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Aula_08 (1)

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Filosofia da Educação Brasileira
Viviane da Costa 
Lopes
Aula 8
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Analisar as bases teórico-metodológicas da Pedagogia Histórico Crítico-Social dos Conteúdos.
Compreender o papel da escola na Pedagogia Histórico Crítico-Social dos Conteúdos
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Objetivos desta aula
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Fundamentos 
A pedagogia histórico-crítica dos conteúdos, anteriormente chamada de pedagogia dialética, tem por base os conceitos de Karl Marx, Gramsci e outros críticos. 
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Marx era contra a qualquer tipo de alienação. Por alienação devemos entender o “separar-se (de si mesmo, do produto do seu trabalho)” e “tornar-se estranho”, vivendo “passivamente, como objeto”. 
(GADOTTI, 1989, p. 41).
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Na perspectiva marxista, o Estado é compreendido como um dos elementos que representa os interesses da classe dominante.
O Estado é justamente o instrumento de repressão que assegura s dominação de uma classe sobre outra” 
(ARANHA, 2006, p. 254)
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Gramsci
Gramsci reconhece a necessidade que o povo tem em formar seus “próprios intelectuais, a fim de elaborar a consciência de classe”. 
Principal tese: “a classe trabalhadora necessita de intelectuais orgânicos, ou seja, aqueles que, oriundos do próprio povo, sejam capazes de elaborar de forma erudita o saber difuso do indivíduo comum” 
(ARANHA, 2006, p. 62). 
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A educação encontra-se diretamente relacionada com as condições da economia; sendo assim, “nenhuma reforma intelectual e moral pode estar desligada da reforma econômica. É por isso que a educação não faz a revolução social” 
(ARANHA, 2006, p. 88). 
Para Gramsci, a escola é um “espaço estratégico de formação dos intelectuais profissionais da cultura urbano-industrial, caracterizada pela sua natureza científico-tecnológica e pela crescente socialização da participação política” 
(NEVES, 2011, p. 116).
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No Brasil, um dos principais estudiosos da pedagogia histórico-crítica é Dermeval Saviani, ao lado de inúmeros colaboradores.
A análise proposta por Saviani começa na categoria do trabalho, isto é, na maneira que o homem produz a sua existência e transforma a natureza em cultura 
(SAVIANI, 2003). 
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O objetivo da pedagogia histórico-crítica é “tornar possível o papel mediador da educação no processo de transformação social” mediante a “transformação das consciências”. 
Não se trata, pois, de uma proposta idealista de mudança, mas de um “projeto histórico-crítico” que se funda “em pressupostos materialistas e dialéticos” 
(ARANHA, 2006, p. 276).
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Essa concepção pedagógica começa a ser organizada teoricamente no final da década de 1970 e expressa por Saviani na obra Escola e Democracia, na qual o autor aborda as principais tendências pedagógicas e propõe uma visão educacional que objetiva superar os elementos das escolas tradicional e nova.
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Nessa obra, Saviani define a tendência histórico-crítica como uma pedagogia articulada com os interesses populares que valoriza, sobretudo, a escola com “métodos de ensino eficazes”
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A escola é concebida como mediação entre o individual e o social, capaz de exercer a articulação entre a transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto, isto é, inserido num contexto de relações sociais 
(LIBÂNEO, 2006). 
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Papel da escola
Garantir a aprendizagem dos conteúdos que permitam aos alunos compreender e participar da sociedade de forma crítica. 
diálogo entre professores e alunos;
o respeito ao desenvolvimento psicológico dos educandos; 
superação da visão de senso comum;
a experiência inicial do educando é incorporada ao universo cultural acumulado historicamente pela humanidade.
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Papel da escola
promover a socialização do saber que “permitam alcançar o saber elaborado”. 
fazer a mediação entre o aluno e a realidade, ocupando-se com “a aquisição de conteúdos, a formação de habilidades, hábitos e convicções”.
Nessa perspectiva, o “fazer que tem como resultado um produto material, no entanto, não se separa do trabalho ‘não-material’, que consiste na produção de ideias, conceitos, valores, ou seja, na produção do saber”, 
(ARANHA, 2006, p. 276). 
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Para Saviani (2003, p. 9), a tarefa da pedagogia histórico-crítica no tocante à educação escolar implica:
Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção compreendendo as suas principais manifestações bem como as tendências atuais de transformação; 
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Conversão do saber objetivo em saber escolar de modo a torná-lo assimilável pelos alunos no espaço e tempos escolares; 
Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o processo de sua produção bem como as tendências de sua transformação.  
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Em Escola e Democracia Saviani (2008) propõe cinco momentos, interdependentes, da prática pedagógica segundo a tendência histórico-crítica:
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Passo 1- o professor deve “conhecer a realidade social dos educandos e nela reconhecer o que deve servir como ponto de partida do processo de ensino e aprendizagem”. 
No entanto, conhecer a realidade social do educando e toma-la como ponto de partida não significa “oferecer ao aluno tão somente aquilo que já está em seu cotidiano”
(MARSIGLIA, 2011ª, p.105)
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Passo 2- Identificação dos principais problemas colocados pela prática social (problematização): “o professor deve apresentar aos seus alunos as razões pelas quais este ou aquele conteúdo estão inseridos no planejamento” 
(MARSIGLIA, 2011ª, p.106).
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Passo 3- Apropriação dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas da prática social (instrumentalização): “Nesta etapa, os alunos devem apropriar-se dos instrumentos culturais produzidos pela humanidade; instrumentos esses que garantem aos indivíduos participarem da sociedade de forma qualitativamente superior” 
(MARSIGLIA, 2011ª, p.106).
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Passo 4- catarse: “a etapa culminante do processo educativo, quando o aluno não tem mais uma visão parcial e fragmentada do fenômeno, mas sim compreende o todo, o sentido de sua complexidade e do contexto do fato. Há uma transformação e a aprendizagem efetiva acontece”
(MARSIGLIA, 2011ª, p. 107). 
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Passo 5- Ponto de chegada da prática educativa (prática social modificada): “quando o aluno problematiza a prática social e evolui da síncrese para síntese, está no caminho da compreensão do fenômeno em sua totalidade” 
(MARSIGLIA, 2011ª, p.108).
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Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna,2006. 
GADOTTI, Moacir. Marx: transformar o mundo. São Paulo: FTD, 1989.
MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão. A prática pedagógica histórico-crítica na educação infantil e ensino fundamental. Campinas: Autores Associados, 2011b. (Coleção Educação contemporânea).
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 40.ed. (comemorativa). Campinas: Autores Associados, 2008.
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Filosofia da Educação Brasileira
Profa. Dra. Viviane da Costa Lopes
Atividade 8
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Quais são as principais propostas da pedagogia histórico crítica?
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Educação que amplie os horizontes culturais desses alunos.
Educação que produza nesses alunos necessidades de nível superior, necessidades que apontem para um efetivo desenvolvimento da individualidade como um todo.
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Educação que transmita aqueles conhecimentos que, tendo sido produzidos por seres humanos concretos em momentos históricos específicos, alcançaram validade universal e, dessa forma, tornam-se mediadores indispensáveis na compreensão da realidade social e natural o mais objetivamente que for possível no estágio histórico no qual se encontra atualmente o gênero humano.
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