o mesmo raio do eixo). Sua inclinação é de 1:100, com ou sem cabeça. 53 Não é necessário rasgo na árvore, pois transmite o movimento por efeito do atrito, de forma que, quando o esforço no elemento conduzido é muito grande, a chaveta desliza sobre a árvore. Chaveta plana (DIN 142 e 491) É similar à chaveta encaixada, tendo, porém, no lugar de um rasgo na árvore, um rebaixo plano. Sua inclinação é de 1:100 com ou sem cabeça. Seu emprego é reduzido, pois serve somente para a transmissão de pequenas forças. 54 Chaveta tangencial (DIN 268 e 271) É formada por um par de cunhas com inclinação de 1:60 a 1:100 em cada rasgo. São sempre utilizadas duas chavetas e os rasgos são posicionados a 120º. A designação tangencial é devido a sua posição em relação ao eixo. Por isso, e pelo posicionamento (uma contra a outra), é muito comum o seu emprego para transmissão de grandes forças, e nos casos em que o sentido de rotação se alterna. Chaveta transversal Aplicada um uniões de órgãos que transmitem movimentos não só rotativos como também retilíneos alternativos. 55 Quando é empregada em uniões permanentes, sua inclinação varia entre 1:25 e 1:50. Se a união necessita de montagens e desmontagens freqüentes, a inclinação pode ser de 1:6 a 1:15. Chaveta paralela É normalmente embutida e suas faces são paralelas, sem qualquer conicidade. O rasgo para o seu alojamento tem o seu comprimento. As chavetas embutidas nunca têm cabeça e sua precisão de ajuste é nas laterais, havendo uma pequena folga entre o ponto mais alto da chaveta eo fundo do rasgo do elemento conduzido. 56 A transmissão do movimento e das forças é feita pelo ajuste de suas faces laterais com as do rasgo da chaveta. A chaveta paralela varia quanto à forma de seus extremos (retos ou arredondados) e quanto à quantidade de elementos de fixação à árvore. Pelo fato de a chaveta paralela proporcionarum ajuste preciso na árvore não ocorre excentricidade, podendo, então, ser utilizada para rotações mais elevadas. É bastante usada nos casos em que o elemento conduzido é móvel. Chaveta de disco ou meia-lua tipo woodruff (DIN 496 e 6888) É uma variante da chaveta paralela, porém recebe esse nome porque sua forma corresponde a um segmento circular. 57 É comumente empregada em eixos cônicos por facilitar a montagem e se adaptar à conicidade do fundo do rasgo do elemento externo. Tolerâncias para chavetas O ajuste da chaveta deve ser feito em função das características de trabalho a que vai ser submetida. A figura abaixo mostra os três tipos mais comuns de ajustes e tolerâncias para chavetas e rasgos. Dados para manutenção O material mais usado nas chavetas é aço com baixo teor de carbono (≈ 0,2%), visto que é sempre preferível uma falha na chaveta ao invés de uma falha em outro componente mais caro. Na substituição de chavetas é preciso considerar o acabamento superficial, o ajuste e o arredondamento dos cantos para evitar força de atrito excessiva. 58 O estado dos canais de chaveta deve estar em boas condições, principalmente quanto à perpendicularidade. Pois além do esforço de cisalhamento as chavetas sofrem torção, esforço este que tende a virá-las em sua sede. Quanto à chaveta de cunha, outros cuidados na montagem devem ser observados: uma tensão de aperto que não gere danos, fissuras (figura abaixo) ou excentricidade, e deve ser feita uma proteção da parte saliente dessas peças para evitar acidentes. Quando for necessário construir canais de chavetas, as dimensões têm de ser normalizadas e os cantos precisam ter raios para evitar concentração de tensões. 59 Nunca se deve aumentar a profundidade dos rasgos com objetivo de aumentar a resistência; este procedimento reduz a capacidade básica da árvore ou do cubo a uma carga externa. Eventualmente, em condições favoráveis, pode-se trocar uma chaveta paralela por uma tipo meia-lua. Esse tipo praticamente elimina os problemas com torção; especialmente se o eixo for temperado. Molas São elementos elásticos de grande importância, empregados com os seguintes objetivo: absorver energia, como em suspensão de automóveis; acumular energia, como em relógios; manter elementos sob tensão controlada, como em válvulas; medir, como em balanças e outros instrumentos. As molas realizam esforços de tração, compressão, torção e flexão. A seguir os tipos mais comuns. 60 Mola helicoidal Nas formas cilíndrica, barriletada ou cônica. Trabalha para compressão ou tração. O barriletamento ou conificação visa aumentar o curso sem encostar as espiras. Pode ter a secção circular ou prismática. Barra de torção Fabricada de vergalhão redondo ou quadrado (figura abaixo). Também submetida a um torque. Mola espiral Trabalha para torção. É fabricada de arame ou fita de aço (figura abaixo), enrolada em espiral plana e deforma- se sob a aplicação de um momento torsor. 61 Mola de torção Fabricada com fios de secção circular ou prismática (figura abaixo), para travas, esperas ou molas de retorno. Mola de disco plana Feita de chapa de aço recortada de várias maneiras. Mola prato Feita de chapa conificada. Trabalha para compressão (figura abaixo). É formada por uma pilha de discos montadas com as concavidades alternadamente opostas. Possibilita variar a rigidez e capacidade de carga apenas mudando o número de discos ou sua disposição. 62 Mola de flexão Consiste em uma ou várias lâminas de aço, levemente curvas ou planas, sustentadas em uma ponta (vigas de balanço) e carregadas na outra. Pode ser também sustentada em ambas as pontas e carregadas ao centro. Uma forma especial de mola de flexão é a formada por feixes de molas (mola balestra); que utiliza várias lâminas de comprimentos diferentes, conseguindo grande resistência. 63 Mola anelar Constituída por anéis com chanfros alternadamente internos e externos superpostos em um cilindro. Sob compressão axial, os anéis internos contraem-se e os externos expandem-se. Usada para solicitações de alta rigidez. Mola de borracha É formada por tarugos de borracha separados por discos metálicos, trabalha para compressão. Possui alta capacidade de armazenar energia e resiste bem ao cisalhamento. Usada habitualmente para isolar vibrações. Em veículos e máquinas, emprega-se um tipo chamado coxim, que é um bloco de borracha colado a placas de metal. 64 Mola de plastiprene Feita em forma de tarugos de uretano sólido. Está substituindo com vantagem a mola de aço usada em ferramentaria, visto que resiste muito bem aos óleos, raramente quebra de imprevisto, suporta altas pressões e tem ótima flexibilidade. Mola voluta Formada por uma lâmina relativamente larga, enrolada em hélice cônica com superposição das espiras. É usada quando são exigidas peças muito compactas e amortecimento pelo atrito entre as espiras. Materiais para molas Aço piano contém de 0,7 a 1% de carbono, 0,25 a 0,40% de manganês e 0,1 a 0,2% de silício. Seu limite de ruptura é de 1 700N/mm2. Aço mola trefilado duro contém 0,5 a 0,65% de carbono e 0,7% a 1% de manganês. Seu limite de ruptura está entre 840 a 1 260N/mm2. 65 Aço laminado a quente contém de 0,9 a 1,05% de carbono. Seu limite de ruptura está entre 1 230 e 1 370N/mm2. Aço silício-manganês (SAE-9260) com 0,6% de carbono, 0,6 a 0,9% de manganês e 1,8 a 2,2% de cromo e 0,15 a 0,2% de vanádio. Seu limite de ruptura está entre 1 400 a 2 100N/mm2. Usado para molas de veículos. Aço cromo-vanádio (SAE-6150) com 0,5% de carbono, 0,5 a 0,8% de manganês, 0,9 a 1,2% de vanádio. Usado especialmente para molas de válvulas. Aço mola revenido contém de 0,85 a 1% de carbono e 0,3 a 0,45% de manganês. Seu limite de ruptura está entre 1 050 e 1 750N/mm2. Aço inoxidável para molas com 0,12% de carbono, 17 a 20% de cromo e 8 a 10% de níquel. Seu limite de ruptura está entre 1 050 3 1 960N/mm2. Bronze fosforoso para molas com 5% de estanho e 0,5% de fósforo. Seu limite de ruptura é 660N/mm2. Manutenção de molas Uma mola devidamente especificada durará muito tempo. Em caso de abuso, apresentará os seguintes danos: • Quebra causada por excesso de flexão ou torção; • Flambagem ocorre em molas helicoidais longas por falta de guia; • Amolecimento causado por superaquecimento presente no ambiente ou devido ao esforço de flexão. Recomendações • Evitar a sobrecarga da mola ela foi especificada para uma solicitação determinada, não devendo ser submetida a um esforço maior que o previsto. 66 • Impedir a flambagem se a mola helicoidal comprimida envergar no sentido lateral, providenciar uma guia. • Evitar o superaquecimento providenciando refrigeração e troca da mola que mudou de coloração. • Evitar desgaste não uniforme das pontas isso criaria um esforço adicional não previsto. • Testar as molas nas revisões periódicas da máquina fazê- lo num dispositivo que indique a relação entre o curso e o peso aplicado sobre a mola. Trocar a mola que enfraquecer. • Evitar tentativas de consertar a mola quebrada esticando-a, é inútil. Somente em casos de quebra das pontas de molas muito pesadas, é possível consertá-las soldando-as com eletrodos de alto cromo. • Quando uma emergência tornar indispensável a fabricação de uma mola, considerar o tipo de material e seu estado superficial; evitando marcas de ferramentas, riscos de matrizes de trefilação, incrustações,rugosidade excessiva e descarbonetação superficial. As molas helicoidais podem ser enroladas a frio até o diâmetro do arame de 13mm. Vedações São elementos destinados a proteger máquinas ou equipamentos contra a saída de líquidos e gases, e a entrada de sujeira ou pó. São genericamente conhecidas como juntas, retentores, gaxetas e guarnições. As partes a serem vedadas podem estar em repouso ou movimento. Uma vedação deve resistir a meios químicos, a calor, a pressão, a desgaste e a envelhecimento. 67 Em função da solicitação as vedações são feitas em diversos formatos e diferentes materiais. Tipos de vedação Junta de borracha em forma de aro e secção circular quando apertada, ocupa o canal e mantém pressão constante 68 Junta de borracha em forma de aro e secção retangular Junta metálica estriada com uma a cinco estrias - veda por compressão das estrias. O aperto irregular dos parafusos inutiliza-a Anel tipo "0" de borracha e secção circular usado em pistões. 69 Junta de vedação expansiva metálica para gases e lubrificantes usada em motores automotivos. Junta labirinto com canal para graxa protege muito bem máquinas e equipamentos contra a entrada de pó e a saída de óleo. O tipo axial é usado em mancais bipartidos e o radial em mancais inteiriços. Junta de anéis dispersores dispersa o óleo que chega até os anéis por força centrífuga. O lubrificante retorna ao depósito por um furo na parte inferior 70 Vedação por ranhuras formada por canais paralelos, para obturar a passagem de fluido, ou canais helicoidais que possibilitam o retorno do fluido. É necessário colocar graxa nas ranhuras, quando da montagem, para evitar a entrada de pó Retentor é feito de borracha ou couro, tem perfil labial e veda principalmente peças móveis. Alguns tipos possuem uma carcaça metálica para ajuste no alojamento; também apresentam um anel de arame ou mola helicoidal para manter a tensão ao vedar. Anel de feltro, fibra ou tecido de amianto é a forma mais simples e barata para reter lubrificantes. É usado para baixa velocidade 71 Vedação com carbono um ou mais blocos de grafite são mantidos numa carcaça e acompanham com folga zero a superfície móvel, através de uma mola. Vedação por pacotes um conjunto de guarnições, montadas uma ao lado da outra, forma o pacote. O princípio é a vedação de contato entre as superfícies. Muito usada para peças móveis. Pode ser fabricada de materiais não-metálicos tais como borracha e plásticos, ou de metais macios como cobre e alumínio, etc 72 Junta plástica ou veda junta são produtos químicos em pasta usados em superfícies rústicas ou irregulares. Empregados, também, como auxiliares nas vedações com guarnições de papelão ou cortiça. Existem tipos que se enrijecem e são usados para alta pressão; e tipos semi-secativos que mantêm a elasticidade para compensar a dilatação. A ordem de aperto dos parafusos tem de ser respeitada para uniformizar a massa. Orientação para seleção de guarnições (juntas) A indicação do material da junta depende das condições operacionais (pressão e temperatura) e do fluido confinado. Quando da seleção da junta, deve-se multiplicar a pressão de trabalho em kg/cm2 pela temperatura de trabalho em graus Celsius; se o resultado exceder a 8 500, o uso da junta metálica faz-se necessário. Em geral as juntas fabricadas com materiais não metálicos não devem ser utilizadas em pressões maiores que 80kg/cm2 ou temperaturas maiores que 440ºC (tabela abaixo). Pressão x temperatura = índice máximo Temperatura máxima ºC Material da junta 500 1300 4350 8500 8500 e acima 150 120 200 440 - Borracha Fibra vegetal Tecido de amianto emborrachado Papelão hidráulico de amianto Junta metálica 73 Alguns materiais freqüentemente usados na fabricação de guarnições e materiais empregados em seu enchimento possuem limites máximos de resistência à temperatura (ver tabela abaixo). O tipo, as dimensões da guarnição e o rigor da ação corrosiva podem aumentar ou diminuir esses limites. Materiais Temperaturas Materiais Temperatura chumbo 100ºC prata 650ºC latões comuns 260ºC níquel 760ºC politetrafluoretileno 260ºC AISI 430 760ºC cobre 315ºC Monel 815ºC alumínio 425ºC AISI 347 870ºC amianto branco 500ºC Iconel 600 1 100ºC amianto azul africano 500ºC Titânio 1 100ºC aço carbono 540ºC Fibra cerâmica 1 260ºC AISI 410 650ºC Grafite laminado 1 650ºC Dados para manutenção Ao instalar juntas de vedação, o primeiro cuidado é com a planeza das superfícies que fecharão entre si. A planeza deve ser verificada em todas as ocasiões de montagem. As juntas devem estar limpas, sem recalques ou dobras; têm de ser colocadas bem centradas e não ultrapassar a borda interior das superfícies em contato. 74 Outro cuidado é não permitir que o aperto dos parafusos destrua a junta, comprometendo a vedação. É necessário que a ordem de aperto seja tal que a junta se apresente "laminada" a partir do centro para os lados. Para que a junta se deforme comprimindo-se por igual, é necessário que o aperto dos parafusos seja passo-a-passo e a força de aperto igual para todos (figura abaixo). No caso de veda juntas, deve-se: selecionar o tipo adequado em função do serviço; e distribuir a pasta com uniformidade sobre a superfície evitando excessos e aguardar o tempo de secagem, conforme recomendação do fabricante. União sem juntas de vedação Quando temos recipientes não sujeitos à pressão ou quando as superfícies de vedação servem simultaneamente para apoio, alojamento, ou deslizamento de peças entre si, vedamos sem juntas. Exemplos típicos são as tampas de cabeçotes de tornos, as bombas hidráulicas de engrenagens e as de palhetas. 75 Neste caso, a montagem merece os mesmos cuidados já citados quanto à planeza, ordem de aperto e alinhamento dos parafusos. Vedação com gaxetas São conhecidos por gaxeta os elementos vedantes que permitem ajustes à medida que a eficácia da vedação vai diminuindo. 76 As gaxetas são fabricadas em forma de corda, para serem recortadas, ou em anéis já prontos para a montagem. 77 Os cuidados a tomar na montagem das gaxetas são: • Manter a uniformidade de adaptação ao longo do comprimento de vedação, sem que isso dificulte o movimento do eixo. • Regular a pressão de vedação (aperto da gaxeta) de modo que sejam possíveis apertos posteriores em serviço. • Não prescindir da lubrificação inicial, quando a gaxeta não for autolubrificante. Vedação com junta expansiva Esta junta é usada predominantemente em motores de combustão interna, e tem a forma de anéis partidos (figura ao lado). Os anéis montados devem formar uma junta estanque com a superfície de deslizamento. Para isso exige-se: • Que as superfícies dos anéis sejam paralelas às do cilindro. • Os anéis devem mover-se transversalmente em seus alojamentos. • Os anéis devem ter uma folga mínima nas suas junções. • Os anéis devem ser montados de forma que suas junções fiquem desencontradas (figura abaixo) 78 O mau funcionamento da junta expansiva pode ocorrer por defeitos de cilindricidade do êmbolo, do anel ou da superfície de deslizamento; ou ainda, defeitos no alojamento do anel. Na montagem destas juntas é necessário: • Verificar se as dimensões dos anéis, alojamentos e êmbolo são compatíveis. • Limpar e lubrificar anéis, alojamentos e êmbolo. • Rodear os anéis com barrasauxiliares, arame e tensor ou pinças especiais. • Verificar a mobilidade transversal dos anéis. • Não deteriorar os cantos dos anéis. Vedação com retentor Neste caso, os cuidados são: • Manter a direção correta dos lábios. A pressão do fluido ajuda na vedação pois tende a abrir os lábios do retentor; • Manter o eixo centrado em relação ao círculo dos lábios; • Não danificar os lábios (expandir no máximo 0,8mm no diâmetro); • Evitar rugosidade acentuada da superfície deslizante; • Montar em esquadro não permitindo retorcimentos na vedação; 79 • Usar manga auxiliar com o fim de evitar o rompimento dos lábios ou danos à parte externa; • Untar com graxa a superfície deslizante. Cabos de aço São feitos de arames estirados a frio que são inicialmente enrolados formando pernas; as pernas são enroladas em espirais em torno de um elemento central, chamado núcleo ou alma. 80 Tipos de cabos Torcedura dos cabos Observação As torceduras podem ser, semelhantes às roscas, à direita ou à esquerda. Para a escolha correta do tipo de torcedura dos cabos deve-se considerar que a torcedura lang é indicada para instalações sujeitas a grande desgaste (abrasão). Devido a sua tendência de girar, é usada com guias. 81 A torcedura comum é usada onde é essencial que o cabo não gire nem torça em serviço. Identificação dos cabos É feita por dois números: o primeiro dá a quantidade de pernas e o segundo, a quantidade de fios em cada perna. 82 Especificação dos cabos A tabela abaixo apresenta valores referentes a resistência à tração, em função do material do fio. Material do fio Resistência à tração Aço comum (iron) 600N/mm2 aço para tração (traction steel) 1 200 a 1 400N/mm2 Aço M.P.S. (mild plow steel) 1 400 a 1 600N/mm2 aço P.S. (plow steel) 1 600 a 1 800N/mm2 aço I.P.S. (improved plow steel) 1 800 a 2 000N/mm2 aço E.I.P.S. (extra I.P.S.) 2 000 a 2 300N/mm2 Os materiais do núcleo do cabo podem ser de cânhamo, fibras artificiais, amianto ou aço. Os núcleos de aço aumentam a resistência à tração em 7% , porém diminuem a flexibilidade. Os fios podem ser galvanizados ou simplesmente lubrificados. Atualmente está sendo usado o náilon estirado como revestimento de cabos, o que dá boa proteção. Fatores para o dimensionamento O coeficiente de segurança deve estar entre 500 e 850%, chegando a 1 300% para os elevadores de passageiros. No caso de suspensão de pesos fora da vertical, tem-se de considerar que existe uma redução da capacidade do cabo. 83 A figura abaixo mostra as formas possíveis de amarração de cargas com cabos e os coeficientes em relação à vertical. Na aquisição de um cabo devem ser consideradas as condições de trabalho como velocidade, aceleração, quantia de curvas, abrasão, corrosão e o peso próprio do cabo. E, finalmente, na requisição devem constar o comprimento, diâmetro, número de pernas e fios, tipo de construção, torcedura, lubrificação, acabamento, aplicação, carga útil e resistência dos arames. Polias e tambores para cabos O diâmetro das polias e tambores para cabos deve ser o maior possível, considerando todos os fatores envolvidos no serviço. 84 Para uma rápida avaliação podem ser considerados os diâmetros indicados na tabela abaixo. Tipo de serviço Cabos Ø da polia Máquinas com acionamento manual 6 x 37 16d Serviços de pequena intensidade 8 x 19 20d Serviços de média intensidade 6 x 25 25d Serviços de grande intensidade 6 x 19 30d Cabos não retroativos 18 x 7 19 x 7 34d Cabos pouco flexíveis 6 x 7 42d d = Ø do cabo Quanto à forma da canaleta (ou canal) devem ser observadas as recomendações do fabricante. Na ausência dessas informações, podem-se considerar os seguintes dados: Canais redondos guiam da melhor maneira. Canais a 45º dão a máxima durabilidade. 85 Canais de 20º dão o máximo efeito de cunha. Os canais não devem ser largos demais para que o cabo tenha apoio nas laterais e não deforme. O material deve ser resistente tanto à abrasão quanto à fluência (escoamento), a fim de não se desgastar nem se deformar facilmente. 86 Maneiras de fixação da ponta Ponta com soquete chumbador fixado em zinco fundido Ponta fixada por cunha Olhal com sapatilha de proteção Olhal com estribo protetor Fixação por presilhas rosqueadas. Neste caso, a distância y deve ser maior do que 1,5 x. Para cabos com diâmetro até 5/8" usam-se três presilhas; acima disso, quatro ou mais. Pode- se usar também y = 6 x Ø do cabo. 87 Manutenção dos cabos de aço Além dos cuidados de instalação que visam, principalmente, evitar o aparecimento do nó (figura abaixo), que limita o aproveitamento do cabo. Devem-se ainda tomar os seguintes cuidados: • Não deixar que o cabo se encoste na lateral da polia, no chão ou nos obstáculos ao longo do seu caminho. • Evitar arrancadas ou mudanças bruscas de direção. • Aplicar suavemente as forças. • Permitir que o cabo esteja bem esticado antes de levantar o peso. • Manter o cabo sempre limpo. As partículas abrasivas são particularmente nocivas. • Manter o cabo sempre lubrificado. A lubrificação do cabo deve ser incluída na ficha de lubrificação da máquina. Os cabos devem ser inspecionados periodicamente, conforme as recomendações do fabricante da máquina. Nessa inspeção, devem ser observados: • Redução de secção de fios externos o cabo deve ser substituído quando atingir a porcentagem determinada pelo fornecedor da máquina. • Indícios de corrosão eliminar a causa. • Rompimento da alma substituir imediatamente o cabo. • Ondulação depois de perceber a ondulação, deve-se observá-la de novo após algum tempo; se notar progresso do defeito, substituir o cabo. • Aparecimento de "gaiola de passarinho" substituir imediatamente o cabo. 88 • Não se descuidar das argolas, pinos, etc. Em caso de desgaste acima do indicado pelo manual de serviço, eles devem ser trocados ou recondicionados. Na falta de indicação do manual, considerar 10% da perda de secção como valor máximo. Defeitos em serviço Quando um cabo de aço não corresponder às expectativas, devem ser procurados os seguintes defeitos: • Cabo rompido Em caso de rompimento de um cabo novo ou seminovo, onde o cabo mantém-se reto, o problema é excesso de carga ou choque. Em caso de rompimento com entortamento do cabo, é provável que ele tenha-se soltado da polia e esteja apoiado sobre o eixo ou armação. Nesse caso, deve-se providenciar o protetor. • Gaiola de passarinho É provocada pelo choque de alívio de tensão, ou seja, quando a tensão, provavelmente excessiva, tenha sido aliviada instantaneamente.(figura abaixo) • Cabo amassado Trata-se, provavelmente, de cruzamento de cabos sobre o tambor ou de subida dos cabos sobre a quina da canaleta. Evita- se esse problema mantendo o cabo esticado e um enrolamento ordenado do cabo no tambor. 89 • Quebra de fios externos Trata-se de: • diâmetro de polia ou tambor excessivamente pequeno ou mudança freqüente de direção; • corrosão; • abrasão não uniforme; • excesso de tempo de trabalho do cabo. • Ondulação Trata-se de deslizamento de uma ou mais pernas devido à fixação imprópria ou devido a rompimento da alma. • Deterioração da alma Trata-se de falta de lubrificação. Dependendo do tipo de alma, esta pode fragmentar-se quando resseca, ou pode apodrecer com umidade ou penetração de líquidos corrosivos. • Escoamentodo material do cabo devido ao excesso de carga. Nesse caso, não é possível recuperar o cabo, assim, ele deve ser trocado. Nota Veja no final da apostila as tabelas normalizadas para chavetas. 90 Questionário-resumo 1. Cite três tipos de chaveta e dê exemplos de aplicação. 2. Quando for necessário construir canais de chaveta, como eles devem ser? 3. Com que objetivos são empregadas as molas? 4. No caso de sobrecarga, quais as falhas mais comuns às molas? 5. É possível consertar molas quebradas? 6. Qual o procedimento para indicação do material de uma junta? 7. Como deve se apresentar uma junta que tenha sido apertada corretamente? 8. Como deve ser regulado o aperto de uma gaxeta? 9. Cite quatro cuidados a se tomar na vedação com retentores. 10. Explique o que significa dizer que um cabo de aço é identificado por lang à direita 6 x 35. 91 11. Cite três cuidados que se devem tomar para a instalação dos cabos de aço. 12.Qual a causa do aparecimento da "gaiola de passarinho"? Qual a solução. 92 93 Eixos, árvores, mancais e guias Objetivos da unidade 3 Ao final desta unidade o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Eixos e árvores, seus usos e normas; • Classificação e tipos de mancais; • Vias deslizantes, suas formas e características. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Transmissão de força e movimento em eixos e árvores; • Aplicações, características e formas construtivas dos mancais de deslizamento; • Cuidados para montagem dos mancais; • Vias deslizantes, seus materiais e tipos de atrito envolvidos; • Danos típicos em eixos, árvores, mancais e guias, suas causas e cuidados que a manutenção deve tomar. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Descrever exemplos práticos de aplicação dos elementos estudados; • Orientar os procedimentos de manutenção tendo em vista as causas das falhas detectadas. 94 Eixos e árvores Define-se árvore como elemento que gira transmitindo potência e submetido principalmente a esforços de torção e flexão. Eixo é um elemento fixo ou não que suporta rodas dentadas, polias, etc., estando sujeito principalmente a esforços de flexão. As árvores são elementos fabricados em geral com aço ABNT 1045, com dureza 40-50RC após o revenimento; aço liga com 28-35RC ou aço para cementação que deve atingir 56 a 62RC. São torneadas e retificadas com ou sem polimento posterior. 95 A árvore oca é comumente empregada em, máquinas- ferramentas devido a seu baixo peso aliado à grande resistência a esforços e por facilidade a alimentação por barras. Um caso particular de árvore é a de manivelas (figura abaixo) que transforma movimentos circulares em movimentos retilíneos, conhecida também como girabrequim. Os eixos são normalmente feitos em aços com 500 a 600N/mm2 de resistência à tração, ou em aços para cementação. São torneados e retificados e, freqüentemente, tratados termicamente. Possuem formas variadas como ilustra a figura abaixo. 96 Transmissão de força e movimento A transmissão de força e movimento pode se dar de duas maneiras: transmissão pela forma ou transmissão por atrito. Transmissão pela forma É a maneira mais usada para a transmissão de força e movimento. Seus elementos principais serão apresentados a seguir. Elementos chavetados Usados em polias, engrenagens e acomplamentos. É preferível o uso de duas chavetas a 180º Elementos entalhados Transmitem forças maiores que os chavetados e permitem a distribuição de forças em todo o perímetro de encaixe. Podem ter de 4 a 20 entalhes. Elementos estriados Possibilitam uma secção transversal forte, isto é, com menores concentrações de tensão do que nos tipos já citados. Possibilitam também uma boa distribuição do momento torsor além de facilitar a montagem e dar opções para o posicionamento. Elementos com secção poligonal Permitem momentos de rotação máximos e o aproveitamento máximo das forças de torção que pode oferecer uma árvore. Como exemplo tem-se o perfil k (trilobular). 97 Transmissão por atrito Esta maneira de transmissão proporciona excelente centragem das peças ligadas às árvores. Mas, não permitem a transmissão de torques tão altos quanto os transmitidos pela forma. Os principais elementos da transmissão por atrito são: elementos anelares e arruelas estreladas. Elementos anelares Constituem-se de dois anéis cônicos apertados entre si e atuando simultaneamente sobre o eixo e o cubo. As peças assim fixadas podem girar sem golpe frontal e por isso com rigorosa circularidade. Arruelas estreladas Proporcionam grande rigor de movimento frontal circular. O aperto é produzido pelo aparafusamento que esforça a arruela simultaneamente contra o eixo e o cubo. Manutenção dos eixos e árvores A especificação do eixo ou da árvore é feita pelo projetista da máquina que deve considerar vários fatores, tais como: carga, operação, material, dimensionamento, tratamento térmico, acabamento superficial e tolerâncias. O projetista deve observar ainda que um eixo é elástico e expande-se e contrai-se com as mudanças de temperatura. Em certas máquinas, alguns eixos assumem a função de fusível de segurança, ou seja, sua quebra evita a danificação de um outro componente ou peça mais cara. 98 Durante a usinagem de um eixo ou árvore devem se observar as tolerâncias dimensionais, as tolerâncias de forma tais como ovalização, conicidade e excentricidade, além do estado superficial, rebarbas, raios e as posições dos furos para lubrificação. Durante a montagem o fator mais importante a ser observado é o perfeito alinhamento do eixo ou da árvore, pois o desalinhamento provoca uma rápida quebra por fadiga. Na montagem de retentores, deve-se observar a posição e dimensões a fim de evitar vazamento de óleo ou sulcos no eixo. Em gaxetas, o aperto deve ser o suficiente para não provocar superaquecimento. A limpeza é fundamental para evitar o desgaste por abrasão provocado pela sujeira, e não devem ser esquecidos os cuidados com lubrificação. O quadro abaixo apresenta os principais danos que ocorrem nos eixos e árvores e suas causas. 99 Quebra ou deformação por sobrecarga Causas: Aplicação de força superior ao limite de resistência da peça; Engripamento das buchas ou rolamentos; No caso de virabrequins, engripamento do pistão; Penetração de um corpo estranho entre os dentes das engrenagens; Pancadas ou vibrações súbitas. 100 Quebra por fadiga Caracteriza-se pelo aparecimento de trincas sob o esforço cíclico (variação de carga), inferior ao limite de escoamento, que progride até o momento em que a secção restante não é suficiente para agüentar a carga e rompe-se. Causas: Cantos vivos (principalmente internos); Mudança brusca de secção; Furos de lubrificação em lugares inadequados (se estiver localizado em um ponto onde existe um acúmulo de tensões cíclicas, é provável que aí se inicie uma trinca apesar de seu formato arredondado); Desalinhamento de dois eixos rigidamente acoplados; Carga radial excessiva imposta pela correia ou corrente muito esticada; Volante ou outro componente desbalanceado; Falta de contrapesos; Extensão excessiva da ponta; Recuperação mal feita: solda sem preaquecimento e pós-aquecimento, sequência de solda errada ou eletrodo errado; falta de remoção das trincas ou remoção mal feita; endireitamento mal executado ou incompleto. Desgaste acelerado Causas: Falta delubrificante Material do eixo ou da bucha inadequado (duro ou mole demais); Lubrificante sujo (com elementos abrasivos) ou inadequado; Estado superficial (rugosidade) inadequado; Penetração de corpos estranhos (sujeira, pó); Tolerâncias inadequadas. 101 Mancais de deslizamento São conjuntos destinados a suportar as solicitações de peso e rotação de eixos e árvores. Os mancais estão submetidos ao atrito de deslizamento que é o principal fator a considerar para sua utilização. Classificação dos mancais Pelo sentido das forças que suportam, os mancais classificam- se em: axiais, radiais, mistos. Axiais Impedem o deslocamento na direção do eixo, isto é, absorvem esforços longitudinais. Radiais Impedem o deslocamento na direção do raio, isto é, absorvem esforços transversais. Mistos Tem, simultaneamente, os efeitos dos mancais axiais e radiais. Formas construtivas dos mancais Os mancais, em sua maioria, são constituídos por uma carcaça e uma bucha. A bucha pode ser dispensada em casos de pequena solicitação. 102 Mancal axial Feito de ferro fundido ou aço, tem como fator principal a forma da superfície que deve permitir uma excelente lubrificação. A figura abaixo mostra um mancal axial com rotação em sentido único e o detalhe dos espaços para lubrificação. A figura abaixo mostra um caso para rotação alternada com respectivo detalhe para lubrificação. Mancal inteirço Feito geralmente de ferro fundido e empregado como mancal auxiliar embuchado ou não. 103 Mancal ajustável Feito de ferro fundido ou aço e embuchado. A bucha tem sempre forma que permite reajuste radial. Empregado geralmente em tornos e máquinas que devem funcionar com folga constante. Mancal reto bipartido Feito de ferro fundido ou aço e embuchado com buchas de bronze ou casquilho de metal antifricção. Empregado para exigências médias. Mancal a gás O gás (nitrogênio, ar comprimido, etc.) é introduzido através de furos radiais no mancal e mantém o eixo suspenso no furo. 104 Isso permite altas velocidades e baixo atrito (figura abaixo). Empregado em turbinas para esmerilhamento e outros equipamentos de alta velocidade. Materiais para buchas Os materiais para buchas devem ter as seguintes propriedades: • Baixo módulo de elasticidade, para facilitar a acomodação è forma do eixo; • Baixa resistência ao cisalhamento, para facilitar o alisamento da superfície; • Baixa soldabilidade ao aço, para evitar defeitos e cortes na superfície. • Boa capacidade de absorver corpos estranhos, para efeito de limpar a película lubrificante; • Resistência à compressão, à fadiga, à temperatura de trabalho e à corrosão; • Boa condutibilidade térmica; • Coeficiente de dilatação semelhante ao do aço. Os materiais mais usados são: bronze fosforoso, bronze ao chumbo, latão, ligas de alumínio, metal antifricção, ligas de cobre sinterizado com adição de chumbo ou estanho ou grafite em pó, materiais plásticos como o náilon e o politetrafluretileno (teflon). Os sinterizados são autolubrificantes por serem mergulhados em óleo quente após sua fabricação. Este processo faz com que o óleo fique retido na porosidade do material e com o calor do trabalho venha à superfície cumprir sua função. 105 O teflon é, também, autolubrificante, porém é sua própria estrutura química que lhe confere essa propriedade. Um caso particular de bucha é o casquilho, o qual é feito pela adição de metais antifricção em um metal base. O casquilho pode ter a forma do furo do mancal ou, ainda, pode ter a forma de fitas de metal enroladas para serem comprimidas nos alojamentos. Fitas de metal enroladas 106 Formas construtivas das buchas Uma bucha bem construída deve conter espaço (cuneiforme) adequado para atuação do lubrificante. São apresentadas a seguir as secções transversais mais comuns e suas aplicações. Bucha de um espaço cuneiforme dado pela folga entre eixo e bucha é aplicada em casos de baixa velocidade. Bucha com espaços cuneiformes feitos em forma de ranhura é aplicada para grandes esforços. Bucha flexível, o espaço é obtido por meio de montantes de pressão deformados na secção transversal do furo é usada em máquinas- ferramentas para mecânica fina onde a rotação é elevada e o esforço baixo. Bucha em vários segmentos basculantes colocados no furo do mancal é usada nos mesmos casos da anterir, mas com sentido único de rotação. Manutenção de mancais A tarefa da manutenção é eliminar os fatores que implicam desgaste prematuro dos mancais. 107 De acordo com levantamentos feitos por várias entidades, os perigos de estrago distribuem-se como segue: • Sujeira de 43 a 45% • Falhas de lubrificação 10 a 15% • Montagem deficiente 13,5% • Desalinhamento 10 a 13% • Sobrecarga 8 a 9% • Corrosão 4 a 5% • Outros 4,5 a 5,5% 108 Abaixo estão indicados alguns cuidados que se devem tomar quando da montagem de mancais. 109 Cuidados para montagem de mancais bipartidos Evitar a inversão da posição do casquilho ou a troca do superior pelo inferior, pois pode obstruir a passagem de óleo. Evitar o rasqueteamento ou lixamento interno para não prejudicar o acabamento e a forma, e evitar a incrustação de partículas estranhas. O aperto excessivo ou dimensionamento incorreto pode provocar uma deformação ou folga no casquilho. 110 Folgas excessivas entre os pinos de guia e os furos ou mesmo a inversão da tampa podem provocar uma descentralização O alojamento do mancal pode estar fora da tolerância (dimensões, ovalização, etc.). Cuidados para montagem de buchas sob pressão As buchas devem ter um ajuste r6 e montadas em furo H7, para obter um ajuste forçado. 111 O furo da bucha deve ter ajuste E6 ou F7 que, ao ser comprimido na montagem, diminui para H6. Para facilitar a compressão a bucha deve ser chanfrada com um ângulo de 5º e lubrificada As buchas devem ser introduzidas nos mancais bem alinhadas com o auxílio do dispositivo de arraste (figura abaixo) ou mandril auxiliar na prensa. Deve-se evitar o uso do martelo. As buchas de metal sinterizado são comprimidas adequadamente com um mandril suporte (figura abaixo) para evitar empeno, rompimento da bucha e manter a medida do furo. O quadro, a seguir, apresenta os danos mais comuns nos mancais e suas causas. 112 Giro do casquilho dentro do alojamento Causas: Excesso de folga no alojamento; Falta de trava; Aperto insuficiente ou incorreto Troca de posição do casquilho entre vários mancais; Tampa do mancal desapertada. Superaquecimento ou queima do casquilho ou bucha Causas: Falta de lubrificação ou lubrificação insuficiente causada por: bomba de óleo gasta; nível de óleo baixo ou falta de óleo; canais de lubrificação obstruídos; vazamento nas juntas ou gaxetas; contaminação do lubrificante (por exemplo: água); lubrificante inadequado (viscosidade inadequada à carga imposta ao casquilho ou bucha); Tolerâncias (folga) entre eixos e buchas inadequadas. Desalinhamento prematuro Causas: Material da bucha ou casquilho inadequado; Lubrificação insuficiente (veja item anterior); Desalinhamento entre dois mancais; Limpeza incorreta das peças durante a montagem; Inclusão de partículas abrasivas (pó); Estado superficial (rugosidade) inadequado. Corrosão Causas: Falta de aeração do cárter; Operação em ambiente muito quente;Operação em ambiente muito frio com aquecimento rápido; Óleos incompatíveis com os metais usados; Excesso de "blow by", isto é, escape de gases para o cárter; Combustível ácido ou com excesso de enxofre; Ação eletrolítica. 113 Vias de deslizamento Em máquinas operatrizes existem componentes com movimento retilíneo, são os carros, os cabeçotes, as mesas, etc. Estes componentes têm de manter um rigor em sua trajetória. Para manter esse rigor, existem as vias de deslizamento associadas às guias de deslocamento, ou seja, barramentos. Na maioria dos casos as vias deslizantes e as guias são vias separadas. A tabela abaixo mostra as principais formas de barramento e suas aplicações. Denominação Aplicação Forma rabo-de-andorinha carro porta-ferramenta via plana torno-revólver via prismática dupla carro longitudinal via em forma de telhado guia de mesa via dupla em V guia de mesa vias prismática e plana tornos mecânicos vias plana e em V guia de mesa 114 Nos trabalhos de estamparia e forjaria os barramentos exigem uma outra configuração para absorção das forças envolvidas e dos choques. A figura abaixo mostra alguns tipos de guias para prensas. Emparelhamento de materiais para vias deslizantes As vias deslizantes estão sujeitas ao desgaste por abrasão, solda a frio, sinterização ou vitrificação. Por isso, empregam-se materiais que apresentam um processo vantajoso de desgaste mútuo. O material mais empregado é o ferro fundido (GG22 ou GG26) que pode, conforme o caso, formar vias brandas ou duras. As vias duras são tratadas por chama ou por indução e retificadas. Existem as seguintes possibilidades de emparelhamento: carro branco sobre via branda, carro duro sobre via dura e carro brando sobre via dura. Este último é o emparelhamento mais conveniente, visto que o carro brando, como peça menor, 115 funciona como peça de desgaste. Este emparelhamento deve contar com a superfície de contato do carro polida para permitir baixo atrito mesmo com lubrificação deficiente. Em lugar de vias temperadas recorre-se também a tiras de aço temperadas encaixadas e aparafusadas ao barramento. Atrito de rolamento em vez de atrito de deslizamento O coeficiente de atrito estático é para o atrito de deslizamento 20 vezes maior que para o atrito de rolamento. A espessura da película de óleo é praticamente constante entre as esferas de rolamento e suas pistas. 116 Considerando os fatores citados, foram feitas as vias deslizantes (figura abaixo), aplicadas inicialmente em máquinas de medição e, atualmente, com largo emprego em máquinas CNC. Outras vantagens oferecidas pelas vias deslizantes com corpos de rolamento são: • Não apresentar tendência a deslizar por solavancos quando as velocidades são pequenas (1mm/min). • Prolongada duração da precisão inicial. • Nível da mesa invariável, já que não existe variação da camada de lubrificante. 117 Guias circulares Em algumas máquinas operatrizes é vantajoso fabricar as guias circulares. Esse tipo de guia proporciona muitas vezes vantagens de fabricação porque nelas o trabalho de ajuste é mais simples e podem dispor-se em forma reajustável. As guias circulares podem, como as planas, ser equipadas com vias de corpos rolantes. 118 Compensação de folga em vias deslizantes Devido ao desgaste normal as vias apresentam folgas que precisam ser compensadas de alguma forma. Para isso são construídas as réguas de ajuste (figura abaixo) com perfis variando conforme a solicitação. Para os casos de imobilização temporária do carro, isto é, apenas durante a usinagem usam-se as mesmas réguas com alavanca para acionamento manual (figura abaixo) ou com acionamento eletroidráulico. 119 Ranhuras de lubrificação nas vias de deslizamento As ranhuras são feitas sempre na pista de deslizamento da peça movida e devem garantir a condução do óleo por toda a extensão da pista e a formação da cunha de lubrificante (figura abaixo). Na pista fixa, quando esta é branda são feitas ranhuras de pequena profundidade (escamas) com o raspador pneumático. Manutenção de guias e barramentos A equipe de manutenção deve cuidar para que não ocorram desgastes além dos normais de utilização. Isso é feito através de inspeção periódica onde são observadas: • As folgas das vias deslizantes, as quais devem ser ajustadas através das réguas de ajuste; • Os protetores das vias, os quais devem ser substituídos ou reparados; • As folgas do sistema de acionamento, as quais devem ser ajustadas; • O sistema de lubrificação, que deve estar desobstruído mantendo a pressão adequada. 120 Protetores das vias deslizantes As vias deslizantes das máquinas de usinagem estão expostas à ação de cavacos, óxidos metálicos, pó de fundição e partículas abrasivas diversas. Por este motivo, protegem-se as vias por meio de foles tipo acordeom, que é a melhor proteção. Outra maneira de proteger as vias deslizantes é o uso de tiras de feltro pressionadas contra o barramento (figura abaixo). Nesse caso uma lubrificação constante do feltro é necessária para que ele não venha a funcionar como guarda-pó, enrijecer- se e passar a ter ação abrasiva. Recuperação de vias deslizantes Quando as guias de barramentos atingem o ponto de reforma, esta pode ser executada por processo mecânico convencional ou por revestimento deslizante. O processo convencional geralmente consiste em retificar o barramento e ajustar o carro; ou em retificar as vias do carro e usinar o barramento para inserir-lhe tiras de aço temperadas. 121 O revestimento deslizante é feito com resina epóxi aditivada em estado líquido ou pastoso. Este revestimento oferece: • Pressão admissível ao deslizamento ~ 15N/mm2; • Resistência à compressão ~ 95N/mm2; • Temperatura de serviço entre 70ºC e 80ºC; • Tempo para utilização = 60min; • Tempo de cura = 18h a 20ºC; • Resistência química a água, a óleos sintéticos e minerais, a emulsões de refrigeração; não resiste a benzol e a acetona; • Coeficiente de atrito estático inferior ao coeficiente de atrito dinâmico, fato que evita os solavancos em baixas velocidades; • Boa resistência ao desgaste e capacidade de embutir corpos estranhos. A aplicação do revestimento deslizante é feita com espátula ou por injeção. No caso da aplicação com espátula, obtém-se a moldagem adequada colocando o carro sobre o barramento e nivelando-o. E, no caso da aplicação por injeção, o carro é previamente alinhado sobre o barramento. 122 A face a ser tratada deve ser plainada para assumir o aspecto mostrado na figura abaixo ou fresado com fresa de desbaste e grande avanço. O revestimento deslizante, permite ainda o conserto de falhas causadas por excesso de atrito ou falhas de usinagem. Os canais de lubrificação são obtidos através de fresagem manual ou pré-moldagem. Atualmente, algumas máquinas saem da fábrica com o revestimento deslizante (seu nome comercial é Moglice). Nota Veja no final da apostila as tabelas normalizadas para eixos e cubos ranhurados (entalhados), e perfil k. 123 Questionário-resumo 1. Qual é a diferença entre um eixo e uma árvore? 2. Para que serve uma árvore de manivelas? 3. Cite exemplos de transmissão de força e movimento pela forma e por atrito. 4. Cite três cuidados que devem ser tomados quando da montagem de eixos e árvores. 5. Cite quatro causas da quebra por fadiga em eixos. 6. Qual é a finalidade dos mancais? 7. Como funciona um mancal ajustável?
Compartilhar