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DIREITO CONSTITUCIONAL II - Pedro Taques

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- Introdução: 
- A CRFB/88 no título IV organiza os poderes. Este título subdivide-se 
em: 
- Capítulo I: Legislativo (art. 44); 
- Capítulo II: Executivo (art. 76); 
- Capítulo III: Judiciário (art. 92); 
- Capítulo IV: Funções Essenciais da Justiça (art. 128); 
 
 
 
RESPOSTA: Antes de responder, devemos analisar a evolução história do 
. MP
 
- Evolução histórica do Ministério Público nas Constituições: 
 
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- Constituição de 1.824: 
- não tratou do M.P. em seu texto; 
- o Código de Processo Criminal do Império, de 1.832 fez 
referência ao “promotor damacusação”; 
 
- Constituição de 1.891: 
- o Ministério Público se encontrava dentro do judiciário, uma vez 
que a Constituição dizia que “o procurador geral da república será 
escolhido entre um dos ministros do STF”; 
- antes da Constituição, em 1.889, com a proclamação da 
República, em 1.890 o ministério público foi institucionalizado por 
meio de um decreto; 
 
- Constituição de 1.934: 
- o Ministério Público estava contido em um capítulo chamado de 
“atividades de cooperação governamental” junto com o Tribunal 
de Contas; 
- nesse momento histórico encontra-se na doutrina quem diga que 
pela Constituição de 1.934 o Ministério Público estaria contido 
dentro do Poder Executivo; 
 
- Constituição de 1.937: 
 
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- tal Constituição deu início a um “iato autoritário” que se 
prolongou até 1.945; 
- tal Constituição não tratou o Ministério Público com a finalidade 
devida, uma vez que ela não fez referência ao M.P. como 
instituição, havendo um retrocesso do Ministério Público; 
- sempre devemos fazer uma conexão entre o M.P. e a democracia, 
uma vez que nos momentos de democracia no Brasil, o M.P. é 
independente, já nos momentos de ausência de democracia, o M.P. 
perde prestígio, não sendo independente; 
 
- Constituição de 1.946: 
- tal Constituição foi a mais democrática de nossa história segundo 
alguns constitucionalistas, trazendo o M.P. independente; 
 
- Constituição de 1.967: 
- no dia 31 de março de 1.964 há um golpe que inaugura um novo 
“iato autoritário”, perdendo o M.P. a independência e passando a 
pertencer ao judiciário; 
 
- Constituição de 1.969: 
- o Ministério Público não era independente e fazia parte do Poder 
Executivo; 
 
 
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- Constituição de 1.988: 
- a posição Constitucional do M.P. lhe garantiu ser “uma das 
funções essenciais à justiça”; 
 
- o devido processo legal é um conjunto de regras que garantem 
um processo justo, assim, para que o processo seja justo, o juiz 
deve ser imparcial e inerte, não podendo agir de ofício. Assim, a 
Constituição nos dá exemplo de duas instituições que provocam o 
judiciário: membros do M.P. (artigo 128 da CRFB/88) e 
advogados (art. 133 da CRFB/88), sendo estas as duas 
instituições que possuem poder postulatório; 
 
- o professor Hugo Nigro Mazili diz que quando a Constituição 
disse que o Ministério Público é uma das funções essenciais à 
justiça, ela disse menos do que deveria, uma vez que o M.P. não é 
uma função essencial apenas à justiça, mas sim uma função 
essencial à própria existência do “estado democrático de direito”; 
 
- hoje, pela Constituição de 1.988 o Ministério Público é uma 
instituição “extra-poder”, ou seja, o Ministério Público, sem ser 
poder, exerce atribuições e possui garantias de Poder; o 
Ministério Público portanto não é uma 4º Poder, pois nós temos 
formalmente, 3 órgãos que exercem parcela da Soberania do 
 
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Estado: Legislativo; Executivo; Judiciário e uma instituição “extra-
poder”, que é o Ministério Público; 
 
- hoje, discutir se o Ministério Público é um poder ou não já está 
despido de importância: o importante é exercer atribuições e 
possuir garantias de poder, coisa que o Ministério Público atual 
faz; 
 
- em 1.748 Montesquieu escreveu “O espírito das leis” (que 
comentava o Estado Francês e o Estado Inglês), não podendo hoje 
importarmos a realidade de Montesquieu na época para os dias 
atuais; hoje devemos fazer a divisão orgânica de Montesquieu com 
base na nossa realidade (é o que o Ministro Gilmar Mendes fala de 
compreensão constitucionalmente adequada da divisão orgânica de 
Montesquieu) – devemos entender a teoria de Montesquieu como 
algo histórico, e não como algo científico; 
 
- “Felipe O. Belo”, em 1.301 já institui algumas funções que depois 
foram dadas ao Ministério Público; 
 
- hoje, tecnicamente, não é correto se falar em “divisão tripartite 
de Montesquieu”, uma vez que o Poder é único e indivisível (§ 
único do artigo 1º) e recebe o nome de soberania popular. Esse 
 
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poder se revela através de órgãos, portanto, o termo correto a se 
usar é “divisão orgânica de Montesquieu”, uma vez que temos 
órgãos que exercem parcela da soberania do Estado: Legislativo, 
Executivo, Judiciário e Ministério Público. Hoje existe o que 
chamamos de atribuições precípuas. 
 
- a Constituição de Venezuela de 1.998 fala em 5 poderes; a 
Constituição do Equador de 2.008 fala em 5 poderes também; 
 
- o Professor José Afonso da Silva diz que o Ministério Público, 
pela Constituição de 1.988, estaria posicionado dentro do Poder 
Executivo; buscando a natureza jurídica dos atos praticados pelos 
membros do M.P. não são leis (não tem a abstração e 
generalidades da lei) nem decisões jurisdicionais (não tem a 
definitividade das decisões jurisdicionais), portanto eles praticam 
atos de natureza administrativa, daí, em decorrência disso, ele 
estaria dentro do Poder Executivo; 
 
- 
 
 
- Ministério Público da União; 
 
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- Ministério Público dos Estados; 
- essa divisão existe em razão da nossa forma federativa de 
estado; 
 
- uma das características das pessoas jurídicas com 
capacidade política é a capacidade de auto-organização dos 
estados-membros; 
 
- o Município é uma pessoa jurídica com capacidade política, 
por isso temos uma federação tri-dimensional (União, 
Estados-membros e Municípios); 
 
- por opção do legislador, Município não ganhou judiciário 
próprio nem Ministério Público próprio; 
 
- em alguns estados dos Estados Unidos existe judiciário 
municipal; 
 
- o MPU se divide em 4 ramos (ou 4 categorias): 
- Ministério Público Federal; 
- Ministério Público do Trabalho; 
- Ministério Público Militar; 
- Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
 
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- o MPDFT faz parte do Ministério Público da União porque o 
Distrito Federal é uma pessoa jurídica com capacidade política 
híbrida (possui competência material dos Estados e dos 
Municípios). Sendo assim, o Distrito Federal possui menos 
autonomia do que os estados-membros (a exemplo disso, o DF 
não pode se dividir em Municípios); 
 
- a Lei Complementar 75/93 organiza o MPU; 
 
- o chefe do M.P.U. é o Procurador Geral da República, sendo 
escolhido dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos. 
Surge a dúvida de qual carreira é essa: 
- 1ª Posição: só pode ser Procurador Geral da República 
integrantes do Ministério Público Federal (posição 
majoritária) – a PEC 358/05 está no Congresso (já aprovada 
no Senado) visa trazer expresso na Constituição que somente 
integrantes do MPF podem ser PGR; 
 
: qualquer integrante do MPU pode ser PGR, uma - 2ª Posição
vez que aonde a Constituição não diferencia, não cabe ao 
intérprete fazê-lo; 
 
 
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- o Presidente escolhe o PGR e indica o nome para o Senado, que 
deve aprovar por maioria absoluta de votos. O PGR exerce 
mandato de dois anos, permitindo-se reconduções (quantas o 
presidente desejar, uma vez que a Constituição não limita o 
número de reconduções) – não existe lista na escolha do PGR; 
 
- todos os ramos do MPU menos o MPF possuem o seu 
procurador-geral próprio: procurador-geral do MPM; procurador-
geral do MPT; procurador-geral do MPDFT. O procurador-geral do 
MPF é o próprio PGR (Procurador-Geral da República); 
 
- Procurador-Geral do MPT: 
- é escolhido pelo Procurador-Geral da República, que deverá 
escolher o nome de uma lista de 3 nomes. Tal lista é criada 
pelos votos dos membros da instituição. 
- o mandato é de dois anos, permitindo-se uma única 
recondução; 
 
- Procurador-Geral do MPM: 
- quem escolhe é o PGR de uma lista de 3 nomes fornecida 
pela própria instituição (MPM); 
- exerce-mandato de dois anos, permitida uma única 
recondução; 
 
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- Procurador-Geral do MPDFT: 
- quem escolhe NÃO é o PGR, mas sim o Presidente da 
República, de uma lista com 3 nomes fornecida pelos 
membros do MPDFT; 
- o mandato é de dois anos, permitida uma única recondução; 
 
- até a Constituição de 1.988, o PGR poderia ser escolhido fora da 
carreira; até a Constituição de 1.988 o PGR era demitido ad nutum 
(a qualquer momento) pelo Presidente, hoje ele já não pode ser 
demitido pelo Presidente, só podendo ser afastado com a 
concordância da maioria absoluta do Senado; 
 
- o PGR denuncia as mais altas autoridades da República (ele tem 
assento no STF); se o PGR entende que não é caso de denúncia, 
mas sim caso de arquivamento do inquérito, o STF mandaria para 
o 28 do CPP para quem, uma vez que o PGR é a maior autoridade 
do Ministério Público? Ninguém, uma vez que o PGR é o próprio 
28, assim ele pede a “homologação do arquivamento” – em regra o 
STF nem entra no mérito do arquivamento; 
 
 
- Características peculiares do MPF: 
 
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- membros do MPF são procuradores da república e oficiam 
em regra perante o juiz federal; 
- depois de um certo tempo, há promoção para “Procurador 
Regional da República” que oficia em regra perante um dos 
cinco Tribunais Regionais Federais; 
- a próxima promoção é para Sub-Procurador-Geral da 
República, que oficia perante o STJ; 
- dentre os Sub-Procuradores-Gerais o Presidente escolhe o 
PGR que atua perante o STF1; 
 
- Características peculiares dos MPE´s: 
- organizado pela lei 8.625/93. Além dessa lei nacional, cada 
Estado possui uma lei complementar estadual própria 
organizando seu Ministério Público; 
- o chefe do MPE é o Procurado Geral de Justiça (PGJ) que é 
escolhido pelo governador de uma lista tríplice fornecida pela 
categoria (também por votação) – o governador está 
vinculado á esta lista, não estando o governador obrigado a 
escolher o nome mais votado; 
- o PGJ exercerá mandato de dois anos permitindo-se uma 
única recondução; 
 
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 Embora não se encontre na Constituição nada dizendo que o PGR deve ser escolhido entre os Sub-
Procuradores-Gerais, esse é o entendimento da doutrina; 
 
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- as constituições estaduais podem exigir que o PGJ deva ter o 
seu nome aprovado pela assembléia legislativa? Não, o STF já 
disse mais de uma vez que as constituições estaduais não 
podem exigir que o PGJ tenha seu nome aprovado pelo 
parlamento estadual; 
- quem pode concorrer para ser PGJ depende da constituição 
estadual e da lei complementar estadual (alguns estados 
permitem que promotores e procuradores de justiça 
concorram – Mato Grosso, Goiás – e outros estados permitem 
apenas que procuradores de justiça concorram à PGJ – São 
Paulo); 
- lei municipal não pode ofertar atribuição ao Ministério 
Público, somente podendo ser feito por lei federal e lei 
estadual; 
- promotor de justiça em regra oficia perante o juiz de direito; 
procurador de justiça em regra oficia perante o Tribunal de 
Justiça; 
- caso o PGJ venha a pedir o arquivamento de um inquérito, o 
Tribunal de Justiça não está obrigado a arquivar (art. 12, XI, 
lei 8.625/93), devendo o Colégio dos Procuradores de Justiça 
rever o ato do PGJ; 
- o art. 130 da CRFB/88 diz que “[...] aos membros do MP 
junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta 
seção pertinentes a direitos, vedações e forma de 
 
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investidura.” O STF já decidiu que o artigo 130 faz referência 
a um Ministério Público Especial que atua junto ao Tribunal 
de Contas, que não faz parte do Ministério Público Estadual 
nem do Ministério Público Federal, encontrando-se na 
economia doméstica do Tribunal de Contas. A lei 8.443/92 
(dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União) 
regulamentando a atuação do M.P. perante o Tribunal de 
Contas, lei esta já julgada Constitucional pelo STF. 
- Cargos do MP junto ao TCU: 
- Procurador Geral do MP junto ao TCU; 
- 3 Sub-Procuradores-Gerais do MP junto ao TCU; 
- 4 Procuradores do MP junto ao TCU; 
 
- em sede estadual, o MP que oficia perante o Tribunal de 
Contas do Estado depende do Estado. Na maioria dos 
Estados, ainda é o Ministério Público do Estado (ex.: 
Estado de São Paulo); no entanto, em muitos Estados 
(ex.: Rondônia; Goiás; Maranhão; Mato Grosso; Rio de 
Janeiro) já foram realizados concursos para o MP 
Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado (costuma 
ser chamado de Ministério Público de Contas); 
 
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- o CNMP editou um ato normativo dando prazo para 
que os Ministérios Públicos Estaduais saiam dos 
Tribunais de Contas; 
- o CNMP fiscaliza o MP do artigo130 da CRFB/88? Não, 
o CNMP só fiscaliza o MPU e o MPF, não fiscalizando o 
MP Especial junto ao Tribunal de Contas; 
 
- não existe Ministério Público Eleitoral: o que existe é um 
Ministério Público com funções eleitorais; 
 
- Princípios Institucionais do Ministério Público (art. 127, §1º): 
- Expressos: 
- Unidade; 
- só existe um Ministério Público: no instante em que o 
membro do MP se manifesta, ele está falando em nome da 
instituição, por isso ele não representa a instituição, mas sim, 
presenta a instituição; 
- essa unidade existe dentro de cada ramo, dentro de cada 
categoria; 
- o PGR é o chefe administrativo, por isso ele fala em nome do 
MPU; o PGJ é o chefe administrativo, por isso ele fala em 
nome do MP Estadual; o membro do MP presenta o MP no 
 
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exercício das atribuições constitucionais (na peça; na 
audiência pública; etc.); 
 
- Indivisibilidade; 
- é uma conseqüência lógica da unidade; 
- significa possibilidade de substituição de uns pelos outros 
na mesma relação processual (dentro da mesma categoria ou 
do mesmo ramo); 
- a possibilidade de substituição de um membro do MP por 
outro dentro da mesma categoria do MP é mais uma 
demonstração da existência da indivisibilidade; 
 
- Independência Funcional; 
- ausência de subordinação hierárquica no exercício das 
atribuições constitucionais – no exercício de suas atribuições 
constitucionais, você só se subordina à constituição e à sua 
consciência (desde que limitada à constituição); 
- esse limite que é a Constituição não significa que não se 
poder ter as chamadas pré-compreensões – pré-
compreensões significa que cada um de nós decorrermos do 
nosso “determinismo histórico”, que forja o que se denomina 
como “ideologia”. Também somos frutos do nosso 
inconsciente (força interior que não podemos controlar). O 
 
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determinismo histórico e o nosso inconsciente formam a pré-
compreensão. Interpretar era somente retirar sentido, mas 
atualmente, interpretar é “dar sentido”, e esse sentido é dado 
levando em conta nosso determinismo histórico e nosso 
inconsciente, por isso cria-se as pré-compreensões. 
Montesquieu não era adepto à essa corrente, pois 
considerava o juiz um ser inanimado, que representava a 
“boca da lei”. 
- portanto, a constituição é o limite das pré-compreensões; 
- o PGR é o chefe administrativo do Ministério Público, mas 
não é o chefe no exercício das atribuições constitucionais; 
- o artigo 28 do CPP é uma das demonstrações da 
independência funcional; 
- alguns MP estaduais fazem recomendações à seus membros 
(vindas do Conselho Superior, da Corregedoria): porém, essas 
recomendações são diretrizes, norte de atuação, não tendo 
caráter obrigatório; 
- não se deve confundir independência funcional (art. 127, 
§1º) com autonomia funcional (art. 127, §2º): a 
independência funcional é do membro, do presentante, já a 
autonomia funcional é da instituição frente aos demais 
órgãos que exerce soberania; 
 
 
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- Implícito: 
- Princípio do Promotor Natural; 
- é uma garantia fundamental do cidadão de que ele só se 
verá processado por membros do MP previamente 
estabelecidos, ou seja, escolhidos antes do fato; 
- tal princípio busca evitar “promotores de encomenda”, 
promotores escolhidos post factum. 
- esse princípio busca garantir a independência funcional 
também; 
- não ofende o princípio do promotor natural a existência de 
grupos especiais de investigação (ex.: GAECO - Grupo de 
Atuação Especial no Combate às Organizações Criminosas); 
- o princípio do promotor natural deve ser respeitado para o 
oferecimento da denúncia, não devendo ser respeitado na 
fase inquisitorial; 
- o promotor natural pode solicitar ao procurador-geral 
auxílio de outros membros; 
- fundamentos para o promotor natural: 
- alguns entendem que decorre do devido processo legal, 
que garante um processo justo (art. 5º, LIV); 
- alguns entendem que o fundamento está no artigo 5º, 
LIII da CRFB/88; 
 
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- há também quem entenda que o princípio do promotor 
natural encontre fundamento no princípio da 
inamovibilidade; 
 
 
- Legais (estão na LC 75/93): 
- tais princípios se referem ao MP com função eleitoral; 
- Princípio da Federalização; 
- a atribuição eleitoral é o MPF, ou seja, cabe ao Ministério 
Público Federal exercer as atribuições eleitorais, uma vez que 
a justiça eleitoral é uma justiça federal especializada; 
 
- Princípio da Delegação; 
- em razão do princípio da delegação, o exercício dessas 
atribuições que são federais é delegado ao Ministério Público 
Estadual, por isso o membro do Ministério Público Estadual 
possui estas atribuições eleitorais; 
 
- quem oficia perante a justiça eleitoral em primeiro grau 
(juiz eleitoral) de jurisdição é o promotor eleitoral; 
- quem oficia perante o Tribunal Regional Eleitoral é um 
membro do MPF (Procurador Regional Eleitoral); 
 
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- quem oficia perante o TSE é o Procurador Geral 
Eleitoral – é o Procurador Geral da República que 
também exerce o cargo de Procurador Geral Eleitoral – 
ele faz uma designação de um Vice Procurador Geral 
Eleitoral para oficiar no TSE; 
 
- atribuições genéricas do Ministério Público: 
- o art. 127 da CRFB/88 nos dá notícia das atribuições genéricas do 
Ministério Público: tais atribuições serão esclarecidas pelo artigo 129 
da carta constitucional; 
- o rol do artigo 129 traz um rol meramente exemplificativo, não sendo 
um rol taxativo, uma vez que o inciso IX de tal artigo diz que cabe ao 
MP exercer outras funções que lhe forem conferidas; 
- requisitos para que outras atribuições sejam ofertadas ao 
Ministério Público: 
- Requisito Formal: 
- só a lei pode ofertar atribuições ao Ministério Público 
(lei que não seja Municipal); 
- Requisito Material: 
- as atribuições devem ser compatíveis com sua 
finalidade; 
- Requisito Negativo: 
 
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- há proibição de representação judicial por parte do 
Ministério Público; 
 
- atribuições genéricas e específicas do Ministério Público (ver art. 
127 da CRFB/88): 
 
- Art. 127 – O Ministério Público é instituição permanente, essencial 
à função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
 
- segundo Alexandre de Moraes, seria inconstitucional a emenda 
constitucional que por ventura tentasse abolir o Ministério Público 
(uma vez que a instituição é permanente, e se apresenta como 
instrumento, garantia da concretização dos direitos fundamentais) ou 
tentasse transferir ele para um dos poderes uma vez que causaria uma 
hipertrofia do poder; as forças armadas tambémsão permanentes (art. 
142 da CRFB/88); 
 
- o Ministério Público é essencial à prestação jurisdicional do Estado 
(princípio da essencialidade) – não existe prestação jurisdicional de 
ofício. - Nigro Manzili diz que a Constituição disse menos do que 
deveria, por deveria dizer que o Ministério Público é essencial à 
 
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existência do Estado. Não existe no mundo um Ministério Público 
estruturado como o nosso, que tem muitos poderes de determinadas 
áreas e nenhum em outras; 
 
- ordem jurídica é a organização, a disciplina da sociedade através de 
um direito, ou seja, o conjunto de normas de um Estado em um 
determinado momento histórico. A lei está para o ordenamento 
jurídico assim como a árvore está para a floresta. O ordenamento 
jurídico é o conjunto de leis (em sentido amplo); 
- o MP defende a ordem jurídica como órgão agente: ações penais 
e ações civis, atuando como parte instrumental na defesa do 
ordenamento jurídico, portanto, sendo o fiscal da lei e da 
Constituição (mesmo como órgão agente); 
 
- o MP defende a ordem jurídica como órgão interveniente: 
mesmo sendo órgão interveniente, ele possui poderes de parte; a 
participação do MP se justifica pela a natureza da parte (presença 
de menor incapaz) ou pela natureza da relação jurídica processual 
(questões de Estado; casamento; divórcio; ação penal privada – 
fiscalizando o princípio da indivisibilidade; habeas corpus – 
participa uma vez que o princípio da liberdade é indisponível); 
 
 
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- o MP deve agir na defesa do regime democrático: não se deve 
restringir tal interpretação a ponto de pensar que o MP age na 
fiscalização do processo eleitoral; não existe Ministério Público 
Eleitoral, existe o MP com atribuições eleitorais (que faz sim a defesa 
do regime democrático – “defesa da verdade das urnas” – ou seja, um 
processo eleitoral sem vícios e fraudes). Porém, o conceito de 
democracia é muito mais amplo do que simplesmente o direito de 
votar e ser votado: é o respeito à liberdade; respeito à igualdade; 
respeito à dignidade da pessoa humana. 
- a Constituição exige não só o respeito, mas acima de tudo, a 
concretização desses valores. A liberdade nesse caso se refere à 
auto-determinação (escolha de destinos). Portanto, nesse caso a 
liberdade deve ser vista amplamente: liberdade de crença; 
liberdade de associação; liberdade de reunião; liberdade de 
consciência2. A igualdade protegida pelo MP é: exigência de que os 
concursos reservem vagas para os portadores de deficiências; 
ações afirmativas ou discriminações positivas (busca a criação de 
personalidades emblemáticas – exemplos de superação); a 
igualdade aqui não pode ser vista de forma puramente formal. 
 
- dignidade da pessoa humana é um sobre princípio, pré-
constitucional ou pré-estatal, uma vez que não é a Constituição 
 
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 Nesse ponto que surge a discussão acerca da presença de imagens religiosas em locais públicos. 
 
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que nos dá a dignidade, mas ela apenas a legitima, uma vez que 
mesmo sem a carta Constitucional nós já temos a dignidade. Nas 
palavras de Kant: “A dignidade nos separa da coisa, uma vez que o 
indivíduo é um fim em si mesmo”. A coisa é um meio para se atingir 
um fim, a coisa não tem dignidade, e sim, preço. A dignidade que o 
MP protege é a dignidade em sentido moral e a dignidade em 
sentido material: em sentido moral significa direito de ter direitos 
(o cidadão não pode ser violado, desrespeitado, menoscabado), e 
em sentido material significa um piso mínimo de dignidade 
(mínimo existencial), assim, o MP busca a concretização desse 
piso mínimo de dignidade (direitos sociais); 
 
- defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis: segundo o 
professor Kazuo Watanabe interesse é sinônimo de direito, é uma 
posição jurídica necessária à satisfação de uma necessidade. Os 
interesses sociais devem ser igualados ao “bem-comum”, ou seja, 
interesse geral, interesse de toda a coletividade, interesses meta-
individuais, proteção da coisa pública, proteção dos bens mais 
elevados de uma sociedade. Interesses individuais indisponíveis se dão 
em razão de dois motivos: em razão da natureza (qualidade) da parte e 
em razão da natureza da relação processual; 
 
- funções institucionais do Ministério Público (art. 129 da CRFB/88): 
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
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- adoção do sistema processual penal acusatório, havendo 
separação entre quem acusa e quem julga; o chamado “juizado de 
instrução” seria inconstitucional no Brasil. O MP é o titular da ação 
penal pública, cabendo a ele provar os fatos que alegam, não 
cabendo ao acusado provar sua inocência. 
 
II – zelar pelos efetivos respeitos do Poderes Públicos e dos serviços de 
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, 
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
- no art. 37 temos os princípios que se aplicam à Administração 
Pública, devendo eles serem respeitados, estando o MP 
responsável pelo efetivo respeito à esses direitos, promovendo as 
medidas necessárias à sua garantia. Ex.: ações civis; 
recomendações; ação penais; ações por improbidade 
administrativa; 
 
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção 
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos e coletivos; 
- patrimônio público deve ser entendido não só como o 
patrimônio material, mas também como patrimônio ético e moral 
da sociedade, é o dever de honestidade, honestidade cívica. As 
tradições, costumes, são patrimônios públicos que não de ordem 
material; 
 
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IV – promover a ação de inconstitucionalidade por representação para 
fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta 
Constituição; 
- o MP como fiscal da constituição defende o pacto federativo, 
defende a Constituição, como no exemplo da Ação Direta por 
Inconstitucionalidade Interventiva na defesa dos princípios 
constitucionais sensíveis; 
- O PGJ promove a ADI estadual para fins de proteção da forma 
normativa da Constituição; a constituição não é um aviso, é uma 
norma jurídica diferenciada, que possui imperatividade reforçada, 
assim, quando o MP ajuíza uma ADI ele deseja que a Constituição 
seja respeitada; 
 
V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações 
indígenas; 
- essa competência não é exclusiva do MP, uma vez que o artigo 
232 diz que também são competentes os próprios índios, suas 
comunidades ou organizações (FUNAI, ONG´s), portanto, a 
competência para defender os índios judicialmente é concorrente; 
- o art. 109, XI atribui competência para a justiça federal julgar 
questões relativas à interesses indígenas, portanto a atribuição 
 
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para tal é do MPF; cabe ao MP Estadual apenas a defesa 
extrajudicial dos direitos indígenas; 
 
VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua 
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, 
na forma da lei complementar respectiva; 
 - esse inciso foi regulamentado pela resolução 13 do Conselho 
Nacional do Ministério Público. Existe para o MP um poder-dever 
de requisição, que nesse caso, não é pedido (pois pedido é 
requerimento), não é ordem (está ausente a subordinação 
hierárquica), portanto, trata-se de determinação. Não atendida 
essa requisição, pode-se configurar o crime do art. 10 da lei da 
ação civil pública, violando o princípio da legalidade, cabendo 
ação de improbidade administrativa; 
 
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei 
complementar mencionada no artigo anterior; 
- a resolução 20 do CNMP regulamentou o controle externo da 
atividade policial; 
- controle externo da atividade policial: com fundamento neste 
dispositivo o Ministério Público faz a fiscalização, o controle, da 
atividade finalística (atividade voltada para a segurança pública) 
 
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do aparelho policial. Os aparelhos policiais sujeitos à esse controle 
estão elencados no artigo 144 da CRFB/88; 
- exemplos de atividade controladas com fundamento nesse 
dispositivo: respeito ao prazo para instauração de inquérito; 
respeito estrito à ordem judicial de interceptação telefônica; 
cumprimento do alvará de soltura; diligências realizadas para o 
cumprimento do mandado de prisão; 
 
VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração policial, 
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; 
- se a requisição for feita, o Ministério Público deve trazer os 
fundamentos da requisição, daí estando o delegado obrigado a 
instaurar o inquérito policial sob pena das sanções legais 
(improbidade administrativa; prevaricação); 
- se o inquérito foi requisitado pelo Ministério Público, ele passa a 
ser a autoridade coatora que estará sujeita ao HC, ficando a 
competência portanto do Tribunal; 
 
- atividades vedadas aos membros do Ministério Público (art. 128, 
§5º): 
- é vedado o exercício da advocacia aos membros do Ministério Público 
(II, “b”). A Advocacia Geral da União foi criada em 1.988, e até aí, quem 
fazia a defesa da União eram os Procuradores da República 
 
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(pertencentes ao MPF), portanto, os membros do MPF que entraram 
para o MP até outubro de 1.988 podem advogar até hoje (art. 29, §6º 
do ADCT); 
 
- até a EC/45 de 2.004 a Constituição permitia atividade político 
partidária por membros do Ministério Público. Porém, a EC/45 mudou 
o regime, assim atualmente há 3 situações: 
- membros do MP que entraram na instituição até 5 de outubro de 
1.988 podem ser candidatar licenciando-se do Ministério Público 
(ex.: Fernando Capez; Carlos Sampaio); 
- membros do MP que ingressaram na instituição de 5 de outubro 
de 1.988 até a promulgação da EC/45 de 2.004, há duas posições 
doutrinárias: 
- 1ª Corrente  pode-se candidatar licenciando-se; 
- 2ª Corrente  não pode licenciar-se, uma vez que 
desejando candidatar, deve-se exonerar do cargo; 
- TSE  adere à segunda corrente, devendo o membro do MP 
exonerar-se; 
- STF  o tema não é pacífica, mas há uma decisão de 2.009, 
que por maioria de votos entende pela exoneração; 
- membro do MP que ingressou no Ministério Público depois da 
EC/45, deve se exonerar; 
 
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- prazo de filiação para o membro do MP é diverso (o mesmo 
ocorre com o magistrado), uma vez que o prazo é de 6 meses 
conforme previsto em lei complementar, sendo o prazo comum de 
1 ano; 
 
 
- Investigação pelo Ministério Público: 
- Argumento Contra: 
- o artigo 144, §1º, IV da CRFB/88 traz a exclusividade da 
investigação para a polícia; 
 
- Argumento Favorável: 
- o Ministério Público pode investigar, através da Teoria dos 
Poderes Implícitos: se a Constituição dá a atividade fim 
(ajuizamento da ação penal), ela dá, implicitamente, os meios e 
instrumentos para que ele possa ajuizar a ação penal (atividade 
fim); na doutrina prevalece essa posição; 
 
- TRIBUNAIS: 
- para o STJ, o Ministério Público pode investigar; 
- para o STF, o pleno ainda não decidiu, embora as turmas tenham 
proferidos decisões favoráveis e contras; há recente decisão 
 
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(lembrando que apostila foi escrita em 2009) no sentido de 
permitir a investigação; 
 
- Organização dos Poderes: 
- todas as nossas Consituições (com exceção da Constituição de 1.824) 
adotaram a divisão orgânica de Montesquieu. A teoria de 1.824 adotou 
a Teoria do Poder Moderador ou Teoria do 4º Poder (de Benjamim); 
 
- em 1.748 Montesquieu escreveu o livro “O Espírito das Leis”, 
comentando o Estado Francês e o Estado Inglês. Aristóteles, em 340 
anos antes de Cristo, já havia identificado as três atribuições do poder: 
cria a norma geral + aplica a norma geral ao caso concreto + resolve o 
conflito de interesses porventura surgido da aplicação da norma geral. 
 
- Jonh Locke em 1.690, em um livro chamado “O Segundo Tratado do 
Governo Civil” também identificou atribuições daquele que exercia o 
poder. O avanço de Montesquieu em relação à esses outros pensadores 
no livro “O Espírito das Leis” foi de que cada uma das atribuições já 
identificadas por Aristótales e John Locke deveriam ser desenvolvidas 
por órgãos independentes, dizendo que “tudo estaria perdido se no 
mesmo homem ou no mesmo corpo de homens exercerem-se as três 
atribuições”; 
 
 
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- atualmente, devemos ter uma compreensão constitucionalmente 
adequada da divisão orgânica de Montesquieu. Devemos ver o poder 
como órgão que exerce parcela da soberania do Estado: 
- no Brasil o legislativo exerce precipuamente duas funções (inova 
no ordenamento jurídico criando leis3 + fiscaliza). A fiscalização 
pode se dar de duas formas: 
- fiscalização econômico-financeira (art. 70 à art. 75)  o 
legislativo é, no exercício dessa fiscalização, auxiliado no 
Tribunal de Contas; 
- fiscalização político-administrativa (art. 58)  é feita 
através das comissões; 
 
- 
 
- administração dos órgãos internos (art. 51, IV e art. 52, XIII) 
 administra seus assuntos internos; 
- julga (art. 52, parágrafo único)  ex.: cabe ao senado julgar 
o presidente da república pela prática de crime de 
responsabilidade; 
 
 
3
 Originariamente, os parlamentos somente tinham a função de fiscalização, somente depois da Revolução 
Francesa (1.789) o parlamento europeu passou a exercer a função de inovar no ordenamento jurídico. 
 
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- aplica a lei ao caso concreto (art. 37)  administra a coisa 
pública; 
 
- inova a ordem jurídica (art. 62)  exemplo claro é a medida 
provisória. Lei delegada não é exercício de função atípica do 
executivo, sendo ela exceção ao princípio da indelegabilidade; 
- julga  ex.: processo administrativo tributário; concurso 
público; licitação. Vale lembrar que esse julgamento não tem 
caráter definitivo; 
 
- Montesquieu dizia que o judiciário é a boca que fala o que 
está na lei, sendo um ser inanimado, tenho uma atribuição  
aplicação da lei ao caso concreto, substituindo a vontade das 
partes, resolvendo o conflito com força definitiva; 
- atualmente o judiciário tem outras funções típicas, inclusive 
segundo o Luiz Flávio Gomes4: 
 
4
 No mesmo sentido, Zilmar Faquim. 
 
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- defende a força normativa da Constituição através do 
controle de constitucionalidade; 
- garante direitos fundamentais; 
- resolve os conflitos entre os demais poderes; 
- é dotado da chamada legislação judicial 5; 
 
- administra seus assuntos internos  é o chamado “auto-
governo dos tribunais”; 
- inova a ordem jurídica  exemplo claro é o regimento 
interno do Tribunal; 
 
- cada órgão exerce funções típicas e outras 
atípicas para a manutenção da 
independência e harmonia entre os poderes, 
uma vez que a ingerência de um poder na 
atribuição do outro configura violação à 
cláusula pétrea (art. 60,§4º); 
 
- Poder Legislativo: 
 
5
 Segundo Gilmar Mendes “[...] é a criatividade dos juízes e dos tribunais, sobretudo das cortes 
constitucionais.” Exemplos: súmulas vinculantes; sentenças aditivas; normatização em mandado de injunção. 
 
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- o poder legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional, 
sendo ele bicameral, uma vez que possui duas casas no Congresso 
Nacional: bicameralismo do tipo federativo6. Além disso, adotamos um 
bicameralismo de equilíbrio ou de equivalência: Câmara dos 
Deputados e Senado Federal possuem o mesmo grau de importância7. 
No bicameralimos aristocrático, há uma casa de maior importância que 
a outra (adotada em alguns países da Europa); 
 
- Formas de Manifestação do Legislativo da União8: 
- somente a Câmara dos Deputados (art. 51): 
- se dá através de resolução; 
 
- somente o Senado Federal (art. 52): 
- se dá através de resolução também; 
 
- Congresso Nacional (art. 49): 
 
6
 Há uma Câmara onde estão os representantes do povo (art. 45 – Câmara dos Deputados) e uma Câmara onde 
estão os representantes dos Estados-membros (art. 46 – Senado). Não existe federação quando os estados-
membros não participam na criação da lei: no Brasil, os senadores participam da criação da lei como 
representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal, portanto essa característica que marca o 
bicameralismo federativo. 
7
 O desenho de Oscar Niemayer do Congresso se dá porque o senado é mais fechado, mais conservador (meio 
círculo voltado para baixo) e a câmara voltada para cima a abertura do círculo (a câmara é mais aberta, menos 
conservadora, mais moderna). Exemplo claro é a idade necessária para ser membro do senado ou da câmara, 
uma vez que a idade exigida para ser membro na câmara é de 21 anos, já no senado, a idade mínima é de 35 
anos. 
8
 Os artigos indicados são de leitura obrigatória. 
 
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- feito através de decreto legislativo, sem a participação 
do Presidente; 
 
Obs.: não existe diferença entre o termo 
“privativo” usado nos artigos 51 e 52 com o 
termo “exclusivo” utilizado no artigo 49, mas 
apenas nesse caso. 
 
- Câmara dos Deputados + Senado Federal/ Senado Federal + 
Câmara dos Deputados (art. 48): 
- com a participação do Presidente sancionando ou 
vetando projeto de lei ordinária ou projeto de lei 
complementar; 
 
- Legislativo da União investido do Poder Constituinte 
Derivado Reformador (art. 60): 
- é feito através de Emenda Constitucional; 
- Presidente não sanciona e não veta Emenda 
Constitucional; 
 
- Definição de alguns institutos: 
- Legislatura  é o lapso temporal de 4 anos (art. 44, parágrafo 
único); 
 
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- Seção legislativa  uma legislatura é correspondente a 4 seções 
legislativas, estando prevista no art. 57 da CRFB/88. Uma seção 
legislativa começa dia 02 de fevereiro à 17 de julho, depois de 1º de 
agosto a 22 de dezembro; 
 
- Deputados Federais  são representantes do povo (art. 45) e o 
número de Deputados Federais por estado-membro varia de acordo 
com a população (número de habitantes); cada estado-membro terá no 
mínimo 8 Deputados Federais e no máximo 70 Deputados Federais; no 
caso de territórios, serão 4 Deputados Federais; 
- atualmente temos 513 Deputados Federais; 
- o número de Deputados Estaduais é o triplo dos Deputados 
Federais (ex.: se o Estado tem 10 Deputados Federais, terá 30 
Deputados Estaduais); essa regra vale para os Estados-membros 
que têm no máximo 12 Deputados Federais. Quando se chega ao 
número de 36 Deputados Estaduais, ou seja, 12 Deputados 
Federais, soma-se o excedente (ex.: se o Estado tiver 15 
Deputados Federais, soma-se 36 + 3, que é o excedente dos 15, 
chegando-se ao resultado de 39 Deputados Estaduais); 
FÓRMULA 
 
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- o mandato dos Deputados Federais é de 4 anos; 
 
- Povo  corresponde aos brasileiros natos e brasileiros naturalizados 
(art. 12); 
 
- População  no conceito de população está contido os brasileiros 
natos, naturalizados, apátridas, estrangeiros; 
 
- Senadores  são representantes dos Estados-Membros e do DF. As 
unidades parciais devem participar da vontade geral (ou seja, na 
formulação). Todas as suas unidades são iguais, em busca de 
manutenção do pacto federativo. Cada Estado têm 3 senadores, é opção 
política a partir da emenda constitucional 11/77, onde antes era 
apenas 2. A CF/88 manteve os três senadores por estado-membro e no 
DF. Eles são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário (diferentemente 
dos Deputados Federais, Deputados Estaduais e vereadores – que são 
eleitos pelo sistema proporcional). O senado se renova a cada eleição 
de maneira alternada (1/3 em uma eleição e 2/3 em outra). Como o 
Senado se compõe de 81 senadores, 1/3 = 27 e 2/3 = 54. Na eleição de 
2.010 serão eleitos dois senadores por Estado, totalizando 54 
senadores. O mandato do senador é de 8 anos, sendo 2 legislaturas. 
- os senadores têm suplentes, devendo na candidatura registrar 
dois suplentes; tal instituto (da suplência) não é interessante no 
 
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Brasil, uma vez que o suplente é normalmente quem paga a 
campanha ou até mesmo algum parente do senador; existe uma 
proposta de emenda na Constituição para abolir essa norma da 
Constituição; 
 
- MESA  é órgão de direção de um colegiado, é encarregada da 
condução dos trabalhos legislativos e administrativos daquela casa; no 
legislativo da União existem três mesas: mesa da Câmara dos 
Deputados; mesa do Senado Federal; mesa do Congresso Nacional; 
- a mesa da Câmara é formada só por Deputados Federais; 
- a mesa do Senado é formada por Senadores; 
- a mesa do Congresso é formada por Senadores e Deputados 
Federais; 
- Cargos: Presidente, 1º Vice-Presidente, 2º Vice-Presidente, 
1º Secretário, 2º Secretário, 3º Secretário e 4º Secretário  
quem exerce cargo na mesa exerce mandato de dois anos e a 
Constituição Federal proíbe a reeleição para o mesmo cargo 
na mesa. Esta proibição não é uma norma de reprodução 
obrigatória, assim, as leis orgânicas municipais e as 
Constituições Estaduais podem estabelecer de forma 
diversa9. O Presidente do Senado, automaticamente, será o 
 
9
 Já houve em nossa história reeleição para mesas do Senado e da Câmara, sob o argumento de que a vedação 
se dá apenas na mesma legislatura; 
 
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Presidente do Congresso Nacional (os demais cargos da 
mesa do Congresso Nacional será de forma alternada10); 
Obs.: a CRFB/88 deu às mesas algumas atribuições que 
são de relevo: 
- promulgação de emenda (mesa da Câmara e do 
Senado – art. 60, §3º); 
- ajuizar ADI (mesa da Câmara e do Senado – art. 
10311); 
- linha sucessória do Presidente da República (o 
presidente da câmara e o presidente do senado estão 
na linha sucessória do presidente da república – art. 
80); 
- fazem a pauta de votação (os presidentes decidem 
qual projeto vai entrar em votação 
- Atribuições do legislativo da União: 
- Fiscalização: 
- a fiscalização se desempenha através de duas espécies: 
fiscalização econômico-financeira (art.´s 70 até 75) e fiscalização 
político-administrativa12 (art. 58 da CRFB/88). 
 
10
 É formada para um senador, depois um deputado federal, depois um senador, depois um deputado federal – 
assim, o 1º vice-presidente da câmara exerce o mesmo cargo no Congresso. Assim, o presidente do senado não 
exerce cargo na mesa do Congresso Nacional. 
11
 Mesa da Câmara e do Senado Federal podem ajuizar ADI, mas a mesa do Congresso não pode. 
 
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- Comissões do artigo 58 da lei fundamental  há, segundo tal 
artigo, três comissões: 
- comissão temática ou material; 
- comissão representativa ou de representação; 
- comissão parlamentar de inquérito; 
 
- a todas as comissões aplica-se o princípio 
da participação proporcional dos partidos 
políticos (assim, se um partido tem 10% dos 
Deputados Federais, ele tem 10% de 
representação nas comissões); 
 
- Comissão temática ou material: 
- a casa legislativa é dividida em comissões temáticas (ou 
materiais), significando que cada comissão debate um tema, 
debate uma matéria. É o regimento interno daquela casa 
legislativa que diz quais são as comissões temáticas e quais são as 
comissões materiais (ex.: Comissão de Agricultura, Comissão de 
Saúde, Comissão de Educação – normalmente, existem muitas 
comissões temáticas que se dão por já existir um Ministério em 
relação ao tema). 
 
12
 Desempenhada pelas Comissões. 
 
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- a Comissão Temática/Material mais importante é a CCJ 
(Comissão de Constituição e Justiça), uma vez que todo projeto de 
lei obrigatoriamente deve passar por ela, sendo ela a responsável 
pelo controle preventivo de constitucionalidade. O parecer da 
CCJ não é meramente opinativo, mas sim terminativo. Todo 
projeto deve passar por no mínimo duas comissões (primeiro pela 
CCJ e depois por sua área de atuação – saúde, educação, etc.). 
 
- as comissões temáticas realizam audiência pública, convidam 
professores e universitários, estudiosos e cientistas para debater o 
projeto e contribuírem em seu aprimoramento. No Brasil, 
comissão temática/material é dotada da delegação interna ou 
delegação imprópria (é o que o Ministro Gilmar Mendes denomina 
de processo legislativo abreviado), que significa que a comissão 
temática/material tem poder ofertado pela Constituição (art. 58, 
§2º, “I”) para aprovar projetos de lei independentemente da 
manifestação do plenário. A delegação própria (ou externa) é a lei 
delegada, sendo externa pelo fato de se dar do legislativo ao 
executivo. 
 
- Comissão representativa ou de representação: 
- durante os períodos de recesso do Congresso ele será 
representado por uma comissão (art. 58, §4º da CRFB/88). Tal 
 
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comissão é mista ou conjunta, formada por deputados federais e 
por senadores. 
 
- Comissão Parlamentar de Inquérito: 
- até a Revolução Francesa (1.789), os parlamentos europeus 
tinham a atribuição única de fiscalizar. Com a Revolução Francesa, 
surge o denominado Estado Liberal, sendo este um Estado 
garantidor. No estado liberal, as constituições são apenas político-
jurídicas. Com a Revolução Francesa, surge o dogma da lei: em 
1.804 surge o Código Civil Napoleônico – que trazia o dogma da lei, 
onde a lei deve ser obedecida, uma vez que o direito é a lei 
(positivismo), devendo ser cumprido o que foi pactuado. Essa foi a 
época de maior força do poder legislativo, uma vez que se dava 
muito valor à lei. Daí surgiram os direitos fundamentais de 
primeira geração (a lei limitava a atuação do Estado para proteger 
as liberdades individuais). 
 
- No século XX surge o Estado-Social, que passa de um Estado 
Liberal para um Estado Prestador, uma vez que este tinha de 
prestar educação, saúde, trabalho (direitos sociais – direitos 
fundamentais de segunda geração). As Constituições deixam de ser 
unicamente político-jurídicas passam a ser sociais-econômicas. 
Essa foi a fase em que o Executivo passou a ter maior força. O 
 
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Executivo passou a ter prerrogativa de inovar na ordem jurídica 
(decreto-lei, medida provisória); 
 
- o Legislativo, se sentindo acanhado, passou a ter outra função 
(para conquistar espaço): fiscalizar por meio das CPI. 
 
- no século XXI, alguns dizem ser o século do Judiciário, porque o 
Estado além de garantidor e prestador, ele deve ser um Estado-
Transformador, que em regra, é feita pelo judiciário (ações 
afirmativas, judicialização de políticas públicas, ativismo judical); 
 
- CPI  a CRFB/88 deu força, valorizou a Comissão Parlamentar 
de Inquérito, de tal forma, que chegoua dizer que a CPI terá “[...] 
poderes de investigação próprios da autoridade judicial” – art. 58, 
§3º. No Brasil, o juiz não investiga, em razão de ter-se adotado o 
sistema processual penal acusatório (art. 129, I) – o STF confirmou 
tal orientação ao dizer que o dispositivo da lei 9.034/95 que 
permitia que o juiz investigar era totalmente inconstitucional. O 
Juiz tem apenas poderes instrutórios – por via de exceção, a LC 
35/79 (LOMAN) há previsão de um juiz investigar o outro. A CPI 
portanto, possui poderes instrutórios do juiz, mas não poderes 
investigatórios. 
 
 
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- Tendo em conta os poderes instrutórios, o que pode e o que não 
pode a CPI? Existem duas leis regulamentando o tema: a lei 
1.579/52 e a lei 10.001/00, além do CPP e CPC que são aplicados 
de forma subsidiária (sem prejuízo ainda da aplicação dos 
regimentos internos); 
- notificar testemunhas, 
determinar sua condução 
coercitiva; 
- há decisão no STF no 
sentido de que índio não 
pode ser conduzido 
coercitivamente à CPI, pois 
implicaria em remoção 
forçada do índio da sua terra, 
o que é vedado pela 
Constituição (art. 231); 
- na CPI, ou você é 
testemunha, ou 
investigado/indiciado ou 
convidado; a testemunha e o 
investigado pode ser 
conduzido coercitivamente, 
ao contrário do convidado; 
- pode prender em flagrante 
(mas não pode prender em 
flagrante o investigado pelo 
crime de falso testemunho, 
uma vez que ele não é 
testemunha). O investigado 
tem o direito constitucional 
 
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ao silêncio; 
- membro do MP pode ser 
convocado para CPI, mas não 
está obrigado a responder 
sobre fatos que tenha 
manifestado no exercício de 
suas atribuições 
constitucionais. O mesmo se 
aplica aos juízes; 
- por não ser dotada de 
autoridade própria (precisa da 
integração do poder 
judiciário), a CPI não pode: 
afastar o sigilo das 
comunicações telefônicas 
(art. 5º, XII); expedir 
mandado de prisão; expedir 
mandado de busca e 
apreensão13. Essas três 
exigências, o STF denomina 
de “reserva constitucional de 
jurisdição”. 
- realizar perícias, exames, 
vistorias; 
- determinar constrição 
judicial (arresto, seqüestro, 
hipoteca legal – ou seja, 
medidas assecuratórias); 
- afastar o sigilo bancário e - impedir que o cidadão deixe 
 
13
 A casa é asilo inviolável do indivíduo (art. 5º, XI). Casa é todo espaço corporal autônomo e delimitado. Essa 
noção de casa vem da Carta do Rei João Sem Terra (1.215). Existem duas espécies de casa: casa em sentido 
restrito e casa por extensão. O art. 150, §4º do CP define casa em sentido restrito como domicílio restrito (local 
de habitação – permanente ou temporária) e casa por extensão (que é o local onde exerce seu trabalho, ofício 
ou profissão). 
 
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fiscal (segundo o STF, a CPI é 
dotada de autoridade própria 
para afastar o sigilo fiscal e 
bancário sem se recorrer ao 
judiciário14); 
o território nacional; 
determinar a apreensão de 
passaporte (não pode pelos 
mesmos motivos das 
hipóteses acima – não tem 
autoridade própria); 
- oficiar a companhia telefônica 
requisitando os extratos 
telefônicos; 
 
 
- requisitos necessários para a constituição da CPI: 
- 1/3 no mínimo dos deputados federais e/ou15 senadores; 
CPI Mista é chamada de CPMI (Comissão Parlamentar Mista 
de Inquérito); 
- 1/3 dos deputados federais (513 no total) = 171 
deputados federais; 
- 1/3 dos senadores (81 no total) = 27 senadores; 
 
 
14
 CPI criada no parlamento municipal não te essa prerrogativa, uma vez que não há poder judiciário municipal, 
devendo assim nesse caso, a CPI recorrer ao judiciário. 
15
 Existem dois tipos de CPI: CPI simples (formada só por deputados ou só por senadores) e CPI mista ou 
conjunta (formada por deputados federais e senadores). 
 
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- fato determinado  a CPI na sua constituição deve 
especificar (objetivar) o objeto da investigação. Não é 
qualquer fato determinado que enseja a criação de CPI, mas 
sim somente fatos que tenham relevância pública. Esse fato 
determinado deve estar dentre as atribuições da casa 
legislativa que realiza a CPI. 
 
- prazo certo  na existe CPI permanente, portanto, toda CPI 
deve ter um prazo certo, sob pena de se ferir o princípio da 
segurança jurídica (art. 4º, caput). A Constituição não diz qual 
é o prazo, dependendo do regimento interno da casa 
legislativa, podendo variar de 120 a 180 dias, admitindo 
prorrogação desde que dentro da mesma legislatura. 
- as Constituições Estaduais podem estabelecer a 
exigência de outros requisitos? O STF decidiu que CPI é 
um direito das minorias parlamentares, portanto, se os 
partidos políticos não indicarem os membros para fazer 
parte da comissão, o presidente da mesa da casa deve 
nomear os membros do partido político para compor a 
comissão. Portanto, a maioria não pode inviabilizar a 
criação da CPI. O STF entendeu ser inconstitucional a 
Constituição do Estado de São Paulo por trazer outros 
requisitos que dificultem a instauração da CPI (exigia a 
aprovação do plenário para a constituição da CPI), uma 
 
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vez que dificultaria o exercício dos direitos das minorias. 
Facilitar a criação da CPI (apesar de não haver decisão do 
STF), em tese, seria possível. 
 
- término dos trabalhos da CPI: 
- a CPI elabora um relatório ao final dos trabalhos que deve 
ser votado pela CPI (todas as diligências e determinações da 
CPI devem ser votadas pela CPI, pelo princípio da 
colegialidade). Este relatório, em sendo o caso, é remetido ao 
Ministério Público, assim, a CPI não está obrigada a enviar o 
relatório ao Ministério Público (dependendo de oportunidade 
e conveniência política). 
 
- recebido tal relatório por parte do M.P., deve este promover 
as ações penais ou cíveis cabíveis, de acordo com o que foi 
constatado na CPI. A ação civil em regra é de improbidade 
administrativa (lei 8.429/92). Vale lembrar que os 
documentos enviados (relatório) não vinculam o membro do 
Ministério Público, embora, segundo a lei 10.001/00 o MP 
tenha de dar prioridade aos trabalhos realizados pela CPI. 
 
- ao término dos trabalhos, a CPI pode também apresentar 
projetos de lei (art. 61 da CRFB/88); 
 
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- se constituída uma CPI no âmbito da União, caso lese o 
direito de alguém, deve este entrar com mandado de 
segurança ou habeas corpus diretamente no STF; em caso de 
CPI Estadual, os remédios são os mesmos, mas a competência 
é do Tribunal de Justiça. Em caso de CPI Municipal, a 
competência de julgar o mandado de segurançae o habeas 
corpus é do juiz de direito. 
- CPI União = STF 
- CPI Estado = TJ 
- CPI Município = JUIZ DE DIREITO 
 
- pode haver participação de membros do MP no trabalho das 
CPI, com determinação do PGR (CPI da União) ou o PGJ (CPI´s 
Estaduais e Municipais); 
 
- Teoria das Maiorias: 
- a maioria vence, mas respeitando o direito da minoria. O art. 1º 
da CRFB/88 respeita o direito de ser diferente, ou seja, prega a 
tolerância, devendo respeitar aquele que é diferente. Essa teoria 
das maiorias surge em razão da democracia (adepto Michel 
Temer); 
- maioria simples -> art. 47 -> lei ordinária; 
 
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- é variável, não sendo portanto, fixa. É qualquer maioria 
desde que se faça presente ao menos a maioria absoluta de 
votos (ex.: 70 pessoas presentes = 36 votos a maioria 
simples); 
- ela é a regra. O artigo 47, “primeira parte” da CRFB/88 diz 
que é a regra. O STF não atende a essa indicação doutrinária 
em que quando não dizer qual a maioria, será aplicada a 
regra, ou seja, maioria simples. O STF entendeu que no artigo 
53, §2º na parte final da CRFB/88, trata-se de maioria 
absoluto, e não da regra do artigo 47. 
- maioria absoluta -> art. 69 -> lei complementar; 
- é fixa, invariável. É o primeiro número inteiro acima da 
metade dos membros da casa legislativa (ex.: imaginemos 
uma casa hipotética com 100 membros = 51 membros a 
maioria absoluta); 
- nenhuma deliberação pode ser tomada pelo Congresso sem 
que ao menos a maioria pelo menos esteja presente; a 
CRFB/88, em seu artigo 47, “última parte”, exige a maioria 
absoluta para que haja deliberação; 
- maioria qualificada -> art. 60 -> emenda complementar; 
- é especial, sendo uma exceção. É representada por uma 
fração (ex.: 1/3, 2/3, 3/5). Em regra esta maioria está acima 
da maioria absoluta de votos. Essa maioria é de difícil 
alcance; 
 
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- essa maioria qualificada para alteração da Constituição 
revela seu caráter rígido, devida a dificuldade para que se 
possa alterar o texto Constitucional; 
- maioria simples e maioria relativa -> não existe diferença 
entre maioria simples e maioria relativa, a Constituição 
apenas usa um termo distinto (1ª corrente). Na maioria 
simples, segundo a 2ª corrente, há dois grupos de 
parlamentares: os que votaram contra e os que votaram a 
favor; já na maioria relativa há votos contrários, votos 
favoráveis e abstenções de votos; 
 
 
Todas as CF adotaram a divisão orgânica dos Poderes, menos a de 
1824. 
 
O que significa Poder? 
Poder significa capacidade, a possibilidade, a aptidão de impor 
vontades sobre vontade de terceiros. 
O Estado exerce o poder político. 
Weber conceitua: “Poder político é a imposição da violência legítima”. 
 
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Exemplos de utilização da violência legítima: 
- Você está às 6:00 em sua casa, alguém arromba sua casa, porta um 
papel dizendo “O Estado-juiz determina a busca e apreensão”. É uma 
violência legítima. 
- Interceptação telefônica. 
Na CF/88, o termo poder possui diferentes acepções: 
Art. 1º, § único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição. 
Aqui, “poder” tem o sentido de soberania popular. Toda soberania 
popular decorre/emana do povo, por isso vivemos em uma 
democracia. 
 
No art. 1º, I, também se fala de soberania, mas com outro sentido. 
 
O que é “democracia” para você? 
 Democracia não é sinônimo de eleição, esta é uma parcela da 
democracia, que é muito mais do que eleições. Ex.: Alemanha nazista, 
1933, Ritler foi eleito, não existia democracia. Democracia significa 
respeito à liberdade, à igualdade e à dignidade da pessoa humana. 
 Hoje, vivemos uma democracia participativa, dialógica. Dialógica 
no sentido de diálogo, existe uma conversa entre o administrador e o 
 
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administrado, como audiências pública, conselhos sociais, ação 
popular. 
 
2º sentido do “poder” na CF: 
 
São órgãos da União: 
Art. 2º São Poderes (órgãos) da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 
 
3º sentido do “poder” na CF: Função 
PL  função legislativa – 44 
PE  função executiva – 76 
PJ  função jurisdicional – 92 
 
A soberania popular se exerce por meio de órgãos que exercem 
funções. 
Tecnicamente, não é correto falar em divisão tripartite de 
Montesquieu, porque o poder é uno (art. 1º, p. ún.). O PL hoje, não tem 
unicamente a função de inovar na ordem jurídica. 
 
Funções do PL: 
 
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 Inovação da ordem jurídica, criando o que conhecemos 
tecniamente como lei. 
 Fiscalização – espécies: 
 - Político administrativo 
(Comissões – 58) 
 - Econômico-financeiro 
(arts. 70 a 75) 
 Manifestar-se a respeito do orçamento da União (Art. 165) 
 
 O PL, até a Revolução Francesa (1789), ou melhor, os Parlamentos 
europeus não criavam leis, apenas fiscalizavam aquele exercia o que 
chamamos de Poder Executivo. 
 Depois da Revolução Francesa, notadamente no século XIX, surgiu 
o Estado Liberal, que é um Estado garantidor. Neste Estado liberal, ocorre 
uma hipertrofia do Poder Legislativo. 
 No século XX, passamos a discutir o estado do bem estar social, 
Constituição de Weimar (1919). Nesta fase, o Estado, além de garantidor 
(como no século XIX), é um Estado prestador. Neste Estado prestador, há 
uma hipertrofia, uma super-força do executivo. Surge o Decreto-lei, a 
Medida Provisória e o PE vai se assenhoreando de funções do PL. Isso foi 
chamado de Presidencialismo imperial e o PL vai se enfraquecendo. Hoje, o 
PL não passa de um carimbador de decisões do PE. Em 110 dias de 
mandato, o Senado votou apenas 3 MPs. 
 
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 No Século XXI, o Estado Democrático de Direito, o estado deve ser 
transformador, com uma hipertrofia do Poder Judiciário. A transformação 
se dá através das super-cortes constitucionais, como o STF. É o chamado 
ativismo judicial, a judicialização de políticas públicas, sentenças aditivas. 
 Por que ocorre o enfraquecimento do PL? 
 Vocês viram com Novelino que o processo legislativo é lento, é do 
início do Séc. XIX, é arcaico, ninguém mais agüenta esperar 12 anos para 
discutir o Código Florestal na Câmara do Deputados. Na “sociedade de 
risco”, tudo é muito rápido. 
 
1. Função Executiva: 
1.1 O que faz o órgão executivo? 
 O Executivo aplica a lei ao caso concreto (art. 37), 
administrando a coisa pública. 
 Na República Federativa do Brasil, o Poder Executivo é 
monocrático, não é um Executivo dual, porque a Função Executiva é 
exercida por uma única autoridade. 
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, 
auxiliado pelos Ministros de Estado.DIREITO CONSTITUCIONAL 
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- o Executivo aplica ao lei ao caso concreto (art. 37), administrando a 
coisa pública (conseqüentemente, sujeito aos princípios 
administrativos); 
- no Brasil, o órgão executivo é exercido por uma única autoridade, 
assim, nós vivemos um executivo monocrático16, traduzindo no 
sistema ou regime de governo presidencialista (diferentemente do que 
ocorre no parlamentarismo, onde há duas ou mais autoridades 
exercendo a função executiva, havendo um executivo dual); 
- já tivemos Parlamentarismo, com D. Pedro, no 2º reinado. Também 
de setembro/1961 a fevereiro/1963. 1º Ministro, Chefe de Governo: 
Tancredo Neves. Presidente, Chefe de Estado: João Goulart. 
- Na constituinte de 88, caminhávamos para o Parlamentarismo, mas 
mudou-se o rumo e a CF foi promulgada com um Estado 
Presidencialista. 
- o Presidente exerce duas atribuições ao mesmo tempo, a função de 
Chefe de Estado e de Chefe de Governo: 
 No exercício da atribuição de chefe de Estado, o Presidente 
defende a unidade nacional, o pacto federativo, fala em nome da 
República Federativa do Brasil, em nome do pacto federativo. 
 No exercício da função de chefe de Governo, o Presidente exerce 
a chefia superior da administração pública. 
 
16
 Confirmando tal orientação, a redação do art. 76 diz que “[...] o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da 
República [...]” 
 
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Ex. de funções de Chefe de Estado: 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 
representantes diplomáticos; 
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a 
referendo do Congresso Nacional; 
Ex. de funções de Chefe de Governo: 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da 
administração federal; 
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição; 
 
- como diferença do parlamentarismo para o presidencialismo, é 
importante ver de que maneira se relacionam o executivo e o 
legislativo, verificando qual o grau de dependência do executivo em 
relação ao legislativo: 
PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO 
- uma autoridade exerce a 
função de chefe de Estado e 
- a função de chefe de governo é 
exercida por autoridade diferente 
 
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chefe de Governo (executivo 
monocrático); 
(executivo dual); 
 - pode ser: parlamentarismo 
monárquico constitucional17 e 
parlamentarismo republicano18; 
- o Brasil já foi parlamentarista de 
setembro de 1.961 até fevereiro de 
1.963, sendo que o parlamentarismo 
foi do tipo republicano (Tancredo – 
chefe de governo e Getúlio Vargas – 
chefe de estado); 
- ainda fomos parlamentaristas, no 
parlamentarismo à brasileira, com 
Dom Pedro II no segundo reinado; 
 
- existe independência do 
executivo em relação ao 
legislativo; 
- há dependência política do 
executivo em relação ao 
legislativo19; 
 
17
 O rei é chefe de Estado e o Primeiro Ministro é chefe de governo (Inglaterra, Espanha); 
18
 O Presidente da República é chefe de Estado e o Primeiro Ministro é chefe de Governo (França, Itália, 
Portugal); 
19
 Por exemplo, o presidente paga o preço político da rejeição da medida provisória. 
 
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- o poder constituído 
legislativo não pode reduzir o 
mandato do chefe do 
executivo; 
- o parlamento pode reduzir o 
mandato do chefe do executivo 
- o sistema ou regime de governo não é uma cláusula pétrea, então, não 
é núcleo constitucional intangível; 
 
1.2 Requisitos para ser Presidente da República (também 
se aplica ao vice): 
- ser brasileiro nato (art. 12, §3º) 20; 
- idade mínima de 35 anos (art. 14, §3º - capacidade polícia) 21; 
- filiação partidária -> no Brasil, é uma condição de elegibilidade 
(art. 14, §3º); 
- plenitude do exercício dos direitos políticos (não incorrer em 
nenhuma das causas de perda e suspensão dos direitos políticos 
previstos no art. 15 da CRFB/88); 
 
 
 
20
 Tal regra se dá em razão da segurança nacional. 
21
 Aos 35 anos, o cidadão atinge a capacidade política absoluta, uma vez que ele pode exercer qualquer cargo 
na administração pública. Presidente, Vice, Ministros de Tribunais Superiores, PGR, Senadores da República. 
Não existe idade máxima para exercício de cargos eletivos no Brasil. 
 
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Art. 12, § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; PE 
 
Art. 14, § 3º - São 6 condições de ELEGIBILIDADE, na forma da lei 
(ordinária): 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; 
VI - a idade mínima de: 
a) 35 anos para PR, Vice e Senador; 
 
Art. 15. , cuja ou 
só se dará nos casos de: 
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
 
II - incapacidade civil absoluta; 
 
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III - 
 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, se as invocar para 
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei; 
Resolução TSE 21.538/2003 
V - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, nos termos do art. 37, 
§ 4º. SUSPENSÃO
Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão 
 a suspensão dos direitos políticos, 
 a perda da função pública, 
 a indisponibilidade dos bens e 
 o ressarcimento ao erário, 
 na forma e gradação previstas em lei, 
sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
 
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1.3 Eleição do presidente e vice-presidente: 
- no Brasil, o Presidente e o vice são eleitos conjuntamente. Ao 
votar no presidente, automaticamente Você está votando no Vice. 
A CF/1946 não era assim, você tinha o direito de votar no 
candidato a Presidente de uma coligação e votar no candidato a 
vice de outra coligação. 
- a CRFB/88 trouxe eleições casadas, assim, votando no 
presidente, automaticamente, estará votando-se no vice com ele 
registrado, não podendo separar o voto, conforme já previsto em 
Constituições anteriores; 
- o presidente e o vice

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